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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – DCH III JUAZEIRO COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM JORNALISMO EM MULTIMEIOS O PHAROL – TEMPO, IMAGEM & MEMÓRIA JUAZEIRO-BA JUNHO DE 2008

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – DCH III JUAZEIRO COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM JORNALISMO EM MULTIMEIOS

O PHAROL – TEMPO, IMAGEM & MEMÓRIA

JUAZEIRO-BA JUNHO DE 2008

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JEAN CARLOS DO NASCIMENTO CORRÊA NOMERIANA CAVALCANTI FERREIRA

O PHAROL – TEMPO, IMAGEM & MEMÓRIA

Memorial acerca do Projeto Experimental apresentado ao Departamento de Ciências Humanas, da Universidade do Estado da Bahia, para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social habilitação em Jornalismo em Multimeios, sob a orientação da professora Ms. Andréa Cristiana Santos.

JUAZEIRO-BA JUNHO DE 2008

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Ficha Catalográfica

Corrêa, Jean Carlos do Nascimento. O Pharol – Tempo, Imagem e Memória. / Jean Carlos do Nascimento Corrêa e Nomeriana Cavalcanti Ferreira. – Juazeiro, BA: 2008. CD-ROM Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade do Estado da Bahia, Curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo Multimeios, 2008. Orientadora: Profª. Ms. Andréa Cristiana Santos 1. História da Imprensa 2. Fotojornalismo. 3. Produto multimídia. I.Autor. II. Universidade do Estado da Bahia. III. Título.

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O PHAROL – TEMPO, IMAGEM & MEMÓRIA

Projeto Experimental apresentado à Universidade do Estado da Bahia, no Departamento de

Ciências Humanas, como trabalho de conclusão do curso de Comunicação Social habilitação

Jornalismo em Multimeios.

___________________________________________________________

Profª Ms. Andréa Cristiana Santos (orientadora)

___________________________________________________________

Prof. Ms. Moisés Almeida

________________________________________________

Prof. Esc. Geovani Siqueira

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À memória do jornalista João Ferreira Gomes, Seu Joãozinho do Pharol.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos à equipe do Museu do Sertão, em Petrolina, pela gentileza e presteza em

nos atender a cada tarde, na qual consultamos o acervo do jornal O Pharol. Ao diretor da

Emissora Rural AM, Daniel Campos, por haver cedido o acervo de jornais da rádio e a Luis,

do setor de arquivos da rádio, que nos possibilitou conhecer um registro da voz de Joãozinho

do Pharol. A Odomaria Bandeira, por nos permitir o acesso a jornais e revistas do projeto

Arquivo de Maria Franca Pires.

Agradecemos as pessoas cujos depoimentos foram fundamentais para reconstituir

parte da história do jornal “mais antigo do Sertão de Pernambuco”: Francisco Ribeiro, Dona

Betinha, Inah Torres, Homero Fonseca, Fernando Monteiro, Jota Mildes e Valdemir Santos.

Ao Padre Francisco Cavalcante, um agradecimento especial por nos haver gentilmente

permitido reproduzir as fotos do livro de sua autoria, sobre a história da Catedral de Petrolina.

A professora Darcy Neiva Gomes Coelho e a Aldercy Gomes Coelho Amorim, filha e

neta de Seu Joãozinho do Pharol, nossos agradecimentos sinceros pela disposição e gentileza

em nos ajudar e pela humildade demonstrada, mesmo sendo herdeiras de um dos homens que

ajudaram, à sua maneira, construir a moderna Petrolina.

A nossa orientadora, jornalista e professora Andréa Cristiana, que acompanhou e

incentivou a realização deste trabalho, um agradecimento em particular, acompanhado de

desculpas por nossas demonstrações de ansiedade, impaciência e insegurança.

Finalmente, agradecemos a todos aqueles que colaboraram para o nosso trabalho de

pesquisa de alguma maneira: aos nossos familiares, aos amigos, presentes ou distantes, e aos

colegas do Curso de Jornalismo – em especial a Jamille, Karine, Manuela e Priscila, com as

quais formamos com mais freqüência um grupo vitorioso em vários aspectos, inclusive com o

curta-metragem A Guerra pela Ilha do Fogo - que nos incentivaram, manifestando elogios

aos nossos propósitos, antes de os concretizarmos.

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RESUMO

Este memorial relata a natureza conceitual e etapas de produção do Projeto

Experimental O Pharol – Tempo, Imagem & Memória, apresentado na forma de um produto

multimídia (CD-ROM) contendo textos jornalísticos, fotos digitalizadas, áudio e vídeo. Este

projeto se concentra na área de conhecimento do jornalismo, desenvolvido especificamente

sob a perspectiva metodológica dos campos da História da Imprensa, do Fotojornalismo e

História Oral e tendo como objeto a inserção de fotografias no periódico O Pharol, editado

em Petrolina (PE), que circulou no período de 1915 a 1989. O conteúdo do CD-ROM

documenta a evolução dos gêneros fotojornalísticos, as representações culturais, sociais e

políticas evidenciadas pelas fotografias, aspectos da trajetória do jornal, desde os modos de

produção, linha editorial, profissionais que atuaram no periódico e um perfil do proprietário-

jornalista João Ferreira Gomes, carinhosamente conhecido como Seu Joãozinho do Pharol.

Palavras-chave: História da Imprensa; Fotojornalismo; Produto Multimídia (CD-

ROM); História Oral; Jornalismo.

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO.................................................................................................. 7

1.1 Problemática da Pesquisa........................................................................................ 8

1.2 Justificativa............................................................................................................. 9

2. PERCURSO ACADÊMICO

2.1 Algo em comum: a fotografia............................................................................... 11

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Natureza do projeto............................................................................................... 12

3.2 Referências para a reconstituição da História....................................................... 13

4. PERCURSO METODOLÓGICO ....................................................................... 16

5. OS PROCESSOS DO PROJETO EXPERIMENTAL

5.1.1 Sobre o CD-ROM e seu fazer............................................................................ 18

5.1.2 Pesquisa de campo............................................................................................. 20

5.1.3 Foto-digitalização.............................................................................................. 22

5.1.4 Organização e seleção dos dados...................................................................... 24

5.1.5 Interface e design do CD................................................................................... 25

5.1.6 Descrição do CD-ROM..................................................................................... 28

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 29

REFERÊNCIAS........................................................................................................ 31

ANEXOS.................................................................................................................... 38

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1 APRESENTAÇÃO Este Projeto Experimental consistiu na produção do CD-ROM O Pharol – Tempo,

Imagem & Memória, que reúne imagens e textos para demonstrar o desenvolvimento do

fotojornalismo no periódico O Pharol, editado em Petrolina (PE). O CD-ROM documenta

aspectos da história do periódico, formato, modos de produção, profissionais que trabalharam

e o perfil do fundador, João Ferreira Gomes, por meio de fotografias, textos e entrevistas.

Ao produzirmos este trabalho, apropriamo-nos das contribuições da historiadora e

pesquisadora da imprensa jornalística, Marialva Barbosa (2007a) que insere a produção de

uma História da Imprensa dentro do campo da História Cultural e das práticas de

representação.

O historiador de imprensa procura identificar a representação, segundo a definição do

teórico Roger Chartier (apud BARBOSA, 2007a, p. 3), o modo como, em diferentes lugares e

momentos, uma dada realidade é construída, pensada e dada a ler.

Neste memorial, procuramos descrever as etapas da realização até a conclusão do CD-

ROM: a concepção original do trabalho; os problemas que nortearam a escolha do produto

laboratorial; a trajetória que nos despertou o interesse pelo fotojornalismo, a’O Pharol e a Seu

Joãozinho; os autores com os quais dialogamos, as dificuldades da pesquisa e detalhes

técnicos da produção do CD.

Este CD-ROM representa uma contribuição para o registro da história da imprensa em

Petrolina e, por extensão, na região do Vale Submédio São Francisco. O conteúdo do CD

permite identificar o desenvolvimento do uso de fotografias no jornalismo regional e as

representações sociais e políticas que foram veiculadas no periódico.

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1.1 PROBLEMÁTICA DE PESQUISA

A decisão de produzir um CD-ROM aconteceu após uma série de projetos iniciais

abandonados. A princípio, imaginamos realizar uma exposição fotográfica que retratasse o

aparecimento e a consolidação do fotojornalismo nos jornais impressos da região do

Submédio São Francisco. Especificamente, a intenção era obter fac-símiles dos periódicos

publicados na região de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) que nos permitissem caracterizar o

fotojornalismo e sua evolução.

Ao percebermos a exposição como um veículo “efêmero” para apresentar os futuros

resultados da nossa pesquisa, abandonamos a idéia original e discutimos a proposta de

produzir um catálogo impresso. O livro traria fac-símiles dos jornais que julgávamos poder

localizar ao longo da nossa pesquisa de campo.

Os primeiros passos antes da pesquisa em si evidenciaram uma condição intrínseca ao

projeto e também um problema de ordem prática: a necessidade de delimitação do assunto.

Isso contrariava nosso projeto inicial – afinal, resgatar a história do fotojornalismo na

imprensa do Submédio São Francisco, da forma como originalmente imaginamos, demandaria

uma pesquisa ampla a vários periódicos publicados desde o final do século XIX1.

Essa constatação nos evidenciava o desconhecimento que tínhamos da real amplitude

de uma pesquisa em história da comunicação e das dificuldades práticas nela envolvidas. Os

custos estimados para a elaboração e publicação do catálogo também concorreram para a

incerteza quanto à viabilidade do nosso projeto inicial.

Como registrar essas imagens e torná-las objetos de pesquisa para professores e

estudantes que queiram conhecer a existência dos modos de fazer jornalismo na região, uma

vez que este periódico circulou por mais de 70 anos e colaborou para influenciar a esfera

pública e trazer informações do mundo? Foi esta a nossa problemática de pesquisa.

Assim, surgiu a proposta de elaborar um CD-ROM como o suporte ideal para os fac-

símiles que esperávamos obter a partir dos periódicos. Quanto à delimitação do objeto de

estudo, decidimos centrar a pesquisa no jornal O Pharol, por tratar-se do jornal de mais longa

existência no Submédio São Francisco, abrangendo desde a primeira década do século XX até

o final da década de 1980, um recorte temporal que consideramos adequado para abordar a

história do fotojornalismo.

1 SÁ Y BRITTO (1995) lista a fundação de pelo menos 20 jornais em Petrolina desde o final do século XIX até o início dos anos 80 do século XX. CUNHA (1978) relaciona 17 veículos impressos a partir do século XIX.

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1.2 JUSTIFICATIVA

O fato de as pesquisas sobre a história da imprensa em Petrolina e Juazeiro se

intensificarem a partir da implantação do curso de Comunicação Social com habilitação em

Jornalismo em Multimeios da UNEB reforçou a necessidade de abordar a história do

fotojornalismo em particular.

Por esse motivo, a elaboração de um produto focado no fotojornalismo produzido na

imprensa da região do Submédio São Francisco se fixou como objetivo desde nossas

primeiras conversas em torno do Trabalho de Conclusão de Curso.

O fotojornalismo há mais de um século tem dado à humanidade a capacidade de rever

a si mesma e contemplar representações do mundo, abrangendo desde fotografias de notícias,

de projetos documentais, ilustrações fotográficas e fotos atemporais, como afirma o

pesquisador do fotojornalismo Jorge Pedro Sousa (2004: p. 9). No entanto, acrescenta o

teórico, o estudo do fotojornalismo nas universidades ainda não adquiriu o mesmo relevo

conquistado pela atividade.

Kossoy (1989) ressalta a importância do resgate da história do fotojornalismo, e

valoriza a presença da fotografia no jornal enquanto imagem-documento para a história e

também para a história da fotografia.

Deolindo (2007) defende ser possível um “mergulho no passado” a partir dos registros

jornalísticos e buscar, por meio destes, a compreensão de determinada realidade.

Conforme Dines (apud DEOLINDO; 2007, p. 1), mesmo as situações cotidianas e

tidas como insignificantes podem ser “tão minuciosamente devassadas a ponto de se tornarem

lapidares sobre a época e as próprias forças da história”.

Devido ao crescente número de estudos sobre a história da imprensa no Brasil, em

função do Bicentenário da Imprensa Brasileira (1808-2008) e a constituição de uma base de

dados pela Rede Alfredo de Carvalho2, levou-nos necessariamente a produzir pesquisas no

campo do jornalismo e do fotojornalismo em particular.

Os sucessivos anos de descaso com a História da Imprensa no Brasil e com a

preservação dos arquivos impressos, fato generalizado entre os acervos de periódicos

nacionais e regionais, levou-nos a realizar um CD-ROM com a finalidade de registrar parte

2 Constituída em abril de 2001, na cidade do Rio de Janeiro, a Rede Alfredo de Carvalho tem como prioridade a atualização do inventário da imprensa brasileira até este ano e realizar a interpretação dos dados acumulados, para construir indicadores capazes de balizar o trabalho dos historiadores e dos cientistas da comunicação (MELO; 2007).

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dessa memória – a materializada nas páginas do jornal O Pharol. O suporte CD evita o

manuseio recorrente do material original e seu desgaste.

A produção do conteúdo do CD-ROM constitui ainda em um exercício da própria

prática jornalística – a tradicional e a digital. A primeira está presente na construção textual,

na compreensão da linguagem, critérios jornalísticos e mensagens do próprio periódico, e no

uso de técnicas de entrevista, com o acréscimo da História Oral empregada junto às fontes

orais. Por sua vez, o jornalismo digital aparece na concepção do produto CD-ROM, que

compartilha com a World Wide Web (“rede de alcance mundial”), recursos como a

hipertextualidade, por meio de links para sites, para arquivos de texto, áudio e de vídeo.

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2 PERCURSO ACADÊMICO

2.1 ALGO EM COMUM: A FOTOGRAFIA

O interesse pela fotografia e na seqüência, pelo fotojornalismo, desenvolveu-se entre

os autores de forma individual e distinta. A partir de uma atividade proposta durante a

disciplina História da Comunicação, do Curso de Jornalismo, Nomeriana analisou um

conjunto de fotografias sobre a seca no Sertão do Estado, publicadas pelo Jornal do

Commercio, de Pernambuco. A atividade foi a primeira na qual ela buscou a construção de

representações nas fotografias. A atração definitiva pelo “fazer fotojornalístico” recebeu um

impulso a mais por meio do trabalho em Assessoria de Imprensa.

A intenção de realizar um trabalho de pesquisa voltado ao universo da fotografia

acompanhava Jean desde a apresentação de um anteprojeto intitulado Um estudo sobre as

impressões provocadas por fotos violentas publicadas na imprensa sanfranciscana, na

disciplina Pesquisa em Comunicação, ministrada em 2006.

O que uniu os autores ao tema e a disposição de produzir um trabalho em comum foi a

participação de ambos no curso Fotografia natural e a percepção do olhar, ministrado pelo

fotógrafo paulista Palê Zuppani, entre agosto e setembro de 2007, por intermédio da

Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF).

Após discutirem as possibilidades de pesquisa tendo como foco central a fotografia na

imprensa, os autores concordaram como idéia preliminar a produção de um trabalho

experimental, orientado ao fotojornalismo e a História da Imprensa.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 NATUREZA DO PROJETO

Idealizado como um produto multimidiático que agrega imagem e áudio,

acompanhado de informações quanto ao contexto da foto, autoria (quando possível) e de fac-

símiles do jornal, além de informações sobre a história do jornal O Pharol, o conteúdo do

CD-ROM se concentrou na perspectiva da História da Imprensa com foco na História do

Fotojornalismo.

Consideramos relevante discutir a natureza teórica do projeto devido a ser uma

experimentação, cujo trabalho envolveu um pensar sobre o objeto e a concepção da própria

História do Jornalismo. Este produz e reproduz conhecimento, não apenas de forma válida,

mas também útil para as sociedades e seus indivíduos (MEDITSCH; 2008).

Pensando nisso, e antes de entrarmos na discussão teórica propriamente dita,

ressaltamos acreditar que este CD-ROM possa ser usado para diversos fins jornalísticos e

educativos. Ao reunir informações sobre aspectos históricos do campo da política, cultura e

sociedade de Petrolina, e por extensão, da região do Submédio São Francisco, da própria

história d’O Pharol e um perfil de João Ferreira Gomes, consideramos este produto

multimídia uma ferramenta do conhecimento útil para pesquisadores da História da Imprensa,

professores, estudantes, instituições de ensino e bibliotecas.

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3.2 REFERÊNCIAS PARA A RECONSTITUIÇÃO DA HISTÓRIA

Sousa (2000) identifica as etapas históricas do uso da fotografia pelos jornais até o

estabelecimento do fotojornalismo moderno. Ele relaciona as mudanças dos gêneros

fotográficos, a assimilação progressiva das fotos como recurso jornalístico e as revoluções

tecnológicas que contribuíram para a constituição do fotojornalismo.

No entanto, ele reconhece a dificuldade de estabelecer fronteiras claras quanto ao que

constitui o fotojornalismo – termo que pode incluir as fotografias de notícias, dos grandes

projetos documentais, ilustrações fotográficas e features (fotos intemporais de situações

peculiares) entre outras (SOUSA; 2004).

Tão logo iniciamos as pesquisas para a produção do CD-ROM, identificamos que não

seria suficiente apenas relacionar as fotografias encontradas nas edições do jornal aos fatores

que levaram ao desenvolvimento do fotojornalismo ou atrasaram sua concretização – os

avanços tecnológicos da fotografia, os gêneros fotojornalísticos e o reconhecimento da

atividade profissional do repórter-fotográfico, por exemplo.

As fontes escritas consultadas traziam informações escassas e não raro,

desencontradas, sobre O Pharol e a pessoa de João Ferreira Gomes. Livros e documentos que

contam a história de Petrolina, Juazeiro e demais cidades do Submédio São Francisco, em que

pese sua importância enquanto fontes, carecem do rigor acadêmico que deve permear uma

pesquisa. Referências, escritas ou orais não são citadas, fotografias carecem de créditos, e a

depender da fonte, é comum o desencontro de datas para um mesmo acontecimento.

Ao voltarmos o olhar para a história do fotojornalismo na imprensa de Petrolina, no

caso específico d’O Pharol, necessitávamos de referências para reconstituir a história do

jornal e sua evolução enquanto meio de comunicação, observando o contexto da Região do

Submédio São Francisco, do Brasil e do mundo durante os anos de existência do periódico.

Isso nos levou ao uso de referenciais que permitiram analisar o cenário histórico e as

mudanças políticas e sociais em Petrolina, durante o período no qual o jornal circulou. Sem

essa abordagem, as imagens d’O Pharol estariam descontextualizadas, ou como sustenta

Kossoy (1989; p. 89) nada informariam “àqueles que nada sabem do contexto em que tais

documentos se originaram. Para estes, não há como decifrar os conteúdos visuais plenos de

incógnitas”. Mais adiante, ele reforça:

“Jamais se poderão decodificar tais informações – que permitem enfoques multidisciplinares – se não houver um mergulho naquele contexto histórico,

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fragmentariamente congelado no conteúdo da imagem e globalmente circunscrito ao ato da tomada do registro” (cit, p.100).

Tomando como fonte a bibliografia disponível sobre a história da cidade, buscamos

entender o significado dos sentidos e/ou representações das fotos publicadas nas páginas do

jornal O Pharol, a partir das legendas, matérias e reportagens a elas relacionadas.

Assim, seguimos as pistas metodológicas que Barbosa&Morel (2007c) recomendam a

respeito da recuperação da história dos impressos a partir dos espaços sociais considerados.

Ambos defendem que falar de um impresso de uma determinada época, conduz,

obrigatoriamente, a investigar os espaços sociais, nos quais o periódico estava inserido, as

relações sociais e culturais dessa comunidade.

Ao sugerir um modelo de classificação para os gêneros fotojornalísticos3 e propor uma

visão histórica do fotojornalismo, por meio do qual pretende contribuir para a valorização da

atividade fotojornalística na academia, o trabalho de Sousa (2000, 2004) constitui a base para

o referencial teórico deste Projeto Experimental.

Completam o alicerce do trabalho as pesquisas de Esther Bertoletti (2007), voltadas à

preservação da memória da imprensa e de Rosilene Montenegro (2007) coordenadora do

Projeto Memória Ciência e Tecnologia na Universidade Federal de Campina Grande (PB).

Responsável pelo Projeto de Microfilmagem dos jornais da Biblioteca Nacional -

embrião do Plano Nacional de Microfilmagem de Periódicos Brasileiros, Bertoletti (2007)

adverte para o desafio da construção de uma base de dados dos jornais e revistas circulantes

no país, destacando a ausência de tal controle pela Biblioteca Nacional, associações de

jornais, revistas e pelos próprios jornalistas.

Ela reconhece que, se há dificuldade em identificar o número de jornais e revistas

correntes, tal problema é ainda mais evidente em relação aos títulos já extintos, ou que

deixaram de circular. E questiona:

Quem de nós já não procurou, em vão, informações sobre algum título importante para as nossas pesquisas... Quantas vezes nos perguntamos onde foram parar os exemplares de tal ou qual jornal? Quantos títulos de jornais e revistas temos apenas a referência de que existiram... Quantos fragmentos

3 Sousa (2004) propõe a classificação dos seguintes gêneros fotojornalísticos: fotografias de notícias (a maior parte das fotografias publicadas num jornal) referenciadas em spot news (fotografias de acontecimentos imprevistos) e notícias em geral (a cobertura de entrevistas coletivas, reuniões, congressos, etc.); features photos (fotografias que encontram grande parte do seu sentido em si mesmas), subdivididas em features de interesse humano, pictográfico e as fotografias de animais; desporto (de ação desportiva e features de desporto, em que o interesse humano se sobrepõe à ação) retratos, ilustrações fotográficas e histórias em fotografias (que incluem o foto-ensaio e a foto-reportagem).

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de jornais existem em casas de velhos jornalistas ou pessoas que guardaram exemplares (hoje únicos) em que escreveram algum texto ou onde saiu alguma notícia de interesse pessoal (BERTOLETTI; 2007, p. 58).

Montenegro&Silva (2007) consideram que a utilização das novas tecnologias da

informação pode contribuir “tanto na preservação da memória da cidade quanto no rápido e

fácil acesso dos arquivos jornalísticos para a comunidade em geral e para pesquisadores”.

A proposta de reunir em CD-ROM, parte do acervo d’O Pharol, no esteio do crescente

número de pesquisas sobre a história do jornalismo nacional, demandou o uso de referenciais

que nos permitissem identificar as mudanças na história do Jornalismo, em consonância com

o que diz Barbosa (2007a) ao conceber a história da comunicação como um processo que

envolve não apenas os grandes nomes e feitos únicos, mas os vestígios deixados ao presente

pelo passado.

Deolindo (2007; p.1) ao atribuir o registro do cotidiano como tarefa própria da

atividade jornalística, defende:

“Não raras vezes, esse registro torna-se a mais completa, se não a única, documentação dos fatos recorrentes em uma comunidade e as notícias arquivadas, o fio da memória local. O jornalismo, mesmo involuntariamente, escreve a história do lugar”.

Barbosa (2007b) reforça que a análise histórica dos meios de comunicação tem sido

relegada a segundo plano no Brasil, contraditoriamente até ao fato de, nas Faculdades de

Comunicação brasileiras, multiplicarem-se as disciplinas sobre as várias “histórias” (da

comunicação, do rádio e da televisão e da imprensa).

Para Strelczenia (2007), o jornal é um suporte à memória. Assim, é capaz,

simultaneamente, de abolir o tempo, representá-lo, transformando-se numa ferramenta que

nos permite “rastrear a origem das coisas, mas também para decifrar de alguma maneira o que

virá”.

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4 PERCURSO METODOLÓGICO

Para a produção do Projeto Experimental, utilizamos procedimentos do campo da

Análise de Conteúdo; Critérios de Noticiabilidade, pertinente aos estudos da produção da

noticia4; História da Imprensa e História Oral.

A Análise de Conteúdo, seguindo a conceituação de Herscotivz (2007; p.123-127)

incluiu a análise quantitativa (contagem de freqüências do conteúdo manifesto, ou seja,

presença das fotografias nos jornais) e análise qualitativa (avaliação do conteúdo latente), com

o fim de selecionar as fotos mais representativas para inclusão no CD-ROM.

Ferramenta para a pesquisa, a Análise de Conteúdo é definida por Herscotivz (2007)

como um suporte para a descrição e classificação de produtos, gêneros e formatos

jornalísticos, além de permitir identificar elementos típicos, exemplos representativos e

discrepâncias em estudos exploratórios, descritivos ou explanatórios.

Os Critérios de Noticiabilidade definidos por Wolf (2003) também constituíram em

um dos procedimentos metodológicos, por meio do qual foram analisadas as edições

disponíveis do jornal O Pharol para inferências a respeito da publicação de determinadas

fotos. Dentre esses critérios, destacamos a novidade, a relevância, a imprevisibilidade e a

notoriedade dos retratados e personagens das reportagens.

Como critérios para escolha das fotografias, consideramos o ineditismo, valor como

documento histórico, qualidade estética, caracterização de gênero e importância da foto

enquanto notícia.

Utilizamos como ferramentas para a compreensão do sentido das imagens a análise do

conteúdo das mensagens das fotos e dos conteúdos dos artigos ou reportagens a elas

relacionadas, além da leitura bibliográfica e de pesquisas para identificar fatos do passado,

particularmente empregadas na identificação de alguns personagens retratados.

Para que fosse possível identificar as formas por meio dos quais o periódico

engendrou “relações sociais, culturais, falas e não ditos, silêncios que dizem mais do que

qualquer forma de expressão” (BARBOSA; 2007), empregamos a História Oral como

percurso metodológico.

A História Oral permite, por meio do testemunho, da entrevista, esclarecer trajetórias

individuais, eventos ou processos históricos que não poderiam ser entendidos ou elucidados

de outra forma (AMADO&FERREIRA; 2001). Ela nos auxiliou a reconstruir parte do cenário

4 Os primeiros estudos foram desenvolvidos por Wolf (2003)

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no qual era produzido O Pharol, e constituiu um elemento importante na recuperação de

informações que não podem ser obtidas apenas com a Análise de Conteúdo.

Nesse sentido, Thompson (2002; p.185) afirma que a Oralidade, por meio do material

de entrevistas gravadas, permite identificar “a partir de posições pessoais ou de agregados, a

percepção social (grifo do autor) dos fatos”. Esses registros, contudo, estão sujeitos a

pressões sociais do contexto em que são obtidos.

Reconhecemos, ainda de acordo com Thompson, que as narrativas obtidas sobre o

papel do periódico na época no qual estava inserido e de aspectos da personalidade e do

pensamento de João Ferreira Gomes, por meio de entrevistas a familiares do fundador d’O

Pharol e de ex-funcionários do periódico, representaram “a verdade simbólica e não os fatos

do incidente descrito, que é o que menos importa”.

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5. OS PROCESSOS DO PROJETO EXPERIMENTAL

5.1 SOBRE O CD-ROM E SEU FAZER

A escolha do suporte CD-ROM se deveu ao fato de constituir uma fonte para consulta

acessível a pesquisadores, correspondendo a um dos formatos de publicação eletrônica,

levando-se em conta a definição de Stanek:

Uma tecnologia de distribuição de informação de informação em uma forma que possa ser acessada e visualizada pelo computador e que utilize recursos digitais para adquirir, armazenar e transmitir informação de um computador para outro (Stanek apud SABATTINI; 2007, p. 1).

Como suporte físico para o projeto experimental, o CD-ROM atende a uma série de

vantagens, similares às observadas por Sabattini (2007) em relação às publicações eletrônicas

científicas na Internet: podem atingir audiência potencial, devido à disponibilidade universal

da informação; disponibilidade para todas as plataformas de hardware/software; baixo custo

de investimento, de produção e de acesso, e novas formas de apresentação - áudio, vídeo - e

interação com o usuário final da informação.

Um aspecto a ser destacado: o CD-ROM (sigla para Compact Disc - Read Only

Memory, “disco compacto memória apenas leitura”) convencional suporta 700 megabytes de

informação – o suficiente para armazenar 15.000 fotografias, 250.000 páginas de texto ou 70

minutos de vídeo5 - o que assegura um espaço suficiente para a produção de um suporte com

conteúdo multimídia.

O segundo aspecto diz respeito à característica do CD-ROM enquanto suporte

hipertextual para imagem, texto, áudio e vídeo. O hipertexto, segundo definição de Bonilla

(2008), é uma forma de indexar e organizar informações, a partir da retomada e transformação

de elementos de outras mídias que dão ao documento um aspecto dinâmico.

Silva (2008) lembra que o hipertexto, termo cunhado por Teodor Holm Nelson em

1964, designa uma estrutura eletrônica “não seqüencial e não linear” que permite ao leitor o

acesso a um número “praticamente ilimitado” de outros textos, a partir de escolhas locais.

5 APRESENTAÇÕES EM CD-ROM. Disponível em: <http://www.variograma.com/po/svc.html?id=3>. Acesso 19 dez. 2007

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Montenegro&Silva (2008) reforçam que as novas tecnologias da informação, dentre as

quais se inclui o CD-ROM, abrem a possibilidade para “criar links estabelecendo uma não

linearidade do tempo”.

Conforme Lemos, Cardoso, et al. (apud BONILLA; 2007), a vinculação de

documentos amplia as opções de informação e traz, de forma instantânea, uma

complexificação (sic) do assunto abordado.

Outra característica do CD-ROM é o de suporte à conservação da memória. Ao

analisar as características do jornalismo na web, Palacios (2007) assinala que “os arquivos

jornalísticos constituem fonte da maior relevância para a recuperação da Memória Histórica

de nossas sociedades”.

Ele ressalta que a digitalização da informação introduz “mudanças que criam um

panorama novo a nível da constituição e resgate da Memória Social, alterando forçosamente

as metodologias de trabalho do Historiador e do investigador social”.

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5.1.2 PESQUISA DE CAMPO

Os trabalhos de pesquisa dos jornais começaram em janeiro de 2008. A partir de

referencias consultadas, sabíamos que o Museu do Sertão, em Petrolina, dispunha do acervo

d’O Pharol. No entanto, ignorávamos quantos jornais haviam sido preservados e suas

condições.

O Museu mantém diversos itens que pertenceram a João Ferreira Gomes em uma sala,

aos fundos do prédio. Nela está a coleção d’O Pharol e de outros periódicos, livros, revistas,

máquinas de escrever, fotos e inúmeros objetos pessoais. Os demais itens do acervo, inclusive

a primeira impressora adquirida pelo jornalista, condecorações e fotografias, são mantidos em

exposição permanente, noutro pavilhão do museu.

O processo para a foto-digitalização do acervo demandou oito visitas ao Museu. A

coleção do periódico não estava organizada cronologicamente. Os jornais estavam

encadernados de acordo com os anos, separados por folhas de papel vegetal.

A ausência de condições adequadas para armazenamento do acervo do Museu ficou

patente quando nos deparamos com as lacunas na coleção de jornais e a má conservação de

várias edições, algumas rasgadas, outras incompletas e até esfareladas. Em alguns casos, não

foi possível identificar os números ou páginas das edições encontradas. O manuseio dos

jornais em estado mais deplorável requereu cuidado extremo.

Ao percebermos lacunas entre os jornais do acervo e lapsos entre os anos de

publicação devido à ausência de várias edições, buscamos outras fontes – imaginávamos -,

que tivessem mantido arquivos do periódico. Em consulta a Biblioteca Cid Carvalho, em

Petrolina, fomos informados que os jornais do acervo haviam sido enviados ao Museu do

Sertão.

A biblioteca mantida pela Diocese de Juazeiro também foi consultada, mas não

dispunha de edições d’O Pharol. Mas conseguimos encontrar números avulsos do periódico

na coleção particular da colunista social Inah Torres e no acervo do projeto de pesquisa e

extensão O Arquivo de Maria Franca Pires: Memória e História Cultural em Pesquisa

na região de Juazeiro-BA, coordenado pela professora Odomaria Bandeira Macedo, do

DCH/ UNEB.

A disposição em localizar registros em áudio de Joãozinho do Pharol com a intenção

de adicioná-los ao CD-ROM nos levou a Emissora Rural AM 6. Ao saber da pesquisa para o

6 Fundada em 1962, a Emissora Rural AM é uma rádio católica e teve como primeiro diretor-presidente o bispo Dom Antonio Campelo de Aragão.

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Projeto Experimental, o diretor da emissora, Daniel Campos, cedeu-nos várias edições do

periódico, das décadas de 1970 e 1980. As edições preencheram parte da lacuna constatada no

acervo do Museu do Sertão. Localizamos ainda, nos arquivos da rádio, um breve áudio de

João Ferreira Gomes felicitando a Emissora Rural pelo seu aniversário.

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5.1.3 FOTO-DIGITALIZAÇÃO

Procedemos a foto-digitalização das fotografias, geralmente presentes na primeira

página das edições do periódico, e das páginas integrais das edições que julgamos relevantes.

Utilizamos duas câmeras fotográficas digitais amadoras, marcas Samsung, modelo S-630,

resolução de 6 megapixels, e Panasonic, modelo Lumix DMC-LS 70, resolução de 7.2

megapixels, ambas no modo macro fotografia e em resolução máxima.

Uma resolução de 6 megapixels significa que existem aproximadamente 6 milhões de

pixels na imagem, ou seja, uma imagem de 2816 pixels de largura por 2112 pixels de altura. O

pixel (aglutinação das palavras picture e element, elemento de imagem) é a menor unidade de

uma imagem, e quanto maior for o número de pixels, melhor a resolução da imagem.

A grande quantidade de imagens, existentes nas edições, inviabilizou a foto-

digitalização de cada uma delas. Tornou-se, então, necessária a realização de uma pré-seleção

das imagens. A foto-digitalização priorizou as páginas que apresentavam fotografias,

geralmente as capas das edições, aquelas com melhor qualidade técnica e assuntos

significativos reportados pela fotografia.

Também decidimos foto-digitalizar as reportagens e os artigos cuja consulta posterior

pudessem contribuir para a produção do trabalho. Registramos o ano corrente (em geral,

identificado por algarismos romanos), a data da publicação, dia da semana, número da página

(quando disponível) e observações relevantes sobre a foto.

Concomitantemente ao trabalho de busca aos acervos d’O Pharol, dedicamo-nos a

localizar fontes orais e planejar entrevistas. Selecionamos como possíveis fontes orais sete

pessoas, entre ex-funcionários do periódico, e familiares de João Ferreira Gomes, seis

residindo em Petrolina e uma delas em Brasília (DF).

A identificação de outras duas fontes, o jornalista Homero Fonseca e o escritor e

cineasta Fernando Monteiro, merece ser mencionadas à parte. Encontramos a edição do

periódico que mencionava a produção do curta-metragem “O Farol”, de Monteiro, o que

motivou uma busca na internet para obter mais informações sobre o filme.

O nome de Monteiro aparece em uma nota, no blog mantido por Homero Fonseca, a

respeito de um debate sobre literatura e cinema, do qual ambos participaram. Por e-mail,

solicitamos ao jornalista o correio eletrônico do cineasta, que se dispôs a responder a um

questionário sobre o curta-metragem.

Posteriormente, ao encontrarmos uma edição d’O Pharol de 1975, um detalhe nos

surpreendeu: a reprodução de uma reportagem, publicada no jornal O Estado de São Paulo,

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sobre os 60 anos do jornal de Seu Joãozinho. O autor? O próprio Homero Fonseca que, assim,

viria a ser mais uma fonte oral.

Dessa forma, por meio de um site e um correio eletrônico, duas das novas tecnologias

da informação – assim como este CD-ROM também se inclui entre essas tecnologias - haviam

nos permitido, quase que fortuitamente, o encontro com a memória e o resgate de fatos do

passado, retirados do esquecimento.

Uma terceira ferramenta, dentro das tecnologias da informação, também nos foi

extremamente útil: o comunicador instantâneo MSN. Por meio dele interagimos com

freqüência, para a troca de arquivos e dados, para o planejamento do trabalho e tomada de

decisões, desde a fase de pré-projeto até a finalização do CD-ROM.

Ao final do trabalho de campo, havíamos localizado 651 jornais, dos quais 203 foram

foto-digitalizados, destes 115 selecionados para compor o CD, além de havermos realizado

nove entrevistas, sendo três delas por correio eletrônico.

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5.1.4 ORGANIZAÇÃO E SELEÇÃO DOS DADOS

Com as edições foto-digitalizadas, realizamos a catalogação e ordenação das

fotografias por ano corrente e datas das edições – um árduo trabalho adicional, devido ao fato

de várias das edições encontradas no acervo estarem desorganizadas.

A análise das fotos, suas respectivas legendas e matérias relacionadas permitiram

identificar elementos para categorizar os gêneros fotojornalísticos. Recorremos com

freqüência às obras de Sousa (2000; 2004) quando tratamos dos conceitos como

enquadramento, composição na fotografia, história do fotojornalismo e, principalmente, do

gênero fotojornalístico.

É necessário considerar, no entanto, que a identificação de um gênero fotojornalístico

depende da intenção jornalística. O conteúdo e a forma do texto, relacionados à foto, são

essenciais para explicitar o gênero. E da mesma maneira que há fotos nos quais se evidencia o

gênero, outras não podem ser classificadas tão facilmente em um gênero específico.

Após a pré-seleção, identificamos a necessidade de reduzir a resolução (total de pixels)

das fotos, consequentemente o “tamanho” do arquivo, sem prejuízo da qualidade final das

imagens. O CD-ROM é limitado a 700 megabytes e temíamos que as fotos, caso

permanecessem em alta resolução, reduzissem o espaço para os demais conteúdos, além de

tornar “pesada” a leitura do CD pelo computador.

Utilizamos o programa de edição de imagens Picasa devido à praticidade que o

programa oferece para o redimensionamento das foto-digitalizações. Como opção de tamanho

de imagem, definimos o valor de 1.600 megapixels que, no programa, determina o

comprimento ou a altura da foto (o que for mais extenso). A outra medida é determinada

automaticamente de maneira a manter a proporção da foto.

Optamos pela definição “normal” da qualidade da imagem, presente no programa, o

que garantiu o equilíbrio entre qualidade e tamanho. O fac-símile da primeira edição do d’O

Pharol, publicada em 10 de setembro de 1915, por exemplo, que originalmente ocupava 3,7

megabytes de memória, foi reduzida para 415 kilobytes.

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5.1.5 INTERFACE E DESIGN DO CD

Utilizamos para a elaboração do CD-ROM o software Macromedia Flash. Trata-se de

um programa gráfico utilizado para criar animações interativas, desenvolvido pela

Macromedia, empresa especializada em desenvolver programas usados no processo de

criação de páginas web.

Os arquivos executáveis gerados pelo Flash, chamados de swf (small web file), podem

ser visualizados em uma página web usando um navegador web ou utilizando o Flash Player.

Nas versões mais recentes, a Macromedia expandiu a utilização do Flash para além de simples

animações, mas também para uma ferramenta de desenvolvimento de aplicações completas,

inclusive CD-ROM.

A versão utilizada (Flash MX 2004) foi lançada há quatro anos e é considerada por

programadores como a melhor desenvolvida até hoje. Escolhemos trabalhar com esta versão

por oferecer suporte a língua portuguesa e pelo conhecimento prévio – totalmente autodidata

– que tínhamos das noções básicas do programa.

O Flash MX trabalha a partir da conversão de imagem, textos, áudio e vídeo em clipes

de filme, botões e gráficos, posteriormente distribuídos em camadas. A linguagem do

programa, denominada Action Script, permite a criação de uma animação, que liga as

camadas, clipes de filme, botões e gráficos, gerando a interface e a característica de

interatividade. Todos os itens adicionados ao programa trabalham de forma interligada, por

esse motivo uma simples mudança pode implicar na necessidade de refazer todo o trabalho.

Utilizamos o programa de edição de fotos Photoshop para o tratamento de algumas

imagens e desenhos. Optamos por preservar as fotos como as encontramos, ou seja, não

alteramos suas cores. A intenção foi evidenciar o estado do material encontrado. Outros

programas usados no decorrer do trabalho foram o Corel (para elaboração da capa do CD), o

Picture Manager (também usada para redimensionar e recortar fotos) e o Sound Forge (para

edição de áudio).

Para a definição do design do CD-ROM não partimos de uma concepção visual

definida. Tínhamos em mente que a interface do CD-ROM deveria ser “simples e funcional”,

não “carregada” visualmente, “poluição” que hipoteticamente, era possível de ocorrer pelo

fato de o conteúdo ser composto por imagens e texto.

Reunimos elementos característicos do layout d’O Pharol, como as fontes tipográficas

similares às usadas no periódico, texturas e imagens que transmitissem a noção de viagem ao

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passado, tendo como condição ser uma interface simples. Evitamos o uso de muitas imagens e

textos em uma mesma janela e a conseqüente “poluição” visual do trabalho.

A arte de abertura do CD-ROM foi trabalhada tomando como base a reprodução do

cabeçalho do jornal em 1939, redesenhada linha por linha. Os desenhos do farol, do rio e da

personificação da Liberdade - ou da República - sintetizavam a imagem que buscávamos. Ela

permitiu adicionar uma animação que reforçou conceitos subjetivos, como o transcorrer do

tempo representado pelo rio e a emissão do facho de luz característico de um farol, como o

elemento que leva a abertura dos tópicos do CD.

A música foi usada como recurso para aprimorar a estética do CD-ROM. Adicionamos

um BG (background ou uma música de fundo) com um trecho do 2º Movimento (Adágio) do

Concerto para Piano nº. 20 KV 466, obra do compositor Wolfgang Amadeus Mozart.

Selecionamos especificamente essa obra por um motivo em particular: durante a

pesquisa descobrimos, nas edições iniciais de O Pharol, referências recorrentes ao conjunto

Filhas de Mozart, um grupo de música erudita integrado por mulheres de Petrolina, na

primeira década do século XX. Neiva Gomes, esposa de João Ferreira Gomes, fez parte desse

grupo. Assim, consideramos essa ligação entre o nome do grupo e naturalmente, a relação

com a obra do compositor, como critério para a escolha do trecho da obra.

Ao finalizarmos o conteúdo do suporte, decidimos que ele deveria ser auto-executável.

Significa dizer que, uma vez inserido no computador, o CD-ROM se auto-reproduzirá. Essa

opção, apesar de fazer com que o arquivo final ocupasse maior espaço na memória do CD-

ROM, traz facilidade aos usuários, pois, caso fosse mantida a opção pelo formato padrão em

Flash (swf), poderia ser necessária a instalação de um plug-in (pequeno programa de

computador que serve para adicionar funções a outros programas) para executar o CD.

As possibilidades do suporte CD-ROM permitiram que “brincássemos” com os

elementos intertextuais (as informações adicionais aos textos, por exemplo, foram inseridas

em janelas a partir de links), e evitarmos agrupar muitas informações em um único texto, o

que poderia tornar a leitura maçante. Seguindo esse conceito, optamos por dispersar no CD-

ROM as informações que julgávamos indispensáveis, o que permitiu diminuir o tamanho dos

textos principais.

Na impossibilidade de identificar as representações presentes no material

fotojornalístico, pela ausência de referências textuais nas matérias jornalísticas, decidimos ora

por acrescentar às legendas informações sobre a história do jornal O Pharol, ora por incluir

dados técnicos relacionados à produção e publicação de fotografias, gêneros fotojornalísticos

e linguagem fotojornalística.

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Dados sobre os contextos histórico e social e informações específicas sobre algumas

fotos, possíveis de serem identificadas, completaram o conteúdo e sentido das informações

adicionadas às demais fotografias.

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5.1.6 DESCRIÇÃO DO CD-ROM

Ao ser executado pelo usuário, o CD-ROM se apresenta em cinco seções:

1. Apresentação: o qual traz um texto-apresentação, no formato de uma carta, para

apresentar o CD;

2. O Pharol: seção no qual se apresenta um texto sobre a historia do jornal O Pharol,

resgatando, entre outros aspectos, os modos de produção, profissionais e a pauta de notícias;

3. Seu Joãozinho: apresenta um perfil biográfico do jornalista-fundador João Ferreira

Gomes;

4. Tempo e Imagem: uma breve abertura aborda os gêneros fotojornalísticos mais

presentes n’O Pharol, antes da apresentação das fotografias digitalizadas, divididas por

décadas e acompanhadas de legendas;

5. Extras: inclui a creditação do CD-ROM; vinculação a instituição de ensino,

orientação e realizadores; entrevistas com as fontes orais, transcritas em formato Adobe PDF

(Portable Document Format); evolução da diagramação do periódico; programas freeware

(distribuição livre) para auxiliar o usuário do CD-ROM; referências consultadas e citadas ao

longo do trabalho, áudio e vídeo.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O CD-ROM O Pharol – Tempo, Imagem & Memória é resultado de um trabalho de

pesquisa intenso, por vezes exaustivo, mas constituiu numa experiência gratificante sob vários

aspectos e particularmente emocionante em alguns momentos. A consciência de havermos

produzido um trabalho que contribui para o resgate de parte da história do Jornalismo na

região do Submédio São Francisco é o principal deles.

Durante cinco meses (da elaboração do pré-projeto à execução), retornamos ao

passado de Petrolina e da região do Submédio São Francisco para reconstituir um cenário a

partir de fragmentos da história. Familiarizamos-nos com pessoas que a passagem dos anos

calou, mas cujas imagens congelaram no tempo, buscamos em textos amarelecidos indícios

que permitissem inferir o passado e assegurar que fosse compreendido à luz do presente.

A realização de uma pesquisa em História da Imprensa é, por vezes, também um

aprendizado na base da tentativa, do erro e, por vezes, da omissão. Os autores ignoraram os

riscos à própria saúde, decorrentes do fato de arquivos serem locais geralmente propícios à

concentração de fungos e bactérias, esquecendo-se do uso de luvas e máscaras ao

manipularem documentos. A urgência de perscrutar aqueles documentos e a expectativa em se

deparar com uma nova descoberta explica em parte esse “esquecimento”.

Das emoções que compartilhamos, nenhuma será igual à tristeza por não havermos

tido a oportunidade de conhecer pessoalmente Seu Joãozinho do Pharol. Jamais o

conheceremos, para termos dele uma imagem definitiva. Apenas demos crédito aos relatos

que ouvimos, de haver sido um homem admirável por suas qualidades. E essa imagem,

independente de ser fiel à complexa personalidade humana, levou-nos às lágrimas ao escrever

uma carta a alguém que não está fisicamente presente, calado pela natureza do tempo e da

existência.

Sob a orientação da professora Andréa Cristiana, percebemos o quão importante e

válida é a memória por meio do resgate da História Oral para a reconstituição da história. A

devida retribuição ao que Andréa nos deixou - o conhecimento, para uma percepção mais

ampla e concreta da história - está longe do nosso alcance.

Reconhecemos neste trabalho o embrião para um desdobramento mais profundo dos

assuntos nos quais apenas tocamos a superfície – o fotojornalismo, em particular o inserido no

contexto da imprensa regional, a história do jornal O Pharol e dois demais periódicos de

Petrolina e Juazeiro. Mas principalmente, a vida e o pensamento de João Ferreira Gomes.

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Assim como Seu Joãozinho do Pharol pretendeu fazer do jornal o fanal para o

desenvolvimento de Petrolina, consideramos o CD-ROM O Pharol – Tempo, Imagem &

Memória uma pequena luz, suficiente o bastante para orientar os navegantes que, agora em

diante, pretendem partir em busca da História da Imprensa na região do São Francisco.

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REFERÊNCIAS

Livros, Anais Eletrônicos, Teses, Artigos e Comunicações Científicas

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Elizabete Campos de Souza. Atuou como tipógrafa do jornal O Pharol. Entrevistada no dia 4 jan. 2008, na residência a Rua Maurício de Nassau nº. 517, bairro Gercino Coelho, Petrolina (PE).

Fernando Monteiro. Cineasta autor do curta-metragem O Farol. Entrevistado por meio de correio eletrônico. Questionário encaminhado no dia 30 jan. 2008 e respondido em 31 jan. 2008.

Francisco José Cavalcante. Padre, autor do livro Catedral de Petrolina: Profecia e Evocação. Entrevistado no dia 22 jan. 2008, no Palácio Episcopal, Diocese de Petrolina (PE).

Francisco José Ribeiro. Atuou como encadernador e entregador do jornal O Pharol. Entrevistado no dia 4 jan. 2008, na residência a Rua 25 nº. 25, Cohab 4, Petrolina (PE).

Homero Fonseca. Ex-repórter da sucursal do jornal O Estado de São Paulo, no Recife. Entrevistado por meio de correio eletrônico. Questionário encaminhado e respondido no dia 19 jan. 2008.

Inah Torres. Atuou como colunista do jornal O Pharol. Entrevistada no dia 7 jan. 2008, na residência a Avenida Fernando Góes nº. 1032, Centro, Petrolina (PE).

Jota Mildes. Atuou como diretor de edição de O Pharol. Entrevistado por meio de correio eletrônico. Questionário encaminhado no dia 1 jan. 2008 e respondido em 23 jan. 2008.

Valdemir da Silva Santos. Atuou como repórter-fotográfico do jornal O Pharol. Entrevistado no dia 13 fev. 2008, na Prefeitura de Petrolina (PE).

Acervos

Emissora Rural AM. Consulta a exemplares avulsos das décadas de 1970 e 1980. Museu do Sertão em Petrolina. Consulta à coleção de 651 exemplares do jornal O Pharol.

Projeto de pesquisa e extensão O Arquivo de Maria Franca Pires: Memória e História Cultural em Pesquisa na região de Juazeiro-BA, coordenado pela professora Odomaria Bandeira Macedo, DCH III – UNEB. Consulta a números avulsos de O Pharol e a revistas.

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Arquivos de áudio e vídeo

GLOBO Collection. Classical Movie Themes. Wolfgang Amadeus Mozart: Piano Concerto nº 20 KV 466 2nd Movement.: Adagio. Svletana Festival Orchestra. São Paulo: Movie Play: 1996. Disco compacto (74 min): digital, estéreo. MV017.

KELSEY 5X8 LETTERPRESS. A sample of my Kelsey Excelsior Model P 5x8 letterpress in action. EUA: Youtube. 2008. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=d7Tmk2jg_HY&feature=related>. Acesso em 4 maio 2008.

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ANEXOS