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UNIVERSIDADE PAULISTA ÂNGELO JOSÉ PEREIRA LUTO ANTECIPATORIO: pessoas que sofrem com familiares em estado terminal e o suporte dado pela terapia cognitivo comportamental 10

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Trabalho de Conclusão de Curso do aluno Ângelo José Pereira para obtenção do título de especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental para Atuação em Múltiplas Necessidades Terapêuticas sob coordenação do Prof. Hewdy Lobo Ribeiro.

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UNIVERSIDADE PAULISTA

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UNIVERSIDADE PAULISTANGELO JOS PEREIRA

LUTO ANTECIPATORIO: pessoas que sofrem com familiares em estado terminal e o suporte dado pela terapia cognitivo comportamental

SO PAULO2015

NGELO JOS PEREIRA

LUTO ANTECIPATORIO: pessoas que sofrem com familiares em estado terminal e o suporte dado pela terapia cognitivo comportamental

Trabalho de concluso de curso para obteno do ttulo de especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental para Mltiplas Necessidades Teraputicas apresentado Universidade Paulista - UNIP.Orientadores: Profa. Ana Carolina S. de OliveiraProf. Hewdy L. Ribeiro

SO PAULO2015FICHA CATALOGRFICA

Pereira, ngelo Jos Luto Antecipatrio: Pessoas que sofrem com familiares em estado terminal e o suporte pela Terapia Cognitivo Comportamental So Paulo, 2015. ngelo Jos Pereira24 f. Trabalho de concluso de curso (especializao) apresentado ps-graduao lato sensu da Universidade Paulista, So Paulo, 2015. rea de concentrao: Terapia Cognitivo Comportamental. Orientador: Prof Hewdy Lobo Ribeiro Coorientador : Prof. Ana Carolina S. Oliveira 1. Terapia Cognitivo Comportamental. 2.Luto. 3. Luto Antecipatrio. Universidade Paulista - UNIP. II. Ttulo. III. Pereira, ngelo Jos......

NGELO JOS PEREIRA

LUTO ANTECIPATORIO: pessoas que sofrem com familiares em estado terminal e o suporte dado pela terapia cognitivo comportamentalTrabalho de concluso de curso para obteno do ttulo de especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental para Mltiplas Necessidades Teraputicas apresentado Universidade Paulista - UNIP.Orientadores: Profa. Ana Carolina S. de OliveiraProf. Hewdy L. Ribeiro

Aprovado em:BANCA EXAMINADORA_______________________/__/___Prof. Hewdy Lobo Ribeiro Universidade Paulista UNIP_______________________/__/___Profa. Ana Carolina S. OliveiraUniversidade Paulista UNIPAGRADECIMENTOS

Agradeo a DEUS, pela luz e pelas benes em minha vida, que atravs desta graa pude ter a intuio para escolha deste tema para este trabalho.Agradeo aos meus pais ANASTACIO PEREIRA e LYDIA PIRES GREGORIO (in memoriam), que atravs da sua coragem na vida, me ensinou a ter a mesma coragem para enfrentar todas as dificuldades da vida.Ao meu companheiro WAGNER BICO, pelo apoio e incentivo no decorrer deste curso, aos meus irmos e sobrinhos pelas palavras de incentivo e carinho.As profs. e Psiclogas ANA CAROLINA S. OLIVEIRA e MICHELLE CRISTINA DA SILVEIRA, pela ateno, orientao, pacincia, respeito e carinho para que este trabalho fosse concludo, muito obrigado.Ao coordenador deste curso Prof. Dr. HEWDY LOBO RIBEIRO, pela sua pacincia, respeito e ateno para comigo em todo o decorrer deste curso, muito obrigado.Aos demais professores e colegas do curso, meu muito obrigado.

De vez em quando... as estrelas necessitam brilhar mais...E, a, elas recrutam novos aspirantes, aqui na Terra.Talvez, um deles possa estar brilhando somente no seu coraoA, sentem vontade de cintilarem para todos, no horizonte...Para quando olharem para baixo,Verem, como foi vlido o seu esforo, e bendita a sua jornada...No chore! O reflexo das estrelas poder ser visto at nos rios...Basta que fiquem calmos, para que se possa ver, o esplendor do seu brilho.*Em homenagem, memria de todos aqueles que amamos... e que j partiram...(Hernandes Leo)

RESUMO

O presente trabalho quer mostrar o quanto a Terapia Cognitivo Comportamental pode auxiliar no luto antecipatrio, j que os muitos profissionais geralmente tendem a focar apenas no processo ps morte e no na preparao da perda antecipada que j um processo difcil e tambm muito sofrido, para familiares que se encontram nessa situao. Acredito que com este estudo possamos contribuir para ampliao do tema mais especifico na rea de sade desses familiares. O objetivo ser o acolhimento desses familiares de pacientes em estado terminal e dos profissionais na rea da sade envolvidos diretamente com o sofrimento dos pacientes e dos familiares.Palavras- chave: Terapia Cognitivo Comportamental, Luto, Luto Antecipatrio

ABSTRACT

The present work aims to show how much the Cognitive Behavioral Therapy can Assist in anticipatory mourning, since many professionals generally tend to focus only on postmortem process, and not in the preparation of anticipated loss which is a difficult process and also very undergone, for families who find themselves in this situation. I believe that this study can contribute to expansion of the more specific topic on health of these families. The goal will be the reception of these relatives of patients in terminal stage and professionals in the health sector directly involved with the suffering of patients and their relatives.Key-words: Cognitive Behavioral Therapy, Grief, Anticipatory Grief

SUMRIO

1 INTRODUO........................................................................................ 102 OBJETIVO...............................................................................................133 METODOLOGIA......................................................................................144 RESULTADOS E DISCUSSO...............................................................151 2 3 4 4.1 Luto .....................................................................................................154.2 Luto Antecipatrio .............................................................................184.3 Contribuies da TCC para o Luto Antecipatrio .......................... 215 CONCLUSES........................................................................................23REFERNCIAS..........................................................................................24

1 INTRODUO

Os seres humanos nascem, crescem, aprendem, constroem toda uma vida familiar, uma vida profissional, uma vida espiritual, uma vida intelectual, estabelecem vnculos de amor e amizade. Trabalham, estudam, vivem entre experincias, sorrisos e choros. Amadurecem, envelhecem e quando se percebe um adoecimento grave na famlia, principalmente quando h um diagnostico mdico referindo-se ao estado terminal do paciente, comea o processo de sofrimento e dor dos familiares.Esse processo chama-se Luto Antecipatrio, esta denominao foi utilizada para pessoas que recebem o diagnostico de doenas terminais e o envolvimento da famlia nesta perda. Diante de doenas prolongadas, o estresse familiar significativo, porm quando uma pessoa morre inesperadamente, os membros das famlias carecem de tempo para antecipar e se preparar para a perda, para lidar com assuntos inacabados ou, em muitos casos, at para dizer um adeus. (Jos Fonseca,2011).Referente morte e dor de quem fica, Santo Agostinho faz a seguinte reflexo:

Eu tenho que ter paz para purificar minha alma e andar tranqilo pelo jardins da dimenso que eu me encontro. Vocs so vocs , esto vivos no pode parar porque um membro da famlia partiu. O que eu era para vocs, eu continuarei sendo. Se dei bons exemplos, siga-os, se fui bom imitem-me, se deixei vocs com saudades, quando se lembrarem de mim faam uma orao, peam meu descanso, meu repouso e que meu encontro com Deus, seja minha gloria.Me dem o nome que vocs sempre me deram, falem comigo como vocs sempre fizeram. As lagrimas de vocs me fazem um enorme mal, cada um de ns tem seu dia marcado, o meu veio agora.Pensem simplesmente que nos encontraremos mais cedo ou mais tarde. Vocs continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador.No utilizem um tom solene ou triste, continue a rir juntos.Rezem, sorriam, pensem em mim.O familiar que acompanha no hospital uma pessoa em fase terminal aquele que pode estar vivenciando com mais angustia e sofrimento a sua estadia no hospital, logo, o que necessita de acolhimento em todo o processo. (Jos Fonseca, 2011)

O conceito de luto antecipatrio era considerado controverso por alguns, que no percebiam a importncia de se rever os tradicionais conceitos, j amplamente aceitos, para que se abrisse espao a outras maneiras de considerar a experincia, tanto individual como familiar, daqueles que se deparam com uma condio de morte anunciada. A pessoa que est a morte, juntamente com seus familiares, vive um processo de luto antecipatrio. A noticia de uma morte causa um desequilbrio tanto no individuo quanto na famlia e no grupo social em que a pessoa esta inserida. (Jos Fonseca, 2004)

A Terapia Cognitivo-Comportamental foi desenvolvida pelo psiclogo Aaron Beck nos anos 60, seu objetivo um tratamento breve, ou seja, de curta durao. Envolve um conjunto de tcnicas e estratgias teraputicas com a finalidade de mudana de padres de pensamento. Seu modelo cientificamente fundamentado apresenta eficcia comprovada atravs de estudos empricos. O tempo curto e limitado lhe confere a posio de abordagem de escolha em vrios pases. O processo pode levar de trs a seis meses onde trabalha-se a criao de estratgias para lidar com o sofrimento e a dor do luto. A primeira coisa que o terapeuta faz encorajar seus pacientes a entenderem seus problemas para em seguida identificar novas formas de enfrent-los (Terapia Cognitivo Comportamental 1 edio Judith Beck p. 22)Cabe tambm ao Terapeuta dar o acolhimento necessrio aos familiares de pacientes que se encontram em estado terminal de diversas maneiras: ajud-lo a dividir sentimentos, angustias, medos, duvidas, auxili-los no esclarecimento de desorganizaes emocionais devido a situaes em que esto vivenciando, ajud-los a entender o quanto importante a unio familiar neste momento, para uma possvel despedida, dentre tantas outras formas e tcnicas de ajuda e auxilio aos familiares e o pacientes (Edwin Karrer, 2012).Realizando essas tarefas, o Terapeuta Cognitivo pode auxiliar os familiares na eliminao de risco que podem contribuir para desenvolver um processo de luto complicado aps a perda em si. A Terapia Cognitivo-Comportamental prev atravs desse tratamento a diminuio da ansiedade do familiar perante essa terminalidade do ente querido (Edwin Karrer, 2011, 2012).

2 OBJETIVOS

O presente estudo tem como objetivo verificar como a Terapia Cognitivo- Comportamental contribui no auxilio a pessoas que sofrem o luto antecipatrio de seus familiares que se encontram em estagio terminal.

3 METODOLOGIA

O presente trabalho realizou uma reviso bibliogrfica sobre luto antecipatrio. Depois das leituras dos resumos dos artigos pesquisados de forma ampla atravs das bases de dados Scielo, Lilacs e Google Acadmico, foi feita uma analise dos conceitos do tema Luto Antecipatrio e sobre como a Terapia Cognitivo-Comportamental proporciona grandes benefcios aos familiares e a toda equipe de sade, nesse processo difcil e muito sofrido do luto e morte.

4 RESULTADOS E DISCUSSO

4.1. Luto

Durante todo o percurso da vida, todos so levados a enfrentar uma serie de perdas significativas e inevitveis. Perda de amigos queridos, familiares amados e pessoas prximas, que despertam com suas mortes, um sentimento de perda chamado LUTO. O luto, porm, um fato natural, um processo que acontece em todos os estgios do ciclo vital. A American Psychological Association (APA, 2010, p. 586) define o luto como:O processo de sentir ou expressar tristeza aps a morte de um ente querido, ou perodo durante o qual isso ocorre. Envolve tipicamente sentimentos de apatia e abatimento, perda de interesse no mundo exterior e diminuio na atividade e iniciativa. Essas reaes so semelhantes depresso, mas so menos persistentes e no so consideradas patolgicas.

De acordo com Osrio e Valle (2009), o luto uma conseqncia da quebra de um vinculo significativo para o individuo, uma resposta natural e esperada aps uma perda real ou simblica, pode acontecer por situaes como morte que objetivo deste trabalho. Segundo Freud (1917/1969) o luto uma reao a perda de um ente querido ou de alguma coisa que ocupou o lugar desse. Para algumas pessoas essas influencias produzem ao invs de luto, melancolia. O luto no deve ser entendido como patolgico, pois um tempo ele pode ser superado sem nenhuma interferncia. Os vnculos afetivos e os estados subjetivos de forte emoo costumam ocorrerem juntos, ou seja, muitas das mais intensas emoes humanas surgem durante a formao, manuteno, rompimento e renovao de vnculos emocionais.A separao de entes queridos pode gerar ansiedade e consternao de profundo e prolongado pesar e esses eventos podem abalar a sade mental. Muitos problemas que as pessoas passam e, que os terapeutas so chamados a tratar podem estar relacionados, em parte, a uma separao ou perda recente ou em perodo anterior no decorrer da vida.Uma das conseqncias do rompimento repentino de vnculos, como a morte, pode ter um incidncia de problemas psiquitricos muito mais elevados do que em outras perdas. Problemas que podem surgir a partir dessas experincias so a ansiedade terminal, e a depresso intermitente. Segundo a definio de Bowlby (1985) o luto um processo em que a pessoa percebe e torna real a perda, ele a fase da expresso dos sentimentos decorrentes dessa perda e pode ser demonstrada por choque, desejo, desorganizao e organizao. preciso estabelecer novas concepes sobre o mundo e favorecer os investimentos pessoais desse familiar. A fase do choque segundo Oliveira e Lopes (2008) pode variar na sua durao e depender da pessoa, ela pode ser caracterizada pelo desespero, raiva, irritabilidade, amargura e isolamento. Esses sentimentos podem aparecer atravs de atitudes emocionais e difcil lidar com eles e com as pessoas que compartilham o luto, pois a aceitao desses sentimentos reafirma a perda. Para Bowlby (1990) essa fase chamada de torpor ou aturdimento, ela ocorre logo com a notcia da morte do ente querido e pode ser interrompida por acessos de consternao e raiva intensa.A fase do desejo para Bowlby (1990), caracterizada pelo impulso de buscar a figura perdida, muitas vezes se movimentando para os locais onde a pessoa costumava ficar, como uma forma de esquecer a perda. H caractersticas de desorganizao e do desespero. Nesta fase comum ocorrerem episdios de choro e de tristeza quando percebida sua inutilidade, pois a pessoa no encontrada. Esse momento de fase da saudade e busca da figura perdida, podendo ele durar meses ou alguns anos.Bowlby (1990) reconheceu na fase de desorganizao e tambm desespero, atitudes contrrias ao comportamento do enlutado face morte podem acontecer por meio de aes, como desfazer de todos os pertences do mesmo e manter aqueles que sejam atribudas recordaes felizes, onde a pessoa sentir o seu ente querido mais prximo de si.Nesta fase que chama-se de fase de maior ou menor grau de organizao, inicia-se o processo de aceitao da perda e necessidade de retornar a atividade da vida. A vontade de viver leva muitas pessoas a buscar novas habilidades nunca desenvolvidas, favorecendo a dissipao da tristeza, tornando menos presente e dolorosa a lembrana da perda (oliveira e Lopes, 2008).Para a psiquiatra Elisabeth Kubler-Ross em sua obra Sobre a Morte e Morrer (1991), ela define a morte e o luto da seguinte forma: o acontecimento mais desesperador ao ser humano, desespero muitas vezes causado por fortes vnculos familiares. Onde pessoas fortes, maduras tm suas estruturas abaladas perante tal fato, mas tudo isso poderia ser evitado, se todos ns aprendssemos a lidar com a morte e com o luto. O homem ainda no est preparado para enfrentar a finitude, todos temem, evitam at discutir o assunto com seus familiares, amigos e na sua prpria crena religiosa.A falta de dialogo entre familiares, pacientes, profissionais da sade e terapeuta, acarreta na dificuldade em compreender, refletir e aceitar tal fato, gerando atritos durante um tratamento teraputico. O luto um processo que ocorre imediatamente aps a morte de algum que amamos. No um sentimento nico, mas sim um conjunto de sentimentos e emoes que requer um tempo para serem digeridos e resolvidos e que no pode ser apressado, cada um de ns tem um tempo emocional que deve ser respeitado. Apesar de sermos indivduos com caractersticas prprias, a forma como vivenciamos o luto muito semelhante na maioria.Segundo Kluber-Ross (1991) h cinco fases no processo da vivncia do luto: a negao, a raiva, a barganha, a depresso e a aceitao: A negao e o isolamento servem como um mecanismo de defesa temporrio, um para choque que alivia o impacto da noticia, uma recusa a confrontar-se com a situao. Ocorre quando a pessoa recebe a noticia da morte de forma bruta. Por exemplo: no acredito, no pode ser. A raiva o momento em que as pessoas se revoltam e externalizam o que esto sentido. s vezes tornam-se at agressivas. H tambm a procura de culpados e questionamentos. Por exemplo: por que comigo?, eu no mereo isso. A barganha, uma tentativa de negociar ou adiar os temores diante da situao; firmam acordos com figuras de suas crenas que teriam poder de interveno sobre a situao de perda. Esses acordos e promessas so geralmente direcionados a Deus as vezes at mesmo aos profissionais de sade que acompanham esses familiares. Por exemplo: traga-o de volta, eu prometo me dedicar a vida religiosa e a caridade. A depresso, nesse fato uma vil da vida que tira o enlutado das atividades rotineiras como trabalho, convvio social, sade, lazer e prazer em viver. Mascarar ou fugir do luto causa ansiedade, medo, insegurana, tristeza ou at mesmo a frase nada mais importa para mim. E por fim, a fase da aceitao, quando chega nesta fase faz as pessoas se encontra mais serenas frente ao fato morrer. o momento que a pessoa expressa com mais facilidade e clareza os seus sentimentos, suas emoes, frustraes e demais dificuldades que a circundam. Quanto mais as pessoas negarem mais difcil ser chegar a aceitao.

Vale lembrar que esses estgios no so um roteiro a ser seguido e que podem sofrer alteraes de acordo com o sentimento de cada pessoa.

4.2. Luto Antecipatrio

A origem do termo Luto Antecipatrio teve seu inicio pela observao do ento capito do exercito alemo Emste Lindemann (1894 1941) oficial do telegrafo sem fio muito utilizado no perodo da segunda guerra mundial para comunicaes e informaes principalmente para famlia dos soldados que se encontrava em combate. Lindemann, observava atravs dessa separao fsica a reao de familiares desses combatentes de guerra, o grande sofrimento. Durante esse perodo famlias inteiras vivenciava perodos de depresso, raiva, desorganizao. Famlias sofriam esse medo constantemente, no somente pela guerra mas tambm pela perda antecipada de seus entes queridos (maridos, filhos, irmos, esposas,etc...). A partir da, essa manifestao passou a ser estudada principalmente com pessoas e famlias que enfrentam doenas terminais e morte antecipada de entes queridos. Esse fenmeno, entende-se como um conjunto de reaes cognitivas, afetivas e sociais, experienciadas por pacientes e por sua famlia quando a morte est prestes acontecer. Segundo a definio de Pine (1986), o luto antecipatrio parte de um processo global de enlutamento, quando se tem uma percepo consciente da realidade de perda, antecipando o luto e com ele o eliciamento de todas as suas reaes. Rando (1986) refere-se o Luto Antecipatrio como um conjunto de processos deflagrados pelo paciente e pela famlia quando h uma ameaa progressiva de perda, sendo este um processo psicossocial de enlutamento, vivido pelo paciente e pela famlia, na fase compreendida entre o diagnostico e a morte propriamente dita. O Luto Antecipatrio pela definio de Worden (1998) ainda pode ser entendido como o tipo de luto que ocorre antes da perda real e tem as mesmas caractersticas e sintomatologia das primeiras fases do luto normal, como torpor e aturdimento, anseio, protesto e desespero. Para esse processo de luto ainda podemos apontar algumas funes bsicas que so encontradas no processo de luto normal e que ocorrem no Luto Antecipatrio tambm: aceitar a realidade da perda, ou seja, a conscincia e a aceitao de que a pessoa ir morrer faz com que a elaborao da perda inicie mais cedo. Nesse processo comum que seja inevitvel a morte e alterne com a negao de que este fato realmente ocorrer e ainda outras situaes em que as evidencias sero extremamente claras e mesmos assim a pessoa continuar a nutrir esperanas, reforando a negao. Outro processo o de elaborao da dor da perda, quando h uma variedade de sentimentos ligados a perda e que geralmente so ligados ao luto ps-morte. Um deles ansiedade, que aumenta e acelera quanto maior for o perodo de Luto Antecipatrio e quanto maior for a proximidade da morte, sendo ligada tambm ao aumento da conscincia da morte. O processo de ajustamento refere-se a falta do ente querido no ambiente onde na mente da famlia ainda esta presente, a famlia deve se posicionar em termos emocionais para dar continuidade a sua vida, na iminncia do falecimento. O Luto Antecipatrio pode ocorrer durante um perodo longo de cuidados, perodos muitas das vezes de anos aps anos, de cuidados no caso de doenas graves. O familiar j vai sentindo a perda mesmo que seu ente querido ainda no morreu. Mas esta perda j necessitam ser elaboradas, para ambos os lados, muitas vezes o doente pode passar por uma degenerao fsica ou psquica, o que pode gerar sentimentos de ambivalncia no cuidador, ora ele deseja que o ente morra para aliviar o sofrimento de ambos, ora com a culpa despertada pelos sentimentos anteriores. Presenciar a dor e sofrimento da pessoa amada sentir-se impotente, frente a isso causa de muito sofrimento. A morte do doente at pode trazer algum alivio, mas tambm o cuidador pode sentir culpa, pois h a fantasia de que ele no pode trat-lo da melhor forma e assim no pode evitar sua morte. Em alguns casos, a morte desse ente traz uma sensao de vazio, tendo em vista tantos anos de dedicao com a essa pessoa amada, que nenhuma outra atividade tinha espao. O preenchimento deste vazio pode ser uma tarefa muito penosa, j que apenas alguns destes sentimentos so conscientes, quando outros so to dolorosos que permanecem inconscientes. O Luto Antecipatrio pode ser entendido, analisado e experimentado por quatro perspectivas distintas segundo (Jos Fonseca, 2004), sendo cada uma pertinente a cada pessoa que o experimenta:1.- Perspectiva do Paciente: sendo ele a figura central do drama, desempenha papel do doente e do enlutado;2.- Perspectiva dos familiares: refere-se rede social com quem o paciente tem intimidade;3.- Perspectiva de outras pessoas: As pessoas que tem algum tipo de relao, porm pouco interesse e vinculo com o paciente enlutado;4.- Perspectiva do cuidador: Para este luto pode variar consideravelmente de acordo com o nvel de significado do relacionamento dele com o paciente. Cada elemento que participa deste luto precisa ser ouvido e respeitado. Cada um destes possui pensamentos, sentimento, valores, princpios e crenas e se deve ter o cuidado para que isto no influa no tratamento do paciente afim deste no sofrer outro choque num momento to critico. No Luto antecipatrio h trs focos temporais envolvidos, o passado, o presente e o futuro. Para o paciente nesta situao, o sofrimento de perdas vivenciadas no passado pode retornar, e para o familiar, alem de lidar com a conscientizao da perda no presente, ir ter de lidar com as perdas futuras diante da falta do ente querido em ocasies especiais e memorveis.4.3. Contribuies da TCC para o Luto Antecipatrio

A atuao do Terapeuta Cognitivo pode facilitar o processo de tomada de decises de possveis problemas pendentes entre pacientes, mdicos e familiares e apoiar a equipe de sade (Mdicos, Enfermeiros) envolvidos com o paciente terminal e seus familiares para que esta possa lidar melhor com a frustrao da perda da morte do paciente. Outro fator importante neste processo o respeito a cultura, crenas e valores religiosos (espiritualidade da famlia) o qual o Terapeuta Cognitivo deve ficar atento a eles sem julgamentos e interferncias, onde deve ouvir e procurar entender da melhor forma possvel de modo a poder ajudar os pacientes e familiares a ter coragem, pacincia e seguir para a melhor preparao para enfrentar o luto antecipatrio e o ps morte. Reforando a expectativa de esperana e manifestando um sentimento de alivio para enfrentar o problema. Assim tambm com o paciente na sua terminalidade, quando no h mais nada a fazer o Terapeuta Cognitivo dar esse suporte, procurando fazer que o paciente atinja o estado de resignao, aceitando a morte, independente da sua vontade (Associao Psicanaltica do Vale do Paraba, 2008). Perder um ente querido muito difcil, impacta de forma negativa o mental e emocional dos familiares. As pessoas que fazem parte da nossa vida tm significado especial, so preciosas e por mais que todos ns saibamos dessa certeza que um dia vamos morrer e que a morte um ato de vida, cabe a nos prestarmos ateno no nosso emocional e ter equilbrio necessrio para continuarmos nossa jornada. A qualquer momento podemos perder algum querido e no se pode imaginar o sofrimento, antecipando o luto, mas, a Terapia Cognitivo Comportamental nos faz refletir nesse momento to difcil. A Terapia Cognitivo Comportamental vem atravs do Terapeuta Cognitivo dar assistncia tcnica a famlia de paciente em estado terminal, que sofrem com luto antecipatrio.Cabe ao Terapeuta ajudar a resolver, muitas vezes, duvidas praticas a respeito da situao que a famlia vem passando.As principais contribuies da Terapia Cognitivo Comportamental no processo de luto antecipatrio assessorar o enlutado a: Atualizar-se e aceitar a perda iminente. Identificar e expressar sentimentos relacionados a perda em potencia. Aprender a viver sem a pessoa que est por morrer, tomando decises independentes. Separar-se emocionalmente da pessoa que est por morrer e a iniciar novos relacionamentos. Saber como agir nas datas significativas que envolvem a pessoa que est por morrer (ex: Natal, aniversrios, etc...) Vivenciar o processo de enlutamento antecipatrio. Entender o seu jeito de enfrentamento. Identificar mecanismo de enfrentamento problemticos e auxili-los terapeuticamente. Tambm importante destacar que os terapeutas Cognitivo que trabalham com famlias que sofrem o luto antecipatrio considerem suas prprias experincias de vida, pois elas iro influenciar a capacidade de trabalhar efetivamente com estes familiares.(Fonseca & Fonseca, 2002).

5 CONCLUSES

Levando-se em conta o que foi observado neste trabalho, percebe-se que a, Terapia Cognitivo Comportamental vem sendo de muita utilidade para o beneficio e auxilio no Luto e Luto Antecipatrio, alias o que estamos abordando nesse trabalho, fazendo com que muitas famlias que sofrem a perda dos seus entes queridos, venha ter de forma mais saudvel possvel, o equilbrio necessrio para seguir em frente a sua vida. fato que, quando apresentado o diagnostico mdico para os familiares, todos sofrem essa desestrutura emocional e psicolgica, levando os familiares dor e sofrimento que muitas vezes no so aceitas pelos prprios. Sendo assim a equipe de sade encaminha tanto o paciente em estado terminal e seus familiares a procurar um profissional da Terapia Cognitivo Comportamental, ou seja, um Terapeuta Cognitivo para esse acompanhamento, onde se far uma anamnese ao familiar para que este acompanhamento surta os efeitos desejados. O Terapeuta Cognitivo, far o tratamento ao seu paciente, nesta abordagem do Luto e Luto Antecipatrio baseado em tcnicas cognitivas e comportamentais para que haja compreenso de cada paciente frente ao problema.Ao longo deste trabalho foram abordados Terapia Cognitivo Comportamental, a sua eficcia no Luto e Luto Antecipatrio e seus recursos para que hoje tenhamos essa ferramenta a nosso favor. Cada pesquisa e estudo abordado nesse trabalho nos faz crer que Terapia Cognitivo Comportamental se torne cada vez mais eficaz, tornando essa ferramenta fortificada no processo de Luto e Luto Antecipatrio.Acompanhar os enlutados com melhor ateno, necessrio, pois torna este momento to doloroso em sua vida, alvo de compreenso, transformando sua dor em amor.

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