manual de segurança em laboratórios do departamento de
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DEPARTAMENTO DE QUÍMICA E BIOQUÍMICA
FCUL
MANUAL DE SEGURANÇA
EM LABORATÓRIOS DO
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA E BIOQUÍMICA
Comissão de Segurança do DQB
2005
Manual de Segurança em Laboratórios do DQB
i
PREFÁCIO
A preocupação com a segurança, saúde e bem-estar de todos os colaboradores e visitantes do Departamento
de Química e Bioquímica (DQB) tem estado cada vez mais presente na política deste Departamento. Desde 1993 que existe
uma Comissão de Segurança do DQB, constituída por elementos nomeados por cada Executivo do Departamento, cuja
missão passa pela sensibilização para os riscos associados às actividades lectivas e de investigação desenvolvidas neste
Departamento.
O presente manual foi elaborado pelas Comissões de Segurança dos biénios 2001/2003, 2003/2005 e
2005/2007 das quais fizeram parte:
Júlia Versolato
Maria José Brito
Maria Luísa Moita
Maria Margarida Telhada
Maria Margarida Meireles
Maria Teresa Pamplona
Maria Teresa Pereira
Com este Manual, a Comissão de Segurança do DQB pretende dar a conhecer os principais riscos
associados ao trabalho no Laboratório, bem como os procedimentos de segurança que minimizam esses riscos. Destina-se
a alunos, docentes e funcionários, ou seja, a todos os que desenvolvem actividade em Laboratórios do Departamento de
Química e Bioquímica. Os objectivos deste Manual consideram-se integralmente cumpridos quando o leitor assimilar e
praticar os conselhos de segurança e estes fizerem parte, naturalmente, do seu comportamento no interior de qualquer
Laboratório de Química. É importante ter sempre presente que “A segurança de todos começa em cada um de nós”.
Este Manual não aborda normas e procedimentos em casos de evacuação (incêndio, sismo, etc.). Estes
aspectos são da responsabilidade da Comissão de Segurança da FCUL da qual faz parte um membro de cada
departamento e dos serviços técnicos.
A Comissão de Segurança do DQB
Julho de 2005
A actual Comissão de Segurança do DQB (2012- ) pode ser contactada através do endereço
[email protected] ou directamente através de qualquer um dos seus membros:
Maria José Brito (ext. 28548, [email protected])
Maria Luísa Moita (ext. 28352, [email protected])
Maria Margarida Telhada (ext 28173, [email protected])
Maria Teresa Pamplona (ext. 28521, [email protected])
Susana Santos (ext. 28623, [email protected])
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Manual de Segurança em Laboratórios do DQB
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ÍNDICE
Páginas
Índice de Anexos v
Índice de Figuras vii
Índice de Tabelas ix
1. Introdução 1
2. Contactos de Emergência 3
3. Regras Básicas de Segurança 5
3.1. Preparação prévia do trabalho no laboratório 5
3.2. Permanência no laboratório 6
3.3. Manuseamento de produtos químicos 7
3.4. Procedimentos em caso de acidente 8
4. Reagentes Incompatíveis 10
5. Solventes Orgânicos Inflamáveis Mais Comuns 10
6. Classes de Fogos e Agentes Extintores 11
7. Equipamento de Protecção Individual (PPE) 13
8. Produtos Químicos: Risco e Segurança 14
8.1. Sinais e símbolos de aviso 15
8.2. Frases de risco e frases de segurança 18
8.3. Sistema de identificação de riscos NFPA e HMIS/HMIG 19
8.4. Fichas de dados de segurança MSDS 20
8.5. Manipulação de gases comprimidos 22
8.6. Manipulação de gases liquefeitos criogénicos 26
9. Normas de utilização de radioisótopos 29
10. Normas de utilização de agentes biológicos 33
11. Eliminação de Resíduos 34
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Manual de Segurança em Laboratórios do DQB
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ÍNDICE DE ANEXOS
I. CONTACTOS DO DQB
II. RÓTULOS E CATÁLOGOS DE PRODUTOS QUÍMICOS
III. FRASES DE RISCO E FRASES DE SEGURANÇA
IV. EXEMPLOS DE MSDS
V. SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS DE USO FREQUENTE NO LABORATÓRIO
VI. REAGENTES QUÍMICOS INCOMPATÍVEIS
VII. CUIDADOS EM OPERAÇÕES UNITÁRIAS MAIS FREQUENTES
VIII. PROPRIEDADES DE GASES COMPRIMIDOS
IX. PRIMEIROS-SOCORROS
X. PRINCIPAIS NUCLÍDEOS
XI. CÓDIGOS DOS SISTEMAS DE IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS NFPA E HMIG/HMIS
XII. RESUMO DA LEGISLAÇÃO RELACIONADA COM SEGURANÇA
XIII. BIBLIOGRAFIA E PESQUISA DE INFORMAÇÃO SOBRE SEGURANÇA
XIV. MINUTAS
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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Sinais de aviso. Símbolo em fundo amarelo com contorno a preto 16
Figura 2: Sinais de incêndio. Símbolo a creme em fundo vermelho 16
Figura 3: Sinais de obrigação. Símbolo a branco em fundo azul 16
Figura 4: Sinais de proibição.Símbolo a preto em fundo branco, coroa circular e banda oblíqua a vermelho 17
Figura 5: Sinais de salvamento. Símbolo a branco em fundo verde 17
Figura 6: Rótulos usados nos sistemas NFPA e HMIG 19
Figura 7: Código de cores das garrafas de gás comprimido 23
Figura 8: Tipos de partículas ou ondas electromagnéticas emitidas por um núcleo instável 29
Figura 9: Sinal indicativo de perigo biológico 33
Figura II.1: Rótulos de produtos químicos II.3
Figura II.2: Interpretação da informação contida num catálogo Sigma-Aldrich II.6
Figura II.3: Interpretação da informação contida num catálogo Merck II.7
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ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Propriedades de alguns solventes orgânicos inflamáveis mais comuns e respectivos agentes extintores 10
Tabela 2: Características mais importantes das diferentes classes de fogo 11
Tabela 3: Aplicabilidade dos vários agentes extintores por classe de fogo 12
Tabela 4: Classes de incêndios vs. agentes extintores a utilizar 13
Tabela 5: Categorias de perigo: indicações gerais 14
Tabela 6: Pictogramas de indicação de perigo de produtos químicos 15
Tabela 7: Principais riscos associados a gases utilizados para fins laboratoriais 24
Tabela 8: Propriedades de alguns fluidos criogénicos 26
Tabela 9: Propriedades dos diferentes tipos de radiação ionizante 30
Tabela 10: Classificação dos agentes biológicos em grupos de risco 33
Tabela 11: Exemplos de resíduos laboratoriais tipicamente não perigosos 35
Tabela 12: Exemplos de solventes orgânicos halogenados e não halogenados 35
Tabela III.1: Frases de risco III.3
Tabela III.2: Frases de segurança III.7
Tabela VI.1: Reagentes químicos incompatíveis VI.3
Tabela IX.1: Características de queimaduras e primeiros-socorros IX.9
Tabela IX.2: Ácidos e bases: primeiros-socorros IX.11
Tabela IX.3: Classificação de produtos químicos mais comuns IX.12
Tabela IX.4: Primeiros-socorros específicos para agentes químicos IX.16
Tabela X.1: Classificação por grupos dos principais nuclídeos radioactivos segundo a sua radiotoxicidade X.3
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1. Introdução
Qualquer procedimento experimental realizado nos laboratórios do DQB, ou em qualquer laboratório químico,
envolve vários riscos para o(s) operador(es). Estes riscos devem-se ao manuseamento de produtos químicos perigosos
(tóxicos, radioactivos, agentes biológicos, gases comprimidos) e ao manuseamento de equipamentos. A adopção de uma
cultura de segurança envolve o conhecimento destes riscos, a forma de os minimizar e uma atitude consciente e de respeito
para consigo e para com os outros. Para tal, é fundamental a preparação antecipada e cuidada do trabalho experimental a
realizar, a qual envolve o conhecimento dos riscos e segurança associados aos reagentes (materiais de partida,
intermediários e produtos finais), equipamentos a manipular e operações a realizar. A segurança no Laboratório deve ser
entendida como um factor crucial para o bem-estar físico do(s) operador(es). Um pequeno descuido pode ser suficiente para
colocar em risco a segurança de todos.
Alguns aspectos fundamentais relacionados com a segurança:
A segurança é um estado de espírito e deve ser entendida também como uma questão de civismo;
As regras de segurança estabelecem-se para a segurança de todos, mas dependem do comportamento
individual;
A prevenção pode ser considerada como um sinónimo de segurança;
Deve haver consciencialização e intervenção de todos na problemática da segurança;
A banalização do risco é o grande inimigo da segurança;
A segurança é indissociável a um trabalho de qualidade.
Na organização deste manual, a Comissão de Segurança do DQB teve a preocupação de abordar um leque
variado de temas relacionados com a segurança nos laboratórios do DQB. Contudo, o aprofundamento exaustivo de cada
tema torná-lo-ia demasiado extenso, o que seria contrário ao objectivo que presidiu à sua elaboração: o de fornecer ao
utilizador do laboratório uma ferramenta útil e de consulta expedita. Assim, optou-se por conceber um texto que reunisse a
informação mais pertinente, ao qual se juntaram vários anexos que aprofundam alguns dos temas abordados no texto.
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2. Contactos de Emergência
Consulte também o ANEXO I – Contactos do DQB
Na lista seguinte apresentam-se os contactos mais importantes a utilizar em caso de acidente:
CENTRAL DE SEGURANÇA FCUL.................................................. 25205 28000
INEM – NÚMERO NACIONAL DE EMERGÊNCIA............................ 112
BOMBEIROS...................................................................................... 21 342 22 22
INEM CENTRO DE INFORMAÇÃO ANTI-VENENOS 21 795 01 43
PROTECÇÃO CIVIL........................................................................... 21 424 71 00
POLÍCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA.............................................. 21 765 42 42
HOSPITAL DE SANTA MARIA...............................................(geral) (urgência geral)
21 780 50 00 21 780 51 11 21 780 52 22
CENTRO DE ENFERMAGEM DE ALVALADE................................. o Av. Roma, nº 87 – C/v Esq
21 797 04 57 21 797 02 48
CENTRO DE ENFERMAGEM DO CAMPO PEQUENO.................... o Av. Defensores de Chaves, nº 60 – 1º Esq
21 797 92 41 21 793 01 25
Para procedimentos em casos de emergência consulte Capítulo 3.4 página 8
Manual de Segurança em Laboratórios do DQB
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3. Regras Básicas de Segurança
3.1. Preparação prévia do trabalho experimental
Consulte também o ANEXO II – Rótulos e catálogos de produtos químicos
Consulte também o ANEXO III – Frases de risco e frases de segurança
Consulte também o ANEXO IV – Exemplos de MSDS
Consulte também o ANEXO V – Substâncias perigosas de uso frequente no laboratório
Consulte também o ANEXO VI – Reagentes químicos incompatíveis
Consulte também o ANEXO VII – Cuidados em operações unitárias mais frequentes
Consulte também o ANEXO XI – Códigos dos sistemas de identificação de riscos NFPA e HMIG/HMIS
Consulte também o ANEXO XIII - Bibliografia e pesquisa de informação sobre segurança
Prepare antecipadamente o trabalho experimental a realizar. Certifique-se de que está a par de todos os
potenciais perigos dos reagentes, produtos, técnicas e equipamentos a utilizar.
Conheça antecipadamente os riscos e a segurança que envolvem o manuseamento dos reagentes (materiais de
partida, produtos intermediários e produtos finais) consultando sempre as informações de segurança (símbolos e
avisos de perigo, frases de risco (R) e frases de segurança (S)) existentes nos rótulos, catálogos ou folhas de dados
de segurança (MSDS) dos produtos químicos a utilizar:
Sinais e símbolos de aviso (vd. secção 8.1)
Rótulos e catálogos de produtos químicos (vd. Anexo II)
Frases de risco e segurança (vd. secção 8.2 e Anexo III)
Fichas de dados de segurança MSDS (vd. secção 8.4 e Anexo IV)
Informe-se sobre a eliminação dos resíduos que produzir e cumpra a política de eliminação de resíduos do
Departamento (vd. secção 11).
Conheça antecipadamente os riscos e segurança envolvidos nas técnicas a utilizar (vd. Anexo VII).
Nunca utilize um equipamento ou um aparelho sem ter compreendido o seu funcionamento (leia sempre as
instruções, se disponíveis) (vd. Anexo VII).
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3.2. Permanência no laboratório
Durante a permanência no laboratório...
Consulte o Manual de Segurança existente em cada laboratório.
Conheça a localização de saídas de emergência, caminhos de evacuação, extintores de incêndio e outro equipamento
de segurança.
Coloque os seus objectos pessoais (mochilas, casacos, etc) no armário atribuído a esse fim.
Vista sempre uma bata que o proteja adequadamente. Não a use fora da área dos laboratórios.
Use sempre óculos de segurança1. O DQB não se responsabiliza por quaisquer danos pessoais causados pelo
não cumprimento desta regra.
Use luvas, sempre que for necessário. Remova-as antes de tocar em portas, maçanetas, livros, cadernos e outros
objectos.
Evite usar anéis no laboratório, porque sob eles podem alojar-se solventes ou reagentes irritantes.
Não se recomenda o uso de lentes de contacto no laboratório. As lentes de contacto são difíceis de remover quando
penetram nos olhos corpos estranhos. No caso de usar lentes de contacto deve sempre usar óculos de protecção.
O corpo deve estar o mais protegido possível, devendo por isso evitar sandálias ou tecidos altamente inflamáveis.
Aperte o cabelo de modo a evitar o contacto com o material ou com os reagentes.
Quando necessário use uma viseira de protecção.
Em situações de risco de projecção de produtos químicos evite trabalhar sentado, uma vez que a sua face ficará ao
nível da bancada e, portanto, mais exposta.
Mantenha o local de trabalho limpo e arrumado e todas as passagens permanentemente desobstruídas.
Ao efectuar uma montagem, deve garantir sempre uma estrutura estável. O uso de suportes de altura regulável é
muito útil na montagem de sistemas compostos por várias partes. Ao segurar material de vidro, por meio de grampos,
garras ou pinças, não os deve apertar em excesso, pois pode causar demasiada tensão levando à quebra do material,
em especial se houver variações de temperatura (vd. Anexo VII).
O material de vidro partido durante as aulas nunca deve ser colocado no lixo. Nos laboratórios existem recipientes
próprios para a sua recolha. O material partido é entregue no Armazém do DQB para reposição ou para reparação
pelo soprador de vidro.
Não coloque recipientes pesados ou contendo líquidos inflamáveis a um nível superior ao da cabeça ou em locais de
acesso difícil.
1 Os óculos de segurança podem ser adquiridos, por exemplo, em: Edukshop – Modelos de Aprendizagem Criativa, Lda Rua Maria Amália Vaz de Carvalho, nº 17-B 2700-557 AMADORA Tel: 21 475 73 40, Tlm: 91 989 22 37, http://www.edukshop.com V. Reis, Lda Av. D. Carlos I, 27 a 43 – 1º Dto 1200 LISBOA Tel: 21 397 74 44 Tecniquitel Largo de Santos, nº 9 – 1º Esq 1200 LISBOA Tel: 21 392 84 60
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Tenha cuidado ao deslocar-se, ao abrir e fechar portas e ao entrar ou sair dos laboratórios, pois as outras pessoas
podem transportar materiais importantes ou perigosos.
Não deve fumar, beber, comer ou guardar alimentos dentro do laboratório.
Nunca trabalhe sózinho no laboratório.
Nunca realize experiências não autorizadas.
Cumpra os procedimentos adoptados pelo DQB em relação à eliminação de resíduos, nomeadamente à eliminação de
solventes halogenados e não halogenados (vd. Secção 11).
Deixe o laboratório com segurança. Desligue todo o equipamento eléctrico e feche as trompas de água. Se usou
gases, feche a válvula principal e descarregue o manorredutor dos cilindros de gases comprimidos após a sua
utilização.
Lave sempre as mãos ao sair do laboratório.
3.3. Manuseamento de produtos químicos
Consulte também o ANEXO II – Rótulos e catálogos de produtos químicos
Consulte também o ANEXO III – Frases de risco e frases de segurança
Consulte também o ANEXO IV – Exemplos de MSDS
Consulte também o ANEXO V – Substâncias perigosas de uso frequente no laboratório
Consulte também o ANEXO VI – Reagentes químicos incompatíveis
Consulte também o ANEXO VII – Cuidados em operações unitárias mais frequentes
Consulte também o ANEXO VIII – Propriedades de gases comprimidos
Consulte também o ANEXO XI – Códigos dos sistemas de identificação de riscos NFPA e HMIG/HMIS
Consulte também o ANEXO XIII – Bibliografia e pesquisa de informação sobre segurança
Consulte Também o ANEXO XIV - Minutas
No que respeita ao manuseamento de produtos químicos...
Nunca pipete líquidos com a boca.
Nunca ingira, inale ou toque com as mãos nos produtos químicos. Se tal acontecer, tome imediatamente as medidas
adequadas.
Identifique claramente todos os recipientes. Nunca use um recipiente em relação ao qual tenha dúvidas sobre o seu
conteúdo.
Evite a abertura simultânea de vários frascos do mesmo produto.
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Nunca use uma quantidade de reagente superior à necessária para a experiência. Caso exceda essa quantidade, não
volte a colocar o excedente no frasco original, mas antes numa embalagem separada, devidamente identificada.
Quando usar um reagente que está armazenado a baixa temperatura assegure-se que este atinge a temperatura
ambiente antes de o abrir.
Faça sempre a adição lenta de qualquer reagente e nunca de uma vez só. Observe o que acontece quando é
adicionada uma pequena quantidade inicial de reagente e espere alguns segundos antes de adicionar mais
quantidade. Algumas reacções levam algum tempo a iniciar-se!
Adicione sempre lentamente soluções concentradas sobre soluções mais diluídas, ou sobre água, para evitar
reacções violentas. Na diluição de ácidos concentrados, o ácido deve ser vertido sobre a água, e não o contrário.
Reacções que necessitem de temperatura elevada no processo de iniciação devem igualmente ser controladas.
Certifique-se do estado de limpeza das pipetas ou espátulas que introduz nos frascos de reagentes para evitar os
perigos de contaminação. Verifique se o material da espátula é compatível com o reagente.
Se o trabalho envolver o uso de substâncias altamente inflamáveis, assegure-se de que nas proximidades não
existem fontes de ignição (chamas, placas ou mantas de aquecimento, roupa de nylon, ou outras fontes de
electricidade estática).
Reagentes como o sódio (Na) ou o potássio (K) devem ser acondicionados em contentores especiais e sempre
usados com grande cuidado.
Os reagentes e o equipamento devem ser devolvidos aos seus lugares após a sua utilização.
Em relação aos resíduos, consulte o docente responsável pelo trabalho sobre os procedimentos a adoptar e actue de
acordo com a política de gestão de resíduos do DQB (vd. Secção 11).
Os resíduos que não possam ser eliminados por diluição no esgoto devem ser armazenados em recipientes
adequados e bem identificados (utilize os rótulos próprios que se encontram no Anexo XI). No laboratório, encontram-
se recipientes para recolha de solventes orgânicos halogenados e não-halogenados.
3.4. Procedimentos em caso de acidente
Consulte também o ANEXO IX – Primeiros-Socorros
Consulte também o Anexo XIV - Minutas
Em caso de acidente no laboratório…
Todos os utilizadores de um laboratório estão sujeitos a pequenos acidentes que podem provocar feridas/lacerações ou
queimaduras, as quais devem ser tratadas imediatamente, de acordo com as instruções básicas referidas no Anexo IX. Em
todos os laboratórios, existe:
um armário de primeiros-socorros devidamente identificado
um chuveiro
um lava-olhos de emergência
um cobertor anti-fogo
um extintor
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Certifique-se sempre da localização de todos estes equipamentos de emergência.
Nos casos em que a gravidade do acidente justifique a chamada de uma ambulância, esta deve ser efectuada pela Central
de Segurança:
CENTRAL DE SEGURANÇA FCUL....................................
25205 28000
Outros contactos de emergência encontram-se no Capítulo 2 página 3
Em acidentes que envolvam o contacto de produtos químicos com a vítima:
Deve contactar o INEM – Centro de informação anti-venenos (21 795 0143) para saber como proceder enquanto
aguarda a chegada da ambulância.
Se a vítima for conduzida ao hospital o(s) frasco(s) contendo o(s) produto(s) envolvido(s) deve(m) ser entregue(s) à
equipa do INEM.
A FCUL tem um contrato de seguro de acidentes pessoais com a companhia de seguros GLOBAL que cobre alunos,
docentes e não docentes (Apólice 202047971, cliente 4558707). A seguradora indemniza as despesas efectuadas e
devidamente comprovadas, resultantes de tratamento médico e cirúrgico, incluindo a assistência medicamentosa e o
internamento hospitalar que forem necessários em consequência de acidente sofrido por qualquer dos segurados, nos
termos e limites das Condições Particulares. Esta garantia inclui as despesas do primeiro transporte da pessoa
acidentada para o seu domícilio, hospital, ou outro local onde lhe possa ser prestada assistência médica.
Sempre que for necessário recorrer ao seguro escolar não se esqueça de pedir todos os recibos das despesas
efectuadas (deslocação e tratamentos) onde devem estar discriminados os exames e os tratamentos efectuados.
Sempre que se justifique pode também acrescentar um relatório médico.
Deve fazer a participação do sinistro à FCUL preenchendo a respectiva Folha de Participação de Sinistro que se
encontra na Divisão Académica, Edificio C5 (ver cópia no Anexo XIV). Se a Divisão Académica assim o entender
deverá também preencher o Boletim de Exame.
Após qualquer acidente que ocorra num Laboratório do DQB deve sempre preencher a Folha de Registo de
Acidentes do DQB (vd. Anexo XIV) e entregá-la à Comissão Executiva do DQB.
Manual de Segurança em Laboratórios do DQB
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4. Reagentes Incompatíveis
Consulte também o ANEXO VI – Reagentes químicos incompatíveis
Certas substâncias devem ser mantidas fora do contacto de outras com as quais possam reagir
violentamente, dando origem a explosões, incêndios, ou formando produtos tóxicos e/ou inflamáveis. Os reagentes
incompatíveis devem, por isso, ser armazenados em locais separados. No Anexo VI apresentam-se alguns exemplos de
substâncias químicas incompatíveis (note-se que esta listagem não é exaustiva).
5. Solventes Orgânicos Inflamáveis Mais Comuns
Consulte também o ANEXO V – Substâncias perigosas de uso frequente no laboratório
Tabela 13: Propriedades de alguns solventes orgânicos inflamáveis mais comuns e respectivos agentes extintores
SOLVENTE Ponto de
ebulição (ºC)
Ponto de
fulgor*
(ºC)
Limites de
explosividade
no ar (% em
vol.)
Temperatura de
ignição**
(ºC)
Extintor
Acetaldeído 21 -38 4-57 185 Água, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante
Acetato de etilo 77 -4,4 2,5-11,5 427 Água, espuma, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante
Acetona 56 -18 3-13 538 Água, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante Acetonitrilo 80 6 4-16 524 Espuma, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante Ácido acético 118 43 4-16 426 Água, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante Anidrido acético 140 54 3-10 380 Água, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante Benzeno 80 -11 1,4-8 526 Espuma, pó químico ou líquido vaporizante Butanona (metil etil cetona)
80 -7 2-10 515 Água, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante
Ciclohexano 81 -20 1,3-8,4 260 Espuma, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante Ciclohexeno*** 83 -60 - - Espuma, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante Clorobenzeno 132 29 1,3-7,1 630 Espuma, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante 1,2-Dimetoxietano (DME)***
85 4,5 - - Água, espuma, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante
Dioxano*** 101 12 2-22 180 Água, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante Etanol 79 12 3,3-19 423 Água, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante
Éter de petróleo Fracções 30-160 -17 1-6 290 Espuma, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante
Éter dietílico 34 -45 1,85-48 180 Pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante Hexano 69 -23 1,2-7,5 260 Espuma, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante Isopropanol 82 12 2,3-12,7 399 Água, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante Metanol 65 10 7,3-36,5 180 Água, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante Pentano 36 -49 1,4-8 309 Espuma, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante
Piridina 115 20 1,8-12,4 482 Água, espuma, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante
Sulfureto de carbono 46 -30 1-44 100 Espuma, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante Tetrahidrofurano*** 66 -17 2,3-11,8 321 Água, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante Tolueno 111 4,4 1,4-6,7 536 Espuma, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante Xilenos: o-
p- m-
144 139 138
17 25 25
1-7 464 528 529
Espuma, pó químico, neve carbónica ou líquido vaporizante
*O ponto de fulgor é a temperatura à qual um líquido liberta uma quantidade suficiente de vapor para formar uma mistura com o ar passível de inflamação, pela passagem de uma chama piloto com uma duração máxima de 1 segundo. ** A temperatura de ignição é a temperatura mínima à qual ocorre uma combustão, independente de uma fonte de calor. ***forma peróxidos explosivos
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6. Classes de Fogos e Agentes Extintores
Consulte também o ANEXO IX – Primeiros-Socorros
Os laboratórios do DQB estão equipados com extintores do tipo ABC (pó polivalente) adequados a fogos de sólidos, de
líquidos e de gases.
Tabela 14: Características mais importantes das diferentes classes de fogosClasse Designação Símbolo Tipo de Combustão Combustíveis
A Fogos de Sólidos
(Também chamados Fogos Secos)
Fogos que resultam da combustão de materiais sólidos, geralmente à
base de celulose, os quais dão normalmente origem a brasas.
Madeira, Papel, Tecidos, Carvão
B Fogos de Líquidos
(Também chamados Fogos Gordos)
Fogos que resultam da combustão de líquidos ou de sólidos
liquidificáveis
Álcoois, Acetonas, Éteres, Gasolinas, Vernizes,
Ceras, Óleos, Plásticos.
C Fogos de Gases
Fogos que resultam da combustão de gases
Hidrogénio, Butano, Propano, Acetileno,
D Fogos de Metais
(Também chamados Fogos Especiais)
Fogos que resultam da combustão de metais
Metais em pó (alumínio, cálcio, titânio), Sódio, Potássio, Magnésio,
Urânio
Manual de Segurança em Laboratórios do DQB
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Tabela 15: Aplicabilidade dos vários agentes extintores por classe de fogoAgente Classe Vantagens Desvantagens
Água (Em jacto ou pulverizada) A
Deve ser usado sempre que não haja contra-indicações (de preferência deve ser pulverizada)
Bom poder de penetração
Os líquidos em chamas flutuam na água, fazendo alastrar o incêndio, e projectam-se perigosamente pela acção do vapor de água formado
Não adequada para fogos eléctricos
Neve carbónica (Extintor com dióxido de
carbono sob pressão que solidifica quando se
expande bruscamente)
B C
Não deixa resíduo o que o torna mais adequado para equipamento sensível
O mais adequado para líquidos extremamente inflamáveis
Atinge temperaturas da ordem dos - 80ºC por isso não se deve tocar no difusor (campânula do tubo de descarga)
Em incêndios da classe A controla apenas pequenas superfícies
Tem um recuo acentuado devido à alta pressão do gás
Contra-indicado para locais onde existam produtos explosivos
Espuma física (Produzida a partir de uma
mistura de água e substâncias tensioactivas
por injecção mecânica de ar)
A B
Muito bom para líquidos extremamente inflamáveis Pode ser utilizada em situações de incêndio iminente
como acção preventiva. Cobertura de espuma evita reignições
Deixa resíduo húmido Não adequado para fogos eléctricos Requer uma instalação fixa
Espuma Química (Extintor em que ocorre uma
reacção que liberta o gás dióxido de carbono que fica
disperso num líquido formando espuma)
A B Muito bom para líquidos extremamente inflamáveis Cobertura de espuma evita reignições
Deixa resíduo húmido Não adequado para fogos eléctricos
Pó normal (Extintor em que o pó é
bicarbonato de sódio ou de potássio)
B C Forma uma nuvem de poeira que protege o operador. Não é tóxico
Deixa resíduo difícil de limpar Pode danificar equipamento Nuvem de pó diminui a visibilidade
Pó polivalente (Extintor em que o pó é dihidrogenofosfato de
amónio)
A B C Forma uma nuvem de poeira que protege o operador. Dá para três classes de fogos
Deixa resíduo difícil de limpar Pode danificar equipamento Toxicidade baixa Nuvem de pó diminui a visibilidade
Pó especial (Extintor em que o pó é
grafite, cloreto de sódio ou pó de talco, etc.)
D Único extintor adequado para incêndios da classe D.
Qualquer outro tipo de extintor provoca reacções violentas
Não adequado para outros classes de incêndios para além da classe D
Terá que se utilizar um pó adequado para cada caso específico
Halons (Extintor com
hidrocarbonetos halogenados (gases) que
solidificam quando se expandem bruscamente)
A B C Não deixa resíduo o que o torna mais adequado para
equipamento sensível. Dá para três classes de fogos
Utiliza gases que destroem a camada de ozono A altas temperaturas pode dar lugar à formação
de substâncias tóxicas Será retirado de mercado brevemente
Areia A D Por vezes é o único meio de extinção disponível para incêndios da classe D
Manipulação pouco prática Pode danificar o equipamento
Manual de Segurança em Laboratórios do DQB
13
As informações anteriores podem resumir-se na Tabela 4:
Tabela 16: Classes de incêndios vs. agentes extintores a utilizar
Agentes Extintores
Água Espuma CO2 Pó Químico
Classes de incêndios
A Papel, Tecidos Madeira, Fibras
SIM SIM NÃO NÃO
B Óleo, Gasolina, Graxa, Tinta, GPL
NÃO SIM SIM SIM
C Equipamentos
eléctricos energizados
NÃO NÃO SIM SIM
D Magnésio,
Zircónio ,Titânio NÃO NÃO NÃO SIM
Pó químico especial
7. Equipamento de Protecção Individual (PPE)
Consulte também o ANEXO IV – Exemplos de MSDS
Consulte também o ANEXO VII – Cuidados em operações unitárias mais frequentes
Consulte também o ANEXO VIII – Propriedades de gases comprimidos
O Equipamento de Protecção Individual (PPE - Personal Protection Equipment) foi concebido para proteger
os trabalhadores de riscos de acidentes ou doenças, resultantes da proximidade de perigos químicos, radiológicos, físicos,
eléctricos, mecânicos ou outros. O PPE inclui equipamento como óculos de protecção, viseiras de protecção, calçado de
segurança, capacetes, luvas, fatos, protectores auriculares, etc.
O PPE deve ser utilizado quando os riscos existentes não puderem ser evitados, ou suficientemente
limitados, por meios técnicos de protecção colectiva ou por medidas, métodos ou processos de organização do trabalho.
Nos Laboratórios do DQB, a utilização da bata e de óculos de segurança é obrigatória pois
contribuem para uma maior protecção do corpo, do vestuário e dos olhos.
Dependendo do trabalho a realizar e dos produtos envolvidos, pode ser igualmente necessário a utilização
de luvas, de filtros e máscaras respiratórias, de viseiras ou de sapatos de segurança com solas antiderrapantes.
As MSDS dos produtos químicos fornecem informações sobre o PPE requerido para o manuseamento
desses produtos.
Manual de Segurança em Laboratórios do DQB
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8. Produtos Químicos: Risco e Segurança
Consulte também o ANEXO II – Rótulos e catálogos de produtos químicos
Consulte também o ANEXO III – Frases de risco (R) e frases de segurança (S)
Consulte também o ANEXO IV – Exemplos de MSDS
Consulte também o ANEXO V – Substâncias perigosas de uso frequente no laboratório
Consulte também o ANEXO VI – Reagente químicos incompatíveis
Consulte também o ANEXO VIII – Propriedades de gases comprimidos
Consulte também o ANEXO IX – Primeiros-Socorros
Consulte também o ANEXO XI – Códigos dos sistemas de identificação de riscos NFPA e HMIG/HMIS
A manipulação dos produtos químicos utilizados correntemente no laboratório implica, obrigatoriamente, que
se proceda à identificação dos perigos inerentes a cada um desses produtos. As propriedades físico-químicas e
toxicológicas são características intrínsecas dos agentes químicos com perigo potencial. O risco inerente a um agente
químico traduz-se na possibilidade de que esse perigo potencial se concretize nas condições de utilização ou de exposição.
As fontes de informação sobre perigos químicos incluem: os rótulos das embalagens (nomeadamente os
pictogramas de indicação de perigos, as frases de risco R e as frases de segurança S); as fichas da dados de segurança
MSDS fornecidas pelos fabricantes; a literatura científica e técnica; os guias publicados pelas autoridades e a legislação.
Os agentes químicos perigosos susceptíveis de causar efeitos adversos na sequência das suas
propriedades toxicológicas, podem agrupar-se de acordo com as categorias apresentadas na Tabela 5.
Tabela 17: Categorias de perigo: indicações gerais
Substâncias que não se incluem nos critérios para classificação
como “perigosos” com base em efeitos sobre a saúde Perigo baixo
Nocivo (R20, R21, R22, R48)
Irritante (R37, R38) Perigo médio
Muito tóxico (R26, R27, R28, R39)
Tóxico (R23, R24, R25, R39, R48)
Sensibilizadores da pele (R43)
Corrosivo (R34, R35)
Perigo elevado
Carcinogénicos, mutagénicos ou tóxicos para a reprodução (R40,
R45, R46, R49, R60, R61, R62, R63) Categoria especial
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8.1. Sinais e símbolos de aviso
A sinalização de segurança tem por objectivo chamar a atenção, de uma forma eficiente, para objectos e
situações susceptíveis de provocarem perigo. Na sinalização de segurança podem ser utilizados, separada ou
conjuntamente, cores e placas, luzes e sons e comunicação verbal e gestual.
Tabela 18: Pictogramas de indicação de perigo de produtos químicos
Símbolo Significado Perigos Precauções
E
Explosivo Substâncias que podem explodir sob condições específicas Evitar os choques, as fricções, as faíscas e o calor
O
Comburente Substâncias comburentes que podem
inflamar os combustíveis ou podem aumentar um incêndio
Manter afastado das substâncias combustíveis
F
Inflamável
Extremamente inflamável
Líquidos com ponto de fulgor abaixo de 0 ºC e ponto de ebulição inferior a 35 ºC Evitar qualquer contacto com fontes de ignição
Substâncias que se incendeiam espontaneamente ao ar
Evitar o contacto com o ar (exemplos: fósforo, compostos de alquilalumínio)
Misturas gasosas (também liquefeitas) que têm zonas de inflamabilidade com o ar à pressão normal
Evitar a formação de misturas ar-gás perigosas e manter afastado do lume (exemplos: butano, propano)
F+
Substâncias produzidas de gases inflamáveis com a água Evitar o contacto com água e humidade
Líquidos com ponto de fulgor inferior a 21 ºC Manter afastado de chamas, calor e faíscas (exemplo: acetona)
Substâncias sólidas facilmente inflamáveis Evitar quaisquer contactos com fontes de ignição
T+
Muito tóxico
Substâncias perigosas por inalação, ingestão ou absorção cutânea e que podem provocar a morte. Podem causar danos irreversíveis por exposição única, repetida ou prolongada
Evitar qualquer contacto com o corpo e, em caso de acidente, consultar imediatamente um médico
T
Tóxico
A inalação, a ingestão ou a absorção cutânea são prejudiciais. Podem causar danos irreversíveis por exposição única, repetida ou prolongada
Evitar qualquer contacto com o corpo e inalação de vapores. Em caso de acidente, consultar um médico
C
Corrosivo Destroem os tecidos vivos e os equipamentos Não respirar os vapores e evitar qualquer contacto com a
pele e o vestuário
Xn
Nocivo São substâncias que, por inalação, absorção
ou ingestão, produzem efeitos de gravidade limitada
Evitar o contacto com o corpo e a inalação de vapores. Em caso de acidente, consultar um médico.
N
Nocivo para o ambiente
São substâncias que provocam efeitos negativos no meio ambiente a curto, médio ou longo prazo, por serem tóxicos para a fauna e/ou flora ou para qualquer organismo específico
Estas substâncias não devem ser libertadas para o meio ambiente. Devem ser devidamente acondicionadas e eliminadas após tratamento adequado
Xi
Irritante
Substâncias que, por contacto imediato, prolongado ou repetido com a pele ou mucosas, podem provocar uma reacção inflamatória
Não respirar os vapores e evitar qualquer contacto com a pele e os olhos
Manual de Segurança em Laboratórios do DQB
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Figura 6: Sinais de aviso. Símbolo em fundo amarelo com contorno a preto
Figura 7: Sinais de incêndio. Símbolo a creme em fundo vermelho
Figura 8: Sinais de obrigação. Símbolo a branco em fundo azul
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Figura 9: Sinais de proibição.Símbolo a preto em fundo branco, coroa circular e banda oblíqua a vermelho
Figura 10: Sinais de salvamento. Símbolo a branco em fundo verde
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8.2. Frases de risco e frases de segurança
Consulte também o ANEXO III – Frases de risco e frases de segurança
Para saber os potenciais riscos de produtos químicos e os cuidados a ter na sua manipulação,
armazenamento e eliminação é absolutamente necessário recorrer à informação de segurança contida no rótulo. Essa
informação é dada por códigos e símbolos de segurança e ainda pelas frases de risco (R) e pelas frases de segurança (S).
As frases de risco (R) indicam a natureza dos riscos específicos que a substância em causa comporta. São
representadas pela letra R seguida de números. Os números estão separados por um hífen – quando se tratam de
indicações distintas – ou por um traço oblíquo quando se tratam de indicações combinadas, reunindo numa só frase vários
riscos específicos.
As frases de segurança (S) indicam precauções a tomar na utilização do produto. Representam-se pela
letra S seguida de números. Os números encontram-se separados por um hífen ou por um traço oblíquo, tal como para as
frases de risco.
Exemplo para o éter etílico:
Frases R: 12-9-22- 66-67
Extremamente inflamável. Pode formar peróxidos explosivos. Nocivo por ingestão. Exposição
repetida causa secura de pele e gretas. Vapores causam sonolência e tonturas.
Frases S: 9-16-29-33
Manter o recipiente num local bem ventilado. Conservar longe de fontes de ignição. Não fumar.
Não despejar os resíduos nos esgotos. Evitar a acumulação de cargas electrostáticas.
No Anexo III apresenta-se o texto integral de todas as frases de risco e frases de segurança.
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8.3. Sistema de identificação de riscos NFPA e HMIG/HMIS
Consulte também o ANEXO XI – Códigos dos sistemas de identificação de riscos NFPA e HMIG/HMIS
Existem mais dois tipos de rótulos que identificam riscos associados aos materiais e usados pelos sistemas de identificação de
riscos desenvolvidos por instituições conhecidas (Figura 6). Os mais conhecidos são o sistema de identificação de riscos NFPA
(National Fire Protection Agency), e os sistemas HMIG- Hazardous Material Guide) e (HMIS- Hazardous Material System).
Estes sistemas são particularmente usados pelos bombeiros e visíveis nos veículos de transporte de materiais perigosos.
Semelhanças entre os sistemas:
Todos apresentam três campos com códigos de cor para indicar os riscos de inflamabilidade (cor vermelha),
riscos para a saúde (cor azul), riscos de reactividade (cor amarela) associados com o material.
Todos usam um sistema de cinco números, de 0 a 4, para indicar a gravidade do risco, onde 0 indica o valor
mais baixo e 4 o mais elevado. A atribuição dos números pode variar um pouco entre sistemas.
Diferenças entre os sistemas:
Na apresentação, o sistema NFPA usa quatro losangos e os sistemas HMIS/HMIG usam quatro barras
horizontais.
Na interpretação do campo branco, o sistema NFPA refere-se ao manuseamento especial (usa os símbolos
;OX, ACID, ALK ou COR ) e o sistemas HMIG e HMIS referem-se ao equipamento de protecção a usar.
No sistema HMIG a barra tem a indicação de “Equipamento de protecção” e no sistema HMIS tem indicação de
“Protecção pessoal”, ambos utilizando as letras A-K e X , com o mesmo significado.
Uma diferença mais significativa entre os sistemas HMIG e HMIS prende-se com a introdução neste último, de
uma segunda caixa na barra azul (perigo para a saúde). Se esta segunda caixa tiver um asterístico (*), isto
significa que o risco associado com o material tem um efeito crónico.
NFPA HMIG
Figura 6: Rótulos usados nos sistemas NFPA e HMIG
2 3
k 4
Manual de Segurança em Laboratórios do DQB
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8.4. Fichas de dados de segurança MSDS
Consulte também o ANEXO II – Rótulos e catálogos de produtos químicos
Consulte também o ANEXO IV – Exemplos de MSDS
Consulte também o ANEXO XIII – Bibliografia e pesquisa de informação sobre segurança
As fichas de dados de segurança, ou MSDS (sigla da expressão em inglês, Material Safety Data Sheet), são
documentos preparados pelos fabricantes ou fornecedores de químicos perigosos que contêm informações detalhadas
sobre as propriedades físicas e químicas dos produtos. Estas fichas podem ter vários formatos. A informação incluída numa
MSDS contribui para a selecção de produtos mais seguros, permite a compreensão dos seus potenciais riscos e descreve
as respostas adequadas em caso de acidente. Uma ficha de dados de segurança não contém todas as informações sobre
um determinado produto químico, mas foi concebida para fornecer informações sobre as propriedades e os perigos
inerentes ao manuseamento dos agentes químicos nos seus usos mais correntes. Para completar a informação veiculada
por uma ficha de dados de segurança é necessário consultar os rótulos, a literatura científica e técnica e a opinião de
especialistas.
No Anexo IV encontram-se dois exemplos de fichas de dados de segurança e no Anexo XIII é possível
encontrar bibliografia e endereços úteis na Internet para a pesquisa de MSDS.
Uma ficha de dados de segurança pode incluir as seguintes informações:
1. Identificação da substância/preparação e da sociedade/empresa
Inclui o nome do produto e seus sinónimos, a fórmula química, a família a que pertence e, para
substâncias puras, o número de registo CAS# (Chemical Abstract Service Registry Number, número
específico para uma determinada substância, internacionalmente aceite que permite uma busca universal
de informação). Indica, ainda, as utilizações previstas ou recomendadas da substância e a sua
preparação, se forem conhecidas. Quando são possíveis várias utilizações, apenas têm de ser listadas
as mais importantes. Inclui também uma breve descrição da função efectiva (por exemplo: retardador de
chamas, antioxidante, etc) e o nome, morada e telefone do fabricante, bem como um número de telefone
a utilizar em caso de emergência.
2. Composição/Informação sobre os componentes
Esta secção descreve os componentes perigosos contidos no produto, as suas percentagens, bem como
os limites de exposição, quando aplicáveis. Todos os químicos perigosos que constituam 1% ou mais do
produto devem ser identificados. Os carcinogénicos devem constar na lista se as suas concentrações
forem superiores a 0,1%.
3. Identificação dos perigos
Apresenta os riscos conhecidos associados ao produto e os limites de exposição. Descreve os principais
efeitos e sintomas adversos da utilização (ou eventual má utilização) da substância ou preparação, que
sejam razoavelmente previsíveis. Indica também as frases de risco e de segurança.
Manual de Segurança em Laboratórios do DQB
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4. Primeiros socorros
Fornece as instruções básicas a seguir em caso de acidente (contacto do reagente com a pele e olhos,
inalação e/ou ingestão). Os sintomas e efeitos são descritos de forma sucinta e as instruções indicam o
que deverá ser feito no local em caso de acidente e, se são de esperar efeitos retardados após
exposição a esse reagente. Relativamente a algumas substâncias ou preparações, pode ser importante
assinalar a necessidade de serem postos à disposição, nos locais de trabalho, meios especiais para
permitir um tratamento específico e imediato.
5. Medidas de combate a incêndios
Refere os riscos específicos, os produtos perigosos da combustão, os métodos específicos de combate.
Indica também os meios adequados e os meios não recomendados para extinção, bem como o
equipamento especial de protecção a utilizar em caso de incêndio.
6. Medidas a tomar em caso de fugas acidentais
Indica as precauções pessoais e ambientais e os procedimentos de limpeza em caso de fugas
acidentais.
7. Manuseamento e armazenamento
Indica as precauções a ter no manuseamento do produto, os avisos para seu uso correcto e para
protecção contra incêndios e explosões, e as exigências do seu armazenamento (por exemplo,
especificações necessárias para os armazéns, recipientes ou produtos a manter afastados). As
informações constantes desta secção dizem, portanto, respeito à protecção da saúde e do ambiente e à
segurança. Devem permitir à entidade patronal definir procedimentos de trabalho e medidas
organizacionais.
8. Controlo da exposição/protecção individual
Inclui a informação sobre o equipamento de protecção pessoal (medidas de protecção e higiene) e as
medidas específicas de protecção e prevenção no controlo da exposição profissional. Inclui, também, as
indicações dos componentes com valor limite de exposição ocupacional no local de trabalho e
informações sobre os processos de controlo recomendados.
9. Propriedades físico-químicas
Descreve as características e propriedades físico-químicas do produto, tais como: aspecto, forma, cor,
odor, peso molecular, ponto ou intervalo de fusão, ponto ou intervalo de ebulição, ponto de inflamação,
temperatura de ignição, limites de explosão, densidade relativa, pressão de vapor, solubilidade em água
e o valor de pH.
10. A estabilidade e a reactividade
Indica as condições em que o produto pode sofrer alterações, as suas reacções perigosas e os produtos
perigosos resultantes da sua decomposição. Indica a necessidade da presença de estabilizantes
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específicos; a possibilidade de reacções exotérmicas perigosas e a importância, em termos de
segurança, de uma eventual alteração no aspecto físico da substância ou da preparação.
11. Informação toxicológica
Descreve de uma forma sucinta, mas completa e compreensível, os vários efeitos toxicológicos
susceptíveis de ocorrerem se o utilizador entrar em contacto com a substância.
Inclui os valores de toxicidade aguda (LD50 e/ou LC50)2 por contacto com a pele ou por ingestão, efeitos
de irratibilidade primários na pele e olhos, tipos de sensibilização e outros avisos adicionais de
toxicologia.
12. Informação ecológica
Contém avisos comuns e generalidades sobre os possíveis danos ecológicos que o produto pode
provocar. Apresenta uma estimativa dos prováveis efeitos, comportamentos e destino ambiental da
substância ou preparação no ar, na água e/ou no solo.
13. Questões relativas à eliminação
Indica as recomendações acerca da eliminação do produto e das embalagens contaminadas.
14. Indicações relativas ao transporte
Refere a designação oficial para o transporte, o número da ONU, os códigos para transporte ferro-
rodoviário (rubricas ADR/RID), marítimo (rubricas IMDG) e aéreo (rubricas ICAO/IATA ou IATA/DGR) e
outras informações relativas ao transporte do produto.
15. Informação sobre regulamentação
Dá as informações exigidas pela regulamentação comunitária e nacional.
16. Outras informações
Dá a informação considerada relevante sobre o produto, nomeadamente, recomendações e restrições de
uso recomendadas bem como as fontes de informação utilizadas na elaboração da ficha.
8.5. Manuseamento de gases comprimidos
Consulte também o ANEXO VIII – Propriedades de gases comprimidos
Os gases comprimidos incluem os gases não-liquefeitos sob pressão (oxigénio, azoto, árgon, hidrogénio) e
os gases liquefeitos ou dissolvidos sob pressão (propano, etano, cloro, amoníaco, anidrido sulfuroso, acetileno). Todos eles
são potencialmente perigosos devido à pressão elevada dentro dos cilindros, apresentando por isso risco de explosão,
2 LD50 (dose letal) representa a quantidade de produto sólido ou líquido capaz de matar 50% dos animais testados. LC50 (concentração letal) é o termo análogo, utilizado para gases, vapores, etc.
Manual de Segurança em Laboratórios do DQB
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especialmente se o gás for inflamável. Podem ainda surgir perigos adicionais dependentes da reactividade e/ou toxicidade
do gás.
A identificação do tipo de gás comprimido (combustível, comburente ou inerte) é feita facilmente pelo código
de cor da garrafa (ver Figura 7).
Figura 7: Código de cores das garrafas de gás comprimido
No manuseamento de gases comprimidos é da máxima importância que se conheçam bem as suas
propriedades potencialmente perigosas (inflamabilidade, toxicidade, actividade química, efeitos corrosivos e
incompatibilidade com outras substâncias). É fundamental, portanto, consultar as folhas de dados de segurança (MSDS) dos
gases antes da sua utilização.
De acordo com a legislação nacional, as garrafas contendo gases comprimidos não devem ser depositadas
ao ar livre, a menos que estejam protegidas contra as variações excessivas de temperatura, raios solares directos ou
humidade persistente. Por outro lado, quando as garrafas são depositadas no interior dos edifícios, o espaço reservado ao
seu depósito deve ser isolado por divisórias resistentes ao fogo e ao calor. Além disso, as garrafas de gases comprimidos
não devem ser depositadas nas proximidades de substâncias muito inflamáveis (por exemplo: líquidos inflamáveis, madeira
ou papel) ou que ofereçam perigo de explosão. O oxigénio e os gases combustíveis, como o acetileno, nunca devem
ser armazenados conjuntamente sendo preferível que sejam colocados em salas separadas. Os cilindros cheios e os
vazios devem ser colocados em locais separados de modo a que não possam tombar ou embater uns nos outros com
violência.
O manuseamento de gases comprimidos requer que as garrafas estejam devidamente fixas no local,
independentemente do tipo de gás que contenham. No caso de se tratar de uma garrafa grande, esta deve ser colocada
junto a uma parede devidamente fixa com uma corrente. Caso o trabalho o exija, poderá ser encostada a uma bancada
enquanto o trabalho decorre mas, mais do que nunca, devidamente fixa. No caso de se utilizar uma garrafa pequena (de
bancada), esta deverá ser bem equilibrada e segura, com auxílio de um suporte universal pesado, ou por qualquer outro
processo semelhante.
Respeitar estas normas é extremamente importante, pois se uma garrafa se desequilibra e, em
consequência, cai violentamente no chão ou na bancada, além dos danos físicos que pode provocar, pode também partir-se
a válvula de segurança transformando-se num verdadeiro foguete, extremamente perigoso. No caso de se tratar de um gás
combustível ou comburente (hidrogénio ou oxigénio) acresce o risco de explosão e incêndio; se for um gás corrosivo ou
Ar
Azoto
Dióxido de carbono
Oxigénio
Gases inertes: incluir nomes
Outros gases: incluir nomes
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tóxico, a situação é também muito grave e de difícil controlo. Sempre que haja tempo, deve-se abrir todas as janelas e
abandonar o local de imediato.
Em relação ao transporte de garrafas, existem também alguns cuidados a adoptar. Com o auxílio de um
carro de transporte apropriado, e tomando as precauções necessárias no que diz respeito ao equilíbrio da garrafa, qualquer
pessoa pode fazer o respectivo transporte, sem esforço físico e em segurança. Recomenda-se que este trabalho seja feito
por duas pessoas, procedendo do seguinte modo: enquanto uma segura o carro, a outra roda lentamente a garrafa para a
base do referido carro e, em seguida, aperta as respectivas correias. A partir deste momento, uma só pessoa consegue
facilmente deslocar o carro com a garrafa para o local pretendido. De notar que nunca se deve deixar a garrafa no carro de
transporte, mas sim proceder imediatamente à sua fixação no local pretendido.
Para o trabalho com gases comprimidos deve ainda usar-se equipamento protector apropriado, como óculos
de segurança ou viseiras de protecção e luvas.
Apresentam-se, no Anexo VIII, algumas propriedades importantes dos gases que são utilizados com alguma
regularidade em laboratórios do DQB. Esta informação é resumida e pretende apenas dar a conhecer algumas
características dos gases em questão. A sua leitura não dispensa, portanto, a consulta atenta de rótulos e de fichas de
dados de segurança.
A utilização de gases comprimidos engloba, portanto, riscos importantes relacionados não só com o
manuseamento das garrafas, mas também com as características do próprio gás. Na
Tabela 7 apresentam-se alguns dos principais riscos associados às propriedades físico-químicas dos
gases.
Tabela 19: Principais riscos associados a gases utilizados para fins laboratoriais
Gás Riscos principais Limites de explosividade no ar (% em vol.)
VLT* (ppm)
Acetileno Muito inflamável, asfixiante, anestésico 2,5-81,0 nd
Amoníaco Tóxico 15,0-28,0 50
Anidrido carbónico Asfixiante - 5000
Anidrido sulfuroso Tóxico, causa queimaduras - 5
Árgon Asfixiante - nd
Azoto Asfixiante - nd
Brometo de hidrogénio Tóxico, corrosivo, causa queimaduras - 3
Butano Extremamente inflamável, anestésico 1,9-8,5 nd
Cloreto de hidrogénio Tóxico, corrosivo, causa queimaduras - 5
Cloro Tóxico, irritante, corrosivo, causa queimaduras - 1
Dióxido de azoto Tóxico, corrosivo - 5
Etano Extremamente inflamável, asfixiante, anestésico 3,0-12,5 nd
Etileno Extremamente inflamável, asfixiante, anestésico 3,1-32,0 nd
Fluoreto de hidrogénio Tóxico, corrosivo, causa queimaduras GRAVES - 3
Fosgénio Tóxico - 0,1
Hélio Asfixiante - nd
Hidrogénio Extremamente inflamável, asfixiante 4,0-75,0 nd
Metano Extremamente inflamável, asfixiante 5,3-14,0 nd
Oxigénio Extremamente reactivo - Não tóxico
Propano Extremamente inflamável, asfixiante, anestésico 2,2-9,5 nd
Sulfureto de hidrogénio Extremamente inflamável, tóxico, irritante 4,3-45,0 10
Trifluoreto de boro Tóxico, causa queimaduras - 1
nd – valor não determinado *Valor Limite de Tolerância: representa as condições às quais se crê que todos os operadores podem ser expostos repetidamente, dia após dia (considerando-se um dia de 8 horas de trabalho), sem que daí resultem efeitos adversos.
Manual de Segurança em Laboratórios do DQB
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Quando pretender usar uma garrafa de gás comprimido...
Tenha em atenção o código de cores para identificar o gás (combustível, comburente ou inerte).
Consulte o rótulo da garrafa e as MSDS (fichas de dados de segurança) do gás a utilizar (ver Anexo VIII).
Nunca utilize uma garrafa de gás quando existam dúvidas quanto ao seu conteúdo, ou quanto a eventuais danos
sofridos (ex: sinais de impactos mecânicos). As garrafas devem ser claramente identificadas e devolvidas ao
fornecedor.
Nunca aqueça uma garrafa nem a exponha a temperaturas superiores a 50 ºC.
Mantenha as garrafas devidamente fixas.
Utilize sempre a garrafa na posição vertical.
Nunca levante uma garrafa pelo capacete.
Desenrosque o capacete (caso exista) manualmente, assegurando-se de que este não sai torto, o que poderia permitir
uma abertura acidental da válvula. Em vez de um capacete, pode existir uma tulipa, que serve de protecção
permanente da válvula, e que não pode ser removida.
A breve abertura da válvula para verificar a pressão da garrafa não é necessária e deve ser evitada. Esta acção é
perigosa em caso de garrafas com válvulas de abertura rápida (ex.: garrafas de dióxido de carbono, ou azoto para
sistemas de extinção de incêndios), uma vez que a garrafa pode mover-se de forma descontrolada devido à força
repulsiva produzida pela saída do gás.
Nunca transporte uma garrafa sem o respectivo capacete.
No transporte de garrafas, utilize sempre um carro apropriado.
Escolha os manorredutores adequados ao gás a utilizar.
Abra a válvula da garrafa com a mão, sem recorrer a quaisquer ferramentas. Manobre as válvulas suavemente e
sem forçar. Nunca desmonte ou altere as válvulas.
Regule a pressão de trabalho desejada no regulador de pressão e abra a válvula de saída.
Verifique se não existem fugas na conexão entre a garrafa e o regulador de pressão. Para isso aplique, com um
pincel, uma solução de água e sabão nas juntas a inspeccionar. Os cilindros de hidrogénio requerem especial
atenção, pois o hidrogénio difunde-se rapidamente por qualquer ponto de fuga e forma com o ar misturas que
explodem com enorme violência.
Feche a válvula da garrafa durante quaisquer paragens no trabalho, de forma a prevenir qualquer saída descontrolada
de gás.
No fim do trabalho, deve fechar a válvula da garrafa, abrir as válvulas do manorredutor para aliviar a pressão e voltar a
fechar todas as válvulas.
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8.6. Manipulação de gases liquefeitos criogénicos
Os fluidos criogénicos (gases liquefeitos) são caracterizados por temperaturas extremamente baixas e por
uma elevada capacidade de expansão em volume quando passam de líquido a gás. O fluido criogénico mais utilizado no
DQB é o azoto líquido. Na Tabela 8. apresenta-se algumas propriedades dos fluidos criogénicos mais utilizados.
No local onde é feita a transferência de gases liquefeitos deve existir ventilação que permita renovar o
volume de gás que se produz.
Os gases liquefeitos à pressão atmosférica estão a baixas temperaturas e em estado de ebulição. Assim, na
transferência destes gases para outros recipientes ocorrem facilmente salpicos de gás que podem causar congelações
graves e/ou queimaduras pelo frio. Este perigo existe também na imersão de objectos à temperatura ambiente (ou
superior) nestes líquidos. Nestas situações, é obrigatório a utilização de viseira.
O vestuário a usar deverá ser largo, devendo evitar-se algibeiras abertas, dobras nas calças ou mangas
arregaçadas. Deve utilizar-se luvas isolantes, feitas de um material seco que não quebre facilmente. As luvas também
devem ser folgadas, para que possam ser retiradas rapidamente no caso de haver penetração de líquidos criogénicos.
Todos os gases indicados na Tabela 8 (excepto o hidrogénio) encontram-se presentes no ar, pelo que,
quando se evaporam pequenas quantidades para a atmosfera, estes não causam poluição, nem alterações permanentes.
Quando se derramam acidentalmente, não contaminam o solo, dado que se evaporam rapidamente, não chegando a
penetrá-lo. A congelação temporária local não provoca danos permanentes. No entanto, à excepção do oxigénio, estes
gases, quando libertados em grande quantidade num local fechado, podem reduzir a concentração de oxigénio no ar, o que
pode resultar em asfixia.
Tabela 20: Propriedades de alguns fluidos criogénicos
Fluido criogénico Temperatura de ebulição
a 1013 mbar (ºC)
Densidade do líquido a 1013 mbar
(kg/l)
Densidade do gás a 15ºC e 1013 mbar
(kg/l)
Quantidade de gás vaporizada
por litro de líquido
(l)
Árgon -186 1,40 1,67 839
Azoto -196 0,808 1,17 691
Dióxido de Carbono -78,5 1,178 1,85 632
Hélio -296 0,125 0,167 749
Hidrogénio -253 0,071 0,084 845
Oxigénio -183 1,142 1,34 853
Os principais riscos associados à utilização de fluidos criogénicos estão relacionados com a inflamabilidade,
utilização de gás a alta pressão e com os materiais de contacto.
O risco de inflamabilidade deve ser considerado quando se utilizam gases como o hidrogénio, metano e
acetileno. Contudo, os riscos de fogo podem aumentar drasticamente, mesmo quando se utilizam gases que não são
inflamáveis. A presença de oxigénio, gás comburente, pode aumentar a inflamabilidade de combustíveis vulgares, e pode
mesmo fazer com que alguns materiais não combustíveis se inflamem.
Gases inertes liquefeitos como o azoto líquido ou o hélio líquido são capazes, sob as condições adequadas,
de condensar oxigénio atmosférico. Por exemplo, superfícies metálicas extremamente frias promovem essa condensação.
As temperaturas muito baixas provocam alterações drásticas nas propriedades desses materiais. Alguns
materiais têm uma ductibilidade reduzida, e a baixas temperaturas tornam-se frágeis podendo partir-se, não sendo assim
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adequados para utilização com líquidos criogénicos. Assim, os materiais utilizados com líquidos criogénicos devem ser
cuidadosamente seleccionados. Exemplos de materais compatíveis com o uso de fluídos criogénicos são o aço inoxidável,
cobre, bronze, alumínio e latão, bem como o dacron, o teflon e o nylon.
Qualquer material contrai-se ao ser exposto a baixas temperaturas. A magnitude da contracção depende do
material e do grau de redução da temperatura, podendo originar fugas ou rupturas em roscas, acoplamentos, ligações, etc.
Os equipamentos e sistemas devem estar escrupulosamente limpos e secos antes de receberem gases liquefeitos
criogénicos, porque estes gases levam à congelação da humidade, o que pode conduzir a um funcionamento inadequado de
válvulas de segurança, manómetros, etc.
Na página seguinte apresentam-se algumas indicações de segurança para a utilização de azoto líquido, que
não dispensam a consulta atenta da ficha de dados de segurança (MSDS).
No manuseamento de azoto líquido a baixas temperaturas siga as seguintes recomendações de segurança:
Consulte a ficha de dados de segurança MSDS do azoto líquido.
Se o azoto líquido entrar em contacto com a pele, podem ocorrer queimaduras graves pelo frio. Queimaduras muito
extensas podem pôr em risco a vida.
No manuseamento directo de azoto líquido, utilize protecção pessoal (roupas secas cobrindo todo o corpo, sapatos de
segurança fechados, luvas, óculos ou viseira).
Utilize luvas adequadas e fáceis de remover.
Não utilize jóias, anéis ou outro tipo de ornamentos que permitam um contacto mais duradouro da pele com o fluido
criogénico.
Os equipamentos e sistemas devem estar escrupulosamente limpos e livres de materiais contaminantes.
Utilize unicamente material e contentores adequados para azoto líquido: aço inoxidável, cobre, bronze, alumínio e
latão bem como o dacron, o teflon e o nylon. Materiais como madeira, plásticos e borracha não são adequados.
No laboratório, deve colocar os contentores de azoto líquido num local devidamente resguardado.
Os contentores devem ser transportados nos respectivos carros de transporte.
ATENÇÃO: se o azoto líquido tiver uma cor azulada é porque está contaminado com oxigénio e deve ser substituído.
O material contaminado é perigoso e potencialmente explosivo.
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Azoto líquido (N2)
PROPRIEDADES Não inflamável. Não tóxico. Não corrosivo. Incolor. Inodoro. A baixa temperatura é mais denso que o ar (o azoto a 0 ºC é já mais pesado que o ar a 15 ºC).
RISCOS
Com o produto: Em elevadas concentrações pode causar asfixia. Os sintomas podem incluir perda de conhecimento e motricidade. A vítima pode não ter percepção da asfixia. O azoto líquido ou os seus vapores provocam queimaduras pelo frio quando em contacto com a pele. Se o azoto líquido for colocado num volume fechado, a pressão pode atingir, por aquecimento, cerca de 700 bar havendo o risco de rebentamento das tubagens (1 litro de
azoto líquido liberta 680 litros de gás à temperatura ambiente). Devido à baixa temperatura das paredes de sistemas de refrigeração por azoto líquido, o ar em contacto com estas liquefaz-se aumentando localmente a concentração de
oxigénio, o que aumenta o risco de activação de qualquer combustão nas proximidades. Acumulação nos pontos baixos de azoto gasoso frio.
PRECAUÇÕES ESSENCIAIS
Com o material: A exposição ao fogo pode provocar ruptura e/ou explosão dos recipientes. A montagem da armazenamento de azoto líquido, das linhas de trasfega, e do material de utilização, deve ser feito em consonância com o fornecedor; em particular o
reservatório nunca deve ser colocado abaixo do nível do solo. Prever a instalação de dispositivos de segurança contra aumentos de pressão em todas as partes do circuito de azoto líquido em que este se encontre encerrado entre
duas válvulas. Nunca utilizar canalizações não isoladas. O isolamento das canalizações deve ser feito com materiais incombustíveis.
Com o produto: Suprimir todas as comunicações entre os locais de armazenamento e/ou utilização e as zonas baixas, pois o gás tem tendência à acumulação nestes espaços, tornando a
atmosfera não respirável. Na impossibilidade de aplicação da medida anterior, o acesso a essas zonas deve ser restrito, e quando necessário, elas devem ser devidamente ventiladas, e o teor de
oxigénio medido. Utilizar elementos protectores como luvas, óculos ou viseira quando se manipula o azoto líquido.
EM CASO DE INCIDENTE OU ACIDENTE
Em caso de fuga: Fechar a válvula da garrafa ou de isolamento do circuito com fuga, quando isto for possível sem risco. Arejar devidamente a zona. Evacuar o local. Nunca penetrar na zona contaminada sem antes confirmar que a quantidade de oxigénio é no mínimo de 18 %, ou, se for necessário, fazê-lo utilizando um aparelho
autónomo de respiração e cinto de segurança. Em caso de asfixia: Remover a vítima do local, o mais rapidamente possível, e colocá-la numa atmosfera normal. Em caso de paragem respiratória, aplicar respiração artificial. Chamar o médico. Se necessário administrar oxigénio até à chegada do médico.
INCOMPATIBILIDADE DE MATERIAIS
Materiais aconselhados são aço níquel (90% de níquel), aço inoxidável, cobre, latão e bronze com silício.
ARMAZENAMENTO E MANIPULAÇÃO
Impedir a entrada de água para o recipiente. Não permitir o retorno do produto para o recipiente. Utilizar o aparelho de respiração autónomo e cinto de segurança para penetrar nas zonas sub oxigenadas.
PROTECÇÃO AMBIENTAL
Nunca deitar para a atmosfera um gás não identificado.
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9. Normas de utilização de radioisótopos
Apenas determinadas combinações de protões e neutrões resultam em núcleos estáveis. Os núcleos
instáveis possuem excesso de energia que tendem a libertar sob a forma de partículas ou radiação electromagnética. Estes
núcleos são radioactivos e os elementos correspondentes são conhecidos como radioisótopos.
A emissão de partículas ou de ondas electromagnéticas de um núcleo instável, com energia suficiente para
remover um electrão de um átomo, é denominada radiação ionizante. Exemplos de radiação ionizante incluem partículas ,
, raios , raios-X e neutrões (ver Figura 8). O processo pelo qual esta energia é libertada designa-se por decaimento
radioactivo e a sua duração pode variar entre milionésimos de segundo a biliões de anos, sendo esta uma característica de
um determinado isótopo. As propriedades destes tipos de radiação ionizante encontram-se na Tabela 9.
Quando a radiação não tem energia suficiente para ionizar um átomo, denomina-se radiação não ionizante,
embora possa também ser capaz de provocar danos biológicos. As ondas de radar, ondas de rádio, micro-ondas e a luz
visível são exemplos de radiação não ionizante.
Radiação ionizante
Figura 8: Tipos de partículas ou ondas electromagnéticas emitidas por um núcleo instável
No Anexo X encontram-se classificados os principais nuclídeos radioactivos de acordo com a sua
radiotoxicidade relativa. A segurança na manipulação de produtos radioactivos depende da origem da radiação a que se é
sujeito.
A radiação externa depende da quantidade e da qualidade (penetração) do radioisótopo. A protecção mais
eficaz contra a radiação é a distância, visto que a intensidade é inversamente proporcional ao quadrado da distância. A dose
de radiação é também função do tempo, pelo que se deverá reduzir ao mínimo possível o tempo de manipulação. No caso
dos radioisótopos que são emissores de baixa energia (3H, 14C, 35S), o vidro normal é uma protecção eficaz. Para 32P e
45Ca (emissores de maior energia), em regra, é suficiente uma barreira de perspex de 1 cm ou vidro de 3 mm de
espessura. Para os emissores (125I, 22Na, 60Co, 86Rb), será necessário usar uma barreira de chumbo. Nestes últimos dois
casos é aconselhável o uso de dosímetros individuais.
A radiação interna resulta da inalação ou ingestão de substâncias radioactivas. Alguns isótopos, como o
45Ca ou o 125I, fixam-se especificamente nos ossos e na tiróide, respectivamente, enquanto outros isótopos, dependendo da
forma química usada, podem-se incorporar em determinadas células ou estruturas celulares.
A manipulação cuidadosa, bem como a limpeza rigorosa das áreas de trabalho, constituem protecção
suficiente nas condições normais de trabalho, podendo definir-se algumas regras básicas.
Partículas Ondas
Neutrão Partículas
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Tabela 21: Propriedades dos diferentes tipos de radiação ionizante
Radiação Características físicas .Alcance Blindagem Dano biológico
Partículas
A partícula é semelhante ao núcleo do Hélio, isto é, contém dois protões e dois neutrões, tendo carga positiva (+2).
O alcance da radiação no ar é muito curto, cerca de 2 a 5 cm. Estão envolvidas grandes quantidades de energia.
A maior parte das partículas não consegue atravessar mais do que alguns centíme-tros de ar, uma folha de papel ou a camada externa da pele.
Não é considerada como capaz de dano por irradiação externa porque é facilmente parada pela camada superficial de pele. Caso um emissor seja inalado ou ingerido, torna-se uma fonte importante de exposição interna.
Partículas
A partícula tem massa pequena e pode ter carga positiva ou negativa. A sua origem mais geral é a emissão pelo núcleo durante o decaimento radioactivo. A partícula de carga negativa (carga –1) é fisicamente igual a um electrão; a partícula de carga positiva é designada por positrão.
O alcance no ar pode ir até cerca de 3 m.
A maior parte das partículas são blindadas por camadas finas de plástico, vidro ou alumínio.
As partículas podem causar danos aos olhos e à pele. Caso um emissor seja inalado ou ingerido, torna-se uma importante fonte de exposição interna.
Raios-X e
São ondas electromagnéticas, ou fotões, e não possuem massa nem carga. A diferença entre os raios-X e está na sua origem: enquanto os raios-X são originados por movi-mentos de electrões entre orbitais, os raios têm origem no núcleo do átomo. Os raios-X e podem ionizar directamente, por interacção com electrões orbitais, ou indirectamente, por interacção através do núcleo, que irá então emitir radiação capaz de provocar a ionização.
Os Raios-X ou , iniciados por decaimento radioactivo, têm poder de penetração elevado, dezenas de metros no ar.
Raios-X ou são mais bem atenuados por materiais densos, tais como cimento, chumbo ou aço.
São, principalmente, fontes de exposição externa.
Neutrões
São ejectados do núcleo dos átomos; têm massa semelhante à do protão, cerca de 1800 vezes mais pesados que uma partícula . Por causa da sua massa e por terem carga neutra, os neutrões geralmente não são capazes de ionizar directamente ou interagir com electrões orbitais. Uma partícula carregada ou outra radiação pode ser emitida após a colisão, ionizando então átomos vizinhos.
Os neutrões têm uma habilidade de penetração relativamente elevado e são difíceis de parar podendo atravessar dezenas de metros no ar.
Os melhores materiais para a blindagem de neutrões são, por exemplo: o cimento; a terra; a água; o plástico ou a parafina.
São, principalmente, fontes de radiação externa, devido à sua alta capacidade de penetração.
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Regras a adoptar na manipulação de radioisótopos:
Deve conhecer as propriedades do(s) radioisótopo(s) a utilizar, incluindo todas as precauções e cuidados
específicos.
A manipulação de radioisótopos deve ser feita numa zona devidamente delimitada, assinalada e controlada
regularmente, não devendo apresentar mais que um (1) c.p.s. (contagem por segundo).
É aconselhável cobrir as bancadas (e eventualmente o chão) com plástico adesivo, para evitar a sua
contaminação e facilitar a sua remoção. No caso de contaminação da bancada ou do chão, a zona deve ser
delimitada, descontaminada logo que possível e controlada com um monitor de radiação.
As manipulações devem ser efectuadas sobre um tabuleiro coberto de papel de filtro (Benchcoat), de forma a
minimizar as consequências de eventuais derrames ou quebras de material.
Sempre que possível use material descartável (tubos e pontas de pipetas automáticas). O material utilizado, em
especial o material de vidro, deve ser marcado e não deve ser usado noutras áreas; as pipetas e varetas nunca
devem ser colocadas directamente sobre as bancadas, mas sim em tabuleiros não porosos forrados com papel
de filtro. Após a sua utilização deve passar-se por água corrente, a fim de evitar a fixação da contaminação. A
lavagem de material contaminado não deve ser feita juntamente com a de material não contaminado.
Deve ser limitado o número de equipamentos introduzido nas áreas activas. Dever-se-á ter um cuidado especial
com equipamentos dispendiosos ou especiais, cuja utilização não possa ser restringida àquelas áreas, de forma
a evitar a sua contaminação.
Os utilizadores devem usar bata e luvas de protecção descartáveis, não devem comer, beber, fumar ou mexer
em cosméticos e devem usar lenços de papel descartáveis (que serão considerados como resíduos radioactivos);
devem retirar as luvas ou utilizar um pedaço de papel ou plástico, antes de mexer em objectos não contaminados
(torneiras, gavetas, puxadores das portas, interruptores, óculos, telefone); as mãos devem ser protegidas com
creme e, no final da manipulação, devem lavar-se as luvas antes de serem retiradas e, em seguida, as mãos. No
caso de contaminação acidental, lavar as mãos abundantemente com água morna e sabão e controlar com o
detector de radioactividade.
Deve existir um armário apropriado (ou frigorífico com fechadura), se necessário com blindagem, devidamente
assinalado para o armazenamento das fontes radioactivas.
Resíduos:
Para os radionuclídeos mais usados em laboratórios, a actividade dos resíduos radioactivos sólidos a eliminar no
lixo normal não deve exceder 370 kBq de cada vez, num volume total não inferior a 0,1 m3. As descargas de
efluentes líquidos no laboratório, em sistema de esgoto sanitário, não devem exceder um limite aconselhado pelo
Departamento de Protecção Radiológica e Segurança Nuclear do Instituto Tecnológico e Nuclear (ITN). No caso
dos radioisótopos manipulados serem de vida curta, deve haver uma área no laboratório com contentores
destinados à retenção temporária, para decaimento radioactivo dos resíduos. Os resíduos radioactivos podem
ainda ser remetidos ao ITN, devidamente acondicionados e identificados.
Descontaminação:
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A contaminação externa de pessoas pode provocar lesões na pele por exposição às radiações. A pele deve ser
imediatamente lavada com água e sabão e nunca devem ser usados solventes orgânicos. Deve evitar-se a
dispersão da contaminação. A contaminação interna pode dar-se por absorção através da pele, de uma ferida,
por ingestão ou por inalação. Se ocorrer uma contaminação deste tipo deve contactar-se imediatamente um
médico especialista.
A descontaminação das bancadas e do chão deve ser feita com água e sabão ou detergente. Se tiver havido
derramamento de líquido, deve primeiro retirá-lo com papel absorvente. A lavagem das zonas contaminadas deve
ser feita de fora para dentro.
O material de laboratório deve ser passado por água corrente imediatamente após a sua utilização e deve ser
mantido dentro de água até à sua lavagem. O material de vidro pode ser descontaminado com soluções de ácido
crómico, de ácido nítrico, de citrato de amónio e de EDTA. Um detergente aconselhável é o RBS a 3%. As peças
de metal podem ser limpas com este detergente.
A descontaminação do vestuário faz-se por simples lavagem numa máquina de lavar, separada da roupa não
contaminada. No caso de radioisótopos de período curto, o armazenamento da roupa pode ser suficiente para
reduzir a contaminação a níveis aceitáveis.
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10. Normas de utilização de agentes biológicos
Os agentes biológicos são microorganismos (bactérias, vírus, fungos e parasitas), incluindo os geneticamente
modificados, as culturas de células e os microorganismos endógenos humanos, susceptíveis de provocar infecções, alergias
ou intoxicações. São classificados em quatro grupos conforme o seu nível de risco infeccioso, tal como se apresenta na
Tabela 10.
Tabela 22: Classificação dos agentes biológicos em grupos de risco
Grupo Risco para os trabalhadores Risco de propagação na
colectividade Meios de profilaxia ou
tratamento
1 Baixa probabilidade de causar doença Não Desnecessário
2 Podem causar doença e constituir perigo para os trabalhadores
Pouco provável Existem, em regra
3 Podem causar doença grave e constituir perigo
grave para os trabalhadores Provável Existem
4 Provocam doença grave e constituem um sério
perigo para os trabalhadores Elevado Não existem
Medidas de prevenção para reduzir os riscos associados à exposição a agentes biológicos:
Estabelecer procedimentos de trabalho adequados e utilizar medidas técnicas apropriadas para evitar ou
minimizar a libertação de agentes biológicos.
Adoptar medidas seguras para a recepção, manipulação e transporte de agentes biológicos.
Utilizar meios seguros para a recolha, armazenamento e eliminação de resíduos, incluindo recipientes seguros e
rotulados e previamente tratados.
Sinalizar adequadamente os locais (perigo biológico, proibição de fumar, etc).
Figura 9: Sinal indicativo de perigo biológico
Usar vestuário de protecção adequado.
Ter acesso rápido a colírios e antissépticos.
Armazenar, manter e limpar correctamente os equipamentos de protecção individual (PPE).
Destruir, se necessário, o vestuário de protecção e os PPE contaminados.
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11. Eliminação de Resíduos
Na nossa sociedade existe a tendência de considerar apenas as actividades que geram grandes
quantidades de resíduos como únicas responsáveis por impactos ambientais. Esquecem-se muitas vezes os pequenos
produtores de resíduos, tais como instituições de ensino e pesquisa, bem como laboratórios de análise que, na sua
totalidade, geram uma grande quantidade e diversidade de resíduos (metais pesados, solventes halogenados, radiosiótopos
e material infectante). Como tal, cada instituição/laboratório deve ser responsável por uma gestão correcta da
eliminação dos seus resíduos.
O DQB mantém um sistema de eliminação de resíduos líquidos – solventes halogenados e não
halogenados.
A FCUL está a implementar um sistema de recolha de outros resíduos líquidos e resíduos sólidos, cujas
normas serão conhecidas em breve. Enquanto este sistema não estiver a funcionar em pleno, devem respeitar-se as regras
do DQB que se apresentam.
Procedimentos a adoptar na recolha de resíduos químicos:
Nenhum resíduo químico – líquido, sólido ou em solução – deve ser deitado para a canalização, com excepção
dos ácidos e bases em solução aquosa diluída ou dos resíduos tipicamente não perigosos tais como os indicados
na Tabela 11.
Os ácidos ou bases em solução aquosa apenas podem ser despejados para a canalização após grande diluição
e acompanhados abundantemente por água corrente. Sempre que necessário deve ser feita a prévia
neutralização de ácidos ou bases.
Nos laboratórios do DQB existem, em cada zona de lavagem, recipientes identificados para recolha de solventes
orgânicos halogenados e não halogenados. Cada uma destas categorias envolve um tratamento e preço
diferentes, pelo que é muito importante a sua separação prévia. Na Tabela 12 apresentam-se alguns exemplos
destes tipos de resíduos.
Os solventes recolhidos periodicamente nos laboratórios serão transferidos para reservatórios de maiores
dimensões (ca. 30 L), existentes no armazém exterior (A2), junto ao depósito do ArLíquido, de onde serão
transportados pela empresa contratada para os eliminar.
No caso dos laboratórios do edifício C1, a transferência dos solventes para o A2 está a cargo dos funcionários de
laboratório.
No caso dos laboratórios do edifício C8, a transferência dos solventes para o A2 está a cargo dos respectivos
utilizadores.
O horário de transferência dos solventes para os reservatórios do A2 é o seguinte: 2as, 4as e 6as feiras, das 14.00
às 14.30 h.
O funcionário responsável pelo apoio à transferência dos solventes para os reservatórios do A2 é o Sr. José
Manuel Alves (extensão 28123).
Cada entrega de solventes no A2 deve ser registada numa folha própria, existente no local. A informação
prestada inclui o volume e o tipo de solvente entregue (halogenado e/ou não-halogenado), o laboratório de
origem e a identificação da pessoa que procede à entrega.
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Os frascos usados para o transporte dos solventes devem voltar aos laboratórios de origem e não ficar
abandonados no A2.
Todos os outros resíduos, sólidos, líquidos e em solução, devem ser armazenados em recipientes adequados e
bem identificados. Para isso, utilize os rótulos próprios que se encontram no Anexo XI.
Tabela 23: Exemplos de resíduos laboratoriais tipicamente não perigosos
Resíduos químicos Exemplos
Orgânicos
Açúcares Amido -aminoácidos e seus sais que ocorram naturalmente Ácido cítrico e seus sais de sódio, potássio, magnésio, cálcio e amónio Ácido láctico e seus sais de sódio, potássio, magnésio, cálcio e amónio
Inorgânicos
Sulfatos: sódio, potássio, magnésio, cálcio, estrôncio, bário e amónia Fosfatos: sódio, potássio, magnésio, cálcio, estrôncio e amónia Carbonetos: sódio, potássio, magnésio, cálcio, estrôncio, bário e amónia Óxidos: boro, magnésio, cálcio, estrôncio, alumínio, silício, titânio, manganês, ferro, cobalto, cobre e zinco Cloretos: sódio, potássio e magnésio Fluoretos: cálcio Boratos: sódio, potássio, magnésio e cálcio
Tabela 24: Exemplos de solventes orgânicos halogenados e não halogenados
Solventes Exemplos
Orgânicos não Halogenados (solventes, óleos, parafinas, etc)
Acetona (absoluta ou de lavagem) Éter dietílico (éter sulfúrico) Etanol (álcool etílico, álcool) Acetato de etilo Metanol (álcool metílico) Éter de petróleo (Benzina de petróleo) Acetonitrilo Ciclohexano Hexano Dioxano Tetrahidrofurano (THF) Tolueno (toluol, benzol)
Orgânicos Halogenados (Cloretos, Brometos e Iodetos orgânicos,
líquidos e/ou em solução)
Diclorometano (Cloreto de metileno) Clorofórmio (Triclorometano) Tetracloreto de carbono Clorobenzeno