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NOVEMBRO/DEZEMBRO 2015 REVISTA PORTUGUESA DE HIPERTENSÃO E RISCO CARDIOVASCULAR ISSN: 1646-8287 NÚMERO 50 Doença Cardiovascular e Mortalidade no Idoso com Choque Séptico Bioimpedância Elétrica Torácica - Diferenças entre Pacientes Hipertensos com e sem Diabetes Mellitus Tipo 2 A Propósito de um Caso de Hipertensão Homocisteína e suas Implicações na Hipertensão Arterial e Doenças Vasculares Importância da Redução do Consumo de Sal a Nível Populacional Resumos do 9º Congresso Português de Hipertensão e Risco Cardiovascular Global OFERTA DE ALOJAMENTO E INSCRIÇÃO A INTERNOS 1º AUTORES DE TRABALHOS ACEITES DATA LIMITE PARA SUBMISSÃO DE Abstracts 15.DEZ.2015

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NÚMERO

50• Doença Cardiovascular e Mortalidade no Idoso com Choque Séptico• Bioimpedância Elétrica Torácica - Diferenças entre Pacientes Hipertensos com e sem Diabetes Mellitus Tipo 2• A Propósito de um Caso de Hipertensão• Homocisteína e suas Implicações na Hipertensão Arterial e Doenças Vasculares• Importância da Redução do Consumo de Sal a Nível Populacional• Resumos do 9º Congresso Português de Hipertensão e Risco Cardiovascular Global

AGÊNCIA OFICIALViagens Abreu S.A.Av. dos Aliados, 207 - 4000-067 PortoTelf. :+351 222 043 570 Fax: +351 222 043 693 e-mail: [email protected]

SECRETARIADO EXECUTIVOVeranatura – Conference OrganizersRua Augusto Macedo, 12-D Escritório 2 - 1600-503 Lisboa Telfs.: +351 217 120 778 Fax: +351 217 120 204 e-mail: [email protected]

www.sphta.org.pt

SOCIEDADE PORTUGUESA DE

HIPERTENSÃOPortuguese Society of Hypertension

FEVEREIRO 201625 a 28 T i v o l i M a r i n a V i l a m o u r a - A l g a r v e

CONGRESSO PORTUGUÊS DEHIPERTENSÃOE RISCO CARDIOVASCULAR GLOBAL

International Meeting on Hypertension and Global Cardiovascular Risk

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OFERTA DE

ALOJAMENTO E

INSCRIÇÃO A INTERNOS

1º AUTORES DE

TRABALHOS ACEITES

DATA LIMITE PARA

SUBMISSÃO DE

Abstracts

15.DEZ.2015

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ÍNDICE

FICHA TÉCNICARevista Médica Bimestral, excluída de registo no ICS de acordo com a alínea a) do art. 12 do D. R. nº 8/99 de Junho de 1999.

ISNN 1646-8287

N.ºs avulsos: 10€Assinatura anual: 35€Tiragem: 5.000 exemplaresDepósito legal: 265384/07Propriedade: Grande Mensagem, Edições e Publicidade, Lda.

Av. Bombeiros Voluntários, n.º 52, Loja 8 Sala G

1495-022 AlgésTel: 91 439 81 85Fax: 21 357 90 21E-mail: [email protected] gráfico:Inês Almaça Tlm: 91 485 46 00E-mail: [email protected]

Impressão:CMYKGLOSS Impressores, Lda.Estrada de Barros, Elospark, Pav. 62725-193 Algueirão - Mem MartinsTel: 21 926 15 97/8Fax: 21 926 15 99E-mail: [email protected]

6ARTIGO ORIGINAL

Doença Cardiovascular e Mortalidade no Idoso com Choque SépticoCardiovascular Disease and Mortality in Eldery Patients with Spetic Shock

Bioimpedância Elétrica Torácica - Diferenças entre Pacientes Hipertensos com e sem Diabetes Mellitus Tipo 2Thoracic Eletrical Bioimpedance: Differences Between Hypertensive Patients With or Without Type 2 Diabets Mellitus

18CASO CLÍNICO

A Propósito de um Caso de HipertensãoAbout a Clinical Case of Hypertension

22ARTIGO DE REVISÃO

Homocisteína e suas Implicações na Hipertensão Arterial e Doenças VascularesHomocysteine and its Implications in Hypetension and Vascular Diseases

28ARTIGO DE OPINIÃO

Importância da Redução do Consumo de Sal a Nível PopulacionalThe Relevance of Reducing Salt Intake at the Population Level

36RESUMOS

9º Congresso Português de Hipertensão e Risco Cardiovascular Global9th International Meeting on Hypertension and Global Cardiovascular Risk

anuncioImprensa_AF_ 205mmx290mm.pdf 1 22/04/15 11:03

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Com muita alegria e com o entusiasmo, empenhamento e a persistência que sempre se teve nesta revista desde o primeiro momento em que se idealizou este projecto, órgão oficial da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, atingem-se neste número as cinquenta revistas publicadas.

Temos tentado corresponder ao que nos foi imposto como meta: promover a divulgação científica do que se faz em Portugal na área da prevenção cardiovascular, com enfase particular na Hipertensão Arterial, porque este continua a ser o maior determinante de risco de doença em todo o mundo. Tem sido igualmente feita recorrendo por vezes à apresentação de revisões sistemáticas, com carácter formativo, pelos colegas de maior renome das Sociedade afins à nossa com que se têm desenvolvido relações privilegiadas. A apresentação de caso clínicos e a expressão da investigação epidemiológica nesta área, pelos colegas nas zonas onde desenvolvem a sua actividade têm sido outras das vertentes aqui desenvolvidas, como forma de partilha de experiências. Como acção fundamental acresce a divulgação dos resumos de todas as comunicações apresentadas nos Congressos anuais da nossa Sociedade.

Realço a acção fundamental que os colegas de Medicina Geral e Familiar (MGF) têm tido, com o envolvimento com que têm abraçado os objectivos da nossa Sociedade, contribuindo para a significativa melhoria e consequente redução da morbi-mortalidade cardiovascular a que temos assistido nos últimos anos em Portugal, devida ao melhor controlo tensional como os maiores estudos efectuados têm demonstrado. Do que ficou exposto chamamos a atenção para o “Caso Clínico” que apresentamos neste número em que de dois colegas de MGF da Madeira relatam a sua experiência na investigação dum doente que nos permite rever uma das formas de hipertensão secundária em que o tratamento pode ser eventualmente “curativo”, sem necessidade de terapêutica medicamentosa a longo prazo.

Como “artigos de fundo” temos o texto apresentado por três nutricionistas (sublinha-se a importância da colaboração multidisciplinar imprescindível à obtenção de resultados neste domínio) sobre uma das “batalhas” mais actuais travadas em várias frentes pela nossa Sociedade

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EDITORIAL

Editor Chefe / Editor-in-ChiefProf. J. Braz Nogueira

Editor Adjunto / Deputy EditorDr. Vitor Ramalhinho

Conselho Científico Nacional e InternacionalNational and International Scientific BoardProf. Manuel CarragetaProf. Ricardo Seabra GomesProf. Luís MartinsProf. Fernando PáduaProf. Gorjão ClaraProf. Pereira MiguelProf. Martins PrataProf. José BarbasProf. Rocha GonçalvesProf. Victor GilProf. Luciano RavaraProf. Salgado BorgesProf. Rui CarrapatoProf. Jose JuanateyProf. Josep RedonProf. Fernando NobreProf. Pinto CarmonaProf. Agostinho MonteiroProf. Massano CardosoProf. Luz RodriguesProf. Jorge PolóniaProf. Manuel BichoProf. José Luís MedinaProf. Davide CarvalhoProf. Luís SobrinhoDr. Alcindo Maciel BarbosaDr. João SaavedraDr. Oliveira SoaresDr. Soares FrancoDr. Vital MorgadoDr. Mariano PegoDr. Rasiklal RanchhodDr. Lacerda NobreDr. Pastor Santos SilvaDr. António Jara

Conselho Redactorial / Editorial BoardProf. Pinto CarmonaProf. Agostinho MonteiroProf. Massano CardosoProf. Jorge PolóniaProf. Manuel BichoProf. José Luís MedinaProf. Davide CarvalhoDr. Luís Calçada CorreiaDr. José NazaréDr. Jorge CotterDra. Teresa FonsecaDr. João MaldonadoDr. Carlos MoreiraDr. Mesquita BastosDr. José Alberto SilvaDra. Paula AmadoDra. Paula AlcântaraDra. Teresa RodriguesDr. Pedro Marques da SilvaDr. Fernando PintoDr. Pedro Guimarães Cunha

com o sugestivo título de “Importência da Redução do Consumo de Sal a Nível Populacional”.

Noutro dos artigos publicados avalia-se criticamente a importância que a bioimpedância torácica poderá ter no acompanhamento de doentes hipertensos, tendo para tal sido avaliados os padrões hemodinâmicos de dois grupos: com e sem diabetes. É também mais um contributo para a validação duma técnica eventualmente útil.

A importância que a doença cardiovascular prévia tem na mortalidade de doentes idosos com choque séptico numa Unidade de Tratamento Intensivo é abordada num artigo em que se propõe que deveria ser integrada num algoritmo prognóstico.

Este número especial completa-se com a continuação da divulgação dos resumos de comunicações no nosso último Congresso.

Continuamos a esperar e a desejar a colaboração de todos para podermos melhorar.

V. Ramalhinho

Endereço de e-mail para a submissão de artigos na Revista Portuguesa de Hipertensão e Risco Cardiovascular, órgão oficial da Sociedade Portuguesa de Hipertensão: [email protected]

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ARTIGO ORIGINALORIGINAL ARTICLE

DOENÇA CARDIOVASCULAR E MORTALIDADE NO IDOSO COM CHOQUE SÉPTICO

CARDIOVASCULAR DISEASE AND MORTALITY IN ELDERLY PATIENTS WITH SEPTIC SHOCK

Isabel Costa (1)*, Ana Fernandes (2), Vítor Lopes (3), Paulo Bandeira (4)

(1) Centro Hospitalar Médio Ave, Unidade Santo Tirso;(2) H. Litoral Alentejano;(3) Centro Hospitalar Lisboa Central, H. S. José;(4) Centro Hospitalar Médio Ave, Unidade Santo Tirso

* [email protected]

Resumo Introdução: As doenças cardiovasculares (DCV) têm uma prevalência expressiva e mantêm-se consistentemente nas últimas décadas como a principal causa de morte em Portugal. Concomitantemente com uma incidência hospitalar crescente o choque séptico representa um verdadeiro problema de saúde pública. Estudos recentes sugerem que a DCV prévia tem influência significativa na mortalidade nos idosos, que cada vez mais frequentemente são internados em unidades de cuidados intensivos (UCI). Objectivos: Este estudo pretende identificar a associação entre DCV prévia e mortalidade no choque séptico do doente idoso.Material e métodos: Foram avaliados 47 doentes internados numa UCI num período de 6 meses com o diagnóstico de choque séptico. Analisaram-se as seguintes variáveis: sexo, idade, presença de DCV prévia, tempo de internamento e mortalidade. Como DCV prévia considerou-se: arritmias, hipertensão arterial (HTA), doença coronária, disfunção miocárdica, acidente vascular cerebral (AVC). Resultados: Dos 47 doentes analisados 28 tinham mais de 65 anos (60%). Neste grupo de doentes a média de idades foi 77 anos, com um mínimo de 65 anos e um máximo de 91 anos, sendo que 61% eram mulheres. A DCV estava presente em 96% dos doentes com mais de 65 anos. Morreram 15 doentes, 8 destes com mais de 65 anos, 7 mulheres e 1 homem. Nos doentes com mais de 65 anos que faleceram só não existia DCV prévia documentada num caso, uma doente do sexo feminino. O número de DCV prévias dos doentes com mais de 65 anos que faleceram foi de 3, enquanto que nos restantes idosos foi 2.Conclusões: O número de dias de internamento é expressivamente maior nos doentes com mais de 65 anos, no entanto a mortalidade não. Verifica-se que os idosos com maior atingimento CV têm uma mortalidade mais elevada.

AbstractIntroduction: Cardiovascular disease (CVD) is the highest cause of death in Portugal and has remained this way for the last decades. Recent studies suggest that previous CVD has significant influence on mortality in the elderly, who are more frequently hospitalised in intensive care units (ICU). Objectives: To identify the frequency of previous CVD and mortality with septic shock in the elderly.Methods: Evaluation of 47 patients admitted to an ICU over a period of 6 months with a diagnosis of septic shock. The following variables were analyzed: gender, age, underlying CVD, days of hospitalisation and mortality. For the purpose of this study, CVD was considered as the following conditions: arrhythmia, coronary heart disease, myocardial dysfunction and stroke.Results: Of the 47 patients analysed 28 were more than 65 years of age (60%). In this group of patients, the median age was 77 years, with a minimum of 65 and a maximum of 91 years, and 61% were women. 96% of patients over 65 years had CVD. 15 patients died, 8 of them were more than 65 years, 7 female and 1 male. Within the patients who died over 65 years, only one did not had CVD, a female patient. The number of previous CVD in patients over 65 years who died was 3, while in the remaining patients over 65 were 2.Conclusions: The number of inpatient days is significantly higher in patients over 65 years, but the mortality is not. It also appears that elderly patients with higher number of CVD have a higher mortality risk.

Introdução As doenças cardiovasculares (DCV) englobam um vasto espectro de situações clínicas, com diferentes formas de apresentação que são condicionadas grandemente pela localização anatómica da doença.

Palavras-chave: doenças cardiovasculares;choque séptico;idosos.

Keywords: cardiovascular disease;septic shock; elderly.

Entre as diversas doenças destaca-se pela sua especial relevância a doença isquémica cardíaca, sendo a manifestação clínica mais relevante o enfarte agudo do miocárdio (EAM) e a doença cerebrovascular, onde se destaca o acidente vascular cerebral

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isquémico (AVC). 1,2

As DCV são a principal causa de morte na Europa, sendo responsáveis por cerca de metade das mortes anuais em ambos os sexos. No que concerne a Portugal as DCV têm igualmente uma prevalência expressiva e mantêm-se consistentemente nas últimas décadas como a principal causa de morte. A mortalidade global causada pelas DCV tem resultado do envelhecimento populacional e alterações epidemiológicas da doença. 3,4 Para além da mortalidade importa destacar a morbilidade que advém destas doenças, pois muitos dos que sobrevivem a eventos cardiovasculares sofrem de algum grau de invalidez, além da desarticulação sócio-económica. 5 No contexto actual da economia mundial torna-se importante destacar que as DCV são uma importante causa de aumento dos custos associados ao cuidados de saúde de um país, pelos motivos previamente descritos. 6

Um dos poderosos factores de risco cardiovascular é a idade e de acordo com as projecções das Nações Unidas em 2025 existirão cerca de 1.2 biliões de idosos mundialmente. 7

Concomitantemente com uma incidência hospitalar crescente o choque séptico representa um verdadeiro problema de saúde pública. 8Estudos recentes sugerem que a DCV prévia tem influência significativa na mortalidade nos idosos, que cada vez mais frequentemente são internados em unidades de cuidados intensivos (UCI). 9

Nenhum dos índices de prognóstico mais utilizados nas UCI e até então publicados, APACHE II (Acute Physiology and Chronic Health Evaluation), MODS (Multiple Organ Disfunction Score) e SOFA (Sequential Organ Failure Assessment) incluem a presença de DCV prévia, tais como HTA, AVC, arritmias e cardiopatia isquémica, como factores de risco para a mortalidade. 10-12

Material e MétodosEste estudo do tipo transversal baseou-se na análise de 47 doentes internados numa UCI num período de 6 meses com o diagnóstico de choque séptico. Foram analisadas as seguintes variáveis: sexo, idade, presença de DCV prévia, tempo de internamento e mortalidade. Foram consideradas DCV prévias: arritmias, HTA, doença coronária, disfunção miocárdica e AVC.

ResultadosDurante o período em que decorreu o estudo obteve-se um total de 47 doentes, dos quais 28 tinham mais de 65 anos (60%). Neste último grupo de doentes a média de idades foi de 77 anos, com um mínimo de 65 anos e um máximo de 91 anos de idade. Igualmente neste grupo 61% (n=17) dos doentes eram do sexo feminino. A DCV estava presente em 96% (n=27) dos doentes com mais de 65 anos, distribuída como apresentada no quadro 1.Nos três lugares cimeiros salienta-se a predominância da HTA, observada em 17 doentes, seguido do AVC (n=12) e das arritmias (n=8).No quadro 2 estão apresentados os focos infecciosos do choque séptico nos doentes com mais de 65 anos.

Quadro 1. Tipo de DCV dos doentes com mais de 65 anos

O foco infeccioso do choque séptico não foi diferente dos dados conhecidos de outras UCI, destacando-se o ponto de partida pulmonar, seguido de causas intra-abdominais e do tracto urinário. 13-16

Morreram 15 doentes, 8 destes com mais de 65 anos, 7 mulheres e 1 homem.Nos doentes com mais de 65 anos que faleceram só não existia DCV prévia documentada num caso, uma doente do sexo feminino. O número de DCV prévias dos doentes com mais de 65 anos que faleceram foi de 3, enquanto que nos restantes idosos foi 2.Quanto ao número de dias de internamento, a média de dias nos doentes com mais de 65 anos foi de 10 dias (mínima de 0 dias,

Quadro 2. Ponto de partida do choque séptico nos doentes com mais de 65 anos

Quadro 3. Tipo de DCV dos doentes com mais de 65 falecidos

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máxima de 27 dias). Nos doentes com menos de 65 anos a média de dias de internamento foi de 7 dias (mínima de 1 dia, máxima de 20 dias).

ConclusõesApesar das limitações próprias que advêm de um estudo com uma reduzida população de doentes conclui-se que o número de dias de internamento é expressivamente maior nos doentes com mais de 65 anos, no entanto a mortalidade não. Verifica-se que os idosos com choque séptico e com maior atingimento CV têm uma mortalidade mais elevada.A presença de doença cardiovascular prévia deveria ser incluída nos modelos que predizem a probabilidade de óbito nos pacientes idosos com choque séptico.

Bibliografia1.Worp HB, Gijn JV. Acute Ischemic Stroke. N Engl J Med 2007; 357:572-579.2. Davis SM, Donnan AG. Secondary Prevention After Ischemic Stroke or Transient Ischemic Attack. N Engl J Med 2012; 366:1914-1922.3. Roth GA, Forouzanfar MH, Moran AE, Barber R, Nguyen G, Feigin VL, Naghavi M. Et al. Demographic and Epidemiologic Drivers of Global Cardiovascular Mortality. N Engl J Med 2015; 372:1333-1341.4. Yusuf S, Phil D, Rangarajan S, Teo K, Islam S, Li W et al. Cardiovascular Risk and Events in 17 Low-, Middle-, and High-Income Countries. N Engl J Med 2014;371:818-275. Macedo A, Santos A, Rocha E, Perdigão C. Percepção da Doença Cardíaca e Cerebral e dos Factores de Risco Cardiovasculares em Portugal: Estudo AMALIA. Rev Port Cardiol 2008; 27(5):569-80.6. Allender S, Scarborough P, Peto V, Rayner M, Leal J, Luengo Fernandez R, et al. European cardiovascular disease statistics. London: European Heart Network 2008. 113 p: 9-43, 103-10.7. Population Division of the Department of Economic and Social Affairs of the United Nations Secretariat (UNSESA). World Population Prospects: The 2006 Revision and World Urbanization Prospects: The 2007 Revision. New York, United Nations, 26 February 2008 (http://esa.un.org/unup).8. Kaukonen KM, Bailey M, Pilcher D, Cooper JD, Bellomo R. Systemic Inflammatory Response Syndrome Criteria in Defining Severe SepsisMarch 17, 2015DOI: 10.1056/NEJMoa14152369. Godopy PH. Associação da doença cardiovascular preexistente

com a mortalidade no paciente idoso com choque séptico. Universidade Federal do Rio Janeiro; 2003.10. Knaus WA, Wagner DP, Drager EA, Zimmerman JE, Bergner M, Bastos PG, et al. APACHE II: a severity of diasease classification system. Critic care Med. 1985; 13: 818-29. 11. Marshal JC, Cook DJ, Christon NV, Bernard GR, Sprung CL, Sibbald WJ. Multiple organ disfunction score: a reliable description of a complex clinical outcome. Crit care Med. 1995; 23: 1638-652.12. Vincent JL, Moreno R, Takale J, Willatts S, De Mendonça A, Bruining H, et al. The SOFA (sepsis related organ failure assessment) score to describe organ disfunction/failure. On behalf of the working group on sepsis – related problems of the Europe Society of Intensive Care Medicine. Intense Care Med. 1996; 22: 707-10. 13. Angus DC, Linde-Zwirble WT, Lidicker J,Clermont G, Carcillo J, Pinsky MR. Epidemiology of severe sepsis in the United States: analysis of incidence, outcome, and associated costs of care. Crit Care Med2001;29:1303-1310.14. Lagu T, Rothberg MB, Shieh MS, Pekow PS, Steingrub JS, Lindenauer PK. Hospitalizations, costs, and outcomes of severe sepsis in the United States 2003 to 2007. Crit Care Med 2012;40:754-756.15. Ranieri VM, Thompson BT, Barie PS, et al. Drotrecogin alfa (activated) in adults with septic shock. N Engl J Med 2012;366:2055-2064.16. Vincent JL, Rello J, Marshall J, et al. International study of the prevalence and outcomes of infection in intensive care units. JAMA2009;302:2323-2329.

INFORMAÇÕES ESSENCIAIS COMPATÍVEIS COM O RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO - Nome do medicamento: COVERAM 5 mg/ 5 mg; COVERAM 5 mg/ 10 mg; COVERAM 10 mg/ 5 mg; COVERAM 10 mg/ 10 mg. Composiçãoqualitativa e quantitativa: Cada comprimido contém 3,395 mg de Perindopril equivalente a 5 mg de Perindopril arginina e 6,935 mg de Amlodipina besilato equivalente a 5 mg de Amlodipina. Cada comprimido contém 3,395 mg de Perindopril equivalentea 5 mg de Perindopril arginina e 13,870 mg de Amlodipina besilato equivalente a 10 mg de Amlodipina. Cada comprimido contém 6,790 mg de Perindopril equivalente a 10 mg de Perindopril arginina e 6,935 mg de Amlodipina besilato equivalente a 5 mgde Amlodipina. Cada comprimido contém 6,790 mg de Perindopril equivalente a 10 mg de Perindopril arginina e 13,870 mg de Amlodipina besilato equivalente a 10 mg de Amlodipina. Excipiente: lactose monohidratada. Forma farmacêutica*: Comprimido.Indicações terapêuticas: COVERAM está indicado como terapêutica de substituição para o tratamento da hipertensão arterial essencial e/ou doença coronária arterial estável, em doentes já controlados com Perindopril e Amlodipina administrados emsimultâneo e com o mesmo nível de dosagem. Posologia e modo de administração: Via oral. Um comprimido por dia, numa toma, de preferência de manhã e antes duma refeição. A associação fixa não é recomendada para terapêutica inicial. Se fornecessário alterar a posologia, a dose de COVERAM pode ser modificada ou pode ser considerada a titulação individual com os componentes isolados. Doentes com compromisso renal e idosos: A eliminação do perindoprilato está diminuída nos idosos enos doentes com compromisso renal. Assim o seguimento médico usual, inclui frequente monitorização da creatinina e potássio. COVERAM pode ser administrado em doentes com Clcr≥ 60ml/min, e não é recomendado para doentes com Clcr < 60ml/min.Nestes doentes, recomenda-se uma titulação individual da dose com os componentes isolados. A amlodipina utilizada em doses similares nos doentes idosos ou jovens é igualmente bem tolerada. Recomenda-se o tratamento com doses normais nos idosos,mas o aumento da dosagem deve ser feito com cuidado. Alterações nas concentrações plasmáticas de Amlodipina não estão relacionadas com o grau de compromisso renal. A amlodipina não é dialisável. Doentes com compromisso hepático: Não foramestabelecidas recomendações de dose em doentes com compromisso hepático ligeiro a moderado; assim sendo, a seleção da dose deve ser cuidadosa e deve começar pela dose mais baixa do intervalo de doses. Para encontrar a dose inicial e demanutenção ideal nos doentes com compromisso hepático, os doentes devem ser titulados individualmente utilizando a combinação livre de amlodipina e perindopril. A farmacocinética da amlodipina não foi estudada em doentes com compromisso hepáticograve. Nos doentes com compromisso hepático grave, a amlodipina deve ser iniciada na dose mais baixa e titulada lentamente. População pediátrica: COVERAM não deve ser utilizado em crianças e adolescentes uma vez que a eficácia e tolerância doperindopril e amlodipina em associação ainda não estão estabelecidas em crianças e adolescentes. Contra-indicações: Hipersensibilidade ao Perindopril ou a qualquer outro IECA; Antecedentes de angioedema associado a uma terapêutica prévia comIECAs; Angioedema hereditário ou idiopático; Segundo e terceiro trimestres da gravidez; Hipotensão grave; Hipersensibilidade à Amlodipina ou derivados das dihidropiridinas; Choque, incluindo choque cardiogénico; Obstrução do infundíbulo de saída doventrículo esquerdo (por ex. grau de estenose aórtica elevado); Insuficiência cardíaca hemodinamicamente instável após enfarte agudo do miocárdio. Hipersensibilidade a qualquer um dos excipientes. Advertências e precauções especiais de utilização*:Precauções especiais: Ligadas ao Perindopril: Hipersensibilidade/Angioedema: Foi reportado raramente em doentes tratados com um IECA, incluindo o Perindopril, angioedema da face, extremidades, lábios, mucosas, língua, glote e/ou laringe. Isto podeacontecer em qualquer altura durante o tratamento. Nestes casos, o COVERAM deve ser imediatamente interrompido e iniciada monitorização adequada até ao completo desaparecimento dos sintomas; Reacções anafiláticas durante a aférese oudessensibilização de lipoproteínas de baixa densidade (LDL): evitadas com a suspensão do inibidor do ECA antes dos exames; Neutropenia/agranulocitose/ trombocitopenia/anemia: precaução extrema em doentes com doença vascular do colagénio,terapêutica imunossupressora, tratados com alopurinol ou procainamida, é aconselhável vigiar os glóbulos brancos periodicamente; Gravidez: Os IECAS não devem ser iniciados durante a gravidez. A não ser que a manutenção da terapêutica com IECA sejaconsiderada essencial, nas doentes que planeiem engravidar o tratamento deve ser alterado para anti-hipertensores cujo perfil de segurança durante a gravidez esteja estabelecido. Quando é diagnosticada a gravidez, o tratamento com IECA deve serinterrompido imediatamente e, se apropriado, deverá ser iniciada terapêutica alternativa. Precauções de utilização: Hipotensão: Os IECAs podem causar diminuição da pressão arterial. Nos doentes com risco elevado de hipotensão sintomática (depleçãode volume ou com hipertensão renina-dependente grave), a pressão arterial, função renal e potássio sérico devem ser rigorosamente monitorizados durante o tratamento com COVERAM. Uma resposta hipotensiva transitória não é uma contra-indicaçãopara doses adicionais, desde que a pressão arterial tenha aumentado após a expansão do volume. As mesmas considerações aplicam-se aos doentes com cardiopatia isquémica ou doença cerebrovascular, nos quais uma descida excessiva da pressãoarterial pode provocar um enfarte do miocárdio ou um acidente cerebrovascular; Estenose valvular aórtica e mitral/cardiomiopatia hipertrófica: Como com outro IECAs, o perindopril deve ser administrado com precaução a doentes com estenose da válvulamitral e com obstrução da câmara de saída do ventrículo esquerdo tal como na estenose aórtica ou na cardiomiopatia hipertrófica; Doentes com insuficiência cardíaca: usar com precaução. Insuficiência renal ligeira: monitorizar o potássio e a creatinina;recomenda-se a titulação individual dos monocomponentes se clearance da creatinina < 60 ml/min. Em doentes com estenose da artéria renal, a ureia e creatinina séricas podem aumentar; com hipertensão renovascular, risco de hipotensão grave einsuficiência renal. Insuficiência renal: A amlodipina não é dializável. Insuficiência hepática: parar o tratamento no caso de icterícia ou aumento acentuado de enzimas hepáticas. Insuficiência hepática ligeira: aumento gradual da dose e avaliação cuidadano caso de insuficiência hepática grave. Indivíduos de raça negra: o perindopril pode ser menos eficaz e causar uma taxa mais elevada de angioedema do que em outras raças. Tosse não produtiva. Cirurgia/Anestesia: interromper o tratamento um dia antesda cirurgia. Hipercaliemia: avaliação frequente de potássio sérico no caso de insuficiência renal, agravamento da função renal, idade (>70 anos), diabetes mellitus, desidratação, descompensação cardíaca aguda, acidose metabólica e utilização concomitantede diuréticos poupadores de potássio e sais de potássio. Doentes diabéticos: Em doentes diabéticos tratados com antidiabéticos orais ou insulina, o controlo da glicemia deve ser rigorosamente monitorizado durante o primeiro mês de tratamento com umIECA. Ligadas à Amlodipina: Crise hipertensiva: A segurança e eficácia da amlodipina em crises hipertensivas não foram estabelecidas. Doentes idosos: aumento da dose com precaução. Ligadas ao COVERAM: Devido à presença de lactose, doentes comproblemas hereditários raros de intolerância à galactose, má absorção de glucose-galactose, ou insuficiência de lactase de Lapp, não devem tomar este medicamento. Interacções medicamentosas e outras formas de interacção*: Não recomendadas:Diuréticos poupadores de potássio, suplementos de potássio ou substitutos de potássio contendo sal, lítio, estramustina, dantrolene (infusão), toranja ou sumo de toranja. Cuidados especiais: Produtos medicinais anti-inflamatórios não esteroides (AINE’s)incluindo aspirina ≥ 3 g/dia, antidiabéticos (insulina, sulfonamidas hipoglicémicas), indutores CYP3A4, inibidores CYP3A4, baclofeno. A ter em consideração: Diuréticos, simpatomiméticos, ouro, anti-hipertensores, vasodilatadores, corticosteroides,tetracosactida, alfa-bloqueantes (prazosina, alfuzosina, doxazosina, tamsulosina, terazosina), amifostina, antidepressivos tricíclicos, antipsicóticos, anestésicos, outros produtos medicinais com propriedades anti-hipertensivas. Gravidez e amamentação*:Nãorecomendado durante o primeiro trimestre de gravidez e aleitamento. Contra-indicado durante o Segundo e terceiro trimestres de gravidez. Fertilidade*: Alterações bioquímicas reversíveis de espermatozoides em alguns doentes tratados com bloqueadoresdos canais de cálcio. Condução e Utilização de Máquinas*: Pode estar comprometida em caso de tonturas, cefaleias, fadiga, má disposição ou náuseas. Efeitos indesejáveis*: Os efeitos indesejáveis seguintes foram observados durante o tratamentocom Perindopril (Per.) ou Amlodipina (Am.) administrados separadamente e são apresentados pela classificação MedDRA por sistema e sob a seguinte frequência: Muito frequente (≥1/10); frequente (≥1/100 a <1/10)); pouco frequente (≥1/1.000 a <1/100),raro (≥1/10.000 a <1/1.000); muito raro (<1/10.000); desconhecido (não pode ser estimado a partir dos dados disponíveis). Doenças do sangue e do sistema linfático: Leucopenia/neutropenia: Am./Per.-Muito raro; Agranulocitose ou pancitopenia: Per.-Muito raro; Trombocitopenia: Am./Per.-Muito raro; Anemia hemolítica em doentes com deficiência congénita em G-6PDH: Per.-Muito raro; Diminuição da hemoglobina e hematócrito: Per.-Muito raro. Doenças do sistema imunitário: Reações alérgicas: Am.-Muito raro; Per.-Pouco frequente. Doenças do metabolismo e da nutrição: Hiperglicemia: Am.-Muito raro; Hipoglicemia: Per.-Desconhecida. Pertubações do foro psiquiátrico: Insónia: Am.-Pouco frequente; Alterações do humor (incluindo ansiedade):Am./Per.–Pouco frequente; Depressão: Am.-Pouco Frequente; Perturbações do sono: Per.-Pouco frequente; Confusão: Am.-Raro/Per.-Muito raro; Doenças do sistema nervoso: Sonolência (especialmente no início do tratamento): Am.-Frequente; Vertigem(especialmente no início do tratamento): Am./Per.–Frequente; Cefaleia (especialmente no início do tratamento): Am./Per.-Frequente; Disgeusia: Am.-Pouco frequente/Per.-Frequente; Tremor: Am.-Pouco frequente; Hipoestasia: Am.-Pouco frequente; Parestesia:Am.-Pouco frequente; Per.-Frequente; Síncope: Am.-Pouco Frequente; Hipertonia: Am.-Muito raro; Neuropatia periférica; Am.-Muito raro; Afecções oculares: Alteração da visão (incluindo diplopia): Am.-Pouco frequente; Per.-Frequente; Afecções do ouvidoe do labirinto: Zumbidos: Am.-Pouco frequente; Per.-Frequente; Cardiopatias: Palpitações: Am.-Frequente; Angina de peito: Per.-muito raro; Enfarte do miocárdio, possivelmente secundário a hipotensão excessiva em doentes de alto risco: Am./Per.–Muitoraro; Arritmia (incluindo bradicardia, taquicardia ventricular e fibrilhação auricular): Am./Per.-Muito raro; Vasculopatias: Rubor: Am.-Frequente; Hipotensão (e efeitos relacionados com hipotensão): Am.-Pouco frequente; Per.-Frequente; AVC possivelmentesecundário a excessiva hipotensão em doentes de alto risco: Per.-Muito raro; Vasculite: Am.- Muito raro;Per.-Desconhecida; Doenças respiratórias, torácicas e do mediastino: Dispneia: Am.-Pouco frequente; Per.-Frequente; Rinite: Am.-Pouco frequente; Per.-Muito raro; Tosse: Am.-Muito raro; Per.-Frequente; Broncospasmo: Per.-Pouco frequente; Pneumonia eosinofílica: Per.-Muito raro; Doenças gastrointestinais: Hiperplasia gengival: Am.-Muito raro; Dor abdominal, náusea: Am./Per.-Frequente; Vómito: Am.-Pouco frequente; Per.-Frequente; Dispepsia: Am.-Pouco frequente; Per.-Frequente; Alteração dos hábitos intestinais: Am.-Pouco frequente; Secura de boca: Am./Per.-Pouco frequente; Diarreia, obstipação: Am. Pouco frequente; Per.-Frequente; Pancreatite:Am./Per.-Muito raro; Gastrite: Am.-Muito raro; Afecções hepatobiliares: Hepatite, icterícia: Am.-Muito raro; Hepatite citolítica ou colestática: Per.-Muito raro; Aumento das enzimas hepáticas (principalmente relacionado com colestase): Am.-Muito raro;Afecções dos tecidos cutâneos e subcutâneos: Edema de Quincke: Am.-Muito raro; Angioedema da face, extremidades, lábios, mucosas, língua, glote e/ou laringe: Am. - Muito raro; Per.-Pouco frequente; Eritema multiforme: Am./Per.-Muito raro; Alopécia:Am.-Pouco frequente; Púrpura: Am.-Pouco frequente; Descoloração cutânea: Am.-Pouco frequente; Hipersudorese: Am./ Per. -Pouco frequente; Prurido: Am.-Pouco frequente; Per.-Frequente; Erupção cutânea, exantema: Am.-Pouco frequente; Per.-Frequente;Urticária: Am.Muito raro; Per.-Pouco frequente; Síndroma de Stevens-Johnson: Am.-Muito raro; Dermatite esfolitiva: Am.-Muito raro; Fotossensibilidade: Am.-Muito raro; Afecções musculo-esqueléticas e dos tecidos conjuntivos: Inchaço dos tornozelos: Am.– Frequente; Artralgias, mialgias: Am.-Pouco frequente; Cãibras musculares: Am.-Pouco frequente; Per.-Frequente; Lombalgias: Am.-Pouco frequente; Doenças renais e urinárias: Alterações da micção, nictúria, aumento da frequência urinária: Am.-Poucofrequente; Compromisso renal: Per.-Pouco frequente; Insuficiência renal aguda: Per.-Muito raro; Doenças dos órgãos genitais e da mama: Impotência: Am./Per.–Pouco frequente; Ginecomastia: Am.-Pouco frequente; Perturbações gerais e alterações no localde administração: Edema: Am.-Frequente; Fadiga: Am.-Frequente; Dor no peito: Am.-Pouco frequente; Astenia: Am.-Pouco frequente; Per.-Frequente; Dor: Am.-Pouco frequente; Mal-estar: Am.-Pouco frequente; Exames complementares de diagnóstico:Aumentode peso, diminuição de peso: Am.-Pouco frequente; Elevação das enzimas hepáticas e da bilirubina sérica: Per.-Raro; Aumento da ureia no sangue e creatinina sérica, hipercaliemia: Per. – Desconhecida. Sobredosagem*.Propriedades*: O Perindopril é uminibidor do enzima que converte a angiotensina I em angiotensina II (Inibidor do Enzima de Conversão da Angiotensina - ECA). A amlodipina é um inibidor do influxo de iões de cálcio do grupo das dihidropiridinas (bloqueador dos canais lentos de cálcio ouantagonista do iões de cálcio) e inibe o influxo transmembranário dos iões de cálcio para as células miocárdica e muscular lisa vascular. Apresentação*: Caixa de 10 comprimidos de Coveram 5 mg/5 mg; caixa de 30 comprimidos de Coveram 5 mg/5 mg,5 mg/10 mg, 10 mg/5 mg, 10 mg/10 mg. Comparticipado pelo Escalão B. MSRM. Para mais informações deverá contactar o representante do titular da autorização de introdução no mercado: SERVIER PORTUGAL- Especialidades Farmacêuticas,Lda. Av. António Augusto de Aguiar, 128.1069-133 LISBOA- Telefone: 213122000- Fax:213122090.* Para uma informação completa deverá consultar o resumo das Características do Medicamento (RCM). 1. Dahlöf B et al. Lancet. 2005;366:895-906. 2. Dolan E et al. J Hypertens. 2009;27:876-885. 3. Rothwell PM, Howard SC, Dolan E, et al. ASCOT-BPLA and MRC Trial Investigators. Lancet Neurol. 2010;9(5):469-480. 4. The CAFE Investigators. (CAFE) study. Circulation. 2006;113:1213-1225.

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BIOIMPEDÂNCIA ELÉTRICA TORÁCICA - DIFERENÇAS ENTRE PACIENTES HIPERTENSOS COM E SEM DIABETES MELLITUS TIPO 2

THORACIC ELETRICAL BIOIMPEDANCE: DIFFERENCES BETWEEN HYPERTENSIVE PATIENTS WITH OR WITHOUT TYPE 2 DIABETS MELLITUS

1º Autor: Ana Luísa Figueiredo Albuquerque – 6º ano do curso de medicina da Faculdade Ciências de Saúde da Universidade da Beira Interior. E-mail: [email protected]

Outros Autores:Prof. Dr. Miguel Castelo-Branco – Assistente Graduado Sénior de Medicina Interna – Centro Hospitalar Cova da Beira, E.P.E., Professor Associado Convidado da Universidade da Beira InteriorDr. Manuel Carvalho Rodrigues – Assistente Graduado Sénior de Cardiologia – Centro Hospitalar Cova da Beira, E.P.E.Dr. Pedro Ribeiro – Assistente de Medicina Interna – Centro Hospitalar Tondela e Viseu, E.P.E.Dr. Ricardo Tjeng – Assistente de Medicina Interna – Centro Hospitalar Cova da Beira, E.P.E.

Resumo Introdução: As doenças cardiovasculares (DCV) são cada vez mais causas de morbimortalidade em todo o Mundo. Sabe-se que a hipertensão arterial (HTA) e o Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) são fatores de risco independentes para as DCV. Atualmente a terapêutica aplicada aos pacientes hipertensos é feita de forma empírica, não sendo realizado nenhum procedimento para avaliar as alterações hemodinâmicas que a mesma provoca. Com este trabalho pretendeu-se estudar quais as diferenças nos padrões hemodinâmicos entre os dois grupos, de forma a perceber quais as caraterísticas de cada grupo e a validar a utilidade da impedância torácica em consultas de seguimento dos pacientes hipertensos.Objetivos: Estudar o padrão hemodinâmico de pacientes hipertensos com e sem DM2.Material e métodos: Estudo descritivo transversal de uma amostra de 105 doentes com HTA, divididos em dois grupos consoante a presença de DM2 (1:sem; 2:com). Fez-se medição hemodinâmica com um aparelho de bioimpedância elétrica torácica (TEB). Definiu-se uma diferença estatística significativa se p<0,05.Resultados: O grupo 1 era constituído por 53 doentes (62,3% ) com idade média de 63,92±11,50 anos, e o grupo 2 por 52 (46,2% ) com idade média de 68,2±11,2 anos. O estado hiperdinâmico foi mais frequente no grupo 1 (34,0% vs. 19,6%). Estavam com hipocronotropia 48,1% dos doentes (49,1%vs.47,1%,p>0,05). Aproximadamente 63,5% dos doentes estavam com hipoinotropia (indíce de trabalho do ventrículo esquerdo médio: 0,9±0,4 vs. 0,8±0,3 sec-2, p=0,030). Cerca de 82,7% dos pacientes estavam normovolémicos (condutividade do fluido torácico: 84,9% vs. 80,4%, p>0,05) e hipervolémicos 7,7% (7,5% vs. 7,8%, p>0,05). O grupo 2 apresentou resistências vasculares mais elevadas (SSVRI:213,8 ±133,3 vs. 269,3±128,8 FΩ, p=0,017). No total 51,9% dos doentes apresentavam vasoconstrição (47,2% vs. 56,9%, p>0,05).Conclusões: Com este trabalho conclui-se que existem diferenças hemodinâmicas relevantes entre os pacientes hipertensos com e sem DM.

AbstractIntroduction: The cardiovascular diseases (CVD) are the most common cause of morbidity and mortality worldwide. It’s know that arterial hypertension (AHT) and type 2 Diabetes Mellitus (DM2) are the most important risk factor to CVD. Currently therapy applied to hypertensive patients is made empirically and isn’t performed no procedures to evaluate the hemodynamic changes that it causes. This work aims to study what the differences in hemodynamic patterns between the two groups in order to understand the characteristics of each group and to validate the use of thoracic impedance in follow-up visits of hypertensive patients.Objective: Study the hemodynamic pattern of hypertensive patients with and without DM.Methods: Cross-sectional study of a sample of 105 patients with AHT were divided into two groups according to the presence of DM2 (1: no, 2: with) who responded to a form to collect demographic, anthropometric, habits and cardiovascular history. There was hemodynamic measurement with a thoracic electrical bioimpedance device (TEB). It was defined a statistically significant difference at p <0.05.Results: Group 1 consisted of 53 patients (62,3% female) with mean age of 63,92 ± 11,50 years, and group 2 for 52 (46,2% female) with mean age of 68,2 ± 11,2 years. The hyperdynamic state was more common in group 1 (34,0% vs. 19,6%). About 48,1% of patients (49,1% vs.47,1%, p> 0,05) had hipochronotropy. 63,5% of patients had hipoinotropy (indices of work of the mid left ventricle: 0,9 ± 0,4 vs. 0,8 ± 0,3 sec-2, p = 0,030). Approximately 82,7% of patients were normovolemic (thoracic fluid conductivity: 84,9% vs. 80,4%, p>0,05) and 7,7% were hypervolemic (7,5% vs. 7,8%, p>0,05). Group 2 had higher vascular resistance (SSVRI: 213,8 ± 133,3 vs. 269,3 ± 128,8 FΩ, p = 0,017). Altogether 51,9% of patients showed vasoconstriction (47,2% vs. 56,9%, p>0,05).Conclusions: With this work we conclude that there are significant hemodynamic differences between hypertensive patients with and without DM.

Palavras-chave: Bioimpedância, Hipertensão, Diabetes Mellitus tipo 2, hemodinâmica

Keywords: Bioimpedance, hypertension, type 2 diabetes, hemodynamics

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1. Introdução As doenças cardiovasculares (DCV) constituem a principal causa de morte prematura a nível mundial, sendo uma importante causa de morbilidade. (1,2) De acordo com o estudo VALSIM, as DCV são a causa de mortalidade de pelo menos 34,1% da população portuguesa, como consequência de acidentes vasculares cerebrais em 15,1% dos casos e doenças coronárias.A hipertensão arterial (HTA) é um dos principais fatores de risco facilmente modificáveis para as DCV e é definida como uma elevação persistente, em várias medições realizadas em consultório da pressão arterial sistólica ≥ a 140 mmHg e/ou da pressão arterial diastólica ≥ 90 mmHg. (1,3)

Aproximadamente mil milhões de pessoas no mundo têm HTA, sendo que a prevalência média na Europa está estimada em 44% da população. (4,5) O estudo português PHYSA de 2013 concluiu que 42,2% dos portugueses têm HTA, sendo que apenas 55,7% dos casos se encontram controlados, valores mais positivos que no último estudo realizado em Portugal em 2003. (6,7)

A HTA é uma patologia que está associada a um anormal estado hemodinâmico dos indivíduos e que depende: de uma resistência vascular sistémica aumentada, débito cardíaco aumentado, volume de fluido torácico aumentado ou uma combinação destes fatores. (4)

Em 2010, a prevalência de Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) em Portugal atingiu 12,4% da população com idade compreendida entre os 20 e os 79 anos, sendo que atualmente representa a 4ª principal causa de morte a nível mundial. (8)

A HTA é cerca de duas vezes mais frequente nos DM2 do que na população em geral. O estado insulino-resistente caraterístico de pacientes com DM2 poderá ser a causa deste aumento de incidência. (9)

O início do uso da bio-impedância elétrica torácica (TEB) surgiu há mais de 40 anos como uma possibilidade de monitorização dos parâmetros

hemodinâmicos em humanos. (10) É um método não invasivo, custo-efetivo e independente de operador que permite a monitorização do volume sistólico e do débito cardíaco, estimados a partir das mudanças de impedância elétrica torácica. (11) Vários estudos têm demonstrado que a TEB é uma técnica fiável que poderá substituir os métodos invasivos na avaliação dos parâmetros hemodinâmicos.(10)

Três moduladores são representativos da hemodinâmica sistémica e são descritos como o volume intravascular, inotropia e a vasoatividade. O quarto elemento é representativo do fluxo de perfusão e denomina-se como cronotropia. (12) Todos estes valores são avaliados através da TEB, que permite assim estimar quais os fatores que podem estar a influenciar o normal estado hemodinâmico de cada um dos pacientes, de forma que se possa atuar sobre eles.

1.1. Objetivos1.1.1 Objetivo geralO principal objetivo deste trabalho de investigação foi comparar os padrões hemodinâmicos dos pacientes HTA com e sem DM2 e analisar qual a influência do DM2 sobre a hemodinâmica dos pacientes com HTA.

2. Materiais e Métodos2.1. Desenho do estudo Estudo descritivo transversal de uma amostra, de conveniência, de pacientes seguidos em consultas hospitalares de Hipertensão e Dislipidémias e de Diabetologia, no CHCB e no CHTV. Participaram no estudo pacientes hipertensos e diabéticos tipo 2, seguidos nas respetivas consultas hospitalares, com idade superior a 18 anos, com capacidade de consentir e que apresentassem diagnóstico de hipertensão arterial, controlados ou não com medicação anti-hipertensora. Os pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2 incluídos,

Tabela 1 – Intervalos normais dos parâmetros e vias moduladoras hemodinâmicas

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estavam medicados com anti-diabéticos orais e/ou insulinotratados. Foram excluídos todos os que apresentavam doença renal crónica, doença pulmonar obstrutiva, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial secundária, com pacemaker ou com outro tipo de co-morbilidades em estadios graves.Os participantes foram distribuídos em dois grupos, consoante o diagnóstico prévio, ou não, de DM2. O grupo 1 representa todos os pacientes diagnosticados apenas com HTA e o grupo 2 todos aqueles com HTA e simultaneamente DM2.

2.2. Realização da TEBO sistema de medição de TEB utilizado no estudo foi o HOTMAN ® SYSTEM, Hemo Sapiens Inc., equipamento pertencente e cedido pela Universidade da Beira Interior. Para a execução de TEB os pacientes foram colocados numa marquesa na posição supina. De forma a permitir uma boa aderência dos elétrodos, a pele do local foi limpa previamente com um algodão embedido em álcool. O peso e altura foram introduzidos no programa anteriormente à realização do exame de forma a poder ser calculada a BSA, necessária ao cálculo das variáveis. Os dados obtidos através do sistema foram recolhidos ao décimo minuto após o início da TEB e registados. O HOTMAN® SYSTEM permite a avaliação hemodinâmica dos pacientes, através da obtenção dos parâmetros índice sistólico (SI); conteúdo de fluíndo torácico (TFC); índice sistólico inotrópico (ISI); índice de resistência vascular sistémica (SSVRI); índice cardíaco (CI).

2.3. Análise estatística dos dadosApós recolha de todos os dados, procedeu-se à análise descritiva e comparativa. A análise estatística foi realizada através dos programas Microsoft Excel 2010® e Software Statistical Package for Social Sciences® (SPSS – versão 21.0).Foram utilizadas técnicas de análise descritiva para caraterização das amostras, tais como frequências absolutas, frequências relativas (em forma de percentagem), médias e desvios-padrão. Para as variáveis quantitativas contínuas, com distribuição normal e homogeneidade das variâncias, compararam-se as suas médias através do teste t de student para variáveis independentes. Para as variáveis quantitativas contínuas, sem distribuição normal, foi aplicado o teste z para a comparação das médias entre os dois grupos. Recorreu-se à análise de inferência estatística, utilizando-se a média, desvio-padrão, máximo e mínimo, para caraterizar as amostras quanto aos valores obtidos através da TEB. Para a análise das variáveis qualitativas utilizaram-se as frequências absolutas e relativas e o teste do Qui-Quadrado. Como pressuposto, os testes de hipóteses realizados para o estudo das variáveis, foram definidos como unilaterais quando possível. Nas análises comparativas foi considerado o nível de significância de 5% (valor p <0,05).

3. ResultadosNo total foram inquiridos e analisados 105 pacientes, todos de raça caucasiana. O grupo 1 (apenas HTA) é representado por 53 (50,48%) pacientes e o grupo 2 (HTA+DM2) por 52 (49,52%) pacientes.

3.1. Caraterização da amostra3.1.1. Caraterização demográficaDo total das duas amostras fazem parte 57 mulheres (54,3%, grupo 1=46,2% vs. Grupo 2=62,3%) e 48 homens (45,7%, 53,8% vs. 37,7%). A média de idades no total dos pacientes é de 64,49 (±11,31) anos, com idade mínima de 29 anos e máxima de 86 anos. Como se verifica na Tabela 4, não existem diferenças significativas entre os grupos.Em relação à duração da HTA, podemos apurar que entre as duas amostras não existe uma diferença significativa, a média do grupo HTA é de aproximadamente 12,87 (±7,97) anos e no grupo 2 de 14,02 (±8,98) anos. No grupo 2 a média de anos desde o ínicio de DM2 é de cerca de 12,71 (±7,04) anos.Observou-se que no total dos participantes 82,9% foram classificados com estadio 1 de HTA (81,1% vs. 84,6%, p>0,05) e 16,2% dos pacientes (17,0% vs. 15,4%, p>0,05) com estadio 2.

3.1.2. Variáveis antropométricasRelativamente às variáveis constitucionais dos pacientes, verifica-se uma diferença significativa entre os grupos, na variável IMC, pois a média do grupo HTA é inferior à do grupo HTA+DM2 [28,38 (±4,25) vs. 30,28 (±5,21) kg/m2]. Foram categorizados como tendo pré-obesidade aproximadamente 42,9% dos pacientes (47,2% vs. 38,5%) e sensivelmente 40% dos indivíduos como tendo um IMC superior a 30. Dentro destes, 29,5% (26,4% vs. 32,7%, p>0,05) dos pacientes estão classificados como obesidade de grau 1; 7,6% (3,8% vs. 11,5%, p>0,05) dos indivíduos estão classificados com obesidade de grau 2; e 2,9% (1,9% vs. 3,8%, p>0,05) com obesidade mórbida. Nas restantes variáveis não se verificam diferenças significativas.

3.1.3. Estilos de vidaDe acordo com as respostas dos participantes, 74 indivíduos (70,5%) revelaram não ter qualquer cuidado com a alimentação. Apenas 17,1% dos pacientes estudados refere ter uma alimentação com diminuição da ingestão de sal, sendo que a proporção de indivíduos do grupo HTA que refere ter uma alimentação hipossalina é significativamente superior (24,5 vs. 9,6%, p<0,05). Aproximadamente 80% dos pacientes referiram não praticar atividade física regular no seu dia-a-dia, não existindo diferenças significativas entre os grupos.

3.1.4. Antecedentes CardiovascularesAproximadamente 21,9% dos pacientes descreveram pelo menos um antecedente cardiovascular (28,4% vs. 19,2%, p>0,05). Em relação à história familiar de HTA e/ou DM2, 55,2% do total dos participantes referiram ter alguém na família direta com pelo menos uma dessas patologias, sendo que a percentagem de pacientes do grupo HTA é significativamente superior (64,2% vs.46,2%, p<0,05).

3.1.5. TerapêuticaNo que diz respeito à adesão à terapêutica, no total de 56,2% dos pacientes referem ter uma elevada adesão à medicação, sendo que

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apenas 6,7% dos participantes assumem não fazer a terapêutica como aconselhada pelo médico assistente. Não se verificam diferenças significativas entre os grupos.Nos pacientes do grupo HTA+DM2, observa-se que 44,2% se encontra medicado apenas com antidiabéticos orais, cerca de 21,2% são insulinodependentes e 34,6% fazem ambas as terapêuticas. Relativamente à terapêutica anti-hipertensiva obteve-se que, em média, os pacientes utilizam 2,10 (±1,04) fármacos [2,06 (±1,03) vs. 2,43 (±1,07), p>0,05]. Como se pôde verificar, o anti-hipertensor mais utilizado em ambos os grupos é o antagonista do receptor da angiotensina II (ARAII) com uma proporção de 62,9% (62,3% vs. 63,5%, p>0,05) dos pacientes. Os três anti-hipertensores mais utilizados são: diuréticos tiazídicos em 52,4% (56,6% vs. 48,1%, p>0,05); os antagonistas dos canais de cálcio dihidropiridínicos em 34,3% (37,7% vs. 30,8%, p>0,05); e os beta-bloqueantes em 27,6% (30,2% vs. 25%, p>0,05).

3.2. Parâmetros Hemodinâmicos3.2.1. Estado HemodinâmicoA média da PAM na população estudada foi de 105,60 (±13,88) mmHg, sendo a do grupo HTA significativamente mais baixa [103,13 (±13,03) vs. 108,18 (±14,39) mmHg, p=0,034]. Cerca de 51% dos pacientes na altura das medições apresentavam uma PAM dentro dos limites considerados normais (58,5% vs. 43,1%, p>0,05) e os restantes

apresentavam aumentos dos valores de pressão arterial (41,5% vs. 56,9%, p>0,05). Relativamente à média da pressão sistólica, observou-se que no grupo HTA o valor se encontra no limite superior da normalidade e no grupo HTA+DM2 acima do limite considerado normal.Em relação ao SI, conclui-se que os pacientes do grupo 2 têm, em média, um índice sistólico mais baixo [45,94 (±20,07) vs. 38,49 (±16,41) ml/m2, p=0,017]. Durante a avaliação hemodinâmica foram encontrados seis dos nove estados hemodinâmicos possíveis (Gráfico 1). No total, apenas 18,3% dos pacientes estudados apresentam um estado normotenso e normodinâmico, ou seja, o considerado normal. Fazendo uma análise comparativa entre os grupos, identifica-se uma maior proporção de pacientes do grupo HTA sendo classificada como hiperdinâmicos e normotensos (28,3% vs. 7,8%, p=0,02). Pelo contrário, a proporção de pacientes classificados como hipodinâmico e hipertensos é significativamente superior no grupo HTA+DM2 (17% vs. 29,4%, p=0,019). Nos restantes estados não existem diferenças significativas.

3.2.2. Vias moduladoras hemodinâmicasOs valores dos moduladores hemodinâmicos (Tabela 4), revelaram que a média do CI no total das amostras é de 2,95 (±1,20) l/min/m2 [3,05 (±1,33) vs. 2,86 (±1,06) l/min/m2, p>0,05], sendo que apenas 33,7% (26,4% vs. 41,2%, p>0,05) dos participantes apresentava valores dentro dos limites normais, ou seja, normocronotropia. Ao observarmos

Tabela 2 – Caraterização dos parâmetros hemodinâmicos – PA

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Tabela 3 - Caraterização dos parâmetros hemodinâmicos – SI

o gráfico 1 verificamos que de 48,1% (49,1% vs. 47,1%, p>0,05) dos pacientes apresentava hipocronotropia e 18,3% hipercronotopia, sendo que nesta classe a proporção de pacientes do grupo HTA é significativamente superior, com um valor p=0,043.Apesar de ambos os grupos apresentarem a média do valor ISI inferior ao limite normal, a do grupo HTA é significativamente superior [0,91 (±0,37) vs. 0,78 (±0,31) sec-2, p=0,030]. A partir da classificação qualitativa desta variável, constata-se que apenas 29,8% dos pacientes se encontram num estado de normoinotropia, sendo que 63,5% apresenta hipoinotropia e 6,7% em hiperionotropia, não havendo diferenças significativas entre os grupos. A partir da análise dos valores de TFC conclui-se que não existem diferenças significativas entre as médias dos dois grupos [0,032 (±0,006) vs. 0,032 (±0,007) Ω-1, p=0,493). Em termos das classes do TFC, 82,7% dos pacientes apresentam normovolémica, não se verificando diferenças significativas entre os dois grupos nas três classificações. Relativamente à SSVRI conclui-se que, em termos médios, o grupo

Gráfico 1 - Representação dos estados hemodinâmicos nas duas amostras.

dos participantes com HTA+DM2 apresenta um valor mais elevado do que os pacientes do grupo HTA [213,78 (±133,28) vs. 269,32 (±128,81) FΩ, p=0,017]. Verifica-se, que o grupo HTA apresenta uma média de SSVRI no limite superior de normalidade, enquanto o grupo HTA+DM2 apresenta uma média evidentemente acima do intervalo normal.Ao analisar as classes possíveis, obteve-se que aproximadamente 43,3% de todos os pacientes apresentam normovasoatividade, não havendo diferenças significativas entre os grupos (45,3% vs. 41,2%, p>0,05). A grande maioria dos pacientes, cerca de 52%, apresenta um quadro vasoconstrição, não se verificando diferenças significativas entre os grupos (47,2% vs. 56,9%%, p>0,05). Uma pequena minoria dos pacientes apresenta valores de SSVRI abaixo do normal, ou seja, vasodilatação.

4. Discussão Há uma elevada percentagem de pacientes que não seguem os conselhos dos profissionais de saúde no que diz respeito à alimentação (75% do total

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Tabela 3 - Caraterização dos parâmetros hemodinâmicos – SI

Tabela 4 - Comparação quantitativa das vias moduladoras hemodinâmicas

das amostras), à atividade física regular (80% não praticam nenhuma atividade regular) e à terapêutica (apenas 50% faz corretamente). Estes dados são preocupantes, porque estes pacientes apresentam um elevado risco de DCV. Através deste estudo verificou-se uma diferença estatisticamente significativa em termos da média do IMC de ambos os grupos, sendo superior no grupo de DM2, o que está de acordo com o conhecimento atual da fisiopatologia da DM2.

Relativamente aos dados obtidos a partir da TEB e da medição da PA verifica-se que, apesar da média da PAM ser normal em ambos os grupos, a pressão arterial sistólica é significativamente superior nos pacientes com DM2. Da análise do SI constata-se que os pacientes do grupo HTA+DM2 apresentam um valor médio significativamente inferior, ou seja, em média, o volume de sangue ejetado pelo ventrículo esquerdo num batimento é inferior nos pacientes com DM2. Quando abordamos as vias moduladoras e observando o valor do CI verificamos

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que o mesmo sucede com este valor, até porque é uma representação do volume de sangue ejetado pelo ventrículo esquerdo por minuto e da frequência cardíaca. Tanto a função ventricular esquerda diastólica como a sistólica são modulados pelo sistema autonómico, que se encontra alterado no caso de diabetes. (20)

Face ao exposto no parágrafo anterior justifica-se haver uma maior proporção de pacientes do grupo HTA classificados como hiperdinâmicos e normotensos e, pelo contrário, uma maior proporção de pacientes do grupo HTA+DM2 classificados como hipodinâmico e hipertensos. Como se observou, apenas aproximadamente 18% de todos os pacientes incluídos no estudo apresentam um estado hemodinâmico classificado como normal (normodinâmico e normotenso). Este facto é um dado a favor do baixo controlo destes pacientes, que poderá ser consequência de uma inadequação dos fármacos introduzidos ou, muito provavelmente, pelos estilos de vida pouco saudáveis.Relativamente às restantes vias moduladoras, identificam-se diferenças significativas nos valores do ISI, verificando-se que os pacientes com DM2 apresentam uma média significativamente inferior, apesar da maioria dos pacientes de ambos os grupos apresentar hipoinotropia, o que coincide com os dados de estudos realizados anterioremente. (14) Na teoria aquilo que se sabe é que o DM2 provoca disfunção cardíaca secundariamente a anormalidades na regulação do cálcio intracelular, no metabolismo cardíaco, nas proteínas contráteis ou na remodelação da matriz extracelular, o que pode ser a justificação para a diferença encontrada neste parâmetro. (20)

Foram identificadas diferenças significativas na SSVRI que revelaram que os pacientes do grupo DM2 apresentam uma maior propensão para a vasoconstrição. Vários estudos demonstraram e defendem a teoria de que pacientes com DM2, que apresentam hiperinsulinismo, acabam por desenvolver uma diminuição da resposta dos tecidos periféricos e dos vasos à ação vasodilatadora da insulina. (21,22)

Relativamente ao TFC, não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos, sendo que a maioria dos pacientes se apresentavam normovolémicos. Tendo em conta a literatura seria de esperar que a proporção de pacientes com HTA+DM2 hipervolémicos fosse superior, isto porque, está estudada a associação da resistência à insulina com as alterações nas trocas iónicas membranares, no sistema renina-angiotensina-aldosterona e no aumento da retenção de sódio (e consequente aumento de volume). (21,22) Neste estudo isso não se verifica, sendo a percentagem de pacientes do grupo HTA normovolémicos surpreendentemente alta comparativamente com os dados obtidos noutros estudos. (12) A justificação mais plausível será o facto dos pacientes se encontrarem medicados com anti-hipertensores.O presente estudo demonstra a hipótese colocada inicialmente sobre o DM2 influenciar os parâmetros hemodinâmicos dos pacientes hipertensos. São vários os estudos que comparam a utilização da TEB com métodos invasivos na avaliação hemodinâmica e que têm vindo a provar a fiabilidade deste método. (10) O estudo atual demonstrou coerência dos dados obtidos através da TEB com a informação presente na literatura atual.) Visto que os pacientes com HTA e DM2 têm um risco acrescido de DCV é necessário que sejam adequadamente controlados e tratados, tanto com medidas dietéticas e de estilos de vida, como farmacologicamente. Por esse motivo

é essencial investir nos meios disponíveis que facilitem a abordagem e a individualização dos cuidados de saúde para estes pacientes. (15, 20)

5. Bibliografia(1) 2013/ESC Guidelines for the management of arterial hypertension. The Task Force for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension and of the European Society of Cardiology. Eur Heart J. 2013. [on-line]. Available from: URL:http://www.escardio.org(2) Elementos Estatísticos. Direcção Geral da Saúde. 2007. [on-line]. Available from: URL:http://www.dgs.pt (3) Norma nº 020/2011 de 28/09/2011 atualizada a 19/03/2013 da Direção Geral da Saúde – Hipertensão Arterial: Definição e classificação. [on-line]. Available from: URL: http://www.dgs.pt/(4) Smith R, Levy P, Ferrario C. Value of Noninvasive Hemodynamics to Achieve Blood Pressure Control in Hypertensive Subjects. Hypertension. 2006 Mar 6;47:771-777.(5) Wolf-Maier K, Cooper RS, Banegas JR et al. Hypertension prevalence and blood pressure levels in 6 European countries, Canada, and the United States. JAMA 2003; 289(18):2363-2369. (6) Cortez-Dias N, Martins S, Belo A, Fizua M. Prevalência e padrões de tratamento da hipertensão arterial nos cuidados de saúde primários em Portugal. Resultados do estudo VALSIM. Rev Port Cardiol. 2009;28(5):499-523.(7) De Macedo ME, Lima MJ, Silva AO, Alcantara P, Ramalhinho V, Carmona J. Prevalence, awareness, treatment and control of hypertension in Portugal. The PAP study. Rev Port Cardiol 2007; 26(1):21-39.(8) Norma nº 002/2011 de 14/01/2011 da Direção Geral da Saúde - Diagnóstico e Classificação da Diabetes Mellitus. [on-line]. Available from: URL:http://www.dgs.pt (9) Ochoa J, Gallo J, Correa M, Zapata N, McEwen J, Bilo G, Aristizabal D, Parati G. Insulin resistance and beat-to-beat cardiovascular dynamics: a constant relationship across different body mass index and blood pressure categories. J Clin Endocrinol Metab. [Internet] 2014 Out [cited 2014 Dez 29]. Avaiable from: http://press.endocrine.org/doi/abs/10.1210/jc.2014-1799. (10) Sodolski T, Kutarski A. Impedance cardiography: A valuable method of evaluating haemodynamic parameters. Cardiology Journal. 2007;14(2):115-126.(11) Villacorta H, Villacorta A, Amador F, Hadlich M, Albuquerque D, Azevedo C. Bioimpedância Transtorácica Comparada à Ressonância Magnética na Avaliação do Débito Cardíaco. Arquivo Brasileiro Cardiologia. 2012;99:1149-1155.(12) Viigimaa M, Talvik A, Wojciechowska A, Kawecka-Jaszcz K, Toft I, Stergiou G, Nasothimiou F, Kotsis V, Rosei F, Salvetti M, Dorobantu M, Martell-Claros N, Abad-Cardiel M, Hernández-Hernández R, Doménech M, Coca A. Identification of the hemodynamic modulators and hemodynamic status in uncontrolled hypertensive patients. Blood Pressure. 2013;Early Online:1–9.(13) Tsadok MA. The Historical Evolution of Bioimpedance. AACN Clinical Issues. 1999; 10(3):371-84.(14) Adams E, Jossinet J. Tissue Impedance: a historical overview. Physiol. Meas. 1995;16:1-13.(15) Khalil S, Mohktar M, Ibrahim F. The Theory and Fundamentals of Bioimpedance Analysis in Clinical Status Monitoring and Diagnosis of Diseases. Sensors. 2014; 14:10895-928.(16) Stevanović P, Šćepanović R, Radovanović D, Bajec O, Perunović R, Stojanović D, Stevanović D. Thoracic electrical bioimpedance theory and clinical possibilities in perioperative medicine. SIGNA VITAE. 2008;3(1):22-7.(17) Faini A, Omboni S, Tifrea M, Bubenek S, Lazar O, Parati G. Cardiac index assessment: Validation of a new non-invasive very low current thoracic bioimpedance device by thermodilution. Blood Pressure. 2013;Early Online:1–7.(18) Cybulski G. Ambulatory Impedance Cardiography. Lecture Notes in Electrical Engineering. 2011;76:7-37.(19) Modular HOTMAN® System for Adults w/ EXT-TEBCO® - Operator’s Manual. HEMO SAPIENS®INC; 2010.(20) Johnsos B, Nesto R, Pfeifer M, Slater W, Vinik A, Chyun D, Law G, Wackers F, Young L. Cardiac abnormalities in diabetic patients with neuropathy. Diabetes Care. 2004: 27:448 – 54.(21) Epstein M, Sowers J. Diabetes Mellitus and Hypertension. Hypertension. 1999:19:403-18.(22) El-Atat F, Stas S, McFarlane S, Sowers J. The relationship between hyperinsulinemia, hypertension and progressive renal disease. Am Soc Nephrol. 2004: 15: 2816–27.(23) Cybulski G, Strasz A, Niewiadomski W, Gasiorowska A. Impedande cardiography: Recent advancements. Cardiology Journal. 2012:19(5):550-6.

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CASO CLÍNICOCLINICAL CASE

A PROPÓSITO DE UM CASO DE HIPERTENSÃOABOUT A CLINICAL CASE OF HYPERTENSION

Margarida Mendes1 e Carolina Nóbrega2

1 Interna 4º ano de MGF; Centro de Saúde Dr. Rui Adriano2 Interna 4º ano de MGF; Centro de Saúde do Caniçal

Morada da primeira autora:Centro de Saúde da Nazaré, Bairro da Nazaré, Avenida do Colégio Militar, nº 27, Funchal

Resumo Uma variedade de condições médicas raras podem ser causa subjacente de hipertensão secundária. A tríade clínica de hipertensão arterial, hipocaliémia inexplicada e alcalose metabólica deve motivar avaliação para excesso de mineralocorticóides, em particular aldosteronismo primário, responsável por 5 a 13% dos casos de hipertensão arterial na população geral.Trata-se de um paciente do sexo masculino, de 67 anos, com antecedentes pessoais de hipertensão arterial e alcoolismo crónico. Comparece a consulta programada de Medicina Geral e Familiar em Fevereiro de 2013, referindo queixas de mialgias nas coxas e fadiga. Analiticamente apresenta hipocaliémia de 3.1 mEq/L, elevação das transaminases hepáticas e da creatina cinase. Após 3 meses volta à consulta de MGF para mostrar resultado de ecografia abdominal solicitada, a qual não revela alterações. As análises séricas revelam agravamento da hipocaliémia (2.2 mEq/L), assim como incremento das transaminases hepáticas e da creatina cinase. É iniciada terapêutica com potássio, sendo solicitada repetição de estudo analítico e realização de tomografia computorizada abdominal. Após cerca de 2 semanas, por agravamento analítico (potássio 1.6 mEq/L e CK 8610U/L) é internado no hospital da área de residência com diagnóstico de hipocaliémia grave e rabdomiólise. Durante o internamento ficam disponíveis os resultados da tomografia computarizada entretanto efetuada, que documenta adenoma da supra-renal direita. Por suspeita de hiperaldosteronismo primário são pedidos doseamentos de aldosterona e renina séricas. Tem alta com referenciação para seguimento em consulta de endocrinologia e medicado com espironolactona, potássio e magnésio. Os resultados analíticos, entretanto disponíveis, revelam elevação dos valores de aldosterona sérica e da relação aldosterona/renina sérica. Actualmente encontra-se assintomático e com bom controlo tensional, medicado com perindopril 5 mg e espironolactona 100 mg diariamente. Aguarda em lista de espera para cirurgia ao adenoma adrenal.Concluindo, ao avaliar um paciente hipertenso, o médico deve estar atento a sinais que indiciem etiologia secundária e proceder à sua investigação, de modo a evitar as complicações graves que advêm dos valores tensionais elevados a longo-prazo no indivíduo.

AbstractA variety of rare medical conditions could be the underlying cause of secondary hypertenSion. The clinical triad of arterial hypertension, unexplained hypokalemia and metabolic alkalosis should motivate for evaluation of mineralocorticoid excess, especially primary aldosteronism, which is responsible for 5 to 13% of the arterial hypertension cases in the general population.This case is about a 67 year old masculine patient, with previous medical history of arterial hypertension and chronic alcohol abuse. He attends the Family Medicine appointment in February of 2013, complaining of fatigue and pain in both thighs. The analysis reveal an hypokalemia of 3.1 mEq/L, as well as elevation of liver enzymes and creatine kinase. After 3 months he returns for another Family Medicine appointment to show the results of an abdominal echography, previously requested, which reveals no alteration. The analysis indicate the worsening of the hypokalemia (2.2mEq/L), in addition of an increment of the liver enzymes and of the creatine kinase. A therapy consisting of potassium is started, and a repetition of the analytical study and an abdominal computerized tomography are requested. After about 2 weeks, due to analytical worsening (potassium 1.6 mEq/L and creatine kinase 8610U/L) he is hospitalized in his area of residence with a diagnosis of serious hypokalemia and rhabdomyolysis. During the hospitalization the computerized tomography results meanwhile executed become available, documenting an adenoma of the right adrenal gland. Suspecting of a primary hyperaldosteronism, it is requested for aldosterone and renin plasma dosing. The patient is then discharged medicated with spironolactone, potassium and magnesium, and with a reference in order to be followed by an endocrinologist. The analytical results, which meantime become available, show elevation of the aldosterone plasma level and elevation of the aldosterone-to-renin ratio. Presently he finds himself asymptomatic and with a good tension control, medicated with perindopril 5 mg and spironolactone 100 mg daily. He is on a waiting list for an adrenal adenoma surgery.Concluding, when evaluating an hypertensive patient the doctor must be aware of the signs that indicate secondary causes and proceed on its investigation, in order to avoid the serious complications that may result from the long term hypertension values in the individual.

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ArtigoDiversas condições médicas raras podem ser causa subjacente de hipertensão secundária. Tais causas podem coexistir com factores de risco para hipertensão primária, o que atrasa a suspeita clínica, dificulta o diagnóstico etiológico e constitui um impedimento para a obtenção de controlo tensional. A tríade clínica de hipertensão arterial, hipocaliémia inexplicada e alcalose metabólica deve motivar avaliação para excesso de mineralocorticóides, em particular aldosteronismo primário, responsável por 5 a 13% dos casos de hipertensão na população geral. Na etiologia de 30 a 40% dos casos de hiperaldosteronismo primário encontra-se o adenoma produtor de aldosterona, uma causa potencialmente curável de hipertensão arterial secundária.Trata-se de um utente do sexo masculino, de raça caucasiana, com 67 anos de idade, com antecedentes pessoais patológicos de HTA diagnosticada há 8 anos e alcoolismo crónico. Como medicação habitual encontra-se a fazer diariamente perindopril 10mg, amlodipina 10mg, indapamida 1.5mg e atenolol 50mg. Apresenta esquema vacinal actualizado de acordo com o Plano Nacional de Vacinação e não apresenta alergias medicamentosas conhecidas.A 20 de Fevereiro de 2013 comparece a uma consulta programada de Medicina Geral e Familiar (MGF) no Centro de Saúde da sua área de residência. Refere queixas de dor abdominal difusa, mialgias nas coxas e fadiga ligeira. Nega consumo etílico desde há cerca de 3 semanas. Ao exame objectivo encontra-se corado, hidratado, sem icterícia; auscultação cardíaca e pulmonar sem alterações; abdómen mole, depressível, indolor, sem massas ou organomegalias palpáveis e sem defesa. Os sinais vitais consistem em tensão arterial de 167/94 mmHg e frequência cardíaca de 78 bpm. A nível analítico apresenta como alterações potássio sérico de 3.1 mEq/L, TGP 100 U/L, TGO 105 U/L e creatina cinase de 2539 U/L. Em termos de exploração diagnóstica é efectuado pedido de ecografia abdominal e estudo analítico com função hepática, creatina cinase e pesquisa de sangue oculto nas fezes. É reforçada a necessidade de ingestão hídrica e adopção de dieta hipossalina, assim como a importância da cessação de consumo etílico. É prescrito pidolato de magnésio na dose de 1500mg por dia, efectuada renovação medicação antihipertensora e recomendada vigilância tensional semanalmente. Aproximadamente 3 meses depois, a 25 de Maio de 2013, comparece novamente a consulta de seguimento de MGF. Refere melhoria das mialgias. Ao exame objectivo encontra-se sem icterícia e a palpação abdominal não revela alterações. Analiticamente apresenta potássio sérico de 2.2 mEq/L, TGP 206 U/L, TGO 192 U/L, creatina cinase de 3836 U/L e PSOF negativo. O resultado da ecografia abdominal, entretanto realizada, é normal. Tendo em conta os antecedentes pessoais de alcoolismo crónico, a elevação das transaminases hepáticas e as queixas de dor abdominal, é pedida uma tomografia computarizada abdominal. É agendada repetição de ionograma, função hepática e creatina cinase sérica. A nível terapêutico, é

prescrito citrato de potássio, na dose de 20mEq, com reforço da importância das medidas de estilo de vida.Sensivelmente duas semanas depois, a 7 de Junho de 2013, o paciente é contactado telefonicamente pelo laboratório de análises clínicas, com instruções para deslocar-se ao Serviço de Urgência hospitalar por apresentar potássio sérico de 1,6 mEq/L e creatina cinase 8610 U/L. É internado no Serviço de Medicina Interna nesse mesmo dia para correcção analítica e monitorização clínica. Durante o período de internamento fica disponível o relatório da tomografia computarizada abdominal, realizada em ambulatório a 28 de Maio de 2013. Encontra-se descrito hemangioma com 10 mm no lobo hepático esquerdo, quisto simples com 20 mm no polo inferior do baço e adenoma com 23 mm de diâmetro na supra-renal direita. Perante o último achado, para esclarecimento da hipótese diagnóstica de hiperaldosteronismo primário, é solicitado doseamento de aldosterona e renina séricas, para além de outros parâmetros específicos como sejam as metanefrinas e catecolaminas plasmáticas e urinárias.Findas duas semanas em regime de internamento verifica-se melhoria dos parâmetros analíticos gerais, designadamente potássio sérico de 4.5 mEq/L, TGP 84 U/L, TGO 43 U/L e creatina cinase de 76 U/L. Os resultados do estudo analítico específico encontram-se ainda pendentes. Tem alta para o ambulatório com referenciação para seguimento em consulta de Endocrinologia e medicado com espironolactona na dose diária de 100mg, cloreto de potássio e magnésio. É suspensa a restante medicação. Após cerca de dois meses, a 25 de Agosto de 2013, comparece à primeira consulta agendada de Endocrinologia. Encontra-se assintomático. Os resultados analíticos em falta encontram-se já disponíveis, revelando valores de aldosterona sérica elevados (473ng/dL) e relação aldosterona/renina sérica elevada (33,8), critérios obrigatórios para o diagnóstico de hiperaldosteronismo primário. O restante estudo analítico específico apresenta-se dentro dos parâmetros normais, incluindo catecolaminas e metanefrinas urinárias. No âmbito desta consulta é dada indicação para suspensão do cloreto de potássio, para manutenção da terapêutica diária com espironolactona 100mg e registada a intenção de referenciar para consulta de Cirurgia Geral.Após 3 meses, comparece a consulta de seguimento no âmbito dos Cuidados de Saúde Primários. Encontra-se assintomático e sem alterações analíticas de relevo. Os valores tensionais no consultório são compatíveis com hipertensão arterial nível 1, pelo que é efectuado ajuste da terapêutica antihipertensora, associando-se perindopril 5mg por dia à espironolactona 100mg por dia. O Médico de Família verifica que o paciente ainda não foi referenciado para consulta de Cirurgia Geral, pelo que efectua ele próprio a referenciação. É novamente recomendada vigilância regular da tensão arterial, com pedido de controlo analítico e marcação de consulta de seguimento para o início de ano de 2014.

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CASO CLÍNICOCLINICAL CASE

A 3 de Fevereiro de 2014, na consulta programada de MGF, refere ter comparecido a consulta de Cirurgia Geral, onde foi proposta excisão cirúrgica de adenoma da supra-renal, tendo recusado submeter-se ao procedimento na altura por motivo de doença da esposa. Manifesta interesse actual em realizar a cirurgia. Apresenta-se assintomático, com hipertensão arterial nível 1 e sem alterações ao exame físico. As análises gerais mantêm-se dentro dos limiares da normalidade. É dada indicação para manter terapêutica antihipertensora e efectuada re-referenciação para consulta de Cirurgia Geral. No intervalo de aproximadamente um mês é avaliado na consulta de Cirurgia Geral, ficando em lista de espera para excisão de adenoma da supra-renal direita. À data actual, encontra-se com tensão arterial controlada com espironolactona 100mg por dia e perindopril 5mg por dia, sem alterações de relevo a nível analítico. Aguarda cirurgia.Da leitura desde caso clínico peculiar é possível constatar que o Médico de Família, enquanto primeiro contacto do indivíduo com o sistema de saúde, encontra-se numa posição privilegiada

para identificar e orientar situações clínicas patológicas nos seus estadios iniciais de desenvolvimento. Desta forma, ao avaliar um paciente hipertenso, o clínico deve apresentar um elevado índice de suspeição, estar atento a sinais que indiciem etiologia secundária de hipertensão arterial e proceder à sua investigação, de modo a prevenir as complicações graves a longo-prazo que advêm dos valores tensionais persistentemente elevados.

Referências Bibliográficas William FY, Norman MK. Approach to the patient with hypertension and hypokalemia. UpToDate [Internet]. Nov 18, 2014. Disponível: http://www.uptodate.com. Acesso em: 25/01/2015.William FY, Norman MK. Pathophysiology and clinical features of primary aldosteronism. UpToDate [Internet]. Jun 13, 2014. Disponível: http://www.uptodate.com. Acesso em: 25/01/2015.William FY, Norman MK. Treatment of primary aldosteronism. UpToDate [Internet]. Mar 05, 2014. Disponível: http://www.uptodate.com. Acesso em: 25/01/2015.

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ARTIGO DE REVISÃOREVIEW ARTICLE

HOMOCISTEÍNA E SUAS IMPLICAÇÕES NA HIPERTENSÃO ARTERIAL E DOENÇAS VASCULARESHOMOCYSTEINE AND ITS IMPLICATIONS IN HYPERTENSION AND VASCULAR DISEASES

Paulo Bastos1, Mesquita Bastos2

1Secção Autónoma das Ciências da Saúde, Universidade de Aveiro, Portugal2 PhD, MD, Chefe de Serviço, Centro Hospitalar do Baixo Vouga

E-mail de correspondência: [email protected]

Resumo A homocisteína é consensualmente reconhecida como um forte marcador de risco cardiovascular, associada principalmente às doenças vasculares e à hipertensão arterial. Os mecanismos responsáveis pela hiper-homocisteinemia encontram-se parcialmente descritos na literatura e são abordados no presente artigo. Igualmente descritos, encontram-se os mecanismos através dos quais a homocisteína desencadeia a sua ação deletéria no sistema cardiovascular, os quais incluêm o stress oxidativo e a disfunção endotelial, o remodelamento das paredes vasculares e a senescência celular pela redução da actividade da telomerase humana. Nesta revisão, são também apresentados os resultados dos ensaios clínicos com terapias redutoras dos níveis de homocisteína bem como as respectivas implicações.

AbstractHomocysteine is widely recognized as a strong cardiovascular risk marker, associated particularly with hypertension and vascular diseases. The mechanisms responsible for hyperhomocysteinemia are partly described in the literature and discussed in this paper. The mechanisms by which homocysteine triggers its deleterious effects on the cardiovascular system, which include oxidative stress and endothelial dysfunction, remodeling of the vascular wall and cell senescence by human telomerase activity reduction are as well described. In this review the clinical trials results of therapies reducing homocysteine levels and their implications are also addressed.

Introdução e ContextoO desenvolvimento de hipertensão arterial em 95% dos pacientes é considerado idiopático, sendo esta condição denominada por hipertensão arterial essencial (HTA).1,2 A HTA afeta aproximadamente 1⁄3 da população a nível mundial.3,4

Fatores de risco comportamentais como a inatividade física, a obesidade, dietas ricas em sódio e com reduzido teor de potássio e o consumo exagerado de álcool são os fatores de risco classicamente descritos para o desenvolvimento de HTA. A homocisteína (HC) é um aminoácido que representa um emergente (provável) fator de risco cardiovascular (CV), tendo nos últimos anos a desregulação no metabolismo da metionina e a resultante acumulação de HC sido implicadas no surgimento da HTA.5–8 A doença arterial é responsável por grande parte dos eventos adversos CV e a utilização de marcadores subclínicos de doença arterial é de grande importância para o seu controlo, pois permite a deteção e o controlo da doença CV em fases precoces.9

Pacientes com HTA, apresentam níveis superiores de HC, os quais se correlacionam diretamente com o aumento de alterações estruturais e funcionais na vasculatura.9 Desta forma, a HC poderá ser considerada como um forte marcador de alterações estruturais e funcionais arteriais, podendo ser utilizada para deteção de piores prognósticos em pacientes hipertensos.9

A hiper-homocisteinemia (HHC) tem sido descrita na literatura

como marcador e fator de risco para as doenças vasculares, causando constrição arteriolar, disfunção renal, rigidez arterial e diminuição da vasodilatação.10 Como um forte marcador prognóstico da mortalidade CV, a HHC severa é consensualmente reconhecida, estimando-se que por cada aumento de 5 μmol/L nos níveis de HC o risco CV aumente em 20%. 8A HHC é ainda um fator de risco para o desenvolvimento prematuro de alterações arteriais, doenças cerebrovasculares, neurogénicas, cardíacas e coronárias. Níveis elevados de HC aumentam a mortalidade por doenças coronárias em 35%.2,11

MetodologiaOs autores realizaram uma revisão da literatura baseada em artigos originais e de revisão publicados na base de dados Medline. Foram utilizadas de forma sequencial as seguintes combinações de termos: ‘homocysteine AND cardiovascular AND hyperhomocysteinemia AND hypertension’ (201 artigos), ‘homocysteine AND cardiovascular AND hyperhomocysteinemia’ (248 artigos nos últimos 5 anos) e ‘homocysteine AND cardiovascular’ (861 artigos nos últimos 5 anos). Numa primeira fase foram selecionados para análise, com base no respetivo título e resumo, 25 artigos. Numa segunda fase foram incluídos na análise 48 artigos indexados na base de dados Medline, que surgiram no decorrer da análise inicialmente efectuada.

Palavras-chave: homocisteína;hiper-homocisteinemia; cardiovascular; hipertensão.

Keywords: homocysteine; hyperhomocysteinemia; cardiovascular; hypertension.

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Hiper-Homocisteinemia e as Vitaminas B6, B9 e B12A HHC resultante da desregulação do metabolismo da metionina é caracterizada por níveis anormalmente elevados de HC na corrente sanguínea.7

Os valores normais de HC centram-se nos 10 μmol/L. Concentrações de 12 a 30 μmol/L são consideradas um aumento ligeiro, de 31 a 100 μmol/L um aumento intermédio e acima de 100 μmol/L um aumento severo.8

Na população em geral, a prevalência de HHC (acima dos 10 μmol/L) é de 5 a 10%. Contudo, com o aumento da idade a prevalência pode atingir os 30 a 40% e até 10% dos eventos CV resultantes de doenças coronárias se devem a elevados níveis de HC.8

Os níveis de HC são influenciados pelas vitaminas cianocobalamina (vitamina B12), ácido fólico (vitamina B9) e piridoxina (vitamina B6). Estas vitaminas do complexo B participam no metabolismo e excreção da HC e a sua suplementação é eficaz em reduzir os níveis da mesma.8

A HC pode ser convertida a cisteína por transulfuração numa série de reações dependentes da vitamina B6, ou convertida a metionina pela aquisição de um grupo metilo a partir do 5-metil-tetrahidrofolato, reação catalizada pela enzima metilenotetrahidrofolato reductase (MTHFR) e dependente das vitaminas B12 e B9.12

Existem 4 causas principais para o aumento dos níveis de HC: o aumento da ingestão proteica rica em metionina, as deficiências vitamínicas, causas genéticas como a deficiência de ciastationina beta-sintase (CBS) ou alterações do MTHFR e o comprometimento da excreção renal.2

As dietas proteicas ricas em metionina causam o aumento plasmático da HC. A metionina é metabolicamente convertida a HC, acumulando-se e sendo convertida a cisteína, que pode também exercer efeitos deletérios.2

Em humanos, o principal fator a desencadear a HHC severa é a deficiência de CBS, que diminui a conversão de HC a cisteína. Tratando-se de uma doença rara associada a tromboembolismo venoso, aterosclerose prematura, osteoporose e anormalidades oculares, os níveis de HC tipicamente excedem os 100 μM/L.13

Dentro das causas genéticas de HHC ligeira, a mais comum é a expressão de uma variante do MTHFR que compromete a remetilação da HC a metionina.12

A deficiência de vitaminas B6, B9 e B12 é também responsável por induzir elevações nos níveis de HC.12 A suplementação com ácido fólico em doses baixas (0.4 mg/dia) como prevenção primária é eficaz em reduzir os níveis de HC e em melhorar o perfil lipídico. A administração destas doses é também eficaz em melhorar a função endotelial pela promoção do óxido nítrico (NO) e das respostas vasodilatadoras, enquanto que doses elevadas (5mg/dia) se demonstram ineficazes.14

A HC ativa também a 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima-A redutase nas células endoteliais, promovendo a síntese de colesterol e causando a formação de placas aterosclerósticas. Desta forma se evidenciam os potenciais benefícios terapêuticos da intervenção farmacológica sob os níveis de HC. Para além das vitaminas,

medicamentos hipolipidémicos como a simvastatina - que reduzem a síntese de colesterol a nível endotelial e promovem a formação de NO - contrariam os efeitos nefastos da HC.15

Mecanismos de AçãoNa literatura encontram-se parcialmente descritos os mecanismos através dos quais a HC desencadeia a sua ação deletéria no sistema CV, os quais incluêm a promoção generalizada do stress oxidativo e da disfunção endotelial, a promoção do remodelamento e aumento da rigidez vasculares, a senescência celular através da redução da actividade da telomerase humana e encurtamento dos telómeros e a diminuição da biodisponibilidade de sulfeto de hidrogénio (H2S).Pensa-se que estes serão os mecanismos que se associam aos eventos CV, encontrando-se de seguida descritos. A desregulação destes processos, em termos fisiopatológicos, passará pela inibição da fibrinólise e da produção de NO e H2S e do aumento da expressão de moléculas de adesão, citocinas inflamatórias, fator tecidual e fatores de coagulação.16

Tanto a HC como a HTA causam o aumento do stress oxidativo e de mediadores inflamatórios e a diminuição do NO (características-chave da disfunção endotelial), fenómenos que promovem por sua vez o perpetuar da HTA.17 Vários mecanismos têm sido propostos para estabelecer o papel da HHC no desenvolvimento do stress oxidativo, da disfunção endotelial e da HTA. Estes mecanismos: a) resultam em lesões endoteliais e hipertrofia vascular através do stress oxidativo; b) causam a disfunção endotelial pela redução da biodisponibilidade de NO; c) promovem a nitração dos aminoácidos de tirosina em proteínas como a actina e a miosina; d) ativam metaloproteinases de matriz e a consequente degradação de colagénio e elastina, levando ao remodelamento arterial.2

O aumento dos níveis de HC levará ainda à redução da biodisponibilidade de glutationa peroxidase, uma enzima com capacidade antioxidante que contém cisteína na sua composição. Evidências sugerem que a disfunção endotelial e o stress oxidativo característicos da HHC possam ser devidos à inibição da glutationa peroxidase pela HC.18

O álcool é também um fator de risco para a HTA pois, apesar de o seu consumo agudo poder induzir a vasodilatação, o consumo elevado é responsável pelo aumento da pressão arterial.19,20

O seu consumo entre os 15 e os 30 g/dia causa um aumento de 37% no risco de HTA e o seu consumo acima dos 30 g/dia desencadeia o aumento no risco de HTA em 52% e de HHC em 95%.20,21 Curiosamente, quando a fonte de álcool é apenas cerveja, os níveis de HC aparentam diminuir, o que poderá ser devido ao conteúdo da cerveja em vitaminas do complexo B.22

A arteriosclerose é uma das principais causas de HTA, através do aumento da rigidez vascular. A inflamação e o stress oxidativo excessivos são responsável pela arteriosclerose e induzem a vasoconstrição, o que poderá resultar na HTA.23

Sabe-se que alguns dos efeitos da HC ocorrem pela promoção do aumento do cálcio intracelular.24 Este aumento nas células

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musculares da vasculatura aumenta a resistência vascular, estimula a contratilidade e compromete a integridade estrutural dos vasos.25

Desta forma, os benefícios dos antagonistas dos canais de cálcio atualmente utilizados no controlo da HTA poderão dever-se em parte ao antagonismo fisiológico da HC, para além do relaxamento vascular.Também a angiotensina II, o vasoconstritor endógeno mais potente no ser humano, exerce um papel sinérgico com a HC, contribuindo desta forma para o surgimento da HTA. Esta sinergia ocorre através da produção de espécies reativas de oxigénio (ROS), colagénio e de metaloproteinases de matriz.26 O H2S é capaz de inibir a enzima conversora da angiotensina nas células endoteliais e proteger a vasculatura, possuindo um papel importante no equilíbrio da HC, como será descrito.2,27

O Papel da Transcriptase Reversa TelomeraseA HTA trata-se de uma patologia que tendencialmente aumenta em incidência com o aumento da idade. Ocorre também a diminuição do comprimento dos telómeros (extremidades cromossómicas) como resultado da divisão celular e replicação do DNA. Sabe-se que existe uma correlação direta entre o comprimento dos telómeros e o desenvolvimento de HTA, podendo desta forma o seu encurtamento ser o elo de ligação entre o envelhecimento e o aumento da incidência de HTA.28

Tanto os níveis elevados de HC como a HTA se encontram associados à metilação de DNA, ao stress oxidativo, à inflamação, às alterações vasculares e ao comprometimento da função renal. Todos estes fatores contribuem para o encurtamento dos telómeros, refletindo uma vez mais a associação entre a HTA e a idade avançada.29

A telomerase humana é uma enzima transcriptase reversa que participa na manutenção do comprometimento dos telómeros, adicionando bases nucleotídicas perdidas durante a divisão celular às extremidades do cromossomas e permitindo a continuidade da replicação e regeneração celular.7

A regulação da transcrição do gene da telomerase ocorre pela metilação do DNA. A hipometilação do DNA causa a sua condensação e consequentemente a diminuição da sua expressão, resultando na diminuição da atividade da telomerase e na diminuição do comprimento dos telómeros.30

O inevitável encurtamento dos telómeros que ocorre com o aumento da idade é promovido pela HHC e pela HTA. 17 Pacientes com HTA apresentam leucócitos e células endoteliais com telómeros de comprimento reduzido e tanto a HTA como a HC contribuem para esta redução. Contudo, apenas os níveis elevados de HC induzem independentemente a hipometilação do promotor genético da telomerase humana, não sendo a HTA um fator de risco independente.31

A HTA, na ausência de HHC, não reduz a expressão da telomerase humana através da hipometilação. Estes resultados sugerem que o encurtamento dos telómeros verificado em pacientes hipertensos seja mediado pela HHC.31

Um dos prováveis mecanismos através dos quais a HC desencadeia a HTA será o surgimento da disfunção endotelial. Reconhece-se atualmente que a HC acelera a senescência das células endoteliais, o que por sua vez promove a disfunção endotelial. Em 2015, Zhang et al. demonstraram que a HHC causa o aumento de marcadores de senescência celular, como o p16, o p21 e o p53 em células endoteliais. A HHC induz a senescência celular e resulta no encurtamento dos telómeros das células endoteliais.32

A senescência induzida pela HHC é possível reverter com recurso ao ácido fólico e à s-adenosilmetionina, um cofator enzimático envolvido na transferência de grupos metilo.32

Havia já sido demonstrado em 2013 este mecanismo de hipometilação do gene da telomerase humana em leucócitos, demonstrando que os efeitos da HC no encurtamento dos telómeros são transversais a outros tipos celulares que não as endoteliais.33

Os níveis de HC em leucócitos correlacionam-se fortemente e de forma inversa com o comprimento dos telómetros. Estes dados, são transversais a pacientes com aterosclerose clínica e infarto do miocárdio e correlacionam-se de forma significativamente positiva com os níveis de proteína C-reativa ultrassensível e negativa com os de ácido fólico.33

Este mecanismo epigenético de metilação do DNA através do qual a HC exerce as suas ações deletérias representa um potencial alvo terapêutico.

Homocisteína e Alterações Estruturais e Funcionais na VasculaturaOs estágios iniciais da doença aterosclerótica encontram-se associados a alterações estruturais e funcionais das paredes arteriais, sobretudo a alterações na espessura das camadas íntima e média.9

A espessura íntima-média carótida é um forte marcador de doença arterial e preditor de eventos adversos CV. Este aumento da espessura é facilmente detetado por ecografia.9,34

Existe uma associação positiva entre os níveis plasmáticos de HC e a rigidez arterial em pacientes hipertensos. Este aumento da rigidez pode ser avaliada através da determinação da velocidade de onda de pulso, que se encontra aumentada nos doente com HTA. Esta associação entre a HC e a rigidez das paredes vasculares sugere um papel da HC no remodelamento arterial em sinergia com a HTA.35,36

O mecanismo subjacente a esta relação não é completamente conhecido mas deverá passar pela disfunção endotelial37, proliferação do músculo liso arterial38, síntese de colagénio39 e deterioramento da elastina.40

A literatura sugere que a HC exerce os seus efeitos nas paredes arteriais após a disfunção vascular ter tido início. A apoiar este facto encontram-se as descrições de diversos estudos que relatam associações entre os níveis de HC e os de pressão arterial apenas em indivíduos de alto risco CV.41

As diferenças de pressão arterial entre os grupos de pacientes hipertensos e normotensos não apresentam correlação significativa com os níveis de HC. Contudo, na população hipertensa, os níveis plasmáticos de HC correlacionam-se positivamente e de uma forma

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independente com a velocidade da onda de pulso arterial carótida-femoral, marcador de prognóstico de risco CV e que traduz a rigidez dos vasos arteriais.36 Quer isto dizer que a correlação entre a HHC e a HTA não é linear, mas que na presença de HTA a HHC aparenta ser um fator/marcador de risco vascular.O rastreio dos níveis de HC pode vir a ser vantajoso para estratificação do risco CV e para o direcionamento terapêutico em indivíduos hipertensos, tendo em conta o valor da HC como preditor de eventos CV.

A Homocisteína e o Sulfeto de HidrogénioEm condições normais, a HC é metabolizada e convertida a cisteína. A cisteína, serve de substrato às enzimas cistationina beta-sintetase (CBS) e cistationina gama-liase (CSE) e leva à formação de H2S.42

Alternativamente, o H2S pode também ser produzido por ação da enzima 3-mercaptopiruvato sulfotransferase.2,43

A expressão destas enzimas varia conforme o local de expressão, sendo a CSE a de maior relevância na musculatura lisa vascular, nas células endoteliais e na generalidade do sistema CV.44 O H2S formado por ação desta enzimas, é um gás tóxico para o sistema nervoso central mas funciona como um potente relaxante e dilatador vascular.45

A HHC sugere ser um forte fator de risco para o surgimento de HTA pois inibe a enzima CSE e a produção de H2S. A reduzida produção de H2S na vasculatura promove a HTA.45 Em condições normais, os níveis de HC são muito inferiores aos de cisteína, servindo a cisteína como o principal substrato enzimático da CSE para a formação de H2S. Num quadro de HCC, a HC compete com a cisteína pela ligação à CSE, reduzindo a produção de H2S.2,46

Está demonstrado que a administração de H2S é capaz de restaurar a atividade enzimática na cadeia respiratória mitocondrial comprometida pela HHC.46 A sua administração reduz também o stress oxidativo pela diminuição de radicais livres como H2O2 e superóxido O2

- a nível do miocárdio e restaura a perfusão sanguínea.46,47

As alterações nas proteínas contráteis que participam na HTA são em parte desencadeadas pela HC.2 Como consequência, por ação da HC ocorre a perda de células endoteliais, oxidação de lipoproteínas, adesão de células mediadoras da inflamação e o comprometimento do relaxamento vascular dependente do NO.2 Além do referido, a HC induz a proliferação das células musculares da vasculatura e esta proliferação pode ser inibida pela adição de H2S.48,49

Tendo em consideração que a HHC é responsável pela contração exagerada das paredes vasculares e promove a adição de aminoácidos de tirosina às proteínas estruturais (na presença de stress oxidativo, devido à diminuição da produção de H2S), a ativação da produção endógena de H2S ou a sua suplementação poderão modificar e reduzir a HTA associada a HHC. 2

Insights da Investigação ClínicaOs níveis de HC total (livre e ligada a proteínas plasmáticas)

sugerem correlacionar-se positivamente com a incidência de doença coronária (DC) e de acidente vascular cerebral (AVC). Uma meta-análise de artigos publicados ao longo de 33 anos avaliou registos de 5.073 pacientes com DC e 1.113 pacientes diagnosticados com AVC.50 Foi demonstrado que a redução em 25% dos níveis de HC total se traduz numa redução de 11% no risco de DC e de 19% no risco de AVC.50

Estes resultados apontam para um considerável benefício terapêutico CV resultante de reduções nos níveis sanguíneos de HC.Uma outra meta-análise que abrangeu 10 estudos clínicos e incluiu 43.426 pacientes com AVC, apontou que a administração de ácido fólico se associa a uma redução do risco de AVC em 11%, redução que segundo os autores se poderá dever à diminuição verificada dos níveis de HC.51 O aumento dos níveis de ácido fólico, como já foi referido, pode reverter os efeitos da HC e o encurtamento dos telómeros. A suplementação com 0.5 a 5 mg de ácido fólico reduz os níveis plasmáticos de HC em 25%, o terá contribuído para os resultados do estudo.52

A HHC tem também sido associada ao risco de complicações perinatais e gestacionais resultantes da pré-eclâmpsia, especialmente quando associada a marcadores de stress oxidativo e disfunção endotelial.53,54 A suplementação com vitaminas B6, B9 e B12 tem demonstrado benefícios através da redução dos riscos a esta associados.55,56

A HTA na presença de HHC (HTA-HHC) associa-se a uma HTA mais severa, não se verficando o mesmo nos indivíduos com HTA mas sem HHC (não HTA-HHC).57

Num estudo chinês de 2012, pacientes com HTA-HHC, por oposição a pacientes com não HTA-HHC, apresentaram alterações estruturais e funcionais significativas a nível das artérias carótidas e de mediadores inflamatórios.57 Estas alterações foram medidas através dos níveis de proteína C-reativa ultrassensível, fibrinogénio e tumor necrosis factor-α (TNF-α) e de alterações na distensibilidade vascular.Neste estudo, não se verificaram alterações significativas na pressão arterial entre os grupos HTA-HHC e não HTA-HHC mas os níveis sanguíneos de HC encontram-se significativamente mais elevados nos grupos HTA-HHC. Tal aponta que a HHC poderá ser um fator de risco de pior prognóstico, causando efeitos deletérios no organismo antes do os mesmos serem clinicamente detetáveis. A ser um fator de risco, a ação terapêutica sobre a HC em fases precoces de determinadas patologias poderá alterar o curso natural da doença e desta forma exercer um efeito positivo no prognóstico CV.O reconhecimento do papel de fatores de risco vascular no desenvolvimento de défices cognitivos é também crescente. Nomeadamente fatores de risco para o desenvolvimento de AVC, como a HTA, aumentam o risco de défices cognitivos ligeiros e de doença de Alzheimer. 58

A elevação dos níveis de HC tem sido assciada a declínios mais acentuados da função cognitiva em pacientes com genótipo APOE4, sobretudo nas funções cerebrais executivas.58

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Este fenómeno reflete a severidade da HTA associada à HHC e a possibilidade de a HHC poder ser um fator de risco para os défices cognitivos resultantes do aumento da pressão arterial a nível cerebral.Em Janeiro de 2015, foi publicada uma meta-análise que pretendeu atualizar duas outras revisões efetuadas pelos mesmos autores em 2009 e 2013.8,59,60

Procurou-se avaliar a eficácia de intervenções redutoras dos níveis de HC em relação aos outcomes clínicos infarto do miocárdio, AVC, cancro e mortalidade global. As terapias utilizadas foram as vitaminas B6, B9 e B12 em pacientes com e sem doenças cardiovasculares, tendo sido analisados 12 ensaios clínicos controlados aleatorizados envolvendo 47.429 indivíduos.59

Como resultado, os autores concluiram que não existem até à data (2015) evidências de benefícios em relação aos outcomes clínicos analisados, resultantes da administração das vitaminas referidas.8,59,60

Não é atualmente possível melhorar o prognóstico clínico através de reduções de HC. Ainda assim, as terapias disponíveis para combate à HHC são eficazes em reduzir os níveis de HC e o envolvimento da mesma nas patologias CV é evidente.

Conclusões e Perspectivas FuturasNão há ainda um consenso se a HC será um marcador ou um fator de risco CV. Os resultados antagónicos da investigação levantam as seguintes questões: 1-Será a HC um marcador de risco e não um fator de risco CV? 2-Que outros mediadores funcionam juntamente com a HC para promover o risco CV?A HC sugere ser um forte marcador e preditor do risco CV mas é ainda tema de discórdia se a redução dos níveis da HC provoca diminuição dos eventos CV. O desafio que se coloca de momento é o de descobrir e desenvolver ações eficazes na inibição da HC e que se traduzam em melhorias do risco CV.Apesar de alguns ensaios clínicos em larga escala terem falhado em demonstrar melhorias no risco CV através da redução dos níveis de HC, estes mesmos estudos utilizaram elevadas doses de ácido fólico e incidiram em indivíduos de alto risco.61,62 As altas doses de ácido fólico utilizadas causam a doação de grupos metilo, promovendo a metilação da HC e sua conversão a metionina e ainda outras reações de metilação com efeitos nefastos a nível vascular, como por exemplo a inibição da síntese do NO.63

Serão necessários mais estudos que avaliem doses reduzidas de suplementação vitamínica em pacientes de baixo risco. Estudos prospetivos que avaliem os efeitos da redução de HC no comprimento dos telómeros e atividade da telomerase são também necessários, bem como a avaliação dos outcomes resultantes desta redução.Vários estudos apresentam (não de forma consensual) uma correlação direta entre os níveis de HC e os níveis de pressão arterial, tanto em indivíduos hipertensos como em indivíduos normotensos.2,7,64 Desta forma, a utilização dos níveis de HC para estratificação do risco e previsão de piores outcomes clínicos poderá ser uma opção viável.

Apesar da HHC se associar independentemente ao aumento do risco CV, as estratégias farmacológicas utilizadas em vários ensaios clínicos que alcançam reduções nos níveis de HC são ineficazes em diminuir o risco CV, sugerindo que outros reguladores atuam em sinergia mas também independentemente da HC.65,66

Será necessário estudar os mecanismos moleculares e celulares que estabelecem a ligação entre a HC e as patologias vasculares e a identificação de alvos e agentes terapêuticos associados à HHC.Conclui-se assim que o envolvimento da HC no desenvolvimento de HTA é consensual e poderá ter uma ação promissora na alteração da evolução natural da doença hipertensiva.

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ARTIGO DE OPINIÃOOPINION ARTICLE

IMPORTÂNCIA DA REDUÇÃO DO CONSUMO DE SAL A NÍVEL POPULACIONAL

THE RELEVANCE OF REDUCING SALT INTAKE AT THE POPULATION LEVEL

Inês Cardoso1, Teresa Rodrigues2, Sónia Xará3

1 Nutricionista Estagiária; Serviço de Nutrição e Dietética do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Entidade Pública Empresarial2 Nutricionista; ARS Norte I.P.; Direção da Associação Portuguesa dos Nutricionistas3 Nutricionista; Serviço de Nutrição e Dietética do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Entidade Pública Empresarial; Direção da Associação Portuguesa dos Nutricionistas

Correspondência: Inês Cardoso - [email protected]

Resumo É atualmente consensual que as alterações no estilo de vida podem reduzir a pressão arterial, nomeadamente a restrição salina na dieta. A Organização Mundial de Saúde recomenda um consumo até 5g/dia de sal por pessoa. No entanto, os níveis de ingestão a nível mundial encontram-se muito acima deste valor. Face aos efeitos adversos consequentes do consumo excessivo de sal, as estratégias, de âmbito populacional, para a redução do seu consumo, foram identificadas não apenas como uma intervenção prioritária, mas também como a abordagem mais eficaz na prevenção de doenças não transmissíveis. A implementação de um programa de redução do sal requer compromissos e parcerias a vários níveis por parte da comunidade, profissionais de saúde, organizações profissionais, governo e indústria. No entanto é, uma das formas mais simples e rentáveis de melhorar a saúde da população e já vários países europeus adotaram estratégias neste sentido com resultados positivos significativos.

Introdução O sal desempenha um papel elementar na alimentação humana, sobretudo pela sua ação a nível da textura e do sabor que confere aos alimentos. É constituído por dois componentes, 40% sódio e 60% cloreto, sendo o sódio o componente que representa o motivo de preocupação para a saúde pública(1).A palavra sal é usada de forma indistinta na literatura para designar sódio (símbolo químico: Na) e/ou “sal comum” ou “sal de mesa” (cloreto de sódio ou NaCl), visto que 95% do sódio é consumido sob a forma de sal.O consumo elevado de sal tem um papel central na patogénese da pressão arterial (PA) elevada(2) e está igualmente associado a efeitos diretos na ocorrência de acidentes vasculares cerebrais (AVC), hipertrofia ventricular esquerda, progressão da doença renal e proteinúria, entre outros efeitos adversos(2-5). As doenças cardiovasculares (DCV) constituem a principal causa de morte em toda a Europa(6, 7). Nos últimos 30 anos, Portugal tem sido referido como um dos países com valores mais elevados de tensão arterial média na população, com uma prevalência de hipertensão arterial (HTA) na população adulta de cerca de 42,2%, superior no sexo masculino(8, 9).A HTA define-se, como a elevação persistente, em varias medições e em diferentes ocasiões, da PA sistólica igual ou superior a 140 mmHg e/ou da PA diastólica igual ou superior a 90 mmHg. Constitui o principal fator de risco para as DCV(10, 11) e é responsável por cerca de 54% dos casos de AVC e 47% dos casos de Doença Cardíaca Coronária (DCC)(12-14), requerendo assim estratégias para

Palavras-chave: pressão arterial;doenças cardiovasculares;sal; medidas de redução do sal.

um controlo e prevenção eficazes(15, 16).A elevada prevalência nacional de fatores de risco para as DCV obriga a uma especial reflexão sobre as possíveis estratégias preventivas a implementar, incluindo medidas integradas e complementares que potenciem a redução do risco, o tratamento atempado e adequado, bem como a implementação de medidas de prevenção secundária que reduzam a sua recorrência, como são exemplo a abordagem nutricional e a promoção de atividade física(17).Existe uma forte evidência do papel do sal no desenvolvimento da PA elevada e ensaios controlados randomizados confirmaram os seus efeitos adversos, tanto em indivíduos hipertensos como em normotensos. Esta evidência inclui resultados obtidos em estudos com animais, estudos epidemiológicos, ensaios clínicos e meta-análises de ensaios(18-23). Adicionalmente aos seus efeitos na PA, estudos de coorte prospetivos(3, 24, 25)e estudos a nível populacional(26) têm demonstrado a associação entre a ingestão elevada de sal e a incidência de eventos adversos a nível cardiovascular. Por outro lado, vários estudos têm vindo a avaliar o potencial benefício da redução do sal na saúde, a nível populacional(27, 28), considerando-se esta estratégia fundamental na diminuição da prevalência de DCV, a nível mundial(29). Estima-se que uma diminuição de 10 para 5 g de ingestão diária de sal na dieta pode reduzir em 23% a incidência de AVC e em cerca de 17% a incidência de DCV(26, 30).A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda não mais do que 2 g de sódio (5 g de sal) por dia(31). No entanto, com o aumento acentuado do consumo de alimentos processados, observa-se um consumo diário de sal de cerca de 9 a 12 g por dia, a nível mundial(32,

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33). Este problema é transversal a todas as idades e afeta tanto os países desenvolvidos como os países em desenvolvimento(34).O Plano de Ação de 2013-2020 da OMS na área de Alimentação e Nutrição elege as estratégias de redução da ingestão de sal como uma das melhores abordagens (baixo custo e elevada eficácia) para a prevenção das doenças não transmissíveis na população Europeia(35,

36).Como qualquer outro tipo de alteração no estilo de vida, uma redução do consumo de sal de abrangência populacional sustentada, requer ações de saúde pública que facilitem as alterações ambientais necessárias à mudança do comportamento individual. Visto que mais de 75% do consumo de sal nos países industrializados decorre do consumo de alimentos processados(37), não é razoável esperar que os indivíduos ajam sozinhos para reduzir o consumo até aos níveis-alvo(38). Por esta razão, as intervenções que visam alterações no estilo de vida, além de difíceis de implementar, geralmente têm um sucesso limitado(39), pelo que se torna fundamental uma abordagem que inclua também a mobilização da indústria(40).Em alguns países, foram implementadas medidas específicas para reduzir o consumo de sal na população, como parte de uma política nutricional de caráter nacional e/ou políticas de prevenção de DCV. Estas medidas incluem, entre outras, a regulação da rotulagem do sal, campanhas de sensibilização ao consumidor, desenvolvimento de símbolos para identificar os produtos com baixo teor de sal e parcerias com a indústria alimentar para reduzir e monitorizar o conteúdo em sal de grande variedade de produtos(41, 42).Embora utilizando estratégias distintas, a Finlândia e o Reino Unido lideram as atividades para redução de sal na Europa. No Reino Unido, as ações de marketing e as parcerias estabelecidas pela Food Standards Agency (FSA), são líderes mundiais na redução do sal. Já na Finlândia, por exemplo, a legislação assume um papel fundamental, verificando-se que uma grande parte do sucesso da redução do sal a nível populacional é atribuída à instituição de métodos punitivos de rotulagem(43). Contudo, os esforços e compromissos para reduzir a ingestão de sal ainda não são uma realidade em muitos países, particularmente nos países em desenvolvimento. As recomendações têm de resultar em ação que, por sua vez, deve ser adaptada à realidade nacional, através de iniciativas, quer voluntárias, quer estatutárias(41).

DesenvolvimentoApesar das guidelines internacionais e nacionais recomendarem a restrição no consumo de sal a nível populacional como medida de prevenção e tratamento da HTA(44-46), a ingestão de sal na maioria dos países Europeus continua muito acima do recomendado(33, 47).Em 2003, a OMS e a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação emitiram um relatório conjunto sugerindo uma redução do consumo de sal para valores inferiores a 5 g/dia. No seguimento da divulgação da estratégia global sobre Dieta, Atividade Física e Saúde, em 2004, a OMS desenvolveu recomendações específicas para os Estados membros e, em 2006(41), definiu o conceito dos “três pilares” para a estruturação

dos programas nacionais de redução do consumo de sal, que pressupõem uma abordagem multissectorial e interdisciplinar visando três áreas: reformulação da composição dos produtos alimentares, mudanças ambientais e educação do consumidor. A reformulação da composição de produtos alimentares envolve fabricantes, distribuidores e fornecedores de alimentos, incluindo o desenvolvimento de produtos e/ou refeições sem adição de sal ou com o menor teor de sódio possível, bem como a implementação de mecanismos de monitorização realizados por pessoal qualificado. As mudanças ambientais têm como objetivo garantir que os itens alimentares mais saudáveis são a escolha mais fácil para o consumidor, através de mudanças na disponibilidade dos alimentos com teores elevados de sal e de sistemas de rotulagem clara e consistente. Por último, a promoção da consciencialização e educação do consumidor, através de campanhas com mensagens claras e simples, incluindo informações sobre os efeitos nocivos do sal e instruções sobre rotulagem. Na sequência destas recomendações, a OMS identificou oito etapas essenciais para facilitar o planeamento, implementação e monitorização das estratégias de redução do sal: 1) organização dos apoios de mobilização para a mudança (junto de agências nacionais, produtores e distribuidores de alimentos, organizações não-governamentais (ONG), sociedade civil e comunicação social); 2) análise ambiental, pela identificação dos níveis atuais de ingestão de sal através de diferentes metodologias (como a excreção urinária 24h e/ou questionários e registos de consumo alimentar) e pela identificação das principais fontes de sal na dieta na população em estudo; 3) definição de guidelines nacionais para a ingestão de sal (apesar das recomendações da OMS, até 5 g/dia, cada país estabelecerá as suas próprias diretrizes, tendo em conta a respetiva análise ambiental); 4) planeamento das campanhas e criação de parcerias; 5) realização das campanhas de sensibilização do consumidor; 6) utilização de rotulagem que evidencie o conteúdo em sal dos alimentos e de símbolos/logos/texto que permitam identificar facilmente os produtos com baixo teor em sal; 6) estabelecimento de parcerias e colaborações com a indústria alimentar (restauração, catering, comércio e distribuição), para redução do teor de sal nos vários produtos alimentares; 7) monitorização dos progressos, com revisão contínua e 8) avaliação (através de auto-relatórios da indústria alimentar sobre o teor de sal nas várias categorias alimentares /alimentos, da recolha e análise da urina de 24h e/ou registos alimentares, análises à composição nutricional dos alimentos e avaliação das ações de consciencialização dos consumidores e das alterações dos seus comportamentos e hábitos)(48).O quadro de referência da União Europeia (UE) para as iniciativas nacionais de redução de sal(49), aprovado em 2008, tem como objetivo geral contribuir para que se cumpram as recomendações da OMS, através do apoio e reforço dos planos nacionais, bem como avaliar e comparar a evolução entre países. O Conselho da UE permite a cada Estado membro adaptar as iniciativas às necessidades específicas da sua realidade nacional, sugerindo a fixação de objetivos e metas realistas, de acordo com o nível de consumo de sal da população no

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ARTIGO DE OPINIÃOOPINION ARTICLE

momento da concepção das políticas, e propondo calendários viáveis para atingir esses objetivos. Em Maio de 2013, os Estados membros aprovaram, por unanimidade, uma meta de redução global da ingestão média de sal na população de 30%, com o objetivo de reduzir o consumo de sal para valores máximos de 5g/dia, até 2025(35).Assim, os diferentes países têm vindo a desenvolver as suas próprias guidelines no que respeita à ingestão de sal, as quais variam entre 5-8g/pessoa por dia(50), enquanto outros (particularmente os países em desenvolvimento) não têm ainda recomendações de ingestão definidas. Na maioria dos países desenvolvidos, a redução no consumo de sal passa por uma redução gradual e sustentada na quantidade adicionada aos alimentos pela indústria. Noutros países, em que a maioria do sal consumido é proveniente do sal adicionado durante a confeção de alimentos e da utilização de molhos, é fundamental sensibilizar os consumidores através de campanhas públicas(2).Na Europa, já vários países definiram estratégias nacionais de redução do sal: 26 Estados membros com políticas de redução do sal operacionais e 33 com campanhas de sensibilização pública, quer através de um programa governamental, ou através de ONG(51). As atividades de rotulagem estão implementadas ou planeadas em cerca de 17 Estados membros e variam de acordo com o seu caráter voluntário ou regulado por lei. Alguns países implementaram estratégias que incluem semáforos (Reino Unido, Portugal), símbolos e logos (Finlândia, Dinamarca, Noruega, Holanda) e, ainda, a percentagem relativa à dose diária recomendada, as quais fornecem não só importante informação ao consumidor, como também servem para encorajar as companhias do setor alimentar a reformular os seus produtos.Visto que grande parte das estratégias de parceria com a indústria é baseada em programas de reformulação de produtos, de caráter voluntário, 21 países europeus estabeleceram limites nacionais de teor do sal nos alimentos, em colaboração com a indústria alimentar e, destes, 9 países reportaram reduções nos níveis de sal em uma ou mais categorias de produtos alimentares. França, Irlanda e Reino Unido foram dos países com maior quantidade de produtos a sofrer reduções significativas, particularmente no pão (reduções de 12-29%), cereais de pequeno-almoço (30-59%), sopas (12-32%) e molhos para tempero (29-71%)(52). As estratégias variam entre países, mas os objetivos são comuns: o quadro da UE(49) sugere que todos os Estados membros selecionem pelo menos cinco de doze categorias de alimentos, definidas como prioritárias, e produzam reduções graduais até atingir uma redução média de cerca de 16%, nestes produtos, ao longo de quatro anos(53). Quanto às atividades de monitorização e avaliação do consumo de sal na população, as mais utilizadas têm sido a recolha de amostras de urina, a recolha de amostras de produtos alimentares comercializados e as avaliações de impacto das campanhas de sensibilização(51).A Finlândia e o Reino Unido são dois dos países considerados modelos exemplares de implementação de programas de redução do consumo de sal na população. A Finlândia foi um dos primeiros países a iniciar uma estratégia de redução do consumo de sal, com uma

forte componente de campanhas de sensibilização e de colaboração com a indústria alimentar, que resultaram em reduções de cerca de 30% na ingestão de sal nos últimos 30 anos, e que coincidiram com uma diminuição de 60% tanto nas DCC como na mortalidade por AVC(43, 54, 55). A eficácia dos programas de redução de sal é atribuída à introdução de exigências legislativas na rotulagem relativa ao teor em sal dos alimentos, que obriga a que os produtos alimentares, com um teor em sal superior a determinado valor, apresentem um aviso de alerta de “conteúdo em sal elevado”, permitindo por outro lado que os alimentos com um teor de sal inferior ao limite estabelecido possam apresentar um logótipo de “quantidade reduzida de sal”. Valores de 0,7% e 1,3% para o pão, 1,2% e 1,8% para salsichas, 0,7% e 1,4% para o queijo, 1,0% e 1,7% para os cereais de pequeno-almoço são alguns dos limites estabelecidos para os produtos apresentarem a indicação de baixo teor ou de alto teor em sal, respetivamente(26). Esta iniciativa, para além de fornecer aos consumidores uma indicação clara das escolhas alimentares mais acertadas, levou a que a indústria se visse obrigada a reformular ou mesmo a retirar do mercado alguns produtos em detrimento de outros com baixo teor em sódio(43). Outras características-chave da estratégia finlandesa incluem uma forte liderança, através do Finnish National Nutrition Council, que estabelece metas populacionais de consumo; a monitorização regular do consumo de sal da população através da recolha e análise de amostras de urina de 24h e da análise de dados provenientes de inquéritos alimentares; a realização de campanhas nos media e a formação de profissionais de saúde; a participação extensa da comunidade e a colaboração voluntária da indústria alimentar, e, ainda, a substituição do sal de mesa convencional por um substituto do sódio, com um sal mineral, designado por Pansalt, que possui um baixo teor em sódio e é enriquecido em magnésio e potássio (50).De forma semelhante, o sucesso das iniciativas do Reino Unido é atribuído a uma forte parceria com a indústria alimentar, a qual é baseada em acordos voluntários, mas reforçada pelos mecanismos de monitorização e sustentada por ONG ativas(37, 50). Tal como noutros países ocidentais, no Reino Unido, cerca de 75 a 80% do sal da dieta provém de alimentos processados, pelo que a sua reformulação é essencial para a estratégia de redução de sal. No Reino Unido, o primeiro conjunto de metas para a redução do consumo de sal foi publicado pela FSA, em Março de 2006, e cobria cerca de 85 categorias de alimentos. Após análise dos resultados obtidos, foram publicadas novas metas para 2012, com o objetivo de reduzir em 10-20% a quantidade de sal adicionado, com intervalos de 1 a 2 anos, de modo a não comprometera aceitabilidade pelo consumidor nem outros aspetos técnicos e de segurança(56), pelo que o Governo continuou a trabalhar em parceria com a indústria(37). Os níveis de sal foram significativamente reduzidos em vários produtos como o pão fatiado pré-embalado, cereais de pequeno-almoço, sopas e biscoitos, com reduções médias de cerca de 13 a 49%(57). Entre os componentes essenciais do programa estão: a forte liderança através da FSA e do Departamento de Saúde e a existência de mecanismos consistentes de monitorização contínua dos níveis de ingestão de sal, do teor de sal dos alimentos comercializados e do nível de

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sensibilização dos consumidores. Adicionalmente, o programa beneficia ainda de uma estratégia em três frentes: parceria com a indústria alimentar; promoção de publicidade e campanhas de marketing social e introdução de rotulagem em código de semáforo (permitindo ao consumidor perceber se o alimento era rico ou pobre em sal através dos cromatismos vermelho, amarelo e verde que indicavam, respetivamente, elevada, média ou reduzida quantidade de sal)(50). Na sequência do sucesso da campanha pública realizada no Reino Unido, foi criado um grupo de apoio global, designado WASH – World Action on Salt and Health, para encorajar ações de redução do sal em várias partes do mundo, através da pressão exercida em companhias alimentares multinacionais. Os membros da WASH, em cada país, trabalham em conjunto, a nível local, para reduzir o consumo de sal especificamente na sua população, desempenhando um papel fundamental no apoio a ONG em todo o mundo(51). Em Portugal, a ingestão diária de sal estimada é de 10,7g(9, 58), sensivelmente o dobro daquela que é recomendada pela OMS(59)

Em 2004, foi estabelecida uma guideline nacional com o objetivo de reduzir o consumo médio de sal na população para menos de 5g/dia(60). A Direção Geral da Saúde (DGS), através do seu representante no Grupo de Alto Nível da Comissão sobre Nutrição e Atividade Física, assumiu os compromissos de ação para a redução do sal e tem vindo a acompanhar as iniciativas da OMS nesta área, através da participação na Rede Europeia de Ação para o Sal. O Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável promove a redução do consumo de sal, informando e capacitando os cidadãos (17). Na informação disponibilizada à população têm sido privilegiados materiais e formatos interativos, dos quais se destaca o manual “Ervas Aromáticas – Uma Estratégia para Redução do Sal na Alimentação dos Portugueses”, que promove a utilização de ervas aromáticas em detrimento do sal, criado pela DGS em parceria com a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto e a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto(61).Portugal tem também levado a cabo esforços, em colaboração com a indústria e, através da Lei nº 75/2009 de 12 de Agosto(62), que define o valor máximo de sal admissível no pão como 1,4/100g de pão, tornou-se pioneiro na criação de uma lei para a delimitação da quantidade máxima de sal no pão. No que diz respeito à rotulagem alimentar, que está definida como obrigatória em alimentos processados, o Regulamento (UE) nº1169/2011(63)vem trazer novas exigências, exigindo o uso do termo “sal”em substituição de “sódio” e a indicação do teor de sal passa a fazer parte da declaração nutricional obrigatória e expressa por 100 g ou 100 ml de produto.A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica é responsável pela monitorização do conteúdo de sal nos alimentos e por assegurar o cumprimento da legislação em vigor(62).

DiscussãoFace às evidências científicas relativas aos efeitos adversos do consumo excessivo de sal, nomeadamente HTA, DCV, cancro gástrico, osteoporose, patologia renal e diabetes(64, 65), as recomendações da OMS apontam para consumos inferiores a 5g/dia (2g/dia de sódio)

(31).Uma redução sustentada do consumo de sal, de âmbito populacional, exige uma abordagem de saúde pública que facilite as mudanças ambientais necessárias às alterações do comportamento individual(66). A maioria das estratégias existentes são lideradas por organizações governamentais, envolvem a reformulação dos produtos alimentares, estabelecem metas claras de valores de ingestão diária e têm fortes estratégias de comunicação, concebidas para modificar o comportamento do consumidor(50).No entanto, outros grupos de apoio e ONG desempenham também um papel importante, especialmente em países onde as políticas de redução do sal ainda não foram adotadas, como é o caso do grupo WASH(51). Em países onde funções jurídicas se encontram menos desenvolvidas (como Singapura e Malásia), este grupo desempenha um papel relevante ao trabalhar com membros locais, colocando a redução do sal na agenda política(50). Qualquer estratégia deve envolver não apenas o consumidor, mas também esforços por parte dos fornecedores e da restauração para redução do sal em alimentos processados e de catering(47). Em países onde os alimentos processados contribuem significativamente para o consumo de sal na dieta, as parcerias com a indústria são um dos fatores-chave. (52)

Alguns países têm metas legisladas, mas a maioria prefere adotar abordagens voluntárias(52). Independentemente do caráter voluntário, uma das decisões mais importantes é a seleção dos alimentos que devem ser sujeitos a níveis-limite de conteúdo em sal. Grandes modificações nos níveis de sal podem levar a alterações no sabor dos alimentos e diminuir a sua aceitabilidade por parte do consumidor, o que pode constituir um fator limitante na persuasão dos fabricantes para reduzir o teor de sal(67). No entanto, está documentado que as reduções, quando realizadas de forma gradual, permitem que o consumidor se adapte e aceite mais facilmente o produto(37). Segundo um inquérito internacional, realizado pela WASH, há ainda uma grande resistência por parte dos fabricantes para reduzir o teor de sal dos alimentos e falta de consistência na rotulagem alimentar, o que pode originar confusão no consumidor(68).Em Portugal, duas áreas necessitam de especial atenção: a restauração e a indústria alimentar. Em espaços de alimentação coletiva, como escolas a centros de dia, para além das linhas de orientação concretas que limitem a oferta de alimentos e preparados culinários com excesso de sal, sugere-se um controlo mais eficaz para o cumprimento das recomendações. Na indústria, a necessidade de compromissos escritos de redução de sal, por categorias, como acontece no Reino Unido, e a sua avaliação interna e externa, necessita de ser implementada/continuada e reforçada(17). É importante salientar que nenhum país é bem-sucedido na redução significativa do consumo de sal da população, se o programa implementado for restrito a ações de educação dirigidas ao consumidor. Para um impacto máximo, os esforços nacionais devem focar-se em mudanças ambientais que tornem mais fácil para toda a população consumir uma menor quantidade de sal. As parcerias entre agências governamentais, ONG e a indústria alimentar

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representam a forma mais eficaz de implementação dos programas nacionais de redução do consumo de sal.

ConclusãoAs iniciativas de saúde pública para a redução do consumo de sal exigem ação e parcerias a vários níveis – indivíduos, sistemas de saúde, profissionais e organizações profissionais, agências de saúde pública, governos e setor alimentar. Apesar de obrigarem a um trabalho árduo, estas iniciativas podem ser simples, económicas e eficazes(27, 66).Vários países já desenvolveram programas bem-sucedidos, com decréscimos significativos da ingestão de sal. Os outros devem seguir esse exemplo, visto que modestas reduções se traduzem em grandes benefícios para a saúde pública, conforme descrito na literatura. Particularmente nos países em desenvolvimento, onde as doenças não transmissíveis têm vindo a adquirir cada vez mais importância, é fundamental implementar ações de promoção da saúde para sensibilização da sociedade, alicerçadas em estratégias de redução do consumo de sal apoiadas pelos governos. Para maximizar o seu impacto, as estratégias de redução do sal devem ser multifacetadas, incluindo não só as parcerias com o setor alimentar para o desenvolvimento de produtos e/ou refeições sem adição de sal ou com o menor conteúdo de sódio possível (através de uma redução gradual e sustentada do conteúdo de sódio dos alimentos), mas também intervenções paralelas de promoção de saúde e educação do consumidor (essencial nos países em desenvolvimento, onde a maior percentagem de sódio consumido provém do sal adicionado na confeção dos alimentos) que promovam a alteração de atitudes e comportamentos do consumidor em relação ao sal, acompanhados por alterações a nível ambiental, assegurando que os produtos alimentares mais saudáveis são a escolha mais fácil para o consumidor e que a rotulagem é esclarecedora. Só assim é possível a ocorrência das alterações ambientais necessárias à redução do sal adicionado aos alimentos e à redução do consumo de alimentos naturalmente ricos em sal na população(52). Por sua vez, a avaliação e monitorização contínua da implementação das políticas e da composição nutricional dos alimentos processados deve ser uma parte vital da estratégia implementada para assegurar que as reduções de sal estão a ser cumpridas, suportando assim o desenvolvimento de políticas e intervenções mais eficazes(66, 69).

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ARTIGO DE OPINIÃOOPINION ARTICLE

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9º CONGRESSO PORTUGUÊS DE HIPERTENSÃO E RISCO CARDIOVASCULAR GLOBAL9TH INTERNATIONAL MEETING ON HYPERTENSION AND GLOBAL CARDIOVASCULAR RISK

POSTERS

ID 167MEDIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL: COMPARAÇÃO ENTRE 4 MÉTODOSPawel Sierzputowski, Carlos Moreira, Paula Alcântara - Hospital Santa Maria, Serviço de Medicina I (Dir. Prof. J. Braz Nogueira)

A medição da pressão arterial (PA) com o esfingonanômetro continua a ser gold standard para diagnóstico e controlo da hipertensão arterial, embora quando mal executado pode ser impreciso. As orientações recomendam monitorização ambulatória da PA (MAPA) de 24 horas e medição da PA no domicílio, no entanto para sua execução estas técnicas necessitam de tempo e colaboração do doente. O objectivo deste resumo é apresentar os resultados prévios de um estudo prospetivo em realização e que pretende comparar as várias formas de avaliação da pressão arterial. Material e Métodos: Estudo prospectivo para avaliar precisão da Pressão Arterial Automática no Consultório (PAAC) como um novo método de controlo da PA em doentes hipertensos. Foram comparados os valores da PAAC com os valores da PA, avaliados com 3 métodos amplamente aceites: PA avaliada no consultório, MAPA de 24 horas e medição da PA no domicílio, tendo ainda sido estudada a relação com a pressão aórtica central. O modelo estatístico usado foi a correlação de Pearson com método de bootstap tendo-se considerado significativo valores de p<0,01 “two-tailed probabilities”. Foram avaliados 15 doentes hipertensos (60% homens; idade média: 64,53 anos). A análise estatística efetuada apenas permitiu verificar que a melhor relação foi obtida entre a pressão arterial no consultório com pressão aórtica (r=0,988; p<0,01) e a pressão automática no consultório (r=0,982; p<0,01), tendo estas correlações apresentado o menor erro, quer a nível da pressão sistólica como da diastólica. A relação com as pressões ambulatórias, quer as avaliadas por MAPA, quer as avaliadas no domicílio não foi significativa. Conclusão: Este estudo mostra a boa correlação entre os métodos que apresentam metodologia semelhante (medição no consultório, medição automática no consultório), não se detetando relações significativas entre estes e os métodos de ambulatório o que está de acordo com a literatura.

ID 32ACOMPANHAMENTO DE DOENTES COM HTA SECUNDÁRIA INTERNADOS NO SERVIÇO DE CIRURGIA DO CHLN-HSM EM 2014Tiago Sepúlveda Santos (1), Igor Miguel Nunes (1), Sara Croca (1), Alberto Figueira (2), José Rocha (2), Leonor Carvalho (1), J. Braz Nogueira (1) - 1-Serviço de Medicina I-C - CHLN-HSM; 2-Serviço de Cirurgia Geral - CHLN-HSM

Introdução: A hipertensão arterial (HTA) é uma causa extremamente frequente de morbi-mortalidade cardiovascular, com uma prevalência de cerca de 60%. Em 20% dos casos pode ser identificada uma causa secundária, como acontece com a síndrome de apneia obstrutiva do sono, o hiperaldosteronismo primário e a doença renovascular. Menos frequentemente, a etiologia poderá estar associada a outras patologias, nomeadamente a feocromocitomas, reninomas e ganglioneuromas. Objectivos: Os autores pretendem fazer uma análise retrospectiva dos casos de hipertensão secundária que motivaram a colaboração multidisciplinar entre os serviços de Medicina e Cirurgia Geral de um Centro Hospitalar Universitário durante o ano de 2014. Material e Métodos: Serão apresentados 6 casos clínicos de hipertensão secundária: 4 feocromocitomas, 1 reninoma e 1 ganglioneuroma, descrevendo-se a sintomatologia, marcha diagnóstica, intervenção terapêutica pré-cirúrgica e follow-up em consulta. Resultados/Conclusão: Na totalidade dos casos apresentados, a cirurgia foi curativa e todos os doentes apresentaram bom controlo tensional em reavaliações posteriores. Conclui-se, portanto, que a HTA é uma entidade nosológica com elevada prevalência, que numa minoria dos casos se deve a uma causa secundária. Nestes, pode ser tentada uma abordagem com intuito curativo, sendo impreterível a colaboração multidisciplinar para o sucesso terapêutico. ID 140PERFIL DE EVOLUÇÃO DA DIABETES MELLITUS E O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL NO CONTROLO DA HIPERTENSÃO ARTERIALSara Brandão Machado, Ângela Mota, Rui Marques, Edite Nascimento, António

Monteiro - Centro Hospitalar Tondela-Viseu - Serviço de Medicina Interna

Introdução: A diabetes mellitus (DM) e a hipertensão arterial ocorrem frequentemente juntas, havendo uma sobreposição substancial entre a DM e a hipertensão arterial na etiologia e mecanismos de doença, resultando numa morbilidade e mortalidade cardiovasculares significativas. Objetivos: Analisar a escolha das classes de fármacos e as suas associações nos doentes seguidos em consulta de Diabetologia com tensão arterial controlada, assim como a influência do tempo de evolução da doença diabética e respetivo índice de massa corporal dos doentes seleccionados. Material e Métodos: Realizou-se um estudo de coorte transversal retrospetivo de todos os doentes observados na consulta de Diabetologia hospitalar durante um período de 1 ano. Os critérios de exclusão foram doentes com tensão arterial não controlada ou não hipertensos. Incluíram-se de um total de 148 doentes observados durante um ano na consulta de Diabetologia os doentes com hipertensão controlada (n=80) à última consulta de seguimento do ano de 2014. Colheram-se dados demográficos, respetivos a controlo de hipertensão arterial como definido pela sociedade europeia de cardiologia, a índice de massa corporal (IMC) obtido nos registos de enfermagem, a tempo de evolução da DM e a terapêutica farmacológica antihipertensora em curso, através do sistema informático ALERT e SClínico. Resultados e Conclusões: Propomo-nos a discutir os resultados da associação do perfil de evolução da DM e do IMC com o recurso às classes farmacológicas disponíveis no tratamento da hipertensão. Espera-se confirmar um recurso a maior número de fármacos de diferentes classes terapêuticas quanto maior o tempo de evolução da doença e maior o IMC. Pretende-se ainda discutir e avaliar o cumprimento das recomendações clínicas neste grupo de doentes controlados.

ID 154CARACTERIZAÇÃO DOS DOENTES HIPERTENSOS COM COMPLICAÇÕES DE UMA UNIDADE DE SAÚDE FAMILIAR DE LISBOA – ESTUDO DESCRITIVO, RETROSPECTIVOSara de Sousa Rocha, Margarida Romão, Irene Trindade, Vasco Varela - Unidade de Saúde Familiar Descobertas

Introdução: A Hipertensão Arterial (HTA) constitui a maior causa de mortalidade e de morbilidade com grave impacto social em Portugal. O principal objectivo deste trabalho foi caracterizar os doentes hipertensos com complicações de uma Unidade de Saúde Familiar (USF). Material e Métodos: Estudo observacional, descritivo, transversal; dados obtidos a partir do módulo de estatística do sistema informático da USF (MedicineOne®). Amostra: todos os utentes codificados com o diagnóstico de HTA com complicações (K87 do ICPC-2). Varáveis estudadas: idade, sexo, IMC, tipo de complicação da HTA (cardíaca, cerebro-vascular, renal, oftalmológica e DAP), classe de medicação anti-HTA, monoterapia ou associação, total de fármacos anti-HTA, co-morbilidades (diabetes, dislipidémia e tabagismo). Tratamento estatístico descritivo dos dados (Excel 2007®). Resultados: Identificaram-se 601 utentes com diagnóstico K87; 53,4% do sexo feminino; média de idades 74,4 anos. Cerca de 39% com IMC≥30. Identificaram-se complicações cardíacas em 70,7% e cerebro-vasculares em 60,8%. Mais de metade tinha dislipidémia; 37,3% eram diabéticos e 8,8% fumadores. Realizavam em média 2,3 fármacos anti-HTA; 51,1% em associação, a mais frequente ARAII/diurético (49%). Os IECA foram os mais prescritos em monoterapia (38,6%). Discussão: As complicações cardíacas incluiram alterações ecocardiográficas e do ECG associadas à HTA, o que significa que nestes doentes ainda é possível prevenir eventos cardíacos major. As co-morbilidades identificadas deverão ser também alvo de terapêutica agressiva. Apesar das limitações deste trabalho (9% dos doentes sem registo de medicação anti-HTA; ausência de informação sobre controlo dos valores de PA), o número médio de fármacos anti-HTA prescritos parece baixo para o objectivo de controlo apertado dos valores de PA. Conclusão: A caracterização dos doentes hipertensos com complicações é importante para adequar estratégias de abordagem e diminuir a morbilidade e mortalidade.

ID 156PATOLOGIA RARA COMO DESAFIO DIAGNÓSTICO NA HIPERTENSÃOAna Filipa Matos, Marta Fournier, Joana Rodrigues, Fernanda Mendes - Centro Hospitalar Lisboa Norte

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Introdução: A hipertensão arterial (HTA) é fator de risco major de doença cardiovascular, associada a elevada morbilidade e mortalidade. Dependendo do método de averiguação, 80 a 95% dos hipertensos têm diagnosticada hipertensão essencial. Os restantes 5 a 20% apresentam causa aparente para elevação da tensão arterial. A doença renal e das suprarrenais representam as causas mais comuns de hipertensão secundária. Apresenta-se um caso de HTA em doente com carcinoma de células renais (CCR) e feocromocitoma. Caso Clínico: Doente do sexo masculino, 68 anos, antecedentes de neoplasia da laringe. Acompanhado desde 2012 em consulta de hipertensão arterial, controlada com antagonista dos recetores de angiotensina e tiazida. Referência a episódios esporádicos e autolimitados de palpitações. Da investigação complementar destaca-se elevação de metanefrinas urinárias e TC Renal com nódulo de 3,5 cm na vertente posterior do rim esquerdo e nódulo hipercaptante na glândula suprarrenal esquerda. A PET SCAN para estadiamento do processo neoformativo, revelou metastização óssea, mediastínica e pulmonar. Resultado anátomo-patológico compatível com infiltração por carcinoma mas inconclusivo para a localização primária. Procedeu-se a nefrectomia radical e adrenalectomia esquerdas cuja anatomia-patológica das peças operatórias foi de CCR, tipo células claras (rim) e feocromocitoma (suprarrenal). Conclusão: Praticamente todos os distúrbios renais podem causar hipertensão, enquadrando-se os tumores nessas causas secundárias. Por outro lado, a HTA é fator predisponente ao desenvolvimento de CCR. Os feocromocitomas são tumores neuroendócrinos raros, esporádicos ou hereditários, cujo diagnóstico identifica uma causa potencialmente corrigível de HTA. Atualmente a maioria é diagnosticada de forma incidental aquando da realização de exames radiológicos por outras indicações. O tratamento pressupõe a extração cirúrgica, impondo-se vigilância a longo prazo, mesmo em casos de aparente cura.

ID 159AVALIAÇÃO DOS PÂRAMETROS RESPONSÁVEIS PELO USO DA ASSOCIAÇÃO DE FÁRMACOS ANTI-HIPERTENSORESMicaela Batista (1), Manuel de Carvalho Rodrigues (2), Margarida Madruga (1), António Peixeiro (3), Luís Bronze (4), Miguel Castelo Branco (5) - 1-UCSP Covilhã; 2-Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar da Cova da Beira - Hospital Pêro da Covilhã e Faculdade de Ciências da Saúde; 3-Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar Cova da Beira – Hospital Pêro da Covilhã; 4-Centro de Investigação Naval e Faculdade de Ciências da Saúde, Mestrado Integrado de Medicina; 5-Centro Hospitalar Cova da Beira e Faculdade de Ciências da Saúde, Mestrado Integrado de Medicina

Objetivo: Avaliar quais os parâmetros que influenciam a associação de fármacos, numa população de doentes seguidos em Medicina Geral e Familiar. Métodos: Análise retrospetiva de uma população de 517 doentes hipertensos, de uma população de doentes seguidos em Medicina Geral e Familiar. Valorizaram-se a idade, sexo, pressão arterial sistólica (PAS); pressão arterial diastólica (PAD), frequência cardíaca (FC) e o número de fármacos que constituem a terapêutica de cada doente. A pressão arterial foi avaliada pelo mesmo operador, em doente ambulatório, sentado, com duas medições consecutivas por método oscilométrico (2-3 minutos entre observação). Foram valorizados os registos mais elevados. Dividiram-se os doentes em dois grupos mediante o uso de ≥3 agentes (grupo 2), ou ≤2 agentes terapêuticos (grupo 1). Comparam-se estatisticamente (SPSS, versão 20) os dois grupos em relação aos dados basais (idade e sexo), bem como em relação a PAS, PAD e FC. Procedeu-se a correlação linear entre a PAS/idade e entre PAD/idade. Resultados: Vide quadro abaixo para comparação entre os grupos. Os gráficos apresentam a reta linear de regressão entre PAS e PAD com a idade, para toda a população (respetivamente R2=0,03; R2=0,08). Conclusão: Nesta população, de idade avançada, o uso de fármacos anti-hipertensores em associação parece ter sido condicionado pela pressão arterial sistólica. A idade apresenta correlação positiva com a PAS, ao contrário da PAD, cuja relação com a idade é inversa, sugerindo um possível efeito positivo da terapêutica neste parâmetro. ID 160CARACTERIZAÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL NUMA POPULAÇÃO DE DOENTES SEGUIDOS EM MEDICINA GERAL E FAMILIAR DO INTERIOR PORTUGUÊSMicaela Batista (1), Manuel de Carvalho Rodrigues (2), Margarida Madruga (1), António Peixeiro (3), Luís Bronze (4), Miguel Castelo Branco (5) - 1-UCSP

Covilhã; 2-Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar da Cova da Beira - Hospital Pêro da Covilhã e Faculdade de Ciências da Saúde; 3-Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar Cova da Beira – Hospital Pêro da Covilhã; 4-Centro de Investigação Naval e Faculdade de Ciências da Saúde, Mestrado Integrado de Medicina; 5-Centro Hospitalar Cova da Beira e Faculdade de Ciências da Saúde, Mestrado Integrado de Medicina

Objetivo: Caracterizar a prevalência de utentes hipertensos tratados, a distribuição por idade e sexo, a terapêutica/controlo terapêutico da hipertensão arterial, em Medicina Geral e Familiar, numa população do Interior de Portugal. Métodos: De uma população de 1631 utentes, seguidos em Medicina Geral e Familiar, numa freguesia urbana do Interior, valorizaram-se os registos dos doentes conhecidos como hipertensos (registos de pressão arterial obtidos com o paciente sentado, pelo método oscilométrico, pelo menos duas medições separadas entre si em cerca de 2 a 3 minutos, valorizando-se os valores mais elevados). Calcularam-se as distribuições daqueles pacientes por idade e por sexo. Valorizou-se o número de agentes terapêuticos por doente. Valorizou-se a lesão de órgão alvo e o controlo dos valores tensionais. Resultados: A prevalência global de doentes hipertensos tratados na população estudada foi de 539 utentes (539/1631=33,0%), com idade média de 68,8±12,7 anos, do sexo feminino 339 utentes (339/539=62,8%). A distribuição das frequências por idade e sexo apresenta-se nos gráficos abaixo: (SPSS Package, Chicago Illinois). A distribuição da terapêutica foi a seguinte: 1 classe terapêutica 21,3%; 2 (49,5%); 3 (24,2%); 4 (4,8%) e 5 (0,2%). Em 13,0 % dos utentes hipertensos havia documentação de lesão de órgão; em 78,7% não havia evidência de lesão de órgão e em 8,3% a pressão arterial não estava controlada. Conclusão: Na amostra estudada, achou-se uma prevalência de cerca de 33% para a HTA tratada, a totalidade dos utentes está medicada (78,7%, com associação de 2 ou mais classes de fármacos), a maioria são mulheres, com distribuição etária predominante (nos dois sexos) entre os 60-80 anos. A maioria dos doentes não apresentava lesão de órgão alvo. ID 50DEPRESSÃO E DOENÇA CARDIOVASCULAR: UMA ASSOCIAÇÃO INDESEJADASara Pessoa, Inês Calvinho, Mara Galo - USF Oriente

Introdução: Tanto a doença cardiovascular (DCV) como a perturbação depressiva major (PDM) são patologias prevalentes e causas comuns de incapacidade em países desenvolvidos. Deste modo, torna-se imperativo compreender como as duas se interrelacionam. Objetivo: Realizar uma revisão da literatura existente sobre a relação entre PDM e DCV. Materiais/Metodologia: Pesquisa na Medline, na American Heart Association e na European Society of Cardiology de normas de orientação clínica e artigos de revisão em inglês e português publicados entre 2008-2014. Palavras-chave: “Cardiovascular disease”, “Depression”. Foram selecionados 10 artigos. Resultados: Os estudos confirmam a associação da PDM com o aumento da morbi-mortalidade cardiovascular em doentes com doença coronária, insuficiência cardíaca e fibrilhação auricular. Recomendam ainda considerar a PDM um fator de risco de mau prognóstico após a ocorrência de síndrome coronário agudo. Verifica-se ainda que em indivíduos saudáveis, a PDM é um preditor independente do desenvolvimento e progressão de doença coronária. Vários estudos apresentam mecanismos (fisiológicos e comportamentais) que potencialmente explicam esta associação. Alguns estudos recomendam o rastreio de patologia depressiva nestes doentes, assim como o seu tratamento precoce através de psicoterapia, terapêutica farmacológica ou uma combinação destes métodos, não estando ainda esclarecido o seu efeito sobre o prognóstico. Conclusão/Discussão: Os estudos demonstram que a PDM aumenta o risco para o desenvolvimento de doença coronária e de outras doenças cardiovasculares, assim como para pior prognóstico quando estas estão presentes. Recomendam ainda o seu rastreio e tratamento, não havendo, no entanto, evidência da repercussão deste sobre o prognóstico da DCV.

ID 54HIPERTENSÃO NA GRÁVIDADiana Neto, Teresa Vieira de Abreu - USF Venda Nova

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Introdução/Objetivos: Os distúrbios hipertensivos representam um dos principais problemas de mortalidade materna relacionada com a gravidez em todo o mundo. A presença de hipertensão arterial (HTA), valores de tensão arterial sistólica (PAS)≥140mmHg ou valores de tensão arterial diastólica (PAD)≥90mmHg, durante a gravidez, requer vigilância cuidada, face aos riscos acrescidos sobre a mãe e feto e pode ocorrer sob diversas formas incluindo: hipertensão pré-existente, gestacional, sem proteinúria ou com proteinúria ≥ 300 mg/24 h(pré-eclâmpsia). Este trabalho tem como objetivo a revisão da abordagem do tratamento da HTA durante a gravidez. Métodos: Pesquisa de artigos de revisão nas bases de dados Medline, Cochrane Library, UpToDate, Pubmed e Science Direct, publicados nos últimos 10 anos, nas línguas inglesa e portuguesa, utilizando os termos Mesh: ´hypertension´, ´pregnancy´. Resultados: A HTA em gestantes requer cuidados diferentes daqueles que são fornecidos à população em geral, já que nem sempre a normalização da PA é desejável. Segundo dados da European Society of Hypertension, o tratamento da HTA na grávida deve ser iniciado a partir de valores de PAS≥150 ou PAD≥95mmHg. Como fármaco de 1º linha, com um longo período de experiência de uso e segurança, tem-se a metildopa. Outros têm sido prescritos tais como a nifedipina, a hidralazina que só deve ser usada em combinação com a metildopa e a hidroclorotiazida que é útil na HTA pré-existente e segura em doses baixas. É fundamental o conhecimento dos efeitos adversos e interacções com outros medicamentos. Como fármacos contra-indicados na gravidez encontram-se os inibidores da enzima conversora de angiotensina, antagonistas dos receptores de angiotensina e o atenolol. Discussão: A HTA é a complicação médica mais frequente na gravidez e a principal causa de morbilidade e mortalidade materna e perinatal. A principal finalidade do tratamento anti-hipertensivo é a sua eficácia, com segurança para a mãe e para o feto.

ID 59A REABILITAÇÃO CARDÍACA MELHORA A RESPOSTA DA PRESSÃO ARTERIAL AO EXERCÍCIOMário Santos, André Luz, Inês Silveira, Maria João Sousa, Bruno Brochado, Patricia Rodrigues, Ana Barreira, Sofia Viamonte, José Preza Fernandes, Severo Torres - Centro Hospitalar do Porto

Introdução: Durante o exercício, o aumento fisiológico da pressão arterial (PA) deve-se à maior diminuição das resistências vasculares sistémicas face ao incremento do débito cardíaco. A redução desta resposta vasodilatadora associa-se a menor capacidade aeróbia máxima e pior prognóstico em doentes com patologia cardiovascular. O nosso objetivo foi estudar o impacto de um programa de reabilitação cardíaca (PRC) na resposta da PA ao esforço em doentes pós-enfarte agudo do miocárdio (EAM). Métodos e Resultados: Procedemos a uma análise retrospectiva de doentes pós-EAM consecutivamente referenciados ao PRC que compreende 2 sessões semanais de exercício durante 8-12 semanas. Excluímos os doentes com alterações na medicação anti-hipertensora durante o PRC. Os doentes realizaram prova de esforço máxima no início e final do programa. A resposta da PA ao exercício foi avaliada pela PA sistólica (PAsist) máxima e pelo rácio da PAsist máxima pelos METs máximos atingidos. Dos 226 doentes estudados com idade média de 57±11 anos, 83% eram homens, e apresentavam uma significativa prevalência de hipertensão arterial (HTA; 51%). Quer a PAsist máxima (153±22 vs 157±26 mmHg; p=0.02), quer a capacidade aeróbia máxima (9.0±2.1 vs 10.5±2.0 METs; p<0.001) aumentaram no final do PRC. A resposta da PAsist máxima ajustada à capacidade aeróbia máxima atingida foi significativamente menor (18.1±6.1 vs 15.5±4.1 mmHg/MET; p<0.001) no final do PRC. Apesar de se ter verificado uma melhoria na resposta da PA ao exercício nos doentes com HTA (19.5±5.9 vs 16.4±4.4 mmHg/MET; p<0.001), no final do programa eles mantinham uma resposta tensional significativamente maior (16.4±4.4 vs 14.6±3.5 mmHg/MET; p<0.001) do que os doentes não hipertensos. Conclusões: O PRC promove uma redução da pós-carga ventricular esquerda durante o exercício em doentes com cardiopatia isquémica. Apesar de também melhorarem, os doentes com diagnóstico prévio de HTA mantêm uma resposta da PA ao exercício aumentada.

ID 70HIPERTENSÃO ARTERIAL RENOVASCULARMafalda Costa Pereira, Cristina Marques, Joaquim Monteiro - Centro Hospitalar Póvoa de Varzim Vila do Conde

Homem, 71 anos, analfabeto, autónomo, ex-operário fabril. Admitido em consulta de

Medicina Interna em 2009 por risco cardiovascular alto. SCORE de Framingham - 25,6%. Diagnóstico principal - Hipertensão Arterial (HTA) grau II com 10 anos de evolução, de difícil controlo com a terapêutica instituída. Salientava-se nível socioeconómico desfavorável e suspeita de má adesão à prescrição médica. Referia queixas de dor episódica na região lombar direita, sem outros sintomas. Sem doença cardiovascular conhecida na família. Ao exame objectivo apresentava obesidade com aumento do perímetro abdominal, sem outras alterações antropométricas de relevo; não foram detetados sons patológicos ao exame por sistemas, nem índices de pressão arterial significativos entre membros. Da avaliação complementar, a Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial revelou HTA sistólica nas 24 horas com perfil dipper; o electrocardiograma, o ecocardiograma e ecografia-doppler carotídea não apresentaram alterações de relevo. Constatou-se Doença Renal Crónica classe II da National Kidney Foundation, sem evidência de microalbuminúria. A ecografia-doppler renal revelou rim direito atrófico, sem deteção de outras anomalias. Em 2011 surge microalbuminúria relevante. Avaliado em consulta de Nefrologia, foram consideradas “exclusão” do rim direito por provável processo litiásico, e proteinúria no contexto de rim único funcionante, sem indicação para estudo das artérias renais, tendo tido alta. Realizados vários ajustes na terapêutica com associação de fármacos, mantinha pressão arterial descontrolada. Em 2012 o ecocardiograma apresentava sinais de cardiopatia hipertensiva, de novo. Realizada angio-tomografia renal, esta revelou artéria renal direita com calibre reduzido em toda a sua extensão e fenómenos de ateromatose. Avaliado por Cirurgia Vascular, sem lesões focais passíveis de tratamento endovascular, foi encaminhado para consulta de Urologia tendo realizado nefrectomia direita.

ID 80TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO CULTURAL DO QUESTIONÁRIO HILL-BONE DE ADESÃO À TERAPÊUTICA ANTIHIPERTENSORA PARA PORTUGUÊSLuís Nogueira Silva (1), Ana Sá-Sousa (2), Maria João Lima (3), Agostinho Monteiro (4), João A Fonseca (5) - 1-Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar S. João, Porto; CINTESIS, Faculdade de Medicina, Universidade do Porto; 2-CINTESIS, Faculdade de Medicina, Universidade do Porto; 3-Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar S. João, Porto; 4-Faculdade de Medicina, Universidade do Porto; 5-CINTESIS, Faculdade de Medicina, Universidade do Porto; Unidade de Alergologia, Instituto CUF Porto e Hospital CUF Porto

Introdução: A hipertensão arterial (HTA) é extremamente prevalente em todo o mundo e a proporção de doentes controlados permanece baixa. A má adesão à terapêutica dificulta o controlo da doença e contribui para a ocorrência de eventos cardiovasculares. Não existe nenhum questionário em Português imediatamente disponível para a avaliação da adesão a fármacos antihipertensores. O nosso objetivo é realizar a tradução e adaptação cultural do questionário de adesão Hill-Bone, um instrumento validado em doentes com HTA. Métodos: Foi utilizado um processo formal, consistindo numa tradução para Português por 2 tradutores independentes, seguida de uma retroversão para Inglês por um terceiro tradutor. As discrepâncias foram discutidas e resolvidas após cada passo. Doentes com HTA foram envolvidos de forma a identificar e corrigir construções de frases e escolhas de palavras que provocaram problemas de compreensão. Resultados: A tradução e retroversão não produziram discrepâncias relevantes. Contudo, foram identificados problemas de compreensão importantes quando o questionário foi apresentado aos doentes, o que motivou alterações na elaboração das perguntas e no formato do questionário. Discussão: Os questionários são instrumentos importantes na avaliação da adesão à terapêutica, em particular na HTA. O processo formal de tradução e adaptação cultural visa garantir que a nova versão mantém os mesmos conceitos que o original. Várias alterações foram necessárias para garantir que o questionário é corretamente interpretado por indivíduos idosos e com baixa literacia, características de grande parte dos doentes hipertensos. Propomos a versão Portuguesa do Questionário Hill-Bone de Adesão à Terapêutica Antihipertensora que deverá ser validada em estudos futuros. ID 91CONTROLO TENSIONAL NA DISSEÇÃO AÓRTICA – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

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Rita Bettencourt-Silva (1), Ana Elisa Costa (2), Jorge Oliveira (2) - 1-Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, Centro Hospitalar de São João, EPE, Porto; 2-Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar de São João, EPE, Porto

A disseção da aorta (DA) é uma patologia pouco comum mas potencialmente fatal. O diagnóstico e tratamento precoces são essenciais. Para minimizar o stress da parede aórtica é necessário diminuir a frequência cardíaca e a tensão arterial (TA) sistólica para 100-120 mmHg. O tratamento a longo prazo também inclui o controlo da TA e de outros fatores de risco cardiovascular (FRCV). Descreve-se o caso de um doente do sexo masculino, 83 anos, com fibrilhação auricular (FA), hipocoagulado, síndrome vertiginoso e neoplasia prostática. Medicado com varfarina, beta-histina e silodosina. Admitido no Serviço de Urgência por epigastralgia súbita intensa com irradiação dorsal, sem outros sintomas. Apresentava-se pálido, bem perfundido, com pulsos periféricos simétricos, TA 149/86 mmHg, FC 76 bpm, SatO2 96% (ar ambiente). Eletrocardiograma com FA, sem sinais de isquemia. Sem elevação dos marcadores de necrose miocárdica, anemia ou insuficiência renal. Excluído sindrome coronário agudo, colocada hipótese de DA, pelo que realizou angio-TC, que mostrou DA toraco-abdominal, da emergência da carótida esquerda até à bifurcação das ilíacas, sem sinais de rotura. No ecocardiograma não se identificou flap na aorta ascendente proximal. Assumida DA tipo B Stanford com progressão proximal, sem comprometimento da aorta ascendente ou valvular, sem sinais de isquemia visceral ou dos membros inferiores. Avaliado por colegas de Cirurgia Cardio-Torácica e Vascular, com indicação para tratamento conservador. Foi iniciada terapêutica anti-hipertensora para atingir valores alvo, iniciando terapêutica endovenosa sob monitorização. Pretende-se realçar os fármacos utilizados, a sua titulação e o valor alvo a atingir. Repetiu angio-TC que foi sobreponível ao de admissão e teve alta assintomático após 21 dias, orientado para consulta. Este caso alerta para a importância do controlo tensional e de outros FRCV, a curto e a longo prazo, no tratamento conservador da DA. ID 131HIPERTENSÃO NO GRANDE IDOSO: TRATAR OU NÃO TRATAR?Teresa Moura Bastos (1), Tânia Dias (2), Sofia Azenha (2) - 1-UCSP Sul; 2-USF Famílias

Introdução: As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte, sendo a hipertensão arterial o fator de risco cardiovascular mais prevalente. A diminuição da pressão arterial (PA) em hipertensos com idade ≤ 65 anos reduz a ocorrência de eventos cardiovasculares e morte. No que diz respeito ao grande idoso (≥ 80 anos) esta temática gera controvérsia. Objetivos: Rever a evidência existente quanto ao benefício do tratamento anti-hipertensor na diminuição de eventos cardiovasculares major e mortalidade no grande idoso. Metodologia: Pesquisa na Medline e em sites de medicina baseada na evidência por artigos publicados entre Janeiro de 2004 e Agosto de 2014 nas línguas inglesa, espanhola ou portuguesa, com as palavras-chave ´Hypertension/therapy´ AND ´Aged, 80 and over´. Recurso à escala SORT para atribuição de níveis de evidência (NE) e forças de recomendação (FR). Resultados: Dos 225 artigos encontrados, 8 cumpriam os critérios de inclusão. Segundo as NOCs, o tratamento anti-hipertensor reduz a incidência de acidente vascular cerebral (AVC) e morbilidade cardiovascular e aumenta a mortalidade por outras causas (FR 1A). No utente com boa condição física e psicológica os valores de PA devem rondar os 150-140 mmHg (FR IB), caso contrário, o tratamento deve ser individualizado e monitorizado pela clínica (FR IC). A MA corrobora a redução do risco de AVC, eventos cardiovasculares e insuficiência cardíaca (IC) (FR1). Os ECs revelam benefício no controlo da PA até valores de 150/80 mmHg por diminuir o risco de morte cerebrovascular e IC (NE 1). Valores inferiores associam-se a maior risco destes eventos (NE 2). Os resultados relativamente à mortalidade total são heterogéneos (FR 1). Conclusão: O benefício global do tratamento anti-hipertensor no grande idoso é questionável. A redução da mortalidade é conseguida nos ensaios com menor redução da PA e terapêutica menos intensiva. Não há necessidade de suspender um tratamento bem tolerado quando o utente atinge 80 anos.

ID 132HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA POR PARAGANGLIOMAFrederico Trigueiros (1), Nuno Jacinto (1), António Alves (2), Catarina Madaleno

(1), Ana Júlia Pedro (1), João Meneses (1) - 1-Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar de Lisboa Norte, E.P.E., Serviço de Medicina 2 - Clínica Universitária de Medicina; 2-Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar de Lisboa Norte, E.P.E., Serviço de Anatomia Patológica, a Universitária de Medicina

O paraganglioma é um tumor neuroendócrino com origem em células cromafins de localização extra supra-renal podendo produzir catecolaminas. É uma causa rara de hipertensão arterial contribuindo com o Feocromocitoma para 0,05-0,1% de todas as causas de Hipertensão arterial. Um doente de 39 anos tinha hipertensão arterial com 10 anos de evolução, medicada com perindopril 2,5mg id e lombalgia esquerda desde há 3 semanas. Sem cefaleia, sudorese ou hipotensão ortostática. Os valores tensionais sistólicos estavam entre 115-153 mmHg e os diastólicos entre 63-88 mmHg. Exame objectivo normal, sem sopro à auscultação das artérias renais e com pulsos periféricos amplos, simétricos e síncronos. Identificou-se massa latero-aórtica esquerda, envolvendo o hilo renal. Os doseamentos das catecolaminas na urina de 24 horas foram normais: adrenalina não detectável, noradrenalina 23,3µg (15-80), dopamina 196,3µg (64.8-399), normetanefrina 355,3µg (105-354) e metanefrina 122.2µg (74-297). Fez-se a excisão tumoral com nefrectomia e adrenalectomia e colocou-se prótese vascular. A histopatologia revelou proliferação de células dispostas em ninhos (Zellballen), nalgumas áreas rodeadas por células sustentaculares (pS100 +), com tumor na margem cirúrgica, paraganglioma. Passados dois anos, encontrava-se assintomático, com valores tensionais dentro da normalidade sem terapêutica anti-hipertensora e sem evidência imagiológica de recidiva tumoral. Os paragangliomas são mais frequentes nas regiões da cabeça e pescoço, vindo a localização abdominal em segundo lugar. Em número significativo são responsáveis por hipertensão arterial, admitindo-se a hiperfunção adrenérgica como causa dessa manifestação. Os doseamentos das catecolaminas podem ser normais em período de ausência de hipersecreção. Num número significativo de doentes, a hipertensão arterial tem cura após a remoção do tumor, sendo que a sua continuidade resulta da persistência da doença tumoral ou de hipertensão essencial concomitante.

ID 143AVALIAÇÃO DO RECURSO A ASSOCIAÇÕES FIXAS DE ANTIHIPERTENSORES NUMA CONSULTA DE DIABETOLOGIA HOSPITALARSara Brandão Machado, Ângela Mota, Rui Marques, Edite Nascimento, António Monteiro - Centro Hospitalar Tondela-Viseu - Serviço de Medicina Interna

Introdução: O elevado perfil de risco cardiovascular dos doentes diabéticos impõem a utilização de várias classes de fármacos para o controlo da hipertensão arterial (HTA). Deste modo, a utilização de associações fixas toma relevância para obtenção deste objetivo. Objetivos: Verificar através de que classes terapêuticas, fármacos e doses estavam controlados os doentes hipertensos da consulta de Diabetologia. Avaliar a prevalência de associações fixas nos doentes com hipertensão arterial controlada. Material e Metodos: Realizou-se um estudo transversal de uma consulta de Diabetologia hospitalar durante o ano de 2014. Foram selecionados os doentes com hipertensão controlada (n=80) de acordo com as guidelines de hipertensão arterial. Analisaram-se classes, fármacos e doses implicadas no controlo da HTA nestes doentes, recorrendo-se aos registos das consultas nos programas informáticos SClínico e Alert. Resultados e Conclusões: Pretende-se confirmar a percentagem de doentes sob monoterapia vs. terapêutica dupla, tripla ou quadrupla no controlo eficaz da tensão arterial. Demonstrar os resultados comparativos encontrados dentro da mesma classe farmacológica e doses respetivas, esperando-se um maior recurso a antagonistas dos canais de cálcio.

ID 144SÍNDROME DE CUSHING - QUANDO A HIPERTENSÃO É APENAS UM SINALCarla Patrícia Silva, Arminda Santos, Sofia Faria, Sílvia Martins - Unidade de Saúde Familiar Lagoa, ULS Matosinhos

Enquadramento: Embora a grande maioria dos doentes com hipertensão arterial

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9º CONGRESSO PORTUGUÊS DE HIPERTENSÃO E RISCO CARDIOVASCULAR GLOBAL9TH INTERNATIONAL MEETING ON HYPERTENSION AND GLOBAL CARDIOVASCULAR RISK

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(HTA) apresente a forma essencial, formas secundárias estão presentes em 5-20% dos casos. A Síndrome de Cushing é uma causa rara de HTA e define-se por uma exposição prolongada a glucocorticoides endógenos ou exógenos. Descrição do caso: Homem de 35 anos, raça caucasiana, fumador, com excesso de peso e síndrome depressivo. Em Janeiro de 2014 recorre à Médica de Família (MF) por apresentar dispneia para pequenos esforços e astenia marcada. É enviado ao Serviço de Urgência (SU) onde se constata uma policitemia, sendo realizada flebotomia. Recorre novamente à sua MF por manter os sintomas, associando-se a palpitações e aumento abrupto de peso. No exame físico, verifica-se a presença de HTA severa de novo, taquicardia e estrias violáceas abdominais. É encaminhado para o SU onde realiza ecografia abdominal e reno-pélvica que mostrou um nódulo com 67x54 mm na suprarrenal esquerda. O estudo analítico revelou um aumento do cortisol na urina das 24 horas (>1000µg/24h), catecolaminas urinárias e plasmáticas, ácido vanilmandélico e metanefrinas urinárias dentro da normalidade. No estudo pré-operatório, realizou ecocardiograma transtorácico que revelou uma hipertrofia ventricular esquerda concêntrica com disfunção diastólica. Foi submetido a adrenalectomia esquerda e o estudo histológico revelou Carcinoma Adrenocortical. Discussão: Este caso ilustra a importância de ter em mente as possíveis causas secundárias de HTA. Esta hipótese deve ser equacionada em jovens, perante uma elevação grave da pressão arterial, início súbito ou agravamento da HTA, HTA refratária e perante sinais sugestivos de uma causa específica. Na suspeita de uma forma secundária, o MF deve referenciar o doente para a realização dos procedimentos diagnósticos e tratamento adequados. O MF assume uma posição privilegiada pois, ao conhecer os antecedentes do doente, consegue reconhecer mais facilmente os sintomas que surgem de novo.

ID 147UM CASO DE NEFROPATIA HIPERTENSIVA – A IMPORTÂNCIA DA VIGILÂNCIA EM MGFAna Isabel de Azevedo Ramos (1), Lígia Serra de Carvalho (2) - 1-USF Espaço Saúde - ACeS Porto Ocidental; 2-USF Calâmbriga - ACeS Entre Douro e Vouga II Aveiro Norte

A Nefropatia Hipertensiva é uma patologia renal associada à hipertensão arterial (HTA). O diagnóstico é clínico, raramente com recurso a biópsia renal. O tratamento consiste no controlo do perfil tensional. Última linha será hemodiálise com transplante renal. Homem de 44 anos, casado, 2 filhos, agente comercial, fase V ciclo de vida de Duvall, Apgar familiar classe II. Antecedentes pessoais de Tabagismo, Dislipidemia (2009) e Psoríase (2012) sob terapêutica tópica. Sem medicação habitual. Sem seguimento regular no Médico de Família. Saudável até que recorre ao Serviço de Urgência do Centro Hospitalar do Porto por episódios recorrentes de cefaleia associada a náuseas e fadiga. Ao exame físico foi objetivada hipertensão grave. Analiticamente apesentava anemia, trombocitopenia e creatinina 11.9mg/L. Urina II com proteinuria, hemoglobinúria e cilindros. Foi admitido no Serviço de Nefrologia do CHP por Lesão renal de tempo indeterminado e Anemia hemolítica microangiopática e trombocitopénica. No internamento, realizou Ecografia e Doppler renal evidenciando nefropatia e veias renais com fluxo bidirecional; Ecocardiograma TT que evidenciou alterações compatíveis com sobrecarga; Biópsia renal com achados compatíveis com Nefropatia Hipertensiva. Durante o internamento, melhoria do perfil tensional após introdução de anti-hipertensores, permitindo o seu desmame e resolução da trombocitopenia e estabilidade hemoglobina. Por agravamento progressivo da função renal com congestão pulmonar, iniciou hemodiálise a 28/08/2014. Alta orientado para consulta de Nefrologia e Medico de Família e inscreveu-se para transplante renal. A HTA é um fator de risco para todas as manifestações da aterosclerose, constituindo um fator predisponente independente para a doença renal. O médico de família tem o dever de manter um contacto próximo com os seus utentes de modo a evitar situações irreversíveis. Cabe também ao utente procurar manter um seguimento regular no seu médico.

ID 151HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO DE LESÃO RENOVASCULARRaquel M. Salgado Sousa (1), Nina Alexandra Dinis de Freitas (2) - 1-USCP Vinhais; 2-USF HygeiaIntrodução: A Hipertensão Arterial (HTA) é o fator de risco major das doenças cardiovasculares. Segundo a European Society of Cardiology (ESH) 30 a 45% da

população europeia é hipertensa, com prevalência em Portugal de 40%. A HTA secundária é cada vez mais frequente nos cuidados de saúde primários. O caso clinico trata-se de uma HTA secunadaria associada a lesão reno-vascular. Caso Clínico Paciente sexo masculino, 61 anos, reformado. Fumador, obesidade grau I, HTA, DM tipo II e dislipidemia. Medicado com metformina 1g bid, rosuvastatina 20mg, olmesartan + Hidroclorotiazida 40mg + 25mg id, bisoprolol 5mg id, lercanidipina 10mg id. Doente recorre à consulta por tonturas, cefaleias e com TA em ambulatório >155/100mHg. O exame objetivo era normal detetando-se uma TAs de 170mmHg, TAd de 100mmHG e taquicardia de 105bpm. Realizou-se ajuste terapêutico: bisoprolol 10mg id, lercanidipina 20mg id, aconselhado a vigiar TA em ambulatório e agendada consulta com 2 semanas de intervalo para nova reavaliação. Os valores TA medidos em ambulatório mantinham-se elevados (>160/100mmHg) tendo-se optado por estudar uma causa secundária da HTA resistente ao tratamento. Do estudo, destacou-se na ecografia renal “atrofia parenquimatosa do rim direito com 8,1cm, o rim esquerdo tinha um diâmetro de 14cm traduzindo um rim compensador. O estudo doppler revelou alteração da permeabilidade da artéria renal direita com elevados índices de resistividade. Os índices de resistividade à esquerda eram normais”. O doente foi referenciado aos cuidados de saúde hospitalares que aguarda consulta. Conclusão: É importante avaliar e suspeitar as causas secundárias de HTA quando existe resistência ao tratamento, assim como, ter a certeza da adesão do doente à terapêutica. O diagnóstico precoce dos pacientes com suspeita de HT renovascular é fundamental devido ao risco de progressão para insuficiência renal e à isquemia renal causada pelas lesões estenóticas que limitam o fluxo sanguíneo da artéria renal.

ID 157URTICÁRIA E ANGIOEDEMA INDUZIDOS POR UM ANTAGONISTA DOS RECEPTORES ANGIOTENSINA – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICOMárcia Pereira Leite, Nádia Neri Marinho - USF Horizonte - ULS Matosinhos

Introdução: O angioedema é um efeito adverso raro dos Inibidores da Enzima Conversora da Angiotensina (IECA) e ainda menos frequente com os Antagonistas dos Receptores da Angiotensina (ARA). Usualmente tem uma instalação próxima do início do fármaco, o que auxilia no diagnóstico, mas pode ter um início tardio. Descrição: Homem de 67 anos, com antecedentes de hipertensão arterial, diabetes tipo 2, hipercolesterolemia e obesidade, medicado habitualmente com Candesartan 16mg + Hidroclorotiazida 12.5mg (desde 2007), Lercanidipina 20 mg, Metformina 1000 mg e Sinvastatina 10mg. A dose do Candesartan foi duplicada, em 2014, na consulta de Medicina Interna por mau controlo tensional. Recorreu ao Médico de Família por episódios recorrentes de edema dos lábios e da língua, com início três anos antes, mas agravamento no último mês. Apresentava simultaneamente lesões urticariformes nos membros, com resolução espontânea em algumas horas. O doente negava história de alergia alimentar e de picada de insecto. Foi referenciado ao Serviço de Urgência, onde fez tratamento sintomático para reacção alérgica. Por suspeita de angioedema relacionado com as bradicininas suspendeu-se o ARA (iniciou outro antihipertensor) e foi orientado para consulta de Imunoalergologia. Realizou testes de reacção de hipersensibilidade imediata, com resultado positivo para os ácaros do pó. Iniciou levocetirizina diariamente e prednisolona se recorrência das queixas. Reavaliado dois meses após a suspensão do ARA, sem recidiva de angioedema ou urticária. Discussão: O angioedema associado aos IECA ou ARA não é uma reacção alérgica, é mediado provavelmente pelo aumento dos níveis de bradicinina. A descontinuação do fármaco é fundamental, mantendo o controlo tensional com fármacos de outros grupos. O angioedema de início tardio pode ser um desafio diagnóstico e poderá ter tendência a aumentar dado o número crescente de doentes tratados com estes fármacos e aumento da duração da terapêutica.

ID 161ANGIOPLASTIA TRANSLUMINAL PERCUTÂNEA E HIPERTENSÃO ARTERIAL RENOVASCULAR: SÉRIE DE TRÊS CASOS CLÍNICOSCarolina Lã Belino (1), Susana Pereira (1), Marisa Passos Silva (2), Ana Cristina Carneiro (3), Vítor Martins (4), Daniel Brandão (4), Alexandra Canedo (4), Vítor Paixão Dias (3), João Carlos Fernandes (1) - 1-Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho, Serviço de Nefrologia; 2-Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho, Serviço de Cardiologia; 3-Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho, Serviço de Medicina Interna; 4-Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho, Serviço de Cirurgia Vascular

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Introdução: A Hipertensão Renovascular é uma causa frequente de Hipertensão Arterial (HTA) secundária, potencialmente corrigível. O papel da Angioplastia Transluminal Percutânea (ATP) no tratamento não está claro e as indicações são limitadas. Caso Clínico 1: Mulher, 47 anos, fumadora. Enviada por HTA grave desde os 38 anos e creatinina (Cr) 1,43 mg/dl. História familiar de HTA e morte precoce de causa cardiovascular. Do estudo constatou-se um trombo na artéria renal esquerda com rim atrófico e estenose renal direita significativa. Submetida a ATP com stent na artéria renal direita, com controlo da HTA e recuperação da função renal (FR) (Cr 1 mg/dl). Estudo genético com mutação do fator V de Leiden com risco trombótico elevado pelo que foi hipocoagulada. Caso Clínico 2: Homem, 51 anos, ex-fumador, antecedentes de HTA, Dislipidemia, Doença Renal Crónica (DRC) (creatinina 1,2 mg/dl), Excesso de Peso. Arteriografia dos membros inferiores em 2009 por isquemia IIB, tendo-se constatado estenose crítica da artéria renal esquerda, com ATP e colocação de stent. Em 2014 com desenvolvimento de HTA grave refractária e creatinina 2 mg/dl. No estudo constatou-se estenose crítica do rim direito. Submetido a ATP com stent, com controlo da HTA, redução dos fármacos e melhoria da FR. Caso Clínico 3: Homem, 70 anos, antecedentes de HTA, Fibrilhação Auricular, Dislipidemia e DRC (Cr 1,5-1,7 mg/dl). Enviado por HTA grave refractária. O estudo revelou hiperaldosteronismo por adenoma da suprarrenal direita e estenose importante da artéria renal esquerda. Iniciou espironolactona sem melhoria tensional. Submetido a ATP com stent, com eficácia no controlo tensional e redução dos hipotensores. FR estável. Conclusão: A HTA refractária grave e a insuficiência renal progressiva são duas indicações para a ATP. A selecção criteriosa permite obter taxas de sucesso elevadas, prevenindo complicações como a perda de órgão alvo e reduzindo a carga farmacológica.

ID 163UM CASO DE COARTAÇÃO DA AORTA NO ADULTOJoana Neiva, Samuel Almeida, Rita Duarte, António Rocha Almeida, Carlos RabaçalHospital Vila Franca de Xira

A coartação da aorta (CA) representa 5 a 8% dos defeitos cardíacos congénitos. A hipertensão arterial (HTA), a doença coronária, o acidente vascular cerebral (AVC), a dissecção aórtica e a insuficiência cardíaca são complicações comuns na história natural desta patologia em indivíduos não operados até à idade adulta. Menos de 20% dos doentes com CA não corrigida sobrevivem até aos 50 anos. Os autores apresentam o caso clínico de uma mulher de 44 anos, com história pessoal de HTA não controlada, obesidade e AVC isquémico, admitida por precordialgia do tipo opressivo com cerca de 12 horas de evolução. À admissão destacava-se doente hemodinamicamente estável, sopro sistólico grau III/VI mais audível na base e elevação de Troponina I (7,72ng/mL). Foi internada com a hipótese diagnóstica de enfarte agudo do miocárdio sem supra-desnivelamento do segmento ST, tendo-se realizado estratificação invasiva que revelou coronárias sem lesões e CA com gradiente significativo. A angio-ressonância magnética (RMN) cardíaca mostrou discreta hipocinésia do septo ventricular, áreas de realce tardio e CA justa-ductal. Dos restantes exames complementares de diagnóstico refere-se radiografia tórax com ‘ratamento’ no bordo inferior dos arcos costais posteriores e ‘sinal do 3’ e angio-RMN crânio-encefálica com múltiplos enfartes lacunares. Num exame objectivo mais detalhado confirmou-se gradiente de pressão arterial entre membros superiores e membros inferiores superior a 20mmHg. Admitiu-se tratar-se de uma miocardite de etiologia não esclarecida numa doente com coartação da aorta não diagnosticada previamente. Teve alta referenciada à consulta de cardiopatias congénitas e encontra-se a aguardar cirurgia de correção da CA. Os autores apresentam este caso ressaltando a raridade do diagnóstico e o mau prognóstico a longo prazo da CA na idade adulta e reforçam a necessidade de um elevado índice de suspeição desta entidade em adultos jovens com patologia cardio/cerebrovascular conhecida.

ID 164A ENCEFALOPATIA HIPERTENSIVA COMO EMERGÊNCIA HIPERTENSIVAFilipa Cabral Amado - Centro Hospitalar de Leiria - Hospital de Santo André, Serviço de Medicina 1

A emergência hipertensiva define-se como grave elevação da pressão arterial (PA) sistólica ou diastólica associada a lesão em órgão-alvo e requer redução imediata mas parcial da PA. A hipertensão (HTA)severa com sinais ou sintomas neurológicos é um cenário clínico complicado,sendo a encefalopatia hipertensiva habitualmente diagnóstico de exclusão. Mulher de 47 anos,com HTA de longa data mal controlada,medicada com perindopril 5mg e alprazolam 0.5mg,recorreu ao serviço de urgência (SU) por cefaleias, vertigens e vómitos com 2h de evolução. Exame objectivo: consciente, não colaborante, PA 220/133mmHg, auscultação cardíaca rítmica, sopro sistólico grau IV/VI panfocal, auscultação pulmonar normal, pupilas isocóricas e isoreactivas, desvio do olhar para a esquerda, nistagmus horizontal para a esquerda, sem défices motores/sensitivos, reflexo cutâneo-plantar em flexão,bilateral. Analiticamente agravamento da função renal e hipocaliémia. Tomografia Computorizada crâneo-encefálica (TC-CE): hipodensidade da substância branca periventricular e subcortical frontal, parietal, occipital e temporal; electrocardiograma e radiografia de tórax normais.Admitida no Serviço de Medicina Intensiva (SMI), evoluindo satisfactoriamente; Estudo da HTA inconclusivo. Alta medicada com carvedilol 25mg2id e valsartan/hidroclorotiazida 160/25mg.Dois meses depois recorre novamente ao SU por crise convulsiva tónico-clónica seguida de agitação psicomotora, e HTA severa. TC-CE sem alterações de novo. Admitida no SMI,evolução favorável. Alta medicada com eosinopril 20mg, espironolactona 25mg 1/2cp, amlodipina 10mg, metolazona 5mg3x/semana e alprazolam 0.5mg.Orientada para consulta externa de Medicina. Mantém HTA severa de difícil controlo pois abandona a medicação. Concluído tratar-se de episódios de encefalopatia hipertensiva,refere-se que esta habitualmente caracteriza-se por quadro clínico distinto do quadro de AVC isquémico/hemorrágico, sendo a imagiologia essencial para a distinção entre estas entidades. ID 168UM CASO DE HIPERTENSÃO SECUNDÁRIA POUCO FREQUENTEJosé Jácome, Catarina Frias, Bernardo Ferreira, Valentyna Kryvonos, Freddy Ramirez, Graça Martins, Conceição Loureiro - Hospital Curry Cabral – CHLC

A hipertensão secundária é sempre uma causa a excluir de Hipertensão Arterial. Descrevemos um caso clínico de Hipertensão arterial secundária pouco frequente. Mulher de 74 anos recorre ao Serviço de Urgência (SU) por Hipertensão Arterial (HTA) com mau controlo. Tinha com história médica prévia uma HTA previamente controlada com lisinopril 5mg, e Trombose venosa profunda medicada com Dalteparina. No exame objetivo a ressaltar taquicardia uma Pressão arterial (PA) de 165/65mmHg. No estudo analítico do SU a destacar uma creatinina sérica de 1.92mg/dl, ureia de 115mg/dl e trombocitopenia 39.000x10^9/L plaquetas. No internamento manteve PA sistólicas acima de 160mmHg. Suspendeu a heparina de baixo peso molecular com normalização da contagem de plaquetas. Do estudo inicial destaca-se critérios de voltagem para hipertrofia ventricular no ECG. Urina de 24h e a pesquisa de metanefrinas urinárias foi negativa. Ecografia renal com moderada perda de diferenciação parênquima sinusal. A TC Toraco-abdomino-pélvica identificou uma esplenomegalia pouco significativa. Apesar de terapêutica com Losartan, nifedipina, carvedilol e furosemida a PA sistólica manteve-se sempre acima do 160mmHg, com vários picos hipertensivos e necessidade de terapêutica com labetalol. Inciou clonidina com alguma melhoria da PA. Durante o internamento assistiu-se um incremento da contagem de eritrócitos atingindo um pico de 8.7x10^12/L e da concentração de hemoglobin chegando ao máximo de 19.7g/dl. Colocou-se a hipótese de HTA secundária a Policitemia Vera (PV). No estudo constatou-se uma massa eritrocitária de 76.9% e pesquisa de mutação JAK2 positiva. Iniciou Hidroxicarbamida com progressiva melhoria da contagem eritrocitária e da PA. A PV é uma causa rara de HTA secundária, que normalmente não se tem em consideração. O aspecto peculiar deste caso reside no facto de a paciente estar sob terapêutica com ferro oral há aproximadamente um mês iniciada pelo medico assistente por anemia ferropriva.

ID 175DESABITUAÇÃO TABÁGICA EM CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS – A EXPERIÊNCIA DE UMA USFRafael Sousa, Carla Moreira - USF Infante D. Henrique

Introdução: O tabagismo é a principal causa de morte evitável em países desenvolvidos,

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sendo universalmente considerado um factor de risco cardiovascular. Sem intervenção, poderá vir a matar mil milhões ao longo deste século. Torna-se importante a implementação de medidas preventivas, bem como de consultas de desabituação tabágica (DT), especialmente nos cuidados de saúde primários. Objectivos: Estudar a população da USF, com enfoque nos utentes que iniciam DT, determinando as suas características demográficas, hábitos de consumo, tipo de intervenção usada na DT (com ou sem fármacos) e taxa de sucesso. Métodos: Foi feita uma colheita retrospectiva dos dados recorrendo ao processo clínico informatizado. Foram incluídos utentes que fizeram pelo menos uma consulta de DT entre Janeiro de 2012 e Novembro de 2014. Analisaram-se os dados recorrendo ao software IBM SPSS Statistics 20®. Resultados: Dos 15480 inscritos na USF, apenas 2% tinham codificado o problema P17–Uso de Tabaco, com uma idade média de 41,3 anos, sendo a maioria (56%) do sexo masculino. Desses, apenas 12,7% (n=29) se mostraram disponíveis para iniciar DT. Tinham uma idade média de 49 anos e 80% eram do sexo masculino. O consumo médio desses doentes era de 22,7 cigarros/dia. A intervenção com apoio farmacológico foi preferida, com 93,1% do total: 41,3% recorreu a vareniclina+benzodiazepina, 41,4% usou vareniclina isolada e 10,3% recorreu a benzodiazepinas isoladas. A taxa de sucesso foi de 44,8%. Conclusões: A identificação de fumadores no ficheiro deverá ser alvo de melhoria, uma vez que a prevalência nacional de tabagismo é estimada em 23%. Dada a baixa adesão às consultas de DT, deve ser veiculada oportunamente informação que alerte os utentes dos malefícios do tabaco e dos ganhos em saúde com a DT. O sucesso obtido nas consultas (essencialmente com apoio farmacológico) é significativo, contribuindo para ganhos de saúde na população. Deste modo, a promoção destas consultas deve ser prioritária.

ID 183HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO E SÍNDROME DE APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO – A PROPÓSITO DE UM CASO DE HIPERTENSÃO ARTERIALAna Novo, Pedro Guimarães Cunha, Jorge Cotter - Centro Hospitalar do Alto Ave

Os autores apresentam um caso clínico de um doente de 46 anos de idade com antecedentes de transplante da córnea por queratocone, obesidade moderada e hipertensão arterial (HTA). Enviado à consulta por HTA de difícil controlo (medicado com clortalidona e trandolapril) e hipocaliémia persistente. Descrevia episódios de fraqueza muscular generalizada e astenia desde 2009, altura em que se constatou hipocaliémia (K+ 1.8meq/L) tendo iniciado suplementos de cloreto de potássio (KCL), sem ultrapassar níveis de K+ superiores a 2.8meq/L. Referia também roncopatia e hipersonia diurna. Ao exame físico não apresentava alterações à exceção de perfil tensional elevado. Foi suspensa a terapêutica anti-hipertensora prévia e iniciada amlodipina 5mg e KCL oral. Analiticamente de salientar: K+ sérico 3.5meq/L, cortisol urinário e função tiroideia normais, aldosterona (A) em repouso 25ng/dL, atividade plasmática da renina (APR) em repouso 0.8ng/mL/h (ratio A:APR 31.25). Documentou-se após a Prova do Captopril (50mg): A 11.5ng/dL, ARP 1.53ng/mL/h (ratio A:APR 7.51). O estudo imagiológico (doppler das artérias renais e tomografia computorizada das glândulas suprarrenais) não evidenciou alterações, firmando-se o diagnóstico provável de hiperaldosterosnismo primário idiopático. Foi iniciada terapêutica com espironolactona 50mg e durante o seguimento posterior em consulta apresentou-se sempre assintomático, analiticamente com normalização dos níveis séricos de K+ e do perfil tensional. O estudo polissonográfico do sono revelou roncopatia ligeira e síndrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) de índice moderado (índice apneia/hipopneia de 20/h) e severas dessaturações (saturação O2 mínima 82%). Iniciou CPAP e foi posteriormente submetido a septoplastia e uvulopalatoplastia por radiofrequência com resolução do SAOS. Em conclusão apresentamos um caso de HTA secundária de provável causa multifactorial. ID 187CARACTERIZAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL CENTRAL NAS PRIMEIRAS 72 HORAS APÓS ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) ISQUÉMICOJuliana Silva, Inês Fonseca, Sílvia Nunes, Pedro Guimarães Cunha, Jorge CotterCentro para a Investigação e Tratamento da Hipertensão Arterial e Risco Cardiovascular Global. Serviço de Medicina Interna, Hospital de Guimarães. Centro Hospitalar do Alto Ave

Introdução: Embora a Pressão Arterial Central (PAc) tenha valor preditivo independente na morbimortalidade cardiovascular,ignora-se a sua variação nas diferentes fases após um AVC isquémico. Objectivo: Pretende-se caracterizar o perfil hemodinâmico nas primeiras 72h após AVC através da medição da PAc, e estabelecer a relação desta com a Pressão Arterial Periférica (PAp) e com o prognóstico funcional dos doentes. Métodos: Foram recrutados prospectivamente doentes com AVC isquémico (menos de 24h de evolução) de Agosto a Dezembro de 2014. Foram efectuadas 3 medições da PAp e PAc nas primeiras 24 e 72h de internamento. Foram colhidos dados clínicos e relativos a exames complementares. Resultados: Foram incluídos 33 doentes, com uma média de idade de 69.7 anos, sendo 63.6% do sexo masculino e com um valor médio na escala de NIHSS de 7. Nas primeiras 24h, a média da PAp foi 158.2±20.5/80.5±10.2mmHg, e a média da PAc foi 146.5±19.7/81.5±10.2mmHg, com pressão de pulso (PP) de 77.8±19.7mmHg e 64.7±18.0mmHg, respectivamente. Às 72h a média da PAp foi 146.4±19.1/74.9±8.5mmHg e a média da PAc 133.0±17.2/75.2±8.4mmHg, com PP de 71.6±15.6mmHg e 57.8±14.2mmHg, respectivamente. Verificou-se uma diminuição estatisticamente significativa da PA entre as 24 e as 72h, com uma variação paralela entre PAp e PAc (11.8/5.6mmHg e 13.5/6.2mmHg, respectivamente) (p<0.01). Os valores médios da PAp e PAc sistólica às 24 e 72h nos doentes com melhoria de mais de 3 pontos no NIHSS (153.4 e 144.1mmHg; 140.6 e 130.4mmHg respectivamente) foram tendencialmente inferiores aos doentes sem melhoria clinica (159.5 e 147.0mmHg; 148.1 e 133.7mmHg), embora sem significado estatístico. Conclusão: Observou-se um perfil descendente da PA após o evento isquémico, com uma diferença estatisticamente significativa entre os valores médios de PAp e PAc sistólicas às 24 e 72 horas. Verificou-se uma tendência para valores médios inferiores de PAp e PAc sistólicas nos doentes com melhoria do dano neurológico à data de alta.

ID 221PREVALÊNCIA DE LESÕES DE ÓRGÃO ALVO NUMA POPULAÇÃO HIPERTENSA DOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS DA REGIÃO NORTE: UM ESTUDO RETROSPECTIVO ALEATORIZADO (ESTUDO HYPERLESION)Mariana Seixas Cambão (1), Carla Silva (1), Ângela Costa (2), Tiago Sousa Veloso (3)1-USF Ramalde, ACeS Porto Ocidental; 2-UCSP Aldoar, ACeS Porto Ocidental; 3-USF Garcia de Orta, ACeS Porto Ocidental; Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Introdução: A Hipertensão arterial, factor de risco major de doença cérebro e cardiovascular, é prevalente em Portugal (42% dos adultos). Importa optimizar o controlo tensional nos indivíduos hipertensos e detectar precocemente lesões de órgão-alvo (LOA), determinantes do risco cardiovascular global. Objectivos: Avaliar a prevalência de LOA numa população hipertensa dos Cuidados de Saúde Primários (CSP). Métodos: Estudo observacional, transversal, retrospectivo, numa população adulta hipertensa de 2 unidades de saúde (US) dos CSP (total: 4436 indivíduos). Tamanho amostral (579) calculado a partir de uma prevalência de microalbuminúria de 16,7% (segundo literatura relativa a populações semelhantes), uma precisão absoluta de 4% e um intervalo de confiança de 95%. Amostragem aleatória e estratificada por US. Dados obtidos através da consulta do processo clínico electrónico. Resultados: Nesta amostra (resultados preliminares; n=178) a idade média é de 69 anos (desvio-padrão DP 13,6), 57% são mulheres, 12% fumadores e 25% têm obesidade. A dislipidemia está diagnosticada em 51% dos hipertensos e a diabetes mellitus em 27%. Em 34% dos indivíduos foi detectada microalbuminúria (excreção urinária de albumina de 20 a 200 mg/L, em amostra ocasional de urina) e 24% apresentam insuficiência renal crónica estádio 3 ou superior. Dos hipertensos estudados, 18% apresentam hipertrofia ventricular esquerda (HVE). Relativamente a doença cérebro e cardiovascular, 11% dos hipertensos têm insuficiência cardíaca, 10% doença cardíaca isquémica, 7% episódio de acidente vascular cerebral ou acidente isquémico transitório, 5% doença arterial periférica e 3% retinopatia. Discussão: A LOA mais prevalente foi a microalbuminúria, contrariamente a outros estudos efectuados nos CSP (HVE mais prevalente). Este estudo não permite estabelecer relações de causalidade e apresenta inúmeros viéses. Porém, reforça a necessidade de pesquisar sistematicamente as LOA nos doentes hipertensos.

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10º CONGRESSO PORTUGUÊS DE HIPERTENSÃO E RISCO CARDIOVASCULAR GLOBAL10TH INTERNATIONAL MEETING ON HYPERTENSION AND GLOBAL CARDIOVASCULAR RISK

Resumos

Normas de submissão

01 – A data limite para o envio dos resumos é 15 de Dezembro de 2015

02 – A submissão faz-se unicamente por via electrónica (Internet), através do site da SPHTA:

www.sphta.org.pt.

03 – Serão admitidos trabalhos sob 2 formas de apresentação: Comunicações Orais e Posters.

04 – Todos os resumos apresentados serão submetidos a apreciação anónima por revisores

científicos (referees), pelo que não poderão contar no seu texto referências que permitam

identificar nem os autores, nem o serviço/hospital de origem.

05 – Os resumos só poderão apresentar material original, não publicado ou apresentado previamente à

realização do Congresso

06 – Os resumos deverão ser informativos, concisos, contendo objectivos, métodos, resultado e

conclusões.

07 – Todas as abreviaturas deverão ser definidas quando apresentadas pela primeira vez.

08 – Em local próprio deverá ser identificado, o autor que fará a apresentação da comunicação oral.

09 – Toda a comunicação com os autores se fará por via electrónica (e-mail), pelo que o endereço de

email do autor responsável pela apresentação deverá ser comunicado obrigatoriamente (qualquer

incorrecção na ortografia do mesmo será da responsabilidade dos autores).

10 – O autor que fará a apresentação deverá estar inscrito no Evento e que se refere o trabalho.

Se o primeiro autor/autor que apresenta for um interno complementar, o mesmo pode solicitar que a sua inscrição e/ou alojamento no Congresso sejam asseguradas pela Sociedade Portuguesa de Hipertensão (enviando e-mail dirigido ao Presidente do Congresso para o endereço: [email protected])

11 – Não há suporte em papel, todas as comunicações são exclusivamente apresentadas sob forma

digital (slides powerpoint), que deverão ser entregues no slide desk pelo menos 1 horas antes do

início da sessão.

12 – A apresentação sob a forma de Comunicação Oral não poderá ultrapassar os 8 minutos + 2

minutos de discussão.

13 – A apresentação sob a forma de Poster não poderá ultrapassar os 4 minutos + 1 minuto de

discussão.

14 – No momento da submissão electrónica dos resumos deverão ser obrigatoriamente preenchidos

todos os campos previstos, nomeadamente:

TÍTULO: deverá estar em maiúsculas.

NOME DOS AUTORES: o nome do que fará a apresentação deverá estar indicado em primeiro

lugar – não indicar títulos ou cargos

INSTITUIÇÂO: hospital e serviço – único lugar onde poderá figurar essa informação.

E-MAIL: garantir que seja um contacto que efectivamente funcione.

TELEFONE/TELEMÓVEL

MODO DE APRESENTAÇÃO – PREFERIDO: oral ou poster.

TEMAS: identificar, de entre os indicados pela Comissão Científica, qual o tema em que pretende

incluir a apresentação (Epidemiologia, Ensaios Clínicos, Investigação Fundamental &

Medicina Translaccional, Hipertensão em populações especiais, Terapêutica, HTA Secundária,

Coração & Vasos, Rim, Cérebro, Risco Cardiovascular, Outros)

TEXTO: limitado a 2000 caracteres para comunicação oral e poster.

15 – A Comissão Científica reserva-se o direito de selecção e da forma de apresentação.

16 – O primeiro autor será informado, via e-mail, em data a informar brevemente, da aceitação ou

recusa do trabalho apresentado bem como da forma, dia, hora, local e moderadores da

apresentação de aceitação.

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NACIONAIS

XVI Jor nadas de Hiper t e nsão Ar ter ial e Risco Cardi o v ascul ar de Matosinhos13 e 14 de Novembro de 2015 Hotel Sheraton - Por to

2º For um do S al26 e 27 de Novembro de 2015Auditór io da Assembleia de Repúbl ica . Lisboa

XVI Reunião Conjunta da S ociedade Por t uguesa de Ci r ur g i a Cardio-Tor ácic a e Vascul ar26 a 28 de Novembro de 2015Hotel Grande Real Santa Eulá l ia Albufeira . Algar ve

CONGRESSOS NAC IO NA IS E I N T ERNACIONAI S I N T ERNACIONAIS

T he 5th Wor l d C o ng ress on Cont ro ve rsi e s t o C o nsensus i n Di abe te s, O bes i t y and Hy pe r te nsi on (CO D Hy)5 a 7 de Novembro de 2015 Istambul -Turquia

AHA: Ame r i c an H ea r t Associ at i on Me et i ng7 a 11 de Novembro de 2015Or lando - USA

35e s J our né e s d e L’ H iper tension Ar té r i e l l e - 9th I nt er nat ional Me e t i ng of the Frenc h S ociet y of Hy pe r te nsi on 17 e 18 de Novembro de 2015Par is- França

PORTO NOVA IORQUE

AGENDA 2015

NOVEMBRO/DEZEMBRO 201546

AGÊNCIA OFICIAL

Viagens Abreu S.A.

Av. dos Aliados, 207 - 4000-067 Porto

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SECRETARIADO EXECUTIVO

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SOCIEDADE PORTUGUESA DE

HIPERTENSÃOPortuguese Society of Hypertension

www.sphta.org.pt

FEVEREIRO 2016 25 a 28 T i v o l i M a r i n a V i l a m o u r a - A l g a r v e

CONGRESSO PORTUGUÊS DEHIPERTENSÃOE RISCO CARDIOVASCULAR GLOBAL

International Meeting on Hypertension and Global Cardiovascular Risk

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