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Diretório Litúrgico Diocesano (Versão Experimental) Sugestões e emendas serão aceitas até 30 de setembro Enviar para: [email protected] .br

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Page 1: Microsoft Word - diretóriolitúrgicodiocesano Ponta   Web viewCapítulo 1 - A NATUREZA DA LITURGIA5. Capítulo 2 ... Na sua grande maioria, ... Microsoft Word

Diretório Litúrgico Diocesano(Versão Experimental)

Sugestões e emendas serão aceitas até 30 de setembro

Enviar para: [email protected]

Diocese de Santo André - São Paulo

Page 2: Microsoft Word - diretóriolitúrgicodiocesano Ponta   Web viewCapítulo 1 - A NATUREZA DA LITURGIA5. Capítulo 2 ... Na sua grande maioria, ... Microsoft Word

ÍndiceApresentação.........................................................................................................................3

Introdução..............................................................................................................................4

Capítulo 1 - A NATUREZA DA LITURGIA...................................................................................5

Capítulo 2 - O Mistério da Eucaristia.....................................................................................11

Capítulo 3 - A Pastoral Litúrgica............................................................................................12

Capítulo 4 - O sujeito na Liturgia (Ministérios)......................................................................15

Capítulo 5 - Orientações Gerais para a Celebração Eucarística..............................................22

Capítulo 6 - O Espaço Sagrado para a Celebração..................................................................33

Capítulo 7 - Momentos da Eucaristia.....................................................................................47

Capítulo 8 - A Proclamação da Palavra de Deus.....................................................................56

Capítulo 9 - Canto e Música Litúrgica....................................................................................63

Capítulo 10 - Celebrações relacionadas ao Sacramento da Eucaristia....................................76

Capítulo 11 - A homilia..........................................................................................................81

Capítulo 12 - Alguns materiais e objetos para a celebração eucarística.................................87

Conclusão - Lex Orandi, Lex Credenti....................................................................................95

Anexo I - Calendário da Diocese de Santo André...................................................................96

Anexo II - Check-lists para Missas.........................................................................................98

Anexo III - Missa com o Bispo..............................................................................................103

Anexo IV - Itinerário para a Lectio Divina............................................................................105

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Apresentação

Com satisfação, apresento a toda nossa Diocese este “Diretório de Liturgia”,

fruto do trabalho e do esforço de muitos colaboradores que se dispuseram a realizar

esta tarefa. Deus recompensará a todos certamente e somos muito agradecidos por

tanta generosidade.

A arte da celebração tanto por parte do presidente da celebração como da

Assembleia, é a melhor condição para a participação. Assim, este Diretório deseja

favorecer não somente a melhor maneira de celebrar a liturgia, mas também a

compreensão do sentido, dignidade e beleza do mistério celebrado. Ele foi pedido para

ajudar na execução dos ritos e favorecer a celebração.

A Liturgia como exercício do sacerdócio de Cristo tem duas dimensões: a

glorificação de Deus e a santificação da humanidade: “Liturgia não se confunde com

catequese nem com ação transformadora do mundo, embora deva estar presente e

penetrar todas as ações da pastoral” (CNBB/ Doc. 43 - n. 51). Por isso é preciso que a

celebração seja bem organizada para poder ser bem vivida e dar seus frutos.

O Povo de Deus, na Assembleia litúrgica se expressa como povo sacerdotal e

organizado, no qual a diversidade de ministérios e serviços concorre para o

enriquecimento de todos. Este Diretório quer incentivar as comunidades a valorizar a

celebração da Missa, encorajar as Equipes de Pastoral Litúrgica de nossa Diocese a

prosseguirem no esforço de tornar evidentes suas riquezas.

A Eucaristia é mistério de fé e mistério de luz. O presente Diretório enfim,

através de uma celebração bem realizada, deseja ajudar os fiéis a fazerem a

experiência dos discípulos de Emaús: “Abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-No”

(Lc 24,31).

Em nome de Jesus, abençoo este trabalho e faço votos que de frutos.

+ Dom Pedro Carlos CipolliniBispo de Santo André

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Introdução

Entregamos a todos os que servem a Sagrada Liturgia este diretório que reúne as diretrizes mais elementares sobre a celebração do grande Mistério de nossa fé. Inicialmente apresentamos uma síntese teológica sobre a Liturgia, uma apresentação sobre a pastoral litúrgica, o sujeito na liturgia através dos ministérios, os tempos litúrgicos, os paramentos, os espeços litúrgicos, a celebração eucarística, a adoração eucarística, a comunhão para os enfermos, canto e música litúrgica, a homilia e alguns anexos práticos.

Na sua grande maioria, todas as orientações são fundamentadas nos principais documentos e instruções litúrgicas promulgados pela Igreja, em especial: Instrução Geral sobre o Missal Romano11, Instrução Redemptionis Sacramentum, Introdução Geral ao Lecionário (Ordo Lectionum Missae), A Sagrada Comunhão e o Culto do Mistério Eucarístico fora da Missa, Diretório das Celebrações Dominicais na ausência do presbítero e o Cerimonial dos Bispos. O presente dirétorio é também uma compilação de trabalhos já desenvolvidos em outras diocese tais como: Amparo, Ponta Grossa, Belo Horizonte, Uruaçu além de inúmera citações outras. Recomendamos que todos procurem posteriormente aprofundar seus conhecimentos estudando esses documentos por completo.

Devido à complexidade e extensão do assunto, não tratamos neste volume das celebrações eucarísticas conjugadas com a Liturgia das Horas, sacramentos ou sacramentais, ou celebrações especiais que decorrem ao longo do ano litúrgico. Mas, para isso, indicamos o auxílio do Diretório de Liturgia editado anualmente pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e das rubricas do Missal Romano e dos rituais dos sacramentos ou sacramentais que se pretendem celebrar. A Diocese de Santo André editará um segundo volume com este conteúdo em um momento oportuno.

Este Diretório deseja ser um instrumento orientativo para as Equipes de Liturgia numa comunidade. A ação dos responsáveis pela Liturgia supõe necessariamente formação e conhecimento teológico para não violar a Tradição da fé cristã ministrada e conservada pela Liturgia da Igreja. Toda ação só será proveitosa, fecunda e renovadora para a comunidade se corresponder a critérios litúrgicos, expressando seus sentimentos de comunhão com os nossos pastores.

Que este diretório promova o culto da Eucaristia baseado na fidelidade ao Magistério da Igreja, enriquecendo o serviço das Equipes de Liturgia para celebrarmos ativa, consciente e frutuosamente o Mistério Pascal de Cristo em cada comunidade, tendo em vista o seguinte ensinamento:

“A eficácia das ações litúrgicas não consiste na contínua modificação dos ritos, mas no aprofundamento da Palavra de Deus e do Mistério celebrado”.2

1 Essa instrução corresponde à 3ª edição típica do Missal Romano promulgada pela Santa Sé em 2002. O texto dessa instrução foi traduzido e publicado em português pela Editora Vozes com o título “Instrução Geral sobre o Missal Romano”, com a apresentação do Frei Alberto Beckhäuser.2 Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 39.

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Capítulo 1 - A NATUREZA DA LITURGIA

Conceituação e Definição do termo “Liturgia”

1. Introdução

1. presente Diretório inicia com a proposta de responder à pergunta: o que é liturgia? Neste breve texto buscaremos compreender a liturgia a partir das origens do termo, seu uso civil (pagão), e particularmente o seu uso posterior no cristianismo, sobretudo na Sagrada Escritura e expressões do Magistério eclesiástico.

2. De antemão cabe-nos dizer que ao longo dos séculos o termo “liturgia” nem sempre foi compreendido e aplicado da mesma forma. A partir do Concílio Vaticano II debruçou-se sobre a natureza da liturgia; a partir deste então o “tema” desenvolveu-se cada vez mais na reflexão teológica. O consequente aprofundamento da noção de liturgia levou a uma maior preocupação com a prática celebrativa e hoje, averigua-se que foram dados passos significativos para que o mistério celebrado na liturgia seja melhor compreendido e vivenciado.

2. Definição de Liturgia - Origem Etimológica

3. De certo modo qualquer pessoa sabe o que vem a significar “Liturgia”. Questionados sobre o que significa, responder-se-ia que são as orações da Igreja, as celebrações, etc. Mas, realmente se sabe o que significa esta palavra? Qual a sua origem? O que ela significou em outros tempos e como adquiriu o significado religioso?

4. Não faz muito tempo que o termo “Liturgia” vem sendo usado na Igreja. “O adjetivo liturgicus e o substantivo liturgia foram introduzidos, sem dúvida, pela primeira vez sob sua forma latina, em 1588 por Georges Cassandre, Fazia-o em referência ao uso bizantino. Rapidamente tais termos ganharam direito de cidadania na erudição eclesiástica. Foi somente no século XVIII que os termos recebiam seu sentido atual, designando o conjunto dos atos do culto da Igreja.”1

5. Mas, qual a origem do termo “Liturgia”? A palavra “Liturgia” está ligada à língua grega na qual tem sua origem. A palavra “Liturgia” vem da junção de duas palavras gregas: leiton-érgon: que originou leitourguia. Literariamente significa “serviço prestado ao povo, ou serviço diretamente prestado para o bem comum.”2 A ação litúrgica era tida, portanto, como uma ação em favor do povo, em favor das pessoas, em favor da comunidade, em favor da vida humana. A partir deste olhar à etimologia da palavra Liturgia compreende-se seu significado.

3. A Liturgia como Ação de Deus na História

6. A pergunta que agora cabe é a seguinte: Quem realizou a Liturgia mais importante em favor de toda a humanidade? Evidentemente que nossa resposta será Deus. A experiência religiosa nos mostra isso. A Sagrada Escritura desde o Antigo Testamento até o Novo constitui um verdadeiro testemunho desta Ação/Liturgia de Deus em favor da humanidade inteira a partir da criação.

3.1. A Ação de Deus em Israel – o povo eleito

7. A grande experiência religiosa de Israel como povo eleito, foi a de ter aos poucos descoberto que Deus agia na história em favor deles. Deus age através dos fatos, dos acontecimentos, das pessoas, dos profetas, dos sábios. Deste modo Deus caminha com o povo eleito como um Deus presente em sua história, conduzindo e salvando. Pode-se ver esta ação de Deus em favor do povo nitidamente na experiência do Êxodo. Durante sua história, o povo de Israel foi descobrindo Deus como Aquele que liberta, que é solidário, misericordioso, fiel, um Deus amoroso, que perdoa e que salva. Um Deus que ama a vida do seu povo, e que tudo faz para que tenha vida

1 MARTIMORT, Aimés Georges. Princípios da Liturgia: Introdução à Liturgia, p. 32.2 AUGÉ, Matias. Liturgia: História-Celebração-Teologia-Espiritualidade, p. 12.

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plena – salvação.

8. É assim que Deus age. É esta a vontade de Deus: que todo ser humano tenha vida digna, respeitada e valorizada. Assim podemos afirmar que Deus age/faz liturgia permanentemente em favor da vida do seu povo. Deus é deste jeito! Deus é portanto, a perfeita Liturgia e a própria fonte de toda liturgia3. Em outras palavras, Deus é a fonte de toda ação/serviço a favor do ser humano e do bem em geral. Podemos dizer então que o próprio jeito de ser de Deus é Liturgia!

9. Se Deus é assim, qual deve ser a atitude dos homens diante da vida? Não será a mesma? A de realizar as mesmas obras de Deus em favor da humanidade, da vida Fazer Liturgia! Caso contrário até a Liturgia que celebra-se torna-se um lugar vazio fora da realidade, pois não celebramos aquilo que vivenciamos.

3.2. Jesus Cristo, a grande Liturgia de Deus

10. Jesus Cristo foi a expressão maior da Liturgia de Deus e os homens. A encarnação do Filho de Deus foi a maior ação do próprio Deus em favor da humanidade inteira. “Deus amou tanto a humanidade que nos enviou seu Filho para nos salvar” (Jo 3,16). Toda vida de Jesus levada às últimas consequências em favor do Reino de Deus foi uma liturgia. E Liturgia com letras maiúsculas! Jesus é a presença do jeito litúrgico de Deus entre nós. A vida de Jesus foi toda ela um serviço ao próximo, principalmente aos mais excluídos. Por causa deste jeito de Deus em Jesus Cristo ele sofreu e morreu por amor aos homens, a nós. Mas Deus o Ressuscitou! Este é o Mistério Pascal de Jesus que celebramos. É toda a sua vida levada a sério, realizando o projeto do Pai e assumindo as consequências: a Morte, como entrega pela salvação, pelo bem de todos. Mas Deus que quer a vida, faz com que através da morte de seu Filho todos adquiram vida nova: Ressurreição.

11. Resumindo, a liturgia do Pai nos oferece o Filho! E o Filho vive a liturgia do Pai entre nós, porque, como sabemos, “o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a própria vida para a salvação de muita gente” (Mc 10,45). O gesto de Jesus de lavar os pés dos discípulos é um exemplo e um sinal do modo de ser litúrgico de Jesus a ser imitado por todos nós (cf. Jo 13,1-17). Cristo vive entre nós o jeito de servir de Deus e com sua paixão, morte e ressurreição nos dá vida plena. É esta Liturgia que celebramos! “Jesus Cristo libertou-nos da escravidão do pecado e da morte, fazendo-nos passar (páscoa) para a liberdade de filhos e filhas reconciliados de Deus” (cf. 1Cor 15,12-28). Jesus não é a Máxima liturgia de Deus? Ele se torna a perfeição da liturgia de Deus e também fonte. Ele é a obra definitiva do Pai pela nossa salvação.

A Liturgia na Sagrada Escritura: AT e NT

12. Para uma adequada compreensão do termo Liturgia, será importante dar um salto e perceber em que sentido é aplicado na Sagrada Escritura. No AT a palavra se repete 170 vezes, naturalmente na sua versão grega, como liturgia, e serve para traduzir os verbos hebraicos SHERÉT e ‘ABHODÁH, ambos ligados à ideia de “serviço prestado a alguém”.

13. primeiro verbo, Sherét, exprimia os sentimentos que se achavam na base do serviço, ou seja, a dedicação afetuosa e incondicional por parte do servo e a confiança por parte do patrão-senhor. Já o segundo verbo, ‘Abhodáh, é sinônimo de serviço oneroso, muitas vezes usado para indicar o serviço próprio do escravo e, em geral, trabalho. Tanto um como o outro são usados indiferentemente para o sentido de serviço profano ou serviço religioso.

14. Assim, todas as vezes que a palavra hebraica diz respeito ao “culto prestado a Deus pelos sacerdotes e pelos levitas no seu templo”, são traduzidos para o grego com o verbo e o substantivo gregos LEITOURGEIN e LEITOURGÍA. Quando, pelo contrário, as mesmas palavras hebraicas servem para indicar o “culto a Deus prestado pelo povo”, são traduzidas para o grego com as palavras LATREUEIN – LATRÍA, que significa adoração, e DOULEUEIN – DOULEÍA, que significa veneração.

15. Portanto, a palavra liturgia no AT adquiriu um valor técnico para indicar o “culto levítico” enquanto tal, isto é, uma forma cultual determinada por um cerimonial próprio

3 Cf. Corbon, Jean. Liturgia de Fonte, Paulinas, São Paulo 1991.

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fixado nos livros da Lei e reservado a uma categoria particular de pessoas.16. Sendo expressão que indica não apenas culto ou culto a Deus, mas “o modo de culto”

praticado pelos sacerdotes e pelos levitas hebreus, deve-se concluir que na tradução do AT liturgia exprimiu de uma só vez:

17. A ação do culto com que se serve ao único Deus e apenas a ele na sua tenda, no seu templo e no seu altar;

18. Os autores deste culto, isto é, os homens especialmente designados para isso pela eleição divina;

19. A unicidade de um culto que, dirigido a Deus, é também de tal forma único e verdadeiro que deve ser regulamentado por normas divinas impreteríveis.

20. Percorrendo o NT, que em sua maior parte foi escrito em grego, encontramos a palavra liturgia que se repete 15 vezes. Confira: usada como verbo, LEITOURGEIN, em At 13,2; Rm 15, 27; Hb 10,11. Como substantivo, LEITOURGÍA, nos textos de Lc 1,23; IICor 9,12; Fl 2,7.30; Hb 8,6; 9,21. Como substantivo de pessoa, LEITOURGÓS, é usada em Rm 13,6; 15,16, Fl 2,25; Hb 1,7.14; 8,2

21. sentido em que estas palavras podem ser usadas se resumem sob quatro categorias, de onde resulta a “Liturgia”:

22. Em sentido profano tomado da linguagem comum: Rm 13, 6, para indicar “ministros”; Rm 15, 27, que se traduz por “prestar serviço com auxílio material”; Fl 2,25.30, para indicar o “serviço atencioso” dos fiéis com respeito ao Apóstolo que, desta forma, revelou-se para eles um “auxílio valioso”; 2Cor 9,12, no sentido de “serviço que os anjos prestam a Deus em favor dos homens”.

23. Em sentido ritual sacerdotal do AT: Lc 1,23 fala do “turno de serviço” prestado no templo de Jerusalém; é uma referência à liturgia levítica; Hb 8,2-6 apresenta o próprio Cristo como “liturgo” do verdadeiro Santuário e, portanto, aquele que exerce uma “liturgia superior”; Em Hb 9,11 o termo é usado para indicar “os objetos litúrgicos do culto hebraico”; Hb 10,11 é uma comparação entre a “repetição diária da liturgia sacerdotal hebraica” e a do “único sacrifício de Cristo”.

24. Em sentido de culto espiritual: temos Rm 15,16, onde Paulo se declara “ministro-liturgo” de Cristo. Também Fl 2,17, em que Paulo manifesta estar disposto a “ser derramado em libação no sacrifício e na liturgia da fé”.

25. Em sentido de culto ritual cristão: o único texto no qual podemos reconhecer uma liturgia cristã semelhante ao que nós hoje designamos por liturgia é o texto de At 13,2 que, literalmente traduzido, lê-se desta forma: “Enquanto eles FAZIAM LITURGIA ao Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo”. Entende-se aqui uma celebração do culto onde é notória a ação do Espírito Santo. Outro elemento visível é o fato de que uma comunidade estava reunida. Destacamos ainda que os efeitos que se seguem desta “liturgia” têm em vistas a missão da própria comunidade, que é o anúncio do evangelho.

5. Visão Teológica da “Liturgia”

26. liturgista Odo Casel definiu a liturgia do seguinte modo: A liturgia é o Mistério do culto de Cristo e da Igreja. Temos, portanto, nesta definição, um conceito teológico de liturgia. “Aparecem nesta definição quatro elementos importantes: O Mistério; o Culto, que expressa o relacionamento entre Deus e os homens; Cristo, este conceito coloca Jesus Cristo no centro do culto. E finalmente, a Igreja; a liturgia é uma expressão cultual da Igreja.”4

27. Para compreendermos melhor esta definição, é necessário que aprofundemos estes quatros elementos encontrados na definição acima: Mistério, Culto, Cristo e Igreja.

5.1. Mistério

28. Segundo o dicionário, mistério é algo incompreensível, algo oculto, impenetrável à razão humana; coisa secreta. Significa também o culto ritual secreto de religiões pagãs.

29. A palavra mistério (mysterion) vem do verbo grego myo, que significa: estar fechado, estar cerrado; ou fechar-se, cerrar-se. Usa-se esta palavra apenas para coisas que podem ser abertas, que podem ser descerradas. Assim, a palavra mistério conota sempre o aspecto de oculto, de secreto, mas que pode ser revelado parcialmente,

4 BECKHÄUSER, Frei Alberto. Celebrar a Vida Cristã, p. 23.

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manifestado de alguma forma.30. Mistério no sentido da liturgia não tem apenas esta conotação intelectual dada acima,

mas é visto sob o aspecto de Economia divina da salvação.31. Economia provém da palavra grega oikonomía (oíkos+nómos) que significa a norma

da casa, a administração da casa. É o plano de Deus em relação à sua família. Economia divina da salvação significa o plano que Deus tem em relação aos homens de fazê-los participantes de sua vida, de seu amor, de sua felicidade. Este plano se manifesta na História da Salvação.

32. A Sagrada Escritura, os Santos Padres e a Liturgia usam a palavra mistério em sentidos diversos, mas está sempre presente a ideia fundamental de que no mistério têm lugar o invisível e o visível, o celeste e o terreno, o divino e o humano, a virtude espiritual e a imagem exterior material.

33. Mistério é antes uma verdade que se cumpre, um desígnio ou plano de Deus que se realiza. Mistério é a ação de Deus, na qual Ele entra em comunhão com o mundo e os homens. Mistério é a gratuidade do amor de Deus comunicado, revelado aos homens.

5.2. Culto

34. “O mistério do culto é a representação e a re-atualização ritual do mistério de Cristo, que se nos permite entrar no mistério de Cristo.”5 Ele é o meio que temos para que vivamos o mistério de Cristo. São realizações parciais do mistério de Cristo, são a continuação da presença e da ação de Cristo no mundo. Pelo mistério do culto, ou seja, pelas ações que realizamos e que o próprio Cristo realiza, participamos, através dos ritos, da ação redentora de Cristo.

5.3. Cristo

35. “O mistério de Cristo é o plano de Deus de fazer os homens participantes de seu amor, de sua vida, de sua imortalidade e felicidade, manifestado em Jesus Cristo.”6 Ao mistério de Cristo está ligada toda obra da criação e da salvação, pois ele é o próprio mistério. Os mistérios de Cristo são ações das quais se revela e se realiza Nele os planos de salvação de Deus. São mistérios de Cristo: a encarnação, o nascimento, a manifestação aos magos, a apresentação ao templo, o batismo, o jejum, as tentações, sua paixão, morte e ressurreição, e toda ação dos apóstolos e de sua Igreja . “Toda esta maravilha da manifestação de Deus no mundo pode ser vivida através de sua celebração, ou seja, no mistério do culto.”7

5.4. A Igreja

36. A Igreja é o corpo místico de Cristo do qual nós somos os membros e Cristo é a cabeça. “Em tudo o que pratica, a Igreja depende totalmente de Cristo, de vez que ela não é auto-suficiente. Cristo não foi somente o fundador, aquele que lançou os alicerces da Igreja; Ele está presente nela todos os dias pela ação de sua graça.”8 É Cristo quem dá força para a Igreja exercer sua função. Ela, a Igreja, tudo faz em função de Cristo. Se Cristo é a cabeça da Igreja que é seu corpo, obviamente ela possui membros. Estes membros somos nós que também estamos incumbidos de testemunhar Cristo e seu mistério de Salvação aqui na terra, assim como anunciaram os apóstolos no início. “Assim como Cristo foi enviado pelo Pai, assim também ele enviou os apóstolos, cheios do Espírito Santo, não só para pregarem o Evangelho a toda criatura, anunciarem que o Filho de Deus, pela sua morte e ressurreição, nos libertou do poder de Satanás e da morte e nos transferiu para o reino do Pai, mas ainda para levarem a efeito o que anunciavam: a obra da salvação através do Sacrifício e dos Sacramentos, sobre os quais gira toda a vida litúrgica.”9

37. A Igreja possui dois aspectos importantes. “Primeiro, no sentido amplo, a Igreja como mistério de vida divina no conjunto de todos os que amam a Deus, em todos os que tenham boa vontade, pois aí continua a obra de Cristo. Segundo, a Igreja como povo

5 Ibidem, p. 33. 6 Ibidem, p. 31.7 Ibidem, p. 32.8 VOLK, Hermann. A Liturgia Renovada: Fundamentos Teológicos, p. 74.9 SC, nº 6.

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de Deus, comunidade visível dos que creem conscientemente em Cristo e, guiados e servidos pela hierarquia, participam de seus sacramentos, procurando viver uma vida mais consciente de caridade através da vocação e da missão batismal.”10

38. “Se definimos a Igreja como Mistério de Cristo, não o fizemos com o intuito de intelectualizar o problema, mas tão somente para lembrar a promessa que Cristo lhe fez, sem a qual ela nada seria do que realmente é. Ela continua sua ação mediadora de salvação, apoiada neste vínculo que Cristo mantém com ela até que um dia Ele volte.”11

6. A Natureza da Liturgia na Constituição Sacrosanctum Concilium

39. A Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium foi aprovada na aula conciliar do dia 4 de dezembro de 1963. Ela foi o primeiro documento promulgado pelo Concílio Vaticano II.

40. Assim define a Liturgia: “Em tão grandiosa obra, pela qual Deus é perfeitamente glorificado e os homens santificados, Cristo sempre associa a si a Igreja, sua Esposa diletíssima, que invoca seu Senhor e por Ele presta culto ao eterno Pai. Com razão, pois, a Liturgia é o exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo, no qual, mediante sinais sensíveis, é significada e, de modo peculiar a cada sinal, realizada a santificação do homem; e é exercido o culto público integral pelo Corpo Místico de Cristo, Cabeça e membros.”12 Poderíamos dizer então que a “Liturgia é uma ação sagrada pela qual através de ritos sensíveis se exerce, no Espírito Santo, o múnus sacerdotal de Cristo, na Igreja e pela Igreja, para a santificação do homem e a glorificação de Deus.”13

41. A ação litúrgica não existe em livros, mas na ação de Deus que convoca e reune a comunidade, a Igreja, esta por sua vez adere ao chamado. Nela age o Cristo. Esta ação é sagrada porque Deus se comunica com os homens através desta. Esta comunicação de Deus com os homens se dá através de ritos sensíveis: os sacramentos, sinais sensíveis da ação salvadora de Cristo. Na ação litúrgica é o próprio Cristo que age, que realiza a ação salvadora, mas ele não age sozinho. Ele está presente na ação da Igreja. Quando a Igreja exerce a ação sagrada é Cristo que, está agindo nela. A santificação do homem e glorificação de Deus são os dois movimentos da ação litúrgica: o movimento de Deus para o homem: a santificação, e o movimento do homem para Deus: a glorificação. “Quando numa ação sagrada da comunidade cristã encontramos esses cinco elementos, podemos dizer que estamos diante de uma ação litúrgica.”14

42. Há ainda outras afirmações na linha de tentativa de definição da natureza da Liturgia que podem ser encontradas na Sacrosanctum Concilium, como a seguinte: “A liturgia é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua força.”15 Assim, podemos refletir que a Liturgia embora não resuma toda a ação da Igreja é seu ponto alto. Ponto alto, não como um simples ponto de chegada, pois ao mesmo tempo se revela como ponto de partida. É a fonte de onde emana toda sua força. Celebrar é entrar em comunhão com a origem de toda missão da Igreja, o próprio Senhor, que a alimenta com sua própria presença que fortalece e sustenta a missão. “A sagrada liturgia não esgota toda a ação da Igreja; com efeito, antes que os homens possam achegar-se à liturgia, é necessário que sejam chamados à fé e à conversão.”16 Não esgota mas é cume e fonte da ação e de toda a vida da Igreja. Por isso assim como a fé, a liturgia que é sua expressão deve estar ligada à vida.

43. Deste modo conclui-se que se pode continuar afirmando que todo trabalho de evangelização é realizado em vista da celebração do Mistério de Cristo, que é, como afirma a Sacrosanctum Concilium, momento da história da salvação17 à qual somos chamados em Cristo Jesus. Destacamos deste modo algumas afirmações

10 BECKHÄUSER, Frei Alberto. Celebrar a Vida Cristã, p. 32-33.11 VOLK, Hermann. A Liturgia: Fundamentos Teológicos, p.77-78.12 SC, nº 7.13 BECKHÄUSER, Frei Alberto. Celebrar a Vida Cristã, p. 34.14 Ibidem, p. 3515 SC, nº 1016 SC, nº 917 cf. SC, nº 6-8

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importantes:

1) A vontade de Deus de salvar a humanidade, que tem seu ponto mais alto na Páscoa de Cristo. É este mistério que se celebra na liturgia;

2) Na liturgia acontecem dois movimentos: a santificação do homem, por parte de Deus, e a glorificação de Deus, por parte do homem;

3) Na liturgia tem-se o cume a a fonte de toda a ação da Igreja que nasce da Pregação do Evangelho do Reino (LG 5) da Última ceia, da Cruz com seu lado aberto e de Pentecostes em uma “fundação progressiva”;

4) Da celebração litúrgica emana todo compromisso de vencer as dificuldades e os pecados pela experiência concreta da Páscoa do Cristo.

Rito como expressão da Liturgia

44. A ação salvífica na Liturgia ocorre por meio de uma linguagem chamada Rito. O Rito é o ordenamento de ações simbólicas, constituído por gestos e palavras, que busca a integração entre Deus e os homens. A ação ritual é uma linguagem assumida por Deus para revelar ao homem o seu mistério salvífico e comunicar a graça divina. Jesus na última ceia, realizando o rito judaico, transforma-o no memorial da sua paixão, morte e ressurreição, e transmite à Igreja pelos apóstolos.

45. O rito possui as seguintes finalidades:a. celebrar a Aliança Eterna entre Deus e os homens realizada no Mistério

Pascal;b. transmitir com fidelidade o Patrimônio da Fé de geração em geração (Tradição

da Igreja);c. manter a unidade da Igreja segundo uma linguagem simbólica determinada

(Rito Romano).

Celebração de um Memorial

46. No rito, a Igreja celebra o memorial do evento central da história da salvação, que é o Mistério Pascal de Cristo. Nessa frase temos mais dois conceitos fundamentais em Liturgia:

47. - Celebrar: é uma palavra de origem latina com a mesma raiz das palavras “cé-lebre”, “celebridade”, e significa “lembrar”, “recordar”, “não deixar cair no esquecimento”. No AT temos várias referências sobre essa dimensão da vida da fé e vemos também os danos e os sofrimentos para o Povo de Israel quando eles “esqueciam” da aliança com Deus, isto é, não celebravam plenamente – fé e vida – essa aliança.

48. - Memorial: geralmente na cultura ocidental, para fixar na memória das pessoas os atos heróicos ou a vida de alguém importante, erige-se uma estátua ou dedica-se uma praça ou uma construção em sua homenagem (rua, ponte, edifício, cidade,...). Realiza-se o memorial da pessoa de Jesus Cristo por meio de ritos que recordam os ensinamentos e o testemunho do Filho de Deus. Portanto, quando celebra-se o memorial do Mistério Pascal sob a força do Espírito Santo presente nas ações da Igreja, faz-se o:

a. recordar a Aliança Nova e Eterna entre Deus e a humanidade, selada em Jesus Cristo num momento histórico da humanidade (“Plenitude dos Tempos”);

b. atualizar a presença e a ação de Cristo no mundo, por meio da ação sacramental da Igreja, ligada com o compromisso pessoal e comunitário na vivência e testemunho dos ensinamentos evangélicos;

c. profetizar da consumação do Reino de Deus no mundo, que ainda está em construção e por vir plenamente no fim dos tempos.

Capítulo 2 - O Mistério da Eucaristia

49. “O nosso Salvador instituiu na última ceia, na noite em que foi entregue, o sacrifício eucarístico do seu corpo e do seu sangue para perpetuar no decorrer dos séculos, até

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Ele voltar, o sacrifício da cruz, e para confiar assim à Igreja, sua esposa amada, o memorial da sua morte e ressurreição: sacramento da piedade, sinal de unidade, vínculo da caridade, banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é dado o penhor da glória futura.”. Deste modo, a Santa Missa possui como finalidade: A adoração (latria), a ação de graças (eucaristia), reparação dos pecados (propiciatório) e petição de graças (imprecatório).

50. A celebração da Eucaristia é centrada na vida trinitária que alimenta toda a vida cristã, sem a qual uma comunidade não cresce e nem se edifica no conhecimento do Evangelho e na prática de boas obras da fé. Portanto, celebrar a Eucaristia é atualizar a livre entrega do dom da Vida de Cristo à humanidade como alimento e penhor do céu, de tal forma que sem este sacramento a comunidade cristã não pode viver. É uma necessidade do cristão participar da celebração dominical e alimentar-se do pão eucarístico, pois de outro modo não se pode encontrar a força necessária para o caminho que há de percorrer.

51. “A fonte e o ápice de toda vida cristã” é a Eucaristia, como nos ensina a Lumen Gentium (11), pois nela, a Igreja congregada pelo poder do Espírito Santo, vive o mistério da Redenção, como professamos no mysterium fidei: “anunciamos, Senhor a vossa morte e proclamamos a vossa Ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!” (cf. Doxologia, Missal Romano n.93).

Sacramento da Eucaristia

52. São João Paulo II nos ensina que a Eucaristia é a “presença salvífica de Jesus na comunidade dos fiéis e seu alimento espiritual”. Especificamente, “Eucaristia” quer dizer “ação de graças”, a vivência da Igreja em atitude responsorial de fé à graça operada por Deus. Por ser presença salvífica, é o modo atual de Deus agir entre os homens. Por isso, afirma-se que a Eucaristia é sacramento. Ou seja, via eficaz de Salvação instituída por Cristo e centralizada n’Ele. Ela “destina-se à santificação dos homens, à edificação do Corpo de Cristo e ainda ao culto a ser prestado a Deus.”18. Nesse sentido, a Eucaristia é sinal visível da presença de Cristo entre nós, e é meio eficaz de Salvação.

Sacramento da Eucaristia e suas implicações

53. O Sacramento da Eucaristia é o mesmo sacrifício de Cristo na cruz. A Eucaristia não é apenas ceia e banquete, mas propriamente sacrifício do Senhor, imolado de modo incruento, em que, Sacrifício e Sacramento são o mesmo e único mistério da entrega do Senhor. É o mesmo sacrifício da cruz na qual Cristo concede “eficácia salutar, no momento em que, pelas palavras da consagração, começa a estar sacramentalmente presente, como alimento espiritual dos féis, sob as espécies de pão e de vinho”19. Isso implica que a “mesma Igreja não tem nenhum poder sobre aquilo que tem sido estabelecido por Cristo, e que constitui a parte imutável da Liturgia. Posto que, caso seja rompido este vínculo que os sacramentos têm com o mesmo Cristo que os tem instituído e com os acontecimentos que a Igreja tem sido fundada nada seria vantajoso aos fiéis, mas sim poderia ser gravemente danoso”20.

54. A missa é celebrada validamente com a matéria, a forma e liturgia próprias. O pão eucarístico deve ser ázimo feito de trigo e de maneira recente. Não é permitido nenhuma outra matéria, a saber, nem pão fermentado, nem pão árabe, nem bolachas de água, água e sal, nem pão de milho etc. O que se pode autorizar em situações especialíssimas (para celíacos p.ex.) é o uso de pão com baixo teor de glúten como matéria da eucaristia em favor de um fiel ou de um sacerdote.

55. Os celíacos podem também comungar somente do vinho caso o pão com baixo teor de glúten lhes faça mal. Podem estes ter uma pequena teca própria (se comungam do pão) ou um pequeno cálice próprio (se comungam apenas do vinho).

56. O vinho para o Santo Sacrifício deve ser natural, sem adições de outras substâncias. Não é permitido suco de uva. O vinho canônico (ou equivalente) é o mais apropriado. O que se pode autorizar pelo ordinário (em situações especialíssimas) é a substituição do vinho pelo mosto como matéria da eucaristia em favor de um fiel ou de um

18 Sacrosanctum Concilium, 5919 PAULO VI, Encíclica “Mysterium Fidei”, 3420 Redemptionis Sacramentum, 10

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sacerdote. Mosto não é suco de uva; mosto é vinho não fermentado. 57. A forma legítima e válida para o Santo Sacrifício é a forma do missal romano expressa

pela oração eucarística, sendo proibida qualquer outra oração. Não é permitido o uso de fórmulas compostas pelos sacerdotes ou modificar as orações existentes e nem mesmo utilizar fórmula de louvores. A oração deve ser dita apenas pelo sacerdote e nunca pelo povo todo, exceto nas respostas aprovadas pela Sé Apostólica.

Sacrifício da Missa e seus fins

58. A Eucaristia é sacrifício de Salvação, comunhão de irmãos e manifestação de vida missionária. Cristo é a Hóstia viva para a vida da Igreja, isto é, a vítima pura oferecida em sacrifício e recebida em comunhão. A Eucaristia, então, é o Sacrifício cujo fim é salvar o povo de todos os tempos. É também “antídoto pelo qual somos libertados das culpas cotidianas e preservados dos pecados mortais”21.

59. A Eucaristia é a comunhão dos fiéis entre si com Jesus, comunhão essa em que a Igreja permanece unida a Jesus: “permanecei em mim e eu permanecerei em vós” (Jo 15,4). A intimidade proporcionada pela comunhão “não pode ser adequadamente compreendida nem plenamente vivida fora da comunhão eclesial”22.

60. Além disso, o Sacrifício da missa é a verdadeira comunhão missionária da esposa de Cristo com seu Senhor, no qual se reaviva a notícia de São Paulo: “sempre que comerdes desse pão e beberdes desse cálice, estareis proclamando a morte do Senhor até que Ele venha” (1Cor 11,26).

61. É na celebração da Eucaristia que a Igreja Peregrina se une à Igreja do Céu (e também reza pela Igreja padecente), havendo por Cristo, com Cristo e em Cristo um intercâmbio maravilhoso de dons e graças. Daí a necessidade de os cristãos serem preparados para bem participar neste infinito Mistério de amor confiado à Igreja, desde a noite do cenáculo.

62. “Cremos na comunhão de todos os fiéis de Cristo, dos que são peregrinos na terra, dos defuntos que estão terminando a sua purificação, dos bem-aventurados do céu, formando todos juntos uma só Igreja, e cremos que nesta comunhão o amor misericordioso de Deus e dos seus santos está sempre à escuta das nossas orações” Credo do Povo de Deus: profissão de fé solene, n. 30 e Catecismo da Igreja Católica, n. 962

Capítulo 3 - A Pastoral Litúrgica

Fundamentos

63. A Constituição sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium dedicou os números 43 a 46 sobre a questão da Pastoral Litúrgica. Conforme o Documento 43 da CNBB, “promover a liturgia já é ação pastoral pelas dimensões comunitária e ministerial, catequética, missionária, ecumênica e transformadora que ela possui” (n. 186).

64. Anteriormente ao Concílio Vaticano II, com o Movimento Litúrgico, falava-se de uma formação litúrgica para os fiéis. Depois do Concílio, principalmente a partir do documento sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, o que antes era apenas um movimento, passa-se à Pastoral Litúrgica. A liturgia começa a ser compreendida como dimensão da vida de toda a Igreja, como “cume e fonte“ (cf. SC 10) de toda a vida cristã. Dela, os fiéis devem participar consciente, ativa e plenamente. O mesmo documento conciliar pede que se constituam comissões litúrgicas em nível nacional, diocesano e nas paróquias (cf. 44-46).

65. A Pastoral Litúrgica é, pois, a ação corajosa e organizada da Igreja para levar o povo de Deus à participação consciente, ativa e frutuosa na liturgia (cf. CNBB, Doc. 43, nº 185). O mesmo documento continua dizendo que promover a liturgia já é uma ação pastoral, pois a liturgia é fonte e ápice de toda a atividade da Igreja, embora ela não esgote toda esta ação. No número 187, diz que a Pastoral Litúrgica é o coração e cérebro da liturgia. A grande tarefa da Pastoral Litúrgica é dinamizar a formação de

21 Instrução “Eucharisticum mysterium", 3522 Mane Nobiscum Domini, 20

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todos os participantes da liturgia, visando que as celebrações sejam cada vez mais expressivas e possam enriquecer espiritualmente os fiéis.

66. A meta da Pastoral Litúrgica consiste em promover a participação do povo. Esta participação deve ser:

67. Plena: isto é, interior e exterior, por meio de atitudes, gestos, respostas, orações, silêncio e cantos. É toda a pessoa humana, em todas as suas dimensões, que deve comunicar-se com a celebração dos Mistérios.

68. Consciente: ou seja, fruto de uma educação litúrgica adequada, baseada numa excelente catequese litúrgica. Não é possível uma participação consciente e ativa sem um devido e adequado conhecimento do Mistério que é celebrado.

69. Ativa: isto é, participação harmoniosa, cujo primeiro exemplo deve ser dado por aqueles responsáveis em promover a celebração. Todos os integrantes da Pastoral Litúrgica devem ter consciência de que são parte da assembleia celebrante e não meros articuladores.

70. A Pastoral Litúrgica é uma ação eclesial que, “numa comunidade, paróquia ou diocese funciona com o auxílio de uma organização própria, provida de um plano de trabalho e um cronograma de atividades” (CNBB. Guia Litúrgico-Pastoral, p. 117).

A organização da Pastoral Litúrgica

71. A Pastoral Litúrgica se desenvolve em três níveis: nacional, diocesano e paroquial. O Documento da CNBB ao falar da Pastoral Litúrgica afirma que: “coração e cérebro desta pastoral é a equipe de pastoral litúrgica em nível nacional, diocesano e paroquial” (CNBB. Doc. 43, n. 186). Cabe a esta equipe em seu respectivo nível, planejas, formar e organizar sua ação. Vejamos cada nível da organização da Pastoral Litúrgica.

Comissão Nacional de Liturgia

72. O Concílio Vaticano II solicitou a formação de uma Comissão Nacional de Liturgia no âmbito das Conferências Episcopais (cf. SC 44). Esta comissão deve ser integrada por bispos e pessoas competentes e tem como tarefa a orientação da ação da pastoral litúrgica. Esta comissão deve contar “com o auxílio de pessoas qualificadas em ciência litúrgica, música, arte sacra e pastoral” (SC 44). Em nível nacional, a comissão tem como tarefa: A tradução dos livros litúrgicos e sua respectiva adaptação e publicação; Assessoria litúrgica; intercâmbio com as instituições de pastoral litúrgica.

Comissão Diocesana de Liturgia:

73. A Comissão Diocesana de Liturgia tem como objetivo promover, fortalecer e acompanhar a vida litúrgica da diocese, bem como formar, animar e organizar a pastoral litúrgica no âmbito diocesano, regional e paroquial, e promover a formação litúrgica integral de seus agentes e todo o povo de Deus, sujeito da celebração. Esta Comissão deve ser integrada por pessoas especializadas, competindo a ela, “sob a autoridade eclesiástica territorial, conduzir a pastoral litúrgica em sua área e promover os estudos e as experiências necessárias” (cf. SC 44).

74. A Instrução Inter Oecumenici para a execução da Constituição Sacrosanctum Concilium, aplicando as normas do Concílio Vaticano II, no n 47, trata com maiores detalhes das tarefas da Comissão Diocesana de Liturgia, afirmando que sob a orientação do bispo, a Comissão Diocesana de Liturgia deve: Conhecer a situação da ação litúrgica pastoral da Diocese; Executar diligentemente tudo aquilo que em questões litúrgicas a competente autoridade estabelece e dar conta dos estudos e iniciativas que sobre este assunto se fazem em outras regiões; Sugerir e promover todas as iniciativas práticas que possam contribuir para dar impulso à liturgia, sobretudo para ajudar os sacerdotes que já trabalham na vinha do Senhor; Sugerir oportunas e progressivas disposições de trabalho pastoral litúrgico para os casos concretos e até para toda a Diocese; indicar ou mesmo chamar pessoas competentes que, em ocasião oportuna, possam ajudar os sacerdotes neste campo e propor os meios e os elementos aptos a tal fim; Procurar que na Diocese as iniciativas litúrgicas se desenvolvam em concordância e ajuda das outras associações, como já foi dito para a comissão instituída junto à assembleia episcopal.

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Pastoral Litúrgica Paroquial

75. A equipe de Pastoral Litúrgica Paróquia possui um caráter mais prático e concreto, visto que a meta é a vida litúrgica da paróquia ou da comunidade, procurando preparar bem as celebrações para que seja mais participada, e para isso, preocupando-se com a qualificação dos que exercem algum ministério litúrgico no âmbito paroquial.

76. Conforme o Guia Litúrgico-Pastoral “na paróquia ou comunidade, a pastoral litúrgica é concretizada, dinamizada e viabilizada através de uma equipe de liturgia, unida e entrosada, imbuída da mística do serviço gratuito, comprometida com a vida da comunidade e marcada pelo zelo de preparar celebrações orantes, inculturadas, festivas e repletas de Deus” (p. 119).

A equipe de Celebração

77. Dentro da organização da Pastoral Litúrgica Paroquial encontram-se as Equipes de Celebrações. Estas equipes são encarregadas de fazer acontecer à celebração. Devem trabalhar sempre em sintonia com a equipe de música e o padre. Ela distingue-se da Equipe de Pastoral Litúrgica. As Equipes de Celebrações são tantas quantas forem às celebrações na comunidade. Esta equipe está na base de tudo. Há muitos modos de se compor as Equipes de Celebrações. Ela pode ser formada pelos membros das pastorais, jovens, catequese, etc. Porém, o mais conveniente é que cada celebração tenha uma equipe permanente, que pode eventualmente ser formada por pessoas de diferentes pastorais, movimentos, etc. Esta equipe é constituída pelos leitores e leitoras, pelos animadores da assembleia, pelos cantores, pela equipe de acolhida, etc.

Plano de Ação Pastoral para a Liturgia

78. Toda ação pastoral para ter êxito precisa de um bom plano pastoral. Será ele a guiar os trabalhos e possibilitar a superação das dificuldades enfrentadas. Sem um plano tudo é levado de qualquer jeito. A eficiência da Pastoral Litúrgica se dará mediante um plano de ação pastoral para a liturgia, estruturado para agir durante o ano. Por plano de ação pastoral entendemos o programa que a equipe se dispõe a seguir no decorrer do calendário litúrgico da Igreja e da comunidade paroquial. Neste plano entra também o projeto formativo da equipe e da comunidade. Por certo, outros planos podem ser assumidos ao longo do ano.

79. O mais conveniente é organizar o plano de ação pastoral a partir do calendário litúrgico da Igreja. Isto possibilitará a organização das atividades da Pastoral Litúrgica ao longo do ano. Planejar a partir do calendário litúrgico permitirá saber de antemão às celebrações no decorrer do ano, quem irá preparar, quem vai cantar... Também será possível programar os encontros de formação litúrgica das equipes e da comunidade. Tudo isto tem uma única finalidade: evitar o improviso. A organização de um plano pastoral é a chave para o bom andamento do trabalho da Pastoral Litúrgica na Comunidade.

Orientações práticas e tarefas para a Pastoral Litúrgica

1. Conhecer a realidade da ação pastoral litúrgica da diocese ou da paróquia e comunidade;

2. Fazer um planejamento progressivo da ação pastoral litúrgica, levando em consideração o calendário litúrgico e recorrendo a pessoas competentes;

3. Fazer com que a pastoral litúrgica caminhe de forma integrada com as dimensões bíblico-catequética, de música litúrgica, arte e com a pastoral de conjunto diocesana;

4. Evitar qualquer tipo de individualismo na ação da pastoral litúrgica em todos os níveis (cf. IGMR 96);

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5. A preparação prática de cada celebração litúrgica seja feita com espírito dócil e diligente, de acordo com o Missal Romano e com os outros livros litúrgicos (cf. IGMR 111);

6. Na organização da celebração, quem preside leve mais em conta o bem espiritual de toda a assembleia do que o seu próprio gosto (cf. IGMR 352);

7. Antes da celebração, o diácono, os leitores, o salmista, o cantor, o animador, os cantores saibam exatamente cada um qual ação lhe compete, para que nada se faça de improviso (cf. IGMR 352);

8. Promover os diversos ministérios relacionados a ação litúrgica, privilegiando a sua devida formação bíblico-litúrgica;

9. Planejar, animar, coordenar e avaliar a vida litúrgica da comunidade;10. Garantir a celebração do mistério pascal de Cristo, dando particular atenção às

celebrações dos tempos significativos do Ano Litúrgico, da Diocese e da Paróquia;

11. Constituir, formar e fortalecer as equipes de celebrações nas paróquias e comunidades;

12. Zelar pela dimensão celebrativa do conjunto da ação pastoral, da qual a liturgia é fonte e cume;

13. Integrar as diferentes equipes de celebração, seja da Palavra, da Eucaristia e dos demais sacramentos e sacramentais;

14. Introduzir os fiéis nas diferentes formas celebrativas, na oração pública da Igreja, fonte de piedade e alimento da oração pessoal (cf. SC 90);

15. Favorecer a reflexão inculturada e a busca de uma ação celebrativa cada vez mais à luz das orientações da Igreja;

16. Elaborar subsídios, prover meios que dinamizem e sustentem a formação litúrgica no âmbito diocesano, regional e paroquial;

17. Preparar, com certa antecedência, as celebrações, de forma criativa, simples, alegre, acolhedora e participativa, levando em conta o mistério celebrado;

18. Organizar o espaço celebrativo de modo agradável, acolhedor e orante;19. Prever os diferentes elementos e momentos da celebração, tendo em vista a

integração entre mistério celebrado e a vida da comunidade e das pessoas;20. Escolher cantos litúrgicos levando em conta os momentos da celebração, o

tempo litúrgico e sua função ritual;

Capítulo 4 - O sujeito na Liturgia (Ministérios)

80. A Igreja é um corpo formado de membros bem unidos e tal união se expressa em sua liturgia na diversidade de dons, carismas e ministérios, conforme atesta São Paulo aos Coríntios: “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.” (1Cor 12,4-6). Jesus institui diversamente Apóstolos e Discípulos, bem como o livro dos Atos dos Apóstolos elege sete diáconos para o ministério do serviço. No século III, o Papa Caio distingue os vários ministérios da ordem eclesial, a saber: ostiário, leitor, exorcista, acólito, subdiácono, diácono, presbítero, instituindo, nessa ordem, os graus necessários para a recepção da ordem apostólica, o episcopado (cf. Liber Pontificalis, n.29). A Igreja, desde muito cedo prezou pelos ministérios de modo a valorizar a liturgia pela qual se celebra o Mistério da Salvação.

Ministério do BispoServiço Da Presidência Na Liturgia

81. O Bispo é o sucessor legítimo dos Apóstolos, ordenado segundo eleição da Igreja, por meio do Santo Padre, o papa. Como sucessor dos apóstolos, age em colegialidade com os bispos e com o Papa. O bispo possui o sacramento da ordem no máximo grau e em plenitude, de modo que podemos dizer que é o sacerdote por excelência. O munus episcopal é de reger, ensinar, santificar o rebanho do Senhor. "O Bispo diocesano, como primeiro dispensador dos mistérios de Deus na Igreja particular que lhe está confiada, é o moderador, o promotor e o guardião de toda a vida litúrgica.”

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(IGMR, 3ªEd., n.22). Para colaborar nessa missão, o sacerdócio episcopal é distribuído a outros homens para exercerem, em comunhão com o bispo esse ministério.

82. Quem preside a liturgia da Igreja? “O Bispo deve ser considerado como o Sumo Sacerdote de seu rebanho, de quem deriva e depende, de algum modo, a vida de seus fiéis em Cristo. Por isso, todos devem dar a maior importância á vida litúrgica da Diocese que gravita em redor do bispo, sobretudo na Igreja catedral” (SC 14). Devido a sua função, seu serviço de presidir a Igreja local, o bispo é o presidente nato de toda celebração à qual ele está presente na sua Igreja Particular. O bispo é guia, promotor e guardião da vida litúrgica de sua Diocese (cf. IGMR n. 22).

83. Quem tem a missão de vigiar e cuidar para que a liturgia seja corretamente celebrada? “Na qualidade de Pontífice responsável pelo culto divino na Igreja particular, o bispo deve regular, promover e custodiar toda a vida litúrgica da diocese”(Congregação para os Bispos, ApS n. 145). A comunhão com o bispo é condição para que seja legítima uma celebração no respectivo território diocesano (cf. Vaticano II in CD n.15 e SC 39; cf. tb. Bento XVI in SaC n. 39)

84. Diz o Vaticano II: “Impossibilitado que está o Bispo de presidir pessoalmente sempre e em toda a Diocese a todo o seu rebanho, vê-se na necessidade de reunir os fiéis em grupos vários, entre os quais tem lugar proeminente as paróquias, constituídas localmente sob a presidência de um pastor próprio que faz as vezes do bispo(...) Por consequência deve-se cultivar no espírito e, no modo de agir dos fiéis e dos sacerdotes, a vida litúrgica da paróquia e sua relação com o bispo” (SC n. 42)

85. Nas missas celebradas pelo Bispo, ou à qual ele está presente sem presidir ou celebrar a Eucaristia, observem-se as normas que se encontram no Cerimonial dos Bispos. “Se o bispo não celebra a Eucaristia, mas delega outro para fazê-lo, convém que ele próprio, de cruz peitoral, de estola e revestido do pluvial sobre a alva, presida a Liturgia da Palavra e no final da Missa dê a benção” (IGMR n. 92).

86. Junto com a pregação do Evangelho o Bispo é o responsável do culto divino em sua diocese, antes de qualquer outra tarefa. A partir destas funções, profética e litúrgica, exerce seu magistério, governo e pastoreio, por isso, deve vigiar para que a liturgia seja celebrada com o devido decoro e ordem (cf. ApS n. 142 e 146).

87. O bispo deve presidir frequentemente as celebrações litúrgicas, cercado pelo seu povo e, sendo o ministro ordinário do sacramento da Confirmação, procurará sempre administrá-lo pessoalmente.(cf. ApS n 144).

88. Cabe ao bispo ditar normas oportunas em matéria de liturgia, obrigatórias para toda a Diocese (cf.ApS 143).

89. O bispo deve servir-se das comissões de liturgia, música sacra e arte sacra a fim de cuidar da formação litúrgica dos fiéis (cf. ApS 145).

90. “Uma vez que a liturgia constitui o culto comunitário e oficial da Igreja, como Corpo místico de Cristo, constituído pela cabeça e pelos membros, o Bispo vigiará atentamente a fim de que seja celebrada com o devido decoro e ordem. Terá de vigiar, portanto, sobre o decoro dos ornamentos e objetos litúrgicos, para que os ministros ordenados, os acólitos e os leitores se comportem com a necessária dignidade, e os fiéis participem de modo pleno, consciente e ativo, e toda a assembleia exerça a sua função litúrgica” (Congregação para os Bispos in ApS n. 146).

91. A intervenção do Bispo diocesano é obrigatória e necessária quando se verificam abusos nas celebrações em “missas de cura e libertação”. As orações de exorcismo, contidas no Rito de Exorcismo, devem manter-se distantes das celebrações de cura, litúrgicas ou não litúrgicas, principalmente no momento da Eucaristia. O uso deste ritual é próprio para quem receber do Bispo esta tarefa como exorcista ou a devida autorização (cf. Instrução da Congregação para a Doutrina da Fé, 14.09.2000).

92. Catedral. A igreja do Bispo por excelência é a Catedral. Ela é o centro eclesial e

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espiritual da Diocese porque é símbolo visível da unidade de toda a comunidade cristã reunida em torno do seu pastor, o bispo, sucessor dos apóstolos, que nela tem sua cátedra, no presbitério, em lugar de destaque e visível. A catedral é lugar referencial, teológico, sacramental e pastoral da Igreja diocesana. Deve ser o símbolo maior da Igreja Particular e como tal simboliza toda a Diocese.

93. Desde que seja possível, o bispo celebre as festas de preceito e outras solenidades na Igreja Catedral, as celebrações por ele presididas devem ter função de exemplaridade para todas as outras. A Catedral é o templo mais importante da diocese, sinal de unidade da Igreja particular e do magistério do bispo, pois aí tem sua cátedra, como pastor da Diocese (cf. ApS 144 e 155).

Símbolos episcopais e seu uso na liturgia:

94. Torna-se necessário que se diga também uma palavra, sobre alguns símbolos recebidos pelo bispo no dia de sua ordenação episcopal. Símbolos de uso comum dos bispo, cujo significado muitas vezes, é desconhecido da maioria dos fiéis23.

95. Báculo : Bastão ou cajado alto com extremidade curva, símbolo do poder-serviço e da missão de pastor. Tem uma extremidade curva para puxar as ovelhas mais perto, impedindo que se dispersem, e a outra extremidade reta ou pontuda para defender o rebanho dos lobos. O báculo é usado somente nas funções litúrgicas e somente o bispo pode apoiá-lo no chão.

96. Mitra: símbolo da santidade do sumo sacerdote e de seu poder espiritual. Com suas duas pontas voltadas para o alto indica a total pertença a Deus. Com suas duas partes separadas e duas ínfulas (fitas que caem para traz), é também símbolo da Antiga e Nova Aliança. A mitra é usada somente nas funções litúrgicas.

97. Anel : por sua forma circular, sem começo nem fim, é sinal de união e fidelidade eternas. Sinaliza o dever do bispo, de ser o guardião da aliança de amor entre Cristo esposo, e sua esposa a Igreja (Diocese que lhe foi confiada), mantendo-a fiel na unidade e no amor. Deve ser usado sempre pelo bispo.

98. Cruz peitoral : A cruz é símbolo universal da mediação e do mediador como duas ligações de pontos opostos. A partir da ressurreição, a cruz se torna sinal da vitória e da vida nova em Cristo, a qual o bispo, sucessor dos apóstolos, deve anunciar. Deve ser usada sempre pelo bispo.

99. Solidéu : barrete em forma de calota de cor roxa que cobre ou substitui a tonsura (corte de cabelo de forma redonda), a qual simboliza a total consagração da vida a Deus. É uma peça não litúrgica do vestuário episcopal, usada fora das celebrações, pode porém ser usada também nas funções litúrgicas.

O Presbítero

100. O Presbítero recebe o segundo grau do sacerdócio, de modo que o sacramento o torna um colaborador do bispo na missão confiada ao sucessor dos apóstolos.

101. “Os presbíteros são consagrados por Deus, por meio do ministério dos Bispos, para que feitos de modo especial, participantes do sacerdócio de Cristo, sejam na celebração sagrada, ministros d´Aquele que na liturgia exerce perenemente o seu ofício sacerdotal a nosso favor” (PO n. 5)

102. O que preside a Assembleia Litúrgica celebra com o povo e não apenas diante do povo. Deve suscitar uma participação viva e frutuosa de todos, expressão da vida cotidiana, imersa no Mistério de Cristo e sua Igreja. A participação condigna da parte dos sacerdotes é o grande meio de incentivar a participação dos fiéis. “Todos os fiéis que assistem concorrem para a Celebração Eucarística, não são simplesmente representados pelo sacerdote, mas pela via da participação pessoal, segundo o modo próprio, ao qual tem direito em virtude do batismo” (cf. SC n. 14).

103. O presbítero como fiel colaborador do bispo é quem preside as celebrações litúrgicas da Igreja mormente a Eucaristia. “De modo particular convém que haja clareza quanto às funções específicas do sacerdote: como atesta a Tradição da Igreja, é ele quem insubstituivelmente preside à Celebração Eucarística inteira, desde a saudação inicial até a benção final. Em virtude da Ordem sacra recebida, representa

23 cf. verbetes do dicionário litúrgico de Rupert Berger, Pastoralliturgisches Handlexikon, Freibourg,2005).

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Jesus Cristo cabeça da Igreja e, na forma que lhe é própria, também a Igreja. De fato, cada celebração Eucarística é conduzida pelo bispo, quer pessoalmente, quer pelos presbíteros seus colaboradores” (Bento XVI in SaC n. 53 e IGMR n. 92).

104. É necessário para a validade da Celebração da Eucaristia que o ministro seja um sacerdote validamente ordenado (cf. C.D.C. cân 900 § 1). Não basta, portanto, para celebrar validamente, a participação no sacerdócio real de Cristo, no qual participam todos os fiéis pelo Batismo.

a) O sacerdote não conceda aos fiéis dizer a parte da missa que lhe cabe, em especial partes da Oração Eucarística.

b) Celebra licitamente a Eucaristia o sacerdote não impedido pela lei canônica (cf. C.D.C. cân 900 § 2 e cân 916) e que esteja em comunhão com o bispo.

c) O sacerdote não deixe de se preparar devidamente com sua oração para a celebração do Sacrifício Eucarístico, nem de, no fim, fazer a ação de graças pessoal a Deus (cf. C.D.C. cân. 909).

105. O presidente da celebração tem função importantíssima. É a função de presidir deixando a liturgia falar, ou melhor deixando o Mistério que está sendo celebrado aparecer em primeiro plano. Assim, não deve interromper a celebração com explicações, observações, “homiliazinhas”, brincadeiras ou reclamações. Quem preside a celebração não deve interromper o diálogo da aliança entre a assembleia e seu Senhor. Sinta-se incorporado na assembleia, como parte dela, com toda simplicidade e autenticidade, servindo-a na presidência da celebração, sem preocupar-se em agradar ou motivar a “plateia” ou ser aceito por ela. Celebre com a assembleia e não somente para a assembleia.

O Diácono

106. O Diácono recebe o sacramento da ordem não para o sacerdócio mas para o serviço (LG 29). Por isso, é função direta do diácono servir, atender aos necessitados, zelar pela caridade. Mais informações sobre o comportamento deste no capítulo 5.

Assembleia dos Fieis

107. O povo de Deus é constituído em diversas ordens, e na celebração da Eucaristia “cada um intervém fazendo só e tudo o que lhe pertence” (IGMR, 3ªEd., Proêmio, n.5). Considera-se para isso, que “o povo é o povo de Deus, adquirido pelo Sangue de Cristo, congregado pelo Senhor, alimentado com a sua palavra; povo chamado para fazer subir até Deus as preces de toda a família humana; povo que em Cristo dá graças pelo mistério da salvação, oferecendo o seu Sacrifício; povo, finalmente, que pela comunhão do Corpo e Sangue de Cristo se consolida na unidade”. (IGMR, 3ªEd., Proêmio, n.5)

108. Todos os batizados formam a assembleia litúrgica celebrante: “Na assembleia eucarística o povo é convocado e reunido sob a presidência do bispo (ou sob sua autoridade), do presbítero, que faz as vezes de Cristo, e todos os fiéis presentes, quer clérigos quer leigos, com a sua participação para ela concorrem, cada qual a seu modo, segundo a diversidade de ordens e funções litúrgicas” (C.D.C. cân 899 §2). A participação plena, ativa e frutuosa de todos os fiéis é necessária, pois, todos foram chamados a viver as celebrações “enquanto povo de Deus, sacerdócio real, nação santa (cf. 1Pd 2,4-5.9)”, (Bento XVI in SaC n. 38).

109. O Concílio Vaticano II valoriza a participação de todos e a recomenda: “Na reforma e incremento da sagrada liturgia, deve dar-se a maior atenção a esta plena participação de todo o povo porque ela é a primeira e necessária fonte onde os fiéis hão de beber o espírito genuinamente cristão. Esta é a razão que deve levar os pastores de almas a procurarem-na com o máximo empenho, através da devida educação” (SC n.14); “Sempre que os ritos comportam, segundo a natureza particular de cada um, uma celebração comunitária (caracterizada pela presença e ativa participação dos fiéis) inculque-se que esta deve preferir-se na medida do possível, à celebração individual e como que privada” (SC n. 27)

110. Na liturgia todos estamos profundamente unidos a Cristo: “De fato, não se

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pode crer que Cristo esteja na cabeça sem estar também no corpo, pois ele está todo inteiro na cabeça e no corpo” (Bento XVI in SaC n.36).

111. É necessário ter presente também que na celebração cada um tem seu papel que não deve ser nem trocado nem confundido: “Não favorece a causa da participação ativa dos fiéis uma confusão gerada pela incapacidade de distinguir, na comunhão eclesial, as diversas funções que cabem a cada um “(Bento XVI in SaC n.53).

112. A liturgia não se inventa, mas se recebe para ser celebrada com renovado vigor em cada geração. Deve-se ater-se às instruções que constam no próprio missal e nos ritos dos sacramentos.

113. O fiel que participa da celebração litúrgica deve ser membro participante e atuante da comunidade: “Não se pode verificar uma participação ativa nos santos mistérios se não procura tomar parte ativa na vida eclesial em toda a sua amplitude, incluindo o compromisso missionário” (Bento XVI in SaC n.55).

Ministérios Leigos

Acólito

114. O Acólito não recebe o sacramento da ordem, mas é instituído pelo Bispo para o ministério do Altar.

115. O acólito é ministro do serviço do altar e ajuda o sacerdote e o diácono durante a celebração eucarística. Pode levar a Cruz na procissão de entrada. É sua tarefa apresentar o livro ao presidente da celebração e ao diácono (IGMR 188-189). É ele quem cuida da mesa, dos vasos e dos panos sagrados, e, enquanto o ministro extraordinário, distribui a eucaristia aos fieis (IGMR 98-191). Nas celebrações presididas pelo bispo, dois acólitos seguram mitra e o báculo (CE 128).

116. É também tarefa do acólito instituído cuidar da preparação de outros fiéis leigos que prestem serviço ao altar (CE 28).

117. A veste litúrgica do acólito é a alva, e com ela, tem sempre lugar no presbitério com os outros ministros, em um lugar a partir do qual possa exercer comodamente a sua missão tanto sentado como junto do altar (IGMR 189).

118. Quando segura a mitra ou o báculo porta a vimpa.119. As funções que o acólito pode exercer são de diversos tipos; alguns deles

podem ocorrer simultaneamente. Convém, por isso, que sejam oportunamente distribuídas entre várias pessoas; mas se estiver presente um único acólito, este execute o que for mais importante, distribuindo-se as demais entre outros ministros.

120. Na procissão para o altar, o acólito pode levar a cruz, entre dois outros acólitos que levam velas acesas. Depois de chegar ao altar, depõe a cruz perto do altar, de modo que se torne a cruz do altar; se não, guarda-a em lugar digno. Em seguida, ocupa o seu lugar no presbitério. A cruz processional deve ser levada com a imagem do crucificado voltado para frente. Se não houver cruz voltada para a assembleia a processional fica com o crucificado voltado para a assembleia; caso já haja uma nesta disposição a segunda fica voltada para o presidente da celebração.

121. Como sugestão: Os acólitos tomam os candelabros com a mão direita de tal modo que quem caminha do lado direito ponha a mão esquerda no pé do candelabro e a direita no nó central, e aquele que caminha do lado esquedo ponha a mão direita no pé e a esquerda no nó (CE 1886, 1, XI, 8)

122. Não havendo diácono, depois de concluída a oração universal, enquanto o sacerdote permanece junto à cadeira, o acólito põe sobre o altar o corporal, o purificatório, o cálice, a pala e o missal. A seguir, se for o caso, ajuda o sacerdote (ou o bispo quando este preside) a receber os donativos do povo e, oportunamente, leva para o altar o pão e o vinho e os entrega ao sacerdote. Usando-se incenso, apresenta ao sacerdote o turíbulo e o auxilia na incensação das oferendas, da cruz e do altar. Em seguida, incensa o sacerdote e o povo.

123. Como sugestão: quando o acólito entrega o cálice ao sacerdote, para facilitar o gesto, de apresentar-lhe pousado na palma da mão esqueda e com a mão direita por debaixo da copa, deste modo, o sacerdote pode pegar nele comodamente peló nós central, evitando riscos.

124. Ao Cordeiro de Deus, quando for necessário, o acólito leva ao altar vasos sagrados vazios para repartir por eles as espécies consagradas e, na ausência de

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outros ministros, pode levar o Santíssimo do sacrário para o altar para a distribuição e repô-los depois da Comunhão.

125. Se tiver de pegar o Santíssimo no tabernáculo, o acólito abre a porta e genuflete. Após a reposição genuflete e fecha a porta.

126. O acólito legalmente instituído, como ministro extraordinário, pode, se for necessário, ajudar o sacerdote a distribuir a Comunhão ao povo. Se a Comunhão for dada sob as duas espécies, na ausência do diácono, o acólito ministra o cálice aos comungantes, ou segura o cálice, se a comunhão for dada por intinção.

127. Do mesmo modo, o acólito legalmente instituído, terminada a distribuição da Comunhão, ajuda o sacerdote ou o diácono a purificar e arrumar os vasos sagrados. Na falta de diácono, o acólito devidamente instituído leva os vasos sagrados para a credência e ali, como de costume, os purifica, os enxuga e os arruma.

128. Terminada a Missa, o acólito e os demais ministros, junto com o sacerdote e o diácono, voltam processionalmente à sacristia, do mesmo modo e na mesma ordem em que vieram.

129. A água que serviu para retirar os fragmentos das partículas devem ser depostos em terra ou onde ainda houver numa pia de sacristia.

130. Durante a celebração cuide o acólito para que não haja itens além dos necessários para a misssa sobre o altar.

Leitor

131. O Leitor também não recebe o sacramento da ordem, mas é instituído ou confiado para um ministério específico: o de proclamar as leituras da palavra de Deus nas celebrações litúrgicas, bem como catequizar o povo de Deus que necessita de edificação. Mais informações sobre o modo de exercer este ministério no Capítulo 8 deste diretório.

Coroinha

132. O coroinha é uma função dentro da Igreja de servir ao altar, o que é exercido extraordinariamente. Normalmente coloca-se crianças para tal serviço, de modo que não sendo instituídos pelo bispo, possam preservar a pureza do coração para o serviço do altar.

133. O coroinha, conforme sua idade e tamanho, realiza os mesmo atos do acólito, exceto no que toca ao ministério extraordinário da comunhão. Deste modo, o coroinha não preparar o altar, não distribui a eucaristia, nem busca ou repõe a eucaristia no sacrário.

134. A veste própria do coroinha em nossa Diocese é a alva (túnica) ou túnica vermelha com sobrepeliz branca.

135. O coroinha porta o turíbulo, a naveta, as velas, a cruz, o livro, a mitra, o báculo, nas procissões e na missa. Apresenta os dons ao sacerdote, trazendo ao altar: cálice, âmbulas, galhetas, manustérgio e lavabo, caldeira e hissope (se necessário) e outros itens necessários para a celebração. Recolhe os mesmos itens após a comunhão e auxilia no altar em tudo mais necessário. Mais informações confira o anexo III.

Cerimoniário

136. A Instrução Geral sobre o Missal Romano reconhece a importância do mestre de cerimônias para que haja uma boa ordem na liturgia, especialmente em igrejas maiores: “É conveniente pelo menos nas igrejas catedrais e nas de maior importância, que haja um ministro competente ou mestre de cerimônias, responsável pelo bom ordenamento das ações sagradas, ao qual pertence velar para que as mesmas sejam executadas pelos ministros sagrados e fiéis leigos com dignidade, ordem e piedade.” (IGMR, 3ªEd., n.106)

137. O cerimoniário deve ser perfeito conhecedor da sagrada liturgia, sua história e natureza, suas leis e preceitos. Mas deve ao mesmo tempo ser versado em matéria pastoral, para saber como devem ser organizadas as celebrações, quer no sentido de fomentar a participação frutuosa do povo, quer no de promover o decoro das mesmas.

138. O cerimonial dos bispos diz que o cerimoniário se veste com alva/túnica (acompanhada por amito se necessário) ou com veste talar e sobrepeliz. Cabe

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ressaltar que o Cerimonial dos bispos quando descreve esta função entende que um clério esteja a realizar este ofício.

139. O cerimonial diz ainda que se quem exerce a função de cerimoniário for da ordem dos diáconos pode vestir-se da forma habitual para os diáconos oficiantes, com estola e se conveniente, com dalmática.

140. Os jovens (e em alguns casos excepcionais adultos) nas paróquias da Diocese que exercem este ofício vistam-se com alva ou túnica preta (sem filamento, botões ou faixa semelhantes com a batina) e sobrepeliz (que não se assemelhe à roquete).

141. A função do cerimoniário deve iniciar-se bem antes da missa, verificando quais são os próprios da missa, quais partes serão cantadas, etc. Também é dever dos cerimoniários zelar para que algum possível livreto produzido para a celebração contenha os textos litúrgicos corretos e adequados àquela celebração.

142. Deve, em tempo oportuno, combinar com os cantores, assistentes, ministros celebrantes tudo o que cada um tem a fazer e a dizer. Por exemplo, se vamos usar o rito de bênção e aspersão de água benta, deve avisar os acólitos para preparar a caldeira e o hissopo e os cantores para que cantem vidi aquam ou algum outro canto adequado para o rito de asperção.

143. Nas procissões, não existe um lugar definido para os cerimoniários, eles devem se dividir ao longo dela a fim de auxiliar na movimentação de todos os ministros. Podem se colocar à frente do turiferário, guiando a procissão; um pouco atrás do celebrante, principalmente se for bispo, para cuidar das insígnias; podem se colocar à frente do concelebrantes, guiando-os para seus lugares que são distintos dos outros ministros. Podem ainda auxiliar o celebrante a subir ou descer os degraus, se for necessário. Podem atuar ainda na condução dos leitores, na procissão das oferendas e do evangelho.

144. Os cerimoniários podem auxiliar na incensação, segurando a casula do celebrante para que não toque no turíbulo. E mesmo que não se segure a casula, o mestre de cerimônias, junto com os diáconos assistentes acompanha o celebrante na incensação do altar. Contudo, ele não incensa o presidente, os concelebrantes ou a assembleia. O diácono ou o turiferário faz as incensações.

145. Mudam as páginas do missal, tanto quanto o librífero leva o livro até a cátedra, quanto no altar. Evitem estes de ficarem colados ao altar durante a oração eucarística mantendo-se certa distância e dando espaço aos concelebrantes (se houver).

146. É, também, função do cerimoniário por e retirar as insígnias do bispo e entregá-las aos acólitos-assistentes.

147. Porém, dentro da própria celebração, deve agir com suma discrição, não fale sem necessidade; não ocupe o lugar dos diáconos ou dos assistentes, pondo-se ao lado do celebrante; tudo, numa palavra, execute com piedade, paciência e diligência.

148. Os cerimoniários não devem tomar as funções dos diáconos ou dos acólitos. Não devem segurar as pontas do pluvial nas procissões, preparar o altar, incensar, purificar os vasos sagrados, portar o Santíssimo Sacramento, etc.

149. O cerimoniário deve conhecer não só a celebração, mas todos os complementos logísticos e técnicos necessários. Caso não conheça o local da celebração é necessário visitá-lo. Deve-se ensaiar, caso seja uma celebração dotada de maior complexidade, regulando os movimentos e os tempos. Sem ocupar o lugar dos diáconos o cerimoniário fica em um assento próximo ao presidente da celebração. Após a apresentação dos dons fica atrás do presidente, entre os dois diáconos assistentes.

150. Enquanto o servidor do altar executa, o cerimoniário planeja e zela para que saia tudo como deve ser, e a liturgia seja realmente o mais bem feita possível, para a maior Glória de Deus e a salvação das almas. Mantém, durante a celebração, um estado de permanente vigilância para que tudo saia como o planejado e o correto. Poderíamos resumir o trabalho do cerimoniário a três P’s: Preparar, Prever e Precaver. Esquemas para auxiliar este ofício estão nos anexos.

151. Em cada Diocese há um Mestre de Cerimônias responsável pelo bom andamento das celebrações diocesanas quando estas são presididas pelo bispo diocesano.

Capítulo 5 - Orientações Gerais para a Celebração Eucarística

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O Tempo Litúrgico

152. A Santa mãe Igreja considera seu dever celebrar, em determinados dias do ano, o memorial da obra da salvação do seu divino Esposo. Deste modo vive-se a Páscoa anual, semanal e diária. Anualmente com o Tríduo Pascal, centro da Liturgia, vive-se a maior das solenidades, a Páscoa, unida à memória da Paixão. Ao longo do ciclo do ano, vai se desdobrando todo o mistério de Cristo, desde a Encarnação e Natal até a Ascensão, ao Pentecostes e à expectação da feliz esperança e vinda do Senhor. Em cada semana, no dia que veio a chamar-se Domingo, celebra-se a memória da Ressurreição do Senhor. Diariamente também através da oração da Igreja (sobretudo a Liturgia das Horas) e da missa diária vive-se a Páscoa no quotidiano.

153. Comemorando assim os mistérios da Redenção, abrem-se aos fiéis as riquezas das virtudes e méritos do seu Senhor, a ponto de os tornar presentes em todo o tempo, de modo que os fiéis vivam em contato com eles e se encham da graças da salvação”.

Domingo

154. “No primeiro dia de cada semana, chamado dia do Senhor ou domingo, a Igreja, por tradição que remonta dos Apóstolos e tem sua origem na própria Ressurreição de Cristo, celebra o mistério pascal.

155. Sendo o domingo o núcleo e o fundamento do ciclo anual, em que a Igreja desenrola todo o mistério de Cristo, cede a sua celebração somente às solenidades, às festas do Senhor inscritas no calendário geral, e, em princípio, exclui a atribuição perpétua de outra celebração qualquer, exceto as festas da Sagrada Família, do Batismo do Senhor, as solenidades da Santíssima Trindade e de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.

156. Os domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa têm precedência sobre todas as festas do Senhor e todas as solenidades.

Ano litúrgico

157. A celebração do ano litúrgico encerra força peculiar e eficácia sacramental. Através dela, o próprio Cristo, quer nos seus mistérios quer nas memórias dos Santos, e principalmente nas de sua Mãe, continua a sua via de imensa misericórdia, de tal modo que os fiéis de Cristo, não só comemoram e meditam os mistérios da Redenção, mas entram mesmo em contato com eles, comungam neles e por eles vivem.

158. A Igreja celebra o Mistério Pascal de Cristo ao longo do ano litúrgico que começa no 1º domingo do Advento e termina com a 33ª ou 34ª semana do Tempo Comum (na qual se celebra a solenidade de Cristo Rei).

159. O núcleo estrutural do Ano Litúrgico é o Domingo, o dia da Ressurreição do Senhor, dia que a comunidade é convocada de modo muito especial por Cristo para se reunir e celebrar a Eucaristia.

160. O dia litúrgico se estende de meia-noite a meia-noite. A celebração do domingo e das solenidades, porém, começa com as vésperas do dia precedente (o horário referência para isto é 18h).

161. Para cada tempo litúrgico existe uma espiritualidade e uma normativa própria nas celebrações eucarísticas.

162. O Ano Litúrgico é o "calendário religioso". Por ele, o povo cristão revive anualmente todo o Mistério da Salvação centrado na Pessoa de Jesus, o Messias. O Ano Litúrgico contém as datas dos acontecimentos da História da Salvação; contudo, não coincide com o ano civil, que começa no dia primeiro de janeiro e termina no dia 31 de dezembro.

163. O Ano Litúrgico cumpre três ciclos através dos evangelhos sinóticos (semelhante visão): A, B,e C. No Ano (ou ciclo) A, predomina a leitura do Evangelho de São Mateus; no Ano (ou ciclo) B, predomina a leitura do Evangelho de São Marcos e no Ano(ou ciclo C), predomina a leitura do Evangelho de São Lucas.

164. O Ano Litúrgico é composto de diversos "tempos litúrgicos" e sua estrutura é a

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seguinte:

1) Tempo do Advento

Início: Primeiro Domingo do AventoTérmino: 24 de dezembro, à tarde

Esse tempo é dividido em duas partes: do início até o dia 16 de dezembro, a Igreja se volta para a segunda vinda do Salvador, que vai acontecer no fim dos tempos. A partir do dia 17 até o final, a Igreja se volta para a primeira vinda do Salvador, que se encarnou no ventre de Maria e nasceu na pobre gruta de Belém.Duração do tempo: quatro semanasEspiritualidade: esperançaEnsinamento: anúncio da vinda do MessiasCor: Roxaterceiro Domingo é chamado Domingo "Gaudete", ou seja, Domingo da alegria. Essa alegria é por causa do Natal que se aproxima. Nesse dia, pode-se usar o róseo. Personagens bíblicos mais lembrados nesse tempo: Isaías, João Batista e Maria.Um símbolo comum desse Tempo é a Coroa do Advento, com quatro velas a serem acesas a cada Domingo.Outras anotações: usa-se instrumentos musicais e ornamenta-se o altar com flores; porém, com moderação. A recitação do Hino de Louvor ("Glória a Deus nas alturas") é omitida.

2) Tempo de Natal

Início: 25 de dezembro – Missa da Véspera (no dia 24)Término: com a Festa do Batismo do Senhor.Espiritualidade: Fé, alegria, acolhimentoEnsinamento: O Filho de Deus se fez HomemCor: BrancoToda semana seguinte a esse dia é chamada Oitava de Páscoa. São dias tão solenes quanto o dia 25.No primeiro Domingo após o dia 25 de dezembro, celebra-se a Festa da Sagrada Família; porém, quando o Natal do Senhor ocorrer no Domingo, a Festa da Sagrada Família se celebra no dia 30 de dezembro.No dia 1 de Janeiro, celebra-se a Solenidade da Santa Maria, Mãe de Deus.No segundo domingo depois do Natal (entre 2 e 8 de janeiro), celebra-se a Solenidade da Epifania do Senhor.No domingo seguinte à Epifania ocorrer no Domingo 7 ou 8 janeiro, a Festa do Batismo do Senhor  é celebrada na segunda-feira seguinte.

3) Tempo Comum (Primeira Parte)

Início: Dia após a Festa do Batismo do SenhorEspiritualidade do Tempo Comum: Escuta da Palavra de Deus.Ensinamento: Anúncio do Reino de Deus Cor: Verdetempo comum é o caminho habitual, ordinário do povo de Deus que busca o Reino. O Tempo Comum é interrompido pela Quaresma. Com isso, essa primeira parte vai até a Terça-feira de Carnaval, pois na Quarta-feira de Cinzas já começa o Tempo da Quaresma.

4) Tempo da Quaresma

Início : Quarta-feira de CinzasTérmino: Quinta-feira Santa de manhãEspiritualidade: Penitência e conversãoEnsinamento: A Misericórdia de DeusCor: Roxaquarto Domingo é chamado "Laetare", ou seja, Domingo da Alegria, é caracterizado pela alegria da Páscoa que se aproxima. Nesse dia, também pode-se usar paramento róseo.sexto Domingo da Quaresma é Domingo de Ramos na Paixão do Senhor. Nesse dia, a cor

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Vermelha. Também nesse dia, inicia-se a Semana Santa.Observações para o Tempo da Quaresma: excetuando o Domingo "Laetare" ( Alegria), não se ornamenta o altar com flores e o toque de instrumentos musicais é só para sustentar o canto. Durante todo o Tempo, omite-se o Aleluia, bem como também o Hino de Louvor.

5) Tríduo Pascal

Início: Quinta-feira Santa missa da Ceia do SenhorTérmino: Após a Missa do dia do Domingo de PáscoaQuinta-feira santa, à noite, celebra-se a Missa da Ceia do Senhor e Lava-pés. Cor: Branca. Trata-se de uma Missa solene e deve-se ornamentar o presbitério com flores. Ao final da Celebração é feito o translado do Santíssimo Sacramento.Sexta-feira Santa, celebra-se a Ação Litúrgica da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Essa celebração não é Missa. Cor: vermelha.Sábado Santo, à noite, celebra-se a Vigília Pascal, mãe de todas as vigílias.Cor: Branca

6) Tempo Pascal

Início: Primeiro Domingo da PáscoaTérmino: com a Solenidade de PentecostesEspiritualidade do Tempo Pascal: Alegria em Cristo Ressuscitado.Ensinamento: Ressurreição e vida.Cor: Branca Toda a semana seguinte a esse dia é chamada Oitava de Páscoa. São dias tão solenes quanto àquele primeiro Domingo.No sétimo Domingo da Páscoa, celebra-se a Solenidade da Ascensão do Senhor.

7) Tempo Comum (Segunda Parte)

Tempo Comum que havia sido interrompido pela Quaresma, reinicia na Segunda-feira após a solenidade de Pentecostes. No Domingo seguinte, celebra-se a Solenidade da Santíssima Trindade. Nesse dia, a cor é Branca.Na Quinta-feira após o Domingo da Santíssima Trindade, celebra-se a Solenidade do Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo (Corpus Christi).A duração do Tempo Comum, contanto desde a primeira parte, é de 34 semanas. Na 34a semana, mais especificamente na véspera do Primeiro Domingo do Tempo do Advento, termina o Tempo Comum e, consequentemente termina aquele Ano Litúrgico, devendo, portanto, iniciar o outro como primeiro Domingo do Tempo do Advento.

As Cores Litúrgicas

165. As cores litúrgicas são sinais que auxiliam a assembléia a se envolver com o Mistério Pascal estendido ao longo do ano. As cores litúrgicas referem-se primeiramente aos paramentos dos ministros ordenados. É possível utilizar essas cores em véus de ambão e de sacrário. O altar por sua vez possua sempre toalha branca por cima, ainda que haja outra de cor diversa por baixo. Também pode se utilizar dar cores em pequenos arranjos no presbitério e na nave da igreja (fora do presbitério). Tudo isso depende da criatividade, do bom senso e da beleza com que se ornamenta o Espaço Sagrado, com a aprovação do pároco/administrador paroquial.

166. As cores adotadas pela Liturgia da Igreja Católica Apostólica Romana em seu

Rito Latino são:167. Branca: manifesta a alegria, a festa, a vitória do Senhor sobre a morte. É usada

no Tempo Pascal e do Natal do Senhor; nas celebrações do Senhor, exceto as de sua Paixão, da Bem-aventurada Virgem Maria, dos Santos Anjos, dos Santos não Mártires, nas solenidades de Todos os Santos (no domingo posterior a 1 de novembro), de São João Batista (24 de junho), nas festas de São João Evangelista (27 de dezembro), da Cátedra de São Pedro (22 de fevereiro), e da Conversão de São

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Paulo (25 de janeiro);168. Vermelha: manifesta o fogo e o amor divino do Espírito Santo, o sangue e o

sacrifício daqueles que foram fiéis até o martírio. É usada no Domingo da Paixão (Ramos), na Sexta-feira Santa, no Domingo de Pentecostes, nas festas natalícias dos Apóstolos e Evangelistas, e nas celebrações dos mártires;

169. Verde: é a cor que exprime a esperança da vida eterna e o crescimento do Reino de Deus, tempo da Igreja que está a serviço do Reino ao longo do tempo. É usada durante o Tempo Comum;

170. Roxa: simboliza a penitência e a conversão. É usada no tempo do Advento e da Quaresma. É usada também nas celebrações dos Fiéis Defuntos. Também a cor preta pode ser usada nas celebrações dos Fiéis Defuntos e nas exéquias;

171. Róseo: manifesta a alegria da proximidade do Senhor e a pausa no rigor penitencial. Pode ser usada no 3º domingo do Advento e no 4º domingo da Quaresma.

172. Dourado: O dourado substitui o branco, vermelho e o verde em circunstâncias solenes.

Diálogo Esponsal da Celebração Litúrgica

173. A Carta Apostólica “Spiritus et Sponsa”, escrita pelo papa João Paulo II em 2003, na comemoração do 40º aniversário da Constituição “Sacrosanctum Concilium”, apresenta a dinâmica celebrativa da Liturgia da Igreja na contemplação do livro do Apocalipse: “O Espírito e a Esposa dizem: ‘Vem!’ Que aquele que ouve diga também: ‘Vem!’ Que o sedento venha, e quem o deseja receba gratuitamente água da vida” (Ap 22,17).

174. Assim a Igreja como Esposa, impulsionada pelo Espírito Santo, pede constantemente a vinda do seu Esposo, Jesus Cristo, para nutri-la de todas as graças e bênçãos de Vida Eterna (Ef 1,3-14). Tudo isso remonta à experiência do apóstolo Paulo sobre o Matrimônio, que ele compara à união de Cristo com a sua Igreja (Ef 5,21-32).

175. Essa dinâmica de proposta e resposta entre o Esposo e a Esposa é concretizada nas celebrações litúrgicas através do diálogo entre o sacerdote presidente que age na Pessoa de Cristo e a assembléia que é a imagem de toda a Igreja – Esposa de Cristo. Assim o sacerdote, agindo pela força do sacramento da Ordem, revela e propõe para a Igreja o amor salvador. E a Igreja, pela assembléia litúrgica, o ouve e, no seu momento, responde ao amor do seu Esposo, que é o Cristo na pessoa do sacerdote. Por isso, há certas partes da celebração da missa que são próprias do sacerdote (bispo ou presbítero) e outras próprias da assembléia24. Por exemplo, a Oração Eucarística é uma oração sacerdotal do qual a assembléia pode participar através da escuta da voz do sacerdote e intervir nas aclamações já previstas. Existem outras partes da celebração eucarística que determinadas pelo missal indicando qual é a voz do Esposo (Cristo na pessoa do sacerdote) e qual é a voz da Esposa (Igreja).25 Ignorar esta dinâmica é romper esse relacionamento amoroso. Assim como num casamento, onde não existe diálogo entre os cônjuges não existe a experiência verdadeira do amor.

176. Para frisar mais, lembremos o que diz o Concílio: “Nas celebrações litúrgicas, cada qual, ministro ou fiel, ao desempenhar a sua função, faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete”.

177. O Missal prescreve que a Doxologia da Oração Eucarística (Por Cristo, com Cristo e em Cristo...) é proferida por quem é sacerdote. Logo, os diáconos e os leigos não rezam juntos com os sacerdotes, mas somente respondem o Amém conclusivo. Outro exemplo é a Oração da Paz (Senhor Jesus dissestes aos vossos apóstolos: Eu vos deixo a paz, Eu vos dou a minha paz...) que também só o presidente da celebração reza, deixando a resposta para a assembléia.

O Silêncio Sagrado24 Código de Direito Canônico, cân. 907.25 Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 28.

25

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178. O Silêncio sagrado é parte imprescindível da Liturgia para que a graça de Deus seja aproveitada na intimidade (cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n.23).

179. A natureza do silêncio depende do momento em que ocorre (SC 30):a. antes do início da celebração, tanto na igreja, na sacristia e nos lugares mais

próximos, para que ministros e fiéis se preparem para celebrar dignamente o Mistério de Cristo;

b. no ato penitencial, após a motivação do presidente, a assembléia reconhece seus pecados, suas fraquezas e seus limites, e implora a misericórdia de Deus;

c. depois do “Oremos” da oração do dia . A convite do presidente, em silêncio, a assembléia “toma consciência de que está na presença de Deus e formula interiormente seus pedidos” (IGMR 54);

d. durante a liturgia da Palavra. Pode ser realizado antes de iniciar a liturgia da Palavra ou depois de uma das leituras ou ainda depois da homilia. Este silêncio tem por finalidade de acolher no coração a Palavra de Deus e preparar a resposta pela oração(IGMR 56);

e. após a comunhão eucarística. É um momento que se procura uma profunda comunhão com o Senhor no louvor, na ação de graças ou nos pedidos. “Para completar a oração do povo de Deus e encerrar todo o rito da comunhão, o sacerdote profere a oração depois da comunhão, em que implora os frutos do mistério celebrado” (IGMR 89).

f. Observação: Nas celebrações transmitidas pela rádio ou televisão, há outras orientações condicionadas por esses veículos de comunicação. Uma vez que não se pode guardar muito tempo de silêncio nestes meios.

Participação na Eucaristia

180. Participar significa “ser parte de”, “tomar parte” o que subentende um todo uno, no caso, o Corpo Místico de Cristo que é a Igreja. Ser parte, nesse sentido, é ser membro unido ao corpo que é o todo da Igreja, é ser ramo da videira (cf. 1Cor 12,12; Jo 15,5). Todavia, o Concílio Ecumênico Vaticano II convocou os fiéis a terem uma participação mais ativa e não de mera presença (cf. Sacrossanctum Concilium, n.26), de modo que os fiéis possam fazer parte efetivamente do sacrifício do Senhor, o que ocorre nas aclamações, nos responsórios, na salmodia, nas antífonas, nos gestos condizentes com a liturgia e no silêncio sagrado. Ainda, é importante que os fiéis preparem as músicas, as leituras, a oração dos fiéis, a ornamentação da Igreja. Todavia, a Igreja nos recorda que “por mais que a liturgia tenha esta característica da participação ativa de todos os fiéis, não se deduz necessariamente que todos devam realizar outras coisas, em sentido material, além dos gestos e posturas corporais, como se cada um tivera que assumir, necessariamente, uma tarefa litúrgica específica.” (Redemptionis Sacramentum, n.40)

Os gestos e as posições do corpo

181. Os gestos e as posições do corpo “devem contribuir para que a celebração resplandeça pelo decoro e nobre simplicidade, se compreenda a verdadeira e plena significação de suas diversas partes e se favoreça a participação de todos”. (SC 30, 21).

182. A mesma posição do corpo realizada pela assembléia “é sinal da unidade dos membros da comunidade cristã, reunidos para a Sagrada Liturgia, pois exprime e estimula os pensamentos e sentimentos dos participantes”(IGMR 42). E mais ainda:

“Formem um único corpo, seja ouvindo a palavra de Deus, seja tomando parte nas orações e no canto, ou sobretudo na oblação comum do sacrifício e na comum participação da mesa do Senhor. Tal unidade se manifesta muito bem quando todos os fiéis realizam em comum os mesmo gestos e assumem as mesmas atitudes externas”(IGMR 96). “Para se obter a uniformidade nos gestos e posições do corpo numa mesma celebração, obedeçam os fiéis aos avisos pelo diácono, por um ministro

26

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leigo ou pelo sacerdote, de acordo com o que vem estabelecido no Missal”. (IGMR 43)

183. As posições do corpo ao longo da celebração são:g. Em pé: é sinal da prontidão, do serviço, da ressurreição, da dignidade dos

filhos de Deus. Ficamos de pé desde a Procissão de Entrada até a oração do dia inclusive; na Aclamação ao Evangelho, bem como na sua Proclamação, na Profissão de Fé; na Oração da Comunidade, e desde o convite “Orai irmãos e irmãs...” até a epiclese, do “Anunciamos Senhora a Vossa morte.. .” até a comunhão; da Oração depois da comunhão até o fim da missa, exceto nas partes citadas em seguida;

h. Sentado: é a atitude de quem ouve e medita a Palavra de Deus. Sentamos durante as Leituras Bíblicas antes do Evangelho; durante a Homilia, durante a Preparação das Oferendas, e, se for conveniente, enquanto se observa o silêncio sagrado depois da comunhão;

i. De joelhos: é o ato de adoração e de humildade diante de Deus. “Ajoelhem-se, porém, durante a consagração, a não ser que, por motivo de saúde ou falta de espaço ou o grande número de presentes ou outras causas razoáveis não o permitam. Contudo, aqueles que não se ajoelham na consagração, façam inclinação profunda enquanto o sacerdote faz genuflexão após a consagração”;

j. Genuflexão: é um gesto de reverência no qual se dobra o joelho direito até o chão como sinal de adoração e humildade diante do Santíssimo Sacramento e, em certas ocasiões, como na Sexta-feira Santa, diante da Cruz. Na celebração da missa, caso o Santíssimo Sacramento esteja no centro do presbitério, realizamos só uma genuflexão em direção ao altar e à Eucaristia, tanto na Procissão de Entrada como na Procissão de Saída após a bênção de envio. Nessas procissões, os “que levam a cruz processional e as velas, em vez de genuflexão, fazem inclinação de cabeça” (IGMR 274) ao altar e o que conduz o Evangeliário omite tanto a genuflexão como a inclinação (IGMR 173). No decorrer da celebração, todos os que passarem em frente do altar e do Santíssimo fazem somente a inclinação profunda (IGMR 274). Além disso, o sacerdote presidente realiza três genuflexões: uma depois da apresentação do pão e outra depois da apresentação do cálice com o vinho, durante a consagração; e por fim, após o rito do Cordeiro de Deus. Quando os sacerdotes concelebrantes se aproximarem do altar para comungar, realizem a genuflexão;

k. Inclinação: é um gesto que manifesta “a reverência e a honra que se atribuem às próprias pessoas ou aos seus símbolos. Há duas espécies de inclinação: de cabeça e de corpo.

i. Inclinação de cabeça: faz-se quando se nomeiam juntas as três Pessoas Divinas (por exemplo: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo...), o nome de Jesus, da Virgem Maria e do Santo em cuja honra se celebra a missa;

ii. Inclinação de corpo ou inclinação profunda: faz-se ao altar (desde que não se encontre o Santíssimo no centro do presbitério), às orações Ó Deus todo poderoso, purificai-me26 e De coração contrito;27

no símbolo da fé às palavras E se encarnou; no Cânon Romano (Oração Eucarística I) às palavras Nós vos suplicamos. O diácono faz a mesma inclinação quando pede a bênção antes de proclamar o Evangelho. Além disso, o sacerdote inclina-se um pouco quando, na consagração, profere as palavras do Senhor.”(IGMR 275)

Missas Rituais

184. As missas rituais são celebrações eucarísticas unidas a outros sacramentos ou sacramentais como, por exemplo, a confirmação, a ordenação, a profissão religiosa,...

26 Essa oração é feita em silêncio pelo sacerdote diante do altar, quando ele se dirige ao ambão para a proclamação do Evangelho.

27 Também é recitada em silêncio pelo sacerdote na apresentação das oferendas, após a oração sobre o cálice.

27

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185. Para as missas rituais, há uma seleção especial de textos da Sagrada Escritura e formulários específicos de orações para a celebração de cada sacramento ou sacramental.28 A utilização destes textos bíblicos e formulários de orações das missas rituais, bem como a sua cor litúrgica, é permitida todos os dias, exceto “nos domingos do Advento, da Quaresma, da Páscoa, nas solenidades, nos dias da oitava da Páscoa, na Comemoração de Todos os Fiéis defuntos, na Quarta-feira de Cinzas e nos dias de semana da Semana Santa, observando-se, além disso, as normas contidas nos livros rituais e nas próprias missas.” (IGMR 372)

Missa com diácono

186. “Quando está presente à celebração eucarística, o diácono, revestido das vestes sagradas, exerça seu ministério. Assim, o diácono, conforme a Instrução Geral do Missal Romano a partir do n 171:

l. assiste o sacerdote e caminha a seu lado;m. ao altar, encarrega-se do cálice e do livro (missal);n. proclama o Evangelho e, por mandado do presidente da celebração, pode

fazer a homilia;o. orienta o povo fiel através de oportunas exortações e enuncia as intenções da

oração universal;p. auxilia o sacerdote na distribuição da Comunhão e purifica e recolhe os vasos

sagrados; q. se não houver outros ministros, exerce as funções deles, conforme a

necessidade.”

187. “Conduzindo o Evangeliário, pouco elevado, o diácono precede o sacerdote que se dirige ao altar; se não, caminha a seu lado.”

188. “Chegando ao altar, se conduzir o Evangeliário, omitida a reverência, sobe ao altar. E, tendo colocado o Evangeliário com deferência sobre o altar, com o sa cerdote venera o altar com um ósculo (beijo). Se, porém, não conduzir o Evangeliário, faz, como de costume, com o sacerdote profunda inclinação ao altar e, com ele, venera-o com um ósculo. Por fim, se for usado incenso, assiste o sacerdote na colocação do incenso e na incensação da cruz e do altar.”

189. “Incensado o altar, dirige-se para a sua cadeira com o sacerdote, permanecendo aí ao lado do sacerdote e servindo-o quando necessário.”

190. “Enquanto é proferido o Aleluia ou outro canto, o diácono, quando se usa inceso, serve o sacerdote na imposição do incenso. Em seguida, profundamente inclinado diante do sacerdote, pede, em voz baixa a bênção, dizendo: ‘Dá-me a tua bênção’. O sacerdote o abençoa, dizendo: ‘O Senhor esteja em teu coração para que possas problemar dignamente o Santo Evangelho’. O diácono faz o sinal da cruz e responde: ‘Amém’. Em seguida, feita uma inclinação ao altar, toma o Evangeliário, que louvavelmente se encontra colocado sobre o altar e dirige-se ao ambão, levando o livro um pouco elevado, precedido do turiferário com o turíbulo fumegante e dos ministros com velas acesas. Ali, ele saúda o povo, dizendo de mãos unidas: ‘O Senhor esteja convosco’ e, em seguida, às palavras Proclamação do Evangelho, traça o sinal da cruz com o polegar sobre o livro e, a seguir, sobre si mesmo, na fronte, sobre a boca e o peito, incensa o livro e proclama o Evangelho. Ao terminar, aclama: ‘Palavra da Salvação’, respondendo todos: ‘Glória a vós, Senhor’. Em seguida, beija o livro, dizendo em silêncio: ‘Pelas palavras do santo Evangelho...’, e volta para junto do sacerdote. Quando o diácono serve ao bispo, leva-lhe o livro para ser osculado ou ele mesmo o beija (...). Em celebrações mais solenes o bispo, conforme a oportunidade, abençoa

28 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 359. Consulte-se o Ritual Romano para o Sacramento ou Sacramental que se deseja unir à missa, para conhecer os seus textos bíblicos e seus formulários de orações.

28

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o povo com o Evangeliário. Por fim, o Evangeliário pode ser levado para a credência ou outro lugar adequado e digno.”

191. “Não havendo outro leitor preparado, o diácono profere também as outras leituras.”

192. “Após a introdução do sacerdote, o diácono propõe, normalmente do ambão, as intenções da oração dos féis (preces).”

193. “Terminada a oração universal, enquanto o sacerdote permanece em sua cadeira, o diácono prepara o altar com a ajuda do acólito29; cabe-lhe ainda cuidar dos vasos sagrados. Assiste o sacerdote na recepção das dádivas do povo. Entrega ao sacerdote a patena com o pão que vai ser consagrado; derrama vinho e um pouco d'água no cálice, dizendo em silêncio: ‘Pelo mistério desta água...’ e, em seguida, apresenta o cálice ao sacerdote. Ele pode fazer esta preparação do cá- lice também junto à credência. Quando se usa incenso, serve o sacerdote na in- censação das oferendas, da cruz e do altar, e depois ele mesmo ou o acólito incensa o sacerdote e o povo.”

194. “Durante a Oração Eucarística, o diácono permanece de pé junto ao sacerdote, mas um pouco atrás, para cuidar do cálice ou do missal, quando necessário. A partir da epíclese (da invocação do Espírito Santo sobre as oferendas) até a a- presentação do cálice o diácono normalmente permanece de joelhos. Se houver vários diáconos, um deles na hora da consagração pode colocar incenso no turíbulo e incensar na apresentação da hóstia e do cálice.”

195. “À doxologia final da Oração Eucarística, de pé ao lado do sacerdote, (o diácono) eleva o cálice, enquanto o sacerdote eleva a patena com a hóstia, até que o povo tenha aclamado: ‘Amém’”. A proclamação da oração ‘Por Cristo, com Cristo e

em Cristo...’ é exclusivamente sacerdotal. O diácono aclama o ‘Amém’ juntamente com os fiéis leigos.

196. “Depois que o sacerdote disse a oração pela paz e: ‘A paz do Senhor esteja sempre convosco’, o povo responde: ‘O amor de Cristo nos uniu’, o diácono, se for o caso, faz o convite à paz, dizendo, de mãos juntas e voltado para o povo: Meus irmãos e minhas irmãs, saudai-vos em Cristo Jesus. Ele, por sua vez, recebe a paz do sacerdote e pode oferecê-la aos outros ministros que lhe estiverem mais próximos.”

197. A fração do pão eucarístico é realizada somente pelo presidente da celebração, ajudado, se é o caso, pelo diácono ou por um (sacerdote) concelebrante, mas não por um leigo (por exemplo: acólito, ministro extraordinário da sagrada comunhão, coroinha...). Inicia-se esta fração do pão depois de dar a paz, enquanto se recita o ‘Cordeiro de Deus’30.

198. “Tendo o sacerdote comungado31, o diácono recebe a Comunhão sob as duas espécies do próprio sacerdote32 e, em seguida, ajuda o sacerdote a distribuir a

29 Por “acólito” entende-se aquela pessoa oficialmente instituída pelo Ordinário (bispos e superiores religiosos).30 Cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 73 e cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 83.31 Isso vale para o sacerdote presidente da celebração como também aos demais concelebrantes (cf. IGMR n. 244).32 Na missa, quando o diácono recebe a comunhão, o sacerdote apresenta-lhe o pão e o vinho euca- rísticos dizendo: “O Corpo e o Sangue de Cristo” e o diácono professa sua fé dizendo: “Amém” (cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 249). Quando, porém, o sacerdote ou diácono apresenta opão e o vinho eucarístico ao(s) sacerdote(s) concelebrante(s), nada se fale (cf. Instrução Redemptio- nis Sacramentum, n. 98). A razão disso se encontra na natureza do ministério sacerdotal que garante à Igreja que aquele pão e aquele vinho é a Eucaristia. O diácono não é sacerdote, por isso que, jun- tamente com os fiéis leigos, deve professar sua fé diante do sacramento da Eucaristia.

29

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Comunhão ao povo. Sendo a Comunhão ministrada sob as duas espécies, apresenta o cálice aos comungantes e, terminada a distribuição, consome logo com reverência, ao altar, todo o Sangue de Cristo que tiver sobrado...”

199. “Concluída a distribuição da Comunhão, o diácono volta com o sacerdote ao altar e reúne os fragmentos, se houver. A seguir, leva o cálice e os outros vasos sagrados para a credência, onde os purifica e compõe como de costume, enquanto o sacerdote regressa à cadeira. Podemse deixar devidamente cobertos na credência, sobre o corporal, os vasos a purificar e purificá-los imediatamente após a missa, depois da despedida do povo.”

200. “Após a Oração depois da Comunhão, o diácono faz breves comunicações que se fizerem necessárias ao povo, a não ser que o próprio sacerdote prefira fazê- lo.”

201. “Se for usada a oração sobre o povo ou a fórmula da bênção solene, o diácono diz: ‘Inclinai-vos para receber a bênção’. Dada a bênção pelo sacerdote, o diácono despede o povo, dizendo de mãos unidas e voltado para o povo”: ‘Ide em paz e o Senhor vos acompanhe!’ ou com outras frases de envio sugeridas pelo Missal.

202. “A seguir, junto com o sacerdote, venera com um ósculo (beijo) o altar e, feita uma inclinação profunda, retira-se como à entrada.”

Missa Concelebrada

203. A missa concelebrada ocorre quando há a “participação simultânea de mais de um presbítero na celebração da mesma Eucaristia sob a presidência de um celebrante principal”. Essa forma de celebração eucarística manifesta “a unidade do sacerdócio e do sacrifício, bem como a unidade de todo o povo de Deus”. As orientações seguintes são oriundas da Instrução Geral do Missal Romano n 199.

204. Para a missa concelebrada há algumas determinações:r. Não é permitido celebrar a Eucaristia simultaneamente, no mesmo

tempo e na mesma igreja em que se realiza outra celebração eucarística;

s. É proibida a concelebração do sacrifício eucarístico juntamente com ministros de comunidades eclesiais que não tenham sucessão apostólica, nem reconhecida dignidade sacramental da ordenação sacerdotal, ou que não estão em plena comunhão com a Igreja Católica; (CIC 908)

t. “Os presbíteros em peregrinação sejam acolhidos de bom grado para a concelebração eucarística, contanto que seja reconhecida sua condição sacerdotal”;

u. “Ninguém se associe e nem seja admitido a concelebrar, depois de já iniciada a missa”.

205. Na procissão de entrada, os sacerdotes concelebrantes dirigem-se até o altar seguindo à frente do sacerdote presidente da celebração.

206. “Ao chegarem ao altar, os concelebrantes e o celebrante principal (...) veneram o altar com um ósculo (beijo), e se encaminham para as suas cadeiras. O celebrante principal, se for oportuno, incensa a cruz e o altar e, em seguida, vai até a cadeira.”

207. “Durante a Liturgia da Palavra, os concelebrantes ocupam os seus lugares e levantam-se com o celebrante principal. Iniciado o Aleluia, todos se levantam, exceto o bispo, que coloca incenso, sem nada dizer e dá a bênção ao diácono ou, na sua ausência, ao concelebrante que vai proclamar o Evangelho. Contudo, na concelebração presidida por um presbítero, o

30

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concelebrante que, na ausência do diácono proclama o Evangelho, não pede nem recebe a bênção do celebrante principal.”

208. “A preparação dos dons (isto é, do pão e do vinho no altar) é feita pelo celebrante principal, enquanto os outros concelebrantes permanecem nos respectivos lugares.”

209. “Depois que o celebrante principal concluiu a oração sobre as oferendas, os concelebrantes aproximam-se do altar e colocam-se em torno dele, mas de tal forma que não dificultem a realização dos ritos e a visão das cerimônias sagradas por parte dos fiéis, nem impeçam o acesso do diácono ao altar ao exercer a sua função. O diácono exerce a sua função junto ao altar, ministrando, quando necessário, o cálice e o missal. Contudo, quanto possível, permanece de pé, um pouco atrás, após os sacerdotes concelebrantes, colocados em torno do celebrante principal.”

210. “O Prefácio é cantado ou proclamado somente pelo sacerdote celebrante principal; mas o Santo é cantado ou recitado por todos os concelebrantes junto com o povo e o grupo de cantores.”

211. “Terminado o Santo, os sacerdotes concelebrantes prosseguem a Oração Eucarística na maneira como se determina... (nas rubricas do Missal Romano). Só o celebrante principal fará os gestos indicados, caso não se determine outra coisa.”

212. Da oração da epíclese (isto é, invocação) sobre as oferendas até a oração da epíclese sobre a assembléia33, os concelebrantes rezam todos juntos com o presidente da celebração, realizando os seguintes gestos:

v. Estendendo suas mãos em direção às oferendas na oração da epíclese sobre as oferendas;83

w. Unindo as mãos no início do relato da instituição da Eucaristia;x. Ao proclamar “as palavras do Senhor, com a mão direita estendida para

o pão e o cálice (...); à apresentação, olham para a hóstia e o cálice e depois se inclinam profundamente”;

y. Estendendo suas mãos na oração da memória do Mistério Pascal34 e da epíclese sobre a assembléia.

213. “As partes que são proferidas conjuntamente por todos os concelebrantes e, sobretudo as palavras da consagração, que todos devem expressar, quando forem recitadas, sejam ditas em voz tão baixa de tal modo que se ouça claramente a voz do celebrante principal. Dessa forma as palavras são mais facilmente enten- didas pelo povo.”

214. Convém que as intercessões da Oração Eucarística sejam confiadas a um ou mais concelebrantes, que as recita sozinho, em voz alta, de mãos estendidas.

215. “A doxologia final da Oração Eucarística (Por Cristo, com Cristo, em Cristo...) é proferida somente pelo sacerdote celebrante principal e, se se preferir, junto com os demais concelebrantes, não, porém, pelos fiéis.”

216. “A seguir, o celebrante principal, de mãos unidas, diz a exortação que precede a Oração do Senhor e, com as mãos estendidas, reza a Oração do Senhor com os demais concelebrantes, também de mãos estendidas e com todo o povo.”

217. “O ‘Livrai-nos...’ é dito apenas pelo celebrante principal, de mãos estendidas.

33 Na Oração Eucarística II, a epíclese sobre a assembléia começa com as seguintes palavras: “E nós vos suplicamos que, participando do Corpo e Sangue...”34 Esta oração inicia-se após a resposta da Assembléia diante do “Eis o Mistério da Fé!”. Na Oração Eucarística II, ela começa com as seguintes palavras: “Celebrando, pois, a memória...”.

31

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Todos os concelebrantes dizem com o povo a aclamação final: ‘Vosso é o reino’.”

218. Depois do convite do diácono ou, na sua ausência, de um dos concelebrantes: ‘Meus irmãos e minhas irmãs, saudai-vos em Cristo Jesus’, todos se cumprimentam permanecendo sempre dentro do presbitério35. Os concelebrantes que se encontram mais próximos do presidente da celebração recebem a sua saudação antes do diácono.36

219. “Durante o Cordeiro de Deus, os diáconos ou alguns dos concelebrantes podem auxiliar o celebrante principal a partir as hóstias para a Comunhão dos concelebrantes e do povo.”

220. “Após depositar no cálice a fração da hóstia, só o celebrante principal, de mãos juntas, diz em silêncio a oração ‘Senhor Jesus Cristo, Filho do Deus vivo’, ou ‘Senhor Jesus Cristo, o vosso Corpo e o vosso Sangue’.”

221. “Terminada a oração antes da Comunhão, o celebrante principal faz genuflexão e afasta-se um pouco. Um após os outros, os concelebrantes se aproximam do centro do altar, fazendo genuflexão e tomam do altar, com reverência, o Corpo de Cristo; segurando-o com a mão direita e colocando por baixo a esquerda, retornam a seus lugares. Podem, no entanto, permanecer nos respectivos lugares e tomar o Corpo de Cristo da patena que o celebrante principal, ou um ou vários dos concelebrantes seguram, passando diante deles; ou então passam a patena de um a outro até o último.”

222. “A seguir, o celebrante principal toma a hóstia, consagrada na própria missa, e, mantendo-a um pouco elevada sobre a patena ou sobre o cálice, voltado para o povo, diz: ‘Felizes os convidados’, e continua com os concelebrantes e o povo, dizendo: ‘Senhor, eu não sou digno’.”

223. “Em seguida, o celebrante principal, voltado para o altar, diz em silêncio: ‘Que o Corpo de Cristo me guarde para a vida eterna’, e comunga com reverência o Corpo de Cristo. Os concelebrantes fazem o mesmo, tomando a Comunhão. Depois deles, o diácono recebe das mãos do celebrante principal o Corpo do Senhor.”

224. “Quando a Comunhão é feita diretamente do cálice, pode-se usar um dos seguintes modos:

z. O celebrante principal, de pé ao meio do altar, toma o cálice e diz em silêncio: ‘Que o Sangue de Cristo me guarde para a vida eterna’, bebe um pouco do Sangue e entrega o cálice ao diácono ou a um concelebrante. A seguir, distribui a Comunhão aos fiéis. Os concelebrantes aproximam-se do altar, um a um, ou dois a dois quando se usam dois cálices, fazem genuflexão, tomam do Sangue, enxugam a borda do cálice e voltam para a respectiva cadeira.

aa.O celebrante principal, de pé, no centro do altar, toma normalmente o Sangue do Senhor. Os concelebrantes podem tomar o Sangue do Senhor nos seus respectivos lugares, bebendo do cálice que o diácono, ou um dos concelebrantes lhes apresenta; ou também passando sucessivamente o cá- lice uns aos outros. O cálice é sempre enxugado, seja por aquele que bebe,

seja por aquele que apresenta o cálice. Cada um, depois de ter comungado, volta à sua cadeira.”

225. “O diácono, junto ao altar, consome, com reverência, todo o Sangue que restar, ajudado, se for preciso, por alguns dos concelebrantes; leva-o, em seguida, à credência, onde ele mesmo ou um acólito legitimamente instituído,

35 Esta oração inicia-se após a resposta da Assembléia diante do “Eis o Mistério da Fé!”. Na Oração Eucarística II, ela começa com as seguintes palavras: “Celebrando, pois, a memória...”.36 Cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 72.

32

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como de costume, o purifica, enxuga e compõe.”

226. “O celebrante principal procede ao mais como de costume até o final da missa, permanecendo os concelebrantes em suas cadeiras.”

227. “Os concelebrantes, antes de se afastarem do altar, fazem-lhe uma inclinação profunda. O celebrante principal, com o diácono, porém, como de costume, beija o altar em sinal de veneração.”

Capítulo 6 - O Espaço Sagrado para a Celebração

228. “Por sua morte e ressurreição, Cristo tornou-se o verdadeiro e perfeito templo da Nova Aliança e reuniu um povo adquirido. Este povo santo, reunido pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, é a Igreja ou templo de Deus, construído de pedras vivas, onde o Pai é adorado em espírito e verdade. Com muita razão, desde a antigüidade deu-se o nome de ‘igreja’ também ao edifício no qual a comunidade cristã se reúne, a fim de ouvir a Palavra de Deus, rezar em comum, freqüentar os sacramentos e celebrar a Eucaristia.”37

229. “Por ser um edifício visível, esta casa aparece como sinal peculiar da Igreja peregrina na terra e imagem da Igreja que habita nos céus. Convém, pois, que, ao se erigir um edifício única e estavelmente destinado à reunião do povo de Deus, e à celebração das ações sagradas, seja esta igreja dedicada ao Senhor em rito solene, segundo antiqüíssimo costume.”38 “Todas as igrejas sejam dedicadas ou ao menos abençoadas. Contudo, as igrejas catedrais e paroquiais sejam sole- nemente dedicadas” (IGMR 290) pelo bispo diocesano ou alguém por ele delegado, e a cada ano a comunidade celebre solenemente o dia da dedicação de sua igreja.

230. “Como pede sua natureza, a igreja terá de ser adequada às celebrações sacras, bela, resplandecente de nobre formosura e não de mera suntuosidade e verdadeiramente sinal e símbolo das realidades celestes. A disposição geral do edifício deve manifestar de algum modo a imagem do povo reunido e permitir uma ordem inteligente, bem como a possibilidade de se exercerem com decoro os diversos ministérios (...). Cuide-se, igualmente, com zelo de atender ao que se exige,

quanto aos lugares, na celebração dos outros sacramentos, sobretudo do Batismo e da Penitência.”39

231. A Constituição Sacrosanctum Concilium também apresenta o critério fundamental da construção de uma igreja: “Ao se construírem igrejas, cuidem diligentemente que sejam funcionais, tanto para a celebração das ações litúrgicas, como para obter a participação dos fiéis” (SC 124). Por isso, o projeto arquitetônico de uma igreja não deve estar à mercê das necessidades logísticas ou, pior, basear-se segundo a mentalidade da construção de uma casa de shows com palco e platéia. O projeto de uma igreja deve considerar em primeiro lugar a funcionalidade dos ritos celebrativos e a manifestação da natureza do Mistério da Igreja na assembléia orante.

232. Durante a celebração eucarística, a assembléia litúrgica40 se encontra distribuída em dois lugares sagrados que chamamos de presbitério (onde ficam

37 Ritual da Dedicação de uma Igreja, n. 1.38 Idem, n. 2.

39 Idem, n. 3.40 “O povo de Deus, que se reúne para a Missa, constitui uma Assembléia orgânica e hierárquica que se exprime pela diversidade de funções e ações, conforme cada parte da celebração. Por isso, convém que a disposição geral do edifício sagrado seja tal que ofereça uma imagem da Assembléia reunida, permita uma conveniente disposição de todas as coisas e favoreça a cada um exercer correta- mente a sua função.” Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 294

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o presidente da celebração, os outros ministros ordenados e os que auxiliam diretamente o presidente da celebração no altar) e de nave da igreja (onde ficam os ministérios instituídos e os demais fiéis). Esses dois lugares devem ser de tal maneira estruturados que possam manifestar não só sinal de comunhão de todo o Povo de Deus, mas também o sinal de diferenciação entre os ministérios ordenados e demais participantes da celebração.41

233. Além do presbitério e da nave da igreja, um outro espaço sagrado que não deveria ser ignorado numa igreja é o átrio. Localizado na porta principal da igreja, é o lugar de encontro e de acolhida dos fiéis que se reúnem para celebrar. No átrio pode haver uma equipe de acolhida que saúda os que chegam e deseja as boas-vindas aos que pela primeira vez vêm à igreja para participar da comunidade. A equipe de acolhida deve favorecer um espírito de família, superando todo tipo de divisão ou frieza nos relacionamentos, e ajudar a encontrar um lugar para aqueles que necessitam de assistência por idade avançada ou qualquer outro impedimento.

234. O átrio possui um valor simbólico enquanto lembra que aqueles que ainda não passaram pelo “pórtico da vida no Espírito”42, isto é, o Batismo, estão alheios à participação nos Mistérios de Cristo. Lembremos do Rito do Batismo, em que o candidato para o batizado, inicialmente, é acolhido pelo ministro na comunidade cristã à porta da igreja, isto é, no átrio43. Por isso, é que se recomenda que exista no átrio o reservatório de água benta para que os cristãos, ao entrarem ou saírem da igreja, possam assinalar-se com a cruz de Cristo, lembrando a graça batismal.

Tipologia de Prédios Religiosos

235. Na construção das Igrejas, identificam-se entre os edifícios católicos diferentes tipos de igreja, a saber:

a) Catedral (Sé) - episcopal, arquiepiscopal, primacial, patriarcal, metropolitana. b) Matriz - igreja paroquial.c) Igreja filial, colegiada, conventual, abacial, de irmandade.d) Capela pública, semipública, particular; de colégio, universidade, internato;

comunidade religiosa; de hospitais, sanatórios, abrigos; de estações rodoviária ou ferroviária, de portos, de aeroportos; de corporação militar; de cemitério; em monumento.

e) Santuário f) Basílica

Cada um desses tipos de igreja possui características particulares que são, a seguir, explicitadas: a) Catedral é a igreja oficial, a sede ou Sé, do governante da circunscrição

eclesiástica. Seu nome deriva de cátedra, que é a cadeira do bispo como símbolo de seu magistério. Ela é episcopal (do bispo), se sede de uma diocese (como nossa Diocese de Santo André) ou arquiepiscopal (do arcebispo), quando sede de uma arquidiocese (como a Arquidiocese de São Paulo p.ex.). Além disso, ela é denominada metropolitana, quando a sede da diocese é, ao mesmo tempo, capital do estado ou do país. A Catedral Nossa Senhora do Carmo sede de nossa Diocese fica localizada no Centro da Cidade de Santo André, na Praça do Carmo.

b) Matriz ou Igreja matriz é a sede paroquial, a igreja-mãe da comunidade paroquial (possuímos atualmente 100 matrizes paroquiais em nossa Diocese).

c) Capela ou oratório é um templo de dimensões menores, destinado a um número

41 “Convém que – o presbitério – se distinga do todo da igreja por alguma elevação, ou por especial estrutura e ornato. Seja bastante amplo para que a celebração da Eucaristia se desenrole comoda-mente e possa ser vista por todos.” Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 295.42 Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 1213.43 Cf. Ritual da Iniciação Cristã de Adultos, n. 73; e Ritual do Batismo de Crianças, n. 33 e 297.

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reduzido de pessoas, mas preparado para que nele possa ser celebrada a santa missa. Este é o termo correto para o que muitas vezes denominamos as nossas comunidades da Paróquia.

d) Santuário é uma igreja, centro de peregrinações por motivo de devoção a Deus, muitas vezes através de seus santos. A devoção cultivada nessa igreja suscita grande interesse e piedade do povo, a ponto de ele vir em peregrinação até mesmo de lugares distantes. Em nossa Diocese de Santo André os Santuários são: Santuário Nosso Senhor do Bonfim (Santo André), Nossa Senhora Aparecida (São Bernardo do Campo) e Santuário São Maximiliano Maria Kolbe (São Bernardo do Campo).

e) Basílica é a igreja considerada “notável’ pela veneração que lhe devotam os fiéis, por sua importância histórica e pela magnificência artística de sua construção. Em Roma, quatro de suas mais importantes igrejas são denominadas de “basílica maior”. Fora de Roma, é concedido o título de “basílica menor” a algumas igrejas. Há uma Basílica em nossa Diocese, ela fica localizada no centro de São Bernardo do Campo, é a Paróquia mais antiga da Diocese com mais de 200 anos de história e chama-se Basílica Menor Nossa Senhora da Boa Viagem.

Orientações em Projetos, Execuções e Reformas de Igrejas

236. As igrejas e os demais lugares devem prestar-se à execução das ações sagradas e à ativa participação dos fiéis. Além disso, os edifícios sagrados e os objetos destinados ao culto sejam realmente dignos e belos, sinais e símbolos das coisas divinas (IGMR 288).

237. Para edificar, reformar e dispor convenientemente os edifícios sagrados consultem os responsáveis a Comissão diocesana de Liturgia e Arte Sacra. O Bispo diocesano recorra também ao parecer e auxílio da mesma Comissão, quando se tratar de estabelecer normas nesta matéria, de aprovar projetos de novos edifícios sagrados ou resolver questões de certa importância (IGMR 291).

238. Em nossa Diocese foi publicado o Guia de Orientações para Projetos, Execuções e Reformas de Igrejas pela Comissão para os Bens Culturais da Igreja (COBECISA). Para fazer alterações, reformas e construções nos templos e imóveis das paróquias, os quais são propriedades da Diocese (inclusive os confiados aos religiosos/as), deve-se pedir licença à Cúria Diocesana através do requerimento por escrito com o projeto, o orçamento e a aprovação do CAEP. Assim após o parecer do COBECISA as obras poderão ser executadas.

239. A ornamentação da igreja deve visar mais à nobre simplicidade do que à pompa. Na escolha dessa ornamentação, cuide-se da autenticidade dos materiais e procure-se assegurar a educação dos fiéis e a dignidade de todo o local sagrado (IGMR 292).

240. A casa da Igreja deve ser expressão da verdade que ela anuncia, sem falsidade ou imitação. Os materiais devem ser naturais e verdadeiros: assim sendo materiais de plastico, fórmica ou imitação de madeira, pedras e flores não deveriam ser utilizados. A beleza e a unidade do lugar sem luxo nem “cafonice”, deve alimentar a piedade dos fiéis, ao mesmo tempo manifestar a santidade dos mistérios celebrados.

241. Para corresponder às necessidades de nossa época, a organização da igreja e de suas dependências requer que não se tenha em vista apenas o que se refere às ações sagradas, mas também tudo o que contribua para uma justa comodidade dos fiéis, como se costuma providenciar nos lugares onde se realizam reuniões (IGMR 293).

242. O povo de Deus, que se reúne para a Missa, constitui uma assembleia orgânica e hierárquica que se exprime pela diversidade de funções e ações, conforme cada parte da celebração. Por isso, convém que a disposição geral do edifício sagrado seja tal que ofereça uma imagem da assembleia reunida, permita uma conveniente disposição de todas as coisas e favoreça a cada um exercer corretamente a sua função. (IGMR 294)

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Elementos do espaço celebrativo para a Eucaristia

243. Aqui será exposto o ideal na construção de uma igreja. Sabe-se que o ideal nem sempre é o possível para já; devido às condições financeiras e espaciais de muitas comunidades e, em alguns casos, é impossível, por se tratar de templos tombados pelo Patrimônio Histórico. Por isso, cada comunidade busque, com o tempo, atingir os parâmetros propostos pela Igreja, sempre considerando os valores e as características do templo, adequando a construção às características culturais da comunidade.

Presbitério

244. presbitério é lugar de destaque no espaço celebrativo, nele devem estar muito bem organizados o altar, o ambão e a sédia (cadeira presidencial), as demais peças sejam colocadas mais lateralmente (por exemplo a credência). Na Igreja Matriz Paroquial também a pia batismal pode ficar no presbitério.

245. presbitério é o lugar onde se encontra localizado o altar, onde, é proclamada a Palavra de Deus e onde o sacerdote, o diácono e os demais ministros exercem o seu ministério. Convém que se distinga do todo da igreja por alguma elevação ou por especial estrutura e ornato. Seja bastante amplo para que a celebração da Eucaristia se desenrole comodamente e possa ser vista por todos. (IGMR 295)

246. Quando a assembleia for numerosa o presbitério deve ficar num plano mais elevado para facilitar a visibilidade e a acústica, mas não excessivamente elevado, para não parecer distante do povo, como um show. Ao contrário, deve dar a ideia de estar inserido na assembléia. É importante que alguma sinalização defina o presbitério, com degraus ou demarcação visual, sem perder de vista a unidade do povo de Deus em oração. Em pequenas capelas esse desnível é até desnecessário.

247. Presbitério deve ter espaço suficiente para as peças necessárias e para a mobilidade do presidente e dos ministros. Peças desnecessárias que ocupam espaço e dificultam movimentação não devem estar no presbitério.

a) O Altar

248. A Instrução Geral sobre o Missal Romano diz que “o altar, onde se torna presente o sacrifício da cruz sob os sinais sacramentais, é também a mesa do Senhor na qual o povo de Deus é convidado a participar por meio da missa; é ainda o centro da ação de graças que se realiza pela Eucaristia.”44

249. O altar exprime simultaneamente o valor sacrifical e comensal da Eucaristia. Não pode ser considerado somente como uma mesa qualquer, pois também é a pedra (ara) do sacrifício da Cruz que se perpetua sacramentalmente até que Cristo venha11545. Compreendida essa função, o altar deve ser proporcional à Igreja e sempre o suficiente para dispor as oferendas sobre sua superfície, bem como os elementos necessários para a realização do rito da consagração.

250. Que em cada igreja exista somente um único altar46, de tal forma “que signifique a assembléia única dos fiéis, o único altar, o único Salvador nosso Jesus Cristo, e a única Eucaristia da Igreja”47. O altar é a presença do Cristo Cabeça, que reúne ao redor seus membros e é para ele que de algum modo convergem os outros ritos da Igreja. As igrejas históricas que possuam diversos altares, além do altar-mor, é ponderado que não se alterem suas características.

44 Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 296.45 Cf. Ritual da Dedicação de um altar, n. 4.46 Cf. Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 41.47 Ritual da Dedicação de um altar, n. 7.

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251. “Convém que em toda igreja exista um altar fixo, que significa de modo mais claro e permanente Jesus Cristo, pedra viva (Cf. 1Pd 2,4; Ef 2,20); nos demais lugares dedicados às sagradas celebrações, o altar pode ser móvel”48. Por altar fixo entende-se aquele que se prende ao chão do presbitério, não podendo ser removido ou transportado. É significativo que o altar fixo seja de pedra e de uma única pedra natural49, sendo consagrado com o óleo do Santo Crisma, segundo o Pontifical Romano. Mas também ele pode ser feito com outros materiais sólidos e dignos50, não utilizando materiais que imitem a pedra ou madeiras sólidas como, por exemplo, fórmicas ou purpurina para imitar o ouro.

252. O altar deve ser construído “afastado da parede, a fim de ser facilmente circundado e nele se possa celebrar de frente para o povo (...). O altar ocupe um lugar que seja de fato o centro para onde espontaneamente se volte a atenção de toda a assembléia dos fiéis”51. Por isso, não se deve colocar a sede presidencial na

frente do altar.52 Tome-se cuidado com decorações que obstruam, camuflem ou escondam a visão do altar. Assim como todos os outros elementos litúrgicos, o altar deve ser construído artisticamente de forma que por si só manifeste o seu simbolismo. Não é adequado que se cubra o altar com enormes toalhas, cheias de bordados e pinturas, ou arranjos artísticos com flores ou com outros simbolismos em frente do altar, fazendo-o desaparecer diante dos olhos da assembléia. A mesa do altar deve estar à vista da assembléia, de tal modo que por si própria manifeste seu valor, sem que nada impeça sua visão.

253. O altar é saudado com uma inclinação profunda por todos quantos se dirigem ao presbitério, dele se retiram ou passam na sua frente53. Além disso, o presidente da celebração e demais ministros ordenados beijam o altar no início da missa, como sinal de veneração. No final da missa, antes de deixar o presbitério, o pre- sidente da celebração e os diáconos assistentes beijam o altar. Se forem muitos os ministros ordenados, estes só farão a inclinação profunda.

254. Mesmo fora das celebrações, o altar merece veneração e não perde o seu valor simbólico. Por isso, não se permita que se descansem os braços sobre o altar, nem se coloquem papéis, livros que não sejam o missal, ... Durante a limpeza da igreja, não se coloquem materiais de limpeza e outros sobre o altar.

255. O altar não deve ser utilizado como uma escrivaninha para se preencher formulários, anotar avisos, intenções de missa, etc... a exceção que expressa um compromisso da aliança assumido em Cristo e diante da Igreja é a carta de profissão perpétua dos religiosos54. Profissão pública de fé, a assinatura dos noivos na ata de celebração de casamento não se assina no altar.

256. O altar deve ter pelo menos uma toalha cor branca e seu tamanho deve combinar com o tamanho e a proporção da superfície do altar55. A(s) toalha(s) pode(m) ser decorada(s) segundo os critérios da sobriedade, simplicidade e nobreza.

257. Para realçar nossa fé na força simbólica do altar, cada detalhe é importante. Nota-se que em algumas igrejas colocam-se por sobre a toalha branca do altar um plástico de proteção contra a poeira e demais impurezas. É

48 Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 298.49 Cf. Código de Direito Canônico, cân 1236.50 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 301.51 Idem, n. 299.52 Excetua-se neste caso os ritos que exigem visibilidade, por exemplo uma ordenação onde na sede ocorrem ritos que precisam ser visíveis.53 Cf. Cerimonial dos bispos – Cerimonial da Igreja, n. 72.54 Cf. Ritual da Profissão Perpétua dos Religiosos, n. 65; Ritual da Profissão Perpétua das Religiosas, n. 70.55 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 304

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mais conveniente preservar a limpeza da toalha branca com uma espécie de manto, isto é, uma outra toalha, de tecido mais grosso que não escondesse a visão do altar. É claro que esse manto seria utilizado somente fora das celebrações. Outro detalhe que prejudica e esvazia o valor do altar é transformá-lo numa espécie de armário, com portas e gavetas, porque ele não é um móvel qualquer, como se fosse uma extensão dos armários da sacristia.

CRUZ PROCESSIONAL / CRUZ DO ALTAR

258. Haja também sobre o altar ou perto dele uma cruz com a imagem de Cristo crucificado que seja bem visível para o povo reunido. Convém que tal cruz, que serve para recordar aos fiéis a paixão salutar do Senhor, permaneça junto ao altar também fora das celebrações litúrgicas. (IGMR 308)

259. A cruz está no caminho da comunidade e não no horizonte; no horizonte está a ressurreição, mas antes há a cruz, por isso sua importância. A cruz é o grande símbolo cristão e está tradicionalmente presente no presbitério. Além do Crucifixo que já pode estar presente na parede do presbitério há também a cruz processional a simbolizar que a cruz acompanha o cristão em sua caminhada, mas a meta é a ressurreição, a glória, a vida.

260. A cruz processional deve apresentar a imagem do crucificado (ela recorda a paixão do Senhor celebrada no altar), feita de material e forma que estejam em harmonia com as demais peças do presbitério. Após carregada em procissão como sinal do Cristo morto e ressuscitado, ela permanece junto ao altar, ou se já houver outra no altar é recolhida para a sacristia (cf. IGMR 122).

261. A Cruz de maior destaque é sempre voltada para o povo, esteja ela na parede, no altar ou junto do altar. Se houver uma segunda Cruz, esta volta-se para a presidência, a fim de que, também o presidente como cabeça da Assembleia contemple a realidade do sacrifício da Cruz que preside em nome de Jesus. Esta Cruz utilizada nas celebrações Eucarísticas pode também ser utilizada nas via sacras, nas procissões pelas ruas e demais momentos celebrativos da comunidade. É a cruz incensada nas solenidades e referencial para os fiéis. Trata-se da Cruz Paroquial, litúrgica e pastoral, identificada facilmente pelo povo.

262. Os castiçais com as velas manifestam a reverência e o caráter festivo da celebração. Que eles “sejam colocados, como parecer melhor, sobre o altar ou junto dele, levando em conta as proporções do altar e do presbitério, de modo a formarem um conjunto harmonioso e que não impeça os fiéis de verem aquilo que se realiza ou se coloca sobre o altar”56. Quanto ao número de castiçais, a Igreja diz que “coloquem-se, em qualquer celebração, ao menos dois castiçais com velas acesas, ou então quatro ou seis, sobretudo quando se trata de missa dominical ou festiva de preceito, ou quando celebrar o bispo diocesano, colocam-se sete”57. A referência de sete velas acesas para celebrações com o bispo diocesano é para exprimir a plenitude dos dons do Espírito Santo na assembléia orante e a plenitude da manifestação do Mistério da Igreja quando o Pastor de uma diocese se reúne com o povo a ele confiado.

263. Quanto às flores, a Igreja ensina: “Na ornamentação do altar observe-se moderação. No Tempo do Advento se ornamente o altar com flores com moderação tal que convenha à índole desse tempo, sem contudo, antecipar aquela plena alegria do Natal do Senhor. No Tempo da Quaresma é proibido ornamentar com flores o altar. Excetuam-se, porém, o domingo "Laetare" (IV na Quaresma), a solenidades e festas. A ornamentação com flores seja sempre moderada e, ao invés de se dispor o ornamento sobre o altar, de preferência seja

56 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 211 e 251; cf. Cerimonial dos bispos – Cerimonial da Igreja, n. 73.

57 IGMR 117.

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colocado junto a ele”58.

264. Para a Celebração Eucarística, colocam-se sobre o altar somente os objetos requeridos pelo rito e no momento oportuno, a saber:

a) “o Evangeliário, do início da celebração até a proclamação do Evangelho;59

b) desde a apresentação das oferendas até a purificação dos vasos sagrados, o cálice com a patena, o cibório, se necessário, e, finalmente, o corporal, o purificatório (sangüíneo), a pala e o missal;

c) Além disso, se disponham de modo discreto os aparelhos que possam ajudar a amplificar a voz do sacerdote.”60

265. Somente o pão e o vinho para consagração, depois de apresentados pela assembléia, podem ser colocados sobre o altar. Outros símbolos, tais como cestas com pão e uva sejam colocados em lugares previamente preparados fora do altar.

O Ambão

266. O ambão é o lugar do qual se proclama a Palavra de Deus. O termo “ambão” indica “lugar alto”, “elevação”, “subir”. No livro de Neemias61 lemos que Esdras estava sobre um suporte de madeira, feito para a ocasião, onde ele abriu o Livro da Lei à vista de todo o povo e o proclamou.

267. Na Liturgia da Palavra se proclamam do ambão as leituras bíblicas, o salmo responsorial, o precônio pascal (Exultet), as seqüências e pode também ser utilizado para a homilia e para a oração da comunidade62. Não se devem fazer do ambão as monições, animações, orações meditativas, homenagens e nem dar avisos comunitários.

268. A Introdução Geral ao Lecionário nos ensina as características de um ambão: “... deve existir um lugar elevado, fixo, adequadamente disposto e com a devida nobreza, que ao mesmo tempo corresponda à dignidade da Palavra de Deus e lembre aos fiéis que na missa se prepara a mesa da Palavra de Deus e do Corpo de Cristo e que ajude da melhor maneira possível a que os fiéis ouçam bem e estejam atentos durante a Liturgia da Palavra. Por isso se deve procurar, segundo a estrutura de cada igreja, que haja uma íntima proporção e harmonia entre o ambão e o altar”63. Para demonstrar aos fiéis essa harmonia celebrativa, o ambão seja construído com o mesmo material do altar. Assim como o altar deve estar à vista da assembléia, o mesmo vale para o ambão. Logo, evite-se colocar cartazes, banners, etc, à frente do ambão.

269.O ambão deve ser um lugar construído com uma estrutura estável e não uma simples estante móvel, porque é um sinal de que a Palavra de Deus é firme, é a rocha na qual os cristãos alicerçam as suas vidas. O ambão deve ocupar um lugar de destaque no presbitério, para onde se volte espontaneamente a atenção dos fiéis e os leitores possam ser vistos e ouvidos com facilidade64. O novo ambão deve ser abençoado segundo o Ritual Romano de Bênçãos.65

270. Geralmente o ambão é situado no lado direito do altar (para o lado esquerdo de quem olha da assembléia para o presbitério), mas isto é costume, não há norma escrita que indique isto. Sobre a distância entre o ambão e o altar:

58 Idem, n. 305.59 Quando se utiliza o Evangeliário, ele é trazido na procissão de entrada e depositado sobre o altar.60 Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 30661 Cf. Ne 8,4-5.62 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 309.63 Introdução Geral ao Lecionário, n. 32.64 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 309.65 Cf. Ritual de Bênção – Rito Romano, n. 900-918.

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a) Não muito próximo para que haja uma pequena procissão com o Evangeliário (do altar ao ambão) feita pelo diácono ou pelo sacerdote durante a Aclamação ao Evangelho;

b) Não muito distante para que se mantenha a harmonia e a unidade destas duas mesas celebrativas no presbitério.

271. Para evitar a duplicidade de sinais, cuide-se para que nas celebrações em que se destaca a Palavra de Deus (por exemplo: setembro, o mês da Bíblia) não haja outras estantes ou nichos para o Livro da Sagrada Escritura dentro do presbitério. O lugar próprio da Palavra de Deus é o ambão ou, caso se utilize o Evangeliário, ela é entronizada sobre o altar até a proclamação do Evangelho.Bíblia e lecionário não se entre em procissão, nem na entrada, nem antes das leituras; apenas o Evangeliário entra na procissão de entrada (nas mãos do diácono e na ausência deste de um leigo).

272.Segundo o Rito Romano, o Círio Pascal permanece durante o tempo pascal junto ao ambão, sendo aceso nas suas celebrações diárias. Depois do dia de Pentecostes, o Círio Pascal é levado a um lugar de honra no batistério ou junto à pia batismal.66

b) A Sede Presidencial

273. No presbitério deve existir uma sede reservada para o sacerdote que presidirá a assembléia e dirigirá as orações. A sede presidencial deve ser distinta das outras cadeiras67, de modo que o sacerdote presidente possa ser bem visualizado pelos fiéis.

274. O lugar mais apropriado da sede “é de frente para o povo no fundo do presbitério, a não ser que a estrutura do edifício sagrado ou outras circunstâncias o impeçam, por exemplo, se a demasiada distância torna difícil a comunicação entre o sacerdote e a assembléia, ou se o tabernáculo ocupar o centro do presbitério atrás do altar”68. Caso não seja possível colocar a sede no fundo do presbitério, então se coloque, numa distância adequada, ao lado do altar, no sentido inverso ao lado do ambão. Jamais se coloque a sede presidencial ou outras cadeiras em frente do altar, porque haveria uma sobreposição simbólica em detrimento do altar, além de encobri-lo, mesmo que parcialmente.

275.“Evite-se toda espécie de trono. Antes de ser destinada ao uso litúrgico, convém que se faça a bênção da cadeira da presidência segundo o rito descrito no Ritual Romano”.69

276. O sacerdote-presidente dirige a celebração da sede nos seguintes momentos:70

a) saudar a assembléia e introduzi-la na celebração do dia;b) realizar o ato penitencial;c) cantar ou recitar o hino de louvor (Glória a Deus nas alturas...);d) proferir a oração do dia e a oração depois da comunhão;e) ouvir as leituras bíblicas e pode, se preferir, realizar a homilia;f) professar o símbolo da fé;g) introduzir e concluir a oração universal (ou da comunidade);h) comunicar os avisos para a comunidade;i) enviar em missão a assembléia com a bênção.

66 Cerimonial dos bispos – cerimonial da Igreja, n. 37267 Cf. idem, n. 49.68 Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 310.69 Idem, n. 310; cf. Ritual de Bênçãos – Rito Romano, n. 880-899.70 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 50, 71, 136, 138, 164 e 165.

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277. Quando o sacerdote utilizar o missal na sede, ele é auxiliado por um librífero.

A Credência

278. A credência tem sua origem na palavra italiana “credenza” que significa “confiança”. Era antigamente a pequena mesa onde se colocavam os alimentos que eram degustados antes de serem levados para a mesa da ceia e onde podiam ser consumidos com toda a confiança.

279. O altar é a mesa da ceia sacrifical da Eucaristia. A mesa do altar deverá ser preparada somente no momento da preparação das oferendas, daí surge a necessidade de uma mesa menor que pode estar localizada no fundo ou no lado do presbitério. Não é adequado colocar a credência unida (junto) ao lado do altar, para não diminuir a sua dignidade.

280. Na apresentação das oferendas, o sacerdote presidente se dirige ao altar que pode ser preparado por ele mesmo ou pelo diácono. O acólito ou outro ministro leigo71 (por exemplo, o ministro extraordinário da sagrada comunhão) coloca sobre o altar o corporal, purificatório, cálice, a pala e o missal. O sacerdote presidente recebe o pão nas suas mãos, pronuncia a bênção e coloca a patena sobre o corporal. Em seguida, faz o mesmo com o vinho.

281. No lavabo, o jarro e a bacia vêm da credência e voltam imediatamente para ela. Para valorizar este sinal, utilize-se jarro e bacia no qual o sacerdote realmente lava as suas mãos, auxiliado pelos coroinhas ou acólitos.

282. A sobra do sangue de Cristo seja consumida logo, junto do altar. A purificação dos vasos sagrados é feita na medida do possível na credência, embora possa ser realizada no altar, pelo sacerdote, pelo diácono ou pelo acólito legitimamente instituído logo após a comunhão ou imediatamente depois da missa, após a despedida do povo72. Não cabe ao ministro extraordinário da sagrada comunhão realizar a purificação dos vasos sagrados.73

Sacrário ou Tabernáculo Eucarístico

283.O tabernáculo eucarístico nos indica a presença do Senhor. Originalmente a Igreja conservou a Eucaristia para atender aos enfermos e agonizantes. Com o passar do tempo, a reserva eucarística passou a ser distribuída aos fiéis que celebram a Palavra de Deus na ausência do sacerdote e para os momentos de adoração.74

284. O tabernáculo seja colocado em lugar de honra na igreja, suficientemente amplo, visível, devidamente decorado e que favoreça a oração pessoal75. “Normalmente o tabernáculo seja único na igreja, inamovível, feito de material sólido e inviolável não transparente, e fechado de tal modo que se evite ao máximo o perigo de profanação. Convém, além disso, que seja abençoado antes de ser destinado ao uso litúrgico, segundo o rito descrito no Ritual Romano”.76

285. “Diante do tabernáculo (...) brilhe constantemente uma lâmpada especial, com

71 Cf. idem, n. 139.72 Cf. idem, n. 163 e 279; cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 119.73 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 279.74 Cf. Ritual Romano, Ritual de Bênçãos, Bênção do Novo tabernáculo Eucarístico, n. 919.75 Cf. Instrução Eucharisticum Mysterium, n. 52, e cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 314.76 Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 314; cf. Instrução Eucharisticum Mysterium, n. 52; e cf. Ritual Romano, Ritual de Bênçãos, Bênção do Novo tabernáculo Eucarístico, n. 919-929.

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a qual se indique e se reverencie a presença de Cristo”.77

286. Fora das celebrações, a chave do tabernáculo não deve ficar exposta ou colocada na sua porta.

Capela do Santíssimo Sacramento

287. A capela do Santíssimo Sacramento “convém que seja apta para a oração privada (...) e por isso se recomenda que o Sacrário, enquanto possível, seja colocado em uma capela que esteja separada da nave central do templo, sobretudo nas igrejas em que se celebram mais freqüentemente matrimônios, funerais e nos lugares mais visitados”.78 Em especial nos santuários, basílicas e igrejas matrizes mais frequentadas.

288. Qualquer outro elemento que possa encontrar-se na capela do Santíssimo deve ser secundário, pois o foco de atenção deve ser o tabernáculo Eucarístico. Portanto, muita atenção para que a decoração, e principalmente as imagens, não distraiam os fiéis. Tudo deve convergir para a presença de Cristo na Eucaristia.

CAPELA DA RECONCILIACAO (CONFESSIONARIO)

289. ideal é que, dentro do corpo da igreja, se preveja um espaço que ao mesmo tempo faça parte da nave e dela se distinga.

a. Este espaço deve facilitar o contato pessoal e o diálogo entre o fiel e o sacerdote, e permitir que sejam adotadas as posturas convenientes: de pé, sentado ou de joelhos. Seja um local discreto, mas à vista.

290. fiel tem o direito de que os confessionários que estão em lugares visíveis possuam as grades fixas entre o confessor e o penitente, dos quais possam usar livremente os fiéis que o desejarem (CDC Cân 964). Deste modo as duas opções devem ser presentes. A de identidade visível, de fronte ao confessor, sem grade e com a grade. Não se ouçam confissões fora do confessionário, ou capela da reconciliação, a não ser por justa causa.

ATRIO (PORTA)

291. Átrio é o lugar que dá entrada à igreja. Ele separa o exterior do interior. Este local tem a função de preparar a entrada e marcar a passagem de uma realidade para outra.

292. Pode haver aí uma pia de água-benta para que se faça o sinal da cruz em preparação ao Mistério de que se vai participar.

293. É preciso que a porta principal de entrada receba um tratamento diferenciado das demais, pois representa Cristo (a Porta). Ela pode ser maior, com puxadores mais nobres, podendo ter algum símbolo.

AVISOS E CARTAZES

294. Os cartazes e avisos fazem parte da vida e da dinâmica da comunidade e devem ter um lugar determinado e adequado para sua exposição.

295. A comunidade deve evitar a disposição de letreiros, avisos, cartazes, mensagens edificantes ou de congratulações e mesmo citações da Escritura, espalhados pela igreja, pela nave ou no presbitério, pois desviam à atenção dos fiéis da liturgia e prejudicam seu desenvolvimento.

77 Código de Direito Canônico, cân. 940.78 Instrução Eucharisticum Mysterium e cf. Ritual da Sagrada Comunhão e do culto à Eucaristia fora da missa, n. 9.

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296. melhor local para concentrar avisos e cartazes é no átrio. É aí que as pessoas podem parar para ler os avisos, quando entram ou quando saem, sem atrapalhar o andamento da celebração.

AMBIENTES AUXILIARES

SACRISTIA

297. A sacristia faz parte do templo, é o “pequno sagrado”, extensão do Santuário. Nela se guarda e se encontra tudo o que é necessário para as celebrações e nela os ministros se paramentam e se preparam para a Celebração. A sacristia terá um armário, com diversas divisões. Em uma parte os paramentos para os vários tempos litúrgicos: casulas, alvas, cíngulos, túnicas, estolas, capas, véus umerais, e vestes dos demais ministros. Na outra os elementos menores: sanguíneos, corporais, manustérgios, palas, toalhas do altar e da credência. Um terceiro local conterá, com a devida segurança, os cálices, cibórios, patenas, relicários, sinos, castiçais, crucifixos, aspersórios, turíbulos, lecionários, missais, evangeliários etc. Se possível, ainda na sacristia haverá um local para os vasos de flores, velas, imagens, e objetos próprios de celebrações específicas, tais como Semana Santa, Natal e outros.

298. Indica-se um lavabo e, se possível, um banheiro para uso dos que estão a serviço da liturgia. Os tapetes, andores, cadeiras, genuflexório e outros devem estar bem armazenados para que não se deteriorem facilmente.

299. A sacristia é o local de apoio para a Celebração, ele deve indicar o passo preparatório entre a vida corriqueira e o mistério que há de se celebrar. Nela a organização, a limpeza e a objetividade devem estar a favor do culto. Trata-se de um local, nos momentos que antecedem a liturgia, de silêncio e oração que prepara os ministros para o que há de acontecer. As orações de paramentação e antes da celebração aí devem ocorrer (naturalmente se as dimensões espaciais permitirem).

PROGRAMA ICONOGRÁFICO (IMAGENS)

300. A Igreja não cessa de solicitar a nobre contribuição das artes e admite as expressões artísticas de todos os povos e regiões. Ainda mais, assim como se esforça por conservar as obras e tesouros artísticos legados pelos séculos precedentes e, na medida do necessário, adaptá-las às novas necessidades, também procura promover formas novas que se adaptem à índole de cada época. (IGMR 289)

301. Na liturgia terrena, antegozando, a Igreja participa da liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalém, para a qual, peregrina, se encaminha, onde Cristo está sentado à direita de Deus, e venerando a memória dos Santos, espera fazer parte da sociedade deles (SC 8). (IGMR 318)

302. Por isso, segundo antiquíssima tradição da Igreja, as imagens do Senhor, da Bem-aventurada Virgem Maria e dos Santos sejam legitimamente, apresentadas à veneração dos fiéis nos edifícios sagrados79 sejam dispostas no edifício sagrado de modo que conduzam os fiéis aos mistérios da fé que ali se celebram. Por isso, cuide-se que o seu número não aumente desordenadamente, e sua disposição se faça na devida ordem, a fim de não desviarem da própria celebração a atenção dos fiéis (SC 125). Normalmente, não haja mais de uma imagem do mesmo santo. De modo geral, procure-se na ornamentação e disposição da igreja, quanto às imagens, favorecer a piedade de toda a comunidade à beleza e à dignidade das imagens.

303. que o Evangelho diz com palavras, o ícone anuncia através das cores e, de certo modo, torna-o presente. A imagem é sinal da presença do invisível. O programa iconográfico deve ser muito bem elaborado, simultaneamente ao estudo e à organização do projeto arquitetônico da igreja. É importante prever as técnicas a serem empregadas (pintura, mosaico, vitral, esculturas...). O mesmo zelo deverá ser adotado na escolha do artista ou artistas e da empresa que realizará tais trabalhos, tendo presente o critério apresentado no Catecismo:

a. A arte sacra é verdadeira e bela, quando corresponde por sua forma à vocação

79 Ritual da Dedicação de Igreja e de Altar n 10

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própria: evocar e glorificar, na fé e na adoração, o mistério transcendente de Deus, beleza excelsa e invisível de verdade e amor, revelada em Cristo... (CEC 2502).

b. É preciso cuidado para não haver exagero. Às vezes, em uma única igreja multiplicam-se imagens de Jesus Cristo, da Virgem Maria ou de um santo, quando bastaria um único exemplar de cada. O programa iconográfico de um edifício cristão tem como centro a imagem de Cristo.

c. A imagem do(a) padroeiro(a), em pintura ou escultura, pode ficar em algum lugar do presbitério ou na nave. Ela jamais é o centro. Nunca colocá-la sobre um altar, pois só deve haver um altar que é o eucarístico.

d. A iluminação adequada, pontual, pode valorizar e atrair dignamente a atenção à imagem, sem que seja preciso recorrer a outras soluções.

e. Recomenda-se que a via-sacra e outros elementos devocionais subjetivos estejam fora do presbitério.

304. “Firme permaneça o costume de propor nas igrejas as sagradas imagens à veneração dos fiéis; contudo, sejam expostas com moderação quanto ao número, com conveniência quanto à ordem, para que não causem admiração ao povo cristão nem favoreçam devoções menos corretas”158. Não se multiplique o número das imagens do mesmo santo ou santa. Que seja somente uma imagem de cada, mesmo que esse santo ou santa possua vários títulos. Por exemplo: Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora das Graças, Nossa Senhora Desatadora dos Nós,... já que todos esses títulos correspondem a uma única pessoa: Maria, Mãe de Jesus!

305.Nas novenas e celebrações festivas, a imagem do santo, levada na procissão de entrada, pode ser melhor destacada com a utilização de tronos, adornos ou flores. Mas não se coloque em cima ou em frente do altar, pois isso prejudicaria outros símbolos importantes do presbitério.159

306. Nas celebrações em louvor a um santo jamais se perca a perspectiva e o foco central do culto da Igreja, que é Cristo no seu Mistério Pascal. Que toda celebração aos santos seja Cristocêntrica, ou seja, que o culto aos santos não supere o culto a Deus, na pessoa do Cristo, pois n’Ele encontramos a fonte e a causa de toda santificação.

ESPACO EXTERNOTORRE

307. Houve tempo em que a torre marcava o centro geográfico da cidade e o centro da vida dos cidadãos. Os sinos chamavam para as celebrações. Hoje, entretanto, a torre é facultativa, pois sua construção depende das tradições locais e dos recursos disponíveis.

308. Pela verticalização das cidades, caso se opte por não construir uma torre, é conveniente que haja algum elemento na fachada direcionado para o céu, com uma cruz e/ou um pequeno sino. São elementos fortes da igreja-edifício ainda reconhecidos por todos.

309. A construção de um símbolo que destaque o edifício e o caracterize como igreja ajuda também a facilitar sua localização.

VIA-SACRA

310. A via-sacra, entendida como caminho sagrado que lembra os últimos passos de Jesus, em direção à sua paixão e ressurreição, encontra justa e ideal localização no espaço externo da igreja.

QUESTOES TÉCNICAS NA UTILIZACAO DO ESPACO

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ACÚSTICA

311. A qualidade acústica é muito importante para o local da celebração. A solução arquitetônica pode influir consideravelmente neste aspecto. Abóbadas, conchas ou formas circulares, grandes panos de concreto tendem a provocar, reverberação no interior da igreja.

312. Se numa igreja já construída há problemas quanto à acústica, é preciso avaliar as causas, antes de instalar caixas de som pela nave, A solução pode estar na redução da incidência de barulho externo, por meio de painéis acústicos, anteparos, vegetação externa.

313. Os ruídos internos podem ser tratados com a aplicação de materiais adequados nas superfícies para absorvê-los. Há materiais de acabamento porosos e rugosos que ajudam a melhorar a acústica. A forma espacial, as inclinações do telhado e piso também podem ser aliados da boa acústica. Há casos em que se torna desnecessário o uso de microfones e caixas de som.

314. Os microfones, instrumentos e demais itens sonoros devem ser pensados a partir da boa participação na celebração. Volume e demais ajustes são feitos contemplando o número de pessoas presentes, o ambiente e o que se celebra. A Missa não é um show de homens, mas comunicação de Deus com seu povo e do seu povo com Ele.

ILUMINACAO

315. A iluminação tem uma influência objetiva para o desenvolvimento da liturgia. Para cada ambiente e função pode-se prever um tipo determinado de luz e de intensidade de iluminação.

316. O espaço não precisa estar iluminado todo por igual. Uma iluminação especial sobre algum elemento ou imagem ajuda a valorizá-los. O altar e a mesa da Palavra podem ter iluminação direta sobre eles.

317. Se for uma capela só para oração, pouca luz é necessária. Se houver necessidade de iluminação para leitura, esta pode estar distribuída apenas sobre o espaço dos bancos. Bons resultados também podem ser obtidos, se o espaço litúrgico for iluminado de forma indireta.

318. A iluminação privilegiada sobre alguns objetos ou locais, em detrimento de outros que ficam na sombra, cria o contraste que lembra a própria dinâmica da fé, que transita entre a luz e as trevas.

319. Havendo possibilidade, convém aproveitar ao máximo a iluminação natural. Isso ajuda na economia de energia elétrica e ainda se podem conseguir efeitos significativos pela entrada da luz no local de celebração.

ORNAMENTACAO

320. A ornamentação da igreja deve visar mais à nobre simplicidade do que à pompa. Na escolha dessa ornamentação, cuide-se da autenticidade dos materiais e procure-se assegurar a educação dos fiéis e a dignidade de todo o local sagrado. (IGMR 291)

321. Os caminhos mais fáceis para atingir o belo e o sublime é a nobre simplicidade. Cuide-se para que os ambientes não esvaziem a própria celebração devido à grande quantidade de decoração. Isso acarreta uma indesejada dispersão visual.

322. A ornamentação é parte integrante do espaço litúrgico e deve sempre lembrar que é preciso cuidado no uso de folhagens e flores. Os arranjos devem ser discretos.

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323. É recomendável o emprego de plantas e flores naturais no local de celebração, pois o local onde a Verdade é anunciada e experimentada supõe uma decoração com materiais autênticos.

Os materiais sagrados para a celebração eucarística80

324. É direito da comunidade dos fiéis que as vestes, toalhas e alfaias sagradas, bem como todos os objetos sagrados, resplandeçam pela dignidade, decoro e limpeza81, por isso é interessante, em acordo com o pároco/administrador paroquial, designar pessoas que cuidem, organizem e limpem esses materiais. Esse zelo expressa o fervor da fé de uma comunidade.

325. É recomendável que a primeira lavada das alfaias destinadas a acolher as sagradas espécies (corporal e sangüíneo) seja feita manualmente e sua água derramada na terra ou em um outro lugar apropriado.82

Os lugares das pessoas que exercem funções litúrgicas

326. Os lugares das pessoas que exercem funções litúrgicas devem levar em consideração o espaço disponível na igreja. O que não pode acontecer é um congestionamento de pessoas no presbitério, dificultando, assim, a funcionalidade do desenvolvimento dos ritos. O ideal é que ocupem as cadeiras no presbitério os ministros ordenados – bispo, presbítero e diácono – bem como os acólitos que possuem a função de acompanhar o sacerdote no altar.

327. Convém que os coroinhas permaneçam junto ao sacerdote no presbitério, pois, além de ser um ministério ligado ao serviço do altar, os coroinhas existem para aprofundar e alimentar nos meninos o discernimento vocacional ao sacerdócio. Além de meninos, também podem existir meninas coroinhas no serviço litúgico.83

328. Os leitores e ministros extraordinários da sagrada comunhão ocupem as primeiras fileiras de banco da nave central para expressar a dimensão vocacional da Igreja. É Deus que chama do meio do povo pessoas para servirem a comunidade através dos ministérios.

329. Quando os diáconos, acólitos e ministros extraordinários da sagrada comunhão encontram-se no presbitério durante a Oração Eucarística e o rito de comunhão, devem permanecer afastados do altar, um pouco atrás do sacerdote que preside e dos concelebrantes ajoelham-se da epiclese até o final da apresentação do cálice.84

330. O comentarita exerce sua função num lugar adequado, em pé, e voltado para a assembléia. Ao desempenhar sua função, o comentarista não deve utilizar o ambão, mas uma estante simples.85

331. “O grupo dos cantores, segundo a disposição de cada igreja, deve ser colocado de tal forma que se manifeste claramente sua natureza, isto é, que faz parte da assembléia dos fiéis, onde desempenha um papel particular; que a execução de

80 Este diretório contém um capítulo que aborda os principais objetos para uma celebração eucarística. Para aprofundar melhor esse assunto, leia-se o capítulo V da Encíclica do Papa João Paulo II “Ecclesia de Eucharistia”

81 Cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 57.82 Cf. idem, n. 120.

83 Cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 47.84 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, 215.85 Cf. idem, 105b.

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sua função se torne mais fácil; e possa cada um de seus membros facilmente obter uma participação plena na missa, ou seja, participação sacramental”86. Portanto, o lugar dos animadores de canto não é no presbitério, mas num outro lugar onde possam exercer com facilidade a sua função de fazer a assembléia cantar.

Capítulo 7 - Momentos da Eucaristia

332. Neste capítulo serão abordados alguns momentos da celebração eucarística necessários para o bom serviço das Equipes Litúrgicas numa comunidade. Quanto aos cantos da missa, serão analisados mais detalhadamente no capítulo posterior. Antes, é necessário esclarecer algumas idéias a respeito da missa.

333. Há a necessidade de uma comunicação clara e antecipada entre o sacerdote que preside e as equipes que servem. O ideal é que o sacerdote possa preparar a celebração eucarística juntamente com as equipes responsáveis. Mas quando isso, infelizmente, não for possível, a celebração eucarística pode ser preparada pela Equipe de Liturgia; quem, porém, aprova a sua realização é o presidente da celebração. Evite-se toda improvisação ou atitudes que prejudiquem a harmonia entre o presidente da celebração e a equipe de celebração para que a Liturgia expresse o Mistério da unidade e da comunhão entre os fiéis em Cristo.

334. Além disso, cabe ao presidente da celebração:a. Proferir as chamadas orações presidenciais;87

b. Proferir breves motivações e admoestações para introduzir os fiéis à celebração do dia e para a compreensão dos ritos, mantendo sempre o sentido proposto pelo missal.88

Ritos Iniciais

Procissão de Entrada

335.Esse rito deve ser valorizado em nossas celebrações, principalmente aos domingos, solenidades e dias festivos da comunidade, pois manifesta a Igreja, povo de Deus, a caminho da Terra Prometida preparada pelo Pai.89

336. Para melhor expressarmos essa dimensão peregrina da Igreja, são usados alguns elementos:c. O turíbulo e o incenso: a incensação na procissão de entrada recorda a

caminhada do povo de Israel durante 40 anos no deserto90. Hoje, é a Igreja que caminha pelas estradas do mundo, seguindo na presença do Senhor;

d. A cruz processional: faz-nos recordar que a pessoa só pode ser discípula de Jesus se tomar a sua cruz e trilhar os passos do Mestre. Deve ser umcrucifixo, com a imagem do Crucificado e não apenas uma simples cruz91.

e. O Evangeliário: a Palavra de Deus é essencial para quem se põe a caminho. Sem ela nos perderíamos nas encruzilhadas de nossas decisões e escolhas para Deus. A última edição da Instrução Geral sobre o Missal Romano valoriza o Livro do Evangeliário (Livro que contém somente o texto do Evangelho). Na procissão com a Palavra de Deus seja levado o

86 Idem, n. 312.87 Cf. idem, n. 30.

88 Cf. idem, n. 31.89 Cf. Hb 13,1490 Cf. Ex 13,21-22.91 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 117.

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Evangeliário e não mais o Lecionário e nem a Bíblia92. O diácono ou na sua falta o leitor, leva o Evangeliário fechado93 e ao chegar no presbitério, deposita-o no centro do altar, sem apresentá-lo à assembléia94;

f. Dependendo do cunho da celebração, pode-se trazer outros símbolos que ajudem a assembléia a celebrar melhor o Mistério da fé, como, por exemplo, a imagem do Santo Padroeiro ou sinais que expressem o momento da vida e as intenções daquela comunidade. Nesse caso, a imagem do santo ou outros símbolos seguem logo atrás da cruz processional.

337. A formação da procissão de entrada segue esta ordem:95

1. O turiferário e o naveteiro;2. Os acólitos ou coroinhas que levam as velas acesas e, entre eles, um outro

acólito ou coroinha com a cruz processional;3. Os demais coroinhas, os leitores, os ministros extraordinários da sagrada

comunhão e os acólitos (instituídos);4. O diácono, ou na falta deste o leitor, conduz um pouco elevado o

Evangeliário;5. À frente do sacerdote presidente caminham os sacerdotes

concelebrantes;96

6. Por fim, o sacerdote presidente acompanhado de um ou dois diáconos assistentes97. Se houver mais diáconos na celebração, eles precederão os sacerdotes concelebrantes.

7. Observação: Quando a eucaristia for presidida pelo bispo, atrás dele acompanham acólitos ou coroinhas responsáveis pela mitra, pelo báculo e pelo livro. O bispo entrega a mitra e o báculo diante do altar, antes de reverenciá-lo com a inclinação profunda.98

338. Chegando diante do presbitério, todos fazem uma inclinação profunda em reverência ao altar99. No entanto, quando o Sacrário do Santíssimo se encontra no centro do presbitério, não se realiza a inclinação profunda, mas uma só genuflexão para o altar e a Eucaristia.100

Saudação

339. Terminado o cântico de entrada, o sacerdote, de pé junto da cadeira, e toda a assembleia fazem sobre si próprios o sinal da cruz; em seguida, pela saudação, faz sentir à comunidade reunida a presença do Senhor. Com esta saudação e a resposta do povo manifesta-se o mistério da Igreja reunida.

340. Depois da saudação do povo, o sacerdote, ou o diácono, ou outro ministro, pode, com palavras muito breves, introduzir os fiéis na Missa do dia.

Ato Penitencial

341. Há vários modos de realizar esse rito, descritos no Missal Romano. Pode ser rezado ou cantado, quanto aos cantos do Ato Penitencial, serão abordados mais adiante. É possível fazer a aspersão da água benta sobre o povo nas missas dominicais e solenidades, pois assim lembra-se da santidade que recebemos no dia de nosso batismo e que é constantemente renovada

92 Idem, n. 120 d93 Cf. Cerimonial dos bispos – cerimonial da Igreja, n. 127.94 Cf. idem, n. 117.95 Cf. idem, n. 120.96 Cf. idem, n. 210.97 Cf. idem, n. 172.98 Cf. idem, n. 128 e 131.99 Cf. idem, n. 195.100 Cf. idem, n. 274.

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pela misericórdia divina. Com a aspersão da água no Ato Penitencial, faz-se referência à solenidade da Vigília Pascal.

342. Esse momento é “concluído com a absolvição do sacerdote, absolvição que, contudo, não possui a eficácia do sacramento da penitência”101, visto que o Ato Penitencial da missa não absolve os pecados graves e mortais. Esses devem ser acusados na confissão sacramental individual.

Hino de Louvor

343.O “Glória a Deus nas alturas...” é um hino antiqüíssimo e venerável da Igreja, que remonta às primeiras gerações de cristãos. Na verdade é um canto completo: de louvor, entusiasmo, doxologia e súplica. Um canto transbordante de alegria, confiança, humildade, e que dá à Eucaristia um tom de festividade.102

344. Sempre é cantado nas solenidades, nas festas e nos domingos, exceto nos domingos do Advento e da Quaresma. “O texto deste hino não pode ser substituído por outro (por exemplo: hinos trinitários – Pai, Filho e Espírito Santo – ou outros que não apresentam a letra oficial do Glória). Se não for cantado, deve ser recitado por todos juntos ou por dois coros, dialogando entre si”.103

Oração do Dia (Coleta)

345. Após o hino de louvor (“Glória a Deus nas alturas...”), “o sacerdote convida o povo a rezar; todos se conservam em silêncio com o sacerdote por alguns instantes, tomando consciência de que estão na presença de Deus e formulando interiormente os seus pedidos. Depois o sacerdote diz a oração que se costuma chamar ‘coleta’, pela qual se exprime a índole da celebração. Conforme antiga tradição da Igreja, a oração costuma ser dirigida a Deus Pai, por Cristo, no Espírito Santo e por uma conclusão trinitária (...). O povo, unindo-se à súplica, faz sua a oração pela aclamação Amém.”104

346. É importante salientar duas atitudes básicas para os celebrantes:g. Após o convite do sacerdote (Oremos), faz-se um momento de silêncio para

oração pessoal. Logo, esse não é o momento de se ler as intenções para missa ou motivações celebrativas. As intenções de missa podem ser lidas no comentário inicial ou após a saudação do sacerdote ou, se for por aqueles que já morreram, os seus nomes podem ser lidos durante a Oração Eucarística, no momento de lembrar os fiéis falecidos;

h. A oração do dia é uma chave de compreensão sobre a celebração daquele dia. Isso se manifesta claramente nas orações da Quaresma, Páscoa, Advento, Natal e nos dias solenes, festivos e memórias.

Proclamação das Leituras

347.Com a renovação do Concílio Vaticano II, foram confeccionados Lecionários, que abrem largamente aos fiéis os tesouros das Sagradas Escrituras. Mesmo os textos do Antigo Testamento são proclamados nas assembléias cristãs à luz do Mistério de Cristo, revelando o projeto de Salvação de Deus. Por isso, as leituras das Sagradas Escrituras constituem parte importante da celebração eucarística, pois nelas Deus continua falando e conduzindo o seu povo.105

348. As leituras bíblicas não podem ser suprimidas ou substituídas por outras 101 Idem, n. 51102 Cf. “A Celebração da Igreja” II - Sacramentos, Edições Loyola, São Paulo, 1982, p. 321.103 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 53.104 Idem, n. 54.105 Cf. Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 33.

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leituras não bíblicas106, pois a escuta da Palavra de Deus é necessária para a própria celebração dos sacramentos, que nascem e se alimentam da Palavra.107

Aclamação ao Evangelho

349. Esse é um rito que aclama a presença de Cristo no Evangelho. Por isso, todos louvam ao Senhor com cantos apropriados. É conveniente conhecer o rito solene da Aclamação ao Evangelho, que consiste na condução do Evangeliário do altar para o ambão, feita pelo diácono ou pelo sacerdote, precedido dos acólitos ou coroinhas que podem levar o turíbulo com incenso e os castiçais com velas.108

Homilia

350. Na celebração da missa, a homilia é função exclusiva do ministro ordenado, de preferência do presidente109. A homilia feita pelo ministro ordenado tem a finalidade de proclamar as maravilhas realizadas por Deus na história da Salvação e no Mistério de Cristo110, irradiando a luz pascal sobre os eventos da vida dos fiéis111. Assim, o Mistério Pascal de Cristo, anunciado nas leituras e na homilia, realiza-se por meio do sacrifício da missa112. Mais informações no capítulo 12.

351. Informações e testemunhos de vida cristã feitos por leigos não podem ser considerados ou confundios com a homilia, sempre é preferível que isto se faça fora da celebração da Missa. A não ser causa grave, sem dúvida, está permitido dar este tipo de instruções ou testemunhos na missa, depois de que o sacerdote pronuncie a oração depois da Comunhão. Mas que isto não pode se tornar um costume.113

Profissão de Fé (Credo)

352. A Profissão de Fé é a resposta da assembléia aceitando o Plano de Salvação exposto pelas leituras bíblicas. Na celebração eucarística pode se rezar o Símbolo Apostólico ou o Símbolo Niceno-constantinopolitano. Em certas ocasiões rituais, a Profissão de Fé pode ser realizada por meio de perguntas e respostas: “Renuncio!” e “Creio!”. Não se admitem outras Profissões de Fé que não estejam devidamente aprovadas pela Igreja. Por isso, haja cuidado com a escolha de certos cantos de Profissão de Fé que mutilam ou parafraseiam a fé da Igreja.

353. As rubricas do Missal Romano orientam a assembléia para realizar uma reverência durante a Profissão da Fé. No caso do Símbolo Apostólico, pede-se que a assembléia faça uma inclinação durante a recitação das palavras: “que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria”. No Símbolo Niceno-constantinopolitano também se pede a inclinação no mesmo artigo de fé correspondente ao Mistério da Encarnação: “e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria e se fez homem”114. Essa reverência é

106 Cf. Introdução Geral ao Lecionário, n. 12.107 Cf. Concílio Vaticano II: Decreto sobre o Ministério e a Vida dos presbíteros, Presbyterorum Ordinis, n. 4; Introdução Geral ao Lecionário, n. 10.108 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n 133, 175.109 Cf. Introdução Geral ao Lecionário, n. 41.110 Cf. Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 35,2°111 Cf. Instrução Redemptioni Sacramentum, n. 67.112 Cf. Exortação Apostólica do Papa Paulo VI Evangelii Nuntiandi113 Cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 74.114 Missal Romano, rubrica n. 15, pág. 400-402.

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um gesto de gratidão e louvor a Deus pela Encarnação de Cristo.Nas solenidade do Natal da Anunciação do Senhor (25 de março) pede-se que a assembléia faça a genuflexão em vez de inclinação neste momento.

Oração da Comunidade

354. A oração da comunidade ou dos fiéis encerra a Liturgia da Palavra. Como ela faz parte da Palavra celebrada, as preces devem expressar aquilo que ouvimos da Palavra de Deus, considerando as circunstâncias que a Igreja vive. A Equipe de Liturgia acrescente outras preces, se necessário, de modo que correspondam melhor às necessidades da sua comunidade.

355. Além disso, é sempre bom lembrar alguns critérios na elaboração de preces:i. A oração da comunidade é a conclusão da Liturgia da Palavra. Quando as

preces forem elaboradas, a Equipe de Liturgia deve se inspirar naquilo que Deus disse por meio das leituras proclamadas;

j. Observe-se a objetividade das preces, não sejam estas demasiadamente longas;

k. As preces devem ser de interesse para toda a comunidade. Os pedidos que não expressam os interesses e necessidades de toda uma comunidade não devem ser apresentados nesse momento. Tais pedidos sejam apresentados como intenções de missa e não como preces na oração da comunidade;

115

l. Na missa, a oração conclusiva deve ser feita pelo sacerdote presidente, com as mãos estendidas, e não pelo diácono.116

356. Para a melhor participação, pode se cantar ou rezar junto com a assembléia o refrão após a apresentação de cada prece.

357. Nas celebrações mais solenes em que se recita a Ladainha de todos os Santos, não se realiza a oração da comunidade, porque uma substitui a outra. Quando se recita a Ladainha, todos se voltam ao altar. A Ladainha é recitada por todos em pé no Tempo Pascal, nos domingos e nas solenidades. Nos demais dias do ano, reza-se de joelhos.

Procissão das Oferendas

358. As oferendas do pão e do vinho, trazidas em procissão pelos fiéis, são recebidas pelo presidente da celebração, ajudado pelo diácono, acólito ou outro ministro, que as depõe sobre o altar117. Não é correto mostrar as oferendas para a assembléia porque é ela própria que as apresenta a Deus por meio do sacerdote.

359. Em alguns lugares, apresentam-se outros elementos representativos junto com o pão e o vinho, bom senso neste momento é fundamental, para os tamanhos dos itens, o que são e locais onde serão dispostos os mesmos.

115 Há uma orientação quanto às séries das preces na Oração da Comunidade, e percebam que nunca se perde de vista a dimensão comunitária: “Normalmente serão estas as séries de intenções: pelas necessidades da Igreja; pelos poderes públicos e pela salvação de todo o mundo; pelos que sofremqualquer dificuldade; pela comunidade local. No entanto, em alguma celebração especial, tal como Confirmação, Exéquias, as intenções podem referir-se mais estreitamente àquelas circunstâncias” (Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 70). “... se façam orações pela Santa Igreja, pelos gover- nantes, pelos que sofrem necessidades várias, por todos os homens e pelo bem-estar de todo o mundo.” (Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 53; cf. 1 Tm 2,1-2).

116 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 138.117 Cf. idem, n. 140 e 178.

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360. Essa apresentação pode ocorrer de forma solene com a procissão vinda da entrada da nave pelo corredor para o presbitério. A apresentação e preparação das oferendas não é um simples gesto estético para a celebração, mas parte integrante do sacrifício de Cristo e da Igreja.

361. Além da apresentação das oferendas, também ocorre a partilha dos bens para os pobres e para a manutenção da Igreja. As ofertas, como dinheiro ou outros donativos oferecidos pelos fiéis serão colocados em lugar conveniente, fora da mesa eucarística.

118

362. Caso não haja diácono, há a possibilidade de o acólito ou de outro ministro leigo preparar o altar colocando o corporal, o sangüíneo, o cálice, a pala e o missal.119

Oração Eucarística

363.“A proclamação da Oração Eucarística, por sua natureza, o ponto culminante de toda a celebração, é reservada ao sacerdote, em virtude da sua ordenação. É um abuso, portanto, deixar que algumas partes da Oração Eucarística sejam ditas pelo diácono, ou por um fiel leigo”.120

364. “Quando celebra a Eucaristia, o sacerdote deve servir a Deus e ao povo com dignidade e humildade, e, pelo seu modo de agir e proferir as palavras divinas, sugerir aos fiéis uma presença viva de Cristo.”121

365.“É expressamente proibido alterar ou subtrair o texto da Oração Eucarística aprovado pela Igreja.”122

366.A Oração Eucarística nas várias famílias litúrgicas segue uma estrutura imutável que parte do ensinamento de Jesus Cristo dado aos apóstolos. Essa estrutura é elaborada a partir da última ceia com os discípulos e de diversos textos eucarísticos encontrados no Evangelho.123

367. A Oração Eucarística é formada por quatro ações de Cristo:1- Tomar o pão em suas mãos: essa ação corresponde à procissão e

apresentação das oferendas do pão e vinho, quando o Cristo, pelas mãos do sacerdote, toma as oferendas dos fiéis e as apresenta ao Pai sobre o altar;

2- Render Graças: essa ação corresponde à oração do Prefácio, Santo, invocação do Espírito Santo, narração da instituição, as intercessões à Igreja Peregrina, Padecente e Gloriosa, e à Doxologia;

3- Partir o pão: corresponde ao Pai-nosso, embolismo (“Livrai-nos...”), oração e abraço da paz124 e culmina no rito do Cordeiro de Deus, em que o sacerdote, auxiliado pelo diácono, parte o pão eucarístico para a distribuição. Esse gesto nos faz recordar como os discípulos de Emaús reconheceram o Senhor. Em alguns lugares, tem-se o costume de partir o pão eucarístico durante a consagração como se fosse um ato teatral da última ceia de Cristo. Tal prática é errônea125, pois então, por coerência, a comunhão deveria ser distribuída antes das palavras da consagração (“... e deu aos seus discípulos,”), o que deformaria a estrutura litúrgica da celebração eucarística;

118 Cf. idem, n. 73.119 Cf. idem n. 139.120 Instrução Inestimabile Donum, n. 4.121 Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 93.122 Instrução Inestimabile Donum, n. 5.123 Cf. Mt 26,26; Mc 14,22; Lc 22,19. Textos eucarísticos: Jo 6,11124 CAMARGO, Pe. Gilson Cezar de, “Liturgia da Missa Explicada”, (Cadernos Temáticos para Evan- gelização, n. 13) Editora Vozes, Petrópolis, RJ, 2004, pág. 59-65125 Cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 55.

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4- Distribuir: corresponde ao rito da comunhão aos fiéis.

Doxologia da Oração Eucarística (Por Cristo, com Cristo e em Cristo...)

368. O gesto de elevar o pão e o vinho transubstanciados no Corpo e Sangue do Senhor é o ponto máximo do louvor e de ação de graças pela criação transfigurada que se eleva até ao Pai. É o momento em que o sacerdote exprime a glorificação de Deus, e é confirmada e concluída pela aclamação triunfal da assembléia por meio do grande Amém.

369. A elevação da patena com o Corpo do Senhor é feita pelo presidente da celebração. A elevação do cálice deve ser feita pelo diácono, ou na sua ausência por um sacerdote concelebrante. Caso não haja nem diácono nem sacerdote concelebrante, o cálice é elevado pelo próprio presidente da celebração. Este gesto não deve ser realizado por um ministro extraordinário da comunhão ou por outro leigo.

370. A proclamação da doxologia é exclusiva do ministério sacerdotal, não cabendo ao diácono ou aos fiéis leigos a não ser o Amém conclusivo.

Abraço da Paz

371. “Convém que cada um dê a paz, sobriamente (segundo os costumes dos povos), só aos mais próximos a si”126. O sacerdote e os demais ministros podem dar a paz permanecendo sempre dentro do presbitério para não ocorrer uma desarmonia na celebração206. A razão dessa norma é que quando se deseja a paz ao que está mais próximo, não se está desejando somente para uma pessoa em particular, mas para toda a Igreja simbolizada naquele irmão. Logo, não é preciso cumprimentar toda a assembléia para expressar tal desejo.

372. Este momento não prevê musicas por sua brevidade e sobriedade conforme orientação do dicastério do culto divino e disciplina dos sacramentos. Inserir canto de paz é um desvio do momento fazendo deste praticamente um “recreio” da celebração.

Comunhão

373. A Igreja valoriza a distribuição da comunhão sob as duas espécies – pão e vinho – de modo que o fiel possa comer e beber este Sagrado Alimento, manifestando assim com maior clareza a plenitude do sinal do banquete eucarístico. Entretanto, o grande número de comungantes pode tornar inviável tal distribuição eucarística. Segundo as disposições do bispo diocesano, pode-se oferecer a comunhão nas duas espécies, diretamente do cálice ou por intinção127, levando em consideração as seguintes disposições:m. Não se administre aos fiéis leigos a comunhão do Sangue do Senhor

diretamente do cálice quando está presente um número de comungantes tão grande que se torne difícil avaliar a quantidade de vinho necessário para a celebração;128

n. Quando for usada a modalidade da intinção, recorra-se à hóstias que não sejam muito finas nem demasiadamente pequenas, e o comungante receba a Eucaristia do sacerdote somente na boca129. “Não seja permitido que o fiel comungante molhe por si mesmo a hóstia no cálice, nem que receba na

126 Idem, n. 72.127 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 245. Por intinção entende-se o ato de molhar a hóstia no vinho128 Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 102129 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 285b e 287.

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mão a hóstia molhada”;130

o. Se um cálice não for suficiente para a comunhão, pode se dispor de outros cálices menores131. Entretanto, “abstenha-se de passar o Sangue de Cristo de um cálice para outro após a consagração, para evitar qualquer coisa desrespeitosa a tão grande Mistério.”132

374.Insista-se no ‘Amém’ que o comungante pronuncia em resposta à fórmula do ministro: ‘O corpo (e o sangue) de Cristo!’. Esse Amém deve ser pronunciado como uma profissão de fé acerca desse Mistério.133

375.“Não é permitido aos fiéis pegarem por si e muito menos passarem entre eles de mão em mão a sagrada hóstia ou sagrado cálice.”134 Os ministros leigos que irão auxiliar na distribuição da comunhão “não se aproximem do altar antes que o sacerdote tenha tomado a Comunhão, recebendo sempre o vaso – cibório –, que contém as espécies da Santíssima Eucaristia a serem distribuídas aos fiéis, da mão do sacerdote celebrante.”135

376. “É da Igreja que o fiel recebe a Eucaristia, que é a Comunhão com o Corpo de Cristo e com a Igreja. Eis porque o leigo comungante não deve ele mesmo retirar a partícula consagrada do cibório, de uma bandeja ou de uma cesta, como o faria se se tratasse de pão comum ou mesmo de pão bento, mas ele recebe a partícula, seja na mão ou na boca, do ministro da Comunhão.”136

377.Comunhão nas mãos: quando a comunhão é dada somente na espécie do pão, deve-se orientar previamente os fiéis para escolherem a maneira que comungarão: ou pode ser dada diretamente na boca, sobre sua língua, ou na mão, segundo o costume tradicional da Igreja137, quando o comungante recebe a Eucaristia sobre suas mãos abertas sobrepostas, e comunga com toda piedade diante do ministro. “Cuide-se com especial atenção para que o comungante tome a hóstia logo, diante do ministro, de tal modo que ninguém se afaste levando na mão as espécies eucarísticas.”138

378. Para que, por meio de sinais, a comunhão se apresente melhor como participa ção no sacrifício que se celebra, é preferível que os fiéis possam recebê-la com hóstias consagradas na mesma missa”139. Assim, nas comunidades em que se celebra quase que diariamente a Eucaristia, não é conveniente acumular no Sacrário hóstias consagradas além do necessário. Esse procedimento se justifica nas comunidades que realizam constantemente a Celebração da Palavra (“cultos”). Os ministros leigos preparem um número suficiente de hóstias para a consagração de modo que não falte para a celebração, mas que também não sobrem em demasia. Além disso, pede-se que se renovem constantemente as hóstias consagradas que permanecem no Sacrário, para que não ocorra o perigo de estragar a matéria do sacramento (o pão).

379. Mesmo que o sacerdote, o diácono ou os ministros extraordinários da

130 Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 104.131 Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 207b e 285a.132 Instrução Redemptionis Sacramentum, n 106.133 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 161, 287.134 Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 94, e cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 160.135 Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 162.136 Sagrada Congregação para os Sacramento e o Culto Divino, notificação de protocolo n. 720/85, n. 4, de 03 de abril de 1985.137 “Ao aproximares (da comunhão), não vás com as palmas das mãos estendidas, nem com os dedos separados; mas faze com a mão esquerda um trono para a direita como quem deve receber um Rei e no côncavo da mão espalmada recebe o corpo de Cristo, dizendo: Amém. Com segurança,então, santificando teus olhos pelo contato do corpo sagrado, toma-o e cuida de nada se perder”. 5ª Catequese Mistagógica de São Cirilo de Jerusalém, n.21; PG 33, Col. 1125; e São João Crisóstomo, homilia 47, PG 63,Col. 898.138 Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 92.139 Idem, n. 89.

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sagrada comunhão ainda não estejam no local para a distribuição da Eucaristia, as Equipes de Liturgia orientem os comungantes para se dirigirem às filas de comunhão, logo após a oração: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada...”. Essa é uma maneira de a assembléia expressar o desejo de buscar o encontro com o Cristo Eucarístico, evitando, assim, uma certa apatia e indiferença dos comungantes.

380.“É de responsabilidade do sacerdote celebrante distribuir a comunhão, se é o caso, ajudado pelos outros sacerdotes e diáconos; e ele não deve prosseguir a missa até que haja terminado a comunhão dos fiéis. Só onde a necessidade o requeira, os ministros extraordinários da sagrada comunhão podem ajudar o sacerdote celebrante, de acordo com as normas do direito”.140

381. “Em razão do sinal que se expressa, convém que alguma parte do pão eucarístico obtido pela fração seja distribuído ao menos a algum fiel no momento da comunhão”141. Também existe uma recomendação “de usar uma patena de maior dimensão, onde se coloca tanto o pão para o sacerdote e o diácono, bem como para os demais ministros e fiéis”142, evitando, assim, a conotação de que o sacerdote comunga a Eucaristia numa patena exclusiva, desvinculada da comunhão dos demais.

382. “Não é lícito, nem mesmo urgindo extrema necessidade, (o sacerdote) consagrar uma matéria (o pão ou o vinho) sem a outra, ou mesmo consagrá-las ambas fora da celebração eucarística.”143

383. Quando, por descuido, uma partícula consagrada cai no chão, ela deve ser recolhida com toda reverência, diluída em água e depositada na Pia Batismal que tenha escoamento para o solo da igreja (e não para o esgoto) ou em vasos de plantas para que não seja profanado o Santíssimo Sacramento144. Quem joga fora as espécies consagradas ou as conserva para fins de sacrilégio incorre em excomunhão automática, e o perdão para essa pena é reservada somente à Santa Sé.145

384. Apresentamos também algumas disposições para receber a Comunhão:p. Sua união com Cristo Eucarístico deverá se estender a toda a vida cristã,

transformando sua vida cotidiana em ação de graças e produzindo frutos mais abundantes de caridade146. Logo, não deve comungar a Eucaristiaaquele que não ‘comunga’ o Cristo presente na Liturgia da Palavra, ou seja, não acolhe e não se propõe a praticar os ensinamentos do Senhor;

q. Ninguém se aproxime da Eucaristia tendo consciência de estar em pecado mortal147, sem prévia confissão sacramental, por mais que se julgue contrito148. Também não se podem aproximar da comunhão eucarística os que se encontram em situação matrimonial irregular (recasado ou amasiado) ou sofrem alguma pena canônica;

r. “Quem vai receber a Santíssima Eucaristia abstenha-se de ingerir qualquer comida ou bebida, excetuando-se somente água e remédio, no espaço de ao menos uma hora antes da sagrada comunhão (...). Pessoas idosas e doentes, bem como as que cuidam delas, podem receber a Santíssima Eucaristia, mesmo que tenham tomado alguma coisa na hora que a antece

140 Idem, n. 88.141 Idem, n. 49.142 Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 331.143 Código de Direito Canônico, cân. 927.144 Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 280.145 Cf. Código de Direito Canônico, cân. 1367.146 Cf. Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da missa, n. 25.147 Para ser pecado mortal é necessário três condições: pecar em matéria grave, ter plena consciência e plena vontade do que está fazendo.

148Cf. Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da missa, n. 23.

55

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de”.149

385. Após a distribuição da Comunhão aquele que distribui utiliza-se de um purificatório para que com a água retire os fragmentos da partícula que possam ter ficado em seus dedos. Convem distinguir este gesto do lavabo utilizado para a “limpeza-purificação” na preparação das ofertas.

Oração depois da comunhão

A oração depois da comunhão liga-se ainda a liturgia eucarística, e é o seu fechamento, pedindo a Deus as graças necessárias para se viver no dia-a-dia tudo que se manifestou perante a assembléia durante a celebração.

Ritos Finais

“O rito de encerramento da Missa consta fundamentalmente de três elementos: a saudação do sacerdote, a bênção, que em certos dias e ocasiões é enriquecida e expressa pela oração sobre o povo, ou por outra forma mais solene, e a própria despedida, em que se despede a assembléia, afim de que todos voltem ás suas atividades louvando e bendizendo o Senhor com suas boas obras” (IGMR 57).

Capítulo 8 - A Proclamação da Palavra de Deus

386. “A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, como sempre venerou ao próprio corpo do Senhor, já que sem cessar toma da mesa da palavra de Deus e do Corpo de Cristo o pão da vida e o serve aos filhos. Sempre as teve e tem, juntamente com a Tradição, como suprema regra de sua fé, porque, inspiradas por Deus e consignadas por escrito uma vez para sempre, comunicam imutavelmente a palavra do próprio Deus e fazem ressoar através das palavras dos Profetas e Apóstolos a voz do Espírito Santo. É necessário, portanto, que toda pregação eclesiástica, como a própria religião cristã, seja alimentada e orientada pela Sagrada Escritura. Nos Livros Santos, com efeito, o Pai que está nos céus vem carinhosamente ao encontro de seus filhos e com eles fala. E é tão grande a força poderosa que se encerra na Palavra de Deus, que ela constitui sustentáculo vigoroso para a Igreja, firmeza na fé para seus filhos, alimento da alma, perene e pura fonte da vida espiritual. Por tudo isto, aplicam-se perfeitamente à Sagrada Escritura estas palavras: A palavra de Deus é viva e eficaz (Hb 4,12), poderosa

para edificar e repartir a herança entre os santificados (At 20,32; cf. 1Ts 2,13)”.150

387.Para que os fiéis cheguem a adquirir uma estima viva pela Sagrada Escritura através da audição das leituras divinas, é necessário que os leitores que desempenham esse ministério, embora não tenham sido oficialmente instituídos nele, sejam realmente aptos e estejam cuidadosamente preparados151. A preparação de um leitor deve ser em primeiro lugar espiritual que compreende a instrução bíblica e litúrgica, e a preparação técnica.152

Orientações para os leitores:

388. Mediante as leituras é preparada para os fiéis a mesa da palavra de Deus e abrem-se para eles os tesouros da Bíblia. “Por tradição, o ofício de proferir as leituras não é função presidencial, mas ministerial. As leituras sejam

149 Código de Direito Canônico, cân. 919.150Constituição Conciliar Dei Verbum, n. 21; cf. Introdução Geral ao Lecionário , n.10.

151 Instrução Inestimabile Donum, n. 2.152 Cf. Introdução Geral ao Lecionário, n. 55.

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pois proclamadas pelo leitor, o Evangelho seja anunciado pelo diácono ou, na sua ausência, por outro sacerdote. Na falta, porém, do diácono ou de outro sacerdote, o próprio sacerdote celebrante leia o Evangelho”.153 A não ser em casos de extrema necessidade, não é recomendável que um leitor proclame várias leituras na mesma missa, pois as ações litúrgicas devem ser compartilhadas com as demais pessoas participantes da celebração, de tal forma que cada leitor se responsabilize pela proclamação de uma só leitura.

389. “Na procissão ao altar, faltando o diácono, o leitor, revestido de vestes aprovadas, pode levar o livro dos Evangelhos – Evangeliário – um pouco elevado; neste caso caminha à frente do sacerdote, do contrário (estando presente o diácono), com os demais ministros.”154

390.Quando se leva o Evangeliário na Procissão de Entrada, deve-se mantê-lo fechado, e não aberto155. Quem transporta o Evangeliário na Procissão de Entrada coloca-o no centro do altar, sem realizar a inclinação profunda e nem a genuflexão.156

391. Quando o leitor se dirigir ao ambão para proclamar a leitura, passando em frente do presbitério, ele sempre deve realizar a inclinação profunda ao altar, mesmo se no presbitério houver o Sacrário do Santíssimo.157

392.Os leitores proferem, do ambão, as leituras que precedem o Evangelho. Se o salmo não for cantado, o leitor profere o salmo responsorial depois da primeira leitura.158

393.“O Aleluia ou o versículo antes do Evangelho podem ser omitidos quando não são cantados.”159

394. “Na falta de diácono, depois que o sacerdote fez a introdução, o leitor pode proferir do ambão, as intenções da oração universal.”160

395. “Não convém de modo algum que várias pessoas dividam entre si um único elemento da celebração, por exemplo, a mesma leitura feita por dois, um após o outro, a não ser que se trate da Paixão do Senhor”161. Por esta orientação, conclui-se que não podem ser substituídas a proclamação das leituras e do Evangelho por encenações teatrais ou jograis, seja nas celebrações da missa como nas celebrações da Palavra na ausência do presbítero.162

396. Assim como ocorre com os coroinhas e os ministros extraordinários da sagrada comunhão, convém que os leitores também estejam trajados com uma veste apropriada.163

O Comentário (Monição)

397. O comentarista “oportunamente dirige aos fiéis breves explicações e exortações, visando a introduzir os participantes na celebração e dispô-los para entendê-la melhor. Convém que as exortações do comentarista sejam cuidadosamente preparadas, sóbrias e claras. Ao desempenhar sua função, o

153 Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 59.154 Idem, n. 194.155 Cf. Cerimonial dos bispos – Cerimonial da Igreja, n. 127.156 Cf. idem, n. 70.157 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 274.158 Cf. idem, n. 196.159 Idem, n. 63c.160 Idem, n. 197.161 Idem, n. 109.

162Cf. BECKHÄUSER, Frei Alberto. Novas mudanças na Missa, Petrópolis, RJ, Editora Vozes, pág. 68-69.

163 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 194.

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comentarista fica em pé em lugar adequado voltado para os fiéis, não no ambão”164, mas numa estante simples e discreta.

398. O comentarista deve estar atento em preparar suas intervenções unindo a Liturgia com a vida e a necessidade da comunidade. Não se limite numa leitura mecânica do folheto, restringindo-se somente às suas explicações já prontas.

399. É importante que no início de uma celebração, o comentarista cultive uma empatia com a assembléia litúrgica por meio de saudações rápidas e afetuosas. Também é conveniente que, de vez em quando, ele possa instruir a respeito dos gestos e ritos realizados na celebração, de modo breve e oportuno, sem tornar a celebração uma aula de Liturgia. A função do comentarista é apenas oferecer condições básicas, capacitando a assembléia na participação de determinado rito.

400. Muitas vezes, as introduções às leituras são comentários que antecipam aquilo que a leitura vai dizer. Se já diz de antemão no comentário o que Deus vai falar e como devemos entender, logo nem precisamos mais proclamar a Palavra de Deus. Por isso, os comentários não têm a missão de explicar as leituras antes de a assembléia ouvi-la. Isso será a função da homilia! Que os comentários das leituras sejam uma contextualização dos textos, despertando nos ouvintes o interesse em acolher a Boa-Nova que será proclamada. Essa dificuldade acima citada consiste em nossa compreensão da palavra “comentário”. Por isso, sugerimos a palavra “monição” como a mais apropriada para essa função na celebração litúrgica.

401.O comentarista poderá anunciar os avisos e conduzir homenagens, caso haja necessidade de fazer. Ao fazê-los sejam realizados depois da Oração após Comunhão, de modo breve e claro ao povo.165

O manuseio do Lecionário

402. O Lecionário é o instrumento litúrgico fundamental dos leitores. Sua função é de nos inserir na celebração do Mistério de Cristo, revelando a vontade do Pai na história da Salvação. O Concílio Vaticano II (1962 a 1965) insistiu na restauração dos Lecionários para que sejam largamente abertos os tesouros bíblicos aos fiéis.

403. “Os livros litúrgicos hão de ser tratados com cuidado e respeito, pois é deles que se proclama a Palavra de Deus e se profere a oração da Igreja. Por isso, mormente quando se trata de celebrações litúrgicas, tenham-se à mão os livros

litúrgicos oficiais das edições mais recentes, belos e dignos, quer na apresentação gráfica quer na encadernação.”166

404. Insista-se que as leituras da Palavra de Deus sejam proclamadas sempre do Lecionário e não de folhetos ou livretos. Pede-se que na medida do possível, as comunidades adquiram, pelo menos, o Lecionário Dominical para celebrar a Palavra de Deus.

405. O Lecionário para a celebração eucarística é formado por três livros, além do Evangeliário:

a) Lecionário Dominical:406. É utilizado nas celebrações de todos os domingos do ano (bem como

suas vésperas, no sábado) e solenidades. Sua Liturgia da Palavra é formada 164 Idem, n. 105 b.165 Cerimonial dos bispos – cerimonial da Igreja, n. 168.166 Idem, n. 115.

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por três leituras mais o salmo responsorial (exceto em grandes celebrações onde há mais leituras: vigília pascal ou vigília de pentecostes).

407. Para conseguir uma maior variedade e uma maior abundância dos textos bíblicos, estas leituras são distribuídas em três anos. Cada ano corresponde a um ciclo. Os ciclos são designados pelas letras A, B e C. Cada ciclo acompanha o desenvolvimento do ano litúrgico, que se inicia no 1o Domingo do Advento. Por exemplo:

ciclo A ciclo B ciclo C2017 2018 20192020 2021 20222023 2024 2025

408. No final do Lecionário Dominical há um capítulo reservado para algumas celebrações: Imaculada Conceição, Apresentação do Senhor, Natividade de S. João Batista, São Pedro e S. Paulo, Transfiguração do Senhor, Assunção de Nossa Senhora, Exaltação da Santa Cruz, Nossa Senhora Aparecida, Todos os Santos, Finados, Dedicação da Basílica de Latrão.

b) Lecionário Semanal (ou Ferial):409. Esse Lecionário é utilizado durante os dias da semana (de segunda-

feira a sá- bado). Cada celebração da Palavra é formada por duas leituras mais o salmo responsorial.

410. Com o mesmo objetivo do anterior, ele quer proporcionar um contato mais abundante dos fiéis com a Sagrada Escritura. Esse Lecionário segue como referência o ano litúrgico com seus respectivos tempos e domingos, mas ele segue uma dinâmica um pouco diferente quando se refere ao Tempo Comum: a Primeira Leitura, com o seu salmo responsorial, é distribuída em dois ciclos – ano ímpar e ano par. Por exemplo:

Ano ímpar Ano parTempo Comum

2017 20182019 20202021 2022

c) Lecionário para as missas dos santos, dos comuns, para diversas necessidades e votivas (ou Santoral):

411. A intenção desse Lecionário é ajudar as comunidades a redescobrir que a nossa união com os santos se realiza de modo admirável, sobretudo na Liturgia. As celebrações dos santos proclamam as maravilhas do Cristo nos seus servos e oferecem aos fiéis oportunos exemplos a serem imitados”167. “A Igreja sempre afirmou que nas festas dos santos se anuncia e se renova o Mistério Pascal de Cristo.”168

412. O Lecionário Santoral é estruturado da seguinte maneira:

1ª parteMemória dos santos segundo o seu

dia entre os meses de janeiro a dezembro

2ª parteDos Comuns dos santos: Nossa Senhora, mártires,

pastores, doutores da Igreja, ...3ª parte Para diversas necessidades:

pela Igreja, bem público, ...

167 Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 111.168Introdução das Normas Universais do Ano Litúrgico e o novo Calendário Romano Geral, II.

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4ª parte Celebrações votivas169

A escolha das leituras segundo os graus de celebração

413.As celebrações litúrgicas se distinguem em graus e são denominadas: solenidades, festas e memórias.170

a) Solenidades:414. As solenidades são os dias mais importantes no calendário cristão, cuja

celebração começa no dia precedente, nas vésperas171. Se o dia da solenidade coincidir com o domingo, a solenidade substituirá o domingo, exceto quando forem os domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa, sendo, nesse caso, antecipada para o sábado172. As conferências episcopais podem alterar os dias de algumas solenidades para o domingo com o objetivo de uma maior participação do povo. No Brasil, são transferidas para o domingo posterior as seguintes solenidades: Ascensão do Senhor, São Pedro e São Paulo, Assunção de Nossa Senhora,

Todos os Santos.

415. Assim como ocorre nos domingos, sempre se proclamam, nas solenidades, três leituras, isto é, do Profeta, do Apóstolo e do Evangelho, que são próprias da celebração. Tais leituras não podem ser omitidas ainda que a solenidade seja num dia de semana. No Tempo Pascal, em lugar do Antigo Testamento, a leitura será dos Atos dos Apóstolos.173

416. Algumas solenidades são enriquecidas com uma missa de vigília, nas vésperas174, com as leituras próprias da solenidade.

b) Festas:417. As festas são celebradas num dia litúrgico normal (de meia-noite a meia-noite),

exceto as festas do Senhor que ocorrem nos domingos do Tempo Comum e do Tempo do Natal175. Nos domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa não se celebram as festas.176

418. “Para as festas são previstas duas leituras. Mas, se a festa, segundo as normas, for elevada ao grau de solenidade, acrescente-se uma terceira leitura, tirada do Comum”177. Essas normas vigoram quando a festa coincidir com o domingo ou quando houver uma razão pastoral que aconselhe essa elevação. Por exemplo: quando uma comunidade tem por padroeiro o apóstolo São Judas Tadeu; no calendário geral da Igreja é uma festa, mas para as comunidades que o invocam

como padroeiro principal, tal celebração eleva-se para o grau de solenidade. O mesmo vale para as memórias de santos, quando eles são padroeiros.

c) Memórias:419.Há duas classes de memórias: as obrigatórias e as facultativas. São

169 As “Celebrações Votivas” são destinadas ao cultivo de devoções.170Cf. Normas Universais do Ano Litúrgico e o novo Calendário Romano Geral, n. 10.

171 Cf. idem, n. 11.172 Cf. idem, n. 5.173 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, 357.

174Cf. Normas Universais do Ano Litúrgico e o novo Calendário Romano Geral, n. 11.175 Cf. idem, n. 13.176 Cf. idem, n. 5.177 Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 357.

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obrigatórias as memórias dos santos que manifestam uma importância especial para a Igreja de todo o mundo.178

420. Nas memórias dos santos, deve-se dar preferência às leituras dos dias de semana, a não ser que no Lecionário Santoral se apresente uma ‘Leitura Própria’ do santo. Por Leitura Própria entende-se aquele texto bíblico que trata do Mistério que a missa celebra ou quando trata da mesma pessoa do santo179, mencionando-o nos textos do Novo Testamento, como São Timóteo e São Tito, São Barnabé, Santa Maria Madalena, Santa Marta, ... 180. Para as memórias dos outros santos, encontramos as ‘Leituras do Comum’ que sublinham algum aspecto da vida espiritual ou da atividade do santo. O uso dessas leituras não é obrigatório, a não ser que uma razão pastoral o aconselhe.181

A preparação espiritual do Ministro da Palavra

421. Na Liturgia, o leitor não fala em seu próprio nome. O leitor é um verdadeiro ministro da Palavra de Deus, é um porta-voz de Deus, um servidor de sua Palavra, que ‘empresta’ a sua voz para que Deus fale com o seu povo.

422. A Palavra de Deus gera algo novo e diferente no mundo (cf. Gn 1; Is 55,11), pois não apenas consiste em tornar conhecida uma idéia, um pensamento ou uma impressão. É pela palavra que Deus divide a humanidade entre aqueles que o acolhem e aqueles que não (cf. Rm 10,17; espada de dois gumes: Hb 4,12), traz a vida, a conversão e a salvação ou a ruína, a morte e a perdição (cf. Sl 119(118),105; Mc 8,38).

423. Assim, ser um ministro da Palavra é uma grande responsabilidade porque ele é muito mais do que um mero leitor ou comunicador profissional. O ministro da Palavra é alguém comprometido com Deus para ser instrumento de conversão e fé da assembléia ouvinte. Uma proclamação sem a devida preparação espiritual pode até ser uma leitura esplêndida, com voz e dicção perfeita, mas certamente delimita a eficácia da graça do Senhor. Por isso, ele deve cultivar uma vida de oração fundamentada na leitura orante da Bíblia. Uma das maneiras eficazes de rezar com a Bíblia é um método milenarmente conhecido na Igreja chamado “Lectio Divina”182.

Técnicas de Leitura para o Ministro da Palavra

424. Não basta ler! O Ministro da Palavra deve saber proclamar o texto. Sua leitura proclamada deve atingir a atenção e o coração dos ouvintes. A proclamação é uma leitura que declara a vitória de Cristo, é a expressão da vida que ressuscita pela força de Deus. O leitor deve projetar a sua voz para fora, de forma que fique nítida aos ouvidos da assembléia.

Dicas para uma boa proclamação:

a. Quando chegar o momento da proclamação, o leitor, que se encontra fora do presbitério, dirija-se até o ambão com tranqüilidade. Antes de entrar no presbitério, o leitor fique em frente ao altar e realize a inclinação profunda (de corpo), mesmo se houver a presença do Santíssimo Sacramento no presbitério;

178Cf. Normas Universais do Ano Litúrgico e o novo Calendário Romano Geral, n. 9.179 Cf. Introdução Geral ao Lecionário, n. 83.180 Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 358.

181Cf. Introdução Geral ao Lecionário, n. 83; cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano 357.

182 No Anexo desse Diretório apresentamos um itinerário para a oração da Lectio Divina.

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b. No ambão, coloque-se em pé, com as mãos sobre o Lecionário, com a cabeça erguida e as costas retas para poder respirar melhor. Onde houver microfone, veja se está ligado e se está na altura e na distância certa para a boca;

c. Olhe para a assembléia. Estabeleça contato reunindo e chamando o povo com o olhar, como uma ponte até às últimas fileiras. Tudo em silêncio. É o silêncio que valoriza a palavra;

d. Proclame a leitura pausadamente, dando todo sentido à Palavra, sem atropelos. Que a proclamação seja tão bem realizada que a assembléia não necessite de folhetos;

e. Ao terminar a proclamação da Palavra, diga ou cante: “Palavra do Senhor!” e somente isto. Se esta conclusão for cantada, é bom que os outros proclamadores também cantem, para que se crie uma harmonia celebrativa. Evite-se ficar mostrando o Livro para a assembléia após a proclamação, porque toda nossa reverência e atenção devem se concentrar na Palavra Proclamada que foi ouvida e já deve estar em nosso coração;

f. Distancie-se do ambão com toda calma e tranqüilidade, reverenciando o altar com a inclinação profunda;

g. Não confundir proclamação com declamação. Na Liturgia, a Palavra de Deus é proferida através do Livro Litúrgico (Lecionário ou Evangeliário). A declamação é uma recitação teatral do texto, sem a necessidade do Livro.

h. Isso não é conforme o exemplo de Leitura Litúrgica dado por Jesus no Evangelho;183

i. Tenha um auto-conhecimento e treinamento de sua voz. Prepare a leitura em ambiente fechado para liberação da sua voz. Ouça a sua própria proclamação através de um gravador. Uma voz demasiado estridente ou fanhosa causa mal-estar nos ouvintes. Descubra qual é a reação que brota dos ouvintes diante de sua voz!

j. Pratique exercícios de respiração, treinando o músculo do diafragma;k. A dicção é um item básico para a inteligibilidade: quem não pronuncia

direito as palavras não é entendido. O movimento dos maxilares é o responsável pela dicção clara. A pronúncia das vogais é importantíssima no português. Para se obter uma melhor dicção exercitando os músculos da face e

l. dos lábios, use-se o método da mastigação. Outro método para treinar a dicção é a repetição de “trava-línguas”;

m. Um leitor que não entende aquilo que está proclamando, transmitirá dúvidas. Por isso, o leitor prepare a proclamação conhecendo o conteúdo do texto, a pronúncia de nomes difíceis, o seu gênero literário, pois cada texto possui um tom de voz ou uma maneira de proclamação (narração, exortação, poesia,...);

n. Deve-se respeitar os sinais de pontuação e dar um bom ritmo de proclamação do texto (nem muito rápido e nem muito devagar) para que seja corretamente expresso;

o. Destaque, realce, dê uma entonação especial para fazer ressaltar alguma palavra ou expressão. Cuidado para não ler um texto sendo monótono, usando um só tom e uma só cadência;

p. Atenção redobrada para que a mensagem não fique desgastada com os acessórios! Que o vestuário não desvie a atenção dos ouvintes (a cor, os decotes, as saias, as jóias, a maquiagem,... que tudo seja de bom senso e respeito);

183 Cf. Lc 4,16-20. Na época, todo judeu que ensinava na sinagoga devia memorizar a Sagrada Escri- tura, logo não haveria necessidade de Jesus tomar o Livro para proclamar a profecia de Isaías. Porém o fez para demonstrar o valor litúrgico do Livro.

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q. Microfone: é um instrumento útil em nossas celebrações, mas que o leitor tenha familiaridade com o seu manuseio, bem como o pedestal que o sustenta. Cuide que esteja direcionado à boca do leitor, mantendo uma distância suficiente para perceber a qualidade e o volume conveniente para aquele microfone. Em função do seu ministério, o leitor sempre deve verificar o bom funcionamento dos microfones;

r. É também responsabilidade dos leitores preparar antecipadamente o Lecionário, localizando as leituras para a celebração. Para isso, sempre é bom consultar o Diretório Litúrgico Anual a fim de não cometer nenhuma gafe.

Capítulo 9 - Canto e Música Litúrgica

I. Fundamentos

425. A Liturgia, como exercício da função sacerdotal de Cristo184, comporta um duplo movimento: de Deus para os homens, para santificá-los; e dos homens para Deus, para que Ele seja glorificado e adorado em espírito e verdade.

426. A Liturgia é um diálogo entre o Deus-Trindade e o Homem-Comunidade. Esse diálogo é composto de vários momentos. Cada momento tem sua característica própria e, portanto, uma expressão diferenciada. Ninguém cantaria um salmo penitencial (salmo 50 - Miserere) de forma triunfal ou o hino de Glória ou o Santo timidamente.

427. “O canto e a música litúrgica é parte necessária e integrante da Liturgia, por exigência de autenticidade, deve ser a expressão da fé e da vida cristã de cada assembléia”185. Não é apenas para embelezar ou para quebrar a monotonia das orações. Dê-se grande valor ao uso do canto nas celebrações186.

428. O intuito da renovação litúrgica do Concílio Vaticano II é resgatar a participação plena, consciente e ativa da assembleia na liturgia. Esta participação na liturgia é de certo modo assegurada pelo canto litúrgico. O canto e música litúrgica é aquela música que a Igreja admite de direito e de fato na celebração litúrgica. Conforme o Concílio: “A música litúrgica será tanto mais santa quanto mais intimamente estiver unida à ação litúrgica” (SC 112). Portanto, ela é parte integrante da liturgia e não meramente um enfeite ou assessório.

429. O motivo fundamental da importância da música na liturgia é expresso quando a constituição litúrgica diz que ela é “parte necessária e integrante” da liturgia (cf. SC 112). Desde modo, o canto e a música litúrgica adquire um caráter ministerial na liturgia, ou seja, ela está a serviço da ação litúrgica e por isso, ela tem a mesma finalidade da própria liturgia. É o que diz o papa Pio X no Motu proprio Tra Le Sollecitudini: “A música sacra, como parte integrante da liturgia solene, participa do seu fim geral, que é a glorificação de Deus e a santificação dos fiéis” (TLS, nº. 1). A música será litúrgica quando nela a Igreja reconhecer sua oração, quando ela aparece para acompanhar os textos litúrgicos a serem cantados. Ela consiste em cantar as palavras da ação ritual. Pio X ainda diz que a principal função da música na liturgia é de “revestir de adequadas melodias o texto litúrgico” (TLS 1). E continua nos números 8 e 9 dizendo que os textos litúrgicos devem ser cantados na integra e nunca substituídos por outros textos. Portanto, podemos dizer que o canto litúrgico é a música própria da liturgia e não outro, pois, ele torna a liturgia nobre e solene (cf. SC

184 Cf. Constituição Conciliar Lumen Gentium, n. 11 e 31.185 Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 112.186 Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 40.

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113).

430. O canto próprio da liturgia da Igreja é o canto gregoriano (cf. SC 116). Ele pertence ao tesouro da tradição da Igreja. Mas, aplicando o princípio da inculturação, a Igreja leva em conta a tradição musical dos povos (cf. SC 119). Segundo o liturgista Frei Alberto Beckhäuser, a música litúrgica possui as seguintes características (BECKHÄUSER, Alberto. Cantar a liturgia. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 35-38.):

1) Ela é memorial, porque faz memória dos mistérios celebrados;2) É orante, porque é uma forma de oração;3) É trinitária, porque se dirige ao Pai, comemora o Filho e invoca o Espírito Santo;4) É cristológica, porque está centrada em Jesus Cristo;5) É pascal, porque também pela música litúrgica a Igreja anuncia e celebra o mistério

pascal;6) É eclesial, porque é um canto comunitário, ou seja, é a Igreja quem canta;7) É eucarístico, porque possui um caráter de ação de graças;8) É narrativo, porque narra à obra da salvação;9) É histórico-salvífico, porque atualiza a obra da salvação;10) É profético, porque denuncia o que se opõe ao plano de Deus.

O Canto Litúrgico a serviço da Palavra de Deus e dos gestos sagrados da celebração

431. Na celebração, Deus se revela para a assembléia litúrgica numa “passagem” (páscoa) libertadora em nossa vida. Os discípulos de hoje recobram a esperança e reavivam a chama da fé, da esperança e do amor na medida em que percebem a ação do Espírito do Ressuscitado e descobrem o sentido dos acontecimentos.

432. Os corações dos fiéis ardem à medida que a mente se ilumina com a proclamação da Palavra Divina (cf. Discípulos de Emaús: Lc 24,13-35).187

433. “O canto, por natureza, está intimamente vinculado à Palavra de Deus. O canto é Palavra que desabrocha em sonoridade, melodia e ritmo”188. “O canto será, assim, a expressão mais suave ou mais forte da Palavra. Por essa vinculação de raiz da Palavra, no culto cristão, o canto é a expressão musical mais importante.”189

434. Por isso, a música, na Liturgia, necessita essencialmente estar a serviço da Palavra de Deus:a. Proclamando e interiorizando a Palavra de Deus na celebração; 190

b. Respondendo o apelo da Palavra proclamada. O Salmo Responsorial, vinculado com a 1ª leitura, não pode ser trocado por um outro salmo ou canto qualquer;

c. Aclamando o Evangelho antes e/ou depois da sua Proclamação e durante a Oração Eucarística;

d. Preparando os fiéis para a escuta da Palavra de Deus.191

435. A Liturgia é um memorial no qual Deus se faz presente na comunidade e age nos ritos sagrados por meio de Cristo. Sendo assim, o canto litúrgico alcança seu sentido quando é sintonizado e acompanha harmoniosamente os ritos da celebração, sem se desviar do verdadeiro sentido de cada momento da celebração. Desse modo, podemos concluir que quanto mais gerais forem os textos dos cantos e menos ligados à ação litúrgica ou ao tempo e à festa, tanto menos litúrgicos eles serão.

187 Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 274.188 Idem, n. 203.

189Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 120 e Instrução Musicam Sacram, n. 9.190 Cf. Ez 3,1-3; Ap 10,8-10191 Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 275.

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436. A função ministerial do Canto Litúrgico:a. Estar intimamente ligado à ação litúrgica que está sendo realizada, quer

exprimindo suavemente a oração, quer favorecendo a unidade e a comunhão dos fiéis, quer dando maior solenidade aos ritos sagrados;192

b. Levar em conta o tempo litúrgico, as solenidades e as festas de preceito;193

c. Estar em sintonia com os textos bíblicos de cada celebração, especialmente com o Evangelho, no que diz respeito ao canto de comunhão; 194

d. Não usar melodias que já foram usadas em outros textos não litúrgicos195, isto é, fazendo adaptações de músicas populares;

e. Respeitar a sensibilidade religiosa do nosso povo;196

f. Escolher músicas com letras e ritmos adequados ao tipo de celebração.197

437. Exigências para assumir o Ministério dos Cantos Litúrgicos:a. Em primeiro lugar exige-se que o cantor entenda de Liturgia, no sentido

teórico e prático. Todo cantor que não entende a Liturgia e não se preocupa em aprofundá-la não deve assumir tal ministério diante da comunidade;

b. A segunda exigência é de que todo canto litúrgico seja querigmático, e não canto moralista. O aspecto querigmático do canto litúrgico consiste no fato de apresentar e descrever o Mistério celebrado e não de impor uma vivência ou prática moral ou cristã. Em outras palavras, o canto descreve e propõe o Mistério, a pessoa o acolhe ou rejeita, e a vivência cristã será moldada a partir da acolhida de Cristo e de seu Mistério Salvador.

O animador de cantos ou Equipe de cantos

438. “Com a compreensão que temos hoje de que a celebração dos Mistérios da Fé é função de todo o povo de Deus e se processa num rico diálogo entre os ministros e a assembléia, diálogo que tem no canto o seu momento mais expressivo, podemos imaginar a importância desse ministério”.198 Daí a importância do ministério da música. Sua função é de apoiar e dirigir o canto dos fiéis.199

439.Ninguém participa de uma celebração para ser admirado pela comunidade. Animar os cantos para uma assembléia litúrgica é um serviço e uma oração. Cabe ao animador as seguintes funções: 200

a. Orientar a escolha dos cantos na celebração, de forma criteriosa e em unidade com o pároco. Elabore-se um programa conjunto com as demais Equipes de cantos da sua comunidade;

b. Dosar o repertório, promovendo o equilíbrio entre a tradição e a novidade, repetição e variedade, de modo que mantenha a assembléia segura nos seus cantos tradicionais e, ao mesmo tempo, contente em poder renovar o seu repertório;

c. Animar o canto da assembléia, de modo que faça vibrar numa só voz o canto dos refrões, as respostas ou aclamações da Oração Eucarística, sobretudo o “Santo”;

d. Para que a assembléia possa cantar nas celebrações, o animador jamais

192 Cf. Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 112.193 Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 201.194 Cf. idem.195 Cf. idem.196 Cf. idem.197 Cf. idem198 Cf. idem, n. 247.199 Cf. Instrução Musicam Sacram, n. 21.200 Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 247.

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pode esquecer de providenciar o acesso de todos à letra do canto.e. O animador deve velar para que o volume do som não seja exagerado nem

abafe a voz da assembleia.

O bom uso do microfone e a participação da Assembléia

440. A voz da assembléia é a base de todo edifício musical de uma celebração, pois o canto da assembléia é a voz do corpo místico do Cristo, que é a Igreja (cf. Cl 1,18). A voz humana é sempre o melhor instrumento. E nós sabemos que a palavra originária de Igreja é “ekklésia”, que significa “assembléia”, isto é, um povo escolhido e chamado por Deus.

441. O animador dos cantos ou a Equipe de animação utilize o microfone apenas se necessário. Quando não há equilíbrio e discernimento no volume do microfone e dos instrumentos, comete-se um grave ato contra a Comunidade Orante, pois esta atitude encobre e cala a voz da assembléia litúrgica, que é a própria voz da Igreja reunida no amor de Cristo.

O canto litúrgico na Eucaristia segundo os seus graus

442. Os cantos nas celebrações são divididos em: Ordinários ou Próprios.

a. Ordinários: Esses cantos possuem um texto fixo e invariável, pois constituem partes fixas da missa. O texto não varia, o que pode e deve variar é a melodia, isto é, a música. Isso ajuda muito o povo, pois não precisa do folheto para acompanhar e pode cantar com toda espontaneidade. Os cantos Ordinários da missa são: Kyrie, Glória, Credo, Santo, Pai-nosso e o Cordeiro de Deus.

b. Próprios: São cantos que variam em cada missa, ou seja, possuem o texto próprio do domingo, do tempo litúrgico ou da festa que se celebra. Esses cantos são: Procissão de Entrada, Salmo Responsorial, Aclamação ao Evangelho, Apresentação das Oferendas e a Procissão da Comunhão.

Os Cantos para a Missa

443. “Uma autêntica celebração exige também que se observe exatamente o sentido e a natureza próprios de cada parte e de cada canto...”. 201

Canto de Entrada

444. O objetivo desse canto é convocar a assembléia, criando um clima que promova a união orante da comunidade no encontro com o Ressuscitado. Essa canção deve deixar claro para toda a assembléia qual a festa ou o Mistério do Tempo Litúrgico que se celebra.202

445. Esse canto não deve ser demasiado longo, pois pertence à categoria dos cantos que acompanham um rito, que, no caso, inicia-se com a procissão de entrada e encerra-se quando o sacerdote se encontrar na sede presidencial.203

446. Todo o povo deve cantar com a Equipe de animação. Os instrumentos têm a função de incentivar e apoiar o canto. Não devem encobrir as vozes dificultando a compreensão do texto.

Senhor, tende piedade

201 Instrução Musicam Sacram, n. 6b202 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 47.203 Cf. idem, n. 47.

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447. É um canto de louvor e exultação a Cristo Ressuscitado através do qual os fiéis aclamam o Senhor e imploram a sua misericórdia (Kyrie eleison). É cantado nor- malmente por todos, tomando parte nele o povo e o grupo de cantores ou o can- tor.204

448. Não podemos confundir simplesmente o canto do “Senhor, tende piedade” com o rito do Ato Penitencial, pois este canto é um dos elementos que constitui o rito.

O Ato Penitencial possui três momentos:205

a. O presidente da celebração motiva a assembléia para que proclame a misericórdia de Deus manifestada em Jesus, através de um instante de silêncio;

b. A assembléia invoca a misericórdia do Senhor através do “Senhor, tende piedade” ou por alguma das formas indicadas pelo missal. Não é o presidente da celebração que canta ou reza as invocações, mas alguém da assembléia: animador do canto ou leitor;

c. O rito termina com a oração de perdão pronunciada pelo presidente da celebração: “Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós...”

449. Este rito é a forma mais utilizada pelas nossas comunidades, mas não é a única. Outras formas de Ato Penitencial podem se encontradas no Missal Romano, entre as quais citamos, por exemplo, “Confesso a Deus...” no qual o “Senhor, tende piedade” (Kyrie) é cantado ou rezado depois da oração de perdão pronunciada pelo presidente da celebração.

Glória a Deus nas alturas

450. “É um hino antiqüíssimo e venerável pelo qual a Igreja, reunida no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro. Não constitui uma aclamação trinitária”206, mas é um hino em homenagem a Jesus Cristo207. Deve ser um hino cantado por toda a assembléia e não por um grupo de cantores. Se não for cantado, deve ser recitado por todos juntos ou alternado em dois coros.

451. Esse hino “é cantado ou recitado aos domingos, exceto no tempo do Advento e da Quaresma, e nos dias de solenidades, festas ou em celebrações especiais mais solenes.”208

452. Por ser um hino antiqüíssimo, conservado pela Tradição da Igreja na Liturgia, o seu texto não pode ser substituído por qualquer outro hino de louvor ou por paráfrases que se distanciam do seu sentido original209. Somente é possível alterações no texto original do hino do Glória se houver a aprovação da CNBB através dos Hinários Litúrgicos.

Salmo Responsorial

453. É parte integrante da Liturgia da Palavra e seu texto acha-se diretamente ligado à 1ª leitura, não podendo ser substituído por outro salmo que não corresponda à celebração do dia, ou pior, por algum outro canto de meditação210. É um canto

que interioriza a Voz de Deus. Execute-se sem pressa, com voz suave e

204 Cf. idem, n. 52.205 Cf. “Animação da vida litúrgica no Brasil”, Documento da CNBB 43, n. 250.206 Idem, n. 257.207 Cf. idem, n. 308.208 Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 53.209 Cf. idem, n. 53.210 Cf. idem, n. 61.

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andamento tranqüilo.

454. De preferência, o salmo responsorial deve ser cantado e o salmista proferirá os versículos do salmo do Lecionário e, se possível, no ambão, enquanto toda a assembléia escuta sentada, cantando o refrão211.

455. O bom salmista é um leitor-cantor que cultiva seus talentos musicais e sua afinação, preparando-se como um verdadeiro ministro da Palavra, como vimos no capítulo anterior.

456. Cabe ao salmista comunicar, de forma discreta e orante, os sentimentos do salmo não só pela voz, mas ainda através da postura do corpo e da expressão do rosto, para elevar os corações e as mentes dos fiéis a Deus, aumentando o fervor e a vivacidade das orações da comunidade.

457. Por causa de seu caráter de leitura cantada, a melodia deverá ser de preferência bastante simples para que a assembléia tenha condições de cantar. Nos solos, o que deve ser ouvido é a voz do salmista, por isso os instrumentos devem apenas apoiar e acompanhar discretamente, sem se sobrepor ao canto.

Aclamação ao Evangelho

458.É uma aclamação de louvor alegre e vibrante (“Hallelu – Jah” = louvai ao Senhor!) “que constitui um rito ou ação por si mesma através do qual a assembléia dos fiéis”212, em pé, professa a sua fé pelo canto, acolhendo e saudando o Senhor que vai falar no Evangelho213. Embora o Aleluia ou o versículo antes do Evangelho possam ser rezados, preferencialmente sejam cantados, pois “podem ser omitidos quando não são cantados.”214

459. Esse canto deve ter uma intensa participação da assembléia, ao menos no refrão. O Aleluia é cantado em todo o tempo, exceto na Quaresma. O versículo dever ser, de preferência, do Lecionário, podendo ser proferido pelo animador ou pela Equipe de canto215. “No tempo em que o Aleluia é omitido, cante-se um verso aclamativo da Sagrada Escritura (por exemplo, Mt 4,4) ou uma doxologia do Novo Testamento (por exemplo, 1Tm 6,16 ou 1Pd 4,11 ou Ap 1,6)”.216

460.Essa aclamação pode ser repetida quantas vezes for necessário, iniciando-se com a procissão do Evangeliário ao Ambão e encerrando-se no momento em que o sacerdote ou o diácono estiver no ambão. “É de bom costume repetir o Aleluia após o Evangelho.”217

Apresentação das Oferendas

461. É o início da Liturgia Eucarística e corresponde ao momento em que as oferendas – isto é, o pão e o vinho – que se converterão no Corpo e Sangue de Cristo, são levados para o altar218. É louvável que os fiéis conduzam em procissão o pão e o vinho219. Além de levar o pão e o vinho ao altar, realiza-se o gesto de apresentar dinheiro e outros donativos, expressando a comunhão das pessoas de colocar em comum o que são e o que possuem, para atender

211 Cf. idem, n. 61.212 Idem, n. 62.213 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 62 e “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 302.214 Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 63c.215 Cf. idem, n. 62.216 “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 302.217 Idem, n. 302.218 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 73.

219Cf. idem e “Animação da vida litúrgica no Brasil”, Documento da CNBB 43, n. 290.

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as necessidades dos irmãos e da própria comunidade.220

462. O canto das oferendas não precisa necessariamente falar das ofertas, mas recordar a vida do povo, de modo que se una com o ato litúrgico de oferecer-se ao Pai em Cristo.221

463. Esse canto é facultativo e acompanha a procissão das oferendas, prolongando -se até que os dons tenham sido apresentados sobre o altar e o sacerdote tenha feito o lavabo222, por isso cuide-se para não alongar demasiadamente o canto além da conclusão do rito.

464. Geralmente canta-se durante todo o rito da apresentação das oferendas. Tal prática pode prosseguir em nossas comunidades normalmente. Entretanto, há uma sugestão da CNBB para que esse rito seja realizado de modo mais completo e adequado, com três momentos distintos:a. Procissão das oferendas: um grupo de pessoas em nome da assembléia

leva ao sacerdote ou diácono o pão e o vinho;b. Procissão dos dons (dinheiro, arrecadação de alimentos, roupas, etc);c. Oração sobre o pão e o vinho realizada pelo presidente da celebração

(“Bendito sejais, Senhor Deus do Universo,...”) seguida da aclamação rezada ou cantada pela assembléia (“Bendito seja Deus para sempre!”).223

d. N.B.: Os dois primeiros momentos acima citados são acompanhados pelo canto, que pode continuar após a oração sobre o vinho.

Santo

465. É uma aclamação triunfal de grande importância que faz parte da Oração Eucarística na qual toda a assembléia deve cantar224, unindo-se aos espíritos celestes.225

466. O texto desse canto é inspirado na visão do profeta Isaías quando ouviu os Serafins cantarem no Templo (Is 6,3), na visão de João (Ap 4,8) e na entrada de Jesus em Jerusalém (Mt 21,9). Por ser um dos cantos dos Ordinários da missa, não se pode admitir acréscimos, alterações ou paráfrases.226

Aclamação Memorial

467. É o momento do anúncio do Mistério Pascal. O presidente da celebração proclama “Eis o Mistério da Fé!” e toda a assembléia responde expressando sua fé na presença do Mistério Pascal de Jesus na Eucaristia. Quando cantado, é importante que toda a assembléia participe e não seja executado somente por um grupo de cantores227. Nesse caso, é conveniente combinar a melodia com o presidente da celebração (“Eis o Mistério da Fé!”) para que haja uma harmonia musical entre o canto do presidente e a resposta da assembléia.

468. Há três aclamações propostas pelo missal que a equipe de cantos deve ensaiar com a assembléia:a. “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição,

220 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 73.221 Cf. “Animação da vida litúrgica no Brasil”, Documento da CNBB 43, n. 296.222 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 74.223 Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 319.224 Cf. idem, n. 303.225 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 79b.226 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 366 e “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 303.227 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 216 e “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 304.

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vinde, Senhor Jesus!”b. “Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice,

anunciamos, Senhor, a vossa morte, enquanto esperamos a vossa vinda!”c. “Salvador do mundo, salvai-nos, vós que nos libertastes pela cruz e

ressurreição!”

469. Textos alternativos que exprimem a fé na presença real devem ser excluídos, pois alteram o sentido litúrgico do Mistério que se celebra. Portanto não se deve substituir uma das três aclamações acima citadas por um canto eucarístico ou de louvor.228

470. Durante a narrativa da Instituição ou a Consagração, bem como toda a Oração Eucarística, não se admite nenhum outro som, além das palavras do presidente da celebração. Toda inserção instrumental neste momento pode distrair e desvirtuar a celebração do Mistério Eucarístico. Este é um momento forte e alto da presença e ação de Deus, e convém que a assembléia, inclusive o grupo de cantores, escutem em silêncio, atenção e respeito as palavras do Cristo que se oferece a nós por amor.229

Aclamações da Oração Eucarística

471.Durante a Oração Eucarística estão previstas várias e curtas aclamações da assembléia. É o jeito mais significativo de o povo participar do grande louvor e solene ação de graças que é a Eucaristia.230

O Grande Amém (Doxologia)

472.Convém que se valorize da melhor maneira possível o Amém conclusivo da Oração Eucarística através do canto, com intensa participação da assembléia.231

473. A proclamação da doxologia (Por Cristo, com Cristo e em Cristo) é exclusiva do sacerdote, não cabendo ao diácono ou aos fiéis leigos, a não ser o ‘Amém’ conclusivo.

A Oração do Senhor

474.É uma oração que introduz nossa preparação imediata para a participação no banquete pascal e estimula o sentimento de fraterna solidariedade cristã.232

475. O sacerdote profere o convite, todos os fiéis recitam a oração com o sacerdote, e o sacerdote acrescenta sozinho a oração chamada embolismo (“Livrai-nos de todos os males,...”), que o povo encerra com a seguinte doxologia: “Vosso é o reino, o poder e a glória para sempre”. Desenvolvendo o último pedido do Pai- nosso, o embolismo suplica que toda a comunidade dos fiéis seja libertada do poder do mal.233

476. “O convite, a própria oração, o embolismo e a doxologia com que o povo encerra o rito são cantados ou proferidos em voz alta”234. Quando forem cantados, deve haver uma plena participação da assembléia. A oração do Pai-nosso nunca pode ser substituída por outros cantos.235

228 Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 304.229 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 32 e Instrução Musicam Sacram, n. 16a; Instrução Redemptionis Sacramentum, n.53.230 Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 323.231 Cf. “Animação da vida litúrgica no Brasil”, Documento da CNBB 43, n. 306.232 Cf. idem, n. 310.233 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 81.234 Idem, n. 81.235 Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 309.

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O Canto da Paz

279 A saudação da paz deve ser dada àqueles que estão mais próximos, de modo sóbrio. Mas não se execute nenhum canto para dar a paz.236

O Cordeiro de Deus

280. Este canto constitui um rito próprio e acompanha o partir do pão, antes de se proceder à sua distribuição. Não deve ser usado como uma forma de encerrar o movimento criado na assembléia durante o abraço da paz237. “A saudação da paz não deve ofuscar a importância desse momento do rito”.238

281. Diferentemente do “Santo” e do “Pai-nosso”, esse canto não é necessariamente um canto do povo e pode ser cantado apenas pela equipe de animação. Quem inicia esse canto ou a recitação não é quem preside, mas a assembléia, por meio do cantor ou comentarista.239

282. O canto do “Cordeiro de Deus” possui a forma de uma ladainha e pode ser executado de modo dialogal por um solista e a assembléia, prolongando-se enquanto o sacerdote parte o pão eucarístico, podendo ser repetido tantas vezes quanto o exigir a ação que acompanha (partir o pão), terminando sempre com a resposta: “Dai-nos a paz!”240

283. Existe uma proibição explícita de se substituir o texto do hino do Cordeiro por um outro texto qualquer.241

Canto de Comunhão

284. É um canto processional para acompanhar o rito da distribuição da comunhão com o qual a assembléia expressa a alegria pela unidade do Corpo de Cristo e pela realização do Mistério que está sendo celebrado242. O canto da comunhão se prolonga até o término da procissão da comunhão ou, no máximo, até a purificação dos objetos sagrados.243

285. Muitos hinos eucarísticos utilizados tradicionalmente na adoração ao Santíssimo Sacramento não são adequados para esse momento, pois ressaltam apenas a fé na presença real, carecendo das demais dimensões essenciais do Mistério da Fé.244

286. A letra do canto deve unir o Cristo recebido na Liturgia da Palavra ao Cristo que os fiéis recebem na Comunhão245. Esse é o critério fundamental na escolha deste canto.

287. Os cantores procurem comungar por primeiro em relação à assembléia, pois se recomenda que os que irão exercer algum ministério têm precedência à comunhão.

288. É importante valorizar o silêncio após a procissão da comunhão para proporcionar um momento de adoração e intimidade dos comungantes com o

236 Cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 72.237 Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 310.238 Idem, n. 322.239 Cf. idem, n. 310.240 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 83.241 Cf. idem, n. 366.242 Cf. idem, n. 86.243 Cf. Instrução Inestimabile Donum, n. 17.244 Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 314.245 Cf. “Animação da vida litúrgica no Brasil”, Documento da CNBB 43, n. 325.

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grandioso Mistério que receberam.246

Canto de Ação de Graças após a Comunhão

289. “Este canto não é necessário e, às vezes nem desejável, quando já houve um canto de comunhão, com a participação do povo. Recomenda-se então o silêncio sagrado, isto é, um momento de interiorização após a movimentação ou exultação pela procissão da comunhão.”247 É bom que fique bem esclarecido que comou sem canto de ação de graças sempre deve haver o silêncio sagrado.

Canto Final

290. É um canto com a finalidade de dispersar a assembléia reunida para a celebração. Não é justo obrigar o povo a permanecer na igreja para cantá-lo, já que o sacerdote ou o diácono envia a assembléia com as palavras: “Ide em paz...”248

Alguns pareceres finais sobre o canto na missa

291. Itens que ajudam as equipes de cantos a exercer bem esse ministério:a. O canto e o ritmo não estão ligados ao gosto pessoal do animador dos

cantos, mas à ação litúrgica. O que deve orientar sua atividade é o Mistério celebrado e a assembléia litúrgica;

b. O canto deve estar a serviço da Liturgia e não o contrário. Nesse sentido, é inadmissível quando certos cantos (procissão de entrada, da apresentação das oferendas ou da comunhão) continuem se seus ritos já foram concluídos;

c. A finalidade do canto é fazer com que a assembléia litúrgica participe ativa, consciente e frutuosamente no Mistério celebrado. Nem sempre agitação indica participação no Mistério celebrado;

d. Não precisamos de “banda de música”. Isso é para show e missa não é show. Haja o maior cuidado para que as regras que funcionam para uma “banda de música” não venham a ser transformadas em critério litúrgico;

e. Os instrumentos musicais têm valor na medida em que ajudam a assembléia a cantar. Não há necessidade de grande número de instrumentos. Cuide-se com extremo rigor do volume dos mesmos, principalmente em relação aos instrumentos de percussão;

f. Evite-se ao máximo a afinação de instrumentos musicais imediatamente antes das cerimônias litúrgicas, pois esses prejudicam a concentração e o ambiente de oração dos fiéis.

As música litúrgia através do Ano Litúrgico

477. A música litúrgica devem nos ajudar a celebrar o mistério pascal de Cristo no decorrer do Ano Litúrgico. Durante cada tempo litúrgico ela deve distinguir-se por três elementos: a letra, a melodia e o mistério celebrado.

478. No Advento celebramos o mistério da espera da vinda do Senhor e nos preparamos para sua chegada. Serão as leituras que darão o “tom” do canto litúrgico neste tempo. Ele deve nos ajudar a viver, saborear este momento de espera e preparação da vinda do Senhor. Deve expressar a sobriedade que é própria deste tempo. Muitos dos cantos do ordinário

246 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 88.247 “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 320.248 Cf. idem, n. 324.

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479. No Natal cantamos o Mistério de Deus feito homem. Durante o tempo do Natal cantamos a solidariedade de Deus para conosco, Ele se fez um de nós para nos salvar. Na noite de Natal dá-se grande destaque ao canto do glória, omitido no Advento. Ele constitui o grande canto deste tempo. Toda a comunidade junta-se aos anjos para cantar: “glória a Deus nos céus e paz na terra aos homens por Ele amados”. Neste tempo litúrgico os textos nos falam de uma grande alegria. Convém dar grande atenção aos cantos do ordinário, em particular ao santo e as aclamações. Os cantos devem estar de acordo com o Mistério que celebramos no Tempo do Natal. Devem se encher de alegria vibrante. Os instrumentos muito podem colaborar para isto.

480. A Quaresma é um tempo de penitência e de austeridade. Tem por finalidade nos preparar para a Páscoa do Senhor. Cantar a Quaresma é cantar a dor pelo pecado no mundo, que crucifica os filhos e filhas de Deus. Um canto sem glória, sem aleluia, sem flores... O canto deve seguir a austeridade própria deste tempo. Os instrumentos musicais não acompanham os cantos de maneira festiva, apenas ajudam a sustenta-los. É fundamental no tempo da Quaresma respeitar o silêncio. Os instrumentos não devem ser tocados quando for hora de silêncio. Também não se deve saturar a celebração com cantos demais. Porém, o canto da Quaresma não é um canto de desanimo. Pelo contrário, nos animam para lutar contra as forças que produzem a morte. Devem nos inspirar e animar a assumirmos a Cruz do Senhor e junto com Ele criarmos um mundo novo.

481. A Semana Santa é o período mais próximo da Páscoa do Senhor. É uma semana de intensas celebrações e espiritualidade. É fundamental lembrar que a Vigília Pascal constitui o núcleo central de toda a Semana Santa.

a) No Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, celebramos o mistério do Cristo crucificado, sepultado e ressuscitado. Aconselha-se que durante a procissão, o povo e cantores cantem os cantos propostos pelo Missal Romano. Escolher cantos apropriados para este dia é de suma importância, pois será através dos cantos que experimentaremos o sabor indiscutível do Mistério que celebramos. Canta-se a alegria da entrada do Messias em Jerusalém. Mas também canta o Mistério da sua Paixão. Quanto aos instrumentos vale a mesma orientação para toda a Quaresma: austeridade.

b) Cantar a Ceia do Senhor, é cantar o Mistério de sua doação total, é celebrar a Paixão-Morte-Ressurreição do Senhor. É fundamental cantar a Cruz do Senhor, pois é através da Cruz que desponta o Mandamento Novo do Amor. É da mesma Cruz que resplandece o Sacramento do Pão e do Vinho. Da Cruz nasce o Ministério do Serviço aos irmãos. Os cantos que ante se caracterizava pela austeridade, agora se reveste da suavidade do Amor. Porém deve-se cuidar para que os cantos e os instrumentos musicais não extrapolem. Siga como regra uma certa moderação e sobriedade. Estamos caminhando para a Vigília Pascal, estamos perto, mas ainda não chegamos lá.

c) A Sexta-feira Santa é centralizada na Cruz do Senhor. Celebra-se neste dia o Mistério da Morte do Senhor. Neste dia não se canta a Eucaristia e sim o Mistério da Cruz. A Cruz não é apenas um instrumento de morte, mas para nós cristãos ela se torna instrumento de Salvação. Por isto, na Sexta-feira Santa a Cruz é venerada como sinal de vitória. Os cantos devem corresponder ao espírito da liturgia deste dia. É um canto de pranto, de perda, canto de dor e tristeza. Mas é também um canto de confiança, a confiança do Servo Sofredor, que se entrega por todos nós, sem reservas. Nesta confiança, o canto deve nos inspirar a nos abandonar com Cristo nas mãos do Pai, para que se realize, assim como em Cristo, a sua vontade. Mas é também um canto de vitória, pois “Cristo, por nós, se fez obediente até a morte e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou...” (cf. Fl 2,8-9). Os cantos devem ajudar a deixarmos nos envolver pelo dinamismo da liturgia da Paixão do Senhor, na atitude de quem dá a vida por seus amigos. Não convém, neste dia, utilizar os instrumentos musicais, como é de costume. Pode-se, porém, usar um instrumento sóbrio, apenas para dar sustentação ao canto. Mas lembre-se, de forma bem discreta.

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482. O Tempo Pascal começa na Vigília Pascal e termina com a solenidade de Pentecostes. Na quaresma omitimos o canto do aleluia para ser entoado com júbilo na grande Vigília Pascal. Após o silêncio quaresmal, ouvimos o ecoar alegre e vibrante do aleluia na noite pascal. O aleluia será uma das características das celebrações Pascais. Cantamos a glória do Senhor Ressuscitado, sua vitória sobre a morte. Os cantos e instrumentos terão participação fundamental. Sejam cantados e tocados com alegria, com entusiasmo, vibrantes. Valorizar os cantos do ordinário da missa principalmente o canto do aleluia. Os cantos devem nos ajudar a fazer uma experiência profunda do Mistério Pascal. O canto neste tempo é um canto de alegria, canto de tantos aleluias! Canto de vitória!

483. Dentro do Ano Litúrgico, o Tempo Comum ocupa grande parte dos domingos e semanas. São 34 domingos do Tempo Comum. Quando falamos em “comum” não significa que não tenha importância. No Tempo Comum celebramos outros aspectos da vida e da missão de Cristo e seus discípulos. Os cantos litúrgicos no Tempo Comum vão nos ajudar a vivenciar a totalidade do Mistério de Cristo. Para que não cometamos erros, é necessário observar algumas regras.

484. Os cantos devem expressar a realidade celebrada – o Mistério. Este mistério se desdobra nas passagens da Sagrada Escritura ao longo do Ano Litúrgico.

a) Dar atenção a função ritual de cada canto em seus momentos específicos. b) Ser fiel as características próprias do tempo litúrgico e da festa celebrada.c) Vale lembrar a orientação dos Documentos da Igreja. Não é por que o tempo é

“comum” que posso colocar qualquer canto na liturgia. Ele deve estar em sintonia com o que celebramos. Ele é parte integrante da liturgia. Está a serviço da ação ritual. Não cabe aqui cantos que possam levar ao subjetivismo, ao intimismo religioso. Celebrar é sempre uma ação comunitária, nunca individual.

485. Por fim, vale lembrar que mesmo celebrando Nossa Senhora e os Santos no decorrer do Ano Litúrgico, sempre se evoca a ação redentora do Senhor Jesus em Maria e nos Santos. É a obra do Senhor que celebramos e cantamos não a pessoa dos santos e de Maria.

Orientações práticas

01. O canto, a música litúrgica, é parte integrante da liturgia, portanto, para que seja verdadeiramente litúrgica deve levar em consideração uma série de elementos da própria liturgia, tais como: o mistério celebrado, o tempo que se celebra, sua função ritual em cada momento da celebração e a participação de todos no canto;

02. Tanto mais o canto e a música se inserem e se integra na ação litúrgica e em seus diversos ritos, tanto mais ela será adequada para o uso litúrgico nas celebrações;

03. O canto para ser litúrgico deve possuir conteúdo bíblico e litúrgico (cf. SC 121);

04. Evite cantar na liturgia e procure cantar a liturgia;

05. Deve-se evitar melodias e textos adaptados de canções populares, trilhas sonoras de filmes e novelas;

06. Deve-se levar em conta o tipo da celebração, o momento ritual em que o canto será executado e as características da assembleia (cf. SC 112);

07. Deve-se respeitar os tempos do ano litúrgico e suas festas, evitando assim, que se cante algo que destoe do mistério que é celebrado em determinados tempos ou festas (cf. SC 107);

08. Por ser parte da liturgia, a equipe de animação do canto litúrgico deve fazer parte da equipe de liturgia da comunidade, evitando um divórcio tão frequente entre ambas as equipes;

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09. Do mesmo modo, a equipe de animação do canto litúrgico deve ter consciência de que é parte integrante da assembleia celebrante e não meros executores do canto nas celebrações. Por isso, deve-se procurar participar de toda ação ritual e não apenas da execução dos cantos;

10. O serviço de animação do canto litúrgico é um verdadeiro ministério na Igreja. Para tanto, deve-se exercer tal função com um verdadeiro sentimento de estar a serviço da comunidade que celebra evitando impor seus próprios gostos musicais assumindo o canto que é proposto pela Igreja para a liturgia;

11. Os chamados “ministérios de música” e “bandas” para que exerçam um verdadeiro ministério litúrgico na celebração, deve adequar-se ao que a Igreja prescreve para tais funções (cf. IGMR 103);

12. Os animadores do canto litúrgico devem empenhar-se em aprender o repertório litúrgico-musical e ensiná-lo ao povo;

13. Nunca os animadores do canto litúrgico deve abafar as vozes da assembleia, para isso, deve evitar o volume alto tanto dos microfones como dos instrumentos;

14. Os animadores do canto devem estar atentos a todos os momentos e ao presidente da celebração e demais ministros;

15. Deve-se evitar que no exercício da animação do canto litúrgico qualquer semelhança com show ou espetáculo. Deve-se exercer tal ministério com humildade e sobriedade;

16. Os instrumentos musicais são de muita utilidade para a liturgia, desde que estejam a serviço da própria liturgia, da palavra, do rito e da própria comunidade que celebra.

17. Não há uma classe de instrumentos que podemos chamar de anti-litúrgicos, embora a Igreja reconheça que o instrumento mais adequado para a liturgia seja o órgão. Deve-se, contudo, evitar o uso de instrumentos demasiadamente barulhentos em tempos litúrgicos como a quaresma. Assim também em certas celebrações que não condizem com o som em questão, por exemplo fiéis defuntos entre outras.

18. Os instrumentistas possuem um papel fundamental na execução do canto litúrgico, pois, eles sustentam o canto do povo, determinam o ritmo em que serão cantados, o tom, etc. Porém, cada assembleia possui uma característica própria e os instrumentistas devem estar atentos e adequar-se a cada uma delas para não impor um ritmo em que a assembleia não consiga acompanhar;

19. É importante resgatar a figura do salmista na liturgia, alguém que se especializa na arte de cantar os salmos. Para isso, deve-se procurar aprender boas melodias, próprias para o canto dos salmos e evitar o improviso;

20. O coral litúrgico não foi abolido pela reforma da liturgia. Ele exerce um verdadeiro ministério quando auxilia a assembleia a cantar, porém, deve evitar cantos em que o povo se torne meros espectadores e não executores;

Capítulo 10 - Celebrações relacionadas ao Sacramento da Eucaristia

486. A celebração da Eucaristia no sacrifício da missa é a origem e o fim de todo o culto cristão249. Por isso, todas as celebrações relacionadas ao Sacramento da Eucaristia fazem parte da vida da Igreja e estão intimamente

249 Instrução Eucharisticum Mysterium, n. 3.

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relacionadas com o sacrifício eucarístico e com a comunhão sacramental. Não existe um pleno culto a Deus ou uma autêntica ação da Igreja sem se referir à celebração da missa250. Aprofundemos algumas celebrações relacionadas ao Sacramento da Eucaristia:

A Celebração da Palavra de Deus na ausência de Presbítero

Fundamentos

487. A celebração da Palavra de Deus na ausência de presbítero é uma realidade presente em nossa Diocese de Santo André. A celebração da eucaristia é, por excelência, a celebração do dia do Senhor, de seu mistério pascal. Porém, muitas comunidades para poderem poder participar do encontro com o Senhor, reúnem-se para celebrar a Palavra de Deus presidida por ministros leigos. O próprio Concílio Vaticano II, na Constituição sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium incentiva a celebração da Palavra de Deus na falta de presbíteros: “Promovam-se celebrações da Palavra de Deus nas vigílias das grandes festas, em certos dias da quaresma e do advento, nos domingos e dias santos, principalmente nos lugares em que não há sacerdotes” (SC 34,4).

488. O documento conciliar, além de assumir as celebrações da Palavra de Deus, a incentiva. Porém, embora incentive tais práticas, o Concílio não estabeleceu normas para a sua realização, limitou-se apenas em dizer que seu dirigente seja um diácono ou um leigo delegado pelo bispo (cf. SC 34,4).

489. A Instrução Inter Oecumenici, dedicada a execução da Constituição sobre a Sagrada Liturgia, desenvolve nos números 37 a 39, o pensamento da Igreja sobre as celebrações da Palavra de Deus, apresentando principalmente a sua estrutura e dinâmica, bem como suas circunstâncias. “Nos lugares onde não haja padre e não se possa celebrar a missa, nos domingos e dias de preceito, organiza-se, a juízo do ordinário, uma sagrada celebração da Palavra de Deus, presidida por um diácono ou inclusive por um leigo, especialmente delegado” (n. 37). “A estrutura desta celebração será semelhante a da liturgia da Palavra da missa” (n. 37). “Para que estas celebrações se façam com dignidade e devoção, procurem as comissões litúrgicas diocesanas sugerir e preparar os convenientes subsídios” (n. 39).

490. Quanto a sua estrutura, a Instrução Inter Oecumenici diz que: “Leiam-se normalmente na língua vernácula a Epístola e o Evangelho da missa do dia, precedidos e intercalados com cânticos, salmos; o presidente faz a homilia, e encerra-se toda a celebração com a ‘oração comum’ e a oração dominical” (n. 37). A Instrução Eucharisticum Mysterium acrescentou um novo elemento à celebração da Palavra de Deus, ao abrir caminho à administração da comunhão eucarística por um ministro leigo ao afirmar que: “Quando se distribui a comunhão fora da missa, em horas previamente determinadas, pode fazer-se preceder, se se julgar oportuno, de uma breve celebração da Palavra de Deus, segundo as normas da Instrução Inter Oecumenici” (n. 33). Com isto, a Instrução acrescenta o elemento da distribuição da comunhão eucarística na celebração da Palavra de Deus. Nota-se que em relação à estrutura da celebração da Palavra de Deus, a Instrução remete à Inter Oecumenici.

491. A Conferência de Medellín, ao mesmo tempo em que incentiva a celebração da Palavra de Deus, remete para sua relação com os sacramentos, principalmente com a eucaristia ao dizer: “Fomentem-se as sagradas celebrações da Palavra, conservando sua relação com os sacramentos, com os quais ela alcança sua máxima eficácia, particularmente com a eucaristia” (Medellín, 9, 14).

492. Diretório para as celebrações dominicais da Palavra de Deus na ausência de presbítero estabelece as condições para as celebrações da Palavra de Deus e descreve brevemente como deve ser a sua estrutura ritual. Conforme o Diretório “A ordem a observar na reunião do dia dominical, quando não há missa, consta de duas partes, a saber, a celebração da Palavra de Deus e a distribuição da comunhão. Na celebração não deve ser inserido o que é próprio da missa, sobretudo a apresentação dos dons e a oração eucarística” (n. 35). O Diretório também recomenda para que a celebração da Palavra de Deus seja organizada de tal modo que favoreça a oração e

250 Cf. Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 10.

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a imagem duma assembleia litúrgica e não de uma simples reunião (cf. n. 35).493. O mesmo Diretório apresenta o esquema da celebração da Palavra de Deus

que compõe-se dos seguintes elementos: ritos iniciais, liturgia da Palavra, ação de graças, ritos de comunhão e ritos finais (cf. n. 41). O Documento 43 da CNBB Orientações para a celebração da Palavra de Deus, também descreve os elementos que integram a celebração da Palavra de Deus: reunião dos fiéis, proclamação da Palavra e atualização, orações louvor, cantos e agradecimento, distribuição da comunhão (cf. n. 54).

494. Quanto à presidência da celebração da Palavra de Deus, o Documento Conciliar afirma que: “nesse caso a celebração pode ser presidida por um diácono ou por outro delegado do bispo” (SC 35,4). O Diretório para as celebrações dominicais na ausência de presbítero diz que os diáconos são os primeiros colaboradores dos sacerdotes, e, portanto, os primeiros na ordem de presidir as celebrações da Palavra de Deus (cf. n. 29). Na ausência destes, pode-se confiar à presidência a um leigo designado (cf. n. 30). Para a escolha de leigos que possam assumir o ministério da presidência, o Diretório considera que: “Devem ser escolhidos tendo em atenção as suas qualidades de vida, em consonância com o Evangelho, e tenha-se também em conta que possam ser bem aceitos pelos fiéis” (n. 30). Deve-se igualmente ter o cuidado de dar a esses leigos uma formação adequada e contínua (cf. n. 30).

495. Deve-se ter claro que, embora a celebração da Palavra de Deus tenha seu valor e importância sacramental, possui um caráter supletivo, ou seja, não substitui a participação na celebração da eucaristia. Por isso, deve-se evitar qualquer confusão entre a celebração da Palavra de Deus e a celebração da eucaristia. Conforme orienta o Diretório para as celebrações da Palavra de Deus na ausência de presbítero: “Tais reuniões não devem diminuir, mas aumentar nos fiéis o desejo de participar na celebração eucarística e devem torná-los mais diligentes em frequentá-la” (n. 22). É preciso orientar os fiéis que participam da celebração da Palavra de Deus que não é possível celebração eucarística sem sacerdote, e que a comunhão recebida na celebração da Palavra de Deus tem intima relação com a missa (cf. Diretório, n. 22).

II. Orientações práticas

01. A celebração dominical da eucaristia é o centro da vida da Igreja. Porém, na impossibilidade de um presbítero de presidi-la, a comunidade deve ser reunir ao redor da Palavra de Deus e assegurar que a comunidade possa assim, ter o seu encontro semanal;

02. A celebração dominical da Palavra de Deus na ausência de presbítero não se equipara a celebração da eucaristia. Por isso, os fiéis devem nutrir o desejo de participar a tempo oportuno da santa missa, sempre que possível;

03. Cabe em primeiro lugar ao diácono presidir a celebração da Palavra na ausência de presbítero, e na ausência do diácono, pode ser presidida por leigos e leigas devidamente investidos para este importante ministério eclesial.

04. Tal serviço não deve ser considerado como uma honra, mas um encargo e um serviço em favor dos irmãos, sob a autoridade do pároco251. Esses leigos devem ser instituídos com a autorização do Ordinário do Lugar (bispo diocesano) para atuar no território da paróquia por um mandato de três anos, que pode ser renovável segundo o parecer do pároco252

05. Os leigos e leigas designados para a presidência das celebrações da Palavra de Deus na ausência de presbítero devem receber uma sólida formação bíblica e litúrgica; Essas reuniões dominicais estejam sob o cuidado pastoral do pároco253.

06. Cabe ao pároco preparar os fiéis para dirigir essas celebrações, oferecendo-lhes subsídios para as reflexões da Liturgia da Palavra;

07. Quem preside a celebração da Palavra na ausência de presbítero, seja diácono ou ministros leigos, devem evitar que sua atuação seja comparada ao sacerdócio ministerial.

251 Cf. idem, n. 31.252 Cf. Diretório Sacramental da Diocese de Ponta Grossa, n. 60.253 Cf. Diretório para as Celebrações Dominicais na ausência do presbítero, n. 24.

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08. Quando o diácono preside essa celebração, comporte-se de modo coerente ao seu ministério nas saudações, nas orações, na leitura do Evangelho e na homilia, na distribuição da comunhão e na despedida dos participantes com a bênção. Paramente-se com as vestes que lhe são próprias e utilize a cadeira presidencial, isto é, a sede.254

09. Quando o leigo dirige essa celebração, comporte-se um entre iguais nas saudações e intervenções da celebração, evitando palavras que pertencem ao ministério ordenado255. Se o ministro leigo deve se comportar como ‘um entre iguais’, logo, não ocorre o Diálogo Esponsal entre o Cristo e a Igreja. Por isso ele dirige suas intervenções sempre na 1ª pessoa do plural, e não como o ministro ordenado que se dirige na 2ª pessoa do plural. Por exemplo, na proclamação do Evangelho, o ministro leigo diz: “O Senhor esteja conosco!” e não “O Senhor esteja convosco!”. Ele não dá bênção sobre o povo, mas diz: “O Senhor nos abençoe...”. Além disso, o ministro leigo “não deve utilizar a sede, mas uma outra cadeira fora do presbitério. O altar deve servir apenas para sobre ele colocar o pão consagrado antes da distribuição da Eucaristia”.256

10. Os ministros leigos e leigas devem usar vestes adequadas, em nossa Diocese a opa alva com bordado-símbolo no peito em cor verde foi devidamente aprovada pelo bispo diocesano para o exercício desta sua função;

11. Não deve usar a cadeira presidencial, mas prepare-se antes uma outra cadeira em lugar adequado, porém, preservando a cadeira presidencial em seu lugar habitual;

12. A celebração da Palavra na ausência de presbítero alcança eficácia quando se relaciona com a eucaristia (cf. Medellín, 9,14), porém, não deve se confundir com esta, mesmo que haja a distribuição da eucaristia;

13. As equipes de liturgia devem se preocupar com a preparação da celebração da Palavra de Deus na ausência de presbítero do mesmo modo como se preocupa e prepara a celebração da eucaristia;

14. A celebração da Palavra na ausência de presbítero deve ser preparada com zelo e esmero, promovendo conforme recomendação do Concílio Vaticano II a plena participação dos fiéis;

15. Cuide-se a equipe de liturgia para que na celebração da Palavra não aconteçam ações e gestos próprios da celebração da eucaristia tais como: apresentação dos dons, oração eucarística e a fração do pão acompanhado do Cordeiro de Deus;

16. Cuide-se os responsáveis pela liturgia de promover uma adequada formação para que os fiéis possam nutrir-se da Palavra e ser remetidos para a celebração da eucaristia. Faz-se necessário que os fiéis sejam instruídos a respeito da diferença entre celebração da Palavra na ausência de presbítero e da celebração da eucaristia;

17. A celebração da Palavra de Deus na ausência de presbítero gira exclusivamente ao redor da Palavra. Mesmo que haja a distribuição da comunhão eucarística não cabe na celebração da Palavra à adoração ao Santíssimo Sacramento;

18. A exposição da sagrada eucaristia deve se dá momentos antes de sua distribuição e não antes do momento da ação de graças ou louvor;

19. Na oração de ação de graças ou louvor não deve ser utilizada a oração eucarística, não deve se confundir com ela, maiores aprofundamentos sobre a distribuição da Eucaristia, leia-se o capítulo 4 deste diretório no item sobre a comunhão.

20. Para a distribuição da comunhão eucarística deve-se utilizar a fórmula do rito de comunhão fora da missa.

21. Não se esqueça nas celebrações da Palavra de rezar “para que se multipliquem os dispensadores dos Mistérios de Deus (sacerdotes), e sejam perseverantes no seu amor”;257

22. Maiores aprofundamentos, consulte-se o Ritual Romano chamado “A Sagrada Comunhão e o Culto do Mistério Eucarístico fora da Missa” e o “Diretório para Celebrações Dominicais na ausência do presbítero”.

254 Cf. Diretório para as Celebrações Dominicais na ausência do presbítero, n. 38255 Cf. idem, n. 39. 256 Idem, n. 40.257 Missal Romano, A Sagrada Comunhão e o Culto Eucarístico fora da Missa, n. 26

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496. Existem muitos roteiros para a Celebração da Palavra de Deus com a distribuição da Comunhão. Esses roteiros se encontram no anexo do documento da CNBB n. 52 chamado “Orientações para a celebração da Palavra de Deus”. Apresentamos aqui uma das formas de celebrar a Palavra com a distribuição da comunhão:258

a) Os ritos iniciais;b) A Liturgia da Palavra de Deus (da 1ª leitura até a oração dos fiéis);c) Ação de graças: os fiéis, em pé e voltados para o altar, exaltam a glória de

Deus e a sua misericórdia com um salmo (Sl 99, 112, 117, 147, 150), um hino, um canto ou uma ladainha;

d) O rito da comunhão: antes do Pai-nosso, o dirigente da celebração traz a Eucaristia para o altar, ajoelha-se junto com os fiéis e canta um hino euca- rístico. Depois, com a comunidade, reza o Pai-Nosso, convida os fiéis para o abraço da paz, apresenta a Eucaristia dizendo: “Felizes os convidados...”, distribui a comunhão, faz-se um silêncio e encerra com a oração depois da comunhão;259

e) O rito de conclusão: avisos e despedida.

Distribuição da Comunhão aos doentes e idosos

497. Santíssimo seja transportado à casa do doente numa teca ou em outro recipiente digno. Ao distribuir a comunhão ao doente ou idoso, o ministro esteja trajado de suas vestes litúrgicas.260

498. Santíssimo Sacramento seja transportado diretamente à casa do doente ou idoso261. Não é permitido guardar o Santíssimo em casa para levá-lo num outro momento ao doente262. Caso ele não possa receber a comunhão, o próprio ministro comungue a partícula que está levando.

499. Instrua-se a família do doente ou idoso para que prepare uma mesa com toalha branca, se possível, com duas velas acesas, para o ministro depositar a teca com o Santíssimo.263

500. As pessoas que cuidam do doente também podem receber a Comunhão, se tal serviço as impossibilita de participar da celebração com a comunidade.

501. Segundo o Ritual Romano, ao chegar, o ministro saúda os presentes e realiza a Liturgia da Palavra, mesmo que seja breve. Depois reza o Pai-nosso e apresenta a Eucaristia para o doente comungar. Após a comunhão, conduza o doente para que reze por algum tempo em silêncio, em ação de graças pelo Mistério recebido. Encerra a celebração com uma oração e invoca a bênção de Deus sobre o doente.264

502. Os fragmentos da partícula que restarem na teca sejam recolhidos e purificados com água.265

Adoração ao Santíssimo Sacramento

503. A adoração ao Santíssimo Sacramento leva os cristãos a reconhecerem a admirável presença de Cristo que nos convida à união cordial com Ele e

258 Cf. Diretório para as Celebrações Dominicais na ausência do presbítero, n. 41 e 45259 Cf. Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da missa, n. 30-38260 Cf. Cf. Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da missa, n. 20261 Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 133.262 Cf. Código de Direito Canônico, cân. 935.263 Cf. Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da missa, n. 19.264 Cf. idem, n. 25; 56-63.265 Cf. idem, n. 22.

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favorece de modo excelente o culto em espírito e verdade, o que lhe é devido. Todas as

504. exposições do Santíssimo Sacramento devem se relacionar com o sacrifício da missa.266

505. Durante a exposição do Santíssimo, dedique-se um tempo conveniente à leitura da Palavra de Deus, aos cantos eucarísticos que afirmam a presença real do Senhor, às preces e à oração silenciosa.267

506. Os ministros da exposição do Santíssimo Sacramento são:507. Em primeiro lugar, o sacerdote e o diácono que podem abençoar o povo,

revestidos de túnica ou sobrepeliz sobre a veste talar com estola branca ou dourada. Para a bênção no fim da adoração, quando a exposição for com ostensório, o sacerdote ou diácono acrescenta a capa pluvial e o véu umeral de cor branca ou dourada; se a exposição for com cibório, só o véu umeral;

508. Os acólitos e os ministros leigos instituídos podem expor o Santíssimo trajados com sua veste litúrgica adequada, mas não podem dar a bênção sobre o povo.268

509.Quando se expõe o Santíssimo Sacramento no ostensório, acenda-se 4 ou 6 velas e use-se incenso. Quando se expõe no cibório, acenda-se ao menos 2 velas e pode-se usar incenso.269

510.“Diante do Santíssimo Sacramento, faz-se genuflexão simples (isto é, dobrar um joelho), quer esteja no tabernáculo quer exposto...”270

511. Nas igrejas que possuem autorização para conservar a Eucaristia, cuide-se para que elas “estejam abertas diariamente, ao menos por algumas horas, nos horários mais apropriados para que os fiéis possam facilmente rezar diante do Santíssimo Sacramento.”271

512. Proíbe-se a exposição do Santíssimo Sacramento na mesma igreja ou lugar em que se está sendo celebrada a missa. Também não se pode realizar procissões com o Santíssimo Sacramento dentro da missa (“Passeio do Santíssimo”), pois se exalta de tal maneira a presença real de Jesus, esvaziando-se outras dimensões da celebração eucarística.272

513.Quando a exposição se prolongar por alguns dias, sempre que ocorrer a celebração da missa naquela igreja, suspende-se a exposição e repõe-se o Santíssimo no Tabernáculo.273

514. Se a exposição for mais solene e prolongada, o pão seja consagrado na missa que precede imediatamente a exposição e colocada no ostensório sobre o altar depois da oração pós-comunhão. A missa termina omitindo-se os ritos finais e o sacerdote coloca o ostensório sobre o altar ou no trono preparado, incensando-o, se for o caso.274

515. Se o rito da exposição do Santíssimo for breve, coloque-se o cibório ou ostensório sobre o corporal no altar. Se for uma exposição mais longa, pode-se usar um trono, em lugar bem destacado, porém cuide-se que não fique demasiadamente alto e distante dos fiéis.275

266 Cf. Instrução Eucharisticum Mysterium, n. 60.267 Cf. Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da missa, n. 89.268 Cf. idem, n. 86.269 Cf. idem, n. 85.270 Idem, n. 84.271 Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da Missa, n. 8 e cf. Instrução Eu- charisticum Mysterium, n. 55.272 Cf. Orientações Pastorais sobre a Renovação Carismática Católica, documento da CNBB 53, n. 41.273 Cf. Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da missa, n. 83.274 Cf. idem, n. 94.275 Cf. Instrução Eucharisticum Mysterium, n. 62.

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516.Também é proibido deixar o Santíssimo exposto sem a presença de adoradores. Quando se fizer uma exposição longa e não tiver um número suficiente de pessoas para a adoração, pode-se repor o Santíssimo ao tabernáculo até duas vezes no dia.276

517. É proibido expor o Santíssimo com a única finalidade de dar a bênção.277

518. A bênção com o Santíssimo segue o seguinte roteiro:278

a) O sacerdote ou diácono coloca-se diante do Santíssimo Sacramento e ajoelha-se, entoando com os fiéis um hino eucarístico (“Tão sublime...”). Enquanto isso, ainda de joelhos, incensa o Santíssimo Sacramento;

b) Em pé, reza a oração prevista no Ritual;c) Terminada a oração, ele veste o véu umeral, faz a genuflexão e toma o

ostensório ou cibório e com ele traça, em silêncio, o sinal da cruz sobre o povo;

d) Terminada a bênção, o sacerdote ou diácono repõe o Santíssimo no tabernáculo e faz a genuflexão. Enquanto isso, o povo pode proferir alguma aclamação ou canto.

Capítulo 11 - A homilia

519. Considerando a relevância da homilia para a Celebração Eucarística optou-se por dedicar neste Diretório um capítulo exclusivo à temática. Acompanha-se as indicações da Igreja Universal através da Evangelii Gaudium e do Diretório Homilético.

520. A proclamação litúrgica da Palavra de Deus, principalmente no contexto da assembleia eucarística, não é tanto um momento de meditação e de catequese, como sobretudo o diálogo de Deus com o seu povo, no qual se proclamam as maravilhas da salvação e se propõem continuamente as exigências da Aliança».[112] Reveste-se de um valor especial a homilia, derivado do seu contexto eucarístico, que supera toda a catequese por ser o momento mais alto do diálogo entre Deus e o seu povo, antes da comunhão sacramental. A homilia é um retomar este diálogo que já está estabelecido entre o Senhor e o seu povo. Aquele que prega deve conhecer o coração da sua comunidade para identificar onde está vivo e ardente o desejo de Deus e também onde é que este diálogo de amor foi sufocado ou não pôde dar fruto.

521. A homilia não pode ser um espectáculo de divertimento, não corresponde à lógica dos recursos mediáticos, mas deve dar fervor e significado à celebração. É um género peculiar, já que se trata de uma pregação no quadro duma celebração litúrgica; por conseguinte, deve ser breve e evitar que se pareça com uma conferência ou uma lição. O pregador pode até ser capaz de manter vivo o interesse das pessoas por uma hora, mas assim a sua palavra torna-se mais importante que a celebração da fé. Se a homilia se prolonga demasiado, lesa duas características da celebração litúrgica: a harmonia entre as suas partes e o seu ritmo. Quando a pregação se realiza no contexto da Liturgia, incorpora-se como parte da oferenda que se entrega ao Pai e como mediação da graça que Cristo derrama na celebração. Este mesmo contexto exige que a pregação oriente a assembleia, e também o pregador, para uma comunhão com Cristo na Eucaristia, que transforme a vida. Isto requer que a palavra do pregador não ocupe um lugar excessivo, para que o Senhor brilhe mais que o ministro.

522. A homilia faz parte da liturgia e é vivamente recomendada, ela é necessária para alimentar a vida cristã. Deve consistir na explicação de alguma

276 Cf. Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da missa, n. 88.277 Cf. Instrução Eucharisticum Mysterium, n. 66.278 Cf. Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da missa, n. 97-100.

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parte das leituras da Sagrada Escritura ou de outro texto do ordinário ou do próprio da Missa do dia, tendo em conta não somente que seja do mistério que é celebrado como também necessidades particulares de quem escuta. Nos domingos e festas de preceito, deve haver homilia e não se pode omitir, nos outros dias, é recomendada.

523. Técnicas homiléticas não se aprendem com uma lição; aprende-se a pregar ouvindo bons pregadores, sobretudo os que tem um ouvido voltado para Deus e o outro para os homens. É útil ler as homilias dos grandes homens, do passado e do presente, mas para aprender com eles como se fala de Deus aos homens.

524. É o Espírito quem abre não somente a boca do pregador, mas igualmente o coração do povo que escuta; por isso invocá-lo com ânimo sincero e simples é a primeira coisa da preparação.

525. Concentrar-se nas exigências particulares da assembleia, considerando situações culturais e pastorais soma-se ao esforço de formação para adquirir competências nos conteúdos e no domínio dos instrumentos.

526. Com isso deve- se evitar os defeitos da fala como: plágio, demora, repetições, uso incorreto do microfone, a intercalação de termos, a superficialidade dos conteúdos e dos exemplos, a linguagem que afasta – evanescente, vaporosa ou inespressiva – ser demasiado angelical ou terrenamente exasperado.

527. A homilia deve ser feita pelo bispo, pelo sacerdote celebrante ou por um sacerdote concelebrante, por ele encarregado, ou, se oportuno, pelo diácono, não por leigos. Em casos especiais pode ser feita por um bispo ou sacerdote que não esteja concelebrando (IGMR 66). Excluem-se de fazer homilia os fieis não ordenados.

528. Segundo a Instrução sobre algumas questões sobre a colaboração dos fieis leigos ao ministérios dos sacerdotes indica-se: que é lícita a proposta de uma breve nota explicativa para favorecer a maior compressão da liturgia a ser celebrada (animador) e excepcionalmente algum eventual testemunho em missas celebradas em dias especiais, desde que não se confundam com a homilia. A homilia dialogada entre os ministros e fieis é uma forma lícita e pode ser prudentemente empregue.

529. Os próximos pontos deste capítulo são as orientações do Papa Francisco sobre a preparação da homilia:

A preparação da pregação

530. A preparação da pregação é uma tarefa tão importante que convém dedicar-lhe um tempo longo de estudo, oração, reflexão e criatividade pastoral.

Culto da verdade

531. O primeiro passo, depois de invocar o Espírito Santo, é prestar toda a atenção ao texto bíblico, que deve ser o fundamento da pregação. Quando alguém se detém procurando compreender qual é a mensagem dum texto, exerce o «culto da verdade». É a humildade do coração que reconhece que a Palavra sempre nos transcende, que somos, «não os árbitros nem os proprietários, mas os depositários, os arautos e os servidores».[114] Esta atitude de humilde e deslumbrada veneração da Palavra exprime-se detendo-se a estudá-la com o máximo cuidado e com um santo temor de a manipular. Para se poder interpretar um texto bíblico, faz falta paciência, pôr de parte toda a ansiedade e atribuir-lhe tempo, interesse e dedicação gratuita. Há que pôr de lado qualquer preocupação que nos inquiete, para entrar noutro âmbito de serena atenção. Não vale a pena dedicar-se a ler um texto bíblico, se aquilo que se quer obter são resultados rápidos, fáceis ou imediatos. Por isso, a

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preparação da pregação requer amor. Uma pessoa só dedica um tempo gratuito e sem pressa às coisas ou às pessoas que ama; e aqui trata-se de amar a Deus, que quis falar. A partir deste amor, uma pessoa pode deter-se todo o tempo que for necessário, com a atitude dum discípulo: «Fala, Senhor; o teu servo escuta» (1 Sam 3, 9).

532. Em primeiro lugar, convém estarmos seguros de compreender adequadamente o significado das palavras que lemos. Quero insistir em algo que parece evidente, mas que nem sempre é tido em conta: o texto bíblico, que estudamos, tem dois ou três mil anos, a sua linguagem é muito diferente da que usamos agora. Por mais que nos pareça termos entendido as palavras, que estão traduzidas na nossa língua, isso não significa que compreendemos correctamente tudo o que o escritor sagrado queria exprimir. São conhecidos os vários recursos que proporciona a análise literária: prestar atenção às palavras que se repetem ou evidenciam, reconhecer a estrutura e o dinamismo próprio dum texto, considerar o lugar que ocupam os personagens, etc. Mas o objectivo não é o de compreender todos os pequenos detalhes dum texto; o mais importante é descobrir qual é a mensagem principal, a mensagem que confere estrutura e unidade ao texto. Se o pregador não faz este esforço, é possível que também a sua pregação não tenha unidade nem ordem; o seu discurso será apenas uma súmula de várias ideias desarticuladas que não conseguirão mobilizar os outros. A mensagem central é aquela que o autor quis primariamente transmitir, o que implica identificar não só uma ideia mas também o efeito que esse autor quis produzir. Se um texto foi escrito para consolar, não deveria ser utilizado para corrigir erros; se foi escrito para exortar, não deveria ser utilizado para instruir; se foi escrito para ensinar algo sobre Deus, não deveria ser utilizado para explicar várias opiniões teológicas; se foi escrito para levar ao louvor ou ao serviço missionário, não o utilizemos para informar sobre as últimas notícias.

533. É verdade que, para se entender adequadamente o sentido da mensagem central dum texto, é preciso colocá-lo em ligação com o ensinamento da Bíblia inteira, transmitida pela Igreja. Este é um princípio importante da interpretação bíblica, que tem em conta que o Espírito Santo não inspirou só uma parte, mas a Bíblia inteira, e que, nalgumas questões, o povo cresceu na sua compreensão da vontade de Deus a partir da experiência vivida. Assim se evitam interpretações equivocadas ou parciais, que contradizem outros ensinamentos da mesma Escritura. Mas isto não significa enfraquecer a acentuação própria e específica do texto que se deve pregar. Um dos defeitos duma pregação enfadonha e ineficaz é precisamente não poder transmitir a força própria do texto que foi proclamado.

A personalização da Palavra

534. O pregador «deve ser o primeiro a desenvolver uma grande familiaridade pessoal com a Palavra de Deus: não lhe basta conhecer o aspecto linguístico ou exegético, sem dúvida necessário; precisa de se abeirar da Palavra com o coração dócil e orante, a fim de que ela penetre a fundo nos seus pensamentos e sentimentos e gere nele uma nova mentalidade».[115] Faz-nos bem renovar, cada dia, cada domingo, o nosso ardor na preparação da homilia, e verificar se, em nós mesmos, cresce o amor pela Palavra que pregamos. É bom não esquecer que, «particularmente, a maior ou menor santidade do ministro influi sobre o anúncio da Palavra».[116] Como diz São Paulo, «falamos, não para agradar aos homens, mas a Deus que põe à prova os nossos corações» (1 Ts 2, 4). Se está vivo este desejo de, primeiro, ouvirmos nós a Palavra que temos de pregar, esta transmitir-se-á duma maneira ou doutra ao povo fiel de Deus: «A boca fala da abundância do coração» (Mt 12, 34). As leituras do domingo ressoarão com todo o seu esplendor no coração do povo, se primeiro

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ressoarem assim no coração do Pastor.535. Jesus irritava-Se com pretensiosos mestres, muito exigentes com os

outros, que ensinavam a Palavra de Deus mas não se deixavam iluminar por ela: «Atam fardos pesados e insuportáveis e colocam-nos aos ombros dos outros, mas eles não põem nem um dedo para os deslocar» (Mt 23, 4). E o Apóstolo São Tiago exortava: «Meus irmãos, não haja muitos entre vós que pretendam ser mestres, sabendo que nós teremos um julgamento mais severo» (3, 1). Quem quiser pregar, deve primeiro estar disposto a deixar-se tocar pela Palavra e fazê-la carne na sua vida concreta. Assim, a pregação consistirá na actividade tão intensa e fecunda que é «comunicar aos outros o que foi contemplado».[117] Por tudo isto, antes de preparar concretamente o que vai dizer na pregação, o pregador tem que aceitar ser primeiro trespassado por essa Palavra que há-de trespassar os outros, porque é uma Palavra viva e eficaz, que, como uma espada, «penetra até à divisão da alma e do corpo, das articulações e das medulas, e discerne os sentimentos e intenções do coração» (Heb 4, 12). Isto tem um valor pastoral. Mesmo nesta época, a gente prefere escutar as testemunhas: «Tem sede de autenticidade (...), reclama evangelizadores que lhe falem de um Deus que eles conheçam e lhes seja familiar como se eles vissem o invisível».[118]

536. Não nos é pedido que sejamos imaculados, mas que não cessemos de melhorar, vivamos o desejo profundo de progredir no caminho do Evangelho, e não deixemos cair os braços. Indispensável é que o pregador esteja seguro de que Deus o ama, de que Jesus Cristo o salvou, de que o seu amor tem sempre a última palavra. À vista de tanta beleza, sentirá muitas vezes que a sua vida não lhe dá plenamente glória e desejará sinceramente corresponder melhor a um amor tão grande. Todavia, se não se detém com sincera abertura a escutar esta Palavra, se não deixa que a mesma toque a sua vida, que o interpele, exorte, mobilize, se não dedica tempo para rezar com esta Palavra, então na realidade será um falso profeta, um embusteiro ou um charlatão vazio. Em todo o caso, desde que reconheça a sua pobreza e deseje comprometer-se mais, sempre poderá dar Jesus Cristo, dizendo como Pedro: «Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho, isto te dou» (Act 3, 6). O Senhor quer servir-Se de nós como seres vivos, livres e criativos, que se deixam penetrar pela sua Palavra antes de a transmitir; a sua mensagem deve passar realmente através do pregador, e não só pela sua razão, mas tomando posse de todo o seu ser. O Espírito Santo, que inspirou a Palavra, é quem «hoje ainda, como nos inícios da Igreja, age em cada um dos evangelizadores que se deixa possuir e conduzir por Ele, e põe na sua boca as palavras que ele sozinho não poderia encontrar».[119]

A leitura espiritual

537. Há uma modalidade concreta para escutarmos aquilo que o Senhor nos quer dizer na sua Palavra e nos deixarmos transformar pelo Espírito: designamo-la por «lectio divina». Consiste na leitura da Palavra de Deus num tempo de oração, para lhe permitir que nos ilumine e renove. Esta leitura orante da Bíblia não está separada do estudo que o pregador realiza para individuar a mensagem central do texto; antes pelo contrário, é dela que deve partir para procurar descobrir aquilo que essa mesma mensagem tem a dizer à sua própria vida. A leitura espiritual dum texto deve partir do seu sentido literal. Caso contrário, uma pessoa facilmente fará o texto dizer o que lhe convém, o que serve para confirmar as suas próprias decisões, o que se adapta aos seus próprios esquemas mentais. E isto seria, em última análise, usar o sagrado para proveito próprio e passar esta confusão para o povo de Deus. Nunca devemos esquecer-nos de que, por vezes, «também Satanás se disfarça em anjo de luz» (2 Cor 11, 14).

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538. Na presença de Deus, numa leitura tranquila do texto, é bom perguntar-se, por exemplo: «Senhor, a mim que me diz este texto? Com esta mensagem, que quereis mudar na minha vida? Que é que me dá fastídio neste texto? Porque é que isto não me interessa?»; ou então: «De que gosto? Em que me estimula esta Palavra? Que me atrai? E porque me atrai?». Quando se procura ouvir o Senhor, é normal ter tentações. Uma delas é simplesmente sentir-se chateado e acabrunhado e dar tudo por encerrado; outra tentação muito comum é começar a pensar naquilo que o texto diz aos outros, para evitar de o aplicar à própria vida. Acontece também começar a procurar desculpas, que nos permitam diluir a mensagem específica do texto. Outras vezes pensamos que Deus nos exige uma decisão demasiado grande, que ainda não estamos em condições de tomar. Isto leva muitas pessoas a perderem a alegria do encontro com a Palavra, mas isso significaria esquecer que ninguém é mais paciente do que Deus Pai, ninguém compreende e sabe esperar como Ele. Deus convida sempre a dar um passo mais, mas não exige uma resposta completa, se ainda não percorremos o caminho que a torna possível. Apenas quer que olhemos com sinceridade a nossa vida e a apresentemos sem fingimento diante dos seus olhos, que estejamos dispostos a continuar a crescer, e peçamos a Ele o que ainda não podemos conseguir.

À escuta do povo

539. O pregador deve também pôr-se à escuta do povo, para descobrir aquilo que os fiéis precisam de ouvir. Um pregador é um contemplativo da Palavra e também um contemplativo do povo. Desta forma, descobre «as aspirações, as riquezas e as limitações, as maneiras de orar, de amar, de encarar a vida e o mundo, que caracterizam este ou aquele aglomerado humano», prestando atenção «ao povo concreto com os seus sinais e símbolos e respondendo aos problemas que apresenta».[120] Trata-se de relacionar a mensagem do texto bíblico com uma situação humana, com algo que as pessoas vivem, com uma experiência que precisa da luz da Palavra. Esta preocupação não é ditada por uma atitude oportunista ou diplomática, mas é profundamente religiosa e pastoral. No fundo, é uma «sensibilidade espiritual para saber ler nos acontecimentos a mensagem de Deus»,[121] e isto é muito mais do que encontrar algo interessante para dizer. Procura-se descobrir «o que o Senhor tem a dizer nessas circunstâncias».[122] Então a preparação da pregação transforma-se num exercício de discernimento evangélico, no qual se procura reconhecer – à luz do Espírito – «um “apelo” que Deus faz ressoar na própria situação histórica: também nele e através dele, Deus chama o crente».[123]

540. Nesta busca, é possível recorrer apenas a alguma experiência humana frequente, como, por exemplo, a alegria dum reencontro, as desilusões, o medo da solidão, a compaixão pela dor alheia, a incerteza perante o futuro, a preocupação com um ser querido, etc.; mas faz falta intensificar a sensibilidade para se reconhecer o que isso realmente tem a ver com a vida das pessoas. Recordemos que nunca se deve responder a perguntas que ninguém se põe, nem convém fazer a crónica da actualidade para despertar interesse; para isso, já existem os programas televisivos. Em todo o caso, é possível partir de algum facto para que a Palavra possa repercutir fortemente no seu apelo à conversão, à adoração, a atitudes concretas de fraternidade e serviço, etc., porque acontece, às vezes, que algumas pessoas gostam de ouvir comentários sobre a realidade na pregação, mas nem por isso se deixam interpelar pessoalmente.

Recursos pedagógicos

541. Alguns acreditam que podem ser bons pregadores por saber o que devem dizer, mas descuidam o como, a forma concreta de desenvolver uma

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pregação. Zangam-se quando os outros não os ouvem ou não os apreciam, mas talvez não se tenham empenhado por encontrar a forma adequada de apresentar a mensagem. Lembremo-nos de que «a evidente importância do conteúdo da evangelização não deve esconder a importância dos métodos e dos meios da mesma evangelização».[124] A preocupação com a forma de pregar também é uma atitude profundamente espiritual. É responder ao amor de Deus, entregando-nos com todas as nossas capacidades e criatividade à missão que Ele nos confia; mas também é um exímio exercício de amor ao próximo, porque não queremos oferecer aos outros algo de má qualidade. Na Bíblia, por exemplo, aparece a recomendação para se preparar a pregação de modo a garantir uma apropriada extensão: «Sê conciso no teu falar: muitas coisas em poucas palavras» (Sir 32, 8).

542. Apenas, para exemplificar, recordemos alguns recursos práticos que podem enriquecer uma pregação e torná-la mais atraente. Um dos esforços mais necessários é aprender a usar imagens na pregação, isto é, a falar por imagens. Às vezes usam-se exemplos para tornar mais compreensível algo que se quer explicar, mas estes exemplos frequentemente dirigem-se apenas ao entendimento, enquanto as imagens ajudam a apreciar e acolher a mensagem que se quer transmitir. Uma imagem fascinante faz com que se sinta a mensagem como algo familiar, próximo, possível, relacionado com a própria vida. Uma imagem apropriada pode levar a saborear a mensagem que se quer transmitir, desperta um desejo e motiva a vontade na direcção do Evangelho. Uma boa homilia, como me dizia um antigo professor, deve conter «uma ideia, um sentimento, uma imagem».

543. Já dizia Paulo VI que os fiéis «esperam muito desta pregação e dela poderão tirar fruto, contanto que ela seja simples, clara, directa, adaptada».[125] A simplicidade tem a ver com a linguagem utilizada. Deve ser linguagem que os destinatários compreendam, para não correr o risco de falar ao vento. Acontece frequentemente que os pregadores usam palavras que aprenderam nos seus estudos e em certos ambientes, mas que não fazem parte da linguagem comum das pessoas que os ouvem. Há palavras próprias da teologia ou da catequese, cujo significado não é compreensível para a maioria dos cristãos. O maior risco dum pregador é habituar-se à sua própria linguagem e pensar que todos os outros a usam e compreendem espontaneamente. Se se quer adaptar à linguagem dos outros, para poder chegar até eles com a Palavra, deve-se escutar muito, é preciso partilhar a vida das pessoas e prestar-lhes benévola atenção. A simplicidade e a clareza são duas coisas diferentes. A linguagem pode ser muito simples, mas pouco clara a pregação. Pode-se tornar incompreensível pela desordem, pela sua falta de lógica, ou porque trata vários temas ao mesmo tempo. Por isso, outro cuidado necessário é procurar que a pregação tenha unidade temática, uma ordem clara e ligação entre as frases, de modo que as pessoas possam facilmente seguir o pregador e captar a lógica do que lhes diz.

544. Outra característica é a linguagem positiva. Não diz tanto o que não se deve fazer, como sobretudo propõe o que podemos fazer melhor. E, se aponta algo negativo, sempre procura mostrar também um valor positivo que atraia, para não se ficar pela queixa, o lamento, a crítica ou o remorso. Além disso, uma pregação positiva oferece sempre esperança, orienta para o futuro, não nos deixa prisioneiros da negatividade. Como é bom que sacerdotes, diáconos e leigos se reúnam periodicamente para encontrarem, juntos, os recursos que tornem mais atraente a pregação!

545. Os dados seguintes até o final deste capítulo são sugestões aos Ministros da Palavra: Em geral, uma homilia dura de sete a doze minutos, é de se esperar que em ocasiões particulares isto se prolonge, mas não deveria ultrapassar quinze-vinte minutos.

546. Se desejar, ela pode ser escrita ou contar com um esquema sintético

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escrito da fala, estes podem ou não ser utilizados na homilia, mas não devem ser percebidos como uma leitura

547. É preciso sempre ter os olhos para “ler”a assembleia, prestar atenção aos sinais de distração e cansaço, a homilia não pode deixar de considerar a tolerância da assembleia no quesito tempo e forma. A homilia é realizada em pé, da cadeira, do próprio ambão ou de outro lugar conveniente. Terminada esta pode-se observar um período de silêncio.

548. Não convém que o tom da voz seja uniforme sempre, isso torna monótono o ritmo da comunicação. É preferível que se varie de tom, adaptando-se ao pensamento que se está a exprimir; as ideias centrais podem ser num tom mais vívido e com as necessárias pausas a fim de se descer gradativamente. A conclusão deve ter um pico alto e terminar num tom baixo.

549. As palavras devem ser claras e bem pronunciadas, deve ser verificado sempre o microfone antes de ser utilizado a fim de se dosar o volume da voz.

Capítulo 12 - Alguns materiais e objetos para a celebração eucarística

550. ÁGUA: Tem um grande significado na vida e na Liturgia. É símbolo de vida nova, purificação, renascimento. É usada na celebração eucarística:

a. para aspergir o povo no Ato Penitencial, recordando aos presentes os compromissos batismais;

b. para simbolizar a união da natureza humana com a natureza divina em que se colocam algumas gotas no cálice com vinho, durante a apresentação das oferendas;

c. para purificar as mãos do presidente da celebração;d. para purificar os vasos sagrados, após a comunhão.

551. ASPERSÓRIO: É um instrumento longo que conserva água benta para a aspersão sobre os fiéis ou objetos. Geralmente é de metal. Numa das extremidades, há uma cabeça com rosca e furos que permite a passagem da água benta.

552. CALDEIRA E HISSOPE: É usado para a aspersão de água benta durante as bênçãos. Entretanto, ele difere do aspersório por não conservar fechada a água benta no seu recipiente.

553. CÁLICE: Recipiente digno e decoroso em que se deposita o vinho que vai ser consagrado. O cálice é uma espécie de taça, em geral feito de metal e artisticamente trabalhado. Segundo as recentes orientações litúrgicas, o material do cáli-

554. ce e dos outros vasos sagrados não só deve ser impermeável como determina o Código de Direito Canônico, mas também inquebrável279. Os cálices e outros vasos sejam abençoados segundo o Ritual Romano das Bênçãos. “Não se usem em nenhum caso canecas, (...) ou outras vasilhas não integralmente correspondentes às normas estabelecidas”.280

555. CIBÓRIO ou ÂMBULA: É o recipiente onde se guarda o pão eucarístico. É semelhante à forma de um cálice, mas fechado com uma tampa. Em geral, as âmbulas são de metal como o cálice. O importante é que o material seja nobre e inquebrável. Após a comunhão, a âmbula com as partículas consagradas é guardada no tabernáculo (sacrário).

556. CÍRIO PASCAL: É uma vela grande com várias inscrições, abençoada na noite da Vigília Pascal, e simboliza a presença do Ressuscitado, Luz do mundo, no meio da comunidade. O Círio permanece durante todo o tempo

279 Cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 117.280 Idem, n. 106.

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pascal ao lado do ambão. Nos outros dias do ano, ele é colocado num lugar de honra no batistério ou junto à pia batismal. O Círio Pascal é usado no rito do Batismo, nos rituais de exéquias (quando for na igreja), na Comemoração dos Fiéis defuntos e na Profissão de Fé dos que recebem a 1ª comunhão e a Confirmação. Cada Páscoa exige um novo Círio, por isso proíbe-se expressamente a reutilização dos círios pela coerência do simbolismo e das orações litúrgicas281. Não é permitido fabricar Círios Pascais com elementos que não são de parafina ou de cera, por exemplo: tubos plásticos (PVC), tubos de madeira,...

557. CORPORAL: Chama-se “corporal” porque sobre ele se coloca o Corpo e Sangue do Senhor. É uma espécie de toalha quadrada (mais ou menos 50cm x 50cm) que se desdobra em três partes e nos dois sentidos, no centro do altar. É confeccionado de linho branco, normalmente com uma cruz bordada ou pintada no centro. O corporal recorda o Santo Sudário, o lençol branco no qual, José de Arimatéia, segundo a tradição, envolveu o corpo de Cristo após a descida da cruz para o sepultamento282. Sua função é de recolher os fragmentos do pão ou gotas de vinho consagrados, caso estes venham a cair dos vasos sagrados. Não é permitido estender o corporal sobre o altar lançando-o para o ar como uma toalha de mesa, pois pode conter fragmentos da Eucaristia.

558. GALHETAS: São duas jarrinhas, em geral de vidro, nas quais se colocam o vinho e a água, e são apresentadas pelos fiéis ao sacerdote nas oferendas da missa.

559. INCENSO: É uma resina aromática extraída de várias espécies de árvores. O uso do incenso é muito comum no culto judaico e foi herdado pela Liturgia Cristã. “A turificação ou incensação exprime a reverência e a oração, como é significada na Sagrada Escritura (cf. Sl 140, 2; Ap 8,3). O incenso pode ser usado facultativamente em qualquer forma de missa:

a. durante a procissão de entrada;b. no início da missa, para incensar a cruz e o altar;c. à procissão e à proclamação do Evangelho;d. depostos o pão e o cálice sobre o altar, para incensar as oferendas, a

cruz e o altar, bem como o sacerdote e o povo;e. à apresentação da hóstia e do cálice, após a consagração.”283

f. “Ao colocar o incenso no turíbulo, o sacerdote o abençoa com o sinal da cruz, sem nada dizer. Antes e depois da turificação faz-se inclinação profunda à pessoa376 ou à coisa que é incensada, com exceção do altar e das oferendas para o sacrifício da missa.

g. Quando são incensadas pessoas, como o sacerdote e a assembléia após a Apresentação das Oferendas, quem é incensado não realiza a inclinação de reverência, mas somente aquele que incensa reverenciando-o. A inclinação não é um cumprimento a realizar, mas uma manifestação de fé sobre o Mistério presente naquela pessoa.

h. São incensados com três ductos do turíbulo: o Santíssimo Sacramento, as relíquias da santa Cruz e as imagens do Senhor expostas para veneração pública, as oferendas para o sacrifício da missa, a cruz do altar, o Evangeliário, o círio pascal, o sacerdote e o povo.

i. Com dois ductos são incensadas as relíquias e as imagens dos Santos expostas à veneração pública, mas somente uma vez no início da celebração, após a incensação do altar. O altar é incensado, cada vez com um só icto, da seguinte maneira:

j. se o altar estiver separado da parede, o sacerdote o incensa, andando ao seu redor;

k. se, contudo, o altar não estiver separado da parede, o sacerdote,

281 “Cera virgem de abelha generosa...” (do texto da proclamação da Páscoa).282 Cf. Jo 19,40.283 Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 276.

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caminhando, incensa primeiro a parte direita do altar, depois a parte esquerda.

l. Se a cruz estiver sobre o altar ou junto dele, é turificado antes da incensação do altar; caso contrário, quando o sacerdote passa diante dele.

m. As oferendas são incensadas pelo sacerdote com três ductos do turíbulo, antes da incensação da cruz e do altar, ou traçando com o turíbulo o sinal da cruz sobre as oferendas.”284

560. JARRO COM ÁGUA E BACIA PARA O LAVABO: O presidente da celebração, após apresentar as oferendas, lava as suas mãos como sinal de purificação e de humildade diante do grande Mistério que irá ocorrer com a consagração, sem mérito de sua parte. Seria mais conveniente utilizar um jarro com água e uma bacia para realizar o gesto de lavar as mãos, e não somente molhar os dedos. O gesto de lavar as mãos na celebração eucarística é exclusivo do presidente da celebração, de modo que os diáconos, concelebrantes, ministros extraordinários da sagrada comunhão,... devem lavar as suas mãos na sacristia antes de iniciar a celebração.

561. LEGIO: É o suporte para o missal. Hoje se usa mais uma pequena almofada confeccionada para esta finalidade. O legio contribui para a visibilidade dos textos e, conseqüentemente, para uma melhor proclamação das orações realizada pelo sacerdote. O legio deve ser utilizado quando houver necessidade.

562. MANUSTÉRGIO: Do latim “manus”, que quer dizer mãos. É uma toalha branca com a qual o sacerdote enxuga as mãos após o lavabo.

563. NAVETA: Pequeno vaso de metal, geralmente em forma de navio, que contém grãos de incenso para serem depositados sobre as brasas incandescentes do turíbulo para as incensações.

564. OSTENSÓRIO ou CUSTÓDIA: É o objeto para a exposição solene e procissão do Santíssimo Sacramento. É formado por uma haste de suporte e um recipiente transparente, de forma circular, que expõe a Eucaristia para a adoração. Em geral, o ostensório é moldado segundo a imagem do sol fulgurante ou de uma igreja que traz no seu centro a Eucaristia.

565. PALA: É uma palavra que vem do latim “palliare” (= cobrir, esconder). É uma peça quadrada e dura, revestida de linho branco e normalmente bem ornamentada com desenhos bordados ou pintados. Serve para cobrir o cálice com o vinho durante a apresentação das oferendas até a comunhão.

566. PÃO: É o pão utilizado para a consagração que nós comumente chamamos de hóstia ou partícula. Ultimamente, a Igreja incentiva que se utilize o termo ‘pão’ para expressar que a Eucaristia é um alimento. Cuide-se com a consistência de certas ‘hóstias’ que são muito pequenas e finas, não demonstrando o que sacramentalmente são. Este pão é feito de farinha de trigo puro e água, sem fermento e sem sal. Recomenda-se que a hóstia maior, usada pelo presidente da celebração, seja grande o suficiente por duas razões:

a. para uma melhor visualização do povo durante a sua apresentação após a consagração, na doxologia do “Por Cristo, com Cristo,...” e antes da comunhão quando diz: “Eis o Cordeiro de Deus...”;

b. para que seja fracionado e distribuído pelo menos a alguns dos fiéis, e sugerir que aquele pão não é exclusivo para o sacerdote. Lembre-se que no início da Igreja, se partia um único pão do qual todos comungavam, e deste gesto derivou um dos nomes da Eucaristia: ‘a fração do pão’.285

284Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 277.285 Cf. At 2,42.

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567. PATENA: É uma espécie de “pratinho” em que se coloca a hóstia maior usada pelo presidente da celebração. Recomenda-se que a patena seja grande o suficiente para conter mais partículas, para dar a conotação que a patena não é exclusiva do padre. Também os coroinhas, de acordo com as últimas instruções litúrgicas286, usam patenas no momento da distribuição da comunhão.

568. SANGÜÍNEO ou PURIFICATÓRIO: As duas primeiras palavras provêm do termo “de sangue” porque toca no sangue de Cristo. Tem a forma de uma toalhinha comprida de cor branca, semelhante a um lenço dobrado duas vezes ao longo. Coloca-se sobre o cálice, ficando as pontas caídas para os dois lados. Serve para purificar o cálice, a patena e os cibórios no final da celebração, ou após a comunhão. Por isso, pede-se que o tecido da confecção do sanguíneo tenha a propriedade de enxugar verdadeiramente os vasos sagrados (evitar os tecidos sintéticos). O sangüíneo é também utilizado para enxugar a borda do cálice287, quando se comunga bebendo o Sangue do Senhor. Por questão de higiene, o sangüíneo não deve ser usado para enxugar os lábios dos comungantes já que o seu uso é comunitário.

569. TECA ou PÍXIDE: É uma âmbula de menor tamanho, parecido como um invólucro ou estojo, utilizado no transporte da Eucaristia aos doentes e idosos. Normalmente, a teca é inserida numa pequena bolsa com um laço que se coloca por sobre a cabeça, de forma que a Eucaristia fique na altura do coração do ministro, lembrando o testemunho do martírio do diácono São Tarcísio (+ 25/agosto/257). Esta bolsa também deve conter um sangüíneo para a purificação da teca.

570. TURÍBULO: É um recipiente de metal, preso a correntes, para as incensações.

571. VINHO: Deve ser vinho puro, de uva288, sem adição de qualquer mistura ou conservantes. Deve ser bem armazenado para não azedar. Não se trata da bebida ‘do padre’, como muitos dizem. A Igreja diz que a comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando distribuída sob duas espécies289. Quando, por motivos de saúde, o sacerdote não pode ingerir bebidas alcoólicas, observe-se a seguinte recomendação canônica: “A Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé concede, em caso de necessidade, indulto para poder celebrar a missa com mosto, quer dizer, com suco de uvas sem fermentar.”290

As vestes litúrgicasAS VESTES SAGRADAS – PARAMENTOS

572. As vestes querem nos dar o sentido de revestir-se de Cristo, de sua autoridade, dos seus serviço. O cristão procura imitar o Cristo, seu divido modelo. As vestes litúrgicas são sinais da graça santificante proveniente do Batismo e destacam a presença misteriosa de Cristo na pessoa dos ministros. Além disso, diferenciam os ministérios ordenado e instituídos, e as funções de cada um na celebração.

573. Vestes, paramentos ou hábitos vem do termo latino habitus e designam as disposições morais da pessoa e a sua atitude exterior. A veste é sinal primeiro para quem a porta.

574. Na Igreja, Corpo de Cristo, nem todos os membros desempenham as mesmas funções. Esta diversidade de funções na celebração da Eucaristia é significada

286 Cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 93; cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 118.287 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, 246a. 288 Cf. Lc 22,18.289 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 281.290 Código de Direito Canônico, nota de rodapé referente ao cân. 924.

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externamente pela diversidade das vestes sagradas, as quais, por isso, são sinal distintivo da função própria de cada ministro. Convém, entretanto, que tais vestes contribuam também para o decoro da ação sagrada. As vestes usadas pelos sacerdotes e diáconos assim como pelos ministros leigos sejam oportunamente benzidas [135] (335).

575. Nesta questão é de muita importância observar que: “Convém que a beleza e nobreza de cada vestimenta decorram não tanto da multiplicidade de ornatos, mas do material usado e da forma” (IGMR 344). Segundo o espírito do Vaticano II, quanto aos paramentos, recomenda-se “a elegante beleza e simplicidade”. Os paramentos com excesso de enfeites e detalhes são inconvenientes e impróprios principalmente se são luxuosos. Quando à forma das vestes litúrgicas ficam à determinação das Conferencias Episcopais frente à Santa Sé de adaptar conforme necessidades e costumes regionais.

576. Como um dos elementos visuais mais simples e eficazes, a cor tem como finalidade ajudar a celebrar melhor a nossa fé, a leitura simbólica das cores litúrgicas ajuda-nos a celebrar melhor (cf. IGMR n. 307)

577. A beleza da liturgia pertence ao Mistério, é expressão excelsa da glória de Deus. “A beleza não é um fator decorativo da ação litúrgica, mas seu elemento constitutivo, enquanto atributo do próprio Deus e da sua revelação. “Nós participamos na liturgia celeste, sim, mas esta participação é-nos transmitida através dos sinais terrestres, indicados pelo Salvador como o espaço de sua realidade (...) A teologia da liturgia é, de um modo particular, uma teologia simbólica, uma teologia de símbolos que nos ligam ao mistério oculto e ao presente” (Card. Ratzinger in Introdução ao espírito da Liturgia, p 460).

578. Os presbíteros devem se revestir com as vestes sagradas (cf. IGMR n 114), usa-se esta expressão para dizer que as vestes não são simples paramentos ou vestes litúrgicas, mas devem comunicar o sagrado. São usadas não somente para revestir o corpo durante a celebração, mas para comunicar uma mensagem: despir-se do homem velho e revestir-se do homem novo (cf Ef 4,24). As vestes sagradas devem expressar esta realidade acima de modismos e exageros que passam.

579. A dignidade do presbítero, que preside “in persona Christi”, é manifestada pelos paramentos litúrgicos: a alva (ou túnica), o cíngulo, a estola e a casula da cor própria que são obrigatórias para o celebrante principal, aos concelebrantes indica-se os mesmos paramentos que para o presidente, mas as casulas sejam mais simples. Diante da impossibilidade de casulas para todos permite-se o uso da alva, cíngulo e estola.

580. As paróquias, casas religiosas e seminários, tenham a casula nas quatro cores litúrgicas, conservadas com zelo e limpeza, além das casulas de propriedade particular dos padres que as servem.

581. A CNBB, na XI Assembléia Geral de 1971, aprovou-se a substituição do conjunto alva e casula por uma túnica ampla de cor branca ou neutra, (“túnica morcegão”) com a estola da cor do tempo ou da festa litúrgica do dia (cf. Guia litúrgico-pastoral da CNBB p. 111) para celebrações fora da Igreja. Esta aprovação foi referendada pela Santa Sé no mesmo ano em caráter provisório.

582. AMITO: do latim “amictus” (manto – revestir-se). Simboliza a proteção divina, se revestir de Cristo e de sua pureza. É uma peça de linho branco com duas tiras e uma cruz bordada no centro, com o qual o sacerdote envolve os ombros, antes de colocar a alva. Hoje é bem pouco usado. É uma peça de linho branco com duas tiras e uma cruz bordada no centro, com o qual o sacerdote envolve os ombros, antes de colocar a alva.

583. ALVA: veste talar de pano branco que é colocada sobre o amito e é presa à altura da cintura pelo cíngulo. No Brasil, geralmente é substituída pela túnica. Túnica branca, geralmente de linho, que simboliza a pureza de coração com que o sacerdote deve se aproximar do altar. Sentido espiritual: candura virginal, incorruptibilidade da doutrina, virtude da perfeição e imagem da boa fé.

584. BÁCULO: do latim “baculum” (= bastão). Bastão com a extremidade superior arqueada, usado pelos bispos e abades, e simboliza o poder pastoral. O Papa usa a Férula, um báculo encimado por uma cruz de braços iguais.

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585. BALDAQUINO: é uma espécie de tenda, levada por acólitos, que cobre e acompanha o Santíssimo Sacramento durante a procissão.

586. CAPA PLUVIAL, CAPA MAGNA ou CAPA DE ASPERGES: do latim: “pluvius”, quer dizer “de chuva”. É uma capa comprida, sem pregas, acolchetada e aberta na frente, caindo pelos ombros quase até o chão. É usada em procissões solenes e bênçãos solenes do Santíssimo e em outras celebrações solenes que não sejam a missa. Deve ser usado sobre a alva ou a sobrepeliz.

587. CASULA: é uma veste sacerdotal solene usada somente nas missas. Alegoricamente significa o suave jugo do Senhor e simboliza a cruz que Cristo levou ao Calvário. A casula é colocada sobre a túnica e a estola, cobrindo quase todo o corpo, e acompanha as cores do tempo litúrgico. Vestimenta usada sobre a alva e a estola seguindo a cor litúrgica do dia. É diminuitivo de tenda, casa; simboliza a casa ou tenda de Deus... teto de Jesus operando com o Espírito. Simboliza o jogo suave da lei de Cristo e da caridade, jugo que o sacerdote deve levar e ensinar aos demais a levar.

588. CÍNGULO: cordão com que o sacerdote sustenta e prende a alva ou a túnica à altura da cintura. O cíngulo é símbolo da vigilância. Lembra o conselho de cingir os rins como presteza para o trabalho, estar em alerta e cingir o ministro com os padres dos conselhos evangélicos

589. DALMÁTICA: Túnica comprida com mangas curtas e largas, posta sobre a alva e a estola. É a veste própria do diácono, podendo ser usada também pelo bispo ou abade, debaixo da casula, seguindo a cor litúrgica. Acompanha as cores do tempo litúrgico.

590. ESTOLA: é uma faixa, separada da túnica, a qual desce dos ombros do ordenado, com duas pontas. Para os sacerdotes, a estola desce dos ombros verticalmente, simbolizando o ministério de mediação entre o Céu e a Terra. Para os diáconos, a estola desce do ombro esquerdo, presa no lado direito à altura da cintura, simbolizando aquele que está a serviço, a exemplo de Jesus que lavou os pés dos discípulos na última ceia. A estola traz cores diferentes que variam de acordo com o tempo litúrgico que se celebra.

591. JALECO: casaco curto semelhante a uma jaqueta usado pelos ministros extraordinários da sagrada comunhão, normalmente com um símbolo eucarístico no bolso.

592. MITRA: barreto alto e cônico, fendido lateralmente na parte superior e com duas faixas que caem sobre as costas. O papa, os cardeais, os arcebispos, os bispos e os abades de mosteiros usam-na na cabeça em solenidades pontificais. Demonstra o poder espiritual ou dignidade pontifícia ou episcopal.

593. PÁLIO: é uma insígnia usada pelos arcebispos, pelos cardeais e pelo papa. É uma espécie de estola estreita, confeccionada de pura lã branca, formando um círculo folgado em torno do pescoço. Possui dois prolongamentos em ponta que descem pelo peito e pelas costas. O pálio tem cinco cruzes bordadas com três cravos que simbolizam as cinco chagas e os três pregos da cruz de Cristo. É tecido pelas monjas do Mosteiro de Santa Cecília, em Roma, com a lã da primeira tosquia de um cordeiro jovem, à semelhança do cordeiro da Páscoa, “macho, sem defeito, de um ano” (cf. Ex 12,5). Jesus, o Cordeiro de Deus entregue pelo povo, é modelo para a oferta que o arcebispo há de fazer de sua vida ao povo, em primeiro lugar, do mundo todo e depois, da sua arquidiocese. Os pálios são abençoados pelo papa no dia 29 de junho e, enquanto não entregues, permane- cem guardados junto ao túmulo do apóstolo Pedro.

594. SOBREPELIZ: do latim, “superpelis”, isto é, “sobre a pele”. É uma veste litúrgica de algodão ou de linho, branca e curta para ser usada sobre a batina

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ou hábito religioso, substituindo a alva na administração dos sacramentos, procissões e outras funções religiosas.

595. SOLIDÉU: do latim, “soli” + “Deo” (= somente a Deus). Pequeno barrete, em forma de calota, ou espécie de pequenina touca que cobre o alto da cabeça. Usam-no: o Papa (solidéu branco); os cardeais (solidéu vermelho); os bispos (solidéu lilás ou roxo); alguns padres e religiosos os usam na cor preta ou marrom, dependendo da cor do hábito e considerando como parte integrante do mesmo.

596. TÚNICA: manto branco longo que cobre todo o corpo, lembrando a túnica de Jesus “sem costura de alto a baixo”, sobre a qual os soldados tiraram sorte para ver a quem caberia291.

597. VÉU UMERAL: do latim “umerus”, quer dizer “ombro”. Possui estreita relação com o ato de cobrir o Sagrado como se faz com a Torah na sinagoga. Há os seguintes véus umerais:

598. Véu para as procissões e bênçãos do Santíssimo: utilizado pelo sacerdote ou diácono no transporte do Ostensório com o Santíssimo;

599. Vimpa: que é usada para segurar o báculo e a mitra nas funções litúrgicas pontificais.

OUTROS VÉUS:

600. Véu do sacrário: tecido geralmente de seda, delicado e artístico, que se assemelha a uma cortina colocada na frente da porta do tabernáculo, caso este o requeira. Deve ser branco ou dourado, cores que simbolizam a realeza e a divindade de Cristo;

601. Véu da âmbula: espécie de capinha branca que envolve a âmbula ou cibório que contém hóstias consagradas. Sua cor é branca ou dourada como expressão do respeito a Jesus Eucarístico;

602. Véu do cálice: convém, antes da missa, que se prepare o cálice na credência, cobrindo-o com um véu que pode ser da cor do dia ou branca.292

Livros Litúrgicos

603. EVANGELIÁRIO293: livro que contém os textos dos Evangelhos para a missa. Tradicionalmente possui dimensões maiores que um Lecionário e é um livro que merece reverência.

604. LECIONÁRIO: do latim “lectio”, que quer dizer “lição” ou “leitura”. É o livro que contém todas as leituras bíblicas para uma celebração eucarística. Para o manuseio e as estruturas do Lecionário, ver o 5º capítulo deste diretório que trata sobre os leitores.

605. MISSAL ROMANO: é o livro utilizado pelo sacerdote que contém todas as partes fixas da missa, como: ritual da missa, orações, prefácios,... exceto as leituras bíblicas. É sempre preferível usar o missal, no lugar de folheto. O missal é confeccionado e editado de tal modo que as orações sejam nítidas e

291 Cf. Jo 19,23-24.292 Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 118.

293 O Papa João Paulo II havia pedido a publicação do Livro dos Evangelhos para o Grande Jubileu do ano 2000. Eis um trecho do seu discurso na apresentação da 1ª cópia da edição do Evangeliário em língua latina (15 de dezembro de 2000), n.2: “Expresso-vos o profundo apreço por terdes deseja- do realizar um texto tão precioso no seu feitio, destinado à proclamação do Evangelho do Senhor em circunstâncias de singular relevo durante o ano litúrgico. Conforme o antigo costume da tradição litúr- gica oriental e ocidental, e segundo o conteúdo do Ordo Lectionum Missae, reunistes num só livro as leituras evangélicas relativas às várias solenidades e festividades, dispostas à maneira da ordem litúrgica”.

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proclamadas fluentemente.

Ministros auxiliares para uma celebração solene

606. CERIMONIÁRIO: prepara e orienta as cerimônias para que a Liturgia seja devidamente organizada e realizada com decoro, ordem e piedade.

607. LIBRÍFERO: sustenta o Missal Romano para o presidente da celebração.

608. CRUCIFERÁRIO: conduz a cruz processional nas procissões.

609. CEROFERÁRIO: leva os castiçais com as velas nas procissões.

610. BACULÍFERO: encarrega-se do báculo do bispo.

611. MITRÍFERO: encarrega-se da mitra do bispo.

612. TURIFERÁRIO: leva o turíbulo e o apresenta ao ministro ordenado para a incensação.

613. NAVETEIRO: leva a naveta contendo o incenso, e sempre acompanha o turiferário

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Conclusão - Lex Orandi, Lex Credenti

“A Lei da Oração é a Lei da Fé!” Esse artigo de fé nos ensina que aquilo que nós rezamos, torna-se aquilo que cremos. Se rezamos bem, cremos bem! Portanto, a Liturgia é um poderoso instrumento da Igreja para manter a fidelidade da Fé transmitida desde o tempo dos Apóstolos.

Por isso, nenhum rito celebrativo, principalmente o da Eucaristia, seja modificado ou manipulado por um ministro ou por alguma comunidade. A Liturgia não é uma propriedade privada, mas é um bem que promove a unidade de toda a Igreja e é demasiadamente grande para ficar à mercê do livre arbítrio.294

Quando a Igreja celebra a Liturgia, ela não celebra “qualquer coisa”, mas Alguém: o próprio Senhor Jesus Cristo Ressuscitado e Glorioso. A Igreja não celebra a unidade, mas o Cristo Ressuscitado que quer realizar a unidade dos membros do seu Corpo; a Igreja não celebra as vocações, mas o Cristo Ressuscitado que chama os batizados a trabalharem na edificação do mundo segundo a diversidade de dons e carismas do Espírito Santo; a Igreja não celebra as Mães ou os Pais, mas o Cristo Ressuscitado que concede para algumas mulheres e alguns homens a missão de cooperarem na sua obra criadora e na educação da fé de seus filhos; a Igreja não celebra a paz como ausência de violência, mas a ‘Paz’ que é o próprio Cristo Ressuscitado. Poderíamos nos estender longamente, mas o que deve ficar bem claro é que tudo na Liturgia sempre parte do Cristo Ressuscitado.

Cuidemos para que as celebrações eucarísticas manifestem a concretização da Salvação de Cristo no hoje da nossa história através da escuta atenta da Palavra e da comunhão do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Que as celebrações eucarísticas não sejam exploradas e transformadas em espetáculos para promoção pessoal ou de um grupo, em eventos partidários ou em missas revestidas de folclore a título de uma inculturação artificial e vazia. Não se esvazie o significado profundo do memorial de Cristo confiado à Igreja com celebrações que distorcem a perspectiva da Páscoa.

Que todos os ministros litúrgicos, ordenados ou não, tornem-se cada vez mais fiéis servidores dos sagrados Mistérios de Cristo. Que não sejam seduzidos pelo individualismo, pelo sentimentalismo ou pelo modismo daquilo que se viu na televisão, mas que possuam uma consistente formação e preparação segundo as orientações oficiais da Igreja.

Certamente, alguns considerarão um exagero as citações contidas neste diretório diocesano. Entretanto, lembremos o que diz o salmo 8 : “O perfeito culto vos é dado pelos lábios dos pequeninos, de crianças que a mãe amamenta.” A Liturgia é o culto da Igreja em Cristo, pelo Espírito Santo, ao Pai. A eficácia do culto é garantida por Jesus, entretanto o presente Diretório quer incutir em cada agente litúrgico a atitude das crianças que são nutridas pela Mãe Igreja através dos ensinamentos dela.

Quanto mais obedientes somos às suas orientações, mais perfeita será a expressão do nosso culto diante dos homens.

Enfim, celebremos com dignidade a Eucaristia segundo a Tradição da Fé e o Magistério da Igreja, para edificarmos e dilatarmos os laços das comunidades cristãs no compromisso com a caridade ensinada por Jesus na noite do cenáculo de Jerusalém.

294 Cf. Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia , n. 52

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Anexo I - Calendário da Diocese de Santo André

A Igreja particular de Santo André comemora, oficialmente, as seguintes datas, a serem observadas em todas as paróquias de sua jurisdição:

Criação e instalação da Diocese: 22 de julho de 1954

Por meio da bula Archidiocoesis Sancti Pauli, Pio XII desmembra os três municípios que então compunham o Grande ABC (Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul) da Arquidiocese de São Paulo, tornando-os uma nova circunscrição eclesiástica, denominada Diocese de Santo André, inicialmente com 16 paróquias.

Esta ocasião pode comemorar-se com celebrações nas paróquias e comunidades, mas preferencialmente na igreja catedral, sobretudo em anos jubilares ou significativos para a história da Diocese.

Dedicação da Catedral: 22 de agosto de 1958

Celebrar a consagração de um templo católico assume importância a partir do pressuposto que ele representa o “povo santo, reunido na unidade que procede da unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Daí chamar-se este templo de igreja, dado que ele é a imagem da “Igreja, o templo de Deus edificado de pedras vivas, no qual o Pai é adorado em Espírito e em verdade.” (PR, II, 1)

A igreja Catedral é o primeiro entre os templos de uma diocese e também “o centro de sua vida litúrgica” (CB, 44), uma vez que nela está a cátedra (cadeira) onde tradicionalmente o bispo se senta, em atitude magisterial, para exercer seu múnus pastoral de ensinar, santificar e governar. Por sua vez, este edifício sagrado é “sinal de unidade dos crentes naquela fé que o Bispo anuncia como pastor do rebanho.” (CB, 42)

A Catedral N. Sa. do Carmo foi solenemente dedicada pelo arcebispo D. Jaime de Barros Cardeal Câmara, quatro anos após a instalação da Diocese, aos 22 de agosto de 1958. No altar, como pede o rito, foram depositadas relíquias de São Sebastião e Santa Maria Goretti.

É a combinação de ambos os fatores que torna preponderante a celebração anual do aniversário de dedicação que, na Catedral N. Sª do Carmo, assume caráter de solenidade, ao passo que nas demais paróquias e comunidades da Diocese, é celebrada no grau de festa, a menos que a data tenha sido transferida em determinado ano, quando a festa é omitida nas paróquias e comunidades (DL, 2015, p.37).

Santo André, Padroeiro da Diocese: 30 de novembro

Nascido em Betsaida (povoação extinta próxima a Cafarnaum), foi inicialmente discípulo do Batista; ao seguir Cristo, levou-lhe também o irmão mais novo Pedro. É ele que apresenta os gregos a Jesus e apresenta-lhe o menino com os cinco pães e os dois peixes. Tendo evangelizado diferentes regiões, foi crucificado em formato de “X” na Acaia, na atual Grécia. Segundo a tradição, foi este apóstolo quem fundou a Igreja em Constantinopla, na Turquia (LH, 1999, IV, p.1479).

Patrono é aquele sob o qual é colocada a proteção de alguém ou de algo. Por essa razão, convém celebrar o titular de uma comunidade, paróquia, diocese ou instituto religioso, não só em decorrência de sua intercessão, mas também de seu exemplo no seguimento a Cristo. De certo modo, quem foi colocado sob o patrocínio de um santo é chamado a tomá-lo como modelo.

Quanto mais se este santo patrono é um apóstolo, membro de um seleto grupo a quem Jesus confiou preciosos ensinamentos e outorgou a missão de continuar sua obra na qualidade de seus representantes diretos.

Assim, constitui-se um momento de júbilo para a Diocese de Santo André celebrar anualmente seu padroeiro: na paróquia em que é titular, em nível de solenidade; na diocese como um todo, em caráter de festa (DL, 2015, p.196).

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Aniversário de ordenação episcopal de Dom Pedro Carlos Cipollini: 12 de outubro de 2010

Nascido em Caconde-SP, aos 4 de maio de 1952, D. Pedro foi ordenado na Catedral de Campinas, nomeado inicialmente para a Diocese de Amparo-SP. Transferido, aos 27 de maio de 2015, para a Diocese de Santo André.

Em todas as igrejas da Diocese, sobretudo na igreja catedral, comemore-se este dia com a celebração da “Missa pelo Bispo” (CB, 1167), manifestando especial gratidão a Deus pelo dom de um Pastor para guiar seu rebanho em direção à pátria definitiva.

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Anexo II - Check-lists para Missas

Ministérios na Liturgia

Data da Celebração HorárioMinistério QuantidadePresbítero Se houver

mais de um qual a função

de cada?6Diácono Se houver

mais de um qual a função

de cada?Animador1a Leitor Qual leitura?Salmista Qual salmo?

2a Leitura (se houver) Qual leitura?Evangelho Qual

Evangelho?Oração Universal

(preces)Coroinhas Funções de

cada um?

MECs Local que vai distribuir

comunhão? (elaborar um

mapa da Igreja para indicar os

números)

Cerimoniários Funções de cada um?

Música Litúrgica

Data da Celebração HorárioNome do Ministério :

Momentos Cantado?

Qual música?

Entrada:Ato PenitencialHino de Louvor (se houver)SalmoAclamaçãoPreparação dos donsRespostas da Oração Eucarística

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Aclamação MemorialAmém (doxologia)SantoCordeiroComunhãoDispersãoAlgum outro canto?

Note-se que o sinal da Cruz e o momento da paz não são cantados

Check-list itens para a Missa

Data da Celebração HorárioAlfaia Arrumado? Quantidade? Guardado?Toalha AltarMicrofonesVelas (candelabros)Crucifixo (sobre o altar ou junto dele)MissalLecionárioEvangeliárioFormulário da Oração UniversalFolhetos (se houver)CálicePatenaÂmbulasPartículasGalhetas (vinho e água)PalaCorporalSanguíneo (presidente)Sanguíneo (MECs)ManustérgioLavaboTuríbuloNavetaTochasCruz ProcessionalCampainha (sineta)Asperge (se necessário)Círio Pascal (se necessário)Outro:

Check-list Paramentos

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Data da Celebração Horário Cor Litúrgica

Paramentos Arrumado?

Quantidade? Guardado?

Presbítero (ou presbíteros no caso de concelebração)AmitoAlva (ou túnica)CínguloEstolaCasulaDiácono (ou diáconos)AmitoAlva (ou túnica)CínguloEstolaDalmáticaAnimadorLeitores1a LeituraSalmista2a Leitura (se houver)PrecesCoroinhasTúnicasSobrepelizesCerimoniáriosTúnicasSobrepelizesMECsOpas

Escolha da Missa

Data da Celebração HorárioMissa a ser rezada:Ferial, Memória, Festa, Solenidade

Qual?

Tempo LitúrgicoOrações do diaLeituras1a LeituraSalmo2a LeituraEvangelhoPrecesPrefácioOração EucarísticaBenção Final

Note-se que nas festas há o Hino de Louvor, nas Solenidades o Hino de Louvor e a Profissão de Fé.

Podem ser feitos Check-lists para Celebrações específicas tais como as do Tríduo

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Pascal, por exemplo:

Além dos Itens habituais para Celebração da Missa

Celebração

Domingo de Ramos

Data Horário

Itens Arrumado Quantidade GuardadoRamos para PresidenteRamos para AssembléiaCruz Processional adornadaTochasAspergeTuríbuloNavetaCapa Magna (vermelha)Leitores Narrativa da PaixãoEstante para leituras (3)Genuflexório

Além dos Itens habituais para Celebração da MissaCelebração

Ceia do Senhor

Data Horário

Itens Quantidade Arrumado GuardadoCruz ProcessionalTochas12 ApóstolosCapela para Santíssimo ( para onde será levado ao final da missa)Sacrário VazioÂmbula para transladação (nunca o Ostensório)Partículas suficientes para quinta-feira e sexta-feiraSinos no Hino de LouvorJarra – Lava PésToalha – Lava PésSaboneteGremialAssentos – 12 ApóstolosTuríbuloNavetaVéu UmeralMatraca (se houver)GenuflexórioPálio ou UmbelaVelas (irão junto do Santíssimo)

Celebração Ato Litúrgico da Paixão

Data Horário 15h

Item Quantidade Arrumado GuardadoTapete

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AlmofadaCruz (adoração)Véu vermelho (para Cruz)Tochas (acompanham Cruz)Véu umeralÂmbula com reserva EucarísticaToalha para altarCorporalSanguíneoGenuflexórioEstantes para Proclamação da Paixão(3)

Além dos Itens habituais para Celebração da MissaCelebração

Vigília Pascal Data Horário

Itens Quantidade

Arrumado Guardado

CravosGrãos de incensoEstileteCírio PascalFogueiraVelas para AssembléiaSuporte Círio junto do ambãoVareta em chama para acender o CírioLanternas para iluminar textosSinos no Hino de LouvorBrasas da Fogueira para o TuríbuloMicrofones para junto da fogueiraSe não houver BatismoCaldeira para AspersãoSe houver BatismoÓleo dos CatecúmenosÓleo do CrismaPia BatismalVela para Promessas BatismaisToalha

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Anexo III - Missa com o Bispo

MISSA COM PADRE MISSA COM BISPOEntrada: Entrada do Bispo: com Mitra e Báculo1o Turíbulo e Naveta antes de entrar o turiferário e o naveteiro

vão até o PADRE ou ao BISPO p/colocar incenso2o Duas Velas e a Cruz no Meio

3o Duas Velas (se houver)4o Duas Velas (ou três com o bispo – se houver)5o Coroinhas6o Leitores7o Ministros8o Padres - Bispos9o Baculífero, Mitrífero e LibríferoPresbitério: Ao chegar no altar1o Turíbulo e Naveta aguardam no altar para incensar Tirar o BACULO e a MITRA do Bispo

Ao subir no presbitério - Para beijar e incensar o Altar2o Velas e a Cruz vão para o banco, a eles reservado

3o Coroinhas vão para os seus lugares

5o Librífero abre o Missal na hora do OREMOS Dar a MITRA p/o Bispo depois da oração-OREMOS

Liturgia da palavra: com MitraEvangelho: Diacono ou o Padre pede a benção p/ o bispo1o Entra na hora do CANTO Após, retirar a Mitra

2o 2 Velas +Turíbulo + NavetaTuriferário e naveteiro vão até o bispo ou padre e se ajoelham para que se deite o incenso e voltam com os ceroferários

3o Ceríferos vão para as laterais do Ambão com o naveteiro e turiferário, após a incensação vão para frente do ambão

Após o sinal da Cruz para o Evangelho: Com Báculo

4o Evangelho depois de Beijar o Livro tira o BACULO e coloca MITRA

5o Homilia Homília: Com Mitra e (sem ou com Báculo DEPENDE Bispo)

Profissão de Fé Profissão de Fé sem Mitra e sem BáculoOfertório:Após o ofertório coroinhas levam oblatas para o ALTAR1o Cálice2o Galhetas (água e vinho)4o Incenso para o Padre ou Bispo incensar o ALTAR Após o padre ou o bispo incensar o altar. O

diácono ou turiferário incensa-o(3x 2), se houveroutros padres, incensa-os do mesmo modo. A assembléia é incensada logo após(3x 2)

5o Jarra - Lavabo - Manustérgio para o Padre ou o Bispo

Consagração:após terminar a "Oração sobre as Oferendas" Início da Oração Eucarística: Tira o Solidéu

1o Entra no Canto do SANTO Se necessário o presbítero coloca o incenso no turíbulo (sem abençoar)2o Carrilhão + Turíbulo + Naveta (+ velas, se convir)

3o Toca o sino na imposição das mãos Todos AJOELHAM

4o Padre ergue a hóstia, o turiferário incensa(3x2) enquanto os sinos batem até o padre abaixar a hóstia

5o Fazer o mesmo quando o cálice é levantado

6o Após responder "Eis o mistério da fé'' os acólitos voltam aos seus lugares

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Comunhão:

1o Após comunhão repõe-se a Eucaristia no Sacrário Não constando mais eucaristia no altar colocar o SOLIDEU

2o No oremos o librífero abre o missal para o padreSaída: Antes de iniciar a benção o bispo coloca a MITRA1o Ao iniciar a bênção final

2o BÁCULO é entregue após o “O Senhor esteja convosco’’

3o Todos fazem reverência e o presidente oscula o altar

5oTodos saem formando seus pares de Entrada Ministros, Padres, Bispo metrífero e baculífero dão a volta e vão até a sacristia para Bendizer ao SenhorOBS: Sempre ao passar em frente do altar e/ou do Bispo, coroínhas e acólitos devem fazer uma reverência profunda.

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Anexo IV - Itinerário para a Lectio Divina

Preparativos:a. Encontrar um lugar que favoreça a oração e o silêncio, livre de distrações

ou interrupções;b. A posição do corpo influencia na meditação da Sagrada Escritura. Que o

orante sente-se cuidando dos seguintes detalhes: as plantas dos pés fiquem totalmente em contato com o chão, as junções dos joelhos e da cintura formem um ângulo de 90º, a cabeça levantada para favorecer uma respiração calma e profunda, os braços descansando sobre as pernas;

c. Pôr-se na presença do Senhor, ficando um pouco em silêncio, e invocando o auxílio do Espírito Santo para penetrar no conhecimento da vontade amorosa de Deus.

Os passos da Lectio Divina:1º- LECTIO (Leitura): A atitude fundamental é a leitura-escuta atenta do texto,

procurando captar o significado de cada frase, saboreando as palavras e as atitudes de cada personagem. Esta leitura calma do texto pode ser repetida quantas vezes for necessária.

2º- MEDITATIO (Meditação): Da leitura segue-se à meditação repousada, o pensamento e a reflexão. As palavras lidas são guardadas no coração e iluminadas pelo Espírito Santo. O Espírito abre nossa mente e nosso coração, de modo que compreendamos essas palavras como Palavra atual de Deus. A Pa- lavra de Deus fixa a sua morada em nós e nos introduz no Mistério de Cristo.

3º- ORATIO (Oração): Da meditação brota a oração, como resposta àquilo que o Senhor falou. A Palavra de Deus gera luz e fogo, acende as nossas palavras. A Palavra escutada e meditada torna-se alimento da oração, a partir da experi- ência pessoal do orante. Na oração examinamos a nossa vida à luz da Palavra escutada.

4º CONTEMPLATIO (Contemplação): A oração nos leva à presença de Deus por meio da contemplação. A nossa atenção e o nosso olhar passam da Palavra falada e escutada, Àquele que fala, e fala para nós. O olhar contemplativo penetra e atravessa a superfície das coisas e da história. Diante de Deus, num instante, perde-se a noção do tempo, e percebe-se a unidade entre passado, presente e futuro. Vislumbra-se o projeto de Deus. Descobre-se o amor de Deus que inunda de alegria. A contemplação é o momento em que damos espaço para que o Espírito Santo conduza os nossos pensamentos.

5º OPERATIO (Ação): Este é o momento que finaliza a oração da Lectio Divina. Após termos contato com Deus por meio de sua Palavra, nós procuramos transformar a nossa cotidiana de acordo com a vontade de Deus. A Palavra de Deus, escutada a partir da fé, faz com que pouco a pouco, Cristo nos transforme à sua imagem e semelhança. Quando essa Palavra habita em nós, capacita-nos a sermos sinal e expressão do amor de Deus.

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