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Meta 2
EDUCAÇÃO E POPULAÇÃO
Ação 2.2 – Módulo Produtividade Educacional com Base nas Pesquisas Domiciliares e no Censo
Demográfico
1.6 – Sumário Executivo
IMPACTOS DA ESTRUTURA ETÁRIA EM INDICADORES DE EDUCAÇÃO NO BRASIL,
1991 E 2000
Convênio nº 29/2002
Belo Horizonte, Março de 2005.
Impactos da estrutura etária em indicadores de educação no Brasil, 1991
e 2000 Juliana de Lucena Ruas Riani
Eduardo Luiz Gonçalves Rios-Neto 1) Introdução
O Brasil tem passado por mudanças demográficas profundas, com significativa
queda da Taxa de Fecundidade Total, alcançando, em alguns municípios, níveis abaixo do
de reposição. Essa queda tem um forte impacto na população em idade escolar, resultando
na diminuição do seu peso relativo e até absoluto em alguns casos. É importante analisar,
portanto, o impacto demográfico em alguns indicadores educacionais, com o intuito de
saber se a redução da fecundidade abrirá uma janela de oportunidades para a educação
brasileira.
Sobre esta inter-relação a literatura é controversa. Os primeiros a levantarem tal
debate foram Coale e Hoover (1958), que enfatizava o papel do crescimento demográfico
(via rejuvenescimento da estrutura populacional ou aumento da razão de dependência
infantil) no aumento do gasto público educacional. Porém, Schultz (1987) questionou esta
proposição tradicional de que o gasto público educacional variaria proporcionalmente à
população em idade escolar. Para ele os governos tenderiam a trabalhar com uma inércia
orçamentária dada, respondendo a aumentos no número de matrículas com ajustes de
qualidade seja via aumento na razão aluno/professor (tamanho da sala de aula) ou redução
no salário dos professores. Em última análise o gasto por alunos seria negativamente
correlacionado com o crescimento populacional. Muitos interpretam esta proposição como
indicativa de que o aumento no número de matrículas seria seguido por uma deterioração
na qualidade do ensino.
Os dados utilizados por Schultz (1987) correspondiam a uma cross-section de países
nos anos setenta, um período de prosperidade na economia mundial. Fica a dúvida se estes
resultados indicativos de que o crescimento populacional não aumenta os gastos
educacionais seriam corroborados no período de crise dos anos oitenta. Kelley (1996)
replica o estudo de Schultz neste período, utilizando uma análise transversal de 42 países,
30 dos quais classificados como sendo países em desenvolvimento. Os resultados indicam
que a participação dos gastos educacionais no PIB aumenta com o nível de renda per capita
do país, com a taxa de urbanização, mas não é afetada pela dinâmica demográfica. O
tamanho das turmas ou relação aluno/professor não aumentou significativamente com a
dinâmica demográfica, contrariamente ao que fora proposto por Schultz (1987). Há um
grande debate se o tamanho da sala é um bom indicador de qualidade do ensino, mas se
fosse verdade esta correlação, então o estudo de Kelley (1996) não corroboraria a hipótese
de Schultz. Se não há forte correlação da relação aluno/professor com a dinâmica
populacional, então a única explicação para a ausência de correlação com os gastos seria o
declínio no salário e/ou qualificação dos professores. O autor não efetua uma análise
utilizando dados de salários dos professores, mas questiona uma eventual correlação entre
salário dos professores e qualidade do ensino.
Para o Brasil, o artigo de Riani (2002) analisa a relação entre o tamanho relativo da
coorte em idade escolar e alguns indicadores de ensino que captam a quantidade e
qualidade, através de uma análise cross-section do ensino fundamental nos municípios
brasileiros para o ano de 1991.
Seus resultados indicam que uma maior coorte em idade escolar tem um pequeno
impacto positivo na quantidade de ensino, e um maior impacto na qualidade, captada por
uma diminuição na Taxa de Eficiência1 do ensino público e na relação professor/aluno.
Porém, há uma série de questões não abordadas no trabalho de Riani (2002), que
são abordadas nesse trabalho. Em primeiro lugar, foram utilizados vários outros
indicadores para captar variações na quantidade e qualidade do ensino. Segundo, a
disponibilidade do Censo Demográfico de 2000 e o regresso ao Censo Demográfico de
1991, permitem o retorno para a estimativa da dinâmica de matrículas numa década em que
houve um aumento substancial no atendimento escolar, em consonância com a implantação
do FUNDEF em 1999.
O trabalho de Duraisamy, James, Lane e Tan (??) do Banco Mundial, discute um
eventual trade off entre quantidade e qualidade no caso do sul da Índia, que experimentou
recentemente um aumento na taxa de matrículas. Seus resultados mostram que o impacto
da quantidade na qualidade foi bastante claro no caso Indiano, não só o tamanho das salas
(relação aluno/professor) aumentou substancialmente, mas também o desempenho escolar
1 A taxa de eficiência é igual a um menos a taxa de distorção idade/série.
medido por testes declinou. Tudo isto foi resultado de um aumento na cobertura escolar
(desejável) sem a devida contrapartida orçamentária. No caso brasileiro o aumento na
cobertura escolar é óbvio, assim como a operação do FUNDEF a partir do final dos anos
noventa. Resta saber como esta dinâmica rebateu no nível municipal, controlando por
vários indicadores de qualidade como salário dos professores, escolaridade dos professores,
etc.
Dessa forma, o primeiro objetivo desse artigo é reavaliar o impacto do tamanho
relativo da população em idade escolar na quantidade e qualidade do ensino fundamental e
médio no Brasil, através de uma análise dos municípios brasileiros nos anos de 1991 e
2000, utilizando como referência metodológica o trabalho de Schultz (1987). O trabalho faz
também uma análise descritiva dos estados levando em consideração alguns indicadores
educacionais, permitindo estudar a particularidade da taxa de escolarização bruta.
indicadores.
2) Marco teórico e metodológico
O marco teórico e metodológico para esta análise foi o trabalho de Schultz (1997).
O autor baseou-se na teoria econômica do ajustamento do sistema educacional pelo
equilíbrio da demanda e oferta, utilizando o modelo de produção/demanda para a
determinação da quantidade de educação na economia.
De acordo com essa teoria, a quantidade média de escolaridade de uma população
irá depender do equilíbrio entre a demanda e a oferta de serviços educacionais. Fatores que
afetam esse mercado provocam alterações na quantidade média de escolaridade.
A função de produção de serviços educacionais depende do trabalho empregado (L),
do capital utilizado (K) e de mudanças tecnológicas que gerem mudanças na produção de
educação(Z)2. Considerando que a substituição entre o trabalho e o capital tem elasticidade
igual a um, a função de produção pode ser expressa na forma da função de Cobb-Douglas:
X = Z L∞ K1 - ∞
Onde: ∞ a fração do salário nos serviços educacionais e 1 - ∞ é fração do capital.
2 Essas mudanças tecnológicas são de caráter, principalmente, demográfico, como será visto a seguir.
Utilizando o pressuposto de que o setor educacional produz eficientemente,
minimizando seus custos unitários, o preço do produto (ou custo marginal) vai ser um
múltiplo do salário pago ao setor educacional e a taxa de retorno do capital, ou seja:
Px = (1/Z) (W/α)α (r/ 1 - α)1-α,
Onde: W é o salário pago aos professores3, r é a taxa de retorno do capital e ∞ a
fração do salário nos serviços educacionais e 1 - ∞ é fração do capital.
Como o mercado de capital mundial é mais globalizado do que o mercado de
trabalho, é de se esperar que a taxa de retorno do capital seja a mesma para os países e a
diferença nos preços se dê pela diferença nos salários pagos aos professores. Desta forma, a
equação acima pode ser rescrita na forma dos preços, ou seja:
Px = eβ0 Zβ1 Wα eu1
Sendo: u1 o erro da função produção, β0 é uma constante e β1 é igual a –1.
Assume-se que os serviços educacionais produzidos são distribuídos igualmente
para toda a população em idade escolar. Desta forma, a quantidade demandada vai ser:
q = x/Pγ
Onde: q é a quantidade de serviços educacionais demandados, x é o produto
educacional, P a população em idade escolar e γ é o parâmetro de “bem público”. Schultz
considera que a educação é um bem puramente privado, ou seja, γ é igual a um, não
ocorrendo externalidades.
A função demanda por escolaridade vai depender dos impostos pagos pelos
cidadãos (t)4, da renda na qual estes impostos incidem (Y) e de fatores tecnológicos que
afetam a demanda por educação (Z). Desta forma, a função log-linear da demanda seria
escrita como:
q = DtηYδZ∈eu2
Onde: eu2 é o erro da regressão, η é a elasticidade preço e δ é a elasticidade renda.
3 Na produção de serviços educacionais o principal insumo utilizado na produção é o professor. 4Devido aos pressupostos do modelo - processo político democrático e informação dos custos e benefícios por parte dos eleitores - os impostos pagos pelos cidadãos são considerados o preço da escolaridade pública.
Para analisar os gastos públicos por aluno, Schultz combina as duas equações, a da
função tecnológica de produção de educação e a função demanda domiciliar por educação,
chegando a uma equação que expressa os gastos públicos educacionais por crianças em
idade escolar.
Ln(E/P) = b0 + b1lnY + b2lnW + b3lnZ + v
Onde: E/P é o gasto por criança em idade escolar,
b0 = (η + 1) (β0) + lnD,
b1 = δ,
b2 = α(η + 1),
b3 = β1(η + 1) + ∈.
Portanto, de acordo com a equação acima, os gastos públicos em educação por
aluno dependem de variáveis econômicas e demográficas. As variáveis econômicas são o
nível de renda da economia (Y), que influencia a demanda domiciliar por educação e o
nível dos salários pago aos professores (W), que provocam mudanças no custo unitário da
educação influenciando, portanto, a produção dos serviços educacionais. As mudanças
tecnológicas (Z) incluem as variáveis demográficas que alteram tanto a função de produção
quanto a demanda por serviços educacionais, que seriam o tamanho relativo da coorte em
idade escolar e o grau de urbanização. O tamanho da coorte em idade escolar afeta a
demanda por serviços educacionais, enquanto que uma maior urbanização pode trazer uma
maior economia de escala para o sistema educacional.
Como a idéia central da análise de Schultz é o trade off entre qualidade e
quantidade, os gastos educacionais são decompostos em quatro componentes, ou seja:
E/P = (SP/P) (T/SP) (C/T) (E/C)
O primeiro componente (SP/P) é o número de matrículas públicas sobre a população
escolar ou taxa de matrícula pública, sendo, considerada por Schultz um indicador da
variação na quantidade demandada de escolaridade. O termo (C/T), que significa os gastos
correntes sobre o número de professores, é considerado uma proxy do salário dos
professores já que, segundo Schultz, a quase totalidade dos gastos correntes nos países mais
pobres vai para pagamento de salários de professores. O termo (T/S) é o número de
professores por estudante ou relação professor/aluno. Segundo Schultz, o salário dos
professores e a relação professor/aluno são indicadores de qualidade do sistema
educacional. São, portanto, variáveis importantes no presente estudo, já que se pretende
identificar se maiores taxas de fecundidade estão associadas com uma pior qualidade de
ensino. O último termo (E/C), representa o gasto total sobre o corrente, sendo um índice da
intensidade do capital físico do sistema escolar.
Schultz propõe o ajuste de regressões separadas, tanto para o gasto público total em
escolaridade por aluno como para os seus componentes, de forma que a soma dos
coeficientes dos quatro componentes seja igual ao coeficiente da regressão geral do gasto
público por aluno. Desta forma, pode-se verificar a relação das variáveis dependentes, tanto
na quantidade (taxa de matrícula), quanto na qualidade (relação professor/aluno, salário dos
professores e índice de capital intensivo).
3) Aspectos Metodológicos e Base de Dados
Este estudo utilizou as dados dos Censos Demográficos de 1991 e 2000 para
analisar o impacto do tamanho da coorte em indicadores de educação. Devido a
indisponibilidade de alguns dados foram feitos alguns ajustes do modelo de Schultz para o
caso brasileiro.
Primeiro, devido a impossibilidade de separar as matrículas do Censo Demográfico
de 1991 em públicas e privadas, a análise limitou-se apenas no estudo das matrículas totais.
Desta forma, ao invés do componente proposto por Schultz (SP/P) que é o equivalente a
taxa de escolarização bruta do ensino publico utilizou-se apenas a taxa de escolarização
bruta. Como não existe informação do gasto público destinado à educação, não foi possível
analisar os gastos públicos por aluno, nem dois dos seus componentes (C/T e E/C).
Portanto, foram ajustados modelos de regressão apenas para a taxa de escolarização bruta e
para a relação professor/aluno.
Porém, tal fato não inviabiliza a análise, já que o objetivo é captar o efeito do
tamanho da coorte em idade escolar na quantidade e qualidade do ensino. Através da taxa
de escolarização bruta pode-se captar o efeito na quantidade de serviços educacionais
ofertados. Enquanto que a relação professor/aluno é considerada por muitos autores
(Schultz, 1987; Jones,1990) um indicador da qualidade do ensino, pois considera-se que,
em classes pequenas, os alunos têm maior atenção, tendo um extra-monitoramento.
Portanto, neste trabalho, a relação professor-aluno também é considerada uma proxy da
qualidade, possibilitando avaliar o impacto do tamanho relativo da coorte em idade escolar
na qualidade do ensino brasileiro.
Com o propósito de melhor estudar os determinantes da qualidade e quantidade do
ensino, foram considerados outras variáveis dependentes, como o número de matrículas, a
taxa de escolarização líquida, a taxa de atendimento, a probabilidade de progressão por
série (PPS) e a proporção de matrículas em idade adequada na matrícula total (que foi
chamada de taxa de eficiência).
O número absoluto de matrículas, taxa de escolarização líquida e taxa de
atendimento têm um caráter exclusivamente quantitativo. A taxa de eficiência possui
caráter qualitativo, já a PPS capta tanto variações na quantidade quanto na qualidade do
ensino.
Todas essas variáveis foram calculadas separando os níveis de ensino Fundamental
e Médio. No entanto, para a PPS, considerou a probabilidade de passar de zero ano de
estudo para um ano de estudo (e0), a probabilidade de passar de quatro para cinco anos de
estudo (e4) e a probabilidade de passar de oito para nove anos de estudo (e8).
Quanto as variáveis independentes, entraram na análise aquelas propostas por
Schultz, e outras que já se comprovou possui um importante papel na determinação da
educação. Desta forma, além do tamanho relativo da coorte em idade escolar, adequada
para cada nível de ensino, que foi o principal foco de análise, considerou-se também o
salário relativo dos professores (proxy do custo da educação), a proporção de pessoas
morando em áreas urbanas, a educação média das mulheres acima de 25 anos (proxy da
educação materna) e a educação média dos professores. Também foram incluídas variáveis
categóricas para identificar a Unidade da Federação, tendo o estado de São Paulo como
referência.
As regressões foram estimadas para os anos de 1991 e 2000, separadamente e para
os dois anos conjuntamente. Nesse caso, foi incluída uma variável categórica para indicar o
ano, que tomou os seguintes valores: “1” para o ano de 1991 e “0”, para 2000, além de
interações dessa variável categórica com as demais variáveis contínuas.
4) Aspectos do Ensino Brasileiro
A taxa de escolarização bruta possui algumas características fundamentais que
devem ser destacadas para uma melhor análise do sistema educacional, principalmente
porque ela é comumente utilizada por organismos internacionais para comparação da
situação educacional entre países. Ela não reflete apenas a cobertura do sistema
educacional, mas também a sua eficiência, entendida aqui como o nível de repetência.
Dessa forma, uma taxa de escolarização bruta de 100% não significa, necessariamente, que
o sistema educacional possui uma cobertura total, porque parte das matrículas pode ser de
alunos repetentes. A taxa de escolarização bruta pode ser decomposta da seguinte forma;
ou SPP* TELTEB *=
1
K
Kii
Ki
i
K
S
SS 1=
TE
Onde: Sk = matrícula do nível de ensino k,
Ski = matrícula do nível k na idade adequada,
Pi = população em idade adequada,
TEB = Taxa de escolarização bruta
TEL = taxa de escolarização líquida
TE = taxa de eficiência.
De acordo com a equação acima, quanto maior o grau de distorção idade/série do
sistema educacional, devido a uma taxa de repetência alta, menor será a taxa de eficiência
do ensino e conseqüentemente maior a taxa de escolarização bruta. O atendimento à
educação também afeta a taxa de matrícula, pois uma menor cobertura do ensino
corresponderá a uma menor quantidade demandada de ensino, portanto, menores taxa de
escolarização bruta. Percebe-se, portanto, que essa taxa possui caráter ambíguo, podendo
aumentar por aspectos negativos ou positivos.
Essa relação pode ser melhor entendida nos gráficos abaixo, onde estão
representadas as possíveis combinações da taxa de escolarização líquida e o inverso da taxa
de eficiência que podem gerar uma determinada taxa de escolarização bruta. Juntamente
com estas linhas estão representados os valores reais dos estados para as duas metades do
Ensino Fundamental separadamente e o Ensino Médio, para os anos de 1991 e 2000.
As curvas hipotéticas de taxas de escolarização bruta foram traçadas tendo como
limite máximo e mínimo, o maior e menor valor observado desta taxa nos estados nos dois
anos. Cada curva representa as possíveis combinações entre a taxa de escolarização líquida
e o inverso da Taxa de Eficiência, a uma determinada taxa de escolarização bruta. Como
pode ser visto, a curva vermelha, que representa a taxa de escolarização bruta igual a 100%,
pode ser obtida com uma taxa de escolarização líquida baixa combinada com uma baixa
taxa de eficiência (ou alta repetência). O ponto preto na curva representa o ponto ideal, ou
seja, onde o ensino estaria universalizado, com 100% de cobertura e 100% de eficiência.
Mantendo-se os mesmos níveis de taxa de escolarização líquida, um aumento da eficiência
do ensino, diminuindo a repetência, provoca um movimento para a esquerda. Mantendo-se
os mesmos níveis de taxa de eficiência, um aumento da taxa de escolarização líquida
provoca um movimento para cima.
Analisando primeiramente a primeira metade do ensino fundamental nos dois anos
(gráficos 1 e 2), percebe-se que em 1991 todos os estados já possuíam taxa de escolarização
líquida maior que 100%, mas os estados do Sul e Sudeste detiam os melhores indicadores
(maior taxa de escolarização líquida e maior taxa de eficiência) , pois estão mais próximos
do ponto ideal (ponto preto). Quando compara-se os estados do Rio Grande do Sul e Bahia,
percebe-se mais claramente ambigüidade da taxa de escolarização bruta, pois em ambos os
estados ela é próxima de 120%, porém no caso do Rio Grande do Sul ela é resultado de
uma alta taxa de escolarização líquida e uma relativa baixa repetência. Já na Bahia ocorre o
inverso. Quando comparamos também estados com mesmo nível de taxa de eficiência,
como é o caso de Mato Grosso e Rio de Janeiro. O primeiro estado possui maior taxa de
escolarização líquida que o segundo, o que resulta em maior taxa de escolarização bruta.
Gráfico 1: Combinação entre Taxa de Escolarização Líquida e Taxa de Eficiência, segundo Taxa de Escolarização Bruta, valores hipotéticos e estados, 1ª a 4ª séries,
1991.
Fonte: Censo Demográfico de 1991.
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1,10
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0'÷Θ π
Taxa
de
Esco
lariz
ação
Líq
uida
1,51,41,31,21
1,0 0,67 0,50 0,40 0,34 0,29 0,25 TE
Taxa de Escolarização
Buta
BA
TO
MA
PI
PBCEPA
AM
AL
SEPERR
RNGO
ROAP
MTRJ
MS
MGDF
ESPR
SPSC
RS
Quando analisa-se o ano de 2000, observa-se que nas quatro primeiras séries do
ensino fundamental ocorreu um aumento da cobertura, principalmente para os estados do
Norte e Nordeste que se aproximam dos níveis do restante dos estados, ou seja, a maioria
dos estados estão em uma mesma faixa horizontal, indicando possuírem taxas de
escolarização líquida próximas. O principal diferencial entre os estados são as taxas de
eficiência que ainda são baixas e resultam em taxa de escolarização bruta maior que um,
principalmente para os estados do Nordeste.
Gráfico 2: Combinação entre Taxa de Escolarização Líquida e Taxa de Eficiência, segundo Taxa de Escolarização Bruta, valores hipotéticos e estados, 1ª a 4ª séries,
2000. qu
ida
Lí
zaçã
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Es
a de
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1,10
1,0 1,3 1,5 1,8 2,0 2,3 2,5 1 / TE
Tax
1,91,71,51,31,0
1,0 0,76 0,67 0,55 0,5 0.43 0.4 TE
Taxa de Escolarização
Bruta
BATO
MA
PIPB
CE
PAAMAL
AC
SEPE
RR
RNGORO AP
MTRJ
MS
MGDF
ES
PR
SPSCRS
Fonte: Censo Demográfico de 2000.
Os gráfico 3 e 4, são semelhantes aos dois primeiros, porém consideram a segunda
metade do Ensino Fundamental. Em ambos os anos, principalmente em 1991, as curvas de
combinação entre as taxas de escolarização líquida e eficiência estão em um nível inferior
quando comparado a segunda metade do fundamental, devido a menor taxa de
escolarização líquida, o que resulta em taxas brutas menores que um. .
Ao contrário do que ocorreu no conjunto de gráficos anteriores, para a segunda
metade do ensino fundamental, apesar de ter ocorrido aumento na taxa de escolarização
liquida entre os anos de 1991 e 2000, ela ainda é bastante diferenciadas entre os estados,
existindo ainda a divisão Norte e Nordeste e o restante dos estados. De modo geral, pode-se
dizer que nesse caso, o aumento da taxa de escolarização bruta se deveu tanto pelo aumento
da taxa de escolarização líquida quanto pelo aumento da taxa de eficiência.
Gráfico 3: Combinação entre Taxa de Escolarização Líquida e Taxa de Eficiência, segundo Taxa de Escolarização Bruta, valores hipotéticos e estados, 5ª a 8ª séries,
1991.
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1,10
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 1 / ΤΕ
Taxa
de
Esco
lariz
ação
Líq
uida
1,00,80,70,60,4
1,0 0,67 0,50 0,40 0,34 0,29 0,25 TE
Taxa de Escolarização
Bruta
PI
TOAMSE
BA
PA
MA
AL
PB
CEAC
RNRO PE
RRMT
APGO
MG
RJES
PR
DFSPRSSC
MS
Fonte: Censo Demográfico de 1991.
Gráfico 4: Combinação entre Taxa de Escolarização Líquida e Taxa de Eficiência, segundo Taxa de Escolarização Bruta, valores hipotéticos e estados, 5ª a 8ª séries,
2000.
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1,10
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,01 / ΤΕ
Taxa
de
Esco
lariz
ação
Líq
uida
1,31,11,00,90,7
1,0 0,67 0,50 0,40 0,34 0,29 0,25 TE
Taxa de Escolarização
Bruta
BATO
MA
PI
PBCE
PAAM
AL
ACSE
PE
RRRN
GO
ROAP
MTRJMS
MG
DF
ESPR
SP
SC RS
Fonte: Censo Demográfico de 2000.
Quando se analisa o ensino médio, percebe-se pelos gráficos 5 e 6, que as baixas
taxas de escolarização bruta são resultantes de baixas taxas de escolarização líquida, já que
o nível de eficiência é menor que no fundamental. Os aumentos da escolarização bruta
entre os anos de 1991 e 2000 foram resultantes de aspectos positivos, ou seja, aumento da
escolarização líquida.
Gráfico 5: Combinação entre Taxa de Escolarização Líquida e Taxa de
Eficiência, segundo Taxa de Escolarização Bruta, valores hipotéticos e estados, Ensino
Médio, 1991.
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 1 / ΤΕ
Taxa
de
Esco
lariz
ação
Líq
uida
10,50,40,30,2
1,0 0,67 0,50 0,40 0,34 0,29 0,25 TE
Taxa de Escolarização
Bruta
SC
RRMG
SP RJ
ES MTMS
BA
PR
MAAM
AP
PB
PEPA PI
RSDF
GO
RO CE
AL
AC
RNSE
TO
Fonte: Censo Demográfico de 1991.
Gráfico 6: Combinação entre Taxa de Escolarização Líquida e Taxa de
Eficiência, segundo Taxa de Escolarização Bruta, valores hipotéticos e estados, Ensino
Médio, 2000.
1,
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1,10
0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 1 / ΤΕ
Taxa
de
Esco
lariz
ação
Líq
uida
1,00,90,70,50,3
1,0 0,67 0,50 0,40 0,34 0,29 0,25 TE
Taxa de Escolarização
Bruta
BA
TO
MAPI
PBCE PA
AMAL
AC SEPE
RR
RN
GO
RO
AP
MT
RJ
MSMG DF
ES
PRSP
SCRS
Fonte: Censo Demográfico de 2000.
5) Impacto do tamanho relativo da coorte em idade escolar nos indicadores de
educação
Nessa seção são analisados os resultados das regressões lineares múltiplas, com o
objetivo principal de verificar a influência do tamanho relativo da coorte em idade escolar
no ensino fundamental e médio, nos municípios brasileiros nos anos de 1991 e 2000.
Para facilitar a análise, são apresentadas tabelas com o resumo dos coeficientes das
variáveis independentes de maior interesse, visto que as outras são apenas variáveis
controle.
Primeiramente, são analisados os resultados para o ensino fundamental (Tabela 1).
Percebe-se que o tamanho relativo da coorte tem um impacto positivo e pequeno na
quantidade, visto que os coeficientes relativos a essa variável para os anos de 1991 e 2000
são significativos apenas para o número de matrículas, enquanto que para e taxa de
escolarização bruta e líquida e taxa de atendimento não são significativos. Embasando na
regressão que utiliza como base de dados os dois anos conjuntamente, percebe-se que para
1991 o impacto na quantidade é menor, pois a interação entre o tamanho relativo da coorte
e ano foi negativa para número de matrículas, taxa de escolarização bruta e líquida e taxa
de atendimento. O maior impacto para o ano de 2000 pode ser devido ao fato de que nesse
ano o ensino fundamental já se encontra praticamente universalizado e variações na
população em idade escolar provoca maior impacto na quantidade.
Com relação as variáveis de caráter qualitativo, o tamanho relativo da coorte teve
impacto negativo para a taxa profesor/aluno, indo de encontro às preposições de Schultz, de
que uma maior população em idade escolar provoca uma piora na qualidade do ensino. Já
para a taxa de eficiência, o tamanho relativo da coorte não foi significativo estatisticamente.
No caso das PPS, que capta variações na quantidade e qualidade de ensino, verifica-
se que o tamanho relativo da coorte para a probabilidade de passar de zero para um ano de
estudo (e0) tem impacto positivo e significativo apenas para os dois anos conjuntamente,
com menor impacto para 1991. No caso da probabilidade de passar de quatro para cinco
anos de estudo, o impacto é negativo para todos os casos e maior para 1991.
Analisando as demais variáveis independentes, observa-se que a escolaridade das
mulheres acima de 25 anos de idade (proxy da educação materna) tem importante efeito, no
sentido de que quanto maior a escolaridade da mãe maior os indicadores educacionais.
Cabe ressaltar, que no caso dos indicadores que captam variações na quantidade
demandada de escolaridade, o impacto da escolaridade materna é maior para o ano de 1991.
Já para os que captam qualidade o impacto é maior para 2000.
No caso do nível de urbanização dos municípios, o impacto nas variáveis
quantitativas é positivo. Dessa forma, pode-se inferir que o maior grau de urbanização
causa uma economia de escola para a educação. Por outro lado, há um impacto negativo
para os indicadores de qualidade educacional.
Os resultados das regressões para o ensino médio encontram-se na tabela 2. Ao
contrário do que ocorreu no ensino fundamental, nesse caso o impacto da coorte em idade
escolar tem impacto negativo e significativo para as variáveis de caráter quantitativo, com
exceção para o número de matrículas. Tal fato pode ser devido a menor cobertura desse
nível de ensino.
Com relação as variáveis de caráter qualitativo, o impacto do tamanho relativo da
coorte na relação professor/aluno foi a esperada, negativa e significativa. Já para a taxa de
eficiência o coeficiente não foi o esperado, mas sim positivo e significativo. Tal fato pode
ser devido a seletividade da coorte de 15 a 17 anos que chega no Ensino Médio, ou seja,
como há um grande porcentagem de pessoas nesta faixa etária ainda cursando o Ensino
Fundamental, aqueles que chegam no Ensino Médio são os com maior propensão a passar
de ano. Para a probabilidade de passar de oito para nove anos de estudo não foi
significativa.
Tabela 1: Coeficientes selecionados para as regressões do Ensino Fundamental
Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sigln da coorte relativa de 7 a 14 anos 2,589 0,000 2,364 0,000 1,912 0,000 5,155 0,000ln dos anos de estudo das mulheres acima de 25 anos 1,210 0,000 1,533 0,000 0,865 0,000 0,340 0,000ln da porcentagem de pessoas em áreas urbanas 0,540 0,000 0,527 0,000 0,513 0,000 0,145 0,140ln do sal/hora relativo do prof do EF -0,423 0,000 -0,249 0,000 -0,287 0,000 -0,013 0,656ln da escolaridade média do prof do EF 0,113 0,342 0,301 0,039 0,803 0,000 -0,123 0,000
Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sigln da coorte relativa de 7 a 14 anos 0,010 0,688 -0,009 0,457 0,122 0,000 -1,254 0,000ln dos anos de estudo das mulheres acima de 25 anos 0,313 0,000 0,022 0,001 0,120 0,000 0,055 0,000ln da porcentagem de pessoas em áreas urbanas 0,030 0,000 0,012 0,000 -0,004 0,344 0,106 0,000ln do sal/hora relativo do prof do EF 0,015 0,017 0,025 0,000 0,042 0,000 0,005 0,189ln da escolaridade média do prof do EF 0,029 0,101 -0,006 0,674 -0,077 0,000 0,017 0,000
Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sigln da coorte relativa de 7 a 14 anos 0,035 0,146 -0,019 0,078 -0,192 0,003 -3,228 0,000ln dos anos de estudo das mulheres acima de 25 anos 0,356 0,000 0,093 0,000 0,331 0,000 -0,029 0,052ln da porcentagem de pessoas em áreas urbanas 0,010 0,061 -0,001 0,758 -0,090 0,000 -0,205 0,000ln do sal/hora relativo do prof do EF 0,025 0,000 0,023 0,000 0,088 0,000 -0,011 0,500ln da escolaridade média do prof do EF 0,023 0,198 0,082 0,000 0,128 0,063 -0,026 0,004
Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sigln da coorte relativa de 7 a 14 anos 0,027 0,253 -0,013 0,052 0,125 0,000 -1,170 0,000ln dos anos de estudo das mulheres acima de 25 anos 0,355 0,000 0,072 0,000 0,185 0,000 0,040 0,000ln da porcentagem de pessoas em áreas urbanas 0,014 0,008 -0,003 0,117 -0,017 0,000 0,096 0,000ln do sal/hora relativo do prof do EF 0,025 0,000 0,009 0,000 0,032 0,000 0,005 0,146ln da escolaridade média do prof do EF -0,006 0,713 0,044 0,000 -0,031 0,033 0,008 0,000
Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sigln da coorte relativa de 7 a 14 anos -0,606 0,000 -0,305 0,000 -0,192 0,003 -3,228 0,000ln dos anos de estudo das mulheres acima de 25 anos 0,236 0,000 0,322 0,000 0,331 0,000 -0,029 0,052ln da porcentagem de pessoas em áreas urbanas -0,128 0,000 -0,122 0,000 -0,090 0,000 -0,205 0,000ln do sal/hora relativo do prof do EF 0,082 0,000 0,106 0,000 0,088 0,000 -0,011 0,500ln da escolaridade média do prof do EF -0,043 0,481 0,058 0,441 0,128 0,063 -0,026 0,004
Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sigln da coorte relativa de 7 a 14 anos 0,006 0,526 -0,022 0,011 -0,009 0,237 0,052 0,372ln dos anos de estudo das mulheres acima de 25 anos 0,039 0,000 0,065 0,000 0,073 0,000 -0,015 0,000ln da porcentagem de pessoas em áreas urbanas -0,022 0,000 -0,013 0,000 -0,013 0,000 -0,025 0,000ln do sal/hora relativo do prof do EF 0,010 0,000 -0,001 0,670 0,001 0,700 0,000 0,920ln da escolaridade média do prof do EF -0,007 0,368 0,086 0,000 0,096 0,000 -0,012 0,000
Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sigln da coorte relativa de 7 a 14 anos -0,012 0,571 -0,015 0,073 0,176 0,000 -2,121 0,000ln dos anos de estudo das mulheres acima de 25 anos 0,368 0,000 0,119 0,000 0,229 0,000 0,036 0,000ln da porcentagem de pessoas em áreas urbanas -0,010 0,033 -0,010 0,000 -0,018 0,000 0,012 0,290ln do sal/hora relativo do prof do EF 0,036 0,000 0,015 0,000 0,040 0,000 0,017 0,000ln da escolaridade média do prof do EF 0,041 0,010 0,087 0,000 -0,039 0,010 0,020 0,000
Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sigln da coorte relativa de 7 a 14 anos -0,028 0,304 -0,043 0,000 -0,172 0,000 1,653 0,000ln dos anos de estudo das mulheres acima de 25 anos 0,110 0,000 0,161 0,000 0,103 0,000 0,003 0,491ln da porcentagem de pessoas em áreas urbanas 0,159 0,000 0,029 0,000 0,042 0,000 0,270 0,000ln do sal/hora relativo do prof do EF -0,045 0,000 0,001 0,763 -0,006 0,246 -0,041 0,000ln da escolaridade média do prof do EF 0,223 0,000 0,097 0,000 0,189 0,000 -0,002 0,487
ln da Probabilidade de Progressão da 5ª série do ensino fundamental
Variáveis Independentes 1991 2000 1991-2000 Interação com ano
ln da Probabilidade de Progressão da 1ª série do ensino fundamental
Variáveis Independentes 1991 2000 1991-2000 Interação com ano
Ln da taxa de Eficiência EF
Variáveis Independentes 1991 2000 1991-2000 Interação com ano
Ln do Professor/aluno do EF
Variáveis Independentes 1991 2000 1991-2000 Interação com ano
Ln da taxa de Atendimento de 7 a 14 anos
Variáveis Independentes 1991 2000 1991-2000 Interação com ano
Ln da taxa de Escolarização Líquida EF
Variáveis Independentes 1991 2000 1991-2000 Interação com ano
Ln da taxa de Escolarização Bruta EF
Variáveis Independentes 1991 2000 1991-2000 Interação com ano
Ln do número de matrículas EF
Variáveis Independentes 1991 2000 1991-2000 Interação com ano
Tabela 2: Coeficientes selecionados para as regressões do Ensino Médio
Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sigln da coorte relativa de 15 a 17 anos 1,404 0,000 1,689 0,000 1,457 0,000 2,575 0,393ln dos anos de estudo das mulheres acima de 25 anos 2,267 0,000 1,664 0,000 1,319 0,000 0,412 0,000ln da porcentagem de pessoas em áreas urbanas 0,840 0,000 0,587 0,000 0,589 0,000 0,540 0,000ln do sal/hora relativo do prof do EM -0,031 0,361 0,055 0,077 0,049 0,066 -0,031 0,026ln da escolaridade média do prof do EM -0,078 0,317 -0,102 0,282 0,042 0,622 -0,026 0,024
Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sigln da coorte relativa de 15 a 17 anos -0,273 0,000 -0,323 0,000 -0,376 0,000 1,383 0,194ln dos anos de estudo das mulheres acima de 25 anos 1,027 0,000 0,853 0,000 0,886 0,000 0,020 0,061ln da porcentagem de pessoas em áreas urbanas 0,203 0,000 0,090 0,000 0,090 0,000 0,247 0,000ln do sal/hora relativo do prof do EM 0,039 0,004 0,007 0,417 0,035 0,000 -0,011 0,025ln da escolaridade média do prof do EM 0,001 0,980 0,114 0,000 0,070 0,020 -0,005 0,271
Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sigln da coorte relativa de 15 a 17 anos -0,047 0,589 -0,082 0,091 -0,904 0,000 1,935 0,000ln dos anos de estudo das mulheres acima de 25 anos 1,315 0,000 1,165 0,000 0,179 0,001 -0,059 0,415ln da porcentagem de pessoas em áreas urbanas 0,133 0,000 0,058 0,000 -0,064 0,026 -0,513 0,000ln do sal/hora relativo do prof do EM 0,021 0,226 0,005 0,653 0,091 0,000 0,029 0,003ln da escolaridade média do prof do EM 0,001 0,980 0,141 0,000 0,005 0,947 0,029 0,002
Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sigln da coorte relativa de 15 a 17 anos 0,082 0,030 0,042 0,016 -0,120 0,000 6,717 0,000ln dos anos de estudo das mulheres acima de 25 anos 0,380 0,000 0,177 0,000 0,193 0,000 0,031 0,000ln da porcentagem de pessoas em áreas urbanas 0,166 0,000 0,033 0,000 0,026 0,000 0,360 0,000ln do sal/hora relativo do prof do EM -0,004 0,591 -0,005 0,192 0,004 0,458 -0,008 0,002ln da escolaridade média do prof do EM -0,005 0,777 0,029 0,022 0,065 0,000 -0,010 0,000
Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sigln da coorte relativa de 15 a 17 anos -0,880 0,000 -0,906 0,000 -0,904 0,000 1,935 0,415ln dos anos de estudo das mulheres acima de 25 anos -0,172 0,008 0,332 0,000 0,179 0,001 -0,059 0,014ln da porcentagem de pessoas em áreas urbanas -0,253 0,000 -0,101 0,001 -0,064 0,026 -0,513 0,000ln do sal/hora relativo do prof do EM 0,080 0,003 0,044 0,059 0,091 0,000 -0,033 0,003ln da escolaridade média do prof do EM 0,257 0,000 0,002 0,977 0,005 0,947 0,029 0,002
Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sigln da coorte relativa de 15 a 17 anos 0,263 0,000 0,225 0,000 0,118 0,002 4,353 0,000ln dos anos de estudo das mulheres acima de 25 anos 0,290 0,000 0,333 0,000 0,337 0,000 -0,020 0,037ln da porcentagem de pessoas em áreas urbanas -0,039 0,021 -0,021 0,049 -0,008 0,467 -0,114 0,002ln do sal/hora relativo do prof do EM -0,020 0,093 0,001 0,902 0,003 0,723 -0,014 0,002ln da escolaridade média do prof do EM 0,007 0,794 0,062 0,016 0,056 0,038 -0,006 0,114
Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sig Coeficiente Sigln da coorte relativa de 15 a 17 anos -0,026 0,416 0,019 0,286 -0,021 0,288 0,643 0,188ln dos anos de estudo das mulheres acima de 25 anos 0,036 0,019 0,054 0,000 0,058 0,000 -0,013 0,011ln da porcentagem de pessoas em áreas urbanas 0,052 0,000 0,043 0,000 0,051 0,000 -0,020 0,285ln do sal/hora relativo do prof do EM 0,005 0,435 0,002 0,701 0,003 0,450 -0,002 0,485ln da escolaridade média do prof do EM 0,032 0,029 0,064 0,000 0,057 0,000 -0,002 0,239
ln da Probabilidade de Progressão na 1ª série do ensino médio
Variáveis Independentes 1991 2000 1991-2000 Interação com ano
Ln da taxa de Eficiência EM
Variáveis Independentes 1991 2000 1991-2000 Interação com ano
Ln do Professor/aluno do EM
Variáveis Independentes 1991 2000 1991-2000 Interação com ano
Ln da taxa de Atendimento de 15 a 17 anos
Variáveis Independentes 1991 2000 1991-2000 Interação com ano
Ln da taxa de Escolarização Líquida EM
Variáveis Independentes 1991 2000 1991-2000 Interação com ano
Ln da taxa de Escolarização Bruta EM
Variáveis Independentes 1991 2000 1991-2000 Interação com ano
Ln do número de matrículas EM
Variáveis Independentes 1991 2000 1991-2000 Interação com ano
5) Conclusão
Este trabalho procurou analisar a relação existente entre o tamanho relativo da
coorte em idade escolar e alguns indicadores de ensino que captam sua quantidade e
qualidade, através de uma análise do ensino fundamental e médio nos municípios
brasileiros para o ano de 1991 e 2000. Para tanto, utilizou-se como referência metodológica
o trabalho de Schultz (1987), que permite avaliar o impacto de indicadores econômicos e
demográficos na quantidade e qualidade do ensino. Todavia, foram feitas várias adaptações
do modelo de produção/demanda.
Para analisar o impacto da coorte em idade escolar na quantidade utilizou-se o
número absoluto de matrículas, a taxa de escolarização bruta e líquida e a taxa de
atendimento. No caso da qualidade, os principais indicadores foram a taxa de eficiência e a
relação professor/aluno. Também considerou a probabilidade de passar de zero para um
anos de estudo, de quatro para cinco e de oito para nove anos de estudo que captaram tanto
a quantidade quanto a qualidade do ensino.
Através de uma análise descritiva da taxa de escolarização bruta, líquida e taxa de
eficiência ficou bastante claro a peculiaridade do primeiro indicador, que pode aumentar
tanto por um aspecto positivo (maior cobertura), quanto por um aspecto negativo (maior
repetência). Ou seja, a taxa de escolarização bruta pode ser resultado de várias combinações
de taxa de escolarização líquida e taxa de eficiência. Dessa forma, uma alta taxa de
escolarização bruta não necessariamente significa que a cobertura ou qualidade do ensino é
boa, pois ela pode ser resultado de uma baixa taxa de escolarização líquida e baixa taxa de
eficiência (ou alta repetência).
Com base nos resultados encontrados nas estimativas das regressões, verificou-se
que uma coorte em idade escolar tem um pequeno impacto positivo na quantidade
demandada de ensino fundamental, verificada apenas pelo aumento do número de
matrículas, já que para as variáveis quantitativas restantes o coeficiente não foi significativo
para a maioria dos casos. Para o ensino médio, pode-se dizer que o impacto positivo do
tamanho relativo da coorte em idade escolar nas matrículas é proporcionalmente menor que
o aumento da população em idade escolar, o que acarreta variações negativas para as taxas
de escolarização bruta, líquida e de atendimento. Dessa forma, pode-se inferir que uma
diminuição do crescimento demográfico e, conseqüentemente, uma diminuição da
população em idade escolar não possui grandes impacto para a cobertura do ensino
fundamental, mas por outro lado, possibilita um aumento na cobertura do ensino médio.
Para os indicadores de qualidade escolar, a diminuição da população em idade
escolar provoca uma melhora na qualidade do ensino fundamental e médio, verificada pelo
aumento da relação professor/aluno, mas para a taxa de eficiência essa relação não foi
encontrada.
Portanto, de acordo com o que foi analisado neste artigo, e tendo em conta a
limitação de se trabalhar com uma análise cross-section, pode-se inferir que uma queda da
taxa de crescimento da população, ocasionando uma mudança na estrutura etária com taxas
de dependência para jovens menores, conforme vem ocorrendo no Brasil, poderá abrir uma
janela de oportunidades, como diz Carvalho e Wong (1995), no sentido de contribuir para
uma melhora na cobertura educacional do ensino médio. E se a relação professor/aluno for
indicadora de qualidade do ensino, uma menor população em idade escolar pode também
contribuir para a melhora na qualidade de ambos os níveis de ensino.
7) Bibliografia
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