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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E CULTURA DO EXÉRCITO CENTRO DE ESTUDOS DE PESSOAL E FORTE DUQUE DE CAXIAS GIZELLE DO CARMO REBOUÇAS DIAS SANTOS AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA A GESTÃO DA REPUTAÇÃO E IMAGEM DA MARINHA DO BRASIL NAS MÍDIAS SOCIAIS RIO DE JANEIRO 2019

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  • MINISTÉRIO DA DEFESA

    EXÉRCITO BRASILEIRO

    DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E CULTURA DO EXÉRCITO

    CENTRO DE ESTUDOS DE PESSOAL E FORTE DUQUE DE CAXIAS

    GIZELLE DO CARMO REBOUÇAS DIAS SANTOS

    AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA A GESTÃO DA REPUTAÇÃO E IMAGEM DA

    MARINHA DO BRASIL NAS MÍDIAS SOCIAIS

    RIO DE JANEIRO

    2019

  • GIZELLE DO CARMO REBOUÇAS DIAS SANTOS

    AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA A GESTÃO DA REPUTAÇÃO E IMAGEM DA

    MARINHA DO BRASIL NAS MÍDIAS SOCIAIS

    Monografia apresentada ao Centro de Estudos de Pessoal e Forte Duque de Caxias, como parte das exigências do Curso de Pós-graduação Lato Sensu, para obtenção do título de especialista em comunicação social.

    Orientadora: Profª. Drª Ana Paula de Moraes

    Teixeira

    RIO DE JANEIRO

    2019

  • S237a

    Santos, Gizelle do Carmo Rebouças Dias. Ações estratégicas para a gestão da reputação e imagem da Marinha do Brasil nas mídias sociais. – Rio de Janeiro, 2019./Gizelle do Carmo Rebouças Dias Santos. – Rio de Janeiro, 2019.

    80 f. Monografia (Especialização) – Centro de Estudos de Pessoal e

    Forte Duque de Caxias, Pós-graduação em Comunicação Social, Programa de Pós-graduação em Comunicação Social, 2019.

    Orientador:Ana Paula de Moraes Teixeira.

    1.Marinha do Brasil. 2. Ações Estratégicas. 3. Imagem e

    reputação. 4. Facebook. I.Teixeira,Ana Paula de Moraes. II. Centro de Estudos de Pessoal e Forte Duque de Caxias. III. Título.

    CDD:384.043981

    GIZELLE DO CARMO REBOUÇAS DIAS SANTOS

  • AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA A GESTÃO DA REPUTAÇÃO E IMAGEM DA

    MARINHA DO BRASIL NAS MÍDIAS SOCIAIS

    Monografia apresentada ao Centro de Estudos de Pessoal e Forte Duque de Caxias, como parte das exigências do Curso de Pós-graduação Lato Sensu, para obtenção do título de especialista em comunicação social.

    Aprovada em ________ de _________________ de 2019

    COMISSÃO EXAMINADORA

    Profª. Drª Ana Paula de Moraes Teixeira

    Presidente

    Profª. Drª Karenine Miracelly Rocha da Cunha

    Membro

    Prof. Major Filipe Saraiva do Nascimento

    Membro

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeço a Deus, pelo fôlego de vida e pelo sustento diário, permitindo-me

    chegar até o final deste curso; à minha mãe, Rita, por sempre apoiar os meus

    projetos, incentivando-me a prosseguir na busca constante pelos meus ideais; ao

    meu esposo, Eneas, pela paciência em ouvir minhas ideias, por acreditar na

    proposta do meu trabalho e por todo apoio dado neste período tão importante da

    minha vida; à Profa. Dra. Ana Paula Teixeira pela orientação, incentivo, dedicação e

    esforço despendidos, por fazer parte da construção de cada etapa do

    desenvolvimento deste trabalho, ajudando-me a acreditar que era capaz; aos meus

    superiores, na pessoa do Contra-Almirante (FN) Rossatto e da Capitã de Corveta

    (T) Ana Cristina, por me incentivar na realização deste curso; aos amigos do Curso

    de Comunicação Social 2019, pelo apoio durante todas as fases; e a todos que,

    direta e indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho e permitiram o

    enriquecimento de minha aprendizagem.

  • RESUMO

    O presente trabalho apresenta uma reflexão acerca de ações estratégicas

    voltadas para a gestão da imagem e reputação da Marinha do Brasil nas mídias

    sociais (Facebook). Enfatiza a sensibilização do pessoal militar acerca da

    importância do seu papel como agente de comunicação institucional, assim como a

    construção do branding pessoal em prol do fortalecimento da imagem e reputação

    da Força Naval. Destaca a comunicação de marketing como um instrumento eficaz

    na difusão da imagem institucional nas mídias sociais, bem como o endomarketing

    como ferramenta que possibilita o melhoramento das relações do público interno

    com os demais públicos de interesse. Apresenta, ainda, programa de orientação

    sobre uso das mídias sociais pelo pessoal militar da Marinha do Brasil, no sentido de

    evitar exposições negativas nas mídias sociais, e de incentivar o uso responsável

    dessas ferramentas com vista a fortalecer a imagem e reputação institucional.

    Palavras-chave: Marinha do Brasil; ações estratégicas; imagem e reputação; Facebook.

  • ABSTRACT

    This paper presents a reflection on strategic actions aimed at managing the

    image and reputation of the Brazilian Navy in social media (Facebook). Emphasizes

    the awareness of military personnel about the importance of their role as an agent of

    institutional communication, as well as the building of personal branding in order to

    strengthen the image and reputation of the Naval Force. It highlights marketing

    communication as an effective tool in the diffusion of the institutional image in social

    media, as well as internal marketing as a tool that enables the improvement of

    internal public relations with other stakeholders. It also presents an orientation

    program on the use of social media by Brazilian Navy military personnel to avoid

    negative exposure to social media and to encourage the responsible use of these

    tools in order to strengthen the image and institutional reputation.

    Keywords: Brazilian navy; strategic actions; image and reputation; Facebook.

  • LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1: PRINT DA PÁGINA DA MARINHA DO BRASIL NO FACEBOOK .......... 34

    FIGURA 2: PRINT DA PÁGINA DA MARINHA DO BRASIL NO FACEBOOK .......... 35

    FIGURA 3: PRINT DA PÁGINA DA MARINHA DO BRASIL NO FACEBOOK .......... 36

    FIGURA 4: PRINT DA PÁGINA DA MARINHA DO BRASIL NO FACEBOOK .......... 36

    FIGURA 5: PRINT DA PÁGINA DA MARINHA DO BRASIL NO FACEBOOK .......... 37

    FIGURA 6: PRINT DA PÁGINA DA MARINHA DO BRASIL NO FACEBOOK .......... 38

    FIGURA 7: PRINT DA PÁGINA DA MARINHA DO BRASIL NO FACEBOOK .......... 38

  • LISTA DE GRÁFICOS

    GRÁFICO 1: PERCENTUAL DE USUÁRIOS POR SEXO ....................................... 56

    GRÁFICO 2: PERCENTUAL DE UTILIZAÇÃO DO FACEBOOK ............................. 57

    GRÁFICO 3: PERCENTUAL DE UTILIZAÇÃO DO FACEBOOK ............................. 58

    GRÁFICO 4: VISIBILIDADE DO QUE SE POSTA NO FACEBOOK ........................ 59

    GRÁFICO 5: ATIVIDADES MAIS REALIZADAS NO FACEBOK .............................. 59

    GRÁFICO 6: ATIVIDADE SOCIAL NO FACEBOOK ................................................ 60

    GRÁFICO 7: MOTIVAÇÃO PARA ACESSAR O FACEBOOK .................................. 60

  • SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11

    1. FUNÇÃO ESTRATÉGICA DAS RELAÇÕES PÚBLICAS E A GESTÃO DA IMAGEM E REPUTAÇÃO INSTITUCIONAL NAS MÍDIAS SOCIAIS (FACEBOOK) ....................................................................................................... 15

    1.1 GLOBALIZAÇÃO, ERA DIGITAL, MÍDIAS SOCIAIS E DESAFIOS .............. 15 1.2 A MARINHA DO BRASIL, AS MÍDIAS E REDES SOCIAIS ........................... 17 1.3 RELAÇÕES PÚBLICAS NA GESTÃO DA IMAGEM E REPUTAÇÃO –

    PANORAMA DIGITAL .................................................................................. 19 1.4 RELAÇÕES PÚBLICAS E A COMUNICAÇÃO INTEGRADA NA

    PERSPECTIVA DIGITAL .............................................................................. 21 1.5 BRANDING PESSOAL: O MILITAR COMO UM AGENTE DE

    COMUNICAÇÃO EM PROVEITO DA IMAGEM INSTITUCIONAL ................ 23

    2. HÁBITOS DE UTILIZAÇÃO DAS MÍDIAS SOCIAIS (FACEBOOK) .................... 27

    2.1 PRINCIPAIS MÍDIAS SOCIAIS ................. ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.27 2.2 PARTICULARIDADES DO FACEBOOK ...................................................... 29 2.3 COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL .............................................................. 32 2.4 HÁBITOS DOS USUÁRIOS DO FACEBOOK ............................................... 39 2.5 EXPOSIÇÕES NEGATIVAS NAS MÍDIAS SOCIAIS (FACEBOOK) ............. 41

    3. AÇÕES ESTRATÉGICAS DE MARKETING E COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL NAS MÍDIAS SOCIAIS ............................................................. 44

    3.1 A FUNÇÃO DA COMUNICAÇÃO DE MARKETING ..................................... 44 3.2 A DESENVOLVENDO UMA COMUNICAÇÃO DE MARKETING EFICAZ .... 46 3.3 MÍDIAS SOCIAIS E COMUNICAÇÃO DE MARKETING: DIFUSÃO DA

    IMAGEM INSTITUCIONAL ........................................................................... 48 3.4 ENDOMARKETING E CULTURA ORGANIZACIONAL ................................ 50

    4. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: PROGRAMA DE ORIENTAÇÃO DE PESSOAL SOBRE CONDÚTA NAS MÍDIAS SOCIAIS INTEGRADO À FORÇA MILITAR NAVAL..................................................................................... 52

    4.1 ANÁLISE DO RESULTADO DE PESQUISA SOBRE OS HÁBITOS DE USO DO FACEBOOK, APLICADA A MILITARES EM PROCESSO DE FORMAÇÃO MILITAR-NAVAL EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO DA MARINHA EM 2019. ..................................................................................... 55

    CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 62

    REFERÊNCIAS .................................................................................................... 64

    APÊNDICE............................................................................................................ 68

    ANEXO ................................................................................................................. 74

  • 11

    INTRODUÇÃO

    De acordo com o Manual de Fundamentos de Comunicação Social do

    Exército Brasileiro (2017, p. 2-5), o militar é um elemento fundamental de

    comunicação social. Por ser um representante da instituição em que serve, o contato

    direto com a sociedade em que está inserido permite uma comunicação pessoal

    possibilitando, assim, uma aproximação entre a instituição e as pessoas. Dessa

    forma, pode ser considerado um agente de comunicação e, como tal, tem a

    responsabilidade de preservar e fortalecer a imagem e reputação institucional,

    conforme aborda o Plano de Comunicação Social do Exército Brasileiro (2018/2019,

    p. 7).

    Assim, o presente trabalho de conclusão de curso, procedente de pesquisa,

    pretende desenvolver um estudo visando a ações estratégicas para a gestão da

    imagem e reputação da Marinha do Brasil (MB) nas mídias sociais, com vistas a

    sensibilizar os militares acerca de sua importância como um embaixador da Força,

    conforme aborda o manual de Comunicação Social da Marinha (EMA-860)

    A Marinha do Brasil incentiva a participação responsável e não oficial de seus colaboradores nas mídias sociais, para compartilhar com a sociedade brasileira, não somente suas histórias pessoais, como também as atividades desenvolvidas pela Força no cumprimento de sua missão constitucional e atividades subsidiárias. Isso faz com que cada indivíduo atue como um embaixador da Força, tornando-se essencial orientar nosso pessoal sobre como manter sua privacidade, reputação e segurança no mundo virtual. (EMA-860, p. 21)

    Assim, a organização das informações neste estudo enseja propor o

    desenvolvimento e elevação do branding pessoal, dos militares, na medida em que

    considera cada militar como marca da instituição que, destacando-se positivamente,

    contribui com o fortalecendo da credibilidade da Força Naval perante os públicos de

    interesse. Propõe, ainda, a utilização de estratégias de endomarketing com o intuito

    de estimular o sentimento de pertencimento, promover melhorias nas relações entre

    as pessoas no ambiente de trabalho, de maneira que o público interno se torne mais

    produtivo no desdobramento de suas atividades, refletindo em suas relações com os

    outros públicos de interesse.

    Além disso, o planejamento estratégico de marketing é abordado, no sentido

    de possibilitar a aplicação de conceitos da comunicação de marketing nas mídias

    sociais ao contexto da Força Naval.

  • 12

    Ressaltando que toda empresa está sujeita a ver sua marca ou produtos

    envolvidos em exposições negativas (KUNSCH, 2011, p. 235), é possível verificar

    que ações de integrantes das Forças Armadas não condizentes com o pundonor

    militar1, são divulgadas em jornais e, de forma recorrente, a ênfase é direcionada à

    instituição a qual pertence o militar. Em 3 de julho de 2019, o G1 SP divulgou em

    sua página, matéria assinada por Kleber Tomaz com o título “Soldado da

    Aeronáutica grava vídeo fumando e chama FAB de 'Força Aérea da Biqueira' em

    SP”. Em 11 de outubro de 2017, a redação do Correio24horas, também divulgou em

    sua página, matéria negativa intitulada “Fuzileiro naval que fez paródia com imagens

    de Hitler é condenado”. Nota-se, em ambos os casos, que os nomes dos militares

    não foram citados, contudo os nomes das instituições militares foram expostos em

    circunstâncias negativas. Salienta-se, ainda, que os materiais divulgados circularam,

    inicialmente, nas mídias sociais.

    Assim, torna-se imprescindível a divulgação dos princípios a serem

    observados pelos militares da Marinha do Brasil quanto à conduta nas mídias

    sociais. Por se tratar de uma demanda recente, observa-se uma lacuna nos

    programas de formação militar-naval. Propõe-se, ainda a implementação de um

    programa de orientação, baseado no Manual de Comunicação Social da Marinha,

    vinculado à formação militar-naval, visando a preservar a imagem e reputação da

    Força Naval, quanto a exposições negativas nas mídias sociais.

    Em virtude do Facebook ser considerada a rede social mais popular do

    mundo, de acordo com o site da revista Galileu (2019), pretende-se direcionar este

    trabalho para a utilização desta plataforma.

    Considerando que os usuários com faixa etária compreendida entre 18 e 29

    anos representam a maior frequência de acesso ao Facebook, é possível verificar

    uma relação entre tais números e a faixa etária para ingresso nas fileiras da Marinha

    do Brasil. Salienta-se que no período de formação, o militar é exposto ao primeiro

    contato com a instituição, desenvolvendo as percepções acerca dos valores

    institucionais. Desse modo, optou-se por propor, inicialmente, o direcionamento do

    programa de orientação aos ingressantes na carreira em processo de formação

    militar-naval.

    1 De acordo com o inciso II do Artigo 6º do Decreto Nº 4.346, de 26 de agosto de 2002- Regulamento Disciplinar do Exército (R-4), dever do militar pautar a sua conduta como a de um profissional correto. Exige dele, em qualquer ocasião, alto padrão de comportamento ético que refletirá no seu desempenho perante a Instituição a que serve e no grau de respeito que lhe é devido.

    http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%204.346-2002?OpenDocument

  • 13

    Destarte, este trabalho foi desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica

    partindo do tema proposto. Inicialmente buscou-se efetuar o levantamento de fontes

    factuais que possibilitassem o embasamento do problema. Em seguida, foi feita a

    verificação de material bibliográfico disponível, identificando as fontes adequadas ao

    tema. Em contínuo, buscou-se delimitar a estrutura do trabalho e a definição de suas

    partes, valendo-se de livros, artigos científicos, documentos institucionais,

    localizados em meios físicos e digitais. Além disso, o presente trabalho valendo-se

    da utilização do instrumento questionário, buscou efetuar um levantamento sobre de

    utilização do Facebook, por meio da ferramenta Google Forms, aplicado a

    ingressantes na carreira militar, em processo de formação em instituições de ensino

    da Marinha no âmbito do Corpo de Fuzileiros Navais.

    Organizado em quarto capítulos, o trabalho inicia com o primeiro capítulo

    dividido em cinco subseções, apresentando as relações públicas como uma

    atividade estratégica na gestão da imagem e reputação institucional. Salienta-se que

    este estudo valer-se-á das terminologias “instituição” e “organização” para se referir

    à Força Naval (KUNSCH, 2003, p. 32). A primeira subseção visa a ambientar o leitor

    a respeito do advento das mídias sociais de forma a relacioná-las com o contexto da

    globalização e da Era digital. A segunda procura mostrar a relação da Marinha do

    Brasil com as mídias sociais. A Terceira busca abordar a importância das relações

    públicas no processo de construção da imagem e reputação, seguida da quarta que

    mostra a atividade no contexto da comunicação integrada. Por fim, a quinta procura

    explorar a importância do branding pessoal em prol da imagem e reputação da

    instituição.

    No segundo capítulo, o uso das mídias sociais é abordado em suas cinco

    subseções. Iniciando com uma breve apresentação das mídias sociais e suas

    finalidades, seguida de um panorama histórico acerca do Facebook na segunda

    subseção. A terceira subseção busca mostrar a atuação da Marinha na plataforma

    Facebook. A quarta visa a mostrar alguns hábitos dos usuários da plataforma,

    seguido da quinta subseção que aborda a importância do planejamento visando a

    evitar exposições negativas da imagem da Força nas mídias sociais.

    Com o enfoque principal no planejamento estratégico de Marketing, o terceiro

    capítulo é composto por quatro subseções que se inicia com a função da

    comunicação de marketing, seguida dos fatores necessários ao desenvolvimento de

    uma comunicação de marketing eficaz, na sua segunda subseção. A terceira

  • 14

    subseção inicia-se com importância do marketing nas mídias sociais para a difusão

    da imagem institucional.

    Por fim, o quarto capítulo procura tornar disponível proposta de inclusão de

    programa de orientação do pessoal da Marinha acerca dos princípios que norteiam a

    conduta militar nas mídias sociais apresentado pelo Manual de comunicação Social

    da Marinha (EMA-860), no contexto da formação militar-naval. Assim, em sua

    subseção, procura-se apresentar análise dos resultados de pesquisa, aplicada a

    alunos ingressantes na carreira militar em processo de formação em instituições de

    ensino da MB, sobre o uso do Facebook, com vistas ao desenvolvimento de ações

    que possibilitem a utilização da ferramenta em prol da imagem e reputação, bem

    como no sentido de evitar exposições negativas nas mídias sociais.

  • 15

    1. FUNÇÃO ESTRATÉGICA DAS RELAÇÕES PÚBLICAS E A GESTÃO DA

    IMAGEM E REPUTAÇÃO INSTITUCIONAL NAS MÍDIAS SOCIAIS (FACEBOOK)

    A atividade de relações públicas, em uma perspectiva atual, muito contribui

    para que uma organização atinja seus objetivos no que se refere ao

    desenvolvimento de seus valores e ao cumprimento de sua missão. No exercício da

    função estratégica, atua de forma a assessorar os dirigentes em situações de

    tomadas de decisões, identificando possíveis problemas, apresentando

    possibilidades de solução, bem como oportunidades de relacionamento, em prol da

    preservação e fortalecimento da imagem e reputação institucional. Nesse sentido, as

    relações públicas atuam, ajudando as instituições a posicionarem-se perante a

    sociedade assim como, a definirem sua identidade própria contribuindo com a

    construção da imagem.

    A função estratégica de relações públicas está intrinsecamente ligada ao

    planejamento e gestão atuando em conjunto em proveito da preservação e

    fortalecimento da imagem e reputação, bem como da construção, em longo prazo,

    de relacionamentos estáveis com os públicos de interesse.

    Assim, este capítulo visa a apresentar interseções entre globalização, era

    digital e mídias sociais; A Marinha do Brasil e as mídias sociais por meio da análise

    de documentos que norteiam essa relação; gestão da imagem e comunicação

    integrada na perspectiva das relações públicas e mídias sociais; e a importância do

    militar como um agente de comunicação em prol do fortalecimento da imagem e

    reputação da Força Naval.

    1.1 Globalização, era digital, mídias sociais e desafios

    Para que se possa compreender de forma conjunta o proposto para esta

    subseção, é importante tratar de cada item, de forma individual visando, por meio de

    uma análise panorâmica, identificar seus pontos de interseção.

    Brito (2018), conceitua globalização como “processo que consiste no aumento

    das relações entre os países a partir da diminuição das suas distâncias. Essas

    relações são principalmente econômicas, mas também, sociais, culturais ou

    políticas”.

  • 16

    Assim, teve início no século XV, com o advento das grandes navegações, à

    medida que se intensificou o fluxo de mercado e trabalho pela América, África e

    Ásia, ultrapassando fronteiras pela aproximação de suas culturas. No século XVII,

    durante a revolução industrial, a globalização se expandiu, ganhando força no século

    XX, após a Segunda Guerra Mundial, com o Neoliberalismo2.

    Com os avanços tecnológicos, característicos da Era digital também

    conhecida como Era tecnológica, especialmente os relacionados à comunicação, o

    processo de globalização se intensificou, possibilitando maior integração econômica

    e cultural entre os países.

    Enquanto no século XV houve o aumento do fluxo de mercado e trabalho, na

    era digital, o advento da internet impulsionou o fluxo de informações. Contudo, a era

    da tecnologia não se limita a um período. Nesse processo, o cenário global foi

    potencializado, ainda, em 1997, com o advento das mídias sociais, com sua origem

    em um site de relacionamento que uniu muitas pessoas on-line (JUE, 2012, p. 48).

    As novas ferramentas tecnológicas têm modificado a forma de comunicação

    entre as pessoas, assim como as formas de pensar. Além disso, em decorrência do

    seu imediatismo, incentivam as organizações a se manterem relevantes e

    inovadoras e reforçam as atividades de comunicação (KOTLER, 2012, p. 589).

    Embora as inovações tecnológicas façam parte no nosso cotidiano de forma

    benéfica, muitos desafios apresentam-se neste processo em decorrência das

    mudanças que trouxe à vida das pessoas e das organizações (HOTMART, 2018).

    O primeiro desafio apontado é a inclusão digital em decorrência de muitas

    comunidades que não têm acesso à internet poderem ficar prejudicadas em seu

    desenvolvimento profissional e pessoal. Outro desafio é o senso crítico, tendo em

    vista que a rapidez e quantidade de informações divulgadas na internet muitas vezes

    não permite, uma análise correta dos fatos.

    A questão do alto investimento também é um desafio para a realidade de

    muitas organizações. Embora apresente retornos benéficos, a inovação tecnológica

    requer investimentos significativos com retorno em longo prazo. Com o surgimento

    de novos e cada vez mais eficientes produtos, outro desafio que se apresenta é a

    obsolescência e o aumento de lixo eletrônico.

    2 O neoliberalismo é um modelo socioeconômico criado durante a década de 1970, na Europa, e baseado no liberalismo clássico. Em outras palavras, trata-se de uma teoria econômica para orientar as políticas baseadas no capitalismo (BRITO, 2018).

    https://www.stoodi.com.br/materias/geografia/fases-do-capitalismo/mercantilismo-liberalismo/

  • 17

    Por fim, a necessidade de qualificação profissional é constante quando se

    trata de inovação da tecnologia. É necessário que o profissional da área se

    mantenha atualizado para que não se tornem mão de obra desqualificada.

    1.2 A Marinha do Brasil, as mídias e redes sociais

    Com o advento das novas tecnologias no âmbito das comunicações, novas

    mídias e redes sociais vêm ocupando um significativo espaço nas instituições

    militares. A utilização das novas ferramentas, por parte de seus públicos de

    interesse, vem alterando as formas como a instituição se relaciona com os mesmos.

    No âmbito da Marinha do Brasil (MB), a DCTIM (Diretoria de Comunicações e

    Tecnologia da Informação da Marinha) define as Mídias e Redes Sociais como:

    Aplicações ou serviços de Tecnologia da informação (TI) que disponibilizam informações acessíveis publicamente, via Internet, compartilhando-as em ambiente computacional ou sítios que não são de propriedade e não são operados ou controlados pela (MB). Tais aplicações ou serviços incluem ferramentas colaborativas de compartilhamento de informações inseridas nestes serviços por usuários comuns ou organizações. Exemplos de aplicações ou serviços: Facebook, Youtube, Flickr, Instagram, Twitter, Google Apps, Blogs, Slideshare, Fóruns de Discussões, dentre outros. (DCTIMARINST Nº30-08A).

    A Internet3 é um grande suporte digital possibilitando a veiculação das

    principais mídias e redes sociais. Desse modo, as instituições militares se inserem

    nesse contexto por meio da divulgação de seus sites, otimizando, assim, suas

    relações em um território virtual. A incorporação de novas tecnologias apresenta-se

    como uma ferramenta, propiciando uma maior interação com o público de interesse.

    ”Interagir e engajar com audiências interna e externa tornou-se essencial”

    (DCTIMARINST Nº30-08A). Assim, o planejamento da atividade de relações

    públicas moderna e suas ações no espaço virtual é um importante mecanismo que

    possibilita o desenvolvimento de ações estratégicas relacionadas ao fortalecimento

    da imagem institucional e da preservação de sua reputação.

    Em um período de conectividade em ascensão, as atividades de relações

    públicas em mídias e redes sociais revelam-se como uma ferramenta estratégica,

    3 A Internet é um sistema global de redes de computadores interligadas que utilizam um conjunto próprio de protocolos (Internet Protocol Suite ou TCP/IP) com o propósito de servir progressivamente usuários no mundo inteiro (Wikipedia, 2019).

  • 18

    com aplicações diversas voltadas à comunicação institucional, pela rapidez de

    acesso e pelo amplo alcance, tendo em vista que atinge os diversos públicos,

    favorecendo o fortalecimento da imagem da instituição. Dessa forma, inserir a

    instituição, neste contexto, possibilita a divulgação das atividades operacionais

    realizadas, bem como os projetos desenvolvidos e os serviços prestados à

    comunidade, aumentando, assim, a credibilidade da corporação perante seus

    públicos de interesse por meio da visibilidade de suas ações em prol da nação e da

    sociedade.

    Além disso, pensar nessa ferramenta como uma ação de longo prazo,

    permite, por meio do monitoramento, acompanhar e entender as percepções de

    seus públicos de interesse, buscando uma aproximação dos mesmos, considerando

    a cada indivíduo como um influenciador em potencial.

    Esse universo relacional mutante e virtual tem criado valor para as empresas e instituições que nele atuam, quando essas organizações conseguem dar suporte permanente e competente às redes de relacionamento e de pertencimento, que criam, no caso de sites, a fidelidade (que é mais do que audiência) dos que o cercam e o frequentam (KUNCH, 2006, p. 151).

    Assim, a compreensão das percepções do público de interesse propicia o

    direcionamento das ações estratégicas em território virtual de modo a favorecer as

    relações de confiança e fidelidade com a instituição.

    Aproveitar o potencial das mídias sociais também permite a interação com o

    público por meio da disponibilização de conteúdos institucionais como sua história,

    missão, seus valores, crenças e tradições, mostrando os aspectos de sua

    identidade; assim como informações de caráter administrativos, no que se refere às

    formas de ingresso nas corporações e os processos seletivos em andamento,

    promovendo, assim, um serviço de utilidade pública.

    É válido ressaltar que o uso das mídias sociais apresenta desafios para a

    instituição já que, em virtude da facilidade e rapidez de acesso, expões a

    questionamentos e até ataques a sua imagem e reputação, demandando resposta

    rápida e o fornecimento de informações precisas e oportunas, acerca de atividades

    institucionais, em atendimento às necessidades dos públicos de interesse. Além

    disso, a interação com estes requer o desenvolvimento de estratégias de caráter

    dialógico que possibilite o gerenciamento da comunicação em situação de crise,

  • 19

    tendo em vista que esclarecimentos efetuados pela própria instituição atuam no

    sentido de dirimir informações incorretas ou deturpações acerca de determinado

    tema a ela relacionado.

    Dessa forma, no âmbito da Marinha do Brasil, a utilização das mídias e redes

    sociais é norteada por normas com vistas a atingir seus objetivos comunicacionais

    de modo a preservar e fortalecer da imagem e a reputação da instituição, buscando

    a interação com seus públicos, recebendo e avaliando feedback, atendendo com

    respostas rápidas as demandas referentes ao gerenciamento de crises e divulgando

    as recomendações de conduta pessoal no ambiente virtual.

    Assim, o EMA-860 (Estado Maior da Armada, P. 12.2) norteia a atuação da

    MB nas mídias sociais, incumbindo o CCSM (Centro de Comunicação Social da

    Marinha) da formulação de estratégia de atuação da Força, assim como do

    gerenciamento da sua presença nas mídias sociais. Ainda ao CCSM, cabe

    assessorar o Comandante da Marinha nos assuntos referentes à autorização da

    criação ou o cancelamento de perfis oficiais da Força nas mídias sociais, bem como

    monitorar o conteúdo das informações de interesse da Força Naval.

    Além disso, o EMA-860 aborda os diferentes perfis oficiais nas mídias sociais,

    considerando, quanto ao tipo de uso, oficiais, profissionais ou pessoais, assim como

    as regras gerais para publicação de conteúdo, e de uso seguro das mídias sociais,

    incentiva a participação responsável e não oficial dos integrantes da MB, orientando-

    os acerca de suas condutas, considerando cada indivíduo como embaixador da

    Força e, como tal, responsável pelo fortalecimento e preservação da imagem e

    reputação institucional.

    1.3 Relações públicas na gestão da imagem e reputação – panorama digital

    Gestão é todo processo de planejar: é um momento de análise para

    entender onde se encontra e, a partir daí, direcionar as estratégias. “Assim,

    gestão da imagem e reputação pode ser compreendida como um planejamento

    de ações em prol do seu fortalecimento e preservação”.

    Farias, por sua vez, afirma que “o processo correto de formação da imagem e

    reputação começa sempre com a identidade corporativa baseada nos princípios e

    valores da organização” (2011, p. 97). Afirma, ainda, que “para construir imagem e

    reputação valorizadas e reconhecidas, as empresas, assim como as pessoas,

  • 20

    precisam ter sua identidade definida com base em seus próprios valores” (2011, p.

    105). Dessa forma, é possível observar que a identidade de uma corporação,

    pautada nos seus valores, é o ponto de partida para a construção de sua imagem.

    Na perspectiva de Kunsch, “Imagem é o que se passa na mente dos públicos,

    no seu imaginário, enquanto identidade é o que a organização é, faz e diz” (2003, p.

    170). Dessa forma é possível entender que imagem se baseia nas percepções e

    impressões que o indivíduo é capaz de captar acerca da instituição, considerando

    suas experiências e imaginação. “Imagem e reputação são resultados do processo

    de comunicação de uma empresa com seus públicos e do relacionamento que ela

    estabelece com os indivíduos desse público”, conforme afirma Farias (2011, p. 100).

    Assim, compreende-se, também, que a identidade está relacionada à sua

    essência e as características que lhes são intrínsecas. Já reputação:

    (...) é o estado ou sentimento associado a uma pessoa ou instituição, formado pelo conhecimento e pela percepção de um indivíduo em relação a essa pessoa ou organização. A reputação é formada pela identificação da legitimidade existente entre os valores e princípios da empresa e suas ações e valores e interesse de seus públicos (FARIAS, 2011, p. 96).

    É possível compreender que a reputação se relaciona com a opinião dos

    outros, baseada no alinhamento entre suas percepções e a essência da instituição.

    Contudo, o advento das novas tecnologias transformou o modo das pessoas

    se comunicarem. “Com a chegada da comunicação digital, as empresas ficaram

    diante de um novo e instigante desafio, pois um enorme e complexo mundo se abriu

    para elas” (FARIAS, 2011, p. 103).

    O aspecto mais importante dessa mudança é a chegada da tecnologia digital nos aparelhos celulares. A conexão por celular provocou mudanças nas interações sociais, profissionais e comerciais, pois estabelece convivência e relacionamento virtual entre as pessoas e entre as empresas e espaços de compras (FARIAS, 2011, p. 103).

    Assim, o uso dos novos aparelhos celulares modificou a forma de

    comunicação na sociedade, refletindo no contexto das instituições militares. De

    acordo com Farias “Essa realidade virtual promove uma mudança radical no

    processo de relacionamento entre as pessoas, de todos os modos e em todos os

    níveis, principalmente no processo de formação da imagem e da reputação da

    organização” (2011, p. 103).

  • 21

    1.4 Relações públicas e a comunicação integrada na perspectiva digital

    Integrar várias formas de comunicação que permitam uma organização

    relacionar-se com seus públicos de interesse e com a sociedade em geral é a

    concepção de comunicação integrada (KUNSCH, 2012, p. 150). Ela se caracteriza

    pelo desenvolvimento de ações que as diversas áreas da comunicação de uma

    organização realizam conjuntamente.

    Pode ser compreendida por meio da junção da comunicação administrativa,

    comunicação interna, comunicação mercadológica e comunicação institucional, que

    trabalham de forma independente, porém sinérgica e formam o mix da comunicação

    integrada. Embora seu planejamento vise uma interação entre as suas áreas de

    atuação, salienta-se que cada profissional deve se ocupar do que lhe couber, sem

    interferência nas atividades alheias.

    A comunicação administrativa está relacionada ao processo comunicativo

    entre as funções administrativas de uma organização.

    Já a comunicação interna refere-se a toda interação possível entre a

    organização e seus empregados de forma a compatibilizar os interesses dos

    empregados e da empresa (KUNSCH, 2003, p. 54). Essa forma de comunicação

    permite a troca de informação entre gestores e a base operacional, podendo ser

    analisada em ambos os lados. Para que possa atingir seus objetivos, faz-se

    necessário o respeito e a valorização desse público, estabelecendo uma relação de

    confiança.

    A comunicação mercadológica está vinculada diretamente ao marketing de

    negócios. Embora as instituições militares não vivenciem diretamente este contexto,

    é possível aplicar muitos de seus conceitos para nortear atividades por ela

    desenvolvidas. Dessa forma, o capítulo três aborda alguns aspectos da

    comunicação de marketing que podem ser aplicados às atividades desenvolvidas

    pelas instituições militares.

    Nesse composto, à comunicação institucional, cabe, por meio da atividade de

    relações públicas, a responsabilidade com a formatação da imagem e identidade

    organizacional perante seu público de interesse e a sociedade em geral.

    Segundo Kunsch (2003, p. 165), “a comunicação institucional por meio das

    relações pública, enfatiza os aspectos relacionados com a missão, a visão, os

  • 22

    valores e a filosofia da organização”. Para ela, a comunicação institucional, que é um

    dos elementos da comunicação integrada, é formada por vários instrumentos, dentre

    eles, as relações públicas.

    Estrategicamente, cabe a esse instrumento administrar a comunicação das

    organizações. Além disso, as relações públicas têm um papel importante na

    atividade de comunicação integrada. É responsável por desenvolver a formação do

    público e gerenciar seu relacionamento com a organização.

    A autora também discorre que o trabalho das relações públicas consiste em

    multiplicar as informações por meio dos líderes de opiniões, ouvindo-os sempre e,

    mantendo-os informados.

    Pela sua capacidade de dirigir-se diretamente a vários segmentos do público,

    essa atividade contribui sobremaneira para a eficácia da comunicação integrada.

    Cabe às relações públicas, portanto, gerenciar a comunicação das

    organizações com seu público de interesse, assim como, integrar as atividades de

    comunicação da organização com o propósito de fortalecer a imagem institucional.

    Um aspecto a ser considerado é o avanço das inovações tecnológicas que

    revolucionaram a comunicação, permitindo maior acesso à informação e o uso de

    seus benefícios (KUNSCH, p. 138). As significativas transformações na

    comunicação, provenientes desse processo, impele um novo comportamento à

    sociedade, influenciando as ações desenvolvidas por meio das relações públicas.

    Assim, de acordo com Cavalheiro:

    A comunicação integrada não se restringe apenas ao uso de meios tradicionais (impressos, TV, caixa de sugestões, reuniões, quadros de aviso, etc.), tampouco, ao e-mail ou intranet para estabelecer canais mais diretos de comunicação, mas deve ter como um de seus focos os meios digitais, uma vez que proporcionam soluções rápidas, muitas vezes de baixo custo, e possibilidades de interações com públicos variados (CAVALHEIRO, 2018, p. 59).

    Um desafio para as organizações, em meio ao crescente avanço da

    tecnologia, é fornecer, por meio da atividade de relações públicas, serviços

    integrados de comunicação, buscando, de forma estratégica, estabelecer alianças

    com o púbico pela capacidade de atendimento à suas demandas.

  • 23

    1.5 Branding pessoal: o militar como um agente de comunicação em proveito da

    imagem institucional

    De Acordo com o Plano de Comunicação Social da Marinha do Brasil (2018),

    imagem é o reflexo da identidade de uma organização. É a organização sob o ponto

    de vista de determinado público em determinado momento. Uma ferramenta de

    relações públicas que possui um importante papel na disseminação da imagem

    institucional é o militar. Componente de uma classe diferenciada, ao assumir o

    compromisso com a instituição em que serve para defender a Pátria, é investido das

    prerrogativas inerentes ao seu posto ou graduação. Contudo, está imbuído do

    cumprimento de sua missão de forma integral, estando diuturnamente pronto para o

    atendimento das demandas próprias da carreira. Assim, o militar como parte

    “tangível” da corporação, é o seu representante mais próximo diante da sociedade

    da qual ele também é integrante. O militar é, muitas vezes, a parte da corporação

    que a sociedade vê, como se estivesse vendo o todo. Ele é o contato direto com a

    população e, inserido nas mais variadas camadas sociais, é um poderoso meio de

    divulgação da imagem do militar, especialmente quando da prática de ações

    positivas, cooperando com a disseminação dos valores institucionais.

    Como um representante ativo da instituição militar em que serve, é necessário

    que tenha uma constante atenção quanto a forma como tem representado a

    corporação no meio em que vive, assim como no meio virtual em que está inserido,

    no intuito de resguardar a própria imagem, bem como a imagem institucional.

    Assim, o Plano de Comunicação Social da Marinha do Brasil apresenta como

    objetivo prioritário, o zelo pela imagem e reputação da instituição. Dessa forma, a

    responsabilidade de atuar como um agente de comunicação institucional é

    compromisso de todos os seus integrantes. Não obstante, o Plano de Comunicação

    do Exército Brasileiro (2018/2019, p. 7) enfatiza a atuação do militar como um

    agente de comunicação, não apenas contribuindo, mas, como responsável pelo

    fortalecimento e pela preservação da imagem institucional.

    Por isso, é válido enfatizar que o advento e o uso crescente das mídias

    digitais vêm propiciando uma interação da sociedade com uma realidade digital, e as

  • 24

    ferramentas disponíveis na Web4 possibilitam uma rápida utilização, produção e

    compartilhamento de informações. Considerando que o militar, como parte

    integrante dessa sociedade, vive em uma progressiva conectividade, é importante

    que haja uma sensibilização, com vistas a perceber-se como um agente de

    comunicação institucional, de maneira que possa avaliar suas ações nas redes

    sociais e trilhar um caminho seguro no campo digital, compreendendo sua

    responsabilidade com o zelo pela reputação da corporação.

    É recorrente, quando da exposição da imagem do militar na mídia, ser

    referenciada a instituição a qual integra, de maneira que dificilmente é possível

    dissociar a identidade do militar em relação à da corporação. Em virtude do caráter

    de disponibilidade permanente da atividade militar (ESTATUTO DOS MILITARES,

    1980, Art. 5), por formar uma categoria especial de servidores da pátria, de acordo

    com o Estatuto dos Militares (1980, Artigo 5) e, regidos por normas regulamentares,

    é importante que suas ações nas redes sociais sejam compatíveis com os valores

    institucionais, difundindo a imagem da corporação, bem como a figura heroica do

    indivíduo que escolheu dar a vida pela Pátria, e que permanece sempre alerta em

    prol de sua defesa.

    É importante enfatizar que a percepção atual acerca do profissional militar do

    futuro, de acordo com o Projeto de Força elaborado pelo Exército Brasileiro

    (EXÉRCITO BRASILEIRO, p. 11) é de que deverá estar

    qualificado/habilitado/capacitado para o emprego da comunicação social. Habilitado

    para tal, o militar se apresenta como um importante meio de comunicação entre a

    corporação e as pessoas. Como um meio, o militar é uma poderosa “arma” da

    comunicação institucional perante a sociedade em que está inserido. Na perspectiva

    de McLuhan (1964, P. 20): “Todo meio ou veículo de comunicação também é uma

    arma poderosa para abater outros meios e veículos e outros grupos”. Dessa forma, o

    militar é a própria mensagem da instituição que se revela por meio de atitudes

    fundamentadas na preservação dos valores, no respeito à disciplina e a hierarquia,

    bem como no respeito à população em geral, engajada em diversas esferas sociais,

    atuando de forma ativa.

    Por conseguinte, ressalta-se a importância de uma comunicação interna

    eficaz de forma que os militares, motivados com o desempenho das suas atividades,

    4 Rede mundial de computadores; designação através da qual a Internet se tornou mundialmente conhecida a partir de 1991 (DICIO, 2019).

  • 25

    sejam capazes de ações comunicativas que se manifestem de forma efetiva, desde

    a apresentação pessoal, lembrando que o uso do uniforme é motivo de orgulho

    pessoal além de ser a representação da corporação a qual pertence (NORFORESQ

    Nº 40-27, 2019, P. 8), até a atitude militar nas ações de Garantia da Lei e da Ordem

    (GLO) e o atendimento ao público externo. Em virtude do espectro de possibilidade

    de emprego em ambiente urbano, vem ocorrendo uma crescente exposição dos

    militares às mídias digitais, decorrente dos avanços da tecnologia e acesso rápido e

    fácil, dos cidadãos em geral, às ferramentas de divulgação de informação em tempo

    real, o que implica na necessidade do militar se perceber como representante da

    corporação, diuturnamente, diante, da sociedade.

    Dessa forma, considerando-o como um agente de comunicação institucional,

    até mesmo o posicionamento do militar em seus perfis, nas mídias digitais, produz

    diferentes percepções em diferentes públicos acerca dele mesmo e da instituição em

    que serve. Nesse sentido, é válida a compreensão de um conceito bastante

    abordado, atualmente, no meio empresarial: o conceito de branding pessoal. De

    acordo com Auriani (2017), branding pessoal é o mesmo que gestão da marca

    pessoal e tem por objetivo construir uma marca que se destaque no mercado.

    Buscam-se diversas estratégias para fortalecer e elevar o patamar do branding

    pessoal. O militar, além da responsabilidade de apresentar ao público em geral o

    branding da instituição, ele representa a sua marca pessoal, representa a si mesmo,

    como indivíduo. Assim, salienta-se a importância da capacitação de militares para

    atuar nessa frente de combate que é a comunicação institucional, desenvolvendo

    ações que possam cooperar com a elevação do branding pessoal e,

    consequentemente da marca da corporação de modo a fortalecer a convicção do

    público interno e fortalecer a credibilidade da instituição perante os demais públicos,

    conforme preconiza o Plano de Comunicação Social da Marinha do Brasil (2018).

    Outro fator primordial para a difusão de uma marca é a influência. “Temos que

    os valores da figura pública reforçavam e davam credibilidade para as pessoas

    tomarem uma decisão” (SILVA, 2016, p. 263). A influência por meio de pessoas, em

    virtude do seu caráter humanizante, intensifica a empatia do seu público de forma a

    alcançar corações e mentes. Muitos empreendedores utilizam-se da influência de

    pessoas célebres para divulgar suas marcas dispondo de recursos financeiros, mas

    com a certeza da eficácia dessas ações. Assim, o militar, nas ações em defesa da

  • 26

    pátria, na garantia da lei e da ordem ou por meio de ações cívico-sociais emerge

    como uma referência para o público externo e um influenciador em potencial.

    Portanto, a sensibilização do militar acerca do seu papel como um agente de

    comunicação institucional é um poderoso instrumento de que dispõem as

    atividades de Relações Públicas. Ele é o meio e a mensagem que revela os seus

    próprios valores e os da instituição que representa. O militar é a marca da

    corporação em contato direto com as pessoas e, por meio de sua influência

    positiva, reforça a credibilidade da instituição militar perante a sociedade seja em

    um ambiente físico ou virtual.

    O advento das mídias sociais tem modificado as formas de comunicação

    entre as pessoas. O próximo capítulo visa a apresentar o modo como o Facebook

    vem sendo utilizado pela Marinha, assim como por uma parte de seu pessoal.

  • 27

    2. HÁBITOS DE UTILIZAÇÃO DAS MÍDIAS SOCIAIS (FACEBOOK)

    O objetivo deste trabalho é tornar disponíveis informações que possam

    contribuir com o planejamento de ações estratégicas voltadas para a gestão da

    imagem e reputação da Marinha do Brasil nas mídias sociais. Por ser a mais popular

    do mundo, o foco deste trabalho estará voltado para o Facebook. Assim, o presente

    capítulo visa a apresentar, de forma breve, as principais mídias sociais; as

    particularidades e os hábitos dos usuários da plataforma; como a Marinha do Brasil

    se comunica, institucionalmente, por meio do Facebook; assim como a importância

    de um planejamento estratégico para a prevenção ou resolução de possíveis

    exposições negativas da Força Naval nas mídias sociais.

    2.1 Principais mídias sociais

    Os avanços da tecnologia e o advento da internet possibilitaram o surgimento

    de novas formas de comunicação, permitindo que ultrapassasse fronteiras. Através

    dos novos meios, tornou-se possível o rápido compartilhamento de variados

    arquivos: áudio, vídeo, texto, imagem, alcançando qualquer indivíduo que disponha

    de uma conexão com a internet.

    Em 1997, teve início muito do que é considerado hoje como mídia social, por

    meio de um site de relacionamento que uniu pessoas online, chamado QQ Six

    Degrees. Assim, Jue (2010, p. 48) define mídia social através das diversas

    ferramentas disponíveis que, atualmente, ajudam a acelerar o desenvolvimento das

    habilidades de conexão, comunicação e colaboração. Outra definição é dada por

    Gitomer (2012, p. 12), para quem “a mídia social tornou-se um fenômeno que vai

    além de palavras. Centenas de milhões de pessoas no mundo todo se juntaram ao

    grupo. Em um milésimo de segundos, milhões de pessoas conseguem saber tudo

    sobre tudo e todos”. Gitomer (2012, p. 12), refere-se ao alcance e rapidez com que

    as informações atingem as pessoas por meio das mídias sociais.

    Tais ferramentas têm se valido de diversos recursos com acesso à internet

    para possibilitar a comunicação. Elas têm se tornado cada vez mais accessíveis a

    qualquer pessoa que possui uma conexão com a internet. Dessa forma, já fazem

    parte do cotidiano de boa parte da população.

  • 28

    São diversas as ferramentas que integram as mídias sociais. Elas possuem

    características e finalidades específicas. Por isso, é importante conhecer como

    funcionam e os seus usos mais comuns para aplicá-las às necessidades pessoais

    ou organizacionais.

    As consideradas principais5, de acordo com Jue (2010, p. 49) são os blogs,

    wiki’, websites de relacionamento social, fóruns de discussão, microblogs, podcasts,

    web conferências e mundo virtual.

    Com o propósito principal de que o autor compartilhe seus pontos de vista, o

    Blog, palavra resultante da justaposição de Web log6, pode ser considerado como

    um diário individual em que o blogueiro (autor) escreve assuntos, que são, para ele,

    relevantes, conhecidos como post. Por conseguinte, convida os leitores a fazer

    comentários de acordo com seus interesses. E dessa forma, os leitores fortalecem

    ao blog, expandindo, criticando ou elogiando as ideias.

    Já a wiki é um sistema colaborativo que oferece um espaço comum para que

    grupos de pessoas criem projetos em conjunto. Diversas pessoas podem contribuir

    com o trabalho por meio de acréscimos de conteúdos ou edições. A wiki também

    possibilita que grupos aprendam de forma conjunta, compartilhando descobertas e

    ideias sobre os mais diversos assuntos. A mais conhecida é a Wikipédia.

    Ferramentas consideradas como “uma forma essencial de mídia social” (JUE,

    2010, p.49), são os Websites de relacionamento social. Embora as redes sociais

    tenham suas origens nos modelos tradicionais de socialização, o advento da internet

    transformou o modo das pessoas encontrarem a quem procuram de forma rápida e

    específica, permitindo um alcance exponencial. Essas ferramentas permitem que as

    pessoas forneçam informações acerca de si mesmas e recebam informações sobre

    outras pessoas, possibilitando estabelecimento de relações das mais variadas. A

    ferramenta permite que as pessoas formem grupos de interesse comum e, ainda,

    que um perfil online se torne um currículo, permitindo a outros usuários terem uma

    ideia acerca das características pessoais. O Facebook é considerado a mais popular

    rede social do mundo, de acordo com o publicado na Revista Galileu online (2013).

    5 Todos os apontamentos indicados sobre as ferramentas foram pesquisados/definidos por Jue (2010).

    6 Serviço desenvolvido pelo norte-americano Evan Williams, proprietário da Pyra Labs. Baseia-se num software chamado blogger, que permite transformar um site num diário digital, para o registro de relatos do cotidiano de seu proprietário (ORIGEWEB, 2019).

  • 29

    Outro tipo de mídia social permite que os usuários troquem informações

    rapidamente. São os chamados fóruns de discussão, espaço onde perguntas podem

    ser feitas a um público específico e são adicionados respostas e comentários vistos

    por todos. Como, normalmente, as questões colocadas são de interesse de muitos

    grupos, as respostas e comentários apresentados são significativos e, atendem,

    rapidamente, às demandas dos usuários.

    O microblog, por sua vez, funciona como uma ferramenta em que os usuários

    respondem a perguntas básicas, podendo utilizar, no máximo, 280 caracteres que é

    o número máximo visível na tela de telefones celulares. O Twitter é o mais

    conhecido microblog. Outra característica dessa ferramenta é possibilitar que os

    usuários mantenham contato com amigos ou com pessoas que considerem

    interessantes.

    Uma ferramenta que disponibiliza o download de séries de seções de áudio

    que são enviados para assinante, os quais podem escutá-los em seus computadores

    ou aparelhos de MP3, é conhecida como Podcast. A mais conhecida é o Audacity.

    Um benefício significativo desta ferramenta é a conveniência.

    Já a Web conferência possibilita que os participantes, estando em diferentes

    lugares, se vejam através do monitor e interajam em conversas ao vivo.

    Por último, uma ferramenta que simula um ambiente dentro da web em que

    qualquer pessoa pode viver uma vida imaginária, é chamada mundo virtual. Com

    essa ferramenta, é possível ter uma identidade, abrir um negócio, comprar, vender,

    encontrar pessoas ou apenas passear.

    2.2 Particularidades do Facebook

    Em 4 de fevereiro de 2004, com o intuito de ser “um lugar para manter contato

    com pessoas que se conhecem no mundo real” (KIRKPATRICK 2011, p. 325) foi

    criada a maior rede social do planeta (G1, 2014). Com o nome de “The Facebook”,

    começou como um site voltado para alunos da Universidade de Harvard. Criado por

    Mark Zuckerberg, e seus companheiros de quarto, Dustin Moskovitz, Chris Hughes e

    o brasileiro Eduardo Saverin (G1, 2014), teve seu nome modificado para “Facebook”

    em 2005.

    Atualmente, a rede social conecta amigos, possibilita o compartilhamento de

    fotos e vídeos e o conhecimento acerca de suas individualidades, e, até mesmo, a

  • 30

    organização de manifestações, como no caso dos protestos contra as FARC7, em

    2008 (KIRKPATRICK, 2011), e no Brasil8 em 2013 conforme explica Costa:

    A mobilização de usuários do Facebook e do Twitter, os dois sites de redes sociais mais acessados do Brasil, foi considerada uma das principais forças por trás das manifestações que atingiram todo o país durante o mês de junho. Na internet, tanto usuários experientes quanto iniciantes se tornaram organizadores, comentaristas e protagonistas dos protestos (COSTA, 2013).

    Desde a sua criação, o Facebook vem sofrendo constantes transformações

    conforme indica matéria publicada no site do G1, alusiva ao primeiro decênio da

    rede, acessada em 27 de agosto de 2019. Em 2006, a rede social começou a aceitar

    o cadastro de qualquer pessoa com idade acima de 13 anos e no mesmo ano foi

    criado um “feed”9 que mostrava tudo que estava sendo publicado na página de cada

    usuário. Já em 2007, o aparelho celular foi incluído como forma de acesso à rede,

    contudo ainda era lento. Somente em 2008, foi criada uma ferramenta de bate-papo

    e foi lançado um aplicativo para iPhone. Nesse mesmo ano, foi adicionado o

    português falado no Brasil aos novos idiomas do Facebook. Em uma fundamental

    mudança em sua plataforma, a empresa lançou o Facebook Connect que, conforme

    explica Kirkpatrick (2011, p. 326), “permite que qualquer site na web autorize uma

    pessoa a fazer o login usando sua conta do Facebook, criando várias possibilidades

    ele explica, ainda, que outra função do Connect e da plataforma do Facebook é dar

    à rede social ainda mais informações sobre os usuários, ou seja, dados que não se

    7 Un millón de voces contra las FARC: em 4 de fevereiro de 2008, milhares de pessoas em mais de 160 cidades ao redor do mundo marcharam em protesto das ações das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Os protestos foram convocados por meio do site Facebook sob o nome de "Um milhão de vozes contra as FARC". A maioria dos manifestantes se reuniram na Colômbia em departamentos, como Bogotá, e nas cidades de Caracas e Maracaibo, na Venezuela. Os protestos marcados por Atlanta, Geórgia, Estados Unidos, foram seguidos por Pequim, Sydney, Tóquio, Singapura e Paris. Os protestos foram organizados por um movimento chamado "Estou Colômbia" sob o lema "Não há mais sequestros, não mais mentiras, não mais mortes, mais nenhum FARC". As FARC é um guerrilha marxista-leninista, considerado um grupo terrorista por mais de 30 países ao redor do mundo, e tem mais de 8000 membros que ocupam quase 20% do território da Colômbia (Wiki Notícias, 2008). 8 Os protestos no Brasil em 2013, também conhecidos como Manifestações dos 20 centavos, Manifestações de Junho ou Jornadas de Junho, foram várias manifestações populares por todo o país que inicialmente surgiram para contestar os aumentos nas tarifas de transporte público, principalmente nas principais capitais (Wikipédia, 2018). 9 Feeds são usados para que um usuário de internet possa acompanhar os novos artigos e conteúdos de um site ou blog sem que precise visitar o site em si. Sempre que um novo conteúdo for publicado, o assinante do feed poderá lê-lo de seu agregador (Wikipédia, 2019).

  • 31

    limitam apenas ao que eles fazem no Facebook, mas estendendo-se através da

    internet.

    Em 2009, foi criado o botão curtir, representado pelo polegar para cima. O

    ano de 2010 foi marcado pelo lançamento do filme “A rede social” que conta a

    história da criação do Facebook e, além disso, foi concebida a ferramenta de

    detecção, permitindo ao usuário marcar seus amigos em fotos. Em 2011, a rede

    implementou, nas páginas dos usuários, a Linha do Tempo ("timeline, no original") e

    ainda no mesmo ano, a empresa, contratou 16 pessoas, abrindo um escritório no

    Brasil.

    Em 2012, o Facebook se destacou pela compra do Instagram e no mesmo

    ano, a empresa começou a exibir anúncios entre as páginas que o usuário seguia e

    as publicações de amigos e também, abriu seu capital para uma oferta pública inicial

    de ações, momento em que passa a figurar na Bolsa de Valores. Em 2013, o acesso

    à rede, por meio de dispositivos móveis, superou, pela primeira vez, os acessos

    feitos por computadores e, foi implementado, no aplicativo, a função de vídeo (G1,

    2014).

    O propósito do Facebook é ser uma plataforma baseada na identidade para

    se comunicar com pessoas que você conhece off-line, (KIRKPATRICK, 2011, p.

    325). Contudo, essa antiga autodefinição da rede vem perdendo sua centralidade.

    “O futuro do Facebook envolverá o ato de dar às pessoas as ferramentas

    necessárias para que descubram relações com outras a partir dos interesses e

    comportamentos que tenham em comum”, explica Kirkpatrick (2011, p. 334). Dessa

    forma o objetivo de promover o cultivo de amizades vai perdendo espaço par um

    ambiente mais propício para o marketing.

    À medida que vai obtendo mais informações acerca dos cidadãos, o

    Facebook, cada vez mais, se aproxima do objetivo de oferecer um sistema de

    identidade universal. Dentre as metas projetadas para o futuro, está a criação de um

    novo mecanismo de compra, uma moeda virtual e transnacional, possibilitando às

    pessoas transferir dinheiro entre elas, com base nos “créditos” já existentes no

    Facebook. Baseado na identidade, esse novo mecanismo pode contribuir com a

    redução do número de fraudes com cartão de crédito.

    Segundo Twist Systems (2017), um estudo realizado acerca dos dados

    demográficos referentes aos usuários das mídias sociais aponta que a maior parte

    dos internautas adultos (79%) prefere usar o Facebook. Explica, ainda, que os

  • 32

    países que mais têm usuários no Facebook são os Estados Unidos (12%), Índia

    (10%), Brasil (7%), Indonésia (5%) e México (4%). Sobre gênero, as mulheres

    seguem na frente dos homens. Em um panorama geral, os números indicam que

    83% delas têm uma conta na plataforma, contra 73% deles. Porém, em alguns

    países, como o Brasil, os homens são maioria. Segundo a pesquisa quanto à maior

    penetração na rede, os universitários ou aqueles que têm alguma experiência

    acadêmica estão na rede. Já no que se refere à faixa etária dos usuários, a pesquisa

    aponta que o Facebook é usado por 88% das pessoas que têm entre 18 e 29 anos,

    84% das pessoas entre 30 e 49 anos, 72% dos que tem de 50 a 64 anos e 62% da

    população maior de 65 anos.

    2.3 Comunicação institucional

    De acordo com o capítulo 1 do EMA–860, Manual de Comunicação Social da

    Marinha, “Comunicação Organizacional [...] é um processo por meio do qual as

    organizações se comunicam com seus públicos de interesse” (EMA-860, p. 1).

    Dentre as principais funções da comunicação nas organizações,

    apresentadas pelo mesmo documento, estão a divulgação institucional, o

    relacionamento institucional, a interlocução com públicos de interesse, o

    gerenciamento de identidade e imagem e o gerenciamento da comunicação em

    situação de crise.

    De acordo com o EMA-860, as mídias sociais são consideradas um canal

    efetivo para comunicar informações relevantes direcionadas para os públicos que a

    Marinha do Brasil precisa influenciar, incluindo alguns que anteriormente seriam

    difíceis de alcançar. O potencial dessas ferramentas permite à Força Naval atingir os

    objetivos comunicacionais, bem como assumir uma posição de liderança sobre o

    que é divulgado acerca da instituição ou sobre temas a ela relacionados. O

    documento ressalta, ainda, a importância da divulgação do Lema institucional 10 ou

    Slogan nas peças publicitárias, assim como as ações da Força junto à sociedade,

    considerando a importância de integração de esforços com o portal da Força na

    Internet.

    10 Lema institucional da Marinha do Brasil conforme EMA-860 (Manual de Comunicação Social da Marinha): “MARINHA DO BRASIL PROTEGENDO NOSSAS RIQUEZAS, CUIDANDO DA NOSSA GENTE”.

  • 33

    Nesse contexto, o Manual de Comunicação Social da Marinha, em seu

    capítulo 12, define redes sociais como:

    Redes de relacionamentos entre as pessoas, ou seja, os indivíduos e suas interações sociais, sejam elas reais ou virtuais. Família, círculos de amizade nas escolas ou no trabalho e comunidades em bairros. O Facebook é um bom exemplo de mídia que também se enquadra como rede social virtual ou digital (EMA-860, p. 18).

    Nesse ambiente virtual, onde há uma iteração social entre os indivíduos, a

    Força Naval se faz presente, oficialmente, no Facebook, considerada, segundo o site

    da revista Galileu (2019), a rede social mais popular do mundo.

    Essa interação viabiliza a comunicação com os públicos de interesse de modo

    a transmitir a identidade da instituição que, segundo Souza (2007, p. 184), é a sua

    essência. Assim, em 7 de janeiro de 2011, foi criada a página da Marinha do Brasil

    no Facebook. Por meio da divulgação de sua missão precípua, das atividades

    desenvolvidas, das atividades subsidiárias, bem como da apresentação de

    conteúdos de interesse público, por exemplo, formas de ingresso e calendário de

    eventos, a imagem da força naval vem sendo transmitida aos seus públicos.

    De acordo com o EMA-860, um tipo de página específica do Facebook,

    específica para empresas, marcas, organizações e associações, no intuito de

    interagir com seu público de interesse são as chamados Fan Page e se diferenciam

    dos perfis, que são abertos ao cadastro de pessoas. Uma Fan Page contém um

    número ilimitado de seguidores e, mais funcionalidade que os perfis. A página oficial

    da Marinha do Brasil no Facebook, acessada em 27/08/2019, possui 1.751.057

    seguidores e 1.754.938 curtem sua página, que faz parte da categoria de

    organização governamental (Figura1), e cujo perfil é encontrado pelo ID

    @marinhaoficial.

  • 34

    FIGURA 1: PÁGINA DA MARINHA DO BRASIL NO FACEBOOK

    Fonte: Facebook da Marinha do Brasil (2019)11

    Por meio de sua página no Facebook, a Marinha torna disponível ao público

    de interesse informações acerca da identidade institucional, como sua missão:

    "Preparar e empregar o Poder Naval, a fim de contribuir para a defesa da Pátria

    (Figura 2), estar pronta para atuar na garantia dos poderes constitucionais e, por

    iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem; atuar em ações sob a égide de

    organismos internacionais e em apoio à política externa do país; e cumprir as

    atribuições subsidiárias previstas em Lei, com ênfase naquelas relacionadas à

    Autoridade Marítima, a fim de contribuir para a salvaguarda dos interesses

    nacionais", bem como disponibiliza informações de contato em um hiperlink para

    acesso direto à pagina da Marinha na internet: http://www.marinha.mil.br.

    11 https://www.facebook.com/marinhaoficial/. (Acesso em 27/08/2019)

  • 35

    FIGURA 2: PÁGINA DA MARINHA DO BRASIL NO FACEBOOK

    Fonte: Facebook da Marinha do Brasil (2019)12

    Além disso, a Marinha apresenta o propósito institucional de sua página no

    Facebook: “Bem-vindo ao Facebook Oficial da Marinha do Brasil. O propósito é

    ampliar a divulgação das atividades da Marinha do Brasil junto aos públicos internos

    e externos, e servir como ambiente interativo para discussão de assuntos de

    interesse da Marinha do Brasil (Figura 2).

    É possível ainda observar em “transparência da página” (Figura 3), um

    resumo sobre a data de criação da página, bem como o seu histórico, assim como a

    alteração referente ao nome da página.

    12 https://www.facebook.com/marinhaoficial/. (Acesso em 27/08/2019)

  • 36

    FIGURA 3: PÁGINA DA MARINHA DO BRASIL NO FACEBOOK

    Fonte: Facebook da Marinha do Brasil (2019)13

    Fotos (figura 4 e 5) e vídeos institucionais, divulgados na página do Facebook,

    são importantes módulos de divulgação que possibilitam uma interação maior do

    público externo com as atividades desenvolvidas pela Força.

    FIGURA 4: PÁGINA DA MARINHA DO BRASIL NO FACEBOOK

    Fonte: Facebook da Marinha do Brasil (2019)

    13 https://www.facebook.com/marinhaoficial/. (Acesso em 27/08/2019)

  • 37

    FIGURA 5: PÁGINA DA MARINHA DO BRASIL NO FACEBOOK

    Fonte: Facebook da Marinha do Brasil (2019)14

    De acordo com o EMA-860, timeline ou Linha do tempo, em mídias sociais, é

    como o Facebook exibe as publicações em ordem cronológica. Assim, são exibidas

    no Timeline da Marinha no Facebook, atividades realizadas pela Força em prol do

    cumprimento de sua missão institucional. A marinha também disponibiliza em sua

    página informações de utilidade pública em que o link “ingresso na carreira”

    possibilita o redirecionamento para outra página do Facebook, contendo informações

    sobre como ingressar na instituição (Figura 6).

    14 https://www.facebook.com/marinhaoficial/. (Acesso em 27/08/2019)

  • 38

    FIGURA 6: PÁGINA DA MARINHA DO BRASIL NO FACEBOOK

    Fonte: Facebook da Marinha do Brasil (2019)15

    A página da Marinha do Brasil apresenta, ainda, um calendário de eventos

    (Figura 7) relativos às programações internas e externas relacionadas às atividades

    da força.

    FIGURA 7: PÁGINA DA MARINHA DO BRASIL NO FACEBOOK

    Fonte: Facebook da Marinha do Brasil (2019)

    15 https://www.facebook.com/marinhaoficial/. (Acesso em 27/08/2019)

  • 39

    Por fim, ressalta-se que a utilização não oficial do Facebook por parte dos

    militares da Marinha do Brasil, é incentivada de acordo com o EMA-860, contudo, de

    forma responsável, valendo-se do bom senso de seus integrantes, tendo em vista

    que os conteúdos postados nas páginas individuais refletem a imagem quase

    sempre associada a instituição da qual pertence. É importante ter em mente a

    dificuldade do controle sobre o que se publica on-line, já que permanece registrado

    podendo ser facilmente replicado e até mesmo, deturpado ou mau interpretado,

    conforme aponta o documento supramencionado.

    2.4 Hábitos dos usuários do Facebook

    O Facebook é uma plataforma utilizada para conhecer gente nova, fazer

    contatos profissionais e para o relacionamento com empresas, produtos e serviços.

    De acordo Vieira (2017), em uma pesquisa sobre os tipos de usuários do

    Facebook, existem quatro tipos classificados quanto à forma de se utilizar a rede.

    Segundo a pesquisa, alguns usuários apresentam maior interesse em publicar fotos

    de si mesmo, de sua vida cotidiana, os locais que visitam e utilizam a ferramenta

    como forma de se autopromover. Tais usuários almejam as “curtidas” e ficam

    decepcionados quando não recebem o número desejado. A esse tipo de usuário, a

    pesquisa chama de amantes de selfie.

    Outro tipo de usuário apresentado, acessa a ferramenta com certa

    frequência, contudo não publica nada no perfil. A pesquisa aponta que

    possivelmente, a atuação dele na rede social é com o intuito de se manter informado

    acerca das atividades desenvolvidas pelos outros. Ela aponta, ainda que quando

    esse tipo de usuário tem interesse em algum relacionamento amoroso, esmiúça o

    perfil e até mesmo as fotos visando a identificar as afinidades, assim como os

    comentários acerca da pessoa de interesse. Esses usuários são denominados

    Stalkers, que, segundo o site Significados (2019), quer dizer perseguidor.

    O terceiro tipo de usuário identificado na pesquisa marca presença na

    plataforma por meio de postagens sobre fatos que estão ocorrendo no mundo.

    Compartilham links de diversos sites de notícias, mas geralmente não interagem

    com seus amigos. Quando querem saber informações sobre amigos, fazem ligações

    telefônicas ou os encontram pessoalmente. Esse grupo de usuários é denominado

    de informantes.

  • 40

    Por último, a pesquisa aponta um tipo de usuário que se interessa, apenas

    pelos assuntos inerentes a membros da família. Utilizam a ferramenta para manter

    contato com familiares e, dificilmente, comentam ou compartilham informações que

    não estejam associadas a eles. Esse tipo de usuário é chamado de construtores de

    relacionamento.

    Aponta, ainda, que 95% dos usuários acessam várias vezes ao dia e apenas

    48% postam conteúdo diariamente, ou seja, embora as pessoas estejam, boa parte

    do tempo, conectadas, menos da metade postam algum conteúdo.

    Em se tratando de relacionamento, 38% se dizem solteiros na rede social,

    seguidos de 30% com relacionamento sério, 26% casados, 5% noivos e apenas 1%

    se diz em relacionamento enrolado.

    A pesquisa aponta, ainda, que 95% consideram que o principal motivo para

    adicionar amigos é o de poder conhecê-los fora da rede. Em segundo lugar, com

    44%, por motivos profissionais. 5% admitiram que adicionam amigos para

    aumentarem a quantidade em seus perfis, sem se preocuparem com a origem

    daquele perfil.

    56% dos entrevistados responderam que excluem amigos de sua lista

    quando comentam algo ofensivo. Em 2º lugar, com 45% das respostas, retiram por

    não conhecer bem a pessoa e, 18% afirmaram não terem o hábito de limparem sua

    lista de amigos.

    Com 75% das respostas, o estudo aponta que o Smartphone e o celular são

    os grandes meios de acesso ao Facebook. Na sequência aparecem o laptop e o

    notebook com 14%, o desktop com 5%, os tablets com 4% e 2% acessam pelo iPad.

    Para 96% dos entrevistados, acessos costumam acontecer quando estão

    em casa, seguidos de 72% que costumam acessar em locais públicos e 62% no

    trabalho.

    A pesquisa mostra que o principal motivo de curtir (like) uma página é para

    se manter informado sobre o assunto que a mesma representa (80%). Já a

    descontração com humor e entretenimento aparece em 2º com 69%, seguidos por

    marcas e produtos de uso cotidiano (48%).

    Quando estão navegando, a maioria afirmou também que clica sempre nos

    anúncios disponíveis contra 33% que clica de vez em quando e 8% não têm esse

    hábito.

  • 41

    Quanto à relação dos seguidores com marcas, muitos deixam de segui-las

    por causa de muita propaganda (22%) e conteúdo irrelevante (49%). Os demais

    motivos para deixarem de seguir uma marca foram por poucas promoções e

    benefícios (11%), muitas publicações por dia (9%) e por conteúdo repetido (9%).

    Para que seja possível o estabelecimento de uma relação com os públicos

    de interesse, no que se refere à utilização das mídias digitais, neste caso, o

    Facebook, é de grande valia para o profissional de comunicação ter ciência dos

    hábitos dos seus usuários para melhor aplicar as estratégias para atingir

    determinado público ou, até mesmo, dissuadi-lo.

    2.5 Exposições negativas nas mídias sociais (Facebook)

    De acordo com Kunsh (2006, p. 235), “toda empresa que participa do

    mercado competitivo está sujeita a ver seus produtos, representantes e/ou sua

    marca envolvidos em exposições negativas”. Embora as instituições militares não

    estejam inseridas em um contexto mercadológico, propriamente dito, suas marcas,

    seus produtos, serviços e representantes estão rotineiramente sujeitos a exposições

    negativas, que muitas vezes interrompem o fluxo normal das atividades, requerendo

    procedimentos específicos para a sua resolução.

    Em decorrência da utilização de tecnologias cada vez mais avançadas, no

    que se refere às ferramentas de comunicação digitais, e do crescente acesso às

    mídias e redes sociais, pelos públicos das mais diversas faixas etárias e camadas da

    sociedade, não se pode negligenciar a rapidez do fluxo de informações. De acordo

    com Oliveira (2016, p. 126), “a flexibilidade e rapidez de resposta da internet

    tornaram-se o novo padrão comunicacional”, o que demanda rápidas respostas nas

    mídias e redes sociais por parte dos profissionais da área de comunicação.

    Em virtude do padrão de conectividade em que vive a sociedade, os militares

    que consequentemente, dela são integrantes, também estão cada vez mais

    engajados nas mídias digitais, e vivenciam o aumento constante da velocidade do

    fluxo de informações. Assim, como as informações são rapidamente difundidas, as

    demandas referentes ao atendimento às respostas seguem o mesmo fluxo,

    requerendo agilidade e habilidades que possam dar suporte aos atendimentos, de

    forma a não comprometer a reputação da instituição.

  • 42

    Qualquer falha quando da emissão de uma resposta pode implicar em um

    desgaste da imagem institucional e, considerando tal aspecto, observa-se a

    necessidade de capacitação de pessoal que esteja pronto para o atendimento a

    essas demandas, tanto no âmbito interno, trabalhando com outros segmentos que

    formam opinião, para evitar boatos, quanto no âmbito externo e no relacionamento

    com a mídia.

    Assuntos polêmicos e negativos, quando associados aos integrantes das

    Forças Armadas ganham vulto nas mídias digitais. Considerando o militar como

    representante da instituição, muitas vezes, não é possível dissociar a “marca” do

    militar, da corporação da qual faz parte, expondo a imagem institucional a uma

    condição de vulnerabilidade. Assim, “um longo e permanente trabalho de construção

    de imagem positiva da empresa pode ser seriamente abalado [...] por um momento

    de crise”, afirma Oliveira (2016, p. 123).

    Crise, segundo Fearn–Banks (2017, p. 6), “é uma ocorrência importante com

    um resultado, potencialmente, negativo que afeta organização, empresa ou indústria,

    bem como seus públicos, produtos, serviços ou nome”. O termo crise denota algo

    mais sério que um “Problema”. Os profissionais de relações públicas lidam com

    problemas - resolvendo-os ou evitando-os. Por definição, no entanto, uma crise

    interrompe o fluxo normal de negócios, portanto, uma crise não pode ser uma parte

    normal deste fluxo (FEARN–BANKS, 2010, p. 6).

    Como, na maioria das vezes, as ocorrências aparecem de forma inesperada,

    não apresentando aviso prévio, ações preventivas, por meio de um significativo

    planejamento de gestão de crise, contribui para a redução de seus efeitos no que

    tange à imagem e reputação institucional. É válido considerar que a prevenção é

    mais barata que o reparo (KUNSCH, 2006, p. 236). Assim sendo, as benesses do

    desenvolvimento de ações estratégicas de gestão de crise são refletidas na redução

    de impactos negativos causados por uma ocorrência, sobretudo no tocante à

    imagem e a reputação da instituição.

    Desta forma, faz-se necessária a compreensão do conceito de gestão com

    vistas a nortear os estudos. Diferente de gerenciamento, que se relaciona com a

    resolução do problema já eclodido, o termo gestão relaciona-se com a ideia de

    prevenção, com ações que contribuem, de forma preventiva, para a não eclosão do

    problema. “A gestão de risco é a antecipação do que pode acontecer, pensando tudo

    o que pode dar errado” (OLIVEIRA, 2016, p. 125). Contudo, é importante ressaltar

  • 43

    que a atividade de gestão não é capaz, por si só, de antever a todos as situações de

    crises. O que se propõe, por meio da gestão, é evitar ou reduzir a margem de

    ocorrências por meio do desenvolvimento de ações de curto, médio e longo prazo.

    Assim, aumenta a necessidade de uma liderança cada vez mais preparada

    para transmitir com clareza e veracidade as respostas que as mídias e a sociedade

    venham a requerer. O trabalho de prevenção é de extrema importância no sentido

    de identificar possíveis focos de crises nas mídias digitais, sobretudo no Facebook,

    em virtude de ser uma ferramenta de mídia social utilizada com maior frequência,

    conforme sondagem de opinião realizada por Intercom - Sociedade Brasileira

    de Estudos Interdisciplinares da Comunicação no “XXXVIII Congresso Brasileiro

    de Ciências da Comunicação – (CHAVES, 2015). Contudo, “atacar” por todos os

    ângulos minimiza os eventuais impactos que uma crise possa impetrar à imagem

    institucional.

    Podem ser consideradas, portanto, medidas estratégicas na gestão de crises,

    a realização de campanhas motivacionais com vistas a fortalecer a credibilidade da

    instituição perante o público interno, bem como ações educativas, por meio do

    desenvolvimento de programas de treinamento, visando sensibilizar os integrantes

    das instituições militares acerca do seu papel como um agente de comunicação e de

    sua responsabilidade em fortalecer e preservar a imagem institucional.

    O próximo capítulo dedica-se a apresentar ações estratégicas de marketing,

    identificando possibilidades de aplicações ao contexto da Força Naval.

  • 44

    3. AÇÕES ESTRATÉGICAS DE MARKETING E COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL

    NAS MÍDIAS SOCIAIS

    Com o intuito de buscar a melhor forma de gerenciamento das ações de uma

    organização, o planejamento estratégico ocupa lugar proeminente na sua estrutura

    para que as decisões tomadas no presente produzam resultados futuros eficazes.

    Quanto ao conceito de marketing, na concepção de Kotler, “é uma função

    organizacional e um conjunto de processos destinados a criar, comunicar e entregar

    valor para os clientes e administrar as relações com eles de forma que beneficie a

    organização e seus stakeholders16” (2012, p. 27). Já à comunicação institucional

    compete, por meio das relações públicas, o desenvolvimento de atividades que

    objetivam o marketing social17.

    Valendo-se dos conceitos supramencionados, busca-se por, meio deste

    capítulo, abordar o planejamento estratégico de marketing, apresentando a função e

    as formas de desenvolver uma comunicação de marketing eficaz, a importância do

    endomarketing nas organizações, assim como, a comunicação de marketing e

    mídias sociais, possibilitando, dessa forma, suas aplicações no contexto da Força

    Naval.

    3.1 A função da comunicação de marketing

    Comunicação de Marketing é “o meio pelo qual as empresas buscam

    informar, persuadir e lembrar os consumidores — direta ou indiretamente — sobre

    os produtos e as marcas que comercializam”. aponta Kotler (2012. p. 512). Embora

    as instituições militares brasileiras não estejam inseridas, diretamente, em uma

    situação mercadológica, o termo “consumidores” pode ser compreendido como o

    seu público de interesse18.

    16 Significa público estratégico e descreve uma pessoa ou grupo que tem interesse em uma empresa, negócio ou indústria, podendo ou não ter feito um investimento neles (Google, 2019). 17 Vincula-se às questões sociais. Vale-se dos conceitos de marketing propriamente dito para trabalhar com o produto social (KUNSCH, 2012, P.175). 18 São aqueles públicos que, direta ou indiretamente, têm direitos ou interesses associados às instituições e, em função disso, por sua ação / reação as impactam ou são por elas afetados (Instituto Federal do Rio Grande do Sul, 2015).

  • 45

    Assim, aplicando o conceito ao contexto da Força Naval, é possível identificar

    a importância da comunicação de marketing no sentido de apresentar informações

    acerca dos produtos institucionais tendo em vista a necessidade de aprovação por

    parte de seu público que também é contribuinte na manutenção do aparato militar.

    “A defesa da pátria - razão de ser das Forças Armadas - é um produto

    intangível, exceto quando colocado à prova” conforme aponta Souza (2019). Dessa

    forma, apresentar ao público de interesse as atividades desenvolvidas pelas

    instituições militares propicia uma melhor aceitação da sua existência, uma

    distribuição favorável de recursos e um maior voluntariado para o serviço militar.

    A comunicação de marketing pode ser utilizada como um importante

    instrumento capaz de promover a ampliação de relacionamentos, criando condições

    favoráveis para o estabelecendo de um diálogo que possibilite à instituição entender

    e conhecer seus públicos de forma a adequar os produtos oferecidos às suas

    necessidades.

    “Em sua acepção mais fundamental, o termo ‘comunicação’ refere-se ao

    processo de compartilhar um mesmo objeto de consciência” (HOHLFELDT 2010, p.

    14), É possível observar o estabelecimento de uma relação entre dois ou mais

    sujeitos. Aplicando tal conceito ao universo da comunicação de marketing, nota-se

    que esta não se restringe à “venda” da marca, mas, primordialmente, à ação de ouvir

    o público para a construção de uma efetiva relação. “Muitos se surpreendem ao

    ouvir que a parte mais importante do marketing não é vender”, afirma Kotler (2012,

    p. 3).

    Souza (2011) afirma: “A estratégia preconizada é de abrir-se ao diálogo com

    os meios de comunicação. Gozando de um bom relacionamento com o público, o

    sucesso pode ser assegurado em muitos casos, mesmo que ocorram situações

    adversas”. Assim, o estabelecimento de uma relação dialógica com o público de

    interesse é um ponto preponderante para o desenvolvimento da comunicação de

    marketing.

    A partir de um relacionamento significativo, é possível criar uma