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Lucia Josefina Figueiredo Kikko DESAPERTO E FRATURA DE PARAFUSO EM PROTESE UNITARIA Monografia apresentada ao curso de especializa.;ao em Implantodontia da Universidade Tuiuti do Parana, como requisito parcial para obtem;ao do titulo de especialista em Implantodontia Orientadora Prof. Ora, Ana Claudia Moreira Melo Co·orientadores: Prof. Dr. Sergio Rocha Bernardes Rogeria Acedo Vieira ~m'i"··t ;:~'~!l11 -----._- CURITIBA 2008

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Lucia Josefina Figueiredo Kikko

DESAPERTO E FRATURA DE PARAFUSO EM PROTESE

UNITARIA

Monografia apresentada ao curso deespecializa.;ao em Implantodontia daUniversidade Tuiuti do Parana, comorequisito parcial para obtem;ao do titulode especialista em ImplantodontiaOrientadora Prof. Ora, Ana ClaudiaMoreira MeloCo·orientadores: Prof. Dr. Sergio Rocha

BernardesRogeria Acedo Vieira

~m'i"··t ;:~'~!l11-----._-CURITIBA

2008

RESUMO

A possibilidade de reabilita9ao oral com pr6teses suportadas em implantes dentarios

tern sucesso bern documentado na literatura. Contudo, alguns problemas pod em

interferir na estabilidade a longo prazo do tratamento. Algumas das complica9oes

mais freqOentes associadas ao usa de proteses apoiadas em implantes dentarios

sao 0 afrouxamento e a fratura dos parafusos de uniao entre a pr6tese e 0 implante,

especial mente em casas unitarios. 0 proposito desse trabalho foi fazer urn

levantamento na literatura sabre tais complica90es em implantes unitarios, sendo as

mesmas ilustradas par meio de urn casa clinico.

Palavras-chave: Protese dentaria, Pr6tese fixada par implante, complicayoes.

ABSTRACT

The possibility of oral rehabilitation with by prosthesis supported implant has been

well documented in literature. Nevertheless, some problems can interfere in long

term stability of the treatment. Frequent complications associated to the use of

prosthesis supported on dental implants is screw loosening and fracture. The aim of

this study is to do a literature review reladed to these complications in single tooth

implants illustrating it with clinical examples.

Key Words: Dental prosthesis, Implant, Complications.

LlSTAS DE FIGURAS

FIGURA 1 - RADIOGRAFIA PANORAMICA INICIAL .. . 28

FIGURA 2 - RADIOGRAFIA PANORAMICA AP6s ENXERTO 6SSEO 29

FIGURA 3 - RADIOGRAFIA PANORAMICA MOSTRANDO IMPLANTES

INSTALADOS .. . 30

FIGURA 4. A - SITUA<;:AO CLiNICA INICIAL. B -IMAGEM RADIOGRAFICA 31

FIGURAS 5A e 5B - SITUA<;:AO CLiNICA AP6s REMO<;:AO DA PR6TESE 31

FIGURA 6 - PR6TESE REMOVIDA .. . _ __ __ 32

FIGURA 7 - MOLDAGEM COM SILICONA DE CONDENSA<;:AO __ .. .._.... __33

FIGURA 8 - MODELO MOSTRANDO NOVA PR6TESE .. .. .. .... _. .33

FIGURA 9 A - VISTA FRONTAL DA PR6TESE B - VISTA OCLUSAL DA PR6TESE

INSTALADA __ .... __.. __.. 34

FIGURA 10 - RADIOGRAFIA PERIAPICAL FINAL __ ._.... . 34

SUMARIO

1 INTRODUi;Ao ...

2 REVISAo DE LlTERATURA

2.1 AFROUXAMENTO DE PARAFUSOS.. . 12

. 111

2.2 FRATURA DO PARAFUSO.. . 26

3 RELATO DE CASO CLiNICO.. . 28

4 DISCussAo.. . . 35

5 CONCLusAo.. . 38

REFERENCIAS .. . 39

11

1 INTRODU<;:AO

Alguns dos problemas mais frequentes associados aD usa de pr6teses

suportadas par implantes dentarios unitarios sao 0 afrouxamento e a fratura dos

parafusas que unem a protese ao implante (RENOUARD; RANGERT, 1999;

MARTIN et aI., 2001). Tais complica90es podem ser resultado de um desenho

biomecanico inadequada OU, ate mesmo em 1un<;:<3I0de uma sobrecarga oclusal

(RENOUARD; RANGERT, 1999; MARTIN et aI., 2001).

E. importante que 0 clinico entenda a mecanica envolvida neste tipo de

reabilitatyao como uma articulay<3o parafusada na qual 0 pilar e 0 implante sao

mantidos unidos par um parafusa (WINKLER et aI., 2003). 0 parafusa e apertada

pela aplica9ao de um torque que desenvolve uma for9a dentro do parafuso chamada

de pre-carga. A medida que 0 parafuso e apertado, ele se alonga, produzindo

tensao. A recupera980 elastica do parafuso pressiona as duas partes uma na

direyao da Dutra, criando uma 10n;a de fixa9ao. A pre-carga no parafuso, a partir do

alongamento e da recuperayao elastica, e igual em magnitude a fon;a de fixa<;:8o

(MARTIN et aI., 2001; RENOUARD; RANGERT, 1999). Em oposi9ao a for9a de

fixay<3o ha uma 10f9a de separa<;:03o da articulac;ao que age sobre a articulac;ao

parafusada, quando menor que as forc;as de fixayao, mantem a unidade parafusada

(MARTIN et aI., 2001).

Par outro lado, a fratura do parafuso ocorre quando a torque de inseryao au

as foryas oclusais as quais a conjunto implante/protese/parafuso esta submetido

geram um nivel de estresse excessivo.

Em virtude da importancia de evitar complicayoes nas reabilita90es com

implantes dent.rios unit.rios, 0 objetivo deste trabalho e fazer uma revisao de

literatura sobre a tema proposto, ilustrando com um caso clinico.

12

2 REVISAO DE LlTERATURA

2.1 AFROUXAMENTO DE PARAFUSOS

Dos latores mais importantes que envolvem a estabilidade da articula9ao

paralusada estao a pre-carga adequada, a precisao da adapta9ao dos componentes

do implante e as caracteristicas anti-fota980 basicas da interface implante-pHar.

Ap6s 0 apertamento dos paralusos, a ladiga do metal pode resultar em lalhas

(MARTIN et aI., 2001; RENOUARD; RANGERT, 2001).

Varias auto res tern estudado 0 problema de estabilidade do parafuso nos

dilerentes tipos de pr6teses sobre implantes. Jorneus et al (1992) avaliaram a

estabilidade em proteses unitarias. Os parafusos utilizados apresentavam diferentes

desenhos e segundo as testes laboratoriais e as experimentos clinicos 0 melhor

resultado loi obtido com paralusos de cabe9a plana e de liga de ouro, que

suportaram lorque de 35N.cm.

No mesmo ano, Patterson e Johns (1992) fizeram uma analise da vida de

fadiga de parafusos em implantes dentarios osseointegrados, e os principios da

engenharia mecimica mostraram a importfmcia da aplica980 de uma pre-carga

apropriada para alcan9ar uma vida de fadiga lon9a para 0 parafuso. Quando urn

sistema e construido de maneira precisa com implantes eqOidistantes e em numero

suliciente, a ladiga dos paralusos dos implantes e da ordem de 20 anos. Essa vida

util e drasticamente reduzida quando as condi90es prescritas nao sao satisfeitas.

Haack et at. (1995) desenvolveram um metodo para determinar a pre-carga

initial em parafusos de pilar do tipo UCLA utilizando-se um torquimetro digital. 0

torque de afrouxarnento foi rnedido ap6s urn aperto a urn torque de 32N.cm para

paralusos de pilar de liga de Duro e 20N.cm para paralusos de pilar de titanio.

ouro em um implante. Os estresses e as forgas foram calculados a partir das

mensuragoes do alongamento para tres regioes de cada parafuso. 0 alongamento

dos parafusos ap6s aplicagc3.o dos torques de aperto recomendado ficou dentro da

variayao elastica. Para liga de aura a deformayao induzida foi 57,5% do limite de

escoamento e para a liga de titanio 56%. Assim sendo, 0 aperto dos parafusos alem

dos niveis recomendados pode ser possivel desde que dentro dos limites de

deformayao plastica, contudo as foryas mastigat6rias provavelmente irao agir para

elevar os estresses de trayc3.o dos parafusos.

Sakaguchi e Borgersem (1995) utilizaram 0 metodo dos elementos finitos para

avaliagc3.o linear da pre-carga causada pela aplicagc3.o de torque aos parafusos.

Segundo os autores, quando 0 parafuso de aura e apertado no interior do parafuso

do pilar, a forga de fixagc3.o no implante e aumentada a custa da diminuigc3.o da forya

de fixayc3.o na interface parafuso do pilar-pilar em 50%. Os estresses maximos de

tragc3.o nos parafusos ap6s a pre-carga foram inferiores a 55% do limite de

escoamento.

Binon (1998) com 0 objetivo de avaliar a eficacia de uma tecnica proposta

para evitar 0 afrouxamento de parafusos de pr6teses parciais e unitarias adaptadas

a implantes de hexagono externo, utilizaram 0 metodo da carga ciclica. A tecnica

avaliada foi proposta por Cavanzos e Bell (1996), e consta de um protocolo que

envolve a aplicagc3.o de um torque manual, adiyc3.o de sulcos na superficie interna da

camara de acesso do parafuso, e injeyao de material de moldagem com a

condensayao de bolinhas de algodc3.o antes da polimerizayc3.o. Para 0 experimento,

foi utilizada uma amostra usando protocolo de teste e componentes identicos, com 0

parafuso do pilar apertado a 20N.cm como controle. Com base nos dados obtidos, a

14

tecnica recomendada naD aumentou a resistencia ao afrouxamento do parafuso. A

amostra controle suportou urn numera de ciclos maior que 0 dobra da amostra

experimental.

Artzi e Dreiangel (1999) desenvolveram uma tecnica para manter 0 parafuso

do pilar em sua posi,ao correta utilizando-se uma barra de titanio hexagonal inserida

na cabe,a fixa hexagonal do parafuso. 0 parafuso e travado e a barra e, entao,

fixada com uma resina composta fotopolimerizada que serve para selar 0 orificio de

aces so do parafuso de retenyao. A barra hexagonal serve como uma trava firme

para 0 parafusQ, mas pode ser facilmente removida S9 necessario. Essa tecnica foi

usada par aproximadamente tres anos em 120 proteses unitarias fixados com

parafusos em 100 pacientes (65 na regiao de primeiros e segundos pre-molares, 40

na regiao de incisivos e 15 na regiao de molares). Todas as proteses do estudo

fcram bern sucedidas naD sendo nctado afrouxamento au fratura de nenhum

parafuso.

Weiss et al. (2000) fizeram uma avalia,ao das articula,oes parafusadas por

meio de ciclos repetitivos de abertura e fechamento com a objetivo de simular, in

vitro, a relaxamento de inserc;:ao e 0 desgaste dos componentes de varios sistemas

de protese e implante de diferentes fabricantes. Os valores dos torques de abertura

dos parafusos foram registrados ate dais mil fechamentos consecutivos a 20N.cm.

Uma reduc;:ao progressiva nos va[ores de torque de abertura foi medida em todos os

sistemas de implantes. Os sistemas Cone Morse (Straumann ITI, Sui,a e Alphabio,

Israel) e conex6es Spline (Sulzer Calcitek, EUA) mantiveram consistentemente uma

resistencia mais alta a for,a de abertura. A perda percentual de torque variou 3 a

20% na abertura imediata, e de 4,5% a 36% para media dos primeiros 30 ciclos de

abertura e fechamento. A abertura e 0 fechamento repetidos de parafusas de pilares

15

de implantes causaram a perda progressiva de reten9ao de torque com varia goes

entre os sistemas. IS50 provavelmente foi devido a uma reduy130 no coeficiente de

fricgao entre os componentes.

Gratton et al. (2001) tambem investigaram 0 micromovimento e a ladiga

dinamica da articulayao parafusada de implantes dentiuios sob a aplic8yao de carga

ciclica simulada. Quinze proteses unitarias implantossuportadas de liga nobre, cada

uma contendo urn cilindro de DUro do tipo UCLA com hexagona, foram

aleatoriamente distribuidas em tres grupos com diferentes pre~cargas, 16, 32 e

48N.cm. Cada grupo consistiu de cinco implantes de 3,75 x 15mm e cinco paralusos

de pilar de liga de auro. Uma maquina de ensaios mecanicos aplicou uma carga

ciclica compress iva entre 20 e 130N .em e 6Hz em urn ponto de cantata em cada

corea dos implantes. Urn medidor de tensao registrou 0 micromovimento da

interface da articula,ao paralusada ap6s 100, 500, 1000, 5000,10000 e 100000

cielos. Os dados iniciais a ON.em foram coletados antes da aplica9ao de pre-carga

especilicamente. 0 grupo de 16N.cm exibiu um micromovimento maior (p<0,001)

que os grupos de 32 e 48N.cm em tad as as intervalos de cielos. 0 micromovimento

da interface implante-pilar permaneceu constante (p=0,99) para cada um dos grupos

de pre-carga por 105 ciclos. Sob os parametres de carga deste estudo, nao ocorreu

nenhuma ladiga mensuravel da interface implante-pilar. Contudo as articula,oes

paralusadas de implantes dentais apertadas ate os valores de pre-carga menores

exibiram um micromovimento significativamente maior na interface implante-pilar.

Cibirka et al (2001) examinaram diferentes potenciais nos valores de torque

de desaperto de parafusos de pilar ap6s teste de fadiga quando as dimens6es entre

o hexagona extema do implante e a hexagono interna do pilar faram alteradas ou 0

lormato do hexagono externo do implante loi eliminado. Para isso tres subconjuntos

16

(N=10) foram analisados de implantes Nobel Biocare (Suecia), a plataforma do

hexagono externo padrao (R), do hex"gono modificado (M) e circular. Trinta pilares

usinados do tipo Procera com plataforma de carga anguladas em 25 graus fcram

confeccionados. Esses pilares fcram fixados com parafusos de pilar de curo

apertados a 32N.cm com um torquimetro eletr6nico. Marcas verticais atraves da

interiace implante-pilar permiliram uma avaliary80 do deslocamento longitudinal. Urn

dispositivD de teste de fadiga transmitiu forgas de carga dinamica entre 20 e

200N.cm por 5.000.000 ciclos, ou 0 equivalente aproximado a 5 anos de mastiga<;ao

in vivo, por meio de um pistao para a plataforma do pilar. Os parafusos dos pilares

fcram removidos e as valores de torque de desaperto registrados. As superficies de

aplicaty80 de carga fcram examinadas microscopicamente. Nao foi notado nenhum

afrouxamento de pilar ou deslocamento longitudinal na interface implante-pilar. 0

exame radiogratico nao demonstrou nenhuma indica980 de flexao do parafuso nos

deslocamentos. A analise de variancia demonstrou diferen9as significativas somente

entre os desenhos R e C (P=0,031). 0 aumento da altura vertical, ou 0 grau de

tolerancia de adaptac;ao, entre 0 hexagono externo do implante e 0 hexagono interno

do pilar, ou a elimina<;aocompleta do hex"gono externo do implante nao produziu

urn efeito significativo nos valores de torque de desaperto dos parafusos de pilar

apes 5.000.000 ciclos no teste de fadiga, ou 0 equivalente a 5 anos de mastiga<;ao

para as especimes de implante-pilar avaliados.

Pesun et al. (2001) realizaram estudos para analisar e camparar as for<;as

axiais de compressao e os torques aplicados simultaneamente sabre as parafusos

de auro de implante par pessoas com graus variiweis de experiencia. Os autores

usaram urn torquimetro calibrado para apertar parafuso de auro. Tn§s grupos de

operadores, professores (F; n=4), residentes de pretese (R; n=4), e estudantes de

17

gradua9ao em odontologia (S; n=6) loram solicitados a apertar e alreuxar

repetidamente urn parafuso de pilar de auro novo em urn pilar Branemark padraa de

3,75 mm de diametro. As forf):as axiais de compressao durante 0 torque fcram

analisadas durante 0 tempo de aperto par meio de uma celula de carga em miniatura

adaptada ao torquimetro. Cada operadcr repetiu 0 experimento 3 vezes apes a

calibragem. A confiabilidade intra-operador e entre operadores toi avaliad8. As

fon;:as axiais de compressao de afrouxamento fcram sempre maiores do que as

fon;:as axiais de compressao de aperto, e a torque de pica toi menor no

afrouxamento do que no aperto. Os professores tiveram uma menor variaryao de

lor9as nos paralusos (media = 3,29N.cm desvio padrM ± 1,45N.cm) do que os

residentes (media = 2,74N.cm, desvio padrao ± 2,54N.cm). A experiencia clinica dos

operadores pareee influenciar sua aplicac;ao de uma forc;:a axial de compressao

durante 0 aperto de paralusos de oure. Uma quantidade menor de torque durante 0

desaperto de parafusos de auro pareee estar relacionada a uma maior carga axial.

Martin et al. (2001) avaliaram os materiais e as superficies de quatro

parafusos de pilar disponiveis comercialmente na gerayc30 de pre-carga. Vinte

paralusos de pilar do tipo Gold Tite (Gt) (Implant Innovations, EUA), TorqTite (Tt)

(NobelBiocare, Suecia), de liga de oure (Ga), e de liga de titanio (Ta) (Implant

Innovations, EUA) Icram divididos em 2 grupos. As mensura90es Icram registradas

para cada paraluso de pilar em um implante de hexagono externo de 3,75 x 18mm

com um pilar de titanio. As medidas do angulo de liberdade retacional Icram

realizadas nos 4 paralusos de pilar a 20 e 32N.cm. Os valores de torque de rem09ao

foram registrados e usados para gerar valores de pre-carga indiretamente.

Especimes em bloco dos implantes foram seccionados e avaliados qualitativamente

com um microscopio eletr6nico de varredura (MEV). A 20 e 32N.cm, os maiores

18

angulos de liberdade rotacional foram registrados para os grupos Tt: 21,2 ± 3,1

graus e 38,1 ± 8,7 graus, respectivamente. as maiores valores de pre-carga a 20 e

32N.cm foram calculados para os grupos Gt: 596,8 ± 101,2N.cm e 1015,3 ± 191,

2N.cm, respectivamente. Os parafusos de pilar Gt e Tt com superficies tratadas, que

ajudam a reduzir 0 coeficiente de fric<;:8.o, produziram angulos liberdade rotaclonal

maio res e valores de pre-carga maiores do que os parafusos convencionais de liga

de ouro e de liga de titanio.

Lee et al. (2002) investigaram os efeitos da mastiga9ao simulada sobre os

componentes de implantes usando analise combinatoria para documentar as

mecanismos basicos de afrouxamento do parafuso em urn ambiente oral simulado.

Urn dispositivD cilindrico pneumatico de aplica98.0 de cargas ciclicas foi

confeccionado para simular 0 movimento mastigat6rio. Treze pilares padr6es foram

conectados a implantes de hexagono externo com parafusos de pilar de titanio

apertados a 20N.cm, e coroas unitarias foram fixadas com parafusos de ouro

apertados a 10N.cm sobre cada pilar, respectivamente. Dez coroas sobre implantes

unitarios receberam carga com 0 usc de um dispositiv~ de aplicayao de cargas

ciclicas com 1OON.cm de forya em angulos de 30° em relayao ao longo eixo por 0,2

segundo de tempo de contato com uma freqOencia de 1Hz. Tres coroas receberam

carga verticalmente sob as mesmas condiy6es para servir como grupo controle. Os

efeitos de ate 1 milhao de cargas ciclicas e varias for9as de torque de aperto (2, 4, 6,

8, 10 e 12N.cm) sobre 0 afrouxamento do parafuso foram avaliados por meio de

analise ondulat6ria. Um programa de computador foi adaptado para registrar cad a

modo ondulat6rio e para desligar a maquina automaticamente se a quantidade de

deslocamento horizontal da coroa fosse maior que 0,5mm, valor que foi designado

para representar a mobilidade perceptfvel clinicamente de uma corea

19

implantossuportada afrouxada. Os padr6es ondulatorios gerais e as caracteristicas

de parafusos afrouxados e estaveis e 0 efeita de varios torques de aperto fcram

analisados par meio de comparac;ao das diferenC;8s nos padr6es ondulat6rios. 0

modo ondulatorio toi dividido em quatro estagios para os parafusos de auro

afrouxados: deslocamento inicial, vibra9ao inicial, deforma9ao elastica, e estagio de

recuperaty8o. Contudo, as estagios de deslocamento inicial e vibraCY80 inicial nao

fcram discerniveis para as parafusos de auro estaveis. Dos 10 parafusos de auro,

quatro afrouxaram-se antes de urn milhao de cargas ciclicas nas 10 coroas unitarias

testadas. Nao houve afrouxamento de parafuso no grupo contrale. Nao houve efeita

de afrouxamento de parafusos no estagio de deforma9ao elastica. Dentro dos limites

deste estudo, 0 torque de aperto teve urn efeita significativo sobre 0 afrouxamento

do parafuso. Parece que mais de 10N.cm de torque de aperto devem ser

recomendados para os parafusos de ouro neste sistema de implante com hexagono

externo.

Winkler et al. (2003) recomendam que os parafusos devem ser reapertados

10 minutos apes a aplicalfao do torque inicial como um procedimento de rotina para

ajudar a compensar 0 efeito de assentamento. Torquimetros mecanicos devem ser

usados aD inves de chaves manuais para assegurar 0 aperto consistente de

componentes de implantes ern valores de torque recomendados por fabricantes de

implantes.

Cantwell e Hobkirk (2004) avaliaram a perda da pre-carga em parafusos de

ouro em fun9ao do tempo. 0 estudo usou componentes Nobel Biocare padroes.

Medidores de tensao montados sabre urn pilar padraa formaram urn transdutor para

medir a pre~carga.Cinco conjuntos de parafusos de Duro novos, cilindros de auro, e

parafusos de pilar padroes fcram montados no topo de um corpo de implante,

20

usanda 0 pilar transdutor. Os parafusos de Duro fcram apertados com urn

Toquimetro (Nobel Biocare, Suecia) ajustado a 10N.cm. A pre-carga loi monitorada

durante 15 horas, apos as quais as parafusos fcram removidos e examinados sob

urn microscopio eletr6nico de varredura. A prs-carga variou de 157,5 a 488,9N.cm

(media de 319,6N.cm), com uma redu,ao media durante 15 horas de 24,9%, sendo

40,2% desta ocorrendo nos primeiras 10 segundos apos 0 aperto. 0 relaxamento de

toryao da haste do parafuso, 0 relaxamento de insen;:ao, e a deformayc3o plastica

localizada da liga de auro e das espirais de oposiyao de titanio fcram a explicagc30

mais prov8vel para esse fen6meno. Parafusos proteticos de DUro novas sofrem uma

significativa perda de pre-carga apos a colocagao.

Cho et al. (2004) compararam longitudinalmente a IreqOencia de

afrouxamento dos parafusos apertados manualmente em pr6teses suportadas em

implantes de diametro padrao (3,75 x 4,Omm) com pr6teses suportadas em

implantes de diametro grande (5,0 e 6,Omm), e avaliaram se 0 uso de um

torquimetro minimizaria ou preveniria este problema, e se 0 afrouxamento do

paraluso ocorreria. Um total de 213 implantes dentarios em 106 pacientes loi

incluido nesse estudo longitudinal prospectiv~. Dos implantes, 68 tinham 0 diametro

grande e 145 tinham 0 diametro padrao. Os implantes de diametro maior mostraram

5,8% de alrouxamento dos paralusos, enquanto os implantes de diametro padrao

mostraram 14,5% de afrouxamento ap6s inseryao somente com torque manual.

Quando estes parafusos afrouxados foram apertados com urn torquimetro, nao

houve mais afrouxamento de parafusos. Dentro das limitayoes deste estudo, os

implantes de maior diametro testados mostraram menos afrouxamento dos

parafusos do que os implantes de diametro padrao quando receberam 0 torque

manual. Adicionalmente, dentro das limita,oes do estudo, 0 usc de um torquimetro

para apertar as parafusos com a forya recomendada preveniu

afrouxamento ocorresse novamente em todos os casos.

Alkan et al. (2004) investigaram a distribuiyEio de estresse em parafusos em

sistemas de articulayEio implante/pilar sob fcryas oclusais simuladas. Tres sistemas

de articula,ao pilar/implante foram simulados por meio do uso do metodo de analise

dos elementos finitos tridimensional. Os sistemas fcram pilar parafusado com

hexagono externo Brl3nemark, pilar cimentado Cone Morse de 8 graus ITI, e pilar

parafusado com octogono interno mais conicidade Morse de 8 graus ITI. Urn metoda

de carga termica e analise de contatos foram usados para simular a pre-carga

resultante dos torques recomendados pelos fabricantes em montagens de

articula,oes parafusadas de implantes. Os implantes com pre-carga simulada

receberam entao aplica,ao de 3 cargas oelusais estaticas simuladas (10N.cm,

horizontal; 35N.cm, vertical; 70N.cm, obliqua) na posi,ao da coroa sobre 0 implante.

Os resultados numericos e graticos demonstrararn que os estresses aumentaram

tanto nos parafusos do pilar como nos parafusos proteticos nos modelos de

elementos finitos apos a aplica,ao de carga horizontal simulada. Contudo quando

cargas estaticas verticais e obliquas fcram aplicadas, as estresses diminuiram nos

parafusos proteticos e de pilar com hexagono extema e com octogono interne mais

conicidade Morse de 8 graus, com exceC;E1odo parafuso protetico do pilar ITI apos a

aplicac;aa de carga obliqua de 70N.em. Os estresses aumentaram no pilar cimentado

Cone Morse de 8 graus ITI apos tanto cargas verticais quanto obliquas. Embora um

aumento ou diminuic;ao tenha sido demonstrado para os valores maximos de

estresse calculados nos parafusos com pre-carga ap6s a aplicayao de cargas

oclusais, esses valores maximos de estresses fica ram bern abaixo do estresse de

eseoamento tanto nos parafusos de pilar quanta nos parafusos proteticos de 2

22

sistemas de implantes testados. Os resultados implicam que os 3 sistemas de

articula,ao implante pilar testados podem nao falhar sobre as for,as oelusais

sirnuladas.

Khraisat et al. (2004) estudaram, in vitro, 0 efeito de aplica,ao de cargas

ciclicas laterais com diferentes posic;oes de carga sabre 0 afrouxamento do parafuso

de pilar de urn sistema de implantes com hexagon a externo. Quinze montagens de

implantes foram divididas em tres grupos, cada uma consistia em urn implante MklV

(4 x 10mm) montado em um bloco de latao, um pilar CeraOne (3mm), e uma sobre-

estrutura experimental fixada com cimento. Para 0 grupo A, uma carga ciclica de 50

N.cm foi aplicada central mente e perpendicularmente ao longo eixo do implante,

para 0 grupo B, a mesma carga foi aplicada excentricamente (em uma distancia de

4mm) em uma dire,ao de afrouxamento. 0 grupo C (contrale) foi deixado sem carga

pelo mesmo periodo de tempo de carga dos grupos A e B. 0 torque reverse foi

registrado antes e depois da aplica,ao das cargas e a diferen,a foi calculada. 0

grupo A exibiu uma diferen,a significativa nos valores da diferen,a do torque reverso

(-5,6 a -3,4 ± 0,86N.cm) em compara,ao com as grupos B (-1,9 a 0,5 ± 0,99N.cm) e

C (-0,7 a 0,0 ± 0,26N.cm) (p<0,001). Os grupos Be C nao foram significativamente

diferentes urn do outro. Dentro das lirnitac;:Oes desde estudo, os valores de torque

revers~ da articula,ao parafusada foram preservados sob a aplica,ao da carga

lateral excentrica, em comparaC;:8o com aplicaC;8o de carga centrica (p<O,001).

Chu et al. (2005) estudaram 0 efeito da obtura,ao do oriticio do parafuso

sobre a reten,80 de coraas de implantes. Os canais de acesso aos parafusos de

pilar esteticos (Bn;nemark System) com angulo de 15° foram completamente ou

parcialmente obturados com um material de moldagem de polivinilsiloxano (Memosil)

au ainda a pon;:ao inferior obturada com Memasil (Heraeus Kulzer, EUA) e 0 restante

23

com resina composta. A fon;a necessaria para remover uma protese cimentada

provisoriamente foi medida e a tonya de remoc;c3ofoi significativamente reduzida com

o canal completamente obturado em comparayc3o com aqueles canais parcialmente

obturados com Memosil (p<0,01). 0 metoda selecionado para obturar 0 canal de

acesso ao parafuso de um pilar de implante pode ser um fator significativo que afeta

a retenyEio de uma protese cimentada.

Kim et al. (2005) quantificaram a extensao do afrouxamento do parafuso do

pilar e 0 papel dos fatores de fric9ao e desgaste no afrouxamento do parafuso do

pilar per meio do usa de urn dispositiv~ de aplicac;ao de cargas ciclicas. Foram

comparados parafusos recobertos com OLe (Diamond like Carbon) e naD

recobertos. Neste estudo, uma pelicula de DLC de 1~m de espessura serviu para

proteger e lubrificar uma camada de titanio comercialmente puro afixada ao topo de

um implante dental (implante com hexagono externo). Uma for9a de carga ciclica foi

entao aplicada a topa protese para determinar a diferem;:a no afrouxamento do

parafuso do pilar de titania entre dez amostras com DLe e dez amostras naD

recobertas. Os testes de afrouxamento do parafuso do pilar foram realizados com

1OON.cmde for9a em uma freqli,mcia de 20Hz. Os dados indicam que os implantes

com uma cobertura de DLC sao mais resistentes a uma for9a aplicada (p=0,002) do

que aqueles sem a cobertura.

Yousef et al. (2005) analisaram os parametros de afrouxamento do parafuso,

usando um modelo in vitro, incluindo perda de torque, rota9ao da cabe9a do

parafuso alterac;6es na dimensao do parafuso, e diston;:ao da articulayao entre 0

implante e 0 pilar. Implantes (4 x 10mm) foram incluidos em blocos de resina

autopolimerizaveis. Os pilares foram colocados com parafusos apertados com

torque de 35N.cm e coroas padronizadas foram confeccionadas. Foram usados 3

24

sistemas de implantes, Nobel Biocare (Yorba Linda, USA), 3i Implant Innovations

(Palm Beach Gardens, USA) e Bio-Lok International (Deerfield Beach, USA). Sete

amostras de cad a sistema fcram testadas. As amostras receberam cargas de

300N.cm por 50000 ciclos a 1Hz. Os exames de torque foram realizados em 10000,

25000, e 50000 ciclos. Apes a conclusao da aplical'ao da carga, a rotal'ao do

parafuso do pilar em sentido anti-horario foi medida. Os parafusos foram

recuperados e as mensurar;:oes feitas fcram comparadas com as de contreres.

Finalmente, uma amostra de cada grupo foi inserida em resina seccionada

longitudinalmente, e examinada sob 0 erro padrao da media. 0 sistema Nobel

Biocare mostrou uma perda de torque de 9,4N.cm em relaryao ao protocolo de

aplical'ao da carga. Este resultado foi acompanhado por uma rotal'ao em sentido

anti-horario de 7' e um alongamento de 200~m do parafuso. Nos grupos 3i e Bio-Lok

International, naD foi observada perda de torque, rotaryao em sentido anti-horario,

nem alongamento dos parafusos. 0 afrouxamento do parafuso pareee seguir

parametros especificos que ;ncluem a rotagc3oem sentido anti-horario, alongamento

do parafuso, e distory:8o da articulay:8o. Todo este processo provavelmente esta

associado tanto as propriedades fisicas do parafuso quanto a sua configuray:8o.

Khraisat et al. (2006) num estudo in vitro investigaram 0 efeito da aplical'ao de

carga ciclica lateral com diferentes posiy:oes e period os de carga sobre 0

deslocamento rotacional (DR) de pilares de um sistema de implante com hexagono

externo. Foram usados implantes MK IV do Sistema Branemark® (Nobel Biocare,

Gotemburgo, Suecia) e pilares CeraOne® (Nobel Biocare). Cargas ciclicas de

SON.cmforam aplicadas central e perpendicularmente ao longo eixo dos implantes e

a uma distancia de 4 mm excentricamente. 0 DR dos componentes da articulay:c3o

com hexagono externo ocorreu significativamente sob a aplicay:c3ode carga lateral

25

exc€mtrica quando comparado com a aplicayao de carga centrica. 0 deslocamento

aumentou significativamente com urn periodo maior de aplicay30 de carga lateral

excentrica.

Segundo Misch (2006), as complicac;:oes sao mais comuns quando os

implantes sao submetidos a cargas de natureza biomecanica. 0 estresse

biomeciinico e semelhante Ii magnitude da forc;:adividida pela area sobre a qual ela

e aplicada. 0 afrouxamento do parafuso ocorre em 6% a 7% das situa90es. 0

desenho do implante, as considerac;:6esdas forc;:as,0 desenho da protese e posic;:ao

e numero de implantes sao muito importantes. As pr6teses em cantilever sao urn

magnificador de fon;:a e representam urn fator de risco para complica90es como 0

afrouxamento e fratura de parafusos. Per Dutro lado, irnplantes unidos diminuem 0

risco de afrouxamento de parafusos. Segundo 0 auter, 0 ideal e diminuir a

quantidade de forya, au aumentar a area de superficie implante-osso, para diminuir

a chance de complicay6es implante-protese.

Schwedhel e Raigrodski (2006) propuseram uma tecnica para facilitar 0

acesso ao parafuso do pilar no caso de afrouxamento do mesmo, evitando a

necessidade de confecy8o de uma nova protese. A tecnica consiste em aplicar uma

marca de ceramica na superficie oclusal da corea onde a abertura do acesso ao

parafuso esta localizada antes de fazer 0 acabamento final da protese. Quando 0

parafuso afreuxar, basta fazer uma radiografia para verificar a angulay80 do

implante e remover a porcelana na regi80 indicada. Apos dar 0 torque no parafuso,

deve-se preencher a abertura do aces so ao parafuso com resina fotopolimerizitvel.

26

2.2 FRATURA DO PARAFUSO

Outra complicayao protetica em reabilitac;oes implanto-suportadas e a fratura

do parafuso. Embora tanto 0 parafuso de retenC;c30da pr6tese como 0 parafuso do

pilar possa falhar, e 0 parafuso dos sistemas em dois e5t8gi05 que se fratura com

mais freqOencia. IS50 acontece porque as foryas oclusais sao ampliadas pelo longo

brac;o de alavanca ate a interface pilar-implante que esta localizada na crista alveolar

(SCHWARZ, 2000).

Williamson e Robinson (2001) descreveram para profissionais experientes

uma tecnica para a remoc;ao de parafusos fraturados de forma a nao danificar as

estruturas. A t6cnica consiste em utilizar uma braca esferica % em alta rotac;ao e

centralizada no parafuso movendo-a em direc;ao v-I e m-d fazendo uma depressao

no centro do parafusa. Em seguida e selecionada uma broca numero 1 afiada para

produzir uma chave de fenda reta. Com uso de uma pec;:a de mao a broca e

pression ada no oriffcio espiralado. Com a broca travada no sulco, 0 parafuso e

afrouxado e a porc;:aofraturada removida sob boas condic;:oes.

Strub e Gerds (2003) avaliaram a resistencia a fratura e 0 modo de falha de

cinco diferentes combina<;6es unitarias pilar-implante antes e ap6s a aplicac;:ao de

carga ciclica na boca artificial. Oitenta coroas de incisivos centra is superiores

padronizados fcram confeccionados para cinco grupos de teste com 16 especimes

cada. Os especimes fcram cimentados, e metade foi artificialmente envelhecida por

meio de simulaC;:8o de mastigac;:ao e termociclagem. Todos os especimes sem

envelhecimento e envelhecidos foram testados quanto a resistencia a fratura usando

carga compressiva nas superficies palatais das coroas. Nao houve diferenc;:as

estatisticamente significativas na resistencia a fratura antes e depois da exposi9ao aboca artificial.

27

Huang et al. (2005) determinaram a relayao entre a morfologia da superficie

de fratura e 0 nivel de estresse aplicado para parafusos de pilares que receberam

carga em fadiga cic1ic8. Os implantes de teste receberam carga com fon;:as estaticas

e cfclicas. No teste ciciico, a carga versus 0 numero de ciclos foi disposta em urn

gratico com uma curva para analise biomecanica. As superficies de fratura dos

parafusos foram observadas e registradas usanda microscopia eletr6nica de

varredura (MEV). Duas fases de fratura, uma regiao lisa e uma aspera foram

observadas na superficie de fratura. A area lisa na superficie da fratura pade ser

usada para analisar as condi96es da carga e estresse interne de implantes

fraturados por fadiga. Estes resultados demonstraram que a analise da superficie de

fratura de implantes fraturados tem a potencial para se tornar um indicador uti! para

a analise de mecanismos de fratura de implantes.

Eliasson et al. (2006) ao estudar pr6tese fixa parcial suportada por 2 au 3

implantes par um periodo de dezoito anos concluiu que em 70% das pr6teses

fixadas par dais implantes apresentaram com mais freqOencia afrauxamenta e

fratura do parafuso do abutment que as confeccionadas por 3 implantes (7%). Este

padraa esta de acarda com a relata de autros autares sabre problemas mecanicos.

28

3 RELATO DE CASO CLiNICO

Paciente JM, sexo masculino, 45 anos, boa saude geral, compareceu a clfnica

da ABO-Curitiba para reabilila9ao com implantes denlarios de alguns denies

perdidos. Devido a falla de lecido osseo em espessura (Figura 1) foi verificada a

necessidade procedimento de enxertia 6ssea (Figura 2) ap6s a realiza9210 do

planejamento reverso. Foi area doadora 0 corpo e ramo da mandibula direita para a

area receptora em 20/06/02. Dois blocos de 12 x13mm aproximadamente, com

dois parafusos de fixa9ao de 12mm (Neodenl, Curitiba, Brasil) foram fixados na

area de 11 e 12, 23 e 24.

FIGURA 1 - RADIOGRAFIA PANORAMICA INICIAL

29

FIGURA 2 - RADIOGRAFIA PANORAMICA APOS ENXERTO OSSEO

Implantes Titamax Lisa (Neodent) foram instalados no dia 20 1 03 103, como

mostra a Figura 3, esses eram de 3,75 par 15mm para as implantes do 11 e 12 e

Titamax Paras (Neodent), de 3,75 com comprimento de 13mm para as implantes

22, 23, e 24. Ap6s a period a de espera para cicatrizaC;8o 6ssea de seis meses foi

realizada a reabertura dos implantes para posterior moldagem de arrasto e

confecyao das proteses. Quinze dias ap6s a instalay80 das proteses foi conferido

torque de 20N.cm em cada parafuso protetico, e feito orienta9ao de escova9aa para

conservay8o desses irnplantes.

30

FIGURA 3 - RADIOGRAFIA PANORAMICA MOSTRANDO IMPLANTES

INSTALADOS

Tres anos mais tarde, 0 paciente retornou queixando-se de que urn de seus

elementos implantados estava sem estabilidade. Foi observado afrouxamento do

parafuso do elemento 22 e rna adaptac;ao da pr6tese par meio de exame elinico e

radiogr<ifico (Figura 4A e 48). Optou-se entao pela remo,ao e substitui,ao por uma

nova pr6tese (Figura 5A, 58 e 6).

31

FIGURA 4. A - SITUA<;:AO CLiNICA INICIAl. B - IMAGEM RADIOGRAFICA

FIGURAS 5A e 5B - SITUA<;:AO CLiNICA APOS REMO<;:AO DA PROTESE

32

FIGURA 6 - PR6TESE REMOVIDA

Imediatamente ap6s a remoc;:aofoi realizada a moldagem como silicona de

condensac;:ao(Figura 7) e 0 modelo encaminhado para 0 laborat6rio para confecyao

da nova pr6tese (Figura 8). buscando melhor adapta9ao entre os componentes. Por

ser parafusada a protese, nao houve dificuldade alguma na remoyao. A resina

colocada no orificio de oclusao foi facilmente removida com bracas de alta rotayao, e

o acesso ao parafuso conseguido rapidamente, proporcionando assim a separayao

da pr6tese e 0 implante.

33

FIGURA 7 - MOLDAGEM COM SILICONA DE CONDENSAt;iiO

(Speedex,Coltime,Sui9a)

FIGURA 8 - MODELO MOSTRANDO NOVA PROTESE

A pr6tese foi entao parafusada em posi9ao e foi dado torque de 25N.cm

(Figura 9A e 9B) e realizada nova radiografia periapical (Figura 10).

34

FIGURA 9 A - VISTA FRONTAL DA PROTESE B - VISTA OCLUSAL DA

PROTESEINSTALADA

FIGURA 10 - RADIOGRAFIA PERIAPICAL FINAL

35

4 D1SCUSSAO

o afrouxamento de parafusos e um problema potencial comum a todos as

tipos de parafusos. A principal causa provc3vel e um aperto precario, embora 0

desenho do parafuso tambem seja fator importante. Quando um parafuso e

apertado, uma for,a de tensao (pre-carga) acumula-se na haste do mesmo. Essa

for,a de tensao age sobre a haste do parafuso a partir da cabe,a dele para as

espirais. A pre-carga deve ser tao alta quanta passivel porque ela cria uma forc;:a de

contata entre 0 pilar e 0 implante. Quanta mais firmes as pec;:as estiverem fixadas

juntas, mais estavel sera a ancoragem. Para girar 0 pilar em rela9c3o aD implante

dentro da folga dos hexagonos, certo torque deve ser aplicado; uma for,a de contato

mais alta requer um torque mais alto. Todos os materiais sao elasticos em algum

grau, conseqOentemente, um parafuso se alonga quando submetido a for,as de

tensao durante 0 aperto. Quanto mais alongamento he, melhor a estabilidade do

parafuso em posiyao. Desse modo, 0 desenho da cabeya do parafuso e importante

e deve permitir que um maximo de torque seja introduzido na haste do parafuso

(JORNEUS et ai, 1992).

Uma fory8 de pre-carga deve ser esperada depois que uma articula~ao eapertada por causa da subsequente deforma~aa plastica das superficies em cantato.

A quantidade de pre-carga criada e governada por multiplas variaveis, como 0

modulo de elasticidade dos materiais usados para a articula,ao parafusada e 0

material que esta sendo fixado, 0 coeficiente de fric~ao entre as superticies com

contatos deslizantes, a adapta,ao dos componentes, a lubrifica,ao, 0 torque

aplicado a sua velocidade, a temperatura do sistema e 0 desenho da cabe,a do

parafuso (HAACK et aI., 1995).

36

Contudo, S8 ocorrer a rotac;:ao da protese, as superficies de cantata S8

desgastam significativamente, criando assim urn efeito de assentamento. IS50

podera levar a urn afrouxamento quase que imediato do parafuso. Desse modo, e de

extrema importancia que a articulaC;:Elo parafusada seja suficiente para suportar as

torques que poderiam ocorrer em situa96es clinicas evitando assim 0 movimento

rotacional entre a implante e 0 pilar. lS50 pade ser realizado par meio do

posicionamento dos cantatas pr6ximos ao longo eixo das pr6teses, reduzindo, assim

a distimcia e otimizando as aspectos mecanicos na articulayao parafusada.

Geralmente, a simples reaperto au substituiC;:Elo de parafusos de retenC;Elo ou

de pilar afrouxados naD e suficiente, a que e uma incanveniencia tanto para 0 cHnico

quanta para 0 paciente. FreqOentemente um reparo extenso sera necessario,

especialmente se os parafusos do pilar nao puderem ser recuperados. Isso pode

resultar no abandono do implante em questao e/ou requerer que se modifique ou

refa,a a protese afetada. Bakaeen et al (2001) observaram que 0 afrouxamento do

parafuso pode ser reduzido pelo estreitamento da mesa oclusal de implantes

unitarios de molares quando um implante e usado de suporte. Sugere tambem que a

porcentagem de diferen~a entre a torque aplicado e 0 contra torque aumenta

significativamente nos valores de torque iniciais mais baixos. Altos valores de torque

inicial recomendados por alguns fabricantes para seus parafusos de implantes estao

alem das limita~5es dos parafusos fornecidos e podem resultar em danos as

espirais, fraturas e outros problemas. Assim sendo para reduzir 0 efeito de

assentamento, os parafusos de implantes devem ser reapertados 10 minutos apos a

aplica~ao de torque inicial como urn procedimenta cHnico de rotina. lnstrumentos

mecanicos de torque devem ser usados em lugar de chaves manuais para

37

assegurar 0 aperto consistente de componentes de implante ate os valores

especificados de torque recomendados pelos fabricantes de implantes.

A preven9ao dessas complica90es pode ser controlada, a longo prazo, por

alguns fatores, como par exemplo . a adaptac;ao entre as componentes, a altura das

cuspides e mesas oclusais reduzidas.

Par fim, outra caracteristica que deve ser levada em considerac;c3o e 0 fato da

pr6tese ser cimentada au parafusada. A pr6tese parafusada oferece como

vantagens a reversibilidade, a facilidade de manuten9ao (MICHALAKIS; HIRAYAMA;

GAREFIS, 2003). Contudo, quando ha a necessidade de reposi9ao de elementos

unitiuios na regiao anterior, a protese cimentada oferece como vantagem naa

apresentar 0 crificio de acesso ao parafuso (MICHALAKIS; HIRAYAMA; GAREFIS,

2003), ah§m de evitar 0 sobrecontorno presente muitas vezes nas proteses

parafusadas devido ao posicionamento ligeiramente lingual dos implantes dentarios

(FRANCISCHONE; ISHIKIRIAMA; VASCONCELOS, 1999).

Do ponto de vista clinico, 0 desaperto de parafuso e uma complica9aO nao

relevante no case das proteses cimentadas por ter reversibilidade. Por i550 que nos

casas unitarios, ande a estetica e mais rigida, 0 problema discutido e ainda mais

relevante. Acredita-se que em casas unitarios as implantes devem 5er

acompanhados anualmente no sentido de S8 minimizar a incidencia das

complica90es.

Embora na literatura discute-se 0 reaperto posterior a pre-carga, (BINON e

ROSEVILLE, 1998; WINKLER et ai, 2003) no caso clinico exposto, foi efetuado 0

reaperto posterior e, mesmo assim, houve soltura do parafuso posterior. Logo, nao

ha nenhuma relayao entre a segundo aperto ap6s a pre-carga.

38

5 CONCLUsAo

De acordo com a revisao dos artigos cientificos consultados, e passivel

concluir que a afrouxamento e fratura de parafusos em proteses unitarias sao

complicac;:oes comumente encontradas nas reabilitac;:oes com implantes dentarios.

Apesar disso, 0 indice de tolerancia desse tipo de falhas naD e muito alto, tato que

nao diminui a importemcia sobre a assunto. Tais situac;:6es clfnicas dependem de

diversos fatores, como caracteristicas biomecanicas, tais como: pre-carga, desenho

e material do parafuso e passividade da protese. Podemos eitar, em especial, a pre-

carga, desenho e material do parafuso, adapta9ao e passividade da protese, alem

da interface de cantato responsavel pelo sistema de retenc;:8o.

39

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