modelos de previsÃo de enchentes em tempo real para …

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JOÃO BATISTA LOPES DA SILVA MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA O MUNICÍPIO DE NOVA ERA – MG Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós- Graduação em Engenharia Agrícola, para obtenção do título de Magister Scientiae. VIÇOSA MINAS GERAIS – BRASIL 2006

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Page 1: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

JOÃO BATISTA LOPES DA SILVA

MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL

PARA O MUNICÍPIO DE NOVA ERA – MG

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, para obtenção do título de Magister Scientiae.

VIÇOSA

MINAS GERAIS – BRASIL

2006

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Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e Classificação da Biblioteca Central da UFV

T Silva, João Batista Lopes da, 1981- S586m Modelos de previsão de enchentes em tempo real para 2006 o município de Nova Era – MG / João Batista Lopes da Silva. – Viçosa : UFV, 2006. xii, 99f. : il. ; 29cm. Inclui apêndice. Orientador: Paulo Afonso Ferreira. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Viçosa. Referências bibliográficas: f. 79-85. 1. Inundações – Previsão – Nova Era (MG). 2. Hidrologia - Modelos matemáticos. 3. Defesa civil. 4. Controle de inundações. I. Universidade Federal de Viçosa. II. Título. CDD 22.ed. 551.489

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JOÃO BATISTA LOPES DA SILVA

MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA O MUNICÍPIO DE NOVA ERA – MG

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, para obtenção do título de Magister Scientiae.

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ii

“Porque, daqui a sete dias, farei chover sobre a terra

durante quarenta dias e quarenta noites; e da superfície da

terra exterminarei todos os seres que fiz” (Gênesis 7:4).

“Terra de Canaan, por volta de 3000 a.C., numa grande

inundação, centrada no rio Eufrates próximo a cidade de Ur,

Noé e sua família se salvaram. Um dilúvio resultante de 40

dias e 40 noites de contínua precipitação ocorreu na região.

Terras inundadas por 150 dias. Todas as criaturas vivas

afogaram com exceção de Noé, sua família e animais, dois a

dois, foram salvos numa arca e finalmente descansaram no

Monte Ararat” (passagem bíblica do Dilúvio adaptada).

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iii

AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter criado a maravilha que é viver.

Aos meus pais, José Aymoré e Eva Inês, por terem me ensinado o respeito, a

educação, a honestidade e, a cima de tudo, por me amarem.

À minha irmã, Nádia Iacy, pelo apoio e conselhos nas horas difíceis.

À Deborah, que antes de todos, foi a primeira a ler este trabalho e, também, pela

compreensão e incentivo nos momentos difíceis.

Ao professor Paulo Afonso, por ter sido além de um grande orientador, um

segundo pai, ou “paf” como ele próprio diz.

Aos professores Márcio Mota Ramos e Vicente Soares, e também a Humberto

Euclydes, pelos conselhos durante a realização deste trabalho.

À Universidade Federal de Viçosa, por meio do Departamento de Engenharia

Agrícola, pela oportunidade de realização do curso.

Ao programa CT-HIDRO do CNPq, pela concessão da bolsa de estudos.

Aos técnicos da CPRM de Belo Horizonte, Elizabeth Daves, Alice Castilho, Yuri

Queiroga, Alessandro e Eber, pela colaboração e sugestões.

À Cemig, CPRM e Belgo Mineira, pela doação das séries hidrológicas.

Aos grandes amigos, Felipe, Marcelo, Ronaldo e Sady que me auxiliaram,

aconselharam e ajudaram durante esta jornada.

Também aos professores e funcionários do DEA que, além de me ajudar, também

me ensinaram.

Enfim, a todos os amigos e colaboradores que, direta ou indiretamente,

contribuíram para o sucesso deste trabalho.

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iv

BIOGRAFIA

JOÃO BATISTA LOPES DA SILVA, filho de José Aymoré Lopes da Silva e Eva

Inês Camilotti Lopes da Silva, nasceu no dia 11 de setembro de 1981, em Amparo,

Estado de São Paulo.

No primeiro semestre de 1999, ingressou na Universidade Federal de Viçosa,

concluindo o Curso de Engenharia Agrícola e Ambiental em julho de 2004.

Em agosto de 2004, iniciou o Curso de Mestrado em Engenharia Agrícola, área de

concentração em Recursos Hídricos e Ambientais, na Universidade Federal de Viçosa,

submetendo-se à defesa da dissertação em setembro de 2006.

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v

ÍNDICE

Página

LISTA DE SÍMBOLOS ....................................................................................................... vii RESUMO ............................................................................................................................ ix ABSTRACT.........................................................................................................................xi 1. INTRODUÇÃO................................................................................................................ 1 2. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................................... 4

2.1. Enchentes e seus efeitos ......................................................................................... 4 2.2. Medidas de prevenção contra enchentes ................................................................ 6

2.2.1. Previsão de vazões........................................................................................... 7 2.2.2. Sistemas de Alerta Contra Enchentes .............................................................. 9

2.3. Modelos hidrológicos ............................................................................................... 9 2.3.1. Modelos de transformação chuva-vazão ........................................................ 11 2.3.2. Modelos de propagação do escoamento ........................................................ 14 2.3.3. Modelos chuva-vazão acoplados a modelos de propagação do escoamento 16 2.3.4. Análise de sensibilidade.................................................................................. 17

3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 19 3.1. Caracterização da área de estudo ......................................................................... 19 3.2. Descrição dos modelos hidrológicos utilizados...................................................... 22

3.2.1. Módulo bacia – transformação chuva-vazão................................................... 23 3.2.1.1. Perdas por interceptação e evapotranspiração........................................ 24 3.2.1.2. Separação do escoamento ...................................................................... 25 3.2.1.3. Propagação dos escoamentos superficial e subterrâneo ........................ 28

3.2.2. Módulo rio – propagação da onda de cheia no canal ..................................... 31 3.3. Aquisição de dados................................................................................................ 33 3.4. Elaboração do banco de dados ............................................................................. 33

3.4.1. Seleção dos eventos de cheia ........................................................................ 34 3.4.2. Discretização da bacia em sub-bacias menores............................................. 35 3.4.3. Influência de cada estação pluviográfica ........................................................ 37

Page 8: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

vi

3.4.4. Dados fisiográficos de entrada nos modelos .................................................. 38 3.5. Construção dos modelos hidrológicos ................................................................... 41

3.5.1. Construção do primeiro modelo hidrológico.................................................... 41 3.5.2. Construção do segundo modelo hidrológico................................................... 42

3.6. Calibração dos modelos hidrológicos .................................................................... 43 3.6.1. Calibração do primeiro modelo hidrológico..................................................... 43 3.6.2. Calibração do segundo modelo hidrológico .................................................... 44

3.7. Análise estatística dos resultados e estimativa da antecedência .......................... 45 3.7.1. Comparação entre a vazão calculada e observada........................................ 45 3.7.2. Estimativa da antecedência ............................................................................ 46

3.8. Análise de sensibilidade do modelo....................................................................... 46 3.9. Comparação entre os resultados obtidos com os modelos e aqueles obtidos na

atual metodologia do Sistema de Alerta Contra Enchentes da Bacia do Rio Doce...... 47 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................................. 49

4.1. Calibração do primeiro modelo hidrológico............................................................ 49 4.2. Calibração do segundo modelo hidrológico ........................................................... 53

4.2.1. Calibração do módulo bacia para a sub-bacia B............................................. 54 4.2.2. Calibração do módulo bacia para a sub-bacia C ............................................ 60 4.2.3. Calibração do módulo rio ................................................................................ 62 4.2.4. Simulação completa do segundo modelo hidrológico..................................... 65

4.3. Estimativa da antecedência ................................................................................... 70 4.4. Análise de sensibilidade do modelo....................................................................... 73 4.5. Comparação entre os resultados obtidos com os modelos e aqueles obtidos na

atual metodologia do Sistema de Alerta Contra Enchentes da Bacia do Rio Doce...... 76 5. CONCLUSÕES............................................................................................................. 77 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 78 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 79 APÊNDICES ..................................................................................................................... 86

APÊNDICE A ................................................................................................................ 87 APÊNDICE B ................................................................................................................ 88 APÊNDICE C ................................................................................................................ 89 APÊNDICE D ................................................................................................................ 90 APÊNDICE E ................................................................................................................ 93 APÊNDICE F................................................................................................................. 95 APÊNDICE G ................................................................................................................ 99

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vii

LISTA DE SÍMBOLOS

α porcentagem de área impermeável, %.

Ac área contribuinte acumulada relativa à área total, adimensional.

c celeridade da onda de cheia, m/s.

CE coeficiente de eficiência, adimensional.

Cn coeficientes resultantes da discretização que dependem de K, X e t,

adimensionais.

d declividade do fundo do canal, m/m.

dp declividade do curso de água principal, m/m.

EAMR erro absoluto médio relativo, adimensional.

EP erro-padrão da estimativa, m3/s.

f ordenada do histograma tempo-área sintético, adimensional.

fm fator de ponderação do volume de escoamento superficial da parcela

impermeável, adimensional.

fp fator de ponderação do volume de escoamento superficial da parcela

permeável, adimensional.

I taxa de infiltração, mm/h.

I0 taxa de infiltração em condições iniciais, mm/h.

I1 valor do parâmetro a -50 % do calibrado.

I12 valor do parâmetro calibrado.

I2 valor do parâmetro a 50 % do calibrado.

Ib taxa de infiltração quando o solo está saturado, mm/h.

IS índice de sensibilidade do modelo aos parâmetros de entrada, adimensional.

K parâmetro representativo do tempo de deslocamento da onda no trecho de

propagação, adimensional.

k parâmetro que caracteriza o decaimento da curva exponencial de infiltração e

depende das características do solo, h-1.

kb tempo médio de esvaziamento do reservatório subterrâneo, h.

ks tempo médio de esvaziamento do reservatório superficial, h.

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viii

L comprimento do trecho de propagação, m.

Lp comprimento do curso de água principal, km.

n coeficiente de rugosidade de Manning, adimensional.

NNEIV nível da estação NEIV-FLU, cm.

NNET nível da estação NET-FLU, cm.

p tamanho da amostra, adimensional.

P precipitação, mm.

q vazão específica por unidade de largura do canal, m3/s/m.

Qa vazão armazenada no curso de água, m3/s.

Qb vazão de saída do escoamento subterrâneo, m3/s.

Qcal vazão calculada pelo modelo, m3/s.

Qe vazão de entrada do escoamento superficial, m3/s.

Qi vazão de entrada no curso de água, m3/s.

Qm vazão média observada, m3/s.

QNEIV vazão da estação NEIV-FLU, m3/s.

Qo vazão de saída no curso de água, m3/s.

Qob vazão observada nas estações fluviográficas, m3/s.

Qs vazão de saída do escoamento superficial, m3/h.

R1 volume total escoado com o valor do parâmetro a -50 % do calibrado, m3.

R12 volume total escoado com o valor do parâmetro calibrado, m3.

R2 volume total escoado com o valor do parâmetro a 50 % do calibrado, m3.

Rmax reservatório máximo de perdas iniciais, mm.

Rt reservatório de perdas iniciais, mm.

S teor de água no solo, mm.

S0 teor de água no solo quando inicia a percolação, mm.

Smax capacidade máxima da camada superior do solo em armazenar água, mm.

T percolação, mm/h.

t tempo, h.

tc tempo de concentração da bacia, min.

VE volume escoado, m3.

VI volume infiltrado, m3.

VP volume percolado, m3.

X parâmetro que pondera a influência das vazões de entrada e saída do trecho na

função de armazenamento, adimensional.

XN coeficiente que varia com a forma da bacia, adimensional.

z número de ordenadas do histograma tempo-área, adimensional.

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RESUMO

SILVA, João Batista Lopes da, M. Sc., Universidade Federal de Viçosa, setembro de 2006. Modelos de previsão de enchentes em tempo real para o município de Nova Era – MG. Orientador: Paulo Afonso Ferreira. Co-orientadores: Márcio Mota Ramos e Vicente Paulo Soares.

A bacia do rio Doce é frequentemente atingida por inundações, causando

prejuízos econômicos, perdas humanas e materiais. Em decorrência desta problemática,

a CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais) de Belo Horizonte criou, em

1997, o Sistema de Alerta Contra Enchentes da Bacia do Rio Doce, no intuito de

minimizar os impactos oriundos das inundações. Entre as cidades beneficiadas pelo

sistema encontra-se Nova Era, em que a atual metodologia de previsão de vazões não

possui antecedência satisfatória para minimizar os impactos das enchentes. Neste

contexto, o objetivo do presente trabalho foi aumentar a antecedência na previsão de

vazões, para a cidade de Nova Era. Assim, foram construídos dois modelos hidrológicos

no sistema IPHS1: o primeiro baseado apenas na transformação chuva-vazão, utilizando-

se o modelo IPH II; e o segundo, com a bacia discretizada em três sub-bacias, utilizou-se,

além do modelo de transformação chuva-vazão IPH II, o modelo hidráulico Muskingum-

Cunge para a propagação das ondas de cheias no canal. No primeiro modelo foram

utilizadas, como dados de entrada, as séries de cinco estações pluviográficas e uma

estação fluviográfica da qual foram selecionados dois eventos de cheia para a calibração,

enquanto no segundo modelo, além dos dados de entrada do primeiro modelo, foram

ainda utilizadas, mais duas estações fluviográficas para a calibração do modelo

hidráulico. Para considerar a variabilidade espacial da precipitação, em ambos modelos,

utilizou-se a metodologia dos polígonos de Thiessen, enquanto as características físicas

da bacia foram extraídas do MDE (modelo digital de elevação), obtido no web site do

“United States Geological Survey” (USGS), e por imagens da bacia obtidas pelo satélite

Landsat 5. Ambos os modelos foram calibrados por meio de tentativa e erro. Após essa

calibração, os resultados foram analisados, estatisticamente, por meio do coeficiente de

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x

eficiência (CE), erro padrão (EP) e erro absoluto médio relativo (EAMR), sendo esses

comparados com aqueles obtidos por meio da atual metodologia do sistema de alerta. A

antecedência dos modelos para a previsão de vazões foi determinada, a partir da

simulação progressiva da precipitação. Os resultados das simulações dos eventos, com

ambos os modelos, foram similares aos da atual metodologia do sistema de alerta, com

desempenho um pouco melhor do segundo modelo. Contudo, a antecedência na

previsão de enchentes dos dois modelos foi superior a 10 horas, mais do que três vezes

a da atual metodologia do sistema (três horas). Assim, os resultados demonstraram que

ambos os modelos construídos têm potencial para aumentar o tempo de antecedência

em relação ao da metodologia atual do sistema de alerta no município de Nova Era.

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xi

ABSTRACT

SILVA, João Batista Lopes da, M. Sc., Universidade Federal de Viçosa, September, 2006. Forecasting models for flood in real time at Nova Era county - MG. Adviser: Paulo Afonso Ferreira. Co-advisers: Márcio Mota Ramos and Vicente Paulo Soares.

The Rio Doce basin is frequently affected by floods that causes economical,

material and human losses. Because this problem, the Companhia de Pesquisa de

Recursos Minerais (CPRM) in Belo Horizonte established the “Sistema de Alerta Contra

Enchentes da Bacia do Rio Doce” (Alert System Against Rio Doce Flooding) in order to

minimizing the impacts from floods. Among the cities benefited by this system is Nova

Era, where the current methodology for forecasting the floods has no satisfactory

antecedence to minimize the impacts from floods. In this context, the study was carried

out to increase the antecedence in forecasting the floods in Nova Era. So, two hydrologic

models were constructed in IPHS1 system, as follows. The first model was based on the

rainfall-runoff transformation only, by applying the model IPH II. In the second one, the

basin was divided into three watersheds and the rainfall-runoff transformation model (IPH

II) was used, as well as the hydraulic model so-called Muskingum-Cunge for propagation

of the flood waves in the open channel. In the first model, the series from either five

pluviographic stations and one fluviographic station were used as entrance data, from

which two flood events were selected for calibration. In the second model, besides the

entrance data of the first model, two fluviographic stations were also used for calibration of

the hydraulic model. The Thiessen polygons methodology was used in both methods in

order to considering the space variability of precipitation, whereas the physical

characteristics of the basin were extracted from the digital elevation model (DEM)

obtained at the web site United States Geological Survey (USGS) and through basin

images obtained by the satellite Landsat 5. Both models were gauged by trial and error.

After this calibration, the results were statistically analyzed, by using the efficiency

coefficient (EC), standard error (SE) and relative mean absolute error (RMAE), as being

these ones compared to those obtained by the current methodology of the alert system.

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xii

The antecedence of the models for forecasting the floods was determined from the

progressive simulation of precipitation. The results of the event simulations with both

models were similar to the current methodology of the alert system, however the second

model showed a slightly better performance. However, the antecedence in forecasting the

floods were above 10 hours for both models, that is more than three times the

antecedence of the current system methodology (three hours). Thus, the results showed

that both constructed models have potential to substitute the current methodology of the

alert system in Nova Era county.

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1

1. INTRODUÇÃO

Durante o período chuvoso, são freqüentes nos noticiários, tanto regionais como

internacionais, notícias sobre enchentes em várias partes do globo. Em conseqüência,

estes eventos causam grandes prejuízos econômicos e sociais para a população

atingida, tais como: interrupção da atividade econômica nas áreas inundadas; perdas

materiais e humanas; contaminação por doenças de veiculação hídrica; inúmeras

pessoas desabrigadas, etc.

Grande parte desses problemas provém da ocupação desordenada das áreas

naturalmente inundáveis – o leito maior dos cursos de água. A razão da ocupação dessas

áreas está na especulação imobiliária e na facilidade de ocupação por serem,

geralmente, áreas mais planas. A falta de um Plano Diretor, que direcione a expansão e o

desenvolvimento das cidades, torna-se outro agravante, pois, deste modo, não há

definição das áreas prioritárias, juntamente com as restritas à expansão.

Em muitas cidades, o problema é de extrema complexidade, pois, o leito maior

dos cursos de água já está completamente ocupado e as soluções muitas vezes

buscadas e desejadas, pela população e administração da cidade, são obras de

engenharia extremamente complexas e onerosas, que não resolvem a totalidade do

problema. Uma das soluções viáveis e de baixo custo para o problema são os Sistemas

de Alerta Contra Enchentes que, embora não evitem os eventos, podem reduzir seus

prejuízos. Tais sistemas têm a finalidade de prever esses eventos com determinada

antecedência, a fim de informar a defesa civil do município, para tomar as devidas

precauções no intuito de minimizar os prejuízos gerados.

A bacia do rio Doce é, frequentemente, atingida por esses eventos. Somente no

período de dezembro de 2004 a março de 2005, foram registradas, pela defesa civil do

Estado de Minas Gerais, 88 ocorrências de inundações na bacia, correspondendo a 43%

de um total de 203 registradas em todo Estado (CPRM, 2005). A defesa civil registrou em

todo o Estado, neste mesmo período, um total de 18 vítimas fatais, 298 feridos, 9.099

desabrigados e 42.993 desalojados devido às enchentes (Defesa Civil MG, 2005). Em

decorrência desses fatos, a CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais) de

Page 16: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

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Belo Horizonte criou, em 1997, o Sistema de Alerta Contra Enchentes da Bacia do Rio

Doce, no intuito de minimizar os impactos oriundos das enchentes nesta bacia.

O Sistema de Alerta Contra Enchentes da Bacia do Rio Doce é ativado, somente,

nos períodos de dezembro a março, ou seja, na época das chuvas na região.

Resumidamente, o sistema consiste nas seguintes etapas: coleta de dados

hidrometeorológicos, armazenamento dos dados, análise dos dados, elaboração da

previsão meteorológica, elaboração da previsão hidrológica e transmissão das

informações. As seguintes cidades são contempladas pelo sistema: Aimorés (MG),

Antônio Dias (MG), Baixo Guandu (ES), Colatina (ES), Conselheiro Pena (MG), Coronel

Fabriciano (MG), Galiléia (MG), Governador Valadares (MG), Ipatinga (MG), Linhares

(ES), Nova Era (MG), Ponte Nova (MG), Resplendor (MG), Timóteo (MG) e Tumiritinga

(MG).

No período de operação do sistema, dezembro de 2004 a março de 2005, o

município de Nova Era foi afetado pelo transbordamento do rio Piracicaba, que inundou

parte de alguns bairros e a área central da cidade. Frequentemente, o município tem sido

afetado por inundações, sendo que no período de dezembro de 2001 a março de 2005,

seis eventos de cheias foram registrados pelo Sistema de Alerta da Bacia do Rio Doce

(CPRM, 2005).

Embora o sistema de alerta tenha sido implantado, efetivamente, em 1997, a

previsão de vazões na cidade de Nova Era começou a ser realizada, somente, a partir do

período de operação 1999/2000 (CPRM, 2000). O modelo utilizado para previsão de

vazão na cidade, nos períodos 1999/2000 e 2001/2002 – o sistema de alerta não operou

durante o período 2000/2001 – não apresentava resultados satisfatórios, tendo o intervalo

válido de vazões previsíveis entre 40 a 350 m3/s, abaixo da cota de alerta de inundação

da cidade. CPRM (2002) adverte que este modelo não se ajustava às vazões mais altas,

as quais realmente interessam para um sistema de alerta contra enchentes, havendo,

portanto, a necessidade de se ajustar um novo modelo de previsão.

Atualmente, a metodologia de previsão da vazão em tempo real na cidade

(modelo das diferenças) baseia-se na vazão de montante do rio Piracicaba e seu

afluente, o rio Santa Bárbara. Os resultados dessas previsões nos períodos 2002/2003,

2003/2004 e 2004/2005 foram considerados satisfatórios, com CE (coeficiente de

eficiência) superior a 0,97 (CPRM, 2003), 0,79 (CPRM, 2004) e 0,81 (CPRM, 2005)

respectivamente. A estimativa da antecedência dos eventos de cheia foi de apenas três

horas, a partir das medições de vazões das estações das usinas hidrelétricas de Peti,

operada pela Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) e de Piracicaba, operada

pela Belgo Mineira, assim como da estação fluviométrica Nova Era IV.

Page 17: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

3

Em decorrência do curto tempo de antecedência, CPRM (2004) e CPRM (2005)

sugerem a busca de um novo modelo ou de novas metodologias, que possibilitem

aumentar esse tempo das previsões para a cidade de Nova Era. Uma possibilidade seria

testar o uso das previsões de precipitação, realizadas por meio de modelos

meteorológicos, como dados de entrada de modelos hidrológicos de transformação

chuva-vazão para toda a bacia (CPRM, 2004).

Tendo em vista a necessidade de determinar, com maior antecedência, os

eventos de cheia para o Sistema de Alerta Contra Enchentes da Bacia do Rio Doce na

cidade de Nova Era, objetivou-se neste trabalho:

• construir e calibrar um modelo hidrológico de transformação chuva-vazão na bacia

do rio Piracicaba, à montante da estação Nova Era IV;

• construir e calibrar um modelo hidrológico de transformação chuva-vazão

acoplado a um modelo hidráulico de propagação de ondas de cheias na bacia do

rio Piracicaba, à montante da estação Nova Era IV;

• analisar a sensibilidade dos modelos construídos aos parâmetros de entrada; e

• comparar os resultados obtidos com os modelos construídos com aqueles obtidos

com a atual metodologia do sistema de alerta na cidade.

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2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Enchentes e seus efeitos

Enchentes são eventos de vazões extremas, que ocorrem quando a precipitação

é intensa e com duração suficiente para ultrapassar a capacidade de interceptação da

cobertura vegetal, do armazenamento temporário e da infiltração de água no solo.

Consequentemente, causam volumes de escoamento superficial que chegam

simultaneamente aos cursos de água, ultrapassando suas capacidades naturais de

drenagem, ou seja, a de seus leitos menores ou calhas normais e resultam em

inundações de seus leitos maiores ou áreas ribeirinhas.

As enchentes são fenômenos hidrológicos, cujo período de retorno de ocorrência,

varia, segundo Tucci (2003a), geralmente, entre 1,5 a 2 anos. Contudo, ações antrópicas

na bacia hidrográfica, tais como agricultura, mineração, obras hidráulicas, desmatamento

e urbanização, alteram significativamente as condições de uso e ocupação do solo na

bacia, ocasionando inundações de maiores magnitudes, com um período de retorno

menor. Surgem, dessa maneira, grandes prejuízos econômicos e maiores riscos de morte

para a população, que ocupa essas áreas inundáveis.

Podem-se diferenciar dois tipos de inundações: as de áreas ribeirinhas e aquelas

devidas à urbanização. O primeiro tipo é natural, ocorrendo em bacias de grande e médio

porte, com área geralmente maior que 500 km2. O segundo tipo é oriundo das alterações

provocadas pela urbanização como, por exemplo, a construção da rede de condutos de

águas pluviais e a impermeabilização e ocupação do solo de forma desordenada,

ocorrendo em pequenas bacias urbanizadas, com áreas inferiores a 100 km2 (Tucci,

2003a).

Inundações nas áreas urbanas são ocorrências tão antigas quanto a formação

das cidades ou de qualquer aglomerado urbano. O homem, em sua história, sempre

procurou fixar-se próximo aos rios, a fim de usá-lo como meio de transporte, obter água

para seu consumo ou mesmo para dispor seus dejetos. Assim, geralmente, as cidades

desenvolveram-se às margens dos rios, lagos ou no litoral. À medida que essas cidades

Page 19: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

5

se urbanizaram, aumentaram-se os problemas com as inundações. Leopold (1968)

descreve um aumento das vazões médias de cheia em até sete vezes, devido ao

aumento na capacidade de escoamento dos condutos e canais, bem como das áreas

impermeáveis. Já Veríssimo et al. (2001) mencionam que, devido ao crescimento

populacional e à ocupação desordenada das cidades, os leitos fluviais transformaram-se

em verdadeiros lixões e receptores de excrementos humanos, o que agrava e gera

epidemias nas épocas de cheia, pois, essas impurezas retornam à população.

Os impactos sobre os sistemas de drenagem devido à urbanização, observados

por Campana e Tucci (1999), são o aumento do escoamento superficial, da magnitude

das vazões de cheia e da redução no tempo de concentração. Já Silva e Campos (2002)

relatam que o crescimento desordenado das cidades brasileiras aumentou muito a

ocorrência de inundações e a deterioração da qualidade das águas superficiais e

subterrâneas.

No processo de urbanização, ocorre a impermeabilização de grande parte da

superfície do solo, que restringe a infiltração, aumentando o volume e a velocidade de

escoamento superficial. Consequentemente, o tempo de concentração na bacia diminui,

sobrecarregando o sistema de drenagem urbano existente e da própria calha natural dos

cursos de água. A redução na infiltração acarreta outro problema; não permite a

adequada recarga dos aqüíferos, ocasionando redução na contribuição aos mananciais

que abastecem as cidades, provocando falhas ou diminuições no fornecimento de água

durante o período de estiagem.

Autores, como Lira e Porto (2003), argumentam que as cidades brasileiras estão

despreparadas, do ponto de vista da oferta adequada de infra-estrutura e de moradia,

enfrentando sérios problemas com inundações esporádicas em suas malhas urbanas. Os

conseqüentes prejuízos abrangem desde perdas de vidas humanas até destruições de

infra-estruturas urbanas. Já Tucci (2003a) afirma que os principais impactos e prejuízos

oriundos das inundações, sobre a população são:

• perdas materiais e humanas;

• interrupção da atividade econômica nas áreas inundadas;

• contaminação por doenças de veiculação hídrica, como leptospirose, cólera e

outras; e

• contaminação da água pela inundação de depósitos de material tóxico, estações

de tratamento de esgoto e outros.

Grande parte desses problemas é decorrente da ocupação desordenada e intensa

no leito maior dos cursos de água. Isto se deve ao fato dessas áreas apresentarem

menor declividade, o que resulta, geralmente, em maior especulação imobiliária por parte

de empresários e agricultores. Quando a freqüência das inundações é baixa, a população

Page 20: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

6

tende a ganhar confiança e despreza os riscos, aumentando significativamente o

investimento e a densificação dessas áreas inundáveis. Consequentemente, quando a

inundação ocorre, os danos assumem proporções catastróficas.

Andrade Filho et al. (1999) comentam que a drenagem urbana ocupa papel

relevante no rol das dificuldades enfrentadas pelas cidades, uma vez que a experiência

tem demonstrado que não basta a boa vontade dos técnicos em buscar soluções

urbanísticas, pois, a questão de ocupação das várzeas dos rios é muito mais complexa.

2.2. Medidas de prevenção contra enchentes

Para redução dos impactos causados por inundações, existem medidas de

controle, que podem ser do tipo estrutural ou não-estrutural.

As medidas estruturais são aquelas que modificam o sistema fluvial e evitam os

prejuízos decorrentes das enchentes. São obras de engenharia onerosas, podendo ser

extensivas ou intensivas. Medidas extensivas são aquelas que atuam na bacia, a fim de

modificar as relações entre precipitação e vazão, melhorando as condições para

favorecer a infiltração, como a alteração da cobertura vegetal existente no solo, a fim de

torná-la mais densa. Já as medidas intensivas, segundo Simons (1977), citado por Tucci

(2003b), são aquelas que agem no curso de água de três formas:

• aceleram o escoamento – construção de diques e retificação do leito;

• retardam o escoamento – reservatórios e bacias de amortecimento; e

• desvio do escoamento – obras como canais de desvios.

Estas medidas podem gerar uma falsa sensação de segurança, permitindo a

ampliação da ocupação das áreas inundáveis, que futuramente tendem a resultar em

danos significativos.

Já as medidas não-estruturais têm baixo custo de implantação e não são

projetadas para dar uma proteção completa, mas reduzir os prejuízos causados pelas

enchentes, pois, buscam melhorar a convivência da população com esses eventos.

Segundo Silva e Campos (2002), as medidas não-estruturais podem ser agrupadas em:

• zoneamento das áreas inundáveis através da regulamentação do uso e ocupação

do solo;

• construções à prova de inundações;

• seguro contra inundações; e

• previsão em tempo real e sistemas de alerta contra enchentes.

Apesar das vantagens econômicas e de implantação, quando há ocorrência de

enchentes, a população exige ações por parte da administração pública. Essas ações

Page 21: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

7

desejadas por maior parte da população, geralmente, são obras hidráulicas onerosas,

que em muitos casos são superfaturadas, não são finalizadas e podem dar uma falsa

sensação de segurança. Por outro lado, o poder público não incentiva a prevenção dos

problemas causados pelas inundações, pois, no momento em que ocorrem esses

eventos, o município declara calamidade pública e recebe recursos da União ou do

Estado a fundo perdido, desviando essas verbas, já que não é necessário realizar

licitação pública para gastá-las.

Países desenvolvidos buscam prevenir os problemas com medidas não-

estruturais, por serem mais econômicas e com sustentabilidade ambiental, enquanto os

países em desenvolvimento e mais pobres priorizam ações insustentáveis,

economicamente, como as medidas estruturais. Tucci (2003b) afirma que o controle das

inundações é obtido, por meio de um conjunto de medidas estruturais e não-estruturais,

permitindo à população ribeirinha minimizar suas perdas e manter uma convivência

harmônica com o rio.

2.2.1. Previsão de vazões

No contexto da minimização dos impactos das inundações, a previsão de vazões

pode ser uma importante ferramenta. Segundo Tucci (2005), essa previsão pode ser

realizada em longo ou curto prazo. A estimativa em longo prazo somente pode ser

realizada por meio de modelos probabilísticos. Já a previsão em curto prazo ou em tempo

real, pode ser realizada ao longo da ocorrência dos processos, com base no

conhecimento de algumas variáveis ou em sua previsão, como a precipitação, a cota ou a

vazão a montante da seção de interesse do curso de água.

As previsões em longo prazo, geralmente, são utilizadas nas medidas estruturais

sob a forma de obras hidráulicas como, por exemplo, obras de drenagem urbana e

barragens, tanto para fins hidrelétricos como para minimizar os efeitos das inundações –

barragens de amortecimento ou acumulação. Essas previsões determinam os eventos

extremos e o período de retorno das vazões associadas.

Já as previsões em tempo real podem ser contínuas ou eventuais. Contínua,

quando é realizada e simulada ao longo do tempo. Por exemplo, a operação de uma

usina hidrelétrica requer a previsão da vazão afluente para regular o nível do reservatório,

no ímpeto de otimizar a produção de energia. Nas previsões eventuais, como o próprio

nome indica, trabalha-se somente com épocas climáticas definidas, cheias ou estiagens

em que as condições são críticas. Paz et al. (2002) e Yu et al. (2006) enfatizam que

Page 22: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

8

essas previsões têm-se apresentado como uma medida não-estrutural de grande

importância na redução dos danos decorrentes das grandes inundações.

Fragoso Júnior (2004) define que a previsão de vazão em tempo real pode ser

utilizada: em épocas definidas no regime hidrológico como, por exemplo, cheias ou

estiagens, em que as condições são críticas para o usuário da água; na previsão do

volume afluente para regular o nível do reservatório e maximizar a produção de energia;

para conhecimento antecipado dos níveis do rio no período de estiagem, quando existe o

risco do curso de água não ter o calado suficiente para as embarcações; e no risco de

inundações.

As previsões de vazões em tempo real podem ser realizadas com base na

previsão da precipitação, na precipitação conhecida, na vazão de montante ou na

combinação dos dois últimos (Larentis & Tucci, 2003). Para realização dessas previsões,

utilizam-se modelos matemáticos, que representam o comportamento da água nas

diferentes fases do ciclo hidrológico. Esses modelos podem ser alimentados tanto com

dados horários como diários, dependendo da situação. Entretanto, os dados horários são

mais desejáveis à previsão de enchentes, podendo ser utilizados dados diários em

grandes bacias, devido ao alto tempo de deslocamento da onda de cheia.

Na previsão de vazões em tempo real, quando a precipitação na bacia é

conhecida, utiliza-se uma rede telemétrica de coleta e transmissão de dados. Após a

transmissão, a estimativa da vazão é obtida por meio de modelos matemáticos, que

simulam a transformação de precipitação em vazão. Neste caso, a antecedência na

previsão do evento está associada ao tempo médio de deslocamento da onda de cheia

na rede de drenagem da bacia ou no tempo de concentração, possuindo, desta forma,

maior antecipação do evento do que os outros métodos.

Tucci (2005) classifica a previsão de cheia em tempo real de acordo com a

antecedência desejada e as características da bacia de drenagem do local de interesse.

Uma bacia pequena possui um tempo de ocorrência muito pequeno entre a precipitação

e seu efeito na seção principal, ao contrário de uma bacia grande, em que esse tempo é

muito maior. Normalmente, deseja-se a maior antecedência possível na ocorrência de

uma enchente; no entanto, com algumas horas de antecedência, já é possível atuar

sobre seus efeitos, minimizando os danos. O autor menciona que as pequenas bacias

têm somente, como opção, a previsão com base na precipitação ocorrida. Entretanto, nas

grandes bacias, pode-se utilizar a observação do nível a montante, para efetuar esta

previsão, pois, a antecedência pode ser suficiente para as medidas mencionadas.

Page 23: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

9

2.2.2. Sistemas de Alerta Contra Enchentes

Em conjunto com as previsões de vazões em tempo real, encontram-se os

Sistemas de Alerta Contra Enchentes, que têm se mostrado importantes no auxílio da

minimização dos danos. Esses são medidas não-estruturais, que têm como objetivo

prever, com relativa precisão, as precipitações, vazões ou aumento no nível dos cursos

de água. Esse tipo de sistema também envolve a Defesa Civil, que possui estreitas

relações em atividades de prevenção de eventos críticos, sendo que, após detectado o

evento de cheia com a previsão de vazões em tempo real, a mesma é informada,

passando o aviso à população, com antecedência, para que desocupe as áreas sujeitas a

inundações. Outras medidas também são tomadas, como a retirada de móveis e objetos

de valor da população, encaminhamento das pessoas para abrigos seguros, recolhimento

de agasalhos e comida. Contudo, tais medidas podem ser tomadas, somente, se houver

um plano de emergência da Defesa Civil e, logicamente, um sistema de previsão para

esse tipo de evento.

Em muitas cidades, frequentemente atingidas pelas inundações, medidas de

controle e combate ao problema tornam-se inviáveis, com custos onerosos ao município,

pois, as medidas estruturais são caras e dificilmente solucionam o problema, causando,

em muitos casos, uma falsa sensação de proteção. Uma solução viável para o problema

é a implantação de um Sistema de Alerta Contra Enchentes.

Os sistemas de alerta contra enchentes, operados atualmente no Brasil, são os

sistemas da bacia do rio Doce – MG e ES (CPRM, 2005), da bacia do rio Itajaí – SC

(Tucci, 2003b), da bacia do rio Tietê na cidade de São Paulo – SP (Ramirez et al., 2005)

e do alto da bacia do rio Sapucaí no município de Itajubá – MG (Singe, 2006). Existe

ainda, em funcionamento no Brasil, o Sistema de Previsão de Níveis do Pantanal (Ana,

2006).

2.3. Modelos hidrológicos

Modelo é a representação de algum objeto ou sistema, numa linguagem ou forma

de fácil acesso e uso, com o objetivo de entendê-lo e buscar respostas para diferentes

entradas. Assim, no modelo, tenta-se reproduzir o ambiente físico, ou real, em condições

específicas e, ou controladas. Estes modelos podem ser classificados, segundo Tucci

(2005), em três tipos: físicos, analógicos e matemáticos. Os modelos físicos representam

o sistema por um protótipo, em escala menor. Já os analógicos valem-se da analogia das

equações que regem diferentes fenômenos, para modelar, no sistema mais conveniente,

o processo desejado. Entre estes, os modelos matemáticos, que representam a natureza

Page 24: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

10

do sistema através de equações, são os mais versáteis e mais utilizados em estudos do

ciclo hidrológico, sendo, neste caso, denominados como modelos hidrológicos.

Estes modelos utilizam parâmetros, que representam os componentes do ciclo

hidrológico, sendo estes ajustados, utilizando-se dados locais. As vazões de saída da

bacia, em conjunto com as precipitações, geralmente, são as variáveis mais utilizadas

como dados de entrada. Neste processo, as vazões representam a integração de todos

os processos de saída, enquanto a precipitação representa a entrada de água na bacia

(Collischonn, 2001).

Historicamente, os modelos hidrológicos foram desenvolvidos para operações de

reservatórios e para quantificação dos recursos hídricos nas bacias hidrográficas, sendo

tipicamente utilizados na estimativa da taxa de escoamento da bacia até à seção de

interesse. Queiroga et al. (2005) afirmam que o modelo hidrológico é uma das

ferramentas, desenvolvida pela ciência, para melhor entender e representar o

comportamento da bacia hidrográfica e prever condições diferentes das observadas.

Ranzini et al. (2004) salientam que os modelos hidrológicos podem ser úteis no manejo

de bacias hidrográficas, tanto para seu planejamento quanto para avaliação do impacto

de mudanças no uso da terra.

Entretanto, Loucks (1981) citado por Lima e Lanna (2005), enfatiza que, por

melhor que seja a representação matemática, esta será somente uma aproximação do

processo real. A solução ótima obtida com o modelo, portanto, é ótima somente em

relação à condição peculiar. Tucci (2005) ressalta que nenhuma metodologia poderá

aumentar as informações existentes, mas poderá melhor extrair essas informações. As

limitações básicas dos modelos hidrológicos são a quantidade e a qualidade dos dados

hidrológicos, além da dificuldade em formular, matematicamente, alguns processos e a

simplificação do comportamento espacial de variáveis e fenômenos. Por outro lado,

Jacquin e Shamseldin (2006) colocam que um aumento da complexidade na estrutura

dos modelos nem sempre produz melhores resultados, ao passo que a qualidade dos

dados de entrada produz um grande impacto no desempenho do modelo.

Os modelos hidrológicos ainda podem ser classificados como: conceitual,

empírico ou combinado. Os modelos empíricos utilizam formulações matemáticas sem

nenhuma relação com o processo físico, envolvido no ciclo hidrológico. A principal

vantagem deste modelo reside na facilidade de atualização de seus parâmetros em

tempo real. Contudo, sua principal limitação decorre do empirismo em sua formulação,

produzindo fortes incertezas quando utilizado fora do intervalo dos dados em que foi

ajustado. Já os modelos conceituais, apresentam como vantagem, a capacidade de

reproduzir os processos hidrológicos de forma mais próxima dos processos físicos,

possibilitando melhor extrapolação de diferentes cenários do ajuste (Brun & Tucci, 2001).

Page 25: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

11

Segundo Silva e Ewen (2000), as parametrizações conceituais, base dos modelos

conceituais, são abstrações da realidade física, por isso apresentam-se menos

complexas e com maior facilidade de aplicação. Os autores afirmam que uma variedade

de modelos hidrológicos conceituais tem sido aplicado com sucesso, principalmente, na

engenharia de recursos hídricos. Argumentam, ainda, que esses modelos apresentam

uma visão sistemática dos processos hidrológicos relativamente simples,

compreendendo, em geral, uma rede de reservatórios.

Germano et al. (1998), analisando a utilização desses modelos, sugerem que a

estimativa dos parâmetros dos modelos hidrológicos – que representam os processos do

ciclo hidrológico – deve ser uma tarefa dependente de vários fatores, como: (i) qualidade

e representatividade dos dados observados; (ii) as condições do modelo em representar

os processos; e (iii) a capacidade dos parâmetros em retratar a variabilidade física da

bacia.

Outra importante classificação, em relação aos modelos hidrológicos, é descrita

por Nemec (1986) citado por Schultz et al. (1995), que os difere entre modelos de

transformação chuva-vazão e modelos de propagação do escoamento.

2.3.1. Modelos de transformação chuva-vazão

Os modelos precipitação-vazão ou chuva-vazão representam a parte do ciclo

hidrológico entre a precipitação e a vazão. Segundo Jacquin e Shamseldin (2006), estes

modelos simulam, com muitas abstrações dos processos físicos, o complicado processo

hidrológico de transformação da precipitação em vazão. Basicamente, utilizam a

precipitação e algumas características da bacia como dados de entrada, retornando a

vazão como reposta a todos os processos que ocorrem na bacia. Os dados de vazão,

quando existentes, são utilizados como dados comparativos aos simulados pelos

modelos, definindo, assim, o ajuste dos parâmetros do modelo e a qualidade da

simulação.

Segundo Gourley e Vieux (2006) e Carpenter e Georgakakos (2006), esses

modelos podem ser classificados de acordo com a espacialização dos dados de entrada

e dos parâmetros representativos da bacia, podendo ser dos tipos concentrado,

distribuído ou semidistribuído. No modelo do tipo concentrado, toda a bacia é

representada por uma precipitação média, enquanto os processos hidrológicos são

representados por variáveis concentradas no espaço. Já os modelos distribuídos incluem

variações espaciais da precipitação e dos parâmetros em toda a bacia. Entre estes

extremos estão os modelos semidistribuídos, podendo fazer a divisão da bacia em

Page 26: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

12

células ou em sub-bacias, onde cada célula ou sub-bacia recebe a precipitação e seus

parâmetros correspondentes. A descrição de alguns modelos, tanto distribuídos como

concentrados, é apresentada nos trabalhos de Germano et al. (1998), Ranzini et al.

(2004), Araújo Filho et al. (2005) e Tucci (2005).

Segundo Cheng et al. (2006), modelos chuva-vazão, que estimam as vazões com

base na precipitação conhecida, têm se tornado ferramentas básicas importantes na

previsão de enchentes. Esses modelos, quando utilizados nestas previsões, apresentam,

na maioria dos casos, uma antecedência muito elevada, sendo adequados para esta

finalidade. Apresentam-se, também, ideais para pequenas bacias, por causa da rápida

resposta a produção de escoamento, oriunda do baixo tempo de concentração da bacia.

Em contrapartida, para grandes bacias, onde o tempo de concentração é, geralmente,

maior, os modelos de propagação de escoamento apresentam resultados melhores, pois,

na previsão com base nas vazões de montante ocorrem menores incertezas.

Nas previsões de cheias, utilizando o modelo chuva-vazão IPH II – modelo

conceitual semidistribuído – pode-se citar os trabalhos de Favoreto et al. (2003), Brun e

Tucci (2001) e Germano et al. (1998). Brun e Tucci (2001) aplicaram o modelo no

reservatório de Ernestina, no rio Jacuí, para a previsão em tempo real do volume do

reservatório, sendo os resultados considerados bons para a previsão dos eventos,

apresentando CE igual a 0,95. Favoreto et al. (2003) aplicaram o modelo para o

reservatório de Vossoroca, no rio São João (PR), encontrando pequenas diferenças entre

o volume total escoado observado e o simulado, que variaram entre -1,3 a -0,2 %. Os

mesmos autores ressaltam que a utilização de dados horários de precipitação e vazão

poderia melhorar muito os resultados. Já Germano et al. (1998), utilizando dados horários

para previsão de enchentes em inúmeras bacias urbanas e rurais brasileiras, com áreas

variando entre 1,9 a 137,4 km2 e características muito diferentes entre si, obtiveram erros

médios absolutos na estimativa dos picos de enchentes, para todas as bacias, variando

entre 3,0 a 88,0 %. Contudo, os autores ressaltam que este erro médio absoluto foi

menor que 25 %, em 60 % das bacias em que o modelo foi calibrado.

Ranzini et al. (2004), utilizando o modelo Topmodel – modelo conceitual

distribuído – para uma microbacia da Serra do Mar (SP), não obtiveram resultados

satisfatórios na simulação contínua do modelo. Em contrapartida, obtiveram resultados

melhores, quando simularam eventos máximos isoladamente, com CE superior a 0,7 e

com superestimativa do volume simulado para o observado de 13 a 44 %, apresentando,

também, uma diminuição no tempo de pico da vazão. Schuler (1998), também utilizando

o Topmodel em uma bacia de cabeceira do rio Corumbataí, no município de Analândia

(SP), concluiu que o modelo não se mostrou adequado à previsão de enchentes. No

entanto, Araújo Filho et al. (2005), utilizando o modelo Topsimpl – versão simplificada do

Page 27: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

13

modelo Topmodel – para previsão de enchentes na bacia do riacho Gameleira (PE),

obtiveram resultados considerados satisfatórios com CE igual a 0,88, ressaltando,

somente, que o modelo não se ajustou bem ao período de recessão do hidrograma.

Quanto às diferenças entre os modelos distribuídos e concentrados, Carpenter e

Georgakakos (2006) compararam os dois tipos, utilizando dois modelos baseados no

modelo Sacramento. Esta comparação foi realizada em duas bacias dos EUA, com

aproximadamente 1500 km2, utilizando-se dados horários de precipitação e vazão. De

acordo com os resultados, os modelos distribuídos apresentaram melhor desempenho na

previsão dos picos de cheia do que os modelos concentrados. O mesmo desempenho

também foi observado por Reed et al. (2004). No entanto, Anderson et al. (2006)

utilizaram dois modelos distribuídos, um de alta e outro de baixa resolução, sendo ambos

também baseados no modelo Sacramento, para a previsão de cheias, em várias bacias

dos EUA, concluíram que o aumento da resolução dos modelos distribuídos não

determina melhores resultados, sugerindo uma resolução intermediária aos modelos

distribuídos.

Segundo Moreda et al. (2006), experiências na calibração e utilização de modelos

concentrados podem ser passadas para os modelos distribuídos, sendo que, parâmetros

a priori definidos, para modelos concentrados, podem ser utilizados em modelos

distribuídos, tomando-se somente o cuidado com alguns ajustes.

Modelos empíricos chuva-vazão também são utilizados nas previsões de

enchentes. Entretanto, Shamseldin e O’Connor (1996) destacam que não pode se

esperar um bom desempenho dos modelos empíricos em todas as situações, ou bacias,

sendo necessário a realização de testes, com inúmeras séries de dados, para decidir

qual modelo se adequará melhor à bacia, ou mesmo se estes se adequarão. Esta

conclusão foi obtida pelos autores, a partir da comparação de três modelos empíricos

concentrados – modelo linear simples, modelo de perturbação linear e modelo de

perturbação linear do vizinho mais próximo – para a previsão de enchentes em bacias da

Austrália, China, EUA, Irlanda e Nepal, frequentemente castigadas por esses eventos.

Nesse trabalho, os melhores resultados, tanto para a calibração como para verificação

(simulação com dados diferentes da calibração), foram obtidos por meio do modelo de

perturbação linear do vizinho mais próximo. Já o modelo linear simples apresentou os

piores desempenhos, tanto na calibração quanto na verificação, ressaltando-se que na

verificação, para algumas bacias, os valores de CE foram negativos. Os autores também

ressaltam que o modelo de perturbação linear, para algumas bacias, obteve melhor

desempenho.

Page 28: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

14

Conforme mencionado anteriormente, também é possível a previsão de vazões

em tempo real de enchentes, por meio dos modelos de propagação do escoamento,

sendo estes mais utilizados em grandes bacias.

2.3.2. Modelos de propagação do escoamento

Os modelos de propagação realizam basicamente, como o próprio nome indica, a

propagação do escoamento nos cursos de água da bacia hidrográfica. Incorporam, como

dados de entrada, vazões de montante da seção de interesse, simulando a propagação

da vazão nos cursos de água com a devida atenuação existente no meio físico real.

Ponce (1989) descreve que esses modelos usam relações matemáticas, para calcular a

vazão de jusante a partir da vazão de montante, da contribuição lateral e das

características conhecidas dos cursos de água.

Segundo Chow (1959), esses modelos podem ser classificados em dois grupos:

modelos de armazenamento e modelos hidráulicos. Os modelos de armazenamento

utilizam o princípio da continuidade e relações entre o armazenamento e a vazão de

saída e entrada no trecho do rio. Tucci (2005) cita que esses tipos de modelos têm sido

muito utilizados em hidrologia devido, principalmente, à simplicidade de formulação a ao

pequeno volume de dados utilizados. O mesmo ponto de vista é compartilhado por

Schultz et al. (1995), quando afirmam que esses modelos possuem razoável precisão

com cálculos relativamente simples, gerando resultados satisfatórios. Já os modelos

hidráulicos, além de equações, utilizam também dados da topografia e das características

hidráulicas dos cursos de água. Contudo, possuem cálculos mais complexos, sendo

necessárias algumas simplificações e omissões em suas equações para obtenção de

soluções.

Apesar dos modelos hidráulicos serem mais adequados à previsão de vazões, em

virtude da maior aproximação à condição real dos cursos de água, os modelos mais

utilizados para este fim são os modelos de armazenamento, devido à facilidade de uso e

aos bons resultados alcançados. Isto pode ser observado nos trabalhos de Larentis e

Tucci (2003) e Castilho e Davis (2003). Larentis e Tucci (2003) utilizaram o modelo das

diferenças – modelo de armazenamento linear empírico concentrado, desenvolvido pelo

IPH (Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul) –

com dados diários na bacia do rio Uruguai, entre os trechos de Garruchos e Uruguaiana,

obtendo resultados considerados satisfatórios na previsão da vazão em tempo real para

dois eventos de cheia, com CE iguais a 0,999 e 0,823. Esses autores ainda concluem

que o modelo prevê, satisfatoriamente, tanto a elevação como a recessão do hidrograma.

Page 29: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

15

Já Castilho e Davis (2003), utilizando o mesmo modelo das diferenças com dados

horários, na previsão da vazão em tempo real de enchentes nas cidades de Resplendor

(MG), Colatina (ES) e Linhares (ES) obtiveram, também, resultados considerados

satisfatórios, sendo que os melhores CE, respectivamente para cada cidade, foram iguais

a 0,992, 0,979, e 0,983. Contudo, as autoras ressaltam que o modelo gera muitas

flutuações e apresenta pouca sensibilidade à introdução de dados incorretos, o que

dificulta a identificação de possíveis erros na simulação.

Nas previsões de vazões com modelos hidráulicos, cita-se o trabalho de Shrestha

e Nestmann (2005). Nesse trabalho foram utilizados, além de dois modelos hidráulicos –

modelo hidrodinâmico numérico e modelo de Muskingum-Cunge – dois modelos de redes

neurais – modelo de redes neurais artificiais e modelo de redes adaptado ao sistema

fuzzy – para a previsão de enchentes nos rios Rhine e Neckar, ambos localizados na

Alemanha. Foram comparados os resultados das previsões realizadas por esses

modelos, constatando-se que todos os modelos apresentaram bom desempenho, com

CE superior a 0,94.

Oyunbaatar et al. (2004) também realizaram comparações entre modelos de

armazenamento e hidráulicos para a previsão de enchentes. Os autores compararam o

modelo de armazenamento regressão linear e os modelos hidráulicos Muskingum e

Muskingum-Cunge, no rio Kherlen localizado na Mongólia. Os resultados mostraram que

o modelo Muskingum produziu os melhores resultados, com diferenças do observado

para o simulado de 10,3 a 15,5 %, seguido do modelo de regressão linear, com

diferenças de 24,0 a 30,0 %, e, finalmente, o modelo Muskingum-Cunge apresentou

diferenças de 32,5 a 42,4 %. Embora o modelo Muskingum tenha apresentado os

melhores resultados, os autores recomendam o modelo de regressão linear para as

previsões, devido sua simplicidade e à possibilidade desse modelo ser atualizado durante

a simulação.

Os modelos de armazenamento e hidráulicos são muito utilizados nas previsões

de vazão. Entretanto, os modelos hidráulicos são utilizados na previsão de vazões,

também, acoplados a modelos chuva-vazão. Assim, o modelo chuva-vazão gera o

escoamento e o modelo hidráulico realiza a propagação, aproveitando-se a vantagem de

ambos: maior antecedência dos eventos (modelos chuva-vazão) e melhores resultados

(modelos de propagação).

Page 30: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

16

2.3.3. Modelos chuva-vazão acoplados a modelos de propagação do escoamento

Com a produção do escoamento por modelos de transformação chuva-vazão e a

propagação deste escoamento por modelos de propagação, os modelos chuva-vazão

acoplados aos de propagação utilizam as vantagens de ambos.

Muitas operadoras de reservatórios com fins à geração de energia elétrica

utilizam, ou mesmo, desenvolvem esses tipos de modelo para a simulação e operação de

seus reservatórios, a fim de prever futuros cenários. Exemplos destes modelos são o

Sipop (Sistema Integrado de Previsão Hidrológica e Operação Hidráulica em Tempo

Real) da Concessionária de Energia Elétrica do Estado do Rio de Janeiro (Light) e o

modelo Rio Grande da Companhia Hidrelétrica do Estado de Minas Gerais (Cemig).

O Sipop, citado por Cunha e Guetter (2003), foi desenvolvido com base no modelo

chuva-vazão Sacramento Modificado e em uma equação de balanço hídrico para

operação hidráulica de reservatório. O desenvolvimento desse modelo teve como objetivo

a operação dos reservatórios do sistema hidráulico da Light, localizado nas bacias do rio

Piraí e parte do rio Paraíba do Sul, juntamente com a previsão de enchentes na bacia. O

modelo Rio Grande, citado por Lima et al. (2003), baseado no modelo chuva-vazão

Xinanjiang e no modelo hidráulico de propagação Muskingum-Cunge, foi desenvolvido

para previsões de curto prazo na UHE Camargos, pertencente à Cemig, na bacia do rio

Grande. O desempenho do modelo, segundo EHR-UFMG (2002) citado por Queiroga et

al. (2005), foi considerado satisfatório, com CE entre 0,69 até 0,79, em vários postos

fluviométricos da bacia.

Collischonn (2001) desenvolveu um modelo para simulação contínua de grandes

bacias, baseado no modelo chuva-vazão Larsim e no modelo de propagação do

escoamento Muskingum-Cunge. O modelo foi aplicado em duas bacias com,

aproximadamente, 27.000 km2 e características bem distintas. Os resultados foram

considerados satisfatórios pelo autor, com CE entre 0,40 a 0,90 e variação do volume

calculado para o observado de -6,07 a 5,71 %. O modelo também foi aplicado para a

bacia do rio Uruguai, entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul

(Collischonn & Tucci, 2005), bacia de aproximadamente 75.000 km2. Os resultados

também foram considerados satisfatórios, com CE entre 0,70 a 0,88, sendo a variação do

volume calculado para o observado entre -19,1 e 2,3 %. Nesse trabalho, os autores

concluem, através da comparação dos resultados de ambos os trabalhos, que o modelo

possui uma forte dependência na qualidade das vazões simuladas com o número e a

densidade espacial de postos pluviométricos na bacia.

No intuito de prever os impactos da urbanização sobre os sistemas de drenagem

e identificar possíveis cenários de ocorrência de inundações, Campana e Tucci (1999)

Page 31: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

17

desenvolveram um trabalho na previsão de vazões, em diferentes cenários, para uma

mesma bacia em Porto Alegre (RS), aplicando o modelo hidrológico-hidrodinâmico IPH

IV. Nesse trabalho foi identificado que, entre a urbanização de 1990 e a ocupação

máxima prevista no PDDU (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano), a vazão máxima

teve um acréscimo de aproximadamente 30 %, para precipitação com período de retorno

de dois anos. Já para precipitação com período de retorno de 25 anos, o aumento foi de

aproximadamente 10 %. Os autores ainda ressaltam que trabalhos, como esses, têm

papel decisivo na avaliação dos Planos Diretores de Desenvolvimento.

Existem também sistemas hidrológicos, no qual o hidrólogo constrói seu próprio

modelo a partir de uma biblioteca de modelos, como é caso do IPHS1 (IPHS1, 2004b) e

do Hec-HMS (Hec, 2000).

No âmbito desses sistemas hidrológicos, Eid et al. (2003) realizaram um trabalho

na bacia do rio Corumbá com o sistema Hec-HMS 2.0 – biblioteca de modelos

hidrológicos desenvolvida pelo Corpo de Engenheiros do Exército do EUA. Os autores

fizeram três diferentes discretizações na bacia, uma com 23 sub-bacias, outra com oito

sub-bacias e, finalmente, uma única bacia, para previsão de vazões em tempo real.

Nesse trabalho, utilizou-se o modelo concentrado Número da Curva (CN) do SCS (Soil

Conservation Service) para a transformação chuva-vazão, bem como o modelo hidráulico

Muskingum-Cunge para a propagação do escoamento. Os resultados das simulações

nas diferentes discretizações da bacia não mostraram diferenças entre os volumes dos

hidrogramas finais, mostrando, assim, que a discretização não melhorou a qualidade dos

resultados, fato este os autores não esperavam.

2.3.4. Análise de sensibilidade

Na calibração de modelos hidrológicos, é necessário avaliar a sensibilidade dos

parâmetros de entrada do modelo, pois, dependendo da calibração, como é o caso da

usual técnica de tentativa e erro, é interessante saber quanto e de que forma

determinados parâmetros influenciam os resultados. Assim, estudos de sensibilidade dos

parâmetros de entrada dos modelos, são, em geral, muito importantes, pois, permitem

verificar se um modelo produz resultados lógicos, em função de alterações nos

parâmetros de entrada. Esses estudos fornecem informações sobre o comportamento do

modelo, como sobre falhas na metodologia utilizada no desenvolvimento e na sua

aplicabilidade a diferentes cenários e escalas (Gowda, 1999, citado por Evangelista,

2003).

Page 32: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

18

Segundo Goldenfum (1991), também citado por Evangelista (2003), para modelos

simples é possível obter expressões das saídas em função dos dados de entrada,

expressando a sensibilidade do modelo como funções explícitas. No entanto, à medida

que os modelos se tornam mais complexos, a sensibilidade é expressa mais facilmente

na forma de mudanças relativas, gráficos e tabelas, ao invés de funções. O autor afirma

que este tipo de análise auxilía o usuário a determinar quais parâmetros devem ser

estimados com precisão e quais não requerem grande atenção em suas estimativas.

Germano et al. (1998) realizaram testes de sensibilidade do modelo de

transformação chuva-vazão IPH II, por meio da calibração do modelo em inúmeras

bacias urbanas e rurais brasileiras. Concluíram que os parâmetros de infiltração do

modelo são os mais sensíveis, podendo variar amplamente entre as bacias. Entretanto, a

sensibilidade desses diminui, conforme o aumento na impermeabilização do solo da

bacia. Os autores observam, também, que os parâmetros de representação do

escoamento subterrâneo são pouco sensíveis para a simulação de cheias.

Page 33: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

19

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Neste trabalho, utilizou-se o sistema hidrológico IPHS1 para Windows, versão 2.2,

desenvolvido pelo IPH (Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio

Grande do Sul), FEA (Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de

Pelotas) e DFIS (Departamento de Física – Setor de Hidráulica e Saneamento da

Fundação Universidade Federal do Rio Grande). O sistema consiste de um programa

computacional, em que o usuário constrói seu próprio modelo hidrológico, a partir da

seleção de alguns modelos cujo uso já são consagrados na literatura. A construção do

modelo hidrológico baseia-se na metodologia de modelagem orientada a objetos aplicada

a sistemas de recursos hídricos, sendo apresentada por Viegas Filho (2000), citado por

IPHS1 (2004a).

3.1. Caracterização da área de estudo

O município de Nova Era – MG está localizado a leste do Estado, entre as

latitudes 19º33’29’’S e 19º49’55’’S e longitudes 42º54’25’’W e 43º06’38’’W, próximo aos

municípios de João Monlevade e Itabira, sendo sua população de 17.785 habitantes

(Atlas, 2005). O principal curso de água do município é o rio Piracicaba, afluente do rio

Doce. A bacia do rio Piracicaba, a montante da cidade (Figura 1), apresenta área de

drenagem de 3063 km2 e tem como principal afluente, o rio Santa Bárbara. Seu relevo é

bem acidentado (Figura 2), com altitudes variando de 523 até 2075 m e declividade

média de 13,8 %, atingindo 238,6 % na área do Parque Natural do Caraça.

Page 34: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

20

Figura 1 – Localização da bacia do rio Doce e do Piracicaba a montante de Nova Era.

Figura 2 – Imagem Landsat-TM (bandas 3;2;1) tridimensional da bacia a montante de

Nova Era, apresentada com discrepância 5V:1H.

A bacia do rio Piracicaba tem grande importância econômica para Minas Gerais,

pois, nela estão localizadas grandes jazidas de minério de ferro exploradas pela

Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e três grandes usinas siderúrgicas: a Belgo

Mineira, Acesita e Usiminas, estando as duas últimas instaladas no Vale do Aço. Em

virtude dessas siderúrgicas e da Celulose Nipo-Brasileira (Cenibra), existem grandes

áreas de cultivo de eucalipto para a produção de carvão e celulose (Atlas, 2005). Nesta

bacia, o tipo predominante de solo é o Latossolo Vermelho-Amarelo, apresentando

também expressiva área de Cambissolo e Podzólico Vermelho-Amarelo (Figura 3).

Page 35: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

21

Figura 3 – Tipos de solos presentes na bacia do rio Piracicaba a montante de Nova Era

(Adaptado de Geominas, 2006).

O regime pluviométrico na bacia registra total anual médio de 1270 mm (estação

01943005), com maior concentração da precipitação durante o período de outubro a

março. No município, a vazão média de longo período do rio Piracicaba é de 51,62 m3/s,

sendo que, no período de outubro a março, esta média eleva-se a 76,21 m3/s. As vazões

de alerta e inundação do rio no município, definidas por CPRM (2000), são 376 e 602

m3/s, respectivamente. Foram registradas, a partir de 1989, na estação Nova Era IV

(56659998), 34 eventos que ultrapassaram a vazão de alerta, concentrados nos meses

de novembro a fevereiro, com 10 eventos que provocaram inundações, concentrados nos

meses de dezembro e janeiro, sendo que 80 % destes ocorreram no mês de janeiro,

sendo que o maior evento ocorreu em 1997, com a vazão atingindo 1236 m3/s. Segundo

a população local, as grandes inundações ocorreram nos anos de 1979 e 1997.

A magnitude das enchentes no município pode ser observada nas figuras 4 e 5,

que mostram a área central da cidade. Na Figura 4, observa-se que o piso da ponte foi

completamente inundado na enchente de 1979, chegando quase a cobri-la por completo.

Enquanto na Figura 5 é mostrada a mesma ponte com a vazão normal do rio Piracicaba.

Figura 4 – Vista parcial do rio Piracicaba durante a enchente de 1979, mostrando a ponte

parcialmente coberta pela água (Adaptado de Atlas, 2005).

Page 36: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

22

Figura 5 – Vista do rio Piracicaba com vazão normal e da mesma ponte apresentada na

Figura 4 (Adaptado de Atlas, 2005).

3.2. Descrição dos modelos hidrológicos utilizados

Neste trabalho foram construídos, no sistema IPHS1, dois modelos hidrológicos: o

primeiro baseado apenas na transformação chuva-vazão (módulo bacia) para toda a

bacia hidrográfica; e o segundo, com a bacia discretizada em três sub-bacias menores,

baseado na transformação chuva-vazão (módulo bacia) e na propagação da onda de

cheia no canal (módulo rio).

No primeiro modelo construído, baseado somente na transformação chuva-vazão,

foi utilizado o modelo hidrológico IPH II (IPHS1, 2004b; Tucci, 2005). Enquanto, no

segundo modelo, baseado na transformação chuva-vazão e na propagação da onda de

cheia no canal, foi utilizado na sua construção, além do modelo hidrológico IPH II, o

modelo hidráulico Muskingum-Cunge linear (Chow, 1959; IPHS1, 2004b).

Os processos inerentes ao primeiro modelo são simples, apresentando somente a

transformação chuva-vazão no módulo bacia, sendo que o hidrograma resultante é

apresentado no ponto de controle (objeto cuja função é propiciar a soma de

hidrogramas), que representa a seção de interesse, no caso, Nova Era. Já no segundo

modelo, com a bacia discretizada em sub-bacias menores, primeiramente é realizada a

transformação chuva-vazão em cada sub-bacia. Concluída esta etapa, o hidrograma é

transferido para o modelo hidráulico, que o propaga no canal até uma seção de

confluência, ou até à seção de interesse, no caso, Nova Era.

Em decorrência dos processos acima descritos, o primeiro modelo construído

funciona como um modelo concentrado, enquanto o segundo funciona como um modelo

distribuído por sub-bacias. As figuras 6 e 7 ilustram os fluxogramas de ambos os modelos

construídos no sistema IPHS1.

Page 37: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

23

Figura 6 – Fluxograma do primeiro modelo hidrológico construído.

Figura 7 – Fluxograma do segundo modelo hidrológico construído.

É importante salientar que o sistema IPHS1 trabalha, somente, com eventos

isolados. Desta forma, o sistema não contabiliza perdas por evapotranspiração, pois,

essas perdas possuem magnitudes desprezíveis para eventos de curta duração, como os

eventos de vazão máxima (IPHS1, 2004b).

O modelo hidrológico (IPH II) e o modelo hidráulico (Muskingum-Cunge),

utilizados neste trabalho, são descritos nos itens subseqüentes, de acordo com seu

respectivo módulo.

3.2.1. Módulo bacia – transformação chuva-vazão

Para realização da transformação chuva-vazão no módulo bacia, utilizou-se o

modelo hidrológico IPH II. Este modelo faz parte de uma família de modelos

Page 38: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

24

desenvolvidos pelo IPH. Tem o objetivo de permitir seu uso em projetos de engenharia

para bacias rurais e urbanas, utilizando poucos parâmetros, baseando-se em

metodologias conhecidas (Tucci, 2005).

A base do modelo IPH II é o algoritmo de separação do escoamento,

desenvolvido por Berthelot que utiliza a equação da continuidade em combinação com a

equação de Horton, bem como uma função empírica de percolação, sendo composto

pelos seguintes algoritmos: perdas por interceptação e evapotranspiração; separação do

escoamento; e propagação dos escoamentos superficial e subterrâneo (IPHS1, 2004b).

3.2.1.1. Perdas por interceptação e evapotranspiração

A precipitação é, inicialmente, retida pelo reservatório de interceptação (cobertura

vegetal e depressões), representado pela variável Rt, até que sua capacidade máxima,

Rmax, seja atingida (Figura 8). Em seguida, a precipitação restante é utilizada no algoritmo

de infiltração para o cálculo dos volumes superficial e percolado. Contudo, parte da

precipitação resultante, devido às áreas impermeáveis, é escoada apenas

superficialmente, não passando pelo algoritmo de infiltração. O parâmetro utilizado para

definir a porcentagem de área impermeável, em cada sub-bacia, é representado por α.

Como o sistema IPHS1 é orientado a eventos, não se inclui dentro desta versão

do modelo IPH II o algoritmo de cálculo das perdas por evapotranspiração, pois, como

mencionado anteriormente, esta perda é desprezível para eventos de curta duração.

Figura 8 – Apresentação esquemática do reservatório de interceptação (Adaptado de

IPHS1, 2004b).

Page 39: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

25

3.2.1.2. Separação do escoamento

A precipitação resultante do algoritmo de interceptação pode gerar escoamento

superficial ou infiltrar-se no solo. Parte desta precipitação, quando ocorre em áreas

impermeáveis, é apenas escoada. Entretanto, nas áreas permeáveis, a precipitação pode

gerar escoamento superficial ou infiltrar-se, podendo, neste último caso, percolar-se para

o aqüífero (Figura 9).

em que: P é a precipitação; I é a infiltração; S é o teor de água no solo; T é a percolação; e ES é o

escoamento superficial.

Figura 9 – Infiltração e percolação na camada superior do solo (Adaptado de IPHS1,

2004b).

Considerando a camada superior do solo, que pode ficar saturada ou não-

saturada (Figura 9), os processos de percolação e infiltração podem ser expressos pela

equação de continuidade:

)()( tTtIdtdS

−= (1)

em que:

dS / dt – variação do teor de água na camada superior, no intervalo de tempo dt, mm;

I(t) – taxa de infiltração no tempo t, mm/h; e

T(t) – taxa de percolação no tempo t, mm/h.

A infiltração, neste caso, pode ser obtida pela equação de Horton (Equação 2) e a

percolação na camada superior do solo por uma equação empírica (Equação 3).

Page 40: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

26

tbb HIIItI )()( 0 −+= (2)

)1()( tb HItT −= (3)

em que:

Ib – taxa de infiltração quando o solo está saturado, mm/h;

I0 – taxa de infiltração em condições iniciais, mm/h;

t – tempo, h; e

H = e-k, em que k (h-1) é um parâmetro que caracteriza o decaimento da curva

exponencial de infiltração e depende das características do solo.

Substituindo as equações 2 e 3 na Equação 1 e integrando no intervalo de t = 0

até t, obtém-se:

)1(ln

00 −+= tH

HI

SS (4)

Em que S0 é o teor de água no solo, quando se inicia a percolação. Para este

modelo, S0 é adotado igual a zero.

Isolando o termo H t nas equações 2 e 3 e substituindo na Equação 4, resultam

duas equações (equações 5 e 6) que relacionam o armazenamento com a infiltração e

percolação:

)()( tIbatS II += (5)

)()( tTbatS TT += (6)

em que:

)(ln 0

20

bI IIH

Ia

−−

= (7)

)(ln 0

0

bI IIH

Ib

−= (8)

0=Ta (9)

b

T IHI

bln

0−= (10)

Apresenta-se, na Figura 10, as funções obtidas pelas equações 5 e 6, em que

Smax é a capacidade máxima da camada superior do solo em armazenar água. Vale

ressaltar que o tempo da equação de infiltração não é o tempo da simulação, pois, a

infiltração pode iniciar-se após o início da simulação.

Page 41: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

27

Figura 10 – Funções das equações de balanço, infiltração e percolação (Adaptado de

Tucci, 2005).

Três situações distintas podem ocorrer no cálculo dos volumes superficiais e

percolados, as quais são representadas na Figura 11.

Figura 11 – Situações contempladas no algoritmo de infiltração (Adaptado de IPHS1,

2004b).

A primeira situação (Figura 11A) ocorre, quando a precipitação (Pt) é maior que a

taxa de infiltração (It); deste modo, a equação de Horton (Equação 2) pode ser utilizada

para calcular a taxa de infiltração. O volume infiltrado (VI) é a integral, no intervalo de

tempo [0, ∆t] da equação de Horton, ou seja:

)1(ln)(

−−

+Δ= Δtbb H

HItI

tIVI (11)

O volume superficial escoado (VE) neste caso é:

VIttPVE −Δ= )( (12)

Page 42: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

28

Enquanto o volume percolado (VP) é:

VIttStSVP +Δ+−= )()( (13)

A segunda situação (Figura 11B) ocorre, quando a precipitação (Pt) é menor que a

taxa de infiltração (It); neste caso, considerando que todo volume infiltra, a infiltração é

substituída pela precipitação na equação de continuidade (Equação 1). Assim, o teor de

água no solo (S) pode ser obtido por meio da equação:

)1()()()( TT bt

t

bt

eb

tPetSttSΔ−Δ−

−+=Δ+ (14)

O escoamento superficial, VE, é zero e VP é determinado com a Equação 13.

A terceira situação (Figura 11C) é a ocorrência das duas anteriores, ou seja, no

início a taxa de infiltração é superior a precipitação, contudo, devido ao decaimento, esta

passa a ser menor que a precipitação, ocasionando escoamento superficial. O ponto em

que a infiltração passa a ser menor que a precipitação é o fator-chave para o cálculo dos

volumes. Para encontrar o ponto x da Figura 11C, utiliza-se a Equação 15. Após o cálculo

do ponto x, divide-se o intervalo em dois. No primeiro, faz-se a estimativa dos volumes

igual a segunda situação (Figura 11B) e no segundo, faz-se a estimativa igual a primeira

situação (Figura 11A).

)()()(2

)]()([2tSxStPb

tSxSbT

Ttx −−−

=Δ (15)

3.2.1.3. Propagação dos escoamentos superficial e subterrâneo

A propagação do volume superficial, determinado no algoritmo anterior, é

calculada com base no método de Clark, o qual é uma combinação do histograma tempo-

área (HTA) com um reservatório linear simples (RLS). O HTA representa a translação do

escoamento sobre a superfície da bacia, enquanto o RLS representa os efeitos de

armazenamento da água em seu percurso.

Para obter o HTA, estima-se o tempo de concentração da sub-bacia (tc) e a

posição das isócronas, que representam pontos com igual tempo de translado até a

seção de controle. Contudo, Germano et al. (1998) afirmam que a determinação do HTA

pode ser substituída, sem muito erro, pelo uso de um histograma tempo-área sintético,

quando não se dispõe das informações necessárias para utilizar o HTA.

O histograma sintético é obtido, admitindo-se que o tempo de percurso é

proporcional à distância do ponto em estudo até à seção principal. No sistema IPHS1, foi

Page 43: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

29

incluída a representação do histograma sintético, a partir das diretivas do “Hydrologic

Engineering Center” (Hec) (Figura 12), em que a área acumulada de contribuição (Ac)

pode ser relacionada ao tempo de percurso, empregando-se as seguintes equações:

XNXN

c tA ⎟⎠⎞

⎜⎝⎛=

21

para 2

0 ctt << (16)

XNc

XN

c ttA )(211 −⎟⎠⎞

⎜⎝⎛−= para c

c ttt<<

2 (17)

em que: Ac é a área contribuinte acumulada, expressa relativamente à área total; t é o

tempo proporcional ao tempo de concentração; tc é o tempo de concentração da bacia; e

XN é o coeficiente, que varia com a forma da bacia.

Figura 12 – Forma do histograma tempo-área para diferentes valores do parâmetro XN

(Adaptado de IPHS1, 2004b).

Desta maneira, o histograma tempo-área sintético é dividido em z intervalos, em

que as ordenadas, f, são:

)()( 1−−= ii AcAcif para zi ....3,2,1= (18)

Considerando que a parcela urbanizada representa uma parte da área Aci, aqui

denominada de aci, pode-se definir a seguinte variável: αi = aci / Aci. Assim, a

Page 44: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

30

precipitação, que chega ao solo, encontra dois tipos básicos de superfícies: permeável,

em que pode ocorrer infiltração para o subsolo; e impermeável.

Na separação do escoamento, o algoritmo é utilizado somente para a parcela

permeável da bacia. A altura da água resultante deste algoritmo é VE(t). Já a altura da

água nas superfícies impermeáveis é P(t), calculada após o algoritmo de interceptação.

Desta forma, a vazão do escoamento superficial (Qe) das superfícies permeáveis e

impermeáveis pode ser calculada como:

∑ ∑= =

+−+− +=t

ri

t

riitit ifmPifpVEtQe )()()( )1()1( (19)

em que: r = 1 para t < z; r = t – z + 1 para t > z; fp(i) é um fator de ponderação do volume

de escoamento superficial na parcela permeável, estimado como:

)1()()( iififp α−= (20)

e fm(i) é o fator de ponderação do volume de escoamento superficial na parcela

impermeável, estimado como:

)()( ififm iα= (21)

Para considerar o efeito de armazenamento, o histograma resultante do uso do

histograma tempo-área sintético é simulado por meio do método do RLS. Assim, cada

lâmina de chuva efetiva é distribuída no tempo pelo histograma tempo-área sintético e

filtrada pelo RLS. A vazão de saída é calculada para cada intervalo de tempo, como:

)1()1()()1(ks

t

tks

t

tt eQeeQsQsΔ

+

Δ−

+ −+= (22)

em que:

Qs – vazão de saída do escoamento superficial, m3/s;

Qe – vazão de entrada do escoamento superficial, m3/s; e

ks – tempo médio de esvaziamento do reservatório superficial, h.

A propagação da vazão do escoamento subterrâneo é calculada por meio de

equação semelhante a 22, em que ks é substituído por kb e Qe por VP.

)1()1()()1(kb

t

tkb

t

tt eVPeQbQbΔ

+

Δ−

+ −+= (23)

em que:

Qb – vazão de saída do escoamento subterrâneo, m3/s; e

kb – tempo médio de esvaziamento do reservatório subterrâneo, h.

Page 45: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

31

Assim, a vazão total de saída da seção da bacia (módulo bacia) será a soma da

vazão do escoamento superficial (Equação 22) mais a vazão do escoamento subterrâneo

(Equação 23).

3.2.2. Módulo rio – propagação da onda de cheia no canal

Após a simulação da transformação chuva-vazão ser realizada pelo módulo

anterior, obtém-se, como resultado, o hidrograma da referida sub-bacia. Desta forma,

para o segundo modelo construído, o hidrograma é propagado no canal até à seção de

interesse ou, então, até encontrar outro canal onde, neste caso, será um afluente,

podendo também receber contribuições de outras sub-bacias ou canais. O modelo

hidráulico utilizado, para isto, é o Muskingum-Cunge linear.

O modelo de Muskingum foi desenvolvido por McCarthy, citado por Chow (1959) e

IPHS1 (2004b), no rio Muskingum. Baseia-se baseia na equação da continuidade

concentrada (Equação 24) e numa função empírica (Equação 25), que relaciona o

armazenamento (Qa) com as vazões de entrada (Qi) e saída (Qo) do trecho de

propagação.

QoQidt

dQa−= (24)

])1([ QoXQiXKQa −+= (25)

em que:

K – parâmetro representativo do tempo de deslocamento da onda no trecho de

propagação, adimensional; e

X – parâmetro que pondera a influência das vazões de entrada e saída do trecho na

função de armazenamento, adimensional.

A Equação 25 é diferencial ordinária e será linear, quando os coeficientes K e X

forem constantes. Substituindo-se a Equação 25 na Equação 24 e discretizando, a

referida equação, resulta em:

1312212 QoCQiCQiCQo ++= (26)

em que:

Qo1 – vazão de saída no trecho do canal no início do intervalo de tempo, m3/s;

Qo2 – vazão de saída no trecho do canal ao final do intervalo de tempo, m3/s;

Qi1 – vazão de entrada no trecho do canal no início do intervalo de tempo, m3/s;

Qi2 – vazão de entrada no trecho do canal ao final do intervalo de tempo, m3/s; e

Page 46: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

32

C1, C2 e C3 – coeficientes resultantes da discretização, que dependem de K, X e t,

adimensionais, ou seja:

2)1(

21 tXK

tKXC

Δ

Δ

+−

+−= ;

2)1(

22 tXK

tKXC

Δ

Δ

+−

+= ;

2)1(

2)1(

3 tXK

tXKC

Δ

Δ

+−

−−=

Porém, nas ondas de cheia, o escoamento em rios e canais pode sofrer o

amortecimento da onda devido à variação na capacidade de armazenamento e do efeito

das forças dinâmicas. Cunge, citado por IPHS1 (2004b), demonstrou que não existe este

amortecimento dinâmico no modelo Muskingum. Este, ainda, relacionou a difusão

numérica, produzida pelo modelo de Muskingum, ao coeficiente de difusão hidráulica da

equação de difusão linearizada, ou seja, Cunge igualou a difusão numérica do modelo de

Muskingum à difusão real, transformando, desta forma, o modelo Muskingum em um

modelo de difusão, que representasse esse amortecimento da onda de cheia no canal.

Desta forma, os parâmetros K e X para o modelo de Muskingum-Cunge podem

ser estimados, com base nas características físicas do trecho de propagação e com base

na discretização, diferentemente do modelo de Muskingum, em que estes eram definidos

por soluções estatísticas, isto é:

Ld

qX2

5,0 −= (27)

cLK = (28)

em que:

q – vazão específica por unidade de largura do canal, m3/s/m;

d – declividade do fundo do canal, m/m;

L – comprimento do trecho de propagação, m; e

c – celeridade da onda de cheia, m/s.

A celeridade da onda pode ser obtida pela expressão:

6,0

4,03,0

35

nqdc = (29)

em que:

n – coeficiente de rugosidade de Manning, adimensional.

Page 47: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

33

3.3. Aquisição de dados

Para a realização deste trabalho, foram necessárias séries de dados fluviográficos

e pluviográficos, assim como dados fisiográficos e imagens de satélite da bacia.

As séries de dados fluviográficos e pluviográficos foram obtidas junto a CPRM,

Cemig e Belgo Mineira. Na Tabela 1, apresenta-se a relação das estações pluviográficas

e fluviográficas utilizadas no trabalho.

Tabela 1 – Estações fluviográficas e pluviográficas utilizadas no trabalho CÓDIGO ESTAÇÃO LATITUDE LONGITUDE RESPONSÁVEL TIPO DE DADO

01943010 CAETÉ 19º53'54" S 43º39'55" WG ANA PLUVIOGRÁFICO

01943100 NOVA ERA TELEMÉTRICA 19º46'00" S 43º01'34" WG ANA PLUVIOGRÁFICO

02043009 ACAIACA 20º21'57" S 43º08'33" WG ANA PLUVIOGRÁFICO

01943076 UHE PETI 19º48'00'' S 43º14'00'' WG CEMIG PLUVIOGRÁFICO

02043063 SÃO GONÇALO DO RIO ACIMA 20º04'28'' S 43º34'59'' WG CEMIG PLUVIOGRÁFICO

56661000 NOVA ERA TELEMÉTRICA 19º46'00" S 43º01'34" WG ANA FLUVIOGRÁFICO

56650080 UHE PETI 19º48'00'' S 43º14'00'' WG CEMIG FLUVIOGRÁFICO

56610100 UHE PIRACICABA 19º56'00'' S 43º10'00'' WG BELGO FLUVIOGRÁFICO

Os dados fisiográficos da bacia de interesse foram adquiridos a partir do modelo

digital de elevação (MDE). A imagem raster contendo as informações de elevação (MDE),

com resolução espacial de 90 m, foi importada da plataforma “United States Geological

Survey” (USGS, 2005). Juntamente com o MDE, foram também utilizados no

levantamento dos dados fisiográficos, imagens do satélite Landsat 5, obtidas pelo sensor

TM com resolução espacial de 30 m. Já a hidrografia da bacia foi obtida por meio da

digitalização em tela, a partir das imagens Landsat-TM, sendo auxiliada pela drenagem

numérica, obtida por meio do MDE. Por fim, na aquisição dos dados fisiográficos, foi

realizado um caminhamento para retirada de fotos dos dois cursos de água principais da

bacia (rios Piracicaba e Santa Bárbara) com trajeto partindo do município de Nova Era

até as estações fluviográficas de UHE Piracicaba e UHE Peti.

3.4. Elaboração do banco de dados

Os dados básicos foram trabalhados e selecionados para elaboração do banco de

dados, visando à construção e calibração dos modelos hidrológicos.

Page 48: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

34

3.4.1. Seleção dos eventos de cheia Os eventos de cheia, utilizados na calibração dos modelos hidrológicos, foram

selecionados a partir dos hidrogramas e hietogramas registrados, respectivamente, nas

estações fluviográficas e pluviográficas durante o período de cheia da bacia. Os

hietogramas foram utilizados como dados de entrada no módulo bacia e os hidrogramas

foram para o ajuste do módulo bacia e validação do modelo.

Neste trabalho, a principal estação fluviográfica foi a Nova Era Telemétrica (NET-

FLU), pois, localiza-se no centro da cidade de Nova Era. Apesar de ter sido implantada

em 2002, esta estação não possui curva-chave, tendo apenas registros de duas em duas

horas dos níveis do rio Piracicaba. Assim, foi necessário transferir os dados de níveis

para a estação Nova Era IV (NEIV-FLU), localizada 3 km à montante. A transferência dos

níveis foi realizada a partir da Equação 30, proposta por CPRM (2005), que estabeleceu

uma correlação entre os níveis da estação NET-FLU com a estação NEIV-FLU, a partir

dos dados diários de 2002 a 2005.

2,794,0 += NETNEIV NN (30)

em que:

NNEIV – nível da estação NEIV-FLU, cm; e

NNET – nível da estação NET-FLU, cm.

Realizada a transferência dos dados entre as estações, foi calculada a vazão

(QNEIV) de duas em duas horas, para a estação NEIV-FLU, a partir da curva-chave da

estação (equações 31 a 34). Vale ressaltar que os dados de nível da estação NEIV para

a curva-chave (equações 31 a 34) são em metros.

64,2)65,0(66,12 += NEIVNEIV NQ (amplitude de 0,5 a 1,90 m) (31)

80,1)5,0(98,30 += NEIVNEIV NQ (amplitude de 1,90 a 5,00 m) (32)

63,0)(2,243 NEIVNEIV NQ = (amplitude de 5,00 a 6,20 m) (33)

92,2)(69,3 NEIVNEIV NQ = (amplitude de 6,20 a 7,80 m) (34)

em que:

QNEIV – vazão da estação NEIV-FLU, m3/s.

A seleção dos eventos de cheia foi feita a partir das vazões, que ultrapassaram a

cota de alerta e de inundação da estação NEIV-FLU. As cotas de alerta e de inundação,

para a seção, são de 350 e 470 cm, correspondendo às vazões de 376 e 602 m3/s e

período de retorno de 1,1 e 1,8 anos, respectivamente (CPRM, 2005).

Page 49: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

35

Com os eventos identificados e selecionados na estação NEIV-FLU, fez-se

também a seleção dos hidrogramas, correspondentes a estes eventos, nas outras

estações fluviográficas: UHE Piracicaba (PI-FLU) e UHE Peti (PE-FLU). Juntamente com

estes hidrogramas, foram selecionados os hietogramas destes eventos nas estações

pluviográficas: Caeté (CA-PLU), Nova Era Telemétrica (NET-PLU), Acaiaca (AC-PLU),

UHE Peti (PE-PLU) e São Gonçalo do Rio Acima (SG-PLU).

A seleção dos eventos nas estações PI-FLU e PE-FLU, foi somente para a

calibração do segundo modelo hidrológico construído, pois, estas estações estão a

montante da estação NEIV-FLU. A fim de realizar uma melhor calibração do modelo IPH

II nas sub-bacias a montante destas duas estações, também foram selecionados outros

eventos de cheia nestas estações. O critério de seleção destes eventos foi somente o de

vazões elevadas.

Como as estações NET-PLU e NET-FLU apresentam registros de duas em duas

horas, todos eventos selecionados das outras estações foram repassados para este

intervalo de tempo.

Fez-se também, em todos os eventos selecionados, uma análise de consistência,

a fim de realizar o preenchimento de falhas, quando possível. O preenchimento de falhas

dos hietogramas das estações pluviográficas foi realizado a partir das correspondentes

estações pluviométricas1 das mesmas, sendo somente preenchidas as falhas em dias

que não apresentavam precipitação. Já para as falhas dos hidrogramas, o preenchimento

foi realizado a partir da média dos valores vizinhos às falhas. Os eventos em que não foi

possível o preenchimento de falhas, ou mesmo apresentavam muitas falhas, foram

descartados.

3.4.2. Discretização da bacia em sub-bacias menores

Para a construção do segundo modelo hidrológico, a bacia hidrográfica foi

discretizada em três sub-bacias a partir do MDE. Entretanto, antes de efetuar esta

discretização, foi necessário aferir o MDE a fim de torná-lo hidrologicamente consistente

(MDEHC – modelo digital de elevação hidrologicamente consistente), pois, somente

deste modo ele representaria, adequadamente, os processos de escoamento e

drenagem da bacia. Assim, o antigo MDE foi processado juntamente com a hidrografia

digitalizada nas imagens Landsat-TM, sendo o novo MDE reinterpolado para uma

resolução espacial de 30 m.

1 As estações pluviométricas correspondentes às estações pluviográficas foram obtidas no site da Agência Nacional de Águas (Ana) – www.ana.gov.br.

Page 50: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

36

O novo MDE, com a hidrografia incorporada, foi pós-processado a fim de eliminar

as depressões espúrias, ou seja, células cercadas por outras com maiores valores de

elevação, remanescentes ou que foram introduzidas no MDE durante o processo de

imposição da rede de drenagem. Realizou-se, também, o rebaixamento da hidrografia e

suavização das margens buscando, assim, a consistência do escoamento superficial ao

longo da rede de drenagem gerada pelo modelo.

Já com o MDEHC (Figura 13), a bacia a montante da estação NEIV-FLU pode ser

discretizada (Figura 14) a partir das outras duas estações fluviográficas existentes na

bacia (PE-FLU e PI-FLU), uma vez que o modelo somente pode ser ajustado e calibrado

onde há dados observados.

Figura 13 – MDEHC da bacia a montante da estação NEIV-FLU, juntamente com a

hidrografia digitalizada das imagens Landsat-TM.

A fim de facilitar a identificação de cada sub-bacia do segundo modelo, foi

adotada a seguinte convenção (Figura 14): a sub-bacia a montante da estação NEIV-

FLU, intermediária às outras duas, fica como “sub-bacia A”; a sub-bacia a montante da

estação PI-FLU, fica como “sub-bacia B”; e a sub-bacia a montante da estação PE-FLU,

fica como “sub-bacia C”.

Page 51: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

37

Figura 14 – Bacia do rio Piracicaba a montante da estação NEIV-FLU discretizada,

juntamente com a convenção adotada para a identificação de cada sub-bacia.

3.4.3. Influência de cada estação pluviográfica

Como as precipitações não ocorrem de maneira uniforme na bacia e, neste

trabalho, foram utilizadas cinco estações pluviográficas, foi necessária a identificação da

área de influência de cada estação na bacia. Neste caso, para o primeiro modelo

construído, identificou-se a área de influência para toda a bacia a montante da estação

NEIV-FLU. Já para o segundo modelo construído, identificou-se a área de influência de

cada estação pluviográfica em cada sub-bacia (Figura 14).

A área de influência, ou peso, foi determinada por meio da metodologia dos

polígonos de Thiessen (Bertoni & Tucci, 1993). Para determinação dos polígonos, foi

utilizado o módulo precipitação média do software RH 4.0 (Euclydes et al., 2005). Para

esta determinação, utilizaram-se os dados unitários de precipitação de cada estação

pluviográfica e o contorno da área de drenagem da bacia, ou das sub-bacias

discretizadas (Apêndice A).

Com os pesos de cada estação determinados na bacia e nas sub-bacias (tabelas

2 e 3), o módulo bacia pode fazer, automaticamente, a distribuição da precipitação

conforme as influências das estações. Entretanto, foi utilizado somente o peso de cada

estação atribuído pelo método, pois, o módulo bacia faz a distribuição e a discretização

temporária da precipitação.

Page 52: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

38

Tabela 2 – Áreas de influência e pesos de cada estação pluviográfica na bacia do

primeiro modelo, juntamente com a área da bacia

Estação pluviográfica Área (km2) Área (%) Peso

Caeté (CA-PLU) 90,65 2,96 0,03

UHE Peti (PE-PLU) 1.576,74 51,48 0,51

Nova Era Telemétrica (NET-PLU) 451,51 14,74 0,15

Acaiaca (AC-PLU) 175,21 5,72 0,06

São Gonçalo do Rio Acima (SG-PLU) 768,51 25,09 0,25

Total 3.062,67 100,00 1,00

Tabela 3 – Áreas de influência e pesos de cada estação pluviográfica nas sub-bacias do

segundo modelo, juntamente com a área de cada sub-bacia

Sub-bacia A Sub-bacia B Sub-bacia C

Estações A (km2) A (%) Peso A (km2) A (%) Peso A (km2) A (%) Peso

NET-PLU 377,11 32,20 0,32 74,38 6,38 0,06 - - -

PE-PLU 750,52 64,09 0,64 660,26 56,62 0,57 165,96 22,88 0,23

CA-PLU 43,49 3,71 0,04 - - - 47,16 6,50 0,06

SG-PLU - - - 256,24 21,97 0,22 512,27 70,62 0,71

AC-PLU - - - 175,19 15,02 0,15 - - -

Total 1.171,16 100,00 1,00 1.166,09 100,00 1,00 725,42 100,00 1,00

3.4.4. Dados fisiográficos de entrada nos modelos

As informações fisiográficas da bacia e de seus principais cursos de água, rios

Piracicaba e Santa Bárbara, constituíram dados de entrada para o módulo bacia e para o

módulo rio, respectivamente.

No módulo bacia, foram utilizados como dados fisiográficos de entrada: a área de

drenagem; o tempo de concentração; e a porcentagem de área impermeável das bacias.

Enquanto no módulo rio, foram utilizados como dados de entrada: o comprimento de

cada trecho do curso de água; cota a montante; cota a jusante; altura média do canal;

largura média do canal; e rugosidade do canal.

As áreas de drenagem das bacias foram obtidas por meio do MDEHC (tabelas 2 e

3). O tempo de concentração foi determinado, inicialmente, empregando-se a equação do

Corpo de Engenheiros do Exército do EUA (Equação 35), sendo este tempo ajustado,

posteriormente, na calibração dos modelos, pois, o tempo de concentração é um dos

parâmetros de calibração do módulo bacia, determinando, no hidrograma o instante do

Page 53: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

39

pico de cheia. Os valores de entrada para a Equação 35, foram obtidos por meio do

MDEHC.

25,076,046,11 −= dpLptc (35)

em que:

tc – tempo de concentração, min;

Lp – comprimento do curso de água principal, km; e

dp – declividade do curso de água principal, m/m.

Conforme Silveira (2005), a equação do Corpo de Engenheiros do Exército do

EUA é a mais indicada para estimativa do tempo de concentração para bacias com áreas

inferiores a 12.000 km2.

Na estimativa da porcentagem de área impermeável, foram utilizadas as imagens

Landsat-TM. Essa estimativa foi realizada, a partir da identificação da extensão territorial

das cidades existentes na bacia: Nova Era, João Monlevade, Bela Vista de Minas, Santa

Bárbara, Barão dos Cocais, São Gonçalo do Rio Abaixo, Rio Piracicaba e Catas Altas.

Para cada cidade, foi digitalizado um polígono abrangendo toda sua extensão territorial.

Juntamente com as cidades, foi digitalizado, também, um polígono no Parque Natural do

Caraça, por apresentar grandes áreas rochosas – Afloramento Rochoso (Figura 3).

Posteriormente, as áreas dos polígonos digitalizados (Figura 15) foram multiplicadas por

um coeficiente C (Tabela 4), de acordo com a característica da área, pois, somente parte

da área total do polígono é impermeável (Apêndice B). Para as cidades, o valor foi 0,38,

correspondente ao valor intermediário da zona: edificações com muitas áreas livres. Já

para o parque, o valor foi 0,12, correspondente ao valor intermediário da zona: matas,

parques e campo de esportes.

Para o segundo modelo construído, os dois cursos de água, rios Piracicaba e

Santa Bárbara, a jusante das duas sub-bacias (Figura 14), foram divididos em trechos,

para melhor representação do escoamento. Essa divisão foi baseada na declividade,

pois, assim, o trecho possuiria declividade única (Apêndice C). Foi obtido por meio do

MDEHC, para cada trecho, o comprimento e as cotas de montante e jusante. Quanto às

informações de largura e profundidade média de cada trecho, em virtude das dificuldades

de obtenção dessas informações, inicialmente, foi atribuído um valor médio para todos os

trechos, para ambos os rios, de 20 m para a largura média e de 2 m para a profundidade

média. Após o início da calibração, as informações de profundidade e largura média

foram alteradas, a fim de melhorar os resultados obtidos pelo modelo. Por fim, as

informações da rugosidade do canal – coeficiente de Manning (n) – para cada trecho,

foram obtidas através da classificação das fotos do levantamento realizado nos dois rios

Page 54: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

40

(Figura 16). A classificação das fotos para estimativa da rugosidade do canal, foi

realizada com base na rugosidade, apresentada pelas fotos classificadas por Chow

(1959) e USGS (2006).

Figura 15 – Imagem Landsat-TM (bandas 4;3;2) com os polígonos digitalizados,

identificando a área territorial da cada cidade e do Parque Natural do Caraça.

Tabela 4 – Valores de C adotados pela Prefeitura de São Paulo

Zonas C Edificações muito densas: áreas centrais, densamente construídas de uma cidade com ruas e calçadas pavimentadas 0,70 – 0,95

Edificações não muito densas: área adjacente ao centro, com menor densidade de habitantes, porém com ruas e calçadas pavimentadas 0,60 – 0,70

Edificações com poucas superfícies livres: áreas residenciais com construções cerradas e ruas pavimentadas 0,50 – 0,60

Edificações com muitas áreas livres: áreas residenciais com ruas macadamizadas ou pavimentadas 0,25 – 0,50

Subúrbios com alguma edificação: áreas de arrabaldes e subúrbios com pequena densidade de construção 0,10 – 0,25

Matas, parques e campo de esportes: áreas rurais, verdes, superfícies arborizadas, parques ajardinados e campos de esporte sem pavimentação. 0,05 – 0,20

Fonte: Wilken (1978) citado por Pruski et al. (2004).

Page 55: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

41

Figura 16 – Levantamento fotográfico realizado nos rios Piracicaba e Santa Bárbara.

3.5. Construção dos modelos hidrológicos

Na construção dos modelos, no sistema IPHS1, foram inseridos os elementos que

correspondem aos processos hidrológicos existentes na bacia. Para isto, o sistema

IPHS1 possui uma rede de elementos que compõe estes processos. Os elementos

inseridos na construção, de ambos os modelos, são descritos na Tabela 5.

Tabela 5 – Funções dos elementos representativos dos processos hidrológicos

Elemento Processo hidrológico associado

Ponto de Controle Soma de hidrogramas

Trecho de água Propagação de vazões em canais (módulo rio)

Sub-bacia Transformação chuva-vazão (módulo bacia)

Adaptado de IPHS1, 2004a.

3.5.1. Construção do primeiro modelo hidrológico

Como o primeiro modelo comporta-se como um modelo concentrado, não foi

necessário discretizar ou dividir a bacia em sub-bacia menores. Para construção do

modelo, foi inserido um ponto de controle na estação NEIV-FLU para a soma dos

Page 56: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

42

hidrogramas, bem como um módulo bacia para a transformação chuva-vazão na bacia

(Figura 17). No módulo bacia, conforme mencionado anteriormente, foi escolhido o

modelo hidrológico de transformação chuva-vazão IPH II.

Figura 17 – Esquema dos elementos realizadores dos processos hidrológicos do primeiro

modelo.

3.5.2. Construção do segundo modelo hidrológico

A construção do segundo modelo foi baseada na discretização da bacia (Figura

14) e na divisão dos rios Piracicaba e Santa Bárbara, com base na declividade (Apêndice

C). Foi inserido um ponto de controle em cada estação fluviográfica (NEIV-FLU, PE-FLU

e PI-FLU), bem como um módulo bacia para cada sub-bacia e um módulo rio para cada

trecho dividido dos rios, correspondendo a um total de 6 trechos para cada rio (rio

Piracicaba e Santa Bárbara) e 2 trechos para o rio Piracicaba após a confluência (Figura

18). Assim, este modelo comporta-se como um modelo distribuído por bacias. No módulo

bacia, igual ao primeiro modelo, foi escolhido o modelo hidrológico IPH II, enquanto no

módulo rio, foi escolhido o modelo hidráulico Muskingum-Cunge linear.

Page 57: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

43

Figura 18 – Esquema dos elementos realizadores dos processos hidrológicos do segundo

modelo.

3.6. Calibração dos modelos hidrológicos

Os dois modelos hidrológicos construídos foram calibrados para cada evento de

cheia selecionado anteriormente. Ambos os modelos foram calibrados por meio de

tentativa e erro, ressaltando-se, que os parâmetros iniciais de cada modelo, foram

definidos de acordo com a literatura e informações fisiográficas das bacias e de seus

respectivos cursos de água. Como o objetivo da calibração foram os eventos de cheia,

procurou-se o melhor ajuste, para ambos os modelos, no período de aumento da vazão

no hidrograma.

3.6.1. Calibração do primeiro modelo hidrológico

Com os eventos de cheia selecionados, a calibração do modelo foi realizada por

meio da comparação entre os hidrogramas observado e simulado. Como o primeiro

modelo comporta-se como um modelo concentrado, foi necessário somente calibrar o

modelo IPH II para a bacia a montante da estação NEIV-FLU.

Page 58: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

44

Os valores iniciais dos parâmetros do modelo foram baseados nos trabalhos de

Germano et al. (1998), Brun e Tucci (2001), Santos et al. (2001), Favoreto et al. (2003) e

Tucci (2005). Os parâmetros calibrados são apresentados abaixo:

Rmax – reservatório máximo de perdas iniciais, mm;

Ib – taxa de infiltração quando o solo está saturado, mm/h;

I0 – taxa de infiltração em condições iniciais, mm/h;

H = ek, onde k (h-1) é um parâmetro, que caracteriza o decaimento da curva de infiltração;

ks – tempo médio de esvaziamento do reservatório superficial, h;

kb – tempo médio de esvaziamento do reservatório subterrâneo, h; e

XN – coeficiente que varia de acordo com a forma da bacia, adimensional.

Juntamente com os parâmetros do modelo IPH II, fez-se também a calibração do

tempo de concentração (tc) para cada evento, sendo que o valor inicial inserido

corresponde ao obtido com a Equação 35.

3.6.2. Calibração do segundo modelo hidrológico

Como o segundo modelo construído apresenta três módulos bacia, foi necessário

fazer, primeiramente, uma calibração individual nos módulos bacia das sub-bacias B e C.

Realizada essa calibração, foi feita uma simulação com todo o modelo para a calibração

simultânea do módulo bacia da sub-bacia A e dos módulos rios.

Na calibração do modelo IPH II para as sub-bacias B e C, além dos eventos

selecionados para a bacia a montante da estação NEIV-FLU, foram simulados outros

eventos individuais ocorridos nestas sub-bacias, enquanto na calibração da sub-bacia A,

foram simulados, apenas, os eventos selecionados na estação NEIV-FLU. Esta etapa da

calibração do segundo modelo foi realizada de forma similar à do primeiro modelo.

Com os eventos calibrados nas sub-bacias, o modelo Muskingum-Cunge (módulo

rio) pode ser calibrado. A calibração deste modelo foi simples, pois, a maioria dos dados

de entrada foram obtidos por meio das informações fisiográficas dos cursos de água,

necessitando somente alguns ajustes no coeficiente de rugosidade de Manning (n), bem

como na largura e profundidade média dos cursos de água, pois, nestes dois últimos

foram atribuídos valores médios. De modo similar ao módulo bacia, os resultados foram

analisados visualmente até um ajuste adequado dos parâmetros do modelo.

Page 59: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

45

3.7. Análise estatística dos resultados e estimativa da antecedência

A primeira validação dos modelos foi visual, conforme mencionado anteriormente,

porém é de extrema importância a validação da calibração por análises estatísticas, pois,

esta análise representa, quantitativamente, a qualidade em que os modelos

representaram os processos hidrológicos reais na bacia.

3.7.1. Comparação entre a vazão calculada e observada

Os hidrogramas resultantes das simulações dos modelos foram comparados,

quando existiam, com os hidrogramas observados nas estações fluviográficas.

A quantificação da qualidade da calibração foi verificada, com base nos valores

obtidos com: coeficiente de eficiência (CE), proposto por Nash e Sutcliffe (1970), citado

por Wang et al. (2006); erro-padrão da estimativa (EP); e erro absoluto médio relativo

(EAMR).

( )( )2

2

)(

)()(1

∑∑

−−=

mob

calob

QtQ

tQtQCE (36)

( )

ptQtQ

EP calob2)()(∑ −

= (37)

∑ −=

)(1

)()(1

tQp

tQtQpEAMR

ob

calob

(38)

em que:

Qob – vazão observada nas estações fluviográficas, m3/s;

Qcal – vazão calculada pelo modelo, m3/s;

Qm – vazão média observada, m3/s; e

p – tamanho da população, adimensional.

O CE foi utilizado, pois, segundo Wang et al. (2006), ainda é o critério mais

utilizado para determinar o desempenho de modelos. Os resultados foram classificados,

segundo os intervalos de valores de desempenho de CE, proposto por Kachroo (1986)

citado por Shamseldin (1997): acima de 0,9, o modelo teve desempenho “muito

satisfatório”; entre 0,9 e 0,8, o modelo teve desempenho “satisfatório”; e abaixo de 0,8, o

modelo teve desempenho “insatisfatório”. O EAMR foi utilizado por ser muito sensível a

pequenos erros e conseguir comparar pequenas diferenças no desempenho dos

modelos. Finalmente, o EP foi utilizado, assim como o CE e o EAMR, por serem

Page 60: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

46

utilizados na quantificação qualitativa dos modelos no Sistema de Alerta Contra

Enchentes da Bacia do Rio Doce.

Realizadas as análises estatísticas dos eventos simulados pelos modelos, estes

foram novamente calibrados, com a modificação de alguns parâmetros, a fim de realizar

a otimização da calibração. Nesta otimização, os resultados foram analisados,

primeiramente, pelos valores obtidos de CE, sendo posteriormente analisados pelos

valores de EAMR e EP, por serem mais sensíveis a pequenos erros.

3.7.2. Estimativa da antecedência

Para determinar a antecedência dos eventos de cheia, estando os modelos

calibrados, fez-se a simulação dos eventos com a inserção gradativa da precipitação, ou

seja: na primeira simulação, sem a precipitação; na segunda, acrescentou-se o primeiro

intervalo de precipitação ocorrida; na terceira, acrescentou-se o segundo intervalo de

precipitação ocorrida e, assim, progressivamente. Os intervalos foram acrescentados,

gradativamente, até que a vazão do hidrograma gerado com o modelo atingisse a vazão

de alerta ou inundação do município ou, para os casos das outras sub-bacias, atingisse a

vazão máxima observada no hidrograma. Assim, a antecedência foi igual ao intervalo de

tempo, entre o último intervalo de precipitação inserido e a vazão de alerta, inundação ou

máxima do hidrograma.

3.8. Análise de sensibilidade do modelo

A análise de sensibilidade do modelo foi realizada somente para o modelo IPH II,

pois, o modelo Muskingum-Cunge, uma vez calibrado, não necessita alterar os dados de

entrada. Assim, procurou-se fazer a análise de sensibilidade para auxiliar a operação do

sistema de alerta, pois, alguns parâmetros do modelo IPH II, como I0 (taxa de infiltração

inicial), ks (tempo médio de esvaziamento do reservatório superficial) e tc (tempo de

concentração) variam muito de evento para evento.

Para realizar esta análise de sensibilidade, procurou-se o evento melhor simulado

com o primeiro modelo, variando um a um os parâmetros de entrada. Nestas variações,

os valores de entrada dos parâmetros foram alterados de 10 em 10% do valor calibrado,

chegando até uma alteração de 50% do valor do parâmetro, tanto para positivo quanto

para negativo.

Page 61: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

47

Foi calculado também o índice de sensibilidade (IS) para cada parâmetro, no

intuído de quantificar a sensibilidade dos parâmetros do modelo IPH II. Este índice foi

proposto por McCuen e Snyder (1986) citado por Evangelista (2003), pela equação:

12

21

12

21

III

RRR

IS−

= (39)

em que:

IS – índice de sensibilidade do modelo aos parâmetros de entrada, adimensional;

R1 – volume total escoado com o valor do parâmetro a -50 % do calibrado, m3;

R2 – volume total escoado com o valor do parâmetro a 50 % do calibrado, m3;

R12 – volume total escoado com o valor do parâmetro calibrado, m3;

I1 – valor do parâmetro a -50 % do calibrado;

I2 – valor do parâmetro a 50 % do calibrado; e

I12 – valor do parâmetro calibrado.

Conforme McCuen e Snyder (1986), citado por Evangelista (2003), o valor do IS

representa a mudança gerada na saída do modelo pela alteração dos parâmetros de

entrada, permitindo ainda comparar a sensibilidade dos diferentes parâmetros. Para o

índice, quanto maiores forem os valores, mais sensível é o modelo ao parâmetro,

enquanto os valores próximos a zero indicam que o modelo não apresenta sensibilidade

ao parâmetro.

3.9. Comparação entre os resultados obtidos com os modelos e aqueles obtidos na atual metodologia do Sistema de Alerta Contra Enchentes da Bacia do Rio Doce

Os valores de CE, EP e EAMR (equações 36 a 38) obtidos com os modelos, para

os eventos selecionados, foram comparados com os valores obtidos pela atual

metodologia (Tabela 6), juntamente com a antecedência obtida com o modelo e

antecedência atual do sistema. Assim, o modelo já calibrado, poderá ou não ser utilizado

pelo sistema de alerta no município como ferramenta na previsão em tempo real dos

eventos de cheia.

Page 62: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

48

Tabela 6 – Valores obtidos com a atual metodologia do sistema de alerta para eventos

isolados, todos com antecedência de 3 horas

Período de Operação Eventos CE EP (m3/s) EAMR (%)

2002/2003 15/01/03 a 19/01/03 0,97 26,7 -

09/01/04 a 14/01/04 0,84 63,6 10,9

22/01/04 a 25/01/04 -0,44 66,0 18,6

11/02/04 a 14/02/04 0,79 4,49 5,26 2003/2004

04/03/04 a 09/03/04 0,83 18,9 5,03

23/12/04 a 27/12/04 0,92 14,0 3,70

17/01/05 a 21/01/05 0,81 19,5 4,50

03/03/05 a 08/03/05 0,98 23,2 4,34 2004/2005

20/03/05 a 23/03/05 0,81 31,1 8,88

Fonte: CPRM, 2003; CPRM, 2004; CPRM, 2005.

Page 63: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

49

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. Calibração do primeiro modelo hidrológico

Em virtude da grande quantidade de falhas presentes nas séries das estações

pluviográficas, em especial das estações PE-PLU e SG-PLU, foram selecionados apenas

dois eventos de cheia para calibração e simulação do modelo. O primeiro destes eventos

ocorreu no dia 17 de janeiro de 2003, ultrapassando a vazão de inundação da estação

NEIV-FLU, enquanto o segundo evento ocorreu no dia 10 de janeiro de 2004,

ultrapassando a vazão de alerta da estação.

Na Figura 19, é apresentado o hidrograma, observado no dia 17 de janeiro de

2003 na estação NEIV-FLU, juntamente com o hidrograma simulado com o primeiro

modelo, assim como a precipitação média ocorrida na bacia, obtida pela metodologia dos

polígonos de Thiessen. Este evento teve duração de sete dias e 16 horas (184 h),

iniciando-se às 10 horas, no dia 13 de janeiro de 2003 e terminando a zero hora, no dia

21 de janeiro de 2003, com precipitação total de 258,16 mm e atingindo a vazão máxima

no dia 17 de janeiro às seis horas.

Pode-se observar pela Figura 19, que o modelo não simulou de forma adequada o

início do aumento da vazão, pois, somente gerou escoamento superficial expressivo com

a forte precipitação que ocorreu na bacia, entre os intervalos de tempo 60 e 70 h,

atrasando, assim, o início do aumento da vazão em 16 horas. Contudo, o modelo previu o

pico da vazão de cheia satisfatoriamente, uma vez que a máxima simulada ocorreu no

mesmo instante de tempo que a máxima observada. A vazão máxima obtida com o

modelo neste evento foi de 818,38 m3/s, enquanto a observada foi 743,30 m3/s. Para as

vazões médias do evento a diferença foi menor, sendo a simulada 407,24 m3/s e a

observada 428,06 m3/s, pois, o modelo assemelhou bem a forma do hidrograma

observado.

Page 64: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

50

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada Vazão observada

Figura 19 – Hidrograma observado e simulado com o primeiro modelo para o evento

ocorrido no dia 17 de janeiro de 2003.

O hidrograma simulado deste evento subestimou, expressivamente, a vazão, em

relação à observada, em dois intervalos de tempo da simulação. O primeiro intervalo, no

período de aumento da vazão, ocorrido entre 45 a 80 h do tempo de simulação,

apresentou diferença no volume escoado de 18.053.424 m3. Já o segundo intervalo, no

período de recessão, entre 100 a 140 h do tempo de simulação, apresentou diferença

menor no volume escoado, 7.176.096 m3, do que no intervalo anterior. Houve também,

neste evento, superestimativas expressivas na vazão simulada em dois intervalos de

tempo na simulação. O primeiro intervalo ocorreu nas vazões máximas, entre 80 a 100 h

do tempo de simulação, apresentando diferença no volume escoado de 3.701.304 m3. Já

o segundo intervalo ocorreu no período de recessão, entre 140 a 180 h do tempo de

simulação, apresentando diferença maior, 6.370.776 m3, no volume escoado do que no

intervalo anterior.

Comparando as diferenças no volume escoado, entre o período de aumento da

vazão (18.053.424 m3) e o período de recessão do hidrograma, subestimativa mais a

superestimativa (13.546.872 m3), nota-se que o período de recessão do hidrograma

simulado apresentou menores diferenças no volume escoado, demonstrando, desta

forma, que o modelo simulou melhor a recessão do hidrograma. No tocante ainda das

diferenças entre os volumes escoados, o modelo simulou um volume total de

269.757.360 m3, enquanto o volume total observado foi 284.017.320 m3, correspondendo

Page 65: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

51

a uma diferença de 14.259.960 m3. Entretanto, esta diferença não é muito expressiva,

-5,02 %, comparativamente ao volume total observado.

Outro ponto a observar no hidrograma simulado (Figura 19) é a declividade da

curva, sempre positiva no ramo ascendente e negativa no descendente,

comparativamente ao hidrograma observado. A razão desta diferença é que o modelo

toma, como constante, a intensidade de precipitação para o intervalo de tempo de duas

horas, diferentemente do que ocorre na situação real, pois, a precipitação não ocorre em

intensidade constante, mas com variações na intensidade, o que é demonstrado nas

variações do hidrograma observado.

Na Figura 20, é apresentado o hidrograma observado, no dia 10 de janeiro de

2005 na estação NEIV-FLU, juntamente com o hidrograma simulado com o primeiro

modelo e também a precipitação média ocorrida na bacia. Este evento teve duração total

de seis dias (144 h), iniciando-se às oito horas, no dia 8 de janeiro de 2004, e terminando

às seis horas, no dia 14 de janeiro de 2004, com precipitação total de 166,96 mm,

chegando à vazão máxima no dia 10 de janeiro às 22 horas.

0

100

200

300

400

500

600

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada Vazão observada

Figura 20 – Hidrograma observado e simulado com o primeiro modelo para o evento

ocorrido no dia 10 de janeiro de 2004.

Observa-se na Figura 20, que o modelo simulou muito bem este evento de cheia,

ocorrendo, somente no final, um atraso na simulação. Neste evento, como no evento

apresentado na Figura 19, o modelo previu o pico da vazão de cheia de forma adequada,

pois, novamente a máxima simulada ocorreu no mesmo instante de tempo que a máxima

Page 66: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

52

observada. A vazão máxima obtida com o modelo neste evento foi 500,84 m3/s e a

observada 531,20 m3/s. As vazões médias, entretanto, não apresentaram diferenças

expressivas, sendo a simulada 292,80 m3/s e a observada 291,32 m3/s.

As menores diferenças das vazões máximas e médias deste evento, em relação

ao evento anterior (Figura 19), evidenciam melhor simulação deste evento com o modelo.

A razão para esta melhor simulação, está na forte precipitação ocorrida já no início do

evento, diferentemente do evento anterior, em que ocorreram pequenas precipitações em

diferentes intervalos de tempo, até a alta precipitação que gerou o escoamento

superficial, que iniciou o aumento da vazão. Outro ponto observado neste evento é que o

modelo não simulou adequadamente a segunda elevação da vazão no hidrograma,

proveniente da precipitação ocorrida entre 90 a 100 do tempo de simulação,

demonstrando a fragilidade do modelo para simulação de eventos compostos.

Com relação à diferença nos volumes escoados neste evento, esta foi menor em

relação ao anterior (Figura 19), apresentando diferença de 766.656 m3, o que

corresponde a 0,51 % do volume total observado, sendo que os volumes observado e

simulado são 151.022.016 e 151.788.672 m3, respectivamente. De maneira geral, para

este evento, o modelo não superestimou e nem subestimou expressivamente a vazão,

fato não observado no evento anterior.

Os valores dos parâmetros calibrados para o primeiro modelo, para ambos os

eventos (figuras 19 e 20), são apresentados na Tabela 7.

Tabela 7 – Parâmetros calibrados do primeiro modelo para os eventos selecionados

Eventos I0 (mm/h) Ib (mm/h) H (h-1) Rmax (mm) ks (h) kb (h) tc (h) XN α (%)

17/01/03 29,00 1,5 0,93 5 39 510 34 1,7 1,41

10/01/04 11,55 1,5 0,93 5 30 510 44 1,7 1,41

Os parâmetros, que não variaram de um evento para o outro, foram: Ib, H, Rmax,

kb, XN, e α. Estes parâmetros não variaram, visto que somente dependem das

características físicas da bacia, diferentemente daqueles que variaram, I0, ks e tc,

dependentes também das características das precipitações. Estas observações também

foram feitas por Favoreto et al. (2003), que perceberam que H, Ib e kb, estão relacionados

à bacia de forma geral, enquanto I0 e ks são ligados a eventos em particular. Destas

observações somente o tc, entre os parâmetros que variaram, não foi mencionado;

contudo, este também é fortemente ligado às características da bacia e da precipitação.

No tocante aos parâmetros que variaram entre os eventos, as diferenças do I0

foram causadas pelos diferentes teores iniciais de água no solo, oriundo das

precipitações anteriores e iniciais do evento. Enquanto, as diferenças de tc e ks foram

Page 67: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

53

causadas pelas diferentes intensidades de precipitação dos eventos. Para tc, maiores

intensidades resultam em menores valores, devido às maiores velocidades do

escoamento de água no canal, enquanto, para ks, maiores intensidades resultam em

maiores volumes de água, causando, assim, um aumento no tempo de esvaziamento do

reservatório.

Com relação aos valores dos parâmetros iniciais de calibração, encontrados na

literatura, e os parâmetros calibrados para o modelo, todos apresentaram grandes

diferenças. A razão dessas diferenças está nas diferentes características físicas e

peculiaridades de cada bacia.

Na Tabela 8, apresentam-se os resultados das análises estatísticas, empregando

as equações 36, 37 e 38 para os dois eventos (figuras 19 e 20).

Tabela 8 – Resultado das análises estatísticas dos eventos simulados com o primeiro

modelo

Eventos CE EP (m3/s) EAMR (%)

17/01/03 0,84 78,75 13,27

10/01/04 0,97 20,94 5,50

De acordo com os resultados para CE, o desempenho das simulações dos dois

eventos com o modelo, foi classificado como: “satisfatório” para o evento do dia 17/01/03;

e “muito satisfatório” para o evento do dia 10/01/04.

As diferenças, anteriormente evidenciadas, entre os dois eventos simulados

também estão refletidas na Tabela 8, ficando bem claras nos valores de EP e EAMR. Os

valores de EP mostram as diferenças encontradas entre a vazão simulada e a observada

nos dois eventos, enquanto os valores de EAMR expressam as diferenças entre os

volumes escoados com o modelo e o observado, mostrando, desta forma, que o modelo

simulou melhor o evento ocorrido no dia 10/01/04.

4.2. Calibração do segundo modelo hidrológico

Para simulação com o segundo modelo foram calibrados, em primeiro lugar, os

módulos bacias das sub-bacias B e C com eventos individuais. Após esta calibração, os

módulos rios e o módulo bacia da sub-bacia A foram calibrados simultaneamente.

Page 68: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

54

4.2.1. Calibração do módulo bacia para a sub-bacia B

Na Figura 21 apresenta-se o hidrograma, observado no dia 19 de janeiro de 2002

na estação PI-FLU, juntamente com o hidrograma simulado com o módulo bacia (modelo

IPH II) da sub-bacia B e também a precipitação média ocorrida na bacia. Este evento

teve duração total de quatro dias e 12 horas (108 h), tendo início às 20 horas, no dia 17

de janeiro de 2002 e término às seis horas, no dia 22 de janeiro de 2002, com um total

precipitado de 137,48 mm, atingindo a vazão máxima no dia 19 de janeiro às 10 horas.

0

50

100

150

200

250

0 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72 78 84 90 96 102

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

5

10

15

20

25

30

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada Vazão observada

Figura 21 – Hidrograma observado e simulado com o módulo bacia da sub-bacia B do

segundo modelo para o evento ocorrido no dia 19 de janeiro de 2002.

Pode-se observar pela Figura 21, que o modelo não simulou bem o início do

aumento da vazão do hidrograma, atrasando-o em oito horas, nem as altas vazões que

ocorreram após a vazão máxima. Entretanto, previu a vazão máxima adequadamente,

uma vez que a máxima simulada ocorreu no mesmo instante de tempo que a máxima

observada. A vazão máxima obtida com o modelo neste evento, 200,14 m3/s, foi maior do

que a observada, 186,00 m3/s. Em contrapartida, a vazão média simulada com o modelo,

97,84 m3/s, foi menor que a observada, 102,04 m3/s, pois, o modelo subestimou,

sensivelmente, as vazões no início do aumento e também após o pico das máximas do

hidrograma.

A diferença entre o volume escoado simulado e o observado, foi 1.631.232 m3,

correspondente a -4,11 % do volume observado, ou seja, o volume simulado foi

38.010.768 m3 e o observado 39.672.000 m3. Esta diferença é reflexo das subestimativas

na simulação com o modelo, pois, embora o período de recessão tenha apresentado

Page 69: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

55

superestimativa, 3,52 % do volume observado, este foi ligeiramente maior que o volume

subestimado no início do período de aumento da vazão, -3,37 %, indicando que a grande

diferença foi a subestimativa das altas vazões após a máxima, -5,95 %.

Na Figura 22 é apresentado o hidrograma, observado no dia 26 de janeiro de

2002 na estação PI-FLU, juntamente com o hidrograma simulado com o módulo bacia e

também a precipitação média ocorrida na bacia. Este evento teve duração total de três

dias e 14 horas (86 h), tendo início a zero hora, no dia 25 de janeiro de 2002 e término às

12 horas, no dia 28 de janeiro de 2002, com total precipitado de 112,28 mm, atingindo a

vazão máxima no dia 26 de janeiro às 10 horas e também no dia 27 de janeiro a zero

hora.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

0 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72 78 84

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

2

4

6

8

10

12

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada Vazão observada

Figura 22 – Hidrograma observado e simulado com o módulo bacia da sub-bacia B do

segundo modelo para o evento ocorrido no dia 26 de janeiro de 2002.

Observa-se na Figura 22, que o modelo não conseguiu assemelhar a forma do

hidrograma no aumento brusco da vazão, no tempo 34 h da simulação, nem na queda

brusca após a vazão de pico. Este fato demonstra a insensibilidade do modelo a

variações bruscas na vazão, assim, como a simulação deficiente de eventos com

precipitações interruptas, como é o caso deste evento e daquela ocorrido no dia 17/01/03

(Figura 19) simulado com o primeiro modelo.

A vazão máxima simulada neste evento foi 154,17 m3/s e a observada 168,00

m3/s em dois instantes de tempo distintos, sendo que a máxima simulada subestimou a

observada, evidenciando, apenas, um pico entre as máximas observadas. Já as vazões

médias foram 106,43 e 101,85 m3/s para a simulada e observada, respectivamente.

Page 70: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

56

O volume total escoado com o modelo neste evento foi 32.949.648 m3, enquanto o

observado foi 31.534.200 m3, correspondendo uma diferença de 4,49 % (1.415.448 m3)

em relação ao volume observado. Diferentemente do primeiro evento simulado neste

módulo (Figura 21), para este evento houve acréscimo no volume simulado, pois, a vazão

média simulada foi maior que a observada, ao contrário do evento anterior.

Na Figura 23, é apresentado o hidrograma, observado no dia 13 de dezembro de

2002 na estação PI-FLU, juntamente com o hidrograma simulado com o módulo bacia,

além da precipitação média ocorrida na bacia. Este evento teve duração total de cinco

dias e quatro horas (124 h), tendo início às 16 horas, no dia 10 de dezembro de 2002 e

término às 18 horas, no dia 15 de dezembro de 2002, com total precipitado de 194,42

mm, chegando à vazão máxima no dia 13 de dezembro às 22 horas.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

2

4

6

8

10

12

14

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada Vazão observada

Figura 23 – Hidrograma observado e simulado com o módulo bacia da sub-bacia B do

segundo modelo para o evento ocorrido no dia 13 de dezembro de 2002.

A vazão máxima simulada neste evento foi 190,23 m3/s e a observada 165,00

m3/s, enquanto a vazão média simulada foi 97,58 m3/s e a observada 102,08 m3/s. Já as

diferenças entre o volume escoado observado e o simulado foram -4,41 % (-2.009.232

m3). Apesar das diferenças nas vazões e nos volumes serem similares às encontradas

nas simulações dos outros eventos e a vazão máxima simulada ocorrer no mesmo

instante de tempo que a observada, observa-se pela Figura 23, que o modelo não

simulou adequadamente este evento. Salientando assim, simulações inadequadas, por

parte do modelo IPH II, para eventos com pequenas precipitações interruptas.

Page 71: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

57

Apresenta-se na Figura 24 o hidrograma observado no dia 18 de janeiro de 2003

na estação PI-FLU, juntamente com o hidrograma simulado com o módulo bacia e

também a precipitação média ocorrida na bacia. Este evento teve duração total de sete

dias e 16 horas (184 h), tendo início às 10 horas, no dia 13 de janeiro de 2003 e término

a zero hora, no dia 21 de janeiro de 2003, com total precipitado de 252,52 mm, chegando

a vazão máxima no dia 18 de janeiro às 10 horas.

0

50

100

150

200

250

300

350

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada Vazão observada

Figura 24 – Hidrograma observado e simulado com o módulo bacia da sub-bacia B do

segundo modelo para o evento ocorrido no dia 18 de janeiro de 2003.

Ao observar a Figura 24, percebe-se que o modelo também não simulou

adequadamente este evento. Contudo, nota-se que no hidrograma observado, após as

precipitações de grandes magnitudes, ocorridas entre os intervalos de tempo 62 e 64 h,

72,73 mm em quatro horas, a vazão não teve aumento aparente, levantando, assim,

suspeitas de algum tipo de problema no sistema de coleta dos dados de vazão.

Comparando este evento com total precipitado de 252,52 mm e vazão máxima observada

de 183,00 m3/s, com aquele ocorrido no dia 19/01/02 (Figura 21), quando a máxima

observada atingiu 186,00 m3/s com total precipitado de 137,48 mm, percebe-se que este

evento (Figura 24) teve quase o dobro do total precipitado em relação ao evento do dia

19/01/02, porém a vazão máxima apresentou a mesma magnitude, acentuando, assim,

as suspeitas de problemas no sistema de coleta de dados de vazão.

Na Figura 25, é apresentado o hidrograma observado no dia 10 de janeiro de

2004 na estação PI-FLU, juntamente com o hidrograma simulado com o módulo bacia e

também a precipitação média ocorrida na bacia. Este evento teve duração total de três

Page 72: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

58

dias e oito horas (80 h), tendo início às 14 horas, no dia 8 de janeiro de 2004 e término a

zero hora, no dia 11 de janeiro de 2004, com total precipitado de 142,93 mm, atingindo a

vazão máxima no dia 10 de janeiro às 10 horas.

0

50

100

150

200

250

0 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72 78

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada Vazão observada

Figura 25 – Hidrograma observado e simulado com o módulo bacia da sub-bacia B do

segundo modelo para o evento ocorrido no dia 10 de janeiro de 2004.

Pela Figura 25, observar-se que o modelo simulou adequadamente este evento,

assemelhando muito bem a forma do hidrograma observado, juntamente com a vazão

máxima simulada, coincidindo no tempo com a máxima observada. As vazões máximas

para este evento foram 190,31 e 209,00 m3/s, para as simulada e observada,

respectivamente. Já as vazões médias, apresentaram diferenças mínimas, sendo a

simulada, 121,77 m3/s, e a observada, 118,80 m3/s. Apesar da vazão máxima observada

ter sido maior do que a simulada, o mesmo não ocorreu com a vazão média, pois, o

volume escoado simulado foi 2,50 % (856.368 m3) maior do que o volume observado, ou

seja, o volume observado foi 34.214.400 m3 e o simulado 35.070.768 m3.

Este bom desempenho do modelo é devido à ocorrência de elevadas

precipitações consecutivas no início do evento, correspondendo a 77,16 % (110,28 mm)

do total precipitado em todo o evento.

Os valores dos parâmetros calibrados para o módulo bacia da sub-bacia B, para

todos os eventos (figuras 21 a 25), são apresentados na Tabela 9.

Page 73: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

59

Tabela 9 – Parâmetros calibrados do módulo bacia da sub-bacia B para os eventos das

figuras 21 a 25

Eventos I0 (mm/h) Ib (mm/h) H (h-1) Rmax (mm) ks (h) kb (h) tc (h) XN α (%)

19/01/02 13,80 1,5 0,97 5 32 450 16 1,5 1,16

26/01/02 7,00 1,5 0,97 5 19 450 44 1,5 1,16

13/12/02 10,20 1,5 0,97 5 27 450 20 1,5 1,16

18/01/03 30,00 1,5 0,97 5 33 450 26 1,5 1,16

10/01/04 12,75 1,5 0,97 5 22 450 35 1,5 1,16

Os parâmetros que variaram de um evento para o outro foram os mesmos do

primeiro modelo, destacando, além da variação de I0, a relação inversa que há entre os

parâmetros ks e tc, podendo esta ser observada na Tabela 9, como também na Tabela 6.

Esta relação inversa, entre ks e tc, pode ser explicada pelas equações do algoritmo de

propagação dos escoamentos do modelo de transformação chuva-vazão IPH II

(equações 16 a 23), em que na Equação 22 o parâmetro ks é inverso a t, em que t é

relacionado com tc pelas equações 16 e 17.

Em decorrência dos resultados das simulações (figuras 19 a 25), evidencia-se que

o modelo de transformação chuva-vazão (IPH II) não simula, adequadamente, eventos

apresentando pequenas precipitações iniciais e interruptas, como é o caso do evento

ocorrido no dia 13/12/02 (Figura 23), adequando-se bem a eventos que possuem fortes

precipitações iniciais, como é o caso dos dois eventos ocorridos no dia 10/01/04 (figuras

20 e 25). A razão para este fato, nos eventos com pequenas precipitações iniciais

interruptas, é o não retorno adequado de I0 próximo às condições iniciais, decorrente da

falta do algoritmo de evapotranspiração nesta versão do IPH II.

Na Tabela 10, apresentam-se os resultados das análises estatísticas empregando

as equações 36, 37 e 38, para todos os eventos simulados com o módulo bacia da sub-

bacia B (figuras 21 a 25).

Tabela 10 – Resultados das análises estatísticas dos eventos simulados com o módulo

bacia da sub-bacia B

Eventos CE EP (m3/s) EAMR (%)

19/01/02 0,86 20,01 14,55

26/01/02 0,83 15,74 11,43

13/12/02 0,21 31,97 26,49

18/01/03 -0,76 49,84 27,72

10/01/04 0,95 11,79 7,34

Page 74: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

60

De acordo com os resultados de CE, o desempenho das simulações dos eventos

foi classificado como “muito satisfatório” para o evento ocorrido no dia 10/01/04 e

“satisfatório” para os eventos ocorridos nos dias 19/01/02 e 26/01/02, enquanto os

eventos ocorridos nos dias 13/12/02 e 18/01/03 foram “insatisfatórios”, confirmando as

observações anteriormente descritas.

Comparando os valores de EP da Tabela 10 com os da Tabela 8, percebe-se que

os valores de EP dependem estritamente da magnitude do evento, pois na Tabela 8, o

evento do dia 17/01/03 (Figura 19) que teve desempenho “satisfatório”, apresentou EP

igual a 78,75 m3/s, e na Tabela 10, o evento do dia 18/01/03 (Figura 24) que teve

desempenho “insatisfatório”, apresentou EP igual 49,84 m3/s, menor que o do evento do

dia 17/01/03.

No entanto, o EAMR evidenciou ser somente sensível para pequenos erros, como

os dos eventos ocorridos no dia 10/01/04 (figuras 20 e 25; tabelas 8 e 10), pois, para

grandes erros como aqueles dos eventos em 13/02/02 e 18/01/03, a diferença do EAMR,

entre os dois eventos, foi pequena em comparação com a diferença apresentada de EP

e, principalmente, a de CE.

4.2.2. Calibração do módulo bacia para a sub-bacia C

Como as estações PE-FLU e PE-PLU apresentam grandes falhas em suas séries

de dados, todos os eventos identificados nesta sub-bacia foram descartados. Assim, foi

selecionado, como alternativa, um evento de baixa magnitude, somente para auxiliar a

calibração de alguns parâmetros do módulo (modelo IPH II).

Este evento de baixa magnitude, ocorrido no dia 30 de novembro de 2004 e

observado na estação PE-FLU, é apresentado na Figura 30, juntamente com a

precipitação média ocorrida na bacia e o hidrograma simulado com o módulo bacia. Sua

duração abrangeu um dia e 12 horas (36 h), tendo início às 12 horas, no dia 29 de

novembro de 2004 e término às 22 horas, no dia 30 de novembro de 2004, com total

precipitado de 20,38 mm, atingindo a vazão máxima de 31,07 m3/s no dia 30 de

novembro às quatro horas.

Pela Figura 26, observa-se que o modelo simulou, adequadamente, o evento do

início até à vazão máxima, sendo que, a partir da máxima, não simulou satisfatoriamente

a fase de recessão, gerando escoamento excessivo após a segunda precipitação.

Entretanto, observa-se que a vazão observada não respondeu à precipitação ocorrida

após a vazão máxima, ao contrário do modelo, sugerindo, assim, possíveis erros nos

dados observados.

Page 75: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

61

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

1

2

3

4

5

6

7

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada Vazão observada

Figura 26 – Hidrograma observado e simulado com o módulo bacia da sub-bacia C do

segundo modelo para o evento ocorrido no dia 30 de novembro de 2004.

Na simulação deste evento, apesar de todos os dados serem horários, estes

também foram convertidos para o intervalo de duas em duas horas, pois, percebeu-se

que a mudança no intervalo de tempo dos dados – de uma em uma hora para de duas

em duas horas – não alterando os valores dos parâmetros, resultava diferenças nas

simulações. Essa mudança nos resultados foi ocasionada pelo parâmetro H (h-1), pois,

sua variação segue uma curva exponencial (H = e-k); assim, a mudança linear dos dados

não correspondeu ao valor de H, devendo ser utilizados diferentes valores de H para

dados com diferentes intervalos de tempo. Esta mesma observação também foi

mencionada por Tucci (2005).

Os valores dos parâmetros calibrados para a simulação do evento ocorrido no dia

30/11/04 (Figura 26) no módulo bacia da sub-bacia C, são apresentados na Tabela 11.

Tabela 11 – Parâmetros calibrados para a simulação do evento ocorrido no dia 30/11/04

no módulo bacia da sub-bacia C

Eventos I0 (mm/h) Ib (mm/h) H (h-1) Rmax (mm) ks (h) kb (h) tc (h) XN α (%)

30/11/04 5,00 0,11 0,99 5 23 320 13 2,0 2,63

O valor de H maior nesta sub-bacia, em relação às outras (tabelas 7 e 9), indica

decaimento mais acentuado da curva de infiltração e, consequentemente, solos com

Page 76: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

62

menor permeabilidade. A razão desta sub-bacia apresentar solos com menor

permeabilidade está na expressiva área constituída (Figura 3) de Litossolo, 9,92 % da

área, e de Afloramento Rochoso, 16,29 % da área, diferentemente da sub-bacia B que

apresenta H menor e, consequentemente solos mais permeáveis como, por exemplo, o

Latossolo Vermelho-Amarelo que constitui 83,97 % da área da sub-bacia B.

Na Tabela 12, apresentam-se os resultados das análises estatísticas,

empregando as equações 36, 37 e 38 para o evento ocorrido no dia 30/11/04 (Figura 26).

Tabela 12 – Resultado das análises estatísticas do evento simulado com o módulo bacia

da sub-bacia C

Eventos CE EP (m3/s) EAMR (%)

30/11/04 -1,04 9,06 42,35

O resultado de CE para o evento ocorrido no dia 30/11/04 foi classificado como

desempenho “insatisfatório”. Contudo, caso seja analisado até à vazão de pico,

assumindo o erro na vazão observada, o valor de CE fica 0,98, considerado “muito

satisfatório”.

4.2.3. Calibração do módulo rio

A calibração do módulo rio ocorreu simultaneamente à do módulo bacia da sub-

bacia A e, consequentemente, com a simulação toda do segundo modelo. Entretanto,

neste tópico apresenta-se somente a calibração do módulo rio.

Na Tabela 13, são apresentados os dados fisiográficos obtidos com o MDEHC

(Figura 13), juntamente com os parâmetros de entrada estimados na calibração do

módulo rio, para cada trecho de ambos os rios. A localização de cada trecho pode ser

observada na Figura 18.

O ajuste das profundidades e larguras médias dos trechos foi realizado com base

em valores de raio hidráulico (perímetro molhado) iguais, pois, alterações que mudassem

o valor do raio hidráulico causavam queda na qualidade dos resultados. Esta observação

demonstra a boa estimativa inicial dos valores de largura e profundidade, pois, os

resultados dos eventos simulados pelo modelo, foram satisfatórios com estes valores.

Page 77: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

63

Tabela 13 – Dados fisiográficos e parâmetros de entrada estimados na calibração do módulo rio para cada trecho de ambos os rios

Rio Piracicaba até a confluência com o rio Santa Bárbara

Trecho Cota montante

(m) Cota jusante

(m) Comprimento

(m) Declividade

(m/m) Declividade

(%) Rugosidade de

Manning Profundidade

Média (m) Largura Média

(m) Raio Hidráulico

1º 619,0 606,0 10.927,87 0,001190 0,12% 0,035 2,000 20,000 1,667 2º 606,0 566,0 6.704,42 0,005966 0,60% 0,035 2,000 20,000 1,667 3º 566,0 565,0 427,27 0,002340 0,23% 0,035 2,000 20,000 1,667 4º 565,0 540,0 5.667,68 0,004411 0,44% 0,035 2,000 20,000 1,667 5º 540,0 534,5 4.595,84 0,001197 0,12% 0,045 2,000 20,000 1,667 6º 534,5 534,0 796,69 0,000628 0,06% 0,035 2,000 20,000 1,667

Total 29.119,77

Rio Santa Bárbara

Trecho Cota montante

(m) Cota jusante

(m) Comprimento

(m) Declividade

(m/m) Declividade

(%) Rugosidade de

Manning Profundidade

Média (m) Largura Média

(m) Raio Hidráulico

1º 694,0 648,0 1.933,68 0,023789 2,38% 0,035 2,000 20,000 1,667 2º 648,0 634,0 22.657,52 0,000618 0,06% 0,035 2,000 20,000 1,667 3º 634,0 593,0 10.216,84 0,004013 0,40% 0,035 2,000 20,000 1,667 4º 593,0 585,0 10.870,80 0,000736 0,07% 0,035 2,000 20,000 1,667 5º 585,0 541,0 8.131,04 0,005411 0,54% 0,045 2,000 20,000 1,667 6º 541,0 534,0 5.268,27 0,001329 0,13% 0,045 2,000 20,000 1,667

Total 59.078,15

Rio Piracicaba após a confluência com o rio Santa Bárbara

Trecho Cota montante

(m) Cota jusante

(m) Comprimento

(m) Declividade

(m/m) Declividade

(%) Rugosidade de

Manning Profundidade

Média (m) Largura Média

(m) Raio Hidráulico

1º 534,0 526,0 3.901,59 0,002050 0,21% 0,045 1,920 25,000 1,664 2º 526,0 524,0 13.574,16 0,000147 0,01% 0,035 1,920 25,000 1,664

Total 17.475,75

Page 78: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

64

Para estimativa dos valores de rugosidade de Manning (n), 136 fotografias foram

obtidas no levantamento fotográfico, realizado nos rios Piracicaba e Santa Bárbara.

Durante a separação dessas fotografias, de acordo com os trechos, observou-se que

essas apresentaram iguais valores de n para o mesmo trecho, demonstrando, desta

forma, que a divisão dos rios por trechos de iguais declividades foi representativa para a

condição real. Contudo, alguns trechos não apresentaram fotografias, devido a

dificuldade de acesso às margens dos rios. Esses trechos foram o 1º do rio Piracicaba e

1º e 3º do rio Santa Bárbara. Assim, para esses trechos, o valor atribuído a n foi igual ao

valor apresentado pela maioria dos trechos, neste caso, 0,035.

Como a rugosidade (n) dos rios apresentou somente dois valores, 0,035 e 0,045

(Tabela 13), são apresentadas nas figuras 27 e 28, duas fotografias de cursos de água

classificados com estes valores de n. Estas duas figuras representam muito bem os

valores de rugosidade dos trechos, sendo 0,035 para os trechos com margens mais

vegetadas (Figura 27), e 0,045 para os trechos com margens e leitos mais pedregosos

(Figura 28).

Figura 27 – Fotografia do 3º trecho do rio Piracicaba, classificado com valor de n igual a

0,035.

Page 79: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

65

Figura 28 – Fotografia do 5º trecho do rio Santa Bárbara, classificado com valor de n igual

a 0,045.

4.2.4. Simulação completa do segundo modelo hidrológico

Na simulação completa do segundo modelo, foram utilizados os mesmos eventos

da calibração do primeiro. Os hidrogramas simulados nos módulos bacias para as sub-

bacias deste modelo, para estes eventos, são apresentados no Apêndice D (figuras 1D a

6D). Para a sub-bacia B são apresentados os hidrogramas observado e simulado pelo

modelo, sendo que esses eventos já foram comentados na calibração individual,

enquanto as sub-bacias A e C não apresentam dados observados. Assim, para as sub-

bacias A e C foram apresentados, somente, os hidrogramas simulados pelo modelo.

Apresenta-se, na Figura 29, o hidrograma observado no dia 17 de janeiro de 2003

na estação NEIV-FLU, juntamente com o hidrograma simulado com o segundo modelo e

também a precipitação média ocorrida na bacia.

Pode-se observar pela Figura 29 que o segundo modelo, de forma análoga ao

primeiro (Figura 19), não simulou de forma adequada o início do aumento na vazão,

apresentando o mesmo atraso. Também de forma similar, o segundo modelo previu,

adequadamente, o pico da vazão de cheia, uma vez que a máxima simulada ocorreu no

mesmo instante de tempo que a máxima observada. Contudo, o segundo modelo simulou

melhor a forma do hidrograma, principalmente na fase de recessão, obtendo vazão

máxima igual a 774,11 m3/s, com observada igual a 743,30 m3/s, diferença menor do que

a do primeiro modelo, que obteve máxima igual a 818,38 m3/s. Já para as vazões médias,

Page 80: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

66

o segundo modelo obteve desempenho similar ao primeiro, obtendo vazão média igual a

408,63 m3/s, com observada igual a 428,06 m3/s, diferença similar àquela do primeiro que

obteve média igual a 407,27 m3/s.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada Vazão observada

Figura 29 – Hidrograma observado e simulado com o segundo modelo para o evento

ocorrido no dia 17 de janeiro de 2003.

Neste evento, os volumes totais escoados foram 270.676.800 e 284.017.320 m3

para o simulado e observado, respectivamente. As diferenças nos volumes escoados

também foram menores para o segundo modelo, -4,70 %, em comparação com o

primeiro modelo, -5,02 %. Esta diferença ocorreu porque o hidrograma gerado com o

segundo modelo ficou mais “achatado”, resultando um volume escoado mais distribuído

ao longo do tempo. O responsável por esta melhor distribuição do volume foi o modelo

hidráulico (módulo rio), pois, atenuou a onda de cheia no canal.

Na Figura 30, apresenta-se o hidrograma observado no dia 10 de janeiro de 2004

na estação NEIV-FLU, juntamente com o hidrograma simulado com o segundo modelo,

bem como a precipitação média ocorrida na bacia.

Observando a Figura 30, nota-se que o modelo simulou adequadamente este

evento de cheia e, igualmente ao primeiro modelo (Figura 20), produziu um atraso na

segunda elevação da vazão no hidrograma, embora este atraso tenha sido bem menor.

Similarmente também ao primeiro modelo, o segundo modelo previu, satisfatoriamente, o

pico da vazão de cheia, pois, novamente, a máxima simulada ocorreu no mesmo instante

Page 81: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

67

de tempo que a máxima observada. A vazão máxima obtida com o modelo neste evento

foi 501,06 m3/s e a observada 531,20 m3/s, similar à obtida com o primeiro modelo,

500,84 m3/s. Também não ocorreram diferenças expressivas entre as vazões médias

simuladas pelos dois modelos, pois, a média do segundo modelo foi de 289,67 m3/s,

enquanto a do primeiro foi 292,80 m3/s, muito próximas à observada, 291,32 m3/s.

0

100

200

300

400

500

600

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada Vazão observada

Figura 30 – Hidrograma observado e simulado com o segundo modelo para o evento

ocorrido no dia 10 de janeiro de 2004.

Os volumes totais escoados neste evento foram de 150.165.936 e 151.022.016 m3

para o simulado e observado, respectivamente. Já as diferenças dos volumes escoados

entre os dois modelos, não foram expressivas, contudo o segundo modelo gerou uma

leve subestimativa de -0,57 %, enquanto o primeiro modelo gerou uma leve

superestimativa de 0,51 %.

Quanto à segunda elevação da vazão no hidrograma, apresentado na Figura 30,

observou-se que o módulo bacia da sub-bacia A foi o grande responsável pela geração

deste escoamento, o que se pode constatar no hidrograma da sub-bacia para este evento

apresentado no Apêndice D (Figura 4D).

Um ponto observado nas simulações do segundo modelo, em relação às do

primeiro, é o fato que o segundo modelo simulou de forma mais adequada a fase de

recessão do hidrograma, em especial a do evento da Figura 30, pois, simulou bem

melhor a segunda elevação do hidrograma, demonstrando, desta forma, que o segundo

Page 82: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

68

modelo tem maior capacidade para simular eventos compostos. Esta melhor capacidade

é oriunda da atenuação da onda de cheia no canal, provocada por meio do modelo

hidráulico (módulo rio).

Em ambos os eventos, as sub-bacias A e C não apresentavam dados de vazão

inicial. Por esta razão, utilizou-se uma regionalização com base na área, a fim de inserir

valores iniciais de vazão. Já os parâmetros do módulo bacia da sub-bacia A foram os

mesmos utilizados no primeiro modelo, para cada evento. Os valores dos parâmetros

calibrados para os três módulos bacias do segundo modelo, para ambos os eventos

(figuras 29 e 30), são apresentados na Tabela 14.

Tabela 14 – Parâmetros calibrados dos três módulos bacias do segundo modelo, para os

eventos selecionados

Evento do dia 17 de janeiro de 2003

Sub-bacia I0 (mm/h) Ib (mm/h) H (h-1) Rmax (mm) ks (h) kb (h) tc (h) XN α (%)

A 30,00 1,5 0,93 5 30 320 20 1,7 0,91

B 30,00 1,5 0,97 5 33 450 26 1,5 1,16

C 23,00 1,5 0,99 5 28 320 18 2,0 2,63

Evento do dia 10 de janeiro de 2004

Sub-bacia I0 (mm/h) Ib (mm/h) H (h-1) Rmax (mm) ks (h) kb (h) tc (h) XN α (%)

A 10,75 1,5 0,93 5 23 320 32 1,7 0,91

B 12,75 1,5 0,97 5 22 450 35 1,5 1,16

C 10,50 1,5 0,99 5 18 320 32 2,0 2,63

Os parâmetros do módulo bacia para a sub-bacia B foram os mesmos da

calibração individual dos dois eventos na bacia. Na sub-bacia A, que utilizou como

parâmetros iniciais, os valores do primeiro modelo, houve variação em I0, ks, kb e tc, o

que era esperado em virtude da redução de área da bacia. Para a sub-bacia C, foram

utilizados da calibração individual somente os parâmetros Rmax, H, XN e kb, pois, quando

a simulação foi realizada com os valores da Tabela 11, o hidrograma simulado com o

módulo gerava escoamento extremamente excessivo e, assim, os parâmetros de I0, Ib, ks

e tc, foram calibrados, observando-se os resultados no hidrograma final na estação

NEIV-FLU.

Em decorrência das calibrações individuais dos módulos bacias do segundo

modelo, para as duas sub-bacias (B e C), observou-se que essas foram muito

importantes para a simulação completa, pois, além de permitir otimização da calibração,

também permitiram, melhor entendimento e compreensão do modelo IPH II.

Page 83: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

69

Na Tabela 15, apresentam-se os resultados das análises estatísticas,

empregando as equações 36, 37 e 38, para ambos os eventos simulados com o segundo

modelo (figuras 29 e 30).

Tabela 15 – Resultado das análises estatísticas dos eventos simulados para o segundo

modelo

Eventos CE EP (m3/s) EAMR (%)

17/01/03 0,89 64,89 10,07

10/01/04 0,98 18,96 4,64

Os resultados de CE, para o desempenho das simulações dos dois eventos com o

modelo, foram classificados como “satisfatório” para o evento do dia 17/01/03 e “muito

satisfatório” para o evento do dia 10/01/04.

Comparando os resultados da Tabela 15 com os resultados do primeiro modelo

(Tabela 8), fica evidente que o segundo modelo apresentou melhor desempenho (CE, EP

e EAMR) para ambos os eventos, em especial o ocorrido no dia 17/01/03 (Figura 29),

apesar dos resultados (CE) terem apresentado o mesmo desempenho. Estes melhores

resultados do segundo modelo foram ocasionados pela atenuação da onda de cheia do

canal com o modelo hidráulico.

Os melhores resultados encontrados com o segundo modelo, que é um modelo

distribuído por bacias, em relação ao primeiro modelo, que é um modelo concentrado, foi

também observado por Carpenter e Georgakakos (2006). Esses autores concluíram que

os modelos distribuídos apresentam melhor desempenho na previsão de enchentes do

que os modelos concentrados. Embora conhecendo os resultados do trabalho de

Carpenter e Georgakakos (2006), não era esperado este melhor desempenho do

segundo modelo, em virtude do aumento nas incertezas introduzidas com os parâmetros

estimados.

Outro ponto observado na simulação do segundo modelo refere-se ao evento

ocorrido no dia 17/01/03, pois, embora este evento tenha apresentado desempenho

“insatisfatório”, na simulação individual do módulo bacia da sub-bacia B (Figura 24), como

também na simulação completa (Figura 2D), os resultados na seção de interesse

(estação NEIV-FLU) não refletiram estes resultados ruins, confirmando, assim, que o

hidrograma observado neste dia, na estação PI-FLU, apresenta mesmo, erros de leitura

no sistema de coleta de dados de vazão.

Page 84: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

70

4.3. Estimativa da antecedência

O hidrograma gerado para estimativa de antecedência do primeiro modelo, para o

evento ocorrido no dia 17 de janeiro de 2003 é apresentado na Figura 31.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada Vazão observada Vazão de alerta Vazão de inundação

Figura 31 – Hidrograma gerado na estimativa de antecedência do primeiro modelo para o

evento ocorrido no dia 17/01/03.

Pode-se observar pela Figura 31, que quase totalidade do volume gerado na

simulação deste evento (94,31 %), com o primeiro modelo, foi proporcionada por 145,68

mm de precipitação, o que equivale a 56,43 % do total precipitado na bacia. Na

observação da simulação progressiva da estimativa da antecedência, notou-se que a

precipitação anterior àquela apresentada na Figura 31, gerou somente 69,69 % do

volume escoado com o modelo, com total precipitado de 108,22 mm, enquanto a

precipitação posterior àquela apresentada na Figura 31, não acrescentou muito ao

volume escoado, somente 1,81 %, com acréscimo de 15 mm no total precipitado. Esta

observação indica que a precipitação do tempo 66 h de simulação, 37,46 mm, gerou, no

primeiro modelo, expressivo escoamento superficial.

Na estimativa da antecedência deste evento ocorreu um problema: o modelo não

conseguiu prever a vazão de alerta, pois, conforme mencionado anteriormente, ocorreu

um atraso na geração de escoamento expressivo, e no tempo 66 h de simulação, a vazão

observada já ultrapassava a vazão de alerta da estação NEIV-FLU – 376 m3/s,

ultrapassada no tempo 64 h da simulação. No entanto, para a vazão de inundação (602

Page 85: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

71

m3/s), o modelo conseguiu prevê-la com antecedência satisfatória de 10 horas, enquanto,

para a vazão máxima simulada, a antecedência foi de 28 horas.

Apresenta-se na Figura 32 o hidrograma gerado para estimativa de antecedência

do primeiro modelo, para o evento ocorrido no dia 10 de janeiro de 2004.

0

100

200

300

400

500

600

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

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18

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada Vazão observada Vazão de alerta

Figura 32 – Hidrograma gerado na estimativa de antecedência do primeiro modelo para o

evento ocorrido no dia 10/01/04.

Similar ao evento anterior (Figura 31), o primeiro modelo gerou grande parte da

parcela do volume escoado, 88,89 % do total simulado, já no início deste evento (Figura

32), com apenas 98,12 mm, o que corresponde a 58,77 % do total precipitado na bacia.

No entanto, diferentemente do evento anterior (Figura 31), o modelo para este evento

(Figura 32), por uma pequena diferença (6,58 m3/s), não ultrapassa a vazão de alerta na

precipitação anterior ao do tempo 30 h da simulação. Desta forma, o modelo conseguiu

prever a vazão de alerta (no tempo 30 h da simulação) com 16 horas de antecedência,

enquanto, para a vazão máxima simulada, a antecedência foi de 30 horas.

De acordo com as observações realizadas nos dois eventos simulados acima

(figuras 31 e 32), pode-se afirmar que os eventos de cheia na bacia são ocasionados por

precipitações fortes e concentradas e não por precipitações longas e de pequenas

magnitudes.

O hidrograma gerado para a estimativa de antecedência do segundo modelo, para

o evento ocorrido no dia 17 de janeiro de 2003, é apresentado na Figura 33.

Page 86: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

72

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada Vazão observada Vazão de alerta Vazão de inundação

Figura 33 – Hidrograma gerado na estimativa de antecedência do segundo modelo para o

evento ocorrido no dia 17/01/03.

Observando a Figura 33, nota-se que o segundo modelo simulou este evento de

forma análoga ao primeiro modelo (Figura 31), apresentando o mesmo problema na

previsão da vazão de alerta e a mesma antecedência na previsão da vazão de

inundação, 10 horas. Entretanto, para a previsão da vazão máxima simulada, o segundo

modelo, antecedeu-a em 26 horas, duas horas a menos do que o primeiro modelo,

devido à menor vazão máxima obtida com o segundo modelo.

Na Figura 34, apresenta-se o hidrograma gerado para estimativa de antecedência

do segundo modelo, para o evento ocorrido no dia 10 de janeiro de 2004. Também de

maneira similar, o segundo modelo simulou este evento (Figura 34) parecido com o

primeiro (Figura 32). Porém, a antecedência na previsão da vazão de alerta foi um pouco

maior, 18 horas, pois, na precipitação anterior à ilustrada na Figura 34, a vazão simulada

pelo modelo já tinha ultrapassado a vazão de alerta. Quanto à previsão da vazão máxima

simulada, a antecedência foi de 28 horas, duas horas a menos do que aquela do primeiro

modelo para este evento.

Em decorrência das observações referentes às figuras 32 a 34 e às simulações

progressivas da precipitação, pode-se afirmar que os modelos apresentam uma pequena

diferença na previsão dos eventos: o segundo modelo apresenta antecedência um pouco

maior nas previsões das vazões de alerta e inundação, enquanto o primeiro modelo,

apresenta este leve aumento na antecedência das previsões nas vazões máximas.

Page 87: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

73

0

100

200

300

400

500

600

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada Vazão observada Vazão de alerta

Figura 34 – Hidrograma gerado na estimativa de antecedência do segundo modelo para o

evento ocorrido no dia 10/01/04.

Fez-se, também, a estimativa das previsões das vazões máximas para os eventos

simulados no módulo bacia, da sub-bacia B, que apresentaram resultados satisfatórios

(figuras 21, 22 e 25). Ambos eventos ocorrido nos dias 26/01/02 e 10/01/04 apresentaram

antecedência de 12 horas, enquanto o evento ocorrido no dia 19/01/02 apresentou

antecedência de 14 horas. Os hidrogramas gerados para a estimativa destas previsões

são apresentados no Apêndice E (figuras 1E a 3E).

4.4. Análise de sensibilidade do modelo

O evento ocorrido no dia 10/01/04 e simulado com o primeiro modelo (Figura 20)

foi selecionado para realização da análise de sensibilidade dos parâmetros de entrada do

modelo de transformação chuva-vazão IPH II.

Apresenta-se na Figura 35 o gráfico das análises de sensibilidade dos parâmetros

de entrada do modelo. A abscissa mostra os valores dos parâmetros variando de -50 a

50 % do valor calibrado e, na ordenada, a variação do volume escoado. Os valores da

variação no volume escoado são apresentados na Tabela 16, juntamente com o índice de

sensibilidade dos parâmetros (IS), calculado por meio da Equação 39.

Page 88: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

74

-60%

-30%

0%

30%

60%

90%

120%

-50% -30% -10% 10% 30% 50%

Variação do valor parâmetro (%)

Var

iaçã

o do

vol

ume

esco

ado

(%)

H Io Ib kb ks Rmax tc XN

Figura 35 – Gráfico da análise de sensibilidade dos parâmetros do modelo IPH II.

Tabela 16 – Variação do volume escoado em função de cada parâmetro do modelo

IPH II, juntamente com o índice de sensibilidade (IS) do modelo a cada um deles

Variação do volume escoado para cada parâmetro Variação dos valores dos Parâmetros

H I0 Ib ks kb Rmax tc XN

-50% 109,48% 72,58% 24,62% 4,88% 8,04% 3,75% 2,61% - -40% 102,24% 55,69% 15,60% 4,00% 5,49% 3,31% 2,22% -0,25% -30% 92,63% 39,74% 9,95% 3,08% 3,60% 2,88% 1,80% -0,17% -20% 77,99% 25,47% 5,87% 2,10% 2,13% 1,97% 1,34% -0,10% -10% 48,23% 12,55% 2,63% 1,07% 0,96% 0,98% 0,84% -0,05%

0% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 10% - -11,63% -2,04% -1,11% -0,79% -0,98% -0,62% 0,04% 20% - -21,84% -3,66% -2,23% -1,46% -1,97% -1,27% - 30% - -29,42% -5,03% -3,37% -2,04% -2,95% -1,94% - 40% - -35,46% -6,19% -4,51% -2,53% -3,94% -2,61% - 50% - -41,25% -7,18% -5,64% -2,97% -4,92% -3,60% -

IS 2,19 1,14 0,32 0,11 0,11 0,09 0,06 0,01 Pela Figura 35 e Tabela 16, observa-se que os parâmetros H, I0 e Ib apresentaram

maior sensibilidade, determinando, assim, que na calibração do modelo IPH II, o

algoritmo de separação do escoamento é a “peça chave”, pois, determina a quantidade

do volume total escoado. Por outro lado, a maior sensibilidade apresentada pelo

parâmetro H está relacionada ao decaimento, mais ou menos acentuado, da taxa de

infiltração inicial à infiltração estável, determinando, assim, a quantidade de água

infiltrada das condições iniciais (I0) até à saturação do solo (Ib).

Page 89: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

75

Já os parâmetros ks e tc, embora tenham apresentado pouca sensibilidade quanto

à variação do volume total escoado (Tabela 16), influenciam muito a forma do hidrograma

gerado e o instante de tempo da vazão máxima, merecendo também, atenção especial

na calibração do modelo.

Para os parâmetros H e XN, não foi possível realizar toda a análise de

sensibilidade, como se observa na Tabela 16, pois, a faixa de valores válidos destes

parâmetros é menor que as variações propostas (-50 a 50 % do valor calibrado para o

parâmetro). As faixas válidas destes parâmetros são: 0 < H < 1; e 1 ≤ XN ≤ 2.

Com base nas calibrações realizadas nos dois modelos construídos, nas análises

de sensibilidade (Figura 35 e Tabela 16) e nos hidrogramas gerados nestas análises

(Apêndice F, figuras 1F a 8F), é apresentada, na Tabela 17, uma síntese das

observações feitas a cada parâmetro.

Tabela 17 – Síntese das observações feitas a cada parâmetro do modelo IPH II

Parâmetro Observação

H

Parâmetro que mais altera o volume total escoado, contudo, esta influência é maior na vazão máxima simulada.

A redução de seu valor aumenta o volume escoado, pois, deixa o solo com menores taxas de absorção de água.

I0 Segundo parâmetro que mais altera o volume total escoado, influenciando mais a elevação do hidrograma.

Ib Último parâmetro que altera expressivamente o volume total escoado, influenciando mais na fase de recessão do hidrograma.

ks

Não afeta muito o volume escoado, mas altera, significativamente, forma do hidrograma.

A redução de seu valor acentua tanto a elevação do hidrograma à vazão máxima, quanto a diminuição da vazão na fase de recessão.

kb Altera o volume escoado, na fase de recessão do hidrograma.

Rmax Altera um pouco o volume escoado, no início do evento.

tc Altera pouco o volume escoado, mas determina o instante da vazão da máxima do evento, influenciando também sua magnitude.

XN Tem pouca influência na sensibilidade do hidrograma gerado.

Os resultados encontrados nas análises de sensibilidade, para os parâmetros H, I0

e Ib, condizem com a análise realizada por Tucci (2005), enquanto as análises dos

parâmetros ks e tc condizem com o trabalho de Germano et al. (1998).

Um ponto falho refere-se à falta de maior quantidade de dados hidrológicos, o que

não possibilitou uma análise mais profunda como, por exemplo, o estabelecimento de

regressões lineares a partir da precipitação ou da falta de precipitação anterior ao evento,

Page 90: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

76

para os parâmetros I0, ks e tc, importantes na previsão das enchentes, pois, somente

estes parâmetros variaram de um evento para outro.

Em relação ao modelo hidráulico Muskingum-Cunge (módulo rio), apesar de não

ter sido realizada uma análise de sensibilidade para o modelo, observou-se que o

aumento do raio hidráulico gerou acréscimo na vazão máxima, bem como afinamento no

hidrograma.

4.5. Comparação entre os resultados obtidos com os modelos e aqueles obtidos na atual metodologia do Sistema de Alerta Contra Enchentes da Bacia do Rio Doce

Os resultados obtidos nas simulações dos eventos com os dois modelos (tabelas

8 e 15) foram similares aos da atual metodologia do sistema de alerta da bacia (Tabela

6), para os três índices analisados – CE, EP e EAMR. Os hidrogramas, obtidos pelo

sistema de alerta com a atual metodologia, são apresentados no Apêndice G (figuras 1G

e 2G).

Para o evento ocorrido no dia 17/01/03, os dois modelos construídos produziram

desempenhos “satisfatórios”, enquanto a atual metodologia do sistema de alerta, obteve

desempenho “muito satisfatório”. Já no evento ocorrido no dia 10/01/04, os resultados

foram inversos, com desempenhos “muito satisfatórios” para os dois modelos, e

“satisfatório” para a atual metodologia do sistema de alerta. Contudo, a antecedência dos

modelos foi muito superior à da atual metodologia – 10 horas para o evento ocorrido no

dia 17/01/03 e mais de 16 horas para o evento ocorrido no dia 10/01/04 – em

comparação com a antecedência de 3 horas do sistema de alerta. Assim, apesar dos

poucos eventos selecionados, os modelos construídos têm potencialidade de ajudar o

sistema de alerta nas previsões de enchentes, pois, apresentam maiores antecedências.

Quanto ao modelo de maior potencialidade para auxiliar a atual metodologia do

sistema de alerta, na previsão de cheias na bacia, o mais recomendável é o primeiro

modelo. A razão está na maior facilidade de operacionalização, pois, possui apenas um

módulo bacia, resultando em menores incertezas nos parâmetros de entrada (I0, ks e tc),

em vista do não estabelecimento de equações para atualização em tempo real destes

parâmetros.

Page 91: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

77

5. CONCLUSÕES

De acordo com os resultados, conclui-se que:

• O primeiro modelo hidrológico construído (modelo IPH II) simulou os eventos de

cheia selecionados de forma satisfatória, entretanto, o modelo não se ajustou bem

a eventos compostos, nem a eventos com pequenas precipitações iniciais;

• O segundo modelo hidrológico construído (modelo IPH II mais modelo hidráulico

Muskingum-Cunge) simulou, melhor que o primeiro modelo, os eventos de cheia

selecionados, principalmente na fase de recessão do hidrograma, evidenciando,

ao contrário do primeiro modelo, um melhor desempenho em eventos compostos,

devido ao modelo hidráulico;

• A análise de sensibilidade demonstrou que os parâmetros H, I0 e Ib do modelo

IPH II são os mais sensíveis, determinando o volume total escoado. Enquanto, os

parâmetros ks e tc, apesar das baixas sensibilidades, determinam a forma e o

instante da vazão máxima do hidrograma, respectivamente;

• Os resultados dos desempenhos nas simulações com os dois modelos

hidrológicos construídos, foram similares aos da atual metodologia do Sistema de

Alerta Contra Enchentes da Bacia do Rio Doce. Porém, a antecedência na

previsão de cheias pelos dois modelos foi maior do que a da atual metodologia;

• Em virtude da má qualidade das séries de dados pluviográficos, torna-se

temerário afirmar que os modelos construídos devem substituir a atual

metodologia. Assim, os modelos devem ser utilizados em conjunto com a atual

metodologia nas previsões de cheias. Todavia, à medida que as séries de dados

forem enriquecendo, a metodologia proposta, apresenta potencialidade para

substituir essa metodologia atual do sistema de alerta.

Page 92: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

78

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As maiores dificuldades enfrentadas, durante a execução deste trabalho, recaíram

sobre a má qualidade das séries pluviográficas das estações da bacia, impossibilitando,

desta forma, simulações de outros eventos com os parâmetros calibrados dos modelos.

Outro problema ocasionado pela falta de dados, refere-se à ausência da definição

de equações para atualização em tempo real dos parâmetros de entrada, I0, ks e tc, na

previsão de vazões, quando estes poderiam ser definidos através de estudos da

intensidade de precipitação e da precipitação ocorrida nos dias anteriores.

Page 93: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

79

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 100: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

86

APÊNDICES

Page 101: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

87

APÊNDICE A

Figura 1A – Polígonos de Thiessen das estações pluviográficas na bacia a montante da

estação NEIV-FLU.

Figura 2A – Polígonos de Thiessen das estações pluviográficas nas sub-bacias do

segundo modelo.

Page 102: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

88

APÊNDICE B

Tabela 1B – Áreas impermeáveis da bacia a montante da estação NEIV-FLU

Localidade Área (km2) Área impermeável (km2)

Nova Era 2,44 0,93

João Monlevade 17,93 6,81

Bela Vista de Minas 2,23 0,85

Santa Bárbara 6,08 2,31

Barão dos Cocais 5,44 2,07

São Gonçalo do Rio Abaixo 2,46 0,93

Rio Piracicaba 3,84 1,46

Catas Altas 5,14 1,95

Parque Natural do Caraça 209,19 26,15

Total 254,75 43,22

Tabela 2B – Áreas impermeáveis das sub-bacias do segundo modelo

Sub-bacia Área impermeável (km2) Área impermeável (%) Área de drenagem (km2)

Sub-bacia A 10,72 0,91 1.171,16

Sub-bacia B 13,50 1,16 1.166,09

Sub-bacia C 19,10 2,63 725,42

Total 43,22 1,41 3.062,67

Page 103: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

89

APÊNDICE C

Figura 1C – Perfil longitudinal do rio Piracicaba da estação PI-FLU à NEIV-FLU.

Figura 2C – Perfil longitudinal do rio Santa Bárbara da estação PE-FLU à NEIV-FLU.

Page 104: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

90

APÊNDICE D

0

50

100

150

200

250

300

350

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450

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

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5

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Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada

Figura 1D – Hidrograma simulado com o módulo bacia da sub-bacia A do segundo

modelo para o evento ocorrido no dia 17 de janeiro de 2003.

0

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350

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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada Vazão observada

Figura 2D – Hidrograma observado e simulado com o módulo bacia da sub-bacia B do

segundo modelo para o evento ocorrido no dia 17 de janeiro de 2003.

Page 105: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

91

0

50

100

150

200

250

300

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

5

10

15

20

25

30

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada

Figura 3D – Hidrograma simulado com o módulo bacia da sub-bacia C do segundo

modelo para o evento ocorrido no dia 17 de janeiro de 2003.

0

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140

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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada

Figura 4D – Hidrograma simulado com o módulo bacia da sub-bacia A do segundo

modelo para o evento do dia 10 de janeiro de 2004.

Page 106: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

92

0

50

100

150

200

250

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

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Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada Vazão observada

Figura 5D – Hidrograma observado e simulado com o módulo bacia da sub-bacia B do

segundo modelo para o evento ocorrido no dia 10 de janeiro de 2004.

0

50

100

150

200

250

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

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Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada

Figura 6D – Hidrograma simulado com o módulo bacia da sub-bacia C do segundo

modelo para o evento ocorrido no dia 10 de janeiro de 2004.

Page 107: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

93

APÊNDICE E

0

50

100

150

200

250

0 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72 78 84 90 96 102

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

5

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15

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Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada Vazão observada

Figura 1E – Hidrograma gerado na estimativa de antecedência do módulo bacia da sub-

bacia B para o evento ocorrido no dia 19/01/02.

0

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0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60 64 68 72 76 80 84

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

2

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8

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Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada Vazão observada

Figura 2E – Hidrograma gerado na estimativa de antecedência do módulo bacia da sub-

bacia B para o evento ocorrido no dia 26/01/02.

Page 108: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

94

0

50

100

150

200

250

0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60 64 68 72 76

Tempo (h)

Vaz

ão (m

3 /s)

0

2

4

6

8

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12

14

16

18

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

Precipitação Vazão simulada Vazão observada

Figura 3E – Hidrograma gerado na estimativa de antecedência do módulo bacia da sub-

bacia B para o evento ocorrido no dia 10/01/04.

Page 109: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

95

APÊNDICE F

0

200

400

600

800

1000

1200

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

Tempo (h)

Vazã

o (m

3 /s)

-50%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

Figura 1F – Hidrograma da análise de sensibilidade do parâmetro H do modelo IPH II no

evento ocorrido no dia 10/01/04, registrado pela estação NEIV-FLU.

0

100

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700

800

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1000

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

Tempo (h)

Vazã

o (m

3 /s)

-50%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Figura 2F – Hidrograma da análise de sensibilidade do parâmetro I0 do modelo IPH II no

evento ocorrido no dia 10/01/04, registrado pela estação NEIV-FLU.

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96

0

100

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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

Tempo (h)

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3 /s)

-50%

-40%

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10%

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40%

50%

Figura 3F – Hidrograma da análise de sensibilidade do parâmetro Ib do modelo IPH II no

evento ocorrido no dia 10/01/04, registrado pela estação NEIV-FLU.

0

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Tempo (h)

Vazã

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0%

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40%

50%

Figura 4F – Hidrograma da análise de sensibilidade do parâmetro kb do modelo IPH II no

evento ocorrido no dia 10/01/04, registrado pela estação NEIV-FLU.

Page 111: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

97

0

100

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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

Tempo (h)

Vazã

o (m

3 /s)

-50%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Figura 5F – Hidrograma da análise de sensibilidade do parâmetro ks do modelo IPH II no

evento ocorrido no dia 10/01/04, registrado pela estação NEIV-FLU.

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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

Tempo (h)

Vazã

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3 /s)

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10%

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50%

Figura 6F – Hidrograma da análise de sensibilidade do parâmetro Rmax do modelo IPH II

no evento ocorrido no dia 10/01/04, registrado pela estação NEIV-FLU.

Page 112: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

98

0

100

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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

Tempo (h)

Vazã

o (m

3 /s)

-50%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Figura 7F – Hidrograma da análise de sensibilidade do parâmetro tc do modelo IPH II no

evento ocorrido no dia 10/01/04, registrado pela estação NEIV-FLU.

0

100

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300

400

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600

700

800

900

1000

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

Tempo (h)

Vazã

o (m

3 /s)

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

Figura 8F – Hidrograma da análise de sensibilidade do parâmetro XN do modelo IPH II no

evento ocorrido no dia 10/01/04, registrado pela estação NEIV-FLU.

Page 113: MODELOS DE PREVISÃO DE ENCHENTES EM TEMPO REAL PARA …

99

APÊNDICE G

Figura 1G – Hidrograma simulado com a atual metodologia do Sistema de Alerta Contra

Enchentes da Bacia do Rio Doce para o evento ocorrido no dia 17 de janeiro de 2003

(Fonte: CPRM, 2003).

Figura 2G – Hidrograma simulado com a atual metodologia do Sistema de Alerta Contra

Enchentes da Bacia do Rio Doce para o evento ocorrido no dia 10 de janeiro de 2004

(Fonte: CPRM, 2004).