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NUTRIÇÃO DE MUSTELÍDEOS
DOMÉSTICOS
(Mustela putorius furo)
Flávia Maria de Oliveira Borges SaadMV, Dra, Professora Associada – Nutrição de cães e gatos
Universidade Federal de Lavras - DZO - UFLA
INTRODUÇÃO
Carnívoros (Superfamília Canídea, Família Mustelídea)
Lontra-marinha (Enhydra lutris) Lontra norte americana (Lontra
canadensisLontra-européia (Lutra lutra),
Marta (Martes martes)Texugo-europeu (Meles meles)Carcaju (Gulo gulo)
Carnívoros (Superfamília Canídea, Família Mustelídea)
Doninha-anã (Mustela nivalis) Arminho (Mustela erminea) Vison (Mustela vison)
Doninha das estepes (Mustela
eversmanni )Toirão (Mustela putorius)
Doninha-europeia ( Mustela
lutreola
Carnívoros (Superfamília Canídea, Família Mustelídea)
Ariranha (Pteronura brasiliensis) Furão-grande (Galictis vittata)
Furão- pequeno (Galictis cuja)
Doninha das estepes (Mustela eversmanni )Toirão (Mustela putorius)
Ferret ou Furão americano (Mustela putorius furo)
ORIGEM
Pesquisas arqueológicas - vestígios de furões por volta de 1500 a.C..
Citações como animal doméstico nos escritos de Aristóteles (384 AC -
322 AC), Strobo (63 AC - 24 DC) e Plínio (23 - 79 DC)).
Europeus –caça de pequenos roedores, como esquilos e coelhos.
EUA – Chegou com os primeiros colonizadores
DOMÉSTICOS – dependente de cuidados humanos
EUA - terceira maior população de Pets, com cerca de 8 milhõesde animais.
Gilman Marshall – 1939 (controle de roedores)
Década de 70 - Marshalls Farm
1994 - Marshall Pet Products
BRASIL- animal exótico
IBAMA - Castração obrigatória antes da importação e microchip
Professional Pet Suppliers - ProPet (importadora exclusivada Marshall no Brasil)
Valor - 800 e 2500 reais.
Registros no Brasil - até abril de 2002 - 11.054 furões
Valores fisiológicos para os furões domésticos:
Peso – Machos: 1 a 3 kg Fêmeas: 0,5 a 1,0 kg
Tempo de vida: de 5 a 8 anos ( 12 anos máximo)
Maturidade sexual: entre 4 a 8 meses de idade,
Tempo de gestação: varia entre 41 a 42 dias,
Peso ao nascimento: 8 e 10 gramas
Abertura dos olhos: 21 a 37 dias
Temperatura retal: de 37,8 a 40 graus Celsius,
Frequência cardíaca: de 180 a 250 por minuto.
Características morfológicas:
Corpo comprido e flexível
Membros curtos
Orelhas pequenas
Cauda peluda e longa
Pelagem muito densa
DIFERENÇAS ENTRE OS FURÕES E
OUTROS CARNÍVOROS DOMÉSTICOS
Estritamente carnívoros – assim como o gato
Intestino grosso curto
Ausência de ceco
Ausência de microvilosidades no cólon – baixa capacidade de absorção deágua e outros nutrientes
Gato - cólon mais longo e microvilosidades aumentando a capacidade deabsorção.
Cães – Ceco pequeno mas com capacidade de digestão de 25 e 30 % dos
CHO complexos.
Gatos - ceco menor – 15% de digestão da Fibra
Furões – menos que 5%
Alta predisposição à doença inflamatória intestinal (Delaney, 2006)
Evolução á neoplasias
Causas multifatoriais
Componente nutricional
Excesso fibra
Excesso de amido
Glúten
CARBOIDRATOS
Metabolismo único para a glicose (semelhante aos gatos)
Menor tolerância a carboidratos na dieta
Excesso de amido pode levar à síndrome da má absorção e pancreatiteaguda e insulinomas.
Não possuem amilase salivar e possuem pouca amilase pancreática.
PRATICAS ALIMENTARES
Necessidades nutricionais não estão bem definidas (poucos estudos)
Varias práticas de alimentação e tipos de rações são utilizadas
Rações extrusadas de gatos (filhotes ou adultos) - prática bastante utilizada - não
são rações ideais
Rações de cães não são suficiente para suprir ás necessidades energéticas dos
furões
Presas vivas e carne crua ainda são utilizadas – ratos, cobaias, carne de frango
crua, peixe cru, etc
ALIMENTOS ÚMIDOS
Alimentos úmidos (elevada proteína,
gordura e reduzida quantidade de fibras)
desenvolvimento de problemas
odontológicos,
Opção adequada na falta de um alimento
específico.
Elevada palatabilidade, auxiliando animais
com apetite reduzido quando doentes ou
mesmo para veiculação de medicamentos
(Piazza & Diez, 2010).
ALIMENTAÇÃO NATURAL
Austrália, Nova Zelândia e Grã-Bretanha
- dietas naturais.
Presas vivas como camundongos, ratos e
pintinhos (Bell, 1999
Alternativa a utilização de uma dieta
equilibrada à base de carne fresca
(Lewington, 2007).
Fontes variadas de carnes, que ofereçam
não só músculos, mas também miúdos ou
vísceras, gordura, ossos e cartilagem
ALIMENTAÇÂO NATURAL
Criatórios na Nova Zelândia :
50-60% de carne magra, 10-20% de gordura animal, 5-10% de fígado e 5-10% de
ossos (Lewington, 2007).
Riscos da dieta : erros e alimentos desbalanceados.
Controle de higiene: contaminações microbiológicas e também adequado
armazenamento para evitar deterioração.
QUANTIDADE DE ALIMENTOS
Ingestão 30 a 40 g MS –Adultos
(rações de boa qualidade)
Várias refeições ao dia – cerca de
10 a 15
Alimentação à vontade
ENERGIA
Peso adulto – 1 kg - 4 meses de idade
Energia metabolizável - medida tanto das necessidades corporais quanto do valor
energético dos alimentos.
Necessidades de nutrientes expressam em função do peso vivo ou em função do
peso metabólico
150 a 200 Kcal por kg de peso para animais adultos
Gatos - 60 a 80 kcal EM por kg de peso
ENERGIA
Kamphues et al. (1999) - manutenção do furão doméstico é estimada em 0,5 MJ ou
119,42 kcal de energia metabolizável (EM)/ kg de peso metabólico corporal (PV0,75).
A exigência energética é aumentada em fêmeas gestantes ou em lactação e animais em
crescimento (Bell, 1999).
Alimentos comerciais específicos apresentam um conteúdo de energia metabolizável
variando de 4000 a 4800 kcal/kg
Proteína
Necessidades protéicas dos furões são altas
Desaminam boa parte da proteína ingerida
para utilizar os cetoácidos como substrato
energético
Não reciclam bem o nitrogênio procedente da
renovação protéica - excretam muito N na
urina.
furões = 85 g de PB por 1000 kcal de EM
(38% de PB e 4500 kcal)
Gatos = 70 g de PB por 1000 kcal de EM
(30% de PB e 4200 kcal)
Cães = 60 g de PB por 1000 kcal de EM
(22% de PB e 3600 kcal)
PROTEÍNA E AMINOÁCIDOS
Necessidade de taurina não foram relatadas em furões, mas existem relatos de
cardiomiopatia dilatada
Sensíveis a deficiência de arginina (como gatos).
Deficiência de Arginina leva a um quadro de intoxicação amoniacal
Proteína
Bell (1999), em um alimento de boa qualidade, a
digestibilidade da proteína deve ser de 85 a 90%.
Dietas com quantidade reduzida de proteína
animal de boa qualidade - infecções
gastrointestinais e também depressão do sistema
imunológico (Bell, 1999).
Excesso de proteínas vegetais em alimentos
industrializados - desenvolvimento de urolitiase
devido à alcalinização urinária (Piezza & Diez,
2010)
Lipídeos
Entre 18-30% (Brow, 1997).
Deficiências de ácidos graxos essenciais -
problemas na pelagem
Comparados com os gatos, os furões apresentam
maior digestibilidade de lipídeos
Preferência por alimentos que contenham teores
elevados deste principio nutritivo, desde que de
origem animal. (Fekete et al., 2005).
Carboidratos
Alimentos extrusados exige o uso de carboidratos e a quantidade è mais
elevada do que aquela presente nas presas inteiras consumidas na natureza
Recomendação é que o teor de amido dietético não exceda 30-36% na
matéria seca (Fekete et al. 2005).
A ingestão excessiva de açúcares pode causar obesidade e a alta glicemia
pode afetar a função pancreática.
FIBRAS
Conteúdo de fibra bruta em dietas para furões domésticos deve ser muito
reduzido (Piezza & Diez, 2010 - intestino grosso muito curto e ausência de ceco,
Importante manter um equilíbrio entre fibra solúvel e insolúvel para evitar
transtornos digestivos e controlar o trânsito da digesta pelo trato gastrointestinal.
Gatos - capacidade de concentração de urina
Furões – Não concentram urina
Gatos – necessidade de 7% do seu peso em água
Furões – necessidade de 12% de seu peso em água.
formas de aumentar a ingestão de água - sopas, que podem ser elaboradas
com caldo de carne não industrial e alimento comercial seco triturado.
ÁGUA
Conseguem converter beta-caroteno
em vitamina A (mecanismo não é muito
eficiente)
Dieta deve ser enriquecida com pré
vitamina A (Lederman et al., 1998).
Consumo excessivo de fígado pode
levar a uma hipervitaminose A em
furões.
Deficiência de biotina - dietas com
mais de 20% de ovos crus
Deficiência de tiamina (vitamina B1)
- peixes crus (sardinha, arenque, carpa,
entre outros) - tiaminase (Lewington,
2007).
VITAMINAS
Relação entre cálcio e fósforo na
dieta deve ser próxima 1/1 (1,2-1,0)
Dietas compostas apenas de carne
(músculo) - excesso de fósforo e
deficiência de cálcio
Correção da dieta com o intuito de
evitar distúrbios no metabolismo do
cálcio (Piezza & Diez, 2010).
MINERAIS
NECESSIDADES DE FURÕES ADULTOS
Proteína (min) 38 a 40 %
Extrato Etéreo (min) 18 a 30%
Fibra (max) 1,5 a 2,0%
Umidade (max) ---
Cinzas (max) 7,5 a 8,2%
Cálcio (min) 1,2 a 1,6%
Fósforo (min) 0,8 a 1,2%
Magnésio (max) 0,10%
Vitamina A (min) 20,000 IU/kg
Vitamina D3 (min) 1,200 IU/kg
Vitamina E (min) 110 IU/kg
Fonte: http://www.marshallpet.com
QUALIDADE DA MATÉRIA PRIMA
Proteína deverá ser de alto valor biológico e de
origem animal
Subprodutos de frango, ovo, derivados de ovo,
frango, fígado de frango e farinha de fígado.
Rações secas devem ter um mínimo de
carboidratos (extrusão)
Farinhas de origem animal: soja e glutenose
(síndrome da má absorção)
Farelo de trigo, milho, cevada: Alta fibra e
carboidratos.
PROBLEMAS RELACIONADOS COM
NUTRIÇÃO INADEQUADA
Obstruções do trato urinário (urina com pH alcalino – dietas com alta
quantidade de proteína vegetal) (rações de cães)
Qualidade de pelagem (deficiências de ácidos graxos omega 6 e omega 3 e
vitaminas lipossolúveis)
Síndrome da má absorção e pancreatite aguda (excesso de carboidratos na
dieta)
Mudança de dieta (enterite catarral epizoótica)
PROBLEMAS RELACIONADOS COM
NUTRIÇÃO INADEQUADA
Tricobenzoatos (alta fibra na
dieta) – Furões não expelem os
tricobenzoatos como os gatos
Obesidade – redução da ingestão
calórica não deverá ser feita
aumentando a fibra da dieta
Evitar jejum prolongado
(quadros de hipoglicemia após
seis horas de jejum)
Cardiomiopatia dilatada –
Necessidades de taurina?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Excelentes animais de companhia, com temperamento peculiar.
Dieta e manejo alimentar é ponto chave para manutenção da saúde e
longevidade dos furões domésticos.
Desconhecimento de proprietários e profissionais da área contribuem para
erros no manejo alimentar