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Petrópolis/RJ – 30 de novembro e 01 de dezembro de 2017
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O BALANCED SCORECARD EM ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS: uma análise
bibliométrica da produção acadêmica brasileira de 2007 a 2017
Camila Alves Guilarducci
Tatiana Dornelas de Oliveira
Luiz Marcelo Antonialli
Resumo:
Desde a criação da ferramenta estratégica em 1992, por Kaplan e Norton, o Balanced Scorecard
foi capaz de medir o desempenho organizacional por meio de metas e indicadores de
desempenho. Neste sentido, empresas privadas foram, ao longo dos anos, usufruindo do BSC
para desenhar sua estratégia, como também aprimorá-las. Deste modo, as organizações públicas
encontraram uma oportunidade nesta ferramenta de modo que ela atenda sua principal
demanda: a sociedade, de maneira mais eficiente. Pensando nisso, a adaptação do BSC para o
setor público ainda é recente nos estudos acadêmicos. Assim, este estudo bibliométrico, teve
por objetivo mapear o número de publicações sobre o BSC nas organizações públicas, em um
recorte temporal de 10 anos, de 2007 a 2017 nas bases de pesquisa Spell, SciELO e Web of
Science. Foram encontrados na última década apenas 18 artigos, o que indica uma lacuna ainda
a ser preenchida de estudos que envolvam a adaptação desta metodologia para o setor público.
Palavras-Chave: Balanced Scorecard; Organizações Públicas; Bibliométrico.
1. Introdução
O estudo da ferramenta estratégica de Kaplan e Norton, Balanced Scorecard (BSC),
criado em 1992, tornou-se essencial no entendimento da organização como um todo. Desde
então, a produção de conhecimento na área de estratégia vem aumentando, proporcionando uma
maior quantidade de estudos que abordem o tema. O ambiente de grande dinamismo e
caracterizado por organizações com estruturas cada vez mais complexas exige mudanças
rápidas por parte das organizações. Essa incessante busca por estratégias organizacionais traz à
tona o Balanced Scorecard (BSC), uma ferramenta gerencial que possui aplicações práticas.
Neste sentido, esta ferramenta contempla quatro perspectivas que originalmente foram
desenhadas para mensurar o desempenho de organizações privadas, no entanto, as organizações
públicas não deixaram de notar os resultados apresentados pelo uso deste instrumento ao longo
dos anos. Sendo assim, é relevante considerar a adaptação do Balanced Scorecard para estas
instituições de forma a atender suas principais demandas e seu público principal: a sociedade.
Assim, seus criadores realizaram algumas mudanças e incrementos 18 anos depois de sua
criação, sendo possível utilizar-se desta ferramenta para mensuração de desempenho e
eficiência no setor público.
Assim, ao se considerar a utilização do Balanced Scorecard como alternativa para
aprimoramento da eficiência de organizações públicas, tem-se como problema de pesquisa
neste trabalho: Considerando que os estudos do BSC na gestão pública são ainda recentes na
academia brasileira, quantos trabalhos vêm sendo publicados no Brasil nos últimos 10 anos?
Diante disso, o principal objetivo deste estudo é o mapeamento de um panorama
bibliométrico da produção acadêmica sobre o Balanced Scorecard, com foco nas organizações
públicas, no Brasil, no horizonte temporal de 10 anos, de 2007 a 2017, destacando as revistas
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com maiores publicações e seus estratos, visto que é uma área ainda recente de estudos, sendo
pesquisada há pouco mais de 20 anos na academia.
Desta forma, este trabalho está organizado em um referencial que contempla as
perspectivas do BSC e seu uso nas organizações, como também a adaptação desta ferramenta
às demandas das organizações públicas. Em seguida, são apresentados os aspectos
metodológicos, os artigos encontrados nas bases SPELL, SciELO e Web of Science e os
periódicos com mais publicações que vêm discutindo acerca do tema no Brasil, assim como as
principais constatações percebidas nos últimos 10 anos. Por fim, são apresentadas sugestões
para estudos futuros que complementem a lacuna de estudos nesta área ainda recente discutida
em estudos nacionais.
2. Fundamentação Teórica
2.1. Balanced Scorecard: a criação de um mensurador de desempenho organizacional
Com a chegada da década de 1990, a busca por uma excelência operacional passou a
demandar sistemas de avaliação baseados em indicadores de desempenho mais amplos que
pudessem fazer uma medição mais próxima do real de seus negócios. Desta forma, acadêmicos
e empresários tentaram contornar as inconformidades dos sistemas de avaliação de desempenho
organizacional ao longo dos anos. Diante desta situação, após um estudo realizados em doze
organizações, os professores da Harvard Business School, Robert Kaplan e David Norton,
foram os pioneiros a desenvolver uma ferramenta de avaliação de desempenho, o Balanced
Scorecard (BSC), em 1992 (KAPLAN; NORTON, 1997).
Kaplan e Norton (1997) definem que o Balanced Scorecard é uma ferramenta que
permite proporcionar aos gestores desenhar a estratégia organizacional em indicadores,
tornando as organizações mais eficazes e consequentemente levando-as a um melhor
desempenho.
Ramos (2006) complementa que a utilização do BSC pelas organizações está em
constante desenvolvimento, visto que surgiram inovações importantes ao aliar novas técnicas
ao processo, como por exemplo, a tradução da visão, a comunicação da estratégia em todos os
setores da organização, a ligação entre os objetivos de curto e longo prazos, o planejamento das
ações, o uso de feedbacks e o aprendizado.
O BSC engloba a mensuração de resultados financeiros de ações tomadas, como
também a de operações como a satisfação de clientes, processos internos e outras atividades
que proporcionam inovação à organização. Neste sentido, ele permite que seus gestores se
concentrem nas quatro perspectivas mais importantes da organização, diminuindo o excesso de
informação derivado de inúmeros itens de mensuração, utilizados antes do BSC (KAPLAN;
NORTON, 1992).
Diante disto, as quatro perspectivas do BSC compreendem a financeira, cliente,
processos internos e aprendizagem e inovação. Neste sentido, mesmo o BSC possuindo um
conceito inovador, ainda se conserva as medidas financeiras, pois Sauaia (2013) entende que
elas são consideradas valiosas para as organizações, como consequências das ações realizadas.
Além disso, a performance financeira é mensurada de modo a indicar se a estratégia
organizacional, sua implementação e execução contribuem com o aprimoramento do negócio,
de modo a sobreviver, se tornar um sucesso e prosperar (KAPLAN; NORTON, 1992).
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A perspectiva cliente envolve o estabelecimento de objetivos e indicadores relacionados
a segmentos de clientes com os quais a organização irá atuar, além de se preocupar com a
qualidade do serviço e do sucesso da estratégia, como a satisfação, retenção e conquista de
novos clientes, dentre outros (KAPLAN; NORTON, 1997).
Já na terceira perspectiva, processos internos, seus objetivos estratégicos e indicadores
são elaborados após as duas primeiras perspectivas. Desta maneira, Kaplan e Norton (1997)
definem que os processos internos são aqueles críticos no qual a organização deve alcançar a
excelência. Nesta etapa, se identificam os gargalos dos fluxos de processos, que se sanados,
levarão a organização à intenção estratégica. Deste modo, como Ramos (2006) coloca, os
gestores passam a enxergar a organização, aperfeiçoando as capacidades e habilidades de seus
funcionários, possibilitando a melhoria de seus processos internos. Seguindo esta ideia, com o
aprimoraento dos processos, resulta em melhoria dos indicadores estabelecidos,
consequentemente aumentando a criação de valor organizacional.
E por fim, a perspectiva de aprendizagem e inovação representa o elo final, onde se
encontram as metas de aprendizado e crescimento, onde a maior ênfase se encontra na
capacitação do indivíduo, sendo este o capital humano e intelectual, o recurso mais importante
como destacam Kaplan e Norton (1997).
Cabe acrescentar que ao se pensar em BSC se pensa em mapa estratégico, o qual
segundo Leão Filho e Nascimento (2010), ainda na década de 1990, esta ferramenta passou a
ser associada a este instrumento. Conforme Kaplan e Norton (2004) explicam, o mapa
estratégico busca a interligação dos objetivos em relações de causa e efeito, assim, à medida
que se distribuem os objetivos entre as quatro perspectivas, os gestores passam a uni-los. Assim,
ele contribui definindo com maior qualidade os indicadores de desempenho em cada
perspectiva associando-os a metas quantificadoras e aos respectivos planos de ação que
apresentam os caminhos para a execução dos objetivos traçados.
2.2. As organizações públicas e o Balanced Scorecard
Desde a criação do Balanced Scorecard (BSC) em 1992, grande parte das organizações
privadas tem adotado uma metodologia de medição de desempenho organizacional. Contudo,
sua aplicação na administração pública se torna um desafio a ser vencido, exigindo atenção
especial para sua customização. Neste sentido, Ghelman e Costa (2006) afirmam que a
administração pública deve se inspirar em modelos de gestão de organizações privadas, mas
nunca perder sua essência, pois enquanto a função do setor privado visa a maximização do
lucro, o setor público tem como foco principal cumprir com sua função social.
Neste sentido, como afirma Pinto (2004), as organizações do setor público não
estiveram alheias ao sucesso dos resultados obtidos pela utilização do BSC, apesar de ter sido
desenvolvido para aplicação em empresas do setor privado. Perante a necessidade no
aprimoramento da gestão pública, percebeu-se rapidamente que o BSC se configurava como
um instrumento poderoso de gestão de forma a traduzir a estratégia organizacional para além
do meio privado.
Pensando neste aspecto, diante da distinção da natureza dos setores públicos e privados,
Robert Kaplan, um dos criadores do BSC, dezoito anos após sua criação, se preocupou em
adaptar suas perspectivas para que organizações públicas também pudessem usufruir de um
mensurador de desempenho organizacional capaz de atender suas demandas.
Desta forma, como colocado por Arretche (2001), existem três critérios de avaliação das
políticas públicas: eficiência, eficácia e efetividade, onde há uma necessidade de se avaliar estas
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políticas através destas dimensões. Neste sentido, Ghelman e Costa (2006) complementam que
o BSC na esfera pública deve contemplar medidas nas dimensões de efetividade, eficácia e
eficiência, visto que uma organização pública, para prestar seus serviços com excelência, é
necessário realizar sua função social (efetividade) com qualidade na prestação de serviços
(eficácia) e com o menor consumo de recursos possível (eficiência).
Diante disto, Kaplan (2010) declara que inicialmente o BSC foi pensado para
organizações privadas, no entanto, ele se estendeu para os setores públicos. Neste sentido, a
primeira perspectiva, a financeira, deveria ser repensada no sentido que organizações públicas
priorizam a maximização do lucro e sim o seu impacto social e sua missão, de forma que ela
represente uma prestação de contas com a sociedade.
Assim, a ideia para a perspectiva financeira no setor público, é que o BSC visa medir a
eficiência e criação de valor a um menor custo possível, de maneira que ao se determinar os
custos das atividades, produtos e serviços se tornam indispensáveis para a gestão, podendo
influenciar como estas instituições realizam seus orçamentos (FERNANDES; FURTADO;
FERREIRA, 2016).
Além disso, Kaplan (2010) acrescenta que outra modificação deve ser adicionada de
forma a expandir a perspectiva cliente, é considerar que doadores ou contribuintes fornecem os
recursos financeiros para estas organizações, ou seja, eles pagam pelo serviço, enquanto o outro
grupo, o de cidadãos e beneficiários recebem o serviço. Assim, tantos os beneficiários quando
os fornecedores de recursos devem ser colocados no topo do mapa estratégico destas
instituições.
Já para a perspectiva dos processos internos, no contexto do setor público, os gestores
devem procurar identificar os processos chave da organização como também os processos de
inovação, pois o aperfeiçoamento dos processos existentes e a identificação dos novos retratam
um aumento da eficiência na organização. Assim, a ampliação dos universos populacionais a
serem atendidos pelo Estado depende, essencialmente, do aumento da eficiência organizacional
e, por conseguinte, da otimização na aplicação de seus recursos. Desta forma, esta perspectiva
sob a ótica pública visa não somente a melhoria dos processos, como também a eficiências das
ações públicas de modo a satisfazer as necessidades de seus clientes, o que no caso, seria a
população/sociedade (KAPLAN, 2010).
Em relação à última perspectiva, de aprendizagem e inovação, ela irá contemplar os
indivíduos, como também o aperfeiçoamento da gestão interna. Seguindo esta ideia, nos setores
públicos, esta etapa é ainda mais crucial se comparada ao meio privado, visto que pode se
considerar um engessamento na gestão de pessoas. Além do fato de ser proibido a contratação
de funcionários sem concursos públicos, a remuneração não diferencia indivíduos que exerce
com excelência suas atividades em relação a outros que executam de modo inferior
(GHELMAN; COSTA, 2006).
Ghelman (2006) então complementa que:
[...] o desempenho organizacional depende da capacitação, motivação e do bem-estar
da força de trabalho. Por isso, para que a gestão pública esteja orientada para
resultados, é preciso realizar um amplo programa de sensibilização, buscando
assegurar o comprometimento das pessoas, capacitar a força de trabalho para as novas
competências demandadas e promover ações de valorização do servidor [...]
(GHELMAN, 2006, p. 67).
Fernandes, Furtado e Ferreira (2006) corroboram ao declararem a complexidade da
gestão de pessoas na Administração Pública, no entanto ela é relevante no sentido de o BSC
apresentar uma perspectiva exclusiva para os recursos humanos, onde o desenvolvimento destes
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indivíduos compreende a base de sustentação deste processo, no qual é necessário a mudança de
indivíduos para uma mudança organizacional.
Assim, pode-se dizer que o Balanced Scorecard se firma como um modelo de gestão útil
para a realidade pública, particularmente, por conseguir estabelecer uma ligação entre a
declaração da missão e da estratégia e as medidas de desempenho da operacionalização da
organização (PINTO, 2004; FERNANDES; FURTADO; FERREIRA, 2006; GHELMAN;
COSTA, 2006; KAPLAN, 2010). Além disso, percebe-se que os estudos sobre a utilização deste
instrumento no meio público ainda é uma área muito recente nos trabalhos da academia, desta
forma, nos próximos capítulos serão apresentados os principais estudos na área realizados no
Brasil.
3. Metodologia de Pesquisa
O estudo realizado é caracterizado como uma pesquisa bibliográfica e bibliométrica,
sendo embasado por trabalhos publicados na temática escolhida, ou seja, utilizando fonte
secundárias (LAKATOS; MARCONI, 2001).
O presente trabalho analisou publicações acerca do Balanced Scorecard aplicado às
organizações públicas, contidas entre os anos de 2007 e 2017, utilizando a bibliometria. O
estudo bibliométrico é uma técnica de grande importância surgida no século XX, que possui
como principal característica, a elaboração de índices a respeito da produção do conhecimento
científico (PRICE, 1976).
“Deixando de lado os julgamentos de valor, parece clara a importância de se dispor
de uma distribuição que nos informe sobre o número de autores, trabalhos, países ou
revistas que existem em cada categoria de produtividade, utilidade ou o que mais
desejarmos saber” (PRICE, 1976, p. 39).
O estudo bibliométrico quantifica os trabalhos escritos, sendo um processo de extração
dos dados por meio de um método estatístico de análise dos estudos previamente publicados
(PRITCHARD, 1969; AGARWAL et al., 2016).
Sendo assim, delimitou-se para a metodologia do presente estudo, a consulta as
seguintes bases de pesquisa: Spell, SciELO e Web of Science. Adotou-se o critério de validar
somente os artigos publicados em periódicos nacionais, tanto em língua inglesa, quanto em
língua portuguesa, dentro de um recorte temporal de 2007 até junho de 2017. A coleta de dados
foi realizada no primeiro semestre de 2017.
O levantamento e seleção das publicações científicas se deu a partir da busca por duas
palavras contidas nos títulos, resumos e palavras-chaves dos artigos contidos nas bases citadas:
“Balanced Scorecard” e “BSC”. Nessa primeira fase, montou-se uma tabela contendo todos os
artigos encontrados.
O passo seguinte foi analisar cada um dos trabalhos encontrados, eliminando aqueles
que não tratavam em seu escopo de organizações públicas. Ademais, cabe acrescentar que
foram desconsiderados os artigos científicos publicados em periódicos internacionais ou cujo
tema não se relacionava com a área de Administração, ganhando novos significados. Ao final,
foram identificados os artigos que se repetiam nas bases de busca, eliminando então, as
duplicidades. Optou-se neste trabalho então, realizar uma contagem das principais publicações
realizadas na última década, identificando a quantidade de artigos encontrados em cada uma
das bases, como também, os periódicos com mais publicações sobre o tema e as palavras mais
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recorrentes nos resultados. Assim, o resultado desta pesquisa pode ser verificado no capítulo a
seguir.
4. Análise dos Resultados
O estudo bibliométrico sobre o Balanced Scorecard aplicado às Organizações Públicas
realizado nessa pesquisa manuseou os artigos publicados em um período de 10 anos, nas datas
compreendidas entre os anos de 2007 a 2017. Para a confecção deste trabalho científico foram
utilizadas três bases de pesquisa: SPELL, SciELO e Web of Science.
A busca pela palavra-chave “Balanced Scorecard” retornou na base SPELL, 118 artigos,
na SciELO 36 artigos e na Web of Science 33 artigos. Com a busca pela palavra-chave “BSC”
foram encontrados 7 artigos na base SPELL, 37 artigos na SciELO e 46 artigos na base de
pesquisa Web of Science.
Como dito anteriormente, a partir dessa primeira parte, alguns artigos foram eliminados,
aqueles se repetiam entre as bases e também os trabalhos que não se referiam ao Balanced
Scorecard como uma ferramenta de auxilio estratégico, chegando-se a um total de 169 artigos
publicados no período dos últimos dez anos, em periódicos brasileiros e mais 8 artigos que
foram encontrados em mais de uma base.
Para os fins deste trabalho, foram analisados cada um dos 177 trabalhos e após uma
leitura criteriosa, foram identificados os trabalhos que abarcavam o BSC em Organizações
Públicas. Foram encontrados então, 16 artigos científicos e mais 2 que se repetem em mais de
uma base, conforme Tabela 1 a seguir.
Tabela 1. Artigos que se repetem nas bases de pesquisa Título do Artigo Periódico Estrato Autores Ano Bases
Um estudo sobre a aderência do
Balanced Scorecard às empresas
abertas e fechadas
Revista
Contabilidade
& Finanças -
USP
A2
Daniel Augusto
Dietschi, Auster
Moreira
Nascimento
2008 Spell e SciELO
The Balanced Scorecard as a
performance management tool
for third sector organizations: the
case of the Arthur Bernardes
Foundation, Brazil
Brazilian
Administration
Review
A2
Ricardo Corrêa
Gomes, Joyce
Liddie
2009 Spell e SciELO
Fonte: Dados da pesquisa (2017).
Na base de pesquisa SPELL foram encontrados 7 artigos, sendo considerada a
plataforma com mais artigos científicos que tratavam sobre o tema no período de busca
proposto. Os trabalhos foram organizados na Tabela 2, em uma ordem decrescente em relação
ao ano.
Tabela 2. Artigos na base SPELL Título do Artigo Periódico Estrato Autores Ano Bases
O controle gerencial na perspectiva
do new public management: o caso
da adoção do balanced scorecard na
Receita Federal do Brasil
Administração
Pública e
Gestão Social
B1
Blonski, F.; Prates,
R.; Costa, M.;
Vizeu
2017 Spell
Fatores críticos de sucesso no
processo de implementação do
balanced scorecard: um estudo de
caso nas instituições federais de
ensino superior
Revista de
Ciência da
Administração
B1 Cunha, M.; Kratz,
L. 2016 Spell
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Aplicação do Balanced Scorecard no
auxílio à formulação do
planejamento estratégico no setor
público: o caso DAE/UFLA
Revista
Economia &
Gestão
B2
Fernandes, Alan;
Furtado, Renata;
Ferreira, Patricia
2016 Spell
O Balanced Scorecard em
Organizações sem fins lucrativos:
um estudo de caso
Revista
Eletrônica de
Estratégia &
Negócios
B2
Rosa, M.; Petri, S;
Bianco, P.; Dias,
L.
2016 Spell
Uma avaliação da adoção do BSC
pelos Tribunais de Contas dos
Estados
Cadernos
Gestão Pública
e Cidadania
B2
Afonso, R.;
Romano, M.; Silva
Júnior; Portugal,
G.
2015 Spell
Proposta de um mapa estratégico
para uma universidade pública
Revista
Evidenciação
Contábil &
Finanças
B3 Martins, V. 2015 Spell
Gestão Pública através de mapas
estratégicos do balanced scorecard:
um estudo de caso do Festival
Floripa Azevedo
Revista
Catarinense da
Ciência
Contábil
B3
Petri, Sérgio; Rosa,
Marcelo;
Domingo, Fabiano;
Bianco, Bernardo
2014 Spell
Fonte: Dados da pesquisa (2017).
Na base SciELO foram encontrados apenas 4 artigos, conforme Tabela 3 a seguir, sendo
a plataforma com menor quantidade de pesquisas científicas sobre o Balanced Scorecard
aplicado ao setor público, nos últimos 10 anos.
Tabela 3 – Artigos na base SciELO Título do Artigo Periódico Estrato Autores Ano Bases
Aplicação do Balanced Scorecard na
governança da informação do
Exército Brasileiro
Gestão &
Produção B1
Sales, Luciano;
Roses, Luís Kalb;
Prado, Hércules
2016 SciELO
O processo de formulação e
monitoramento do planejamento
estratégico de Tribunais de Contas
sob a ótica da Nova Sociologia
Institucional
Revista de
Administração
Pública
A2
Santos, Marco
Aurélio; Salomon,
Valério; Martins,
Fernando
2015 SciELO
Analytic network process and
balanced scorecard applied to the
performance evaluation of public
health systems
Pesquisa
Operacional A2 Mattos, Cristiane; 2015 SciELO
Excelência e produtividade: novos
imperativos de gestão no serviço
público
Psicologia &
Sociedade B2
Schlindwein,
Vanderléia 2015 SciELO
Fonte: Dados da pesquisa (2017).
Por fim, na última base pesquisada, na Web of Science foram encontrados 5 artigos,
conforme pode ser observado na Tabela 4.
Tabela 4 – Artigos na base Web of Science Título do Artigo Periódico Estrat
o
Autores Ano Bases
Managerial control under the
perspective of new public
management: the adoption of the
balanced scorecard by the federal
revenue service of Brazil
Administração
Pública e Gestão
Social
B1
Blonski, Fabiano;
Prates, Rodolfo;
Costa, Mayla et al.
2017 Web of Science
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Strategy and management of the
judiciary: a proposal for a study
of social practices related to BSC
Revista do
Serviço Público B2
Sauerbronn,
Fernanda;
Sauerbronn, João
Felipe; Gangemi,
Pedro Paulo; et al.
2016 Web of Science
The balanced scorecard in non-
economic organizations: a case
study
Revista
Eletrônica de
Estratégia e
Negócios -
REEN
B2
Da Rosa, Marcelo;
Petri, Sérgio;
Bianco, Patrícia; et
al.
2016 Web of Science
Proposal for a strategic map for a
public university
Revista
Evidenciação
Contábil &
Finanças
B3 Martins, Vinicius
Abilio 2015 Web of Science
Evaluation of organization
performance: an study applied in
philanthropic hospitals
ERA- Revista de
Administração de
Empresas
A2
Carneiro da Cunha,
Julio; Correa,
Hamilton
2013 Web of Science
Fonte: Dados da pesquisa (2017).
Por meio da análise das três bases foi possível estabelecer um ranking com as revistas
que mais publicaram nesse período sobre o Balanced Scorecard em Organizações Públicas,
conforme o Gráfico 1. As três revistas que possuem o maior número de publicações são voltadas
para a contabilidade, estratégia ou para a administração pública, com 3 publicações cada.
Gráfico 1. Ranking dos periódicos
Fonte: Dados da pesquisa (2017).
Complementando o gráfico anterior, é possível observar a porcentagem de artigos
publicados de acordo com o estrato da revista onde foram evidenciados, que são indicativos de
qualidade.
Tabela 5. Quantidade de publicações, por estrato
0 1 2 3 4
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
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Estrato Quantidade de publicações %
A2 4 18%
B1 6 27%
B2 8 36%
B3 5 23%
Fonte: Dados da pesquisa (2017).
De acordo com a Tabela 5, é possível observar que a maior parte das publicações foi
realizada em periódicos com classificação B2 (36%), seguindo pelos periódicos de classificação
B1 (27%), B3 (23%) e A2 (18%).
A publicação de artigos que abordam o BSC no decorrer de 10 anos não apresenta
regularidade, como pode ser visto no Gráfico 2 a seguir. Somente a partir do ano de 2013,
começaram a surgir estudos sobre o tema aplicado às Organizações Públicas. A maior
quantidade de publicações alcançou seu pico nos anos de 2015 e 2016, considerando que 2017
ainda não foi finalizado.
Gráfico 2. Quantidade de publicações por ano Fonte: Dados da pesquisa (2017).
Visando uma complementação da análise, utilizou-se o software TAGUL para a
montagem e uma nuvem de palavras. Para sua execução, foram utilizados os títulos dos 18
artigos selecionados pela pesquisa, evidenciando as palavras mencionadas com mais frequência
e excluindo as preposições e advérbios.
A Figura 1 demonstra o resultado da análise, mostrando em destaque as palavras com
maior frequência e em menor, as que tiveram menor frequência.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1 2 3 4 5
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Figura 1. Nuvem de palavras
Fonte: Dados da pesquisa (2017).
Após a confecção da gravura anterior pelo software é possível perceber em evidência o
principal foco do trabalho: Balanced Scorecard. Demonstrando que os buscadores utilizados
estavam coerentes, as palavras Public e BSC também apareceram entre as mais citadas, sendo
que as demais palavras também interagem com a temática abordada.
5. Conclusões
Por meio do estudo realizado nesse artigo foi possível a avaliação de uma análise
quantitativa descritiva de publicações sobre estudos que vieram abordando o Balanced
Scorecard na gestão pública em um recorte temporal de 10 anos, de 2007 a 2017. O Balanced
Scorecard é uma ferramenta estratégica ainda pouco abordada no Brasil, principalmente
quando aplicada a Administração Pública, conforme demonstrou-se como objetivo fim deste
trabalho.
Após a execução da metodologia explicitada anteriormente, foram encontrados apenas
18 artigos aplicados a organizações públicas, o que corresponde a apenas 10,17% de todos os
trabalhos publicados sobre a ferramenta de desempenho, evidenciando a recente gama de
estudos nesta área, visto que em uma década, foram encontrados menos de 20 trabalhos.
Foram constatados a partir desta análise bibliométrica que dentre as bases de pesquisa
consultadas, Spell, SciELO e Web of Science, a Spell apresentou o maior número de artigos
sobre o tema, sendo 7 artigos publicados, segundo o filtro proposto. A que menos teve artigos,
foi a base SciELO, com apenas 4 artigos em sua base na última década. Observou-se também
que os periódicos com mais publicações nesta área foram a Revista Evidenciação Contábil &
Finanças, a Revista Eletrônica de Estratégia e Negócios- REEN e a Revista Administração
Pública & Gestão Social, apresentando respectivamente, os estratos B3, B2 e B1. Por fim,
destacou-se os anos de 2015 e 2016 como os anos em que mais houveram estudos publicados
na academia.
Portanto, diante da importância que a ferramenta de Kaplan e Norton possui, como
sendo uma maneira de tornar a estratégia organizacional mais clara em metas e indicadores de
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desempenho, é possível perceber que sua aplicação está aquém do ideal. O Balanced Scorecard
pode e deve ser utilizado como medida de desempenho de modo a aprimorar não somente as
políticas públicas, como também o seu atendimento à sociedade. Sugere-se então para pesquisas
futuras verificar como o uso do Balanced Scorecard está sendo implementado na gestão pública
e se sua utilização, consegue trazer resultados mais eficientes para organizações do setor
público. Cabe pensar também em organizações cuja função social é relevante, como as
universidades públicas e como esta ferramenta pode contribuir para um melhor planejamento
de suas atividades, trazendo novas perspectivas de estudos nesta área.
6. Referências
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KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. The Balanced Scorecard: measures that drive performance.
Harvard Business Review, v. 70, n. 1, p. 71–79, Jan./Feb. 1992.
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