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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
PROGRAMA DE PÓS
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FORMAÇÃO DE TRADUTORES
MARIA DE LOURDES MON
MICROESTRUTURA DE UM
TERMOS FUTEBOLÍSTICO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CENTRO DE HUMANIDADES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA APLICADA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FORMAÇÃO DE TRADUTORES
MARIA DE LOURDES MON TENEGRO DE MIRANDA
MICROESTRUTURA DE UM GLOSSÁRIO SEMIBILÍNG
TERMOS FUTEBOLÍSTICOS (PORTUGUÊS/INGLÊS)
FORTALEZA
2013
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA APLICADA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FORMAÇÃO DE TRADUTORES
TENEGRO DE MIRANDA
GLOSSÁRIO SEMIBILÍNG UE DE
S (PORTUGUÊS/INGLÊS)
MARIA DE LOURDES MONTENEGRO DE MIRANDA
MICROESTRUTURA DE UM GLOSSÁRIO SEMIBILÍNGUE DE
TERMOS FUTEBOLÍSTICOS (PORTUGUÊS/INGLÊS)
Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada do Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Tradução. Orientadora: Profa. Ms. Romi Gläser
FORTALEZA
2013
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Estadual do Ceará
Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho
Bibliotecário Responsável – Dóris Day Eliano França – CRB-3/726
M672m Miranda, Maria de Lourdes Montenegro de.
Microestrutura de um glossário semibilíngue de termos futebolísticos (português/inglês). / Maria de Lourdes Montenegro Miranda. – 2013.
CD-ROM. 69 f. ; (algumas color.) : 4 ¾ pol. “CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do
trabalho acadêmico, acondicionado em caixa de DVD Slim (19 x 14 cm x 7 mm)”.
Monografia (especialização) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de Humanidades, Curso de Especialização em Formação de Tradutores do POSLA da Uece, Fortaleza, 2013.
Orientação: Profa. MS. Romi Gláser. 1. Terminologia. 2. Glossário. 3. Microestrutura. 4.
Futebol. 5.Linguistica de Corpus I. Título.
MARIA DE LOURDES MONTENEGRO DE MIRANDA
MICROESTRUTURA DE UM GLOSSÁRIO SEMIBILÍNGUE DE
TERMOS FUTEBOLÍSTICOS (PORTUGUÊS/INGLÊS)
Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada do Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Tradução.
Aprovada em __/__/____
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________ Profa Ms. Romi Gläser
Universidade Estadual do Ceará - UECE
________________________________________ Profa. Dra. Vera Lúcia Santiago Araújo Universidade Estadual do Ceará – UECE
________________________________________ Profa. Ms. Élida Gama Chaves
Universidade Estadual do Ceará – UECE
“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”
Fernando Pessoa
AGRADECIMENTO
Agradeço a Deus por tudo.
À minha família por sempre me apoiar.
À coordenadora do Curso de Especialização em Formação de Tradutores da UECE,
Profa. Dra. Vera Lúcia Santiago Araújo, por acreditar e incentivar a nossa pesquisa,
abrindo as portas do LATAV - Laboratório de Tradução Audiovisual e disponibilizando
o programa computacional WordSmith Tools.
À orientadora e Profa. Ms. Romi Gläser pela orientação e motivação.
Às colegas Maria Eliane G. Barbosa Lima e Maria Ester C. Monteiro pelo intercâmbio
rico e prazeroso.
À Jesuína por sua disponibilidade e atenção.
Aos professores do curso, pois sem eles nada disso seria possível.
À minha irmã Profa. Dra. Stella Maria Miranda Vieira pelas sugestões e apoio
constantes.
Ao meu tio Prof. Dr. Ignácio Ribeiro Pessoa Montenegro pela vibração com a ideia
do glossário, produto desta pesquisa.
E especialmente à Profa. Ms. Élida Gama Chaves pelo seu desprendimento,
empolgação e boa vontade na transmissão de conhecimentos na área de Linguística
de Corpus.
RESUMO
Este trabalho consiste numa proposta de elaboração de uma microestrutura de um glossário semibilíngue de termos futebolísticos (português-inglês). Trata-se de uma pesquisa empírica descritiva, direcionada pelo corpus e que utiliza a abordagem da Linguística de corpus, especialmente em Berber Sardinha (2004). Com base nos pressupostos teóricos da Lexicografia e da Terminologia, respaldados, nesta pesquisa, por Krieger e Finatto (2004), Pontes (2009), Tagnin (2009) e Welker (2004), busca-se fornecer elementos para a elaboração de um glossário semibilíngue de termos futebolísticos retirados de corpora jornalísticos escritos disponíveis na internet, como também estabelecer os critérios necessários para a coleta dos referidos termos, a partir dos princípios da Linguística de Corpus, com a utilização do programa computacional WordSmith Tools. Com a ajuda deste programa e a partir de uma escolha criteriosa por parte do pesquisador, obtiveram-se dez termos para compor a amostra piloto deste glossário. Pode-se constatar a importância do uso das três principais ferramentas do programa WordSmith Tools (WordList, KeyWord e Concord) para o sucesso da extração dos termos dos jornais online escritos. Observou-se, através do referencial teórico, a carência de exemplos de uso autênticos nos verbetes da língua de chegada presentes nos glossários disponíveis no mercado, o que acarreta maior dificuldade para o tradutor no momento da produção de textos, já que são registrados apenas os equivalentes, sem qualquer contextualização. Visando suprir esta deficiência, optamos por incluir este elemento nos verbetes da amostra piloto. Palavras-chave: Terminologia. Glossário. Microestrutura. Futebol. Linguística de Corpus.
ABSTRACT
This work consists of a proposal to develop a microstructure of a semi-bilingual glossary (Portuguese-English) of football terms. This is an empirical descriptive research, corpus driven, with the approach of Corpus Linguistics, especially in Berber Sardinha (2004). Based on the theoretical principles of Lexicography and Terminology supported in this research by Krieger and Finatto (2004), Pontes (2009), Tagnin (2009) and Welker (2004), it tries to provide elements for the elaboration of a semi-bilingual glossary of footballing terms from printed newspapers corpora. It is also intended to establish the necessary criteria for applying the Corpus Linguistics principles in this term collection via the WordSmith Tools computer program. With the help of this program and a careful choice on the part of the researcher, ten terms were obtained in order to compose the pilot sample of this glossary. It was found that the use of three main tools of the WordSmith Tools program (WordList, KeyWord and Concord) is important for a successful extraction of terms from online newspapers. It was also realized, through the theoretical references, that the lack of authentic examples of use in the target language entries in the glossaries available on the market, causes greater difficulties for the translator at the time of text production, since only the equivalent terms are recorded without any contextualization. Aiming to overcome this drawback, we chose to include this element in the entries of the pilot sample. Keywords: Terminology. Glossary. Microstructure. Football. Corpus Linguistics.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Tela inicial do programa WST e suas três ferramentas ..........................33
Figura 2 - Janela inicial do WordSmith ...................................................................33
Figura 3 - Controle da ferramenta WordList com a janela para a opção
Choose texts now ....................................................................................................34
Figura 4 - Janela que dá acesso aos arquivos do computador ..............................35
Figura 5 - Janela mostrando os arquivos selecionados ..........................................35
Figura 6 - Janela com opção Make a wordlist now da ferramenta WordList ..........36
Figura 7 - Janela em ordem alfabética ...................................................................37
Figura 8 - Janela com informação dos tokens e types ...........................................37
Figura 9 - Controller da KeyWord ...........................................................................38
Figura 10 - Janela mostrando a opção Getting Started ..........................................39
Figura 11 - Janela Getting Started mostrando opção Make a Keyword list
now ..........................................................................................................................39
Figura 12 - Ferramenta KeyWord com a janela Kws acessada ..............................40
Figura 13 - Controller ou janela da ferramenta Concord ........................................41
Figura 14 - Janela Getting Started da Concord com a opção Choose Texts
Now .........................................................................................................................42
Figura 15 - Janela Choose Texts da Concord carregada com arquivos de
um corpus................................................................................................................42
Figura 16 - Janela Getting Started da Ferramenta Concord com o nódulo
‘gol’ ..........................................................................................................................43
Figura 17 - Janela concordance da ferramenta Concord .......................................44
Figura 18 - Janela source text com a palavra gol inserida no contexto do
texto fonte................................................................................................................44
Figura 19 - janela collocates da ferramenta Concord .............................................45
Figura 20 - Janela patterns .....................................................................................46
Figura 21 - Janela Clusters.....................................................................................46
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................... 8
1.1 Justificativa ................................................................................................... 10
1.2 Questões de pesquisa ................................................................................. 11
1.3 Objetivos ....................................................................................................... 11
1.3.1 Objetivo geral .............................................................................................. 11
1.3.2 Objetivos específicos................................................................................... 12
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................... 13
2.1 A macroestrutura e a microestrutura .......................................................... 13
2.1.1 A macroestrutura ......................................................................................... 13
2.1.2 A microestrutura .......................................................................................... 15
2.2 O verbete ...................................................................................................... 15
2.3 Terminologia ................................................................................................. 21
2.4 Lexicografia x Terminografia ....................................................................... 22
2.5 Linguística de Corpus .................................................................................. 22
2.6 O programa WordSmith Tools .................................................................... 23
2.7 Dicionários e glossários: tipologia ............................................................. 25
2.7.1 Características internas do glossário aqui proposto .................................... 27
3 METODOLOGIA ............................................................................ 30
3.1 Constituição do corpus .............................................................................. 30
3.2 Procedimentos de coleta de textos, extração dos termos e análise
dos dados ........................................................................................................... 32
3.3 Critérios para a escolha dos termos .......................................................... 47
3.4 Sobre as fichas terminológicas .................................................................. 48
4 AMOSTRA DOS DEZ VERBETES DO GLOSSÁRIO
PORTUGUÊS/INGLÊS ..................................................................... 50
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 52
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................... 54
APÊNDICE ........................................................................................ 56
ANEXO ............................................................................................. 66
8
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como proposta o levantamento de um corpus
semibilíngue português/inglês para compor um glossário semimultilíngue,
português/espanhol/francês/inglês, de termos futebolísticos, como produto resultante
desta pesquisa, que será elaborado com mais duas colegas do Curso de
Especialização em Formação de Tradutores da Universidade Estadual do Ceará
(UECE), visando atender às necessidades de tradutores, como também de
jornalistas esportivos, economistas, profissionais da área, estudiosos etc.
O futebol se originou na Inglaterra, por volta do século XVII e, a partir daí,
foi sendo sistematizado e normatizado até chegar ao que é hoje; donde se constata
a presença de muitos termos futebolísticos na língua inglesa mantidos por parte de
muitos dos países que importaram esse jogo. Devido a isto, neste trabalho, demos
preferência à língua inglesa britânica como língua de chegada (LC) nesta
microestrutura, o que justifica a escolha de alguns jornais ingleses sobre futebol para
a coleta dos equivalentes e exemplos de uso nesta língua.
Considerando que a Copa do Mundo é um evento internacional e que o
futebol é um esporte conhecido praticamente em todo o mundo, percebemos a
importância da elaboração de um glossário semimultilíngue, envolvendo quatro
línguas (Inglês, Francês, Espanhol e Português), que trará as entradas e definições
em português, exemplos de uso em todas as línguas e o equivalente
correspondendo a cada entrada. Segundo Welker (2008, p. 358), os dicionários
semimultilíngues são, na verdade, dicionários monolíngues com tradução (DMTs)
registrando também os equivalentes na língua materna dos usuários e, às vezes,
traduções dos exemplos. Neste glossário, entretanto, o equivalente virá na língua de
partida (LP) do usuário e trará exemplos de uso autênticos nas línguas de chegada
(LC), ou seja, encontrados em ambientes naturais e não fabricados, visando facilitar
a produção de textos pelo tradutor brasileiro.
Sempre existirão palavras, expressões ou termos novos ou mesmo
desconhecidos, principalmente em se tratando de uma língua estrangeira, daí a
9
importância dos dicionários. Fazemos uso deles logo que nos alfabetizamos e, a
partir daí, sempre que sentimos dificuldade na compreensão leitora, ou mesmo por
curiosidade, ao nos deparamos com palavras estranhas ao nosso vocabulário.
Segundo Pontes:
O didatismo do dicionário faz que este seja um instrumento pedagógico da maior importância, desde que cumpra [...] suas funções, [...] de auxiliar o aluno no desenvolvimento de habilidades de leitura, escrita e comunicação oral (PONTES, 2009, p. 25).
O dicionário exerce papel fundamental no ofício do tradutor, pois, para
fazer uma boa tradução, o tradutor precisa ter à mão material que o subsidie na
compreensão e produção de textos tanto na sua língua quanto na língua estrangeira.
Os dicionários, com sua função esclarecedora e, principalmente, com exemplos de
palavras dentro do contexto da língua em uso, facilitam o seu trabalho, poupando-
lhe muito do seu tempo e evitando diversos problemas, dentre eles, erros nas
traduções e emprego de expressões idiomáticas ou referentes às diferenças
culturais.
Uma das tipologias de dicionários é o glossário semibilíngue, que traz em
sua macroestrutura termos de áreas especializadas, os quais são imprescindíveis
para os tradutores, especialmente nas traduções técnicas, além de serem
importantes para estudiosos e interessados na área que fazem uso de uma
terminologia específica. Segundo Krieger e Finatto:
Diante da funcionalidade operada pelos termos especializados na transmissão de informações e tecnologias, justifica-se a importância de seu conhecimento, bem como da divulgação de glossários, dicionários técnico-científicos e bancos de dados terminológicos (KRIEGER; FINATTO, 2004, p. 18).
Como o usuário “principal” deste glossário é o tradutor brasileiro e isso
não é pré-requisito para dominar terminologia nenhuma, acreditamos ser de
fundamental importância a presença da entrada seguida da definição em português.
10
1.1 Justificativa
A ideia de elaborar um glossário semimultilíngue
(português/espanhol/francês/inglês) de futebol direcionado por corpus surgiu pela
proximidade da Copa do Mundo de 2014, por sua repercussão na economia mundial
e pela necessidade de compreensão dos termos do futebol e de sua tradução para
várias línguas.
Sendo a Copa um mega evento que move praticamente todo o planeta a
cada quatro anos, consequentemente envolve muitas línguas e culturas e por isso
mesmo, é um terreno fértil para os tradutores. Daí a importância deste trabalho, que
acreditamos ser de aplicabilidade garantida.
Um tema relacionado com um evento desta monta é relevante tanto no
meio acadêmico, desportivo, econômico, quanto para o público em geral, pois
mesmo os não aficionados pelo futebol, neste período, se envolvem com o evento
por conta do apelo midiático e, também, por acreditarem-se representados pelo time
que joga pelo seu país. Muita coisa entra em jogo aqui, como, por exemplo:
patrocínios, contratos milionários, turismo, visibilidade para o país que sediará a
copa, empregabilidade e transmissão dos jogos em várias línguas. Este, certamente,
será um período em que trabalhos não faltarão para os tradutores, portanto,
glossários de qualidade facilitarão suas pesquisas, poupando-lhes tempo e
diminuindo as chances de erros em suas traduções.
Acreditamos que o público em geral sentirá curiosidade pelos termos do
futebol, até mesmo na sua própria língua, pois nem todos têm o domínio desta
terminologia e, neste período, as pessoas ficarão mais interessadas pelo assunto,
pois não querem passar por alienadas e ficar excluídas do tema dominante nas
rodas de conversa. Assim sendo, o glossário semimultilíngue que se objetiva servirá
para a compreensão dos termos futebolísticos tanto em português quanto nas três
línguas estrangeiras escolhidas, auxiliando não somente os tradutores, mas os
profissionais e estudiosos envolvidos neste evento e, de modo geral, todos os
falantes destas línguas, o que, por si só, já justificaria sua elaboração. Para Krieger
e Finatto:
11
A existência e a circulação de terminologias em distintos cenários comunicativos são testemunhos de que essas cumprem, prioritariamente, a dupla função de fixar o conhecimento técnico-científico e de promover sua transferência de modo pontual. Com isso delineia-se também o papel social das terminologias no âmbito da comunicação humana (KRIEGER; FINATTO, 2004, p.19).
Esperamos que este glossário auxilie tradutores em suas pesquisas que
envolvam esta terminologia.
1.2 Questões de pesquisa
Três questões norteiam esta pesquisa:
• O que diz a literatura da área de tradução e linguística de corpus sobre a
relevância do glossário semimultilíngue para o tradutor, ou seja, o acesso
a esse tipo de glossário facilita o trabalho dos tradutores?
• Quais são os critérios adotados para a elaboração de um glossário
semibilíngue de termos futebolísticos?
• Que elementos teóricos serão considerados para a realização de uma
microestrutura semibilíngue de termos futebolísticos?
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho é propor a criação de elementos para uma
microestrutura de um glossário semibilíngue (do português do Brasil para a língua
inglesa) de termos futebolísticos retirados de corpora jornalísticos escritos
disponíveis online.
12
1.3.2 Objetivos específicos
• Com base nos pressupostos teóricos da Lexicografia, da Terminologia e
da Linguística de Corpus realizar uma análise, direcionada pelo corpus,
dos elementos para a elaboração de um glossário semibilíngue de termos
futebolísticos retirados de corpora jornalísticos escritos (online);
• Compilação de corpora escrito e online com a abordagem da Linguística
de Corpus visando obter termos e exemplos de uso autênticos para a
elaboração de um glossário descritivo semibilíngue de futebol (português -
inglês).
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os pressupostos teóricos que respaldam este trabalho são a
Terminologia, a Terminografia e a Lexicografia. As principais referências que
fundamentam a pesquisa são Krieger e Finatto (2004), Pontes (2009) e Bowker, L. e
Pearson (2002) e Tagnin (2009 e 2010)
2.1 A macroestrutura e a microestrutura
2.1.1 A macroestrutura
Pontes (2009, p.73) afirma que a macroestrutura ou nomenclatura é
constituída pelo dicionário em si, ou seja, pelas entradas, que geralmente são
organizadas verticalmente e em ordem alfabética, facilitando a leitura por parte do
usuário. O autor também chama a atenção para certas particularidades
macroestruturais, no que concerne a: seleção do léxico, a ordenação das entradas,
apresentação polissêmica e homonímica, o tamanho da macroestrutura e entradas
representadas por variantes.
Quanto à seleção do léxico, este pode ser extraído a partir de um
corpus previamente estabelecido, como é o caso dos dicionários modernos, ou pode
ser retirado de dicionários já existentes, fazendo-se os ajustes necessários.
A ordenação das entradas ocorre de duas formas: a alfabética linear e
alfabética com agrupamentos. A primeira, segundo Pontes (2009, p. 77), “consiste
em seguir estritamente a ordem alfabética e trazer uma entrada principal para cada
dicionário”, tornando a consulta mais fácil por parte do usuário aprendiz. Já a
“disposição alfabética com agrupamentos consiste em agrupar primeiro as palavras
por famílias léxicas e ordená-las alfabeticamente.” Embora para Carvalho (2001
apud PONTES 2009, p.78), a razão principal para agrupamentos seja a economia de
14
espaços, aspecto tido como relevante; Pontes (2009, p. 78) afirma que “esse
procedimento dificulta a localização das palavras, sobretudo por aqueles que não
tiveram uma boa orientação para consultar dicionários”.
Quanto à apresentação polissêmica e homonímica, no primeiro caso,
encontramos todas as definições para aquela palavra numa mesma entrada, e, no
caso da apresentação homonímica, são distribuídas em entradas diferentes, uma
embaixo da outra, levando em consideração a ordem alfabética. Segundo
Hernández (1989 apud PONTES, 2009, p. 79), “a fronteira muitas vezes difusa entre
a homonímia e a polissemia, apresenta muitas dificuldades à prática lexicográfica. A
maioria dos dicionários, e entre eles os escolares, não oferecem soluções uniformes
para seu tratamento”. Entretanto, Pontes (2009, p.80) sugere que as palavras sejam
registradas em entradas diferentes quando os seus significados forem claramente
diferenciados, a fim de tornar o dicionário mais didático.
Quanto ao tamanho da macroestrutura , Pontes (2009, p.83) observa em
sua pesquisa sobre dicionários, que os minidicionários, apesar de sua vasta
nomenclatura, muitas vezes, sacrificam espaços que deveriam ser ocupados com
outras informações, como, por exemplo, exemplos de uso. Diz ainda que a grande
quantidade de entradas fomenta o mito de que a qualidade do dicionário está
diretamente relacionada com o número de entradas que registra.
Nos dicionários, as entradas representadas por variantes
ortográficas podem aparecer numa só entrada (como em loiro ou louro) ou em mais
de uma, sendo que cada entrada remete o usuário à outra. Um mesmo dicionário
pode, ainda, conter as duas formas. Segundo Martínez de Souza:
A grande maioria dos lexicógrafos defende que a variante deve ter uma entrada independente na nomenclatura do dicionário para conformar-se ao princípio lexicográfico, segundo o qual para cada palavra deve ter uma entrada própria no dicionário (MARTÍNEZ DE SOUZA, 1995 apud PONTES, 2009, p. 84).
15
2.1.2 A microestrutura
A microestrutura é formada por todas as informações relativas à entrada,
como, por exemplo, classificação gramatical, definição, marcas de uso, exemplos de
uso, equivalentes (no caso do dicionário bilíngue) e remissivas. Pontes (2009, p. 95)
afirma que a microestrutura “consiste em um conjunto de paradigmas (ou
informações) ordenados e estruturados, dispostos horizontalmente, ou seja,
linearmente, após a entrada, dentro de cada verbete”.
Barbosa (1990 apud PONTES, 2009, p. 96) sugere uma microestrutura
com três macroparadigmas: paradigma informacional (PI), paradigma definicional
(PD) e paradigma pragmático (PP) e que esses podem se subdividir dependendo,
dentre outras coisas, do objetivo da obra lexicográfica. O PI é constituído pelas
informações gramaticais e fônicas, o PD é formado pela definição e o PP é formado
pelos exemplos de uso ou abonações, informações culturais, etc.
Podemos dizer que a microestrutura subdivide-se em dois tipos: a
microestrutura abstrata, que é uma estrutura ‘vazia’, a ser preenchida com os dados
fornecidos pelo lexicógrafo, e a microestrutura concreta, que é a estrutura não mais
‘vazia’, já preenchida com os dados. Para Pontes (2009, p.97), “a microestrutura
concreta constitui a realização da microestrutura abstrata”.
2.2 O verbete
O verbete é constituído pela entrada e pelos paradigmas ou informações
como, por exemplo, informação gramatical, informação fônica, definição, exemplos
de uso, equivalentes e informações culturais (nos dicionários bilíngues) e remissivas.
Vale esclarecer que nem todos os paradigmas acima citados irão compor
toda obra lexicográfica ou terminográfica, isto vai depender do público alvo, do
objetivo, do tipo do dicionário e, até mesmo, dos critérios de escolha do lexicógrafo,
16
autor da obra, embora alguns deles sejam comuns a todas as obras, como a entrada
e a definição.
Segundo Barbosa (1996 apud PONTES, 2009, p.100), o verbete é
formado pela entrada e o enunciado lexicográfico, o qual compreende todos os
paradigmas, incluindo a definição. Pontes (2009, p.140) aponta que, para facilitar a
utilização da obra lexicográfica e para que esta possa ser aproveitada em sua
plenitude, os critérios de ordenação do verbete devem se dar de forma uniforme e,
de preferência, devem ser informados na parte introdutória da obra.
Na obra lexicográfica, a entrada é a palavra que aparece em primeiro
lugar no verbete, devendo vir em destaque e em ordem alfabética, para facilitar a
sua localização por parte do usuário. Ela é seguida do enunciado, isto é, de todas as
informações que a seguem e que são referentes a ela. Para Pontes (2009, p. 112),
“a entrada principal, ou simplesmente entrada [grifos do autor], é aquela que inicia
o verbete de dicionário e apresenta-se como lema, determinando-se comumente
como tal”.
Entretanto, nos glossários (obras terminográficas), tanto as palavras
(unidades lexicais simples), quanto as fraseologias (unidades lexicais complexas)
constituem as entradas. Ex: a colocação ‘gol contra’ é registrada da mesma forma
que a palavra ‘gol’ num glossário de futebol, ou seja, como entrada.
Krieger e Finato (2004, p.52) afirmam que “Em Terminografia, mesmo que
o termo seja sintaticamente construído ao modo de um sintagma, ele é uma entrada
de verbete;...”.
Nos dicionários, a entrada deve ser lematizada, ou seja, a palavra deve
estar na sua forma não flexionada, sendo aconselhável explicar a lematização na
parte introdutória da obra lexicográfica, para facilitar a sua utilização pelo usuário.
Segundo Pontes:
A lematização pode constituir uma dificuldade para o leitor: um aprendiz procura o sentido da forma estivemos, mas precisa saber que a forma flexionada representa-se como entrada no infinitivo; o substantivo flexionado registra-se como masculino singular, ou seja, o masculino singular para os substantivos, os adjetivos e os pronomes; o infinitivo para os verbos. (PONTES, 2009, p.73).
17
Entretanto, nos glossários as entradas não são lematizadas, sendo
registradas de acordo com seu uso nas respectivas áreas. Krieger e Finatto (2004,
p.51) observam que na obra terminográfica “o termo é reproduzido em sua forma
plena, conforme utilizado nas comunicações profissionais, por exemplo, é registrado
no feminino, no plural; não sofrendo redução a uma forma canônica, conforme faz a
Lexicografia”.
Das constatações de Pontes (2009) em sua pesquisa sobre dicionários,
podemos observar que, nas obras por ele consultadas, a entrada aparece de
diferentes formas, mas sempre destacada, ou seja, o tipo de letra da entrada é
sempre diferente do restante do verbete, seja no tamanho, no formato (caixa alta ou
não), ou na cor, que pode ser preta, azul ou vermelha, podendo, inclusive, vir em
negrito. Em alguns dicionários, a entrada vem com separação silábica.
Segundo o autor, a subentrada, que constitui uma parte sintagmática do
verbete, é registrada após as acepções da entrada. Pontes (2009, p.127) sugere que
a subentrada também deve vir destacada, diferenciando-se tanto do enunciado
quanto da entrada, o que facilitará a localização daquelas por parte do usuário. Esta
é outra diferença entre a obra lexicográfica e a obra terminográfica, pois a segunda
não registra subentradas, já que traz, além das palavras, as fraseologias como
entradas.
Nos dicionários, as colocações, diferentemente das outras unidades
fraseológicas (UF), aparecem mais frequentemente dentro das próprias definições
ou até mesmo nos exemplos de uso; salvo raras exceções, em que figuram como
subentrada. Embora não sejam muitos os autores que lançam mão do exemplo de
uso. Pontes (2004).
A informação fônica é o paradigma, utilizado nos dicionários, que
registra a pronúncia da palavra. Localiza-se, em geral, logo depois da entrada e
pode vir entre parênteses, colchetes ou barras. Existem dois tipos de transcrição
fônica: a fonética, que se baseia pelo alfabético fonético, e a figurada, pelo alfabeto.
Rios Mestre aponta que:
Nos dicionários em CD-ROM a pronúncia da palavra pode ser reproduzida acusticamente. Este novo sistema permite conhecer a pronúncia 'real', pois
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a transcrição fonética não deixa de ser uma representação abstrata que há de se interpretar (RIOS MESTRE, 1999 apud PONTES, 2009, p. 131).
Independente do sistema de notação que se adote, é imprescindível que
conste, na parte introdutória do dicionário, os símbolos fonéticos e exemplos que
orientem o usuário com relação à pronúncia.
A informação gramatical, registrada nos dicionários, é constituída de
categoria e subcategoria gramatical. Segundo Pontes (2009, p.145) elas são
implícitas quando aparecem nas definições, nos exemplos de uso, nos contornos
definicionais ou em qualquer lugar do verbete, como no caso da informação
gramatical sintática; e explícitas quando se indicam, aparecendo após a entrada, ao
lado da definição, que é o caso da informação gramatical morfológica. Quando
explícita, a informação gramatical vem em letra minúscula e em itálico, como s.m.
(substantivo masculino). Este é um paradigma básico, não podendo faltar nas obras
lexicográficas, dada a sua importância tanto na codificação como na decodificação
de textos.
Krieger e Finatto (2004, p. 52) observam que atualmente é cada vez mais
comum o registro de informações gramaticais, variações, sinonímias, etc., nas obras
terminográficas, ou seja, nos glossários.
Quanto à definição Krieger e Finatto (2004, p.92) observam que há
vários tipos, dentre elas: a terminológica, que define os termos técnico-científicos,
trazendo em sua essência conhecimentos formais; a lexicográfica, em que
predominam as informações linguísticas, e a explicativa ou enciclopédica, que traz
informações variadas sobre o lema, com muitas referências.
Segundo Pontes (2009, p.170) a definição deve ser completa, mas não
muito longa, deve ser simples e clara visando o usuário a que se destina.
Krieger e Finatto (2004, p. 92) esclarecem que muitas definições
terminográficas são meras transposições de definições de dicionários gerais, ou
seja, definições lexicográficas.
Quanto ao discurso contido na definição, Pontes (2009, p. 175) diz que
autores clássicos da Lexicografia afirmam “que a definição não deve revelar
19
nenhuma ideologia”, embora muitos autores discordem (Krieger e Finatto, 1996;
Nunes, 2006; Orlandi, 2003; Ester Forgas,1996) dizendo ser impossível não se
posicionar ideologicamente, seja conscientemente ou não.
Os exemplos de uso ou abonações podem ser registrados em
dicionários ou glossários, após a definição, visando também complementá-la, assim
como ensejando a compreensão da palavra entrada e a produção de textos com sua
inserção.
O exemplo de uso é um enunciado que se acrescenta à definição para comprovar, ilustrar ou abordar a palavra-entrada. Enquanto a definição constitui um modelo geral e abstrato, os exemplos se comportam como modelos concretos que servem ao usuário do dicionário para repeti-los ou para formar enunciados paralelos com o aval de um modelo de construção atual [...] (HERNÁNDEZ, 1994 apud PONTES, 2009, p. 214).
Os exemplos de uso podem ser artificiais ou autênticos. Os artificiais são
prescritivos e criados com a finalidade de serem levados ao dicionário, enquanto os
autênticos (descritivos) são encontrados na fala das pessoas de uma comunidade,
nos textos jornalísticos, livros etc. Conforme Pontes:
Os exemplos de uso podem ser extraídos de corpora textuais, orais ou escritos (exemplos autênticos ), podem ser inventados (exemplos fabricados ) ou ainda baseados em corpus, mas adaptados pelo lexicógrafo (exemplos adaptados ) [grifos do autor] (PONTES, 2009, p. 217).
Com relação aos dicionários ou glossários bilíngues, o que se observa é o
registro de equivalentes, mas não o de exemplos de uso, que são imprescindíveis
para o tradutor. Mesmo nos dicionários semibilíngues, geralmente se colocam os
exemplos de uso apenas na língua de chegada (LC), quando, na língua de partida
(LP), vêm apenas os equivalentes, o que torna o glossário ainda insuficiente para o
trabalho do tradutor, posto que estes estão descontextualizados. Tagnin observa:
Quando se reflete sobre as necessidades do tradutor, pensa-se imediatamente que ele precisa de equivalente, o que não deixa de ser correto. No entanto, considerando que esse profissional é, antes de tudo, um produtor de textos e que seu objetivo é produzir um texto natural, ele
20
precisa de exemplos que contextualizem o vocábulo, assim como as informações sobre os padrões linguísticos e textuais em que esse vocábulo ocorre, ou seja, o tradutor precisa conhecer as colocações e eventuais fraseologias daquele item lexical (TAGNIN, 2009, p. 1082).
Os equivalentes são registrados já quase no final do verbete dos
dicionários ou glossários, sejam estes bilíngues ou multilíngues, vindo antes dos
exemplos de uso que o contenham e da remissiva. Eles constituem a tradução da
palavra-entrada, que é essencial para o tradutor, mas não suficiente, devendo vir
acompanhado do exemplo de uso, como foi esclarecido na citação de Tagnin. Para
Baldinger (1985 apud WELKER, 2004, p.194) existem dois tipos de equivalência,
sendo uma por sinonímia, registrada nos dicionários bilíngues, e outra por definição,
registrada nos dicionários monolíngues.
As informações culturais se fazem necessárias quando falta o
equivalente na língua de chegada, devendo ser registrada tanto na obra
lexicográfica como na terminográfica. Elas servem como subsídio para uma possível
tradução. Segundo Tagnin (2009, p. 1082), quando o termo não tem um
correspondente na língua de chegada, as informações culturais trarão outras
possibilidades de tradução ou adaptação.
As remissivas remetem o usuário de um local a outro da obra
lexicográfica ou terminográfica e constituem a medioestrutura. Segundo Pontes
(2009, p.89), as remissivas podem ser classificadas como internas, quando ocorrem
dentro do verbete ou dentro da macroestrutura, e externas quando acontecem nos
textos, fora da macroestrutura. Elas podem ser explícitas ou implícitas. As primeiras
podem ser marcadas com c.f (conferir), q.v (queira ver), v (ver) e até por algum
número que remeta a outro ponto do dicionário. Segundo Barros (2004 apud
PONTES, 2009, p. 91), a remissiva implícita acontece quando ocorre uma sequência
de entradas, em ordem alfabética, que representam uma mesma família de palavras.
Exemplo de remissiva implícita dada por Ferreira (2001 apud PONTES, 2009, p. 91):
e.mi.gra.do adj. sm. Emigrante.
e.mi.gran.te adj2g. s2g. Que ou quem emigra; emigrado.
21
2.3 Terminologia
A Terminologia é de grande importância para os terminógrafos, pois esta é
a disciplina que estuda o termo ou léxico especializado, que constitui a
macroestrutura de um glossário. Segundo Krieger e Finatto:
A Terminologia é uma disciplina que possui seu objeto primordial definido: o termo técnico-científico. É esse objeto que marca a identidade da área, embora a fraseologia especializada e a definição terminológica também tenham passado a integrar seus horizontes de pesquisa (KRIEGER; FINATO, 2004, p. 20).
A Terminologia surgiu da necessidade de padronização dos termos
especializados no cenário internacional, tendo como seu fundador Eugene Wüster
(1898-1977). Esta necessidade ocorreu com o aumento constante dos termos
devido à evolução das áreas especializadas. Surgiram várias vertentes teóricas da
Terminologia com o passar dos anos, dentre elas a Teoria Comunicativa, proposta
por Maria Teresa Cabré (1999), que assume uma postura descritiva, embora
reconheça também a importância da função prescritiva e da função normalizadora
presentes na Teoria Geral da Terminologia (TGT) de Wüster. Para Guerra:
A proposta de Cabré tem […] como princípio fundamental, uma teoria de base comunicativa. Sua proposta parte do pressuposto de que os termos não são unidades isoladas constituindo um sistema próprio, mas unidades que se incorporam ao léxico do falante, à medida que este adquire conhecimentos especializados (GUERRA, 2006, p. 40).
Com a Teoria Comunicativa da Terminologia surge uma nova forma de se
fazer dicionários, que valoriza o contexto no qual o vocábulo está inserido. Os
tradutores ganham muito com o viés descritivo da TCT, pois os dicionários
confeccionados sob esta ótica registram os exemplos de uso autênticos, facilitando a
produção de textos e tornando-os mais naturais.
22
2.4 Lexicografia x Terminografia
Já que estamos tratando da elaboração de glossários, devemos levar em
consideração as duas faces da Lexicografia, a teórica e a aplicada. Percebemos
que, ao possuir essa interface com a Terminologia, a Lexicografia se justifica, por um
lado, como fundamentação teórica e, por outro, como metodologia. Para sermos
mais específicos, a Lexicografia está para os dicionários assim como a Terminografia
está para os glossários, embora ambas, apesar de suas especificidades, não sejam
excludentes. Segundo Krieger e Finatto:
A própria dualidade teórica e aplicada da Lexicografia consiste em um dos pontos de correlação com a Terminologia que também comporta uma dimensão dupla, reunindo fundamentos e aplicações, sendo este o caso da Terminografia (KRIEGER; FINATTO, 2004, p. 49).
Podemos afirmar que o aprofundamento em Lexicografia e Terminografia
se faz imprescindível para quem tenciona elaborar glossários, pois estas são as
disciplinas que mais diretamente estão vinculadas à confecção de dicionários.
Através delas, juntamente com a Linguística de Corpus, obtivemos o modus
operandi da elaboração da microestrutura da amostra piloto, que é descritiva, assim
como da nossa pesquisa, pois os termos são apresentados como utilizados em
ambientes naturais e não refutamos nenhum modelo. Baseamo-nos no contexto sem
criticá-lo.
2.5 Linguística de Corpus
A Linguística de corpus trata da coleta e extração de palavras em textos
autênticos, especialmente com o emprego de programas computacionais, que
evoluem a cada dia, tornando-se mais confiáveis e velozes, tanto que hoje existem
corpora de tamanhos antes inimagináveis. Segundo Berber Sardinha:
23
A linguística de Corpus ocupa-se da coleta e da exploração de corpora, ou conjuntos de dados linguísticos textuais coletados criteriosamente, com o propósito de servirem para a pesquisa de uma língua ou uma variedade linguística. Como tal, dedica-se à exploração da linguagem por meio de evidências empíricas, extraídas por computador (BERBER SARDINHA, 2004, p. 3).
Apesar do avanço da linguística de corpus, Pontes constata que:
No Brasil, os dicionários examinados [...] não compõem sua nomenclatura a partir de um corpus previamente estabelecido, como fez a equipe do dicionário COBUILD. Nenhum deles indica como realizou a seleção léxica e de onde foi extraído seu material lexicográfico. São dicionários que constituem acervos de palavras recolhidas ao longo dos anos, sem preocupação com seus usos. Trata-se, então, de uma espécie de depósito de palavras levantadas aleatoriamente, sem critérios. Por isso, são considerados completos, mas só fazem reforçar o mito, segundo o qual um dicionário é aquele cuja qualidade está ligada diretamente ao número de entradas que registra (PONTES, 2009, p. 81).
Na elaboração de glossários, a linguística de corpus é de grande
utilidade, especialmente se direcionada pelo corpus, pois, nesta abordagem, os
corpora têm que ser autênticos e falados prioritariamente por especialistas, e, com o
emprego de programas computacionais, fazem-se coletas de textos e extração de
termos em massa, trazendo inúmeros exemplos de uso muito úteis para o tradutor,
que terá um grande suporte de uma obra lexicográfica desta natureza.
Segundo Tagnin (2009, p.1080) “embora haja muitos glossários no
mercado poucos foram elaborados para atender às necessidades do tradutor, cuja
tarefa principal é a produção de um texto natural e fluente, [...]”. Tagnin acrescenta
que “a compilação de glossários direcionados por corpora tem sido o foco dos
Cursos de Tradução da Universidade de São Paulo em diversas ocasiões [...]”.
2.6 O programa WordSmith Tools
O programa WordSmith Tools (WST) de autoria de Mike Scott é um
programa computacional utilizado na coleta e processamento de corpus que
24
conforme Berber Sardinha (2004, p.83) é um “programa de computador muito útil na
operacionalização da descrição linguística com corpus...”
Fizemos uso da versão 5.0 deste programa que é composto por três
ferramentas: A WordList, a KeyWords e a Concord.
A WordList - extrai listas de palavras de textos que lhe sejam fornecidos.
Sempre que se carregar esta ferramenta com textos e se solicitar dela a extração de
lista de palavras, ela mostrará três pequenas abas que, ao serem clicadas, abrem as
janelas que representam: em ordem alfabética, por frequência e estatísticas, com
relação aos dados usados na extração das listas.
A janela de ordem alfabética informa as palavras em ordem crescente, o
percentual da frequência de cada palavra e em quantos textos cada palavra
apareceu. A janela da frequência informa a palavra por ordem de frequência, a
frequência (da maior para a menor), o percentual das frequências, a quantidade de
textos em que elas apareceram e o percentual em relação à quantidade de textos
em que elas apareceram. A janela de estatísticas, dentre outras informações,
informa file size (tamanho do arquivo), tokens (itens lexicais) e types (palavras
distintas).
A KeyWords - ao ser carregada com duas listas de palavras extraídas
previamente pela WordList, uma representando um corpus de estudo e a
outra um corpus de referência, mostrará numa só janela, um comparativo da
frequência, de onde se deduz as palavras-chave, que são as mais frequentes no
corpus de estudo e, ao mesmo tempo, menos frequentes no corpus de referência.
Janelas da KeyWords que utilizamos nesta pesquisa: a janela KWs , que fornece as
palavras-chave, sua frequência no corpus de estudo e no corpus de referência (em
letra vermelha) e a janela keyness (chavicidade) que representa numericamente a
chance que cada palavra-chave tem de vir a ser um candidato a termo. Nesta
trabalhamos apenas com as três primeiras. A janela clusters exibe agrupamentos
lexicais recorrentes no corpus contendo ou não a palavra de busca.
A Concord - Ao ser carregado com o mesmo corpus de estudo ou de
referência que foi levado anteriormente a WordList, qualquer das palavras ou
fraseologias contidas nas listas extraídas por esta ferramenta poderá ser consultada
25
na Concord, como palavra de busca ou nódulo. Para a palavra ou fraseologia
consultada (nódulo) a Concord fornecerá várias janelas, também representadas por
abas ou etiquetas: concordance, collocates, clusters, patterns, context, source text,
etc. Nesta ferramenta, são fornecidas concordâncias, listagens de ocorrências para
cada item no contexto.
A janela concordance trás a palavra ou fraseologia inserida no cotexto.
A janela collocates mostra os colocados, que segundo Berber Sardinha
(2004, p.110) são as “palavras ao redor da palavra de busca, em posições
determinadas.” Em geral, os collocates apresentam conectivos, como preposições,
conjunções; adjuntos adnominais como artigos, adjetivos etc. Através dos colocados
podemos inferir possíveis colocações. Ex. Cara (p. 41, figura 19) aparece na
segunda posição à esquerda do gol (L2) que é a palavra central. De onde
deduzimos a colocação cara do gol.
A janela clusters pode trazer colocações contendo a palavra de busca, e
quando ocorrem são mostradas claramente, seguida de sua frequência e do número
de itens lexicais que a compõem (length). Ex: Cara do gol (p. 43 figura 21), Freq.- 9,
Length - 3.
A janela patterns, segundo Berber Sardinha (p. 111, 2004) é a lista de
resumo dos colocados com a palavra de busca (centre).
A janela source text mostra o contexto no qual a palavra de busca está
inserida, é onde encontramos os exemplos de uso. Para acessar essa janela, damos
um duplo clique nas palavras destacadas em azul na janela concordance, que
seremos levados ao texto fonte de onde a palavra foi extraída.
2.7 Dicionários e glossários: tipologia
Uma das classificações possíveis de tipologias de dicionários, segundo
Pontes (2009, p.31) está relacionada aos dicionários de aprendizagem de uma
26
língua estrangeira, poderiam ser divididos em: dicionários monolíngues, bilíngues e
semibilíngues.
Os dicionários monolíngues para estrangeiros (DMEs) são dicionários
ou glossários com todas as informações numa determinada língua estrangeira,
embora contenham definições mais claras do que o dicionário monolíngue para
nativos daquela mesma língua. Segundo Pontes (2009, p.35), este dicionário deve
conter exemplos de uso para ajudar na compreensão da entrada e na produção de
textos.
Os dicionários bilíngues são mais indicados para quem está iniciando o
aprendizado de uma língua estrangeira. Eles são, geralmente, pobres em exemplos
de uso e, por isso, são mais úteis na compreensão do que na produção de textos.
Por sua vez, em dicionários semibilíngues, Pontes (2009, p.37) afirma que:, “[...]
as palavras estão definidas de forma muito simples na língua que se está
aprendendo”, trazem exemplos de uso para o lema e registram equivalentes para as
entradas.
Welker (2008, p. 358) discorda do nome dado à esta tipologia de
dicionário citada por Pontes (2009), preferindo chamá-los de dicionários
monolíngues com traduções (DMTs) e acrescenta que:
[...] são DP [dicionários pedagógicos] em cujos verbetes a maior parte é monolíngue em LE [língua estrangeira], havendo, entretanto, também equivalentes na LM [língua materna] dos usuários e, às vezes, traduções de exemplos (WELKER, 2008, p. 358).
Outra classificação possível para os dicionários, segundo Baldinger (1960
apud Welker, 2004, p.47) seria em semasiológicos e onomasiológicos. O dicionário
semasiológico parte do lexema para o significado, enquanto no onomasiológico
ocorre o inverso, ou seja, ele parte do conceito para o significante. A grande
vantagem do dicionário semasiológico é a facilidade com que se localizam as
palavras, já que aparecem organizadas em ordem alfabética.
No dicionário onomasiológico as palavras podem ser organizadas por
idéias ou por categorias. Segundo Welker (2004, p. 50), o dicionário analógico, que
27
é um tipo de dicionário onomasiológico, pode ser muito vantajoso na produção de
textos, pois a entrada vem seguida de muitas palavras e expressões relacionadas a
ela. Entretanto, mesmo com esta vantagem, a busca por uma determinada palavra
nos dicionários onomasiológicos pode representar uma dificuldade, pois a
organização por categorias é muito subjetiva, podendo-se localizar certa palavra
numa categoria ou em outra e, além disso, há um acúmulo de lexemas por
categorias sem as respectivas explicações, o que faz com que o usuário tenha que
recorrer a outro dicionário.
Temos também o dicionário especializado que segundo Pontes (2004,
p.31) é o “dicionário destinado a um grupo especializado numa área do
conhecimento”. Vale acrescentar que o dicionário especializado ou glossário é
destinado também a tradutores e profissionais de diversas áreas que por alguma
razão necessitem das informações deste tipo de obra.
2.7.1 Características internas do glossário aqui proposto
A microestrutura abstrata deste glossário será constituída dos paradigmas
informados no quadro abaixo:
...........informação gramatical. Definição em português. Exemplo de uso em
português. Fonte do exemplo de uso. � equivalente ou informação cultural.
Exemplo de uso em inglês. Fonte do exemplo de uso. Remissiva.
A entrada do glossário que propomos será simples, ou seja, só haverá
uma entrada por verbete, tendo em vista que em obras terminográficas não se
utilizam subentradas.
Assim sendo, a entrada da amostra do glossário é constituída de uma
palavra ou colocação futebolística na língua portuguesa, foi grafada em letra
minúscula de cor azul, negritada. Entretanto, quando a entrada representar nomes
28
próprios, será informado entre colchetes, após a definição, que a primeira letra deve
ser grafada maiúscula.
A informação gramatical foi grafada em itálico e com ponto logo após a
abreviação da categoria e da subcategoria, como em s.f. (substantivo feminino). A
definição da palavra entrada, por sua vez, foi registrada após a informação
gramatical. Salientamos que as fontes das definições serão informadas nas páginas
introdutórias do glossário, levando em consideração que todas serão retiradas do
Minidicionário contemporâneo da língua portuguesa Caldas Aulete, online, sempre
que não forem encontradas no corpus repertoriado e desde que correspondam à
terminologia futebolística, assim como fizemos na amostra piloto.
Os exemplos de uso em português são autênticos e foram registrados em
itálico após a definição. Sendo seguido imediatamente pela sua fonte que é grafada
em letra normal.
Após todas as informações em português registramos o equivalente da
palavra entrada na língua inglesa britânica, que foi grafado em letra vermelha
minúscula, precedido pelo símbolo ‘�’.
Chamamos a atenção para o exemplo de uso na língua de chegada
(inglês), o que não aparece na maioria dos glossários, sejam eles bilíngues ou
semibilíngues. Este registro facilita o trabalho do tradutor também na língua de
chegada. As fontes dos exemplos de uso foram registradas logo em seguida a eles.
Por serem autênticos não podemos nos furtar de informá-las.
As informações culturais só serão fornecidas quando faltar um
equivalente para a entrada, auxiliando o tradutor ao dar-lhe sugestões de tradução
ou adaptação. Elas serão registradas após a informação da fonte do exemplo de uso
da entrada, no lugar do equivalente, o que não ocorreu na amostra piloto, devido a
todas as entradas possuírem equivalentes na língua inglesa.
As remissivas foram registradas no final do verbete, após a palavra ‘Ver’
seguida de dois pontos. Elas foram grafadas nos casos de sinonímia, homonímias e
colocações.
29
Abaixo mostramos a microestrutura concreta do segundo verbete da
amostra piloto deste glossário.
atacante. s. Jogador que tem função de atacar, que integra o ataque de um time. O
atacante esmeraldino podia chutar, mas hesitou e permitiu a recuperação da
marcação. Fonte: Gazeta esp. � striker. s. He's a player with great ability and a world-
class striker…Source: The guardian. Ver: centroavante, meia- atacante.
30
3 METODOLOGIA
A metodologia utilizada na elaboração deste glossário é empírica
descritiva, direcionada pelo corpus. Buscamos fornecer elementos para a
elaboração de um glossário semibilíngue de termos futebolísticos retirados de textos
autênticos contendo esta terminologia e, ao mesmo tempo, estabelecemos os
critérios necessários para a coleta dos termos a partir dos princípios da Linguística
de Corpus e com a utilização da ferramenta WordSmith Tools.
Constamos, a partir das referências teóricas, a deficiência da maioria dos
glossários existentes no mercado, no que diz respeito à falta de exemplos de uso na
língua estrangeira, o que dificulta a produção de textos. O produto desta pesquisa foi
uma amostra de dez verbetes com termos futebolísticos para compor um glossário
semibilíngue a ser elaborado.
3.1 Constituição do corpus
Quanto à constituição do corpus, são quatro os pré-requisitos
preceituados por Berber Sardinha (2004, p.19): a) o corpus deve ser composto de
textos autênticos, em linguagem natural e não fabricados; b) os textos devem ser
falados por falantes nativos; c) o conteúdo do corpus deve ser escolhido
criteriosamente, obedecendo a um conjunto de regras estabelecidas por seus
criadores de modo que o corpus coletado corresponda às características desejadas
e d) representatividade.
Quanto aos princípios da autenticidade e naturalidade, acreditamos que
foram atendidos, pois coletamos textos escritos em jornais disponíveis na internet,
em ambas as línguas; como um livro de um autor inglês e ainda 35 arquivos da área
de humanas do lacioref, sendo os textos em linguagem natural e também falados
por falantes nativos.
31
Com relação ao quarto princípio, o princípio da representatividade,
embora geralmente se vincule o tamanho do corpus à representatividade, veja o que
Bowker, L. e Pearson (2002, pag. 45) observam:
Infelizmente, não existem regras consistentes e rápidas que possam ser seguidas para que se determine o tamanho ideal de um corpus. Ao invés disto, você terá que tomar decisões baseadas em fatores como as necessidades do seu projeto e a disponibilidade de dados e de tempo. É muito importante, entretanto, não presumir que o maior é sempre o melhor. Você pode descobrir que pode conseguir mais informações úteis de um corpus pequeno, embora mais bem planejado do que outro, que apesar de maior, não se aplica às suas necessidades. 1
Levando em conta os fatores abordados por Bowker e Pearson (2002)
com relação à representatividade, inclusive considerando a disponibilidade de dados
e de tempo, acreditamos que o tamanho dos nossos corpora seja satisfatório para a
nossa pesquisa.
Nesta pesquisa trabalhamos com um corpus comparável de futebol
(português-inglês) e dois corpora de referência um para cada língua.
Segundo Tagnin (apud Viana e Tagnin, 2010, p.358), o “corpus
comparável é composto por dois subcorpora com textos originais na língua de
partida (LP) e na língua de chegada (LC)”, o de referência “[...] serve de termo de
comparação para o corpus de estudo” e o de estudo é o “corpus em que se baseia a
pesquisa a ser desenvolvida”.
Vale salientar que o nosso corpus de estudo é constituído do subcorpus
de futebol em português, por ser esta a língua de partida deste glossário. Para o
subcorpus de português, os textos foram retirados dos jornais: Folha de São Paulo,
Gazeta Esportiva e Globo Esporte, somando em 174 arquivos constituídos de
70.405 tokens (itens lexicais) e para o subcorpus de inglês os textos foram retirados
1Nossa tradução para: Unfortunately, there are no hard and fast rules that can be followed to determine the ideal size of a corpus. Instead, you will have to make this decision based on factors such as the needs of your Project, the availability of data and the amount of time that you have. It is very important, however, not to assume that bigger is always better. You may find that you can get more useful information from a corpus that is small but well designed than from one that is larger but is not customized to meet your needs.
32
dos jornais: The Daily Mail, The Daily Telegraph, The Guardian e The Sun, somando
em 144 arquivos constituídos de 80.208 tokens.
Para o corpus de referência em português, retiramos 35 arquivos do
corpus de Humanas - Lacioref, do projeto Lacio-Web, da Universidade de São Paulo
(USP), somando em 35 arquivos constituídos de 267.805 tokens. Enquanto para o
corpus de referência em inglês, utilizamos o conteúdo do livro The Money Moon, do
autor inglês Jeffery Farnol, um romance de 1922, editado em 2007, obtido através
do domínio Project Gutenberg e textos não futebolísticos retirados dos jornais: BBC,
TheDaily Mail, The Daily Telegraphy, The Guardian e The Sun, somando em 278
arquivos e 283.063 itens lexicais. Todos os jornais estavam disponíveis na internet e
são de 2012. Os itens lexicais ou tokens foram informados pela ferramenta WorList.
3.2 Procedimentos de coleta de textos, extração dos termos e análise dos
dados
A coleta dos dados se iniciou com a seleção dos textos mencionados no
subcapítulo 3.2 (Constituição do corpus).
Considerando que não dominamos os programas computacionais de
coleta de textos em massa sugeridos por Berber Sardinha (2004, p. 45), a seleção
dos textos se deu manualmente, demandando bastante de nosso tempo. Daí a
importância de uma equipe contendo pelo menos um membro que lide com tais
programas.
Após selecionar cada texto, os copiamos e salvamos no formato ‘.txt’
(bloco de notas), que é um dos formatos de arquivos compatíveis com o programa
WST.
Já a extração de listas de palavras e de palavras-chave dos textos
previamente selecionados foi bem rápida, questão de segundos, tendo em vista o
emprego do WST, um programa de fácil operacionalização conforme demonstrado a
seguir:
33
Ao selecionarmos o ícone do programa WST, salvo na área de trabalho
do computador, apareceu a janela inicial com as três ferramentas: WordList,
KeyWords e Concord (figura 1).
Figura 1 - Tela inicial do programa WST e suas três ferramentas
Para a extração da lista de palavras contida nos corpora acessamos a
ferramenta WordList do programa WST.
Figura 2 - Janela inicial do WordSmith
34
A única opção da janela que utilizamos na pesquisa foi a File. Ao
selecionar as opções File e, em seguida, New, vimos a janela Getting started, com a
opção em destaque Choose texts now.
Figura 3 - Controle da ferramenta WordList com a janela para a opção Choose texts now
Ao selecionar a opção Choose texts now (figura 3), aparece outra janela
que dá acesso aos arquivos do computador, de onde chamamos os arquivos
contendo os corpora já salvos.
35
Figura 4 - Janela que dá acesso aos arquivos do computador
Após selecionar os arquivos na seta à esquerda, acima da caixa Files
available, os arrastamos para a caixa Files selected, do lado direito (figura 5).
Selecionamos os arquivos de cada corpus individualmente.
Figura 5 - Janela mostrando os arquivos selecionados.
36
Depois de selecionados os arquivos, clicamos em ok e surgiu a janela da
ferramenta WordList com a opção Make a word list now (figura 6)
Figura 6 - Janela com opção Make a wordlist now da ferramenta WordList
Quando clicamos na opção acima, surgiu uma lista de palavras dentro da
janela (figura 7) que contém cinco abas na parte inferior: frequency, alphabetical,
statistics, filenames e notes. Nesta pesquisa utilizamos apenas as três primeiras.
Com a aba alphabetical selecionada, surgiu uma janela que traz a lista de
palavras do corpus fornecido em ordem alfabética e seguida da frequência e seu
percentual para cada palavra desta lista.
37
Figura 7 - Janela em ordem alfabética
Selecionada a aba statistcs, podemos visualizar (figura 8) os números de
tokens (itens lexicais) e de types ou distinct words (número de itens lexicais sem
suas repetições). Estes são elementos importantes onde pudemos verificar que o
tamanho do corpus de referência deste glossário é pelo menos três maior que o
corpus de estudo, conforme informado por Tagnin (2010 p. 358)
Figura 8 - Janela com informação dos tokens e types
38
Na janela acima, tomamos conhecimento também do tamanho do corpus
de futebol (file size).
Para concluir, salvamos a lista de palavras na opção File e, depois Save,
em arquivos no computador. Após realizarmos todos os passos acima com todos os
corpora obtivemos as quatro listas de palavras a serem levadas para a ferramenta
KeyWord (figura 9).
Figura 9 - Controller da KeyWord
Na KeyWord, após clicarmos em File e New, apareceu uma janela com a
opção Getting started (figura 10), na qual já estava disponível o corpus de estudo
(em português).
39
Figura 10 - Janela mostrando a opção Getting Started
Na segunda opção visualizamos um retângulo em branco com uma
‘pequena pasta aberta’ como ícone a ser carregada com o corpus de referência.
Depois que a carregamos surgiu a opção Make a keyword list now (figura 11).
Figura 11 - Janela Getting Started mostrando opção Make a Keyword list now
40
Ao clicarmos na opção disponível acima, a ferramenta KeyWord (figura
12), nos trouxe uma lista de palavras extraída de ambos os corpora na janela KWS .
Figura 12 - Ferramenta KeyWord com a janela Kws acessada
A lista de palavras (figura 12) corresponde às palavras-chave. A
comparação entre suas frequências no corpus de estudo e no corpus de referência
(em letra vermelha) resulta na informação da ‘chavicidade’ de cada item lexical.
Geralmente as listas de frequências são inversamente proporcionais, de onde se
pressupõe que quanto mais frequente no corpus de estudo, menos frequente o
candidato a termo será no corpus de referência.
Nesta janela (KWs), trabalhamos apenas com a lista Keyword e as
frequências de ambos os corpora. Com relação à análise da chavicidade não
consideramos as informações desta janela, fizemos uma análise comparativa das
frequências levando em consideração apenas os itens lexicais pertencentes à
terminologia futebolística.
Após esta análise, escolhemos setenta termos mais frequentes no corpus
de estudo em português e concomitantemente menos frequentes no corpus de
referência, ou seja, setenta candidatos a termo. Repetimos o mesmo processo com
os corpora em inglês.
41
O próximo passo foi comparar as duas listas com as setenta palavras-
chave em cada língua e identificar as possíveis entradas do glossário (em
português) coincidindo com os equivalentes (em inglês).
Neste passo, demos prioridade à chavicidade da palavra entrada,
bastando que ela tivesse um equivalente dentre as setenta palavras. Escolhemos
desta forma, as dez entradas da amostra piloto deste glossário.
A ferramenta Concord (figura 13) foi a última ferramenta utilizada nesta
pesquisa.
Figura 13 - Controller ou janela da ferramenta Concord
O passo seguinte foi clicar em File e New e nos foi mostrada a janela
Getting Started da ferramenta Concord (figura 14) com a opção Choose Texts Now
42
Figura 14 - Janela Getting Started da Concord com a opção Choose Texts Now
Da mesma forma que se deu com a ferramenta WordList, clicamos em ok
na opção em destaque (figura 14) e carregamos a ferramenta Concord (figura 15)
com os mesmos corpora de estudo ou de referência de cada língua arrastando-os
do lado esquerdo Files available para o lado direito Files selected.
Figura 15 - Janela Choose Texts da Concord carregada com arquivos de um corpus
43
Após carregar a ferramenta Concord com o corpus (figura 15), clicamos
em ok e apareceu novamente a janela Getting Started, desta vez com a aba ‘Search
Word ‘ selecionada (figura 16), que foi preenchida com a palavra de busca ou nódulo
‘gol. ’
Figura 16 - Janela Getting Started da Ferramenta Concord com o nódulo ‘gol’
Para a palavra consultada ou nódulo a Concord forneceu várias janelas,
que acessamos através de diversas abas, dentre elas: concordance, collocates,
patterns, clusters, source text (figura 17).
44
Figura 17 - Janela concordance da ferramenta Concord
Nesta janela a palavra de busca é um link para a janela source text,
destacado em azul. Aqui a palavra de busca encontra-se inserida no cotexto, texto
imediatamente ao redor da palavra ou texto que coocorre com a palavra de busca.
Demos um duplo clique na palavra de busca ‘gol’ e fomos remetidos a
janela source text (figura 18).
Figura 18 - Janela source text com a palavra gol inserida no contexto do texto fonte
45
Na consulta da janela acima retiramos os exemplos de uso para a palavra
‘gol’. Depois repetimos os mesmos passos para todos os termos e respectivos
equivalentes, para obter os exemplos de uso nas duas línguas que foram levados
para os verbetes.
No próximo passo, clicamos na janela collocates (figura 19)
Figura 19 - Janela collocates da ferramenta Concord
Na primeira coluna, intitulada de Word, aparecem as palavras que
coocorrem com a palavra de busca, na segunda coluna (With).
Nesta janela podemos perceber quantas vezes uma palavra coocorre com
o nódulo (centre) e sua posição. Ex.: a palavra ‘primeiro’ aparece 13 vezes como L1,
ocupando a posição de uma palavra imediatamente à esquerda do nódulo, de onde
inferimos a expressão ‘primeiro gol’.
A maioria das colocações da amostra piloto foram inferidas desta janela.
Ex.:Chances de gol, cara do gol, gol da vitória, gol contra, etc.
46
Após a janela acima acessamos a janela Patterns (figura 20)
Figura 20 - Janela patterns
Aqui foram mostrados agrupamentos de palavras, mas podemos perceber
que nem todos eles formam colocações.
A última janela a ser acessada dentro da ferramenta Concord foi a janela
clusters (figura 21)
Figura 21 - Janela Clusters
47
Esta janela, além dos agrupamentos lexicais recorrentes no corpus,
informa também a sua frequência e extensão (quantos itens lexicais formam o
agrupamento).
Temos aqui apenas as colocações que retiramos para figurarem como
remissiva na amostra piloto e como entrada e remissiva no glossário proposto. Estas
colocações não foram registradas como entradas na amostra, por não fazerem parte
das palavras-chave. Da figura 21 registramos: cara do gol, chances de gol e gol da
vitória.
Pudemos observar que apenas algumas colocações constaram na
ferramenta Clusters, enquanto várias delas puderam ser inferidas da janela
Collocates.
3.3 Critérios para a escolha dos termos
A compilação dos corpora desta pesquisa se deu a partir de textos
escritos e disponíveis na internet, para posterior extração de palavras contidas nos
corpora compilados pelo programa WST, e finalmente a escolha dos termos para
uma amostra com verbetes descritivos pertencentes à área futebolística. Segundo
Krieger e Finato:
O reconhecimento da pertinência de um termo depende do nível de compreensão alcançado pelo terminólogo ou pesquisador a respeito da estrutura da área de conhecimento em foco. Nesse processo, o papel do especialista é muito importante, pois [...] os sistemas conceituais são entidades fluidas, sofrendo contínuas mudanças em função do progresso na pesquisa e do desenvolvimento científico e terminológico (KRIEGER; FINATTO, 2004, p. 138).
Depois da extração das palavras-chaves fizemos uma análise destas,
levando em consideração a sua pertinência na terminologia futebolística, a sua
frequência no corpus de estudo e a sua chavicidade com relação aos outros termos
do futebol.
48
Vale salientar, que previamente a extração das palavras com o programa
WST, copiamos todos os textos manualmente e os salvamos no bloco de notas do
computador. Os textos dos corpora de futebol em português e inglês foram coletados
de jornais, a fim de que pudéssemos extrair exemplos de uso autênticos em ambas
as línguas a partir de textos escritos por especialistas do âmbito futebolístico.
Os dez termos escolhidos para compor a amostra piloto, além de
constarem na lista de palavras-chave em português, tinham que ter um equivalente
na lista de palavras-chave em inglês, para que pudessem compor a entrada com
suas respectivas traduções dentro dos verbetes desta microestrutura.
3.4 Sobre as fichas terminológicas
As fichas terminológicas são essenciais para a elaboração da
microestrutura de um glossário. Segundo Krieger e Finatto (2004, p.136) na ficha
terminológica estão contidas todas as informações, desde os paradigmas às
informações operacionais como data do registro e revisão e o responsável pela
coleta.
As informações paradigmáticas contidas nas fichas terminológicas vão
depender do tipo de microestrutura, do tipo de usuário desta microestrutura, como
também das escolhas do lexicógrafo. Neste caso, organizamos as fichas
terminológicas usando o Microsoft Word 2007.
A ficha terminológica desta pesquisa conterá o número, a entrada na
língua portuguesa (respeitando a ordem alfabética), a informação gramatical, a
definição da entrada e a fonte desta definição (que será o link da mesma), o
exemplo de uso ou abonação e sua fonte (que conterá o link desta abonação), o
equivalente na língua inglesa britânica, a abonação na língua inglesa e as
colocações, que serão mencionados nas remissivas do verbete, porque irão compor
outra entrada na microestrutura. A seguir, a ficha terminológica do segundo verbete
da amostra:
49
FICHA 2 ENTRADA ATACANTE CLASSIFICAÇÃO GRAMATICAL
s.m.
DEFINIÇÃO Jogador que tem função de atacar, que integra o ataque de um time FONTE http://aulete.uol.com.br/site.php?mdl=aulete_digital&op=loadVerbete&p
esquisa=1&palavra=atacante CONTEXTO / EXEMPLO NA LÍNGUA FONTE
O atacante esmeraldino podia chutar, mas hesitou e permitiu a recuperação da marcação. Fonte: Gazeta
FONTE http://www.gazetaesportiva.net/noticia/2012/08/goias/goias-cai-para-lanterna-gremiosp-e-deixa-g4-depois-de-duas-rodadas.html
EQUIVALENTE STRIKER CONTEXTO / EXEMPLO NA LÍNGUA ALVO
He's a player with great ability and a world-class striker. He can score goals and create as well. They're the type of players who do win you titles.
FONTE http://www.guardian.co.uk/football/2012/aug/16/robin-van-persie-manchester-united-debut
COLOCADOS Meia- atacante SINÔNIMOS Centroavante REMISSIVA Ver: centroavante, meia-atacante DATA DA COLETA 16 de agosto de 2012 AUTORA Maria de Lourdes M. de Miranda
50
4 AMOSTRA DOS DEZ VERBETES DO GLOSSÁRIO
PORTUGUÊS/INGLÊS
Os verbetes do glossário proposto são descritivos, pois seus exemplos de
uso são retirados de textos autênticos e falados por profissionais da área
futebolística (comentaristas, jogadores, técnicos, jornalistas esportivos, etc.). O
diferencial destes verbetes são os exemplos de uso que são registrados tanto na LC
quanto na LP ensejando uma produção de texto mais natural em ambas as línguas.
Todo verbete é constituído pela entrada e pela microestrutura, que por
sua vez é formada pelos paradigmas. Todos os dados dos verbetes desta pesquisa
foram previamente registrados nas fichas terminológicas. Abaixo segue a amostra
piloto composta por dez verbetes:
adversário, a. adj. e s. Que rivaliza com; que luta ou compete com algo ou alguém . O atacante trocou provocações com o zagueiro Caruzzo, discutiu, atrapalhou e até mordeu o adversário. Fonte: Sportv. � rival. n. Happier times: Arsenal manager Arsène Wenger, right, admits he was reluctant to sell Robin van Persie to a rival. Source: Telegraphy. Ver: rival.
atacante. a2g e s2g. Jogador que tem função de atacar, que integra o ataque de um time. O atacante esmeraldino podia chutar, mas hesitou e permitiu a recuperação da marcação. Fonte: Gazeta Esp. � striker. n. He’s a player with great ability and a world-class striker…Source: The Guardian. Ver: centroavante, meia-atacante.
bola. s.f. Artefato esférico ou oval, ger. de borracha e oco, us. em vários esportes. Aos oito minutos, Didira chutou por cobertura e a bola subiu demais. Fonte: Gazeta Esp. � ball. n. “His ability to control and dominate the ball is an important ingredient in our attempt to gain success on the field”. Source: The Sun. Ver: posse de bola, saída de bola; tocar a bola.
campeão, ã. s. Pessoa ou equipe que vence um campeonato ou torneio. Thiago Silva foi campeão italiano com a camisa do Milan em 2010/2011. Fonte: Globo Esporte. � champion. n. The championship was a "dark page" in Russia's footballing history, said business daily Kommersant, wryly noting that Russia was only a champion in the amount of media coverage of its players and fans – and even that was negative. Source: Telegraph.
futebol. s.m. Jogo disputado por duas equipes de 11 jogadores cada, num campo que possui dois gols, e cuja finalidade é, sem usar as mãos, fazer com que a bola entre no gol do adversário. … ,Scolari topou abandonar o futebol internacional e voltar ao Brasil. ...Fonte: G.Esp.� football. n. “In the Premier League especially, every game is tough so it can help me also to grow in my football skills.” Source: The Sun.
51
gol. s.m. Ponto que se marca nesses jogos quando a bola transpõe o arco do quadro adversário. Aos 32 minutos, foi a vez da equipe paulista fazer o seu gol, mas o árbitro anulou. Fonte: Gaz. Esp. � goal. n. Barrie McKay, just 17, made history in the 27th minute when he grabbed his first professional goal in his first league start. Source: The Sun. Ver: chances de gol, gol contra, gol da vitória, na cara do gol, tomar gol.
goleiro, ra. s. Em esportes como futebol, handebol e polo, jogador que defende o gol de seu time, usando as mãos para segurar ou afastar a bola. Mal colocado, o goleiro pulou estranho e não conseguiu impedir que a bola estufasse as suas redes pela segunda vez. Fonte: Gazeta Esp. � goalkeeper. n. Jack Butland to become England's youngest goalkeeper in Friendly against Italy in Berne. Source: Telegraph.
jogador, ra. a. e s. Aquele que joga (jogo esportivo) ou integra uma equipe de esporte coletivo . O jogador não havia treinado na última sexta-feira e passou a ser dúvida para pegar os paranaenses. Fonte: folha.uol. � player. n. He was the only player booed at the medal presentation. Source: The Sun.
técnico, a. s. Aquele que se ocupa do treinamento de cavalos, de desportistas. O técnico Cuca deve confirmar a presença de Rafael Marques ao lado de Réver contra o Dragão. Fonte: Gazeta Esp. � coach. n. Manchester City coach Roberto Mancini set to sign new players 'in next fortnight'. Source: Telegraph. Ver: treinador.
zagueiro, ra. s. Jogador de defesa que atua em uma das zagas. Se no lance anterior os zagueiros conseguiram impedir que um erro do seu camisa 1 culminasse no segundo dos mineiros, o chute de Thiaguinho, aos 40, não foi parado por nenhum zagueiro abecedista. Fonte: Gaz. Esp. � defender. s The former Arsenal defender became a peripheral figure in Mancini’s team following his return from African Cup of Nations duty with Ivory Coast last February, but despite the doubts over his prospects of first-team football, Touré admits he is prepared to fight for his place at City. Source: The Daily Telegraph.
52
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa, baseada nos pressupostos teóricos da Lexicografia, da
Terminografia e da Linguística de Corpus, possibilitou a criação de elementos para a
elaboração de uma microestrutura de um glossário semibilíngue português-inglês de
termos de futebol retirados de corpora futebolísticos escritos disponíveis na internet,
visando auxiliar interessados e profissionais que necessitem compreender estes
termos e suas traduções, mas nos preocupamos, especialmente, com os tradutores
técnicos, principalmente por conta da Copa de 2014.
Salientamos a necessidade da abordagem da Linguística de Corpus neste
tipo de pesquisa, como também a utilização do programa computacional WST para a
extração rápida e eficaz dos termos de corpora jornalísticos escritos, de onde foram
escolhidos posteriormente os dez termos da amostra piloto.
Consideramos nesta pesquisa a importância da presença dos exemplos
de uso autênticos nos verbetes, não só na LP como também na LC, devido à
carência no mercado deste tipo de obra. Na maioria dos glossários semibilíngues, o
exemplo de uso é registrado apenas na LP, enquanto na LC consta apenas o
equivalente, faltando, dessa forma, o termo inserido no contexto.
Acreditamos que esse tipo de verbete vai facilitar também a produção de
textos na língua estrangeira, tornando-os mais naturais e bem menos passíveis de
erros, dando aos tradutores mais segurança e rapidez nos seus trabalhos,
elementos que consideramos essenciais neste ofício.
Registramos a natureza participativa desta pesquisa, realizada por três
colegas do curso de Especialização em Formação de Tradutores, uma de cada
língua, cada uma fazendo sua monografia individualmente. Além do inglês, objeto da
presente monografia, o francês e o espanhol foram abordados pelas outras duas
pesquisadoras. Consideramos que a participação das três colegas promoveu um
intercâmbio muito rico e proveitoso, o qual não seria possível numa pesquisa
individual.
53
Pretendemos como fruto desta pesquisa, elaborar um glossário
semibilíngue português/espanhol/francês/inglês a partir do nosso modelo de
microestrutura, que poderá ainda ser melhorado, tendo em vista que a pesquisa não
se esgota com as monografias.
54
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
AULETE, Caldas. Minidicionário contemporâneo da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004. BOWKER, L.; PEARSON, J. Working with specialized language : a practical guide to using corpora. London: Routledge, 2002. FINATTO, Maria José; KRIEGER, Maria da Graça. Introdução à Terminologia : teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2004. GUERRA, Élida F. A macroestrutura de um dicionário escolar de geogra fia: proposta e análise. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais, 2006. LEPRE, Larissa. A elaboração de glossários bilíngues para interpret ação de textos em inglês com base em um corpus paralelo . Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, 2007. NEVEU, Franck. Dicionário de ciências da linguagem. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. PONTES, Antônio L. Dicionário para uso escolar: o que é, como se lê. Fortaleza: EdUECE, 2009. SARDINHA, Tony B. Linguística de Corpus. Barueri, SP: Manole, 2004. TAGNIN, Stella; TEIXEIRA, Elisa Duarte. Elaboração de glossários confiáveis para o tradutor a partir de corpora. SBS - Encontro de Férias, USP, São Paulo: SBS, 2009. TAGNIN, Stella. A produção de glossários direcionados pelo corpus e orientados ao tradutor como metodologia de formação de tradutores. In: ENCONTRO NACIONAL DE TRADUTORES, 5., 2009, Ouro preto; ENCONTRO INTERNACIONAL DE TRADUTORES, 4., Ouro Preto. Anais... Ouro Preto, MG: ABRAPT/UFOP, 2009.
55
______. Glossário de Linguística de Corpus. In VIANA, Vander; TAGNIN Stella. (Org.). Corpora no ensino de línguas estrangeiras. São Paulo, SP: Hub Editorial, 2010. WELKER, Herbert A. Panorama geral da lexicografia pedagógica . Brasília: Thesaurus, 2008. WELKER, Herbert Andreas. Dicionários: uma pequena introdução à lexicografia . Brasília, Thesaurus. 2004.
56
APÊNDICE
APÊNDICE A – Ficha terminológica 1
FICHA 1 ENTRADA ADVERSÁRIO CLASSIFICAÇÃO GRAMATICAL
s.m.
DEFINIÇÃO Que rivaliza com; que luta ou compete com algo ou alguém. FONTE http://aulete.uol.com.br/site.php?mdl=aulete_digital&op=loadVerbe
te&pesquisa=1&palavra=ADVERS%C1RIO
ABONAÇÃO NA LÍNGUA FONTE
O atacante trocou provocações com o zagueiro Caruzzo, discutiu, atrapalhou e até mordeu o adversário.
FONTE http://sportv.globo.com/site/programas/redacao-sportv/noticia/2012/07/charles-gavin-corinthians-driblou-deslealdade-do-boca-e-nao-amarelou.html#jogo-corinthians-2-x-0-boca-juniors---04/07/2012-21%3A50
EQUIVALENTE RIVAL CONTEXTO / EXEMPLO NA LÍNGUA FONTE
Happier times: Arsenal manager Arsène Wenger, right, admits he was reluctant to sell Robin van Persie to a rival
FONTE http://www.telegraph.co.uk/sport/football/teams/arsenal/9481399/Arsenal-manager-Arsene-Wenger-admits-he-wanted-to-sell-Robin-van-Persie-to-a-foreign-club.html
COLOCAÇÕES 0
SINÔNIMOS Rival
REMISSIVA Ver: rival DATA COLETA 16/08/2012
AUTORA Maria de Lourdes M. de Miranda
57
APÊNDICE B – Ficha terminológica 2
FICHA 2
ENTRADA ATACANTE CLASSIFICAÇÃO GRAMATICAL
s.m.
DEFINIÇÃO Jogador que tem função de atacar, que integra o ataque de um time.
FONTE http://aulete.uol.com.br/site.php?mdl=aulete_digital&op=loadVerbete&pesquisa=1&palavra=atacante
CONTEXTO / EXEMPLO NA LÍNGUA FONTE
O atacante esmeraldino podia chutar, mas hesitou e permitiu a recuperação da marcação. Fonte: Gazeta
FONTE http://www.gazetaesportiva.net/noticia/2012/08/goias/goias-cai-para-lanterna-gremiosp-e-deixa-g4-depois-de-duas-rodadas.html
EQUIVALENTE STRIKER CONTEXTO / EXEMPLO NA LÍNGUA ALVO
He's a player with great ability and a world-class striker. He can score goals and create as well. They're the type of players who do win you titles.
FONTE http://www.guardian.co.uk/football/2012/aug/16/robin-van-persie-manchester-united-debut
COLOCAÇÕES Meia-atacante SINÔNIMOS Centroavante
REMISSA Ver: centroavante, meia-atacante DATA COLETA 16/08/2012
AUTORA Maria de Lourdes M. de Miranda
58
APÊNDICE C – Ficha terminológica 3
FICHA 3
ENTRADA BOLA
CLASSIFICAÇÃO GRAMATICAL
s.m.
DEFINIÇÃO Artefato esférico ou oval, ger. de borracha e oco, us. em vários esportes
FONTE http://aulete.uol.com.br/site.php?mdl=aulete_digital&op=loadVerbete&pesquisa=1&palavra=BOLA
CONTEXTO / EXEMPLO NA LÍNGUA FONTE
Aos oito minutos, Didira chutou por cobertura e a bola subiu demais.
FONTE http://www.gazetaesportiva.net/noticia/2012/08/atletico-pr/paulo-baier-marca-e-atleticopr-respira-ao-vencer-asaal.html
EQUIVALENTE BALL
CONTEXTO / EXEMPLO NA LÍNGUA FONTE
“His ability to control and dominate the ball is an important ingredient in our attempt to gain success on the field”.
FONTE http://www.thesun.co.uk/sol/homepage/sport/football/4481827/Brendan-Rodgers-hails-Joe-Allen-as-midfielder-completes-15million-move-to-Liverpool.html
COLOCAÇÕES Posse de bola. Saída de bola. Tocar a bola.
SINÔNIMOS 0
REMISSIVA Ver: posse de bola; saída de bola; tocar a bola.
DATA COLETA 10/08/2012
AUTORA Maria de Lourdes M. de Miranda
59
APÊNDICE D – Ficha terminológica 4
FICHA 4
ENTRADA CAMPEÃO
CLASSIFICAÇÃO GRAMATICAL
s.m.
DEFINIÇÃO Pessoa ou equipe que vence um campeonato ou torneio
FONTE http://aulete.uol.com.br/campe%C3%A3o
CONTEXTO / EXEMPLO NA LÍNGUA FONTE
Thiago Silva foi campeão italiano com a camisa do Milan em 2010/2011.
FONTE http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/2012/07/thiago-silva-faz-exames-medicos-e-fecha-com-o-paris-saint-germain.html
EQUIVALENTE CHAMPION
CONTEXTO / EXEMPLO NA LÍNGUA ALVO
The championship was a "dark page" in Russia's footballing history, said business daily Kommersant, wryly noting that Russia was only a champion in the amount of media coverage of its players and fans – and even that was negative.
FONTE http://www.telegraph.co.uk/sport/football/teams/russia/9341142/Euro-212-Andrei-Arshavin-hit-by-controversy-after-Russia-exit-after-blaming-fans-for-teams-exit-from-the-tournament.html
COLOCAÇÕES 0
SINÔNIMOS 0
REMISSIVA 0
DATA COLETA 19/06/2012
AUTORA Maria de Lourdes M. de Miranda
60
APÊNDICE E – Ficha terminológica 5
FICHA 5
ENTRADA FUTEBOL
CLASSIFICAÇÃO GRAMATICAL
s.m.
DEFINIÇÃO Esp. Jogo disputado por duas equipes de 11 jogadores cada, num campo que possui dois gols, e cuja finalidade é, sem usar as mãos, fazer com que a bola entre no gol do adversário.
FONTE http://aulete.uol.com.br/site.php?mdl=aulete_digital&op=loadVerbete&pesquisa=1&palavra=FUTEBOL
ABONAÇÃO NA LÍNGUA FONTE
… ,Scolari topou abandonar o futebol internacional e voltar ao Brasil. ...Fonte: Gaz.Esp.
FONTE http://globoesporte.globo.com/futebol/times/palmeiras/noticia/2012/07/felipao-cumpre-promessa-dois-anos-depois-e-volta-ser-feliz-no-palmeiras.html
EQUIVALENTE FOOTBALL
ABONAÇÃO NA LÍNGUA ALVO
“In the Premier League especially, every game is tough so it can help me also to grow in my football skills.” Source: The Sun.
FONTE http://www.thesun.co.uk/sol/homepage/sport/football/4481005/Roberto-Mancini-frustrated-by-Manchester-City-transfer-drought.html
COLOCAÇÕES Futebol de areia.
SINÔNIMOS 0
REMISSIVA Ver: futebol de areia.
DATA COLETA 11/08/2012
AUTORA Maria de Lourdes M. de Miranda
61
APÊNDICE F – Ficha terminológica 6
FICHA 6 ENTRADA GOL CLASSIFICAÇÃO GRAMATICAL
s.m.
DEFINIÇÃO Ponto que se marca nesses jogos quando a bola transpõe o arco do quadro adversário.
FONTE http://www.dicionarioweb.com.br/gol.html ABONAÇÃO NA LÍNGUA FONTE
Aos 32 minutos, foi a vez da equipe paulista fazer o seu gol, mas o árbitro anulou. Fonte: Gaz. Esp.
FONTE http://www.gazetaesportiva.net/noticia/2012/08/joinville/joinville-segue-com-boa-campanha-e-vence-bragantino-por-1-a-0.html
EQUIVALENTE GOAL CONTEXTO / EXEMPLO NA LÍNGUA FONTE
Barrie McKay, just 17, made history in the 27th minute when he grabbed his first professional goal in his first league start.
FONTE http://www.thesun.co.uk/sol/homepage/sport/football/4482759/Peterhead-2-Rangers-2.html
COLOCAÇÕES Chances de gol. Gol contra. Gol da vitória. Na cara do gol. Tomar gol.
SINÔNIMOS 0
REMISSIVA Ver: chances de gol, gol contra, gol da vitória, na cara do gol, tomar gol.
DATA COLETA 11/08/2012
AUTORA Maria de Lourdes M. de Miranda
62
APÊNDICE G – Ficha terminológica 7
FICHA 7
ENTRADA GOLEIRO
CLASSIFICAÇÃO GRAMATICAL
s.m.
DEFINIÇÃO Em esportes como futebol, handebol e polo, jogador que defende o gol de seu time, usando as mãos para segurar ou afastar a bola.
FONTE http://aulete.uol.com.br/site.php?mdl=aulete_digital&op=loadVerbete&pesquisa=1&palavra=GOLEIRO
CONTEXTO / EXEMPLO NA LÍNGUA FONTE
Mal colocado, o goleiro pulou estranho e não conseguiu impedir que a bola estufasse as suas redes pela segunda vez.
FONTE http://www.gazetaesportiva.net/noticia/2012/08/america-mg/americamg-aproveita-expulsao-no-1-tempo-e-se-reabilita-ante-o-abc.html
EQUIVALENTE GOALKEEPER
CONTEXTO / EXEMPLO NA LÍNGUA ALVO
Jack Butland to become England's youngest goalkeeper in Friendly against Italy in Berne.
FONTE http://www.telegraph.co.uk/sport/football/teams/england/9473550/Jack-Butland-to-become-Englands-youngest-goalkeeper-in-Friendly-against-Italy-in-Berne.html
COLOCAÇÕES 0
SINÔNIMOS 0
REMISSIVA 0
DATA COLETA 16/08/2012
AUTORA Maria de Lourdes M. de Miranda
63
APÊNDICE H – Ficha terminológica 8
FICHA 8
ENTRADA JOGADOR
CLASSIFICAÇÃO GRAMATICAL
s.m. e a
DEFINIÇÃO Aquele que joga (jogo esportivo) ou integra uma equipe de esporte coletivo
FONTE http://aulete.uol.com.br/jogador O jogador não havia treinado na última sexta-feira e passou a ser dúvida para pegar os paranaenses.
CONTEXTO / EXEMPLO NA LÍNGUA FONTE
FONTE http://www1.folha.uol.com.br/esporte/1135807-paulinho-volta-aos-treinos-no-corinthians-e-pega-o-coritiba.shtml
EQUIVALENTE PLAYER
CONTEXTO / EXEMPLO NA LÍNGUA FONTE
He was the only player booed at the medal presentation.
FONTE http://www.thesun.co.uk/sol/homepage/sport/olympics/
COLOCAÇÕES 0
SINÔNIMOS 0
REMISSIVA 0
DATA COLETA 28/08/2012
AUTORA Maria de Lourdes M. de Miranda
64
APÊNDICE I – Ficha terminológica 9
FICHA 9
ENTRADA TÉCNICO
CLASSIFICAÇÃO GRAMATICAL
s.m.
DEFINIÇÃO Aquele que se ocupa do treinamento de cavalos, de desportistas
FONTE http://www.dicionarioweb.com.br/treinador.html
CONTEXTO / EXEMPLO NA LÍNGUA FONTE
O técnico Cuca deve confirmar a presença de Rafael Marques ao lado de Réver contra o Dragão. /// O treinador foi apresentado aos torcedores na quinta-feira, no Engenhão.
FONTE http://www.gazetaesportiva.net/noticia/2012/08/atletico-mg/lider-atleticomg-faz-duelo-dos-opostos-contra-xara-goianiense.html /// http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2012/07/vez-de-dorival-junior-dez-desafios-para-o-novo-tecnico-do-flamengo.html
EQUIVALENTE COACH
CONTEXTO / EXEMPLO NA LÍNGUA FONTE
Manchester City coach Roberto Mancini set to sign new players 'in next fortnight'
FONTE http://www.telegraph.co.uk/sport/football/teams/manchester-city/9434620/Manchester-City-coach-Roberto-Mancini-set-to-sign-new-players-in-next-fortnight.html
COLOCAÇÕES 0
SINÔNIMOS Treinador
REMISSIVA Ver: treinador
DATA COLETA 28/07/2012
AUTORA Maria de Lourdes M. de Miranda
65
APÊNDICE J – Ficha terminológica 10
10
ENTRADA ZAGUEIRO
CLASSIFICAÇÃO GRAMATICAL
s.m.
DEFINIÇÃO Jogador de defesa que atua em uma das zagas.
FONTE http://aulete.uol.com.br/site.php?mdl=aulete_digital&op=loadVerbete&pesquisa=1&palavra=ZAGUEIRO
CONTEXTO / EXEMPLO NA LÍNGUA FONTE
Se no lance anterior os zagueiros conseguiram impedir que um erro do seu camisa 1 culminasse no segundo dos mineiros, o chute de Thiaguinho, aos 40, não foi parado por nenhum zagueiro abecedista.
FONTE http://www.gazetaesportiva.net/noticia/2012/08/america-mg/americamg-aproveita-expulsao-no-1-tempo-e-se-reabilita-ante-o-abc.html
EQUIVALENTE DEFENDER
CONTEXTO / EXEMPLO NA LÍNGUA ALVO
The former Arsenal defender became a peripheral figure in Mancini’s team following his return from African Cup of Nations duty with Ivory Coast last February, but despite the doubts over his prospects of first-team football, Touré admits he is prepared to fight for his place at City.
FONTE http://www.telegraph.co.uk/sport/football/teams/manchester-city/9442341/Kolo-Toure-rejects-move-to-Turkish-club-Bursaspor-to-stay-at-Manchester-City.html
COLOCAÇÕES 0
SINÔNIMOS 0
REMISSIVA 0
DATA COLETA 31/07/2012
AUTORA Maria de Lourdes M. de Miranda
66
ANEXO
Fontes dos corpora: http://www.bbc.co.uk/ http://www.dailymail.co.uk/home/index.html http://www.folha.uol.com.br/ http://www.gazetaesportiva.net/ http://www.gutenberg.org/cache/epub/10418/pg10418.html http://globoesporte.globo.com/ http://www.guardian.co.uk/ http://www.nilc.icmc.usp.br/lacioweb/ http://www.thesun.co.uk/sol/homepage/ http://www.telegraph.co.uk/