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Mensagens Curtas 10
Para Meditação Diária
Silvio Dutra
Set/2016
2
A474 Alves, Silvio Dutra Mensagens curtas 10./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 221.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Graça 3. Fé. I. Título. CDD 230
3
Sumário
A Melhor Petição da Oração..........................
8
Ninguém se Sinta Excluído............................
9
Sempre Ainda Mais Uma Vez........................
10
Só Pode Ser Salvo Quem Reconhece que é Pecador..................................................................
12
O Grande Risco em Escolher uma Porta Errada........................................................................
13
O Dever de em Tudo Ser Criteriosos.........
17
Não se Acomodando ao Mal..........................
19
O Principal Objetivo em Nossa Vida..........
20
Os Que Agradam a Deus...................................
23
A Melhor Escolha................................................
24
Dízimos e Ofertas.................................................
29
Inteligência Emocional Natural e
Espiritual..................................................................
36
Para Quem se Sente Enfraquecido e Abatido......................................................................
39
4
Escândalos...............................................................
41
O Mal e o Perigo de Ofensas..........................
44
Prevenindo-se do Escândalo.........................
48
Fugindo dos Traficantes de Promessas...
52
O Perigo da Interpretação Fora de
Contexto...................................................................
54
Como Não Ser Enganado.................................
56
Acautelai-vos dos Falsos Profetas..............
59
“Vede Que Ninguém vos Engane” (Mateus 24.4).........................................................
70
Zelo e Fervor..........................................................
73
Recomendações Práticas para o Zelo na
Vida Cristã...............................................................
76
Um Viver Fiel.........................................................
79
Fiel é o Que Prometeu.......................................
84
Seja Forte no Senhor..........................................
87
O Segredo da Frutificação..............................
91
A Fé Obediente Tem Grande Galardão.... 93
5
A Bênção da Generosidade............................
95
O Amor é Gentil e Generoso.........................
98
A Sobre-excelência da Presente Glória...
100
A Glória do Evangelho......................................
102
Para a Glória de Deus em Cristo Jesus......
105
Glória.........................................................................
109
A Deus Pertence Toda a Glória....................
114
A Terra é Dada por Deus em Herança
aos Santos................................................................
117
Os Ídolos que Nós Criamos e Amamos....
127
“Riquezas de Origem Iníqua” (Lucas 16.9) ............................................................................
130
Vivendo ou Caindo na Real............................
140
Mandamento, Lei, Preceito e
Ordenança...............................................................
143
Como o Cristão Morreu para a Lei.............
147
Apascentar..............................................................
150
A Longanimidade e Amor Evangélicos.... 152
6
Mansidão, Gentileza e Humildade............
157
Vontade e Inclinação Moral e Espiritual.
161
O Grande Milagre...............................................
164
Posso todas as coisas naquele que me fortalece - Filipenses 4.13................................
166
Piedade......................................................................
171
Profanação do Culto de Adoração..............
174
Duas Profecias Previsíveis pelo Tipo de
Comportamento..................................................
178
Profecias Cumpridas e que Continuarão se Cumprindo........................................................
180
Profecias para a Paz e Alegria do Reino
do Messias...............................................................
187
“De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.” (Hebreus 13.5)...
190
Deus nos Guarda do Mal..................................
192
Socorro na Tribulação - SALMO 116..........
194
Antídoto Feito do Próprio Veneno............. 197
7
O Sábio e Poderoso Controle de Deus nas Nossas Aflições............................................
200
Encontros com Deus na Hora da Aflição
203
Por Que Se Alegrar Por Ter Passado
Pela Provação? .....................................................
205
Tendo Bom Ânimo num Mundo de
Aflições.....................................................................
208
Aflições Aliviadas...............................................
211
Entre Leões.............................................................
214
Responsabilidade................................................
216
Fazendo a Avaliação Correta.........................
219
8
A Melhor Petição da Oração
Geralmente, oramos a Deus pedindo somente
proteção e provisão para nós ou para outros.
Livramento de perigos, cura de enfermidades, empregabilidade, melhoria financeira e tudo o
mais que se refira a operações divinas para atender às nossas necessidades pessoais e
terrenas.
Mesmo quando oramos para os assuntos relativos à alma é comum que o façamos
simplesmente para que Deus melhore o nosso comportamento ou para que nos livre de erros.
Estas petições são válidas e importantes mas há
uma principal e melhor que todas elas, que comumente esquecemos ou até mesmo
desconhecemos, que é a de orar para que haja comunhão entre nós, Deus e nossos irmãos na
fé, e especialmente para que desfrutemos da presença do Senhor em união com o nosso
espírito gerando aquele precioso sentimento de amor, paz, segurança, esperança, alegria,
fortaleza, confiança e tudo o mais que é decorrente da manifestação da Sua santa presença no nosso viver.
É isto que torna a oração deleitosa e que nos
incentiva a buscarmos a face do Senhor continuamente, para que não fiquemos
privados de tão preciosa comunhão.
9
Ninguém se Sinta Excluído
Deus demanda de nós a santidade, mas ao mesmo tempo fez a promessa de ser
misericordioso para com todos os nossos pecados e iniquidades, e que não se lembrará
deles e não os colocará em nossa conta para condenação, desde que nos voltemos para Ele
por meio da fé em Jesus Cristo.
Desta forma, quando falamos sobre vida santificada, sobre a necessidade do crescimento
espiritual em santificação, ninguém, por maior pecador que seja, deve se sentir excluído da
possibilidade de ter todos os seus pecados perdoados e ser reconciliado com Deus para
sempre, porque isto é obtido pelo simples arrependimento e fé em Jesus Cristo.
Porque foi para este propósito mesmo que ele
veio a este mundo, para morrer em nosso lugar, de modo a satisfazer a exigência da justiça
perfeita de Deus, de que não pode haver qualquer culpa naqueles que viverão em
comunhão com ele para sempre.
Tendo Jesus removido a nossa culpa na sua morte na cruz, pela fé nele, somos considerados
inculpáveis por Deus, que nos dá o selo desta promessa fazendo habitar em nós Espírito Santo
para operar a nossa transformação e santificação.
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Sempre Ainda Mais Uma Vez
Pior do que o sentimento de verdadeira inutilidade é o pensamento de que se é útil e
descobrir por fim que se viveu praticando o que era inútil.
Todavia, todos nós, sem uma única exceção, flutuamos em graus variados entre estes dois
pólos, ao longo de todo o curso da nossa existência terrena.
Mas somente aqueles que têm sido comissionados para algum encargo específico
que se relacione a servir o próximo em amor haverão de sentir o peso da imensa frustração
que se pode experimentar quando falham no desempenho que deveriam apresentar.
Aqueles que têm aprendido da parte de Deus sobre a verdadeira essência e profundidade da
sua própria insuficiência acharão algum consolo nisto, mas não poderão achar descanso
e paz para as suas almas atribuladas enquanto não forem reerguidos pela graça de Cristo para
o devido cumprimento dos deveres para os quais foram encarregados por Ele.
Quantas lágrimas derramadas e suspiros de uma alma aflita serão achados ao longo da
caminhada da estrada da vida!
Quantas dores e sofrimentos pela consciência
atormentada pela ideia do fracasso.
Frustrações acumuladas que parecem nunca
ter um fim.
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Todavia persevera, pela exclusiva graça e poder do Espírito que volta a erguer o caído.
A alma responsável não acha sossego na ociosidade e por isso o apóstolo Pedro voltou a
pescar, retornou ao seu antigo ofício, quando pensou que jamais voltaria ao exercício do
apostolado por ter negado a Cristo.
Voltamos à prática das coisas de pouca ou
nenhuma utilidade, pois a alma soçobrará caso fique parada.
Mas já não se tem mais alegria que se sentia antes nestas antigas atividades porque a
consciência agora esclarecida e educada pela graça revela a profunda apostasia em que nos
encontramos.
Tínhamos uma comissão, mas falhamos.
Entretanto, quando pensamos que a graça não pode suportar tantos extravios, ela se revela
quantas vezes necessárias, que está disposta a nos conduzir a patamares mais elevados no
divino serviço.
Por ela somos habilitados e animados,
renovados em alegria, ao ver que mais uma vez, em tantas ao longo da vida, continuamos sendo
usados pela exclusiva misericórdia, graça, amor e poder de Jesus Cristo.
12
Só Pode Ser Salvo Quem Reconhece que é Pecador
Quem insiste em que o homem pode salvar a sua
alma da condenação eterna, pela sua simples aplicação na prática de boas obras, é porque
ainda não foi convencido pelo Espírito Santo quanto à real extensão da culpa dos seus
pecados; que é infinita e eterna assim como é o castigo divino para todos aqueles que não
tiveram a sua dívida de pecados perdoada e cancelada por Cristo.
É nEle e somente nEle que podemos ser aceitáveis a Deus, uma vez que não há quem não
peque.
É pela aspiração de se obter a concretização da
esperança que temos nEle de sermos aperfeiçoados pelo Espírito Santo, mediante
aplicação da Palavra de Deus em nossas vidas, que somos salvos para aquela vida
perfeitamente santa, justa e amorosa que teremos na glória celestial.
Somente o próprio Deus pode nos despojar
inteiramente da natureza pecaminosa que todos possuímos, enquanto neste mundo, e nos revestir da sua natureza celestial, espiritual e
divina.
E este trabalho de justificação, regeneração e santificação do pecador é realizado
simplesmente com base na graça de Deus e mediante a fé em nosso Senhor Jesus Cristo.
13
O Grande Risco em Escolher uma Porta Errada
A salvação da alma, como tudo o mais em nossa vida, possui também a sua porta de entrada.
Esta porta é única, eterna e insubstituível.
Corremos portanto, um sério risco em nos darmos por satisfeitos com alguma porta
religiosa, filosófica, ou qualquer outra que tenhamos escolhido como porta para a nossa
salvação, e no fim da nossa vida, quando esta for aberta, não nos conduzir para o céu, para o
nirvana, ou para outras condições agradáveis em relação ao destino eterno do nosso espírito, uma vez que este tiver deixado o nosso corpo
pela morte.
Ora, é bem patente que se fosse deixado por Deus, que por nossa própria escolha, viéssemos
a adotar o modo de vida ou pensamento que nos conduzirá ao céu, é bem certo que todos nós nos
perderíamos, porque, afinal, Deus é espírito invisível, e seus caminhos não são os nossos
caminhos e nem os seus pensamentos os nossos pensamentos.
Se no próprio mundo físico em que vivemos e apalpamos pelo nosso tato, e vemos com os
nossos olhos, muitas coisas permanecem encobertas ao nosso conhecimento e
entendimento, quanto mais isto não é verdadeiro de modo absoluto quanto ao que se
refere ao mundo espiritual, celestial e invisível.
Por isso, Deus, em Sua infinita bondade e
misericórdia para conosco, não nos deixou sem
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a sua ajuda e direção para nos levar à porta que se abre para o cominho da salvação, do céu, da
vida eterna.
Ele não somente nos Deus o Senhor Jesus Cristo
para morrer no nosso lugar, pagando o preço exigido pela Sua justiça quanto aos nossos
pecados, como também nos atrai para Ele, revelando a Sua pessoa divina, para que pelo
poder da Sua graça, possa não somente desvendar os nossos olhos para o mundo
espiritual verdadeiramente santo e celestial, como também operar a transformação de
nossas vidas, segundo o caráter e virtudes que foram por Ele descritas na Sua Palavra que foi
revelada a nós para confirmar o Seu propósito eterno relativo ao modo da nossa salvação.
Assim, as Escrituras não contêm apenas mandamentos de Deus, mas também
descrevem as características que passam a existir nas vidas dos que são salvos, pela Sua
graça e mediante o arrependimento e fé em Jesus.
Elas, portanto, confirmam se estamos ou não
entrando pela única porta e caminho que conduz à salvação, a saber, a pessoa do próprio
Senhor Jesus Cristo, que passa a viver em nós em espírito.
É sobretudo neste sentido que Jesus afirma que não fomos nós que o escolhemos, mas Ele que
nos escolheu. Não meramente num sentido eletivo, mas revelador, diretivo, instrutivo,
operativo, porque se não fosse pelo Seu trabalho
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de nos trazer para a porta e caminho da salvação, jamais conheceríamos aquela vida espiritual,
celestial e divina, que é comum a todos que dela têm participado pela fé nEle.
Então, não é pela escolha que faço de uma
determinada filosofia de vida ou de religião, que posso estar seguro de ir para o céu, ou de estar
vivendo do modo que seja agradável a Deus.
Não nos foi dado por Deus escolher o modo de vida que me conduzirá à Sua presença, em
espírito, pois este caminho já foi estabelecido por Ele desde antes da fundação do mundo, e
não há outros caminhos que possam conduzir ao mesmo objetivo.
Posso orar, louvar, ler a Bíblia, ser caridoso, frequentar os cultos de uma igreja, e ainda
assim estar fora do caminho, porque posso fazer tudo isto sem ter tido um encontro pessoal com
Cristo, e por conseguinte, não ter sido regenerado e santificado pelo Espírito Santo,
que é quem testifica com o nosso espírito que fomos tornados filhos de Deus pela nossa
comunhão com Jesus Cristo.
João 15:16 Não fostes vós que me escolhestes a
mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo
quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.
16
João 15:19 Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do
mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia.
17
O Dever de em Tudo Ser Criteriosos
“Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem
definida em sua própria mente.” (Rom 14.5)
Quanto a este conselho do apóstolo, muitos têm erroneamente pensado que aqui se trata de
doutrina clara, diretamente definida na Palavra revelada de Deus.
Jamais, Paulo teria ousado proferir tal
blasfêmia, a saber, que cada um definisse segundo sua própria interpretação da Bíblia,
qual é a doutrina que lhe convém.
A doutrina revelada é absoluta e imutável.
O que está claramente em foco no contexto
desta citação do apóstolo em Romanos 14, era a questão de preferências por hábitos não
pecaminosos, para os quais cada um tem a liberdade de escolher o seu, sem que seja
julgado por alguém de pensamento diferente.
Mas quando não se trata de doutrina revelada, ou de prática de coisas que ainda que não
definidas na Bíblia como sendo pecaminosas, todavia, caso não estejam de acordo com o tom
das Escrituras, e que não trazem consigo a aprovação do senso comum daqueles que estão
santificados, e sobretudo da testificação do
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Espírito Santo, é evidente que estas coisas não são lícitas e deveriam ser abandonadas.
Acrescente-se a isto que ainda que fossem lícitas, todavia há que se considerar que nem
tudo nos convém.
Há coisas que podem parecer inocentes na
superfície trazem nelas o pecado subliminarmente embutido, e faríamos bem em
nos preservar delas.
Neste particular, quanto cuidado se deve ter
com a mídia secular, não somente impura em si mesma em quase sua totalidade, como também
é engenhosamente planejada para explorar e incentivar o que há de pior na humanidade.
E quando estas coisas estão habitando juntamente conosco na casa do nosso coração,
dificilmente nosso Senhor Jesus Cristo poderá achar boa acolhida em tais condições.
19
Não se Acomodando ao Mal
Quando a Bíblia fala da condição caída do
homem, e da impiedade que impera no mundo, não há nisto, em uma linha sequer das
Escrituras, qualquer insinuação de que esta seja uma condição para ser acatada, de modo que
nos justifiquemos ou descansemos em nossas más ações, que são a consequência da má natureza que temos, por ser decaída no pecado.
Ao contrário, o registro é feito em forma de instrução e alerta, para que nos arrependamos e
busquemos em Deus, pela fé em Cristo, um novo coração regenerado e renovado pelo poder
do Espírito Santo, bem como um caminhar segundo as virtudes de Cristo em real novidade
de vida.
O registro relativo ao pecado nas Escrituras é para que nos envergonhemos, nos
entristeçamos e nos arrependamos desta nossa condição de miséria e morte espiritual, para que
por meio da graça de Jesus possamos vencer tanto uma quanto outra, despojando-nos do
velho homem pela mortificação contínua do pecado, pela Palavra e pelo poder do Espírito.
Deus fortalecerá os corações dos que praticam e amam a justiça, e os abençoará ricamente com
toda a sorte de bênçãos espirituais, nas quais verão a Sua poderosa mão conduzindo-os em
vitória sobre todas as investidas do Maligno, e lhes aperfeiçoando o caráter em graus cada vez
maiores, de graça em graça e de fé em fé.
20
O Principal Objetivo em Nossa Vida
“Isto, porém, vos digo, irmãos: o tempo se abrevia; o que resta é que não só os casados
sejam como se o não fossem; mas também os que choram, como se não chorassem; e os que
se alegram, como se não se alegrassem; e os que compram, como se nada possuíssem; e os que se
utilizam do mundo, como se dele não usassem; porque a aparência deste mundo passa.” (I Cor
7.29-31)
O apóstolo Paulo chama a nossa atenção para o
que é principal: “Irmãos, o tempo é curto", e, portanto, se ocupem com estas coisas como se
vocês não as tivessem porque a aparência deste mundo passa. Esta é a razão pela qual ninguém,
senão um verdadeiro cristão pode relacionar-se moderadamente com as coisas deste mundo.
Por quê? Porque ninguém, senão um cristão fiel tem um objetivo principal que permeia toda a sua vida; ele busca o céu e a felicidade, porque
isto estará com ele mais tarde e para toda a eternidade.
Por isso a sua fé permeia todos os assuntos: o
casamento, compras, o mundo. E não deve se importar com se entristecer ou se alegrar,
porque há um grande e principal objetivo em vista.
Ele não será negligente na execução dos seus deveres, relativos ao casamento, ao uso do
dinheiro, às suas funções neste mundo,
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procurando sempre, em tudo, fazer o melhor com a ajuda e a direção do Espírito Santo,
todavia, sempre terá este sentimento de que o Reino de Deus e a sua justiça, sempre deve
ocupar o lugar principal em sua mente, coração e ações.
Assim, não concentrará o principal de seus esforços em objetivos terrenos e passageiros, mas naqueles que se referem a Deus e às coisas
espirituais e eternas, porque é isto o que lhe ordena o seu Senhor.
Ele sabe que o tempo é curto, e portanto, deve ser moderado em todas as coisas deste mundo.
O envolver-se em demasia com tudo o que respeita à vida que temos aqui embaixo
conquista totalmente as nossas afeições por estas coisas, e não poderemos ter e manter o
nosso amor a Deus acima de tudo e de todos, conforme é ordenado por Ele.
Se temos um afeto desmedido por qualquer coisa desta vida, faremos todo o empenho para
não perdê-la, e ficaremos fatalmente imobilizados e desmotivados caso aconteça a
perda, o que é de se supor, que aconteça mais cedo ou mais tarde.
Daí nosso Senhor ter afirmado tão categórica e expressamente: “Assim, pois, todo aquele que
dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14.33); “Quem
ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preserva-la-á para a vida
eterna.” (João 12.25); “Quem ama seu pai ou sua
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mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a
mim não é digno de mim; (Mat 10.37).
Deus não consentirá que nosso afeto por Ele esteja em competição com qualquer outra coisa
ou pessoa deste mundo.
Nada e ninguém deve ser motivo para que Ele não seja servido em primeiro lugar por nós.
Nem bens terrenos, ou cônjuges, ou filhos, ou carreira, nem nossas tristezas, nem nossas
alegrias, enfim, nada é nada.
De tudo cuidaremos com zelo e amor, mas não deixaremos de tributar a honra, o culto, o
serviço que são devidos ao Senhor, antes de tudo o mais.
Sem este sentimento e prática de renúncia
jamais poderemos servi-lo e amá-lo do modo pelo qual importa fazê-lo.
E há uma urgência no uso que fazemos de nossa
vida aqui embaixo porque a vida é curta, e o tempo do nosso encontro com o Senhor é certo,
e ele julgará todas as nossas obras.
E o que tivermos deixado de fazer para o Senhor não poderá ser recuperado, porque não
poderemos voltar atrás e começar tudo de novo.
23
Os Que Agradam a Deus
Enquanto não conhecemos e não praticamos o modo de vida que Deus exige de nós, conforme
se encontra revelado na Bíblia, não se pode dizer de nós que O amamos e que fazemos a Sua
vontade.
Devemos lembrar que para se conhecer e se fazer a vontade de Deus é necessário que haja
arrependimento e conversão a Jesus Cristo, porque sem o poder operante da Sua graça nada
do que somos ou fazemos terá qualquer valor para Deus.
Necessitamos do Seu perdão da justificação e
santificação que procedem unicamente da nossa fé e comunhão espiritual com Ele.
Um caminhar agradável a Deus demanda sobretudo um viver pelo poder da graça de Jesus quebrantando, instruindo, fortalecendo e
purificando o nosso coração.
Sem a operação da graça é impossível cumprir
os mandamentos de Deus e viver do modo que Lhe seja agradável.
Por isso Jesus afirma nas Escrituras que
somente os que creem nEle e fazem parte do Seu rebanho, ouvem e entendem as Suas Palavras;
que os Seus verdadeiros amigos são reconhecidos por guardarem os Seus
mandamentos, e que é somente a estes que se revela por meio do Espírito Santo que neles
habita.
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A Melhor Escolha
“Lucas 10:38 Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta,
hospedou-o na sua casa.
Lucas 10:39 Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do
Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos.
Lucas 10:40 Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se
aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que
eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me.”
Essa história é completa em si mesma. Cristo tinha feito o bem por todos os lugares que
passava, sendo isto todo o seu objetivo e ofício. E agora a providência e o santo amor divino o
direcionaram a estas duas mulheres, que lhe haviam recebido antes em seus corações, e
agora em sua casa; e ele lhes preparou um banquete mais gracioso do que elas poderiam
lhe dar.
Maria sentou-se aos pés de Jesus, sabendo que como de costume dos seus lábios sempre
gotejava mirra preciosa em suas palavras graciosas, Cantares 5.13, e, portanto, ela se
esqueceu de todas as demais coisas.
A partir da ida de Cristo a essas mulheres observe que onde Deus tem começado um
trabalho da graça, ele não irá interrompê-lo,
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mas o aperfeiçoará até o dia do Senhor; e enviará os seus servos, os profetas, para efetuá-lo.
Isto deve nos encorajar a nos esforçarmos para
crescer na comunhão uns com os outros, se professamos ser guiados pelo mesmo Espírito
pelo qual Cristo foi guiado.
Os lábios do justo são agradáveis, e suas línguas são prata refinada. Às vezes, o pecado do homem
faz com que a instrução seja inoportuna, e é lamentável lançar pérolas aos suínos, Mat 7.6.
Assim, para não priorizarmos outros interesses
em relação à instrução que devemos buscar em Cristo, devemos aprender a escolher esta
melhor parte, assim como Maria fizera no passado.
Para tanto, devemos lamentar a nossa apatia e
pedir a Deus a influência espiritual, que pode nos tornar dispostos.
Não devemos impedir que os nossos afazeres
cotidianos nos impeçam de ouvir a Cristo, tal como Marta fizera naquela ocasião.
Ela estava preocupado em servir, mas não estava disposta a dar atenção a Cristo, porque
considerou mais importante continuar preparando a refeição.
"E Jesus, respondendo, disse-lhe: “Marta,
Marta".
Estas e as palavras que se seguiram contêm uma reprovação a Marta. O Senhor a chamou
gentilmente pelo seu próprio nome. Cristo viu nela uma mistura do bem com o mal, e portanto,
repetiu o nome dela, antes de lhe dizer: “Andas
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inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma
só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.” (Luc 10.41,42).
É provável que Marta tenha se sobrecarregado com um peso maior do que ela poderia suportar.
Ninguém lhe havia imposto aquele fardo, e muito menos Deus o faria, mas ela o tomou por
sua própria escolha.
Então movida pelo orgulho teve a ousadia de
repreender o próprio Senhor por julgá-lo como indiferente à sua aflição e não ter, segundo ela,
sido sensível o bastante para repreender sua irmã Maria por estar Lhe ouvindo, para que ela
o deixasse e fosse ajudá-la nos afazeres domésticos.
Ainda hoje, quantos irmãos em Cristo, especialmente irmãs, são tentados a se
queixarem de Cristo por não terem tempo de ouvi-lo por causa de suas muitas tarefas
domésticas e outros tipos de afazeres?
É preciso estar vigilante contra isto, porque
Cristo não nos impede de darmos conta de nossas ocupações, ao contrário nos ordena isto,
e nos fortalece e capacita para a sua realização, mas a Sua lei jamais mudará de que Deus e o Seu
reino devem vir em primeiro lugar, em relação a tudo o mais.
A ansiedade apaga a fé, e sem fé é impossível
agradar a Deus.
Por isso nosso Senhor primeiro repreendeu
Marta para que pudesse depois instruí-la,
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dizendo-lhe que ela deveria como sua irmã Maria se esforçar para estar a Seus pés, porque
somente uma coisa é necessária para agradarmos a Deus, que é esta de estarmos
sempre ao seu dispor, amando-o acima de todas as demais coisas.
Se fizermos tudo neste mundo e se viermos a faltar nisto que é vital, somos a mais miserável
de todas as criaturas, porque somente o ser humano tem uma alma para ganhar ou perder.
O que dará o homem em troca da sua alma?
De que vale ganhar o mundo inteiro e vir por fim
a perder a alma?
Por isso nosso Senhor mostrou a Marta qual era
a sua doença e por amor lhe ministrou o remédio adequado.
Antes de escrever este texto, ainda ontem eu
meditava sobre o imenso valor que há em se ter o privilégio de se estar debaixo da instrução de
ministros fiéis que pregam o verdadeiro evangelho de Jesus e que mantêm permanente
comunhão com Deus. Eles são os portadores da riqueza de inestimável valor que é a Palavra pela
qual somos gerados novas criaturas.
Eles nos dão acesso de graça e pela graça à maior
graça que pode e deve ser alcançada para se ter vida eterna.
É portanto uma bem-aventurança poder frequentar as reuniões de oração e adoração
onde Cristo é realmente exaltado, porque se tem ao alcance da mão o maior tesouro de todo
o universo, o único capaz de enriquecer para
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sempre o nosso espírito, ressuscitando-o de entre os mortos para provar da vida do próprio
Deus.
E enquanto Maria estava debaixo desta experiência, Marta estava ainda sem
experimentá-la ou então se afastando da mesma por conta de sua visão que era carnal naquela
ocasião.
Lembremos que todas as coisas pertencentes a este mundo e à vida que temos em nossa relação
com ele, nos serão tiradas um dia, mas todas as coisas que temos recebido por meio da nossa fé
em Jesus Cristo jamais poderão ser tiradas de nós, seja até mesmo pela morte, ou por poderes
do inferno, ou por tribulações, angústias ou pelo que for, conforme nos ensina Paulo em
Romanos 8.
“Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma
só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.” (Lucas 10.42)
29
Dízimos e Ofertas
“Mas digo isto: Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e aquele que semeia em
abundância, em abundância também ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu
coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá
com alegria.” (II Coríntios 9.6,7)
O texto retrocitado alude a uma oferta que foi
levantada pelo apóstolo Paulo entre as igrejas da incircuncisão (gentios), e que foi juntada
durante o período aproximado de um ano, para assistir aos crentes pobres e necessitados da
circuncisão, a saber, pertencentes ao povo de Israel. Trata-se portanto, não de um dogma
relativo à apresentação de ofertas obrigatórias pelas igrejas, mas de uma decisão específica,
para atender a uma necessidade específica, numa ocasião especifica.
A Igreja tem o dever de atender às necessidades dos santos, mas isto não é regulado no período
do Novo Testamento, quanto à forma de fazê-lo.
Antes de tudo devemos considerar que os
dízimos e ofertas alçadas regulados pela Lei de Moisés e conforme são apresentados no Velho
Testamento pertenciam exclusivamente ao sistema chamado de Antiga Aliança que vigorou
até a instituição da Nova Aliança a partir da morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus
Cristo.
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Apesar de terem sido apresentados dízimos antes dos dias de Moisés, todavia não estavam
regulados pela lei que fora dada aos israelitas por Deus no Monte Sinai.
Como pode ser observado em diversas passagens bíblicas tanto o dízimo quanto as
ofertas fixas tinham por alvo atender às necessidades de manutenção do culto do
templo, dos sacerdotes, dos levitas e também para atender os que se encontrassem em
necessidade extrema em Israel.
Deve-se ter em conta que a nação de Israel
estava debaixo de um governo teocrático e os assuntos de estado eram uma atribuição dos
sacerdotes da nação. O dízimo tinha então também o caráter de imposto, para gerir
serviços à sociedade como um todo.
Deus teve o cuidado de dar um sentido social à aplicação das ofertas e dízimos que eram
apresentados a Ele, para desfazer a ideia religiosa antiga de que Ele necessitava destas
ofertas para que a sua ira fosse aplacada ou então para se comprar os seus favores.
As ofertas sangrentas representadas sobretudo nos sacrifícios de animais realizados no templo
foram instituídas por Deus desde os dias de Adão, como se infere da oferta apresentada por
Abel, já que havia um princípio pedagógico nestes sacrifícios para que ficasse gravada
definitivamente a necessidade de um sacrifício cruento – o de Jesus – que foi tipificado até que
Ele viesse, por aqueles sacrifícios. Sacrifício este
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– o de Jesus -que seria oferecido pelo próprio Deus e não por qualquer homem ou anjo.
Deus não tem necessidade de qualquer oferta apresentada pelos homens – estes é que
necessitam dos seus dons divinos.
Com a revogação da Antiga Aliança, caiu também juntamente com todas as demais
ordenanças civis e cerimoniais da Lei de Moisés aquela forma prescrita de se oferecer dízimos e ofertas, até mesmo porque não seria o propósito
de Deus incentivar a continuidade de um sistema que tinha sido revogado desde que
nosso Senhor inaugurou um Novo Testamento para substituir aquele modo de culto que
vigorava no Antigo.
Agora, se os dízimos e ofertas eram de fato bíblicos, naquela forma prescrita, para
vigorarem no período de duração da Antiga Aliança, todavia disto se aprende, por princípio,
que onde houver a necessidade de manutenção de um ministério regular em igrejas nesta Nova
Aliança, para o pagamento de ministros de tempo integral; servidores de manutenção dos
locais de adoração; assistência regular de membros etc, é razoável e necessário que haja
um sistema também regular de cobertura destes gastos pela membresia, voluntariamente, e conforme a capacidade de
cada um em ofertar para a continuidade dos trabalhos ministeriais.
Ninguém, em sã consciência, seria contrário a
isto, especialmente quando os trabalhos da
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Igreja têm em vista alcançar convertidos, quer nas congregações locais, quer nas atividades
missionárias; pois isto sempre implica a necessidade de dispêndio financeiro, e bem
farão aqueles que forem movidos voluntariamente a contribuir, porque Deus ama
a quem dá com alegria, e não somente isto, faz abundar a fazenda daqueles que são generosos em ofertar para atender a necessidades reais
relacionadas aos serviços da Igreja.
Agora, fazer da obra de Deus uma ocasião de
ganho pessoal, de negócio mundano, para entesourar para fins escusos é uma prática
abominável e condenada não somente por Deus, mas pela própria razão natural.
É requerido daqueles que administram os bens e recursos financeiros da Igreja que sejam
pessoa sábias, idôneas, de boa reputação e inteiramente honestas, para que se tape a boca
do Inimigo e sejam eliminadas quaisquer possibilidades de ruins suspeitas.
Tudo deve ser administrado de modo claro e transparente, de conhecimento geral da
membresia, para que o nome de Deus seja honrado e glorificado,
Afinal a congregação cristã não é um ambiente de negócios mundanos e seculares.
Por isso vemos nosso Senhor repreendendo a avareza dos escribas e fariseus, que
administravam os serviços religiosos em Israel, e cujo enfoque repousava nos dízimos e nas
ofertas e não no que era, segundo o Senhor,
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mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé (Mateus 23.23). Ele estava
falando a judeus, ainda debaixo da Antiga Aliança, e por isso afirmou que importava fazer
estas coisas (a justiça, a misericórdia e a fé) sem omitir aquelas (os dízimos e as ofertas).
Lembremos que o próprio Senhor Jesus cumpriu integralmente a Lei de Moisés, pois importava que assim fizesse para nos resgatar
da maldição da lei ao morrer no nosso lugar – o Obediente perfeito da Lei no lugar dos
desobedientes.
Por extensão, por similaridade, podemos entender que Ele estava aludindo a que toda
oferta pecuniária levantada para o serviço na obra de Deus deve servir de apoio para a
pregação da fé, da justiça do evangelho e da misericórdia de Deus pelos pecadores, de modo
a que sejam salvos. O que passa disso é negociata secular, como ocorria com os escribas e fariseus
no passado.
O texto de Hebreus 7.5-9 é bastante claro quanto
à verdade de que o sistema de dízimos e ofertas do Antigo Testamento estava de baixo da lei da
Antiga Aliança e não da Nova, porque se diz que o encargo de recolher dízimos era específico dos
levitas, e aqueles que estavam obrigados a dizimar eram todas as demais tribos de Israel,
sendo que os próprios levitas não estavam desobrigados de apresentarem também o
dízimo dos dízimos que recebiam.
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Na mesma epístola aos Hebreus é afirmada uma nova lei de administração do culto, porque Jesus
não era sumo-sacerdote segundo a ordem de Arão, de quem descendiam os levitas, mas
segundo a ordem de Melquisedeque a quem Abraão pagou o dízimo.
Tendo havido mudança de sacerdócio, houve também mudança da lei sacerdotal (Hb 7.12) de
modo que se diz que:
“Pois, com efeito, o mandamento anterior é
revogado por causa da sua fraqueza e inutilidade
(pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou), e desta
sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual nos aproximamos de Deus.” (Hebreus
7.18,19)
Finalmente, observe que o profeta Malaquias apresenta os dízimos e ofertas não como a
finalidade do culto, mas como uma das evidências da verdadeira fidelidade a Deus nos dias do Velho Testamento, quando era exigido
obrigatoriamente dos israelitas determinados tipos de ofertas, bem como o dízimo. Ele cita no
primeiro e segundo capítulos a necessidade de santidade de vida para que os dízimos e ofertas
fossem aceitos por Deus.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras
1 – deekate (grego) – dízimo;
2 – apodekatoo (grego)– dizimar;
3 – maasahr (hebraico) – dízimo;
4 – doron (grego) – dom, oferta;
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5 – minchah (hebraico) – oferta não sangrenta; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:
http://www.recantodasletras.com.br/mensagensreligiosas/5402533
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Inteligência Emocional Natural e Espiritual
Não pretendemos nos prender à exploração completa deste conceito, conforme muitos o
fizeram, especialmente Salovey e Mayer, e Goleman, dos quais estamos destacando apenas
a definição das habilidades apresentadas por este último como sendo as principais categorias do que se chama de Inteligência Emocional:
1. Autoconhecimento Emocional - reconhecer
as próprias emoções e sentimentos quando ocorrem;
2. Controle Emocional - lidar com os próprios
sentimentos, adequando-os a cada situação vivida;
3. Automotivação - dirigir as emoções a serviço
de um objetivo ou realização pessoal;
4. Reconhecimento de emoções em outras pessoas - reconhecer emoções no outro e
empatia de sentimentos; e
5. Habilidade em relacionamentos interpessoais - interação com outros indivíduos
utilizando competências sociais.
Quando falta ou quando se é pequena a chamada Inteligência Emocional, assim considerada
pelos termos destacados anteriormente, haverá prejuízos especialmente nas chamadas relações
interpessoais, pela falta de um controle adequado sobre as emoções, e que se traduzirá
geralmente em explosões de ira, irritações e
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alterações de humor, muitas vezes injustificadas.
Isto depõe contra a possibilidade de um viver harmônico em interações sociais, e
especialmente na comunhão espiritual quando isto se refere à Inteligência Emocional
Espiritual.
Como o fruto do Espírito Santo é paz, alegria, bondade, benignidade, longanimidade, amor e domínio próprio, ainda que a Inteligência
Emocional Natural, por maior que seja, não responda a este fruto citado, que é
eminentemente sobrenatural e celestial, ou seja, que nos vem do Alto, todavia, aqueles que
não a possuem naturalmente ou de modo deficiente terão maiores dificuldades em serem
ajustados ao padrão de comportamento que Deus espera forjar em todos os seus filhos
amados, sem que isto caracterize, no entanto, uma impossibilidade, para o Deus ao qual são
possíveis todas as coisas.
Assim, quando aqueles que se encontravam com maiores dificuldades para o seu
aperfeiçoamento espiritual, chegam a alcançá-lo por lutarem para o buscarem em Deus, muito
maior é a glória de Deus nestes casos, pela plena evidência do seu poder transformador de vidas.
Parece-nos portanto, que ele permitiu estas deficiências naturais, que entraram na criação
por causa do pecado original, para que ele tivesse uma glória ainda maior, pela
demonstração do seu poder de cura, amor e
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cuidado misericordioso demonstrados para todos aqueles que recorrem a ele para serem
socorridos, por meio da fé em Jesus Cristo, por meio de quem nos são concedidas todas as
coisas.
Antes de concluir esta parte, cabe ressaltar que os que são de temperamento calmo e brando,
não estão também excluídos da necessidade do cuidado de Deus, porque podem ficar tímidos
por conta de suas disposições naturais e não virem a investir e a fazer progresso com ousadia
no reino de Deus, por um firme testemunho de fé, especialmente nas circunstâncias adversas.
E, além disso, são mais facilmente tentados a
confundir a santificação que procede do Espírito Santo com o seu fruto de mansidão,
longanimidade, etc, com o temperamento natural que eles possuem, e que como
afirmamos anteriormente, não consiste no fruto de santificação que nos leva a servir e a
adorar a Deus com um coração puro e uma boa consciência.
Enfim, ser calmo não significa que se esteja
vivendo na fé e na direção do Espírito Santo.
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Para Quem se Sente Enfraquecido e Abatido
Para o fortalecimento da alma e do espírito, não há fórmulas mágicas, e tudo o que se propõe
fora da fortificação que há em Cristo, é engodo ou algo passageiro e ineficaz.
É evidente que na hora em que os laços do inferno de nós se apoderam, e as angústias de
morte nos abatem, a ponto de parecer que estamos de fato sem esperança e mortos para a
vida.
Quando o vigor da alma foge.
O apetite some, a cabeça se transtorna, e o coração se estremece.
E o calafrio sobe sem que se possa exercer qualquer controle, porque é involuntário e nos
tira até a pouca força que temos.
Não há remédio no mundo que vença tal
abatimento, de modo seguro, restaurador, competente, duradouro.
Somente a oração ajuda nessas horas.
E não somente a nossa, e principalmente as
intercessões de outros em nosso auxílio.
Deus ouvindo e vendo o nosso estado terrível, se compadece e envia o socorro, ou diretamente pelo Espírito Santo, ou pela ajuda de anjos.
Uma batalha espiritual tremenda se estabelece.
Os olhos do corpo não veem.
Mas os do coração sentem e percebem quando
os poderes malignos são expulsos e vão embora.
E passa a reinar uma paz absoluta em nossa
alma.
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A paz de Jesus que excede todo o nosso entendimento prevalece, e vence qualquer tipo
de tormento.
“Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que
está em Cristo Jesus.” (II Timóteo 2.1)
“invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e
tu me glorificarás.” (Salmo 50.15)
Deus tem prazer em nos dar tal força e
livramento, porque isto comprova o quanto Ele cuida de nós e nos ama.
Ninguém deve ter vergonha de reconhecer a
sua necessidade de amparo e recorrer a Ele pedindo ajuda e alívio.
Afinal, quem é sensível, e que investiga a causa do bem, sempre estará sujeito a tais ataques que
são desferidos pelos poderes do inferno.
E não há quem possa de si mesmo, vencer a tais espíritos, senão somente nosso Senhor Jesus
Cristo.
Recorramos a Ele, com firme confiança,
aguardando com paciência pelo Seu socorro, e veremos o quanto Ele é poderoso e fiel, para nos
livrar, e nos encher do Seu poder e consolo.
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Escândalos
“Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque
é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo!” (Mat 18:7)
No contexto desta palavra de advertência
proferida por nosso Senhor Jesus Cristo, vemos que a sua citação a escândalos se refere a toda
ação proposital ou não, que impeça a fé nele, para a salvação.
“Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um
destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma
grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar.” (Mat 18:6)
Geralmente se pensa em escândalos, meramente como comportamentos
desaprovados pela sociedade, aos quais, comumente se classifica de escandalosos.
Todavia, os que mais têm servido de empecilho
para que as pessoas se aproximem de Cristo e deem boa acolhida à Palavra do evangelho, são
exatamente muitos daqueles que se ocupam de assuntos religiosos, até no próprio meio
protestante-evangélico, em razão de se desviarem do alvo traçado por nosso Senhor de
que se pregasse tão somente o Seu evangelho, as verdades relativas ao evangelho, porque o único
tipo de escândalo tolerado por Deus, é aquele que é produzido pela fiel pregação de Cristo, e
este crucificado.
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Escândalo este que, obviamente, jamais sujeitará aquele que o tiver produzido ao “ai”
proferido por nosso Senhor, senão aquele que se escandalizou com a verdade revelada na
Palavra.
Não é comum se pensar que o citado “ai” se
aplique aos que pregam o evangelho erroneamente, ou com interesses escusos, ou
desviando o foco da pregação na justiça de Cristo, para a justificação e salvação do pecador,
para assuntos que provoquem discussões e debates vãos, mormente em disputas de caráter
pessoal, político, religioso, ou qualquer outro que seja tudo, e menos o evangelho
propriamente dito, e que produza nos leitores ou ouvintes, até mesmo aversão pelo nome de
Jesus Cristo, por pensarem equivocadamente que Ele tenha algo a ver com toda esta
insensatez que é realizada em seu nome.
Então, própria e justamente, cabe aos tais, o “ai” de advertência, por serem um tropeço à salvação e bênção de muitos, porque ficam
escandalizados com o procedimento destes supostos arautos da verdade, que podem até
mesmo, ser cristãos autênticos, mas equivocados.
Confiramos então a Bíblia, especialmente a
Palavra do Senhor e dos apóstolos no Novo Testamento, antes de nos escandalizarmos com
Jesus, pelo que vemos no comportamento dos tantos que falam em seu nome, sem que
tivessem sido enviados ou instruídos por Ele.
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E como já disse antes: não são poucos.
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O Mal e o Perigo de Ofensas
" Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do
homem pelo qual vem o escândalo!" (Mt 18.7)
É muito evidente que nosso Senhor Jesus Cristo põe um peso muito grande sobre esta matéria relativa a ofensas, ele as representa como uma
espada de dois gumes:
1) "Ai do mundo por causa dos escândalos!” – O mundo que se escandaliza sem motivo, com
Cristo e com o evangelho, e com o bom testemunho dos seus servos, e que por esta
rejeição permanece debaixo de condenação.
2) “Ai daquele por quem vem o escândalo!" – Aqueles que provocam escândalos, por
carregarem o nome de Cristo, e que por não terem um procedimento condizente com a fé
que professam ter, servem de motivo de tropeço para muitos que não vêm a Cristo ou que dele se
afastam, por pensarem que ele tenha algo a ver com o comportamento desses insubordinados.
John Owen assim se expressou quanto a isto:
“Assim, nosso Senhor apresenta essas duas
coisas juntamente.
É necessário que haja ofensas; Deus as designou, e deve ser assim.
Devemos portanto considerar para nós mesmos
o tempo em que podemos estar certos que os escândalos serão abundantes, para que sejamos
cautelosos quanto a isto.
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Primeiro, é um tempo de perseguição. As ofensas serão abundantes em tempos de
perseguição.
Em segundo lugar, um tempo de grandes
pecados é um momento de grandes escândalos, tanto contra um testemunho exemplar do
evangelho, quanto em relação ao oposto disto.
Isto, o Espírito Santo diz expressamente, que "nos últimos dias haverá tempos difíceis." Todos os perigos surgem de ofensas. E por quê? As
concupiscências dos homens serão abundantes. Quando há uma abundância de concupiscências
(cobiças), haverá uma abundância de delitos, que fazem com que os tempos sejam perigosos.
Em terceiro lugar, quando há uma decadência
das igrejas, quando crescem frias, é a hora dos escândalos abundarem: "por se multiplicar a
iniquidade, o amor de muitos esfriará." Este é um tempo em que as ofensas abundarão; como
todas as igrejas de Cristo parecem estar neste dia. Todas as virgens, sábias e tolas, estão
dormindo. É o que eu lhes disse muitas vezes, e eu gostaria de poder dizer que eu lhes disse com
choro, que estamos sob um decaimento lamentável - caindo de nossa primeira fé, amor
e obras.
Agora, se todos estes tempos devem vir sobre
nós - um tempo de perseguição, como ocorre agora em todo o mundo, diz o apóstolo:
"Amados, não estranheis a ardente prova... certos de que sofrimentos iguais aos vossos
estão-se cumprindo na vossa irmandade
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espalhada pelo mundo”, um tempo de abundância de grandes pecados nos homens; e
um tempo de grandes decaimentos em todas as igrejas - se é assim conosco, com certeza é muito
bom para nós atentarmos para a advertência de nosso Salvador: "Acautelai-vos dos escândalos".
Deus designou Cristo para ser a maior ofensa no mundo, Isaías 8.14. Ele foi designado para ser
uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo, - uma ofensa insuperável. A pobreza
de Cristo no mundo e sua cruz seriam rocha de escândalo, na qual os judeus e os gentios
tropeçaram e caíram, e se arruinaram por toda a eternidade.”
Jesus nunca ofendeu a ninguém mas foi tomado indevidamente por muitos como sendo uma
ofensa, um escândalo.
E assim também seus discípulos têm da parte de
Deus apenas esta única concessão de serem motivo de escândalo para alguns do mundo, por
causa do bom testemunho que eles dão, na sua identificação com o Seu Salvador e Senhor.
Agora, devemos ter cuidado quanto a todas as demais formas de escândalos (ofensas) que são
causadas, especialmente contra as consciências de irmãos ainda fracos na fé. Mesmo que estas
ofensas sejam causadas por uma má aplicação da verdade.
“Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para
discutir opiniões.” Rom 14.1.
“Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por
que desprezas o teu? Pois todos
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compareceremos perante o tribunal de Deus. Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor,
diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus. Assim, pois, cada
um de nós dará contas de si mesmo a Deus. Não nos julguemos mais uns aos outros; pelo
contrário, tomai o propósito de não pordes tropeço ou escândalo ao vosso irmão.” (Rom 14.10-13)
O apóstolo falou do tribunal de Deus para o julgamento de todos os escândalos e ofensas
que tivermos feito, especialmente aqueles que servem de tropeço a pessoas que ofendemos
com o nosso procedimento e que por conta disto ficaram impedidas de virem a Cristo ou de se
firmarem na fé, pelo que viram ou receberam de nós e que não condiz com a nossa condição de
servos de Deus.
“E, por isso, se a comida serve de escândalo a
meu irmão, nunca mais comerei carne, para que não venha a escandalizá-lo.” (I Cor 8.13)
Se daremos contas do escândalo produzido quando estamos empenhados em defender o
que nos parece verdadeiro e justo, o que se dirá então do escândalo produzido por um mau
procedimento, seja ele intencional ou não?
“não dando nós nenhum motivo de escândalo
em coisa alguma, para que o ministério não seja censurado.” (2 Cor 6.3)
“Não vos torneis causa de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem tampouco para a
igreja de Deus,” (I Cor 10.13)
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Prevenindo-se do Escândalo
Escândalo, no Novo Testamento, vem de skandalizo (no original grego) e significa
conduzir alguém a tropeçar, servir de motivo para levar alguém a pecar e a apostatar da fé.
É sempre neste sentido que a palavra é usada no Novo Testamento.
Há passagens em que são citadas situações em
que se encontra implícito o uso da citada palavra, como o texto de Gálatas 4.13,14, no qual
o apóstolo Paulo afirma que a enfermidade física que tivera não serviu de motivo de tropeço para
os cristãos da Galácia, apesar de poder ter sido uma fonte de tentação para eles quanto a um
possível recuo na fé, por pensarem que não havia cuidado ou poder da parte de Cristo, em
relação a Paulo, por ter permitido que se encontrasse em tais circunstâncias.
“Gál 4:13 E vós sabeis que vos preguei o
evangelho a primeira vez por causa de uma enfermidade física.
Gál 4:14 E, posto que a minha enfermidade na carne vos foi uma tentação, contudo, não me
revelastes desprezo nem desgosto; antes, me recebestes como anjo de Deus, como o próprio
Cristo Jesus.”
Os gálatas tiveram a oportunidade de
aprenderem com a enfermidade de Paulo, que a
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conversão a Cristo não significa a supressão de problemas, tribulações, aflições.
Ao contrário, a fidelidade ao Senhor precipitará tais ocorrências, evidentemente, estando todas
elas debaixo do Seu controle.
Para prevenir os apóstolos, de uma possível apostasia, em razão das perseguições que
sofreriam depois da partida de Jesus para o céu, Ele lhes declarou explicitamente tudo o que lhes
sucederia, para que quando estivessem debaixo daquelas aflições, não recuassem na fé, por
pensarem que o Senhor lhes havia abandonado, ou não teria poder suficiente para guardá-los do
mal.
“João 16:1 Tenho-vos dito estas coisas para que não vos escandalizeis.
João 16:2 Eles vos expulsarão das sinagogas; mas
vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto a Deus.”
Quando João Batista estava na prisão e pediu aos seus discípulos que perguntassem a Jesus se Ele
era o Messias, provavelmente por ter titubeado em relação ao martírio que estava sofrendo por
pensar que o poder do Messias com todas as promessas de bênçãos para todos os que nEle
cressem, não estava funcionando no seu caso.
Por isso, ao ter curado várias pessoas na presença dos discípulos de João, nosso Senhor
declarou o seguinte:
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“Mat 11:6 E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço.”
(Esta palavra tropeço foi vertida da mesma
palavra grega skandalizo, usada nos demais textos onde foi traduzida por escândalo.)
Quanto à intensidade e gravidade das
tribulações do tempo do fim, nosso Senhor já nos alertou previamente, para que não nos escandalizemos, porque isto sucederá a muitos,
por pensarem que Deus está dormindo, em razão da grande multiplicação da iniquidade e
da maldade no mundo, especialmente contra aqueles que sustentarem o testemunho da Sua
Palavra.
“Mat 24:10 Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros;”
Todavia, quer neste tempo referido, ou mesmo
em qualquer época, há um juízo predito sobre todo aquele que servir de motivo de tentação
para outros, para que se desviem da fé no Senhor, ou que impeçam a outros de se
aproximarem dEle, para exercerem fé no Seu nome.
“Mat 18:7 Ai do mundo, por causa dos
escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o
escândalo!”
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“Rom 14:13 Não nos julguemos mais uns aos outros; pelo contrário, tomai o propósito de não
pordes tropeço ou escândalo ao vosso irmão.”
O único tipo de escândalo que é justificado por Deus, é aquele que decorre da pregação da
genuína mensagem de Cristo crucificado, porque são muitos os que acham nEle, causa de
tropeço, conforme está profetizado nas Escrituras, por não aceitarem a ideia de como
poderia Deus ter morrido numa cruz no lugar dos pecadores, ou então por acharem nisto
motivo de fraqueza, de impotência em Jesus para salvar a Si mesmo.
“I Cor 1.23 mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura
para os gentios;”
“Gál 5:11 Eu, porém, irmãos, se ainda prego a circuncisão, por que continuo sendo
perseguido? Logo, está desfeito o escândalo da cruz.”
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Fugindo dos Traficantes de Promessas
Não há nada mais arriscado e perigoso para a segurança eterna da alma humana, do que a sua
busca de consolação barata baseada em promessas falsas ou em palavras de conforto
que ocultem a verdade relativa à sua real condição.
Há muitos falsos aduladores que agem com engano, mas mesmo no caso de uma intenção
sincera, podemos, no afã de levantar o caído, ajudá-lo a firmar uma convicção que o
conduzirá a um abismo ainda mais profundo, por confirmá-lo no seu pecado, com palavras
consoladoras e positivas de que afinal, tudo vai bem com a sua alma. Daí se dizer comumente
que o inferno está cheio de gente bem intencionada.
Se pretendemos ser ajudadores de fato eficazes,
devemos primeiro remover a trave que existe em nossos próprios olhos, para que tendo a visão limpa para o conhecimento da verdade do
evangelho, e sobretudo do modo pelo qual ela cura a enfermidade mortal na qual toda alma se
encontra, naturalmente, possamos expô-la com sabedoria e na unção do Espírito, para conduzir
a alma enferma ao Único e Grande Médico que pode curá-la, nosso Senhor Jesus Cristo.
Não há um caminho fácil para a salvação que conduz ao céu. Nosso Senhor afirma
expressamente que Ele é apertado, e muitas
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renúncias nos são impostas para adentrá-lo, inclusive a relativa ao próprio ego e ao pecado.
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O Perigo da Interpretação Fora de Contexto
“1Co 2:4 A minha palavra e a minha pregação
não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e
de poder,
1Co 2:5 para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus.”
Lembro-me ainda hoje das palavras de um dos
meus professores de teologia, Pr Israel Moreira, na década de 80, que sempre dizia que
interpretação fora de contexto é para servir de pretexto.
Ele o dizia com muita propriedade porque é
justamente o que sucede, seja por ignorância, seja para fins escusos.
Por exemplo: não raro as palavras do apóstolo Paulo em nosso texto, são usadas por muitos
para justificarem a não necessidade de se aplicar ao estudo da Palavra de Deus, porque,
segundo eles, somente é necessário agir como o apóstolo, que sempre fazia demonstrações do
poder do Espírito Santo em todas as suas pregações.
Num outro texto, intitulado “Prescrevendo
Apenas o Remédio”, expusemos a interpretação desta afirmação de Paulo no seu respectivo
contexto imediato (I Coríntios 2.1-8).
Agora, gostaríamos apenas de enforcar que não podemos esquecer que na mesma epístola que
dirigiu aos Coríntios, o apóstolo estava
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justamente combatendo o mau uso dos dons sobrenaturais do Espírito Santo, e enfatizou a
necessidade absoluta de ordem e decência em tudo o que se fizesse na Igreja de Cristo, e
apontou o caminho sobremodo excelente do amor, como sendo a prioridade número para a
fé e prática de todos os cristãos.
Ele combateu os desvios de comportamento e
afirmou a necessidade de santificação pela Palavra de Deus, em todos os deveres que são
nela ordenados.
O poder do Espírito Santo acompanha sempre a
prática da Palavra do Senhor.
Jesus disse aos saduceus que eles erravam por
não conhecerem a ambos.
Não somos portanto desobrigados por Deus de
um viver segundo a Sua Palavra, a pretexto de bastar-nos ter o poder do Espírito Santo.
Ninguém é menos cristão por não profetizar, por não falar em outras línguas, por não ter dons
de curar, ou qualquer outro dom espiritual, que a par de muito importantes são adventícios, não
estão ligados à nossa nova natureza, e haverão de desaparecer, enquanto o amor permanecerá
para sempre.
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Como Não Ser Enganado
Quando o cristão aceita as falsificações de Satanás, em sua ignorância, ele pensa e crê que
está obedecendo às condições divinas para subir a uma vida espiritual mais elevada; e
considerando que na verdade ele está obedecendo condições satânicas na sua vida,
em vez de subir, ele desce num abismo de engano e sofrimento.
Satanás usa ciladas contra os cristãos porque ele
sabe que nunca obterá o consentimento voluntário de um cristão para a entrada e
controle de espíritos malignos.
Então ele sabe que somente pode esperar ter este consentimento através de engano fingindo
ser o próprio Deus ou um dos seus mensageiros.
Ele sabe também que um cristão está determinado a obedecer a Deus a todo custo e
deseja o conhecimento de Deus acima de qualquer outro na terra.
Então não há nenhum outro modo de enganar senão o tentar obter a cooperação do cristão
através de enganos.
É sumamente essencial um grande preparo nas Escrituras, especialmente dos líderes da Igreja,
de maneira que firmados na Palavra possam resistir às tentações e enganos de Satanás tal
como Jesus o venceu no deserto usando simplesmente a Palavra de Deus.
Nenhum cristão que esteja faltoso neste
conhecimento da Palavra deveria se aventurar
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numa experiência sobrenatural profunda com as realidades espirituais para não ficar à mercê
do engano do diabo.
Não admira portanto o quanto Jesus se esforçou para primeiro purificar os discípulos pela
Palavra para que fossem somente depois, batizados com poder pelo Espírito Santo, de
maneira a não ficarem expostos a uma falsificação do diabo.
O cristão não deve imaginar como deve ser o
mundo sobrenatural e nem tentar “sentir” o que seja este mundo espiritual em
conformidade com aquilo que tenha montado em sua mente por sua imaginação ou por
influência de outros, mas deve crer no que está contido na Palavra de Deus em relação a tais
realidades espirituais, de maneira que saiba discernir entre aquilo que procede
verdadeiramente de Deus e aquilo que é falso, produzido pelo diabo, pela mente, pela alma ou
espírito humanos.
As falsificações do diabo chegarão a um tal ponto que muitos afirmarão ser o próprio
Cristo, e falsos profetas e mestres farão sinais e maravilhas por toda a parte em Seu nome.
Daí ser ordenado na Bíblia aos cristãos que sejam cheios do Espírito Santo e que façam a
obra de Deus debaixo do poder do Espírito.
A ordenança bíblica é que nos sujeitemos a Deus e que resistamos pela fé ao diabo, e assim ele
fugirá de nós.
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Esta é a única forma de nos guardarmos das suas operações enganosas.
E não seria lícito ou aprovado por Deus que
temêssemos nos aproximar em espírito do Santo dos Santos para adorá-Lo, para não
ficarmos expostos a qualquer aproximação do Inimigo.
Ele sempre tentará fazer isto quando achar oportuno, tal como fez nos dias de Jó quando se
aproximou do céu quando os filhos de Deus foram ter com Ele.
O diabo anda em derredor buscando a quem possa tragar.
Esta é a verdade bíblica do que temos que
experimentar neste mundo.
Não adianta portanto tentar fugir desta
realidade, senão enfrentá-la revestidos com toda a armadura de Deus, e depois de tudo
vencermos, permanecermos firmes e inabaláveis.
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Acautelai-vos dos Falsos Profetas
Isto disse Jesus, especialmente para aqueles que como nós, estivessem vivendo nos últimos dias,
quando haveria a apostasia da Igreja.
Definição de profeta: Aquele que fala da parte de Deus aos homens.
Em relação ao evangelho, profeta é portanto aquele que anuncia o evangelho de Jesus Cristo
com a mesma precisão da verdade tal como se encontra registrada na Bíblia.
Mais precisamente... é aquele que conduz por
sua mensagem, pessoas a terem um encontro pessoal com Jesus Cristo, e a andarem em
conformidade com a Sua santa vontade.
Este é o profeta do Novo Testamento, desde que nosso Senhor Jesus Cristo se manifestou com a
revelação final da verdade, nada deixando para que lhe fosse acrescentado; de modo que se
alguém se levanta anunciando alguma mensagem que afirme ser uma nova revelação
da vontade de Deus para a Igreja, que contrarie o que já foi revelado nas Escrituras, esta pessoa
estará pregando algo falso.
Agora, através do dom de profecia, Deus pode usar a quem Ele quiser, para - dentro do
contexto e tom das Escrituras - exortar, consolar ou edificar a Sua igreja.
Como a salvação e edificação de almas é feita
através da fé na mensagem do genuíno
60
evangelho de Cristo, é evidente que Satanás usará de todos os meios e artifícios para
distorcer e adulterar a referida mensagem de forma que não produza o efeito esperado por
Deus.
O meio mais comum de fazê-lo então será por
levantar líderes no meio da própria Igreja que passem por dignos, confiáveis mensageiros do
evangelho, quando na verdade são lobos em pele de cordeiro.
Para isto, não há necessidade que aquele que será usado pelo diabo para enganar a muitos,
esteja consciente do que está fazendo, de maneira que há muitos que enganam que
também estão sendo enganados pelo diabo, porque pensam que estão pregando e
ensinando a verdade, e agindo de modo verdadeiramente cristão, quando na verdade
não o estão fazendo.
Todavia, muitos destes que são enganados pelo diabo para ministrarem um evangelho
adulterado, são despertados posteriormente pela graça de Deus e chegam ao conhecimento
da verdade, à qual agora eles se apegam com toda a sua alma.
Assim, quando a Bíblia faz firmes e severas repreensões contra os falsos profetas, não é
propriamente a estes irmãos que andaram confusos por algum tempo, mas àqueles que
obstinadamente resistem a uma vida verdadeiramente santa, operada por uma
submissão humilde e sincera aos mandamentos
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do Senhor, e cujo ego inchado é usado pelo diabo, criando neles convicções reativas ao
evangelho e ao modo de se andar na igreja, que contrariam frontalmente os mandamentos de
Jesus, de modo a manter os crentes afastados daquela verdadeira santificação que seria
produzida em suas vidas caso lhes fosse ministrada a verdade.
É a este tipo de falsos profetas e mestres que o
apóstolo Pedro se refere em sua segunda epístola.
Pedro disse que estes falsos profetas e mestres introduziriam suas heresias destruidoras na
Igreja de maneira encoberta, isto é, agindo como lobos em peles de ovelhas tal como Jesus
havia alertado a Igreja para que se acautelasse deles, exatamente por causa desta dificuldade
de serem logo identificados.
Eles negam o Senhor porque não pregam
debaixo da obediência à Sua vontade somente aquilo que Ele nos ordenou para ser ensinado e
guardado.
Eles pregam algumas coisas agradáveis do
evangelho pela própria escolha deles para agradarem e seduzirem as pessoas.
Eles não pregarão o escândalo da cruz, e não atacarão firme o pecado, e não disciplinarão os
crentes com toda a longanimidade e doutrina, antes pregarão uma graça irresponsável que
não é a verdadeira graça - a qual exige diligência e santificação dos cristãos, ou então pregarão
uma salvação por meio de obras, e não pela
62
graça, mediante a fé, de modo a manterem as pessoas atemorizadas e debaixo do domínio
deles, por temerem que não venham a cumprir as suas ordens e desejos - que impõem aos
crentes como coisas necessárias para que não se desagrade a Deus.
Eles, servem a si mesmos e não ao Senhor e aos interesses do Seu reino.
Assim, o evangelho destes falsos profetas e mestres não tem porta estreita, nem caminho
estreito para a salvação, segundo a santificação que leva à mortificação de todo tipo de pecado, e
a um andar na justiça evangélica; senão uma porta ampla e um caminho largo para os crentes
viverem desordenadamente, desde que atendam aos interesses de seus "líderes" que
constituíram a si mesmos sobre eles - não da parte do Senhor e nem por uma chamada
específica para o exercício do ministério.
Como pregariam a mensagem relativa à graça e
a verdade do evangelho, quando eles mesmos não a conhecem?
Como pregariam a santificação evangélica, quando eles próprios não a vivem?
Eles falam de Jesus, mas o Jesus que eles pregam
não é o da Bíblia, e por isso o apóstolo afirma que eles negam o Senhor que os resgatou, e com isso
trazem sobre si mesmos repentina destruição (v. 1).
Nenhum cristão bem instruído pelo Espírito deveria permanecer debaixo da liderança
destes falsos profetas e mestres, porque são
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muitos os que seguem as suas dissoluções, e por causa deles o caminho da verdade é blasfemado
(v. 2), porque a santificação não será forjada na vida dos seus ouvintes, porque eles vivem na
carne e não pregam a verdade, e sem a prática da Palavra não há santificação, assim como
quem prega na carne nada mais pode gerar senão o que é carnal, e jamais o que seja verdadeiramente espiritual.
Uma outra característica destes falsos profetas e
mestres é que eles ministram movidos pela ganância, porque o que eles visam
verdadeiramente não é a glória de Deus, mas aquilo que é do próprio interesse egoísta deles,
e para atingir os seus propósitos pessoais eles agem usando palavras fingidas, e usam os cristãos como fossem uma mercadoria deles,
para atingirem dos seus objetivos gananciosos (v. 3).
E isto não tem a ver somente com vantagem
financeira, mas com fama, primazia, louvor do ego inchado deles.
No entanto a condenação deles já foi lavrada por Deus há muito tempo e a destruição deles é
certa, porque o Senhor dar-lhes-á a devida paga a Seu tempo, conforme afirma o apóstolo Pedro.
Se nem mesmo aos anjos que pecaram, ele poupou lançando-os no inferno, e tem mantido
a muitos deles no abismo de trevas, onde se encontram aguardando o dia do juízo final sobre
eles (v. 4), quanto mais não serão condenados
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pelo Senhor estes falsos ministros que estão a serviço do diabo.
Também com certeza não os poupará porque somente Noé e mais sete pessoas foram livradas
do inferno quando Deus destruiu milhões de pessoas com as águas do dilúvio; e somente Ló
foi livrado da destruição pelo fogo das cidades de Sodoma e Gomorra, as quais Deus colocou
como exemplo do que sucederá a todos os que vivem impiamente (v. 5, 6).
Assim como o Senhor livrou Ló, de igual modo Ele sabe como livrar os piedosos da tentação, e
reservar para o dia do juízo os injustos que ele começou a castigar ainda aqui neste mundo
para revelar que haverá de fato um juízo final (v. 7 a 9).
Satanás e os seus ministros procuram se
levantar principalmente contra a autoridade de Deus, e como não podem atingi-lo diretamente,
eles atacam as autoridades que foram instituídas por Ele, rebelando-se contra elas
com seu atrevimento, arrogância e não receiam blasfemar da dignidade delas, enquanto que os
próprios anjos, embora sejam maiores em força e em poder, não pronunciam juízo blasfemo
contra tais autoridades diante do Senhor (v. 10, 11).
Depois de nos colocar em alerta contra os sedutores, o apóstolo passou a descrevê-los
mais detalhadamente a partir do verso 12; e neste verso eles são descritos como aqueles
vasos de ira preparados para a destruição,
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porque seguem resolutamente a natureza terrena deles agindo como fossem criaturas
irracionais, porque não fazem uso adequado da razão para levarem seus pensamentos cativos à
obediência de Cristo, de maneira que, por natureza, permanecem na condição de
existirem para serem aprisionados e mortos espiritualmente, e como blasfemam daquilo que não deveriam blasfemar, mas o fazem
porque não podem entender a natureza das coisas contra as quais blasfemam, é certo que
perecerão na sua corrupção.
Eles se riem daqueles que levam a vontade de
Deus a sério, e que se santificam, porque isto é para eles algo exagerado, fanático,
desnecessário, e assim, eles blasfemam contra as coisas santas de Deus.
Como eles vivem na carne, o seu prazer está voltado para deleites, entretenimentos, festas,
reuniões para o propósito de satisfazerem a carne com banquetes e outros deleites relativos
às paixões e desejos de suas almas ímpias.
Como não podem caminhar na verdade se
deleitam nas suas dissimulações, porque vivem do engano, e têm prazer nisto.
Eles são verdadeiras manchas para o nome de Cristo e da Sua Igreja.
São adúlteros espirituais, pois se aliançam com o mundo e com aqueles que servem a Satanás, a
pretexto de ampliarem a obra de Deus (construção de templos suntuosos, obras sociais
de fachada etc), e a fome deles para pecar não
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pode ser saciada, e assim toda alma que for inconstante será engodada por eles.
O coração deles se exercita continuamente na ganância, e são filhos de maldição porque
seguem pelo mesmo caminho de Balaão, que profetizava por dinheiro.
Eles deixaram voluntariamente o caminho de Deus e se desviaram por amarem o prêmio da
injustiça tal como fizera Balaão, o modelo deles do passado.
Alegam servir a Deus e seguir as Escrituras, mas não dão a devida consideração aos
mandamentos de Cristo para pô-los em prática em suas vidas e nas dos crentes que dirigem (v.
13 a 16).
Eles se apresentam como fontes, mas não têm
água para saciar a sede dos que têm sede da água viva do Espírito; são nuvens levadas pelo vento e
que também não trazem chuva para regar a terra de corações, que necessitam serem
amolecidos, e assim o que está reservado para eles é a negridão das trevas (v. 17).
Quão distante estão portanto estes falsos
profetas e mestres do exemplo de humildade e mansidão que houve em Cristo e que deve ser achado também em todos os Seus ministros.
Quão longe eles estão daquela santidade de vida
que deve existir em todos os verdadeiros ministros de Cristo.
Quão resistentes eles são à Palavra de Deus e ao trabalho do Espírito, sobretudo no que diz
respeito à implantação de todas as graças que o
67
apóstolo relacionou no primeiro capítulo da sua segunda epístola.
Por tudo isto eles comprovam que são pessoas
que não possuem de fato a habitação do Espírito Santo, que lhes teria regenerado e santificado,
tornando-lhes novas criaturas.
Estes falsos profetas e mestres se intrometeriam na liderança da Igreja, mas o
apóstolo está alertando os cristãos para não reconhecerem a tais homens e não permitirem
que eles permaneçam no exercício do ministério, porque debaixo da liderança deles o
rebanho certamente será posto a se perder.
A sedução deles consiste em atrair os discípulos
para uma vida carnal e sensual que não lhes exija, conforme é da vontade de Deus, a
mortificação do pecado e a prática da justiça, por um andar no Espírito.
Então eles agradarão a muitos, porque não são
poucos os que resistem a um viver e um andar no Espírito, e que consideram ser possível
agradar a Deus vivendo na carne.
Eles sinalizam com liberdade total sob a
alegação de que os cristãos estão na graça - a graça para eles é libertinagem e não a
verdadeira graça de Deus que é o poder de Deus para vencer o pecado, o diabo e o mundo.
E então eles próprios permanecem ainda presos
às suas cobiças e pecados, enquanto oferecem aos outros uma liberdade que eles próprios não
possuem.
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O que pode parecer para muitos ser uma vantagem para os falsos profetas e mestres, o
fato deles terem algum conhecimento nocional da verdade das Escrituras em suas mentes,
apesar de não tê-lo por experiência em seus corações, que isto servirá pelo menos de
abrandamento da pena para eles no dia do Juízo.
No entanto, isto não será uma circunstância
atenuante, senão agravante, porque o apóstolo afirma que o último estado deles será pior do
que o primeiro, porque seria melhor que fossem totalmente ignorantes acerca dos caminhos de
Deus, do que conhecendo o que se exige para andar neste caminho, tenham vivido num outro
caminho diferente, e ainda conduzindo a outros a caminharem de maneira errada (v. 18 a 22).
Não haverá portanto nenhuma consideração da
parte de Deus no dia do Juízo para aqueles que tenham vivido por um período, ainda que
apenas de maneira externa, segundo os mandamentos da Palavra, e que logo depois
vieram a apostatar entregando-se abertamente à prática das antigas corrupções que eles
haviam abandonado temporariamente, eles serão considerados como o cão que voltou ao
seu vômito e a porca lavada que voltou ao lamaçal.
Estas palavras são também reafirmadas em
essência pelo apóstolo Judas, irmão do Senhor Jesus, na curta epístola do Novo Testamento,
que escreveu e que leva o seu nome.
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Somente a justiça de Cristo aplicada à alma, e a perseverança na santificação, que comprova e é
a evidência de ter sido de fato justificado pela graça mediante a fé, pode livrar da condenação
vindoura.
Este é o fruto que não será achado na vida dos
falsos profetas. É por não terem este fruto verdadeiro de santidade e justiça que podemos
conhecê-los, porque o "evangelho" que eles pregam e ensinam não pode gerar tal fruto nem
na vida deles, nem na dos seus ouvintes.
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“Vede Que Ninguém vos Engane” (Mateus 24.4)
“Mat 24:3 No monte das Oliveiras, achava-se Jesus assentado, quando se aproximaram dele
os discípulos, em particular, e lhe pediram: Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal
haverá da tua vinda e da consumação do século.
Mat 24:4 E ele lhes respondeu: Vede que
ninguém vos engane.
Mat 24:5 Porque virão muitos em meu nome,
dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos.”
“Mat 24:23 Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis;
Mat 24:24 porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios
para enganar, se possível, os próprios eleitos.
Mat 24:25 Vede que vo-lo tenho predito.”
Ao ser indagado por seus discípulos quanto aos sinais da proximidade da sua segunda vinda
para estabelecer o seu reino sobre a Terra, nosso Senhor Jesus Cristo enfatizou
especialmente que não se deixassem enganar pelos falsos cristos que se apresentariam como
messias e salvadores do mundo.
Ora, para não sermos enganados é necessário
conhecer Aquele que é o verdadeiro para poder discernir o que é falso.
O reino terreno de Jesus será inaugurado de forma abrupta e instantânea pela Sua segunda
vinda em poder e grande glória, descendo do
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céu acompanhado dos seus santos, e todo olho o verá nos quatro cantos da Terra.
O Cristo verdadeiro virá do céu para o qual subiu
depois que havia ressuscitado, e não da própria Terra, conforme têm sido levantados todos os
falsos cristos, pela eficácia de Satanás.
Não necessitará portanto de que seja estabelecido um programa misterioso (2 Tes 2.7)
e que se use de quaisquer meios que justifiquem o fim, conforme o que tem sido usado para
trazer o Anticristo ao governo mundial.
Este programa iníquo tem em vista enganar até
mesmo os eleitos, todavia não é possível afastá-los definitivamente do Seu Senhor.
Mas Jesus predisse tudo o que haveria de
acontecer para que nos acautelássemos e não fôssemos enganados por aqueles que dizem
estar lutando para trazer à luz um mundo melhor, e que no final das contas, seus
propósitos ocultos são muito diferentes disso. Eles querem um mundo melhor para si
próprios, para se perpetuarem no poder pelo controle das massas, como foi o caso de
Alexandre Magno, Napoleão, Hitler e muitos outros que estão trabalhando intensamente
para isto em nossos próprios dias.
Tem sido objeto de propaganda contínua da chamada Nova Ordem Mundial, o oferecimento
de uma liberdade que não passa de escravidão à vontade do diabo, uma vez que é contrária aos
valores morais da Bíblia.
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Coisas que são abomináveis para Deus são o produto constante que tem sido apresentado
por todas as formas de mídia.
Enfim, a paz, segurança e liberdade que os falsos cristos, profetas e mestres da engenhosa
máquina que conduzirá o Anticristo ao poder, são falsas, mentirosas, enganosas, tanto quanto
eles o são.
Portanto: ““Vede Que Ninguém vos Engane”.
73
Zelo e Fervor
Lamentavelmente, já ouvi muitas vezes o texto de Jeremias 48.10: “Maldito aquele que fizer a
obra do Senhor negligentemente, e maldito aquele que vedar do sangue a sua espada!”, ser
utilizado para exortar os crentes a serem zelosos e fervorosos na obra do Senhor para que não
ficassem sujeitos, em caso contrário, à maldição contida no citado texto.
O capítulo de Jeremias no qual este versículo se encontra inserido é o quadragésimo oitavo, e
neste temos uma profecia dirigida contra Moabe.
As profecias de Is 15 e 16, e de Amós 2, contra Moabe, se cumpriram nos dias dos assírios, sob
o rei Salmanasar, que havia invadido Moabe muito antes dos dias de Jeremias.
Mas, as profecias aqui descritas contra todas as
cidades de Moabe, e a sentença do Senhor de que deixaria de ser nação, foram cumpridas por
Nabucodonosor de Babilônia, cerca de 5 anos depois da destruição de Judá.
É importante lembrar que os moabitas, juntamente com os amonitas haviam se juntado
a Babilônia para a ajudarem no cerco de Jerusalém, porque era historicamente, grande o
ódio que estas duas nações tinham contra os israelitas, desde os dias de Moisés.
Então é profetizado aqui, o dia de ajuste de contas, especialmente pelo modo como
desprezavam a Israel, sendo os moabitas e
74
amonitas, descendentes de Ló, o sobrinho de Abraão, o que servia somente para agravar ainda
mais o juízo deles.
O versículo décimo de Jeremias 48 tem sido
muito mal empregado na Igreja, onde se afirma que qualquer pessoa que fizer a obra do Senhor
negligentemente é maldita, como forma de ameaça e incentivo a levar os crentes a
trabalharem com perfeição na obra de Deus, o que de fato deve ser buscado, mas nunca,
jamais, debaixo de tal ameaça de maldição, porque a citação deste versículo pode ser
entendida no contexto imediato e seguinte do próprio versículo, no qual se afirma a quem se
aplicaria a maldição proferida pelo profeta: “aquele que vedar do sangue a sua espada!”, ou
seja, todo babilônio que estava sendo levantado por Deus para uma destruição em todas as
cidades de Moabe pela espada. Então, o soldado de Babilônia que embainhasse a sua espada e
não a sujasse com o sangue dos moabitas, seria considerado maldito.
Além disso, deve ser considerado que nenhum crente genuíno está debaixo de qualquer
condenação ou maldição de Deus, uma vez que fora resgatado das mesmas por Jesus Cristo, de
uma vez para sempre. Então devemos focar em que consiste o tipo de zelo e fervor que são
exigidos dos crentes na Palavra de Deus.
Falando dos judeus, Paulo afirma que eles têm zelo de Deus, mas sem entendimento. Devemos,
mesmo como crentes, evitar esta mesma
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deficiência, pois é possível ter um espirito fervoroso e muito zelo na obra do Senhor, e no
entanto, não ter discernimento ou um conhecimento adequado do evangelho e da
vontade de Deus.
Isto é muito comum de se ver em nossa vida quando somos novos convertidos, mas importa fazermos progresso à medida que
amadurecemos na fé, equilibrando o zelo com o entendimento.
Devemos também ter o cuidado, porque é muito
comum ocorrer que ao se ganhar um melhor entendimento, se perca muito do zelo e do
fervor que tínhamos no começo.
O próprio apóstolo Paulo diz que estava cheio de um zelo errado antes da sua conversão, quando
pensando estar servindo a Deus, era perseguidor do evangelho, e fizera isto por
ignorância da verdade.
Os próprios crentes estão sujeitos a isto, por conta de uma ignorância dos princípios
fundamentais da Palavra de Deus, que podem ser rejeitados e até atacados em razão da citada
ignorância, e do seu muito zelo em querer fazer a obra, só que de maneira inconveniente e
errada.
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Recomendações Práticas para o Zelo na Vida Cristã
É o Espírito Santo quem nos purifica de toda
impureza, mas precisamos ser diligentes na busca do cumprimento das ordenanças da
Palavra de Deus, para que o Espírito possa efetuar tal purificação em nós pela Palavra.
Deste modo, o cristão deve se despojar do seu procedimento anterior, do velho homem, o qual
se corrompe pelos desejos do engano e que não pode se firmar na verdade.
Paralelamente a isto deve haver uma renovação progressiva do espírito, a qual começa pela
renovação da mente, fazendo com que ela esteja a serviço de Deus e não do velho homem.
O cristão deve se empenhar em estar habitado
ricamente pela Palavra de Deus, em pensamentos espirituais, celestiais e divinos, e
que se concentram portanto em tudo o que é, verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, e que
seja de boa fama, e que tenha alguma virtude ou louvor, como lemos em Fp 4.8.
Até mesmo toda forma de ira justificada, a saber, que seja em relação ao pecado, deve ser
também deixada, de maneira que não pequemos por causa de um mau
temperamento, e permitamos que esta ira se transforme em mágoa ou ressentimento.
Não devemos nos deixar dominar pela ira, e devemos nos livrar dela, como afirma a Palavra
- "antes que o sol se ponha", de maneira que
77
retornemos à paz de espírito e calma de mente, que devem ser achadas permanentemente no
nosso viver (Ef 4.26).
Buscando no Senhor um coração longânimo e perdoador, e não vivendo na prática da
impureza, e renovando a nossa mente segundo aquilo que procede de Deus, não daremos
oportunidade ao diabo de levar vantagem sobre nós roubando a nossa boa firmeza em Cristo.
Os cristãos não devem praticar qualquer forma
de furto, mas devem trabalhar naquilo que é bom para que tenham sustento e o que repartir
com os necessitados.
Não devem falar senão aquilo que seja bom e
necessário para a edificação pessoal e mútua, ministrando graça aos que os ouvem. Para isto nunca deverão falar palavras torpes e vãs (Ef
4.29), e os que são dados a este tipo de prática devem pedir a Deus que limpe as suas mentes,
para que suas línguas não sejam usadas como instrumento de maledicência e torpeza.
A desconsideração destas recomendações, e a falta de empenho na prática de um viver
segundo a verdade revelada nas Escrituras, entristece o Espírito Santo, com o qual fomos
selados para o dia da nossa redenção, quando da volta do Senhor.
De maneira que este ato de entristecer o Espírito
apaga o fogo do Espírito que é sumamente necessário para que possamos viver tudo o que
nos foi ordenado por Deus.
78
Por isso, toda a amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmia, bem como toda forma de
malícia, devem ser definitivamente arrancadas do viver do cristão (Ef 4.31).
Em vez destas coisas que Deus abomina, nós devemos ser bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoando-nos uns aos outros,
como também Deus nos perdoou em Cristo.
A medida de fé é diferente de cristão para
cristão.
A medida de graça é recebida por cada um deles
conforme o dom de Cristo.
Mas a medida de pureza deve ser a mesma,
independente da sua estatura espiritual.
Tanto o copo pequeno quanto o copo grande
devem estar inteiramente limpos pelo Espírito, mediante o sangue de Cristo, para o uso de Deus.
Os cristãos devem ser amáveis mutuamente, e não poderão portanto viver isto caso se deixem
vencer por um espírito de amargura, orgulho, impureza, gritarias, iras, mentiras e tudo o mais
que é incompatível com o Espírito de Cristo.
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Um Viver Fiel
Jamais poderemos ter a paz de Deus em nossas vidas e lares, se somos dados à prática de
gritarias, provocações, irritações, permitindo que nossos corações sejam facilmente
dominados pela ira e pela mágoa, sem que nos disponhamos à prática do perdão. E o único modo de se manter tal paz, é pela santificação,
que consiste basicamente num caminhar contínuo no Espírito Santo, por uma real
comunhão com Cristo.
Por isso se afirma no verso 14 de Colossenses 3
que o juiz do estado real em que se encontra o nosso coração é a paz de Cristo, ou seja,
poderemos saber se nossas ações, reações e decisões têm sido corretas e aceitáveis a Deus,
caso sejam feitas e tomadas quando a paz de nosso Senhor está reinando nos nossos
corações.
É por isso que decisões tomadas debaixo de iras
e aborrecimentos injustificados não podem contar com a aprovação de Deus, e na verdade,
não permitirão que permaneçamos em comunhão com Ele, porque nos está ordenado o
amor, a paciência e a paz.
Devemos vigiar portanto com todo o nosso
empenho, porque o diabo procurará incansavelmente nos tirar da nossa posição de
amor, paz e perdão, principalmente por nos provocar especialmente através das pessoas que
fazem parte da nossa convivência diária.
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Basta que alguém não esteja vigiando e se santificando, para se tornar um instrumento
nas mãos do diabo para afastar o cristão santificado da presença de Deus, e roubar-lhe
por conseguinte a sua paz.
E é tão vital para nós preservarmos a paz de Deus
no nosso coração, que é melhor sofrermos e suportarmos danos, abrindo mão de nossos
direitos em determinadas ocasiões, quando a reclamação deles nos conduzirá
inevitavelmente à perda da referida paz.
Por isso a Bíblia ordena aos cristãos o dever de não conduzirem a litígio público, irmãos em
Cristo, na presença dos juízes de tribunais terrenos, onde o julgamento não será realizado
segundo as leis de Deus, mas segundo as leis dos homens, conforme lemos em I Cor 6.1-8:
“1 Aventura-se algum de vós, tendo questão contra outro, a submetê-lo a juízo perante os
injustos e não perante os santos?
2 Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deverá ser julgado por
vós, sois, acaso, indignos de julgar as coisas mínimas?
3 Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos? Quanto mais as coisas desta vida!
4 Entretanto, vós, quando tendes a julgar
negócios terrenos, constituís um tribunal daqueles que não têm nenhuma aceitação na
igreja.
81
5 Para vergonha vo-lo digo. Não há, porventura, nem ao menos um sábio entre vós, que possa
julgar no meio da irmandade?
6 Mas irá um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante incrédulos!
7 O só existir entre vós demandas já é completa derrota para vós outros. Por que não sofreis,
antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano?
8 Mas vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o
dano, e isto aos próprios irmãos!” (I Cor 6.1-8)
Como a vida cristã nos impõe renúncias como
esta citada, dentro do mandamento geral de nosso Senhor em Lc 14.33: “Assim, pois, todo
aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo”,
necessitamos então nos santificarmos diariamente, e caminharmos segundo tal
santificação para que possamos fazer tais renúncias com alegria e paz em nossos
corações.
E é importante sabermos que a santificação é operada pela Palavra de Deus aplicada em nós
pelo Espírito Santo, e é tanto santificação do espírito, quanto da alma, incluída aí a razão, a
mente, a vontade, os sentimentos e as emoções, como também é santificação do corpo, como
lemos em I Tes 5.23.
E a meta desta santificação é a de nos
transformar à imagem mesma moral de Cristo,
82
como se vê nos versos 8 a 10 do terceiro capítulo da epístola aos Colossenses.
No privilégio e dever da santificação não há grego nem judeu, circuncisão nem
incircuncisão, bárbaro, cita, escravo ou livre, porque Cristo é tudo em todos, uma vez que não
há para aqueles que estão nEle qualquer diferença diante de Deus.
Deus santificará pelo Espírito Santo, do mesmo modo, tanto a ricos quanto a pobres, pessoas de
qualquer nacionalidade ou condição, desde que elas estejam convertidas e unidas a Cristo.
Esta santificação não consiste somente no despojamento ou mortificação do pecado, das
obras da carne relacionadas aqui por Paulo dentre tantas outras, mas principalmente na
prática das virtudes que estão em Cristo.
Por isso, a vida cristã não é algo fácil, porque somente pode ser manifestada em nós pela
difícil e dolorosa crucificação do nosso ego carnal, coisa que muitos poucos estão dispostos a fazer, porque nos chama a tratar honesta e
sinceramente com aquilo que somos de fato, e isto é algo humilhante para o nosso orgulho
natural pecaminoso, e depois disso, demanda que sejamos de fato transformados à imagem e
semelhança de Cristo.
Daí o Espírito Santo ter afirmado pela boca do
apóstolo Paulo que os últimos dias seriam tempos difíceis, não propriamente pelas
dificuldades que os cristãos encontrariam no
83
mundo, mas porque haveria uma tendência muito forte na maioria dos cristãos a rejeitarem
o modo de se viver em Cristo, pela falta de obediência à sã doutrina bíblica (II Tim 4.1-4),
em troca de um viver segundo o mundo e inclinações da sociedade corrompida e sensual
dos últimos dias, conforme as características que predominariam nas pessoas em geral, conforme descritas em II Tim 3.1-5.
84
Fiel é o Que Prometeu
Deus afirma através do profeta Ezequiel que Ele não tem prazer na morte do ímpio, antes que ele
se converta e viva (Ez 18.23; 33.11).
Isto é reafirmado pelo apóstolo Paulo quando diz em I Tim 2.4 que Deus “quer que todos os
homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.”.
O Seu desejo portanto é salvar, e não condenar.
Depois dos juízos trazidos por Ele na dispensação do Velho Testamento, para o nosso
ensino que o pecado mata e destrói, Ele instituiu uma nova dispensação conforme havia
planejado em Seu conselho eterno, a do evangelho, que já vigora por cerca de dois mil
anos, através da qual tem demonstrado este desejo de salvar e de não condenar, através da grande longanimidade que tem demonstrado
para com todas as pessoas, em todas as nações.
Os dias do evangelho, a dispensação da graça,
são o tempo do reino da paciência ou perseverança (hipomoné) em Jesus Cristo (Apo
1.9; 3.10; 13.10).
Porque este momento não é apenas o tempo do reinado do Senhor como também o tempo da
paciência dEle. Deus está sendo paciente e longânimo para com todos os pecadores na
presente dispensação da graça, e os Seus filhos devem seguir os Seus passos.
Por isso, quantas vezes Igreja de Cristo parecia
definhar no mundo ao longo da sua história de
85
dois milênios, entretanto ela prosseguirá adiante porque as portas do inferno não
poderão prevalecer contra ela, porque Deus fez promessas relativas aos cristãos desde Abraão, e
elas serão cabalmente cumpridas, a par de toda forma de oposição e dificuldades, e isto deve
servir para animar a fé dos cristãos a perseverarem e nunca desfalecerem.
Nenhuma promessa de Deus falhará, e não deixará de ter o devido efeito.
E para mostrar a imutabilidade da promessa e de
que não a revogaria de modo algum, e isto se aplica especialmente à adoção dos eleitos como
Seus filhos, pois prometeu a Abraão que no Seu descendente que é Cristo, seriam benditas todas
as nações da terra, isto é, todos estes que estão em Cristo são abençoados, porque são
resgatados da maldição para serem adotados na família de Deus como Seus filhos, e a promessa
foi feita com a interposição de um juramento divino, tendo Deus jurado por Si mesmo, mostrando que jurou no grau mais elevado que
existe, porque não há nada mais elevado do que Ele próprio.
Então o sentido aqui é que Ele deixaria de ser
Deus (caso isto fosse possível) se deixasse de cumprir o que prometeu a Abraão em relação à
descendência que formaria a partir dele, tanto a natural (a nação israelita contada na
descendência de Jacó, neto de Abraão) quanto a espiritual (os que são justificados e regenerados
por causa da fé em Cristo) - Gên 22.15-18.
86
E se Deus fez a promessa isto não é para ser discutido, mas recebido pela fé. Se entre os
homens o juramento põe fim à discussão sobre qualquer demanda, muito mais temos razão
para entender que o juramento que Deus fez quando fez a promessa a Abraão, põe um ponto
final logo de início em toda a discussão possível se a salvação é pela graça ou pelas obras, porque se é pela promessa, é evidente que é por pura
graça.
E também que é segura, porque Deus jurou que a daria eternamente aos que estivessem ligados
pela fé a Cristo. O próprio Deus então é quem assegura esta salvação e não os nossos méritos e
capacidade (Rom 9.8; Gál 3.18).
Se Deus jurou fazer é porque Ele de fato não
voltará atrás no propósito sobre o qual jurou, em nenhum tempo. Então não serão as
perplexidades, as fraquezas, as tristezas, os sofrimentos e tudo o mais que os cristãos
possam sofrer em sua caminhada terrena, que poderá lhes tirar esta salvação que foi prometida
por juramento e que eles alcançaram pela fé em Jesus. É a isto que o apóstolo Paulo se refere no
hino triunfal que ele apresenta na parte final do oitavo capítulo de Romanos, quanto a que nada
poderá nos separar do amor de Deus que está em nosso Senhor Jesus Cristo.
87
Seja Forte no Senhor
A força do cristão está no Senhor, não nele mesmo.
A força do comandante de um exército terreno
está em suas tropas, mas a do cristão, a de todos os exércitos dos santos, está no Senhor Jesus.
As armas do cristão são a Palavra de Deus e a oração numa vida verdadeiramente santa, mas
quem deve manejá-las em nós e por nós é o Espírito Santo.
Sem isto nada podemos fazer contra as forças do
mal, porque toda a nossa capacidade vem de Deus.
É a graça derramada por Deus que nos põe em
ação, fortalecendo-nos para resistir ao diabo e obrigá-lo a fugir de nós.
Quão grande alegria enche o nosso coração ao
ver o Inimigo sendo subjugado pelo poder de Deus, e sendo trazidas à plena liberdade e paz as
almas que ele mantinha cativas.
Seja pois a nossa oração: “Dá-nos mais graça Senhor!”.
Pois é somente da Sua graça que necessitamos
para vencer as forças do mal.
Somente a graça pode fortalecer o coração abatido e oprimido pelos ataques constantes dos
espíritos das trevas – ataques que são enganosos, sutis, disfarçados, como pequenas
doses de veneno diárias e imperceptíveis que vão minando as nossas forças paulatinamente e
que por fim podem nos matar.
88
Mas graças a Deus que revela aos Seus filhos, em tempo oportuno, estes ardis do Inimigo, e lhes
supre com a força necessária para se livrarem destes laços de morte e angústias do inferno.
A nossa guerra contra as força do mal possui muitas batalhas que cessam somente na nossa
partida para a glória celestial.
Importa portanto estarmos vigilantes e revestidos de toda a armadura de Deus em todo o tempo, e não sermos descuidados sequer nos
momentos de vitória; quando poderíamos ser vencidos por causa de uma exultação
desmedida em nossa comemoração e alegria, que facilmente podem nos levar a ser
presunçosos como que houvesse alguma razão para nos gloriarmos em nós mesmos, e não
somente no Senhor, a quem de fato pertence todo o mérito da vitória.
Somos fracos em nossa própria natureza, e
lutamos com inimigos muito mais fortes do que nós, que usam de todo expediente sujo e ilícito
para nos intimidar e vencer. Dependemos portanto de um poder sobrenatural e celestial
que venha em nosso auxílio.
Nossos melhores argumentos e habilidades não
são apropriados para vencer as artimanhas de Satanás. Os instrumentos que são usados por ele
contra a verdade do testemunho do evangelho que sustentamos não se deixarão persuadir por
tais argumentos persuasivos, ainda que sejam verdadeiros e apresentados com espírito de
mansidão e amor.
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Ai de nós, se Deus não agir suprindo-nos das armais espirituais que são as únicas que podem
desfazer com autoridade suprema todos os ardis e armadilhas do Inimigo.
Graças a Deus pelo Seu dom inefável que nos permite caminhar em triunfo enquanto
assediados constantemente por todas as formas de investidas de Satanás.
Toda a glória e todo o louvor pertencem ao Senhor Jesus Cristo porque até mesmo a nossa
capacidade para vigiar nos vem dEle. De nós mesmos somos insuficientes para qualquer
bom propósito espiritual, especialmente no que se refere a sairmos vitoriosos neste combate
contra Satanás e os seus demônios.
É a graça do Senhor que nos conduz ao
arrependimento e a termos um espírito manso e quebrantado.
É a graça que nos faz caminhar humildemente
com o nosso Deus.
Conhecimento, sabedoria, domínio próprio e
tudo quanto necessitamos para permanecer inabaláveis e em paz, ainda que em meio às
aflições, tentações e tribulações que nos sobrevêm em nossa caminhada cristã, também
são o fruto da graça de Deus nos nossos corações.
É a alegria do Senhor operando em nossos corações, quando perseveramos num caminhar
em fidelidade perante Ele, que é a fonte da nossa força espiritual. Isto não se encontra
naturalmente em nós.
90
Para sermos fortalecidos pelo Senhor, necessitamos então estar permanentemente
ligados à fonte da qual esta força procede, a saber, dEle mesmo. E esta constância e
permanência em fidelidade deve ser achada em nós em todas e qualquer circunstância.
Este era o segredo da força do apóstolo Paulo na
sua fraqueza.
Podemos ser fortes no Senhor nas horas de
aflição ou de alegria, porque a Sua graça nos assiste na hora da tristeza e da fraqueza até que
nos seja provido o livramento da tribulação, segundo o tempo determinado pela vontade de Deus.
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O Segredo da Frutificação
Está determinado aos cristãos que frutifiquem
como um ramo da Videira Verdadeira, que é Jesus Cristo.
Mas o ramo não pode produzir fruto por si
mesmo.
Ele deve receber primeiro a seiva da vida que procede da raiz.
Assim se dá com a vida espiritual em relação a
Cristo.
Embora este princípio da santidade seja da mesma natureza em todos os cristãos, contudo,
há graus distintos disto.
Porque em alguns é mais forte, vivo, vigoroso, e florescente; e em outros: mais fraco, inativo e
indolente.
Este princípio operante de santidade nos vem
pelo poder do Espírito Santo, mas é preservado, aumentado e fortalecido pelo cumprimento do
dever em obediência, a Deus e à Sua Palavra, porque Ele determinou que deveríamos viver
por nos exercitarmos nisto; e assim, é pela multiplicação destes atos e deveres que este
hábito de santidade é mantido vivo.
O princípio vivo referido é mantido em operação, não pelo grau da nossa santificação,
mas pelo nosso empenho em nos santificarmos, porque, como dissemos antes, há graus
diferentes disto em todos os cristãos, e especialmente em razão da capacidade
espiritual concedida a Deus a cada um.
92
O que buscar achará.
O que se esforçar entrará.
O que pedir receberá.
Tudo vem do Senhor Jesus, quando se fala em
santificação, mas nada obteremos caso não sejamos diligentes na oração, na meditação e
prática da Palavra, e em todos os deveres que nos são ordenados por Deus.
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A Fé Obediente Tem Grande Galardão
“Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por
herança; e partiu sem saber aonde ia.” (Hebreus 11.8)
Abraão confiou em Deus totalmente e partiu sob a sua ordem sem saber onde ficava o ponto de destino para onde iria. Ele acreditava na Palavra
de Deus, e olhou adiante sem qualquer dúvida quanto à promessa que o Senhor lhe havia feito
e à sua descendência.
Ele não conhecia a terra para a qual estava
peregrinando, mas sabia que ela existia, e que no tempo oportuno ela seria herdada conforme
a fidelidade de Deus em cumprir suas promessas.
De igual modo fomos chamados por Deus para
peregrinar neste mundo rumando para a Canaã celestial que o Senhor prometeu nos dar por
herança juntamente com Cristo.
Enquanto peregrinamos aqui não sabemos onde fica o céu, mas obedecendo a Deus pela fé na Sua
Palavra, e guardando os seus mandamentos, tanto quanto fizera Abraão no passado, também
haveremos de entrar na posse da nossa herança tal como ele entrou na posse da que lhe fora
prometida.
Não sabemos também o que nos sucederá em cada dia da nossa peregrinação, mas a chegada
ao nosso destino é certa, porque é Cristo que nos
94
guiará e capacitará a vencer tudo o que se interpuser no caminho tentando nos desviar do
nosso objetivo.
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A Bênção da Generosidade
Nenhuma oferta deve ser feita com tristeza no coração, ou por sentimento de obrigação,
porque a oferta que é aceita e agradável a Deus é aquela que é feita com alegria, porque será aos
tais que Ele demonstrará o Seu amor.
No entanto é o próprio Deus quem nos dispõe a
tal generosidade. Não habita na nossa natureza terrena decaída no pecado nenhum verdadeiro
altruísmo, uma vez que aquele que se vê no mundo, não é desinteressado, mas por motivo
de orgulho, ainda quando se pretexta humildade, o motivo que os move é o orgulho de
se sentirem humildes e generosos, mas não o amor que procede de Deus aos nossos corações e que nos leva primeiro a nos doarmos a Ele, e
depois ao atendimento das necessidades do próximo.
Então é o próprio Senhor que nos faz ter abundância em toda a graça, de modo que
sempre tendo tudo e toda suficiência pela Sua graça, possamos também ser abundantes em
toda a boa obra, que demandará de nós o uso em favor de outrem dos recursos que Deus nos
esteja concedendo para tal propósito.
Ninguém é enriquecido para entesourar para si mesmo, senão para manifestar a glória do amor
de Deus contribuindo desinteressadamente com aqueles que Ele mantém em algum tipo de
necessidade, exatamente para que haja esta
96
demonstração prática do amor de uns para com os outros.
E aquele que é despojado, liberal no dar, e que dá com alegria aos pobres, tem, conforme a
promessa de Deus, um reconhecimento eterno deste ato de justiça, para a justa recompensa que
Ele lhes dará no porvir, e mais do que isto, pelo reconhecimento eterno dEle pela bondade e
amor que demonstraram para com seus irmãos necessitados; porque é próprio da natureza do
amor cristão, que permanece e é eterno, esta atitude de se doar em favor dos outros.
Assim é o Senhor mesmo que nos dá a semente que semeamos, e também nos dá o pão que nos
sustenta, e que multiplica a nossa sementeira, de forma que possam ser aumentados os frutos
da nossa prática da justiça (2 Cor 9.10); de modo que em vez de sermos empobrecidos pelo gesto
de dar a outros, nós somos enriquecidos pelo Senhor, exatamente para que usemos de toda a
beneficência, para que por meio dela sejam dadas graças a Deus tanto por aqueles que são
alvo dela, quanto pelos que doam pelo privilégio e honra de fazê-lo, que lhes é concedido pelo
Senhor (2 Cor 9.11, 12).
Os que recebem glorificam a Deus pelo testemunho da submissão real à Sua vontade, por parte dos que dão, porque é uma forma de
confissão prática e real quanto à obediência e participação do evangelho de Cristo (v. 13).
É pelo dom de Deus, do amor, que são possíveis
todas estas graças, de forma que aqueles que
97
recebem intercedem pelos que dão, tanto por gratidão, quanto para que Deus continue
abençoando as suas vidas.
E isto aproxima os corações, quando se vê a excelência da graça de Deus operando nos Seus filhos.
Portanto é a Ele que se deve dar graças por tudo,
porque tudo provém dEle, e sem o Seu amor impulsionando os nossos corações, e suprindo
as necessidades tanto dos que dão, quanto dos que recebem, nada disto seria possível.
Lembramos que o profeta Elias foi enviado à
casa da viúva para ser assistido por ela, e no final das contas quem abençoou quem? Ambos
foram abençoados pelo Senhor e se abençoaram mutuamente, por terem aberto
seus corações para cumprirem a Sua vontade.
98
O Amor é Gentil e Generoso
“2 Cobiçais, e nada tendes; matais, e sois
invejosos, e nada podeis alcançar; combateis e guerreais, e nada tendes, porque não pedis.
3 Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o
gastardes em vossos deleites.” (Tg 4.2,3).
A verdadeira religião nos levará a buscar aquilo que não seja do nosso próprio interesse mas o
que é dos outros, especialmente de Deus.
“Não atente cada um para o que é [propriamente seu], mas cada qual também para o que é dos
outros.” (Fp 2.4).
A verdadeira religião não nos levará a nos aproximarmos de Deus apenas quando
julgamos ter necessidades específicas e urgentes para serem por Ele atendidas, mas sim, a buscá-lo continuamente para a
transformação de nossas vidas, de modo que possamos ser úteis em suas mãos, servindo ao
próximo.
Onde faltar este desejo de ser bênção para outros, por esta consagração da vida a Deus, o
que teremos num menor ou maior grau será alguém vivendo para atender aos seus desejos
egoístas, atitude que tanto desagrada não apenas a Deus, como àqueles que são do
convívio de tal pessoa.
Deus elegeu o cristão para viver num corpo servindo à cabeça (Jesus) e aos demais membros
deste corpo.
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Ninguém deve viver exclusivamente para si, mas deve exercitar-se em amor.
Se fomos criados individualmente, no entanto
não o fomos para a individualidade.
E esta comunhão em amor demanda
generosidade em vez de egoísmo.
E o egoísmo é uma enfermidade para a alma como muitas outras espécies de pecado, que
enfraquecem este princípio vital da santificação que opera por graça.
100
A Sobre-excelência da Presente Glória
“Porquanto, na verdade, o que, outrora, foi
glorificado, neste respeito, já não resplandece, diante da atual sobre-excelente glória.” (II Cor 3.10)
O apóstolo havia afirmado antes que havia uma grande glória na primeira aliança feita com a
nação de Israel através da mediação de Moisés, e então diz que aquela glória perdeu o seu brilho
diante da sobre-excelente glória da nova aliança feita através da mediação de nosso Senhor Jesus
Cristo, que substituiu a primeira.
Aquela primeira aliança jamais poderia cumprir
o propósito eterno de Deus de reconciliar consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a
terra, quer nos céus, Col 1.20.
Porque importa que a glória de Deus aumente mais e mais por meio do ofício que designou ao
Primogênito de toda a criação, seu Filho Unigênito amado, Jesus Cristo.
Podemos entender isto, pelo seguinte
raciocínio:
Deus foi glorificado por todos os anjos no céu
quando ele criou o universo e tudo o que nele há.
Eles o glorificaram quando tudo era perfeito e não havia ainda o pecado entrado no mundo.
Mas desde a queda, houve qualquer diminuição
na glória de Deus em razão do pecado?
De modo nenhum, dela se diz agora, ser uma
sobre-excelente glória, e ele tem sido muito
101
mais glorificado tanto por anjos quantos por homens redimidos por causa da manifestação
da sua justiça, bondade, amor, misericórdia, longanimidade, e de todos os seus demais
atributos divinos, em benefício dos pecadores.
E não é a amigos que Deus tem amado e perdoado, mas inimigos, porque a natureza do
homem desde a queda fez com que ele se tornasse inimigo de Deus e dos seus
mandamentos.
Portanto, é por meio de Cristo, e somente por
Ele, que a inimizade pode ser desfeita, de modo que sejamos reconciliados com Deus, sendo
agora seus amigos que o amam acima do amor que devotam às suas próprias vidas.
102
A Glória do Evangelho
O que se costuma pensar quando se ouve a palavra evangelho?
Amar o próximo, cuidar dos necessitados,
professar a religião cristã, ter comunhão na igreja, etc.
O evangelho pode englobar tudo isto e muito mais pensamentos do mesmo tipo, todavia não é nisto que reside a sua grande glória; pois aqui
se fala de algumas consequências do efeito produzido pelo evangelho em nós, mas não
aquilo que ele é em essência.
O simples significado etimológico da palavra
evangelho não é de muita ajuda para definir a glória a ele inerente, porque o anúncio de boas
notícias, ou boas novas, como se traduz esta palavra grega não expressa ainda que notícias são estas, e qual é a sua extensão, profundidade
e significado.
Em que consiste então a glória do evangelho?
Primeiro e antes de tudo na própria pessoa de
Jesus Cristo em sua relação com a obra de salvação dos pecadores, conforme anunciado
pelo anjo aos pastores de Belém que lhes disse que trazia a “boa-nova de grande alegria”
(evangelho), e que esta boa-nova se referia ao nascimento do Salvador recém-chegado ao
mundo.
Deus tudo criou para a sua glória, mas que glória pode receber de uma criação que se corrompeu
pelo pecado e que foi amaldiçoada? Então, é por
103
meio de Cristo que todas as coisas estão sendo restauradas, de modo que o propósito de Deus
relativo à criação seja cumprido. E como isto é feito por meio do evangelho, então pode ser dito
que ele é também glorioso; todavia esta glória do evangelho é a glória do Deus bendito, e de
Cristo, que são os autores e os consumadores do evangelho.
Por isso o apóstolo se expressou nos seguintes
termos:
“segundo o evangelho da glória do Deus bendito, do qual fui encarregado.” (I Tim 1.11).
“nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.” (2 Cor 4.4).
“o mistério que estivera oculto dos séculos e das
gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; aos quais Deus quis dar a conhecer qual
seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da
glória;”(Col 1.26,27).
Assim a glória do evangelho é a do próprio
Cristo; porque a glória de Cristo pode ser conhecida somente através do evangelho, e não
por qualquer outro meio.
Os cristãos são chamados pelo evangelho a conhecerem a glória que há em Cristo, a quem
pertence toda a plenitude da glória, quer em sua pessoa, quer em todos os seus atos relativos à
criação.
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“para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória de
nosso Senhor Jesus Cristo.” (II Tes 2.14).
Assim, as riquezas da glória que Deus quis dar a
conhecer aos seus santos são reveladas no evangelho, e por ele aprendemos que toda esta
riqueza se encontra na pessoa de Cristo.
Daí se dizer que é Cristo em nós a esperança da
glória.
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Para a Glória de Deus em Cristo Jesus
“Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na força que
Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a
quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!” (I Pe 4.11)
Para ser glorificado, Deus determinou em seu conselho eterno que na dispensação do
evangelho somente lhe será aceitável aquilo que fizermos por meio de Jesus Cristo, porque tem designado ao seu Filho Unigênito a glória e
o domínio eterno.
Adorar a Deus em espírito e em verdade, conforme nosso Senhor ensinou que importa
fazê-lo, somente poderá ser uma adoração verdadeira quando estiver baseada na própria
pessoa e poder de Jesus Cristo, e em tudo o que ele nos ensinou quanto ao que devemos ser e
fazer, em todo o procedimento santo, segundo a verdade que ele definiu como sendo a Palavra de
Deus em Jo 17.17.
A adoração verdadeira não consiste portanto
somente em louvor ou em palavras que afirmemos relativas à mesma, mas aquilo que
tem sido implantado por Cristo em nossas vidas e obras.
1Co 10.31: Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a
glória de Deus.
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Se não for Deus quem ocupe o lugar mais elevado em nossos pensamentos, que glória ele
poderá receber da nossa parte?
Não pode haver verdadeiro culto de adoração a Deus quando ele ultrapassa os limites daquilo
que foi instituído e revelado pelo próprio Deus em sua Palavra para tal propósito.
Não foi sem motivo que a Moisés foi ordenado que tudo fizesse segundo o modelo do
tabernáculo que Deus lhe havia mostrado no Monte Sinai.
Êxo 25:9 Segundo tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo e para modelo de todos
os seus móveis, assim mesmo o fareis.
Êxo 25:40 Vê, pois, que tudo faças segundo o
modelo que te foi mostrado no monte.
Heb 8:5 os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes, assim como foi Moisés
divinamente instruído, quando estava para construir o tabernáculo; pois diz ele: Vê que
faças todas as coisas de acordo com o modelo que te foi mostrado no monte.
Por tudo isso entendemos que na igreja tudo deve estar de acordo com o padrão prescrito na
Palavra de Deus, para que possamos render-lhe um culto e serviço de adoração que lhe sejam
aceitáveis e agradáveis.
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Neste padrão prescrito na Palavra temos a ordenança de tudo fazer com fervor, por amor
ao Senhor, com toda a nossa força, alma e coração.
Adoramos a Deus nos esforçando para conhecer
o melhor modo de desempenharmos a função designada a nós por ele para servirmos ao corpo
de Cristo, com todo empenho e diligência.
Onde todas estas coisas referidas estiverem faltando poder-se-á afirmar que há ali um
verdadeiro culto de adoração a Deus?
Devemos refletir muito sobre tudo isto para que
não nos enganemos a nós mesmos ou para que não permitamos ser enganados por outros
quanto ao significado da verdadeira adoração e glorificação do nome de Deus.
O culto a Deus não é um show, uma
representação teatral, mas vidas santificadas que se apresentam como sacrifícios vivos no
altar do tabernáculo celestial, e uma das melhores formas de se evidenciar se temos de
fato feito isto, é por suportarmos com paciência, pelo poder da graça de Cristo, todas as
tribulações pelas quais passemos neste mundo, por motivo de fidelidade a Deus e ao evangelho.
Afinal, isto pode ser feito somente quando
estamos debaixo do poder de Jesus Cristo por estarmos em comunhão com ele, e é nisto que o
Pai é glorificado, porque houve o louvor da glória da sua graça que nos foi dada em Cristo, a
qual nos assistiu em todas as nossas provações,
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fortalecendo-nos e dando paz e alegria aos nossos corações.
109
Glória
Somente a glória de Deus é eterna e incomparável.
A glória da criatura é passageira. Ela cessa por perda ou na morte. E se permanece é porque lhe
é comunicada na medida designada por Deus para cada uma delas, como no caso dos anjos e
dos santos glorificados.
Importa que Deus Pai seja o comunicador e o concessor de toda a glória, para que ninguém se
ensoberbeça.
Nós vemos o próprio Senhor Jesus, apesar de ser
Deus com o Pai e o Espírito Santo, orando para que o Pai o glorificasse. Se Ele assim orou,
quanto mais importa que nós o façamos e esperemos somente pela glória de Deus, e
nunca pela glória dos homens.
O que torna um ser digno de glória é a soma de
suas virtudes, na proporção em que elas se aproximam das virtudes do caráter do próprio
Deus; de Sua santidade, beleza, justiça, verdade, amor, bondade, misericórdia, enfim, em tudo
que O torna digno de louvor e adoração.
A ninguém pode ser comparado o Santo de
Israel, na excelência de Sua grandeza e majestade, até mesmo porque tudo foi criado
por Ele e para Ele. Foi dEle, que até mesmo as estrelas que brilham no céu receberam a luz
com que brilham no universo. Foi dEle que os espíritos excelentes receberam sua sabedoria,
amor e santidade.
110
Importa, portanto que toda glória que a criatura receba, volte para Aquele que foi o doador, o
iniciador e o causador desta glória recebida. Daí, que tudo o que façamos seja sempre para a
glória de Deus, pois é nisto que somos honestos e verdadeiros. Como poderíamos furtar para
nós, algo que não nos pertence?
Aqui repousa a perfeição da paz e harmonia no
plano da criação, pois tudo vertendo para a glória, honra, e louvor do Criador, ninguém se
sentirá diminuído ou engrandecido em relação a seus semelhantes, por saber que tudo que
qualquer pessoa possua, afinal, não é propriamente seu, mas fora recebido da mesma
e única Fonte da qual toda glória procede.
Por isso, nosso Senhor Jesus Cristo rejeitou
peremptoriamente toda iniciativa da parte dos homens em Lhe conferir honrarias, dizendo que
não recebia glória da parte dos homens senão somente da parte de Deus Pai. Não o fizera por
motivo de desprezar o louvor dos homens, mas porque ninguém pode glorificar a Deus
colocando-o no lugar de honra e destaque que Ele merece. Isto é atribuição exclusiva de Deus
Pai, conforme já comentamos anteriormente.
Lembram da resposta do Senhor à mãe de João e Tiago, que lhe havia pedido que um deles se assentasse à Sua direita, e o outro à esquerda?
Ele disse que isto já estava decidido pelo Pai,
para todos os crentes, de modo que posições no reino de Deus não são conquistadas por nossos
méritos ou maquinações para obtê-las, pois Ele
111
tem um novo nome escrito numa pedra branca, para cada um, designando qual é a posição de
honra que tem designado para cada um deles. Ele pode fazê-lo porque é Deus presciente e
onisciente. E para Ele tudo se encontra num eterno agora, como tendo sido consumadas
todas as coisas que Ele chama à existência pelo Seu próprio poder.
Jesus tem um nome que é sobre todo o nome, porque foi o que mais se humilhou para fazer a
vontade do Pai. Ninguém pode superá-Lo nisto. E de igual modo, nós, seremos grandes no porvir
na medida da proporção do serviço humilde que tivermos prestado para a glória de Deus neste
mundo, e não pela importância e louvor que os homens nos atribuam.
Também por motivo de Sua grande sabedoria,
Deus tem fixado a glorificação do Seu povo para o porvir. Aqui temos que carregar uma coroa de
espinhos. A coroa de glória é para depois do arrebatamento da Igreja. O corpo glorificado,
também para a mesma ocasião, quando formos arrebatados. Isto, porque as obras dos santos
continuam contando para o seu galardão futuro mesmo depois da sua morte, pois todos aqueles
que foram salvos, abençoados ou edificados por elas, ainda que pela intermediação de outros,
será levado em conta para eles.
Quão grande então, será o galardão de Paulo e dos demais apóstolos; de Spurgeon, que morto,
ainda fala, e de todos que têm sido uma
112
inspiração para o povo de Deus por causa fé que tiveram!
De forma que toda busca de glorificação pessoal
neste mundo é um grande erro por parte daqueles que assim procedem. E, deve ser tido
em consideração que a glória não é contada pelo nosso interesse de obtê-la, mas pelo nosso amor
voluntário e desinteressado ao Senhor e à Sua obra; ainda que estejamos conscientes que a
nossa fidelidade estará sendo contabilizada por Ele, de maneira perfeitamente justa para o
nosso galardão, pois é da Sua natureza galardoar os que procedem fielmente.
Deveríamos sempre ponderar em que consiste
principalmente, a glória de Deus. Sua glória está em ser compassivo, longânimo, misericordioso
e perdoador. É principalmente pela exibição do Seu amor que é glorificado tanto pelos homens
quanto pelos anjos.
Quando Moisés desejou ardentemente que lhe
mostrasse a Sua glória, o próprio Deus passou por ele pronunciando as seguintes palavras:
“Tendo o Senhor passado perante Moisés,
proclamou: Jeová, Jeová, Deus misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em
beneficência e verdade;” (Êxodo 34.6)
Foi o Seu caráter que Deus revelou a Moisés, como sendo a Sua glória. É deste caráter que
decorre o brilho da Sua majestade.
A glória dos que servem a Deus decorrerá da
medida do mesmo tipo de caráter, e não de
113
poder, grandezas terrenas e tudo o mais que o homem natural considera elevado e precioso.
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A Deus Pertence Toda a Glória
Deus tem exibido todo o Seu amor e misericórdia, adotando pecadores imperfeitos,
transgressores da Sua vontade, como Seus filhos amados, e transformando-os
pacientemente à exata imagem de Jesus.
Se houvesse alguma participação meritória do
homem na salvação por alguma obra que fosse necessária que este praticasse em prol da sua
salvação, toda esta glória devida a Deus teria que ser repartida com o homem, e já não seria mais
pela exclusiva graça e misericórdia de Deus, e o homem teria pelo menos algo em que se gloriar,
como Paulo afirma em Ef 2.9.
Como toda glória humana está contaminada
pelo pecado do orgulho, graças a Deus que em Sua infinita sabedoria planejou nos salvar
deixando toda a glória para o Seu Filho Jesus Cristo que realiza todo o trabalho da nossa
salvação.
As boas obras se seguirão à salvação, mas não terão nenhuma participação nela, para que
continue sendo um dom gratuito de Deus para nós pecadores.
Deus é justo e importa que sejamos justos pela prática da justiça.
Se fomos criados pela graça em Cristo Jesus, o qual é justo, então devemos viver da mesma
maneira justa como Ele viveu, sujeitando-nos a Ele e Lhe permitindo que manifeste a Sua justiça
em nós.
115
Para tal propósito, ao morrer e ressuscitar, Jesus revogou a Antiga Aliança que consistia na “lei
dos mandamentos contidos em ordenanças” (Ef 2.15).
Ele não revogou a lei, porque disse que não veio revogar a lei e os profetas, fazendo com isto uma
referência às Escrituras do Velho Testamento, mas efetivamente revogou a Antiga Aliança, para que entrasse em vigor a Nova, instituída no
Seu sangue.
Hoje, tanto judeus quanto gentios são chamados
a se aproximarem de Deus com base na Nova Aliança, e de ambos, Deus fez um só povo, de
maneira que o verdadeiro Israel de Deus é composto agora somente por aqueles que
pertencem a Jesus Cristo, conforme foi planejado por Deus desde antes que houvesse
mundo, e conforme havia revelado e prometido a Abraão, antes mesmo de formar o povo de
Israel através de Jacó, como se lê em Ef 2.13-18.
Jesus é o alicerce, o fundamento do grande
templo espiritual que Deus está construindo nEle, no qual os cristãos são as pedras vivas
deste edifício.
Estas pedras vivas são lapidadas pelo Senhor
para serem ajustadas em perfeita unidade umas às outras. Este trabalho é iniciado enquanto
peregrinamos neste mundo, é será completado quando a Igreja for arrebatada por Jesus para o
encontro com Ele entre nuvens.
Neste trabalho somos apenas cooperadores do
Senhor - orando, pregando e ensinando o
116
evangelho, mas é Ele que tudo faz pacientemente, quer para nos converter, quer
para nos santificar. Somente Ele pode nos purificar do pecado e operar o nosso
crescimento espiritual. Por isso somente a Ele deve ser tributada toda a glória e todo o louvor.
117
A Terra é Dada por Deus em Herança aos Santos
O 16º e 17º capítulos do livro de Josué se referem à repartição das terras que couberam às tribos
de Efraim e Manassés, filhos de José.
Assim como coube a Judá, ser o cabeça das tribos ao Sul, a Efraim caberia ser o cabeça das
tribos ao Norte, dando cumprimento à profecia proferida por Jacó pouco antes de morrer.
É destacado no capítulo 16º que os efraimitas não expulsaram os cananeus que habitavam em
Gezer, e que os tornaram seus tributários (v. 10).
Nós vemos aqui o mandado de Deus não tendo
sido cumprido, e certamente, isto lhes serviria de laço no futuro, comprometendo a total
fidelidade dos israelitas ao Senhor, por não se contaminarem com as práticas idolátricas dos
povos de Canaã, e daí ter Deus ordenado o completo extermínio de sete nações daquela
Terra que haviam se contaminado a um tal nível que não havia qualquer possibilidade de cura
para elas. Como se situavam numa região estratégica que ligava o Norte da África às
nações da Ásia e Europa, Satanás desenvolveu ali toda forma de culto idolátrico e abominável
para por meio deles contaminar todas as demais nações da Terra.
Daí ter o Senhor designado, em Sua presciência e onisciência, todo aquele território com o povo
que formaria através da descendência de Abraão, para que fosse uma influência de
bênção e de vida para todos os povos, e não de
118
maldição e de morte como ocorria com a ocupação da Terra pelos cananeus.
A Igreja tem sido estabelecida no mundo como sal e luz para dar testemunho do amor, da justiça
e da verdade, para que os que amam a Deus sejam resgatados das trevas e do pecado, e da
morte espiritual em que se encontram, para a vida eterna que está em Jesus.
Desde o princípio Deus criou a Terra para ser herdada pelos que são Seus amigos e que Lhe
amam.
Assim como Ele havia expulsado do céu todos os
anjos que juntamente com Satanás revelaram ser Seus inimigos, destinando-os a uma
condenação eterna, de igual modo Ele tem feito com todas as pessoas que vivem para se opor à
Sua bondade e vontade.
Toda a humanidade é pecadora. Todos têm pecado e estão sujeitos à condenação divina.
Entretanto, há inimigos ocasionais do Senhor que se tornam Seus amigos por meio da conversão a Cristo, e há inimigos permanentes
(como Satanás e os demônios) que vivem para se opor a Deus e à Sua santa vontade. São inimigos
declarados do Senhor, e jamais se sujeitarão a Ele.
Mas, mesmo entre os que são reconciliados com
Deus por meio da fé em Cristo, ver-se-á procedimentos, em menor ou maior grau, que
são próprios daqueles que são Seus inimigos.
Eles não querem desapontar ao Senhor porque
o amam, mas acabam agindo de modo contrário
119
à sua própria vontade em razão da natureza decaída no pecado que ainda carregam neste
mundo ao lado da nova natureza santa e divina que receberam na conversão.
Muitas destas nossas dificuldades não são devidas de modo algum à falta de graça e
bondade de Deus para conosco, mas em razão da nossa própria infidelidade em cumprir
plenamente a Sua vontade. E isto está ilustrado fartamente na história de Israel.
Aquela era de fato uma Aliança muito diferente da Nova Aliança que temos na dispensação da
graça com Cristo, mas podemos aprender em figura muitas realidades espirituais, a partir do
modo como Deus se aliançou com Israel no antigo pacto, celebrado com eles pela mediação
de Moisés.
Para propósitos preventivos de uma apostasia completa dos israelitas, lhes foi ordenado que
não se contaminassem com as práticas idolátricas dos cananeus.
Isto seria completamente impossível, caso os israelitas se aliançassem com eles como nação.
Daí Deus ter ordenado que a terra fosse desocupada completamente da presença dos
cananeus para que não houvesse o risco de Israel abandonar os mandamentos do Senhor,
para se entregar às práticas abomináveis das nações que ocupavam o território de Canaã,
permitindo-se conviver juntamente com os seus antigos moradores que eram inimigos
declarados de Deus.
120
Desta forma, a Antiga Aliança, antes que fosse inaugurada a Nova, pelo sangue de Jesus, tinha
que ter este caráter de ministério da morte e da condenação, de modo a se garantir, pelo menos
em certa medida, a sujeição dos israelitas à disciplina de Deus.
Eles haviam sido separados pelo Senhor das
demais nações da Terra para servirem de exemplo ao mundo que o Deus verdadeiro se
provê de filhos entre os pecadores.
Que Ele se faz amigo daqueles que escolhe para
Si, e que estes se tornam amigos de Deus, por guardarem os Seus mandamentos.
Israel era um sinal visível para todo o mundo de
que há uma descendência da mulher que é inimiga da descendência da serpente.
Os filhos de Deus estão em oposição aos filhos do diabo, e os filhos do diabo em oposição aos filhos de Deus. E isto será marcado de modo
claro e definitivo, na eternidade.
Entretanto, há uma grande sutileza em se
conciliar todo o desígnio de Deus na Sua relação com o Seu povo e deste com as demais pessoas
que ainda não conhecem ou que não chegarão a conhecer a Deus.
Porque Deus é amor, e estabeleceu um plano
desde a eternidade para escolher um povo exclusivamente Seu, dentre os pecadores.
E Ele fez isto estabelecendo primeiro a Antiga Aliança com toda uma nação (Israel), para que,
deste ponto de partida, alcançasse com a bênção
121
do evangelho, com a Nova Aliança, todas as nações da Terra.
Sem que isto significasse que a bênção de Deus estivesse vedada a qualquer que viesse a se
aproximar dEle, desde a criação do primeiro homem.
Mas, para propósitos previamente definidos,
dois pactos foram determinados em Sua presciência, um de vigência temporária (Antiga
Aliança) e outro de vigência eterna (Nova Aliança), de modo que, quando estendesse a Sua
completa graça, perdão e longanimidade a todos os pecadores, para que aqueles que viessem a se
arrepender de seus pecados pudessem ser salvos, sendo reconciliados com Ele, por meio
da fé em Jesus, não corresse o risco de que isto fosse entendido como um favor incondicional
para com os pecadores, como que se Ele, o Deus santo e justo não se importasse com o pecado.
Por isso marcou com destruição e com fogo o pecado nos exemplos deixados na Antiga
Aliança, para que todos os homens, em todos os lugares, saibam, pelas Escrituras - que são o
testemunho da verdade - que o único e verdadeiro Deus julgará os pecadores conforme
as suas obras, e que portanto, estes bem farão em andar com santo temor e reverência em Sua
presença, pois tem determinado um dia de Juízo, conforme demonstrou nos juízos
localizados que estabeleceu na Antiga Aliança, e que determinou que fossem registrados na
Bíblia para nossa advertência.
122
Além disso, o juízo sobre o destino eterno do nosso espírito é marcado na hora mesma da
nossa morte física – céu ou inferno são as duas alternativas colocadas diante de todos nós.
Entretanto, os juízos corretivos do Senhor continuam sendo trazidos sobre o mundo,
mesmo na dispensação da graça, como forma de demonstração da Sua justiça, mas também da
Sua misericórdia, de modo a servir de sinal que conduza a humanidade ao arrependimento e à
fé.
As catástrofes, os desastres, as guerras, e todas
as circunstâncias, que trazem aflições aos homens, são na verdade, chamadas de Deus ao
arrependimento. São demonstrações da Sua misericórdia para com os pecadores alertando-
lhes para o fato de que não vivemos num mundo de perfeição, mas de pecado, e que haverá um
juízo de condenação eterna caso não se arrependam dos seus pecados.
Todavia, não há maior alerta do que a Palavra do
próprio Jesus Cristo, em Seu ministério terreno, ordenando que os homens se arrependam e
creiam no evangelho, e que aquele não crê já está condenado. Mas quantos levam esta
palavra a sério? Quantos pensam nos horrores de uma condenação eterna, da qual somente a união com Cristo pode nos livrar?
Pela Antiga Aliança, Israel não era apenas
chamado por Deus a se distinguir das demais nações, em seus hábitos, especialmente na sua
forma de alimentação, que levaria os israelitas a
123
não poderem manter relações sociais com as pessoas que não estivessem aliançadas com
Deus, em razão das imposições relativas à forma de alimentação prescrita pela lei, que
considerava, cerimonialmente, vários tipos de animais imundos, e cujo consumo era vedado
aos israelitas sob a pena de cometerem grave pecado diante de Deus caso viessem a se alimentar deles.
Assim. A lei cerimonial, quanto às prescrições
relativas aos alimentos tinha mais a ver com o propósito de separar os israelitas daqueles que
não amavam a Deus e que se opunham deliberadamente contra os Seus mandamentos,
do que com os alimentos propriamente ditos.
Porém, na Nova Aliança, a visão dada a Pedro em
Jope (At 10.9-16), do grande lençol que descia do céu, com toda sorte de animais imundos, e com
uma voz que ordenava a Pedro que os matasse e comesse, era revelado que na dispensação da
graça, esta barreira havia sido derrubada por Deus.
Desde a inauguração da Nova Aliança no sangue de Jesus, os que conhecem a Deus têm o encargo
de não mais evitarem aqueles que são Seus inimigos, e devem lhes anunciar o evangelho.
A prática da impureza espiritual dos gentios, para a qual a lei apontava em figura, esta sim,
deve ser evitada, mas não eles propriamente. Não devem ser imitados em suas obras, mas
devem ser salgados com o sal do evangelho e
124
serem iluminados com a luz de Cristo, que está nos crentes.
Nós lemos o seguinte em Efésios 2.11-18:
“Portanto, lembrai-vos que outrora vós, gentios na carne, chamados incircuncisão. Por aqueles
que se intitulam circuncisos, na carne, por mãos humanas, estáveis naquele tempo sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos
aos pactos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo
Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Porque ele é
a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava
no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos contidos em
ordenanças, para criar, em si mesmo, dos dois um novo homem, assim fazendo a paz, e pela
cruz reconciliar ambos com Deus em um só corpo, tendo por ela matado a inimizade; e,
vindo, ele evangelizou paz a vós que estáveis longe, e paz aos que estavam perto; porque por
ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito.”
Se Cristo derrubou a barreira de separação é
porque esta barreira existia não imposta pela vontade do homem, mas pela vontade do
próprio Deus, ao ter separado Israel das demais nações, até que Cristo viesse e inaugurasse a
Nova Aliança, pela qual a barreira imposta pela
125
Antiga foi derrubada, de modo que todos, em todos os lugares, pudessem ter acesso a Deus
em um mesmo Espírito.
Deus não seria mais o Deus de uma só nação, segundo a descendência natural e carnal de um
homem, a saber Jacó, cujo nome foi mudado para Israel, mas o Deus de uma nação formada por pessoas que se convertessem a Ele pela
pregação do evangelho em todas as nações da Terra.
Devemos pois ter o devido cuidado ao
estudarmos a Bíblia, especialmente o Antigo Testamento, nas partes relativas ao Antigo
Pacto, porque ali encontramos muitas figuras de realidades que se cumpriram em Cristo, e
muitos preceitos que foram revogados e alterados por Cristo com a instituição da Nova
Aliança, que revogou a Antiga, de modo que não pratiquemos na dispensação da graça aquelas
coisas e atitudes que eram determinadas e aceitas por Deus no Antigo Pacto, mas que de
modo algum podem ser aceitas nesta nova dispensação, em que novas diretrizes foram
dadas para substituírem muitas das diretrizes antigas, como por exemplo a lei do olho por
olho, dente por dente; o ofício sacerdotal com a apresentação de animais em sacrifício; as
guerras santas ordenadas por Deus para extermínio de povos idólatras etc.
A Nova Aliança não é ministério de morte, mas
de vida. Isto é, os ministros de Deus estão
126
encarregados de levar a vida de Cristo aos homens, e não a condenação e a morte.
Isto fica agora exclusivamente nas mãos de Deus, e a Igreja de Cristo não é mais a espada de
Deus, como Israel foi no mundo antigo para exercer juízos de Deus sobre o mundo de ímpios.
Deus é o Juiz exclusivo do que se refere a tirar ou não a vida de qualquer pessoa, de modo que não
deseja nenhuma cooperação da Igreja neste sentido, ao contrário, foi vedado à Igreja na
presente dispensação toda e qualquer forma de juízo, e daí Cristo ter determinado que o crente
a ninguém deve julgar neste sentido, porque o juízo sobre vida ou morte está agora
exclusivamente nas mãos de Deus.
À Igreja cabe pregar o evangelho, e aqueles nos
quais Cristo será cheiro de morte para a morte e não aroma de vida para a vida, é assunto que se
encontra fora da alçada da Igreja, e que está totalmente nas mãos do Grande e único Juiz.
O dever do qual a Igreja está incumbida é o de levar a mensagem de salvação e se empenhar
muito para a salvação de alguns, porque Jesus, na dispensação da graça, se empenha não em
condenar os pecadores, mas salvá-los, para que estes que se convertem dos seus maus
caminhos sejam contados entre todos aqueles aos quais Deus dará a Terra como sua herança
eterna.
127
Os Ídolos que Nós Criamos e Amamos
"A espada virá sobre as suas águas, e estas
secarão; porque a terra está cheia de ídolos e os seus moradores são loucamente apaixonados
por estas coisas horríveis" (Jeremias 50:38)
Esta é uma parte do juízo de Deus proferido contra Babilônia.
Babilônia representa na Bíblia o mundo de
pecado, em sua condição carnal, afastado do Deus vivo e verdadeiro.
Aqui se fala do juízo em razão da idolatria, que
literalmente significa "adoração de coisas vãs" no lugar da adoração devida exclusivamente ao
Senhor.
Há várias formas de criarmos e amarmos os nossos próprios ídolos - pessoas ou coisas que controlam os nossos afetos, que ocupam os
nossos pensamentos, às quais dedicamos o todo de nossas energias e de nossas mentes.
É fácil sabermos quando algo está ocupando a
devoção e adoração que devemos exclusivamente a Deus.
Se a simples ideia de perder estas coisas ou
condições (saúde, bens, familiares, etc) causa em nós uma sensação de pavor, de vazio e de
falta de razão de continuar a viver com paz, alegria, contentamento, amor e gratidão em
nossos corações para com o Senhor, é sinal de que estas coisas ou condições têm sido um tipo
de deus para nós, porque é delas que
128
dependemos para nos sentirmos felizes, plenos, satisfeitos.
Não admira que para sermos curados deste mal, que o Senhor nos prive de muitas coisas que
almejamos, e que nos retire outras que se encontram debaixo da nossa posse, para que
sejamos desmamados, e não façamos delas muletas para sermos mantidos de pé.
Dinheiro, poder, estima dos homens, respeitabilidade, conforto mundano,
conhecimento, são ídolos perante os quais a maior parte das pessoas se curvam e servem,
como sendo a razão de suas vidas.
Felizes são portanto aqueles cujos ídolos têm
sido quebrados por Deus em Sua misericórdia e amor para com eles.
Se estes ídolos não forem destruídos jamais conheceremos o poder da vida sobrenatural e
eterna que Jesus tem para nos revelar e ministrar em medidas cada vez mais profundas,
a qual não depende de pessoas, de bens, circunstâncias ou de qualquer outra coisa, e que
faz com que Deus, e somente Deus, seja o nosso único amparo e deleite.
Os que são assim abençoados não se gloriam em suas riquezas, habilidades, sabedoria ou força,
senão somente no conhecimento pessoal e íntimo do Deus único e verdadeiro.
“Jer 9:23 Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua
força, nem o rico, nas suas riquezas;
129
Jer 9:24 mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em
me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na terra;
porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR.”
130
“Riquezas de Origem Iníqua” (Lucas 16.9)
Se tentarmos entender as coisas que se passam neste mundo, desde a sua fundação, e
especialmente em nossos dias, segundo o ponto de vista meramente humano, conforme o
padrão de justiça humano, sem o auxílio da sabedoria de Deus para que possamos fazer a nossa avaliação segundo a instrução recebida
do Espírito Santo, é certo que chegaremos a conclusões totalmente distorcidas e incorretas
quanto ao que seja justo, por mais sensatas que elas possam parecer aos nossos olhos.
Por exemplo, um assunto de difícil compreensão é o relativo às injustiças sociais,
para cuja solução, pensa-se incorreta e utopicamente que poderiam ser resolvidas caso
houvesse meramente uma melhor distribuição de renda, e que não houvesse acumulação de
riquezas por parte de ninguém, inclusive de instituições financeiras, ou mesmo cobranças
de taxas e impostos de toda a população.
Todavia, o que permite a manutenção e
organização de sociedades imensas e complexas como as de hoje em dia, é justamente este mal
necessário da acumulação por parte de grupos empreendedores que tocam a economia e
finanças, de forma a ser patrocinado todo o desenvolvimento necessário do qual
desfrutamos direta ou indiretamente.
Toda a infraestrutura básica, na área de
transportes, saúde, construção civil,
131
eletricidade, saneamento, agricultura, entre outros, depende de financiamento bancário. E o
mundo moderno foi e tem sido erigido por esta via.
Entretanto, como já dissemos antes, em um
mundo dominado pelo pecado, a vida prossegue atrelada a este mal necessário. Se não houvesse
pecado no mundo, evidentemente, seria de outra forma, mas Deus o tem permitido, assim como permite outros males, como por exemplo,
que se dê carta de divórcio, apesar de que seu propósito original relativo ao casamento nunca
tenha sido mudado, que é o da fidelidade e indissolubilidade. Por causa da dureza do
coração humano tem permitido, mas não consentido com o divórcio, para evitar males
maiores, como a prática da violência e do abuso dentro do casamento.
Mas, voltando ao nosso assunto referente ao uso
e distribuição do dinheiro, é importante notar que Jesus o chama de “riquezas de origem
iníqua” em Lucas 16.9, confirmando o seu conhecimento de que há todo um processo
injusto no uso e circulação da moeda neste mundo. E ainda que não sejamos desonestos,
podemos estar certos de que os bens e dinheiro que adquirimos, chegam às nossas mãos tendo
sido gerados anteriormente por uma fonte injusta e má, e não santa e boa, conforme seria
do propósito de Deus, caso não vivêssemos num mundo de pecado, dominado e liderado por
pecadores.
132
Todavia, Jesus estabelece assim mesmo, um padrão de fidelidade e de honestidade para os
cristãos quanto ao uso que devem fazer do dinheiro, porque é na fidelidade no uso daquilo
que é de procedência geral injusta, que comprovamos que estamos habilitados para
entrar na posse daquela riqueza santa e justa que será o padrão no reino de Deus que será manifestado no final desta dispensação em que
vivemos.
Luc 16:9 E eu vos recomendo: das riquezas de
origem iníqua fazei amigos; para que, quando aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam
nos tabernáculos eternos.
Luc 16:10 Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é
injusto no muito.
Luc 16:11 Se, pois, não vos tornastes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem
vos confiará a verdadeira riqueza?
Luc 16:12 Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará o que é vosso?
Luc 16:13 Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao
outro ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.
Luc 16:14 Os fariseus, que eram avarentos,
ouviam tudo isto e o ridiculizavam.
Luc 16:15 Mas Jesus lhes disse: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens,
mas Deus conhece o vosso coração; pois aquilo
133
que é elevado entre homens é abominação diante de Deus.
Estas promessas que citaremos a seguir foram
feitas por Deus à nação de Israel como um todo, e não a um grupo de pessoas ou a pessoas
individualmente da citada nação. Israel seria abençoado para ser bênção para as demais
nações do mundo, conforme o propósito de Deus para eles, notadamente o referente ao
anúncio do evangelho que ainda viria a ser proclamado na dispensação da graça, na
plenitude do tempo, quando Jesus, o Messias prometido nas Escrituras, fosse manifestado.
Enquanto vigorasse a antiga aliança no período do Velho Testamento, isto deveria ser observado por Israel, até que o Messias viesse.
O propósito deste dispositivo da Lei tinha por alvo garantir a sobrevivência de Israel como
uma nação soberana em sua própria Terra, e estimular os israelitas à obediência aos
mandamentos de Deus, para que mostrassem às demais nações, por suas próprias vidas e
comportamento, o elevado padrão moral e espiritual que se encontra somente no único
Deus verdadeiro.
O texto de Deuteronômio 15.1-11, se refere ao chamado ano da remissão, contado a cada sete
anos, no qual as dívidas deveriam ser perdoadas e totalmente liquidadas. Isto tinha em vista
evitar a cobiça e a prática da usura entre os
134
israelitas, coisa que já era muito comum em todo o mundo conhecido de então.
Observe que nos versículos 3 e 6 Deus fez a promessa aos israelitas que caso toda a nação
fosse obediente a todos os seus mandamentos, para uma vida santa e justa, lhes seria dada uma
tal abundância de bens e riquezas que não necessitariam se preocupar com a liquidação
das dívidas de seus irmãos ou cobrança de juros em empréstimos para se compensarem de
possíveis perdas. Esta era uma lei para Israel, de modo que se desejassem poderiam estendê-la
às nações estrangeiras, nas dívidas contraídas por estas com o povo de Israel, mas caso
contrário, seria lícita seguirem as regras do mercado mundial no assunto relativo à
liquidação de empréstimos contraídos pela via de contrato.
Deu 15:1 Ao fim de cada sete anos, farás
remissão.
Deu 15:2 Este, pois, é o modo da remissão: todo
credor que emprestou ao seu próximo alguma coisa remitirá o que havia emprestado; não o
exigirá do seu próximo ou do seu irmão, pois a remissão do SENHOR é proclamada.
Deu 15:3 Do estranho podes exigi-lo, mas o que
tiveres em poder de teu irmão, quitá-lo-ás;
Deu 15:4 para que entre ti não haja pobre; pois o
SENHOR, teu Deus, te abençoará abundantemente na terra que te dá por herança,
para a possuíres,
135
Deu 15:5 se apenas ouvires, atentamente, a voz do SENHOR, teu Deus, para cuidares em
cumprir todos estes mandamentos que hoje te ordeno.
Deu 15:6 Pois o SENHOR, teu Deus, te abençoará,
como te tem dito; assim, emprestarás a muitas nações, mas não tomarás empréstimos; e
dominarás muitas nações, porém elas não te dominarão.
Deu 15:7 Quando entre ti houver algum pobre de
teus irmãos, em alguma das tuas cidades, na tua terra que o SENHOR, teu Deus, te dá, não
endurecerás o teu coração, nem fecharás as mãos a teu irmão pobre;
Deu 15:8 antes, lhe abrirás de todo a mão e lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a
sua necessidade.
Deu 15:9 Guarda-te não haja pensamento vil no teu coração, nem digas: Está próximo o sétimo
ano, o ano da remissão, de sorte que os teus olhos sejam malignos para com teu irmão
pobre, e não lhe dês nada, e ele clame contra ti ao SENHOR, e haja em ti pecado.
Deu 15:10 Livremente, lhe darás, e não seja maligno o teu coração, quando lho deres; pois,
por isso, te abençoará o SENHOR, teu Deus, em toda a tua obra e em tudo o que empreenderes.
Deu 15:11 Pois nunca deixará de haver pobres na
terra; por isso, eu te ordeno: livremente, abrirás a mão para o teu irmão, para o necessitado, para
o pobre na tua terra.
136
Deu 23:19 A teu irmão não emprestarás com juros, seja dinheiro, seja comida ou qualquer
coisa que é costume se emprestar com juros.
Deu 23:20 Ao estrangeiro emprestarás com juros, porém a teu irmão não emprestarás com
juros, para que o SENHOR, teu Deus, te abençoe em todos os teus empreendimentos na terra a
qual passas a possuir.
Sempre existiu e existirá a necessidade de se tomar empréstimos entre as nações,
entretanto, Israel seria abençoado de tal forma caso andasse nos caminhos do Senhor, que Ele
lhes fez a promessa de Dt 28.12,13, de sequer necessitarem tomar empréstimos para o
progresso da nação, uma vez que teria tanta riqueza que seria o credor mundial.
Deu 28:12 O SENHOR te abrirá o seu bom
tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no seu tempo e para abençoar toda obra das tuas mãos;
emprestarás a muitas gentes, porém tu não tomarás emprestado.
Deu 28:13 O SENHOR te porá por cabeça e não por cauda; e só estarás em cima e não debaixo,
se obedeceres aos mandamentos do SENHOR, teu Deus, que hoje te ordeno, para os guardar e cumprir.
A condição imposta para Israel ser abençoado e ser bênção para as nações dependia da
fidelidade a Deus, notadamente no que se refere
137
à obediência aos Seus mandamentos justos e santos, de modo que, em caso contrário lhes
sobreviriam todas as maldições proferidas em Deuteronômio 28.15-68, das quais destacamos
as seguintes:
Deu 28:43 O estrangeiro que está no meio de ti
se elevará mais e mais, e tu mais e mais descerás.
Deu 28:44 Ele te emprestará a ti, porém tu não
lhe emprestarás a ele; ele será por cabeça, e tu serás por cauda.
Deu 28:45 Todas estas maldições virão sobre ti,
e te perseguirão, e te alcançarão, até que sejas destruído, porquanto não ouviste a voz do
SENHOR, teu Deus, para guardares os mandamentos e os estatutos que te ordenou.
Deu 28:46 Serão, no teu meio, por sinal e por
maravilha, como também entre a tua descendência, para sempre.
Deu 28:47 Porquanto não serviste ao SENHOR, teu Deus, com alegria e bondade de coração, não
obstante a abundância de tudo.
Deu 28:48 Assim, com fome, com sede, com nudez e com falta de tudo, servirás aos inimigos
que o SENHOR enviará contra ti; sobre o teu pescoço porá um jugo de ferro, até que te haja
destruído.
Vemos assim a imparcialidade da justiça divina, inclusive em relação ao próprio povo de Israel, o
qual, diga-se de passagem tem sofrido sanções
138
divinas mais do que qualquer outra nação da Terra, especialmente nos dias do Velho
Testamento, em razão de ter sido feita com eles a Aliança mediada por Moisés.
Concluímos portanto que não é Deus o promotor de toda a injustiça que se pratica no
mundo não somente no que se refere ao uso do dinheiro, como em todas as demais áreas de
nossas vidas.
Muitos pensam que com a quebra do monopólio
e controle financeiro mundial por parte de uns poucos, os problemas da humanidade seriam
resolvidos. Entretanto, não cogitam que isto passaria para as mãos de outros, pois é o
sentimento do corações de muitos homens exercer o domínio e o controle sobre todo o
mundo.
Isto é injusto, sabemos, mas como vimos, Deus o tem permitido porque não há outro meio da
roda do progresso continuar girando num mundo sujeito ao pecado. Prova disso se
encontra na falência do comunismo em todo o mundo, e aqueles que insistiram na plena
manutenção do regime têm cometido maiores injustiças e ficaram alijados do
desenvolvimento econômico, como é por exemplo o caso de Cuba.
Só para exemplificar e fechar o nosso assunto, podemos citar que a família dos grandes
banqueiros mundiais, como os Rotchilds (que estão por mais de 250 anos seguidos no controle
das finanças mundiais), Morgans, Rockefellers
139
e outros, acumularam riquezas inimagináveis através do estabelecimento de bancos centrais
com a prática do chamado fractional reserve lending, que significa realização de empréstimo
sem lastro, com uso de dinheiro virtual. Seria algo como emprestar o que não se tem, por se
recorrer aos imensos fundos depositados pela população nos bancos. Entretanto, com este dinheiro virtual foi financiada, por exemplo, a
construção da ponte Rio-Niterói. Deste mal que mais enriqueceu os banqueiros com o dinheiro
do próprio povo americano, e com os juros pagos pelo povo brasileiro, surgiu um bem, que
é a ponte, e assim ocorre com tudo o mais neste mundo.
Lembram que Jesus chamou a isto de “riquezas
de origem injusta”?
O sistema é injusto porque aquele que o comanda não é Deus, mas Satanás, agindo nos
corações de homens ímpios e gananciosos, que seguem as suas instruções.
Vem chegando entretanto, o dia em que o
próprio Deus porá um termo em tudo isto, quando criar o novo céu e a nova Terra nos quais
a justiça habitará para sempre.
140
Vivendo ou Caindo na Real
O que descrevo adiante pode parecer um
desabafo, mas não é desabafo – é a pura verdade.
Desapareceu o honesto da face da Terra?
Não. Ele nunca passou por aqui, com exceção de Adão antes da queda no pecado, e de nosso
Senhor Jesus Cristo em seu ministério terreno.
Parece um grande exagero afirmar isso, no entanto, considere-se que honestidade não é
apenas algo em relação ao uso correto do dinheiro, mas abrange todos os aspectos da vida
em relação a sermos verdadeiros e sinceros em demonstrações de sentimentos, emoções,
ações – enfim, agir em estrita conformidade com o que é justo e santo.
Então, o que se há de ver são graus maiores ou
menores de desonestidade.
Há aquela que traz grande prejuízo a muitos,
como a corrupção desenfreada que se tem visto nos poderes públicos desta nação, quando o
dinheiro desviado dos cofres públicos traz prejuízos a várias pessoas que dependem dos
serviços de saúde pública, educação, segurança, para não citar outros.
O síndico ou administradora, que surrupia o
dinheiro do condomínio, traz prejuízos financeiros aos condôminos, como também
impede que os serviços e manutenção prediais sejam realizados a contento.
Mas também há graus menores de
desonestidade quando prestadores de serviços
141
ou de venda de bens cobram mais do que deveriam, pois neste caso, o prejuízo pode ser
consentido pela parte prejudicada ou não.
Na área sentimental, quantos danos não pode
produzir uma desonestidade com o cônjuge, em adultérios, ou por negar-lhe o que lhe é devido?
Quanto sofrimento é produzido no mundo por falsidade nos relacionamentos?
A lista é imensa e não necessitamos prolongá-la porque está diante dos olhos de todos o aumento
galopante da iniquidade, da falta de amor ao próximo, da violência física e moral, da
crueldade, da implacabilidade, da fornicação, da impureza, da soberba, da futilidade, enfim, da
impiedade em todos os aspectos que possam ser considerados.
Então podemos entender porque nosso Senhor Jesus Cristo disse que veio ao mundo buscar
pecadores e injustos, porque é somente isto o que o mundo tem para lhe oferecer.
Não poderia ter vindo para justos e santos
porque simplesmente eles não existem.
Ele veio chamar pecadores ao arrependimento,
para começarem a mudar esta tragédia que assola a vida de todos nós, a saber, a de sermos
escravos do pecado.
É pela implantação de um novo princípio de vida
na mente e no coração, pela habitação do Espírito Santo, que Deus começa o seu trabalho
de purificação de tudo o que deve ser limpo em nós, e de destruição da inclinação para o mal,
que é o hábito da velha natureza terrena.
142
Além disso, por essa nova inclinação para o bem, podemos não somente resistir ao que é
mal e injusto, como também a buscar o que é justo e santo.
Se antes tínhamos prazer em buscar aquilo que podia ofender a Deus, ao nosso próximo e
prejudicar a nós mesmos, agora, em Cristo, passamos a ter aversão por tais práticas.
Se antes, não éramos sensíveis ao assunto da justiça e da santidade, agora, temos todo o nosso
interesse concentrado nisto.
Olhemos então o mundo com os olhos de Jesus.
Ele sabia com o que e com quem teria que lidar. Sabia que não deveria ficar escandalizado com
os ladrões, porque senão como poderia ter conduzido um ladrão arrependido ao paraíso
logo após a extrema agonia que havia sofrido na cruz?
Se estivesse dominado por sentimentos
moralistas, não teria ajudado a qualquer pecador, porque por este sentimento somos levados a julgar e a condenar os outros, e não a
nos compadecermos deles, orarmos por eles, e esperar que Deus por fim os salve do pecado e da
condenação eterna.
Em todo o caso, ainda que não se convertam,
manteremos a paz em nossos corações, e não ficaremos perturbados com toda a iniquidade
que vemos no mundo, pois sabemos que no fim, bem irá ao justo, e que aqui embaixo ele pode
contar sempre com a ajuda e a proteção de Deus.
143
Mandamento, Lei, Preceito e Ordenança
Podemos inferir qual é a grande importância da lei e dos mandamentos de Deus para nós,
através das inúmeras passagens bíblicas que a eles se referem (mais de 650 citações diretas das
palavras do nosso título, sem contar os mandamentos e estatutos propriamente ditos,
especialmente na Lei de Moisés).
É importante lembrar que desde a criação do
primeiro casal, Deus lhes deu mandamentos específicos mesmo quando se encontravam em
estado de inocência e sem pecado no Jardim do Éden.
De maneira que ainda que não sejamos salvos
pelas obras da lei, todavia não estamos sem lei em Cristo. Ao contrário, pela fé nele
confirmamos que a lei é espiritual, santa, perfeita, justa e boa, refletindo o caráter do
grande Legislador.
Evidentemente, como afirma o apóstolo Paulo
em I Timóteo 1.9,10, a lei não é feita para o justo, mas para os que são seus transgressores, mas,
como nos encontramos ainda sujeitos à ação do pecado, necessitamos da lei para nos indicar
qual seja a vontade de Deus, pois conforme proferido pelo mesmo apóstolo, não
conheceríamos a cobiça como sendo pecado, caso a lei não dissesse: “não cobiçarás.”
Nosso Senhor confirmou a validade da lei até que tudo se cumpra, ou seja, quando já não
estivermos mais sujeitos ao pecado, quando
144
atingirmos aquele estado de perfeição prometido para o por vir.
Quando formos assexuados como os anjos, certamente não mais necessitaremos das leis
contra o adultério, contra a fornicação, o incesto, e toda sorte de impureza sexual, mas
enquanto no corpo, neste mundo, precisamos da lei para confirmar juntamente com o testemunho do Espírito Santo que todas as obras
da carne, assim definidas pela lei, são pecaminosas.
Tão importante é a lei que na dispensação da graça, Deus a tem escrito nas mentes e nos
corações dos crentes, por estarem estes debaixo da Nova Aliança, na qual prometeu fazê-lo pela
habitação do seu Espírito em nós.
A lei que é escrita no nosso interior,
sobrenaturalmente, e que nos inclina a amar os mandamentos de Deus, e a odiar os pecados que
ela condena, é a mesma lei moral que foi revelada a Moisés, só que melhor entendida em
seu sentido amplo e interno pelo ensino de Jesus nos evangelhos, pelos apóstolos no Novo
Testamento, e pelo Espírito Santo.
De modo que tendo sido revogada a Antiga
Aliança, não foram revogados, no entanto, os seus mandamentos, os quais Jesus não veio
revogar, mas cumprir.
Desta forma, quando Jesus afirma que devemos
guardar os Seus mandamentos, não devemos pensar que isto exclua as ordenanças morais do
Antigo Testamento, pois neste se dá também
145
testemunho do mandamento que nos é dado para nos arrependermos e cremos em Cristo,
conforme Ele próprio afirmou em seu ministério terreno que a Lei e os Profetas (modo
de se designar o conjunto das Escrituras do Velho Testemunho) testificavam a Seu respeito.
A este conjunto de ordenanças o Senhor acrescentou um novo mandamento, a saber, que os crentes se amassem com o mesmo amor
com o qual Ele nos amou – o amor ágape divino, de comunhão mútua entre Deus e os que são
nascidos do Espírito.
Se a lei nos alerta quanto ao que pode
interromper a nossa comunhão com Deus e nos sujeitar ao Seu juízo ou correção, como
poderíamos considerá-la como um inimigo?
Mas quando o assunto se trata da nossa salvação
(justificação e regeneração) a lei, nossa amiga, não pode nos ajudar, porque isto pode ser feito
somente pela graça, virtude, mérito e poder de Cristo.
A veemência com que o apóstolo Paulo escreveu a favor da justificação somente pela graça,
mediante a fé, é explicada pela forte oposição que ele sofreu em seus dias da parte dos judeus
legalistas, que ensinavam que a salvação não era pela graça e mediante a fé, mas por se guardar
todos os mandamentos da Lei de Moisés.
É preciso pois ter muito cuidado ao se
interpretar a palavra do apóstolo Paulo quando usa o termo “lei”, especialmente nas epístolas
aos Romanos e aos Gálatas, pois quando diz por
146
exemplo, que o crente não está debaixo da lei, o que ele quer afirmar é que não está debaixo do
sistema da Antiga Aliança, por se encontrar numa Nova Aliança, e assim, a palavra lei nesses
casos não se refere de modo nenhum aos mandamentos morais do Antigo Testamento.
Paulo não descumpria a Lei, conforme seu
próprio testemunho na defesa que apresenta no livro de Atos, mas se opunha, como de fato todo
verdadeiro crente deveria fazer, à afirmação de que a salvação é por se guardar todos os
mandamentos da lei, aparte da graça e da fé.
147
Como o Cristão Morreu para a Lei
Rom 6:14 Porque o pecado não terá domínio
sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça.
Rom 7:4 Assim, meus irmãos, também vós
morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a
saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus.
Rom 7:6 Agora, porém, libertados da lei,
estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de
espírito e não na caducidade da letra.
Interpretadas fora do contexto, estas palavras do
apóstolo podem produzir as mais grosseiras interpretações, totalmente distanciadas da
verdade.
Muitos utilizam estes versículos para
sustentarem uma opinião antinomista, ou seja, contrária à necessidade de se obedecer a lei.
Então é muito importante sabermos a que estava se referindo o apóstolo Paulo quando se
expressou de tal forma.
Primeiro de tudo, deve ser observado que ele
afirma que não foi a lei que morreu, mas o cristão relativamente à lei, especialmente para
a sua condenação que sujeita à maldição eterna
148
a quem transgredir a quaisquer dos seus mandamentos.
Portanto, se não houvesse uma obra de Cristo no
sentido de nos resgatar dessa maldição, estaríamos irremediavelmente perdidos.
E o modo pelo qual nosso Senhor o fizera, foi
através da graça, que nos foi concedida nos termos da Nova Aliança, na qual Deus tem
prometido perdoar e ser misericordioso para com todos os nossos pecados e nossas
transgressões da sua lei.
Foi especialmente para tal propósito que Jesus morreu no nosso lugar carregando sobre si
mesmo todos os nossos pecados.
O cristão está morto para a lei porque Deus considerou a morte de Jesus como sendo a
própria morte do cristão.
Ora, a lei que vigorava com todo o seu poder de condenar sobre aqueles que estavam vivos
debaixo do seu domínio, já não tem qualquer poder legal sobre aqueles que morreram.
Pois a lei não se aplica a mortos, mas a vivos.
Por isso Paulo fez a ilustração inicial no sétimo capítulo de Romanos dizendo que uma pessoa
pode contrair novas núpcias com outra que não seja o seu cônjuge, uma vez que este tenha
morrido, porque a lei matrimonial se aplica somente enquanto os cônjuges vivem.
Assim, o cristão, que morreu em Cristo, está
livre para assumir uma nova aliança com Ele, em novidade de vida, e totalmente livre do
poder de condenação previsto na Lei de Deus.
149
Todavia, como a lei é santa, espiritual, justa e boa, porque provém do próprio Deus, ela deve
ser observada, respeitada e cumprida, porque era justamente pela sua transgressão que a
morte imperava, antes, no viver do cristão, quando não conhecia a Deus.
E para que o sacrifício de Jesus em nosso favor fosse eficaz e aceitável a Deus, foi necessário
que ele cumprisse toda a lei em seu ministério terreno, quando viveu como homem debaixo da
inteira direção, instrução e poder do Espírito Santo.
Daí nosso Senhor Jesus Cristo afirmar que
comprovamos que somos de fato seus discípulos quando guardamos os seus
mandamentos, e estes mandamentos, evidentemente, estão respaldados em toda a lei
de Deus, motivo porque também afirmou que não veio revogar a lei, mas cumpri-la.
Entretanto, sempre ensinou que é impossível
cumprir a lei sem o poder da graça.
Cumpre-se a lei quando se vive na graça
150
Apascentar
“Procura conhecer o estado das tuas ovelhas e cuida dos teus rebanhos,” (Pv 27.23)
“Depois de terem comido, perguntou Jesus a
Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Ele lhe disse:
Apascenta os meus cordeiros.” (João 21.15)
Uma das principais funções do pastor é a de usar o seu cajado para afastar o ataque dos lobos
sobre o seu rebanho.
Muitas vezes, estes lobos não vêm de fora, mas atuam no próprio rebanho, ou individualmente
no próprio interior de cada ovelha, em forma de endurecimento e rejeição à recepção do
alimento necessário para que esteja saudável, a saber, a Palavra de Deus, que é o alimento do
espírito.
Sempre há uma resistência natural e persistente do lobo representado na nossa
natureza decaída no pecado, no fascínio pelo mundo, nas investidas dos espíritos imundos,
que furtam o nosso alimento.
Desta forma, importa que os pastores não somente forneçam o alimento das ovelhas
(Palavra), em face desta possibilidade sempre presente de um furto fácil.
Elas devem ser ensinadas a preservar o seu
alimento com toda a diligência, e nisto coopera
151
tanto a oração dos pastores em seu favor, quanto a oração das próprias ovelhas, para que sejam
livradas do mal.
Uma boa ação preventiva é a de manter as ovelhas empenhadas com a obra de Deus,
especialmente no cuidado relativo à santificação de suas vidas para tal propósito, não
apenas na participação de atos devocionais, como também na prática efetiva do amor e das
boas obras.
A inércia e a indolência produzirão enfermidade e morte espiritual no rebanho.
“Atos 20:28 Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu
bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue.
Atos 20:29 Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho.
Atos 20:30 E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas
para arrastar os discípulos atrás deles.”
“Saúda-vos Epafras, que é dentre vós, servo de
Cristo Jesus, o qual se esforça sobremaneira, continuamente, por vós nas orações, para que
vos conserveis perfeitos e plenamente convictos em toda a vontade de Deus.” (Col 4.12)
152
A Longanimidade e Amor Evangélicos
“1 Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois
espirituais, restaurai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não
sejas também tentado.
2 Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo." (Gál 6.1,2).
A palavra grega paraptoma, usada por Paulo e traduzida por “ofensa” no verso 1, é a mesma
palavra usada em várias passagens do Novo Testamento para se referir a pecados ou faltas, e
usada por Jesus no Pai Nosso, onde se diz “perdoa as nossas ofensas”.
Então não significa apenas injúrias, mas todo
tipo de falta que possa ser praticada contra o próximo.
Tiago faz o mesmo uso desta palavra quando diz
que devemos confessar nossas ofensas uns aos outros.
Paulo não estava portanto se referindo aqui a
erros doutrinais, mas a pecados que operam na carne e que sujam o coração do cristão. E ele
expõe a maneira como isto deve ser tratado na Igreja: os que são fortes devem levantar o caído
com espírito de mansidão.
Esta norma deveria ser seguida particularmente pelos ministros da Palavra.
Os pastores devem reprovar o caído, mas
quando veem que o caído sente e se entristece
153
pela sua condição, devem, confortá-lo e cobrirem a sua falta com o amor que cobre
multidão de pecados.
Assim como o Espírito Santo é inflexível quanto
ao assunto de manter a doutrina da fé e a verdade entre os cristãos, Ele é também muito
misericordioso para com os pecados dos homens, contanto que os pecadores se
arrependam - o arrependimento é essencial porque Ele não consola aquele que vive
deliberadamente no pecado, apesar de ser um Consolador amoroso e fiel.
A palavra no original grego para o verbo restaurar do verso 1 é katartizo, que significa
restaurar como quem liga de novo um osso que foi quebrado.
Deste modo, o dever do cristão espiritual não é o de condenar o cristão fraco, mas de restaurá-lo
com a paciência e o cuidado com que um ortopedista cuida de uma fratura.
O espírito de mansidão é o modo correto determinado pelo apóstolo de fazê-lo.
Não com ira e paixão, como aqueles que
triunfam sobre a queda de um irmão, mas como aqueles que choram por eles e lamentam a sua queda e perda, assim como nosso Senhor vai à
procura da ovelha perdida para reconduzí-la ao aprisco.
Muitas reprovações necessárias perdem a sua
eficácia quando são aplicadas em ira.
Ainda mais um cuidado é colocado pelo
apóstolo para aqueles que estiverem
154
empenhados no trabalho de restaurar os que estão caídos.
Eles devem olhar por si mesmos de maneira que
não venham também a cair como eles.
Nós também podemos ser tentados e sermos vencidos pela tentação, e isto nos ajudará a ter
em mente, enquanto ajudamos outros, que não somos melhores do que eles, porque como disse Agostinho, “não há nenhum pecado que uma
pessoa cometa, que outra pessoa também não possa cometer”.
Nós andamos em lugares escorregadios neste
mundo, e como diz Tiago, tropeçamos em muitas coisas.
Daí a advertência de I Cor 10.12:
“Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não
caia.”.
E em razão da nossa fraqueza e debilidade comum, somos orientados a carregar os fardos
uns dos outros (verso 2), porque é nisto que consiste principalmente a Lei de Cristo relativa
ao novo mandamento que Ele deu ao povo de Deus, a saber, que nos amemos uns aos outros
assim como Ele nos amou.
Jesus não esmagou a cana quebrada, e nos é imposto o dever de fazer o mesmo, porque foi
por amor ao pecador e por ser paciente com a sua fragilidade que Ele procedeu de tal maneira.
Aqueles que se gloriam no seu conhecimento
das coisas de Deus e que não vivem de acordo
155
com esta regra, tal como era o caso dos falsos apóstolos, na verdade nada são, e estão
enganando a si mesmos.
Eles se consideram mestres, e não o são; eles se
consideram superiores aos demais pecadores e não o são.
Cada qual deve examinar as suas próprias obras
segundo esta regra que foi exposta, e então terá motivo de se gloriar em si mesmo, e não naquilo
que os outros estão fazendo debaixo das suas ordens.
Afinal, cada um dará contas de si mesmo a Deus,
e não será considerado de modo algum no Juízo, como atenuante ou agravante, quanto fomos
ajudados ou atrapalhados por outros.
Particularmente o trabalho do ministério deve ser auto examinado por esta regra, de modo que
permaneçamos em dependência e humildade diante de Deus.
Não será pela quantidade de louvores que
recebemos dos outros que seremos aprovados por Deus. Ao contrário, há um grande perigo
nisto, e por isso fomos devidamente alertados pelo Senhor.
A carga que cada um levará respectivamente citada em Gál 6.5 se refere ao julgamento das
nossas obras no Tribunal de Cristo, quando cada cristão dará contas de si mesmo a Deus.
"Porque cada qual levará a sua própria carga."
(Gál 6.5)
156
E, se há um tal tempo terrível para ser esperado, quando Deus julgará a cada um conforme as
suas obras, isto serve de uma boa razão para julgarmos a nós mesmos e qual tem sido afinal o
nosso trabalho na presença de Deus.
157
Mansidão, Gentileza e Humildade
A mansidão merece uma atenção especial uma vez que figura como uma das partes do caráter
do cristão que são destacadas por nosso Senhor nas bem-aventuranças em Mateus 5.1-12.
Um espírito manso e humilde é o espirito de
Cristo, de modo que uma disposição iracunda, irritadiça e prepotente não é pertencente à
divindade.
A mansidão é um dos componentes do fruto do Espírito Santo porque ela faz parte do caráter do
próprio Deus, e desta devemos compartilhar.
É por conseguinte, com espírito de mansidão de
coração, e não apenas exterior, que devemos viver neste mundo, e esta deve estar presente no
nosso comportamento e ações, mesmo quando somos perseguidos e contraditados, quando corrigimos os erros daqueles que se encontram
sob a nossa autoridade, e não devemos abdicar dela diante de todos os homens.
Como todas as demais virtudes de Cristo, a mansidão deve ser aprendida no exemplo do
próprio Senhor e segundo a eficácia da Sua graça operando em nós.
Não há outro modo de se ter um coração
sossegado, aquietado, e em paz, em mundo conturbado como o nosso, a não ser por se ter
aprendido a ser manso e humilde como é o nosso Senhor.
Para confirmar que o caráter dos cidadãos do
Seu Reino do Céu é o de mansidão, nosso
158
Senhor nos revelou esta verdade quando cumpriu a profecia entrando triunfalmente em
Jerusalém montado em um jumentinho.
Deus se agrada de nós, portanto, somente
quando agimos com mansidão de coração, porque esta a ninguém faz mal, e não conturba a
paz que Ele tanto ama.
Como seria de se esperar, o mundo não valoriza
a mansidão divina – ao contrário – valoriza um comportamento irreverente, arrogante,
agressivo, conforme o que é muito comum de se ver e ser aplaudido em filmes, novelas
televisivas, e até mesmo nas relações interpessoais no ambiente de trabalho e nos
lares de um modo geral.
De tanto acostumados que podemos ficar à
exibição deste tipo de comportamento corremos o risco de refletir o mesmo em nossas
atitudes e ações, sem sequer nos darmos conta disto, uma vez que a prática é amplamente
generalizada e tolerada.
Falar em mansidão, gentileza e humildade em
nossos dias soa como algo medieval, anacrônico, estranho.
Todavia, é aí onde Deus focaliza a Sua atenção e
o Seu galardão, pois promete dar a terra como herança somente aos que têm um caráter
manso.
Se quisermos ser bem-sucedidos na vida cristã,
teremos que navegar na contramão desse mundo, especialmente nos dias em que
vivemos.
159
Não há como conciliar o que o mundo aprova com o que Deus aprova.
A mansidão aqui referida não é aquela que é pertinente ao tipo de temperamento natural
que é brando, melancólico ou fleumático, e este não se encontra portanto em nenhuma
vantagem sobre aquele que é de temperamento sanguíneo ou colérico, uma vez que o
temperamento natural, tanto num caso, como noutro, não se sustenta em mansidão de mente
e coração diante das adversidades.
A mansidão aqui referida como afirmado nas
Escrituras é fruto do Espírito Santo, e em assim sendo, importa que seja implantada pelo poder
de Deus no nosso caráter. Isto é aprendido e incorporado à vida no exercício cotidiano dos
embates que temos que enfrentar.
Sendo interior e fruto do Espírito ,a mansidão guardará as nossas mentes e corações em paz e
tranquilos em toda e qualquer circunstância, por estarmos conscientes do seu valor e
realidade.
Importa então, que sejam reanimados, aqueles
que desacreditaram no valor ou realidade da mansidão, por algum tipo de frustração que
sofreram em relação àqueles que pensavam ser detentores da citada virtude e que no entanto
falharam em determinados momentos críticos em que foram colocados à prova. Certamente a
mansidão que alegavam possuir era fruto do seu temperamento natural, e não o fruto do espírito
que é forjado na nossa alma, porque este último
160
é vitorioso e duradouro, tendo uma vez sido obtido e mantido em exercício.
Temos a Palavra para nos ensinar a respeito dessa verdade, e faremos bem em observá-la
com o devido cuidado.
161
Vontade e Inclinação Moral e Espiritual
Por vontade entendemos muito mais do que a faculdade da mente humana em fazer escolhas
e tomar decisões, porque a vontade não é um poder soberano em nós, uma vez que pode ser
influenciada por diversos fatores que pesarão preponderantemente em muitas das nossas
escolhas e decisões, que apesar de serem o fruto do exercício de nossa vontade, pode-se dizer das
mesmas que foram involuntárias, em diversas situações, ou seja, quando não nos achávamos
no domínio pleno destas escolhas e decisões.
Daí termos associado à vontade, a nossa
inclinação moral e espiritual, porque por um conjunto de fatores que não chegamos a
compreender muito bem, há toda uma disposição diferenciada de pessoa para pessoa
para pender para os mais diversos tipos de ânimo, espírito, temperamento, humor,
padrões de obediência e de rebelião, enfim, de todo o somatório de poderes que operam na
mente, no espírito e corpo de cada pessoa, e que determinam o seu pendor ou inclinação moral e
espiritual.
De um modo geral, toda a humanidade se
encontra naturalmente indisposta para as coisas espirituais, celestiais e divinas, e isto
configura, na verdade, um estado de inimizade e oposição a tudo o que se refira efetivamente à
vontade de Deus e seus mandamentos.
162
Mas, mesmo neste caso, alguns possuem um pendor natural para as coisas que são
consideradas de comportamento aprovado pela sociedade, e outros que vão na direção contrária
a isto. E nem sempre uma chamada boa educação pode responder sozinha para a
determinação de um bom comportamento.
Há vários fatores intrínsecos formadores da
própria personalidade que preponderam sobre tudo o mais que se possa fazer de esforço para
melhorar o procedimento daqueles que costumam fazer um uso inadequado da vontade
por seguirem inclinações perniciosas inerentes à sua própria constituição interior.
Pessoas há que simplesmente não se permitem serem amoldadas por boas influências externas,
sejam elas de qual natureza forem, naturais ou espirituais. E isto permanece como um grande
mistério até hoje para todos nós, porque sucede assim.
Deus, que é o criador de tudo e de todos, não criou qualquer tipo de mal moral ou espiritual.
Portanto, não se pode atribuir isto a uma falha de fabricação, mas a um fator estranho que se
introduziu não somente na criação dos homens, como também na dos anjos que se
transformaram em demônios, porque sendo ambos seres morais, dotados de vontade
própria, escolheram e se inclinaram para longe de Deus e do padrão de vida e de
comportamento que nele existem e que dele
163
emanam para todas as suas criaturas que lhe são obedientes.
Mas, no melhor dos homens, em razão da
inimizade natural pecaminosa que há em todos, há a necessidade de nos esforçarmos para nos
inclinarmos para as coisas que são de Deus, segundo o pendor do Espírito Santo, para que
possamos ter a nossa vontade sendo dirigida pela boa, perfeita e agradável vontade de Deus,
em tudo o que é justo e santo, Rom 8.6-13; 12.1,2.
Assim, bem irá ao que se arrepender e se
humilhar diante de Deus reconhecendo a sua plena dependência dele para tudo o que é bom e
aprovado, uma vez observadas todas as limitações e dificuldades a que estamos
naturalmente expostos.
164
O Grande Milagre
O testemunho que dou a seguir, que poderia chamar de o grande milagre ou a vitória da fé, se
refere às circunstâncias que acompanharam primeiro, um infarto do miocárdio que tive em
2006, e depois, um câncer de intestino em 2010.
Quando digo vitória da fé, não me refiro à capacidade de crer que seria curado, mas vitória
da fé que é mediante a nossa comunhão com o Senhor Jesus Cristo. A fé que professamos nEle
e em Sua Palavra. A fé que nos transformou em novas criaturas.
Muito bem, o grande milagre não foi a cura propriamente dita, mas a grande paciência, paz
e alegria sobrenaturais que me foram concedidas pelo poder da graça, que pude
experimentar com a presença do Senhor durante todo o longo período de ambas
enfermidades.
Em nenhum dos casos fui impedido de
ministrar e de continuar dando testemunho do grande amor e bondade do Senhor, porque era
capacitado para isto pela graça de Jesus, e por vezes me surpreendia, quando nos cultos de
adoração, me achava mais entregue ao louvor e adoração do Senhor, do que todos os demais
membros da congregação que não padeciam de qualquer enfermidade. Ainda que não tivesse
qualquer mérito para isto, senão por contar exclusivamente com a grande misericórdia e
bondade de Deus.
165
Então o testemunho do grande milagre é este: Apesar de sermos pecadores limitados e
imperfeitos, Deus é fiel em cumprir tudo o que nos tem prometido em sua palavra, de jamais
nos desamparar ou abandonar, e de jamais nos deixar órfãos, pois estará conosco todos os dias,
até a consumação dos séculos.
“Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito:
De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.” (Hebreus 13.5)
“Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros.” (João 14.18)
“E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” (Mt 28.20)
166
Posso todas as coisas naquele que me fortalece - Filipenses 4.13
Partes de um sermão de Joseph A. Alexander, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.
Esta não é apenas a experiência pessoal de Paulo, mas de todos os que são participantes da
"fé igualmente preciosa".
Todos nós precisamos de força; todos nós precisamos de alguém para nos fortalecer.
Conscientes ou inconscientes da nossa fraqueza, somos fracos. A nossa própria força é
fraqueza. Nós não temos a força suficiente para sermos fortes. O esforço de fraqueza não pode
produzir força. A impotência, em assuntos espirituais, é uma parte da nossa maldição
hereditária. Temos de olhar para fora de nós mesmos para a sua remoção. E para nos salvar
de uma busca vã, a palavra de Deus define Cristo de uma só vez diante de nós como nossa força,
nosso fortalecedor.
Todo verdadeiro crente, em sua medida, tem o direito de dizer: Eu posso fazer todas as coisas
através de Cristo que me fortalece. De mim mesmo nada posso fazer; mas através de Cristo
eu posso fazer todas as coisas, tudo o que é obrigação, tudo o que é necessário, tanto para
minha própria segurança, quanto para o bem dos outros, ou para a honra do próprio Cristo.
167
Pode ser propício para a clareza de nossos pontos de vista, se perguntar (1) como ele nos
fortalece, e (2) para que ele nos fortalece?
Primeiro, então, de que forma e com que meios, Cristo nos fortalece? Eu respondo,
negativamente, não por milagre ou mágica, não agindo em nós sem o nosso conhecimento ou contra a nossa vontade, mas através de nossos
próprios poderes inteligentes e ativos. Eu exponho positivamente, em primeiro lugar, que
ele nos fortalece nos instruindo, iluminando nossas mentes no conhecimento de si mesmo e
de nós próprios e, especialmente, fazendo-nos sentir nossa fraqueza e compreender seus
poderes. Ele nos mostra o que é uma fraqueza moral, conectada com uma depravação moral
universal, envolvendo todos os nossos poderes e afetos. Ele nos mostra nossa dependência da
misericórdia de Deus para o alívio e livramento deste estado debilitado indefeso, e nos ensina a
procurá-lo – ao Senhor Jesus Cristo, como o nosso profeta, instrutor infalível, e nosso
fortalecedor.
Ainda, ele nos fortalece por seu exemplo. Isto não é feito por preceito ou por doutrina
simplesmente, que ele trabalha esta mudança necessária em nós. Ele não tem apenas dito o
que é certo. Ele nos mostra como fazê-lo.
Mas preceito e exemplo não é tudo. Podemos
ouvir os preceitos de Cristo, e ainda não
168
obedecê-los. Podemos ver seu exemplo, e ainda não segui-lo. Com tanto à vista, ainda podemos
ser impotentes para o bem espiritual, a menos que alguma nova energia trabalhe dentro de
nós, assim como uma máquina está completa e bem ajustada, mas sem efeito ou uso até que a
energia em movimento é aplicada. Mas quando ela é aplicada, quando tudo é posto em movimento, quão distintamente as peças
realizam seu trabalho e harmoniosamente contribuem para o resultado final!
Mas nós não somos máquinas, movidos por uma força externa, sem uma cooperação consciente
de nossa parte. Estamos ativa e espontaneamente em nossos exercícios
espirituais.
"O amor de Cristo nos constrange." Se o amor
faltar, tudo está perdido; não podemos fazer nada; ficamos tão fracos como sempre. Mas
deixe o amor de Deus operar em nossos corações, e todo o conhecimento e os motivos
que tinham permanecido muito tempo inertes, começam a se mover, e na direção certa. Todos
os poderes e afetos são despertados, e o que parecia impossível, agora é sentido como sendo
fácil. Aquele que uma vez não podia fazer nada, agora é capaz de "fazer todas as coisas."
Irmãos, o poder de Cristo nos fortalece, quando o amor de Cristo nos constrange.
Novamente: Cristo nos fortalece por operar a fé
em nós, e fazendo-se conhecido a nós, como o
169
objeto dessa fé. Nesta vida o mais favorecido deve andar pela fé e não pela vista. Cristo é para
todos nós um Salvador invisível. Sua palavra e seu exemplo estão de fato diante de nós. Mas a
razão e o propósito de seu relacionamento conosco podem ser totalmente inexplicáveis.
Portanto, a fé fortalece. Para ser forte, devemos acreditar e confiar. A razão deste fato é óbvia. Se
esperarmos até que vejamos e compreendamos a solução de todas as dificuldades, nunca
começaremos a agir, e tal inação é, claro, é um estado de debilidade. Se nos recusamos a tomar
qualquer coisa como concedida, ou receber qualquer coisa com confiança, uma ação rápida
e energética é impossível. As situações de emergência que a exijam passarão antes que
tenhamos nos colocado em movimento.
A correção desta fraqueza é um bem colocado
para confiar em alguma coisa fora de nós mesmos. A confiança cega é pior do que a
fraqueza; mas uma confiança em algo ou alguma pessoa que seja digna, é uma fonte, uma
fonte inesgotável de força.
Cristo nos permite, e nos convida, a confiar nele. E qual é o alicerce mais seguro sobre o qual
podemos construir? Seu poder onipotente,
sua onisciência, a perfeição de sua sabedoria, a
verdade, e bondade, e o mérito infinito de sua obra de salvação, tudo garante uma confiança
implícita e inabalável. E lançando-nos sobre ele, podemos descartar nossas dúvidas e medos,
extinguir nossos erros e pensamentos vagos,
170
concentrar todas as nossas energias nos deveres presentes, e fazer maravilhas da
obediência, encorajados pelo testemunho e exemplo de '' uma nuvem tão grande de
testemunhas", que por meio da fé venceram reinos, praticaram a retidão, alcançaram
promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a violência do fogo, escaparam do fio da espada, retiraram força da fraqueza, e
puseram em fuga os exércitos do inimigo.”
Este é o ofício e efeito da fé. Não temos um salvador ausente. Ele não está longe, pois nele
vivemos, e nos movemos, e existimos. Também não estamos apenas perto dele. Estamos unidos
com ele. Estamos enxertados nele, estamos inseridos nele. A vida que agora vivemos não é
mais nossa, mas de Cristo, e a força espiritual que agora exercermos é no mesmo sentido dele,
o poder que se aperfeiçoa na fraqueza; de modo que quando estamos fracos então somos fortes;
e em vez de desesperar, podemos nos gloriar nas fraquezas. Esta nova,
transcendente, real, embora seja uma força misteriosa, é o fruto da união com o Salvador; e
a união que gera essa força é produzida pela fé. Assim, nos sentimos fortes à medida que
crescemos conscientes de nossa união e identidade com Cristo. Nele podemos todas as
coisas. Este é o verdadeiro sentido da linguagem de Paulo.
171
Piedade
A Palavra piedade é entendida atualmente com o significado comum de se ter pena, compaixão,
no entanto, não é este o seu significado no texto da Bíblia, onde é vertida do grego eusebeia, que
significa devoção, e piedade em seu significado original, que descreve a condição de ser pio
(palavra latina) para bondoso, devoto, cumpridor de deveres.
O oposto a isto é ímpio, impiedoso, impiedade.
Podemos entender melhor o significado bíblico
de piedade, pela palavra rasha (ímpio) em hebraico, que ocorre cerca de 250 vezes no
Velho Testamento, quase sempre em oposição à palavra justo ou santo.
Ímpio na Bíblia é sempre aquele que se opõe a Deus e à sua vontade. Geralmente por motivo de incredulidade, e portanto não exprime qualquer
tipo de devoção a Deus.
Assim, podemos entender o uso que os
escritores do Novo Testamento fazem da palavra piedade como que para se referir à
condição daqueles que têm fé em Cristo, e que amam a justiça do evangelho, a Cristo e aos seus
mandamentos, expressando-o numa vida de devoção a Deus tanto interna, quanto externamente.
Paulo alinha a piedade em I Timóteo 6.11 com a justiça, a fé, o amor, a constância, e a mansidão.
Em I Timóteo 6.3 e Tito 1.1 o apóstolo Paulo
afirma que a sã doutrina, ou seja, a Palavra de
172
Deus, o Evangelho, a verdade, é segundo a piedade, ou seja, a sã doutrina conduz a uma
vida piedosa, e o exemplo perfeito desta vida piedosa está em Jesus Cristo, com o qual então a
palavra que pregamos deve estar conformada.
É pela prática da Palavra de Deus que uma pessoa é tornada piedosa, ou seja, devotada aos
deveres que tem para com Deus, e isto há de ser visto em sua vida devocional particular ou
publicamente, no seu lar ou na Igreja, ou onde mais em que se encontre.
Orar, meditar na Palavra, congregar com os santos, faz parte da piedade, ou seja, da devoção.
A vida de piedade é a expressão prática da nossa
adoração e serviço a Deus.
Por isso o apóstolo Pedro a coloca no final da
lista de virtudes que relaciona em sua segunda epístola, antes da fraternidade e do amor, como
sendo parte deste resultado final, depois de termos crescido na fé, na virtude, no
conhecimento, no domínio próprio, e na perseverança.
Você pode ler os versículos bíblicos contendo destacadas as palavras:
1 – eusebeia (grego) – piedade; devoção;
2 – eusebeo (grego) – mostrar piedade, adorar;
3 – eusebes (grego) – piedoso, devoto;
4 –eusebos (grego) – piamente;
5 – theosebeia (grego) – piedade divina; relacionados ao assunto, acessando um dos
seguintes links:
173
http://www.recantodasletras.com.br/mensagensreligiosas/5416638
http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/index.php?cdPoesia=128624
174
Profanação do Culto de Adoração
“Hipócritas! Bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-me com os
lábios, mas o seu coração está longe de mim.” (Mateus 15.7,8)
Neste capítulo 15º de Mateus, está registrada uma disputa entre o Senhor Jesus Cristo e os
fariseus, sobre suas tradições e costumes antigos, que eles valorizavam acima dos
mandamentos de Deus, como é habitual ocorrer com pessoas formais que amam as cadeias de sua própria criação, e que fazem da tradição a
base da sua consciência religiosa.
A expressão “honra-me com os lábios” é denotativa de todos os gestos de culto externos
e desprovidos de uma verdadeira piedade. E quanto a “mas o seu coração está longe de
mim”, significa principalmente a aversão habitual a Deus, mas também pode
compreender a vida negligente da mente quanto ao seu dever para com Deus.
Essa distração de pensamentos, ou a distância do coração em relação a Deus na adoração, é um
grande pecado de hipocrisia.
O texto fala de grosseira hipocrisia, ou um zelo
pretensioso de culto exterior, sem qualquer inclinação sincera para Deus, como descrito em
Ez 33.31: “Eles vêm a ti, como o povo costuma vir, e se assentam diante de ti como meu povo, e
ouvem as tuas palavras, mas não as põem por
175
obra; pois, com a boca, professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro.”
Quando os filhos de Arão foram mortos pelo Senhor por terem oferecido fogo estranho no
culto do tabernáculo, foi isto o que ele declarou a Moisés acerca do modo pelo qual importa que
seja adorado por aqueles que dele se aproximam: “E falou Moisés a Arão: Isto é o que
o SENHOR disse: Mostrarei a minha santidade naqueles que se cheguem a mim e serei
glorificado diante de todo o povo.“ (Levítico 10.3)
Tudo o que for trazido à presença do Senhor
deve estar santificado, e de outra forma, ele santificará o seu santo nome naqueles que dele
se aproximam relaxadamente trazendo-lhes os juízos devidos para vindicar neles a sua justiça e
santidade, de forma que eles e todos saibam que não estão procedendo do modo que lhe é devido.
Santificar-se a Deus é se separar do uso comum. Deus será santificado, ou seja, quando não
tratarmos com ele como se fosse uma pessoa comum, mas com reverência e afeto especial da
alma, exaltando a sua grande majestade, acima de tudo e de todos.
Certamente, Deus é muito sensível ao desprezo que lhe damos, pois ele tudo vê, Heb 4.13, de
modo que não pode ter por inocente quem toma o seu nome em vão, Êx 20.7. Doenças, fraquezas
e mortes prematuras se sucederam na Igreja de Corinto por este motivo de se desprezar ao
Senhor em pleno culto solene.
176
E apesar de julgamentos não serem tão abundantes e visíveis presentemente em razão
de nossa adoração profana, o Senhor já deixou patentemente registrado quão grande é o seu
desagrado quando isto sucede, de modo, que não raro deixa especialmente os líderes de tais
reuniões entregues a si mesmos e sem qualquer direção e instrução do Espírito Santo.
Nosso Senhor nos ensinou expressamente que Deus deve ser adorado em espírito e em
verdade, João 4.24. Por isso é um grave erro quando embora saibamos isto, insistimos em
disfarçar que estamos adorando a Deus com mero balbucio de palavras imitando orações ou
cantorias como se fossem louvores, e quando nada disso parte do coração por inspiração do
Espírito Santo.
E isto se aplica a todos os demais atos de devoção
que são pretensiosamente dirigidos ao Senhor.
Esta prática pode se prolongar por muito tempo
a ponto de se pensar que se esteja de fato adorando a Deus com uma falsidade.
E tudo isto fica ainda mais agravado quando se proclama santidade com os lábios enquanto se
abriga a iniquidade no coração.
Como pode o Espírito de Deus que é o Espírito da verdade e da santidade alegrar-se quando o que
prevalece é este quadro? Com pó poderá abençoar e aprovar quem vive na mentira e no
pecado?
A cura disto passa obrigatoriamente pela
ordenação do apóstolo:
177
“Tiago 4:8 Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós
que sois de ânimo dobre, limpai o coração.
Tiago 4:9 Afligi-vos, lamentai e chorai.
Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza.
Tiago 4:10 Humilhai-vos na presença do Senhor,
e ele vos exaltará.”
Tudo isto a que se refere o apóstolo pode ser resumido numa só palavra:
ARREPENDIMENTO.
Enquanto não nos arrependermos o mal não poderá ser curado, porque esta enfermidade é espiritual, e o seu tratamento deve ser também
espiritual. Somente uma renovação genuína da graça de Jesus pode nos curar deste mal.
É abandonando o mal, orando com fé,
arrependimento e sinceridade que Deus nos dará o lavar renovador do Espírito Santo para
que possamos de fato adorá-lo em espírito e em verdade.
178
Duas Profecias Previsíveis pelo Tipo de Comportamento
1ª - “Gên 4:12 Quando lavrares o solo, não te dará
ele a sua força; serás fugitivo e errante pela terra.”
2ª -“Gên 27:39 Então, lhe respondeu Isaque, seu
pai: Longe dos lugares férteis da terra será a tua habitação, e sem orvalho que cai do alto.
Gên 27:40 Viverás da tua espada e servirás a teu irmão; quando, porém, te libertares, sacudirás o
seu jugo da tua cerviz.”
A primeira profecia foi dirigida diretamente pelo Senhor Deus a Caim, e a segunda foi
inspirada por Ele a Isaque, pai de Esaú.
Tanto Caim quanto Esaú eram réprobos aos
olhos de Deus.
Ambos eram obstinados de coração e dados à
prática do mal.
Não amavam o que era bom e reto segundo a
vontade do Senhor.
Então não admira que se dissesse deles qual
seria o futuro comum que teriam.
Viveriam longe dos lugares férteis da terra,
como errantes e fugitivos, porque não seriam poucos os inimigos que angariariam em razão
do amor que tinham à violência.
Isto sucede com todos aqueles que não amam o
que é justo e bom.
179
Vivem neste mundo como estrelas errantes que não possuem uma órbita definida, e por fim,
vêm a cair das alturas em que se encontravam.
Bem irá ao justo e à sua descendência.
Aqueles que praticam o bem têm os olhos de Deus sobre si, guardando os seus caminhos,
mas o mesmo não se pode dizer daqueles que praticam males, e a Bíblia está repleta de
exemplos a tal respeito.
180
Profecias Cumpridas e que Continuarão se Cumprindo
A profecia bíblica não tem o mero caráter de
prognosticar o futuro das coisas que são essenciais e que acompanham a salvação, mas
de ser uma palavra autoritativa, de peso, para qual a devemos atentar seriamente para
observá-la ou cumprir.
Por isso, temos a expressão “carga da Palavra do Senhor” que lemos em Zacarias 12.1, que
aparece em outras passagens bíblicas como por exemplo Jer 33.38 e Mal 1.1.
A palavra carga vem do hebraico massau, que
significa peso.
Em outras passagens do Antigo Testamento é
usada com o sentido da carga que era carregada pelos animais; e deste modo, significa fardo.
Quando vinha como Palavra do Senhor, era
geralmente na forma de profecia, daí ser traduzida em algumas versões como profecia,
ou sentença, em vez de carga.
Em Jeremias 23.33, 34, 36, 38, nós vemos o Senhor repreendendo o povo por chamar de
carga a Sua vontade revelada pela Palavra.
E isto estava associado ao fato de que sendo um Deus misericordioso, que demonstraria o Seu
amor ao Seu povo, dando o Seu próprio Filho unigênito para morrer pelos pecadores, jamais
poderia ser visto como quem coloca fardos sobre os outros, porque Ele mesmo é quem
carrega os nossos fardos.
181
Por isso, no mesmo contexto da profecia de Jeremias 23 é feito menção a Jesus como sendo
dado para justificar o povo do Senhor (Jer 23.5,6), e seria por causa dEle, que haveria pastores fiéis
para apascentarem o Seu rebanho (Jer 23.4), que agiriam de modo muito diferente daqueles que
estavam destruindo e dispersando as ovelhas (Jer 23.1).
Jesus havia repreendido os fariseus por atarem
fardos pesados às costas do povo (Mt 23.4), porque o ministério dos homens de Deus não é
o de colocar fardos sobre as pessoas, mas de aliviar os seus fardos.
Devemos lembrar que Jesus carrega as ovelhas
perdidas em Seu próprio ombro, porque na verdade, as tem carregado em Seu coração.
Como pois pode ser carga a Palavra de Deus?
Ela será uma carga somente para aqueles que
resistem à vontade do Senhor, por serem rebeldes.
E é para estes que a Palavra desta profecia seria
uma carga.
Para todos que se opõem ao sucesso de
Jerusalém.
Deus tem colocado Jerusalém para ser objeto de louvor na terra.
Na profecia, esta cidade tem um simbolismo
espiritual de representar a Igreja do Senhor, porque seria nela que a Igreja seria iniciada com
aquele primeiro grupo de 120 discípulos, que estavam reunidos no dia em que o Espírito Santo
foi derramado.
182
É por isso que se faz a promessa do derramar do Espírito, na profecia de Zacarias 12.10.
Mas para aqueles que gracejam da Palavra do
Senhor, e que brincam com as coisas sagradas, Jerusalém seria uma pedra pesada, uma carga.
Jerusalém será uma pedra pesada para as nações, porque os exércitos coligados do
Anticristo que vierem sobre ela serão destruídos pelo Senhor, na Sua segunda vinda
(Zac 12.2,3).
Jesus é a pedra angular do edifício da Igreja, e muitos judeus o rejeitaram e o têm rejeitado,
assim como muitas pessoas em todas as nações do mundo, mas Ele diz que sobre quem esta
pedra cair será despedaçado e reduzido a pó (Mt 21.44).
Importava que o evangelho começasse a ser pregado primeiro em Jerusalém e em Judá, para dar cumprimento à profecia do verso 7 deste 12º
capítulo de Zacarias.
Nos capítulos anteriores se vê que apesar de a
Igreja (Jerusalém) ser um peso para os inimigos de Deus de todas as nações, estes se oporiam
duramente a ela (Zac 12.3).
Mas o Senhor pronunciou uma sentença sobre eles de feri-los de espanto e de loucura (Zac 12.4).
Os inimigos de Deus tentarão apagar o fogo do Espírito, mas os líderes fiéis da Igreja,
designados na profecia por governadores de Judá, serão como um braseiro ardente e um
facho de fogo (v. 6).
183
Deus prometeu enfraquecer a coragem e a força dos inimigos da Igreja (v. 4).
Assim, a Igreja deve cumprir a Sua missão com
coragem, sem temor, sem assombro e sem se deixar intimidar por qualquer tipo de inimigo,
porque o Senhor tem feito a promessa de protegê-la e de fortalecer o mais fraco dos seus
membros, a ponto de compará-lo com Davi, que foi um grande guerreiro de Deus, e a casa de
Davi (uma referência à Igreja reunida) como sendo como o próprio Deus, como o anjo do
Senhor diante dela (v. 8).
O Senhor mesmo destruirá todas as nações (ajuntamentos de pessoas ou povos) que
tentarem vir contra Jerusalém (a Igreja), para destruí-la (v. 9).
Diante de tão grande promessa que tem sido cumprida fielmente pelo Senhor, nestes dois
mil anos de pregação do evangelho, como enfraqueceremos na fé e deixaremos de
prosseguir adiante com a realização da Sua obra através de nós?
Foi por se firmar nestas promessas que os
apóstolos puderam enfrentar toda oposição que se levantou contra eles, e prevaleceram.
Veja a palavra que o Senhor dirigiu a Paulo quanto às perseguições que havia sofrido em
Corinto:
“9 E de noite disse o Senhor em visão a Paulo:
Não temas, mas fala e não te cales;
184
10 porque eu estou contigo e ninguém te acometerá para te fazer mal, pois tenho muito
povo nesta cidade.” (At 18.9,10).
Assim, portanto, incentivemo-nos mutuamente dizendo: “Adiante! Adiante!”. Adiante com a
adoração, com o louvor, com a pregação, com o ensino, com as orações, com a comunhão, com
a santificação, com a evangelização, com o testemunho.
Adiante! Adiante!
Não olhemos para trás conforme o Inimigo quer que façamos.
Sejamos corajosos e não temamos o mal, porque fiel é O que fez a promessa de proteger a Sua
igreja!
O Espírito Santo é derramado como Espírito de
graça e de súplicas, e o Seu trabalho é principalmente o de convencer do pecado, da
justiça e do juízo, por se olhar o Cristo crucificado pelos nossos pecados e que conduz
todos os que são da casa de Davi, os habitantes de Jerusalém (duas formas de se referir à Igreja
que está em todo o mundo) a chorarem amargamente pela morte do Senhor na cruz,
porque entenderão não apenas o quanto Ele sofreu por amor de nós, mas porque aquela
morte é a nossa própria morte, que Ele morreu em nosso lugar (Zac 12.10).
Por isso este choro não é apenas um pranto da Igreja reunida, como o povo de Israel chorou
pela morte do piedoso rei Josias, no vale de
185
Megido, mas um pranto em cada família, e nos membros individuais destas famílias (v. 12-14). E
é exatamente isto o que tem ocorrido em todo o mundo, desde que Cristo morreu na cruz.
O choro do arrependimento tem operado conversões em muitos corações, porque Ele
morreu para este propósito mesmo.
A promessa do derramar do Espírito é feita em
conexão com a morte de Cristo na profecia do verso 10, porque foi por causa da morte do
Senhor que a promessa do derramar do Espírito foi cumprida, e porque o Espírito é
verdadeiramente derramado somente quando a cruz é pregada.
É pela pregação do evangelho da cruz, e por se viver crucificado com Cristo, que o Espírito de
graça e de súplicas é derramado em nossos corações.
É dito que é Espírito de graça, porque a salvação é pela graça, somente por se olhar com os olhos
espirituais da fé para Cristo, para o Cristo traspassado pelos nossos pecados.
E é Espírito de súplicas porque é Ele quem
intercede pelos santos, porque não sabemos como orar e nem como convém orar (Rom 8.26).
Então em toda verdadeira oração é Ele que intercede através de nós.
Devemos aprender a descansar nestas promessas e a ter completa fé nesta Palavra que
Deus tem proferido acerca da vitória da Sua igreja, para que nos empenhemos na obra de
Deus, com paz e alegria nos nossos corações, a
186
par de toda oposição do inferno que possamos sofrer.
187
Profecias para a Paz e Alegria do Reino do Messias
“Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei; ele é
justo e traz a salvação; ele é humilde e vem montado sobre um jumento, sobre um jumentinho, filho de jumenta.” (Zac 9.9)
Estava profetizado que haveria alegria e exultação por ocasião da entrada de nosso
Senhor em Jerusalém, montado em um jumentinho, e isto sucedeu conforme estava
previsto na profecia.
Nos relatos paralelos a Mateus 21.1-11 nos
evangelhos de Marcos, Lucas e João, nós vemos que:
Em Lc 19.37-40 está registrado que quando a
multidão dos discípulos começou a louvar a Deus em alta voz, regozijando-se, por todos os
milagres que tinha visto, dizendo: "Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu, e
glória nas alturas”, alguns fariseus dentre a multidão, pediram a Jesus que repreendesse os
Seus discípulos, todavia, em vez de atender ao pedido deles, nosso Senhor afirmou o seguinte:
“Digo-vos que, se estes se calarem, as pedras clamarão.”. Estava previsto na profecia, como
vimos antes, que haveria aquele júbilo, e a profecia não pode falhar. Por isso lhes disse
nosso Senhor, que caso fosse possível calar o
188
clamor de exultação dos discípulos, as pedras clamariam dando cumprimento à profecia.
Certamente, quando entrou na cidade de Jerusalém, outros se agregaram ao clamor dos
discípulos, conforme está registrado por Mateus em seu evangelho, mas estes, não eram
os judeus de Jerusalém que odiavam Jesus e que estavam envenenados pelos sacerdotes e
fariseus, que saíram ao Seu encontro com ramos de palmeiras clamando “Hosana!
Bendito o Rei de Israel que vem em nome do Senhor (Jo 12.13), quando souberam que Ele
estava vindo para a cidade de Jerusalém montado num jumentinho. Eram judeus das
áreas rurais e de outras cidades que vinham a Jerusalém anualmente para a festa da Páscoa, e
especialmente a multidão que estivera com Jesus na casa de Lázaro e que testificara que Ele
realmente lhe havia ressuscitado (Jo 12.17, 18).
Aquela grande manifestação foi a gota d’água
que levou os fariseus a se conluiarem para prenderem Jesus.
Muitos pensam que a multidão que bradou
“Hosana” é a mesma que gritou “Crucifica-o”. No entanto, os que eram de Jerusalém e que
estavam buscando a crucificação de Jesus certamente não se encontravam entre aqueles que disseram “Hosana”.
Ao entrar em Jerusalém, como Rei, montado
num jumentinho, nosso Senhor manifestou que o Seu reino é de paz, de amor, de mansidão e de
justiça, e que é um reino estabelecido no
189
coração dos Seus súditos, e não um reino que se estabelece pela força das armas, senão teria
entrado montado num cavalo e com uma grande espada em Sua mão, pronto para
derramar sangue em Jerusalém, sem necessitar do auxílio de qualquer mão humana, caso se
valesse do Seu grande poder e autoridade sobre tudo e todos.
Todavia, Ele exerce este domínio em amor e
mansidão nos corações que se convertem a Ele, e demonstrou isto, ao entrar com grande
humildade na cidade de Jerusalém.
190
“De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.” (Hebreus 13.5)
"Como te deixaria, ó Efraim? Como te
entregaria, ó Israel? Como te faria como a Admá? Como fazer-te um Zeboim? Meu coração
está comovido dentro de mim, as minhas compaixões, à uma, se acendem." (Oseias 11.8)
Israel foi escolhido entre todas as demais nações da humanidade, e distinguido por
muitos e grandes privilégios. Eles foram o objeto de especial consideração divina, na própria formação da nação.
Todavia, deles foi dado o testemunho pelos
profetas que haviam adorado a falsos deuses, e que continuamente se desviavam de Jeová,
abusando da sua misericórdia e longanimidade para com eles. Mas, ainda assim, o Senhor foi
gracioso e lhes falou da forma como lemos em nosso texto.
Vemos esta expressão da graça de Deus, especialmente em relação à Igreja de Cristo,
quando sua compaixão, sua misericórdia se acende nele à vista das transgressões cometidas
pelos crentes.
Não é mais a Sua ira consumidora, que conduz à
condenação eterna, que se verá sobre aqueles que foram resgatados pelo sangue de Cristo,
uma vez que Ele fez a promessa de perdoar os seus pecados e de não mais lembrar de suas
iniquidades por causa da nova aliança que fizera
191
com eles por meio do sangue que Jesus derramou na cruz.
O pecado dos crentes entristece ao Espírito Santo e pode até mesmo apagar a sua atuação
em suas vidas, mas jamais poderá fazer com que sejam apagados os seus nomes do Livro da Vida,
porque foram lá escritos com o sangue do Cordeiro, desde antes da fundação do mundo.
O Senhor não aprovará o seu comportamento
desviado, mas jamais fará com que se aparte a sua graça e misericórdia deles. Por amor de Seu
Filho Unigênito, ele não lhes abandonará e nem desamparará.
Foi para doentes e não para sãos que Jesus
morreu na cruz (Mateus 9.12).
Foi por inimigos de Deus que Ele se ofereceu para reconciliá-los com Ele.
Não é de se admirar portanto que use de
completa longanimidade para com eles, suportando-lhes os maus costumes, até que
sejam aperfeiçoados completamente na glória celestial.
Este foi, afinal, o caráter da promessa da nova aliança feita através do Seu sangue.
Os que são espirituais no corpo de Cristo se
entristecerão com aqueles que são fracos e carnais, mas lhes suportarão com paciência,
sabendo que tanto quanto eles foram afinal, objeto da mesma misericórdia e salvação, por
meio da fé em Jesus Cristo.
192
Deus nos Guarda do Mal
Para o propósito de se prevenir do grande mal
do mistério da iniquidade, que pelos séculos vem assolando a Igreja e que tem se
intensificado nos nossos dias, o apóstolo nos mostra o antídoto no terceiro capítulo de 2
Tessalonicenses.
Primeiro de tudo orando para que a Palavra do Senhor, isto é a palavra da verdade do
evangelho, seja propagada e glorificada, tal como Paulo havia pedido aos tessalonicenses
para que orassem por ele para tal propósito (v. 1).
O erro e a mentira são vencidos com a verdade.
Também orando para que sejamos livres da
ação dos homens que são perversos e maus, sabendo que a fé não é de todos, isto é, há
pessoas que sempre estarão neste mundo a serviço do mistério da iniquidade, e devemos
não somente nos acautelar deles, como também pedir a Deus que nos livre da ação deles, que
possa neutralizar o nosso testemunho, ou nos conduzir ao engano (v. 2).
Nós devemos orar para que as oposições à
pregação do evangelho sejam removidas, e ele tenha livre curso aos ouvidos e às consciências
e aos corações das pessoas.
Deus é poderoso para nos confirmar na fé e nos
guardar do maligno, assim como estava confirmando e guardando os tessalonicenses (v.
3).
193
É sabendo isto e confiando nisto que devemos nos entregar à prática da oração incessante em
favor dos santos.
Além da oração, nos preveniremos do mal que
se multiplica ao nosso redor no mundo à medida que o tempo avança, obedecendo as ordenanças
que encontramos na Palavra de Deus, especialmente aquelas que nos foram passadas
pelos apóstolos de Cristo (v. 4).
194
Socorro na Tribulação - SALMO 116
O início deste salmo é muito parecido com o Salmo 18, de maneira que é possível que seja
também de autoria de Davi.
O salmista declara o seu amor pelo Senhor porque Ele ouve a sua voz e súplicas, inclinando
os Seus ouvidos para atendê-lo, motivo porque estava determinado a invocá-lO enquanto vivesse.
Mesmo com os laços de morte que lhe haviam
cercado em grandes perigos, e as angústias do inferno que se apoderaram da sua alma,
fazendo-o cair em tribulação e tristeza.
Ele invocou o nome do Senhor pedindo-Lhe que livrasse a sua alma.
Ele sabia que Deus é justo, mas também
compassivo e misericordioso, e por isso tinha sempre bom ânimo em Lhe dirigir clamores.
Sabia também que o Senhor vela pelos que são
pobres de espírito, como ele, o próprio salmista, de modo que achando-se prostrado, foi salvo da
sua angústia pelo Senhor.
Quando Deus opera na alma ela volta ao seu sossego, que é a condição em que deve se
encontrar, conforme o propósito de Deus na criação do homem.
Assim, em sua confiança no Senhor, o salmista
foi livrado da morte que sentia em sua alma, das suas lágrimas, e da queda na tentação e na ruína.
Como sua segurança estava em andar na
presença do Senhor, então estava determinado
195
a fazê-lo durante todo o tempo da sua peregrinação neste mundo.
Ele mantinha a fé, mesmo quando dizia que
estava sobremodo aflito.
Enquanto esteve perturbado em sua paz de
mente e espírito, disse que todo homem é mentiroso.
Todavia o Senhor quebrou todas as cadeias que
acorrentavam a sua alma, e o libertou completamente, de modo que se dispôs a ofertar
ao Senhor, pelos benefícios que havia recebido dEle, e percebeu que não havia maior oferta do
que tomar o cálice da salvação e invocar o nome do Senhor.
Por isso cumpriria todos os seus votos feitos ao
Senhor na presença de todo o Seu povo, para que lhes servisse de testemunho da sua
consagração.
A citação do verso 15 de que “Preciosa é aos
olhos do Senhor a morte dos seus santos.”, merece uma reflexão especial quanto ao seu
significado, porque à vista do Senhor a morte dos Seus santos é tão preciosa, que não satisfará
aos desejos ímpios de um Saul, de um Absalão, nem de quaisquer inimigos de Davi, para que
triunfassem sobre ele, lhe tirando a vida.
Davi sabia, pelo Espírito Santo, que morreria em ditosa velhice, em seu leito, para que o nome do
Senhor fosse glorificado, por tê-lo poupado de tantos perigos de morte, revelando assim o Seu
poder para preservar os Seus santos.
196
Se a alguns deles permite saírem deste mundo pelo martírio, é pelo mesmo motivo de ser
glorificado neles, pela total falta de temor que eles demonstram em face da morte, porque são
assistidos pelo Seu poder.
Mas nenhum santo, morrerá sem que isto seja do desígnio de Deus.
Então esta citação de ser preciosa a morte dos santos aos olhos de Deus, deve ser entendida no
contexto bíblico em que se afirma que é preciosa para Ele a vida deles (II Rs 1.13), bem como o seu
sangue (Sl 72.14).
197
Antídoto Feito do Próprio Veneno
Quando a Bíblia fala em tribulações, especialmente no contexto do Novo
Testamento, isto não se refere especificamente a problemas graves e sérios em relação às
nossas condições de saúde física e às demais diversas áreas do nosso viver, como a
sentimental, emocional e financeira, ainda que isto não seja excluído.
Todavia, a referência mais comum diz respeito às lutas espirituais contra os principados e
potestades das trevas que tentam impedir a todo o custo a nossa consagração a Deus e a
continuidade do nosso empenho na oração, no culto de adoração público, e em tudo o mais que lhe é devido.
O controle da intensidade e profundidade de todas as nossas tribulações está sob o cuidado de
Deus, de modo que não sejamos atribulados além do que possamos suportar, como se afirma
em I Cor 10.13, onde não somente isto é afirmado, como também que Deus proverá a
força que necessitamos bem como o livramento destas tribulações no momento oportuno.
O apóstolo Paulo não pediu o espinho na carne
que lhe fora enviado, e nem seria de se supor que ele o pedisse. E assim também nós, não
devemos pedir tribulações, mas é certo que elas nos virão à medida da nossa necessidade, para o
nosso benefício e aperfeiçoamento em
198
maturidade espiritual, conforme isto se encontra controlado pelo Senhor.
Assim, nunca devemos ficar numa posição de permanente perplexidade e desânimo enquanto
debaixo de aflições, uma vez conhecendo nós qual é o seu grande objetivo. Ao contrário
devemos ter a firme convicção de que produzirão afinal em nós um bom fruto, e também devemos buscar ânimo e força em
nosso Senhor Jesus Cristo, especialmente pela oração e meditação na Sua Palavra.
O pecado original trouxe a toda a humanidade a morte espiritual e um estado ruim da alma em
desordens de todo o tipo que a tornam totalmente diferente daquela imagem e
semelhança com Deus, que havia sido designada por Ele em seu conselho eterno.
E Deus, em sua infinita sabedoria, tem usado estas desordens que nos afligem para o nosso
próprio bem, por extirpar de nós pelo processo da mortificação pelo Espírito Santo, todas as
nossas paixões carnais, para o qual cooperam grandemente estas aflições que perturbam a
alma, e que não permitem que ela fique acomodada na condição ruim e mortal em que
entrou por causa do pecado.
Assim, nos é ordenado por Deus que o
invoquemos no dia da angústia, com a sua promessa de nos livrar para que possamos
glorificá-lo, Salmo 50.15.
Desta forma, as aflições cooperam para o
propósito de orarmos incessantemente a Deus,
199
porque até os nossos próprios pecados diários são para nós, um motivo de grande aflição.
O Senhor conhece perfeitamente a nossa indisposição natural para a oração, e por isso,
em sua sabedoria e amor permite que sejamos aproximados dele por este meio que nos leva a
buscar nele auxílio e socorro, a saber as tribulações.
Assim, Deus prepara o antídoto para a picada
mortal do pecado, com o seu próprio veneno, uma vez que não vivemos, em razão do pecado,
num mundo de perfeição de justiça, paz e amor.
200
O Sábio e Poderoso Controle de Deus nas Nossas Aflições
“Acaso, é esmiuçado o cereal? Não; o lavrador nem sempre o está debulhando,”. (Isa 28:28a)
A debulha da aflição não tem por propósito
causar qualquer dano ao homem interior do cristão, porque o grão será mantido íntegro na
debulha, e dele nada se perderá, senão somente a sua casca e palha.
O trabalho do lavrador não é somente o de
debulhar, mas também de preparar a terra, cultivá-la, plantar a semente e cuidar da
plantação até que chegue o tempo da colheita.
Ora, assim também procede em relação aos cristãos o Grande Agricultor que é Deus.
As aflições dos homens ímpios torna-lhes mais orgulhosos, mas aquelas aflições que nos levam
a orar mais e que nos levam para mais perto de Deus, tornando-nos mais semelhantes a Cristo,
estas são aflições abençoadas.
Por isso Davi disse: “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus
decretos." (Sl 119.71)
Todas as aflições dos cristãos estão debaixo do controle de Deus, porque ele não permitirá que
a pressão sobre o grão não exceda a medida adequada, de modo a não prejudicá-lo. Como
dissemos antes, o seu objetivo é apenas o de remover o que não serve, a saber, a casaca do
pecado, a palha dos maus hábitos e tudo aquilo
201
que impede o crescimento da graça que foi plantada por ele nos nossos corações.
“Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que
sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos
proverá livramento, de sorte que a possais suportar.” (I Cor 10.13)
Temos um amplo testemunho nas vidas de muitos cristãos que saíram muito melhorados
espiritualmente de suas aflições.
É no nosso aperfeiçoamento espiritual até à
plena semelhança com Cristo que Deus está interessado, porque foi para este propósito que
ele nos criou.
Quando usamos a fé que professamos para outros fins, estaremos certamente
mercadejando a Palavra de Deus para objetivos interesseiros egoístas pecaminosos que
afastarão os nossos ouvintes para muito além deste alvo proposto pelo Senhor para aqueles que desejam se aproximar dele.
Assim, a paciência é recomendada na Bíblia
para todas as aflições que experimentarmos porque é para este propósito que as provações
nos são enviadas por Deus.
“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria
o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada,
produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e
íntegros, em nada deficientes.” (Tiago 1.3,4)
202
Se não nos armarmos do pensamento que devemos ser pacientes na tribulação e depositar
toda a nossa confiança no Senhor, para sermos fortalecidos pela sua graça, certamente
interromperemos a ação da nossa perseverança que deve ser completa, para que sejamos
aprovados em nossas tribulações.
Devemos também nos encorajar com o
pensamento verdadeiro de que estas aflições são designadas para durarem uma temporada,
caso necessário, com vistas ao refinamento da nossa fé, I Pedro 1.6. Assim, devemos nos
consolar com a certeza de que Deus proverá o escape, como ele tem sido fiel em fazê-lo com
todos os seus servos ao longo de toda a história da Igreja.
203
Encontros com Deus na Hora da Aflição
Há uma diferença entre as aflições que são provindas da mão de Deus, e as que são o
resultado das perseguições e da violência dos homens.
Mas a ambas pode ser aplicado o que o apóstolo
afirma em Rom 5.3,4:
“E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo
que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência,
esperança.”
Em ambas as fontes de provações a mão de Deus
sempre estará controlando tudo, não permitindo que sejamos provados além da
nossa capacidade de suportar, e atuando de forma que tudo coopere para o bem daqueles que o amam. Este é o fim a ser alcançado
segundo o Seu propósito.
Se não sofremos por sermos ímpios ou
malfeitores, mas na condição de filhos de Deus, mesmo quando somos por Ele corrigidos por
causa dos nossos pecados, e necessidade de crescimento espiritual, sempre haverá este
controle e assistência que recebemos da parte do nosso Pai eterno, que tem por alvo nos tornar coparticipantes da sua santidade.
Por isso a fé deve estar acima de tudo o que nos sucede.
Vivendo na fé, esperando sempre no Senhor em
todas as circunstâncias, mesmo as de
204
enfermidades graves, sempre encontraremos ocasião para nos alegrarmos e estarmos em paz
nEle, conforme nos proporciona com a Sua doce presença em nossos momentos difíceis,
fortalecendo o nosso espírito.
Isto tem sido testemunhado por muitos até mesmo na hora da morte de entes amados, em
razão do grande suprimento de paz que recebem da parte da graça do Senhor.
Por isso Deus ordena aos seus filhos que não temam nada que possam sofrer neste mundo,
especialmente o que lhes vier da parte dos homens, porque Ele se encontra em Seu
sublime e elevado trono de glória e poder, e nada de real valor será perdido por nós ou em
nós.
205
Por Que Se Alegrar Por Ter Passado Pela Provação?
“Meus irmãos , tende por motivo de toda alegria
o passardes por várias provações”. (Tiago 1.2)
Passardes - (do verbo grego peripésete, 2ª
pessoa do plural (vós) do 2º aoristo ativo do modo subjuntivo de Peripitw, que significa cair
no meio de; ficar cercado de; dar em ou ir ter a um lugar acidentalmente; encontrar-se em.
Temos então para o texto: “que vós passasseis ou que vós tivésseis passado”).
Não teríamos então no texto uma exortação à busca de novas provações, mas ter por motivo
de alegria o ter passado por várias delas que contribuirão para o amadurecimento espiritual.
Certamente isto não exclui as que ainda poderão vir, e que certamente virão, mas tornamos a
afirmar que não temos aqui um estímulo para que se busque provações ou tentações, até
mesmo porque nosso Senhor nos ensina a orar ao Pai, para que não nos deixe cair nelas, ou seja,
ser conduzidos a elas.
Várias – (do grego poikílois, que significa,
variadas, diversas – a palavra poikílos é feminina no grego, e se encontra no caso
locativo plural, conforme indicado pela desinência “ois” – assim temos “em variadas”.
Provações – do grego peirasmois, que significa tentações ou provações – a palavra peirasmós é
masculina no grego, e se encontra também no
206
caso locativo plural – assim temos “em provações” ou “em tentações”)
Como o que está em foco no argumento do
apóstolo é a provação da fé, então temos uma melhor tradução com a própria palavra
provação, conforme a achamos na versão atualizada da SBB, porque a par de toda tentação
ser uma provação, nem toda provação da fé é uma tentação, como, por exemplo, a que Deus
submeteu a Abraão em relação a seu filho Isaque, quando lhe pediu que o oferecesse em
sacrifício.
Deus a ninguém tenta, conforme o próprio Tiago vai afirmar mais adiante nesta sua
epístola.
Então as tentações são produzidas por outros
agentes, especialmente o diabo, e também por nossas próprias cobiças.
O apóstolo diz que estas variadas provações são
para motivo de alegria, não que sejam uma fonte de alegria em si mesmas, mas no bom resultado
para o qual contribuirão posteriormente, como por exemplo o refinamento e confirmação da
nossa fé.
Thomas Manton disse com propriedade:
“O cristão vive acima do mundo, porque ele não
julga de acordo com o mundo. O desprezo do apóstolo Paulo por todos os acidentes deste
mundo é decorrente do seu julgamento espiritual a respeito deles: Rom 8.18 “Tenho por
certo que as aflições deste mundo presente não
207
podem ser comparadas com a glória a ser revelada em nós”.
E ainda:
“As aflições para o povo de Deus não somente são uma ocasião para ministrar a paciência, mas
muita alegria. O mundo não tem razão para pensar sobre a religião de Cristo de um modo
negro e sombrio: como diz o apóstolo, “A fraqueza de Cristo é mais forte que a força dos homens”, 1 Coríntios 1.25, o pior modo da graça
é melhor do que o melhor do mundo; “toda a alegria, quando em diversas provações”. Um
cristão é uma ave que pode cantar no inverno, bem como na primavera, ele pode viver no fogo
como na sarça de Moisés, que ardia, e não ser consumido. O conselho do texto não é um
paradoxo, criado apenas para noção e discurso, ou alguma fantasia, mas uma observação,
construída em cima de uma experiência comum e conhecida: este é o modo de os crentes
se alegrarem por suas provações.
Certamente um espírito abatido vive muito abaixo da altura dos privilégios e princípios
cristãos. Paulo, em sua pior condição sentiu uma exuberância de alegria: “Estou me
regozijando”; e também, em outro lugar ele foi mais longe ainda ao dizer: Rom 5.3: “nos gloriamos nas tribulações” que denota uma
maior alegria. 2 Cor 6.10 é o lema de Paulo “contristados, mas sempre alegres”, e este pode
ser o lema de todo cristão.”
208
Tendo Bom Ânimo num Mundo de Aflições
Vida sem sofrimento, de perfeita e plena saúde, felicidade, alegria, paz, pureza, amor, harmonia,
há somente no céu.
A falta desta perfeição aqui na Terra é devida às
consequências do pecado que há em toda a humanidade.
É de tal ordem e tão extensa a tragédia desta
condição que até mesmo os demais seres vivos (vegetais e animais) dela compartilham pelas
coisas que sofrem juntamente com a humanidade, e que fazem com que toda a criação esteja gemendo até agora, aguardando
por aquele dia venturoso no qual será libertada desta condição de miséria latente.
Estas palavras não são de pessimismo, mas da
mais pura expressão da verdade e realidade quanto ao nosso estado presente, e trazem
também a esperança otimista da única forma de se libertar deste quadro terrível, que é por meio
da fé em Jesus Cristo.
Mas, enquanto aqui estivermos, mesmo em
Cristo, sempre teremos nossas alegrias misturadas com tristezas. Nem sempre em
decorrência do que haja em nós, mas pelo que compartilhamos dos sofrimentos de nossos
semelhantes e de toda a criação.
Todavia é segura e certa a concretização da
promessa que Ele nos fez de alcançarmos a perfeição em glória quando da Sua segunda
vinda para restaurar todas as coisas àquela
209
condição original planejada por Deus para as Suas criaturas.
Vemos assim que não é desvantajoso sofrer e
chorar enquanto aqui estivermos, e sentirmos profundamente nossas limitações e misérias,
porque isto pode ser um fator contribuinte para nos conduzir à busca de socorro em Cristo, e por
conseguinte à conversão.
Daí Ele ter dito que são bem-aventurados os que choram e os que sofrem por serem perseguidos
por seu amor à justiça.
Deus se compadece profundamente não
somente por estes que choram, como também por aqueles que são ignorantes quanto à sua real
condição e que continuam buscando achar nesta vida motivos que lhes tornem felizes e
alegres.
Não são poucos os que, neste segundo grupo, são conduzidos por Deus, por amor e
misericórdia, através das vicissitudes que experimentam, a entenderem por fim que não é
aqui o nosso lugar de paz e descanso. Que há uma grande luta a ser travada, por meio da fé,
para vencer o pecado e todos os inimigos espirituais que operam neste mundo de trevas.
Não fosse pela infinita bondade, longanimidade e misericórdia de Deus, jamais seríamos objeto deste Seu trabalho de restauração paciente e
progressiva do qual todos somos necessitados.
Deus está trabalhando para o nosso bem,
enquanto sofremos.
210
Daí a exortação que nos é dirigida em Sua Palavra:
Heb 12:12 Por isso, restabelecei as mãos
descaídas e os joelhos trôpegos;
Heb 12:13 e fazei caminhos retos para os pés,
para que não se extravie o que é manco; antes, seja curado.
211
Aflições Aliviadas
Temos no Salmo 31 mais uma das orações modelares de Davi que ele costumava fazer
quando se encontrava debaixo de aflições e de angústias. Faríamos bem em lhe seguir os
passos toda vez em que nos encontramos nas mesmas condições que ele havia
experimentado, quando por causa do Seu amor pelo Senhor, muitos lhe armavam laços às
ocultas, e nas quais sempre fazia do Senhor a sua fortaleza, e entregava o seu espírito nas Suas
mãos para ser livrado.
Ele sabia perfeitamente que era uma coisa vã
recorrer a ídolos para receber livramento.
Ao contrário, os laços aumentariam, porque
Deus abomina os que adoram ídolos.
Sua confiança estava colocada inteiramente no Deus invisível cuja vontade está revelada na
Bíblia.
Ele somente se alegrava e se regozijava quando
o Senhor lhe manifestava a Sua benignidade o livrando das mãos dos inimigos, que
angustiavam e afligiam a sua alma, e firmando os seus pés num lugar espiritual espaçoso, em
que já não podia mais estar sendo oprimido.
A misericórdia do Senhor para com ele era tão
grande, que mesmo quando Davi chegava a desesperar da vida, pensando que Ele lhe havia
abandonado, e que seria destruído por seus inimigos, o Senhor sempre se manifestava no
fim, lhe dando livramento.
212
De modo que a sua fé nEle, na Sua bondade e misericórdia, aumentava cada vez mais, pois via
como Ele envergonhava os perversos, e emudecia os lábios mentirosos que falam
insolentemente contra o justo, com arrogância e desdém.
Davi aprendeu que Deus sempre age assim com
aqueles que se refugiam nEle.
Livrava Davi. Livra você. Livra a mim.
Crer no Senhor na hora da aflição é alívio
garantido.
Certamente a fraqueza do espírito é mui grande
na hora da angústia, e parece não ter forças ou sequer desejo de confiar em Deus e nem em si
mesmo, mas é preciso lhe pedir socorro ainda que seja com um sinal de um levantar de um
dedo, dizendo: “Senhor olha para mim. Sê o meu auxílio!”
Isto é infalível, porque Ele não se nega a ajudar a
qualquer que o busque.
Por isso Davi conclamava todos a amarem ao
Senhor, porque Ele preserva os fiéis para Si, para que o amem e o sirvam.
Ele havia aprendido também que a fé é sempre
colocada à prova pelo Senhor, nas aflições que sofremos, para que aprendamos a não
confiarmos em nossa própria justiça, em nossa santidade, em nossa capacidade, que são muito
importantes, mas não para nos livrar no dia da angústia, porque nestas ocasiões temos que
colocar toda a nossa confiança no poder de
213
Deus, esperar com fé pela sua resposta e intervenção, clamando-Lhe por socorro.
214
Entre Leões
“Acha-se a minha alma entre leões, ávidos de devorar os filhos dos homens; lanças e flechas
são os seus dentes, espada afiada, a sua língua.” (Salmo 57.4)
O sentimento do salmista é o mesmo que habita
em todos aqueles que não são leões, mas ovelhas.
Sentem-se espreitados pelos olhos da malícia,
ávidos por almas, muito mais do que por carne.
São os leões espirituais que dominam as almas dos homens perversos e malignos.
Dos que são violentos, desaforados, rebeldes,
vorazes, prontos a fazer o mal em toda a parte.
Rugem alto, ameaçam com insolências, àqueles que buscam a paz e a virtude.
Se alguém por descuido, tenta se igualar a eles,
rugindo, logo verá que será vencido, porque ovelha não ruge, não é leão, e deve ter a cautela
de se colocar longe do alcance de suas bocas ferinas.
Não se deve responder ao ataque dos leões.
Há um Pastor Supremo, com o Seu forte cajado,
que põe em fuga os leões e os lobos que atacam o Seu rebanho.
Ovelha não tem cajado. Quem tem é o Pastor.
Então é preciso ter fé, e confiar e descansar no
Seu infalível cuidado.
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Deixe que os leões rujam o quanto quiserem, porque sempre houve e haverá no mundo,
muito mais ovelhas do que leões.
Por fim, serão elas que herdarão a terra,
juntamente com o Seu pastor divino.
216
Responsabilidade
Quando usamos a palavra responsável, a noção que nos vem imediatamente à mente é a de
alguém que tem a seu cargo determinadas pessoas ou atividades.
A noção não é incorreta, mas geralmente não lhe acrescentamos o principal significado da
palavra, que é o de que aquele que é responsável, o é no sentido de ter que responder
perante alguém superior prestando conta dos encargos que lhe foram atribuídos.
A isto deve ser acrescentado também, que quando se trata de Deus, todos são responsáveis
perante Ele não apenas em relação aos nossos encargos, mas, sobretudo em relação ao nosso
comportamento, atitudes, pensamentos, palavras, ações e omissões.
Responsável significa literalmente, aquele que
pode e deve responder.
Um bebê não é responsável, porque não tem
ainda as faculdades mentais amadurecidas para discernir sobre as consequências de seu
comportamento e ações, e por isso nosso Senhor afirma que o reino dos céus pertence aos
pequeninos, ou seja, àqueles que ainda não têm noção, não apenas do que seja o pecado, como
também, a consciência dos males que ele ocasiona.
Mas, uma vez chegados à referida consciência todos nos tornamos responsáveis perante Deus
e teremos que Lhe prestar contas de todo o
217
nosso pensar e agir, no Tribunal de Cristo (salvos), ou no Dia do Grande Juízo (ímpios não
regenerados, ou seja, não nascidos de novo do Espírito).
Ninguém se abençoe, portanto no seu íntimo,
enquanto permanece na prática do pecado. Tudo está sendo visto e registrado pelo Grande Juiz para o dia da prestação de contas.
Que sejamos louvados e não reprovados
naquele dia, pois as consequências serão eternas, quer para o bem, quer para o mal, quer
para perdas, quer para ganhos.
O Senhor retribuirá a cada um segundo as suas obras, e nada deixará de ser pesado e julgado,
ainda que seja uma palavra fútil.
Tenhamos então, o mesmo temor que havia no apóstolo Paulo, pelo qual pôde ser e fazer tudo o
que foi tanto para Deus, quanto para os homens; e morto, ainda fala.
“Foi precisamente para esse fim que Cristo
morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto de mortos como de vivos.
Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por
que desprezas o teu irmão? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus.
Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor,
diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus.
“Assim, pois, cada um de nós dará contas de si
mesmo a Deus.” (Romanos 14.9-12)
218
“É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos
agradáveis.
Porque importa que todos nós compareçamos
perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito
por meio do corpo.
“E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos os homens e somos cabalmente
conhecidos por Deus; e espero que também a vossa consciência nos reconheça.” (II Coríntios
5.9-11)
219
Fazendo a Avaliação Correta
Por que seria menos importante servir a Deus e
ao seu reino eterno, do que aos homens e seus interesses imediatos e terrenos?
Todavia é o que ocorre comumente, até mesmo
entre aqueles que são filhos de Deus. Isto sucede em razão de serem, tanto Deus, como o Seu
reino, invisíveis. Não possuem aparência externa, logo, quando se caminha por vista e não
por fé, ficamos cegos e incapacitados de fazer uma justa e correta avaliação do que é mais
importante.
Afinal, como podemos atribuir valor ao que não
vemos; que não experimentamos; que não conhecemos?
Ainda que se fale sobre isto, pouco será a ajuda
para enxergarmos a verdade, caso não tenhamos nossos olhos e ouvidos abertos para
verem e ouvirem as coisas relativas ao reino dos céus, pela graça de Jesus e pelo poder do
Espírito.
Como entenderemos a profunda exatidão e realidade das advertências bíblicas, para que
sirvamos a Deus com temor e tremor?
Como poderemos aceitar que estamos em
grande risco, quando negligenciamos os interesses de Deus e da Igreja, especialmente
por não dar a devida atenção, respeito e acatamento aos instrumentos que Ele usa para
nos liderar e conduzir?
220
O que dizer então, quando aqueles que são chamados por Ele para apascentar o Seu
rebanho são também cegos e irresponsáveis?
Se temos que prestar contas de nossas ações
àqueles que são constituídos como autoridade e têm poder sobre nós em assuntos seculares,
quanto mais não teremos que prestar Àquele que é o Todo-Poderoso?
Ele consideraria coisa de somenos importância, que abandonemos nossas obrigações
ministeriais que Ele mesmo nos atribuiu para serem cumpridas?
Ele não levaria em conta o abandonarmos sem motivo e sem a Sua permissão, a congregação na
qual nos colocou para que em unidade fizéssemos Sua obra?
Seus olhos estão continuamente sobre nós, e
em todo o tempo somos julgados quanto ao que pensamos e fazemos. Ele não é como um
supervisor humano que pode nos controlar apenas quando estamos ao alcance da Sua vista.
Como não temeríamos então, muito mais Aquele que pode não somente nos recompensar
por nosso bom comportamento, como também nos repreender e infligir danos eternos por
nossas negligências e irresponsabilidade?
Caminhemos, portanto com temor e tremor
durante toda a nossa peregrinação terrena, vigiando e orando em todo o tempo, para que
não percamos de vista e da lembrança estas verdades tão importantes para o nosso bem-
estar espiritual e para a glória de Deus.
221