manual prÁtico para escrita de textos acadÊmicos iii: …€¦ · acadêmico (procom-plagio), que...
TRANSCRIPT
MANUAL PRÁTICO PARA ESCRITA
DE TEXTOS ACADÊMICOS III:
o plágio
Sobral-CE
2019
2
EXPEDIENTE
Presidente da Mantenedora Francisco Lúcio Pontes Feijão
Chanceleer da Faculdade Luciano Feijão
Prof. Francisco Luciano Feijão
Diretora Geral da Faculdade Luciano Feijão Profa. Isabel de Aguiar Pontes
___________________________________________________
M235 Manual prático para escrita de textos acadêmicos, volume
3: o plágio / Faculdade Luciano Feijão; elaboração: Mackellene, Leo – Sobral: Faculdade Luciano Feijão, 2019. 16 p.
1. Metodologia científica 2. Produção científica I. Faculdade Luciano Feijão II. Mackellene, Leo III. Título
CDD 001.42
___________________________________________________
MANUAL PRÁTICO PARA ESCRITA DE TEXTOS ACADÊMICOS III
3
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................ 04
PLÁGIO: O QUE É? ................................................................. 10 Por que se recorre ao plágio? .................................................. 11 DOS MANUAIS ACADÊMICOS E REGULAMENTOS INTERNOS DA FACULDADE LUCIANO FEIJÃO ........................................... 14 Regulamento de TCC do curso de direito .................................... 14 O Manual Acadêmico (ou Manual do Aluno) ................................ 16 Manual Prático Para Escrita De Textos Acadêmicos II .................. 16 CONCLUSÃO ......................................................................... 18
4
INTRODUÇÃO
Em abril de 2017, o Conselho Regional de Psicologia da 11ª Região
apresentou uma denúncia de plágio ao Setor de Publicações,
responsável pela produção científica da Faculdade Luciano Feijão. A
denúncia não se confirmou, mas acabou nos alertando para o problema
do plágio. No ano seguinte, lançamos o Programa de Combate ao Plágio
Acadêmico (PROCOM-PLAGIO), que previa a instalação de programas
de detecção de plágio, prevê semestralmente um período de avaliação
de monografias e TCCs submetidos à análise anti-plágio, e mais a
inclusão da verificação de plágio nas etapas do processo de avaliação
de qualquer trabalho acadêmico a ser publicado pela instituição.
O programa anti-plágio identifica a semelhança entre o texto
analisado e outros textos disponíveis na internet (não só pelo uso das
mesmas expressões ou de palavras iguais, mas também pela estrutura
frasal), mas não distingue plágio de citação ou de certas expressões
cristalizadas, próprias de cada área acadêmica. O resultado das
análises, portanto, é sempre preliminar, dado seu caráter quantitativo.
Por isso, além dessa primeira etapa, é necessária ainda uma outra de
análise qualitativa dos resultados, isto é, uma análise que identifique
elementos como citações ou expressões cristalizadas e os separe
daquilo que verdadeiramente pode ser considerado plágio.
O plágio é muito comum no âmbito acadêmico, principalmente nos
alunos recém-ingressos no Ensino Superior e que, portanto, –
pressupõe-se − têm pouca ou quase nenhuma prática no exercício
contínuo da leitura ou da produção de textos científicos.
Mas afinal, o que é o plágio? Por que ele existe? Quais suas
implicações legais e acadêmicas? Como evitá-lo? Essas são perguntas
que este manual pretende responder.
MANUAL PRÁTICO PARA ESCRITA DE TEXTOS ACADÊMICOS III
5
ESCRITA, ESTILO E SUBJETIVIDADE
Você já deve ter ouvido, provavelmente do seu professor de português
ou literatura, expressões do tipo “poesia drummondiana”, “prosa
machadiana”, “estilo barroco”, “dicção parnasiana”. Isso acontece
porque, do mesmo jeito que é possível identificar o jeito de uma pessoa
falar, do mesmo jeito que é possível identificar que determinada fala é
de determinada pessoa, pela forma dessa pessoa falar, é possível
identificar o modo de uma pessoa escrever, através de traços
característicos a que chamamos “estilo”.
Segundo a filologia, ciência que estuda a origem das línguas, e a
etimologia, ciência que estuda a origem das palavras, a palavra “estilo”
teria surgido de “estilete”; instrumento utilizado em épocas clássicas
para escrever, antes da chegada da tecnologia do papiro e do papel à
Europa. O estilete servia para fazer riscos em pequenas tabuletas
revestidas de cera, onde eram anotadas, através de uma espécie de
“raspagem”, epístolas, tratados filosóficos, poemas sacros,
documentos de posse ou de contrato, ou a própria contabilidade do rei.
“Estilo”, então, era o nome que se dava originalmente à própria tabuleta
riscada. Pouco a pouco, “estilo” passou a designar o próprio tracejado
“desenhado” sobre a tabuleta, e, daí, passou a designar a letra de quem
tinha riscado esse “desenho”, esse tracejo. Cada escriba tinha uma
forma de raspar a cera nessas tabuletas, essa raspagem
característica era a sua forma de riscar, a sua letra. Cada um tinha
letra, cada um tinha um “estilo”.
Paralelo a essa evolução, a palavra “estilo” ganhava contornos mais
amplos: o de traços característicos de determinada época ou de
terminada região. Assim, podemos falar hoje no “estilo barroco”, em
que predominava o exagero, o detalhe excessivo que pudesse expressar
a época de bonança em que toda a Europa do século XVII estava
mergulhada, graças às riquezas oriundas das colônias expoliadas pelo
imperialismo das Grandes Navegações; ou no “estilo moderno”, em que
6
predominam – opostamente ao barroco − a singeleza, a leveza dos
traços e dos ambientes arquitetônicos, paredes lisas, ambiente clean
etc., manifestando a economia (ou escassez) de recursos própria
desses nossos tempos.
Dessa forma, cada época teria um estilo próprio de representar suas
ideias, de expressar seus sentimentos, de pensar, representar,
organizar e intervir no mundo. Esse estilo, essa forma própria de cada
época se manifesta da letra dos indivíduos à arquitetura das cidades.
No século XV, por exemplo, a Europa recebeu influência gótica em todos
os níveis de sua vida cultural. Os arcos circulares das portas e janelas
da igrejas “quebraram” então no alto, tal como aconteceu ao estilo das
letras do latim escrito na época.
Veja-se o exemplo da Igreja de Nossa Senhora da Azinheira (Portugal),
construída no século XV. Observe o estilo românico do arco
(arredondado):
Agora, observe o arco quebrado da capela de Notre Dame, na França,
construída já sob influência gótica:
MANUAL PRÁTICO PARA ESCRITA DE TEXTOS ACADÊMICOS III
7
Agora compare a mesma influência exercendo-se também sobre a letra
românica clássica (com arco arredondado) e a letra românica gótica
(com arco quebrado).
latim clássico com letra de arco latim gótico com letra de arco
arredondado quebrado
O estilo se expressa também de maneira menos perene, menos
estática do que na arquitetura de uma época ou na forma da letra de
um copista. O estilo se manifesta também mais sutilmente; por
exemplo, na forma da língua que utilizamos em determinadas
circunstâncias: quando conversamos com nossos amigos, com nosso
patrão ou com nosso(a) namorado(a) etc.; em certos estados de alma:
quando estamos tristes, eufóricos, com raiva etc. Também em
contextos específicos, certas situações, para cumprir certas funções
expressivas comunicativas. E isso acontece não só com relação ao
8
conteúdo que expressamos, mas também (e mais profundamente) na
forma como nos expressamos.
O normal1, o mais comum, é que a forma da língua varie de acordo com
quem fala essa língua: se é um jovem, se é alguém de mais de 70, 80
anos, se é homem, se é mulher, se se identifica com os grupos LGBTs,
se é negro, se é indígena, se foi criado no Sul ou no Nordeste do país,
se faz parte de um grupo social abastado economicamente e qual grau
de escolarização dele, dos pais ou responsáveis, das pessoas com quem
convive/conviveu etc. Ou seja, são muitas as variáveis que podem
influenciar no “colorido” da forma da língua que determinado indivíduo
usa. E, além desses fatores exógenos (externos), ainda existem os
fatores endógenos (internos): o desejo e as intenções de cada um, as
vivências pessoais, as preferências de cada um etc.
Claro que estamos falando aqui de situações informais e espontâneas
de uso da língua. Em situações formais, o indicado mesmo é que se
utilize a “Norma Padrão” estabelecida pela gramática normativa, pelos
dicionários e pelos demais instrumentos de monitoramento linguístico.
Seja como for, de maneira mais ampla, mesmo a “Norma padrão” da
língua também é múltipla, basta que pensemos nos jargões próprios de
cada profissão, por exemplo: determinadas expressões ou construções
frasais, formais e, ao mesmo tempo, peculiares a cada campo
linguístico. Sendo assim, mesmo a norma padrão (ou melhor, as
normas-padrão; no plural) apresentam-se como mais uma possibilidade
da língua, portanto, mais um “estilo”.
Cada indivíduo tem um estilo, da roupa que veste à maneira como fala.
E esse estilo se manifesta de diversas formas, como vimos falando
desde o início: na entonação da voz, no uso de determinadas palavras,
na presença de determinados vícios de linguagem – “né?”, “entende?”, 1 E aqui me eximo de discutir as implicações práticas e filosóficas da palavra “normal”; uso-a como sinônimo de “mais comum”, escapando de problematizá-la.
MANUAL PRÁTICO PARA ESCRITA DE TEXTOS ACADÊMICOS III
9
“compreende?” etc. – ou outros traços orais; ou mesmo na escrita,
na preferência por determinadas palavras, na estrutura comum de
certas construções frasais, no uso repetitivo de figuras de linguagem
ou metáforas, enfim. A tudo isso chama-se “estilo”. Esse estilo próprio
que cada um tem é manifestação da sua mais genuína subjetividade.
Aqueles que têm pouca prática com a língua escrita (seja porque
escrevem pouco, seja porque leem pouco) desconhecem esse fato. E
por desconhecer, alguns, ingenuamente, costuram trechos de textos
de outras pessoas (na maioria das vezes disponíveis na internet) nos
seus próprios textos, ignorando que esse tal estilo que cada um tem
dá a cada um uma dicção própria. Sim, dicção não é coisa só da fala, é
da escrita também. E os professores, de maneira geral,
independentemente da sua formação, por estarem lidando
constantemente com textos escritos (seja escrevendo ou estudando
determinados textos, seja corrigindo os textos dos alunos), conseguem
facilmente identificar quando estão diante de diferentes dicções
textuais, o que pode ser um indício de plágio.
10
PLÁGIO: O QUE É?
Plágio é quando o autor de um texto copia (ipsi litteris2 ou não) um ou
mais trechos de um ou mais textos de outro(s) autor(es) fingindo ser
ele o autor desse(s) trecho(s) que ele copiou. A má-fé de um plágio
praticado é pressuposta, o que pode ser interpretado como uma ofensa
ao leitor, seja ele o professor, a banca examinadora, o avaliador ou o
leitor, simplesmente.
O Código Penal brasileiro, em seu art. 184, trata dos chamados
Crimes Contra a Propriedade Intelectual3, no qual afirma que a violação
do Direito Autoral implica em “pena de detenção de 3 (três) meses a 1
(um) ano, ou multa”. O art. 185, por sua vez, trata da Usurpação do
nome ou pseudônimo alheio, pelo qual se considera crime, punível por
“detenção de 6(seis) meses a 2 (dois) anos, e multa”, quem “atribuir
falsamente a alguém mediante o uso de nome, pseudônimos ou sinal por
ele adotado para designar seus trabalhos, a autoria de obra literária,
científica ou artística”.
Além de tipificado pelo Código Penal, existe hoje, no Brasil, uma
legislação importante referente à proteção dos direitos autorais, como
a lei 9.610/98, a chamada “lei do plágio”.
A lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 19984 reza, por exemplo, no art.
108, que “quem, na utilização, por qualquer modalidade, de obra
intelectual, deixar de indicar ou de anunciar, como tal, o nome,
pseudônimo ou sinal convencional do autor”, responderá por danos
morais.
2 Lat. “Ipsi litteris” > port. “pelas mesmas letras” 3 Disponível em http://www.soleis.com.br/ebooks/criminal1-42.htm. Acesso em 21/12/2016. 4 Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm. Acesso em 21/12/2016.
MANUAL PRÁTICO PARA ESCRITA DE TEXTOS ACADÊMICOS III
11
Em resumo, plágio é crime.
Por que se recorre ao plágio?
Walter Benjamin é um teórico materialista da modernidade. E em sua
obra mais contundente, A obra de arte na época de sua reprodutibilidade
técnica, afirma que
Em sua essência, a obra de arte sempre foi reprodutível. O que
os homens faziam sempre podia ser imitado por outros homens.
Essa imitação era praticada por discípulos, em seus exercícios,
pelos mestres, para a difusão das obras, e finalmente por
terceiros, meramente interessados no lucro. Em contraste, a
reprodução técnica da obra de arte representa um processo
novo, que se vem desenvolvendo na história intermitentemente,
através de saltos separados por longos intervalos, mas com
intensidade crescente.” (BENJAMIN, 1975)
Embora tratemos, neste manual, de textos de caráter científico, a
própria legislação vigente no Brasil não difere “obra intelectual” de
“obra de arte”5. O texto de Walter Benjamim é importante para esta
discussão justamente porque trata da reprodutibilidade técnica da obra
de arte – e dos textos. O texto foi escrito em 1955, e se, já naquela
época, o autor judeu-alemão já percebia a reprodutibilidade técnica
“com intensidade crescente”, imagine-se hoje, com o advento da
internet e a democratização do seu acesso através das empresas de
telefonia, da tecnologia 4G e dos pontos de acesso nas chamadas
“redes sem fio” (wi-fi).
Esse cenário facilita em muito a prática do plágio, e não só nas esferas
acadêmicas. Victor Gabriel Rodriguez, em seu Argumentação jurídica,
5 Art. 7º da lei 9.610/98 – São obras intelectuais protegidas as criações do espírito expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como: I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;
12
diz que “[…] os advogados, com demandas em excesso, algumas delas
financeiramente pouco promissoras, utilizam-se de recursos
tecnológicos para reproduzir argumentações copiadas de textos já
existentes, nem sempre com propriedade” (RODRIGUEZ, 2015).
Por outro lado, o plágio acontece também pela dificuldade que os
usuários da língua portuguesa no Brasil têm para construir um texto
simples.
No dia 13/01/2015, o portal G1 de notícias publicou uma matéria com
a seguinte manchete: “529 mil alunos ficaram com nota zero na
redação do ENEM 2014, diz MEC”6. Esse dado, representa, segundo a
reportagem, 8,5% dos candidatos participantes da avaliação nacional.
A Lei de Diretrizes e Bases, lei nº 9.394/96, que orienta todo o sistema
de ensino do país, estabelece, em seu art. 26, § 1, que “os currículos
[...] devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa
e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da
realidade social e política, especialmente do Brasil”. Em seu art. 32, §
3, a lei orienta que “O Ensino Fundamental regular será ministrado em
língua portuguesa”, destacando ainda, em seu art. 36, I, “[...] a língua
portuguesa como instrumento de comunicação privilegiado, [que
possibilita o] acesso ao conhecimento e exercício pleno da cidadania”.
É salutar para a discussão que fazemos aqui que se perceba que a
língua portuguesa é a primeira disciplina a ser mencionada no art. 26,
e que, no art. 36, a LDB a reconheça como “instrumento de
comunicação privilegiado, [que possibilita o] acesso ao conhecimento e
exercício de cidadania”. Isso nos dá ideia da importância que o sistema
de ensino dá à matéria.
6 MEC – Ministério da Educação. Disponível em http://g1.globo.com/educacao/noticia/2015/01/529-mil-alunos-obtiveram-nota-zero-na-redacao-do-enem-2014-diz-mec.html. Acesso em 20/04/2015.
MANUAL PRÁTICO PARA ESCRITA DE TEXTOS ACADÊMICOS III
13
Essa – podemos dizer assim − supremacia da língua portuguesa se
manifesta também na distribuição das cargas horárias ao longo do ano
letivo no Ensino Básico. O Guia de Educação7, da editora Abril, uma das
mais conhecidas e mais utilizadas pelos educadores no país, aponta
como carga horária mínima, para os primeiros anos do Ensino
Fundamental, de 5 a 9 aulas por semana de ensino de língua
portuguesa, enquanto que as demais disciplinas têm, em média, 2 aulas
por semana. No Ensino Médio, a situação não é muito diferente. O
Colégio João XXIII8, por exemplo, na Vila Prudente, em São Paulo, centro
urbano mais desenvolvido do país, distribui 5 aulas semanais para cada
ano do Ensino Médio, enquanto Física, Química, Biologia e História têm,
em média, 3; Filosofia e Sociologia, 1 cada. Considerando que o indivíduo
passa, em média, 12 anos de sua vida na escola (2.400 dias letivos),
podemos fazer um cálculo simples para concluir que, nestes 12 anos,
o aluno foi submetido a uma média de 10.000 horas de aulas de língua
portuguesa.
Apesar desse volume de aulas, as dificuldades com a escrita de um
texto simples são imensas. Veja-se o resultado desastroso do ENEM
2014. Tais dificuldades textuais vão desde aspectos gramaticais (como
concordância, regência, ortografia etc.) até aspectos textuais (como
paralelismo, coesão, coerência, continuidade etc.). Essas dificuldades
contribuem enormemente para que os alunos recorram ao recurso
fraudulento do plágio.
7 Disponível em http://www.obratecnologia.com.br/obra/portfolio/guia_educacao/materia7.shtml. Acesso em 20/04/2015. 8 Disponível em http://www.colegiojoao23.com.br/ensino-medio/distribuicao-de-carga-horaria-semanal-ensino-medio/. Acesso em 20/04/2015.
14
DOS MANUAIS ACADÊMICOS E REGULAMENTOS INTERNOS
DA FACULDADE LUCIANO FEIJÃO
Preocupados com a incidência cada vez maior de plágio nos trabalhos
acadêmicos dos alunos, tanto os apresentados ao final das disciplinas,
quanto os Trabalhos de Conclusão de Curso (doravante TCC)
apresentados para obtenção de título de bacharel, a Faculdade Luciano
Feijão vem, desde 2014, elaborando manuais acadêmicos e
regulamentos internos que possam esclarecer a toda comunidade
acadêmica sobre este e outros assuntos relativos à redação científica.
Tais manuais são distribuídos gratuitamente ao início de cada semestre
aos professores e alunos, além de instarem disponíveis no site da
faculdade em formato PDF, podendo ser acessado por qualquer pessoa
e a qualquer tempo.
São eles o Regulamento de TCC, o Manual Acadêmico (Manual do aluno)
e o Manual Prático para escrita de textos acadêmicos.
Todos estes manuais, cedo ou tarde, tecem considerações sobre o
plágio.
Regulamento de TCC do curso de direito
O Regulamento do Trabalho de Conclusão do Curso de Direito da
Faculdade Luciano Feijão é claro quanto à presença de plágio nos
trabalhos do alunado. Em seu Art. 32 reza que, se, no Trabalho de
Conclusão do Curso (TCC), grifo nosso:
Art. 32 - [...] houver plágio, quando da verificação do Trabalho
pelo Orientador de Conteúdo, [...] o professor Orientador de
conteúdo reprovará o aluno na disciplina de Monografia, podendo
MANUAL PRÁTICO PARA ESCRITA DE TEXTOS ACADÊMICOS III
15
ser revogada sua autorização para depósito, caso já tenha
ocorrido o depósito do Trabalho.
Alguns itens do referido artigo dão ideia da gravidade com que a
Instituição encara o plágio (grifo nosso):
§ 1º. A reprovação do aluno pelo Orientador de Conteúdo pode
ocorrer em qualquer tempo até o momento da defesa da
monografia em banca;
§ 2º. O disposto no caput aplica-se também ao Orientador de
Metodologia, que pode reprovar o aluno a qualquer tempo antes
do momento da banca de defesa da Monografia, no caso de
presença de plágio;
Para efeito do que rege o artigo, o § 3º considera plágio (grifo meu):
[...] o trabalho [que] incorrer em alguns dos seguintes vícios:
I – quando, intencionalmente ou não, são usadas palavras ou
ideias de outro autor, sem o devido crédito;
II – quando dá crédito ao autor, porém, intencionalmente ou não,
utiliza-se de palavras exatamente iguais as dele, sem indicar a
transcrição com o uso de aspas ou recuo de texto;
Lembrando ainda, no Inciso III do § 3º, que
III – não será considerado crédito ao autor a mera denotação da
sua referência ao final da Monografia, no capítulo destinado às
referências bibliográficas, sendo necessária também a sua
menção expressa quando da reprodução de suas ideias ou
frases no trecho especifico da monografia;
§ 4º. O plágio é ilícito administrativo, de caráter civil, que deve
ser caracterizado em caráter objetivo, sendo irrelevante a
verificação da boa-fé do aluno-autor.
Perceba-se que o art. 32 é categórico quanto à presença do plágio em
dizer que o aluno-autor será reprovado na disciplina, sem sequer
mencionar uma porcentagem aceitável de plágio; bem como não há
referência a isso na legislação vigente no país.
16
Embora trate-se de um manual específico de uma área, é ponto pacífico
entre as coordenações dos cursos que plágio é crime e que, portanto,
ele não será tolerado.
O Manual Acadêmico (ou Manual do Aluno)
O Manual Acadêmico é distribuído todo início de semestre para todos
os alunos da faculdade no ato da matrícula. Nele, há informações
relativas ao ambiente acadêmico, à estrutura da faculdade, aos órgãos
de ouvidoria, núcleo de apoio psicológico e jurídico etc., mas também
referentes ao calendário de provas, bem como aos critérios de
avaliação. E ele é muito claro, quando afirma que (grifo nosso):
Os exercícios escolares, em número mínimo de dois por período
letivo, constam de trabalhos de avaliação, trabalho de pesquisa
e outras formas de verificação previstas no plano de ensino de
disciplina.
[…] atribui-se nota 0 (zero) ao aluno que deixar de se submeter
à verificação prevista na data fixada bem como ao que nela se
utilizar de meio fraudulento9.
Bem, um plágio identificado não é um “meio fraudulento”?
Manual Prático Para Escrita De Textos Acadêmicos II10
Um outro manual institucional, o Manual Prático para Escrita de Textos
Acadêmicos II, tematiza o assunto com uma linguagem extremamente
simples, de fácil compreensão e de fácil acesso11.
9 Disponível em http://flucianofeijao.com.br/novo/wp-content/uploads/2016/04/manual_direito_2016.2.pdf. Acesso em 22/12/2016. Grifo meu. 10 Disponível em http://www.faculdade.flucianofeijao.com.br/site_novo/npe/servico/Manual_Pratico_II_Projeto_de_Pesquisa.pdf. Acesso em 22/12/2016. 11 Disponível em http://www.faculdade.flucianofeijao.com.br/site_novo/npe/servico/Manual_Pratico_II_Projeto_de_Pesquisa.pdf. Acesso em 28/11/2018.
MANUAL PRÁTICO PARA ESCRITA DE TEXTOS ACADÊMICOS III
17
A subseção “2º limite: entre o plágio e a citação” da unidade II do
referido manual delimita expressamente o plágio, configurando-o como
quando o aluno-autor incorpora “o texto da citação ao seu próprio
texto, sem citar a fonte e como se fosse seu” (Manual 2, p. 42). Segue
o texto,
Isso tem nome: plágio! O plágio é o ato de assinar ou apresentar
uma obra intelectual de qualquer natureza (texto, música, obra
pictórica, fotografia, obra audiovisual etc.) contendo partes de
uma obra que pertença a outra pessoa sem colocar os créditos
para o autor original. No acto de plágio, o plagiador apropria-se
indevidamente da obra intelectual de outra pessoa, assumindo
a autoria da mesma. Foi o que eu fiz com essa definição de
“plágio” que tirei da Wikipédia e que, se eu não estivesse
acusando aqui, passaria despercebido pelo leitor; a não ser que
ele se disponibilizasse a procurá-la na internet. E, creia, muitos
professores o fazem. Há, inclusive, programas de computador
que fazem isso, marcando no texto do aluno os trechos que são
plágio, as páginas onde os originais aparecem e, no final, uma
porcentagem do quanto do trabalho é plágio (Manual 2, p. 42-
43)12.
Concluindo que
Plágio é quando a gente pega o trecho de um ou de vários textos
e coloca no nosso texto sem ser em forma de citação, é quando
a gente pega esse(s) trecho(s) e coloca no nosso texto como
se nós tivéssemos escrito esse(s) trecho(s). Em outras
palavras, é quando a gente rouba do texto de outra(s) pessoa(s)
pra “completar” o nosso. Isso é plágio. E plágio é crime. (Manual
2, p. 43).
12 Disponível em http://www.faculdade.flucianofeijao.com.br/site_novo/npe/servico/Manual_Pratico_II_Projeto_de_Pesquisa.pdf. Acesso em 22/12/2016.
18
CONCLUSÃO
Depois de toda essa exibição sobre códigos e regulamentos que não só
esclarecem o que é o plágio mas as penalidades imputadas a quem
comete esse delito, tanto no plano jurídico nacional quanto no plano do
regulamento interno da Faculdade Luciano Feijão, concluamos o óbvio:
evite a prática do plágio.
Além de ser crime, o plágio é um atestado que o próprio plagiador se
dá de sua própria preguiça ou incapacidade de elaborar um texto que
seja propriamente seu. Isto é, é preferível que seu texto original, ainda
que não tão bom, a um texto impecável mas que, na verdade, foi escrito
por outra pessoa.
Então, você já sabe: achou legal o trecho de um texto? Achou que ali,
naquele trechos, o autor trata de coisas sobre as quais você considera
importante e indispensável tratar, tudo bem. Mas não copie o trecho
como se você o tivesse escrito. Use-o como citação dentro de seu
trabalho.
No mais, sugerimos a leitura da Unidade II do Manual 213, em que
discute-se, dentre outras questões, a questão do plágio, com alguns
detalhes importantes/interessantes, inclusive, sobre como se dá a
relação “plágio x citação” dentro dos textos acadêmicos.
Por fim, esperamos que este Manual funcione como um meio de
orientação sobre a questão do plágio acadêmico, entregando à
Comunidade Acadêmica ferramentas com as quais possa desenvolver o
pensamento científico e organizá-lo através da escrita.
13 Disponível em http://www.faculdade.flucianofeijao.com.br/site_novo/npe/servico/Manual_Pratico_II_Projeto_de_Pesquisa.pdf. Acesso em 28/02/2019.
MANUAL PRÁTICO PARA ESCRITA DE TEXTOS ACADÊMICOS III
19
REFERÊNCIAS
BRASIL. Código Penal. Brasília: Senado Federal, 2017.
BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm. Acesso em
28/02/2019.
BENJAMIN, Walter. “A obra de arte na época de suas técnicas de
reprodução”. In: Col. Os pensadores. Textos escolhidos. São Paulo:
Editora Abril, 1975.
RODRIGUEZ, V.G. Argumentação jurídica: técnicas de persuasão e
lógica informal. São Paulo: Martins Fontes, 2015.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília: Senado Federal, 2005.
Disponível em
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70320/65.pdf.
Acesso em 28/02/2019.