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Universidade do MinhoInstituto de Letras e Ciências Humanas
Marta Moreiras da Silva
outubro de 2015
Oficina de Escrita Criativa: Como se conta uma história?
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Universidade do MinhoInstituto de Letras e Ciências Humanas
Marta Moreiras da Silva
outubro de 2015
Oficina de Escrita Criativa: Como se conta uma história?
Trabalho efetuado sob a orientação doProfessor Jaime José Becerra Costa
Projecto Mestrado em Mediação Cultural e Literária
Declaração
Marta Moreiras da Silva
[email protected] Tel. 937057303
CC:13945633 3ZZ4
Oficina de Escrita Criativa: Como se conta uma história?
Orientador:
Professor Jaime José Becerra Costa
Ano de conclusão: 2015
Mestrado em Mediação Cultural e Literária
É autorizada a reprodução integral deste trabalho apenas para efeitos de investigação,
mediante declaração escrita do interessado, que a tal se compromete.
Universidade do Minho,19 de Outubro de 2015
Assinatura: __________________________________________________________
iii
"É a escrever mal que se aprende a escrever bem."
Samuel Johnson
"O gosto pela escrita cresce à medida que se escreve."
Erasmo de Rotterdam
iv
Agradecimentos
Porque a realização deste projecto e deste relatório não teria sido possível sem a ajuda, o
apoio e a presença de diversas pessoas, que de uma maneira ou outra e por vezes mesmo sem o
saberem acabaram por contribuir para que este chega-se a bom porto. Neste sentido gostaria então
de agradecer:
À minha família, especialmente aos meus pais, á minha irmã, ao meu cunhado e aos meus
sobrinhos/afilhados por todo o apoio, compreensão, amor e carinho que sempre tiveram comigo.
À minha amiga Ana Isabel, por toda a amizade que nos une, por todo o encorajamento e por
nunca me deixar desistir, nem ir pelo caminho mais fácil.
Ao professor Jaime Costa que orientou o meu projecto, em primeiro lugar gostaria de
agradecer por ter despertado o “bichinho da escrita” que se encontrava adormecido dentro de mim e
em segundo lugar por toda a amabilidade e disponibilidade que sempre demostrou e porque sem a
sua ajuda, a realização deste projecto não seria possível.
Ao director do Agrupamento de Escolas Dr. Júlio Martins, o professor Joaquim Tomás, por
ter permitido a realização do meu projecto numa das escolas deste agrupamento e por toda a
colaboração que demostrou para comigo e com o meu trabalho.
Á professora Olga Teixeira da Escola Secundaria Dr. Júlio Martins, em primeiro lugar por
me ter dado a oportunidade de realizar este projeto com uma das suas turmas, cedendo gentilmente
as suas aulas. Em segundo lugar por toda a disponibilidade e amabilidade que sempre demostrou
para comigo, e por sempre ter estado presente e pronta a intervir quando era necessário.
Finalmente gostaria de agradecer aos vinte e quatro alunos da turma Voc2 por se terem
disposto imediatamente a colaborar comigo, ainda que por vezes com um pouco de preguiça, por
tudo o que estes me permitiram aprender com eles no tempo que passamos juntos, pelos sorrisos e
amabilidade que sempre demostraram e pela confiança que sempre me transmitiram.
A todos, o meu muito obrigado!
v
Oficina de Escrita Criativa: Como se conta uma história?
Resumo
Quando paramos por um segundo e abrimos os olhos para verdadeiramente vermos e
prestamos atenção ao que nos rodeia, deparamo-nos e somos confrontados com um mundo
altamente evoluído ao nível da tecnologia. É extramente raro quando olhamos em volta, não vermos
alguém que se faça acompanhar por um último modelo de novas tecnologias, acabando desta forma
as pessoas por se isolarem nos mundos que estas criam para si próprias.
No entanto, em vez de contribuir para um bem maior, esta evolução tecnológica apenas
serviu para nos afastar de coisas realmente importantes como a arte e a cultura, sendo que nos
nossos dias é preferível ficar sentado em frente ao computador a jogar os jogos banais da rede social
“Facebook”, do que assistir a uma peça de teatro, do que ir a um concerto de musica e sobre tudo
tornou-se preferível jogar estes jogos a ler um bom livro.
Desta forma os jovens foram perdendo o contacto com a literatura e sobretudo com a escrita.
A literatura e a escrita tornaram-se assim em algo desconhecido para as gerações mais novas, ambas
se transformaram em algo sem graça, incomodo, cansativo e desinteressante, a preguiça de escrever
tornou-se ainda mais viral do que um vídeo cómico no “Youtube”, dado que na mente dos jovens
surge a ideia não tão brilhante de “mas para que dar-me ao trabalho de estar a escrever e a contar
aos meus amigos as minhas histórias e aventuras, quando posso simplesmente postar uma “selfie”
ou outra fotografia qualquer que fala por si só?”.
Assim, o que é pretendido com a implementação deste projecto é exactamente contrariar esta
tendência da preguiça de escrever e despertar nos jovens o gosto genuíno pela arte de escrever
demostrando que esta possui algo de mágico, que esta pode ser algo bastante atractivo e que a
combinação das novas tecnologias com a arte de escrever pode muito bem abrir a porta para o reino
muito mais valioso da ausente comunicação interpessoal. Em suma, o objectivo do meu projecto era
criar nos jovens a necessidade pela sua expressão pessoal através do desprezado meio da escrita.
Esta é uma tarefa difícil pois não se trata apenas de recuperar uma habilidade perdida, mas sim, de
incutir nestes jovens a necessidade de utilizarem a escrita como uma ferramenta de comunicação.
O presente relatório será então constituído por três partes. Na primeira parte do presente
relatório será exposto o projecto pretendido e as bases em que este é sustentado.
Numa segunda parte, será então descrito o contexto no qual este projecto é inserido.
Já na terceira parte será realizada uma avaliação do projecto, onde serão descritos todos os
procedimentos efetuados durante a realização deste.
Para encerrar este relatório será ainda realizada uma conclusão, onde é feita uma reflecção
geral sobre o projeto, bem como uma reflecção acerca da minha prática pedagógica.
vi
Creative Writing Workshop: How to tell a story?
Abstract
If we should stop for a second and opened our eyes to truly see and pay attention to what
surrounds us, we would find ourselves confronted with a highly evolved world in technological
terms: we seldom look around without noticing someone who does not possess the latest hi-tech
device. It is precisely in this way that people isolate themselves from the world that they themselves
are helping to create.
This technological evolution instead of contributing to the much larger design of the
common good has only served to keep people apart from really important things like art and culture.
Nowadays it is preferable to sit by a computer and play the banal games of social networking than
watching a play, going to a music concert or, even better than that, reading a good book.
In this way young people loose contact with literature, with the written word and most
especially with writing. Literature and writing have become estranged from the younger
generations, both have turned out to be something unappealing, uncomfortable, laborious and
uninteresting. We have come to be confronted with what can be termed as an all pervading
“laziness about writing” which is even more viral than any of the videos in "Youtube.” Quite often
in young minds arises the “Why bother?” justification: “Why should I complicate things if I can
simply post a Selfie or any other photograph that speaks for itself?"
What was, therefore, intended with the implementation of this project was precisely to
reverse this trend of “laziness about writing” and awaken in young people a genuine love for the art
of writing showing that there is something magical about it, that it can be very attractive and that
the combination of new technologies with the art of writing may very well open the door to a new
realm of a more valuable interpersonal communication absent, to a great extent, from technological
device communication. In sum, the aim of my project was to create in young people the need for
personal expression by means of the much despised written word. It was a tough task; it was not
just about “recovering” a lost skill but, more precisely, about instilling a somewhat inexistent need
to use the written word as an inescapable communication tool.
This report is divided into three parts. The first part of this report will present the intended
project and the basis on which it is sustained.
The second part will describe the context in which this project is inserted.
In the third part, an evaluation of the project will be carried out, one which will describe and
assess all procedures carried out during its implementation.
At the end of this report we, and as a way to conclude, we will present a general reflection
on the project and a reflection will about my creative writing teaching practice.
vii
Índice
Agradecimentos……………………………………………………….………………….….Pág. iv
Resumo…………………………...…………………………………….………………………Pág. v
Abstract……………………………………...……………….…………………...……………Pág. vi
Introdução………………………………….…………...………………………………...……Pág. 10
1. Capítulo I – O projecto e as suas bases……... ………………….…………………….…….Pág.13
1.1. O Projecto…………………………….…………………………………………….….Pág.14
1.2. As bases do projecto……………………………...……………………….……………Pág.15
1.2.1. A Criatividade e a Escrita Criativa…………….……………………………….Pág.15
1.2.2. As Oficinas de Escrita Criativa…………………………………………………Pág.17
1.2.3. A Escrita Criativa em Portugal…………………………………………………Pág.19
2. Capítulo II – Contextualização do Projecto……………………...…………….….……….Pág.20
2.1. A Escola…...………………………………………………………………………….Pág.21
2.1.1. A História da Escola……….………………………………………………….Pág.21
2.1.2. A Presente Estrutura Física da Escola………….………………………………Pág.23
2.1.3. Recursos Humanos…………………………………………………………….Pág.23
2.1.4. Localização Geográfica; Meio social, económico, populacional e cultural onde se
encontra inserida………………………………………………...……………….Pág.23
2.1.5. Oferta Educativa………………………………………………….…………….Pág.24
2.1.6. Os alunos que frequentam esta escola.…………...…………………………….Pág.24
2.2. A Turma……………………………………….………………….………………….Pág.25
3. Capítulo III - Desenvolvimento e avaliação do projecto…………………………………... Pág.30
3.1. Planificação das intervenções………………………………………………………….Pág.31
3.2. Reflexão e avaliação sobre as intervenções realizadas……………………………….Pág.34
3.2.1. Aula 1………………………………………………………………………….Pág.34
3.2.2. Aula 2……………………………………………………………………….….Pág.36
3.2.3. Aula 3…………………………………………………………………………..Pág.37
viii
3.2.4. Aula 4………………………………………………………………………….Pág.39
3.2.5. Aula 5………………………………………………………………………….Pág.40
3.2.6. Aula 6………………………………………………………………………….Pág.41
3.2.7. Aula 7………………………………………………………………………….Pág.42
3.2.8. Aula 8………………………………………………………………………….Pág.44
3.2.9. Aula 9………………………………………………………………………….Pág.46
3.2.10. Aula 10……………………………………………………………………….Pág.47
3.3. Avaliação geral de todas as intervenções realizadas….…………………………...….Pág.48
Conclusão…………………………………………………………………….…………….….Pág.52
Referencias Bibliográficas …………………………………………………...…….…………. Pág.57
Anexos……………………………………………………….………….………………….….Pág.60
Anexo 1…………………………………………………………………………….…...Pág.60
Anexo 2……………………………………………………………………………...….Pág.64
Anexo 3………………………………………………………………….…………...…Pág.66
Anexo 4……………………………………………………………….……...…………Pág.76
Anexo 5……………………………………………………………….……...…………Pág.77
Anexo 6……………………………………………………………….……...…………Pág.79
Anexo 7……………………………………………………………….……...…………Pág.80
ix
Índice de Imagens
Imagem 1……………………………………...………………………………………….…….Pág.21
Imagem 2……………………………………………….………………………………………Pág.21
Imagem 3……………………………………………………………………………………….Pág.22
Índice de Gráficos
Gráfico 1 - Dados recolhidos no inquérito inicial…………………………………………...…Pág.27
Gráfico 2 - Dados recolhidos no inquérito inicial…………………………………………...…Pág.28
Gráfico 3 - Dados recolhidos no inquérito inicial…………………………………………..….Pág.29
Gráfico 4 - Dados recolhidos no inquérito final……………………….…………………….…Pág.49
Gráfico 5 - Dados recolhidos no inquérito final……………………….…………………….…Pág.50
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Introdução
O actual relatório que aqui começa a ser apresentado foi elaborado no âmbito da minha
obtenção do grau de Mestre no Mestrado em Mediação Cultural e Literária, tendo este como tema
“Oficina de Escrita Criativa: Como se conta uma história?”.
Este relatório possui então três finalidades principais: em primeiro lugar, este pretende
apresentar de uma forma mais concisa o projecto base que lhe deu origem, deixando para isso
saber que tipo de projecto iria ser realizado, quais as suas bases e os seus objectivos, e de que
forma este iria ser posto em prática. Em segundo lugar pretende, descrever o desenvolvimento e
progresso do projecto quando posto em prática, explicando o que foi feito para este ser realizado,
de que forma este foi posto em prática, quais os resultados obtidos com a sua realização e qual a
avaliação feita da sua implementação. Por último e em terceiro lugar, este relatório pretende
também tentar dar resposta a algumas questões frequentemente levantadas sobre as oficinas de
escrita criativa, questões tais como: “As Oficinas de Escrita Criativa criam escritores?” e “Em
que medida as Oficinas de Escrita Criativa ajudam realmente a desenvolver a escrita?”, entre
outras.
A realização do projecto que aqui é apresentado seria então dividida em duas partes: uma
parte prática, onde seria leccionada uma oficina de escrita criativa e uma parte teórica que visava
a redacção do presente relatório.
Para colocar em andamento a realização da parte prática, foi necessário começar por
procurar uma escola e uma turma que estivessem dispostas a colaborar com o meu projecto, dado
que a ideia fundamental deste seria leccionar uma oficina de escrita criativa para uma turma do
sétimo ano de escolaridade. Após encontrar uma escola e uma turma dispostas a colaborar
comigo, tratei de realizar uma planificação para as aulas que iriam ser leccionadas durante a
realização da oficina de escrita criativa. Uma vez pronta a planificação seria então iniciada a
leccionação da oficina. Durante a leccionação da oficina, tentei conhecer um pouco melhor os
alunos da turma na qual ocorreu a realização da mesma, através da implementação de um
inquérito inicial e de um diálogo com estes, que me permitiu ficar a saber um pouco mais sobre:
as suas origens, as suas ambições futuras, os seus gostos pessoais, a sua opinião em relação à
escola e ao ensino e, sobretudo, ficar a saber qual a sua opinião em relação à escrita. Para além
disto, durante a leccionação da oficina tive também em atenção a matéria que iria ser abordada
durante estas aulas, tentando que esta fosse acessível, interessante e cativante para os alunos,
dado que estes possuíam uma relação quase inexistente com a escrita, sendo que a maioria destes
não gostava sequer de escrever. Durante a leccionação da oficina tentei ainda utilizar também um
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método de abordagem que fosse cativante para os alunos, para tal decidi dividir as aulas em duas
partes: uma parte teórica que consistia na abordagem da matéria pretendida e uma parte prática
que consistia na realização de exercícios por parte dos alunos e na leitura dos mesmos em voz
alta perante toda a turma. Para além da divisão das aulas em duas partes, tentei também utilizar
durante estas outros métodos que fossem de encontro aos gostos dos alunos, como por exemplo: o
estabelecimento de diálogo com estes durante a abordagem da matéria, para que assim pudessem
ter um papel mais participativo na aula; o acompanhamento da matéria leccionada através de um
PowerPoint e a implementação de actividades mais práticas como a realização de jogos e de
exercícios cuja base de inspiração eram imagens previamente seleccionadas e que iam de
encontro ao tema que estava a ser abordado.
No entanto, para a realização da parte teórica deste projecto foi necessário proceder em
primeiro lugar a um trabalho de investigação, que permitisse recolher mais informações e
aprender um pouco mais sobre tema aqui abordado, e em seguida á redacção deste. O trabalho de
investigação desenvolvido consistiu então numa pesquisa feita através da internet, em livros e em
enciclopédias, de conceitos de extrema importância para o trabalho aqui desenvolvido, conceitos
tais como: escrita criativa e oficinas de escrita criativa, que por sua vez também serão bastante
abordados ao longo do presente relatório.
Para facilitar a sua compreensão este relatório encontra-se dividido em três capítulos,
sendo que o primeiro de carácter mais teórico é composto por dois itens, e neste é essencialmente
abordado o projecto e as suas bases. No segundo capítulo é feita uma contextualização do
projecto, enquanto que o terceiro centrar-se-á maioritariamente na avaliação realizada do mesmo.
Deste modo o primeiro capítulo que aborda fundamentalmente o projecto e as suas bases,
encontra-se então dividido em dois itens: O Projecto e As bases do projecto. No primeiro item, O
Projecto, é feita uma descrição, onde é explicado que projecto é este, de onde surgiu a ideia para
a sua realização, quais os seus objectivos, etc. Por sua vez no item, As bases do projecto, são
tratados tópicos como: a criatividade e escrita criativa, as oficinas de escrita criativa e a escrita
criativa em Portugal, numa tentativa de lançar alguma clarificação sobre as bases do projecto que
originou este relatório.
Durante o segundo capítulo é efectuada a contextualização do projecto, sendo este
capítulo dividido em dois itens: A Escola e A Turma. O item, A Escola, apresenta a
caracterização da instituição onde decorreu a parte prática deste. Neste item são então abordados
os seguintes tópicos: a história da escola, a presente estrutura física desta; a sua localização
geográfica e o meio socioeconómico, populacional e cultural em que se encontra inserida, os
recursos humanos de que dispõe, a sua oferta educativa e uma breve descrição dos alunos que a
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frequentam. Por outro lado, o item, A Turma, pretende dar a conhecer os alunos da turma onde o
projecto de escrita criativa foi implementado e para tal serão abordados tópicos como: a turma em
que foi implementado o projecto, qual a disciplina em que ocorreu essa implementação, por
quantos alunos era constituída a turma, uma descrição desses alunos e a relação destes alunos
com a escrita.
No que diz respeito ao terceiro capítulo, este é dividido em três itens: A Planificação da
Oficina de Escrita Criativa, onde é essencialmente demostrada a planificação das intervenções
que ocorreram; o item Descrição, Reflexão e Avaliação das Intervenções Realizadas, onde é
relatado o que foi realizado durante cada uma das intervenções realizadas e onde é efectuada uma
avaliação individual das mesmas. No último item desde capítulo é realizada uma avaliação geral
do projecto.
Por fim, durante a conclusão será efectuada uma análise do percurso trilhado durante todo
o projecto, reflectindo então sobre o projecto em si e reflectindo em especial sobre a contribuição
que este projecto teve para o meu desenvolvimento tanto pessoal como profissional. A reflexão
do projecto consistirá na reflexão: das principais dificuldades sentidas, dos objectivos deste
projecto, isto é, se este foram atingidos ou não; que competências os alunos adquiriram com a
realização deste; o que esta experiencia lhes permitiu aprender e que conclusões, esta me permitiu
retirar, tentando aqui também providenciar respostas às questões colocadas acerca das oficinas de
escrita criativa.
Neste relatório, é ainda apresentada no final a bibliografia que foi consultada durante o
trabalho de pesquisa e investigação, bem como os anexos que serão referidos ao longo deste
relatório.
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1. Capítulo I – O projecto e as suas bases
O desenvolvimento de um projecto é sempre um trabalho árduo e por vezes assustador devido
á enorme quantidade de elementos que este envolve.
Para que um projecto seja bem-sucedido, é necessário ter em consideração dois aspectos
muito importantes aquando do seu desenvolvido. Em primeiro lugar é necessário saber e ter a
certeza do tipo de projecto que se pretende desenvolver, ou seja, é importante que quando
pretendemos desenvolver um projecto, este se concentre apenas num determinado assunto, para
que quando este for apresentado, seja facilmente demostrando e com bastante clareza o que é
pretendido com a sua realização. Em segundo lugar ter a certeza das bases em que esse projecto
irá ser assente.
Neste primeiro capítulo irei então falar um pouco do projecto que culminou no presente
relatório e das suas bases. Este capítulo será desta forma, dividido em dois pontos: “O projecto” e
“As bases do projecto”.
No primeiro ponto, O Projecto, será explicado qual o tipo de projecto que aqui está a ser
desenvolvido e em que consiste, de onde surgiu a ideia para a sua realização, quais os objectivos
deste projecto, etc.
Por sua vez, no segundo ponto, As bases do projecto, será especificado quais as bases deste
projecto, que serão: a criatividade e a escrita criativa, as oficinas de escrita criativa, e a escrita
criativa em Portugal. Assim, ainda dentro deste ponto e tendo em conta cada uma destas bases,
serão também abordados tópicos como: O que é a criatividade e qual a sua origem, o que é a
escrita criativa e qual a sua origem, como se desenvolveu, como decorrem as oficinas de escrita
criativa, os principais locais onde decorrem, quais os principais temas que abordam e qual a sua
pertinência. Por fim, no final deste capítulo será abordado o papel da escrita criativa em Portugal.
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1.1. O Projecto
Para que pudesse ficar claro qual o tipo de projecto que por mim foi desenvolvido e que
deu origem a este relatório, pareceu-me apropriado iniciar este relatório fazendo uma descrição
deste, explicando desta forma que tipo de projecto é este, em que consiste, como surgiu a ideia
para a sua realização e o que era pretendido alcançar com este.
O projecto por mim desenvolvido consistia então, na realização de uma Oficina de Escrita
Criativa, que se destinaria a todos os jovens alunos do sétimo ano de escolaridade que possuíssem
um interesse pela arte de escrever. Esta oficina contaria com um máximo de quinze sessões
(podendo no entanto ser realizadas menos sessões) e durante a sua realização eu iria então ensinar
a esses alunos, algumas técnicas para que estes pudessem desenvolver a sua escrita e evoluírem
enquanto possíveis futuros escritores.
A ideia para este projecto surgiu após assistir às aulas da cadeira de Narratologia e Escrita
Criativa do Mestrado de Mediação Cultural e Literária, dado que com estas aprendi que a escrita
é algo que pode ser ensinado. Uma vez que,
“Muita gente gosta de escrever, mas tem certas dificuldades. Ora, “escrever” é algo que pode
ser ensinado e aprendido. Ninguém nasce escritor, pois a escrita é uma técnica, uma tecnologia que se
adquire, indirectamente, por intermédio da leitura, e, directamente, pelo treinamento constante.” (Lutz:
2015).
Assim dei comigo própria a pensar “ porque não aliar o meu gosto pela escrita e pela
literatura ao que tinha aprendido durante as aulas daquela cadeira, e transmitir esse conhecimento
a alunos que tenham a mesma paixão pela escrita que eu.”
Contudo existiu ainda outro factor que me levou a querer realizar este projecto, e esse factor foi a
pertinência do projecto em si, pois a realização deste poderia ajudar a:
Despertar o interesse dos jovens pela escrita e pela literatura, levando-os a nutrir um
maior apreço pelas artes em vez de se deixarem fascinar tanto pelas tecnologias;
Desenvolver a criatividade e a originalidade destes;
Que os jovens percebessem que a escrita não tem que ser algo “aborrecido” e que as
novas tecnologias e as redes sociais poderiam ser úteis neste campo;
Que os jovens criassem uma melhor interacção com outras pessoas, pois a escrita pode ser
uma forma de expressão;
Detectar problemas, pelos quais os jovens poderiam estar a passar, quer dentro meio
escolar, quer dentro do seio familiar, uma vez que a escrita possui sempre um lado
pessoal.
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Desta forma, com a realização deste projecto pretendia ajudar os jovens que nele
participassem, a desenvolverem a sua escrita, bem como a sua criatividade e originalidade;
pretendia que estes passassem a dar mais valor à cultura e às artes em vez da tecnologia; mas
sobretudo pretendia que estes começassem a apreciar e arte de escrever e que cultivassem um
gosto genuíno por esta.
1.2. As bases do projecto
1.2.1. A Criatividade e a Escrita Criativa
Após a breve apresentação do meu projecto e para que este possa ser compreendido na
integra, torna-se agora necessário que entendamos as suas bases. Dado que, este consiste na
realização de uma Oficina de Escrita Criativa, é importante que percebamos o que é então esta
coisa de escrita criativa, o que são e em que consistem as suas oficinas, e a forma como esta é
vista no nosso país.
Para que possamos falar de escrita criativa é pertinente que primeiramente seja
apresentada uma definição de criatividade, ou seja, é importante que seja explicado o que é a
criatividade. No que diz respeito a este assunto, várias foram as definições apresentadas para este
termo ao longo dos tempos. Enquanto em 1952 Ghiselin, defendia que a criatividade era “o
processo de mudança, de desenvolvimento, de evolução na organização da vida subjectiva"
(V.A: 2015 apud Ghiselin: 1952), em 1965 Torrance apresentava uma nova definição para o
termo, na qual a criatividade era vista como “o processo de tornar-se sensível a problemas,
deficiências, lacunas no conhecimento, desarmonia; identificar a dificuldade, buscar soluções,
formulando hipóteses a respeito das deficiências; testar e retestar estas hipóteses; e, finalmente,
comunicar os resultados” (V.A: 2015 apud Torrance: 1965). Já em 1974 Stein renova o conceito
e defende que a criatividade é “o processo que resulta em um produto novo, que é aceite como
útil, e/ou satisfatório por um número significativo de pessoas em algum ponto no tempo” (V.A:
2015 apud Stein:1974).
Para além destas, mais definições vão sendo apresentadas ao longo dos tempos, contudo
para que possamos compreender este projecto vamos apenas considerar de uma forma mais
simples a criatividade como a “ Faculdade ou atributo de quem ou do que é criativo; capacidade
de criar coisas novas; espirito inventivo (…) ” (V.A: 1981. 256).
Apesar de tudo, acontece frequentemente, confundirmos criatividade com inovação. De
forma a evitar tal confusão os autores Duaibili e Simonsen Jr. realizaram uma distinção entre
estes termos. Segundo estes a criatividade é algo que se manifesta na mente de alguém sob a
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forma de uma ideia, ao passo que a inovação é algo que é criado em conjunto por um grupo de
pessoas e que culmina numa alteração de percepção a respeito de algo. Embora criatividade e
inovação sejam coisas distintas, estas não coexistem uma sem a outra, uma vez que para se inovar
em algo é necessário possuir uma ideia criativa para tal, pois de outra forma essa inovação não
passaria apenas de uma invenção.
Quanto à origem da criatividade, uma vez que o ser humano, demostra uma necessidade
de se expressar desde o início da sua existência, acredita-se que os primeiros actos de criatividade
tenham surgido durante a era do paleolítico, com as pinturas rupestres que podiam ser observadas
em determinados locais. Mais tarde, durante o período Helenístico na civilização Grega, a
criatividade era vista como um dom divino concedido pelos deuses, e era assim considerada única
e exclusivamente ao nível das artes.
Com o acontecimento da 2ª Guerra Mundial e da revolução tecnológica, a criatividade
começou a ser considerada como a capacidade de encontrar e apresentar soluções para os
problemas que surgiam no quotidiano. Por sua vez durante o século XX a criatividade
transformou-se em sinónimo de loucura e doenças mentais, dado que era considerado que as
pessoas criativas apresentavam um “comportamento” estranho e nada normal.
Agora nos nossos dias, a criatividade é considerada um acto perfeitamente normal, que se
manifesta em qualquer ser humano, pois todos nós somos criativos. Assim, a criatividade é algo
que pode surgir tanto ao nível do humor, como ao nível da investigação e do desenvolvimento ou
ainda ao nível da arte e da cultura, no qual se encontra inserida a escrita
Após compreendermos o que é a criatividade, perguntamo-nos agora então o que é a
escrita criativa.
Quando falamos em Escrita Criativa, na maioria das vezes vem-nos à ideia todos aqueles
livros antigos de capa grossa e empoeirados com que já nos deparamos.
Contudo o termo Escrita Criativa é mais ambíguo do que isso, este termo pode ser
utilizado para nos referirmos a duas coisas completamente distintas. Uma vez que a escrita é
nada mais nada menos que a “representação do pensamento em caracteres convencionais. (…)
” (V.A: 1981. 337), o termo Escrita Criativa pode então ser utilizado para nos referirmos a:
a. A todos os textos literários que foram produzidos até aos nossos tempo e que nos
podem ser apresentados sobre a forma de: novelas, romances, contos, poemas, textos
dramáticos etc., ou seja, neste primeiro sentido, o termo Escrita Criativa serve para nos
referirmos a todos os textos que tiveram como ponto de partida a criatividade do seu
autor.
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b. Ou a um conjunto de técnicas, susceptível de ser aprendido, que auxilia no
desenvolvimento e no melhoramento da escrita de cada indivíduo.
Apesar desta dupla ambiguidade, o presente relatório concentrar-se-á apenas na escrita
criativa enquanto grupo de técnicas que podem ser instruídas.
De um modo geral, quanto á sua história, embora possa parecer que a escrita criativa é
algo relativamente recente, acredita-se que esta possivelmente tenha surgido na antiguidade
clássica com jogos de escrita como: criptogramas, caligramas e anagramas.
Mais tarde já durante o século XIX (1880), a escrita criativa começa a ser integrada como
disciplina na universidade de Harvard College, com Paul Engle. Esta torna-se ainda mais popular
depois da 2ª Guerra Mundial, passando dos Estados Unidos para o Reino Unido e posteriormente
para a França.
Com a chegada do século XX, a escrita criativa deixou de ser vista apenas como a
produção literária (livros que haviam sido escritos e passou a ser vista também como uma forma
de desenvolvimento da escrita, desta forma, as universidades começaram a criar e a apostar em
laboratórios de escrita criativa, nos quais um orientador ensinava os alunos a desenvolverem a
sua escrita.
Na actualidade a escrita criativa tem vindo cada vez mais a firmar o seu próprio espaço e a
sua própria posição dentro do meio dos estudos literários.
1.2.2. As oficinas de escrita criativa
É então quando a escrita criativa passa a ser considerada como uma disciplina de estudo, que
começam a surgir as oficinas de escrita criativa, porém Rui Zink, crê que estas tiveram o seu
aparecimento no exacto momento em que começou a emergir a escrita literária com Homero.
As oficinas de escrita criativa podem então ser definidas como: “ (…) um espaço de partilha,
debate, dúvida metódica e peregrinação, onde se procura tornar cada vez mais cristalino e único
o olhar e o pensamento de cada um.” (Contagiarte: s/d), Ou seja, estas são um espaço onde cada
pessoa tenta encontrar a sua própria “voz” (ou forma de expressão) através da escrita e da sua
partilha.
No passado estas oficinas decorriam em saraus literários, onde pequenos grupos de pessoas se
reuniam em redor de um mentor. Já nos tempos modernos e com a evolução da tecnologia, várias
destas oficinas podem ser encontradas online com um simples clique, sendo também a sua
ministração feita online, através da colocação de aulas em vídeo e do seu conteúdo programático,
que inclui exercícios a realizar, numa plataforma criada pelo próprio autor da oficina e à qual os
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participantes têm acesso após realizarem a sua inscrição. Contudo existe ainda quem prefira
ministrar estas oficinas de uma forma presencial.
Para além dos diferentes locais, podemos também encontrar uma grande variedade deste tipo
de oficinas. Podemos encontrar desde oficinas de nível mais básico, onde se aprende o essencial
para se começar a produzir um texto literário, como por exemplo: a estrutura que a narrativa deve
possuir, como criar personagens, como captar a atenção do leitor, etc; até oficinas de um nível
mais avançado, onde é ensinado por exemplo: a criação de crónicas, a obtenção do clímax, etc.
Mas com tanta variedade desta oficinas, o que é afinal pretendido por estas, a quando da sua
leccionação?
Uma oficina bem concebida não visa transmitir receitas, mas sim técnicas; não institui regras, mas
antes incentiva à experimentação; não promete êxito comercial, mas procura a qualidade, através da técnica, do trabalho árduo, da disciplina, da leitura de grandes obras do passado e presente; não se
restringe apenas a exercícios (…) mas antes procura um equilíbrio entre a ampla teoria da EC e a
prática. (Mancelos, 2010: 2).
Deste modo, as oficinas de escrita criativa não prometem um método mágico para que alguém
se transforme num escritor de renome. Estas pretendem sim o melhoramento da qualidade da
produção escrita, através da aprendizagem de algumas técnicas, da autodisciplina e de trabalho
intenso por parte de quem as frequenta.
Nestas oficinas, o “professor” “ (…) Cria juntamente com o aluno, um mapa da história a
escrever “que lhe mostre para onde quer ir e que lhe permite, mesmo que fique algum tempo sem
escrever, ter um plano ao qual voltar. (…) ”. (Moura: 2014)
Desta forma, estas oficinas são normalmente frequentadas por dois tipos indivíduos. Os que
pretendem aprender técnicas que lhes permitam desenvolver a sua escrita e que ao mesmo tempo
os ajudem a encontrar o seu próprio estilo, a sua própria forma de expressão. Estes indivíduos
acabam por ser na sua maioria aspirantes a escritor que possuem o desejo de escreverem o seu
primeiro livro. E por indivíduos que possuem um gosto genuíno pela escrita, e que apenas
pretendem descobrir a sua dinâmica. Porém estas não são destinadas a pessoas que apenas
pretendem escrever melhor e por escrever melhor entenda-se, melhorar a sua escrita ao nível da
gramática e da ortografia.
No entanto para além disto tudo, as Oficinas de Escrita Criativa foram também capazes de
levantar determinadas questões com o seu surgimento. Questões como: “Pode e deve a escrita
criativa ser ensinada?”, “Deve a escrita criativa ser institucionalizada?”, “ As oficinas de escrita
criativa formam escritores?” e “ Em que medida estas oficinas ajudam realmente a desenvolver a
escrita?”, que ainda hoje se encontram em debate.
19
1.2.3. A Escrita Criativa em Portugal
No que diz respeito a Portugal, a escrita criativa apenas chega ao nosso país no final da
década de 90, numa tentativa de se reforçarem determinadas aprendizagens e determinados
movimentos literários, como o movimento Surrealista. Esta acabou por ser Pré-institucionalizada
por Sena-Lino.
No presente e no nosso país a escrita criativa é leccionada como disciplina em algumas
universidades, mas é sobretudo através dos cursos de escrita que esta demostra a sua presença.
No nosso país, na actualidade, vários autores/ escritores como Pedro Sena-Lino leccionam
cursos de escrita criativa por conta própria, quer online quer presencialmente. Para além disto são
também inúmeros os blogs que podemos encontrar na internet sobre o tema.
Assim no meu ponto de vista, em Portugal a escrita criativa tornou-se algo mais virtual
em vez de institucional.
20
2. Capítulo II – Contextualização do projecto
Para que o este projecto conseguisse ser posto em prática, tornou-se necessário encontrar
um meio e um público-alvo onde este pudesse ser implementado, ou seja, encontrar um espaço
onde este pudesse ser realizado e pessoas que estivessem dispostas a colaborar com a sua
realização. Existiam então diferentes meios e diferentes públicos-alvo em que este projecto
poderia ser inserido: para alunos numa escola, para várias pessoas através da internet, ou para
várias pessoas através de intervenções presenciais. Uma vez que a internet já se encontra um
pouco sobrecarregada com projectos semelhantes e dado que nos dias que decorrem, a educação e
as escolas carecem cada vez mais de incentivos extracurriculares, ao nível da cultura e da
literatura para os alunos, pareceu-me então como melhor opção aplicar este projecto numa escola
e direccioná-lo para uma única turma.
Depois de ter tomado esta decisão apresentei então a proposta deste projecto numa das
escolas situadas em Chaves, com a qual eu já estava bastante familiarizada e da qual já possuía
um grande conhecimento, uma vez que já a havia frequentado durante o ensino secundário. A
minha proposta de projecto acabou então por ser aceite por esta escola, sendo posteriormente
apresentada aos docentes de Língua Portuguesa. Por entre os docentes a quem a proposta do meu
projecto foi apresentada, houve uma docente da disciplina de Língua Portuguesa que considerou a
minha proposta bastante interessante e que se demostrou-se imediatamente pronta a colaborar
com o meu projecto, disponibilizando então uma das suas turmas para que este pudesse ser
implementado, a turma Vocacional 2 (Voc2).
Assim, durante este segundo capítulo será realizada a contextualização do projecto em que se
encontra inserido o presente relatório. Esta contextualização será feita ao nível da Escola e da
Turma alvo em que este foi realizado.
Este capítulo será então dividido em dois pontos: A Escola e A Turma.
Ao longo do ponto, A Escola, serão abordados aspectos como: a história da escola; a
presente estrutura física desta; a sua localização geográfica e o meio socioeconómico,
populacional e cultural em que se encontra inserida, os recursos humanos de que dispõe, a sua
oferta educativa e por fim uma breve descrição dos alunos que a frequentam. No que diz respeito
ao ponto, A Turma, serão abordados os seguintes aspectos: a turma em que foi implementado o
projecto, qual a disciplina em que ocorreu essa implementação, por quantos alunos era
constituída a turma, ou seja, quantos rapazes e quantas raparigas existiam na turma e quais eram
as suas idades, uma descrição desses alunos e por fim será abordada a relação destes alunos com
a escrita.
21
2.1. A Escola
2.1.1. A História da Escola1
A realização da Oficina
de Escrita Criativa que é base
de todo este projecto, ocorreu
numa das escolas secundárias
localizadas na cidade de
Chaves, no distrito de Vila
Real em Trás-os-Montes. No
que diz respeito a um contexto
histórico, deve ser frisado que
esta escola conta já com uma
longa historia, uma história de
mais de 120 anos. A escola foi inicialmente inaugurada como Escola de Desenho Industrial a 14
de Março de 1889, passando a Escola Industrial em Outubro do mesmo ano. Esta era uma escola
destinada a todos alunos que possuíssem interesse num ensino mais apropriado às indústrias
existentes na vila naquela época, contudo com a
reorganização do ensino industrial e comercial,
esta acaba por ser excluída.
Depois de trinta anos, em 1919 acabou por
ser reconhecido em decreto pelo Ministério do
Comércio a existência de falta de escolas
industriais na cidade de Chaves, assim esta volta a
ser reaberta e entre as pessoas que haviam
assinado o decreto encontrava-se o Ministro do
Comércio que na época era o Dr. Júlio do
Patrocínio Martins, ou simplesmente Dr. Júlio
Martins como era frequentemente conhecido e que
acabaria por se tornar o patrono desta escola
dando-lhe o seu nome, passando esta a chamar-se
Escola Industrial de Júlio Martins. Como esta
1 Todas as imagens utilizadas neste tópico foram retiradas da página de Facebook oficial da escola onde decorreu o projecto e estão disponíveis para consulta no seguinte endereço: https://www.facebook.com/Escola-Secund%C3%A1ria-Dr-Julio-Martins-256634437688469/
Imagem 1: Escola onde foi implementado o meu projecto na década de 60
Imagem 2: Casas da Rua Direita onde decorria a aula comercial
22
escola não possuía instalações adequadas, no ano lectivo de 1919/1920 a sua Aula Comercial era
ministrada em casas situadas próximas ao Senhor do Calvário e na Rua Direita, funcionando a
sua secretaria no Liceu Nacional de Chaves. Os primeiros cursos a serem ministrados nesta
escola foram os cursos de Serralharia Mecânica e Carpintaria Civil. Em 1922 é aberto o curso de
Trabalhos Femininos permitindo assim a alunos do sexo feminino frequentarem aquela escola.
Mais tarde em 1924 surge o curso Comercial, o que leva a uma nova alteração nome da
escola para a então Escola Industrial e
Comercial de Júlio Martins. Haviam
sido conseguidas entretanto as novas
instalações tão desejadas para a escola,
esta situava-se agora na Rua D. Luís,
estas instalações eram então situadas no
mesmo prédio que em 1889 tinha
albergado a primeira Escola de Desenho
Industrial e ai acabou por permanecer
até 1961.
Em 1948 devido à reforma no
ensino técnico, foram implementados
novos cursos na então nomeada Escola Industrial e Comercial de Chaves. O ensino era então
dividido em três vertentes nesta escola. Dividia-se em: Ciclo Preparatório, Cursos
Complementares de Aprendizagem e Cursos de Formação. Dos Cursos Complementares de
Aprendizagem fazia parte o curso de comércio, sendo mais tarde em 1975 acrescentado o curso
de electricista. Por sua vez os Cursos de Formação englobavam em si cursos como: Serralheiro,
Carpinteiro-marceneiro e Costura e Bordados. Esta escola fazia assim parte de um movimento
que acreditava que as matérias de cultura-geral, científicas, literárias e cívicas, não eram
necessárias nem importavam para o ensino técnico. Em 1978 a escola volta a ter o nome do seu
patrono original, Dr. Júlio Martins e vai investindo mais na formação não profissional com a
implementação do 7º e 9º ano de escolaridade e mais tarde com a implementação do ensino
secundário, contudo continuou a manter alguns cursos profissionais.
Devido á parte técnica que tão importante foi para esta escola, os alunos que a
frequentavam apelidaram-na de “A Técnica” e ainda hoje esse apelido é mantido por entre os
seus alunos.
Imagem 3: Aula do curso de Serrilharia Mecânica
23
2.1.2. A presente estrutura física da escola
Esta escola sofreu uma nova remodelação em 2011 no âmbito do Programa de
Modernização das Escolas do Ensino Secundário, ficando esta a cargo do Arq. Nuno Brandão
Costa. Esta remodelação permitiu assim um melhoramento e uma actualização das suas
instalações. Actualmente esta escola tem a capacidade de albergar quarenta e uma turmas, possui
várias salas de aula, uma biblioteca (bastante bem equipada quer ao nível de livros disponíveis
para consulta, quer a nível de computadores), dois laboratórios científicos com uma quantidade
razoável de material disponível, um bar para os alunos, uma cantina escolar, dois ginásios (um
maior e outro menor), dois campos de futebol/basquete/voleibol, duas salas de informática,
secretaria própria, uma sala dos professores, três oficinas e um bom espaço de recreio para os
alunos. Ao nível das salas de aula, estas encontram-se todas equipadas por um computador com
constante acesso à internet e por um retroprojector, bem como por um quadro, que em
determinadas salas é interactivo.
2.1.3. Recursos Humanos
De acordo com os dados apresentados no relatório da última avaliação externa realizada a
esta escola pela inspecção-geral da educação em 2008, pode ser afirmado que ao nível dos
recursos humanos esta escola conta um total de 139 pessoas empregadas. Das 139 pessoas que
trabalham nesta escola 96 fazem parte do corpo docente e 43 pessoas são funcionários não
docentes.
Entre as 96 pessoas que constituem o corpo docente 82 encontram-se no Quadro da
Escola, 3 no Quadro de Zona Pedagógica e 11 em regime de contratação. Dos 43 funcionários
não docentes, 27 faziam parte do Quadro da Função Publica, 11 permaneciam em regime de
contrato de trabalho e as restantes cinco pessoas em regime de contrato a tremo.
2.1.4. Localização Geográfica, Meio social, económico, populacional e cultural onde se
encontra inserida
Em termos de localização geográfica e dos meios social, económico, populacional e
cultural, a cidade onde a instituição em que o meu projecto foi realizado se encontra localizada, é
por si só possuidora de uma enorme e longa riqueza histórica e cultural, que conta já com mais de
dois milénios, surgindo com o império romano.
A escola onde se realizou o meu projecto encontra-se então situada na actual avenida 5 de
Outubro. A nível socioeconómico as proximidades do local onde a escola se encontra localizada,
24
subsistem essencialmente do comércio tradicional, ou seja, é comum quando se percorre as
redondezas da escola encontrar sobretudo pequenas lojas de comércio tradicional e pequenos
cafés. É também nas proximidades da escola onde se encontra a maior densidade populacional,
uma vez, que foram construídas muito recentemente bastantes habitações completamente novas,
sendo estas habitações essencialmente prédios. Como estas habitações se encontram
extremamente próximas do centro da cidade, acabam por possibilitar uma deslocação mais fácil
às pessoas que nelas habitam para os seus locais de trabalho, esta torna-se assim uma área de
preferência para habitar.
A nível cultural a escola encontra-se próxima de alguns dos principais monumentos
históricos da cidade, como por exemplo: dos fortes S. Francisco e S. Neutel, da Ponte Romana,
etc. Para além destes, esta escola encontra-se também próxima do novo Museu Nadir Afonso, que
contará com a sua inauguração brevemente, e também da Biblioteca Municipal.
Além disto esta escola encontra-se ainda perto de vários espaços de lazer como, jardins e
do rio Tâmega, onde se pode desfrutar das suas margens.
2.1.5. Oferta educativa
Ao nível da oferta formativa, esta escola oferece uma vasta oferta, que se estende desde o
3º Ciclo do Ensino Básico até ao Ensino Secundário Regular, bem como um Ensino Secundário
Profissional, direccionado para os alunos que não pretendem seguir o ensino superior
futuramente, mas sim uma especialização profissional e ingressar no mercado de trabalho logo
após terminar o 12º ano.
A pensar nos alunos com necessidades educativas especiais, esta instituição proporciona
ainda a leccionação do Ensino Especial, onde estes alunos com a ajuda de profissionais
especializados tentam ao máximo ser integrados num ambiente escolar o mais normal possível.
Para além da vasta oferta educativa, esta escola encontra-se ainda comprometida com
projectos como: O Plano de Acção da Matemática; Plano Nacional de Leitura; Jornal "Ponto
Final Parágrafo"; Desporto Escolar; Segurança e Protecção Civil; Educação para a Saúde; Plano
Tecnológico e Estágios curriculares em Empresas da Região para os alunos do ensino secundário
profissional.
2.1.6. Os alunos que a frequentam esta escola
No que diz respeito aos alunos que a frequentam, esta escola é frequentada por um enorme
número de alunos. Actualmente esta escola encontra-se aberta e é destinada a alunos quer do sexo
25
masculino, quer do sexo feminino, que se encontrem interessados em ingressar seja num ensino
profissional ou num ensino regular que lhes permita mais tarde prosseguir no ensino superior.
Os alunos que no presente frequentam esta, provêm de diferentes classes e meios sociais,
sendo que a maioria destes alunos advêm do meio rural, sendo originários das aldeias situadas
nos arredores da cidade e dos seus concelhos vizinhos, como é o caso de Boticas e Montalegre.
Contudo a classe social e o meio a que os alunos pertencem não dita em muitos casos a cultura e
a motivação que estes possuem.
Por entre os alunos menos favorecidos, maioria destes dispõe de uma ajuda financeira o
denominado “Escalão”, que lhes permite a compra de material escolar, acesso gratuito a
transporte e a alimentação durante o período escolar.
Para além de classes e meios sociais diferentes estes alunos provêm também de etnias
diferentes, pois esta escola é frequentada por alunos brancos, negros, asiáticos e de etnia cigana.
Contudo nesta escola sem olhar a etnias ou a classes e meios sociais, todos os alunos têm os
mesmos direitos e deveres e todos são tratados de forma igual. Além disto, esta escola encontra-
se ainda aberta a todos os alunos que possuam necessidades educativas especiais.
Posto isto, é possível dizer que esta escola é frequentada por uma grande diversidade de
alunos que independentemente da sua etnia, classe e meio social, e dos seus objectivos no ensino,
todos eles estão ali para aprenderem.
2.2. A Turma
Apesar da ideia original ter sido implementar este projecto numa turma do sétimo ano de
escolaridade, este acabou por ser realizado com uma turma vocacional, a turma Voc2. Embora
fossem leccionadas disciplinas do ensino regular, o tipo de ensino exercido nesta turma era mais
voltado para o nível vocacional, fornecendo uma vocação concreta de forma a integrar os alunos
desta turma num meio profissional específico, de maneira a que estes depois de concluída a
escolaridade obrigatória pudessem integrar imediatamente no mercado de trabalho.
A execução deste projecto decorreu então durante as aulas de Língua Portuguesa.
Esta Turma Vocacional 2 era composta por um total de vinte e quatro alunos, sendo dezasseis
destes alunos rapazes e oito raparigas, tendo estes alunos idades compreendidas entre os catorze e
os dezassete anos. Entre os alunos desta turma existia também alguma diversidade, uma vez que
alguns alunos eram brancos, outros negros e outros de etnia cigana.
A fim de conhecer um pouco melhor os alunos desta turma, pareceu-me pertinente realizar
com eles um pequeno inquérito inicial (ver anexo 1). O inquérito realizado era constituído por
vinte questões de resposta livre, sendo que estas questões expressas no inquérito podiam ser
26
divididas em três grupos: questões de caracter pessoal, questões relacionadas com hábitos de
leitura e questões relacionadas com hábitos de escrita. Para além do inquérito realizado, também
algumas conversas tidas com a professora responsável pela turma durante as aulas de Língua
Portuguesa, se mostraram bastante esclarecedoras e elucidativas no que diz respeito ao
conhecimento sobre estes alunos.
Assim após a realização do inquérito e depois de algumas conversas com a professora, foi
possível ficar a saber que a maioria dos alunos desta turma provinha de um meio rural, ou seja, a
maioria dos alunos desta turma eram provenientes das aldeias situadas nos arredores da cidade,
contudo nem todos os alunos eram naturais do concelho, ou mesmo do distrito do qual a cidade
de Chaves faz parte. Os quatro alunos (todos rapazes) que não eram naturais do distrito de Vila-
Real, provinham de diferentes pontos do país e encontravam-se a residir na instituição, Escola
Agrícola de Artes e Ofícios de Chaves, instituição esta que acolhe maioritariamente jovens
rapazes até aos dezoito anos de idade e cujas famílias se encontram em graves dificuldades
financeiras.
Após este conhecimento sobre os alunos, foi possível chegar á conclusão que a nível dos
meios económico e cultural a maioria destes alunos eram oriundos de famílias com poucas posses
económicas, sem grande nível cultural e sem grandes habilitações literárias, acabando isto por se
reflectir nestes alunos, tornando-os assim em alunos sem grandes conhecimentos a nível da
cultura geral, sem grande interesse pelos estudos e sem grande interesse em possuírem grandes
habilitações literárias.
No que diz respeito ao meio escolar, foi possível concluir que os alunos desta turma eram
bastante desinteressados quanto aos estudos, e a maior prova disso eram as constantes faltas a
todas as aulas por parte destes, para além de que a maioria destes alunos já tinha repetido
anteriormente vários anos de escolaridade, e em alguns casos até varias vezes o mesmo ano
escolar.
Quando questionados se gostavam da escola, a maioria respondeu “Sim gosto da escola, não
gosto é das aulas”, ou seja, estes alunos gostavam da escola enquanto espaço físico, uma vez que
este espaço lhes permitia conviver com os amigos mais próximos todos os dias, mas não
gostavam dos estudos, dado que não tinham grandes ambições para o futuro e a maioria não
pretendia ingressar no ensino universitário. Dos vinte e quatro alunos da turma apenas duas
alunas queriam realizar uma educação superior, os restantes viam-se a desempenhar profissões
tais como: esteticista, cabeleireira, mecânico, agricultor, etc. Por isso mesmo, estes alunos não
entendiam para que necessitavam de ter tanto tempo de aulas e aprender tanta matéria se no
futuro esta aprendizagem não iria ser utilizada ou posta em prática. Outra razão que levava estes
27
alunos a não gostarem e a não acreditarem nas vantagens do ensino, é o próprio estado de crise
em que o país se encontra e a própria escassez de empregos, assim, muitos destes alunos
questionavam-se se valeria a pena investir numa educação superior, uma vez que esta não
assegura necessariamente uma empregabilidade definitiva naquela área de estudo específica pela
qual se optou.
O desinteresse pelos estudos demostrado por parte destes alunos acabou por revelar
consequências ao nível da leitura e da escrita. Ao nível da leitura, estes alunos relavam imensas
dificuldades quando lhes era solicitado que lessem em voz alta, bem como na interpretação dos
textos que lhes eram propostos. No que diz respeito ao nível da escrita, estes davam
constantemente uma enorme quantidade de erros ortográficos quando escreviam, sendo também
por vezes a caligrafia complicada de se entender (v. anexo 7).
Apesar do desinteresse pelos estudos destes alunos, dentro da sala de aula estes
demostraram ser bastante educados e bem comportados, contudo, um pouco conversadores por
vezes, mas esta faceta acabou por se revelar útil em alguns casos, pois assim estes alunos
acabavam por se tornar mais participativos e por demostrar mais interesse durante as aulas.
Através das respostas proporcionadas no inquérito realizado, foi também possível
perceber, o tipo de relação que os alunos desta turma mantinham com a escrita.
Assim, no inquérito foram realizadas várias questões sobre os hábitos que os alunos
mantinham em relação à escrita e quando questionados sobre se gostavam de escrever, a grande
maioria dos alunos deu como resposta, não, como pode ser verificado no seguinte gráfico.
Gráfico 1 – Resposta dos alunos à questão nº11 do Inquérito Inicial
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Sim Não
Gostas de escrever?
Rapazes
Raparigas
28
Neste gráfico 1, podemos portanto verificar que dos vinte e quatro alunos que
compunham a turma, dezoito alunos responderam que não gostavam de escrever, destes dezoito
alunos catorze eram rapazes e quatro eram raparigas. Assim apenas um total de seis alunos
respondeu que sim, que gostava de escrever, desses seis alunos quatro eram raparigas e dois eram
rapazes.
Através de outras questões colocadas, foi possível perceber que para os alunos que tinham
respondido que gostavam de escrever, a escrita era algo importante uma vez que, esta
representava para estes alunos uma forma de se poderem expressar e de poderem desabafar os
seus problemas, quando não o podiam fazer com mais ninguém. Assim, estes alunos tinham o
hábito de escrever quase que diariamente, escrevendo por vezes textos mais complexos e outras
vezes textos mais simples.
Enquanto isso, os alunos que não gostavam de escrever afirmavam que a escrita não tinha
significado nenhum para eles, e que por isso mesmo estes não tinham grandes hábitos de escrita.
Estes alunos apenas escreviam quando lhes era solicitado e nunca por iniciativa própria.
Contudo, tanto os alunos que gostavam de escrita, como os que não gostavam, afirmaram
que quando desafiados a escrever, o género que estes mais gostavam de abordar era o género
fantástico.
Quando confrontados com a questão, “Consegues imaginar-te como escritor no futuro?”, a
maioria dos alunos respondeu mais uma vez que não, como é possível verificar pelo gráfico que é
apresentado em seguida.
Através deste gráfico, podemos verificar que dos vinte e quatro alunos, apenas uma aluna
respondeu que sim, que se conseguia ver como escritora no futuro. Dos restastes vinte e três
alunos, cinco responderam talvez e os restantes dezoito responderam não.
0
5
10
15
Sim Talvez Não
Consegues imaginar-te como escritor no futuro?
Rapazes
Raparigas
Gráfico 2 – Resposta dos alunos á questão nº16 do Inquérito Inicial
29
Dos cinco alunos que responderam talvez, três eram raparigas e dois eram rapazes. Por sua vez,
dos dezoito alunos que haviam respondido não, catorze eram rapazes e quatro eram raparigas,
sendo estes alunos os mesmos que haviam respondido anteriormente que não gostavam de
escrever.
O elevado número de respostas, não, nesta questão deveu-se ao facto de estes alunos acreditarem,
que para se ser um bom escritor é necessário possuir um gosto verdadeiro pela escrita, bem como
uma enorme cultura literária, características que poucos deles possuíam, desta maneira era então
impossível conseguirem imaginarem-se como escritores no futuro.
Por fim, quando questionados se achavam que a escrita e literatura estavam a ser
desvalorizadas na escola destes, a maioria dos alunos voltou a responder mais uma vez que não,
pois dos vinte e quatro alunos da turma vinte e um responderam que não, sendo que destes vinte e
um alunos quinze eram rapazes e seis eram raparigas. Dos restantes três alunos que responderam,
sim, duas eram raparigas e um era rapaz, como é possível verificar pelo seguinte gráfico.
Gráfico 3 – Resposta dos alunos á questão nº19 do Inquérito Inicial
A maioria dos alunos deu como resposta não, uma vez que a escola participa de vários
projectos a este nível, como por exemplo, o blogue em que é dada a conhecer a biblioteca da
escola e onde são debatidos alguns livros, bem como o jornal digital.
Contudo, os três alunos que responderam sim são da opinião que apesar da existência destes
projectos, a Escrita e a Literatura poderiam ser um pouco mais desenvolvidas dentro da escola.
Posto isto, podemos então concluir que a relação e o contacto que a grande maioria destes
alunos mantêm com a escrita é estritamente escolar, uma vez que estes não gostam de escrever.
Contudo existem na turma alunos que possuem um interesse genuíno pela escrita e pretendem até
no futuro seguir a carreira de escritor.
0
5
10
15
20
Sim Não
Achas que a escrita e literatura estão a ser desvalorizadas na
tua escola?
Rapazes
Raparigas
30
3. Capítulo III- Desenvolvimento e Avaliação das Intervenções
Uma vez encontrados o meio e o público-alvo onde o projecto que dá origem ao presente
relatório seria inserido, tornou-se imperativo começar a planear e a preparar as intervenções que
iriam ser efectuadas, mas também executar uma avaliação após a realização destas.
Apesar de por vezes se pensar que desenvolver uma planificação é algo simples, este trabalho
acabou por se revelar um pouco mais trabalhoso e árduo do que o previsto, uma vez que, para
desenvolver a planificação que permitiria mais tarde por o meu projecto a funcionar, foi
necessário pensar e ter em conta determinados aspectos, sobre os quais eu nunca havia tomado
consciência até àquele momento. Depois de pronta a planificação, era então chegado o momento
de leccionar as aulas, e de realizar a parte prática do meu projecto, tentando conquistar o interesse
dos alunos daquela turma, pela escrita.
Desta forma, e focado nestes aspectos, o terceiro capítulo deste relatório, será então dividido
em três partes. Uma primeira parte onde será apresentada a planificação das intervenções, onde
são expostos aspectos como: Quando é que a Oficina de Escrita Criativa iria decorrer?, Quantas
aulas seriam leccionadas durante a sua ocorrência?, Que matéria iria ser abordada durante cada
aula da O.E.C2?, que metodologia iria ser utilizada para apresentar a matéria a ser leccionada? e
quais os objectivos a serem atingidos pelos alunos durante a O.E.C.?
Na segunda parte deste capítulo, será realizada uma reflexão e a avaliação individual de cada
uma das dez aulas efectuadas. Neste ponto será feita uma descrição de cada aula, abordando
quando e onde ocorreu, qual a programação para a aula em questão, qual o tema abordado
durante esta e a sua pertinência, o que foi realizado durante a aula, qual o material utilizado nesta,
qual a reacção dos alunos a esta, o que mais e menos lhes agradou na aula em questão, qual a
avaliação realizada por mim e o porque desta avaliação e finalmente o que poderia ser alterado.
Por fim, na terceira e última parte deste será efectuada uma avaliação geral de todo o projecto.
Neste ponto, começarei a apresentar a opinião dos alunos em relação à oficina de escrita criativa
que lhes foi apresentada, expondo o que mais lhes agradou e o que menos lhes agradou durante a
realização desta. Seguidamente irei expor a opinião dos alunos relativamente àquilo que estes
consideram ter aprendido e às competência que consideram ter adquirido, fazendo depois uma
avaliação geral da oficina, expondo também aquilo que eu considero que poderia ter sido
melhorado.
2 O.E.C - abreviatura para designar Oficina de Escrita Criativa
31
3.1. Planificação da Oficina de Escrita
Após a aprovação da realização do meu projecto por parte da escola, e de estabelecida a
turma onde este iria ser desenvolvido, comecei então a planear e a preparar as aulas que iriam ser
apresentadas aos alunos.
Para planificar e preparar estas aulas, foi-me conveniente ter em atenção os seguintes
aspectos:
Quando iriam decorrer as aulas?
Qual o número ideal de aulas a realizar de maneira a que os alunos pudessem
apreender algum conhecimento do que lhes iria ser ensinado?
Que matéria iria ser apresentada durante as aulas da O.E.C?
Que metodologia iria ser utilizada para apresentar a matéria a ser leccionada?
Quais os objectivos a serem atingidos pelos alunos durante a leccionação das aulas da
O.E.C?
Assim com estes aspectos em mente durante esta planificação, os dois primeiros aspectos
a serem estabelecidos seriam: quando iriam decorrer as aulas? e quantas aulas iriam ser
leccionadas?. Para poder definir estes dois aspectos foi necessário dialogar com a professora
responsável pela disciplina de Língua Portuguesa sobre estes, uma vez que seria esta a professora
que iria disponibilizar o seu tempo de aula e uma das suas turmas tornando assim possível a
realização dos meu projecto, posto isto, esta era então uma decisão que não me cabia apenas a
mim. No que diz respeito ao primeiro aspecto, quando iriam decorrer as aulas, a docente
apresentou-me então três opções: às Terças-Feiras entre as 8:20h e as 9:50h, às Quartas-Feiras
entres as 10:10h e as 10:55h ou às Quintas-feiras entre as 8:20h e as 9:50h, sendo estes os dias e
as horas a que a professora tinha aulas com a turma Voc2. Depois de dialogar e debater estas
opções com a professora chegamos à conclusão de que a melhor opção para a realização da
Oficina de Escrita Criativa, seria esta decorrer apenas duas vezes por semana, pois do meu ponto
de vista, realizar a oficina três dias seguidos por semana seria um pouco cansativo para os alunos
e consumiria bastante tempo à docente, impedindo-a de avançar com a matéria de Língua
Portuguesa. Desta forma, as terças e as quintas-feiras apresentaram-se como os melhores dias,
dado que a duração das aulas era de noventa minutos e como estas eram logo a primeira aula da
manhã, os alunos estariam mais concentrados e mais atentos, facilitando assim o decorrer destas,
ficando então a professora com as Quartas-feiras disponíveis para a disciplina de Língua
Portuguesa.
32
Já quanto ao segundo aspecto, quantas aulas iriam ser leccionadas, a ideia inicial era de
leccionar um máximo de quinze aulas, mas após conversar com a docente sobre o assunto
chegamos à conclusão, de que quinze aulas seriam demasiado para uma oficina de escrita
criativa. Assim, depois de analisar a matéria que iria ser leccionada nas aulas, concluímos que dez
aulas seriam o suficiente para conseguir abordar toda a matéria pretendida, para que, os alunos
conseguissem aprender o que era pretendido com a Oficina.
Depois de definido o número de aulas que iriam ser realizadas e quando estas se
realizariam, era a vez de colocar toda a concentração na matéria que iria ser leccionada ao longo
das aulas da oficina de escrita criativa. Após analisar o conteúdo programático de algumas
oficinas de escrita criativa que decorriam na internet, tomei consciência do vasto leque de
matérias que estas proporcionavam para se aprender, contudo, o essencial para este projecto era
seleccionar matérias que estivem de acordo com o nível de escrita em que os alunos se
encontravam, ou seja, matérias que se adequassem aos alunos em questão. Uma vez que a relação
dos alunos com a escrita era bastante básica, não lhes poderia ensinar a estes temas como por
exemplo: como escrever uma crónica, como criar multiplicidades narrativas ou como gerar
sequências, pois estes temas seriam demasiado avançados para os alunos. Assim a minha oficina
teria quer ter um nível bastante básico para que os alunos a pudessem acompanhar de forma mais
fácil. De forma a tornar então a oficina mais fácil de entender para os alunos, os temas principais
que decidi abordar durante as aulas foram os seguintes: Introdução à Oficina de Escrita Criativa,
Como se desbloqueia a escrita, As personagens, Como se conta uma história, O género fantástico,
A narrativa digital e A escrita na era das novas tecnologias.
Tentando aprofundar cada tema escolhido estes seriam divididos em tópicos da seguinte forma:
Introdução á Oficina de escrita criativa
O que é a Narrativa
Como se desbloqueia a escrita
Por onde começar a explorar o universo da criação literária?
o Como transformar as suas ideias em histórias?
o Como captar a atenção do leitor logo nas primeiras linhas?
o Como desenvolver um estilo de escrita original?
o Pequenas doses de inspiração.
As personagens
Como criar personagens complexos e credíveis?
33
o O que torna um personagem inesquecível?
o Como provocar empatia entre o leitor e um personagem?
o Classificação das Personagens
Como contar uma história …
Estrutura de uma história
o Mudança
o Conflito
o Cenas
o Diálogos
o Modos de Narração
O narrador
A estrutura da narrativa
Tempo Narrativo
Espaço da Narrativa
Os medos de um Escritor
O género Fantástico
O que é o género fantástico?
A Historia do género fantástico
Exemplos de livros do género fantástico
A Narrativa Digital
Algumas Noções básicas sobre Narrativa Digital
o O que é a Narrativa Digital
o Pontos-chave da Narrativa Digital
o Elementos constituintes da Narrativa Digital
o Exemplo de Narrativa Digital
Criação de uma Narrativa Digital Original
A Escrita na Era das Novas Tecnologias
Criação de uma página no Facebook para que os alunos possam partilhar as suas
narrativas.
Uma vez decidida qual a matéria que iria ser abordada durante as aulas, colocava-se agora a
questão de como esta iria ser leccionada e apresentada aos alunos. Tendo o conhecimento prévio
34
enquanto estudante, de que o que os alunos menos apreciam nas aulas é o facto de estas serem
demasiado teóricas e explanativas, tive então em consideração este conhecimento a quando da
escolha do método a adoptar para a abordagem da matéria no decorrer das aulas. Decidi então
dividir as minhas aulas em duas partes: uma parte teórica, onde seria explicada a matéria aos
alunos através da utilização de um PowerPoint e diálogos com estes, para que esta parte fosse um
pouco mais didáctica e uma parte prática onde seriam propostos exercícios para os alunos
realizarem, de modo a que estes pudessem por em prática o que tinham aprendido durante a parte
teórica da aula.
Depois de todos os restantes aspectos estarem definidos, faltava agora apenas estabelecer os
objectivos a serem cumpridos. Apesar serem estipulados objectivos próprios para cada aula (v.
anexo 3) e para cada tema, de uma maneira geral o que eu pretendia com as aulas, era que os
alunos:
Soubessem identificar os componentes de uma narrativa,
Fossem capazes de criar e escrever a sua própria narrativa,
Aprendessem técnicas que lhes premissem criar as suas próprias histórias,
Descobrissem o seu próprio estilo de escrita,
Promovessem a escrita criativa utilizando os meios tecnológicos que estão
disponíveis nos dias de hoje, como por exemplo as redes sociais
Mas o que eu pretendia principalmente com as aulas era que os alunos adquirissem um gosto
genuíno pela arte de escrever.
Após definir definitivamente todos os aspectos, referidos anteriormente no início deste tópico,
realizei um esquema (v. anexo 3) individual da planificação de cada uma das dez aulas que
seriam realizadas, demostrando assim a planificação do meu projecto de forma mais completa e
profunda.
3.2. Descrição, reflexão e avaliação das intervenções realizadas
Após definida a planificação das intervenções, chegou a hora da Oficina de Escrita Criativa
ser posta em prática, assim as intervenções tiveram início a 3 de Março de 2015.
3.2.1. Aula 1
A primeira aula foi realizada no dia 3 de Março de 2015, na sala 1.8 da escola foi
implementado o projecto e decorreu entre as 8:20h e as 9:50h da manhã.
35
De acordo com a programação, nesta aula era pretendido realizar uma pequena introdução
à Oficina de Escrita Criativa de forma a conhecer um pouco os alunos, saber o que estes
pensavam sobre a escrita, avaliar a capacidade de escrita e originalidade destes e tentar-lhes
explicar de uma maneira prática e simples o que é a escrita criativa e qual é o objectivo desta.
Seguindo a programação, esta aula foi então iniciada com uma apresentação quer da
minha parte para os alunos e por parte dos alunos para mim. Durante a minha apresentação
expliquei aos alunos quem eu era, porque me encontrava ali e em que consistia o meu projecto.
Quando chegou a vez de estes se apresentarem a mim, pedi-lhes que a apresentação destes fosse
feita de uma forma original. Apesar de todos os alunos se terem apresentado, apenas uma aluna o
fez de forma original, apresentando-se esta como se fosse uma personagem de uma história. Isto
levou-me a concluir que esta aluna possuía já algum conhecimento da estrutura da narrativa, o
que lhe permitiu criar a sua própria personagem, e que provavelmente os restantes alunos não
teriam entendido o que eu pretendia quando lhes pedi para serem criativos, o que revelou que a
criatividade destes nunca havia sido explorada.
Após realizada a apresentação por ambas as partes, solicitei aos alunos para que
respondessem a um inquérito (v. anexo 1), de maneira a que este me permitisse conhece-los um
pouco melhor. Este inquérito era constituído por vinte questões de resposta livre, que podiam ser
divididas em três grupos: questões de caracter pessoal, questões relacionadas com hábitos de
leitura e questões relacionadas com hábitos de escrita.
Uma vez respondido o inquérito, propus aos alunos realizarmos um pequeno jogo para
explorar a criatividade destes. O jogo consistia que em pares, os alunos escrevessem oito palavras
ao acaso num pedaço de papel, depois de escritas as palavras, os papéis eram recolhidos e
redistribuídos novamente por entre os pares, e com as palavras que estivessem escritas no papel,
estes teriam que inventar uma mini história.
Depois da realização do jogo e de feita a leitura em voz alta das mini histórias
conseguidas com as palavras, os alunos foram questionados sobre o que seria então a escrita
criativa, apesar de estes tentarem, poucos foram os que conseguiram dar uma resposta concreta.
Assim a aula foi terminada com a apresentação da seguinte definição de escrita criativa:
“Escrita criativa é um termo usado para distinguir diferentes tipos de escrita- particularmente os que
usam o domínio da imaginação – da escrita em geral.
“O escritor criativo faz a mesma coisa que uma criança quando brinca e reorganiza o mundo ao seu
gosto usando a imaginação e a fantasia como matéria-prima” Sigmund Freud
A Escrita Criativa inclui (mas não se limita): Ficção, Drama, Poesia, Guiões, Escrita auto- exploratória,
Slogans, Autobiográfica, Géneros Híbridos, etc.
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Embora haja quem argumente que o talento não pode ser ensinado, é possível partilhar técnicas e
motivações que ajudam as pessoas a ter acesso à sua própria criatividade (técnicas como Brainstorming,
Escrita Automática, etc).
A imaginação deve ser treinada, atiçada, para que surjam as ideias, e, por detrás dessas ideias, apareça
uma história
Os menos “inspirados” podem ir ao “baú” da memória buscar material (vivências passadas, histórias que
ouvimos, noticias de jornais, etc.) ” (Buchholz: 2013)
Na minha opinião, nesta primeira aula, apesar de a maioria dos alunos não gostar de
escrever, demostraram-se bastante interessados, receptivos e até participativos quanto às
actividades que lhes foram propostas e quanto ao projecto em si.
No fim, os alunos demostraram-se também bastantes satisfeitos com a maneira como a
aula tinha decorrido, e estavam sobretudo satisfeitos por poderem ser eles próprios a explorar e a
descobrir algumas coisas novas em relação à escrita. O que mais agradou aos alunos nesta aula
foi o facto de ela não ter sido tão teórica e sim mais prática, acabando esta por não se tornar tão
monótona e tão cansativa como as aulas das outras disciplinas, permitindo também que estes
pudessem interagir entre si com a realização do jogo.
Assim, posso concluir que esta aula correu bastante bem, o que me leva a fazer uma
avaliação positiva da mesma, sendo os objectivos estabelecidos para esta, devidamente
cumpridos e uma vez que no fim desta aula os alunos eram capazes de apresentar a devida
definição de Escrita Criativa. Dada a forma bastante positiva como esta aula decorreu, na minha
opinião não alteraria absolutamente nada, mantendo o mesmo método de abordagem para com os
alunos e os mesmos tópicos leccionados.
3.2.2. Aula 2
A segunda aula ocorreu no dia 5 de Março de 2015, na sala 2 de artes da escola onde foi
implementado o projecto e decorreu entre as 8:20h e as 9:50h da manhã.
Como programado para esta aula, estava destinada a abordagem do tema: “Como se
desbloqueia a escrita?”. Pretendendo com este explicar aos alunos como seria possível
transformarem as suas ideias em histórias de verdade, como seria possível captar a atenção do
leitor logo nas primeiras linhas, como seria possível desenvolver um estilo de escrita original e os
locais onde podemos encontrar pequenas doses de inspiração. A abordagem deste tema nesta aula
pareceu-me apropriada, porque este tema permitiria aos alunos aprender técnicas essenciais para
começarem a construírem as suas próprias histórias, para além de lhes permitir também
aprenderem a identificar a estrutura de uma história, bem como o que é necessário para se iniciar
a escrita de uma história.
37
Desta forma, seguindo a programação estipulada, no início desta aula foi ensinado aos
alunos como simples ideias que ocorrem repentinamente na nossa mente podem ser
transformadas em histórias, pois, “O impulso para se começar a escrever geralmente vem de uma
ideia que se teve para um personagem, um conflito, um enredo, um cenário, um diálogo ou um
tema.” (Alves: 2015).
Nesta aula, foi-lhes também ensinado a como captar a atenção do leitor logo nas primeiras
linhas da história através de métodos simples.
Apesar de ter um PowerPoint para ilustrar melhor os temas abordados nesta aula, não foi
possível apresentar este, uma vez que o sistema informático da escola não se encontrava a
funcionar correctamente naquele dia, sendo o quadro o único material disponível na sala. Assim
com a falha do sistema informático a aula acabou por ser extremamente explanativa, tornando-se
mais lenta e monótona, sendo apenas a explicação da matéria realizada no quadro e sem que os
alunos tivessem grande oportunidade de intervir e explorar por eles próprios o tema da aula. Uma
vez que a falha do sistema informático tornou a aula mais lenta e mais explanativa, isso acabou
por me atrasar na leccionação da matéria pretendida, tendo apenas conseguido leccionar metade
do conteúdo que tinha programado para aquele dia.
Contudo, ainda que o sistema informático não funciona-se, e a aula tivesse sido
monótona, os alunos tomaram algumas notas sobre a matéria que lhes estava a ser apresentada e
intervinham quando lhes era solicitado. O que menos lhes agradou então nesta aula, foi o facto de
não terem podido participar tanto e de esta ter sido monótona e o que mais lhes agradou foi a
matéria que lhes foi apresentada, pois esta era algo novo e desconhecido para eles.
Mesmo com o contratempo ocorrido com sistema informático, a avaliação que faço desta
aula é positiva, uma vez que os alunos conseguiram aprender os métodos essenciais para
transformarem as suas ideias em histórias e para captarem a atenção do leitor logo no início da
história. Porém, esta aula teria sido mais proveitosa se esta tivesse sido um pouco mais dinâmica,
talvez com a realização de um jogo sobre o tema abordado, de maneira a permitir aos alunos
serem eles próprios a explorar o tema.
3.2.3. Aula 3
Inicialmente esta terceira aula tinha sido planeada para o dia 10 de Março de 2015, mas
acabou por ter que ser adiada, uma vez que nesse dia os alunos realizaram uma ficha de avaliação
para a disciplina de Língua Portuguesa com a docente responsável. Assim, esta decorreu apenas
no dia 12 de Março de 2015 na sala 2 de artes da escola onde foi implementado o projecto e
decorreu entre as 8:20h e as 9:50h da manhã.
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Apesar de ter programado para esta aula a leccionação do tema: “As personagens”,
ilustrando como se podem criar personagens credíveis, esclarecendo o que torna uma personagem
inesquecível, como é possível provocar empatia entre o leitor e um personagem e qual a
classificação que pode ser atribuída às personagens, esta aula acabou apenas por ser uma
continuação da segunda aula.
Inicialmente os alunos começaram por realizar um pequeno exercício. Este exercício
consistia no seguinte: os alunos teriam que escolher entre duas imagens que estavam a ser
projectadas no quadro, e inspirados na imagem que tinham escolhido, estes teriam que escrever o
início de uma história utilizando os métodos que tinham aprendido na aula anterior.
Após a realização e a leitura em voz alta dos exercícios por cada elemento da turma,
seguiu-se a explicação através de um PowerPoint, sendo para isto utilizado o retroprojector e o
computador da sala de aula, dos seguintes tópicos: Como desenvolver estilo de escrita próprio, e
pequenas doses de inspiração. O primeiro tópico consistia então, em ensinar aos alunos pequenas
técnicas, para que estes conseguissem encontrar o seu próprio estilo de escrita, sem que tivessem
que necessariamente copiar o dos seus autores favoritos. Enquanto o segundo tópico, pequenas
doses de inspiração, tinha a finalidade de demostrar aos alunos como é possível retirar inspiração
para escrever de coisas simples que ocorrem e que observamos no dia-a-dia, como por exemplo
uma conversa no café da rua, uma notícia que lemos no jornal, etc.
Nesta aula, os alunos demostraram-se bastante participativos, realizando o exercício
facilmente e tirando notas. Estes voluntariaram-se também, para ler eles próprios em voz alta os
tópicos que estavam a ser apresentados no PowerPoint, sendo estes explicados por mim em
seguida. O que mais agradou aos alunos nesta aula foi a parte mais prática desta, isto é, a
realização do exercício e a leitura dos tópicos apresentados no PowerPoint. Para além disto, os
alunos demostraram também um interesse bastante genuíno pela matéria que lhes estava a ser
apresentada.
Assim, na minha opinião e apesar do atraso na programação, esta aula correu bastante
bem, sendo a avaliação feita uma avaliação positiva e sendo os objectivos de interesse para esta
aula cumpridos, uma vez que, no fim desta aula os alunos eram capazes de criarem o seu próprio
estilo de escrita e de encontrarem e identificarem fontes de inspiração para as suas histórias.
Contudo, esta aula podia ser um pouco melhorada, se a parte explicativa da matéria fosse um
pouco mais dinâmica, permitindo uma maior interacção entre os próprios alunos.
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3.2.4. Aula 4
A quarta aula foi realizada no dia 17 de Março de 2015, na sala 1.8 da escola onde foi
implementado o projecto e decorreu entre as 8:20h e as 9:50h da manhã.
Embora para esta aula, estivesse planificada a abordagem da primeira parte do tema:
“Como contar uma história”. Devido ao atraso que já se fazia sentir na programação, o tema que
acabou por ser abordado durante esta aula foi: “As Personagens”. A abordagem deste tema foi
pertinente para esta oficina, uma vez que, as personagens são um dos elementos mais importantes
de uma história, pois sem personagens a história não poderia ser criada nem poderia existir. A
abordagem deste tema torna-se também pertinente, uma vez que, ensina aos alunos como criar
personagens e como adapta-las ao contexto da história que estes pretendem criar.
A aula começou então com a discussão do tópico “O que torna um personagem
inesquecível?”, sendo ensinadas aos alunos técnicas, tais como: a colocação de questões sobre o
personagem, entre outras, que os ajudariam na construção de uma personagem para uma história.
Seguidamente foi proposto aos alunos a realização de um exercício. Este exercício
baseava-se na imagem de um retracto robô de um homem (v. anexo 6, imagem 2), através do qual
o alunos teriam que criar uma personagem para aquele homem representado no retracto,
utilizando a técnica de colocação de questões sobre a personagem referida anteriormente, ou seja,
inspirados no retracto robô que lhes estava a ser apresentado, os alunos teriam que colocar
questões sobre este e dar respostas a estas, de maneira a criarem uma personagem para o homem
representado naquele retracto.
Para finalizar a aula, foi ainda explicado aos alunos a importância da necessidade
dramática na criação de um personagem, uma vez que é esta necessidade dramática, que nos dá a
conhecer o personagem de uma história, atribuindo-lhe características o mais humanas possíveis,
fazendo assim com que possamos criar uma ligação com este. No decorrer desta aula, foram
utilizados materiais como o retroprojector e o computador da sala de aula, para que a matéria
leccionada pudesse ser acompanha de um PowerPoint.
Durante esta aula, os alunos demostraram-se menos interessados, sem prestarem grande
atenção ao que estava a ser leccionado na aula, menos participativos e mais conversadores entre
si, uma vez que, já nos encontrávamos na última semana de aulas do segundo período e faltavam
poucos dias para o início das férias, sendo estas tudo em que os alunos conseguiam pensar
naquele momento. Contudo, durante a realização do exercício proposto, foi possível notar nestes
uma evolução ao nível da criatividade, devido aos palpites que estes davam sobre quem poderia
ser a personagem apresentada no retracto robô. A parte desta aula que os alunos mais gostaram,
foi a realização do exercício. Assim a avaliação que faço desta aula não é uma avaliação
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completamente negativa, mas também não é uma avaliação completamente positiva, sendo que
poucos dos objectivos estipulados para esta aula foram cumpridos. Após esta aula, os alunos
apenas eram capazes de criar personagens utilizando poucas das técnicas que haviam sido
ensinadas. Na minha opinião, esta aula poderia ter corrido bastante melhor, se os alunos tivessem
demostrado um pouco mais de interesse, sendo que esta falta de interesse acabou por provocar
um atraso ainda maior na programação, uma vez que, não me permitiu leccionar toda a matéria
pretendida. Esta aula teria beneficiado também se esta tivesse sido um pouco mais dinâmica e
interactiva.
3.2.5. Aula 5
A quinta aula decorreu no dia 19 de Março de 2015, na sala 2 de artes da escola onde foi
implementado o projecto e ocorreu entre as 8:20h e as 9:50h da manhã.
Durante a realização desta aula, estava planeada a abordagem da segunda parte do tema:
“Como conta uma história”, onde seriam abordados os tópicos: os modos da narração e os medos
de um escritor. No primeiro tópico, seria ensinado aos alunos os tipos de narrador existentes, o
tempo narrativo, bem como a estrutura e o espaço da narrativa. Por sua vez, no segundo tópico,
os alunos aprenderiam a identificar os piores medos de um escritor e a como combater estes
medos.
A abordagem deste tema pareceu-me pertinente uma vez que, este proporcionou aos
alunos a aprendizagem da estrutura de uma história, isto é, estes ficaram a saber como é
constituída uma história e como é possível criar uma história.
Contudo, uma vez que na aula anterior não havia sido concluído o tema “As
personagens”, esta aula tornou-se então uma continuação da aula anterior.
Os alunos iniciaram esta aula com a realização da auto e hétero avaliação para a disciplina
de Língua Portuguesa, uma vez que, esta era a última aula do segundo período.
Em seguida, foi-lhes proposto que elaborassem um pequeno resumo sobre a matéria que
havia sido leccionada na oficina de escrita criativa. Este resumo tinha como finalidade testar a
compreensão dos alunos em relação à matéria abordada, ou seja, determinar até que ponto os
alunos estavam a compreender a matéria que lhes estava a ser apresentada.
Depois da elaboração do resumo, recorrendo ao uso do computador e do retroprojector foi
apresentado um PowerPoint, com a finalidade de ajudar na abordagem dos tópicos pretendidos.
Contando então com a ajuda deste material, prosseguiu-se com a continuação do tema “As
personagens”. Nesta aula, foram abordados os seguintes tópicos: Como provocar empatia entre o
leitor e os personagens e a Classificação das personagens.
41
No fim desta aula, os alunos realizaram ainda um exercício (v. anexo 4, exemplo 1), que lhes
propunha que baseados numa imagem onde se encontravam duas personagens, estes criassem
uma pequena história, de maneira a que dessem a conhecer ao leitor as personagens em questão e
de maneira a que na história criassem também uma relação entre estas personagens.
No decorrer desta aula, os alunos voltaram a demostrar-se mais participativos, mas não tanto
como nas aulas iniciais, uma vez que o período estava a terminar e estes só conseguiam pensar
nas férias. Ainda assim estes tiram algumas notas a quando da apresentação da matéria, e
participavam quando lhes era solicitado. O que mais atraiu a atenção dos alunos nesta aula foi o
facto de estes poderem aprender a como dar “vida” a personagens que apenas existiam na sua
imaginação.
Na minha opinião, a avaliação a ser feita a respeito desta aula é uma avaliação positiva, uma
vez que, os alunos demostraram uma pequena evolução ao nível da criatividade e uma vez que
estes no final da aula eram capazes de desenvolver as suas personagens, dando-lhes uma vida
própria, o que denotou assim o cumprimento dos objectivos para esta parte da matéria. Todavia
esta aula poderia ter sido mais produtiva se esta tivesse sido um pouco mais prática.
3.2.6. Aula 6
A sexta aula foi realizada no dia 7 de Abril de 2015, na sala 1.8 da escola onde foi
implementado o projecto e decorreu entre as 8:20h e as 9:50h da manhã.
Para esta aula estava programada a abordagem do tema: “O género fantástico”, onde
seriam explorados tópicos como: O que é o género Fantástico, qual a sua historia, Os Subgéneros
do Fantástico e Exemplos de Livros do Género Fantástico. Mas uma vez que as aulas estavam a
sofrer um atraso em relação aquilo que havia sido programado, nesta aula foi abordada a primeira
parte do tema “Como contar uma história”.
A aula foi então iniciada com a explanação dos tópicos, a mudança e o conflito nos
personagens, ou seja, foi explicado aos alunos porque é que a mudança e o conflito interior dos
personagens são tão importantes para uma história, e como conseguir esta mudança e este
conflito.
Após esta explicação, a aula prosseguiu com a exposição do tópico, as cenas, onde foi
ensinado aos alunos o tipo de cenas que existem e como é que estas podem ser criadas.
Uma vez explicado o tópico, as cenas, prossegui então com abordagem do tópico, os
diálogos. Com este tópico os alunos aprenderam o que são os diálogos e técnicas que tornam
possível a escrita de diálogos eficientes.
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Por fim, a aula terminou com a realização de um exercício por parte dos alunos. O
exercício proposto (v. anexo 4, exemplo 3) consistia que tendo em conta a imagem que lhes
estava a ser apresentada, os alunos imaginassem uma conversa entre as duas personagens
representadas, criando assim um diálogo entre elas.
Nesta aula foram utilizados como materiais, o retroprojector e computador da sala, uma
vez que foi utilizado um PowerPoint para acompanhar a matéria.
Durante esta aula e com o final das férias, os alunos voltaram novamente a demostrarem-
se atentos e participativos na aula, tomando notas, voluntariando-se novamente para ler a matéria
no PowerPoint, procedendo eu á explicação desta enquanto era lida. Porém, os alunos
demostravam-se também um pouco apreensivos e desanimados, o que na minha opinião se devia
ao facto de as aulas estarem a tomar uma directiva mais teórica e explanativa e menos prática,
deixando-os assim quase sem a possibilidade de interacção entre eles próprios.
O que mais agradou então aos alunos nesta aula foi a aprendizagem da construção de
diálogos, sendo que o que menos lhes agradou foi o facto de a aula ter sido demasiado teórica.
Apesar disto, a avaliação que eu faço desta aula é uma avaliação positiva, dado que, no
final da aula os alunos eram capazes por si próprios de identificar a estrutura de uma narrativa,
sendo assim os objectivos estabelecidos para esta parte da matéria cumpridos. Ainda assim,
futuramente teria que repensar um pouco a estratégia a utilizar durante as aulas, uma vez que,
estas estavam ficar um pouco monótonas, assim uma nova abordagem da matéria beneficiaria
bastante o funcionamento destas.
3.2.7. Aula 7
Esta sétima aula foi leccionada no dia 9 de Abril de 2015, na sala 2 de artes da escola
onde foi implementado o projecto e correu entre as 8:20h e as 9:50h da manhã.
A programação planeada para esta aula era então o leccionamento do tema “As narrativas
digitais”. Com o leccionamento deste tema pretendia que os alunos apreendessem algumas
noções básicas sobre as narrativas digitais tais como: O que é uma Narrativa Digital, quais são os
seus pontos-chave e quais os elementos constituintes desta. Para ilustrar estas noções básicas,
pretendia demostrar aos alunos o exemplo de uma Narrativa Digital. Contudo, apercebendo-me
nas aulas anteriores que os alunos começavam a demostrar menos interesse pelas aulas da Oficina
de Escrita Criativa, comecei a questionar-me se essa falta de interesse não estaria relacionada
com a maneira como estas estavam a ser leccionadas, uma vez que, o método utilizado durante o
leccionamento destas aulas era sempre o mesmo e poderia assim estar-se a tornar monótono e
43
sem interesse para os alunos, visto que estes poderiam perfeitamente antecipar o que esperar da
aula seguinte, sem serem surpreendidos.
Baseada neste pensamento, decidi então nesta aula alterar a forma como a matéria estava a
ser leccionada. Desta forma, resolvi que nesta aula seria visualizado um filme que fosse ao
encontro do projecto e do que estava a ser realizado nas aulas. Para a visualização do filme,
foram então necessários, o retroprojector e o computador da sala de aula.
O filme que foi seleccionado para ser visualizado, foi o filme “Finding Forrester” (2000),
que havia sido realizado pelo director Gus Van Sant e que possuía no seu elenco, nomes bem
conhecidos do público como: Sean Connery e Anna Paquin.
Este filme apresenta-nos então a história de Jamal, um jovem de etnia negra e de classe
social baixa, apaixonado por basquete, que vive no Bronk com a sua mãe e cujo pai havia
falecido devido ao uso de drogas. Apesar de tudo, Jamal possui uma cultura e um conhecimento
literário impressionantes e de fazer inveja a muitas pessoas, acabando por encontrar na escrita o
seu refúgio e a sua forma de expressão.
Certo dia desafiado pelos seus amigos, este é levado a invadir o apartamento de William
Forrester, sem suspeitar que este é um escritor de renome que havia vencido um premio Pulitzer,
com apenas uma obra publicada em toda a sua vida. Contudo, devido ao peso da crítica que o seu
livro recebeu por parte de algumas pessoas do meio académico, William acabou por se isolar no
seu apartamento decidindo nunca mais publicar algo e passando a odiar qualquer tipo de crítica
literária, pois para ele o escritor é o único que conhece o verdadeiro sentido da sua obra. Após
encontrar a mochila escolar de Jamal no seu apartamento, William decide ler e comentar alguns
textos de Jamal, que se encontravam no interior da mochila.
Quando Jamal recupera a sua mochila e percebe as anotações nos seus textos, este decide
então procurar William e pedir-lhe ajuda para desenvolver a sua escrita, podendo assim
transformar-se num ilustre escritor.
Apesar do inicial caracter rezingão de William, a partir deste ponto começa a surgir uma
amizade entre ambos que vai progredindo á medida que William demostrando a sua paixão pela
escrita, considerando esta como uma arte a ser dominada, ensina a Jamal todas as técnicas
necessárias para que este consiga desenvolver a sua escrita e evolua enquanto escritor.
Entretanto Jamal acaba por despertar o interesse de um dos mais prestigiados colégios de
Manhatan, onde recebe uma bolsa para estudar enquanto joga basquete. Contudo, no colégio
Jamal não tem a vida nada facilitada, uma vez que o professor Crawford, que havia criticado a
obra de William no passado, começa a suspeitar que os trabalhos apresentados por Jamal nas suas
44
aulas são apenas cópias de trabalhos não publicados de William e acaba por acusar Jamal de
plágio.
No entanto, um dia William apresenta-se no colégio de Jamal, provando que os trabalhos
deste são originais e não cópias, uma vez que este apenas lhe havia fornecido a ideia. William e
Jamal acabam assim por provar a amizade que sentem um pelo outro, sendo que no final William
morre, mas deixa o seu apartamento a Jamal, na esperança que aquele lugar lhe traga a inspiração
que ele necessita.
A razão que me levou a escolher este filme para visualizar com os alunos, foi porque este
acaba por ir de encontro ao conceito de Oficina de Escrita Criativa, demostrando exactamente e
de uma forma simples aos alunos, aquilo que eu pretendia com o meu projecto. Escolhi este
filme, também, porque este demostra o que é a arte de escrever e que contrariando o que muitas
pessoas possam achar, escrever não se trata apenas de ter inspiração ou um dom para tal. Para se
ser um bom escritor é necessário aprender técnicas como: escrever o que nos surge na ideia sem
pensarmos nisso e copiarmos os textos de outros autores, para que possamos encontrar o nosso
próprio estilo de escrita, mas que sobretudo é necessário esforçarmo-nos e trabalharmos
arduamente todos os dias para que possamos aperfeiçoar estas técnicas, até sermos capazes de
atingirmos o nosso próprio nível de perfeição na nossa escrita, pois “primeiro escreve-se com o
coração e depois reescreve-se com a cabeça” tal como William faz questão de ensinar a Jamal.
Este filme acabou também por ir ao encontro do tema: “Como contar uma história”,
abordando todos os tópicos inseridos dentro deste.
Durante a visualização deste filme, os alunos demostraram-se bastante atentos e
interessados, realizando comentários apropriados à cerca deste e fazendo algumas ligações entre
toda a matéria que tinha sido abordada e algumas cenas do filme. Desta forma, o que mais
apreciaram durante esta aula foi a história que era contada no filme, uma vez que esta foi capaz
de tocar o lado mais sentimental dos alunos.
A avaliação que faço desta aula é então bastante positiva, pois através dos comentários e
das ligações estabelecidas entre a matéria abordada e o filme por partes dos alunos, é possível
afirmar que os objectivos que haviam sido estabelecidos inicialmente para esta aula foram
cumpridos. Na minha opinião, estou convicta de que esta mudança de estratégia foi uma boa ideia
e um bom método utilizado para recuperar novamente a atenção e o interesse dos alunos.
3.2.8. Aula 8
A oitava aula foi realizada no dia 14 de Abril de 2015, na sala 1.8 da escola onde foi
implementado o projecto e decorreu entre as 8:20h e as 9:50h da manhã.
45
Apesar de segundo a programação pretender continuar com a realização das narrativas
digitais, dedicando três aulas a estas, devido ao atraso na programação, o tema abordado durante
o decorrer desta aula foi “o Género Fantástico”. Decidi abordar este género literário, uma vez
que, este era o género que mais atraia os alunos, mas também porque este era o mais adequado
para a faixa etária destes, sendo mais interessante e mais apelativo do que outros géneros
literários.
A aula iniciou-se então com a apresentação da definição de género fantástico, ou seja, foi
explicado por mim aos alunos de que se tratava o género fantástico, sendo de seguida abordada a
história do género fantástico, explicitando a origem deste e a sua evolução ao longo dos tempos.
A aula prosseguiu depois com a apresentação aos alunos dos três subgéneros em que o
género fantástico se divide, os subgéneros: da fantasia, da ficção científica e do horror, sendo
explicadas as características próprias de cada um, sendo que, para ilustrar o que havia sido falado,
foram apresentados como exemplo alguns livros deste género. Entre os exemplos apresentados
encontravam-se os seguintes livros: “A Guerra dos Mundos” de H.G. Wells, “Alice no País das
Maravilhas” e “Alice Através do Espelho” de Lewis Carrol, “Viagem ao Centro da Terra” de
Júlio Verne, a saga “Arrepios” de R.L. Stine, Trilogia “Os 100” de Kass Morgan, a saga
“Senhor dos Anéis” de J.R.R Tolkien, a saga “Harry Potter” de J.K. Rowling e os livros das
“Crónicas de Nárnia” de C.S. Lewis
Por fim, foi solicitado aos alunos a realização de um exercício. Este exercício consistia em
que os alunos usando uma inspiração a seu gosto, construíssem uma narrativa do género
fantástico, podendo esta ser inserida em qualquer um dos subgéneros.
Durante a realização desta aula recorri ao computador e ao retroprojector da sala, para
expor um PowerPoint que ilustraria a matéria abordada.
No decorrer desta aula os alunos demostraram-se bastante atentos e participativos, mas
também bastante curiosos quanto ao tema que lhes foi apresentado. Estes voluntariaram-se para
ler os tópicos apresentados no PowerPoint e foram colocando questões ao longo da apresentação
demostrando a sua curiosidade genuína pelo tema.
O que os alunos mais gostaram nesta aula foi o tema escolhido para ser abordado, uma
vez que todos eles tinham um gosto especial por este tema, sendo as narrativas deste género da
sua preferência. Desta forma a abordagem deste tema permitiu-lhes aprofundar o seu
conhecimento de algo que era do interesse destes. Apesar de a aula ter sido bastante interessante
para os alunos estes consideraram que esta poderia ter sido um pouco mais prática.
A avaliação que faço desta aula é uma avaliação bastante positiva, dado que os alunos no
final desta eram capazes de entender o género literário que havia sido abordado e de construírem
46
as suas histórias de acordo com o que haviam aprendido sobre este, cumprindo assim os
objectivos que haviam sido estipulados para a abordagem deste tema. Contudo, esta aula poderia
ter beneficiado com a realização de mais algumas actividades práticas tais como, leitura de alguns
excertos de livros do género fantástico, pesquisa em grupo sobre o tema, entre outras.
3.2.9. Aula 9
Esta nona aula ocorreu no dia 16 de Abril de 2015, na sala de informática da escola onde
foi implementado o projecto e correu entre as 8:20h e as 9:50h da manhã.
De acordo com a programação idealizada por mim, para esta aula era pretendido continuar
com a realização das narrativas digitais, contudo devido ao atraso que se fazia sentir na
programação, a realização das narrativas digitais seria apenas iniciada então nesta aula. A
realização deste género de narrativas pareceu-me apropriada, dado que demostraria aos alunos
como poderiam utilizar os meio digitais para expressar a sua escrita, não tendo esta que ser
necessariamente algo que é impresso num pedaço de papel.
Assim, após os alunos se reunirem todos á porta da sala 2 de artes, estes foram
encaminhados para a sala de informática. Uma vez dentro da sala de informática, os alunos foram
divididos em grupos de trabalho, dado que nesta aula, apenas estavam presentes vinte e um
alunos, foram então organizados cinco grupos sendo que quatro destes cinco grupos eram
constituídos por cinco elementos cada um e o quinto grupo por seis elementos.
Posteriormente à organização e distribuição dos grupos, a aula foi iniciada com uma
introdução ao tema: “As Narrativas Digitais”, onde foram abordados aspectos como: o que é uma
narrativa digital, quais os pontos-chave da narrativa digital e quais os elementos da narrativa
digital, sendo também mostrado um vídeo como exemplo de uma narrativa digital.
De seguida a esta pequena introdução ao tema, foi então proposto que cada grupo
produzisse a sua própria narrativa digital, com uma duração não superior a cinco minutos. Em
grupo, os alunos começaram então por debater e escrever a história da sua narrativa digital,
utilizando o programa Word do computador. Uma vez escrita a história que estes pretendiam
apresentar nas suas narrativas, enquanto alguns alunos procediam à gravação de um áudio da
história escrita com os próprios telemóveis, para depois introduzir na montagem do vídeo, outros
procediam a uma pesquisa a internet de imagens que fornecessem uma perspectiva visual da sua
narrativa. Após a reunião de todos estes elementos, os alunos procederam à montagem e
construção do vídeo utilizando o programa Windows Movie Maker.
Para que fosse possível realizar as narrativas digitais, tornou-se necessário recorrer a
alguns materiais. Foi então necessário recorrer a computadores que possuíssem os seguintes
47
programas: Microsoft Word, Internet e Windows Movie Maker, possibilitando estes que os
alunos escrevessem as suas narrativas, que recolhessem as imagens necessárias para a realização
do vídeo e que por fim pudessem agrupar isto tudo e realizar o vídeo da sua narrativa digital. Para
a captação do áudio do vídeo os alunos recorreram ao gravador de voz dos próprios telemóveis.
Ao longo desta aula, os alunos demostraram-se interessados pelo tema e pelo trabalho que
havia sido proposto, contudo, com é natural acontecer em trabalhos de grupo, alguns dos
membros dos grupos estiveram mais distraídos e menos participativos. Estes elementos passaram
a aula inteira a navegar pela internet, em sites sem interesse relevante para o trabalho que estava a
ser realizado, em vez de terem um papel mais activo e participativo dentro do grupo.
O que mais agradou a estes durante o decorrer desta aula foi a realização das narrativas
digitais, por ser algo prático, permitindo-lhes explorar por eles próprios os conhecimentos que
haviam adquirido do tema.
Desta forma, a avaliação que realizo desta aula é uma avaliação positiva, uma vez que os
alunos foram capazes de criar as suas narrativas digitais, atingindo assim os objectivos que
haviam sido estipulados. Apesar da avaliação positiva, esta aula benificiária se a internet dentro
da sala de aula apenas estivesse ligada por um determinado tempo, impedindo assim que vários
elementos dos grupos se distraíssem e participassem mais activamente nas actividades.
3.2.10. Aula 10
Esta décima e última aula foi leccionada no dia 21de Abril de 2015, na sala 1.8 da escola
onde foi implementado o projecto e ocorreu entre as 8:20h e as 9:50h da manhã.
Para esta aula estava programado a criação de uma página do Facebook, onde os alunos
pudessem futuramente partilhar a sua escrita com outras pessoas através das redes sociais. E o
estabelecimento de um diálogo com estes sobre a sua opinião a respeito da Oficina de Escrita
Criativa, implementando para isto, um inquérito final. Dado à extrema importância que as novas
tecnologias possuem nas vidas destes alunos, a criação de uma página de Facebook onde estes
pudessem partilhar a sua escrita, pareceu-me pertinente, uma vez que, esta poderia despertar um
maior interesse pela escrita por parte destes alunos, incentivando-os a escreverem cada vez mais e
a quererem evoluir cada vez mais a este nível.
Uma vez que o filme visualizado na sétima aula tinha uma duração superior à duração da
própria aula, sendo esta a última aula e como despendíamos de algum tempo, optei por inicia-la
deixando os alunos terminarem o visionamento do filme “Finding Forrester”. Para concluir o
visionamento do filme foram utilizados o computador e o retroprojector da sala de aula, sendo
este projectado no quadro.
48
Após terminado o visionamento do filme, procedeu-se à criação da página do Facebook,
recorrendo-se ao computador da sala para tal. A esta foi atribuído o nome Palavras e Escrita,
ficando esta futuramente a cargo de todos os alunos da turma.
Em seguida a aula terminou com a resposta dos alunos a um inquérito final (v. anexo 5) e
com um diálogo com estes sobre a oficina. Este inquérito era composto por dez questões de
resposta livre e tinha a finalidade de perceber qual a opinião que os alunos tinham em relação à
oficina de escrita criativa que lhes tinha sido apresentada. Durante esta aula foi essencial à
criação da página do Facebook a utilização do computador da sala e da sua ligação à Internet
Nesta última aula, os alunos demostraram-se bastante atentos e cooperativos, respondendo
ao inquérito como lhes havia sido solicitado, sendo a avaliação desta aula novamente positiva.
Na minha opinião os objectivos programados para esta aula foram atingidos, uma vez que,
os alunos no final da aula tinham percebido como poderiam conjugar as novas tecnologias e eram
capazes de utilizar estas de maneira proveitosa. De uma forma geral, os alunos gostaram bastante
da aula, mas o que mais lhes agradou foi a visualização do filme, dado que estes se encontravam
curiosos para descobrirem como acabariam as personagens principais deste, e a criação da página
de Facebook. Assim, desta forma não alteraria nada na forma como esta aula foi leccionada.
3.3. Avaliação geral de todas as intervenções realizadas
Uma vez concluído o leccionamento das aulas da Oficina de Escrita Criativa, era tempo de
reflectir de uma forma geral sobre a implementação do projecto e de fazer uma avaliação do
mesmo. Assim com ajuda de um inquérito final (v. anexo 5)3, que consistia em dez questões de
resposta livre, e de um diálogo com os alunos, consegui recolher dados que demostravam a
opinião destes em relação á Oficina de Escrita Criativa que lhes havia sido leccionada.
Quando questionados sobre qual era a sua opinião em relação a oficina de escrita criativa,
todos os alunos responderam que de uma forma geral tinham considerado a Oficina bastante
interessante, uma vez que, esta foi capaz de lhes demostrar um lado da escrita que era
desconhecido para maioria destes, pois, muitos não faziam ideia do que estava por detrás da
escrita de um livro ou de um simples texto, que por vezes podemos encontrar por acaso. A
maioria dos alunos afirmou mesmo que era simples ler uma narrativa, mas que ficaram
surpreendidos com todo o processo que é essencial á execução e criação de uma.
Foram também questionados sobre o que tinham achado mais interessante e o que tinham
achado menos interessante durante a Oficina. Quanto ao que acharam mais interessante na
oficina, a maioria dos alunos referiu sobretudo a matéria, visto que estes nunca haviam tido
3 É de denotar que a quando da resposta ao Inquérito Final apenas se encontravam presentes na sala vinte e dois alunos, faltando dois alunos do sexo masculino.
49
contacto com esta, mas também porque esta lhes permitiu explorar um mundo completamente
novo, com o qual aprenderam novas técnicas que lhes permitiriam desenvolver a sua escrita e
criarem as suas próprias narrativas de uma forma mais fácil. Os exercícios realizados durante as
aulas da oficina também foram referidos como o mais interessante da Oficina, pois estes
exercícios permitiram aos alunos, mesmo aos que não gostavam de escrever, por em prática todas
as técnicas ensinadas na parte teórica da aula.
No que diz respeito ao que os alunos consideraram menos interessante nas aulas da
oficina, estes referiram essencialmente os métodos utilizados para a leccionação da parte teórica,
dado que esta parte se tornou um pouco monótona e bastante explanativa na maioria das aulas,
acabando por ser um pouco aborrecida para os alunos.
No entanto os alunos consideraram ter aprendido bastante com esta oficina. Quando
questionados a este respeito, ou seja, quando foi perguntado a estes alunos se achavam ter
aprendido algo com esta oficina, todos eles responderam afirmativamente, como é possível
observar pelo seguinte gráfico.
Gráfico 4 – Resposta dos alunos à questão nº 5 do Inquérito Final
Analisando este gráfico, é possível perceber que dos vinte e dois alunos presentes a
quando da resposta ao questionário final, sendo catorze destes alunos do sexo masculino e os
restantes oito do sexo feminino, todos consideraram ter aprendido algo com a leccionação desta
Oficina de Escrita Criativa, dando até alguns exemplos do que haviam aprendido. Este gráfico
demostra ainda que mesmo os alunos que afirmaram no inquérito inicial não gostarem de
escrever, consideraram ter aprendido algo, o que me leva a concluir que com esta Oficina
consegui não só chegar aos alunos que já possuíam um gosto genuíno pela escrita, mas também
àqueles que não possuíam qualquer relação com esta.
Segundo a opinião da maioria dos alunos, com esta oficina estes consideram que
aprenderam entre outras coisas a: criarem personagens que surpreendessem os leitores;
construírem uma interacção real e original entre as suas personagens, através dos diálogos;
0
5
10
15
Sim Não
Consideras ter aprendido algo com esta O.E.C?
Rapazes
Raparigas
50
criarem as suas próprias narrativas e a despertarem o interesse dos leitores. Mas muito mais do
que as técnicas, estes alunos consideram que aprenderam que a escrita é muito mais do que o
simples acto de pegar numa caneta e escrever palavras numa folha de papel.
Assim, no final desta oficina os alunos consideram ter adquirido certas competências,
acreditando serem capazes entre outras coisas de: criarem uma narrativa respeitando a sua
estrutura, criarem personagens credíveis com as quais o leitor se identificasse, organizarem as
suas ideias para uma narrativa para que esta tivesse uma sequência lógica, conferirem às suas
narrativas uma originalidade genuína. Desta forma, os alunos consideraram que a maior
competência que desenvolveram durante o leccionamento da Oficina, foi a competência de se
poderem expressar de forma correta através da escrita.
Desta forma a avaliação que faço sobre a implementação do projecto é uma avaliação
bastante positiva, sendo que os alunos são da mesma opinião, pois quando questionados se faziam
uma avaliação positiva ou negativa da Oficina de Escrita Criativa que lhes tinha sido leccionada,
a resposta foi unanime e todos fizeram uma avaliação positiva da mesma, como é possível
verificar pelo seguinte gráfico.
Gráfico 5 – Resposta dos alunos à questão nº 9 do Inquérito Final
Fazendo uma rápida análise a este gráfico, é possível perceber que todos os vinte e dois
alunos presentes fizeram, uma avaliação positiva desta Oficina de Escrita Criativa. Segundo os
alunos, esta avaliação deve-se ao facto de com esta oficina estes terem aprendido a olhar para a
escrita de outra forma, vendo-a não como algo aborrecido mas sim como uma forma de arte e de
expressão. Esta avaliação positiva deve-se ao facto de os alunos considerarem que de certa forma
esta oficina os ajudou a melhorar a sua própria escrita.
Já da minha parte a avaliação feita da implementação do projecto é positiva, uma vez que,
no fim das aulas desta oficina os alunos demostraram, serem capazes de por em prática as
técnicas aprendidas durante estas e de criarem as sua próprias histórias, dando-lhes a estrutura
apropriada. Avaliação positiva que faço da implementação do projecto deve-se também ao facto
0
5
10
15
Sim Não
Fazes uma avaliação positiva ou negativa desta O.E.C?
Rapazes
Raparigas
51
de no fim desta, ser notória nos alunos que no início afirmaram que gostavam de escrever uma
evolução ao nível da sua escrita, demostrando uma escrita mais madura e mais consistente.
Embora a avaliação geral, feita da implementação do meu projecto seja positiva, levando
em conta o facto de que esta era a primeira vez que eu executava uma prática pedagógica, ou seja,
dado que esta era a primeira vez que eu me encontrava em frente a uma turma a ensinar algo,
sendo assim eu uma novata neste campo considero que existem coisas que poderiam ter sido
melhoradas na leccionação da Oficina. Se estivesse apenas a iniciar a leccionação desta oficina
neste preciso momento, uma das coisas que alteraria seria a forma como abordei a matéria
durante as aulas, optaria por uma abordagem mais prática e não tão teórica, de forma a conseguir
uma maior motivação por parte dos alunos. Assim teria optado por abordar a matéria a ser
leccionada, realizando mais jogos e algumas fichas com os alunos, implementando alguns
trabalhos de pesquisa, tornando assim as aulas mais práticas para que estas fossem menos
monótonas, mais interessantes e apelativas para os alunos.
Para além de alterar abordagem da matéria feita durante as aulas, teria também alterado o
método utilizado para avaliar a implementação do meu projecto, uma vez que esta avaliação
apenas foi baseada nos inquéritos inicial e final, tentaria desta forma, obter mais dados que me
permitissem assim poder realizar uma avaliação mais profunda da oficina e consequentemente do
meu projecto.
52
Conclusão
Uma vez concluída a implementação do meu projecto, resta-me então meditar sobre todo o
trabalho realizado e apresentar a conclusão, a que esta implementação me levou.
Reflectindo então um pouco sobre a implementação do meu projecto, encontro-me em
condições de poder realizar uma avaliação positiva deste, não só porque me esforcei para
conseguir combater todas as adversidades que se me foram depostas, mas também porque posso
concluir, que em parte esta experiência se revelou útil para os alunos que nela participaram,
devido ao conhecimento que estes puderam adquirir.
Ao longo da realização deste projecto, nem sempre tudo foi um mar de rosas. Para o poder
concretizar deparei-me com algumas dificuldades que foi necessário combater durante todo o
percurso. A primeira dificuldade com a qual me deparei foi, encontrar uma escola e uma turma de
sétimo ano que estivessem dispostas a colaborar comigo, dado que o meu projecto não era algo
vinculativo mas sim algo de realização pessoal, não tendo desta forma qualquer escola a
obrigação de me auxiliar e colaborar comigo. Ainda assim decidi arriscar e apresentei a minha
proposta de projecto ao director do Agrupamento de escolas do qual a minha antiga escola faz
parte, que após a examinar, discutir comigo e concluir que esta poderia ser uma mais-valia para a
escola, se prontificou a apresenta-la a vários docentes da disciplina de Língua Portuguesa. Após
esta apresentação houve uma professora que considerando o meu projecto bastante interessante,
muito gentilmente se mostrou imediatamente disponível para me ceder uma das suas turmas e
algumas das suas aulas. Todavia a turma que então me era emprestada, não era uma turma do
ensino regular, mas sim uma turma vocacional, facto que mais tarde se transformaria também em
mais uma dificuldade.
Uma vez encontradas e escola e a turma que iriam colaborar comigo, a dificuldade que agora
se impunha era encontrar um número de aulas adequado, de forma a não prejudicar o
leccionamento da matéria de Língua Portuguesa, mas que me permitisse ao mesmo leccionar toda
a matéria que eu pretendia. Porém esta dificuldade revelou-se até bastante simples de resolver,
pois em diálogo com a docente que iria cooperar comigo, ambas concordamos e concluímos que
dez aulas seria um número razoável a serem cedidas.
Contudo a maior dificuldade que eu senti durante a realização deste projecto, verificou-se já
no decorrer da parte prática deste. Esta dificuldade consistiu essencialmente em encontrar formas
que me permitissem motivar os alunos em cada uma das aulas que eram leccionadas. Esta foi sem
dúvida a maior dificuldade sentida, dado que os alunos a quem se destinou o meu projecto, eram
alunos que não possuíam qualquer tipo de interesse pelo ensino, que não faziam questão de tentar
53
aprender o que quer que fosse e que apenas se encontravam ali por uma obrigação, quer por vezes
por parte dos pais, quer por parte do governo com a imposição da escolaridade obrigatória para o
12º ano, como havia sido referido anteriormente. Acredito que esta dificuldade se prendeu
também com o facto da minha falta de experiencia na área da leccionação e do ensino, uma vez
que, eu nunca havia leccionado nada para ninguém, sendo esta a minha primeira vez nesta área.
Após a análise do relatório inicial apenas uma questão se impunha no meu pensamento, “Mas
como é que eu vou conseguir motivar e incentivar estes alunos, que não tem qualquer interesse
pelo ensino e sobre tudo pela escrita, a construírem um gosto genuíno por esta?”.
Tentar motivar estes alunos tornou-se então a minha batalha em cada aula leccionada. Para
conseguir que estes se interessassem pela oficina que lhes era apresentada foi essencialmente
necessário apresentar-lhes algo que os conseguisse estimular, utilizando então alguns truques que
parecem ter funcionado um pouco. A tentativa da captação da atenção destes alunos começou
logo na selecção da matéria a leccionar, isto é, durante as aulas leccionadas e dentro do tema do
projecto tentei apresentar uma matéria que fosse ao encontro dos gostos dos alunos, que se
tornasse apelativa e ao mesmo tempo que fosse de fácil compreensão. Para além do cuidado com
a matéria leccionada, tentei também dentro das aulas utilizar um método de leccionamento que
fosse apelativo para os alunos, para tal dividi as aulas em duas partes: uma parte teórica, onde era
explicada a matéria através de um PowerPoint e uma parte prática onde os alunos realizavam
exercícios pondo em prática o que teriam aprendido com a parte teórica. Contudo este método
acabou por se tornar ele próprio um pouco monótono e exaustivo.
Durante a parte teórica das aulas tentei também captar a atenção dos alunos através do
diálogo, isto é, tentei que os alunos participassem mais da aula, colocando-lhes oralmente
questões acerca da matéria, tentando obter uma resposta por partes destes. Este método revelou-
se bastante eficiente dado que, estes se tornavam mais participativos nas aulas.
Em suma, posso concluir que ao longo da leccionação das aulas da oficina tentei dar sempre o
meu melhor para que estas fossem do agrado dos alunos, e que para que estas corressem sempre
da melhor forma possível.
Apesar de todas as adversidades verificadas, posso concluir e afirmar que durante a
realização do meu projecto consegui cumprir os objectivos pretendidos, uma vez que no fim da
leccionação os alunos demostraram ter adquirido determinadas competências, que denotaram a
evolução destes ao longo de todo o percurso realizado.
Desta forma, estou segura em poder assegurar que como competências, os alunos
desenvolveram ao longo da leccionação desta oficina, não só as técnicas que lhes permitiriam
54
uma evolução ao nível da escrita, mas também a sua originalidade. Como competência, esta
oficina permitiu-lhes ainda desenvolverem a sua forma de expressão, entre muitas outras coisas.
Para além das competências desenvolvidas, estou segura de que esta experiência permitiu
ainda aos alunos, que estes tivessem um contacto mais profundo com a escrita, proporcionando-
lhes um olhar diferente sobre esta, que acabaria com o estigma de que a escrita é algo aborrecido
e desinteressante. Permitiu também que estes aprendessem técnicas que os ajudariam na evolução
da sua escrita e ainda que estes encontrassem o seu próprio estilo de escrita, bem como a sua voz
interior.
Para além da avaliação positiva que faço, posso declarar que esta experiência me permitiu retirar
algumas conclusões, quer ao nível da realização do meu projecto, quer ao nível do meu
conhecimento sobre escrita criativa.
Relativamente á realização do meu projecto, esta experiência permitiu-me concluir em
primeiro lugar, que o gosto pela escrita não é algo que possa ser ensinado. Dado que a maioria
dos alunos que participaram da minha oficina não alterou a sua opinião sobre a escrita, estes
demostraram assim que o gosto pela escrita não pode ser ensinado, pois este é algo que já existe
em nós e que vamos descobrindo aos poucos, ou que não existe de todo. Em segundo lugar, que
se esta implementação tivesse ocorrido numa turma do ensino regular, talvez a produtividade do
projecto em si tivesse sido ainda maior, dado que, esses alunos se encontrariam com um nível de
motivação muito mais elevado. E em terceiro lugar, que o facto de haver alunos de diferentes
etnias nunca foi um entrave à escrita, pois independentemente da etnia, todos os alunos
demostraram de uma forma ou de outra algum tipo de progressão relativamente á sua escrita.
Já no que diz respeito ao nível do meu conhecimento sobre a escrita, esta experiência
permitiu-me, como conclusão, poder apresentar uma resposta às questões que foram levantadas
com o surgimento das Oficinas de Escrita Criativa. Assim, á questão “As Oficinas de Escrita
Criativa criam escritores?” posso responder que não, que estas Oficinas não criam escritores e
neste aspecto os alunos que frequentaram a minha oficina demostram a mesma opinião, pois
todos concordamos que o que estas oficinas realmente ensinam são técnicas para melhorarmos a
nossa escrita, contudo estas técnicas são insuficientes para ser um escritor de sucesso, sendo que
o segredo para se atingir esse estatuto e esse patamar é possuir uma verdadeira paixão pela escrita
e pela literatura, pois sem estas duas características, por muito tecnicamente perfeita que seja a
nossa escrita, esta continua a ser uma escrita incompleta e desprovida de sentimento. À questão
“Deve a escrita criativa ser institucionalizada?” encontro-me em condições de responde que sim,
que esta deve ser institucionalizada e principalmente no terceiro ciclo e ensino secundário, pois se
esta fosse institucionalizada, seria uma forma de combater o sedentarismo tecnológico e despertar
55
os jovens para a arte e a cultura que estão cada vez mais a perder importância. Como resposta à
questão “Em que medida as Oficinas de Escrita Criativa ajudam realmente a desenvolver a
escrita?” posso responder que estas oficinas podem de facto ajudar-nos a desenvolver a nossa
escrita, na medida em que estas nos fornecem um conjunto de técnicas que permitem a quem as
frequenta evoluírem e melhorarem o seu nível de escrita, no entanto para melhorarmos a nossa
escrita não basta apenas aprendermos estas técnicas, é necessário também dispensar muitas horas
a treinar e a praticar estas técnicas e possuir uma enorme disciplina. Contudo quem pensa que
estas oficinas servem para nos ajudar a melhorar a nossa escrita ao nível da ortografia e da
sintaxe que se desengane, pois este não é o papel destas oficinas, mas sim o papel das aulas de
língua portuguesa nas escolas, isto é, o papel destas oficinas é ensinar quem as frequenta a
construir um texto, não ensinar gramatica e ortografia. Quanto à questão “Pode e deve a escrita
criativa ser ensinada?”, esta experiência permite-me responder que sim, pois com o ensino desta
estaremos não só estimular a criatividade dos jovens, mas também a proporcionar-lhes uma forma
de este se expressarem.
A realização deste projecto permitiu-me ainda concluir, que se voltasse a repetir esta
experiência futuramente haveria alguns aspectos que sem dúvida alteraria. Em primeiro lugar,
tentaria que este fosse voltado apenas para pessoas que realmente possuíssem um gosto genuíno
pela escrita, para desta forma poder potencializar ao máximo a produtividade do projecto. Em
segundo lugar optaria por um método mais dinâmico a quando da leccionação da matéria, para
que esta pudesse ser mais atractiva e não tão monótona. E em terceiro lugar tentaria talvez propor
exercícios mais estimulantes e apelativos, tentando assim explorar de uma melhor forma a
criatividade de cada um.
Tendo em conta a forma como decorreram as aulas da oficina por mim leccionadas, para
terminar resta-me então reflectir sobre a minha forma de agir durante a realização da parte prática
do meu projecto, isto é, reflectir sobre a minha prática pedagógica.
Reflectindo sobre esta, considero então que tentei durante toda a leccionação das aulas, que
estas fossem o mais apelativas possível para os alunos, implementando métodos que as tornassem
mais dinâmicas e que permitissem aos alunos terem um papel o mais activo possível dentro
destas. Para que estas aulas fossem mais apelativas e dinâmicas recorri a actividades mais lúdicas
como a realização de jogos e de exercícios visando desta forma, quer a evolução individual quer
colectiva dos alunos. Além destas actividades lúdicas, utilizei também as novas tecnologias a
meu favor, fazendo-me sempre acompanhar de um PowerPoint a quando do leccionamento da
matéria e através da realização das narrativas digitais por parte dos alunos.
56
Desta forma considero ainda que a realização deste projecto foi extremamente gratificante
tanto pessoalmente como profissionalmente, dado que com esta experiencia pude enriquecer um
pouco mais o meu conhecimento sobre a arte da escrita, para além de ter podido contribuir para
que esta fosse vista com outros olhos por parte dos jovens.
Para concluir, apenas me falta dizer que embora tivesse sido do meu agrado ter
aprofundado mais alguns temas e ter podido apresentar outros, a limitação do tempo disponível
acabou assim por não o permitir. Contudo estou segura de poder afirmar que a nível pessoal esta
experiência me permitiu não só aprofundar um pouco mais o meu conhecimento sobre a escrita,
como também me permitiu ter uma perspectiva mais clara sobre o funcionamento das oficinas de
escrita criativa. E que esta já valeu a pena pelo simples facto de ter conseguido pelo menos
despertar a curiosidades dos alunos pela arte da escrita.
57
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da narrativa visual na promoção da escrita criativa. Relatório de estágio de mestrado em
Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico, apresentado ao Instituto de
Educação da Universidade do Minho; Universidade do Minho; Braga.
Santos, Margarida Fonseca. (2008). Quero ser escritor! Manual de escrita criativa para todas as
idades (2.ª edição). Cruz Quebra: Oficina do Livro.
59
V.A. (2015).Criatividade. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Acedido a 15 de Junho de 2015
em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Criatividade
V.A. (2015). Escola Secundária Dr. Júlio Martins. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Acedido a
15 de Junho de 2015 em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Secund%C3%A1ria_Dr._J%C3%BAlio_Martins
V.A. (1981). “Léxico comum”, Dicionário Enciclopédico Koogan Larousse Selecções,
1ºVolume. Lisboa: 1981. (Original publicado em 1977)
Viana, Neilane de Souza. (2012). A linguagem escrita na era da tecnologia: Investigando a
informalidade nas comunicações online. In Vozes dos Vales: Publicações Académicas. Acedido a
23 de Outubro de 2014 em http://www.ufvjm.edu.br/site/revistamultidisciplinar/files/2011/09/A-
LINGUAGEM-ESCRITA-NA-ERA-DA-TECNOLOGIA-neilane.pdf
60
Anexos
Anexo 1: Inquérito Inicial
Inquérito Inicial
Idade:_____ Sexo:________________
1. O que mais gostas de fazer nos teus tempos livres?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
2. Qual é a disciplina de que gostas mais? Porquê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
3. Qual a tua opinião em relação à Escola?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
4. Se pudesses alterar alguma coisa no ensino, o que alterarias? Porquê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
5. Quais são as tuas expectativas para o futuro? Porquê?
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__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6. Qual é mais importante para ti, um livro ou um computador? Porquê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
7. Se tivesses que escolher uma personagem para te representar, qual seria essa personagem?
Porquê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
8. Tens gosto pela leitura? Porquê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
9. Qual foi a última coisa que leste (livros, revista, banda desenhada, jornal, etc.)?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
10. Tens o hábito de ir à biblioteca buscar livros para ler? Com que frequência fazes isso?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
11. Gostas de escrever? Porquê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
62
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
12. Se respondeste Sim à questão anterior, o que gostas mais de escrever (poesia, romance,
contos, diário, etc.)?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
13. Qual a tua opinião em relação à escrita?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
14. Acreditas que a escrita nos pode influenciar enquanto pessoas? Porquê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
15. O que significa para ti a escrita?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
16. Consegues imaginar-te como um escritor no futuro? Porquê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
17. O que achas que é essencial para se ser um bom escritor? Porquê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
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__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
18. Qual o género literário que mais te agrada (ficção-cientifica, terror, fantasia, policial,
romance, etc.)?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
19. Achas que a escrita e a literatura estão a ser desvalorizadas na tua escola? Porquê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
20. Quais as tuas expectativas em relação a esta Oficina de Escrita Criativa?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Obrigado pela tua colaboração!
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Anexo 2: Conteúdo programático da Oficina de Escrita Criativa
Oficina de Escrita Criativa
Aula 1: Introdução á Oficina de Escrita Criativa
Apresentação aos alunos
Diálogo com os alunos sobre a escrita
Pequeno jogo com os alunos para avaliar o nível da escrita em que se encontram
O que é a Escrita Criativa?
Aula 2: Como se desbloqueia a escrita?
Por onde começar a explorar o universo da criação literária?
o Como transformar as suas ideias em histórias?
o Como captar a atenção do leitor logo nas primeiras linhas?
o Como desenvolver um estilo de escrita original?
o Pequenas doses de inspiração.
Aula 3: As personagens
Como criar personagens complexos e credíveis?
o O que torna um personagem inesquecível?
o Como provocar empatia entre o leitor e um personagem?
o Classificação das personagens na narrativa.
Aula 4: Como contar uma história …
Estrutura de uma história
o Mudança
o Conflito
o Cenas
o Diálogos
Aula 5: Como contar uma história (Parte 2)
o Modos de Narração
O narrador
A estrutura da narrativa
Tempo Narrativo
Espaço da Narrativa
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Os medos de um Escritor
Aula 6: O Género Fantástico
O que é o género fantástico?
A história do género fantástico
Exemplos de livros do género fantástico
Aula 7: Narrativa Digital ou Storytelling
Algumas Noções básicas sobre Narrativa Digital
o O que é a Narrativa Digital
o Pontos-chave da Narrativa Digital
o Elementos constituintes da Narrativa Digital
o Exemplo de Narrativa Digital
Criação de uma Narrativa Digital Original
o Planeamento e organização das narrativas
Aula 8: Narrativa Digital ou Storytelling (Parte 2)
Criação de uma Narrativa Digital Original
o Produção escrita das narrativas digitais
o Início da transposição das narrativas para formato digital
Aula 9: Narrativa Digital ou Storytelling (Parte 3)
Transposição das narrativas produzidas na aula anterior para um formato digital (áudio, texto,
vídeo, etc.)
Aula 10: A Escrita na Era das Novas Tecnologias
Criação de uma página no Facebook para que os alunos possam partilhar as suas narrativas.
Diálogo com os alunos sobre a Oficina de escrita Criativa leccionada
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Anexo 3: Calendarização e planificação das aulas da Oficina de Escrita Criativa
Planificação das aulas da Oficina de Escrita Criativa
Aula: Aula nº 1
Duração da aula: 90 min.
Data: Terça-feira, 3 de Março de 2015
Tema a abordar: Introdução á oficina de escrita criativa
Conteúdos: O que é a Escrita Criativa?
Objectivos:
Conhecer um pouco os alunos,
Saber o que eles pensam sobre a escrita,
Avaliar a capacidade de escrita e originalidade dos alunos,
Os alunos ficarem a perceber um pouco o que é a escrita criativa e qual é
o objectivo desta.
Materiais utilizados: Inquérito
Método de trabalho: Pares ou individuais
Desenvolvimento da
aula:
• Apresentação aos alunos.
• Diálogo com os alunos e realização de um inquérito sobre a escrita.
• Pequeno jogo com os alunos para avaliar o nível da escrita em que estão.
• O que é a Escrita Criativa?
67
Aula: Aula nº 2
Duração da aula: 90 min.
Data: Quinta-feira, 5 de Março de 2015
Tema a abordar: Como se desbloqueia a escrita?
Conteúdos:
Por onde começar a explorar o universo da criação literária?
o Como transformar as suas ideias em histórias?
o Como captar a atenção do leitor logo nas primeiras linhas?
o Como desenvolver um estilo de escrita original?
o Pequenas doses de inspiração.
Objectivos:
Aprender a partir de que pontos se podem começar a criar uma história,
Aprender quais as técnicas que podem ser utilizadas para captar a
atenção do leitor,
Aprender a desenvolver um estilo de escrita próprio,
Aprender a como conseguir utilizar o dia-a-dia como fonte de inspiração
para a escrita.
Materiais utilizados: PowerPoint, Computador, Retroprojector
Método de trabalho: Pares ou individuais
Desenvolvimento da
aula:
Explicação dos dois primeiros conteúdos através de um PowerPoint.
Realização de um exercício.
Leitura em voz alta e comentário do exercício realizado.
Prosseguimento da explicação através de PowerPoint dos restantes dois
conteúdos programados.
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Aula: Aula nº3
Duração da aula: 90 min.
Data: Terça-feira, 10 de Março de 2015
Tema a abordar: As personagens.
Conteúdos:
Como criar personagens complexos e credíveis?
O que torna um personagem inesquecível?
Como provocar empatia entre o leitor e um personagem?
Classificação das Personagens
Objectivos:
Aprender a criar uma personagem que seja credível aos olhos dos
leitores,
Aprender algumas técnicas para construir personagens,
Aprender as principais características que uma personagem deve ter para
que o leitor se sinta envolvido com esta,
Aprender que tipos de personagens existem numa história.
Materiais utilizados: PowerPoint, Computador, Retroprojector
Método de trabalho: Pares ou individuais
Desenvolvimento da
aula:
Explicação dos dois primeiros conteúdos através de um PowerPoint.
Realização de um exercício.
Leitura em voz alta e comentário ao exercício realizado.
Prosseguimento da explicação através de PowerPoint dos restantes dois
conteúdos programados.
Realização de um exercício.
Leitura em voz alta e comentário ao exercício realizado.
69
Aula:
Aula nº4
Duração da aula:
90 min.
Data:
Quinta-feira, 12 de Março de 2015
Tema a abordar:
Como contar uma história … (Parte I)
Conteúdos:
Estrutura de uma história
o Mudança
o Conflito
o Cenas
o Diálogos
Objectivos:
Aprender qual a estrutura básica de uma história,
Compreender os conceitos de mudança e conflito, aplicando-os depois á
narrativa,
Aprender a criar cenas e diálogos.
Materiais utilizados:
PowerPoint, Computador, Retroprojector
Método de trabalho:
Pares ou individuais
Desenvolvimento da
aula:
Explicação dos dois primeiros conteúdos através de um PowerPoint.
Realização de um exercício.
Leitura em voz alta e comentário ao exercício realizado.
Prosseguimento da explicação através de PowerPoint dos restantes dois
conteúdos programados.
70
Aula: Aula nº5
Duração da aula: 90 min.
Data: Terça-Feira,17 de Março de 2015
Tema a abordar: Como contar uma história… (Parte II)
Conteúdos:
Modos de Narração
o O narrador
o A estrutura da narrativa
o Tempo Narrativo
o Espaço da Narrativa
Os medos de um Escritor
Objectivos:
Conhecer e identificar os vários modos da narração,
Saber aplicar os modos da narração numa narrativa própria,
Saber identificar os principais medos de um escritor e aprender a como
superar esses medos.
Materiais utilizados: PowerPoint, computador, Retroprojector
Método de trabalho: Pares ou individuais
Desenvolvimento da
aula:
Explicação dos modos da narração através de um PowerPoint.
Realização de um exercício.
Leitura em voz alta e comentário ao exercício realizado.
Prosseguimento da explicação através de PowerPoint dos restantes
conteúdos programados.
71
Aula: Aula nº 6
Duração da aula: 90 min.
Data: Quinta-Feira, 19 de Março de 2015
Tema a abordar: O Género Fantástico.
Conteúdos: O que é o género fantástico?
A história do género fantástico
Exemplos de livros do género fantástico
Objectivos: Saber a definição do género fantástico,
Conhecer as características do género fantástico,
Saber identificar o género fantástico.
Materiais utilizados: PowerPoint, computador, Retroprojector
Método de trabalho: Pares ou individuais
Desenvolvimento da aula: Explicação dos conteúdos através de um PowerPoint.
Realização de um exercício.
Leitura em voz alta e comentário ao exercício realizado.
72
Aula: Aula nº7
Duração da aula: 90 min.
Data: Terça-feira, 7 de Abril de 2015
Tema a abordar: Narrativa Digital ou Storytelling.
Conteúdos: Algumas Noções básicas sobre Narrativa Digital
o O que é a Narrativa Digital
o Pontos-chave da Narrativa Digital
o Elementos constituintes da Narrativa Digital
o Exemplo de Narrativa Digital
Objectivos: Saber o que é uma narrativa digital,
Conhecer as diferentes propriedades constituintes da narrativa
digital.
Materiais utilizados: PowerPoint, Computador, Retroprojector
Método de trabalho: Grupos
Desenvolvimento da aula: Explicação dos conteúdos através de um PowerPoint.
Visualização do exemplo de uma narrativa digital.
Planeamento de uma narrativa digital original por parte dos alunos.
73
Aula: Aula nº 8
Duração da aula: 90 min.
Data: Quinta-feira, 9 de Abril de 2015
Tema a abordar: Narrativa Digital ou Storytelling (Parte II)
Conteúdos: Criação de uma Narrativa Digital Original
Objectivos: Saber aplicar as diferentes propriedades da narrativa digital,
Saber como criar uma narrativa digital.
Materiais utilizados: Computador
Método de trabalho: Grupos
Desenvolvimento da aula: Produção escrita das narrativas digitais.
Início da transposição das narrativas para formato digital.
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Aula: Aula nº 9
Duração da aula: 90 min.
Data: Terça-feira, 14 de Abril de 2015
Tema a abordar: Narrativa Digital ou Storytelling (Parte III)
Conteúdos: Criação de uma Narrativa Digital Original
Objectivos: Saber aplicar as diferentes propriedades da narrativa digital,
Saber como criar uma narrativa digital.
Materiais utilizados: Computador
Método de trabalho: Grupos
Desenvolvimento da aula: Transposição das narrativas produzidas na aula anterior para um
formato digital (áudio, texto, vídeo, etc.)
75
Aula: Aula nº10
Duração da aula: 90 min.
Data: Quinta-feira, 16 de Abril de 2015
Tema a abordar: A Escrita na Era das Novas Tecnologias
Conteúdos: A escrita criativa e o Facebook
Objectivos: Compreender de que maneira a escrita criativa pode ser
aplicada nas novas tecnologias
Materiais utilizados: PowerPoint, Computador, Retroprojector, Inquérito
Método de trabalho: Grupos, pares ou individuais.
Desenvolvimento da aula: Criação de uma página no Facebook para que os alunos possam
partilhar as suas narrativas.
Diálogo com os alunos sobre a Oficina de escrita Criativa
leccionada
Realização de um Inquérito final
76
Anexo 4: Exemplos de exercícios praticados nas aulas.
Exemplo 1
Baseado nas
personagens desta
imagem, cria uma
pequena história em
que dês a conhecer
estas personagens e
em que cries uma
relação/ ligação entre
elas.
Exemplo 2
Utilizando uma fonte de inspiração a teu gosto, cria uma mini história de fantasia, ficção
científica ou horror.
Exemplo 3
Baseado nesta imagem, imagina a conversa que
estas duas personagens estarão a ter e cria um
diálogo que ilustre essa conversa.
Exemplo 4
Com uma folha de papel em branco na tua frente, coloca-te no papel de um escritor que está a
sofrer um bloqueio criativo e tenta criar o primeiro parágrafo de uma história.
77
Anexo 5: Inquérito Final
Inquérito Final
Idade:______ Sexo:________________
1. Qual é a tua opinião em relação à Oficina de Escrita Criativa que foi leccionada?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
2. O que achaste mais interessante nesta O.E.C1? Porquê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
3. O que achaste menos interessante nesta O.E.C? Porquê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
4. Achas que esta O.E.C te ajudou a mudar a forma como vias a escrita? Porquê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
5. Na tua opinião achas que conseguiste aprender algo com esta O.E.C? Porquê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
1 O.E.C, abreviatura para Oficina de Escrita Criativa
78
6. Pensas que esta O.E.C te ajudou a desenvolver a tua escrita? Porquê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
7. Achas que Oficinas como esta podem ajudar alguém a ser escritor? Porquê
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
8. Pensas que esta O.E.C te ajudou a evoluir enquanto pessoa? Porquê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
9. Fazes uma avaliação positiva ou negativa desta O.E.C? Porquê?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
10. Na tua opinião o que aspectos podiam ter sido melhorados nesta O.E.C?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Obrigado pela tua colaboração!
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Anexo 6: Imagens utilizadas nos exercícios das aulas
Imagem 2 – Retrato robô utilizado na realização do exercício da quarta aula
Imagem 1 – Imagens utilizadas na realização do exercício da terceira aula
Imagem 3 – Imagem utilizada na realização do exercício da quinta aula
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Anexo 7 – Exercícios realizados pelos alunos
Imagem 4 – imagem utilizada na realização do exercício da sexta aula
Ilustração 1: Exemplos de exercicios realizados durante as aulas da Oficina de Escrita Criativa