manual formação de formadores_ novo referencial

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Manual de Formação de Formadores Nhk3

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Page 1: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Manual de

Formação de

Formadores

Nhk3

Page 2: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

MODÚLO A1 – FORMADOR PERFIL, CONTEXTOS .................................................. 10

ACOLHIMENTO ....................................................................................................... 10

CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE FORMAÇÃO ................................................ 11

BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM PORTUGAL ......................... 11

FORMAÇÃO PROFISSIONAL INSERIDA NO MERCADO DE TRABALHO ...................................... 13

ENSINO TRADICIONAL VS FORMAÇÃO PROFISSIONAL ........................................................ 13

CARACTERIZAÇÃO DE SISTEMAS DE FORMAÇÃO .................................................. 16

A LEI DE BASES DO ENSINO DO S ISTEMA EDUCATIVO .......................................... 16

O DIPLOMA LEGAL DE CERTIFICAÇÃO – DGERT .................................................... 30

SISTEMA NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES ......................................................................... 31

O CATÁLOGO NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES (CNQ) ......................................................... 34

A CADERNETA INDIVIDUAL DE COMPETÊNCIAS ................................................................. 36

QUADRO NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES .......................................................................... 37

REDE DE ENTIDADES FORMADORAS ............................................................................... 38

CONSTITUIÇÃO DA EQUIPA (NOVAS OPORTUNIDADES) ....................................................... 39

ETAPAS E REFERENCIAIS DE INTERVENÇÃO ...................................................................... 40

PERFIL DO FORMADOR (ATIVIDADES, COMPETÊNCIAS E CAPACIDADES) ................................ 41

APRENDIZAGEM, CRIATIVIDADE E EMPREENDEDORISMO .................................... 42

PRINCÍPIOS DA TEORIA DA APRENDIZAGEM ..................................................................... 42

DOMÍNIOS DO SABER .................................................................................................. 44

OBJECTIVOS EDUCACIONAIS ......................................................................................... 45

TEORIAS DA APRENDIZAGEM ................................................................................ 47

JOHN WATSON (1878-1958) ..................................................................................... 47

ABORDAGEM DA REFLEXOLOGIA RUSSA - IVAN PAVLOV (1849-1936) ................................ 48

ABORDAGEM FUNCIONALISTA - WILLIAM JAMES (1842-1910) ......................................... 49

MAX WERTHEIMER (1880-1943) E WOLFGANG KÖHLER (1887-1967) – TEORIA DA FORMA

OU GESTALT .............................................................................................................. 50

ABORDAGEM BEHAVORISTA - B. F. SKINNER (1904-1990) ............................................. 51

APRENDIZAGEM POR MODELAGEM ................................................................................ 56

PRINCÍPIO DA INTERACÇÃO RECÍPROCA .......................................................................... 58

APRENDIZAGEM VERSUS COMPORTAMENTO ................................................................... 59

ATENÇÃO .................................................................................................................. 59

RETENÇÃO ................................................................................................................ 59

REPRODUÇÃO ............................................................................................................ 60

MOTIVAÇÃO/INTERESSES ............................................................................................ 60

Page 3: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

TEORIAS COGNITIVISTAS .............................................................................................. 61

DAVID AUSUBEL (1918- ) –APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA .............................................. 62

ROBERT GAGNÉ (1916-2002) – INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS .......................................... 64

TEORIAS CONSTRUTIVISTAS .......................................................................................... 68

JOHN DEWEY (1859-1952) ....................................................................................... 71

“A EDUCAÇÃO NÃO É A PREPARAÇÃO PARA A VIDA, É A PRÓPRIA VIDA.” ................................. 71

JEROME BRUNER (1915- ) ......................................................................................... 72

“O SABER É UM PROCESSO, NÃO É UM PRODUTO.” ........................................................... 72

FACTORES FACILITADORES E INIBIDORES DA APRENDIZAGEM ............................ 78

O APRENDENTE É UM SUJEITO AUTO-DIRIGIDO ................................................................. 79

O PLANO INDIVIDUAL DE APRENDIZAGEM E AS SUAS PRINCIPAIS VANTAGENS E DESVANTAGENS82

EMPREENDORISMO ............................................................................................... 84

FATORES QUE INFLUÊNCIAM O EMPREENDORISMO ........................................................... 85

QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DOS EMPREENDEDORES? ............................................... 87

SOCIEDADE DO CONHECIMENTO .......................................................................... 87

O QUE É A PNL ....................................................................................................... 88

MÓDULO MF2 – SIMULAÇÃO PEDAGÓGICA INICIAL .............................................. 91

MÓDULO MF3 - COMUNICAÇÃO E DINAMIZAÇÃO DE GRUPOS EM FORMAÇÃO .... 92

COMUNICAÇÃO....................................................................................................... 92

ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO .................................................................................... 93

FIDELIDADE DA COMUNICAÇÃO ..................................................................................... 94

COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL ..................................................................................... 94

FORMAS DE COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL ....................................................................... 95

RELAÇÕES INTERPESSOAIS – PRIMEIRAS IMPRESSÕES..................................................... 96

ATITUDES COMUNICACIONAIS E OS SEUS EFEITOS .............................................. 97

ESTILOS COMUNICACIONAIS ............................................................................... 100

A DETURPAÇÃO DA MENSAGEM ......................................................................... 102

COMO COMUNICAR EFICAZMENTE? .............................................................................. 108

SABER OUVIR FACILITA A COMUNICAÇÃO ....................................................................... 109

EMPATIA, REFORMULAÇÃO E FEEDBACK ....................................................................... 110

COMPORTAMENTO GERA COMPORTAMENTO. ................................................................. 111

Page 4: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

A RELAÇÃO PEDAGÓGICA ..................................................................................... 113

A UTILIZAÇÃO DO ESPAÇO ................................................................................... 114

MOTIVAÇÃO .......................................................................................................... 115

MOTIVAÇÃO DE DESEMPENHO ............................................................................ 117

MOTIVAÇÃO INTERNA ........................................................................................... 117

MOTIVAÇÃO EXTERNA .......................................................................................... 117

NECESSIDADES FISIOLÓGICAS ............................................................................ 119

NECESSIDADES PSICOLÓGICAS .......................................................................... 119

TEORIAS MOTIVACIONAIS .................................................................................... 121

A TEORIA DE CAMPO DE KURT LEWIN ........................................................................... 121

TEORIA DOS DOIS FATORES – FREDERICK HERZBERG ..................................................... 121

HIERARQUIA DAS NECESSIDADES – MASLOW ................................................................ 122

O MODELO CONTINGENCIAL DE MOTIVAÇÃO DE VROOM ................................................... 122

TEORIA DA EXPECTAÇÃO - LAWLER ............................................................................... 123

OS GRUPOS E A SUA DINÂMICA ................................................................................... 124

TIPOS DE GRUPOS .................................................................................................... 125

ESTRUTURA ............................................................................................................. 126

AS FUNÇÕES DO GRUPO ...................................................................................... 127

TIPOS DE LIDERANÇA E OS SEUS EFEITOS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA ............... 128

ESTILOS DE LIDERANÇA ...................................................................................... 130

LIDERANÇA AUTORITÁRIA OU AUTOCRÁTICA ................................................................... 130

LIDERANÇA DEMOCRÁTICA ......................................................................................... 130

LIDERANÇA LAISSEZ-FAIRE ........................................................................................ 131

O PAPEL DO FORMADOR ............................................................................................ 132

O PAPEL DO FORMANDO ............................................................................................ 132

GESTÃO DE CONFLITOS ....................................................................................... 135

MUZAFERD SHERI, PSICÓLOGO TURCO. -ESTUDO DE CASO ................................. 139

MEIOS PARA ULTRAPASSAR CONFLITOS : A COOPERAÇÃO, A MEDIAÇÃO E A

NEGOCIAÇÃO. ....................................................................................................... 140

CONFLITO E COOPERAÇÃO ................................................................................... 140

Page 5: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

CONFLITO E MEDIAÇÃO ........................................................................................ 141

CONFLITO E NEGOCIAÇÃO .................................................................................... 142

A4. MÉTODOS E TÉCNICAS PEDAGÓGICAS .......................................................... 143

COMPETÊNCIAS A ADQUIRIR ....................................................................................... 143

METODOLOGIAS E TÉCNICAS DE ENSINO/ APRENDIZAGEM............................... 143

APRENDIZAGEM PASSIVA ........................................................................................... 144

APRENDIZAGEM ACTIVA ............................................................................................. 144

ESTILOS DE APRENDIZAGEM ............................................................................... 145

EXPLORATÓRIA ......................................................................................................... 145

COLABORATIVA ........................................................................................................ 145

CRITÉRIOS DE ESCOLHA DOS MÉTODOS PEDAGÓGICOS .................................... 145

CARACTERÍSTICAS DOS FORMANDOS: ........................................................................... 145

CARACTERÍSTICAS DO SABER:..................................................................................... 146

CONDICIONAMENTOS E RECURSOS INERENTES À SITUAÇÃO DE FORMAÇÃO: ........................ 146

CARACTERIZAÇÃO DOS MÉTODOS E TÉCNICAS PEDAGÓGICAS MAIS UTILIZADOS NA FORMAÇÃO

............................................................................................................................. 146

O QUE SÃO MÉTODOS PEDAGÓGICOS?......................................................................... 146

O QUE SÃO TÉCNICAS PEDAGÓGICAS? ......................................................................... 147

MÉTODO EXPOSITIVO ........................................................................................... 148

EXEMPLOS DO MÉTODO EXPOSITIVO:.................................................................. 149

MÉTODO INTERROGATIVO ................................................................................... 150

MÉTODO DEMONSTRATIVO ................................................................................. 153

MÉTODOS ACTIVOS .............................................................................................. 154

TÉCNICAS ............................................................................................................... 156

SIMULAÇÃO/ AUTOSCOPIA ......................................................................................... 156

JOGOS PEDAGÓGICOS/ DINÂMICAS DE GRUPO .............................................................. 157

ROLE-PLAYING/ JOGOS DE PAPÉIS .............................................................................. 158

ESTUDO DE CASOS ................................................................................................... 158

TEMPESTADE DE IDEIAS (BRAINSTORMING) .................................................................. 159

M5. OPERACIONALIZAÇÃO DA FORMAÇÃO: DO PLANO À AÇÃO ........................... 160

Page 6: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

COMPETÊNCIAS A ADQUIRIR ....................................................................................... 160

FUNDAMENTAÇÃO PEDAGÓGICA .................................................................................. 160

M5.1 COMPETÊNCIAS E OBJETIVOS OPERACIONAIS ........................................... 161

DEFINIÇÃO DE OBJECTIVOS DE FORMAÇÃO ................................................................... 161

VANTAGENS E FUNÇÕES DA DEFINIÇÃO DE OBJECTIVOS .................................................. 161

NÍVEIS DE DEFINIÇÃO DOS OBJECTIVOS DE FORMAÇÃO .................................... 162

FINALIDADES ........................................................................................................... 162

METAS ................................................................................................................... 163

OBJECTIVOS GERAIS ................................................................................................. 163

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................... 163

OBJECTIVOS TERMINAIS ............................................................................................ 164

OBJECTIVOS INTERMÉDIOS ........................................................................................ 164

OBJECTIVOS DE NÍVEL MÍNIMO ................................................................................... 164

OBJECTIVOS DE DESENVOLVIMENTO ............................................................................ 164

OBJECTIVOS OPERACIONAIS ................................................................................ 165

COMPORTAMENTO ESPERADO .................................................................................... 165

CONDIÇÕES DE REALIZAÇÃO....................................................................................... 166

CRITÉRIOS DE ÊXITO ................................................................................................. 166

TAXIONOMIA DOS OBJECTIVOS ............................................................................ 167

M5.2 DESENHO DO PROCESSO DE FORMAÇÃO -APRENDIZAGEM ..................... 170

ORGANIZAÇÃO E PLANEAMENTO DA FORMAÇÃO (PRESENCIAL E/OU A DISTÂNCIA) ................ 170

O DESAFIO DO PLANEAMENTO NA FORMAÇÃO PRESENCIAL VS. FORMAÇÃO À DISTÂNCIA ...... 171

CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO DE FORMAÇÃO ................................................................. 174

ANÁLISE DE NECESSIDADES DE COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS E DE CARACTERIZAÇÃO DO

CONTEXTO PROFISSIONAL DOS DESTINATÁRIOS .............................................................. 175

ELEMENTOS-CHAVE PARA A ANÁLISE DE NECESSIDADES .................................. 176

CONSTRUÇÃO DE UM MÓDULO DE FORMAÇÃO .................................................. 177

DESIGNAÇÃO DO MÓDULO ......................................................................................... 177

ENQUADRAMENTO .................................................................................................... 178

DURAÇÃO ................................................................................................................ 178

PÚBLICO-ALVO ......................................................................................................... 178

COMPETÊNCIAS VISADAS ........................................................................................... 179

CONTEÚDOS DE APRENDIZAGEM ................................................................................. 180

Page 7: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

METODOLOGIAS ESTRATÉGICAS .................................................................................. 180

RECURSOS PEDAGÓGICOS ......................................................................................... 180

AVALIAÇÃO .............................................................................................................. 180

CONCEÇÃO E ELABORAÇÃO DO PLANO DE SESSÃO ............................................ 181

VANTAGENS DE UM PLANO DE SESSÃO: ........................................................................ 182

PRESSUPOSTOS DA ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE SESSÃO ........................... 182

PREPARAÇÃO ........................................................................................................... 182

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 183

DESENVOLVIMENTO .................................................................................................. 183

AVALIAÇÃO E SÍNTESE ............................................................................................... 184

ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO DE SESSÃO .............................. 184

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 184

DESENVOLVIMENTO .................................................................................................. 186

3ª ETAPA – ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................... 186

MF6 -. RECURSOS DIDÁCTICOS E MULTIMÉDIA .................................................. 189

OBJECTIVOS GERAIS ................................................................................................. 189

RECURSOS DIDÁCTICOS ............................................................................................ 189

F INALIDADES DE UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS D IDÁCTICOS ................................. 189

FACTORES QUE CONDICIONAM A ESCOLHA DOS RECURSOS DIDÁCTICOS ............................ 190

MEIOS E EQUIPAMENTOS DIDÁCTICOS ......................................................................... 190

APOIOS AUDIOVISUAIS ............................................................................................... 191

VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS RECURSOS DIDÁCTICOS ........................................... 191

CUIDADOS DE UTILIZAÇÃO .......................................................................................... 194

QUADROS ............................................................................................................... 194

RETROPROJECTOR .................................................................................................... 194

VIDEOPROJECTOR – POWERPOINT .............................................................................. 195

ELABORAÇÃO DE TRANSPARÊNCIAS/SLIDES: ................................................................ 195

1. INFORMAÇÃO ....................................................................................................... 195

2. LETRA ................................................................................................................ 195

3. COR ................................................................................................................... 196

4. QUANTIDADE ....................................................................................................... 196

5. ALINHAMENTO ..................................................................................................... 196

6. ESPAÇAMENTO ENTRE LINHAS ................................................................................ 196

7. COMPRIMENTO DE LINHAS ..................................................................................... 197

ELABORAR APRESENTAÇÕES EM POWER POINT ............................................................. 197

ANIMAÇÃO .............................................................................................................. 201

M7 - PLATAFORMAS COLABORATIVAS E DE APRENDIZAGEM ............................. 202

Page 8: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

PESQUISA E NAVEGAÇÃO NA INTERNET A EVOLUÇÃO DA WEB (DA 1.0 À ATUAL) .................. 203

PRIMEIRA GERAÇÃO – CURSOS POR CORRESPONDÊNCIA ................................................ 206

SEGUNDA GERAÇÃO – UNIVERSIDADES ABERTAS .......................................................... 207

TERCEIRA GERAÇÃO – ENSINO ASSISTIDO POR COMPUTADOR ......................................... 208

QUARTA GERAÇÃO – INTERNET, INTERACTIVIDADE E E-LEARNING ..................................... 209

INTRODUÇÃO À WEB. PRINCÍPIOS BÁSICOS DE FORMAÇÃO/SUPORTE DE FORMAÇÃO ATRAVÉS DE

PLATAFORMAS DE E-LEARNING; ................................................................................... 216

APRENDIZAGEM COOPERATIVA E COLABORATIVA. PRINCÍPIOS BÁSICOS SOBRE E-LEARNING .. 218

PRINCÍPIOS BÁSICOS SOBRE E-LEARNING...................................................................... 220

PRINCIPAIS VANTAGENS DO E-LEARNING: ...................................................................... 221

PRINCIPAIS DESVANTAGENS DO E-LEARNING: ................................................................ 222

TIPOLOGIAS E FUNCIONALIDADES DE UMA PLATAFORMA (P.E. MOODLE, …) ..... 222

AS SUAS PRINCIPAIS FUNCIONALIDADES SÃO: .................................................. 223

A SUA CARACTERÍSTICA CONSISTE NO CONTROLO EFICAZ DOS

ACESSOS À PLATAFORMA. ........................................................................... 223

MOODLE - FORMAS DE ACESSO AOS CONTEÚDOS ........................................................... 224

MOODLE - FORMAS DE INSCRIÇÃO/AUTENTICAÇÃO DE UTILIZADORES ............. 224

MOODLE - POSSIBILIDADES DE CUSTOMIZAÇÃO ............................................................. 225

ALTERAR A FUNCIONALIDADE DA PLATAFORMA ............................................................... 225

ALTERAR A APARÊNCIA DA PLATAFORMA ....................................................................... 225

PARAMETRIZAR A INSCRIÇÃO DE UTILIZADORES .............................................................. 225

MOODLE - CRIAÇÃO E EDIÇÃO DE CONTEÚDOS ............................................................... 225

ACTIVIDADES E RECURSOS DISPONÍVEIS ....................................................................... 226

O QUE FAZER/COMO FAZER PARA ACEDER AO CONTEÚDO? ............................... 228

REGRAS “NET-ETIQUETA” .......................................................................................... 229

MF 7.2 COMUNIDADES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM ....................................... 232

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA WEB 2.0 (P.E., REDES SOCIAIS) ............................................... 233

ESTRATÉGIAS, MÉTODOS E TÉCNICAS DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E DA

COMUNICAÇÃO ONLINE; ...................................................................................... 238

. ............................................................................................................................ 245

O PAPEL (E FUNÇÕES) DO E-FORMADOR E E-MODERADOR ............................................... 248

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA E-MODERAÇÃO E DO E-FORMADOR ............................................. 254

FEEDBACK .............................................................................................................. 254

ISOLAMENTO ........................................................................................................... 255

APRENDER A APRENDER ........................................................................................... 256

AUTO-ESTIMA ........................................................................................................... 258

Page 9: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

ESTRATÉGIAS DO TUTOR: ........................................................................................... 259

AVALIAÇÃO DOS FORMANDOS: .................................................................................... 262

M8. AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO E DAS APRENDIZAGENS .................................... 264

COMPETÊNCIAS A ADQUIRIR ....................................................................................... 264

FUNDAMENTAÇÃO PEDAGÓGICA .................................................................................. 264

M8.1 AVALIAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA ................................................. 265

ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO ........................................................... 265

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA ........................................................................................... 267

AVALIAÇÃO FORMATIVA .............................................................................................. 268

AVALIAÇÃO SUMATIVA ............................................................................................... 269

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ................................................................................... 269

SUBJECTIVIDADE DA AVALIAÇÃO .................................................................................. 270

ESCALAS DE CLASSIFICAÇÃO ...................................................................................... 272

TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ...................................................... 273

A OBSERVAÇÃO ........................................................................................................ 273

A FORMULAÇÃO DE PERGUNTAS ................................................................................. 276

AVALIAÇÃO ORAL ...................................................................................................... 276

AVALIAÇÃO ESCRITA .................................................................................................. 276

A. TESTES DE PRODUÇÃO OU RESPOSTA ABERTA ........................................................... 277

RESPOSTA CURTA .................................................................................................... 277

RESPOSTA LONGA .................................................................................................... 279

B. TESTES DE RESPOSTA FECHADA ............................................................................. 280

TESTES DE COMPLETAR:............................................................................................ 280

TESTES DE EMPARELHAMENTO: .................................................................................. 282

TESTES DE ESCOLHA MÚLTIPLA: ................................................................................. 284

FASES DE ELABORAÇÃO: ............................................................................................ 285

A MEDIÇÃO ........................................................................................................... 286

INSTRUMENTOS ....................................................................................................... 287

M8.2 AVALIAÇÃO: DA FORMAÇÃO AO CONTEXTO DE TRABALHO ........................ 290

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 290

O CICLO DE DESENVOLVIMENTO DA FORMAÇÃO ............................................................ 291

AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO: ABORDAGEM PERTA ................................................ 294

Page 10: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

CRITÉRIOS DE EFICÁCIA DA FORMAÇÃO .............................................................. 298

QUALIDADE E ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO ........................................................ 304

MF 9 – SIMULAÇÃO PEDAGÓGICA FINAL ............................................................. 307

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 309

Page 11: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Modúlo A1 – Formador Perfil, Contextos Pretende-se no módulo A1 que os formandos sejam

capazes de adquirir as competências necessárias no sentido

de:

• Caracterizar os sistemas de qualificação com base

nas finalidades, no público-alvo, nas tecnologias utilizadas e no

tipo e modalidade de formação pretendida;

• Identificar a legislação, nacional e comunitária, que

Regulamenta a Formação Profissional;

• Enunciar as competências e capacidades

necessárias à atividade de formador;

• Identificar os conceitos e as principais teorias,

modelos explicativos do processo de aprendizagem;

• Identificar os principais fatores e as condições

facilitadoras da aprendizagem;

• Desenvolver um espírito crítico, criativo e

empreendedor.

Acolhimento O acolhimento trata-se, sem dúvida, de uma apresentação –

acolhimento de todos e de cada um.

É importante nesta primeira abordagem promover o

momento inicial de conhecimento dos presentes:

Page 12: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Quem são como pessoas e como profissionais;

Onde trabalham (empresa, organização, sector);

A sua realização/satisfação, no emprego actual;

O que mais gostam de fazer no seu tempo livre;

As suas expectativas face ao módulo que se inicia.

Este momento pressupõe criar um espaço à vontade e

entendimento para se vencer todos aqueles momentos de falta de

comunicação e para “quebrar o gelo” do desconhecido e ultrapassar

a ansiedade do começo. Deve-se promover o grupo que vai

nascendo e tomando corpo e com isto o Formador vai-se inserindo

no mesmo e ganhando o seu próprio lugar como membro.

Caracterização dos Sistemas de

Formação

Breve Evolução Histórica da Formação Profissional em

Portugal

O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) foi criado

em 1979 com a publicação do DL nº 519-A/79, de 29 de Dezembro,

viria a reestruturar a organização dos Serviços de Formação Profissional

e Emprego.

A criação do IEFP veio dar resposta a quatro exigências

fundamentais tais como:

Descentralização efectiva ao nível das grandes

regiões;

Participação institucionalizada a nível consultivo dos

Parceiros Sociais;

Page 13: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Modernidade, operacionalidade e racionalidade dos

seus elementos organizativos e dos seus métodos de gestão;

Consequente autonomia administrativa e financeira

e património próprio.

O grande “salto” da formação profissional deu-se em 1986

com a adesão de Portugal à União Europeia. É nesta altura que

surgem as primeiras formações profissionais co-financiadas pelo

Fundo Social Europeu (FSE) e pelo Estado Português.

A formação passou a dar maior ênfase ao domínio do

saber-fazer, a qual era realizada em vários locais, como por

exemplo, Centros de Emprego, Centros de Formação

Profissional, Empresas e Escolas Técnico-Profissionais.

Presentemente também existe um grande ênfase sobre o

domínio do saber/ser.

Hoje em dia a Formação Profissional tem como principais

objectivos:

Reduzir o desemprego em grupos críticos,

sobretudo jovens e mulheres;

Minimizar os desperdícios decorrentes das

oportunidades de emprego a preencher;

Colmatar as deficiências do sistema tradicional;

Valorizar os recursos humanos;

Actuar como mecanismo de adequação e equilíbrio

entre a procura e a oferta de mão-de-obra;

Promover a solidariedade social;

Aproveitar os Fundos Comunitários.

Surge desta forma um novo olhar sobre a formação

profissional.

Page 14: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Formação Profissional inserida no Mercado de Trabalho

A formação profissional inserida no mercado de trabalho é

entendida como aquela que se destina especificamente a activos

empregados, por conta própria ou de outrem, desempregados,

candidatos ao primeiro emprego, cujo objectivo principal é o

exercício qualificado de uma actividade profissional. Actualmente,

assistimos a uma restrição cada vez maior do período real da vida

activa da população, através da influência conjunta de vários

factores complementares. Primeiro, o protelamento da idade de

acesso dos jovens ao mercado de trabalho, durante a antecipação

do termo da vida activa. Segundo, instabilidade no emprego,

situações intermitentes de desemprego e reduções nos horários de

trabalho.

As necessidades de formação tendem a intensificar-se ao

longo da vida e existem vários aspectos que apontam nessa

direcção, tais como:

Utilização de novas tecnologias e intelectualização dos

empregos;

Novas formas de organização do trabalho e novas competências

requeridas;

Alteração dos produtos a realizar e das matérias-primas a

transformar;

Integração de Portugal no mercado único europeu e a extensão

e diversidade do universo visado pela formação;

Ensino Tradicional vs Formação Profissional

Não existe um consenso universal sobre o conceito de formação

profissional, no entanto há algumas noções que podemos ter em conta,

tais como:

Page 15: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

A. A Organização Internacional do Trabalho (OIT), na

recomendação n.º 150, entende que “a formação profissional

visa identificar e desenvolver aptidões humanas, tendo

em vista uma vida activa produtiva e satisfatória e, em

ligação, com diversas formas de educação, melhorar as

faculdades dos indivíduos, compreender as condições de

trabalho e o meio social e de influenciarem estes,

individualmente e colectivamente.”

B. A Lei de Bases do Sistema Educativo n.º 48/86, diz

que “a formação profissional para além de complementar

a preparação para a vida activa iniciada no sistema

educativo básico, visa uma integração dinâmica no

mundo do trabalho pela aquisição de conhecimentos e de

competências profissionais, de forma a responder às

necessidades nacionais de desenvolvimento e à evolução

tecnológica. ”

C. O Decreto-Lei n.º 401/91, define “a formação

profissional como processo global e permanente através

do qual jovens e adultos a inserir ou inseridos na vida

activa se preparam para o exercício de uma actividade

profissional. Essa preparação consiste na aquisição e no

desenvolvimento de competências e atitudes, cuja

síntese e integração possibilitam a adopção dos

comportamentos adequados ao desempenho

profissional.”

O ensino tradicional é entendido como o ensino escolar (ensino básico, secundário e superior), o qual se baseia numa estrutura e organização pesada e antiga, com consequências negativas ao nível do sistema educativo.

Page 16: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

De seguida podemos encontrar algumas diferenças entre o ensino

tradicional e a formação profissional:

ENSINO TRADICIONAL

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

- Tende a ser teórico - Tende a ser prática

- Fornece competências para a vida em

geral

- Fornece competências para o exercício de

uma profissão

- Prepara o indivíduo para a formação

- Apoia-se na educação anterior

- É desinteressada – vale pelos

resultados a longo prazo

- É pragmática – vale pelos resultados

imediatos

- Tende a ser longo

- Tende a ser curta

- Não tem o mercado de trabalho como

preocupação dominante

- Aumenta o valor do indivíduo no mercado

de trabalho

- Um programa deduz-se do perfil do

indivíduo que a sociedade quer ter

- Um programa deduz-se do perfil de

exigências de um cargo

- É “imposto” – não há orientação

educacional

- É uma “escolha” – há orientação

profissional

Page 17: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Caracterização De Sistemas De

Formação

A Lei de Bases do Ensino do Sistema Educativo

Artigo 1.ºObjecto e âmbito

1 — O presente decreto -lei cria o Sistema de Regulação de Acesso a

Profissões (SRAP).

2 — Sem prejuízo da devida compatibilização com o Sistema Nacional

de Qualificações (SNQ) e do disposto nas alíneas d) e e) do n.º 1 do

artigo 6.º, são excluídos do âmbito de aplicação do presente decreto-lei

todas as profissões cuja regulação conste de:

a) Lei e respectiva regulamentação;

b) Transposição de directivas comunitárias e respectiva

regulamentação;

c) Regulamentos comunitários;

d) Outros instrumentos internacionais a que o Estado

Português se tenha vinculado e respectiva

regulamentação. (…)

Certificação de competências profissionais

Artigo 10.º - Acesso à certificação

1 — A certificação de competências profissionais é o processo por via

do qual se reconhece e certifica a posse dos conhecimentos, aptidões e

competências adequados e ou exigidos para o exercício de uma

determinada profissão ou actividade profissional.

- Ocorre em sala de aula - Ocorre em “oficina”, “laboratório” ou

“atelier”

Page 18: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

2 — Nas situações em que o acesso a determinada profissão está

condicionado a requisitos de qualificações profissionais específicas, a

respectiva certificação profissional é obtida através das seguintes vias:

a) Modalidades de formação do SNQ, de acordo com o disposto no

artigo 9.º do Decreto -Lei n.º 396/2007, de 31 de Dezembro, e da

respectiva regulamentação específica; ou

b) Reconhecimento, validação e certificação de competências

profissionais, no desenvolvimento do previsto no artigo 12.º do

Decreto -Lei n.º 396/2007, de 31 de Dezembro, e da respectiva

regulamentação específica.

3 — A certificação profissional é comprovada mediante a emissão de

um diploma ou de um certificado de qualificações.

4 — A posse de um certificado ou de um diploma de qualificações dá

acesso à profissão para que se exigem essas qualificações, sem

prejuízo do cumprimento de eventuais requisitos específicos adicionais.

Artigo 11.º Modalidades de formação

Constituem entidades intervenientes no acesso à certificação

profissional através de modalidades de formação as entidades

formadoras que integram o SNQ, de acordo com o artigo 16.º do

Decreto -Lei n.º 396/2007, de 31 de Dezembro.

Artigo 12.º Reconhecimento, validação e certificação

de competências profissionais

1 — O reconhecimento, validação e certificação de competências

profissionais e a correspondente certificação profissional são

assegurados por centros novas oportunidades conjuntamente com

entidades associativas, empresariais, sindicais ou outras, de acordo com

protocolo celebrado para aquele efeito e nos termos da portaria referida

no n.º 2 do artigo 19.º.

2 — As entidades associativas, empresariais, sindicais ou outras a que

se refere o número anterior devem possuir intervenção e capacidade

reconhecidas nos domínios da actividade ou da qualificação em que se

enquadra o perfil profissional.

Page 19: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

3 — O reconhecimento, validação e certificação de competências

profissionais desenvolve -se com base nos referenciais de competências

profissionais integrados no CNQ a que se refere o artigo 6.º do Decreto

-Lei n.º 396/2007, de 31 de Dezembro, regulado pela Portaria n.º

781/2009, de 23 de Julho.

Artigo 13.º Taxas

O processo de reconhecimento, validação e certificação de

competências profissionais, previsto no artigo anterior, está sujeito ao

pagamento de taxas.

A Portaria nº 214/2011, de 30 de Maio, estabelece o regime da

formação e certificação de competências pedagógicas dos formadores

que desenvolvem a sua actividade no âmbito do Sistema Nacional de

Qualificações (SNQ).

Portaria n.º 214/2011, de 30 de Maio

De acordo com a Resolução do Conselho de Ministros n.º 173/2007, de

7 de Novembro, que aprova a Reforma

Diário da República, 1.ª série — N.º 104 — 30 de Maio de 2011 2959

da Formação Profissional, conjugada com o Decreto-Lei n.º 396/2007,

de 31 de Dezembro, que estabelece o regime jurídico do Sistema

Nacional de Qualificações (SNQ), a melhoria da qualidade da formação

profissional, das suas práticas e dos seus resultados, exige uma

actuação que promova a capacidade técnica e pedagógica dos

formadores, através do reforço permanente das suas competências.

Face à experiência adquirida, aos constrangimentos observados e à

evolução entretanto verificada ao nível do perfil de competências do

formador, volvidos mais de 10 anos de implementação dos processos e

procedimentos em vigor, justifica -se proceder à revisão do

enquadramento legal da respectiva formação e certificação pedagógica.

Este novo regime jurídico visa conferir ao dispositivo de qualificação e

certificação pedagógica de formadores uma maior exigência, coerência

e transparência, no plano substantivo, facilitando a sua percepção por

parte quer dos públicos quer das entidades formadoras, bem como

Page 20: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

harmonizar, simplificar e desburocratizar os procedimentos, ao nível

formal, procurando desmaterializar toda a relação processual com os

serviços da Administração Pública. Pretende -se igualmente, com este

diploma legal, reforçar a qualidade da formação profissional, através da

prossecução dos seguintes objectivos: i) valorizar a certificação da

aptidão pedagógica do formador, estimulando a mobilização das

competências capazes de induzir uma relação pedagógica eficaz em

diferentes contextos de aprendizagem; ii) estabelecer a obrigatoriedade

da formação pedagógica inicial para o acesso à actividade de formador,

garantindo uma intervenção qualificada neste domínio, e iii) promover a

formação contínua dos formadores, salientando a necessidade da sua

actualização permanente, em especial daqueles que intervêm em

acções dirigidas a públicos mais desfavorecidos, na mediação de

formação, na formação de formadores, na formação a distância, na

formação em contexto de trabalho, na gestão e coordenação da

formação, bem como na consultadoria de formação, particularmente

junto das PME’s. Apesar da formação pedagógica inicial de formadores

continuar a ter uma duração base de 90 horas, o referencial de

formação passa a ter uma organização modular, permitindo uma oferta

mais flexível e adaptada ao perfil de entrada de cada candidato, sendo

mesmo possível a existência de percursos diferenciados em função do

posicionamento definido no âmbito de um processo de reconhecimento,

validação e certificação de competências orientado para o exercício

desta actividade. A formação contínua passa a ter uma duração variável

e adaptável às exigências de actualização permanente do perfil de

competências do formador, numa perspectiva de aprendizagem ao

longo da vida, considerando as necessidades concretas do mercado de

trabalho, devendo a oferta das entidades formadoras ser estruturada

com base numa combinatória de módulos de 10 horas, de acordo com

os referenciais disponíveis.

Assim:

Nos termos do disposto nos artigos 21.º e 23.º do Decreto -Lei n.º

321/2009, de 11 de Dezembro, e no n.º 1 do artigo 20.º do Decreto -

Lei n.º 396/2007, de 31 de Dezembro, manda o Governo, pelo

Secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional, o

seguinte:

Artigo 1.º Objecto

Page 21: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

O presente diploma estabelece o regime da formação e certificação de

competências pedagógicas dos formadores que desenvolvem a sua

actividade no âmbito do Sistema Nacional de Qualificações (SNQ).

Artigo 2.º Âmbito

1 — Este regime aplica -se a todas as pessoas que exercem a

actividade de formador, a título permanente ou eventual, qualquer que

seja a natureza da entidade formadora, modalidade, contexto, área de

formação ou fonte de financiamento.

2 — Exceptuam -se do seu âmbito de aplicação os detentores de

habilitação profissional para a docência, os docentes do ensino superior

universitário e politécnico e os responsáveis da administração

educacional e das actividades de formação avançada para o sistema

científico e tecnológico.

Artigo 3.º Requisitos e vias de acesso à certificação de

competências pedagógicas

1 — Pode exercer a actividade de formador quem for titular de

certificado de competências pedagógicas.

2 — O certificado de competências pedagógicas de formador pode ser

obtido através de uma entidade formadora certificada, nos termos da

Portaria n.º 851/2010, de 6 de Setembro, mediante uma das seguintes

vias:

a) Frequência, com aproveitamento, de curso de formação pedagógica

inicial de formadores;

b) Reconhecimento, validação e certificação de competências

pedagógicas de formadores, adquiridas por via da experiência;

c) Reconhecimento de diplomas ou certificados de habilitações de nível

superior que confiram competências pedagógicas correspondentes às

definidas no perfil de referência, mediante decisão devidamente

fundamentada por parte do Instituto do Emprego e da Formação

Profissional, I. P. (IEFP, I. P.)

3 — O formador deve ter uma qualificação de nível superior.

4 — Em componentes, unidades ou módulos de formação orientados

para competências de natureza mais operativa, o formador pode ter

Page 22: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

uma qualificação de nível igual ao nível de saída dos formandos, desde

que tenha uma experiência profissional comprovada de, no mínimo,

cinco anos.

5 — A título excepcional, em casos devidamente fundamentados, pode

ser autorizado pelo IEFP, I. P., o exercício da função de formador a

pessoas que:

a) Não sejam titulares do certificado referido no n.º 1 do presente

artigo, mas possuam uma especial qualificação académica e ou

profissional não disponível ou pouco frequente no mercado de trabalho;

b) Não detenham uma qualificação de nível igual ou superior ao nível

de qualificação em que se enquadra a acção de formação, mas

possuam uma especial qualificação profissional não disponível ou pouco

frequente no mercado de trabalho.

Artigo 4.º Modalidades e desenvolvimento da formação

1 — O princípio geral pelo qual se rege a formação pedagógica de

formadores é o da continuidade e progressão, integrando as seguintes

modalidades:

a) Formação inicial;

b) Formação contínua.

2 — Os cursos de formação pedagógica, em qualquer modalidade,

devem respeitar os referenciais em vigor, disponibilizados pelo IEFP, I.

P., e podem desenvolver –se de forma autónoma ou integrados em

percursos de maior duração, nomeadamente de nível superior.

3 — O IEFP, I. P., pode estabelecer protocolos com entidades de

reconhecido mérito, nomeadamente instituições de ensino superior,

tendo em vista a homologação de cursos de formação pedagógica.

Artigo 5.º Formação pedagógica inicial

1 — A formação pedagógica inicial assenta num referencial base de

competências, organiza -se em percursos estruturados de forma

modular, com uma duração de referência de 90 horas e contempla as

seguintes dimensões:

a) Pedagógica, que visa a aquisição e o desenvolvimento das

competências necessárias em função das modalidades, dos públicos e

Page 23: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

dos contextos de intervenção, incluindo o uso das tecnologias de

informação e comunicação em diferentes situações de aprendizagem;

b) Organizacional, que inclui as técnicas e métodos de planeamento,

gestão, organização, acompanhamento e avaliação da formação;

c) Prática, que consiste na aplicação ou no exercício contextualizado,

real ou simulado, das competências técnico-pedagógicas adquiridas ao

longo da formação;

d) Deontológica e ética, que abrange o respeito pelas regras e valores

profissionais, bem como pela igualdade de género e pela diversidade

étnica e cultural.

2 — Os percursos de formação inicial organizam –se em unidades de 10

horas ou múltiplos e estruturam –se por dimensões e competências de

acordo com o perfil de formador, permitindo uma gestão flexível no

acesso, posicionamento e saída dos formandos.

3 — A duração da formação modular que visa responder a

necessidades identificadas nos processos de reconhecimento, validação

e certificação de competências pedagógicas pode ser variável em

função do posicionamento dos candidatos.

Artigo 6.º Formação pedagógica contínua

1 — A formação pedagógica contínua assenta em diversos referenciais

de competências, organiza -se em percursos estruturados de forma

modular, com uma duração variável, da vida, uma ou mais das

seguintes dimensões:

a) Pedagógica, que integra módulos orientados para o

aperfeiçoamento, o aprofundamento ou a diversificação das

competências previstas no perfil de formador, em função dos seus

contextos de intervenção, podendo abranger também a reflexão crítica

e o reforço das competências adquiridas nas dimensões organizacional,

prática, deontológica e ética do curso de formação pedagógica inicial;

b) Científica e ou tecnológica, que inclui módulos que visam garantir

uma permanente actualização do formador, na sua área específica de

intervenção, atentas as constantes mudanças técnicas e organizacionais

observadas no mercado de trabalho;

c) Estudo ou investigação operacional, que contempla módulos dirigidos

à análise, pesquisa e optimização de referenciais, modelos, processos e

Page 24: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

métodos de formação, garantindo a sua transferibilidade ou aplicação

em diferentes situações, com especial enfoque na aprendizagem em

contexto de trabalho.

2 — Os percursos de formação contínua organizam –se em unidades de

10 horas ou múltiplos e estruturam -se por dimensões e competências

de acordo com os referenciais visados, permitindo uma gestão flexível

no acesso, posicionamento e saída dos formadores.

3 — Os seminários, encontros técnicos, ateliês ou modalidades afins

podem ter uma duração inferior à prevista no número anterior, sem

prejuízo do seu reconhecimento e capitalização no âmbito do perfil de

referência.

Artigo 7.º Reconhecimento, validação e certificação de

competências pedagógicas

1 — No processo de reconhecimento, validação e certificação de

competências pedagógicas o portefólio de competências do candidato é

aferido com o perfil base de competências do formador e os

referenciais de formação em vigor.

2 — O processo deve estruturar-se em três fases sequenciais:

a) O candidato deve apresentar um portefólio em que evidencie as

situações ou contextos em que adquiriu e mobilizou as competências

pedagógicas exigidas;

b) O candidato é colocado em situação de demonstração das

respectivas competências, simulando um desempenho profissional

directamente observável pelos avaliadores;

c) O candidato é entrevistado por um júri composto por dois

avaliadores, um dos quais tem de ser formador certificado.

3 — O processo de reconhecimento, validação e certificação de

competências pedagógicas também é passível de ser aplicado aos

candidatos que demonstrem possuir, no todo ou em parte, as

competências elencadas nos referenciais de formação pedagógica

contínua de formadores.

Page 25: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Artigo 8.º Entidades intervenientes na formação e certificação

de formadores

A formação pedagógica de formadores e a certificação pedagógica de

formadores podem ser assegurados pelo IEFP, I. P., por

estabelecimentos de ensino superior ou por outras entidades

formadoras certificadas que estabeleçam protocolos com o IEFP, I. P.,

para este efeito.

Artigo 9.º Sistema de Informação da Formação e Certificação

de Formadores

1 — O IEFP, I. P., disponibiliza e gere, através de um sítio electrónico,

um Sistema de Informação da Formação e Certificação de Formadores,

para os seguintes efeitos:

a) Divulgação da oferta de cursos de formação pedagógica de

formadores e encaminhamento da inscrição de potenciais candidatos

para as respectivas entidades formadoras;

b) Divulgação da bolsa nacional de entidades formadoras com

autorização de funcionamento de cursos de formação pedagógica de

formadores e de desenvolvimento de processos de reconhecimento,

validação e certificação de competências pedagógicas;

c) Divulgação dos cursos e estabelecimentos de ensino superior que

conferem diplomas ou certificados de habilitações reconhecidos como

equivalentes ao certificado de competências pedagógicas de formador,

nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º deste diploma;

d) Divulgação da bolsa nacional de formadores que possuem um

certificado de competências pedagógicas e estejam disponíveis para o

exercício da respectiva função;

e) Autorização de funcionamento de cursos de formação pedagógica de

formadores e de processos de reconhecimento, validação e certificação

de competências pedagógicas;

f) Emissão dos certificados de competências pedagógicas;

g) Monitorização de indicadores relativos a entidades, cursos e acções e

impacte da formação e certificação de competências pedagógicas de

formadores;

Page 26: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

h) Planeamento e gestão das auditorias de qualidade.

2 — As entidades formadoras estão obrigadas a candidatar a realização

dos cursos e dos processos de reconhecimento, validação e certificação

de competências pedagógicas através deste sistema de informação,

bem como a nele registar toda a informação relevante para a

certificação dos formandos e para o acompanhamento, a avaliação e a

auditoria das acções desenvolvidas.

3 — O incumprimento do estatuído no número anterior pode

determinar a revogação da certificação de entidade formadora, nos

termos do artigo 16.º da Portaria n.º 851/2010, de 6 de Setembro, ou

da autorização de funcionamento dos cursos de formação pedagógica

de formadores e dos processos de reconhecimento, validação e

certificação de competências pedagógicas de formador.

4 — A inscrição na bolsa nacional de formadores, prevista na alínea d)

do n.º 1 é efectuada automaticamente, através dos dados inseridos

pelas entidades formadoras neste Sistema de Informação, mediante

solicitação dos formadores interessados, efectuada no respectivo sítio

electrónico.

5 — O Sistema de Informação da Formação e Certificação de

Formadores deve ter uma interface com o Sistema de Informação e

Gestão da Oferta Educativa e Formativa (SIGO), de forma a garantir a

migração, coerência e actualização permanente de todos os dados

relativos a formadores, entre estas duas plataformas electrónicas.

Artigo 10.º Certificado de competências pedagógicas de

formador

1 — O certificado de competências pedagógicas de formador é emitido

quando o candidato conclui com aproveitamento um percurso de

formação e ou um processo de reconhecimento, validação e certificação

de competências pedagógicas, ou no caso em que o candidato seja

possuidor de um diploma ou certificado de habilitações reconhecido

como equivalente.

2 — Sempre que um candidato conclui com aproveitamento um ou mais

módulos de formação deve ser emitido um certificado de frequência

que capitaliza para efeitos de acesso ao certificado de competências

pedagógicas de formador.

Page 27: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

3 — Os certificados de competências pedagógicas são emitidos de

forma automática e por via electrónica, através do Sistema de

Informação da Formação e Certificação de Formadores, após:

a) O registo e validação das classificações finais dos candidatos que

obtiveram aproveitamento, pela entidade onde se realizou a formação

ou o processo de reconhecimento, validação e certificação de

competências pedagógicas;

b) O registo da equivalência dos diplomas ou certificados de habilitação

de nível superior, sempre que seja essa a via de acesso à certificação;

c) O pagamento dos encargos procedimentais previstos no artigo 11.º

4 — O certificado de competências pedagógicas dispensa a emissão

pelas entidades formadoras de qualquer outro documento de

certificação, e consiste na atribuição de um código de validação,

enviado electronicamente a cada formador, que permite o seu acesso e

ou de terceiros autorizados, através da Internet, aos dados que

comprovam a respectiva certificação e que constam do anexo à

presente portaria, da qual faz parte integrante.

5 — O IEFP, I. P., pode intervir de forma supletiva na análise e decisão

dos processos relativos à certificação de competências pedagógicas, no

caso de eventuais conflitos ou na ausência de uma entidade formadora

competente para o efeito.

Artigo 11.º Pagamento de encargos procedimentais

A autorização de funcionamento dos cursos de formação pedagógica e

o acesso à certificação profissional está sujeito a taxas, fixadas por

despacho dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das

finanças e do emprego e da formação profissional.

Artigo 12.º Regulamentação

A concretização de aspectos de natureza procedimental que se venham

a revelar indispensáveis à execução da presente portaria será objecto

de regulamentação pelo IEFP, I. P.

Artigo 13.º Norma transitória

Page 28: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

1 — Os cursos ao abrigo da legislação revogada que se encontrem a

decorrer à data da entrada em vigor da presente portaria mantêm a

validade e os efeitos previstos no respectivo regime legal.

2 — Os certificados de aptidão pedagógica de formador já emitidos pelo

IEFP, I. P., ao abrigo da legislação revogada e os que venham a ser

emitido ao abrigo do n.º 1 manter-se-ão válidos após a entrada em

vigor do presente diploma, produzindo os mesmos efeitos que o

certificado de competências pedagógicas de formador.

Artigo 14.º Norma revogatória

É revogada a Portaria n.º 1119/97, de 5 de Novembro.

Artigo 15.º Entrada em vigor

A presente portaria entra em vigor no dia imediato à data da sua

publicação.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA SOLIDARIEDADE SOCIAL

Portaria n.º 994/2010 de 29 de Setembro

O Instituto do Emprego e Formação Profissional, I. P.(IEFP, I. P.),

enquanto serviço público que tem por missão promover a criação e a

qualidade do emprego e combater o desemprego, através da execução

de políticas activas, nomeadamente, de formação profissional, tem

assumido a competência de certificação e organização da bolsa nacional

de formadores, em consonância com as necessidades do mercado.

Contudo, a necessidade de renovação periódica dos certificados de

aptidão pedagógica dos formadores, para além de gerar

constrangimentos ao nível do desenvolvimento da dinâmica da

formação profissional, também não se compadece com o actual quadro

jurídico da formação profissional decorrente da Resolução do Conselho

de Ministros n.º 173/2007, de 7 de Novembro, designadamente do

regime jurídico do Sistema Nacional de Qualificações, instituído pelo

Decreto -Lei n.º 396/2007, de 31 de Dezembro. Aliás, à semelhança de

Page 29: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

outros profissionais com funções de educação e formação, as

competências necessárias ao exercício da actividade de formador

devem continuar a ser reconhecidas como válidas a partir do momento

da respectiva certificação, nada impedindo que os formadores possam e

devam continuar a desenvolver as suas competências através do

exercício da actividade profissional e da formação contínua.

Assim:

Nos termos do artigo 1.º do Decreto -Lei n.º 211/2006, de 27 de

Outubro, e do n.º 6 do artigo 7.º e do n.º 1 do Diário da República, 1.ª

série — N.º 190 — 29 de Setembro de 2010 4331 artigo 20.º do

Decreto -Lei n.º 396/2007, de 31 de Dezembro, manda o Governo, pelo

Secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional, o

seguinte:

Artigo 1.º -Validade dos certificados de aptidão pedagógica de

formador

1 — Os certificados de aptidão pedagógica de formador, emitidos ao

abrigo do Decreto Regulamentar n.º 66/94, de 18 de Novembro, com

as alterações introduzidas pelo Decreto Regulamentar n.º 26/97, de 18

de Junho, incluindo aqueles que tenham sido renovados nos termos do

disposto na Portaria n.º 1119/97, de 5 de Novembro, consideram -se

emitidos sem dependência de qualquer período de validade, não

carecendo de ser objecto de renovação.

2 — O disposto no número anterior aplica -se igualmente aos

certificados de aptidão pedagógica de formador que se encontrem

caducados à data da entrada em vigor da presente portaria.

Artigo 2.º - Vigência

O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua

publicação.

O Secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional, Valter Victorino

Lemos, em 21 de Setembro

Page 30: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL
Page 31: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

O Diploma Legal de certificação – Dgert

A certificação é uma operação de validação técnica e de

reconhecimento da capacidade formativa de uma entidade.

Constitui uma condição necessária para o acesso aos Fundos

Públicos disponíveis para o apoio à formação profissional.

Objectivos da certificação:

Contribuir para a elevação da qualidade e adequação

das intervenções formativas;

Contribuir para um maior rigor e selectividade no

acesso e eficácia na aplicação dos Fundos Públicos

disponíveis para apoio à formação profissional;

Apoiar as entidades na melhoria gradual e contínua

das suas capacidades, das suas competências e dos

seus recursos pedagógicos.

Page 32: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Sistema Nacional de Qualificações

A actualidade que vivemos hoje em dia e a realidade com

que nos deparamos diáriamente segundo algumas estatísticas da

ANQ é que mais de 485 mil jovens entre os 18 e 24 anos a

trabalhar sem o 12º ano (mais de 260 mil nem sequer concluiu a

escolaridade obrigatória). Existem cerca de 3,5 milhões de

activos com um nível de escolaridade inferior ao ensino

secundário.

O Sistema Nacional de Qualificações promove uma

articulação efectiva entre a formação profissional inserida, quer

no Sistema Educativo, quer no Mercado de Trabalho,

estabelecendo objectivos e instrumentos comuns no contexto de

um enquadramento institucional renovado.

Estes mesmos pressupostos assentam em três aspectos

fundamentais:

Alargar o acesso à educação e formação;

Chegar a todos os que necessitam de

oportunidade de novas aprendizagens e de

reconhecimento de adquiridos;

Fazer com que toda a formação assegure

uma progressão escolar e profissional;

Capacidade para produzir as qualificações e

as competências críticas para a

competitividade das empresas e para o

desenvolvimento pessoal e social dos

indivíduos.

O Sistema Nacional de Qualificações provêem do (Decreto-lei)

397/2007 que visa adoptar os princípios consagrados no acordo

sobre a reforma da formação profissional, celebrado com os

Page 33: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

parceiros sociais (Março 2007), assumindo os objectivos referentes

à “Iniciativa de Novas Oportunidades” e promovendo os

instrumentos necessários à sua efectiva execução.

Também é contemplada a restruturação da formação inserida

no sistema educativo e no mercado de trabalho, integrando-a num

único sistema com instrumentos e objectivos comuns, garantindo

também a articulação com o instrumento financeiro de excelência:

“Programa Operacional de Potencial Humano” (POPH) para o

desenvolvimento e valorização dos recursos humanos.

O Sistema Nacional de qualificações tem como

objectivos:

Generalizar o ensino secundário como patamar mínimo

de qualificação;

Apostar na dupla certificação e na diversificação de

oportunidades de qualificação para jovens e adultos;

Flexibilizar as ofertas de formação para adultos e

valorizar, reconhecer e certificar competências

adquiridas;

Estruturar uma oferta relevante de formação inicial e

continua, ajustada às necessidades das empresas e do

mercado de trabalho, tendo por base as necessidades

actuais e emergentes das empresas e dos sectores;

Promover a coerência, a transparência e a

comparabilidade das qualificações, a nível nacional e

internacional;

Modalidades no Sistema Nacional de Qualificações

Cursos Profissionais

Cursos de Aprendizagem

Page 34: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Cursos de Educação e Formação de Jovens

Cursos de Ensino Artístico Especializado

Cursos de Educação e Formação de Adultos

Formações Modulares certificadas

Sendo posteriormente efectuado o reconhecimento, validação e

certificação de competências.

Dupla Certificação Formação de

Jovens

Educação e

Formação de

Adultos

9º Ano e Nível 2 de

formação profissional

12º Ano e Nível 4 de

formação profissional

12º Ano e Nível 3 de

formação profissional

Cursos de Educação e

Formação (CEF)

Cursos de Educação e

Formação (CEF)

Cursos de

Aprendizagem

Cursos Profissionais

Cursos do Ensino

Artístico Especializado

Cursos de Educação e

Formação de Adultos

(EFA)

Formações Modulares

Certificadas

Processos de

Reconhecimento,

Validação e

Certificação de

Competências (RVCC)

Cursos de

Especialização

tecnológica (CET)

Page 35: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

O Catálogo Nacional de Qualificações (CNQ)

O catálogo Nacional de Qualificações (CNQ) prevê a produção de

competências críticas para a competitividade e modernização de

economia e das organizações, bem como o acesso à qualificação

(escolar e profissional) sobretudo para jovens e adultos pouco

qualificados;

Os referenciais do Catálogo aplicam -se também ao

reconhecimento e certificação de competências adquiridas por vias não

formais e informai ao longo da vida. O Catálogo visa, igualmente,

facilitar a transparência entre qualificações a nível nacional e

internacional, promovendo, deste modo, a mobilidade, a transferência,

a capitalização e o reconhecimento dos resultados das aprendizagens,

permitindo, ainda, que os utilizadores tenham acesso facilitado à

informação sobre as qualificações e modalidades de formação.

O Catálogo é um instrumento aberto, em permanente

actualização, pelo que se torna essencial assegurar a participação activa

e constante dos principais agentes económicos e sociais na sua

elaboração e gestão, nomeadamente através dos conselhos sectoriais

para a Qualificação e do Conselho Nacional da Formação Profissional.

Toda esta oferta é modelizada dando a possibilidade de aceder a

unidades de formação de curta duração (UFCD) (25h e 50h),

certificáveis de forma autónoma e capitalizáveis para a obtenção de

uma ou mais qualificações, fazendo com que o reconhecimento e a

Page 36: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

validação de competências adquiridas em diferentes contextos de vida

e trabalho para efeitos de certificação.

São objectivos do Catálogo Nacional de Qualificações,

nomeadamente:

Promover a elevação das competências necessárias ao

desenvolvimento dos indivíduos, à promoção da coesão

social e ao exercício dos direitos de cidadania;

Contribuir para o desenvolvimento de um quadro de

qualificações legível e flexível que favoreça a

comparabilidade das qualificações a nível nacional e

internacional;

Promover a flexibilidade na obtenção da qualificação e

na construção do percurso individual de aprendizagem

ao longo da vida;

Promover a certificação das competências

independentemente das vias de acesso à qualificação;

Contribuir para a promoção da qualidade do Sistema

Nacional de Qualificações;

O Catálogo Nacional de Qualificações identifica, para cada

qualificação, o respectivo perfil profissional, o referencial de

formação e o referencial para reconhecimento, validação e certificação

de competências.

Os perfis profissionais integram o conjunto das actividades

associadas às qualificações, bem como os conhecimentos, aptidões e

atitudes necessários para exercer essas actividades. Os referenciais de

formação são constituídos por uma componente de formação de base e

por uma componente de formação tecnológica, sendo nomeadamente

Page 37: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

esta última organizada por unidades de formação de curta duração,

capitalizáveis e certificáveis autonomamente.

No que diz respeito à formação de adultos, a componente de

formação de base é também organizada por unidades de formação de

curta duração capitalizáveis e certificáveis autonomamente. As unidades

de formação de curta duração são, sempre que possível, comuns a

vários referenciais de formação, possibilitando a transferência para

outras qualificações.

Hoje em dia existe uma maior aferição das necessidades de

competências e de qualificações face aos referenciais actuais do CNQ,

bem como uma cobertura de áreas de educação e formação em falta,

existindo cada vez mais uma resposta formativa para profissões

regulamentadas.

Será previsto o CNQ integrar progressivamente referenciais para

todas as modalidades de formação de dupla certificação e será também

constituído por Qualificações Baseadas em Competências, garantindo a

articulação com o Quadro Europeu das Qualificações e com o Sistema

Europeu de Créditos para a Educação e Formação profissional (ECVET)

-centralidade dos resultados de aprendizagem.

A Caderneta Individual de Competências

A caderneta individual de Competências possui o registo de

todas as competências e formações adquiridas pelo indivíduo ao longo

da vida e que estejam identificadas no Catálogo Nacional de

Qualificações, bem como outras acções de formação não referidas no

Catálogo Nacional de Qualificações.

Vantagens

Page 38: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Permite aos indivíduos, apresentar e comunicar de

forma mais eficaz as formações e competências

que foram adquirindo ao longo da vida;

Permite aos empregadores apreender de modo

mais fácil a adequação das competências dos

candidatos aos postos de trabalho;

Quadro Nacional de Qualificações

O quadro nacional de Qualificações é um instrumento

concebido para a classificação de qualificações segundo um

conjunto de critérios para a obtenção de níveis específicos de

aprendizagem tendo como objectivos integrar os subsistemas

nacionais de qualificação, melhorar o acesso, a progressão e a

qualidade das qualificações, bem como promover a transparência, a

mobilidade, comparabilidade e a transferibilidade de qualificações.

O QNQ assume os princípios do Quadro Europeu de

Qualificações (QEQ) obtendo desta forma:

Oito níveis de qualificação

Três descritores de resultados de aprendizagem

(conhecimentos, aptidões e atitudes)

Qualificações estruturadas por unidades

O Quadro Europeu para as Qualificações pretende

constituir um dispositivo de tradução entre sistemas de

qualificações distintos e os respectivos níveis.

A Proposta de Recomendação do Parlamento Europeu e

do Conselho relativa à instituição do QEQ para a aprendizagem

ao longo da vida propõe aos Estados-Membros que:

“Correlacionem os seus SNQ com o QEQ até 2010, através de

uma remissão transparente dos seus níveis de qualificações para

Page 39: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

os níveis do QEQ e da instituição de um Quadro Nacional de

Qualificações (…)

Assegurem que até 2012 quaisquer novas qualificações

estabeleçam uma correlação explícita com o nível adequado do

QEQ (…)

Rede de entidades formadoras

As redes que constituem as entidades formadoras são

nomeadamente:

Os estabelecimentos de ensino básico e

secundário;

Os centros de formação profissional e de

reabilitação profissional de gestão directa e

Estruturas do SNQ

A rede de entidades

formadoras

Os Centros Novas

Oportunidades

Os Conselhos Sectoriais para as

Qualificações

Page 40: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

participada, no âmbito dos ministérios responsáveis

pelas áreas da formação profissional e da

educação;

As entidades formadoras integradas noutros

ministérios ou noutras pessoas colectivas de direito

público;

Os estabelecimentos de ensino particular e

cooperativo com paralelismo pedagógico ou

reconhecimento de interesse público;

Os centros novas oportunidades;

Os Centros Novas Oportunidades com competências

certificadoras procedem à validação final de percursos de formação

modular dos adultos, para efeitos de certificação de um nível de

escolaridade e de qualificação.

Constituição da Equipa (Novas Oportunidades)

A constituição das equipas que compõem os centros de

novas oportunidades tem como base hierárquica:

Director/a

Coordenador/a

Técnicos/as de diagnóstico e

encaminhamento

Profissionais de reconhecimento e validação

de competências

Formadores/as nas diferentes áreas

Page 41: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Técnicos, administrativos

Etapas e referenciais de intervenção

Acolhimento

Diagnóstico;

Encaminhamento

Reconhecimento de competências

Validação de competências

Certificação de competências

Os processos de reconhecimento, validação e certificação de

competências desenvolvem-se a partir da utilização dos referenciais

integrados no Catálogo Nacional de Qualificações.

Page 42: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Possui como objectivo proporcionar a homens e mulheres meios e instrumentos de reforço e de facilitação da sua qualificação escolar e profissional, que permitindo-lhes responder, de forma construtiva, a um mundo em constante

mudança.

Perfil do Formador (atividades, competências e capacidades)

O formador por sua vez deverá possuir Competências Pessoais e Sociais adequadas à sua função, tais como:

Gestão das Relações Interpessoais (cooperação, trabalho em equipa, motivação, coordenação de trabalho);

Page 43: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Características Individuais (autonomia, assertividade, flexibilidade, resolução de problemas, espírito de iniciativa e de inovação, capacidade criativa e empreendedora, comunicação);

Domínio de Plataformas e Redes de Interação Online;

Aprendizagem, Criatividade e

Empreendedorismo

Princípios da Teoria da Aprendizagem

O termo aprendizagem deriva do latim "apprehendere", que significa

adquirir o conhecimento de uma arte, ofício ou através do estudo ou da

experiência.

Segundo Kurt Fischer “Aprendizagem é a mudança durável, no

conhecimento ou no comportamento, resultante do treino,

experiência ou estudo, ou o processo que ocasiona tal mudança.”

A aprendizagem é entendida como uma capacidade que colocamos em

acção quotidianamente no sentido de dar respostas adaptadas às solicitações e

desafios que se nos colocam devido às nossas interacções com o meio, sendo

também interpretado e entendido como um conjunto de processos psicológicos

de origem cognitiva, emocional, motivacional e comportamental que permitem

que os indivíduos adquiram ou aprendam algo de novo.

Alguns comportamentos como tossir, respirar, chorar e sorrir não

necessitam de uma aprendizagem específica, pois são comportamentos inatos,

ou seja, não aprendidos. Outros como falar, escrever, ler, dependem

fundamentalmente da interacção que se estabelece com o meio e vice-versa.

São comportamentos aprendidos.

Page 44: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Ao afirmarmos que a aprendizagem, na formação em contexto

de trabalho, é um processo queremos dizer que é:

Intencional – É necessária vontade do indivíduo para

aprender. A motivação assume um papel fundamental na

aprendizagem, pois ninguém aprende verdadeiramente se não

estiver motivado e se não desejar aprender.

Pessoal/subjectivo – O processo de aprendizagem

depende das características daquele que aprende, da sua

experiência pessoal, dos conhecimentos anteriores, das suas

expectativas, crenças e valores entre outros.

Dinâmico – A aprendizagem só se efectua se existir

interacção entre os participantes. Mais do que um processo

linear ou sequencial, importa que o formador crie as condições

necessárias à aprendizagem e conheça os meios pedagógicos

para aplicar eficientemente o seu potencial de comunicação.

Contínuo – A aprendizagem ocorre ao longo de toda a

vida e constantemente acrescenta-mos algo ao que já

conhecemos.

Gradativo – Considerando que a aprendizagem é a

aquisição ou mudança de comportamentos ou de processos

mentais é necessário que o organismo tenha atingido um grau

de desenvolvimento adequado aos mesmos. Esta perspectiva é

considerada desactualizada por vários autores hoje em dia.

Cumulativo – Os saberes do indivíduo coligam entre si,

no sentido de os novos conhecimentos serem adicionados aos já

existentes.

Page 45: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Domínios do Saber

1. Domínio cognitivo (Saber-Saber)

Corresponde às aprendizagens relacionadas com o

pensamento lógico e com as operações intelectuais; são

exemplos dessas aprendizagens a compreensão de uma teoria,

de conceitos, aprendizagem de regras e de códigos.

2. Domínio psico-motor (Saber-Fazer)

Corresponde às aprendizagens relacionadas com

movimentos do corpo, com a capacidade de manipular

fisicamente objectos, ferramentas ou utensílios para realizar uma

tarefa, resolver situações ou problemas que requerem destreza

motora ou a coordenação de movimentos altamente

especializados.

Domínios do Saber

Domínio Cognitivo

Domínio Psico-motor

Domínio Sócio-afetivo

Page 46: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

3. Domínio sócio-afectivo (Saber-Ser/Saber-Estar)

Corresponde às aprendizagens realizadas no domínio

social e afectivo, que correspondem aos sentimentos, atitudes,

comportamentos, capacidade de adaptação, capacidade de

estabelecer novas relações pessoais, capacidade de enfrentar

desafios.

Objectivos educacionais

De acordo com a taxonomia dos objectivos educacionais

que Bloom definiu, existem seis níveis de conhecimento, (no do

domínio cognitivo ou “saber-saber”) sendo eles:

Conhecimento Processos que requerem que o aprendente reproduza com

exactidão uma informação que lhe tenha sido dada, seja ela uma data, um procedimento, uma fórmula ou uma teoria. O aprendente não compreende e por isso, também não é capaz de apresentar exemplos ou de explicar por palavras próprias.

Exemplo: Definir cidadania. Compreensão Requer que o aprendente seja capaz de elaborar

(modificar) um dado ou informação original. Os aprendentes deverão ser capazes de expor a matéria por palavras suas, reordenar e extrapolar ideias ou prever consequências resultantes da informação original.

Exemplo: Dar um exemplo de cidadania. Aplicação O aprendente aplica os seus conhecimentos a situações

reais. Se antes era suficiente compreender as ideias, agora tem

Page 47: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

de demonstrar que consegue aplicar esses conhecimentos em situações novas e inesperadas.

Exemplo: O que aconteceria caso vivesse-mos num

regime absoluto? Análise O aprendente classifica ou divide a informação nas suas

várias componentes e estabelece relações entre elas. Exemplo: Distinguir regime absoluto e regime autoritário,

enumerar semelhanças e diferenças entre eles. Síntese O aprendente é capaz de sintetizar informação, o que

significa que contribui com algo de novo, reúne ideias para construir novas teorias e ideias, com traços individuais distintivos.

Exemplo: Descrever as principais teorias da

aprendizagem e explicar como podem ser aplicadas. Avaliação Representa os processos cognitivos mais complexos. O

aprendente desenvolve a capacidade de criar padrões de julgamento, de ponderar, examinar minuciosamente, analisar com rigor.

Exemplo: Faz uma análise rigorosa do impacto da no dia-

a-dia da organização. Estes níveis cognitivos são cumulativos, o que quer dizer

que cada categoria cognitiva depende da anterior e, por sua vez, dá suporte à seguinte. Além disso, os níveis cognitivos estão organizados de forma gradativa em termos de complexidade dos processos mentais, partindo do mais simples para o mais complexo.

O estudo da aprendizagem está intimamente relacionado com o desenvolvimento da Psicologia enquanto ciência. Ancoradas nas diferentes correntes da Psicologia, desenvolveram-se diversas teorias sobre a aprendizagem, que, com diferentes enfoques, procuram explicar como os indivíduos aprendem, como se expressa o desenvolvimento mental de uma pessoa e como se estruturam os modelos de conhecimento.

Page 48: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Teorias da Aprendizagem

John Watson (1878-1958)

Considerado como um dos criadores da psicologia

científica. Com um artigo publicado numa revista em 1913, intitulado “A Psicologia numa Perspectiva Behaviorista”, Watson defendeu que a Psicologia, enquanto ciência, se devia circunscrever aos comportamentos observáveis e rigorosamente mensuráveis, a fim de evitar o fracasso de outras escolas de Psicologia. O lugar de destaque começou por ser dado à experiência com animais e à observação sistemática de comportamentos e condutas.

Só se pode estudar directamente o comportamento

observável (em inglês, behaviour), isto é, a resposta (R) de um indivíduo a um dado estímulo (E) do ambiente.

Os behavioristas consideram que o domínio real da

Psicologia consiste apenas nos movimentos observáveis. Não se podem formular leis, não se podem praticar medições senão a propósito de coisas observáveis, directa ou indirectamente. Observa-se o comportamento, aquilo que os organismos fazem ou dizem.

Por estímulo (E) entende-se todo o objecto do meio

geral e toda a modificação dos tecidos devida à condição fisiológica do animal, tal como a modificação que surge se for privado de actividade sexual ou de comida, ou de construir o seu abrigo ou ninho.

Por resposta (R) entende-se tudo o que o animal faz,

como aproximar-se ou afastar-se de uma luz, estremecer com um barulho, ou então actividades mais organizadas, tais como a construção de um arranha-céus, a procriação dos filhos ou ainda a redacção de livros.

O behaviorismo não é apenas uma psicologia da

«reacção», mas uma ciência do comportamento, que recorre aos métodos das ciências objectivas, como os da medição e observação exterior sistemática.

O comportamento supõe adaptações ou ajustamentos constantes. Estas adaptações têm uma série de aspectos que dizem respeito tanto ao meio interno (fisiológico) como ao meio externo (social).

Page 49: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Críticas Os behavioristas não pretenderam ser apenas meros

observadores imparciais dos comportamentos, das actividades dos seres que estudavam. Agrupando os factos e experimentando, quiseram controlar a conduta, considerando que as reacções dos seres humanos podem ser previstas e manipuladas como outras reacções naturais.

Esta escola, a behaviorista, negligenciou aspectos relacionados com a hereditariedade. A preocupação dos behavioristas em reduzir a investigação ao que é observável e mensurável levou a uma abordagem cada vez mais molecular, onde os problemas estudados se tornavam cada vez menos significativos. Existem alguns processos, como os cognitivos, que não são directamente observáveis e nem por isso tal implica que eles não possam ser estudados.

Abordagem da reflexologia russa - Ivan Pavlov (1849-1936)

No Instituto Veterinário de São Petersburgo, ao estudar as

secreções gástricas nos cães, este médico russo descobriu que, para além dos reflexos inatos de salivação na presença de um alimento, podiam-se criar nos animais reflexos aprendidos, depois de se associar o estímulo do cheiro da carne ao som de uma campainha ou ao friccionar do pêlo.

O trabalho de Pavlov constituiu a primeira investigação do

condicionamento clássico, um procedimento no qual um estímulo neutro (fricção do pêlo, som da campainha) é associado com outro que provoca uma resposta. Estava lançada a primeira pedra no estudo e observação dos comportamentos.

Ivan Pavlov já tinha ganho o Prémio Nobel pelos seus

trabalhos sobre a digestão quando empreendeu o estudo sobre uma forma de aprendizagem, designada como «o condicionamento clássico», que lhe granjearia maior fama. O seu interesse inicial incidia no controlo nervoso dos vários reflexos digestivos num cão, nomeadamente a secreção da saliva.

Através de uma intervenção cirúrgica, desviou um dos canais da glândula salivar, deslocando assim parte do fluxo salivar através de um tubo especial para fora do corpo do animal, de forma a que pudessem ser rigorosamente medidas e analisadas as reacções observadas.

Page 50: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Pavlov demonstrou que a salivação do cão era produzida por vários reflexos inatos, um dos quais prepara o alimento para a digestão, sendo desencadeado quando a comida é colocada na boca. Mas no decurso desta experiência surgiu um novo dado. O cão começava a salivar com estímulos que eram, de início, completamente neutros, que não lhe provocavam respostas específicas. Ou seja, quando o cão via a pessoa que habitualmente trazia a comida, quando ouvia os seus passos ou, ainda, quando via o prato onde habitualmente era colocada a comida, era desencadeada a resposta da salivação.

Pavlov decidiu estudar estes efeitos em si mesmos, pois

reconheceu que constituíam um meio de alargar o conceito de reflexo das reacções inatas às reacções aprendidas. O procedimento era bastante simples. Pavlov, em vez de esperar pelos acontecimentos que podiam ocorrer acidentalmente com o animal, resolveu provocar a ocorrência que pretendia investigar. Assim, fez soar uma campainha sempre que o alimento era colocado perante o animal e observou pouco depois que o simples toque da campainha conduzia à salivação.

Assim era feita uma descoberta fundamental que se

referia à distinção entre reflexos incondicionados (inatos) e reflexos condicionados (reacções e respostas adquiridas). Os estudos sobre o condicionamento clássico como forma primitiva e simples de aprendizagem não se restringem ao laboratório, isto é, são muito mais do que uma curiosidade laboratorial feita com cães que salivam, com campainhas e luzes.

Esta investigação teve um papel considerável na

compreensão da nossa vida quotidiana. Por exemplo, temos tendência para sentir fome à hora das refeições (reflexo condicionado) e não entre elas; e isto acontece, de uma maneira geral, mesmo que não tenhamos comido durante o dia. Um outro exemplo refere-se à excitação sexual, frequentemente produzida por uma palavra ou um gesto do parceiro que conhecemos (reflexo condicionado) e cujo sentido erótico é privado, sendo de facto aprendido na intimidade.

Abordagem funcionalista - William James (1842-1910)

Recebeu o diploma de medicina na Universidade de

Harvard em 1869 e inscreveu-se logo depois no seu departamento de Fisiologia. Não adoptou a abordagem «estruturalista» de Wundt, muito embora partilhasse do interesse deste investigador pelos fenómenos da consciência.

Page 51: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Para William James (que publicou em 1890 a obra Os Princípios da Psicologia, considerada como um texto de referência obrigatória e traduzida de imediato em várias línguas, valendo-lhe o epíteto de «O Sr. Psicologia Americana»), a consciência não podia ser «dissecada» e reduzida a pequenos «estilhaços» que depois eram coleccionados, associados e juntos de forma a ganharem significado.

A maneira adequada para estudar a consciência era a de

analisar as suas características e estudar as suas funções. Este realce das funções da consciência (uma resposta à escola de Wundt, que dava ênfase à estrutura da consciência) deu origem a uma nova abordagem, a do funcionalismo.

Max Wertheimer (1880-1943) e Wolfgang Köhler (1887-1967) –

Teoria da Forma ou Gestalt

A Teoria da Forma, ou Gestalt, precursora do

cognitivismo e desenvolvida com base nos trabalhos de

Wertheimer e Köhler, veio criticar o modelo behaviorista,

segundo o qual o comportamento humano se poderia explicar

pela fórmula E-R.

Este esquema explicativo era mecânico, não

correspondendo à realidade complexa do comportamento

humano. Ao modelo mecânico proposto pelos behavioristas, os

gestaltistas opõem com um modelo dinâmico.

Para Wertheimer e Köhler, a actividade humana não é um

somatório de reacções a estímulos. Resulta de uma organização

determinada pelo mundo exterior, pela natureza das coisas, mas

integrada na totalidade psicológica do sujeito.

Para os gestaltistas, nós percepcionamos conjuntos

organizados em totalidades. A Teoria da Forma considera a

percepção como um todo. Assim, a aprendizagem não pode ser

dividida, analisada em associações de elementos. Estudar um

elemento isoladamente não tem qualquer significado porque, tal

Page 52: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

como na percepção, os elementos fazem parte de um contexto,

de um todo. Um elemento torna-se diferente se enquadrado

num contexto diferente.

Aquele que aprende tem de encarar a situação como

totalidade, porque se foca em partes, não atinge a solução. O

modo como o problema é percepcionado determina o modo

como é solucionado, pelo que cabe ao formador o importante

papel de apresentar ao aluno a situação como um todo.

A Teoria da Forma, ou gestalt, sublinhou a importância da

percepção como um factor que intervém na aprendizagem. A

percepção é um fenómeno altamente seletivo, unitário,

relacionado com os objectivos da pessoa no momento da

percepção.

A percepção individual faz com que cada um organize e

interprete os dados sensoriais em função dos seus interesses,

emoções e experiências. Isto significa que a maneira como a

realidade é percebida por cada indivíduo que a apreende é

influênciada por essas estruturas prévias.

Köhler desenvolveu o conceito de insight, que assumiu

grande importância na Teoria da Forma. Insight designa a

aprendizagem que se faz de uma forma intuitiva, de uma forma

súbita, quando a resposta para um problema nos surge de forma

repentina e inesperada. Os elementos que permitem a solução

do problema já fazem parte da nossa estrutura cognitiva, o que

é novo é a forma como são associados. Para os gestaltistas a

aprendizagem resulta de uma série de soluções por insight.

Abordagem behavorista - B. F. Skinner (1904-1990)

Dando continuidade a esta escola norte-americana, e

profundamente influenciado pela investigação de Pavlov e Watson, Skinner considerou-se como um «behaviorista» e procurou meios para medir objectivamente o comportamento.

Page 53: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

O seu primeiro projecto foi o de estudar o comportamento

alimentar de ratos e, para tal, construiu no laboratório uma caixa onde o rato permanecia, recebia comida e onde era medido o seu tempo de resposta ao estímulo. Com os behavioristas norte-americanos, a Psicologia tinha finalmente ganho o seu carácter científico, dado o seu objecto de estudo (os comportamentos) e o método utilizado (o método experimental).

Burrhus Skinner tornou-se no teórico mais importante

desta corrente. Skinner sublinhou o papel das respostas e das suas consequências, em vez do condicionamento clássico, que assentou na importância dos estímulos externos.

A partir da Lei do Efeito desenvolvida por Thorndike, Skinner desenvolveu a técnica do Condicionamento Operante, segundo a qual o comportamento que produz efeitos agradáveis tende a tornar-se mais frequente, enquanto que o comportamento que produz efeitos adversos tende a tornar-se menos frequente.

Em síntese, se uma resposta for compensada é fortalecida e tende a manter-se; o que significa que a aprendizagem depende de consequências.

Para Skinner, as mudanças no comportamento são o resultado de uma resposta individual a estímulos que ocorrem no meio e portanto reforçar tais estímulos significa fortalecer o comportamento. Para que a aprendizagem ocorra, é indispensável que haja uma associação entre Estímulo e Resposta.

O reforço, que assume uma importância basilar na teoria de Skinner, é uma consequência de um comportamento que condiciona a repetição ou a extinção desse comportamento.

Skinner identificou 3 tipos de reforços: Reforço positivo É uma consequência (feedback) agradável de um

determinado comportamento que do indivíduo, pelo que o reforço positivo funciona como um mecanismo para manter e fortalecer esse comportamento.

Exemplo: O elogio do formador ao bom desempenho do

formando que executou correctamente uma tarefa, em virtude da atenção que prestou, terá como consequência o fortalecimento da atenção e do interesse do formando.

Reforço negativo

Page 54: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

O reforço negativo é um estímulo que prevê consequências não desejadas pelo indivíduo. Este tipo de reforço pretende enfraquecer um comportamento em proveito de outro, retirando um estímulo agradável. O estímulo negativo é devolvido após a obtenção da resposta pretendida.

Exemplo: O chefe de equipa reclama com o trabalhador

até este cumprir uma certa regra ou tarefa de forma correcta. Após cumpri-la, o trabalhador escapa às reclamações (reforçando o comportamento desejado).

Punição/Castigo A punição visa reduzir a probabilidade que um

determinado comportamento volta a ocorrer. Refere-se, em termos conceptuais, a um estímulo que é dado após um determinado comportamento não desejado, com vista à extinção deste mesmo comportamento, através de consequências que são desagradáveis para o indivíduo.

Exemplo: Tomada de medidas coercivas para uma

pessoa que ignorou as normas de higiene e segurança, gerando uma situação de perigo para ela e para os colegas de trabalho.

A punição difere do reforço negativo no sentido que, não

modifica o comportamento de quem a promove, nem – a longo prazo – de quem a recebe.

Por exemplo, a punição de ser preso não modifica o comportamento do punido. Skinner defendeu o uso de reforços positivos (recompensas), como uma alternativa positiva às punições e aos esquemas repressivos, perante um comportamento correcto, e mais eficaz pedagogicamente.

O Quadro que se segue sintetiza as principais diferenças entre o condicionamento

Condicionamento Clássico

Condicionamento Operante

Estímulos Associação entre estímulos neutros e

incondicionados.

O comportamento é acompanhado de

consequências positivas.

Natureza do Comportamento

Reflexos condicionados,

respostas automáticas a

Comportamentos adquiridos, aprendidos.

Page 55: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

estímulos puramente externos.

Tipo de resposta Involuntária Voluntária

Papel do sujeito Passivo; o comportamento do sujeito é mecânico,

involuntário.

Menos passivo, o sujeito opera para obter satisfação e evitar a dor, a resposta é voluntária. O indivíduo pode emitir respostas, em vez de só obter respostas devido a

um estímulo externo.

Tipo de Aprendizagem

A aprendizagem faz-se por associação de estímulos.

A aprendizagem faz-se através do reforço (positivo ou negativo) e da técnica de ignorar o comportamento.

Se um formador seguir a concepção pedagógica da teoria

comportamentalista, deverá dividir a tarefa em pequenos passos

e em cada passo fazer uma exposição.

Seguidamente, deve proceder à avaliação. Se o formando

obtiver avaliação positiva, passar-se-á ao nível a seguir e nestas

circunstâncias o formador deve dar feedback positivo; caso

contrário, o formando deverá repetir os passos até que obtenha

um feedback positivo.

Durante o processo de aprendizagem o formador deve ter

sempre o cuidado de dar feedback ao formando sobre o seu

desempenho, para que este perceba se deve ou não manter o

comportamento.

Segundo esta teoria, o ensino é programado, é linear.

Esta é, aliás, a teoria que está presente no ensino, em que os

formadores usam a repetição de exercícios e de tarefas até que

estas sejam bem aprendidas e executadas.

Page 56: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Num processo orientado por esta concepção da

aprendizagem, o formador detém todo o conhecimento. Ao

formando não compete reflectir nem avaliar criticamente, mas,

apenas, receber passivamente o conhecimento que lhe é

transmitido pelo formador e responder aos estímulos que recebe.

Principais críticas

Centra-se numa concepção mecanicista e redutora de

comportamento que se reflecte na fórmula simplista E-R. As

teorias comportamentalistas concebem o indivíduo como um ser

que responde a estímulos do meio exterior, não levando em

consideração o que ocorre dentro de sua mente durante o

processo.

O indivíduo aprendente é relegado para segundo plano, já

que é visto como um ser passivo e moldável, dependendo do

indivíduo que ensina, pois é este que leva o aprendente a atingir

um determinado objectivo previamente estabelecido.

Não conseguem explicar as diferenças individuais que

ocorrem durante o processo de aprendizagem, uma vez que

partem do pressuposto de que todas as pessoas aprendem um

mesmo comportamento da mesma forma.

Não há uma visão de conjunto do processo de

aprendizagem.

Importante lembrar:

As teorias comportamentalistas entendem por

aprendizagem a aquisição de um novo comportamento.

O fundamento das teorias

comportamentalistas/behavioristas, no que diz respeito

concretamente à aprendizagem, reside no conceito de

Page 57: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

associação: a aprendizagem é resultado de conexões, de

associações entre Estímulos (E) e respostas (R).

A aprendizagem consiste em respostas passivas a

estímulos ou a reforços, uma vez que aquilo que indica a acção é

o estímulo e/ou o que dirige a acção é o reforço;

A aprendizagem é sinónima de comportamento expresso.

A ênfase é colocada nos resultados finais. Exemplo: se o

problema está certo, então é porque se aprendeu;

Para estes teóricos, o reforço assume um papel basilar no

processo de aprendizagem. Na sequência de uma resposta, e em

função do seu resultado, deve ser fornecido um estímulo. Em

consequência, em futuras situações idênticas, aumentará a

probabilidade de ser dada a mesma resposta ou, pelo contrário,

esse estímulo levará ao seu desaparecimento.

A aprendizagem é entendida como a “modelagem” de um

indivíduo para determinados objectivos. O indivíduo que aprende

não necessita de saber quais os objectivos e os fins da

aprendizagem.

Na aprendizagem por condicionamento, coloca-se a tónica

da aprendizagem nos reforços, na estruturação e

sequencialização da informação; a aprendizagem depende

totalmente das condições externas. Assim, sob este ponto de

vista, desde que as condições sejam as mesmas, todos os

indivíduos devem obter o mesmo resultado na aprendizagem.

Para estes teóricos não há nenhuma necessidade de diferenciar

os indivíduos.

Aprendizagem por Modelagem

Constatando que alguns dos comportamentos não

corroboravam as leis do condicionamento clássico e do

condicionamento operante, Albert Bandura desenvolveu aquela

Page 58: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

que ficou conhecida como a teoria da Aprendizagem por

Modelagem ou Aprendizagem

Social.

Popularizada na década de 70, a aprendizagem por

modelagem tinha como pressuposto que é no contexto das

interacções sociais que se aprendem comportamentos que nos

permitem viver em sociedade e que possibilitam o

desenvolvimento de capacidades específicas dos seres humanos,

como sejam falar, ler, escrever. Além disso, Bandura defende

que muitos do comportamentos que aprendemos são adquiridos

de uma forma bastante mais rápida do que seria possível se

fossem adquiridos por sucessivas aproximações e reforços.

Ao contrário da linha behaviorista de Skinner, Bandura

acredita que o ser humano é capaz de aprender

comportamentos sem qualquer tipo de reforço. Para ele, o

indivíduo é capaz de aprender através da observação do

comportamento dos outros e das suas consequências.

Nesta óptica, um formando consegue aprender a embalar

os produtos apenas através da observação e imitação de um

comportamento, sem que o formador lhe transmita passo-a-

passo como deve fazer.

Para Bandura, muitos dos nossos comportamentos são

aprendidos através da observação e imitação de um modelo –

modelação ou modelagem. O indivíduo intervém activamente, na

medida em que não se limita a observar ou a reproduzir de

forma exacta o modelo que observa, mas reprodu-lo mediante a

interpretação pessoal que faz desse comportamento.

Não obstante as pessoas serem produto do meio, têm

também a capacidade de o escolher e do alterar. É por esta

razão que muitos preferem a designação de modelagem

(Modelling) à designação de Imitação.

Page 59: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Neste pressuposto, o ser humano é moldado pelo

pensamento, as regras sociais e por aquilo que se aprende com

os modelos transmitidos pelos outros.

Seguindo o exemplo dado acima, o formando pode, em

determinado momento, optar por construir primeiramente as

caixas e somente depois colocar dentro os produtos, por

considerar que dessa forma executa mais rapidamente o

trabalho.

Contudo, para os defensores desta corrente, o reforço

continua a assumir grande importância uma vez que o indivíduo

ao observar o modelo que foi reforçado, ou ao receber o reforço

a seguir ao comportamento desejado, vai interiorizar um novo

comportamento no seu quadro de respostas. Admitem que um

comportamento por imitação pode ser reforçado se a pessoa

imitada é admirada pelo aprendente.

Podemos sintetizar a sua teoria em dois princípios básicos:

Princípio da Interacção Recíproca

Existe uma interacção recíproca entre factores internos,

factores externos e o comportamento do sujeito, através da qual

se influenciam mutuamente.

Bandura agrupa estes três factores para que nenhum seja

considerado um factor independente pois, para ele, não há uma

inevitabilidade do ambiente influenciar o sujeito mas antes uma

possibilidade. O organismo responde a estímulos do meio, mas

também reflecte sobre eles, devido à sua capacidade de auto-

reflexão, de aprender pela experiência dos outros e da sua

capacidade de prever determinada situação.

Page 60: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Aprendizagem versus Comportamento

A aprendizagem difere do comportamento porque,

enquanto a primeira diz respeito à aquisição de conhecimento, o

segundo refere-se à evidência ou à demonstração observável

desse conhecimento. Podem existir factores

(internos ou externos) que nos impelem a não agir da

forma que sabemos.

A observação é nuclear nesta teoria e Bandura defende

que, na aprendizagem por observação, concorrem quatro

elementos fundamentais: a atenção, a retenção, a reprodução e

a motivação ou o interesse.

Atenção

Não prestamos atenção a tudo, seleccionamos os modelos

a que prestamos atenção, de acordo com o sexo e a idade. É

mais frequente a imitação de modelos do mesmo sexo e de

idades mais próximas de cada indivíduo, de acordo com o

estatuto dos modelos. Os modelos que apresentam estatuto

social mais prestigiado são os mais frequentemente escolhidos

para imitação. Por outro lado, a aprendizagem por observação

será tanto mais eficaz quanto mais atento o observador estiver

ao comportamento apresentado.

Retenção

A informação proveniente da observação será codificada,

traduzida e armazenada no nosso cérebro, de acordo com uma

organização por padrões, em forma de imagens e de construções

verbais. Os observadores que transformam a actividade

observada em códigos verbais, ou imagens, aprendem ou retêm

a informação muito melhor do que aqueles que se limitam a

observar.

Page 61: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Reprodução

A reprodução consiste na tradução das concepções

simbólicas do comportamento, armazenado na memória, em

acções correspondentes.

Motivação/Interesses

A aprendizagem é diferente da execução de um

comportamento. Para que um determinado comportamento

aprendido seja executado, o indivíduo deve estar motivado para

o fazer, o que pode ser alcançado através de incentivos.

Na linha de pensamento dos comportamentalistas que lhe

antecederam, Bandura defende que as consequências ditam, em

grande medida, o nosso comportamento.

As acções que geram consequências positivas tendem a

manter-se, enquanto as que geram consequências negativas

tenderão a desaparecer.

Importa lembrar:

Na aprendizagem social o indivíduo não precisa de

experimentar para aprender. O conceito de modelagem ou

Aprendizagem Social pressupõe que se aprende por observação:

a alteração de comportamento de um indivíduo resulta da

observação dos comportamentos dos outros. A observação do

comportamento de outros permite ao indivíduo que aprende,

extrair regras e princípios gerais de comportamento. Neste

processo de observação do modelo o indivíduo intervém de uma

forma activa.

A teoria da aprendizagem social, como corrente posterior

e inspirada no neobehaviorismo, teve em conta factores não

observáveis, como as motivações, intenções e expectativas.

Para os teóricos da Aprendizagem Social, as pessoas não

têm um papel passivo no processo de aprendizagem: influenciam

e são influenciadas pelo meio, afectam e são afectadas pelas

Page 62: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

situações. É neste processo de interacção contínua que o

indivíduo se modifica e modifica o meio de acordo com as suas

competências, expectativas, experiências, condutas anteriores.

Teorias Cognitivistas

A abordagem cognitivista da aprendizagem diverge da

visão comportamentalista pelo facto de sublinhar a complexidade

imanente a este processo e de se centrar-mos processos mentais

que ocorrem para que a aprendizagem tenha lugar.

Os teóricos desta corrente defendem que, para haver

aprendizagem, terá de ocorrer uma mudança da estrutura

cognitiva do sujeito, na forma como ele percebe, selecciona e

organiza os objectos e os acontecimentos e nos significados que

lhes atribui.

A capacidade de aprender novas ideias depende do

conhecimento prévio e das estruturas cognitivas já existentes no

indivíduo. As novas informações que o indivíduo recebe é

relacionado umas com as outras e provocam alterações

cognitivas na estrutura já existente.

A aprendizagem é concebida como um processo de

aquisição de esquemas de resposta e de adaptações sucessivas

ao meio.

A motivação é um elemento de grande importância no

processo de aprendizagem. O que leva um indivíduo a aprender

são sobretudo as suas necessidades internas, a sua curiosidade e

as suas expectativas. A motivação é um fenómeno intrínseco,

interno ao sujeito, e voluntário, sendo possível estimular o

desejo de aprender através do apelo à curiosidade, à autonomia.

Atendendo à complexidade dos processos cognitivos,

foram vários os teóricos que desenvolveram contributos, não

havendo, por essa razão, uma teoria acabada mas concepções

Page 63: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

diferentes dentro das teorias cognitivistas. Eis alguns dos

teóricos e respectivas concepções.

David Ausubel (1918- ) –Aprendizagem Significativa

Para Ausubel, a aprendizagem tem de ser significativa,

este é um ponto central na sua teoria. O que vai ser aprendido

tem de fazer sentido para o indivíduo que aprende e isto só

acontece quando a nova informação se ancora nos conceitos

relevantes já existentes na estrutura cognitiva do indivíduo.

Os indivíduos não descobrem os conceitos e princípios

teóricos: eles reorganizam as estruturas cognitivas entre as

novas informações e os conceitos já existentes com que se vão

relacionar. Para que ocorra a aprendizagem, conceitos relevantes

e inclusivos devem estar claros e disponíveis na estrutura

cognitiva do indivíduo, funcionando como ponto de ancoragem.

Quando o material a ser aprendido não é associado a algo

já conhecido, ocorre o que Ausubel chamou de aprendizagem

mecânica. Ou seja, isto ocorre quando as novas informações são

aprendidas sem interagirem com conceitos relevantes existentes

na estrutura cognitiva. Estas aprendizagens ocorrem quando se

memorizam fórmulas, leis, etc.

Quando um indivíduo adquire informações numa área

completamente nova, ocorre a aprendizagem mecânica até que

alguns elementos de conhecimento, novas informações na

mesma área, existam na estrutura cognitiva e possam servir de

âncora. A aprendizagem mecânica e a aprendizagem significativa

encontram-se em extremos opostos de um processo contínuo.

Ao incorporarem novos conteúdos, as estruturas cognitivas

evoluem.

Além da aprendizagem significativa e da aprendizagem

mecânica (automática), ambas relacionadas com a forma como a

Page 64: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

informação é interiorizada, Ausubel distingue ainda a

aprendizagem receptiva e a aprendizagem por descoberta,

relacionadas com a forma como se obtém a informação. Na sua

concepção, a informação que se obtém pode ser apresentada no

seu estado “pronto”, sem que o aprendente tenha que

acrescentar nada, não sendo necessário descobrir nada para que

possa aplicar a informação e compreende-la. A esta

aprendizagem Ausubel designou por aprendizagem receptiva, o

aprendente limita-se a receber informação já preparada e

exposta pelo professor ou formador.

Em oposição, existe a aprendizagem activa, que resulta da

busca, pelo formando, de conteúdos e informação que não são

dados na sua forma final, o que exige que o formando descubra

alguma regra ou princípio antes de a poder utilizar. Neste caso

estamos perante a aprendizagem por descoberta.

Constatando que, no ensino, é frequente a exposição de

matérias sem que estas estejam relacionadas e articuladas com

os saberes já adquiridos pelos alunos, impedindo que estes

realizem aprendizagens significativas, Ausubel introduz o

conceito de organizador prévio, como um elemento facilitador do

processo ensino/aprendizagem.

Os organizadores prévios são introduções apresentadas

antes dos conteúdos a ensinar. A sua principal função é servir de

ponte entre o que o indivíduo já sabe e o que ele deve saber, a

fim de que o material possa ser aprendido de forma significativa.

Facilitam a aprendizagem na medida em que funcionam como

"pontes cognitivas".

Assim, o formador que adopte estratégias enquadradas

nas teorias cognitivistas deverá ter em atenção os seguintes

aspectos:

Fazer introduções no início de cada nova etapa;

Page 65: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Procurar a ancoragem do novo conhecimento: recorrer a

problemas concretos, usar uma linguagem adequada e

compreensível para o formando, sinónimos, citar exemplos,

explicar de maneiras diferentes (por exemplo, usar termos como

"isto é", "ou seja") e usar uma argumentação lógica;

Recorrer à diferenciação progressiva, isto é, apresentar

primeiro as ideias mais gerais e, progressivamente, deverá

diferenciá-las com detalhe e especificidade;

Utilizar a reconciliação integradora, isto é, no final de cada

etapa o formador deverá apresentar as relações entre essa

etapa/tarefa e o processo global da aprendizagem.

Robert Gagné (1916-2002) – Inteligências Múltiplas

Robert Gagné desenvolveu uma teoria do ensino/da

instrução, voltada para a descrição das condições que favorecem

o desenvolvimento de uma capacidade específica específica, e

não propriamente uma teoria da aprendizagem (a explicação de

como as pessoas aprendem).

Oriundo de uma linha neobehaviorista, Gagné adoptou

uma visão mais cognitivista em relação à aprendizagem. Embora

continuasse a enfatizar que a aprendizagem deve ser visível,

sublinhou que a aprendizagem é um processo no qual

desempenham papéis relevantes tanto os processos internos que

ocorrem no sistema nervoso central do ser humano, quanto os

eventos externos do meio ambiente. Gagné enfatiza que não se

pode reduzir o processo de aprendizagem do ser humano aos

esquemas de insight ou de estímulo-resposta e respectivas

variações.

Na sua concepção de aprendizagem, este é um processo

que permite modificar comportamentos de maneira bastante

rápida e de modo mais ou menos permanente, de forma que a

Page 66: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

mesma modificação não tenha que se repetir em cada nova

situação. A prova de que a aprendizagem ocorreu consiste na

verificação de uma mudança comportamental relativamente

persistente.

A aprendizagem envolve a interacção com o ambiente

externo ou representação interna dessa interacção do sujeito

(realizada no cérebro), e que não pode ser atribuída,

simplesmente, ao processo de crescimento, à maturação, que

requer somente crescimento de estruturas internas.

Na sua teoria existem três componentes centrais:

A classificação dos resultados de

aprendizagem;

A identificação das condições necessárias à

consecução desses resultados;

Os nove eventos de instrução, que devem

estar presentes em qualquer percurso de

aprendizagem.

Gagné considera que a aquisição de algumas capacidades

é absolutamente fundamental para a aprendizagem de outras

capacidades de ordem superior. Cada processo de aprendizagem

deve ter a sua hierarquia definida para que uma sequência de

aprendizagem possa ser definida pelo formador e este deve ter o

cuidado de só passar a uma actividade de ordem superior

quando os requisitos anteriores estiverem cumpridos.

Nesta concepção, em termos pedagógicos, para que a

aprendizagem seja efectiva, o formador deverá analisar e

decompor em sub-tarefas cada tarefa que o formando deverá

saber executar no final, definindo a sequência de trabalho e de

aprendizagem de cada etapa.

Page 67: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Gagné sublinha ainda que a diferentes tipos de resultados

de aprendizagem devem corresponder diferentes condições

internas e externas. Ou seja aquando da definição do plano de

aprendizagem, o formador deve ter em atenção se estão

presentes, em cada etapa as condições externas ao formando

necessárias (métodos, técnicas, abordagens e estratégias

pedagógicas, meios e recursos de ensino) e as condições

internas do formando (características do formando: motivação,

interesse etc.).

Para o desenvolvimento de estratégias instrucionais,

Gagné propôs que, em qualquer processo de aprendizagem,

esteja presente uma sequência de nove eventos de instrução,

divididos em três categorias, que servem de guia para o trabalho

a ser realizado.

No ensino baseado no cognitivismo, o formador fornece

informação, factos e pistas que ajudem o formando a

compreender, organizar e reter os conhecimentos e adequa ao

nível de desenvolvimento do aluno, ajudando-o a relacionar

novos conhecimentos com os que o formando já possui.

Ensinar não significava transmitir conhecimentos, mas

orientar o formando no desenvolvimento das suas capacidades

naturais, pelo que se devem adoptar metodologias activas de

aprendizagem – os formandos aprendem fazendo. Na óptica das

teorias cognitivistas, devem ser apresentadas situações problema

para que os formandos possam resolver por si mesmos. A

aprendizagem é um processo activo, de associação e de

construção. Os indivíduos (re)constroem novas ideias, ou

conceitos, baseados nos seus conhecimentos passados e actuais,

e não são um produto directo do ambiente, das pessoas ou de

factores externos àquele que aprende.

Page 68: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Para a abordagem cognitivista da aprendizagem, é

importante ter em atenção a análise das necessidades de

aprendizagem dos formandos. Assim, após identificadas as

necessidades, o formador deve definir com rigor as tarefas e

sub-tarefas de aprendizagem que os formandos devem executar

para construir novos conhecimentos, dando indicações concretas

sobre as tarefas propostas, informando a relação de cada uma

com o todo.

Apesar do formando ter um papel mais activo do que na

perspectiva comportamentalista, o controlo do processo de

aprendizagem pertence ainda ao formador.

Principais críticas:

As explicações sobre como se processa o conhecimento

intuitivo não são satisfatórias;

Os mecanismos de memorização e conservação da

informação estão longe de serem satisfatoriamente explicados.

Importa lembrar:

O cognitivismo entende a aprendizagem como um

processo interno, que envolve o pensamento, e que, portanto,

não pode ser observado directamente: as mudanças externas e

observáveis são fruto de mudanças internas relacionadas com

mentalizações, sentimentos, emoções e significações da pessoa.

Aprender significa adquirir novas estruturas cognitivas e

reconstruir as estruturas já existentes.

Nesta perspectiva, são valorizadas as diferenças inter-

individuais porque os cognitivistas não separam a aprendizagem

do significado que o aprendiz lhe atribui, da interpretação

pessoal que faz da realidade.

As teorias cognitivistas permitiram ultrapassar a visão

redutora da aprendizagem, na medida em que esta era vista

Page 69: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

apenas como um comportamento expresso. Aprender é,

sobretudo, atribuir um significado e daqui decorre que os

significados que atribuímos dependem das nossas experiências

anteriores.

Teorias Construtivistas

O formador pode adoptar uma metodologia em que o

formando se centre na necessidade de encontrar uma solução

para um problema concreto e devidamente enquadrado pelo

formador. Nesta pesquisa, o formando é autónomo e é co-

responsável pelo seu processo de aprendizagem. Na busca de

uma solução para o problema conta com as orientações do

formador.

O formador pode ainda optar por apresentar um modo de

executar uma tarefa, no caso de esta ser feita por um

especialista; seguidamente dá o apoio, dicas, comentários e

elabora parte da tarefa e, gradualmente, retira o apoio para que

o formando ganhe mais autonomia. No final, o formando deverá

explicar as tarefas que elaborou, o que exige que pense como

executou a tarefa e porquê, e, assim, passa a desempenhar

novas tarefas.

Em cenários destes estamos perante métodos

pedagógicos fundamentados ou enquadrados nas teorias

construtivistas.

Para os construtivistas, o conhecimento é produto da

interacção do homem com o meio físico e social, assim como a

inteligência. Construtivismo significa que o conhecimento não é

dado, é construído através de interacções sociais. Os mais

experientes ajudam os menos experientes na resolução conjunta

de problemas perante um grupo de formandos. No caso da

adopção da aprendizagem cooperativa cada contributo é

importante para alcançar os objectivos desejados e possibilita a

Page 70: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

cada elemento do grupo o confronto com diferentes pontos de

vista. Qualquer indivíduo pode ser mais sabedor do que os

outros em determinadas tarefas ou temas.

A perspectiva construtivista do ensino e da aprendizagem

é oposta à perspectiva do ensino transmissivo na escola. Este

modelo consiste em fazer repetir, recitar, aprender, ensinar o

que já está pronto, em vez de fazer agir, operar, criar, construir

a partir da realidade vivida pelos formandos. Para esta corrente

teórica o sujeito é um participante activo, faz interpretações das

experiências, elabora e testa essas interpretações e apropria-se

das informações dadas.

É por esta razão que os formandos possuem muito mais

responsabilidade sobre a gestão das suas tarefas do que no

modelo tradicional e o papel do formador passa a ser o de

orientador ou facilitador.

Numa prática pedagógica de orientação construtivista, os

formandos assumem a co-responsabilidade da sua própria

aprendizagem, seleccionam e desenvolvem as suas próprias

estratégias e muitas vezes os seus próprios objectivos.

Na perspectiva construtivista da aprendizagem, a

autonomia, a interacção e a cooperação são dimensões centrais.

O caminho do formando deve ser relativamente autónomo para

que ele possa aprender. O formando te de responder às

exigências que se vão colocando na realidade imediata, que

proporciona a aquisição de conhecimentos diante de situações

concretas que exigem respostas.

Por outro lado, quando existe colaboração num contexto

de aprendizagem, as pessoas trazem as suas próprias estruturas

e perspectivas à actividade. Podem analisar um problema de

diferentes prismas e podem negociar e produzir significados e

soluções com base na compreensão partilhada. Nesta

perspectiva, o processo de aprendizagem que ocorre na deve

Page 71: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

ser um processo de permanente construção de conhecimento

para o qual concorrem, em condição de cooperação, por um

lado, os formandos e formadores e, por outro, os novas

situações de aprendizagem e o conhecimento já construído.

O paradigma construtivista considerou uma desvantagem

despejar a informação para os formandos, sem os envolver no

processo de tomada de decisão e sem avaliar as suas

capacidades de construir o conhecimento. Aconselha a

aprendizagem guiada, que fornece a orientação sempre que

necessário e que coloca o formando no centro do processo de

aprendizagem.

Apesar de a abordagem construtivista estimular a

descoberta do conhecimento pelo formando, evitando

informações prontas e acabadas, não hesita em valer-se da

memorização quando é necessário. O formador deve escolher o

momento oportuno e criar condições interessantes para a

aquisição desses conhecimentos, fugindo, assim, da rigidez da

prática transmissiva.

O interrogatório crítico é outro método pedagógico que se

tem destacado como marca do construtivismo. Através dele o

formador pode identificar e acompanhar as ideias e as hipóteses

dos formandos.

O formador não pode criar no formando a estrutura do

conhecimento em falta, mas pode e deve criar um ambiente

propício ao diálogo, que desafie o formando a justificar e a

demonstrar as razões que o levaram a adoptar um determinado

comportamento. É função do formador estimular o formando a

reflectir sobre os porquês e os modos de agir.

Com a abordagem da aprendizagem baseada no

construtivismo libertou-se o formando das restrições do

conhecimento pronto. O formando passou a procurar, de forma

orientada, e com um certo grau de autonomia, o

Page 72: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

conhecimento/informação de que realmente precisa.

Consequentemente, estimula-se o método de pesquisa, o

trabalho em grupo e a articulação entre teoria e prática.

John Dewey (1859-1952)

“A educação não é a preparação para a vida, é a própria vida.”

Opondo-se às ideias da sua época, Dewey defendeu que o

saber é constituído por conhecimentos e vivências que se

entrelaçam de forma dinâmica. Os alunos e os professores são

detentores de experiências próprias que devem ser utilizadas

como uma mais-valia no processo ensino-aprendizagem. Para ele

educar não significava transmitir conhecimentos, mas estimular a

criança para que desenvolva as suas tendências naturais.

Pretendeu centrar a aprendizagem nos interesses da

criança e fomentar uma investigação através da pedagogia de

projecto. Defendendo que as crianças têm uma tendência

natural para a pesquisa, Dewey afirmou que a pedagogia de

projecto cria hábitos e fomenta a aquisição de processos de

pesquisa e de resolução de problemas. O importante no ensino-

aprendizagem é o processo e as aquisições que se fazem no

decorrer da elaboração e concretização do projecto. Através de

métodos activos, a criança vai “aprender fazendo”.

Dewey atribui grande valor às actividades manuais, pois

apresentam situações/problemas concretos para serem

resolvidos, afirmando que os indivíduos só pensam quando se

defrontam com determinado problema.

A educação tem como finalidade propiciar à criança

condições para que resolva, por si mesma, os seus problemas.

Page 73: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Jerome Bruner (1915- )

“O saber é um processo, não é um produto.”

Para Bruner, a aprendizagem consiste essencialmente na

categorização que tem como objectivo fundamental a

simplificação da interacção com a realidade e facilitar a acção. A

categorização está estreitamente relacionada com processos tais

como: a selecção de informação, geração de proposições,

simplificação, tomada de decisões e construção e verificação de

hipóteses. O aprendente interage com a realidade, organizando

as informações segundo as suas próprias categorias,

possivelmente criando novas ou modificando as preexistentes.

Por tudo isso é que a aprendizagem é um processo activo, de

associação e construção, no qual os indivíduos constroem novas

ideias, ou conceitos, baseadas nos seus conhecimentos passados

e actuais, e não um produto directo do ambiente, das pessoas

ou de factores externos àquele que aprende.

Este psicólogo defendeu a qualidade da aprendizagem por

descoberta, pois este método de aprendizagem contribui para

uma melhoria das capacidades intelectuais, privilegia o processo

de observar, analisar e pensar. Os alunos recordam melhor

quando são eles próprios a aprender por descoberta. Assim, o

professor deve apresentar os conteúdos a aprender sob a forma

de problemas e orientar a aprendizagem por descoberta,

estimulando a curiosidade, a observação, a colocação de

hipóteses e a resolução de problemas. Com este método o aluno

é o construtor do seu próprio saber e é através da prática de

solucionar problemas e do processo da descoberta que ganha a

capacidade de generalização.

É importante lembrar que o formador deve ter em conta

as diferenças inter-individuais, ou seja, as formas como os

alunos, para o mesmo problema, desenvolvem estratégias

mentais próprias.

Page 74: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Importa lembrar:

A teoria construtivista defende que o conhecimento não é

um objecto fixo, ele é construído pelo indivíduo com base na sua

própria experiência social.

Para o construtivismo, a construção do conhecimento não

é espontânea, precisa de ser provocada, numa prática

provocadora e desafiadora.

A teoria construtivista da aprendizagem reconhece que os

indivíduos são agentes activos que se comprometem com a

construção do seu próprio conhecimento, integrando a nova

informação no seu esquema mental e representando-a de uma

maneira significativa.

Segundo a perspectiva construtivista, aprendemos melhor

quando tomamos parte de forma directa na construção do nosso

conhecimento.

Bastante diferenciada das teorias comportamentalistas, a

teoria construtivista considera que não é o formador que ensina,

mas sim o formando que aprende. O formador induz o formando

a "aprender-a-aprender" através da pesquisa orientada do

conhecimento de que o aluno necessita. É uma situação de

indução e aproveitamento da criatividade potencial do formando.

Teorias Humanistas

As teorias humanistas centram o seu estudo na

particularidade de cada ser humano, na complexidade e

singularidade de cada pessoa, nos seus motivos e interesses. O

foco desta abordagem não está no ensino em si mesmo, mas na

Page 75: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

aprendizagem numa perspectiva de desenvolvimento da pessoa

humana e no papel determinante que tem, na aprendizagem, a

qualidade da relação entre o formador e os formandos, a

empatia, a confiança, o clima afectivo do grupo de aprendizagem

e a aceitação do erro como uma condição inerente ao processo

de aprendizagem.

O papel do formador consiste, sobretudo, em ajudar os

formandos a aprenderem e a encontrarem o sentido das

aprendizagens, através da entreajuda na resolução de situações

problema, pelo que as teorias humanistas convergem, nestes

aspectos, com as teorias construtivistas.

Critica fortemente a teoria behaviorista e tem alguns

pontos que convergem com as teorias construtivistas, desde logo

o reconhecimento de que a aprendizagem é um processo

individual enquanto processo de representação e de

reestruturação cognitiva.

Carl Rogers (1902-1987), um dos pensadores

humanistas com maior influência nas teorias da aprendizagem,

desenvolveu uma abordagem globalizante centrada na pessoa.

Para ele, o ser humano é fundamentalmente bom e curioso e

tenta racionalmente organizar a sua vida para atingir os

objectivos pretendidos. A aprendizagem verdadeira e duradoura

é a que o aluno faz por si próprio, com autonomia e um elevado

nível de independência. Contudo, precisa de ajuda para poder

evoluir, daí a necessidade de técnicas de intervenção

facilitadoras.

Quem ensina deve privilegiar sempre a aprendizagem

experimental, pois as pessoas aprendem o que é necessário com

mais facilidade e melhor. O interesse e a motivação são cruciais

para uma aprendizagem efectiva e estas condições ocorrem mais

Page 76: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

facilmente se o formando souber qual a aplicação prática do que

está a aprender.

Para Carl Rogers, ninguém ensina ninguém. O

importante não é o ensino, mas sim a aprendizagem. No

contexto educacional, o formador tem como função facilitar a

aprendizagem e ajudar no crescimento do formando. O primeiro

objectivo deste modelo, que ele designou por não-directivo, é

ajudar o formando a atingir níveis mais elevados de integração

pessoal, de bem-estar e de auto-estima. A tarefa do formador

não é a transferência do conhecimento para a mente do

formando, mas sim a construção de um ambiente empático,

onde haja comunicação livre e onde todos possam comunicar

com autenticidade e sem medos e sem pressões. O ambiente

deve ser tão livre quanto possível e livre de controlos exteriores

que condicionam e oprimem a mente humana. Com esta técnica,

o professor abandona o estilo autoritário e centra a sua actuação

no respeito pelos sentimentos e emoções do aprendente, numa

relação de entreajuda que se aproxima da noção de

companheirismo.

Abraham Maslow (1908-1970) é visto como um dos

teóricos de influência humanista e que deu um claro contributo

para a teoria da aprendizagem. Maslow apresentou uma teoria

para explicar as razões da motivação, segundo a qual as

necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis,

numa hierarquia de importância e de influência.

A pirâmide que se segue representa essa hierarquia das

necessidades segundo Maslow, em cuja base estão as

necessidades mais baixas (necessidades fisiológicas) e no topo,

as necessidades mais elevadas (as necessidades de auto

realização):

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Somente quando o nível inferior de necessidades está

satisfeito é que o nível de necessidades imediatamente a seguir

surge como determinando do comportamento, isto porque a

necessidade satisfeita deixa de ser motivante, surgindo então a

possibilidade de um nível mais elevado se desenvolver.

De acordo com Maslow, as necessidades fisiológicas

constituem o nível mais baixo de todas as necessidades humanas

e dizem respeito à sobrevivência do indivíduo e a preservação da

espécie: alimentação, sono, repouso, abrigo, etc.

As necessidades de segurança dizem respeito à procura

de protecção contra a ameaça ou privação, a fuga e o perigo. As

necessidades sociais incluem a necessidade de associação, de

participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca

de amizade, de afecto e de amor.

A necessidade de estima envolve a auto apreciação, a

autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito,

de status, prestígio e consideração, além de desejo de força e de

adequação, de confiança perante o mundo, independência e

autonomia. As necessidades de auto realização são as mais

elevadas, como a necessidade de cada pessoa realizar o seu

próprio potencial e de auto desenvolver-se continuamente.

No contexto da educação de adultos, é muito importante

conhecer e avaliar o impacto da hierarquia das necessidades de

Maslow, pois o adulto e a sua motivação para a aprendizagem

são directamente influenciados pela sociedade e ambiente em

que vive. Por essa razão, os formadores devem estar atentos a

mudanças de comportamentos, motivação e interesse, pois

podem ser indicadores da existência de dificuldade ou problemas

externos ao próprio processo de aprendizagem, mas que o

influenciam e condicionam.

Nesta perspectiva humanista da aprendizagem, e num

ambiente de o formador e o formando aparecem como os co-

Page 78: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

responsáveis pela aprendizagem, havendo por parte do primeiro,

uma preocupação com o desenvolvimento da pessoa humana,

centrado a aprendizagem no formando, nas suas preocupações,

vontades e sentimentos, e não nos objectivos ou nos conteúdos

programáticos. O formador deve procurar criar uma atmosfera

emocional positiva que proporcione ao formando novas

experiências, proporcionando processos de aprendizagem por

descoberta, autónomos e experiências significativas. Havendo

uma responsabilização do formando pelo seu processo de

aprendizagem deve incentivar-se a auto-avaliação.

Principais críticas:

Atender à espontaneidade, interesses e desejo dos

formandos pode conduzir a um impasse na aprendizagem, uma

vez que metas e objectivos não são centrais para estes teóricos.

Por outro lado, a ênfase da individualidade de cada um torna

difícil a aplicação das suas teorias no ensino e na formação,

tratando-se estes últimos de processos massificados.

Estas teorias foram construídas com base na actividade

clínica de Rogers enquanto psicólogo. Importa dizer que a

relação clínica é de natureza diferente da relação pedagógica.

A teoria de Maslow é discutível, sobretudo no carácter

imperativo das necessidades básicas, com excepção, claro, de

situações extremas de fome, por exemplo. Veja-se o exemplo de

pessoas – estudantes, trabalhadores - que vivem em situações

de carência (passam fome, por exemplo) e, no entanto,

conseguem obter resultados assinaláveis na aprendizagem, no

seu trabalho, porque estas necessidades “meta” se sobrepõem

às outras, quando investem em projectos pessoais de melhoria

de vida.

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Pesem embora as divergências no que diz respeito às

concepções do processo de aprendizagem, o que parece

consensual é a ideia de que não existe uma teoria mais

adequada para todas as situações de aprendizagem. Alguns

pensadores consideram que devemos aproveitar o que cada

teoria tem de melhor, sendo fundamental saber identificar onde

e quando essas concepções podem ser aplicadas.

Destacámos 4 principais tipos de teorias sobre a

aprendizagem:

Comportamentalistas (behavioristas);

Cognitivistas;

Construtivistas;

Humanistas.

Factores facilitadores e inibidores da

aprendizagem

Existem factores internos e externos ao próprio indivíduo

que podem facilitar ou inibir o processo de aprendizagem e esses

factores estão obviamente relacionados com as características

dos destinatários da formação, normalmente adultos. Por essa

razão, é importante que o formador atenda a essas

características quando planifica sessões de formação.

Knowles afirmou que os adultos aprendem de maneira

diferente das crianças e que os formadores devem ser

entendidos como facilitadores de aprendizagem, pelo que devem

adoptar um processo que a facilite. Foi neste contexto que

definiu cinco factores que diferenciam a aprendizagem dos

adultos da aprendizagem das crianças.

Page 80: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

A aprendizagem no adulto manifesta as seguintes

características:

O aprendente é um sujeito auto-dirigido

Os adultos tomam a iniciativa das suas aprendizagens.

Assim, o formador deve ser um facilitador das aprendizagens

para permitir que o formando se sinta confortável com as

competências que vai adquirindo.

Os adultos têm uma necessidade profunda para se auto-

dirigirem. A aptidão dos adultos para aprender está relacionada

com o que eles consideram relevante para as suas vidas. Os

adultos têm papéis nas várias vertentes da sua vida social, são

pais, trabalhadores, têm hobbies, são cônjuges, etc. e nestas

várias esferas são eles que tomam decisões e que dirigem a sua

vida.

Se numa situação de aprendizagem o adulto é sujeito ao

condicionamento escolar típico do que é feito em relação às

crianças, criar-se-á certamente um conflito.

Para evitar que isto aconteça, Malcolm defendeu que o

formador deve adoptar uma postura de facilitador da

aprendizagem, ao qual competirá apoiar o aprendente na

definição e concretização de uma estratégia de aprendizagem.

Daí que, num contexto de aprendizagem de adultos, devem

prevalecer as actividades que fomentem a aprendizagem auto-

dirigida.

Experiência

Os adultos têm experiências de vida únicas que

influênciam as situações de aprendizagem. Existe como que uma

Page 81: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

ampla plataforma, construída através das experiências de vida,

onde se podem ancorar novas e diversificadas aprendizagens. As

experiências e a consciência dos adultos fazem destes uma

massa crítica que pode trazer grandes benefícios para o contexto

da formação.

O formador deve ajudar o formando a articular o que está

a ser ensinado com os seus conhecimentos, a sua experiência e

com o que é relevante para o formando.

Disponibilidade para aprender

Nos adultos existe disponibilidade, necessidade e interesse

na aprendizagem para que possam responder às exigências da

vida em sociedade. Por exemplo, se um adulto quer progredir na

carreira, poderá sentir necessidade de aprender temas

específicos. Podemos dizer que a disponibilidade para aprender

pode ser provocada, induzida ou estimulada. Para o adulto, a

aprendizagem é algo que tem significado e importância para o

seu dia-a-dia.

Orientação para a aprendizagem

Em geral, os adultos não aprendem apenas por aprender,

mas para poderem enfrentar de forma satisfatória as

necessidades e obstáculos que lhe surgem. Os adultos procuram

aprender para desenvolver ou melhorar competências para que

possam adequadamente responder a desafios e problemas que

enfrentam ao longo da vida.

Motivação para aprender

Page 82: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Nas teorias andragógicas pressupõe-se que os adultos

estão motivados para aprendizagem por factores externos, como

sejam a obtenção de emprego, aumentos salariais, progressão

na carreira). Contudo, estes factores estão relacionados em

última análise por factores internos (auto-estima,

reconhecimento por parte dos outros, autoconfiança, qualidade

de vida).

Aplicabilidade

Os adultos adquirem mais eficazmente esse conhecimento

se tiver uma aplicabilidade prática. Deve existir uma aplicação

para o que está a ser aprendido e é importante que transmitir ao

formando como serão úteis esses conhecimentos. Os adultos

aprendem com situações da vida quotidiana, por isso é

importante que o tutor explicite de que forma os novos

conhecimentos e competências podem ser aplicadas para

resolver determinados problemas.

Clareza dos objectivos

Os adultos gostam que a aprendizagem tenha objectivos

bem definidos. O formador deve ter o cuidado de transmitir ao

formando de que forma é importante para que possa alcançar

determinados objectivos.

Factores cognitivos da aprendizagem

Atenção;

Concentração;

Memória;

Associação;

Page 83: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Compreensão;

Abstracção;

Intuição;

Criatividade.

Factores psico-sociais da aprendizagem dos adultos

Responsabilidade;

Conhecimentos prévios e referências;

Pragmatismo;

Resistência à mudança;

Medo de errar e preocupação com a

imagem;

Relação com o poder/autoridade.

O Plano Individual de Aprendizagem e as suas principais

vantagens e desvantagens

A formação pode ser um dos melhores métodos de

aprendizagem, porque é um método planeado, organizado e conduzido

no próprio local de trabalho. É um método usado, sobretudo, para

desenvolver competências e para aumentar a produtividade, é

extremamente vantajoso quando se pretende treinar competências ao

nível do desempenho de funções que exigem equipamentos e

instalações específicas.

O desempenho do formador, enquanto gestor das aprendizagens

individuais, é determinante no sucesso. É a ele que compete planificar,

acompanhar e orientar as aprendizagens de cada formando.

O Plano Individual de Aprendizagem pode ser definido como um

conjunto de objectivos, estratégias, conteúdos e meios que concretizam

o projecto em particular. É definido um programa individual de modo a

Page 84: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

permitir individualizar/diferenciar o seu percurso de acordo com as suas

necessidades.

Outra das grandes vantagens é o facto de a orientação da

aprendizagem ser individualizada, o que permite:

Maior apoio por parte do tutor a cada formando,

identificação e correcção imediata dos erros em situações

de trabalho;

Melhor gestão dos materiais e equipamento necessários à

formação em contexto de trabalho e dos postos de

trabalho;

Aprendizagem mais rápida e eficaz;

Formação especializada e orientada para necessidades

específicas de cada formando.

Mas nem tudo serão vantagens. Uma planificação e

acompanhamento individualizado exigem do tutor energia, dedicação,

investimento e adesão a este tipo de formação, para além de o

obrigarem a uma atenção constante às dificuldades que possam surgir

e sua consequente remediação, bem como às dinâmicas de

aprendizagem de cada um.

Além disso, a opção por um processo individualizado de formação em

função de cada formando aumenta o nível de preocupações de carácter

organizativo e de gestão. De facto, a implementação de um plano

individual de aprendizagem pressupõe a existência de condições

específicas sem as quais a individualização da aprendizagem tem

poucas possibilidades de produzir bons resultados.

Page 85: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Empreendorismo

A definição de empreendedorismo tem sido objecto de muitas

considerações, não havendo uma opinião comum entre os

investigadores. Alguns exemplos de definições:

Entrepreneurship is a process by which individuals – either on

their own or inside organizations – pursue opportunities without

regard to the resources they currently control (Stevenson,

Roberts, and Grousbeck, 1989).

Entrepreneurial activity is the enterprising human action in

pursuit of the generation of value, through the creation or

expansion of economic activity, by identifying and exploiting new

products, processes or markets (OCDE, 2007).

Entrepreneurship is the ability to amass the necessary resources

to capitalize on new business opportunities (Kauffman

Foundation, 1999).

Em termos gerais, as várias acepções da palavra estão relacionadas

com o desenvolvimento de novas iniciativas, a assunção de riscos e a

inovação. O empreendedorismo é principalmente a actividade de

começar algo, individualmente ou em conjunto com outros, e de o gerir

nos primeiros tempos da sua existência.

Page 86: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Fatores que influênciam o Empreendorismo

Os factores de fundo que influênciam a dinâmica empreendedora

costumam dividir-se em dois tipos: os factores que afectam a procura,

isto é, as oportunidades, que existem no mercado para os potenciais

empreendedores, e os factores que afectam a oferta, ou seja, aqueles

que “empurram” a sociedade para o empreendedorismo, dada a

ausência ou limitação das outras alternativas.

Enquanto os primeiros factores se podem dizer positivos, pois os

benefícios do empreendedorismo constituem uma atracção para os

potenciais envolvidos, os segundos são de algum modo negativos, pois

o empreendedorismo poderá ser uma situação na qual a pessoa se

encontra mais por força das circunstâncias do que propriamente por

escolha desejada.

Quando os factores de procura são os mais preponderantes, podemos

falar de um empreendedorismo de oportunidade. No caso oposto, a

situação poderá designar-se por empreendedorismo de necessidade.

Do lado da procura, encontramos, entre outros, quatro factores

significativos:

O grau de desenvolvimento económico determina significativamente o

tipo de empreendedorismo presente num país ou região. Baixos níveis

de desenvolvimento estão associados a altos níveis de

empreendedorismo, mas de necessidade, pois a ausência de grandes

empresas limita as possibilidades de emprego por conta de outrem. O

acelerar do desenvolvimento económico, numa primeira fase, reduzirá o

nível global de empreendedorismo, mas começará transformá-lo

progressivamente num empreendedorismo de oportunidade, situação

que se consolidará posteriormente com um novo aumento do nível

Page 87: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

global de actividade empreendedora, agora marcado pelo

aproveitamento das oportunidades existentes.

A evolução tecnológica facilita a existência e competitividade das

pequenas empresas. Assiste-se a uma redução das vantagens das

grandes empresas, em detrimento da flexibilidade e especialização

permitidas pelos avanços tecnológicos. As facilidades de comunicação e

todo o vasto leque de possibilidades presente na Internet reforçam o

efeito positivo da tecnologia. Também se encontram efeitos negativos

quando elevados custos de Investigação e Desenvolvimento, derivados

da tecnologia, dificultam a entrada de novas empresas em dado sector.

A globalização pode ter efeitos positivos ou negativos. Por um lado, a

presença mais fácil de grandes multinacionais pode condicionar

severamente a sobrevivência das microempresas em alguns sectores.

Por outro lado, as maiores facilidades de transporte e comunicação

tornam mais acessível às pequenas empresas algum nível de

internacionalização.

A tendência para a redução da dimensão média das empresas, que

fazem outsourcing de actividades não essenciais, prática iniciada nos

anos 80, cria oportunidades para que novas empresas passem a

desenvolver essas tarefas.

Entre os factores que afectam a oferta podemos destacar:

O declínio dos sectores agrícola e industrial, em detrimento dos serviços

e da distribuição, o que reduziu significativamente as possibilidades de

trabalho para as pessoas menos qualificadas, induzindo-as ao

empreendedorismo.

O nível de desemprego, onde podemos encontrar efeitos contraditórios.

Por um lado, é evidente que altos níveis de desemprego conduzem a

que mais pessoas ponderem uma iniciativa por conta própria, dado não

haver alternativas melhores. Por outro lado, de um ponto de vista

macroeconómico, uma situação de elevado desemprego, sintoma e por

sua vez agravamento de uma situação débil da economia, não favorece

Page 88: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

o nascimento de novos negócios pois o poder de compra da sociedade

é mais reduzido.

Os níveis de salários representam o “custo” do empreendedorismo,

quando se passa de uma situação de emprego por conta de outrem

para uma situação de trabalho por conta própria. Quanto mais

reduzidos forem os salários, maior será o incentivo a empreender, pois

há menos a perder com essa decisão.

Quais são as características dos empreendedores?

No nosso país os empreendedores são principalmente os homens (cerca

de dois terços ou talvez mais), sendo que mais de metade do total de

empreendedores tem idade superior a 40 anos. Quanto às habilitações

literárias, cerca de metade dos novos empresários tem o ensino básico

e apenas 15% possuem formação média ou superior.

A principal motivação para fundar uma empresa é melhorar a situação

financeira do empreendedor. Os segundo e terceiro factores mais

referidos são o desejo de novos desafios e a procura de independência

profissional.

Sociedade do Conhecimento

A “Sociedade do Conhecimento” é compreendida como aquela na qual

o conhecimento é o principal factor estratégico de riqueza e poder,

tanto para as organizações quanto para os países. Nesta sociedade, a

inovação tecnológica ou novo conhecimento, passa a ser um factor

importante para a produtividade e para o desenvolvimento económico

dos países.

Page 89: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

A ”Sociedade de Conhecimento” é então posterior à sociedade

industrial moderna, na qual as matérias-primas e o capital eram

considerados como o principal factor de produção. Esta nova sociedade

é impulsionada também por contínuas mudanças, algumas tecnológicas

como a Internet e outras económico-sociais como a globalização.

“Sociedade da Informação” e “Sociedade do Conhecimento”,

são por vezes usadas com o mesmo significado. Mas “Sociedade de

informação” pode ter uma definição que não envolve a vertente

económica pelo menos se abordada dum ponto de vista apenas formal:

"uma sociedade integrada por complexas redes de

comunicação que rapidamente desenvolvem e trocam

informação". Neste sentido, a “Sociedade do Conhecimento” seria o

motor económico duma determinada comunidade ou comunidades e a

“Sociedade da Informação” o veículo que potencia a partilha dessa

informação.

O que é a PNL

"Neuro" (derivado do grego neuron para nervo) representa o princípio

fundamental de que todo o comportamento é o resultado de processos

neurológicos. “Linguística” (derivado do latim língua que significa

linguagem) indica que processos neurais são representados,

organizados e sequenciados em modelos e estratégias através da

linguagem e sistemas de comunicação. ''Programação” refere-se ao

processo de organizar os componentes de um sistema (representações

sensoriais neste caso) para alcançar resultados específicos. (Dilts,

Grinder, Bandler e DeLozier, Neuro-linguistic Programming Vol. I).

A PNL é uma ferramenta educacional.

Page 90: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Segundo Richard Bandler “…Nós ensinamos às pessoas algumas coisas

sobre como os seus cérebros funcionam e elas usam esta informação

para mudar..."

O PNL é algo prático. Trata-se de um conjunto de modelos, habilidades

e técnicas que nos permitem pensar e agir com mais eficiência no

mundo. O objectivo da PNL é ser útil, no sentido de oferecer mais

opções de escolha e melhorar a qualidade de vida.

A Programação Neurolinguística é a arte e a ciência da excelência, ou

seja, das qualidades pessoais. É arte porque cada pessoa imprime a sua

personalidade e o seu estilo àquilo que faz, algo que jamais pode ser

apreendido através de palavras e técnicas. E é ciência porque utiliza um

método e um processo para determinar os padrões que as pessoas

usam para obter resultados excepcionais naquilo que fazem. Esse

processo chama-se modelagem, e os padrões, habilidades e técnicas

descobertas através dele estão a ser cada vez mais usados em terapia,

no campo da educação e profissional, para criar um nível de

comunicação mais eficaz, um melhor desenvolvimento pessoal e uma

aprendizagem mais rápida.

A Programação Neurolinguística é a disciplina cujo domínio é a

estrutura da experiência subjectiva. Ela não tem compromisso com a

teoria, mas ao contrário tem as características de um modelo – um

conjunto de procedimentos cuja utilidade, e não veracidade, é a medida

do seu valor. A PNL apresenta ferramentas específicas que podem ser

aplicadas efectivamente em qualquer interacção humana. Ela oferece

técnicas específicas por meio das quais um praticante pode organizar e

reorganizar de forma útil a sua experiência ou a experiência de outra

pessoa para definir e subsequentemente assegurar qualquer resultado

comportamental". (Dilts, Grinder, Bandler e DeLozier, Neuro-linguistic

Programming Vol. I).

Robert Dilts modelou as estratégias de criatividade de grandes génios

como Einstein, Mozart, Leonardo da Vincci, Nikola Tesla, Walt Disney e

Page 91: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

até Sherlock Holmes, publicando-as nos três volumes de A Estratégia

da Genialidade (traduzidos: Vol. I: Aristóteles, Sherlock Holmes, Walt

Disney, Mozart e Vol. II: Einstein). Usando técnicas de PNL, você

também pode modelar as estratégias de alguém que conheça.

A PNL já foi descrita de várias maneiras; no entanto muitas da vezes é

entendida como uma metodologia de inteligência. Também tem

princípios sobre a mente, procedimentos terapêuticos, mas a PNL tem

elementos muito mais próximos de algo que podemos verificar por nós

mesmos. A PNL usa as nossas capacidades naturais, como a de

imaginar, para obter resultados precisos, bem definidos no que se

refere à mente e em muitos casos com efeitos comprovados a nível

físico.

Como convém a uma metodologia, a PNL tem os seus conceitos e

princípios fundamentais bem definidos, sendo bastante estruturada.

Também são bem trabalhados os objectivos a serem atingidos, o que

torna o trabalho verificável.

O resultado é que os recursos e métodos da PNL têm sido usados em

terapia, ensino, aprendizagem, comunicação e relacionamento, vendas

e inúmeras outras áreas. Uma interessante linha possibilitada pela PNL

é a modelagem de habilidades de pessoas competentes e seu ensino a

outros.

Page 92: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Módulo MF2 – Simulação Pedagógica

Inicial

A Simulação Pedagógica é uma técnica utilizada na formação de

formadores, comerciais, dinâmica de grupos, na preparação de pessoas

que assumem cargos públicos, na formação de artistas do espectáculo

e na formação na área do ‘saber-fazer’ (na indústria e no desporto),

como facilitadora da descentração e como forma de melhoria do

desempenho do indivíduo, de uma forma mais objetiva e ativa.

A utilização desta técnica, como motor inicial do desenvolvimento

de uma ação de formação Pedagógica Inicial de Formadores, pretende

que os formandos identifiquem as suas principais aptidões, expressas

em termos de comportamentos, indispensáveis na preparação,

desenvolvimento e análise de uma sessão de formação; e, que

desenvolvam ferramentas de auto-análise e de identificação de

comportamentos pedagógicos a adquirir e a melhorar.

O presente módulo terá como principais objectivos potenciar:

Preparar, desenvolver e avaliar sessões de

formação;

Identificar os aspetos pedagógicos considerados

mais importantes no processo de ensino-aprendizagem;

Propor soluções alternativas, apresentar sugestões

de estratégias pedagógicas diversificadas;

Exercitar competências de análise e de auto-análise

relativamente a comportamentos observados no

desenvolvimento de uma sessão de ensino-aprendizagem.

Page 93: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Módulo MF3 - Comunicação e

Dinamização de Grupos em Formação

Pretende-se que cada formando, após este módulo esteja

apto a:

Compreender a dinâmica formador-formandos-objeto

de aprendizagem, numa perspetiva de facilitação dos

processos de formação;

Compreender os fenómenos psicossociais,

nomeadamente o da liderança, decorrentes nos grupos

em contexto de formação;

Gerir diferentes grupos de trabalho, com fortes

condições de potenciar a discriminação e bloquear a

aprendizagem;

Compreender a dinâmica da individualidade de

aprendizagem no seio de um grupo de trabalho;

Reconhecer a importância do mediador de grupos de

trabalho.

Comunicação

A comunicação é uma das dimensões principais no universo do

homem. A capacidade de comunicar oferece a cada ser humano a

possibilidade de concretizar o seu desenvolvimento psíquico e social

pleno e permite a existência de grupos, organizações, sociedades e

culturas. Podemos definir comunicação como o processo de transmissão

de informação entre dois ou mais indivíduos ou organizações.

Page 94: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

É um fenómeno dinâmico e evolutivo, cujo principal objectivo é

permitir a interacção entre indivíduos ou grupos. Neste sentido, o

processo comunicativo diz respeito ao conjunto de técnicas verbais e

não-verbais capazes de influênciar ou manipular o ambiente social.

A situação de ensino/aprendizagem é um ambiente de

comunicação por excelência. Da comunicação gerada no seio do grupo

em formação depende o sucesso da aprendizagem, o concretizar dos

objectivos pedagógicos, o clima afectivo e o nível motivacional do grupo

e a realização pessoal do formador. Torna-se vital para o futuro

formador conhecer os fundamentos do processo comunicativo e

algumas das suas implicações, para que lhe seja possível gerir a

comunicação de forma positiva, desenvolvendo uma relação

pedagogicamente eficaz com os seus formandos.

Elementos da Comunicação

Num sistema de comunicação, encontramos presentes os

seguintes componentes: emissor ou fonte, mensagem, canal, receptor,

feedback ou reacção. Iremos seguidamente debruçarmo-nos sobre

cada um deles e analisar a sua inter-relação.

Comunicação

Emissor Recetor Mensagem Código Meio Contexto

Page 95: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Fidelidade da Comunicação

Tanto no emissor como no receptor existem alguns factores

capazes de aumentar ou prejudicar a fidelidade da comunicação:

Habilidades comunicativas - Para traduzir as suas intenções

comunicativas o emissor tem que utilizar capacidades codificadoras que

lhe permitam, dispor de palavras, de forma a expressar ideias com

clareza e de modo a usar correctamente as regras gramaticais, ou seja,

pronunciar claramente, conseguir utilizar os vários canais à sua

disposição, organizar o pensamento e as ideias claramente.

Comunicação Interpessoal

A comunicação interpessoal é essencialmente um processo

interativo e didáctico (de pessoa para pessoa) em que o emissor

constrói significados e desenvolve expectativas na mente do recetor.

Todo o comportamento é comunicação; as nossas acções são

sempre passíveis de interpretação por parte dos outros, sendo-nos

impossível não comunicar. Se está numa sala de espera antes de uma

entrevista, e a secretária à sua frente mantém os olhos baixos e uma

atitude concentrada, a mensagem captada é "não quero comunicar".

Então, evitar a interacção é todavia interagir: comunica-se essa

intenção de evitamento de alguma forma, influência-se o

comportamento do outro de algum modo. O estilo comunicativo define

a relação entre os agentes da comunicação.

O controlo do comportamento não-verbal é algo precioso para o

formador. Os gestos, as expressões, os olhares, a entoação de voz, são

componentes da comunicação que devem estar em sintonia com o que

se diz, auxiliando e antecipando a mensagem oral. As discrepâncias

entre os dois níveis de comunicação - verbal e não verbal - dificultam a

relação e originam, frequentemente, mal-entendidos e conflitos. Um

Page 96: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

comunicador expressivo recorre aos gestos como complemento e

suporte da expressão oral.

Formas de Comunicação Não-Verbal

Paralinguística: A maneira de falar, o tom de voz e a cadência

da fala.

Cinésica: Movimento do corpo e dos membros;

Proxémica: O modo como as pessoas colocam-se em relação às

outras.

Comunicação Verbal:

Expressa em palavras

Oral

Escrita

Comunicação Não Verbal:

Expressa através do comportamento

Page 97: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Relações Interpessoais – Primeiras Impressões

Para nos adaptarmos ao meio ou ao contexto em que estamos

inseridos, é necessário desenvolvermos boas relações interpessoais que

nos vão facilitar a compreensão e a adaptação ao mundo que nos

rodeia.

O processo preceptivo leva a que tenhamos expectativas sobre

as pessoas, o que envolve a selecção da informação, recolhendo

indicadores que nos levam a categorizar. Este processo é muito

importante uma vez que a partir do momento em que atribuímos uma

categoria a alguém temos tendência em manter essa categorização, o

que simplifica o nosso relacionamento, na medida em que criamos

expectativas quanto ao seu comportamento/atitude. Há autores que

defendem que o tipo de dinâmica estabelecida com determinado

indivíduo é condicionado pelas opiniões de outros previamente

comunicadas ao sujeito. Assim sendo, as expectativas influênciam as

interacções (Efeito de Halo).

Formar uma impressão significa organizar a informação

disponível acerca de uma pessoa de modo a podermos integrá-la numa

categoria significativa para nós.

Deste modo, as primeiras impressões tornam-se importantes

porque constituem como que uma grelha, permitindo ao indivíduo que

percepciona, filtrar a variabilidade imensa do comportamento da outra

pessoa e fixar determinados traços assumidos como estáveis.

Organizam-se fundamentalmente em função de uma categoria

avaliativa:

Do tipo afectivo (gostar/não gostar);

Page 98: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Do tipo moral (bom/mau);

Do tipo instrumental

(competente/incompetente).

Atitudes Comunicacionais e os seus

efeitos

Na comunicação interpessoal, as atitudes são expressas

verbalmente através de opiniões a nível não-verbal, através de acções,

gestos, expressões, etc.

Atitudes na comunicação são um conjunto de palavras ou actos

que revelam directa ou indirectamente, a nossa intenção com a pessoa

a quem nos dirigimos.

C. Porter definiu seis atitudes comunicativas usualmente

presentes nas relações interpessoais e as respectivas reacções do

receptor:

■ Atitude de Apoio

Exprime uma afectividade do emissor concordante com a do

receptor. É uma comunicação simpática, apoiante. “ Concordo.”;

“Também passei por isso.”; “Óptimo!”.

Efeitos comportamentais da Atitude de Apoio:

- Mantém ou intensifica o ambiente afectivo;

- Aumenta a tendência para a conformidade;

- Favorece a dependência psicológica.

Page 99: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

■ Atitude de Avaliação

Corresponde a uma expressão de censura por actos feitos; induz

culpa em relação a um comportamento passado.

“Não devia ter feito isso!”; “Fez mal!”.

Efeitos comportamentais da Atitude de Avaliação:

- Aumenta a tensão psicológica entre os

comunicantes;

- Incrementa a agressividade;

- Activa os mecanismos de defesa do receptor;

- Aumenta a rigidez de posições;

- Reduz a capacidade de comunicar.

■ Atitude de Compreensão

Implica que nos centremos no interlocutor, mas sem a

tonalidade afectiva da atitude de apoio. Trata-se de uma atitude

benevolente. Existe compreensão do ponto de vista do outro – não

avalia nem positiva nem negativamente.

“Parece-me preocupado…”; “Pode ser difícil mas com certeza

que vai conseguir.”.

Efeitos comportamentais da Atitude de Compreensão:

- Reduz a intensidade do estado afectivo (por

exemplo: ansiedade e nervosismo);

- Promove a capacidade de análise;

- Favorece a racionalidade e a objectividade,

contribuindo para aprofundar a comunicação.

Page 100: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

■ Atitude de Orientação

É uma atitude normativa em que o emissor fornece informação

ao receptor de modo a controlar o seu comportamento futuro. Esta

atitude é útil em situações em que o receptor é inexperiente ou precisa

de uma informação orientadora.

“Deve proceder deste modo.”; “A minha opinião é esta.”.

Efeitos comportamentais da Atitude de Orientação:

- Favorece sentimentos de dependência;

- Pode ser percebida como uma imposição de

autoridade;

- Redução da capacidade de comunicar.

■ Atitude de Exploração

Visa a obtenção de mais informações sobre o que diz o

interlocutor. Há interesse sobre o que outro diz sem se emitir juízos de

valor – escuta activa.

“Podia-me explicar melhor?”; “O que é que lhe parece?”.

Efeitos comportamentais da Atitude de Exploração:

- Aumento da capacidade de análise;

- Aumento da profundidade da comunicação;

- Predispõe o receptor a dar mais informações.

■ Atitude de Interpretação

É a interpretação do significado que teve para nós a

comunicação do interlocutor. Quando tentamos adivinhar motivos ou

intenções escondidos por detrás do comportamento.

“Você tem medo de assumir compromissos.”, “Ele não quer é

fazer nada!”.

Page 101: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Efeitos comportamentais da Atitude de Interpretação:

- Provocam no interlocutor sentimentos de agressão;

- Redução da capacidade de comunicar;

- Quando precipitada pode ser sentida como abuso,

acusação ou invasão de privacidade.

Estilos Comunicacionais

Podemos ainda encontrar quatro estilos de comunicação que as pessoas adoptam consoante a situação interpessoal.

Passividade

Comportamentos Consequências

Mostrar acordo relativamente a coisas com que não se concorda;

Ressentimento

Medo da reacção do outros e de incomodar/ fracassar;

Dificuldades de comunicação

Evitar contacto visual; Tensão acumulada

Falar hesitantemente; Fraca auto-estima

Postura corporal tensa e movimentos desajustados;

Frustração

Dificuldade na tomada de decisão.

Agressividade

Comportamentos Consequências

Discurso acusativo (tu); Atitude negativa por parte dos outros;

Exprimir-se de forma punitiva, hostil ou

Perda de consideração e

Page 102: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

humilhante; de amizades;

Não considerar os sentimentos ou direitos dos outros;

Dispêndio excessivo de energia.

Agredir de forma indirecta (ironia, sarcasmo, expressões faciais, atitudes…);

Agredir fisicamente.

Manipulação

Comportamentos Consequências

Desvalorização dos outros; Desconfiança

Conspiração; Ressentimento

Utilização de

Culpabilização;

Dissimulação.

Assertividade

Comportamentos Consequências

À vontade na relação com o outro; Auto-respeito

Sereno e construtivo; Auto-confiança

Expressa sentimentos; Auto-controlo

Negoceia; Respeitado pelos outros

Questiona comportamentos/Não julga; Elevada confiança dos outros

Responsabilidade individual; Fraca vulnerabilidade

Concordância entre o discurso e a

Page 103: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

postura ajustados ao interlocutor e à

situação.

A Deturpação da Mensagem

Existem diversos factores perturbadores da comunicação que o

formador/animador não deve desconhecer de modo a superá-los. O

primeiro nível de distorção pode ocorrer logo na fonte ou emissor e

reside na diferença entre o que se quer transmitir e o que de facto se

transmite. O código utilizado pode não ser o mais indicado para

expressar as ideias ou objectivos a comunicar.

Se o formador quiser descrever uma máquina industrial, será

melhor sucedido ao apresentar um esquema gráfico do que ao tentar

transmitir oralmente como é que a máquina é construída, quantas

peças, ligamentos, etc. é que a compõem. Por outro lado, poderá existir

pouca objectividade na codificação, se a informação transmitida não é

suficiente ou, pelo contrário, existe em excesso.

No caso do formador que para explicar um conceito simples,

produz um discurso muito extenso, repleto de termos técnicos e

adjectivação excessiva. A adequação do código ao receptor é outra

questão extremamente importante. É preciso não esquecer que a

comunicação é um processo bilateral, se quiser que o receptor capte

com clareza a mensagem.

A codificação deve ser adaptada ao repertório de conhecimentos,

estatuto sóciocultural e atitudes do receptor. No percurso entre a

transmissão e a recepção da mensagem outras interferências podem

surgir. Aquilo que transmitimos não será exactamente aquilo que o

Page 104: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

outro recebe, se ocorrerem ruídos/barulhos, conversas paralelas,

comunicações simultâneas, etc. Quando finalmente a mensagem chega

ao receptor é ainda provável que exista alguma diferença entre aquilo

que este recebe e o que pensa que recebeu. A atitude face ao emissor,

a maior ou menor simpatia por este, pode afectar a receptividade e a

interpretação da mensagem. Existe sempre uma atitude de avaliação da

fonte de informação, das suas intenções e do grau de confiança que

desperta ao receptor.

Em grande medida, ouvimos o que queremos ouvir.

Estão sempre presentes na interacção comunicativa expectativas

e ideias pré-concebidas acerca do que as pessoas são e daquilo que

querem dizer. Porque muitas vezes não "estamos a ver" o Sr. X a

afirmar tal coisa, mesmo que ele o faça, acabamos por não o perceber.

A percepção que cada indivíduo tem da realidade e das outras pessoas

é sempre selectiva: mesmo inconscientemente, os nossos mecanismos

perceptivos filtram a informação privilegiando aquela que, por alguma

razão, tem mais a ver com os nossos interesses, rejeitando e

distorcendo outra, para que não colida com aquilo em que acreditamos

ou conhecemos.

O processo comunicativo está longe de corresponder a um

processo linear e objectivo de informação entre dois indivíduos ou

grupos. Existem diversos factores perturbadores da comunicação que o

formador não deve desconhecer de modo a superá-los:

Complexidade da mensagem

Canal - Retemos cerca de:

20% do que vimos

30% do que vemos

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50 % do que vemos e ouvimos

Quadro de referência – a experiência acumulada ao longo do

tempo, é diferente de pessoa para pessoa, logo, possuímos um

quadro de referência próprio;

Crenças – visão do mundo e da vida;

Sensibilidade interpessoal

Papéis desempenhados – os papéis desempenhados por cada

um na sociedade influenciam as atitudes (professor, aluno,

polícia, desempregado, patrão);

Código – o desconhecimento da língua portuguesa (por

exemplo) pode impedir uma comunicação eficaz com um

estrangeiro;

Contexto – existem contextos que incentivam a comunicação e

outros que a restringem (por exemplo: contar anedotas num

funeral…);

O estado de saúde e de fadiga – doentes ou cansados, é-nos

difícil comunicar e concentrar;

Desmotivação – damos mais atenção àquilo que nos interessa.

O contrário pode ser uma barreira à comunicação;

Deficiências visuais ou auditivas

Ruído

Preocupação somente em fazer-se ouvir

Page 106: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Resistência à mudança

Avaliação prematura

Primeiras impressões

Estereótipos, crenças e preconceitos Aquilo em que acreditamos ou pensamos acerca dos outros, e consequentemente avaliamos positiva ou negativamente, é muitas vezes adquirido através da percepção enviesada ou distorcida que fazemos da realidade. O ser humano tem absoluta necessidade de compreender o mundo e conferir ordem às coisas. Para reduzir a incerteza, inerente à grande complexidade do universo social (e físico), os mecanismos mentais tendem a simplificar a realidade. Assim,

Page 107: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

arrumamos as pessoas em categorias, "gavetas" às quais atribuímos algumas características, acreditando que, a partir daí, podemos prever o seu comportamento. Ao longo do nosso desenvolvimento vamos construindo imagens dos outros através dos conhecimentos apreendidos no seio da sociedade e da cultura onde nos inserimos. Aprendemos a classificar as pessoas segundo grupos sociais e a atribuir a cada um destes grupos características específicas. Estas crenças sociais poderão ser confirmadas ou infirmadas pela nossa experiência de vida. Transportamos, então, na mente, imagens, expectativas, ideias pré-

Page 108: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

concebidas acerca da maneira como serão algumas das pessoas, situações ou eventos e que irão distorcer a percepção da realidade, num sentido subjectivo. Quer isto dizer que vemos os indivíduos como representantes da imagem que fazemos das diferentes categorias sociais; este facto pode-nos conduzir a erros ao avaliar os outros. No contexto pedagógico, a utilização abusiva de estereótipos e preconceitos no relacionamento com os participantes é nefasta, pois:

Limita a quantidade e qualidade da informação

captada;

Aumenta o risco de não se reagir à situação

presente e à pessoa real e sim às nossas ideias pré-concebidas;

Page 109: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Aumenta o risco de se elaborarem interpretações

deturpadas dos acontecimentos;

Torna o Formador numa pessoa rígida, inflexível,

com resistência à mudança;

Origina situações potencialmente conflituosas,

discriminações, mal-entendidos, comunicações ambíguas e

tensões negativas no grupo.

Como comunicar eficazmente?

É fundamental para quem transmite informação conhecer bem o

objectivo a comunicar.

A familiaridade do formador em relação aos temas a divulgar

deverá ser elevada para que a comunicação resulte organizada, precisa,

e de fácil entendimento por parte dos receptores. Consegue-se

transmitir de forma mais atractiva aquilo que se domina. A flexibilidade

de expressão, bem como a moldagem dos códigos e canais utilizados

aos diferentes grupos de participantes, é mais trabalhada quando o

formador / emissor se sente seguro dos objectivos e domina os temas

em foco. Possuindo ideias precisas e claras, as frases surgem mais

organizadas e os significados são claros para quem os interpreta. Evita-

se, assim, a comunicação ambígua, desordenada, pouco estimulante e

confusa. O formador deve procurar relacionar as intervenções e

comentários emergentes do grupo e, sempre que possível, enquadrar

as intervenções marginais no debate ou na exposição da matéria.

Cuidar do nível não verbal da comunicação é imprescindível a um

bom comunicador. A mímica deve ser adequada às palavras e

significados expressos oralmente. Se os olhos são "o espelho da alma",

apresentar-se é olhar os outros nos olhos. Olhar enquanto se fala,

reforça as palavras, aumentando o poder persuasor do discurso. Um

olhar esquivo significa, eventualmente, desinteresse, fuga, falta de

Page 110: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

autoconfiança ou incompetência, provocando no interlocutor uma

atitude de distanciamento e desagrado.

A imagem do formador deve ser cuidada. Não se trata de

defender meras convenções. Como já foi referido, as pessoas tendem a

classificar as outras segundo esquemas pré-determinados construídos e

assimilados com base em determinantes sócio-culturais. Assim, mal

entra na sala, o formador é avaliado pelos formandos num primeiro

instante, a partir da sua imagem pessoal, da forma como se veste, da

sua postura e do modo como se movimenta. Esta 1ª impressão é

importante para o desenvolvimento da relação pedagógica. Um

formador "bem" apresentado é geralmente associado à "competência",

"empenho profissional" e "respeito pela actividade exercida". No

entanto, uma apresentação demasiadamente formal poderá ser algo

inibitória para determinados grupos de características etárias ou sócio-

económicas específicas.

Saber ouvir facilita a comunicação

A comunicação interpessoal dificilmente será satisfatória se o

emissor não adoptar duas atitudes relacionais fundamentais: a escuta

activa e a atitude empática. Ser um ouvinte activo significa:

Começar a ouvir desde a 1ª palavra;

Escutar atentamente todas as opiniões;

Concentrar-se no que está a ser comunicado, sem

se precipitar tentando adivinhar o que os seus interlocutores vão

dizer;

Manifestar a sua atenção e receptividade através de

comportamentos e sinais verbais [-"sim, sim", "hum, hum"],

acenando com a cabeça e olhando para quem fala;

Gerir os silêncios sem impaciência ou ansiedade;

Não interromper a comunicação do interlocutor,

deixando-lhe espaço para se expressar;

Page 111: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Não interpretar o que o outro diz sem "chão"

suficiente, mas sim fazer perguntas e colocar questões de forma

a suscitar a participação do interlocutor e obter esclarecimentos

sobre o que ele quer expressar.

É, contudo, aconselhável não colocar questões directas que

possam ser sentidas pelos participantes como um pouco inquisidoras.

Empatia, reformulação e feedback

A comunicação interpessoal dificilmente será satisfatória sem um

elemento extremamente importante - a atitude empática. Um indivíduo

tem capacidade empática se no decorrer da interacção for capaz de

sentir o que sentiria se estivesse na posição da outra pessoa.

Pode-se definir empatia como: "a capacidade de inferir estados

internos ou traços de personalidade do outro, comparando-os com as

nossas próprias atitudes e, simultaneamente, de tentar perceber o

mundo tal como essa pessoa o percebe".

Esta atitude, que respeita o outro e a sua expressão, caracteriza-

se por um esforço sincero de nos colocarmos no seu lugar, "vestirmos a

sua pele", de compreender o seu contexto emocional e vivencial. O

interlocutor sente, assim, a sua individualidade respeitada e a sua

expressão não deformada. Esta confiança favorece a abertura dos

indivíduos e estimula a comunicação. A atitude empática nasce

espontaneamente com mais facilidade nalguns indivíduos do que

noutros, mas pode ser adquirida através de "um trabalho sobre si

próprio". Evitando conceitos ou julgamentos anteriores à mensagem em

si e despindo a interacção, tanto quanto possível de elementos

subjectivos, consegue-se uma atitude de neutralidade orientada para o

outro e excelente para uma comunicação efectiva. A empatia funciona

também como uma técnica preventiva de conflitos ou interacções

hostis. Numa interacção, o comportamento de um dos participantes

influencia o comportamento do outro e vice-versa.

Page 112: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Ter em conta então:

Saber ouvir

Demonstrar empatia

Manifestar interesse e receptividade

Incentivar

Perguntar

Evitar Interromper

Adaptar, reformular e repetir a mensagem

Observar a linguagem corporal

Controlar as emoções e preconceitos

Comportamento gera comportamento.

É frequente esquecermo-nos de que a forma como os outros se

comportam connosco resulta, a maior parte das vezes, da forma como

nos comportamos em relação a eles. Uma reacção activa e empática

Escuta Activa Reformulação Feedback

Page 113: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

muito frequentemente produz reacções da mesma natureza nos

interlocutores. Partindo desta noção de que o nosso comportamento

tem o poder de determinar, em parte, o comportamento dos outros,

então, podemos concluir que controlando a nossa comunicação

obteremos reacções previsíveis no receptor. O comportamento não é

algo pré-determinado, hereditário ou automático; os indivíduos podem

escolher comportamentos e formas de comunicar que promovam a

qualidade das interacções pessoais, particularmente em situações

profissionais. Para tal, basta estar atento e receptivo às mensagens que

ocorrem no aqui e agora, atender às necessidades dos formandos e

compreender o seu contexto emocional, evitando as distorções

comunicativas.

O formador é um gestor de comunicação, na medida em que:

Orienta as mensagens;

Anima a discussão sem a limitar;

Ajuda o grupo a seleccionar e a desenvolver os

aspectos mais pertinentes e necessários.

Fomenta o intercâmbio entre o papel de emissor e

de receptor:

Suscita a participação de todos;

Facilita a troca de opiniões;

Garante igual oportunidade de expressão a todos os

participantes;

Está atento a novas contribuições ou pontos de

vista.

Mantém ordem no debate;

Controla as interferências;

Sintetiza as principais ideias debatidas em função

do tema em questão;

Page 114: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Repete o significado de algumas intervenções

importantes, de modo a estruturar a informação.

Suscita a escuta activa e a atitude empática no seio

do grupo:

Mantém os conteúdos num registo objectivo

salvaguardando-os de cargas emocionais excessivas decorrentes dos

temas ou do relacionamento interpessoal.

A Relação Pedagógica

A relação do formador com o grupo inicia-se a partir do primeiro

instante em que se encontram.

Logo de início, existem alguns procedimentos gerais que

promovem uma boa relação entre formador e formandos e evitam a

ocorrência de futuros atritos ou más relações. São eles:

Apresentação

A apresentação é fundamental para o estabelecimento de uma

relação positiva. Este momento pode ser mais estruturado ou assumir a

forma de um momento mais lúdico: dizer alguma coisa sobre si próprio

reduz a insegurança psicológica característica do primeiro momento de

desconhecimento mútuo (ice-break).

Nunca se deixar envolver emocionalmente nos

conflitos

É importante que o formador seja capaz de lidar com eventuais

agressividades ou hostilidades sem reagir impulsivamente.

Evitar atitudes negativas

- Defender-se atrás do estatuto de formador;

Page 115: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

- Utilizar termos teóricos rebuscados, de modo a exibir a sua

superioridade;

- Interpretar as perguntas ou intervenções no sentido de as

menosprezar ou ridicularizar.

Ter atitudes positivas

- Adaptar o conteúdo/programa, os exercícios e actividades às

características específicas de cada grupo;

- Trabalhar a relação, mostrando-se disponível e eficaz;

- Assegurar-se que a sua comunicação foi efectiva e

compreendida pelos receptores – promover a escuta activa e a

assertividade.

Considerar as necessidades dos formandos

O formador de adultos, deve ter em consideração as

necessidades de um grupo e suas características, a fim de as respeitar

e angariar a confiança e respeito dos seus elementos, pois só deste

modo lhe reconhecerão autoridade para os “ensinar” e o aceitarão

como formador.

A Utilização do Espaço

A gestão do espaço físico condiciona, de início, o desenrolar da

comunicação. Não é por acaso que a disposição em U é usualmente

praticada na Formação. Esta é uma configuração facilitadora da

comunicação. Todos os elementos do grupo se encontram face-a-face.

Naturalmente os seus olhares convergem para o centro-frente, posição

ocupada tradicionalmente pelo formador. Os elementos mais

dominantes, extrovertidos, auto-confiantes tendem a ocupar posições

centrais. As zonas intermédias ou mesmo extremidades são

normalmente preferidas pelos elementos mais tímidos, introvertidos. Os

Page 116: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

observadores passivos ficam, assim, resguardados do olhar do

formador e dos colegas. A utilização que o formador fez do espaço e

movimento é deveras importante na definição do estilo comunicativo do

grupo. O formador que se coloca sentado atrás da sua mesa, ou num

estrado, está defendido na sua "armadura" e transmite um

distanciamento em termos de papel e estatuto em relação aos

Formandos.

A qualidade expressiva e a receptividade à comunicação é

favorecida quando o Formador:

•apoia a comunicação verbal com os gestos coordenativos,

descritivos, etc;

•se desloca na sala, marcando o ritmo, aproxima-se e recua face

aos formandos, acompanhando as próprias pausas, entoações e

exclamações com o movimento e postura corporal;

•solicita a atenção e/ou participação dos outros elementos com o

olhar directo, com gestos apelativos (mas não inquisitivos), com uma

atitude corporal receptiva.

Motivação

É difícil definir o conceito de motivação uma vez que este tem

sido utilizado com diferentes sentidos e interpretações. De um modo

geral, motivação é tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir de

determinada forma ou, pelo menos, que dá origem a um

comportamento específico, podendo este impulso ser provocado por um

estímulo externo (provindo do ambiente) ou também ser gerado

internamente nos processos mentais do indivíduo (CHIAVENATO,

1999).

O comportamento das pessoas é complexo, dependendo de

fatores internos (decorrentes das características de

personalidade, como a capacidade de aprendizagem, de

Page 117: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

motivação, de percepção do ambiente externo e interno, de

atitudes, de emoções, de valores etc.) e externos (decorrentes

do ambiente que envolve das características organizacionais,

como sistemas de recompensas e punições, de fatores sociais,

de políticas, de coesão grupal existente etc.).

Essas necessidades humanas, tidas como forças ativas e

impulsionadoras do comportamento, apresentam uma enorme

imensidão. Isso porque as pessoas são diferentes entre si, possuem

necessidades diferentes e estas, consequentemente, produzem padrões

de comportamento que variam de indivíduo para indivíduo.

Apesar de todas essas diferenças enormes, em pesquisas

realizadas acerca do comportamento humano, foi constatado que o

processo que dinamiza o comportamento humano é mais ou menos

semelhante para todas as pessoas.

Baseando-se nos pressupostos de Chiavenato (1998, p. 76-77)

podem ser definidas três suposições para explicar o comportamento

humano, das quais a análise nos é válida, pois elas estão intimamente

relacionadas com o processo de motivação:

a)O comportamento humano é causado, ou seja, existe uma

causalidade do comportamento.

Tanto a hereditariedade como o meio ambiente influem

decisivamente sobre o comportamento das pessoas. O comportamento

é causado por estímulos internos ou externos.

b) O comportamento é motivado, ou seja, há uma finalidade em

todo comportamento humano.

O comportamento não é causal, nem aleatório, mas sempre

orientado e dirigido para algum objetivo.

c) O comportamento humano é orientado para objetivos

pessoais. Subjacente a todo comportamento existe sempre um impulso,

um desejo, uma necessidade, uma tendência, expressões que servem

para designar os motivos do comportamento.

Page 118: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Motivação de Desempenho Sendo o comportamento humano fundamentalmente orientado

por objetivos, sejam eles conhecidos ou inconscientes, fica evidente a

importância de se associar atitudes motivacionais a esses objetivos.

Esses fatores motivacionais vão influir diretamente no

comportamento do indivíduo e, consequentemente, no seu

desempenho dentro da organização. Essa última afirmação justifica a

importância de uma breve dissertação sobre a relação entre a

motivação e o desempenho, assim como sobre os aspectos a estes

relacionados.

Na verdade, tratam-se de três itens – motivação, comportamento

e desempenho – que se apresentam estreitamente ligados. O

desempenho é uma manifestação do comportamento humano nas

organizações, podendo assim também ser motivado pelo próprio

indivíduo (motivos internos) ou pela situação ou ambiente em que ele

se encontra (motivos externos) (MAXIMIANO, 1995, p. 318).

Motivação interna São as necessidades, aptidões, interesses e habilidades do

indivíduo, que o fazem capaz de realizar certas tarefas e não outras;

que o fazem sentir-se atraído por certas coisas e evitar outras; o que o

fazem valorizar certos comportamentos e menosprezar outros. Podem

ser definidos ainda como os impulsos interiores, de natureza fisiológica

e psicológica, afetados por fatores sociológicos: necessidades,

frustração, aptidão, habilidades, atitudes e interesses.

Motivação externa São os estímulos ou incentivos que o ambiente oferece ou

objetivos que a pessoa persegue porque satisfazem a uma necessidade,

Page 119: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

despertam um sentimento de interesse porque representam a

recompensa a ser alcançada.

Os motivos externos podem ser divididos em duas categorias

principais – o trabalho e as condições de trabalho – segundo uma

classificação feita numa teoria proposta por Frederick Herzberg, que

exerceu grande influência nos estudos sobre a motivação (MAXIMIANO,

1995, p. 318 e 326).

A compreensão da motivação do comportamento exige o

conhecimento das necessidades humanas, por se tratar de um dos

motivos internos mais importantes que orientam o comportamento e o

desempenho do indivíduo.

Em pesquisas realizadas por diversos autores, estudiosos da

motivação humana, constatou-se que existem certas necessidades

humanas fundamentais e também algumas cujas causas escapam ao

próprio entendimento do homem.

Essas causas se chamam necessidades ou motivos e são forças

conscientes ou inconscientes que levam o indivíduo a apresentar um

determinado comportamento. Assim, conforme dito anteriormente, a

motivação se refere ao comportamento, que é causado por

necessidades de dentro do indivíduo e que é dirigido em direção aos

objetivos que podem satisfazer essas necessidades.

Ao longo de sua vida, o homem evolui por três níveis ou estágios

de motivação à medida que vai crescendo e amadurecendo, vai

ultrapassando os estágios mais baixos e desenvolvendo necessidades

de níveis gradativamente mais elevados. As diferenças individuais

influem quanto à duração, intensidade e fixação em cada um desses

estágios; assim como na predominância de uma necessidade sobre as

demais.

Apesar dessas variâncias entre indivíduos ou grupos, temos uma

forma de generalização das necessidades humanas, estabelecidas

através de categorias ou hierarquia e propostas por estudiosos do

Page 120: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

assunto, como Maslow, por exemplo. Os três níveis ou estágios de

motivação correspondem às necessidades fisiológicas, psicológicas e de

auto realização (CHIAVENATO, 1999, p.157-158).

Necessidades fisiológicas Constituem-se as necessidades primárias, essenciais à

sobrevivência do indivíduo. São inatas e instintivas, estão relacionadas

no nível mais baixo na classificação hierárquica e exigem satisfação

periódica e cíclica.

As principais são: alimentação, sono, actividade física, satisfação

sexual, abrigo e protecção contra os elementos e de segurança física

contra os perigos. Quando satisfeitas facilmente, deixam de ser uma

motivação importante e, se forem bem controladas pelo cotidiano,

podem nem influenciar no comportamento. Por outro lado, se por

alguma eventualidade, elas não forem satisfeitas, passam a atuar com

intensidade extremamente forte.

Necessidades psicológicas Segundo Chiavenato (1999) podem ser definidas como as

necessidades secundárias e exclusivas do homem. São aprendidas e

adquiridas no decorrer da vida e representam um padrão mais elevado

e complexo. Raramente são satisfeitas em sua plenitude, por completo,

por que o homem, por natureza está sempre buscando maiores

satisfações dessas necessidades, que vão se desenvolvendo e se

sofisticando gradativamente.

Segundo o mesmo autor (CHIAVENATO, 1999), constituem-se as

principais necessidades psicológicas:

a) Necessidade de segurança íntima

É aquela que leva o indivíduo a buscar sua autodefesa, a

proteção contra o perigo, à ameaça ou à privação potenciais.

Page 121: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Conduz a uma busca sem fim à tranqüilidade pessoal e à uma

situação segura para o indivíduo.

b) Necessidade de participação

Como o homem é um ser social, vive em grupo, ele tem a

necessidade de estar participando de alguma coisa ou

empreendimento, interagindo a todo momento com o meio e

com outras pessoas. Estão relacionadas a essa necessidade, a

necessidade de reconhecimento do grupo a que pertence, de

aprovação social, de calor humano, de dar e receber amizade

etc.

c) Necessidade de auto confiança

Está intimamente ligado ao conceito que o indivíduo tem de si

mesmo, sendo decorrente da auto-avaliação de cada

indivíduo.

d)Necessidade de afeição

Relacionada à condição da vida em grupo e da necessidade de

socialização, é a necessidade de dar e receber carinho.

d) Necessidades de auto-realização

É a síntese de todas as outras necessidades, podendo ser

definida como o impulso que cada um tem de realizar o seu

próprio potencial, de estar em contínuo autodesenvolvimento.

Tratam- se de necessidades mais elevadas, produtos da

educação e da cultura, podendo, portanto variar muito.

Devido à busca constante do homem por novas metas, cada

vez mais complexas, raramente são satisfeitas em sua

plenitude (CHIAVENATO, 1999).

Page 122: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Teorias Motivacionais

A teoria de campo de Kurt Lewin

Desde de 1935, já se referia em suas pesquisas sobre o

comportamento social ao importante papel da motivação – baseia-se

em duas suposições fundamentais:

a) O comportamento humano é derivado da totalidade de fatos

coexistentes.

b) Esses fatos coexistentes têm o caráter de um campo

dinâmico, no qual cada parte do campo depende de uma inter-relação

com as demais outras partes.

Assim, afirma que o comportamento humano não depende só do

passado, ou do futuro, mas do campo dinâmico atual e presente. Esse

campo dinâmico é o “espaço de vida que contém a pessoa com seu

ambiente psicológico”. Foi Lewin que instituiu o termo ambiente

psicológico (ou ambiente comportamental) como sendo o ambiente tal

como é percebido e interpretado pela pessoa e relacionado com as

atuais necessidades do indivíduo (CHIAVENATO, 1998).

Teoria dos dois fatores – Frederick Herzberg

Elaborada com base em pesquisas feitas para estudar a relação

entre a produtividade e a moral, questionavam os aspectos agradáveis

e desagradáveis de seu trabalho. Chegaram à conclusão de que os

aspectos satisfatórios estavam mais relacionados ao conteúdo do

trabalho (denominados fatores intrínsecos ou de motivação), enquanto

os aspectos insatisfatórios diziam respeito às condições dentro das

quais o trabalho era executado (factores extrínsecos ou higiênicos).

Em linhas gerais – com base nessas conclusões – Herzberg e

seus colaboradores afirmam que as pessoas são motivadas apenas

pelos fatores intrínsecos, ou seja, apenas o trabalho em si e os fatores

que lhe são diretamente relacionados podem motivar as pessoas

(CHIAVENATO, 1998).

Page 123: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Hierarquia das necessidades – Maslow

De acordo com as teorias das necessidades, referidas

anteriormente, os motivos do comportamento humano residem no

próprio indivíduo: sua motivação para agir e se comportar derivam de

forças que existem dentro dele.

A teoria de Maslow tem uma importância relevante no estudo da

motivação humana, pois segundo o autor as necessidades humanas

estão dispostas numa pirâmide de relevância e de influenciação do

comportamento humano. Na base da pirâmide estão as necessidades

mais baixas e recorrentes, chamadas necessidades primárias –

necessidades fisiológicas e de segurança –; enquanto no topo

estão as mais sofisticadas e intelectualizadas – necessidades

secundárias: sociais, de estima e de auto-realização

(CHIAVENATO,1999).

O modelo contingencial de motivação de Vroom

Victor H. Vroom desenvolveu uma teoria da motivação que

reconhece a evidência de que diferentes pessoas reagem de diferentes

maneiras, conforme a situação em que estejam colocadas, enfatizando

assim as diferenças individuais.

Segundo ele, existem três fatores que determinam em cada

indivíduo a motivação para produzir (CHIAVENATO, 1998, P. 76):

a) Os objetivos individuais, ou seja, a força do desejo de atingir

objetivos.

b) A relação que o indivíduo percebe entre a produtividade e o

alcance dos seus objectivos individuais.

c) A capacidade de o indivíduo influenciar seu próprio nível de

produtividade, à medida que acredita poder influenciá-lo.

Page 124: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Teoria da expectação - Lawler

Lawler encontrou fortes evidências de que o dinheiro pode

motivar o desempenho e outros tipos de comportamento, como o

companheirismo e dedicação à organização. Porém, verificou-se que o

dinheiro tem apresentado pouca potência motivacional em virtude da

sua incorrecta aplicação pela maior parte das organizações

(CHIAVENATO, 1999).

Em síntese, o autor concluiu que o dinheiro pode ser poderoso

motivador se as pessoas acreditarem haver uma ligação direta ou

indireta entre desempenho e o aumento de remuneração.

Segundo Lalwer, se essa percepção for alcançada e confirmada,

as pessoas certamente terão um melhor desempenho tendo em vista o

resultado financeiro desejado.

Fala-se muito em motivação humana, no entanto existem

determinados pontos positivos e negativos que devem de ser tido em

conta e consequentemente abordados e analisados.

Estes aspectos positivos e negativos também são muito relativos,

tendo em conta o tipo de estratégia adotada.

Pontos positivos

Queiroz (1999), como pontos positivos os seguintes aspectos:

a) Promover uma motivação que oriente o individuo a ter um

comportamento propício a atingir os seus objetivos pessoais.

b) Pesquisas comprovam que indivíduos que possuem suas

necessidades suprimidas – pelo menos a nível considerados relevantes,

porque fazê-lo na sua plenitude é raro – trabalham mais satisfeitos,

apresentando aumento representativo da sua produtividade.

c) O programa de incentivos representa um ponto positivo uma

vez que revela o reconhecimento pelo desempenho do trabalhador.

Além das necessidades de reconhecimento, os programas de incentivo

procuram atender as necessidades de auto-estima e auto-realização do

individuo.

Page 125: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Pontos negativos

Em relação aos pontos negativos, referentes ao uso e aplicação

da teoria da motivação, Queiroz (1999) salienta alguns aspectos tais

como:

a) O uso de estratégias de motivação ou seja, a

insatisfação de determinadas pode resultar em

frustração. Comportamentos resultantes de frustração

que podem gerar comportamentos de fuga ou de

compensação. A resignação também é um processo

propício de acontecer o indivíduo deixa-se abater pela

sensação de fracasso entregando-se ao desânimo.

b) Não existência de uma teoria ou proposta única que garanta

eficácia na motivação humana. Cada aspecto deve ser analisado se

verificar sua viabilidade ou não.

Pode-se verificar que a motivação humana tem sido alvo de

estudos, valorizando-se cada vez mais o homem como ser social. É

importante conhecer as causas e os fatores que influênciam o

comportamento humano, assim como suas necessidades, uma vez que

a motivação é trabalhada sob esses aspectos. O fato de que todo

comportamento ser dirigido para um determinado objectivo.

A motivação deve servir de estímulo ao individuo, a fim de

recuperar suas necessidades e desejos, através de comportamentos

que promovam a realização dos seus objetivos.

Os Grupos e a sua dinâmica

O Homem vive em relação com os seus semelhantes, relações

essas que podem ocorrer de várias formas e em diversos contextos. Em

função dessas relações, os indivíduos englobam-se em Grupos.

Page 126: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Grupo é um conjunto de indivíduos com um objectivo comum e

em interdependência, que cooperam entre si e estabelecem relações

duradouras com vista a atingir o fim que os reuniu.

É então uma unidade social de duas ou mais pessoas que:

Têm objectivos comuns cooperando para os atingir;

Interagem com frequência;

Partilham valores e normas;

Mantêm uma relativa permanência no tempo;

Apresentam diferenciação de funções;

Desenvolvem actividades em conjunto;

Reconhecem-se e são reconhecidos pelos outros como

sendo um grupo

Tipos de Grupos

Os grupos primários são grupos informais, onde ocorrem as

relações espontâneas, naturais ou informais, têm como função

fundirem as personalidades individuais, nomeadamente:

A família

O grupo de amigos

A escola

Os grupos secundários são formais e mantêm relações

impessoais, baseadas em papéis e expectativas definidas, como por

exemplo, no local de trabalho.

As actividades que um grupo de formação realiza contribuem

para a produção de novos saberes, para novas práticas e para o

desenvolvimento de cada elemento desse grupo. Um grupo eficiente,

tem de ser considerado segundo a articulação de diversas variáveis:

Page 127: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Estrutura

Tamanho: a qualidade do trabalho de grupo aumenta até um

certo número de participantes (4, 5 elementos). Se o número aumentar

a eficácia diminui.

Maturidade: o formador tem de assegurar os processos de

amadurecimento do grupo, enquanto tal.

Igualdade de participação: tem de ser mantida pelo formador e

por processos internos de funcionamento. A livre comunicação de ideias

tem de ser garantida.

Ambiente

Local de trabalho

Relação com os outros grupos

Situação no seio da organização

Tarefa

Natureza da tarefa

Dificuldade da tarefa

Tempo disponível para a realização da tarefa

Processos Intra e Interpessoais

Estilo de liderança

Motivação

Coesão

O formador enquanto facilitador do relacionamento interpessoal,

numa situação de formação, numa sala com um grupo de pessoas que

não se conhece, tem a responsabilidade de animador dos participantes

naquela situação de aprendizagem. É um pedagogo que observa

Page 128: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

pessoas-grupos-situações, um catalizador da mudança do processo de

aprendizagem e incentiva as pessoas a apropriarem-se dos vários

saberes. Como conhecedor do funcionamento do grupo deverá seguir

algumas regras de animação:

Promover a comunicação – Confronta as expectativas,

manifestações espontâneas e experiências dos participantes;

Facilitar a assimilação/apropriação – Os formandos sentir-

se-ão convidados a reter aquisições e a optar por novos

comportamentos;

Criar/Sustentar o grupo – Durante o tratamento dos temas, o

formador atende às pessoas individualmente, mas também ao grupo,

como um conjunto autónomo, com espaço para modificações de

atitudes e comportamentos, criando-se condições motivadoras para a

participação de todos.

As Funções do grupo

O funcionamento do grupo supõe o desempenho de dois tipos de

funções:

Funções Externas – resultam do intercâmbio com

o meio envolvente;

Funções internas – resultam das trocas no

interior do grupo.

Page 129: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

No grupo de formação as funções internas são as mais

relevantes:

•Função de Produção

Diz respeito à tarefa a cumprir. O formador terá de assegurar

que os objectivos sejam claramente entendidos e aceites por todos.

•Função de Facilitação

Consiste na definição das normas de funcionamento e dos papéis

a desempenhar pelos membros do grupo. Deve ser assegurado o seu

cumprimento de forma a que se consiga alcançar os objectivos.

•Funções de Regulação

É na relação do grupo que o formador tem que actuar,

regulando os conflitos e assegurando a coesão do grupo necessária à

sua sobrevivência e à prossecução dos objectivos.

Tipos de Liderança e os seus efeitos na

prática pedagógica

Page 130: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

A liderança é encarada como um fenómeno social e que ocorre

exclusivamente em grupos sociais. É uma questão de tomada de

decisão.

Líder: é o indivíduo que suscita efeitos de imitação por parte dos

seus seguidores, quem dá o exemplo pela primeira vez. É a

personagem central do grupo.

Todo o líder tem traços de personalidade que os elementos do

grupo valorizam, nomeadamente, inteligência, autoconfiança,

participação social, poder oratório, capacidade de acção e de afirmação,

iniciativa, etc. No entanto, não existem traços característicos universais

de um líder e da sua eficácia – cada situação e cada grupo definem um

determinado líder.

O líder é eleito (aceite) pelo grupo e influencia o comportamento

dos seus seguidores através das características da sua personalidade.

Funções da liderança:

Tomar iniciativas

Regulamentar

Informar

Apoiar

Avaliar

Marcar o ritmo de trabalho

Coordenar os vários elementos

Page 131: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Estilos de Liderança

Liderança Autoritária ou Autocrática

-Decide sozinho sem qualquer participação do grupo;

-Exige submissão;

-Determina a tarefa que cada um deve executar e quem é

o seu companheiro de trabalho;

-Dominador e impessoal;

-Dita regras e por vezes é hostil.

Efeitos no Grupo

-Desmotivação e agressividade secreta;

-Comunicações superficiais e estereotipadas;

-Tensão e frustração no grupo;

-Conflitos, dependência e insegurança.

Liderança Democrática

-As directrizes são debatidas e decididas pelo grupo sob

orientação do líder;

-Cada grupo pode escolher os seus companheiros de

trabalho;

-O líder procura ser um membro normal do grupo;

-O líder apoia o grupo em termos operacionais e afectivos;

-É objetivo e realista nos elogios e críticas;

-Está atento às necessidades do grupo.

Efeitos no Grupo

-Confiança no líder;

-Criatividade e profundidade da comunicação;

Page 132: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

-Motivação e Coesão;

-Diminuição de conflitos.

Liderança Laissez-Faire

-Liberdade completa para as decisões grupais ou

individuais;

-Participação mínima do líder;

-Apresenta informações, matérias e disponibilidade, mas

não se interessa pelo grupo.

Efeitos no Grupo

Revolta contra o líder;

Desmotivação dos membros;

Risco de afastamento dos objectivos planeados;

Experiências insatisfatórias;

Luta pelo poder e anarquia.

O grupo é uma realidade poderosa nas situações formativas. O

formador necessita saber lidar com essa realidade, sendo da sua

competência regular as suas actividades, canalizar as suas energias e

garantir um clima propício à aprendizagem.

As técnicas de trabalho em grupo permitem ainda desenvolver as

capacidades de comunicação dos formandos, fomentando o

desenvolvimento de um maior número de interacções verbais e são os

formandos os actores dessas interacções.

Quando abordamos os papéis que os diferentes indivíduos

assumem, pensamos num determinado conjunto de atitudes que

constituem uma base de referência e possibilitam a previsibilidade de

Page 133: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

comportamentos face a determinado contexto ou situação. Em situação

de ensino-aprendizagem é possível distinguir:

O papel do formador

O formador não directivo centrado nos problemas do grupo,

deverá:

Suscitar aos formandos, os comportamentos necessários

ao desenvolvimento dos objectivos da formação;

Estabelecer relações de apoio e cooperação com os

membros;

Incentivar/colaborar a procura autónoma de

conhecimentos;

Realçar o papel individual de cada um na aprendizagem;

Ser “moderador de conflitos”.

O papel do formando

É possível distinguir, em situação de formação, alguns

perfis adoptados pelos formandos.

Sabichão: tenta impor aos outros as suas ideias com grande

convicção. Não é receptivo a ouvir os outros e raramente abdica das

suas opiniões.

Atitude sugerida ao formador:

Reforçar a confiança do grupo, dirigindo-lhe

perguntas de resposta não imediata;

Concordar que aquela é uma perspectiva possível,

mas pede ao grupo que manifeste a sua opinião.

Page 134: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Mudo – apático e silencioso. Não participa, considera-se

superior ou inferior ao assunto em discussão.

Atitude sugerida ao formador:

Solicitar com tacto, a sua opinião sobre algo que

seja possível relacionar com os seus interesses, realçando a

importância da experiência de todos os elementos do grupo;

Fazer com que o grupo perceba a intenção do

formador levar o mudo a participar.

Tímido – extremamente preocupado em não errar. Tem receio

do julgamento que os outros possam fazer e tem muita dificuldade em

expor-se ou ser alvo da atenção do grupo enquanto fala. Muitas vezes é

um observador atento e interessa-se pela vida do grupo.

Atitude sugerida ao formador:

Dirigir-lhe perguntas fáceis e de modo pouco

directivo;

Reforçar as suas intervenções, chamando a atenção

dos outros participantes para ela.

“Demodé” – tem ideias um pouco antiquadas. É rígido e

conservador. Dirige-se ao grupo com atitudes de superioridade,

marcando um certo distanciamento.

Atitude sugerida ao formador:

Respeitar a sua susceptibilidade;

Não o criticar directamente, mas apresentar

correcções como sugestões.

“Bocas” – é distraído e distrai os outros. Os seus interesses são

essencialmente lúdicos, daí que as suas colaborações são esporádicas e

sem grande investimento.

Page 135: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Atitude sugerida ao formador:

Tratá-lo pelo seu nome para o “ligar à terra” e

colocar-lhe perguntas directas e fáceis;

Pedir-lhe opinião sobre o que acaba de ser dito.

Zé Marreta – é de ideias fixas, gosta de discutir e está sempre

do contra. Critica o trabalho dos outros.

Muito na defensiva, tenta impor-se pela agressividade ferindo os

outros. Embora ninguém goste de trabalhar com ele parece ter orgulho

em ser assim.

Atitude sugerida ao formador:

Não se deixar envolver nos conflitos;

Aproveitar as ideias interessantes que possa emitir

fazendo-o sentir-se membro de uma equipa.

Fala Barato – fala, fala, fala… tem grande necessidade de

atenção e cansa o grupo com facilidade.

Atitude sugerida ao formador:

Esperar o momento oportuno e cortar-lhe a

comunicação, agradecendo a sua contribuição, mas alertando

para o facto de que também está interessado em ouvir as

opiniões dos colegas.

Trabalhador – seguro de si, tem muitas ideias, colabora e

empenha-se animadamente.

Atitude sugerida ao formador:

Procurar obter a sua contribuição;

Reforçar a sua conduta, agradecendo-lhe.

Page 136: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Extrovertido – é alegre, amigo do grupo e muito bom

companheiro. Partilha as suas experiências, conta piadas interessantes,

anima o grupo.

Atitude sugerida ao formador:

Tê-lo como aliado, já que é um elemento querido

do grupo.

Actualizado – tem ideias inovadoras, procura informação

dentro e fora de grupo. Faz e aceita críticas construtivas.

Atitude sugerida ao formador:

Reforçar as suas contribuições;

Enquadrar as suas perspectivas nos métodos de

trabalho adoptados.

Criançola – preguiçoso, gosta de tudo bem mastigado. Gosta de

obter ganhos, mesmo sem fazer nada.

Atitude sugerida ao formador:

Intervir, no sentido de responsabilizar e interessar

palas actividades, salientando os benefícios.

Gestão de Conflitos A definição de Conflito é plural apresentando escasso consenso.

Uma das definições mais sóbria pode ser “processo que se inicia

quando um indivíduo ou um grupo se sente negativamente afectado

por outra pessoa ou grupo” (De Dreu; 1997, p. 9) ou outra mais

enfática como “Divergência de perspectivas, percebida como geradora

de tensão por pelo menos uma das partes envolvidas numa

determinada interacção e que pode ou não traduzir-se numa

incompatibilidade de objectivos” (De Dreu & Weingart; 2002; Dimas,

Lourenzo e & Miguez, 2005). [2]

Page 137: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Convém esclarecer que Conflito é diferente de problema. Num

Conflito existem partes em confronto e desenvolve-se uma atitude de

hostilidade, enquanto num problema há um grupo de pessoas que

trabalham em conjunto, desenvolvendo-se uma atitude de aproximação

(Almeida, 1995). [3]

Em geral, entende-se o Conflito como um processo no qual o

esforço é propositadamente feito por “A” para destruir o esforço de “B”,

com recurso a qualquer forma de bloqueio que resulte na frustração de

“B” no que concerne à prossecução das suas metas e ao seu

desenvolvimento dos seus interesses. [4]

A visão tradicional do conflito sustenta que o conflito deve ser

evitado, por induzir disfunção na organização. Outro ponto de vista é a

da escola de pensamento das Relações Humanas, que sustenta que o

conflito é natural, sendo inevitável num qualquer grupo ou organização,

e não tem de ser visto negativamente, mas pode ser mesmo uma força

positiva para o desenvolvimento da produtividade da organização. A

visão interaccionista tem como argumento, que o conflito não pode ser

apenas positivo. Com a evolução cultural e tecnológica, os conflitos

foram mudando não só quanto à sua intensidade e magnitude, mas

também foram evoluindo consoante a sociedade. É cada vez mais

importante que um indivíduo possa e saiba superar e lidar com os

conflitos.

O conflito é encarado como sendo um fenómeno que ocorre

devido às disposições divergentes em relação a algum comportamento,

necessidade ou interesse comum, devendo de ser encarado como uma

oportunidade para solucionar problemas e criar novos entendimentos e

perspectivas sobre uma ou várias temáticas. Uma das questões que se

levanta quanto a esta temática é a falta de preparação das pessoas

para lidar com os conflitos, podendo estes chegar a atingir situações

extremas, tais como confronto e violência, tanto física como

psicológica.

Page 138: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

No mundo actual uma das capacidades mais apreciadas é a

capacidade de resolver conflitos. O conflito pode ser resolvido com

ganhos para ambas as partes envolvidas. Enquanto forma social, o

conflito pode possibilitar momentos de construções e destruições, quer

sob as instituições, estruturas, processos, relações e interacções sociais.

Nesta perspectiva, os conflitos sociais são destacados como sendo

socialmente importantes. Segundo Simmel, uma das virtudes do

conflito é interpretada como sendo um atributo positivo que reside no

fato de existir um espaço onde as partes podem encontrar-se num

determinado plano situacional. O conflito possui a capacidade de

constituir-se num espaço social, em que o próprio confronto é um ato

de reconhecimento e, ao mesmo tempo, produtor de um metamorfismo

entre as interações e as relações sociais daí resultantes. Uma outra

característica positiva, reside no fato de serem superados os limites

socialmente estabelecidas e estruturadas pelos resultados dos

entrelaçamentos ocorridos na sociedade.

Na atualidade, as referências genéricas estão expressas nas mais

diversas formas de violência; o entendimento sobre os conflitos tem

assumindo uma importância relevante para a compreensão da realidade

social moderna, na medida em que, a violência estaria ocupando papel

significativo e interferindo na própria rotina social. Assim é destacada a

importância do conflito como um elemento integrante das interações

sociais.

No conflito, também, destaca-se uma outra dimensão, a de ser

ele um encontro social, com a capacidade de produzir resultados e, em

virtude disso, considerado como algo socialmente construtivo, na

medida em que:

O próprio conflito resolve a tensão entre contrastes. [...]. Essa

natureza aparece de modo mais claro quando se compreende que

ambas as formas de relação – a antitética e a convergente – são

Page 139: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

fundamentalmente diferentes da mera indiferença entre dois ou mais

indivíduos ou grupos. (...) o conflito contém algo de positivo. (SIMMEL

1983, p. 123).

A união ou a desunião resultantes do conflito é um instante em

que as partes se enfrentam e não se identificam enquanto semelhantes.

Mas, o interessante, é que o conflito é uma dimensão que estipula

limites e circunscreve espaços, ao crivar o singular e o desigual das

partes constitutivas das associações.

A discussão conceitual sobre o conflito é de vital importância, já

que, através dela, poderemos sistematizar alguns aspectos que venham

retractar o nosso quotidiano.

Pode-se definir conflito como uma tensão que envolve pessoas

ou grupos quando existem tendências ou interesses incompatíveis. O

conflito ocorre em relações próximas e/ou interdependentes em que

existe um estado de insatisfação entre as partes envolventes, podendo

ter várias origens: divergência de interesses, competição pelo poder,

incompatibilidade de objectivos, partilha de recursos escassos,

desacordo de pontos de vista…

A situação de conflito pode assumir o carácter de conflito

intrapessoal (conflito interno), conflito interpessoal (conflito entre

pessoas) e conflito intergrupal (conflito entre grupos).

O Conflito Intrapessoal é vivido quando o individuo está perante

motivações que são incompatíveis numa perspectiva positiva. A vivência

de conflitos marca crises que se manifestem em angústia e confusão,

colocando em causa a forma como vemos e como estamos no mundo.

O conflito intrapessoal é a situação na qual há pelo menos duas

necessidades simultâneas em que a satisfação da primeira implica a

insatisfação da segunda, impelindo a acção da pessoa para direcções

diferentes, acarretando desconforto.

Page 140: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

No que diz respeito ao conflito intergrupal é um conflito entre as

pessoas que compõem um grupo. Considera-se que os conflitos têm

aspectos negativos porque correspondem a períodos de tensão e de

insatisfação das pessoas e dos grupos e têm aspectos positivos porque

o confronto é gerador de mudança, que é o fundamento da evolução e

do desenvolvimento social.

O conflito interpessoal por sua vez é a situação na qual duas ou

mais pessoas divergem na percepção, proposta de acção sobre algum

ponto em comum.

O conflito interpessoal pressupõe a tentativa de defesa dos seus

interesses e da sua opinião e em oposição provar á outra parte que

está errada. Muitas vezes as pessoas recorrem a troca de insultos,

tentam responsabilizar o outro, humilhações, etc. Este tipo de

comportamento desencadeia um plano emocional negativo e leva as

partes á acções extremas. No âmbito de um conflito torna-se difícil lidar

com as suas emoções. O conflito interpessoal é resultado de ausência

de concordância no sistema de interacção entre as pessoas. Começam

a surgir pontos de vista, interesses, opiniões diferentes em relação aos

mesmos problemas que naquela etapa de relacionamento representa

um perigo para a interacção saudável.

Muzaferd Sheri, psicólogo Turco.-Estudo de Caso

Muzaferd Sheri dividiu num campo de férias de Verão dois grupos de

rapazes, as “águias” e as “serpentes”. Estes depois de passarem por

uma primeira fase de cooperação foram sujeitos a jogos e actividade de

competitividade. Na Segunda fase verificou-se que o nível de

competitividade aumentou manifestando-se na segunda semana como

um fote rivalidade. Na terceira fase os investigadores excluíram as

actividades competitivas e procuraram que os rapazes se unissem,

Page 141: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

favorecendo o contacto entre eles. O que se verificou é que existia

grande conflito entre as pessoas pertencentes a diferentes grupos. Na

experiência feita por Muzafer Sherif constata-se que o conflito é maior

quando as pessoas vêem o que são (por exemplo “águias”) em

comparação com o grupo contrário (as “serpentes”) porque reforçam a

ideia do pensamento grupal. Da mesma experiência, retira-se o papel

importante que a cooperação tem na resolução dos conflitos, isto é, os

dois grupos em análise só se entenderam quando tiveram que

colaborar conjuntamente para atingir um objectivo comum.

Meios para ultrapassar conflitos: A cooperação, a mediação

e a negociação.

Conflito e Cooperação

Ao ultrapassar um conflito, desenvolvemo-nos psicologicamente,

pois somos capazes de responder de forma mais adaptada e eficaz ao

que nos é exigido pela sociedade. Muzafer Sherif e a sua equipa

tentaram formas de se ultrapassar o conflito entre os grupos, omitindo

actividades competitivas e promovendo outras que motivassem o

contacto directo entre grupos. Contudo a tentativa revelou-se um

fracasso.

Page 142: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=SoyXXt5SmRo

Conflito e Mediação

A mediação é uma forma de resolver um conflito, recorrendo a

uma outra parte. O papel do mediador é promover a comunicação. A

forma do mediador é clarificando a situação, reduzindo a tensão ou

propondo concessões com o objectivo chegar a um acordo que pode

ser atingido ou não ou de nível satisfatório de parte de ambos.

A mediação pode ser familiar, por exemplo, quando há um divórcio. Um

outro exemplo numa escala mais ampla nas relações internacionais: a

ONU procura ser mediadora de crises e conflitos entre Países.

Page 143: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Conflito e Negociação

A negociação é um processo de conflitos em que as partes

intervenientes, voluntariamente, procuram construir um acordo no

sentido de impedir o desenvolvimento de hostilidade para fases mais

agudas. Ou seja a negociação procura construir um acordo no sentido

de impedir o desenvolvimento da hostilidade para fases mais agudas. A

negociação visa evitar enfrentar a confrontação directa. É um processo

dinâmico em que as duas ou mais partes fazem cedências e exigências

mútuas.

É estranho assimilar a ideia de que os conflitos possuam um lado

positivo, a verdade é que esta ideia constata-se quer a nível

intrapessoal quer a nível intragrupal..

Os conflitos intrapessoais (o que cada um de nós vive quando

está perante motivações que são incompatíveis) são positivos porque

depois de ultrapassados somos capazes de responder de forma mais

adaptada à situação que vivemos.

Ao nível intragrupal os conflitos também contam com o seu carácter

positivo, isto porque o confronto é gerador de mudança que é

fundamento de evolução e do desenvolvimento social. Perdendo a

conotação totalmente negativa, os conflitos são encarados como um

elemento vital à mudança. A título de exemplo, pensemos no contributo

dos conflitos entre os negros e os brancos para o reconhecimento da

Page 144: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

igualdade de todos os cidadãos ou então pensemos talvez nas

manifestações em Paris lideradas por estudantes em Maio de 1968 que

abalaram o sistema político vigente em França tendo como

consequência a melhoria do funcionamento de inúmeras instituições

sociais.

Os conflitos são uma realidade e podem ser úteis em diferentes

instâncias, isto porque impedem a estagnação e estimulam o

surgimento de ideias e estratégias.

Contudo apesar de os conflitos incrementarem um carácter pernicioso

estes também possuam um carácter positivo inerente à vida social do

Homem.

A4. Métodos e Técnicas Pedagógicas

Competências a adquirir

Pretende-se que cada formando, após este módulo esteja apto a:

- Escolher e a aplicar as técnicas e os métodos pedagógicos

mais adequados aos objetivos, aos públicos-alvo e ao contexto de

formação;

- Descrever as vantagens e importância da criatividade em meio

pedagógico;

- Identificar estratégias inclusivas de públicos diferenciados;

- Identificar vantagens e desvantagens da aplicação das

diferentes técnicas pedagógicas em contextos diferenciados.

Metodologias e técnicas de ensino/

aprendizagem

Page 145: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Aprendizagem Passiva

O formando apenas ouve e não participa activamente no

processo de aprendizagem;

Apenas assimila (ou não) o que o formador transmite;

Parte-se do princípio que o formando é uma tábua rasa;

É das mais usadas (implica menos trabalho e é mais fácil de

aplicar);

É muitas vezes repetitivo e pouco interessante;

Leva à distracção, desmotivação e cansaço;

Pode causar uma falsa aprendizagem (o formando apenas

reproduz um conhecimento decorado);

Não é focada no trabalho em grupo;

Premeiam-se os formandos pelos resultados individuais.

Aprendizagem Activa

O formando tem o papel central, é o construtor da sua

própria aprendizagem;

O formador não ensina directamente, apenas cria as

ferramentas e constrói um ambiente favorável à aprendizagem;

O formando é incentivado descobrir estratégias criativas,

para decidir o que vai assimilar e como vai assimilar;

Aposta-se nas estratégias (compreender) e não nas

técnicas (executar);

Aprendizagem dinâmica, através de actividades baseadas

em projectos, tendo em conta o grupo e centradas em encontrar

soluções para os problemas.

Page 146: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Estilos de aprendizagem

Exploratória

Aprendizagem exploratória

Observação e Imitação

Investigação e pesquisa

Estudo e reflexão

Colaborativa

Aprendizagem colaborativa

Troca de ideias

Diálogo

Discussão

Crítica

Critérios de escolha dos métodos

pedagógicos

Características dos formandos:

Ritmos de aprendizagem

Necessidades dos formandos

Relações intragrupais

Número de formandos

Page 147: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Características do Saber:

Características do próprio saber

Conteúdos

Objectivos da formação

Condicionamentos e recursos inerentes à situação de formação:

Organização do espaço

Duração/Gestão do tempo

Instalações e equipamentos

Custos

Estilo pedagógico do formador

Caracterização dos Métodos e Técnicas Pedagógicas mais

Utilizados na Formação

Os métodos e as técnicas pedagógicas têm como finalidade

facilitar a transmissão de conhecimentos, a aprendizagem do saber-

fazer, o desenvolvimento pessoal, a evolução dos comportamentos, ou

seja atingir os objectivos predefinidos.

O que são Métodos Pedagógicos?

Conjunto coerente de acções do formador destinado a fazer

desenvolver nas pessoas a capacidade de aprender novas habilidades,

obter novos conhecimentos e modificar atitudes e comportamentos.

Implica a ordenação de meios e na aplicação coordenada de um

conjunto de técnicas e procedimentos.

Estes métodos podem exercer a sua acção em diferentes planos,

segundo os níveis do saber a atingir:

Page 148: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

O que são Técnicas Pedagógicas?

Pode considerar-se como técnica pedagógica as atitudes,

procedimentos e actuações que o formador adopta no seu todo, de

forma a utilizar correctamente os diferentes instrumentos de formação

disponíveis (a palavra, o gesto, a imagem, o audiovisual, o texto, a

informática).

Os métodos podem considerar-se como sendo as estratégias que

o formador utiliza para alcançar os objectivos a que se propôs.

As técnicas são tácticas que se destinam a suscitar nos

formandos um ou diversos comportamentos de aprendizagem.

Saber-Saber

Saber-Fazer Saber-

Ser/Estar

Page 149: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Os Métodos pedagógicos podem ser de quatro tipos:

Expositivo

Interrogativo

Demonstrativo

Activos

Método Expositivo

Este método baseia-se na transmissão de um saber constituído do

formador ao formando, ou seja, tem como objectivo a transmissão de

conhecimentos.

É por norma o método mais utilizado e por isso o mais contestado, pois

existe uma comunicação unilateral (formador/formando), onde o

receptor é por isso mesmo passivo. Aplica-se ao domínio cognitivo.

Principais características deste método:

Baseia-se mais nos conteúdos que nas necessidades dos

formandos;

Os formandos recebem as informações passivamente;

O relacionamento é formal e de alguma distância;

Transmissão do saber a nível de conhecimentos teóricos.

Page 150: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Vantagens:

Desvantagens:

- É económico, porque permite juntar um

grande número de formandos;

- Poucos recursos;

- Possibilidade de chegar simultaneamente

a um grande número de pessoas;

- Transmissão de uma grande quantidade

de informação em pouco tempo;

-Possibilidade de insistir no que é

importante (o que o formando nem sempre

distingue facilmente quando trabalha

sozinho);

- É mais rápido;

- Adaptável a vários destinatários

- O formando tem um papel passivo

- Cansativo sobretudo para um público pouco

escolarizado

- Grande probabilidade de se perder uma

grande parte do conteúdo (uma vez que só

retemos cerca de 20% daquilo que ouvimos)

- Não respeita o ritmo individual

- Não favorece a iniciativa nem a

aprendizagem autónoma,

- Pouco contacto formador/grupo

- Não favorece a transferência do que é

aprendido para situações reais / novas

EXEMPLOS DO MÉTODO EXPOSITIVO:

Conferência – Visa actualizar profissionais experientes. Tem

normalmente dois significados na formação: reunir profissionais no

sentido de os actualizar e análise de um tema por uma ou mais

pessoas.

Page 151: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Lição – Apresentação verbal e organizada, a um grupo de formandos

dos quais se espera que retenham alguns conceitos chave de

determinados aspectos específicos dos conhecimentos apresentados.

Painel – Forma de discussão em que um número limitado de

“especialistas” expõe as suas ideias sobre um determinado assunto a

um auditório (a atmosfera de discussão deve ser em tom de conversa).

Simpósio – Apresentações breves de diversas pessoas sobre um

mesmo tema ou problema. Pode ser realizado durante 1 ou vários dias.

Método Interrogativo

Método que consiste no facto de se desenvolver uma espécie de

“pingue-pongue”, jogado entre formador e formando, em que o

formando é colocado numa situação activa de procura de respostas.

Aplica-se ao domínio cognitivo. Tem como finalidade:

Iniciar uma discussão

Estimular ou moderar a discussão

Determinar a razão de certas opiniões

Page 152: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Principais características deste método:

Processo de interrogações verbais;

É importante o processo de pensamento independente, activo e

indutivo de quem aprende;

As questões são colocadas por forma a facilitar a resposta;

Exige mais do formador quanto à sua estratégia;

Suscita os formandos a participarem activamente;

Usado para: captar a atenção, avaliar saberes, apelar à reflexão,

desenvolver um tema.

Vantagens

Desvantagens

Adaptado ao ritmo de cada formando; Possibilita a participação de formandos mais inibidos, através de perguntas fáceis, evitando o seu isolamento; Numa situação inversa, com questões difíceis de responder, permite controlar os participantes que fazem demasiadas intervenções, a ponto de

É importante que o formador domine bem a técnica; Tem as suas limitações ao nível do saber-fazer, da experiência prática (eficaz sobretudo na aprendizagem de conhecimentos e de modos de raciocínio);

Page 153: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

prejudicar o grupo; Permite obter feedback contínuo; Os conhecimentos essenciais podem ser com facilidade evidenciados pelos formandos; Motiva o interesse dos formandos; Estimula e facilita a retenção; Favorece a actividade e feedback de todos os formandos; Cria hábitos de análise dos formandos; Fomenta o diálogo;

Toda a iniciativa é do formador; Exige do formador mais trabalho de preparação e maiores conhecimentos; Necessita de um número reduzido de formandos e de conteúdo; Maior dispêndio de tempo; O grupo acomoda-se facilmente;

Como formular perguntas:

Evitar uma determinada ordem na escolha dos

participantes.

Se uma pergunta ficar sem resposta, formular de

outra maneira diferente, ou dirigi-la directamente a um

participante;

Evitar que seja sempre o mesmo a responder a

todas as perguntas;

Devem ser curtas e claras;

Dirigir a questão para o grupo;

Dar tempo aos formandos para pensarem na

resposta;

Devolver ao grupo a pergunta de um formando;

Page 154: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Método Demonstrativo

Este método aplica-se ao domínio do saber-fazer. Visa exibir

correctamente a execução de cada uma das acções básicas de uma

determinada ocupação e do uso adequado do equipamento.

O formador desempenha um papel central, nomeadamente

pelos esclarecimentos que presta a todo o momento sobre os

problemas técnicos inerentes à realização da tarefa.

É constituído pelas seguintes etapas:

1ª Fase – Acolhimento

Introduz o tema em termos de: objectivos, metodologia,

material, critérios de avaliação, contextualização e pré-requisitos, e

motiva o interesse dos formandos

2ª Fase – Demonstração

1. Execução em tempo real pelo formador;

2. Execução por partes, primeiro pelo formador,

explicando etapa por etapa e mostrando como fazer, fase

por fase;

3. Insistência nos pontos-chave: segurança,

rapidez, qualidade

Page 155: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

3ª Fase – Experimentação

Execução, sem ajuda, feita pelos formandos que realizam a

tarefa fase por fase, demonstrando o que vão fazer em cada fase. O

formador corrige erros e verifica se o formando reproduziu todas as

etapas.

Vantagens

Desvantagens

Permite uma análise detalhada das diferentes operações O formando vê o formador executar a demonstração e pode colocar as suas dúvidas; Torna fácil a participação dos formandos pela discussão, diálogo, observação e execução; Permite a individualização da aprendizagem; Transmissão de conhecimentos teóricos e práticos; Possibilita observar o processo de trabalho/operação, num curto espaço de tempo.

Número de participantes, reduzido Necessidade de material pedagógico especifica É sobretudo adequado a grupos reduzidos; Exige uma maior disponibilidade de tempo; Requer acompanhamento individual; Para se tornar próximo da realidade exige muito equipamento e materiais; Pode induzir apenas à imitação.

Métodos activos

Este método aplica-se ao domínio do saber-ser/estar. São os

métodos em que o formando é o agente activo e consciente da sua

própria formação. Portanto, existe uma relação interactiva entre o

Page 156: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

formador e o formando e vice-versa. Favorece o trabalho em equipa e

adapta-se ao ritmo de cada participante:

Principais características deste método:

Coloca o formando no centro das atenções, com

um papel dinâmico de acesso e descoberta do saber;

O formador tem o papel de facilitador da

aprendizagem;

Pretende desencadear processos de autoformação;

O formando é produtor de informação.

Vantagens

Desvantagens

O formando adquire uma maior autonomia em relação ao formador; Preparação dos formandos para uma participação mais activa na sociedade e no local de trabalho; Maior domínio dos conhecimentos (porque foram descobertos pelos formandos);

Dificuldades de coordenação e condução por parte do formador Exigem uma grande preparação psicológica do formador; Por vezes, os formandos mais dotados têm que seguir o ritmo dos mais lentos e podem desmotivar-se;

Page 157: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Oportunidade de todos intervirem; Desenvolvimento harmonioso dos participantes e do formador; Proporciona situações de aprendizagem estimulantes; Potenciação dos saberes.

Exigem um número limitado de formandos; Necessitam de mais tempo que os outros métodos; É morosa a obtenção dos resultados; Necessidade de gestão de tempo; Disponibilidade/atenção permanente.

Técnicas

São tácticas da formação destinadas a suscitar

comportamentos de aprendizagem.

Contribuem para que o método seja de facto um

factor de aprendizagem.

Atitudes, procedimentos e actuações que o

formador adopta no seu todo de forma a utilizar correctamente

os diferentes instrumentos de formação disponíveis.

Simulação/ Autoscopia

É a reconstituição de uma situação concreta, segundo um

modelo, na qual se introduzem o maior número possível de variáveis ou

problemas-tipo, no sentido de testar as capacidades técnicas ou os

conhecimentos dos formandos. É usada em situações que requerem

treino prévio.

É uma técnica que aperfeiçoa o saber/fazer prático através do

visionamento directo do próprio comportamento.

Page 158: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Objectivos:

Suscitar reacções perante uma determinada

situação;

Testar as capacidades dos indivíduos em presença

de novas situações;

Provocar a reflexão sobre as reacções ou sobre a

ausência de reacções.

Jogos Pedagógicos/ Dinâmicas de Grupo

É um jogo com objectivos pedagógicos;

Promove a participação activa;

Os formandos comunicam entre si, de forma a

resolverem situações e a estabelecerem estratégias.

Podem ser utilizados com vários objectivos:

Ice-Breakers (quebra-gelo);

Relaxamento;

Desenvolvimento Pessoal;

Capacidade de escuta;

Animação e desenvolvimento de grupos;

Motivação dos participantes;

Participação activa dos participantes;

Estruturação de momentos para reflexão e feedback sobre a

actividade e funcionamento do grupo.

Page 159: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Role-Playing/ Jogos de Papéis

É uma técnica que promove o grupo a desenvolver uma

actividade e a coloque na prática, com o objectivo de prever

comportamentos e atitudes a confrontar, treinar competências, etc.

Consiste numa representação feita por participantes que assumem o

desempenho de determinado papel, para tratarem de um caso real ou

fictício.

Objectivos:

Consciencializar os participantes da existência de outros papéis

sociais diferentes dos seus;

Desenvolver as suas capacidades de compreensão e adaptação;

Preparar os participantes para a resolução de problemas que

poderão surgir posteriormente

Estudo de Casos

Estudo de um caso real ou de uma situação problemática, com

vista a desenvolver a capacidade de análise, decisão ou trabalho em

grupo.

Procedimento:

Entrega, leitura e análise individual do caso;

Apresentação e debate das conclusões obtidas;

Síntese das conclusões apresentadas.

Objectivos:

Provocar contacto com o real;

Criticar os dados, opiniões e hipóteses.

Page 160: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Tempestade de Ideias (Brainstorming)

Processo de trabalho em grupo, de libertação da criatividade,

onde se pretende estimular novas ideias, solucionar problemas, criando

um clima pedagógico informal, dinâmico num curto espaço de tempo. A

imaginação livre é bem recebida, ainda que as ideias possam parecer

absurdas, e trata-se de produzir o máximo de ideias num mínimo de

tempo.

Algumas regras:

Proibida a crítica

Proibida a autocensura

Direito ao disparate

Não há qualquer ordem pré-estabelecida

Brevidade na apresentação de ideias

Registo Escrito

Queremos então…

Uma aprendizagem baseada na interacção, na mediação,

na observação, no trabalho em grupo, em tarefas, no erro

e na busca autónoma de conhecimento;

Que formador e formando tenham um papel activo e

dinâmico na aprendizagem;

Page 161: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Uma relação formador-formando e formando-formando

que leva a uma melhor retenção das aprendizagens;

Um formador que actue como mediador entre o

formando, os conhecimentos e o que está à sua volta.

M5. Operacionalização da Formação: Do

Plano à Ação

Competências a Adquirir

Pretende-se que cada formando, após este módulo esteja

apto a:

Distinguir finalidades, metas, competências,

objetivos gerais e específicos;

Redigir objetivos pedagógicos em termos

operacionais;

Hierarquizar objetivos segundo os domínios do

saber;

Planificar momentos de ensino-aprendizagem;

Identificar os princípios orientadores para a

conceção e elaboração de planos de unidades de formação;

Preencher fichas de planificação da formação

(plano de ação de formação/ módulo/ sessão).

Fundamentação Pedagógica

O desenvolvimento de uma ação de formação, desde o desenho

do seu plano até à colocação em prática desse mesmo planeamento é

Page 162: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

uma tarefa que por si só implica bastante análise de informação (sobre

o público-alvo, sobre a temática, …) tal como, um exame das diferentes

metas de ação que se pretendem desenvolver no futuro.

Planear exige, nos tempos que correm, bastante criatividade,

inovação e empreendedorismo. Contudo, não perder a lógica do

planeamento tradicional é de extrema importância: Seguir os passos

para um planeamento de excelência que preveja, p.e., competências e

temáticas a desenvolver, sob que metodologia, utilizando que métodos

e técnicas, avaliando de que forma; e que, anteveja situações de

possível conflito, soluções de recurso, entre outras.

M5.1 COMPETÊNCIAS E OBJETIVOS

OPERACIONAIS

Definição de Objectivos de Formação

Os objectivos de formação têm como base enunciados claros

e explícitos sobre aquilo que se deseja e se espera alcançar..

Vantagens e Funções da Definição de Objectivos

Uma correta definição dos objectivos implica que exista alguns

aspectos a ter em conta, tais como:

Planificação e estruturação da formação/sessão;

Clarificação das intenções e procedimentos da formação;

Meio de comunicação e entendimento entre os

vários intervenientes na formação;

Page 163: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Orientação dos formandos, direccionando os seus

esforços, determinando a sua compreensão, promovendo a sua

motivação, facilitando a sua aprendizagem;

Instrumento de orientação, objectividade e

eficácia do pensamento e acção dos formadores;

Objectividade e rigor na avaliação, minimizando os

erros e desvios tradicionais resultantes da subjectividade do

avaliador ou falta de clarificação da situação a avaliar;

Focalização nos resultados a atingir;

Rentabilização das acções de formação, através da

racionalização, eficácia e produtividade do processo formativo.

Níveis de Definição dos Objectivos de

Formação

Existem quatro níveis na formulação dos objectivos de

formação:

Finalidades

Constituem os grandes objectivos ou propósitos de

formação;

Indispensável para dar a unidade a um conjunto de acções

que integram os projectos de Formação;

São tomadas de decisão ao mais alto nível, em termos de

política geral, promovidas por qualquer entidade oficial ou

particular.

Page 164: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Metas

Expressam de forma precisa os resultados desejados e

procurados pela formação;

São formuladas em termos de capacidades e

competências a adquirir ao longo do curso.

Objectivos Gerais

Expressam os resultados esperados no termo de acções

concretas de formação ou de sequências de aprendizagem;

Podem ser formulados de forma mais ou menos operacional;

A sua formulação é da competência do formador.

Objectivos Específicos

Expressam comportamentos específicos esperados no final da

ação de aprendizagem;

São formulados pelo formador;

Resultam da decomposição dos objectivos gerais em aspectos

mais restritos e correspondem a actividades elementares;

Devem ser determinados em termos operacionais:

- Comportamento esperado;

- Condições de realização;

- Critérios de êxito.

Page 165: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Existem também:

Objectivos Terminais

Têm como base um enunciado que os formandos devem ser

capazes de fazer no “terminus” do curso ou sessão. Têm como

função, indicar a competência que o formando deve ser capaz de

aplicar depois da formação.

Objectivos Intermédios

Enunciado do que os Formandos devem exibir no final de

actividades de aprendizagem, constituindo etapas ou passos para a

aquisição de competências finais. Correspondem a uma etapa para

alcançar outro objectivo.

Objectivos de Nível Mínimo

Visam a obtenção de competências mínimas, no âmbito da

formação prevista, sendo obrigatoriamente alcançados por todos os

formandos.

Objectivos de Desenvolvimento

Visam a ampliação de competências mínimas, ultrapassando

as exigências básicas. Poderão ser ou não alcançados por todos ou

só por alguns formandos, dependendo das possibilidades ou

interesses destes.

Em Resumo:

À expressão das intenções mais gerais da formação chamamos de

finalidades, cuja formulação é indispensável ao formador e à

forma de como irá aplicar o seu conhecimento.

Page 166: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

A definição de objectivos é útil para o formador e para os

formandos, já que estes interferem nas actividades de

aprendizagem e na avaliação, tornando a formação mais eficaz.

Objectivos Operacionais

Um objectivo é operacional quando indica claramente

em termos de comportamento directamente observável ou

mensurável, o que o formando deverá ser capaz de fazer no

final da formação, em que condições o fará e por que critérios

será avaliado.

Desta forma, para um objectivo ser operacional, deve

integrar três componentes fundamentais:

Comportamento Esperado

Descreve com precisão a actividade que o formando deverá

realizar no final da formação para demonstrar que adquiriu a

competência desejada.

Para ser correctamente formulada a componente

comportamento deverá comportar três elementos:

Quem pratica a acção – Sujeito (formando)

Qual a acção praticada – Verbo Operatório

Qual o resultado da acção – Produto

Page 167: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Condições de Realização

Definem as circunstâncias ou condições em que o comportamento

esperado deverá manifestar-se.

Compreendem:

Amplitude do problema a resolver: Especificação

do grau de complexidade do comportamento a

desenvolver (Ex.: cozinhar para um banquete de 1000

pessoas).

Equipamentos ou Instrumentos a utilizar:

Especificação dos meios com que se efectuará o

trabalho (Ex.: uma máquina de calcular).

Locais: Onde se realizará a actividade ou a tarefa

(Ex.: na oficina; na sala).

Meios ou Materiais: Especificação dos suportes de

trabalho ou auxiliares eventuais que serão facultados

ou recusados (Ex.: manuais; tabelas).

Exigências ou Condições especiais: Especificação

das circunstâncias especiais que rodearão a actividade

(Ex.: chuva; altas temperaturas).

Critérios de Êxito

Indicam os níveis de qualidade e/ou quantidade que serão

impostos ao formando para que possa garantir que a competência

Page 168: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

prevista será realmente adquirida e o objectivo de formação

alcançado.

Os critérios de êxito podem assumir várias formas:

Critérios de Qualidade: características observáveis mas

não mensuráveis que o trabalho deve apresentar. O

comportamento é confrontado com padrões qualitativos –

avaliação em termos de tudo ou nada.

Critérios de Quantidade: fixam padrões de realização

facilmente mensuráveis como: tempo, precisão, percentagem

de êxito, número de respostas certas – avaliação sobretudo

numérica.

Exemplo:

No final da formação, o formando deverá ser capaz de

dactilografar uma folha de texto corrido (comportamento), num

tipo de máquina já seu conhecido (condição), atingindo a

velocidade de 20 palavras por minuto (critério).

Taxionomia dos Objectivos

Os objectivos de formação, ou as capacidades que os

formandos deverão adquirir, podem situar-se em três domínios

fundamentais do saber – domínio cognitivo, domínio afectivo e

Page 169: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

domínio psicomotor –, que podem comportar diferentes

capacidades ou comportamentos, de diferentes graus de

complexidade e cuja aprendizagem apresenta também diferentes

níveis de dificuldade.

Domínio Cognitivo: domínio da actividade intelectual ou

mental que envolve conhecimentos e aptidões intelectuais; é o

domínio do conhecimento e do pensamento.

Domínio Afectivo: domínio dos fenómenos da sensibilidade,

envolvendo interesses, atitudes, valores, e em geral todas as

actividades ou comportamentos que apresentem uma conotação de

agrado ou desagrado, de adesão ou rejeição; é o domínio dos

sentimentos e emoções.

Domínio Psicomotor: domínio das actividades motoras ou

manipulativas, envolvendo aptidões ao nível da motricidade; é o

domínio da acção.

Desta forma, poderemos enquadrar os vários comportamentos a

aprender em categorias ou classes que correspondem a dificuldades

de realização, graduadas do mais simples para o mais complexo,

que apresentem entre si uma relação hierárquica – Taxionomias

de Objectivos:

Page 170: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Domínio Cognitivo

(de B. Bloom e Outros)

Domínio Social

(de B. Bloom e Outros)

Domínio Psicomotor

(de R. Rave)

1. Conhecimento 1. Acolhimento 1. Imitação

2. Compreensão 2. Resposta 2. Manipulação

3. Aplicação 3. Valorização 3. Precisão

4. Análise 4. Organização 4. Estruturação

da acção

5. Síntese 5. Caracterização

5. Aquisição de

uma 2.ª

natureza

6. Avaliação

Uma taxionomia permite ao formador determinar o tipo ou

grau de dificuldade de cada comportamento a adquirir, e

consequentemente, estabelecer uma hierarquia de exigências de

aprendizagem.

Desta forma, pode-se organizar determinadas actividades de

aprendizagem por ordem de dificuldade, escolhendo os métodos

mais adequados a cada tipo de aprendizagem e de modo a ordenar

as sequências de formação segundo uma progressão

pedagogicamente válida.

Page 171: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

M5.2 DESENHO DO PROCESSO DE

FORMAÇÃO -APRENDIZAGEM

Organização e planeamento da formação (presencial e/ou a

distância)

O Planeamento da formação depende em grande medida da

forma de como ocorre a organização da formação. Embora os

programas e conteúdos da formação possam ser semelhantes é na

fase de planeamento que se engendram também as estratégias de

operacionalização da formação.

Aqui verificam-se acentuadas diferenças que devemos

analisar especialmente do ponto de vista da introdução, existindo

cada vez mais um maior avanço da chamada formação “e-learning”.

E-learning é uma forma de organização de ensino a distância que

possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos

didáticos sistematicamente organizados, apresentados em

diferentes suportes tecnológicos de informação, utilizados

isoladamente ou combinados, e veiculados através da internet.

Alguns termos, apesar de apresentarem uma certa diferença

conceptual, na prática são utilizados como sinónimos de e-learning:

“web training”, “web education”, formação à distância via internet,

ensino controlado por tecnologia, ensino dirigido por computador.

Page 172: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

O Desafio do Planeamento na Formação Presencial vs.

Formação à Distância

Quer na formação presencial, quer na formação á distância,

quanto maior for a interactividade, maior será a qualidade da

aprendizagem. O grande desafio do formador será o planeamento

das diferentes estratégias de construção e da intensidade da

aplicação recursos tecnológicos e de multimédia para o

enriquecimento da aprendizagem.

Em vez de considerar o e-learning como um instrumental

tecnológico com aplicabilidade pedagógica, devemos considerar que

esta forma de organização não consiste apenas na simples

disponibilização de recursos (ainda que estruturados, planeados,

organizados…) pela internet ou videoconferência, mas como uma

forma de organização autónoma (e-learning) e/ou complementar

(b-learning) que permite a criação de hábitos de aprendizagem

distintos daqueles incentivados pela formação estritamente

presencial, principalmente no que diz respeito ao autodidactismo

(auto-formação).

A forte contribuição do e-learning para a mudança deste

paradigma baseia-se na constatação de que a internet exige cada

vez mais uma maior envolvência e iniciativa por parte do formando.

No sistema presencial continua a ser possível verificar com alguma

facilidade, exemplos de experiências em que o formando se

apresenta com alguma passividade em relação à condução do

processo ensino-aprendizagem.

Num programa de e-learning, o mais importante, segundo

Marc Rosenberg, autor do livro "E-learning: strategies for delivering

Page 173: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

knowledge in digital age", é a qualidade dos conteúdos e o

incentivo ao desenvolvimento de uma cultura de aprendizagem

permanente.

Os programas de e-learning permitem uma aprendizagem

mais rápida e eficiente do que o ensino tradicional pelo facto do

formando poder avançar no conteúdo de acordo com o seu próprio

ritmo. o formando pode, com uma maior liberdade estruturar o seu

próprio tempo. Alguns especialistas acreditam que os programas de

cursos através de e-learning são melhor elaborados, do ponto de

vista da agilidade, do que os tradicionais.

Diversas relações estão presentes nos programas de

formação à distância e com elas todas as dificuldades oriundas do

processo interactivo. As principais formas de interacção são entre o

formador/tutor e formando, formando e material pedagógico,

formando e outros formandos, formandos e comunidade de

especialistas. Considerando-se que o processo de e-learning se

realiza entre humanos, a interactividade, que deve ser considerada

através das mediações pedagógicas, passa a exercer um papel

crítico na aprendizagem efectiva.

Os cursos de e-learning não podem ser meras adaptações dos

conteúdos ministrados em cursos presenciais. Textos demasiados

longos devem ser transformados em diversas unidades de menor

conteúdo, de forma a atender aos diferentes estilos de

aprendizagem. O feedback dos formandos é nesta situação um

importante instrumento para auxiliar na formatação dos cursos e

para ir de encontro às verdadeiras necessidades dos indivíduos.

Page 174: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Vantagens do e-learning:

- Rápida actualização dos conteúdos.

- Personalização dos conteúdos transmitidos.

- Facilidade de acesso e flexibilidade de horários.

- O ritmo de aprendizagem pode ser definido pelo próprio

utilizador/formando.

- Disponibilidade permanente dos conteúdos da formação.

- Custos menores quando comparados à formação

convencional.

- Redução do tempo necessário para o formando.

- Possibilidade de formação de um grande número de

pessoas ao mesmo tempo.

- Diversificação da oferta de cursos.

Desvantagens do e-learning:

A tecnofobia ainda está presente em significativa

parcela da população.

Exigência de maior disciplina e auto-organização por

parte dos formandos.

A criação e preparação do curso on-line é,

geralmente, mais demorada.

O custo de implementação da estrutura para o

programa de e-learning é alto.

Dificuldades técnicas relativas à Internet e à

Page 175: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

velocidade de transmissão de imagens e vídeos.

Limitações no desenvolvimento da socialização do

formando.

Caracterização do grupo de formação

O perfil, o nível e as necessidades do público-alvo devem de

servir como ponto de orientação a elaboração dos programas,

estejamos a falar de programas de formação presencial, à distância

ou mistos. A pesquisa a respeito das características e das

necessidades do público-alvo do curso fornecerá elementos que

orientarão o planeamento do processo ensino-aprendizagem.

Um maior ou menos conhecimento acerca dos contextos de

partida dos formandos pode depender da maior ou menor qualidade

da intervenção formativa. Tal significa que, quem forma deverá

apresentar uma solução formativa ajustada às necessidades dos

seus destinatários – o que implica considerar, não apenas as

competências profissionais a desenvolver com a formação, mas

também, os objectivos e/ou metas a alcançar com a mobilização

posterior dessas competências.

Tido como uma das mais almejadas conquistas possíveis na

relação ensino-aprendizagem, o autodidactismo passa a ser o

elemento chave dos programas de e-learning. Levando isto em

conta, o planeamento dos programas de e-learning deve considerar,

não só as características do público-alvo, mas também a forma com

que este público adquire conhecimentos e desenvolve hábitos e

atitudes de estudo e aprendizagem.

Page 176: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Para promover e incentivar o autodidactismo, os conteúdos

dos programas de e-learning devem considerar, à semelhança dos

percursos de formação ditos tradicionais, os conhecimentos

anteriores do aluno e a sua experiência pessoal. Além disto, estes

programas devem conter análises e sínteses, aplicabilidade dos

conceitos, elementos motivadores e contextualização com os factos.

Análise de necessidades de competências profissionais e de

caracterização do contexto profissional dos destinatários

Os planos de formação devem ser elaborados em função dos

défices das competências necessárias às organizações e às

categorias profissionais. Assim, o levantamento de necessidades de

formação, constitui a primeira fase do ciclo de formação e

determina todas as fases subsequentes do processo.

A preparação da formação tem o seu início ainda nos contextos

reais de trabalho e não apenas imediatamente antes da execução

das acções de formação (tal não inviabiliza a realização de

avaliações de natureza diagnóstica, pelo formador, já no decorrer

da formação, que visem aferir, com maior pormenor, o grau de

domínio de saberes/competências demonstrado por cada um dos

participantes na formação).

Há uma grande diversidade de meios e instrumentos que

podem ser usados (análise curricular, observação do desempenho,

sondagens por questionário, entrevistas, discussão de grupo,

documentos, registos internos…)

A construção e/ou adaptação de instrumentos de diagnóstico

de necessidades exige um processo de reflexão em torno de várias

alternativas possíveis. O recurso aos instrumentos ditos

Page 177: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

convencionais, tais como o inquérito por questionário, surge no

topo da lista dos instrumentos mais utilizados por parte das

entidades formadoras. O desafio que aqui se coloca é a

possibilidade de se explorarem outras alternativas possíveis,

igualmente válidas e, eventualmente, mais adequadas por parte de

quem é chamado a participar na avaliação da formação

(observações, entrevistas, discussões de grupo, etc.).

Elementos-chave para a análise de

necessidades

Sinalizar e compreender as características dos

destinatários da formação

Sinalizar as características dos potenciais

participantes na formação (idade, nível de

qualificação,anos de experiência profissional,

contexto económico-social...)

Procurar conhecer o histórico que os candidatos

à formação apresentam em termos de

participaçãoem anteriores acções de formação

Identificar qual a habitual reacção dos

intervenientes na formação a actividades de

avaliação

Sinalizar as características da organização de

acolhimento/integração (estruturas

Page 178: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

organizacionais/funções para as quais os

formandos regressam após a realização da

formação. Pode acontecer a formação não exigir

a deslocação do posto de trabalho)

Verificar se estamos em presença de contextos

organizacionais facilitadores da

aplicação/exploração dos saberes desenvolvidos

e/ou adquiridos através da formação

Verificar se existem na(s) organização(ões) de

acolhimento/integração dos formandos, sistemas

de avaliação da formação já implementados ou

outro tipo de dispositivo avaliativo (ex: sistemas

de avaliação de desempenho, processos de

auditoria internos...)

Verificar se estamos em presença de

organizações que investem, de forma

sustentada, na execução de planos internos de

formação

Construção de um módulo de formação

Designação do Módulo

Por módulos entendem-se partes ou conjuntos de

qualificação, de curta duração, formando um todo em si mesmo e

passíveis de avaliação. Contudo, a avaliação sumativa no final de

cada módulo, dentro de uma unidade mais vasta (curso) não

Page 179: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

constituem uma regra. Por vezes, a certificação não é modular mas,

atribuída em função de uma avaliação contínua do conjunto de

módulos constituintes do curso.

Enquadramento

Descrição geral da organização do módulo, ponto de partida

e pertinência pedagógica. Deve comportar:

As razões que justificam a intervenção

formativa;

O tipo de saber a desenvolver na formação;

O que se deseja que seja modificado com a

intervenção formativa.

Duração

Não se definem, em princípio, limites de duração mínima ou

máxima, pois o critério que determina essa duração é a

correspondência adequada aos objectivos propostos.

Para isso há a considerar o volume dos conteúdos a abordar,

o seu grau de dificuldade, a importância dos conteúdos, o perfil dos

formandos, a forma de organização da formação, a modalidade de

formação, sempre que pertinente averiguar a sequencialidade

progressiva e coerente articulação com outros módulos e com a

globalidade do Curso de Formação.

Público-alvo

Definir o público – alvo implica definir quem são os

destinatários (conjunto de pessoas que possuem características

Page 180: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

e/ou interesses idênticos). E, também descrever quais as condições

de natureza física, funcional, vocacional e outras de particular

relevância que os candidatos devem possuir para o ingresso numa

determinada acção de formação.

O planeamento de um curso/módulo de formação comporta

também, a maior parte das vezes, a necessidade de definir pré-

requisitos. Pré-requisitos são condições de natureza física, funcional

ou vocacional que assumem tal relevância que exigem garantia de

que são plenamente satisfeitos pelos candidatos, devendo ser

apresentadas, pelos mesmos, provas/comprovativos que atestem o

seu cumprimento.

Compete a cada organização formadora e/ou a entidades

reguladoras decidir se a candidatura a um dos determinados curso

deverá estar sujeita à satisfação de pré-requisitos e fixar o seu

conteúdo.

Os pré-requisitos podem, consoante a sua natureza, ser

eliminatórios, destinar-se à selecção (eventual exclusão de

candidatos) e/ou à determinação de ordem de entrada (priorização

de candidatos).

Competências Visadas

O termo “competência” é bastante amplo e está associado a

capacidade, aptidão, resolução, conhecimento...; por isso, o

conceito de competência não se identifica só com o conhecimento

memorizado de termos, factos e procedimentos básicos. A definição

de “competência” pressupõe a aquisição de um conjunto de

conhecimentos e de processos que conduzam o formando à

compreensão, interpretação e resolução de problemas; que

capacitem formando a activar recursos (conhecimentos,

Page 181: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

capacidades, estratégias) em diversos tipos de situações,

nomeadamente situações profissionais.

As Competências devem ser traduzidas no processo de

planeamento da formação em objectivos pedagógicos, dando lugar

à definição de Objectivos Gerais e Específicos (também designados

de objectivos operacionais).

Conteúdos de aprendizagem

Descrição organizada e hierarquizada dos conteúdos

programáticos: teóricos, práticos e teórico/práticos.

Metodologias Estratégicas

Descrição dos métodos e técnicas pedagógicas a utilizar.

Recursos Pedagógicos

Descrição, e eventual construção, dos recursos Pedagógicos a

utilizar.

Avaliação

Descrição, e eventual construção, das técnicas e

instrumentos de avaliação das aprendizagens e de avaliação da

formação a utilizar.

Em termos práticos, planificar um módulo de formação

implica, assim, percorrer os seguintes campos:

Page 182: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Conceção e elaboração do Plano de

sessão

O Plano de Sessão é um plano prévio que complementa o

Programa de Formação. É um documento elaborado pelo formador que

resume os tópicos necessários a tratar para se atingir os objectivos pré-

definidos.

Page 183: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Vantagens de um plano de sessão:

É organizador do raciocínio do Formador;

É um auxiliar da previsão, selecção e aplicação de

metodologias e actividades;

Permite uma gestão racional do tempo;

Permite a preparação do material necessário;

Permite, durante a sessão, lembrar os pontos-chave

evitando desvios aos objectivos previstos;

Oferece segurança ao Formador.

Pressupostos da elaboração de um

plano de sessão

Preparação

Antes da sessão:

Selecção do tema e dos conteúdos a

desenvolver;

Conhecer a População-alvo;

Definir os objectivos da sessão;

Escolher os métodos e as técnicas

adequadas;

Elaboração do plano de sessão;

Preparação de exercícios de controlo da

aprendizagem;

Previsão de situações de aplicação dos

conhecimentos adquiridos;

Page 184: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Confirmação do local da formação, existência

e disponibilidade de recursos didácticos;

Preparação de documentos de apoio.

Introdução

Início da sessão:

Apresentação do formador/formando

(expectativas face ao curso);

Apresentar tema;

Comunicar objectivos;

Motivação – importância do tema;

Controlar pré-adquiridos;

Enquadramento.

Desenvolvimento

Escolha do método/técnica mais eficaz tendo

em conta os conteúdos que servem de base à formação;

Apresentar um assunto de cada vez;

Utilização de exemplos, sempre que possível,

para facilitar a aprendizagem;

Caminhar do conhecido para o desconhecido,

do simples para o complexo;

Fazer síntese regular;

Reforçar as ideias principais;

Obter feedback permanente dos Formandos;

Utilizar e diversificar métodos e actividades;

Page 185: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Distribuir tempos pelas actividades que

tenciona realizar.

Avaliação e Síntese

Efectuar síntese global dos assuntos

desenvolvidos;

Realçar as ideias mais importantes;

Relacionar os conteúdos abordados

com trabalhos futuros;

Esclarecer eventuais dúvidas.

Etapas de Desenvolvimento de um

Plano de Sessão

Introdução

A) Tema da Sessão

Indicação do tema a desenvolver na sessão, podendo

indicar também o curso e o módulo.

B) Objectivos

Definição de objectivos, gerais e específicos, de forma

precisa.

C) Pré-Adquiridos

Page 186: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Avaliação das capacidades já detidas pelos Formandos e

indispensáveis à realização dos objectivos previstos.

D) Avaliação dos resultados

Prever o controlo – oral, visual ou escrito – do domínio

dos objectivos.

E) Estratégia

Selecção dos métodos e das técnicas a utilizar para

favorecer a aprendizagem, motivando os Formandos de forma a

alcançarem os objectivos.

F) Materiais e equipamentos

Indicar todos os materiais, equipamentos e documentos a

utilizar na sessão.

G) Actividades didácticas

Descrição breve das actividades de origem didáctica que

deverão conduzir o formando ao domínio dos objectivos.

H) Tempo previsto

Indicar os tempos de realização de cada actividade

desenvolvida na sessão, bem como o tempo global da sessão.

Verificar se foram atingidos os objectivos.

Page 187: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Desenvolvimento

A) Concretização da sessão

Motivação dos Formandos.

Transmissão do conteúdo da sessão.

B) Sequência A forma de abordagem da sessão depende do conhecimento do

conteúdo, do público-alvo, das condições e dos equipamentos

disponíveis.

C) Comunicação

Oral:

Tom de voz forte; Falar com clareza; Falar expressivamente; Usar vocabulário adequado.

Escrita:

Documentos em boas condições de legibilidade; Transparências/Slides com letras de tamanha adequado.

Gestual:

Deve ser utilizada para reforçar ideias; Em demonstrações práticas, os gestos devem ser lentos

para permitir o acompanhamento dos Formandos.

3ª ETAPA – ANÁLISE DOS RESULTADOS

A) Avaliação dos objectivos; B) Controlar os resultados pretendidos e definidos nos objectivos.

Page 188: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Exemplo do esqueleto de um Plano de Sessão:

Page 189: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL
Page 190: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

MF6 -. Recursos Didácticos e

Multimédia

Objectivos Gerais

Após a frequência deste módulo, pretende-se que cada formando,

esteja apto a:

Seleccionar, conceber e adequar os meios pedagógico-didácticos em função da estratégia pedagógica adoptada;

Conceber uma apresentação em suporte multimédia.

Recursos Didácticos

São todos os meios ao alcance do formador que permitem facilitar o

processo de aprendizagem do formando, dinamizando a sessão, tendo

como finalidade principal captar a sua atenção.

Finalidades de utilização dos Recursos Didácticos :

Chamar a atenção;

Facilitar a aprendizagem e compreensão;

Aumentar o interesse e motivação dos formandos;

Aumentar a capacidade de retenção de informação;

Facilitar a troca de ideias e de experiências;

Rentabilizar o tempo da formação;

Apoiar e orientar o discurso e a actividade do formador;

Fornecer estímulos de aprendizagem;

Dinamizar a sessão.

Page 191: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Factores que Condicionam a Escolha dos Recursos Didácticos

Principais condicionantes na escolha dos recursos Didácticos:

Características dos Destinatários;

Conteúdo e estruturação da informação;

Condicionalismos materiais;

Condicionantes do Espaço de Formação;

Tempo Disponível;

Relação Pedagógica;

Meios e Equipamentos Didácticos

Existem vários equipamentos e meios aos quais os formadores podem

recorrer para dinamizar as sessões de formação:

Meios visuais não projectáveis Meios Visuais

Projectáveis

Tela

Modelos e maquetas

Cartazes

Recursos do meio ambiente

Quadros:

Preto (ardósia)

Branco ou cerâmico

Quadro de papel ou de conferência

Projector de Diapositivos

Retroprojector

Videoprojector

Episcópio

Painel de Cristais Líquidos

Page 192: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Apoios Audiovisuais

São todos os meios que contemplam em simultâneo o som e a imagem,

constituindo, portanto, um meio facilitador da aprendizagem do

formando.

- Recordamos cerca de 20% do que Ouvimos

- Recordamos cerca de 30% do que Vemos

- Recordamos cerca de 50% do que Vemos e Ouvimos

Vantagens e Desvantagens dos Recursos Didácticos

Recurso Didáctico Vantagens Desvantagens

Quadro (preto/verde/branco/ Flip Chart ou quadro

de cavalete)

Fácil utilização; Económicos;

Existem na maioria

dos locais; Informação

acompanha o raciocínio progressivo;

Registar ideias

chave; Facilita a síntese;

Preparação prévia de

registos; Reutilização da

informação (Flip Chart).

Limitados pela área da escrita; Permanência da

informação; Limitados pela

destreza do utilizador: Organização, tipo de letra, posição;

Pouco interessantes/

motivadores; Perda de contacto

com os participantes; Estático;

Dirige-se apenas à

vista.

Computador Grande armazenamento de

Cria sensação de isolamento;

Page 193: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

quantidade de informação; Permite individualizar

o ensino.

Exige investimento

inicial.

Retroprojector

É um aparelho de projecção,

normalmente em suporte transparente

(acetato), que podem ser ampliados e projectados numa

tela.

Fácil utilização - não exige conhecimentos técnicos especiais; Não é necessário

alterar a luz da sala; Presente na maioria

das salas; Pode ser produzido

de diversas formas; Permite recuperar

informação; Permite escolher

sequência; Permite intervenção

simultânea; Permite grandes

auditórios; Personaliza a

apresentação;

Facilita o contacto

visual com o formando.

Estático; Distorce

frequentemente a imagem; Equipamento frágil;

Provoca cansaço

visual; Dirige-se apenas à

vista; Letras de pequena

dimensão não são visíveis; Preparação prévia.

Videoprojector

Aparelho que permite a

projecção do ecrã do computador

Muito apelativo – capta a atenção; Reutilização da

informação; Controlo da

apresentação: Sequência, tempo,

revelação da

Por vezes exige sala escura; Pode não existir em

todos os locais; Equipamento

sensível; Exige investimento

Page 194: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

informação; Facilidade de

utilização de imagens, esquemas, figuras; Projecção adequada

para grandes salas e grandes grupos.

inicial.

Câmara e Leitor de Vídeo

Permite autoscopia; Permite a repetição e

parar a imagem; Retracta fielmente a

realidade.

Requer conhecimentos de utilização mais exigentes; Cria tensão nos

participantes caso estejam a ser filmados; Difícil transporte;

Exige investimento

inicial.

Outros Audiovisuais interactivos

Projectores multimédia

Vídeo-conferência

São motivadores e estimulantes; Seguem o ritmo do

participante.

Podem provocar a sensação de isolamento Programação

específica Investimento inicial.

Page 195: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Cuidados de Utilização

Quadros

Colocados numa posição visível para todos;

Deve-se utilizar letra de imprensa, em maiúsculas;

Tamanho das letras regular e ajustado à visibilidade do

formando mais distante;

Ter cuidado com as abreviaturas

Não se deve falar ao mesmo tempo que se escreve;

Tapar as canetas depois de as usar;

Escolher a altura certa para escrever;

Não voltar as costas aos formandos!

Retroprojector

Nunca olhar para a projecção ou passar diante desta;

Verificar a distância do retroprojector à tela;

Focar a imagem;

Só deve ser ligado depois de se colocar a transparência;

Deve ser desligado logo que deixe de ser necessário de forma a

evitar a distracção;

Evitar a leitura simples do tema

Utilização de “máscaras” para a revelação progressiva da

informação;

Apontar no próprio acetato.

Page 196: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Videoprojector – PowerPoint

Nunca passar diante da projecção: utilizar a tecla B ou a tecla do

. (ponto final);

Não olhar para a projecção: olhar para o monitor;

Apontar com o rato;

Cuidado com o excesso de animações, pois podem ser factores

de distracção e levar à redundância do discurso do formador;

Atenção às animações temporizadas.

Elaboração de Transparências/Slides:

1. Informação

Seleccionar um assunto por acetato/slide;

Título adequado;

Texto simples: a informação organizada logicamente é mais

facilmente apreendida;

Utilizar setas, caixas, círculos, nuvens para dirigir a atenção;

Evidenciar pontos chave;

Imagens apelativas;

Vocabulário adequado aos destinatários.

2. Letra

Não abusar das maiúsculas porque dificultam a leitura;

Não usar letras elaboradas ou continuas;

Não utilizar diferentes tipos de letra;

Tamanho mínimo 24 pontos;

Page 197: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Não utilizar mais que 3 tamanhos de letras.

3. Cor

Não utilizar cores garridas;

Utilizar no máximo 4 cores por acetato/slide.

4. Quantidade

10 a 12 linhas por acetato/slide;

6 a 7 palavras por linha/frase.

5. Alinhamento

Esquerda: leva o olho para um lugar inicial de leitura o que ajuda

à mesma;

Justificado: pode parecer estranho no monitor

Centrado: somente para títulos;

Direita: citações.

6. Espaçamento entre linhas

“Recursos didácticos são todos os meios ao alcance do formador, que permitem facilitar o processo de aprendizagem do formando.”

“Recursos didácticos são todos os meios ao

alcance do formador, que permitem facilitar o

processo de aprendizagem do formando.”

Page 198: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

7. Comprimento de linhas

Elaborar Apresentações em power point

Para elaborar uma apresentação em PowerPoint deverá ter em

atenção os seguintes passos:

1. Abrir a aplicação de PowerPoint

“Recursos

didácticos são

todos os meios

ao alcance do

formador.”

“Recursos didácticos são todos os meios ao alcance

do formador.”

Page 199: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

2. Assim que se abre a aplicação aparece a janela que se segue.

É a partir daqui que começamos a trabalhar na nossa apresentação.

Sempre que quiser acrescentar um slide á apresentação deve

ir á inserir “novo diapositivo”. Depois é só acrescentar o texto que

pretende e ir acrescentando slides á apresentação em função das

necessidades

3. Para não fazer uma apresentação com o fundo em branco

pode sempre recorrer aos modelos existentes

Pode escolher um dos “layout”

existentes ou então escolher

um e depois altera em função

do que pretende fazer.

Caixas de texto existentes em

quase todos os slides para

escrevermos o texto que

desejamos.

Quando não utilizar uma caixa

de texto apague-a.

Page 200: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

4. No entanto, se preferir, pode sempre escolher apenas mudar

as cores dos slides em branco.

5. Quando utilizar os slides de texto pode escolher as suas

marcas de texto (semelhante ao que acontece no Word).

Active a opção “modelos de

apresentação de diapositivos”.

Irá surgir uma nova janela com

os modelos disponíveis e

escolha um, imediatamente irá

aparecer em todos os slides a

sua escolha.

Active a opção “fundo”do

menu formatar.

Personalize o fundo ao

seu gosto,

Pode aplicar as escolhas

apenas a 1 slide ou a

toda a apresentação

Page 201: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

6. Mas para além de texto pode sempre incluir “objectos” (imagens,

tabelas, gráficos, etc.) nos slides e em função das necessidades. Pode sempre

personalizar ao seu gosto ou deixar a pré-definição.

7.

8. Efeitos 3D e Efeitos de Sombra:

Escolha a opção que quiser.

Não esqueça que pode

mudar sempre a cor e pode

recorrer a imagens.

Page 202: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Os efeitos tridimensionais podem ser usados em apenas alguns

objectos. Quando não é possível os menus encontram-se

desactivados. Quando as opções estão activas implica que o objecto

que vai ser sujeito ao efeito que está seleccionado.

Animação

8.1. Efeitos de transição entre slides

As transições permitem dinamizar a apresentação de slide

para slide.

8.2. Animação dos objectos dentro do mesmo slide

Escolher quais os

efeitos de transição

que melhor se

adaptam a

apresentação sem

cair em exageros.

Page 203: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

9. Impressão

Existem várias formas de imprimir a apresentação de

diapositivos. Escolha a sua em função do objectivo a que se destina.

M7 - Plataformas Colaborativas e de

Aprendizagem Pretende-se que cada formando, após este módulo esteja apto a:

1. Compreender as mudanças evolutivas do Ensino a Distância;

2. Identificar as características e as vantagens do e-learning;

Janela da animação

personalizada: permite

seleccionar o tipo de

efeito e a forma como

vai aparecer quando se

estiver em modo de

apresentação.

Para animar qualquer

elemento existente no slide

é necessário selecciona-lo

e activar o menu

“animação personalizada”

Page 204: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

3. Compreender o funcionamento das Plataformas de suporte da formação a distância;

4. Identificar as regras de formação através da Internet;

5. Reconhecer a importância do e-formador/e-mediador no processo formativo a distância;

6. Identificar e aplicar os mecanismos/softwares de comunicação online;

7. Desenvolver uma formação utilizando as Plataformas Colaborativas e de Aprendizagem para suporte de materiais.

Plataformas: Finalidades e Funcionalidades

Pesquisa e Navegação na Internet A evolução da Web (da 1.0 à

atual)

O Ensino a Distância, ou seja, o EaD tem referências

históricas significativas desde os meados do séc. XIX. De acordo

com Trindade (2000), o aparecimento da primeira escola de

ensino por correspondência na Europa (o Sir Isaac Pitman

Correspondence College), verificou-se em 1840, no Reino Unido.

Estes modelos têm evoluído ao ritmo das tecnologias disponíveis

em cada momento histórico, as quais influenciam o ambiente

educativo/ formativo e a sociedade.

O EaD foi utilizado inicialmente como recurso para

proporcionar a vastas camadas da população a educação básica,

a qualificação profissional e aperfeiçoamento ou actualização de

conhecimentos. Hoje, cada vez mais, é também utilizado em

Page 205: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

programas que complementam outras formas tradicionais,

presenciais, de interacção e é visto por muitos como uma

modalidade de ensino alternativo que pode complementar parte

do sistema regular de ensino presencial.

O conceito de EaD consiste num sistema de

educação/formação que visa a criação de um ambiente de

aprendizagem que permita ao indivíduo desenvolver um

determinado processo de aprendizagem.

O EaD posiciona-se como uma alternativa pedagógica ao

ensino presencial e deve utilizar e incorporar as novas

tecnologias como meio para alcançar os objectivos das práticas

educativas.

Pode-se dizer, de forma sucinta, que um regime de EaD é

caracterizado por:

· Estudo individualizado e independente;

· Separação física entre professor–estudante durante

o processo de aprendizagem;

· Processo de aprendizagem suportado normalmente

em materiais mediatizados;

· A comunicação bidireccional entre a instituição e os

estudantes;

· A relação institucional formalizada tendo em conta

actos de natureza administrativa (matriculas, certificados,

etc.) e pedagógica (tutoria e aconselhamento).

O EaD caracteriza-se, segundo Keegan (1996), pelas seguintes

características:

Page 206: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

· A quase permanente separação entre professor e o estudante

ao longo do processo de aprendizagem, que contrasta com o ensino

presencial tradicional;

· A influência de uma organização, quer na planificação e

preparação dos materiais para aprendizagem quer na preparação de

serviços de apoio a essa aprendizagem;

· O uso de tecnologias para estabelecer a ligação e promover a

comunicação entre o professor e o estudante;

· O estabelecimento de canais de comunicação bidireccionais

através do qual os participantes podem estabelecer diálogo;

· A quase permanente ausência de trabalho de grupo ao longo

do processo, excepção das sessões presenciais que possam viabilizar a

sociabilização ou do uso de meios de comunicação síncrona (ex.:

teleconferência).

A definição das diferentes gerações do EaD varia de autor para

autor, de acordo com os critérios que os próprios definem. Alguns

autores consideram a tecnologia utilizada como critério fundamental

para fazer esta distinção, enquanto outros preferem caracterizar as

diferentes eras face à forma de interacção entre os diferentes

participantes, ou ponto mais comum, relacionando os suportes

tecnológicos, com o tipo de interacção que permitem.

Garrison define a existência de uma primeira geração tecnológica

associada ao ensino por correspondência, ou seja, a partir do momento

em que foi possível aliar à palavra impressa um meio de comunicação

bidireccional, como são os serviços postais.

A segunda geração tecnológica definida por Garrison

(telecommunications generation) iniciasse com o recurso a tecnologias

de comunicação electrónica como sejam o telefone e a teleconferência

(áudio e/ou vídeo). Esta nova geração tecnológica veio permitir uma

Page 207: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

interacção mais rápida e eficaz entre os diferentes participantes de um

programa.

Finalmente, o autor identifica uma terceira geração tecnológica

(computer generation) baseada nas possibilidades de interactividade que se

perspectivavam na época com o desenvolvimento dos computadores e agora

substancialmente confirmadas com o boom da Internet.

Na sua análise, Gomes estabelece os seguintes critérios para a

distinção entre as gerações do EaD:

· Media e tecnologias utilizadas na representação e distribuição de

conteúdos;

· Media e tecnologias utilizadas na mediação da comunicação

professor/estudante, e destes entre si;

· Modelo comunicacional adoptado entre professores e estudantes

· Modelo comunicacional adoptado entre estudantes.

Estes critérios são a base da diferenciação entre as várias gerações, tal

como propomos de seguida:

Primeira Geração – Cursos por Correspondência

A primeira geração do EaD é normalmente associada

aos Cursos por Correspondência, que surgiram em meados do

século XIX, tendo a Revolução Industrial como pano de fundo.

Nessa época, o EaD caracterizou-se pela utilização do sistema de

correspondência como mediador dos processos de comunicação

pedagógica. Neste modelo, a comunicação resume-se

essencialmente à troca de documentos, em suporte de papel e

através do correio tradicional, entre professor e estudante. Os

Page 208: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

estudantes adquiriam o conhecimento através do estudo dos

materiais pedagógicos entregues pela entidade formadora,

executando depois testes de avaliação para comprovar os

conhecimentos adquiridos. Para além dos materiais, o estudante

só comunicava com o seu instrutor para tirar eventuais dúvidas

que pudesse ter. Embora com custos relativamente baixos o EaD

por correspondência é afectada pela dependência do tempo que

o correio demora entre uns e outros actores, sujeita a atrasos

e/ou perdas de correspondência.

Assim, esta geração caracterizou-se pela dificuldade de

uma comunicação síncrona, em dois sentidos, entre

professor/estudante e estudante/professor. No entanto,

actualmente existem ainda cursos de formação que têm este

meio de comunicação como base.

Segunda Geração – Universidades Abertas

A segunda geração do EaD inicia-se com a possibilidade

tecnológica que permite o uso de recursos múltiplos de media,

como o texto, som, imagem estática e imagem vídeo, para a

representação dos conteúdos a transmissão de som e imagem. O

factor despoletador desta segunda geração foi o surgimento das

primeiras Universidades Abertas, no final da década de 60 do

século XX.

Em Inglaterra, a Open University abriu em 1969 cursos a

distância, cujos modelos pedagógicos se baseavam

essencialmente nas emissões de rádio e televisão, gravações de

cassetes áudio e vídeo e materiais escritos. A comunicação com

os estudantes era feita via telefone, fax ou correspondência,

continuando a ser principalmente unidireccional. A utilização do

telefone possibilitou aqui o surgimento da comunicação síncrona

entre professores e estudantes. No entanto, comunicar neste

Page 209: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

suporte pode-se tornar bastante dispendioso pelo que os

contactos mantidos por telefone se limitavam ao mínimo

indispensável. No entanto, verifica-se nesta 2ª geração, que a

interacção entre estudantes continua a ser inexistente.

Assim, com a possibilidade de comunicar via satélite,

verifica-se um grande impulso no acesso à educação mediada

pela tecnologia permitindo uma maior abrangência de públicos. A

possibilidade dos estudantes consultarem o material de ensino a

qualquer hora do dia (salvo as excepções à transmissão

televisiva) foi crucial para que se criassem várias aplicações

educacionais. Também o ensino por correspondência ganhou um

novo fôlego ao incorporar estas novas tecnologias.

De acordo com Keegan (1993), os estudantes eram já

nesta segunda geração membros de uma forma embrionária de

comunidade de aprendizagem, onde lhes era permitida a

hipótese de discussão e análise crítica de ideias, valores e

perspectivas, apesar de ainda não se verificarem interacções

exclusivas entre estudantes.

Terceira Geração – Ensino Assistido por Computador

A terceira geração do EaD é caracterizada pelo

desenvolvimento do ensino assistido por computador. Torna-se

assim possível usufruir das capacidades da imagem, do som e do

movimento para transmissão/construção de conhecimentos e

permitindo a introdução de ferramentas que possibilitam uma

maior interacção e flexibilidade no processo de aprendizagem.

Aproveitam-se assim as capacidades da imagem, do som e do

movimento para a transmissão de conhecimentos e para a

introdução de ferramentas que possibilitam maior interacção e

flexibilidade de estudo.

Page 210: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

O desenvolvimento de software educacional foi o principal

factor impulsionador que permitiu aos estudantes fazerem uma

aprendizagem a distância assistida pelo computador.

Outra característica distintiva desta geração é a

possibilidade de interacção/comunicação entre estudantes,

apesar de, nesta altura, este ainda não ser considerado um

elemento fundamental para o desenvolvimento das actividades

de ensino/aprendizagem.

Quarta Geração – Internet, Interactividade e e-Learning

A quarta geração é marcada por uma aprendizagem

mais flexível do que a que se verificava na geração anterior. Esta

aprendizagem tem como base o recurso a informação e

conteúdos presentes na Internet e nas redes de computadores.

Assim, as novas TIC trouxeram ao EaD uma flexibilidade

ainda mais alargada, ou seja, os formandos podem aceder aos

conteúdos formativos a qualquer hora e em qualquer lugar,

desde que devidamente apetrechados com um computador e

uma ligação à Internet.

As novas TIC possibilitam também a disponibilização de

um feedback mais rápido e eficaz sobre o desempenho dos

estudantes na construção das suas aprendizagens. A interacção

entre os diversos intervenientes, mesmo de forma assíncrona, é

cada vez mais imediata permitindo uma aprendizagem orientada

face aos objectivos específicos de cada estudante.

Deste modo, também os conteúdos instrucionais estão

agora mais vocacionados para os seus utilizadores os quais, para

além de interagir directamente com os restantes estudantes e

com os professores através da mediação tecnológica com base

na Internet, interagem também com os o próprio material

Page 211: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

formativo, seja de forma funcional ou operacional. Assim, e de

acordo com Gomes (2003), “a comunicação directa e frequente

entre todos os intervenientes (professores e estudantes)

possibilitada pelos diversos serviços de comunicações mediadas

por computador torna-se um princípio característico desta

geração de inovação tecnológica no ensino a distância.

Por outro lado, começam também a surgir as plataformas

de aprendizagem, os Learning Management Systems (LMS) que

facilitam a interacção, e criam verdadeiros ambientes virtuais de

aprendizagem. Um LMS não é mais que um software de gestão

de sistemas de ensino/formação que tem como principais

objectivos centralizar e simplificar a administração e gestão dos

programas de eLearning. Estes sistemas cobrem todos os

processos de aprendizagem dos modelos de EaD, possuindo

vários perfis de utilização e administração e ferramentas de

apoio aos sistemas permitindo a realização de inscrições,

relatórios, avaliação, tracking de utilizadores, etc..

Deste modo, podemos considerar que um LMS apoia a

planificação e o desenvolvimento dos processos de

aprendizagem, permitindo a formandos e tutor uma partilha

colaborativa de informação e conhecimento. Dentro destes

ambientes virtuais começam então a surgir verdadeiras

comunidades virtuais de aprendizagem.

A caracterização das diferentes gerações do EaD pode ser

sistematizada como demonstra o quadro seguinte:

Ferramentas da Web: Técnicas de organização e adequação da

informação seleccionada aos destinatários da formação

Page 212: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL
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Page 216: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Interacção (pesquisar e produzir conteúdos)

Page 217: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Um browser é um software para recuperar, apresentando, e

atravessando recursos de informação na World Wide Web. Uma fonte

de informação é identificado por um Uniform Resource Identifier (URI)

e pode ser uma página web, imagem, vídeo ou outra parte do

conteúdo. Um navegador web também pode ser definido como um

software aplicativo ou programa desenhado para permitir aos usuários

aceder, recuperar e visualizar documentos e outros recursos na

Internet.

Os principais browsers/motores de busca:

Windows internet explorer

Mozila Firefox

Opera

Safari

Netscape Navigator

Google Chrome

Yahoo

Altavista

MSN

Ask jeeves

Inktomi

Overture

Excite

Introdução à Web. Princípios básicos de formação/suporte de

formação através de plataformas de e-learning;

A génese da Internet dá-se entre o final da década de 60 e início

da década de 70 do século XX. A primeira experiência de transmissão

de dados entre dois computadores ocorreu a 20 de Outubro de 1969,

na Universidade da Califórnia em Los Angeles, com recurso a um router

Page 218: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

denominado Interphase Message Processor (uma máquina usada para

transferir dados que tinha o tamanho de um frigorífico).

A Internet como hoje a conhecemos, a World Wide Web (WWW),

apenas surgiria cerca de 10 anos mais tarde no Laboratório Europeu de

Física de Partículas (CERN), em Genebra. Desde essa altura, os

desenvolvimentos tecnológicos foram-se sucedendo de forma

exponencial até que, chegando aos dias de hoje, a Internet se encontra

cheia de páginas com imagens, sons, links entre páginas. Tornou-se

numa imensa rede de redes onde o acesso a um enorme reservatório

de informação ficou muito mais rápido e simples.

O conceito de e-Learning não é consensual, existindo diversas

definições, umas mais abrangentes que outras.

Page 219: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa. Princípios básicos

sobre e-learning

Aprendizagem cooperativa ou colaborativa é um processo onde os

membros do grupo ajudam e confiam uns nos outros para atingir um

objetivo acordado. A sala de aula é um excelente lugar para desenvolver

as habilidades de criação de um grupo do qual se terá necessidade no

futuro.

A aprendizagem cooperativa/colaborativa é interativa; como

um membro do grupo:

Desenvolve e compartilha um objetivo comum

Compartilha sua compreensão do problema

Questões; insights e soluções

Responde aos, e trabalha para compreender os

questionamentos, insights e soluções dos outros.

Cada membro permite ao outro falar e contribuir, e considera

suas contribuições.

São responsáveis pelos outros, e os outros são responsáveis por

você

São dependentes dos outros, e os outros dependem de você

O que permite a criação de um bom grupo de aprendizagem?

As atividades em grupo começam com o treinamento e

compreensão dos processos grupais. Um instrutor começa por facilitar a

discussão e sugerir alternativas, mas não impõe soluções ao grupo,

especialmente àqueles que apresentam dificuldade de trabalhar em

conjunto

Page 220: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Cada membro do grupo é responsável não apenas por dar força,

mas também por ajudar os outros a entender a fonte de suas

forças;

Cada membro que está em desvantagem ou não se sinta

confortável com a maioria deve ser encorajado e fortalecido pro-

ativamente para dar sua contribuição;

A aprendizagem é influenciada positivamente com a diversidade

de perspectivas e experiências, originando aumento de opções

para resolução de problema, assim como de detalhes a serem

considerados.

O compromisso de cada membro com o objetivo é definido e

compreendido pelo grupo ;

Avaliações confidenciais entre pares são uma boa forma de

analisar quem está ou não contribuindo;

Os grupos têm o direito de excluir um membro não cooperativo

ou não participante se todos as medidas tomadas foram em vão.

(A pessoa excluída então tem que encontrar outro grupo que a

aceite)

Os indivíduos podem sair do grupo se eles acreditarem que estão

fazendo a maior parte do trabalho com pouca ajuda dos outros.

(Essa pessoa, em geral, pode facilmente encontrar um outro

grupo que acolha suas contribuições)

Princípios e responsabilidades operacionais compartilhados,

definidos e concordados por cada um dos membros. Incluem-se

neles:

O comprometimento em participar, preparar e chegar a horas

para as reuniões.

Manter discussões e desacordos focados nos temas, evitando

críticas pessoais.

Ter responsabilidade para a divisão de tarefas e realizá-las a

contento.

Pode precisar de executar as tarefas para as quais tem pouca

Page 221: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

experiência, sentir-se sem experiência, ou até mesmo pensar

que os outros poderiam fazer melhor. Aceite o desafio, mas

sinta-se confortável para declarar que você pode necessitar de

ajuda, formação/orientação de um mentor, ou ter que desistir e

assumir uma tarefa diferente.

Princípios básicos sobre e-learning.

O e-Learning apresenta-se como uma metodologia de

aprendizagem, inserida no vasto domínio da sociedade da informação e

do conhecimento. O eLearning pode ser definido como um processo de

aprendizagem e de distribuição de conteúdos formativos, em ambientes

digitais. O eLearning pode ser assegurado off-line ou on-line, através da

Internet ou Intranet.

O b-Learning pode ser considerado como uma estratégia pedagógica

que combina situações de puro eLearning com momentos de formação

presencial. Em termos mais clássicos, blended learning é um processo

que mistura duas estratégias de formação num único projecto (formação

a distância e formação presencial), utilizando o mixed mode, ou modo

misto.

Os 10 princípios aplicáveis em qualquer situação de eLearning:

eLearning é uma forma de implementar a educação que pode

ser aplicado em vários modelos de educação a distância (em sala

de aula, etc ...) e filosofias educacionais (behaviorismo,

construtivismo, etc ...).

eLearning permite únicas formas de educação que se encaixam

os paradigmas existentes e educação a distância.

Sempre que possível, a escolha das ferramentas de eLearning

deverá resultar na pedagogia escolhido de um curso e não pode

Page 222: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

ser condicionado. Como regra geral, o mais importante como

usar a tecnologia que a tecnologia utilizada.

eLearning procede principalmente através da implementação

bem sucedida de inovação educacional.

eLearning pode ser usado de duas maneiras principais para a

apresentação de conteúdos educativos e facilitação de processos

educativos.

Ferramentas de eLearning melhor trabalhar dentro de um

modelo de projeto do curso e integrada cuidadosamente

seleccionados de forma otimizada.

As ferramentas de eLearning e técnicas deve ser usado somente

depois de considerar as vantagens e desvantagens da utilização

de treinamento on-line vs offline.

A prática eficaz de eLearning em conta as maneiras pelas quais

os usuários finais interagem com as oportunidades de

aprendizagem que lhes são prestados.

processo essencial da educação, ou seja, permitindo que o aluno

para alcançar os resultados de aprendizagem desejados, não

mudar quando aplicado eLearning.

Apenas o acesso vantagens educacionais e fornecer uma base

duradoura para abordagens de eLearning.

Principais vantagens do e-learning:

Inovação em processos de formação/educação

Redução e racionalização de recursos

Resultados pedagógicos (avaliação) satisfatórios

Disponibilidade e flexibilidade de ensino/aprendizagem

Estímulo da auto-aprendizagem

Experimentação das TIC

Igualdade de oportunidades

Eliminação da dispersão geográfica

Page 223: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Acessibilidade a conteúdos mais apelativos

Criação de comunidades colaborativas virtuais

Aquisição contínua de novos conhecimentos (formação ao longo

da vida)

ROI rápido

Principais desvantagens do e-learning:

Resistência à mudança, às TIC e ao próprio processo FaD

Elevados investimentos iniciais (conteúdos)

Ausência de estratégia formativa adequada

Falta de formação e apoio aos tutores

Má utilização das técnicas pedagógicas

Falta de interactividade dos conteúdos.

Conteúdos mais generalista e de menor componente prática

Contingência tecnológica - largura de banda e terminais

Dificuldade em quantificar o retorno do investimento (ROI)

Ausência da relação humana alunos/professor

Exige alguns conhecimentos tecnológicos

Não elimina as habituais perturbações nos locais de trabalho

Reduzida confiança neste tipo de estratégias educativas

Tipologias e Funcionalidades de uma

plataforma (p.e. Moodle, …)

Existem 2 tipologias de plataformas de e-learning:

Abertas ou open-source (ex: Moodle);

Fechadas ou close-source. (ex: FORMARE, da PT Inovação).

Page 224: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

O Moodle é uma plataforma de e-Learning de código aberto

(open-source) para gestão da formação e de conteúdos formativos. É

uma plataforma modular a que podem ser adicionados novos blocos e

funcionalidades desenvolvidas pela comunidade 'open-source' ou por

terceiros.

As suas principais funcionalidades são:

Criar cursos ou disciplinas com variados conteúdos formativos e

actividades;

Criar formandos e organizá-los em grupos;

Criar fóruns de discussão;

Definir tutores e professores para monitorar os cursos criados;

Monitorar os acessos dos utilizadores à plataforma e às

diferentes actividades;

Registar as notas e o desempenho dos formandos.

A sua característica consiste no controlo eficaz dos acessos à

plataforma.

A plataforma Moodle considera essencialmente três tipos de

utilizadores: os professores ou tutores, os alunos e os administradores.

Os professores

Os professores ou tutores podem fazer qualquer coisa dentro de uma

disciplina, incluindo alteração das actividades e avaliação dos alunos.

Os alunos

Podem aceder aos conteúdos dos cursos em que se encontram

inscritos. Podem escrever em alguns fóruns e responder a actividades

solicitadas durante o curso.

Page 225: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Os administradores

Além das funcionalidade disponíveis a alunos e a professores, os

administradores podem executar todo o trabalho de administração da

plataforma, nomeadamente, alterar o aspecto do site, inscrever

diferentes tipos de utilizadores, definir as suas permissões, etc.

Moodle - Formas de acesso aos conteúdos

Os utilizadores da plataforma Moodle possuem essencialmente três

formas de acesso aos conteúdos, sendo que para cada um dos cursos é

possível configurar um dos seguintes tipos de acesso:

Acesso livre para qualquer visitante que aceda à plataforma;

Apenas para utilizadores que possuam o código de acesso para

esse curso;

Para os utilizadores que se identifiquem correctamente através

de um nome de utilizador e uma palavra-passe.

Moodle - Formas de

inscrição/autenticação de utilizadores

Podem também ser definidas várias formas de registo

(autenticação) dos utilizadores e da sua inscrição nos cursos, de que se

podem destacar:

Processo manual realizado pelo administrador ou

através da leitura de dados de login de um ficheiro.

Processo automático realizado pelo próprio visitante da

plataforma Moodle;.

A autenticação dum utilizador (nome e password) pode

também ser feita automaticamente duma tabela duma base de dados

Page 226: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

externa. Podem depois ser copiados para a base de dados da

plataforma.

Moodle - Possibilidades de customização

São inúmeras as possibilidades de customização do Moodle.

Alterar a funcionalidade da plataforma

Alterar o layout do site, incluindo ou removendo módulos da

plataforma ou removendo, editando ou adicionando blocos HTML.

Alterar a aparência da plataforma

É possível alterar os esquemas de cores, os ícones, as

formatações e as imagens de todas as páginas da plataforma.

Parametrizar a inscrição de utilizadores

Parametrizar a forma de acesso dos utilizadores à plataforma.

Moodle - Criação e edição de conteúdos

Além de funcionar como um LMS que permite controlar o acesso

dos utilizadores aos conteúdos, a plataforma Moodle funciona também

como um LCMS (Learning Content Management System) ao permitir

criar e editar os conteúdos disponibilizados na plataforma.

Cada um dos cursos ou disciplinas do Moodle podem ser

calendarizados semanalmente, organizados como um conjunto de

temas ou compactados num ficheiro em formato SCORM.

Page 227: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Actividades e recursos disponíveis

Cada um dos cursos do Moodle pode ser constituído por

actividades e recursos de que destacamos as principais:

Trabalho - é uma activdade do Moodle que atribui

tarefas on-line ou off-line; Os alunos podem entregar as suas tarefas

num ficheiro de qualquer formato.

Chat - é uma activdade do Moodle que permite a

comunicação em tempo real.

Referendo - é uma activdade do Moodle onde os

professores podem criar uma pergunta e um número de opções para

obterem a opinião dos alunos.

Diálogo - é uma activdade do Moodle que permite uma

comunicação assíncrona privada entre o professor e um aluno ou entre

os alunos.

Fórum - é uma activdade do Moodle que permite

diálogos assíncronos do grupo sobre um determinado tema. A

participação em fóruns pode ser uma parte integral da experiência de

aprendizagem, ajudando os alunos a esclarecer e desenvolver a sua

compreensão de um tema.

Lição - é uma activdade do Moodle que permite criar e

gerir um conjunto de "páginas ligadas". Cada página pode terminar

com uma pergunta. Consoante a resposta do aluno, este pode

progredir na lição ou voltar atrás. No final existe uma qualificação.

Glossário - é uma activdade do Moodle que permite

criar uma compilação dos termos mais usados numa disciplina. Existem

várias opções de representação, incluindo em lista, enciclopédia, FAQ,

dicionário e outras.

Questionário - é uma activdade do Moodle que permite

criar questionários incluindo perguntas de verdadeiro ou falso, escolha

Page 228: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

múltipla, respostas curtas, associação, perguntas aleatórias, numéricas,

inseridas no texto e onde todas elas podem conter gráficos.

Inquérito - é uma activdade do Moodle que ajuda a

criar cursos mais eficazes oferecendo uma variedade de inquéritos

(COLLES, ATTLS).

Os Recursos servem para incluir conteúdos num curso.

Podem ser: texto sem formato, ficheiros, Links, Wiki ou HTML (Moodle

tem os editores incorporados) ou ainda uma referencia bibliográfica.

Técnicas de adaptação dos conteúdos disponibilizados em papel

à sua disponibilização online (em Pdf, comprimidos – ZIP, com

apresentações em PowerPoint em modelo .pps)

Se não quer instalar nada no computador, uma boa dica é usar

os conversores online, que não requerem nenhuma instalação no

computador. Para isso, vamos usar o Free PDF Converter, que realiza a

tarefa rapidamente.

Para transformar para PDF, acesse o site e escolha na sua pasta

de trabalho o arquivo de sua preferência. O site aceita que você

converta não apenas documentos do Word, mas também planilhas

Excel e apresentações em PowerPoint, mantendo a diagramação prévia.

CometDocs

Page 229: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Outra opção útil para quem precisa converter os

arquivos sem instalar nada no computador é o

CometDocs, que traz uma interface um pouco mais

caprichada, porém segue o mesmo estilo do Free PDF

Converter.

Para converter, aceda ao site e clique em “Browse”

para escolher o arquivo que pretende transformar para o

formato PDF.

Se você busca uma opção mais simples, leve e que

não precise de nenhuma impressora virtual para

funcionar, o Save as PDF é uma boa alternativa. Ele nada

mais é do que um complemento para todo o pacote Office

(a partir da versão 2007).

Para converter, instale o programa e abra qualquer

arquivo que deseja converter tanto para PDF quanto para

XML. Clique em “Salvar como” e escolha a opção PDF ou

XPS, seleccionando o local para a gravação e o formato de

sua preferência.

Os arquivos .rar e .zip são arquivos comprimidos

com programas do tipo do WinRar ou WinZip. Por falar

neles, serão os próprios que servirão para descompactar

os seus arquivos para assim poder ter acesso à eles.

Exemplo:

Você consultou um site e fez o download do

arquivo, porém quando você for a abrir descobre que

estava a lidar com um arquivo zipado.

O que fazer/como fazer para aceder ao conteúdo?

Se você usa Windows Xp ou superior, os arquivos

“.zip” não serão problema, pois ele reconhece este tipo de

Page 230: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

arquivo. Senão é só seguir os passos que ensinarei a

seguir:

Estes passos também servem para os casos de

arquivos “.rar”.

1. Baixe este programa demo, o Winrar;

2. Depois de baixá-lo, o execute e

instale-o em seu computador;

3. Agora que você instalou é só ir ao

local onde está o arquivo compactado, clicar com o

botão direito em cima dele e escolher a opção

“Extrair aqui” ou algo parecido;

4. Pronto! Uma nova pasta ou arquivo

surgirá, ele/ela é o conteúdo.

Os passos acima servem para a extracção de pastas

e arquivos de arquivos compactados.

Gostaria de deixar salvo que em alguns programas

os passos podem não funcionar exatamente como eu

descrevi acima, mas você só precisa entender o que você

está tentando fazer: extrair um arquivo. Entendendo isto e

sabendo ler (se você não soubesse nem teria chegado tão

longe neste texto) você consegue desenrolar qualquer

problema.

Regras “Net-etiqueta”

Netiqueta (do inglês "network" e "etiquette") é uma etiqueta que

se recomenda observar na internet. A palavra pode ser considerada

Page 231: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

como uma gíria, decorrente da fusão de duas palavras: o termo inglês

net (que significa "rede") e o termo "etiqueta" (conjunto de normas de

conduta sociais). Trata-se de um conjunto de recomendações para

evitar mal-entendidos em comunicações via internet, especialmente em

e-mails, chats, listas de discussão, etc. Serve, também, para definir

regras de conduta em situações específicas (por exemplo, ao colocar-se

a resenha de um livro na internet, informar que naquele texto existem

spoilers; citar nome do site, do autor de um texto transcrito, etc).

As origens da Netiqueta são anteriores ao aparecimento da

World Wide Web. Era considerado indecente fazer anúncios comerciais

e começou a considerar-se necessário um conjunto comum de regras.

O termo "netiquette" (inglês) já é usado desde 1983.

Alguns exemplos de regras:

Evitar enviar mensagens exclusivamente em

maiúsculas, grifos exagerados, ou em HTML.

Não usar recursos de formatação de texto,

como cores, tamanho da fonte, tags especiais, etc, em

excesso.

Respeitar para ser respeitado e trate os

outros como gostaria de ser tratado.

Lembrar-se de que dialogar com alguém

através do computador não isenta das regras comuns

da sociedade, por exemplo, o respeito ao próximo.

Usar sempre a força das ideias e dos

argumentos. Nunca responder com palavrões.

Apesar de compartilhar apenas virtualmente

um ambiente, ninguém é obrigado a suportar ofensas e

má-educação.

Page 232: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Evitar enviar mensagens curtas em várias

linhas.

Ninguém é obrigado a usar a norma culta,

mas é preciso usar um mínimo de pontuação. Ler um

texto sem pontuação, principalmente quando é grande,

gera desconforto, e, além disso, as chances dele ser

mal interpretado são muitas.

Evitar escrever em outra língua quando não

solicitado.

Evitar ser arrogante ou inconveniente.

Não interromper o assunto tratado pela outra

pessoa.

Evitar ao máximo usar emoticons de letras,

palavras e coisas do género.

Usar a funcionalidade de se auto-determinar

um status ou estado como away, ou ausente, se

possível.

Procurar ser o mais claro possível para não

gerar confusão.

Não sair do mensageiro sem se despedir da

pessoa com quem está "falando".

Em fóruns e listas de discussão, deixar o

papel de moderador para o próprio moderador.

Em textos muito longos, deixar uma linha em

branco em algumas partes do texto, paragrafando-o.

Dependendo do destinatário de seu texto,

evitar o uso de acrónimos e do internetes.

Page 233: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Não copiar textos de sites ou qualquer outra

fonte que possua conteúdo protegido por registro e que

não permita cópias e sempre, mesmo com

MF 7.2 Comunidades Virtuais De

Aprendizagem

A Internet, tal como já a caracterizámos, veio abrir uma

nova era de interacção e aprendizagem em rede. Estão a surgir,

online, novas formas de sociabilidade e a vida quotidiana de

cada um de nós está cada vez mais adaptada aos novos

ambientes tecnológicos.

A criação de laços em rede, o trabalho colaborativo e

cooperativo, e a própria sociabilização que existe na Internet

promovem a construção de verdadeiras Comunidades Virtuais.

Exemplo de Comunidades Virtuais de Aprendizagem são

os programas de e-Learning, que apesar da flexibilidade do

modelo, mantêm a estrutura de turma, de modo a fomentar a

colaboração entre os participantes na construção do

conhecimento. Estas comunidades são, em primeira instância,

um grupo de pessoas que, para a concretização dos seus

projectos individuais, são levadas a interagir regularmente. Esta

interacção levou ou desenvolvimento de uma verdadeira

comunidade de aprendizagem. Ou seja, nestes casos, a

comunidade resulta de um conjunto de opções pessoais de um

Page 234: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

grupo de indivíduos em torno de interesses ou objectivos

específicos comuns.

Princípios básicos da Web 2.0 (p.e., Redes sociais)

Web 2.0 é um termo criado em 2004 pela empresa americana

O'Reilly Media para designar uma segunda geração de comunidades e

serviços, tendo como conceito a "Web como plataforma", envolvendo

wikis, aplicativos baseados em folksonomia, redes sociais e Tecnologia

da Informação. Embora o termo tenha uma conotação de uma nova

versão para a Web, ele não se refere à atualização nas suas

especificações técnicas, mas a uma mudança na forma como ela é

encarada por usuários e desenvolvedores, ou seja, o ambiente de

interação e participação que hoje engloba inúmeras linguagens e

motivações.

A conceitualização dada por Tim O'Reilly, o precursor do

uso do termo de termo Web 2.0. define que: “Web 2.0 é a

mudança para uma internet como plataforma, e um

entendimento das regras para obter sucesso nesta nova

plataforma. Entre outras, a regra mais importante é desenvolver

aplicativos que aproveitem os efeitos de rede para se tornarem

melhores quanto mais são usados pelas pessoas, aproveitando a

inteligência coletiva" — Tim O'Reilly.

O'Reilly sugere algumas regras que ajudam a definir

sucintamente a Web 2.0:

Page 235: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

O beta perpétuo - não trate o software como um

artefato, mas como um processo de comprometimento com

seus usuários.

Pequenas peças frouxamente unidas - abra

seus dados e serviços para que sejam reutilizados por outros.

Reutilize dados e serviços de outros sempre que possível.

Software acima do nível de um único

dispositivo - não pense em aplicativos que estão no cliente ou

servidor, mas desenvolva aplicativos que estão no espaço entre

eles.

Lei da Conservação de Lucros, de Clayton

Christensen - lembre-se de que em um ambiente de rede,

APIs abertas e protocolos padrões vencem, mas isso não

significa que a idéia de vantagem competitiva vá embora.

Dados são o novo “Intel inside” - a mais

importante entre as futuras fontes de fechamento e vantagem

competitiva serão os dados, seja através do aumento do

retorno sobre dados gerados pelo usuário, sendo dono de um

nome ou através de formatos de arquivo proprietários.

Os blogs e a própria Wikipedia são frequentemente mencionados

como ícones da Web 2.0. Entretanto interfaces colaborativas e

participativas sempre existiram desde que a Internet dava seus

primeiros passos (no berço das universidades). Listas e fóruns de

discussão - até mesmo a Usenet - são exemplos antigos de colaboração

e participação. Em 1995 o GeoCities oferecia espaço e ferramentas para

que qualquer usuário relativamente leigo construísse seu website e

publicasse suas ideias na Internet. A loja virtual Amazon desde o seu

lançamento (em 1995) permite que seus clientes e visitantes postem

comentários e informações diversas sobre livros que são vendidos na

loja. A Amazon também já sugeria produtos correlatos (“pessoas que

Page 236: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

compram este CD também compram…”) como forma de monetizar

ainda mais a operação. Em 1998 o Yahoo! lançava o MyYahoo!,

permitindo que a página de entrada do site fosse customizada e

personalizada (com notícias, cores e afins) individualmente. Desta

forma, conteúdo participativo e/ou colaborativo não seria uma idéia

nova e revolucionária, surgida na Web 2.0. Ao contrário, seria um dos

pilares mais antigos da Internet, permitindo que virtualmente qualquer

indivíduo ou empresa publique e compartilhe informações na rede.

De qualquer forma, a Web 2.0 marcou o amadurecimento no uso

do potencial colaborativo da Internet. No jornalismo, por exemplo, a

produção colaborativa tem sido usada para aumentar a gama de

assuntos abordados em portais de notícias. Terra, UOL e iG são

exemplos de empresas que permitem a qualquer usuário publicar suas

próprias notícias. Dessa forma, além de dar ao usuário a sensação de

interagir/fazer parte do portal, essas empresas conseguem ter um

volume de notícias que não conseguiriam caso tivessem de remunerar

profissionais para produzi-las.

A mesma lógica de "monetização" do conteúdo colaborativo tem

sido usada em comunidades de nicho. O site Outrolado, do portal UOL,

convida participantes a escreverem artigos sobre Internet e tecnologia

no site. Com isso, o portal oferece renome e visibilidade aos usuários

que tiverem seus artigos publicados e ao mesmo tempo viabiliza seu

negócio, disponibilizando conteúdo relevante sem necessidade de

remunerar financeiramente todos os autores.

Colaborativamente, a web 2.0 também pode ser usada como

uma ferramenta pedagógica para a construção de conceitos. É neste

sentido que a chamada “arquitetura de participação” de muitos serviços

online pretende oferecer além de um ambiente de fácil publicação e

espaço para debates, recursos para a gestão coletiva do trabalho

comum. No entanto, devemos estar atentos ao fato de que, quando se

discute o trabalho aberto e coletivo online, não se pode pensar que não

Page 237: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

deva haver a regulação das relações. Igualmente ao trabalho coletivo

não virtual, há sempre possibilidade de termos que lidar com ações não

prudentes e desvinculadas do objetivo principal do projeto. Uma rede

social online não se forma tão e somente pela simples conexão de

terminais. “Trata-se de um processo emergente que mantém sua

existência através de interações entre os envolvidos”. (PRIMO, 2007, p.

21).

Inserção de recursos didáticos em plataformas colaborativas e de

aprendizagem (p.e., normas scorm)

A norma SCORM (Sharable Content Object Reference Model) é

um conjunto de especificações e standards para criar e desenvolver e-

Learning que garante interacção, acessibilidade e reutilização de

conteúdos. Como resultado, no era posible el intercambio de tales

contenidos.SCORM é possível criar conteúdo que pode ser importado

para o aprendizado de diferentes sistemas de utilização, desde que

suporta o padrão SCORM.

O SCORM é da responsabilidade da Advanced Distributed

Learning initiative (ADL) e foi concebido com base no trabalho

das seguintes organizações:

Aviation Industry Computer-Based Training

(CBT) Committee (AICC),

IMS Global Learning Consortium,

Institute of Electrical and Electronics

Engineers (IEEE),

Alliance for Remote Instructional Authoring

and Distribution Networks for Europe (ARIADNE).

Page 238: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Os principais requisitos para o modelo SCORM são:

Acessibilidade: capacidade de acessar os

componentes de ensino a partir de um local distante

através de tecnologias web, e distribuí-los para outros

locais.

Adaptabilidade: capacidade de personalizar o

treinamento de acordo com as necessidades dos indivíduos

e organizações.

Durabilidade: a capacidade de resistir ao

desenvolvimento da tecnologia sem exigir uma reconcepção

reconfiguração, ou reescrever o código.

Interoperabilidade: a capacidade de ser

utilizado em outro local e outro conjunto de ferramentas ou

outros componentes de plataforma educativos

desenvolvidos dentro de um sítio, com um certo conjunto

de ferramentas ou sobre uma plataforma específica. Há

muitos níveis de interoperabilidade.

Reutilização: a flexibilidade que lhe permite

integrar componentes de educação dentro de vários

contextos e aplicações.

O cumprimento da norma SCORM apresenta as seguintes

vantagens:

•Portabilidade – Possibilidade de disponibilizar o

conteúdo e, qualquer plataforma e-learning compatível com

SCORM;

•Reutilização – Possibilidade de localizar e consultar

objectos de aprendizagem incluindo lições, módulos, exercícios,

actividades, media, etc. e reutilizar os mesmos no âmbito de

outros cursos.

Page 239: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

•Controlo da Performance – Possibilidade de registar

informação acerca do formando e da sua actividade, incluindo

pontuação, tempo despendido, etc...;

•Sequenciação – Possibilidade de combinar objectos de

aprendizagem para suportar apresentação adaptativa do

conteúdo com base em critérios como os objectivos, preferências

e performance do formando.

Estratégias, métodos e técnicas de

organização do trabalho e da

comunicação online;

Os cursos online têm tido uma grande procura, uma vez

que proporcionam níveis elevados de qualidade do ensino e da

aprendizagem, conseguindo, até, minimizar algumas das

desvantagens do ensino e formação a distância:

Comunicação rápida:

o Com a ajuda dos meios tecnológicos;

o Um feedback rápido é fundamental para o sucesso dos

formandos;

Níveis elevados de comunicação:

o Os formandos podem sentir-se mais à vontade

para participarem em discussões ou debates;

o A comunicação entre o tutor e o formando ser

individualizada.

Page 240: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Interacção entre os formandos:

o Utilização fácil do email.

o Criação de grupos de trabalho que podem

comunicar via chat, email ou fórum;

o Os cursos podem conter aplicações para

conferências que facilitem o debate, a discussão, a

colaboração e a comunicação, por meio de vídeo ou

telefone.

o Os formandos podem ser de culturas e países

diversos.

Diversos materiais de apoio:

o Os materiais com base na Web são baratos e de

rápida produção; podem ser rapidamente introduzidos

textos, gráficos ou imagens a cores;

o Na Web os materiais podem ser alterados,

adicionados e carregados em pouco tempo.

o O material pode ser revisto tendo em

consideração o feedback por parte dos formandos.

O modelo de ensino/aprendizagem online de Gilly

Salmon

Este modelo de ensino/aprendizagem tem como objectivo

principal a criação de situações que tornam os formandos de

cursos online mais confiantes e capazes de desenvolver com

sucesso as suas aprendizagens.

Page 241: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Este modelo encontra-se organizado em 5 níveis, sendo

que cada um deles requer um determinado tipo de competências

e técnicas por parte dos formandos. Os níveis são sequenciais.

Nível 1 – Acesso e motivação;

Nível 2 – Socialização online;

Nível 3 – Troca de informação;

Nível 4 – Construção de conhecimento;

Nível 5 – Desenvolvimento.

Nível 1 Acesso e motivação

A motivação dos formandos é um aspecto essencial para o

seu sucesso. O tutor deve dar as boas vindas aos formandos e

encorajar a sua participação, explicando claramente os

objectivos do curso.

Também é fundamental que os formandos tenham

conhecimento do modo de funcionamento do ambiente virtual

onde decorre o curso (plataforma, sessões síncronas e

assíncronas). O tutor tem um papel importante neste nível, pois

até os formandos que parecem ser os mais confiantes

necessitam de apoio no início do curso.

Nível 2 – Socialização online

Neste nível, o tutor cria as bases e as “pontes” entre todos

os participantes. É importante que organize as actividades e que

promova discussões. Neste nível devem ser definidos os

princípios do trabalho online. Os formandos fazem as suas

apresentações individuais, o que promove a descoberta dos

outros formandos, com quem vão interagir.

Page 242: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Torna-se essencial a criação de um espírito de

comunidade online, inicialmente através das propostas de

participação do tutor (actividades, debates, fórum, etc.), de

forma a que todos sintam que a sua participação é útil para a

aprendizagem do grupo.

Nível 3 – Troca de informação

Os formandos interagem com os materiais de

aprendizagem. Esta fase caracteriza-se pela troca de informação

entre os formandos e pelas tarefas de grupo, que promovem

essa troca. É de realçar a vantagem das sessões assíncronas

nesta fase, uma vez que cada formando pode explorar a

informação de acordo com o seu ritmo e reagir antes de ver os

pontos de vista e as interpretações dos outros formandos.

Neste nível, a aprendizagem dos formandos requer 2 tipos

de interacção:

a) Com os conteúdos do curso;

b) Com os outros formandos e com o tutor.

O tutor tem que ser um especialista de conteúdos e apoia

a utilização dos materiais de aprendizagem.

Nível 4 – Construção de conhecimento

O grupo já está à vontade com o tutor, com o

funcionamento do curso e da plataforma. Os formandos

assumem o controlo da sua aprendizagem e colocam questões.

Há mais debates e a interacção torna-se mais colaborativa.

A partir deste nível o tutor assume um papel menos

activo, uma vez que são os próprios formandos que constroem o

Page 243: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

seu conhecimento. O tutor acompanha-os, assegurando-se que

as aprendizagens ficam consolidadas.

Nível 5 – Desenvolvimento pessoal

Neste nível os formandos são responsáveis pela sua

aprendizagem. Estabelecem-se níveis elevados de interacção,

com menos materiais de aprendizagem. As aprendizagens

fazem-se por meio da interacção e da colaboração. Os

formandos reflectem sobre a sua aprendizagem e procuram no

sistema formas e ferramentas que permitam o seu

desenvolvimento.

As orientações para o início de um curso online:

De acordo como modelo de ensino/aprendizagem de Gilly

Salmon, é fundamental que, inicialmente, o formando tenha

motivação para o curso e que lhe sejam dadas as indicações

necessárias para que esta motivação se mantenha no seu

decorrer.

Existem 4 orientações base para o início de um curso

online:

1) O curso;

2) Custos e equipamento necessário;

3) Conhecimentos técnicos;

4) Competências de autogestão de trabalho.

Todas estas orientações podem ser dadas num manual de

acolhimento ao curso ou num website criado para o efeito.

Page 244: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

1) Orientações para o início de um curso online

– O curso:

· Os conhecimentos e competências que se espera

que o formando desenvolva no curso;

· As vantagens de um curso online;

· Os objectivos do curso e os resultados a atingir;

· Uma descrição dos conteúdos do curso, podendo

incluir alguns exemplos de links;

· Apresentação do tutor do curso;

· Os pré-requisitos dos formandos para iniciarem o

curso;

· O hardware e o software de que os formandos

necessitarão;

· O que se pretende dos formandos para concluírem

o curso com sucesso;

· Os critérios e formas de avaliação;

· Os prazos a serem cumpridos pelos formandos;

· Número de horas de trabalho de que necessitam.

2) Orientações para o início de um curso online

– Custos e equipamento necessário:

· Inscrição no curso e custo do exame de avaliação

(quando aplicável);

· Custos em equipamento, caso os formandos não

possuam acesso a um computador;

Page 245: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

· Custos de acesso à Internet;

· Software novo ou actualizado;

· Compra de outro material, para além do que é

fornecido na Web (ex: vídeo ou material impresso).

3) Orientações para o início de um curso online

– Conhecimentos técnicos:

Se o curso não tiver como objectivo que os formandos

desenvolvam algumas das seguintes competências, então já

deverão saber:

· Utilizar um computador com segurança;

· Introduzir texto;

· Acede à Web;

· Pesquisar informação a partir de ferramentas de

busca;

· Utilizar o email,enviar anexos e estabelecer listas de

grupos de email pessoais;

· Resolver problemas técnicos simples.

4) Orientações para o início de um curso online

– Competências de autogestão de trabalho:

Os formandos devem estar preparados para:

· Apresentar-se on-line com regularidade;

· Tratar dos e-mails com prontidão;

Page 246: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

· Completar todas as actividades, exercícios e

trabalhos;

· Estar consciente dos prazos e cumpri-los ou, no

caso de não conseguir, apresentar razões válidas para tal;

· Trabalhar em cooperação com outros formandos;

· Ser honesto com o tutor e com os restantes

formandos sobre quaisquer dificuldades que tenha;

· Gerir o tempo.

.

Existem dois tipos de comunicação online:

- Comunicação síncrona – o tutor e os formandos

interagem em simultâneo, recorrendo a ferramentas de

comunicação síncronas, como por exemplo, chat, whiteboard ou

videoconferência;

- Comunicação assíncrona – o tutor e os formandos

interagem em tempos diferentes, utilizando como ferramentas,

por exemplo, o fórum ou o e- mail, transferência de ficheiros.

O Songbeat é o programa mais moderno na Web para

fazer download das músicas favoritas directamente para o

computador usando uma plataforma de busca inovadora: basta

submeter o titulo de uma canção ou de um artista e o Songbeat

encontra-o! Não é ilegal!

Page 247: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

O Chatsum é um add-on para o seu navegador da Web que lhe

permite conversar com os outros. No Chatsum os outros

utilizadores podem ver o mesmo site que você e ainda deixar

mensagens nos sites que visita.Pode ainda encontrar pessoas

que gostam dos mesmos sites que você e conversar com elas. É

interessnte para utilizar como ferramenta de trabalho por uma

comunidade científica, quando esta visita sites comuns.

O hi5 é uma comunidade social virtual criada por Ramu

Yalamanchi. Cada utilizador com registo no hi5 pode criar um

perfil com um visual bastante atractivo podendo colocar

fotografias, músicas e vídeos. O sistema de código HTML permite

criar mais estilos e diversidades dentro do site. O hi5 possui o

sistema de grupos em que um utilizador pode aderir a um

determinado grupo consoante os interesses desse mesmo grupo

(países, cidades, músicas, etc.). O hi5 foi considerado o site mais

visitado pelos portugueses em 2007, segundo o ranking mundial

alexa.com

Feedity

Esta ferramenta permite seleccionar uma ou mais

webpages e criar uma RSS feed, ou seja, criar um alerta na

nossa caixa de correio, que nos permite tomar conhecimento de

cada vez que houver uma novidade (actualização) na webpage

(ou webpages) que seleccionarmos. Em contexto pedagógico

podemos utilizar esta ferramenta para ter conhecimento de cada

vez que um aluno actualizar a webpage, ou por outro lado, eles

podem tomar conhecimento das actualizações do professor, ou

mesmo dos colegas.

Page 248: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

O Windows Live Messenger é a nova geração do MSN

Messenger que é um programa de mensagens instantâneas. O

programa permite que um usuário da internet se relacione com

outro que tenha o mesmo programa, podendo ter uma lista de

amigos "virtuais" e acompanhar quando eles entram e saem da

rede e acrescenta novos recursos aos já disponibilizados no MSN

Messenger. Por exemplo, é possível enviar mensagens a alguém

da lista de amigos “virtuais”, mesmo que esteja offline, sendo

que essa pessoa verá a mensagem quando estiver online. Outro

recurso interessante é o Windows Live Favorites, onde se pode

adicionar os sites favoritos, como no "Favoritos" do navegador

de internet, mas com a vantagem de que teremos esse site

gravado no nosso Messenger, podendo usá-lo em qualquer

computador.

É uma ferramenta de comunicação em tempo real entre

utilizadores que permite não só a troca de mensagens de texto

como a partilha de ficheiros.

O Skype é uma tecnologia que dá um passo à frente

relativamente ao IRC (chat). Permite a comunicação em tempo

real entre utilizadores através de mensagens de texto e

chamadas de voz e vídeo. A filosofia de comunicação já não se

baseia na criação e acesso a salas de conversação guardadas

num servidor do serviço. Baseia-se na construção, por parte de

cada utilizador, de uma lista de contactos personalizada e a

comunicação é feita numa base P2P (Peer-to-Peer), ou seja, as

chamadas são estabelecidas directamente de computador para

computador sem passar por um servidor central.

A comunicação entre os utilizadores pode assumir a forma

de mensagens escritas, IM ou Instant Messaging (Mensagens

Page 249: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Instantâneas), e de chamadas de voz e/ou vídeo. Podem

também ser realizadas conferências com vários utilizadores

utilizando IM ou chamadas de voz. O skype ainda não permite a

utilização de voz e vídeo em conferência.

Os blogs são plataformas de publicação e comunicação

assíncrona tipo web 2.0 que se publicam cronologicamente

como se fossem um diário. Pode ainda permitir comentários, dos

leitores, aos textos publicados que se chamam posts. Têm como

grande vantagem o facto de serem muito intuitivos e não

necessitar de se saber construir páginas para a Internet, ou

trabalhar com código. Os usos dos blogs em actividades

didácticas/educativas/pedagógicas são múltiplas:

Apresentação das várias etapas de um

projecto de um ou mais professores;

Apresentação de projectos/trabalhos

realizados por alunos em AP ou qualquer outra área ou

disciplina;

Criação de um jornal escolar online;

Divulgação das actividades de um clube de

escola;

Apoio a um disciplina;

Discussão temática em FC ou quaisquer outras

disciplinas/actividades.

O papel (e funções) do e-formador e e-moderador

Garrison publica um artigo em 1985 em que defende “que

“a evolução tecnológica conduziu ao surgimento de paradigmas

Page 250: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

alternativos ao nível dos princípios e conceitos associados à

Educação a Distância, identificando neste domínio a existência de

três gerações de inovação tecnológica” (Garrison in Gomes,

2003), as quais são consideradas na perspectiva das

modalidades de comunicação bidireccional disponíveis.

a) Conceptor autor dos materiais de

aprendizagem.

b) Instrutor o tutor deve dominar os

conteúdos para fazer o acompanhamento dos formandos,

esclarecer dúvidas relativas aos conteúdos, estimular a

interacção com o sistema e com os colegas numa óptica

de aprendizagem colaborativa. Ainda avalia formativa e

sumativamente os formandos e dá feedback, para que o

formando regule o seu processo de auto-aprendizagem.

Para além destes aspectos, o tutor dá orientações sobre o

modo de funcionamento e de utilização da plataforma

informática.

c) Facilitador facilitador do processo de

aprendizagem, na medida em que ajuda a regular e a

orientar o processo de auto-aprendizagem dos formandos.

d) Moderador/Animador o tutor deve ser um

dinamizador da aprendizagem. Apresenta actividades,

reconhece os interesses dos formandos e a diversidade

das suas experiências, lança temas de debate e

actividades de grupo (Rodrigues; Ferrão, 2006: 283284).

Distinguem-se dois tipos de tutor:

Tutor activo

Page 251: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

o Acompanha e intervém.

o Coloca questões aos formandos.

o Mais interventivo, dinamizador, provocador e

colaborador no processo de aprendizagem do formando.

o Motiva constantemente os formandos.

o Dinamiza actividades relacionadas com conteúdos,

comenta os trabalhos e dá respostas individuais.

Tutor passivo

o Acompanha, mas deixa fluir o formando.

o Responde às dúvidas e questões colocadas pelo

formando.

o Dá resposta às necessidades do formando e do grupo.

o É mais reactivo (reage às situações, não as provoca).

Qualidades do tutor:

Cordialidade.

Empatia.

Tolerância (relativamente aos valores, cor de

pele, sexo ou estatuto sócio-económico).

Flexibilidade.

Honestidade.

Competências do tutor:

Page 252: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Para apoio ao formando:

Manter diálogo frequente.

Saber ouvir e questionar de forma adequada.

Estar atento a possíveis dificuldades e/ou

desmotivação.

Não deve deixar “morrer” a conversa com o

formando.

Ficar em silêncio quando o formando está a

raciocinar.

Determinar o que é ou não importante.

Para apoio ao processo de aprendizagem:

Clarificar.

Verificar.

Contextualizar.

Conceptualizar.

Desafiar.

Suscitar a acção.

Domínio tecnológico.

O tutor tem quatro funções principais (Waterhouse, 1983

in eTrainers:188; Fyfe, 1991:45;

Lewis, 1984: 3940,49; Thorpe, 1993: 7273): Ensinar,

Avaliar, Negociar e Aconselhar.

Ensinar:

Page 253: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Promove a aprendizagem;

Transmite conhecimentos;

Suscita a actividade do formando;

Ajuda o formando a aprender, orientando-o

no que respeita aos métodos de estudo;

Desenvolve materiais de aprendizagem.

Avaliar:

Corrige os trabalhos e testes dos formandos;

Dá conselhos e orienta relativamente aos

erros e deficiências detectadas;

Avalia o comportamento do formando ao

longo do processo de aprendizagem.

Negociar:

Negoceia a aprendizagem do formando;

Familiariza o formando com o curso e

ajudam a estabelecer os seus objectivos de

aprendizagem;

Aconselhar:

Presta apoio e orientação genérica,

nomeadamente no campo motivacional e no

desenvolvimento de metodologias e de capacidades

pessoais de aprendizagem;

Page 254: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Aconselha a nível pessoal e académico,

apoiando a aprendizagem e orientando o estudo.

As funções do tutor podem, ainda, ser classificadas da

seguinte forma:

Função pedagógica:

Fomenta um ambiente social amigável

(fundamental para a aprendizagem online);

É um facilitador;

Conduz o grupo livremente, permitindo que

explorem o material de aprendizagem sem qualquer

restrição;

Questiona os formandos, estimulando o seu

pensamento crítico;

Comenta adequadamente as mensagens dos

formandos;

Actua como animador, tentando motivar os

formandos a explorar o material mais aprofundadamente

do que o fariam na sala de aula presencial.

Função de gestão:

o É administrador do curso;

o Pode ser responsável por definir o programa do

curso, as suas tarefas e as directrizes iniciais para discussão

e adaptação.

Função técnica:

Page 255: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

o Deve conhecer bem a tecnologia que usa no

curso, de forma a poder actuar como facilitador.

Função social:

É responsável por facilitar e dar espaço aos

aspectos pessoais e sociais da comunidade online;

Deve estimular a relação entre os formandos e o

sentido de grupo;

Pode utilizar as seguintes estratégias:

- Dar inicio ao curso pelas apresentações dos

formandos para que todos se conheçam;

- Desenvolver actividades de grupo, de forma a que

trabalhem em conjunto.

Princípios básicos da e-moderação e do e-formador

Os problemas de aprender a distância podem agrupar-se em 4

categorias (eTrainers: 195200):

Feedback;

Isolamento;

Aprender a aprender;

Auto-estima.

Feedback

Os atrasos no feedback podem ser ultrapassados através de:

Page 256: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Materiais de aprendizagem devem antecipar as dificuldades dos

formandos. Um tutor experiente sabe quais são os conteúdos em que

sentem mais dificuldades, devendo ter isso em consideração na

elaboração/escolha dos materiais.

Actividades – devem ter sempre soluções /indicações que

possibilitem a verificação imediata das respostas dos formandos.

Testes (formativos/sumativos) – a sua correcção deve ser rápida

e deve ser acompanhada de notas explicativas das correcções feitas e

indicações para que os formandos conduzam o seu estudo no sentido

de os superar.

Isolamento

O isolamento do formando pode ser considerado em 3

dimensões:

· Física – o formando encontra-se fisicamente

distante do tutor. No entanto, pode usar o telefone e as

tecnologias da comunicação de forma a reduzir os

problemas que resultam dessa separação geográfica.

· Social – o contacto pessoal do formando

com o tutor e com os colegas pode não acontecer

regularmente e é, no entanto, um factor fundamental para

que os formandos se sintam parte de uma comunidade.

· Psicológica – o formando sente-se muitas

vezes isolado em termos psicológicos, daí ser importante

que o tutor actue a este nível, mostrando-se disponível e

acompanhando o formando durante todo o seu processo

de aprendizagem.

Page 257: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Aprender a Aprender

Existem 3 dimensões da aprendizagem:

Dimensão cognitiva – saber aprender;

Dimensão volitiva – vontade de aprender;

Dimensão afectiva – gosto por aprender (eTrainers: 196197).

No ensino e formação a distância, a aprendizagem está

centrada no formando, que tem de realizar determinadas

funções, que se encontram organizadas em dois grupos:

Funções operacionais:

Esquema: Funções operacionais (retirado de eTrainers: 199)

Para que o formando aprenda terá de proceder a

realização de acções físicas e mentais que julgue serem

adequadas à situação. Assim, terá de recolher os dados dos

materiais e trata-los, organizando-os, seleccionando-os e

Page 258: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

relacionando-os com os seus conhecimentos anteriores, de forma

a procurar respostas para as questões que lhe são colocadas ou

que ele coloca a si próprio, enquanto estuda.

Após o tratamento dos dados, terá que elaborar uma

resposta e exprimi-la. Se a resposta for considerada satisfatória,

deverá memorizá-la para posteriores reutilizações. Em todo este

processo, de forma consciente ou inconsciente, o aluno avalia a

forma como está a adquirir a informação e os seus resultados.

a) Funções estratégicas (distinguem-se 5

funções estratégicas):

Esquema: Funções estratégicas (retirado de eTrainers:

199).

1.1. Atitude - É fundamental que o formando

adopte uma atitude positiva face à aprendizagem, em

relação a si e aos outros e em relação ao presente e a um

futuro próximo ou longínquo.

Page 259: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

1.2. Projecto – A ideia que se tem

relativamente ao futuro encontra-se vinculada a um

projecto de vida, um projecto de aprendizagem. De

qualquer forma, o facto do formando ter um projecto, faz

com que tenha uma intenção, o que é imprescindível para

a sua motivação e para a sua autodirecção.

1.3. Situação As situações em que o formando

aprende são essenciais para levar a cabo o

desenvolvimento desse projecto.

1.4. Tratamento - Refere à forma como o

formando trata a informação.

1.5. Distanciamento - Tem a ver com a gestão

da sua própria aprendizagem, com o controlo que sobre

ela exerce. Esta função permite que o sujeito se descentre

do seu acto de aprender e faça uma auto-avaliação.

Auto-estima

“A ideia que um indivíduo faz de si próprio, das suas

forças e das suas fraquezas, é um factor determinante no seu

sucesso na aprendizagem.”

eTrainers (2000)

É fundamental que o tutor tenha consciência que:

· O insucesso frequente leva a que o formando

acredite que não será capaz de ultrapassar as dificuldades;

· A forma como o formando encara e percepciona as

suas capacidades influencia o seu desempenho;

· Os formandos com baixo rendimento escolar têm

tendência para comportamentos que dificultam a aprendizagem.

Page 260: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Através das conversas e da interacção que o tutor

estabelece com o formando, é essencial que consiga detectar as

situações em que este possa ter a sua auto-estima mais em

baixo para que esta situação possa ser contornável o mais

rapidamente possível.

Estratégias do tutor:

1) Estratégias de focalização: Quando o diálogo se

torna disperso, prolixo ou denso. O tutor deve:

· Identificar a direcção do diálogo;

· Ordenar ideias pela sua relevância;

· Focar pontos-chave.

2) Estratégias de aprofundamento: Quando o

diálogo se torna superficial, de forma a provocar a crítica

sobre opiniões e afirmações que bloqueiam o diálogo.

Quando os formandos sentem que existem áreas que

deveriam ser exploradas / aprofundadas. O tutor deve:

· Questionar de forma abrangente;

· Estabelecer relações;

· Privilegiar múltiplas perspectivas.

No ensino e formação a distância, destacam-se as

seguintes formas de apoio aos formandos.

A. Acolhimento aos formandos:

Page 261: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

o Numa primeira comunicação, o tutor deve ser amistoso

e deve transmitir segurança;

o Assim que o tutor souber o email pessoal dos

formandos, deve enviar-lhes uma mensagem pessoal e amiga,

para que fiquem a saber que é prestável e acessível;

o É na fase do acolhimento que o tutor deve fornecer

informações sobre o início do curso, como por exemplo:

· O endereço electrónico onde se encontram os

materiais do curso e onde os formandos podem inscrever-

se (username e password);

· O endereço de email do tutor;

· Formas alternativas de contactar o tutor (telefone,

fax, morada, etc.);

· Horário do curso, incluindo datas de arranque e

conclusão.

o Devem também ser dadas indicações sobre os

objectivos do curso e os conteúdos.

B. Encorajar e motivar os formandos:

o O tutor deve ter sempre soluções alternativas para que

a comunicação não pare, dada a possibilidade de existência de

problemas técnicos no decorrer do curso;

o O tutor deve assegurar-se que os formandos sabem

que, caso seja necessário, podem telefonar, enviar uma carta ou

um fax.

C. Monitorizar os progressos verificados:

o O tutor deve assegurar-se que a progressão dos

formandos é a desejada;

Page 262: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

o O curso deve ter actividades, trabalhos ou comunicações

para que o progresso possa ser verificado;

o A única forma de saber se os formandos se mantêm

activos e envolvidos no curso é através do envio de mensagens;

o Caso tal não aconteça, o tutor deve estimulá-los

através de emails, por exemplo;

o O tutor deve ter sempre um tom encorajador nas

mensagens que envia .

D. Fornecer e clarificar informação:

o O tutor deve ensinar, explicar conceitos, esclarecer

informações;

o As críticas do tutor devem ser sempre antecedidas de

reforços positivos acerca daquilo que o

formando conquistou com sucesso até ao momento;

o Deve ficar bem explícito o que o formando terá que

fazer para evitar futuras críticas e conseguir realizar um trabalho

ainda melhor;

o O formando deve perceber que o tutor está disponível

para encontrar soluções para o problema.

E. Fornecer feedback:

O feedback deve ser adequado à situação de cada

formando;

O tutor deve conhecer bem os formandos, considerando

alguns dos seguintes aspectos que têm influência na

aprendizagem:

· Se o formando tem hábitos de estudo regulares;

· A sua idade;

· Se é casado ou solteiro;

Page 263: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

· Se tem filhos e, no caso de ter, com que idades;

· Há quanto tempo não estuda;

· Qual é o seu passado de estudante;

· Qual a sua profissão e como se sente nela;

· Se se encontra motivado para frequentar o curso,

etc..

O feedback é fundamental para que o formando se sinta

motivado durante todo o curso. É importante que o tutor:

· Felicite os formandos, devendo também indicar

aquilo que menos conseguiram e as formas como o devem

superar;

· Chamar a atenção para os erros, tentando, acima

de tudo, encontrar as suas causas dentro da própria matéria

e dando indicações que possam ser úteis para que os

formandos recuperem facilmente;

· Realçar um bom trabalho dos formandos como

prova de que, se quiserem e se esforçar em, podem fazer

um bom trabalho.

Avaliação dos formandos:

É importante que os formandos não desmotivem e sintam

sempre que podem ultrapassar as suas dificuldades e que o tutor

lhe fornecerá ferramentas para ultrapassar as suas dificuldades;

O tutor deve fazer comentários que, apesar de dizerem ao

formando que se deverá esforçar e que a nota ainda não é

positiva, lhe dão motivação para continuar. Tudo depende da

forma como a mensagem é transmitida;

Deve estar claro que o tutor sabe que o formando é capaz

de ter um melhor desempenho para a próxima; o É importante

Page 264: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

ter em consideração o comentário, pois o tutor deverá estar a

par da situação do formando.

Page 265: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

M8. Avaliação da Formação e das

Aprendizagens

Competências a Adquirir

Pretende-se que cada formando, após este módulo esteja apto a:

o Distinguir diferentes níveis de avaliação dos resultados de formação;

o Construir e aplicar instrumentos de avaliação em

função dos objetivos previamente definidos, que permitam verificar e controlar os resultados da aprendizagem, a eficiência e a eficácia da formação;

o Identificar causas de subjetividade na avaliação;

o Aplicar um método sistémico e evolutivo de análise de

resultados de formação;

o Propor medidas de regulação, com vista à melhoria do processo de formação.

Fundamentação Pedagógica

Nos últimos anos a temática da avaliação tem vindo a ganhar

destaque no planeamento da formação por ser uma componente

essencial e de sucesso das formações. É através da definição de

instrumentos avaliativos que se tem o feedback do trabalho

Page 266: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

desenvolvido em termos de construção de ações de formação tal como,

do nível de aprendizagens dos formandos.

A avaliação das aprendizagens visa a verificação dos requisitos e

das competências definidas para uma determinada ação de formação

tal como promover capacidades de aprendizagem ao longo da vida,

exigindo aos formandos uma maior sensibilização para a importância da

participação e envolvimento na construção de um projeto formativo

específico. Neste sentido, pretende-se neste módulo sensibilizar os

formandos e dotando-os de competências e conhecimentos sobre

metodologias e técnicas para a construção de instrumentos válidos,

eficazes e adequados.

A avaliação da formação deve ter como pressuposto todo o

processo formativo, não se reduzindo apenas à fase final de um ciclo.

Assim, deve ter início na mesma altura em que começa a ação de

formação e deverá terminar após o enquadramento dos formandos no

seu contexto de trabalho, verificando se as aprendizagens realizadas

estão refletidas no seu trabalho.

M8.1 Avaliação Quantitativa e

Qualitativa

Acompanhamento e Avaliação da Formação

O acompanhamento e avaliação são considerados componentes

estruturantes dos processos formativos. Neste quadro, configuram-se

Page 267: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

como processos de intervenção contínua e sistemática, por forma a

promover nos participantes o desenvolvimento de uma capacidade

crítica sustentada e a validar progressivamente as competências

adquiridas e/ou desenvolvidas ao longo e no final da formação.

Sendo parte integrante do processo formativo, a avaliação tem como

finalidade prioritária validar os conhecimentos, as capacidades e as

aptidões adquiridas e/ou desenvolvidas pelos formandos ao longo da

formação. Além deste aspeto, e numa outra leitura, os resultados

obtidos em cada módulo do curso são interpretados como elementos de

validação das respetivas ações formativas.

A metodologia de acompanhamento e avaliação da formação baseia-se

num conjunto de técnicas que visa identificar as formas, os tipos e os

instrumentos disponíveis para realizar a respetiva avaliação, tendo por

objetivo obter feedback de todos os participantes, imprimir qualidade

em todo o sistema, promover um processo de melhoria contínua e

aferir as aprendizagens.

A avaliação, como processo sistemático, contínuo e integral deverá

ocorrer em três momentos:

Avaliação inicial (no início da formação):

Avaliação diagnóstica (perfil de entrada dos formandos);

Avaliação contínua (ao longo/durante a

formação): Avaliação formativa e sumativa

(processo/desenvolvimento da formação);

Avaliação final (no final da formação): Avaliação

sumativa (perfil de saída).

Page 268: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Na definição dos objetivos que lhe estão inerentes pretende-se

com a avaliação:

Identificar o perfil de entrada dos formandos

(avaliação diagnóstica);

Melhorar o ensino e a aprendizagem (avaliação

formativa);

Medir os resultados e a aprendizagem realizada

(avaliação sumativa).

O primeiro permite identificar quais os conhecimentos e

competências que os formandos possuem antes da formação e, o

segundo pode ser definido como um processo sistemático e contínuo

para determinar em que medida os objetivos pedagógicos foram

alcançados pelo formando, permitindo a correção do processo de

ensino-aprendizagem nos seus vários aspetos.

A avaliação sumativa constitui a finalidade clássica da avaliação e

assume uma relevância tanto maior, quando é certo ser ela a

responsável pela tomada de decisões a vários níveis, decisões essas

que influenciam, por vezes, a vida dos formandos e das organizações.

Avaliação Diagnóstica

A avaliação diagnóstica consiste numa fase essencial para os

formadores, já que esta avaliação prévia resultante da simulação

pedagógica inicial permite identificar quais os conhecimentos e

competências que os formandos possuem e desta forma definir a

estratégia formativa mais adequada para que os formandos alcancem

um resultado pedagogicamente satisfatório.

Page 269: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Avaliação Formativa

A Avaliação formativa (contínua) visa introduzir, no decurso do

processo de formação-aprendizagem, momentos de avaliação global da

atividade desenvolvida. Assim, atendendo aos objetivos específicos

delineados no início do módulo, a avaliação formativa permite

diagnosticar a forma como o formando vai acompanhando o processo

de formação-aprendizagem. Este feedback é essencial para o ajustar

das estratégias, que em muitos casos é decisiva para o sucesso do

formando.

Cabe ao formador de cada módulo orientar o processo de

avaliação formativa de forma contínua ao longo de todo o processo de

formação-aprendizagem. Neste sentido, durante as explicações e

demonstrações o formador deve, constantemente, verificar a

compreensão e o progresso dos formandos, fazendo perguntas e

observando as suas reações, salientando o que o formando está a fazer

bem e mal, dando-lhe sugestões para melhorar o trabalho, encorajando

a autoavaliação e fornecendo meios para que o formando possa avaliar

o seu próprio trabalho e corrigir os seus erros.

A autoavaliação é um processo insubstituível de autorregulação

do desenvolvimento das competências adquiridas ou a adquirir e a

explicitação/negociação de critérios de avaliação é necessária para a

compreensão da qualidade do desempenho.

Page 270: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Avaliação Sumativa

A avaliação sumativa (aprendizagens)

visa, ao classificar, traduzir o processo de avaliação contínua num

referencial universalmente reconhecido (escala), possibilitando a

certificação.

É da responsabilidade de cada

formador proporcionar as condições ideais para que a avaliação

sumativa de cada módulo resulte efetivamente da ponderação de todos

os elementos de avaliação definidos.

Critérios de Avaliação

Domínio Cognitivo (saber-saber)

• Conhecimento

• Compreensão

• Aplicação dos conhecimentos: transfere ou generaliza os

saberes adquiridos a novas situações

• Capacidade de memorização

• Capacidade de análise

• Capacidade de síntese

• Criatividade

Domínio Psicomotor (saber-fazer)

• Capacidade motora

• Habilidade manual

• Destreza física

• Rapidez de execução

Page 271: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

• Resistência à fadiga

Domínio Afectivo (saber-ser ou saber-estar)

• Motivação

• Interesse

• Iniciativa

Participação: mostra interesse e intervém a propósito, colaborando na

dinamização das actividades formativas.

Relações interpessoais: comunica com os colegas e formadores

demonstrando tolerância e espírito de equipa.

Responsabilidade: demonstra sentido de responsabilidade na

frequência da acção, em termos de cumprimento do tempo e das

actividades propostas.

Assiduidade/Pontualidade: comparência nas sessões; avisar em

situações de impossibilidade de comparecer; falta a sessões onde está

responsável pelo desempenho de papéis/simulações/apresentações.

Subjectividade da avaliação

Ausência de critérios de avaliação comuns:

A principal causa da subjectividade da avaliação é sem dúvida a

ausência de critérios comuns aos diferentes avaliadores. Isto resulta em

grande medida do facto de não se formularem objectivos de formação

e consequentemente, de a avaliação não incidir em itens de verificação

Page 272: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

desses objectivos, tendo como base o comportamento, a condição e o

critério de êxito, bem definidos.

Efeito da informação prévia:

O facto de o avaliador possuir informações acerca do formando

que avalia, pode influenciar a avaliação. Essas informações prévias

podem ser, por exemplo, a capacidade intelectual, capacidade de

trabalho, a dedicação, o seu comportamento na formação (ou mesmo

fora dela), as suas crenças (religiosas, politicas e outras), a sua origem

social, etc.

Efeito de halo:

Face ao preconceito criado acerca de um formando, o avaliador

tem tendência a avaliá-lo sempre da mesma maneira, indiferente à sua

evolução ou retrocesso.

Estereotipia:

Trata-se de um preconceito formado acerca dos formandos,

motivado, por exemplo, pela sua apresentação (vestuário, higiene),

presença física (agradável, desagradável), comportamento físico (voz,

tiques), fluência da linguagem, apresentação de provas escritas

(caligrafia, erros ortográficos).

Efeito da ordem de avaliação:

A ordem pela qual se avalia também pode interferir na avaliação.

Um exemplo muito coerente deste facto, que todos conhecemos, é o

que acontece quando uma avaliação oral, a um aluno brilhante se

Page 273: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

segue um aluno normal. Este muito provavelmente terá dificuldade em

deixar uma boa imagem.

Infidelidade do mesmo avaliador:

De facto, a avaliação feita por determinado avaliador, está

dependente de factores pessoais como o estado de saúde física e

mental, alterações do comportamento (como o humor no momento da

avaliação, etc.), o grau de exigência, o cansaço, e muitos outros

factores.

Escalas de Classificação

Page 274: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Técnicas e Instrumentos de Avaliação

TÉCNICAS INSTRUMENTOS

1. OBSERVAÇÃO • Fichas de observação

• Lista de ocorrências

• Escalas de classificação

2. FORMULAÇÃO DE

PERGUNTAS

Avaliação

Oral Lista de perguntas formuladas

Avaliação

Escrita

Inquéritos

• Questionários

• Inventários

• Escalas de atitudes

• Sociogramas

Testes

Testes resposta

aberta • Resposta curta

• Resposta longa

Testes resposta

fechada

• V/F

• Completar

• Emparelhar

• Escolha Múltipla

3. MEDIÇÃO • Instrumentos de medida

• Fichas de avaliação de trabalhos práticos

A Observação

• Inventariar previamente, os dados que pretendemos

recolher;

• Observar discretamente sem perturbar o formando;

• Criar no grupo um ambiente propício, sem inibições, com

espontaneidade e autenticidade;

• Não valorizar mais os participativos em prejuízo dos mais

reservados;

• Ser imparcial e objectivo.

Page 275: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Vantagem:

Permite recolher dados no momento em que os

fenómenos estão a decorrer, sendo portanto reais e fidedignos.

Desvantagens:

Processo moroso;

Enquanto se avalia um formando, pode-se perder

informação relativa ao grupo.

Instrumentos da Observação:

LISTA DE OCORRÊNCIAS

FORMANDOS PARTICIPOU É PONTUAL É ASSÍDUO É INTERESSADO

A X X

B X

C X X

D

E

Escala de Classificação

Page 276: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

FICHA DE OBSERVAÇÃO

Tarefa: ________________________________________________ Dia: ______________

Formando: _____________________________________________ Hora: _____________

Observação:

Comentários:

Page 277: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

A Formulação de Perguntas

Avaliação Oral

• Elaborar previamente uma lista de perguntas objectivas e

representativas da matéria a avaliar;

• Fazer perguntas claras, curtas e concisas, utilizando uma

linguagem adequada aos formandos;

• Reformular as questões caso necessário;

• Nunca dar pistas para a resposta;

• Na avaliação sumativa deverão ser colocadas as mesmas

questões a todos os formandos.

Vantagens:

Facilita o diálogo entre o formador e o formando;

Permite o treino da expressão oral.

Desvantagens:

A avaliação oral individual é morosa;

Dificuldade em criar condições de igualdade e

uniformidade na avaliação;

Favorece os formandos mais desinibidos ou com maior

capacidades de comunicação.

Avaliação Escrita

Inquéritos

Page 278: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Permitem apresentar questões escritas, de forma sistemática,

destinando-se a recolher dados do domínio afectivo:

Questionário

Inventário

Escala de Atitudes

Sociograma

Testes

Destinam-se sobretudo a avaliar dados do domínio cognitivo.

A. Testes de Produção ou resposta aberta:

Resposta Curta

Resposta Longa

B. Testes de Selecção ou resposta fechada:

Resposta Verdadeiro/Falso (ou dupla selecção)

De Completar (preenchimento ou lacunares)

Emparelhamento (correspondência ou associação)

Escolha Múltipla (teste americano ou selecção múltipla)

A. Testes de Produção ou Resposta Aberta

Resposta Curta

Consistem em apresentar as questões ao formando pedindo-lhe

que forneça as respostas adequadas sucintamente, como por exemplo,

numa palavra, em poucas palavras, poucas linhas, etc.

O formando tem liberdade para se exprimir mas condicionada a

determinado tempo, espaço ou extensão.

Page 279: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Procedimentos para a elaboração adequada de questões

de resposta curta:

O texto deve ser claro e o mais curto possível;

Deve indicar a quantidade de respostas que se pretendem

ou a extensão das mesmas;

As respostas solicitadas devem ser tanto quanto possível

homogéneas e semelhantes em extensão.

Vantagens dos Testes de Resposta Curta:

Resposta rápida e fácil;

Concepção rápida e fácil;

Avaliação objectiva.

Desvantagens dos Testes de Resposta Aberta:

Limitam a criatividade do formando.

Page 280: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Resposta longa

Apresentam-se questões ao formando, permitindo que este responda

livremente.

Procedimentos para a elaboração adequada de questões de

resposta longa:

O texto deve ser claro e o mais curto possível;

Limitar o âmbito da questão;

Indicar claramente o que se pretende;

Sempre que possível, subdividir a pergunta em fracções

coerentes, tornando as respostas menos longas.

Vantagens dos Testes de Resposta Longa:

Criatividade/imaginação;

Respostas espontâneas;

Concepção rápida e fácil.

Desvantagens dos Testes de Resposta Longa:

Page 281: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Subjectividade e morosidade na correcção.

B. Testes de Resposta Fechada

Procedimentos de Construção dos Testes

Testes de Resposta Verdadeiro/Falso:

Instruções claras;

Texto:

Claro e o mais curto possível;

Afirmativo;

Conter apenas uma ideia, totalmente verdadeira ou

totalmente falsa;

Evitar afirmações muito genéricas ou irrelevantes;

Extensão aproximada das afirmações;

Sequência aleatória das afirmações falsas ou verdadeiras.

Testes de Completar:

Texto claro e o mais curto possível;

Page 282: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Os espaços a completar devem ter a mesma extensão,

independentemente do tamanho da palavra em falta;

Omitir somente elementos importantes;

Elementos omitidos devem, preferencialmente, situar-se

no final da fase;

Não deve existir ambiguidade de resposta.

Page 283: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Testes de Emparelhamento: Instruções claras e precisa, indicando:

A forma de proceder ao emparelhamento;

Se a um elemento de um grupo corresponde um único ou

mais que um elemento no outro;

Texto claro e o mais curto possível;

Para evitar acertar ao acaso uma das listas deve contar

mais elementos que a outra, os quais não deverão estar correctos;

Não ultrapassar os 7 elementos, para evitar a dispersão.

Page 284: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL
Page 285: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Testes de Escolha Múltipla:

Questões claras e o mais curtas possível;

Instruções objectivas, indicando, nomeadamente, se há só

uma resposta certa (ou errada) ou várias certas e a forma de

assinalar;

Extensão aproximada das hipóteses;

Todas as hipóteses de resposta devem ser plausíveis;

Ordem arbitrária da resposta certa;

Conceber, sempre que possível, 5 hipóteses de resposta.

Exemplo:

Vantagens dos Testes de Resposta Fechada:

Resposta rápida;

Objectividade das perguntas;

Correcção rápida;

Objectividade das respostas: só admitem respostas

correctas, permitindo uma avaliação comparativa objectiva;

Diferentes formadores avaliarão da mesma forma.

Page 286: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Desvantagens dos Testes de Resposta Fechada:

Limitam a criatividade;

Concepção morosa;

Exigem o domínio perfeito do conteúdo e das técnicas de

elaboração das questões;

Probabilidade de acertar nas respostas ao acaso.

Fases de Elaboração:

1. Identificar o tipo de avaliação pretendida e adequar os

instrumentos à finalidade dessa Avaliação, seleccionando objectivos

gerais e específicos para serem avaliados;

2. Criar questões, por forma a que haja equivalência entre o

desempenho, as condições de realização e os critérios previstos nos

objectivos e as mesmas componentes nos instrumentos de avaliação;

3. Criar a corrigenda com as respectivas respostas-tipo

correctas;

4. Criar Tabelas de Notação (ou de cotação), nas quais se

deverão prever:

• Cotação a atribuir a cada questão correcta;

• Desconto a efectuar por cada questão errada;

• Prever a decisão, ou seja, qual o limite mínimo de

conhecimentos admitidos, de acordo com a importância do

conteúdo dado.

Page 287: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

A Medição

Destina-se a colher dados predominantemente no domínio psicomotor.

• Tempo de execução; • Quantidade de trabalho produzido;

• Respeito pelas medidas pré-determinadas, tolerâncias;

• Os trabalhos práticos são classificados através de notas quantitativas.

Page 288: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Instrumentos

Exemplo de uma ficha de avaliação analítica e quantitativa:

Page 289: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Exemplo de uma Ficha de Avaliação Analítica e Qualitativa:

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Page 291: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

M8.2 Avaliação: da Formação ao

Contexto de Trabalho

Introdução

Garantir a satisfação do cliente, implica o envolvimento colectivo

da função da formação na procura da Qualidade e da Eficácia na sua

actuação. É com o envolvimento a todos os níveis que se constrói uma

actuação coerente, que se traduz numa relação entre resultados e

objectivos favoráveis, quer para a entidade formadora, quer para o seu

cliente.

A maioria das empresas considera os recursos humanos e a

qualidade como factores estratégicos na melhoria do seu desempenho

profissional, com vista à Satisfação Total do Cliente e à melhoria

contínua da sua actividade. O investimento efectuado nos últimos anos

na área da formação profissional tem vindo a aumentar o que confirma

esta tendência. No entanto, os gestores deparam-se com um dilema:

como saber se o investimento em recursos humanos afecto à formação

é recuperado a curto/médio/longo-prazo ou não? Para responder a esta

questão temos de recorrer à Avaliação da Formação. No entanto,

esta não se deve circunscrever ao acto pedagógico em si nem fechar-se

na formação enquanto actividade.

A avaliação consiste num processo de:

Comparação de resultados face aos objectivos pré-fixados;

Diagnóstico das causas de fracos resultados;

Page 292: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Estabelecimento de acções ou planos de correcção e

aperfeiçoamento.

O Ciclo de Desenvolvimento da Formação

Page 293: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Ao ser implementado de forma sistemática este modelo,

podemos ter uma estrutura organizacional ou funcional como a

seguinte:

A aplicação dos conceitos implícitos na análise sistemática à

formação conduz ao aparecimento de uma visão mais globalizante das

actividades e tarefas da função formação. Já não se trata apenas de

saber “… está tudo a correr bem?” ou “… que nota atribuir ao

aluno…?”. A formação, encarada como subsistema no quadro de uma

instituição, é responsável pela melhor relação resultados/objectivos e

pela melhor contribuição para os resultados dos outros subsistemas da

Page 294: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

instituição. Isto significa que a avaliação da formação deverá ser

encarada numa perspectiva sistémica aos vários níveis em que actua ou

age. Assim, num subsistema de formação, deverá haver objectivos que

traduzam as preocupações e o esforço de aperfeiçoamento nos seus

diferentes sectores: acolhimento, concepção, produção,

implementação, avaliação.

Cada sector deve assim desenvolver a sua função e exprimir os

resultados em indicadores que traduzam, em termos evolutivos, a

qualidade e a quantidade.

Temos então que, de uma forma geral, a avaliação visa

essencialmente atingir os seguintes objectivos:

Implementar uma metodologia fiável e objectiva de

análise de resultados e comparação de objectivos;

Obter dados;

Comparar soluções e perspectivas de melhorias

qualitativas do subsistema formação;

Recolher informações susceptíveis de serem utilizadas

para aperfeiçoar o subsistema de formação e outros que afectem os

resultados da instituição;

Determinar a rentabilidade de um projecto.

Para o conseguir, a avaliação deverá ser parte integrante das

tarefas e actividades que se desenvolvem.

Page 295: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Avaliação da Formação: Abordagem

PERTA

A abordagem PERTA foi concebida no sentido de facilitar a sua

apropriação por parte dos respectivos utilizadores, pelo que surge

estruturada num conjunto de fases, processos e instrumentos.

A abordagem PERTA visa potenciar os desempenhos dos actores

ao longo do desenvolvimento da formação, entendida aqui como

projecto transversal e sistemático que pode ocorrer em qualquer

momento tendo em vista a elevação da qualidade e eficácia dos

desempenhos dos profissionais e/ou organizações nas quais estes se

inserem.

Sugere-se que o domínio “Avaliação da Formação” seja declinado

em cinco fases distintas, integradas ecomplementares - as 5 Fases da

Abordagem PERTA:

A cada uma das fases desta abordagem serão associados

processos específicos que visam operacionalizar cada uma das fases

referidas, a saber:

Page 296: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL
Page 297: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

O esquema seguinte permite compreender melhor de que modo

pode a avaliação contribuir para a melhoria das práticas a desenvolver

em cada um dos domínios do ciclo formativo. Como se poderá verificar,

uma estratégia de avaliação permite recolher e devolver informação a

cada um dos domínios referenciados. Nesta perspectiva, a mesma

constitui uma ferramenta ao serviço do alinhamento das intervenções

dos vários actores que resulta numa maior qualidade das respectivas

intervenções.

Page 298: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL
Page 299: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Critérios de Eficácia da Formação

A utilização de critérios apropriados constitui uma condição

fundamental para a avaliação da formação. Por critério de formação

entende-se uma medida que permite a avaliação de programas e

objectivos de formação. Os critérios deverão reflectir os requisitos

identificados durante o diagnóstico de necessidades e considerados

essenciais para um bom desempenho da função. Por exemplo, se um

requisito for a condução de um equipamento, um critério poderá ser o

número de incidentes registados em dado período.

Para diferentes momentos de um processo avaliativo, poderemos

recorrer a diferentes critérios. A mais difundida e popular tipologia de

critérios de formação é a de Kirkpatrick e contêm cinco níveis de

critérios para avaliação da eficácia:

1) REACÇÃO (Nível 1): é a medida em que os

participantes gostaram de um determinado programa, tratando-

se mais de uma medida atitudinal do que comportamental. É de

todos os níveis o mais avaliado apesar de, por si só, não fornecer

Page 300: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

informações muito relevantes ou rigorosas sobre o impacto da

formação.

Os formandos gostaram do curso?

É uma das formas mais tradicionais e usadas para

avaliar. É fácil, rápida e com baixo custo de aplicação. Os

resultados negativos podem significar dificuldades de

aprendizagem no curso.

2) APRENDIZAGEM (Nível 2): são os

conhecimentos, as atitudes e competências que foram adquiridas

ou alterados, em contexto formativo. Trata-se de medir

mudanças (nos conhecimentos, nos comportamentos, nas

atitudes) recorrendo a critérios relevantes que forneçam

resultados quantificáveis no contexto da própria formação, ou

seja, na ausência do desempenho da função.

Os formandos aprenderam com base nos objectivos do

curso?

A aprendizagem pode ser medida através de pré e

pós-testes, bem como através de testes escritos ou testes

de performance.

3) COMPORTAMENTO (Nível 3): por avaliação do

comportamento entende-se a medida da mudança do

comportamento no desempenho da função, em contexto

organizacional, ou seja, na empresa. Tal como uma reacção

favorável não significa necessariamente que as aprendizagens

efectuadas em sala de formação sejam transferidas para o

contexto da função. Portanto, sempre numa situação pós-

formação.

Page 301: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

O comportamento dos formandos no posto de

trabalho mudou? Os formandos aplicam o que

aprenderam? É difícil de operacionalizar. Podem ser

utilizados questionários ou grelhas de observação, após a

formação.

4) RESULTADOS (Nível 4): é a medida do impacto

da formação sobre os objectivos organizacionais. Por exemplo,

alguns critérios passíveis de expressar a influência de uma

formação poderiam ser o volume de negócios, o absentismo, o

volume de produção, etc.

Qual o impacto da formação na organização? Trata-se de

avaliar o impacto da formação em termos de resultados na

actividade da empresa. Este nível de avaliação é geralmente

aplicado a cursos de formação que procuram resolver problemas

específicos causados por falta de conhecimentos e qualificações.

O autor nunca define, de uma forma simples e clara, como se

processa este nível de avaliação. Dá alguns exemplos, entre

outros, de reduções nos custos e no absentismo. Apesar de ser

um nível de avaliação bastante atractivo, a sua aplicação é

extremamente difícil. As dificuldades em estabelecer relações

causais directas entre formação/resultados da empresa, bem

como a dificuldade em isolar factores de influência nos

resultados, não permitem afirmar, categoricamente, que uma

dada

acção de formação originou um aumento percentual de x

nos resultados y da empresa. Se estabelecemos relações directas

entre uma dada formação e um certo tipo de resultados,

podemos estar a “enredar” muitos outros factores, externos à

Page 302: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

formação, e que podem ter actuado em simultâneo para a

obtenção desses mesmos resultados.

Mais recentemente, temos vindo a assistir à

emergência de um “novo” nível de avaliação, que procura

ir um pouco mais além do nível 4.

5) Retorno do investimento (ROI – Return On

Investment)

O retorno do investimento é a comparação, em valores

monetários, dos resultados líquidos obtidos face ao custo do

programa formativo (expresso em percentagens). Este novo nível

de avaliação tornou-se muito popular. Muitos directores não

estão dispostos a empreender um projecto de formação se não

lhes é garantido um bom nível de retorno do investimento que

foi exigido para o levar a cabo. Não lhes basta bons resultados,

querem garantir uma recuperação do investimento. É importante

não confundir Retorno do investimento com Índice custo/

benefício.

Vejamos a diferença:

IBC = Benefícios brutos da formação

Custos do programa

Page 303: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

ROI = Benefícios líquidos da formação

Custos do programa

Suponhamos o seguinte exemplo:

Os custos de um dado programa de formação são 20.000

euros e os benefícios são de 100.000 euros (os benefícios podem

ser calculados com base em múltiplos indicadores, tais como o

aumento de produtividade e a redução de absentismo, entre

outros); logo:

IBC =100.000= 5

20.000

ROI = 80.000 x 100 = 400%

20.000

Como se pode constatar, a diferença fundamental consiste

no facto de o IBC considerar os benefícios brutos e o ROI

considerar os benefícios líquidos, descontando os custos e sendo

expresso em percentagens. O problema de fundo deste quinto

nível de avaliação consiste em isolar os benefícios ligados

directamente ao programa de formação, isto é, saber como

quantificá-los separadamente.

Page 304: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Esta técnica tem, evidentemente, dificuldades, mas,

apesar disso, não deixa de ser um exercício relevante.

Page 305: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Qualidade e Estratégias de Avaliação

A procura da qualidade na formação obedece a uma estratégia

coerente que contêm em si uma metodologia de observação e de

controlo interno (ou externo) da actividade do subsistema de formação

e, se pretendermos ser rigorosos, da própria actividade-avaliação.

Ao adoptar uma estratégia de qualidade na formação, devem-se

prosseguir 2 objectivos:

1) Implementar uma metodologia coerente e colectiva

de procura de resolução de problemas;

2) Identificar problemas e resolver/melhorar o

funcionamento e resultados do sistema com recurso à

metodologia adoptada.

Considerando que o sistema de formação evolui no sentido da

melhoria, uma estratégia de qualidade passa por uma programa global

que prevê um ciclo de actividades:

Identificar: áreas ou actividade a serem controladas/avaliadas;

zonas de potencial melhoria; corrigir e estruturar informação com o

objectivo de perspectivar ganhos potenciais a conseguir;

Page 306: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Analisar: os parâmetros a serem identificados, medidos e

monitorizados; aplicar métodos sistemáticos ou estatísticos para inferir

relações de causa-efeito;

Implementar: realizar o plano de actividades implícitas na

avaliação; comparar os resultados aos objectivos;

Avaliar: analisar o próprio processo/estratégia de qualidade;

comparar resultados com as necessidades utilizadas;

Genericamente, uma estratégia de qualidade na formação

obedece a um objectivo do subsistema de formação e para ser

implementado deve seguir as seguintes fases:

1. Estabelecer os ambientes e envolver os agentes de

actuação

Um ambiente adequado é essencial ao lançamento e sucesso de

uma estratégia de qualidade. Assim, a função formação ou o sistema de

formação na empresa devem, no seu conjunto, envolver-se como um

todo no processo de melhoria, encarando cada problema como

oportunidade de melhoria e progresso. As responsabilidades e

atribuições dos intervenientes e agentes de actuação devem ser claras

e conseguir a participação, envolvimento e motivação de todos.

2. Planear a actuação/definir uma linha de conduta e

aplicação/formar os intervenientes

Page 307: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Cada subsistema da formação deve ser envolvido e contribuir de

forma positiva para o conjunto. Para o conseguir é importante a

existência de um plano global de abordagem de cada subsistema e do

seu inter-relacionamento. A formação é indispensável no treino e

desenvolvimento de um movimento colectivo, de modo a garantir

melhorias e aperfeiçoamentos de funcionamento. Dado tratar-se de um

processo de formação dentro da formação, mesmo assim trata-se de

formação que normalmente deve ser conduzida com grande

envolvimento dos responsáveis que – através de sessões formais de

formação mas, sobretudo, através de um acompanhamento continuado

e sessões regulares de estudo e formação – conseguem, por um lado,

capacitar os seus técnicos para a utilização da metodologia de

qualidade e, por outro, atingir resultados concretos na solução de

problemas.

3. Diversificar as técnicas de diagnóstico/seleccionar os

problemas graves ou frequentes

Sugere-se que em cada subsistema se identifiquem com recurso

às ferramentas e métodos correntes de trabalho os problemas graves,

sistemáticos ou frequentes que se considerem serem necessários

solucionar.

4. Aplicar a metodologia de resolução de problemas com

recurso a diferentes técnicas

É de referir algumas técnicas de resolução de problemas:

Page 308: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Gráficos

Diagramas de causa-efeito

Modelos de análise

Histogramas

Estatísticas

Brainstorming

Análise de custos

5. Utilizar técnicas recursivas de abordagem global da

metodologia de qualidade/garantir a aplicação com sucesso

das técnicas até a solução satisfatória dos problemas.

MF 9 – Simulação Pedagógica Final

Preparar, desenvolver e avaliar sessões de

formação;

Identificar os aspetos pedagógicos considerados

mais importantes no processo de ensino-aprendizagem;

Propor soluções alternativas, apresentar sugestões

de estratégias pedagógicas diversificadas;

Exercitar competências de análise e de autoanálise

relativamente a comportamentos observados no

desenvolvimento de uma sessão de ensino-aprendizagem;

Comparar o nível de competências pedagógicas

adquiridas ao longo do processo formativo, com o nível de

desempenho demonstrado no início da ação;

Page 309: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

Elaborar uma Síntese e avaliação dos processos

formativos vivenciados;

Construir percursos para autoformação (traçado de

percursos individuais de formação).

A Simulação Pedagógica é uma técnica utilizada na formação de

formadores, de comerciais, em dinâmica de grupos, na preparação de

pessoas que assumem cargos públicos, na formação de artistas do

espetáculo e na formação na área do ‘saber-fazer’ (na indústria e no

desporto), como facilitadora da descentração, da autoanálise e da

melhoria do desempenho do indivíduo, de uma forma mais objetiva e

ativa.

A utilização desta técnica, numa fase final do desenvolvimento

do curso de Formação Pedagógica Inicial de Formadores, pretende

aferir a evolução dos formandos após o término do curso relativamente

à sua técnica enquanto formador. Poderão eventualmente, ser

sugestionados pontos de melhoria e percursos para autoformação que

serão úteis numa avaliação de follow-up ao formando.

Page 310: MANUAL FORMAÇÃO DE FORMADORES_ NOVO REFERENCIAL

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