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A LUTA DOS APOSENTADOS contexto regional No fim da vida, idosos sobrevivem com salário insuficiente VOLTA CICLÍSTICA INTERNACIONAL REÚNE 140 ATLETAS DE DEZ PAÍSES | P. 8 OS BASTIDORES DA CAMPANHA ELEITORAL NA REGIÃO: SUOR E CRIATIVIDADE | P. 4 BANDAS INDEPENDENTES INVADEM O CENÁRIO VIRTUAL | P. 12 ensaio política música PUBLICAÇÃO LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIMEP EDIÇÃO 29 – NOVEMBRO/2012 PUBLICAÇÃO LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIMEP EDIÇÃO 29 – NOVEMBRO/2012

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Publicação Laboratoriial do Curso de Jornalismo da Unimep

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Page 1: Na Prática 29

A LUTA DOSAPOSENTADOS

contexto regional

No fim da vida, idosossobrevivem com

salário insuficiente

VOLTA CICLÍSTICA INTERNACIONAL REÚNE140 ATLETAS DE DEZPAÍSES | P. 8

OS BASTIDORES DA CAMPANHA ELEITORAL NA REGIÃO: SUOR E CRIATIVIDADE | P. 4

BANDASINDEPENDENTESINVADEM O CENÁRIOVIRTUAL | P. 12

ensaio política música

PUBLICAÇÃO LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIMEP

EDIÇÃO 29 – NOVEMBRO/2012

PUBLICAÇÃO LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIMEP

EDIÇÃO 29 – NOVEMBRO/2012

Page 2: Na Prática 29

novembro/2012 • edição 29 2 opiniãoEDITORIAL CRÔNICA

Há quem diga que paixão dura menos que o amor. Já ouvi gente dizer que “paixão é fogo

do momento, enquanto o amor é aquilo que dura uma eternidade”. Particular-mente, não vejo muita diferença. O dicio-nário Michaelis define paixão como um sentimento forte, como o amor (...) e ain-da explica que, mais comumente, paixão designa amor. Ou seja, amar ou ser apai-xonado por algo ou alguém, dá no mesmo.

E não falo apenas da paixão, do amor entre um casal. Esse sentimento vai lon-ge. Existem aqueles apaixonados por um time de futebol, pela aparência perfeita e até mesmo pela coleção de algum objeto. “Eu coleciono tazos”. “Ah, eu coleciono canecas”. Há quem colecione maços de cigarro. Ou então quem colecione tíque-tes de cinema.

O que leva uma pessoa a colecionar? Pode começar numa brincadeira, mas aquilo se torna uma paixão. A procura pela perfeição estética, paixão leviana, leva à coleção de cirurgias e dietas mi-rabolantes. A paixão pelo futebol, a qual leva o torcedor a colecionar camisas ou ingressos de jogos (muitas vezes de outros times além daquele do coração).

Ô paixão. Que loucura que esse sen-timento causa! Os apaixonados, de tão apaixonados, querem fazer coisas diferen-tes, estranhas, extravagantes, malucas só para impressionar o apaixonante. Como fazer um pedido de casamento no meio de um show!

Para quê tudo isso? Eu que pergun-to. Talvez a paixão seja tão imensamen-te incabível dentro do peito que nem os apaixonados-colecionadores-loucos con-

seguem explicar. Mas uma coisa é certa: se for para colecionar, que sejam paixões. Daquelas boas, que fazem o mundo caber dentro da gente. Então me diz, que pai-xão você coleciona?

Eu? Eu ainda estou começando. A minha paixão – e daqueles que fizeram esse jornal - se chama jornalismo. Essa é

ESCOLHA SUA COLEÇÃOIDOSOS PEDEM

SOCORRO

Não é de hoje que se fala sobre a lentidão em que teses referen-tes ao salário recebido pelos

aposentados - por meio do INSS (Insti-tuto Nacional de Seguro Social) - são vo-tadas na Justiça. Discussões consideradas mais importantes pelo STF (Supremo Tribunal Federal) sempre cortam a frente dos direitos destes cidadãos, trazendo es-peras intermináveis.

A desaposentação, por exemplo, desde que foi à votação pela primeira vez no su-premo - no dia 16 de outubro de 2010 - não teve o nome nem mais citado nas reu-niões. Com isso, aqueles que já ganham salário referente à aposentadoria, mas que pedem um novo cálculo do benefício por terem continuado trabalhando e contri-buindo com o INSS para complementar a renda, ficam de mãos atadas.

O ministro Marco Aurélio, na época em que houve a votação sobre o assunto no STF, foi o único a optar favoravelmente pelos idosos brasileiros. Mas, a alegria dos aposentados durou pouco. Bem pouco, diga-se de passagem. O segundo ministro a votar, Dias Toffoli, pediu vistas do pro-cesso, prometendo ler atenciosamente a tese no conforto de sua casa. Passaram-se dois anos, a leitura do político não cessou e ainda faltam nove ministros para opinar e ler os autos. Ou seja, enquanto isso, o di-nheiro contribuído de maneira forçada ao INSS não tem destino, nem volta. Bom para quem? Não é possível confirmar, mas a imaginação é incontrolável.

Ana Paula Rosa

Camila Piacentin

EXPEDIENTE - Jornal Laboratório dos alunos do 6º semestre de Jornalismo da Unimep – Reitor: Clóvis Pinto de Castro – Diretor da Faculdade: Belarmino Cesar Guimarães da Costa – Coordenador do Curso de Jornalismo: Paulo Roberto Botão – Professora responsável da edição: Ana Camilla Negri (Mtb: 28.784) Editores assistentes: Ana Paula Rosa e Camila Piacentin – Editores de diagramação: Denis Fernando e Laila Braghero – Diagramador do ensaio: Matheus Calligaris – Editor de fotografia: Fernando Carvalho – Repórteres: Aline Miranda, Ariane Domiciano, Beatriz Bernardino, Camila Figueiredo, Camila Tatiê, Caroll Beraldo, Fabiana Barrios, Felippe Limonge, Filipe Souza, Horácio Busolin Junior, João Vitor Fedato, Mariana Balam, Michele Trevisan, Patrícia Milão e Sara Pizzol.

a ‘nossa praia’. Esse apaixonado coleciona palavras, ideias, conceitos, erros e acer-tos, histórias, dados, experiências... Tanta coisa em uma só profissão! Ouso dizer até que o jornalista é uma das maiores “raças” de colecionadores, porque passa pela vida colecionando as paixões de ser um jornalista.

Informações:(19) 3124.1676

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Jornalismo

Sintonia com as novas linguagens e tecnologias de comunicação. Compromisso

com a ética e a qualidade da informação.

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no Enade/MEC.

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porém, de forma sustentável. “O maior concorrente do etanol de cana do Brasil é o de milho dos EUA. Isso ocorre porque o combustível americano recebe subsídios e incentivos fiscais do governo, diferente do brasileiro”, diz.

O mundo canavieiro também precisa de um apoio político em longo prazo, pois faltam subsídios para as energias reno-váveis, segundo André Muller Carioba, vice-presidente sênior e gerente geral da AGCO, indústria de equipamentos agrí-colas. “É preciso crescer em área e pro-dutividade para aumentar o consumo de etanol no país”, fala.

agronegócioCOMBUSTÍVEL PARA A SUSTENTABILIDADEPesquisas buscam alternativas limpas para substituir o carvão mineral e o petróleo

Camila FigueiredoFabiana Barrios

Foram os combustíveis fósseis, como o carvão mineral e os deri-vados de petróleo, que fizeram a

economia mundial crescer, principalmen-te após a Revolução Industrial. No século XXI, o momento é de total dependência da energia vinda desses combustíveis.

O último relatório da Agência Inter-nacional de Energia (AIE) aponta que mais de 80% do combustível do mundo é de origem fóssil. Mas, por serem fontes não renováveis e poluidoras, essa situação torna-se insustentável. Uma das saídas é a utilização dos biocombustíveis, de origem orgânica.

A opção sustentável mais utilizada atu-almente é o etanol. O Brasil foi pioneiro no uso da cana para sua produção desde

o programa de governo Pró Álcool nas décadas de 70 e 80. Além da visão sus-tentável – considerando que os biocom-bustíveis são fontes renováveis e emitem menos CO2 – esses combustíveis também são interessantes para a economia do país.

De acordo com Marcos Lutz, diretor presidente de uma das maiores empre-sas privadas no segmento de energia, a Cosan, o mundo olha o etanol como um produto de extrema necessidade. “Daqui a 10 anos o Brasil exportará 53 milhões de litros de etanol”, afirma.

Mas, para tornar essa projeção realida-de, o presidente da Empresa de Pesquisa

Energética (EPE) Maurício Tolmasquim diz que é preciso tornar o etanol mais competitivo. Para isso, é preciso investir mais em tecnologia, atrair investidores e reajustar o preço da gasolina. O diretor geral no Brasil da indústria de biologia sintética Amyris, Roel Collier, acrescenta que o custo de produção do etanol ficou caro em relação a outros produtos.

De acordo com Tarcílio Ricardo Ro-drigues, diretor executivo da Bioagên-cia - empresa que comercializa produtos das Usinas de Açúcar e Álcool  em todo território nacional – é necessário que se-jam produzidos mais biocombustíveis,

SEGUNDA GERAÇÃO

Mais alternativas para potencializar estes combustíveis estão sendo pes-quisadas, como o biocombustível de segunda geração. Esse tipo de com-bustível seria obtido por meio de novas técnicas de processamento a partir de matéria prima já existente. No caso do etanol, os de primeira geração são ge-rados a partir do caule da planta, já os de segunda, seriam obtidos através da fermentação dos açúcares do bagaço e da palha da cana. O aproveitamento

é de mais de 40% da planta, fazendo uso quase que integral dela.A Petrobrás, na conferência da Rio +20, apresentou vinte minivans movidas a eta-nol de segunda geração e promete que em 2015 já comercializará o combustível para automóveis. Mas, a ideia é questio-nada em alguns pontos por Alexei do Pa-trocínio, engenheiro químico e professor do curso de Biocombustíveis da Fatec de Piracicaba. Segundo o professor, ainda não encontraram uma forma de baratear a produção desse combustível a ponto de compensar a troca do de primeira pelo o de segunda geração. “Isto porque as enzi-

mas utilizadas para a retirada do produto no bagaço são muito caras e inviáveis”. Patrocínio afirma ainda que é preciso de-senvolver tecnologias para se baratear a produção desse tipo de combustível. “Pode-se pensar que o combustível seria mais barato por usar uma matéria prima que se acha que é lixo, como o bagaço da cana, mas o bagaço hoje tem muito valor na indústria, pois produz muita energia”, explicaJá para Tolmasquim, presidente da Em-presa de Pesquisa Energética (EPE), o potencial da cana de açúcar é positivo, pois a biomassa para etanol de segunda

geração é um cenário viável e futuro, sendo a cana a melhor forma de bio-massa. Estudos realizados pela EPE reafir-mam a informação de Tolmasquim. Segundo as informações do estudo, o país deve manter a proporção de qua-se 50% de renováveis até 2030, princi-palmente, por termos no país uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo e de fontes renováveis. Mas, para isso acontecer, é preciso que o Brasil amplie suas técnicas de pro-dução de etanol a partir da cana-de--açúcar e biodiesel.

CO2

Etanol

ÁguaFermentação

Leveduras

Bactérias

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novembro/2012 • edição 29 4 política

Nas eleições 2012, os grandes protagonistas do espetáculo da democracia foram os

candidatos a prefeito e vereador. Realizando campanhas políticas, por vezes milionárias, ou até usando as redes sociais e a criatividade, cada um a seu modo buscou um espaço no executivo e no legislativo para representar a população.

Mas nem só de holofotes sobrevive uma eleição, que também é movimentada por aqueles que trabalham nos bastidores

“carregando o piano ou iluminando o palco”. Extenuante e temporário, o trabalho em uma eleição não é tarefa fácil. Se para alguns foi sinal de ventura, para outros foi apenas uma oportunidade passageira de juntar uns bons trocados.

Segundo dados parciais disponíveis no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), só na cidade de Araras, os candidatos a prefeito juntos, declararam o limite gasto na campanha na casa dos R$ 3.203,00 milhões. O montante seria equivalente a construção de três creches escolares no município.

No entanto, essa movimentação financeira nos meses de julho, agosto e setembro, período de vigência da campanha, gerou novas vagas de empregos e aqueceu o mercado das empresas e profissionais envolvidos com campanhas eleitorais das cidades de Limeira, Araras, Americana e Piracicaba.

Não há como mensurar o número exato de empregos gerados, pois a maioria é informal. De acordo com informações da gerência regional do Ministério do Trabalho em Campinas, a fiscalização para este tipo de trabalho é difícil de ser realizada, pois a maioria não é contratada com carteira profissional. Neste caso a contratação é feita informalmente e segue o que está no artigo 100 da Lei Eleitoral nº 9.504, de 30 de setembro de 1997, que determina que “a contratação de pessoal para prestação de serviços nas campanhas eleitorais não gera vínculo empregatício com o candidato ou partido contratantes”.

Figurantes da campanha - Debaixo do sol quente do meio dia, gastando a sola de sapato, os cabos eleitorais são essenciais. Às vezes odiados, ou até queridos pela simpatia, esses trabalhadores encontraram no período eleitoral um meio de

complementar a renda. A dona de casa Solange Silva, de 56

anos, aproveitou o período e conseguiu uma vaga como bandeirinha para a campanha de um prefeito em Americana. Filiada ao partido do candidato, a dona de casa ficou sabendo da oportunidade pelo marido. “O trabalho nas eleições foi uma boa oportunidade para ganhar um dinheirinho. Não foi um trabalho cansativo, já que fiquei sentada a maior parte do tempo segurando a bandeira. Já tenho certa idade, e não tenho mais disposição para o trabalho pesado”, comenta. Já com transporte e alimentação inclusos, Solange faturava R$ 56 por dia.

Em Araras, o desempregado Sílvio Eduardo Filho, 25 anos, chamou a atenção dos populares como cabo eleitoral. Sílvio, que trabalhou na campanha de um candidato a vereador em Araras, desempenhou durante três meses uma função no mínimo curiosa. Diferente de outros cabos eleitorais que apenas entregaram “santinhos”, o estudante de informática ficou cerca de 9h dentro de um lápis inflável.

A ação de marketing fez parte da campanha de um candidato a vereador da cidade que é professor. O “homem lápis”, que abordava os eleitores na frente das escolas, virou atração na cidade. “Ninguém da equipe quis fazer esse trabalho e aguentou ficar dentro do lápis inflável. Não me importo e gosto de brincar com as crianças, que até pediam para tirar fotos comigo”, conta. Para ele, apesar do cansaço, a oportunidade de trabalhar na campanha foi válida. O cabo foi contratado para trabalhar durante os três meses de campanha, diariamente, das 11h às 20h. Como remuneração, o rapaz recebeu um salário mínimo, além de lanche e bebida.

Diretores do espetáculo - O período eleitoral também beneficiou as agências de publicidade e marketing da região. A cada eleição elas se profissionalizam mais e acabam movimentando também outros mercados. É o caso de produtores de jingles, músicos, designers gráficos, web designers, jornalistas, profissionais de rádio e TV, moderadores e analistas de redes sociais terceirizados pelas agências.

Figurando como diretores de um “blockbuster” líder de bilheteria, os publicitários tiveram sua rotina normal alterada e se dedicaram inteiramente ao desenvolvimento de uma ou mais campanhas políticas. Teles Cristiano, funcionário da agência Álamo, de Limeira, trabalhou nas eleições de 2012 com a conta de três campanhas majoritárias para

prefeito de três cidades diferentes. Além disso, o trabalho envolveu a divulgação de 103 vereadores das coligações que contrataram os serviços da agência. “A agência pode desenvolver a campanha inteira do candidato, o conceito a ser utilizado, criação de slogan, direção de arte, jingles, estratégias, ações, entre outras, ou simplesmente confeccionar as artes dos candidatos”, explica.

O valor cobrado pelas agências para a realização de uma campanha pode variar, e depende de quanto o candidato ou partido pode gastar. Segundo o publicitário, as agências do interior de São Paulo cobram em média R$100 mil por campanha majoritária para prefeito, chegando a R$500 e R$600 mil em cidades como Piracicaba e Limeira. Já para vereador, esse valor é menor, variando entre R$20 mil e R$60 mil.

Atualmente, uma solução viável para baratear os custos da campanha é o uso das redes sociais. Desde que usadas com criatividade e ousadia, o candidato pode ter resultados satisfatórios. Para Cristiano, a internet possibilita a realização de ações inovadoras que combatem a rejeição do candidato. “Aplicativos no Facebook produzem novas experiências e interação entre eleitor e candidato. As campanhas digitais são uma ótima saída para usar a criatividade com menos recursos financeiros”, aponta.

O som do voto - Grudando na cabeça feito chiclete, os jingles são como mini

BASTIDORESDO VOTODo entregador de santinhos até o produtor de jingles, esses profissionais deram o sangue para preparar o palcoaos atores da democracia

Aline MirandaAriane DomicianoHorácio Busolin Junior

Tedioso e cansativo, o trabalho nas eleições surgiu como alternativa para a falta de emprego

Mais conhecido como Dão, músico finalizou seu estúdio com o dinheiro que ganhou nas campanhas políticas

Horácio Busolin Júnior

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canções que tem como objetivo propagar e fixar a mensagem publicitária. No caso da política, o bom jingle precisa ter letra consistente e melodia ‘assoviável’, que possa ser lembrada com facilidade. Alguns jingles marcaram a história, como o inesquecível ‘Varre Varre Vassourinha’ de Jânio Quadros, em 1960, e o ‘Lula Lá’ de Luis Inácio Lula da Silva, que conquistou a presidência em 2002 com o jingle música que acompanhou suas campanhas por 13 anos.

Os produtores de jingles são responsáveis pela criação dessas músicas efêmeras, mas que fazem diferença na memorização do número e do nome dos candidatos. O músico e produtor musical da cidade de Araras, João Batista, mais conhecido como Dão, há 15 anos ingressou nesse mercado, e na eleição de 2012, chegou a gravar 35 trabalhos. Para ele, o segredo de um bom jingle, é a rima aliada a um ritmo popular que esteja na moda do momento. “É importante que no refrão o candidato opte por colocar seu nome e número. Neste ano mesmo recebi muitos pedido de músicas com ritmo de sertanejo universitário, pois é o estilo mais tocado nas rádios”, explica.

O músico conta que em épocas de eleição, principalmente para prefeito, chegou a faturar o suficiente para finalizar seu novo estúdio, construído há dois anos. Com o aumento no número de concorrentes para vereador, a demanda superou as expectativas do produtor, que chegou a cobrar em média R$ 1.500,00

para o jingle de prefeito e R$ 500,00 para vereador.

Já a cantora, compositora, publicitária e produtora de jingles Júlia Simões não chegou a ter contato direto com os candidatos, pois recebeu os trabalhos através das agências de publicidades. A produtora recebe um briefing dos candidatos, com a história, plano de governo, o partido, o slogan da Campanha e algumas informações adicionais do município onde concorrem as eleições.

A partir dessas informações, produz seus trabalhos. Só neste ano a produtora criou jingles para 13 cidades do interior, como Piracicaba, Rio Claro, Rio das Pedras, Cerquilho, Tietê, São Pedro, Capivari, Paulínia, Itupeva, Catanduva, Torrinha, Araras e Araçatuba. Para ela, o volume de produção chegou a quadriplicar em relação outros tipos de jingles publicitários.

A parte criativa de desenvolvimento da ideia, letra e melodia do jingle é por conta da cantora. Mas nas gravações, contrata músicos que executam os arranjos sob sua direção. “Não é um trabalho difícil, mas é exigente. A responsabilidade e a pressão são maiores, pois temos que agradar a agência, o candidato, a mulher dele e fazer com que a música caia na boca do povo”, confessa.

Além de produzir jingles, Júlia também é responsável por dirigir e realizar o roteiro e edição dos programas de rádio, que incluem vinhetas e trilhas de abertura e encerramento. A cantora oferece pacotes

que contam com a produção e criação do jingle principal, versões em spots de curta duração e vinhetas para programas de rádio e TV. “A média de preço para a produção somente do jingle para prefeito custa em média R$8 mil incluindo composição do jingle, contratação dos músicos, mixagem, masterização e nota fiscal. Mas também trabalho com pacotes que variam de R$12 mil, R$15 mil e R$20 mil”, revela.

Já os custos para a produção do jingle para vereador, segundo ela, é menor por conta do orçamento reduzido que a maioria dos candidatos tem a gastar. “Quando o vereador entra pra valer e quer gastar, acabo cobrando o mesmo valor do que para prefeito. No entanto a maioria não quer tanta produção, e dessa forma um jingle acaba saindo em média de R$2 mil a R$5 mil”, conclui.

O “homem lápis” Sílvio Eduardo Filho

chamou a atençãodos moradores de Araras durante as eleições 2012

Tedioso e cansativo, o trabalho nas eleições surgiu como alternativa para a falta de emprego

Fotos: Horácio Busolin Júnior

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novembro/2012 • edição 29 6 social

APOSENTADOS:POR UM SALÁRIO MELHORIdosos trabalham até o fim da vida, mas tese em benefícioda categoria não sai do papel

Insatisfeitos com o valor recebido da aposentadoria, grande parte dos cidadãos beneficiados pelo

INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) precisa continuar trabalhando para ter renda suficiente para sustentar a família. Apesar do tempo de serviço e idade já avançados para o mercado, os trabalhadores são registrados em carteira - como mandam as normas de segurança do trabalho - e continuam contribuindo

com o INSS. Mas, a parte do dinheiro descontada pelo

instituto mensalmente no holerite destes funcionários não tem retorno algum para os aposentados. A esperança de algum reembolso está na única tese referente ao assunto, chamada desaposentação.

Esta discussão está há cinco anos em estudo no STF (Supremo Tribunal Federal) e não deve entrar na pauta novamente este ano no supremo, situação causada pelo julgamento do mensalão.

Os que querem a desposentação são os

cidadãos que já ganham salário referente à aposentadoria, mas que pedem um novo cálculo do benefício por terem continuado trabalhando e contribuindo com o INSS.

É o caso do mecânico de manutenção Paulo Henrique da Silva, 65 anos. Aposentado há oito anos, o piracicabano procurou um advogado e tenta na justiça o aumento do valor do benefício.

Apesar da possibilidade de o proceso não dar certo, o aposentado arriscou-se. “Não estou lutando tanto e dando parte do meu salário ao INSS por nada. Quero

aumentar o meu benefício com esse tempo de contribuição a mais que eu paguei”, diz o mecânico, que recebe atualmente uma aposentadoria de R$ 1.500 e pede na Justiça um reajuste para R$ 2.800.

Sem previsão de desfecho - Segundo o advogado Edilson Ricardo Thomazelli, que atua na área de previdência, caso a desaposentação seja aprovada, a medida resultará em um prejuízo de R$ 49 bilhões para os cofres do INSS. “Hoje em dia quase 500 mil pessoas querem a desaposentação no Brasil. Por isso o resultado não tem previsão de sair”, diz.

A demora para ser tomada alguma decisão no STF gera revolta em associações de aposentados de Piracicaba e Limeira. De acordo com o presidente da associação Eclética dos Aposentados de Piracicaba José Jair Azzi, já passou da hora de uma decisão ser tomada pelo supremo.

Ana Paula Rosa

Fernando Carvalho

José Antônio Trovó aposentou-se por invalidez há 40 anos, após perder o braço

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“Já atendemos mais de mil piracicabanos que queriam entrar com a ação de desaposentação, mas não fizemos nenhuma”, diz o presidente, que explica que mesmo se o juíz declarar que o contribuinte merece o reajuste no período atual, o STF pode votar que a tese é improcedente, sob o risco de o cidadão precisar devolver todo o valor recebido referente ao aumento.

A presidente da associação dos Aposentados de Limeira, Nair Gentil Facco, concorda. Segundo a presidente, é uma injustiça o que está sendo feito com estes cidadãos desde a extinção do pecúlio em 1994, que consistia na devolução da contribuição do aposentado em valor integral, à vista, assim que o trabalhador resolvesse parar as atividades.

Nair aponta que pelo menos mil contribuintes já entraram com processo por meio da associação de Limeira para tentar a desaposentação, mesmo sem uma decisão no STF. “Para quem já está em uma fase avançada da vida a espera interminável é desmotivadora. Muitos já chegaram a falecer apenas com o sonho de ter um salário digno e justo”, lamenta.

Os riscos da informalidade - A escolha do aposentado de continuar trabalhando registrado ocorre pela maior segurança referente aos acidentes de trabalho, que podem ocorrer durante o serviço.

Mas, pela situação ainda não resolvida quanto à devolução do dinheiro contribuido de maneira obrigatória ao INSS, alguns ainda optam por trabalhar de maneira informal. “É perigoso, pois nesses casos não há suporte algum para o idoso trabalhar. Nem equipamento de segurança checado, tampouco direitos e cuidados necessários no ofício”, explica o advogado Thomazelli.

O sucateiro José Antônio Trovó, 65 anos, sofreu um acidente em uma empresa que atuava como soldador. Na época, com 25 anos, ele foi afastado e aposentou-se por invalidez. “Perdi um braço, não dava mais para trabalhar naquela função”, diz.

Mas, a aposentadoria de um salário mínimo não foi suficiente para sustentar a esposa e os três filhos, o que levou Trovó a driblar a deficiência e trabalhar de modo informal.

“Já fiz carreta de materiais de construção, fui ajudante de pedreiro e hoje trabalho há cerca de um ano e meio com sucatas”, diz o idoso, que recebe cerca de R$ 200 por mês para complementar a renda com a venda dos recicláveis. “Espero que um dia a justiça dê o valor que o aposentado merece. Por enquanto, não vivemos de maneira digna”, chateia-se.

Quando o abrigo se transforma em lar

Fernando Carvalho

Ana Paula RosaFernando Carvalho

A tranquilidade do Lar dos Velhinhos de Piracicaba e do Asilo “João Küll Filho” de Limeira faz com que os lugares, embora com aparências distintas, sejam ao mesmo tempo parecidos. O cheiro de lavanda e limpeza também predomina em ambos, que possuem uma equipe de colaboradores que luta por um ideal em conjunto, que é o bem estar dos idosos abrigados, com assistência para todas as peculiaridades dos que já estão em uma idade avançada.Os moradores dos dois abrigos também possuem semelhanças. Além da alegria de viver e da paixão por onde estão acolhidos, eles também relatam que passaram a maior parte da vida trabalhando. A história de uma chapeleira, de um mecânico, de um vendedor e de um autônomo – todos aposentados – se igualam quando lembram do quanto sofreram na labuta do dia a dia. As opiniões também coincidem quando o assunto é sobre o baixo salário que recebem de aposentadoria pelo INSS. Não pelo fato de terem que ceder, na maioria das vezes, 70% do que recebem aos abrigos para que sejam supridas as necessidades básicas de morador do local. Mas sim, pelo valor integral do benefício do INSS ser considerado pelos idosos menor do que o merecido.A aposentada Brasilina de Lima, 91 anos, passou 52 anos da vida trabalhando. “Fiquei 35 anos atuando na sessão de chapéus e 17 em uma loja de calçados. É uma etapa da vida que foi muito corrida e difícil, mas que me dava muito orgulho”, explica a aposentada, que há três anos mora no asilo “João Kuhl Filho” de Limeira, que atualmente possui 80 leitos ocupados.Após a morte do esposo, dona Brasilina morou um tempo com o sobrinho e, alguns anos depois, resolveu que queria ficar no asilo. “Aqui tenho tudo o que preciso, desde comida até as amizades. E ainda fico com 30% da minha aposentadoria para usar em benefício próprio”, conta a aposentada, afirmando que não conseguiria manter uma casa e todos os benefícios que recebe no asilo, nem com a aposentadoria que recebe em valor integral. Situação parecida vive o colega de asilo de Brasilina, ‘Seo’ Orlando Gaudêncio da Silva, 68 anos. Mecânico aposentado, trabalhou mais de 20 anos na função e hoje goza de uma aposentadoria menor do que sonhava. “A sorte é que estou em um lugar como este, que me acolhe. Hoje tenho um lugar ótimo para morar e ainda faço atividades como voluntário no asilo, ajudando em serviços da horta

e também no bingo dos velhinhos”, fala o idoso, que resolveu procurar o asilo quando separou-se da esposa e até hoje recebe visitas das filhas, que fazem a felicidade do aposentado. Em Piracicaba, mesma reclamação.Ex-vendedor e ex-ator, ‘Seo’ Ary Werneck, 78 anos, sempre trabalhou de forma autônoma, pagando por conta própria uma mensalidade para garantir a aposentadoria no INSS. “Mas, o benefício que recebo não é satisfatório”, fala.Com filhos que hoje moram em Rondônia, Werneck vive há nove anos no Lar dos Velhinhos de Piracicaba. “Aqui eu encontro respaldo, por isso estou tranquilo. Ocupo minha cabeça também lendo, escrevendo e sendo voluntário em muitas atividades deste lugar”, fala o morador do Lar, que é a primeira cidade geriátrica do Brasil, com 106 anos e pelo menos 500 moradores. Hoje, o aposentado afirma que tem muitos

momentos de alegria no local, como festas e conversas. “Esse ano pretendo passar o Natal e Ano Novo com o pessoal do Lar. Não ligo de não poder viajar para passar essas datas com o meu filho, pois os moradores daqui são meus amigos”, conta o ex-vendedor, afirmando que visitar o filho e netos que não vê pessoalmente há 8 anos está entre as metas para realizar em um período próximo.Luiz Gonzaga de Jesus, 64, morador do Lar dos Velhinhos há dois anos, também ressalta que a aposentadoria não é do valor que gostaria. Mas, como é solteiro e independente, o valor que dispõe mensalmente é suficiente na medida do possível. “Embora não tenha casado, tenho uma grande família no Lar. Aqui é maravilhoso, tem frutas – como jaca e jabuticabas – que são mais doces que o normal. Ganho pouco, mas sou feliz”, comenta, com sorriso nos lábios.

Brasilina de Lima, 91, trabalhou como chapeleira por 35 anos

Orlando Galdêncio da Silva, 68 anos Ary Werneck, 78 e Luiz Gonzaga, 64 anos

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novembro/2012 • edição 29 8 ensaio

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novembro/2012 • edição 29 10 saúde

A todo tempo somos bombar-deados por imagens de cor-pos perfeitos na mídia e por

produtos milagrosos no mercado. O padrão imposto pela sociedade atual é o de que as mulheres devem ser magras, com seios e glúteos avantajados. Para os homens, são imprescindíveis os braços fortes, costas largas e a famosa barriga tanquinho. Para ambos, a eterna pele lisa e jovem. A busca por traços e for-mas diferentes tem levado muitas pes-soas a fazer loucuras pela estética.

Um desses exemplos é o do empre-sário Otavio Fuzzato que já passou por nove cirurgias estéticas. Para conse-guir manter o corpo perfeito, Fuzzato dedica-se às atividades físicas, pratica natação e pedala três vezes por semana. “Sou vaidoso, perfeccionista não, pois a perfeição nunca pode ser atingida”, co-menta.

Mas, os profissionais da área alertam sobre o exagero. “Nem sempre o corpo escultural é o saudável”, diz o professor de educação física Rodrigo Pereira, que afirma que a maioria dos alunos busca um tipo de perfil estabelecido pela mí-dia.

A cirurgiã plástica Janaina Ghiraldi concorda. Segundo a médica, é preci-so alertar o paciente antes de qualquer procedimento, para que não haja arre-pendimentos. “O profissional tem que ser sincero antes da cirurgia, explican-do tudo o que é possível, mas princi-palmente o que não é possível, criando expectativas reais. Remediar depois da cirurgia é a pior opção”, explica.

PreconceitoSegundo a psicóloga Silmara Trinda-de, as pessoas que sofrem qualquer tipo de preconceito pela a estética ou espe-lham-se demasiadamente em algum ídolo, criam a necessidade, muitas vezes ilusória, por mudanças. “Esses tipos de comportamentos são dificilmente diag-nosticados, pois se confundem com vai-dade”, diz.

É o caso de Amanda (nome fictício)

EXISTE UM PADRÃO DE BELEZA?Busca pelo corpo perfeito pode acarretar problemas físicos e psicológicos

Camila TatiêFilipe Sousa

que aos 22 anos foi diagnosticada com quadro de anorexia. Ela relata que só percebeu a doença com a ajuda de ami-gos que notaram o seu estado. “Sempre me preocupei com a minha aparência, por isso achava defeito em meu corpo”, relata. Amanda chegou a pesar 24 kg. Foi só diante desse quadro extremo que ela resolveu procurar ajuda profissional.

Além de se tornar doença, as pessoas que buscam formas que não condizem com seu limite físico podem obter re-sultados inesperados e desagradáveis. Uma estudante, que se identificou ape-nas como Andressa, relata que seu so-nho era conquistar seios maiores, por isso optou pelo implante de silicone. Após alguns meses, seu corpo passou a rejeitar as próteses e ela teve que retirar os implantes: “Quando tive que tirar a prótese de silicone fiquei triste, porém optei pela minha saúde e hoje me sinto melhor”, conta.

Ditadura da beleza na modaA chamada ditadura da beleza, imposta principalmente pela mídia e que, dentre suas várias características, determina um padrão estético e de compor-tamento, é também ditado pela moda e tudo que a envolve.

A modelo Júlia Dias Fernandes trabalha profissionalmente nesse meio. Para ela, a imposição de um padrão de moda é algo maléfico, que acaba com a personalidade de cada um e com a individualidade. “Se você está fora dos “padrões” encontra problemas não só em círculos sociais, mas também no trabalho e até mesmo em lugares que você frequenta. Tente entrar numa loja cara vestindo-se mal para ver qual tratamento recebe”, comenta.

Segundo a psicóloga Silmara Trinda-de, as influências da mídia e publicida-de são os fatores que agem psicologica-mente naqueles que acreditam ter um corpo ou um rosto que não seja bonito em relação à sociedade. “Na maioria das vezes a busca pela mudança estética é do estado mental para o orgânico. Tudo começa no cognitivo, ou seja, nos pen-samentos e no cérebro”.

Há pessoas, por outro lado, que não ligam para o padrão de beleza imposto. Para elas, corpo malhado não é o mais importante. É o caso da modelo “plus size” - termo que define as profissio-nais da área que pos-suem peso acima da média - Vivyani Cos-ta. A modelo afirma que não enfrentaria nenhum procedimen-to cirúrgico para ser diferente. “Gosto de mim do jeito que sou e isso é o mais importante”, diz.

Segundo a modelo, o fato de ter mais peso não significa que é uma pessoa in-

feliz. Ela acredita que a mulher não precisa ser magra para

ser bela e saudável. “Os exercícios físicos, como caminhada, já são o su-ficiente para me sentir bem”, conta satisfeita.

Roger Gonzales

A modelo “plus size” Vivyani Costa, não passaria por nenhum procedimento

cirúrgico para entrar nos padrões de beleza

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edição 29 • novembro/2012 11esporte

UMA PAIXÃO CHAMADA FUTEBOLTorcedores fanáticos trocam tudo para acompanhar o time do coração

“Minha mãe já colocou-me para fora de casa três vezes”. “Perdi um casamento de 13 anos por acom-

panhar o time nas viagens”. “Tenho guardado o rádio que ouvi o primeiro acesso do clube de coração”. Um país que vive e respira futebol não poderia fabricar meros torcedores. Os relatos que dão início a essa reportagem são de pessoas fanáticas pelo esporte. Daque-las que abrem mão de absolutamente tudo para acompanhar o time de co-ração. E não pense que são torcedores dos grandes times do país. Por aqui, o amor é pelo XV de Piracicaba, União Barbarense, Rio Branco de Americana, Internacional de Limeira... E por aí vai.

Torcedor fanático que se preze tem que ter um acervo da história do clube. O limeirense Roderlei Sacon Cardoso, 47 anos, conhecido como Rodela, tem praticamente um museu dentro de casa. São camisas históricas da Internacional de Limeira, recortes de jornal, canhoto de ingressos, fitas cassetes e DVD’s com jogos do time. “Modéstia à parte, tenho muito material da Inter. Já emprestei as fitas cassetes com os jogos para muito veículo de comunicação”, conta. São pelo menos 37 anos de amor ao clu-be e inúmeras loucuras. “Em 1986 eu trabalhava na Prefeitura de Limeira e faltei quatro vezes para ver a Inter jogar durante a tarde. No outro dia justificava a falta com alguma mentira”, diverte-se.

Uma das peças mais zeladas por Ro-dela é um rádio com muita história. “Tenho guardado até hoje o aparelho que ouvi o primeiro acesso da Inter de Limeira”. Quem cuida do acervo do li-meirense é a esposa, Andréia Laurito, que há 26 anos convive com o fanatis-mo do marido. “Quando eu a conheci já falei que se tem uma coisa que ela não iria conseguir é que eu deixe de acom-panhar a Inter. É assim até hoje. Já fui a jogo no dia do aniversário dela”, fala.

Quem não teve a mesma sorte com o relacionamento foi o atual presiden-te da torcida Malucos do Tigre, do Rio Branco de Americana. José Carlos dos Reis, o Niquíma, viu seu casamento de

Michele Trevisan

13 anos acabar por causa da paixão pelo clube alvinegro. “Treze anos acompa-nhando o time em todos os jogos, na cidade e fora dela, não há casamento que aguenta”, relata. Quando questio-nado sobre o arrependimento, Niquima é enfático: “Hoje eu seria mais male-ável, sou amigo da minha ex-esposa, mas não me arrependendo. É um amor (pelo clube) que não tem como explicar. Não há palavras”, emociona-se. “Só não coloco esse amor na pele, com uma ta-tuagem, por respeito aos meus pais que não gostam. Senão...”, diz.

Futebol, fanatismo e homem têm tudo a ver, certo? Errado! As mulheres estão cada vez mais inseridas no uni-verso futebolístico. E, acredite, são tão fanáticas quanto os homens. Que o diga a torcedora do União Barbarense, Laura Krett Unamuzaga. “Comecei a frequentar o estádio com meu pai em 1999, tinha cinco para seis anos. Hoje tenho 19, praticamente cresci nas ar-quibancadas do Antônio Guimarães (estádio do clube, em Santa Bárbara d’Oeste). Impossível o sentimento ser diferente”, conta.

Quem vê Laura em sua rotina diária não imagina que nos dias de jogos ela veste a camisa, briga com o adversário e até foge de casa para acompanhar o Leão da Treze. “Em 2010 o União jo-gou em Guaratinguetá. Era o jogo da classificação (para a fase final da Série A2). De Santa Bárbara até lá foram seis horas de viagem. Saímos (com a torcida) de madrugada, tinha 16 anos e minha mãe nem desconfiava que eu houvesse ido ver o jogo. Só descobriu quando eu já estava lá. Quando cheguei à minha casa as malas estavam prontas, me esperando”, lembra aos risos.

Dona Sandra, mãe de Laura, não co-

locou a filha para fora de casa, e o fa-natismo da jovem não parou. E nem os conflitos com a mãe. “Depois que ela ficou sabendo que eu apanhei por causa da torcida ela não aceitava o fanatismo e eu nem pensava em abandonar o es-tádio. Sai de casa três vezes. Hoje moro com ela novamente, acabei vencendo pelo cansaço”, conta, acrescentando que após muitos conflitos vive em harmo-nia com mãe que se arrisca até a acom-panhar alguns jogos ao lado da filha, em Santa Bárbara.

E quando a paixão pelo clube gera marcas? Tatuagem é uma das formas mais comuns de representar o amor. E essa é uma realidade que não está lon-ge de Felipe Gema, 26, líder da torcida Esquadrão, do XV de Piracicaba. “Esse

ano completamos 10 anos de Esqua-drão. Ano que vem é o Centenário do XV. Está chegando a hora de fazer a tatuagem”, revela. Toda a paixão pelo time piracicabano é alimentada desde os 13 anos pelo jovem. “Nesta época, eu fugi de casa para ir junto com a torcida para Araras. Aos 15 anos, fundei a Es-quadrão e ano passado esse fanatismo me levou a participar do Programa do Ratinho, no SBT”, conta.

De acordo com a psicóloga Alessandra Scarpim, atitudes de torcedores fanáti-cos representam a tentativa de materia-lizar e tornar visível o amor pelo clube, no entanto, é preciso cuidado para a paixão não se transformar em obsessão. “Existem várias formas de se representar o amor. Algumas pessoas têm a necessi-dade de tornar esse sentimento público e por isso faz demonstrações para que todos vejam. Essa ‘prova de amor’ pode ser uma tatuagem, uma atitude, um apego”, diz.

Mas, a psicóloga aponta que a linha entre a paixão e a doença é muito tênue. “Amar é bom. Mas, viver em função do time ou de qualquer outra pessoa não é bom. Não é saudável”, explica.

“Rodela” e seu acervo da Inter de Limeira

Fernando Carvalho

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novembro/2012 • edição 29 12

ternet é o meio mais importante para a banda hoje”, afirma o baixista da ban-da piracicabana Canaiera, Bruno Vello. E é por meio das mídias sociais que o reggae da banda chega aos ouvidos do público. Vello comenta que a Canaiera tem uma página no Facebook, que é o recurso principal. Além disso, postam vídeos no Youtube e ainda mantém uma página no Twitter, sincronizada com a Facebook. Recentemente a ban-da lançou o clipe da música Filhos do Brasil.

Do mesmo modo, a banda de rock Soulstripper estourou no mundo da música. O clipe de Não Trocaria um Sorvete de Flocos por Você somou mais de 170 mil visualizações em ape-nas uma semana e espalhou a banda pelo Brasil. “O youtube fez alcançar-mos um público distante, que não te-ríamos conseguido sem o sucesso do vídeo”, afirma o vocalista e guitarrista Bruno Fontes. “Não tenho a menor dúvida que a internet é a ferramenta

A grande dificuldade encon-trada pelas bandas indepen-dentes é justamente con-

seguir se destacar no cenário musical. São tantos músicos tentando alcançar sucesso nos palcos que chamar a aten-ção do público acaba se tornando algo complicado pela competitividade. En-tretanto, uma ferramenta simples se transformou em um meio poderoso de divulgação e interação: a internet.

“Com a internet, a gente consegue atingir exatamente o público que que-remos e o fato de alimentarmos esse meio sempre com novidades viabiliza uma maior interação. Pelas nossas ex-periências, o jornal e a rádio tem um alcance maior. Quando você toca uma música na rádio, pessoas que não são exatamente o seu público chegam a você, em grande quantidade. Porém, o grande esquema da internet é a preciso e a interatividade. Com certeza a in-

Bandas independentes encontram na rede uma forma rápidaCamila Piacentin mais poderosa para as bandas inde-

pendentes. Nela, diferente de outras mídias, não importa se você tem uma gravadora ou não, ela está aberta pra todos, todo mundo tem acesso, é só saber usar”, complementa Fontes. O guitarrista ainda diz que usam a inter-net para tentar diminuir as distâncias, dando atenção para os fãs que são de longe. “Mas principalmente, não fica-mos pedindo pra ninguém votar ou ouvir o nosso som, a gente mostra, e deixa a vontade pra quem quer co-nhecer”, afirma. Além do youtube, a Soulstripper alimenta uma página no Facebook e um perfil no Twitter.

A guitarrista e backing vocal da ban-da de reggae e ska Stop Four, Nathalia Motta, comenta que a internet é a base principal para divulgação e interação das bandas hoje em dia, não só na cena independente como também no mainstream. “Creio que a maioria dos shows que as pessoas freqüentam, é por terem visto na internet. Vejo aque-

la coisa do anúncio do cartaz um pou-co esquecida, apesar de eu gostar deste formato. Mas isso é bom, porque antes só ia em show quem tinha interesse em procurar, ou já se ligava na cena”, comenta. A Stop Four é uma banda de Americana e, assim como Canaie-ra e Soulstripper, tem a internet como principal ferramenta de divulgação, por meio de uma página no facebook e uma página no MySpace. De acordo com Nathalia, a banda usa a web para divulgar e também para contatos com casas de shows. “A maioria dos sho-ws que fizemos em toda a carreira da banda foram marcados pela internet, porque lá exibimos um perfil no qual é fácil acessar e ouvir músicas ou vídeos”, afirma. Além disso, a guitarrista garan-te que a banda já se beneficiou muito desta ferramenta. Nathalia conta que a maioria dos contatos que a Stop Four tem hoje é justamente pelo fato da banda usar a internet como veículo de comunicação. “Tem muita coisa que conseguimos no boca a boca também, isso não se dispensa nunca! E é a lei do underground; faça você mesmo!”.

O crítico de música e jornalista Henrique Inglez de Souza garante que não há veículo melhor e mais eficiente para divulgação de trabalhos do que a internet. Além do baixo custo, o poder de alcance em relação ao público e até as pessoas ligadas a gravadoras, pro-dutores e mídia é enorme. Basta saber utilizar. “Não existe uma cartilha, afi-nal cada um tem seu esquema e tam-bém a fator sorte, o qual não dá para ser destrinchado em regras. Agora,

Banda Canaiera faz uso do Facebook para mostrar músicas, fotos e interagir com o público

Divulgação

Divulgação

Primeiro clipe da banda Canaiera foi lançado recentemente no Youtube

INTERNET MUSICAL

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edição 29 • novembro/2012 13música

há evidentemente umas manhas. Por exemplo, tentar entender como funcio-na cada canal em que quer divulgar e ter o que divulgar. E isso não inclui só a música. Inclui também fotos boas e descrições bem feitas. Fazer amizades e criar uma rede de contatos é fun-damental, mas cuidado para não cair no puxa-saquismo piegas. E, por fim, aproveite a internet para mostrar o seu trabalho, autoral”, alerta o crítico.

Embora a internet seja um oceano de possibilidades, segundo Souza, muitas bandas perdem o espaço com besteiras ou ações que não vão ajudar. Ou fazem um site ruim, pouco informativo e que esconde a banda. “Usam o Facebook mais para ficar compartilhando piadi-nhas e frases feitas do que o próprio trabalho. Há uma diferença abismal entre um artista consagrado fazer isso e um anônimo independente”, afirma. Entretanto, o crítico comenta que a internet não é a única forma de se des-tacar na cena musical. “Existem outros meios, principalmente quando se trata de bandas. A internet é a principal fer-ramenta de divulgação, mas o principal meio é fazer shows, tocar. E isso inclui tocar fora de sua zona de conforto, de sua cidade. Já vi um monte de bandas que partem do nada e chegam a lugar nenhum porque não têm a iniciativa de se empenhar para tocar fora de sua cidade. E mais, sempre incluindo di-versos covers nos repertórios. Ou seja, além de não tocarem em outras regi-ões, perdem a chance de promover o seu trabalho, aquele trabalho que é au-toral”, complementa.

Não Trocaria Um Sorvete de Flocos Por Você teve mais de 170 mil visualizações na primeira semana Banda Soulstripper que conheceu a fama com vídeo no Youtube

Divulgação

Divulgação

DivulgaçãoStop Four, de Americana, aposta na internet como principal ferramenta de divulgação

de divulgação

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novembro/2012 • edição 29 14 cotidiano

A arte de colecionar poderia ser simplesmente um hobby, uma forma de entretenimento, mas

significa também uma atividade mental que possibilita o desenvolvimento da pa-ciência e memória. É uma diversão que remete ao passado, às brincadeiras, risadas e lembranças que continuam vivas numa coleção.

Dentre os diversos tipos de colecionado-res, há casos curiosos, como o do médico Marcelo Rossi, que coleciona bonecas. Há 19 anos começou a colecionar soldados e brinquedos em geral. As bonecas surgiram há um ano. “Recentemente recebi uma do-ação de 120 bonecas de uma grande amiga que, juntamente com sua filha, coleciona-ram por mais de 15 anos. São de vários países, estilos, materiais e marcas. Era im-possível eu não começar a colecioná-las”, afirma.

Segundo a psicóloga Aline Maria Lazi-nho, o colecionador é um “buscador”, e seu comportamento não é diferente ao de qual-quer outro que se depara com a necessidade ou a satisfação de um desejo. “O Homem pertence ao mundo e atua nele através do corpo, e como ser humano possui algumas necessidades: querer, ter, possuir, saber e dividir, todo colecionador gosta de dividir com uma ou mais pessoas sua coleção, um novo item ou pesquisas a respeito”, garante.

Atualmente, com um acervo de 200 bo-necas, Rossi passou a conhecer mais sobre este item quase que exclusivamente femi-nino, e garante a importância delas na edu-

cação e na formação das crianças. Segundo ele, as bonecas ditam regras de moda, pen-teado, roupas, estilo e acessórios. “O que me atrai em um brinquedo é esse conteúdo histórico e evolutivo no cotidiano na vida das pessoas. Hoje, com os recursos tecno-lógicos e brinquedos cada vez mais sofis-ticados, as bonecas parecem ter uma magia própria de ainda entreterem as crianças, interagindo com o mundo real e os sonhos tão esquecidos ultimamente”, acrescenta.

Para o estudante e escoteiro Guilherme Miranda, sua coleção tem um diferencial pelo fato de ser uma troca de etnias e cul-turas. Há 12 anos participando diretamen-te deste movimento, Guilherme coleciona distintivos e lenços de atividades escoteiras. Ao todo são 22 lenços de grupos do estado de São Paulo, do Nordeste e alguns de fora do país, como Suécia, Holanda e Paquistão, além de 90 distintivos. “Toda atividade es-coteira tem um distintivo de tecido que a gente ganha por ter participado dos even-tos. Já os lenços, são trocados quando há interação entre grupos”. Segundo Miranda, tais itens são um símbolo de amizade, uma

maneira de mostrar que de algum modo você faz parte desse outro grupo também.

Já para o empresário Pedro Sartori a arte de colecionar iniciou-se graças a sua paixão por carros, principalmente pelos antigos. “Eu tenho 115 miniaturas de carros anti-gos e dois carros de verdade: um Fusca 67 e um SP2 73, ambos da Volks, totalmente restaurados”.

Como todo bom brasileiro que adora fu-tebol, o jornalista esportivo Edmar Ferrei-ra é um exemplo de colecionador que não mediu esforços para construir um acervo com mais de 700 camisas de equipes es-portivas, seja de futebol ou de basquete. Há exatos 20 anos, quando ainda adoles-cente, Ferreira ganhou sua primeira camisa de uma forma bem original. “Ganhei do Cafú, quando jogava no São Paulo. Tinha 16 anos e o enviei uma carta”. Amante do futebol, diz preferir as camisas de times brasileiros, sejam elas da primeira, ou da última divisão. Já as relíquias, ele guarda se-paradamente, como as dos argentinos Ariel Ortega e Javier Mascherano, do ex-santista Diego, e todas as do Vasco da Gama, clu-

COLECIONANDO PAIXÕESColecionar é uma atividade que traz de volta o passado e as lembranças

João Vitor FedatoSara Pizzol

be de coração do jornalista. Mas houve um momento que essa coleção correu risco de seguir outro caminho. “Teve uma vez que um empresário, que estava iniciando sua coleção, me ofereceu R$ 100 mil por todas as minhas camisas e eu disse não. Ele não acreditou e achou que eu estava blefando. Em seguida ofereceu uma casa mobiliada para mim. Também disse não”.

Desejar um objeto e fazer o impossível para conquistá-lo é apenas uma das atividades de um colecionador. Cultivar história, lembranças, valorizar a cultura através de uma coleção é algo que diferencia o colecionador de qualquer outra pessoa. “É importante lembrar que possuímos grandes obras que precisam sim ser apreciadas e cultivadas como algo positivo, histórico, cultural, valioso, desde que não aprisione a mente de seus ad-miradores. O risco é não querer possuir coleções completas, mas poder entender e aceitar que por mais que nos esforcemos, sempre existirá uma falta em nossas vidas - esse desejo por completude nos move”, finaliza a psicóloga.

Edmar Ferreira mostra sua coleção de camisasMais de 100 miniaturas de carros antigos

Arquivo Pessoal

Fernando Carvalho

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edição 29 • novembro/2012 15educação

EDUCAÇÃO À PROVAMEC divulga resultados do Ideb, principal índice que mede a qualidade da educação brasileira. Piracicaba e Santa Bárbara tiveram bom desempenho na avaliação

• Notas dos municípios do 1º ao 5º ano do ensino fundamental

Felippe LimongeMariana Balam

As escolas públicas da rede municipal de ensino da região foram postas à prova pelo

governo federal através de nova tabela do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Medido a cada dois anos, e apresentado numa escala de zero a dez, o índice divulgado este ano refere-se às avaliações do ano de 2011. Dentre as cidades que mais se destacaram na região, Piracicaba e Santa Bárbara d’Oeste foram as que registraram maior aumento do indicador em relação a 2009. Já em Americana e Limeira houve queda de três pontos. Rio Claro não alcançou o número de alunos necessários para avaliação e não divulgou os resultados.

Em 2009, o índice de Americana foi de 6,4, dois anos depois houve uma queda para 6,1. Em Santa Bárbara d’Oeste ocorreu o inverso, ou seja, de 6,2 subiu para 6,3 em 2011. No mesmo período, os resultados de Limeira foram 5,7 e 5,5, respectivamente e em Piracicaba, também houve aumento: de 5,6 para 5,9.

Na teoria, o Ideb é calculado a partir da taxa de rendimento escolar e das médias de desempenho nos exames padronizados aplicados pelo Inep. Já na prática, a coordenadora do curso de Pedagogia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Maria Márcia Sigrist Malavasi, afirma que o índice cria um espírito de competitividade entre as escolas. “As unidades com melhores índices recebem um bônus em dinheiro do município e do estado. Atendendo a escola, os professores e os diretores. O bônus é somente naquele mês, não é somado ao salário”, comenta.

“A nota demonstra, em primeiro lugar, o empenho dos professores em sala de aula”, contrapõe o secretário de Educação de Santa Bárbara d’Oeste, Herb Carlini. Para o município, os resultados são significativos. “Uma de nossas escolas se destacou pela segunda vez. A unidade obteve nota de 7,5 nas provas aplicadas

entre alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. O mérito não é apenas das professoras do 5º ano, e sim de todas desde o Ensino Infantil”, comenta.

Já o município de Rio Claro vive uma situação diferente. “Foi o ano em que a rede municipal aderiu ao Ensino Fundamental de nove anos e começou a atender o quinto ano. Com poucas salas de aula e poucos alunos o momento não refletiria corretamente a situação do ensino medido pelo Ideb”, diz nota da Secretaria de Educação de Rio Claro, explicando a portaria do Governo Federal para a não divulgação dos indicadores.

Em Piracicaba, houve diversas ações na área da educação para alcançar melhores resultados. Foram avaliadas 32 escolas municipais, que contabilizam 2.071 alunos. “A implantação em 2010 do Programa Ler e Escrever proporcionou o significativo crescimento do número de vagas e da qualidade da Educação Infantil, fazendo com que o aluno ingresse no Ensino Fundamental melhor preparado”, frisa a secretária de Educação, Nély Guidolin de Lima.

O mesmo aconteceu no município de Americana: “Fizemos um investimento na formação continuada do professor e revisão constante do currículo, visando a melhoria da qualidade da educação”, diz a secretária municipal de educação da cidade, Claudete Alves Pereira.

De todas as cidades, Limeira foi a única que teve o índice abaixo da expectativa estabelecida pelo MEC. Procurada, a Assessoria de Imprensa da cidade explica a situação: “Das 42 unidades escolares municipais de Ensino Fundamental, 16 não atingiram a meta do município, contudo, grande parte está em crescente evolução, o que para a Secretaria de Educação representa avanço”, relata a nota.

Para a especialista da Unicamp, Maria Márcia, “atualmente, o Ideb é um dos melhores indicadores sobre educação que existe, pois não se resume apenas a uma prova, pois leva em conta a evasão dos alunos e os dados sócio-econômicos levantados por cada município”.

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novembro/2012 • edição 29 16 comportamento

Os namorados apaixonados que antes se casavam como manda o figurino, com o pe-

dido formal da mão da noiva aliado a metros e metros de véu e grinalda, atu-almente descobrem maneiras alternati-vas para inovar esta cultura tradicional que consagra tantos romances.

Grandes momentos exigem cliques que eternizem uma verdadeira história de amor. O fotógrafo piracicabano Fer-nando Tavares, há 16 anos registrando casamentos, revela que os noivos bus-cam atualmente um trabalho diferen-ciado, com fotografias espontâneas. Ta-vares e sua equipe fazem de 80 a 100 casamentos por ano. Já a cerimonialista Cristiane Castro, também de Piraci-caba, traz em sua lista de matrimônios fora do convencional, dois irmãos que se casaram no mesmo dia, casamento indiano e até casamento em boteco!

Marcelo Jeneci, cantor que teve seu disco “Feito pra Acabar” como um dos melhores de 2010 segundo a revista Rolling Stone, fez este ano uma turnê pelos Estados Unidos. A música “Pra Sonhar”, de sua autoria, além de em-balar muitos casais apaixonados, con-ta com um videoclipe colaborativo no Youtube, no qual casais de todo o Brasil

enviaram cenas de seus próprios casa-mentos. O vídeo já ultrapassa os 500 mil acessos na rede. A música foi ins-pirada em uma experiência romântica do próprio Jeneci. “Fiz essa música na intenção de compartilhar exatamente como foi este encontro com o meu pri-meiro grande amor, tentei descrever nos versos situações que realmente aconte-ceram neste romance”, revela o cantor.

Na hora do “sim”, a entrada na igreja faz com que todos prestem a atenção na noiva enquanto o noivo espera no altar, não é? Nem sempre. Como seria se os papéis se invertessem? Foi isso que a estudante de fotografia Ana Maria M. Casagrande fez para o empresário Ra-fael Casagrande, seu noivo. No dia do casamento, Ana ficou pronta uma hora antes e foi dirigindo até o local da ce-rimônia para a surpresa. “Queria que o momento dele fosse tão esperado e im-portante quanto o meu, por isso inverti as entradas”, explica. O noivo entrou na igreja emocionado. “Ele sempre diz que foi a atitude mais linda que alguém já teve por ele e que nunca irá se esque-cer”, completa Ana.

Assim como a tatuagem, o casamento deveria ser uma escolha para o resto da vida. Seguindo essa proposta, o tatua-dor Ayrton A. Alves Neto, o Tom Gra-ve, de Piracicaba, surpreendeu ao pedir sua namorada Fernanda G. Brasso Al-

ves em casamento em um show que ele fez com sua banda de rock. “Antes de mandar uma música para ela, parei o show, a chamei no palco e fiz o pedido”, conta Tom. Para o tatuador, atitudes alternativas no namoro resgatam o ro-mantismo. “Acho que vale muito a pena fazer algo diferente e inesperado, pois a pessoa é sua metade, sua companheira por toda vida”, relata.

Pedidos alternativos também em Brasília. A banda Móveis Coloniais de Acaju fez um clipe colaborativo para a música “Dois Sorrisos”. O vídeo foi gravado em uma mobilização para o Dia dos Namorados, no ano passado. Na proposta, as melhores serenatas de fãs que usaram a letra da música foram gravadas e fizeram parte do clipe. Den-tre os selecionados está a estudante de direito Luana C. Amorim, que pediu sua namorada Ana Caroline V. Car-valho em casamento na gravação. “Eu sempre soube que ela aceitaria, só pen-sei que seria de uma forma mais con-tida e não para o Brasil inteiro”, conta Luana.

Independente de como seja feito o pedido, o amor prevalece. “É impor-tante que cada casal procure a dinâmica ideal para sustentar uma relação que atravesse o tempo”, finaliza o cantor Marcelo Jeneci.

SIM, EU ACEITO!“Largo tudo se a gente se casar domingo na praia, no sol, no mar ou num navio a navegar...”

Beatriz BernardinoCaroll Beraldo

Fernando TavaresRaul Vargas Arquivo Pessoal Arquivo Pessoal

Site Oficial

Brinde exclusivo para os noivos da cerimonialista Cristiane Castro

Marcelo Jeneci

Ana Monteiro Casagrande esperando o noivo Rafael Casagrande no altar

Tom e sua esposa Fernanda Luana e Aninha Fernando Tavares inovando em suas fotos

Arq

uivo

Pes

soal

Site Oficial

Marcelo Jeneci