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Curso Técnico Auxiliar de SaúdeTRANSCRIPT
TÉCNICO AUXILIAR DE SAÚDE | HSCG | 10º ANO
MÓDULO 1
1. Noções básicas de Microbiologia
1.1. Introdução à microbiologia
A microbiologia é o estudo dos microrganismos (micróbios), organismos tão pequenos que é
necessário um microscópio para estudá-los.
A vista humana é incapaz de perceber objetos com diâmetro inferior a cerca de 0,1 milímetro.
As células vivas, unidades biológicas da estrutura e função, estão quase sempre bem abaixo
desse limite de tamanho. Portanto, os menores organismos, aqueles constituídos de uma só
célula, são na maioria, invisíveis à vista humana desarmada.
A microbiologia foca-se principalmente em estudar organismos e agentes tão ou mais
pequenos:
Bactérias (a);
Vírus (b);
Alguns fungos (c);
Algumas algas;
Protozoários (d).
Os microrganismos apresentam benefícios para a sociedade, entre eles:
Podem ser necessários na produção de, pão, queijo, cerveja, iogurte, antibióticos,
vacinas, Vitaminas, Enzimas e muitos outros produtos importantes;
São uma fonte de nutrientes na base das cadeias e redes alimentares ecológicas;
São componentes indispensáveis do nosso ecossistema. Eles tornam possíveis os ciclos
do carbono, oxigénio, azoto e enxofre que ocorrem nos sistemas aquático e terrestre:
No entanto, os microrganismos também apresentam desvantagens para os humanos, tendo
prejudicado tanto a saúde humana como a sociedade:
As doenças microbianas indubitavelmente tiveram um papel importante em eventos
históricos, como o declínio do Império Romano e a conquista do Novo Mundo;
Em 1347, a peste negra atingiu a Europa brutalmente e apenas em 1351 a praga já
tinha matado 1/3 da população. Durante os 80 anos seguintes, a doença surgiu de novo
e de novo, eventualmente matando 75% da população Europeia. Acredita-se que este
desastre mudou a cultura Europeia, preparando o Renascimento;
Em 1900, as doenças infeciosas constituíam as principais causas de morte nos países
desenvolvidos e não desenvolvidos. No entanto, nos tempos correntes as doenças
infeciosas apresentam uma maior importância neste facto, em países mais
desenvolvidos.
Entre 1900 e 2000, três fatores mudaram para que tal disparidade nas taxas de mortalidade
causadas por doenças infeciosas baixasse:
1. Por volta dos anos 30/40 chegaram os antibióticos, por descoberta da Penicilina;
2. As vacinas tiveram um impacto tremendo no tratamento de doenças infeciosas;
3. Foram tomadas medidas higiénicas.
Assim, é fácil compreender que países menos desenvolvidos sejam bastante fustigados pelas
doenças infeciosas, sendo estas a principal causa de morte, apresentando um panorama
idêntico ao do observado no início do século XX.
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1.2. Morfologia e estrutura de microrganismos
1.2.1. Vírus
Os vírus são entidades potencialmente patogénicas cujo genoma (ácido ribo- ou
desoxirribonucleico) se replica no interior das células vivas, usando a maquinaria sintética
celular, e que causam a síntese de partículas que podem transferir o genoma para outras
células.
Esta definição por si só aponta já para uma importante característica dos vírus: são entidades
intracelulares obrigatórias. Os vírus não têm metabolismo, não produzem energia, não
crescem e não se dividem. Eles limitam-se a fornecer à célula infetada a informação genética
a ser expressa pelo equipamento celular e todo isto à custa da energia obtida pela célula.
São considerados, por isso parasitas intracelulares, provocando a infeção viral na célula
hospedeira, causando-lhe um mau funcionamento, podendo, inclusive, levá-la à morte.
Os vírus são exigentes quanto ao tipo de célula que infecta. Por exemplo, os vírus de plantas
não estão equipados para infetar as células dos animais; há também aqueles que só, atacam
bactérias.
Algumas vezes, os vírus podem infetar um organismo e não lhe causar nenhum dano, mas
podem provocar a morte de outro organismo.
Conforme a partícula viral se encontra no espaço intra ou extracelular, é lhe dada uma
diferente designação. Assim quando temos a partícula no interior de uma célula dizemos
tratar-se de um vírus mas quando esta se encontra no meio extracelular devera-se usar o
termo virião ou partícula viral.
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Existe a possibilidade de transmissão nosocomial de vírus, incluindo os vírus da hepatite B e C
(transfusões, diálise, injeções, endoscopia), o vírus sincicial respiratório (RSV), rotavírus e
enterovírus (transmitidos por contacto mão-boca ou pela via fecal-oral).
Outros vírus tais como o citomegalovírus (CMV), os vírus da gripe, herpes simplex e varicela-
zoster, VIH, Ebola, também podem ser transmitidos.
1.2.2. Bactérias
O reino Monera é formado pelas bactérias, organismos unicelulares que diferem de outros
seres vivos por serem procariontes, isto é, as suas células não possuem um núcleo
individualizado por uma membrana e elas podem viver isoladas ou reunidas em colónia.
As bactérias apresentam formas variadas, podendo ser esféricas, cilíndricas ou espiraladas.
Em função dessa variação de formas, são agrupadas assim:
Cocos: forma arredondada.
Bacilos: células cilíndricas, alongadas com forma de bastonetes.
Espirilos: são filamentos longos, espiralados, que apresentam uma certa rigidez.
Vibriões: o seu aspeto lembra um bastonete curvo ou uma vírgula.
As bactérias podem formar colónias, pela reunião de vários indivíduos de uma mesma espécie
que permanecem unidos formando uma unidade funcional. Isso acontece principalmente com
os cocos, mas pode ocorrer com os bacilos. Não ocorrendo com os espirilos nem com os
vibriões.
Pode-se ainda distinguir entre:
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Bactérias comensais que constituem a flora normal de indivíduos saudáveis. Têm um
significativo papel protetor, prevenindo a colonização por microrganismos patogénicos.
Algumas bactérias comensais podem causar infeção, no hospedeiro
imunocomprometido, por exemplo, os Staphylococcus coagulase-negativos da pele
causam infeções em doentes com linha intravascular.
Bactérias patogénicas têm maior virulência e causam infecção (esporádica ou
epidémica) independentemente do estado do hospedeiro. Por exemplo:
o Bacilos anaeróbios Gram-positivos (por ex. Clostridium) causam gangrena.
o Cocos Gram-positivos: Staphylococcus aureus (bactérias cutâneas que colonizam
a pele e o nariz tanto dos doentes como do pessoal hospitalar) causam uma
grande variedade de infeções do pulmão, osso, coração e corrente sanguínea, e
são frequentemente resistentes aos antibióticos; também os Streptococcus beta-
hemolíticos são importantes.
o Enterobacteriáceas (bacilos gram-negativos): (por ex., Escherichia coli, Proteus,
Klebsiella, Enterobacter, Serratia marcescens) podem colonizar certos locais,
quando as defesas do hospedeiro estão comprometidas (inserção de catéter,
algália, inserção de cânula), e causar infeções graves (local cirúrgico, pulmão,
bacteriemia, infeção peritoneal). Podem, também, ser muito resistentes.
Outros microrganismos Gram-negativos tais como a Pseudomonas spp. São
frequentemente isoladas em água e em áreas húmidas. Podem colonizar o aparelho
digestivo de doentes hospitalizados.
Outras bactérias selecionadas constituem um risco específico em hospitais. Por
exemplo, a espécie Legionella pode causar pneumonia (esporádica ou endémica)
através de inalação de aerossóis contendo água contaminada (ar condicionado,
chuveiros, aerossóis terapêuticos).
1.2.3. Fungos
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Os fungos são encontrados em praticamente todos os ambientes do planeta possuem um
papel importantíssimo na natureza e têm participado da vida do homem ora como
colaboradores, ora como vilões.
Podemos encontrar fungos nos mais variados ambientes do planeta. É muito comum eles se
desenvolverem em sapatos e roupas que ficam guardados em armários pouco arejados, nas
paredes das casas, em livros velhos, cereais, alimentos expostos ao ar, animais e vegetais
mortos, lixo, fezes etc.
Os fungos reproduzem-se por um tipo especial de célula chamada esporo.
Os esporos são muito pequenos e podem permanecer suspensos no ar por muito tempo,
sendo carregados pelo vento para lugares bem distantes do fungo que os produziu. Dessa
forma, eles espalham-se pelos mais variados ambientes, mas se desenvolvem melhor quando
encontram condições de pouca luminosidade, boa humidade e muita matéria orgânica.
Apesar de não se locomoverem, a capacidade de dispersão, a velocidade com que se
reproduzem e o rápido crescimento acabam por compensar a imobilidade dos fungos.
Os fungos são seres vivos eucariontes, portanto o núcleo de suas células é delimitado por uma
membrana, podem ser unicelulares ou pluricelulares. As suas células são envolvidas por uma
parede que não é feita de celulose como nos vegetais, e sim de quitina, o mesmo material que
reveste o corpo dos artrópodes (insetos, crustáceos, aracnídeos e outros).
Eles não possuem clorofila, sendo por isso incapazes de realizar a fotossíntese, e, para
conseguirem se desenvolver, dependem do alimento que encontram no local onde se
instalam.
Os fungos também são responsáveis pela produção de antibióticos, medicamentos que
combatem infeções causadas por bactérias.
A penicilina foi o primeiro antibiótico a ser produzido a partir do fungo Penicillium notatum,
descoberto em 1928 pelo Dr. Alexander Fleming.
Essa foi uma das descobertas mais importantes em toda a história humana. A penicilina não
cura todas as infeções; na verdade, muitas pessoas podem até ter reações alérgicas a esse
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medicamento. Contudo, a substância já curou milhões de infeções bacterianas, incluindo
pneumonia, sífilis, difteria e infeção nos ossos.
Outros antibióticos, extraídos de cogumelos ou de bactérias, foram a seguir descobertos, entre
eles estreptomicina, aureomicina, cloromicetina, terramicina, tirotricina, gramicina,
bacitracina.
1.2.4. Parasitas
Os seres vivos pertencentes ao reino Protista são unicelulares, porém são diferentes das
bactérias porque suas células são eucarióticas, isto é, possuem um núcleo individualizado,
envolvido por uma membrana. Os principais representantes desse reino são os protozoários e
algumas algas.
A única célula que um protista possui pode ser considerada uma “célula organismo”, pois é
capaz de realizar todas as funções vitais que um organismo mais complexo realiza:
alimentação, respiração, excreção e locomoção.
Eles são encontrados nos mais diferentes ambientes: na superfície ou no fundo dos oceanos,
na água doce ou poluída, no solo húmido ou em matéria orgânica em decomposição. Outros
vivem dentro de algumas plantas ou de animais, inclusive o homem.
Os protozoários por serem heterotróficos dependem de outros seres vivos para obter seus
alimentos. Podem se alimentar de bactérias ou outros protistas ou, então, absorvem
substâncias orgânicas da matéria em decomposição. Alguns são parasitas, vivendo no corpo
de outros seres vivos podendo-lhes causar doenças.
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Há aqueles que, embora vivendo dentro do corpo de seres vivos, lhes trazem benefícios, como
é o caso de algumas espécies que vivem no intestino dos cupins fazendo a digestão da
celulose que esses insetos comem.
Alguns protozoários podem causar doenças sérias no homem, muitas delas são de difícil cura
e outras ainda são incuráveis. Algumas merecem mais destaque devido a sua grande
incidência, atingindo um grande número de pessoas no mundo. São elas:
Disenteria amebiana ou amebíase – causada pela Entamoeba histolytica.
Doença de Chagas – causada por um protozoário flagelado, o Trypanosoma cruzi
Malária – o Plasmodio vivax é o protozoário causador da malária
Toxoplasmose – causada pelo protozoário Toxoplasma gondii.
1.3. Nutrição de microrganismos
Muitos microrganismos aquáticos captam a energia da luz do sol e a armazenam em
moléculas que os outros organismos utilizam como alimento. Os microrganismos decompõem
organismos mortos e produtos da excreção dos seres vivos e podem também decompor
algumas espécies de resíduos industriais.
Através desta decomposição, eles produzem o nitrogênio acessível às plantas. Alguns
microrganismos residem no trato digestivo de animais herbívoros e desempenham um
importante papel na capacidade destes animais para digerir a grama.
Os microrganismos são essenciais a muitos esforços do ser humano.
As reações bioquímicas realizadas pelos microrganismos têm sido aproveitadas pelo homem
para vários propósitos. A Indústria de alimentos utiliza estas reações na preparação de alguns
produtos. As reações de fermentação são utilizadas na fabricação da cerveja, do vinho e
também na preparação de pão. Um dos benefícios mais significativos que os microrganismos
fornecem é a sua capacidade de sintetizar antibióticos.
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1.4. Meios de cultura de microrganismos
Na natureza, muitas espécies de bactérias e de outros microrganismos são encontradas e
crescem junto de oceanos, lagos, solo e em matéria orgânica viva ou morta. Estes materiais
podem ser considerados meios de cultura naturais. Apesar de as amostras do solo e da água
serem muitas vezes trazidas ao laboratório, os organismos neles contidos são normalmente
isolados e culturas puras são preparadas para estudo.
Para cultivar bactérias em laboratório, é preciso conhecer as necessidades nutricionais e ter a
habilidade de fornecer as substâncias necessárias ao meio. Ao longo de anos de experiências
em cultivar bactérias em laboratório, os microbiologistas aprenderam quais nutrientes devem
ser supridos para cada um dos diferentes organismos.
Certos organismos, tais como aqueles que causam a sífilis e a lepra, ainda não podem ser
cultivados em meio de laboratório. Devem crescer em culturas que contenham células vivas
oriundas de seres humanos ou de outros animais.
Muitos outros organismos cujas necessidades nutricionais são razoavelmente conhecidas
podem crescer em um ou mais tipos de meios.
1.5. Crescimento microbiano
O crescimento microbiano é normalmente associado ao crescimento de uma população de
células de um dado microrganismo, ou seja, com o aumento do número de células da
população.
Grande parte dos microrganismos multiplica-se por fissão binária ou por gemulação, em
resultado do que uma célula dará origem a duas ao fim de um certo tempo, tempo de geração
ou de duplicação.
Durante um ciclo de divisão celular correspondente ao tempo de geração ou duplicação, todos
os componentes celulares mensuráveis (por exemplo, ácidos nucleicos, proteínas, lípidos)
duplicam, acompanhando a duplicação do número de células e da quantidade de biomassa
presente.
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Em condições nutricionais e ambientais adequadas, às quais o microrganismo está adaptado,
a população celular encontra-se numa fase de crescimento equilibrado, a fase de crescimento
exponencial.
O crescimento microbiano pode ocorrer em meio líquido com as células em suspensão ou
associado a superfícies, sob a forma de biofilmes.
1.6. Acção de agentes físicos e químicos
Esterilização: consiste na completa destruição e eliminação de todos os microrganismos
na forma vegetativa e esporulada. Esta destruição pode ser efetuada através de
métodos físicos e/ou químicos.
Desinfeção – é o processo que destrói ou inativa microrganismos na forma vegetativa,
mas geralmente não afeta os esporos bacterianos. Os métodos utilizados podem ser
físicos ou químicos.
Antissépticos – são desinfetantes que podem ser utilizados sobre a pele e em casos
especiais as mucosas.
Agentes físicos
1. Calor húmido
2. Autoclavagem
Aquecimento a 121ºC durante 15-20 min a 1.02 atm. Este processo é o mais eficaz, pois o seu
poder de penetração é maior. Numa atmosfera húmida e a uma temperatura elevada os
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microrganismos morrem quando se dá a coagulação e desnaturação das enzimas e proteínas
que fazem parte da sua estrutura.
Nos laboratórios também é prática corrente a descontaminação de todo o material infetado,
quer do que vai ser colocado posteriormente no lixo, quer do que vai ser posteriormente
reutilizado.
3. Pasteurização
LTH (low temperature holding) – aquecimento a 62.8 ºC – 65.6ºC, por 30 minutos.
HTST (high temperature short time) – aquecimento a 71.7ºC, 15 segundos.
UHT (ultra high temperature) – aquecimento a 141ºC, 3 segundos.
4. Ebulição
Consiste no aquecimento a 100ºC durante 5 a 10 minutos. Destrói todas as formas vegetativas
presentes na água e alguns dos endósporos, contudo, alguns esporos resistem a 100ºC por
períodos de tempo superiores a uma hora (ex. Bacillus subtilis).
5. Tindalação
Processo muito antigo, utilizado para esterilização de meios de cultura e soluções nutritivas.
Consiste no aquecimento a 80-100ºC, durante 30-60 min em 3 dias consecutivos.
6. Calor Seco
Aquecimento em forno ou estufa a 180ºC durante 1-2 horas. Destrói os microrganismos por
oxidação dos seus constituintes celulares essenciais e coagulação das suas proteínas. Este
método é usado principalmente na esterilização de material de vidro, metal, de certos
produtos nos quais a percentagem de água é muito pequena e não se deixam penetrar pela
humidade (ex.: vaselina), bem como de certos produtos termoestáveis que é necessário
manter no estado seco.
7. Incineração
Utilizado em larga escala para destruição de resíduos hospitalares.
8. Radições
Radiações ionizantes (X e Gama)
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São radiações de elevada energia e poder de penetração. Atuam sobre os constituintes da
célula, nomeadamente DNA e proteínas celulares. Usam-se para esterilização de material
plástico (seringas, placas de Petri, etc) e de borracha.
Radiações não ionizantes (raios UV [240-280 nm])
São radiações de fraca energia e fraco poder de penetração. Atuam a nível do DNA, impedindo
a sua replicação ou alterando-o. Usam-se na desinfeção do ar de gabinetes, recintos
hospitalares (salas de operação), câmaras de fluxo, etc. Estas radiações são altamente
agressivas para a pele e para os olhos, pelo que nunca se deve trabalhar na sua presença.
9. Esterilização por filtração
Utiliza-se sempre que se pretende eliminar as bactérias dos produtos líquidos que se alteram
com o calor (termolábeis) ou de gases (ex. Ar atmosférico).
Agentes químicos
1.Esterilizantes
Agentes químicos que eliminam de um objeto ou material biológico todas as formas de vida
microbiana.
• Óxido de etileno - é um gás altamente solúvel em água e violentamente
explosivo. Utilizado na esterilização de material termosensível. A esterilização
faz-se em câmaras apropriadas. Atualmente tem vindo a ser substituído pelo
plasma de peróxido e pelo formaldeído a 2% a baixa temperatura. Estes métodos
têm a vantagem de não necessitarem de período de arejamento exigido pelo
óxido de etileno.
• Formaldeído e gluteraldeído
2. Desinfetantes e antissépticos
Os desinfetantes podem ter sobre os microrganismos as seguintes ações:
Bactericida / Bacteriostático (impedindo a célula de se dividir) / Bacteriolítico
(efetuando a lise da parede da célula)
Fungicida / Fungistático
Virucida / Virustático
Esporicida
• Compostos fenólicos – inativam as proteínas e podem interagir com o DNA. Muito
usados na descontaminação de instrumentos clínicos.
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• Álcool (etanol, propanóis) – coagulam as proteínas e solubilizam lípidos de que resulta
a destruição das membranas celulares.
• Cloro (hipoclorito e compostos N-clorados) – oxidantes que conduzem à destruição da
atividade de proteínas celulares.
• Iodo (tintura de iodo ou iodopovidona) – destruição da atividade de proteínas e
enzimas essenciais por oxidação.
• Peróxido de Hidrogénio (água oxigenada) – oxidante que reage com componentes
celulares essenciais, como os lípidos membranares e DNA.
• Sais metálicos e compostos mercuriais (nitrato de prata, mercurocromo, mertiolato):
inativação das proteínas celulares.
• Detergentes catiónicos (compostos quaternários de amónio - cetrimida): inativam as
proteínas e alteram a membrana citoplasmática.
• Clorexidina: parece ligar-se às superfícies celulares, ocasionando a desorganização
estrutural e funcional da membrana.
• Ozono.
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2. Epidemiologia da infeção - cadeia epidemiológica
2.1. Microrganismos e patogenicidade
Para que seja possível o aparecimento de infeção é requerido que estejam presentes as
seguintes condições:
1. Número adequado de agentes patogénicos (inoculo microbiano), variável consoante a
espécie e o estado imunitário do hospedeiro
2. Existência de um reservatório ou fonte onde o microrganismo sobreviva e possa
multiplicar-se
3. Via de transmissão do agente para o hospedeiro
4. Porta de entrada do hospedeiro específica para o agente patogénico (há
especificidade entre microrganismos e capacidade de desencadear doença em órgãos
ou sistemas específicos do hospedeiro)
5. Que o hospedeiro seja suscetível ao agente microbiano, isto é, que não tenha
imunidade ao agente.
À ocorrência destes sucessivos acontecimentos denominamos “Cadeia da Infeção”. As
estratégias de controlo de infeção eficiente e eficaz têm que ter em conta esta sequência,
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prevenindo a transferência dos agentes pela interrupção de uma ou mais das ligações desta
“Cadeia de Infeção”.
Para determinar a abordagem epidemiológica é conveniente ter presente o tipo de história
natural das doenças, pois equaciona medidas diferentes de prevenção e controlo:
Doença de evolução aguda, rapidamente fatal
Doença de evolução aguda mas de rápida recuperação
Doença de evolução subclínica (sem sintomas nem sinais clínicos – só com repercussão
imunológica)
Doença de evolução crónica (que pode evoluir até à morte se não for tratada ou quando
não existe tratamento eficaz)
Doença de evolução crónica com períodos assintomáticos alternados com exacerbações
clínicas
O espectro de ocorrência de infeção é também um dado epidemiológico na estratégia a
implementar para a prevenção e controlo.
Temos de considerar neste contexto que a infeção pode ocorrer de forma esporádica, sem um
padrão definido, de forma endémica, isto é com uma frequência mais ou menos regular em
períodos de tempo definidos e ainda de forma epidémica, também denominada por surtos, em
que surge com aumento significativo de casos em relação ao habitual num período de tempo
determinado.
2.2. Reservatórios ou fontes dos microrganismos
Os microrganismos estão contidos habitualmente num reservatório que se define como o local
onde residem, têm a sua atividade metabólica habitual e se multiplicam (habitat natural). Em
múltiplas situações, estes agentes infeciosos são transferidos deste reservatório para um
outro local denominado fonte, do qual são transferidos depois para o hospedeiro.
Deste modo o reservatório e a fonte de um agente responsável por uma infeção podem ser os
mesmos ou não. Do ponto de vista epidemiológico o conhecimento deste facto é importante.
A fonte dos microrganismos pode ser exógena, portanto exterior ao hospedeiro, endógena,
proveniente da flora indígena do próprio hospedeiro ou ainda secundariamente endógena,
conceito que não é aceite por muitos autores e que se refere aos agentes que provêm do
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exterior e que colonizam pele, mucosas ou outro local anatómico do hospedeiro,
posteriormente tornar-se agente de infeção quando atinge um órgão específico para o qual
tenha capacidade de desencadear infeção.
Alguns exemplos de infeções exógenas são aqueles em que o agente é transportado a partir
de líquidos contaminados, através da formação de aerossóis (p.ex. aspiração de secreções) ou
a partir de pessoa colonizada ou infetada que pode emitir gotículas ou contaminar ambientes
que entrem em contacto com outros possíveis hospedeiros suscetíveis (p. ex. transmissão do
vírus da gripe).
No caso das infeções endógenas, o reservatório e a fonte são geralmente coincidentes. Por
exemplo, a pneumonia associada à ventilação é causada por agentes da orofaringe do doente
ou a infeção associada ao cateter vascular é mais frequentemente causada pela flora cutânea
ou, ainda, os agentes da infeção urinária residem geralmente no intestino ou no períneo do
próprio doente.
2.3. Portas de entrada e de saída dos microrganismos
A via de eliminação é a porta de saída do microrganismo. Refere-se à topografia ou material
pelo qual o agente é capaz de deixar seu hospedeiro, com potencial de transmissão para um
suscetível. De grande importância nas infeções hospitalares temos os exsudatos e as
descargas purulentas.
As secreções da boca e vias aéreas são húmidas e são expelidas sob forma de gotículas que
incluem células descamadas e microrganismos colonizantes ou infetantes. Mais da metade da
biomassa das fezes é composta de microrganismos, além disso as fezes podem servir como
mecanismo de transmissão dos parasitas intestinais através da eliminação de ovos.
Na urina podemos encontrar os agentes das infeções génito-urinárias ou microrganismos que
apresentem uma fase septicémica, como é o caso da leptospirose e febre tifóide.
O sangue é o meio natural de eliminação de doenças transmitidas por vetores hematófagos,
como a malária e febre amarela, onde também encontramos microrganismos de infeções
sistémicas e dos patógenos transmitidos pelo sangue, como hepatite e HIV.
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O leite materno, embora possa ser responsabilizado pela transmissão de patologias como o
HIV em bancos de leite, é juntamente com o suor, via de menor importância no ambiente
hospitalar.
2.4. Vias de transmissão
O mecanismo pelo qual um agente infecioso se propaga e difunde pelo meio ambiente e
atinge hospedeiros suscetíveis constitui a via de transmissão. Esta propagação ou transmissão
do reservatório ou fonte, pode ser direta ou indireta.
Na transmissão direta há o contacto imediato entre uma porta de entrada recetiva do
hospedeiro e o reservatório.
Na transmissão indireta o agente atinge a porta de entrada no hospedeiro através de um
veículo intermediário, por contacto físico com um veículo inanimado, por exemplo
equipamento contaminado, ou com um veículo animado, como as mãos, ou por gotículas,
partículas líquidas com diâmetro superior a 5 mm que devido ao seu peso se depositam
rapidamente e geralmente a uma distância não superior a um metro. A transmissão indireta
também se pode realizar por via aerogénea, através de aerossóis, de esporos microbianos, de
poeiras contaminadas, entre outros.
É aceite por toda a comunidade científica que as mãos são o principal veículo de transmissão.
As gotículas constituem uma forma particular de transmissão por contacto, pois, quando há
proximidade excessiva (inferior a um metro), estas partículas podem atingir diretamente uma
porta de entrada dum hospedeiro recetor e também ao depositarem-se no ambiente a curta
distância do emissor, são indiretamente transferidas para o recetor através de um veículo
animado, o principal sendo as mãos dos profissionais prestadores de cuidados de saúde ou
dos próprios doentes.
2.5. Hospedeiro e sua suscetibilidade
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Outro dos elementos da cadeia epidemiológica da infeção é o hospedeiro. Para que ocorra
infeção é necessário que o agente entre em contacto com uma porta de entrada específica no
hospedeiro, para a qual o agente tenha afinidade e capacidade de nesse local poder
manifestar os seus mecanismos de infecciosidade, desencadeando o processo infecioso.
Mas para que o microrganismo tenha a possibilidade de manifestar esta capacidade é
necessário que os mecanismos de defesa específicos (p. ex. a imunidade) e não específicos (p.
ex. resposta inflamatória, barreiras mecânicas, presença de flora indígena) sejam
ultrapassados pelo agente infecioso.
Com efeito, a resistência individual à infeção é muito variável, dependendo da idade, do
estado imunitário, da presença de doenças subjacentes ou ainda da prestação de cuidados de
saúde que podem interferir com os mecanismos de defesa do hospedeiro, como são os
procedimentos cirúrgicos, procedimentos invasivos de diagnóstico ou terapêuticos, utilização
de agentes terapêuticos como os antimicrobianos ou quimioterapia para doenças neoplásicas,
entre outros.
Em síntese, para que seja possível surgir um quadro infecioso, o microrganismo tem que ter
acesso a uma porta de entrada que lhe seja favorável, que tenha afinidade para o tecido em
causa e que o inoculo seja suficiente para desencadear a infeção. Para que ocorra a infeção é
necessário que exista um desequilíbrio entre o inoculo e virulência do microrganismo e as
defesas do hospedeiro.
2.6. Resistências antimicrobianas
Muitos doentes recebem fármacos antimicrobianos. Através da seleção e da troca de
elementos genéticos de resistência, os antibióticos promovem a emergência de estirpes
bacterianas multirresistentes; os microrganismos da flora humana normal sensíveis a um dado
antimicrobiano são eliminados, enquanto as estirpes resistentes persistem e podem tornar-se
endémicas no hospital.
A utilização generalizada de antimicrobianos para terapêutica e profilaxia (incluindo na forma
tópica) é a maior determinante da resistência. Alguns agentes antimicrobianos estão a tornar-
se menos eficazes devido a resistências. Quando um antimicrobiano começa a ser mais
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amplamente utilizado emerge, eventualmente, a resistência bacteriana a esse fármaco, a qual
pode disseminar-se na instituição.
Várias estirpes de pneumococos, estafilococos, enterococos e BK são atualmente resistentes à
maior parte, ou a todos, os antimicrobianos que eram anteriormente eficazes. Klebsiella e
Pseudomonas aeruginosa multirresistentes são prevalentes em muitos hospitais.
Este problema é especialmente crítico em países em vias de desenvolvimento, onde
antibióticos de segunda linha, mais caros, podem não estar disponíveis ou não existirem
recursos para a sua compra.
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3. Princípios da prevenção e controlo da infeção, medidas
e recomendações
3.1. Os conceitos de doença, infeção e doença infeciosa
Doença
Ocorre quando se verifique uma alteração do estado normal do organismo.
Infeção
Implica a colonização, multiplicação, invasão ou a persistência dos microrganismos
patogénicos no hospedeiro.
Doença Infeciosa
Alteração do estado de saúde em que parte ou a totalidade do organismo hospedeiro é
incapaz de funcionar normalmente devido à presença dum organismo ou dos seus produtos.
Patologia ou patogénese
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Modo como se originam e desenvolvem as doenças.
Patogenicidade
É a habilidade com que um microrganismo causa infeção, através dos seus mecanismos
estruturais ou bioquímicos.
Virulência
É o grau de patogenicidade de um microrganismo.
3.2. Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Infeção
associada aos cuidados de saúde
O Programa Nacional de Controlo da Infeção (PNCI) foi criado em 14 de Maio de 1999 por
Despacho do Diretor-geral da Saúde no âmbito das suas competências técnico-normativas.
O Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Infeção Associada aos Cuidados de Saúde
(PNCI), foi aprovado por Despacho do Sr. Ministro da Saúde n.º 14178/2007, publicado em
Diário Da República, 2.ª Série, N.º 127, de 4 de Julho de 2007, está sedeado na Direcção-Geral
da Saúde, no Departamento da Qualidade na Saúde e na Divisão de Segurança do Doente.
Objetivo:
Reduzir as infeções associadas aos cuidados de saúde, evitáveis, através da
implementação de práticas basadas na evidência.
O Grupo Coordenador do PNCI, trabalha em estreita articulação com os Grupos Coordenadores
regionais de Controlo de Infeção, sedeados nas Administrações regionais de Saúde.
Missão:
O PNCI tem por missão melhorar a qualidade dos cuidados prestados nas unidades de
saúde, através de uma abordagem integrada e multidisciplinar para a vigilância, a
prevenção e o controlo das infeções associadas aos cuidados de saúde.
Os projetos em desenvolvimento estão dirigidos às seguintes áreas:
Vigilância epidemiológica
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Desenvolvimento de normas de boas práticas
Consultadoria e apoio
O Grupo coordenador do PNCI tem dado apoio às CCI, mediante solicitação das CCI e
Conselhos de Administração/Direção. Este apoio/consultadoria tem sido feito a diversos níveis:
Visitas aos Hospitais em casos de surtos de infeção, discussão de temáticas relevantes
para as instituições;
Atividades de formação na área do controlo de infeção – em colaboração com Hospitais,
Administrações regionais de Saúde, Escolas de Enfermagem e Escola Superior de
Tecnologias da Saúde, Escola Nacional de Saúde Pública entre outros;
Apoio a profissionais na fase académica em cursos de complemento, de especialização,
pós-graduação e mestrado – orientações, tutoria, bibiliografia relevante nos contextos
dos diversos cursos;
Apoio a profissionais que estão em fase de integração nas Comissões de Controlo de
Infeção - colaboração no planeamento dos programas de vigilância epidemiológica na
elaboração de Manuais de normas e formação;
Apoio às CCI em áreas críticas: cláusulas especiais em cadernos de encargos, qualidade
do ar e sistemas de renovação de ar, entre outros.
Os membros do PNCI estão disponíveis para colaborar com as Unidades de Saúde sempre que
solicitados, em pareceres técnicos, esclarecimento de dúvidas, aconselhamento e
fornecimento de bibliografia relevante. As solicitações e/ou pedidos de colaboração deverão
ser dirigidos formalmente ao Diretor-geral da Saúde.
3.3. O papel das comissões de controlo de infeção nas unidades
de saúde
Uma Comissão de Controlo de Infeção proporciona um fórum para a cooperação e participação
multidisciplinar e para a partilha de informação. Esta comissão deve incluir uma ampla
representação de outras áreas relevantes: p. ex., Administração, Médicos, outros Profissionais
de Saúde, Microbiologista Clínico, Farmácia, Aprovisionamento, Serviço de Instalação e
Equipamentos, Serviços Hoteleiros, Departamento de Formação.
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A comissão deve reportar diretamente à Administração ou à Direção Médica, a fim de
assegurar a visibilidade e a eficácia do programa. Numa emergência (caso de um surto), esta
comissão deve poder reunir-se prontamente. A comissão tem as seguintes funções:
Rever e aprovar um programa anual de atividades para a VE e prevenção;
Rever dados de VE e identificar áreas de intervenção;
Avaliar e promover a melhoria de práticas, a todos os níveis, de prestação de cuidados
de saúde;
Assegurar a formação adequada dos profissionais em controlo de infeção e segurança;
Rever os riscos associados a novas tecnologias e monitorizar o risco de infeção de
novos dispositivos e produtos, antes da aprovação do seu uso;
Rever e fornecer dados para a investigação de surtos;
Comunicar e colaborar com outras comissões do hospital com objetivos comuns, tais
como a Comissão de Farmácia e Terapêutica, Comissão de Antibióticos, Comissão de
Higiene e Segurança.
3.4. Enquadramento legal do controlo da infeção
Circular Normativa nº 27/DSQC/DSC de 03/01/2008Programa Nacional de Prevenção e Controlo das Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde (PNCI) - Regulamento Interno do Grupo Coordenador Circular Normativa nº 24/DSQC/DSC de 17/12/2007Grupos Coordenadores Regionais de Prevenção e Controlo de Infeção (GCR) Circular Normativa nº 20/DSQC/DSC de 24/10/2007 Plano Operacional de Controlo de Infeção para os Cuidados de Saúde Primários Circular Normativa nº 18/DSQC/DSC de 15/10/2007 Comissões de Controlo de Infeção Circular Normativa nº 17/DSQC/DSC de 20/09/2007Plano Operacional de Controlo de Infeção para as Unidades de Cuidados Continuados Integrados Despacho n.º 18052/2007 do Diretor-geral da SaúdeComissões de Controlo de Infeção Despacho n.º 14178/2007 do Secretário de Estado da SaúdeCriação da rede nacional de registo de IACS Despacho n.º 256/2006 do Ministro da SaúdeTransferência do PNCI para a Direcção-Geral da Saúde
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4. Conceitos básicos associados à infeção
4.1. Adquirida na comunidade
Qualquer infeção adquirida na comunidade surge em oposição àquelas adquiridas em
instituições de saúde.
Uma infeção seria classificada como adquirida na comunidade se o paciente não esteve
recentemente em instituições de saúde ou não esteve em contato com alguém que esteve
recentemente em instituições de saúde.
Neste sentido, não é considerada infeção hospitalar, uma doença infeciosa adquirida na
comunidade, ou que foi diagnosticada só quando o paciente foi internado através de sinais
que indiquem que o período de incubação daquela doença seja incompatível com a data de
sua admissão no hospital.
4.2. Nosocomial
Infeções Nosocomiais, também chamadas Infeções Hospitalares, e atualmente denominadas
por Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde, são infeções adquiridas durante o
internamento que não estavam presentes ou em incubação à data da admissão. Infeções que
ocorrem mais de 48 horas após a admissão são, geralmente, consideradas nosocomiais.
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Entende-se portanto, de uma maneira muito simplificada, por infeção nosocomial como aquela
que é contraída no hospital, provocada pela flora exógena, proveniente do meio ambiente,
pessoal e/ou inerte.
Existem critérios para identificar infeções nosocomiais em locais específicos (p. ex., urinárias,
pulmonares). Estes critérios derivaram dos publicados pelos CDC nos Estados Unidos da
América ou de conferências internacionais e são usadas na vigilância epidemiológica das
infeções nosocomiais.
As infeções nosocomiais podem ser tanto endémicas, como epidémica, sendo as mais comuns
as endémicas. As infeções epidémicas ocorrem durante surtos, definidos como um aumento
inusual, acima da média, de uma infeção específica ou de um microrganismo infetante.
Alterações na administração de cuidados de saúde têm levado a internamentos mais curtos e
a aumento da prestação de cuidados no ambulatório. Foi sugerido que o termo infeção
nosocomial deveria abranger as infeções que ocorrem em doentes tratados em qualquer
instituição de saúde. Infeções adquiridas pelo pessoal do hospital ou de outra instituição de
saúde, ou pelas visitas, também podem ser consideradas infeções nosocomiais.
4.3. Infecção Cruzada
Infeção cruzada: é a infeção ocasionada pela transmissão de um microrganismo de um
paciente para outro, geralmente pelo pessoal, ambiente ou um instrumento contaminado.
A transmissão cruzada de infeções pode ocorrer principalmente pelas mãos da equipe ou por
artigos recentemente contaminados pelo paciente, principalmente pelo contato com sangue,
secreção ou excretas eliminados.
O meio ambiente tem importância secundária na cadeia epidemiológica destas infeções,
exceto: para as doenças contagiosas por via aérea, como é o caso da tuberculose, que devem
ser devidamente isoladas; para patógenos que sobrevivem em ambientes especiais como a
Legionella em ar condicionado ou reservatórios de água quente; reformas feitas sem a devida
proteção da área, permitindo a disseminação ambiental de fungos como a Aspergillus; e
finalmente para casos em que os preceitos básicos de higiene não são seguidos.
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Mais raramente ainda, a presença de um profissional disseminador de um microrganismo ou a
utilização de um medicamento contaminado podem levar a um surto de infeção.
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