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  • Noes Morfolgicas eTaxonmicas paraIdentificao BotnicaRegina Clia Viana Martins-da-SilvaAntnio Srgio Lima da SilvaMarlia Moreira FernandesLuciano Ferreira Margalho

  • Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuriaEmbrapa Amaznia Oriental

    Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

    EmbrapaBraslia, DF

    2014

  • Embrapa Amaznia OrientalTv. Dr. Enas Pinheiro, s/n. CEP 66095-903 - Belm, PA. Caixa Postal 48. CEP 66017-970 - Belm, PA.Fone: (91) 3204-1000Fax: (91) 3276-9845www.embrapa.brwww.embrapa.br/fale-conosco/sac

    Unidade responsvel pelo contedo e pela edioEmbrapa Amaznia Oriental

    Comit Local de Publicao

    PresidenteSilvio Brienza Jnior

    Secretrio-ExecutivoMoacyr Bernardino Dias-Filho

    Membros Jos Edmar Urano de CarvalhoMrcia Mascarenhas GriseOrlando dos Santos Watrin Regina Alves RodriguesRosana Cavalcante de Oliveira

    Reviso tcnicaEly Simone Cajueiro Gurgel Museu Paraense Emlio Goeldi

    Superviso editorial e reviso de textoNarjara de Ftima Galiza da Silva Pastana

    Normalizao bibliogrfi caAndrea Liliane Pereira da Silva

    Projeto grfi co, ilustraes, capa e editorao eletrnicaVitor Trindade Lbo

    Tramento e edio de imagensVitor Trindade Lbo e Luciane Chedid Melo Borges

    1 edioOn-line (2014)Disponvel em: www.embrapa.br/amazonia-oriental/publicacoes

    Todos os direitos reservados.A reproduo no autorizada desta publicao, no todo ou em parte,

    constitui violao dos direitos autorais (Lei n 9.610).

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)Embrapa Amaznia Oriental

    Noes morfolgicas e taxonmicas para identifi cao botnica / Regina Clia Viana Martins-da-Silva ... [et al.]. Braslia, DF : Embrapa, 2014.

    111 p. : il. color.

    ISBN 978-85-7035-332-0

    1. Taxonomia vegetal. 2. Botnica. 3. Identifi cao. I. Martins-da-Silva, Regina Clia Viana. II. Srie.

    CDD 21. ed. 581.012

    Embrapa 2014

  • Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

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    Defi nio Botnica o ramo da biologia que estuda os vegetais.

    Histrico Pode-se dizer que a disciplina Botnica iniciou com o estudo das plantas medicinais, pois os primeiros registros sobre plantas esto contidos nos livros dos templos egpcios: Livro dos Mortos e Livro dos Vivos. No primeiro, h descries de plantas e suas aplicaes no embalsamamento de cadveres; no segundo, h descries e usos de plantas no combate a diversas doenas. Os gregos tambm deixaram registradas observaes bem primitivas sobre plantas. medida que o conhecimento sobre as plantas aumentava, foi havendo a necessidade de organiz-lo (GEMTCHJNICOV, 1976).

    Subdivises A Botnica divide-se em diversas subreas, como por exemplo: Sistemtica (nomenclatura, identifi cao e classifi cao dos vegetais), Fisiologia (atividades vitais), Organografi a (morfologia externa), Anatomia (morfologia interna), Palinologia (plen), Fitogeografi a (distribuio das espcies), Paleobotnica (fsseis vegetais), Gentica (estudo de DNA), Ecologia Vegetal (relao entre os vegetais, os demais seres vivos e o meio), Botnica Agrcola (atividades de plantao e cultivo), dentre outras.

    Caracterizao dos vegetaisAqui sero abordadas apenas angiospermas, que so as plantas cujo vulo fi ca encerrado no interior de um ovrio e portanto apresentam semente(s) no interior de um fruto.

    Morfologia bsica das angiospermasRaiz o rgo vegetal geralmente subterrneo que fi xa a planta ao solo (geotropismo positivo).

    OrigemOrigina-se da radcula do embrio da semente (raiz principal e razes secundrias), neste caso, tem origem dita normal.

  • Introduo botnica

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    Obs.: Existem razes que no se originam da radcula do embrio ou da raiz principal, as quais geralmente surgem do caule e formam as razes areas das plantas. Neste caso, so chamadas de razes adventcias.

    FunesFixao da planta ao solo; absoro de gua e sais minerais e armazenamento de nutrientes (amido e sais) na forma suberosa (macaxeira, cenoura, beterraba).

    ImportnciaAlimentar (mandioca, cenoura); medicinal (andiroba, copaba) e industrial (patchouli, cip-tura).

    Obs.: Algumas espcies (tapereb Spondias mombin L., Anacardiaceae e bacuri Platonia insignis Mart., Clusiaceae) possuem a capacidade de emitir gemas vegetativas a partir de razes, originando novos indivduos (reproduo assexuada). So ditas razes gemferas.

    Constituio formada por cinco regies:

    1. Coifa ou caliptra: reveste e protege o cone vegetativo da raiz, proporcionando

    proteo ao tecido meristemtico contra o atrito durante o crescimento da raiz e da

    transpirao excessiva.

    2. Zona lisa, de crescimento ou de distenso: a regio de multiplicao e

    desenvolvimento celular, responsvel pelo crescimento da raiz (regio meristemtica).

    3. Zona pilfera ou dos pelos absorventes: rea revestida de pelos absorventes

    responsveis pela absoro de gua e sais minerais.

    4. Zona suberosa ou de ramificao: local onde h o surgimento das razes secundrias

    (radicelas), promovendo a ramificao da raiz.

    5. Colo, coleto ou n vital: regio de transio entre o caule e a raiz.

    Classifi cao quanto ao habitatAs razes quanto ao habitat podem ser subterrneas (terrestres), areas ou aquticas e apresentam as mais variadas formas, como pode ser observado a seguir.

  • Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

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    Subterrneas

    Axial ou pivotante: raiz principal bem desenvolvida em relao s secundrias.

    Ramificada: raiz principal que logo se divide em razes secundrias e assim

    sucessivamente.

    Fasciculada: raiz principal que sofre atrofia, formando um feixe de razes, no sendo

    possvel distinguir uma raiz principal.

    Tuberosa: raiz dilatada pelo acmulo de reserva nutritiva, podendo ser axial tuberosa

    (cenoura, beterraba, nabo, rabanete) ou lateral (dlia, batata doce, macaxeira).

    Areas

    Estranguladoras (cinturas): geralmente de origem epfita; uma variao do tipo

    de raiz escora observada nas figueiras mata-pau (Ficus spp.). Suas razes crescem

    envolvendo o tronco do hospedeiro e formando uma rede que vai se espessando,

    podendo matar a planta hospedeira. Aps a morte, resta uma figueira totalmente

    escorada em razes. Embora sejam chamadas razes estranguladoras, o termo no

    adequado, pois as razes no estrangulam (processo ativo), mas simplesmente

    impedem o crescimento em espessura do caule da planta hospedeira (processo

    passivo). Se a hospedeira for uma palmeira, por exemplo, ambas podem conviver por

    muitos anos (Figura 1A).

    Grampiformes (aderentes): surgem em pequenos grupos nos ns e/ou nos entrens

    em caules rastejantes nos quais ao encontrar um suporte podem escal-lo como em

    Hera (Hedera helix L.). So encontradas tambm em vrias trepadeiras (Figura 1B).

    Sugadoras (Haustrios): estruturas de contato, apressrios, no interior dos quais

    surgem as razes finas, haustrios, rgos que absorvem alimentos, parasitando a

    planta hospedeira. Ex.: erva-de-passarinho Struthanthus flexicaulis (Mart. ex Schult.

    f.) Mart. (Loranthacaeae) com folhas verdes cujos haustrios penetram at o xilema

    sugando gua e sais minerais (seiva bruta) hemiparasita; cip-chumbo Cuscuta

    racemosa Mart. & Humb. (Convolvulaceae) planta completamente aclorofilada de caule

    volvel no qual os haustrios penetram at o floema absorvendo a seiva elaborada

    (produtos metabolizados na fotossntese) holoparasita.

    Suportes (escoras ou flcreas): partem do caule em direo ao solo e auxiliam na

    sustentao do caule, seja por a planta crescer em solo pantanoso ou por possuir uma

    base pequena em relao sua altura (Figuras 1C; 1D).

  • Introduo botnica

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    Respiratrias: tipo de razes que ocorrem em muitas plantas subaquticas. So

    esponjosas porque so ricas em aernquima (parnquima com grandes espaos

    intercelulares cheios de ar) e possuem orifcios chamados de pneumatdios (lenticelas)

    em toda a sua extenso. So responsveis por fornecer oxignio s regies submersas

    da planta. Caractersticas de plantas do mangue (Figura 1G).

    Pneumatforos: podem ser considerados um tipo de raiz respiratria, mas diferem

    estruturalmente por serem razes lenhosas que crescem verticalmente para fora do solo

    encharcado em que vive a planta. Ocorrem em espcies dos manguezais (Avicennia

    sp. Acanthaceae; Laguncularia sp. Combretaceae) e de pntanos (Taxodium sp.

    Cupressaceae). Nesses solos h muita competio por oxignio. Os pneumatforos so

    recobertos por lenticelas (pneumatdios).

    Sapopemas (razes tabulares): uma variao de razes suportes com ramos

    radiculares originando-se na base do caule, formando estruturas semelhantes a tbuas,

    que alm de aumentar a resistncia e a sustentao do tronco aumentam a superfcie

    para aerao (Figura 1E; 1F). Em algumas regies amaznicas, so conhecidas com

    catana (cedrorana Cedrelinga cateniformis (Ducke) Ducke, tauari Couratari spp.).

    Escoras: so razes que aparecem em certas espcies de figueiras (Ficus spp.). Elas

    descem de ramos caulinares laterais, alcanam o solo, ramificam-se e absorvem gua.

    Essas razes crescem em espessura e, com o tempo, tornam-se to espessas que passam

    a substituir o caule em sua funo, pois alm de fixarem a planta no solo e absorverem

    nutrientes, conduzem esses elementos at a copa. Quando j existem muitas razes

    desenvolvidas, o caule pode desaparecer, ficando a copa totalmente escorada em

    razes.

    Aquticas

    Ocorrem nas plantas que se desenvolvem na gua, como por exemplo vitria-rgia Victoria amazonica (Poepp.) J.C. Sowerby (Nymphaeaceae) e aguap Eichhornia azurea (Sw.) Kunth (Pontederiaceae).

  • Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

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    Figura 1. Tipos de razes: (A) razes estranguladoras (cinturas) de mata-pau Clusia sp. (Clusiaceae); (B) razes grampiformes (aderentes) de representantes de Araceae; (C) razes escoras de paxiba Socratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl. (Arecaceae); (D) razes escoras de Virola sp. (Myristicaceae); (E) sapopemas (razes tabulares) de angelim-vermelho Dinizia excelsa Ducke (Leguminosae- Mimosoideae); (F) sapopemas de paric Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby (Leguminosae- Caesalpinioideae); (G) razes respiratrias de Ludwigia sp.

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    CauleParte da planta que faz a ligao entre a raiz e as folhas, geralmente areo.

    OrigemO caule desenvolve-se a partir do epictilo (regio localizada acima do cotildone ou cotildones) no embrio da semente.

    FunesProduo e suporte de ramos, fl ores e frutos; conduo de seiva bruta e elaborada para todas as regies da planta; crescimento e propagao vegetativa; fotossintetizante ou no e reserva de alimento.

    ImportnciaAlimentar (batata inglesa Solanum tuberosum L.), industrial (imbaubo Cecropia sciadophylla Mart.), comercial (andiroba Carapa guianensis Aubl.) e medicinal (gengibre Zingiber offi cinale Roscoe).

    Constituio

    1. N: local onde nascem as folhas.

    2. Entren ou meritalo: regio localizada entre os ns.

    3. Gema terminal (apical): localizada no pice, geralmente envolta por escamas e

    primrdios foliares, produz ramos vegetativos e reprodutivos.

    4. Gema lateral (axilar): semelhante gema terminal na constituio e nas funes,

    localizada nas axilas das folhas ou lateralmente em qualquer regio do caule.

    Frequentemente encontram-se dormentes.

    Assim como as razes, os caules podem ser: areos, subterrneos (terrestres) e aquticos, e classifi cados em vrios subtipos, conforme observados a seguir.

    Classifi caoSubterrneos

    Rizoma: geralmente horizontal e formado por gemas que emitem de espao em espao brotos areos foliosos e fl orferos. constitudo ainda por ns, entrens, gemas e escamas (folhas), podendo emitir razes (Figura 2A). Ex.: espada-de-so-jorge Sansevieria trifasciata Prain (Asparagaceae); bambu Bambusa sp. (Gramineae).

    Tubrculo: dotado de gemas nas axilas de escamas ou de suas cicatrizes, serve de

  • Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

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    reserva nutritiva. Ex.: batata Solanum sp., batata-inglesa Solanum tuberosum L. (Solanaceae), etc.

    Bulbo: formado de prato (caule), gema e razes adventcias, envolto por escamas (catfi los) que geralmente acumulam reservas. Pode ser de quatro tipos:

    Bulbo slido: Ex.: falsa-tiririca Hypoxis decumbens L. (Hypoxidaceae).

    Bulbo escamoso: Ex.: lrio Lilium sp. (Liliaceae).

    Bulbo tunicado: Ex.: cebola Allium cepa L. (Amaryllidaceae).

    Bulbo composto (bulbilho): Ex.: alho Allium sativum L. (Amaryllidaceae).

    Areos

    Eretos podem ser:

    Tronco: lenhoso, ocorre em rvores e arbustos (Figura 2B-C).

    Haste: herbceo, presente em ervas e subarbustos.

    Estipe: lenhoso, mas no ramificado. Caracterstico das palmeiras (Figura 2D).

    Colmo: cilndrico, com ns e entrens bem evidentes; ocorre em gramneas, podendo

    ser oco, fistuloso, como no bambu (Figura 2E), ou cheio como na cana-de-acar.

    Escapo: no se ramifica e no apresenta folhas (afilos). Ocorre em plantas de caules

    reduzidos ou subterrneos. Ex.: rizoma basto-do-imperador Etlingera elatior

    (Jack) R.M. Sm (Zingiberaceae) e bulbo aucena-do-brejo Crinum erubescens Aiton

    (Amaryllidaceae).

    Rastejantes: paralelos ao solo, com presena ou no de razes (ditos sarmentosos com um nico ponto de fi xao. Geralmente ao encontrar um suporte sobe por ele, enrola-se ou forma gavinhas). Ex: chuchu Sechium sp. (Cucurbitaceae), jerimum Cucurbita sp. (Cucurbitaceae), melancia Citrullus lanatus (Thunb.) Matsum. & Nakai (Cucurbitaceae) (Figura 2H).

    Trepadores: necessitam de suporte e se fi xam atravs de estruturas como razes adventcias (razes grampiformes) ou gavinhas (Figura 2F-G); quando no possuem essas estruturas fi xadoras, so chamados de trepadores volveis, que se enrolam em um suporte. Ocorrem em muitas trepadeiras e cips como Ipomoea spp. (Convolvulaceae) e Serjania spp. (Sapindaceae)

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    Figura 2. Tipos de caule: (A) rizoma de bananeira Musa paradisiaca L. (Musaceae); (B) tronco lenhoso, rvore de grande porte, castanheira Bertholletia excelsa Bonpl. (Lecythidaceae); (C) tronco lenhoso, rvore de porte mdio, jambeiro Eugenia malaccensis L. (Myrtaceae); (D) estipe de aa Euterpe oleracea Mart. (Arecaceae); (E) colmo do bambu Bambusa sp. (Gramineae); (F) trepador de Araceae; (G) trepador de maracuj Passifl ora sp. (Passifl oraceae); (H) rastejante de Ipomoea asarifolia (Desr.) Roem. & Schult. (Convolvulaceae).

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    FolhaMorfologicamente uma folha completa formada por limbo (lmina), pecolo e bainha (Figura 3). Por ser o centro de formao de alimento para todo o vegetal, torna-se extremamente importante. no seu interior que, durante o processo da fotossntese, em presena da energia retirada dos raios solares e do gs carbnico retirado do ar, acontece a transformao da seiva bruta, ou seja, dos compostos inorgnicos (gua e sais minerais retirados do solo pelas razes e conduzidos pelo caule at as folhas) em seiva elaborada, ou seja, compostos orgnicos. Esses compostos orgnicos sero, atravs dos vasos, conduzidos a todas as estruturas do vegetal.

    Apresentam formas bastante diversifi cadas, as quais so utilizadas nos processos de identifi cao sistemtica dos vegetais. Por essa razo, as caractersticas morfolgicas das folhas so importantes para a identifi cao botnica, j que no campo nem sempre as plantas se encontram em estgio reprodutivo (fl ores e frutos). Sendo assim, so utilizados os caracteres vegetativos das folhas, entre os quais forma, pice, base, margem e pilosidade. Alguns tipos de pice, base e forma encontram-se na fi gura 4.

    Figura 3. Folhas de Phenakospermum guyannense (Rich.) Endl. (Strelitziaceae).

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    Figura 4. Tipos de pice: (A) pice cuspidado; (B) pice retuso; (C) pice agudo. Tipos de base: (D) oblqua; (E) cordada; (F) obtusa. Forma das folhas: (G) oblonga; (H) cordada; (I) ovalada; (J) obovada.

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    Classifi caoFolha simples: o limbo inteiro e no se divide em partes distintas.

    Folha composta: o limbo dividido em fololos (folhas pinadas) ou folilulos (folhas bipinadas), com seus respectivos pecilulos. As folhas compostas podem ser de vrios tipos conforme o nmero de fololos:

    Unifoliolada: com um nico fololo. A caracterizao feita pela observao da

    presena de pulvino e pulvnulo. Ocorre principalmente em Bauhinia sp. (Leguminosae-

    -Caesalpinioideae) (Figura 5A). Tambm muito comum em plntulas de Leguminosae-

    -Papilionoideae (Ex. Calopogonium mucunoides Desv.) e em algumas Leguminosae-

    -Caesalpinioideae, como em Hymenaea spp.

    Bifoliolada: com um par de fololos. Ex.: em alguns gneros de Leguminosae-

    -Caesalpinioideae.; juta / jatob Hymenaea spp. (Figura 5B-C).

    Trifoliolada: folha com trs fololos saindo do mesmo ponto. Ex.: lianas (Bignoniaceae,

    Leguminosae-Papilionoideae, Vitaceae, Sapindaceae) e em rvores (Verbenaceae,

    Bombacaceae, Leguminosae-Papilionoideae, Euphorbiaceae Hevea spp.), entre

    outras famlias (Figura 5D-E).

    Palmada: folha com cinco ou mais fololos saindo do mesmo ponto. Ex. Bignoniaceae

    (Tabebuia spp.) e Lamiaceae (Vitex). (Figura 5F-G).

    Pinadas: folhas com mais de trs fololos saindo de vrios pontos na raque (rquis)

    central. Podem ser de dois tipos:

    Paripinada: quando a folha termina com um par de fololos. (Figura 5H-I).

    Imparipinada: quando a folha termina com um fololo no pice da raque, ou seja,

    termina com um nmero mpar de fololos (Figura 5J).

    Folha recomposta ou bipinada: ocorre quando o fololo subdividido em folilulos

    agrupados em pinas, em que cada pina parece ser uma folha pinada (Figuras 5L e 5M).

    Ex.: ocorre principalmente em Leguminosae-Mimosoideae, com presena de glndulas

    no pecolo, na raque entre pinas e/ou entre folilulos, Parkia, Enterolobium, Mimosa,

    entre outras.

  • Introduo botnica

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    Figura 5. Folhas compostas: (A) unifoliolada de Bauhinia sp. (Leguminosae-Caesalpinioideae); (B)-(C) bifolioladas de escada-de-jaboti Bauhinia guianensis Aubl. (Leguminosae-Caesalpinioideae) e de jatob-do-lago Macrolobium bifolium (Aubl.) Pers. (Leguminosae-Cesalpinioideae), respectivamente; (D)-(E) trifolioladas de ip Tabebuia sp. (Bignoniaceae) e de piquiarana Caryocar glabrum Pers. (Caryocaraceae), respectivamente; (F)-(G) folhas palmadas de Scheffl era sp. (Araliaceae) e de Bombacaceae, respectivamente; (H)-(I) paripinadas de mogno Swietenia macrophylla King (Meliaceae) e de ing Inga edulis Mart. (Leguminosae-Mimosoideae), respectivamente; (J) imparipinada de timb Derris sp. (Leguminosae-Papilionoideae); (L)-(M) bipinada imparipinada de Cassia sp. (Leguminosae-Caesalpinioideae) e bipinada paripinada de saboeiro Abarema jupunba (Willd.) Britton & Killip (Leguminosae-Mimosoideae).

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    FilotaxiaTrata da disposio das folhas no caule. muito importante na identifi cao botnica e pode ser de vrios tipos.

    Alterna: uma folha em cada n. Pode ser dstica, quando se dispem no mesmo plano (Figura 6A), ou espiralada, quando saem em vrios planos (Figura 6B).

    Oposta: um par de folhas em cada n. Pode ser dstica, quando se dispem no mesmo plano (Figura 6C), decussada ou oposta cruzada, quando o ngulo entre cada par exatamente 90 (Figura 6D).

    Verticilada: trs ou mais folhas em cada n (Figura 6E).

    Fasciculada: trs ou mais folhas num mesmo ponto do n (Figura 6F).

    Rosulada ou em roseta: quando as folhas se encontram muito prximas, por possuir entrens muito curtos, parecendo que esto no mesmo n com aspecto de roseta (Figura 6G). Ex.: Bromeliaceae.

  • Introduo botnica

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    Figura 6. Filotaxia: (A) folhas alternas dsticas de Xylopia sp. (Annonaceae); (B) folhas alternas espiraladas de louro-prata Ocotea guianensis Aubl. (Lauraceae); (C) folhas opostas dsticas de goiabinha Myrcia fallax (Rich.) DC. (Myrtaceae); (D) folhas opostas cruzadas ou decussadas de Miconia sp. (Melastomataceae); (E) folhas verticiladas de Mandevilla sp. (Apocynaceae); (F) folhas fasciculadas de pinheiro Pinus sp. (Pinaceae); (G) folhas rosuladas ou em rosetas de Agave sp. (Asparagaceae).

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    Taxonomia ou sistemtica vegetal Defi nio Ramo da Botnica que trata da classifi cao, nomenclatura e identifi cao das plantas.

    Histrico O grego Aristteles (370 a.C.) tentou fazer o primeiro sistema de classifi cao de plantas, separando-as em rvores, arbustos e ervas. Esse sistema foi utilizado durante a maior parte da Idade Mdia, podendo-se dizer que esse foi o incio da Sistemtica Botnica. Quando os rabes ocuparam a Europa nos sculos 9 a 13, os europeus, em contato com essa nova cultura, aumentaram seus conhecimentos sobre as plantas e as colees existentes na Europa cresceram bastante, havendo necessidade de ordenar todas essas informaes. Desde essa poca, vrios sistemas foram propostos, porm o sueco Karl von Lineu (17071775) foi quem revolucionou a Sistemtica, sendo por isso reconhecido como o pai, tanto da Sistemtica Botnica quanto da Zoolgica (GEMTCHJNICOV, 1976).

    Antes de Lineu, cada planta era designada por um conjunto de nomes vernaculares (vulgares, comuns), os quais eram praticamente uma descrio, em latim, das caractersticas apresentadas, como por exemplo: Nepeta fl oribunda spicatis pedunculatis (Nepeta com fl ores dispostas em espiga, verticilada e pedunculada), a primeira palavra do polinmio designava o gnero ou grupo ao qual a planta pertencia. medida que crescia o nmero de espcies conhecidas, evidenciava-se a impraticabilidade desse sistema.

    Lineu props a nomenclatura cientfi ca, utilizando terminologias lgicas e designao binria tanto para plantas como para animais, a qual utilizada at os dias atuais, e introduziu o conceito de espcie e gnero. A nomenclatura binria, como o prprio nome defi ne, baseada em dois nomes, que devem ser grafados em itlico ou sublinhados, seguidos do autor da espcie, ou seja, o botnico que realizou a sua diagnose. O primeiro nome designa o gnero e deve comear com letra maiscula; o segundo escrito em minscula e refere-se ao epteto especfi co. Por exemplo, Carapa guianensis Aublet., em que Carapa a denominao do gnero, o qual foi escolhido por ser utilizado para designar o leo dessa espcie em tribos da Amrica do Sul (BARROSO, 1991); guianensis o epteto especfi co utilizado para caracterizar que so plantas das Guianas; Aubl. a abreviatura do nome do botnico que realizou a diagnose dessa espcie, o qual chamava-se Jean Baptiste Christophore Fuse Aublet (FERNANDES, 1996; GEMTCHJNICOV, 1976). importante considerar que a cincia passou a utilizar a nomenclatura cientfi ca criada por Lineu em substituio nomenclatura vernacular, largamente utilizada naquela poca.

  • Introduo botnica

    27

    ObjetivosSegundo Cronquist (1988), a Taxonomia refl ete a necessidade que o homem tem de entender o padro de diversidade entre os organismos e de explicar a origem de sua prpria espcie. A Taxonomia ou Sistemtica Vegetal uma rea da Botnica que visa estabelecer uma imagem completa da grande diversidade de organismos, por meio da organizao das plantas em um sistema fi logentico, considerando suas caractersticas morfolgicas internas e externas, suas relaes genticas e suas afi nidades. Compreende a identifi cao, a nomenclatura e a classifi cao (LAWRENCE, 1956; WEBERLING, 1986). A taxonomia dinmica, preocupando-se com a segurana do nome cientfi co atualizado, o qual pode ser modifi cado medida que o conhecimento avana, objetivando uma identifi cao correta das plantas.

    Classifi caoOrdenao das plantas em nveis hierrquicos, de acordo com as caractersticas apresentadas, de modo que cada nvel rena as caractersticas do superior. Por exemplo, as espcies de um determinado gnero devem apresentar as caractersticas desse gnero; os gneros de uma determinada famlia devem apresentar as caractersticas dessa famlia e assim por diante. Quando se denomina uma planta j descrita, est ocorrendo determinao ou identifi cao, enquanto, quando se procura localizar uma planta ainda no conhecida, dentro de um sistema de classifi cao, est ocorrendo classifi cao.

    Perodo I Sistemas baseados no hbito das plantas

    Theophrastus (370 a.C.) classificou os vegetais em rvores, arbustos, subarbustos

    e ervas (anuais, bianuais e perenes) e nos tipos de inflorescncias (centrpetas ou

    indefinidas e centrfugas ou definidas). Reconheceu diferenas na posio do ovrio

    das flores e nas corolas poliptalas e gamoptalas. Em sua obra Historia Plantarum,

    foram descritas cerca de 500 plantas. conhecido como o pai da Botnica.

    Albertus Magnus (11931280) utilizando a estrutura do caule separou as plantas em

    mono e dicotiledneas.

    Andrea Caesalpino (15191603) separou as plantas em rvores e ervas, subdividindo

    de acordo com os tipos de frutos e sementes, utilizando ainda outros caracteres como

    posio do ovrio, presena ou ausncia de bulbo, seiva leitosa ou aquosa e nmero

    de loci no ovrio. Classificou cerca de 1,5 mil plantas e negou a sexualidade das flores.

    Jean (Johann) Bauhin (15411631) classificou as plantas com base na textura e forma

    das folhas, deixando 5 mil plantas classificadas.

  • Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

    28

    Joseph Pitton de Tournefort (16561708) utilizou a forma da corola para propor seu

    sistema de classificao.

    Jonh Ray (16281705) o primeiro a considerar a importncia do embrio na

    sistemtica e a presena de um ou dois cotildones nas sementes. Seu sistema baseou-

    -se na forma externa das estruturas.

    Perodo II Sistemas artifi ciaisEram assim chamados porque agrupavam as plantas adotando critrios arbitrrios, considerando principalmente aspectos morfolgicos de fcil reconhecimento em todos os vegetais. Geralmente, esses sistemas eram baseados em poucos caracteres; s vezes, somente um fato frequentemente levava reunio de vrias plantas que no apresentavam parentesco em um mesmo grupo.

    Linneu (17071778) considerado pai da Sistemtica Botnica e Zoolgica. Separou as

    plantas em 24 classes, baseando-se no aparelho reprodutor, mais especificamente no

    nmero de estames e posio destes na flor. As ordens eram distintas pelo nmero de

    estiletes no ovrio.

    Perodo III Sistemas naturaisBaseados nos caracteres morfolgicos e anatmicos, surgiram no fi nal do sculo 18 e incio do 19, em consequncia do elevado volume de novas espcies e da inefi cincia dos sistemas existentes para organiz-las. Esses sistemas eram chamados de naturais porque se baseavam na morfologia, porm as plantas eram organizadas de acordo com as similaridades dos caracteres.

    Michel Adanson (17271829) descreveu txons que atualmente so equivalentes a

    ordem e famlia.

    Jean Lamarck (17441829) descreveu a flora da Frana em forma de chave para

    identificar as plantas.

    Antonine Laurent de Jussieu (17481836) classificou as plantas em acotiledneas,

    monocotilidneas e dicotiledneas, subdividindo ainda as dicotiledneas de acordo

    com as caractersticas da corola. Reconheceu 100 famlias botnicas.

    Augustin Pyrame De Candolle (17781841) separou as plantas em vasculares e

    avasculares e reconheceu 161 famlias.

    Stephan Endlicher (18041849) separou as plantas em talfitos e cormfitos.

    Descreveu 6.853 gneros.

  • Introduo botnica

    29

    Adolphe Brongniart (18621883) dividiu o reino vegetal em Phanerogamae e

    Cryptogamae.

    Bentham e Hooker (18621883) baseados no sistema de De Candolle, realizaram

    descries completas, baseadas em materiais herborizados de todas as plantas com

    sementes at ento conhecidas, a categoria utilizada atualmente corresponde ordem.

    Perodo IV Sistemas fi logenticos Baseados nas relaes genticas entre as plantas, esses sistemas surgiram a partir das teorias de evoluo e origem das espcies propostas por Wallace e Darwin, as quais vieram desmistifi car o dogma da constncia e imutabilidade das espcies at ento aceitos pelos cientistas daquela poca.

    A maioria dos sistemas fi logenticos tenta estabelecer as relaes genticas entre as plantas, classifi cando-as a partir do mais simples para o mais complexo, reconhecendo porm que h condies simples que representam redues de condies ancestrais mais complexas.

    August Eichler (18391887) primeiro sistema a aceitar a teoria evolucionista, no foi

    filogentico no sentido atual. Separou os vegetais em fanergamos e criptgamos; a

    primeira em angiospermas e gimnospermas, e a segunda em algas, fungos, brifitas e

    pteridfitas.

    Adolf Engler (18441930) baseado em Eicher, porm com adaptaes, sobretudo

    na nomenclatura. Na primeira edio de sua obra, considerou as monocotiledneas

    mais primitivas que as dicotiledneas, porm, na ltima edio, esse conceito foi

    invertido. Esse sistema teve ampla aceitao em razo da qualidade de suas descries

    e ilustraes de gneros e famlias de vrios vegetais, inclusive algas.

    Charles Bessey (18451915) discordou das teorias de Engler e baseou seu sistema

    na obra de Bentham e Hooker. Considerou as ordens como famlias e as angiospermas

    primitivas na ordem Ranales originando as mono e dicotiledneas.

    Jonh Hutchinson (18841972) estudou praticamente apenas as angiospermas. Seu

    sistema traa duas linhas de evoluo; uma das lenhosas, a partir das Magnoliales, e

    outra das plantas herbceas, a partir das Ranales.

    Armen Tahktajan (19102009) concentrou seus estudos nas angiospermas, dividindo-

    -as em duas classes: Magnoliatae e Liliatae, divididas em 11 subclasses, 20 superordens

    e 94 ordens.

  • Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

    30

    Arthur Cronquist (19191992) tambm baseou seus estudos nas angiospermas,

    diferindo em alguns pontos do sistema proposto por Tahktajan. Ao levar em

    considerao estruturas que considerava mais primitivas que outras, em relao a

    caracteres anatmicos, morfologia dos rgos reprodutores, composio qumica

    e a presena ou no de endosperma, dividiu as angiospermas em duas classes, 10

    subclasses, 74 ordens, 356 famlias e 220 mil espcies. Considerou as monocotiledneas

    derivadas das dicotiledneas atravs das Nymphaeales. Seu sistema considerado de

    maior organizao e simplicidade.

    APG (Angiosperm Phylogeny Group)

    O sistema APG de classifi cao botnica foi publicado em 1998 pelo Grupo de Filogenia de Angiospermas. Esse grupo formado por botnicos dedicados classifi cao fi logentica das angiospermas que produzem informaes e rvores fi logenticas com o objetivo de organizar as angiospermas em ordem fi logentica, de maneira mais natural e parcimoniosa possvel. um moderno sistema de taxonomia vegetal que usa a biologia molecular na sua classifi cao.

    Na primeira verso do sistema APG, publicado em 1998, os pesquisadores determinaram um monofi letismo entre as monocotiledneas e em contrapartida detectaram as dicotiledneas como grupo parafi ltico. Na base da rvore fi logentica, encontravam-se dois grupos diferentes: as Paleoervas, que so basicamente formadas por famlias herbceas, e as Magnoliideae, compostas por famlias predominantemente arbreas relacionadas com as Magnoliaceae. O restante das dicotiledneas foi denominado de eucotiledneas.

    Posteriormente, notou-se a relao entre as Paleoervas, Magnoliideae e monocotiledneas, por possurem gros de plen monossulcados, enquanto as eudicotiledneas possuam plen primariamente trissulcado.

    O sistema APG II foi publicado em 2002, sendo uma verso atualizada do sistema APG de 1998, motivada pelos avanos ocorridos nos 5 anos no conhecimento sobre a fi logenia das angiospermas. As mudanas ocorreram na circunscrio das famlias e na classifi cao, com a incluso de algumas novas ordens. Em geral, o APG II adotou uma aproximao conservadora e props mudanas no sistema APG 98 somente quando havia uma evidncia susbstancial que suportasse uma reviso da classifi cao.

    O sistema APG, atualmente, atualiza constantemente sua classifi cao e a disponibiliza em seu site ofi cial (http://www.mobot.org/MOBOT/research/APWeb/). Segundo o APG III, na rvore fi logentica, trs famlias so posicionadas como as mais basais (Aborellaceae, Nymphaeaceae e Austrobaileyaceae). As monocotiledneas permanecem no momento como um grupo monofi ltico. As

  • Introduo botnica

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    ordens prximas s Magnoliales permanecem coesas, mas como um grupo parte. As demais dicotiledneas so denominadas eudicotiledneas; nesse grande grupo, destacam-se as Rosideae e Asterideae. Neste esquema de organizao (realado pelos autores como ainda no sendo propriamente um sistema de classifi cao), muitas famlias encontram-se ainda em posio incerta e algumas famlias pequenas dispem de pouca informao.

    NomenclaturaRelaciona-se com o emprego correto do nome cientfi co das plantas regido pelo Cdigo Internacional de Nomenclatura Botnica (CINB), o qual corresponde a um conjunto de princpios, regras e recomendaes aprovados e atualizados a cada 4 anos durante os Congressos Internacionais de Botnica.

    Categorias sistemticasEspcie a unidade bsica de toda investigao taxonmica, designa-se a espcie pelo nome do gnero (comeando por maiscula), seguido de um epteto especfi co (em minscula), ambos devem ser grifados em itlico ou sublinhados, seguidos do nome do autor da planta, ou seja, do botnico que realizou a diagnose da espcie, exemplo, Carapa guianensis Aublet. A um conjunto de espcies semelhantes emprega-se a designao gnero. Os gneros semelhantes so reunidos em famlia, a qual designada pelo nome do gnero mais antigo, seguido do sufi xo aceae, exemplo, Arecaceae. As famlias semelhantes so reunidas em ordem, que recebe o nome da famlia mais antiga, acrescida do sufi xo ales, exemplo, Magnoliales.

    A seguir tm-se as categorias sistemticas organizadas em ordem decrescente de hierarquia de ordem a espcie:

    Ordem

    Subordem

    Famlia

    Subfamlia

    Tribo

    Subtribo

    Gnero

    Subgnero

    Seo

    Subseo

  • Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

    32

    Srie

    Subsrie

    Espcie

    Subespcie

    Variedade

    Subvariedade

    Forma

    Subforma

    Identifi cao Determinao de um txon como idntico ou semelhante a outro j existente, utilizando-se a comparao com material de herbrio devidamente identifi cado, chaves dicotmicas de identifi cao e literatura especfi ca. Durante o processo de identifi cao, podem ser encontrados txons novos para a cincia, os quais devem ser descritos de acordo com as normas preconizadas pelo Cdigo Internacional de Nomenclatura Botnica (CINB). O conhecimento da morfologia vegetal fundamental para o sucesso da identifi cao cientfi ca; porm, modernamente, a Taxonomia vem utilizando no apenas caractersticas morfolgicas para identifi car os txons, mas tambm se fundamenta na anatomia, palinologia, embriologia, citologia, matemtica, qumica analtica ou de produtos secundrios, enzimas e DNA nuclear, mitocondrial ou de cloroplasto (HARLOW et al., 1991; SUBRAHMANYAM, 1995).

    O xito da identifi cao taxonmica de espcimes botnicos depende, em grande parte, da maneira como as amostras so coletadas, preparadas, transportadas at o local de estudo e das anotaes realizadas no campo. As amostras botnicas coletadas e tratadas segundo determinadas tcnicas bsicas podero fazer parte do acervo dos herbrios, servindo como documentao cientfi ca dos trabalhos realizados e como referncia s identifi caes taxonmicas. Essas amostras contribuem para maximizar o nmero de plantas catalogadas no Pas, elevando o conhecimento da diversidade vegetal brasileira e promovendo, consequentemente, o uso racional dos recursos fl orestais.

    Chaves de identifi cao Para quem pretende fazer a identifi cao cientfi ca das plantas, uma ferramenta indispensvel. Podem ser: dicotmicas, quando apresentam apenas duas proposies antagnicas, ou no dicotmicas, quando apresentam mais de duas proposies. As chaves podem ser organizadas com maior ou menor abrangncia,

  • Introduo botnica

    33

    ou seja, podem incluir todos os vegetais do planeta ou apenas os vegetais de uma rea determinada. Podem ser organizadas para a identifi cao de todos os grupos taxonmicos ou apenas para um grupo. Porm, os resultados que se obtm com as chaves, ou seja, o nome do txon, deve ser checado com as amostras de herbrio e tambm na literatura especializada, pois o sucesso nas identifi caes de qualquer espcime vegetal depende muito da chave escolhida, a qual deve de preferncia ter sido construda para a rea de onde provm a planta.

  • 36

    Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

    Inventrios fl orestais, baseados em nomes vernaculares (populares) provocam muita confuso e, s vezes, at mesmo erros irreparveis; essas denominaes variam bastante de uma regio para outra e, em muitos casos, dentro de uma mesma regio, dependendo de quem as utiliza. Porm, a nomenclatura cientfi ca, expressa em linguagem universal, denomina a mesma planta, com um nico nome, em qualquer lugar do planeta, oferecendo, dessa forma, maior segurana para os usurios. Por essa razo, a nomenclatura cientfi ca permite o dilogo entre cientistas de diferentes pases e regies, promovendo acesso s informaes necessrias para o desenvolvimento da pesquisa em diversas reas do conhecimento.

    No existe padronizao entre as nomenclaturas vernacular e cientfi ca, podendo uma espcie receber diversos nomes vernaculares, bem como vrias espcies podem ser designadas por um nico nome vernacular. Essa problemtica encontra--se muito bem expressa no livro lanado pelo Laboratrio de Produtos Florestais do Ibama (CAMARGOS et al., 1996), o qual apresenta uma relao de nomes cientfi cos e vernaculares, em que se pode observar que, para um mesmo nome vernacular, h uma relao contendo mais de dez nomes cientfi cos e, para um mesmo nome cientfi co, h uma relao com diversos nomes vernaculares, sendo, dessa forma, impossvel relacionar um nome vernacular a um cientfi co. A obteno da nomenclatura cientfi ca de uma planta, a partir apenas de seu nome vernacular, um procedimento duvidoso do ponto de vista cientfi co, refl etindo o desconhecimento da metodologia cientfi ca para identifi cao das espcies. O uso apenas da nomenclatura vernacular seria um retrocesso cientfi co era anterior a Lineu, o qual faleceu em 1775, pois foi esse renomado botnico que props a nomenclatura cientfi ca binria em substituio vernacular que era utilizada na sua poca.

    A identifi cao cientfi ca correta das espcies fundamental para o desenvolvimento das cincias bsica e aplicada, bem como para garantir a integridade das transaes comerciais de madeiras e demais produtos vegetais retirados da fl oresta. Anos de trabalho cientfi co com uma planta identifi cada erroneamente podem signifi car tempo perdido e/ou causar graves consequncias tanto para a cincia bsica como para a aplicada. Por exemplo, suponha que sejam realizados vrios experimentos e observaes inerentes ao processo de crescimento, sistema reprodutivo, germinao, produo de mudas, plantio, dentre outros, de uma Leguminosae designada Parkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp. E, ao fi nal do trabalho, quando se dispe de uma quantidade de dados bastante signifi cativa, descobre-se que as plantas usadas nos experimentos no eram P. pendula, mas P. platycephala Benth., que uma espcie muito parecida morfologicamente, mas que, por serem espcies distintas, apresentam caractersticas fi siolgicas peculiares que consequentemente originam dados totalmente diferentes. Se esse erro de identifi cao no for descoberto antes da publicao, sero divulgados dados que, por falta de respaldo cientfi co na identifi cao, podero causar consequncias graves tanto no mbito cientfi co como no mbito fi nanceiro, se esses dados servirem como base para outras pesquisas com P. pendula ou forem usados por algum que pretenda produzir mudas ou realizar plantio dessa espcie.

  • Coleta para identifi cao de espcimes botnicos

    37

    A utilizao apenas da nomenclatura vernacular durante as transaes comerciais de madeira acarreta consequncias fi nanceiras graves, a exemplo do tauari, como so conhecidas vrias espcies de Lecythidaceae, no havendo consequentemente homogeneidade nas caractersticas do produto. Por se tratar de diferentes espcies, as propriedades fsicas e mecnicas, os dados tecnolgicos, a secagem, a trabalhabilidade, a durabilidade, o rendimento na serraria e o uso da madeira so diferentes, pois so peculiares a cada espcie, no fornecendo, portanto, a qualidade esperada do produto como um todo e causando, consequentemente, a queda do preo durante a comercializao.

    Essa problemtica inerente preciso da identifi cao cientfi ca torna-se ainda mais grave quando se refere s plantas medicinais, devendo-se ter certeza absoluta da denominao correta da espcie da qual esto sendo extrados os princpios ativos e que consequentemente sero indicadas para uso teraputico. Como foi comentado anteriormente, cada espcie apresenta caractersticas peculiares e, por isso, os princpios ativos de cada uma devem apresentar diferenas que podem causar efeitos diversos.

    Para a conservao das espcies, a preciso no processo de identifi cao altamente relevante para saber se est sendo explorada uma espcie rara ou em via de extino ou at mesmo que ainda no conhecida pela cincia. Durante o manejo de produtos fl orestais, h a preocupao de que sejam deixados espcimes como porta-sementes a fi m de garantir a continuidade da espcie no local onde ela est sendo explorada. Mas se, por falta de conhecimento, estiver havendo a explorao de mais de uma espcie com o mesmo nome cientfi co e algumas delas forem raras na rea, como se pode garantir que todas essas espcies no sero retiradas durante a explorao?

    Considerando os problemas mencionados anteriormente, Harlow et al. (1991) afi rmaram que os nomes vernaculares no devem ser utilizados em comunicaes cientfi cas em virtude da ausncia de preciso. Conforme Pires-OBrien e OBrien (1995), os inventrios realizados com objetivo estritamente econmico, usando apenas a nomenclatura vernacular, apresentam limitaes do ponto de vista cientfi co.

    A obteno da nomenclatura cientfi ca requer metodologia especfi ca que deve ser criteriosamente utilizada a fi m de minimizar erros. A identifi cao correta das espcies um dos pr-requisitos para o sucesso do manejo da biodiversidade de forma racional, ou seja, propiciando a continuidade das espcies. Para que haja xito na implantao de um plano de manejo de uma fl oresta, fundamental, entre outras atividades, que se conheam as espcies utilizadas no manejo, a fi m de se planejar o seu uso, de forma a garantir a sua continuidade. Segundo Marchiori (1995), nenhum profi ssional pode manejar uma fl oresta sem conhecer a identidade das rvores.

  • 38

    Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

    importante lembrar que uma fl oresta no composta apenas de rvores, mas de arbustos, ervas, lianas, epfi tas, parasitas, pteridfi tas, brifi tas, fungos, bactrias, algas, animais uni e pluricelulares, solo, clima, ar, gua, nutrientes e energia funcionando harmoniosamente; tornando-se necessrio que se conheam os processos que regem o equilbrio entre esses componentes capazes de manter esse ecossistema. No se deve esquecer que uma espcie, independentemente da sua importncia econmica atual, no pode ser considerada isoladamente, pois suas populaes dependem de vrios fatores, como, por exemplo, da presena de polinizadores e dispersores, os quais dependem de suas prprias interaes com essa e com outras espcies vegetais.

    O desenvolvimento econmico da Amaznia vem ocorrendo de maneira descontrolada e mal planejada. Nesse tipo de desenvolvimento, as leis ecolgicas so desrespeitadas, resultando num declnio rpido e irreversvel da diversidade vegetal e, consequentemente, na diminuio das opes de utilizao desses recursos naturais. Para avaliar e melhorar esse modelo de desenvolvimento catico e predatrio necessrio obter maiores informaes sobre a biodiversidade regional.

    A Amaznia, atualmente, ocupa papel de destaque na questo ambiental internacional, pois possui uma das ltimas reservas de fl oresta tropical do mundo, abrangendo aproximadamente 6 milhes de quilmetros quadrados, dos quais o Brasil possui 60%, constituindo o maior reservatrio de biodiversidade da Terra (RODRIGUES, 1993-1994), com 43.672 espcies para a fl ora brasileira (LISTA..., 2013). Assim sendo, a Amaznia tornou-se um dos assuntos mais polmicos em virtude das potencialidades que possui, sobretudo de vegetais para indstria, alimentao, agricultura, medicina e outros fi ns, podendo ser a base para explorao racional e consequente desenvolvimento do Pas. Porm, importante observar que o desenvolvimento no deve ser baseado numa economia predatria, mas em bases cientfi cas que possam garantir a disponibilidade dos recursos para geraes futuras.

    Tanto na Amaznia como em outras regies tropicais, no h outras possibilidades de identifi car a biodiversidade regional se no for a comparao com o material existente nas colees cientfi cas. Isso vlido tanto para a Botnica quanto para a Zoologia. Os prprios especialistas que podem identifi car as espcies utilizando os herbrios e as colees zoolgicas, lamentavelmente, so profi ssionais em processo de extino. Alm dos investimentos tcnico e fi nanceiro, importante estimular o interesse pela Taxonomia e Sistemtica nos cursos de graduao, mostrando a importncia dessas reas como cincia fundamental capaz de subsidiar as cincias aplicadas. Atualmente, declara-se de forma enftica e autoritria que o futuro da Amaznia ser solucionado pela utilizao dos recursos genticos da biodiversidade regional; porm, a maioria das pessoas que faz essas afi rmativas no se d conta de que os herbrios amaznicos armazenam um nmero bastante signifi cativo de amostras dos recursos genticos vegetais da regio. Esses recursos so altamente importantes no processo de planejamento de utilizao, capazes de promover a

  • Coleta para identifi cao de espcimes botnicos

    39

    identifi cao das espcies e fornecer informaes relevantes, como por exemplo, as reas de ocorrncia dessas espcies, suas caractersticas morfolgicas vegetativas e reprodutivas, bem como seus usos, transformando, dessa forma, esses herbrios em patrimnio da humanidade, uma vez que a Floresta Amaznica um dos ltimos representantes de fl oresta tropical mida, onde se abriga o maior ndice de biodiversidade do planeta. Portanto, necessrio conservar esses acervos e aument-los de forma a se obter a representatividade da magnitude da fl ora amaznica. Porm, o nmero insufi ciente de recursos humanos, principalmente de pesquisadores especializados em taxonomia, o fator limitante para essa situao, fato que difi culta tanto a conservao quanto o crescimento desses acervos, o que vem preocupando a comunidade cientfi ca, no s nacional, como internacional.

    Metodologia de coleta de angiospermasProcedimentosAnotaes de campo O primeiro passo anotar as informaes a respeito do coletor, ou seja, seu nome e nmero de coleta, a data do procedimento e o nome dos coletores adicionais, quando for o caso.

    A seguir, devem ser registradas informaes inerentes localizao da planta da qual se deseja coletar amostras: usando-se o GPS, anota-se a latitude, a longitude e a altitude. A seguir, o nome do pas, do estado, do municpio, do distrito e da localidade onde est sendo realizada a coleta; necessrio anotar, tambm, alguns pontos como referncia localizao da planta que facilitem um possvel retorno ao local. Essas anotaes devem ser tomadas de maneira que outra pessoa possa localizar a mesma planta, caso necessite observ-la posteriormente. Importantes tambm so as informaes acerca do ambiente, ou seja, tipo de solo e de vegetao predominante.

    Finalmente, devem ser anotadas as caractersticas da planta que no sero observadas aps a desidratao do material, tais como: altura e circunferncia da planta, hbito, forma da rvore, disposio dos ramos, forma do tronco, tipo de base do tronco, aspectos das sapopemas, caractersticas da casca, exsudao, colorao das fl ores e tamanho, textura e cor dos frutos, tipo de odor, denominao local e uso.

    A altura pode ser expressa com valores aproximados, utilizando a haste do podo, com comprimento conhecido, para auxiliar na mensurao. A circunferncia (ou o dimetro) deve ser tomada altura do peito (CAP ou DAP), ou seja, a 1,30 m do solo; caso haja sapopema que ultrapasse 1,30 m de altura, faz-se a mensurao logo aps esta.

  • 40

    Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

    O hbito ou forma de vida das plantas, adaptado de Ferri et al. (1981), Font Quer (1993) e Fernandes (1998), pode ser:

    rvore vegetal lenhoso com mais de 5 m de altura, apresentando tronco ramificado

    na parte superior formando a copa.

    Arbusto vegetal lenhoso de 3 m a 5 m de altura, com um pequeno tronco,

    apresentando ramificaes desde a base.

    Subarbusto vegetal lenhoso de 0,5 m a 3 m de altura, com muitas ramificaes

    herbceas ao longo de todo o caule ou formando um emaranhado originando uma

    touceira.

    Erva vegetal ereto, de pequeno porte, contendo pouco tecido lenhoso.

    Liana, cip ou trepadeira vegetal com sistema caulinar incapaz de se sustentar,

    necessitando se enrolar em um suporte ou desenvolver rgos de sustentao, como

    gavinhas e razes grampiformes, para garantir sua fixao ao suporte.

    Rastejante vegetal que se desenvolve paralelamente superfcie do solo, no qual

    se apoia.

    O caule quanto forma pode ser:

    Acanalado irregular, apresentando projees e reentrncias longitudinais, em forma

    de canais (Figura 7A).

    Abaulado irregular, convexo (Figura 7B).

    Foraminado com cavidades (Figura 7C).

    Tortuoso irregular, sinuoso (Figura 7D).

    Cilndrico alongado, reto, aparentando rolo (Figura 7E).

    Cnico base bem mais larga do que o pice, aparentando um cone.

  • Coleta para identifi cao de espcimes botnicos

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    Figura 7. Tipos de caule: (A) tronco acanalado de pitaca Swartzia polyphylla DC. (Leguminosae - Papilionoideae); (B) tronco abaulado de sumama Ceiba pentandra (L.) Gaertn. (Bombacaceae); (C) tronco foraminado; (D) tronco tortuoso; (E) tronco cilndrico com caulifl oria de Swartzia sp. (Leguminosae-Papilionoideae).

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    Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

    A base do tronco pode apresentar caractersticas peculiares, como:

    Sapopemas estreitas projees tabulares mais longas do que largas (Figuras 8A e 9B-C).

    Sapopemas largas projees tabulares mais largas do que longas (Figuras 8B e 9A).

    Sapopemas equilteras projees tabulares to largas quanto longas (Figura 8C).

    Sapopemas em arco projees curvas, formando arcos (Figuras 8D e 9D).

    Garras vrias projees em forma de dedos (Figura 8E).

    Razes flcreas vrias razes suspensas acima do solo formando um emaranhado

    (Figura 8F).

    Razes suporte razes que partem do caule em direo ao solo para sustentar a rvore

    (Figura 8G).

    Base reta sem projees ou reentrncias (Figura 8H).

    Base digitada aumento do dimetro na base (Figura 8I).

    O aspecto das sapopemas tambm importante para o processo de identifi cao, deve ser considerada, principalmente, a caracterstica do lombo (aresta):

    Reto sem salincias ou depresses (Figura 10A).

    Ondulado salincias e depresses alternadas sucessivamente (Figura 10B).

    Cncavo com depresses (Figura 10C).

    Convexo com salincias (Figura 10D).

  • Coleta para identifi cao de espcimes botnicos

    43

    Figura 8. Tipos de bases de tronco: (A) sapopema estreita; (B) sapopema larga; (C) sapopema equiltera; (D) sapopema em arco; (E) garras; (F) flcreas; (G) razes suporte; (H) base reta; (I) base digitada.

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    Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

    Figura 9. Tipos de bases: (A) sapopema larga; (B)-(C) sapopemas estreitas; (D) sapopemas em arco.

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  • Coleta para identifi cao de espcimes botnicos

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    Figura 10. Aspecto das sapopemas: (A) lombo reto; (B) lombo ondulado; (C) lombo cncavo; (D) lombo convexo.

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    Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

    A casca ou ritidoma pode apresentar-se:

    Lisa desprovida de qualquer salincia ou depresso.

    Estriada com pequenos sulcos, como riscos (Figuras 11A e 12G).

    Fissurada com sulcos profundos (Figuras 11B e 12B).

    Com lenticelas pequenas protuberncias com aberturas (Figuras 11F e 12H).

    Com espinhos ou acleos presena de elementos pontiagudos (Figura 12 D-E).

    Pulverulenta como se estivesse coberta de p, soltando-se como farinha ao atrit-la.

    Desprendendo-se como papel soltando-se em pedaos finos como pedaos de papel.

    Despendendo-se em escamas soltando-se em pedaos coriceos que se encontram

    encaixados como escamas de peixe (Figura 11E).

    Desprendendo-se em placas soltando-se em chapas ou lminas grossas (Figuras 11D

    e 12C).

    A colorao da casca um carter muito subjetivo, pois depende da avaliao pessoal do observador, da claridade e da presena de umidade, tornando-se difcil para ser descrito. Apesar desses comentrios, esse carter deve ser considerado.

  • Coleta para identifi cao de espcimes botnicos

    47

    Figura 11. Tipos de cascas: (A) casca estriada; (B) casca fi ssurada; (C) placas papirceas; (D) casca desprendendo-se em placas; (E) casca em escamas; (F) casca com lenticelas.

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    Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

    Figura 12. Tipos de casca: (A) rugosa (Lauraceae); (B) fi ssurada de castanheira Bertholletia excelsa Bonpl. (Lecythidaceae); (C) placas lenhosas irregulares; (D) com acleoes de mamita-de-porca Zanthoxylun sp. (Rutaceae); (E) com espinhos de mumbaca Astrocaryum gynacanthum Mart. (Arecaceae); (F) tronco com depresses; (G) ritidoma estriado; (H) ritidoma com lenticelas horizontais (Lauraceae).

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    Figura 13. Exsudao: (A) e (C) branca de abiu Pouteria sp. (Sapotaceae); (B) exsudao amarela de anani Symphonia globulifera L. f. (Clusiaceae); (D) exsudao resinosa de Myristicaceae.

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    O termo exsudato utilizado para designar um lquido mais ou menos fl udo ou denso, que eliminado aps pequena inciso no caule, podendo apresentar-se:

    Aquoso parece gua.

    Resinoso transparente amarelo ou creme (Figura 13D).

    Lactescente parecendo leite e opaco (Figura 13A, C).

    Cremoso com consistncia grossa, porm no pegajoso.

    Pegajoso lembra cola.

    A velocidade com que o exsudado fl ui tambm deve ser considerada. Ivanchechen (1988) considerou a seguinte classifi cao da velocidade do fl uxo:

    Rpida emerge em espao de tempo inferior a 30 segundos.

    Mediana emerge em espao de tempo de 30 segundos a 3 minutos.

    Lenta emerge em tempo superior a 3 minutos.

  • 50

    Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

    Os odores que exalam das folhas, fl ores, frutos ou das pequenas incises no caule devem ser considerados, tentando associ-los com odores bem conhecidos, como por exemplo: frutas, legumes, medicamentos, produtos qumicos, canela, feijo, cnfora, blsamo, louro, perfume, desagradvel, ftido, etc.

    A colorao das fl ores e frutos tambm deve ser anotada, pois essa caracterstica auxilia no processo de identifi cao e provavelmente ser perdida durante a desidratao. Interessante para observao desse carter seria dispor de uma carta de cores, mas no fundamental.

    A denominao local chamada de nome vernacular, nome vulgar ou nome comum, essa informao deve ser obtida por meio de consulta a mais de um morador do local.

    O uso tambm deve ser registrado.

    Coleta de material botnicoDeve-se coletar um ramo com folhas maduras, que contenha fl ores e ou frutos, com cerca de 30 cm a 40 cm de comprimento. Muitas vezes, dependendo da espcie, o ramo exceder esse tamanho, mas no h problema, pois ele poder ser dobrado ou cortado, na hora da prensagem. O importante que o ramo mostre a disposio das folhas e fl ores. No caso de pequenas ervas, estas devem ser coletadas com a raiz. Deve-se coletar de cada planta pelo menos cinco amostras, sendo uma para o herbrio onde o material ser depositado, uma para o especialista do grupo, outra para um dos grandes herbrios nacionais e as outras para serem utilizadas no intercmbio cientfi co de material botnico que ocorre entre os herbrios (BRIDSON; FORMAN, 1998; INSTITUTO DE BOTNICA, 1984).

    Caso haja interesse em anlise de DNA, devem ser coletadas uma ou vrias folhas jovens e armazenadas em saco de plstico contendo slica.

    Preparao do material botnico coletadoAps a coleta, as amostras devem ser dispostas em folhas de jornal dobradas ao meio, tentando imitar, ao mximo, a disposio da planta na natureza, sempre tendo o cuidado de estender folhas e fl ores; evidenciando a parte dorsal de algumas folhas e a ventral de outras. Essas folhas de jornal contendo a amostra devem ser intercaladas com as folhas de papelo e de alumnio corrugado, as quais devem ser dispostas sempre com as canaletas na mesma direo para facilitar a circulao do ar. O material dever ser organizado at formar uma pilha com cerca de dois palmos para, ento, ser colocado na prensa e amarrado com corda, que ir comprimir as amostras para que no se enruguem ao desidratar. Organizado dessa forma, o material estar pronto para ser desidratado e esse processo poder ser realizado ao sol ou sob qualquer outra fonte de calor temperatura de 60-70 C. Caso o processo de desidratao no se inicie em cerca de 24 horas aps a coleta, o material dever ser umedecido com lcool 95 GL ou formol a 40% (utilizado na proporo de uma

  • Coleta para identifi cao de espcimes botnicos

    51

    parte de formol para trs de gua) e colocado em sacos de plstico. Dessa forma, o material ser conservado at cerca de 2 meses para, ento, ser desidratado.

    O material necessrio para a coleta de amostras botnicas (fi gura 14), com sua respectiva utilizao, encontra-se na Tabela 1.

    De cada coleta frtil, separa-se uma amostra para ser colada em cartolina medindo 29 cm x 42 cm. Nessa mesma cartolina, cola-se, na parte inferior direita, uma etiqueta contendo todos os dados de campo. Aps esse processo, a amostra recebe um nmero de registro no herbrio e pode ser distribuda no acervo de acordo com o sistema de organizao do local. As demais duplicatas so encaminhadas a outros herbrios como parte do intercmbio cientfi co.

    Tabela 1. Material utilizado para coleta de amostras botnicas.

    Material UtilidadeCaderno, lpis ou caneta e borracha Registro de informaes inerentes a cada amostra coletada

    Fita diamtrica ou fi ta mtrica Mensurao do dimetro e/ou da circunferncia das rvores

    Podo, terado, tesoura de poda, faca, faco ou canivete

    Corte de ramos a serem coletados

    Cinto de seguranaSegurana pessoal do escalador durante a coleta em rvores e arbustos

    Peconha, escadas de alumnio ou de corda, equipamento de alpinismo e esporas

    Coleta de material botnico nas rvores, cips ou arbustos

    Jornal Acondicionamento de amostras coletadas

    Folhas de papelo (cerca de 35 cm x 28 cm)Facilita a secagem (intercalar entre as folhas de jornal que contm as amostras coletadas)

    Folhas de alumnio corrugado Facilita a circulao de ar (colocar entre as folhas de papelo)

    Prensas de madeiraFixao das pilhas formadas pelos jornais contendo os exemplares intercalados com papelo e folhas de alumnio

    Corda de sisal ou nilonAmarrao da prensa (o material botnico deve ser comprimido para que as folhas possam permanecer da maneira que foram dispostas e ao secarem no fi quem enrugadas)

    lcool 95 GL Borrifo das amostras coletadas

    lcool 70% Conservao de fl ores e frutos

    Recipientes de vidro (tipo caf solvel/maionese) Acondicionamento de fl ores e frutos em meio lquido

    GPS (Global Position System)Medio de altitude e coordenadas geogrfi cas do espcime coletado

    Binculos de longo alcance Observao da copa das rvores a fi m de localizar fl ores e frutos

    Botas Proteo do coletor contra animais peonhentos existentes na mata

    Etiquetas adesivas ou pedaos de papel vegetal Marcao das amostras colocadas nos recipientes de vidro

    Estufa eltrica ou outra fonte de calor Desidratao do material prensado

    Slica Acondicionamento do material destinado a estudos de DNA

    Sacos de plstico com fechos hermticos com aproximadamente 10 cm x 20 cm, 10 cm x 15 cm e 15 cm x 30 cm

    Acondicionamento de amostras destinadas aos estudos de DNA

    Sacos de plstico com capacidade de 40 L e 60 L Acondicionamento das amostras que sero conservadas em lcool

    Lupa conta-fi os (10x a 20x) Exame rpido de elementos fl orais e amostras de madeira

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    Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

    Figura 14. Material utilizado na coleta de amostras botnicas: (A)-(B) material utilizado na coleta; (C) podo e tesoura de poda; (D) peconha e cinto de segurana; (E) escadas de alumnio e de corda; (F) equipamento de alpinismo; (G) amostra disposta em jornal; (H) alumnio corrugado e papelo com amostras botnicas; (I) prensa com material botnico; (J) estufa; (L) exsicata; (M) armrios de herbrio.

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  • Coleta para identifi cao de espcimes botnicos

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    Preservao de vegetais e partes de plantas em meio lquido Alguns vegetais de pequeno porte e delicados que no resistem secagem, bem como partes de plantas (fl ores e frutos carnosos), devem ser fi xados em lquidos apropriados para que sejam preservadas suas estruturas morfolgicas e anatmicas. Pode ser utilizado lcool a 92.

    Coleta de amostras de madeira As amostras devem ser retiradas do tronco da rvore, a cerca de 1,30 m do solo, de preferncia com casca; no caso de rvores com sapopemas, as amostras devem ser retiradas logo acima dessas formaes. As dimenses so de 5 cm x 5 cm no sentido transversal e 10 cm no sentido longitudinal. Os dados necessrios so os mesmos descritos anteriormente no item anotaes. As amostras de madeira devem ser coletadas acompanhadas das amostras botnicas (BRIDSON; FORMAN, 1998; IBAMA, 1991).

    O material botnico e as amostras de madeira coletados na regio amaznica, segundo as tcnicas descritas, podem ser encaminhados aos herbrios e xilotecas da regio para serem identifi cados. Esse material, aps avaliao, pode fazer parte do acervo da xiloteca e do herbrio, contribuindo dessa forma para o aumento do nmero de plantas catalogadas no Pas.

    Ao chegar xiloteca, as amostras de madeira so desidratadas em estufa com circulao de ar forada, analisadas em nveis macro e microscpico, identifi cadas e registradas no acervo da xiloteca.

    Herbrio Coleo composta por amostras de plantas desidratadas, coletadas, tratadas, preparadas e conservadas segundo tcnicas especfi cas, as quais so denominadas exsicatas. um verdadeiro banco de informaes sobre a fl ora de uma regio ou do Planeta como um todo, possibilitando a anlise comparativa dos espcimes encontrados na natureza. por meio dessa anlise que se pode saber se uma planta recm-coletada j foi classifi cada, a que famlia e gnero pertence, se rara ou comum, onde e quando foi coletada, etc. Esses dados so muito importantes para analisar a vegetao de uma determinada regio, mesmo que esta se encontre totalmente destruda; bem como para fornecer informaes sobre o estado de conservao das espcies em determinada rea. Os exemplares desse acervo so utilizados, tambm, no processo de identifi cao de amostras que chegam ao herbrio.

    Existem aproximadamente 3,3 mil herbrios no mundo que se encontram registrados no Index Herbariorum (http://sweetgum.nybg.org/ih/), dos quais 110 so brasileiros. Os herbrios que detm os maiores acervos esto localizados, respectivamente, na

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    Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

    Frana (Herbrio P 8 milhes de amostras), nos Estados Unidos (NY 7,3 milhes) e na Inglaterra (Herbrio K 7 milhes de amostras).

    Segundo a Rede Brasileira de Herbrios (http://www.ufrgs.br/taxonomia/), no Brasil, h 165 herbrios que reunidos detm 6.192.604 espcimes em seus acervos; 75 desses herbrios no se encontram cadastrados no Index Herbariorum. Dos 110 herbrios brasileiros cadastrados nesse Index, 22 no constam na Rede Brasileira de Herbrios.

    Comparando-se a extenso territorial do Brasil com o nmero de coletas de plantas depositado nos herbrios do Pas, h uma mdia de 1,25 coletas/km2. As regies Sul e Sudeste encontram-se melhor representadas com mdia de 2,17 e 3,03 coletas/km2 respectivamente. Nas demais regies, a mdia no atinge uma coleta em cada quilmetro quadrado. No Centro-Oeste e no Nordeste, h 0,39 e 0,5 coletas/km2, respectivamente. A regio Norte, apesar de possuir a maior rea do Brasil, a mais pobre em termos de representatividade nas colees, possuindo apenas 0,17 coletas/km2. importante ressaltar que apenas um herbrio da Frana possui um nmero maior de exemplares do que todos os herbrios brasileiros reunidos.

    O reduzido nmero de exemplares botnicos registrados no acervo dos herbrios do Brasil deve-se falta de uma poltica de incentivo criao de novos herbrios, ao crescimento e manuteno dos existentes e valorizao das colees biolgicas de modo geral.

    Os trs maiores herbrios brasileiros, de acordo com Index Herbariorum so o R (Museu Nacional do Rio de Janeiro/UFRJ) e o RB (Jardim Botnico do Rio de Janeiro) com 550 mil exsicatas cada um e o MBM (Museu Botnico Municipal de Curitiba) com 400 mil exsicatas.

    Os trs maiores herbrios da Amaznia esto localizados nos estados do Amazonas (Inpa) e Par (IAN e MG) e juntos contam com cerca de 600 mil exemplares.

    O Herbrio Inpa parte do Instituto Nacional de Pesquisas da Amaznia/MCT, fundado em 1954, atualmente conta com a maior coleo de plantas desidratadas da Amaznia, no total de 205 mil exsicatas (Index Herbariorum) e uma coleo de tipos nomenclaturais com cerca de 1,2 mil amostras.

    O Herbrio IAN est sob a responsabilidade da Embrapa Amaznia Oriental, fundado em 1945 pelos pesquisadores Joo Mura Pires e William Archer, possui um acervo formado por 193 mil exsicatas, xiloteca com 8 mil amostras de madeira; carpoteca com 500 frutos secos, fototeca com 30 mil fotografi as de Tipos e uma coleo de tipos nomenclaturais com 3 mil exemplares.

    O Herbrio MG, a partir de 1982 denominado Joo Mura Pires, em homenagem a esse grande conhecedor da fl ora amaznica, pertence ao Museu Paraense Emlio

  • Coleta para identifi cao de espcimes botnicos

    55

    Goeldi/CNPq. Foi fundado em 1895, atualmente conta com uma coleo de cerca de 201.777 exsicatas, xiloteca com 7.814 amostras de madeira, palinoteca com 2.245 lminas de plen, histoteca com 700 lminas histolgicas de rgos vegetativos, carpoteca e coleo de fl ores com 3.128 exemplares e uma coleo de tipos nomenclaturais com 2.150 exemplares (Index Herbariorum).

    Considerando-se a estimativa de que a Floresta Amaznica abriga cerca de 60 mil a 100 mil espcies vegetais, conhece-se apenas de um tero a um quinto dessa biodiversidade. Como se pode falar em utilizao? De que maneira pode se utilizar o que no se conhece?

    H necessidade premente de serem intensifi cados os levantamentos fl orsticos e as coletas botnicas na Amaznia, para que se conheam os recursos disponveis e possam ser planejados projetos de desenvolvimento regional calcados em bases cientfi cas.

    Todas essas informaes foram armazenadas ao longo de mais de um sculo de pesquisa sobre a fl ora amaznica, constituindo dessa maneira um patrimnio cientfi co altamente relevante para a humanidade.

    Importncia e fi nalidade dos herbrios As amostras depositadas nesses acervos comprovam e fundamentam os estudos em sistemtica vegetal. A identifi cao cientfi ca o primeiro passo para o acesso s informaes inerentes a determinada espcie, propiciando o dilogo entre cientistas das diferentes reas do conhecimento e das diferentes regies do Planeta. Os herbrios so centros de identifi cao botnica que, em virtude do grande nmero de amostras armazenadas, tornam-se bancos de dados naturais que atendem s seguintes fi nalidades:

    Fornecer dados taxonomia botnica.

    Subsidiar pesquisas nas reas de Botnica, Anatomia, Ecologia, Palinologia, Recursos

    Genticos, Manejo Florestal, Fitoqumica e Etnobotnica, dentre outras.

    Documentar, cronologicamente, a vegetao de uma regio.

    Recompor as informaes sobre a flora original de uma rea atualmente em processo

    de degradao ou extinta.

    Colaborar nos estudos de coevoluo planta-animal.

    Auxiliar nas pesquisas de diversidade e endemismo, indicando reas para conservao.

    Promover o intercmbio de material botnico entre herbrios.

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    Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

    Colaborar na formao de novos botnicos, por meio de estgios oferecidos a

    estudantes.

    Subsidiar o estudo das floras e revises de txons.

    Colaborar com os cursos de ps-graduao, emprestando material botnico para

    elaborao de dissertaes e teses.

    Promover o avano cientfico, por meio da utilizao dos exemplares e das informaes

    contidas em seus acervos.

    Xiloteca Coleo de amostras de madeira desidratadas, coletadas, preparadas, armazenadas e catalogadas segundo tcnicas especfi cas. Essas colees fornecem informaes sobre as espcies madeireiras, so utilizadas para identifi car amostras que chegam ao acervo e subsidiam estudos de anatomia e caractersticas da madeira.

    A xiloteca mantm uma estreita ligao com o herbrio, complementando-o durante o processo de identifi cao das espcies vegetais. s vezes, torna-se difcil a identifi cao apenas por meio da anatomia da madeira, necessitando-se de outras informaes que podem ser obtidas nas exsicatas.

  • Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

    60

    Anacardiaceae rvores ou arbustos, com presena frequente de resina na casca. Folhas alternas, geralmente compostas e imparipinadas (Figura 15) ou simples. Pode ser confundida com a famlia Burseraceae pela presena de resina ao cortar a casca, mas difere dela por no possuir odor, enquanto Burseraceae exala cheiro forte de breu. Deve-se ter cuidado ao manusear a resina, pois geralmente causa irritaes na pele e algumas podem ser venenosas.

    Exemplos: tapereb Spondias mombin L., tatapiririca Tapirira guianensis Aubl., caju Anacardium occidentale L., manga Mangifera indica L., muiracatiara Astronium lecointei Ducke.

    Figura 15. (A) Folha composta pinada imparipinada; (B) fololo; (C) exsudao de resina de Astronium lecointei Ducke.

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    Annonaceae Arbustos, arvoretas ou rvores. Casca rgida e fi brosa, formando enviras frequentemente com cheiro apimentado quando cortada. Folhas simples, alternas, dsticas (Figura 16), com exceo de Tetrameranthus sp., com folhas espiraladas. As espcies podem ser identifi cadas por meio da morfologia dos rgos vegetativos, pela presena de forte odor exalado quando se corta caule e ramos, perceptvel com a prtica, pela presena de envira (fi bras longas e resistentes na casca), folhas

  • Caracterizao das principais famlias botnicas que ocorrem na Amaznia Brasileira

    61

    dsticas e marcas de chamas no corte transversal do tronco. Pode ser confundida com a famlia Myristicaceae, da qual difere pela ausncia de seiva vermelha.

    Exemplos: graviola Annona muricata L., araticum Annona montana Macf., biriba Rollinia mucosa (Jacq.) Baill., ata Annona squamosa L.

    Apocynaceae rvores de grande a mdio porte, arbustos, subarbustos, ervas e trepadeiras. Troncos, s vezes, fortemente fenestrados (Geissospermum spp. e Aspidosperma spp.) ou com acleos (Lacmellea aculeata (Ducke) Monach.). Folhas simples, opostas, verticiladas (Ambelania spp.) ou alternas (Aspidosperma spp. e Geissospermum spp.), geralmente possuem glndulas na base do limbo ou pecolo; estpulas ausentes ou, quando presentes, pequenas. Apresentam exsudao de ltex branco, leitoso e abundante (Figura 17), o que a diferencia das Clusiaceae, que apresentam ltex amarelo.

    Exemplos: carapanaba Aspidosperma carapanauba Pichon, pau-de-colher Lacmellea aculeata (Ducke) Monach., sorva Couma macrocarpa Barb. Rodr., sucuba Himatanthus sucuuba (Spruce ex Mll. Arg.) Woodson, pepino-do-mato Ambelania acida Aubl., araracanga Aspidosperma spruceanum Benth. ex Mll. Arg., amap-amargoso Parahancornia fasciculata (Poir.) Benoist.

    Araliaceae rvores ou arbustos, raro epfi tas ou hemiepfi tas, folhas simples ou compostas (digitadas), alternas, espiraladas, estipuladas (estpulas grandes e persistentes) ou pecolo dilatado na base, em forma de bainha (Figura 18). O gnero Dendropanax pode ser confundido com as Euphorbiaceae por possuir folhas simples e inteiras, diferenciando-se delas pela ausncia de ltex.

    Exemplo: morotot Scheffl era morototoni (Aubl.) Maguire, Steyerm. & Frodin.

  • Noes Morfolgicas e Taxonmicas para Identifi cao Botnica

    62

    Figura 16. (A) Detalhe da face adaxial de folha simples; (B)-(C) faces adaxial e abaxial das folhas simples, alternas e dsticas de Rollinia mucosa (Jacq.) Bail.; (D) face adaxial das folhas simples alternas dsticas; (E) face abaxial com fl ores na axila das folhas; (F) detalhe da fl or na axila da folha; (G) envira de envira-preta Guatteria poeppigiana Mart.

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    Figura 17. (A) Folhas simples e opostas; (B) exsudao de ltex branco de Parahancornia fasciculata (Poir.) Benoist; (C) detalhe da folha.

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    Figura 18. (A) Folhas compostas espiraladas; (B)-(C) detalhe das faces adaxial e abaxial da folha; (D) detalhe dos pecilulos longos dos fololos; (E)-(F) estpulas grandes e persistentes, com pecolo dilatatado na base, em forma de bainha de morotot Scheffl era morototoni (Aubl.) Maguire, Steyerm. & Frodin.

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    Arecaceae (Palmae) Representada pelas palmeiras, plantas monocotiledneas com caractersticas morfolgicas peculiares que permitem rapidamente sua identifi cao no campo. Apresentam razes que se originam da base do caule sem sofrer ramifi caes, so as chamadas razes fasciculadas ou adventcias. Os estipes podem ser, quanto ao modo de vida, solitrios (Mauritia fl exuosa L. f. buritizeiro) ou agrupados formando touceiras (Euterpe oleracea Mart. aaizeiro). As folhas so formadas por bainha, pecolo e limbo; o limbo pode ser simples, inteiro ou composto. As folhas compostas das palmeiras podem ser palmadas, pinadas e bipinadas (Figuras 19 e 20).

    As fl ores das palmeiras encontram-se reunidas em infl orescncias formadas pelo pednculo (eixo ou ramo basal no ramifi cado que a sustenta prendendo-se ao estipe), pela rquis (eixo central da infl orescncia que carrega os ramos laterais que sustentam as fl ores). As infl orescncias so protegidas por brcteas do tipo espata (Figura 19D). Por causa das caractersticas peculiares dessa famlia, difi cilmente pode ser confundida com as demais.

    Exemplos: aaizeiro Euterpe oleracea Mart., buritizeiro Mauritia fl exuosa L. f., bacaba-de-leque Oenocarpus distichus Mart., bacaba Oenocarpus bacaba Mart., tucum Astrocaryum sp., inaj Attalea maripa (Aubl.) Mart., maraj-do-igap Bactris campestris Poepp. ex Mart., marajzinho Bactris elegans Barb. Rodr., pupunha Bactris gasipaes Kunth, patau Oenocarpus bataua Mart., coco Cocos nucifera L., paxiba Socratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl.

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    Figura 19. (A) Folha pinada; (B) detalhe da bainha; (C) razes fasciculadas; (D) espata; (E) infl orescncia; (F) fl ores masculinas em antese e botes fl orais em trade, sendo dois masculinos e um feminino do aa (Euterpe oleracea Mart.).

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    Figura 20. Vrias espcies de palmeiras: (A) estipe de bacaba-de-leque (Oenocarpus distichus Mart.); (B) estipe com espata e infl orescncia de bacaba (Oenocarpus bacaba Mart); (C) dend (Elaeis guineensis Jacq.); (D) coco (Cocos nucifera L.); (E) bacabi (Oenocarpus minor Mart.); (F) aa (Euterpe oleracea Mart.).

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    BignoniaceaePlantas lenhosas, com predominncia de lianas, mas h espcies arbreas, semiarbustivas e escandentes (cips robustos e espcies semiarbustivas). Folhas opostas, raramente alternas, simples ou compostas, podendo ser bifolioladas com fololo terminal modifi cado em gavinha (tipo foliar geralmente encontrado nas lianas), biternadas, triternadas, digitadas, pinadas ou bipinadas (Figura 21). Indumento de vrios tipos, por exemplo, nas folhas h glndulas peltadas e tricomas (pelos) simples unicelulares ou bicelulares. Das glndulas pode ocorrer secreo de odor desagradvel, exalao de cheiro de alho, como ocorre em Mansoa alliacea (Lam.) A.H. Gentry, ou ainda cheiro de cravo [presente em Tynanthus panurensis (Bureau) Sandwith], relacionados a substncias qumicas que repelem insetos e protegem a planta.

    As lianas podem ser identifi cadas por caracteres vegetativos, por meio de cicatrizes dos ns opostos alargados deixados aps a queda das folhas, pelo fl oema arranjado em forma de cruz, da serem popularmente conhecidas com o nome de cip- -cruz, pelo fololo terminal geralmente modifi cado em gavinha simples ou trfi da, pelo formato da seco dos ramos (circular, quadrangular, hexagonal, acanalado ou alados) e pelas glndulas e cicatrizes presentes entre os pecolos e o nmero de fololos. Uma dica importante que frequentemente as lianas so arbustivas quando jovem e no escandentes.

    As glndulas podem ocorrer em quase todos os rgos e so fceis de serem identifi cadas, mas pode haver confuso com a presena de lenticelas. Podem ser encontradas em algumas espcies nos fololos, espalhadas no limbo, concentradas ao longo das nervuras ou nas axilas das nervuras laterais, nas ptalas, clice e, s vezes, na superfcie dos frutos. As glndulas interpeciolares so mais evidentes em ramos jovens, principalmente na regio apical.

    Exemplos: ip-amarelo Handroanthus serratifolius (Vahl) S.O.Grose., ip-roxo Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos., para-para Jacaranda copaia (Aubl.) D. Don, cip-dalho Mansoa alliacea (Lam.) A.H. Gentry.

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    Figura 21. (A) Folhas compostas pinadas imparipinadas opostas de Jacaranda copaia (Aubl.) D. Don; (B) detalhe da folha imparipinada; (C) folhas opostas cruzadas ou decussadas; (D) folhas compostas digitadas com faces adaxial e abaxial de ip- -amarelo Handroanthus serratifolius (Vahl) S.O.Grose., respectivamente; (E) folhas simples e verticiladas de cuieira Crescentia cujete L.

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    Figura 22. (A) Folhas alternas espiraladas; (B) tronco fi ssurado; (C) detalhe da folha simples peciolada de Cordia goeldiana Huber.

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    Boraginaceae Ervas, subarbustos, arbustos ou rvores, raramente lianas; folhas simples, alternas, opostas ou verticiladas (Cordia nodosa Lam.), sem estpulas (Figura 22).

    O gnero Cordia facilmente reconhecido por apresentar tronco frequentemente suberoso de casca fi ssurada e, s vezes, lisa. Os ramos mais prximos ao tronco encontram-se distribudos de forma verticilada e os terminais apresentam-se bifurcados terminando com uma folha no pice. Cordia nodosa Lam. apresenta domcias na base da folha. As rvores apresentam envira como em Annonaceae, porm no exalam odor forte (apimentado). Cordia goeldiana Huber pode ser reconhecida por apresentar uma substncia branca em forma de p que fi ca entre a casca morta e a viva e pode ser observada ao fazer um pequeno corte no tronco.

    Exemplos: freij-cinza Cordia goeldiana Huber, freij-branco Cordia exaltata Lam.

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    Burseraceae rvores ou arbustos, com canais resinferos percorrendo o crtex interno, medula dos pecolos e dos ramos. Folhas alternas, imparipinadas, trifolioladas ou unifolioladas, margem inteira ou serreada (Figura 23). Frequentemente, os fololos tm pulvnulo. Podem ser confundidas com outras famlias, mas possuem caracteres que auxiliam a correta identifi cao desse txon, tais como, a presena quase sempre visvel de resinas muito aromticas, de cor parecendo verniz, esbranquiadas ou incolores, alm da presena de pulvnulos e fololo terminal fl exionado. Algumas espcies ainda podem ser confundidas com txons de Anacardiaceae, que possuem resinas nos troncos e folhas compostas, mas diferem pela presena de odor forte de breu.

    Exemplos: breu Protium spp., breu-manga Tetragastris panamensis (Engl.) Kuntze.

    Caryocaraceae rvores, folhas trifolioladas, opostas (Caryocar spp.) ou alternas, estipuladas (caducas) e estipelas na insero dos fololos na face adaxial (persistentes ou caducas), opostas ou alternas, com presena de hidatdios. Apresentam ramos lenticelados, proeminentes especialmente em Caryocar villosum (Aubl.) Pers. e C. pallidum A.C. Sm. (Figura 24).

    Exemplos: piquiarana Caryocar glabrum Pers., piqui C. villosum (Aubl.) Pers.

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    Figura 23. (A) Folha imparipinada; (B) detalhe dos fololos; (C) margem inteira do fololo; (D) corte transversal do caule com presena de exsudao de resina incolor de Trattinnickia burserifolia Mart.; (E) folhas compostas alternas; (F)-(G) faces adaxial e abaxial de breu Protium sp., respectivamente.

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  • Caracterizao das principais famlias botnicas que ocorrem na Amaznia Brasileira

    73Figura 24. (A) Folha trifoliolada face adaxial; (B) folha trifoliolada face abaxial; (C)-(D) detalhe da insero dos fololos e estpulas de Cariocar villosum (Aubl.) Pers., respectivamente.

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    Cecropiaceae Todos os representantes so lenhosos, dioicos e contm seiva aquosa que escurece por oxidao. Podem formar razes escoras e interns slidos (Pourouma), mas geralmente so ocos. Suas folhas so geralmente grandes, simples e espiraladas, o limbo pode ser atado basalmente, inteiro ou lobado palmadamente, ou peltado e radialmente lobado; o pecolo frequentemente longo; as estpulas so sempre totalmente amplexicaules e unidas, sendo frequentemente grandes, e ao carem deixam cicatrizes circulares (Figura 25). comum, notadamente nas folhas, a presena de indumento aracnoide (semelhante teia de aranha). Tricomas pluricelulares marrons a purpreos tambm esto presentes sobre vrias regies da planta (comuns em Cecropia e Pourouma). A posio sistemtica da famlia Cecropiaceae depende do sistema de classifi cao adotado. Segundo Engler (1889), essa famlia faz parte de Moraceae; de acordo com Berg (1978) e aceito por Cronquist (1981), pertence famlia Cecropiaceae; no APG III, est posicionada em Urticaceae (http://www.mobot.org/MOBOT/research/APWeb/; consultado em outubro de 2011). Entretanto, para fi ns didticos, adotou-se a classifi cao de Cronquist (1981).

    Exemplos: mapatirana Pourouma guianensis Aubl., imbaubo Cecropia sciadophylla Mart., apui Coussapoa spp.

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    Figura 25. Cecropia sp.: (A) ramo com frutos imaturos; (B) folhas simples, alternas com estpulas grandes e caducas que deixam cicatrizes circulares; (C) detalhe das estpulas; (D)-(E) folhas simples com faces adaxial e abaxia