mills_c_wright-a imaginação sociológica

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  • 7/30/2019 MILLS_C_Wright-A Imaginao Sociolgica

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    I '' Doao Profa. Naura

    BIBLIOTECA DE Ci:&NiAS SociAis C. WRiGHT MILL 5*

    A IMAGINAO,' '

    , I SOCIOLOGICA

    , Traduo de\VA r . n : ~ s m DUTRA

    Sexta edio

    J

    . -

    DATA: r(f31JZP A S T A : ' - - - - - - . ~ ~ ZAHAR EDITORESJN0 CO 1 5 . . , . _ . . . ; = - : . . ~ - r ruo PE JANEIROPROF . ~ ~ ~ ~ ~ w -xerox1

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    A P ~ N D I C E

    Do Artesanato Intelectual

    PABA o cientista social individual, que se sente. parte da tradio clssica, a cincia social como um ofCio. Comohomem que se ocupa de problemas de subst.nCia, est entreos qu e fcilmente se impacientam pelas cansativas ecomplicadas discusses de mtodo-e-teoria-em-geral, que lheinterrompe, em grande parte, os estudos adequados. :emuitomelhor, acredita le, te r uma exposio, feita por um estudioso, de como est realizando seu trabalho do que uma dziade "codificaes de procedimento" por conseqncia. SOmente pela .conversao na qual os pensadores experimentadostrocam informaes sbre suas formas prticas de trabalho, ser possvel transmitir ao estudante iniciante um senso tilde mtodo e teoria. Creio, portanto, que expor, comalgum detalhe, como realizo meu ofcio. :e WJla declaraopessoal necessria, mas escrita com a esperana de que outros,especialmente os que iniciam um trabalho independente, atomaro m ~ o s pessoal, pelo f ato d sua prpria. experincia.

    1.:e melhor comear, creio, lembrando aos princ ipiantes .que os pensadores mais admirveis dentro da comunidadeintelectual que escolheram no separam seu trabalho de suas

    vidas. Encaram a ambos demasiado a srio para permitir211

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    . . 'tal - ~ i a o . ~ d e s e j a m usar.cada proa dessas coisas para oe ~ n q u e c l D l ~ n t o da outra.. 1!: claro qu e tal diviso a convenao pn:;

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    ~ a i s elogiosas, como para a pesquisa planejada. O cientista social deve rever periodicamente o "estado de meusproblemas e planos". Um jovem, ao incio de seu trabalhoindependente, deve refltrtir Sbre issO, mas no podemos es- perar que le - que tambm .no deye esperar - v muitol?nge, e certamente no se deve comprometer rigidamentecom o plano. Deve limitarse quase que apenas a preprarsua tese, que infelizmente considerada com freqncia seuprimeiro trabalho independente de a l g u ~ a extenso. ,t quan-do estamos a meio caminho do tempo que temos nossa frente para trabalhar, ou a um tro dle, que essa revi so provveJ.mente ser mais proveitosa ~ e talvez mesmode intersse para s outros.

    Qualquer.cintista social que esteja bem adiantado .em~ c ~ m i n h o deve ter, .a qualquer m

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    um determinado fato, para a realizao de nossos prprios projetos. 2.

    Mas como .deve ser usado sse arquivo- que at agoraestar parecendo ao leitor mais um tipo curioso de dirio ."literrio" - na produo intelectual? .A sua manuteno uma produo intelectual. ll: um armazenar crescente defatos e idias, desde os mais vagos a:t os mais preciosos.A primeira coisa que eu fiz, por exemplo, depois de resolverpreparar um estudo sbre a elite, foi um rascunho tsco, baseado numa lista dos tipos de pessoas que eu desejavacompreender.

    . Comoe po r que resolvi escrever sse estudo mostra umadas formas pelas quais as experincias da vida alimentamnosso trabalho intelectual. No me lembro quando comecei a me preocupar tecnicamente com a "estratificao", mascreio que deve te r sido ao le r Veblen pela primeira vez..!l e sempre me parecera muito frouxo, vago mesmo, sbreo sentido de "comrcio" . e "indstria", que so uma espciede t r a d ~ o de Man: para o pbco acadmico americano.De qualquer modo, escrevi um livro sabre organizaes e l-deres trabalhistas - uma tarefa politicamente motivada:;.em seguida, um livro sbre a classe mdia - uma tarefamotivada principalmente pelo desejo de articular minhas prprias experincias na cidade de Nova York, desde 1945.Amigos sugeriram, ento, que eu devia concluir uma trilogia, escrevendo um liVl'o sabre as classes superiores. Creioque j havia pensado na possibilidade, lera Balzac na dcadade 1940 e me entusiasmara muito com a atribuio, que lese dera, de "cobrit" tdas as principais classes e tipos na so-ciedade da poca em .que vivia. Eu escrevera tambmsabre "A Elite Econ&mica", e coligira e dispusera estatsticassabre a carreira dos principais homens da poltica americanadesde a Constituio. Essas duas tarefas foram inspiradasprincipalmente por .um trabalho de seminrio sbre a histriaamericana.

    Ao escrever sses vrios artigos e livros e ao prepararcursos sbre estratificao, houve, naturalmente, um resduo. de idias e fatos sbre as classes superiores. Especialmente

    no estudo da estratificao social, difcil evitar i r alm do .assunto imediato, porque a "realidade" de qualquer ca mada , em grande parte, suas relaes com o resto. Assim, comecei a pensar num livro sabre a elite.No .obstante, no foi assim que o projeto "realmente"surgiu. O que aconteCeu, na verdade, . oi 1) que a idia eo plano saram de meus arquivos, pois todos os projetoscomigo comeam e terminam nles, e os livros sG simplesmente resultado organizado do trabalho que nles se processa constantemente, 2) depois de algum tempo, todo o conjunto de problemas ein causa paSsou a me dominar.Depois de p r e p a r ~ meu esbo rudimentar, examineitodo o meu arquivo, no s nas partes que eyidentementetinham relao com o tpico, mas tambm nas divises quepareciam irrelevantes. A imaginao levada, com freqncia, .a reunit itens at ento isolados, descobrindo ligaesinsuspeitadas. Abri novas unidades no arquivo para minhanova srie de problemas, o que certamente levou a novasdisposies de outras partes suas.Ao redistribuirmos um sistema de arqujvos, verificamos

    que estamos, por assiJn dizer, libertando nossa imaginao.Evidentemente, isso ocorre devido tentativa de combinarvrias .idias e notas sbre diferentes tpicos. :B uma espcie de lgica da combinao, e o "acaso" por vzes desempenha. nela um papel curioso. De forma despreocupada, tentamos empenhar nossos recursos intelectuais, como exemplificado no arquivo, nesses novos temas.No .caso presente, tambm c o m e ~ e i a usar minhas observaes e experincias dirias. Pensei, a princpio, nas experincias que tive em relao aos problemas da elite, e, emseguida, conversei com pessoas que, na minha opinio, poderiam ter tido experincia com tais questes, ou poderiamt-las examinado. Na realidade, comecei a alterar o carterde minha rotina, de forma a incluir 1) pessoas que estavamentre as que eu desejava estudar, 2) pessoas em ntimocontato com elas, e 3) pessoas interessadas nelas, habitualmente de modo profissional.No conheo a totalidade das condies sociais do trabalho intelectual, mas sem dvida cercar-se de um grupo depessoas que o u v ~ m e falam - e por vzes tm de ser personalidades imaginrias - uma delas. De qualquer modo,

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    procurei cercar-me' de tdo o ambiente relevante - sociale intelectual - que julguei pudsse levar-me a pensar dentrodas ' linhas de meu trabalho. sse o sentido de minhasobseryaes acima, sbre a fuso da. vida pessoal e i n t ~ l e c t u a l .O bom trabalho na cincia social de .hoje no , e habitualmente no pOde ser, feito de uma "pesquisa" empricaclaramente delineada. Compe-se, antes, de muitos estudosbons, que em pontos-chaves encerram 'observaes geraissbre a forma e a tendncia do assunto. Assim, a deciso - .quais so sses pontos? - no pode ser tomada enquanto omaterial existente no fr retrabalhado e estabelecidas formulaes gerais hipotticas.Entre o "material existente", encontrei nos arquivos trstipos relevantes para meu estudo da elite: vrias teorias relacionadas com o tpico; material j utilizado por outros, comocomprovao dessas teorias; e material j -reunido e em vriasfases de centralizao acessvel, mas ainda no transformadoem material teOricamente relevante; Somente depois de .concluir meu primeiro esbo de uma teoria, com a ajuda domaterial existente,posso localizar com eficincia minhas afirmaes e stigestes centrais, e planejar pesquisas para confir

    m ~ l a s - e talvez no tenha de fazer isso, embora saiba.nturalmente, que mais tarde terei de oscar entre o materialexistente e a minha prpria pesquisa. Qualquer exposiofinal deve no s "cobrir os dados", na medida em que stesexistem e os conheo, mas deve tambm, de forma positivaou negativa, levar COJ;lta as teorias existentes. Por vzessse "levar em conta" uma idia feito fcilmente, pelosimples confronto dela com a realidade que a modifica ouconfirma; outras vzes, necessria uma anlise ou, qualtficao deta1hada. Por. v z e s ~ posso dispor das teorias existentess i s t e m t i c a ~ e n t e , como uma srie de e s c ~ l h a s , e. com issopermitir que seu mbito organize o propr io problema. Por vzes permito que tais. teorias s6 se disponham Segundomeu arranjo, em eontextos totalmente diferentes. De qual- .

    :sa Ver, por exemplo, Mills, A Nova CIIP!e MditJ (White Collar) Zahar, 1969, cap. 13 . Fiz o mesmo, em minhas notas, com Lederere Gasset w. "teoristas da elite'', como duas reaes doutrina democmtiea dos sculos XVIII e XIX.

    quer modo, n() livro sbre a elite, tenho de levar em contao t ~ a b a l h o de homens cotno Mosca. Schumpter, Veblen,Marx, Lasswell, Michel, Weber e Pareto..Examinando algumas das notas ~ b r e tais autores, vejoque oferecem trs tipos de formulao: a) de alguns, aprendemos diretamente pela reformulao sistemtica do que ohomem diz ou de determinados pontos ou de uni todo; b)alguns autores so aceitos ou refutados, dando razes e argumentos; c) outros so usados .como fonte de sugestespara nossas prprias elaboraes e .projetos. Isso envolve acompreenso de um ponto, e a indagao: como posso colocar isso de forma comprovvel, e como posso comprov-lo?Como .posso us-lo como centro do qual elaborar - comouma perspectivada qual surgem detalhes descritivos comorelevantes? ll: nesse trato das idias existentes, decerto, quenos sentimos em continuidade com o trabalho anterior. Edois excertos de notas preliminares sbre Mosca, que podemilustrar o que estou proeurando descrever:

    Alm de suas anedotas hlst6ricas, Mosca apia sa tese com estaatirmaeio: o poder de organizalo qu e permite A minoria governarsempre. B as minorias organlzadaiJ. e elas dombuun as coflas eos h omens. 0 Mas: por que ni o considerar tambm 1> a miDorlaorganiZada. 2) a maioria 9rganizada. 3) a minoria d ~ r g a n i z a d a .4) a maioria desorganizada. Isso digno de uma exploralo emgrande escala. A primeira coisa a ser esclarecida: qual exatamente o sentido de o r ~ d a ? Creio que Mosca entende po risso: capaz de poHticu e aes maia ou menos contfnuas e coordenadu. Se assim , sua tese certa por definio. :&le diria tambm, ao que me parece, que uma "maioria organizada fmpoul-vel, porque no :ftDa1 das contas ela se resumJrla no fato de quenovoa Hdera. novas elites, estariam no alto deau oreantzaee majorit6riu,e le estaria pronto a escolher sses Hderes em sua A Classe Do-DJlllJlte. Di-lhes o nome de "DDoriaa diretoras, o que nlo Pl8lllde tolice, frente sua afirmaio .mala ampla. Um a coisa que me ocorr

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    . .rO., e a massa .maia organizada .e maia poderosa. .Parte do poder.ae fa z nu ruu, e em ~ o dle a totalidade das estruturas sociaise suas "elite& giraram E . qu e setor da clasae dominante maisorpnizado do qu e o bloco agrlcola? No se trata .de lima pergunta .ret6rica: poaso reond-la de qualquer das duas formas, desta vez- uma questio da gradao. Tudo o que quero, no momento. abrir a questio.Mosca faz UD)a oblervaio que me parece excelente e merecedora de desenvolvimento: segundo le, h i sempre na ~ c l a s l l e domiDante um grupo de C\'lpula,_e b i essa segunda camada, maior, coma qual a) a cpula estA em contato continuo e imediatb, e coma qual b) partilha das Idias e sentimentos; e portanto, segundoacredita l, tambm u pollticas (pg:fua 430). Conferir para ve rse nalguma outra parte do livro estabelece outros pontos de ligao. -.e grupo rerutado em grande parte do segundo nivel? Ser aclipula de alguma forma responsvel pela segunda camada, ou pelomenos sensfvel a ela?Esqueamos, agora Mosca: em outro vocabulio, tm01 4) aelite po r meiO da qual entendemos, aqui, o grupo de e'llpula; b) 01que t m importAncla, e c> todos os outros. .A participao no te - .gu.ndo e terceiro, Date esquema, definida pelo primeiro; e se- gu.ndo pode ie r bastante variado em seu volume e composllo erelaes com. a primeira e a terceira. (Qual , incidentalmente, oalcance das variaes das relaes de a) com b) e c>? ExaminarMOsca para 8Uiestes e ampliar s8e liOnto, considerando-o sistemlticamente.)~ e ~ q u e m a pode-me permitir levar em conta, maia claramente, u dUerentes elites, qu e sio elites segundo aa vrias. dlmena6es de e8ttat.Wcaio. E, decerto, tomar de forma clara e aignificativa a diltinlo de Pareto, entre elites governantes e nio-gover. 11antes de um modo menos formal do que a dle. Certamen te, multaspessou de alto .Utua estariam pelo menos na segunda. Oa grandesricos, por exemplo. O Grupo ou a Elite se refere ao poder, ou lautoridade conforme o caso. A elite, n e s ~ ~ e vocabulirio, slgnitlcarfasempre a elite do poda". As outras pessoas na clipula -seriam uclasses superiores, ou . os altos circulas. ~ de certa fonna, talvez, . pouamOIJ Usar em relacioa doi.B grandel. probleDI&S: a estrutura da elite e u rela6ea conceptuaJa - maia tarde talvez as subatlpltivas - das teorias de estr'a. tftlcalo e .elite. ,

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    t-los ~ a d u z i d o em estudos empricos adequados, o que sig- nifica simplesmente el)l q u ~ s t e s de f ~ t o . . . . . .Os projetos empricos necessrios ao meu tipo de trabalho devem prometer primeiro, ter r e l e v A . n c para o primeiro e .\*-;o, e sbre o qual j ~ ~ r e v i linhas acima. D e v e ~ ~ s c ~ n -fmn-lo em sua forma ongmal ou provocar-lhe a modificaao.Ou pata colocar isso de forma mais pretensiosa, devem ter.

    implicaes para as construes tericas. Segundo, os projetos devem ser eficientes e claros e, se possvel, engenhosos.. Por isso entendo que devem prometer proporcionar um grandevolume de material em proporo ao tempo e esf6ro queexigem. .Mas como ter de ser feito isso? O modo mais econmico de formular um problema para resolver o maior nmerode seus aspectos possvel um s: o raciocnio. Raciocinando, tentamos a) isolar cada questo de fato que perdura;b) fazer as indagaes de fato de tal modo que as respostas prometem ajudar-nos a resolver novos problemas, atravsde novos raciocnios. 81Para dominar assim os problemas, temos de atentar para

    quatro estgios; habitualmente, porm. melhor a t r a v ~ s s a rtodos .os quatro vrias vzes do que demorar-se demaS18do. apenas ~ dles. As fases so: 1) os elementos e ~ e f i n i -es que acreditamos ter de .levar em conta, em funao doconhecimento geral. do tpico, questo ou rea de preocupao, nossa disposio; 2) as rela6es lgicas entre essasdefinies e elementos; a construo dsses pequenos modelos p ~ l i m i n a r e s proporciona a melhor oportunidade para a81 Talvez eu deva dizer o mesmo numa Unguacem mala preten.e1oaa, a fim de tornar evidente, ao . que nl o o sabem, a lmport:Ancla de tudo lao:AJA litua&!a problemtlcas tm de le l ' f01'J11uladaa com a de

    vida ateno u nu fmpUcaea terica e conceptuafs. e iam.bm aoa paracliplU da peaQufaa e m p ~ e aos modelos de ve-. rlficalo adequados. Tala p a r a ~ e modelos, por sua vez, devemser coD.Itnifdoa de modo a permitir outras linpllca6es tericas e.conceptuaia provocactu pelO .seu .uso. . AJA ~ p U c a 6 e s tericas e concepUW. das . 1 1 ~ problemiticaa devem. primeiro, aer .plenam:ente exploradd Is.$o ezfle que o . cientista iodal esPecl11quecada uma de.t11111 llilpllca&a e a conaldere em relalo com t6duu demais, mas tambm de forma que ae harmonize com 011 para.dfimas da pesquisa ~ p f r i c a e os modelos de verlflcalo.

    manifestao da imaginao sociolgica; 3) a eliminao defalsas ' opinies, devidas a omisses de elements necessrios, definies iniprprias ou pouco claras de t r m o ~ . ounfase indevida em alguma parte d processo e de suas extenses lgicas; 4) formulao e reformulao das questesde fato que perdurem. . A terceira fase, incidentalmente, uma parte muito necessria, emboranegligenciada com freqncia, de qualquer. formulao adequada de um problema. A conscincia popular do problema - como uma questo e uma preocupao- deve ser cuidadosamente levada em conta: isso partedle. As formulaes intelectuais, decerto, devem ser cuida-dosamente examinadas e usadas na Teformulao que. se faz,ou abandonadas.

    Antes de decidir quais os estudos empricosnecessriospara a tarefa a ser feita, comeo a delinear um plano maisamplo, dentro do qual vrios .estudos em pequena escalacomeam a despontar. Vejamos, novamente, um exemplo dosarquivos:Ainda Dia estou em eondl(les de estudar Di altos clrculoa comoum todo; de modo siatemitico e empfrico. Portanto, exponho definiC(Se8 e procesios que formam uma espcie de conffguralo idealdsse estudo. Poaso, entio, tentar, prJmeiro, reunir o material exJ.tente que se aproxime dessa configurao; segundo, peDJar formasconvenientes de reunir materJal, dentro dos indices existentes, queo sa.ti&faa, em pontos c:ruclaia; e terceiro, 1 medida que tnbalho,:fazer pesquisas empfricas maia espedfl.caa, de grande escala, queseriam necessrias no fim.

    Os altos clrculaa devem, decerto, ser definidos 1111,temAtlcamenteem Urm011 de varlveis especlficu. Formalmente - eaa f apio-xlmadamente a opiniio de Pareto - alo u pessoas que tem amaJor parte do que h para ser possufclo dentro de qualquer valorou conjunto .de valres. Assim, deve tomar duas ~ : quallu varlvefa que tomarei como critrio, e que entendo po r a maiorparte.. :PepoJs de ter decidido as variveis, devo COil8tru' os melhores lndlcea que puder, se poaaivel indices quantificvela, a fimde distribuir a populao em trmoa .dlea. SlD:nente entlo podereicomear a decidir o que entendo por a maior parte. lato deveria,em parte, le l ' determinado pela 1nspeio empfrica c1u virJu dJa.tribui&s, e seu.s pontos de contato.

    Minhas variveis-chaves deveriam, a prlncfpio, Bel' bastante teraia para me prQporcionar certa latitude na eJCOlha de lndic:ea, em-bora bastante especlficaa para convidar 1 pesquisa de fndlc:es emplricol.. A medida que avanar, terei ele osc11ar entre as c:oncepGes

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    e i ~ d i c e s , g u i a d ~ pelo .desejo .de. ni o pe,rder os sentidos pretendidos,e no obstante ser ~ eapecffico quan to a les. Eis aqui quatrovariveis weberianas com as quais comearei:I. Claue refere-se s tontea e voiume de renda. Necessito, p o r ~tanto, de .distribuies de propriedade e de renda. O material idealno caso (e muito escasso, e . infelizmente com datas) uma tabu- l!lo combinada da fonte e do volume da renda anuaL Assim, sabemos que X po r cento da populao recebe durante 1936 Y milhesou mais, e que Z por cento de todo sse dinheiro era oriundo da

    propriedade, W por cento . da s retiradaa de homens de neg6cios,Q por cento de aalrios. Nessa dimenso de classe, posso definiros .cfrculOI! ~ r i o r e s - os que 'tm maia -:- seja como os que recebem determinados volumes de renda durante determinado tempo- ou, como. os que constituem os 2% superiores da pirAmide derendas. Examinar os registros do Tesouro e as relaes de grandescontribuintes. Ve r se as tabelas da Comfss(o Econmica NacionalProvls6rla sbre fontes e volume de renda podem ~ atualizadas.. II. St4tw refere-se intenaidade da deferncia recebida. Paraisso ni o exfatem fndices simples ou quantificveis. Os lndices existentes exigem, para sua aplicao, entrevistas pessoais, e aio l imitados, at agora, aos estudos de comunidades locais, que em st.iamaioria no tm grande valor. B ainda o problema de que, aocontrrio da classe, o atatur envolve relaes soclajs: pelo menosuma pessoa para receber e outra para prestar a deferncia.

    :1: fcil contundir publicidade com deferncia - ou antes, nosabemos ainda se o volume de publicidade deve ou no se r usadocomo um fndice de posiio de mtu., embora s;ia o mais 1cU deobter. cPor exemplo: em um ou dois dias sucessivos em meados de~ de 1952, as seguintes categorias de pessoas foram mencionacluJlOJDbialmente no Neto Y01"k T ima - ou em p4ginaa escolhid8s desenvolver isto.)In: Poder refere-se reaUZaio da vontade, mesmo que outro11 resistam. Como o mtu., ainda nio foi catalogado em fndices. NAo creio que possa mant-lo numa dimenso nica, mas terei de .falar a) da autoridade formal - definida pelos direitos e podres de posies em vias instituies, especiaJmente militar, poltica e econ6mlca. E b) podres exercidos Jnformalmente, mu nl o I ns titudos formalmente - lideres de grupos de pressio, p:ropag8n. diatas com grande nmero de veJculoa 1 sua disposlio etc. IV. Oeupaco refere-se u atividades remuneradas. Novamente,

    devo escolher qual acaracterfsttca da ocupa(o, que tomarei. a) Se usar a renda mdia das vrias ocupaes, para classJtlci-lu, estarei naturalmente usando a ocupao como um fndice, e como a bale, da c1use. Da mesma forma, b) se usar o af4tw. ou o Poder t ip ica mente lipdoa 8 difereDtes ocupaes, entio eStarei UI8Ddo as o cu pa es como lndlces e bases do poder.- da habllidade .ou talentO. 11&8 isso ni o , de forma alguma. um modo fcil. de classificar peuoaa.A habilidade - no ma qu e o atatu.s - nl o uma coisa homogn8a,da qual exista mais ou exista menos. Tentativas para trat-la deaaforma tm, hbitualmnte, de ser feitas em trmos do tempo ne

    cessrio para adquiri-laa, .e talvez isso deva bastar, embora eu espereencontrar uma soluo melhor.iates so tipos de problemas que terei de resolver para definiranallticamente e emplricamente os clrculos superiores, ern trmosdesSas quatro variveis-chaves. Para finalidades de planWcao,suponho t-las resolvido satisfatOriamente e ter distribuldo a populao dentro dos trmos de cada uma delu. Teria, ento, quatrogn.apos de pessoas: os que estio na cpula em classe, atatul, podere babllidade. Suponho ainda mais, que tenha isolado os 2% do alto

    de cada distribuiio, como um .circulo superior. Enfrentarei, entio,esta pergunta empiricamente reapondivel: qua l a interpnetr aloentre eil8as quatro distribuies? Uma pm a de posaibllidades pode rser localiziida dentro dste diagrama anples e da histria em meu esquema. Nlo alu apenas nova8questael emplricu li o tambm relevantes para u definiles. Pois

    a> delejamoa deixar aberto se ao cla88iftcar ou nl o as peiii088 .emtaninos de qualquer de no8SU varliveJ.s-cbaves, devemos detlnirDOI888 cateJOrias em ttrmo1 do tempo qu e elas, ou 8U88 famfllas,ocuparam a posilo em questlo. Por exemplo posso querer decidir

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    qUe oa 2% superiores do mtw.- :ou pelo menos \un importantetipo de .tc&tua - consistem dos que al i ~ o pelo menos h duasgeraes. _Tambm b> desejo deixar aberta a questio de ile devoou ni o construir "uma camada", nio s6 em trmoa de interseio de m ~ t i p l a s variveis, mas tambm em 1 ~ com a definio deWeber, da classe social como composta das posies entre as quais. h mobilidade tfpica e fcll". Assim, as ocupa(ies burocriticaa inferiores e os. trabalhadores assalariados mdios e superiores em certasindrtriaa parecem formar, nesse sentido, uma .camada.

    curso da leitura e da an&lise das teonas de outros,planjando a pesquisa. ideal e manuseando os arquivos,tnamos a, organizar uma lista de estudos especficos. AI- gtills dles so demasiado amplos para serem postos em prtica, e. com o tempo ser abandonados, l a m e n t v e l m ~ n t e .Otros acabaro constituindo material para um pargrafo,uwa seo, uma frase, 1un captulo; outros, ainda, se transformaro em temas que permearo todo um Uvro. Eis, no.vamente, algumas notas iniciais para vrios dsses llrojetos:i> Uma anUae teDi.po-oraJnenrla de um dia de trabalhotpico de dez altos diretores de grandes empraa.s, e o mesmo paradez adminfa1radores federais. Essas observaeS serio combinadascom entrevistas "biogrficas" detalhadas. A finalida de descreveras rotiU e deciSs mtlls importantes, pelo menos em parte, emtermos do tempo a elas dedicado, e obter uma viso dos fatGres relevantes par as decis&a tomadas. O processo variar naturalmentecom o grau de copraio obtid(), mas idealmente envolved, pri-meiro, uma entrevista na qual a J,st6ria da vida e situao presentedo homem si o e J ~ C i a r e c l d a s ; segundo, obaervaaes do dia, j)ennane-endo, reaimente, a UiD canto do eseritrlo do entrevistado, e &eguf.ndo-o a toda parte; terceiro, uma entrevista maiai prolonpda na quela noite, ou no .dia squlnte , il a qual e.xam.inaremos totalidade

    dO dla e nalillaremo. os procea subJetivos envolvidos no compor.tamento externo qu e blrvamos.I> tnna DUae doa ftDI de semana da claise supet!or, nosquais as rotinas serio obllerVadaa de . perto, seguiJld-se entrevistaade 8JIlilel CCJm o homem e Utl'ol membros d IIU& famflia, na

    lli\Uida-feira seguinte.Para .ambu as tarefas, teaho boDI contatos e, naturalmente, OIboDi contatos, se devidamente tratados, levam a outros ainda melhores[8Cl'eiCelltado em 195'1: llll -mostrou-se um _enpnoi.3) Uzn estudo cia verb de tepresentalo de outros privUllosque, juntamente com os llalArioi e outras rendas. formam o padro eestilo de vid noe altos nivela. A idia, a q u i ~ obter aliO de concretA>sllbre a "burocratlzaio do consumo", a transferncia das despesasprivadas para u conts correntes comerciais.

    4) Atualizar o tipo de informao contido em livros comoAmeTiccl'a Sq Famiel, de Lundberg, que se baseou nos impostospagos em 1923.5) Reunir e sistematiZar, dos registros do Tesouro e outru.fomtes governamentais, a dilltribuilo doa vrios tipos de propriedade privada, . pelas quantias. 8) Estudar a carreira dos Presidentes; todos os membros doGabinete e todos os membros do Supremo Tribunal. J i tenho 11180

    em cart6es IBM, desde o periodo constitucicmal at o segundo IDBDdato de Truman, mas desejo ampliar os itens usados anallli-loade nOvo.

    H outros "projetos" (85,--aproximadamente) dsse tipo(per exemplo, a comparllo do volume de dinheiro gastonas eleies presidencais de 1896 e 1952. comparao detalhada do Morgan de 1910 e Kaiser de 1950,_e algo de concreto sbbre as carreiras de "almirantes e generais"). medida que vnamos, .devemos, decerto, ajustar nossoobjetivo ao que acessvel.Depois de tomadas essas notas, comecei a . ler trabalhoshistricos ~ b r e s grupos de cpula, tomando notas .OQasionais (e no arquivadas) e interpretando a leitura. Notemos, realmente, de . estudar um tpico no qaal estejamotrabalhando; pois como j disse, quand,o estamos no a s s u n t o ~le encontrado por . tda parte. Tornamo-nos sensvel$ aossew temas, vemos e ouVimos referncias a les em tada anossa experincia, especialmente, acreaito, em reas .apu-entemente no-correlatas. At mesmo os m e i o ~ de comunicao em massa, em particUlar os 11UlUS filmes e os romancesbaratos, as revistas de fotonovelas e os programas noturnosde rdio, adquirem nova importncia para ns.

    4.Mas o leitor pode indagar: como ocorrem as idias?

    Como a i111aginaqo estimulada a colocar juntos tadas uimagens e fatos, a tom-las relevantes e-dar ~ t i d o a lesPNo creio que tenha, realmen-te, uma r e ~ a Posso apenasfalar das condies gerais e de algumas tcnicas simples q u e ~acredito, aumentaram minhas possibiliddes de chegar .a alguma coisa de navo.A imaginao sociolgica, pemdtarn-me lembrar, consisteem grande parte na capacidade de passar de uma perspecti

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    va a outra, e no proces5:0 estabelecer, uma visij.O adequada de uma sociedade total de .Seus componentes. essa imaginao que distingue o cientista social do simples tcnico,Os tcnicos adequados podem ser treinados nuns poucos anos. A iniaginao sociolgica tambmpode ser cultivada;ela dificilmente ocorre sem.um grande volume de trabalho.que com freqncia de rotina. =- No obstante, h umaqualidade inesperada em relao a ela, talvez porque suaessncia seja uma combinao de idias que no supnhamos combinveis - digamos, uma mistura de idias da Filo-sofia alemi e da Economia britAnica. H um certo estadode esprito alegre atrs dessa combinao, bem como . ummtersse realmente muito grande em ver o sentido do mundo,que falta aos tcnicos. Talvez stes sejam demasiado bemtreinados, treinados com demasiada preciso. .Como ningumpode ser treinado apenas no que j c o n h ~ d o , o treinamento por vzes incapacita-nos de aprender novos modos;leva-nos a rebelar-nos contra o que deveria ser, a princpio,espontAneo e desorganizado mesmo. Mas temos de nos apegar a imagens e noes vagas, se forem nossas, e devemos de- senvolv-las, pois quase sempre as idias originais se apresentam assim, inicialmente.

    H formas definidas, creio, de estimular a imaginaosociolgica:1) No nvel mais concreto, a redisposio do .arquivo,como j disse, uma forma de convidar a imaginao. Simplesmente esvaziamos pastas at ento desligadas entre si,misturamos seu contedo, e lhe damos nova disposio. Procuramos f ~ - l o de forma mais ou menos despreocupada.A freqncia e a extenso dessa nova arrumao variam comos diferentes problemas que temos, e com a forma pela qualevoluem. Ma$ a mecAnica do processo apenas essa. Deve

    mos ter em mente, decerto, os vrios problemas s6bre osquais estamos trabalhando ativamente, mas tambm. procuraremos .ser passivamente receptivos a qualquer ligao im- .prevista e no-planificada. . 2 Ver 01 excelentes artigos s6bre "perceplo" e reaUzalocriadora" de ButchJ.DIIon. em Stud1t ot lntematlcmGl ltelotioRI, orla-nfzado po r Patrlck Mullaby, N. York, .1949.

    2) Uma atitude lcida em relao s frases e palavrascom

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    bm nos ajudam a lmaghiar e c o n s t ~ . Na verdade, nos l- . mvel, colhendo luz de t a n t o ~ Angu!os q u a n ~ o possvel. timos quin2:e anos.no creio ter e ~ n t o mais de uma dzia de Q u a n ~ o a isso, esrever dilogos muito til. pginas de esboos sem usar a c l ~ i f i c a l o cruzada -:- ~ m b o r a , Muitas vzes nos descobriremos pensando contra algu decerto, no se revelem .. ais diagramas. A maiona d ~ l e s ma roisa, e ao. procurar compreender tim nvo campo into no revela .qualquer utilidade, mas ainda. assim teremos apren lectual, uma das primeiras coisas a fazer expor os prlncidido alguma coisa. Quando funcionam, ajudam-nos a pen$lll" pais argumentos. Um dos sentidos da expresso "estar a parcom mais c l a r ~ a e escrQver com tmds objetividade. Permi da literatura" ser capaz de localizar os advenrios e a m i ~tem-noJ descobrir o pleno alcancee llS relaes dos tnnos gos de todo ponto de vista existente. Incidentalmente, noe s m o ~ com os quai s pensamos e os fatos de que nos c u p a m o s ~ . muito aconselhvel nos impregnarmos demasiado da lit&.Para o soci6lo,o, a ob.ssificaio c ~ d a o que a cna.. .ratura - podemos afogar-nos nela, como Mortimer Adler.gramao de uma sentena para o gramtico. Sob muitos Talvez o importante seja saber quando devemos e quan-do no devemos. aspectos, a classifialo ~ d a a gramtica mesma da ima ginao sociolgica. Como tda gramtica, deve se! ?on 5) :O fato de que, em favor da simplJcidade, na clas trolada, no se lhe pmnittndo e$Capar aos seus objetivos. sificao cruzada, deveJDos trabalhar primeiro em trmos de4) F r e q e n t e m e n t e ~ temos a melhor percepo consi sim-ou-no,_estimula-'llOS a pensar nos extremos opostos. Issoderando os extremos - pensando o oposto daquilo que nos geralmente bo111, pois a anlise q ~ a l i t a t i v a ni o pode proporpreocupa diretamente. Se refletimos sbre o desespro, pen ci()nar as freqncias ou grandezas. Sua tcnica e seu obje.samOJ tambm, ent!o, na tranqilidade; se. e s t u d ~ m o ~ o. ava tivo dar a variedade dos tipos. Para muitas f i n a l i d a d e ~ ~ ; niorento, lembramcrnos do perdulrio. A colS8 mms diffcd no precisamos de mais do que isso, embora para outra, decerto,.mundo estudar um objeto: quando procuramos contrastar precisemos de obter uma idia tnais precisa das proporesvrios dles, temo melhor pen:epo dos materiais e p o ~ e - em j&go.mos ento ~ a b e l e c e r as dimenses em que as comparaoes A imaginao pode ser libertada, s vzes,m\>ertendo-seso feit.. Vetemos que oscu entre a ateno e ~ s s a s di- deliberadamente o senso de proporo. 81 Se alguma coisa nosmenses o os tipos coneretos bastante esclarecedor. Essa par-ece muito p e q u e n ~ imaginar que simplesmente enorme,tcnica tambm logicamente s6lida, pois sem uma amostra, e indaguemos: que diferena faria isso? E vice-versa, para

    s podemos formular suposies sbre as freqncias ~ - os fenmenos gigantescos. Que aspectos teriam as aldeiasd:Jticas: o que podeJJlO$ fuer dar o alcance e. os p r i n c i p ~ analfabetas, com populaes de 00 milh6s? Hoje, pelo me.tipos de alguns fenmenos, e para isso mms econtnmco no penso, nunca, em contar realmente, u medir.comearmos con$lruindo "ti pos polues" que $6 oponham nada, antes de ter jogado com cada um de seus -elementosvrias dimenses. Isso nio quer ~ e r , naturalmente, que nao e condies e conseqncias, num mundo iu.ghubio no qualcontrole a escala de tudo. 1!! isso que os .matfst:icos d ~lutaremo para ganhar e manter um senso ~ a p o r o riam entender, mas nio e n t e n d e ~ com sua horrvel frasezt.qlle no busquemos uma chave para as frequncw de deter nha "conhecer o universo de fazer a amostragem".minados tipos. Na verdade, estamos sempre tentando combinar essa busca com a procura de ndices para os quais po- 6) Qualquer que seja o problema de que nos ocupaderamos encontrar ou colhr estatsticas. mos, veremos ser .til tentar obter uma peroepio comparadaDevemos usar vrios pontos de vista .,...... essa a minha idia do material. A busca de casos comparveis, seJa numa cicentral. Perguntaremos, P

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    II' I

    - . .Jamis deveramos pensar em descrever uma instituio naAmrica do sculo XX, sem ter em mente instituies semelhantes em outros tipos de estruturas e perodos. Isso ocor- .re .mesmo que no fal!ms. c()mparaes explcitas. Como tempo, chegaremos quase automAticamente a orientar historicamente a nossa reflexo. Unia raziio disso que porvzes o objeto de nosso exame ~ t a d o em nmero: paratrmos dle uma percepo comparada, temos de coloc-lodentro de uma moldura histrica. Ou, em outras palavras,a abordagem pelo contraste exige o exame do ~ a t e r i a l histrico. Issa por vzes result em aspectos teis wa uma anlise de tendncias, ou leva a uma tipologia de fases. O

    m a t e ~ l histrico, portanto, ser usado devido ao desejo dese obter um alcance maior, ou um alcance mais adequadode algum fenmeno - e por isso entendo uma perspectivaque inclua as variaes de dimenses conhecidas. Certo conhecimento da histria indispensvel ao socilogo; nem talconhecimento, no importando o que mais saiba, estar simplesmente invlido.7) .H, finalmente, um po:t;lto que tem inais relaocom o ofcio de preparar um livro do que com a liberao

    da .imaginao. :Esses dois aspectos so, porm, com fre-qncia, um.mesmo: a forma pela qual dispomos o materialpara apre.5enhio sempre afeta o contedo de nosso trabalho, Adquiri tal idia com um grande compilador, LambertDavis, que depois de ver como a usei, creio que no a aceitaria como filha sua. Essa idia a distino entre o temae o tpico. O tpico um assunto, como "a carreir dos diretoresde emprsa" ou "o crescente poder dos oficiais. militares",ou"o declnio das matronas na sociedade". H a b i ~ l m e n t ~ ,a maior parte do que temos a dizer sbre um t6pieo podeser fcllmente colocada num captulo ou parte de capttulo.Mas a ordeiQ. na qual todos os .nossos tpicos disposta nosleva, com freqncia, ao reino dos temas.O tema uma idia, habitualmente de alguma tendn- .cia significativa, um conceito importante, Uina distino-cha-ve, com a racionalidade e raZo, por exemplo. Ao trabalharmos na construo de um livro, quando chegamos a compreender os. dois ou. trs ou, segundo o caso, os seis ou setetemas, ento saberemos que estamos no alto da tarefa. Re

    conhecermos sses temas porque insistem em serem arrastados pata todos os tipos de tpicos e talvez julguemos quese trata de simples repeties. E por vzes o so! ! quasecerto que estaro, s.empre, nos pargrafos mais .densos .e confusos, mal escritos, de nosso manuscrito.O que d e v e ~ o s fazer . isol-los e formul-los de modogeral, coin a m a i o ~ : clareza e bnmdade possvel. Ento, bemsistemAticamente, devemos estabelecer uma classificao cru-zada dles, dentro do mbito total de nossos tpicos; 'Issosignifica que indagaremos cada tpico: como afetado por sses temas? E ainda: qual o sentido, se houver, de cadaum dsses temas e dsses tpicos? .

    . 0 t e m ~ . pode exigir um captulo OU. uma seo, talvezao ser introduzido inicialmente, ou talvez num sumrio final.Em geral, que a maioria dos autores - bem como dospensadores mais sistemticos - concordaro que em determinada altura todos. os temas devem aparecer jwitos, emrelao mtua. Com freqncia, embora nem sempre, possvel fazer . isso no in.ci de um livro. Habitualmente, em. qualquer livro. bem construdo, dever. ser feito .mais ou m ~nos no fim. E, .evidentemente, em todo o livro devemospelo menos relacionar os temas com cada t6pico. ::t maisfcil escrever sbre isso .do que faz-lo, pois a queSto nemsettlpre to mectnica quanto aparenta; Mas por v ~ e s - pelo menos, se os temas esto devidamente isolados e esclar:ecidos; Mas a est a questo. Pois aquilo que no con. texto do artesanato literrio tem O nome de teina, DO C()D .

    t e x t ~ do . rbalho intelectual recebe o nome de idias..Podemos verificar, por vzes, que um livro no teJD, narealidade, temas. :&: apenas uma fileira de tpicos, cercadospor introdues metodolgicas metodologia; i n t r o d u ~tericas teoria. Elas so, na verdade, indispensveis aopreparo 'de livros por homens sem idias. E indispensveltambm .a falta de inteligibilidade. 5 . .

    . .. Todos concordaro em que os trabalhos devem ser apre sentados. em linguagem elara e simples, na medida em que oassunto e .os pensamentos o permitam. Mas como podere mos JJOtal', uma prosa empolada .e polissilbic no predo mina nas Cincias Sooiais.. Os que a empregam j u l ~ m . creio

    l

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    eu, estar imitanClo a "cincia fsica", e no fm c o n s c i ~ c i ade que tal prosa no . otahnente necessria. T disse, naverdade e com autoridade, que h "utna crise . na alfa-_hetizao"-- crise de que participam os cientistas sociais. uSer essa .linguagem pculiar provocada pelo fato de estaremsendo debatidos questes, conceitos, mtodos sutis e profundos? Se no, quais ento as razes daquilo que MalcolmCowley chamou, apropriadamente, de "soclfngua"? 85 Serela realmente necessria para um trabalho . adequado? Sefr, nada se poder fazer; mas se no fr; ento comoevit-la?Acredito que essa falta de inteligibilidade fcil habitualmente nada tem a ver com a complexidade do assunto, nemcom a profundidade do pensamento. Relaciona-se quase totalmente com certas confuses do autor acadmico sbre seuprprio status.Em muitos crculos acadmicos, hoje, quem tentar escrever de forma simplesmente inteligvel _condenado como"simples literato" ou, pior ainda, como "simples jornalista". a l ~ e z o leitor j saiba que tais frases, ta l como habitual. mente usadas, indicam apenas uma deduo espria: super

    ficild, porque compreensvel. .O homem acadmico na Amll-riC'a est _procurando levar uma vida intelectual sria numcontexto soeial que, com freqncia, parece contrrio a ela.Seu p r ~ s t g i o deve compensar muitos dos valres predominantes que sacrificou ao escolher a carreira a c a d ~ m i c a . Seudesejo de prestgio toma.,se dependente de sua auto-imagemcomo "cientista". Ser chamado de "mero jornalista" faz comque se sinta indigno e superficial. :t esta situao, creio. arazo do vocabulrio complicado e da forma prolixa de e$crever e falar. :E menos difcil aprender tal -estilo do que" Foi Edmund Wilson, considerado de modo geral como "omelhor critico no mundo de lingua ingi&a, que escreveu: "Quanto miDha experincia com artigos 4e especialistas em Antropologia eSociologia, . levou-me a concluir que a exigncia, em D'1lnba universidade ldei.l, de .ter oa trabalhos de todos os. departamentos s u b ~ e- _tidos a um p r o f e a ~ r de 1fngua, poderia resultar no revolucionamentodaeos. 8.118untos .:.... se que o segundo dles conseguisse. realmente,sobreviver.,. A Piece of M11 Mind, N. York, 1956. p. 164. 111 lrtaicolm Cowley, "Sociological Habit Patterns In Llngulstic:TransmogtlficaUon", Tlle RepOrter, 211 de setembro de 1956, pp. 1 e ss.

    28.4

    no aprend-lo. Tomou-se uma conveno - os que no oe m p r ~ g a m , esto sujeitos desaprovao. Pode ser resultadode um cenar fileiras acadmicas dos medocres, que compreensivelmente .excluem a q u ~ l e s que despertam a ateno daspessoas inteligentes, acadmicas ou no.

    Escrever pretender a ateno dos leitores. Isso partede qualquer estilo. Escrever tambm pretender .para si umBt

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    Mas, indagat o leitor, no precisamos, por .vzes, de t ~ -mos tcnicos? et :t claro que S i m ~ mas "tcnico" no significa necessriamente "difcil", e sem dvida.. no significa ummero jargo. Se os trmos tcnicos so realmente nece5s- .rios, e tambm. seu sentido expcado . clara e precisamente,no ser diffcil us-los num contexto simples, que os apresente significativamente para o leitor.H talvez am a objeo: as palaVras da linguagem comum

    esto quase sempre "carregadas" de sentimentos e valres epor isso seria melhor evit-las em favor de novas palavrasou trmos tcnicos. Eis minha resposta: certo que as pa-lavras comuns esto por vzes "carregadas". Mas muitostrmos tcnicos em uso na cincia social tambm esto carregados. Escrever com clareza controlar tais " c a r g a s " ~ dizerexatamente o que queremos, e de forma que smente ssesentido, e apenas le, ser entendido pelos outros. Suponhamos que nosso sentido pretendido est limitado por umcrculo de um metro e meio, no centro do qual ficamos ns;suponhamos que o sentido c o m ~ n d i d o pelo nosso leitor outro crculo s e m e ~ t e , no qual est le. Os crculos,esperemos, se confundem. As propores .em que les seconfundem retratam o xito com que nos comunicamos. Nocrculo do leitor, a parte que no se confunde -:- a reado sentidO no-controlado; le lhe deu o sentido que quis.Em nosso c r c u l o ~ a parte .que no se confunde - outra mostra de nosso fracasso: no conseguimos transmiti-la .Bhouder, N. York, 1M4. Ver tambm o excelente debate por Barzune Gratf, TM .llodcm .Reaecm:het-, op. cU.; G. E. Kontague, A Writer' Notu oa H Trdde, Londrel, 1930-1949, e Bonainy Dobre,Modem 'ProH Stvle, Ox!ord.. 19M-19150.

    " 011 que compreendem a liDiuagem D1atem.Atica muito melhordo que eu dizem ser ela precisa, econ6mlca, clara. :1 po r la o quedeacon:flo de 1antoll clentbtaa IOclaiJ que pretendem para a KatemiUca um 1upr central entre 01 mtodos de estudo 10c1a1, eobltallte eacrev1D prota Imprecisamente, antlecon6r;nicamente eobacUramente. Deveriam tomar uma Ulo com Paul ~ e l d , queacredita mUito Da MatemAtica e cuja prosa *npre revela, at mesmonum primeiro ellb6o, as q u a l l d a d ~ matem!tlcu Indicadas. Quandon1o poao compreeader ma Matemitfca, sel que la o 6 conseqillnc:lade minha iporAncia; como dllicordo do que le escreve . em llniUil-gem Dio-matemitlca. ael que 6 porque le estA enpnado, pofa sempre entendeDlDS precisamente o que le l!ltA clizeDdo, e portanto

    ~ t a m e n t e onde 1e enganou.

    A habPidade do autor est em fazer que o crculo de sentido do leitor coincida exatamente com o seu, escrever de talmodo. que . ambos fiquem no mesmo crculo de sentido controlado. Meu primeiro ponto, portanto, o de .que a maioria .da''socHngua" no tem relao com qualquer complexidade de assunto ou pensamento. 1!:. usada ...:... creio que quase total

    mente - para as pretenses acadncas. Escrever dessa forma dizer para o ]eitor (quase sempre inconscientemente, tmho a certeza): ."Sei de alguma coisa to difcil que voc s6 poder compreend-la se aprender primeiro minha lingua gem difcil. Enquanto isso, voc um mero jornalista, um leigo, ou. algum outro tipo s u b d e s e n v o ~ v i d o . " 2) Para responder segunda pergunta, devemos distinguir duas form,as de apresentar o trabalho de cincia social, Segundo a idia que o autor faz de si mesmo, e a vozcom a qual fala. Uma forma nasce da idia que le umhomem que pode gritar, murmurar ou rir entre dentes mas ser sempre entendido. :t tambm evidente o tipo de

    homem que : confiante .ou neurtico, direto ou complicado, o centro de eXperincia e pensamento. Descobriu algumacoisa, e nos est falando d e i ~ . explicando como a descobriu.t essa a voz exiStente atrs das melhores exposies.- A outr forma de apresntar o trabalho a de no usarqualquer voz humana. Essa forma de escrever no , absolutamente, uina "voz". 2 um som autnomo, uma prosa fabricada .por uma mquina. O fato de estar cheia de jrgo no to digna de nota quanto seu maneirismo extremado; no apenas impessoal, pretensiosamente impessoal. Os boletins .governamentais so, por vzes, escritos nesse estilo.

    As cartas comerciais tambm. E grande parte da cinciasocuL Qualquer escrito - com exceo talvez .de algunsgrandes esti&tas - que no seja imaginvel c o m ~ discursohumano um mau escrito.

    3) Mas finalmente h a questo dos que devem ouvira voz - e refletir nisso tambm nos leva a pensar nas caractersticas do estilo. :t muito importante para qualquerautor ter em mente exatamente. quais os pblicos a que sedir ige - e tambm o que realmente pensa dles. No so

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    questes fceis: para r e s p o n d ~ ~ ~ s bem so necess!rlas decises sbre si mesmo bem como sbre o conhecimento dopblico leitor. Escrever . pretender ser lido, mas por quem? .Uma resposta foi sugerida por meu colega, Llonel Trilling, .que me autorizou a r e p r o d u z i ~ l a . Devemos supor quenos pediram uma conferncia s6bre um assunto que conhecemos bem, perante um pblico de professbres e alunos detodos os departamentos de \Jma importante universidade bemcorno vrias pessoas interessadas, vindas da cidade prbxima. Suponhamos que sse pblico est nossa frente, e que temo direito de saber; suponhamos que estamos dispostos atransmitir-lhe sse conhecimento. E escrevamos.

    H quatro possibilidades simples disposio do cientista social ('Orno autor. Se le se reconhecer como uma voze S?por que fala para um pblico como o que descrevi, tentara escrever uma prosa legvel. Se considerar-se como umavoz, mas no tiver qualquer conscincia do pblico, poder!cair fcilmente em elucubraes ininteligveis. Deveria termais cautela. Se considerar-se menos uma voz do que umagente de algum som impessoal, ento - se encontrar p'!blico - mais provvelmente ser um culto. Se, sem conhecer sua prpria voz, no encontrar nenhum ptiblico, masfalar apenas para um registro que ningum faz, ento supo- nho que teremos de admitir que se trata de um verdadeirofabricante de prosa padronizada: um som annimo num grande salo vazio 1!: um espetculo aterrorizador, como nanovela de ICafka, e realmente deve ser: estamos falando dolhnite da razo.

    A Unha entre a profundidade e a verborragia , comfreqncia, delicada, perigosa mesmo. Nfngumn negar oencanto curioso daqueles que - como no pequeno poema de Wbitman - ao incio de seus estudos ficam tio contentes e a t e ~ o r i z a d o s , 8() ~ s m o tempo, com o primeiro passo, que no dese)am mais Ir alm. Em si, a lngua constitu(um mundo maravilhoso, mas, envolvidos nesse mundo, ni odevemos tomar a confuso do iDfcio com a pJ:Ofundidde dos .resultados acabados. Como membros da comunidade acadmica, devemos ver-nos como representantes de uma lin-guagem realmente grande, e esperar e exigir de ns mesmos que, ao falar ou escrever, estejamos dando p10$seguimento ao discurso do homem civilizado.

    H ~ i n d a outro ponto relacionado com a influncia mtuaentre a escrita e o ~ n s a n i e n t o Se escrevermos apenas comreferncja ao que .Hans Reichenbach chamou de "contextoda descoberta", seremos compreendidos por muito poucagente; alm disso, t e n ~ e r l a m o s a ser bem subjetivos em nossa formulao. Para tomat mais objetivo o nosso pensamento, qualquer que seja, devemos trabalhar no contexto daapresentao. Finalmente, apresentamos nosso pensamento a ns mesmos, o que tem, com freqncia, o nome de "pensar claramente". Ento, quando sentirmos que o temos emforma, o apresentamos a outros - e verificamos que no o

    d e i ~ a m o s claro. ~ t a m o $ , agora; no "contexto da apresentao". PQr vzes observamos que, ao tentar apresentar nosso pensamento, o modificamos - no s em StJas formas,mas tambm em seu contetido. Surgiro novas idias medida que r ~ J b a l h a r m o s no contexto da apresentao. Em suma, ser um nvo contexto de descoberta, difernte do original,em nvel mais alto, creio, porque mais socialmente objetivo.E novamente no podemos divorciar D que pensamos do queescrevemos. Temos de nos movimentar entre sses dois con- textos, e sempre que nos movimentamos bom saber paraonde estalllos indD. 8.DO que eu disse, poderemos compreender que na prtica jamais ."comeamos a trabalhar ntim projeto": i ' estamos "trabalhando", seja num veio pessoal, nos arquivos, nasnotas tomadas aos rascunhos, ou nos empreendimentos diri-gidos. Seguindo sse modo de vida e trabalho, haver sem-pre muitps tpicos que desejaremos ~ p l i a r Depois d nosdecidirmos quais so les, tentaremos usar todo o nosso arquivo, nossas notas de leitura, nossa conversao, nossa sele

    o de -pessoas ..-: tudo para sse tpico ou tez:na. &tamospro

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    Assim, deScobriremos e descreveremos, fixando os tipospara a ordenao do que descobrimos, f o c a l ~ a n d o e organizando a experincia, distinguindo os itens por nome. Essa .bcsca de ordem nos levar a procurar padres e tendncias,encontrar relaes que possam ser tpicas e causais. Procuraremos, em suma, os sentidos das coisas que encontramos,das coisas que possam ser interpretadas como mostra vis(velde algo invisvel. Faremos um inventrio de tudo o queparece tJnvolvido no que estamos procurando compreender.Buscaremos o essencial, e cuidadosa e siSt:emticamente relacionaremos sses itens com outros, a fim de fonnar \liDa espcie de modlo funcional. E ento r e l a c i o n ~ m o s sse mo.:dlo com o qu e estivermos procurando explicar. Por .vzes, difcil; mas com freqncia, no o conseguiremos. Mas 5empre, entre todos os detalhes, ~ a r e m o s b ~ s c a n - .do indicadores que possam mostrar a prinClpal tendne1a, asformas subjacentes e as tendncias do Am.bito da sociedadeem meio do sculo XX. Pois, no fim, isso - a variedadehumana - qu e constitui sempre o objeto de nossos escritos. Pensar lutar para impor ordem, e ao mesmo tempoabarcar o maior nmero possvel de aspectos. No. deveI mos parar de pensar demasiado cedo - ou deixaremos de .conhecer tudo o que devemos. No podemos permitir qu er continue para sempre, ou n6s mesmos explodiremos. :S: ssedilema, creio, qu e toma a reflexio, nas raras ocasies em que mais oo menos bem sucedida, a emprsa mais apaixQnante\ de que o ser humano capaz.

    Talvez eu possa resumir melhor o que venho procurandodizer, na forma de alguns preceitos e avisos:i 1) Sejamos um bom arteso: evitemos qualquer nor;.,' ma de procedimento dgida. Acima de tudo, busquemos de-' senvolver e usar a imaginao s o c i o l g i c a ~ Evitemos o feti

    chismo do mtodo e da tcnica. :t imperiosa a reabilitaodo arteso inteleCtual despretensioso, e devemos tentari ns inesmos, sse arteso. Que cada homem seja seu prprio.I' metodologista; qu e cada homem seja seu pr6prlo tcnico;que a teoria e o mtodo se tomem novamente parte ~ prtica. de um artesanato. Defendemos. o primado do intelec. ual individual; sejamos a mente que enfrenta, po r si mesma, os problemas do homem e soeiedade. .

    2) Evitemos a singularidade bizantina dos ConceitosaSsociados e dissociados, o maneirismo .da verborragia. Im-ponhamos a ns mesmos, e aos outros, a simplicidade dasafirmaes claras. S usemos os trmos complicados quandoacreditarmos firmemente que sua utilizao amplia o nibitode nossas sensibilidades, a preciso de nossas referncias, aprofundidade de nosso r a c i o c n i o ~ Evitemos usar a ininteligi- bilidade eomo meio de fugir aos julgamentos sbbre a ~ e -dade - e como meio de fugir aos julgamentos dos leitoressbre.nosso trabalho. .

    3) Faamos as construes trans-histricas que julgarmos necessrias, mas pratiquemos tambm as mincias sub-histricas. Estabeleamos uma teoria basta nte formal e model-os do melhor inodo possvel. Examinemos em detalhe ospequenos fatos .e suas relaes, e os grandes acontecimentosmpares tambm. Mas no s e j a m o ~ fanticos: relacionemostodo .sse trabalho, continuamente e de perto, com o nvelda realidade histrica. No suponhamos que alguma outrapessoa far isso para ns, algum dia, nalgum lugar. Tomemos nossa tarefa como definidora dessa realidade; formulemos nossos problemas em seus trmos; seu nvel tentemos resolver tais problemas e assim solucionar as questes epreocupaes que envolvem. E jamais escrevamos mais detrs pginas sem ter em mente pelo menos. um exemploslido.

    4) No estudemos apenas um ambiente pequeno depois de outro: estudemos -as estmturas sociais nas quais .osambientes esto organizados. Em trmos dsses estudos deestmturas mais amplas, escolhamos os ambientes que precisamos estudar detalhadamente e os examinemos de modo a compreender a influncia mtua entre les e a estrutura. Procedamos de modo semelhante no que se relaciona com o pe-rodo de tempo. No sejamos apenas jornaJistai, por maispreclos. O jornalismo pode ser uma grande realJzao inte-.lectual, mas a nossa maior! Nio nos limitemos, portanto,a relatar pesquisas insignificantes em . imitados momentos detempo. Tomemos como nosso 4mbito temporal o curso dahistria e localizemos nle as semanas, anos, pocas que exa. minamos.

    5) Devemos compreender que nosso objetivo o entendimento comparado e pleno das estruturas sociais que sur241

  • 7/30/2019 MILLS_C_Wright-A Imaginao Sociolgica

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    giram e hoje e x i s t ~ ~ na histria mun