O MODO DE VIDA E ENSINAMENTOS DO

APÓSTOLO PAULO

APÓS A SUA CONVERSÃO AO SENHOR YESHUA (revisto)

(representação artística do encontro de Yeshua com Saulo na estrada de Damasco)

Índice

1. Introdução 2. Os antecedentes de Saulo – breve apontamento

3. A conversão de Saulo (Sha’ul)

4. A Missão de Paulo

5. Na sua nova missão, Paulo transforma-se num Fariseu Messiânico

6. Paulo, o Missionário

7. A circuncisão de Timóteo

Vítor Quinta Julho 2010

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1. Introdução O que é que terá mudado no modo de viver do apóstolo Saulo/Paulo após a sua conversão a Yeshua na estrada de Damasco? É isto que iremos procurar compreender, principalmente a partir dos escritos apostólicos, quer pela leitura dos Actos dos Apóstolos quer pelas cartas escritas por Paulo. Uma coisa valerá a pena chamar desde já a atenção e que, escrito pela pena do apóstolo Pedro, constitui um alerta acerca dos ensinamentos de Paulo: 2.Pedro 3:15b-16 – “…como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição”. Tenhamos pois atenção a este alerta de Pedro. Infelizmente os homens continuam a confundir nos escritos de Paulo a palavra “Lei”, que nuns casos se aplica à Lei de Deus, a Sua Torá, e noutros à lei dos homens, a lei oral (incorporada no Talmude), em que esta última não reflecte mais do que as interpretações e tradições dos homens, que O Senhor Yeshua também combateu. E porque é que muitos crentes ainda hoje têm dificuldade em compreender essas passagens? Porque não as inserem no seu contexto próprio e porque, também, não são capazes de compreender que Paulo:

i) antes da sua conversão a Yeshua na estrada de Damasco, Paulo vivia de acordo com a lei oral (dos homens) e,

ii) depois da sua conversão passou a viver pela Lei/Torá de YHWH e, eventualmente pela tradição dos pais sempre que esta não contrariava o ensino/instrução de YHWH contido na Torá.

É por este motivo que, tendo Paulo sido educado nos preceitos e tradições dos anciãos, os veio a rejeitar depois da sua conversão a Yeshua, classificando-os como “escória” ou “lixo” que deixaram de ter qualquer préstimo na sua vida: Filipenses 3:6-8 – “Segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo”. A partir do momento da sua conversão a Yeshua e, depois de sobre ele ter sido derramado O Espírito Santo, Paulo passou a rejeitar os preceitos e tradições dos homens, mas afirmou a sua conduta irrepreensível na Lei/Torá de YHWH. Porquê? Porque muitos desses preceitos humanos se opõem à Lei/Torá de YHWH. O Senhor Yeshua também afirmou a muitos do seu tempo: “E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição… Invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis semelhantes a estas” – Marcos 7:9, 13.

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Para complementar tudo o que aqui é dito neste trabalho leia-se também, do mesmo autor, um capítulo dedicado à figura de Paulo inserido no estudo “A Instrução de YHWH” o qual se encontra publicado no site: www.kol-shofar.org. 2. Os antecedentes de Saulo – breve apontamento Mesmo no tempo em que este fariseu perseguia a seita dos Nazarenos (constituída principalmente por judeus que abraçaram Yeshua como O Messias há muito anunciado) e consentia na opressão e até na morte de alguns fiéis do primeiro século (caso de Estêvão), ninguém disputa a sinceridade com que ele praticava estes actos, que ele imaginava dever fazer para agradar a Deus e preservar a pureza da doutrina e dos ensinamentos da Lei/Torá, que ele conhecia ao pormenor segundo os rudimentos dos homens e que aprendeu desde a sua meninice aos pés do Rabi Gamaliel. Na realidade, ele foi instruído na Lei/Torá mas segundo as interpretações do Rabi Gamaliel, que considerava como Torá dada a Moisés, todas as tradições e costumes farisaicos. No entanto, foi precisamente a sinceridade deste coração que Deus viu em Paulo. Por isso o chamou para um caminho mais excelente, em Cristo, elegendo este homem judeu e fariseu para espalhar a mensagem de Yeshua entre os gentios e entre as comunidades judaicas na diáspora. Mas, para que esse propósito divino pudesse ser alcançado, Deus tinha primeiro que transformar aquele coração/mente, do mesmo modo que hoje continua a fazer com todos os que a Ele se entregam através do baptismo do arrependimento e procuram andar segundo a Sua vontade. Paulo resume a sua posição anterior no Judaísmo nestas palavras: Gálatas 1:11-16a – “Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo [após a sua conversão no caminho para Damasco]. Porque já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava. E na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais [leis orais e tradições aprendidas com Gamaliel]. Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios”. Esta é uma declaração essencial para podermos compreender que a principal mudança em Paulo se deu pela sua conversão a Yeshua, O Messias, sendo-lhe então revelada a verdadeira Lei/Torá, a de Deus e não as dos preceitos dos homens na qual ele havia sido instruído.

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3. A conversão de Saulo Além de ser um erudito na sua época, o fariseu Saulo (Sha’ul em hebraico) era um fervoroso seguidor das instruções do Altíssimo Deus YHWH contidas na Lei/Torá dada a Israel por YHWH pela mão de Seu servo Moisés, bem como em todos os escritos dos profetas e nos salmos. De resto, todo o chamado Antigo Testamento (Tanakh) era a base de toda a estrutura religiosa, administrativa e judicial na Israel do 1º século. Era este fundamento que todos os religiosos do tempo de Yeshua e dos apóstolos afirmavam guardar mas que haviam pervertido e relegado para segundo plano em relação às suas próprias regras, decretos e tradições. Antes da sua conversão, Saulo em tudo regia a sua maneira de viver pelos ensinamentos farisaicos. A sua visão e entendimento desses ensinamentos (Lei/Torá) eram comuns aos da grande maioria dos fariseus do seu tempo1, com ligeiras diferenças de interpretação em função das várias escolas rabínicas. Ele era zeloso, querendo caminhar em sinceridade perante O Deus de seus pais. Esse zelo e sinceridade não foram estranhos à escolha que Yeshua fez em relação à pessoa de Paulo. Porém, o seu coração/mente tinham que primeiramente ser transformados antes que ele pudesse encetar a missão de que veio a ser incumbido. O que se passou então na estrada de Damasco? O Senhor Yeshua apareceu a Paulo e disse-lhe que o caminho que ele estava a percorrer era contrário aos Seus propósitos: Actos 26:14 – “E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me falava, e em língua hebraica dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?” Muitos pensam, erradamente, que Paulo terá abandonado a estrita observância da Lei/Torá de YHWH na sua vida depois da sua conversão a Yeshua; pelo contrário, ela começou a partir da sua conversão. Ele passou a fazer parte daqueles que eram perseguidos até ali, mas que continuavam a observar toda a vontade de YHWH (a Sua Lei/Torá), os Seus mandamentos, estatutos, juízos e testemunhos, ao mesmo tempo que adquiriu a fé Naquele que o chamou para a vida eterna: Yeshua, O Filho. Os seus inúmeros testemunhos provam que, após a sua conversão, se manteve fiel aos preceitos dados por YHWH aos pais da nação de Israel. 4. A missão de Paulo Conforme Paulo testemunhou perante o Rei Agripa, episódio no qual relata o incidente na estrada de Damasco, ele é chamado por Yeshua para uma missão muito específica: Actos 26:16-18 – “Mas levanta-te e põe-te sobre teus pés,

1 Faz-se aqui uma ressalva, pois alguns fariseus houve no tempo de Yeshua que O aceitaram como “O Esperado” e a Ele se converteram: e.g. Nicodemos e José de Arimateia estão entre os nomes de fariseus que, tudo indica, foram crentes no Senhor Yeshua: João 19:38-39; Actos 15:5. De resto, Yeshua comeu em casa e à mesa de alguns fariseus que O escutavam: Lucas 7:36; 11:37; 14:1.

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porque [Eu, Yeshua] te apareci por isto, para te pôr por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te aparecerei ainda; livrando-te deste povo, e dos gentios, a quem agora te envio, para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados, e herança entre os que são santificados pela fé em Mim”. Por estas palavras Paulo fica a conhecer o que Deus/Yeshua lhe havia reservado como servo para que, pela sua acção, sacrifício e ensinamento as suas palavras inspiradas por Deus chegassem até nós, os que hoje cremos no Senhor Yeshua como Salvador e em todas as Suas instruções. Paulo foi mais uma ferramenta santa usada por YHWH para anunciar a Sua Verdade intemporal e para chamar o povo ao arrependimento. Quando se dirigia para Damasco, após o aparecimento de uma luz muito forte de dentro da qual lhe falou O Senhor Yeshua, Saulo ficou cego por uns dias, tendo-se então recolhido em oração. É aqui que entra em cena um judeu messiânico justo2, chamado Ananias3, que é enviado a Saulo com nova mensagem de Yeshua: Actos 9:10-16 – “E havia em Damasco um certo discípulo [de Yeshua] chamado Ananias; e disse-lhe o Senhor em visão: Ananias! E ele respondeu: Eis-me aqui, Senhor. E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando; e numa visão ele viu que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver. E respondeu Ananias: Senhor, a muitos ouvi acerca deste homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém; e aqui tem poder dos principais dos sacerdotes para prender a todos os que invocam o Teu Nome. Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o Meu Nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome”. Estas palavras já anunciavam as provas que Paulo teria que suportar para levar o Nome de Yeshua aos que andavam em trevas, quer judeus na diáspora, quer gentios convertidos. Antes de iniciar a missão de que havia sido incumbido, Paulo recebe instruções de um judeu piedoso, Ananias, residente em Damasco (possivelmente um dos que iriam ser objecto da perseguição que Saulo iria desencadear naquela cidade) e que era igualmente seguidor da Lei/Torá e crente também no Senhor Yeshua. Veja-se que após o chamamento de Yeshua, Saulo que é interiormente transformado noutro homem, é baptizado no Nome de Yeshua e retira-se por uns tempos para ser instruído acerca do que toda a Lei/Torá e os profetas diziam acerca Daquele que haveria de vir como Salvador e que já tinha sofrido na pessoa de Yeshua: Actos 9:17-18 – “E Ananias foi, e entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito

2 Justo porque andava sem repreensão em todos os mandamentos e preceitos da Torá (ler também Lucas 1:5-6) 3 Segundo Actos 22:12-13, Ananias era um judeu messiânico piedoso, conforme à Lei e que também aceitava Yeshua como seu Salvador pessoal. O modo de vida de Ananias demonstra que é possível viver uma vida de obediência à Lei/Torá conforme a qualquer judeu religioso temente do seu tempo e esperar a salvação pelo sangue do Senhor Yeshua.

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Santo. E logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se, foi baptizado”...em Nome de Yeshua. 5. Na sua nova missão, Paulo transforma-se num Fariseu Messiânico Aparte o importantíssimo facto de, a partir de então, Paulo começar a anunciar e a ensinar a salvação por Yeshua, O Messias, será que o seu modo de vida como fariseu sofreu alguma alteração no que diz respeito ao seu anterior modo de vida no que respeitava à guarda de todos os preceitos contidos na Lei/Torá de Moisés e nos profetas? Certamente que sim… como iremos ver. A partir da sua conversão, Paulo passou a seguir os ensinamentos do verdadeiro Mestre, a Lei/Torá viva, O Pão que desceu dos céus, Yeshua. Precisamente Aquele que deu a Lei/Torá a Israel e a cumpriu integralmente sem o que não Se poderia constituir como O Cordeiro imaculado de Deus – sem mancha de pecado/desobediência. Daí que não seja de estranhar que com o mesmo zelo que Paulo tinha quando andava na ignorância passasse a ser ainda mais zeloso após conhecer a Verdade e ter tido um contacto directo com O Divino. Se alguma coisa nova assumiu na sua nova condição foi passar a imitar O Mestre (1.Coríntios 11:1), com uma nova compreensão/revelação dada pelo Espírito Santo que nele passou a habitar, tal como todos nós devemos fazer também. Com o mesmo zelo que Paulo antes aplicava no cumprimento dos costumes e tradições dos homens, passou ele a viver os preceitos da Lei/Torá de YHWH. Ele abandonou os ensinamentos e tradições dos homens que aprendeu aos pés de Gamaliel, a lei oral. Podemos agora reler o que ele escreveu em Filipenses 3:6-7 – “Segundo o zelo [das tradições dos homens], perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei [Torá], irrepreensível. Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo”. Já fomos igualmente advertidos acerca das distorções intencionais ou não que muitos fizeram e fazem das suas palavras, quer pelos judaizantes (os que queriam impôr as leis orais e tradições dos homens - farisaísmo, e as obras que elas exigiam aos fiéis, mas que aqueles responsáveis não estavam dispostos a carregar nem com um só dedo – Mateus 23:4) quer pelos indoutos e inconstantes que, naquele tempo como hoje abundam, e que foram “beber” a sua sabedoria aos que, nos tempos antigos, procuravam arredar a Lei de YHWH/Moisés do coração dos homens. Paulo (o apóstolo cujos escritos muitos consideram como controversos) diz-nos em Actos 28:23 – “E, havendo-lhe eles assinalado um dia, muitos foram ter com ele à pousada, aos quais declarava com bom testemunho o reino de Deus, e procurava persuadi-los à fé em Jesus, tanto pela Lei de Moisés como pelos profetas, desde a manhã até à tarde”. Porque é que os que procuram distorcer as palavras de Paulo se “agarram” a algumas passagens que não sabem discernir e esquecem outras e também o exemplo de vida do próprio Paulo?

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A má compreensão dos escritos de Paulo (Pedro alerta para este facto em 2.Pedro 3:15-16) tem conduzido muitos à aceitação da iniquidade nos seus corações e nos seus actos. Como sabemos, iniquidade é pecado, é transgressão da Lei/Torá de YHWH, como nos ensina o apóstolo João. Para além da demonstrada obediência da sua vida a todos os preceitos de YHWH, Paulo começou desde logo, em Damasco, a pregar o Cristo nas sinagogas dos judeus: Actos 9:20 – “E logo nas sinagogas [em Damasco ainda] pregava a Cristo, que este é o Filho de Deus”. Ele manteve a tónica deste ensinamento até ao fim dos seus dias, tendo-se sujeitado a castigos, prisões e outros dissabores e perigos para levar esta missão até ao fim. Leiamos o que o próprio Paulo nos diz quando responde a alguns que se queixavam das suas tribulações: 2.Coríntios 11:23-27 – “São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez”. Este é o verdadeiro exemplo de vida de um missionário em Cristo, capacitado e impulsionado pelo Espírito para levar a Boa Nova de salvação e que ambiciona alcançar o mais alto galardão que YHWH/Yeshua tem preparado para o homem fiel: a vida eterna. Atente-se agora nas palavras de Paulo em Romanos 2:6-13 – “O qual [YHWH/Yeshua] recompensará cada um segundo as suas obras; a saber: a vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem [os que andam segundo a Lei/Torá de YHWH], procuram glória, honra e incorrupção; mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade [à Lei/Torá] e obedientes à iniquidade [os que transgridem da Lei/Torá]; tribulação e angústia sobre toda a alma do homem que faz o mal [anda fora dos mandamentos de Deus]; primeiramente do judeu e também do grego; glória, porém, e honra e paz a qualquer que pratica o bem [andam na Lei/Torá]; primeiramente ao judeu e também ao grego; porque, para com Deus, não há acepção de pessoas. Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados. Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados”. E esta, hein? Dúvidas? Os que ouvem mas não praticam a Lei/Torá de YHWH...não são justos!!! Ora, se não são justos, isto é, se não andam no Caminho, não farão parte do reino de Deus. Se ouvem a Lei e não a praticam nas suas vidas é porque ainda não está gravada nos seus corações, i.e. ainda não se deixaram transformar pelo Espírito de Deus; ainda não nasceram de novo! Lembremos aqui, uma vez mais, que os salvos serão os que “guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus” – Apocalipse 14:12.

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Ainda estão convencidos que a “Lei/Torá” foi “pregada” no madeiro por Yeshua? Ou que Yeshua veio abolir a Lei/Torá? Ou que a Lei/Torá é só para os judeus? Yeshua diz-nos exactamente o oposto em Mateus 5:17-18 – “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar [anular], mas cumprir [magnificá-la; dar-lhe verdadeiro significado]. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido”. Como todos sabemos, o céu e a terra ainda aí estão! Será que aqueles que dizem que os escritos de Paulo apontam o fim da Lei/Torá estão certos? Não! Estão errados! A partir da sua conversão, Paulo foi sempre um servo obediente à Torá do Senhor – Actos 24:14 – “Mas confesso-te isto que, conforme aquele caminho que chamam seita [dos Nazarenos, i.e. os que seguiam a Cristo e guardavam a Lei/Torá de Moisés], assim sirvo ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na Lei [Torá] e nos profetas”. Depois desta declaração ainda podem subsistir dúvidas sobre a real prática de vida do apóstolo Paulo? Não! Não podem. Como qualquer outro homem, Paulo também se debateu entre o bem (O Espírito Santo que guiava a sua vida) e o mal, i.e. o poder da carne e do pecado que no seu corpo combatia contra O Espírito. Depois de uma vida cheia de sacrifícios e perigos, ele reconhece que se manteve fiel ao chamamento de Yeshua e que, tendo combatido o bom combate, como ele diz em 2.Timóteo 4:7 – “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”, desde então, lhe estava reservada a coroa da vida que O Justo Juiz tem para entregar a todos os que se mantiverem fiéis até ao fim das suas carreiras, conforme ele diz no verso 8 – “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda”. A fé que Paulo guardou até ao fim da sua vida assentou em dois pilares ou fundamentos de salvação: a fé em Yeshua baseado no poder salvador do Seu sangue para suprir as suas/nossas insuficiências e a guarda da Lei/Torá de YHWH, pela fé em Yeshua. Isto pode ser compreendido em todos os escritos de Paulo. Leiamos, por exemplo, Romanos 7:22, 25, onde ele revela a sua fidelidade aos princípios eternos de YHWH: “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus…Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado”. Reparemos como Paulo se refere à Lei/Torá, aos escritos dos profetas e aos Salmos em Romanos 15:4 – “Porque tudo o que dantes foi escrito [a Torá, os profetas e os Salmos], para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança [na redenção por Yeshua]”. Desde a sua conversão a Yeshua, Paulo nunca deixou de aplicar na sua vida os ensinamentos de YHWH dados através de Moisés ao povo de Deus. Noutra ocasião, e em sua defesa perante o Sinédrio, Paulo tem que declarar a sua origem e fé: Actos 23:6 – “E Paulo, sabendo que uma parte era de saduceus e outra de fariseus, clamou no conselho: Homens irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseu; [mas] no tocante à esperança e ressurreição dos mortos sou

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julgado”. Paulo não faltou à verdade. Declarando-se como fariseu e tendo passado a ser fariseu messiânico, já com o seu coração/mente transformado pelo Espírito, ele mesmo era um estrito observador da Lei/Torá4. Esta passagem atesta de forma clara que Paulo, mesmo crendo em Yeshua, nunca renunciou ao seu estatuto de fariseu em Israel ou nas comunidades judaicas que visitou, mesmo depois de aceitar a Cristo. Ele não falava do seu passado mas do seu presente: “Eu sou fariseu”! Se ele não fosse um fariseu que vivesse conforme à Lei/Torá, ele não teria obtido o apoio dos fariseus ali presentes, nem poderia ser convidado e aceite para ensinar a Lei/Torá nas sinagogas dos judeus na diáspora que visitou no decurso das suas viagens, como aconteceu nos lugares por onde passou. A defesa que Paulo fez perante os responsáveis religiosos de Israel é perfeitamente consistente com o tipo de defesa que teve que fazer em outras ocasiões e lugares. Tendo Paulo sido levado preso para Roma, por ter apelado para César, devido ao seu estatuto de cidadão romano, ele convocou entretanto alguns dos principais da sinagoga local para lhes expor a sua situação e defesa. Veja-se o que ele alega em Actos 28:16-20 – “E, logo que chegamos a Roma, o centurião entregou os presos ao capitão da guarda; mas a Paulo se lhe permitiu morar por sua conta à parte, com o soldado que o guardava. E aconteceu que, três dias depois, Paulo convocou os principais dos judeus e, juntos eles, lhes disse: Homens irmãos, não havendo eu feito nada contra o povo, ou contra os ritos paternos, vim contudo preso desde Jerusalém, entregue nas mãos dos romanos; os quais, havendo-me examinado, queriam soltar-me, por não haver em mim crime algum de morte. Mas, opondo-se os judeus, foi-me forçoso apelar para César, não tendo, contudo, de que acusar a minha nação. Por esta causa vos chamei, para vos ver e falar; porque pela esperança de Israel estou com esta cadeia”. Paulo vinha preso desde Jerusalém porque era acusado pelos judeus de ser uma peste e um dos principais cabecilhas da seita dos Nazarenos, i.e. dos que seguiam Yeshua de Nazaré. Quanto a este último aspecto não temos alguma dúvida, dado que ele assumiu um papel activo na defesa e apresentação do Salvador Yeshua ao povo, a partir da sua conversão no caminho de Damasco. Pela expressão usada por Paulo vemos claramente que ele nunca tinha feito coisa alguma contrária aos ritos paternos, i.e. contra a tradição dos pais baseada na Lei/Torá, prova insofismável que ele continuou sempre a guardar a Lei/Torá após ter começado a seguir a Yeshua. Até é possível, pelas suas palavras, que ele aplicasse os ritos farisaicos em que foi educado (desde que estes não violassem a Lei/Torá) e que os fariseus ensinavam. Naquele tempo qualquer acto que fosse contrário à Lei/Torá seria considerado como um acto que podia até ser punível com a morte. Paulo assevera que nunca teve tal atitude. Ele também foi infundadamente acusado de andar ensinando fora de Jerusalém a que não se guardassem os preceitos da Lei/Torá de Moisés, o que ele teve de refutar perante os anciãos da Igreja em Jerusalém.

4 Este é também o significado de todos os que apelidamos de serem “tementes a Deus”.

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Reunidos em casa de Tiago (um dos irmãos carnais do Senhor Yeshua e um dos três pilares da Igreja juntamente com Pedro e com João) Paulo é submetido a um inquérito verbal acabando por provar que era falso tudo de que era acusado: Actos 21:18-26 – “E no dia seguinte, Paulo entrou connosco em casa de Tiago, e todos os anciãos vieram ali. E, havendo-os saudado, contou-lhes por miúdo o que por seu ministério Deus fizera entre os gentios. E, ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor, e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que crêem, e todos são zeladores da lei. E já acerca de ti foram informados de que ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus filhos [segundo o rito farisaico da lei oral], nem andar segundo o costume da lei [oral]. Que faremos pois? Em todo o caso é necessário que a multidão se ajunte; porque terão ouvido que já és vindo. Faze, pois, isto que te dizemos: Temos quatro homens que fizeram voto [de nazireu]. Toma estes contigo, e santifica-te com eles [no Templo], e faze por eles os gastos para que rapem a cabeça [fim de um voto de nazireu], e todos ficarão sabendo que nada há daquilo de que foram informados acerca de ti, mas que também tu mesmo andas guardando a lei [a Torá de Israel dada através de Moisés]. Todavia, quanto aos que crêem dos gentios, já nós havemos escrito, e achado por bem, que nada disto observem; mas que só se guardem do que se sacrifica aos ídolos, e do sangue, e do sufocado e da prostituição [Actos 15:21 - Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue, e cada sábado é lido nas sinagogas]. Então Paulo, tomando consigo aqueles homens, entrou no dia seguinte no templo, já santificado com eles, anunciando serem já cumpridos os dias da purificação; e ficou ali até se oferecer por cada um deles a oferta”. Paulo passou das palavras aos actos públicos de demonstração da sua fidelidade à Lei/Torá de YHWH. Se os homens hoje querem ignorar estas evidências…o problema é deles e de quem torce os ensinamentos da Verdade para negar os mandamentos e estatutos que a Lei/Torá nos revela!!! Os principais responsáveis messiânicos (da seita dos Nazarenos em Jerusalém) esperavam que Paulo demonstrasse publicamente que cumpria a Lei/Torá de YHWH dada através de Moisés, o que ele fez para calar os seus detractores. Se Paulo fosse contrário aos ensinamentos da Lei/Torá não teria aceite as instruções dos anciãos, uma que todos reconheciam a sua sinceridade. Ele participou nos ritos de purificação e de encerramento dos votos de nazireado conforme ao estabelecido em Números 6:1-23. Noutra ocasião Paulo é levado perante o Governador Festo, tendo que se defender perante as falsas acusações dos judeus (rabis fariseus como ele): Actos 25:4-12 – “Mas Festo respondeu que Paulo estava guardado em Cesaréia, e que ele brevemente partiria para lá. Os que, pois, disse, dentre vós, têm poder, desçam comigo e, se neste homem houver algum crime, acusem-no. E, havendo-se demorado entre eles mais de dez dias, desceu a Cesaréia; e no dia seguinte, assentando-se no tribunal, mandou que trouxessem Paulo. E, chegando ele, rodearam-no os judeus que haviam descido de Jerusalém, trazendo contra Paulo muitas e graves acusações, que não podiam provar. Mas ele, em sua defesa, disse: Eu não pequei em coisa alguma contra a lei

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dos judeus, nem contra o templo, nem contra César. Todavia Festo, querendo comprazer aos judeus, respondendo a Paulo, disse: Queres tu subir a Jerusalém, e ser lá perante mim julgado acerca destas coisas? Mas Paulo disse: Estou perante o tribunal de César, onde convém que seja julgado; não fiz agravo algum aos judeus, como tu muito bem sabes. Se fiz algum agravo, ou cometi alguma coisa digna de morte, não recuso morrer; mas, se nada há das coisas de que estes me acusam, ninguém me pode entregar a eles; apelo para César. Então Festo, tendo falado com o conselho, respondeu: Apelaste para César? Para César irás”. Mas de que é que os judeus o acusavam? O motivo encontramo-lo no verso 19 – “Tinham, porém, contra ele algumas questões acerca da sua superstição, e de um tal Jesus, morto, que Paulo afirmava viver”. Não podendo acusar Paulo de incumprir a Lei/Torá, os judeus procuravam calá-lo para que não falasse de Yeshua, tal como já tinham tentado com os restantes apóstolos de Yeshua, tendo eles respondido que “mais importa obedecer a Deus que aos homens” - Actos 5:29. …os que defendem a Verdade de YHWH/Yeshua sempre tiveram e terão problemas…mesmo que a Verdade salte aos olhos, os detractores da Sua Lei/Torá recusam-se a vê-la e aceitá-la, para sua própria condenação!!! 6. Paulo, o Missionário O mapa seguinte (embora com nomes em inglês) identifica os vários percursos que o apóstolo Paulo realizou no seu serviço missionário anunciando a Yeshua:

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Mesmo depois de já estar convertido a Cristo, ele apresentava-se nas sinagogas como fariseu para ensinar a Lei/Torá e anunciar a Yeshua como O Messias. Veja-se o exemplo de Actos 13:14-15 – “E eles [Paulo e os fiéis que o acompanhavam], saindo de Perge, chegaram a Antioquia, da Pisídia, e, entrando na sinagoga, num dia de sábado, assentaram-se; e, depois da lição da lei e dos profetas, lhes mandaram dizer os principais da sinagoga: Homens irmãos, se tendes alguma palavra de consolação para o povo, falai”. Se continuarmos a ler até ao versículo 43 podemos ler a natureza da mensagem que Paulo levou àquela cidade. Os crentes de Antioquia reconheceram em Paulo um rabi fariseu capacitado para falar sobre a Lei e os profetas. Não só ali como noutros lugares onde se congregava aos Sábados, como era seu costume e costume das comunidades judaicas segundo a Lei/Torá, Paulo pregava a Lei e a Cristo, o que é consistente com o que os escritos apostólicos nos revelam a mensagem e o papel que este servo do Deus Altíssimo desempenhou. Porém, Paulo acabou por ter problemas com os principais de algumas comunidades judaicas, tal como a de Tessalónica – Actos 17:1-5 – “E passando por Anfípolis e Apolónia, chegaram a Tessalónica, onde havia uma sinagoga de judeus. E Paulo, como tinha por costume, foi ter com eles; e por três sábados disputou com eles sobre as Escrituras, expondo e demonstrando que convinha que o Cristo padecesse e ressuscitasse dentre os mortos. E este Jesus, que vos anuncio, dizia ele, é o Cristo. E alguns deles creram, e ajuntaram-se com Paulo e Silas; e também uma grande multidão de gregos religiosos, e não poucas mulheres principais. Mas os judeus desobedientes, movidos de inveja, tomaram consigo alguns homens perversos, dentre os vadios e, ajuntando o povo, alvoroçaram a cidade, e assaltando a casa de Jasom, procuravam trazê-los para junto do povo”. Ele mesmo declara mais tarde na comunidade de Bereia, que a comunidade judaica local foi muito mais receptiva à sua mensagem que falava da vinda e sacrifício do Salvador Yeshua do que a de Tessalónica, porque foram confirmar às Escrituras tudo o que ele lhes ensinou. Vejamos que Satanás continuou a perseguir Paulo induzindo alguns de Tessalónica a persegui-lo até Bereia: Actos 17:10-13 – “E logo os irmãos enviaram de noite Paulo e Silas a Beréia; e eles, chegando lá, foram à sinagoga dos judeus. Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalónica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim. De sorte que creram muitos deles, e também mulheres gregas da classe nobre, e não poucos homens. Mas, logo que os judeus de Tessalónica souberam que a palavra de Deus também era anunciada por Paulo em Beréia, foram lá, e excitaram as multidões”. O testemunho de Paulo era incómodo para muitos; ontem como hoje a verdade continua a incomodar alguns! Passando depois para Atenas, Paulo teve oportunidade de fazer um discurso notável no Areópago da cidade, aproveitando para lhes falar acerca Daquele a Quem eles dedicavam um nicho mas não conheciam: “Ao Deus desconhecido ”.

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Aproveitando este ensejo, Paulo anunciou-lhes O Deus Verdadeiro, O Deus de Abraão, Isaac e Jacob, Senhor YHWH. Nesta cidade Paulo disputou com os judeus e religiosos locais, na sinagoga e na praça com os que se apresentavam para o escutar: Actos 17:17. Os problemas com a audiência começaram quando ele lhes anunciou a ressurreição de Yeshua. Como sempre, e em todos os lugares por onde andou e, conforme ao seu costume e ao das comunidades judaicas locais, Paulo e os que o acompanhavam (Barnabé, Silas e tantos outros) guardavam o Sábado e reuniam-se neste dia nas sinagogas para estudar a Lei/Torá (Moisés) e anunciar ao Cristo Yeshua. Vejamos mais um exemplo em Actos 13:44-48 – “E no sábado seguinte ajuntou-se quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus. Então os judeus, vendo a multidão, encheram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava. Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia, disseram: Era mister que a vós se vos pregasse primeiro a palavra de Deus; mas, visto que a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna [assim estão muitos hoje, ainda…], eis que nos voltamos para os gentios; porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te pus para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até os confins da terra. E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna”. Paulo e os que o acompanhavam nas suas missões evangelísticas mostravam ser estritos observadores da Lei/Torá de YHWH. Não a guardavam em parte, mas no todo. Só desta maneira poderiam ser recebidos e ensinar a Lei/Torá nas sinagogas das muitas comunidades judaicas que visitaram e onde permaneceram, às vezes por períodos mais alargados que se estenderam até um ano e meio, residindo em casa de outros crentes locais (e.g. Lídia, que era temente a Deus – Actos 16:13-15, assim como ficou alojado em casa de Aquila e Priscila em Corinto – Actos 18:2-3, entre outros, todos eles servos obedientes à Lei/Torá de Israel e que aceitaram a Yeshua como O Messias). Veja-se que no decurso de uma das suas viagens, ao visitar Éfeso onde permaneceu por algum tempo e onde voltou mais tarde noutra viagem, Paulo afirma a sua intenção de voltar para Jerusalém a tempo de celebrar uma das solenidades anuais de YHWH (Levítico 23): Actos 18:19-21 – “E chegou a Éfeso, e deixou-os ali; mas ele, entrando na sinagoga, disputava com os judeus. E, rogando-lhe eles que ficasse por mais algum tempo, não conveio nisso. Antes se despediu deles, dizendo: É-me de todo preciso celebrar a solenidade que vem em Jerusalém; mas querendo Deus, outra vez voltarei a vós. E partiu de Éfeso”. Sempre que podia, Paulo dirigia-se a Jerusalém a tempo de celebrar as Solenidades de YHWH. Agora leiamos o que Paulo nos deixou escrito acerca das Solenidades Anuais de YHWH (os Seus Sábados Anuais). Tomemos como exemplo o período dos Pães Ázimos: Actos 20:6 – “E, depois dos dias dos pães ázimos, navegamos de Filipos, e em cinco dias fomos ter com eles a Tróade, onde estivemos sete dias”. Vemos que Paulo e os que com ele estavam respeitaram a semana dos ázimos e só depois viajaram.

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Se Paulo não demonstrasse perante os responsáveis das comunidades judaicas que visitou que era um fariseu obediente à Lei/Torá, nunca poderia ser continuamente convidado a ensinar. Esta abertura era consequência do seu modo de vida e ensino na Lei/Torá. De resto, nos escritos que nos deixou, Paulo faz constantes citações da Lei/Torá para suportar os seus ensinamentos. 7. A circuncisão de Timóteo Para grande testemunho da sua estrita observação da Lei/Torá veja-se que Paulo também não hesita em circuncidar pessoalmente o seu discípulo Timóteo (filho de pai grego e de mãe judia): Actos 16:3 – “Paulo quis que este fosse com ele; e tomando-o, o circuncidou, por causa dos judeus que estavam naqueles lugares; porque todos sabiam que seu pai era grego”. Timóteo foi circuncidado na carne porque já estava circuncidado no coração: verso 1-2 – “E eis que estava ali um certo discípulo por nome Timóteo, filho de uma judia que era crente, mas de pai grego; do qual davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e em Icónio”. Temos assim a prova que Timóteo já estava circuncidado no seu coração/mente, antes de ser submetido por Paulo à circuncisão na carne. Timóteo aprendeu as “sagradas letras” com sua avó Lóide e com sua mãe Eunice, conforme Paulo nos diz em 2.Timóteo 1:5 – “Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti”. Timóteo foi ensinado desde a sua meninice nas Sagradas Escrituras do seu tempo, conforme Paulo escreveu em 2.Timóteo 3:14-15 – “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, e que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus”. Pela fé que havia no seu coração/mente, Timóteo já seguia a Yeshua. Só lhe faltava ser levado a fazer parte do Concerto Abraâmico e do Concerto Moisaico para que nele se completasse o que Deus pede ao homem: seguir a Cristo e andar na Sua Lei/Torá (tal como nos é ensinado em Apocalipse 14:12 e Isaías 8:16, 20). Por outras palavras, Timóteo precisava estar enxertado na boa oliveira que é Israel e cuja raiz é Cristo, como nos diz o mesmo Paulo na sua carta aos Romanos 11. Reparemos num aspecto crucial que rodeou a circuncisão de Timóteo praticada pela mão de Paulo: ele circuncidou Timóteo já depois da discussão e decisão tomada pelos anciãos em Jerusalém e que nos vem relatada em Actos 15!!! Ele não o fez para preencher os requisitos rabínicos associados à conversão de um prosélito porque isso submeteria Timóteo à autoridade rabínica, mas para dar cumprimento ao mandamento da Torá, conforme foi também desejo de Timóteo. Por ser uma questão de fé e de obediência ao preceito dado por Deus, Timóteo recebeu a circuncisão na carne para que, primeiramente revelasse a sua obediência à Lei/Torá e nas suas deslocações com Paulo, não constituísse uma afronta perante as comunidades judaicas que iriam visitar. Por isso ele diz: “por causa dos judeus”. Nunca poderíamos falar da fé como elemento indispensável à salvação da alma sem referir que é a fé que nos conduz à obediência aos preceitos de YHWH, a mesma fé que não veio anular a Lei/Torá, como nos ensina Paulo em

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Romanos 3:31 – “Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei”. Ao escrever aos Gálatas, Paulo volta a abordar a questão da circuncisão na carne. Porém, é necessário saber interpretar o que ele nos diz acerca desta questão, pois quando ele escreve em Gálatas 5:1-4 – “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão [i.e. dos preceitos e tradições dos homens – a lei oral]. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar [pelos judaizantes], Cristo de nada vos aproveitará. E de novo protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar [por eles], que está obrigado a guardar toda a lei [oral]. Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei [dos homens]; da graça tendes caído”. Atente-se bem no que acabámos de ler. Pergunta-se:

a) De que servidão nos fala aqui Paulo? Da Lei/Torá da liberdade (que assim é referida em Tiago, e da qual Yeshua diz que o seu jugo é leve e suave) ou da servidão das leis e tradições dos homens? R.: Paulo estava a referir-se às leis e tradições dos homens que impunham que os prosélitos não podiam ser circuncidados se não fossem observados os ritos farisaicos próprios do acto, o que é manifestamente uma coisa acrescentada pelos homens, pois a Bíblia não estabelece qualquer rito específico para este acto, a não ser a consciência de um coração obediente e previamente convertido a Deus.

b) Paulo dizia claramente que aquele que se deixava circuncidar como

prosélito do Judaísmo farisaico estava a cumprir o acto pela carne (na aparência) e não no coração; podia estar a ser circuncidado na carne sem que o seu coração estivesse previamente entregue a Deus. Por isso Cristo de nada podia aproveitar a essa alma, pois tal alma nunca poderia ser justificado pelas suas obras sem Cristo.

c) Pior do que isso, pois a circuncisão rabínica implicava que o prosélito

passava a estar debaixo da autoridade rabínica e não debaixo da autoridade de Deus. Eles diziam que para serem admitidos na comunidade de Israel, todo o prosélito deveria primeiro (entre outras coisas) deixar-se circuncidar na carne. Ora a Palavra de Deus ensina-nos precisamente o contrário: primeiro vem a fé (a circuncisão do coração/mente) e depois dela, vem então a circuncisão na carne que revela a obediência à Lei/Torá pela fé.

d) Paulo afirma que aquele que se colocava debaixo das leis e preceitos dos

homens estava a pensar obter as boas graças de Deus e a salvação através das obras dessas leis, o que é errado. A salvação vem pela fé em Cristo e pela obediência aos preceitos de Deus. Depois dessa entrega, é que o homem se deve deixar circuncidar na carne para cumprir o mandamento de Deus. Então, a circuncisão na carne passa a ser um acto de fé e não um mero ritual dos homens.

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e) Por último, se Paulo não fosse um fiel observador da Lei/Torá de YHWH não

haveria qualquer razão para, ele próprio, ter circuncidado Timóteo na carne! E Paulo só o fez num homem que já estava convertido a Yeshua.

Toda a obediência à Lei/Torá tem que ser a consequência de um coração primeiramente circuncidado pela fé, que leva o homem depois a andar em temor perante O seu Criador, i.e. a deixar-se circuncidar na carne também, pois no Reino vindouro, não entrará no Templo do Senhor, em Jerusalém, qualquer que seja incircunciso no coração ou na carne do seu prepúcio. Ezequiel 44:9 diz-nos muito claramente: “Assim diz o Senhor YHWH: Nenhum estrangeiro, incircunciso de coração ou incircunciso de carne, entrará no meu santuário, dentre os estrangeiros que se acharem no meio dos filhos de Israel”. E porquê esta ressalva em relação aos estrangeiros? Porque aquele que fizer parte do povo de Israel já estará circuncidado no coração/mente e na carne: Jeremias 31:31-34; Hebreus 8:10; 10:16. Porque a Lei/Torá do Senhor estará gravada no interior dos que fizerem parte desse Reino milenar. Ficam depois os estrangeiros que irão a Jerusalém mas que não poderão entrar no Templo se a sua condição for de incircunciso de coração/mente ou da carne. O Deus YHWH deu a circuncisão na carne como um sinal do Concerto que Ele firmou com Abraão e com a sua descendência por todas as gerações, como um povo santo e obediente para O servir: deu-lhes a circuncisão da carne e do coração/mente como uma replicação do selo do pacto que foi então firmado entre O Altíssimo e Abraão para toda a Israel de Deus. Para além do exemplo da circuncisão de Timóteo, que Paulo nunca executaria só para agradar aos homens mas para observar a vontade do Senhor, Paulo também fala sobre a circuncisão de Tito, seu acompanhante: Gálatas 2:3 – “Mas nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se”. Que se passou então com Tito? Tito sendo um homem de fé e uma vez ensinado nos caminhos da Lei/Torá, ele mesmo, tendo-se tornado parte da Israel de Deus (enxertado na boa oliveira) estando por isso circuncidado no coração/mente pela fé em Yeshua, desejou ser circuncidado também na carne do seu prepúcio para cumprir toda a vontade de YHWH…apesar de, como nos diz no verso seguinte: “E isto por causa dos falsos irmãos que se intrometeram, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão [da lei oral dos homens, i.e. sob a autoridade rabínica]”. Que servidão era essa que alguns pretendiam introduzir no espírito de Tito e de outros? Era a observação dos preceitos e tradições dos homens que para nada aproveitam e que Paulo tanto combateu. O que Paulo verdadeiramente nos diz nestas passagens é que Tito era, na realidade, circuncidado na carne, não por ter sido a isso constrangido ou ter-se deixado constranger pelos ensinamentos daqueles falsos irmãos que se intrometeram para expiar a sua liberdade em Cristo e para o tentarem pôr debaixo da servidão das leis dos homens, segundo um ritual humano, mas, porque estando antes convertido à fé de Yeshua (tendo o seu coração circuncidado), deixou-se depois guiar pela obediência aos preceitos de YHWH, circuncidando-se então na

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carne. Tito deixou-se circuncidar em plena liberdade e não por ter sido compelido a obedecer a qualquer preceito ou tradição dos homens. Tanto o exemplo de Timóteo como o de Tito na questão doutrinal da circuncisão do coração/mente e depois na carne, são exemplos marcantes em como, tanto Paulo como todos os fiéis que o acompanhavam, observavam escrupulosamente toda a Lei/Torá de YHWH. Também em Abraão a circuncisão da carne veio depois deste servo de YHWH ter demonstrado a sua fé no Deus Todo-Poderoso. A fé de Abraão já estava centrada Naquele que havia de vir antes de ser circuncidado na carne. Para Paulo, o exemplo de Abraão foi mandatório para o desenvolvimento de todo o seu ministério entre os gentios. Primeiro vem a eleição de YHWH, confirmada pela fé em cada um dos que são chamados para um novo caminho e, depois, pela mesma fé, vem a obediência a todos os preceitos de Deus contidos na Sua Lei. Ele reconheceu que todos os que se salvam necessitam de Um Salvador…e Esse Salvador é Yeshua. Mas será que Paulo era homem para dar “uma no cravo e outra na ferradura”? Era o apóstolo Paulo homem para, debaixo da influência do Espírito Santo, dizer uma coisa numa carta e outra diferente noutra carta? Vejamos o que ele escreveu sobre esta matéria em 1.Coríntios 7:17-19 – “E assim cada um ande como Deus lhe repartiu, cada um como o Senhor o chamou. É o que ordeno em todas as igrejas. É alguém chamado, estando circuncidado [pela lei oral]? Fique circuncidado. É alguém chamado estando incircuncidado? Não se circuncide [pelos preceitos e autoridade dos homens]. A circuncisão [Judá] é nada e a incircuncisão [gentios] nada é, mas, sim, a observância dos mandamentos de Deus”. Para podermos analisar devidamente esta passagem temos que compreender o contexto e o propósito com que Paulo escreveu estas palavras. Para que compreendamos de uma vez por todas que Paulo nunca falou contra a Lei/Torá (nem para isso tinha autoridade) devemos ler igualmente os versículos 20 a 23 – “Cada um fique na vocação em que foi chamado. Foste chamado sendo servo? não te dê cuidado; e, se ainda podes ser livre, aproveita a ocasião. Porque o que é chamado pelo Senhor, sendo servo, é liberto do Senhor [das leis e tradições dos homens]; e da mesma maneira também o que é chamado sendo livre, servo é de Cristo. Fostes comprados por bom preço; não vos façais servos dos homens”. Nos versículos 17 a 23 Paulo fala claramente contra os preceitos e tradições dos homens, nomeadamente sobre o ritual da circuncisão que os judaizantes praticavam nos prosélitos. Desde logo, quando ele diz que o importante é “a observância dos mandamentos de Deus” (verso 19) parece anular tudo o que acabou de dizer sobre a circuncisão ou não circuncisão, o que não é verdade, pois se não compreendermos que Paulo chama “circuncisão” a Judá e “incircuncisão” aos gentios, falharemos no alcance das suas palavras. Na realidade, o que é importante, como ele mesmo diz, é “a observância dos mandamentos de Deus”, dos quais a circuncisão na carne depois de adquirida a fé, é um deles, pois um dos mandamentos de Deus para o Seu povo (a Israel de Deus) é precisamente a circuncisão da carne.

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Por outro lado, ninguém que quer ver a Deus e receber a Sua salvação pode ficar “como o Senhor o chamou”. Ninguém que aspira à salvação se pode deixar ficar no estado em que se encontrava quando Deus o chamou…mas, deve prosseguir, como também ensina Paulo, de fé em fé, progredindo no conhecimento da Verdade e no aperfeiçoamento de todos os seus caminhos, vivendo em obediência no caminho da santificação, sem a qual ninguém verá O Senhor, como nos é ensinado em Hebreus 12:14. É impossível dizer que alguém está verdadeiramente convertido a Yeshua, tendo-se tornado numa nova criatura, quando essa alma continua a sentir/entender no seu interior que não se deve submeter à circuncisão da carne e, por isso mesmo, à Lei/Torá de YHWH. Na realidade, essa alma não está verdadeiramente convertida no seu interior pois, se o estivesse, a sua fé o conduziria a obedecer e a praticar os actos que Deus espera de um filho obediente. Se a sua fé não se traduzir em obras, a sua fé é vazia, como nos ensina Tiago. Logo esse tal não se deixou transformar em nova criatura pelo Espírito de Deus. Vejamos ainda:

a) “É alguém chamado, estando circuncidado? Fique circuncidado”. Paulo referia-se aqui à circuncisão rabínica que alguns prosélitos e judeus já haviam recebido na carne. Ora, mesmo que tivessem sido circuncidados segundo esse ritual, não deveriam fazer mais nada após terem recebido a Cristo no seu coração/mente. É alguém chamado, de entre os judeus (ou mesmo dos prosélitos) tendo já antes sido sujeito à circuncisão rabínica? Pois não a tente desfazer…

b) “É alguém chamado estando incircuncidado? Não se circuncide”.

De novo, Paulo volta a combater os métodos farisaicos da circuncisão por serem baseados nas leis e tradições humanas. Tal pessoa não se deveria deixar circuncidar pelo rito farisaico. Temos mais uma vez que chamar a atenção para as palavras de Pedro que são apresentadas logo na primeira página deste trabalho, pois as palavras de Paulo podem, por vezes, levar muitos a distorcer as suas palavras e a interpretá-las fora do contexto. Paulo que travou inúmeras lutas contra o ensinamento e práticas farisaicas só poderia ter uma posição: obedecer à vontade de YHWH e não se deixar levar pelos ensinamentos e tradições dos homens. Voltemos então ao que Paulo diz: é alguém chamado não tendo sido sujeito à circuncisão rabínica, pois não o faça, porque se o fizer estará a colocar a sua confiança num acto humano e a colocar-se debaixo da autoridade dos homens ficando depois obrigado a cumprir toda a lei oral. Esse baseou-se num acto externo e não no sangue de Yeshua e, nesse caso, Yeshua de nada lhe aproveitará (Gálatas 5:2).

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c) “A circuncisão [Judá] é nada e a incircuncisão [gentios] nada é” -

quando Paulo usa esta expressão está a confirmar a Palavra de Deus que diz que O Eterno não faz distinção/acepção de pessoas mas aprova todos os que, em qualquer nação, obram o que é justo, andando nos Seus caminhos, na Sua Lei/Torá: Deuteronómio 10:17; 16:19; 2.Crónicas 19:7; Malaquias 2:9; Actos 10:34; Romanos 2:11; Efésios 6:9; Tiago 2:1, 9; 1.Pedro 1:17.

d) Por último, Paulo não queria que os gentios convertidos a Cristo

pensassem que tinham primeiro que ser admitidos na comunidade de Israel, i.e. tornarem-se judeus, para serem salvos. Do mesmo modo, também não queria que os Judeus deixassem de ser judeus (ainda que o não pudessem) para acederem à salvação por Yeshua. Paulo ensinava e esperava que tanto Judeus como gentios convertidos a Yeshua, guardassem os mandamentos. É por isso fácil de entender que Paulo não queria, de forma alguma que alguém que se convertesse se sujeitasse à autoridade dos homens, a rabínica, com toda a carga de preceitos, regras, costumes e tradições dos homens, pois esta era a lei da servidão.

A questão dos preceitos e tradições dos homens no tocante à circuncisão fica também bem clara quando lemos Gálatas 6:12-15 – “Todos os que querem mostrar boa aparência na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo. Porque nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a lei, mas querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne. Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão [Judá], nem a incircuncisão [gentios] tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura”. Os judaizantes eram os que chegavam ao ponto de declarar que um prosélito convertido e, por isso mesmo, circuncidado, que não tivesse sido circuncidado pelo rito rabínico-farisaico5 não estava devidamente circuncidado, sendo por isso “incircunciso”. Esta era a manifesta cegueira dos homens que viviam pela carne e não pelo Espírito. Estavam agarrados aos preceitos da lei oral e das tradições dos homens. Estavam sujeitos à autoridade rabínica e não à autoridade de YHWH. Por outras palavras, buscavam primeiro um reconhecimento exterior (na carne) e não um sinal interior de um coração/mente convertido/circuncidado que agrada a Deus. Por isso se diz que primeiro vem o arrependimento (o sinal interior) e só depois desse o sinal exterior – o batismo e, entre outros preceitos divinos, a circuncisão na carne como sinal de obediência perante o mandamento de Deus, a qual deve ser executada já como acto de fé. Se Paulo estivesse a escrever contra

5 De novo se afirma: os ritos rabínico-farisaicos que rodeavam a circuncisão na carne não eram mais do que uma maneira de compelir os prosélitos a sujeitarem-se à autoridade dos homens e não à de Deus. Na realidade a grande questão foi sempre esta, e não o acto da circuncisão em si mesmo.

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a circuncisão da carne, nunca teria circuncidado Timóteo, nem teria escrito que o que importava era a guarda dos mandamentos. Como em tudo o resto na vida de um crente em Yeshua, os actos da sua vida devem traduzir a fé de um coração/mente convertido, andando em obediência a todos os preceitos de YHWH contidos na Sua Lei/Torá. Isto é o reflexo de um coração obediente e com fé, sem a qual a circuncisão da carne para nada aproveita se Cristo não governar a vida dessa alma. Assim, os gentios que se convertiam e primeiro recebiam a Cristo no seu interior, só depois se deixavam circuncidar para cumprir o estatuído pelo Altíssimo Deus. Segundo Paulo, que tinha O Espírito Santo, só uma alma previamente convertida a Yeshua deve depois deixar-se circuncidar na carne pela fé e pela obediência à Lei/Torá, tal como Abraão fez. Vemos assim que as leis e tradições dos homens se opunham (e opõem) à Lei/Torá de Deus. Foi por inversões como a da circuncisão feitas pelos homens que a Lei/Torá foi pervertida pelas tradições humanas. Mas, o que permanece válido é o que nos é ensinado em Deuteronómio 10:12-16 – “Agora, pois, ó Israel, que é que YHWH teu Deus pede de ti, senão que temas a YHWH teu Deus, que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas a YHWH teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, que guardes os mandamentos de YHWH, e os seus estatutos, que hoje te ordeno, para o teu bem? Eis que os céus e os céus dos céus são de YHWH teu Deus, a terra e tudo o que nela há. Tão-somente YHWH se agradou de teus pais para os amar; e a vós, descendência deles, escolheu, depois deles, de todos os povos como neste dia se vê. Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz”. A verdadeira circuncisão começa no coração/mente, pelo arrependimento do homem, que é precisamente o que Paulo corrobora em Romanos 2:26-29 a 3:1-2 – “Se, pois, a incircuncisão [o gentio] guardar os preceitos da lei [Torá], porventura a incircuncisão não será reputada como circuncisão? E a incircuncisão [gentio] que por natureza o é, se cumpre a lei, não te julgará porventura a ti, que pela letra e circuncisão [os de Judá] és transgressor da lei [de YHWH]? Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus. Qual é pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão [de Judá]? Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas”. A questão da circuncisão na carne não deixa de ser, hoje ainda, uma das mais controversas entre as comunidades que dizem seguir a Cristo. Porém, se tomarmos o exemplo dos crentes da seita dos Nazarenos, constataremos que o seu modo de vida se baseava em todos os preceitos da Lei/Torá, dada ao homem por YHWH…por isso os anciãos disseram a Paulo: “Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que crêem, e todos são zeladores da lei” – Actos 21:20.

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É pois inconsistente pensarmos hoje que Paulo viesse contradizer um só que fosse dos mandamentos de YHWH e, ao mesmo tempo, o praticasse em Timóteo, seu discípulo na fé em Yeshua. Se alguma dúvida ainda houver, fiquemos pelo princípio da fidelidade com que Paulo viveu em todos os mandamentos da Lei/Torá dada por YHWH através de Moisés. Podemos encontrar exemplos idênticos aos de Paulo em Yeshua e nos Seus apóstolos. Neste aspecto não podemos deixar de enunciar os conceitos bíblicos de “justiça” e de “bondade” que convergem para a obediência a Deus e à Sua Lei/Torá. Os que a si mesmo dizem “estar salvos” e andam fora dos preceitos divinos, estão a enganar-se a si mesmos. Lembremos as palavras de Yeshua em Mateus 7:21-23 – “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demónios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade [a transgressão da Lei/Torá]”. Lembremos igualmente as palavras do apóstolo em 1.João 5:1-4 – “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido. Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados. Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé”. Sabemos também que aqueles que dizem que amam a Yeshua e não guardam os Seus mandamentos são mentirosos – 1.João 2:4. Dúvidas? Infelizmente muitos dos que hoje são chamados continuam cegos e arredios, ou até, em oposição ao ensino/instrução de YHWH – a Sua Lei/Torá. São “nuvens sem água” como nos é dito em Judas 1:12. Estes não se deixam guiar pelo Espírito nem atentam para as palavras eternas de YHWH, escritas para ensino/instrução do homem. Porque desprezam a correcção de Deus, sofrerão castigo severo. Ensina-nos a Palavra que estes receberão a operação do erro porque não quiserem crer na Verdade. Ora, se “a Lei é santa e o mandamento santo, justo e bom”, se “a Lei é espiritual”, então só temos que a guardar no nosso coração e viver por ela, em obediência, fé e amor para com Aquele que nos chamou para este caminho santo, pois essa é também a intenção do Rei Eterno, já hoje e quando reinar sobre todas as nações da Terra altura que os homens terão esses preceitos gravados nos seus corações! Sigamos pois o exemplo de Paulo, tal como ele seguiu o exemplo do Cristo – 1. Coríntios 11:1: “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo”.

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