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Edição Especial - Nº 02 - Rio de Janeiro, 08 de março de 2012 ESPECIAL QUEDA DA TAXA DE JUROS Folha de São Paulo, 29/04/2012 FELIPE GUTIERREZ PATRÍCIA BASILIO DE SÃO PAULO Entre as empresas, micro e pequenas são as maiores beneficiadas pelas reduções das taxas de juros que vêm sendo promovidas pelos bancos. “As grandes corporações têm condições de captar em mercados ou emitir debêntures” , diz Ricardo Almeida, da faculdade Insper. Mas isso não significa que tomar crédito seja um bom negócio para os empreendedores, alertam especialistas. “Empréstimo ainda tem um custo alto. Uma linha de 2% ao mês equivale a cerca de 27% ao ano. Mesmo com as reduções de taxas, é muito” , afirma César Caselani, professor de finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas). Juros caem, mas ainda estão altos MESMO COM REDUçõES, ESPECIALISTAS ACONSELHAM PESQUISAR E BARGANHAR Empresas que cogitam obter financiamentos para investir no negócio devem calcular se o ganho relativo às inovações terá taxa de retorno superior ao custo do empréstimo. Do contrário, “a cada mês precisa-se de mais dinheiro” , diz Caselani. A Concrete Solutions, de TI, não pega empréstimos em bancos, afirma Vitor Roma, 40, um dos sócios. “Somos uma empresa conservadora do ponto de vista de utilização de banco.Temos uma reserva equivalente a duas folhas de pagamentos. sacamos lucros depois de completarmos a reserva” , explica Roma. A linha de crédito com mais contratações desde que as taxas começaram a cair, no começo do mês, foi a de capital de giro, afirma Roberto Derziê, superintendente de pessoas jurídicas da Caixa Econômica Federal. Antes das quedas dos juros, o banco tinha cerca de R$ 600 milhões emprestados na modalidade. “Crescemos para R$ 2,4 bilhões do dia 9 de abril para cá” , diz. No Banco do Brasil, a linha com mais procura é a de prazo médio de 24 meses para empresas com faturamento acima de R$ 1 milhão ao ano. A taxa varia de 1,3% a 2% ao mês, de acordo com o risco do tomador, explica Adilson do Nascimento Anísio, diretor de micro e pequenas empresas do banco. NEGOCIAÇÃO Paulo Alvim, gerente de mercado e serviços financeiros do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), sugere que se negocie com o banco ao tomar crédito.“Tem que ter informação e saber barganhar.” Ele ressalta que é preciso levar em conta os prazos e as tarifas das linhas. Foi o que fez Paula Ribamar, 57, dona do bufê Aninha Gonzalez. Cliente antiga da Caixa, ela não gostou das condições que o banco ofereceu inicialmente. “Fui buscar no Bradesco uma possibilidade melhor. Quando a Caixa soube disso, veio com o tapete vermelho. Consegui obter crédito de R$ 100 mil a 0,97% ao mês” . O montante serviu para pagar uma reforma à vista. Ribamar teve um desconto de R$ 5.000 - mais do que os juros do empréstimo.

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Edição Especial sobre a queda da taxa de juros.

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Edição Especial - Nº 02 - Rio de Janeiro, 08 de março de 2012

ESPECIAL QUEDA DA TAXA DE JUROS

Folha de São Paulo, 29/04/2012

FELIPE GUTIERREZPATRÍCIA BASILIODE SÃO PAULO

Entre as empresas, micro e pequenas são as maiores beneficiadas pelas reduções das taxas de juros que vêm sendo promovidas pelos bancos.

“As grandes corporações têm condições de captar em mercados ou emitir debêntures”, diz Ricardo Almeida, da faculdade Insper.

Mas isso não significa que tomar crédito seja um bom negócio para os empreendedores, alertam especialistas.

“Empréstimo ainda tem um custo alto. Uma linha de 2% ao mês equivale a cerca de 27% ao ano. Mesmo com as reduções de taxas, é muito”, afirma César Caselani, professor de finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Juros caem, mas ainda estão altosMEsMo CoM REdUçõEs, EspECIAlIstAs AConsElhAM pEsqUIsAR E bARGAnhAR

Empresas que cogitam obter financiamentos para investir no negócio devem calcular se o ganho relativo às inovações terá taxa de retorno superior ao custo do empréstimo. do contrário, “a cada mês precisa-se de mais dinheiro”, diz Caselani.

A Concrete solutions, de tI, não pega empréstimos em bancos, afirma Vitor Roma, 40, um dos sócios.

“somos uma empresa conservadora do ponto de vista de utilização de banco. temos uma reserva equivalente a duas folhas de pagamentos. só sacamos lucros depois de completarmos a reserva”, explica Roma.

A linha de crédito com mais contratações desde que as taxas começaram a cair, no começo do mês, foi a de capital de giro, afirma Roberto derziê, superintendente de pessoas jurídicas da Caixa Econômica Federal. Antes das quedas dos juros, o banco tinha cerca de R$ 600 milhões emprestados na modalidade. “Crescemos para R$ 2,4 bilhões do dia 9 de abril para cá”, diz.

no banco do brasil, a linha com mais procura é a de prazo médio

de 24 meses para empresas com faturamento acima de R$ 1 milhão ao ano. A taxa varia de 1,3% a 2% ao mês, de acordo com o risco do tomador, explica Adilson do nascimento Anísio, diretor de micro e pequenas empresas do banco.

NEGOCIAÇÃO

paulo Alvim, gerente de mercado e serviços financeiros do sebrae (serviço brasileiro de Apoio às Micro e pequenas Empresas), sugere que se negocie com o banco ao tomar crédito. “tem que ter informação e saber barganhar.” Ele ressalta que é preciso levar em conta os prazos e as tarifas das linhas.

Foi o que fez paula Ribamar, 57, dona do bufê Aninha Gonzalez. Cliente antiga da Caixa, ela não gostou das condições que o banco ofereceu inicialmente. “Fui buscar no bradesco uma possibilidade melhor. quando a Caixa soube disso, veio com o tapete vermelho. Consegui obter crédito de R$ 100 mil a 0,97% ao mês”.

o montante serviu para pagar uma reforma à vista. Ribamar teve um desconto de R$ 5.000 - mais do que os juros do empréstimo.

2ESPECIAL QUEDA DA TAXA DE JUROS

Uma mínima diferença de percentual nos juros pode significar lucro ou perda na hora de fechar a compra do imóvel

Folha de São Paulo, 29/04/2012

MARIA CECILIA MACIELCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA

no início do mês, o banco do brasil foi o primeiro a anunciar queda nas taxas de juros, lançando o programa bom pra todos.

depois, foi a vez de o banco Central cortar 0,75 ponto percentual da selic, o juro básico da economia, seguido pela Caixa, que, além de baixar os juros, também lançou um programa de renegociação de dívidas.

A partir daí deflagrou-se uma verdadeira ofensiva de bancos estatais e privados, que adotaram a diminuição de taxas de diversas modalidades de créditos.

Contrariando a previsão de alguns especialistas, que até o início da semana passada afirmavam que a selic não impactaria diretamente

Queda de juros exige ainda mais pesquisaIntEREssAdo EM ApRoVEItAR o FEIRão dA CAIxA dEVE sE InFoRMAR CoM CRItéRIo

o crédito i m o b i l i á r i o , a Caixa apresentou, na última quarta-feira, uma nova medida, que entra em vigor a partir de 4 de maio -quando começa o feirão anual de imóveis promovido pelo

banco.

desta vez, a medida é voltada para o financiamento da casa própria: a redução de juros chega a percentuais de 21%, em contratos do sFh (sistema Financeiro de habitação).

para imóveis de até R$ 500 mil, por exemplo, o juro cai de 10% para 9%. no caso de correntistas, despenca para 7,9%.

Já em imóveis com valores menores, em circunstâncias especiais como a de o cliente ser cotista do FGts, por exemplo, o índice pode baixar ainda mais, chegando a 7,4%.

para quem está fora do sFh e pretende investir num valor acima de R$ 500 mil, as taxas, antes de 11%, baixam para 10% ou, ainda, 9% para quem tem conta-salário.

DESCONTOS

para ter ideia do que isso representa, em um financiamento imobiliário de R$ 600 mil -fora do sFh, a ser pago em 20 anos- o cliente economizará mais de R$

5,6 mil no primeiro ano e R$ 54 mil no total, segundo informações da Caixa.

Com as medidas, estima-se que as novas contratações de crédito imobiliário em 2012 possam chegar a R$ 96 bilhões, após os R$ 81,8 bilhões tomados de 2011, afirmou o vice-presidente de governo e habitação do banco, José Urbano duarte.

“Estamos em um mercado com crescimento potencial. hoje, detemos mais de 70% deste mercado. sabemos que o nosso movimento é importante.”

PESQUISA

Com a queda nos juros dos financiamentos anunciada pela Caixa, a tendência é que o feirão tenha uma procura recorde -até pelo efeito de euforia que a notícia tem causado em muitos consumidores.segundo o banco, já passou de 12 milhões o número de internautas que acessaram a página em busca de informações. “Mesmo com o anúncio da queda nos juros, é importante pesquisar muito antes de fechar negócio, pois há sempre muitos riscos”, recomenda Alexandre naves soares, advogado da AbMh (Associação brasileira dos Mutuários da habitação). para ele, o Feirão da Caixa serve para fazer uma boa pesquisa. “o interessado que quiser comprar um imóvel durante o evento deve se informar criteriosamente e estar assessorado por um advogado especializado”, completa.