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Monte da Azinheira: uma ocupação rural moderna em pleno coração alentejano
(Alvito, Beja)Ângela Araújo [email protected] Magalhães [email protected]
Sítio arqueológico do Monte da Azinheira: distrito de Beja, concelho de Alvito, freguesia de Alvito, lugar do Monte Branco.
Monte da Azinheira: uma ocupação rural moderna em pleno coração alentejano (Alvito, Beja)
Carta militar portuguesa, escala 1:25000, nº488 e 498.
Enquadramento: administrativo, geográfico e geológico
A área do projecto implanta-se no Maciço de Beja, mais concretamente na zona dos Pórfiros de Baleizão. A sua heterogeneidade levou ao seu agrupamento em «pórfiros» (dacitos e riodacitos) e «granófiros».
Há já algumas datações radiométricas que indicam idade Namuriana, podendo-se alargar o espectro global do conjunto ao Carbónico.
Carta geológica de Portugal, folha nº 8, escala 1/200000 .
- Projecto de construção do Dispositivo de Segregação de Águas da Barragem de Odivelas;
- 1ª fase – 90m²- 2ª fase – 60m²- Total de 150m² - Na primeira fase foram abertas sondagens dentro e fora da estrutura e na área de afectação do projecto de obra;
- Na segunda fase apostou-se na área mais próxima à afectação e que durante a primeira fase indiciou mais informação arqueológica;
Monte da Azinheira: uma ocupação rural moderna em pleno coração alentejano (Alvito, Beja)
Monte da Azinheira – Plano geral da estrutura escavada
Compartimento 1
Monte da Azinheira: uma ocupação rural moderna em pleno coração alentejano (Alvito, Beja)
Compartimento 2
Compartimento 3
Compartimento 4
Compartimento 5
Interior da estrutura - Compartimento 2
Monte da Azinheira: uma ocupação rural moderna em pleno coração alentejano (Alvito, Beja)
- Estratigrafia bastante simples;
- Estrutura de combustão que permitiu identificar o nível de ocupação;
- O estrato de enchimento assentava directamente na rocha base;
- Tal como verificado em todos os outros compartimentos, era um estrato de enchimento cheio de telha fragmentada;
- Registou-se a construção de um “soco”, muito utilizado nas habitações em taipa (Correia, 2007);
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Interior da estrutura - Compartimento 2
- Único que foi integralmente escavado;
- Foram identificadas duas entradas – acesso ao exterior ao compartimento 2;
- Indícios de empedrado entre as entradas, assim como no compartimento 4;
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Interior da estrutura - Compartimento 3
Monte da Azinheira: uma ocupação rural moderna em pleno coração alentejano (Alvito, Beja)
Organização espacial
Compartimento 2
Compartimento 3
Compartimento 4Compartimento 5
Compartimento 1
Entrada 1
Entrada 2
- No exterior da habitação foram registadas duas zonas empedradas: uma delas dá acesso ao interior do compartimento 3; a outra dá acesso ao compartimento 5;
- A uma delas era sobreposto um piso em argila, também bastante afectado;
- Também aqui podemos depreender a utilização do espaço;
Monte da Azinheira: uma ocupação rural moderna em pleno coração alentejano (Alvito, Beja)
Exterior da estrutura
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CategoriaInserção
Cerâmica Comum
CerâmicaBrunida
Engobe Cerâmica Vidrada
Faiança Porcelana Esmaltada
Sondagem 1 U.E. 100 1 1 1U.E. 114 2
Sondagem 2 U.E. 200 26 4 13 2 5U.E. 207 1 2
U.E. 217 1
Sondagem 3 U.E. 300 319 20 9 64 57 36Sondagem 4 U.E. 400 231 1 30 12 35Sondagem 5 U.E. 500 40 2 61 1Sondagem 6 U.E. 600 4Sondagem 7 U.E. 700 14 1Sondagem 8 U.E. 801 156 10 1 2 16Sondagem 9 U.E. 900 90 84 11 44 106 1 15
U.E. 901U.E. 902U.E. 903U.E. 904U.E. 905U.E. 909
255
11814
21
413
14615
320
850
45
259
593
2 7152
Sondagem 10 U.E. 1000 17 2 1 3U.E. 1001 3
U.E. 1004U.E. 1014
1 41
12
58 2
Sondagem 11 U.E. 1100U.E. 1104U.E. 1106U.E. 1120
1011623
1004
3519
1232
5313
813918
1944
TOTAL 1203 494 62 277 497 3 165
Material Arqueológico
-Pouco material arqueológico;
- Bastante fragmentado;
-Cerâmica – 86.5% de todo o material arqueológico recolhido em toda a escavação (se excluirmos o material de construção);
- Para além de cerâmica foram recolhidos alguns líticos, metais e fauna bastante fragmentada;
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Material Arqueológico: faiança
Estabelecendo paralelos com o material recolhido noutras escavações principalmente no Porto (MNSR, 2001):
- 1ª metade séc. XVI, associado a diferentes séries esmaltadas andaluzas, cujo principal centro produtor é Sevilha (pouco fragmentos);
- Faiança “malagueira” associada à segunda metade do séc. XVI e de produção nacional;
- Faianças com pintura a azul que remetem para o séc. XVII:
- Associadas ao aumento de produção da chamada faiança portuguesa e que introduzem importantes inovações técnicas ao nível da qualidade das pastas, vidrados, tipos de formas e à temática da organização decorativa;
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Material Arqueológico: vidrado, metal e líticos
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Monte da Azinheira: breves conclusões
A estrutura escavada revela uma área habitacional (Monte Alentejano) com uma área central com pelo menos três compartimentos, a partir de onde o monte terá crescido, com a construção de vários anexos;
Grande parte do material cerâmico foi recolhido na área exterior entre as duas entradas do monte alentejano;
Através do material recolhido foi possível situar cronologicamente o sítio entre o século XVI e o século XVII, sem qualquer tipo de ocupação anterior ou posterior;
A escavação no Monte da Azinheira veio trazer-nos um melhor enquadramento sobre o povoamento rural moderno alentejano, que se encontra ainda muito mal conhecido;
Referências na apresentação:
- CORREIA, Mariana (2007) – Taipa no Alentejo – Rammed Earth in Alentejo. Lisboa, Argumentum.
- Museu Nacional de Soares dos Reis [MNSR] (Org. e Coord.) (2001) – Itinerário da Faiança do Porto e Gaia. Lisboa, Copyright IPM.
Monte da Azinheira: uma ocupação rural moderna em pleno coração alentejano (Alvito, Beja)
Bruno Miguel Silva Magalhã[email protected]
Ângela Cristina Teves Araú[email protected]