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TIAGO PIAZZA TOMADA DE DECISÃO E ANÁLISE DE RISCO Monografia apresentada ao Curso de MBA Executivo, COPPEAD, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial para graduação no curso. Coordenador: Profa. Me. Luciana Velloso

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TIAGO PIAZZA

TOMADA DE DECISÃO E ANÁLISE DE RISCO

Monografia apresentada ao Curso de MBA Executivo, COPPEAD, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial para graduação no curso.

Coordenador: Profa. Me. Luciana Velloso

RIO DE JANEIRO2013

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES......................................................................................... IIIRESUMO.................................................................................................................... IV1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................62 DECISÃO...............................................................................................................82.1 O CRESCIMENTO E A MOTIVAÇÃO................................................................8

2.2 TEORIA DE CRESCIMENTO.............................................................................9

2.3 FINANCEIRO....................................................................................................10

2.4 SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO....................................................................15

2.5 MÉTODO QUALITATIVO..................................................................................24

3 CONCLUSÕES....................................................................................................30REFERÊNCIAS.........................................................................................................32

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - VPL – VALOR PRESENTE LÍQUIDO...............................................12TABELA 1 - FLUXO DE CAIXA DE UM PROJETO DE VENDA DE PRODUTO. 14TABELA 2 - VARIÁVES DE ENTRADA / CONDIÇÕES DE CONTORNO...........14TABELA 3 - CENÁRIOS POSSÍVEIS....................................................................14FIGURA 2 - MODELAGEM POR CENÁRIO (DETERMINÍSTICO).......................16FIGURA 3 - MODELAGEM POR SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO

(ESTOCÁSTICO).................................................................................................16FIGURA 4 - ESCOLHA DE DISTRIBUIÇÃO (DAMORAN, 2013)........................19TABELA 4 - DISTRIBUIÇÕES TRIANGULARES.................................................19GRÁFICO 1 - DISTRIBUIÇÃO DE VPL E FREQUENCIA ACUMULADA...........20TABELA 5 - ANALISE DE SENSIBILIDADE USANDO CORRELACAO.............22FIGURA 5 - COEFICIENTE DE PEARSON..........................................................22GRÁFICO 2 - GRÁFICO TORNADO DAS CORRELAÇÕES..............................22TABELA 6 - CORRELAÇÃO – REGRESSÃO LINEAR........................................24TABELA 7 - ITERACAO QUE DEMOSTRA A FUNCIONALIDADE DA

REGREÇÃO LINEAR..........................................................................................24FIGURA 6 - MÉTODO AHP – CENÁRIO DE DECISÃO.......................................26FIGURA 7 - MATRIZES DE DECISÃO AHP........................................................27FIGURA 8 - CONCLUSÃO E HIERARQUIZAÇÃO NO MODELO AHP...............27

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RESUMO

ANALISE DE RISCO PARA TOMADA DE DECISÃO

Objetivo: Discutir o processo de tomada de decisão dentro do ambiente empresarial. A todo instante, executivos precisam decidir algo em prol da empresa – mas como isso acontece? Tomamos milhares de decisões por dia desde o momento que acordamos até a hora de dormir, mas no trabalho, decisões estratégicas, que revelam a política, a missão e o contrato social da empresa, devem ser tomadas com consciência e técnica. Grosso modo, podemos organizar os fatore que vão pesar numa decisão em qualitativos ou quantitativos. Qualitativos tendem a carregar um peso maior de subjetividades e experiências pessoais. Analise quantitativa, por si, é mais técnica, precisa (não exata, necessariamente), trabalhosa e requer também experiência. Métodos como AHP (Analytic Hierarchy Process), Árvore de Decisão, Análise de Cenários e Método de Simulação de Monte Carlo são exemplos de ferramentas. Revelar os riscos e sua severidade é de suma importância no suporte à decisão do executivo, e essas ferramentas auxiliam nesse processo.

Descritores: Monte Carlo, AHP, Cenários, Planejamento com Cenários, Tomada de Decisão, Risco.

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1 INTRODUÇÃO

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INTRODUÇÃO

1 INTRODUÇÃO

Iniciar um projeto, uma empresa, ou incluir novos produtos ou serviços em

um negócio já existente é uma decisão desafiadora, que requerer antes de tudo,

escolher abandonar um estado para se lançar a outro. Esse estado pode ser de

tranquilidade, um voo em velocidade de cruzeiro, ou não, a empresa pode estar

passando por dificuldades e mudanças passaram ser imperativas.

Há uma gama de métodos que auxiliam na avaliação do retorno que o

investimento potencial pode trazer. A análise econômica se debruça sobre o

investimento financeiro e seu potencial de retorno como os indicadores clássicos

VPL (Valor Presente Líquido), TIR (Taxa Interna de Retorno) e Payback. Outra

abordagem também clássica é realizar estudo de cenários, ou possibilidades que

possam mudar esses indicadores baseado em conjunturas, experiências ou

incertezas de mercado.

Conhecer os motivos que levam uma empresa a querer tomar decisões de

investimento/crescimento, os métodos que podem ser aplicados – sendo qualitativos

ou quantitativos - e como os riscos envolvidos podem ser reduzidos (identificação

dos mesmos), é uma habilidade de muito valor para um executivo.

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decisão

2 DECISÃO

2.1 O CRESCIMENTO E A MOTIVAÇÃO

O processo de decisão deve ser alinhado com o Estatuto da Empresa, que,

esta para a empresa, assim como a Constituição está para o Brasil (BALTHAZAR,

2013). O estatuto precisa ser bem conhecido pelos executivos, uma vez que nele

pode haver oportunidades, assim como ameaças (BALTHAZAR, 2013). Definidos

quem são os responsáveis (diretores), prazos para o funcionamento, o com objeto

social bem descrito, dentre outros; a empresa define ou identifica, sob esse guarda-

chuva do estatuto, sua missão e visão.

A missão é a orientação da empresa de dentro para fora – para a sociedade

e indivíduos. O desejo dos consumidores que deverão guiar a oferta de serviços ou

produtos. Essa orientação precisa ser conhecida, praticada, vivenciada por todos na

organização, pois trata-se de um posicionamento de longo prazo, que busca, dentre

outras coisas, passar credibilidade ao mercado (COSTA, 2008).

A visão corresponde àquilo que a empresa quer criar (COSTA, 2008). É

relativo aos valores centrais da organização e tem um direcionamento interno, para

seus colaboradores, busca inspirar e impulsioná-los.

Logo, um executivo perspicaz, que conhece o estatuto, a missão, a visão –

compreende os valores da companhia, vai ser impelido a tomar decisões que se

alinhem com tudo isso. Não se pode perder o foco, durante a avaliação de projetos,

para uma empresa que se vê altamente tecnológica, automatizada, informatizada,

que negocia uma comoditie com baixa margem, analisando projetos que busquem

criar valor no produto. Ela é tecnológica, trabalha com baixas margens, o foco deve

ser nos processos, pois, nesse exemplo, o produto é simples e negociado por vários

concorrentes. Ou, se a visão da empresa seja ter o maior Market share possível,

sem necessariamente um revenue share expressivo; decisões, esforços para

aumentar o faturamento, ocupando os recursos da empresa, podem levar a perde de

mercado e, no longo prazo, abrir espaço para bons e fortes concorrentes (que era

justamente o que a empresa poderia estar querendo evitar com sua estratégia).

Mesmo que o botton line - como é conhecido o resultado financeiro ‘lucro

líquido’ – (ROSS, 2011) seja o maior foco para quase a totalidade dos

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decisão

empreendedores (que tem visão e compromisso com o acionista); o executivo

precisa conhecer a alinhar os projetos que estão sendo estudados com a

personalidade da companhia.

2.2 TEORIA DE CRESCIMENTO

Precisar crescer é uma afirmação por vezes perigosa, mas ao mesmo tempo

soa muito óbvia. Organizar-se para crescer e sobreviver à concorrência, otimizando

os recursos para prover diferente serviços com melhores rendimentos para melhorar

a produção e receitas é a base da visão penrosiana sobre o crescimento da firma

(LIMA, 1998). A maioria dos executivos quer deixar um legado, uma percepção da

sua administração que faça lembrar o quanto que ele contribuiu para o crescimento

da empresa, para aumento das margens, para melhor utilização dos recursos. E, em

verdade, sob a perspectiva penrosiana, não há duas empresas iguais, pois são

diferentes em recursos, principalmente o recurso: conhecimento (FLECK, 2013). É

dentro da empresa que se criam os recursos necessários para a gestão, controle e

crescimento da firma, mas buscá-lo fora somente traria um limite à velocidade de

crescimento (CORECON, 2013). Tendo o crescimento como algo desejável, saber

fazer escolhas e buscar ferramentas para auxiliar esse ato é de suma importância.

Executivos devem ter o desprendimento e interesse de trazer para a empresa

funcionários com conhecimento e habilidade – o que significa qualidade dos serviços

empreendedores para a companhia (FLECK, 2013).

Se um executivo se resguarda de tomar decisões para manter lubrificadas

as engrenagens de crescimento e manter dinâmica a empresa, os riscos só fazem

aumentar. Chandler pregava que a empresa poderia se tornar autoperpetuante

tendo uma hierarquia gerencial sobre uma coordenação administrativa eficiente dos

recursos, instalações e habilidades (FLECK, 2013). Apesar de contribuições muito

significativas – como a funcionalidade superior de gerentes profissionais aos

proprietários, a visão de Chandler era um tanto limitada sobre o tema auto

perpetuação, pois, procurar conhecer os riscos que os concorrentes - que não tem

nada a perder - representam e buscar escapar da autoperpetuação da mesmice,

podem evitar o caminho da autodestruição (FLECK, 2013).

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decisão

Os recursos, a coordenação eficiente, a hierarquia gerencial, são os

responsáveis por não deixar no esquecimento a necessidade de desenvolver a

capacitação do decisor para que a empresa esteja sempre buscando o crescimento

sustentável e identificação de riscos potenciais.

2.3 FINANCEIRO

A avaliação econômica de projetos visa analisar de forma quantitativa a

melhor decisão do ponto de vista financeiro, maximizando o valor agregado e o

retorno do capital para o investidor (SILVA, 2010). Qualquer empresa tem opções de

investimento, e essas possibilidades podem ou não ter/trazer valor. Decidir qual vale

apena precisa de técnica (ROSS, 2011). Optar por alocar um montante de dinheiro

em um projeto, ao invés de simplesmente investi-lo no mercado, precisa ser

suportado via indicadores comumente aceitos e de fácil entendimento.

Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR) e Payback, são

os três indicadores ou parâmetros mais comumente discutidos na literatura de

análise de viabilidade/riscos de investimentos (GUIMARAES, 2012; LIMA, VIANA,

LEVINO, MOTA, 2008; SILVA, 2010). Os indicadores citados, por si só, auxiliam a

responder à dúvida sobre se um projeto vale ou não a pena o investimento; porém,

dentre vários bons projetos, que valem a pena, podem ser aplicados a fim de

comparar projetos e escolher o que melhor se alinha com a expectativa dos

investidores e executivos da empresa (GUIMARAES, 2012).

Antes de entrar na análise dos indicadores (sua geração é bastante

simples), o executivo precisa alcançar os fluxos de caixa projetados. Essa etapa

requer muita técnica e conhecimento do mercado que esta atuando (LEAL, 2012).

Chegar a um fluxo de caixa descontado de um projeto não é simples, é uma tarefa

multidisciplinar, pois envolve, além de conhecimento de mercado, contabilidade,

habilidade com software e planilhas, composição de custos, cálculo e entendimento

de WACC (taxa de desconto), impostos e taxas, dentre outros. (ROSS, 2011). Em

outras palavras, é um trabalho de construção de um futuro que não deve ser

entregue a um único executivo, mas sim ser construído com o suporte de um time.

O Fluxo de Caixa Livre é composto pelas seguintes entradas (ROSS, 2011;

LIMA, VIANA, LEVINO, MOTA, 2008):

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decisão

Receita Operacional

(-) Custo dos Produtos Vendidos

(=) Lucro Bruto

(-) Despesas Operacionais

(=) Lucro Operacional

(-) Despesas Financeiras

(=) Lucro antes do IR

(-) IR

(=) Lucro Líquido

(+) Depreciação

(-) Amortização do financiamento

(-) Capital de Giro

(=) Fluxo de Caixa Livre

É conhecido como Fluxo de Caixa Descontado o métodos que usa a taxa de

desconto (WACC – weighted averadge cost of capital), que é uma das metodologias

mais utilizadas na avaliação do valor de empresas (MACHADO, 2007). O uso de um

WACC para o projeto todo só é possível para empresas com estrutura de capital

simplificada e estática, do contrário o WACC deveria ser recalculado para cada

período do Fluxo de Caixa (GONÇALVES, PAMPLONA, 2005). Ainda sobre a

composição do fluxo de caixa:

Receita Operacional: como citado, é preciso muito conhecimento de mercado,

não que esse conhecimento tenha que vir de alguém com extrema

experiência, mas, via técnicas de análise de cenário, como a SWOT (do

inglês: Fortalezas, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças) ou pesquisa de

mercado. Com pesquisa de mercado, análise histórica, e conhecendo sua

concorrência, o risco referente à incerteza da Receita Operacional pode ser

reduzido (NETO, 2012).

Custos: dentro de custos há perigos, falácias, que precisam de atenção.

Custo afundado é um que não pode fazer parte do fluxo de caixa, e durante a

montagem do mesmo precisa ter cuidado. As externalidades precisam ser

consideradas também, pois pode haver efeito de corrosão de outros negócios

da própria empresa (AVILA, 2013). Quanto ao custo do produto vendido, esse

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decisão

custo pode ser um percentual do faturamento (LIMA, VIANA, LEVINO, MOTA,

2008).

O VPL pode ser entendido como a concentração de todos os valores

esperados de um fluxo de caixa na data zero – trazidos ao início, ou descontados

pela WACC até o presente (GUIMARÃES, 2012). A aplicação da taxa de desconto

WACC é estratégica, pois, é considerada mínima para haver atratividade no projeto

para conseguir o mesmo efeito financeiro com risco compatível (SILVA, 2010). A

final para se alcançar o WACC, é justamente o risco de se investir naquela empresa

que é levado em conta (LEAL, 2012).

FIGURA 1 - VPL – VALOR PRESENTE LÍQUIDO

VPL=FC 0+FC1

(1+ i)1+FC2

(1+i)2+FC3

(1+i)3+…+

FCn(1+ i)n

Na FIGURA 1 - , FCn representa os cada fluxo de caixa obtido por período

‘n’, todos aplicados à mesma taxa de desconto ‘i’. A análise simplificada é: se o

resultado for positivo, o projeto é atrativo sob o ponto de vista econômico – é viável

(SILVA, 2010).

A TIR mede a rentabilidade do Fluxo de Caixa, pode ser vista também como

a taxa necessária para zerar o Valor Presente Liquido do Fluxo de caixa. Logo,

utilizando a equação da FIGURA 1 - com o valor VPL = ZERO, o “i” passaria a ser a

TIR. O objeto de decisão quanto a TIR é simplesmente checar se ela é igual, maior

ou menor que o WACC - ficando fácil observar como a taxa de desconto atua no

Fluxo de Caixa (SILVA, 2010; GUIMARÃES, 2012). Para decidir se o projeto é

viável, a TIR tem que ser maior que a taxa de desconto; se for igual ou maior já não

vale a pena (LEAL, 2012). Mesmo sendo muito citada, e representar um teste de

aceitação ou rejeição de um projeto aceitável, a TIR tem desvantagens: produz

resultados múltiplos quando o Fluxo de Caixa tem resultados negativos e positivos,

e, na comparação entre projetos, só é significativo se forem projetos do mesmo

ramo de negócio – do contrário, o VPL é o mais indicado para comparar áreas

distintas de atuação. (GUIMARÃES, 20120; SILVA 2010; ROSS 2011).

O Payback, como o nome sugere, indica o período de tempo necessário

para que a empresa recupere o investimento (SILVA 2010, GUIMARÃES 2012).

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decisão

Como é comum, em quase todos os projetos, o período 0 (zero) tem um valor

negativo que corresponde ao investimento inicial para o projeto. Porém, talvez não

seja somente o período 0(zero) que tenha número negativo, é comum em projetos,

que haja um período de alguns meses, ou até anos, no início, onde o Fluxo de Caixa

seja negativo aguardando a subida do número de unidades vendidas, ou serviço

prestado (LEAL, 2012; SILVA 2010). Logo, o Payback vai indicar em que ciclo será

possível zerar os negativos com os positivos – podendo, inclusive, para ser mais

preciso, ser descontado: utilizando a taxa do custo de capital (SILVA, 2010). Se um

projeto for previsto para ser de longo prazo, como, por exemplo, a criação de um

novo medicamento, o Payback é um viés na avaliação, pois vai indicar tão somente

o tempo de criação, que tipicamente é longo, e não vai ser de grande ajuda para

tomadas de decisão (NOGUEIRA, 2013)

Como já foi citado, calcular o VPL é uma tarefa fácil, automatizada em

planilhas eletrônicas, porém gerar um bom Fluxo de caixa, o mais próximo possível

da realidade, requer muito esforço. Para tentar reduzir as incertezas, controlar

riscos, e carregar mais experiência nos fluxos de caixa, é comum utilizar cenários

que simulam possíveis acontecimentos concatenados. Também conhecido como

what-if, basicamente se erguem, ao menos 3 cenários: pessimista, mais provável e o

otimista (RAYCHAUDHURI, 2008; LIMA, VIANA, LEVINO, MOTA, 2008; TAN,

MAKWASHA, 2010). Dentro destes cenários, estão sendo variadas simultaneamente

variáveis de acordo com circunstâncias financeiras (boas e ruins): aumento de

vendas com diminuição de despesas fixas, diminuição de vendas com aumento de

despesas, variação do câmbio, sazonalidades, inflação, crescimento demográfico,

dentre outros de acordo com cada projeto (NETO, MOURA, FORTE, 2002). Uma

variante, válida para compreender a significância de uma variável, é fazer a Analise

de Sensibilidade, onde somente uma variável é testada para diferentes cenários de

– e se isso acontecer? – enquanto as demais continuam fixas (LEAL, 2012; NETO,

MOURA, FORTE, 2002).

A TABELA 1 - apresenta o Fluxo de caixa reduzido de um projeto de venda

de um produto. As variáveis de entrada, condições de contorno, estão na TABELA 2

- . O investimento inicial é depreciado em 10 anos, e o tempo do projeto é o mesmo.

O VPL calculado para esse fluxo de caixa reflete as variáveis da TABELA 2 - , e em

cima deles, cenários possíveis podem ser testados.

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decisão

TABELA 1 - FLUXO DE CAIXA DE UM PROJETO DE VENDA DE PRODUTO

TABELA 2 - VARIÁVES DE ENTRADA / CONDIÇÕES DE CONTORNO

TABELA 3 - CENÁRIOS POSSÍVEIS

A fim de poder tomar a melhor decisão, o executivo pode estar preocupado,

em especial, com o custo fixo, pois seu produto necessita de muita mão de obra, e

se tiver problemas de qualidade, precisaria contratar mais. Ao testar o VPL,

alterando o Custo Fixo mensal para $ 285,000.00; o impacto final foi uma redução

de 24% no VLP para um aumento de 14% nos seus custos fixos. Em geral, todo

administrador se preocupa com custos fixos, pois deles independe se a empresa

esta vendendo bem ou não.

Por outro lado, para tentar ter visão dos extremos do seu projeto, e

comunicar a diretoria o efeito dos riscos somado, o administrador desenha três

cenários, como os da TABELA 3 - . Na visão do gestor, quanto tudo der errado, seu

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decisão

volume de vendas cai em 100 mil unidades por questões de mercado, como

sazonalidade, o produto pode deixar de ser novidade, e, além disso, por conta de

entrada de seguidores (fallowers) pode ser necessário reduzir o preço de venda para

não perder negócios; redução de $ 38 para $ 35. O aumento do custo variável e do

custo fixo são as previsões para necessidade de investir mais em marketing para

reverter a queda nas vendas e aumento de salários fixos para deixar de perder mão

de obra para a concorrente.

O impacto dos cenários é substancial, e depois desse exercício, o executivo

tem mais razões para conhecer os seus riscos, seus custos e seu mercado mais a

fundo, e, além disso, trazer mais ferramentas para sua “caixa de ferramentas”

(NOGUEIRA, 2013).

2.4 SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO

Monte Carlos é um método de simulação numérico (NETO, MOURA,

FORTE, 2002) baseado na teoria de probabilidade e estatística (LEI, MENGDI,

2012) que se vale da utilização de números aleatórios sorteados na entrada do

sistema, para gerar resultados correspondentes (RAYCHAUDHURI, 2008). Diversos

autores citam Monte Carlos como sendo um sistema digital, ou computadorizado,

que só se tornou possível graças ao advento das planilhas eletrônicas. Porém, há

registros de que a utilização de algo parecido com o que conhece hoje como sendo

a SMC (Simulação de Monte Carlo) foi feito por Enrico Fermi (1901 – 1954) durante

seus estudos sobre a moderação de nêutrons. Nada foi documentado ou publicado

sobre o método, mas seus resultados eram conhecidos por serem “bons de mais

para ser verdade” (JAKULIN, 2006). O registro do método, com esse nome, se deu

durante a segunda guerra mundial, onde o matemático Stanislaw Ulam, que

trabalhava no projeto Manhatam, utilizou o método para analisar, justamente a

difusão randômica de nêutrons no material nuclear (NETO, MOURA, FORTE, 2002;

LIMA, VIANA, LEVINO, MOTA, 2008)

O método pode ser utilizado para diversos fins, tudo que possa utilizar como

variável de entrada, valores aleatórios que possam ser descritos de forma

estocástica, sendo continua ou discreta. (FERNANDES, 2005). Na literatura é

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decisão

possível encontrar inúmeros exemplos da sua utilização em finanças, na simulação

de custos de projetos ou ainda VPL aplicado em Fluxo de Caixa Descontado (TAN,

MAKWASHA, 2010). Recordando, na seção anterior, a análise de cenários

recomendada para obter uma visão de alguns possíveis desempenhos do projeto

que se esta julgando; carrega em si, algumas falhas. Primeiramente o fato de se

considerar o Pior Cenário (FIGURA 2 - ) como tudo dando errado ao mesmo tempo,

sem levar em conta que algumas coisas dão errado com mais frequência do que

outras, e muito julgamento pessoal, percepção guiada pelas experiências de

algumas poucas pessoas envolvidas no projeto (RAYCHAUDHURI, 2008; LIMA,

VIANA, LEVINO, MOTA, 2008; OLIVEIRA, NETO, 2012; NETO, MOURA, FORTE,

2002)

FIGURA 2 - MODELAGEM POR CENÁRIO (DETERMINÍSTICO)

FIGURA 3 - MODELAGEM POR SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO (ESTOCÁSTICO)

Conforme foram executados testes de hipóteses (cenários) na seção

anterior, variando volume de produto vendido, preço de venda, e custos; não foram

cobertas todas as hipóteses possíveis. Com SMC, é justamente na definição das

entradas, seu comportamento e modelagem, os passos mais críticos. Agora o

executivo não precisa mais se preocupar com a exatidão do dado que ele esta

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decisão

usando como entrada no modelo, mas com o formato estocástico dele. O processo

de escolha das distribuições estatísticas precisa de método, conhecimento, e

trabalho de pesquisa. Cada variável de entrada no SMC, como demonstra a

FIGURA 3 - , é um risco que vai ser comportar aleatoriamente dentro da distribuição

que lhe for assignada (FERNANDES, 2005; PALISADE, 2013). Essas variáveis são

independentes, dessa forma, não há relação linear entre elas, e todos os resultados

possíveis serão gerados a cada iteração do modelo numérico.

A melhor forma de ditar a distribuição de probabilidade que melhor descreve

o comportamento de cada risco é contando com uma boa base histórica dos riscos e

projetos já executados. Tendo dados históricos, podemos aplicar métodos

estatísticos para reduzi-los em distribuições com seus parâmetros (ex.: média,

desvio padrão, alpha, chi, etc) (OLIVEIRA, NETO, 2012; FERNANDES, 2005; NETO,

MOURA, FORTE, 2002).

A utilização de banco de dados, capazes de descrever como se comporta o

faturamento da empresa, seus custos, dentre outros, remove muita subjetividade do

modelamento do sistema. O SMC tem como fraqueza, comentada em diversas

publicações, o julgamento pessoal e utilização de critérios subjetivos para definição

das entradas (OLIVEIRA, NETO, 2012). Isso se dá, principalmente, pela falta de

dados históricos, que então precisam ser preenchidos por modelagens tradicionais,

retiradas da bibliografia e estudos científicos; ou, então, utilizar distribuições

triangulares (FERNANDES, 2005). Qualquer situação pode ser descrita por uma

distribuição triangular, que descreve: valor mínimo, máximo e mais provável

(OLIVEIRA, NETO, 2012). Na falta de dados históricos suficientes, é possível uma

abordagem por similaridade com outra companhia do mesmo ramo de. A fim de

determinar as distribuições de faturamento e custos de uma empresa ainda no início

de operação, os históricos de uma empresa similar, no mesmo ramo que tenha o

mesmo nível de assets, margens e estrutura de custos podem ser representativos o

suficiente (LEI, MENGDI, 2012).

Distribuições probabilísticas mais comumente utilizadas (PALISADE, 2013):

Normal: Os valores no meio da “boca de sino” são os chamados “most likely

to occur” (a média coincide com a moda). Inflação e preço de energia são

bons exemplos de distribuição normal.

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decisão

Lognormal: não é simétrico como uma normal, e é muito usado para

descrever variáveis que não se distribuem a baixo de zero (valores

negativos). Ao se descrever uma distribuição de custo por má qualidade, não

faz sentido ter esse custo negativo, significaria um “ganho” por falhar se for

descontado um valor negativo. O mesmo vale para valor de propriedade,

preço de ações e reserva de petróleo (não pode ser menor que zero).

Uniforme: todo valor entre um valor mínimo e máximo tem exatamente a

mesma chance de acontecer. Comumente utilizado para descrever custo de

manufaturo ou receita por vendas futuras de um novo produto.

Triangular: como já citado, é o mais utilizado, defendido por diversos autores

como sendo uma boa descrição quando se conhece bem os limites máximo e

mínimos de uma variável. A normal, pelo contrario, não tem esses limites

claros. Descreve bem o tempo de duração de um serviço, ou nível de

inventário.

Discreto: valores definidos pelo tomador de decisão como sendo os que

costumam ocorrer. Não se pode utilizar 1,2 ou 2,2 brocas para perfurara um

poço de petróleo - ou se usa 1, o use usa 2 brocas. Por mais que exista um

histórico demonstrando a utilização do insumo, ele não pode ser usado de

forma contínua, fracionado, mas sim discreto.

A FIGURA 4 - apresenta um fluxo de escolha de distribuição bastante

funcional e organizado (DAMODARAN, 2013).

FIGURA 4 - ESCOLHA DE DISTRIBUIÇÃO (DAMORAN, 2013).

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decisão

Para realizar a simulação em si, se faz necessário o uso de software, dado a

quantidade de dados que a simulação gera, é virtualmente impossível realizar à mão

(mesmo que seja dito que Fermi tenha se lançado na simulação numérica muito

antes dos computadores) (JAKULIN, 2013). No mercado há diversos softwares

disponíveis, alguns são add-on para o Microsoft Excel, outros softwares stand-alone.

Os mais utilizados, segundo a bibliografia, são: Crystal Ball da Oracle e o @Risk for

Excel da Palisade. Porém, o Excel em si tem ferramentas suficientes para realizar

esse tipo de simulação, porém requer muita habilidade e não é prático sob o ponto

de vista de poder modificar e reaplicar em outros projetos (FERNANDES, 2005).

Utilizando o software livre Simulación 4.0 (VARELA, 2003), a análise de

cenário da seção anterior pode ser modelada conforme TABELA 4 - seguindo os

limites utilizados como sendo: otimistas, pessimistas ou mais prováveis;

transportados para distribuições triangulares. Os valores não estão arredondados,

pois foram capturados já depois da simulação com 30K iterações, dessa forma fica

claro que a distribuição foi até os limites estabelecidos (muito próximo deles).

TABELA 4 - DISTRIBUIÇÕES TRIANGULARES

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decisão

GRÁFICO 1 - DISTRIBUIÇÃO DE VPL E FREQUENCIA ACUMULADA

O resultado visual do VPL esta no GRÁFICO 1 - . Ao se analisar

histogramas nesse formato, com curva de frequência acumulada, busca-se observar

alguns pontos importantes:

P50: também conhecido como ‘most likely value’, isto é – o ponto de 50% da

curva de frequência acumulada, projetado sobre o histograma, deverá

retornar o VPL que mais se repetiu. Desse valor, o P50, podemos esperar

como sendo VPL mais esperado para o projeto, pois dentre 30K simulações,

foi esse valor que mais se repetiu – pelo gráfico, mais de 2500 vezes (MAO-

JONES, 2012). Pode ser lido também, como havendo 50% (complementar)

de chance do VPL não ser esse valor (TAN, MAKWASHA, 2010).

P10: pode ser interpretado, nesse tipo de análise, como sendo o valor que

será atingido em um cenário pessimista; é quando tudo der errado (MAO-

JONES, 2012). Outra vez, pode-se dizer que há 90% de chances de não

acontecer esse VPL, e qualquer valor a baixo de P10 são considerados

extremamente improváveis de acontecer. Comparando com o cenário

20

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decisão

pessimista determinístico, da seção anterior, percebe-se que a acurácia do

resultado via SMC foi aumentada consideravelmente. (OLIVEIRA, NETO,

2012).

P90: pode ser interpretado, como sendo o valor de VPL para um cenário

otimista, onde tudo vai a favor para a empresa. Novamente, há 10% de

chance disso não acontecer. Da mesma maneira como acontece com o P10,

valores a cima de P90 são improváveis de acontecer (MAO-JONES, 2012).

A curva de frequência acumulada se da por intervalos que o usuário do

software pode definir. O exemplo apresentado teve o espectro de VPLs

dividido em 30 ranges e a frequência com que os valores de VPL coincidem

como range, define a frequência com que aquele range acontece. Como o

exemplo foi rodado com 30k iterações, o cumulado 50% já contem nele 15k

linhas de dados geradas (VARELA, 2003).

Frequência acumulada = 18.54%: é o ponto de inflexão, a partir daí o VPL

passa a ser negativo e o projeto não é mais recomendado. Percebe-se então,

que para um projeto analisado sob o prisma determinístico como sendo

aceitável, que existe um risco muito alto, de 18.45%, do projeto não dar

retorno (MAO-JONES, 2012).

Para chegar aos valões de P10, P50, P90, assim como ao ponto de inflexão,

foi utilizada uma regressão polinomial de sexto grau sobre a curva de frequência

acumulada, que devolveu com boa aproximação o valor de VPL que as representa.

Há ainda outra apresentação gráfica e análise numérica extremamente útil,

como resultado das 30k linhas de dados geradas pela SMC para a empresa

exemplo. Trata-se do ‘fator de correlação’ e ‘gráfico tornado’ (FIGUEIREDO, SILVA,

2009; MAO-JONES, 2012). Através de um algoritmo simples (TAYLOR, 2013), que

utiliza as médias e desvios padrões, é possível normalizar e padronizar um número

que indica quão correlacionáveis são duas variáveis. Logo, duas-a-duas, pode-se

obter todas as correlações das variáveis de entrada/saída, e através delas ter uma

boa ideia de quem influencia mais fortemente uma dada variável de entrada. Na

FIGURA 5 - , esta a equação de calculo do ‘r’; onde x e y são as variáveis que estão

sendo correlacionadas, Sx e Sy são desvios padrão e X e Y são as médias. Para

gerar essa correlação, a variável independente varia em seu espectro de risco

21

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decisão

determinado de P10 a P90, enquanto a variável em teste de correlação fica fixa no

seu P50 (MAO-JONES, 2012). No GRÁFICO 2 - esta o ‘gráfico tornado’, que leva

esse nome polo seu formato, que vai elencando as barras horizontais do zero para

seu valor, sendo, em módulo, o menor mais a baixo do gráfico e o maior a cima. Na

TABELA 5 - estão as correlações de Pearson calculadas para a variável

independente VPL.

TABELA 5 - ANALISE DE SENSIBILIDADE USANDO CORRELACAO

FIGURA 5 - COEFICIENTE DE PEARSON

GRÁFICO 2 - GRÁFICO TORNADO DAS CORRELAÇÕES

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decisão

A correlação se mostra uma ferramenta muito importante para identificar as

variáveis de risco que mais afetam o projeto. Cuidados que se deve ter ao analisar

correlações de Pearson e como tirar o melhor proveito (FIGUEIREDO, SILVA, 2009;

MAO-JONES, 2012; VARELA, 2003; DAMODARAN, 2013):

A variável de interesse (VPL) precisa ter semelhança na distribuição dos seus

escores com a variável de estudo (por exemplo: Custo_Variavel). Somente

distribuições semelhantes podem ser comparadas a fim de se obter uma

correlação. Caso o resultado levante alguma dúvida, como uma receita

pequena, fazendo uma grande contribuição positiva na correlação, o tomador

de decisão precisa ter certeza que esta correlacionando variáveis com

semelhança na sua distribuição – no caso de Pearson, que é fortemente

influenciado pela média, a distribuição precisa tender a uma normal. Para

checar isso, existe o teste de Kolmogorov-Smirnov (mas visualmente, pelos

gráficos, também se pode identificar uma normal sendo correlacionada com

uma exponencial ou uma lognormal, facilmente). Pelo teste de Kolmogorov-

Smirnov obtem-se como saída um coeficiente ‘p’ que para p≥0,05 indica

normalidade, do contrário, a correlação não tem valor confiável.

O resultado da correlação Pearson ‘r’ vai variar de -1 a 1 positivo. Esse

número reflete quão linearmente correlacionadas são essas duas variáveis;

ou seja, se o resultado for 1, significa que a correlação é perfeita.

Correlações onde 0,1 ≤ r ≤ 0,3 são ditas fracas; 0,4 ≤ r ≤ 0,6 moderado e 0,7 ≤

r ≤ 1 fortes. Ou seja, pelo GRÁFICO 2 - e TABELA 5 - pode-se afirmar que o

maior risco para o projeto em estudo é o ‘Custo_Variável’ com uma

correlação de moderada a forte (algumas bibliografias usam mais ranges,

como forte e muito fortemente correlacionadas) com o VPL do projeto.

Quando a correlação levanta um risco alto, é uma ótima oportunidade para o

executivo focar suas energias na possibilidade de controlar esse risco, e

buscar entender porque ele é tão significativo, ou, o que a empresa pode

fazer, como medidas de melhoria de qualidade ou manutenção preventiva

para reduzir sua severidade. Por outro lado, as correlações positivas, que não

representam um risco em si, podem frustrar expectativas, quando

demonstram correlação não tão forte quanto esperada – o gestor pode se

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decisão

focar também, em descobrir de qual maneira, dentro da sua estrutura, essa

variável pode ser trabalhada para melhorar o VPL final.

Como a correlação quer passar a informação de quão linearmente

correlacionadas são as duas variáveis, como o VLP (saída) para

Custo_Variavel (entrada), é de se esperar que exista uma regressão linear

que descreva uma reta (y = a.x+b) com coeficiente linear e constante. Para o

caso de estudo, seria VPL = slope. x Custo_Variavel + constant. Um teste

rápido, que auxilia a entender como o NPV zera e ainda vai para valores

negativos, é aplicar VPL = 0 (zero) e checar qual o valor de Custo_Variável

que zera o VPL. Nesse caso, o Custo_Variável que zera o VPL é $ 31.68. A

TABELA 7 - mostra justamente uma das 30K linhas resultado das iterações,

com essa configuração (aproximadamente). Como foi citado, quando se

correlaciona uma variável contra outra, a primeira varia e a segunda fica em

seu P50.

TABELA 6 - CORRELAÇÃO – REGRESSÃO LINEAR

TABELA 7 - ITERACAO QUE DEMOSTRA A FUNCIONALIDADE DA REGREÇÃO LINEAR

2.5 MÉTODO QUALITATIVO

Se por um lado, há a crítica de que o método de Simulação de Monte Carlo

possa carregar subjetividade por conta da determinação das distribuições

probabilísticas sob possível julgamento pessoal, por outro, existem técnicas

consagradas que são fortemente focadas no conhecimento, experiência e

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decisão

julgamento pessoal. O AHP (Método de Análise Hierárquica – em português) é

puramente baseado em julgamento (PRAZERES, LEAL, GARCIA, 2010).

Em um universo de diversos projetos, como quando acontece em

companhias que são abertas a sugestão dos funcionários, ou trabalha prestando

serviço para diversas empresas e precisa de uma ferramenta para escolher, quais

desses projetos vale realmente a pena passar para uma análise financeira

detalhada, como o VPL, TIR, Payback e Monte Carlo. Uma forma de aperfeiçoar o

processo de tomada de decisão é realmente lançar mão de métodos qualitativos,

capazes de comparar e elencar/hierarquizar projetos de acordo com o perfil da

empresa (DAXBACHER, 2013).

O método AHP foi desenvolvido pelo Prof. Thomas L. Saaty, na universidade

de Pittsburgh para suprir limitações cognitivas dos tomadores de decisão –

facilitando a compreensão e avalição das opções decompondo-as em níveis

hierárquicos. (STONNER, 2012; PRAZERES, LEAL, GARCIA, 2010). De forma

simplificada, o método começa com a identificação dos projetos, depois dos critérios

que são importantes para os projetos, sob o prisma da empresa. A hierarquização

inicia perguntando quão importante cada critério é para cada um dos projetos;

depois, os critérios são hierarquizados entre si. Para auxiliar na organização desse

processo, são utilizadas matrizes de ordem dada por n(n-1)/2; onde ‘n’ é o número

de critérios (combinação de ‘n’ elementos dois a dois) e vetores de ‘Prioridade

Relativa’, onde a média geométrica é normatizada para que o total do vetor seja 1

(também conhecido como vetor de Eigen) (PRAZERES, LEAL, GARCIA, 2010).

Quantas vezes um projeto é mais importante do que outro analisando sob

cada um dos critérios é um número de ‘Intensidade de Comparação’ que varia de 1

até 9; sendo 1 de igual importância e 9 de importância absoluta. (STONNER, 2012).

De maneira quase que instintiva qualquer decisão mais importante que uma pessoa

precisa tomar em sua vida, passa por um processo muito parecido – hierarquizando

e colocando pesos maiores para os aspectos de maior relevância. A grande

diferença é que em decisões corporativas, um grupo de decisores formado por

especialistas é quem fazem fazer as comparações (PRAZERES, LEAL, GARCIA,

2010; DAXBACHER, 2013).

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decisão

Dada à opção de investir no Projeto1 (P1), Projeto2 (P2) ou Projeto3 (P3); os

critérios mais importantes para uma certa empresa são o Critério1 (C1), o Critério2

(C2) e o Critério3 (C3). O cenário de decisão esta descrito na FIGURA 6 - .

FIGURA 6 - MÉTODO AHP – CENÁRIO DE DECISÃO

P1 é 4 vezes mais importante que P2 [para C1]

P2 é 3 vezes mais importante que P3 [para C1]

P1 é 8 vezes mais importante que P3 [para C1]

P2 é 5 vezes mais importante que P1 [para C2]

P2 é 2 vezes mais importante que P3 [para C2]

P3 é 2 vezes mais importante que P1 [para C2]

P2 é 2 vezes mais importante que P1 [para C3]

P3 é 3 vezes mais importante que P2 [para C3]

P3 é 5 vezes mais importante que P1 [para C3]

C1 é 2 vezes mais importante do que C2 [Critério x Critério]

C1 é 3 vezes mais importante do que C3[Critério x Critério]

C2 é 5 vezes mais importante do que C3[Critério x Critério]

Alocando as informações passadas pelo grupo de especialistas, o resultado

pode ser visto no formato de matrizes na FIGURA 7 - ; onde M. Geo é a média

geométrica dos valores da linha e P. Real é a ‘Prioridade Relativa’, obtida com a

parcela (%) da Média Geométrica para aquele projeto (Média Geométrica para o

projeto dividido pela soma das médias geométricas).

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decisão

FIGURA 7 - MATRIZES DE DECISÃO AHP

Os vetores de Eigen estão hachurados em cores na FIGURA 7 - ; e

agrupados na FIGURA 8 - . Ainda na FIGURA 8 - , esta calculada a Prioridade

Relativa entre os critérios. Para calcular a coluna Hier. (Hierarquização), para a linha

de um projeto, somam-se as multiplicações do peso de cada critério pelo P.Rel do

critério (Ex.: P1 Hier = 0.72x0.51+0.13x0.38+0.12x0.11 = 0.43).

FIGURA 8 - CONCLUSÃO E HIERARQUIZAÇÃO NO MODELO AHP

O Projeto1 (P1) deverá ter prioridade sobre o Projeto2 (P2), pois obteve o

maior valor de Hierarquia, e este sobre o Projeto 3 (P3).

O método pode apresentar inconsistência, que pode acontecer por opiniões

divergentes, ou falta de “lógica” no momento de definir importâncias em meio há

muitos critérios e projetos. Esse teste de consistência é feito através do calculo do

‘Auto Vetor’, sendo, consideradas consistentes as comparações de importância se a

matriz for recíproca ou Inversível. Trata-se de um teste matematicamente simples, e

a distância do resultado para o ‘Auto Vetor’ ideal, pode ser usado como indicador de

quão inconsistente a análise pode estar. (PRAZERES, LEAL, GARCIA, 2010).

Mesmo indicando que o AHP é puramente baseado em julgamento, isso não

pode ser confundido com um distanciamento de critérios financeiro-numéricos. Os

critérios não precisam necessariamente ser todos qualitativos; se, nesse ponto da

análise dos projetos já se têm dados aproximados de custos e/ou de faturamento,

talvez até o VPL, esse dado pode ser utilizado como um critério e ter seu peso

(importância relativa) julgado normalmente (STONNER, 2012).

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decisão 28

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3 CONCLUSÕES

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CONCLUSÕES

3 CONCLUSÕES

Não existe ferramenta mágica para prever o futuro (podem sim haver

ferramentais probabilísticas) assim como ficar parado sem fazer nada, não é opção

(FLECK, 2013). A única maneira de estar pronto para enfrentar tudo é obter

conhecimento, aplicar ferramentas de suporte a decisão, e ter sempre o melhor

capital humano possível. Os projetos continuarão aparecendo, batendo à porta, e a

forma como o executivo percebe a inovação, compreende o risco da

autoperpetuação e desenvolve uma forma de gerenciamento voltada a decisão de

qualidade é o diferencial desejado em um profissional completo. A autoconfiança

exacerbada, de que se tem o melhor produto que nada pode afetar, foi destruída

quando a Goodyear quase levou a Firestone à falência por esta não ter percebido a

mudança (FLECK, 2013).

A utilização de métodos probabilísticos se mostrou muito clarificante, uma

vez que seu resultado gráfico facilita o entendimento e viabiliza uma série de

análises que não seriam possíveis em um modelo determinístico. Vale comentar que

não se trata de como será o resultado, mas sim, de quão provável é cada resultado.

A ferramenta de identificação de risco, correlação e tornado, deve ser encarada

como um ponto de realimentação do processo de decisão – se o risco é tratável,

como ficaria a simulação se realimentado o projeto (Fluxo de Caixa) já com medidas

mitigatórias? O sucesso da aplicação da SMC esta na identificação e análise

qualitativa de riscos; a escolha da distribuição correta e um bom banco de dados

para moldar as distribuições – o método em si, software e algoritmos são bastante

simples.

AHP realmente é muito eficiente, pois pode agrupar muitos projetos e

com uso mínimo de planilhas eletrônicas, todo trabalho de qualificar os critérios e

projetos fica mais rápido. O importante é selecionar bem os especialistas que

fornecerão os inputs para o sistema; pois suas maiores fraquezas estão na

vulnerabilidade a psicologia humana e subjetividade.

O interesse por novos métodos deve seguir latente no executivo, a análise

de projetos por cenário, como foi discutida, é apenas um tipo: otimista, pessimista ou

provável. Porém, o executivo perspicaz precisa, além de ser requerido a tomar

decisão (forma passiva), estar pronto para os possíveis movimentos do mercado

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CONCLUSÕES

(forma ativa), para nunca ficar na posição de dizer que por aquilo ele “não esperava”

(NOGUEIRA, 2013).

Também conhecido como ‘Planejamento com Cenários’, trata-se da

identificação das principais forças que podem mudar a direção dos negócios – e os

cenários seriam alguns possíveis futuros baseados na ação dessas forças. Não por

isso, ‘Cenários’ deve ser encarado como “prever o futuro”; mas como citado, estar

pronto para possíveis desdobramentos futuros, diferentes do que se esta vivendo.

(DIAS, 2013). Um exercício de criatividade, sem dúvidas, que já se mostrou muito

útil para algumas industrias que, rapidamente, souberam como lidar com mudanças

drásticas no seu cenário.

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Page 32: Monografia piazza copeadd 2013 abnt

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