monografia vinculos afetivos
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vínculos afetivos, muito boa essa tese da suziTRANSCRIPT
USP – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
UNIVESP – UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
NASCE – NÚCLEO DE APOIO SOCIAL, CULTURAL E EDUCACIONAL
POLO: EACH LESTE
SUSI CRISTINA LOPES
O vínculo afetivo nas práticas pedagógicas
São Paulo
2013
SUSI CRISTINA LOPES
O vínculo afetivo nas práticas pedagógicas
Trabalho de Conclusão de curso apresentado
ao curso de pós-graduação Latu-sensu em Ética,
Valores e Cidadania na Escola oferecido pela
Universidade de São Paulo em parceria com a
UNIVESP e NASCE.
Tutora Orientadora Doutoranda Kenya Paula
São Paulo
2013
1 INTRODUÇÃO
2 QUADRO TEÓRICO
2.1 O PAPEL DA ESCOLA
No presente capítulo, abordaremos o papel da escola, tendo como parâmetro
inicial um breve histórico das propostas educacionais.
Ao longo de sua história a educação passou por uma série de transformações
e mudanças, onde cada geração deu nova forma às aspirações que modelaram a
educação em seu tempo.
Segundo a Lei Federal nº 5.692, de 11 de Agosto de 1.971, o objetivo geral da
educação seria é o de proporcionar aos educandos a formação necessária ao
desenvolvimento de suas potencialidades, como elemento de realização pessoal,
preparação para o trabalho e para o exercício consciente da cidadania. Também
dentro de sua proposta generalizou o currículo, tornando-o núcleo comum
obrigatório e paradoxalmente manteve uma parte diversificada, a fim de contemplar
as peculiaridades e especificidades locais, dos planos de ensino e as diferenças
individuais de cada educando.
Pautados no objetivo geral que a lei acima propõe, podemos nos reportar a
Sandstrom(1973), que faz as seguintes considerações:
”A escola é um instrumento da sociedade. Sua função é incutir às
novas gerações, de um modo metódico, os dotes, as capacidades,
os conhecimentos e a compreensão que terão importância para os
jovens quando mais tarde passarem a trabalhar na
sociedade .Espera-se que a escola transmita aos seus alunos os
mais importantes valores básicos da sociedade.”
Discutindo o que o autor nos aborda Estudando as colocações do autor citado
juntamente com a e diante da lei mencionada podemos perceber claramente que a
formação básica do indivíduo e o desenvolvimento de suas potencialidades estão
intimamente interligados ao papel social que a escola deve desempenhar
preparando o educando para o exercício consciente da cidadania.
Seguindo ao o histórico inicial das propostas educacionais, passaremos a as
novas propostas que foram surgindo e sendo reformuladas nos anos 80, a fim de
unificar as propostas curriculares estaduais, municipais e particulares.
Em 1990 aconteceu Outra proposta, igualmente apresentada em 1990, em
Jomtien, na Tailândia, foi a Conferência Mundial de Educação para Todos.
Conferência esta que o OBrasil participou, ativamente desta conferência, e teve
trouxe como resultado a apreciação proposta de uma luta em tornar a educação
fundamental universal, ampliando assim as oportunidades de aprendizagem para
todos. (http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf - coloque
alguma coisa que explique o que seja a educação fundamental universal)
Pensando na Conferência Mundial de Educação para Todos, podemos
nos fundamentar resumir em uma frase nas palavras de Davis e Oliveira
(1991) quando dizem queo objetivo fundamental, nesse momento da história
da educação:
“Ora, para garantir a todas as crianças uma efetiva igualdade de
oportunidade para aprender, a escola que se quer democrática deve
atender a diversificação da sua clientela.”
Já o Plano Decenal de Educação para Todos (1993 / 2003) consistia no
compromisso do Estado em elaborar parâmetros claros no campo curricular capazes
de orientar as ações educativas do ensino obrigatório, de forma a adequá-los aos
ideais democráticos à busca da melhoria da qualidade de ensino nas escolas
brasileiras.
A LDA Ainda podemos abordar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional é a Lei Federal nº 9.394, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB), que assegura e estende o dever ao poder público para com a educação em
geral e em particular o ensino fundamental, onde no artigo 22 a mesma lei propõe
que:
“Artigo 22º. A educação básica tem por finalidades desenvolver o
educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o
exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no
trabalho e em estudos posteriores."
Aqui a lei concede ao ensino fundamental um caráter ”definitivo” e
simultaneamente contínuo, ou seja, a lei reforça a necessidade de propiciar a todos
a formação básica comum, partindo assim da formulação de diretrizes para nortear
currículos e conteúdos mínimos a serem ministrados para a progressiva ascensão
futura no que diz respeito aos estudos e a ascensão pessoal.
Portanto, diante das diversas propostas apresentadas ao longo do percurso
educacional, pressupomos que basicamente, o papel da escola é possibilitar o
aprimoramento de todas as capacidades do educando, de modo a tornar o ensino
mais humano e ético, ou seja, é trilhar um caminho pautado numa educação
democrática, de qualidade para todos, possibilitando o envolvimento da sociedade,
levando o educando a formar-se um cidadão autônomo, crítico e participativo, tendo
a capacidade de atuar com competência, dignidade, solidariedade e
responsabilidade.
Agora, seguiremos a reflexão que diz respeito sobre os objetivos do primeiro
ciclo de alfabetização, para que possamos compreender melhor como se dá a
aprendizagem a partir desses objetivos.
2.2 OBJETIVOS DO ENSINO FUNDAMENTAL: CICLO INICIAL E CICLO DE
AIFABETIZAÇÃO
Considerando os objetivos deste trabalho de refletir sobre a relevância dos
vínculos da afetividade na aprendizagem, é de suma importância tocar ainda que-
focalizar de forma resumida rapidamente, nos objetivos do ensino fundamental do
nosso país. E, sobretudo nos objetivos do primeiro ciclo de alfabetização, o que
chamamos na Rede Municipal, de Ensino Fundamental de Ciclo I.
Assim, vejamos o que diz a LDB referente aos objetivos que permeiam o
ensino e a aprendizagem do ensino fundamental:
“Artigo 32º. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9
(nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis)
anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão,
mediante:
“I- o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como
meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II- a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político,
da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a
sociedade;
III- o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em
vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de
atitudes e valores;
IV- o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a
vida social” (Redação dada pela lei nº 11.274, de 2006).
É possível perceber que de acordo com a lei o principal objetivo do ensino
fundamental está voltado em entender que a aprendizagem tem como base em seu
processo educacional, o desenvolvimento de uma visão ampla de mundo, onde o
principal objetivo é a formação básica do cidadão, em que esses objetivos se
determinam por meio das capacidades: cognitiva, afetiva, física, sócio cultural,
pessoal, estética e ética, ou seja, uma aprendizagem significativa, pautada nas
relações interpessoais, tendo como elemento norteador uma formação integral.
Ainda, complementando a LDB, podemos mencionar os objetivos elencados
nos Parâmetros Curriculares Nacionais referentes ao ensino fundamental, em que
discutem que os educandos sejam capazes de:
“- Compreender a cidadania como participação social e política,
assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais,
adotando, no dia a dia, atitudes de solidariedade, cooperação e
repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo
respeito;
- posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas
diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de
mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;
- conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões
sociais, materiais e culturais como meio para construir
progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o
sentimento de pertinência ao País;
- conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural
brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e
nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em
diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia
ou outras características individuais e sociais;
- perceber-se integrante, dependente e agente transformador do
ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles,
contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente;
- desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento
de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética,
estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com
perseverança na busca de conhecimento e no exercício da
cidadania;
- conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos
saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e
agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e a saúde
coletiva;
- utilizar as diferentes linguagens- verbal, matemática, gráfica,
plástica e corporal – como meio para produzir, expressar e
comunicar suas ideias, interpretar e usufruir das produções culturais,
em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções
e situações de comunicação;
- saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos
tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos;
- questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de
resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade,
a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando
procedimentos e verificando sua adequação.”
Os parâmetros curriculares acrescentam e solidificam aos objetivos citados
preconizados pela LBD,ou seja, a questão de transmitir ao processo educacional
uma visão integrada de mundo e da realidade, de modo a levar o educando a
compreender que tudo possui uma função específica, sendo que a construção do
conhecimento e todas as suas potencialidades devem leva-lo a função básica
necessária para o exercício da cidadania.
Os parâmetros curriculares, também, apresentam objetivos mais específicos
para o ensino fundamental, quando nos mostram que além do conhecimento e da
compreensão do ambiente social, natural e político que a LDB nos propõe, o
educando deve participar e se posicionar de maneira crítica, responsável e
construtiva frente todas estas questões. Eles também acrescentam São
acrescentados outros objetivos que abordam sobre peculiaridades do Brasil,
valorização e pluralidade do patrimônio territorial, cuidados com o próprio corpo e a
utilização de diferentes linguagens, inclusive os recursos tecnológicos – linguagem
digital.
Ainda assim, todos osOs objetivos, tanto da LDB como dos PCNS dialogam
com questões coletivas, sociais e interacionistas, em que o educando participa e
deve ser fazer presente emprotagonista em vários contextos.
Corroborando com a explicação do parágrafo acima, Vygotsky (1994), nos
diz:
“que os processos de desenvolvimento da criança são
independentes do aprendizado. O aprendizado é considerado um
processo puramente externo que não está envolvido ativamente no
desenvolvimento.”
Portanto, podemos perceber que as relações interpessoais entrelaçam-se
entre o compreender, o conviver e o produzir com os outros, e Vygotsky (1994)
atribuía um papel preponderante às relações sociais nesse processo, tanto que a
corrente pedagógica que se originou de seu pensamento é chamada de
socioconstrutivismo ou sociointeracionismo.
Outra autora que nos apresenta o lugar e a importância do conhecimento, por
meio das relações que os seres humanos estabelecem é Sandra Zákia Sousa, que
salienta:
“ [...] supõe tratar o conhecimento como processo e, portanto, como
uma vivência que não se coaduna com a idéiaideia de interrupção,
mas sim de construção; em que o aluno, enquanto sujeito da ação,
está continuamente sendo formado, ou melhor, se formando,
construindo significados a partir das relações que se estabelecem
entre os seres humanos e desses com a natureza, procurando dar
vazão à dimensão teleológica da ação humana.
A natureza dinâmica, relativa e plural do conhecimento ganha
centralidade, opondo-se à noção de conhecimento como algo
estático, que se traduz em um rol de conteúdos e habilidades a
serem dominados pelos alunos, em um dado tempo, de modo
cumulativo, desconsiderando-se as diferenças individuais e
socioculturais dos alunos, o que tem resultado, historicamente, em
nosso sistema de ensino, na exclusão e seletividade de parcela
significativa dos que nele ingressam.” (SOUSA, 2000).
Assim, diante de todo o contexto, acreditamos que, para que os objetivos
elencados acima sejam de fato conquistados em todas as dimensões citadas é
necessário se repensar uma proposta educacional adequada às necessidades
políticas, econômicas, sociais e culturais da realidade brasileira, considerando
também, as necessidades pessoais e afetivas do educando, remetendo-o a
situações significativas, a seus reais interesses, e a valores e sentimentos, ou seja,
a dignidade humana, a igualdade de direitos, a solidariedade, ao respeito ao
próximo, a discriminação e equidade.
Ainda pudemos perceber que os ideais de uma escola devem sempre estar
interligados ao seu papel, principalmente quando se pensa nos educandos e em sua
atuação dentro do grupo a que pertencem. A escola sendo um espaço social e
socializador, deve promover indivíduos conscientes e responsáveis pela
transformação da realidade que os cerca.
Portanto neste capítulo pudemos ver que a lei traz como objetivo primordial a
formação básica do cidadão e a expectativa é a de que no ensino fundamental a
aprendizagem dos educandos aconteça numa visão integrada de mundo e da
realidade, em que a formação seja pautada das capacidades cognitiva, afetiva,
física, social, cultural, pessoal, estética e ética, promovendo uma aprendizagem
significativa e imbuída nas relações interpessoais.
Seguiremos no capítulo seguinte com a reflexão sobre aprendizagem e
afetividade, a qual este trabalho se propõe a analisar.
2.3 APRENDIZAGEM E AFETIVIDADE
Este capítulo trata de questões que englobam discussões sobre a afetividade
e seus possíveis impactos no processo da aprendizagem. Para tanto, resolvemos
iniciar com a definição do vamos conceituar termo a afetividade.
De acordo com o minidicionário Aurélio (2009), o verbete afetividade
caracteriza-se na “Qualidade ou caráter de afetivo; relativo a afeto, que tem ou em
que há afeto; afetuoso; afeição, amizade, amor.”
Assim, podemos dizer que a palavra afetividade vem da qualidade de ser
afetivo, ter amizade ou amor, nesse caso, afetividade tem a ver com aproximação e
estreitamento das relações pessoais. São vínculos que vão além da aproximação
física e do carinho. Vínculos, que levam o indivíduo a construção de valores
pautados no respeito mútuo.
Um autor que fala escreve sobre a relaç]ao dos vínculos afetivos e da
aprendizagem é Paulo Freire (2001), que deixa bem claro, quando nos diz que: “o
amor é uma intercomunicação íntima de duas consciências que se respeitam. Cada
um tem o outro como sujeito de seu amor. Não se trata de apropriar-se do outro.”
Nesta citação, Paulo Freire apresenta o afeto como uma relação de respeito,
onde existe o amor entre os pares, sem existir o sentimento de posse, mas sim o
respeito às peculiaridades do outro.
Ainda sobre aSobre a questão da afetividade e do amor e na perspectiva de
Rousseau (1994), que se coloca a afetividade frente às ações e condutas na sala
de aula, agora numa alusão a aprendizagem, ele descreve:
“O aluno deve sobretudo ser amado, e que meios tem um governante
de se fazer amar por uma criança a quem ele nunca tem a propor
senão ocupações contrárias ao seu gosto, se não tiver, por outro,
poder para conceder-lhe esporadicamente pequenos agrados que
quase nada custam em despesas ou perda de tempo, e que não
deixam, se oportunamente proporcionados, de causar profunda
impressão numa criança, e de ligá-la bastante ao seu mestre.”
Rousseau nos mostra que a afetividade deve se fazer recíproca, tendo o
educador que conceder momentos prazerosos, vinculados ao respeito e as
peculiaridades de cada educando, simultaneamente a isso, fomentar os educandos
ao interesse e a busca pelos estudos e pela aprendizagem.
Frente ao pensamento de Rousseau, Cerizara (1990), ressalta:
“Como a proposta da educação rousseauniana pauta-se por uma
relação contratual entre a criança e o governante, ela pressupõe
igualdade de direitos e deveres, embora distintos entre cada um.
Pressupõe, principalmente, a garantia de respeito mútuo, do direito
ao erro e do dever de reparação. Nada é predeterminado, tudo é
construído numa tentativa pedagógica de harmonizar a
especificidade da criança com as influências do meio, com as
generalidades do desenvolvimento humano.”
Assim como Rousseau, Cerizara acredita numa educação pautada no
respeito mútuo, no conhecimento das peculiaridades de cada criança, onde tanto o
cognitivo como o afetivo estão interligados para a construção de um ser
independente e autônomo.
Dessa maneira, a escola deve contribuir para a ampliação cognitiva crítica e
transformadora do sujeito. E esse processo de construção não deve estar dissociado
da afetividade. Como visto nos PCNS (1997), os quais defendem alguns princípios
norteadores da educação escolar, os quais implicam a igualdade de direitos,
respeito aos direitos humanos, a participação democrática e a responsabilidade pela
vida social.
As diversas abordagens atribuem à afetividade imprescindível valor para o
desenvolvimento psíquico do ser humano. Os vínculos emocionais que se
estabelecem desde o nascimento influenciam na construção da personalidade, do
autoconceito e da autoestima do sujeito, propiciando-lhe ferramentas necessárias à
aquisição da aprendizagem e sua conservação.
Fundamentando a afirmação acima, Sandstrom (1973) nos diz que:
“O pensamento e o sentimento afetam-se mutuamente durante toda
evolução, e alguns psicólogos sustentam ser a vida emocional que
prepara o caminho para o pensamento. Em toda manifestação de
comportamento está subentendida uma necessidade, e a emoção
(ou sentimento) está presente em todas as atividades em que um
indivíduo empenha.”
Refletindo no pensamento de Sandstrom (1973), onde ele relaciona o
sentimento a todas as atividades que o individuo desempenha, podemos confluir,
segundo, Oliveira (1993) quando menciona um dos pilares básicos do pensamento
de Vygotsky: “o funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações sociais entre
o indivíduo e o mundo exterior, as quais desenvolvem-se num processo histórico.”
Podemos entender que a relação do ser humano com o mundo interfere em
seu desenvolvimento integral, tendo o emocional, ou seja, os sentimentos uma
relevância fundamental para esse desenvolvimento, já que estão presentes em
todas ações do indivíduo.
Assim, a autora ainda nos coloca que: “o ser humano cresce num ambiente
social e a interação com outras pessoas é essencial a seu desenvolvimento”
(OLIVEIRA 1993). E “a interação entre os alunos também provoca intervenções no
desenvolvimento das crianças”.
Um outro autor que defende que a interação com meio ambiente é essencial
ao desenvolvimento é Alexander Romanovick Luria, quando ele nos diz:
“o ser vivo começa a ‘orientar-se’ no meio ambiente, a reagir
ativamente a cada mudança que neste se processa, ou seja, começa
a adquirir formas de comportamento individualmente variáveis, que
não existiam no mundo vegetal.”( LURIA, p. 32 1979).
Davis e Oliveira (1991) também discutem em sua obra que:
A aprendizagem é o processo através do qual a criança se apropria
ativamente do conteúdo da experiência humana, daquilo que o seu
grupo social conhece. Para que a criança aprenda, ela necessitará
interagir com outros seres humanos, especialmente com os adultos e
com outras crianças mais experientes. Nas inúmeras interações em
que se envolve desde o nascimento, a criança vai gradativamente
ampliando suas formas de lidar com o mundo e vai construindo
significados para as suas ações e para as experiências que vive.
Com o uso da linguagem, esses significados ganham maior
abrangência, dando origem a conceitos, ou seja, significados
partilhados por grande parte do grupo social. A linguagem, além
disso, irá integrar-se ao pensamento, formando uma importante base
sobre a qual se desenvolverá o funcionamento intelectual. O
pensamento pode ser entendido, desta forma, como um diálogo
interiorizado.
Diante de tantas afirmações, podemos reconhecer efetivamente que as
relações interpessoais balizam o processo de aprendizagem e estão imbuídas por
vínculos afetivos.
Nesse sentido é interessante retomar aqui as ideias de outros autores que
demonstraram particular relevância para a educação e conferiram a afetividade
prioridade no processo evolutivo.
Como já foi visto Jean Piaget e Lev Vygotsky em seus diversos estudos,
também confrontavam a afetividade com o cognitivo, mas foi o educador francês
Henri Wallon (1968, 1971, 1978), que estudou minuciosamente esse assunto. Em
seus estudos, ele não sobrepõe o cognitivo como principal elemento para o
desenvolvimento, mas defende sim, que a vida psíquica é formada por três
dimensões – motora, afetiva e cognitiva – que se completam e interagem
simultaneamente.
Galvão (1996, p.11), baseado nas ideias de Wallon diz que:
“ Wallon numa perspectiva abrangente e global, investiga a criança
nos vários campos de sua atividade e nos vários momentos de sua
evolução psíquica. Enfoca o desenvolvimento em seus domínios
afetivo, cognitivo e motor, procurando mostrar quais são, nas
diferentes etapas, os vínculos entre cada campo e suas implicações
com o todo representado pela personalidade”
.
Wallon (1968), defende que o processo de evolução depende tanto da
capacidade biológica do sujeito quanto do meio que ele interage, sendo que o
ambiente em que vive permitirá a ampliação de suas potencialidades.
Assim como Piaget (1999), Wallon divide o desenvolvimento em etapas. E ao
longo dessas etapas, a afetividade e a Inteligência se alternam. Essas mudanças
não significam, no entanto, que uma das funções desaparece.
Diante disso Wallon destaca que:
"apesar de alternarem a dominância, afetividade e cognição não se
mantém como funções exteriores uma à outra. Cada uma, ao
reaparecer como atividade predominante num dado estágio, incorpora
as conquistas realizadas pela outra, no estágio anterior, construindo-
se reciprocamente, num permanente processo de integração e
diferenciação.” (Galvão, 1996).
Seguindo o pensamento dos teóricos citados acima, Fernández (1991, p.47)
também acredita que toda aprendizagem é imbuída de afetividade, partindo da ideia
que a aprendizagem advém da interação com o meio social.
Portanto, em todo o contexto apresentado neste capítulo, pressupomos que a
afetividade está presente em todos os contextos da vida e da formação humana e é
realmente imprescindível para que aconteça uma aprendizagem significativa e
fidedigna.
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