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Euro 2012: Portugal no play-off com a Bósnia-Herzegovina. Entrevista a Macário Correia: “Que- remos ajudar a UAlg a afirmar-se.” Os números impressionantes do plágio no mundo académico.

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Número 1 da 3ª série da revista académica, elaborada pelos alunos do 2º ano do curso de Ciências da Comunicação, lecionada pela docente Aurizia Anica, na Universidade do Algarve

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Mundo Contemporâneo // 1Euro 2012: Portugal no play-off com a Bósnia-Herzegovina.

Entrevista a Macário Correia: “Que-remos ajudar a UAlg a afirmar-se.”

Os números impressionantes do plágio no mundo académico.

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2 // Mundo Contemporâneo Mundo Contemporâneo // 3

Editorial

Entrevista a Rebeca Venâncio, jornalista do Diário Económico.

Ficha técnica:Diretor – André Jesus|Subdiretor – Micael da Rocha|Diretor de arte – Miguel Fernandes|Subdiretor de arte – Lúcia Costa|Mundo – Nádia Silva, Alexandra Costa, Sara Pardal, Íris Duarte, Daniela Gonçalves|Ciências e tecnologias – Ana Félix, André Santos|Desporto – Luís Felisberto, Micael da Rocha, André Jesus, Frederico Martins, Pedro Lobato|Lazer e turismo – Lisa Coelho, Patrícia Sequeira, Linda Cunha, Júlia Sarkozi|Cultura – Carolina Oliveira, Patrícia Mendes, Ana Cláudia, Ana Rita, Inês Nunes, Ricardo Pinto, Bárbara Ferreira|Sociedade – Raquel Iria, Cláudia Aleixo, Meghanne Barros, Fábio Freira, Sílvia Martins, Ana Patrícia Vieira|Política – Catarina Palma, Sara Viegas, Carolina Nunes, Inês Vicente|Economia – José Bela, Isa Cruz, Nuno Brito, Pedro Ruas|| Contacto [email protected]

Começa hoje uma nova era. Nasce aqui um novo período. Um período de investimento na qualidade e de recriação da reali-dade. Ganha forma o primeiro número da terceira série da re-vista Mundo Contemporâneo. É um facto que, sendo uma primeira edição, há sempre espaço a naturais (e pedagógicas) imperfei-ções, mas nada disso a impede de estar também revestida de virtudes singulares.

As linhas que nos inspiram e orientam são idênticas às que acompanharam a revista em edições anteriores: a objetividade, o rigor e a imparcialidade. Esta nova equipa procura fundamen-talmente, para além de revitalizar estes pilares, apostar dinami-camente na valorização do nacional, do regional e até do local, mantendo sempre uma vertente que nos direciona e posiciona no mundo em que estamos, enquanto estudantes, inseridos: o acadé-mico.

Como diretor desta publicação, orgulhosamente afirmo que cada um deu uniformemente o seu melhor, numa constante procu-ra pelo mais completo e positivo contributo, para que o resultado final alcançasse todos os objetivos delineados. Assim, apelo ao leitor a que continue a seguir este modesto mas dedicado pro-jeto, que conhecerá nas próximas edições a evolução necessária para que também nós, nesta breve passagem como alunos de Ciências da Comunicação, na revista que constitui já um marco na história do curso, possamos deixar a nossa própria marca, a nossa própria identidade.

Afinal de contas somos muitos, mas trabalhamos como um só. Uma equipa coesa e determinada que dará sempre o seu melhor, em prol de uma comunicação objetiva, plural e de qualidade.

O diretor, andré Jesus

As repercussões do Orçamento de Estadopara o novo ano que se avizinha.

MUNDO p.4

SOCIEDADE p.8

ECONOMIA p.11

POLITICA p.18

CULTURA p.23

DESPORTO p.27

CIÊNCIAS E TECS p.32

LAZER E TURISMO p.34

O fim de Khadafi

O problema que é o plágio académico

Medidas apertadas com o novo OE

Á conversa com Macário Correia

Mais uma iniciativa no Pátio de Letras

Rumo ao Euro 2012

Steve Jobs enqunato homem

Destino: Serra do Gerês

p.11

p.13

Entrevista a Macário Correia, presidente da Câmara Municipal de Faro

“Tínhamos a convicção de que poderia ser vencida a batalha”

p.18

Pátio das Letras ajuda a combater o stress Mais uma excelente inicia-

tina do Pátio das Letras.

p.23

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ex-presidente egípcio Hosni Muba-rak e o tunisiano Zine Bem Ali foram também depostos. Ao contrário do Egito e da Tunísia, que viram seus presidentes caírem após semanas de protestos, os líbios entraram em luta armada para tirar Kadhafi do poder.

A opinião dos grandes líderes mundiais é unânime. A Líbia inicia agora uma etapa crucial para esta-belecer um novo futuro de democra-cia e reconciliação nacional, segun-do a comunidade internacional, que alertou, no entanto, que o caminho para a mudança será longo.

Após o Conselho Nacional de Transição confirmar a notícia, o pre-sidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que a morte de

MUNdo

Morte do ditador líbio traz consequências a nível político e socialMuammar Kadhafi, o ex-ditador da Líbia, foi capturado e morto dia 20 de outubro na cidade de Sirte.A sua morte aconteceu após invasão em massa dos rebeldes à cidade.

Sabendo que estava en-curralado, Kadhafi tentou fugir, porém, os rebeldes interceptaram a sua fuga, causando um violento tiroteio entre ambos os lados que resultou na sua morte. Insul-tos, golpes, empurrões e até mesmo uma pistola aponta-da à cabeça do ex-ditador líbio surgem em vários víde-os, gravados pelos próprios rebeldes, deixando evidentes as humilhações que Kadhafi sofreu antes de ser abatido.

Kadhafi foi um homem que ao longo de quarenta e dois anos colecionou inimigos du-rante o seu governo. Chegou ao poder em 1969, após um golpe militar e implementou uma violenta ditadura na Líbia.

A sua morte trouxe várias conse-quências, tanto a nível político como social.

Uma consequência quase imedia-ta foi a descida do preço do petró-leo nos Estados Unidos da América que baixou de um máximo de 120 dólares após ter circulado a notícia.

O fim do líder deposto do povo líbio terá também como consequên-cia o incentivo aos protestos pro--democracia noutros países árabes como a Síria e o Iémen dizem os analistas. Estes dois países enfren-tam uma onda de protestos popu-lares há mais de seis meses que já vitimou milhares de pessoas. Além da queda de Kadhafi na Líbia, o

Kadhafi abre “uma oportuni-dade para o povo líbio de-cidir o seu próprio destino”. Hillary Clinton, advertiu que a morte do ditador “não ga-rante o fim do conflito”, pois os dois lados da disputa pelo poder distribuiram muitas ar-mas pela a população.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, afirmou que este dia representa uma “transição histórica” na Líbia e pediu às partes envolvidas no conflito para que trabalhem pela paz. O presidente fran-cês, Nicolas Sarkozy, que pro-meteu o apoio da França ao país africano declarou que o desaparecimento de Kadhafi constitui uma etapa significa-

tiva na luta do povo líbio “para se libertar do regime ditatorial, violen-to e opressivo que lhe foi imposto durante mais de 40 anos”. Na mes-ma linha, a chanceler alemã, Ange-la Merkel, afirmou que a Alemanha também apoiará a Líbia e declarou que o caminho dos líbios fica defi-nitivamente livre para um novo co-meço político em paz. Em Londres, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, disse que a popu-lação líbia tem uma grande opor-tunidade para construir “um futuro forte e democrático”. Por sua vez o Vaticano expressou o seu “apoio” à população e à sua transição políti-ca. Alexandra Costa

dríticas, que são responsáveis pela activação das células que protegem o nosso corpo contra organismos in-vasores e pelo registo da memória de um ataque, protegendo o nosso sistema contra ataques posteriores.

Este estudo trouxe gran-des avanços na área da imunologia, capacitando tratamentos contra do-enças infecciosas ou pro-blemas do sistema imuni-tário.

Steinman, que em 2007 havia sido diag-nosticado com um cancro

pancreático, utilizou as suas pró-prias investigações para se tratar, porém, no dia 30 de Setembro, pre-cisamente 3 dias antes da decisão da Fundação Nobel ser tornada

Massacre de Utoya reavivado pela realização de um filme

A ilha de Utoya viveu no passado dia 22 de julho o seu momento mais aterrador de toda a história. Os atentados de Anders Breivik passam agora para o grande ecrã.

Nobel da Medicina 2012,

O primeiro Nobel póstumoDesde 1901 que foram criados

os prémios Nobel, distinguindo indi-víduos que através do seu trabalho excepcional deram o seu contribu-to para o Mundo, seja na área da medicina, da literatura, da física e química ou pela sua de-dicação a causas sociais. Porém, de acordo com as normas de entrega des-tes galardões, nenhum pode ser entregue postu-mamente. Contudo, este ano foi aberta uma ex-ceção: Ralph Steinman, nascido em Montreal no Canadá em 1943, distinguiu-se pe-los seus trabalhos, pioneiros na altu-ra, na área da imunologia.

No ano de 1973 Steinman des-cobriu e identificou as células den-

Passados poucos meses do mas-sacre de Utoya levado a cabo por Anders Breivik do qual resultaram cerca de setenta vítimas mortas, sai agora o trailer do filme que vai tratar este trágico acontecimento. Utoya Island, do realizador Vitaliy Versace, que tem estreia marcada para 2012, pretende recriar os atos de Anders, ou seja o tiroteio ocorri-do na ilha bem como o terror por que passaram todas as vítimas. Po-rém, o filme está a ser criticado, não

pública, sucumbiu ao cancro. É ago-ra que se abre um novo capítulo na história dos prémios Nobel, pois a Fundação decidiu, apesar do lau-reado ter falecido, entregar o pri-meiro prémio póstumo de sempre. E a razão é muito simples: de acordo com os regulamentos de atribuição dos prémios Nobel, o prémio pode ser, muito excecionalmente, atribuí-do a alguém que tenha morrido en-tre o anúncio oficial da decisão e a data da cerimónia de entrega, que só acontece em Dezembro.

Sendo assim, Ralph Steinman não só entrou para a história como laure-ado com o prémio Nobel da Medi-cina deste ano, como foi o primeiro prémio Nobel póstumo de sempre. Iris Duarte

só pelos pais dos jovens assassinados, que defen-dem ainda ser demasia-do cedo para se retratar este lamentável atenta-do, como também pelos outros cidadãos norue-gueses, que consideram o filme bastante pertur-bador para a população em geral. Já foram feitas diversas queixas para que o trailer fosse re-tirado das redes sociais, bem como

um baixo assinado online. Porém, o realizador afirma que «nunca é demasiado

cedo para se produzir um filme», acrescentando que «não há argumento. Os ato-res movem-se só de acordo com as minhas orientações na filmagem. Foi tudo criado

no local (Ohio) com a história ape-nas na minha cabeça». Sara Pardal

MUNdo

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Criança atropelada na China revolta sociedadeIncidente na China continua a chocar e indignar milhões de pessoas que colocam pontos de interrogação quanto à formação moral do povo chinês. A menina não resistiu aos ferimentos.

As imagens, captadas por uma câmara de vídeo, da menina que foi brutalmente atropelada numa rua co-mercial de Foshan, na China, já cor-reram o mundo e continuam a chocar milhões de pessoas. Yue Yue foi atro-pelada por uma carrinha e deixada ao abandono no meio da rua. Pouco de-pois, a falta de apoio das pessoas que por ali passavam levou a um segundo

atropelamento. Cerca de sete minutos e dezoito transeuntes depois a ajuda foi finalmente prestada por uma senhora que levou a criança para o hospital.

Segundo a imprensa chinesa, soube--se de que a menina terá tido morte cerebral pouco depois da sua entrada no hospital e que no próprio dia do aci-dente, 21 de outubro, foi declarada a sua morte clínica.

Contudo, este insólito e trágico inci-dente tem tido graves repercussões na sociedade chinesa e em todo o mundo, pois para além das razões que levam um condutor a atropelar e a fugir sem prestar auxílio, coloca-se a maior ques-tão: o que leva dezoito pessoas a pas-sarem por um bebé ferido sem terem manifestado sequer a intenção de o ajudar?

Esta questão está a indignar a opi-nião pública expressa principalmente através das redes sociais, onde muitas pessoas afirmam que apesar do gran-de crescimento económico da China nos últimos trinta anos, os chineses parecem ter regredido bastante em moralidade e solidariedade. Também se sabe que algumas práticas podem deixar os ci-dadãos chineses relutantes em ajudar, como por exemplo num caso noticiado em 2006, em que um condutor de au-tocarros parou para ajudar uma ido-sa que caíra, tendo acabado por ser processado pela mesma senhora, que o acusou de a ter empurrado, exigindo--lhe uma indemnização.

Ainda assim, muitas pessoas mos-tram-se indignadas com a situação mas é necessário acrescentar que atitudes como estas não são um problema ex-clusivo de um povo. Muitos também con-sideram que se trata de um fenómeno cada vez mais frequente em todo o mundo. Tem sido debatida a passivida-de e frieza demonstrada pelos chineses no caso de Yue Yue, mas a resposta às questões levantadas parece centrar-se na crescente importância dada ao con-forto financeiro e material e numa for-ma de viver cada vez mais individua-lista, adotada em especial nos grandes centros urbanos. Nádia Silva

Ilhas do Índico e Pacífico Sul sem futuroDevido ao aquecimento global, o nível do mar tem aumentado e destruído ilhas que daqui a alguns anos se vão encontrar completamente submersas como é o caso das ilhas Tuvalu e Maldivas.

Atualmente ilhas como as Maldi-vas são perfeitos paraísos. Porém, ao longo dos anos vão passar a ser apenas mar azul. O aquecimento global está a gerar grande polémi-ca e efeitos devastadores perante o mundo e os seus habitantes. Um des-ses efeitos passa pelo derretimento das calotas polares, o que provoca um aumento visível do nível dos oce-anos. Vítimas dessas consequências, algumas ilhas poderão acabar por desaparecer do mapa.

Em alguns pontos das ilhas Mal-divas o nível do mar subiu muito mais do que se esperava. O presi-dente Mohamed Nasheed mostrou--se tão preocupado com esta situ-ação que já afirmou estar nos seus planos comprar um novo território para os habitantes da sua ilha que

possa assemelhar-se ao atual.Na ilha de Tuvalu são inúmeras

as inundações que já se fizeram sentir, alagando ruas e casas dos moradores que ainda tentam resistir a este drama, que irá acabar por destruir a imagem que muitos turis-tas levaram na mente há anos atrás. Para agravar a situação, sabe-se que a ilha está apenas a dois me-tros acima do nível do mar e quando os habitantes tentam fazer algumas atividades no areal, como pescar ou passar algum tempo de lazer, são atingidas por bruscas marés cheias que engolem a areia por completo.

O governador Tavau Teii já pre-parou um plano de emergência e apelou aos países, principalmen-

te aos mais desenvolvidos, para a redução da emissão de gases, pois o mundo em geral está a contribuir negativamente para o desapare-cimento destes pequenos paraísos e, lentamente, outros países serão também atingidos por este proble-ma.

Sabe-se também que algumas ilhas já desapareceram por comple-to, como é o caso do arquipélago de Kribati no Pacífico que não re-sistiu à força das águas e acabou por ser engolido por estas. Daniela Gonçalves

MUNdo MUNdo

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Fraudes no mundo académicoO estudo intitulado Integridade Académica em Portugal comprova a existência e admissão pelos alunos universitários de «fraudes» na realização de trabalhos académicos.

Aurora Teixeira, professora na Universidade do Porto, assumiu o papel de investigadora no estudo in-titulado Integridade Académica em Portugal, o qual elegeu como univer-so de estudo a população daquela instituição.

De acordo com este estudo, os alunos admitem ter comportamentos inaceitáveis na realização de traba-lhos académicos, contribuindo para o aumento de fraudes académicas no mundo do ensino superior. A práti-ca mais comum entre os universitários (45,6%) é o uso de um trabalho ou ensaio feito anteriormente para uma disciplina e entregue em outra, como se tratasse de material original. Há também 42,1% dos estudantes que confessa ter entregado trabalhos sem a apresentação de referências bibliográficas. Pelo menos 38% as-sume ter recorrido à ajuda de outra pessoa para a concretização de um trabalho e entregue o mesmo como se fosse um trabalho individual. Qua-se 2% admite já ter comprado um trabalho ou ter entregado trabalhos criados por outras pessoas, com ou sem a autorização das mesmas.

Todavia, existem alunos que con-trariam estes indicadores, assumindo que nunca plagiaram «porque se es-tamos na universidade significa que queremos aprender mais, adquirir mais conhecimentos, e estando a fa-zer plágio estamos a ignorar as nos-sas capacidades e a anular a possi-bilidade de aprendermos mais sobre tal assunto. Além de que cada um deve ser avaliado pelas suas compe-tências, realizando o seu próprio tra-balho autonomamente». No entanto, outros alunos partilham uma posição

O Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa divulgou o ranking das escolas se-cundárias portuguesas com base nas notas obtidas nos exames na-cionais de 2011.

SoCiEdadE

diferente: «Já plagiei em trabalhos, não só no ensino universitário como também no ensino básico e secun-dário. Isto porque é muito mais fácil copiar uma frase já inventada, que ler, tentar perceber e fazer uma fra-se com as nossas próprias palavras. E como hoje em dia se encontra in-formação disponibilizada muito mais facilmente, quer na internet, quer mesmo em bibliotecas, é normal que seja uma técnica bastante utilizada pelos estudantes.».

No que diz respeito à prática mais comum entre os estudantes - o uso do mesmo trabalho para duas disciplinas diferentes - estes defen-dem que nunca utilizaram um traba-lho integral, mas sim partes de um

trabalho: «Nunca utilizei um traba-lho de uma cadeira para outra. Já utilizei informações iguais para com-plementar trabalhos diferentes, mas com abordagens temáticas idênti-cas. Porque ambos precisavam de ser contextualizados, e precisavam de informações semelhantes. Não creio que seja uma fraude, se houve a oportunidade foi uma questão de aproveitar. E acrescento que não foi por isso que tive menos trabalho». E também alegam o seguinte: «Nunca usei um trabalho de uma disciplina para outra porque não foi possível ainda. Eu, na minha opinião, não con-sidero fraude académica, porque o trabalho foi realizado por mim. A culpa, neste tipo de situações é da organização do curso, porque duas disciplinas onde se dá a mesma ma-téria não é viável».

Em relação à segunda prática, mais comum entre os universitários, é observável uma divergência de opi-niões. Por um lado, há quem defenda

que é frequente «muitos alunos che-garem à universidade e entregarem trabalhos sem incluírem a bibliogra-fia, ou incluindo-a de uma maneira errada» reconhecendo que isso não é «correto» mas «acaba por ser uma parte não muito influenciável na nota final do trabalho e que pode poupar imenso tempo». Por outro, há quem ache fundamental a presença de re-ferências bibliográficas: «Primeiro porque é pedido que constem no tra-balho tais referências e, claro, seria como “roubar” o trabalho de outra pessoa. Se algo já foi dito «podemos sempre voltar a dizê-lo», desde que «tenha a devida indicação», sendo a capacidade de pesquisa e de se-leção de informação considerada «uma mais-valia».

Relativamente à compra de tra-balhos por parte dos alunos, são muito poucos os estudantes que as-sumem já ter praticado esta fraude académica, pois acham que é um ato incorreto e desonesto para com os colegas e professores: «Penso que é uma péssima atitude por par-te de quem a pratica uma vez que ao pagar a especialistas para que o trabalho seja feito não é essa a pessoa que está a ser avaliada, es-tando desta forma a obter uma clas-sificação que não lhe corresponde. O

que acontece é que posteriormente esta nota vai competir com aqueles (alunos) que se esforçaram para fa-zer o seu melhor - ainda que não tão bem quanto um especialista - para futuros postos de trabalho que não vão saber assumir com competência enquanto que os outros, com nota inferior, o podiam fazer». Porém, há outros que assumem já ter pago para lhe realizarem um trabalho, mas ainda assim, acham esta prática incorreta: «Já paguei a um colega de informática para me ajudar num trabalho no qual eu não me sentia muito à vontade. Acho que esta prá-tica devia ser evitada ao máximo pelos professores, fazendo isto, obri-gando os alunos a irem defender o trabalho, ou seja, explicar todos os passos que usaram para o realizar. Apesar disto, para os alunos é uma técnica extremamente apreciada, porque nas disciplinas em que não prestaram atenção nenhuma, podem ter notas excelentes, sem se esforça-rem.».

Perante as conclusões deste estu-do é forçoso reconhecer que as prá-ticas fraudulentas admitidas pelos estudantes põem em causa a desejá-vel qualidade da preparação para o exercício da profissão. A dura re-alidade que assim fica desvelada impõe que sejam encontradas res-postas para algumas questões, tais como: Como é possível aproveitar as potencialidades formativas das no-vas tecnologias no ensino superior? São os cursos avaliados em função da empregabilidade e das compe-tências dos estudantes à saída do ensino superior? Meghanne Barros e Raquel Iria

Em primeiro lugar surge o Colé-gio Internacional de Vilamoura, no concelho de Loulé, seguido do Co-légio Manuel Bernardes, em Lisboa. A escola pública melhor colocada, Secundária Infanta D.Maria, surge em 21º lugar, antecedida apenas por escolas privadas. Esta situação pode ser explicada por uma maior autonomia e pelo papel social que as escolas públicas têm que prestar à comunidade, acolhendo qualquer tipo de alunos.

A Escola Secundária de Pinheiro e Rosa foi a melhor posicionada na cidade de Faro (189), registando uma subida de cerca de 50 lugares relativamente ao ano passado.

“Nós, de alguns anos para cá, claramente temos apostado um pou-co no trabalho e no esforço, essen-cialmente por parte dos professores, para conseguirmos obter melhores resultados com os alunos”, afirma o subdiretor da escola, Alexandre Lima, acrescentando que cada pro-fessor disponibiliza duas horas se-manais para estar com os alunos.

Quando confrontado com o futu-ro, Alexandre Lima reconhece que podem sempre melhorar, “é uma característica desta escola, quere-mos sempre mais, lutamos sempre por mais”. Cláudia Aleixo e Joana David

Sociedade Sociedade

Ranking das escolas secundárias

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Com esta greve a CGTP pretende que a dívida seja renegociada junto da União Europeia, de forma a re-solver a situação económica do país. Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, pretende sobretudo a defe-sa da democracia.

Em relação aos custos da greve, Carvalho da Silva diz que, apesar de Portugal estar “numa situação eco-nómica difícil” e de os trabalhadores estarem “a viver com enormes dificuldades”, “nunca os trabalhadores e

A sociedade portuguesa apre-senta-se num cenário de contenção familiar. Hoje em dia, em Portugal deixou de existir o estigma das fa-mílias gerarem pelo menos dois fi-lhos. Um estudo efetuado pelo Insti-tuto de Ciências Sociais divulga que 48% das mulheres entre a faixa etária dos 35-40 anos, não dese-jam ter mais de um filho. As preo-cupações financeiras, como o custo elevado da educação, instabilida-de profissional, falta de incentivos e falta de apoio familiar, estão entre as principais objeções dos casais portugueses. Além dos impedimen-tos económicos, a presença ativa das mulheres no mercado laboral, o consequente investimento e valo-rização na carreira (ou por simples opção própria) são fatores que po-dem contribuir para a baixa taxa

[caPa]

Portugal é o 2º país da UE com mais filhos únicosAs famílias portuguesas, colocam Portugal no segundo lugar europeu com a maior taxa de filhos únicos, segundo um estudo do Instituto de Ciências Sociais.

de natalidade que se verifica atual-mente, tal como no quotidiano pode ser apontada alguma culpa à crise, muito embora haja opinião diver-gente na sociedade.

Os especialistas alertam para os perigos das crianças sem irmãos, os quais podem, segundo os mes-mos, ter problemas afetivos por não aprenderem a interagir com outras crianças dentro do seio familiar, le-vando a que na fase adulta sejam antissociáveis na comunidade e nas áreas profissionais em que estão in-seridos.

A realidade no entanto nem sem-pre foi esta. No princípio da década de 60, as estatísticas de nados-vivos em Portugal apresentavam dos nú-meros mais elevados da Europa. O retrocesso da fecundidade por-tuguesa deu-se com maior expres-são a partir dos anos 90, com uma

média de 1,5 filhos por mulher em idade fértil, contra os 2,2 em 1970.

Presentemente, apenas 10% das mulheres portuguesas com mais de 49 anos não possui filhos, o que re-vela um indicador positivo. Apenas 30% têm só um filho.

As mulheres mais qualificadas e com maiores rendimentos, aquelas que possuem melhores possibilida-des de investir na maternidade, são as que mais optam por ter menos filhos.

É importante apurar as conse-quências que a baixa demografia atual poderá trazer para o futuro do país, dado que teremos uma po-pulação cada vez mais envelheci-da, sem tempo para ter filhos e com comportamentos reprodutivos mo-dernos. Poderá ser esta uma ques-tão sobrevalorizada? Fábio Freira

GCTP convoca greve geral para 24 de NovembroPara o próximo dia 24 está agendada uma greve geral “contra o aumento da exploração e o empobreci-mento” de Portugal.

a sua luta foram obstáculos à economia, antes pelo con-trário!”.

A CGTP e a UGT convocaram pela primeira vez uma greve geral em conjunto, em outubro de 2010, que se concretizou a 24 de novembro. A adesão a esta greve foi, segundo o Ministério das Finanças e da Adminis-tração Pública, de 43,39% dos trabalhadores a nível nacional. Espera-se para este ano uma adesão igual ou superior. Ana Patricia Vieira e Sílvia Martins

No encerramento das Jornadas Parlamentares do PSD, no Fundão, o primeiro-ministro, Pedro Passos Co-elho, referiu que “problemas com-plexos exigem soluções igualmente complexas”. Referiu ainda que face à conjuntura económica que o país enfrenta é necessário aos cidadãos “um nível de exigência e de vigilân-cia sobre o modo como é gasto o dinheiro dos seus impostos”.

O primeiro-ministro refere a ur-gência na reforma do Estado e que se deverá “atacar o monstro, dimi-nuir o peso desse monstro e atacar a despesa do Estado, porque é essa que pesa sobre os contribuintes, em-presas e sobre a nossa economia”.

Álvaro Santos Pereira, ministro da economia afirmou que tem “re-formas muito incisivas para o cres-cimento e emprego a serem ainda planeadas” para implementar a partir de 2012, justificando que para haver crescimento económico não bastam apenas cortes na fun-ção pública, mas também mais re-ceitas.

Cont. na página seguinte

Os cortes salariais na função pública e a reforma do Estado

Entre as principais medidas propostas no Orçamento de Estado de 2012 estão os cortes nos salários da função pública e a eliminação dos subsídios de férias e de Natal.

Sociedade economia

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Entrevista a Rebeca Venâncio, jornalista do Diário Económico «Portugal simplesmente não tem capacidade de segurar os seus jovens e vai ser confrontado, no futu-ro, com um êxodo total desta força competente de trabalho.»

Rebeca Venâncio, natural de Tavira, é desde 2009 respon-sável pela secção de “Publicidade & Media” (P&M) do Diário Econó-mico (DE). A jornalista de 24 anos conta-nos como foi o seu percurso académico e profissional, alertan-do para a necessidade de ajustar a formação às exigências da agen-da noticiosa. Numa entrevista in-formal, Rebeca partilha algumas das suas preocupações face à situ-ação atual do país.

Passos Coelho considera que “seria imprudente agravar ainda mais a carga fiscal do setor pri-vado. Isso levaria em muitos casos a um aumento do desemprego, a redução de salários ou de outras compensações, benefícios e prémios de desempenho”. O objetivo fulcral não é criar receitas através do se-tor privado pois “não devem estar ao serviço do esforço de consolida-ção orçamental, mas do crescimen-to económico”, contribuindo para a redução da taxa de desemprego e apostando na modernização e di-namização da produção nacional.

Cético a estas medidas foi o pre-sidente da República, Cavaco Silva, afirmando que “há limites para os sacrifícios” e que o Orçamento de Estado para 2012 tem “falta de equidade fiscal”, referindo-se à sus-pensão dos subsídios de férias e de Natal só para os funcionários públi-cos.

Num aspeto parece haver sinto-nia entre os titulares dos órgãos de soberania. Uma reforma desta en-vergadura não é algo que se faça de imediato. Será um processo que levará anos e será fundamental a coesão não só da função pública mas também dos restantes contri-buintes e empresas do setor priva-

Principais medidas a serem tomadas no Orçamento de Estado para 2012:

• Acabar com a acumulação de funções, e subsequente acumulação de ordenados e de reformas;

• Corte nos salários da função pública podendo chegar aos 24% nos escalões máximos;

• Eliminação dos subsídios de férias e de Natal para todos os vencimen-tos dos funcionários da Administração pública, de empresas públicas e dos pensionistas acima de € 1.000 por mês;

• Redução do número de funcionários públicos em 0,2%;• Redução das deduções fiscais do IRS;• Cortes substanciais na educação e na saúde;• Aumento do horário de trabalho no setor privado em meia hora por

dia nos próximos dois anos;• Subida do IVA nos produtos alimentares (IVA de 6% para 13% e de

13% para 23%);• Novo imposto sobre produtos petrolíferos e energéticos;• Aumento de 4% na fatura mensal da eletricidade;• Subida do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) em 0,1%;• Subida do Imposto Sobre Veículos entre 7,6% e 11,4%;• Eliminação dos benefícios nos depósitos bancários a prazo supe-

riores a 5 anos;• Aumento do imposto sobre o tabaco em 5%. Mundo Conttemporãneo - Que

formação tens?Rebeca Venâncio - Estudei na

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É uma ótima faculdade, tem estado, a par da Católica, no ranking das melhor cotadas, por isso, quando sais tens alguma faci-lidade em ser referenciada pelos professores ou em garantir contac-tos importantes. Tenho também, des-de que trabalho no DE, feito várias formações em Economia e Finanças. Tenciono fazer um mestrado em Economia ou gestão de empresas, mas ainda não me decidi sobre se tiro no ISEG, no ISCTE, em Economia na Nova ou se tento mesmo lá fora (EUA ou Londres).

MC - Fala-nos um pouco sobre a tua entrada no mercado de tra-balho.

RV - Quando acabei o curso,

estagiei na SIC durante seis meses. Eles têm um sistema rotativo, pelo que desde o início até ao fim do es-tágio passas por todas as secções (agenda, online, madrugadas), até que por fim entras numa editoria: pode ser Cultura, Economia, Des-porto ou qualquer um dos jornais (Primeiro, Jornal da Noite, edições da SIC Notícias…). Eu não me fo-quei em Economia. Fiz média-repor-tagem para as edições de fim de semana, com a Maria João Ruela e aí, além dos trabalhos que tínhamos

marcado, tínhamos também o que marcava a agenda, que podia ser um acidente, uma ida ao Parlamen-to ou o aumento do pão e da eletri-cidade. Fiz ainda o programa Músi-ca do Mundo, da SIC Notícias. Perto do fim do estágio estava a decorrer um plano de reestruturação no gru-po Impresa, e por isso tratei de pro-curar alternativas, uma vez que a SIC não estava a contratar. Um dia depois de acabar o estágio curricu-lar, já estava numa produtora ex-terna que fazia o programa A Cor

economiaeconomia

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Moeda única em risco de extinçãoConsiderado um dos culpados pela crise europeia, o Euro vê a sua vida em risco.

do Dinheiro, para a RTP, e é aqui que começa a minha “especializa-ção” em Economia. Estive lá alguns meses e depois chamaram-me para o DE, onde estou desde então nos quadros da empresa.

MC - Interessavas-te por econo-mia antes de começares a traba-lhar no DE?

RV - Confesso que não era uma área que explorasse muito, nem nun-ca tive muita curiosidade em espe-cializar-me, até porque gosto bem mais de letras do que de números. A questão essencial é que eu entro no mercado de trabalho no momento em que a crise explode em Portugal e qualquer meio de comunicação so-cial, ainda que generalista, começa a centrar a sua lógica noticiosa em torno da crise, das dificuldades eco-nómicas e das consequências de uma política fiscal e económica danosa ao longo dos últimos anos. Portanto, a economia cresceu em mim como cresceu em praticamente todas as pessoas. Hoje em dia é importante que tenhamos noções básicas, até para perceber como e porquê “te estão a ir à carteira”.

No DE há também muita gente que não têm formação em jornalis-mo. Há gestores e há economistas, e isso permite uma estreita colabora-ção entre pessoas não especializa-das e que acabaram por se ver, su-bitamente, rodeadas de termos da micro e da macro economia.

MC - Sabemos que também contribuis para o Económico TV (ETV). Em que formato preferes trabalhar?

RV - Há uma lógica de comple-mentaridade de plataformas entre o ETV e o DE. As notícias que são dadas nos jornais do ETV são feitas, muitas vezes, tendo como base as páginas do DE. Em grandes entrevistas que fiz, como foi com Larry King (ver foto), é comum que nos peçam para levar câmara e façamos nós a entrevista, sendo que eles editam-na posterior-mente e atribuem-nos o crédito.

Eu sempre quis fazer televisão e convidaram-me para o ETV quando o projeto começou, uma vez que os meus dois projetos anteriores tinham sido em televisão. O projeto era ainda muito embrionário e eu optei por explorar melhor o meu lugar no jornal e pontualmente fazer algu-mas peças ou reportagens para a televisão.

MC - Descreve-nos o teu dia de trabalho.

RV - O facto de termos ainda muito presente a herança dos tem-pos boémios, em que os jornais iam para impressão muito tarde (de ma-drugada até), permite-nos alguma margem para chegar ao jornal por volta das 11 horas, caso não tenha-mos nenhum serviço marcado ou ne-nhum encontro com fontes. Chego ao jornal e vejo os e-mails, vejo se há assuntos de agenda ou comunica-dos relevantes, faço contactos para perceber se há notícias novas, mar-co almoços ou encontros com fontes para que possamos explorar novas histórias. Depois de almoço, recome-ça tudo de novo. Há dias comple-tamente caóticos, passados a correr de serviço para serviço e outros em que não saímos da redacção. Os telefones a tocar é uma constante e o ritmo só começa realmente a

acelerar pelas 18 horas, depois dos editores já terem reunido três ve-zes, ao longo do dia, para definir os temas do jornal do dia seguinte. Como em tudo, há dias em que as histórias surgem logo e outros dias que não. Recordo-me que, quando cheguei ao DE, em Junho de 2009, entrei num estágio profissional para a secção de P&M e tinha uma jorna-lista a fazer as duas páginas diá-rias comigo. Um mês depois ela vai de férias e depois vai para o ETV, por isso, passei de estagiária a res-ponsável de secção em 30 dias. Foi caótico mas foi uma lição importan-tíssima que marcou a minha presen-ça por cá.

MC - Pretendes continuar a tra-balhar na secção de “Publicidade & Media” (P&M) do DE ou gostavas de experimentar outros projetos?

RV - Na secção de P&M, eu sou responsável pela área de media. Isto significa que faço, agora, todas as notícias sobre a privatização da RTP, sobre os direitos desportivos da UEFA, a apresentação de resultados da Cofina, Impresa, notícias sobre cinema, rádios, música, festivais, etc. P&M é uma subsecção inserida em Empresas, pelo que não me limito a fazer esta área. Tenho textos sobre desporto, política, retalho, comércio online, cinema, música. A área é só uma forma de nos organizar me-lhor, mas é muito comum colaborar-mos com todas as secções do jornal. Apesar de nunca ter perspetivado ficar nesta secção, estou muito grata pela oportunidade que tive há dois anos porque me permite alguma vi-sibilidade – e responsabilidade –, e como há esta complementaridade e abertura para escrevermos noutras secções, não sinto agora necessida-de de mudar.

Quanto aos projetos diferentes, consigo suprimir essa vontade de

escrever reportagem mais longa ou sobre outros temas através das mi-nhas outras colaborações. (Rebeca colabora como jornalista freelancer para a Notícias Magazine e para a revista Sábado).

MC - Na perspetiva de alguém que trabalha num jornal dedica-do ao setor económico, como tem sido acompanhar diariamente as recentes mudanças no panorama nacional?

RV - Não tem sido fácil assis-tir, de um lugar privilegiado, à de-gradação da qualidade de vida e planos da minha geração. Acredito que esta poderia ser uma das mais profícuas gerações, porque temos imenso potencial, criatividade e po-der de mudança, mas é difícil ga-nhar alento e motivação perante as dificuldades que se acumulam e

contra as quais há pouco a fazer. Portugal simplesmente não tem ca-pacidade de segurar os seus jovens e vai ser confrontado, no futuro, com um êxodo total desta força compe-tente de trabalho. E isso para mim é penoso, particularmente porque, apesar de ter acesso à informação e de ter um emprego que me garan-te alguma visibilidade, as condições de acesso à profissão são lamentá-veis, a ameaça do despedimento e os consecutivos e intermináveis está-gios vão assombrar as novas vagas de jornalistas. Confesso que ouvir a comunicação de Pedro Passos Coe-lho à nação foi duro e toda a re-dação parou para a ouvir. Foi com choque que recebemos as notícias de todas as mudanças que aí vêm e que farão do próximo ano um dos mais difíceis para a história recen-te do País. Foi também com tristeza

Rebeca entrevista o célebre Larry King.

Em finais do ano 1998 e inícios do ano 1999, uma nova moeda ga-nhava vida numa União Europeia forte e promissora, com o intuito de facilitar as trocas comerciais e de unificar a economia entre os países da União, estabeleceu-se a implan-tação de uma moeda única, o Euro.

No início do novo milénio, as ex-petativas eram enormes, as ambi-ções muitas, e julgava-se que tem-pos prósperos se avizinhavam. A pouco e pouco, tem-se procurado encontrar e arranjar culpados para crise, sendo que o Euro não tem fi-cado imune a tais acusações. São já muitos aqueles que dão razão aos marxistas e aos nacionalistas que sempre foram contra a moeda única.

Vejamos o exemplo de Portugal, com a implantação da moeda única

os preços dos bens e serviços sofre-ram uma enorme inflação. Um café custava em média 50 escudos, com a chegada do euro o seu preço pas-sou para 50 cêntimos, ou seja, 100 escudos. Hoje em dia um café cus-ta já em média 60 cêntimos. Há 12 anos atrás foram muitas as empre-sas e comerciantes que se aprovei-taram da moeda única para fazer disparar em flecha os preços dos produtos. Queriam lucros imediatos e avultados. Nos dias de hoje, mui-tas dessas empresas já não existem, outras atravessam processos de in-solvência.

Joseph Stiglitz, o Nobel da Eco-nomia, receia que o Euro pode ter os seus dias contados, caso não sejam tomadas medidas de forma rápida e eficiente. De outro modo, a moeda

única não alcançará a estabilidade e tornar-se-á insustentável. Quanto mais se agudizar a crise na Europa, maior será a pressão exercida so-bre a moeda única, que a pouco e pouco vai perdendo valor.

Muitos historiadores defendem que uma das soluções para a cri-se é o fim imediato do Euro e que, caso essa situação não se verifique, a queda de muitos países na banca rota será inevitável.

Com pressões de parte a parte, há cada vez mais dúvida so-bre o fim da moeda euro. O pre-sidente da república Cavaco Silva também já questiona a sustentabili-dade do Euro, tendo até já demons-trado tal facto em público. José Fili-pe Bela

que vi o Governo não ser tão duro com a Banca como foi com a Admi-nistração Pública.

MC - A crise económica já se fez sentir na vossa redação?

RV - Temos, naturalmente, feito alguns esforços de contenção, como é normal numa altura como esta.

Foi-nos pedido que racionemos as impressões em papel ou os ex-cessos, como nos telefonemas para o estrangeiro e naturalmente as deslocações ao exterior. É possí-vel fazer um jornalismo competente em condições mais modestas, pelo que é o que temos tentado fazer. Apesar disso, tenho a sorte de estar num grupo (Ongoing) que engloba várias áreas de negócio e por isso poderá não estar a sofrer tanto com a crise como se fosse um grupo só de comunicação social. Nuno Brito e Pedro Ruas

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Is Romania capable of surviving?

The answer is neither no or yes because nobody kno-ws what the future will bring. Economical and financial analysts say that 2012 will actually be the tip of the cri-sis for Romania. “The way the studies made are showing, in the private sector Romania hasn’t yet touched the tip of the economic crisis. The maximum point of the crisis will be visible in 2012. It is of great importance that we can know this now in order for the businesses and companies to rethink and reorganize their activities. There will de-finitely continue the bankruptcies, the companies don’t make profits anymore and little businesses are hard to finance and manage because nowadays it is difficult to obtain a credit or loan from a bank.”, Andreea Stanciu, the manager of the Association of Sothern Eastern Ac-countants, said.

In conclusion, the fact is that the economic crisis has made much more damage for Romania than for other Eu-ropean countries. Romania is still a country that’s redesigning itself after 50 years of communism, redesigning its social, economic and justice systems. The crisis has hit the country exactly when a little hope seemed to be part of the people’s lives after an economic boost in 2007. Internal corruption is another impediment in Romania’s evolu-tion and will also be an impediment for the country’s attempts to defeat the crisis. Carmen Rotaru (Erasmus Student)

Epics of the Economic Crisis in Romania The economic crisis is now a concept known around the world and tiresome debated. A solution hasn’t yet been found although economy and its features have become a subject of discussions, debates and argu-ments between bankers, politicians, business men and officials around the entire Europe and, of course, the United States. It mustn’t be forgotten the fact that the crisis has started in the United States when great finan-cial titans of Wall Street collapsed and have shaken the whole economical system on the Globe.

How it all started for Romania The weekend of 13 and 14th

of September 2008 remained in the financial and economic history as the weekend when it all started. The fate of the Lehman Brothers Bank, one of the oldest investment banks on Wall Street, was sealed. It was and still is one of the most surprising, unexpected and important economi-cal failures in the United States’s his-tory. An economic failure which has triggered the worst case financial scenarios of the contemporary time.

It seemed for Romanian politicians and authorities that an economic fai-lure in the United States would not affect an Eastern European country. Unfortunately for Romania the eco-nomic reality didn’t agree with the central administration’s agenda. In 2009, immediately after the finan-cial disaster of Lehman Brothers Bank, the Romanian economy had a fall of 7% and in 2010 a fall of 2%. It means that in only two years Ro-mania lost 30 billion Euros, amount of money equal with this country’s GDP (Gross Domestic Product) from 1999.

Romania has soon found out that the internal social system was rotten.

One of the main problems was that in 2007 the pensions (retirement mo-ney) were artificially raised and an important number of people were employed in the public administra-tion. As a result, the Government had to and still has to borrow money in order to sustain an artificial crea-ted social system. The first economic help that Romania received from IMF (International Monetary Fund) was worth 20 billion Euros just to maintain itself and not go bankrupt.

How it all started for Romania

The weekend of 13 and 14th of September 2008 remained in the financial and economic history as the weekend when it all started. The fate of the Lehman Brothers Bank, one of the oldest investment banks on Wall Street, was sealed. It was and still is one of the most surprising, unexpected and important economi-cal failures in the United States’s his-tory. An economic failure which has triggered the worst case financial scenarios of the contemporary time.

It seemed for Romanian politicians and authorities that an economic fai-

lure in the United States would not affect an Eastern European country. Unfortunately for Romania the eco-nomic reality didn’t agree with the central administration’s agenda. In 2009, immediately after the finan-cial disaster of Lehman Brothers Bank, the Romanian economy had a fall of 7% and in 2010 a fall of 2%. It means that in only two years Ro-mania lost 30 billion Euros, amount of money equal with this country’s GDP (Gross Domestic Product) from 1999.

Romania has soon found out that the internal social system was rotten. One of the main problems was that in 2007 the pensions (retirement mo-ney) were artificially raised and an important number of people were employed in the public administra-tion. As a result, the Government had to and still has to borrow money in order to sustain an artificial crea-ted social system. The first economic help that Romania received from IMF (International Monetary Fund) was worth 20 billion Euros just to

maintain itself and not go bankrupt.

How the Romanian politicians handled the problem

After the first shock the actual Government with Emil Boc as Prime Minister and Traian Basescu as pre-sident of the country has taken the most drastic and unpopular measu-res in the Romanian postcommunist history. The measures were and still are highly criticized by the people, by the media and last but not least by the opposition.

Here’s a list of the anticrisis mea-sures so highly debated in Romania:

1.Affected by the measures are:•The sportspersons (the pensions

that they receive were diminished with 25%)

•The scientists (the scholarships for research were diminished with 25%)

•The priests (the salaries were di-minished with 25%)

•The employees in the public ad-ministration (the salaries were dimi-nished with 25%)

•The pensioners (the pensions

were diminished with 15%)•The mothers (the allowances for

raising a child were diminished with 15%)

•The unemployed (the unemploy-ment benefits were diminished with 15%)

2.It were cut off the:•Funding for the heating•Tickets for pensioners’s vacations•Layette for babies•Financial help for newly•Transport facilities for pensio-

ners and teachersIn the end, many people lost their

jobs both in the public administration and also in the private sector. The private sector was also roughly hit. Many flourishing businesses were closed or went bankrupt. The most dramatically hit in Romania were the: auto market, steel companies, the petrochemical industry and the agriculture. Both production and consumption were diminished, the VAT (Value Added Tax) was increa-sed from 19% to 24% which led to another wave of inflation.

The romanian Prime Minister, Emil Boc.

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“Tínhamos a convicção de que poderia ser vencida a batalha” É assim que o Presidente da Câmara de Faro, Macário Correria, define as portagens na A22: «a batalha». Estivemos em conversa com o Presidente da capital algarvia, na Cãmara Municipal de Faro, para esclarecer a sua posição sobre as portagens na Via do Infante e para saber como está a situação económica do Algarve. Faz comparações com a vizinha Andaluzia e afirma que a região do Algarve ficou prejudicada com este acordo do anterior e do atual governo. Afirma ainda que é preciso «requalificar a 125» e que cabe ao governo fazê-lo.

Revista Mundo Contemporã-neo - Tendo em conta estes últi-mos anos com imensos problemas económicos, em que se fala numa situação dramática do país, como se encontra a situação do Algarve no seu ponto de vista?

Macário Correia - O Algarve está a atravessar um período difí-cil, como todo o país. Com algumas particularidades que naturalmente são de assinalar, o facto de o de-semprego ser o mais alto do que no resto do país e o facto de haver al-guma sazonalidade nas atividades económicas, tendo em conta que no verão o Algarve tem uma expres-são grande no turismo, no comércio, nos serviços, e no resto do ano ob-viamente que caí bastante, e essa é uma circunstância delicada. Depois temos ainda outro problema que é o facto de, relativamente á Espa-nha, na região andaluza (aqui perto de nós), o investimento público que é feito tem uma comparticipação mais alta que no Algarve, porque em termos europeus, eles têm acesso a uma fatia de fundos e uma com-participação superior a nossa, por efeito das negociações deste qua-dro de apoio em vigor. O Algarve atravessa um período com algumas dificuldades, e com dificuldades que são iguais às nacionais e outras mais específicas.

RMC - E quais são as especifi-cas?

MC - O desemprego mais acen-tuado, menores participações e menor volume de fundo estruturais para a região e uma sazonalidade acentuada nas atividades económi-cas da região.

Que medidas são precisas para mudar a situação da região?

São medidas que naturalmente têm de ser tomadas pelo governo, e que devem de ser tomadas em articulação com as autarquias lo-cais. Obviamente que a crise não se resolve por decreto, mas algu-mas coisas o governo pode ajudar, nomeadamente no investimento pu-

blico na região, que deve ser feito, em particular toda a requalificação da 125 (estrada N125), que é uma obra que não pode obviamente ser posta de parte, porque a prová-vel introdução de portagens na Via no Infante vai acartar mais trânsi-to, mais sinistralidade e a 125 não pode obviamente ficar exposta a esse risco agravado sem que haja uma atitude preventiva, que tem de ser tomada pelo governo, e isso é inquestionável. Depois, é importante que no quadro dos fundo estruturais até 2020, as negociações sejam feitas com o objetivo claro de de-fender o interesse do Algarve para que não fiquemos tão prejudicados

como ficámos no quadro que está em curso.

RMC - Durante o último ano o assunto que tem preocupado os al-garvios é, sem dúvida, a introdu-ção de portagens na tão conheci-da e usada Via do Infante, a A22. O Sr. Presidente no inicio de tudo isto mostrou-se contra essas porta-gens, mas agora parece já não ser bem assim… Quer comentar?

MC - Não, o que se passa é que nós éramos contra e tínhamos a con-vicção de que poderia ser vencida a batalha. Hoje eu sou contra, acho que é injusto, mas tenho a perceção de que a batalha não vai ser ganha por nós, aqueles que temos esta con-vicção e esta vontade. Eu não mudei de opinião, eu tenho é o sentimento que a nossa opinião não é suficien-temente forte para levar de venci-da aquilo que se abate contra nós, ou seja, o governo atual, bem como o governo anterior, assumiram com-promissos no quadro da troika, os quais levam a que, na opinião dos autarcas algarvios e das forças em-presariais da região, o compromisso acabe por levar avante. E portanto a minha opinião não mudou, o que mudei foi de perspectiva em rela-ção àquilo que é o desenlace da si-tuação. Acreditei que pudesse não haver, neste momento não acredito que não haja ainda que a nossa opinião de base seja a mesma.

RMC - Que consequências, para o Algarve e para Faro, antecipa re-lativamente ao pagamento para a utilização desta auto-estrada?

MC - As consequências são de mais trânsito na 125, mais sinistra-lidade, mais filas, maior tempo de chegada aos empregos, mais custos para as empresas, portanto estes são os efeitos óbvios na economia do Algarve. O estado vai buscar 15

ou 16 milhões de euros, mas não sei se esse volume de receita compen-sa os prejuízos que isto vai gerar na opinião pública e nas empresas da região, vamos ver.

RMC - Relativamente a Faro, no caso das pessoas que trabalham na cidade mas vivem fora desta, se pretenderem mudar-se para cá, estará a cidade preparada para as receber?

MC - Quem trabalha em Faro e vive fora, vai ter mais tempo para chegar aqui, vai levar mais tempo para chegar aqui a entrar e a sair da cidade, porque o trânsito vai aumentar na 125, as filas vão co-meçar mais cedo, maior consumo de combustíveis, maior desgaste e ten-são nervosa e as pessoas têm de se levantar mais cedo para chegar à mesma hora, é o que vai acontecer. Correndo riscos superiores de aci-dentes.

RMC - Será que Faro terá con-dições para receber mais habitan-tes?

MC - Tem apartamentos vazios, se a economia de mercado gerar condições de oportunidade para o negócio, há apartamentos feitos para albergar mais habitantes.

RMC - Esta região do país é dos destinos preferidos, não só dos português mas também de imen-sos turistas estrangeiros, mas Faro parece ficar fora da escolha da maior parte destas pessoas. O que falta à cidade para não ficar “sem alma” nos meses de calor?

MC - Faro tem pouca hotelaria e, portanto, não retêm o turismo para dormir. O que nós estamos a fazer é tentar que se façam investimen-tos hoteleiros na cidade para reter mais turistas. Caso contrário, as pes-soas vão para outras zonas, passam

por Faro por razões do aeroporto mas não fixam, digamos, a sua dor-mida aqui, porque não têm condi-ções de alojamento e isso faz com que a cidade perca pessoas na res-tauração, nos serviços e no comércio em geral, porque não têm condições para os reter. A solução é ter mais hotelaria, para conseguir fixar mais gente cá.

RMC - Terá a Câmara Municipal de Faro um papel a desempenhar para contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços oferecidos pela UAlg?

MC - Com certeza que sim, nós queremos melhorar os transportes, queremos ajudar a UAlg a afirmar--se melhor. Cooperar naquilo que são as acessibilidades. Estamos a ver se para Gambelas se consegue fazer uma avenida nova o quan-to antes; também os passeios para bicicletas, para que os estudantes possam circular o mais facilmente em direção a Gambelas; criar con-dições de articulação entre as ativi-dades culturas da Universidade e as da Câmara, bem como a atividade desportiva. Estamos abertos a isso, a desenvolver iniciativas nesse sen-tido. Espero que a próxima associa-ção de estudantes, que será eleita brevemente, possa, até ao final do ano, na linha da anterior, desenvol-ver algumas iniciativas que possibi-litem esta aproximação. Catarina Palma

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Portugal e Grécia apertam os cintosO ano 2012 será um intenso teste para Portugal e para a Grécia. O comité da troika vai pôr as “garras” de fora e estes dois países vão ter que dar o tudo por tudo para recompor as suas economias.

Nos últimos anos, alguns países da Europa previram os efeitos de uma grave crise económica e financeira que, neste momento, é mais do que uma realidade para todos eles. No entanto, sobressaem-se Portugal e a Grécia como principais contaminado-res de dívidas e de fundos perdidos, obrigando à partição de uma ajuda internacional – a troika.

O primeiro ministro português, Pe-dro Passos Coelho, no dia 13 de ou-tubro, declarou ao país algumas das medidas para combater a grave si-tuação financeira e económica que assola Portugal, «Não preciso de vos dizer que vivemos momentos da maior gravidade. Todos os Portugueses es-tão a sentir nas suas vidas os efeitos de um terrível estrangulamento finan-ceiro da nossa economia.» -anunciou.

Por sua vez, o ministro das finanças português, Vitor Gaspar, apresentou a nova proposta do orçamento de es-tado para 2012, afirmando que «as medidas financeiras são duras e exi-gentes, mas necessárias». Os portu-gueses vão ter realmente de apertar o cinto, pois os avisos terminaram e encontramo-nos num estado de emer-gência nacional.

O governo português decidiu cor-tar os subsídios de férias e de natal

até 2013. Aqueles que recebem um vencimento mensal superior a 1000€ irão sofrer um corte total nesses subsí-dios, já os que recebem entre os 485€ e 1000€ mês assistirão a um corte pela metade, ou seja, receberão ape-nas a quantia de um desses mesmos subsídios. Também a função pública irá sofrer um corte nos subsídios e um prolongamento no corte médio de 5% dos salários, a quem ganhar mais de 1500€ mensais.

Os portugueses vão também assis-tir a um aumento do IVA nos restau-rantes e cafés, concertos e futebol, bem como nas conservas, na água e nos refrigerantes, passando este de 6% para 23%. Também o imposto sobre o tabaco sobe para 50% e o tabaco de enrolar sofrerá um amen-to de 61,4%. Quem tiver automóvel irá verificar uma subida, no mínimo de 3,8%, no selo.

Vitor Gaspar anunciou também que não haverão atualizações dos escalões de IRS e que o IRC irá abo-minar a taxa de 12,5% aplicada a empresas com lucros tributáveis em 1500€, criando taxas únicas de 25%. No entanto, as mudanças irão também atingir a bolsa, sendo que as tribu-tações das mais valias subirão para

21,5%.A área da saúde será das que

mais irá sofrer com os cortes, pois o governo pretende reduzir cerca de 1020 milhões de euros. Assim, irá verificar-se um amento nas taxas mo-deradoras, um aumento no preço dos medicamentos e uma diminuição nas comparticipações do estado, a pro-moção de medicamentos genéricos, verificar-se-á uma redução dos gastos com as horas extraordinárias nos hos-pitais e centros de saúde, bem como a limitação na redução de despesas de saúde no IRS para apenas 10%.

O governo português vai cortar quase 7.500 milhões de euros na des-pesa para conseguir atingir o défice combinado com a troika. Apesar do ministro das finanças alertar que «não há margem para falhar» e que «é crucial manter a lucidez», até 2012 a economia portuguesa irá cair 2,8%.

Sexta “tranche” para a Grécia O nível de atividade da Gré-

cia tem vindo a sofrer um decréscimo desde o ano de 2009, influenciando a competitividade do país perante os seus parceiros da União Europeia. Estes dois fatores foram os principais indícios de que estariam perante uma grave crise financeira. No entanto, tal

como na situação portuguesa, o go-verno tentou omitir o negro rumo do país e somente em 2010 este foi pu-blicamente conhecido.

Desde o seu primeiro resgate fi-nanceiro que a Grécia tem vindo a ser brutalmente golpeada, impedindo-a de respeitar os acordos financeiros fei-tos com a troika. Todos os créditos for-necidos foram utilizados para pagar empréstimos anteriores, provocando a inevitável multiplicação das dívidas. Esta grave dificuldade da Grécia em gerir o capital disponibilizado obriga o governo a admitir que não irá con-seguir cumprir o objetivo de cortar o défice para 6,5% do PIB em 2012, tal como foi acordado com os credores internacionais, ficando-se pelos 6,8%.

Ainda que com as novas me-didas de austeridade implementadas já para o ano de 2012, - como a redução em 30% até 2015 do total de trabalhadores da função pública, a obrigação de pagarem impostos quando possuem um rendimento anual

superior a cinco mil euros, a suspensão de diversas exceções fiscais, a criação de um novo imposto de propriedade, entre outras - a suposta recupera-ção helénica, que fora prevista para 2013, está a ficar cada vez mais re-mota e improvável.

Este prisma tão negativo para o povo grego não lhes deixou outra hi-pótese senão convencer o Banco Cen-tral Europeu, a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional, de que estavam preparados para rece-ber uma nova ajuda externa. Após a intensa análise às finanças gregas, foi concluído que o pagamento da sexta tranche do empréstimo internacional deveria ser feito com urgência, ape-sar de o considerar uma «dinâmica extremamente preocupante» na dívi-da grega. O pagamento terá o valor de 8 mil milhões de euros e deverá ser feito já no inicio deste mês.

Ainda assim, os técnicos conside-ram que serão precisas mais medidas de austeridade e esforços adicionais

para conseguirem cumprir com os ob-jetivos acordados para 2013 e 2014, e elucidam o governo grego de que não há margem para enganos ou he-sitações. Agravando ainda mais a situ-ação, tais exigências provocam entre o povo helénico uma grande agitação e notável descontentamento.

Portugal e Grécia enfrentam ago-ra uma luta constante contra a crise. Embora sejam países diferentes, a relação entre eles é bastante visível, dado que ambos se encontram na União Europeia e como tal, partilham a mesma moeda – o euro. Tanto a recuperação de um, bem como a de outro estão claramente interligadas. Outra semelhança que os une são as contenções que ambos os governos impõem aos cidadãos.

A missão da troika nestes dois pa-íses europeus tem como objetivo as-segurar o seu crescimento económico até 2013 e, seguramente, evitar que caiam na bancarrota. Carolina Nunes e Sara Viegas

Milhares manifestam-se em todo o mundo contra a crise económica e a austeridadeA crise económica tem lugar de destaque em todo o mundo. A 15 de outubro de 2011, registaram-se em Portugal e em muitos outros países, manifestações contra as medidas de austeridade e o capitalismo.

“Fora daqui fome, miséria e FMI!”, “Que-remos uma mudança Global!” foram as pa-lavras de ordem nas manifestações de 15 de outubro de 2011. Da América à Ásia, de África à Europa, em cerca de mil cidades de 82 países, as populações lutam pelos seus di-reitos, contra a injustiça, corrupção, precarie-dade, desemprego e a favor da democracia e das «políticas justas». Uma manifestação à escala global, com objetivos comuns entre a maioria dos países, traz mais uma vez a esperança de que o povo pode fazer a di-ferença.

Em Portugal, segundo os organizadores desta manifes-tação, 100 mil saíram à rua por todo o país. Começan-do em Angra do Heroísmo, passando por Braga, Porto, Coimbra, Lisboa, Santarém, Évora e acabando em Faro. O

povo português impôs-se pelos seus direitos e por uma vida melhor e mais justa. “Espera-me um futuro bastante difícil”, “estamos a pagar uma dívida que não fomos nós que criámos”, eram as opiniões partilhadas por aqueles que quiseram estar presentes neste protesto, todos demonstrando revolta e mágoa para com o governo português que dias antes apresenta-ra as medidas de austeridade decididas já para 2012.

Entoando palavras como “Quem deve aqui são os banqueiros”, “25 de Abril sempre, fas-

cismo nunca mais!”, a manifestação pretendia “parar o país”. Este foi apenas o início de uma luta mundial, sem fim à vista, já com novas manifestações agendadas, sendo a próxima a 26 de Novembro de 2011. Inês Vicente

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«Os “cortes cegos” são inevitáveis»António Manuel Alhinho Covas é doutorado em economia pela Universidade de Évora. Neste momento, faz parte do corpo docente da Faculdade de Economia, da Universidade do Algarve. Recentemente lançou o livro Europa Federal e a Quarta República Portuguesa, pela editora Colibri.

Mundo Contemporâneo - Con-siderando a proposta do novo or-çamento de Estado, apresentado pelo governo, como carateriza a atual situação financeira e econó-mica do país?

António Covas - O país encon-tra-se em “estado de necessidade ou de emergência”, com uma mar-gem de liberdade muito reduzida para propor diversas alternativas orçamentais.

MC - Considera que as medidas a implementar em 2012 vão ser suficientes para se conseguir atin-gir o défice acordado com a troika?

ac - Serão suficientes se se man-tiver o cenário macroeconómico tra-çado pelo governo; se a economia europeia sofrer um abrandamento, as medidas provavelmente não se-rão suficientes, para além de outras surpresas desagradáveis que pode-rão aparecer na área das empresas públicas e das autarquias regionais e locais.

MC - Segundo o governo, o ajustamento orçamental vai ser feito em grande medida com re-curso ao corte na despesa de Estado, que muitos cidadãos in-terpretam como aumento dos im-postos. Parece-lhe que o corte na despesa do Estado é o adequado ou estará o governo a pecar por excesso?

ac - No estado de necessidade em que nos encontramos, os “cortes cegos” são inevitáveis, pois o Estado

precisa de realizar receita rapida-mente. Infelizmente, não há tempo para cortes na despesa de nature-za estrutural. Assim, eu diria que os cortes na despesa são adequados e excessivos, ao mesmo tempo.

MC - Na opinião do Sr.º Profes-sor António Covas, quais são as principais causas que estão na ori-gem da crise que neste momento afecta Portugal e a Europa?

ac - Em relação a Portugal, para além de razões estruturais de longa data, mal resolvidas, as cau-sas principais mais recentes são: a forma errada como lidámos com a introdução do euro, a falta de su-pervisão sobre o sistema bancário nacional, a forma leviana como quase todos os portugueses lidaram

com o crédito e a dívida, os erros de política económica cometidos pelo último governo. Em relação à Europa, falharam todos os mecanis-mos de supervisão e regulação, fa-lhou a liderança política, tardaram as soluções a adotar.

MC - Na sua opinião, as mais recentes medidas tomadas na Gré-cia vão ser suficientes para melho-rar a situação financeira em que o país se encontra?

ac - Não vão ser suficientes, a Grécia neste momento está inteira-mente dependente da boa vontade dos seus credores: a banca privada, os estados nacionais e as instituições internacionais. Só com o perdão da dívida e a reestruturação da dívida restante a situação poderá melho-rar.

MC - Na sua perspectiva, que transformações institucionais a União Europeia deve adoptar para fazer face a crises como a que es-tamos a viver neste momento?

ac - Na minha modesta opinião, a União deve evoluir em direção à Europa Federal, como eu próprio escrevi no meu último livro intitulado a Europa Federal e a Quarta Repú-blica Portuguesa, que acaba de ser publicado pela Editora Colibri. Do mesmo modo, deverá haver, muito provavelmente, uma alteração ci-rúrgica dos tratados europeus atu-ais para possibilitar esta evolução, sob a forma de um Acto Federal para a Europa. Carolina Nunes

Pátio das Letras ajuda a combater o stressUm dos impulsionadores da cultura em Faro, o Pátio das Letras, acolhe ao longo do mês diversas confe-rências e sessões de caráter cultural.

lhos uma nova realidade, levando--os a conhecer o seu local de tra-balho, para que estes entendam o trabalho dos adultos. As crianças não devem ser presenteadas cons-tantemente, fazendo-se a distinção entre o que compramos por necessi-dade ou por frivolidade.

De acordo com o Dr. Alberga-ria a escola médica ensina a utili-zar medicamentos, mas quando es-tamos sob stress e deprimidos não devemos tomar medicamentos, mas sim aprender a viver. Quando o(a) nosso(a) companheiro(a) morre, o melhor medicamento é fazer o luto e aprender a viver sem ele(a).

Viver em stress, em ansiedade, em angústia, em sufoco, numa de-senfreada correria, com medo de ser rejeitado, de ser humilhado, de

ser incompetente, de ser rotulado de fraco, não é saudável.

Quando cedemos ao stress dei-xamos de viver, deixamos de ser nós próprios, a vida passa-nos ao lado. Não é nada disso que dese-jamos para nós. Se sentimos stress, temos de mudar. Só assim podemos voltar a ser pessoas alegres e entu-siasmadas connosco próprias e com a vida.

A maioria das pessoas afunda--se na rotina diária de tentar pagar as dívidas, ir e voltar do trabalho, criar a família, procurar economizar um pouco de dinheiro a fim de sentir segurança e poder comprar alguns bens materiais para poderem viver um certo estilo de vida, que muito dificilmente as deixa realizadas.

Devemos parar e sentir. Sentir o que queremos ser, sentir o que está mal para poder mudar, apesar de não ser fácil e isso ainda nos deixar mais angustiados. Talvez seja mais fácil inverter a pergunta: «o que é que eu não quero ser?». Aí come-çamos a empreender mudanças na nossa vida, decisão após decisão.

Por isso, em alturas instáveis como a que vivemos atualmente, é preciso aprendermos a contornar os obstáculos, passar por cima do que nos aflige e viver.

Novo encontro ficou marcado para 19 de Novembro, às 17h, des-ta vez com o tema “Medicamentos”. Inês Nunes

O Pátio das Letras é uma livraria com sala do professor, espaço cultu-ral e esplanada/bar aberta todos os dias, incluindo feriados. Ao longo dos meses, como é habitual, ocorrem diversas sessões para diferentes públicos-alvo, sendo um espaço que oferece sessões tanto para adultos como para crianças, tais como: músi-ca ao vivo, poesia, pintura, apresen-tações de livros, leituras perniciosas e tardes infantis.

O mês de outubro não foi exce-ção. O Pátio das Letras iniciou um ciclo mensal de “Conversas sobre a Arte de Curar, Aliviar e Consolar”, que ocorreu no passado dia 22 de outubro pelas 17h, conduzido pelo Dr. Soares Albergaria, médico es-pecialista em saúde pública. Ten-do esta primeira sessão o tema “O Stress” - O que é? Como lidar com ele?

Foi uma conversa aberta e dinâ-mica entre o Dr. Albergaria e o pú-blico, sendo este maioritariamente composto por pessoas idosas e do sexo feminino.

O stress associado à crise eco-nómica atual é um fator de depres-são. Como tal, o Dr. Albergaria deu algumas dicas para vencer a crise, tais como: seguir o dinheiro, fazer contas e prevenir-se, elaborar um plano, definir objetivos, viver abai-xo dos rendimentos, administrar os créditos existentes, analisar o mer-cado e investir, aprender a ganhar, relativizar a crise e revelar aos fi-

culturaPolítica

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24 // Mundo Contemporâneo Mundo Contemporâneo // 25

O Cineclube de Faro é um dos maiores promotores de cul-tura fílmica na região algarvia. Conhecido há mais de cinquenta anos pelos vários ciclos de cine-ma que passam no IPJ e/ou na

sede do Cineclube conta com a participação de pessoas das mais variadas faixas etárias e apresenta-se com uma programação destinada a quem deseja passar um serão cultural e agradável.

No mês de outubro destacou-se o ciclo “Vidas” que con-tou com filmes de carácter biográfico. Uivo (2010), um dos cinco filmes exibidos, retrata a vida do polémico poeta Allen Ginsberg, mostrando quais foram as suas inspirações para o controverso poema que escreveu no ano de 1956. Com uma linguagem crua e sem pudores, este poema é levado a tribunal por esse simples facto, que nos dias de hoje nos parece banal mas que, na época, era razão su-ficiente para censura. É também com este filme, realizado por Rob Epstein e Jeffrey Friedman, que ficamos a conhe-

Howl – Uivo (2010) –Sessões do Cineclube

cer a história de um poeta que se foi alvo de críticas, mas que alcançou sucesso escrevendo o que sentia, utilizando palavras que lhe ocorriam no momento da escrita. O que fez com que Uivo (nome do poema que inspirou também o título do filme) fosse um dos livros de poesia mais vendido nos Estados Unidos da América e Allen Ginsberg um dos autores mais promissores do século XX.

É a estrutura tripartida do filme que nos ajuda a perce-ber mais facilmente a vida conturbada de Allen Ginsberg que sofreu com a morte da mãe e com a procura da sua própria personalidade como artista.

Este filme conta com partes a preto e branco (que mos-tram o que aconteceu no passado), com animações (que ilustram o poema) e com uma terceira parte relativa ao presente (entrevista com Allen, paralela aos acontecimen-tos decorridos no tribunal).

James Franco foi o ator escolhido para fazer o papel de poeta que recita e discursa sobre o poema que o levou às bocas do mundo, deixando espaço a uma reflexão sobre a reação de uma sociedade retrógrada.Ana Rita Gervásio

A abertura deste festival foi con-cedida a Frederick Wiseman com o documentário Crazy Horse, que conta a história do conhecido cabaré pari-siense.

Ao longo deste festival vários fo-ram os documentaristas de renome e as obras de grande qualidade, tanto internacionais como nacionais, como é o caso de É na terra, não é na lua, de Gonçalo Tocha, George Harrison: Li-ving in the Material World, de Martin Scorsese, na secção Heart Beat, ou do filme This is Not a Film, sobre o cineas-

Doclisboa - IV Festival Internacional de Cinema «Em Outubro, o Mundo inteiro cabe em Lisboa»: o slogan da Doclisboa nunca foi mais verdadeiro. Este festival de cinema documental contou com a apresentação de mais de 170 filmes, originários de 33 países do mundo, entre os dias 20 a 30 de Outubro, nos cinemas Culturgest de Lisboa.

ta iraniano Jafar Panahi condenado a seis anos de prisão por desenvolver «atividades contra a segurança nacio-nal e propaganda contra o regime».

O Doclisboa contém seis secções e são diversos os critérios para a dis-tribuição destas: o elemento da mú-sica (Heart Beat), obras inovadoras (Riscos) e as competições nacionais e internacionais, que contam com curtas e longas-metragens produzidas em 2010 e 2011. Temos também em des-taque outra secção que engloba cer-ca de 13 filmes sobre os movimentos

de libertação, sendo que muitos deles são dados a conhecer ao público pela primeira vez. Esta secção tem como objetivo homenagear os cineastas Ha-run Farocki e Jean Rouch e os 50 anos sobre o início da Guerra Colonial, com «Movimentos de libertação em Moçambique, Angola e Guiné-Bissau (1961-1974)».

O fecho do festival Doclisboa foi feito por Ross McElwee que aí deixou a sua marca com a apresentação de Photographic Memory. Patrícia Mendes

Depois de percorrer quatro das seis cidades marcadas na agenda, o tão esperado reflexo da sétima arte chegou finalmente a terras algarvias. Foi entre os dias 22 e 30 de outubro que a cidade de

Faro teve o privilégio de acolher e usufruir de um grande evento cultural – a 12ª Festa do Cinema Francês.

Tal como tem vindo a observar-se em edições anterio-res, a pre sença de vários convidados vindos de França passou a ser uma parte imprescindível do festival. Cineastas, atores e realizadores vêm dar a conhecer o seu trabalho, e apresentar a sua perspetiva em relação ao cinema. Este ano, para além de convidados especiais, pudemos também contar com a presença de Carole Bou-quet, que aceitou o convite para ser madrinha do evento e que, como tal, partilhou com o público alguns filmes que a marcaram e influenciaram no seu percurso como mulher e atriz.

Durante nove dias, os algarvios tiveram oportunidade de fazer uma viagem ao mundo do cinema, onde pu-

O melhor do cinema francêsderam assistir a documentários, filmes, curtas-metragens, antestreias e grandes clássicos da cultura cinematográ-fica francesa.

Os grandes clássicos ficaram a cargo do diretor/ator Pierre Étaix, entre eles: Pays de Cocagne; Le grand amour; Tant qu’on a la santé; e Le soupirant (inaugura-dor do evento em Faro).

Para que a festa ficasse completa, foi feita uma ho-menagem a uma celebridade do cinema francês, Anouk Aimée, na Cinemateca Portuguesa em Lisboa. Nesta con-sagração foi realizada uma visão da carreira interna-cional desta artista.

Paralelamente a este evento associou-se também a RTP2, passando 10 longas-metragens em sessão dupla aos sábados, durante a tarde.

Em suma, para todos aqueles que admiram e respei-tam a sétima arte, foi um grande evento em que todos tiveram oportunidade de assistir a grandes obras da cultura cinematográfica francesa e manter contacto com algumas personalidades envolventes do projeto. Bárba-ra Ferreira

Abraço(s) de José Luís PeixotoJosé Luís Peixoto apresentou o seu novo livro, Abraço, nos dias 27 e 28 de outubro no Teatro do Campo Alegre, Porto, pela comemoração do 10º aniversário das Quintas de Leitura.

O espetáculo contou com diver-sos artistas que leram vários excer-tos do novo livro, de forma única, juntamente com o autor e o leitor selecionado através do passatempo lançado em parceria com a Quet-zal Editores, as Livrarias Bertrand e o Teatro do Campo Alegre. Este passatempo consistia em colocar um vídeo no Youtube lendo um excerto de um texto da autoria de José Luís Peixoto. O vencedor, para além de ter participado neste evento, rece-beu também um cheque para com-pra de livros no valor de 100 euros, nas lojas Bertrand.

O livro já se encontra disponível nas livrarias de todo o país desde o

dia 28. Ainda pouco se sabe acerca da história, para além de que con-tém uma seleção de textos escritos nos últimos dez anos. Foi o próprio autor que anunciou a publicação do novo livro, na sua página oficial da rede social Facebook, informando apenas que chegaria às livrarias no final de outubro, o nome do livro e a quantidade de caracteres: 846 385.

Este escritor continua a surpreen-der também pela sua versatilidade, pois José Luís Peixoto já escreveu peças de teatro, sem contar com os inúmeros poemas e até letras de canções para artistas portugueses.

Foi em 2001 que se tornou co-

nhecido, ao receber o Prémio Literário José Saramago pelo seu livro Nenhum Olhar. Sur-preendeu de novo com o seu ro-mance Cemitério de Pianos, que foi considerado o melhor romance estrangeiro traduzido e publicado em Espanha, em 2007, sendo-lhe atribuído o Prémio Cálamo Otra Mi-rada. Um ano depois, foi novamente premiado, mas desta vez, pelo seu livro Gaveta de Papéis, com o Pré-mio de Poesia Daniel Faria. Vamos esperar para ver se será novamente premiado por Abraço, certamente um bom livro para apreciar este ou-tono. Maria Carolina Oliveira

culturacultura

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Não sei como ela consegueUm filme de Douglas McGrath.

Em Não Sei Como Ela Consegue, Sara Jessica Parker protagoniza Kate, uma mulher de sucesso para quem o dia devia ter pelo menos 48 horas. Uma comédia romântica que retrata o dilema da maioria das mu-lheres atuais: como ser esposa, mãe e trabalhar ao mesmo tempo, e ainda ter de lidar com admiradores secre-tos.

As Aventuras de Tintin – o segredo do licorne (3D)

Um filme de Steven Spielberg.

O cineasta mais premiado de sem-pre dirigiu mais um sucesso de bilhe-teira, baseado na série As Aventuras de Tintin. O mais conhecido repórter da banda desenhada e o seu amigo Capitão Haddock partem em busca de um mapa perdido, mergulhando numa aventura mágica bem ao jeito de Spielberg.

Sangue do meu SangueUm filme de João Canijo.

“Este é um filme de gajas” afirma João Canijo. Em Sangue do Meu San-gue, existem duas histórias paralelas que nunca se entrecruzam. Fala-nos sobre amor incondicional e redenção. A não perder.

Joss Stone: The Best of (2003 – 2009)

Joss Stone lançou uma compila-

ção de todos os seus êxitos, entre os quais o seu maior sucesso, Right To Be Wrong. A cantora e composito-ra inglesa é a mais jovem artista a alcançar tanto destaque na área do soul e R&B.

Lady Antebellum: Own the Night Just a Kiss é o primeiro single

do terceiro trabalho deste trio-reve-lação. Own The Night entrou de ime-diato para o Top 200 da Billboard dos EUA, certificando o sucesso desta banda country norte-americana.

David Carreira: Nº 1

O filho mais novo de Tony Carrei-ra segue as pisadas do pai e lança o seu primeiro álbum a solo. Após a sua participação em Morangos com Açúcar, David Carreira gravou o ál-bum em Paris, cujo primeiro single é Esta Noite.

Não desistode Sónia Brazão; Livros d’Hoje.

Um testemunho de força. Quatro meses após a tragédia que mudou a sua vida, Sónia Brazão descreve to-das as dificuldades por que passou.

Como os Políticos Enriquecem em Portugal

de António Sérgio Azenha; Lua de Papel.

Numa altura em que o país está em crise, este é um livro que pode realmente criar um sentimento de re-volta. António Sérgio Azenha revela a forma como 15 ex-governantes en-riqueceram à custa do Estado.

O Amor e o Facebook de Cláudia Morais; Oficina do Livro.

Como tirar proveito sentimental da maior rede social do mundo? Par-tindo da sua experiência com casais em terapia, em O Amor e o Face-book, a psicóloga dá-nos pistas para uma mais correta utilização desta rede social.

Ana Cláudia SilvaFILMES LIVROS CD’s Euro 2012 - Fase de QualificaçãoNão aconteceram surpre-

sas de maior nas fase de gru-po da qualificação para o Europeu de Futebol de 2012 que se vai realizar numa par-ceria conjunta entre Ucrania e Polónia. O facto mais sur-preendente foi sem dúvida a não qualificação direta de Portugal que era apon-tado como favorito no gru-po H, ganho pela Dinamarca na última jornada. Portugal vai assim ter de defrontar a Bósnia-Herzegovina, segun-da classificada do grupo D, a apenas um ponto da França.

No grupo A, como era de esperar, a Alemanha não sentiu dificuldades e apurou--se com distinção, 30 pontos em 10 jogos. Restava saber quem iria assegurar o lugar no play-off, numa luta entre Turquia e Bélgica na qual os turcos levaram vantagem ao somar 17 pontos con-tra os 15 da turma belga.

Russia e Irlanda travaram um duelo interessante ao longo da ca-minhada no grupo B, mas seriam os ‘czars’ a qualificarem-se diretamen-te, com 23 pontos enquanto a Irlan-da se ficou pelos 21. Nota negativa para a Eslováquia, que esteve pre-sente no último mundial, e que nesta qualificação não foi além do 4º lu-gar no grupo.

À semelhança do grupo anterior, também no grupo C havia um gran-de favorito ao 1º lugar, e a Itália não deixou os seus créditos por mãos alheias e sem grandes dificul-dades qualificou-se. Na luta aguer-rida pelo 2º lugar, a surpreendente Estónia conseguiu por um ponto le-var a melhor sobre a Sérvia.

Nos grupos D, E e F a história

da qualificação é idêntica. Todos os grupos com duas seleções favo-ritas, e a classificação final só ficou decidida na última jornada. Respe-tivamente, a França levou a melhor sobre a Bósnia por um ponto ape-nas. Holanda e Suécia ficaram se-paradas por 3 pontos, no entanto a Suécia qualificar-se-ia diretamente para o europeu com o estatuto de 2º melhor classificado de todos os grupos. A Grécia qualificou-se na última jornada ao vencer a rival Croácia no jogo decisivo, somando assim 24 pontos contra os 22 dos Croatas.

No grupo G a Inglaterra não se deixou surpreender e dominou o grupo, conseguindo a qualificação com 18 pontos com o lugar no play--off a ficar para a seleção do Mon-tenegro, que acabou com 12, mais um que a congénere Suíça. No gru-po H surgiu a maior surpresa. Por-tugal apesar do mau começo ainda

recuperou, mas deixou-se apanhar na reta da meta pela Dinamarca, e quase era surpreendido pela Noruega, pois ambas as seleções fi-caram igualadas em pontos (16), vantagem para a equi-pa das quinas por ter sido a mais concretizadora.

Por último, a campeã em titulo, Espanha. O Grupo I foi totalmente dominado pela ‘roja’, com o 2º lugar a ficar entregue à República Checa.

Qualificados estao assim: Polonia e Ucrânia (organiza-dores), Alemanha, Russia, Itá-lia, França, Holanda, Suécia, Grécia, Inglaterra, Dinamar-ca e Espanha.

Os jogos do play-off estão marcados para os dias

11 e 15 de Novembro e são os se-guintes: Bósnia-Herzegovina - Portu-gal; Turquia - Croácia; Rep.Checa - Montenegro; Estónia - Irlanda. Es-peremos que Portugal se qualifique e seja uma das 16 seleções partici-pantes no Campeonato da Europa de futebol de 2012. Pedro Lobato

Desportocultura

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A época 2011/2012 arrancou em agosto e promete ser um dos campeonatos mais disputados dos últimos anos. Não com dois, não com três, mas com quatro candidatos ao título. O campeão em título, FC Por-to deixou escapar Falcao e o seu treinador, André Villas-Boas, per-dendo o futebol dinâmico e atrativo da época transata. O Benfica este-ve bem no mercado, conseguindo duas das melhores contratações em Portugal, Axel Witsel e Garay. Luís Filipe Vieira juntou estes jogadores a um grupo capitaneado por Luisão. Já em Alvalade, o Sporting começou mal, a falta de entrosamento inicial foi desaparecendo com a equipa a rubricar algumas boas exibições. A equipa bracarense é legítima aspi-rante ao topo, um projeto iniciado por António Salvador, que tem ago-ra ao seu dispor um plantel bastante equilibrado e com novo treinador, Leonardo Jardim (ex-Beira-Mar).

As equipas que ascenderam este ano ao principal escalão do futebol nacional, Gil Vicente e Feirense, têm mostrado um bom futebol, roubando pontos aos dois grandes, Benfica e FC Porto.

A Liga está a proporcionar uma impressionante série de resultados por parte da Académica de Coim-bra, não só pelos resultados mas pela qualidade das suas individu-alidades, Pape Sow, Sissoko ou o goleador Éder. A equipa lidera-da pelo ex-capitão portista Pedro Emanuel quer ver as boas exibições traduzidas em pontos.

No que toca a desilusões é obri-gatório referir o Vitória de Guima-

Liga Portuguesa de Futebol à sétima jornadaA Liga ao detalhe. As estrelas, revelações e desilusões

rães e o Rio Ave. Os conjuntos norte-nhos são os últimos da Liga e juntam os maus resultados a um pobre fu-tebol. O Rio Ave pode queixar-se de alguma falta de sorte. Com um plantel equilibrado, tem qualidade para pontuar na maioria dos jogos em casa. O caso dos “minhotos” é diferente. Trata-se de uma equipa que à 7ª jornada ainda não conhe-ce o sabor da vitória, tem apenas dois empates e é o terceiro pior ataque da liga.

Em relação a jogadores há que destacar James Rodríguez. “El Ban-dido” tem sido o melhor jogador dos azuis e brancos juntando golos e assistências às excelentes exibi-ções. Neste capítulo há que desta-car também Hulk, que tem sido bem mais altruísta, sendo o jogador com mais assistências (5).

O Benfica tem vindo a mostrar maior jogo coletivo. Witsel e Bruno César têm recebido os maiores elo-gios. Já o ex-Barcelona, Nolito, veio à Luz mostrar a sua escola, sendo o melhor marcador (5 golos), junta-

mente com Cardozo e o maritimista Baba.

O Sporting começou a carburar apenas em setembro. Rinaudo alia a sua qualidade tática à entrega com que aborda cada lance. Elias mostrou ser o elemento que falta-va ao meio campo leonino. Os dois aparentam entender-se perfeita-mente, com o canarinho a jogar mais adiantado no terreno em relação ao internacional Argentino.

Destaque para o Beira-Mar. A equipa de Aveiro é um caso insóli-to, tem o pior ataque (3 golos) e a melhor defesa (2 golos). Rui Rêgo é mesmo o segundo guardião, na Eu-ropa, menos batido.

Pela negativa existe o caso mais mediático, de Capdevila. O Cam-peão da Europa e do Mundo che-gou à Luz para substituir Coentrão mas foi ultrapassado por Emerson. Na baliza, Eduardo tapado pelo ti-tularíssimo Artur Moraes, visto com um dos melhores reforços da época, tem tido dificuldades de adapta-ção e está a perder o seu espaço na seleção das quinas. Ainda não se pode dizer se Enzo Pérez, Iturbe, Jeffren ou Alex Sandro são grandes contratações pois ainda não apre-sentam minutos suficientes para uma boa apreciação.

A Liga Portuguesa promete muita luta. Os grandes reforçaram-se, não só em quantidade como em quali-dade, integrando nas suas fileiras jogadores de classe superior. Os clubes mais pequenos batem pé aos grandes, principalmente os recém--promovidos, Gil Vicente e Feirense. Luís Felisberto

Pontuando sempre em torneios menos mediáticos, e não só, o tenista conseguiu, ainda este ano, a melhor classificação portuguesa de sempre no ranking ATP: 59º lugar.

Natural de Faro, Rui Machado surpreendeu ao conquistar um feito nunca antes visto no panorama do ténis português.

Tendo como atual treinador o ex--tenista André Lopes, o desportista tem vindo a subir no ranking ATP (Associação de Tenistas Profissio-nais), tendo começado por dispu-tar torneios na região do Algarve e o Estoril Open, até ao circuito ITF (Federação Internacional de Ténis, fundada em 1913) e os torneios do Grand Slam (Open de Austrália, Roland Garros, Wimbledon e U.S. Open). Igualmente também partici-pou em duplas. No último mês, Rui Machado bateu o registo de Fre-derico Gil e atingiu o melhor lugar português no ranking ATP, tendo somado pontos que lhe permitiram subir ao 59º lugar.

Este ano o atleta iniciou a sua tem-porada em Chennai, na Índia, frente ao colombiano Alejandro Falla, mas ficou pelos dezasseis-avos-de-final. A 10 de janeiro, em Sydney, na Austrália, e contra o mesmo adver-sário, conseguiu atingir os quartos--de-final. No fim do primeiro mês do ano, em Santiago, Chile, ficou nos úl-timos 16 ao perder com o brasileiro Thomaz Bellucci. Em fevereiro che-gou aos quartos-de-final contra o espanhol Nicolas Almagro na Costa Do Sauipe, numa prova no Brasil, e ainda disputou torneios no México, na cidade de Acapulco e na capital da Argentina, Buenos Aires.

Rui Machado deixou a sua marca em Marrocos por duas vezes, mas não conseguiu passar dos dezasseis-

-avos-de-final em ambas. Disputou torneios em Barcelona, Praga, Bor-déus e Rijeka, na Croácia. Neste último, foi vencedor derrotando na final o eslovaco Grega Zemlja. Dis-putou o Estoril Open, mas também não conseguiu passar além dos úl-timos 32.

No verão, chegou a uma meia-fi-nal num torneio realizado em Itália, na cidade de Trani. O adversário que não permitiu que o atleta che-gasse a mais uma final foi o argen-tino Leonardo Mayer.

No que toca aos torneios do Grand Slam, ficou-se pelos últimos 128 no Austrália Open, tal como no Roland Garros e U.S. Open. Os adversários foram Santiago Giral-do, Julien Benneteau e Robin Haase, respetivamente. Já no Wimbledon conseguiu atingir os quartos-de--final, ao sair derrotado por Robert Farah.

O português conquistou três títu-los ATP Challenger Tour, tendo sido um deles em Marrakech, ao vencer na final o francês Maxime Teixeira

no mês de março, outro em Poznan diante do polaco Janowicz em julho e o último em setembro, em Szcze-cin, contra o francês Prodon. Já na ATP World Tour Masters 1000 na cidade de Monte Carlo, no Mónaco, conseguiu chegar aos quartos-de--final, saindo derrotado pelo austrí-aco Bernard Tomic.

Machado representou por duas vezes a seleção nacional, em jogos contra a Eslováquia e a Suíça. Na Eslováquia defrontou e ganhou aos eslovacos Martin Klizan e Lucas La-cko. Já na Suíça saiu derrotado do confronto contra Roger Federer.

No passado mês de Setembro o jogador foi a Madrid e chegou mes-mo à meia-final do torneio lá rea-lizado, tendo sido parado pelo es-panhol Daniel Gimeno-Travel. A sua última prestação até ao fecho desta edição foi em Itália, na cidade de Palermo.

Rui Machado confirma o seu ta-lento no panorama do desporto em Portugal. Frederico Martins

Rui Machado: um novo fenómenoDesportoDesporto

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O ranking ATP tem um novo líder. O sérvio tornou-se no 25º na era pro-fissional, aos 24 anos, graças a uma temporada brilhante.

Nascido a 22 de maio de 1987 em Belgrado, começou a praticar ténis aos 4 anos de idade, tendo a estreia profissional ocorrido aos 16. Treinado pelo eslovaco Marián Vajda, Djoko-vic alcançou no ano de 2011 a melhor época da sua ainda curta carreira, atingindo o nº 1 do ranking profissio-nal ATP (Associação de Tenistas Pro-fissionais).

A grande evolução e crescimento demonstrados pelo sérvio permitiram--lhe desde logo a vitória no prestigia-do Grand Slam australiano (Austra-lian Open), com um percurso invejável, no qual perdeu somente um set em 7 jogos, destronando Roger Federer e Andy Murray até à gloriosa conquis-

Novak Djokovic:Época de ouro para o novo nº 1

ta. Djokovic arrecadou também vitó-rias nos Masters 1000, deixando pelo caminho ex-números 1, como Rafael Nadal e novamente o suíço Federer. A primeira derrota do ano surgiu so-mente em maio, aquando do segundo Grand Slam do ano, o mítico Roland Garros, nas meias-finais, frente a Fe-derer, sendo assim colocado um ponto final na impressionante série de 41 vi-tórias consecutivas em 2011.

Foi em julho que o sérvio assegu-rou os pontos necessários para a tão ansiada subida ao patamar mais alto do ranking ATP, com a chegada à fi-nal em Wimbledon (3º Grand Slam da época), conseguindo mesmo bater Nadal na final e tornar-se no primeiro sérvio da história a vencer o torneio e a liderar o ranking.

Faltava ainda a conquista do US Open, o último Grand Slam da tem-

porada, e nem mesmo esse escapou a Djokovic, derrotando mais uma vez na final (a 6ª consecutiva) o tenista de Palma de Maiorca, numa intensa ba-talha que durou mais de 4 horas.

Em suma, Novak Djokovic somou, em 2011, 9 títulos e mais de 38 mi-lhões (!) de dólares em prémios de torneio acumulados. Valores impres-sionantes para este novo fenómeno da era moderna do ténis profissional. André Filipe Jesus

Sebastian Vettel é Bicampeão Mundial de F1

Sebastien Vettel precisava de apenas um ponto para se sa-grar bicampeão mundial e a pole-position alcançada no sábado deixava claro que o título dificilmente lhe escaparia.

A prova nipónica começou bastante agitada com Jenson But-ton a ir à relva logo na primeira volta, enquanto Vettel protegia a posição. Depois de uma luta agressiva, a corrida pelos lugares cimeiros apenas se reacendeu na segunda paragem nas boxes.

Button conseguiu sair à frente do piloto germânico e fazer uma melhor gestão dos pneus durante a segunda parte da cor-rida. Fernando Alonso terminou na segunda posição apesar do Ferrari mostrar uma grande performance e poder ambicionar a vitória final. Vettel terminou a apenas 0,8s do piloto espanhol.

Esta prova foi uma das mais interessantes da temporada de 2011, visto que o pódio foi ocupado por três pilotos de três

equipas diferentes, cabendo as cinco primeiras posições em pou-co menos de dez segundos.

No final da corrida, emocionado, Sebastien Vettel agrade-ceu vivamente a todo o staff da equipa Red Bull pelo esforço e empenho durante a temporada.

Não restam dúvidas em relação à justiça do título conquista-do em Suzuka pelo alemão: nove vitórias, doze pole-positions, catorze pódios e um quarto lugar como pior classificação até ao GP Japão.

Contas feitas, Vettel é o campeão do mundo de 2011, Jen-son Button reforçou ainda mais a segunda posição na frente de Fernando Alonso, com Mark Webber (Red Bull-Renault) e Lewis Hamilton (McLaren-Mercedes) a fecharem o Top-5.

Micael Rocha

Em Suzuka, no Grande Prémio do Japão, Jenson Button (McLaren Mercedes) venceu a corrida, bastando apenas o terceiro lugar ao jovem piloto alemão Sebastien Vettel (Red Bull-Renault) para poder festejar o seu segundo título mundial. O pódio ficou composto com Fernando Alonso (Ferrari), que terminou a prova na segunda posição.

Foi declarado lockout da NBA em julho por falta de acordo sobre o contrato que une donos das equipas e jogadores.

Os patrões da NBA decretaram lockout por falta de entendimento com o Sindicato de Jogadores, para a assinatura de um novo contrato coletivo de trabalho. Des-de 1 de julho que a NBA está paralisada devido à falta de entendimento entre os donos das equipas e os jogadores.

O presidente do Sindicato dos Joga-dores, Billy Hunter, assumiu que a tempo-rada 2011/2012 pode vir a ser cancela-da. Hunter fala em 565 milhões de euros por época que separam atletas de pa-trões. Estes, devido a prejuízos em 22 das 30 equipas, impõem a redução dos valo-res em causa. Por seu lado, os jogadores recusam ver os seus salários diminuídos.

Desde o início do lockout houve várias reuniões visando o entendimento das duas partes, entendimento esse que não chegou a ser alcançado.

Foi tornado oficial no final de setem-bro pelo comissário da NBA, David Stern, que já não seria possível disputar as 82 partidas da temporada regular. As duas primeiras semanas da temporada foram canceladas, podendo inclusive não haver Liga antes do Natal. Há muito que paira-va o fantasma da época de 1998/1999

em que a fase regular ficou reduzida a apenas 50 jogos. Nesse ano as negocia-ções prolongaram-se, tendo a época co-meçado apenas em fevereiro!

Barack Obama mostrou-se preocupa-do com a situação da modalidade, reite-rando a importância da mesma no país. “Estou aqui para resolver o lockout. Pre-cisamos do nosso basquetebol”, afirmou Obama.

Jogadores e ex-jogadores já há muito que se inquietam sobre o futuro da com-petição. Dennis Rodman, ex-jogador dos Chicago Bulls, veio dizer que “os jogado-res não se importam com o basquetebol”. E não ficou por aqui, “Só querem dinheiro e, num ápice, pedem união para resolver o diferendo”. Numa visão diferente está Amare Stoudemire, o All Star do Knicks propôs a criação de um campeonato al-ternativo. Em declarações à ESPN o joga-dor disse em que circunstâncias tal situa-ção poderia avançar: “Se o Lockout durar um ou dois anos, fica claro que teremos de fazer a nossa própria liga”.

Com algumas estrelas, Tony Parker ou os irmãos Gasol, por exemplo, a rumarem para a Europa, o lockout já fez alguns estragos. As consequências são, para já, quebra nas receitas de bilheteira, audiên-cias de televisão, aumento do desempre-

go nos postos relacionados com o basque-tebol e o merchandising das equipas.

Que desfecho terá o lockout? Estrelas como Kobe, Nowitzki, ou The Big Three ficarão sem competir ou procurarão man-ter a forma em ligas menos mediáticas. Outras estrelas como Derrick Rose (MVP da fase regular de 2011) e Kevin Durant (melhor marcador da fase regular de 2011) têm estado a competir em ligas de basquetebol de rua um pouco por todos os Estados Unidos.

Estão previstas novas reuniões, que juntam patrões, comissário da NBA e Sin-dicato de Jogadores, para o fim de outu-bro. O mundo aguarda que seja possível encontrar um entendimento entre os con-tendores. Luís Felisberto

Lockout da NBA

Auckland, 14 anos depois do primei-ro campeonato do mundo de raguebi, a façanha repete-se. A Competição realiza-da na Nova Zelândia com vitória para a equipa da casa, derrotando igualmente a França na final mais equilibrada de sem-pre, tanto em termos de resultado como de exibição. 8-7 para os All Blacks.

Ao longo da prova o domínio da equipa “maori” foi absoluto, e a jogar perante o seu público outra coisa não seria de espe-rar. A seleção neo-zelandeza não concedeu qualquer derrota e conseguiu ainda o resul-

tado mais avolumado da prova ao derrotar o Japão por uns contundentes 83-7!

O campeonato do mundo foi também marcado por algumas desilusões. A África do Sul, até aqui campeã em título, e In-glaterra, considerada uma das favoritas e que tinha sido vencedora do torneio em 2003, ambas caíram nos quartos-de-final da prova aos pés de Austrália e França, respetivamente. Seria a Austrália a com-pletar o pódio com uma vitória sobre a seleção de País de Gales.

Morné Steyn, da Africa do Sul, foi o

Dennis Rodman

jogador mais concretizador da prova com 62 pontos enquanto o melhor jogador da final foi o capitão da seleção vencida, Thierry Dusautoir.

A Nova Zelândia (1987 e 2011) iguala assim a Austrália (1991 e 1999) e a Africa do Sul(1995 e 2007) em número de títulos conquistados, dois para cada. A Inglater-ra(2003) conta apenas com uma vitória.

O próximo mundial de raguebi rea-liza-se em 2015 nas terras de Sua Ma-jestade, e esperemos que com a presença dos nossos “Lobos”. Pedro Lobato

Campeonato do Mundo de Raguebi 2011 -Nova Zelândia

DesportoDesporto

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Steve Jobs – Génio ou Marketeer? cada vez mais magro e frágil. Steve acabou por passar a presidên-cia da empresa para Tim Cook, o diretor de operações, no dia 24 de Agosto deste ano, surpreendendo tudo e todos.

Passou os seus últimos tempos com a mulher, Laurene Powell, com

os filhos e amigos mais próximos e em paz consigo próprio, conscien-te que tinha concretizado a sua ambição de ficar na História. «Ele tinha aquele sonho de se tornar uma pessoa poderosa que lança produtos que ajudam a mudar o mundo», disse Steve Wozniak.

Aclamado por muitos como génio, também há quem afirme que Steve Jobs não passou de um homem que apenas tinha queda para o Marketing, um líder persuasivo que teve alguma sorte do seu lado. Mas uma coisa ninguém pode negar – o seu sonho concretizou-se e o mundo não o esquecerá. Ana Félix

Steve Jobs, fundador da Apple, uma das empresas com mais sucesso mundial, morreu no dia 5 de Outubro, com 56 anos, devido a um cancro pancreático que combatia há oito anos.

Há quem o chame de génio, visionário, marketeer, um homem de personalidade peculiar, um capitão exímio que, embora duro e perfeccionista, era um apaixonado pelo que fazia

diariamente, com extrema dedicação e com um sentido apuradíssimo dos pormenores. Assim era Steve Jobs, um indivíduo a quem ninguém ficou indiferente.

Nasceu a 24 de Fevereiro de 1955 em São Francisco (Califórnia) e foi dado para adoção, sendo acolhido por Paul e Clara Jobs, um casal de parcas possibilidades.

Desde cedo demonstrou um interesse intrínseco pela eletrónica e por conseguinte, quando frequentou o liceu dava-se essencialmente com hippies também amantes

dessa área.Apesar do consumo de drogas, da desistência do seu curso e de uma vida

instável a nível amoroso, tendo até não reconhecido uma filha durante dois anos, Jobs sempre se mostrou irredutível quanto ao seu caminho – o de um

futuro empresário cheio de ideias e juventude que se poderia revelar promissora.

Começando a trabalhar numa garagem com os seus amigos, aca-bou por fundar uma das empresas com mais valor atualmente. No

dia 1 de Abril de 1976 nasce a empresa Apple Computer Inc. pelas mãos de Steve Jobs, Steve Wozniak e Ronald Wayne.

O primeiro sucesso da empresa foi a Apple II, tendo sido o primeiro computador a vir dentro de uma caixa de plástico,

dado que antes as peças eram vendidas em separado. Em 1984, chega o Macintosh, uma revolução a nível da interface gráfica. Po-

rém nem tudo corre bem e Steve é despedido da Apple em 1985, por ter perdido a disputa da presidência da empresa. Embora sentindo-se

perdido, Jobs acaba por declarar que foi a melhor coisa que lhe pode-ria ter acontecido e assim decide fundar a sua própria empresa, NeXT Computer, destinada ao fabrico de computadores para universidades e investigação científica. Outro investimento que se veio a revelar de ouro

foi o da compra à Disney da empresa de animação The Graphics Group, em 1986, que se veio a chamar Pixar.

É então, em 1996, que Steve Jobs é convidado a voltar para a Apple, com a condição de esta lhe comprar a sua empresa e o seu software, no cargo de presidente.

«As pessoas não sabem o que querem até lho mostrarmos», são palavras de Jobs. Embora tenha sido alvo de algumas críticas iniciais pelo preço elevado de alguns dos seus produtos e da dúvida que os consumidores aderissem, estas palavras revelam como foi um visionário. O sucesso não poderia ser mais estrondoso.

É imensa a gama de produtos: iMac, Power Mac G4, Power Mac G4 Cube, iPod, iMac G4, PowerBook G4 Aluminio, Mac Mini, iPod Nano, Apple TV, iPhone, iMac G5, MacBook Air, iPad, iPod Touch. O mais recente iPhone 4 obteve pré-encomendas que atingiram um milhão de unidades em apenas um mês. Steve levava-os para casa e testava-os afincadamente, como perfeccionista que era. Todos estes produtos, que ao longo dos anos vieram a despertar cada vez mais a atenção dos consumidores e a aumentar o número de fãs da marca, pelo design, pela sua elegância, fizeram com que a Apple se tornasse naquilo que é hoje – uma empresa que muitos equiparam à Microsoft.

Em 2003, este líder de espírito perseverante e forte demonstrou não ser invulnerável e foi-lhe então diagnos-ticado cancro no pâncreas. Após o fracasso do transplante de fígado, a sua saúde foi-se degradando, ficando

Investigador português é premiado por resultados de estudo sobre ótica

O investigador português Bruno Romeira, doutorado na Universida-de do Algarve, recebeu o prémio IEEE Photonics Society Graduate Student Fellowship pela sua investi-gação sobre a conversão de sinais elétricos em sinais óticos.

Este prémio de elevado prestígio a nível internacional “reconhece o mérito e distingue a excelência do trabalho desenvolvido na área da fotónica ao longo do período de doutoramento”, explicou o investi-

gador.Bastante importante para a in-

vestigação nacional no que respeita à Ciência e Tecnologia, este é um notável trabalho que consiste na “conversão de sinais elétricos em si-nais óticos e vice-versa, assim como a geração e controlo de sinais ca-óticos, cujas áreas de aplicação in-cluem novos sistemas de comunica-ção sem fios combinados com fibra ótica e outras aplicações inovado-ras”, adianta o investigador.

Foto: Ciência HojeDe modo a conseguir adquirir

impacto na investigação realizada em Portugal, este investigador es-clarece que a principal dificuldade “reside em obter um financiamento sustentado, especialmente nas Uni-versidades mais pequenas como a Universidade do Algarve, que per-mita o desenvolvimento de uma li-nha de investigação a médio pra-zo”. André Santos

Governo cria Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia

Segundo o Orçamento do Esta-do para o próximo ano de 2012, o Governo compromete-se a criar um Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, sendo que este irá ser “constituído, na sua maioria, pelos melhores cientistas e empreendedo-res do país”.

Foto: Imagens Google O Governo prevê introduzir mo-

dificações drásticas no modelo de fi-nanciamento das Unidades de Inves-tigação, de tal modo que pretende concentrar e gerar maiores apoios financeiros onde eles são cientifica-mente mais rentáveis, no setor da Ciência que tem vindo a ser alvo de reduzido empreendedorismo nos úl-timos anos.

Pretende-se “promover a inicia-

tiva individual dos investigadores e incentivando a competitividade das instituições para o acolhimento dos investigadores e projetos de maior valor”. A despesa consolidada do Ministério da Educação e Ciência atinge um montante de 8.162 mi-lhões de euros, representando uma quebra de 9,6% face à estimativa de 2011. André Santos

CiênCia e teCnologias CiênCia e teCnologias

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Serra do Gerês – o tesouro do norteO Gerês é há mais de um século um símbolo de harmonia entre o Homem e a natureza. Rico em paisagens de cortar a respiração, é um dos mais importantes destinos turísticos nacionais.

O Parque Nacional da Peneda--Gerês está repleto de ribeiros de água cristalina, de bosques e de ar puro, bem com de inóspitas mon-tanhas de granito moldadas pelo tempo. Tem como missão assegurar a preservação dos valores patri-moniais, sobretudo dos ecossistemas existentes nos seus 270 km². Dispõe de atividades ao ar livre, produtos e serviços que são um escape às vidas atuais tão agitadas. «Há sítios no mundo que são como certas existên-cia humanas: tudo se conjuga para que nada falte à sua grandeza e perfeição. Este Gerês é um deles», considera Miguel Torga, no Diário VII.

Esta joia portuguesa tem carac-terísticas históricas que se revelam à medida que se atravessam trilhos e caminhos pedestres. São dezenas de quilómetros a percorrer, que pos-sibilitam aos amantes da natureza usufruírem do património natural e patrimonial de Terras de Bouro, em toda a sua plenitude. A fauna com-posta por 226 espécies de verte-brados representa a diversidade merecedora de destaque a nível nacional e internacional, protegidas pela Convenção de Berna. A sua di-versidade atrai não só adeptos do turismo rural, mas também amantes do turismo religioso, termal e náutico.

Situado na freguesia de Rio Cal-do, o Santuário de São Bento da Porta Aberta é desde há muitos anos, uma referência incontornável da vida do Concelho de Terras de Bouro. Conjuntamente com o Gerês, o Parque Nacional e a Geira (Via Romana) é um polo de atração e ver-dadeiro ex-líbris de Terras de Bouro, potenciando o desenvolvimento eco-nómico da região onde a natureza, o património, o termalismo, a gas-tronomia e o artesanato se conjugam num produto turístico de excelência.

As termas localizadas num vale arboriforme, entre lagos e monta-nhas, proporcionam um ambiente e paisagens encantadores. A his-tória das termas remonta ao início do século XVIII, data da construção do primeiro estabelecimento termal. Atualmente, a estância está dotada de diversas tecnologias propícias ao tratamento da diabetes, fígado, hi-pertensão arterial, obesidade, vesí-cula, entre outros. Proporciona ainda tratamentos focados no emagreci-mento e no relaxamento e antisstress.

A gastronomia local compõe-se de inúmeras iguarias como bifes de presunto, enchidos, papas de sarra-bulho, rojões, cozido de feijão com couves da zona de Rio Caldo, entre outros. Na doçaria destacam-se pe-tiscos como o bolo de bolacha com

doce de ovos, os pastéis de Santa Eufémia, a torta de laranja de Ama-res, entre outros doces tradicionais. São vários os restaurantes onde os visitantes podem deliciar-se com todos estes pratos e muitos mais. A qualidade e a simpatia no serviço são as principais características vi-venciadas.

A serra do Gerês destaca-se tam-bém pelos alojamentos que propor-ciona a quem pretende uma estadia rodeada de natureza. Estão dispo-níveis hotéis, pousadas, pensões e parques de campismo, bem como ca-sas de turismo de habitação, o que agrada a todas as carteiras. Os pre-ços variam consoante a duração da estadia e os serviços solicitados. No entanto, têm em comum as mais be-las paisagens que o Minho tem para oferecer.

Complemente a sua visita com as atividades que estão à sua disposi-ção em vários locais. Poderá requisi-tar equipamentos e instrutores para a prática de modalidades como o BTT, a canoagem, o montanhismo, os passeios a cavalo, o rapel e o tiro, entre outros. Existem ain-da lojas de exposição de artesana-to que estão destinadas a oferecer uma recordação material das tradi-ções vistas e vividas durante o pas-seio pelo Gerês. Patrícia Sequeira

Yoga, um caminho para o bem-estarAtualmente vive-se num clima de stress diário que nos leva a precisar de métodos que nos preparem para enfrentar o mundo. O yoga pode-nos ajudar nesse sentido, oferecendo-nos a tranquilidade que tanto procu-ramos.

O yoga nasceu na Índia há cerca de 5000 anos. Muito mais do que uma atividade física, é um modo de vida que segundo a professora de yoga Mafalda Rodrigues “é um sis-tema muito complexo que trabalha o ser humano em profundidade”.

Este «modo de vida» não tem res-trições de idade, as aulas são pra-ticáveis por bebés, adultos e idosos, contudo a melhor idade para come-çar a frequentá-las é sobretu-do a partir dos sete anos, como explica a professora de yoga: «A partir dos sete anos de idade as crianças já têm mais capacidade de assimilar o que são os valores do yoga (...) a partilha, a humildade. São idades em que é importante ter certos va-lores. A partir dos sete anos eles já conseguem assimilar um pouco isso.» Relativamente a idades mais avan-çadas «as aulas para idosos são ótimas, os idosos sentem-se bastan-te bem, começam a ter uma melhor mobilidade física, começam a ter um sono biológico mais profundo, só trás benefícios.»

Em relação a pessoas que sofrem de problemas de costas, estas não causam qualquer entrave à prática de yoga, bem pelo contrário, como sugere Mafalda Rodrigues. «O yoga é ótimo para problemas de

costas, dores musculares, mesmo até a nível da coluna há certas posições do yoga que nos ajudam a corrigir possíveis desvios». Porém, é neces-sário sempre o acompanhamento de um professor, para que o aluno faça apenas os exercícios mais indicados para o seu problema.

Para uma melhor absorção dos muitos benefícios que o yoga ofe-rece, físicos, mentais e espirituais, como normalização do peso, au-

mento da vitalidade e longevidade, crescimento da autoestima, aumento da consciência corporal, estabilida-de mental e emocional, diminuição dos estados depressivos, entre mui-tos outros, a sua prática tem de ser frequente. A professora Mafalda aconselha que o aluno pratique a modalidade duas vezes por semana, cerca de uma hora cada, e que com o acompanhamento de um profissio-nal continue o seu trabalho em casa, fazendo exercícios de respiração, posições do yoga e o mais importan-te trabalhe os valores sociais e pes-soais como a humildade, a aceitação e o respeito pelos outros.

O yoga é frequentemente asso-ciado à união entre a mente e o cor-po, é uma modalidade que vê o ser humano como um todo, trabalhando assim várias áreas sociais, afetivas e motoras como a respiração, a meditação, o equilíbrio, a postura, a flexibilida-de, a força e os valo-res. Um praticante pode portanto esperar do yoga «uma melhor saú--de física, um maior equilíbrio, uma maior longevidade, mais aceitação, uma melhor conexão com tudo à sua volta, mais capacidade de decisão, mais segurança, e sobretudo conhe-cer-se a si próprio melhor». Linda Cunha

FísicosNormalização do peso Melhoria da postura e flexibilidade Aumento da capacidade pulmonarEstabilidade do ritmo cardíaco e pressão arterialAumento da vitalidade e longevidadeAumento da forçaNormalização dos quadros de insónias Combate úlceras gástricas e enxaquecas

MentaisMelhoria da memória e concentraçãoMelhoria da aprendizagemDiminuição de estados depressivosMaior estabilidade mental e emocionalControle da ansiedade e stressBem-estar interiorMaior capacidade de socializaçãoMaior capacidade de resolução de pro-blemasMelhor aceitação dos factos da vidaAtitude positivaPaz interiorMelhor autoestimaAumento da consciência corporal

Em síntese, os benefícios do Yoga são os seguintes:

lazer e turismo lazer e turismo

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Benefícios do riso para a saúdeAs risadas podem combater a depressão, a angústia e a falta de auto estima, que são muito comuns nos dias de hoje.

Todos nos sentimos bem depois de uma sessão de riso. Mas será que para além da sensação agradável que provoca, faz realmente bem à saúde? O velho ditado, que diz nos diz que «rir é o melhor remédio», faz sentido?

A verdade é que os risos têm um grande e positivo impacto no corpo humano. “Quando rimos, rimos com o corpo todo”,afirma William Fry

– psiquiatra da Universidade de Stanford .

Numa rota ao organismo, uma simples risada elimina resíduos pul-monares, aumenta a circulação san-guínea, reduz a pressão arterial e o stress. Pesquisas comprovam ain-da que as gargalhadas sãs podem produzir efeitos idênticos aos de uma ida ao ginásio, pois quando rimos exercitamos os músculos do

nosso corpo, nomeadamente a zona abdominal.

Para além dos benefícios fisioló-gicos, o riso desenvolve uma atitude positivista perante a vida. As risa-das podem combater a depressão, a angústia e a carência de auto es-tima. Os resultados são convidativos para passarmos o dia a rir, pois este parece ser mesmo o melhor re-médio. Julia Sarkozi

Segundo o mentor do evento, Dr. António Almeida Pires, diretor geral do Grupo Pedras e vice-presidente da ERTA, esta é uma iniciativa com-pletamente inovadora, pois os par-ticipantes poderão fazer o percurso a pé, de bicicleta, de segway, em eco-buggie, ou numa outra solução que pensem e que se possa adap-tar.

Durante o percurso, participa-rão técnicos habilitados para dar informações sobre a fauna e flora que forem encontrando e serão lan-çados concursos nas mais variadas vertentes: prova fotográfica, prova de doces regionais, provas despor-tivas, entre outras.

Para além do caráter lúdico da iniciativa, os seus organizadores pretendem também avaliar o esta-do de conservação do percurso e os pontos negativos do mesmo: lixos, degradação de equipamentos, si-nalética, etc. Lisa Coelho

No Algarve as iniciativas turísticas não param

No âmbito do turismo de nichos e da dinamização de novos produtos turísticos com potencial na região algarvia, o Grupo Pedras vai rea-lizar, no dia 13 de novembro, um programa misto de Cicloturismo/Turismo de Natureza, que compre-ende um circuito de ligação entre os resorts turísticos Pedras da Rai-nha (Cabanas de Tavira) e Pedras d’El Rei (Santa Luzia), pela ecovia.

lazer e turismo lazer e turismo

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Mundo Contemporâneo

O “Mundo”, na tua mão.