neutroaterra_n9_2012-1s

68
Revista Técnico-Científica |Nº9| Junho de 2012 http://www.neutroaterra.blogspot.com EUTRO À TERRA Instituto Superior de Engenharia do Porto – Engenharia Electrotécnica – Área de Máquinas e Instalações Eléctricas A revista “Neutro à Terra” volta novamente à vossa presença, com novos e interessantes assuntos na área da Engenharia Eletrotécnica em que nos propomos intervir. Nesta edição da revista merecem particular destaque os temas relacionados com as instalações elétricas, as máquinas elétricas, a eficiência energética e as energias renováveis. Nesta publicação dáse também destaque à quarta edição das Jornadas Eletrotécnicas de Máquinas e Instalações Elétricas, que devem ocorrer nos dias 5 e 6 de Dezembro de 2012 no Centro de Congressos do Instituto Superior de Engenharia do Porto. Professor Doutor José Beleza Carvalho Instalações Eléctricas Pág.5 Máquinas Eléctricas Pág. 19 Telecomunicações Pág. 27 Segurança Pág. 31 Energias Renováveis Pág. 39 Eficiência Energética Pág.55 Domótica Pág. 61 Nº9 1º semestre de 2012 ano 5 ISSN: 16475496

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Page 1: NeutroATerra_N9_2012-1S

Revista Técnico-Científica |Nº9| Junho de 2012

http://www.neutroaterra.blogspot.com

EUTRO À TERRA

Instituto Superior de Engenharia do Porto – Engenharia Electrotécnica – Área de Máquinas e Instalações Eléctricas

A revista “Neutro à Terra” volta novamente à vossa presença, com novos e

interessantes assuntos na área da Engenharia Eletrotécnica em que nos

propomos intervir. Nesta edição da revista merecem particular destaque os

temas relacionados com as instalações elétricas, as máquinas elétricas, a

eficiência energética e as energias renováveis.

Nesta publicação dá‐se também destaque à quarta edição das Jornadas

Eletrotécnicas de Máquinas e Instalações Elétricas, que devem ocorrer nos

dias 5 e 6 de Dezembro de 2012 no Centro de Congressos do Instituto Superior

de Engenharia do Porto.

Professor Doutor José Beleza Carvalho

InstalaçõesEléctricasPág.5

Máquinas EléctricasPág. 19

Telecomunicações

Pág. 27

Segurança

Pág. 31

EnergiasRenováveisPág. 39

EficiênciaEnergéticaPág.55

Domótica

Pág. 61

Nº9  1º semestre de 2012  ano 5  ISSN: 1647‐5496

Page 2: NeutroATerra_N9_2012-1S

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FICHA TÉCNICA DIRETOR: Doutor José António Beleza Carvalho

SUBDIRETORES: Eng.º António Augusto Araújo GomesDoutor Roque Filipe Mesquita BrandãoEng.º Sérgio Filipe Carvalho Ramos

PROPRIEDADE: Área de Máquinas e Instalações ElétricasDepartamento de Engenharia ElectrotécnicaInstituto Superior de Engenharia do Porto

CONTATOS: [email protected] ; [email protected]

Índice

03| Editorial

05| Instalações ElétricasElectromagnetic Forces of Short‐Circuitsin Symmetric Three‐phase CircuitsRui Manuel de Morais Sarmento

19| Máquinas ElétricasGeradores Eólicos Caraterísticas ElétricasJosé António Beleza carvalhoRoque Filipe Mesquita Brandão

27| TelecomunicaçõesZAP – Muito mais que um acesso privilegiadoSérgio Filipe Carvalho RamosAntónio Silva

31| SegurançaSegurança Contra Incêndio em EdifíciosRegime Jurídico, Normas e Notas TécnicasAntónio Augusto Araújo GomesHenrique Jorge de Jesus Ribeiro da Silva

39| Energias RenováveisInovar na produção de energia elétrica a partir do ventoO recurso a postes de eletricidade existentesMiguel Leichsenring Franco

Cogeração e Trigeração. Um caso práticoAlfredo SilvaPedro Costa

55| Eficiência EnergéticaVeículos ElétricosImpactos, Barreiras e Oportunidades da Integração nos Sistemas de EnergiaVera Silva

61| DomóticaServidor de Automação e Automação LEANPara uma GTC mais otimizadaInfocontrol – Eletrónica e Automatismo, Lda

65| Autores

PUBLICAÇÃO SEMESTRAL:  ISSN: 1647‐5496

Page 3: NeutroATerra_N9_2012-1S

EDITORIAL

3

Estimados leitores

A revista “Neutro à Terra” volta novamente à vossa presença, com novos e interessantes assuntos na área da Engenharia

Eletrotécnica em que nos propomos intervir. Nesta edição da revista merecem particular destaque os temas relacionados com

as instalações elétricas, as máquinas elétricas, a eficiência energética e as energias renováveis.

As forças eletromagnéticas que se manifestam nas situações de curto‐circuito são de extrema complexidade, sendo o seu

conhecimento determinante para um correto dimensionamento das instalações elétricas, quer ao nível dos esforços que

condutores e barramentos ficam sujeitos, quer ao nível do dimensionamento de equipamentos de proteção. Nesta edição,

apresenta‐se um artigo de elevado nível científico, que descreve uma nova metodologia de cálculo das forças que se

estabelecem entre condutores na situação mais desfavorável de um curto‐circuito, particularmente no período transitório da

ocorrência do defeito. Os resultados obtidos com diversas simulações, que são aqui apresentadas, permitem uma reflexão

aberta sobre o que está estabelecido e é atualmente aceite, no âmbito dos valores máximos das forças eletromagnéticas

resultantes de um curto‐circuito simétrico trifásico.

A produção de eletricidade a partir de energia eólica tem vindo a crescer de forma rápida e sustentada desde 1985. Atualmente,

existem geradores eólicos localizados em todo o mundo cuja potência já atinge valores superiores a 3000 MW. A necessária

conversão eletromecânica de energia baseia‐se em máquinas que apresentam um princípio de funcionamento baseado nas leis

da indução eletromagnética, assente no princípio das ações e reações eletromagnéticas, devidamente justificadas pelas leis de

Faraday, Lenz e Laplace. Nesta edição, apresenta‐se um artigo que analisa as principais caraterísticas elétricas das máquinas

mais utilizadas como geradores eólicos.

A necessidade de reduzir a dependência Europeia dos combustíveis fósseis e de reduzir o nível de emissões de dióxido de

carbono oriundos do sector dos transportes deu origem a uma necessidade de desenvolver novas tecnologias e soluções de

mobilidade. Uma das soluções que se apresenta como promissora é a substituição de veículos movidos por motores de

combustão térmica por veículos elétricos e veículos híbridos recarregáveis. Nesta edição da revista apresenta‐se um importante

artigo, que analisa o impacto desta nova carga elétrica ao nível do planeamento, gestão e exploração dos atuais sistemas

elétricos de energia.

O forte desenvolvimento que se tem verificado na produção de energia elétrica com recurso a fontes de energia renováveis,

especialmente de natureza eólica, levou na última década a uma grande proliferação de parques eólicos. Como resultado de

pesados investimentos em grandes geradores eólicos, o vento passou de um pequeno fornecedor de energia para um dos

principais componentes do mix energético dos países industrializados. A eletricidade gerada a partir do vento aumentou

mundialmente a uma taxa média de 21% entre 2006 e 2010, representando hoje cerca de 2% do fornecimento total de energia.

Nesta edição da revista, publica‐se um artigo que aborda uma forma inovadora de produção de energia eólica, baseado na

utilização dos postes das redes de transporte e distribuição de energia elétrica para colocação dos aerogeradores.

Nesta edição da revista “Neutro à Terra” pode‐se ainda encontrar outros assuntos reconhecidamente importantes e atuais,

como um artigo sobre infraestruturas de telecomunicações em edifícios, um artigo sobre segurança contra incêndios em

edifícios e um artigo que analisa as tecnologias adotadas na cogeração e trigeração, apresentando‐se um caso prático de

cogeração e trigeração em funcionamento num centro comercial da cidade do Porto.

Page 4: NeutroATerra_N9_2012-1S

EDITORIAL

4

No âmbito do tema “Divulgação”, que pretende divulgar os laboratórios do Departamento de Engenharia Eletrotécnica, onde

são realizados alguns dos trabalhos correspondentes a artigos publicados nesta revista, nesta edição apresenta‐se o Laboratório

de Sistemas Digitais.

Nesta publicação dá‐se também destaque à quarta edição das Jornadas Eletrotécnicas de Máquinas e Instalações Elétricas, que

devem ocorrer nos dias 5 e 6 de Dezembro de 2012 no Centro de Congressos do ISEP. Este evento contará com a participação de

diversas empresas ligadas às áreas das máquinas elétricas, sistemas eletromecânicos, energias renováveis, veículos elétricos,

segurança, domótica, luminotecnia e infraestruturas de telecomunicações. O evento é organizado pelo Departamento de

Engenharia Eletrotécnica do ISEP, com os habituais colaboradores desta revista a terem um papel preponderante.

Esperando que esta nova edição da revista “Neutro à Terra” possa voltar satisfazer as expectativas dos nossos leitores,

apresento os meus cordiais cumprimentos.

Porto, Junho de 2012

José António Beleza Carvalho

4as JORNADAS ELETROTÉCNICAS DE MÁQUINAS E INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

5  e  6 de Dezembro de 2012

Instituto Superior de Engenharia do Porto

Informaçõeswww.dee.isep.ipp.pt

[email protected]

Objetivo

Promover a divulgação e discussão de temas relacionados com as Máquinas e Instalações Elétricas, devidamente

enquadrados com a problemática atual das energias renováveis e a utilização racional de energia, envolvendo o

ensino, a investigação, profissionais e empresários do sector eletrotécnico, através da apresentação de comunicações

e exposição de equipamentos.

Destinatários

Licenciados, bacharéis, alunos de cursos de Engenharia Eletrotécnica e, de uma forma geral, todos os profissionais

do sector eletrotécnico, que exerçam funções relacionadas com as áreas das máquinas e instalações elétricas.

Temas

Investigação/Ensino; Politica Energética; Energias Renováveis; Máquinas Elétricas; Veículos Elétricos; Sistemas

Eletromecânicos; Instalações Elétricas; Sistemas de Segurança; Telecomunicações.

Page 5: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

5

Resumo

Este trabalho descreve uma metodologia de cálculo que

pretende apresentar um aperfeiçoamento na obtenção das

forças electromagnéticas entre condutores de um sistema

trifásico simétrico, nas situações mais desfavoráveis de

curto‐circuito, nomeadamente no período subtransitório e na

ocorrência da corrente de choque de curto‐circuito num dos

condutores. Analisa os configurações geométricas mais

comuns dos condutores, em esteira ou triângulo. Os

programas de cálculo automático foram desenvolvidos com

MATLAB que tornou possível a obtenção de resultados de

elevada precisão, numa incursão na dualidade espaço‐tempo

do campo forças. Os resultados permitem abrir uma reflexão

no estabelecido e universalmente aceite sobre as máximas

forças de curto‐circuito.

Palavras‐chave

Forças eletromagnéticas, curtos‐circuitos, circuitos trifásicos

e máxima corrente de defeito, força máxima de C.C., fator de

correção, redução de custos.

1. Introdução

A corrente de curto‐circuito trifásico simétrico ‐ análise por

fase ‐ nos instantes iniciais é obtida a partir do conhecimento

da potência de curto‐circuito trifásica ou da impedância

equivalente do circuito trifásico no ponto de curto‐circuito.

são a resistência equivalente e a reactância

equivalente subtransitória no ponto de curto‐circuito.

A reactância equivalente subtransitória, no ponto de defeito,

inclui as reactâncias das fontes para os instantes iniciais do

curto‐circuito.

A tensão numa fase, no instante inicial,

origina uma corrente instantânea,

i = corrente alternada (simétrica) + componente contínua

é o argumento da impedância equivalente

(1)

é o valor eficaz da componente alternada (simétrica) da

corrente de curto‐circuito trifásico subtransitório .

O valor máximo da componente contínua é:

No instante inicial t = 0 s, a componente contínua tem o sinal

contrário da componente alternada, a corrente instantânea i

é igual a zero.

A. Valor instantâneo máximo da corrente –

ou corrente de choque ‐

A situação mais desfavorável ocorre quando a fase da tensão

é igual ao argumento da impedância de curto‐circuito, no

instante inicial.

Para se

Forças Eletromagnéticas de Curtos‐Circuitosem Circuitos Trifásicos Simétricos

Rui Manuel Aguiar de Morais SarmentoInstituto Superior de Engenharia do Porto

22 ''''eq XRZ

''XeR

tcosVv 2

continua

eq

iZ

tvi

''

tX

R

''ecostcos

XR

Vi

22

2

R

Xarctg

''

223

''

''cc

XR

VI

cosXR

VI

''maxcont 22

2

''pI

chI

st 0 ou

02 ie...oucosVv

Page 6: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

6

A sobreposição da componente alternada simétrica com a componente contínua é máxima(1) (Fig.1) para

e obtemos a corrente de choque,

(2)

Sendo o fator de correção que incorpora a componente contínua

(3)

ta é o tempo de amortecimento do sistema ou dos componentes elétricos (decréscimo de cerca de 63% da componente

contínua).

(4)

Figura 1 ‐ Corrente instantânea de curto‐circuito

s,T

t 01002

11 cosetcos

''cc

T

ta''

eq

T

X

R

''eq

ch IeZ

Ve

Z

VI 3

2

1

2 212

12

2

1

1T

tae

R

X

R

Lta

''

-1,000

-0,500

0,000

0,500

1,000

1,500

0 T/2

k Icc''2

t

P. subtrans. P. síncronoP. trans.

2 2Icc''

''2 ccI

(1) Na realidade, para baixos tempos de atenuação, a sobreposição máxima da corrente alternada com a componente contínua, chamada decorrente de choque, ocorre para tempos inferiores a meio ciclo, por exemplo, se ta = 0,01 s, = 1,375, no instante t = 0,0096 s. Parasimplificação de cálculos e de programação, a aproximação da ocorrência da corrente de choque ao meio ciclo (T/2) introduz, no máximo,um erro de aproximação por defeito de 0,51%.

Page 7: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

7

Na figura 2 é apresentado o fator que inclui a contribuição da componente contínua (3) na corrente de choque, em função do

tempo de amortecimento do circuito ou tempo de atenuação da respetiva componente contínua (4).

Figura 2 ‐ Contribuição da componente contínua

Esta situação não ocorre simultaneamente nas três fases (nas outras fases a situação não é tão crítica) .

NOTA 1.

Nas simulações e cálculos seguintes das forças eletromagnéticas atribuiu‐se a o valor aproximado de 1,82, para o cálculo da corrente

de choque, que corresponde a um tempo de amortecimento de 2,5 ciclos (ta = 0,050 s).

B. Fator de correção da força Eletromagnética

A força instantânea entre dois condutores (no exemplo fases a e b de um sistema trifásico) de comprimento L(m) e separados

pela distância d(m), é dada pela expressão,

e 0 = 4 x 10‐7 (H/m)

Na situação de um deles ser percorrido pela corrente de choque (corrente máxima instantânea de curto‐circuito) vai ocorrer

num determinado instante a força máxima eletromagnética. A força em função do tempo é :

onde :

(5)

ta

t

ta

t''

cc e)cos()tcos(etcosICF3

2

3

22

2

3

d

LC

2

0

Nd

LiiF ba

2

0

Page 8: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

8

Dividindo a força F por obtemos o fator de correção K (6) para a expressão da força (7) em função da

corrente de choque.

(6)

A força eletromagnética (7) vem assim expressa em função da corrente de choque (2) que percorre um dos condutores e do

parâmetro geométrico do sistema trifásico (5).

(7)

II. CURTO‐CIRCUITO TRIFÁSICO SIMÉTRICO CONDUTORES EM ESTEIRA

A força máxima sobre um condutor depende da ocorrência da corrente de choque e da fase onde esta se estabelece. Tendo em

conta que, pelo princípio da ação e reação, a soma vetorial das forças em qualquer instante é igual a zero, a força máxima só se

verifica num determinado condutor do sistema trifásico (figura 6). Como a componente contínua é atenuada no tempo, a força

máxima só se verifica num determinado instante. Considerou‐se nos estudos apresentados o tempo de atenuação (4) da

componente contínua ta = 0,050 s ( = 1,82).

Devido à assimetria geométrica da distribuição das fases simulou‐se a ocorrência da corrente de choque, tanto no condutor

intermédio como num dos condutores exteriores. Verifica‐se sempre o cumprimento do princípio da conservação da carga, a

soma das correntes instantâneas nas três fases é igual a zero (figura 7).

Figura 3 ‐ Forças entre condutores em esteira

232 2 ''

ccch ICIC

2

2

1

13

2

3

2

T

tata

t

ta

t

ee)cos()tcos(etcosK

232 ''ccICKF

Fab (+)

a

d d

b c

Fac (+)

Fbc (-)

IaIb Ic

Page 9: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

9

A. Corrente de choque no condutor intermédio (fase b)

A.1. Força sobre o condutor exterior (fase a)

O fator de correção da força (K) é dado pela expressão (8), soma vetorial das forças sobre o condutor a (figura 3).

(8)

A força resultante é máxima no instante t = 0,0125 s e Kmax = 0,582 (figura 4).

Figura 4 ‐ Força e corrente no condutor exterior a

A.2. Força sobre o condutor intermédio (fase b)

O fator de correção da força (K) é dado pela expressão (9), soma vetorial das forças sobre o condutor b (figura 3).

(9)

2

2

1

13

2

3

2

T

tata

t

ta

t

a eetcose)cos()tcos(K 5,01)3

2cos()

3

2cos()

3

2cos()

3

2cos(

2

2

1

xeetetT

tata

t

ta

t

2

2

1

13

2

3

2

T

tata

t

ta

t

b ee)cos()tcos(etcosK

2

2

1

13

2

3

2

T

tata

t

ta

t

ee)cos()tcos(e)tcos(

Page 10: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

10

A força resultante é máxima no instante t = 0,0067 s e Kmax = 0,623 (figura 5).

Figura 5 ‐ Força e Corrente no condutor intermédio b

De igual modo podemos calcular a força máxima sobre o outro condutor exterior (fase c) e obtinha‐se t = 0,0073 s e Kmax= 0,627.

Se a corrente de choque ocorre no condutor intermédio o fator de correção da força máxima é inferior a 0,63 (figura 6).

Figura 6 ‐ Fator de correção das forças nos condutores abc 

.

Page 11: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

11

A sequência das correntes nas fases (bca) apresentada na figura 7 é válida para qualquer sequência do sistema trifásico simétrico

(abc ou cab), e para a fase onde ocorre a corrente de choque.

Figura 7 ‐ Correntes de curto‐circuito com  = 1,82 na fase b

B. Corrente de choque no condutor exterior (fase a)

B.1. Força sobre o condutor exterior (fase a)

O fator de correção da força (K) é dado pela expressão (10), soma vetorial das forças sobre o condutor a (figura 3).

(10)

A força resultante é máxima no instante t = 0,0090 s e Kmax = 0,796 (figura 8).

Figura 8  ‐ Força e Corrente no condutor exterior a

2

2

1

13

2

3

2

T

tata

t

ta

t

a ee)cos()tcos(etcosK 501

3

2

3

22

2

1

,xee)cos()tcos(etcosT

tata

t

ta

t

Page 12: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

12

B.2. Força sobre o condutor intermédio (fase b)

O fator de correção da força (K) é dado pela expressão (11), soma vetorial das forças sobre o condutor b (Fig.3).

(11)

A força resultante é máxima no instante t = 0,0088 s e Kmax = 0,849 (figura 9).

Figura 9 ‐ Força e Corrente no condutor intermédio b

NOTA 2.

Nos gráficos de Força e Corrente, alguns sinais foram trocados por comodidade da apresentação.

O sistema de forças sobre os condutores em esteira está representado na figura 10, verificando‐se que a força máxima ocorre no

condutor intermédio, quando o condutor exterior é percorrido pela corrente de choque.

Figura 10 ‐ Fator de correção das forças nos condutores abc 

2

2

1

13

2

3

2

T

tata

t

ta

t

b ee)cos()tcos(etcosK

2

2

1

13

2

3

2

3

2

3

2

T

tata

t

ta

t

ee)cos()tcos(e)cos()tcos(

Page 13: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

13

Neste estudo analisou‐se a variação do Kmax, para a situação mais desfavorável (B.2), em função do tempo de atenuação da

componente contínua (4). Verifica‐se que o fator de correção da força máxima, em função da corrente de choque, diminui

quando o tempo de atenuação aumenta (figura 11). Os resultados demonstram a especial importância da contribuição da

componente contínua (3) e do tempo de atenuação.

Fator de correção da força máxima ‐ condutores em esteira:

Figura 11 ‐ Fator de correção Kmax e fator Kmax.2

Conhecido o tempo de atenuação (4), é mais indicado e correto calcular a força máxima a partir do fator Kmax.2 e da corrente

de curto‐circuito trifásico simétrico subtransitório (1). O valor do respectivo fator é sempre inferior a 3,3 (ta = inf.).

(12)

III. CURTO‐CIRCUITO TRIFÁSICO SIMÉTRICO ‐ CONDUTORES EM TRIÂNGULO

A força máxima sobre um condutor depende apenas da ocorrência da corrente de choque numa qualquer das fases. Devido à

simetria geométrica da distribuição das fases simulou‐se a ocorrência da corrente de choque no condutor a.

Verificou‐se a força máxima no condutor onde ocorre a corrente de choque, nos outros condutores a força é inferior.

Considerou‐se, igualmente como no ponto (II), nos estudos apresentados o tempo de atenuação da componente contínua

ta=0,050 s ( = 1,82).

232 2 ''

ccmaxmax I.KCF

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ARTIGO TÉCNICO

14

Figura 12 ‐ Forças entre condutores em triângulo

A. Corrente de choque no condutor a

A.1. Força sobre o condutor a

O fator de correção da força (K) é dado pelas expressões abaixo, soma vetorial das forças sobre o condutor a (figura 12).

(13)

(14)

(15)

A força resultante é máxima no instante t = 0,0098 s e Kmax = 0,868 (figura 13).

Figura 13 ‐ Força e Corrente no condutor a

Ia

Ic

Ib

d

Fab

Fac x

y Fbc

2

31

3

2

3

22

2

1

xee)cos()tcos(etcosKT

tata

t

ta

t

ax

2

31

3

2

3

22

2

1

xee)cos()tcos(etcosT

tata

t

ta

t

5013

2

3

22

2

1

,xee)cos()tcos(etcosKT

tata

t

ta

t

ay

5013

2

3

22

2

1

,xee)cos()tcos(etcosT

tata

t

ta

t

22ayaxa KKK

Devido à simetria geométrica da distribuição das fases a força sobre

um condutor resulta da soma vetorial no plano xy das forças entre os

condutores. É indiferente a sequência de colocação das fases.

Page 15: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

15

Na figura 14 apresenta‐se a trajetória da força sobre o condutor a onde ocorre a corrente de choque, de 0 a 0,04 s.

Figura 14 ‐ Trajetória da força sobre o condutor a (2 ciclos)

A.2. Força sobre o condutor b

A força resultante é máxima no instante t = 0,0074 s e Kmax = 0,629 (figura 15).

O sistema de forças sobre os condutores em triângulo está representado na figura 15, verificando‐se que a força máxima ocorre

no condutor que é percorrido pela corrente de choque.

Figura 15 ‐Módulos do fator de correção das forças em triângulo

Page 16: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

16

Analisou‐se a variação do Kmax, para a situação mais desfavorável (III A.1), em função do tempo de atenuação da componente

contínua. De igual modo, verifica‐se que o fator de correção da força máxima, em função da corrente de choque, diminui quando

o tempo de atenuação aumenta (figura 16). Os resultados demonstram igualmente a especial importância da contribuição da

componente contínua (3) e do tempo de atenuação.

Fator de correção da força máxima ‐condutores em triângulo

Figura 16 ‐ Fator de correção Kmax e fator Kmax.2

Conhecido o tempo de atenuação ta e a corrente de curto‐circuito trifásico simétrico , a força máxima é dada pela

expressão,

(16)

O valor do fator Kmax .2 é sempre inferior a 3,5.

IV. CURTO‐CIRCUITO BIFÁSICO SEM TERRA

O estudo do curto‐circuito bifásico sem terra serve apenas para verificar as situações mais desfavoráveis nas solicitações

mecânicas das forças eletromagnéticas entre condutores, e verificar os valores estabelecidos nas normas técnicas.

Considerou‐se, igualmente como nos pontos (II, III), nos estudos apresentados o tempo de atenuação da componente contínua

ta= 0,050 s (= 1,82).

''ccI 3

232 2 ''

ccmaxmax I.KCF

Page 17: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

17

A. Corrente de choque nos condutores a e b ‐ Força sobre o condutor a ou b

O fator de correção da força (K) é dado pela expressão (17), resultado da tensão nominal e do dobro da impedância equivalente

de curto‐circuito.

(17)

A força é máxima no instante t = 0,0099 s e Kmax = 0,751 (figura 17).

Figura 17 ‐ Força e Corrente no condutor a ou b

Analisou‐se a variação do Kmax (Fig.18), em função do tempo de atenuação da componente contínua (4). A força máxima pode

também ser expressa em função da corrente de curto‐circuito trifásico simétrico, .

Fator de correção da força máxima ‐ entre condutores no curto‐circuito bifásico sem terra.

Figura 18 ‐ Fator de correção Kmax e fator Kmax.2

2

2

12

14

3

T

tata

t

a eetcosK

''ccI 3

Page 18: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

18

NOTA 3.

No estudo das solicitações mecânicas deve‐se também ter

em conta a força de repulsão sobre o condutor exterior de

uma fase multifilar de n condutores, separados por uma

distância d’, devido à corrente que se reparte pelos n

condutores.

V. CONCLUSÃO

O fator de correção da força máxima é normalmente

majorado para o dimensionamento dos condutores, às

solicitações mecânicas, podendo isso levar a uma excessiva

maximização e desperdício de material.

Os valores apresentados nas normas técnicas foram obtidos

por aproximação, devido à dificuldade da complexidade de

cálculo dos fenómenos considerados.

Nas situações menos problemáticas, como curto‐circuito em

baixa tensão e com tempos de atenuação da componente

contínua inferiores a 0,02 s, os fatores de correção poderão,

eventualmente, ficar subestimados.

Nas situações de elevada potência de curto‐circuito, como

nos terminais à saída dos geradores ou nos transformadores

de Alta Tensão, tendo em conta tempos de amortecimento

superiores, os fatores tenderão a ser sobreavaliados.

A corrente de curto‐circuito trifásica simétrica é

normalmente sobreavaliada quando se considera apenas a

reactância subtransitória equivalente, e a ocorrência da

corrente de choque é reduzida, não havendo necessidade de

majorar os fatores de correção das forças máximas sobre os

condutores.

Os valores obtidos nos programas de cálculo computacional

são exaustivos e permitiram obter, no espaço temporal,

valores precisos para as diversas configurações do sistema

elétrico. Os programas de cálculo foram desenvolvidos em

MATLAB, e obteve‐se resultados de elevado rigor, o que

poderá permitir, se tal for necessário, a correção e

melhoramento dos valores apresentados e recomendados

pelas normas técnicas.

Em vez de se fixar o fator de correção da força máxima

(Kmax) em função da corrente de choque, o conhecimento

ou previsão do tempo de atenuação (ta) da componente

contínua permite obter com melhor precisão a força máxima

em função da corrente de curto‐circuito trifásico simétrico

subtransitório.

O caos organizado.

Figura 19. Condutores em triângulo (Fig.12) ‐ Trajetória da força 

sobre o condutor b (2 ciclos), com corrente de choque ( = 1,82) no 

condutor a

REFERÊNCIAS

Apostol – Calculus Vol2, Editora Editorial Reverté

Alonso & Finn – Física Vol2, Campos e Ondas, Editora Edgard Blucher

Feynman – Leituras sobre a Física Vol2, Electromagnetismo, Editora

Addison Wesley

MATLAB Academic – Linguagem de programação técnica,

MathWorks,Inc

Normas IEC 60865 – Correntes de curto‐circuito

12

12

32

1

12

nparaIn

kCF ''

cc

n

k'''max

''

d

LC

2

0

Page 19: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

19

José António Beleza CarvalhoRoque Filipe Mesquita Brandão

Instituto Superior de Engenharia do Porto

Introdução

A produção de eletricidade a partir de energia eólica tem

vindo a crescer de forma rápida e sustentada desde 1985.

Atualmente, existem geradores eólicos localizados em todo

o mundo cuja potência já atinge valores superiores a 3000

MW.

As principais tecnologias utilizadas na conversão

eletromecânica de energia eólica em energia elétrica são

baseadas principalmente em três tipos de máquinas

elétricas:

• A máquina de Corrente Contínua (Máquina DC)

• A máquina Síncrona de Corrente Alternada

• A máquina Assíncrona de Indução

Estas máquinas apresentam um princípio de funcionamento

baseado nas leis da indução eletromagnética, assente no

princípio das ações e reações eletromagnéticas,

devidamente justificadas pelas leis de Faraday, Lenz e

Laplace.

A conversão eletromecânica de energia resultante é sempre

reversível. A mesma máquina pode ser usada como motor

para a conversão da energia elétrica em energia mecânica,

ou como o gerador convertendo a energia mecânica em

energia elétrica. Normalmente, há um elemento externo

estacionário (estator) e um elemento interno rotativo

(rotor). O rotor é montado sobre rolamentos fixos ao

estator. Tanto o estator como o rotor são núcleos de ferro

cilíndrico, que estão separados por um espaço denominado

entre ferro. Os núcleos são feitos de material ferro

magnético de alta permeabilidade, e os condutores

embutidos em ranhuras apresentam‐se distribuídos na

superfície do núcleo. Noutro tipo de bobinagem,

normalmente apenas com funções de excitação magnética,

os condutores envolvem os principais pólos magnéticos. Na

Figura 1 é possível ter uma visão transversal da máquina

elétrica rotativa, em que o estator apresenta‐se com pólos

salientes, e cuja bobinagem se destina a circuito indutor, ou

de excitação, e o rotor com bobinagem distribuída cujo

circuito se destina a induzido ou armadura. O fluxo

magnético criado pela corrente de excitação atravessa o

núcleo ferro magnético rotórico, “cortando” a bobinagem do

induzido e fechando‐se pela carcaça da máquina, formando

assim um circuito fechado. A conversão eletromecânica de

energia é realizada através da interação entre o fluxo

magnético produzido pelo circuito indutor, com o campo

magnético de reação produzido pela corrente elétrica que

circula no circuito induzido [8].

1 Máquina DC

A máquina de DC convencional pode ser de excitação

independente ou auto excitada. Na máquina de excitação

independente existe uma fonte de corrente contínua que

alimenta o circuito indutor ou de excitação de forma

separada do induzido. Por outro lado, na máquina auto

excitada, o circuito indutor será constituído por bobinas em

série ou paralelo com o circuito induzido, e cuja corrente

contínua que as vai percorrer produzirá o campo magnético

necessário ao funcionamento da máquina. Atualmente, a

máquina DC é muitas vezes concebida com ímanes

permanentes para eliminar a necessidade do sistema de

coletor e escovas da máquina convencional. Os ímanes

permanentes ficam localizados no rotor e, a bobinagem do

induzido, ou armadura, ficará alojada no núcleo ferro

Geradores EólicosCaraterísticas Elétricas

Figura 1 – Secção transversal do estator e rotor da máquina elétrica rotativa

Page 20: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

20

magnético estatórico. A corrente que vai circular na

armadura será alternada, sendo retificada por conversores

de estado sólido. Estas máquinas não precisam do sistema

de anel coletor seccionado e escovas, daí, a elevada

fiabilidade e bom desempenho destas máquinas. A máquina

DC de ímanes permanentes é usada em turbinas eólicas de

pequeno porte, devido à limitação da capacidade magnética

dos ímanes permanentes. Esta máquina de corrente

contínua sem escovas tem uma utilização limitada a

potências inferiores a 100 kW.

2 Máquina síncrona de corrente alternada

A maior parte da energia elétrica consumida no mundo é

produzida pelo gerador síncrono de corrente alternada. Por

esta razão, a máquina síncrona é uma máquina muito

utilizada. A máquina síncrona funciona a uma velocidade fixa

e constante relacionada com a frequência. Portanto, não é

adequada para a operação de centrais eólicas de velocidade

variável. Além disso, a máquina síncrona necessita de

corrente contínua para excitar o campo indutor localizado no

rotor, o que impõe a necessidade do sistema de anéis e

escovas de carbono para se aceder a um circuito que fica

localizado numa peça em movimento. Isto representa uma

limitação à sua utilização. A necessidade de excitação em

corrente contínua e das escovas pode ser eliminada pelo

binário de relutância. O desempenho e a fiabilidade da

máquina são muito beneficiados, reduzindo também o seu

custo. A utilização da máquina, porém, é limitada a dezenas

de kW. O gerador de relutância síncrono é efetivamente

utilizado para pequenos geradores eólicos. Na Figura 2 é

possível ver o esquema das ligações de geradores eólicos

equipados com máquinas síncronas de velocidade variável.

No sistema representado na Figura 2, a máquina síncrona é

ligada através de um sistema de conversão CA/CC/CA, pois a

frequência da tensão e corrente estatórica é diferente da

frequência da rede elétrica.

Estes geradores não costumam ter caixa de velocidades, e a

velocidade mecânica de rotação do rotor é idêntica à da

velocidade de rotação da turbina. Normalmente a velocidade

de rotação da turbina (e do rotor da máquina síncrona) varia

entre 17 rpm e 36 rpm, possuindo a máquina um elevado

número de pólos.

O estator da máquina síncrona tem seis fases e está ligado a

dois sistemas independentes de conversão CA/CC/CA. O

paralelo entre os dois sistemas de conversão é feito na saída

dos conversores CC/CA (conversores de rede) que é ligado

ao transformador elevador.

Cada um dos conversores CA/CC ligado ao gerador

(conversores de gerador) é constituído por um conversor em

ponte paralelo duplo equipado com 6 tirístores. Estes

tirístores funcionam com um ângulo de disparo constante.

A tensão contínua aos terminais do condensador, colocado

em paralelo com os conversores, deve ser definida para um

valor constante. No entanto, para valores baixos da

velocidade do rotor, o sistema de excitação da máquina

síncrona é incapaz de garantir esse valor, sendo necessário o

uso de um "chopper" (conversor CC/CC). Este conversor

instalado entre o gerador e o condensador é desligado

sempre que a velocidade do rotor ultrapassa um

determinado valor.

O conversor de rede é um conversor em ponte paralelo

duplo equipado com IGBTs, com um sistema de controlo

baseado na modulação por largura de pulso (PWM). Este

conversor controla a potência ativa injetada na rede e o fator

de potência. O controlo de potência ativa na rede pelo

conversor permite a imposição ao gerador do binário

eletromagnético, tornando assim possível controlar a

velocidade de rotação do grupo gerador e da turbina eólica,

a fim de se obter a velocidade específica ótima da ponta da

lâmina, para cada valor da velocidade do vento [2].

Figura 2 – Diagrama de ligações de um gerador síncrono funcionando a velocidade variável [1]

Page 21: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

21

A figura 3 ilustra a potência ativa e reativa fornecida pelo

conversor de rede do gerador de energia eólica de acordo

com a velocidade de rotação do rotor.

Ao contrário da máquina de indução, a máquina síncrona,

quando utilizada no sistema de ligação à rede, tem algumas

vantagens. Não exige potência reativa da rede, resultando

isso numa melhoria da qualidade da energia no interface

com a rede. Esta vantagem é tanto mais importante quando

o parque eólico é ligado a uma rede de pequena capacidade,

de alta e baixa tensão. Na verdade, as centrais eólicas

geralmente encontram‐se ligadas a redes de grande

potência, usando linhas de menor distância, e na maioria dos

casos utilizam o gerador de indução [3].

3 Máquina de indução

A principal vantagem da máquina de indução é a sua

construção robusta, sem necessidade de coletor e escovas e

sem necessidade de excitação independente em corrente

contínua. As principais desvantagens da máquina DC e da

máquina Síncrona são eliminadas na máquina de indução,

resultando em melhor desempenho em regime transitório,

manutenção reduzida e, obviamente, menor custo. Por estas

razões, o gerador de indução é amplamente utilizado em

parques eólicos e em pequenas e grandes centrais

hidroeléctricas.

A máquina de indução encontra‐se disponível em vários

níveis de potência, desde reduzidos valores de potência até

dezenas de megas watts, ou até mais.

A máquina de indução necessita de excitação em corrente

alternada. A máquina pode ser auto excitada ou excitada

externamente. Uma vez que a corrente de excitação é

apenas reativa, uma máquina isolada é auto excitada com

condensadores colocados em paralelo. O gerador de indução

ligado à rede é excitado através desta. Os geradores

síncronos em paralelo com a rede devem ser capacidade de

fornecer esta potência reativa, necessária para a excitação

das máquinas de indução. Por razões económicas e de

fiabilidade, muitos sistemas de energia eólica utilizam como

gerador a máquina de indução.

a. Funcionamento do gerador de indução em regime

isolado

A máquina de indução para funcionar como um gerador

deve ser operada a uma velocidade acima da velocidade

síncrona e, ser‐lhe fornecida energia reativa para produzir e

manter constante o campo magnético da máquina. Esta

energia reativa pode ser produzida por condensadores,

ligados à máquina da forma que se apresenta na Figura 5.

Assim, é possível obter a necessária auto excitação da

máquina, de forma a ser possível alimentar isoladamente

uma carga.

Figura 3 – Potência ativa e reativa fornecida por um gerador de energia eólica equipado com gerador síncrono funcionando a 

velocidade variável

Figura 4 – Configurações da máquina síncrona utilizada como um gerador de energia eólica

Page 22: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

22

Em regime de carga, a potência gerada V1I2cos2 providencia

a dissipação de potência na resistência de carga e na

resistência de perdas no ferro Rm. A soma da corrente

reativa deve ser zero:

Esta equação determina a tensão de saída da máquina em

regime de carga.

Como é possível ver na Figura 6, o processo de auto

excitação requer a existência de magnetismo residual e de

saturação magnética na curva de magnetização da máquina,

para que seja possível ter uma intersecção clara entre as

duas características (de magnetização e tensão nos

condensadores).

Figura 6 – Características de funcionamento do gerador de indução 

com auto excitação capacitiva

Figura 7 – Máquina de indução de 2 MW [7]

Os condensadores são normalmente ligados em triângulo,

porque assim têm a vantagem de poderem ter menor

capacidade para obter o mesmo efeito que condensadores

ligados em estrela. Deste modo, a tensão “V1” e frequência

“f1” dos geradores de indução em vazio e em carga depende

principalmente dos parâmetros da máquina, da capacidade

dos condensadores e da velocidade n>f1/p, onde "p" é o

número pares de pólos.

A existência de magnetismo residual na máquina, com esta a

girar, vai resultar na existência de um circuito de oscilação

entre as bobinas do estator e os condensadores. Na verdade,

as bobinas de indutância “L” e os condensadores de

capacidade “C” formam um circuito oscilante e, portanto,

vão manifestar‐se flutuações de energia entre ambos, que

podem ser atenuadas ou amplificadas.

Se o rotor girar com velocidade angular wr cuja frequência é

maior do que a frequência das oscilações próprias (obtidas

por ), a energia resultante será dissipada no rotor

em potência de perdas no cobre. Se, no entanto não houver

magnetismo residual, ou se este não for suficiente, não

ocorrem oscilações ou são amortecidas rapidamente.

A tensão e a frequência de funcionamento são definidas nos

termos do circuito equivalente aproximado da figura 5. Em

nenhum regime de carga, a corrente no condensador Ic =

V1/Xc deve ser igual à corrente de magnetização Im =

V1/Xm. A tensão V1 é uma função linear de Im até ser

atingido ponto de saturação do núcleo ferro magnético

(figura 5). O funcionamento estável requer que a linha ImXc

possa cruzar a curva V1 versus Im. O ponto de operação é

fixado onde V1/Xc e V1/Xm são iguais, isto é, quando 1/Xc =

1/Xm , em que Xc = 1/wC. Isto impõe a frequência da tensão

de funcionamento. Para o valor do condensador C, a

frequência de saída do gerador auto excitado é:

(1)

LC

1

Figura 5 – Esquema equivalente aproximado de um gerador de indução em regime isolado de carga

(2)

Page 23: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

23

b. Funcionamento do gerador de indução ligado à rede de

potência infinita

A energia eletromagnética transferida através do entre ferro

é dada por:

que é positiva para s > 0 e negativa para s < 0, onde "s" é o

deslizamento da máquina. Ou seja, para s < 0, o fluxo de

energia eletromagnética fluí do rotor para o estator. Parte

dessa energia é dissipada (por efeito Joule) no enrolamento

de cobre estatórico e a restante é fornecido para a rede. Isto

corresponde ao funcionamento da máquina como um

gerador (figura 8). Neste caso, a máquina deve funcionar a

uma velocidade n > f1/p e tanto a potência como o binário

eletromagnético são negativos.

Ao analisar o desempenho do gerador de indução, pode‐se

usar o esquema equivalente aproximado da figura 5, com s <

0. A resistência ((1‐s) / s) R2, que traduz a energia

eletromagnética, depende do deslizamento, mas a

reactância X não depende do deslizamento, ou seja, será

sempre positiva. Por conseguinte, a máquina de indução

absorve sempre energia reativa em qualquer regime de

funcionamento.

Como é possível ver na figura 9, se o gerador é colocado em

regime de binário constante, ele tem dois pontos de

funcionamento possíveis, P1 e P2. Apenas um destes dois

pontos, P1, é estável. Qualquer variação na velocidade em

torno do ponto P1 vai produzir um binário de estabilização

para trazê‐lo de volta ao ponto P1. A figura mostra também

o limite de carga que o gerador pode aceitar. O binário

máximo que pode suportar é chamado limite de sobrecarga,

e é apresentado como Tmax. Se o gerador em regime de

binário constante é sobrecarregado acima de Tmax, torna‐se

instável e irá parar, absorvendo corrente em excesso,

podendo mesmo destruir‐se termicamente se não for

devidamente protegido [4].

c. Configuração usual do gerador de indução

Os geradores de indução ligados à rede ou em modo isolado

são usados principalmente, para situações de velocidade

constante ou variável e uma relação tensão / frequência

constante ou variável, em mini‐hídricas e sistemas de

energia eólica. As possibilidades de utilização de geradores

de indução duplamente alimentados ou de rotor gaiola de

esquilo são resumidas na seguinte Tabela I.

O princípio de funcionamento da máquina de indução

duplamente alimentada baseia‐se na capacidade de

controlar a sua velocidade por variação da resistência do

circuito rotórico.

(3)

Figura 8 – Característica binário versus velocidade da máquina de indução em três modos de funcionamento

Figura 9 – Característica de binário versus velocidade do gerador de indução em carga

Page 24: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

24

A figura 10 ilustra a variação das curvas de binário /

deslizamento da máquina de indução em função da variação

da resistência ligada em série com a bobinagem rotórica.

Como se apresenta na figura 10, para um determinado

binário mecânico T, pode‐se variar a velocidade da máquina

de indução pela variação da resistência do rotor. Se ao invés

de uma resistência variável, se instalar um sistema de

conversão eletrónico CA/CC/CA ligado ao rotor, é possível

extrair a potência ativa pelo rotor da máquina e, assim,

controlar a velocidade. Este é o método de obter energia da

máquina de indução pelo enrolamento do rotor.

No modo de funcionamento do gerador de indução

duplamente alimentado com base no princípio descrito

acima: com deslizamento negativo, até se atingir a

intensidade da corrente nominal do estator da máquina, a

potência extraída pelo rotor da máquina é controlada de

forma a otimizar a velocidade especificada o tipo de lâmina

do rotor e, assim, maximizar o valor do coeficiente de

potência da turbina.

Para deslizamentos negativos, o mais elevado (em módulo)

para o qual a intensidade da corrente do estator atinge o

valor nominal, a potência ativa no estator e rotor permanece

constante, como se pode ver na linha a preto da figura 10

[4].

Este princípio de controlo de velocidade através do uso da

energia de deslizamento significa que esta máquina pode

funcionar como gerador com deslizamento positivo. Para

garantir este modo de funcionamento, é necessário fornecer

potência ativa ao rotor. Na figura 11 estão representadas as

diferentes maneiras de utilizar a máquina de indução como

gerador de energia eólica [3].

As ligações da máquina de indução duplamente alimentada

são apresentadas na figura seguinte.

Gerador de indução

Velocidade Ligação à Rede

IsoladaFrequência Tensão

Constante Variável Constante Variável Constante Variável

Duplamente alimentado

X X X X

Gaiola de esquilo

X X X X X X X X

Tabela I – Configuração usual e utilização dos geradores de indução.

Figura 10 – Curvas características binário‐velocidade para diferentes valores da resistência do rotor

Figura 11 – Diferentes configurações da máquina de indução utilizada como gerador de energia eólica

Figura 12 – Esquema de ligações da máquina de indução duplamente alimentada [5]

Page 25: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

25

O estator da máquina de indução está diretamente ligado à

rede de energia elétrica. O rotor é ligado à rede através de

um sistema eletrónico de conversão CA/CC/CA e um

transformador.

Os conversores AC/DC/AC que interligam o rotor da máquina

à rede através do transformador, são conversores tipo

ponte‐PD3 a seis impulsos equipados com transístores

bipolares porta isolada (IGBTs), controlados por modulação

de largura de impulso.

Normalmente, na máquina de indução duplamente

alimentada, o conversor ligado ao transformador controla a

tensão nos terminais do condensador, e controla o fator de

potência no ponto comum para os circuitos do rotor e do

estator. O conversor ligado diretamente ao rotor do motor

de indução, controla o módulo e o argumento da

intensidade da corrente injetada ou extraída através do rotor

[6].

O princípio de funcionamento do sistema de controlo por

modulação de largura de impulso pode impor uma forma de

onda aproximadamente sinusoidal, com frequência,

amplitude e fase ajustável aos terminais AC dos conversores.

Na figura 12, o conversor CA/CC/CA ligado ao rotor da

máquina de indução, permite o controlo da frequência da

forma de onda aplicada ao rotor, que é igual à frequência de

escorregamento da máquina para um determinado ponto de

funcionamento. Simultaneamente, também controla o

módulo e o argumento da intensidade da corrente no rotor.

Referências

[1] www.abb.com

[2] Akhmatov, Variable‐Speed Wind Turbines with Doubly‐Fed

Induction Generators –Part I ; Modelling in Dynamic Simulation

Tools. Wind Engineering, (2002) Vol 26, nº2, pp 85‐108.

[3] Cigrè, Task Force 38.01.10, 2001.

[4] Manwell, J. ; McGowan, J. G. & Rogers, A. L. Wind Energy

Explained: Theory, Design and Application, John Wiley & Sons,

2002, ISBN 047 1499722.

[5] Almeida,R. G.; Peças Lopes, J. A. & Barreiros, J. A. L. (2004).

Improving Power System Dynamic Behaviour Through Doubly

Fed Induction Machines Controlled by Static Converter Using

Fuzzy Control. IEEE Transactions on Power Systems, Vol.19,

No.4, November 2004, pp. 1942‐1950.

O conversor CA/CC ligado aos terminais do transformador

controla a magnitude da tensão nos terminais do

condensador. A frequência da corrente alternada é igual à

frequência da rede com a qual o conversor está interligado, e

o controlo da fase impõe o fator de potência da máquina.

Esta característica do sistema de controlo por modulação de

largura de impulso para ajustar a fase da onda de tensão e

intensidade da onda de corrente, pode dispensar o uso de

baterias de condensadores na maioria dos casos.

Normalmente, os fabricantes fornecem um controlo do fator

de potência entre 0,9 indutivo e 0,9 capacitivo aos terminais

da máquina [2].

O objetivo do sistema de controlo dos conversores

eletrónicos CA/CC/CA é garantir a maximização do

coeficiente de potência da turbina, principalmente na região

característica da potência em função do vento e onde a

potência não é controlada. Além disso, os sistemas de

controlo dos conversores permitem manter um determinado

valor do fator de potência no ponto de interligação da

máquina de indução duplamente alimentada com a rede de

energia elétrica. Na região característica em que a potência

da turbina é controlada, o sistema de controlo dos

conversores CA/CC/CA mantém constante a potência total,

extraída pelo estator e rotor da máquina, complementada

pelo sistema de controlo do ângulo de passo das pás do

rotor. Pode‐se portanto concluir que o sistema de controlo

dos geradores eólicos do tipo máquinas de indução

duplamente alimentadas pode maximizar a energia elétrica

entregue à rede numa ampla gama de variação da

velocidade do vento [6].

[6] Ekanayake,J. B.; Holdsworth, L.; Wu, X. & Jenkins, N. (2003).

Dynamic Modeling of Doubly Fed Induction Generator Wind

Turbines. IEEE Transactions on Power Systems, Vol.18, No.2,

(May 2003) pp. 803‐809.

[7] Teco Westinghouse Motor Company, World Series Motors

Brochure.

[8] José Beleza Carvalho, Roque Filipe Brandão, Fernando Maciel

Barbosa. “Wind Energy Technology”, capítulo do livro

“Renewable Energy", ISBN 978‐953‐7619‐52‐7.”. Editado por T.J.

Hammons. Publicado por In‐Tech. Dezembro de 2009.

[9] Roque Filipe Mesquita Brandão, “Assinatura Digital de

Geradores Eólicos”, dissertação de doutoramento, FEUP, 2012.

Page 26: NeutroATerra_N9_2012-1S

DIVULGAÇÃO

26

LABORATÓRIO DE SISTEMAS DIGITAISDEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELECTROTÉCNICAINSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DO PORTO

|26

O Laboratório de Sistemas Digitais teve a sua origem, no início dos anos 90, numa sala do piso 4 do edifício I. Foi criado com o

objetivo de apoiar as unidades curriculares de Sistemas Digitais I e II, nomeadamente no ensino da programação do

microprocessador Z80 utilizando kits didáticos montados pelos professores e encarregados de trabalho deste mesmo

Laboratório. Criava‐se assim um espaço onde era possível o exercício prático, por parte dos alunos, dos conhecimentos teóricos

adquiridos.

Na altura da passagem de parte do Departamento de Engenharia Eletrotécnica para o recém‐construído edifício B, o Laboratório

de Sistemas Digitais também teve novas instalações, continuando a servir de apoio à área de Sistemas Digitais – as unidades

curriculares de Eletrónica Digital I e Eletrónica Digital II.

Desde o ano de 2002 até à atualidade, o Laboratório ocupa um espaço no piso 4 do Edifício F. Está equipado com dez bancadas

de trabalho compostas por computadores onde, semestre a semestre e de acordo com as necessidades letivas, vão sendo

instaladas as várias aplicações (software) que dão suporte à simulação e à implementação prática dos trabalhos aí realizados.

Em termos de hardware, está também equipado com PLC – Programmable Logic Controllers da OMRON, painéis destinados ao

controlo e automação com Autómatos Programáveis da SIEMENS e placas eletrónicas baseadas no microcontrolador

ATMEGA128 da ATMEL.

Destacam‐se os trabalhos de simulação de circuitos combinatórios e circuitos sequenciais, de programação de Controladores

Lógicos Programáveis usando o CX‐Programmer e de programação do microcontrolador ATMEGA128, assim como de controlo

de Inputs/Outputs, controlo de motores DC e motores Passo‐a‐Passo, conversão Analógico/Digital e comunicação de dados.

Page 27: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

27

Sérgio Filipe Carvalho RamosInstituto Superior de Engenharia do Porto

Eng. António SilvaEFAPEL, Empresa Fabril de Produtos Elétricos

Resumo

Parafraseando as prescrições e especificações técnicas da 2ª

Edição do Manual de Infraestruturas de Telecomunicações

em Edifícios (ITED), “Os fogos de uso residencial possuem,

obrigatoriamente, um local onde se concentram as três

tecnologias: par de cobre (PC), cabo coaxial (CC) e fibra ótica

(FO). Esse local é designado por Zona de Acesso Privilegiado

(ZAP) e localiza‐se na divisão mais adequada, no

entendimento do projetista e de acordo com as preferências

do dono de obra“.

Nesta zona concentram‐se as 3 tecnologias atualmente

obrigatórias constituindo, assim, um suporte para o

fornecimento avançado de serviços tecnológicos evoluídos.

A modernização e evolução das infraestruturas de

comunicações eletrónicas em Portugal na última década,

quer ao nível regulatório, quer ao nível tecnológico dos

equipamentos, constituem, implacavelmente, um poderoso

incentivo à expansão da sociedade do conhecimento que

deixaremos como legado às gerações vindouras.

1 Introdução

A entrada em vigor do Manual ITED, 1ª Edição, Julho de

2004, aplicou‐se a todos os edifícios novos ou alvo de

remodelação, a partir de 1 de Janeiro de 2005, e representou

uma alteração profunda da filosofia do quadro regulatório

do anterior Regulamento de Instalações Telefónicas de

Assinante (RITA), de forma a ter em conta a evolução

tecnológica das soluções de infraestrutura de rede a instalar

nos edifícios, designadamente, par de cobre e cabo coaxial.

Com efeito, e no que respeita às redes de cabo coaxial,

foram definidas as regras e especificações técnicas a cumprir

para o estabelecimento de infraestruturas de receção de

sinais sonoros e de vídeo. Assim, foram criadas as condições

para a receção das redes de televisão por cabo (CATV),

entretanto difundidas por Portugal, assim como as ligações

efetuadas a partir das antenas hertzianas ou de satélite.

ZAP – Muito mais que um acesso privilegiado

Testemunhamos uma revolução na oferta de um maior

número de canais televisivos com qualidade crescente.

Aliás, a privatização do setor das telecomunicações foi a

ignição necessária para o surgimento de novos serviços de

telecomunicações. Assistimos a uma crescente procura de

serviços com cada vez mais maior largura de banda.

O novo paradigma introduzido pela 1ª Edição do Manual

ITED abordou, ainda, a possibilidade de se implementarem

redes de cablagem estruturada que consistia, basicamente,

numa infraestrutura mista utilizada para comunicações de

dados e de voz.

2 ZAP – Zona de Acesso privilegiado

Aquando da aplicação da 1ª Edição do Manual ITED a

colocação da ZAP na rede individual das frações autónomas

residenciais era apenas recomendada. Recordando o ponto

4.3.5 do anterior Manual ITED: “Recomenda‐se a existência

de uma Zona de Acesso Privilegiado (ZAP). A ZAP caracteriza‐

se pela existência, no mesmo local, de 2 tomadas coaxiais a

uma distância máxima de 30 cm uma da outra

(preferencialmente integradas no mesmo espelho). Esta zona

vai permitir a ligação simultânea, de um mesmo

equipamento terminal de cliente, a dois sinais distintos

provenientes de 2 redes coaxiais, estando assim preparada

para futuros serviços baseados na tecnologia coaxial. A

localização da ZAP fica ao critério do projetista”.

A Figura 1 ilustra a representação em projeto e uma foto real

de um exemplo típico de uma ZAP quando a 1ª Edição do

Manual ITED se encontrava em vigor.

Figura 1 – Exemplo típico de uma ZAPITED 1ªEdição – DL 59/2000

Page 28: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

28

De notar que a instalação deste acesso privilegiado não se

revestia de cariz obrigatório mas antes de uma

recomendação que o projetista/dono de obra poderia, ou

não, ter em linha de conta.

Passados apenas 4 anos da entrada em vigor da 1ª Edição do

Manual ITED, a Autoridade Nacional de Comunicações

(ANACOM) edita a 2ª Edição do Manual ITED.

Este novo Manual ITED não sendo um Manual de rutura

relativamente ao primeiro é, ainda assim, muito inovador

tanto em conceitos de infraestrutura como de equipamentos

e respetivas especificações. Afirmar que a 2ª Edição do

Manual ITED se relaciona apenas com a obrigação de instalar

fibra ótica nos edifícios trata‐se, seguramente, de uma

afirmação muito redutora daquilo que representa na

realidade a 2ª Edição do Manual ITED.

Profundas foram as mudanças introduzidas no conceito de

zona de acesso privilegiado. Conforme o ponto 8.1 da 2ª

Edição do Manual ITED poder‐se‐á ler que “os fogos de uso

residencial possuem, obrigatoriamente, um local onde se

concentram as três tecnologias (PC, CC e FO). Esse local é

designado por Zona de Acesso Privilegiado (ZAP) e localiza‐se

na divisão mais adequada, no entendimento do projetista e

de acordo com as preferências do dono da obra”.

Assim, a instalação da ZAP passa de opcional/recomendada

para obrigatória. Além disso, representa um ponto de

convergência das 3 tecnologias atualmente usadas,

conforme ilustrado na Figura 2.

A Figura 3 representa os locais de colocação obrigatória da

ZAP e das restantes tomadas (por cada diferente tecnologia).

Conforme se poderá observar pela figura, e em função do

local e tipo de tomadas, a industria desenvolveu produtos

que dão resposta aos aspetos regulamentares introduzidos

pela 2ª Edição do Manual ITED.

A existência de duas tomadas por tecnologia permitirá, por

exemplo, utilizar uma como ponto de receção de sinal, e

outra de envio para o ponto de distribuição – Armário de

Telecomunicações Individual (ATI).

Figura 2 – Exemplo de uma tomada de uma ZAP(Fonte: ITED 2ªEdição – Figura 109)

Figura 3 – Locais de colocação obrigatória de tomadas na rede individual

Page 29: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

29

A Figura 4 representa um exemplo das potencialidade de

utilização da ZAP. Assim, é ilustrada a possível utilização de

um serviço prestado por um determinado operador, neste

caso em tecnologia de fibra ótica, que é ligada desde o

secundário do repartidor de cliente alojado no (ATI) até à

tomada de FO da ZAP. Aqui, um conversor eletro‐ótico (ONT

– Optical Network Terminal), receciona o sinal do operador e

distribui novamente ao ATI via par de cobre, disponibilizando

assim, este serviço pelas restantes divisões da fração.

Com efeito, e com o estabelecimento destas novas

infraestruturas os operadores são agora capazes de

assegurar serviços com maior largura de banda.

3 Obstáculos à mudança

As prescrições técnicas da 2ª Edição do Manual ITED vem,

definitivamente, em defesa dos interesses dos consumidores

de comunicações eletrónicas. Essa defesa de interessa passa,

impreterivelmente, por infraestruturas de telecomunicações

modernas, fiáveis e adaptadas aos serviços dos operadores .

Mas, e em abono da verdade, estas prescrições técnicas

asseguram que todos os edifícios (novos ou alvo de

remodelação) terão, forçosamente, de estar adaptados às

exigências especificadas no Manual ITED. Desta forma, e

independentemente de quem possa, a dado momento,

usufruir das instalações, estas garantem o suporte de

receção das comunicações eletrónicas.

Apesar desta obrigatoriedade legislativa (a aplicação da

infraestruturas de telecomunicações em edifícios), muitos

são, infelizmente, os casos de relutância que se vão

observando por parte dos donos de obra em executar tais

infraestruturas, refugiando‐se no fundamento que irão

habitar/usar as instalações que construem para todo o

sempre e que “jamais” irão necessitar de uma infraestrutura

de telecomunicações em conformidade com a legislação

vigente.

A História, ensina‐nos precisamente o contrário. Se numa

dada realidade apenas nos “faz falta o que conhecemos e

não o que desconhecemos”, temos presenciado que vivemos

na era das comunicações e da informática. A tecnologia

evolui a um ritmo acelerado e extremamente dinâmico.

Quem, há cerca de 15/20 anos diria que cada pessoa com

mais de 16 anos em Portugal teria um telemóvel, senão mais

que um? Quem diria que a utilização generalizada da

internet seria uma realidade, quando apenas estava

franqueada ao acesso para fins militares?

A resposta parece‐nos clara e evidente. Os edifícios deverão

ter as infraestruturas de telecomunicações que possam

assegurar no presente, ou no futuro, a entrada de redes de

novas geração com oferta de serviços até então

inimagináveis.

Assim, as novas infraestruturas de telecomunicações

integram num único conceito de rede atuais diferentes tipos

de redes e serviços. Deste modo, permitirá economia de

custos a nível de exploração e manutenção, apresentando

ainda como vantagem a convergência de serviços.

Aplicações de segurança e controlo doméstico e empresarial,

utilização de videoconferência, plataforma multisserviços

assente em IP (Internet Protocol), serviços de assistência

médica remota (quer consulta quer operação), serviços

informatizados disponibilizados na administração pública,

entretenimento online, televisão a 3 dimensões (3D), aulas

ministrada em E‐learning, são alguns dos exemplos de

aplicações e serviços disponibilizados assestes na utilização e

exploração das redes de nova geração suportadas pelas

infraestruturas de telecomunicações em edifícios.

Afinal o futuro é já amanhã!

Figura 4 – Exemplo de ponto de receção e envio de sinal na ZAP

Page 30: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

30

4 ZAP – Resposta do setor industrial

Com a introdução de nova legislação e exigência de novas

tecnologias os fabricantes, inevitavelmente, forneceram

respostas eficazes na melhoria da concretização das

instalações de telecomunicações.

Para cooperar na elaboração artigo convidamos a empresa

EFAPEL, fabricante nacional de material elétrico de baixa

tensão, a apresentar a solução adotada por esta empresa

para a instalação da ZAP.

A EFAPEL apresenta a sua nova gama de tomadas mistas para

fazer face aos requisitos mínimos e obrigatórios do

enquadramento legislativo emanado pela 2ª Edição do

Manual ITED.

O produto desenvolvido por esta empresa encontra‐se

patenteado e permite a instalação, num só ponto, de duas

ou três das tecnologias disponíveis: coaxial, par de cobre e

fibra ótica, dando assim continuidade à estratégia de

permanente investimento em Inovação (ver Figura 3).

Com esta proposta de solução técnica de vanguarda, o

fabricante teve a preocupação em reduzir ao máximo o

impacto visual causado pela colocação de várias tomadas em

linha concentrando, deste modo, as tomadas das diferentes

tecnologias numa aplicação mais económica e mais discreta.

A Tomada Mista ITED da Figura 5 constitui, além do mais,

uma solução económica, pois permite dois aparelhos na

Zona de Acesso Privilegiado em vez dos habituais quatro e

um aparelho nas demais divisões, em vez de dois.

5 Conclusões

Com o presente artigo visou‐se evidenciar a evolução da

zona de acesso privilegiado ao longo dos recentes anos, no

âmbito das infraestruturas de telecomunicações em

edifícios.

Foi identificada a evolução da ZAP segundo uma perspetiva

legislativa e ainda numa perspetiva tecnológica.

Assim, e dado que a industria se adaptou à mudança de

paradigma nas ITED, retratou‐se aqui as soluções de

vanguarda lançadas por um fabricante nacional – EFAPEL –

que em apenas duas tomadas sobre o mesmo espelho

concentra as características exigidas para o estabelecimento

da ZAP.

Assim, com infraestruturas adaptadas às redes de nova

geração, com a colocação de equipamentos que, pela sua

qualidade, assegurem o melhor beneficio da sua exploração,

está, definitivamente, aberta a utilização de serviços e

conteúdos inovadores transversais a todas as áreas de

negócio e de lazer, com impacto direto na qualidade de

trabalho e de vida das pessoas.

O desenvolvimento social e económico da pais passa por

inúmeros setores de atividade e, seguramente, o setor das

infraestruturas de telecomunicações em edifícios é um deles.

Referências

[1] Manual ITED – Prescrições e Especificações Técnicas das

Infraestruturas de Telecomunicações em Edifícios, 1ª Edição,

ANACOM, Julho 2004.

[2] Manual ITED – Prescrições e Especificações Técnicas das

Infraestruturas de Telecomunicações em Edifícios, 2ª Edição,

ANACOM, Novembro 2009.

[3] Decreto‐Lei 59/2000 de 19 de Abril de 2004.

[4] Decreto‐Lei 123/2009 de 21 de Maio de 2009.

[5] Decreto‐Lei 258/2009 de 25 de Setembro de 2009.

[6] Catálogo Geral da EFAPEL Soluções Elétricas,

http://www.efapel.pt/fotos/editor2/catalogo2011/pt/swf/cat_pt.html

Consultado em Junho de 2012

Figura 5 – ZAP – Solução de Tomada Mista(Cortesia EFAPEL)

Page 31: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

31

Resumo

A regulamentação de segurança das instalações reveste‐se

da maior relevância, não só em consideração à vida humana,

como à própria actividade económica.

A especial preocupação com a segurança de pessoas e bens

justifica a importância ocupada pela segurança, a qual exige

a necessidade de se assegurar a forma como são

projectadas, executadas, exploradas e conservadas, em geral

as instalações e em particular as instalações de segurança

dos edifícios.

Torna‐se, pois, imperioso garantir‐se o cumprimento, por

parte de todos de todos os agentes envolvidos (projetistas,

instaladores...), da aplicação dos regulamentos estabelecidos

para as instalações de Segurança.

Esta tarefa apenas poderá ser conseguida se houver um

conhecimento completo e profundo dos diplomas legais que

enquadram a área de segurança dos edifícios.

O presente trabalho tem, pois, por objetivo, sistematizar e

apresentar o regime, as principais normas e notas técnicas

da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), que são

elementos fundamentais de suporte á atividade de técnico

responsável pelo projeto, execução e exploração de

instalações no âmbito da segurança contra incêndio em

edifícios.

1. Regime jurídico

Decreto‐Lei nº 220/2008, de 12 de Novembro

Estabelece o regime jurídico da segurança contra incêndios

em edifícios.

Portaria n.º 1532/2008, de 29 de Dezembro

Aprova e publica o Regulamento Técnico de Segurança

contra Incêndio em Edifícios (SCIE).

Despacho n.º 2074/2009

Define os critérios técnicos para determinação da densidade

de carga de incêndio modificada, para efeitos do disposto

nas alíneas g) e h) do n.º 2 do artigo 12.º do Decreto ‐Lei n.º

220/2008, de 12 de Novembro.

Portaria n.º 64/2009, de 22 de Janeiro

Estabelece o regime de credenciação de entidades para a

emissão de pareceres, realização de vistorias e de inspeções

das condições de segurança contra incêndio em edifícios.

Portaria n.º 610/2009, de 8 de Junho

Regulamenta o funcionamento do sistema informático de

tramitação dos procedimentos previsto no Decreto ‐Lei n.º

220/2008, de 12 de Novembro.

Segurança Contra Incêndio em EdifíciosRegime Jurídico, Normas e Notas Técnicas

António Augusto Araújo GomesHenrique Jorge de Jesus Ribeiro da Silva

Instituto Superior de Engenharia do Porto

Page 32: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

32

Portaria n.º 773/2009, de 21 de Julho

Define o procedimento de registo, na Autoridade Nacional

de Protecção Civil, das entidades que exerçam a atividade de

comercialização, instalação e ou manutenção de produtos e

equipamentos de segurança contra incêndio em edifícios.

Despacho n.º 10737/2011

Promove a atualização do valor das taxas a cobrar pelos

serviços de segurança contra incêndio em edifícios prestados

pela Autoridade Nacional de Protecção Civil, fixados pela

Portaria n.º 1054/2009, de 16 de Setembro,

Despacho n.º 10738/2011

Aprova e publica o regulamento para acreditação dos

técnicos responsáveis pela comercialização, instalação e ou

manutenção de produtos e equipamentos de Segurança

Contra Incêndio em Edifícios.

2. Normas

NP EN 54

Sistemas de deteção e alarme de incêndio.

EN 50134

Sistemas de alarme ‐ Sistemas de alarme social.

EN 50136

Sistemas de alarme ‐ Sistemas e equipamento de

transmissão de alarme.

EN 50130

Sistemas de alarme.

EN 12101

Sistemas de controlo de fumo e de calor.

NP EN 2

Classes de fogos.

EN 50291

Aparelhos elétricos para deteção de monóxido de carbono

em locais de utilização doméstica.

NP EN 3

Extintores de incêndio portáteis.

NP EN 615

Segurança contra incêndio. Agentes extintores.

Especificações para os pós (distintos dos pós classe D).

NP 1800

Segurança contra incêndio. Agentes extintores. Seleção

segundo as classes de fogos.

NP EN 1866

Extintores de incêndio móveis.

NP EN 1869

Mantas de incêndio.

NP 3064

Segurança contra incêndio. Utilização dos extintores de

incêndio portáteis.

NP 4413

Segurança contra incêndio. Manutenção de extintores .

NP EN 25293

Segurança contra incêndio. Agentes extintores. Dióxido de

carbono.

NP EN 27201

Segurança contra incêndio. Agentes extintores.

Hidrocarbonetos halogenados.

EN 12101

Sistemas de controlo de fumo e de calor.

EN 15650

Ventilação de edifícios – Registos corta‐fogo.

Page 33: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

33

NP EN 671

Instalações fixas de combate a incêndio ‐ Sistemas armados

com mangueiras.

EN 12094

Sistemas de combate a incêndio – Órgãos constituintes das

instalações de CO2.

EN 694

Mangueiras semirrígidas de combate a incêndio para

instalações fixas.

EN 12259

Sistemas fixos de combate a incêndio – Componentes para

sprinkler e sistemas de pulverização de água.

EN 12416

Instalações fixas de combate a incêndio — sistemas de

extinção por pó.

EN 12845

Sistemas de combate a incêndio fixos – sistemas de aspersão

automáticos (sprinkler) – desenho , instalação e

manutenção).

EN 13565

Instalações fixas de combate a incêndio — Instalações

espumíferas.

NP EN 14339

Hidrantes de incêndio enterrados.

NP EN 14384

Marcos de incêndio (Hidrantes de incêndio de coluna).

EN 14604

Detetores autónomos de fumo.

EN 1125

Ferragens ‐ Mecanismos antipânico operados por uma barra

horizontal ‐ Requisitos e métodos de ensaio.

NP EN 179

Ferragens para a construção civil. Dispositivos de fecho de

emergência para saídas de emergência acionados por um

puxador de muleta ou por uma placa de empurrar, para

utilização em caminhos de evacuação. Requisitos e métodos

de ensaio.

EN 1154

Ferragens – Dispositivos de controlo de fecho de portas –

Requisitos e métodos de ensaio.

EN 1155

Ferragens – Dispositivos de retenção de abertura

eletromagnéticos – Especificações e métodos de ensaio.

EN 1158

Acessórios e ferragens para edifícios – Dispositivos para

coordenação de portas – Requisitos e métodos de ensaio.

EN 12259

Sistemas fixos de combate a incêndio.

EN 14710

Bombas de combate a incêndio – Bombas centrífugas de

combate a incêndio sem dispositivo de engodamento.

NP EN 12874

Pára‐chamas. Requisitos de desempenho, métodos de

ensaio e limites de utilização.

NP EN 13238

Ensaios de reação ao incêndio para produtos de construção.

Procedimentos de condicionamento e regras gerais para

seleção do suportes de aplicação .

NP EN 60695‐4

Ensaios relativos ao risco de fogo.

Page 34: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

34

3. Notas Técnicas de Segurança Contra Incêndio em

Edifícios (SCIE)

Nota Técnica nº00 ‐ Listagem das Notas Técnicas SCIE

Objetivo:

Estabelecer um critério de classificação de todas as notas

técnicas que permita listá‐las.

Aplicação:

Para interpretar ou complementar o Regime Jurídico da

Segurança contra Incêndio em Edifícios (RJ‐SCIE) e demais

regulamentação complementar. Para uso dos projetistas e

das entidades licenciadoras.

Nota Técnica nº 01 – Utilizações‐Tipo de Edifícios e Recintos

Objetivo:

Desenvolver, com mais detalhe, os conceitos expressos no

Artigo 8º do RJ‐SCIE (Utilizações‐Tipo de edifícios e recintos),

listando de uma forma tão exaustiva quanto possível, todos

os tipos de edifícios, partes de edifícios e recintos que

pertencem a cada utilização‐tipo (UT).

Referir as condições particulares contempladas nos Artigos

106º e 210º do RT‐SCIE que implicam a existência de UT

distintas da UT em que estão inseridas.

Permitir, na sequência de novos desenvolvimentos

tecnológicos ou de novos tipo de exploração, incorporá‐los

numa das UT, por decisão da ANPC.

Aplicação:

Auxiliar os projetistas e consultores de segurança na

identificação expedita a que UT pertence um determinado

edifício, parte de edifício ou recinto, para efeito de aplicação

do RT‐SCIE. Permitir às entidades licenciadoras terem o

mesmo referencial de identificação.

Nota Técnica nº 02 – Competências e Responsabilidades

em SCIE

Objetivo:

Descrever detalhadamente as competências e

responsabilidades de cada interveniente, em cada fase do

processo construtivo, designadamente no âmbito da

coordenação e conceção dos diversos projetos, da

construção e da manutenção das condições de SCIE, assim

como das atividades de fiscalização das condições de SCIE

por parte da ANPC e das entidades por ela credenciadas,

além das que estão atribuídas às Câmaras Municipais e à

Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE.)

Aplicação:

Aplica‐se a todos os intervenientes no processo construtivo,

designadamente no que se refere às fases de projeto,

construção e manutenção das condições de SCIE, e da

respetiva fiscalização, em função das Utilizações‐tipo (UT)

dos edifícios e recintos e das respectivas Categorias de Risco.

Nota Técnica nº 03 – Instrução de Processos de Apreciação

das Condições de SCIE

Objetivo:

De acordo com o Artigo 17.º do DL 220/2008 (Regime

Jurídico de SCIE), descrever e detalhar como devem ser

instruídos e apresentados os Projetos de SCIE (com o

conteúdo descrito no anexo IV) e/ou as Fichas de Segurança

(com o conteúdo descrito no anexo V), assim como analisar a

articulação da SCIE com a Coordenação dos Projetos das

Especialidades.

Aplicação:

Auxiliar os consultores de segurança e projetistas na

elaboração do Projeto de SCIE, da Ficha de Segurança e das

Medidas de Autoproteção.

Page 35: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

35

Nota Técnica nº04 – Simbologia gráfica para plantas de SCIE

Objetivo:

Listar os símbolos gráficos a utilizar nos projetos e planos de

Segurança Contra Incêndios (SCIE) a que se refere o Regime

Jurídico de SCIE (n.º 1 do artigo 17.º do Decreto‐Lei n.º

220/2008, de 12 de Novembro) a fim de conferir às

respectivas Peças Desenhadas a necessária clareza e

uniformidade representativa, quer para os coordenadores e

autores de projetos, quer para as entidades fiscalizadoras.

Aplicação:

Pelos coordenadores e autores de projetos e consultores de

segurança, na apresentação de peças desenhadas dos

projetos ou que acompanhem as fichas de segurança.

Nota Técnica nº05 – Locais de Risco Integrados em Edifícios

e Recintos

Objetivo:

Definir os locais de risco conforme artigos 10º e 11ºdo RJ‐

SCIE (Classificação dos locais de risco e Restrições do uso em

locais de risco).

Listar todos os locais de risco indicados não só no RJ‐SCIE

como nas disposições gerais e específicas do RT‐SCIE.

Aplicação:

Facilitar a tarefa dos projetistas e consultores de segurança

na identificação dos diversos locais que são criados num

edifício ou recinto.

Nota Técnica nº06 – Categorias de Risco

Objetivo:

De acordo com os artigos 12.º e 13.º do RJ‐SCIE descrever

mais detalhadamente a classificação das quatro categorias

de risco para cada UT.

Aplicação:

Interpretar ou complementar o RJ‐SCIE.

Utilização por parte dos projetistas e das entidades

licenciadoras.

Nota Técnica nº 07 – Hidrantes exteriores

Objetivo:

Definir quais os tipos e especificações técnicas dos modelos

de hidrantes exteriores, de modo a cumprirem com a

Regulamentação Nacional e Comunitária.

Enunciar as formas de proteção e sinalização adequadas aos

diversos tipos de marcos e bocas de incêndio.

Aplicação:

Apoiar o projeto, instalação e inspeção de hidrantes

exteriores de modo a cumprir as especificações do RT‐SCIE e

normas aplicáveis.

Nota Técnica nº 08 – Grau de Prontidão de Socorro

Objetivo:

Definir o tempo de resposta exigido ao socorro e os meios

humanos e materiais adequados ao combate a incêndios

(grau de prontidão), para os edifícios e recintos das 3ª e 4ª

categorias de risco, nos termos do RT‐SCIE.

Enunciar, considerando as categorias de risco, quais os

conjuntos de medidas que deverão ser alvo de agravamento,

na impossibilidade de se garantir o grau de prontidão

definido.

Aplicação:

Licenciamento e localização de novos edifícios ou recintos

que possuam utilizações‐tipo classificadas nas 3ª ou 4ª

categoria de risco.

Nota Técnica nº 09 – Proteção e Selagem de Vãos,

Aberturas para Cablagens e Condutas

Objetivo:

Caracterizar produtos e métodos complementares ou

associados à resistência ao fogo dos elementos estruturais e

de compartimentação, assim como melhorar a reação ao

fogo dos materiais de revestimento.

Aplicação:

Apoio a projetistas e instaladores.

Nota Técnica nº 10 – Portas Resistentes ao Fogo

Objetivo:

Definir as características e condições técnicas a que devem

obedecer as portas resistentes ao fogo (portas corta‐fogo),

não só para cumprimento do RJ‐SCIE mas, também, das

Decisões da União Europeia.

Aplicação:

Apoiar os projetistas na escolha e definição destas portas e

exigir aos instaladores o cumprimento do que está

regulamentado.

Page 36: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

36

Nota Técnica nº 11 – Sinalização de Segurança

Objetivo:

Indicar os critérios gerais que caracterizam os sinais de

segurança aplicáveis em Segurança Contra Incêndio em

Edifícios.

Listar os sinais específicos exigidos no Regulamento Técnico

de Segurança Contra Incêndio em Edifícios, apresentando

soluções disponíveis de possível aplicação.

Aplicação:

Utilização por parte dos consultores de segurança,

projetistas, responsáveis e delegados de segurança.

Nota Técnica nº 12 – Sistemas Automáticos de Deteção de

Incêndios

Objetivo:

Desenvolver o que é exigido no Capítulo III (Deteção, alarme

e alerta) do Título VI do Regulamento Técnico de Segurança

Contra Incêndio em Edifícios e descrever conceitos de

projeto, configuração, instalação e manutenção dos Sistemas

Automáticos de Deteção de Incêndios (SADI).

Aplicação:

Permitir aos projetistas, instaladores de Sistemas

Automáticos de Deteção de Incêndios e entidades de

fiscalização elementos técnicos quer regulamentares, quer

normativos para o desenvolvimento das suas atividades.

Nota Técnica nº 13 – Redes Secas e Húmidas

Objetivo:

Definir, na ausência de normas portuguesas, quais os

requisitos e especificações a que deve obedecer a instalação

de secas e húmidas, para uso do serviço de incêndios.

Aplicação:

Fornecimento e montagem de tubagem, bocas de incêndio,

bocas de alimentação e restantes equipamentos, integrando

redes secas ou húmidas, e forma de os identificar, em

conformidade com o exigido no regulamento técnico de

segurança contra incêndio em edifícios.

Nota Técnica nº 14 – Fontes Abastecedoras de Água para o

Serviço de Incêndios

Objetivo:

Enunciar os tipos de fontes de alimentação de água

permitidos pelo regulamento técnico de segurança contra

incêndio em edifícios tendo em consideração as categorias

de risco e as consequentes garantias a que devem satisfazer.

Definir as características construtivas gerais a satisfazer pelos

reservatórios de água privativos do serviço de incêndios e as

respectivas capacidades mínimas de água, considerando as

categorias de risco das instalações protegidas por meios de

intervenção, manuais e ou automáticos, funcionando com

recurso àquele agente extintor.

Aplicação:

Licenciamento e localização de novos edifícios ou recintos ao

ar livre que possuam utilizações‐tipo classificadas nas 2ª, 3ª

ou 4ª categorias de risco.

Nota Técnica nº 15 – Centrais de Bombagem para o Serviço

de Incêndios

Objetivo:

Definir, na ausência de normas portuguesas, quais os

requisitos e especificações a que deve obedecer a instalação

de uma central de bombagem para uso do serviço de

incêndios.

Aplicação:

Fornecimento e montagem de equipamentos de centrais de

bombagem em conformidade com o estabelecido no RT‐

SCIE.

Nota Técnica nº 16 – Sistemas Automáticos de Extinção de

Incêndio por Água

Objetivo:

Baseado no conhecimento dos mecanismos de extinção de

incêndios procura caracterizar‐se um dos métodos mais

utilizados – a extinção por água – através dos sistemas fixos

e automáticos (SAEI‐Água), descrevendo tipos de

equipamentos, conceitos de projeto, instalação e

manutenção.

Aplicação:

Proporcionar elementos de consulta a projetistas,

instaladores e entidades de fiscalização.

Page 37: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

37

Nota Técnica nº 17 – Sistemas Automáticos de Extinção de

Incêndios por Agentes Gasosos

Objetivo:

Dotar os projetistas, instaladores e entidades fiscalizadoras

de documentação técnica de referência apropriada na

conceção, projeto, manutenção e inspeção destes sistemas

ativos.

Aplicação:

Para uso das entidades referidas.

Nota Técnica nº 18 – Sistemas de Cortina de Água

Objetivo:

Descrever a especificidade deste sistema complementar de

compartimentação cujas características de funcionamento

são equivalentes às de um sistema de extinção por água,

“tipo dilúvio”.

Aplicação:

Apoiar os projetistas na interpretação e aplicação destes

sistemas face ao que está estabelecido no RG‐SCIE e permitir

aos emissores de pareceres e intervenientes nas ações de

fiscalização a utilização dos mesmos conceitos.

Nota Técnica nº 19 – Sistemas Automáticos de Deteção de

Gás

Objetivo:

Caracterizar a configuração, o projeto e a instalação dos

sistemas automáticos de deteção de gás (SADG) com

especial incidência nos combustíveis, incluindo o monóxido

de carbono (CO).

Aplicação:

Apoiar projetistas e instaladores no cumprimento do RT‐

SCIE, nomeadamente nos seus Artigos 184.º e 185.º

referentes ao sistema automático de deteção de gás

combustível, assim como nos Artigos 180.º a 183.º,

referentes ao controlo da poluição do ar.

Nota Técnica nº 20 – Posto de Segurança

Objetivo:

Em cumprimento do prescrito no RT‐SCIE caracterizar as

diversas configurações possíveis do Posto de Segurança,

alargando a sua funcionalidade a outras áreas da segurança,

não perdendo de vista a gestão integrada da mesma.

Aplicação:

Para apoio aos projetistas, consultores de segurança,

responsáveis de segurança e delegados de segurança, na

conceção, instalação e exploração do Posto de Segurança.

Nota Técnica nº 21 – Planos de Segurança

Objetivo:

Especificar as características e os requisitos para a

elaboração de PLANOS DE SEGURANÇA considerando estes

como a associação dos Registos de Segurança, do Plano de

Prevenção (ou Procedimentos de Prevenção) e do Plano de

Emergência (ou Procedimentos em caso de Emergência), em

cumprimento do RT‐SCIE no Título VII – Condições Gerais de

Autoproteção.

Aplicação:

Disponibilizar aos Responsáveis de Segurança e aos

Delegados de Segurança elementos de consulta e de reflexão

para a elaboração dos Planos e/ou Procedimentos acima

mencionados.

Nota Técnica nº 22 – Plantas de Emergência

Objetivo:

Definir bases técnicas para a elaboração de Plantas de

Emergência, em suporte de papel ou em suporte digital,

conforme a legislação em vigor (RJ‐SCIE e RT‐SCIE) e a

NP4386/1999, aqui entendidas como “plantas esquemáticas

de cada piso de cada utilização‐tipo de um edifício, que têm

por objetivo orientar, informar e instruir os respetivos

utilizadores para os procedimentos a adotar numa situação

de emergência, englobando ainda as instruções gerais de

segurança e a legenda da simbologia adotada”

Aplicação:

Apoiar os projetistas, os consultores de segurança, os

responsáveis de segurança e os delegados de segurança na

feitura das Plantas de Emergência, previstas no RT‐SCIE

(Título VII – Condições Gerais de Autoproteção), de forma a

assegurar a necessária uniformidade de critérios entre

técnicos, empresas, entidades fiscalizadoras, responsáveis de

segurança, delegados de segurança e utentes das utilizações‐

tipo dos edifícios.

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ARTIGO TÉCNICO

39

Miguel Leichsenring Franco Instituto Superior de Engenharia do Porto

1 Introdução

O vento é utilizado há milhares de anos para suprir as

necessidades energéticas da atividade humana.

A energia eólica é, como a maioria das fontes de energia

renovável, uma forma de energia solar, tendo origem no

aquecimento da atmosfera pelo sol, que põe em movimento

as massas de ar. A rotação da terra, a forma e cobertura da

superfície terrestre e os planos de água, influenciam por seu

turno o regime dos ventos, ou seja, a velocidade, direção e

variabilidade do vento num determinado lugar.

Através de um gerador eólico é possível, pela rotação das

pás, converter a energia cinética contida no vento em

energia mecânica, que por sua vez é transformada em

energia elétrica por intermédio de um gerador elétrico.

Produz‐se desta forma energia “limpa”, amiga do ambiente.

A energia eólica é já hoje, no mundo inteiro, a energia

renovável que produz a maior quantidade de energia

elétrica. Estima‐se que a energia total armazenada no vento

seja 100 vezes superior a toda a energia necessária pela

humanidade hoje.

Contudo, esta forma de produção de energia elétrica ainda

não foi explorada completamente. Como fazê‐lo utilizando

os recursos existentes?

2 A energia eólica hoje

Como resultado de pesados investimentos em grandes

geradores eólicos, o vento passou de um pequeno

fornecedor de energia para um dos principais componentes

do mix energético dos países industrializados. A eletricidade

gerada a partir do vento aumentou mundialmente a uma

taxa média de 21% entre 2006 e 2010, representando hoje

cerca de 2% do fornecimento total de energia.

Portugal aparece hoje como uma referência mundial neste

domínio. A energia eólica já representa no nosso país, em

2011, cerca de 11% do total de energias renováveis utilizadas

na produção de energia elétrica.

De acordo com o documento “Estratégia Nacional para a

Energia 2020”, o aumento da potência eólica terá evitado o

recurso a um maior número de centrais térmicas de ciclo

combinado. A política energética nacional, descrita neste

documento estruturante, define como um dos objetivos

garantir o cumprimento dos compromissos nacionais no

contexto das políticas europeias de energia e de combate às

alterações climáticas, permitindo que em 2020, 31% do

consumo final bruto de energia, 60% da eletricidade

produzida e 10% do consumo de energia do sector dos

transportes rodoviários tenham origem em fontes

renováveis.

Esta aposta nas energias renováveis veio permitir não só

diversificar ainda mais o mix energético, com a consequente

redução do consumo de combustíveis fósseis e dos impactos

ambientais associados, como reduzir a dependência

energética externa de Portugal.

Os grandes geradores eólicos precisam de muito vento para

começarem a rodar e a produzir energia elétrica. Por isso

têm de ser instalados em zonas com muito vento e em

altura. Um gerador eólico grande, com 6 MW de potência,

que poderá alimentar até 5.000 habitações com energia

elétrica, tem de ser montado a uma altura de 120 metros,

para ser interessante do ponto de vista económico.

Os grandes aerogeradores apresentam, contudo, um

conjunto de problemas:

a. Um elevado impacto visual, não contribuindo para uma

paisagem harmoniosa e bonita. Se a tendência de

instalação de mais aerogeradores se mantiver, a

paisagem será ainda mais “poluída”.

b. Devido ao fluxo descontinuado de vento, que conduz a

grandes oscilações na rede elétrica, será necessária uma

rede elétrica inteligente, que possa armazenar a energia

elétrica produzida em excesso e que a possa injetar na

rede quando esta for necessária. Para que a

intermitência associada ao perfil de produção eólica

seja integrada no sistema elétrico, é necessária a

Inovar na Produção de Energia Elétrica a Partir do VentoO Recurso a Postes de Eletricidade Existentes

Page 40: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

40

introdução de um elemento estabilizador, que terá de

ser, no caso português, parcialmente garantido pelo

aumento da potência hídrica. A esta solução estão

associados elevados custos.

c. A necessidade de obtenção de uma licença de

instalação é um processo que poderá ser muito moroso

e complexo. Adicionalmente, a contestação das

populações pode ser um elemento que inviabilize a

concretização de novos aerogeradores e / ou das

correspondentes linhas de transporte de energia

elétrica, devido ao impacto visual e sonoro que

provocam.

d. O elevado custo de produção e instalação das torres,

que são cada vez mais altas, para conseguirem ter mais

produção: uma torre pode custar até 1 milhão de euros,

tendo de se lhe adicionar os custos das respetivas

fundações.

e. O impacto sobre as aves no local de instalação dos

geradores eólicos. O choque entre estas e as pás pode

originar a modificação dos seus comportamentos

habituais de migração.

f. O impacto sonoro: o som do vento bate nas pás

produzindo um ruído constante. As habitações deverão

estar afastadas pelo menos 200m do local de instalação

de um grande gerador eólico.

Mas a energia eólica apresenta um conjunto muito

significativo de vantagens:

a. É uma fonte de energia segura, renovável e existente

em grandes quantidades.

b. O funcionamento de uma turbina eólica não produz

nem emissões tóxicas ou poluentes nem lixo, e permite

a continuação do desenvolvimento de atividades no

terreno envolvente, por exemplo, a agricultura.

c. Mesmo quando se considera todo o ciclo de vida de

uma instalação, desde a sua construção até ao seu

desmantelamento, passando pela sua exploração, a

energia eólica é a fonte com menor impacto ambiental,

nomeadamente em termos de emissões de gases com

efeitos de estufa, responsáveis pelas alterações

climáticas.

d. É responsável pela criação de emprego em zonas rurais.

e. Permite uma redução da elevada dependência

energética do nosso país face ao exterior.

f. É uma das fontes mais baratas de energia, podendo

competir em termos de rendibilidade com as fontes de

energia tradicionais.

Perante os problemas que os grandes geradores eólicos

apresentam, mas havendo uma enorme pressão para a

produção de energia elétrica a partir de energias renováveis

(nomeadamente pelo abandono da opção da energia

atómica), como se pode produzir energia elétrica em

quantidade suficiente para cobrir as crescentes

necessidades?

3 A aposta em soluções inovadoras

Se é difícil obter uma licença para instalar um gerador eólico

de grande porte, e se os grandes geradores apresentam

várias desvantagens, porque não utilizar postes de

eletricidade existentes para desempenharem uma segunda

função, em adição à de suporte dos cabos: a produção de

eletricidade?

O arquiteto Wolfgang Frey, de Freiburg na Alemanha,

responsável pela iniciativa Free Energy, e a sua equipa de

técnicos, propõem precisamente esta solução inovadora: a

aplicação de pequenos geradores eólicos em copas de

árvores e em postes de eletricidade existentes.

Em Setembro de 2011 lançaram um projeto‐piloto, com a

montagem de três pequenos aerogeradores num poste de

eletricidade existente.

As vantagens dos aerogeradores pequenos face aos

aerogeradores grandes são várias:

a. Produzem continuamente energia elétrica, pois

funcionam mesmo com vento fraco. Desta forma

obtém‐se uma produção de energia elétrica mais

constante do que com os geradores de grande porte. Os

grandes geradores eólicos necessitam de ventos fortes

Page 41: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

41

e, embora produzam globalmente mais energia elétrica,

podem originar fortes oscilações na rede elétrica, dado

que o armazenamento da energia excedentária

produzida é ainda de difícil concretização.

b. Permitem produção descentralizada, obtendo‐se uma

injeção constante de energia elétrica na rede, apesar de

existirem oscilações no próprio vento.

c. São muito mais silenciosos que os grandes geradores

eólicos.

d. Causam menos impacto visual.

e. O pedido de licenciamento de grandes aerogeradores

eólicos pode ser muito demorado e complexo. Na

Alemanha, as autoridades aboliram recentemente, em

Setembro de 2011, a obrigatoriedade de licenciamento

para pequenos aerogeradores.

f. Necessitam de menos espaço para serem instalados e

operados.

g. A instalação é tecnicamente fácil de concretizar.

h. Terão o apoio das populações locais, pois não serão

instalados novos aerogeradores na paisagem.

i. Podem ser instalados nos postes de eletricidade

existentes.

j. Apresentam custos reduzidos de montagem, instalação

e produção. Um aerogerador convencional de 6 MW

(energia elétrica para 5.000 habitações) tem de ter uma

altura mínima de 120 metros. Como cerca de 60 a 70%

do custo com o fabrico e montagem recaem sobre a

torre, estes serão eliminados se forem utilizados postes

de eletricidade existentes.

Na Alemanha, no estado federal de Baden‐Württemberg,

estima‐se que existam cerca de 30.000 postes de

eletricidade. Se se instalasse um aerogerador de 50kW em

cada poste, obter‐se‐ia uma potência instalada de cerca de

1.500 MW, o que equivaleria à potência de um grupo de

uma central nuclear. Em toda a Alemanha estima‐se que

existam mais de 400.000 postes de eletricidade que

poderiam ser igualmente convertidos.

Os responsáveis das empresas que exploram a rede elétrica

na Alemanha têm ainda reservas quanto à solução

apresentada, tendo contudo autorizado a concretização do

projeto‐piloto. Mas uma boa parte das reservas levantadas

foram já resolvidas. O processo de licenciamento está já

simplificado, porquanto na Alemanha os pequenos

geradores eólicos com uma altura de até 10 metros não são

sujeitos a licenciamento.

Figura 1 – Montagem dos geradores eólicos em poste elétrico existente (Fonte: www.freeenergyweb.eu)

Page 42: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

42

Contudo, esta solução esbarrou inicialmente num problema

jurídico: como enquadrar esta solução técnica no quadro

legal vigente. Perante o vazio legal detectado, as autoridades

alemãs entretanto definiram que o gerador eólico montado

em cima de uma árvore não é uma construção, pelo que não

tem de ser sujeito a licenciamento. Mas, ainda assim, ter‐se‐

á de ter em conta o impacto ambiental que tal solução possa

implicar. Está por isso a decorrer até final de 2011 um estudo

com o qual se pretende observar, através de câmaras web e

de microfones, se os pássaros são incomodados pelo gerador

eólico instalado na árvore.

Esta solução tem como grande vantagem a produção e o

consumo local de energia eléctrica. Ou seja, a energia

eléctrica produzida pelo pequeno gerador eólico instalado na

copa da árvore permitirá a alimentação da própria habitação.

Também as perdas serão reduzidas, dado que o cabo que

interliga o gerador e a casa tem dimensões reduzidas

Quanto à problemática da instalação e da manutenção dos

geradores eólicos, o arquiteto Frey e a sua equipa

desenvolveram também uma solução simples: as pás e o

gerador são pré‐montados, sendo fixos ao suporte do poste

através de um sistema de fixação em baioneta. Dessa forma,

e com a ajuda de uma autogrua, o gerador pode ser

desmontado com um simples “click”, e transportado para o

solo, onde será realizada a respetiva manutenção. Dessa

forma evitar‐se‐á ter de desativar a linha de transporte de

energia elétrica para a realização da manutenção do gerador

eólico.

O projeto poderá, contudo, falhar na vertente económica: o

gerador proposto tem um diâmetro de 3 a 4 metros e

custará presentemente cerca de 15.000 Euros. A equipa de

Frey estima que com a produção em série seja possível

reduzir os custos para 1/3, tornando dessa forma a solução

também viável do ponto de vista económico.

Os postes de eletricidade existem em grande quantidade,

pelo que com uma adaptação de geradores eólicos, tornam‐

se em postes com uma dupla função – o transporte e a

produção de energia elétrica ‐ e representam uma

significativa mais‐valia ecológica.

Uma outra solução – as copas das árvores

O arquitecto Frey tinha já anteriormente instalado pequenos

aerogeradores em copas de árvores. No projecto‐piloto

realizado na floresta negra na Alemanha, consegue‐se

produzir 9000 kWh de energia eléctrica, o que será o dobro

da energia eléctrica necessária para uma habitação familiar

de 4 pessoas.

Descrição da solução: Gerador eólico montado num poste eléctricoDiâmetro das pás: 4 metrosPeso: 200 kg para um gerador de 20 kWPotência: Entre 20 kW e 50 kWCustos globais: 15.000 Euros, podendo reduzir-se para cerca de 5.000

Euros se a produção for feita em série e m grandes quantidades

Vantagens: . elevada poupança de custos. baixo investimento inicial. facilidade e rapidez de montagem. inexistência de ruído. reduzido impacto ambiental

Tabela 1 – Descrição da solução “Gerador eólico montado num poste elétrico existente”

Figura 2 – Pequeno gerador eólico na copa de uma árvore (Fonte: www.freeenergyweb.eu)

Page 43: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

43

Assistir‐se‐ia a uma produção e distribuição de energia

eléctrica descentralizada e regenerativa, sem interferência

com o ecossistema.

Esta solução tem como grande vantagem a produção e o

consumo local de energia eléctrica. Ou seja, a energia

eléctrica produzida pelo pequeno gerador eólico instalado na

copa da árvore permitirá a alimentação da própria habitação.

Também as perdas serão reduzidas, dado que o cabo que

interliga o gerador e a casa tem dimensões reduzidas.

Assistir‐se‐ia a uma produção e distribuição de energia

eléctrica descentralizada e regenerativa, sem interferência

com o ecossistema.

Segundo Frey, desta forma, e se for possível replicar esta

solução, será possível contribuir para a redução da

necessidade de construção de novas linhas de transporte de

energia eléctrica em alta tensão.

Os custos globais desta solução, incluindo a montagem

respectiva, rondarão, segundo Frey, os 7.000 Euros,

poupando‐se a torre, as fundações, a linha de transporte e o

posto de transformação que seriam necessários para

transportar a energia eléctrica ao longo de grandes

distâncias.

Ainda uma outra solução ‐ rotores verticais em postes

eléctricos existentes

Os geradores eólicos poderiam contribuir ainda mais

significativamente para a melhoria do balanço energético

global se não fossem as controversas pás.

A solução desenvolvida pelos designers franceses Nicola

Delon, Julien Choppin e Raphael Menard, em 2009,

denominada “Wind‐In”, permite que a energia eléctrica

produzida pelos geradores eólicos seja injectada

directamente na rede.

Nesta solução um ou mais pequenos geradores verticais são

instalados no interior de postes metálicos de electricidade

existentes. Segundo os seus criadores, este sistema pode ser

facilmente montado.

Segundo os cálculos realizados pela equipa do “Wind‐In”,

uma adaptação de todos os postes de alta tensão existentes

em França com um gerador eólico vertical, poderia suprir

15% das necessidades de energia eléctrica francesa.

Montagem do gerador eólico

Montagem na copa da árvore

60% dos custos de um gerador incidem sobre a torre

Figura 3 ‐ Fases de montagem de geradores eólicos na copa de uma árvore (Fonte: www.freeenergyweb.eu)

Descrição da solução: Gerador eólico montado na copa de uma árvore

Diâmetro das pás: 3,4 metros

Potência: 5,5 kW

Energia produzida por ano: cerca de 9.000 kWh, o que permitirá alimentar 2 habitações familiares de 4 pessoas.

Custos globais: 7.000 Euros, incluindo a respectiva montagem

Vantagens: . elevada poupança de custos. caminhos curtos de transporte de energia eléctrica. inexistência de ruído. reduzido impacto ambiental. As árvores não são consideradas "construções", logo não é necessário submeter esta solução a um processo de licenciamento construtivo.

Tabela 2 ‐ Descrição da solução “Gerador eólico montado na copa de uma árvore”

Page 44: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

44

Devido à distribuição geográfica dos postes, conseguir‐se‐ia

ainda um fornecimento homogéneo de energia eléctrica

dentro do país. Com esta medida poder‐se‐iam desligar seis

centrais nucleares, estimam os criadores desta solução.

Esta solução apresenta as seguintes vantagens:

a. A energia eléctrica produzida é injectada na rede sem se

ter de desenvolver uma nova infraestrutura extensa. A

ligação entre o gerador e a rede é reduzida a poucos

metros, o que conduzirá a uma significativa redução de

custos.

b. Conseguir‐se‐á garantir um fluxo contínuo de energia

limpa.

c. Evita a construção de novos geradores eólicos de

grandes dimensões.

d. Coloca os geradores dentro do espaço físico já ocupado

pelos postes eléctricos, não causando poluição visual

adicional.

As desvantagens das soluções apresentadas

Mas estas soluções inovadoras apresentam ainda algumas

desvantagens:

a. Os postes existentes não foram construídos para

acomodar geradores eólicos, por isso necessitarão de

ser reforçados estruturalmente, o que poderá ser

simples ou extremamente complexo de realizar, do

ponto de vista técnico. Contudo, com o passar dos anos,

muitos dos postes existentes terão de ser reforçados ou

mesmo substituídos por novos, pelo que a verificar‐se,

deverão ser desde logo preparados para possibilitar a

instalação de pequenos geradores eólicos.

b. As adaptações necessárias nos postes eléctricos

poderão ser difíceis de justificar economicamente. O

custo dos pequenos geradores eólicos é ainda elevado,

devido à reduzida quantidade de equipamentos

produzidos anualmente.

c. A injecção da energia eléctrica na rede tem de ser

garantida por transformadores que terão de converter a

baixa tensão no gerador em alta tensão da rede.

Igualmente problemático poderá ser o sistema de

protecção eléctrica da rede. Estes problemas técnicos

ainda não foram totalmente solucionados. Também a

gestão da injecção local da energia eléctrica produzida

na rede de transporte terá de ser acautelada, para

evitar o colapso da mesma. Mas para além da solução

técnica será necessário verificar a viabilidade

económica associada à instalação dos transformadores

necessários e à gestão da própria rede.

d. Têm de ser instalados equipamentos de protecção, para

evitar que componentes do gerador eólico que

eventualmente se soltem, possam danificar a linha de

transporte de energia eléctrica que se encontra fixada

também no poste onde foi alojado o gerador.

e. A aplicação de geradores eólicos verticais, um por cima

do outro, como no caso do projecto “Wind‐In”, poderá

não ser a forma mais económica de produzir energia

eléctrica, aplicando‐se a regra de que quanto mais alto

se instalar o gerador eólico, mais fortes são os ventos e

logo mais energia se poderá obter.

f. Toda a manutenção dos geradores eólicos poderá ser

complexa, pois estes estarão alojados em postes que

suportam linhas de transporte de energia eléctrica de

alta tensão, em carga.

Figura 4 ‐ Geradores eólicos verticais instalados em postes eléctricos existentes

Page 45: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

45

Mesmo estando resolvidas todas as questões técnicas

inerentes, o licenciamento associado à autorização da

injecção da energia eléctrica produzida, na rede de

transporte, que depende também da vontade política,

poderá condicionar o sucesso das soluções apresentadas.

A abertura das empresas de produção, de transporte e de

distribuição de energia eléctrica a estas novas soluções será

igualmente determinante. Normalmente a empresa que gere

a produção de energia eléctrica, não é a mesma que tem a

seu cargo a gestão do transporte da mesma, pelo que as

soluções apresentadas poderão ser difíceis de concretizar no

curto prazo.

Pressionados com a decisão do governo alemão em

abandonar a produção de energia eléctrica em centrais

nucleares e com os compromissos assumidos no âmbito da

União Europeia, que prevêem a incorporação de energias

renováveis em cerca de 20% no consumo de energia final em

2020, existem hoje várias conversações com empresas

produtoras e de distribuição de energia eléctrica na

Alemanha. Estas estão juntamente com a equipa de Frey a

estudar e a concertar tecnicamente as soluções

apresentadas em cima.

Também os governos regionais e o próprio governo central

alemão começam a interessar‐se por este tema, tendo

permitido que fosse contratualizado um segundo projecto‐

piloto. Este engloba a instalação de geradores eólicos em

postes de electricidade da rede de alta tensão, ao longo de

quatro quilómetros, estando a sua instalação prevista para o

final do corrente ano.

Assim, mesmo que os postes tenham de ser reforçados

estaticamente para poderem albergar os geradores eólicos,

económica e ambientalmente haverá sempre uma grande

vantagem face à construção de novos geradores. Desde logo

porque se obtém, ao evitar as torres e respectivas

fundações, uma considerável redução de custos na

concepção, produção e instalação, e porque haverá também

uma maior aceitação por parte das populações.

Também em Portugal, onde existem mais de 8.000 km de

linhas de transporte, haverá um grande potencial para a

instalação de geradores eólicos em postes.

Com este artigo pretende‐se sensibilizar (também) os

agentes em Portugal (empresas de produção, de transporte

e de distribuição de energia eléctrica, reguladores e outras

entidades públicas) para a utilização destas soluções

inovadoras.

Produzir energia eléctrica de uma forma simples, utilizando

recursos existentes, implica ainda a resolução de algumas

questões técnicas em aberto. Mas a história ensina‐nos que

“a necessidade aguça o engenho”.

Bibliografia

Castro, Rui (2011). Uma Introdução às Energias Renováveis: Eólica, Fotovoltaica e Mini‐hídrica. Lisboa: IST Press.

ENEOP – Eólicas de Portugal. (2011). O que é a Energia Eólica. www.eneop.pt

ENE 2020 – Estratégia Nacional para a Energia. (2010). Resolução do Conselho de Ministros nº 29/2010. Diário da República, 1ª série, nº73. 

Free Energy. (2011). Windkraft neu denken. www.freeenergyweb.eu

Hooss, Henning (2011). Liliput‐Windräder: Strom vom Baum und Mast. Julho. www.architekten‐frey.de

LaBarre, Suzanne (2009). Harvesting the Wind. Maio, www.metropolismag.com.

Pauli, Gunter (2010). Wind Energy without (new) Pylons. Maio, www.clubofrome.at.

REN (2010). A Energia Eólica em Portugal 2010. www.ren.ptFigura 5 ‐ Assim será o futuro (talvez) (Fonte: www.freeenergyweb.eu)

Page 46: NeutroATerra_N9_2012-1S

DIVULGAÇÃO

46

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO PÓS‐GRADUADA EM

Sistemas de Segurança, Gestão Técnica e Domótica

OBJETIVOS

Promover competências aos pós‐graduados no âmbito do projeto, execução e exploração de

instalações de segurança.

DESTINATÁRIOS

O curso destina‐se a arquitetos, engenheiros e engenheiros técnicos.

As competências conferidas pelo curso são particularmente interessantes para projetistas,

responsáveis pela execução e exploração de instalações de segurança, assim como

profissionais interessados, em geral na área da segurança e, em particular da segurança

contra incêndio em edifícios.

ESTRUTURA DO CURSO

• Segurança Contra Incêndio em Edifícios

• Videovigilância e Controlo de Acessos

• Sistemas Automáticos de Deteção de Intrusão

• Instalações em Edifícios Inteligentes

CREDENCIAÇÃO

O curso é reconhecido como formação habilitante de técnicos responsáveis pela elaboração

de projetos e planos de SCIE da 3ª e 4ª categoria de risco pela Autoridade Nacional de

Protecção Cívil.

LOCAL

Instituto Superior de Engenharia do Porto

Rua Dr. António Bernardino de Almeida, 431, 4200‐072 Porto

Tel. 228 340 500 – Fax: 228 321 159

Info: [email protected]

Page 47: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

47

Alfredo Verónico da Silva                Pedro Manuel Pereira Costa

Instituto Superior de Engenharia do Porto

1 Introdução

A necessidade de diminuir os consumos de energia, não só

por questões financeiras mas, essencialmente, por questões

ambientais fez com que fossem feitos esforços no sentido da

implementação de sistemas de energias renováveis ou

mesmo com rendimentos o mais elevados possíveis.

Surge, então, em alternativa às grandes centrais

convencionais e às redes de distribuição em alta tensão, a

produção descentralizada de eletricidade, sendo que a

cogeração era em finais de 2010 segundo a Galp Energia,

responsável pela produção de cerca de 12% de todo o

consumo de eletricidade no país e por 34% da produção em

regime especial.

A cogeração/trigeração surge como uma tecnologia

interessante ao garantir economias de energia e

competitividade acrescida às empresas e consiste

basicamente na produção combinada de energia térmica e

elétrica num mesmo equipamento, destinando‐se ambas ao

consumo da própria empresa ou de terceiros, evitando ou

atenuando a utilização de equipamentos próprios de

produção de calor e aquisição de energia elétrica à rede.

Neste artigo vamos familiarizar‐nos com esta solução

energética, a cogeração/trigeração, que prova ser bastante

eficiente, aplicando os princípios da produção combinada de

eletricidade, calor e frio.

2 Conceitos e princípios

As centrais convencionais convertem em eletricidade apenas

cerca de 1/3 da energia do combustível que consomem, o

resto é perdido na forma de calor. Tal desperdício acarreta

efeitos adversos para o meio ambiente tornando‐se

imperativa a necessidade do aumento de eficiência no

processo de produção. A cogeração apresenta um rácio onde

4/5 da energia primária é convertida em energia utilizável

apresentando vantagens na área financeira e ambiental.

O conceito de produção distribuída diz respeito à produção

de energia o mais próximo de onde ela é consumida, ou seja,

a energia é produzida no local de consumo sendo evitadas as

perdas nas redes de distribuição, e aplicadas no sector

industrial e em edifícios onde existe uma exigência

simultânea de energia elétrica e térmica calor e/ou frio.

No processo convencional de transformação de energia fóssil

em energia elétrica a maior parte da energia contida no

combustível é transformada em calor e perdida no meio

ambiente.

Cogeração

Começando pela necessidade de entender o conceito poder‐

se‐á dizer que a cogeração consiste, basicamente, na

produção de eletricidade junto dos centros de consumo,

permitindo o aproveitamento de calor no processo de

geração, também designada por CHP (Combined Heat and

Power). O aproveitamento pode dar‐se sob a forma de calor

ou agua quente, para uma aplicação secundária. Os

processos conseguem assim um máximo de aproveitamento

de combustível consumido e poupam energia primária.

Devido às grandes dificuldades no transporte da energia

térmica o calor só pode ser utilizado perto do centro

produtor, o que limita estas instalações a centrais

relativamente pequenas. O limite de distância para o

transporte de calor ser economicamente viável fica em torno

de 5km.

Cogeração e TrigeraçãoUm caso prático

Figura 1 – Esquema de um sistema de cogeração 

Page 48: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

48

Trigeração

Já no que diz respeito à trigeração poder‐se‐á dizer que esta

implica a produção simultânea de eletricidade, calor e frio a

partir de um único combustível. É um esquema de produção

de energia em que se recupera calor desperdiçado para se

obter frio. Compreende sistemas CHP combinados com

chillers de absorção.

Nos serviços, o calor gerado pelos sistemas de cogeração é

essencialmente utilizado para a climatização, dos edifícios,

no entanto as necessidades de aquecimento são limitadas a

alguns meses de Inverno. Há, contudo, necessidades

significativas de arrefecimento, ar condicionado, durante os

meses de Verão. A Energia térmica proveniente de uma

instalação de cogeração, será utilizada para produzir frio,

através de um ciclo de absorção. Este processo “alargado” de

cogeração é conhecido por trigeração ou produção

combinada de eletricidade, calor e frio (CHCP, combined

heat, cooling and power production).

Vantagens e benefícios da trigeração

No sector terciário a trigeração já provou ser uma solução

apropriada para uma vasta gama de tipos de edifícios,

nomeadamente Hotéis, Hospitais, Escolas, Universidades,

Aeroportos, e grandes Centros Comerciais. Apresentando as

seguintes vantagens:

a. Economias de energia primária: Cerca 25%

comparativamente à produção convencional de energia

elétrica.

b. Redução de emissões poluentes: Com a utilização de

gás natural em vez de combustíveis derivados do

petróleo ou carvão, as emissões de CO2 e partículas são

praticamente nulas.

c. Benefícios económicos: Os custos energéticos das

instalações de trigeração são menores do que os das

instalações convencionais. Pode dizer‐se que a redução

de preços é da ordem dos 20‐30%.

d. Aumento da fiabilidade do aprovisionamento

energético: Pequenas centrais de cogeração/trigeração

de energia elétrica, calor e frias ligadas à rede elétrica,

garantem uma operação ininterrupta da instalação, no

caso de falha do funcionamento da central ou do

abastecimento da rede. Ao nível nacional favorecem a

produção descentralizada, reduzindo a necessidade de

grandes centrais termo‐elétricas. Contribuindo também

para o aumento do emprego a nível local.

Figura 2 – Esquema de trigeração (Fonte: STET, 2008)

Page 49: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

49

e. Aumento de estabilidade do sistema elétrico: As

unidades de trigeração proporcionam um alívio significativo

às redes do sistemas elétrico durante os meses quentes de

verão. As cargas de arrefecimento são transferidas da

eletricidade para um combustível fóssil, uma vez que o

processo de arrefecimento/refrigeração muda dos,

largamente, utilizados ciclos de compressão de vapor para os

de absorção. Isto contribui ainda para o aumento da

estabilidade das redes elétricas e para a melhoria da

eficiência do sistema, porquanto os picos de verão são

servidos pelas empresas elétricas distribuidoras através de

unidades de apoio ineficientes e linhas de transporte de

energia elétrica sobrecarregadas.

3 Tecnologias de trigeração

A parte mais importante de uma instalação de trigeração é a

máquina que produz eletricidade e energia térmica (calor).

Esta máquina caracteriza a instalação ou central de

cogeração (CHP). Seguindo‐se o aparelho que produz o frio,

utilizando energia térmica do processo de cogeração (chiller

de absorção).

Presentemente as tecnologias mais importantes disponíveis

no mercado para cogeração são:

• Turbina de gás;

• Turbina de vapor;

• Ciclo combinado;

• Motor alternativo de combustão interna;

• Pilhas de combustível;

• Micro‐turbinas

As primeiras quatro tecnologias, usando turbinas ou motores

alternativos de combustão interna, têm sido aplicadas em

instalações de cogeração nas últimas décadas. As pilhas de

combustível e micro‐turbinas estão em fase de

desenvolvimento e início de comercialização.

Para a trigeração, os tipos vulgarmente mais aplicados são os

motores de combustão interna, muitas das vezes em grupos

de mais que um para fazer face à variação de carga. As

turbinas de gás são utilizadas em grandes complexos de

edifícios tais como Hospitais ou redes urbanas de calor e frio.

As pilhas de combustível são utilizadas, essencialmente no

sector terciário, devido ao seu funcionamento silencioso.

Outra vantagem fundamental deste sistema, reside nos sub‐

produtos da operação, nomeadamente o hidrogénio. Este

pode ser utilizado como meio de armazenar energia,

contribuindo para o aumento global da instalação de

trigeração.

Para comparação, a tabela I resume as características

técnicas dos tipos de tecnologias de cogeração mais

utilizados.

Unidades produtoras de água refrigerada (Chiller)

Um chiller é uma máquina que tem como função arrefecer

água ou outro líquido em diferentes tipos de aplicações,

através de um ciclo termodinâmico.

Máquina Motriz Turbina de gás Turbina de Vapor Ciclo Combinado Motor de Combustão Célula de Combustível

Potencia (MWe) 0,2 -100 0,5-100 4-100 0,015-30 0,01-0,25

Razão Calor/Eletricidade 1,12- 2 2-10 0,5-1,7 0,4-1,7 1,1

Rend. Eléctrico (%) 15-35 10-40 30-40 25-45 35-40

Rend. Térmico (%) 40-59 40-60 40-50 40-60 20-50

Rend. Total (%) 60-85 60-85 70-90 70-85 55-90

Tempo de Vida (anos) 15-25 20-35 15-25 10-20 >5

Carga Mínima (%) 75 20 75 50 Sem limites

Eficácia (%) 90-98 99 90-98 92-97 >95

Uso Energia Térmica Aquecimento, AQS, Vapor BP e AP

Vapor BP e AP Vapor BP e AP Aquecimento, AQS, Vapor BP e AP

AQS, Vapor BP e AP

Combustível Gasoso, Liquido Todos Gasoso, Líquido Gás, Gasolina, Gasóleo Gás

Tabela I – Características dos diferentes tipos de sistemas de cogeração 

Page 50: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

50

A central de trigeração do Norteshopping entrou em

funcionamento em 1998 e totaliza atualmente 54 500 horas

de funcionamento, É constituída por dois motores de

combustão interna utilizando como combustível o gás

natural. Tem uma potência elétrica instalada de 2950 kWe

(quilo Watt elétrico) por grupo, num total de 5900 kWe, uma

potência térmica de 2750 kWt (quilo Watt térmico) por

grupo, num total de 5500 kWt. Estão ainda instalados dois

chillers de absorção com uma potência de frio de 1750 kWt

por grupo, num total de 3500 kW.

Toda a energia elétrica produzida pela central é vendida à

EDP, sendo a energia térmica utilizada para climatização do

Norteshopping. A central de trigeração está em

funcionamento de segunda a sexta das 7H00 ás 24H00,

Os dois principais tipos de chiller são:

• Chiller de compressão ou elétrico;

• Chiller de absorção .

Os chillers de compressão utilizam um compressor mecânico

acionado, normalmente por um motor elétrico, de forma a

aumentar a pressão em determinada fase do ciclo

termodinâmico do sistema.

Os chillers de absorção permitem produzir água gelada a

partir de uma fonte de calor utilizando para tal uma solução

de um sal (brometo de lítio) num processo termoquímico de

absorção. Os chillers de absorção são, muitas vezes,

integrados em sistemas de cogeração, de forma a permitir o

aproveitamento do calor que de outra forma seria

desperdiçado.

Principais componentes de um chiller de absorção estão

representados na figura 3.

4 Caso de estudo

Este capítulo apresenta os principais resultados do

levantamento efetuado à central de cogeração/trigeração do

Norteshopping, com o intuito de proporcionar uma melhor

compreensão da sua importância, a sua influência na

produção distribuída e seu desempenho e os seus

contributos na melhoria do meio ambiente.

Figura 3 – Esquema de um chiller de absorção (Adaptado de: www.fscc‐online.com)

Figura 4 – Motor  de combustão instalado no Norteshopping

Page 51: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

51

funcionando à carga máxima nas horas de ponta e a 95% nas

horas cheias, nas horas do vazio e super vazio não se

encontra em funcionamento.

Na tabela II são apresentados os dados energéticos da

central de cogeração/trigeração do Norteshopping em 2010.

Através dos vetores energéticos apresentados no quadro,

podemos então proceder ao cálculo da poupança de energia

primária (PEP) da atividade da cogeração relativamente à

produção separada de calor e de eletricidade, em

conformidade com o estabelecido no decreto lei nº23/2010

de 25 de Março, medida de acordo com a seguinte fórmula.

CHP Hη é a eficiência térmica do processo, definida como a

produção anual de calor útil dividida pelo combustível

utilizado na produção total de calor e de eletricidade;

T ‐ energia térmica útil consumida anualmente

C‐ energia primária consumida anualmente e avaliada a

partir do poder calorífico inferior do gás natural

Ref Hη é o valor de referência da eficiência para a produção

separada de calor, estando este valor compreendido entre

os 35% e 45%.

CHP Eη é a eficiência elétrica, definida como a produção

total anual de eletricidade dividida pelo combustível

utilizado na produção total de calor útil e de eletricidade

num processo de cogeração.

E ‐ energia elétrica produzida anualmente

C‐ energia primária consumida anualmente e avaliada a

partir do poder calorífico inferior do gás natural

ESP. UN. 2010

HORAS DE FUNCIONAMENTO

Cogeração – 2010 H 8.570

GN 2010 Nm3 5.544.732

GN (PCI) 2010 kWh 59.417.911

GN (PCS) 2010 kWh 65.796.976

PRODUÇÃO ENERGIA ELÉTRICA

PROD (W#1+W#2) kWhe 22.122.255

Prod>EDP 2010 kWhe 20.840.770

PRODUÇÃO ENERGIA TÉRMICA

En.Térmica 2010 kWht 13.838.060

AF 2010 kWht 8.449.712

AQ 2010 kWht 1.767.043

ENERGIA TÉRMICA SERVIÇOS COMUNS

AF SC 2010 kWh 8.089.662

AQ SC 2010 kWh 1.614.846

CUSTO COMBUSTIVEL

CUSTO ESPECIF.GN Eur/kWhGas(PCI) 0,02479

CUSTO ESPECIF.GN Eur/kWheu 0,07827

PREÇO VENDA ENERGIA

AF Eur/kWh 0,04410

AQ Eur/kWh 0,04467

EE W Eur/kWh 0,11489

Tabela II – Vetores energéticos da central de cogeração/trigeração no ano 2010 

(1)

(2)

(3)

100

_

_

_

_1

1

EREF

ECHP

HREF

HCHPPEP

%2,37100911.417.59

25512222100

C

EE

%3,23100911.417.59

060.838.13100

C

TH

Page 52: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

52

Ref Eη é o valor de referência da eficiência para a produção

separada de eletricidade, estando este valor compreendido

entre os 35% e 45%.

Calculada a eficiência energética elétrica e térmica, e

conhecidos os valores de referência correspondentes

procederemos então ao cálculo da poupança de energia

primária (PEP) da atividade da cogeração.

Eficiência Global do Sistema ‐ A eficiência global

corresponde ao total anual da produção de energia elétrica

e da produção de calor útil dividido pelo consumo de

combustível utilizado na produção de calor num processo de

cogeração e na produção bruta de energia elétrica e

mecânica, sendo a eficiência calculada com base no poder

calorífico líquido dos combustíveis (também denominado

poder calorífero inferior).

Rendimento elétrico equivalente‐ A legislação portuguesa

define o rendimento elétrico equivalente REE por forma a

avaliar o rendimento efetivo da instalação de trigeração.

Para o presente caso como a central funciona a gás natural o

REE têm de ser superior a 55% sendo dada pela seguinte

expressão.

Analisando o fornecimento de energia elétrica aos clientes

finais de eletricidade podemos verificar que este é suportado

por um sistema centralizado de produção baseado em

centrais termoeléctricas de grande potência e um sistema de

transporte de energia de longas distâncias. A central de

cogeração/trigeração do Norteshopping, embora apresente

um rendimento elétrico equivalente abaixo das mais

recentes centrais de cogeração/trigeração constituiu ao logo

dos últimos treze anos um meio de produção alternativo ao

sistema centralizado evitando o custo de produção e

transporte dessa energia pelas centrais convencionais e

reduzindo o impacto ambiental.

5 Enquadramento jurídico cogeração/trigeração

DL 538/1999 ‐ Regulamenta a atividade de cogeração.

DL 313/2001 ‐Modifica o clausulado do DL 538/1999.

Declaração de Retificação 8‐B/2002 ‐ Corrige o DL 313/2001.

DL 68/2002 e Portaria 764/2002 – Regulamenta a Produção

de eletricidade de baixa tensão (microgeração).

P 399/2002 ‐ Disposições sobre a aplicação do DL 313/2001.

DL 363/2007 ‐ Regulamenta a microprodução.

DL 23/2010 ‐ Estabelece o regime jurídico e remuneratório

aplicável à energia elétrica e mecânica e de calor útil

produzidos em cogeração.

6 Conclusões

A Cogeração/Trigeração desempenha um importante papel

no esforço de redução de emissões de CO2 e outros gases de

efeito de estufa, pois o carácter integrado da trigeração

implica maiores taxas de conversão de energia e, por

conseguinte, menores emissões poluentes.

A vantagem resultante para o sector energético da utilização

da cogeração/trigeração é importante referir, que na sua

maioria dizem respeito à produção de eletricidade. As

centrais de trigeração produzem três formas de energia útil,

eletricidade, calor e frio, a partir da queima de um

combustível. Comparando com as centrais convencionais

consegue‐se o reaproveitamento da energia desperdiçada

sob a forma de energia térmica, aumentando desta forma

claramente o rendimento, que nas centrais convencionais

situar‐se‐iam entre os 30% e os 50% enquanto que os de

produção de calor situar‐se‐iam entre os 85% e os 95%,

facilmente se percebe que o potencial na melhoria dos

rendimentos de conversão só existe, na prática, no lado da

produção de eletricidade.

(4)

(5)

(6)

%9,15100

4,0

372,0

9,0

233,01

1

PEP

%5,60100911.417.59

255.122.22060.838.13100

C

TEG

%2,50

9.0

060.838.13911.417.59

255.122.22

9,0

T

C

EREE

Page 53: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

53

Um facto importante a retirar é que o custo de produção do

calor, frio e da eletricidade nestas unidades é diretamente

afetado, pelo custo do combustível consumido. Se o

consumidor de calor já está familiarizado com essa

indexação permanente de energia térmica, a aquisição de

eletricidade no mercado, regulado ou liberalizado, não

agrega uma atualização direta, porque vigora o método de

estabilidade dos preços. Se é um facto que os projetos de

cogeração/trigeração melhoram a eficiência energética, não

se pode dispensar a existência de uma remuneração da

eletricidade de cogeração, que agregue, em cada momento,

um mecanismo de indexação aos preços dos combustíveis

em detrimento de uma criação de tarifários.

Bibliografia

‐ Azevedo, João L. Toste, Apontamentos sobre cogeração, IST

2001

‐ Sérgio da Silva Brandão, Cogeração, UC, 2004.

‐ Rui M.G.Castro, Introdução à cogeração, DEEC/IST, 2009

‐ Álvaro Brandão Pinto, Palestra, O Futuro da Cogeração, FEUP

‐ Decreto Lei nº23 /2010 de 25 de Março

‐ Pedro Rocha, NORTESHOPPING, 2011

‐ DGEG‐Direcção Geral de Energia e Geologia, Renováveis

http://ww.dgeg.pt

‐ GALP ENERGIA http://www.galp.pt/

‐ ADENE http://www.adene.pt

‐ COGEN Portugal http:// www.cogenportugal.com

‐ COGENERATION http://cogeneration.net/

CURIOSIDADE

Page 54: NeutroATerra_N9_2012-1S

DIVULGAÇÃO

54

Page 55: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

55

Vera Lúcia Paiva da SilvaExpert Research Engineer, Unidade de Investigaçao e Desenvolvimento, 

Electricité de France (EDF)

1 Impactos no Sistema Elétrico de Energia

A necessidade de reduzir a dependência Europeia dos

combustíveis fósseis e de reduzir o nível de emissões de

dióxido de carbono oriundos do sector dos transportes deu

origem a uma necessidade de desenvolver novas tecnologias

e soluções de mobilidade. Uma das soluções que se

apresenta como promissora é a substituição de veículos

movidos por motores de combustão térmica por veículos

elétricos (VE) e veículos híbridos recarregáveis (VHR).

O veiculo elétrico recarregável não é uma invenção recente

dado que o primeiro carro elétrico foi criado por volta de

1859 pelo francês Gaston Planté [1] mas foram os recentes

progressos tecnológicos na área das baterias que

impulsionaram a chegada deste tipo de veiculo ao mercado.

Atualmente estão a surgir inúmeros modelos de carros

elétricos no mercado que vão desde pequenos utilitários,

carros familiares e pequenos comerciais. Em simultâneo

varias iniciativas de promoção ao uso deste tipo de veículos,

como o Autolib [2] em Paris e as soluções de mobilidade nos

Jogos Olímpicos de Londres [3], podem ser encontradas por

toda a Europa. O projeto europeu Green eMotion [4],

iniciado em 2011 com um financiamento de 42 mil milhões

de euros, cujo objetivo é o desenvolvimento de forma

coordenada nos países da união europeia de um largo

numero de projetos piloto é um exemplo da importância que

o VE tem vindo a assumir como solução de mobilidade na

Europa.

2 Impactos no Sistema Elétrico de Energia

A ligação à rede elétrica e alimentação de um número

elevado de VE terá diversos impactos na gestão e

planeamento do sistema elétrico de energia. Tendo em

conta as diferenças entre os sistemas elétricos que se podem

encontrar na Europa estes impactos variam de país para país.

Em consequência, as recomendações detalhadas de soluções

para a integração de VE deverão ser adaptadas a realidade

de cada país ou região. Existem, no entanto, um conjunto de

impactos que se poderão esperar, de forma mais ou menos

pronunciada, em todos os sistemas pelo que poderão ser

identificados quais os aspetos chave que deverão ser

tratados ao nível europeu.

Tomando como exemplo a França, são esperados 2 milhões

de VE e VHR ate 2020 e 3,5 milhões em 2050. Um estudo

publicado pela RTE [5], operador da rede de transporte

Francês, prevê um forte aumento da potência de ponta

devido ao carregamento dos VE/VHR, como mostra a Figura

1.

Como se pode observar na figura o impacto do VE em

termos de energia consumida e muito menor do que o

impacto em termos de potencia instantânea e, em

particular, aumento da ponta de consumo. Este aumento

terá diferentes impactos (figura 2) que se estendem desde a

produção até ao consumidor de baixa tensão.

Veículos ElétricosImpactos, Barreiras e Oportunidades da Integração nos Sistemas deEnergia

Figura 1 – Impacto do carregamento dos VE no diagrama de carga Francês (Fonte: Bilan previsionel RTE 2009)

Page 56: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

56

De forma geral, a análise e quantificação destes impactos

deve ter em conta os seguintes pontos:

1. Capacidade das redes de distribuição existentes: a

necessidade de investimento na rede poderá ser mais

pronunciada nos países do Sul da Europa uma vez que a

procura de eletricidade por um consumidor BT é

tipicamente menor. As redes elétricas, especialmente

ao nível local são mais fracas nos países do Sul pelo que

poderá existir uma necessidade de aumento da

capacidade mesmo para penetrações baixas de VE.

2. Consumo de eletricidade por consumidor BT: o impacto

da ligação de um VE, mesmo carregando à potencial

normal (3 kW) será mais visível se a ponta média típica

sem VE for de 3 kW (caso de Portugal) do que num

consumidor em que a mesma é de 15 kW (exemplo da

Alemanha e da Suécia).

3. Flexibilidade dos mix de produção de eletricidade: o uso

das baterias do VE como meio de flexibilidade, por

exemplo, para facilitar a integração de energias

renováveis intermitentes, será dependente da

flexibilidade do mix de produção existente. Alguns

sistemas necessitam de mais flexibilidade que outros.

Por exemplo o sistema do Reino‐Unido constituído

essencialmente de centrais térmicas e nucleares

apresenta uma maior necessidade de flexibilidade do

que o sistema Nórdico com um mix baseado em centrais

hibridas.

Os impactos acima descritos e os custos de investimento e

gestão do sistema poderão ser fortemente reduzidos se o VE

for tratado como uma carga flexível que poderá ser

controlada através da implementação de iniciativas de

gestão da procura.

3 Oportunidades e barreiras ao uso da flexibilidade do

veículo elétrico para apoiar a operação do sistema

elétrico

Estudos de mobilidade realizados em vários países

concluíram que um veículo está estacionado em média 90 %

do tempo em casa ou no local de trabalho do seu utilizador.

Os mesmos estudos mostram que a maioria dos veículos

consumira menos de metade da capacidade da bateria no

seu uso diário.

Tendo em conta estes factos a carga do VE poderá ser

“deslocada” para períodos de vazio ou de forte produção

intermitente (ex. eólica) sem que isso afete a sua função

primordial de satisfazer a necessidade de mobilidade do

consumidor. Mais ainda, será possível optar por soluções

Figura 2 – Impactos do consumo do VE no sistema elétrico de energia

Page 57: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

57

de carga a potencia baixa (3 kW) que poderá ser modulada

de acordo com as necessidades da rede sem o risco de que o

consumidor não tenha energia suficiente na bateria para as

suas deslocações.

As vantagens da gestão da procura aplicada à carga dos VE

estendem‐se do uso mais eficiente dos meios de produção

até a gestão do consumo ao nível da instalação do

consumidor, como ilustra a Figura 3.

A gestão da carga do VE, de acordo com as necessidades do

sistema elétrico, apresenta vantagens e poderá contribuir

significativamente para a redução do custo de integração dos

mesmos no sistema. No entanto, para que esta gestão seja

possível será necessário desenvolver uma regulação

transparente, que as regras de organização do mercado

elétrico sejam adequadas à participação da procura e que

seja implementada a infraestrutura técnica necessária à

comunicação entre o sistema e o VE.

Tal como o VE a gestão da procura não é uma solução nova.

Por exemplo em França, nos anos sessenta e setenta, o

desenvolvimento da produção nuclear foi acompanhado

pela instalação de aquecimento elétricos cujo

funcionamento era controlado pelo operador do sistema

elétrico de forma a obter um diagrama de cargas mais

“plano” de forma a facilitar a operação das centrais

nucleares. Existe mesmo uma coordenação entre o operador

do sistema e o distribuidor de eletricidade de forma a evitar

que as horas de vazio sejam iniciadas simultaneamente em

todos os consumidores, evitando assim congestionamentos

da rede de distribuição.

Em ambiente de mercado será necessário incentivar os

consumidores a aderirem a esquemas de gestão da procura

através do uso de tarifas de eletricidade dinâmicas.

Atualmente já existem tarifas variáveis ao longo do dia,

como as tarifas horas cheias e horas de vazio. Estas são fixas

ao longo de todo o ano pelo que não serão adequadas para

obter variações do consumo de forma mais dinâmica,

necessárias por exemplo para a integração da produção

renovável intermitente.

As vantagens do uso de tarifas dinâmicas são claras no

entanto existem ainda barreiras importantes a sua

implementação em larga escala, como:

• necessidade da implementação de contagem inteligente

e sistemas de comunicação entre o VE e o ator

responsável pela gestão da procura;

Figura 3 – Vantagens da gestão da carga do veiculo elétrico

Page 58: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

58

distribuidor deve usar para proceder à analise de rede ao

nível local.

“Active Distribution network with full integration of Demand

and distributed energy RESourceS”, European Community’s

FP7 project funded under grant agreement n° 207643.

4 Oportunidades e barreiras ao uso da flexibilidade do

veículo elétrico para apoiar a operação do sistema

elétrico

O desenvolvimento dos veículos elétricos necessita de ser

acompanhado pela instalação de pontos de carga em

diferentes locais para assegurar que o consumidor possa

carregar a bateria do veículo sempre que necessitar. Uma

boa rede de pontos de carga é essencial para a adoção da

mobilidade elétrica.

Dado que o desenvolvimento da dita infraestrutura tem

custos elevados o número de pontos de carga, a sua

potência e localização devera ser definido com base numa

análise custo/beneficio.

Tendo em conta o tipo de consumidores e as suas

necessidades bem como a diversidade de modelos de

negocio que se podem encontrar existem três alternativas:

a. infraestrutura privada: em casa, no trabalho ou outros

locais privados

b. infraestrutura semi‐pública: em parques de

estacionamento públicos, supermercados, etc.

c. infraestrutura pública: na via publica ou em parques de

estacionamento detidos por instituições públicas.

A primeira opção será financiada pelo consumidor ou pelas

empresas que decidam instalar os pontos de carga para uso

privado. A segunda opção será financiada pelo proprietário

dos locais onde os pontos são instalados e o modelo de

negócio para a mesma será definido pelo mesmo. O uso

destes pontos de carga poderá ser sujeito a um pagamento

ou associado a outros serviços.

A terceira opção é a mais complexa uma vez que não foi

encontrado ainda um modelo de negócio favorável para o

desenvolvimento da mesma [6].

• grandes volumes de dados a transmitir em tempo real

entre o consumidor, o comercializador/agregador, o

operador de sistema e o distribuidor;

• aumento da complexidade dos processos de gestão do

sistema e de tarifação e faturação que levam a

necessidade de alterações dispendiosas nos sistemas de

informação existentes;

• forte incerteza em relação a aceitação do consumidor do

uso de estruturas tarifarias dinâmicas com pilotagem

direta da carga;

• dificuldades de coordenação entre os diferentes atores

do sistema de energia, uma vez que a coordenação da

gestão da procura com os preços do mercado

centralizado poderão das origem a problemas de

congestionamento local.

Em particular, a questão da coordenação entre os

comercializadores/agregadores e o operador da rede de

distribuição tem merecido uma forte atenção dada a sua

importância e complexidade.

O comercializador/agregador terá tendência a coordenar a

gestão da procura do seu portfolio de consumidores em

função dos preços do mercado de eletricidade e serviços de

sistema. No entanto, estes consumidores, ao contrário das

grandes centrais de produção, estão ligados a rede de

distribuição. As ações de gestão da procura terão um

impacto ao nível local que não deve ser ignorado. Para evitar

um sobreinvestimento em capacidade da rede de

distribuição devera, no mínimo, ser assegurada uma

coordenação em que o comercializador/agregador informe o

distribuidor das ações de controlo sobre a carga previstas

para o dia seguinte. Esta coordenação, que não existe ainda,

apresenta dificuldades uma vez que a rede de distribuição é

tipicamente gerida de forma “passiva” e não são realizadas

análises de fluxo de cargas diariamente de forma a prever e

gerir os congestionamentos locais. Soluções para esta

questão estão a ser investigadas no projeto europeu

ADDRESS project, mas existem ainda varias questões a

clarificar como o tamanho das diferentes áreas da rede que o

Page 59: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

59

No entanto a sua existência é importante para aumentar a

confiança do consumidor e para evitar que as pessoas que

tenham acesso a pontos de carga privados sejam impedidas

de possuir um VE. Atualmente, na maioria dos casos, este

tipo de infraestrutura tem sido financiada através de

financiamentos governamentais e desenvolvida por

empresas públicas. Para um bom desenvolvimento deste

tipo de infraestrutura é importante aumentar a

transparência das regras de financiamento e acesso aos

espaços públicos onde esta devera ser instalada.

4 Conclusões e Recomendações

Um desenvolvimento economicamente eficiente da

mobilidade elétrica (especialmente em larga escala) deverá

ter em conta um largo número de aspetos que variam entre

questões económicas e modelos de negócio, regulação do

sistema elétrico e da infraestrutura de carga, questões

técnicas da sua integração na rede elétrica e estandardização

de protocolos de comunicação e produtos.

A analise to impactos e o desenvolvimento de soluções para

a integração dos VR/VHR deverá passar por:

• Avaliação da penetração de VE que o sistema elétrico de

energia, e em particular a rede de distribuição, pode

suportar sem necessidade de reforços nos diferentes países

da Europa;

• Desenvolvimento de estratégias de reforço do sistema

tendo em conta diferentes opções para a implementação de

ações de gestão da procura. Estas deverão incluir análises de

custo/beneficio de diferentes níveis de complexidade para

obter a relação ótima em custo de implementação e gestão

das ações de gestão da procura e custo do reforço da rede.

• Definição das responsabilidades e oportunidades da gestão

da carga do VE para os diferentes atores envolvidos

considerando diferentes cenários de modelos de Mercado.

Recomendações para a integração economicamente

eficiente do VE/VHR no sistema elétrico de energia:

• As estratégias de gestão da carga do VE/VHR deverão ser

flexíveis e deverão evoluir à medida que o número de

veículos for aumentando e não deverão ignorar a

necessidades da rede de distribuição;

• O uso de estratégias avançadas em que o VE é usado como

uma bateria que reinjeta potência na rede (Vehicle–to‐grid)

não se mostra ainda uma estratégia promissora e vários

estudos mostram que não é ainda economicamente

interessante;

• Um desenvolvimento eficiente em termos de

custo/benefício passa pelo incentivo da carga em casa e/ou

no trabalho a potencia baixa (3 kW).

• A infraestrutura de recarga privada e semiprivada devera

ser complementada por uma infraestrutura pública que

inclua alguns pontos de carga rápida;

• O uso de tecnologias de informação e comunicação não

representa uma barreira uma vez que a tecnologia existe e

poderão ser usadas sinergias entre o desenvolvimento

destas e das “redes elétricas inteligentes” de forma a

mutualizar os custos e os benefícios;

Referências

[1] “L’Histoire de la voiture électrique “, www.voitureelectrique.net

[2] “Autolib”, www.autolib.fr

[3] ”www.businessgreen.com/bg/news/2152035/ready‐set‐london‐

olympics‐electric‐vehicle‐fleet”

[4] “Bial provisionel de l”equilibre offre‐demande d’electricité en

France” , Reseaux de transport d’electricite “RTE”, 2009, available:

http://www.rte‐france.com/uploads/media/pdf_zip/nos‐activit‐

s/bilan_complet_2009.pdf

[5] Green eMotion Project – electromobility in Europe,

http://www.greenemotion‐project.eu/

[6] Grid for vehicles (G4V) Project‐ http://www.g4v.eu/

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DIVULGAÇÃO

60

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO PÓS‐GRADUADA EM

Projeto de Instalações Elétricas Especiais

OBJECTIVOS

Promover competências aos pós‐graduados no âmbito do projeto, execução, exploração e

utilização de instalações elétricas, que devido à sua especificidade possam ser consideradas

instalações especiais e, de uma forma integrada, abordar todos os assuntos relacionados

com a conceção de instalações elétricas.

DESTINATÁRIOS

O curso destina‐se a bacharéis, licenciados e mestres recém formados na área da Engenharia

Eletrotécnica e/ou Engenharia Eletrónica, assim como quadros no ativo que pretendam

atualizar conhecimentos ou adquirirem competências no âmbito da conceção e utilização de

instalações elétricas que devido à sua especificidade possam ser consideradas instalações

especiais.

ESTRUTURA CURRICULAR

• Proteção das Instalações Contra Sobretensões

• Alimentação das Instalações Elétricas

• Instalações em locais com influências externas

• Instalações de Micro‐produção

LOCAL

Instituto Superior de Engenharia do Porto

Rua Dr. António Bernardino de Almeida, 431, 4200‐072 Porto

Tel. 228 340 500 – Fax: 228 321 159

Info: [email protected]

Page 61: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

61

Infocontrol – Electrónica e Automatismo, Lda

1. Servidor de automação – Integração de diversos

protocolos em plataforma única compatível com as

tecnologias web/IT

Durante muito tempo, os integradores e instaladores foram

confrontados pelos diversos fabricantes de automação por

desenvolvimentos que faziam com que os clientes finais

ficassem cada vez mais presos às suas soluções proprietárias

com softwares dedicados, redes dedicadas e drivers

dedicados.

E o paradigma de uma instalação facilmente se torna num

conjunto heterogéneo de diferentes soluções proprietárias

como se de ilhas isoladas se tratassem ou com a necessidade

de software SCADA com drivers e interfaces para todas essas

soluções.

Servidor de Automação e Automação LEANPara uma GTC mais otimizada

Page 62: NeutroATerra_N9_2012-1S

ARTIGO TÉCNICO

62

A alternativa a esse paradigma é o Servidor de Automação.

O Servidor de Automação pode ser um conceito

relativamente novo na automação, mas é baseado em

tecnologias já comprovadas e estabilizadas.

Sendo os autómatos da SAIA multiprotocolo, é possível um

autómato funcionar como gateway para autómatos de

outros fabricantes, garantindo desse modo a abertura para

sistemas de automação normalmente proprietários.

É uma combinação de funcionalidades Web e IT com

interfaces standard e universais que foram incorporados

diretamente no autómato programável, permitindo ao

utilizador um acesso aos recursos proprietários da unidade.

Servidor Web, servidor FTP, cliente SMTP e sistema de

ficheiros estão localizados diretamente no autómato, sem a

necessidade de aquisição de componentes externos

adicionais.

Estas funcionalidades permitem ao utilizador, a partir do seu

próprio ambiente de trabalho e usando ferramentas comuns

como um browser Web, aceder diretamente ao autómato e

ler e escrever dados.

O operador não precisa mais de comprar as tais ferramentas

proprietárias dispendiosas; não precisa mais de interfaces

proprietários e drivers do fabricante; nem tem mais

problemas com dados em formatos proprietários.

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ARTIGO TÉCNICO

63

2. Lean Automation – Otimizar, remodelar e expandir a

GTC durante o tempo de vida da instalação

Normalmente, a solução de Gestão Técnica Centralizada

adjudicada é aquela cujo investimento seja o mais reduzido

possível, cumprindo minimamente os requisitos de controlo

e de funcionamento exigidos em CE e definidos nas normas

aplicáveis.

Na prática, isso significa que algumas funcionalidades e

características, essenciais para a exploração e a manutenção

da instalação ao longo dos anos seguintes, são minimizadas

ou mesmo eliminadas de modo a tornar a solução mais

barata. Só que, por norma, a maior percentagem de custos

dá‐se durante o ciclo de vida de um edifício e quase sempre

acontece que o barato acaba por sair muito caro ao cliente

final...

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ARTIGO TÉCNICO

64

A aplicação do conceito Lean à GTC conduz a uma otimização

da instalação com base na Cadeia de Valor: Projetista,

Consórcio, Integrador da GTC, Fiscalização, Cliente Final e

Responsáveis por Exploração e Manutenção.

Todos estes agentes deverão ter uma participação ativa no

processo de decisão – no momento de planeamento e

adjudicação ‐ e melhoria – no momento do arranque, com a

necessidade de otimização da instalação ‐ , com vista a ter

uma instalação que preencha os requisitos do consórcio de

construção – Solução economicamente competitiva – e os

requisitos do Cliente Final – Solução que acompanhe o

tempo de vida da instalação.

De modo a conseguir‐se este objetivo, a GTC deverá ser o

mais aberta – integração de outras tecnologias/sistemas,

quer sejam de automação como IT ‐, flexível – facilidade de

remodelação e expansão futuras com custos reduzidos – e

versátil – facilidade de adaptação às diversas circunstâncias

quer no arranque da instalação como durante o tempo de

vida do edifício.

A solução de GTC da Infocontrol vai ao encontro deste

objetivo já que reúne todas as características atrás indicadas,

tendo a Infocontrol já diversas referências em que este

conceito foi decisivo no momento de adjudicação.

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Alfredo Verónico da Silva [email protected]

Licenciado em Engenharia Eletrotécnica ‐ Sistemas Elétricos de Energia no Instituto Superior deEngenharia do PortoAluno de Mestrado em Engenharia Eletrotécnica ‐Sistemas Elétricos de Energia no InstitutoSuperior de Engenharia do PortoResponsável pedagógico na entidade formadora SGO‐Tecnologia e Formação, Lda.

António Augusto Araújo Gomes [email protected]

Mestre (pré‐bolonha) em Engenharia Eletrotécnica e Computadores, pela Faculdade de Engenhariada Universidade do Porto.Doutorando na Área Científica de Sistemas Elétricos de Energia (UTAD).Docente do Instituto Superior de Engenharia do Porto desde 1999.Coordenador de Obras na CERBERUS ‐ Engenharia de Segurança, entre 1997 e 1999.Prestação, para diversas empresas, de serviços de projeto de instalações elétricas,telecomunicações e segurança, formação, assessoria e consultadoria técnica.Investigador do GECAD (Grupo de Investigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio àDecisão), do ISEP, desde 1999.

António Silva [email protected]

Engenheiro Eletrotécnico licenciado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade deCoimbra.Responsável pelo Serviço de Apoio Técnico da EFAPEL‐ Empresa Fabril de Produtos Eléctricos, S.A."

Henrique Jorge de Jesus Ribeiro da Silva [email protected]

Licenciado em Engenharia Eletrotécnica, em 1979, pela Faculdade de Engenharia da Universidadedo Porto, opção de Produção, Transporte e Distribuição de Energia.Diploma de Estudos Avançados em Informática e Eletrónica Industrial pela Universidade do Minho.Mestre em Ciências na área da Eletrónica Industrial.Professor Adjunto Equiparado do ISEP, lecionando na área da Teoria da Eletricidade e InstalaçõesElétricas.

Infocontrol – Eletrónica e Automatismo, Lda www.infocontrol.ptO Grupo Infocontrol é formado por um conjunto de empresas comerciais especializadas emengenharia, que operam nas áreas da Indústria, Edifícios e Segurança. A sua atividade baseia‐se nainovação, precisão técnica e no apoio que presta a todos os clientes. As empresas do Grupo(Infocontrol, QEnergia e Novalec) cooperam particularmente com projetistas e empresas deengenharia nas seguintes áreas: Medida, Gestão, Informação, Segurança.

José António Beleza Carvalho [email protected]

Nasceu no Porto em 1959. Obteve o grau de B.Sc em engenharia eletrotécnica no InstitutoSuperior de Engenharia do Porto, em 1986, e o grau de M.Sc e Ph.D. em engenharia eletrotécnicana especialidade de sistemas de energia na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, em1993 e 1999, respetivamente.Atualmente, é Professor Coordenador no Departamento de Engenharia Eletrotécnica do InstitutoSuperior de Engenharia do Porto, desempenhando as funções de Director do Departamento.

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO:

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Miguel Leichsenring Franco m.franco@schmitt‐elevadores.com

Licenciado em Engenharia Eletrotécnica – Sistemas Elétricos de Energia, pelo Instituto Superior deEngenharia do Porto.Master in Business Administration (MBA) com especialização em Marketing pela UniversidadeCatólica Portuguesa – Lisboa.Licenciado em Administração e Gestão de Empresas pela Universidade Católica Portuguesa –Porto.Administrador da Schmitt‐Elevadores, Lda.

Pedro Manuel Pereira Costa [email protected]

Licenciado em Engenharia Eletrotécnica ‐ Sistemas Elétricos de Energia no Instituto Superior deEngenharia do PortoAluno de Mestrado em Engenharia Eletrotécnica ‐Sistemas Elétricos de Energia no InstitutoSuperior de Engenharia do PortoFormador Profissional na área de Eletrónica e Energia na SGO‐Tecnologia e Formação, Lda

Roque Filipe Mesquita Brandão [email protected]

Doutor em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, na Área Científica de Sistemas Elétricosde Energia, pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.Professor Adjunto no Instituto Superior de Engenharia do Porto, departamento de EngenhariaEletrotécnica.Consultor técnico de alguns organismos públicos na área da eletrotecnia.

Rui Manuel de Morais Sarmento                                                                                         [email protected]

Licenciatura em Engenharia Eletrotécnica, pela FEUP. Mestre em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, pela FEUP.Diretor de planeamento e produção na empresa FERSEQUE, entre 1982 e 1987Diretor e coordenador de Cursos de Ação de Formação em Controlo da Qualidade, ISEP entre 1989 e 2001Assistente das disciplinas Física Atómica e Termodinâmica dos Cursos de Engª Química e Engª Civil, da FEUP em 1975. Professor Adjunto do Quadro do Instituto Superior de Engenharia do Porto, em 1993

Sérgio Filipe Carvalho Ramos                                                                                               [email protected]

Mestre em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, na Área Científica de Sistemas Elétricosde Energia, pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa.Aluno de doutoramento em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores no Instituto SuperiorTécnico de Lisboa.Docente do Departamento de Engenharia Eletrotécnica do curso de Sistemas Elétricos de Energiado Instituto Superior de Engenharia do Porto desde 2001.Prestação, para diversas empresas, de serviços de projeto de instalações elétricas,telecomunicações e segurança, formação, assessoria e consultadoria técnica.Investigador do GECAD (Grupo de Investigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio àDecisão), do ISEP, desde 2002.

Vera Lúcia Paiva da SilvaLicenciatura e Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores na Faculdade deEngenharia da Universidade do Porto.Doutoramento em Engenharia Eletrotécnica e Eletrónica no Imperial College London.Ocupa atualmente a posição de "Expert Research Engineer" no Departamento de Funcionamentoe Economia dos Sistemas de Energia na Unidade de Investigação e Desenvolvimento (EDF R&D) daEletricidade de França (EDF SA) tendo exercido anteriormente (2009‐2011) o cargo de Gestora deProjetos na mesma empresa.

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO:

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DIVULGAÇÃO

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO PÓS‐GRADUADA EM

Projeto de Instalações Elétricas

OBJETIVOS

Promover competências aos pós‐graduados no âmbito do projeto, execução, exploração e

utilização de instalações elétricas de serviço público e serviço particular e, de uma forma

integrada, abordar todos os assuntos relacionados com a conceção de instalações elétricas

de média e baixa tensão.

DESTINATÁRIOS

O curso destina‐se a bacharéis, licenciados e mestres recém formados na área da Engenharia

Eletrotécnica e/ou Engenharia Eletrónica, assim como quadros no activo que pretendam

atualizar conhecimentos ou adquirir competências no âmbito da conceção e utilização de

instalações elétricas.

PLANO CURRICULAR

• Equipamentos e Sistemas de Proteção

• Instalações Elétricas

• Técnicas e Tecnologias de Eficiência Energética

• Projeto Integrador

LOCAL

Instituto Superior de Engenharia do Porto

Rua Dr. António Bernardino de Almeida, 431, 4200‐072 Porto

Tel. 228 340 500 – Fax: 228 321 159

Info: [email protected]

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