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MAYOMBE, DE PEPETELA

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MAYOMBE, DE PEPETELA

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SEQUÊNCIA DIDÁTICA

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• Público-alvo: alunos do 3º ano do EM [pode ser aplicada também no 1º ano]

• Período proposto para a realização da sequência didática: 3º bimestre

• Quantidade de aulas: 10 aulas (2 aulas por semana) [ou 12 aulas (dobradinhas) - neste caso, fazer adaptações]

• Materiais a serem utilizados: slides ou impressões, livros (biblioteca ou pdf)

• Separação das leituras:

✔Capítulo 1: “A Missão” – A partir da aula 1 até aula 2

✔Capítulo 2: “A Base” – A partir da aula 2 até aula 3

✔Capítulo 3: “Ondina” – A partir da aula 3 até aula 4

✔Capítulo 4: “A Surucucu” – A partir da aula 4 até aula 5

✔Capítulo 5: “A Amoreira” e Epílogo– A partir da aula 6 até aula 7

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10 aulas (Ayrton)Aula Atividade Objetivos da atividade

1 Apresentação da capa e sondagem da primeira

impressão dos alunos sobre 4 capas do livro

Mayombe

Despertar o interesse dos alunos e também fazer

um levantamento de expectativas

Promover a visão de que o livro e a experiência de

leitura são maiores que a síntese da trama, além

de confirmar ou corrigir as informações levantadasLeitura de 2 resenhas do livro

2 Aula expositiva com contexto histórico, social e

cultural

Oferecer um panorama histórico-social que

possibilite a base para uma leitura mais rica

3 Aula expositiva sobre o autor, além de

localização e caracterização de personagens na

trama.

Fornecer ferramentas e descrições que facilitem a

leitura do romance, dando maior espaço para a

fruição e a análise

4 Aquecimento da aula 4 O aquecimento incentiva uma síntese feita pelos

alunos do primeiro capítulo, para que possamos

nos aprofundar que superam a ordem da trama

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Aula Atividade Objetivos da atividade

4 Leitura e discussão do trecho 1 - Epígrafe Contextualizar a epígrafe, trazer uma reflexão

sobre a forma e como ela se coloca na obra

Chamar a atenção para os aspectos de oralidade

contidos no texto, além de elaborar uma análise

relativa à importância destes aspectos

Leitura e discussão do trecho 2 - A Missão

5 Leitura de trechos com foco na polifonia.

Fases: Aquecimento, leitura + discussão,

atividade de vestibular

Aquecimento: preparar e situar todos os alunos

no contexto da aula e das atividades.

Entender o conceito de polifonia, como ele se

estabelece na obra e como pode ser cobrado em

vestibulares

6 Aquecimento do capítulo 3 (Ondina)

Leitura comparativa com trechos de “O

Cortiço”

Leitura de trechos que caracterizam o

Mayombe

Dissertação comparativa entre os trechos

apresentados

Estabelecer um contexto e rememorar a trama

Possibilitar uma análise comparativa entre duas

obras

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Aula Atividade Objetivos da atividade

7 Aquecimento Estabelecer um contexto e rememorar a trama

Apresentação, leitura e discussão sobre o

tribalismo e seus aspectos na obra

Trecho do filme Hotel Ruanda

Localizar os alunos e fornecer ferramentas para

favorecer o entendimento do tribalismo no

contexto histórico do romance. Além disso,

promover uma discussão que dialogue com

atualidades e o contexto político

8 Aquecimento

Atividade de fixação

Apresentação da tabela dos contrários

Questões de vestibular

Promover o diálogo entre a obra e o contexto

atual no Brasil, fomentando uma discussão sobre

desigualdade social e direitos humanos.

9 e 10 Finalização e apresentação das atividades Finalizar a sequência didática com as

apresentações dos alunos, que mais envolvidos

com a trama e os conflitos presentes nela

elaborarão uma atividade em grupo. Usar o livro

como base para uma discussão e favorecer a

estruturação de um argumento.

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Justificativa

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AULA 1

Primeiras ideias sobre a obra

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1: Capas

• Descrição: rápida análise de 4 capas diferentes de Mayombe com levantamento das primeiras impressões:

✔ Quem?

✔ Onde?

✔ O que?

✔ Quando?

• Sugestão de perguntas: qual o espaço que encontramos em 3 das 4 capas? Quem são as pessoas que se encontram nas capas? O que eles seguram?

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Fonte:

https://www.brevi

ssimaproducoes.c

om.br/product-

page/ingresso-

mayombe-17-de-

maio-meia-

entrada-campinas

Fonte:

https://www.sarai

va.com.br/mayombe-4591802/p

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Fonte:

https://www.fnac

.pt/Mayombe-

Pepetela/a124480

Fonte:

http://www.manu

seado.pt/produto/mayombe/

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2: Resenha e resumo

• Leitura de 1 resenha jornalística e 1 resumo de artigo acadêmico com os alunos, confirmando ou corrigindo as informações levantadas anteriormente pelos alunos a partir das capas [ou 2 resenhas] Exemplo:

✔ Quem? Caçadores, índios, guerrilheiros (do MPLA - comentários adicionados pelo professor)

✔ Onde? África, Floresta, Angola (Mayombe)

✔ O que? Guerra, caça, colonização (luta pela descolonização)

✔ Quando? 1970 (1969 a 1971, publicado em 1980)

https://reticenciajornalistica.com/2016/06/04/resenha-mayombe/

BRATKOWSKI, B. R. Mayombe: uma visão interna da guerra colonial de Angola. In: Literatura e Guerra. UFRGS: Nau Literária, v. 11, n. 2, p. 132-144. (p. 132-134). Disponível em: https://seer.ufrgs.br/NauLiteraria/article/view/73220

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AULA 2

Contextualização da obra na história para a compreensão da literatura angolana como expressão de identidade e forma de resistência

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3: História de Angola antes da independência• África: continente

• 5 países com português como língua oficial: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde

• Apresentação de detalhes importantes da história da Angola:

✔ 1484: Portugueses na África

✔ 1575: Angola como colônia portuguesa

✔ Exploração de madeiras, marfim, algodão, café e cacau, diamantes (DIAMANG)

✔ Luta Nacional: MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola) em 1956, a FNLA (Frente Nacional para a Libertação de Angola) em 1961 e a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) em 1966.

✔ Independência em 11 de novembro de 1975.

Disponível em: https://www.governo.gov.ao/historia.aspx

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Fonte:

http://www.continentaloutdoor.com/africa/angola

Fonte:

https://

pt.wiki

pedia.

org/wi

ki/Ban

deira_

de_Angola

Fonte:

https://

pt.wiki

pedia.

org/wi

ki/Ban

deira_

do_MPLA

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4: Literaturas angolanas e identidade

"Angola Avante“ (1975)

Ó Pátria, nunca mais esqueceremos

Os heróis do quatro de Fevereiro.

Ó Pátria, nós saudamos os teus filhos

Tombados pela nossa Independência.

Honramos o passado e a nossa História,

Construindo no Trabalho o Homem novo,

(repetem-se os dois últimos versos)

Refrão

Angola, avante!

Revolução, pelo Poder Popular!

Pátria Unida, Liberdade,

Um só povo, uma só Nação!

(repete-se o refrão)

Levantemos nossas vozes libertadas

Para glória dos povos africanos.

Marchemos, combatentes angolanos,

Solidários com os povos oprimidos.

Orgulhosos lutaremos Pela Paz

Com as forças progressistas do mundo.

(repetem-se os dois últimos versos)

Refrão

Disponível em:

http://www.governo.gov.ao/

Simbolos.aspx

https://www.youtube.com/w

atch?v=gK8kIzQMNS8

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Eu e o Outro – O Invasor ou Em poucas três linhas uma maneira de pensar o

texto

•1. “Quando chegaste mais velhos contavam estórias. Tudo estava no seu lugar. A

água. O som. A luz. Na nossa harmonia. O texto oral. [...]. É certo que podias ter pedido

para ouvir e ver as estórias que os mais velhos contavam quando chegastes! Mas não!

Preferiste disparar os canhões.”

– [sugestão de interpretação do professor/discussão com os alunos] Antes, os

angolanos tinham apenas o texto oral: as histórias contadas pelos mais velhos, as

músicas, as centenas de línguas diferentes de cada etnia (variação linguística).

Porém, os portugueses chegam com suas armas e iniciam a colonização.

✔ [sugestão de escrita na lousa] Antes da colonização: texto oral (histórias, músicas,

línguas diferentes).

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• 2. “Mais tarde viria a constatar que detinhas mais outra arma poderosa além do

canhão: a escrita. E que também sistematicamente no texto que fazias escritointentavas destruir o meu texto ouvido e visto.”

– O que é a outra arma do português? A escrita. Por que é visto como arma? Porque

ela compete com aquilo que é oral. Os angolanos, assim como os outros africanos,

viviam da memória, da narração oral de suas histórias: ou seja, não tinham a escritapara se apoiarem. E o português ameaçava essa cultura com a sua escrita.

✔ Escrita como arma do português (ameaça à cultura oral do africano)

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• 3. “Mas agora sinto vontade de me apoderar do teu canhão, desmontá-lo peça a

peça, refazê-lo e disparar ao contra o teu texto não na intenção de o liquidar maspara exterminar dele a parte que me agride.”

– Ou seja, o angolano vai utilizar a escrita contra o próprio português, utilizando-a

para contar a sua própria história. Desmontar o texto do outro pode significar: misturar

gêneros (inserir o texto oral no texto escrito), fazer paródia, paráfrase ou uma citaçãodo texto do outro em seu texto.

✔ Utilização da arma do português contra ele mesmo: desmontar a escrita do outro(misturar gêneros, fazer paródia, paráfrase ou citação)

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• 4. “Assim na minha oratura para além das estórias antigas na memória do tempo euvou passar a incluir-te. Vou inventar novas estórias. [...]. Também vou substituir asurucucu cobra maldita. Surucucu passa a ser o outro. E cobra no meu textoinventado agora passa a ser bela e pacífica se morder o outro com o seu venenomortal.”

– O que o autor do texto quer dizer com: “A cobra no meu texto inventado agorapara a ser bela e pacífica”? Transformação, dentro dessa nova literatura, da visão deangolano construída pelo colonizador. O angolano usará a própria escrita paracontar sobre as suas experiências: as histórias do passado e as histórias de sofrimentodurante a colonização, incluindo o homem branco como personagem. Oratura é ajunção de oralidade e literatura.

✔ Transformação da visão do angolano construída pelo colonizador

✔ Oratura: oralidade (língua, experiências e histórias do angolano) + literatura (escrita do homem branco)

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• 5. “E eu não posso retirar do meu texto a arma principal. A identidade. Se o fizer deixode ser eu e fico outro, aliás como o outro quer.”

– Ao escrever suas experiências e seu ponto de vista sobre o mundo, o angolano

coloca sua identidade no texto escrito. E essa é a sua maior arma, pois, durante a

colonização, o português não tinha interesse que o africano tivesse uma identidade,

já que esse tipo de consciência poderia levar ao questionamento dos angolanossobre esse sistema e, portanto, à revolta.

✔ Experiência + ponto de vista do mundo = identidade = arma principal

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• 6. “O texto oral tem vezes que só pode ser falado por alguns de nós. E há palavras que

só alguns de nós podem ouvir. No texto escrito posso liquidar este código aglutinador.

Outra arma secreta para combater o outro e impedir que ele me descodifique paradepois me destruir.”

– Qual é a outra arma secreta dos escritores angolanos? A língua. As diversas línguas

africanas que existem no continente e que o português não entende. Utilizar a arma

do colonizador misturando português e línguas angolanas, fazendo com que o

colonizador não entenda o que está escrito é uma forma de resistência, de luta. Ao

colocar essas palavras, os autores também conseguem expressar ao máximo a suacultura e identidade.

✔ Palavras africanas entre as palavras portuguesas: forma de resistência e afirmaçãode identidade angolana.

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• 7. “Invento outro texto. Interfiro, descrevo para que eu conquiste a partir do

instrumento escrita um texto escrito meu, da minha identidade. Os personagens do

meu texto têm de se movimentar como no outro texto inicial. Têm de cantar. Dançar.

Em suma, temos de ser nós. ‘Nós mesmos’. Assim reforço a identidade com a literatura.[...]. Escrever então é viver. Escrever assim é lutar. Literatura e identidade.”

✔ Literatura angolana como luta e criação de uma identidade

Fonte: RUI, Manuel. Eu e o outro – O Invasor ou Em poucas três linhas uma maneira depensar o texto. In MEDINA, C. Sonha Mamana África. São Paulo: Epopéia, 1987.

Disponível na íntegra em: https://docero.com.br/doc/88cse

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Fonte: https://jornal.usp.br/cultura/em-

mayombe-selva-e-lugar-para-o-

surgimento-do-homem-novo-e-da-angola-independente/

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AULA 3

O autor, o enredo e as personagens

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5: O autor

• Relembrar a aula anterior: principais pontos da história de Angola (colonização por portugueses, exploração de recursos naturais, processo de independência)

• Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos (29 de outubro de 1941 – 77 anos). Pseudônimo: Pepetela.

• Branco – descendente de portugueses, nascido em Angola.

• Durante os anos na escola, convive com as mais diversas etnias e passa a ter contato com ideias sobre revolução nos últimos anos do liceu (nosso atual colegial).

• 1958: vai para Portugal para cursar Engenharia no Instituto Superior Técnico.

• 1960: desiste de Engenharia e muda para o curso de Letras na Universidade de Lisboa.

• 1961: torna-se militante e foge de Portugal. Vai para Paris e depois para a Argélia.

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• 1963: entra para o MPLA.

• 1969: muda para a República do Congo. Passa a participar da luta armada contra osportugueses (período que serviu de inspiração para a escrita de Mayombe).

• O primeiro romance publicado pelo escritor é As Aventuras de Ngunga, em 1972.

Depois publicou Muana Puó, em 1978, que foi escrito em 1969. Mayombe tambémcomeçou a ser escrito em 1969, finalizado em 1971 e publicado somente em 1979.

• Em Pepetela, o tema principal é a construção da nacionalidade, do verdadeiro ser

angolano (semelhanças com o Romantismo e o Modernismo brasileiros [tentativa de

construção de uma nação verdadeiramente brasileira: no caso do Romantismo,

destacavam o elemento indígena; no caso do Modernismo, a cultura consideradapopular])

• Influências de autores brasileiros: Jorge Amado, Graciliano Ramos e José Lins do Rego(desejo de revelar as dificuldades de uma situação injusta passível de mudança)

• Pergunta: vocês já estudaram algum desses autores? Quais livros vocês conhecem?(Tentativa de realizar um link com aquilo que eles já conhecem)

Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pepetela

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Fonte:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pepetela

Fonte:

https://ivairs.wordpress.com/2016/

04/05/pepetela-esta-na-lista-dos-

livros-do-maior-e-mais-concorrido-

concurso-de-acesso-as-universidades-brasileiras/

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6: O enredo e as personagens• Relembrar o enredo do livro que estava presente nas resenhas que leram juntos na

primeira aula e complementar com mais algumas informações importantes:

Mayombe, nome de uma região da África, é uma narrativa que analisa profundamentea organização dos combatentes do MPLA, expondo as dúvidas sobre as contradições,medos e convicções que impulsionavam os guerrilheiros em busca de liberdade nointerior da densa floresta tropical. Eles confrontam não só as tropas portuguesas, mastambém as diferenças culturais e sociais entre as diversas etnias (cabinda, kimbundo,kicongo, bailunda) que procuram superar em direção a uma Angola unificada e livre.

Foco narrativo: um narrador onisciente e onipresente se intercala com as personagens,guerrilheiros do MPLA, no papel de narrador da história (polifonia). A presença da vozdessas personagens representa a pluralidade, a diversidade do grupo MPLA e deAngola (de etnias, pensamentos, ideologias). Além disso, também pode ser pensadacomo uma forma de mostrar a democratização na própria forma do texto (assim,Pepetela dá voz aos oprimidos).

Tempo: cronológico.

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Atividade de identificação das personagens

Dinâmica da aula:

● Discutir as características e particulares das personagens do romance.

● Discutir as diferenças ideológicas entre os personagens “Comandante Sem Medo” e “ Comissário”

➔ Objetivo: Assimilar as personagens a suas características a

partir da leitura de alguns trechos do romance, além de levar o

aluno a realizar uma leitura mais crítica em relação à elementos importantes na narrativa.

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Fonte: https://www.etapa.com.br/home/orientacao/leituras_obrigatorias/9

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• Aproveitar o momento para perguntar aos alunos onde se encontram na leitura

• Apresentar um pequeno resumo do perfil de personagens principais + trechos para SemMedo e Comissário.

✔ Chefe de Operações: um dos responsáveis pelas estratégias da operação, começa

totalmente desconfiado de seu Comandante, mas acaba se transformando após

acompanhar uma ação realizada por Sem Medo, passando a vê-lo como grandecomandante.

✔ Teoria: o primeiro personagem a aparecer no livro. Nascido na Gabela, é filho de

mãe negra e pai branco. Sua condição de mestiço o incomoda e, por isso, se infiltra naguerrilha em uma tentativa de se distanciar desse “defeito de nascença”

✔ Milagre: Ele pertence a uma tribo que possui hábitos e tradições distintas dos demais.

É um personagem que guarda uma identificação forte com suas raízes e mesmoparticipando do movimento, ainda não rompeu com os traços de sua origem.

✔ Mundo Novo: Como seu nome já sugere, segue uma linha de pensamento que

representa para ele o que seria a ideal na pós revolução. Por ser marxista-leninista,

acredita que só o povo é capaz de construir a História. Indispõe-se algumas vezes comComandante, a quem chama de “pequeno-burguês com traços anarquistas”.

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✔ Muantiânvua: É um personagem caracterizado por ser destribalizado, por essa razão

acredita em uma revolução capaz de inserir Angola em um contexto continental. Sente-se marginalizado, mesmo entre os companheiros.

✔Ondina, a personagem feminina, é a mulher que instaura algumas transformações na

história e na relação entre os guerrilheiros. É professora em Dolisie e noiva do comissário,

é a única personagem que não tem voz na narrativa, o que revela a crítica para adesigualdade de gênero mesmo dentro de um processo de luta por liberdade.

✔Comandante Sem Medo: Comandante. Sem Medo é um personagem que se destaca

no movimento da guerrilha devido à sua posição de liderança no grupo, representa o

olhar coletivo, aquele que considera a força do conjunto. Sua imagem vai sendo

formada a partir dos relatos presentes na narração das outras personagens, pois não

assume a narração em 1 pessoa. É o responsável por propor reflexões sobre o Partido,

a ideologia, e as ações do grupo. Acredita que a revolução é percurso para atingir umfim, e a luta armada e combativa é o caminho escolhido por ele.

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Comissário: É um dos responsáveis pelo comando do grupo e, por

ser mais mais novo que Sem Medo, possui uma relação de

respeito e troca com este, embora discordem em alguns pontos.

Acredita que o conflito deve se resumir não pela quantidade

vitórias e o “número de inimigos mortos”, mas sim pela

capacidade do grupo e do movimento em conseguir aliados e

apoio popular. Assume um tom mais dogmático e político durante

a narrativa e se preocupa em analisar as implicações das açõese refletir antes de agir.

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● Após apresentar as algumas características mais gerais de

todos as personagens, propor uma atividade de leitura de

alguns trechos que focalizam o Comandante e o Comissário ediscutir com os alunos se eles são capazes de:

1. Identificar nos trechos elementos que corroborem com adescrição das personagens vistas anteriormente.

2. Identificar outros traços característicos das personagens apartir da leitura dos trechos.

3. Identificar as diferenças entre Sem Medo e Comissário e quaisos conflitos que poderiam surgir entre eles.

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TRECHOS:

“Sem Medo, guerrilheiro de Henda. Antes chamava-se Esfinge, ninguém

sabia porquê. Quando foi promovido a Chefe de Seção, os guerrilheiros

deram-lhe o nome de Sem Medo, 7 por ter resistido sozinho a um grupo

inimigo que atacara um posto avançado, o que deu tempo a que a Basefosse evacuada sem perdas. “ (Capítulo I A Missão)

“Sem Medo apertou as mãos, cujos nós se tornaram brancos. Os lábiostremeram. Falou baixinho, dominando-se a custo:

— Fica sabendo, camarada Comissário, que eu já executei um traidor. Não

só tomei a decisão, sozinho, como o executei, sozinho. E não foi a tiro, pois

o inimigo cercava o sítio onde estávamos. Foi à punhalada! Já espetaste opunhal na barriga de alguém, Comissário? Já sentiste o punhal enterrar-se

na barriga de alguém? Poderia ter evitado fazê-lo, mas todos evitavam,

não houve voluntários, não tive coragem, sim, não tive coragem, de

mandar um camarada executá- lo, escolhi-me a mim próprio comovoluntário, para dar o exemplo.” Capítulo I A Missão)

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“Penso que é como a religião – disse Sem Medo. – Há uns que necessitam dela

[da guerrilha]. Há uns que precisam crer na generosidade abstrata da

humanidade abstrata, para poderem prosseguir um caminho duro como é o

caminho revolucionário. Considero que ou são fracos ou são espíritos jovens,

que ainda não viram verdadeiramente a vida. Os fracos abandonam só

porque o seu ideal cai por terra, ao verem um dirigente enganar um militante.

Os outros temperam-se, tornando-se mais relativos, menos exigentes. Ou então

mantêm a fé acesa. Estes morrem felizes embora talvez inúteis. Mas há homens

que não precisam de ter uma fé para suportarem os sacrifícios; são aqueles

que, racionalmente, em perfeita independência, escolheram esse caminho,

sabendo bem que o objetivo só será atingido em metade, mas que isso jásignifica um progresso imenso.

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[...] Eu sei, por exemplo, que todos temos bem no fundo de nós um lado egoísta

que pretendemos esconder. Assim é o homem, pelo menos o homem atual.

Para que serviram séculos ou milénios de economia individual, senão para

construir homens egoístas? Negá-lo é fugir à verdade dura, mas real. Enfim, sei

que o homem atual é egoísta. Por isso, é necessário mostrar-lhe sempre que o

pouco conquistado não chega e que se deve prosseguir. Isso impedir-me-á de

continuar? Porquê? Se eu sei isso, a frio, e mesmo assim me decido a lutar, se

pretendo ajudar esses pequenos egoístas contra os grandes egoístas que tudoaçambarcaram, então não vejo porquê haveria de desistir quando outros

continuam. Só pararei, e aí racionalmente, quando vir que a minha ação é

inútil, que é gratuita, isto é, se a Revolução for desviada dos seus objetivosfundamentais. (Capítulo II – A Base).

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“Como sempre, tens razão. Pois é esse lado ignorado da operação que me

agrada. Não gosta das coisas demasiado planificadas, porque há sempre umdetalhe que falta. É minha natureza anarquista, como dirias. É preciso dinamizar

as coisas. Já estivemos parados demasiadamente tempo, à espera deinstruções [....]”

“[...] Estou de acordo que é preciso agir. Mas acho que é preciso estudar mais

as coisas, não agir à toa. Sobretudo agora que fazemos uma guerra sem povo,que estamos isolados.”

“O Comandante não liga, ele não estava em Angola em 1961, ou, se estava,não sofreu nada. Estava em Luanda, devia ser estudante, que sabe ele disso? E

o Comissário? Nestas coisas o Comissário é um mole, ele pensa que é comboas palavras que se convence o povo de Cabinda, este povo de traidores.”

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“Evidentemente! Comissário, compreende-me bem. O que estamos a fazer é a

única coisa que devemos fazer. Tentar tornar o país independente,

completamente independente, é a única via possível e humana. Para isso, têmde se criar estruturas socialistas, estou de acordo. Nacionalização das minas,

reforma agrária, nacionalização dos bancos, do comércio exterior, etc., etc.

Sei disso, é a única solução. E ao fim de certo tempo, logo que não haja muitos

erros nem muitos desvios de fundos, o nível de vida subirá, também não é

preciso muito para que ele suba. É sem dúvida um progresso, até aí estamos de

acordo, não vale a pena discutir. Mas não chamemos socialismo a isso,

porque não é forçosamente. Não chamemos Estado proletário, porque não é.

Desmistifiquemos os nomes. Acabemos com o feiticismo dos rótulos.

Democracia nada, porque não haverá democracia, haverá necessariamente,fatalmente, uma ditadura sobre o povo. Ela pode ser necessária, não sei. Outra

via não encontro, mas não é o ideal, é tudo que sei. Sejamos sinceros com nós

próprios. Não vamos chegar aos cem por cento, vamos ficar nos cinquenta.Por que então dizer ao povo que vamos até aos cem por cento? (trecho docapítulo dois “Base”)

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Proposta de atividade final

• Relacionar alguns temas abordados na obra com a realidade

• 40 alunos = 8 grupos de 5 pessoas

• Apresentação nas duas últimas aulas da sequência

• Cerca de 10 a 12 minutos por apresentação

• Possíveis temas da obra a serem apresentados: conflito entre grupos étnicos, guerra,

machismo, oralidade na escrita, racismo, traição, exploração de mão-de-obra,mistura de culturas...

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• Exemplo: apontar na obra exemplos do tema escolhido (selecionar trechos, narrarparte da história) e mostrar tal tema na realidade conhecida do aluno (selecionarnotícias, literaturas atuais, séries televisivas, filmes...)

• Enfatizar a utilização de sites confiáveis ao tratarem de notícias: BBC, jornais, artigosacadêmicos (evitar wikipédia, blogs)

• Tema escolhido: Desmatamento

• Livro: Comentar o desmatamento presente no livro (narrar parte da história)

• “O Comissário avançou prudentemente, seguido dos seus homens. As folhas secasestalavam sob as botas, mas os estalidos eram abafados pelo ruído da serradevastando o Mayombe. Os guerrilheiros encavalitaram-se num enorme tronco caído.Deixara de respirar, monstro decepado, e os ramos cortados juncavam o solo. Depoisde a serra lhe cortar o fluxo vital, os machados tinham vindo separar as pernas, osbraços, os pêlos; ali estava, lívido na sua pele branca, o gigante que antes travava ovento e enviava desafios às nuvens. Imóvel mas digno. Na sua agonia, arrastara osrebentos, os arbustos, as lianas, e o seu ronco de morte fizera tremer o Mayombe,fizera calar os gorilas e os leopardos” (p. 15).

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• Atualidade:

• https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/09/desmatamento-na-amazonia-em-agosto-cresce-222-em-relacao-ao-mesmo-mes-de-2018.shtml

• https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49531744

• Filme Wall-e (Pixar Animation Studios, 2008)

Fonte:

https://www.syfy.com/syfywire

/fx-looks-to-follow-pixar-model-under-disney-deal

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AULA 4

Leitura de trechos: Epígrafe e marcas de oralidade

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Aquecimento: capítulo 1

• Qual o nome do capítulo 1 (A missão)

• Quais os pontos mais importantes desse capítulo?

1. Os guerrilheiros do MPLA chegam ao Mayombe

2. Atacam os exploradores portugueses que cortam as árvores da floresta para vender

3. Raptam os trabalhadores africanos e explicam a luta do MPLA, o motivo porque lutam contra os colonizadores

4. Arma uma emboscada para os portugueses (alguns adversários mortos)

5. Fogem por estarem em menor número

6. Descobrem que o Ingratidão do Tuga foi quem roubou o dinheiro do trabalhador

7. Devolvem o dinheiro para o trabalhador

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7: Leitura e discussão do trecho 1 -Epígrafe “Aos guerrilheiros do Mayombe,

que ousaram desafiar os deuses

abrindo um caminho na floresta obscura,

vou contar a história de Ogun,

o Prometeu africano.” (p. 3)

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• Sabendo sobre o tema principal da obra de Pepetela (construção da nacionalidade,do verdadeiro ser angolano), o que essa epígrafe quer dizer?

• Explicar palavras e elementos que talvez sejam desconhecidos para os alunos:

✔ Prometeu: titã grego, criador dos primeiros homens, conhecido por sua

inteligência, responsável por roubar o fogo dos céus para dá-lo aos homens,

desafiando Zeus, que o puniu pelo crime. Sua punição foi ser preso ao monte

Cáucaso, onde uma águia (ou corvo) dilacerava todos os dias o seu fígado, que se

regenerava também diariamente. Esse castigo tinha a previsão de duração decerca de 30.000 anos, mas Prometeu foi salvo por Hércules

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Fonte:

https://www.infoescola.com/mitologia-grega/prometeu/

Fonte:

https://super.abril.com.br/historia/prometeu-o-inventor-da-humanidade/

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→ Cultura de Angola e influências da cultura do europeu –esse é o angolano

✔Ogum: orixá da

guerra e do ferro,

conhecido por forjar

armas para a luta e

para a agricultura. Na

umbanda e no

candomblé,

normalmente é

recorrido para cortar

a maldade feita pelos

inimigos.

Fonte:

https://w

ww.willian

girassol.c

om.br/pro

duto/ogu

m-em-

resina30-cm.html

Fonte:

http://www.c

entroculturalr

aiodeluz.com

.br/2017/05/or

ixa-na-

cultura-

yoruba_78.html

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8: Leitura e discussão do trecho 2 –marcas da oralidade“Quando o grupo do Comissário chegou, Sem Medo pôs-se de pé.

— Então?

— São oito trabalhadores, mais um branco que guia o camião. Não há soldados à vista.

— E o camião?

— Está lá, parado, com o ngueta a fumar e a ouvir rádio. Mais ao lado deve haver umbuldozer para carregar os troncos no camião. Que é que se faz?” (p. 13)

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“Mas o Chefe de Operações não trazia só o reabastecimento. Chamou o Comandanteà parte:

— Trago um mujimbo. O camarada Comandante é a pessoa mais capaz de resolveresse caso.

— De que se trata?

— Há uma maka em Dolisie. Foi por isso que demorámos mais tempo. Impossível de

encontrar o camarada André, que se anda a esconder dos militantes. Só o ajudantedele é que o encontra. Acabou por arranjar essa comida, mas demorou.” (p. 89)

• Discussão: Quais são as marcas de oralidade neste trecho?

• Como vimos anteriormente, marcas da oralidade, tais como palavras de línguas

africanas, são a arma secreta das literaturas africanas. Pepetela mostra a luta contra o

colonizador não só na história, como também na forma como escreve. Camião é

caminhão sem o “nh”, imitando a fala do angolano, e “ngueta” é “branco”,

“mujimbo” é “notícia” e “maka” é “problema” em luandês, língua de Luanda, capitalde Angola.

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Proposta de discussão/atividade

• N’gola Ritmos:

• Grupo musical formado no final dos anos 40, com base na cultura popular e noprocesso de libertação de Angola da colonização portuguesa, o N’gola Ritmos,conseguia unir festa e mobilização política em um ritmo contagiante. Realizando suasapresentações em festas, principalmente no Bairro Operário, conhecido como B.O., ogrupo surge de um chão popular e de luta.

• As músicas cantadas, principalmente nas línguas da terra, como o quimbundo, porexemplo, aproximavam os angolanos de sua realidade, pois, ao abraçarem as línguasnacionais criavam laços com as margens que muitas vezes mal compreendiam oportuguês. Embora os colonos tenham tentado impor sua cultura como superior, oN’gola Ritmos conseguiu manter marcas identitárias nas canções que traduziam noritmo o modo de ser angolano.

• Ritmo: semba (canções tradicionais do campo + ritmo dançante).

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• Manazinha – N’gola Ritmos: https://www.youtube.com/watch?v=NbqIv43LKVU (0’00’’– 0’50’’)

• Birim Birim – N’gola Ritmos: https://www.youtube.com/watch?v=XsvrB5O2FAs (1’00’’ –1’35’’)

• Makezu – Martinho da Vila: https://www.youtube.com/watch?v=6zIiPcv7kj0 (0’55’’ –1’30’’) Poema de Viriato da Cruz, “Makezú”

• Makezu: noz de cola, comida de desjejum e também de cerimônias. Símbolo dehospitalidade, amizade, partilha, compreensão mútua, respeito etc.

• Sobre o N’gola Ritmos: http://www.afreaka.com.br/notas/ngola-ritmos-ritmo-e-da-palavra-se-fez-luta/

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AULA 5

Leitura de trechos: Polifonia

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Aquecimento: capítulo 2

• Qual o nome do capítulo 2 (A base)

• Quais os pontos mais importantes desse capítulo?

1. Base do MPLA localizada no Mayombe

2. 8 novos guerrilheiros (Vewê)

3. Rotina na base

4. Divergências entre as ideias do Comissário e do Comandante

5. Fome - Comandante André, responsável por enviar comida, não leva comida à base

6. Intrigas entre os guerrilheiros por ideologias diferentes e tribalismo (o que é tribalismo?)

7. André envia alimentos à base, mas Sem Medo fica incomodado

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9: Leitura e discussão do trecho 3 –polifonia “Aos grupos de quatro, prepararam o jantar: arroz com corned-beef. Terminaram a

refeição às seis da tarde, quando já o Sol desaparecera e a noite cobrira o Mayombe.

As árvores enormes, das quais pendiam cipós grossos como cabos, dançavam em

sombras com os movimentos das chamas. Só o fumo podia libertar-se do Mayombe e

subir, por entre as folhas e as lianas, dispersando-se rapidamente no alto, como águaprecipitada por cascata estreita que se espalha num lago.

Eu, O Narrador, Sou Teoria.

Nasci na Gabela, na terra do café. Da terra recebi a cor escura de café, vinda da mãe,

misturada ao branco defunto do meu pai, comerciante português. Trago em mim o

inconciliável e é este o meu motor. Num Universo de sim ou não, branco ou negro, eu

represento o talvez. Talvez é não, para quem quer ouvir sim e significa sim para quem

espera ouvir não. A culpa será minha se os homens exigem a pureza e recusam ascombinações?

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Sou eu que devo tornar-me em sim ou em não? Ou são os homens que devem aceitar o

talvez? Face a este problema capital, as pessoas dividem-se aos meus olhos em dois

grupos: os maniqueístas e os outros. É bom esclarecer que raros são os outros, o Mundoé geralmente maniqueísta.

O Comissário Político, alto e magro como Teoria, acercou-se dele.

— O Comando pensa que deves voltar ou esperar-nos aqui. Dentro de três dias

estaremos de volta. Ficará alguém contigo. Ou podes tentar regressar à Base aospoucos. Depende do teu estado.” (p. 4)

• A palavra é dada aos oprimidos, o domínio da narrativa é partilhada entre os

elementos combatentes. Representa a diversidade etnias e pensamentos dentro do

grupo MPLA e de Angola. Vemos o narrador onisciente dar lugar a uma daspersonagens; esta exprime seus pensamentos e seu ponto de vista e conta sua história.

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“Eu, o Narrador, Sou Milagre.

Nasci em Quibaxe, região kimbundo, como o Comissário e o Chefe de Operações, quesão dali próximo.

Bazukeiro, gosto de ver os camiões carregados de tropa serem travados pelo meu tirocerteiro. Penso que na vida não pode haver maior prazer.

A minha terra é rica em café, mas o meu pai sempre foi um pobre camponês. E eu só fiza Primeira Classe, o resto aprendi aqui, na Revolução. Era miado na altura de 1961. Maslembro-me ainda das cenas de crianças atiradas contra as árvores, de homensenterrados até ao pescoço, cabeça de fora, e o trator passando, cortando as cabeçascom a lâmina feita para abrir terra, para dar riqueza aos homens. Com que prazerdestruí há bocado o buldozer! Era parecido com aquele que arrancou a cabeça domeu pai. O buldozer não tem culpa, depende de quem o guia, é como a arma que seempunha. Mas eu não posso deixar de odiar os tratores, desculpem-me.

E agora o Lutamos fala aos trabalhadores. Talvez explique que os quis avisar antes, masque foi descoberto. E deixam-no falar! O Comandante não liga, ele não estava emAngola em 1961, ou, se estava, não sofreu nada. Estava em Luanda, devia serestudante, que sabe ele disso? E o Comissário? Nestas coisas o Comissário é um mole,ele pensa que é com boas palavras que se convence o povo de Cabinda, este povode traidores. Só o Chefe de Operações... Mas esse é o terceiro no Comando, não temforça.

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E eu fugi de Angola com a mãe. Era um miado. Fui para Kinshasa. Depois vim para o

MPLA, chamado pelo meu tio, que era dirigente. Na altura! Hoje não é, foi expulso. O

MPLA expulsa os melhores, só porque eles se não deixam dominar pelos kikongos que o

invadiram. Pobre MPLA! Só na Primeira Região ele ainda é o mesmo, o movimento de

vanguarda. E nós, os da Primeira Região, forçados a fazer a guerra aqui, numa região

alheia, onde não falam a nossa língua, onde o povo é contra-revolucionário, e nós quefazemos aqui? Pobre MPLA, longe da nossa Região, não pode dar nada!

Caminharam toda a tarde, subindo o Lombe. Pararam às cinco horas, para procurarem

lenha seca e prepararem o acampamento: às seis horas, no Mayombe, era noiteescura e não se poderia avançar.

A refeição foi comum: arroz com feijão e depois peixe, que Lutamos e um trabalhador

apanharam no Lombe. Os trabalhadores não tentavam fugir, se bem que mil ocasiões

se tivessem apresentado durante a marcha. Sobretudo quando Milagre caiu com a

bazuka e os guerrilheiros vieram ver o que se passara; alguns trabalhadores tinham

ficado isolados e sentaram-se, à espera dos combatentes, sem escaparem. Aconfiança provocava conversas animadas.” (p.19-20)

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Questões de vestibular

Questão 01 - FCL 2017 - Sobre o foco narrativo de Mayombe, de Pepetela, é correto afirmar que:

a. Assumido por vários narradores, cujas falas são organizadas por uma espécie de narrador titular,

o fio narrativo do romance é dividido e comungado pelos elementos que vivem as ações do

enredo.

b. A divisão do fio narrativo no romance, onde tudo convida à comunhão, constitui uma

necessária operação de fragmentação, disposta a marcar os dois lados antagônicos em questão:

o dos angolanos e o dos portugueses.

c. A marca do foco narrativo é a da democratização da voz, articulada ao peso dos monólogos

nos quais cada narrador está mergulhado e dos quais nunca consegue sair sem se transformar

radicalmente.

d. A fragmentação narrativa do romance é um sinal de que a autoridade, de que a palavra é

manifestação, não pode ser compartilhada e sim exercida de maneira unívoca.

e. O foco narrativo, que privilegia a constante interação dialógica entre os personagens,

configura-se em um universo à parte, independente do espaço onde se dão as ações do

romance.

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PUC-SP 2017 -

“Virou-se para Teoria. Este ainda não dormia. Sem Medo segredou-lhe:

— O que conta é a ação. Os problemas do Movimento resolvem-se, fazendo a ação armada. A

mobilização do povo de Cabinda faz-se desenvolvendo a ação. Os problemas pessoais resolvem-

se na ação. Não uma ação à toa, uma ação por si. Mas a ação revolucionária. O que interessa é

fazer a Revolução, mesmo que ela venha a ser traída.” Pepetela. Mayombe. São Paulo: Leya, 2013,

p. 237.

O trecho, extraído de um romance angolano, refere-se à luta do Movimento Popular de Libertação

de Angola (MPLA), na década de 1970, pela independência de Angola. Nessa obra de ficção,

aparecem diversos temas presentes nesse conflito. Entre eles,

a) a impossibilidade de saídas negociadas, as divergências entre os vários grupos que lutavam

contra a colonização portuguesa, o personalismo de algumas lideranças.

b) o apoio da comunidade internacional à independência angolana, a articulação da luta das

várias tribos, a preocupação dos portugueses com reformas políticas e sociais.

c) o temor do povo angolano face à ameaça de invasão estrangeira, o diálogo ininterrupto com

os representantes portugueses, o abandono da luta armada.

d) a aliança da guerrilha angolana com os fascistas portugueses, a ampla mobilização popular em

favor da emancipação política, a unidade dos grupos em luta.

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FCL 2017 - Sobre Mayombe, de Pepetela, é correto afirmar que:

a. O romance trata dos velhos fantasmas coloniais que se perpetuaram com a independência de

Angola e que sacudiram a frágil sustentação da utopia que mediara o empenho, fundindo ética e

estética no projeto literário do continente africano.

b. Em Mayombe o clima de diálogo predomina, mas as conversas são atravessadas pelos sinais da

incomunicabilidade. A incompreensão, a rivalidade, as intrigas manifestas ou tão somente

sugeridas fazem prever a irrealização dos propósitos que teriam levado à luta.

c. Palco de situações expressivas da atmosfera predominante naquele momento histórico, a

floresta labiríntica e traiçoeira funciona estrategicamente como uma alegoria do projeto de nação

imaginado e perseguido pelos militantes.

d. A língua em estilhaços, o ritmo desgovernado da memória, o entrecruzamento de referências

culturais, o aproveitamento possível de elementos identificados com a tradição integram a

estratégia do autor na escolha da floresta como espaço privilegiado do romance.

e. Politizado, o Mayombe é lugar de conflito e contradição, podendo ser visto como uma

representação de Luanda, a capital do país, onde a luta ia ganhando força e onde, em novembro

de 1975, se proclama a independência do país.

Fontes: https://g1.globo.com/educacao/noticia/fuvest-2017-divulga-o-gabarito-e-o-caderno-de-

provas-da-primeira-fase.ghtml

e https://casperlibero.edu.br/vestibular-para-graduacao/provas-e-gabaritos/comment-page-1/

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AULA 6

Leitura de trechos: O Mayombe

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Aquecimento: capítulo 3

• Qual o nome do capítulo 3 (Ondina)

• Quais os pontos mais importantes desse capítulo?

1. Noiva de Comissário, professora em Dolisie

2. Problemas no relacionamento

3. A falta de alimentos agrava os desentendimentos entre os guerrilheiros

4. Ondina trai o Comissário com André (problemas com o tribalismo)

5. André é enviado a Brazaville para ser julgado

6. Sem Medo ocupa o lugar de André

7. Sem Medo e Comissário brigam (por aquele não ajudar este a reatar com Ondina)

8. Ingratidão do Tuga foge da cadeia

9. Descobrem que os portugueses se instalaram no Pau Caído

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10: Leitura e discussão do trecho 5 –o Mayombe

• Fazer uma primeira leitura de trechos d’O Cortiço, de Aluísio Azevedo

“E durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando-

se de gente. E ao lado o Miranda assustava-se, inquieto com aquela exuberância

brutal de vida, aterrado defronte daquela floresta implacável que lhe crescia junto da

casa, por debaixo das janelas, e cujas raízes, piores e mais grossas do que serpentes,

minavam por toda a parte, ameaçando rebentar o chão em torno dela, rachando osolo e abalando tudo.” (Capítulo II)

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“Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a suainfinidade de portas e janelas alinhadas.

Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo.

Como que se sentiam ainda na indolência de neblina as derradeiras notas da última

guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e tenra da aurora, que nemum suspiro de saudade perdido em terra alheia.” (Capítulo III)

• (AZEVEDO, Aluísio. O cortiço, 1890. Disponível em:

<http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/cortico.pdf>. Acesso em: 15ago. 2019.)

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• Importância do espaço (Mayombe – antropomorfização)

“O Comissário avançou prudentemente, seguido dos seus homens. As folhas secas

estalavam sob as botas, mas os estalidos eram abafados pelo ruído da serra

devastando o Mayombe. Os guerrilheiros encavalitaram-se num enorme tronco caído.

Deixara de respirar, monstro decepado, e os ramos cortados juncavam o solo. Depois

de a serra lhe cortar o fluxo vital, os machados tinham vindo separar as pernas, os

braços, os pêlos; ali estava, lívido na sua pele branca, o gigante que antes travava o

vento e enviava desafios às nuvens. Imóvel mas digno. Na sua agonia, arrastara os

rebentos, os arbustos, as lianas, e o seu ronco de morte fizera tremer o Mayombe, fizeracalar os gorilas e os leopardos.” (p. 15)

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“O Mayombe tinha aceitado os golpes dos machados, que nele abriram uma clareira.Clareira invisível do alto, dos aviões que esquadrinhavam a mata, tentando localizar nelaa presença dos guerrilheiros. As casas tinham sido levantadas nessa clareira e as árvores,alegremente, formaram uma abóbada de ramos e folhas para as encobrir. Os pausserviram para as paredes. O capim do teto foi transportado de longe, de perto do Lombe.Um montículo foi lateralmente escavado e tornou-se forno para o pão. Os paus mortosdas paredes criaram raízes e agarraram-se à terra e as cabanas tornaram-se fortalezas. Eos homens, vestidos de verde, tornaram-se verdes como as folhas e castanhos como ostroncos colossais. A folhagem da abóbada não deixava penetrar o Sol e o capim nãocresceu em baixo, no terreiro limpo que ligava as casas. Ligava, não: separava comamarelo, pois a ligação era feita pelo verde.

Assim foi parida pelo Mayombe a base guerrilheira.

A comida faltava e a mata criou as «comunas», frutos secos, grandes amêndoas, cujocaroço era partido à faca e se comia natural ou assado. [...]. O Mayombe tinha criado ofruto, mas não se dignou mostrá-lo aos homens: encarregou os gorilas de o fazer, quedeixaram os caroços partidos perto da Base, misturados com as suas pegadas. E osguerrilheiros perceberam então que o deus-Mayombe lhes indicava assim que ali estava oseu tributo à coragem dos que o desafiavam: Zeus vergado a Prometeu, Zeuspreocupado com a salvaguarda de Prometeu, arrependido de o ter agrilhoado,enviando agora a águia, não para lhe furar o fígado, mas para o socorrer. (Terá sido Zeusque agrilhoou Prometeu, ou o contrário?)” (p. 42)

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• Antropomorfização ou personificação é uma figura de linguagem na qual se atribui

características humanas a entidades não-humanas, como animais, ou objetos

inanimados. No caso de Mayombe, há uma antropomorfização do próprio Mayombe,

a floresta, como pudemos ver no trecho que lemos. Assim como o cortiço de Aluízio

de Azevedo, o Mayombe se torna um dos personagens principais da história, agindo epossuindo sentimentos e pensamentos tipicamente humanos.

• No primeiro exemplo, vemos o Mayombe sofrer a violência do colonizador, que corta

suas árvores para vender. No segundo exemplo, podemos ver um Mayombe descrito

como um deus que inspira o medo mas oferece proteção aos guerrilheiros, pois

ambos estão do mesmo lado: contra o colonizador. Mayombe se faz reino da palavra

a partir dos diálogos que ocorrem dentro dele. A maior parte dos guerrilheiros são da

cidade; ao entrarem no Mayombe, começam a refletir sobre si mesmo e sobre aprópria luta pela libertação.

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• No segundo exemplo, vemos a transformação do Mayombe em um deus, Zeus, quedá abrigo e comida aos homens que lutam junto dele contra o inimigo (português)

• Prometeu: titã grego conhecido por sua inteligência, responsável por roubar o fogodos céus para dá-lo aos homens, desafiando Zeus, que o puniu pelo crime.

• Ogum: orixá da guerra, conhecido por forjar armas para a luta e para a agricultura.

Na umbanda e no candomblé, normalmente é recorrido para cortar a maldade feitapelos inimigos.

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Fonte: https://www.biodiversidade-angola.com/area/area-de-conservacao-transfronteirica-de-maiombe/

Fonte:

http://ww

w.angonot

icias.com/

Artigos/ite

m/42123/tr

es-paises-

envolvidos-

na-guerra-

pelo-mayombe

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Fonte:

https://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotoDirectLink-

g317073-i18570570-Pointe_Noire_Pointe_Noire_Department.html

Fonte:

https://www.tripadvisor.com/LocationPhotoDirectLink-

g317073-i18570575-Pointe_Noire_Pointe_Noire_Department.html

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Questões dissertativas para o vestibular(Fuvest - 2018) Leia o texto e responda ao que se pede.

– É por isso que faço confiança nos angolanos. São uns confusionistas, mas todos

esquecem as makas* e os rancores para salvar um companheiro em perigo. É esse o

mérito do Movimento, ter conseguido o milagre de começar a transformar os homens.

Mais uma geração e o angolano será um homem novo. O que é preciso é ação.Pepetela, Mayombe. ∗ “makas”: questões, conflitos.

a) A fala de Comandante Sem Medo alude a uma questão central do romance

Mayombe: um objetivo político a ser conquistado por meio do Movimento. Qual é esseobjetivo?

b) As “makas” e os “rancores” dos angolanos repercutem no modo como o romance énarrado? Explique.

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Resposta

a) O objetivo político é a libertação de Angola do colonialismo português, expondo,além disso, a questão étnica como desafio para a unidade nacional.

b) Sim, repercutem, seja pela exposição e defesa das individualidades e das

identidades, seja pelo uso da polifonia que mostra a ideologia de cada personagem,em um painel de múltiplas interações sociais ou políticas.

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Diálogo com a polifonia (aula passada)

(FUVEST - 2017) Leia o excerto de Mayombe, de Pepetela, no qual as personagens “dirigente” e

Comandante Sem Medo discutem o comportamento do combatente chamado Mundo Novo.

As indicações [d] e [C] identificam, respectivamente, as falas iniciais do “dirigente” e doComandante Sem Medo, que se alternam, no diálogo.

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[d] (...) A propósito do Mundo Novo: a que chamas tu ser dogmático?

[C] – Ser dogmático? Sabes tão bem como eu.

– Depende, as palavras são relativas. Sem Medo sorriu.

– Tens razão, as palavras são relativas. Ele é demasiado rígido na sua conceção da

disciplina, não vê as condições existentes, quer aplicar o esquema tal qual o aprendeu.

A isso eu chamo dogmático, penso que é a verdadeira aceção da palavra. A sua

verdade é absoluta e toda feita, recusa-se a pô-la em dúvida, mesmo que fosse para a

discutir e a reforçar em seguida, com os dados da prática. Como os católicos querecusam pôr em dúvida a existência de Deus, porque isso poderia perturbá-los.

– E tu, Sem Medo? As tuas ideias não são absolutas?

– Todo o homem tende para isso, sobretudo se teve uma educação religiosa. Muitas

vezes tenho de fazer um esforço para evitar de engolir como verdade universalqualquer constatação particular.

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a) Que relação se estabelece, no excerto, entre a forma dialogal e as ideias expressaspelo Comandante Sem Medo?

b) No plano da narração de Mayombe, isto é, no seu modo de organizar e distribuir o

discurso narrativo, emprega-se algum recurso para evitar que o próprio romance,

considerado no seu conjunto, recaia no dogmatismo criticado no excerto? Expliqueresumidamente.

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Resposta

a) No fragmento apresentado, o diálogo é a forma de transmitir ensinamentos

proporcionando a alteridade e a troca de perspectivas entre as personagens. O

comandante, mais politizado, faz uso da conversa para expor seus pontos de vistaideológicos.

b) O narrador de Mayombe pulveriza-se em suas personagens para não cair no

proselitismo político. O processo de polifonia é uma forma de demonstrar que cada

personagem participa do processo narrativo e, de forma indireta, antecipa umaeventual estrutura democrática, de multiplicidade de pontos de vista.

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AULA 7

Leitura de trechos: Tribalismo

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Aquecimento: capítulo 4

• Qual o nome do capítulo 4 (A surucucu)

• Quais os pontos mais importantes desse capítulo?

1. Sem Medo começa a se envolver com Ondina

2. Vewê aparece dizendo que a base foi atacada pelos portugueses

3. Sem Medo, Chefe de Operações e voluntários retornam à base

4. Confusão: Teoria havia atirado em uma surucucu perto do rio

5. Sem Medo começa a planejar o ataque aos portugueses antes que descubram a base

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11: Leitura e discussão do trecho 4 –tribalismo“Eu, o Narrador, Sou Milagre, o Homem da Bazuka. [...]

Os intelectuais têm a mania de que somos nós, os camponeses, os tribalistas. Mas eles

também o são. O problema é que há tribalismo e tribalismo. Há o tribalismo justo,

porque se defende a tribo que merece. E há o tribalismo injusto, quando se quer impor a

tribo que não merece ter direitos. Foi o que Lenine quis dizer, quando falava de guerras

justas e injustas. É preciso sempre distinguir entre o tribalismo justo e o tribalismo injusto, e

não falar à toa. É verdade que todos os homens são iguais, todos devem ter os mesmos

direitos. Mas nem todos os homens estão ao mesmo nível; há uns que estão mais

avançados que outros. São os que estão mais avançados que devem governar os

outros, são eles que sabem. E como as tribos: as mais avançadas devem dirigir as outrase fazer com que estas avancem, até se poderem governar.

Mas, o que se vê agora aqui? São os mais atrasados que querem mandar. [...]” (p. 29)

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“Eu, O Narrador, Sou Muatiânvua.

Meu pai era um trabalhador bailundo da Diamang, minha mãe uma kimbando do Songo.

O meu pai morreu tuberculoso com o trabalho das minas, um ano depois de eu nascer.[...]

Onde eu nasci, havia homens de todas as línguas vivendo nas casas comuns e miseráveisda Companhia. Onde eu cresci, no Bairro Benfica, em Benguela, havia homens de todasas línguas, sofrendo as mesmas amarguras. O primeiro bando a que pertenci tinha mesmomeninos brancos, e tinha miúdos nascidos de pai umbundo, tchokue, kimbundo, fiote,kuanhama. [...]

Querem hoje que eu seja tribalista!

De que tribo?, pergunto eu. De que tribo, se eu sou de todas as tribos, não só de Angola,como de África? Não falo eu o swahili, não aprendi eu o haussa com um nigeriano? Qualé a minha língua, eu, que não dizia uma frase sem empregar palavras de línguasdiferentes? E agora, que utilizo para falar com os camaradas, para deles sercompreendido? O português. A que tribo angolana pertence a língua portuguesa?

Eu sou o que é posto de lado, porque não seguiu o sangue da mãe kimbando ou osangue do pai umbando. Também Sem Medo, também Teoria, também o Comissário, etantos outros mais.” (p. 80-81)

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• Devemos lembrar que os países da África são compostos por diversos grupos étnicos

que, ao terem tradições diferentes, têm formas de pensar diferentes. Por vários anos

antes do colonialismo, os grupos étnicos guerreavam entre si, muitos deles

alimentando uma rivalidade mortal entre si. O tribalismo trata-se dessa disputa entre

grupos étnicos e é uma das maiores barreiras para se vencer a guerra, pois causa

desunião entre os membros do próprio MPLA. O livro narra essa dificuldade, mostrando

como o Mayombe é capaz de unir esses grupos étnicos, guiando-os ao objetivocomum de libertar a Angola.

• No exemplo, Milagre apresenta um discurso tribalista, no qual acredita que o

comandante, por ser da tribo kikongo, é menos rígido em relação a Lutamos, de

mesma tribo, e mais rígido em relação a Ingratidão do Tuga, que é kimbando. Já

Muatiânvua, filho de pais de tribos diferentes, nascido nas casas da Companhia de

diamantes com crianças de diversas tribos e marinheiro que visitou diversos países e

aprendeu diversas línguas é destribalizado; ou seja, não se considera pertencente a

nenhuma tribo, mas sim, angolano. E é essa identidade nacional que o escritor buscaconstruir dentro das páginas de Mayombe.

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“Eu, O Narrador, Sou Lutamos.

Amanhã, no ataque, quantos naturais de Cabinda haverá? Um, eu mesmo. Um, nomeio de cinquenta. Como convencer os guerrilheiros de outras regiões que o meu povonão é só feito de traidores? Como os convencer que eu próprio não sou traidor?

As palavras a meia voz, as conversas interrompidas quando apareço, tudo isso mostraque desconfiam de mim. Só o Comandante não desconfia.

[...]

Estivemos sempre juntos, ele sabe que não trairei. Mas quantos são os que pensamcomo ele? Vai embora, foi dito que se vai embora para o Leste. Quem me defenderádos outros, quem terá a coragem de se opor ao tribalismo?

Terei de ser eu a impor-me, sendo mais corajoso que ninguém. E Nzambi sabe comotenho medo! Mas que será feito do meu povo se o único cabinda se portar mal?

Às vezes penso que os outros têm razão, que era preciso liquidar os cabindas. É nosmomentos de raiva. Mas o meu irmão, bem mobilizado, não seria capaz de lutar? Seria,sim, é só preciso que a luta avance.

Depois de amanhã, no combate, serei como o Sem Medo. O meu povo o exige.” (p.162-163)

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• Lutamos, que é de Cabinda, província de Angola conhecida pela grande produção

de petróleo, sofre discriminação por parte de seus companheiros de guerra, que são

tribalistas – ou seja, que julgam um indivíduo a partir de seu grupo étnico de origem.

Cabinda é malvista pelos outros grupos étnicos por ser local de grande exploração

dos colonizadores e por, durante o período de descolonização, promovendo uma

independência separada do resto da Angola, com um movimento separado dosmovimentos nacionalistas de MPLA, FNLA e UNITA.

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Fonte:

https://ciberduvidas.isct

e-

iul.pt/artigos/rubricas/lu

sofonias/sobre-a-

aprendizagem-das-

linguas-nacionais-em-angola/3032

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Proposta de discussão/atividade

• Hotel Rwanda (Hotel Ruanda) é um filme de 2004 dirigido por Terry George e estreladopor Don Cheadle, Nick Nolte, Joaquin Phoenix, Desmond Dube e Sophie Okonedo.

• A história se passa em Kigali, capital da Ruanda em 1994, no que ficou conhecido por

Genocídio de Ruanda. Paul Rusesabagina (Don Cheadle) é gerente do Hotel des Mille

Collines, propriedade da empresa belga "Sabena". Relata um período de aumento da

tensão entre a maioria hutu e a minoria tutsi, duas etnias de um mesmo povo queninguém sabe diferenciar uma da outra a não ser pelos documentos.

• Tudo começa quando o presidente de Ruanda morre em um atentado após assinar

um acordo de paz. Imediatamente os hutus entram em guerra aos tutsis, dando inícioa matança destes últimos.

• Passar para os alunos o trailer ou parte do filme

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Trailer: https://youtu.be/aUjawg5IZ4Q

Fonte:

https://www.cinetek

a.com/index.php?op=Movie&id=001683

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AULA 8

Sugestão de filme

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Aquecimento: capítulo 5

• Qual o nome do capítulo 5 (A amoreira)

• Quais os pontos mais importantes desse capítulo?

1. Mundo Novo é nomeado chefe em Dolisie

2. Sem Medo é informado de que vai ser transferido para o Leste

3. Comissário é encarregado de chefiar o ataque contra os Tugas localizado no PauCaído

4. Recebe notícia de que a base foi atacada pelos Tugas - mal-entendido

5. Grupo vai em direção ao Pau Caído

6. Lutamos e Sem Medo morrem ao tentar proteger o Comissário (sem tribalismo)

7. Epílogo: Comissário é enviado para o Leste no lugar de Sem Medo

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12: Atividade de fixação - sugestão 1

https://www1.folha.uol.com.br/ilu

strada/2019/10/o-brasil-hoje-

lembra-a-africa-pre-guerra-civil-

dizem-mia-couto-e-

agualusa.shtml

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12: Atividade de fixação - sugestão 1

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1. Separar os alunos em grupos que representaram diferentes personagens:a. Sem medo

b. Comissário

c. Teoria

d. Das Operações

e. Milagre

f. Mundo Novo

g. Ondina

h. Vewê

1. Cada grupo de cinco alunos deve olhar as seguintes postagens no Facebook e

pensar se o personagem o qual representa reagiria de que forma e como comentaria:

12: Atividade de fixação - sugestão 1

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https://veja.abril.com.br/mund

o/ernesto-araujo-justica-

social-e-clima-sao-pretextos-

para-a-ditadura/

12: Atividade de fixação - sugestão 1

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https://www.bbc.com/portuguese

/brasil-49777109

12: Atividade de fixação - sugestão 1

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https://noticias.uol.com.br/internaci

onal/ultimas-

noticias/2019/09/21/com-damares-

cupula-da-demografia-ataca-onu-

feminismo-e-homossexuais.htm

12: Atividade de fixação - sugestão 1

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https://revistagloborural.globo

.com/Noticias/Sustentabilidad

e/noticia/2019/09/audios-de-

whatsapp-revelam-

conversas-entre-suspeitos-

do-dia-do-fogo.html

12: Atividade de fixação - sugestão 1

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https://exame.abril.com.

br/brasil/assassinatos-de-

indigenas-crescem-227-

em-2018-mostra-relatorio/

12: Atividade de fixação - sugestão 1

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https://jornal.usp.br/ciencias/cienc

ias-humanas/com-aumento-do-

trabalho-informal-cresce-

desigualdade-de-renda-no-brasil/

12: Atividade de fixação - sugestão 1

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https://www1.folha.uol.com.br/mer

cado/2019/10/mais-ricos-

recebem-da-previdencia-seis-

vezes-mais-do-que-mais-pobres-diz-ibge.shtml?loggedpaywall#

12: Atividade de fixação - sugestão 1

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https://oglobo.globo.com/bra

sil/processo-encerrado-

bolsonaro-absolvido-em-

acusacao-de-discriminar-quilombolas-23723882

12: Atividade de fixação - sugestão 1

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12: Atividade de fixação - sugestão 2• Proposta: trabalhar a dualidade de vários elementos constituintes da obra e como o

autor as desconstrói

• Retomar o seguinte trecho do livro:

“Eu, O Narrador, Sou Teoria.

Nasci na Gabela, na terra do café. Da terra recebi a cor escura de café, vinda da mãe,

misturada ao branco defunto do meu pai, comerciante português. Trago em mim o

inconciliável e é este o meu motor. Num Universo de sim ou não, branco ou negro, eu

represento o talvez. Talvez é não, para quem quer ouvir sim e significa sim para quem

espera ouvir não. A culpa será minha se os homens exigem a pureza e recusam ascombinações?

Sou eu que devo tornar-me em sim ou em não? Ou são os homens que devem aceitar o

talvez? Face a este problema capital, as pessoas dividem-se aos meus olhos em dois

grupos: os maniqueístas e os outros. É bom esclarecer que raros são os outros, o Mundoé geralmente maniqueísta.” (p. 4)

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• Pedir que os alunos identifique uma das características da obra presente no trecho: o confronto de dois aspectos que se apresentam como contrários

Narrador Onisciente Personagem participante

Espaço Mayombe Dolisie

Floresta Cidade

Base Acampamento dos tugas

Personagens Classe intelectual Classe proletária

Povo MPLA

Kimbundo Kikongo

Politizados Despolitizados

12: Atividade de fixação - sugestão 2

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• Proposta: realizar atividades da fuvest e de outros vestibulares

(FUVEST - 2017 - Primeira fase - Adaptada) Observe a imagem e leia o texto, pararesponder às questões 14 e 15.

12: Atividade de fixação - sugestão 3

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O Comissário apertou-lhe mais a mão, querendo transmitir-lhe o sopro de vida. Mas a

vida de Sem Medo esvaía-se para o solo do Mayombe, misturando-se às folhas emdecomposição.

[...]

Mas o Comissário não ouviu o que o Comandante disse. Os lábios já mal se moviam.

A amoreira gigante à sua frente. O tronco destaca-se do sincretismo da mata, mas se

eu percorrer com os olhos o tronco para cima, a folhagem dele mistura-se à folhagem

geral e é de novo o sincretismo. Só o tronco se destaca, se individualiza. Tal é o

Mayombe, os gigantes só o são em parte, ao nível do tronco, o resto confunde-se na

massa. Tal o homem. As impressões visuais são menos nítidas e a mancha verde

predominante faz esbater progressivamente a claridade do tronco da amoreira

gigante. As manchas verdes são cada vez mais sobrepostas, mas, num sobressalto, otronco da amoreira ainda se afirma, debatendo-se. Tal é a vida.

[...]

Os olhos de Sem Medo ficaram abertos, contemplando o tronco já invisível do giganteque para sempre desaparecera no seu elemento verde.

12: Atividade de fixação - sugestão 3

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Considerando-se o excerto no contexto de Mayombe, os paralelos que nele são

estabelecidos entre aspectos da natureza e da vida humana podem ser interpretadoscomo uma

a) reflexão relacionada ao próprio Comandante Sem Medo e a seu dilema

característico entre a valorização do indivíduo e o engajamento em um projetoeminentemente coletivo.

b) caracterização flagrante da dificuldade de aceder ao plano do raciocínio abstrato,típica da atitude pragmática do militante revolucionário.

c) figuração da harmonia que reina no mundo natural, em contraste com as dissensõesque caracterizam as relações humanas, notadamente nas zonas urbanizadas.

d) representação do juízo do Comissário a respeito da manifesta incapacidade quetem o Comandante Sem Medo de ultrapassar o dogmatismo doutrinário.

e) crítica esclarecida à mentalidade animista - que tende a personificar os elementos

da natureza - e ao tribalismo, ainda muito difundidos entre os guerrilheiros doMovimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

12: Atividade de fixação - sugestão 3

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Consideradas no âmbito dos valores que são postos em jogo em Mayombe, as relações

entre a árvore e a floresta, tal como concebidas e expressas no excerto, ensejam a valorização de uma conduta que corresponde à da personagem

a) João Romão, de O cortiço, observadas as relações que estabelece com a comunidade dos encortiçados.

b) Jacinto, de A cidade e as serras, tendo em vista suas práticas de beneficência junto aos pobres de Paris.

c) Fabiano, de Vidas secas, na medida em que ele se integrava na comunidade dos sertanejos, seus iguais e vizinhos.

d) Pedro Bala, de Capitães da Areia, em especial ao completar sua trajetória de politização.

e) Augusto Matraga, do conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, de Sagarana, na sua fase inicial, quando era o valentão do lugar.

12: Atividade de fixação - sugestão 3

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(Cásper Líbero - 2017) Sobre Mayombe, de Pepetela, é correto afirmar que:

a. O romance trata dos velhos fantasmas coloniais que se perpetuaram com a independência de

Angola e que sacudiram a frágil sustentação da utopia que mediara o empenho, fundindo éticae estética no projeto literário do continente africano.

b. Em Mayombe o clima de diálogo predomina, mas as conversas são atravessadas pelos sinais

da incomunicabilidade. A incompreensão, a rivalidade, as intrigas manifestas ou tão somentesugeridas fazem prever a irrealização dos propósitos que teriam levado à luta.

c. Palco de situações expressivas da atmosfera predominante naquele momento histórico, a

floresta labiríntica e traiçoeira funciona estrategicamente como uma alegoria do projeto denação imaginado e perseguido pelos militantes.

d. A língua em estilhaços, o ritmo desgovernado da memória, o entrecruzamento de referências

culturais, o aproveitamento possível de elementos identificados com a tradição integram aestratégia do autor na escolha da floresta como espaço privilegiado do romance.

e. Politizado, o Mayombe é lugar de conflito e contradição, podendo ser visto como uma

representação de Luanda, a capital do país, onde a luta ia ganhando força e onde, emnovembro de 1975, se proclama a independência do país.

12: Atividade de fixação - sugestão 3

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(Cásper Líbero - 2017) Sobre o foco narrativo de Mayombe, de Pepetela, é correto afirmar que:

a. Assumido por vários narradores, cujas falas são organizadas por uma espécie de narrador

titular, o fio narrativo do romance é dividido e comungado pelos elementos que vivem as açõesdo enredo.

b. A divisão do fio narrativo no romance, onde tudo convida à comunhão, constitui uma

necessária operação de fragmentação, disposta a marcar os dois lados antagônicos emquestão: o dos angolanos e o dos portugueses.

c. A marca do foco narrativo é a da democratização da voz, articulada ao peso dos monólogos

nos quais cada narrador está mergulhado e dos quais nunca consegue sair sem se transformarradicalmente.

d. A fragmentação narrativa do romance é um sinal de que a autoridade, de que a palavra émanifestação, não pode ser compartilhada e sim exercida de maneira unívoca.

e. O foco narrativo, que privilegia a constante interação dialógica entre os personagens,

configura-se em um universo à parte, independente do espaço onde se dão as ações doromance.

12: Atividade de fixação - sugestão 3

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AULAS 9 E 10

Apresentações

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Apresentações da atividade final

• Apresentação dos seminários propostos na aula 3, em que os alunos deveriam

relacionar os temas tratados em Mayombe a problemas e acontecimentos atuais,citando trechos do livro em que esses temas aparecem ou se destacam.

• O estabelecimento dessa relação entre o livro e a atualidade pode ajudar os alunoscomo conhecimento prévio para vários assuntos que podem ser pedidos na redação.

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Sugestões de referências

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• FANON, F. Os condenados da terra. Editora: UFJF, 2006.

• MEMMI, A. Retrado do colonizado precedido pelo retrado do colonizador. Editora: Civilização brasileira, 2007.