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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC CURSO DE ENGENHARIA CIVIL LUCAS RODRIGUES COSTA SILAS ANDRÉ DOS SANTOS IMPACTOS DA NBR 15575:2013 NA CONSTRUÇÃO CIVIL: uma análise da percepção de engenheiros, construtoras e usuários da cidade de Maceió-AL MACEIÓ ALAGOAS 2019/2

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0

CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

LUCAS RODRIGUES COSTA

SILAS ANDRÉ DOS SANTOS

IMPACTOS DA NBR 15575:2013 NA CONSTRUÇÃO CIVIL: uma análise da

percepção de engenheiros, construtoras e usuários da cidade de Maceió-AL

MACEIÓ – ALAGOAS

2019/2

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LUCAS RODRIGUES COSTA

SILAS ANDRÉ DOS SANTOS

IMPACTOS DA NBR 15575:2013 NA CONSTRUÇÃO CIVIL: uma análise da

percepção de engenheiros, construtoras e usuários da cidade de Maceió-AL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como

requisito final, para obtenção do título de bacharel em

Engenharia Civil no Centro Universitário Cesmac, sob

orientação da professora Mestra Tatyanne Pacifico

dos Santos.

MACEIÓ – ALAGOAS 2019/2

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REDE DE BIBLIOTECAS CESMAC

SETOR DE TRATAMENTO TÉCNICO

Bibliotecária: Keila Jaciele Vieira dos Santos – CRB/4 - 2246

C837i Costa, Lucas Rodrigues

Impacto da NBR 15575:2013 na construção civil : uma análise da

percepção de engenheiros, construtoras e usuários da cidade de

Maceió-AL / Lucas Rodrigues Costa ; Silas André dos Santos -

Maceió : 2019.

36 f. : il.

TCC (Graduação em Engenharia Civil) - Centro Universitário CESMAC,

Maceió - AL, 2019.

Orientadora: Tatyanne Pacifico dos Santos.

1. Norma de desempenho. 2. Construção civil. 3. Engenharia.

4. Desempenho. 5. Qualidade. 6. Habitações. 7. Durabilidade.

I. Santos, Silas André dos. II. Santos, Tatyanne Pacifico dos. III. Título.

CDU: 624

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer primeiramente a Deus pois sem Ele eu não sou nada. Aos meus pais

e familiares por sempre me apoiarem e me incentivarem a continuar nessa jornada.

Ao meu amor, por sempre estar comigo e não me deixar desanimar. A minha

orientadora, professora Tatyanne Pacífico. Aos meus professores por me ensinarem

com maestria a arte de engenhar, em especial aos professores Carlos Arcanjo e

Moisés Luz a quem tanto admiro. A todos do grupo MME por me proporcionarem ser

quem sou hoje profissionalmente falando. A minha prima, Alanna, por me ajudar em

momentos difíceis. A Honra e a Glória é de Deus!

Silas André dos Santos

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Lucas Rodrigues Costa¹

Graduando do Curso de Engenharia Civil

[email protected]¹

Silas André dos Santos²

Graduando do Curso de Engenharia Civil

[email protected]²

Tatyanne Pacifico dos Santos³

Mestra em Engenharia Civil

[email protected]³

RESUMO

Norma de Desempenho em Edificações Habitacionais – ABNT NBR 15575 foi publicada em 19 de fevereiro de 2013 e procurou conduzir tecnicamente o mercado e incentivar a uma elevação da qualidade das construções. É uma norma de grande importância, pois criou uma referência regulatória no setor da construção civil. Tendo em vista a importância da norma de desempenho e que os novos empreendimentos que seguiram a NBR 15575 foram entregues a pouco ou estão sendo entregue, um estudo da aplicação e dos impactos da norma é necessária, para compreender os principais elementos que tiveram que ser adaptados, as novas práticas adotadas e os impactos no custo da construção das edificações habitacionais quando comparados ao cenário anterior à norma. Dessa forma, este estudo tem como objetivo analisar a NBR 15575 quanto aos impactos gerados na indústria da construção civil a partir do ponto de vista de engenheiros, construtoras e usuários. A metodologia utilizada é uma ampla pesquisa bibliográfica e um estudo de campo baseado em questionários enviados a engenheiros, construtoras e usuários. Diante do que foi estudado, o maior desafio para os engenheiros e construtoras é entender e adaptar os conceitos e práticas de segurança da edificação com o conforto dos usuários. Faz-se necessário a promoção do conhecimento acerca da NBR 15575 no meio profissional e acadêmico afim de que todos os envolvidos estejam cientes das suas responsabilidades. PALAVRAS CHAVE: Norma de Desempenho. Construção Civil. Engenharia. Desempenho. Qualidade.

Habitações. Durabilidade.

ABSTRACT Performance Standard in Housing Buildings - ABNT NBR 15575 was published on February 19, 2013 and sought to technically drive the market and encourage an increase in the quality of construction. It is a standard of enormous importance, as it has created a regulatory reference in the construction sector. In view of the importance of the performance standard and that the new ventures followed ABNT NBR 15575 were delivered little or are being delivered, a study of the application and impacts of the standard is important to get an idea of the main elements that had to be adapted, the new practices adopted and the impacts on the cost of building housing buildings when compared to the scenario prior to the standard. This study aims to analyze the ABNT NBR 15575 standard regarding the impacts generated in the construction industry from the point of view of engineers, construction companies and users. The methodology used is a broad bibliographic research and a field study based on questionnaires sent to engineers, construction companies and users. The results obtained then in accordance with the authors studied and previous research. Given what has been studied, the biggest challenge for engineers and builders is to understand and adapt building safety concepts and practices with user comfort. It is necessary to promote knowledge about the NBR 15575 in the professional and academic environment so that all involved are aware of their responsibilities.

KEYWORDS: Performance Standard. Construction. Engineering. Performance. Quality. Housing

Durability.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Metodologia de Pesquisa de Campo.........................................................10

Quadro 2: Critérios de Desempenho..........................................................................14

Quadro 3: Evolução da Norma...................................................................................16

Quadro 4: Questionário – Engenheiros......................................................................19

Quadro 5: Questionário – Construtoras......................................................................21

Quadro 6: Questionário – Usuários............................................................................21

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................8

1.1 Considerações Iniciais...........................................................................................8

1.2 Objetivos................................................................................................................9

1.2.1 Objetivo geral.......................................................................................................9

1.2.2 Objetivos específicos...........................................................................................9

1.3 Metodologia............................................................................................................9

2 REFERENCIAL TEORICO.....................................................................................12

2.1 O conceito de desempenho de edificação...........................................................12

2.1.1 A evolução da norma.........................................................................................15

2.1.2 A exigência do consumidor para edificações.....................................................16

2.1.3 A mudança de paradigma dos construtores e projetistas em relação a vigência

da norma de desempenho...........................................................................................17

3 DELINEAMENTO DA PESQUISA............................................................................19

4 ANÁLISE DE DADOS...............................................................................................22

4.1 A NBR 15575:2013 na visão dos Engenheiros.......................................................22

4.2 A NBR 15575:2013 na visão das Construtoras.....................................................23

4.3 A NBR 15575:2013 na visão dos usuários............................................................26

5 DISCUSSÃO............................................................................................................30

6 CONCLUSÃO...........................................................................................................33

REFERÊNCIAS...........................................................................................................34

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Iniciais

A construção civil é um dos setores que mais movimenta a economia brasileira

nos últimos anos em função da tendência de crescimento e desenvolvimento da

sociedade. Ao decorrer dos anos, a crescente competitividade e o crescimento de

forma rápida fez com que empresas buscassem o melhor preço e o melhor prazo sem

a garantia de um produto com a qualidade esperada pelo consumidor, possibilidades

de altos custos de manutenção, e também patologias relacionadas ao baixo

desempenho dos materiais e sistemas, comprometendo de forma incisiva a

funcionalidade das edificações.

A Norma de Desempenho em Edificações Habitacionais – ABNT NBR 15575:

2013 foi publicada em 19 de fevereiro de 2013 e procurou conduzir tecnicamente o

mercado e incentivar a uma elevação da qualidade das construções. É uma norma de

enorme importância, pois criou uma referência regulatória no setor da construção civil

(CBIC, 2013).

A edificação é um objeto que precisa ter características essenciais que o

qualifiquem a exercer funções para o qual foi planejado, quando sujeito a

determinadas condições de uso e exposição (BORGES, 2008). O bom desempenho

de uma edificação está ligado ao atendimento das necessidades humanas, que pode

ser dividida nos seguintes requisitos: desempenho térmico e acústico, segurança

estrutural, segurança contra incêndio, desempenho luminoso, dentre outros

(POSSAN; DEMOLINER, 2015).

O conceito de desempenho de edificações é simples de ser entendido, porém

sua aplicação prática é complicada. O grande diferencial da norma de desempenho é

assegurar ao usuário das edificações uma garantia de conforto e segurança

segmentando as responsabilidades entre os envolvidos.

Inúmeros fatores estão diretamente ligados à obtenção do desempenho;

incorporadores, construtores, projetistas, fornecedores e os consumidores precisam

seguir seu papel para que a edificação alcance um desempenho favorável.

Tendo em vista a importância da norma de desempenho e que os novos

empreendimentos seguiram a ABNT NBR 15575: 2013 foram entregues a pouco ou

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estão sendo entregue, um estudo da aplicação e dos impactos da norma é importante

para ter uma ideia dos principais elementos que tiveram que ser adaptados, as novas

práticas adotadas e os impactos no custo da construção das edificações habitacionais

quando comparados ao cenário anterior à norma.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Tem-se como objetivo geral do trabalho analisar a norma ABNT NBR 15575:

2013 quanto aos impactos gerados na indústria da construção civil a partir do ponto

de vista de engenheiros, construtoras e usuários.

1.2.2 Objetivos específicos

Tendo em vista o objetivo principal, este trabalho visa:

Realizar um estudo bibliográfico sobre a norma de desempenho e seu impacto na

construção civil;

Apresentar os ganhos que podem ser obtidos no processo das edificações com o

atendimento das exigências apresentadas;

Realizar um estudo de campo (check-list) buscando informações relevantes sobre

a aplicação da norma de desempenho;

Estruturar uma proposta de postura a ser seguidas pelos profissionais do meio da

construção civil com o objetivo de garantir o cumprimento da referida norma.

1.3 Metodologia

Trata-se, inicialmente de uma pesquisa bibliográfica em artigos, documentos

acadêmicos, livros e informações divulgadas por entidades, ligados ao tema. Esta

revisão bibliográfica partiu de uma busca mais abrangente acerca dos assuntos

principais: o que é a norma de desempenho, qual sua abrangência, em quais normas

ela se baseia.

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Tendo em vista à NBR 15575:2013, o quadro 1 abaixo mostra um que descreve

em etapas o método de trabalho deste estudo.

Quadro 1: Metodologia de Pesquisa de Campo Fonte: Autores, 2019

Na primeira etapa, foi realizado um levantamento bibliográfico que possui

como principal fonte de pesquisa, a norma de desempenho NBR 15575:2013, livros

e artigos científicos que discutem o tema proposto.

Na segunda etapa, três questionários foram elaborados com os principais

pontos da NBR 15575:2013: um para empresas incorporadoras e construtoras,

outro para projetistas, e outro para usuários. Nestes questionários foram

apresentadas perguntas pertinentes às adequações do processo de projeto e do

produto em relação às demandas apresentadas na norma brasileira de

desempenho. Definiram-se ainda quais pré-requisitos para a escolha das

empresas, engenheiros e usuários a serem analisados. Após escolhidas, iniciaram-

se contatos engenheiros e construtoras no intuito de verificar reais possibilidades

de contribuírem com o trabalho.

Ainda na segunda etapa, os questionários desenvolvidos foram aplicados

em entrevista, de forma que as mudanças identificadas puderam ser medidas

quanto ao seu grau de proximidade à aplicação da norma, levando-se em conta a

Levantamento das fontes de

pesquisas

Elaboração e aplicação do questionário

Avaliação dos resultados da

pesquisa de campo

Discussão dos resultados em relação aos

autores estudados

Conclusão da pesquisa

Sugestões dos autores

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realidade do mercado alagoano no momento.

Em seguida, na terceira e quarta etapas, houve avaliação dos resultados

do questionário respondido quanto à adequação e impacto no processo construtivo

e a discussão estabelecendo uma relação entre as respostas obtidas e os autores

estudados.

Por fim, na quinta e sexta etapas, foram apresentadas a conclusão as

sugestões dos autores baseada em todo o processo de pesquisa e

desenvolvimento deste estudo.

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2 REFERENCIAL TEORICO

2.1 O conceito de desempenho de edificação

Antes da existência da norma de desempenho não existia um guia que de

forma direta garantisse ao usuário que uma edificação habitacional desempenharia

um comportamento adequado no decorrer do seu tempo de uso. No mundo da

construção civil, o uso da norma de desempenho é um impasse, pois é um dos

mercados mais demorados quando se trata de adaptação para novas metodologias

(COSTELLA et al, 2017).

A NBR 15575 representa um avanço para o Brasil, porém a partir do princípio

de comportamento em uso, inicia-se um pensamento relacionado ao desempenho

desde a concepção do projeto (LORENZI, 2013).

Em seus estudos Becker (2005) e Borges e Sabattini (2008) citam,

respectivamente, algumas das vantagens em relação à adequação à norma de

desempenho e, dificuldades para a aplicação da mesma, no mercado brasileiro da

construção civil. A NBR 15575 (ABNT, 2013, a, b, c, d, e, f) deixa claro que o objetivo

de aplicação da norma não é avaliar o método construtivo, mas sim a adequação ao

uso de determinado sistema ou método, porém, surgiram dúvidas quanto ao método

de avaliação de cada item, sobre quem seria o responsável a garantir a qualidade do

produto ou serviço e como fazê-lo.

Os autores Souza (2015) e Inovacon (2016) desenvolveram checklists de

muita importância para o meio da construção civil, pois simplificaram as informações

da norma, tornando o conteúdo com fácil entendimento. Segundo Costella et al.

(2017), existem vários métodos avaliativos, portanto a norma gera inúmeras soluções

de trabalho nesta etapa. Entretanto, para conseguir dados de forma mais simples e

ter resultados mais próximos da realidade, os escritores determinaram apenas um

método de avaliação para cada ponto da norma, dando prioridade aos métodos que

dependiam de menos investimento financeiro, que foram: análise e simulações de

projetos, inspeções e realização de ensaios.

O fundamento para o não cumprimento de requisitos que a norma cita como

necessários, variam desde não conhecer a norma à pouca fiscalização (CARUBIM,

2017). Segundo a mesma, inúmeros erros são vistos durante a observação da norma,

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exemplo: inexistência de dados essenciais para verificar se as exigências foram

cumpridas ou não, dificuldade de entendimento das informações necessárias para

executar as avaliações por ensaios, etc.

Em síntese, Sachs e Nakamura (2013) concluem que desempenho éo

comportamento da edificação durante o seu uso, e edificação compreende-se como

as condições básicas de habitação essenciais para que se possa utilizar a edificação

ao longo de um período de tempo. Entre estas condições básicas estão: conforto

acústico, conforto lumínico, conforto térmico e segurança.

A concepção de desempenho diversifica para cada pessoa, pois cada um tem

cuidados de uso diferentes e julgam e sentem o conforto de formas diferentes. Outra

premissa são as condições do ambiente em que a edificação será construída, O

ambiente construído sofre ação deletéria de agentes agressivos presentes no meio

ambiente, tais como temperatura, umidade relativa, chuva, insolação, vento, etc.

Visto que há numerosas variáveis envolvidas, faz-se preciso determinar qual

a performance ideal que uma edificação deve desempenhar.

Já que há diversas variáveis envolvidas, é necessário estabelecer qual o

desempenho ideal que uma edificação deve atender. É habitual em inúmeros países

determinar o desempenho pela definição de quesitos qualitativos, parâmetros

quantitativos e processos de avaliação, os quais permitem a sua medição. A

determinação do desempenho de uma edificação é realizada por intermédio de

critérios de desempenho, que segundo a (ABNT, 2013) são fundamentos quantitativos

dos requisitos de desempenho, para que a determinação objetiva. São antevistos para

edifícios habitacionais 12 critérios de desempenho embasados na norma ISO

6241:1984 e adequados para a realidade brasileira, conforme o resultado no quadro

2 abaixo:

Itens ISO 6241 (1984) NBR 15575-1 (2013)

1 Estabilidade estrutural e resistência a

cargas estáticas, dinâmicas e cíclicas

Desempenho estrutural

2 Resistência ao fogo Segurança contra incêndio

3 Resistência à utilização Segurança no uso e na operação

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4 Estanqueidade Estanqueidade

5 Conforto higrotérmico Desempenho térmico

6 Conforto acústico Desempenho acústico

7 Conforto visual Desempenho lumínico

8 Durabilidade Durabilidade e manutenabilidade

9 Higiene Saúde, higiene e qualidade de ar

10 Conforto tátil Funcionalidade e acessibilidade

11 Conforto antropométrico Conforto tátil e antropodinâmico

12 Qualidade do ar Adequação ambiental

13 Custos

Quadro 2: Critérios de Desempenho Fonte: Possan e Domoliner (2015)

De acordo com a NBR 15575:2013, para que uma edificação demonstre um

desempenho pertinente é necessário procurar a assimilação dos requisitos de

desempenho junto ao usuário. Fundamentados nos requisitos qualitativos, como por

exemplo, conforto e segurança, carecem ser definidos os critérios de desempenho,

como equilíbrio estrutural e conforto térmico respectivamente, por intermédio de

preceitos normativos prescritivos vigentes. As normas prescritivas determinam

requisitos com base no uso de produtos ou procedimentos, buscando responder às

exigências dos usuários de forma indireta. As normas de desempenho equivalem as

reivindicações dos usuários em quesitos qualitativos e critérios quantitativos, e são

usadas como acréscimo das normas prescritivas, sem ocorrer a substituição.

Utilizando as normas prescritivas e de desempenho conjuntamente visa atender todas

as exigências do usuário com soluções tecnicamente cabíveis (NBR 15575, 2013).

Para que o desempenho seja classificado, a norma de desempenho indica

que ensaios sejam feitos em laboratórios especializados. Também é recomendada a

modelagem matemática como um instrumento para as hipóteses de vida útil e exame

de desempenho. A norma de desempenho não se implica a edificações concluídas

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até sua entrada em vigor, em 19 de julho de 2013. Também não é extensiva a

reformas ou edificações temporárias (ABNT: 15575, 2013).

2.1.1 A evolução da norma

Após as grandes Guerras Mundiais, foi necessário um plano de reconstrução

das cidades que foram atingidas e destruídas. Porém o plano de recuperação não

poderia ser desenvolvido de forma rápida, mas sim de maneira eficaz. Para que não

fosse prejudicado com a necessidade rápida de reconstrução as técnicas deveriam

ser aprimoradas (CORDOVIL, 2013).

Com esse objetivo, foi criado o “Conseil International du Bâtiment” (ou CIB,

Conselho Internacional de Construção) em 1953 (CIB, 2015). A principal função era a

divulgação de pesquisas realizadas e sistemas construtivos entre os países

participantes. Foi o primeiro símbolo para a busca da qualidade do setor da construção

civil. Ao longo do tempo, muitos estudos e pesquisas foram realizados e com isso

foram surgindo os primeiros parâmetros para o desempenho nas edificações. A

primeira delas foi a ISO 6241:1984, “Performance Standards in building” (Avaliação

de desempenho em edifícios), que foi apresentada em Lisboa no Encontro Nacional

sobre Qualidade na Construção (CORDOVIL, 2013).

Esta norma foi um marco pois trouxe a possibilidade de mensuração do

desempenho de edificações e posteriormente com o lançamento da ISO 9001, em

1987, foi dado a consolidação da busca pela qualidade na construção civil. A ISO 9001

realiza avaliação dos sistemas de qualidade implementados por empresas de

qualquer setor e qualquer porte. Assim seus requisitos abrangem toda a indústria, e

com isso trouxe a possibilidade de certificação de sistemas de qualidade e a adoção

de indicadores para qualidade (CORDOVIL, 2013).

No ano de 2013 entrou em vigor a NBR 15575:2013, denominada “Edificações

habitacionais – Desempenho”, conhecida no setor como “Norma de desempenho”,

cuja expectativa foi estabelecer novos padrões de eficiência para as edificações.

Desde o estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para o

Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), em 1988,

houve um grande avanço que resultou no surgimento da comissão de estudos da

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em 2000, até o surgimento da

NBR 15575:2013.

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Na figura 1 a seguir, é possível visualizar a evolução da norma de maneira

clara:

Quadro 3: Evolução da Norma Fonte: CBIC,2014

O texto NBR 15575:2013 foi elaborado e dividido em seis partes, como abaixo:

Parte 1 – Requisitos gerais;

Parte 2 – Requisitos para os sistemas estruturais;

Parte 3 – Requisitos para os sistemas de pisos;

Parte 4 – Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas;

Parte 5 – Requisitos para os sistemas de coberturas;

Parte 6 – Requisitos para os sistemas hidrossanitários.

Uma importante contribuição desta norma na cadeia habitacional foi segregar

as obrigações e responsabilidades inerentes tanto pelo incorporador e construtor, aos

projetistas, fabricantes e ao consumidor final. Ou seja, a NBR 15575:2013 tem como

marco a preservação do desempenho da edificação ao longo da sua vida útil, assim

como indiretamente a preservação de valor do patrimônio (CBIC, 2013).

2.1.2 A exigência do consumidor para edificações

O embasamento sobre o sistema construtivo por parte dos usuários,

proprietários e locatários é pequena, de acordo com estudo feito por Bastos (2006). A

forma de conhecimento dos usuários são as informações dadas pelos construtores e

pela observação dos próprios usuários ao longo da vivência no local.

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Um estudo realizado por Dias (2014) aponta o índice de satisfação dos

usuários com base no custo do imóvel, e foi observado que quanto maior o custo do

imóvel, mais a satisfação do cliente com a qualidade do imóvel. E o estudo vai além,

também aponta os fatores mais importantes para o consumidor na hora de escolher

um imóvel para morar. O principal requisito para busca pelos os usuários em uma

nova residência é a localização. Logo depois, vem o preço do imóvel e por último a

qualidade da edificação (CBIC, 2013).

Com estas informações fica claro que o usuário não está habituado a analisar

o desempenho de edificações habitacionais no ato da aquisição, mas com a vigência

da NBR 15575:2013 este cenário tende a mudar. Com as especificações de

desempenho em uma forma simples de entender (superior, intermediário e mínimo),

fica mais fácil para o cliente de comparar imóveis e escolher aquele que melhor se

adéqua às suas necessidades. Além disso, a norma tem força de lei, então a

insatisfação do cliente pode gerar problemas para os responsáveis pela patologia

encontrada.

Não houve nenhuma outra norma da ABNT que tenha causado mais reflexo

no campo jurídico, uma vez que seus conceitos e obrigações interferem diretamente

na responsabilidade dos agentes envolvidos na construção, o que demonstra a

maturidade e a busca da qualidade nas habitações, colocando o setor alinhado aos

parâmetros técnicos em todo mundo (CBIC, 2013).

2.1.3 A mudança de paradigma dos construtores e projetistas em relação a vigência

da norma de desempenho

Com a ausência de uma norma para definir os requisitos de desempenho das

edificações habitacionais, não havia responsabilidades explícitas para os diversos

agentes da cadeia produtiva quanto à este aspecto. Com isso, a escolha de materiais

e componentes do sistema construtivo poderia ser mais influenciada pelo fator custo

do que pelo desempenho proporcionado (DIAS, 2014).

Os parâmetros da NBR 15575:2013 têm como objetivo atingir e manter

determinados níveis de desempenho, o que exige ações concretas dos envolvidos no

processo, que o referido texto dividiu em incorporadores, construtores, fornecedores,

projetistas e usuários, definindo incumbências para cada um deles (NAKAMURA,

2013).

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Cabe ao incorporador, e não à empresa construtora, ressalvada a existência

de convenção escrita, a identificação dos riscos previsíveis à época do projeto, em

consonância com projetistas envolvidos, devendo realizar os estudos técnicos

necessários, cujos resultados irão direcionar a ação dos projetistas, constituindo-se,

por exemplo, na presença de aterro sanitário no local onde será implantada a obra,

contaminação do lençol freático, presença de agentes agressivos no solo e todos os

demais passivos ambientais existentes. Cabe ainda ao incorporador a incumbência

de definir, em consonância com os projetistas ou com a coordenação dos projetos, os

níveis de desempenho estabelecidos em Norma, sejam eles Mínimo, Intermediário ou

Superior, para os diferentes elementos da construção e para a obra em sua totalidade.

(CUNHA, 2015)

O segundo interveniente é o construtor, a quem caberá, prioritariamente, a

elaboração dos Manuais de Uso, Operação e Manutenção, que deverão vir

acompanhados da proposta de um modelo de gestão da manutenção, em observância

às normas da NBR 14037:2011 e NBR 5674:1999, a serem entregues ao proprietário

da unidade autônoma e ao condomínio (SANTOS, 2014).

Cabe ao projetista o estabelecimento e indicação dos respectivos

memoriais, desenhos e a Vida Útil de Projeto de todos os sistemas que compõem a

obra, compreendendo a totalidade dos materiais, produtos e processos que,

isoladamente ou em conjunto, atendam ao desempenho requerido, devendo recorrer

às boas práticas de projeto, às determinações das normas técnicas prescritivas, às

especificações sobre desempenho fornecidas pelos fabricantes e outros recursos do

atual estado da arte e quando ocorrer omissão nessas informações, compete ao

projetista solicitá-las ao fornecedor (CUNHA, 2015).

Ao fornecedor de insumo, material, componente ou sistema, cabe caracterizar

o desempenho do respectivo item fornecido, seguindo os parâmetros ditados pela

própria NBR 15575:2013, o que compreende informar o prazo de vida útil previsto

para o produto, bem como os cuidados necessários à sua operação e manutenção,

podendo ainda serem fornecidos os resultados comprovando o seu desempenho, que

poderá ser pautado em normas internacionais compatíveis com a Norma de

Desempenho (SANTOS, 2014).

As construtoras que já atendiam as normas anteriores não terão grandes

problemas para se adequar à norma de desempenho, já que ela corresponde à

capacidade dos sistemas de uso consagrado no Brasil. Existem laboratórios e

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empresas que já realizaram grande parte dos ensaios necessários para a garantia da

qualidade desses sistemas. A mudança fundamental será para fabricantes e

projetistas, que terão que fornecer informações detalhadas sobre o desempenho de

seus produtos e projetos frente a diversas condições climáticas e de uso (SACHS;

NAKAMURA, 2013).

3 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Conforme primeira etapa descrita no quadro de metodologia da pesquisa

(Quadro 1), decidiu-se que, as fontes de pesquisa para o desenvolvimento deste

estudo seriam engenheiros, construtoras e os usuários que deveriam responder a um

questionário sobre a aplicabilidade da norma em estudo.

3.1 Questionário realizado com engenheiros

Foram enviados dez questionários a dez engenheiros autônomos entre os

meses de agosto e outubro de 2019, no entanto apenas seis responderam as

indagações que serão apresentadas nos próximos tópicos. O questionário enviado é

composto por dez perguntas de características qualitativas e quantitativas, conforme

descrito no quadro 4 abaixo:

1 Você sabe o que é a norma de desempenho?

2 Você já executou/projetou alguma obra que atenda aos requisitos da norma

de desempenho?

3 A norma de desempenho está impactando muito ou pouco nas atividades

desempenhadas pelas empresas da construção civil? De uma forma boa

ou ruim? No que mais impacta?

4 Você já participou de algum curso ou palestra acerca da Norma de

Desempenho?

5 O quão impactante a aplicação da norma tem sido nos custos de suas

obras ou projetos?

6 Quais são as dificuldades e os entraves encontrados no atendimento da

norma?

7 Em relação a qualidade das edificações, houve mudanças percebidas?

8 Quanto aos consumidores, eles já estão em sua maioria cientes dos seus

direitos estabelecidos pela Norma de Desempenho, ou ainda não há esse

entendimento? Eles estão mais exigentes quanto ao desempenho dos

imóveis que adquirem?

9 Que melhoria você indicaria para o aperfeiçoamento da norma?

10 Qual dos requisitos da norma de desempenho você mais se preocupa?

Quadro 4: Questionário - Engenheiros

Fonte: Autoria Própria

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20

3.2 Questionário realizado às construtoras

Quanto as construtoras, foram enviados os questionários para seis

construtoras entre os meses de agosto e outubro de 2019, no entanto apenas quatro

responderam o mesmo.

É importante destacar que, as construtoras possuem um perfil diferenciado. A

construtora “A” tem nove anos desde que iniciou suas atividades e conta com

aproximadamente cento e dez funcionários. Atualmente, com duas obras em

andamento, que obras seguem as recomendações da norma e serão entregues

totalmente enquadradas nas exigências da NBR 15575:2013. A construtora “B”,

possui vinte anos de operações edificando empreendimentos de alto padrão. A

construtora “C” possui vinte e nove anos de mercado com aproximadamente trezentos

funcionários, trabalha exclusivamente com edifícios residenciais e conta com 3 obras

em andamento. Executou empreendimentos com padrão médio e alto. A construtora

“D” tem quarente anos de mercado com aproximadamente cento e oitenta e três

funcionários, com duas obras em andamento e com empreendimentos de médio e alto

padrão.

O questionário enviado às construtoras é composto por dez perguntas de

características qualitativas e quantitativas, conforme descrito no quadro 5 abaixo:

1 A empresa atende a norma de desempenho?

2 Qual foi o primeiro departamento a ter maior contato com a norma na

empresa?

3 A norma de desempenho está impactando muito ou pouco nas atividades

desempenhadas pela empresa e no mercado? De uma forma boa ou ruim?

No que mais impacta?

4 Como a empresa se organiza a fim de atender as exigências da Norma de

desempenho?

5 Há algum indivíduo e/ou grupo composto por representantes das diversas

áreas da empresa que coordena o estudo da norma, as ações a serem

tomadas e seus impactos sobre as atividades e produtos? Quem?

6 Quais são as principais providências tomadas na empresa em relação ao

seu processo de projeto a fim de atenderem a norma?

7 Quais são as dificuldades e os entraves encontrados no atendimento da

norma?

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8 Existiram impactos no custo de construção após a vigência da NBR

15575:2013?

9 É possível dizer qual sistema proporcionou maior impacto no custo?

10 Em relação a qualidade das edificações, houve mudanças percebidas?

Quadro 5: Questionário – Construtoras Fonte: Autoria Própria

3.3 Questionário realizado aos usuários

Os usuários são os principais causadores da existência da Norma de

Desempenho, pois a norma baseia-se nas exigências que causem conforto aos

utilizadores das edificações.

Desta forma, realizaram-se pesquisas para saber se os usuários estão

satisfeitos com suas moradias, o que mais importa para eles em uma edificação e se

estão cientes das suas responsabilidades como mantedores das suas unidades

habitacionais.

As pesquisas foram feitas com trinta e três usuários de diversos tipos de

edificações entre agosto e novembro de 2019. Foram sete usuários de uma edificação

com dezoito anos construída; quinze de uma edificação padrão quarto/sala com

aproximadamente dois anos e onze moradores de uma edificação de alto padrão

entregue há quatro anos. Todas localizadas na cidade de Maceió. O questionário

aplicado aos usuários é composto por 8 perguntas de características qualitativas e

quantitativas, conforme descrito no quadro 6, abaixo:

1 Você sabe o que é a norma de desempenho?

2 Você está satisfeito com o desempenho dos sistemas do seu imóvel?

3 Você está satisfeito com o desempenho acústico do seu apartamento?

4 Você tem ou já teve acesso a um manual do usuário da sua edificação?

5 Você já leu o manual do usuário de seu apartamento?

6 Você dá mais importância a um bom desempenho térmico ou acústico?

7 Na hora de comprar um apto. Qual o principal critério que você leva em

conta?

8 Você estaria disposto a investir mais em um apto. Que seguiu a norma de

desempenho?

Quadro 6: Questionário – Usuários Fonte: Autoria Própria

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 A NBR 15575:2013 na visão dos Engenheiros

Nos resultados obtidos nos questionários respondidos pelos seis engenheiros,

observou-se que todos os entrevistados conhecem a NBR 15575:2013, e a 83,33%,

dos entrevistados já executou/projetou alguma obra que atenda aos requisitos da

norma de desempenho, e já participou de algum curso ou palestra sobre a norma em

estudo.

Ao questionar sobre os impactos da NBR 15575:2013 nas atividades

desempenhadas observou-se que, de acordo com os engenheiros entrevistados, não

houve impacto nos processos construtivos uma vez que os mesmo já seguiam os

padrões estabelecidos pela norma.

Com relação ao impacto da aplicação da norma nos custos das obras ou

projetos, observou-se que 33,33% dos entrevistados responderam que não houve

impacto significativo enquanto os demais destacaram que, devido ao aumento da

qualidade nos produtos, como resultado, os custos subiram consideravelmente.

Sobre as dificuldades e entraves encontrados no atendimento da norma, as

respostas foram diversificadas, a saber: aumento dos custos; dificuldade de

entendimento da norma; falta de insumos que atendam aos parâmetros exigidos pela

norma 15575; sua aplicação vigente criteriosa, pois necessita de muitos estudos, além

de certas incompatibilidades entre os projetos; as lacunas que devem ser

interpretadas por cada um.

Ao questionar sobre o conhecimento e exigibilidade da norma por parte dos

usuários a resposta foi unânime ao afirmar que, apesar do não conhecimento sobre

as exigências das normas, os usuários continuam exigentes quanto a qualidade das

edificações.

Sobre a maior preocupação dos engenheiros em relação a aplicação da

norma em estudo, observou-se que a resposta foi unânime ao apostar o isolamento

acústico como maior preocupação.

Quanto as indicações de melhorias para o aperfeiçoamento da norma as

seguintes respostas foram observadas: melhor esclarecimento em alguns tópicos da

norma; melhores interpretações sobre a norma; revisão dos índices inferiores,

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intermediários e superiores; mais revisões e aperfeiçoamento para maior alcance e

fechar melhor as lacunas que a mesma deixa.

4.2 A NBR 15575:2013 na visão das Construtora

Veja a seguir a resposta de cada construtora paras perguntas dispostas no

questionário:

O primeiro questionamento foi a respeito do atendimento da norma de

desempenho por parte das construtoras. Observou-se que, as construtoras A, B e D

responderam que sim, atendem os requisitos da norma de desempenho, enquanto a

construtora C atende apenas alguns desses requisitos.

Quando perguntado o primeiro departamento a ter maior contato com a norma

na empresa, as respostas foram as seguintes: departamento de arquitetura; diretoria;

a parte de projetos estruturais e o escritório da obra. As respostam são

respectivamente das construtoras A, B, C e D.

A terceira pergunta foi a seguinte: A norma de desempenho está impactando

muito ou pouco nas atividades desempenhadas pela empresa e no mercado? De uma

forma boa ou ruim? No que mais impacta? De acordo com a construtora A, a norma

de desempenho tem impactado de forma significativa os nossos empreendimentos,

tanto financeiramente falando quanto no mercado. De forma geral, tem impactado de

forma positiva. Gastamos um pouco mais com sistemas mais eficientes, porém,

consequentemente usamos esses sistemas como trunfo na hora da venda dos aptos.

Para a construtora B, o impacto foi considerável uma vez que, as empresas que não

seguem normas de qualidades são as que mais estão sentindo e tendo dificuldades

para adaptação. A norma traz impactos bons para todos os envolvidos. No ponto de

vista da construtora C, o impacto foi grande, principalmente no que tange à

determinação das responsabilidades de cada um. De uma maneira boa pois agora

todos tem que arcar com seus deveres apesar de impactar nos custos. Já para a

construtora D, a norma impactou muito, pois implicou em novas metodologias de

concepção e de projeto. Boa, pois acaba agregando mais valor ao empreendimento.

Parte de projetos.

Sobre a organização das empresas para o atendimento as exigências da

Norma de desempenho, observou-se que, na construtora A, o departamento técnico

é formado por engenheiros e arquitetos juntos a uma empresa especializada em

assessoria em norma de desempenho e tomam as melhores decisões para que

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atinjamos os objetivos finais e nos enquadremos na norma. A construtora B, contrata

uma empresa especializada para ajudar com alguns requisitos da norma. A

construtora C está capacitando todos o corpo técnico para começar a atender esses

parâmetros de norma, enquanto a construtora D realiza uma concepção com todos os

projetistas para achar os melhores caminhos para os projetos juntos com os

engenheiros de campo.

A quinta pergunta foi a seguinte: Há algum indivíduo e/ou grupo composto por

representantes das diversas áreas da empresa que coordena o estudo da norma, as

ações a serem tomadas e seus impactos sobre as atividades e produtos? Quem? De

acordo com as respostas, a construtora A conta com um Gerente de obras junto à

empresa especializada, a construtora B: Não possui uma equipe especializada; a

construtora C possui um grupo composto por todos os gestores de engenharia e a

construtora D conta um setor específico na empresa para atendimentos normativos e

de qualidade.

A respeito das principais providências tomadas na empresa em relação ao

seu processo de projeto a fim de atenderem a norma, observou-se que a construtora

A realizou estudos e posteriormente ensaios de campo para verificação da adequação

de tal sistema à norma de desempenho; a Construtora B, exige dos projetistas

contratados que eles tenham conhecimento e apliquem a norma e seus projetos; Na

construtora C nada ainda foi colocado em prática porém há a consciência de que

devem atender a norma de desempenho; e a construtora D está realizando cursos

periódicos para qualificar nosso corpo técnico e de campo.

Sobre as dificuldades e os entraves encontrados no atendimento da norma, a

construtora A citou a necessidade de treinamento da equipe para adaptação à novos

sistemas; os impactos nos custos dos serviços; As contradições da norma. Para a

construtora B, a dificuldade de encontrar materiais que se enquadrem nos padrões de

desempenho da norma de forma que possa gerar concorrência se apresenta como

principal desafio. Para a construtora C, a falta de domínio no entendido das NBR’s

que envolvem a norma de desempenho dificulta o atendimento aos requisitos

solicitados e para a construtora D falta de mão de obra qualificada.

Sobre os impactos no custo de construção após a vigência da NBR

15575:2013, a construtora A afirmou que gastaram em média 6% a mais do custo da

obra para o enquadramento na NBR 15575; a construtora B afirmou quem, o fato de

usar materiais de maior qualidade e melhor desempenho aumentou o custo das

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edificações. Para as construtoras C e D o custo aumentou junto com a qualidade dos

empreendimentos.

Sobre o sistema que proporcionou maior impacto no custo, para a construtora

A foram as esquadrias. “Um de nossos edifícios, está situado em uma avenida

bastante movimentada, por conta disso fez-se necessário investirmos mais nas

esquadrias, que são o principal elemento de vedação desse sistema que é a fachada.”;

Par a construtora B, a aplicação da norma como um todo gerou impacto no custo; a

construtora C citou o setor de compras; e a construtora D afirmou que os projetos

foram o que causou maior impacto.

Em relação a qualidade das edificações as seguintes mudanças foram

percebidas: Na construtora A foram as exigências da norma que acabaram os

obrigando a procurar materiais de melhor qualidade. Para a construtora B, a norma

de desempenho veio para elevar de vez a qualidade das edificações e a construtora

C afirmou que o padrão de qualidade foi elevado e a construtora D afirmou que, com

a norma as qualidades dos processos e produtos foram alteradas elevando a

qualidade da edificação.

A última pergunta foi a seguinte: Quanto aos consumidores, eles já estão em

sua maioria cientes dos seus direitos estabelecidos pela Norma de Desempenho, ou

ainda não há esse entendimento? Eles estão mais exigentes quanto ao desempenho

dos imóveis que adquirem? As respostas foram: Construtora A: “Não, ainda não estão

cientes em sua maioria, mas já podemos notar uma diferença em uma parte dos

consumidores que já estão se atentando aos seus direitos quanto a norma de

desempenho, consequentemente estão mais exigentes, fazem mais perguntas e até

escolhem qual empreendimento comprar baseado em suas ofertas no quesito de

qualidade na moradia.”; Construtora B, C e D seguiram a mesma linha de resposta e

afirmaram que, apesar do não conhecimento da existência das normas, os

consumidores continuam exigentes.

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FIGURA 1: Respostas das Construtoras Fonte: Autoria Própria

4.3 A NBR 15575:2013 na visão dos usuários

GRÁFICO 1: Respostas dos usuários.

Fonte: Autores

55%33%

12%

VOCÊ SABE O QUE É A NORMA DE DESEMPENHO?

NÃO SABEM O QUE É A NORMA E NUNCA OUVIRAM FALAR

NÃO SABEM O QUE É MAS JÁ OUVIRAM FALAR

SABEM O QUE É A NORMA

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GRÁFICO 2: Respostas dos usuários.

Fonte: Autores

GRÁFICO 3: Respostas dos usuários.

Fonte: Autores

55%33%

12%

VOCÊ ESTÁ SATISFEITO COM O DESEMPENHO DOS SISTEMAS DO SEU

IMÓVEL?

NÃO SABEM O QUE É A NORMA E NUNCA OUVIRAM FALAR

NÃO SABEM O QUE É MAS JÁ OUVIRAM FALAR

SABEM O QUE É A NORMA

76%

15%

9%

VOCÊ ESTÁ SATISFEITO(A) COM O DESEMPENHO ACÚSTICO DE SEU

IMÓVEL?

NÃO ESTÃO SATISFEITOS

ESTÃO SATISFEITOS, MAS PODERIA SER MELHOR

ESTÃO SATISFEITOS

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GRÁFICO 4: Respostas dos usuários.

Fonte: Autores

GRÁFICO 5: Respostas dos usuários.

Fonte: Autores

54,5%

45,5%

VOCÊ TEM OU JÁ TEVE ACESSO AO MANUAL DO USUÁRIO DE SUA

EDIFICAÇÃO?

TEM ACESSO AO MANUAL DE USUÁRIO

NUNCA TEVE ACESSO

73,0%

27,0%

VOCÊ JÁ LEU O MANUAL DO USUÁRIO DO SEU APARTAMENTO?

NUNCA PARARAM PARA LER

JÁ PARARAM PARA LER OU FOLHEAR

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GRÁFICO 6: Respostas dos usuários.

Fonte: Autores

GRÁFICO 7: Respostas dos usuários.

Fonte: Autores

Foi possível observar ainda que, os usuários na hora de comprar o

apartamento, os principais critérios observados são a localização, o custo, o

acabamento e o desempenho.

88,0%

12,0%

VOCÊ DÁ MAIS IMPORTÂNCIA A UM BOM DESEMPENHO TÉRMICO OU

ACÚSTICO?

ACÚSTICO TÉRMICO

94,0%

6,0%

VOCÊ ESTARIA DISPOSTO A INVESTIR MAIS EM UM APARTAMENTO QUE

SEGUIU A NORMA DE DESEMPENHO?

SIM NÃO

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30

4.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados obtidos com a aplicação do questionário junto aos engenheiros

comprovam com a visão de Borges (2015) que destaca a necessidade de um esforço

técnico e financeiro em capacitação e treinamento de profissionais qualificados e

experientes, para implantar sistemas de gestão capazes de rapidamente multiplicar

procedimentos que garantam o atendimento à Norma de Desempenho.

De acordo com Bernasconi (2015), é através do conhecimento do profissional

de projeto, seja o engenheiro ou arquiteto, que é possível a especificação de materiais,

componentes e sistemas que devem ser utilizados em determinada edificação, outros

pontos como instalação, montagem, dentre outros também dependem do

conhecimento desses profissionais para que as exigências de desempenho sejam

atendidas de maneira mais assertiva possível. O autor destaca ainda que, além, do

conhecimento técnico, é fundamental que exista uma infraestrutura que ofereça a

dinamização de cada propriedade, de maneira que seja necessário um espaço físico,

equipamentos tecnológicos, como software para que o conhecimento possa ser

aplicado e possibilitar que os processos impliquem e produtos ideais.

A importância do conhecimento total da norma de desempenho também foi

observada nas respostas das construtoras. De acordo com as empresas entrevistadas

o treinamento de pessoal, o levantamento de dados e o estabelecimento de uma

equipe multidisciplinar se apresentaram como sendo fundamentais para a aplicação

da norma de desempenho. Além, disso observou-se que, as empresas exigem do

profissional a qualificação na norma e a aplicabilidade da mesma desde o processo

de construção do projeto, e destacam ainda a importância do setor de qualidade para

a fiscalização e aplicação correta das normas.

O principal impacto da aplicação das normas nos processos de construção

relatado pelos engenheiros entrevistados, é o custo. Uma vez que a norma exige um

aumento na qualidade dos produtos, os custos destes aumentam consideravelmente.

Sendo assim, destaca-se que, com o estabelecimento de novos requisitos para

classificar o desempenho da edificação, a norma torna a pesquisa de novas

tecnologias, seja do sistema construtivo ou do material utilizado, uma atividade

obrigatória para que as empresas desenvolvam. Porém, como novas atividades serão

acrescidas ao cronograma da obra, o custo da construção pode se tornar mais caro.

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Nas respostas apresentadas pelas empresas entrevistadas os custos também

se destacaram como sendo um ponto negativo, a construtora “A”, por exemplo viu

seus custos subirem aproximadamente 6% em relação a obra anterior em que os

requisitos da norma não foram aplicados. Em contrapartida, ao analisar o custo para

manutenção do desempenho ao longo da vida útil, segundo o pesquisador do Instituto

de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, Ercio Thomaz, a ABNT NBR

15575 é um fator de barateamento da construção.

A dificuldade em encontrar materiais que se enquadrem nos padrões

estabelecidos pela norma de desempenho também surgiu como um entrave para a

aplicação da norma em estudo. Outro ponto que merece destaque é a preocupação

apresentada pelos entrevistados em relação ao isolamento acústico exigido pela

norma de desempenho. De acordo com Holtz (2013), desde o início da aplicação das

normas, as empresas começaram a fazer estudo de ruídos externos no entorno do

local onde seria construído o empreendimento, no entanto o custo destas atividades

é incerto podendo ser estimado entre 0,5% e 2% do valor da obra. O autor destaca

que, apesar deste valor ser pequeno comparado ao montante total do orçamento, o

impacto na escolha dos sistemas construtivos pode inviabilizar financeiramente uma

obra.

Em relação as respostas apresentadas pelos usuários observou-se que,

apesar da maioria não ter conhecimento da norma, as exigências em relação a

qualidade dos empreendimento se mantém alta. Foi possível ainda, observar uma

concordância em relação a pesquisa de Dias (2014) apresentada no tópico 2.1.2 deste

estudo onde o autor, aponta que os fatores mais importantes para o consumidor na

hora de escolher um imóvel para morar são: a localização, o preço do imóvel e por

último vem a qualidade da edificação.

Os usuários precisam conhecer e saber a respeito da norma e das suas

responsabilidades quanto a ela. Os principais agentes de transformação são as

informações que os engenheiros/construtoras podem passar aos usuários através de

estudos realizados nos atos de entrega dos empreendimentos.

É possível observar que, apesar do conhecimento e da rotina de contato com

a norma em estudo, os engenheiros apresentam dificuldade no que diz respeito ao

entendimento da norma e interpretação da mesma, o que ressalta a importância do

aumento de participação deste profissional em palestras e cursos de aperfeiçoamento

uma vez que, a norma se expressa de maneira clara e precisa ser entendida de

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maneira única por todos os profissionais da área de engenharia civil dada sua

importância para o sistema de qualidade de obras e projetos.

Na relação construtora-usuário, percebe-se que em sua maioria os clientes

não conhecem a Norma de desempenho e as construtoras parecem ter receio de

explorar o quesito de marketing para não despertar no usuário o aspecto investigativo.

As construtoras precisam ter mais confiança na aplicação da norma de desempenho

através do atendimento integral (em todos os requisitos) da norma de desempenho

em seus empreendimentos. O que ainda acontece é que muitas construtoras se

enquadram em apenas alguns dos requisitos e não em todos. É preciso investir na

capacitação de profissionais para que entendam profundamente o propósito da NBR

15575:2013, pois o que há hoje nas construtoras em alagoas é algo muito inicial, como

se a norma existisse há apenas três anos. A maioria das construtoras devem investir

em um núcleo especializado de profissionais que busquem enquadrar todas as ações

da construtora dentro dos padrões normativos e consequentemente investir no

marketing como um diferencial. É necessário o entendimento de que a norma de

desempenho veio para benefício de todos os agentes envolvidos.

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6 CONCLUSÃO

Este trabalho visou como objetivo compreender os impactos gerados pela NBR

15575:2013 e ressaltar a exigência de cumprimento de requisitos de desempenho dos

sistemas que integram as edificações da construção civil, abrangendo

responsabilidades de todos os setores que integram o processo de construção,

ampliando-as, não restringindo mais somente ao prazo de garantia contratual e legal,

contemplando, com isso um horizonte mais amplo que leva em deferência o período

de vida útil do projeto, inserindo no grupo de responsáveis o próprio usuário, que além

de direitos, passa a ter deveres.

Partindo desse princípio, esta pesquisa de campo fez a coleta de informações

em empresas construtoras/incorporadoras, projetistas e usuários, com o objetivo de

analisar qual foi o conhecimento por eles aprendido e aplicado diante das exigências

da referida norma.

Desta forma, levantou-se a percepção dos entrevistados sobre os principais

ganhos obtidos em produtos e processos, mostrando as dificuldades encontradas no

caminho ao atendimento às exigências de desempenho.

Com o estudo de caso, buscou-se promover a identificação de boas práticas

realizadas nas empresas incorporadoras e construtoras entrevistadas, baseada na

perspectiva dos usuários do mercado alagoano, de forma que as informações obtidas

pudessem ser adaptadas a outras empresas atuantes nesse mesmo mercado, a fim

de que suas edificações apresentem o desempenho desejado e exigido.

Diante do que foi estudado, o maior desafio para os engenheiros e construtoras

é entender e adaptar os conceitos e práticas de segurança da edificação com o

conforto dos usuários. Faz-se necessário a promoção do conhecimento acerca da

NBR 15575:2013 no meio profissional e acadêmico afim de que todos os envolvidos

estejam cientes das suas responsabilidades.

Sugere-se que em trabalhos futuros possa haver o estudo da compatibilização

da segurança quanto ao sistema de gás relacionando com o conforto acústico de

empreendimentos padrão quarto/sala e estúdios.

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REFERÊNCIAS

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