magazine luiza consumo e cultura nas redes digitais
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PPGCOM ESPM – ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING – SÃO PAULO – 15 E 16 OUTUBRO DE 2012
MAGAZINE LUIZA: HORIZONTES DA CULTURA E DO CONSUMO NAS PÁGINAS DO
FACEBOOK.1
Luciana F. S. Prado 2
Mestranda em Mídia e Cultura – Universidade Federal de Goiás
Resumo
As marcas e empresas de todos os segmentos da sociedade estão agora imersos também nas redes
sociais e desta presença nasce um novo diálogo entre elas e seus consumidores. O que realmente desejam as
marcas/empresas nas mensagens que pronunciam regularmente em suas páginas oficiais de relacionamento?
Este trabalho busca analisar como uma grande empresa de varejo como o Magazine Luiza consegue
estabelecer um contato profícuo com seus clientes/target. E quais as suas estratégias narrativas e discursivas
no âmbito da persuasão e participação neste novo canal de relacionamento e também de vendas.
Palavras-chave: Cultura-digital; entretenimento; consumidor-fã; consumo; persuasão..
Introdução
Inscrever-se hoje nas plataformas digitais pode representar uma nova forma de ser
indexável, geolocalizável, ser sujeito e objeto num trajeto de comunicação onde ele pode ser o
meio, a mensagem e o emissor. Este espaço possibilita participação nos jogos comunicacionais,
num campo onde empresas/marcas do “brigam” por reputação e audiência chamando o
indivíduo/consumidor, a participar, “curtir as mensagens”, produzindo o próprio ato do consumo.
As conversações no ciberespaço descritas por Raquel Recuero em, A conversação em rede,
(Recuero: 2012), são também capazes de simular, sob muitos aspectos elementos de conversação
oral. Para ela, é sempre uma conversação múltipla, espalhada, com a participação de muitos e
permanece gerando novas apropriações e migrando entre diversas ferramentas. E que geram
valores que compõem um alto grau de poder de capital relacional, potencialidade de se produzir
visibilidade, reputação, popularidade e autoridade.
A esta dinâmica das novas mídias (Cibercultura), Pierre Lévy, aponta novas formas
de posicionamento frente ao consumo, determinação de escolhas, preferências pessoais nos âmbitos
1 Trabalho apresentado para GT 03: Comunicação, Consumo, Entretenimento e Cultura Digital. Coordenação: Profa.
Dra. Gisela G. S. Castro. 2 Autora: Mestranda do Curso de Mídia e Cultura da UFG-GO, e-mail: [email protected]. Orientador: Dr. Santos,
Goiamérico - UFG
.
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da literatura, filmes, esportes, lazer, culinária e consumo cultural. Também podemos aduzir, nos
diálogos com características de fãs em páginas de relacionamento que ligam empresas e clientes,
que induz a proximidade e novas formas de laços de consumo. Na convergência das mídias, como
afirma Henry Jenkins (2008), “toda história importante é contada, toda marca é vendida todo
consumidor é cortejado por múltiplos suportes de mídia” (2008, p. 27).
Assim, a publicidade se afirma, fundamentalmente, por meio de estratégias de sedução do
público-alvo. Estratégias de sedução variáveis entre os caminhos do convencimento (à razão,
apolíneo) e da persuasão (sensibilidade, dionisíaco), Carrascoza (2004).
A comunicação e os novos conceitos de produtos e estilos de vida são presentificadas hoje
através de múltiplos canais. A centralidade de toda estratégia hoje no mercado tem como objetivo
reforçar, construir e defender as marcas numa competição direta com marcas concorrentes,
Francisco Gracioso (2008). Assim, as marcas apoiam-se em características subjetivas, que refletem
uma realidade social voltada para o hedonismo e a individualidade, a espetacularização, as novas
experiênciações. Tudo isto diante de uma audiência cada vez mais dispersa por diversos canais de
comunicação e plataformas que o podem acompanhar em cada momento de sua vida cotidiana.
Hoje não se espera chegar em casa para ter o momento de lazer frente a televisão, ou ir ao cinema
para ver um filme, ir até a livraria para comprar um livro. Tudo isso pode ser feito enquanto se
caminha pela rua, durante o trajeto do metrô, ou dentro de sua sala de trabalho, seja pelo celular,
pelos demais gadjets já disseminados em grande parte da população.
Estes indivíduos, inseridos dentro desta realidade transcrita acima, se tornaram pessoas do
mundo contemporâneo onde a definição de marca/produto nas suas mais variáveis definições,
incorpora a atividade de consumo como uma das várias formas de interação social. E onde o ato de
consumir diante das inúmeras informações de fácil acesso a um clique na web, tem transformado a
“guerra” pela atenção e estímulo ao apelo da marca de forma positiva cada vez mais importante
para todos os segmentos da produção. E um dos fatores que transparece com maior força na
comunicação midiática das empresas expressas em suas páginas oficiais de sites de relacionamento,
como o Faceboock, com seus clientes na última década é o pendor para uma aproximação
permanentemente voltada a conceitos que sugiram responsabilidade social, ética, valorização a
sensibilidade e beleza, mesmo o romantismo e a delicadeza do dia a dia,. A estética do belo, da
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expressão mais poética da vida, é o modelo que impera na tentativa de consolidação de um
relacionamento que tenta estimular as trocas simbólicas entre empresas e consumidores nos sites
das marcas, como no caso do Magazine Luiza, que iremos detalhar neste artigo.
A estetização da vida, o consumo simbólico e o desejo de se expressar no mundo
virtual.
Em sua obra, o Homem e o Discurso, Foucault revela que o funcionamento do discurso é
paralelo ao funcionamento de toda a sociedade industrial moderna. E esse funcionamento comporta
dois aspectos importantes à nossa reflexão: a onipotência do discurso, e a sua fragilidade.
Onipotência do discurso: é talvez a dimensão essencial da modernidade. Todos os críticos de
nossa época, marxistas ou liberais, veem na onipresença das estruturas discursivas característica do
mundo contemporâneo. Presença audiovisual do discurso da imprensa falada e escrita; presença do
discurso na propaganda política; presença do discurso nos textos e imagens publicitárias. Discurso
em vários níveis. No nível factual, ou supostamente factual; no nível da mentira consciente; no
nível da produção mitopaica subliminar. Como o discurso dos rapsodos o discurso dos mass media
é irresistível veiculador de mitos. Discurso ideológico enfim, no nível factual: a verdade
funcionando como ideologia, o discurso verídico que aliena seu destinatário na exata medida em
que é verídico. A ideologia que pode se dar ao luxo de aparecer sob a máscara da verdade: a mentira
que não precisa mais mentir. (2008, p. 12).
É relevante observar que o Foucaut (2008) observa como se dão os mecanismos de
apropriação temática de determinados discursos, e enxerga neles um conjunto de normas e regras
inerentes ao próprio discurso. Ele não inventa um mundo sem sujeitos, mas descreve de forma
bastante real um mundo em que o sujeito está sendo, ou já foi engolido pelo discurso. Diante desta
ubiquidade do discurso ele nos remonta também o seu contraposto que é revelado como a
fragilidade, ou vulnerabilidade do discurso, pois segundo ele “o discurso é aquilo que domina o
homem com uma normatividade despótica; mas é também aquilo que deve ser excluído ou reduzido
ao silêncio” (2008, p. 13). Ou seja, Foucault nos incita a pensar que o discurso é ao mesmo tempo
soberano e prisioneiro, pois, é aquilo ao qual o homem cede é forçado a acatar, age e pensa por ele,
dita os enunciados necessários e autoriza os possíveis. Por outro lado, precede de uma exterioridade
selvagem que precisa ser sempre dominada por sistemas de interditos e domesticada por fórmulas
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de legitimação a fim de autorizar sua “aceitabilidade”, fixando-o a uma ordem vigente. E é este
aspecto do discurso que o faz, na visão de Foucault, tão vulnerável. Mesmo neste mundo “pós-
moderno”, contemporâneo “não é possível falar de qualquer coisa, nem atribuir a qualquer um o
terrível poder de enunciar. É um mundo dominado por um duplo interdito: quanto ao objeto e
quanto ao sujeito do enunciado” (ibidem, pg. 14).
No mundo contemporâneo, mediado pelas intervenções midiáticas, o discurso onipresente e
frágil, segundo as análises de Foucault, encontrou um campo ainda mais fértil que em todas as
épocas passadas. Neste tempo vivenciado pelo apelo do eterno presente, todos falam, para todos,
seguindo as leis de uma Babel recriada pelas enormes possibilidades dos canais de comunicação da
Internet. E neste turbilhão de diálogos, segundo Harvey (1993), as definições do pensamento pós-
moderno estão representadas na constatação da heterogeneidade e da diferença como forças
libertadoras, na fragmentação, indeterminação e intenso descrédito em relação a todos os discursos
universalizadores e globalizantes. A mesma linha de pensamento que propunha Foucault: a preferir
a multiplicidade à unidade, a diferença à identidade, e a entrar nos fluxos e arranjos móveis em
detrimento dos sistemas, como ressalta Lúcia Santaella (2011).
Em “Linguagens liquidas na era da mobilidade”, (2011), Santaella, incita o debate
conceitual do sujeito que está imerso nas redes sociais e que tem parte de sua subjetividade formada
neste campo, e dá corpo às ideias deleuzianas que se apoiam na complexa topologia da dobra, que
segundo ela, permite-nos um seguir labirintos, percorrer diversas camadas, realizando e tecendo
juntas coisas diferentes, em um estado de transversalidade entre planos. Diz-nos ela, “enfim, as
identidades e subjetividades são hoje multiformes, heteróclitas, descentradas, instáveis, subversivas.
Não obstante a pluralidade de caminhos, a constante de todos eles está na busca por escapar do
velho e familiar eu, aquele reconfortante ‘eu’ da filosofia humanista, da hermenêutica e da
fenomenologia” (SANTAELLA, 2011, p.88).
Como um dos autores recentes que abordam a questão da estetização das marcas Gilles
Lipovetsky (2011), nos leva à reflexão de que se vive em uma época em que criar produtos já não
basta. É necessário, segundo ele, criar uma identidade ou uma cultura da marca que se apoie nas
ferramentas de marketing, “do superinvestimento publicitário e da hipertrofia da comunicação”
(2011. pg, 95). O que para ele é uma característica e exigência da hipervisibilidade das marcas,
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numa situação onde o “branding” se põe a frente do produto e neste ponto a dimensão do imaterial
constrói mais a marca do que a fabricação material do produto. Dentro deste contexto, onde a
produção é normalmente terceirizada e transferida para países com mão de obra mais barata, o que
realmente faz a diferença para o “hiperconsumidor” (definição de Lipovetsky para o novo
consumidor), é o contato, e se possível a compra da marca agindo como um suplemento de alma, de
sonho e de identidade. Uma visão que não difere muito da concepção de Andrea Semprini, (2010),
onde é interessante observarmos que de alguns anos para cá temos assistido a uma mega dose de
injeção de estetização em todos os setores da atividade de produção e consumo e da relação
consumidor/marcas, diz ele:
práticas de artefatos culturais/ e ou de consumo. As marcas detêm uma relação
particularmente estreita com a prática de estetizar o cotidiano. Porder-se-ia pensar que não há
nada de novo e que as marcas, em sua preocupação de atrair e de seduzir seu público, sempre
cuidaram de sua aparência, e logo de sua conduta estética. Mas não é assim. Até
recentemente, há vinte anos no máximo, o universo das manifestações das marcas foi pouco
sensível às questões da estética. A escolha das formas, cores, grafismos era muito mais ditada
pelas preocupações de impacto (ler vistoso), de visibilidade (ler enfático) e de funcionalidade
(ler ordenado e claro), de informação (ler descritivo) e de economia (ler pouco elaborado).
Situava-se então no antípoda de uma perspectiva estética, ao menos no tradicional do termo
(2010, p. 171).
O modo como chegamos a uma situação onde o consumo passou a ser representado como
uma produção e representação do simbólico enfatizando uma relação exterior com os objetos,
mediada por sensações, intuições e emoções e pelo desejo de status, felicidade e aparência, é
estudada e interpretada por diversos autores, Everardo Rocha (1995), por exemplo, nos diz que o
olhar do homem para natureza antes da revolução industrial era contemplativo, sem grande
pretensão de modificação e ação sobre o já posto. Porém, esse olhar vai se modificando, através de
uma mudança cultural, e a transformação da natureza passa a ser motivo de desejo de geração de
riqueza, segundo ele “nossa sociedade industrial é uma formidável máquina de produção”
(ROCHA, 1995, p. 125).
E dentro desta concepção estabelecida por ele, tudo deve ser intensamente produtivo e
aproveitado, inclusive o indivíduo, toda a sociedade e natureza. Com toda vida social orientada
pelo capitalismo consegue-se perceber então que se vive num estágio onde o consumo é que motiva
a produção, o sistema não se movimenta sem o gasto, tem que produzir e consumir. Para Rocha
(1995), de um modo inter-relacionado com o que diz Lipovetsk sobre os investimentos em
publicidade e valorização da marca, a publicidade está exatamente na ponte entre a produção e o
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consumo proporcionando os sentidos como marca e apoiando na instauração do desejo e da
necessidade,
a publicidade – enquanto narrativa do consumo – estabelece uma cumplicidade entre a esfera da
produção com sua serialidade, impessoalidade e sequencialidade e a esfera do consumo com sua
emotividade, significação e humanidade. [...] A publicidade, parafraseando Lévi-Strauss, pode ser
vista como uma espécie bem verdadeira de ‘totemismo hoje’. Ela é o território do ‘simbólico’
encravado no reino da razão prática (ROCHA, 1995, p. 154).
A visão do ato do consumo apresenta diversas correntes de pensamento, porém uma delas
parece se encaixar com as bases de discursos cada vez mais estetizados e emocionais nas redes
digitais e nas páginas de empresas dos mais variados segmentos, inclusive o de varejo, que até
pouco tempo somente “gritava” seus preços em anúncios de megaliquidação, ou em casos
esporádicos, criava anúncios institucionais em datas comemorativas, como dias das mães, pais ou
natal. A abordagem de autores como Everardo Rocha, Colin Campbell e Mary Douglas, do
consumo simbólico. O qual é consumo é mediado por intuições e emoções e pelo desejo de status,
felicidade e aparência. O hedonismo seria a associação de consumo e prazer, como tradução para a
felicidade. É um consumo como essencial para a realização pessoal. O “sucesso se traduz na posse
infinita de bens que, agradavelmente, conspiram para fazer perene nossa felicidade” (DOUGLAS e
ISHERWOOD, 2009, p. 11).
É essa visão que Campbell desenvolve em seu livro A ética romântica e o espírito do
consumo como um ato associado ao prazer, não mais só com a visão utilitarista ou acumulativa que
inicialmente forjaram as primeiras análises do consumo na modernidade. Campbell retroage a
reflexão acerca do nascimento do consumismo em dois séculos. Segundo Campbell, bem antes da
explosão da produção em massa no início do século XX, já desde o século XVII, seria possível
detectar a produção e consumo de produtos que poderiam ser considerados supérfluos. O que para
o autor, que apontava a ética romântica e a sensibilidade provocada que auxiliava os gastos, fazendo
o capitalismo girar e funcionar, proporcionando a dinâmica necessária ao consumismo moderno.
Esse consumidor sensível e romântico tinha como característica a busca pelo prazer e felicidade na
aquisição de bens. Consumo simbólico.
Os discursos do Magazine Luiza sob a ótica do consumo como romance.
Se Campbell estabelece que o novo consumidor tenha as características hedonistas de um
romântico, que busca antes de tudo a aproximação pelo prazer, podemos nos perguntar se isso pode
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ser viável num mundo de marca onde invariavelmente se vende “o menor preço, o maior prazo, a
entrega garantida... o mundo do varejo”. Como se estabeleceria um romance diante de tal cenário?
Já que pela lógica de Campbell, conhecemo-nos, encantamo-nos pelas qualidades físicas e
emocionais de algo, apaixonamo-nos. Entre afetos e sensações, em busca de algo transcendental. O
consumo é um romance. Além dessas relações emocionais, materializamos o desejo através da
compra.
Na elaboração de Campbell, o Romantismo, em que a sensibilidade e a imaginação
predominam sobre a razão, proporciona a dinâmica necessária ao consumismo moderno. O
consumo sobrepõe-se além dele mesmo, ao satisfazer necessidades simbólicas e ao oferecer a
experimentação dos prazeres criados pela imaginação. Na ação do consumo, nas palavras de
Campbell: “o consumidor moderno desejará um romance em vez de um produto habitual porque
isso o habilita a acreditar que sua aquisição, e seu uso, podem proporcionar experiências que ele, até
então, não encontrou na realidade” (Ibidem, p. 130).
Neste caso, a publicidade, aliada ao consumo viria como forma de concretizar o que se
deseja ter e ser através de estratégias e apelos emocionais, empregados com o objetivo de criar a
ideia de que o público será recompensado com sensações positivas (risos, lembranças), satisfação
do ego (beleza) e/ou projeção social (reconhecimento público e status).
Devia estar claro, a partir dessa interpretação, que o espírito do consumismo moderno é tudo, menos
materialista. A idéia de que os consumidores contemporâneos têm um desejo insaciável de adquirir
objetos representa um sério mal-entendido sobre o mecanismo que impele as pessoas a querer bens.
Sua motivação básica é o desejo de experimentar na realidade os dramas agradáveis de que já
desfrutaram na imaginação, e cada ‘novo’ produto é visto como se oferecesse uma possibilidade de
concretizar essa ambição (CAMPBELL, 2001, p. 131).
E, é por isto que os discursos apresentados nas apropriações do consumo, nas interações e
experienciações que propõem incessantemente abordagens de socializações nas redes sociais nos
falam mais sobre a sociedade moderna que muitas análises, filmes e pesquisas que buscam refletir
sobre os modos de vivência e de realizações do ser no mundo contemporâneo da sociedade da
cultura do consumo do nosso século.
Se não, vejamos os dados que extraímos das conexões estabelecidas pela Rede de lojas
Magazine Luiza, entre os dias 28/05/2012 a 11/06/2012, por meio de uma ferramenta de análise de
publicações dos dados em páginas de redes sociais, o “Scup”, que realiza o monitoramento de
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relacionamento entre empresa e consumidores, serviço comercializado principalmente para grandes
empresas e voltado para seus analistas de mídias sociais, normalmente jornalistas, publicitários,
relações públicas etc. Por meio da coleta destes dados, basicamente posts da empresa visando uma
interação com aqueles que anteriormente clicaram em sua fã pag e a “curtiram”, buscamos
averiguar quais foram as principais estratégias discursivas utilizadas pelo Magazine Luiza, e destas
quais as que receberam maior participação por parte dos clientes/consumidores, dentro da
perspectiva de compartilhamento das mensagens, comentários nos posts ou mesmo simples “curtir”,
como aprovação do referido post.
Objetivos desta análise e os resultados esperados.
Os canais alternativos de comunicação (as redes sociais) cresceram em importância na
proporção direta da segmentação dos mercados. Estes canais alternativos de mídia vêm instigando a
criatividade dos publicitários brasileiros. Visamos assim, avaliar como tem se dado os discursos
persuasivos, as estratégias utilizadas para a garantia de audiências e as repercussões no volume de
diálogo entre a empresa e seus consumidores-fãs, é nossa intenção lançar um olhar e avaliar como
uma grande rede de varejo, como o Magazine Luiza tem elaborado suas estratégias discursivas em
termos de mesclar as propostas de narrativas “culturais” e de divertimento com a sua finalidade
final de venda.
O Magazine Luiza é uma das maiores lojas de varejo do país, com 53 anos de história e
mais de 600 lojas distribuídas em 16 Estados brasileiros (São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Mato
Grosso do Sul, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte,
Sergipe, Alagoas, Bahia, Pernambuco, Piauí e Maranhão). Eleita, por mais de uma vez, uma das
melhores empresas para se trabalhar, inclusive neste ano e, tem em sua história uma forte tendência
a se ligar a inovações tecnológicas, mesmo tendo ficado muitos anos presa a imagem forte de sua
diretora.
Tabela com análise de posts diários da empresa.
Dado o volume elevado de posts diários e informações a serem avaliadas utilizaremos nesta
tabela 50% do volume de manifestações enunciativa da empresa ou seja, dos dias 28/05/2012 ao dia
04/09/2012, detalhando em parte :
- O discurso da empresa (sua fala)
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- o número de curtir de cada post da empresa (a aceitabilidade de seus fãs)
- o número de comentários sobre o assunto (dado numérico, neste trabalho)
- o número de compartilhamentos (o que reforça a aceitabilidade da fala da empresa e o
caráter de se propagar para outras redes o que o Magazine Luiza vem tratando em sua fala).
Data:
28/05/2012
Post Magazine
Luiza
Descubra como ganhar um camisa do
Corinthians só sua !
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Data:
28/05/2012
Hoje é dia do Hambúrguer! Vamos fazer
uma brincadeira? Marque nessa foto todos
os amigos que você gostaria de dividir um
hambúrguer bem gostoso nesta data
especial.
(digite @+nome da pessoa nos
comentários desta postagem e boa
diversão).
85 77 65
28/05/2012 Pessoal, já votaram no Magazine Luiza
para o troféu Diamante do E-bit? Se você
também acha que estamos entre as
melhores lojas de comércio eletrônico do
Brasil, vote aqui:
http://maga.lu.e-bit
15 43 3
Dia 28/05 Que tal ter em casa um notebook com
processador AMD, que otimiza suas
tarefas, oferece tecnologia e desempenho?
Melhor ainda: e se você comprar um
equipamento desses por um preço
inacreditável e exclusivo nas redes
sociais?Compre no Magazine Você, sem
sair do Facebook, clicando aqui:
http://maga.lu/Jx9UD2
(foto do produto)
25 27 1
28/05/2012 Neste exato momento, está acontecendo
uma intensa troca de informações entre
duas grandes áreas em seu micro.A CPU,
responsável pelas informações lógicas e a
GPU, que trabalha todos os gráficos,
vídeos e objetos em 3D que você vê na
tela. http://maga.lu/JItfTe
(foto do produto)
23 16 1
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28/05/2012 Bom dia! A união faz a força. Conte com
seus amigos para fazer essa semana ser
perfeita.
Foto de braços se unindo (emocional)
97 23 35
29/02/2012 Bom dia! É muito importante cuidar do
corpo e fazer atividades físicas. Vocês
fazem algum tipo de exercício? (foto de
pessoas se exercitando juntas na piscina)
86 48 12
29/12/2012 Já não é a primeira vez que trago um
produto da Pósitron para vocês! Afinal,
essa marca brasileira tem surpreendido o
mercado com uma linha de lançamentos
que transformam o seu carro em um show
automotivo! (foto do produto)
11 35 0
29/05/2012 Interaja com a sua TV de um jeito
totalmente novo: experimente o futuro da
Smart TV agora. http://maga.lu/KP8z9w
(foto do produto)
25 7 0
29/05/2012 Estudantes do MIT afirmam ter
desenvolvido um algoritmo de computador
que permite reconhecer o quão real é um
sorriso. (imagens de emotions sorrindo)
15 12 1
29/05/2012 Votem no Magazine Luiza na categoria
Diamante!
13 31 0
30/05/2012 Bom dia! Os amigos são fundamentais em
nossas vidas. São irmãos que escolhemos.
Fale hoje mesmo para um amigo(a) o
quanto ele(a) é importante! (foto de 3
amigas unidas conversando)
49 4 20
30/05/2012 Você procura um Tanquinho? Ou quer
uma Lavadora? A Mueller oferece várias
opções com qualidade. Escolha a sua! :) –
(Foto do tanquinho)
7 0 0
30/05/2012 Se tem uma coisa que a saga Crepúsculo
recuperou no universo dos vampiros foi o
glamour. Os mais tradicionais podem até
torcer o nariz para vampiros que brilham
quando expostos ao sol, mas o sucesso
está aí para provar que Bella e Edward têm
química nas situações certas, não é
mesmo? (foto do secador de cabelo da
Revlon que se chama “Crepúsculo”.
19 02 0
30/05/2012 Sempre buscamos inovar na forma de
atender e estamos todos os dias atentos a
todas as necessidades de nossos clientes.
18 23 1
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E, desde que começamos a adentrar no
curioso mundo das redes sociais,
percebemos que elas também funcionam
como um canal de contato com os clientes,
para nós do varejo. E isso é oportunidade de conhecer você melhor. “CONHEÇA O CANAL DE AJUDA DO MAGAZINE LUIZA NO FACEBOOK.
(Para onde posteriormente informaram que
mandariam todas as reclamações postadas
nos comentários da página do Facebook)
30/05/2012 Você procura um Fogão? Ou quer um
Cooktop? A Mueller oferece várias opções
com qualidade. Escolha a sua! :) Foto do
produto
10 12 1
30/05/2012 Seis estudantes da Northeastern
University, em Boston, criaram uma
solução inovadora e bem mais barata do
que os atuais sistemas de alimentação
assistida. Com o iCRAFT o próprio
paciente pode controlar com movimentos
dos olhos um braço robô e, assim,
alimentar-se.
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6 9 3
31/05/2012 Bom dia! Quem aqui teve vontade de ficar
só mais cinco minutinhos na cama? (Foto
de um lindo bebê dormindo)
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31/05/2012 Gente, vocês sabiam que suplementos
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complementar sua dieta?
Eles visam atender as necessidades de
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atividade física e todas as pessoas que
queiram ganhar peso, massa muscular ou
para melhora do estado de saúde geral.
Por isso, o Magazine Luiza acaba de
lançar a nova categoria de Suplementos
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(foto de uma criança com alteres)
20 7 4
31/05/2012 Se você tem um amigo aprendendo a tocar
bateria, este dia da música é para ele!
Estamos à procura da batida perfeita, então
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Magazine Você!! Dá uma olhada:
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01/06/2012 Bom dia! Hoje é sexta-feira e também o
primeiro dia de junho! Você quer que esse
novo mês seja INCRÍVEL? Então
compartilhe esse desejo com seus amigos!
;)- (Foto produzida e alegre com casal na
praia)
58 32 36
01/06/2012 Uma pesquisa recente, feita pelo Instituto
Nacional do Câncer, nos EUA, concluiu
que quem bebe café vive mais. (foto de um
cafezinho)
33 16 22
01/06/2012 LANÇAMENTO!
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três chips no mesmo aparelho. Ele é
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aplicativos de redes sociais (Orkut,
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02/06/2012 Neste Dia dos Namorados quer ter a
chance de ganhar uma incrível viagem
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10 14 0
03/06/2012 Meninos, vocês que estão navegando na
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decidiram que presente vão dar para suas
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22 32 5
04/06/2012 Bom dia! Estão preparados para essa
semana que é mais curta? Aproveitem
bastante! (Foto de vários gatinhos
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olhando para a câmera)
04/06/2012 Que tal curtir o dia dos namorados em
Paris? O Concurso Cultural “Amor nas
Alturas” vai premiar a demonstração de
amor mais criativa com um jantar a dois
na Torre Eiffel.
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04/06/2012 Existe o site iStockphoto, que pode te
ajudar nessa tarefa. Dica dos nossos
amigos do Catraca Livre!
Quer saber mais, leia
aqui: http://maga.lu/KatORs (foto
borboleta)
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04/06/2012 Surpreenda seu amor com presentes
Nokia!
Na hora de fazer bonito na frente do amor
da sua vida, não pode faltar criatividade e
aquele impacto. (Foto do celular)
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Posts com maior número de compartilhamento: 31/05 e 04/06/2012
Conclusão
O tema deste se propôs a uma breve análise das práticas discursivas na rede social
Facaboock de uma empresa de varejo, de porte nacional e está direcionado à análise do discurso.
Num primeiro estágio, temos como base teórica a análise do discurso, no entanto buscamos
caracterizar o funcionamento discursivo em textos publicitários, partindo da hipótese de que ações e
textos compõem uma prática discursiva ideologicamente confirmada pelas análises. Como suporte a
tal investigação fundamentamo-nos teoricamente na abordagem dos teóricos Helena Brandão,
Bakhtin, Maingueneau e Adilson Citelli.
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Quando falamos em discurso, devemos lembrar-nos da complexidade existente nele. O
discurso carrega uma dualidade que, segundo Brandão (2004), é constitutiva da linguagem, isto é,
do seu caráter ao mesmo tempo formal e atravessado por entradas subjetivas e sociais. Provoca
deslocamento nos estudos linguísticos até então batizado pela problemática colocada pela oposição
língua / fala que impôs uma linguística da língua. Já Citelli nos diz que, no caso dos anúncios (e
aqui, das falas “publicitárias” do Magazine Luiza), “o texto publicitário nasce na conjunção de
vários fatores, quer psicosociais-econômicos, quer do uso daquele enorme conjunto de efeitos
retóricos aos quais não faltam as figuras de linguagem, as técnicas argumentativas, os raciocínio”
(2002. pg, 43). Para Abreu (2006, p.25), argumentar é a arte de convencer e persuadir. Convencer é
saber gerenciar informação, é falar à razão do outro, demonstrando, provando. Persuadir é saber
gerenciar relação, é falar à emoção do outro.
Nas duas peças que selecionamos dos posts de04, dos 15 dias de análise e monitoramento no
Faceboock do Magazine Luiza, fica nítida a necessidade do enunciador de envolver o consumidor
não só com o produto, mas também com o contexto que o apresenta. Fica nítido que o fã, o
consumidor e produtor de discursos nas páginas da empresa/marca, nos casos em que verificamos,
se sentem muito mais envolvidos e prontos a partilhar e a reproduzir os enunciados propagados pela
empresa quando o discurso trata de algo emocional, sentimental ou ligado ao humor, vide exemplo
do dia 31/05/2012, onde a fala da empresa em nada se liga ao fator venda, negócios ou
oportunidades, simplesmente mostra e diz sobre a ternura na foto e no enunciado: “Bom dia! Quem
aqui teve vontade de ficar só mais 5 minutinhos na cama?”. O mesmo ocorreu no texto e imagem 2,
do dia 04/06/2012, onde a forma imagética e o enunciado caminham também para o emocional e o
relacional entre as pessoas: “Bom dia ! Estão preparados para a semana que é mais curta.
Aproveitem bastante”. Neste caso ainda se promove a lembrança do bom hedonismo, onde uma
semana mais curta nos remete a lazer, momentos felizes e relaxamento.
Há muito ainda a se estudar e verificar sobre como e por meio de quais estratégias as
empresas conseguiram agregar mais valor aos seus discursos utilizando as ferramentas das redes
sociais, várias ações de promoções culturais como inclusive o Magazine Luiza já iniciava no
período, oferecendo uma promoção que levaria um casal para a Torre Eiffel, mas que ainda não
havia decolado como grande propagação na rede é uma das estratégias que mais tem sido utilizadas,
mas sabemos também, e verificamos neste estudo, que as “ofertas”, a demonstração dos produtos e
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promoções, continuam a fazer parte do discurso publicitário mesmo nas páginas de relacionamento
e que surtem também seus efeitos. Fica como resultado final deste breve artigo a consciência de que
o consumidor deseja cada vez mais ser um propagador de ideias, mas que de produtos e promoções!
E é por meio deste discurso e com esta linguagem que a empresa pode alcançar o maior número de
pessoas dentro da rede nas suas inserções diárias e diálogos com seus fãs, em resumo, o consumidor
quer um pouco mais de romance na sua vida.
Bibliografia
ABREU, Antônio Suarez. A Arte de Argumentar. São Paulo: Cotia, 2006.
BRANDÃO, Helena. Introdução à Análise do Discurso. São Paulo: Unicamp, 2004.
CAMPBELL, Colin. A ética romântica e o espírito do consumismo moderno. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.
CARRASCOZA, João Agnello. Razão e sensibilidade no texto publicitário. São Paulo: Futura, 2004
CITELLI, Adilson. Linguagem e Persuasão. São Paulo: Ática, 2002.
DOUGLAS, Mary e ISHERWOOD, Baron. O mundo dos bens. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2009.
FOUCAULT, Michael. O homem e o Discurso (A Arqueologia de Michael Foucault), Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro, 2008.
HARVEY, David. A Condição Pós-moderna. São Paulo: Editora Loyola, 1993.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
Lipovetsky, Gilles. A Cultura Mundo- resposta a uma sociedade desorientada. São Paulo: Ed. Schwarcz,
2011.
MAINGUENEAU, Dominique. Novas Tendências da Análise do Discurso.SP:Unicamp,1997.
RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2010.
_____. A Conversação em rede. Comunicação mediada pelo computador e redes sociais na internet.
Porto Alegre: Sulina, 2012.
SANTAELLA, Lúcia. Linguagens líquidas na era da mobilidade. São Paulo: Paulus, 2011.
SEMPRINI, Andrea. A Marca pós-moderna: poder e fragilidade da marca na sociedade
contemporânea. Trad. Elizabeth Leone. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2010.
ROCHA, Everardo. A sociedade do sonho. Rio de Janeiro: Mauad, 1995.