maria aparecida afonso moisés - entrevista-isto-e

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  • 5/24/2018 Maria Aparecida Afonso Mois s - Entrevista-IsTO-E

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    B o l e t i m d a V e l a R u a M a t r i z 1 2 3 4 C i d a d e , E s t a d o 5 4 3 2 1 - 0 0 0 1 2 . 3 4 5 6 . 7 8 9 0

    LEIA, NA NTEGRA, AS PERGUNTAS DA JORNALISTA E

    AS RESPOSTAS DA DRA MARIA APARECIDA MOYSS

    E APRENDA COMO TENTAR DESQUALIFICAR EREDUZIR CONTROVRSIAS CIENTFICAS A P.

    A ENTREVISTA

    DE MARIAAPARECIDA

    MOYSS

    Em primeiro lugar, no posso deixar de estranhar a expressocravar que voc usa em suas perguntas para se referir aoprocesso de diagnosticar uma doena. Um diagnstico no

    cravado, gravado, como um estigma a ferro e fogo. (pgina 8)

    B

    o

    l

    e

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    m

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    JORNALISTARACHEL COSTA

    DA ISTO

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    Respostas de Maria Aparecida Moyss jornalista Rachel Costa, da Isto 2

    Essas entidades nosolgicas foram descritas pelamedicina h mais de um sculo, sem que suaexistncia jamais tenha sido comprovada. Nessesmais de 100 anos, foram mudando seus nomes e ashipteses explicativas de mecanismos causais efisiopatolgicos. Essas hipteses, nuncacomprovadas, foram sempre apresentadas comoteoria absolutamente comprovada, absoluta einquestionvel, algo estranho ao campo da cincia.

    Este quadro persiste at hoje: a no comprovaode que se trate de doena e a no aceitao decrticas e questionamentos, criando umpatrulhamento ideolgico aos pesquisadores eprofissionais que no aceitam passivamente o quese difunde como verdade absoluta, como dogma.Esse patrulhamento ocorre por meio de tentativasde desqualificar, at agressivamente, e de intimidar,ao invs de contrapor argumentos racionais ecientficos.

    Ento, perguntar se contestamos a existncia dedoenas colocar a questo de modo inadequado.Contestamos que se afirme tranquilamente queseja uma doena ignorando que ainda no foicientificamente comprovada.

    importante esclarecer que comprovar aexistncia de uma alterao, ou irregularidade, oudiferena, seja em anamnese (histria clnica), emexame fsico, em exames laboratoriais, incluindo os

    exames de imagem, no significa comprovar quetais alteraes sejam decorrentes ou indicativas dedoenas. O mtodo cientfico para comprovar quedeterminado problema seja uma doena bastantediverso.

    Um outro ponto a ser destacado refere-se s taxasde prevalncia dessas entidades. Para TDAH,variam de 2 a 17% em diferentes regies,chegando-se a uma taxa mdia de 5 a 6%. Ora,tais taxas so inaceitveis para uma doena inata,

    inerente ao indivduo. Em medicina, porcentagem usada para doenas socialmente determinadas,como fome, desnutrio, verminose. Doenasinatas so muito menos frequentes, com

    prevalncias da ordem de 1 por 10.000, 1 pormilho. Pretender que uma doena neurolgica, ouneuropsiquitrica, inata, como divulgam, tenhaessa prevalncia absurdo em medicina!

    Isto no significa negar a existncia de pessoasque aprendem de outros modos, e mesmo commais dificuldades, ou de pessoas que apresentemmodos de agir e reagir, de ser e sentir, de secomportar e de no se comportar que escapam dospadres socialmente estabelecidos comoadequados.

    Ao contrrio.Essas pessoas existem e sofrem, assim como

    sofrem seus familiares e amigos, principalmentepelos preconceitos e estigmas enfrentados. Aoserem enquadradas nesses diagnsticos, deixam deser vistas e ouvidas com o respeito que seusofrimento merece e deixa-se de identificar a(s)causa(s) reais desse sofrimento.

    importante destacar que uma pessoa que secomporta de um modo to fora dos padresestabelecidos, pode estar expressando um conflito,um sofrimento, pode estar pedindo ajuda. E ao serenquadrada em um diagnstico, geralmente demodo muito rpido, lhe negada a possibilidade, oespao para falar de seu sofrer.

    Existe 2 a 18% de pessoas no mundo comcomportamentos considerados pelos avaliadores

    como anormais? Pode ser, mas com essa taxasomos obrigados a questionar se no se trata de umproduto social.

    E muito importante: dizer isto no

    significa desqualificar, desrespeitar, negar,ou zombar de seu sofrer; nem dizer que sua

    famlia, seus pais so os culpados. Estamos

    falando de um comportamento produzidopela sociedade em que vive.

    Na verdade, enquadr-lo em um diagnstico que

    impede a identificao do problema real, que atpode ser uma outra doena de fato, isto sim desrespeitar, desqualificar, zombar de seu sofrer. Deseu sofrer e do sofrimento de seus familiares.

    1. O FRUM CONTESTA A EXISTNCIA DAS

    DOENAS TDAH E DISLEXIA OU APENAS A

    FORMA COMO SE D ESSE DIAGNSTICO?

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    Respostas de Maria Aparecida Moyss jornalista Rachel Costa, da Isto 3

    O uso de metilfenidato (droga psicoativa,comercializada pela Novartis - com o nome deRitalina e pela Janssen com o nomeConcerta) para tratar crianas que apresentemproblemas de comportamento no novo.

    Desde a poca em que TDAH era chamadoLCM (Leso Cerebral Mnima), e asexplicaes e critrios eram diferentes, otratamento preconizado era o mesmo: uso depsicoestimulantes. Em 1962, o nome mudoupara DCM (Disfuno Cerebral Mnima),mudaram as explicaes e os critrios e otratamento continuou o mesmo. Nos anos1980, mudou para TDAH, mudaram

    explicaes e critrios e o tratamentopermaneceu o mesmo!O metilfenidato tem o mesmo mecanismo de

    ao que as anfetaminas e a cocana, adiferena est na intensidade. Essas drogasaumentam a concentrao nas sinapses dedopamina, neurotransmissor associado aoprazer.

    O metilfenidato pode provocar uma srie

    grande de reaes adversas em todo oorganismo, que constam em qualquer livrotexto de farmacologia. No sistema nervoso,podem provocar, alm de cefaleia, insnia,sonolncia, tambm crises de alucinao, crisespsicticas, suicdio, em taxas no desprezveis.O risco de levar a drogadio tambm relevante, assim como reduo irreversvel deestatura final.

    Essas reaes constam em livros defarmacologia e tambm dos dados do Sistemade Relatos Espontneos de Reaes Adversas

    do FDA (Food and Drug Administration),existente nos Estados Unidos, ao qual osmdicos se reportam espontaneamente aodepararem com reaes adversas a qualquermedicamento. Por esse motivo, as indstriasfarmacuticas e entidades que preconizam edefendem seu uso ainda no conseguiram,apesar de intensa presso, que suacomercializao seja liberada sem restries, oque significa retir-lo da lista de drogasmarcadas com a famosa tarja preta.

    Alm disso, uma de suas reaes adversasmais comuns (em 40 a 50% das pessoas) focara ateno, isto , s conseguir prestar ateno e

    fazer uma nica coisa de cada vez. Outrareao adversa comum, que costumaacompanhar esse focar ateno, ficarcontido em si mesmo, quieto, parado; esseefeito nomeado, em farmacologia, de zumbi-like.

    O problema que essas 2 reaes adversasso apresentadas como efeito teraputico!

    Este um aspecto, que j deveria colocar, no

    mnimo, cautela, em preconizar o uso de umadroga psicoativa em crianas e adolescentes.O outro aspecto a considerar : seu efeito

    benfico e consistente?Para responder a este tipo de pergunta, so

    feitos pesquisas de meta-anlise, em que solevantados todos os trabalhos publicados sobreos assunto em todas as revistas mdicasindexadas. Esse tipo de pesquisa o que

    sustenta a Medicina Baseada em Evidncias e feito por alguns poucos centros especializadosno mundo todo. importante frisar que nessas

    2. O MESMO VALE PARA A RITALINA:CONTESTA-SE A SUA EFICCIA OU SUA

    P R E S C R I O S E M O D E V I D ODIAGNSTICO?

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    Respostas de Maria Aparecida Moyss jornalista Rachel Costa, da Isto 4

    pesquisas no se questiona nem se valida odiagnstico, apenas se tenta estabelecer umrankingentre os tratamentos preconizados.

    Muito poucas pesquisas de meta-anliseforam feitas sobre os efeitos do metilfenidato.Um dado constante: a imensa maioria dostrabalhos publicados excluda, por noapresentarem metodologia cientfica rigorosa.

    A ltima pesquisa, publicada em outubro de2011, pela AHRQ (Agency for HealthcareResearch Qual i ty ) fo i rea l izada naUniversidade McMaster, de Ontario, Canad,um dos mais importantes e reconhecidoscentros de pesquisa de Medicina Baseada emEvidncias. Foram levantadas todas aspublicaes entre 1980 e maio de 2010.(disponvel em www.ahrq.gov)

    Os resultados so impactantes: os melhoresresultados no tratamento de crianas com

    diagnstico de TDAH foram obtidos com o uso deorientao familiar exclusivamente; resultados beminferiores foram obtidos com orientao emetilfenidato; o uso exclusivo de metilfenidatorevelou-se o pior esquema, com baixa evidncia deresultados positivos.

    Especificamente em relao a desempenho escolar,os resultados foram considerados inconclusivos!

    Ento, a pergunta que deve ser feita : porque tantas entidades, associaes e profissionaisinsistem em dizer que o metilfenidato umadroga segura e com timos resultados? Por queinsistem em apresentar uma verso dos fatos

    que no se sustenta quando adequada eidoneamente pesquisada? A quem interessa

    manter essa verso e continuar, contra todas asevidncias cientificas reais, prescrevendo drogaspsicoativas para crianas e adolescentes?

    Esta questo remete diretamente a outra:como profissionais, associaes e entidadespodem ser apoiadas, financiadas, patrocinadas,por laboratrios farmacuticos? Isto sim antitico e anticientfico; isto sim conflito de

    interesse. Esse profissional, entidade ouassociao dir que o produto comercializadopor essa indstria (que s visa o lucro e s temlucro se vender seus produtos) no cumpre osefeitos prometidos ou que pode ser danoso?

    A esse respeito, recomendo a leitura dostextos da Dra Marcia Angell, mdica eprofessora universitria nos Estados Unidos,que por 8 anos foi editora chefe de uma dasmais renomadas publicaes cientficas nocampo da medicina clnica (New EnglandJournal of Medicine) e saiu afirmando que seretirava por saber dos graves problemas ticos ecientficos que permeiam os trabalhosencaminhados para publicao - todosdecorrentes da ao das indstr iasfarmacuticas e no conseguir impedir. Ela

    publicou um livro, disponvel no Brasil emportugus, intitulado A verdade sobre oslaboratrios farmacuticos e vrios textos eentrevistas suas foram publicados em jornaisbrasileiros, com destaque para a matriaveiculada em 2011 na revista Piau, Aepidemia de doena mental.

    Outro modo de efetuar a patrulhaideolgica: tentar intimidar apregoandoque a crtica pode levar ao caos!? Caospara quem?

    2. O MESMO VALE PARA A RITALINA: CONTESTA-SEA SUA EFICCIA OU SUA PRESCRIO SEM ODEVIDO DIAGNSTICO? (continuao)

    http://www.ahrq.gov/http://www.ahrq.gov/http://www.ahrq.gov/
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    Respostas de Maria Aparecida Moyss jornalista Rachel Costa, da Isto 5

    A sua pergunta j traz embutido um vcio de

    olhar: o fato de descartar outras possveis

    doenas comprovaria que se trata de uma

    doena previamente definida. Ora, mas a no

    h a possibilidade de chegar concluso de que

    no se trata de doena. Ou de que se precisa

    pesquisar mais para entender a provvelimensido de problemas que esto ocultados e

    silenciados ao serem reduzidos e enquadrados

    no diagnstico de TDAH.

    Ao contrrio do que voc pretende afirmar, o

    diagnstico se restringe sim basicamente

    anlise de um questionrio simplista, com

    perguntas mal formuladas, vagas.O mdico psiquiatra, neurologista, ou

    qualquer outra especialidade que se deixa

    convencer de que as 18 perguntas do

    questionrio avaliam bem o comportamento e

    o consideram como indicativo da existncia de

    uma doena neurolgica ou neuropsiquiatra,

    passa a olhar a criana em busca de sinais dehiperatividade, desateno, impulsividade. E

    com grande chance encontrar.

    Assim, se ele faz uma avaliao do

    comportamento da criana no consultrio...

    Ora, avaliar comportamento no consultrio?! E

    a vida real, onde fica? Pois o consultrio

    ambiente artificial para a criana (e tambm

    para os adultos) e portanto pssimo local para

    se observar comportamentos, para seaproximar da vida da criana.

    Como aceitar que uma doena neurolgica

    ou neuropsiquitrica somente precise se

    manifestar em 2 contextos diferentes? Em que

    lgica cientfica prestar ateno no videogame

    no anula no prestar ateno na escola?? Oargumento de que quando a criana se

    interessa muito, se esfora e consegue superar

    sua doena fantstico!

    Pois ento, tudo que temos a fazer

    descobrir os interesses, gostos, sonhos da

    criana e conquistar sua ateno. E a deixa deser doena!!

    TODAVIA, SE OBSERVARMOS COMO ATUAM OS BONS PROFISSIONAIS DAPSIQUIATRIA, ELES NO SE BASEIAM APENAS NESSA EVIDNCIA PARACRAVAR QUE A CRIANA TEM TDAH OBSERVAM TAMBM OCOMPORTAMENTO DO PRPRIO MENINO OU MENINA NO CONSULTRIOE FAZEM EXAMES COMPLEMENTARES PARA SE ELIMINAR OUTRASPOSSVEIS DOENAS. O PROBLEMA, MAIS DO QUE NO DIAGNSTICO EMSI NO ESTARIA NA FALTA DE BONS PROFISSIONAIS CAPACITADOS PARAFAZER O DIAGNSTICO ?

    3. QUANDO SE CRITICA O DIAGNSTICO DE TDAH O

    ARGUMENTO O USO DE UM QUESTIONRIO SIMPLES

    E RESPONDIDO APENAS POR PAIS/PROFESSORES.

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    Respostas de Maria Aparecida Moyss jornalista Rachel Costa, da Isto 6

    Em sntese: a crtica ao diagnstico de TDAH bem mais slida do que voc

    coloca e remete diretamente ausncia de fundamentao cientfica que

    comprove: a) a existncia da doena TDAH; b) que esses critrios sejam de

    fato indicadores de doena neurolgica ou neuropsiquitrica.

    Ento, no se trata de capacitar profissionais a fazerem corretamente o

    diagnstico de TDAH. Esta uma questo viciada, que s pode levar a

    respostas que concordem com a comprovao de que TDAH doenacientificamente comprovada.

    Na verdade, o que est faltando so mais profissionais que saibam avaliar

    uma criana valorizando diferenas, aceitando que no somos todos iguais,

    no aprendemos de um mesmo modo, somos sujeitos constitudos de um

    corpo biolgico que interage com o ambiente e se modifica nessas interaes;somos corpos biolgicos vivos, somos sujeitos histricos e culturais, no um

    amontoado de clulas e molculas. Quando o profissional reduz a pessoa a

    um padro gentico ou neurolgico, quando ele no sabe avaliar uma pessoa

    imprevisvel e irregular como so todas as pessoas vivas, ele a enquadrar em

    um diagnstico/rtulo, que retira a vida de cena e fecha as possibilidades defuturos diferentes.

    TODAVIA, SE OBSERVARMOS COMO ATUAM OS BONSPROFISSIONAIS DA PSIQUIATRIA... ? (continuao)

    3. QUANDO SE CRITICA O DIAGNSTICO DE TDAH O

    ARGUMENTO O USO DE UM QUESTIONRIO SIMPLES

    E RESPONDIDO APENAS POR PAIS/PROFESSORES.

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    Respostas de Maria Aparecida Moyss jornalista Rachel Costa, da Isto 7

    Cabe perguntar se essa sensao de algunspais no est sendo construda e alimentadapelas campanhas de patrulhamentoideolgico a que j me referi.

    Alis, estranha essa reao, pois paiscostumam ficar aliviados que seus filhospodem no serem doentes!

    O Fr um c r i t i c a e c om bate amedicalizao, jamais as pessoas que sofremas consequncias desse processo. Jamaishouve qualquer manifestao do Frum, ouminha, que culpasse a famlia pelossofrimentos de seus filhos. Ao contrrio,sempre enfatizado que afirmar que o quevem sendo chamado de TDAH um modode viver socialmente produzido no significa

    dizer que os pais so culpados.Muitos pais tem nos procurado buscandoajuda, de diferentes modos e tipos, de

    acordo com as necessidades e possibilidadesde seus filhos. Isto acontece ao terem acessos nossas pos ies de modo nocontaminado pelas campanhas que tentamdesqualificar e patrulhar o Frum. Essemovimento de familiares nos confirma comoas famlias tem sido capturadas por essesdiagnsticos e pelas entidades que seapregoam como defensoras de seus direitos.Tambm nos indica a necessidade dem e lh or ar m os s em pr e m a i s n o s sacomunicao com eles, ao mesmo tempo emque nos ajuda a encontrar os melhoresmodos de agir.

    A esse respeito, encaminho em anexo um

    texto que escrevi h um tempo, e que voc

    deve conhecer, uma vez que foi intensamente

    divulgado na internet, a Carta a uma me.

    4. OS PAIS QUE MEDICAM SEUS FILHOS, NO

    GERAL,TEMEM QUE O TOM DA CAMPANHA CRIA

    HOSTILIDADE EM RELAO A SEUS FILHOS E A

    ELES PRPRIOS, UMA VEZ QUE FICA A IMPRESSO

    DE QUE OS PAIS ESTO DROGANDO SEUS FILHOS

    POR NO SUPORTAR SUAS CARACTERSTICAS

    PESSOAIS. SE A MEDICAO NO NECESSRIA,

    NO PRECISO QUE A CAMPANHA D UMA

    RESPOSTA MAIS SATISFATRIA AOS PAIS DESSAS

    CRIANAS, PARA QUE ELES NO SE SINTAM

    MARGINALIZADOS E CULPADOS PELOS PROBLEMAS

    DE SEUS FILHOS?

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    Respostas de Maria Aparecida Moyss jornalista Rachel Costa, da Isto 8

    Em primeiro lugar, no posso deixar de estranhar a expressocravar que voc usa em suas perguntas para se referir ao processo dediagnosticar uma doena. Um diagnstico no cravado, gravado,

    como um estigma a ferro e fogo.O Frum critica a medicalizao da educao e da sociedade, ou

    seja, da vida. No um movimento de combate psiquiatria, nem aosmedicamentos. No combate as doenas psquicas, muito menos os quevivenciam e sofrem problemas psquicos.

    O processo de medicalizao tem atingido preferencialmente asreas do comportamento e da aprendizagem, campos de maiorcomplexidade, diversidade e sofisticao, e de maior dificuldade paraserem avaliados e normatizados. Em decorrncia, crianas eadolescentes tm sido os mais afetados.

    Da, TDAH e dislexia tem sido os diagnsticos medicalizantes mais

    comuns; por isso, o destaque na pgina eletrnica do Frum sobreMedicalizao da Educao e da Sociedade.

    5. POR QUE DISLEXIA E TDAH SO

    NOMINALMENTE CITADOS NO SITE E

    O U T R O S T R A N S T O R N O S D ECOMPORTAMENTO NO, UMA VEZ QUE

    EM TODOS ELES INEX I STE U M

    MARCADOR BIOLGICO QUE PERMITA

    U M E X A M E P A R A C R A V A R AEXISTNCIA DA DOENA?