ministÉrio do meio ambiente - governo do brasil
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MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTESECRETARIA DE BIODIVERSIDADE E FLORESTAS
DIRETORIA DE CONSERVAÇÃO DE BIODIVERSIDADE
CONTRATO N° 09/2011
REALIZAÇÃO DE ESTUDOS TÉCNICOS COM O OBJETIVO DE RECOMENDAR E PROMOVER BOAS PRÁTICAS EM EXTRATIVISMO SUSTENTÁVEL NO
BIOMA DA CAATINGA, POR MEIO DE MANEJO NÃO-MADEIREIRO EM 3 ESPÉCIES: IMBURANA DE CAMBÃO (COMMIPHORA LEPTOPHLOEOS),
ANGICO DE CAROÇO (ANADENANTHERA COLUBRINA) E IMBURANA DE CHEIRO (AMBURANA CEARENSIS), VISANDO A CERTIFICAÇÃO DE
PRODUTOS ORGÂNICOS.
DOCUMENTO BASE
VERSÃO PRELIMINAR DO GUIA DE BOAS PRÁTICAS DE EXTRATIVISMO SUSTENTÁVEL DA UMBURANA-DE-CAMBÃO
(COMMIPHORA LEPTOPHLOEOS)
Recife, junho 2012
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Sumário
1. Apresentação ................................................................................................................. 3 2. A umburana-de-cambão ................................................................................................ 4 3. Diretrizes técnicas de manejo da imburana de cambão ................................................. 5
3.1. Diagnóstico ......................................................................................................... 6 3.2 Exploração ou extração ....................................................................................... 9 3.3 Pós-exploração ................................................................................................... 13 3.4 Manutenção das áreas exploradas ..................................................................... 13 3.5 Monitoramento .................................................................................................. 14
4. Desafios ....................................................................................................................... 14 5. Grupos de referência ................................................................................................... 15 6. Ficha técnica ................................................................................................................ 16 7. Principais referências bibliográficas ............................................................................ 17 8. ANEXO I - Memória fotográfica ................................................................................ 18
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1. Apresentação
Apesar de ainda existirem muitas lacunas no conhecimento científico do bioma Caatin-
ga, a intensidade e diversidade de pressões sobre os seus recursos naturais tornam o de-
senvolvimento e a promoção de alternativas de uso sustentável de fundamental impor-
tância. Este desafio faz parte da missão institucional do Departamento de Conservação
da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente. No âmbito do Projeto Nacional de
Ações Integradas Público-Privadas para Biodiversidade - Probio II, parceria estabelecida
entre o Ministério do Meio Ambiente - MMA, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
- Funbio e a Caixa Econômica Federal – CAIXA, foram selecionadas algumas espécies
prioritárias a partir dos resultados do Projeto Plantas do Futuro com potencial de uso
não-madeireiro e comercialização em escala local, nacional ou internacional. Várias des-
tas espécies apresentam problemas para a sua conservação devido à exploração intensiva
e sem critérios, levando a problemas como extinção local e dificuldades para recruta-
mento, polinização e dispersão, dentre outros, que dificultam a sobrevivência das mes-
mas. Contudo, há pouca informação disponível e sistematizada sobre a sua conservação
e o seu manejo e uso sustentável.
Este documento consiste na primeira aproximação de um guia de boas práticas de extra-
tivismo sustentável para a umburana-de-cambão (Commiphora leptophloeos) com o objeti-
vo de orientar a coleta racional de madeira para artesanato e casca para produção de fito-
ativos, visando a certificação de produtos orgânicos e a utilização da madeira para fins
artesanais.
Esta proposta foi elaborada a partir do levantamento de informação secundária técnica e
científica já existente bem como do conhecimento empírico de atores locais e comunitá-
rios envolvidos nos processos de produção e uso dos produtos.
A fim de conseguir definir as principais práticas de extrativismo sustentável mais indica-
das e consensuais, a sistematização apresentada foi analisada e discutida na Oficina de
discussão e consolidação com a participação de representantes dos diversos setores en-
volvidos (academia, usuários, técnicos, ONGs, agricultores, órgãos de controle).
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Neste momento, o guia está aberto para consulta pública para últimas contribuições para
posteriormente subsidiar a capacitação de comunidade, produtores e técnicos de exten-
são e serem buscados caminhos para a sua inserção em políticas e normas públicas.
2. A umburana-de-cambão
A umburana-de-cambão, Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillett é uma espécie
da família Burseraceae. É uma árvore que pode atingir 3m a 9m de altura e 50 cm a 60
cm de diâmetro na altura do peito (DAP) chegando a atingir uma área média de copa de
52 m2/planta. É uma espécie da flora brasileira, característica da vegetação de caatinga.
Ocorre com elevada frequência no vale médio do Rio São Francisco sendo uma espécie
característica das caatingas xeromórficas do Nordeste brasileiro, do Chaco Pantaneiro e
das matas Chaquenhas (Paraguai), onde apresenta dispersão ampla, porém descontínua.
No Brasil, é encontrada principalmente nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Nor-
te, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Mato Grosso. A espécie é também
encontrada no Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins, além da Bolívia e Paraguai.
É uma espécie decídua, heliófila, pioneira, xerófila, de crescimento lento e que apresenta
portes variáveis, conforme o ambiente onde se desenvolve. Prefere solos calcários, bem
drenados e profundos. Floresce na época não chuvosa, com o surgimento da nova folha-
gem e a sua frutificação coincide com o início da queda das folhas. A reprodução sexua-
da se dá durante a estação chuvosa.
A espécie apresenta melitofilia como síndrome de polinização, tendo como vetores de
polinização essencialmente as abelhas silvestres sem ferrão, pertencentes aos gêneros
Melipona e Trigona, que geralmente fazem ninhos em partes ocas de seus troncos ou ra-
mos. Possui dispersão zoocórica, principalmente mimercoria (formigas) e ornitocoria
(pássaros).
Os interesses econômicos do uso da espécie contemplam desde a utilização para carpin-
taria e marcenaria, como móveis, janelas, tabuado, gamelas, colheres, adorno, dornas,
cambões, cangalhas e até instrumentos musicais como violino e cavaquinho. É bem utili-
zada na construção de cercas vivas e divisões de propriedades rurais bem como para le-
nha e carvão. É uma das espécies mais utilizadas para artesanato (esculturas,
carrancas,...).
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Em segundo lugar, a imburana de cambão é utilizada ainda para fins medicinais (indica-
da contra tosses, gripes, bronquites, inflamações do trato urinário, gastrite, úlceras e tra-
tamento de feridas), principalmente a casca.
A importância da umburana-de-cambão como uma das principais espécies para
nidificação de abelhas sem ferrão foi registrado em diversos trabalhos, o que demonstra
a importância da espécie para a apifauna e criação de abelhas nativas. Um detalhe
importante para a nidificação de abelhas nativas é que, aparentemente, há
preferência/necessidade de ocos em árvores vivas.
Além disto, a espécie é utilizada para ornamentação, apicultura, meliponicultura e queb-
ra-vento em sistemas agroflorestais, entre outros usos.
O amplo uso da madeira, quase sempre de forma predatória, preocupa o setor apícola
pela importância da espécie para as abelhas nativas.
De uma forma geral, há pouca disponibilidade de informação técnico-científica sobre o
manejo da espécie. Apesar de estudos não apresentarem dados quantitativos, as referên-
cias indicam a espécie como de crescimento “lento”.
Enquanto a produção de mudas deve ocorrer através da semeadura das sementes logo
após de colhidas, devido a sua viabilidade em armazenamento ser curta, a espécie pode
ser facilmente propagada por estacas de até 2 m de altura, cujo plantio deve ser efetuado
antes do início das chuvas.
A umburana pode ser plantada a pleno sol, em sistema de plantio puro. Em plantios
mistos, pode ser associada com espécies pioneiras ou secundárias.
3. Diretrizes técnicas de manejo da imburana de cambão
Este guia foi elaborado tomando como base a situação do bioma Caatinga. Alguns
critérios podem ser diferentes em outras regiões do país e poderiam/deveriam ser
ajustados conforme suas especificidades.
As boas práticas de extração de imburana-de-cambão podem ser integradas ao manejo
florestal sustentado para fins madeireiros em Planos de Manejo Florestal Sustentado
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(PMFS) já existentes. Desta forma, as recomendações específicas para a espécie podem
ser adicionadas aos demais critérios técnicos de manejo visando garantir o extrativismo
sustentável. Outra alternativa consiste na exclusão da imburana-de-cambão no Plano de
Manejo Florestal Sustentável e aplicar as boas práticas de extrativismo sustentável na
mesma área do PMFS.
3.1. Diagnóstico
• Caracterização geral
Descrição geral das áreas e das propriedades contempladas na área de intervenção:
- nome dos proprietários, propriedades, áreas totais, áreas para extração, presença de
Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente;
- situação fundiária;
- nome do detentor (responsável pela extração);
- nome das pessoas/comunidades envolvidas;
- responsável técnico para a intervenção;
- o uso atual e previsto das áreas.
Quando a extração for realizada em área de terceiros, recomenda-se estabelecer de um
termo de compromisso para a manutenção da área entre o proprietário e os extrativistas
(associação). Este termo de compromisso poderia contemplar a permissão de coleta, o
compromisso dos extrativistas em seguir as recomendações técnicas e o compromisso do
proprietário em conservar a área durante o ciclo de coleta proposto.
• Localização e mapeamento das áreas para extração
O primeiro passo para garantir a produção sustentada de casca, madeira e outros
produtos da imburana de cambão consiste na localização e mapeamento das áreas
destinadas para a extração.
Sempre que possível as áreas devem ser georreferenciadas e caso não seja possível,
elaborar um croquis com a indicação dos confrontantes, vias de acesso, etc.
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Além da simples localização das áreas, o mapa ou croquis pode indicar as áreas de
extração sequenciais de acordo com o ciclo de intervenção.
Esse mapa, além de orientar e planejar a intervenção, permitirá o monitoramento pós-
extração e da recuperação dos estoques.
Recomenda-se a intervenção em áreas sequenciais (talhões) em número igual ao ciclo de
corte. com um período de descanso/recuperação de no mínimo de 15 anos. Desta forma,
a área a ser manejada seria dividida em no mínimo 15 talhões de intervenção anual. Este
período poderá ser ajustado posteriormente (para mais ou para menos) a partir de
resultados e informações sobre a produtividade na área (ver item 2. Exploração ou
extração – estimativa de produtividade).
Caso a área seja heterogênea no aspecto de presença da umburana, os talhões poderão
ser de tamanho distintos, porém de produção constante a fim de garantir regularidade de
produção. O tamanho de cada talhão será definido em função da produção obtida no ano,
sem, contudo, ultrapassar a capacidade produtiva da área total. Deverá ser definida uma
orientação mínima ou básica desses talhões.
Informações recomendadas a serem apresentadas no mapa ou croquis:
- escala;
- confrontantes;
- norte magnético;
- área de Reserva Legal;
- área para extração;
- vias de acesso;
- nome da propriedade;
- nome do proprietário;
- nome do responsável técnico (se houver);
- tamanho da propriedade;
- nome do município e UF;
- tamanho da área de extração;
- tamanho dos talhões (se houver);
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- coordenadas (se houver);
- fontes de água (rios, açudes) georreferenciadas ou não;
- Áreas de Preservação Permanente (APP) georreferenciadas ou não.
Essas informações são fundamentais para conseguir localizar adequadamente as
propriedades e as áreas de extrativismo bem como os seus principais atores envolvidos
ou responsáveis. Além disto, fornece informações sobre a regularidade e adequação
ambiental das áreas.
• Caracterização do potencial produtivo
O potencial produtivo será estimado a partir de um inventário florestal das áreas
destinadas à extração.
Apesar do inventário florestal dever focar a disponibilidade (densidade, volume,
tamanho das árvores, vitalidade) da espécie em questão, é importante, sempre que
possível, caracterizar a vegetação como um todo das áreas pretendidas para o
extrativismo.
Os principais parâmetros a serem levantados contemplam:
CAP (circunferência à altura do peito – 1m30);
H (altura total estimada);
Vitalidade (sadia, doente, morta);
Presença de oco ou não;
Pé franco (pé natural, nativo, sementes) ou estaquia;
Presença de ninhos de animais com ênfase nas abelhas nativas.
O levantamento destas informações é importante considerando o conhecimento que
fornecem com relação a:
- H e CAP: para definir estoque e quantidade disponível para extração;
- Vitalidade: para caracterizar a sanidade da população;
- Presença de oco ou não: se é adequada para comércio ou não;
- Pé franco ou estaquia: para identificar se a origem foi de plantio e observar o histórico
de intervenção e a necessidade de renovação da população;
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- Presença de ninhos de animais com ênfase nas abelhas nativas: evitar o corte das
árvores que apresentem ninhos de animais pela importância da manutenção da
biodiversidade e possibilidade de renda adicional através de mel de abelhas nativas.
O inventário será realizado de forma a contemplar toda a área de extração e poderá ser
realizado em parcelas de área fixa (ex. 20m x 20m) ou pelo método do ponto quadrante,
ou outro método oportuno.
A partir dos resultados do inventário será possível quantificar a disponibilidade de
árvores por hectare nas diversas classes de tamanho (classes de diâmetro) e assim
estimar a disponibilidade de matéria-prima.
3.2 Exploração ou extração
• formas ou tipos de extração e ferramentas
- Madeira para artesanato:
Recomenda-se que a extração de madeira seja realizada aproveitando, ao máximo, partes
de madeira morta ou seca. Caso haja alta disponibilidade de árvores vivas e a demanda
seja maior, recomenda-se a exploração de até 50% dos indivíduos com circunferência
superior a 60cm.
No caso da exploração de madeira verde, é necessário retirar a casca, com o objetivo de
se prevenir o ataque de cupins.
Os artesãos podem também adquirir as madeiras de imburana de cambão de outras áreas
de supressão, inclusive de áreas de manejo florestal já autorizadas, desde que estas áreas
sigam as recomendações do guia de boas práticas.
- Extração de casca para uso reduzido, por exemplo: fitoativos
Para a extração de casca deve-se utilizar a poda seletiva de ramos em até 50% dos
indivíduos com circunferência superior a 60cm.
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As podas dos ramos devem seguir os seguintes critérios: manter a arquitetura da copa,
retirar até 30% da copa, retirar os ramos com crescimento para o interior da copa, entre
outros. É importante manter a forma uniforme e equilibrada da copa para evitar a queda
das árvores. Para este processo recomenda-se a utilização de ferramentas de corte
afiadas ou serras apropriadas para poda.
Recomenda-se deixar 20 cm de ponta de galho nas podas seletivas dos ramos para
facilitar a brotação. Evitar ao máximo a intervenção em indivíduos com floração e
frutificação.
Devido à maior concentração de princípios ativos, recomenda-se realizar os
procedimentos preferencialmente pela manhã (até 09:00 hr) e no final da tarde.
A segunda poda de ramos no mesmo indivíduo, somente poderá ser realizada 6 anos
após o corte anterior. Este prazo poderá ser ajustado no futuro em função de novos
conhecimentos. Não se devem podar galhos que apresentem ninhos de animais.
• Ciclo de intervenção
- Madeira para artesanato:
O ciclo mínimo recomendado é de 15 anos entre uma intervenção (extração) e outra.
- Extração de casca em escala reduzida:
O ciclo mínimo recomendado é de 6 anos entre uma poda de ramos e outra.
• Intensidade de intervenção
Recomenda-se adotar um corte seletivo de até 50% das árvores sadias e aptas para o
corte (circunferência superior a 60 cm à altura do peito). Isto promoverá a manutenção
de árvores matrizes para permitir a regeneração via sementes e outros serviços
ecológicos (alimentação e abrigo de animais, principalmente as abelhas nativas,
microclimas, dentre outros).
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• Período da intervenção
No caso da extração para madeira para artesanato e em se tratando de indivíduos vivos, a
exploração pode ocorrer em qualquer período do ano.
O período ideal para a coleta de casca se concentra nos dois últimos meses antes da
floração, podendo ser antecipada em um mês,em caso de necessidade. Isto devido à
maior concentração de princípios ativos neste período.
• Estimativa de produtividade
Não foram encontrados dados referentes à produtividade madeireira da espécie. Apesar
de não apresentarem valores quantitativos, as referências indicam um crescimento
“lento”.
Em um primeiro momento, não será possível a estimativa de produtividade, por não se
dispor de indivíduos com períodos de crescimento conhecidos. Recomenda-se instalar e
monitorar parcelas permanentes nas áreas exploradas (de extração de madeira para
artesanato), utilizando os mesmos parâmetros do inventário.
Uma alternativa consiste no monitoramento da sobrevivência e crescimento de árvores
individuais exploradas ao longo do tempo. Neste caso, recomenda-se monitorar um
mínimo de 20 a 50 árvores podadas, dependendo do tamanho da área manejada.
• Principais riscos e precauções
É importante evitar-se o sobrepastoreio nas áreas de extração visto, que a imburana-de-
cambão pode ser consumida pelos animais de criação.
O fogo não deve ser utilizado nas áreas manejadas, devendo, também, ser adotadas
outras medidas para prevenção de incêndios.
No caso do uso da casca para fitoativos, deve ser realizada uma seleção para exclusão do
material apodrecido, sem vitalidade ou com aspecto impróprio, para se evitar
contaminação no ato da coleta.
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Evitar o corte das árvores que apresentem ninhos de animais pela importância da
manutenção da biodiversidade e pela possibilidade de geração de renda adicional
mediante a produção de mel.
Os ninhos de abelhas nativas que estiverem em árvores selecionadas para corte deverão
ser transferidos para caixas ou ser realizado o cortiço. Estes deverão ser encaminhados
para meliponários ou realocados na vegetação natural considerando as devidas medidas
para a proteção da colônia.
Em caso de indisponibilidade do extrator em realizar a meliponicultura, o mesmo poderá
buscar auxílio junto a entidades que prestam assistência técnica ou centros
especializados conforme lista apresentada no item 5.
É importante observar a legislação vigente (Resolução No 346 de 06 de julho de 2004).
• Transporte dos produtos
A madeira selecionada não passa por padronização e o transporte poderá ser realizado
em caminhões normalmente utilizados para o transporte de lenha. Não existem maiores
exigências para o transporte da casca, que pode ocorrer em sacos de ráfia ou sacos para
acondicionamento de cebola.
• EPI
Recomenda-se a utilização de Equipamentos de Proteção Individual na fase de
exploração:
- botas;
- chapéu;
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- óculos de proteção;
- luvas;
- calça e camisa de manga comprida.
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3.3 Pós-exploração
O armazenamento deve ser feito em local seco, arejado e deitados no chão para evitar
acidentes por tombamento e rolamento.
Para o uso da casca para fitoativos recomenda-se as seguintes medidas de
beneficiamento e armazenamento, constantes no Manual da Associação Fitovida:
- o armazenamento deve ser feito o mais rapidamente possível, evitando-se assim a per-
da dos princípios ativos;
- acondicionamento deve ser feito, preferencialmente, em ambiente arejado e seco, sem
acesso de poeira ou animais;
- o material deve ser limpo, para que possam ser retiradas as partes não aproveitáveis e
os resíduos da coleta (terra, insetos, fungos, outras plantas, etc.);
- caso seja necessário, deve ser cortado ou picado, para que seja transformado em mate-
rial homogêneo, facilitando a secagem;
- material em quantidades reduzidas deve ser colocado em potes de vidro ou sacos plás-
ticos.
Para o uso de outras partes da planta (frutos, folhas, raízes,...) os mesmos procedimentos
deverão ser adotados.
3.4 Manutenção das áreas exploradas
Os seguintes procedimentos são fundamentais para a manutenção e a garantia da
recuperação das áreas manejadas:
não uso do fogo;
evitar o pastoreio e, sobretudo o sobrepastoreio;
evitar a exploração durante o período de recuperação ou antes do ciclo recomendado.
Em área com uso intensivo e regeneração deficiente, é recomendada a reposição
mediante o plantio de mudas ou de estacas de até 2 m de altura. No segundo caso, o
plantio deve ser efetuado antes do início das chuvas. Essa reposição deverá ser, no
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na área onde ocorreu a extração.
3.5 Monitoramento
O monitoramento permitirá avaliar a recuperação das áreas manejadas e a manutenção
da produtividade da espécie. Conforme mencionado anteriormente, recomenda-se a
instalação de parcelas permanentes, no manejo visando extração madeireira, e a
demarcação de indivíduos para o manejo de retirada de casca em escala reduzida.
Será dada especial atenção aos seguintes aspectos:
mortalidade de indivíduos;
ocorrência de doenças ou pragas;
ocorrência de regeneração natural;
ocorrência de regeneração de ramos podados;
crescimento dos indivíduos.
4. Desafios
O modelo de extração reduzida (pode de ramos), visando à produção de casca para
fitoativos, poderá se adequar para áreas de Reserva Legal.
Um dos principais desafios consiste na busca de mecanismos de agregação de valor à
matéria-prima. Isto poderia ocorrer mediante um valor adicional por ser produto
sustentável. Outra opção consiste na integração da produção não-madeireira com
produção de mel nativo considerado de valor medicinal. Também deve-se buscar a
inserção da produção em sistemas de mercados solidários.
Os principias desafios na área de pesquisa são:
Produtividade e ciclo de corte;
Uso e manejo cultural, tradicional e/ou socioambiental;
Biologia floral e polinização;
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Relação fauna – planta;
Germinação, produção de mudas e crescimento inicial.
5. Grupos de referência
Associação Pernambucana de Apicultores e Meliponicultores - APIME
Recife/PE (81) 8816-9628 [email protected] ONG – abelhas nativas
Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada - IRPAA
Juazeiro/BA (74) 3611-6481 [email protected]
ONG – desenvolvimento rural
Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA
Salvador/BA (71) 3116-1900 [email protected] – Coordenação de Pesquisa e Extensão Rural
Associação Plantas do Nordeste - APNE Recife / PE (81) 3271- 4256 [email protected] Uso sustentável
Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza, Desenvolvimento Humano e Agroecologia - Agendha
Paulo Afonso/BA
(75) 3281 -5370 (75) 8864-4611
ONG – desenvolvimento
Federação Baiana de Apicultura e Meliponicultura - Febamel
http://febamel.zip.net/ Abelhas nativas
Núcleo de estudos dos insetos
Cruz das Almas - BA (75) 36212002 http://www.insecta.ufrb.edu.br/ Abelhas nativas
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6. Ficha técnica
Nome científico: Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillett
Família: Burseraceae
Nomes vulgares: amburana-de-cambão, imburana-de-cambão, imburana-vermelha.
Porte da planta: Árvore espinhosa de 3 m a 9 m de altura, copa muito espalhada, com
tronco de 50 cm a 60 cm de diâmetro, chegando a atingir uma área média de copa de 52
m2/planta. Caule com ramos de crescimento tortuoso, dotados de espinhos. Casca do
tronco lisa e lustrosa, desprendendo-se em lâminas irregulares. Conforme a idade, a
casca varia de verde, quando jovem, ao laranja-avermelhado, quando idosa. O fruto é
comestível quando maduro e abre no meio liberando apenas uma semente.
Área de ocorrência: Característica da vegetação de caatinga com elevada frequência no
vale médio do Rio São Francisco. É encontrada nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande
do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Mato Grosso e ainda no Mato
Grosso do Sul, Goiás e Tocantins, além da Bolívia e Paraguai. De uma forma geral,
apresenta distribuição ampla, porém descontínua.
Floração: No período seco, com o surgimento da nova folhagem (outubro a janeiro)
Frutificação: no início da queda das folhas
Sementes por fruto: 01
Sementes por kg: 5.300
Usos: A madeira da imburana-de-cambão é muito utilizada para marcenaria, na
confecção de artesanato (esculturas, carrancas,...) e, em menor grau, para lenha e carvão.
A casca da imburana-de-cambão é utilizada na medicina popular como fitoterápico.
Cuidados: A imburana-de-cambão é uma das principais espécies para nidificação de
abelhas sem ferrão o que demonstra a importância da espécie para a apifauna.
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7. Principais referências bibliográficas
Carvalho, P.E.R. Imburana-de-espinho Commiphora leptophloeos. Comunicado Técnico 228. Embrapa Florestas. Colombo,PR. 2009. 8 p.
Fitovida. Manual de boas práticas de beneficiamento de produtos florestais não madeireiros. Agregar valor e qualidade. 30p
Maia, G.N. 2004. Caatinga: árvores e arbustos e suas utilidades, São Paulo, D&Z Computação Gráfica e editora.
Pereira, S.C. Gamarra-Rojas, C.F.L., Gamarra-Rojas, G., Lima, M., Gallindo, F.A. T. Plantas úteis do Nordeste do Brasil. Recife: Centro Nordestino de Informações sobre Plantas – CNIP, Associação Plantas do Nordeste-APNE, 2003. 140p.
Sampaio, E.V.S.B.; Pareyn, F.G.C.; Figueirôa, J.M. de; Santos Junior, A.G. 2005. Espécies da flora nordestina de importância econômica potencial. Recife:Associação Plantas do Nordeste. 331 p.
Siqueira Filho, J.A.; Santos, A.P.B.; Nascimento, M.F.S.; Espírito Santo, F.S. (editores) 2009. Guia de campo de árvores da caatinga. Petrolina: Editora e Gráfica Franciscana Ltda. 64 p.
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8. ANEXO I - Memória fotográfica
Planta Galho e Flor
Galho com frutos Casca Detalhe
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Foto: Banco de imagens APNE Foto: Banco de imagens APNE
Foto: Banco de imagens APNEFoto: Banco de imagens APNE
Folha Semente
Toras Trabalhando com a Madeira
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Foto: Banco de imagens APNE Foto: Banco de imagens APNE
Foto: José Luiz V.da Cruz Filho Foto: José Luiz V.da Cruz Filho