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Marcio Luiz Tassino de Araújo NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM UMA AMOSTRA POPULACIONAL DE IDOSOS DA CIDADE DO NATAL-RN Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Doutor em Ciências da Saúde. Orientador: Ricardo Oliveira Guerra Natal/RN 2009

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Page 1: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

Marcio Luiz Tassino de Araújo

NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM UMA AMOSTRA POPULACIONAL DE

IDOSOS DA CIDADE DO NATAL-RN

Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Doutor em Ciências da Saúde. Orientador: Ricardo Oliveira Guerra

Natal/RN

2009

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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Setorial do Centro de Ciências da Saúde/Setor de Processos Técnicos

Tassino de Araújo, Marcio Luiz. Níveis de homocisteína e desempenho cognitivo em uma amostra populacional de

idosos da cidade do Natal-RN / Marcio Luiz Tassino de Araújo. - Natal, RN, 2009. 152 p. Orientador: Ricardo Oliveira Guerra. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. 1. Transtornos cognitivos - Tese. 2. Demência – Idosos - Tese. 3. Homocisteína – Tese. 4. Hiperhomocisteinemia – Tese. 5. Ácido fólico – Tese. 6. Vitamina B12 – Tese. 7. Envelhecimento da população – Natal (RN) – Tese. I. Guerra, Ricardo Oliveira. II. Título. RN/UF/BSCCS CDU 616.892.3 (043.2)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde

Professora Dra. Técia Maria de Oliveira Maranhão

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Marcio Luiz Tassino de Araújo

NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM UMA AMOSTRA POPULACIONAL DE IDOSOS

DA CIDADE DO NATAL-RN

Presidente da Banca: Prof. Dr. Ricardo Oliveira Guerra

BANCA EXAMINADORA

Profª. Dra. Bernadete de Sousa Maia

Profª. Dra. Eulália Maria Chaves Maia

Profª. Dra. Helena M. Calil

Prof. Dr. Mauricio Roberto Campelo de Macedo

Aprovada em: 28 /nov. /2009

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Agradecimentos

Foi um longo caminho durante o qual muitas vezes, as curvas e as

dificuldades íngremes me fizeram duvidar que fosse possível a realização do

sonho que ora se concretiza.

Percorrê-lo durante os anos nos quais me aproximava da faixa etária

que me colocava dentro dos critérios de inclusão para sujeito da pesquisa

apesar de, muitas vezes bem exaustivo, trazer-me o ganho adicional de

reforçar a crença de que nunca é tarde demais enquanto o desejo e a

determinação permanecerem vivos. Não foram poucos os momentos, nos

quais imperou a sensação de que não chegaria ao final, seja por inviabilidade

dos meios necessários, seja por exaustão pura e simples, mas agora, me

deleito com o sabor especial das conquistas árduas.

Foram tantos os personagens que compuseram a cena humana dessa

aventura que ao listá-los para expressar-lhes o meu reconhecimento temo

cometer algum esquecimento e caso ocorra, deve ser debitado a algum grau

de comprometimento cognitivo, pois por ingratidão jamais o seria.

Nenhuma forma de agradecimento faria justiça se não começasse com o

mais especial de todos que é o agradecimento aos idosos sujeitos desse

trabalho pelas muitas lições de vida que me deram e por terem me emprestado

o sangue e a paciência de participar da nossa pesquisa, cada um dos quais

gostaria de citar nominalmente lamentando não fazê-lo em virtude das

limitações éticas para tanto.

Das inúmeras contribuições diretas e indiretas para o sucesso do projeto

que ora está sendo finalizado gostaria de agradecer especialmente:

A todos e cada um dos Agentes de Saúde pela sua disponibilidade e

participação essencial para o recrutamento e mobilização dos idosos;

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À Dra. Rosalba Gomes de Miranda Sales companheira de todas as

incursões pelos quatro cantos da cidade do Natal sempre disponível e

incansável a quem eu devo a aplicação e correção do Mini-Mental;

À Dra. Maria Aparecida França, na época Secretária Municipal de

Saúde do município de Natal, a quem eu devo a viabilização desse estudo pelo

apoio dado à realização dos procedimentos bioquímicos;

À Dra. Paula Ângela Gama que juntamente com a Dra. Rosalba revisou

todos e cada um dos quase 460 Mini-Mental aplicados;

À Dra. Ana Maria Araujo na época diretora do Centro de Referência de

Atendimento aos Idosos pelo apoio entusiasmado com a realização desse

estudo;

À Dra. Teresa Neuma Costa O. Freitas pela participação na coleta de

dados sobre as condições nutricionais;

À Dra. Valéria Silva Freire na época superintendente da ATIVA pelo

apoio fundamental para a logística da realização da pesquisa;

À Universidade Potiguar nas figuras do Chanceler Paulo de Paula e dos

Drs. Marcos Adriano Bezerra e José Queiroz Filho do Laboratório de Análises

Clínicas e Toxicológicas da UNP pelo apoio que viabilizou parte dos

procedimentos bioquímicos necessários;

À Dra. Tânia Fernandes Campos pela contribuição importante para a

produção do primeiro artigo publicado e pela formatação das primeiras

apresentações dos resultados parciais da pesquisa;

A minha filha Marina Tassino pelo trabalho meticuloso de revisar N

vezes os dados de cada um dos 456 prontuários e cada linha dos textos

produzidos;

À Bibliotecária Gildete Moura de Figueirêdo pelo minucioso trabalho de

normalização dos originais;

E o maior dos agradecimentos ao meu orientador Professor Ricardo de

Oliveira Guerra, que eu conheci em um momento particularmente difícil dessa

trajetória, pela amizade, apoio, por sua grande capacidade técnica, sua

imensa paciência e pelo dom de amenizar com seu inabalável bom-humor, os

momentos mais tensos e difíceis dessa caminhada.

A Todos,

MUITO OBRIGADO!!

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For age is opportunity no less

That youth itself, though in another dress,

And as the evening twilight fades away,

The sky is filled with stars, invisible by day.

Henry Wadsworth Longfellow

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RESUMO

A imprecisão da fronteira que separa os déficits próprios do processo de envelhecimento

fisiológico humano daqueles que representam os sinais precoces das patologias degenerativas

de grande prevalência entre idosos, tem chamado a atenção para a necessidade da produção

de estudos voltados para o estabelecimento critérios clínicos e/ou laboratoriais que permitam

essa diferenciação. Idosos de populações de países pobres e/ou em desenvolvimento são

freqüentemente expostos a condições socioeconômicas precárias propícias ao

desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os

níveis de determinados micronutrientes e de alguns metabólitos intermediários vêm sendo

vistos como fatores etiológicos e como marcadores biológicos de um conjunto de alterações

que afetam a função normal do sistema nervoso com reflexos importantes sobre o

desempenho cognitivo. Níveis elevados de homocisteína (Hcy) e déficits nutricionais e /ou

metabólicos da vitamina B12 e B9 (ácido fólico) têm sido apontados como preditores e/ou como

fatores etiológicos de alterações cognitivas. O objetivo desse estudo foi avaliar a influência dos

níveis de homocisteína, Vitamina B12 e ácido fólico no desempenho cognitivo de idosos de

baixa renda. Este estudo transversal desenvolvido em Natal, Rio Grande do Norte, Brasil,

incluiu 205 idosos não institucionalizados atendidos pelo Programa de Saúde da Família da

Secretaria Municipal de Saúde do município. Um questionário multidimensional foi utilizado

para avaliar os aspectos sociodemográficos e as condições gerais de saúde e nutrição. O

desempenho cognitivo foi aferido utilizando-se a versão em português do Mini-Exame do

Estado Mental (MEEM). Os níveis séricos de homocisteína, Vitamina B12 e ácido fólico foram

determinados por quimioluminescência. A associação entre as variáveis sociodemográficas e

os níveis séricos de Hcy Vitamina B12 e ácido fólico foi determinada através de regressão linear

múltipla. Valores séricos acima de 13,5 µmol/l indicativos de hiperhomocisteinemia (HHcy)

foram encontrados em 25,4% da amostra sendo mais prevalente em homens (p<0,05). Níveis

deficitários de ácido fólico (<5ng/ml) e de Vitamina B12 (<193 pg/ml) foram encontrados em

3,9% e 10,2% dos indivíduos respectivamente. O desempenho cognitivo mostrou uma

correlação negativa com a idade e a HHcy e positiva com a escolaridade. Os valores R2 da

HHcy isolada explicaram apenas 4% da variância da pontuação do MEEM. Contudo, quando

associada escolaridade e idade, este modelo explica aproximadamente 25% desta associação.

Palavras-chave: Transtornos cognitivos. Demência. Homocisteína. Hiperhomocisteinemia. Ácido fólico. Vitamina B12

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ABSTRACT

The imprecision of the frontier that separates those cognitive deficits inherent to the human

physiological aging process from those which represent the early signs of nervous system

degenerative pathologies ,very prevalent among the elderly, has brought attention to the need

of studies aiming to establish clinical and/or laboratorial criteria to allow this differentiation.

Elderly people living in poor and developing countries are frequently exposed to precarious

socioeconomic conditions which facilitate the development of an array of pathologies which

have metabolic and nutritional dysfunctions as the established or proposed etiological agents.

The levels of certain micronutrients, such as the vitamins B12 and B9 (folic acid), and of some

intermediary metabolites, such as homocysteine are being thought of as etiological factors

and/or as biological markers of a group of alterations which affect the normal functioning of the

nervous system with important reflexes upon cognitive performance. This study aims to

investigate the influence of homocysteine, B12 vitamin and folic acid levels on the cognitive

performance of the low income elderly population. This transversal study took place in Natal,

Rio Grande do Norte State, Brazil, and involved 205 dwelling elderly people, users of the

Programa de Saúde da Família, a public healthcare program, maintained by the city’s health

authorities. A multidimensional questionnaire was used to assess the socio-demographic

aspects and the overall health and nutrition conditions. The cognitive performance was

measured by the use of the Portuguese version of the Mini Mental State Exam (MMSE). The

serum levels of homocysteine, B12 vitamin and folic acid were determined by

chemiluminescence. The association between the socio-demographic and serum levels of Hcy,

B12 vitamin and folic acid was determined by multiple linear regression. Serum levels higher

than 13.5 µmol/l, indicative of hyperhomocysteinemia (HHcy), were found on 25.4% of the

sample, being more prevalent in men (p<0.05). Deficitary levels of folic acid (<5ng/mol) and of

B12 vitamin (<193 pg/ml) were found on 3.9% and 10.2% of the sample respectively. A negative

correlation was found between cognitive performance with both age and HHcy and a positive

correlation was found between cognitive performance and schooling. The isolated HHcy R2

values were an explanation to only 4% of the variance of the MMSE scores. However, when

associated with schooling and age, this model explains about 25% of this association.

Keywords: Cognitive disorders. Dementia. Homocysteine. Hyperhomocysteinemia. Folic acid.

B12 Vitamin.

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Lista de Figuras

Figura 1 – Heterogeneidade das apresentações clínicas do Comprometimento Cognitivo Leve e possíveis fatores etiológicos .....................................

11

Figura 2 – Árvore de decisão: trajeto para o diagnóstico da CCL e dos seus subtipos ...............................................................................................

13

Figura 3 – Estrutura do Ácido Fólico e congêneres ............................................... 25

Figura 4 – Diferenças estruturais entre o Ácido Fólico e os Folatos ...................... 25

Figura 5 – Diferentes tipos de Folato de acordo com as unidades de um-carbono. 26

Figura 6 – Conversão da Serina em Glicina ........................................................... 32

Figura 7 – Metabolismo do Ácido Fólico: síntese do Timidilato, reparo e síntese do DNA .................................................................................................

34

Figura 8 – Metabolismo do Folato: síntese da metionina →S-adenosil metionina e metilação do DNA ..............................................................................

36

Figura 9 – Estrutura química da Vitamina B12 ........................................................ 48

Figura 10 – Degeneração subaguda combinada da medula espinhal por deficiência de Vitamina B12 .....................................................................................

65

Figura 11 – Interrelações metabólicas Folato, Vitamina B12 , Metionina e Hcy ...... 70

Figura 12 – Leucoaraiose .......................................................................................... 75

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Lista de Gráficos

Gráfico 1 – Valores do Índice de Massa Corporal (IMC) segundo o sexo .................. 87

Gráfico 2 – Distribuição de freqüências relativas do número de patologias na amostra estudada .......................................................................................

88

Gráfico 3 – Distribuição de freqüências relativas do tipo de patologias na amostra Estudada......................................................................................................

89

Gráfico 4 – Pontuação do escore do MEEM segundo nível de escolaridade ............... 91

Gráfico 5 – Relação entre níveis séricos de homocisteína e desempenho cognitivo mensurado através do escore do Mini-mental (MEEM) ........................... .

96

Gráfico 6 – Níveis de Homocisteína por estratos de idade .......................................... 97

Gráfico 7 – Níveis de Homocisteína por sexo segundo estratos de idade .................... 97

Gráfico 8 – Desempenho cognitivo e escolaridade ...................................................... 98

Gráfico 9 – Desempenho cognitivo e idade ............................................................... 98

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Lista de Quadros

Quadro 1 – Classificação dos subtipos clínicos de CCL com etiologia presumível..... 12

Quadro 2 – Drogas que interferem na biodisponibilidade e nas funções metabólicas do Folato ....................................................................................................

41

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Lista de Tabelas

Tabela 1 – Sensibilidade e especificidade do Mini-Exame do Estado Mental para detectar Demência ....................................................................................

23

Tabela 2 – Características sócio-demográficas da amostra total dos sujeitos estudados (n = 205.) .................................................................................

86

Tabela 3 – Freqüência de patologias por sexo e faixa etária na amostra estudada

.....

90

Tabela 4 – Características bioquímicas e hematológicas da amostra total dos sujeitos estudados (n = 205) .....................................................................

92

Tabela 5 – Correlação do Coeficiente de Pearson para Homocisteína e variáveis Bioquímic..............................................................................................

94

Tabela 6 – Análise de Regressão linear simples do nível de homocisteína e variáveis sócio-demográficas e antropométricas ..................................

95

Tabela 7 – Modelos de regressão linear para anos de escolaridade, idade e homocisteína (variáveis independentes) comparados ao escore do desempenho cognitivo (MMEE) (variável dependente) ..........................

100

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Lista de siglas

AVC Acidente Vascular Cerebral AVD Atividades da Vida Diária CAMDEX Cambridge Mental Disorders of the Elderly Examination CBL Cobalamina CCL Comprometimento Cognitivo Leve CELADE Centro Latino-americano y Caribeño de Demografia CERAD Consortium to Establish a Registry for Alzheimer´s Disease CH2THF Metileno Tetrahidrofolato DA Doença de Alzheimer DMGDH Dimetilglicina Desidrogenase DNA Ácido Deoxirribonucleíco DSM Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders DV Demências Vasculares Hcy Homocisteína HHcy Hiperhomocisteinemia HOPE The Heart Outcomes Prevention Evaluation Investigators IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ISRS Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina MEEM Mini- Exame do Estado Mental MINI Mini International Neuropsychiatric Interview MMSE Mini-Mental State Examination MRC Medical Research Council MS Metionina Sintetase MTHFR Metilenotetrahidrofolato Redutase NADPH Dinucleotídeo Difosfato de Nicotinamida Adenina NAME Nutrition, Aging, and Memory in Elders NDNS National Diet and Nutrition Survey NMDA N-metil D-Aspartato OHAP Oxford Healthy Aging Project OMS Organização Mundial de Saúde OPTIMA Oxford Project to Investigate Memory and Ageing PGA Pteroilmonoglutamato PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PteGlu Ácido Pteroilglutâmico PteGlu1 Pteroilmonoglutamato SAM Síntese da S-adenosilmetionina SAM S-adenosil Metionina SIDAM Structured Interview for the Diagnosis of Dementia of Alzheimer´s type, Multiinfarct Dementia TC Transcobalaminas THF Tetrahidro folato TS Timidilato Sintetase

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SUMÁRIO

Agradecimentos .................................................................................................................................................. V

Epígrafe .............................................................................................................................................................. VII

Resumo............................................................................................................................................................... VIII

Abstract............................................................................................................................................................... IX

Lista de Figuras .................................................................................................................................................. X

Lista de Gráficos ................................................................................................................................................. XI

Lista de Quadros ................................................................................................................................................ XII

Lista de Tabelas.................................................................................................................................................. XIII

Lista de Siglas..................................................................................................................................................... XIV

1 EPIDEMIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO..................................................

1

1.1 A Transição Demográfica Mundial: causas e conseqüências................................... 1

1.2 A Transição Demográfica nos Países em Desenvolvimento ................................ 3

1.3 O Envelhecimento Populacional no Brasil............................................................. 4

1.3.1 Modificação do Perfil Demográfico e a “razão de dependência” ..................................... 7

2 ENVELHECIMENTO E COGNIÇÃO: DECLÍNIO COGNITIVO NORMAL,

COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE E QUADROS DEMENCIAIS....

8

2.1. Desempenho Cognitivo e Idade............................................................................ 8

2.2. O Comprometimento Cognitivo Leve ................................................................... 9

2.3 As Demências....................................................................................................... 14

2.3.1 Prevalência e Projeções .................................................................................................. 14

2.3.2 Critérios Clínicos do Diagnóstico de Demência .............................................................. 15

2.3.3 Instrumentos de aferição - o Mini-Exame do Estado Mental ........................................... 16

2.3.3.1 Mini-Exame do Estado Mental e Escolaridade ............................................................................ 19

2.3.3.2 Sensibilidade e Especificidade ..................................................................................................... 22

3 FATORES METABÓLICOS E DESEMPENHO COGNITIVO.....................

24

3.1. Ácido Fólico........................................................................................................... 24

3.1.1 Caracterização................................................................................................................. 24

3.1.2 Absorção dos Folatos ...................................................................................................... 27

3.1.3 Biodisponibilidade e Transporte....................................................................................... 28

3.1.4 Ciclo Enterohepático e Estocagem dos Folatos............................................................... 29

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3.1.5 Passos Metabólicos do Folato Intracelular...................................................................... 29

3.1.6 Funções Metabólicas do Folato....................................................................................... 31

3.1.6.1 Folatos como Aceptores de uma Unidade de Carbono................................................................. 31

3.1.6.2 Folatos como Doadores de uma Unidade de Carbono.................................................................. 33

3.1.7 Deficiência de Folatos...................................................................................................... 36

3.1.7.1 Prevalência ................................................................................................................................... 36

3.1.7.2 Fatores Etiológicos ....................................................................................................................... 37

3.1.7.3 Fisiopatologia das Alterações Conseqüentes ao Déficit de Folato............................................... 42

3.1.7.4 Déficit de Folato e Alterações do Sistema Nervoso....................................................................... 43

3.2 A Vitamina B12 ..................................................................................................... 47

3.2.1 Caracterização ................................................................................................................ 47

3.2.2 Absorção e Distribuição.................................................................................................... 49

3.2.3 Biodisponibilidade e Transporte....................................................................................... 51

3.2.4 Recirculação Hepática, Estocagem e Excreção............................................................... 52

3.2.5 Metabolismo Intracelular da Vitamina B12....................................................................... 52

3.2.6 Deficiência de Vitamina B12 ............................................................................................ 54

3.2.6.1 Prevalência ................................................................................................................................... 54

3.2.6.2 Agentes Etiológicos ...................................................................................................................... 56

3.2.7 Indicadores do Estado Orgânico da Vitamina B12 .......................................................... 61

3.2.8 Fisiopatologia das alterações conseqüentes ao déficit de vitamina B12 ........................ 62

3.2.8.1 Anemia Megaloblástica.................................................................................................................. 63

3.2.8.2 Anemia Perniciosa ........................................................................................................................ 63

3.2.9 Manifestações Neuropsiquiátricas da Deficiência de Vitamina B12 ................................ 64

3.2.9.1 Alterações Estruturais ................................................................................................................... 64

3.2.9.2 Aspectos Clínicos ......................................................................................................................... 66

3.3 Homocisteína ....................................................................................................... 67

3.3.1 Caracterização ................................................................................................................ 67

3.3.2 Metabolismo da Homocisteína ........................................................................................ 68

3.3.3 Hiperhomocisteinemia ..................................................................................................... 69

3.3.3.1 Etiologia ........................................................................................................................................ 69

3.3.3.2 Fisiopatologia da hiperhomocisteinemia ...................................................................................... 71

3.3.3.3 Manifestações Neuropsiquiátricas da Hiperhomocisteinemia ...................................................... 75

4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................

77

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5 OBJETIVO .................................................................................................... 78

6 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................

79

6.1 Característica do Estudo e da Amostra .............................................................. 79

6.2 Critérios de Inclusão ............................................................................................ 80

6.3 Critério de Exclusão .............................................................................................. 80

6.4 Coleta de Dados ................................................................................................... 80

6.5 Determinação das Variáveis Bioquímicas e Hematológicas ................................ 81

6.5.1 Variáveis Bioquímicas.......................................................................................... 82

6.5.2 Variáveis Hematológicas...................................................................................... 84

7 RESULTADOS .............................................................................................

84

7.1 Análise Descritiva da Amostra Populacional Estudada ........................................ 85

7.1.1 Perfil Socio-demográfico.................................................................................................. 85

7.1.2 Parâmetros Antropométricos ........................................................................................... 86

7.1.3 Prevalência de Patologias ............................................................................................... 87

7.2 Desempenho Cognitivo ......................................................................................... 91

7.3 Dados Bioquímicos e Hematológicos ................................................................... 92

8 BIOESTATÍSTICA ........................................................................................

94

8.1 Análise Bivariada .................................................................................................. 94

8. 2 Análise Multivariada.............................................................................................. 99

9 DISCUSSÃO..................................................................................................

100

10 REFERÊNCIAS............................................................................................

116

11 ANEXOS......................................................................................................

135

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1 EPIDEMIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO

1.1 A Transição Demográfica Mundial: causas e conseqüências

Como um fenômeno observado em todas as regiões do planeta, a

associação entre a redução da mortalidade principalmente a mortalidade

infantil com o aumento da expectativa de vida, tem ao longo dos séculos,

produzido um progressivo aumento populacional e principalmente nas últimas

décadas, uma acentuada modificação na composição etária das populações. O

entendimento dos diversos fatores que têm interagido para a produção dessa

evolução demográfica, tem sido objeto de vários estudos e formulações

teóricas, dentre estes, a “Teoria da Transição Epidemiológica” conforme

concebida por Abdel R. Omran1. Esta teoria funciona como uma ferramenta

interessante para a compreensão dos fatores promotores da modificação da

estrutura demográfica da população humana ao longo dos séculos. Segundo

Olshansky “A teoria da transição epidemiológica é focada nas complexas

mudanças no padrão de saúde e doença e nas interações entre esses padrões

e elementos demográficos, econômicos e sociológicos que atuam como causas

e se refletem como conseqüências” 2.

Segundo a teoria citada, teríamos três estágios dessa transição:

• A Era da Pestilência e da Fome, durante a qual a mortalidade foi alta e

flutuante impedindo um crescimento populacional sustentável, com uma

expectativa de vida oscilando entre 20 e 40 anos. Este estágio foi

observado até a metade do século IXX.

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• A Era do Declínio das Pandemias, na qual a mortalidade declina

progressivamente e o ritmo desse declínio se acelera à medida que os

picos epidêmicos se tornam menos freqüentes ou desaparecem. Nesse

momento a expectativa de vida ao nascer cresce de modo contínuo de

30 para algo em torno de 50 anos e o crescimento da população começa

a se fazer de modo exponencial. Este estágio compreende o período

entre 1850 a 1920.

• A Era das Doenças Degenerativas e Produzidas pelos Seres Humanos.

Principiando na década de 20 do século XX, na qual a mortalidade

continua a decair e se aproxima da estabilidade em níveis baixos. A

expectativa média de vida ao nascer cresce gradualmente até

ultrapassar os 50 anos. Durante esse estágio a fertilidade se transforma

num fator crucial como elemento definidor do crescimento populacional.

Diferentemente do observado nos estágios já citados do desenho

demográfico nos quais o crescimento na expectativa de vida e o crescimento

populacional se deviam fundamentalmente ao declínio da mortalidade e ao

aumento da fertilidade, no estágio atual o crescimento populacional vem sendo

fortemente influenciado pelo aumento da sobrevivência entre os mais idosos

com tendência à estabilidade no mundo desenvolvido3. Em função das

condições gerais de saúde progressivamente melhores com as quais os

habitantes das regiões mais desenvolvidas têm chegado à velhice, as

patologias degenerativas vêm tendo início progressivamente mais tardio, o que

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tem levado os pesquisadores a propor a partir da teoria de Abdel R. Omran a

necessidade de se estabelecer um quarto estágio por eles chamado de “O

estágio da idade das doenças degenerativas tardias” 3.

Uma das problemáticas mais visíveis do envelhecimento demográfico é

o impacto do crescimento da população idosa sobre os custos dos sistemas de

saúde dos mais diversos países sejam eles desenvolvidos, em

desenvolvimento, ou mesmo pobres. Estudo realizado nos Estados Unidos

afirma que os idosos são mais propensos a sofrer alterações incapacitantes e

patologias crônicas do que os mais jovens e que mais de 4/5 das pessoas com

mais de 65 anos apresentam pelo menos uma condição crônica como artrite,

hipertensão, patologias cardíacas, déficit visual, déficit auditivo, e patologias

ortopédicas como a osteoporose3. Pelo exposto, teríamos então, em países

desenvolvidos, uma “transição epidemiológica” que uma vez ocorrida

paralelamente à transição demográfica e tecnológica, definiu no chamado

primeiro mundo um perfil populacional com tendência à estabilidade e uma

velhice mais saudável na qual as doenças degenerativas têm seu início

retardado.

1.2 A Transição Demográfica nos Países em Desenvolvimento

Ao contrário da tendência à estabilidade observada nos países ricos, nas

sociedades menos desenvolvidas verifica-se uma tendência à modificação

continuada do padrão demográfico. Portanto, as características peculiares do

processo de envelhecimento da população nos países em desenvolvimento e

naqueles em estágios de menor desenvolvimento econômico requerem que a

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avaliação dos impactos da mudança de perfil demográfico dessas populações

seja feita com base em especificidades que as distinguem dos segmentos

idosos dos países desenvolvidos.

Enquanto que nos países desenvolvidos há muito existem condições

socioeconômicas que favorecem o aumento da expectativa de vida, o que tem

conduzido a uma estabilização percentual do segmento idoso, em países em

desenvolvimento como o Brasil, o surgimento recente dessas condições,

propicia um crescimento contínuo do contingente percentual e do número

absoluto de idosos, que nessas regiões supera o observado nas regiões

desenvolvidas onde, este percentual tem se mantido estável. Segundo dados

das Nações Unidas divulgados em 2005, já à época, do total da população

idosa mundial, 40,6% ou seja, 273 milhões de pessoas com 60 anos ou mais,

viviam nos países emergentes como Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul

e que destes apenas a África do sul não se encontra dentre os 10 países com

maior população idosa em termos absolutos4.

1.3 O Envelhecimento Populacional no Brasil

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

em sua recente publicação intitulada Síntese de Indicadores Sociais: uma

análise das condições de vida da população brasileira5, com base nos

resultados do Centro Latino-americano y Caribeño de Demografia (CELADE), o

aumento da população brasileira de 60 anos ou mais verificado nos últimos

anos, indica que o país está em pleno processo de envelhecimento

populacional.

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De acordo com Kalache e colaboradores6, o crescimento em números

absolutos da população de idosos no Brasil cujas projeções para 2025

apontam para a existência de cerca de 32 milhões de pessoas, define bem a

magnitude do problema a ser enfrentado.

No Brasil, no período de 1997 a 2007, a população apresentou um

crescimento relativo da ordem de 21,6%, no qual se destaca o crescimento

relativo ainda maior do contingente de indivíduos com de 60 anos ou mais que

atingiu 47,8% e o daqueles com 80 anos ou mais que apresentaram um

crescimento de 86,1%5.

Segundo de Carvalho e Garcia4, no caso brasileiro, observou-se, a partir

do final dos anos 60, uma rapidíssima e generalizada queda da fecundidade, e

haverá conseqüentemente, um célere processo de envelhecimento da

população.

Por outro lado, segundo o IBGE, esse envelhecimento da população se

deve, principalmente, ao adiamento da mortalidade, o que tem levado a um

redesenho na pirâmide populacional na qual as faixas etárias superiores tem

uma participação crescente.

Em números absolutos em 2007, a Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílios (PNAD) 7 revelou a existência no Brasil de quase 20 milhões de

idosos, correspondendo a 10,5% do total da população. Quanto à distribuição

por sexo, entre as pessoas com 60 anos ou mais de idade as mulheres

apresentam maior longevidade. Em 2007, no conjunto do País, havia 79

homens idosos para cada 100 mulheres nesta faixa etária. A maior participação

percentual das mulheres na população é crescente com o aumento da idade

existindo 76 homens para cada 100 mulheres na faixa etária entre 65 e 69 anos

Page 23: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

sendo a maior diferença observada naqueles indivíduos com idade igual ou

maior que 70 anos entre os quais para cada 100 mulheres vivas restam apenas

72 homens7.

Em relação ao grau de instrução, que além de muito relevante para a

inserção do idoso como elemento participativo do tecido social vem sendo

apontado como um fator de proteção contra o desenvolvimento de patologias

incapacitantes, os dados de 2007 mostram que 32% dos idosos brasileiros

tinham 1 ano ou menos de estudo com situação melhor na região sul (21,5%) e

pior no nordeste (52,2%) ficando a região sudeste com 22,8%5.

Graças à progressiva mudança da sua composição demográfica de um

país no qual a mortalidade infantil e as mortes por doenças infecciosas e

parasitárias eram as principais preocupações dos encarregados das políticas

de saúde, o Brasil se defronta agora com o aumento exponencial dos desafios

postados pela crescente demanda de serviços assistenciais proveniente de

uma população na qual a parcela idosa cresce continuamente em termos

percentuais e em números absolutos. Um indicador sensível dessa mudança

demográfica é o Índice de Envelhecimento, que mede a relação entre crianças

e idosos na população em um determinado momento. Se em 2000 para cada

grupo de 100 crianças de até 14 anos havia 18,3 idosos com idade igual ou

maior de 65 anos, para o ano 2050, se projeta uma relação de 105,6 idosos

para cada grupo de 100 crianças observando-se, portanto, um re-delineamento

do perfil demográfico da população no qual a predominância do número de

idosos em relação às crianças, exige uma re-definição de prioridades e

caracteriza um novo quadro do perfil de dependência8.

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1.3.1 Modificação do Perfil Demográfico e a “razão de dependência”

São muitas as conseqüências dessa mudança acelerada do perfil

demográfico da população brasileira. Das conseqüências sócio-econômicas

decorrentes da existência na população de um elevado percentual de

indivíduos idosos, uma das mais importantes é a chamada “razão de

dependência” que expressa a proporção de pessoas em idade potencialmente

inativa (crianças e idosos) de uma população, em relação a 100 pessoas em

idade potencialmente ativa ou disponível para as atividades econômicas.

Segundo o IBGE em 2007, a razão entre as populações de 0 a 14 anos e de 65

anos ou mais de idade e o segmento populacional de 15 a 64 anos de idade

era de 48,6%. O crescimento percentual da representação de idosos no total

da população significa uma maior contribuição desse segmento para o índice

da razão de dependência7.

Outro desafio advindo dessa nova realidade demográfica é o alto custo

assistencial decorrente do fato de que na população idosa as condições

incapacitantes e as patologias degenerativas são muito prevalentes. Dados

obtidos dos estudos epidemiológicos mostram que nos países desenvolvidos,

¾ dos óbitos de idosos são devidos a doenças degenerativas3. Do exposto,

pode-se deduzir que em países em desenvolvimento como o Brasil, esse

quadro deva ser ainda mais grave, pois as patologias degenerativas atingem a

população idosa em sua fase mais jovem isto devido às diferentes condições

de saúde com as quais chegam à velhice os indivíduos de regiões com

condições socioeconômicas distintas.

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2 ENVELHECIMENTO E COGNIÇÃO: DECLÍNIO COGNITIVO NORMAL, COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE E QUADROS DEMENCIAIS

2.1 Desempenho Cognitivo e Idade

O declínio cognitivo é parte do processo normal de envelhecimento,

afetando em graus variáveis a performance do idoso. Na vida contemporânea

na qual a sobrevivência no dia-a-dia depende do enfrentamento de tarefas

progressivamente mais complexas, a redução das habilidades cognitivas,

redunda num comprometimento importante da capacidade do idoso de manter

um grau aceitável de eficácia e independência.

Estudada de há muito como uma característica importante do envelhecer

o declínio cognitivo “normal” tem sido abordado com uma série de

terminologias como “Amnésia senescente benigna”, “Comprometimento

mnêmico associado à idade”, “Declínio cognitivo associado à idade” todos

utilizados para caracterizar as alterações de memória que sejam

conseqüências normais do envelhecimento9.

A diferenciação entre o declínio cognitivo normal para a idade e aquele

que pode ser considerado como fora dos padrões de normalidade tem sido um

desafio para os que estudam essa fase da vida. O reconhecimento da

importância clínica do diagnóstico de um comprometimento cognitivo que

denuncia precocemente a presença de um quadro patológico fez surgir

conceitos de “Comprometimento cognitivo não demencial” e o mais

amplamente utilizado “Comprometimento Cognitivo Leve”9, 10.

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2.2 O Comprometimento Cognitivo Leve

O termo “Comprometimento Cognitivo Leve” (CCL) tem sido utilizado

para definir uma área de alteração cognitiva situada para além do declínio

cognitivo próprio do envelhecimento na qual o conjunto de sinais e sintomas

seja insuficiente para a caracterização de um quadro demencial11. O CCL seria,

portanto, um estado transicional entre o padrão cognitivo normal do

envelhecimento e o estado considerado como demência moderada10.

Como é fato que em indivíduos com tendência à demência é possível se

encontrar um declínio cognitivo precoce muito sutil9, o CCL é muitas vezes

considerado como um simples período transicional entre a normalidade

cognitiva e a Doença de Alzheimer (DA) clinicamente provável11. Com base em

estudos atuais, o CCL vem sendo reavaliado e visto como uma entidade clínica

bem mais complexa do que um simples estado prodrômico da DA.

A despeito da ausência de um completo consenso para a definição do

CCL existe uma concordância quanto aos os elementos centrais que a definem

como uma entidade clínica. Assim, são caracterizados como portadores de

CCL indivíduos não demenciados que apresentem déficits cognitivos

mensuráveis por algum meio e que não preencham os critérios diagnósticos

para demência11.

O relatório do Key Symposium do International Working Group on Mild

Cognitive Impairment realizado em Stocolmo em 2003,11 objetivou integrar as

perspectivas clínicas e epidemiológicas e atingir um consenso quanto a uma

caracterização mais ampla do Comprometimento cognitivo leve (CCL). O

conjunto de textos produzidos enfoca as características clínicas9, as avaliações

Page 27: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

cognitivas13, a neuroimagem14, os biomarcadores15 e os aspectos genéticos

envolvidos no CCL16, e elenca recomendações para manejo e tratamento e as

questões pendentes para pesquisa.

De acordo com esse consenso, para ser considerado como

apresentando

CCL o indivíduo:

• Não é normal nem demenciado

• Apresenta evidência de deterioração cognitiva seja através de medição

ao longo do tempo ou relato subjetivo pelo indivíduo e/ou por informante

em conjunto com déficits cognitivos objetivos.

• Tem preservadas ou minimamente comprometidas as atividades da vida

diária (AVD) e as funções instrumentais complexas.

É fato coincidente na maioria dos estudos sobre CCL a importância da

sua detecção precoce uma vez que os que o apresentam têm um grande risco

de progressão em direção a um quadro demencial. Quando seguidos

longitudinalmente, os portadores de CCL apresentam um índice de progressão

para a demência de cerca de 12 a 15% ao ano e em cerca de seis anos, 80%

deles estarão demenciados9.

Portadores de CCL apresentam também um índice de mortalidade maior

que os indivíduos cognitivamente normais11. Entretanto, como reflexo da sua

etiologia complexa, quando acompanhados ao longo do tempo portadores de

CCL podem evoluir para demência, estabilizar ou mesmo apresentar

normalização cognitiva11. Fala também a favor da multiplicidade etiológica o

Page 28: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

fato de que o CCL apresenta três subtipos com características distintas, a

saber:

• CCL comprometimento exclusivo da memória

• CCL amnésico multidomínio.

• CCL Afetando outro domínio cognitivo que não a memória

• CCL envolvendo múltiplos domínios cognitivos (p. ex. Linguagem,

função executiva ou visuoespacial)

Figura 1- Heterogeneidade das apresentações clínicas do Comprometimento Cognitivo

leve e possíveis fatores etiológicos.

Fonte: Winblad, B. et al. Journal of Internal Medicine 2004; 258: 240-246.

A definição precisa do subtipo de CCL (fig1) é importante uma vez que

segundo Petersen9, a progressão do comprometimento pode conduzir a

quadros demenciais diferentes sendo a DA o desfecho mais comum no caso do

CCL subtipo amnésico (quadro 1).

CCL Amnésico CCL de Domínios Múltiplos CCL Não Amnésico

Degenerativo Vascular Metabólico Traumático Psiquiátrico Outros

Possíveis fatores etiológicos

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As alterações neurodegenerativas parecem ser a causa etiológica,

preponderante no CCL amnésico, mas as alterações da memória podem

também ser devidas a outros fatores como isquemias, traumas e alterações

metabólicas11.

Quadro 1 – Classificação dos subtipos clínicos de CCL com etiologia presumível.

Etiologia → Degenerativa Vascular Psiquiátrica Trauma

CCL Amnésico Dem. Tipo Alzheimer Depressão

CCL Amnésico

Multidomínio

Dem. Tipo Alzheimer Demência

Vascular

Cla

ssifi

caçã

o C

línic

a

CCL não Amnésico

Domínio Cognitivo Único

Dem. Frontotemporal

Dem. Corpos de Lewi

Fonte: Petersen, RC. Journal. Int. Med. 256: 183-194. 2004

Já está bem determinado através de estudos com ressonância

magnética que a atrofia hipocampal é um achado que prediz a conversão do

CCL para DA. Estudo realizado por de Leon e colaboradores14 mostra que a

passagem do estado cognitivo normal para o de CCL pode ser predita pela

redução do córtex entorrinal, o metabolismo da glicose e o nível de atrofia do

lobo temporal medial. Por outro lado, as queixas de comprometimento da

memória são comuns em condições psiquiátricas como depressão e exaustão

mental e por isso essas condições ser afastadas antes de se diagnosticar um

CCL. Doença cardiovascular tem também sido apontada como fator etiológico

para CCL11, 14.

A relação entre comprometimento cognitivo e o desempenho nas AVD é

um critério diagnóstico importante para a definição da fronteira entre o CCL e

os estágios iniciais da demência uma vez que no CCL, o desempenho nas AVD

encontra-se preservado9, 14.

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A detecção de CCL e dos quadros demenciais precoces é

particularmente difícil em indivíduos de alta escolaridade que quando

examinados mostram um desempenho dentro do considerado normal mesmo

que este represente um declínio da sua performance anterior.

Uma árvore de decisão apresentada por Petersen9 (fig2) mostra um

trajeto para o diagnóstico da CCL e dos seus subtipos.

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Figura 2 - Árvore de decisão: trajeto para o diagnóstico da CCL e dos seus subtipos

Fonte: Petersen, RC. Journal. Int. Med. 256: 183-194. 2004.

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2.3 As Demências

2.3.1 Prevalência e Projeções

Os estudos epidemiológicos sobre demência realizados em sua quase

totalidade nos países desenvolvidos17 estimam que na população idosa a sua

prevalência global é de 5 a 10%. Como já visto no capítulo sobre

epidemiologia do envelhecimento, o progressivo aumento da expectativa de

vida em praticamente todas as regiões do planeta, tem feito com que as várias

patologias demenciais assumam uma posição relevante no contexto das

doenças incapacitantes de alto custo socioeconômico, passando a drenar uma

porção significativa dos recursos empregados na saúde pública representando

também um fator importante de estresse familiar.

A prevalência de patologias demenciais cresce exponencialmente com a

idade e dobra a cada 5.1 anos de acréscimo de idade18 atingindo de 30% a

40% dos indivíduos com mais de 90 anos.

A magnitude do problema representado pela prevalência de demência

na população mundial e no Brasil pode ser percebida pelos dados atuais e

pelas projeções estimadas. Apontando a escassez de estudos populacionais

sobre a incidência e prevalência de demência nos países em desenvolvimento

inclusive o Brasil, Scazufca e colaboradores, utilizam-se para inferir os

números envolvidos com as patologias demenciais entre nós dos dados

epidemiológicos dos estudos realizados em países desenvolvidos que

estimam em 6% a prevalência uniforme de demência na população com 65

anos ou mais dessas regiões19.

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Sendo assim, a partir da estimativa de prevalência de demência de 6%

não levando em consideração os possíveis fatores agravantes próprios das

condições sociais mais adversas e tomando como base os dados

populacionais da PNAD 20077 que apontam a existência no Brasil de quase 14

milhões de idosos com idade igual ou maior que 65 anos, contaríamos

atualmente nessa faixa populacional com um contingente de cerca de 800 mil

portadores de demência, estimando-se para 2025 esse número atinja algo em

torno de 950 mil. Já para o ano de 2050 com uma projeção de existirem no

Brasil cerca de 215 milhões de habitantes dos quais cerca de 30% com 60

anos ou mais, pode ser projetada um número próximo a 64,5 milhões de idosos

e dentre eles cerca de 2 milhões de portadores de demência.

2.3.2 Critérios Clínicos do Diagnóstico de Demência

O diagnóstico de demência segundo a quarta edição do Diagnostic and

Statistical Manual of Mental Disorders (DSM)20 exige a presença de um

conjunto de alterações entre as quais são essenciais:

• Comprometimento da memória,

• Afasia e/ou apraxia,

• Agnosia

• ou um comprometimento das funções executivas.

• Além da sua presença, esses déficits devem ser suficientemente

intensos a ponto de provocar um comprometimento importante do

desempenho social e ocupacional nitidamente diferençável do padrão

anterior do indivíduo.

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A diferenciação dos vários quadros demenciais é de grande importância

uma vez que se observam entre eles diferenças importantes quanto aos fatores

etiológicos definidos ou propostos, o seu manejo profilático, condutas

terapêuticas e o curso e prognóstico de cada uma deles. De interesse para o

tema abordado e por sua importância epidemiológica destacam-se as

Demências de causa degenerativa dentre as quais se destaca a Doença de

Alzheimer (DA) que corresponde a algo em torno de 60% dos casos e as

demências vasculares (DV) presentes em 15 a 30% deles, sendo freqüente a

comorbidade entre elas21.

Algumas das alterações nutricionais e metabólicas próprias da idade

avançada têm sido apontadas como possíveis fatores etiológicos de alterações

que quando consolidadas, produzem as alterações funcionais e estruturais

encontradas nas formas mais prevalentes de demências22-25 e vêm sendo

objeto de crescente interesse da pesquisa e da clínica.

2.3.3 Instrumentos de Aferição – o Mini-Exame do Estado Mental (MEEM)

Desde o seu desenvolvimento por Folstein26 Mini-Exame do Estado

Mental (MEEM) vem sendo utilizado como uma ferramenta de grande utilidade

na avaliação das funções cognitivas sendo atualmente considerado

internacionalmente como método padrão de triagem diagnóstica de demências

e de comprometimento cognitivo como instrumento individual ou em baterias de

avaliação neuropsicológica como o Consortium to Establish a Registry for

Alzheimer´s Disease (CERAD)27, 28, o Cambridge Mental Disorders of the

Elderly Examination (CAMDEX)29 e o Structured Interview for the Diagnosis of

Dementia of Alzheimer´s type, Multiinfarct Dementia (SIDAM)30.

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De concepção simples e de aplicação fácil, o MEEM pode ser utilizado

no contexto de uma equipe de pesquisa multidisciplinar e manejado por

profissionais das mais diversas áreas da saúde após um treinamento realizável

em curto espaço de tempo, permitindo dessa maneira a sua aplicação em

grandes populações, o que aumenta a significância dos dados obtidos.

Na população idosa na qual os indivíduos carecem com freqüência de

condições para suportar a aplicação de questionários de aplicação demorada,

o MEEM aplicável em um tempo reduzido, tem se mostrado um instrumento

ideal para o rastreio de comprometimento cognitivo em não demenciados e tem

sido o meio mais utilizado com esse objetivo26, 31, 32. O MEEM vem sendo

usado em populações com grande diversidade étnica, econômica e cultural o

que tem ensejado um amplo debate sobre sua aplicabilidade nestes diferentes

contextos e o surgimento de vários estudos visando a sua validação em

diferentes países e o desenvolvimento de adaptações que minimizem os viéses

e permitam uma aferição inter-regional comparável dos vários setores da

esfera cognitiva avaliados pelo instrumento.

No Brasil, o MEEM vem sendo amplamente utilizado a partir da primeira

versão em português conforme proposta por Bertolucci e colaboradores33 com

o posterior surgimento de várias versões visando uma maior adequação às

características sociodemográficas e culturais do nosso país e a sua

aplicabilidade em ambiente hospitalar, consultórios e estudos populacionais. As

principais modificações propostas foram a substituição de semestre por hora

aproximada como elemento de aferição de orientação temporal,e o nome do

hospital e andar por local geral e específico como bairro e rua próxima para

aferir a orientação espacial. Os autores concluem pela boa aplicabilidade desta

Page 36: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

versão nos vários ambientes de utilização quando comparada à versão anterior

que privilegiava ambientes hospitalares33-35.

O MEEM é composto por um conjunto de questões e tarefas agrupadas

em 5 categorias organizadas de maneira a avaliar parâmetros cognitivos

específicos quais sejam:

• Orientação temporal (5 pontos)

• Orientação espacial (5 pontos)

• Memória imediata (3 pontos)

• Atenção e cálculo (5 pontos)

• Memória de evocação (3 pontos)

• Linguagem (8 pontos)

• Capacidade construtiva visual (1 ponto)

De acordo com o desempenho do avaliando, o escore do MEEM pode

variar de um mínimo de 0 até um total máximo de 30 pontos. O que significaria

um espectro cognitivo variando do extremo do comprometimento máximo até

ao da normalidade. No entanto, ao lado de sua grande praticidade de aplicação

o escore final do MEEM tem o seu resultado grandemente influenciado por uma

série de fatores entre os quais são os principais, uma relação inversamente

proporcional com a idade universalmente aceita e o nível de escolaridade do

analisando que com exceção de alguns estudos realizados em países

desenvolvidos, tem sido sempre apresentado como um fator de grande

interferência no escore final.

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2.3.3.1 O Mini-Exame do Estado Mental e a Escolaridade

A questão da baixa escolaridade como fator de risco para o

comprometimento cognitivo e a demência e seu valor como elemento preditivo

no declino cognitivo posterior, têm sido amplamente discutida. Quanto ao poder

de interferência no escore obtido na aplicação com MEEM, de acordo com

Jones e Gallo36, a correlação da educação com os teste de funcionamento

cognitivo deve ser o achado mais robusto na saúde pública gerontológica e que

os anos de escolaridade são um correlato poderoso da performance nas

avaliações do status mental.

No entanto, em pelo menos dois estudos realizados na Suécia, o nível

de instrução não afetou significativamente o desempenho no MEEM. Grut e

colaboradores37, avaliaram a acurácia do MEEM para o rastreio de demência

na população idosa sueca e concluíram que idade, sexo e educação não

afetaram de forma significativa a especificidade e o valor preditivo tendo um

leve efeito sobre a sensibilidade. Fratiglioni e colaboradores38 avaliaram se a

educação afetava o valor preditivo positivo do MEEM quando utilizado como

teste de rastreio para a demência e concluíram que o nível de escolaridade não

afetava substancialmente a habilidade preditiva do instrumento.

Na Holanda, Schmand, Lindeboom e colaboradores compararam o

desempenho de indivíduos com variáveis graus de educação pareados por

idade e sexo. Os resultados obtidos não apontaram o nível de educação como

um viés de desempenho, mas confirmaram o seu valor como elemento

preditivo de intensificação futura do comprometimento cognitivo39.

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• Escolaridade e Pontos de Corte

No contexto dos países em desenvolvimento onde as desigualdades

sociais incluem uma grande disparidade no nível de escolaridade entre os

vários segmentos da população, o ajuste do ponto de corte em função desse

fator torna-se fundamental para que os resultados obtidos pela aplicação do

instrumento sejam pouco contaminados por esse viés, uma vez que a ausência

dessa estratificação poderia levar à perda de casos entre os mais escolarizados

e a falsos casos entre aqueles com menos anos de instrução.

Em estudos realizados no Brasil, os pontos de corte utilizados para a

equalização das influências no escore final devidas às diferenças nos anos de

escolaridade têm sido em média 19 para indivíduos sem escolaridade e de 23

para aqueles com algum estudo33, 40 enquanto autores no exterior propõem 24

para aqueles com mais de 9 anos de escolaridade e 17 para os menos

educados41.

Outros estudos no nosso meio abordam a questão da necessidade do

estabelecimento de pontos de corte diferenciados de acordo com os anos de

escolaridade e mostram diferenças regionais que devem se consideradas. Em

São Paulo, Almeida40, investigou em 211 sujeitos com idade ≥ 60 anos

atendidos em ambulatório, o melhor ponto de corte para o diagnóstico de

demência e o impacto da escolaridade nos escores obtidos comparando os

resultados no grupo com e sem demência. Nesse estudo o escore total do

MEEM sofreu uma influência estatisticamente significativa da idade (r= -0,41;

p<0,001) e da escolaridade (F=12,69; p<0,001). Quando o efeito idade era

levado em consideração, a análise de covariância entre os diferentes níveis de

instrução, mostrou que apenas os indivíduos sem escolaridade formal diferiam

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dos demais (F=10.51, p<0.001). Uma característica peculiar do estudo é a

opção do dado de ser ou não capaz de ler e escrever como elemento de

inclusão em um dos dois grupos, ao invés da tradicional separação por anos de

escolaridade formal, pois segundo o autor um indivíduo pode saber ler e

escrever apesar de nunca ter freqüentado uma escola40.

Brito-Marques e Cabral-Filho34 estudaram em Pernambuco num grupo

de 232 sujeitos das classes econômicas médias e baixas, com idade ≥ 60

anos, o papel da educação no mini exame do estado mental e propuseram uma

versão do MEEM com modificações no item de cópia, um par de triângulos

eqüiláteros em intersecção ao invés dos pentágonos da versão original e no

item cálculo, subtrações de 1 a partir de 25 até o zero, contando um ponto

para cada 5 operações corretas, ao invés da seqüência de subtrações de sete

unidades. Considerando 3 grupos, analfabetos, e 1-4 e 5-8 anos de

escolaridade respectivamente, submetidos às duas versões do MEEM, os

autores concluem que os itens cópia e cálculo foram os que mais pesaram na

diferença de performance entre os grupos e que o uso da versão modificada do

MEEM pode prevenir resultados falso positivos e falso negativos nas

avaliações cognitivas em indivíduos analfabetos de baixa escolaridade34.

Lourenço e Veras42 avaliaram as características de medida do MEEM

em 303 indivíduos com idade ≥ 65 anos atendidos em um ambulatório geral e

concluíram que para rastreio cognitivo de populações idosas não

institucionalizadas o MEEM deve ser utilizado considerando os pontos de corte

de 19/20 e 24/25 como adequados para a equalização do significado do escore

obtido para os avaliandos sem ou com instrução, referendando as críticas feitas

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por Almeida40 à estratificação de pontos de corte e ao delineamento do estudo

quanto à composição dos grupos avaliados no estudo de Bertolucci33.

2.3.3.2 Sensibilidade e Especificidade

Como em todo instrumento de avaliação diagnóstica também no MEEM

é importante a avaliação dos seus níveis de sensibilidade e especificidade e de

que maneira sua a calibração pode reforçar uma ou outra dessas

características. Considera-se de alta sensibilidade um instrumento capaz de

detectar a grande maioria dos possíveis casos enquanto que o conceito de

especificidade se refere à capacidade dos instrumentos de avaliação detectar

com o máximo de acurácia os comprovadamente casos. Em outras palavras,

em instrumentos que permitam um ajuste como é o caso do MEEM, a escolha

de uma calibração que os tornem mais sensíveis ou mais específicos depende

sempre do objetivo do estudo no qual a sua utilização esteja inserida.

No caso do MEEM a tendência a uma maior sensibilidade ou para uma

maior especificidade depende diretamente do ponto de corte não caso/caso

utilizado.

Uma vez que cresce a importância da detecção precoce do

comprometimento cognitivo o que viabiliza intervenções mais precoces e

eficazes, um instrumento de diagnóstico de utilização freqüente para rastreio

deve ter uma opção preferencial pela sensibilidade mesmo que inclua falsos

positivos40 já que a opção pela especificidade com freqüência exclui casos de

sintomatologia leve e os conduz à situação de casos apenas em estágios de

comprometimento mais avançados e menos tratáveis. Com esse objetivo

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alguns autores têm sugerido que ao invés do habitual ponto de corte 24 pontos,

deva ser utilizado 25 o que aumentaria a sensibilidade do instrumento para a

detecção dos estágios iniciais do comprometimento cognitivo43. Em uma

excelente revisão sobre o assunto, Chaves elenca uma série de estudos que

relacionam os níveis de sensibilidade e especificidade do MEEM nos

resultados obtidos44.

Tabela 1 – Sensibilidade e especificidade do Mini-Exame do Estado Mental para detectar Demência.

Fonte: Chaves, MLF. Testes de avaliação cognitiva: Mini-Exame do Estado Mental.

Chama a atenção nos resultados apresentados acima, o fato de que os

níveis de sensibilidade máxima quando se compara estudos com pontos de

corte idênticos, são obtidos naqueles estudos realizados com residentes na

comunidade o que mostra uma característica positiva do MEEM como

instrumento de rastreio de comprometimento cognitivo na população idosa sem

sintomatologia demencial evidente.

Entre as limitações diagnósticas próprias de um instrumento compacto

como o MEEM se encontra a ausência de tópicos destinados a avaliação do

humor, algo de importância relevante uma vez que em idosos, quadros

Estudo Amostra Corte Sensibilidade %

Especificidade %

Anthony 97 pacientes internados 23/24 87 82 Foreman 66 pacientes internados 23/24 82 80 Dick 143 pacientes internados 23/24 76 96 van der Cammen 138 pacientes geriátricos amb. 24/25 88 82 Kafonek 70 pacientes cuidados crônicos 23/24 81 83 Kay 274 residentes comunidade 24/25 86 81 O’connor 2.302 pacientes PG 23/24 86 92 O’connor 2.302 pacientes PG 24/25 98 89 Weston 98 pacientes PG 23/24 83 100 Fillenbaum 164 residentes comunidade 23/24 100 78 Roth 92 pacientes internados e

residentes comunidade 23/24 94 85

Gagnon 2.792 residentes comunidade 23/24 100 78

Page 42: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

depressivo são muito prevalentes e com freqüência apresentam sintomatologia

semelhante ao observado em quadros demenciais prodrômicos45.

Mota e colaboradores46 realizaram um estudo comparativo entre o

MEEM e o teste de trilhas como instrumento de rastreio para a identificação de

comprometimento cognitivo precoce e concluíram que o MEEM não é

adequado para esse fim e que nos 92 idosos avaliados, cerca de 90%

daqueles que seriam classificáveis como portadores de algum prejuízo

cognitivo de acordo com o teste de trilhas B, não o eram quando submetidos ao

MEEM.

3. FATORES METABÓLICOS E DESEMPENHO COGNITIVO

3.1. Ácido Fólico

3.1.1 Caracterização

A estrutura química básica dos folatos consiste em um anel pteridina

ligado por uma ponte metileno ao ácido paraaminobenzóico (fig3) que por sua

vez se conecta ao ácido glutâmico através de uma ligação amino. De acordo

com o número de resíduos glutamato ligados ao ácido glutâmico, os folatos

podem se apresentar na forma de monoglutamatos ou de poliglutamatos,

sendo que estes contêm um número variável de resíduos47.

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Figura 3 - Estrutura do Ácido Fólico e congêneres.

Fonte: Goodman & Gilman’s The Pharmachological Basis of Therapeutics 10 th Edition. Mc. Graw-Hill 2001.

A denominação ácido fólico ou ácido pteroilglutâmico (PteGlu ) ou

Vitamina B9, tem sido usada indistintamente para nominar os folatos presentes

nos alimentos e como sinônimo de ácido fólico que é uma das formas sintéticas

usadas como suplemento e/ou medicação nos estados carenciais, mas o

correto é denominar como ácido fólico o composto oxidado pteroil

monoglutamato e como folatos as várias formas de tetrahidro folatos (THF)

reduzidos48(fig4).

Figura 4 - Diferenças estruturais entre o Ácido Fólico e os Folatos.

Fonte: Bender, David A. Nutritional Biochemistry of the Vitamins. 2 edition. Cambridge University Press. The Edinburgh,

Cambridge CB2 2RU, United Kingdom.

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Os folatos alimentares e os sintéticos se diferenciam de várias maneiras.

Quanto aos resíduos glutamato, os folatos alimentares são em sua maioria

poliglutamatos enquanto que o ácido fólico sintético é um monoglutamato

sendo essa diferença responsável pelas características peculiares de cada um

observada no processo de absorção e consequente biodisponibilidade

conforme veremos adiante.

Os folatos alimentares são uma mistura de derivados do ácido tetrahidro

fólico que se diferenciam entre si pelo tipo de unidades de carbono a eles

ligadas48 (fig5).

Figura 5 - Diferentes tipos de Folato de acordo com as unidades de um-carbono

Fonte: Bender Daviv A. Nutritional Biochemistry of the Vitamins. 2 edition. Cambridge University Press. The Edinburgh,

Cambridge CB2 2RU, United Kingdom

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Os THF podem conter unidades de um carbono ligados na posição 5

(metil, formil e formimino) na posição 10 (formil) e ligando as posições 5 e 10

(metileno e metenil)(fig5). O 5-formil tetrahidro folato conhecido como ácido

fólinico é mais estável a oxidação atmosférica do que o ácido fólico e é

comumente usado em preparações farmacêuticas48 (fig5).

3.1.2 Absorção dos Folatos

Para que ocorra a absorção através das membranas, os poliglutamatos

dos alimentos devem ser hidrolisados a monoglutamato pela ação de enzimas

presentes no lúmen intestinal47. Essas enzimas que recebem várias

denominações folilpoli-glutamato carboxipeptidase, γ-glutamil-hidrolase, γ-

glutamil-carboxi-peptidase e pteroilpoliglutamato hidrolase (conjugase), estão

presentes nas células ciliares intestinais principalmente no jejuno49-51.

As enzimas que hidrolisam o folato são zinco dependentes e a

deficiência de zinco pode prejudicar a absorção dessa vitamina. Já a absorção

da forma sintética de folato usada na fortificação o pteroilmonoglutamato

(PteGlu1) que como visto difere do folato alimentar por estar presente na forma

oxidada e por conter apenas um resíduo glutamato conjugado, não depende

das hidrolases intestinais para ser absorvida. Por esse motivo, a absorção do

folato sintético é mais eficaz que a dos folatos alimentares, ocorrendo

rapidamente mesmo em condições clínicas que impliquem na redução da

disponibilidade das conjugasses intestinais52.

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De acordo com Wright e colaboradores, tanto o ácido fólico sintético

como os folatos monoglutamil reduzidos, são absorvidos principalmente na

porção proximal do intestino por um mecanismo de transporte mediado por um

carreador saturável dependente de energia e do Ph, que parece ter a

peculiaridade de ser o único mecanismo de transporte não hierarquizado, tendo

afinidade semelhante pelas formas folato oxidada (ácido fólico) e reduzidas

(monoglutamil folato)51.

Segundo Bender, uma dose de cera de 200 µg de ácido fólico é

suficiente para saturar a dihidrofolato redutase e dessa maneira a absorção de

ácido fólico é facilitada em prejuízo da absorção dos folatos de origem

alimentar o que promove a circulação e absorção tecidual de quantidades

crescentes de folato sintético48.

3.1.3 Biodisponibilidade e Transporte

A já citada necessidade de redução a monoglutamatos prévia à sua

absorção faz com que a biodisponibildade dos folatos alimentares seja menor

do que a do ácido fólico. Quando comparada com a do ácido fólico a

biodisponibilidade relativa dos folatos alimentares é de cerca de 50%50, 53.

Proteínas ligadoras de folato transportam o folato dentro das células da

mucosa intestinal onde a maior parte do folato absorvido como monoglutamato

sofre redução a THF pela adição de quatro átomos de hidrogênio nas posições

5, 6, 7 e 8, reação catalisada por uma redutase dependente da coenzima

dinucleotídeo difosfato de nicotinamida adenina (NADPH ) e metilação,

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formando o 5-metil-tetrahidro-pteroilmonoglutamato também denominado metil-

tetrahidrofolato (5-CH3H4PteGlu1) forma na qual os folatos entram na corrente

portal47, 48. O 5-CH3H4PteGlu1 é portanto a forma de folato presente no plasma

e transportada para o fígado ou para os tecidos periféricos49.

3.1.4 Ciclo Enterohepático e Estocagem dos Folatos

Os alimentos e o ciclo enterohepático mantêm um suprimento constante

de CH3H4PteGlu1 47. No fígado, uma grande quantidade de folato é removida

51. Os folatos removidos pelo fígado que em certa quantidade podem já ter

sofrido outra biotransformação, são parcialmente liberados com a bile o que

permite uma reabsorção significativa pelo intestino, sendo subseqüentemente

disponibilizados para os tecidos pelo plasma como ácido 5-metiltetrahidrofolico.

Este processo de recirculação enterohepática é o responsável pela

manutenção dos níveis basais de folatos51 e está prejudicado por condições

que afetem o metabolismo hepático como, por exemplo o alcoolismo, origem

freqüente de deficiência de folato47.

3.1.5 Passos Metabólicos do Folato Intracelular

Os folatos monoglutamato reduzidos (THF) circulantes, são transportado

através da membrana por uma proteína transmembrana com alta afinidade

pelo monoglutamato 5CH3-THFγ1. Em condições da baixa disponibilidade de

folatos o transporte através das membranas pode ser feita por um receptor de

folato com uma afinidade mais ampla48.

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De acordo com Smith os folatos penetram nas células dos mamíferos

como monoglutamatos, mas são rapidamente conjugados a poliglutamatos pela

adição progressiva de resíduos de glutamato nas posições 5, 6, 7 e 849 . A

pronta adição de pelo menos um resíduo de glutamato, é essencial para a

retenção intracelular do folato uma vez que os folilpoliglutamatos têm pouca

afinidade pelos carreadores responsáveis pelo efluxo através das membranas

celulares48, 49.

A adição de outras unidades de glutamato para a síntese das formas

ativas de folato pode se dar de maneira mais lenta48. Essa reconjugação a

poliglutamatos é catalisada pela poliglutamato sintetase que catalisa a

formação de todos os poliglutamatos. Em condições de muita oferta de

substrato, a poliglutamato sintetase centraliza a sua ação na formação de

diglutamato que não é a forma como o folato participa como coenzima nas

várias reações bioquímicas para as quais é fundamental48, 54.

O principal substrato para a glutamação é o THF livre e por isso a

demetilação pela metionina sintetase do 5-CH3 THFγ1 que é a forma principal

na qual o folato é absorvido , é um passo essencial para a sua retenção no

meio intracelular e para a síntese das forma ativas de folato48.

A poliglutamação aumenta muito a afinidade dos folatos tanto como

substratos de suas enzimas quanto como inibidores de outras enzimas nos

trajetos de folato.

Já a forma sintética dessa vitamina utilizada como medicação ou em

suplementação (ácido pteroilglutâmico) é reduzida diretamente a

tetrahidrofolato não dependendo da reação de demetilação para se tornar

Page 49: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

metabolicamente ativa e por isso, escapa do bloqueio metabólico causado pelo

déficit de cobalamina.

Esta é a razão pela qual o tratamento com ácido fólico corrige a anemia

megaloblástica causada pelo déficit de vitamina B12 mascarando o sinal

clássico dessa deficiência e retardando o seu diagnóstico o que pode redundar

em dano neurológico irreversível55.

3.1.6 Funções Metabólicas do Folato

As formas metabolicamente ativas de folato são todas tetrahidro

pteroilpoliglutamatos substituídos48. Segundo Shane e Stoskstad54, as

coenzimas do folato funcionam como aceptoras ou doadoras de compostos

que contêm uma unidade de carbono (metil, metileno e formil) em uma série de

reações catabólicas e de síntese das quais dependem a síntese de vários

componentes estruturais e funcionais e a síntese, reparo e estabilidade do DNA

.

3.1.6.1 Folatos como Aceptores de uma Unidade de Carbono

Como receptores de uma unidade de carbono os folatos são essenciais

nas seguintes reações:

• Conversão de serina em glicina (fig6) neurotransmissor inibitório no

sistema nervoso central e co-agonista do glutamato nos receptores N-

metil D-Aspartato (NMDA)56

Enzima: serina hidroximetil transferase

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Função do folato: aceptor de uma unidade de carbono da serina numa

reação dependente do piridoxal-fosfato ( B6) na qual o H4PteGlu recebe

um grupo metileno da serina, resultando na formação de glicina e do

5,10-metilenotetrahidrofolato (5,10–CH2H4PteGlu) que como doador de

unidade de carbono é essencial para a síntese do timidilato47.

Figura 6 - Conversão da Serina em Glicina.

Fonte: Goodman & Gilman’s The Pharmachological Basis of Therapeutics 10 th edition. Mc Graw-Hill 2001

• Catabolismo da Histidina

Enzima: Formimino transferase

Função do folato: Aceptor de um grupamento formimino(HC =NH) do

ácido formimino-glutâmico. Nessa reação o THF é metabolizado em

formimino tetrahidrofolato sendo posteriormente deaminado formando o

formil tetrahidrofolato

• Catabolismo da Betaína (Trimetil glicina)

Enzima: Dimetilglicina desidrogenase (DMGDH)

Função do folato: Aceptor de um grupamento metileno da dimetil glicina

num circuito metabólico no qual em um passo anterior a trimetil glicina é

convertida em dimetil glicina pela transferência do primeiro grupo metil

Page 51: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

para a homocisteína (Hcy) convertendo-a em metionina. Nasequência, a

dimetil glicina resultante é demetilada em metil glicina e o grupo metil

liberado é oxidado e transferido para o THF formando o metileno

tetrahidrofolato

(CH2 THF)48. Esta é uma via metabólica alternativa para a conversão de

Hcy em metionina não diponível no sistema nervoso, no qual essa

conversão se dá exclusivamente pela via metabólica catalizada pela

metionina sintetase e dependente da vitamina B12

• Síntese do Ácido Glutâmico.

Enzima: formiminotransferase ciclodeaminase

Função do folato: Neste passo metabólico, o tetrahidrofolato funciona

como aceptor de um grupamento formimino do ácido

formiminoglutâmico numa reação na qual se formam o ácido glutâmico e

N5-formil-tetrahidrofolato.47.

3.1.6.2 Folatos como Doadores de uma Unidade de Carbono

Na forma de metil-tetrahidrofolato, 5,10-metileno tetrahidrofolato e 10-

formil tetrahidrofolato, os folatos são doadores de uma unidade de carbono em

uma série de reações nas quais na maior parte dos casos, a reação é

simplesmente a transferência de um grupamento de carbono do THF reduzido

para o aceptor48.

Dentre as reações nas quais os folatos participam como doadores de

unidades de carbono destacam-se: síntese do timidilato (Metabolismo das

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pirimidinas), a metilação da Hcy em Metionina, a síntese das purinas e a

síntese de porfirinas

• Síntese do Timidilato (fig7)

Após atuar como receptor de um grupo metileno na conversão de serina

em glicina como já visto, o 5,10-CH2THF doa um grupo metileno (CH2) para a

síntese de timidilato a partir do deoxiuridilato. Neste processo a enzima

timidilato sintetase (TS) catalisa a conversão do monofosfato de deoxiuridina

em monofosfato de timidina, uma reação extremamente importante

considerada passo limitante para a síntese do DNA54. O 5,10-CH2THF é dessa

maneira convertido em dihidrofolato (H2PteGlu), após o que, é reduzido a THF

pela dihidrofolato redutase.

Esta reação é inibida pelas drogas antifolato como as utilizadas no

tratamento do câncer. Completa-se assim, esse ciclo metabólico intracelular do

folato que na forma de tetrahidrofolato está pronto para participar novamente

da seqüência de passos metabólicos descrita acima. A enzima 5,10-

metilenotetrahidrofolato redutase (5,10-MTHFR) desempenha um papel central

no metabolismo do folato convertendo de maneira irreversível o 5,10-MTHF em

5-CH3THF forma na qual o folato disponibiliza o grupamento metil para a

conversão da Hcy em metionina e na qual ficará metabolicamente inativo em

situações de déficit de vitamina B12, cofator essencial para a ação da metionina

sintetase47, 57.

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Figura 7 - Metabolismo do Àcido Fólico: síntese do Timidilato, reparo e síntese do DNA

Fonte: Fenech, M; 2001; The role of folic acid and Vitamin B12 in genomic stability of human cells;

Mutation Research 475 (2001) 57-67

• Síntese das Purinas

Através da formilação em duas etapas do ribonucleotídeo glicinamida

nas quais o 10-Formil-H4PteGlu atua como doador de carbono promovendo a

incorporação de átomos de carbono nas posições 8 e 2 do anel purínico um

passo metabólico essencial para a síntese das bases nitrogenadas integrantes

da estrutura do DNA 47, 54.

• Conversão da Homocisteína em Metionina.

A metilação da Hcy em metionina pode ocorrer pela transferência de um

grupamento metil do 5-CH3THF recém absorvido ou pela desmetilação do

CH3THF resultante da redução do CH2THF. A metilação Hcy em metionina

catalizada pela metionina sintetase (MS), tendo a metilcobalamina como

cofator, é a mais importante via para a síntese da S-adenosilmetionina (SAM)

Page 54: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

(fig8) e o único papel metabólico do CH3THF sendo também a única maneira

através da qual o CH3THF é desmetilado e transformado em THF livre nos

tecidos o que é fundamental para a glutamação dos folatos de origem alimentar

recém absorvidos, uma vez que o CH3THF é um substrato pobre para a

poliglutamil-folato sintetase quando comparado com o folato livre. Já a

desmetilação do CH3THF resultante da redução do metileno-tetrahidrofolato

(CH2THF), é essencial para que na forma de THF o folato possa ,reiniciar os

passos metabólicos nos quais é essencial48.

A SAM assim formada é o principal doador metil para muitas reações

orgânicas de metilação como por exemplo, a síntese da adrenalina e da

noradrenalina na qual atua como cofator da enzima feniletanolamina-N-metil

transferase, também conhecida como noradrenalina N-metiltransferase e para

a síntese da colina, da qual dependem a síntese dos fosfolipídeos, da

esfingomielina e da acetilcolina. Também depende da SAM a metilação do

DNA fundamental para a sua estabilidade.

Figura 8 - Metabolismo do Folato: síntese da metionina →S-adenosil metionina e metilação do DNA.

Fonte: Fenech, M; 2001; The role of folic acid and Vitamin B12 in genomic stability of human cells; Mutation

Research 475 (2001) 57-67

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3.1.7 Deficiência de Folatos

3.1.7.1 Prevalência

Wahlin e colaboradores58 examinaram os níveis séricos de vitamina B12

e folato em uma amostra de 961 indivíduos suecos com idade entre 35 e 80

anos encontraram uma prevalência 2.1% de déficit de folato ( folato <7 nmol/ l).

Neste estudo os autores relatam que o percentual de déficit de folato

permanecia estável em todas as faixas etária ao contrário dos níveis de

Vitamina B12 que apresentaram uma tendência crescente nos grupos etários

mais idosos. De acordo com estes autores prevalência de déficits de folato de

até 50% foi reportada na população de países em desenvolvimento

principalmente entre os idosos.

Por representarem um grupo etário particularmente sensível aos fatores

etiológicos do déficit de folato, os idosos apresentam uma prevalência elevada

dessa deficiência principalmente se monitorada através dos marcadores

indiretos dessa deficiência. Joosten e colaboradores59 avaliando a prevalência

de déficits de Vitamina B12 e ácido fólico em 64 idosos saudáveis e 286 idosos

hospitalizados, encontraram valores indicativos de déficit de folato em 5% e

19% respectivamente sendo que 63% e 83% deles apresentavam níveis

elevados de um ou mais metabólitos dessas vitaminas (Ácido metilmalônico

e/ou homocisteína). Clarke e colaboradores60 avaliaram em 2004 no Reino

Unido em um estudo transversal, a prevalência de déficits de B12 e ácido fólico

em uma amostra de 3.511 indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos e

encontraram valores indicativos de déficit de folato em cerca de 5% daqueles

com idade até 74 anos e de cerca de 10% nos idosos com mais de 75 anos.

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De maneira semelhante à observada na população geral a fortificação

dos farináceos com acido fólico reduziu significativamente os índices de

prevalência de déficit de folato entre idosos. Pfeiffer e colaboradores encontram

que apenas 3% dos idosos com níveis deficitários de folato em sua maioria nos

valores inferiores da normalidade61. Ramos e colaboradores62 mensuraram os

valores de folato eritrocitário em 1789 americanos de origem latina com idade

igual ou superior a 60 anos, após a implementação da política de fortificação

das farinhas e encontraram valores deficitários (< 160 ng/mL) em menos de 1%

deles.

3.1.7.2 Fatores Etiológicos

Vários são as causas possíveis para a deficiência de folato incluindo

ingestão inadequada, redução da absorção, alterações metabólicas que

impedem a utilização apropriada do folato absorvido, aumento da demanda,

aumento da excreção e aumento da destruição.

• Defeitos Nutricionais

Déficits nutricionais são prevalentes em indivíduos com alcoolismo e em

pacientes com patologias psiquiátricas como também em idosos, entre os quais

a incapacitação física e o isolamento social são importantes fatores de

alterações nutricionais. Os folatos são destruídos pela exposição prolongada

ao calor e por isso hábitos alimentares baseados em alimentos cozidos podem

contribuir para a deficiência de folatos. Pacientes com patologias que exijam

dietas com restrição de proteínas, potássio e fosfato são propensos a

desenvolver carência de folatos63.

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• Defeitos de Absorção

No tocante a absorção, são várias as condições nas quais ocorre a

redução na absorção do folato entre as quais destacam-se as doenças

inflamatórias do intestino, a insuficiência vascular mesentérica, proliferação

bacteriana anormal, acloridria com produção de pH acima do ideal para a

absorção do folato (ie, pH > 5), a deficiência de zinco, ressecções intestinais e

a atrofia das vilosidades intestinais observadas em cerca de 25% dos idosos64.

• Alterações Genéticas

As deficiências congênitas das enzimas envolvidas no metabolismo do

folato podem prejudicar a sua utilização. Segundo Stupia e colaboradores65 a

redução da atividade da MTHFR devido a polimorfismo no nucleotídeo 667

(C667T) tem sido associada a alterações estruturais e funcionais típicas do

déficit de folato.

• Aumento da Excreção

O aumento da excreção e eliminação do folato pode ocorrer como

conseqüência da deficiência de Vitamina B12. Nas carências de B12, ocorre um

acúmulo sérico de metileno-tetrahidrofolato monoglutamato uma vez que a

poliglutamação necessária para a retenção intracelular dos folatos é afetada

pela redução da desmetilação do metil-folato pela metionina sintetase que

requer a metilcobalamina como cofator48, 54. Em conseqüência, grande

quantidade de folato é eliminada pelos rins. Excreção excessiva de folato

também ocorre em indivíduos com alcoolismo crônico que apresentam um

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comprometimento da recirculação enterohepática do folato47. A hemodiálise

também provoca perda significativa de folato66.

• Drogas como Fatores Etiológicos

Algumas drogas afetam a absorção e o metabolismo do folato. Além do

álcool já citado como fator de prejuízo da absorção, do metabolismo, da

excreção renal e da recirculação enterohepática do folato, várias drogas afetam

o status orgânico do folato seja interferindo com a sua absorção seja

bloqueando determinados passos metabólicos intracelulares. Segundo

Hernández-Diaz e colaboradores67 os antagonistas do folato estão divididos em

dois grupos. Um deles é o dos inibidores da dihidrofolato redutase que inclui a

aminopterina, metotrexato, sulfasalazina, pirimetamina, triantereno, e

trimetoprima que deslocam o folato da enzima bloqueando a sua conversão em

metabólitos mais ativos. O segundo grupo composto prioritariamente pelos

anticonvulsivantes, agem de diversas maneiras afetando outras enzimas

envolvidas no metabolismo do folato, prejudicando a sua absorção ou

acelerando a sua degradação. Além das má-formações do tubo neural, essas

drogas quando utilizadas por mulheres grávidas, podem produzir também má-

formações cardiovasculares e do trato urinário e fenda palatina68. Estudo

recente aponta o efeito deletério do valproato sobre o desenvolvimento

psíquico das crianças afetando o coeficiente de inteligência dos nascidos de

gestações durante as quais as mães receberam essa droga69. Observações

semelhantes nas quais a redução do desempenho funcional do sistema

nervoso independe de alterações estruturais e da presença dos sinais clássicos

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de déficit de folato reforçam a importância de se atentar para a presença dos

chamados déficits subclínicos ou funcionais de folato.

O quadro abaixo lista as principais drogas que afetam o status orgânico

do folato explicitando os mecanismos através dos quais esse prejuízo é

provocado(Quadro 2).

Quadro 2 - Drogas que interferem na biodisponibilidade e nas funções metabólicas do folato.

FÁRMACOS QUE AFETAM A ABSORÇÃO DOS FOLATOS

Fármaco Mecanismo de ação

Sulfasalazina Interage com o carreador de folato inibindo o principal meio de transporte do folato natural através da membrana70-72

Metformina Afetando a absorção destas vitaminas73

Anticonvulsivantes Redução da absorção, uma interação competitiva entre as coenzimas do folato e essas drogas, um aumento da demanda de folato como cofator na hidroxilação dos anticonvulsivantes69, 74,

75

Triamtereno Inibidor dos canais de sódio, inibindo a absorção intestinal do folato de uma maneira dose-dependente76 19

FÁRMACOS QUE AFETAM O METABOLISMO INTRACELULAR DOS FOLATOS

Fármaco Mecanismo de ação

Ariantereno Forte efeito inibidor sobre a enzima dihidrofolato redutase76.

5-fluorouracil Inibe a enzima timidilato sintetase que catalisa a conversão da dUMP em dTMP necessária à síntese do DNA77

Metotrexato

Inibe competitivamente a dihidrofolato reductase e dessa maneira depleta o pool de folatos reduzidos que são os principais doadores de unidades de carbono para síntese de purinas, pirimidinas, e metionina78

Trimetoprina Inibe a dihidrofolato redutase67.

• Outros Fatores Etiológicos

Outras condições que promovem o déficit de folato estão relacionadas

com patologias oncológicas pelo aumento do turnover celular, infecções devido

à resposta imunoproliferativa, e a anemia hemolítica pelo aumento da

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hematopoiese. Outros fatores que podem aumentar a demanda por folato como

o rápido crescimento na infância, o crescimento fetal na gravidez e a lactação,

podem levar à a deficiência metabólica de folato.

3.1. 7.3 Fisiopatologia das Alterações Conseqüentes ao Déficit de Folato

O déficit de folato está implicado em várias alterações orgânicas

funcionais e estruturais dentre as quais se destacam:

• Alterações na Síntese do DNA

Segundo Sharp e Little79 a deficiência de folato pode provocar alterações

na síntese do DNA pela incorporação errônea do uracil durante a sua síntese.

Alterações metabólicas que redundem na redução da disponibilidade do 5,10–

CH2THF como cofator da timidilato sintetase, favorecem a incorporação

errônea do uracil durante a síntese do DNA levando a um reparo defeituoso

do, fragmentação da cadeia do DNA e lesão cromossômica. Os efeitos nocivos

da deficiência de folato no metabolismo das timidinas são particularmente

intensos nas células com alto nível de replicação como os eritrócitos. Os

processos de síntese e reparo do DNA são intensamente afetados pelos

estados carenciais de folato porque as células respondem a essas deficiências

redirecionando os trajetos metabólicos do folato para prover quantidades

crescentes de CH3THF com a finalidade de preservar as reações de metilação,

às expensas da síntese de ácidos nucléicos47.

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• Hipometilação do DNA

A redução dos estoques intracelulares de metil-tetrahidrofolato prejudica

a síntese da S-adenosilmetionina a partir da metilação da Hcy. Uma vez que

as metilases do DNA e RNA utilizam-se da S-adenosilmetionina como fonte de

grupos metil tendo como principal alvos dessas metilases a posição 5 da

citosina do DNA, a redução da metilação dos ácidos ribonucléicos prejudica a

atividade transcricional dos genes57.

• Comprometimento da Síntese de Proteínas e Poliaminas

Nas deficiências de folato e/ou B12 a redução da síntese de metionina e

SAM prejudica a síntese de proteínas, a síntese de poliaminas e várias reações

de metilação das quais dependem e o metabolismo dos neurotransmissores, a

síntese da mielina, a síntese dos fosfolipídeos da membrana celular, a síntese

da colina cuja alteração compromete a síntese da acetilcolina, fosfolipídeos e

esfingomielina47.

3.1.7.4 Déficit de Folato e Alterações do Sistema Nervoso

• Alterações Estruturais: Defeitos do Tubo neural

De há muito se conhece o papel etiológico do déficit de folato na

patofisiologia de alterações embrionárias da estrutura do sistema nervoso.

Em fetos expostos a esse déficit são freqüentes as alterações do tubo neural

como a anencefalia e a spina bífida devida a uma falha no fechamento do tubo

neural entre a terceira e a quarta semana de gestação afetando principalmente

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a porção lombosacral da medula onde se localizam até 75% das alterações.

Dados de incidência nos Estados unidos, mostram a ocorrência de algo em

torno de 3.2 casos para cada 10.000 nascidos vivos. Esta incidência é sujeita a

amplas variações em função de fatores como região, grupo étnico e condições

nutricionais sendo estas má-formações são mais prevalentes entre os grupos

com piores condições socioeconômicas, o que sugere um papel importante de

fatores nutricionais. A deficiência de folato tem sido apontada como uma causa

preponderante destas alterações embrionárias68. A importância do papel do

folato na embriogênese normal do sistema nervoso é apoiada pelas evidências

tais como; a maior incidência de defeitos do tubo neural em fetos gerados por

mães portadoras de alterações genéticas como o polimorfismo no nucleotídeo

667 (C667T) que como já visto, reduz a atividade da MTHFR e pela redução da

incidência de casos nas populações com bom padrão nutricional e naquelas

que recebem suplementação de ácido fólico. Em estudo multicêntrico

randomizado duplo cego realizado pelo Mrc Vitamin Study Research Group80,

1817 mulheres grávidas consideradas de alto risco com história prévia de

gestação com má formação fetal, a administração de ácido fólico teve um efeito

protetor de 72% (OR 0·28, 95% IC 0·12-0·71) o que não foi observado

naquelas gestantes às quais se administrou um combinado de outras vitaminas

(A, D, B1, B2, B6, C, e nicotinamida). Avaliando o efeito na população

canadense da suplementação de ácido fólico sobre a incidência de defeitos do

tubo neural, De Wals e colaboradores81 registraram um decréscimo da

incidência que era de 1.58 casos para cada 1000 nascidos vivos pré-

fortificação para 0.86 para 1000 após a implementação da adição mandatória

de ácido fólico nas farinhas, o que equivale a um decréscimo de 46%. Fetos de

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gestantes em uso de medicações que afetam a absorção e / ou o metabolismo

dos folatos como os anticonvulsivantes, apresentam um risco elevado de

apresentar essas má-formações67.

• Quadros Psiquiátricos: Depressão

Segundo Bottiglieri82 os estudos avaliando as correlações entre o déficit

de folato e a depressão datam de meados dos anos 60 do século 20. Ainda

segundo esse autor estudos sobre o tema encontraram níveis baixos de folato

em 29% a 30% dos portadores de depressão. Em artigo publicado em 1986,

Abou-Saleh e Coppen83 afirmam que a deficiência de folato é fato comum nos

portadores de afecções psiquiátricas particularmente nos que apresentam

depressão. Alpert e Fava84 afirmam que a sintomatologia depressiva é a mais

comum das manifestações psiquiátricas da carência de folato, que valores de

folato no limite inferior da normalidade ou abaixo, são detectados em 15% a

38% dos adultos com diagnóstico de depressão e que níveis baixos de folato

são preditores de resposta pobre ao tratamento com os Inibidores seletivos de

recaptação de serotonina (ISRS)84.

Estudando a relação entre depressão e o status de folato em indivíduos

com idades entre 15 e 39 anos de diferentes grupos étnicos da população

americana, Morris e colaboradores encontraram níveis mais baixos de folato

sérico e eritrocitário nos indivíduos com quadro depressivo presente ou em

remissão85. Em artigo publicado em 2005 Coppen e Bolander-Gouaille

revisaram vários estudos publicados sobre o tema encontraram citações da

ocorrência de até 56% de deficiência de folato em pacientes deprimidos bem

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como uma associação entre o status do folato e a severidade e duração do

quadro depressivo e aconselham a administração de ácido fólico e vitamina B12

com o objetivo de otimizar o tratamento de portadores de depressão86. Taylor e

colaboradores87 realizaram uma revisão sistemática de ensaios randomizados

e controlados com o objetivo de determinar a eficácia do folato no tratamento

da depressão bem como a aceitabilidade e os efeitos adversos do tratamento,

e concluíram que as evidências limitadas disponíveis, sugerem um papel

potencial do folato como um suplemento no tratamento da depressão.

• Quadros Demenciais

Vários autores apontam uma correlação entre níveis baixos de folato e

prejuízo cognitivo. A relação metabólica íntima entre o folato a vitamina B12 e a

homocisteína, tem deixado em aberto a discussão sobre qual das alterações

dessas substâncias seria a responsável direta pela conexão evidente entre elas

e os quadros demenciais. De qualquer maneira, seja como alteração que

conduz à elevação dos níveis de homocisteína responsável última pela

fisiopatologia demencial ou como fator causal direto, vários estudos têm

encontrado níveis reduzidos de folato em portadores de comprometimento

cognitivo. Déficits subclínicos de folato e vitamina B12 têm sido apontados como

possível fator etiológico de quadros de comprometimento cognitivo leve (CCL)

vistos por vários autores como alterações prodrômicas de patologias

demenciais.

Tettamanti e colaboradores avaliaram a associação entre os níveis

séricos de folato e Vitamina B12 e o desempenho cognitivo e funcional em 471

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indivíduos muito idosos não institucionalizados e concluíram que a deficiência

subclínica de folato pode representar um fator de risco para o declínio cognitivo

que pode contribuir para o desenvolvimento da Doença de Alzheimer e outros

tipos de demência88. Em estudo transversal e longitudinal com uma coorte de

499 idosos não comprometidos não institucionalizados com idade entre 70 e 79

anos, Kado e colaboradores89 encontraram que aqueles que no início do

estudo apresentavam valores de folato no quartil inferior tinham um maior risco

de declínio cognitivo uma razão de chance após ajustado para as co-variáveis

de 1.6 (IC 95% 1,01 2.31 p<0.04) e concluem afirmando que níveis reduzidos

de folato parecem ser um fator de risco para o declínio cognitivo e que esse

declínio pode ser minorado pela ingestão de folato. Em um estudo de

seguimento de 4 anos como 112 idosos com idade média de 74 anos dos quais

70 tinham um diagnóstico de Doença de Alzheimer (DA), Ravaglia e

colaboradores encontraram que níveis baixos de folato ( 11.8 nmol/L) estavam

associados a um risco aumentado para demência (1.87; 95% CI: 1.21, 2.89; P

= 0.005) e DA (1.98; 95% CI: 1.15, 3.40; P = 0.014)90. Ortega e colaboradores91

estudando uma amostra de 117 idosos espanhóis encontraram uma

prevalência de 34,9% e 6,6% de níveis baixos de folato sérico e eritrocitário

respectivamente e uma correlação entre desempenho cognitivo comprometido

(MEEM < 28) e níveis baixos de folato e concluem sugerindo que nos idosos,

os níveis de folato devem ser monitorados e se preciso corrigidos. Hassing e

colaboradores92 realizaram estudo objetivando avaliar as repercussões

específicas dos déficits de B12 e folato sobre o status mnêmico de idosos com

idades entre 90 e 101 anos e concluíram que os déficits de folato podem ser

mais críticos que os de Vitamina B12.

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3.2. A VITAMINA B12

3.2.1. Caracterização

Os termos vitamina B12 ou cianocobalamina são utilizados indistintamente para

nomear uma substância essencial para o crescimento e replicação celular cuja presença no

organismo humano, depende exclusivamente de fontes exógenas47

. Segundo Elin e Winter93

, o

termo vitamina B12 é normalmente usado para denominar vários compostos formados por um

anel tertrapirólico contendo cobalto que tem ligadas a ele cadeias laterais de nucleotídeos e

que são quimicamente denominados como cobalaminas ou corrinóides (fig9). As várias formas

de cobalamina (Cbl) existentes na natureza variam de acordo com o tipo de cadeia lateral

ligada ao átomo de carbono.

Figura 9 - Estrutura química da Vitamina B12.

Fonte: Bender,David A; Nutritional Biochemistry of the Vitamins. Cambridge University Press. 2º Edition 2003

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As várias formas biologicamente ativas da vitamina B12 diferem entre si

de acordo com o tipo de ligante conectado ao cobalto48:

• Cianocobalamina (CH ¯ )

• Hidroxicobalamina ( OH ¯ )

• Metilcobalamina (-CH3 )

• Adenosilcobalamina (5’-deoxi-5’adenosina)

A metil cobalamina responde por 60 a 80% da cobalamina presente no

plasma48. A vitamina B12 desempenha funções essenciais para a homeostase

orgânica especialmente para o funcionamento adequado do sistema hemático

e do sistema nervoso, participando de reações metabólicas chaves na forma

das coenzimas metilcobalamina e 5-deoxiadenosilcobalamina22, 47, formadas na

seqüência de passos metabólicos que ocorrem a partir de sua absorção

intestinal, circulação sérica e transporte através das membranas celulares.

3.2.2. Absorção e Distribuição da Vitamina B12

A vitamina B12 presente nos alimentos é liberada das proteínas

alimentares pela ação do ácido gástrico e das proteases pancreáticas é ligada

ao fator intrínseco chegando ao íleo onde é absorvida por transporte ativo47.

Segundo Baik e Russell94 existem duas formas de absorção de Vitamina B12

uma dependente do fator intrínseco e outra por difusão passiva.

Na absorção dependente do fator intrínseco, são necessários a função

gástrica normal com produção adequada de ácido, pepsina e fator intrínseco,

um aporte suficiente de enzimas pancreáticas e a função normal do íleo

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terminal. Neste processo, a Vitamina B12 ligada às proteínas alimentares é

liberada no estômago pela ação do ácido clorídrico e da pepsina. Após

liberada, a Vitamina B12 é ligada à cobalofilina ou proteína R que é uma

haptocorrina presente na saliva, suco gástrico, bile, suco intestinal e soro94, 95.

Uma vez no meio alcalino do intestino delgado, a proteína R é degradada pelas

enzimas pancreáticas liberando a Vitamina B12 que então se liga ao fator

intrínseco assim chamado por ter sido detectado como primeiro fator não

dietético cuja alteração estava envolvida com o desenvolvimento da anemia

perniciosa48. O fator intrínseco é uma glicoproteína secretada pelas células

parietais do estômago após estimulação pelo alimento.

Depois de formado, o complexo Vitamina B12 fator intrínseco é estável e

flui para o íleo onde se liga a receptores específicos de membrana sendo

absorvido por fagocitose. Esse processo tem uma capacidade de absorção

limitada a 3µg por refeição e é dependente da quantidade de sítios de ligação

disponíveis na mucosa do íleo48, 94.

A via de absorção por difusão passiva é responsável por apenas cerca

de 1% a 2% da quantia ingerida22, 48, 96, mas uma quantidade considerável de

Vitamina B12 pode ser absorvida por esta via caso seja administrada em grande

quantidade94, 97. Quando administrada como suplemento, a absorção de 1µg é

de cerca de 50%, caindo para 5% em doses acima de 25µg94, 97. Embora

limitado a esses percentuais, o processo de absorção por difusão passiva,

garante a absorção de quantidades suficientes para prover um nível adequado

de Vitamina B12 quando se administra doses elevadas da forma cristalina da

vitamina, mesmo na presença de alterações orgânicas que prejudicam a

absorção da vitamina B12 presente nos alimentos96.

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3.2.3. Biodisponibilidade e Transporte

Em indivíduos com função gástrica normal a absorção da vitamina B12

presente nos alimentos é de cerca de 50% enquanto a vitamina B12 cristalina

administrada em pequenas doses tem uma absorção de cerca de 60%94 . Uma

vez no plasma, a vitamina B12 é ligada a uma β-globulina plasmática a

transcobalamina II (TC II) e transportada para os tecidos. Cerca de 90% da Cbl

plasmática é conduzida ao fígado, principal local de estocagem. Outras β-

globulinas as transcobalaminas I e III, que são glicoproteínas pertencentes

imunologicamente à mesma classe de glicoproteínas ligadoras de B12

presentes nas secreções intestinais e nos granulócitos94 são também

carreadoras plasmáticas de vitamina B12, mas as cobalaminas ligadas a elas

são formas inativas de vitamina B12 como a liberada dos tecidos por morte

celular (p. ex. turnover dos granulócitos). Uma terceira proteína ligadora de

Vitamina B12 a Transcobalamina III rápidamente metabolizada pelo fígado e

com uma meia-vida de cerca de 5 minutos parece estar envolvida no retorno

dessa vitamina e seus metabólitos dos tecidos periféricos para o fígado e no

clearance de outros corinóides metabolicamente inativos48. O complexo

coblamina-transcobalamina II (holotranscobalmina II) que é o pool plasmático

metabolicamente ativo da vitamina B12, representa de 10 a 15% do total

circulante do que decorre a grande imprecisão dos métodos de mensuração

plasmática no tocante a refletir o verdadeiro status metabólico dessa

vitamina48. Como os métodos usuais de dosagem da vitamina B12 sérica não

são específicos para a cobalamina ligada à TC II, indivíduos com níveis

considerados normais podem de fato ser deficientes em B12 47, 94. Além disso,

de acordo com Hillman47 a vitamina B12 ligada às proteínas carreadoras tem

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um turnover lento e por isso, pode ocorrer deficiência nos tecidos mesmo com

concentrações plasmáticas normais ou mesmo elevadas.

3.2.4. Recirculação Hepática, Estocagem e Excreção

A recirculação enterohepática da Vitamina B12 é importante para a

manutenção dos estoques hepáticos sendo afetada por patologias intestinais

que prejudiquem a absorção47. Cerca de 1.4 a 9.0 µg de vitamina B12 são

secretados diariamente na bile sendo 2/3 do total reabsorvidos pelo intestino

num processo dependente do fator intrínseco sem o qual toda a Cbl secretada

pela bile é eliminada pelas fezes. A eliminação de análogos potencialmente

nocivos parece ser uma das funções da recirculação enterohepática da

vitamina B12 uma vez que fator intrínseco liga específicamente as forma ativas

da vitamina que são portanto as únicas reabsorvidas em quantidade

significativa47, 94, 97.

A estocagem total de Vitamina B12 no organismo humano é de algo em

torno de 2.0 a 3.9 mg dos quais cerca de 50% estão no fígado que apresenta

uma concentração de Cbl de aproximadamente 1µg/g de tecido. A maior parte

da excreção de vitamina B12 se dá pelas fezes sendo a excreção total de cerca

de 0.1 a 0.2% dos estoques independentemente do total estocado94, 97.

3.2.5. Metabolismo Intracelular da Vitamina B12

O complexo TC II-Vitamina B12 é capturado pelas células por pinocitose.

Uma vez no meio intracelular, o metabolismo da vitamina B12 se dá nos

lisossomas e nas mitocôndrias nos quais a coblamina é metabolizada nas

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duas coenzimas que são a metilcobalamina e a 5-deoxiadenosilcobalamina

responsáveis pelas suas funções metabólicas.22,48 , 97. Bender cita a existência

de uma terceira enzima dependente da vitamina B12 que é a leucina

aminomutase.48

Nos lisosomas ocorre a degradação da TC II sendo a hidroxicobalamina

liberada para o citososol onde se torna disponível para a metilação pelo metil-

tetrahidrofolato. Esse passo metabólico é de extrema importância, pois nele se

originam a metilcobalamina e o tetrahidrofolato.

A metilcobalamina atua como cofator na conversão da homocisteína em

metionina, fundamental para muitos processos orgânicos de metilação. De

acordo com Sharp e Little, a metilação da vitamina B12 é um processo central

no metabolismo da metionina que na forma de S-adenosilmetionina é o

principal doador metil para as reações de metilação. Como parte do circuito

metabólico da metionina, a conversão da Homocisteína em metionina é um

processo dependente da metil-cobalamina que atua como cofator da metionina

sintetase. Para isso, é necessária a transferência do radical metil do metil-

tetrahidrofolato para a cianocobalamina num processo que origina a

metilcobalamina, e o tetrahidro folato. A transferência do grupamento metil do

folato para a cobalamina é essencial para o metabolismo do folato uma vez que

apenas na forma de folato livre que na forma de folato livre o THF, pode voltar

a participar da sequência de passos metabólicos nos quais participa reações

fundamentais entre elas a síntese e o reparo do DNA57.

Alterações nesse ponto do circuito metabólico da metionina levam ao

acúmulo de Hcy reconhecido como um fator de risco independente para

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alterações vasculares e progressivamente implicado como fator etiológico

definido ou aventado nos quadros demenciais.

Nas mitocôndrias em uma via metabólica independente do folato, a

hidroxicobalamina é metabolisada a adenosil-cobalamina pela ação da enzima

adenosil-transferase47, 93, 98. A 5-deoxiadenosilcobalamina é necessária para a

síntese da Sucinil Coenzima A na qual atua como cofator da L-metilmalonil-

CoA mutase que catalisa a conversão de L-metilmalonil-CoA em succinil-

CoA22, 47, 93, fundamental na síntese das porfirinas a partir da glicina e

conseqüentemente para a síntese da hemoglobina, mioglobina, e citocromos47,

93. A deficiência de adenosilcobalamina compromete também a síntese de

carboidratos e ácidos graxos. Em conseqüência do déficit de vitamina B12, a D-

metilmalonil CoA não é convertida em sucinil CoA sendo hidrolisada em ácido

metilmalônico93, cujo nível sérico é um marcador indireto progressivamente

utilizado como um indicador do status orgânico da vitamina B12 mais preciso do

que os métodos usuais de mensuração.

3.2.6. Deficiência de Vitamina B12

3.2.6.1. Prevalência

A atenção dada à deficiência de ácido fólico de há muito reconhecida

como fator etiológico de má-formações fetais e patologias carenciais, não tem

sido acompanhada de um cuidado semelhante em relação às alterações do

status orgânico da vitamina B12, a despeito de dados epidemiológicos de

prevalência de déficit de cobalamina mostrarem dados preocupantes. Em

estudo de 2004, Linsday Allen98 publicou dados sobre a prevalência de déficit

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de vitamina B12 na população de vários países latino-americanos. A partir de

dados de amostras populacionais do México, Guatemala, Costa Rica, Cuba e

Chile, a autora conclui pela existência de pelo menos 40% de deficiência de

vitamina B12 em todas as populações estudadas em todas as faixas etárias.

Em idosos, de acordo com Clarke et al 200460 citando os dados de três

estudos realizados no Reino Unido o Oxford Healthy Aging Project (OHAP), o

National Diet and Nutrition Survey (NDNS) e o Nutrition Study do Medical

Research Council (MRC) envolvendo 3.511 participantes com idade igual ou

superior a 65 anos, a deficiência de vitamina B12 aumentou com a idade em

todos os três estudos estando presente em 1 de cada vinte idosos com idades

entre 65 e 74 anos e em pelo menos um em cada 10 indivíduos com idade

superior a 75 anos, com diferenças em valores médios atribuídas às diferentes

metodologias utilizadas. Quanto às relações entre déficit de vitamina B12 e

níveis de Hcy observou-se que o odds ratio crescente para HHcy em

indivíduos com níveis de cianocobalamina < 200 pmol/l.

Meertens99, em estudo realizado com 53 indivíduos internados com

idade igual ou maior que 60 anos, no qual se avaliou o desempenho cognitivo

em relação aos níveis de B12 e folato, encontrou níveis limítrofes ou baixos de

vitamina B12 em 26,4% dos indivíduos a despeito do aporte nutricional

adequado.

Baik e Russell94, afirmam que a deficiência de vitamina B12 atinge de

10% a 15% dos indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos e que as

publicações a respeito da prevalência de concentrações subnormais de

Vitamina B12 em idosos mostram valores que vão de 3.0% a 40% dependendo

do critério diagnóstico utilizado. Quanto aos valores normalmente aceitos como

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normais os pontos de corte previamente usados para os níveis de Cbl sérica

(150 pmol/l, 200 pg/ml) esses autores afirmam que eles são provavelmente

muito baixos e subestimam a freqüência de déficit de Vitamina B12 na

população. Estudo realizado por Ho e colaboradores100 mostrou que de 10 a

30% dos indivíduos acima dos 51 anos de idade podem apresentar má

absorção de vitamina B12 alimentar. Estudando os idosos da coorte de

Framingham, Lindenbaum e colaboradores101 encontraram uma prevalência de

12% ou mais de déficit de vitamina B12 e afirmam que quando se utilizam os

marcadores indiretos de deficiência dessa vitamina como os níveis de ácido

metilmalônico e Hcy, muitos idosos com níveis séricos dentro do

convencionado como normal, são metabolicamente deficientes de vitamina

B12 e folato.

3.2.6.2 Agentes Etiológicos

Os principais agentes etiológicos da deficiência de vitamina B12 são o

suprimento inadequado na dieta, alterações na produção do fator intrínseco

como na anemia perniciosa e na gastrite atrófica do tipo B, as alterações

funcionais e estruturais das proteínas ligadoras de vitamina B12 que afetam a

eficiência do complexo carreador TC II-B12, e a utilização freqüente de drogas

antiácidas e outros fármacos que reduzem a liberação da vitamina B12 das

proteínas47.

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• Gastrite Atrófica Tipo A

A gastrite atrófica tipo A uma alteração auto-imune, é a causa mais

comum de deficiência clinicamente aparente de deficiência de vitamina B12 nas

populações da América do Norte e da Europa. Na gastrite auto-imune ocorre a

destruição progressiva das células parietais da mucosa gástrica o que reduz a

produção do fator intrínseco. Além disso, anticorpos bloqueadores presentes

no suco gástrico podem se ligar ao sítio de ligação do fator intrínseco

impedindo a formação do complexo vitamina B12-fator intrínseco. Em seu

estágio mais avançado, a gastrite atrófica auto-imune tem como consequência

um quadro de anemia co-ocorrendo com danos neurológicos como veremos

adiante, conhecido como anemia perniciosa. A gastrite atrófica é mais

prevalente em indivíduos com idade média de 60 anos em mulheres do que

homens e atinge mais as mulheres brancas e negras do que nas latino-

americanas e asiáticas. Os portadores dessa forma de gastrite têm um odds

ratio de 3,0 para carcinoma gástrico e de 13 para tumores carcinóides48, 94 e

parece existir uma predisposição genética para esta alteração já que 20% dos

acometidos têm parentes com a doença. Auto-anticorpos para células parietais

são detectados em cerca de 90% dos portadores de anemia perniciosa94.

• Gastrite Atrófica Tipo B

A gastrite atrófica do tipo B é provocada pela infecção por helicobacter

pilori , atinge primariamente o antrum e em estágios avançados todo o

estômago. A gastrite atrófica do tipo B que produz redução da produção de

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ácido e pepsina com conseqüente redução da absorção da vitamina B12 dos

alimentos é a causa mais freqüente da deficiência subclínica de vitamina B12

nos idosos. Entre 10 a 15% dos indivíduos com mais de 60 anos apresentam

algum grau de deficiência de vitamina B12 provocada pela gastrite atrófica48.

Diferentemente dos pacientes com gastrite auto-imune, os idosos com

gastrite atrófica tipo II produzem o fator Intrínseco e neles a má absorção da

Vitamina B12 tem sido atribuída à redução da atividade da pepsina e da

secreção ácida o que interfere com a clivagem da vitamina B12 a partir das

proteínas alimentares100 e neles, a deficiência na secreção ácida do estômago

é o principal fator responsável pela redução da absorção da vitamina B12

alimentar mesmo na presença de quantidades adequadas de fator

intrínseco102. Além de prejudicar a clivagem da vitamina B12 alimentar, a

redução da acidez gástrica favorece o crescimento da flora bacteriana intestinal

fator adicional de redução da absorção da vitamina. Já a absorção da Vitamina

B12 cristalina não é afetada pois o fator intrínseco continua a ser produzido em

quantidades suficientes94.

A gastrite atrófica crônica é considerada uma lesão precancerosa sendo

a ocorrência de câncer gástrico maior na gastrite atrófica do tipo B devido à

sua maior prevalência e curso conjunto com a infecção por H. pilory94. A alta

prevalência de deficiência de B12 se deve a crescente prevalência de gastrite

atrófica do tipo B que ocorre em aproximadamente 20% a 50% dos idosos e

provoca déficit dessa vitamina mesmo naqueles com um aporte nutricional

adequado103.

Com relação às alterações das proteínas ligadoras de B12, nos idosos,

alterações funcionais e estruturais dessas proteínas afetam a eficiência do

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complexo carreador TCII-B12 o que tem sido apontado como um fator de

redução do status orgânico de Vitamina B12104.

• Interação com Medicamentos

Vários medicamentos de uso frequente podem afetar o status orgânico

da Vitamina B12. As Biguanidas, comumente usadas no tratamento do diabetes,

são apontadas como fatores etiológicos na redução da absorção da Vitamina

B12. Adams e colaboradores105 relatam que numa série de 46 pacientes

recebendo biguanidas, 30% apresentavam alteração na absorção de Vitamina

B12 com maior incidência nos que recebiam metformina do que naqueles

tratados com fenformina e que em 50% deles, a deficiência foi corrigida após a

retirada do medicamento. Bauman e colaboradores106 estudando os efeitos da

administração de cálcio em pacientes que apresentavam má absorção da

Vitamina B12 induzida pela metformina afirmaram que de 10% a 30% dos

pacientes tratados com metformina apresentam evidência de redução na

absorção de Vitamina B12 e que a substância prejudica a captação do

complexo fator intrínseco-Vitamina B12 pelos receptores de superfície das

células do íleo. Os resultados desse estudo mostram que os pacientes

recebendo metformina apresentaram uma redução na absorção da Vitamina

B12 e nos níveis séricos de B12 e do complexo TC II-B12.

Em artigo publicado recentemente Chen e colaboradores107 advogam

que os efeitos nocivos da administração das biguanidas sobre as alterações

cognitivas, vão além das suas ações na redução da absorção de Cbl. Segundo

eles, a metformina administrada em doses suficientes para provocar a ativação

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da AMPK (proteinocinases ativadas pelo AMP) aumenta consideravelmente a

produção dos peptídeos β-amilóides (Aβ) que têm um papel central na

patogênese da doença de Alzheimer.

Os bloqueadores da bomba de prótons são um outro grupo

farmacológico que tem sido apontado como fator etiológico das alterações na

absorção da Vitamina B12. Bellou e colaboradores108 descreveram em 1996 o

primeiro caso de deficiência de B12 com anemia megaloblástica em um

paciente em uso prolongado de omeprazol com posologias diárias de 40 a 60

mg. Segundo os autores, os níveis séricos da vitamina estavam

“dramaticamente” reduzidos (>80 pmol/L – 108.4 pg/ml). Tanto o quadro

hematológico quanto os níveis séricos de Cbl foram normalizados com a

administração intramuscular de B12.

Avaliando os efeitos do omeprazol sobre a absorção da vitamina B12

ligada ao fator intrínseco, Marcuard e colaboradores109 concluíram que a

administração do omeprazol reduz agudamente de modo dose-dependente a

absorção dessa vitamina.

Com resultados opostos den Elzen e colaboradores, avaliando a relação

entre a utilização prolongada de inibidores de bomba de prótons e déficit de

vitamina B12 em 125 idosos (≥ 65 anos) em estudo caso-controle, não

encontraram associação entre a utilização do medicamento e níveis baixos de

Cbl e concluem afirmando não ser necessária a dosagem da vitamina B12 em

idosos utilizando essa classe de medicamentos110. Também negam essa

relação os estudos de Laine e colaboradores 111 e Howden112.

A farmacoterapia com anticonvulsivantes também tem sido apontada

como causa das alterações da absorção os dos níveis séricos da vitamina B12.

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Em artigo publicado em 1967 no British Journal of Psychiatry, Reynolds113

descreve quatro casos de epilepsia com psicose esquizóide (Schizophrenia-like

Psychoses) nos quais se aventa como fator causal da sintomatologia psicótica

uma alteração no metabolismo do folato e da vitamina B12 induzida pelo

tratamento com anticonvulsivantes. Aslan e colaboradores114 estudaram

pacientes tratados com carbamazepina, oxicarbazepina ou valproato como

monoterapia encontraram níveis séricos baixos de vitamina B12 em 17,8% dos

pacientes e 8.7% dos controles. A maior correlação entre a terapêutica com

anticonvulsivantes e alterações metabólicas foi encontrada nos pacientes

tratados com carbamazepina entre os quais 75% apresentavam níveis baixos

de B12.

3.2.7. Indicadores do Estado Orgânico da Vitamina B12

Como já visto, os métodos usuais de dosagem dos níveis séricos de

vitamina B12 são falhos por não serem específicos para a cobalamina ligada à

TC II mostrando valores que incluem as frações ligadas às TC I e TC III que

carreiam formas de vitamina B12 metabolicamente inativas47 e por conta do

“turnover” lento dessa vitamina o que pode provocar a discrepância entre os

níveis séricos e o status intracelular48. Assim, para melhor entender e

monitorar os efeitos deletérios da deficiência de vitamina B12 particularmente na

população idosa, propõem-se agora, o conceito de déficit subclínico ou

metabólico, uma vez que para a maioria dos indivíduos inclusive os idosos, a

deficiência de vitamina B12 de acordo com os pontos de corte clássicos é um

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fato raro, mas são crescentes as evidências de que em indivíduos com valores

de B12 na faixa inferior da normalidade já se observam os efeitos da carência

dessa vitamina na patogênese do declínio neurocognitivo anormal115. Portanto

seriam considerados em estado de déficit metabólico os indivíduos nos quais

se detectem valores de B12 <300 pmol/l , notadamente naqueles que

apresentem níveis de vitamina B12 <200 pmol/l e Hcy >20 µmol /l.60, 116. Vários

autores propõem que a utilização dos chamados marcadores indiretos de

vitamina B12 permite uma mensuração mais confiável do quadro orgânico

dessa vitamina. De acordo com Baik e Russell94, o diagnóstico laboratorial de

déficit de B12 pode ser dado através da determinação dos níveis séricos de

cobalamina, do ácido metilmalônico (MMA) e da holotranscobalamina II

(vitamina B12 ligada à TC II). Como já visto, em conseqüência do déficit de

vitamina B12, a D-metilmalonil CoA não é convertida em sucinil CoA sendo

hidrolisada em ácido metilmalônico93. A mensuração do nível sérico de ácido

metilmalônico que diferentemente da homocisteína independe dos níveis de

ácido fólico, tem sido usado como um marcador indireto e específico dos níveis

de cobalamina. Joosten e colaboradores59 compararam os níveis de Vitamina

B12 e de ácido metilmalônico em idosos saudáveis com idade entre 65 a 88

anos (média 76) e naqueles hospitalizados, com idades entre 61 e 97 anos

(média 79 anos). Os níveis de MMA (faixa normal 62-247 nmol/l) estavam

elevados em 30% nos idosos saudáveis e em 51% daqueles hospitalizados

embora a prevalência de déficit de B12 utilizando-se um ponto de corte de 103

pmol/l (140 pg/ml) fosse de apenas 6% e 5% respectivamente.

A mensuração dos níveis de Holotranscoblamina II é outro marcador

confiável do status de B12. Em estudo realizado por Herbert117, a utilização da

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dosagem de holotranscobalamina II como marcador indireto, mostrou um déficit

desta vitamina em 35% dos idosos entre 65 e 95 anos.

3.2.8. Fisiopatologia das Alterações Consequentes ao Déficit de Vitamina B12

A deficiência de Vitamina B12 tem importante impacto nos sistemas

hematopoiético e nervoso. No sistema hematopoiético, a alta sensibilidade aos

déficits de B12 se deve ao elevado turnover das células sanguíneas afetando

também outros tecidos de turnover elevado como as mucosas e o epitélio da

cérvix. O suprimento inadequado de B12 provoca replicação anormal do DNA ,

o que redunda numa incapacidade de maturação com a produção de células

morfologicamente anormais e morte celular 47.

3.2.8.1. Anemia Megaloblástica

Estados deficitários de folato e / ou de vitamina B12 podem provocar a

anemia megaloblástica que se caracteriza pela presença na circulação de

ertirócitos imaturos cujo fator causal é o prejuízo na síntese do DNA provocada

pela redução na síntese de timidina a partir do dUMP o que leva à incorporação

errônea de uracil no DNA não afetando de forma significativa a síntese do

RNA48, 118. A deficiência de vitamina B12 é um fator causal decisivo nas

alterações da síntese do DNA uma vez que nesses estados deficitários o metil-

tetrahidrofolato formado ao final do circuito metabólico da síntese do timidilato

não retorna a esse circuito na forma de folato livre (THF) ficando aprisionado

como metil-tetrahidrofolato metabolicamente inativo. Com já visto, o aporte de

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folato sintético que é reduzido diretamente a THF, escapa a esse bloqueio

metabólico e dessa maneira níveis elevados de folato podem corrigir a anemia

megaloblástica e impedir o diagnóstico precoce da deficiência de B12 o que leva

ao estabelecimento de danos neurológico irreversíveis cujas características

veremos adiante55.

3.2.8.2. Anemia Perniciosa

Assim denominada em função do dano neurológico que a acompanha, a

anemia perniciosa tem na deficiência de vitamina B12 o seu fator etiológico

específico, é provocada pela gastrite atrófica tipo A sendo a causa mais comum

de deficiência clinicamente aparente de deficiência de vitamina B12 nas

populações da América do Norte e da Europa. A anemia perniciosa é o estágio

final da gastrite auto-imune na qual a destruição progressiva das células

parietais da mucosa gástrica e a redução da ligação da vitamina B12 nos sítios

de ligação do fator intrínseco reduzem dramaticamente a sua

biodisponibilidade48, 94.

3.2.9. Manifestações Neuropsiquiátricas da Deficiência de Vitamina B12

3.2.9.1. Alterações Estruturais

No sistema nervoso, a deficiência de Vitamina B12 pode provocar dano

irreversível ocorrendo edema dos neurônios, desmielinização e apoptose

neuronal na medula espinhal e no córtex cerebral. Uma vez que os danos

neurológicos podem estar dissociados das alterações no sistema

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hematopoiético deve-se considerar a possibilidade da deficiência da Vitamina

B12 como fator etiológico em pacientes idosos com demência e alterações

psiquiátricas mesmo na ausência de anemia47.

Allen e Lindenbaum22, afirmam que aproximadamente 1/3 dos

portadores de deficiência de vitamina B12 desenvolvem uma grande variedade

de anormalidades psiquiátricas não focais que envolvem a desmielinização do

sistema nervoso alterações essas que não são encontradas nos portadores de

deficiência de folato. Segundo esse autores, a causa das anormalidades

psiquiátricas encontradas nos portadores de déficit de Cbl seria uma redução

na atividade da enzima L-metilmalonil-CoA mutase com o conseqüente

aumento da concentração da propionil-CoA que substituiria a acetil-CoA na

síntese de ácidos graxos levando à síntese de ácidos graxos com um número

ímpar de átomos carbono. A metilmalonil-CoA pode também substituir a

malonil-CoA na biosíntese de ácidos graxos produzindo a formação de ácidos

graxos de cadeia ramificada. Segundo Metz119, a formação de ácidos graxos

com número ímpar de átomos de carbono e de ácidos graxos com cadeia

ramificada pode afetar a integridade da mielina e produzir desmielinização.

Com uma visão diferente, Bender48 afirma que a falha da metilação da arginina

na proteína básica da mielina provocada pela carência de Vitamina B12 é a

principal causa de desmielinização uma vez que diferentemente do observado

em outros tecidos, os processos de metilação no sistema nervoso são

particularmente dependentes da SAM formada pela MS e dependente da

Vitamina B12. Independentemente do mecanismo fisiopatológico subjacente,

2/3 dos portadores de deficiência de Vitamina B12 apresentam manifestações

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neurológicas de neuropatia periférica ou degeneração subaguda combinada da

medula espinhal48 (fig10).

Figura 10 - Degeneração subaguda combinada da medula espinhal por deficiência de Vitamina B12.

Fonte: Lin, Vermom W. Spinal Cord Medicine Principles and practice. Demos Medical Publishing, Inc. 2003.

3.2.9.2. Aspectos Clínicos

As alterações estruturais descritas na secção anterior produzem uma

série de sinais e sintomas neurológicos sendo as parestesias e ataxias os

sintomas neurológicos mais precoces da deficiência de Vitamina B12. Ao exame

clínico, a diminuição da sensação vibratória e da propriocepção dos membros

inferiores são os achados mais comuns resultando em desequilíbrio e

alteração dos reflexos tendinosos profundos23. Em estágios mais avançados

podem ocorrer confusão mental, alterações do humor, alterações de memória e

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até perda da visão central. Em alguns casos podem ser observadas delusões,

alucinações ou mesmo psicose plena. Estas alterações são progressivas e

podem cursar como sintomas isolados ou concomitantes, tais como alterações

motoras e sensoriais (mielopatias e neuropatias) e distúrbios esfincterianos.

Quanto às alterações neuropsiquiátricas, observa-se comprometimento

cognitivo, que pode incluir perda de concentração, alterações da memória,

desorientação, demência plena com ou sem alteração do humor, anosmia e

depressão47, 94. Pennix e colaboradores116 encontraram uma razão de chance

de 3,0 para depressão grave em indivíduos com déficit funcional de B12 Baik e

Russel94 citando vários estudos, afirmam que as síndromes cognitivas como

demência, alucinações, psicose, depressão, comportamento violento e

alterações de personalidade não apresentam uma ligação freqüente com o

déficit de B12, mas a sua presença dever ser avaliada como causa possível.

Dependendo da duração dos sintomas as complicações neurológicas da

deficiência de B12 podem ou não ser revertidas pelo tratamento sendo menor a

probabilidade de recuperação nos casos de déficits de longa duração. As

conseqüências clínicas da Deficiência de vitamina B12 são particularmente

importantes em Idosos. Healton23 afirma serem elas mais comuns na sétima

década de vida e que apenas 20% dos pacientes se tornam sintomáticos antes

dos 50 anos.

Ao contrário do que se acreditava anteriormente, estudos recentes

demonstram que ao invés de representar um estágio tardio da deficiência de

vitamina B12, as alterações neurológicas podem ocorrer na ausência de

anormalidades hematológicas e muitos dos idosos com deficiência de Vitamina

B12, não apresentam os clássicos sinais dessa deficiência como a anemia

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megaloblástica. Estudos revelam que a ocorrência de achados neurológicos

ligados à deficiência de Vitamina B12 é inversamente correlacionada com o

grau de anemia, ou seja, indivíduos com anemia intensa apresentam pouca ou

nenhuma manifestação neurológica e vice versa23, 94, 101, 120. De acordo com

Meetens e Solano99, em estudo realizado com idosos institucionalizados, níveis

limítrofes ou baixos de B12 estavam significativamente associados a alterações

na função mental.

3.3. Homocisteína

3.3.1 Caracterização

A homocisteína (Hcy) é um aminoácido sulfurado citotóxico presente no

organismo como um metabólito intermediário no ciclo da metionina que na

forma de S-adenosilmetionina (SAM) é o principal doador de grupos metil para

a síntese de proteínas, fosfolipídeos e neurotransmissores. O circuito

metabólico que envolve a metionina a homocisteína e as coenzimas do folato é

também essencial para a síntese, o reparo e a metilação do DNA. A elevação

dos níveis séricos de Hcy reflete o acúmulo intracelular desse aminoácido cujas

conseqüências são particularmente danosas para o sistema nervoso121, 122.

3.3.2. Metabolismo da Homocisteína

São três os trajetos metabólicos dos quais a Hcy é passo intermediário.

O primeiro trajeto refere-se à re-síntese da metionina pela metionina sintetase.

Nessa via metabólica, a Hcy é metilada em metionina em uma reação

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dependente do metil-tetrahidrofolato como doador do grupo metil para a síntese

da metilcobalamina de onde a MS transfere o grupamento metil que converte a

Hcy em metionina. Em outra via metabólica independente do folato e da

vitamina B12, a enzima cistationina sintetase, converte a Hcy em cistationina

numa reação da qual participa o piridoxal 5-fosfato (Vitamina B6)121.

Finalmente, como uma terceira via metabólica, a homocisteína é remetilada em

metionina pela betaína metiltransferase uma via alternativa para a re-síntese da

metionina que de acordo com Weir e Scott, está presente em órgãos como os

rins e o fígado, mas não no sistema nervoso, o que faz com que neste, as

reações de metilação dependam fundamentalmente do circuito metabólico da

metionina sintetase123.

De acordo com Selhub121, a via metabólica preferencial para o

metabolismo da Hcy através da re-síntese da metionina ou do catabolismo via

cistationina depende da disponibilidade tecidual da SAM que age como um

inibidor halostérico da metionina sintetase e como um ativador da cistationina

sintase ou seja, níveis elevados de SAM inibem a re-metilação da homocisteína

em metionina e ativam o trajeto metabólico através do qual a Hcy é convertida

em cistationina. Já para Weir e Scott123, a quantidade de Hcy remetilada e a

que vai seguir o trajeto metabólico da cistationina dependem da concentração

intracelular da Hcy sendo que em condições normais, a via da re-metilação é a

preferencial numa razão de 3 para 1, situação que se inverte no período pós-

prandial quando ocorre grande influxo celular de metionina.

A metionina disponível por via alimentar, não é suficiente para a síntese

da quantidade de SAM necessária para as muitas reações bioquímicas de

metilação das quais participa e por esse motivo, a síntese de novo da

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metionina via re-metilação da Hcy dependente da metionina sintetase,

desempenha papel importante na estabilidade dos processos bioquímicos de

metilação dependentes da SAM122, 123.

3.3.3. Hiperhomocisteinemia

3.3.3.1. Etiologia

• Fatores Genéticos

Entre os fatores que podem provocar quadros de hiperhocisteinemia,

destacam-se as alterações genéticas que provocam deficiências das enzimas

envolvidas nos trajetos metabólicos do folato e da vitamina B12. Essas

alterações são raras e resultam em deficiências de cistationina β-sintetase,

metileno-tetrahidrofolato redutase e da metionina sintetase121.

De acordo com den Heijer e colaboradores124, vários estudos têm

demonstrado uma influência substancial da hereditariedade na

hiperhomocisteinemia.

• Deficiências Nutricionais

As deficiências de vitamina B12 e do folato são as causas mais

freqüentes da elevação dos níveis de Hcy e têm maior interesse clínico em

virtude de sua prevalência e por diferentemente das alterações devidas a

causas genéticas, serem passíveis de manejo através de intervenções

dietéticas e/ou farmacológicas125, 126.

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A figura 11 sintetiza as inter-relações metabólicas entre o folato, a

vitamina B12 e a homocisteína e põe em relevo as enzimas envolvidas.

Figura 11 - Inter-relações metabólicas Folato, Vitamina B12, Metionina e Hcy.

Fonte: Fenech, M; 2001; The role of folic acid and Vitamin B12 in genomic stability of human cells; Mutation Research 475

(2001) 57-67

3.3.3.2. Fisiopatologia da hiperhomocisteinemia

• Hiperhomocisteinemia e dano vascular

Um número crescente de publicações tem apontado a importância da

hiperhomocisteinemia em uma série de alterações estruturais e funcionais

notadamente no aparelho cardiocirculatório e no sistema nervoso. Uma

questão central nos estudos que avaliam o papel da Hcy nas diversas

patologias nas quais ela parece estar implicada é segundo Bottiglieri e Diaz-

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Arrastia82, esclarecer se os níveis elevados de HCy plasmática são um mero

marcador das deficiências de folato e de outras vitaminas B (B12 e B9), ou se

através de outros mecanismos fisiopatológicos, a hiperhomocisteinemia seria o

fator etiológico primário.

De um modo ou de outro, níveis elevados de Hcy têm sido apontados

como fator preditor de alterações neurovasculares127-129, disfunções

cognitivas70, 130-132, patologias degenerativas como a Doença de Alzheimer70, 90,

99, 132, 133 e doença de Parkinson90, 134.

De acordo com Seshadri e Wolf135, após o primeiro estudo feito por

McCully mostrando a associação entre níveis elevados de Hcy e aterosclerose,

estudos epidemiológicos mostraram que a elevação dos níveis de Hcy

antecedem e são preditores da ocorrência de infarto do miocárdio e AVC. Em

apoio a essas observações, pesquisas de laboratório têm apontado a

hiperhomocisteinemia como fator causal de alterações na função dos

receptores de lipoproteínas de baixa densidade, do aumento da

formação de placas ateromatosas nas grandes artérias, da proliferação da

musculatura lisa dos vasos, e do prejuízo da atividade endotelial, implicadas na

elevação do risco de alterações tromboembólicas. Em artigo de revisão, Faraci

e Lentz 136 afirmam que níveis elevados da Hcy circulante, produzem alterações

complexas na parede vascular que incluem estresse oxidativo, efeitos

proinflamatórios como a expressão do fator ά de necrose tumoral e disfunção

endotelial. Falando a favor de uma ação vasolesiva direta da Hcy, um estudo

realizado por Robertson e colaboradores137 mostrou que mesmo após a

fortificação mandatória das farinhas com ácido fólico que reduziu a níveis

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mínimos a deficiência de folato, existe uma correlação direta estatisticamente

significativa entre os níveis de Hcy e o tamanho das placas carotídeas

consideradas um forte preditor de patologias cardiocirculatórias.

A ação vasolesiva da Hcy é há muito reconhecida como fator de risco

cardiocirculatório138-140 emerge agora como um importante fator de risco para

alterações vasculares cerebrais. Vários estudos têm demonstrado a relação

entre a Hiperhomocisteinemia e as doenças vasculares cerebrais136 e apontam

os níveis elevados de Hcy como um potencial fator de risco para micro e

macroangiopatia cerebral por seu efeito deletério nas paredes arteriais141. Em

um estudo realizado com 219 casos e 205 controles visando avaliar a

correlação entre os níveis de Hcy e as chances de acidentes vasculares

cerebrais (AVC) isquêmicos inclusive quanto aos subtipos, Eikelboom e

colaboradores142 concluíram pela existência de uma associação forte e gradual

entre os níveis de Hcy e os AVC isquêmicos devidos principalmente à

patologias dos grandes vasos, e em menor intensidade às patologias dos

pequenos vasos, não se observando correlação entre os níveis de Hcy e os

AVC de origem cardioembólicas e outros subtipos. Este estudo evidencia que

quando divididos em quartis, em comparação com os sujeitos cujos níveis de

Hcy se situavam no quartil inferior, aqueles alocados no segundo, terceiro e

quarto quartis, apresentavam uma razão de chance para esses tipos de AVC

de respectivamente 3,0 (IC 95% 0,8-10,8); 5,6 (IC95% 1,6- 2,0) e 8,7 (95%IC

2,4-3,2). De acordo com os autores, nos indivíduos com níveis séricos de Hcy

entre 10 e 15 µmol/L cada aumento de 5 µmol/L eleva a chance de ocorrer um

AVC em 2,7 vezes (IC 95%1,4-5,1) o que caracteriza um dado de grande

relevância clínica. Em discordância com a maioria dos estudos que apontam

Page 92: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

para a correlação direta entre os níveis de Hcy e o dano vascular , Moata e

colaboradores, afirmam que a reversão do dano endotelial pela administração

de ácido fólico, independe dos níveis de Hcy46.

• Homocisteína, Excitotoxicose e Apoptose

Analisando outros mecanismos através dos quais a Hcy pode estar

implicada na gênese das alterações degenerativas que conduzem aos quadros

demenciais, Lipton e colaboradores143 destacam que o ácido homocistéico um

metabólito da Hcy, é um agonista dos receptores excitatórios N-metil-D

aspartato (NMDA). Em condições de hiperhomocisteinemia, o acúmulo desse

metabólito pode produzir hiper-ativação desses receptores e provocar dano

neuronal por excitotoxicose. Outros autores também advogam a hipótese de

uma ação neurotóxica direta da HHcy, incluindo o acima citado como um dos

vários mecanismos através dos quais a Hcy seria um agente direto das

alterações neuronais, ao invés de um simples marcador dos déficits de folato

e/ou vitamina B12 vistos por muitos como a causa real das alterações funcionais

e estruturais do sistema nervoso disfunções cognitivas com ou sem dano

estrutural144. Estudos in vitro confirmam essa ação neurotóxica direta. White e

colaboradores145 estudando culturas de neurônios, concluíram que a Hcy

potencia os efeitos tóxicos do cobre e do peptídeo β-amilóide um possível

trajeto para os eventos neurodegenerativos que provocam as demências

degenerativas tipo Alzheimer. Kruman e colaboradores146 mostraram que a Hcy

provoca apoptose em neurônios hipocampais de ratos e que um dano ao DNA

Page 93: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

seria a alteração básica que conduziria à apoptose e a um estado

hipersensibilidade neuronal causadora de excitotoxicose.

• Homocisteína e Alterações Estruturais Cerebrais

Segundo Hogervorst e colaboradores147 a patologia da substância

branca conhecida com leucoaraiosis detectada na ressonância magnética

(fig12) como áreas difusas de hiperintensidade, é relacionada com a pressão

sistólica e os níveis séricos de HCy e pode ser um outro mecanismo através do

qual a hiperhomocisteinemia promove alterações degenerativas do sistema

nervoso. Scott e colaboradores148 estudaram as relações entre HCy, folato e

Vitamina B12 e as mudanças no volume cerebral e na substância branca

através da ressonância magnética em 34 idosos com patologias psiquiátricas e

afirmaram que a hiperhomocisteinemia estava associada à hiperintensidade da

substância branca, mas não com a redução do volume cerebral apontando a

correlação entre níveis séricos elevados de HCy e reduzidos de folato e os

marcadores radiológicos de neuropatia. Ao contrário dos estudos já citados,

Prins e colaboradores149 estudaram em 1904 indivíduos com idade entre 60 e

90 anos, a associação entre HCy e função cognitiva, e avaliaram se ela poderia

ser mediada por alterações estruturais cerebrais detectáveis por ressonância

magnética e concluíram que a associação negativa existente entre HCy e

desempenho cognitivo não era mediada por essas alterações. Quadri e

colaboradores134 investigando as relações entre o comprometimento cognitivo

leve, a doença de Alzheimer (DA) a demência vascular e os níveis séricos de

folato, B12 e Hcy não encontraram associação significativa entre a espessura

Page 94: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

do lobo temporal medial, ou leucoaraiose e os marcadores bioquímicos nos

indivíduos dos grupos com demência vascular e DA.

Figura 12 - Leucoaraiose.

Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Leucoaraiose1.jpg

3.3.3.3. Manifestações Neuropsiquiátricas da Hiperhomocisteinemia

Abordando os mecanismos fisiopatológicos através dos quais a ação

vasolesiva da Hcy pode estar na origem dos quadros demenciais, vários

autores propõem que as alterações vasculares por ela produzidas são a causa

da doença cerebrovascular silenciosa e que esses infartos cerebrais

silenciosos estão relacionados com o aumento do risco de declínio cognitivo e

demência150-152. Estudos têm apontado a correlação entre níveis elevados de

Hcy, alterações vasculares e comprometimento cognitivo. Segundo Elias e

Page 95: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

colaboradores153, existem crescentes evidências de que os fatores de risco

para AVC e doença cardiovascular estão associados ao declínio cognitivo e

demência, e que níveis plasmáticos elevados de Hcy têm emergido como um

reconhecido fator de risco.

Segundo Morris154 contrariamente as interpretações anteriores que

apontavam a relação entre AVC e Demência tipo Alzheimer como coincidência,

as hipóteses atuais apontam que essa conexão se deve a fatores patogênicos

comuns envolvendo o folato, a Hcy ou ambos. Estudos epidemiológicos

revelaram que a demência na doença de Alzheimer era associada à evidência

de infartos cerebrais quando da autópsia e com base nessas evidências conclui

que 25% dos casos de demência podem ser atribuídos ao AVC e que alguns

dos 75% restantes poderiam ser prevenidos reduzindo-se os níveis séricos de

Hcy154. Estudando a correlação entre os níveis séricos de Hcy e o risco de

demência numa amostra de 2.107 venezuelanos com idade ≥54 anos,

Chacon155 concluiu que níveis elevados de Hcy são um forte preditor de

demência vascular, mas não de doença de Alzheimer e que a importância da

hiperhomocisteinemia como fator de risco é maior quando observada em

indivíduos mais jovens. Clarke e colaboradores133 estudaram os níveis de Hcy

folato e B12 em controles saudáveis e em pacientes diagnosticados com

portadores de demência tipo Alzheimer (DTA) e a relação entre os valores

basais de Hcy e a progressão do comprometimento demencial. Os resultados

desse estudo mostraram que níveis basais elevados de Hcy e baixos de folato

e B12 eram mais freqüentes nos pacientes que nos controles, com diferença

estatisticamente significativa. A razão de chance para DA nos pacientes cujos

valores de Hcy estavam no tercil superior (>14 µmol/L) quando comparados

Page 96: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

com os controles do tercil inferior (Hcy ≤ 11µmol/L) era de 4.5 (IC 95% , 2.2-

9.2). Um achado importante deste estudo, foi a estabilidade dos níveis de Hcy

durante a progressão da doença o que reforça a hipótese da

hiperhomocisteinemia como causa e não como conseqüência do processo

demencial. Em recente revisão sobre o reconhecimento do papel da Hcy como

agente direto das alterações estruturais subjacentes aos quadros de

comprometimento cognitivo, Smith49 revisando as publicações disponíveis

sobre o tema Hcy, déficit cognitivo e demência, conclui que a HHCY é um forte

marcador prognóstico para a atrofia cerebral, o declínio cognitivo e a demência.

4. JUSTIFICATIVA

Na investigação da etiologia das alterações cognitivas, há muito se

conhece a importância das carências nutricionais em populações idosas como

potenciais fatores preditores do baixo desempenho cognitivo e de um conjunto

de outras alterações funcionais e estruturais do sistema nervoso99.

Compreender as especificidades nutricionais e metabólicas dos idosos e suas

carências nutricionais peculiares é essencial para a promoção e manutenção

da sua independência e autonomia160.

Em virtude da escassez de estudos realizados, em países pobres e

naqueles em desenvolvimento onde as dificuldades nutricionais ainda são um

problema de saúde pública, desconhece-se a prevalência dos déficits de

vitamina B12 e Ácido fólico e suas conseqüências e portanto, a exata da

magnitude do problema. Via de regra, os números utilizados para estimar

essas prevalências são extrapolados a partir dos dados disponíveis na

Page 97: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

literatura internacional. As alterações cognitivas são um dos mais freqüentes

fatores de comprometimento da qualidade de vida dos idosos e causa

freqüente da demanda por atendimento na rede pública de saúde. Uma vez

que vários estudos demonstram uma correlação entre déficit cognitivo e níveis

baixos de vitamina B12 e ácido fólico e elevados de homocisteína em um

percentual importante desse contingente populacional, é de extrema

importância quantificar essa correlação em nosso meio, uma vez que a

detecção e correção precoces dessas alterações poderiam evitar os danos

provocados pelo acúmulo danoso da homocisteína e aqueles devidos a

deficiência de folato e vitamina B12 em outros trajetos metabólicos

independentes da homocisteína.

5 OBJETIVO

Este estudo visou determinar os níveis séricos de folato, vitamina B12 e

homocisteína em uma amostra de idosos atendidos na rede pública de saúde

do município de Natal / RN e avaliar a possível correlação entre essas variáveis

bioquímicas e o desempenho cognitivo desses indivíduos.

6 MATERIAL E MÉTODOS

6.1 Características do Estudo e da Amostra

Page 98: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

Foi desenvolvido um estudo analítico de caráter transversal envolvendo

duzentos e cinco indivíduos (61 homens e 144 mulheres) com idade igual ou

maior de sessenta anos e média de idade de 70,7 ± 7,7 anos, visando avaliar

as possíveis relações entre os níveis de ácido fólico vitamina B12, homocisteína

e o desempenho cognitivo. O estudo foi realizado em Natal, cidade costeira

com uma população estimada em cerca de 800.000 mil habitantes, capital do

estado do Rio Grande do Norte, localizado na região nordeste do Brasil. Os

indivíduos incluídos no estudo predominantemente de baixa renda, fazem parte

da clientela atendida nas unidades do Programa de Saúde da Família e foram

recrutados nas várias regiões geográficas nas quais se divide a cidade,

buscando-se dessa maneira obter uma amostra representativa da população

do município.

Todos os participantes receberam explicação detalhada sobre os

objetivos do estudo e os métodos a serem utilizados e deram seu

consentimento informado em formulário apropriado (Anexo A) uma cópia do

qual permanecia em poder do indivíduo. O projeto de pesquisa e os

instrumentos utilizados para sua realização foram submetidos a avaliação e

aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte.

6.2 Critérios de Inclusão

Foram considerados aptos a participar do estudo:

• Indivíduos de ambos os sexos

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• Idade igual ou maior que 60 anos

• Sem diagnóstico de enfermidade clínica consumptiva ou quadros

clínicos não controlados

• Que através de consentimento informado assinado, concordem com sua

participação.

6.3 Critérios de Exclusão

Foram excluídos do estudo

• Indivíduos com história compatível com outras enfermidades

neuropsiquiátricas, que não déficits cognitivos.

• Com história atual de consumo de drogas psicoativas.

• Que na ocasião da seleção faziam ou fizeram uso ou nos últimos 180

dias de medicação ou suplementos alimentares contendo vitaminas do

complexo B

6.4 Coleta de Dados

A coleta de dados realizada por uma equipe composta por uma

psicóloga, uma nutricionista uma fisioterapeuta uma enfermeira e um médico,

consistiu na aplicação de questionários multidisciplinares (Anexos B, C, D, E)

que incluíam:

• Dados de identificação pessoal (Idade, sexo, naturalidade, endereço).

• Perfil sociodemográfico (Escolaridade, estado civil, composição familiar,

renda familiar, status do idoso na hierarquia econômica do grupo

familiar, padrão de moradia, grau de satisfação com as condições físicas

Page 100: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

da habitação e com o relacionamento com as pessoas com as quais

reside).

• Condições gerais de saúde (Saúde auto-percebida, patologias em curso,

medicamentos utilizados, grau de comprometimento nas atividades da

vida diária e freqüência de procura por atendimento médico ambulatorial

e/ou hospitalar).

• Padrão alimentar e condições nutricionais através de questionário

apropriado complementado pela determinação de parâmetros

bioquímicos conforme detalhado abaixo.

• Desempenho cognitivo via aplicação do Mini-Exame do Estado Mental

6.5 Determinação das Variáveis Bioquímicas e Hematológicas

Para a determinação dos valores séricos de ácido fólico, vitamina B12 e

homocisteína, e parâmetros hematológicos avaliados, de cada participante do

estudo foram obtidas duas amostras de 10 ml de sangue através de punção

da veia cubital mediana obtidas com os pacientes sentados, em jejum de pelo

menos 10 horas, nas primeiras horas da manhã e coletadas em tubos a vácuo

(vacutainer BD do Brasil).

6.5.1 Variáveis Bioquímicas

Para a determinação das variáveis bioquímicas as amostras foram

coletadas em tubos a vácuo com gel separador (vacutainer BD do Brasil) e

Page 101: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

conservados em gelo para transporte até o local de realização das dosagens

(Laboratório de Análises Clínicas e Tóxicológicas da Universidade Potiguar)

onde eram centrifugadas a 3000 gx após coagulação em temperatura ambiente

durante 5 minutos para separação da fase líquida do sangue e eram

congeladas para processamento posterior. As dosagens foram realizadas por

imunoensaio competitivo por metodologia de quimioluminescência em

equipamento automatizado IMMUlLITE 2000 utilizando-se o kit DPC

desenvolvido pela MedLab (Medlab, Los Angeles, CA, USA) com os seguintes

detalhes de procedimento para cada substância de acordo com as

especificações do fabricante:

Homocisteína

Método: Quimioluminescência

A amostra foi transferida para um tubo de reação com uma esfera se

poliestireno revestida com anticorpo anti-homocisteína. Durante a incubação

de 30 minutos a Hcy foi liberada das proteínas ligantes da amostra. A esfera foi

lavada e fosfatase alcalina utilizada como marcador enzimático marcada com

anti-ligante foi adicionada. Após o período de incubação final, a fosfatase

alcalina marcada com ligante ligou-se à Hcy marcada com ligante presente na

superfície da esfera.

A enzima não ligada conjugada foi removida por lavagem centrífuga.

O substrato foi adicionado e a reação de quimioluminescência ocorreu gerando

luz, a quantidade de luz emitida foi medida pelo tubo fotomultiplicador e o

resultado do teste foi calculado e impresso.

Page 102: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

Ácido Fólico

A amostra juntamente com o ácido fólico marcado com ligante foi primeiro

tratada com DTT (ditiotreitol) num tubo de reação sem esfera e depois com

KCN (cianeto de potássio) num segundo ciclo de tratamento.

A amostra tratada foi transferida para um segundo tubo de reação com uma

esfera de poliestireno revestida com anticorpo de proteína ligante anti-folato

(FBP). Durante a incubação de trinta minutos, o ácido fólico foi liberado das

proteínas ligantes na amostra. A esfera foi lavada e fosfatase alcalina marcada

com antiligante foi adicionada. Após trinta minutos de incubação final, a

fosfatase alcalina marcada com antiligante ligou-se ao folato marcado com

ligante presente na superfície da esfera. A enzima não ligada conjugada foi

removida por lavagem centrífuga. O substrato foi adicionado e a reação de

quimioluminescência ocorreu gerando luz. A quantidade de luz emitida foi

medida pelo tubo fotomultiplicador e o resultado do teste foi calculado e

impresso.

Vitamina B12

A amostra juntamente com ditiotreitol (DTT) e uma solução de hidróxido de

sódio / cianeto de potássio num tubo de reação sem esfera, foi incubada

por trinta minutos. A amostra tratada foi transferida para um segundo tubo de

reação com uma esfera de poliestireno, revestida de Vitamina B12 e fator

intrínseco de porco (HIF) e um anticorpo marcado com fosfatase alcalina

específica para HIF.

Page 103: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

Durante a incubação de 60 minutos, a Vitamina B12 liberada das proteínas de

ligação endógenas compete com a Vitamina B12 imobilizada por ligação com o

HIF. O anticorpo anti-HIF marcado com fosfatase alcalina ligou-se ao HIF

ligado à esfera revestida com Vitamina B12. O conjugado da enzima não ligado

foi removido pela lavagem centrífuga. O substrato foi adicionado e a reação de

quimioluminescência ocorreu gerando luz. A quantidade de luz emitida foi

medida pelo tubo fotomultiplicador e o resultado do teste foi calculado e

impresso

6.5.2 Variáveis Hematológicas

Para a determinação dos parâmetros hematológicos, realização do

hemograma as amostras de sangue foram coletadas através de procedimento

semelhante ao anteriormente descrito, utilizando-se tubos a vácuo (Vacutainer

BD do Brasil) com anticoagulante etilenodiaminotetracético (EDTA) e

conservados em gelo para transporte até o local de realização das dosagens

(Laboratório de Análises Clínicas e Tóxicológicas da Universidade Potiguar). A

contagem de células utilizando-se 30µl de sangue total foi realizada em

contador de células hematológicas ADVIA 60 (Bayer do Brasil) sendo

posteriormente feita a contagem manual após distensão em lâmina das

amostras, que eram coradas com corante hematológico Leischman (Merck do

Brasil).

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7 RESULTADOS

Nesta seção serão apresentados os resultados divididos de acordo com

o tipo de análise estatística realizada. Inicialmente serão apresentados os

resultados da análise descritiva seguido de análise bivariada e finalmente, a

análise multivariada. Os detalhes de cada procedimento de análise estarão

descritos no início de cada apresentação dos dados.

7.1 Análise Descritiva da Amostra Populacional Estudada

Os resultados da análise descritiva são apresentados através das

medidas de tendência central (média e mediana) e dispersão (desvio padrão),

para as variáveis contínuas. Para as variáveis categóricas foram utilizadas a

apresentação de distribuição das frequências absolutas (n) e frequências

relativas. Neste sentido, os dados que caracterizam a amostra estudada estão

apresentados em formato de tabelas e gráficos (barras e histogramas).

7.1.1 Perfil Sócio-demográfico

Na tabela 2 estão apresentados os dados sobre as condições sócio-

demográficas. No tocante à caracterização social da amostra observamos a

prevalência elevada de mulheres (70,2%), sujeitos de baixa renda (≤160

dólares mensais) e um elevado percentual de analfabetos (44%) com apenas

17,6% dos incluídos no estudo tendo cinco ou mais anos de escolaridade.

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Tabela 2 – Características sócio-demográficas da amostra total dos sujeitos estudados (n = 205).

Variáveis Sexo Faixa Etária Total M F 60-69 70-79 > 80

Escolaridade

Analfabeto 30 33% 61 67% 43 47,3% 35 38,5% 13 14,3% 91 44,4% 1 a 4 anos 17 21,8% 61 71,2% 37 47,4% 28 35,9% 13 16,7% 78 38%

5 ou mais anos 14 38,9% 22 61,1% 21 58,3% 11 30,6% 4 11,1% 36 17,6%

Cor Branca 27 32,9% 55 67,1% 34 41,5% 30 36,6% 18 22% 82 40% Parda 27 30% 63 70% 51 56,7% 32 35,6% 7 7,8% 90 43,9% Negra 7 21,2% 26 78,8% 16 48,5% 12 36,4% 5 15,2% 33 16,1%

Estado civil

Casado 46 47,4% 51 52,6% 51 52,6% 37 38,1% 9 9,3% 97 47,3% Viúvo 6 9% 61 91% 28 41,8% 25 37,3% 14 20,9% 67 32,7% Solteiro 1 6,7% 14 93,3% 6 40% 5 33,3% 4 26,7% 15 7,3% Divorciado 7 28% 18 72% 16 64% 7 28% 2 8% 25 12% Não respondeu 1 100% 0 0% 0 0% 0 0% 1 100% 1 ,5%

Tipo de Moradia

Tijolo 58 30,9% 130 69,1% 91 48,8% 70 37,2% 27 14,4% 188 93,1% Taipa 0 0% 3 100% 1 33,3% 1 33,3% 1 33,3% 3 1,5% Outro 1 100% 0 0% 1 100% 0 0% 0 0% 1 ,5% Não respondeu 2 20% 8 80% 5 50% 3 30% 2 20% 10 5%

Relacionamento

Familiar

Mau 5 23,8% 16 76,2% 11 52,4% 10 47,6% 0 0% 21 11,9% Bom 45 32,8% 92 67,2% 69 50,4% 48 35% 20 14,6% 137 77,8% Não respondeu 3 16,7% 16 83,3% 6 33,3% 6 33,3% 6 33,3% 18 10,2%

Renda Familiar Até 01 salário 25 26,9% 68 73,1% 49 52,7% 31 33,3% 13 14% 93 45,4% Até 02 salários 21 29,6% 50 24,4% 28 39,4% 34 47,9% 9 12,7% 71 34,6% Até 03 salários 9 34,6% 17 64,4% 14 53,8% 5 19,2% 7 26,9% 26 12,7% 4 ou mais salários

6 40% 9 60% 10 66,7% 4 26,7% 1 6,7% 15 7,3%

7.1.2 Parâmetros Antropométricos

Quanto aos parâmetros antropométricos, a amostra total apresentou

valores médios compatíveis com a idade dos sujeitos. A média de peso na

amostra foi de 62,0±12,3 kg, sendo os homens com valores médios mais

elevados com 65,9±12,2 kg, e as mulheres com 60,5±12,8 kg. Calculando-se o

IMC, observa-se que 50% dos sujeitos da amostra apresentaram um valor

Page 106: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

acima 27,1 neste índice, com uma variação de 16,8 a 46,2. Estratificando os

valores do IMC segundo o sexo, observaram-se valores médios mais elevados

para o sexo feminino, IMC 27,3 do que para os homens IMC 25,2 (gráfico 1).

Gráfico 1 - Valores do Índice de Massa Corporal (IMC) segundo o sexo.

FEMININOMASCULINO

IMC

52,00

50,00

48,00

46,00

44,00

42,00

40,00

38,00

36,00

34,00

32,00

30,00

28,00

26,00

24,00

22,00

20,00

18,00

16,00

14,00

12,00

10,00

8,00

7.1.3 Prevalência de Patologias

Quanto aos percentuais de freqüências relativas do número de

patologias encontrado na amostra estudada os dados analisados mostram que

apenas 16,1% dos idosos estão livres de patologias, e que mais de 40% dos

sujeitos apresentam 2 ou mais patologias (gráfico 2).

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Gráfico 2 - Distribuição de freqüências relativas do número de patologias na amostra estudada.

Número de patologias3 ou mais patologias2 Patologias1 PatologiaSem Patologias

%50

40

30

20

10

0

No que diz respeito ao tipo de patologias mais prevalentes na amostra, a

hipertensão apresenta a prevalência mais elevada, com um total de 63,4% dos

sujeitos sendo que mulheres e homens respondiam por respectivamente

63,89% e 63,93% do total após ajuste pela representação do gênero na

amostra (gráfico 3).

Quanto à presença de sintomatologia depressiva recente, utilizando-se

para sua detecção os itens A1 e A2 da versão brasileira do Mini International

Neuropsychiatric Interview para episódio depressivo maior (MINI) 156 incluídos

no questionário de aspectos biológicos e de saúde, (Anexo D) do total de

indivíduos incluídos no estudo 33 (16,1%) apresentava sintomatologia

compatível com quadro depressivo sendo que mulheres e homens respondiam

por respectivamente 19,44% e 8,2%.

Page 108: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

Gráfico 3 - Distribuição de freqüências relativas do tipo de patologias na amostra estudada.

OSTEOPOROSEARTRITEDEFICIÊNCIA VISUAL

REUMATISMODIABETESCÂNCERAVCHIPERTENSÃO

%

60

40

20

0

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Tabela 3 – Freqüência de patologias por sexo e faixa etária na amostra estudada.

Variáveis Sexo Faixa etária Total

M (61) F (144) 60 a 69

(101)

70 a 79 (74) ≥80 anos (30) (205)

Distúrbio Mental N.E*

2 (3,3%) 4 (2,8%) 2 (2%) 2 (2,7%) 2 (6,7%) 6 (2,9%)

Hipertensão 40 (65,6%) 90 (62,5%) 66 (65,3%) 49 (66,2%) 15 (50%) 130

(63,4%)

AVC 3 (4,9%) 8 (5,6%) 6 (5,9%) 3 (4%) 2 (6,7%) 11 (5,4%)

Bronquite 0 (0%) 2 (1,4%) 2 (2%) 0 (0%) 0 (0%) 2 (1%)

Câncer 0 (0%) 1 (0,7%) 1 (1%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (0,5%)

Diabetes 4 (6,6%) 21 (14,6%) 13 (12,9%) 10 (13,5%) 2 (6,7%) 25 (12,2%)

Fratura quadril

0 (0%) 1 (0,7%) 1 (1%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (0,5%)

Reumatismo 3 (4,9%) 8 (5,6%) 6 (5,9%) 3 (4%) 2 (6,7%) 11 (5,4%)

Artrite 5 (8,2%) 15 (10,4%) 10 (9,9%) 8 (10,8%) 2 (6,7%) 20 (9,8%)

Artrose 9 (14,7%) 17 (11,8%) 14 (13,9%) 12 (16,2%) 0 (0%) 26 (12,7%)

Osteopenia 0 (0%) 1 (0,7%) 1 (1%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (0,5%)

Osteoporose 2 (3,3%) 9 (6,2%) 4 (4%) 6 (8,1%) 1 (3,3%) 11 (5,4%)

Defic. Visual 1 (1,6%) 7 (4,9%) 4 (4%) 4 (5,4%) 0 (0%) 8 (3,9%)

Sintomatologia. Depressiva

5 (8,2%) 28 (19,4%) 15 (14,8%) 16 (21,6%) 2 (6,7%) 33 (16,1%)

* Não especificado

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7.2 Desempenho Cognitivo

O desempenho cognitivo mensurado por meio do MEEM revelou uma

pontuação média de 19,8±4,8 pontos na amostra total de sujeitos, tendo sido

observada uma forte influência da escolaridade nos escores obtidos.

Com a amostra estratificada segundo nível de escolaridade de forma

dicotômica (alfabetizados e não-alfabetizados), os valores encontrados no

escore do MMEE são condizentes com as condições do grau de instrução

sendo a pontuação média mais alta entre os sujeitos escolarizados (21,5 ±4,3

pontos) ocorrendo o inverso em sujeitos sem escolaridade (17,6±4,6 pontos)

(gráfico 4).

Gráfico 4 - Pontuação do escore do MMEE segundo nível de escolaridade.

AlfabetizadosAnalfabetos

ES

CO

RE

ME

EM

30

25

20

15

10

5

0

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7.3 Dados Bioquímicos e Hematológicos

Os dados bioquímicos e hematológicos observados são coerentes com a

idade da amostra, onde os valores médios de Hemácias, VCM, Folato, e

Homocistéina apresentaram distribuição normalizada, com exceção da

cianocobalamina, que apresentou importante variação na medida do desvio

padrão (tabela 4).

Tabela 4 – Características bioquímicas e hematológicas da amostra total dos sujeitos estudados (n = 205)

Variáveis Media (dp ±)

VCM (fl) 87±5,1

Hemácias 4,49±0,42

Ácido Fólico (ng/ml) 11,6±4,5

Homocisteína (µmol/l) 11,0±6,2

Cianocobalamina (pg/ml) 433±231

Quanto aos parâmetros bioquímicos mensurados como expresso na

tabela 4, o nível médio de folato sérico na amostra estudada foi de 11,6 ng/ml

(±4,5) tendo sido encontrado níveis deficitários (<5ng/ml) em 3,9 % da amostra.

Quando divididos por gênero níveis deficitários de folato foram encontrados em

6,6 % dos homens em 2,8% das mulheres.

O nível sérico médio de cianocobalamina foi de 433 pg/ml (±231)

observando-se níveis deficitários (< 193 pg/ml) em 10,2 % da amostra. Quando

divididos por gênero níveis de Vitamina B12 < 193 pg/ml foram encontrados em

13,1% dos homens em 9% das mulheres. Utilizando-se o ponto de corte de

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300 pg/ml considerado por vários autores como indicativo de déficit funcional

de vitamina B12, 37,5% (N=77) dos indivíduos da amostra apresentaram

valores abaixo desse limite. Quando divididos por gênero, níveis de Vitamina

B12 indicativos de déficit funcional foram encontrados em 34,4% dos homens

em 38,2% das mulheres.

O valor sérico médio para homocisteína foi de 11,0 µmol/l(±6,2)

observando-se níveis acima de 13,5 µmol/l em 25.4 % (N=52) da amostra.

Quando divididos por gênero, níveis de homocisteína acima de 13,5

µmol/l foram encontrados em 41% dos homens em 17,4% das mulheres.

A co-ocorrência de níveis de homocisteína >13,5 µmol/l e B12 < 300

pg/ml foi encontrada em 9.8% dos indivíduos. Quando divididos por gênero,

essa co-ocorrência foi encontrada em 11,5% dos homens e em 9% das

mulheres.

A co-ocorrência de níveis de folato <5ng/ml e de homocisteína

>13,5µmol/l, foi encontrada em 2,4% dos indivíduos. Quando divididos por

gênero, essa co-ocorrência foi observada em 4,9% dos homens e em 1,4% da

mulheres.

Os níveis de Hcy apresentaram uma correlação com a idade com uma média

de 9.8µmol/l nos indivíduos na faixa etária entre 60 e 69 anos, de 11,8µmol/l

naqueles com idade entre 70 e 79 anos e de 14,1µmol/l na faixa etária de 80

anos ou mais. (p <0.002).

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8. BIOESTATÍSTICA

8.1 Análise Bivariada

Os resultados da análise bivariada são relacionados à avaliação da

magnitude de associação entre as variáveis do estudo e os valores de

homocisteína e desempenho cognitivo. Inicialmente na tabela 5 apresentamos

os valores da correlação entre os níveis de homocisteína e demais parâmetros

bioquímicos avaliados. Estes dados foram obtidos através do Coeficiente de

Correlação de Pearson. Observamos que apenas o folato apresentou

associação significativa com níveis de homocisteína, através de uma

correlação (r= -0,279).

Tabela 5 – Correlação do Coeficiente de Pearson para Homocisteína e variáveis bioquímicas.

Variáveis r p

Folato - 0,219 0,002

B12 - 0,046 0,510

A análise dos valores das variáveis sócio-demográficas e

antropométricas com os níveis de homocisteína estão apresentados na tabela

6. Estes valores foram obtidos através de regressão linear simples, tendo como

variável dependente o nível de homocisteína. Apenas as variáveis idade e sexo

mostraram associações significativas com a homocisteína.

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Tabela 6 – Análise de Regressão linear simples do nível de homocisteína e variáveis sócio-demográficas

e antropométricas.

Variáveis r ± SD p

Idade 1.897 ± 0.585 0,001

Sexo - 2.111 ± 0.917 0,022

Escolaridade - 0,171 ± 0,584 0,007

Peso 0,009 ± 0,003 0,901

IMC 0,653 ± 0,525 0,215

O gráfico de dispersão (gráfico 5) apresenta os valores séricos de

homocisteína e o escore do MEEM. Observou-se uma correlação negativa

entre as variáveis estudadas (r=0,20 p = 0,004), sugerindo assim que uma

pontuação baixa no escore do MMEE estaria associada ao um aumento dos

níveis de homocisteína na amostra estudada.

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Gráfico 5 - Relação entre níveis séricos de homocisteína e desempenho cognitivo mensurado através

do escore do Mini-mental (MEEM).

Outra observação importante quanto aos valores da homocisteína diz

respeito à idade observando-se um gradiente de aumento dos valores de

homocisteína segundo os estratos de idade (gráfico6). Esta característica do

aumento dos níveis de homocisteína com o avanço da idade é observada em

ambos os sexos, sendo na amostra estudada, mais pronunciada em idosos do

sexo masculino (gráfico7).

HOMOCISTEINA µmol/L r=0.20 p<0.004

42,00 40,00 38,00 36,00 34,00 32,00 30,00 28,00 26,00 24,00 22,00 20,00 18,00 16,00 14,00 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 -2,00

ES

CO

RE

ME

EM

30 29 28 27 26 25 24 23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10

9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

-1

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Gráfico 6 - Níveis de homocisteína por estratos de idade.

acima de 80 anos70 a 79 anos60 a 69 anos

HO

MO

CIS

TE

INA

40,00

30,00

20,00

10,00

0,00

Gráfico 7 - Níveis de homocisteína por sexo segundo estratos de idade.

acima de 80 anos70 a 79 anos60 a 69 anos

HO

MO

CIS

TE

INA

40,00

30,00

20,00

10,00

0,00FEMININOMASCULINO

SEXO

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No que diz respeito ao desempenho cognitivo na amostra estudada, os

valores obtidos foram influenciados pelo nível de escolaridade e idade (gráficos

8-9).

Gráfico 8 - Desempenho cognitivo e escolaridade.

ESCOLARIDADE5 ANOS ou Mais1 a 4 ANOSANALFABETO

ES

CO

RE

ME

EM

30

29

28

27

26

25

24

23

22

21

20

19

18

17

16

15

14

13

12

11

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

0

FEMININOMASCULINO

SEXO

Gráfico 9 - Desempenho cognitivo e idade.

Idadeacima de 80 anos70 a 79 anos60 a 69 anos

ES

CO

RE

ME

EM

30

29

28

27

26

25

24

23

22

21

20

19

18

17

16

15

14

13

12

11

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

0

FEMININOMASCULINO

SEXO

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8.2 Análise Multivariada

Na tabela 7, estão apresentados os modelos que descrevem as relações

entre a Hcy e os escores do desempenho cognitivo ajustando-se pelas demais

variáveis. No primeiro modelo foi inserido a variável anos de escolaridade pelo

fato de ter tido apresentado maior valor de correlação com o escore do MEEM

entre as variáveis estudadas. A variável idade foi introduzida juntamente com a

variável escolaridade no modelo 2, tendo sido observado uma correlação

inversa com o desempenho cognitivo, e permanecendo ambas com valores

significativos. No modelo III, foi acrescida ao modelo anterior a Hcy, tendo

observado uma correlação negativa desta com o escore do MEEM, e

permanecendo significativo os valores das variáveis deste modelo. Finalmente,

no modelo IV foi introduzido o ácido fólico, e observou-se que este não obteve

significância e alterou os valores da Hcy no modelo, o que do ponto de vista

estatístico se considera como um “overfit”. Desta forma, consideramos que o

modelo III aquele que melhor explica a relação da Hcy com o desempenho

cognitivo. Os valores do R2 da Hcy isolada explicam apenas 4% da variância

nos escore do MEEM. Apesar da Hcy ter apresentado valores modestos de

associação, quando associada às variáveis sócio-demográficas escolaridade e

idade, este modelo explica até 25% desta associação.

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Tabela 7 – Modelos de regressão linear para anos de escolaridade, idade e homocisteína (variáveis

independentes) comparados ao escore do desempenho cognitivo (MMEE) (variável dependente).

Modelos r 2 (coeficiente) p

Modelo I Anos de escolaridde

3.036

2.226 - 3.846

0.0001

Modelo II Anos de escolaridade

+ idade

2.934

-1.412

2.137 - 3.730

-2.224 - -0.600

0.0001

0.001

Modelo III

Anos de escolaridade +

idade +

Homocisteína

2.930

-1.176

-0.105

2.146 - 3.714

-2.009 - -0.342

-0.201 - -0.009

0.0001

0.006

0.032

Modelo IV Anos de escolaridade

+ Idade

+ Homocisteína

+ Folato

2.906

-1.134

-0.0972

0.0568

2.120 – 3.692

-1.973 - -0.295

-0.194 – 0.0015

-0.075 – 0.189

0.0001

0.008

0.050

0.396

9 DISCUSSÃO

O Brasil vem se destacando como um dos países emergentes de mais

alta taxa de envelhecimento populacional no mundo157, e uma das implicações

diretas deste crescimento se traduz no aumento das taxas de incidência dos

quadros de demência19, e muito provavelmente do chamado comprometimento

cognitivo leve (CCL) que mesmo não se caracterizando como quadro

demencial clássico, compromete de forma importante a qualidade de vida e o

desempenho geral dos indivíduos atingidos158. Acreditamos assim, que o

diagnóstico do CCL e a identificação de possíveis fatores de risco clinicamente

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controláveis é de extrema importância para permitir o manejo preventivo e ou

intervenções que permitam a condução mais adequada dos eventos

posteriores, uma vez que, são observadas altas taxas de progressão para

demência entre os portadores de CCL9. A detecção precoce desses quadros de

comprometimento cognitivo através da aplicação de instrumentos de aferição

de desempenho e a identificação de marcadores bioquímicos que sinalizem

possíveis alterações funcionais e/ou estruturais envolvidas na sua etiologia,

vêm sendo considerados como fundamentais no esforço para impedir que uma

parcela importante dos portadores de CCL evoluam para a demência plena.

Estudos sobre demências realizados com idosos de países em

desenvolvimento ainda são escassos. Problemas na metodologia de avaliação

em povos culturalmente distintos influenciam diretamente a qualidade dos

trabalhos publicados159 o que por sua vez, dificulta a compreensão do tipo e da

magnitude dos fatores de risco para o comprometimento cognitivo e alterações

demenciais dessas populações. O fato de que cerca de 2/3 dos portadores de

demência vivem em países com condições socioeconômicas precárias19, põe

de relevo a importância da avaliação das possíveis conexões entre quadros

carências específicos e o desempenho cognitivo de populações idosas de

baixa renda.

Este estudo é o primeiro registro da associação entre níveis séricos de

Hcy e desempenho cognitivo medido pelo Mini-Exame do Estado Mental, em

uma significativa amostra populacional de idosos brasileiros. A região nordeste

onde foi realizado o estudo é uma das regiões com os mais baixos indicadores

sociais do Brasil, e nela são freqüentes situações de pobreza e exclusão social.

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A maior fragilidade observada entre os indivíduos idosos os torna

particularmente susceptíveis às conseqüências negativas dessa realidade.

Como já explicitado nos resultados (item 7.1) no nosso estudo, os

valores encontrados nos escores totais do MEEM são condizentes com o nível

de educação dos sujeitos estudados entre os quais se observou uma alta

prevalência de analfabetos e de indivíduos com baixos níveis de escolaridade,

com pontuação abaixo de 19 pontos, ponto de corte sugerido para este tipo de

população 40, corroborando os achados de Bertolucci e colaboradores que

revelaram a influência do nível educacional no escore total do MEEM33 e a

necessidade do estabelecimento de pontos de corte diferenciados para

indivíduos com diferentes níveis de escolaridade. Os estudos realizados em

países desenvolvidos que concluem pela não influência do nível de

escolaridade sobre o desempenho dos indivíduos avaliados pelo MEEM37-39

significam a nosso ver que em populações com acesso universal a uma

educação básica de boa qualidade, mesmo aqueles menos instruídos têm uma

compreensão intelectualmente adequada das questões propostas pelo exame

e assim, quaisquer erros observados estariam livres do viés da escolaridade,

refletindo com mais especificidade um real comprometimento cognitivo e o viés

da idade. Mesmo considerando-se as limitações próprias de um instrumento

compacto como o MEEM ele tem se demonstrado eficaz para o rastreio do

comprometimento cognitivo. Entre essas limitações destaca-se a ausência de

tópicos destinados à avaliação do humor, algo de importância relevante uma

vez que em idosos, quadros depressivos são muito prevalentes e com

freqüência apresentam sintomatologia semelhante ao observado em quadros

demenciais prodrômicos44. Consideramos que um dado importante a se levar

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em consideração em utilizações futuras desse instrumento de rastreio é o fato

de que entre nós, a quantidade de anos durante os quais um indivíduo

freqüentou a escola raramente indica com fidelidade o seu nível de instrução e

compreensão, o que tem ensejado o aparecimento do termo “analfabeto

funcional” para definir aqueles que a despeito de terem freqüentado a escola,

não conseguem um desempenho mínimo na leitura e compreensão de textos e

comandos elementares. Esse fato dá substância à proposta de Almeida40 de

que a divisão por escolaridade leve em conta não os anos de freqüência à

escola e sim a capacidade de ler e escrever. Como já visto no capítulo de

introdução, os dados desse estudo demonstraram que quando o efeito idade

era levado em consideração, a análise de covariância entre os diferentes níveis

de instrução mostrou que apenas os indivíduos sem escolaridade formal

diferiam dos demais40.

Quanto à importância das carências nutricionais como agentes

etiológicos das disfunções metabólicas possivelmente implicadas nos déficits

cognitivos sabe-se que os idosos são um grupo etário em situação peculiar de

fragilidade nutricional.

Concorrem para a alta prevalência de alterações nutricionais nos idosos

fatores próprios do envelhecimento como a redução da sensibilidade olfativa e

gustativa, fatores dietéticos como a ingestão inadequada de alimentos, as

patologias em curso e os efeitos negativos dos medicamentos sobre a

absorção e o metabolismo de nutrientes essenciais em uma população

habitualmente poli-medicada. A redução da capacidade funcional e fatores

psiquiátricos como as alterações cognitivas, depressão, distúrbios do

comportamento, anorexia e alcoolismo são também causas freqüentes de

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alterações nutricionais. Fatores sociais como a pobreza, o isolamento social e

emocional, o conhecimento nutricional insuficiente, a redução da atividade

física e o tabagismo são também importantes na origem dessas alterações161.

Segundo Horrobin162, todos os nutrientes essenciais são necessários

para o funcionamento normal do sistema nervoso e alguns deles especialmente

o ácido fólico e os ácidos graxos essenciais, estão sendo avaliados como

potencialmente adequados para o tratamento de determinados transtornos

psiquiátricos. Ainda segundo o autor, aqueles que trabalham com doentes

mentais crônicos, particularmente os pacientes severamente deprimidos e

esquizofrênicos ou com os idosos, sabem que as dietas são muitas vezes

extremamente inadequadas e os déficits de micronutrientes são comuns e

graves e que a despeito desta constatação, raramente algo é feito para corrigir

esse problema o que é difícil de entender uma vez que o remédio é simples e

barato.

Deficiências de ácido fólico, e de três outras vitaminas (B12, riboflavina,e

piridoxina ) com as quais ele interage sinergicamente nos processo de

metilação e no controle dos níveis de Hcy, parecem desempenhar importante

papel na depressão e demência162. Segundo Smith163 embora não devamos

esquecer o papel central dos macronutrientes no bom funcionamento do

cérebro, evidências indiretas indicam que alguns micronutrientes podem

desempenhar um papel na proteção contra os insultos ligados à idade e de há

muito, a ciência médica vem investigando o possível papel dos déficits das

vitaminas B em um conjunto de alterações, metabólicas implicadas com o

comprometimento cognitivo do envelhecimento.

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Um interesse especial tem sido dado às alterações dietéticas e

orgânicas próprias do envelhecimento que redundam na diminuição dos níveis

séricos de folato e vitamina B12 já que a carência dessas vitaminas está

implicada em alterações funcionais e estruturais por efeito direto dessa

deficiência e / ou por serem elas fatores causais da elevação dos níveis

séricos de homocisteína60.

A hiperhomocisteinemia por conta dos seus efeitos neurotóxicos diretos

ou como indicadora de déficits clinicamente importantes das vitaminas B12 e

folato, vem sendo apontada como fator preditor de alterações

neurovasculares164, 165, disfunções cognitivas130, 166, 167, e patologias

neurodegenerativas demenciais como Doença de Alzheimer90, 133, 168 e

Parkinson neste caso como fator causal ou como consequência do

metabolismo da levodopa. 169, 170. Mesmo após ajustado para idade, sexo,

níveis de vitaminas e fatores de risco cardiovascular os níveis de Hcy mostram

uma associação inversa com múltiplos domínios cognitivos em indivíduos com

idade ≥ 60 anos171. Considerados causas tratáveis da HHcy, os déficits de

ácido fólico e Vitamina B12 e o seu manejo clínico vem recebendo crescente

atenção por parte de pesquisadores e deveriam ser uma preocupação

constante daqueles diretamente envolvidos nos serviços de saúde

notadamente os que cuidam da população idosa uma vez que avaliações

nutricionais registram déficits de cerca de 10 a 30% para a cianocobalamina e

> 40% para o ácido fólico em população acima dos sessenta anos99, 172.

Os resultados das pesquisas relacionadas pelo Oxford Project to

Investigate Memory and Ageing (OPTIMA), registram a associação da doença

de Alzheimer com níveis elevados de Hcy e níveis baixos de folato e vitamina

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B12 e ressaltam a importância dessa associação por se tratar de fatores de

risco potencialmente modificáveis por intervenções preventivas. Estudos

transversais envolvendo 34.000 sujeitos e estudos longitudinais com mais de

12000 indivíduos demonstraram associação entre os níveis de Hcy, déficit

cognitivo e demência163.

Segundo Obeid e Wolfgan173, em um estudo de seguimento de cinco

anos realizado com a coorte do estudo The Heart Outcomes Prevention

Evaluation Investigators 2 (HOPE-2) mostrou que a suplementação diária de

ácido fólico, piridoxina e vitamina B12 reduziu em 25%o risco de AVC

chamando a atenção para a necessidade de suplementação a longo prazo,

uma vez que os efeitos benéficos não foram observados antes dos três anos. O

estudo destaca que a redução dos níveis de Hcy parece ser mais benéfica na

redução do AVC do que na redução dos eventos coronarianos o que ressalta a

importância da HHcy nas alterações do sistema nervoso. Uma vez que a

população idosa apresenta um risco elevado para AVC, a suplementação com

essas vitaminas deveria ser instituída para todo esse grupo populacional174.

Quanto à população idosa do nosso país, Tavares e Anjos175 avaliaram

a situação nutricional dos idosos brasileiros utilizando o IMC como indicador,

concluindo pela existência em nosso meio de um quadro preocupante de

alterações nutricionais nesta faixa etária, principalmente em mulheres e

ressaltaram a necessidade da produção local de informações que permitam

avaliar as condições nutricionais da população idosa e as relações entre

nutrição e envelhecimento específicas das peculiaridades étnicas e

sociodemográficas do nosso país.

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Utilizando o mesmo instrumento de avaliação, os dados do nosso estudo

mostram que o sobrepeso calculado com base no IMC é muito prevalente, com

50% dos sujeitos apresentando valores acima de 27,1 sendo que nas mulheres

a mediana (27,3) é maior do que nos homens (25,2). Segundo a Organização

Mundial de Saúde (OMS) o ponto de corte do IMC acima do qual o indivíduo é

considerado acima do peso é de 25 para sobrepeso e de 30 para obesidade176.

Um padrão nutricional baseado em carboidratos próprio das populações

com menor poder aquisitivo, parece ser um fato determinante para a

coexistência de sobrepeso / obesidade e carências nutricionais em populações

de idosos de baixa renda o que os coloca como um grupo populacional

particularmente sujeito às patologias decorrentes dessas alterações.

Quanto à influência individual da homocisteína no comprometimento

cognitivo mensurado pelo desempenho no MEEM, os nossos dados mostram

que a HHcy isoladamente contribui em apenas 4% para os resultados obtidos.

Estudos longitudinais confirmaram essa correlação independente da idade,

gênero, função renal, tabagismo, hipertensão e níveis de vitaminas B.177, 178

A associação encontrada no estudo do desempenho cognitivo com

variáveis sócio-demográficas como a idade e o nível de escolaridade, e com

valores séricos de Hcy, encontra forte respaldo num estudo realizado com uma

população idosa latina62, onde o ácido fólico e a Hcy tiveram atenuação na

correlação com diversos parâmetros avaliados da função cognitiva,

precisamente quando foi acrescido ao modelo o nível de educação dos

sujeitos. Apesar da Hcy permanecer no modelo final, nossos resultados, assim

como os observados no estudo da região de Sacramento (EUA)179 revelam que

determinadas variáveis sócio-demográficas podem explicar mais a variância do

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escore do MEEM do que as variáveis bioquímicas. Por outro lado, Elias e

colaboradores171 num estudo sobre Hcy e função cognitiva observaram que a

correlação entre nível de homocisteína e o desempenho cognitivo é maior em

idosos com idade mais avançada, mesmo quando ajustada por outras

covariáveis importantes como sexo, fatores cardiovasculares e níveis

plasmáticos de vitaminas, B6 e B12 e ácido fólico. Estes autores sugerem que

indivíduos mais idosos são mais vulneráveis às conseqüências danosas da

hiperhomocisteinemia, por estarem há mais tempo expostos aos efeitos

deletérios da homocisteína sobre neurônios e vasos.

Resultados semelhantes foram relatados em outros estudos que

apontam a exposição prolongada aos efeitos da homocisteína como fator

importante para acentuar a correlação entre ela e o desempenho cognitivo.

Duthie e colaboradores180 encontraram que nos idosos, a Hcy isoladamente

respondia por uma variância de 7 a 8% no desempenho cognitivo.

Utilizando o Cambridge Cognition Examination (CAMCOG) como

instrumento de aferição de desempenho cognitivo Budge e Hogervorst

181encontraram uma variância de cerca de 11% atribuível à Hcy isoladamente.

De acordo com Smith163 com base nestes dados, se a redução dos níveis de

Hcy impedisse que apenas 10% dos indivíduos com comprometimento

cognitivo leve desenvolvessem a Doença de Alzheimer, milhares de pessoas

seriam beneficiadas a cada ano em todo o mundo

Face ao exposto, fica claro que a determinação dos níveis séricos de

Hcy deveria fazer parte do conjunto de parâmetros bioquímicos que compõem

a rotina da avaliação da saúde dos idosos tanto pela sua importância como

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fator causal direto de um importante conjunto de patologias, como pelo seu

valor como marcador indireto sensível dos déficits de vitaminas B182 cuja

mensuração é atualmente feita através de metodologias imprecisas

especialmente no caso da Vitamina B12 o que faz com que indivíduos com

valores séricos dentro da faixa ora considerada normal, sejam de fato

portadores de deficiência47.

Quanto aos resultados dos parâmetros bioquímicos, apesar de ter sido

realizado em uma população com baixos recursos financeiros, os valores

encontrados como indicativos de deficiência de folato e Vitamina B12 na

amostra por nos estudada, foram compatíveis com estudos realizados em

países desenvolvidos62, 98, 183 nos quais como no Brasil, existe uma política

oficial de adição de ácido fólico aos farináceos e contrastam, com dados

obtidos nos países nos quais essa adição não é realizada99, 172, 184. No nosso

estudo, foram detectados níveis séricos de Hcy compatíveis com HHcy (Hcy

>13,5 µmol/l) em 25,4% dos indivíduos cursando com uma prevalência de

apenas 3,9% de níveis de folato abaixo do ponto de corte indicativo de

deficiência (> 5ng/ml), indicando a necessidade da identificação de outros

fatores produtores de hiperhomocisteínemia que não a deficiência de folato137,

185.

Outro dado que chama a atenção nos nossos resultados é presença em

37,6% (N=77) da amostra de indivíduos com valores de Vitamina B12 abaixo de

300 pg/ml dos quais 27,6% (N=21) apresentavam valores séricos de Hcy

compatíveis com hiperhomocisteinemia (HCy ≥13,5 µmol/ml). Apesar do

tamanho amostral não permitir conclusões estatisticamente sólidas, os valores

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encontrados em nosso estudo são coerentes com dados de literatura de

estudos realizados em países nos quais a fortificação de farináceos com ácido

fólico já é implementada.

Nos 548 idosos sobreviventes da coorte original de Framingham, 40,5%

dos indivíduos apresentavam níveis séricos de B12 ≤ 258 pmol/L (<349,5 pg/ml)

enquanto que valores semelhantes foram obtidos apenas 17,9% dos controles

jovens (P < 0.001). Nesse estudo, os indivíduos com valores de B12 < 258

pmol/L (<349,5 pg/ml), apresentaram valores séricos de ácido metilmalônico e

Hcy marcadamente elevados(11,3% e 5.7% respectivamente) e aqueles que

receberam suplementação de Vitamina B12, apresentavam valores inferiores de

homocisteína plasmática mesmo após a fortificação com ácido fólico101.

Robertson e colaboradores137 encontraram uma ocorrência de níveis séricos

de B12 < 258 pmol/L (<349 pg/ml) e níveis de Hcy >14 µmol/L em 17% dos

indivíduos estudados após a implementação da política de fortificação das

farinhas com ácido fólico. Estudando a correlação entre os níveis de Vitamina

B12 e Hcy antes e após a suplementação com ácido fólico, Quinlivan e

colaboradores186 concluíram que após essa suplementação, os níveis de

Vitamina B12 se tornaram o principal determinante das concentrações

plasmáticas de Hcy.

Um número significativo de publicações tem chamado a atenção para os

possíveis efeitos deletérios de níveis de Vitamina B12 dentro dos chamados

limites inferiores de normalidade notadamente quando coexistindo com níveis

elevados de ácido fólico49. De acordo com Lucock187 o ácido fólico administrado

como medicamento ou suplemento sob a forma de Pteroilmonoglutamato

(PGA), não é uma co-enzima natural, é metabolicamente inativo e quando

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administrado em doses elevadas, tem a sua conversão em metilfolato saturada,

o que leva à permanência na corrente sanguínea de uma quantidade de folato

sintético não metabolizado cujas conseqüências a longo prazo são

desconhecidas. Além disso, em indivíduos com déficit metabólico de vitamina

B12, a carência de metilcobalamina coenzima essencial para o passo através

do qual o metileno-tetrahidorfolato participa da re-metilação da homocisteína,

provoca o acúmulo do folato metilado que não pode ser re-oxidado uma vez

que a metilação do folato é irreversível54, 156 e influi negativamente no circuito

metabólico da metionina afetando uma das principais cadeias metabólicas de

doadores metil levando além disso, à elevação do pool de deoxiuridina

monofosfato (dUMP) com reflexos negativos na estabilidade do DNA156. Entre

as possíveis consequências dessas alterações metabólicas Smith e

colaboradores destacam a redução da citotoxicidade das células NK (natural

Killer) e a redução da eficácia das drogas antifolato utilizadas no tratamento da

malária, da artrite reumatóide, psoríase e do câncer49. As complexas relações

entre folato e câncer têm sido objeto de importantes considerações quando se

avaliam as consequências da suplementação de folato uma vez que é sabido

que o folato é um fator de proteção contra as alterações do DNA que

promovem o seu início, mas por outro lado facilita o desenvolvimento das

células preneoplásicas49. Níveis elevados de folato podem, portanto, acelerar o

desenvolvimento das formas subclínicas de câncer e um fato de extrema

importância, reduzir a eficácia das drogas antifolato usadas no tratamento

dessa patologia.

Baseados nesses possíveis efeitos deletérios, vários autores têm

questionado a validade da implementação da adição mandatória de ácido fólico

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nas farinhas uma vez que para cada defeito embrionário prevenido, vários

milhares de indivíduos são expostos a doses crescentes de ácido fólico. É

necessário, portanto, que se avalie se os benefícios (inquestionáveis) da

adição de ácido fólico na prevenção dos defeitos do tubo neural superam os

riscos potenciais da exposição a níveis elevados dessa vitamina ao qual

milhares estão sujeitos49.

No tocante especificamente às relações entre folato e a homocisteína

essa última apontada como um fator de risco emergente para alterações

fisiopatológicas subjacentes aos quadros demenciais, a forte correlação inversa

entre os níveis de folato e Hcy, tem sido questionada por estudos recentes.

Avaliando a correlação entre níveis de Hcy e risco cardiocirculatório

medida pela relação entre placas carotídeas e HHcy após a implementação da

fortificação mandatória das farinhas com ácido fólico, Robertson e

colaboradores137 encontraram que a área das placas era significativamente

maior nos indivíduos com níveis de B12 < 253 pmol/L ( <342,8 pg/ml)

concluindo que após a fortificação com ácido fólico, os níveis de vitamina B12

são o principal determinante dos níveis elevados de Hcy e do tamanho das

placas carotídeas.

Em um recente estudo longitudinal canadense, onde se analisou os

efeitos a longo prazo do programa de fortificação das farinhas no Canadá, os

autores observaram que os níveis de folato aumentaram continuamente em

uma taxa anual de 234 ng/mL (95% CI 213-254; p < 0.001) e, no entanto a

homocisteína não permaneceu suprimida sendo observada ao final do estudo

uma prevalência de HHcy semelhante à observada no início da coorte188. Neste

estudo, Garcia e colaboradores corroboram as conclusões de estudos

Page 132: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

anteriores alertando sobre os possíveis efeitos deletérios do acúmulo contínuo

de folato, e afirmam que efeitos benéficos da suplementação das vitaminas B

na redução dos níveis de HHCy devem ser investigados188. Além disso, dados

de outros estudos realizados nos países onde a suplementação com ácido

fólico é mandatória, apontam para uma influência crescente da Vitamina B12

quando se avaliam as ligações entre as vitaminas B e a cognição. Em estudo

realizado com a coorte do Sacramento Area Latino Study on Aging. (SALSA),

Haan e colaboradores189 encontraram que níveis mais elevados de vitamina B12

eram um fator de proteção para a associação positiva entre HHCy e demência

e comprometimento cognitivo sem demência.

Em função do conhecimento bem estabelecido de que os danos

neurológicos decorrentes da carência das Vitaminas B particularmente de

folato Vitamina B12 antecedem os sinais hematológicos clássico dessas

deficiências, é importante que especialmente na população idosa

particularmente sujeita a esses déficits, a dosagem dessas vitaminas e da

homocisteína seja incorporada como uma rotina60, 190, 191.

A política de suplementação de ácido fólico ora existente em vários

países, tem deixado de lado a administração concomitante da Vitamina B12

coenzima crucial para as funções metabólicas do folato, o que pode implicar no

agravamento dos danos neurológicos em indivíduos com valores séricos de

B12 nos níveis inferiores da normalidade e ingestas elevadas de ácido fólico94 ,

fato como já ressaltado de particular importância na população idosa na qual é

elevada a prevalência de valores séricos baixos de Vitamina B12192.

O Brasil à semelhança do que já havia sido feito em outros países,

instituiu em 2002 uma política de suplementação de ácido fólico nas farinhas

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de milho e trigo com objetivo principal de reduzir o risco de aparecimento de

patologias do tubo neural e mielomeningocele193. A despeito da existência de

um estudo brasileiro que mostra uma não padronização da fortificação dos

farináceos com ácido fólico e ferro, o que afetaria a validade das estimativas

usadas para determinar o impacto dos programas de fortificação de

alimentos194, nossos dados que mostram na amostra estudada apenas 3,9% de

indivíduos com níveis de folato ≤ 5 ng/ml, permitem supor e apontar o sucesso

dessa estratégia para a redução dos estados carenciais dessa vitamina. Estes

valores são semelhantes aos resultados de estudos realizados em outros

países nos quais a fortificação de farináceos com ácido fólico é mandatória e

contrastam com o observado em pesquisas realizadas com a população idosa

de países que não o fazem, nos quais a prevalência de déficits de folato é

percentualmente muito mais significativa chegando a 43.4% 99, 172.

Nas justificativas apontadas como fundamento para a obrigatoriedade da

suplementação com ácido fólico e ferro, como de resto em todas as políticas

voltadas para os programas de alimentação e nutrição não são consideradas

as especificidades da população idosa.

Os dados do nosso estudo e os resultados dos vários outros

referenciados, sugerem que em relação a esse segmento da população, um

rastreio para detectar os déficits funcionais da Vitamina B12 e a sua reposição

como parte de uma intervenção profilática, deveriam fazer parte de uma política

de saúde que contemplasse uma preocupação com as necessidades

específicas desse grupo populacional.

Ainda sobre nossos resultados, uma vez que a correlação entre

homocisteína, declínio cognitivo e demência fica clara na literatura disponível, a

Page 134: NÍVEIS DE HOMOCISTEÍNA E DESEMPENHO COGNITIVO EM … · desenvolvimento de um conjunto de patologias, disfunções metabólicas e nutricionais. Os níveis de determinados micronutrientes

presença na nossa amostra de um elevado percentual de indivíduos com

hiperhomocisteinemia, seria um importante alerta para as autoridades de

saúde, pois indica a existência de um grupo percentualmente importante de

idosos portadores de um robusto fator de risco para o desenvolvimento de

quadros de declínio cognitivo e demência num futuro próximo. A ocorrência na

nossa amostra de um número elevado de sujeitos nos quais coexistem

hipertensão arterial e hiperhomocisteinemia ambas fatores de risco robustos

para vasculopatias cerebrais, acentua a importância de abordagens destinadas

a detectar e normalizar os níveis de homocisteína bem como outras

intervenções destinadas a minimizar outros fatores de risco vascular cujo

manejo terapêutico pode reduzir a velocidade da progressão dos quadros

demenciais195.

Correções dietéticas e outras intervenções que minimizem a presença

de fatores de desequilíbrio metabólico de nutrientes essenciais ao

funcionamento adequado do sistema nervoso podem representar uma forma

eficaz e barata de proteção, uma vez que como já citado, caso o manejo das

disfunções nutricionais reduzam em pelo menos 10% a incidência de quadros

demenciais, milhares de casos terão sido evitados a cada ano. Nossos dados

podem servir de fundamentação na avaliação do impacto da fortificação das

farinhas no Brasil, e para a elaboração de propostas de atuação dirigidas a

identificar precocemente os quadros de comprometimento cognitivo leve e a

definição de estratégias de intervenção preventiva e clínica que possam atuar

sobre os fatores etiológicos reversíveis impedindo dessa maneira que um

contingente importante de portadores desse tipo de comprometimento cognitivo

evolua para a demência plena, condição até hoje passível apenas de

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tratamentos de eficácia questionável que na melhor das hipóteses apenas

retardam a evolução para a condição de incapacitação grave. A prevenção e a

correção da hiperhomocisteinemia hoje considerado um fator de risco

emergente para todo um conjunto de patologias de alta prevalência na idade

avançada e a manutenção do equilíbrio metabólico do ácido fólico e da

Vitamina B12 destacam-se como formas de atuação eficaz de aplicação simples

e baixo custo e como tal extremamente adequada à nossa realidade

socioeconômica.

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11. ANEXOS

Anexo A – Convite e Consentimento Informado

Anexo B – Questionário Sócio-Demográfico

Anexo C – Mini Avaliação Nutricional

Anexo D – Aspectos Biológicos e de Saúde

Anexo E – Avaliação do Estado Mental(Mini Mental State Examination)

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CONVITE À PARTICIPAÇÃO EM UM ESTUDO SOBRE NÍVEIS DE ÁCIDO FÓLICO E CIANOCOBALAMINA EM IDOSOS ATENDIDOS NO SIS TEMA DE SAÚDE PÚBLICA EM NATAL, RN E SUA CORRELAÇÃO COM O DESEMPE NHO COGNITIVO

Estamos realizando um trabalho de pesquisa destinado a conhecer melhor o perfil do idoso em nosso município, durante a qual estaremos entrevistando 447 pessoas com sessenta anos ou mais provenientes das várias regiões geográficas de Natal. Para isto, gostaríamos de contar com a sua colaboração para durante alguns minutos, responder a um questionário. Serão feitas várias perguntas sobre você, sobre diferentes aspectos de sua condição de vida, sua saúde física, sua vida emocional, sua relação com amigos, familiares e seu meio-ambiente, além da aplicação de um teste que avaliará vários aspectos da sua função mental como memória, orientação e linguagem.

Na ocasião estaremos também, realizando uma determinação dos níveis de Colesterol Total e frações, Triglicerídeos, Glicose, Uréia, Creatinina, e Ácido úrico, além de duas vitaminas do complexo B (ácido fólico e Cianocobalamina) no seu organismo e para isso, precisaremos colher uma amostra de 15 mililitros de sangue. Garantimos que a coleta de sangue será realizada por profissional de enfermagem de nível superior dentro das mais rigorosas condições de segurança e conforto utilizando-se sistema de coleta á vácuo.

Gostaríamos de deixar claro que todos os serviços profissionais exigidos como parte deste estudo serão gratuitos e que a sua participação será voluntária e que não haverá pagamento por ela. Esta pesquisa é independente de seu tratamento, atendimento médico e de qualquer outra atividade que o senhor (a) esteja engajado (a) e em nada influenciará caso o (a) senhor (a) não estiver de acordo em participar.

Asseguramos que todas as informações prestadas pelo senhor (a) são sigilosas e serão utilizadas somente para esta pesquisa e que as publicações originadas dos dados colhidos será anônima e em conjunto com as respostas de um grupo de pessoas. Os registros que identificam você e este termo de consentimento poderão ser inspecionados pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFRN além do Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN e/ou sua representação nacional em Brasília.

Se você tiver perguntas a fazer antes de decidir participar, sinta-se à vontade para fazê-las.

CONSENTIMENTO INFORMADO Li e entendi as informações acima. Perguntei e discuti os detalhes do estudo com uma pessoa da equipe de pesquisa. Concordo em participar deste estudo baseado nas informações fornecidas. Entendo que receberei uma cópia assinada e datada deste termo de consentimento.

Natal____/____/200__

Nome do entrevistado: __________________________________________________

assinatura_____________________________________________________________

Testemunha:__________________________________________________________

Nome do Entrevistador / pesquisador: Marcio Luiz Tassino de Araújo

Assinatura: ___________________________________________________

Prof º Orientador Dr. Ricardo Oliveira Guerra QUEM CONTACTAR EM CASO DE DÚVIDA: Se você tiver alguma dúvida sobre este estudo ou algum problema relacionado à pesquisa, deverá entrar em contato com o investigador do estudo, Marcio Luiz Tassino de Araujo através dos telefones 211-1520 e 9982-7706 ou na Av Floriano Peixoto 387, Petrópolis CEP 59020-500 Natal/RN. Procurar também o Comitê de ética em pesquisa da UFRN pelo telefone 3215-3135.

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QUESTIONÁRIO SÓCIO-DEMOGRÁFICO I- IDENTIFICAÇÃO Prontuário________________

Entrevistador: ____________________________________ Data da Entrevista:_ _____/_____/_____ II- ASPECTOS GERAIS

Idade: ____ Data de nascimento: ___/___/___ Natural de ______________________U.F.__________

Sexo: ( ) M ( ) F

Cor: ( ) Branca ( ) Parda ( ) Negra

Estado civil: Casado (a) / junto ( ) Viúvo (a) ( ) solteiro (a) ( ) Divorciado (a) / separado (a) ( )

Escolaridade: Analfabeto( ) Fundamental 1ª( ) 2ª( ) 3ª( ) 4ª( ) médio 5ª( ) 6ª( ) 7ª( ) 8ª( )

2º Grau incompleto ( ) completo ( ) Superior incompleto ( ) completo ( )

MORADIA Tipo de construção: Tijolo ( ) Taipa ( ) Outro ( ) Proprietário ( ) SIM ( ) NÃO

Cedido: Por parentes ( ) Por outros ( ) Paga o aluguel com recursos próprios? SIM ( ) NÃO ( )

Dependências:Terraço ( ) Sala ( ) Cozinha ( ) Nº banheiros ( ) Nº de quartos ( ) Área de serviço ( )

Garagem ( ) A casa onde mora tem: Luz elétrica ( ) Água encanada ( ) Fogão a gás ( )

Geladeira ( ) Rádio ( ) Equip. de som ( ) TV ( ) Telefone fixo ( ) Carro ( )

Reside: Só ( ) Com pessoas não aparentadas ( ) com parentes próximos ( ) ___________

Com filhos ( ) Dos quais depende ( ) Com esposo / esposa ( ). É arrimo da família Sim ( ) Não ( )

Quantas pessoas habitam na casa? ( ) Como se sente em relação à sua atual moradia?

Confortável SIM ( ) NÃO ( ) Se dá bem com todas as pessoas com quem mora ? SIM ( ) NÃO ( )

Qual o principal problema?__________________________________________________________

Isso lhe aborrece ou preocupa? nada ( ) pouco ( ) Mais ou menos ( ) Muito ( ) Muitíssimo ( )

Nome:___________________________________________________ Endereço: Unidade de Saúde___________________________ Rua___________________________________________nº_____apto_____Bairro_________________ Tel. Contato: __________________________Procurar_______________________________________

Renda Familiar não ( ) Até 1 salário ( ) Até 2 salários ( ) Até 3 salários ( ) Até 4 salários ( )+ 5 ( )

Fonte da renda: Salário ( ) Aposentadoria ( ) Pensão ( ) Filhos / Parentes ( ) Outros ______________

Atividade profissional: Atual:__________________________________________________________________

Passada:________________________________________________________________________ (se aposentado)

Aposentado(a) aos _____anos por: Idade ( ) Tempo de serviço ( ) Invalidez ( ) devido a_______________

_____________________________________________________________________________________________

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MINI AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

I IDENTIFICAÇÃO Prontuário________________

II DADOS ANTROPOMÉTRICOS Peso atual ______ Peso ideal ______ Idade ______ Altura______

Nome:_____________________________________________ Unidade de Saúde___________________

III-AVALIAÇÃO NUTRICIONAL IMC < 20 (baixo peso) IMC 20 a 25 (peso normal)

IMC 25.1 a 29.9 (sobrepeso) IMC ≥30 (obesidade)

IMC _____ Baixo peso ( ) Peso normal ( ) Sobrepeso ( ) Obeso ( )

IV-AVALIAÇÃO DIETÉTICA Quantas refeições faz por dia? Uma ( ) Duas ( ) Três ( ) Mais de três ( ) Consome: Uma porção diária de leite ou derivados? Sim ( ) Não ( ) Duas ou mais porções semanais de legumes verduras ou frutas? Sim ( ) Não ( ) Carnes, aves ou peixes todos os dias? Sim ( ) Não ( ) Duas ou mais porções de ovos por semana? Sim ( ) Não ( ) Arroz diariamente? Sim ( ) Não ( ) Feijão diariamente? Sim ( ) Não ( ) Ingestão de líquidos por dia. Água ( ) pouco ( ) razoável ( ) muito Sucos ( ) pouco ( ) razoável ( ) muito Café ( ) pouco ( ) razoável ( ) muito Leite ( ) pouco ( ) razoável ( ) muito Diminuição na ingestão de alimentos nos últimos três meses? Não ( ) Sim ( )Causa: ( ) Perda do apetite ( ) Problemas digestivos ( ) Dificuldade de mastigar/engolir ( ) Outros____________________________________________ Nos últimos meses houve:

• Perda de peso Sim ( ) Não ( ) Quanto? 1 a 3 Kg ( ) + de três Kg ( ) não sabe ( ) • Ganho de peso Sim ( ) Não ( ) Quanto? 1 a 3 Kg ( ) + de três Kg ( ) não sabe ( )

Quem prepara os alimentos: O mesmo(a) ( ) Parentes ( ) Empregado(a) ( ) outros ( ) Quem compra os alimentos: O mesmo(a) ( ) Parentes ( ) Empregado(a) ( ) outros ( )

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VIII - INFORMAÇÕES ADICIONAIS

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

VII-DADOS BIOQUÍMICOS Hemácias_____milhões/µl – Hemoglobina_____g% - Hematócrito_____% - Linfócitos totais_____ Albumina sérica _____g/dl - Colesterol Total_____mg/dl – HDL_____mg/dl – LDL_____mg/dl Triglicerídeos_____mg/dl – Glicose_____mg/dl – Uréia____mg/dl – Creatinina_____mg/dl _ Ácido úrico________mg/dl

VI - DADOS COMPLEMENTARES Fumante ( ) Não ( ) Sim Tempo: ( ) 5 anos ( ) 10 anos ( ) + de 10 anos Ingestão de bebidas alcoólicas ( ) Não ( ) Sim CERVEJA: diariamente ( ) eventual ( ) VINHO : diariamente ( ) eventual ( ) CACHAÇA: diariamente ( ) eventual ( ) OUTROS DESTILADOS: diariamente ( )eventual ( )

V-SINTOMATOLOGIA ( ) Anorexia ( ) Dificuldade de mastigar ( ) Náuseas ( ) Regurgitação ( ) Diarréia ( ) Constipação ( ) Outras ___________________________________________________________

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ASPECTOS BIOLÓGICOS E DE SAÚDE

Entrevistador: ____________________________________ Data da Entrevista: _ _____/_____/_____

Em geral, o(a) Sr. (a) diria que sua saúde está: Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima ( ) N.S. /N.R ( ) Em comparação com os últimos 5 anos, o(a) Sr.(a) diria que sua saúde hoje é:

Melhor ( ) Mesma coisa ( ) Pior ( ) N.S./N.R ( )

Em comparação com as outras pessoas de sua idade, o(a) Sr.(a) diria que sua saúde está:

Melhor ( ) Igual ( ) Pior ( ) N.S./N.R.( )

Quais patologias lhe acometem atualmente? Distúrbio Mental ( ) Hipertensão ( ) AVC ( ) Obesidade ( ) Bronquite ( ) Câncer ( ) Diabetes ( ) Fratura de quadril ( ) Reumatismo ( ) Deficiência visual ( ) Deficiência auditiva ( ) Artrite ( ) Artrose ( ) Osteopenia ( ) Osteoporose ( ) Prisão de ventre ( ) Outras ( ) Quais?_________________________________________________________________________________________ Seu sono é: Muito bom ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo ( )

Quantos e quais são os medicamentos em uso atualmente? 1- _________________________( ) de_____mg / X dia ( ) 4-__________________________( ) de____ mg / X dia ( ) 2- _________________________( ) de_____mg / X dia ( ) 5-__________________________( ) de____ mg / X dia ( ) 3- _________________________( ) de_____mg / X dia ( ) 6-__________________________( ) de____ mg / X dia ( )

Nome:______________________________________________________________________Idade___________

Atividade física? SIM ( ) ___________________________________________Min/dia____X por semana____ Há quanto tempo?________________ Interrupções nos últimos 6 meses? SIM ( ) NÃO ( ) Por que? Adoeceu ( ) Perdeu a vontade ( ) Faltou companhia ( ) Viajou/mudou ( ) Outros ( ) NÃO ( ) Porque não gosta ( ) Não tem onde perto de casa ( ) A saúde não permite ( ) Falta tempo ( )

Nas duas últimas semanas, sentiu-se triste, desanimado(a), deprimido(a), durante a maior parte do dia, quase todos os dias? NÃO ( ) SIM ( ) Nas duas últimas semanas, quase todo tempo, teve o sentimento de não ter mais gosto por nada, de ter perdido o interesse e o prazer pelas coisas que lhe agradam habitualmente? NÃO ( ) SIM ( ) Existe alguma razão concreta que explique o que você vem sentindo? NÃO ( ) SIM ( ) Qual?_________________________________________________________________________________________

Quantas quedas sofreu nos últimos 06 meses? ( ) E nos últimos 12 meses? ( ) Seqüelas? SIM ( ) NÃO ( ) Quantas vezes se internou nos últimos 06 meses? ( ) E nos últimos 12 meses? ( ) Devido à _________________ Quantas vezes em média, procura um serviço de saúde por mês (público ou privado)? Menos de uma vez ( ) Uma vez ( ) Duas vezes ( ) Mais de duas vezes ( ) NS/NR ( )

Fumante Não ( ) Sim ( ) Desde os _____anos Cigarros por dia +/- _______ Já tentou parar Sim ( ) Não ( ) Ex-fumante: fumou durante ____anos Deixou há _____ Alcoolista Não ( ) Sim ( ) Diário ( ) ___X semana Bebe pouco ( ) médio ( ) muito ( )

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AVALIAÇÃO DO ESTADO MENTAL (MINI MENTAL STATE EXAMINATION)

Paciente______________________________________________________________________Idade_________ Entrevistador____________________________________________________________ Data ____/____/200__ Agora vamos fazer algumas perguntas para saber como vai a sua memória. Sabemos que com o tempo, as pessoas vão tendo mais dificuldade para se lembrar das coisas. Não se preocupe com o resultado das perguntas.

CÁLCULO E ATENÇÃO Soletre MUNDO de trás para frente

100 – 7 = ______ Certo ( ) Errado ( ) O Certo ( ) Errado ( ) 93 – 7 = ______ Certo ( ) Errado ( ) D Certo ( ) Errado ( ) 86 – 7 = ______ Certo ( ) Errado ( ) N Certo ( ) Errado ( ) 79 – 7 = ______ Certo ( ) Errado ( ) U Certo ( ) Errado ( ) 72 – 7 = ______ Certo ( ) Errado ( ) M Certo ( ) Errado ( ) Caso o paciente não aceite fazer esse tipo de cálculo, pode-se utilizar um equivalente p. ex. soletrar de trás para frente uma palavra de cinco letras como MUNDO. Solicita-se inicialmente que o paciente soletre a palavra em ordem normal para prepará-lo para repetir a palavra de trás para frente. Conta-se 1 ponto para cada letra correta na ordem correta. Se ocorrer algum erro, não serão computados os pontos para as letras a partir do ponto do erro.

Escore (máximo 5 pontos) _____

REGISTRO- Repita as seguintes palavras Vaso Certo ( ) Errado ( ) Carro Certo ( ) Errado ( ) Tijolo Certo ( ) Errado ( )

Escore (máximo três pontos) _____ (Caso o paciente repita as três palavras em qualquer ordem, computa-se três pontos. Cada palavra 1 ponto)

ORIENTAÇÃO ESPACIAL - Onde estamos Local em que se encontra Certo ( ) Errado ( ) ( CREAI, Clínica, Hospital etc) Local específico Certo ( ) Errado ( ) (sala, consultório etc) Bairro ou rua próxima Certo ( ) Errado ( ) Cidade Certo ( ) Errado ( ) Estado Certo ( ) Errado ( )

Escore (máximo cinco pontos) _____

ORIENTAÇÃO TEMPORAL Dia da semana Certo ( ) Errado ( ) Mês Certo ( ) Errado ( ) Data do mês Certo ( ) Errado ( ) Ano Certo ( ) Errado ( ) Hora aproximada Certo ( ) Errado ( )

Escore (máximo cinco pontos) _____ (Para o dia do mês admite-se uma tolerância de um dia a mais ou a menos. Com relação às horas sem olhar para o relógio, admite-se uma tolerância de uma hora a mais ou a menos)

MEMÓRIA RECENTE: Quais foram as palavras que eu pedi que você repetisse há pouco? 1. Vaso Certo ( ) Errado ( ) 2. Carro Certo ( ) Errado ( ) 3. Tijolo Certo ( ) Errado ( )

Escore (máximo três pontos) _____

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Escolaridade: Analfabeto ( ) Ponto de corte 13 / 1 a 4 anos ( ) Ponto de corte 13

4 a 8 anos ( ) Ponto de corte 18 / > 8 anos ( ) Ponto de corte 26 Escore total_____

LINGUAGEM – Vou lhe mostrar dois objetos para que você me diga o nome deles Relógio Certo ( ) Errado ( ) Caneta Certo ( ) Errado ( )

Escore (máximo dois pontos) _____

LINGUAGEM – Por favor, repita a seguinte frase:

“Nem aqui, nem ali, nem lá” Certo ( ) Errado ( ) Escore (máximo um ponto) _____

COMANDO DE TRES ESTÁGIOS – Pegue este papel com a mão direita, dobre-o pela metade e coloque-o em cima da mesa. Pegar o papel com a mão direita Certo ( ) Errado ( ) Dobrar pela metade Certo ( ) Errado ( ) Colocar sobre a mesa Certo ( ) Errado ( )

Escore (máximo três pontos) _____

POR FAVOR, ESCREVA OU DIGA UMA FRASE OU PENSAMENTO QUALQUER .

Escore (máximo um ponto) _____

LEIA ESSA FRASE E FAÇA O QUE ELA PEDE:

“FECHE OS OLHOS” Escore (máximo um ponto) _____

AGORA TENTE COPIAR ESSE DESENHO

Escore (máximo um ponto)_____