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MAYARA ANA DA CUNHA ITAJAÍ (SC) 2015 ANÁLISE DO PROCESSO DE INSERÇÃO PROFISSIONAL DE ENFERMEIROS RECÉM-FORMADOS DO CURSO DE ENFERMAGEM DA UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

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MAYARA ANA DA CUNHA

ITAJAÍ (SC)

2015

ANÁLISE DO PROCESSO DE INSERÇÃO PROFISSIONAL DE ENFERMEIROS

RECÉM-FORMADOS DO CURSO DE ENFERMAGEM DA UNIVERSIDADE DO

VALE DO ITAJAÍ

2

NOME DO ACADÊMICO

UNIVALI

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura - ProPPEC

Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGE

Curso de Mestrado Acadêmico em Educação

Pesquisa apresentada ao colegiado do PPGE para a

defesa, requisito parcial à obtenção do grau de

Mestre em Educação – área de concentração:

Educação (Linha de Pesquisa Práticas Docentes e

Formação Profissional e Grupo de Pesquisa

Educação e Trabalho).

Orientadora: Dra. Tania Regina Raitz

ITAJAÍ (SC)

2015

MAYARA ANA DA CUNHA

ANÁLISE DO PROCESSO DE INSERÇÃO PROFISSIONAL DE ENFERMEIROS

RECÉM-FORMADOS DO CURSO DE ENFERMAGEM DA UNIVERSIDADE DO

VALE DO ITAJAÍ

3

DEDICATÓRIA

Dedico esta obra a todos os egressos recém-formados de enfermagem que participaram

desta pesquisa, pelos seus relatos de vida, por me fazerem acreditar na força e no poder do

jovem dentro da sociedade.

4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Nossa Senhora Aparecida que através do poder de seu manto azul

me fez chegar até o fim desta jornada, és a força que rege meus dias.

Aos familiares: a base de tudo, meus pais João Pedro e Aricléia por acreditarem na

minha força e me darem, todo, mas todo o apoio necessário para a realização deste

momento. Aos familiares que sofreram com minha ausência durante todo este tempo,

principalmente minha irmã Sabrina e meus avós: Maria Albino, Maria Pedrini e Albino

Bona. Em memorian meu avô Pedro Cunha que está muito orgulhoso neste momento. A

família Cunha por sempre me acolher em todos os momentos.

Ao meu amor André Kersten e sua família, com muita paciência soube aguardar os

momentos de ausência e transformar os de presença em grande alegria para ambos, me

fazendo sorrir quando eu acreditava que não poderia mais.

Quando olhamos o significado da palavra orientadora, vimos que é aquela que

orienta, dirige ou guia. Muito obrigada a minha orientadora Tania Regina Raitz por me

orientar, me dirigir e guiar durante todo este tempo do mestrado. Admiro profundamente há

30 meses, por sua disponibilidade desde a primeira troca de e-mail, por compartilhar sua

inteligência e organização, sem falar em todas as conversas e conselhos trocados. Também

agradeço a todos os eventos aos quais me desta força para realizar e encaminhar trabalhos.

Muito obrigada, orientadora.

Aos mestres do Programa de Mestrado Acadêmico em Educação da Universidade

do Vale do Itajaí, principalmente a professora Valéria Silva Ferreira por todas as suas

contribuições dadas para minha formação como mestre, por serem exemplo de como fazer

o diferencial na educação. A professora que prontamente atendeu nossa solicitação para ser

membro da banca Ana Luísa Petersen Cogo, muito obrigada por todas as contribuições

dadas a este estudo.

As minhas eternas mestres desde as primeiras aulas na graduação em enfermagem.

Enfermeira Águeda Wendhausen por contribuir com este trabalho incutindo o desejo da

realização deste mestrado desde a graduação e ajudando sempre e como podia. A

Enfemeira Maria Denise Mesadri, por ser sempre exemplo de profissional e mulher, um

5

verdadeiro espelho para qualquer profissional que sonhe cursar enfermagem, obrigada por

tudo!

Aos meus colegas de classe, pela troca de experiência vivida neste mestrado, todos

anseios compartilhado e textos discutidos. Obrigada a vocês e lhes desejo um ótimo final de

mestrado, em especial minha colega Vanessa Melo Rading.

Também, agradeço as instituições Unimed Joinville, Universidade do Vale do Itajaí

(CER II Univali) e Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen que fazem parte da

minha vida diariamente pela compreensão deste momento e a todos os colegas que fizeram

parte deste momento, em especial minha Celia Santos, Priscila Kich, Michele Caurio e

Caroline Nascimento.

Enfim, a Instituição Univali e a todos seus colaboradores para fazerem com que este

sonho se fizesse possível, em especial a Mariana e a Tania, por todos os socorros

solicitados.

Muito, mas muito Obrigada.

6

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA.................................................................................. 10

2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS..................................................................................... 16

2.1 Revisitando a literatura: breves reflexões.................................................................... 16

2.1.1 A enfermagem e o mercado de trabalho: do passado à atualidade........................... 19

2.1.2 O Desafio do jovem enfermeiro na transição acadêmica/laboral no mundo

contemporâneo. ..................................................................................................................

27

2.1.3 Inserção profissional e mercado de trabalho na sociedade atual: satisfação com a

profissão escolhida. ............................................................................................................

29

3 Metodologia..................................................................................................................... 32

3.1 Abordagem do estudo.................................................................................................. 32

3.2 Cenário do estudo......................................................................................................... 33

3.3. Informantes do estudo................................................................................................. 34

3.4 Procedimentos de coleta de dados.............................................................................. 35

3.5. Dificuldades encontradas no campo de coleta de dados............................................ 36

3.6. Análise de dados......................................................................................................... 38

3.7. Aspectos bioéticos...................................................................................................... 39

4 ANÁLISE DO PROCESSO DE INSERÇÃO PROFISSIONAL DOS EGRESSOS

RECEM-FORMADOS DO CURSO DE ENFERMAGEM DA UNIVALI...............

40

4.1 Perfil detalhado das entrevistadas............................................................................. 40

4.2 Satisfação com a profissão/escolha do curso.............................................................. 45

4.2.1 Satisfação com a profissão/escolha do curso......................................................... 45

4.2.2 Condições de Trabalho........................................................................................... 49

4.2.3 Ambientes insalubres.............................................................................................. 51

4.3 Eixo 2: Inserção e permanência no mercado de trabalho......................................... 54

4.3.1 Dificuldades de inserção e permanência na área de atuação.................................. 54

4.3.2 Formação e trabalho................................................................................................ 57

4.4 Eixo 3: Os 4 (quatro) pilares (saberes) do curso em Enfermagem............................ 60

4.4.1 Pesquisa.................................................................................................................. 63

7

4.4.2 Assistência.............................................................................................................. 64

4.4.3 Gerência.................................................................................................................. 65

4.4.4 Ensino...................................................................................................................... 67

4.5. Eixo 4: Projetos profissionais na área de atuação: presente e futuro. ..................... 68

4.5.1Expectativa profissional........................................................................................... 68

4.5.2 Relacionamento Multiprofissional.......................................................................... 70

4.5.3 Força feminina da Enfermagem ou questões de gênero......................................... 72

4.5.4 Desafios da Profissão.............................................................................................. 73

4.5.5. Formação continuada............................................................................................ 76

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 79

REFERÊNCIAS................................................................................................................. 84

APÊNDICES....................................................................................................................... 91

8

RESUMO: Esta dissertação de Mestrado em Educação tem como objetivo compreender o

processo de inserção profissional de enfermeiros recém-formados do curso de Enfermagem

da Universidade do Vale do Itajaí-SC, bem como analisar se estes estão preparados para

enfrentar o mercado de trabalho. A pesquisa se insere na linha de pesquisa Práticas

Docentes e Formação Profissional e faz parte do Grupo de Pesquisa Educação e Trabalho

do programa de Pós-Graduação em Educação. A revisão da literatura sobre a temática

mostra, por meio de autores como Bardagi (2005), Barbosa (2011), Guimarães (2006),

Colenci (2012), Camarano (2006), Geovanini (2005), Puschel (2009), SECAF (2007), entre

outros, que todo semestre jovens trabalhadores são lançados ao mercado de trabalho, alguns

temerosos quanto à imensa responsabilidade do profissional de enfermagem. Muitas são as

dúvidas e angústias vividas por estes profissionais quanto a sua atuação no mercado de

trabalho após sua formação. Ainda durante o curso vivem esta ansiedade, muitas vezes, por

falta de trabalho, pois nem todos que se formam conseguem se inserir em sua área

profissional. Esta pesquisa teve como metodologia a abordagem qualitativa, em que foram

entrevistados nove (9) jovens egressos do curso de enfermagem e o tratamento dos dados se

deu por meio da contribuição da análise de conteúdo. Os resultados mostram as

características do perfil das entrevistadas: a maioria é solteira, sem filhos, ganham de 1 a 5

Salários Mínimos, entraram no mercado de trabalho por meio de processo seletivo. A

análise de conteúdo levou em consideração os eixos: Eixo 1- Satisfação com a profissão e a

escolha do curso e Condições de trabalho. Eixo 2- Dificuldades para inserção e

permanência na área de atuação, relação formação e trabalho. Eixo 3- Os quatro (4) pilares

da enfermagem. Eixo 4- Expectativa profissional, relacionamento multiprofissional e

desafios da profissão e formação continuada. Quanto à satisfação com a profissão escolhida

percebeu-se que grande parte dos egressos do curso de enfermagem da Univali está feliz

por ter concluído sua formação, entretanto, descontente com alguns desafios que as mesmas

vêm enfrentando como a falta de recursos humanos e materiais, a desvalorização da

profissão e os baixos salários. Já em relação à dificuldade para inserção no mercado de

trabalho ou área de atuação os egressos não tiveram dificuldades para se inserir, pois

muitos já faziam parte do quadro de colaboradores das instituições. Nos quatro (4) pilares

da enfermagem observou-se que a assistência permanece como sendo a mais vivida pelo

egresso, diferente do ensino e da pesquisa. Por sua vez, quanto à expectativa profissional

dessas enfermeiras há um sentimento positivo com relação a sua vida profissional, alguns

pensam em seguir a carreira acadêmica, enquanto outras nem pensam em deixar a

assistência.

Palavras-chave: Inserção Profissional; Educação e trabalho; Mercado de Trabalho;

Egressos da Enfermagem.

9

ABSTRACT

The aims of this Master's degree dissertation in Education are to understand the

professional integration process of recent graduates of the Nursing course at the University

of Vale do Itajaí-SC, and to examine whether they are adequately prepared for the job

market. This research is part of the line of research Educational Practice and Training, and

of the Education and Work Research Group of the Master’s degree program. A literature

review showed, through authors like Bardagi (2005), Barbosa (2011), Guimarães (2006),

Colenci (2012), Camarano (2006), Geovanini (2005), Puschel (2009), SECAF (2007), that

each semester, young workers are thrown into the job market, some fearful about the

immense responsibility of becoming a nursing professional. These professionals have many

doubts and anxieties concerning their professional practice after their training. Even while

still on the course, they have anxieties about finding a job, as not all those who complete

the training will find jobs in their chose professional area. This research used a qualitative

approach, in which nine (9) young graduates of the nursing course were interviewed. The

data were analyzed using content analysis. The results show the profile characteristics of

the interviewees: most are single, without children, and earn from 1 to 5 times the

minimum wage; they entered the job market though a selection process. The content

analysis took into account several axes: Axis 1 - Satisfaction with the profession and the

choice of the course, and with the working conditions. Axis 2 - Difficulties entering and

remaining in the area of practice, and the relationship between training and work. Axis 3 –

The four pillars of nursing. Axis 4 – Professional expectations, multidisciplinary

relationships, and challenges of the profession and professional development. Regarding

satisfaction with the chosen profession, it was observed that most of the Univali nursing

graduates are happy to have completed their training. However, they are unhappy about

some of the challenges they face, such as the lack of human and material resources, the lack

of value attributed to the profession, and the low wages. In terms of difficulties entering the

job market, or a specific area of practice, the graduates did not have difficulty finding jobs,

as many were already employees of the institutions where they worked. In relation to the

four pillars of nursing, it was observed that healthcare is still the one most experienced by

the graduates, as opposed to teaching and research. In regard to professional expectations,

there was a positive feeling in regard to their professional lives, some are thinking of

following an academic career, while others are not even considering leaving healthcare.

Keywords: Professional Career; Education and work; Job Market; Nursing Graduates.

10

1. INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA

A inserção profissional pode ser o motivo de preocupação para muitos jovens

brasileiros, uma vez que se constitui num momento crucial da trajetória de qualquer

profissional. Em revisita a literatura Guimarães (2006) nos alerta da mudança no perfil do

mercado de trabalho, dizendo que é um momento de muita incerteza para o jovem

trabalhador, já que muitos não possuem experiência alguma e têm que competir com

pessoas de níveis diferentes. Em uma pesquisa sobre jovens e a inserção do mercado de

trabalho, Guimarães (2006) esclarece,

Um segundo achado aparentemente desafiador vem da comparação entre os aqui

denominados “jovens-adultos” e “adultos”. À primeira vista, os primeiros

pareceriam capazes de lograr uma inserção bem mais favorável no mercado que

os segundos, o que desafiaria a idéia inicial de que entre os 30 e 45 anos os

indivíduos viveriam o momento áureo de inserção no mercado. Isso porque os

“jovens-adultos” parecem ter maior capacidade de se manterem em empregos

formais e protegidos que os “adultos”. Todavia, se considerarmos o conjunto das

classes de trajetórias e os rendimentos médios nas mesmas, a interpretação

possível pode tomar outro rumo. A consolidação da posição no mercado de

trabalho dá aos adultos a chance de estabelecerem-se como autônomos, gerindo

um negócio próprio ou de manterem-se fora do circuito do trabalho formalmente

registrado, auferindo, em ambos os casos, um rendimento substancialmente mais

elevado que a média e que o auferido por ‘jovens’ adultos em trajetórias

similares. Isso denota a clara diferença em termos de comando das condições da

própria inserção no trabalho, mais provável entre os que se encontram na

plenitude da sua inserção que entre os que negociam a persistência no mercado,

mesmo se em condições mais favoráveis, num emprego registrado.

Na passagem que vimos se observa que o jovem, neste caso, o egresso recém-

formado, além de toda a mudança que sofre durante este período de transição (sociedade,

amigos e família), depara-se com um processo de individualização em relação aos demais,

tornando-se agora seu próprio eixo. Em vista das transformações do mercado de trabalho

durante estas últimas décadas, o jovem se vê tendo que tomar suas próprias decisões e, às

vezes, arrisca-se neste mercado sem o pleno conhecimento da profundidade da profissão

escolhida.

11

Neste sentido, Guimarães (2006), relata ainda que cada vez mais o mercado de

trabalho parece estruturado de forma a ameaçar os trabalhadores jovens com a reprodução

duradoura da instabilidade e a recorrência do desemprego. O diploma de um curso superior

não representa mais a garantia de trabalho. Nos dias de hoje a educação de um curso

superior é em sua maioria generalista, sendo necessário o egresso realizar cursos para

formação especializada.

Variguine et. al (2010, p. 81), nos traz uma perspectiva profissional dos recém-

graduados que “acabam por trabalhar numa área bastante diversa daquela em que se

formaram. Na busca incessante por um posto de trabalho, há, inclusive, pessoas que

buscam uma atividade laboral que exija menor qualificação do que possuem”.

Vislumbra-se na pesquisa realizada por Variguine et al (2010) com psicólogos, que

muitos problemas são comuns a diversas áreas, portanto, na área da saúde isto não é

diferente, seus principais achados contemplam: grande parte do conteúdo dos cursos é de

cunho teórico e não prático, o que dificulta a aplicação do conhecimento na vida

profissional. Além disso, muitos professores orientam o aluno para o desenvolvimento da

carreira acadêmica, e não para as possibilidades de trabalho ofertadas no mercado. Os

cursos possuem poucas matérias direcionadas aos campos práticos de trabalho e de inserção

profissional.

Como profissional da área (enfermeira) percebe-se também a necessidade do

entendimento dos quatro pilares que o jovem enfermeiro deve basear sua atuação: ensino,

pesquisa, assistência e gerencia. Os 4 (quatro) pilares vistos no Curso de Graduação em

Enfermagem estão baseados no artigo 6º da RESOLUÇÃO CNE/CES Nº 3, DE 7 DE

NOVEMBRO DE 2001 (BRASIL, 2001) que institui Diretrizes Curriculares Nacionais do

Curso de Graduação em Enfermagem. Assim, nas Ciências da Enfermagem incluem-se:

a) Fundamentos de Enfermagem: os conteúdos técnicos, metodológicos e os

meios e instrumentos inerentes ao trabalho do Enfermeiro e da Enfermagem em

nível individual e coletivo;

b) Assistência de Enfermagem: os conteúdos (teóricos e práticos) que compõem

a assistência de Enfermagem em nível individual e coletivo prestada à criança,

ao adolescente, ao adulto, à mulher e ao idoso, considerando os determinantes

socioculturais, econômicos e ecológicos do processo saúde-doença, bem como

12

os princípios éticos, legais e humanísticos inerentes ao cuidado de

Enfermagem;

c) Administração de Enfermagem: os conteúdos (teóricos e práticos) da

administração do processo de trabalho de enfermagem e da assistência de

enfermagem; e

d) Ensino de Enfermagem: os conteúdos pertinentes à capacitação pedagógica

do enfermeiro, independente da Licenciatura em Enfermagem.

Da mesma forma, tem-se como preocupação se estes enfermeiros conseguem ter

percepção crítica sobre o ambiente para atuar dentro dos 4 (quatro) pilares. Sou enfermeira

profissional da área da saúde, dita como profissional da saúde. Nesta perspectiva, entende-

se que um profissional nesta área deve ter condições de analisar criticamente as relações

existentes em uma sociedade para compreender e “fazer saúde”, refletindo sobre as

diferentes perspectivas do ser humano que atravessa o corpo e é composto de uma rede que

em faz parte: o bem estar, a moradia, a educação, as condições de trabalho e o saneamento

básico.

Para compreender melhor as relações que se entrecruzam entre saúde, educação e

trabalho o Mestrado Acadêmico em Educação tem contribuído muito para o entendimento

da complexidade humana que não ocorre somente em sala de aula. Desta forma, educação é

um bem para todos e um dever da nação, como a Saúde que faz do profissional um

completo realizador das necessidades de seu paciente e amplia, não só sua visão, como sua

área de atuação.

Durante a graduação, como bolsista de projetos voltados ao Sistema Único de

Saúde, Qualidade de Vida e Conselhos Gestores em Saúde, já tinha essa compreensão de

que toda a escolha profissional que se faz impacta na vida daquela pessoa que atende, do

mesmo jeito a interdisciplinaridade (Educação, Saúde e Trabalho) deve estar integrada à

vida da população.

Com a conclusão do Curso de Graduação em Enfermagem, no ano de 2010,

ingressei no ambiente hospitalar, senti que ainda não estava totalmente preparada para o

mercado de trabalho e que há necessidade de um bom acompanhamento para o jovem

egresso ou recém-formado. Vários colegas de profissão acabaram perdendo a oportunidade

13

de um emprego na área por não apresentarem o perfil esperado para o cargo, por exemplo:

facilidade de trabalhar em equipe, resolubilidade nos problemas da instituição,

conhecimento técnico científico, busca por melhores condições de trabalho – novas ideias,

aplicação dos protocolos da instituição, entre outros. Esses fatores me instigaram a estudar

e aprofundar o tema, portanto, foram surgindo alguns de meus questionamentos: como se

apresenta o mercado de trabalho para o enfermeiro? Existe um acompanhamento deste

enfermeiro após sua inserção profissional? Quais são as dificuldades e desafios que o

enfermeiro enfrenta após sua inserção profissional? E como se configura a realidade da

profissão, condições de salário e de trabalho?

Diante da falta de visibilidade desses enfrentamentos, da angústia sentida pela

pesquisadora e percebida pelos novos colegas de profissão lançados ao mercado de

trabalho, traz-se essa problemática com o objetivo de encontrar respostas mais claras e que

possam contribuir para uma melhor inserção no mercado de trabalho do jovem enfermeiro.

Quando entrei em uma instituição hospitalar em 2011 muitos eram os meus

questionamentos e preocupações, pois senti que colegas que se formaram na mesma

instituição a qual eu havia estudado, não tiveram o mesmo desempenho esperado para o

cargo, sendo ambos recém-formados, isto me levou a pensar em pesquisar sobre este tema.

Quais as principais dificuldades que estes meus colegas tiveram com relação ao mercado de

trabalho, vindos todos da mesma instituição de ensino?

Trabalhei nesta época em Hospital Particular da Região de Joinville, assim que

entrei na instituição fui prontamente acolhida pelas chefias e orientada com feedback

positivo ou de orientação por cada ato, dito ou feito, ou não dito e não feito, o que levara a

um crescimento pessoal e profissional diário. Outro aspecto significativo foi o contato

direto com os técnicos diariamente o que fez com que cada dia fosse um dia de pleno

aprendizado de uma maneira organizada de expor a posição do enfermeiro diante de sua

equipe.

Como era recém-formada passei por um processo rigoroso de seleção, foram 2

(duas) provas, 1 (uma) semana de curso, 150 (cento e cinquenta) perguntas pessoais e

entrevistas com a enfermeira chefe e a supervisora, além da psicóloga da instituição. Neste

momento, senti a vulnerabilidade do ser humano recém-formado: o que falar? Como se

portar? O que não falar? Minha roupa estava adequada e cabelo? Será que iam gostar de

14

mim? O currículo estava bom? E apesar de todos os meus questionamentos, veio àquela

velha frase: em uma semana lhe damos um retorno.

Neste processo a angústia tomou conta, será que ligo ou espero me ligar? Um lado

dizia, liga, você tem que saber, você tem que trabalhar lá! O Outro lado dizia, não seja

oferecida, se eles quiserem irão te chamar... Nessa hora tentava recordar quantos dias tinha

uma semana, como era extensa.... Então em fevereiro de 2011 fora chamada para trabalhar

num hospital de referência do município de Joinville. Fiquei orgulhosa e muitos eram os

agradecimentos, mal sabia que naquele momento eu iria me apaixonar pela Enfermagem.

Portanto, após sentir essa vulnerabilidade do recém-formado, acredito que essa

investigação contribuíra para que os enfermeiros recém-formados com contratos iniciais ou

nem tanto no mercado de trabalho para que saibam que não estão sozinhos. Ao mesmo

tempo, é um objeto de estudo que se justifica científica e socialmente, uma vez que se trata

de uma preocupação nacional e internacional de muitos gestores, pesquisadores e

educadores que vêm se debruçando sobre a inserção profissional ou transição acadêmica e

laboral.

Portanto, nessa investigação tem-se como problema central o questionamento:

Como ocorre o processo de inserção profissional de enfermeiros recém-formados (egressos)

do curso de Enfermagem da Univali? Estes egressos enfermeiros estão realmente

preparados como enfermeiros para se inserir no mercado de trabalho?

Assim, o objetivo geral que norteia esse trabalho é compreender o processo de

inserção profissional de enfermeiros recém-formados (egressos) do curso de Enfermagem

da Univali e analisar se estão preparados para atuar no mercado de trabalho. Os objetivos

específicos são configurados desta forma: a) Identificar os principais desafios e as

dificuldades (de ocupação, primeiro emprego, de inserção); b) Analisar os desafios dos

egressos do curso de enfermagem na relação que estabelecem com a educação

(conhecimentos adquiridos, impacto da formação, teoria e prática e os 4 pilares) e trabalho

(área de atuação, condições de trabalho e satisfação profissional).

O trabalho está organizado conforme segue: o primeiro capítulo apresenta a revisão

da literatura dos principais contextos vivenciados por enfermeiros ao longo das últimas

décadas, discute também sobre o desafio do jovem enfermeiro na passagem acadêmica ao

15

mundo laboral na atualidade e traz reflexões acerca da inserção profissional de acordo com

a satisfação da profissão escolhida.

No segundo capítulo, expõe-se a abordagem metodológica, os procedimentos no

percurso da investigação, dando visibilidade à pesquisa de campo, como foi realizada a

coleta de dados, a caracterização o perfil dos sujeitos investigados, como não poderia

deixar de constar também as principais dificuldades encontradas na pesquisa de campo,

sistematização e a análise de conteúdo no tratamento dos dados.

O terceiro capítulo traz a análise de todo o material coletado e os resultados das

informações obtidas na investigação, os principais eixos e subcategorias encontrados nesta

pesquisa. Eixo 1- Satisfação com a profissão e a escolha do curso e Condições de trabalho.

Eixo 2- Dificuldades para inserção e permanência na área de atuação, relação formação e

trabalho. Eixo 3- Os quatro (4) pilares da enfermagem. Eixo 4- Expectativa profissional,

relacionamento multiprofissional e desafios da profissão e formação continuada.

Finalmente, apresentam-se as considerações finais e as indicações para próximas

pesquisas.

16

2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

2.1 Revisitando a literatura: breves reflexões

Este capítulo foi elaborado com a intenção de trazer estudos na área (dissertações,

teses, capítulos de livros, artigos em revistas) que contribuíram para compreender melhor

sobre a temática desenvolvida e abrir um leque maior para aprofundamento do objeto de

estudo. Rodrigues (2000) retrata que as escolas de enfermagem brasileiras em sua trajetória

sempre tentaram adequar-se ao mercado de trabalho e esta atitude passiva abdicou

definitivamente da possibilidade de mediação da escola à transformação da sociedade. Para

Barbosa et al (2011), o novo paradigma de saúde exige profissionais capacitados que

atendam às demandas da população, bem como dos serviços de saúde. É importante

destacar que, por parte dos estudantes da área de enfermagem (enfermeiros ou técnicos de

enfermagem), ainda existe uma grande confusão entre a profissão escolhida e as

características do curso e do mercado de trabalho.

Ainda, com relação à temática, Silva et al (2012) relembra que o mercado de

trabalho em saúde enfrenta problemas particulares e desequilíbrios em sua força de

trabalho, o que afeta diferentemente as regiões de um mesmo país. Esses problemas estão

relacionados, nas Américas, a quantidade adequada e capacidade do pessoal, de acordo com

as necessidades do país; à escassez e os deslocamentos dos trabalhadores de saúde que

superam, em muitos casos, a capacidade dos países de garantir níveis mínimos de atenção,

muitas vezes, nas zonas ou atividades que mais necessitam.

Barbosa et al (2011) diz que a maior força de trabalhadores na área da saúde é da

enfermagem, representado por cerca de 50% desta. O autor vê ainda a participação da

enfermagem como imprescindível na consecução das metas institucionais, a partir das

reformulações propostas, tanto no setor público, como privado. Com relação ao ensino das

escolas de enfermagem no país Sena, Seixas e Silva (2007, APUD, SILVA et al, 2012)

salientam que apesar do expressivo quantitativo da força de trabalho de Enfermagem, em

número absoluto, do ampliado número de escolas nas últimas décadas, no país, a

17

concentração e a disponibilidade de profissionais de enfermagem por habitante são bastante

desiguais e insuficientes em algumas regiões. Isto ocorre em função das escolas de

enfermagem se situarem nas regiões de maior densidade populacional e de maior

concentração de renda do país, reafirmando as desigualdades regionais. Silva et al (2012),

revela que os piores índices estão nas regiões Norte e Nordeste e os melhores índices nas

regiões Sul e Sudeste,

O ensino de enfermagem no país passou por várias fases de desenvolvimento ao

longo dos anos, tendo como reflexo de cada mudança o contexto histórico da

enfermagem e da sociedade brasileira. Consequentemente, o perfil de enfermeiros

apresenta significativas mudanças em decorrência das transformações no quadro

político-econômico-social da educação e da saúde no Brasil e no mundo (ITO at

al, 2006).

Barbosa et al (2011) nos chama a atenção de que o mercado de trabalho prefere

profissionais que já tenham o conhecimento e que venham com conhecimento aplicável a

ser consumido no momento da sua produção, sem que se façam investimentos institucionais

no processo de capacitação. A investigação que realizou Peres (2007) trouxe nas análises

que as expectativas das competências gerenciais do enfermeiro, apontadas pelos gerentes de

enfermagem entrevistados são: 1) nas dificuldades em fornecer suporte institucional à

aprendizagem e educação permanente do enfermeiro e equipe, com exceção dos

treinamentos em serviço oferecidos para adaptar o funcionário à cultura organizacional; 2)

na ênfase ao ‘saber fazer’ que prioriza a dimensão técnica no trabalho gerencial do

enfermeiro em detrimento do ‘saber ser’ e ‘saber conviver’, o que dificulta o exercício das

competências gerenciais nas dimensões ética, comunicativa, política e do desenvolvimento

da cidadania; 3) nas limitações percebidas como dificultadoras da atuação do enfermeiro

como mero cumpridor das exigências do mercado de trabalho.

Ito et al (2006), reforça ainda que a ocupação dos espaços deve ser planejada,

realizada e avaliada por profissionais competentes na dimensão ética, técnica, estética e

política, comprometidos socialmente com o exercício da cidadania. O enfermeiro

pretendido constrói a cada instante, juntamente com os professores e profissionais do

campo de ação, a história da enfermagem.

As Diretrizes Curriculares Nacionais trazem reformulações quanto à organização

do curso de Enfermagem e, ao não indicarem um currículo mínimo, permitem

18

conceber, executar e avaliar o próprio projeto pedagógico do curso com a efetiva

participação dos atores envolvidos. Ficou evidenciada a necessidade de uma

trajetória acadêmica de formação sólida e que isso depende da organização

curricular e dos papéis do aluno, do professor e do enfermeiro do campo no

contexto formativo, tidos como atores facilitadores ou limitadores desse processo.

É importante se pensar a formação em Enfermagem como um cenário em seu

contexto: compromisso com a formação de um perfil adequado, de qualidade e

produção de conhecimento de acordo com as necessidades de saúde da

população, identificando a importância da relação do currículo do curso

sintonizado com as Diretrizes Curriculares Nacionais. (KAISER; SERBIM,

2009).

Puschel, Inácio e Pucci (2009) em pesquisa com egressos de enfermagem da Escola

de Enfermagem da USP, explicam que a inserção do mercado de trabalho para o enfermeiro

leva-se em conta uma média de 3 (três) meses e o vínculo principal destes enfermeiros são

as instituições hospitalares. Ressaltam, ainda, que existe a tendência da rotatividade no

primeiro emprego, que pode ser ocasionada pela busca por uma especialização ou melhores

oportunidades de emprego. No estudo de Santos e Sana (2003, p 633), sobre a inserção dos

egressos no mercado de trabalho, podemos perceber essa problemática,

A inserção dos egressos do curso no mercado de trabalho se deu rapidamente

após a conclusão do curso, muitos tendo já experimentado mais de um emprego.

O encontro da oportunidade de emprego se deu principalmente através de colegas

da própria faculdade. O acesso foi precedido de concurso público para a maioria

dos respondentes, nos quais obtiveram bom resultado. Os processos seletivos

empregaram mais de uma modalidade de testagem, sendo a prova escrita o

recurso mais frequente.

Por sua vez, Puschel, Inácio e Pucci (2009) nos exemplificam algumas das

facilidades e dificuldades de inserção no mercado de trabalho encontradas em estudo

realizado. Quanto às facilidades da inserção os autores mencionam uma boa rede social, o

reconhecimento do nome da faculdade que cursou e a realização de cursos de pós-

graduação. No que diz respeito às dificuldades são elas, não ter cursos de pós-graduação,

falta de prática profissional durante a graduação e não dominar língua estrangeira.

Mattosinho et al (2010) revela outra importante dificuldade de inserção e

manutenção no mercado de trabalho em enfermagem, a pouca idade. Para o autor, constitui-

se em um obstáculo enfrentado pelos egressos no início de suas atividades profissionais.

Reforça que o recém-formado deve, por meio de situações cotidianas, compartilhar seu

conhecimento, demonstrando autonomia e segurança para que seja aceito no seu atual local

19

de trabalho. Erdman et al (2009, p. 638) retratam a enfermagem como um profissão que

“[...] tem caminhado, por meio de estudos e pesquisas, para a formação de um corpo teórico

próprio que a visibilize e projete como ciência. As pesquisas e os campos de atuação na

enfermagem têm crescido substancialmente nos últimos anos, abrindo perspectivas de

conhecimento em múltiplas direções e espaços”.

Entretanto, Santos e Sana (2003) corroboram com a ideia de que há poucos estudos

sobre egressos de cursos de enfermagem quando procuraram para a pesquisa em junho de

2002 na base de dados LILACS, a partir das palavras-chave - ensino, egressos e

enfermagem, apenas 4 trabalhos foram encontrados. Para que tudo isso seja possível,

Erdman et al (2009), em pesquisa realizada traz autores como Bertolozi (1996) e Machado

(1999) que salientam ser necessário que a Enfermagem seja reconhecida como uma das

profissões essenciais da saúde. Portanto, que haja uma agenda política específica que

expresse os saberes da profissão, o saber específico, para que no interior do mercado de

trabalho, a categoria consiga participar mais efetivamente das diferentes iniciativas que

dizem respeito a saúde, ampliando a visibilidade do saber ser e do fazer em enfermagem.

Todo semestre jovens trabalhadores são lançados ao mercado de trabalho, alguns

temerosos quanto à imensa responsabilidade do profissional de enfermagem. Como

profissional da área de enfermagem percebe-se a necessidade do entendimento dos quatro

pilares que o enfermeiro egresso deve basear sua atuação: ensino, pesquisa, assistência e

gerencia. Um dos questionamentos é se os enfermeiros egressos estão realmente preparados

para o mercado de trabalho, em função da formação recebida pelas diversas escolas de

enfermagem. Se os conhecimentos recebidos estão sendo aplicados na area de atuação e

como tem sido a utilização. Também há uma preocupação nas investigações se estes

enfermeiros conseguem ter uma percepção crítica sobre o ambiente para atuar dentro dos

quatro pilares. Então surgiu a seguinte pergunta: Quais os desafios e as dificuldades

enfrentadas pelos egressos do curso de Enfermagem para sua inserção profissional?

2.1.1 A enfermagem e o mercado de trabalho: do passado a atualidade.

A formação de enfermeiros teve início com a criação pelo governo da Escola

Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras, no Rio de Janeiro, junto ao Hospital dos

20

Alienados do Ministério dos Negócios do Interior. Esta é de fato a primeira escola de

enfermagem brasileira, pelo Decreto Federal nº 791 de 27 de setembro de 1890 e

denomina-se hoje Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (VERELLA; PIERANTONI,

2008).

Em 1922, é criada junto ao Hospital de Assistência ao Departamento Nacional de

Saúde Pública, A Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública

(atual escola Anna Nery). Constava com o modelo de ensino Nigthingale e foi a primeira

escola do Brasil integrada à Universidade. Nesta época criou-se a distinção entre os dois

cursos: curso de enfermagem (duração 36 meses) e o auxiliar de enfermagem (duração de

18 meses) (VERELLA; PIERANTONI, 2008).

Coberlini (2007, p. 175), relembra o surgimento das teorias de Enfermagem (essas

surgem nos EUA, mais fortemente, a partir da década de 1950). Sobre o assunto o autor

expõe que “é o enfoque da construção do corpo de conhecimentos específicos da

Enfermagem, expresso por uma terminologia variada como: a natureza específica da

Enfermagem, a formalização dos conceitos e teorias, a construção de marcos teóricos de

referência, de modelos etc”, nos Estados Unidos da América, e no qual enfermeiras

brasileiras encontraram um espaço para se projetar, sair de uma prática artesanal, um

intelectual “amador” para um universal, como se com isso tudo se resolvesse.

A sequente industrialização nesta época (décadas de 1940 a 1950, do século XX)

delineou e marcou o início de uma ascensão na área hospitalar. A assistência hospitalar

cresceu como uma tentativa de diminuir as tensões sociais por parte dos trabalhadores

assegurados pelo sistema de seguridade social (NOBREGA-THERRIEN, 2007). Um

levantamento realizado por Almeida citado por Nobrega-Therrien (2007) demonstrava que

9,5% das enfermeiras trabalhavam em hospitais em 1943. Já autores como Santos e Sanna

também referenciados por Nobrega-Therrien (2007), no estudo que realizaram

comprovaram que 68,8% das ocupações eram hospitalares. Também nesta época as

enfermeiras abrem um novo espaço, um novo caminho, a teorização do cuidado, agregando

nas teorias outras áreas do conhecimento como a Psicologia, Antropologia e Sociologia.

Sendo assim, não era mais somente o indivíduo, o contexto de vida do paciente, como a

família, a cultura, seu ambiente, a espiritualidade (COBERLINI, 2008, p.175).

21

A necessidade de se qualificar veio da concepção da Enfermagem como sendo uma

ocupação ou uma semiprofissão. Ehrnreich e English dois autores citados por Nobrega-

Therrien (2007) evidenciam que para constituir uma profissão há necessidade do

reconhecimento da sociedade, mais especificamente da classe dominante, para se criar e se

manter uma profissão; não simplesmente um grupo de expertos se proclamarem como tais.

Por outro lado, teóricos como Goode (1969); Simpson e Simpson (1969) e Katz (1969) se

preocuparam em diferenciar uma profissão de uma semiprofissão, reconhecendo os

seguintes fatores: falta de autonomia; ênfases em níveis hierárquicos; pessoal sujeito a

numerosas regras; necessidade de um tempo mais curto de formação; ocupação em sua

maioria de mulheres; tendência a trabalhar mais com o coração do que com a mente;

atenção a indivíduos que desejam trabalhar mais com pessoas (NOBREGA-THERRRIEN,

2007). Para Barreira (1999, p. 90),

Faz-se necessário compreender que se a enfermagem, enquanto prática social, é

condicionada pelo contexto onde atua, ela também exerce influência na sociedade

em que se insere, segundo as forças sociais em jogo no campo da saúde e, além

disso, que sobre as determinações históricas recorta-se a ação coletiva de homens

e mulheres e a ação de pessoas que ocupam posições estratégicas, em dado

momento ou situação, pois a aceitação de que o indivíduo só pode atuar dentro

das condições determinadas pela organização econômica da sociedade e pelo

poder político, não elimina a força de certas personalidades nem a

imprevisibilidade das opções individuais.

Varella e Pierantoni (2008) nos levam a refletir que o serviço de saúde não depende

só do trabalho humano, mas depende também da qualificação da força de trabalho.

Entende-se que, ao contrário, de uma indústria e da incorporação tecnológica não pode ser

substituída pela mão de obra, o inverso, amplia a base técnica e demanda novas ocupações.

Isto coloca a enfermagem em uma situação diferenciada no mercado de trabalho em geral,

onde se verifica uma relação conflituosa em outras áreas, entre a inovação tecnológica

versus desemprego. Os autores encontraram aspectos interessantes a serem expostos nesta

dissertação quanto a investigação que realizaram sobre a configuração do enfermeiro, que

vem de encontro aos resultados que se pretende neste estudo: a) A maior força de trabalho

na enfermagem é feminina, os autores remetem ao fato de estar associado a natureza da

própria profissão, o cuidado; b) grande parte dos enfermeiros pensa em realizar ou estava

realizando pós graduação, os autores acreditam que devido a seletividade do mercado de

22

trabalho as pessoas procuram por melhores condições de empregabilidade e esperança de

um aumento salarial e c) demonstram ainda um cenário favorável para a empregabilidade,

já que somente 1% respondeu desemprego.

No presente trabalho presta-se uma pequena homenagem para algumas enfermeiras

que se destacaram na história da enfermagem aos quais posteriormente serão nomeadas as

participantes do estudo, utilizaremos o livro Secaf e Costa, 2007, as Pioneiras da

Enfermagem:

Pioneira das Pioneiras: Edith Magalhães Fraenkel – Enfermeira – nasceu em 9

(nove) de maio de 1989 no Rio de Janeiro, graduou-se em Enfermagem nos Estados Unidos

em 1925, sendo professora de enfermagem na Escola Anna Nery. Esteve à frente em 1925

da Associação Nacional das Enfermeiras Diplomadas do Brasil (ANEDB), hoje se nomeia

Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN), também da revista de enfermagem que fez

surgir em 1932 ANNAES de Enfermagem (hoje REBEn). Essa enfermeira criou o

Conselho de Enfermagem com objetivo de fiscalizar todos os assuntos concernentes ao

ensino e a prática de enfermagem.

Enfermeira Modelar: Rachael S. Haddock Lobo – Enfermeira – nasceu na última

década do século XIX e casou-se com um pretendente desejado por sua família, anos

depois se desquitou e permaneceu por oito anos num convento de freiras, saiu de lá com o

propósito de se dedicar a enfermagem. Frequentou uma escola de enfermagem em Paris e

1924 voltou ao Brasil. Contribuiu para a Enfermagem afirmando nos primeiros ANAES de

Enfermagem que “a verdadeira Enfermeira, deve preencher a enfermagem dos três eus, o

eu moral, o eu espiritual e o eu físico – objetivação do ideal profissional. Neste complexo

de requisitos, que só uma enfermeira instruída e altamente cultivada pode realizar está a

Nova Era da enfermagem de que será arauto esta publicação entre nós”. Infelizmente,

Rachel faleceu em 1933.

Locomotiva: Hilda Anna Krisch – Enfermeira – nasceu em 1900 na cidade de

Joinville SC, ao estagiar em Blumenau foi aconselhada a estudar Biologia em São Paulo.

Conheceu a Enfermagem e decidiu frequentar o curso oferecido pelo Hospital Samaritano.

Realizou seus estudos na Escola Anna Nery também e foi escolhida para uma bolsa na

Universidade de Columbia, Nova Iorque. Em 1938 foi escolhida por Edith Magalhães para

assumir a presidência da associação, gerando algumas mudanças produtivas (biblioteca,

23

advogada para assessorar a Associação e um mensageiro para efetuar as cobranças nas

anuidades). Por ser Enfermeira Federal foi designada a atender algum dos três estados do

Sul, Santa Catarina foi a sua escolha, aqui participou da construção e planejamento de

hospitais, organização dos serviços de enfermagem, entre outros. Na década de 50, Hilda

se aposentou da enfermagem e dedicou-se ao museu de Imigração e Colonização de

Joinville.

Grande Mestra de 1940: Zaira Cintra Vidal – Enfermeira – nasceu em 1903 em Rio

de Janeiro, desde jovem decidiu que iria estudar, assim ingressou na rigorosa escola de

Enfermagem Anna Nery e destacou-se recebendo uma bolsa de Estudos nos Estados

Unidos. Ao retornar, foi nomeada chefe da divisão de Ensino da Escola Anna Nery. Porém,

a década de 1940 foi intensa: auxiliou na organização de hospitais e dirigiu serviços de

enfermagem; devido a Segunda Guerra Mundial alertou autoridades sobre a necessidade de

preparar o pessoal para os Primeiros Socorros, assim foi convidada a cumprir esta tarefa;

ocupou duas vezes o cargo de presidência da ANEDB; conheceu outros países e nesta nova

oportunidade em especializar-se conheceu enfermeiras das associativas de Enfermagem

Americana trazendo aprendizados que recriaram a ANEDB (passou a chamar-se ABED).

Zaira também foi convocada ir para o Sul do país, região que atuou em diversos cargos,

também foi a primeira a preocupar-se com a carreira do enfermeiro, realizando uma

solicitação do Presidente da República ao separar a carreira de Enfermeiro da Auxiliar de

Enfermagem e pleiteou a aposentadoria para os 25 anos.

Polivalente: Haydée Guanais Dourado – nasceu na Bahia – Família de protestantes

humildes que conheceu uma “missão norte-americana de protestantes”, em que teve a

oportunidade de estudar, sua mãe também era professora. Estudou inglês durante cinco

anos e seguiu os passos de sua irmã que estudava na escola Anna Nery. Após concluir o

curso empenhou-se em estudar sua pós-graduação no exterior, ao voltar ao Brasil tornou-se

instrutora técnica de universidades; fez novo curso de Ciências Políticas e Sociais,

defendeu a reintegração da ABED, fez curso de Jornalismo para defender sua profissão

tornando-se diretora da REBEn. Em seus editorias discutiu a lei do exercício legal da

profissão, a luta da enfermagem quanto ao profissional liberal, estabelecimento de um

currículo mínimo de graduação, classificação de cargos, entre outros.

24

Ritmo Intenso: Waleska Paixão- nasceu em Petrópolis – se graduou em Magistério e

logo entrou na Enfermagem em 1939, após concluir o curso Escola de Enfermagem Carlos

Chagas, concomitantemente, fez cursos de Filosofia, Sociologia e Moral, no Instituto

Superior de Cultura Católica. Em 1943 estudou administração e ensino em Nova Iorque.

Waleska foi responsável, após o III Congresso de Enfermagem, de montar um código de

ética para os enfermeiros. Também publicou o livro “Páginas de História da Enfermagem”.

No final dos anos 50 auxiliou na fusão das enfermeiras e das obstetrizes (não aceito pelas

últimas, sua luta continuou). Após a aposentadoria engajou em obras sociais na região do

Sergipe, revolucionando comunidade em geral, atraindo voluntários para fixar-se em Santa

Rosa de Lima (extrema pobreza).

Pesquisadora - Olga Verderese – Piracibada – Sempre quis enfermagem, entretanto,

sua família era contra, teve a oportunidade de trabalhar quando surgiu a Escola de

Enfermagem da Universidade de São Paulo. Fez sua graduação de 1944-47, foi aluna da

segunda turma, foi convidada por Haydée a montar o Serviço de Enfermagem da Bahia,

após instalado esse serviço teve divergências com o reitor. De volta a São Paulo (1950),

juntamente com sua irmã, recebeu a incumbência de organizar Escola de Enfermagem de

Porto Alegre. Quando se estabilizou realizou pós-graduação em Nova York e colaborou

com uma pesquisadora trazendo, após, esta experiência ao Brasil. Olga recebeu auxílio do

Instituto Rockfeller para financiamento destas pesquisas. Em 1985 lançou a Força de

Trabalho em Enfermagem.

Gente que cuida de Gente - Wanda Horta – Belém- não tendo idade para ingressar

na faculdade de medicina fez o curso de Voluntários Socorristas e resolveu trabalhar

enquanto estudava para o vestibular. Portanto, seu primeiro emprego foi no Posto de

Puericultura da Legião Brasileira de Assistência, ganhou uma bolsa de estudos para cursar a

Escola de Enfermagem na USP. Depois de formada dedicou-se a trabalhar com a

assistência no Amazonas e Curitiba. Após 10 anos resolveu tornar-se docente da Escola de

Enfermagem. Wanda pode dar corpo a essa tentativa de construir conceitos e valores

fazendo surgir a Teoria de Enfermagem e Metodologia do Processo de Enfermagem

(baseada na teoria das necessidades humanas de Maslow).

Além dessas, a maior precursora foi Florence Nightingale, considerada fundadora

da enfermagem Moderna em todo o mundo. Para Florence a Enfermagem era uma arte que

25

requeria treinamento organizado, prático e científico conforme anuncia Costa (2009).

Florence Nightingale contrariou o destino de uma mulher da alta sociedade britânica, à qual

a educação e a profissão estavam vedadas, abrindo caminho para uma nova representação

social da mulher e profissionalização da enfermagem. Soube aliar à sua vasta e abrangente

educação de base a sabedoria prática e técnica, tendo um considerável conhecimento de

outras realidades geográficas e sociais (Alemanha, França, Grécia e Egipto) que lhe

permitiram as bases para a reorganização dos serviços de saúde (LOPES, SANTOS, 2010).

Na guerra da Criméia, em 1854, Florence Nightingale é convidada pelo Ministro da

Guerra, da Inglaterra, para trabalhar junto aos soldados feridos na guerra e que morriam em

grande número nos hospitais militares, chamando atenção das autoridades inglesas.

Florence desenvolveu dois livros “Notas sobre Hospitais” e “Notas sobre Enfermagem”, em

que a arte da enfermagem consistia em cuidar, tanto dos humanos sadios, como dos

doentes, entendendo como ações interligadas da Enfermagem o triângulo cuidar-educar-

pesquisar (GEOVANINI, et al, 2005).

Além de escrever livros fundou a primeira escola de Enfermagem Nightingale –

Hospital Saint Thomas e revolucionou hospitais da época fundando O Modelo

Nightinleano. Lopes e Santos (2010) retratam que nos primeiros anos a Escola Nightingale

distinguia-se por: – ser independente, mas fisicamente ligada ao hospital; – atribuir total

autoridade à matrona do hospital sobre as enfermeiras estagiárias; – disponibilizar “lar”

para as estagiárias residirem; – ter como “professores” das estagiárias os funcionários do

hospital (Irmãs e médicos); – submeter as estagiárias à avaliação das Irmãs e matrona do

hospital; – atribuir um pequeno salário às estagiárias, durante a formação; – estabelecer um

contrato com as estagiárias que as obrigava a, depois da formação, aceitarem um lugar num

hospital à escolha do Nightingale’s Fund. A política desta Instituição era enviar grupos de

enfermeiras formadas para outros hospitais, com o objetivo de divulgar o sistema de

formação de Florence Nightingale. Segundo Geovanini et al (2005) eram divididas em

Ladies que sucediam de classe social mais elevada e desempenhavam funções intelectuais

(administração, supervisão, direção e controle dos serviços de saúde) e as nurses que

pertenciam aos níveis sociais mais baixos e desenvolviam o trabalho de enfermagem.

Gomes et al (2007) divide a História da Enfermagem em Fases: na primeira fase,

tendo como precursora Florence Nightingale, o foco da investigação de Enfermagem

26

centrou-se em “O QUE FAZER?” Na segunda, tentando conquistar o domínio técnico, a

Enfermagem procurou definir “COMO FAZER?” Na terceira, a Enfermagem empenhou-se

em fundamentar suas ações. Para tanto, baseou-se em princípios científicos e investigou

“POR QUE FAZER?” Atualmente, dedica-se à pesquisa científica na tentativa de construir

uma resposta para a questão “QUAL O SABER PRÓPRIO DA ENFERMAGEM?”. No

entanto, cabe destacar que no processo histórico tais fases não se sucederam de forma

linear, originando marcos. Na realidade, elas se sobrepuseram e ainda se sobrepõem.

Backes (2013) relata que este modelo nightingaleano chegou ao Brasil pelo diretor

da Cruz Vermelha que acreditou ser este o profissional necessário para a estratégia

sanitarista do governo brasileiro e solicitou a criação de serviço semelhante, no Brasil. Já

Carvalho (1972, APUD, FERTIG, 2000) relata que este modelo foi instalado em São Paulo,

resultando no “Hospital Evangélico", com um corpo de enfermeiras inglesas oriundas de

escolas orientadas por Florence Nightingale. O curso de enfermagem iniciado neste

hospital, em 1901, era ministrado em inglês para estudantes recrutadas de famílias do Sul

do país, tendo como objetivo preparar pessoal para a instituição. A partir desta primeira

organização de Florence no Brasil foram implementadas novas escolas neste modelo.

Fertig (2000) relembra outro ponto importante do feito de Nightingale, o destaque da

mulher na sociedade da época, já que Nightingale rompeu com os preconceitos desse

período que faziam da mulher a prisioneira do lar. Também coloca as enfermeiras em

destaque no ensino da enfermagem como responsabilidade das enfermeiras. Gomes et al

(2007), menciona que a Teoria Ambientalista foi outro legado importante de Florence

Nightingale. Esta, na verdade, se orientava por princípios relacionados ao ambiente físico,

psicológico e social, que eram essenciais para o bem-estar e recuperação dos pacientes

internados. O controle do ambiente surge como o conceito principal nos escritos de

Florence, considerando as condições e influências externas que afetam a vida e o

desenvolvimento do organismo, capazes de anteceder, eliminar ou contribuir para a saúde,

doença e morte. Salienta-se a necessidade de troca de ar e de luz solar nos quartos dos

hospitais, o destino adequado dos esgotos, bem como a importância de uma alimentação

saudável.

27

2.1.2 O Desafio do jovem enfermeiro na transição acadêmica/laboral no mundo

contemporâneo.

No Brasil, a questão da juventude entrou na agenda, tanto das políticas públicas,

quanto dos estudos populacionais pelo temor de uma explosão demográfica. Primeiro, pela

sua magnitude: 47 milhões tinham de 15 (quinze) a 29 (vinte e nove) anos em 2000. Esse

número é resultado de uma característica particular da dinâmica demográfica brasileira dos

anos 1970 e 1980, chamada de “onda jovem”. Além disso, o aumento da fecundidade na

adolescência, em curso desde os anos 1970, também contribuiu para acentuar esse temor

(CAMARANO; MELO, 2006, p.13).

Não existe um consenso na literatura sobre qual evento marca a entrada do

indivíduo no mundo adulto: independência econômica, saída da casa dos pais ou

constituição de família. Também não se tem consenso sobre qual processo define a

formação de família: casamento, parentalidade e/ou saída de casa. Essa última dúvida se

acentua com a tendência crescente de dissociação entre sexualidade e casamento e entre

casamento e parentalidade. Os modelos tradicionais de transição, consolidados após a

Segunda Guerra, consideram uma linearidade no desenvolvimento do curso da vida, na qual

uma dada sequência unidirecional de eventos e etapas ordena o caminho de um indivíduo,

da infância à velhice. No processo de transição para a vida adulta, essa trajetória é

composta pela saída da escola, ingresso no mercado de trabalho, saída da casa dos pais,

formação de um novo domicílio pelo casamento e nascimento do primeiro filho. A

observação dessa sequência na sociedade do pós-guerra respondia a uma dinâmica,

propiciada pelo crescimento econômico e do nível de emprego, que foi colocada à prova

com as mudanças, entre outras, no mundo do trabalho, nos arranjos familiares e na

nupcialidade.

Mannheim (1982, p. 44), por sua vez, contextualiza melhor a realidade social da

juventude. Considera-a como uma das fontes primordiais da identidade social no mundo

28

moderno, ao lado da experiência da classe social. Contudo, acabará também por naturalizar

a juventude, considerando a “unidade de geração” como realidade social possível de

emergir pelo compartilhar coletivo de uma experiência “natural”, a juventude – enquanto a

consciência de classe é um possível produto social de uma experiência igualmente social, a

posição na estrutura de classes.

Concordamos com uma das definições de Jovem, a de Agulló-Tomás (1997, apud,

MELO E BORGES, 2007), na qual o jovem é aquele indivíduo que, tendo superado a fase

da adolescência (através do término das mudanças corporais da puberdade, da aquisição de

maturidade sexual, da resolução de crises de identidade, da consolidação do crescimento

físico e da personalidade, da maior independência intelectual, etc.), adquiriu condições

necessárias, porém insuficientes, para o desempenho das funções de um adulto, uma vez

que somente será reconhecido socialmente como tal quando possuir um emprego

relativamente estável e seguro, ou seja, quando a sua inserção no mercado de trabalho tiver

ocorrido de forma plena, após o enfrentamento dos obstáculos socioeconômicos da

sociedade em que vive e aqueles advindos da sua relação com o mundo do trabalho.

As potencialidades adquiridas pelos jovens ao longo de suas vidas, bem como as

oportunidades e obstáculos que experimentam nessa fase podem influenciar a sua passagem

para a vida adulta, com consequências também sobre o lugar que ocuparão na escala social

e econômica no futuro (CAMARANO; MELO, 2006, p.13).

As mudanças observadas no processo de transição podem ser explicadas, de modo

geral, por duas ordens de fatores, que acontecem nas esferas da escola, do trabalho e da

família. A primeira, de ordem pública, envolve o aumento da escolarização e as

dificuldades crescentes de inserção profissional dos jovens. Os jovens passaram a ficar

mais tempo na escola para ampliar suas chances de inserção em um mercado de trabalho

mais exigente. Exigente, inclusive, de experiência profissional, o que não se pode esperar

encontrar em um jovem que busca a sua primeira experiência de emprego (CAMARANO;

MELO, 2006, p.17).

Deve-se levar em conta que o espaço de transição entre escola/universidade e

trabalho/emprego é estruturado por complexos jogos de atores sociais que se estendem em

contextos históricos e institucionais determinados, mas que possuem funcionamento

próprio. A questão de saber se os jovens podem ou não ser atores estratégicos da sua

29

inserção profissional é uma pergunta central na investigação de suas trajetórias

(OLIVEIRA, 2012).

Para Melo e Borges (2007, p. 378), alguns jovens frustram-se em suas expectativas

de ingresso e de estabilidade rápida no mercado de trabalho após a graduação. Eles

precisam, então, reformular seus projetos de ida, adotando outras trajetórias, tais como a

opção de um novo curso universitário ou de uma pós-graduação, o retardamento da

constituição de nova família, a aceitação de um emprego de menor remuneração para a

aquisição da experiência na profissão, a ocupação de um emprego em uma área diferente de

sua formação ou a busca de trabalho em outras cidades ou países (ARAÚJO; SARRIERA,

2004, apud MELO; BORGES, 2007).

Sendo assim, Oliveira (2012) complementa que a transição da escola/universidade ao

trabalho/emprego não pode ser compreendida apenas por meio de mecanismos econômicos de

análise de mercado. É necessário considerar que tal processo decorre das interações diversas e

complexas vividas pelas pessoas individualmente e influenciada pelos grupos dos quais

participam e mecanismos institucionais que orientam o processo.

2.1.3 Inserção profissional e mercado de trabalho: Satisfação com a profissão

escolhida.

Bem- estar subjetivo (BES) é um campo da psicologia que tenta entender avaliações

de suas vidas das pessoas. Estas avaliações podem ser primariamente cognitivas (por

exemplo, satisfação com a vida ou a satisfação conjugal ) ou pode consistir na frequência

com que as pessoas experimentam emoções agradáveis (por exemplo , alegria, medida pela

experiência técnica de amostragem ) e emoção desagradável (por exemplo , depressão) .

Pesquisadores da área se esforçam para entender não apenas os estados clínicos

indesejáveis, mas também diferenças entre as pessoas em níveis positivos de bem-estar a

longo prazo (IENER; SUH; OISHI, 1997). Chow (2005), revela que estudos internacionais

avaliarem que aspectos como idade, saúde física, morar com os pais ou sozinhos e a

personalidade, são determinantes na vida de estudantes do secundário.

Bardagi et al (2006) relatam a dificuldade da satisfação profissional que é um

conceito multifacetado e engloba aspectos pessoais, vocacionais e contextuais da realidade

30

do trabalho. Super, Savickas e Super (1996, apud BARDAGI et al, 2006) definem que a

satisfação profissional do indivíduo resulta da percepção de que o trabalho é uma expressão

do seu autoconceito, ou seja, de que é possível, através do exercício profissional, expressar

os próprios valores, interesses e características de personalidade. Nesse sentido, em um

contexto de formação profissional como o período universitário, satisfação pode ser

entendida como um sentimento de identificação, ajustamento à área de formação em termos

de bem-estar e comprometimento.

As poucas pesquisas nacionais que investigam satisfação de vida em universitários

detêm-se, em sua maioria, na qualidade/satisfação de vida em alunos de uma área ou curso

específico (ALMEIDA; PINTO; ALMEIDA, 2006; OLIVEIRA, 1999; SAUPE et al.,

2004). No estudo de Saupe et al. (2004) com estudantes de enfermagem, por exemplo, 64%

dos alunos estavam satisfeitos com sua qualidade de vida, mas 39% dos participantes

referiram sofrer com algum problema de saúde, físico e emocional (BARDAGI; HUTZ,

2010).

Revisando a literatura pudemos detectar estudos que tiveram por objetivo analisar a

Satisfação no Trabalho do Enfermeiro, relacionada com variáveis como sexo, idade,

experiência profissional, área da atuação prática, tempo de serviço e “feedback”. Apesar de

esses estudos terem tido por base abordagens metodológicas distintas existe certo consenso

sobre o sentimento do enfermeiro em relação ao seu trabalho. Portanto, o enfermeiro parece

estar mais satisfeito com os aspectos intrínsecos de seu trabalho, tais como reconhecimento,

responsabilidade e autonomia (DEL CURA E RODRIGUES, 1999).

Os extrínsecos que apareceram como maiores causadores de insatisfação foram

nível salarial, a qualidade da supervisão, o relacionamento com a equipe de trabalho e as

condições de trabalho (KELLY, 1985; CAMPBELL, 1986; HALE, 1986). Por outro lado,

alguns estudos revelaram que mudanças organizacionais como a formação de uma

Associação de Enfermeiros e a possibilidade de oferecimento de uma assistência integral ao

paciente, aumentam a Satisfação no Trabalho (DAHLGREN, 1986; UNTER, 1986;

BLENKARN et al., 1988), (DEL CURA E RODRIGUES 1999).

Em se tratando do trabalho de enfermagem desempenhado, especialmente, no

cenário hospitalar, há referência de que este é diferenciado dos demais trabalhos porque é

contínuo, desgastante, exaustivo e desenvolvido a partir de uma relação interpessoal muito

31

próxima com o paciente sob seus cuidados. Conforme Silva et al (2009) também é capaz de

proporcionar sentimentos como alegria, satisfação e prazer aos trabalhadores, sem os quais

seria praticamente impossível exercer a profissão.

32

3. METODOLOGIA: PESQUISA DE CAMPO, INSTRUMENTOS DE COLETA

DE DADOS, CONTEXTO E SUJEITOS DA INVESTIGAÇÃO.

3.1 Abordagem do estudo:

Tratou-se de um estudo com enfoque qualitativo que analisou a inserção

profissional dos egressos recém-formados do curso de enfermagem. Para Sampieri,

Callado, Lucio (2013, p. 376), uma pesquisa com abordagem qualitativa visa compreender

e aprofundar os fenômenos que são explorados a partir da perspectiva dos participantes em

um ambiente natural e em relação ao contexto. É utilizada quando buscamos compreender a

perspectiva dos participantes, sobre fenômenos que nos rodeiam, isto é, a forma como os

participantes percebem subjetivamente sua realidade.

Flick (2004) relata que a pesquisa qualitativa exige muito das pessoas envolvidas, já

que é necessário um maior envolvimento entre o pesquisado e o pesquisador. Sendo assim,

os métodos qualitativos não podem ser considerados independentes do processo de

pesquisa e do assunto em estudo, consistem ainda na escolha de métodos e teorias

oportunas, no reconhecimento e na análise de diferentes perspectivas.

Já Trivinõs relata em seu livro que alguns autores entendem a pesquisa qualitativa

como uma "expressão genérica". Isto significa, por um lado, que ela compreende atividades

de investigação que podem ser denominadas específicas. E, por outro, que todas elas podem

ser caracterizadas por traços comuns. Esta é uma ideia fundamental que pode ajudar a ter

uma visão mais clara do que pode chegar a realizar um pesquisador que tem por objetivo

atingir uma interpretação da realidade do ângulo qualitativo (TRIVIÑOS, 1987).

O tipo de pesquisa escolhido é o exploratório que segundo Sampieri, Callado, Lucio

(2013, p 101), visam examinar um tema ou problema pouco estudado, sobre qual muitos

têm dúvida ou que não foi abordado antes. Este tipo de estudo serve para nos tornar

familiarizados com fenômenos relativamente desconhecidos, obter a informação sobre

realizar uma pesquisa mais completa com um contexto particular e pesquisar novos

problemas. O tipo exploratório foi escolhido por não ter sido realizada pesquisa na

Universidade anteriormente e focado em dois problemas emergentes: a saída do egresso

para o mercado de trabalho e a situação atual do mercado de trabalho.

33

3.2 Cenário do estudo

O contexto da pesquisa é a cidade de Itajaí que é uma cidade portuária, localizada na

região do Vale do Itajaí, a 94 km da capital do Estado de Santa Catarina. Destaca-se pela

função de Centro Portuário do Estado. É considerado município polo da Microrregião do

Vale do Itajaí e congrega 11 (onze) municípios. Tendo uma concentração demográfica

predominantemente urbana sua população é de aproximadamente 170.000 habitantes. O

Curso de Enfermagem da UNIVALI privilegia a formação do enfermeiro generalista,

qualificado para o exercício da enfermagem com rigor técnico científico e ético,

competente no assistir/cuidar de forma integral o ser humano, a família, a coletividade e a

natureza, na administração e liderança, de tomar decisões com responsabilidade social e

com compromisso com a educação permanente (UNIVALI, 2014).

A forma de ingresso no curso de Enfermagem é semestral, com carga horária de

4.005 horas, com duração de 10 semestres, ocorre por meio de Processo Seletivo Especial

Univali, Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, Prouni – Universidade para todos,

Transferência e Vestibular ACAFE - Associação Catarinense das Fundações Educacionais

(UNIVALI, 2014).

Com uma trajetória de excelência no ensino e extensão consolidada em seus 34

(trinta e quatro) anos de história, o Curso de Enfermagem tem buscado ampliar suas

perspectivas incluindo a pesquisa e a extensão como princípios educativos. Na extensão sua

atuação tem sido contínua desde o ano de 1983, com ações voltadas à saúde da mulher,

criança e adolescente/escolar e suas famílias, com ênfase na promoção da saúde e busca da

cidadania (UNIVALI, 2014).

Ainda conforme o documento da Univali (2014) o enfermeiro é o profissional

qualificado para o exercício da enfermagem sob a perspectiva da eco formação, com base

no rigor técnico-científico e ético para assistir e cuidar do ser humano de forma integral,

inter e transdisciplinar, no processo saúde-doença, em nível individual e coletivo,

comprometido, social, ética e criticamente com o ensino, a pesquisa e a extensão.

34

3.3. Informantes do estudo

Os informantes são egressos recém-formados do curso de Enfermagem da turma de

junho de 2013, da Universidade do Vale do Itajaí. Deste grupo que corresponde a 27 (vinte

e sete) alunos (as) egressos recém-formados conseguiu-se realizar um total de 9 (nove)

entrevistas, chegando aos 30% de egressos entrevistados. O acesso aos participantes da

pesquisa se deu pelo cadastro de matrícula e fichas de egressos do curso de enfermagem,

obtidas na Secretaria do curso da Univali. Após este acesso encaminhou-se convite de

participação voluntária aos egressos recém-formados para responderem a entrevista, após

teve-se retorno imediato de 3 (três) entrevistados. Realizadas as entrevistas com esses

seguiu-se a escolha dos demais participantes por meio de indicação dos que já tinham sido

entrevistados.

A amostra da pesquisa se deu por meio de amostras não probabilísticas, como

reforçam Sampieri, Callado e Lucio (2013) este tipo de a amostra não ocorre de forma

mecânica, nem baseada em fórmulas de probabilidade, mas depende do processo de tomada

de decisão de um pesquisador, as amostras selecionadas obedecem a outros critérios da

pesquisa.

Essa técnica é uma forma de amostra não probabilística utilizada em pesquisas

sociais, em que os participantes iniciais de um estudo indicam novos participantes, que por

sua vez indicam novos participantes e assim sucessivamente, até que fosse alcançado o

objetivo proposto (o “ponto de saturação”). Esse ponto é atingido quando os novos

entrevistados passam a repetir os conteúdos já obtidos em entrevistas anteriores, sem

acrescentar novas informações relevantes à pesquisa (WHA, 1994, apud BALDIN,

MUNHOZ, 2011). Portanto, a snowball (“Bola de Neve”) é uma técnica de amostragem

que utiliza cadeias de referência, uma espécie de rede conforme afirmam Baldin e Munhoz

(2011).

35

3.4 Procedimentos de coleta de dados

A primeira fase da pesquisa desenvolveu-se com a coleta de dados para

caracterização do perfil do egresso recém-formado, tendo a finalidade de conhecer melhor

os participantes do estudo. O questionário do perfil (apêndice 3) foi entregue aos egressos

recém-formados no dia da entrevista semi-estruturada, desta etapa participaram os 9 (nove)

egressos. A caracterização deste perfil é um complemento da pesquisa para saber mais

sobre a vida deste egresso durante a faculdade, em sua vida pessoal e a busca inicial no

mercado de trabalho.

A segunda fase realizou-se contato por telefone e e-mail para marcar com os

egressos as entrevistas semiestruturadas compostas por um roteiro que se encontra anexo

(amostra de no mínimo 30% dos egressos de julho de 2013) conforme o apêndice 4. O

critério utilizado de inclusão foi que o egresso tivesse se formado em julho de 2013, sendo

como critério de exclusão utilizado os egressos de outras turmas já formadas pela

Universidade do Vale do Itajaí. As entrevistas semiestruturadas usadas como coleta de

dados, segundo Sampieri, Callado e Lucio (2013), se baseiam em um roteiro de assuntos ou

perguntas, nesse caso, o entrevistador tem a liberdade de elaborar perguntas para conceituar

melhor os termos ou obter mais informação sobre os temas desejados.

Estes autores reforçam que na entrevista, com as perguntas e repostas consegue-se

uma comunicação, e ao mesmo tempo, a construção de significados a respeito de um tema.

A tendência da entrevista qualitativa é de ser mais intima, flexível e aberta. Cresweel

(2009, APUD, SAMPIERI, CALLADO E LUCIO, 2013), ponderam que as entrevistas

qualitativas devem ser abertas, sem categorias pré-estabelecidas, para que os participantes

expressem da melhor maneira suas experiências, sem serem influenciados pela visão do

pesquisador ou pelos resultados de outros estudos. Já Leopardi (2002) expõe que essas têm

a vantagem essencial que são os atores sociais mesmo que proporcionam os dados relativos

a suas condutas, opiniões, desejos e expectativas, tema que pela própria natureza é

impossível perceber de fora. Ninguém melhor que a própria pessoa envolvida para falar

daquilo que pensa e sente do que tem experimentado.

36

3.5. Dificuldades encontradas no campo de coleta de dados

Quando se realiza uma investigação, além de gostar de ler e pesquisar deve-se ter

disponibilidade para tal. Uma questão de tempo, dois anos e seis meses, este é o tempo que

temos para “viver e respirar” uma dissertação. Questão de tempo. Tempo? Algo que um

enfermeiro não tem! Reflexão necessária para falar das dificuldades que foi realizar essa

pesquisa. A disponibilidade dos enfermeiros foi um dos principais desafios para a

realização desta dissertação, pois acertar o tempo livre da pesquisadora com o entrevistado

(a), dos 27 (vinte e sete) alunos (as) fez-se o contato somente com 9 (nove). Estes

conseguiram responder o questionário e realizar a entrevista semiestruturada. As entrevistas

foram realizadas pela própria orientanda e duraram em torno de 30 minutos (chegando a 20

minutos uma entrevistada e 1 hora e dez minutos outra entrevistada). Portanto, foram

gravadas em gravador de fita e digital. Após a pesquisadora fez a transcrição do material

coletado e em seguida se investiu na sistematização dos dados e a análise de conteúdo.

De início houve muitas dificuldades nos encontros e também na comunicação com

os egressos, por exemplo, foram encaminhados diversos e-mails e realizadas diversas

ligações, entretanto, não obtive retorno dos mesmos, que marcavam as entrevistas e não

compareciam. Em síntese, foi possível com os 9 (nove) recém-formados. O tempo de

aplicação dos questionários do perfil e as entrevistas realizadas somaram uma média de 6

(seis) meses para a coleta dos 9 (nove) entrevistadas. Várias entrevistas levaram em torno

de 2 meses para realização. Houveram poucos e-mails retornados e quando solicitamos

somente o questionário do perfil, este também foi recusado.

Outra dificuldade encontrada pela orientanda foi permanecer imparcial quando o

entrevistado relatava alguma situação vivida recentemente, como enfermeira, a orientanda

passa ou já passou por várias destas situações e para abster-se de comentários ou

julgamentos, foi necessário manter o controle pessoal e rigor científico para não participar

da entrevista como um entrevistado e sim demonstrar o que é esperado como pesquisadora.

Do grupo de egressos recém-formados (27 alunos) do curso de enfermagem da

Univali do ano de 2013 foi realizado um total de 9 (nove) entrevistas como já mencionado,

somente 9 (nove) colegas egressos que abriram suas portas e suas mentes para contribuir

com este trabalho e que conseguiram um tempo em suas agendas atribuladas para

37

responderem vários questionamentos sobre seus anseios, sua profissão, seus medos [...]

Talvez agora inicie a parte mais descontraída desta dissertação:

Todos os egressos que foram entrevistados estavam com suas agendas

atribuladas, como no início de qualquer profissão os horários disponibilizados são os

mais diversificados possíveis, desde as 23h30min horas em uma sala do pronto

socorro, 4h da manhã em outra sala de outro pronto socorro, às 9h na biblioteca da

Univali. Portanto, no geral, as entrevistas aconteceram dentro do horário de trabalho

do egresso, pois além de sua ocupação no mercado de trabalho, o egresso busca pela

atualização dentro da área e reveza entre o mercado de trabalho e a família.

Dificuldades para agendar as entrevistas: marca e esquece, marca e

desmarca, ou marca e quando a pesquisadora chega ao local o entrevistado não

estava. Em um dos casos teve-se que ir quatro vezes ao mesmo local ou esperar das

20h as 23h na frente na casa do egresso.

Após a formatura muitos realizam o sonho de casar e constituir família,

em nossa pesquisa isto não podia ter sido diferente. Um dos egressos casou durante o

período das entrevistas, cada vez que ligávamos pra marcar estava ocupado

escolhendo os itens do casamento, depois da lua de mel (sim, ligamos na lua de mel,

como adivinhar?) conseguimos realizar a entrevista.

Dois egressos entrevistados estavam realizando pós-graduação fora do

estado na época das entrevistas, a cada 15 (quinze) dias viajavam e retornavam na

segunda-feira, foram uns bons dois meses para conseguir essas entrevistas.

Quando se finalizavam as entrevistas e desligava-se o gravador os

entrevistados falavam sem vergonha, sem constrangimento, ficavam desinibidos para

falar de seus principais medos e anseios, assim tínhamos que perguntar: Você

poderia repetir isso com o gravador ligado? Muitos aceitavam, mas continuavam

contidos após a ligar o aparelho, já outros conseguiram falar o que pensavam e o que

sentiam naquele momento.

38

3.6. Análise de dados

Sobre a etapa da Análise de Dados, Sampieri, Callado e Lucio (2013) mencionam

aspectos relevantes da análise qualitativa: dar estrutura aos dados, organizando-os em

categorias, temas e padrões; descrever as experiências das pessoas estudadas sob sua ótica,

em sua linguagem e com suas expressões; relacionar os resultados da análise com a teoria

fundamentada ou construir teorias. Franco (2005) assim explica que a Análise de Conteúdo

assenta-se nos pressupostos de uma concepção crítica e dinâmica da linguagem aqui

entendida como uma construção real de toda a sociedade e como expressão da existência

humana.

Já Bardin (1977, p. 31) reforça que a Análise de Conteúdo é um conjunto de

técnicas de análise das comunicações, que não se trata de um instrumento, mas marcado por

uma grande disparidade de formas e adaptável a um campo de aplicação muito amplo: as

comunicações. Desta forma, utilizamos a Organização da Análise como proposta por

Bardin (1977), que possui diferentes fases de Análise de Conteúdo, que se organiza em três

polos cronológico: 1) Pré-análise; 2) Exploração do material; 3) o tratamento dos

resultados, inferência e a interpretação. Na pesquisa, a análise aconteceu de tal forma:

1. Pré-análise com leitura exaustiva das entrevistas;

2. Codificação das falas em eixos e categorias pré-estabelecidas, retiradas dos

principais textos que fazem parte da revisão da literatura, que se

transformaram nos eixos estruturais desta pesquisa Eixo 1- Satisfação com a

profissão e a escolha do curso e Condições de trabalho. Eixo 2-

Dificuldades para inserção e permanência na área de atuação, relação

educação e trabalho ou formação e trabalho. Eixo 3- Os quatro (4) pilares da

enfermagem. Eixo 4- Expectativa profissional, relacionamento

multiprofissional e desafios da profissão e formação continuada .

3. Condensaram-se todas as unidades de registro em categorias dentro dos

eixos em um mesmo documento para facilitar a análise. O nome dos

egressos foi modificado para garantir o anonimato, sendo escolhidos nomes

de enfermeiras que fizeram parte da historia da enfermagem (apêndice 6).

39

4. Após esta etapa, seguiu-se com a discussão dos dados. Para discussão

utilizou-se outros estudos que tinham relação com o tema.

5. As considerações finais e sugestão de novas pesquisas vieram como última

etapa, condensando as principais informações e visões, tanto da aluna do

mestrado quanto da orientadora.

3.7. Aspectos Éticos

Quanto aos aspectos éticos da pesquisa após aprovação do comitê de ética foi

entregue os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (APENDICE 01) aos

participantes que o preencheram. Dessa maneira, se garantiu o anonimato quanto à

identidade dos enfermeiros que aparecerem nos documentos estudados, conforme solicitado

na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Univali (APENDICE

02), em que ficam garantidos todos os direitos dos entrevistados, tais como a garantia dos

dados somente para este estudo, a possibilidade sobre os participantes a desistirem a

qualquer momento, a participação é voluntária, sem custo ou lucro para o egresso, as

gravações serão armazenadas por cinco anos e após serão destruídas e o contato frequente

com o pesquisador.

40

4. ANÁLISE DO PROCESSO DE INSERÇÃO PROFISSIONAL DOS EGRESSOS

RECEM-FORMADOS DO CURSO DE ENFERMAGEM DA UNIVALI

Apresenta-se nesse capítulo os resultados encontrados na pesquisa de campo, a

partir da sistematização dos dados e análise de conteúdo das entrevistas realizadas com as 9

(nove) entrevistadas. Esse procedimento foi fundamental acerca do objeto de estudo que se

constitui na análise do processo de inserção profissional dos egressos recém-formados, do

curso de Enfermagem, da Universidade do Vale do Itajaí. Para tanto, foram distribuídos em

perfil do egresso, eixos e categorias:

Perfil dos egressos: esta subcategoria contém o perfil de cada um dos

entrevistados.

Eixo 1: Satisfação com a profissão Categorias: Satisfação com

profissão/escolha do curso, condições de trabalho e Ambientes insalubres.

Eixo 2: Inserção e permanência no mercado de trabalho. Categorias:

Dificuldades para inserção e permanência na área de atuação, Formação e

trabalho.

Eixo 3: Os quatro (4) pilares da enfermagem - se os conhecimentos

adquiridos no curso com relação aos 4 pilares estão sendo aplicados na área

de atuação –Categorias: Ensino, Pesquisa, Assistência e Gerência.

Eixo 4: Projetos profissionais na área de atuação: presente e futuro.

Categorias: Expectativa profissional, relacionamento multiprofissional e

desafios da profissão e formação continuada, Questões de gênero na

enfermagem: força feminina.

Neste primeiro momento, encontramos abaixo o perfil das egressas entrevistadas,

definido em suas particularidades.

4.1. Perfil detalhado das entrevistadas

Edith, 33 anos, sexo feminino, cor branca, possui filhos, recebe de 5 (cinco) a 10 (dez)

salários mínimos, reside em Balneário Camboriú-SC. Quando se examina a questão da

41

inserção na profissão de enfermeira ela nos conta que já trabalhava na área, relata manter-se

atualizada por meio da internet e e-mail, quase sempre frequenta encontros e congressos.

Durante a sua faculdade Edith teve mais afinidade com a assistência e menos afinidade com

a gerência. Ela acredita que seu curso na faculdade estava mais voltado para o Ensino e

menos para a pesquisa. Pretende trabalhar na assistência, no entanto, está realizando pós-

graduação em Ensino. A inserção profissional ocorreu sem problemas, pois já está

empregada, conseguiu emprego através de internet/e-mail, diz preferir trabalhar na

assistência de enfermagem.

Rachel, 23 anos, sexo feminino, cor branca, não possui filhos, recebe também como Edith

de 5 (cinco) a 10 (dez) salários mínimos, reside em Itajaí. Sua experiência de inserção na

enfermagem ocorreu por iniciativa pessoal, narra que procura se manter atualizada por

meio da internet e e-mails, também quase sempre frequenta encontros e congressos.

Durante a sua faculdade Rachel teve mais afinidade com a gerência e menos com a

pesquisa. Ela acredita que seu curso de faculdade está mais voltado para a assistência,

sendo menos para o ensino. Pretende trabalhar na pesquisa, no entanto, está realizando pós-

graduação em gerência. Rachel tem dificuldades para se inserir na profissão, dizendo estar

desempregada, prefere trabalhar na pesquisa de enfermagem.

Hilda, 24 anos, sexo feminino, cor branca, não possui filhos, recebe como as outras recém-

formadas de 5 (cinco) a 10 (dez) salários mínimos, reside em Balneário Camboriú-SC. Sua

experiência de inserção na área da enfermagem aconteceu como Rachel por iniciativa

pessoal, como as demais relata manter-se atualizada por meio de internet e e-mails, já as

vezes frequenta encontros e congressos. Durante a sua faculdade a entrevistada diz que

teve mais afinidade com a assistência e menos com o ensino. Ela acredita que seu curso na

faculdade estava mais voltado para a assistência e menos para o ensino. Pretende trabalhar

na assistência, porém, não está realizando pós-graduação. Já está empregada, por isso não

apresenta dificuldade de inserção profissional, este emprego conseguiu por meio da

internet/e-mail, relata que prefere trabalhar na assistência de enfermagem. Nesse sentido,

disse que seu curso possibilitou a inserção no mercado de trabalho através do estágio.

42

Zaira, 26 anos, sexo feminino, cor parda, não possui filhos, recebe de 1 (um) a 5 (cinco)

salários mínimos, reside em Balneário Camboriú-SC, como Edith e Hilda. A experiência de

Zaira quanto sua inserção na enfermagem foi tranquila, pois durante a faculdade já estava

trabalhando na área, como as demais relata manter-se atualizada por meio da internet e e-

mails, nunca frequenta encontros e congressos. Durante a sua faculdade Zaira teve mais

afinidade com a assistência e menos com a pesquisa. Ela acredita que seu curso de

faculdade está mais voltado para a assistência e menos para a pesquisa. Pretende trabalhar

na assistência, no entanto, está realizando pós-graduação em outro ramo. Sobre sua

inserção profissional já estava empregada, por isso pressupõem-se que não teve

dificuldades, conseguiu emprego através de promoção, relata que prefere trabalhar na

assistência de enfermagem, disse que seu curso possibilitou a inserção no mercado de

trabalho através do estágio como também menciona Hilda.

Haydée, 28 anos, sexo feminino, cor negra, não possui filhos, recebe de 1 (um) a 5 (cinco)

salários mínimos como a Zaira reside em Balneário Camboriú-SC. Sobre a inserção na

enfermagem já trabalhava na área, como as outras entrevistadas também diz se manter

atualizada por meio da internet e e-mails, sempre que pode frequenta encontros e

congressos. Durante a sua faculdade Haydée teve mais afinidade com a assistência e

acredita que seu curso estava mais voltado para a assistência e menos para a gerência. Tem

como pretensão trabalhar na gerência, no momento não está realizando pós-graduação. Sua

experiência de inserção no mercado foi tranquila, já está empregada, conseguiu emprego

através de promoção como a Zaira, conta que seu curso possibilitou a inserção no mercado

de trabalho através do estágio como as demais.

Olga, 28 anos, sexo feminino, cor branca, não possui filhos, recebe de 5 (cinco) a 10 (dez)

salários mínimos, reside em Porto Belo-SC. Sua inserção profissional na área da

enfermagem ocorreu por estímulo dos colegas, conhecidos e familiares. A entrevistada

relata manter-se atualizada por meio da internet e e-mails como as outras. Menciona que às

vezes frequenta encontros e congressos também. Durante a época da faculdade Olga diz

que teve mais afinidade com a assistência e menos com o ensino. Ela acredita que seu curso

de enfermagem estava mais associado à pesquisa e menos à assistência. Pretende trabalhar

43

na assistência e no momento não está realizando pós-graduação. Sobre sua inserção

profissional já estava trabalhando (empregada), conseguiu ocupação através de

internet/email, disse que seu curso possibilitou a inserção no mercado de trabalho por meio

da internet/email.

Wanda, a sétima entrevistada, tem 38 anos, sexo feminino, cor negra, possui filhos, recebe

de 5 (cinco) a 10 (dez) salários mínimos, reside em Itajaí-SC. A experiência que teve é que

já estava inserida na área da enfermagem, por isso não teve dificuldades, conta que procura

se manter-se atualizada por meio da internet e por e-mail como as outras colegas, somente

as vezes frequenta encontros e congressos. No período da faculdade teve mais afinidade

com a assistência e menos com a pesquisa. Dessa forma, acredita que o curso que

frequentou na Universidade era mais associado à gerência e menos voltado para o ensino.

Pretende trabalhar na assistência, no entanto, ainda não realizou pós-graduação. Sobre a

questão da inserção profissional já estava empregada no momento da entrevista, desta

forma, nota-se que não teve dificuldade para se inserir no mercado de trabalho e conseguiu

essa ocupação por meio de promoção, relata que prefere trabalhar na assistência de

enfermagem, disse que seu curso possibilitou a inserção no mercado de trabalho através de

concurso público.

Florence, 23 anos, sexo feminino, cor branca, não possui filhos, recebe de 1 (um) a 5

(cinco) salários mínimos, reside em Itapema-SC. A experiência na área da enfermagem foi

por meio do estímulo dos colegas, conhecidos e familiares, expõe que procura manter-se

atualizada como as demais colegas por meio da internet e e-mails, as vezes frequenta

encontros e congressos como Wanda. Quando cursou a faculdade Florence tinha mais

afinidade com a assistência e menos afinidade com a gerência. Em sua opinião o curso de

enfermagem estava mais voltado à pesquisa e menos à assistência. Nesse sentido, ainda

pretende trabalhar na assistência, entretanto, ainda não realizou pós-graduação. Já está

empregada ou inserida no mercado de trabalho e este fato se deu por meio do contato com

amigos/vizinhos, relata que prefere trabalhar na assistência de enfermagem, disse que seu

curso possibilitou a inserção no mercado de trabalho através de estágio como também

falaram outras colegas.

44

Waleska, 27 anos, sexo feminino, cor branca, não possui filhos, recebe de 1 (um) a 5

(cinco) salários mínimos, reside em Itajaí-SC. Já trabalhava na área ou estava inserida no

mercado de trabalho, não tendo dificuldade de inserção profissional, como a maioria de

suas colegas procura se manter atualizada por meio da internet e e-mails. Disse que quase

sempre frequenta encontros e congressos, não sendo diferente de outras entrevistadas que

também mencionaram esse fato. Quando frequentou a Universidade e o curso de

enfermagem Waleska teve mais afinidade com a assistência e menos com a pesquisa. Nesse

sentido, mencionou que o curso estava mais ligado à gerência e menos à pesquisa. A

entrevistada tem a intenção de trabalhar no ensino, contudo, está realizando pós-graduação

na assistência. Já está inserida no mercado e conseguiu esse emprego por meio da

internet/email, relata que prefere trabalhar na assistência de enfermagem, anunciou que seu

curso possibilitou a inserção no mercado de trabalho através de internet/email.

Algumas considerações comparativas sobre o perfil das entrevistadas:

Verificamos que todas as entrevistadas são mulheres tem entre 23 a 38 anos,

sendo a grande maioria de cor branca, seis (6) entrevistadas e somente três

(3) dessas intitularam-se pardas ou negras.

A maioria (77%) não possuem filhos e dizem ter renda entre 5 (cinco) a 10

(dez) SM. Quanto a residência vivem nas cidades de Balneário Camboriú,

Itajaí, Porto Belo e Itapema. Verifica-se que grande parte delas já conhecia

ou trabalhava na área da enfermagem.

Em outro questionamento de como os egressos obtém as informações

necessárias para atuar na área, é unânime o uso da internet/email em 100%

dos casos.

Sobre a qualificação profissional, no geral, participam às vezes dos eventos

ocorridos como pós-graduação. Questionadas sobre sua inserção no mercado

de trabalho, 77% tem buscado se inserir no mercado de trabalho ou estar

empregada.

O mecanismo mais visível de inserção no mercado de trabalho ocorre,

conforme 55,5%, pela internet/email, as entrevistadas Zaira, Wanda e

45

Haydée já trabalhavam na instituição em outros cargos e foram promovidas

após seleção das instituições.

Quando questionadas sobre por qual meio o curso favoreceu a inserção

profissional vimos que foi por meio do estágio para cinco entrevistadas.

4.2 Satisfação com a profissão

No primeiro eixo iremos trabalhar com os sentimentos de pertencimento na

Enfermagem, num primeiro momento, surgiram três categorias marcantes: a Satisfação com

profissão/escolha do curso, as Condições de Trabalho e Ambientes Insalubres. A categoria

de Ambientes Insalubres emergiu da pesquisa de campo pela necessidade de verificar que a

maioria dos egressos trabalha, em seus primeiros empregos, em ambientes insalubres como

os hospitais.

4.2.1 Satisfação com a profissão/escolha do curso

As entrevistadas foram questionadas para dar notas de zero a dez com relação à

satisfação com a profissão escolhida e a atuação como enfermeiras. Quando conferidas as

respostas percebeu-se que todas elas tiveram notas positivas acima de 7 (sete), a maioria

nota oito. Nota-se que nenhuma das notas chegou a dez, as entrevistadas relataram que os

principais motivos que não deram a nota máxima foram: a desvalorização da profissão, os

baixos salários e distinção do ensino/prática. Como mencionado por Edith “É 8....tem a

questão do mercado de trabalho acho que desvaloriza um pouco a enfermagem”, já Zaira

menciona sobre o salário “ Eu gostaria que estivesse melhor acho que 8 ou 7 a 8 em

relação ao salário” e, por fim, Hilda diz “Acho que 8,0 digo, assim eu gosto bastante do

que eu faço é cansativo, mas acho que a gente escolhe, faz estágio, sabe que não vai ser

fácil . Interessante refletir sobre esses sentimentos, Oguisso et all (2001), em sua pesquisa

descobriu que os resultados levantados permitem concluir que os sentimentos da grande

parte dos alunos em relação ao curso de graduação de enfermagem da EEUSP é de

satisfação, dizem isso por conseguirem concluir essa etapa e assim pretendem exercer a

profissão.

46

Para algumas entrevistadas a formatura era um sonho e o ser enfermeira fazia parte

dos seus planos ou projetos de vida, como por exemplo, Haydée e Waleska que já tinham a

formação de técnica de enfermagem. Para Wanda o sonho da formatura chegou, mas o

emprego como enfermeira ainda não, pois é concursada na prefeitura e sua remuneração

como técnica de enfermagem ultrapassa o valor médio dos hospitais da região, fazendo com

que ela aplique os conhecimentos dentro do seu posto de trabalho. Seguem os depoimentos,

No momento eu sempre quis ser enfermeira entendeu? Então é uma conquista

assim que eu tive na minha vida pessoal, particular em todos os sentidos me sinto

bastante realizada, assim eu de repente ainda não sou 9 por questões

institucionais e porque eu ainda.....o fato de ser técnica não quer dizer que eu

saiba tudo, ninguém sabe tudo né....então assim eu pontuo 8. Como te falei me

sinto realizada, pessoalmente bem realizada, to bem feliz e contente e eu acho

que isso que citei a solução dos problemas eu acredito na melhora, ao mesmo

tempo sou positiva com relação a isso de acreditar sou muito persistente então

eu penso que isso faz parte a gente amadurece em muitas outras coisas no

momento que a gente tem desafios assim então eu sinto que apesar de ser difícil

as vezes mas que tu acaba amadurecendo, que uma próxima situação tu já sabe

como agir, lidar (Haydeé).

Uma coisa assim, melhor do que eu imaginava na verdade, eu trabalhei como

técnica durante a faculdade na graduação, eu trabalhava a noite, fazia faculdade

de dia. Pra eu entrar na pediatria foi um sonho realizado, porque eu gosto de

pediatria, hoje eu to fazendo pós em pediatria, uma área que eu quero continuar.

Claro que a gente tem inúmeras dificuldades porque a gente naquilo que a gente

vai fazer, então a gente tem que estudar muito mais, pra conseguir dar conta,

mas eu estou bem contente, bem feliz mesmo nessa área (Waleska).

Locke retrata que são incorporados elementos de natureza cognitiva e afetiva,

permitindo que a pessoa emita um julgamento em que estão integradas as razões mais ou

menos objetivas. Por outro lado, a comparação entre o que se consegue obter na atividade

profissional com aquilo que dela era esperado é apontado também como um fator de

influência na satisfação com o trabalho (LOCKE, 1969, apud, ALVES, AZEVEDO E

GONÇALVES, 2014). Wanda relata,

[...] eu estaria satisfeita se estivesse atuando como enfermeira, mas isso não

significa que eu não esteja satisfeita. De 0 a 10 eu poderia dizer que é oito, só o

fato de eu já ter aprendido, o conhecimento ninguém tira da gente pra vida toda,

tem certos momento que eu vejo que o meu potencial melhorou muito, mesmo

atuando como técnica depois que eu fiz a graduação, querendo ou não eu

consigo sempre buscar e usar aquele conhecimento graduação para aplicar no

meu setor mesmo (Wanda).

47

No depoimento de Wanda pode-se verificar que é uma profissional que busca a

estabilidade no mercado de trabalho, não deixando seu cargo já concursado por aventurar-

se no mercado de trabalho. Nesse aspecto, concorda-se com Lemos (2007) que a inclinação

profissional para a estabilidade e manutenção do estilo de vida é típica de pessoas que

buscam atividades profissionais que lhes permitam sentirem-se seguras e lhes

proporcionem estabilidade, bem como lhes possibilitem conciliar suas necessidades

pessoais, familiares e profissionais. Para Zaira e Hilda os colegas de profissão

influenciaram na nota, profissionais da mesma área, em diferentes situações, agindo de

formas diferentes e não estabelecido na universidade,

Olha acho que esta na média, eu gostaria que estivesse melhor acho que 8 ou 7 a

8 em relação ao salário principalmente em relação aos próprios colegas a

formação eu acho que é muito diferente de uma universidade para outra deveria

ser mais homogênea que todos trabalhem pelo menos na teoria para ser tudo

meio parecido né, talvez a forma de fazer é um pouco diferente, mas eu vejo que

é muito....cada colega que formou um lugar diferente, trabalha de uma forma

diferente, tem uma visão completamente diferente ou não viram algumas coisas

que a gente viu (Zaira).

Acho que 8,0 digo... assim eu gosto bastante do que eu faço é cansativo, mas

acho que a gente escolhe, faz estágio, sabe que não vai ser fácil.....so que ainda

né....não decepcionei mas assim que eu vejo são profissionais da mesma área,

tipo atuando de uma forma que não tem lógica, entendeu, tipo fazendo coisas que

não....que a gente sabe que não cabe a profissão, então porque a....não to

falando pelo lado de não é minha função, é tua função eles não fazem e deixar

desejar entendeu.....isso é o que me não desmotiva porque acho que o meu fazer,

cada um tem que fazer o seu entendeu...(Hilda)

Florence, Olga e Edith nos rementem a pensar sobre as experiências vividas pelo

recém-formado diante da desvalorização do mercado de trabalho, também do medo e o

receio das atitudes dos primeiros dias e das dificuldades vividas nas primeiras experiências,

Florence eu gosto da assistência, esse é um desafio, trabalhar com psiquiatria é

um desafio, porque tu como profissional, como pessoa já tem uma barreira na

tua frente, enquanto profissional, menor, mais ou menos tu sabe o que cada um

vai te, mas enquanto profissional tu vai...tu também tem, tem o receio, também

tem medo, também tem...(Florence).

Eu já....já estou trabalhando como enfermeira, No pronto socorro do Hospital x

fazendo uma experiência nova assim to aprendendo muito e encontrando

bastante dificuldades também com novas experiências né....mas ta sendo bem

gostoso.....(Olga).

48

...eu acho que satisfação com a profissão? É 8....tem a questão do mercado de

trabalho acho que desvaloriza um pouco a enfermagem....(Edith)

Pode-se destacar também que o enfermeiro tem um importante papel na equipe, sem

do que seu posicionamento pode resultar no comportamento do grupo de trabalho. Santos e

Castro (2008) mencionam que a liderança contribui para que o envolvimento, satisfação e

motivação transformem a atividade profissional dos membros da equipe de enfermagem

numa atividade prazerosa, pois a jornada de trabalho e a remuneração são fatores relevantes

para o descontentamento dos profissionais. Portanto, o comportamento do líder gera um

reflexo no desempenho do grupo de trabalho, já que esta equipe se espelha no modelo que

acredita ou percebe como necessário para a execução de suas práticas de atendimento à

clientela. Ao observar o comportamento desta equipe, em contrapartida, é possível inferir o

estilo de liderança exercido pelo enfermeiro gerente, pois o cotidiano de trabalho da

enfermagem determina o momento certo de o líder adotar comportamentos e atitudes

diversas a fim de envolver e comprometer sua equipe.

Para Gentil (2009) não é de hoje a desvalorização da enfermagem, isto é devido à

falta de marketing pessoal dos enfermeiros, pois para o enfermeiro é muito difícil criar uma

imagem que seja um reflexo de sua qualidade. Não que o enfermeiro não possua

qualidades; ele tem consciência delas, mas porque tem inculcado de forma até inconsciente

que seu trabalho é caridade, abnegação, portanto, não é passível de ser divulgado e muito

menos como marketing pessoal. Perante o que foi expresso pelos egressos viu-se que o

enfermeiro idealiza sua profissão, porém quando estes se confrontam com a realidade de

carências, deficiências e lutas de classe (da categoria) acabam se frustrando. A falta de

reconhecimento da profissão faz com que nem se chegue a realizar o marketing pessoal.

Portanto, vemos os egressos recém-formados com um misto de alegria, por terem

alcançado o sonho da esperada formatura e a inserção da profissional, mas

descontentamento quando se deparam com a realidade fora da graduação. Em sua maioria,

sentem-se satisfeitos por já estarem inclusos no mercado de trabalho e com a possibilidade

de fazer a diferença.

49

4.2.2 Condições de Trabalho

Em relação às condições de trabalho observou-se que muitas instituições não

possuem um local adequado de trabalho como os referenciados na faculdade, sendo assim,

os novos enfermeiros se veem obrigados a se expor nestas condições (falta de materiais,

profissionais, leitos, etc), conforme narra uma entrevistada,

Hoje o que vocês tem curiosidade de saber, que vocês acham que eu devia fazer,

se eu fazia com a minha equipe, não era repassada com as outras equipes, tinha

um problema de comunicação, então o que a gente conseguia fazer era isso

assim, era, como é pronto socorro, muita muvuca, então depende, aquelas

atividades em sala de espera, aquela coisa, é muito difícil, apreender a atenção

deles, e a gente, não tem aval da administração, não tem pra fazer isso entende,

porque é pouco funcionário, a gente não dá conta, é o apaga fogo...Imagina tu

atende o P.S. que é ambulatório, que é...Eu trabalhava no P.S. que atendia tanto

a demanda de ambulância, SAMU, Bombeiros e o que chegar de outra cidade,

porque a gente atende Bombinhas, Porto Belo, vem tudo para cá primeiro,

desemboca aqui primeiro, depois a gente faz o encaminhamento pras

especialidades Ruth ou Marieta. Então a atendia as ambulâncias e atendia o

ambulatório no verão, pra tu ter noção, a gente atendia mais de 100 pessoas no

plantão de 12h, tu não muito que sabe, eu sei que é uma falta de organização

mesmo, a gente, a administração mudou algumas vezes, a mesma empresa, mas o

administrador mudou algumas vezes), é o período de transição no total, ainda

não definiram, um gerente, ainda não definiram o papel do administrador, não

definiram nem a saúde que eles querem, o modelo que eles querem, então é o

apaga fogo diário (Florence)

Florence nos leva a refletir como é exigente o mundo real, nos traz as dificuldades

de gerenciar o seu serviço, além de toda a sobrecarga de trabalho, ela realiza plantões

noturnos. Para Silva, Rotemberg e Fischer (2011), no Brasil, os profissionais de

enfermagem têm reconhecidamente longas jornadas de trabalho. Os plantões de 12 (doze)

horas seguidos por 36 ou 60 horas de descanso permitem que esses profissionais se

dediquem a mais de uma atividade produtiva. Nesse grupo profissional as longas jornadas

podem levar à exaustão e fadiga, podendo afetar a assistência aos pacientes,

No meu ponto de vista, na verdade eu ainda nem fui a procura, porque eu vejo

que a principal dificuldade é com relação ao salário, ao baixo salário que o

mercado está nos oferecendo hoje em dia, como eu sou técnica efetiva, o meu

salario, o meu piso salarial como técnica é bem maior que se eu for atuar num

hospital, numa rede privada de repente como enfermeira (Wanda).

50

Longas jornadas de trabalho podem variar em intensidade, pausas e frequências de

repetição. Quanto piores as condições de trabalho em termos psicossociais e de carga de

trabalho, mais prejudicial tende a ser a jornada. A importância do conjunto de estudos neste

tema é destacada pela inexistência de um limite para a extensão da jornada de trabalho que

seja seguro à saúde (SILVA, ROTEMBERG E FISCHER, 2011). Olga relata sobre a

sobrecarga de trabalho, assumindo a posição de outros profissionais da equipe, muitas

vezes, o enfermeiro apresenta essa dificuldade de delegar e aguardar a finalização das

tarefas delegadas, desempenhando-as,

(hoje) Tem escrituraria se bem que assim agora que eu tenho, mas quando eu

vim pra enfermeira de manha, nesse período eu não tinha era tudo eu, era muito

mais corrido porque eu tinha que cuidar de todos os exames que estavam

marcado e que não foi, é claro que alguma ou outra coisa eu mesma tenho que

fazer assim, prefiro eu fazer do que ta pedindo pra uma outra pessoa fazer,

algum assim que vejo prioridade né, que é um caso mais especial dependendo

gravidade a gente já sabe eu mesma já vou atrás e já agilizo tudo (Olga).

O tempo que seria destinado ao descanso geralmente não é destinado ao repouso,

mas sim a outras atividades, sejam domésticas, sejam profissionais, nem sempre

possibilitam que o trabalhador considere suas necessidades de lazer e descanso, como

mostram nossos resultados. Além disso, em função da predominância feminina, a jornada

de trabalho profissional se adiciona ao trabalho doméstico, compondo a chamada jornada

total ou carga total de trabalho (SILVA, ROTEMBERG E FISCHER, 2011),

Aqui em Santa Catarina a gente tem campo para trabalhar, tem bastantes

profissional, é pouco investida. Vim de um congresso internacional sobre

segurança do paciente, teve muitos palestrantes dos EUA que mostrou coisas

simples, que não tem muito custo, mas o Brasil não investe. Ta faltando isso, pra

enfermagem correr atrás, aprender mais o que os outros de fora sabem e, nem

tanto de fora, SP ou RG, eles tem muito, bastante tecnologia que Santa Catarina

não tem ou está começando. Compraram um robô para cirurgia robótica, não sei

pra qual hospital foi, mas tá onde está o profissional pra usar esse robô, CME

para limpar, não adianta trazer tecnologia, senão tem pessoal qualificado para

trabalhar. Se a Univali tivesse mais pós-graduação e mestrado chamaria o

profissional daqui para se qualificar mais (Rachel).

Com relação a este termo, cabe aos enfermeiros recém-formados lutarem por

melhores condições de trabalho, como em muitos lugares pesquisados há uma concordância

entre os egressos da falta de recursos humanos e materiais.

51

4.2.3 Ambientes insalubres

Das 9 (nove) entrevistadas 6 (seis) trabalham em hospitais da região de Santa

Catarina, uma em laboratório e duas delas fazem estágios da pós-graduação também em

hospitais de São Paulo. Este dado serve para nos lembrar de que os ambientes insalubres

sempre tiveram presentes na vivência do enfermeiro. Estes ambientes são campos de

trabalho para enfermagem desde a época que Florence Nightingale organizava-os em suas

estruturas. Para Lopes e Santos (2010), Florence deu à enfermagem o estatuto

socioprofissional que lhe faltava e o seu percurso revolucionário de profundo impacto na

saúde e na reorganização dos serviços de saúde, a nível mundial.

Em 1998, Bellato e Carvalho já colocavam a enfermagem como parte integrante

dessa instituição, também sofreu o mesmo processo de aumento na complexidade de suas

atividades e, consequente diversificação dos seus executores em várias categorias. Com o

incremento na demanda das necessidades de saúde da população, bem como o

fortalecimento do conhecimento científico nessa área, as especializações também passam a

fazer parte da formação das trabalhadoras na área da enfermagem, principalmente da

enfermeira, sendo que esta profissional passa a liderar a denominada (equipe de

enfermagem). A estrutura de trabalho dessa equipe, a exemplo dos demais setores das

instituições de saúde, passa a se desenvolver dentro dos chamados moldes funcionalistas.

O cotidiano da Enfermagem é permeado de emanações odorantes, as quais quando

percebidas torna-se alvo de atenção, especialmente àquelas de caráter considerado

desagradável ou incômodo e às de indicativo de risco iminente de infecções (WOSNY,

ERDMANN, 2004).

Para Gomes (2007) Florence revolucionou o ambiente hospitalar ao programar

melhores condições sanitárias e de tratamento dos feridos, conseguiu reduzir de 47,2% para

2,2% a taxa de mortalidade entre os soldados, num período de apenas seis meses. Haddad e

Santos (2011), complementam de que a visão de Florence objetivava priorizar o

fornecimento de um ambiente estimulador do desenvolvimento da saúde para o paciente.

Ela acreditava que isso faria um diferencial na recuperação dos doentes, e são esses

preceitos que sustentam a Teoria Ambientalista. Um ambiente bem estruturado deixa o

52

egresso recém-formado mais seguro para desenvolver-se profissionalmente, Haydée se

deparou com várias dificuldades neste seu primeiro emprego como enfermeira como pode-

se ver em seu depoimento,

É a gente tem se deparado assim com bastante situações, problemas

institucionais mesmo assim de gente então....ta sendo assim ta com bastante

dificuldade é....com recursos humanos , a estrutura física não ajuda, então a

gente tem encontrado bastante dificuldade em relação a isso sabe....mas com

relação a atuação de enfermeira, ao serviço, a assistência assim bem estruturada

assim. (Haydée).

Diferentemente do depoimento de Haydeé, os quais ocorrem problemas estruturais

em seu ambiente de trabalho, podendo tornar o egresso recém-formado inseguro e até fazê-

lo desistir da profissão. Silva, Matsuda e Waidman (2012), pesquisaram a percepção de

trabalhadores de um serviço de urgência público em relação à qualidade da estrutura local,

seus entrevistados relataram que há disponibilidade de materiais em quantidade e qualidade

apropriadas à realização do trabalho. Trata-se de um fato importante, pois possibilita aos

profissionais executar suas atividades de forma contínua e segura. No setor de urgência, a

importância da adequação dos materiais é potencializada, tendo em vista que o tempo é um

fator determinante no atendimento e a falta de um insumo pode acarretar danos

irreversíveis ao paciente.

A habilidade de promover os ajustes e intervenções nas ações entre os atores sociais

é um processo que necessita da compreensão do fenômeno em voga para o

desenvolvimento da capacidade de negociação gerencial (PROCHNOW, 2007). Muitas

vezes o egresso recém-formado ainda não conta com esta habilidade, sendo assim, nota-se a

diferença entre dois hospitais da região, um público e outro privado, e os detalhes de

organização e gerência de ambos descritos pelos egressos, demonstrando que o

acompanhamento da instituição para o jovem egresso de enfermagem pode ser como

contam duas entrevistadas,

Quando vim pro horário da manhã, eu comecei a trabalhar e eu fui criando

minha rotina entendeu, meu jeito entendeu, porque ninguém me explicou nada,

eu mesmo criei minha rotina sozinha, porque não era daquele setor, era pronto

socorro, mas era de outro convenio particular, não era o mesmo do SUS, ate

então não tinha trabalhado no SUS. Colocaram oh....tu vai começar tal dia de

manha, mas ninguém ensinou nada, eu tive que criar minha rotina. Olha no

momento assim não porque a gente ta com....mudando assim alem da mudança

53

da própria estrutura aqui no hospital, falta de funcionários, sempre tem então a

gente acaba fazendo meio assim dia a dia, como posso falar que minha a gente ta

resolvendo assim resolvendo problemas, o atendimento (Olga).

A gente trabalha lá com uma equipe multi (disciplinar) também presente sabe

então também sou responsável isso é bem bom a gente trabalha com vários

setores relacionados do hospital Y então a gente tem muito de é contra

referenciar na verdade é dentro da mesma empresa mas as informações são

repassadas formalmente, a gente faz é SAE a gente aplica SAE, todas as escalas

a gente faz é acho que a maior dificuldade assim foi bem relacionado mesmo

equipe, saber como eles iam aceitar, ou você saber como lidar com algumas

situações né (Zaira).

Silva, Matsuda e Waidman (2012) assinalam que a previsão de recursos humanos,

no serviço de urgência, está relacionada à quantidade e à complexidade dos atendimentos

oferecidos, os quais não são fixos e nem previsíveis. O clima de instabilidade constitui uma

característica marcante desse serviço e faz com que o dimensionamento de profissionais

neste setor seja desafiante e demanda revisões constantes. No depoimento, a seguir, Olga

relata a importância dos recursos humanos neste serviço hospitalar (principalmente quando

se trata do setor de urgência e emergência),

Como posso falar também, é que os técnicos são todos novos da manha, saíram,

assim com bastantes dificuldades de ter técnicos pra trabalhar no pronto

socorro, você sempre participa.....pronto socorro assim, a própria gerencia do

hospital fala que não tem técnicos no mercado....e que não vem fazer prova, não

vem realizar, mas estou com todos novos assim sempre trocando, entra um fica

pouco tempo já saem, não trabalham mais, como to mais antiga e os outros

novos, não to tendo dificuldades, to tendo assim que adaptar, adaptar a nossa

realidade (OLGA).

A rotina do setor de emergência, com suas peculiaridades já apontadas

anteriormente, exige que o profissional desenvolva habilidades técnicas e cognitivas para

que seja capaz de lidar com o inesperado, apresentando agilidade e segurança em seu

desempenho (SILVA, MATSUDA E WAIDMAN, 2012).

O contexto do trabalho em saúde, por vezes desfavorável, tanto para os

profissionais, quanto para a população atendida, reflete as mudanças decorrentes da

implementação de políticas que privilegiam o atendimento às exigências de um modelo

econômico expropriador dos direitos, do prazer e da criatividade do trabalhador, resultando

em um quadro preocupante (NUNES et all, 2006). Muitas vezes, o egresso recém-formado,

54

tem que lidar com situações não vivenciadas durante a graduação, levando-o a uma situação

de instabilidade e insegurança.

Wosny e Erdmann (2004), dizem que o hospital é considerado uma instituição de

importância similar a outras organizações caracterizadas como de necessidade social, tais

como as escolas, as igrejas, os presídios e os asilos. É um ambiente que requer um olhar

especial dado à peculiaridade e preciosidade de suas atividades, a maioria destinada ao

cuidado do ser humano em situações de transição e fragilidade: o nascer, o adoecer e o

morrer.

Nunes et all (2006) complementa a necessidade da realização do trabalho na saúde

que implica uma relação muito próxima entre os profissionais e os usuários, exigindo

elevada capacidade de percepção, compreensão e compartilhamento das demandas que se

apresentam como necessidades, nem sempre explicitadas.

4.3 Eixo 2: Inserção e permanência no mercado de trabalho

Este eixo está dividido em duas categorias: na primeira categoria iremos analisar as

dificuldades de inserção e permanência do enfermeiro no mercado de trabalho. Na segunda,

categoria Formação e Trabalho apresenta-se a situação de trabalho deles atualmente e se os

conhecimentos adquiridos na faculdade são aplicáveis ao mercado de trabalho.

4.3.1 Dificuldades de inserção e permanência na área de atuação.

Esta categoria apresenta a análise de conteúdo sobre as dificuldades de inserção e

permanência na área de atuação. Portanto, seis (6) das nove (9) entrevistadas disseram que

não tiveram dificuldade para inserção no mercado de trabalho, algumas já trabalhavam na

instituição em outros cargos e foram promovidas e/ou passaram por processos seletivos

dentro da própria empresa. Puschel, Inácio e Pucci (2009) trazem como principais formas

de egresso o processo seletivo, seguido pelo concurso público, também a indicação de

colegas para conseguirem o terceiro emprego foi por meio de convite do empregador (9%).

Percebe-se o quanto é importante a rede social no momento da inserção no mercado

de trabalho. Segundo Mattosinho (2010) um facilitador é o fato de o primeiro emprego

55

ocorrer na instituição na qual o enfermeiro já teve uma experiência, seja como aluno ou

como estagiário, pois já conhece as técnicas, as rotinas e os profissionais que lá atuam,

reduzindo o estresse do novo emprego, o medo do desconhecido, a insegurança, facilitando

a inserção profissional. Florence, Waleska, Olga, Haydée e Zaira narram como ocorreu a

inserção no mercado de trabalho:

Foi uma vaga que abriu daí a empresa entrou e assumiu o hospital, é uma

empresa nova, e aí quando eles assumiram eles estavam selecionando os

currículos, aí eu peguei e deixei o currículo alí. Deixei o currículo, umas duas

semanas eles me chamaram eu ainda não era formada, fiz um mês e pouco de

estágio ali, fiquei um mês ali para conhecer fluxo, rotina e tal. Depois eles me

admitiram, tem um ano ali, é pronto socorro, um hospital, onde era o hospital

era pronto socorro (Florence).

Deixei o currículo, fiz entrevista, passei por diversos profissionais no hospital,

entrei numa vaga de P.S. e agora eu to na clinica médica, até que não foi tão

difícil como eu imaginava (Waleska).

É eu fiz uma prova, de seleção já trabalhava na instituição e então foi assim um

cargo de promoção, então foi promovida...(Haydée)

Não, não porque eu já era técnica e trabalhava nesse mesmo hospital, então me

formei e realizei a prova e em seguida estando com o COREN na mão passei a

ser enfermeira (Olga).

Então já trabalho desde a formatura, trabalhava na mesma empresa, foi em

agosto no mês de setembro, é na verdade trabalhava na Unimed como técnica de

enfermagem eu me formei em agosto e em outubro fui promovida porque não

tinha vaga, na verdade ai eu fiquei acompanhando os enfermeiros nos setores

antes mesmo de eu me formar, é pra aprender a rotina , pois a intenção já era me

promover na verdade assim que me formasse (Zaira).

Quanto às dificuldades relacionadas ao mercado de trabalho os autores Puschel,

Inácio e Pucci (2009) em seu estudo assinalam: falta de experiência prática por ser recém-

formada, pouca oferta de emprego para grande número de formados, não ter contatos ou

indicação (3,48%), falta de experiências anteriores de emprego. Já no que se refere às

características pessoais apontam: não se sair bem em processos seletivos, pouca idade, ser

imaturo, falta de tempo para cumprir jornada de trabalho, ter preferência por área de

atuação e por localização, ter senso crítico e gênero. Florence foi uma entrevistada que

disse ter encontrado dificuldades para permanência no emprego devido a pouca idade,

Hilda e Rachel concordam que a falta de experiência é um motivo para a pouca

56

permanência destes profissionais, questão essa que pode decidir até mesmo a inserção deste

profissional, seguem depoimentos,

Desafio: a pouca idade, você ser recém-formada, a equipe uma equipe que já ta

a alguns anos, profissional antigo é muito problemático, ele é difícil de lidar de

aceitar ( Florence).

Eu acho que eu tive maior dificuldade é a falta de experiência mesmo, prática

que tu só aprende no dia a dia, porque a teoria a gente pega na faculdade, mas

acho que a prática que é a que mais me falta (Hilda).

Até agora dentro das grandes dificuldades que a enfermagem tem, questão de

horas de trabalho, piso salarial, tudo isso, acho que eu acabei escolhendo uma

área específica que é o CC que eu to adorando, CC, recuperação anestésica,

CME e eu acho assim, que a profissão é difícil. Quem não continua estudando,

não devia nem conseguir entrar no mercado de trabalho, cada vez é mais

puxado, mais coisas aparecem e o erro tá aí, por isso a enfermagem é tão

desvalorizada, pela falta de consciência das pessoas, elas são da faculdade,

pensando em entrar no mercado de trabalho, pensando que assim vão conseguir

crescer mais. A faculdade a gente consegue apenas 20%do que a gente precisa,

por enquanto está sendo muito bom, to conseguindo atingir todos os objetivos

que eu coloquei, até assim, antes que eu pensava. A questão do mercado de

trabalho, pra quem não tem experiência é difícil, poucos hospitais pegam

pessoas sem experiência, quando tu colocas especialização, cursos de qualidade

em teu currículo fica mais fácil do que a pessoa que saí daqui sem experiência e

começa trabalhar, pega um local que não busca pela qualidade do serviço, busca

suprir o que tem lá e vai levando, acaba ficando naquela coisa, não busca uma

especialização, não busca nada, por isso que a enfermagem está do jeito que tá

(Rachel).

Haydée e Zaira concordam que o apoio de superiores, como a gerencia ou

enfermeiros mais experientes, nestes primeiros meses, auxiliam o desempenho do jovem

egresso, tornando mais confiante em suas decisões,

Tenho bastante auxilio assim sabe, eu....como eu disse a gente é muito

nova....tenho experiência técnica, mas não tenho experiência de enfermeira,

então pra mim as coisas aconteceram muito rápido....eu né...trabalhei no período

da tarde e assumi uma parte do pronto socorro, parte dos internados né....fiquei

um mês lá então assim fui desenvolvendo e menos de um mês eu já estava de

manha assumindo a assistência geral do pronto socorro então fiquei tipo 2 meses

desses 8 meses e fazem 2 meses depois eu já assumi a noite assim sem ter muito

é.....não é questão de respaldo como você falou é da questão de liderança a noite

é mais trancado mas assim eu tenho tido bastante ajuda assim, tem uma

enfermeira já que atua bastante anos, bastante....um que tem uma vasta

experiência, e ela me ajuda bastante, eu gosto muito dela particularmente,

profissionalmente, me inspiro muito nela, então discuto assim minha assistência

com ela, há como poderia ser, o que você acha que eu to.....estou indo muito pela

questão da experiência da pessoa que ela é.....então tenho ajuda assim bastante,

estou bem respaldada.....se precisar eu sei onde posso ir, com quem eu posso

contar, eu acredito que isso tem também me motivado bastante viu....o fato de ter

essa pessoa para me direcionar o meu trabalho..... ...(Haydée).

57

Ele me dão esse subsídio, acho que é isso que facilita sabe esses treinamentos,

essas conversas eles tem eu não fiz parte no anos passado mas esse ano vai ter

eles tem curso de liderança que é muito bom.....Chefia e Liderança, é muito bom

eu acho tudo isso que falta na faculdade na verdade a gente fica voltado pra

assistência né verdade é pouco procedimento que a gente faz é mais relacionado

a isso (Zaira).

Acerca dessa problemática Mattosinho (2010) contribui lembrando que a

inexperiência profissional e a deficiente habilidade instrumental, associadas ao fato de ser

jovem, trazem para o enfermeiro um desafio maior; o de lidar com os recursos humanos da

instituição. Isso porque ele ocupa um espaço de liderança dentro da equipe de enfermagem,

ocasionando um descontentamento aos profissionais mais antigos e experientes, que,

muitas vezes, mostram-se resistentes à idéia de ter como líder uma pessoa mais jovem e

sem experiência prática.

4.3.2 Formação e trabalho

As escolas formadoras têm dificuldades em desenvolver a aprendizagem vinculada

a ações reais da prática. O ensino é preconizado por ações no ideal, marcado pelo

descompasso entre o proposto e o que será vivenciado na prática assistencial. Há

incompatibilidade entre formação e prática profissional pautada em investimentos

pedagógicos desvinculados da realidade do desenvolvimento do aluno (DELLAQUA,

2004, apud, COLENCI E BERTI, 2012). Concorda-se com GALLEGUILLOS,

OLIVEIRA (2001) que a enfermagem tem reproduzido o ensino médico, inclusive quanto à

grade curricular, procurando desenvolver-se para acompanhar a tecnologia existente e

organizando-se de maneira a propiciar condições de funcionamento das instituições

hospitalares nas diversas especializações.

Sabe-se que a universidade em que todas as entrevistadas se formaram atualmente é

uma universidade comunitária (UNIVALI). No geral, a grande parte das entrevistadas em

seus depoimentos falou muito bem da universidade e da base ofertada pela mesma ou de

sua formação, como é o caso de Florence e Wanda,

58

Tudo, em qualquer lugar que a gente começa a trabalhar, tudo muito novo, então

tipo, o aprendizado é muito grande, a faculdade te dá uma base, uma base muito

boa, muito conteúdo, mas a gente se depara com situações, problemas diários

que a saúde vem enfrentando todos os dias. Então assim, eu não tive grande

dificuldade de me inserir na equipe, da minha equipe de trabalho, até porque é

só um enfermeiro, o resto é técnico, em cada período fica um só (Florence).

Ajudou e ajuda muito, muita coisa que hoje eu procuro, em casa, no meu setor de

trabalho, no meu dia a dia, graças a minha graduação, o conhecimento que eu

tive na graduação eu consigo até melhorar meu trabalho, bem mais do que

antes, nem compara o que era antes...(Wanda).

A inserção no mercado de trabalho e o cumprimento dos papéis que esta relação

exige aconteceriam de maneira mais natural. Nesse sentido, pode-se dizer que há a

formação ideal na graduação, entretanto, esta não acontece em sua totalidade na aplicação

prática. Quando o profissional se insere no mercado de trabalho deverá ter uma nova

formação, ou uma nova construção e estruturação de conhecimentos, a partir de conceitos

criados por sua experiência isolada, a formação proposta pela instituição de ensino e as

experiências vividas durante o curso, além da cultura e da filosofia da nova instituição que

esse profissional se insere (COLENCI E BERTI, 2012). Zaira relata sobre a importância do

professor em seus estágios para poder dividir dúvidas e responsabilidades e agora está no

mercado de trabalho,

Eu senti falta realmente na faculdade, na faculdade a gente, talvez nos estágios

sim com o professor no lado te ajuda a resolver, mas a gente não esta

diretamente relacionada a equipe. Eu tava na verdade muito ansiosa, porque não

que me achasse que já estava preparada, mas eu tinha uma ansiedade né? Sentia

na verdade preparada, achava quando eu já podia assim que me formei, logo que

me formei eu queria logo começar sabe? Como eu já estava acompanhando

alguma delas é.....mas de dificuldade foi também, como eu era técnica de

enfermagem eu senti isso não conta a saber o que fazer, mas de colega vem e diz

assim: ZAIRA* tu não precisa trocar fralda, podes chamar o técnico para vir

fazer, mas gente o enfermeiro pode também pode trocar fralda, sabe isso me

incomoda sabe essa comparação tu não é mais técnica, eu sei que não sou mais

técnica mas também posso fazer isso (Zaira).

Colenci e Berti (2012) falam sobre a necessidade de construção do conhecimento,

de modo a tornar o enfermeiro profissional crítico, apto a discutir e propor mudanças,

deixando de ser uma profissão que ainda mostra sinais de dificuldades em se estabelecer,

tanto no setor da saúde, quanto na sociedade de modo geral. Hilda e Edith nos relembram

59

sobre o significado da busca constante do conhecimento para uma boa inserção no mercado

de trabalho,

Tem muita coisa pra mudar ainda, a gente que vê que na faculdade é tudo muito

lindo, só que eu acho que tem muita coisa pra mudar e parte do enfermeiro não

dá...se for esperar pro teu reconhecimento, tu tem cada um tem que

desempenhar bem a sua parte, acho que falta isso bastante ter muito enfermeiro

que deixa muito a desejar ou por falta de conhecimento por falta de vontade ou

porque já trabalhou muitos anos e ta cansado daquela rotina que tu trabalha

cansativo, são várias horas de trabalho então eu espero que a categoria enfim se

um pouco mais entendeu e luto pelo certo e cada um faça sua parte, mas cada um

desempenhe bem seu trabalho, acho que é isso...(Hilda).

A questão do conhecimento mesmo, a gente nunca sabe tudo, todos os dias você

aprende algo e também essa questão de lidar com o outro e ninguém é igual, a

gente tem que saber driblar essas diferenças do ser humano, então isso é uma

coisa que acho que a gente aprende todos os dias e leva pra nossa vida (Edith).

Galleguillos e Oliveira (2001) reforçam a discussão mencionando que as questões

de saúde pública nunca foram priorizadas, dizem que temos formados enfermeiros que

atendam às necessidades do mercado de trabalho e dos grupos dominantes. Nesse sentido,

Olga retrata sobre as dificuldades encontradas na prática da enfermagem e a desistência de

colegas que decidiram rumar para outras profissões:

Como assim na faculdade tu estuda uma coisa, chega na prática pra trabalhar é

outra totalmente diferente, totalmente, por isso muitos colegas que desistiram

colegas enfermeiros que se formaram, foram trabalhar, até vieram aqui, teu caso

que me recordo bem, veio trabalhar aqui e desistiu, não é isso que eu quero, tipo

na faculdade eles te mostram uma coisa e a realidade na prática de trabalhar é

outra, eu já conhecia porque eu era técnica mas essa colega acabou, nossa ela

vinha e chorava, ficou totalmente frustada e foi trabalhar de secretaria, desistiu

da profissão, não, não quero isso, não é isso, chorava eu falava que isso é ser

enfermeira, não, não, não quero isso pra minha vida, e acabou desistindo....

Nesta perspectiva, Secaf e Rodrigues (1998) salientam que os estudos de egressos

e/ou evadidos de suas profissões, mesmo naquelas altamente concorridas e com

possibilidade de realização econômico-financeira, mostram que há quem as abandone à

procura de algo que lhes dê algum outro tipo de satisfação. No caso desta colega de Olga,

Secaf e Rodrigues (1998), na pesquisa que realizaram com egressos, reforçam que

perceberam que alguns têm pouca identificação com a enfermagem, pois se desligaram em

pleno processo de consciência da incongruência entre o que se esperava e o que encontrou

60

na profissão. Também ocorre que o processo educacional amplia os horizontes dos egressos

recém-formados, mesmo que estes já estejam atuando como técnicos em Enfermagem e

estejam na frente de trabalho, como é o caso de Haydée:

Eu era técnica de enfermagem ... de liderança com certeza é uma diferença antes

porque assim meu olhar era voltado pro setor que eu estava na escala de

atribuição entendeu, e agora não, o meu olhar é voltado todo pra unidade, sou

responsável por uma. Então ampliou, tive que ampliar meu olhar.

Portanto, senão fosse o conhecimento adquirido na universidade Haydée não estaria

utilizando em seu cotidiano de trabalho. Isso conforme Secaf e Rodrigues (1998) mostra a

importância dos docentes, ou seja, a formação contribui para que gostem do seu trabalho,

que busquem atualização e aprimoramento constantes, que tenham orgulho da sua profissão

para transmitir aos futuros enfermeiros, ajudando para que sejam mais confiantes, menos

submissos e que venham a ocupar o lugar de respeito que lhes é de direito. Observou-se que

algumas vezes a pessoa não prossegue na profissão, pois não apresenta afinidade com o

curso.

4.4 Eixo 3: Os 4 (quatro) pilares (saberes) do curso em Enfermagem

Neste eixo apresentam-se as habilidades necessárias e os campos de trabalho

disponíveis para que o enfermeiro atinja sua totalidade como profissional.. Dividimos em

quatro categorias os saberes necessários: Ensino, Assistência, Pesquisa e Gerência. As

Diretrizes Curriculares definem, ainda, que a formação do enfermeiro tem por objetivo

dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes

competências e habilidades gerais: atenção à saúde, tomada de decisões, comunicação,

liderança, administração e gerenciamento e educação permanente (ITO, 2006).

O grande desafio na formação do enfermeiro é transpor o que é determinado pela

nova LDB e pelas Novas Diretrizes Curriculares ao formar profissionais que superem o

domínio teórico-prático exigido pelo mercado de trabalho, enquanto agentes inovadores e

transformadores da realidade, inseridos e valorizados no mundo do trabalho (ITO, 2006).

Art. 5º RESOLUÇÃO CNE/CES Nº 3, DE 7 DE NOVEMBRO DE 2001 institui as

61

Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. A formação do

enfermeiro tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o

exercício das seguintes competências e habilidades específicas:

I – atuar profissionalmente, compreendendo a natureza humana em suas

Dimensões, em suas expressões e fases evolutivas;

II – incorporar a ciência/arte do cuidar como instrumento de

interpretação profissional;

III – estabelecer novas relações com o contexto social, reconhecendo a

estrutura e as formas de organização social, suas transformações e expressões;

IV – desenvolver formação técnico-científica que confira qualidade ao

exercício profissional;

V – compreender a política de saúde no contexto das políticas sociais,

reconhecendo os perfis epidemiológicos das populações;

VI – reconhecer a saúde como direito e condições dignas de vida e atuar

de forma a garantir a integralidade da assistência, entendida como conjunto

articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e

coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do

sistema;

VII – atuar nos programas de assistência integral à saúde da criança, do

adolescente, da mulher, do adulto e do idoso;

VIII – ser capaz de diagnosticar e solucionar problemas de saúde, de

comunicar-se, de tomar decisões, de intervir no processo de trabalho, de trabalhar

em equipe e de enfrentar situações em constante mudança;

IX – reconhecer as relações de trabalho e sua influência na saúde;

X – atuar como sujeito no processo de formação de recursos humanos;

XI – responder às especificidades regionais de saúde através de

intervenções planejadas estrategicamente, em níveis de promoção, prevenção e

reabilitação à saúde, dando atenção integral à saúde dos indivíduos, das famílias e

das comunidades;

XII – reconhecer-se como coordenador do trabalho da equipe de

enfermagem;

XIII – assumir o compromisso ético, humanístico e social com o

trabalho multiprofissional em saúde.

XIV – promover estilos de vida saudáveis, conciliando as necessidades

tanto dos seus clientes/pacientes quanto às de sua comunidade, atuando como

agente de transformação social;

XV – usar adequadamente novas tecnologias, tanto de informação e

comunicação, quanto de ponta para o cuidar de enfermagem;

XVI – atuar nos diferentes cenários da prática profissional, considerando

os pressupostos dos modelos clínico e epidemiológico;

XVII – identificar as necessidades individuais e coletivas de saúde da

população, seus condicionantes e determinantes;

XIII – intervir no processo de saúde-doença, responsabilizando-se pela

qualidade da assistência/cuidado de enfermagem em seus diferentes níveis de

atenção à saúde, com ações de promoção, prevenção, proteção e reabilitação à

saúde, na perspectiva da integralidade da assistência;

XIX – coordenar o processo de cuidar em enfermagem, considerando

contextos e demandas de saúde;

XX – prestar cuidados de enfermagem compatíveis com as diferentes

necessidades apresentadas pelo indivíduo, pela família e pelos diferentes grupos

da comunidade;

62

XXI – compatibilizar as características profissionais dos agentes da

equip e de enfermagem às diferentes demandas dos usuários;

XXII – integrar as ações de enfermagem às ações multiprofissionais;

XXIII – gerenciar o processo de trabalho em enfermagem com

princípios de Ética e de Bioética, com resolutividade tanto em nível individual

como coletivo em todos os âmbitos de atuação profissional;

XXIV – planejar, implementar e participar dos programas de formação e

qualificação contínua dos trabalhadores de enfermagem e de saúde;

XXV – planejar e implementar programas de educação e promoção à

saúde, considerando a especificidade dos diferentes grupos sociais e dos distintos

processos de vida, saúde, trabalho e adoecimento;

XXVI – desenvolver, participar e aplicar pesquisas e/ou outras formas de

produção de conhecimento que objetivem a qualificação da prática profissional;

XXVII – respeitar os princípios éticos, legais e humanísticos da

profissão;

XXIII – interferir na dinâmica de trabalho institucional, reconhecendo-se

como agente desse processo;

XXIX – utilizar os instrumentos que garantam a qualidade do cuidado de

enfermagem e da assistência à saúde;

XXX – participar da composição das estruturas consultivas e

deliberativas do sistema de saúde;

XXXI – assessorar órgãos, empresas e instituições em projetos de saúde;

XXXII - cuidar da própria saúde física e mental e buscar seu bem-estar

como cidadão e como enfermeiro; e

XXXIII - reconhecer o papel social do enfermeiro para atuar em

atividades de política e planejamento em saúde.

O curso de graduação deve possibilitar ao futuro enfermeiro sua instrumentalização

para a intervenção na realidade, favorecendo a organização/ reorganização do trabalho. O

perfil de profissional exigido requer habilidades cognitivas (saber) e operacionais (saber

fazer), sustentadas pela ética e comprometimento (saber ser). Segundo a autora, a

construção, a gestão dos processos e a formação de sujeitos é um grande desafio (ITO,

2006). Discute-se neste tópico separada e brevemente os quatro (4) pilares que regem a

profissão e se espera que o profissional enfermeiro formado atue: no ensino, na pesquisa, na

assistência e na gerência. O trabalho de enfermagem como instrumento do processo de

trabalho em saúde, subdivide-se ainda em vários processos de trabalho como cuidar/assistir,

administrar/gerenciar, pesquisar e ensinar. Dentre esses, o cuidar e o gerenciar são os

processos mais evidenciados no trabalho do enfermeiro (PERES, CIAMPONE, 2006).

Waleska, uma das enfermeiras entrevistadas, relata que percebeu que desempenha os quatro

(4) pilares dentro de seu emprego sem perceber,

A gente acaba fazendo sem perceber, agora que tu falou dos quatro pilares a

gente vê no dia a dia, a gente faz a gerencia, ensino a gente tem um monte de

técnico novo então a gente ta sempre nessa parte do ensino, a assistência não é

63

tanto quanto a gente queria, que hoje por exemplo, tenho 30 crianças, então a

gente elenca os pacientes prioritários e vai passando visita, mas não é sempre

que a gente consegue (WALESKA).

A seguir, discute-se os 4 (quatro) pilares e os conceitos que se espera de um egresso

recém formado generalista:

4.4.1 Pesquisa

Observa-se nas entrevistas que os entrevistados estão realizando mais a assistência

do que os demais pilares, o pilar menos utilizado no momento é a pesquisa. A falta de

tempo para o ensino e para a pesquisa é discutida por algumas entrevistadas, como Hilda e

Haydée,

Assim tem que pesquisar pra poder ensinar. Como diz o ditado...A assistência é

voltado pra assistência...a minha atuação...atuação aqui dentro (HAYDEÉ,).

E acho que sim, eu acho que as 4 áreas algumas mais, outras menos, eu ainda

acho que a área da pesquisa, ainda é o que ta me faltando, mas tenho pouco

tempo de trabalho aqui também, mas acho que ensino, meio que tu vai

praticando todo dia, porque todo dia tu da uma orientação, tanto pra técnico

quanto pro paciente, então acho que tu vai exercendo todo dia, assistência

sempre, e a gerencia acaba entrando junto, acho o que ainda entra menos é a

pesquisa, então assim é......(HILDA).

Eu me refiro assim na questão da pesquisa assim com orientações por próprio

colaborador mesmo...que assim. Estou com uma equipe toda nova. Agente tem

discutido muitas questões juntos, clinica do paciente (quando o tempo permite) a

gente tem procurado fazer. Então que entra ensino e pesquisa a gente acabam

fazendo as duas coisas (HAYDEÉ).

A partir dos depoimentos podemos inferir que com frequência a pesquisa acaba

exigindo muito mais dos profissionais, o principal motivo para a não realização da pesquisa

é a falta de apoio das instituições, sendo que o profissional que se identificar com este pilar

terá que fazê-lo fora do seu horário de trabalho. Em concordância com Amaral e Nunes

(2009) reflete-se que a pesquisa científica exige do indivíduo um conjunto de atitudes

proativas, que possibilita seu amadurecimento pessoal, intelectual e profissional, na medida

em que o impele a exercitar a interpretação, a compreensão e a buscar soluções para os

problemas. Entendida dessa forma, tanto a elaboração de um trabalho de conclusão de

curso, como, também, toda produção acadêmica desempenham funções importantes. Isso

64

requer a aplicação de conceitos acumulados, a solução de situações-problemas e a

capacidade de planejar, organizar e operacionalizar um estudo específico sobre

determinado tema, eliminando a simples reprodução do já visto e aprendido, rumo à

produção efetiva do conhecimento.

4.4.2 Assistência

O Pilar mais discutido foi o da Assistência ao paciente, até porque o jovem egresso

de enfermagem em seu primeiro emprego acaba conseguindo sua vaga, principalmente em

hospitais, como é o caso de seis das nove entrevistadas. Geovanini et all (2005), diz que o

trabalho em enfermagem transcende as ações eminentemente técnicas, administrativas ou

assistenciais e que os profissionais de Enfermagem têm sua formação voltada quase que

exclusivamente para o aspecto assistencial, tal fato se explica na tentativa dos trabalhadores

de enfermagem preencherem espaços de atuação delegados por outros profissionais à

Enfermagem ou não ocupados por outros profissionais.

Sabe-se que a abordagem da complexidade admite que em qualquer contexto em

que o cuidado se processe, o cuidador deve exercitar, sobretudo, antes de prestar o cuidado

ao outro, o cuidado de si mesmo, na sua sistemicidade/totalidade. Isso significa a busca de

integração da dimensão física, mental e espiritual para alcançar uma harmonia relativa entre

o cuidado de si e o cuidado do outro, cuidando e sentindo-se cuidado por si e pelo outro

(BAGGIO, MONTICELLI, ERDMANN, 2009).

O cuidado de enfermagem em todos os seus processos de trabalho é mediado por

uma prática clínica que expressa à apreensão dos fenômenos da saúde e da doença, tanto ao

nível do sujeito como singularidade, quanto em sua coletividade (VEIRIA, SILVEIRA E

FRANCO, 2011). Para Florence em seu depoimento a assistência está presente em todos os

outros cuidados,

... a assistência era o real, o que pega né, assistência é o que tu mais faz, aí tu faz

o teu serviço, previsão, provisão de material, tu faz o pedido da farmácia,

armazena as coisas, a esterilização de material, ve se tem material suficiente,

leva pra autoclave, porque não tem ninguém que faça isso, a CME nossa é os que

trabalham no P.S.

65

O cuidador de enfermagem se expressa não somente no cuidado tátil, entre o

paciente e o enfermeiro, mas também na gerência e na organização do setor. Cuidar do

outro é uma prática que compreende superar limites, até mesmo o limite de cuidar de si,

abdicar horários e momentos da vida para estar com os pacientes. Baggio, Monticelli,

Erdmann (2009) alertam sobre a necessidade do profissional olhar também para si:

O cuidar exige preocupação, conhecimento, dedicação ao próximo e a si mesmo,

sendo que o profissional de enfermagem constitui-se no participante das relações

cuidativas que possui mais condições de proporcionar/incentivar/facilitar um

ambiente de cuidado aos clientes e aos profissionais cuidadores da equipe

multiprofissional. Quando estas formas de cuidado (de si, do outro e ‘do nós’ são

interconectadas, o cuidado acontece em circularidade, num movimento

centrípeto, fortalecendo os laços de relações, podendo o ser humano/cuidador ser

e sentir-se cuidado, numa relação de troca mútua.

Dessa forma, o cuidar fortalece também as relações coletivas quando nos

permitimos o olhar profissional de dentro para fora, isso facilita constituir e fazer parte de

uma equipe multi ampliando o movimento planetário do humano/cuidar. No próximo pilar,

veremos um pouco mais sobre a gerência em enfermagem e os principais conflitos

vivenciados pelos enfermeiros.

4.4.3 Gerência

A Gerência também se fez presente no dia a dia dos jovens da enfermagem, sendo

um desafio a eles lançado já que a coordenação de setores e equipes depende deles e,

muitas vezes, deparam-se com falta de recursos humanos ou materiais, sendo entendida

como um desafio da profissão o que será discutido no próximo eixo. VEA ett al. (2005,

apud, PERES, CIAMPONE, 2006), nos traz a gerência como ferramenta do processo de

cuidar, ou de trabalho específico, assim decomposto em seus elementos constituintes como

o objeto de trabalho (recursos humanos e organização), tendo como finalidade recursos

humanos qualificados e organizados para, portanto, obter as condições adequadas de

assistência e de trabalho, buscando desenvolver a “atenção à saúde”. O trabalho de

enfermagem se constitui por relações múltiplas interativas do fazendo-pensando, o

cuidando – educando – gerenciando – investigando, como uma prática integrativa

(PROCHNOW, 2007). Haydeé em seu depoimento narra,

66

Assim tenho atuado bastante nesse sentido porque a gente....assim tava com uma

equipe com bastante conflituosa no inicio então houve toda uma gerencia com

bastante conflito...a própria gerencia da unidade a gente tem conseguido fazer

então de forma profunda com toda aquela questão de controle material, gerencia

de cuidados....alguma coisa a gente acaba fazendo (HAYDEE, 2014).

Desse modo, os objetos de trabalho do enfermeiro no processo de trabalho

gerencial são a organização do trabalho e os recursos humanos de enfermagem. Os

meios/instrumentos são: recursos físicos, financeiros, materiais e os saberes administrativos

que utilizam ferramentas específicas para serem operacionalizados. Esses instrumentos/

ferramentas específicas compreendem o planejamento, a coordenação, a direção e o

controle (VEA, 2005 apud PERES E CIAMPONE, 2006).

A condição para o exercício da gerência do enfermeiro é marcada pela incorporação

de mecanismos de controle, consequentemente, de poder. Estes mecanismos caracterizam

traços subjugados à história da profissão, que abarca tanto o domínio religioso e militar

como sua coligação com o status das classes dominantes, portanto, relega os enfermeiros à

subordinação e imposição da execução de tarefas ou ordens (PROCHNOW et all, 2007).

Em sua pesquisa Prochnow et all (2007) explica,

Denotamos, pelos depoimentos, que a sobrecarga de trabalho diz respeito tanto ao

aspecto psicológico como físico, pois a principal queixa fica velada pela falsa

naturalização dos fatos, já que são ocultados os esforços dissipados para a

execução das atividades, a fim de corresponder à imagem esperada. Dessa forma,

banaliza-se o sofrimento do trabalhador gerente, o que diminui sua satisfação

com o trabalho gerencial no cotidiano, uma vez que a rotina, as atividades mais

simples, porém imprescindíveis, não são vistas, nem compartilhadas, nem

valorizadas por seus pares; torna-se pesada para ele a incumbência do gerir.

Encontramos esse sofrimento vivido pelo enfermeiro supervisor na fala de Florence:

A gerencia, querendo ou não tu já és responsável pela tua equipe, tu é

responsável pelo pronto socorro ou pelo hospital que tu trabalhas, o único

enfermeiro, então tu é o gerente, es obrigada a colocar em pratica algum tipo de

liderança, algum tipo de, de...Delega, faz as atribuições necessárias, as escalas,

então todo dia tu faz alguma coisa relacionada a gerencia, porque tu já é o

gerente da noite né, eu que trabalhava na noite, então só tem um enfermeiro por

período, então ele é obrigatoriamente o gerente (FLORENCE, 2014).

Em síntese, concorda-se com Geovanini (2005) quando menciona que a

Enfermagem é um trabalho que perpassa a maioria das ações desenvolvidas pelo setor

67

saúde, sejam estas de cunho assistencial ou de suporte ao trabalho de outros profissionais.

O trabalho do Enfermeiro é fluído (de difícil delimitação), auxiliar (possibilita a ação de

outros profissionais) e essencial.

O papel do Enfermeiro Gerente é de extrema importância para um egresso recém-

formado, sua orientação fará o egresso sentir-se seguro e estável no ambiente de trabalho.

Também se faz necessário a realização de orientações e reavaliações deste egresso, para a

melhoria da qualidade da assistência, evitando desistência profissional ou demissões por

falta de experiência profissional.

4.4.4 Ensino

Florence, Olga e Zaira, nos relatam as dificuldades de realizar uma educação em

saúde ou educação em serviço em seus ambientes de trabalho, já que não possuem tempo

para preparação ou um ambiente adequado para estas capacitações. O ato de cuidar está

baseado no conhecimento técnico e científico, também na observação do cotidiano e na

preocupação com o bem-estar, tanto do paciente, como da equipe de saúde que o assiste.

Por isso é importante que instituições de saúde visem a melhor assistência aos pacientes,

por meio da Educação Permanente em Serviço realizada aos seus colaboradores

(NASCIMENTO, 2004).

A Educação em Serviço contribui para a atualização e aperfeiçoamento da equipe,

bem como viabiliza projetos de mudanças institucionais relacionados aos procedimentos

técnicos, normas operacionais, assistenciais e utilização de materiais (CECCIM, 2005). Nos

depoimentos a seguir constatamos essa prerrogativa no âmbito da educação em serviço

No caso de ensino, é aquilo que a gente também já tinha conversado, o que a

gente consegue fazer uma educação em serviço, assim muito, salinha de posto de

enfermagem, não tinha uma sala, um data show, uma coisa assim, que tu pudesse

pegar e jogar, quicar a bola e dizer, vamos fazer! (FLORENCE).

De técnicas mesmo e como é um pronto socorro eu não estou tendo tempo que eu

gostaria de ter pra poder estar capacitando, fazer uma capacitação mesmo, tanto

educação em trabalho né, não estou conseguindo fazer pelo fato que trabalho 6

horas, eu entro as 7:00 horas da manha e saio a 1 hora da tarde e é corrido, a

gente não tem tempo pra sentar pra ta conversando, as vezes assim chamo todo

mundo rapidinho pra ta fazendo alguma alteração, pra ta passando algum

problema, pra ta ajudando a corrigir algum problema que eles acabaram

68

causando né, mas não to tendo tempo que eu gostaria de ter pra capacitar ele

pra uma emergência.....oh...trabalhando digamos: hoje vamos trabalhar é

paradas assim....porque eles tem duvidas num PCR, eu gostaria de ter esse tempo

e isto não tenho.....(OLGA).

Hum educação em saúde, educação e serviço, a gente inclusive tem lá na

empresa é treinamento com bastante frequência como tudo é bem padronizado

então todo mundo fala a mesma língua, ou procura falar, então a gente tem isso

tudo bem formal até que no momento da alta existe um padrão orientação alta

hospitalar então funciona bastante assim......ai que legal (ZAIRA).

O enfermeiro consegue realizar, conforme as entrevistadas, pequenas intervenções

no interior de sua equipe de trabalho, dentro de seus setores no dia a dia, ações educativas

com pacientes e seus familiares.

4.5. Eixo 4: Projetos profissionais na área de atuação: presente e futuro.

Neste eixo desenvolver-se-á a análise e interpretação sobre a expectativa

profissional do recém-formado, suas intenções de planejamento para o futuro (ou não) e

refletir um pouco da força feminina no contexto da Enfermagem ou sobre a questão de

gênero que emergiu do material coletado na pesquisa. Estes aspectos perpassam pelos

desafios da profissão detalhados nas entrevistas com os egressos do curso de Enfermagem

da Univali

4.5.1 Expectativa profissional

Oliveira et all (2009) nos relembra sobre a necessidade de integralidade do cuidado

que tem caracterizado uma preocupação entre os profissionais enfermeiros, reforçando a

necessidade de ações profissionais conjuntas para o atendimento em saúde, independente da

categoria de trabalhador em saúde. Quando questionadas sobre como esperam estar daqui

há alguns anos, Hilda conta que deseja estar desempenhando seu papel de enfermeira e

Edith espera encerrar sua carreira na docência,

Eu acho que pra daqui anos eu quero está exercendo, praticando o que eu

aprendi logicamente, e enfim atuando e desempenhando meu papel da melhor

forma pra que tenho um bom reconhecimento, só que pra mim ter

reconhecimento preciso me dedicar a isso e se mostrar um bom trabalho (Hilda).

69

E daqui uns 20 anos, eu espero....não sei quem sabe ser uma professora de

universidade, não descarto a possibilidade, bastante conhecimento....(Edith)

Florence e Wanda colocam suas expectativas na valorização da profissão e na busca

por melhores salários e condições de trabalho conforme seus depoimentos,

Eu espero, eu nunca esperei dinheiro com a profissão porque a profissão não

existe, não é bem remunerado, não tem um piso estabelecido, então assim, eu

enquanto profissional, eu gosto do que eu faço, gosto de gente, entendeu? Gosto

do contato, pra mim eu me realizo. Pelo lado profissional, por outras coisas

(Florence).

Sim, sempre, eu sempre penso nisso, pra gente se sentir valorizada como

enfermeiro, eu fiz a graduação que era para eu poder aturar como enfermeira e

principalmente que eu já sou casada e tenho filho, o meu pensamento de vida é

diferente de quem é mais jovem, hoje eu penso na questão salarial, mas eu me

sinto as vezes assim, meio balançada por não estar atuando como enfermeira,

gostaria muito, só que a questão do salário (Wanda).

Para Baggio, Monticelli e Erdmann (2009), ser um profissional crítico e reflexivo

traduz-se na capacidade de ver/entender a prática do cuidado de si, do outro e “do nós”

como espaço/momento para problematizar a realidade profissional e pessoal, assim como

analisar e refletir criativamente sobre as ações desenvolvidas na prática desse cuidado. Olga

reflete sua fé na prática diária, refletindo sobre a valorização da profissão, tanto para o

enfermeiro como para o técnico:

Bom assim no momento é eu acho assim que a enfermagem ainda ela é pouco

valorizada, deveria ser mais valorizada, mas eu tenho fé que assim pra todos nos

tanto enfermeiro quanto pro técnico para isso trabalhamos na área da saúde que

vai melhorar eu ainda não me especializei porque não ter especialização ainda

vai fazer um ano que me formei, vai fazer 1 ano to organizando minha vida, pra

procurar fazer alguma especialização pretendo fazer (Olga).

Prochnow (2007) ressalta que o compromisso e a dedicação expressa por

enfermeiros em sua pesquisa conduziram à analogia de interpretação, ou seja, é possível

entender suas ações como uma missão, ressaltando o caráter ideológico incorporado na

formação e socialização desses profissionais. Os relatos das entrevistadas mostram que

70

mesmo diante de tantos desafios elas têm boas expectativas futuras e acreditam na

realização por meio da profissão.

4.5.2 Relacionamento Multiprofissional

Uma reflexão interessante se encontra nos argumentos de Geovanini (2005), vai de

encontro ao que pensamos sobre o trabalho em saúde ser coletivo, pois tem a finalidade

comum aos diversos trabalhadores envolvidos no processo de trabalho, representa que cada

produtor isoladamente contribui para obtenção deste propósito. “E uma das finalidades do

processo de trabalho em saúde pela Enfermagem caracteriza-se pelas ações direcionadas a

possibilitar a atuação de diversos profissionais da equipe de saúde (GEOVANINI et all,

2005, p. 157).”

Considera-se que o trabalho em equipe multiprofissional significa um dos pontos

centrais na reorganização da atenção à saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), sustentada

por projetos assistenciais mais integrais e resolutivos que promovam mudanças nos

processos de trabalho e nas formas de atuar sobre o processo saúde-doença através de uma

maior interação entre os profissionais e suas ações (COSTA, ENDERS E MENEZES,

2008, apud, CARDOSO, HENNINGTON, 2011).

Mattosinho (2010) remete que a inserção na equipe é marcada pela busca da

integração, do fazer parte e ser visto como um ser também fundamental do corpo de

enfermagem. Entre os participantes da pesquisa observou-se que a inserção, no que se

refere à recepção e acolhimento foi considerada como positiva pela maioria. Assim, como

na pesquisa acima, Hilda da mesma maneira sentiu-se valorizada dentro de sua equipe,

conforme o depoimento,

Tranquilo também eu acho que a reação foi a mesma, tanto técnico quanto por

parte médica, eu acho que ate eu fiquei bem feliz, hoje mesmo por coincidência,

porque uma médica chegou e me falou assim....que ela confia muito mais em

mim, no meu trabalho do que numa enfermeira, ai Hilda vou conversar contigo

que eu confio em ti porque eu sei que o teu trabalho é bom, do que de uma fulana

de tal que assim.....isso pra mim é bom, porque eu sei que por pouco

tempo....minha colega tem mais tempo do que eu e não conseguiu desenvolver o

trabalho dela, às vezes por um motivo ou outro, isso aqui são reconhecimento

que a gente fica feliz, entendeu.....porque pouco tempo assim daí a primeira coisa

que eles me perguntam.....trabalhava aonde? Então não trabalhava ai tu nunca

71

trabalhou?....Ai eles te olham torto assim.....essa ai não vai aguentar eles falam

assim....essa não vai dar certo.....(Hilda).

O trabalho em equipe surge como uma estratégia para redesenhar os processos de

trabalho e promover a qualidade dos serviços. Embora haja muitos modelos conceituais

demonstrando a sua importância, existe, ainda, muita indefinição em torno dos

conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para concretizá-lo no cotidiano dos

serviços (PINHO, 2006, apud, CARDOSO, HENNINGTON, 2011). Edith diz sobre

desvalorização do enfermeiro perante a equipe e a instituição de saúde:

...não tem muito reconhecimento por essa parte do enfermeiro, às vezes o outro

profissional, o médico é mais valorizado sendo que o enfermeiro tem bastante

responsabilidade, tanto quanto o outro profissional, e a questão de salário,

reconhecimento também o mercado de trabalho não valoriza muito o

profissional nessa questão. se você tem conhecimento você não é valorizado,

você é um enfermeiro como mais um, conhecimento vai ser pra você e não pra

empresa (Edith).

Colomé, Lima e Davis (2008, apud CARDOSO, HENNINGTON, 2011) afirmam

ser preciso desenvolver um trabalho conjunto, no qual todos os profissionais se envolvam

em algum momento na assistência, de acordo com seu nível de competência específico,

possam conformar um saber capaz de dar conta da complexidade dos problemas de saúde.

A importância da equipe multiprofissional na saúde é referida por diversos autores e

justificada de várias formas. Zaira e Olga não sentiram resistência em suas admissões nas

equipes conforme sinalizam em seus depoimentos,

Eu não fiquei no mesmo setor justamente por isso, mas no começo tudo mundo

ficou meio assim com eu iria agir que tem muitos que eram técnicos que formam

e mudam ou ficam autoritários enfim e eu não busquei ser mais humilde possível

e fui bem aceita achei que a equipe me aceitou muito bem, mas cheguei

devagarzinho, não cheguei chegando, foi bem bom.......(Zaira).

Tem fisioterapeuta, que trabalha com a gente, médicos, nutricionista, não eu até

acho que vem melhorando esse trabalho, de nutrição......Eles estão sempre

passando com a gente discutindo algum ou outro caso, fisioterapia também esta

sendo bem tranquilo (Olga).

Para Prochnow (2007), na interface entre múltiplos saberes da enfermagem,

cotidianamente no exercício da gerência, o enfermeiro se depara envolvido com conflitos,

72

uma vez que conduz múltiplas relações de uma equipe com diversas categorias

profissionais. Nestas circunstâncias trabalha com situações complexas do sistema produtivo

e busca respeitar a historicidade e diversidade de interesses.

4.5.3 Força feminina da Enfermagem ou questões de gênero

Como já visto anteriormente a força feminina da enfermagem se faz presente desde

a História da Enfermagem, nos dias de hoje pode-se visualizar no site do Conselho

Regional de Enfermagem (2011), que nos municípios de Itajaí, Itapema, Balneário

Camboriú e Camboriú residem ao total 847 (oitocentos e quarenta e sete) enfermeiros,

sendo do sexo masculino apenas 8% (71 enfermeiros) e do sexo feminino 92% (776

enfermeiras). Portanto, encontra-se no total desta turma de egressos recém-formados 27

(vinte e sete). Destes 25 (vinte e cinco) são enfermeiras e apenas 2 (dois) enfermeiros,

corroborando o resultado expresso para Santa Catarina, por este motivo, nesta dissertação,

fazem parte somente mulheres, as quais se disponibilizaram a participar.

Revisitando um pouco da história Geovanini (2005, p. 326) se refere à Enfermagem

como executora de serviços de saúde que recebeu, através dos tempos, a conotação de

caridade e vocação. O que lhe conferiu o papel servil e apragmático quanto a conquistas

sociais. Sua origem doméstica e feminina em muito dificultou as conquistas no plano

trabalhista e social. O aparecimento da enfermagem para a mulher brasileira marcou uma

mudança na sociedade. Secaf (2007) explica que o Código Civil Brasileiro em 1916 definia

a mulher como relativamente incapaz e a chegadas dessas enfermeiras estrangeiras

representou uma maior abertura da possibilidade de cada mulher mostrar do que era capaz.

As mulheres dessa época estavam inclusas no mercado de trabalho nas escolas Normal

como professoras, um trabalho que desempenhava papel semelhante ao de mãe e não

comprometia sua posição.

Secaf (2007) complementa dizendo que embora a profissão feminina não gozava do

mesmo prestígio (salários baixos e posição subalterna), valorizava o papel da mulher

enfermeira que sendo uma profissional de alto nível teve formação e especialização, até

mesmo em outros países, quebrando vários tabus daquela época. Spindola e Santos (2005),

reforçam que as mulheres mantêm o perfil devotado, abnegado, observador, fiel e de

73

sentimentos delicados, solicitado no sec. XX, porém esforçam-se no desempenho de suas

funções para prestar um atendimento à clientela, com base em princípios de dignidade e

respeito à pessoa humana.

Geovanini (2005) menciona que a enfermagem é detentora de percentual superior a

50% do contingente de recursos humanos do setor saúde, sendo responsável pela maior

parcela da prestação de serviços de saúde à sociedade. A desvalorização dos profissionais

por baixos salários faz com que eles assumam duplas ou triplas jornadas. Lembrando que

85% desses profissionais são mulheres, sendo estas resultantes de um sistema patriacardo

que atribui à mulher papel secundário na sociedade.

Em concordância com Fertig (2000, 137), nos dias de hoje a enfermagem luta por

um status e por um reconhecimento maior. Naquela época a enfermagem não representava

somente uma opção profissional, mas uma maneira de obter a inserção no mercado de

trabalho. Spindola e Santos (2005) retratam a situação atual da mulher no mercado de

trabalho como uma mulher que necessita trabalhar para ajudar a compor a renda familiar.

Seus ganhos, muitas vezes, não permitem que tenham apenas um emprego, como é o caso

da maioria das trabalhadoras de enfermagem. Em geral, residem longe dos empregos,

fazendo com que aumente o tempo em que permanecem ausentes de casa. Têm dupla ou

tripla jornada, provocando esgotamento físico e mental, não restando tempo suficiente para

dedicar aos seus interesses pessoais e assim, viver com tranquilidade.

O trabalho feminino na enfermagem demonstra uma grande parcela no total de

enfermeiros existentes, um trabalho que passou por variadas modificações até ter uma

valorização maior no mercado de trabalho como tem hoje em dia, não em relação ao

salário, mas na busca de melhores condições de trabalho.

4.5.4 Desafios da Profissão

Nos desafios vivenciados pelos egressos de enfermagem recém-formados

elencamos alguns destacados no texto a seguir. Um deles é que nossa profissão de fato é

reconhecida pela como uma profissão e não uma caridade, Zaira coloca que se um

profissional médico atende um paciente, ele o reconhece como um profissional estudado e

inteligente, agora se é atendido por uma enfermeira leva o sentimento pessoal para o caso,

74

exemplo, ver a beleza física do profissional ou o fato de como foi atendido. Edith reflete

sobre esta falta de reconhecimento, não só na questão salarial,

Geovanini et all (2005, p. 297), narrando sobre a história da Enfermagem

Moderna, pois para a enfermagem restaram as atividades complementares do

trabalho médico, o enfermeiro ficou preso em administrar interesses da Medicina

como prática profissional institucionalizada, logo, na formação do enfermeiro não

foi destacada a importância do saber e a ênfase esteve no servir e estar sempre

prontos a atender.

A enfermagem no Brasil, em 1543, sequer era remunerada, isso pela característica

do enfermeiro, que era religioso, voluntário ou escravo. Até o século XX a enfermagem

teve conotação caridosa, atendendo miseráveis para que eles não ficassem expostos ao

tempo nas ruas da cidade (GEOVANINI et all, 2005), alguns depoimentos nos ajudam a

elucidar essa relação,

Espero também que a nossa profissão seja mais bem valorizada e reconhecida,

inclusive em relação a salário que a gente esta bem é desfalcada em relação a

outros lugares, ou as outras categorias, espero que isso venho a melhorar, que a

gente seja mais valorizado. Inclusive essa semana a gente teve uma conversa na

empresa justamente na empresa sobre isso é porque o profissional médico, se

um paciente é atendido por um médico bom ele diz: “Nossa como ele é

inteligente” e se um paciente é atendido por uma enfermeira ele diz: “Nossa

como ela é querida, como ela é legal”....O que um paciente não consegue vê a

gente como um bom profissional, né porque talvez a gente não se valoriza, ou

não receba o valor que deveria né, então eu espero que talvez seja meio ilusão ou

sonhando demais, mas espero que isso aconteça porque eu realmente faço o que

eu gosto de fazer e gosto desse reconhecimento faço com responsabilidade

(ZAIRA).

Não tem muito reconhecimento por essa parte do enfermeiro, às vezes o outro

profissional, médico é mais valorizado sendo que o enfermeiro tem bastante

responsabilidade tanto quanto o outro profissional e a questão de salário,

reconhecimento também o mercado de trabalho não valoriza muito o

profissional nessa questão se você tem conhecimento você não é valorizado, você

é um enfermeiro como mais um, conhecimento vai ser pra você e não pra

empresa (EDITH).

Outro desafio apresentado pelas recém-formadas Florence e Zaíra é o fato de lidar

com as pessoas, as vezes, acontece do enfermeiro egresso recém formado coordenar uma

equipe em que há profissionais mais antigos de profissão, deixando o egresso em uma

situação dificultosa. Trabalhar com pessoas doentes que lidam com este processo com

75

diferentes maneiras também foi um desafio para Florence. Já Waleska teve dificuldades

com supervisores do outro hospital que trabalhou, sempre questionadora foi extremamente

julgada pela equipe desta instituição. Seguem algumas falas das entrevistadas mostrando os

desafios enfrentados,

A grande dificuldade eu acredito que seja manter, lidar com pessoas, no geral,

tanto os seus funcionários, tanto os administradores, tanto o gerente, até mesmo

com o paciente. As pessoas são muito imprevisíveis com a doença, lidam com

processo de diferentes maneiras. Não existe receita para cuidar, nem da tua

equipe, nem com o teu paciente, então isso que a gente vem enfrentando

diariamente (FLORENCE)

Quando aconteceu a primeira advertência fique bem chateada assim, como fazer

não sabia como lidar, o que falar sabe porque apesar de que la na Unimed a

gente tem muito treinamento em relação de como fazer um feedback sabe, isso é

bom inclusive o que me ajudou é não chegar(ZAIRA).

Novos (técnicos) assim formaram e trabalharam num lugar onde não foi pronto

socorro, mas assim ensino, tem que trabalhar como te falei, assim é tudo muito é

pronto socorro é tudo muito rápido, a falta de funcionário a gente faz do jeito

que consegue, não é o meu melhor (OLGA)

Eu como técnica, passei por várias experiências, boas para meu crescimento

profissional, tive exemplo de varias pessoas que eu não gostaria de ser, eu

trabalhei com profissionais bons, mas tive muitos exemplos ruins, por eu tentar

falar o certo, mostrar o certo e não fazer diversas coisas que eu achava errada,

fui extremamente julgada e hoje não trabalho naquela instituição que eu

trabalhava, ser reconhecida aqui no hospital X é muito gratificante, lá era vista

como uma técnica que não fazia as coisas direito, porque eu não julgava certo

(WALESKA).

Florence, assim como tantos outros profissionais acreditam que a saúde como um

todo no país precisa melhorar, a aplicabilidade dos recursos financeiros destinados à saúde

ainda é insuficiente com relação à população existente no país. Por exemplo, uma consulta

médica especializada é repassada ao município um total de sete reais e cinquenta centavos

(TABELA DE PROCEDIMENTOS, MEDICAMENTOS E OPM DO SUS, 2014),

É assim ó, eu acredito que a saúde precisa melhorar, não só a nível de Brasil,

mas a nível de muita coisa assim, é muito pouco que se aplica em saúde, mas

assim, falando como profissional, existem alguns empecilhos em que a gente vai

trabalhando, vai tendo que conviver e relevando no dia a dia enquanto

profissional (FLORENCE).

76

Acredito como pesquisadora e enfermeira que tanto Florence, quanto Waleska, Olga

ou Zaira, tentarão fazer uma enfermagem baseada na qualidade da assistência para a

população atendida, sentimentos de pertencimento a estas equipes foram vivenciados

durante a entrevista. O Egresso de enfermagem necessita de acompanhamento contínuo

(como já se trabalhou no eixo 3) para um desenvolvimento de um enfermeiro crítico e

pesquisador.

4.5.5. Formação continuada

Quando questionadas sobre a formação continuada após a conclusão do curso, 5

(cinco) enfermeiras responderam que não realizaram nenhum curso para qualificação

profissional. Duas entrevistadas não estão trabalhando para poder realizar suas pós-

graduações, que são em outro estado, em um renomado hospital.

A Pós-Graduação no Brasil, aprovada pelo Conselho Federal de Educação, em

1965, com base no Parecer Sucupira nº 977/65 e instituída pela Reforma Universitária,

ocorrida em 1968, além da necessidade de ampliar a capacidade de investigação das

universidades e de seu corpo docente. Desta forma, objetivou a formação de professores

competentes que pudessem atender à expansão quantitativa do ensino superior, estimular o

desenvolvimento da pesquisa por meio de preparação de novos pesquisadores e assegurar o

treinamento eficaz de técnicos e trabalhadores intelectuais do mais alto nível, para fazer

face às necessidades do desenvolvimento em todos os setores (ALMEIDA, 2002).

Na continuidade nos estudos Zaíra relata querer mudar de ambiente de trabalho e

espera estar trabalhando na Unidade de Terapia Intensiva que é o setor que sente maior

afinidade, tentando permanecer na assistência,

Daqui a 5 anos o que espero da profissão, na verdade espero continuar,

continuar na verdade que não fique parada, sem estudar, espero continuar

estudando, especializando, é pretendo assim que abrir outra parte do hospital

trabalhar na UTI, que é o setor que eu gosto que eu tenho mais me identifico

mais , é que mais, não sei o que mais posso falar, que eu espero (ZAIRA).

Esse novo conhecimento tem sido utilizado no ensino de graduação, renovando-o e

atualizando-o, bem como na assistência de enfermagem e no setor saúde de forma geral,

77

quando se tem oportunidade de melhorar a assistência de enfermagem prestada à

população, promove-se a qualidade de vida (ALMEIDA, 2002). Nesse sentido, Waleska e

Edith já estão em cursos de pós-graduação, Edith relata a dificuldade da liberação do

emprego para o enfermeiro se manter empregado e realizar um curso de pós-graduação

concomitantemente, pois as empresas não liberam o empregado para tal, ou descontam do

seu salário como pode-se visualizar a seguir,

Agora estou investindo em pós-graduação, estou fazendo pós-graduação no

Pequeno Príncipe, vou começar a dar estagio no Geração, eu quero entrar nessa

parte de didática mesmo, daqui a uns 10 anos quero estar com o mestrado

também dando aula por aí. (WALESKA).

Edith eu comecei fazendo uma pós-graduação e daí estou me empenhando mais

pra isso, estou estudando mais pra isso, vai ter um estagio agora, achei que iria

ficar meio complicado arrumar um emprego agora, e ter que ficar fazendo trocas

e talvez ate se afastar do emprego por causa desse estagio da pós-graduação. É

la em São Paulo tem que ir duas vezes por mês eu tenho que ta la, agora no

estagio tive que ficar 20 dias la, em neotologia (EDITH).

Já Haydeé pensa no futuro imediato relatando seu interesse em um curso de pós-

graduação, mas acredita que para poder lecionar precisa de uma base “boa” assistencial,

Assim eu particularmente tenho interesse de estudar mais, fazer uma pós, um

mestrado, alguma coisa assim porque eu acredito assim a área da assistência é

boa realmente por um curto período de tempo...eu queria ver outras coisas de

repente partir mais lado do científico sabe....então pro futuro mas isso eu preciso

da base assistencial pra vencer entendeu (Haydée).

A produção de conhecimento gerada na pós-graduação tem contribuído para uma

efetiva articulação entre a universidade e a sociedade, contemplando uma variedade de

contextos da prática de enfermagem, desde a promoção da saúde, prevenção de doenças,

tratamentos, reabilitação até o cuidado hospitalar de maior complexidade (ALMEIDA,

2002). Olga e Hilda sugerem que querem se especializar, contudo, prefere esperar um

tempo a mais, dar uma pausa da faculdade,

Quero dar um tempo disso para poder me organizar tipo, me formei e já logo fui

trabalhar não tive tempo de parar, dar uma pausa da faculdade, descansar eu e

organizar minha vida. Formei e fui trabalhar mas eu quero me especializar com

certeza para ter um futuro melhor (OLGA).

78

E acho que 1º quero me especializar, ter mais conhecimento, ter mais não

firmeza assim mais certeza do que estou fazendo. Primeiro quero me especializar

então daqui a 1 ano e o que quero pra mim, ter mais conhecimento e pra

conseguir desenvolver meu trabalho acho que pra mim um ano é o que tenho em

mente (HILDA).

Na realidade, olhamos à pós-graduação como um complemento da graduação, a

pós-graduação em enfermagem dentro de uma empresa sem plano de carreira não gera

diferença salarial para o enfermeiro, somente mudança de posição dentro de setores,

exemplo, pós-graduação em Unidade de Terapia Intensiva, pode levar o enfermeiro a

trabalhar neste dito setor. Observa-se também que não é regra sair da universidade e

realizar uma pós-graduação, que depende da necessidade particular de cada enfermeiro.

A pós-graduação em nível de mestrado ou doutorado ainda é dificultosa para o

enfermeiro, já que grande parte das empresas não libera o empregado para o estudo e as

aulas destes programas de ensino, geralmente, são durante o dia, muitas vezes, de duas a

três vezes na semana, tempo complicado para o egresso recém-formado que já atua no

mercado de trabalho.

79

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao finalizar este estudo concluímos que o significado de inserção profissional passa

a ser um marco social na vida da juventude, um momento de deixar de ser estudante e lidar

com as mais diversas situações, problemas na área, imprevistos, lidar com o inusitado de

maneira diferentemente de antes que se tinha o amparo de um professor na faculdade.

Portanto, este é um momento marcante na vida do jovem, se não for bem acompanhando

pode tornar-se um trauma, fazendo-o desistir da área de atuação, como vimos no contexto

da pesquisa.

A enfermagem é uma área em que a maior força é feminina, sendo que as

entrevistadas são em sua maioria solteira, sem filhos, ganham de 1 (um) a 5 (cinco) Salários

Minímos, entraram no mercado de trabalho por meio de processo seletivo (sendo 82% no

estado de Santa Catarina enfermeiras mulheres). Este dado mostra como a mulher ainda

está atrelada a força de trabalho da enfermagem e que este dado não mudou ao longo dos

séculos, desde que a precursora da Enfermagem Florence Nigthingale começou a treinar

senhoras para auxiliar na Guerra da Criméia. Além deste feito, Florence reorganizou os

hospitais e a enfermagem como muitos de nós conhecemos ainda hoje. Muitos de seus

feitos ainda são vivenciados no dia a dia dos hospitais (boa comida, lençóis limpos,

higienização das mãos, entre outros).

Vimos que os processos de inserção profissional destes egressos ocorreram de

forma esperada após o término da faculdade, não demonstraram dificuldades para conseguir

o primeiro emprego. Os egressos mostraram por meio do processo de pesquisa já ter um

conhecimento na área que acabou facilitando a entrada no mercado de trabalho, também a

necessidade de realizar uma pós-graduação após a graduação direcionou sua vaga dentro da

empresa, pois já possui uma especialidade.

Também se viu na investigação que as principais dificuldades dos egressos recém-

formados surgiram depois da conquista do primeiro emprego, na permanência da vaga na

instituição, que se apresenta distintamente do estágio da faculdade, do ideal para o real. E a

80

organização de uma equipe demonstrou-se um grande desafio para estes jovens, já que,

muitas vezes, o enfermeiro realiza trabalhos administrativos e deve saber também sobre a

parte assistencial que cabe a todos os egressos, demostrando a equipe multidisciplinar de

atuação do enfermeiro diante da equipe de enfermagem.

No eixo satisfação com a profissão/escolha do curso, visualizamos que a

enfermeiras estão satisfeitas com a escolha do curso, principalmente em relação ao objetivo

da formação profissional. A atuação no mercado de trabalho continua sendo um desafio

para o egresso de enfermagem recém-formado, pois o mesmo ainda é encaminhado aos

campos de trabalho sem a respectiva orientação ou supervisão. Muitos ambientes de

trabalho esperam que um egresso recém-formado tenha o mesmo conhecimento e visão

(sobre o paciente e os funcionários) que um formado a mais tempo, o que geralmente não

acontece, fazendo com que muitos enfermeiros procurem outros postos de trabalho para

atuar.

Outra confirmação que tivemos neste trabalho foi que a maioria dos postos de

trabalho disponíveis para o enfermeiro são os ambientes insalubres (ex: hospitais), sendo

que grande parte de nossos entrevistados já eram técnicos em enfermagem e foram

promovidos ao cargo de enfermeiro (discutido no eixo 2). A pesquisa demonstrou também

que o envolvimento antecipado com uma instituição de saúde durante a graduação facilita o

processo de inserção profissional.

Com relação ao Eixo 2 sobre a inserção e permanência no mercado de trabalho, na

categoria formação, vimos que as enfermeiras estão satisfeitas com os conhecimentos

adquiridos durante o período universitário. Mesmo aquelas que ainda não estão trabalhando

sentiram-se satisfeitas com o curso de Enfermagem, aplicando os conhecimentos em outros

postos de trabalho como laboratórios e estágios de pós-graduação, até mesmo na realização

de pesquisas para realizar trabalhos de conclusão.

Com relação ao terceiro eixo, as enfermeiras ainda sentem-se mais a vontade com

relação à prática assistencial, pois o primeiro emprego do enfermeiro, geralmente, dar-se

nessa área, gerando uma maior aplicabilidade de conhecimentos adquiridos durante a

universidade, também não podemos deixar de registrar que o enfermeiro ainda apresenta

dificuldades na área da pesquisa, o que infelizmente retarda o processo de troca de

conhecimento entre vários enfermeiros e adia a publicação de práticas.

81

A gerência é um desafio para o egresso recém-formado, já que o mesmo tem que

lidar com funcionários antigos da instituição e até com o dobro de sua idade. A resistência

destes funcionários torna o processo de adaptação do enfermeiro na unidade ainda mais

dificultosa. Quanto ao ensino, os egressos recém-formados, não conseguem realizar

educação em serviço, sendo que não têm locais específicos para isto e não há tempo hábil

para planejar, a educação em serviço acontece no próprio ambiente de trabalho, na unidade,

perante a família do paciente ou os demais funcionários.

No eixo relacionado a expectativa profissional os sujeitos de pesquisa esperam o

reconhecimento da profissão Enfermagem perante o mercado de trabalho. A diferença

salarial entre profissionais que atuam nos ambientes insalubres (médicos x demais

profissionais da área) aparecem nas entrevistas. Há egressos que sonham com a docência

nos cursos técnicos em enfermagem e após nos cursos de graduação.

Ainda neste eixo quando se tratou da categoria multiprofissional os egressos recém-

formados não demonstraram nas entrevistas dificuldades com a equipe. Sabe-se que a

inserção de um novo profissional pode causar estranhamento na equipe, quando um

enfermeiro inicia como chefia de uma equipe faz-se necessário que mantenha sua postura e

aplique as orientações recebidas na matéria de gerenciamento, o que pode causar

descontentamentos na equipe. Alguns egressos receberam auxílio de profissionais mais

antigos do ambiente, outros uma boa relação com profissionais de terceiro grau,

demonstrando trocas de experiências. Uma das entrevistadas relatou problemas de

relacionamento com o profissional técnico de enfermagem, pois relata ter sido técnica no

mesmo ambiente em que é enfermeira atualmente.

Este mestrado traça o início de uma nova jornada, a enfermeira que o realizou, além

do sentimento de pertencimento ao tema, será deixado marcas em sua vida, pois além da

obtenção do título de mestre, observará com mais dedicação o colega recém- formado e o

auxiliará na transição para o mercado de trabalho.

Pesquisas como esta deixam sinais, tanto no egresso recém-formado, como no

enfermeiro com 20 anos de experiência, uma vez que vivenciamos em nosso cotidiano as

problemáticas relatadas pelos egressos pesquisados. São sonhos, desejos, projetos que todo

o enfermeiro como os processos especiais para a inserção no primeiro emprego, salário

82

digno a responsabilidade assumida, ambientes favoráveis ao ensino e a pesquisa, com

recursos humanos e materiais.

Ao final dessa dissertação pode-se dizer que os enfermeiros entrevistados passaram

pelas mais variadas situações durante os primeiros meses de trabalho em seu primeiro

emprego. Diversas foram às situações encontradas, mesmo com muitas dificuldades e sem a

vivência na área resolveram as mais complicadas situações. Estes enfermeiros são o reflexo

da nova frente do mercado de trabalho, a grande maioria se mostrou ativo na complexidade

das condições que se encontra profissionalmente, esse trabalho mostrou que buscam, além

da inserção no mercado de trabalho, uma posição de reconhecimento na vida social e

pessoal.

Sendo assim, acredita-se que essa investigação contribuiu também para os

profissionais de outras áreas, no sentido, de saber lidar com os anseios do recém- formado,

como também para as próprias instituições empregadoras, pois saber lidar com este

enfermeiro trará resultados positivos à empresa. E ao fim, deixo a mensagem de Florence

Nightingale ao qual faz parte de nossos discursos de graduação sobre esta profissão,

A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão

exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto à obra de qualquer pintor ou

escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao

tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia

dizer, a mais bela das artes!

Nesta mensagem vimos a enfermagem como uma arte, a arte de realizar

procedimentos diante das dificuldades existentes buscando resolubilidade ao paciente.

Também devoção exclusiva aos princípios aprendidos na instituição de ensino e ao realizar

o trabalho do enfermeiro. Tratar o corpo vivo, independente de sua religião requer aptidão

física e mental, vimos que muitas são as profissões que trabalham com o público, mas na

enfermagem paciente, família e comunidade adoecem e o enfermeiro é o primeiro a despir

de pré-conceitos para tentar agir de maneira resolutiva.

No final deste trabalho, ainda, deixa-se como proposta intencional novas pesquisas

para os próximos pesquisadores ou um futuro doutorado: o entendimento do enfermeiro no

movimento heterogêneo do mercado de trabalho, bem como as considerações das escolas

83

de enfermagem sobre este movimento, mostrando a necessidade acadêmica de orientação

profissional, mesmo após o egresso recém-formado estar atuando no mercado de trabalho.

Como um desejo futuro criar um núcleo estruturado dentro da academia para

atender este egresso a confrontar as dificuldades existentes no mercado de trabalho, com

orientações e trocas de experiências, entre outros enfermeiros, docentes, acadêmicos e

egressos.

84

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91

APÊNDICES 1: TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser

esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo. Este

documento está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em

caso de recusa você não será penalizado(a) de forma alguma.

A Pesquisa intitulada “Estudo sobre a transição acadêmica e laboral de egressos do

curso de enfermagem” tem por objetivo Analisar os desafios e as dificuldades

enfrentadas pelos egressos do curso de Enfermagem para sua inserção profissional no

mercado de trabalh.

Em um primeiro momento você responderá um questionário contendo 20 questões, após

será marcado uma entrevista 1 mês após sua formatura e outra após 6 meses. No decorrer

da pesquisa, também solicitaremos dados via correio eletrônico. Esta pesquisa poderá

ocasionar algum desconforto na questão de tempo durante o decorrer da pesquisa, estando

você livre para desistir a qualquer momento e se tiver qualquer dúvida será esclarecida a

qualquer tempo.

Esta pesquisa inicia em dezembro de 2013 e encerra em dezembro de 2014, todos os dados

obtidos serão sigilosos e utilizados somente para finalidades educativas, tendo seu nome

trocado por outro codinome, também não há remuneração, nem pagamentos pelas

informações obtidas nesta pesquisa.

A devolutiva dos dados se dará por e-mail do participante que continuar na pesquisa até seu

encerramento.

Esta pesquisa beneficiará os alunos e egressos do curso de enfermagem, bem como as

políticas educativas que tratam da temática da inserção profissional, a questão da transição

acadêmica e mundo do trabalho é sem sombra de dúvidas na atualidade uma grande

preocupação das universidades. Por si só se justifica a relevância dos benefícios desta

pesquisa.

CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO

Eu, _____________________________________, RG_____________, CPF

____________ abaixo assinado, concordo em participar do presente estudo como sujeito.

Fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela

envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação.

Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto

leve à qualquer penalidade. Local e data:

_____________________________________________________________

Nome: __________________________________________________________________

Assinatura do Sujeito ou Responsável: ________________________________________

Telefone para contato: _____________________________________________________

Email:

Obrigada por sua participação, ela é extremamente importante para o avanço da pesquisa e

da comunidade cientifica.

Pesquisadoras: Tania Regina Raitz e Mayara Ana da Cunha (9660-9066 –

[email protected]).

92

APENDICE 2: Aprovação Comitê de Ética

93

APÊNDICE 3: QUESTIONÁRIO PARA CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL

NOME:

CODINOME:

IDADE: SEXO: ( ) M ( )F COR:

FILHOS: ( ) S ( ) N RENDA FAMILIAR ( ) 1 SM ( ) 1 A 5 SM*

( ) 5 A 10 SM ( ) mais que 10 SM

ENDEREÇO:

TELEFONES:

EMAIL:

SEMESTRE E ANO DE ENTRADA NA UNIVERSIDADE:____/______

SEMESTRE E ANO DE SAÍDA DA UNIVERSIDADE: ____/________

Sm: SALARIO MINIMO

2- Sobre o curso de Enfermagem, favor escolher a opção que mais se aproxima da realidade:

2.1 - O que o motivou a escolher enfermagem?

2.1 .1. ( ) por iniciativa própria / interesse pessoal

2.1 .2. ( ) por estímulo de colegas de conhecidos ou familiares

2.1.3 ( ) já conhece ou trabalha na área

2.1 .3. ( ) outro motivo - Especifique________________________________________

2.2 Como obtêm as informações necessárias para atuar na profissão?

1. ( ) internet/e-mail 2. ( ) Jornais diversos

3. ( ) Revistas 4. ( ) TV

6. ( ) correspondência

7. ( ) outros Quais: ___________________________

2.3 Quando ocorrem encontros e congressos na área, com que frequência você costuma participar?

1. ( ) Sempre

2. ( ) Quase sempre

3. ( ) Às vezes

4. ( ) Nunca

94

3- Considerando as 4 pilares da enfermagem Gerencia, Pesquisa, Ensino e Assistência, responda as

seguintes questões abaixo:

3.1 Está realizando pós graduação? Em qual pilar da enfermagem?

( ) GERENCIA ( ) ENSINO ( ) PESQUISA ( ) ASSISTENCIA

( ) Não estou realizando ( ) NR

3.2 Durante sua graduação com qual pilar você tem ou teve mais afinidade?

( ) GERENCIA ( ) ENSINO ( ) PESQUISA ( ) ASSISTENCIA ( ) NR

3.3 Durante sua graduação com qual pilar você NÃO teve afinidade ou pouca afinidade?

( ) GERENCIA ( ) ENSINO ( ) PESQUISA ( ) ASSISTENCIA ( ) NR

3.4 Sobre o currículo do seu curso, você acredita que ele está mais voltado para qual pilar?

( ) GERENCIA ( ) ENSINO ( ) PESQUISA ( ) ASSISTENCIA ( ) NR

3.5 Ainda sobre o currículo do seu curso, você acredita que esteja menos voltado para qual pilar?

( ) GERENCIA ( ) ENSINO ( ) PESQUISA ( ) ASSISTENCIA ( ) NR

3.6 Você pretende trabalhar em qual pilar durante sua vida profissional?

( ) GERENCIA ( ) ENSINO ( ) PESQUISA ( ) ASSISTENCIA ( ) NR

Relate alguns conteúdos que você acredita serem necessários a sua formação dentro dos quatro

pilares que foram trabalhados no seu curso.

Conteúdo muito trabalhado no curso Conteúdo pouco trabalhado no curso

Gerencia

Ensino

95

Pesquisa

Assistência

4- Sobre a inserção profissional, você tem buscado se inserir no mercado de trabalho?

( ) sim ( ) não ( ) já estou empregado

4.1 Assinale por quais meios você tem buscado ou você buscou se inserir no mercado de

trabalho:

1. ( ) internet/e-mail 2. ( ) Jornais diversos

3. ( ) por meio de amigos, vizinhos 4. ( ) outros Quais: ________________

4.2 Por qual meio o curso favoreceu a inserção profissão por meio de:

1. ( ) internet/e-mail 2. ( ) Estágio 3

3. ( ) outros Quais: ________________

96

APENDICE 4: ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

1- Após 1 ano de formatura já está empregado? Se sim, como está sendo esta

experiência? Se não, quais as principais dificuldades no mercado para a contratação do

primeiro emprego (entrevistas? Provas? Concursos?)?

2- Sobre os quatro pilares que regem a profissão de enfermagem – gerência, pesquisa,

ensino e assistência – está conseguindo aplicar dentro da sua área de atuação? Como estão

sendo utilizados?

3- Após a conquista do primeiro emprego, com relação a pergunta feita há 5 meses

atrás, que você deu estas respostas (levar as respostas) o que espera a longo prazo da

profissão – 1 ano, 5 anos, 10 anos e 20 anos?

4- Quais são os principais desafios profissionais que você tem enfrentado para

permanecer e ter segurança em sua área de atuação?

5- Em uma escala de 0 a 10 qual seu grau de satisfação com a profissão que escolheu?

Por quê?

97

APENDICE 5: DESCRITORES DE SAÚDE

DeCS Descritor Inglês: Job Market

Descritor Espanhol: Mercado de Trabajo Descritor Português: Mercado de Trabalho

Categoria: SP3.056.112 SP4.046.442.658

Definição Português: Relação entre a oferta de trabalho e a procura de trabalhadores, e o conjunto de pessoas e/ou empresas que, em época e lugar determinados, provocam o surgimento e as condições dessa relação. (http://www.jfservice.com.br/arquivo/galera/profissoes/1999/03/05-Coluna_Monica_03/)

Relacionados Português: Força de Trabalho Trabalho Trabalhadores

Número do Registro: 50276

DeCS Descritor Inglês: Education, Nursing

Descritor Espanhol: Educación en Enfermería Descritor Português: Educação em Enfermagem

Categoria: I02.358.462 Definição Português: Uso de artigos em geral que dizem respeito a educação em enfermagem.

Nota de Indexação Português: GER: prefira específico Qualificadores Permitidos Português: CL classificação EC economia

SN estatística & dados numéricos HI história LJ legislação & jurisprudência MT métodos ST normas OG organização & administração MA recursos humanos TD tendências ES ética

Número do Registro: 4574 Identificador Único: D004506

DeCS

Descritor Inglês: Professional Practice Location

Descritor Espanhol: Ubicación de la Práctica Profesional

Descritor Português: Área de Atuação Profissional

Categoria: N04.452.758.772

Definição Português: Área geográfica na qual um profissional atua; refere-se principalmente a médicos e

dentistas

Qualificadores Permitidos Português:

EC economia SN estatística & dados numéricos LJ legislação & jurisprudência ST normas TD tendências

Número do Registro: 11800

Identificador Único: D011365

98

APENDICE 6: EXEMPLO DE CATEGORIZAÇÃO