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1 Estudo sobre o mungomu (schinziophyton rautanenii). Macossa, Septembro de 2004 Bernardo Fungulane, Chinai Avelino, Lucas Jackson, Gregory Saxon LinKS project gender, biodiversity and local knowledge systems for food security Biodiversity• Gender• Knowledge February 2005 Report n° 31

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Estudo sobre o mungomu (schinziophyton rautanenii). Macossa, Septembro de 2004

Bernardo Fungulane, Chinai Avelino, Lucas Jackson, Gregory Saxon

LinKS project gender, biodiversity and local knowledge systems for food security

Biodiversity• Gender• Knowledge

February 2005

Report n° 31

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Table of Contents 1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................................................3

1.1. COLABORADORES........................................................................................................................................4 2. METODOLOGIA E ESTRATÉGIA DE PESQUISA ....................................................................................5

3. PRINCIPAIS RESULTADOS DO TRABALHO DE CAMPO .....................................................................7 3.1. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DO MUNGOMU ..............................................................................................7 3.2. CICLO ANUAL DE MUNGOMU......................................................................................................................8 3.3. IMPORTÂNCIA SÓCIO-ECONÓMICA DAS DIFERENTES PARTES DO MUNGOMU .............................................9 3.4. OUTRAS ESPÉCIES OLEAGINOSAS .............................................................................................................10 3.5. TECNOLOGIAS TRADICIONAIS DE PROCESSAMENTO DE NGOMU ...............................................................11 3.6. NGOMU E AS RELAÇÕES DO GÉNERO ........................................................................................................12 3.7. MUDANÇAS DAS FORMAS DE USO DE NGOMU NO TEMPO .........................................................................13

4. OUTRAS PLANTAS SILVESTRES..............................................................................................................14

5. EXPERIÊNCIA COM MUNGOMU NOS OUTROS PAÍSES DA REGIÃO ............................................14

6. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO ..........................................................................................................16 6.1. CONCLUSÃO ..............................................................................................................................................16 6.2. RECOMENDAÇÕES .....................................................................................................................................16

ANEXO 1: SÍNTESE DE PESQUISA EXPLORATÓRIA...................................................................................18

ANEXO 2: SÍNTESE DO SEMINÁRIO DE LANÇAMENTO DO PROJECTO DE PESQUISA DE MUNGOMO. MACOSSA, 02/07/2004.....................................................................................................................20

ANEXO 3: RESUMO DAS PRINCIPAIS CONSTATAÇÕES PRELIMINARES DA EQUIPA DE TRABALHO DE CAMPO........................................................................................................................................30

ANEXO 4: PLANTAS SILVESTRES COMESTÍVEIS DE MACOSSA............................................................35

ANEXO 5: GUIÃO DE ENTREVISTAS SEMI-ESTRUTURADAS ..................................................................36

ANEXO 6: GLOSSÁRIO.........................................................................................................................................38

ANEXO 7: SÍNTESE DO TRABALHO DE CAMPO ..........................................................................................39

ANEXO 8: FORMULÁRIO PARA CONTROLE DOS PONTOS GPS PREENCHIDO AO TIRAR O PONTO!......................................................................................................................................................................53

ANEXO 9: SCHINZIOPHYTON RAUTANENII .................................................................................................54

ANEXO 10: LOCALIZAÇÃO DO MUNGOMU NO DISTRITO DE MACOSSA ............................................55

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1. INTRODUÇÃO O estudo tem origem numa conversa informal de auscultação que o sr. Filimão, coordenador nacional do projecto FAO-LINKS, teve com o sr. Gregory Saxon, trabalhador/cooperante da Kulima em Chimoio. Filimão foi recomendado abordar o Saxon pelo Doménico Liuzzi, presidente da Kulima, como sendo uma pessoa experiente em vários aspectos do desenvolvimento rural em Moçambique. Saxon achava que um aspecto do conhecimento local em vias de desaparecer era o conhecimento das plantas comestíveis do mato moçambicano, e já tinha umas ideias formadas de como e o que investigar. Filimão convidou-lhe a entregar uma proposta, e assim se fez. A proposta original era mais abrangente em área e espécies, mais técnica, e bem mais cara. Sugeriu-se que se focalizasse numa planta e numa área mais restrita. A área ficaria Macossa por causa do interesse do projecto FAO-SAN em colaborar. Mas qual planta? Numa viagem de trabalho ida e volta de Chimoio a Macossa, Saxon se lembrou de ter visto concentrações de Mungomu na zona de Domba em Gorongosa, e verificou que a vegetação dali até Macossa-sede tinha muitas semelhanças. Uma vez confirmada a presença de Mungomu em Macossa, soube-se junto dum dos régulos que o ngomu (a noz) era ainda utilizado pela população. Assim decidiu-se pela Mungomu, e depois de limar os custos e acordar os termos de referência, o projecto foi aceite. O Mungomu (Schinziophyton rautanenii) é uma árvore da floresta miombo que é conhecido pelos povos de África austral como uma importante fonte de comida, e que fornece uma madeira leve e fácil de trabalhar. O fruto que fornece a parte comestível é conhecido em Macossa por Ngomu. O fruto tem uma polpa comestível, mas pouco utilizado em Macossa devido a seu sabor áspero. A noz que contém a semente é dura, e esta dureza limita o seu consumo. A amêndoa por dentro da noz utiliza-se como fécula para enriquecer o caril, seja de carnes, seja de hortaliças. Também se extrai da amêndoa um óleo de cozinha que também se utiliza como cosmético. A sensação que se tem ao tentar estudar as fruteiras e outras plantas nativas de Moçambique é dum profundo desconhecimento e desprezo. No tempo colonial havia um ou outro estudo sobre as fruteiras nativas (Carvalho 1968, Coffea racemosa), mas a ênfase era na extracção de madeira (Seabra 1950). Embora os Africanos tivessem as suas culturas em desenvolvimento, depois de 1492 houve uma invasão de culturas americanas que parou o desenvolvimento das culturas africanas. Os sistemas coloniais também favoreceram culturas agrícolas não-indígenas, em parte por terem pressa de resultados económicos, e em parte por desprezo das coisas africanas. O milho, das Américas, já tomou o lugar à nativa mapira como cereal principal, mas a mapira persiste em áreas de clima mais difícil (incluindo Macossa, mas mesmo em áreas mais favorecidas é o garante duma colheita), por ser perfeitamente adaptada às variações do clima das savanas africanas. É assim que foi em relação a várias outras culturas: culturas ainda por serem completamente domesticadas, foram abandonadas a favor de culturas exóticas. A nogueira em estudo é plantada por estaca em outros sítios. Em Macossa é sabido que a Mungomu pega por estaca. Com o tempo, este e outros conhecimentos poderiam ter conduzido à produção duma variedade domesticada da árvore, que seria bem adaptada ao clima da região. Porém, estes desenvolvimentos pararam há algum tempo atrás, por causa da invasão de culturas exóticas

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aliada às atitudes coloniais. As frutas, nozes, e raízes que deviam estar em vias de domesticação foram relegadas ao esquecimento senão para a sobrevivência e consumo pelas crianças. Em relação a comida, a política de assimilação do tempo colonial, onde os Moçambicanos eram encorajados a assimilar-se à cultura portuguesa, a invasão de culturas exóticas fez aumentar o desprezo pelas coisas africanas. O mais conhecido prato da culinária moçambicana, a matapa, feita toda de culturas não-indígenas, é difícil de se encontrar nos restaurantes. Quando aparece, tem sempre a mesma forma, que deve fazer parte da razão da sua rejeição pelos Moçambicanos. Dizem que é a mesma coisa que comemos em casa, o que quer dizer que os restaurantes não conseguem dar à refeição qualquer toque original, apesar de haver várias cereais e tubérculos para a massa, vários folhas para tomar o lugar das matapa (folhas de mandioca), e várias fontes de féculas no lugar do amendoim e do coco. O ngomu fornece uma destas féculas desprezadas, mas é largamente desconhecido mesmo na sede distrital de Macossa por pessoas que vieram de fora do distrito. Esta situação é longe de ser apenas caricata. Porém, o consumo pelo povo é constante, com mais utilização em algumas zonas e menos em outras. O distrito de Macossa tem sido abrangido pelo Projecto FAO-SAN (Segurança Alimentar e Nutricional) por ter sido constantemente vítima de secas e necessitando ajuda alimentar. O ngomu está a contribuir para a segurança alimentar, e por isso a FAO-SAN tinha interesse em cooperar neste estudo. Esforços para introduzir várias culturas mais tolerantes à seca não têm tido resultados encorajadores. Por isso, e porque a ajuda alimentar nunca chega a tempo, a população de Macossa mantém conhecimento e utilização de plantas do mato que garantem a sobrevivência. Assim, espera-se que o conhecimento local seja mais forte e mais desenvolvido. Foi por isso que o estudo sobre Mungomu também recolheu informações mínimas sobre outras plantas comestíveis do mato, além da Mungomu que já se mostra como importante em momentos difíceis da vida tais como secas, guerras, e outras situações. Uma continuação deste estudo podia incidir directamente em todas as plantas importantes nas crises alimentares, e em plantas com algum nível ou potencial de domesticação. Outros países da região têm desenvolvido estudos sobre várias plantas silvestres. Estes estudos incidem sobre várias classes de plantas e sobre vários produtos destas plantas. A necessidade de conhecer mais estes estudos e promover intercâmbios entre cientistas e o povo da região ficou patente durante este estudo. No fim de contas, a lição mais importante é a valorização que estes países dão aos seus recursos naturais e ao conhecimento local, um processo ainda incipiente cá em Moçambique.

1.1. Colaboradores Catarina Chidiamassamba, Projecto FAO-SAN: Ajudou com a proposta original, participou no Seminário de Apresentação do Projecto, e em geral encorajava os trabalhos. Bernardo Fungulane, Sociólogo Consultor: Guiou a planificação e execução dos trabalhos de campo, e escreveu o grosso do relatório.

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Lucas Jackson, Técnico de Entrevistas: Guiou a equipa com o seu conhecimento das pessoas e dos confins do Distrito de Macossa, fez entrevistas, e forneceu a base da equipa em Macossa-sede. Chinai Avelino, Técnico de Entrevistas: Fez entrevistas com destaque para as mulheres, e foi chave para manter relações positivas com os entrevistados por sua aproximação cultural (pedidos de Ntsana). Francisco N , Motorista de FAO-LINKS: Boa condução, boa companhia! Tim, Motorista de FAO-SAN: Bom conhecimento do Distrito, e apoio nas entrevistas. Roberto Motorista de KULIMA: Condução veloz, mas seguro, e boa companhia. Gregory Saxon, KULIMA, Coordenador do Estudo: Principal autor da proposta inicial, controlador das finanças, autor de parte do relatório e seu compilador. 2. METODOLOGIA E ESTRATÉGIA DE PESQUISA O trabalho geral de pesquisa foi realizado em cinco fases. A primeira fase consistiu na análise documental e bibliográfica cujo material foi produzido nos países vizinhos de ocorrência de Mungomu (Botswana, Zâmbia e Namíbia) e que se encontram disponível na Internet. A segunda fase de estudo consistiu na pesquisa exploratória. A equipa de pesquisa, juntamente com os representantes da FAO-SAN e Kulima, respectivamente Catarina Chidiamassamba e Gregory Saxon, realizaram uma visita de uma semana de reconhecimento ao Distrito de Macossa. O Estudo exploratório tinha os seguintes objectivos:

- Tomar o conhecimento e contacto preliminar com a realidade física, social, económica do Distrito.

- Conhecer de perto o Mungomu, enquanto espécie florestal, uma vez que até então era desconhecido por parte da maioria dos membros da equipe de pesquisa.

- Realizar o seminário de lançamento do projecto de pesquisa junto das autoridades administrativas e comunitárias do Distrito, cujo objectivo subjacente foi o de preparar e solicitar a participação das comunidades neste tipo de pesquisa.

- Recolher, em forma de chuva de ideias, informações iniciais sobre o conhecimento das populações sobre o Mungomu e outras espécies florestais comestíveis.

- Reunir elementos e fundamentos culturais para a elaboração de uma estratégia de pesquisa adequada ao objecto de estudo e à realidade sociocultural local.

A pesquisa exploratória abrangeu quase a totalidade das principais regiões administrativas e regulados do Distrito de Macossa. Os dirigentes estatais, líderes comunitários, técnicos e facilitadores de maneio comunitário, formadores e líderes de opinião nas comunidades foram as principais fontes de informação contactadas.

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Ainda na fase exploratória foi promovido um seminário de um dia que contou com a participação de 28 pessoas entre líderes comunitários, dirigentes, técnicos governamentais e facilitadores das organizações não Governamentais que operam no Distrito. Os objectivos do Seminário foram com satisfação realizadas, nomeadamente:

- Apresentar os objectivos e contexto da pesquisa às autoridades administrativas e comunitárias.

- Recolher informações e sugestões para melhor planificar o trabalho de campo. - Captar as sensibilidades dos locais sobre a importância de Mungomu no contexto da

segurança alimentar e nutricional das famílias no passado e no presente. - Solicitar a colaboração das autoridades locais durante a pesquisa de campo.

Na terceira fase do estudo foi elaborado o guião de pesquisa. Este instrumento de pesquisa foi elaborado com base nas recomendações centrais contidas nos termos de referência e com base na informação reunida durante a fase exploratória. O guião elaborado operacionaliza as preocupações dos termos de referência nas seguintes questões de orientação prática de recolha de informação fundamental:

- Conhecimento da população sobre as zonas de ocorrência de Mungomu no distrito ou nos distritos vizinhos, incluindo o conhecimento do tipo do solos onde se desenvolve esta espécie florestal bem como o seu processo de germinação e desenvolvimento inicial.

- Conhecimento que as pessoas têm na comunidade sobre o ciclo anual de Mungomu (período do ano de aparecimento das folhas, flores, frutos queda dos frutos e recolha de Ngomu por parte das populações).

- Importância conhecida das diferentes partes da planta Mungomu (raiz, tronco , folha, fruto, amêndoa ) e sua utilização.

- Identificação de outros animais que competem com o homem na utilização de Ngomu como alimento.

- Classificação e descrição das principais tecnologias locais conhecidas no processo de produção dos diferentes produtos feitos a partir do Ngomu.

- Identificação de outras espécies oleaginosas indígenas e introduzidas de outras partes do mundo e que são concorrentes do Ngomu na alimentação e nutrição do dia a dia da população.

- Verificar até que ponto o conhecimento local sobre o Mungomu varia em função do género, idade e condição sócio-económica no seio das comunidades.

- Finalmente, verificar em que medida o conhecimento e os hábitos de consumo de Ngomu mudaram nas últimas 3 a 4 décadas, e identificar as partes de mudança e as formas de transmissão de conhecimento entre gerações.

O trabalho do campo foi realizado durante a quarta fase de pesquisa. Durante 6 semanas a equipe de pesquisa permaneceu nas comunidades fazendo entrevistas qualitativas, individuais, discussões centradas nos grupos (grupos de jovens, mulheres e homens) visitas às zonas de ocorrência de Ngomu e observação participante nas demonstrações de culinária e tecnologias de processamento de produtos de Ngomu.

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O critério que determinou o assunto da amostra não foi tanto a dimensão numérica das entrevistadas, mas sim o volume do conhecimento e da cultura local, a estratificação regional, etária, sócio–económica e de género das pessoas entrevistadas. Assim, no total foram abrangidas nas entrevistas cerca de 200 indivíduos, sendo 30 jovens de ambos sexos, 85 mulheres e 115 homens. A prática mostrou que neste tipo de pesquisa a discussão em grupos produz melhores resultados que nas entrevistas individuais. Na realidade, o estudo sobre o conhecimento local é um fenómeno de sistematização da experiência cultural colectiva. Por conseguinte, as técnicas participativas e de discussão em grupo constituíram a estratégia fundamental da pesquisa de campo. Outras técnicas de recolhas de informações consistiram no mapeamento, fotografia digital, observação, experimentação e discriminação de processos. A quinta fase do estudo consistiu na análise, interpretação de dados e elaboração do relatório. Esta fase termina com apresentação dos resultados da pesquisa num seminário no distrito de Macossa cujo objectivo é o de submeter o “rascunho” do relatório à apreciação crítica das comunidades envolvidas no estudo. 3. PRINCIPAIS RESULTADOS DO TRABALHO DE CAMPO

3.1. Distribuição Geográfica do Mungomu O Mungomu, nome indígena local desta espécie florestal em estudo, existe na maior parte da extensão territorial do distrito de Macossa e parte do distrito de Gorongosa que faz limite com Macossa. Porém, as grandes manchas conhecidas e confirmadas durante o trabalho de campo localizam-se nas regiões de Nhacassoro, Mussangadze, Teque-Teque/Tropa, Nhamikuni, Malimanawa e Nhakawango (ver o mapa). Outras grandes manchas conhecidas pelas populações locais, e que não foram visitadas pela equipe de pesquisa devido às condições de acesso, enchem enormes bolsas de Mungomu nas regiões de Ndzidza II, Nguawala, Monte Danguana, Zembe, Ntsalala, Muera e Domba (estas duas no distrito de Gorongosa). Algumas manchas são de formação muito antiga e, por isso, constituídas por árvores muito velhas. Outras manchas, porém são de formação mais recente e em plena expansão territorial. Uma conclusão preliminar que se pode tirar deste fenómeno é da multiplicação de Mungomu para novas regiões do território continua dinâmico até aos nossos dias. O exemplo mais visível é a mancha em formação perto da sede do distrito de Macossa, ao longo da estrada Macossa/Estrada Nacional 1, na zona por volta da Montanha Mirione. Estas constatações precisam de ser confirmadas por técnicos florestais. Mungomu é uma espécie florestal que se desenvolve em concentradas manchas em terras altas (localmente conhecidas por Nthunda), de solos arenosos e pobres para a prática da agricultura. Outras ocorrências de formações mais dispersas de Mungomu aparecem não necessariamente em solos arenosos e terras elevadas. Segundo o conhecimento local, são os animais consumidores

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da polpa do fruto de Mungomu (elefantes, cudos, pala-pala, entre outros) responsáveis pela difusão de Ngomu para novas localidades, por meio de excremento ou regurgitação, originando a formação de novas populações de Mungomu. Existem outras grandes concentrações de Mungomu noutras regiões de Moçambique. Todavia pode-se afirmar com certa convicção que uma das maiores concentrações desta planta no país se localiza em Macossa. A multiplicação e desenvolvimento da espécie continua a processar-se de forma natural. As populações locais definem ainda Mungomu como uma planta silvestre, de modo que o processo da sua domesticação ainda não é preocupação do dia a dia das comunidades locais. Porque Mungomu é considerado ainda como uma planta silvestre, o conhecimento local sobre o processo de germinação e desenvolvimento de Mungomu é muito vago e precário. Sabe-se muito vagamente que existem duas possibilidades para a multiplicação da planta, nomeadamente:

• A germinação natural da semente em épocas de muita chuva; • Plantação de estacas e ramos de Mungomu.

3.2. Ciclo Anual de Mungomu Um quadro diferente diz respeito ao conhecimento local sobre o ciclo anual de Mungomu e doutras plantas silvestres comestíveis. As populações apresentam conhecimento relativamente sólido. Um aspecto crítico que interfere de forma negativa no conhecimento local sobre as modificações cíclicas das espécies florestais é o défice que as populações têm na contagem e no controle do tempo. O calendário normal de 12 meses não é muito conhecido, especialmente no seio das mulheres. Os entrevistados assumiam a noção do tempo em termos de estação chuvosa (maindza), fria e seca (malimo), ou em termos de tempo de sementeira, colheita e preparação de machambas para a campanha seguinte. Quanto ao Mungomu, os entrevistados disse que o seu ciclo anual compreendia os seguintes momentos:

- O aparecimento de folhas acontece entre o mês de Outubro a Novembro, dependendo da queda precoce ou tardia das chuvas.

- O florescimento dá-se entre Novembro e Dezembro. - O aparecimento dos frutos acontece entre Novembro e Dezembro. - A queda dos frutos ocorre entre Abril e Maio.

A colheita do Ngomu deveria ocorrer em princípio em Abril ou em Maio, altura em que se dá a queda dos frutos, mas devido ao receio de confrontação com animais competidores e rivais no consumo de Ngomu (elefantes e outros), e também devido às dificuldades de acesso ( capim alto), a apanha do Ngomu começa muito tardiamente. Inicia a partir de Junho, e de preferência depois do capim ser queimado. Só pode ser interrompido com a queda de chuvas e nascimento de novo capim. Em Nhacassoro, onde o hábito de consumo de Ngomu está mais enraizado, as populações fazem as primeiras colheitas de Ngomu mais cedo, em Abril/Maio, para evitar que os animais comam todo Ngomu.

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Não se conhece nenhuma praga que ataca o ngomu. Assim conserva-se com facilidade, tanto no mato como nas casa dos utentes. O ngomu é guardado em baixo dos celeiros, ou em covas na terra.

3.3. Importância Sócio-Económica das Diferentes Partes do Mungomu A raiz, as folhas e a polpa do fruto de Ngomu não são utilizadas nem como alimento, nem como medicamento, nem para fins de uma actividade social, económica ou religiosa. São tidas como partes do Mungomu sem utilidade. Umas pessoas falaram que a polpa come-se, mas é muito áspera. Isto contrasta um pouco com a experiência de Namíbia e Zâmbia, onde a polpa é muito aproveitada para o fabrico de aguardente. Somente três partes de Mungomu são utilizadas: o tronco, a casca dura externa, e a amêndoa de Ngomu. Do tronco extrai-se madeira que é utilizada especialmente para o fabrico de portas, instrumentos musicais (“varimba”, “marimba”), utensílios de cozinha (“Ndiro”, “Luko”), brinquedos, bancos, “Mukondu”. É uma madeira fácil de trabalhar com instrumentos simples e rudimentares. A casca exterior grossa de Ngomu é utilizada por curandeiros na feitura de instrumentos de “Ntsango”, para divinação. Os caçadores servem-se da casca de Ngomu como amuleto (fura-se a casca e amarra-se na cintura) para ter sorte na pesca e na caça. A casca é utilizada, finalmente, como fonte de produção de energia, como lenha. Sem dúvidas, o elemento mais importante e decisivo de Mungomu é a utilidade múltipla da amêndoa do seu fruto na alimentação e nutrição da população local. A amêndoa de Ngomu é utilizada sob cinco formas na alimentação indígena local:

a) A amêndoa é consumida crua, (forma mais difundida de consumo), especialmente entre os segmentos da população mais jovem (um consumo casual);

b) Amêndoa assada ou torrada, misturada com sal ; c) Amêndoa transformada em tempero/fécula, localmente conhecida por “Nthiro”,

(segunda forma mais difundida da utilização da amêndoa). A fécula da amêndoa do Ngomu combina-se perfeitamente com todo o tipo de vegetais, carnes ou peixe;

d) O óleo de Ngomu é utilizado na cozinha, assumindo as mesmas funções que o óleo de amendoim, girassol, gergelim ou outro tipo de óleo alimentar. O óleo de Ngomu pode ser perfeitamente utilizado pela indústria cosmética e de beleza em forma de vaselina ou óleo para tratamento de cabelo. Ainda que não seja muito popularizado, o uso de óleo de Ngomu nesse sentido já é conhecido pela população local, especialmente mulheres. Um entrevistado falou de que o alto conteúdo de óleo do ngomu era capaz de provocar enjoos ao comer demasiado (talvez por ter 58% de óleo).

e) Depois da decantação do óleo, o bagaço de Ngomu é usado para alimentação dos animais, em forma de suplemento.

Tudo indica que o potencial de utilização da amêndoa do Ngomu para diferentes fins é enorme. O que foi descrito anteriormente testemunha apenas o conhecimento actual das populações locais. Estudos no futuro poderão sugerir novas formas de utilização da amêndoa Ngomu.

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TABELA CONTEÚDO Embora o Ngomu e sua utilização sejam conhecidos muito antes da Guerra de Makombe, que constitui o tempo de referência histórica muito importante das comunidades da região, o certo é que as populações não fazem nenhuma associação entre Ngomu enquanto conhecimento e a questão de segurança alimentar e nutricional. Por outras palavras, as pessoas comem normalmente a amêndoa de Ngomu sob suas diferentes formas, mas não conhecem o seu valor nutricional e alimentar. Tal como Ngomu, não existe o conhecimento do valor nutricional das diferentes espécies dos frutos, tubérculos e vegetais selvagens conhecidas e utilizadas principalmente em circunstâncias de crise alimentar.

3.4. Outras Espécies Oleaginosas Além de Mungomu são conhecidas outras espécies indígenas oleaginosas igualmente utilizadas na alimentação, a saber, Nfula, Maula, Nthenguene e Ndjale. As amêndoas destas plantas têm a mesma função alimentar que a do Ngomu ou amendoim. Porém, a amêndoa daquelas plantas contém pouca concentração de óleo em comparação ao Ngomu. Para além da sua função alimentar, a amêndoa de Nthenguene é também utilizada nos ritos de iniciação feminina, mais especialmente no desenvolvimento dos órgãos genitais da mulher. Culturas oleaginosas introduzidas em Macossa incluem o amendoim, gergelim e girassol. O amendoim é a cultura oleaginosa de introdução mais antiga e as restantes são de introdução mais recente. Óleos industriais dalgumas destas espécies estão disponíveis nas bancas informais espalhadas por todo o lado. Também se encontra à venda o óleo de gergelim e girassol produzido em prensas locais. Segundo a opinião generalizada dos entrevistados, a introdução de culturas oleaginosas convencionais e de óleos industriais não ameaça a preservação e consumo do Ngomu. O tempero e óleo de Ngomu têm particularidades especiais que os produtos concorrentes não possuem. Os pratos de Ngomu são característicos e especialmente saborosos que nenhuma das oleaginosas competidoras pode suplantar. Mais importante ainda são os hábitos culturais enraizados de consumo de Ngomu que dificilmente poderão ser abandonados. A população de Macossa tem uma terceira fonte de obtenção de fécula ou óleo alimentar com a função semelhante à do Ngomu ou amendoim. Trata-se do uso das sementes de abóbora, pepino e melancia que são culturas produzidas pela maioria das famílias e cujo consumo está largamente difundido.

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3.5. Tecnologias Tradicionais de Processamento de Ngomu As populações não só conhecem a utilização do Ngomu na sua alimentação, como também desenvolveram um conjunto de tecnologias de processamento da amêndoa do Ngomu, segundo o produto final desejado. O domínio das tecnologias não está ainda uniformizado e padronizado em todas as regiões do distrito. O uso das tecnologias de processamento varia de região para região. Na área de Nhacassoro e nas áreas vizinhas de Gorongosa deu-se uma evolução fundamental no melhoramento das tecnologias em comparação com as restantes regiões, nas últimas décadas, por razões que precisam de ser esclarecidas. Enquanto nas restantes regiões a trituração continua a ser feita utilizando como instrumentos o machado e pau, cuja produtividade se situa em níveis muito baixo, na região de Nhacassoro, os consumidores de Ngomu utilizam duas pedras, uma grande e outra pequena para trituração, (veja figura) traduzindo-se numa maior produtividade. Em síntese, são conhecidas três formas de trituração para a obtenção de amêndoa de Ngomu:

- Uso de machado e pau como instrumentos é um processo muito moroso, além de existir grande risco de se ferir, mais os baixos resultados por unidade de tempo. Em contrapartida, tem a vantagem de extracção de algumas amêndoas não partidas.

- Uso de duas pedras ( uma grande e outra pequena). É um processo mais rápido e produz altos resultados por unidade de tempo. Tem a desvantagem de que a amêndoa parte-se com frequência minimizando a qualidade do produto, e há mistura do endocarpo com a amêndoa. Este sistema utiliza-se principalmente em Nhacassoro.

- Queima da casca de Ngomu numa fogueira para facilitar a retirada da amêndoa. É um processo mais conhecido na região de Nhacassoro.

Uma vez extraída a amêndoa por um dos processos de trituração acima descritos, a mesma pode ser utilizada para várias finalidades, segundo as intenções de cada utilizador, conforme descrito atrás. Além de ser consumida no seu estado cru ou assada, a amêndoa pode sofrer a farinação para obtenção da fécula ou extracção de óleo. Os processos tecnológicos envolvidos são os seguintes: 1. Farinação a) Quebra-se a casca grossa usando um dos três instrumentos/métodos descritos no ponto 5.1; b) Retira-se a amêndoa usando um instrumento pontiagudo; c) Nuns casos, retira-se a casca fina da amêndoa com uma faca e em outro casos não (

Nhacassoro); d) Torra-se a amêndoa ( em algumas zonas não); e) Tritura-se no pilão ( pilar ); f) Retira-se do pilão e mistura-se com água no recipiente, mexe-se até formar um puré; g) Coloca-se na panela contendo verduras ou carne já a cozer e deixa-se a ferver durante mais

ou menos 30 minutos;

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2. Extracção de Óleo

1º Processo

a) Quebra-se a casca grossa usando um dos três instrumentos / métodos descritos no ponto anterior;

b) Retira-se a amêndoa usando-se um instrumento pontiagudo; c) Tritura-se no pilão. Enquanto se pila, põe-se a ferver um “Chicalango” de água ao lume; d) Retira-se a massa do pilão e coloca-se na água já a ferver; e) Deixa-se ferver até a evaporação total da água; f) Retira-se do lume e deixa-se arrefecer; g) Decanta-se para um recipiente, separando o óleo e a casca fina e bagaço, ou retira-se o óleo

com a ajuda dum “likombe”.

2º Processo: O processo inicia-se do mesmo modo como o primeiro, mas ao pilar a amêndoa, vai se introduzindo pouco a pouco a água fervida no pilão. Logo haverá formação do óleo que posteriormente é retirado com ajuda dum “likombe”, uma colher normal, ou uma pena de galinha. A evolução de tecnologia de processamento nas três décadas foi muito lenta e nalgumas regiões houve total estagnação. Somente na região de Nhacassoro verificou-se uma relativa inovação tecnológica de trituração de Ngomu, bem como no processamento da amêndoa e do óleo. Passou-se do uso de machado e pau para partir a casca de Ngomu utilizando duas pedras, o que veio a traduzir-se numa maior produtividade. O isolamento das comunidades, que é característico do assentamento das populações, a fraca mobilidade territorial e as dificuldades das vias de acesso constituem, em parte, constrangimento que inibem a inovação e difusão tecnológica. É assim que se pode explicar que avanços ocorridos em certas áreas sejam desconhecidas noutras áreas; que as comunidades de Nhampalapala e Ndzindza desconhecem ainda o processo de farinação e extracção do óleo de Ngomu. A fraca circulação e troca de informação entre as comunidades de diferentes áreas geográficas reduz a partilha de experiências e a difusão do conhecimento local.

3.6. Ngomu e as Relações do Género Homens e mulheres relacionam-se de forma diferente e específica com a questão em estudo. Verifica-se que os homens têm conhecimentos mais amplos em aspectos relacionados com aspectos biológicos/vegetativos, de localização de manchas e utilização das diferentes partes da planta enquanto espécie. Por outras palavras, os homens possuem um conhecimento generalista e holístico. As mulheres, por outro lado, detém um conhecimento mais focalizado e profundo

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associado ao aspecto alimentar, à culinária e à tecnologia de processamento da amêndoa do Ngomu. São as mulheres que melhor descrevem o processo de preparação da amêndoa, farinação e extracção de óleo. De outra maneira não podia ser porque são as mulheres que fazem todo o trabalho de trituração, processamento e preparação de alimentos. A centralidade da mulher em toda a cultura de consumo de Ngomu faz dela o agente principal de preservação e transmissão de cultura de Ngomu às novas gerações. É certo que os homens também participam da recolha de Ngomu, tal como o fazem as crianças, mas o actor principal de toda actividade são as mulheres.

3.7. Mudanças das Formas de Uso de Ngomu no Tempo As pessoas entrevistadas não sabem indicar a data ou época em que o Ngomu foi introduzido na alimentação da população. Sabe-se apenas que muito antes da guerra de Makombe, que se pensa ter se arrastado até 1917, o Ngomu já era conhecido como alimento. Consumia-se basicamente a amêndoa crua, tal como continua a ser ainda hoje nalgumas áreas de Macossa, por exemplo em Nhampalapala e Ndzindza. A transformação de amêndoa de Ngomu em fécula / tempero e a extracção do óleo são desenvolvimentos muito recentes, ocorridos há 30 anos, na altura da descolonização portuguesa em Moçambique. Tudo indica que estas transformações iniciaram-se em Nhacassoro / Gorongosa. A partir daqui, por difusão elas foram espalhadas para outras regiões. Hoje existem formas diversificadas do consumo da amêndoa do Ngomu, mas é principalmente o uso do óleo e fécula que marcam a mudança fundamental em relação ao passado. Nalguns sectores da população, nomeadamente, os sectores vítimas de assimilação portuguesa e cultura estrangeira, e sectores da nova geração, existe uma certa hostilidade ao consumo de Ngomu. Porém, este facto não constitui uma ameaça à preservação da cultura de Ngomu. Nem constitui factor de ameaça a introdução de produtos industriais ou a promoção de outras plantas oleaginosas. Factor de ameaça representa a estagnação tecnológica que pode relegar a cultura de Ngomu para o plano de esquecimento. De facto o principal constrangimento constatado durante a pesquisa foi a dificuldade que as mulheres enfrentam na quebra ou trituração da casca de Ngomu. Muitas famílias desistem de usar o Ngomu devido às dificuldades de trituração da casca (ver ponto 3.5). A equipa assistiu umas quatro ou cinco vezes a demonstrações da abertura da casca, e duas vezes o demonstrador feriu-se na mão. A par do constrangimento tecnológico, o outro factor que ameaça a preservação da cultura do Ngomu são as consequências provocadas pelas migrações da população durante a guerra civil. As populações de territórios da cultura de Ngomu foram forçadas a deslocarem-se para regiões e províncias distantes. E em movimento oposto, populações vindas de outras regiões, sem conhecimento de Ngomu, fixaram-se em Macossa. Estas populações revelaram um total desconhecimento e uma falta de predisposição para

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assimilar a cultura alimentar local, considerando o Mungomu como uma planta silvestre e sem importância. Um terceiro factor que desencoraja a procura do Ngomu e que pode ameaçar a sua preservação é, na maioria dos casos, as longas distâncias que as populações percorrem para alcançar as manchas de Mungomu. Normalmente as concentrações de Mungomu localizam-se em terras altas e pobres enquanto que as populações fixam-se nas terras baixas com condições para prática da agricultura. Em geral, o conhecimento de Mungomu ainda está profundamente vivo. O que está a enfraquecer é a cultura do consumo pelas razões acima mencionadas. 4. OUTRAS PLANTAS SILVESTRES As entrevistas sobre Mungomu foram aproveitadas para perguntar também sobre outras plantas silvestres com utilização alimentar. As pessoas entrevistadas deram várias nomes de muitas plantas, dependendo das plantas que havia na sua zona, que sabia utilizar, e que se lembrava no momento da entrevista. Estes nomes estão alistados no Anexo 4. Inclui frutos, raízes, folhas, e sementes. Há um grupo de raízes que todas as pessoas entrevistadas mencionaram ou conheciam bem quando perguntadas sobre eles. São raízes que o povo aproveita fortemente em tempos de crise alimentar, e que em grupo parecem ser um dos baluartes da sobrevivência na savana da África Austral. Mungomu é também aproveitado mais em tempos de escassez alimentar, mas não fornece comida considerada de base, ou seja não tem conteúdo alto de amidos. Algumas destas raízes são de difícil preparação e são perigosas para os incautos. Um tipo de raiz (ndia) leva cinco dias de fervuras e mudanças de água para estar própri para consumo, e quem tenha pressa pode ser envenenado e morrer. Os nomes incluem xicalanherere, munhanha, munhendza, nhamufu, ndia, gulambadza. Os primeiros três vêm de árvores ou arbustos, enquanto os últimos dois vêm de ervas ou trepadeiras. Gulambadza tem algumas particularidades interessantes. Segundo informação do Régulo Teque-Teque, esta planta era cultivada há anos atrás, come-se sem preparação especial, e tem uma polpa avermelhada (talvez com bons conteúdos de vitamina A?). Esta e outras plantas podem ser candidatos a domesticação ou semi-domesticação rumo a segurança alimentar através de recursos locais. 5. EXPERIÊNCIA COM MUNGOMU NOS OUTROS PAÍSES DA

REGIÃO No início das investigações sobre Mungomu, alguma pesquisa documental foi feito para saber da experiência de outros países da região com Mungomu e Ngomu. Estas pesquisas foram feitos na Internet e alguns e-mails foram mandados a Zâmbia e Namíbia. As páginas do Internet foram salvas e estão todas num ficheiro anexo nas cópias digitais deste relatório. Tivemos acesso a uma cópia dum relatório duma conferência sobre Mungomu que tomou lugar na Zâmbia. O

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relatório refere-se a tentativas de comercializar óleo de Ngomu, além de brevemente descrever prensas e dar detalhes duma máquina de descasque do ngomu. As páginas Internet dão informações sobre tentativas de comercializar o óleo para a indústria de cosméticas, comparam o óleo de Ngomu a outros óleos concorrentes, e dão informações básicas sobre a biologia do Mungomu. Respostas aos e-mails mandados já foram recebidas, e com promessas de mais informações quando estiverem disponíveis. Algumas das informações recebidas podem ajudar guiar esforços posteriores. Por exemplo, uma resposta via e-mail menciona uma versão melhorado do machado para rachar o ngomu, sendo este essencialmente a lâmina dum machado fixado a uma base mais segura, que permite um rendimento de 500 gramas de amêndoa por hora. As possibilidades de comercialização do óleo ou das amêndoas recebeu um tratamento cauteloso, sendo que há muitas perguntas por serem respondidas, sobre as qualidades do óleo, e os níveis de procura possíveis. Também existem algumas dúvidas com relação à máquina de rachar feita na Zâmbia. Ela não funciona bem com alguns tamanhos dos mangomu, e neste momento, não há mercado que a justifica.

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6. Conclusão e Recomendação

6.1. Conclusão Em Macossa existem e foram confirmadas enormes concentrações de Mungomu. Algumas manchas prolongam-se até aos distritos vizinhos de Gorongosa e Maríngue. O conhecimento geral que as populações têm sobre o Mungomu é enorme. Homens, mulheres e crianças, mesmo entre os novos imigrantes, têm o conhecimento vivo sobre o Mungomu. É certo que o nível de conhecimento varia segundo a idade, o sexo e estatuto social da pessoa. A mulher é a principal depositária deste conhecimento. Se o conhecimento do Mungomu é um fenómeno generalizado na comunidade, o mesmo não se pode dizer em relação ao consumo da sua amêndoa. Verifica-se em geral uma tendência de utilização de Ngomu na alimentação das populações. As migrações populacionais, os constrangimentos tecnológicos, as dificuldades de acesso são os principais factores que explicam o declínio do consumo de Ngomu. Também concorrem para este facto a invasão de óleos industrias concorrentes e uma atitude incutida na educação formal portuguesa, ainda presente nos nossos dias, de desprezo em relação à cultura e recursos naturais locais. Ao consumirem o Ngomu e outros recursos florestais existentes, as populações não associam esse facto à questão nutricional. Existe uma profunda ignorância em matéria de educação nutricional e esta situação de ignorância não facilita a mudança de atitude e de comportamento das populações no uso e aproveitamento dos recursos naturais existentes. Ainda é cedo estabelecer uma relação (porque não existe informação suficiente) entre o consumo de Ngomu e nutrição/ desnutrição ou entre o consumo do Ngomu e a prevalência de HIV/SIDA. Não existem dados que nos possam fazer concluir que as zonas de maior consumo de Ngomu sofrem menor subnutrição ou a prevalência de HIV/SIDA ou vice-versa. Nos momentos de crise alimentar as populações não assumem o Ngomu como alimento base. As plantas mais consumidas são Ndia, Munyanya, Munyenza, Galumbadza, e Xikalanyerere cujos tubérculos possuem grandes concentrações de amidos para substituírem os cereais.

6.2. Recomendações Considerando os resultados e conclusões apresentadas, os objectivos estratégicos contidos nos termos de referência que determinaram a realização do presente estudo, e a visão da FAO na implementação da estratégia de segurança alimentar e nutricional em Macossa, e baseada no uso e aproveitamento do enorme potencial de recursos naturais existentes, recomendam-se as seguintes medidas a serem integradas no plano de acção:

a) Divulgação e valorização do Mungomu e outros recursos através de demonstração culinária nas comunidades que ainda desconhecem a sua utilização; e através da introdução nos currículos escolares locais, bem como através de exposições nas feiras de gastronomia;

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b) Melhoria de tecnologia de processamento, lançando concursos nas escolas técnicas e empresa metalúrgicas com o objectivo de se inventar um instrumento para a trituração da casca e uma prensa para extracção do óleo do Ngomu. Um esforço idêntico pode ser dirigido aos ferreiros locais, ao mesmo tempo que se estudam as possibilidades de importação de tecnologia já desenvolvida em outros países da SADC;

c) No âmbito da segurança alimentar e nutricional sugere-se a divulgação do Ngomu não só na sua componente cultural, mas fundamentalmente o seu valor alimentar e nutricional, devendo para isso serem produzidos manuais, panfletos, posteres, para guiar a actividade dos facilitadores comunitários e educadores nutricionais;

d) Aumento de rendimento das famílias através da comercialização, a médio e longo prazo, de produtos derivados do Ngomu, e identificação de mercados;

e) Promoção de pequenos projectos pilotos que poderão servir de exemplo de aproveitamento, racionalização, industrialização e mercantilização dos produtos do Ngomu. Estes pequenos projectos poderiam ser instalados numa primeira fase em Nhacassoro, Mussangadze e no centro de treinamento comunitário da FAO;

f) Criação de um movimento social pro-Ngomu no distrito e na cidade de Chimoio, através da formação de associações e grupos de interesses nas comunidades e na capital provincial;

g) Realização de mais estudos para a identificação e conhecimento de mais espécies florestais conhecidas localmente, especialmente as plantas que foram frequentemente mencionadas nas entrevistas.

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Anexo 1: Síntese de Pesquisa exploratória

1. A equipa de pesquisa, juntamente com os coordenadores do projecto (Sr. Gregory Saxon

e representando a Kulima, e Sra. Catarina Chidiamassamba, representando a FAO), realizaram uma visita de reconhecimento ao distrito de Macossa, no período compreendido entre os 29 de Junho a 3 de Julho. A visita tinha como objectivos:

- Tomar conhecimento e contacto preliminar da realidade do distrito na sua dimensão física, económica e sociológica;

- conhecer de perto o Mungomo, que até então era desconhecida por parte da maioria dos elementos que integram a equipe de pesquisa;

- promover e realizar o seminário de lançamento do projecto junto das autoridades administrativas e comunitárias;

- recolher informações e opiniões iniciais sobre a importância do Mungomo na vida das comunidades;

- reunir elementos e fundamentos facilitadores culturais para a elaboração de uma estratégia de pesquisa adequada ao objecto de estudo e à realidade local.

2. As regiões (ou regulados) visitados foram Nhacassoro, Teque-Teque(29.06.04),

Mussangadze, Dunda e Catique Nzaia(30.06.04) e a localidade de Sede(01.07.04). 3. Durante as visitas constatámos que todos os líderes comunitários e outras pessoas

contactadas, incluindo crianças, conheciam Mungomo e já tinham comido a amêndoa de Ngomo. A nível da sede distrital, especialmente no seio dos funcionários administrativos existe pouco conhecimento de Mungomo. Na região de Duna o Mungomo é também pouco conhecido pois o tipo de solo não favorece o seu desenvolvimento. As raízes e folhas são as únicas partes de Mungomo que não se aproveitam. Do tronco extrai-se madeira para a feitura de vários objectos: portas, assentos, instrumentos musicais (mbila, marimba, varimba). O fruto é comestível, mas o seu consumo não é generalizado. A amêndoa de Ngomo é a parte de Mungomo mais utilizada como alimento. As cascas de Ngomo são utilizadas são utilizadas como Ngacata (chibárue), Tsango(sena) pelos curandeiros.

4. Constatamos existir por lado a lado a introdução de culturas oleaginosas concorrentes ao Mungomo, nomeadamente o amendoim , gergelim, girassol e mesmo o algodão. Além disso, são conhecidas plantas oleaginosas indígenas que competem com Mungomo na cultura alimentar das comunidades. Para o processamento de óleo alimentar a partir de algumas destas culturas certas famílias possuem prensas de óleo, enquanto que a tecnologia de processamento de óleo de Ngomo continua primitiva e morosa.

5. Além do homem existem outras espécies animais que utilizam Mungomo, ou melhor o Ngomo, como alimento. Estas animais incluem: elefantes, cudos, sindi, porco do mato e porco espinho.

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6. Além de Mungomo são conhecidas outras plantas indígenas igualmente importantes na alimentação das populações em diferente épocas do ano. Plantas como Matondo, Nfula, Bwemba, Ntheme, entre outras foram constantemente mencionadas.

7. Actualmente verifica-se um certo declínio na utilização de Ngomo em comparação com

os tempos passados.

8. As pessoas contactadas durante a visita exploratória ficaram muito admiradas pelo ponto de Mungomo constituir motivo de interesse da pesquisa. Nunca tinham imaginado e avaliado a grande importância de Mungomo no âmbito da sua segurança alimentar e nutricional, e muito menos a importância futura como fonte de geração de rendimentos das famílias.

9. Durante a visita exploratória o foco de interesse foi contactar informantes-chaves, de

ampla influência social e cultural no seio das comunidades: assim, foram os informantes-chaves os seguintes indivíduos:

a) Nhacassoro: - Stefan Braund - Informante influente da zona - Romão - professor da escola local

b) Teque-Teque - Teque-Teque Martinho- Sapanda - Duas esposas do sapanda

c) Macossa – sede - Fernando Cândido Bernardo- Administrador - Filipe Luís Buedo - Téc. Agricultura - Jossefa Geremias - Téc. Administração - Gildo - Téc. da Kulima - Gerente Catique - Camponês/influente - Inácio Sinaportar - Apicultor - Languitone Nhawata - Régulo - Guida - professora

d) Mussangadze - Celestino M. Nhaunga- Régulo - Jorge Campira - Camponês / influente - Belinha - esposa do régulo e) Dunda - Anito Vilanculos - Téc. Agricultura - Esposa do régulo Sawendje

Macossa, aos 09 de Julho de 2004

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Anexo 2: Síntese do Seminário de Lançamento do Projecto de Pesquisa de Mungomo. Macossa, 02/07/2004 1. O seminário realizou-se no dia 02 de Julho de 2004, nas instalações da Escola

Primária Completa de Macossa, na sede do distrito do mesmo nome. Os objectivos do seminário foram os seguintes: - introduzir os objectivos e o contexto da pesquisa às autoridades administrativas e

comunitárias locais; - recolher informação e opiniões preliminares para melhor planificar o trabalho de campo; - sensibilizar os participantes sobre a importância de Ngomo no contexto de Segurança Alimentar e Nutricional para as famílias, e - pedir colaboração das autoridades locais e das comunidades durante a pesquisa de campo

2. Tomaram parte no seminário 28 participantes entre líderes comunitários, dirigentes e técnicos governamentais, técnicos e facilitadores das organizações não governamentais que operam no distrito (veja o anexo 2). Os trabalhos do seminário foram orientados pelo Coordenador do Projecto, o senhor Gregory Saxon e pela Oficial de MCRN do projecto FAO-GCP/MOZ/027/BEL, Catarina Chidiamassamba. A sessão de abertura foi dirigida pelo administrador do distrito, senhor Fernando Cândido Bernardo. 3. O programa do seminário foi organizado como se apresenta no anexo 1. 4. Durante as chuvas de ideias constatou-se que:

- a maioria dos participantes, principalmente os provenientes de comunidades longínquas da sede do distrito, conheciam o Mungomo em relação aos residentes da vila, como espécie florestal e Ngomo, sua amêndoa, e sua utilidade na alimentação das comunidades locais;

- o consumo de Ngomo é particularmente maior nos momentos de crise alimentar (ex.1987, 1992, durante a guerra);

- O Ngomo é fundamentalmente consumido em combinação e como tempero de folhas de abóbora, couve, folhas de mandioca, camarão fino, peixe e carne. Também é usual preparar o caril puro de amêndoa de Ngomo;

- Existe o conhecimento de extracção de óleo de Ngomo, conhecimento este capitalizado principalmente pelas mulheres;

- as tecnologias de processamento de Ngomo, tanto para o consumo normal como para a extracção do óleo, continuam antiquadas;

- a extracção do óleo passa por várias fases de processamento: torrar amêndoa, pilar a amêndoa ferver, coar, deixar arrefecer e conservar num recipiente;

- manchas de Mungomo ocorrem em várias regiões do distrito; - verifica-se um lento gradual declínio do conhecimento e consumo de Ngomo. Novas

gerações têm pouco conhecimento da importância de Ngomo e doutras plantas indígenas. As causas do declínio do uso de Ngomo devem-se provavelmente aos seguintes factores: a) ficam no nomadismo e a transição da economia da recolecção e caça para a prática

de apicultura; b) aparecimento de produtos oleaginosas competitivos (amendoim, girassol, gergelim),

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de fácil processamento; c) produtos industriais competitivos; d) desprezo de bens e produtos indígenas pelas gerações; e) conflito entre o tradicional e o moderno;

- comida com Ngomo é mais saborosa do que a com amendoim; - o trabalho de recolha de Ngomo é essencialmente feito por mulheres e crianças, embora

os homens também possam fazê-lo em circunstâncias especiais. 5. Para o apuramento das questões surgidas durante a chuva de ideias, foram criados 5 grupos de trabalho. Para a orientação dos grupos foi previamente elaborado um guião de tópicos (questões) à volta dos quais a discussão devia ser focalizada (anexo), Os grupos foram formados segundo as regiões geográficas de proveniência dos participantes. As mulheres formaram um grupo único e específico. Os grupos produziram e trouxeram para a sessão plenária as seguintes contribuições: 5.1 Grupo de Nhacassoro: 1. Ntheme, Ntheguene, Mudziru, Mukuva, Mbwemba, Nthudza, Mufula Muhula, Muzange, Mukute, Nchombolio, Mututubudze, Nhtalala, Nhongolo, Mulambe (folha), Munhendza (raiz), xicalanherere, Minhanha, Dhali, Ndia, Nhamufu, Mpama, Mungomo.

1.1 Nhacassoro, Dzembe, Mucombedze, Nhaduwe, Nguawala, Macossa-sede, Catique Nzaia, Murodze, Nvunduzi, quase todo distrito.

1.2 Sofala: Gorongosa, Kudzu Manica: Macossa

1.3 Solos arenosos 1.4 Germina na altura de muita chuva que provoca cheias. A semente pode ficar 2 a 3

anos com o poder de germinação. O seu crescimento após germinação é rápido. Leva 5 a 7 anos para produzir frutos.

2. Raiz - não tem utilidade Tronco – tábuas para mobília, malimba, valimba, bebedouros para porcos Folhas – não tem utilidade Fruto – a polpa é comestível Amêndoa – tempero, destilar óleo Casca da amêndoa – utilizam os curandeiros 3. Comer simplesmente como se faz para o amendoim 4. Colheita - toda a família pais e filhos. Colhe-se quando caem com ou sem polpa Partir: usa-se duas pedras, a grande em baixo e a outra em cima; machado e paus Trituração – a amêndoa é triturada no pilão

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Extracção do óleo – torrar, pilar, por na panela com água, deixar ao lume durante mais ou menos uma hora, deixa-se arrefecer dai tira-se o óleo que fica em cima da

água na panela em seguida ferve-se o óleo para eliminar na totalidade a água tornando o óleo puro. 4.1 pedra, machado, pilão, panela, peneira 5. Fevereiro à Março 6. Toda a família pais e filhos. Porque é um alimento que deve bastar para toda família e diminui o tempo de trabalho. 7. Florestais – Nhtengueni, Nfula Não florestais – amendoim, gergelim, nkaca, semente de abóbora 7.1 Tem bom sabor o caril temperado por Ngomo 8. A amêndoa riscos de putrefacção, formigas, baratas. É melhor conservar sem partir porque pode durar 4 anos. 8.1 Comercialização da madeira de Mungomo 9. Cudo/Ngoma, cabrito do mato/Nhassa, porco do mato, elefante, sindi, phanha/rato. 10. Ensinar as crianças que Ngomo é nossa riqueza, tem vitamina E. Difundir a informação experiência adquirida no seminário na comunidade. 11. Controlar o abate descontrolado. Este grupo era constituído pelos seguintes participantes: - Teque Teque - Verniz

- Chiguinhene - Stefan

- Sairosse 5.2 Grupo de Mussangadze:

1.1 Mungomo podemos encontrar: Mussangadze sede, Njidze, Nhampalapala, Nhaluiro I

1.2 Na província de Tete: Mutarara; Província de Sofala: em Cheringoma, Gorongosa Zona de Ndomba.

1.3 Desenvolve-se no solo arenoso

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1.4 Sobre o processo de germinação pode ser, quando a casca é ruída com muchém ou sindi, fica enterrada e depois germina. Só o seu desenvolvimento não é controlado.

2. Aproveitamento: Madeira, alimentação, para os animais selvagens, casca serve “tsango” para curandeiros, temperos para verdura, óleo, alimentação no tempo de

fome. 3. As diferentes formas da utilização: Tempero para verdura, óleo, alimentação no tempo de crise alimentar. 4. Primeiro colher, machado, no meio põe-se fruto bate-se com pau, corta-se e casca e retira-se a amêndoa com ajuda duma faca.

Segundo abre-se um buraquinho no meio da pedra do tamanho do fruto, e cola-se o fruto no buraquinho, depois bate-se com outra pedra, esmaga-se e retira-se a

amêndoa e casca, peneira e produto aproveitado e tirar cascas, torra, pila, cozer. 4.1 Instrumentos: machado, pau, faca, pedra, peneira, pilão, pilador, panela, pratos, recipientes 5. Épocas: não existe épocas específicas mas tem um período, de Junho até Outubro quando a colheita é mais fácil. 6. Mulher e crianças em idade de exercer funções. Porque é uma divisão de trabalho. 7. Nfula, amendoim, sementes de abóbora, gergelim, nhtenguene, sementes de pepino. 7.1 O processo é de difícil processamento 8. Os riscos da conservação de Mungomo são:

- queimadas descontroladas - falta de transmissão dos conhecimentos de geração para geração - tecnologia rudimentares

9. Animais selvagens como: elefante, sindi, muchêm, Ngoma, Nthuca, porco espinho e

Tsimbu. 10. Transmissão de conhecimento para novas gerações. No currículo escolar. 11. Reduzir queimadas descontroladas e abate. 12. Mutondo, Massala, Nfula, Nfuma, Nhongolo, Khuvu, Mbwemba, Mazwiro, Chikhala nherere, Munhenze, Mulambe, Minhanhe, Thenguene. Este grupo era constituído pelos seguintes participantes: - Jorge - Afonso - Horácio

- Nhaunga

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5.3 Grupo de Dunda

1. Outras plantas que a comunidade conhece Ntheme, Munhendza, Bwemba, Ndenguene, Malolo, Chikala Nherere, Madzwiru Maula, Matamba, Nkubva, Nthalala, Nhongolo, Ntsaladzi, Mfuma, Munhanha, Ndia, Nhaunfo. 2. Utilidade de Mungomo: Raiz – sem utilidade Tronco – madeira (porta, varimba, marimba, batuque) lenha Folhas – sem utilidade Fruto/amêndoa – tempero, óleo Casca da amêndoa - instrumentos de curandeiros 3. Diferentes formas de utilização da amêndoa - caril (thapatapa)

- óleo - tempero (verduras, peixe, camarão fino) - mastigar

4. Tecnologia de processamento de amêndoa 4.1 fases de processamento:

- apanha do fruto no mato - partir o fruto, sai amêndoa - descasca a amêndoa - preparar segundo a forma de consumo desejada - se é para fazer tempero: torrar, pilar, coar na panela, uso da água ou líquido filtrado - se é para fazer óleo: torrar, pilar, ferver com um pouco de água, pôr de lado para

permitir separação do óleo com a água, tirar o óleo. 4.2 Instrumentos utilizados recolha – cestos de bambu/pau, de palha partir – machado, pau, pedra torrar - Mbale (prato de barro), panela de barro pilar – pilão e pilador cozinhar – chicalango (panela de barro) 5. Época de colheita de Ngomo

- Agosto em diante 6. Quem participa na colheita Todos membros da família, com destaque as mulheres, porque elas é que utilizam na Cozinha. 7. Outros produtos com a mesma função de Ngomo - Nthenguene, Mfula, Maula.

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7.1 Nthenguene – não tem óleo Mfula – tem pouco óleo, mastiga-se, tempero usa-se como caril Maula – tem pouco óleo, mastiga-se, tempero

Ngomo – tem muito óleo, mastiga-se, tempero usa-se como caril. 8. Riscos na conservação do Mungomo 8.1 Queimadas: destruem desde a pequena até adulto 8.2 Acção humana: corte para madeira, batuque, marimba e varimba, falta de reposição 8.3 Transmissão do conhecimento de geração para geração: - não tem risco, permite a conservação. 8.4 Não, permite o equilíbrio do uso 8.5 Não põe em risco na conservação 9. Cudo, elefante, macaco, esquilo. 10. Educar, mostrar o uso e consumo de Ngomo as gerações actuais. Este grupo era constituído pelos seguintes participantes: - Sawendje - Silva - Chipembere - Mosse

5.4 Grupo de Nhawata 1. Plantas conhecidas pela comunidade para alimentação Munhendza – raiz Chikalanherere – raiz Bwemba – fruto e semente Matondo – fruto Ndeme – fruto Ndenguene – fruto Matudza – fruto Mazwiro – fruto Wuliri – semente N´darara – fruto Nhongolo – fruto Minhanha – raiz Ndia – raiz N´kuvu – raiz N´dalala – fruto Nfula – fruto Bwemba kole – fruto N’sikive banda – fruto e semente Nfuma – fruto N´gale - semente

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2. Utilidade de Mungomo Raiz - não tem utilidade Tronco – madeira Folha – não tem utilidade Fruto – não tem utilidade Casca da amêndoa - utilidade tradicional (consulta médica) Amêndoa – consumo (óleo e cozinha) 3. Zonas de ocorrência de Mungomo: 3.1 No distrito de Macossa – regulado Nhawata: Nhamicunim Teque-Teque e Changamire No regulado Nhaunga – Mussangadzi, Nhamanadzi e Nhamitembe No regulado Chiguinhene – Nhacassoro NB: noutras zonas não temos conhecimento. 3.2 Ocorrência noutras partes de Manica e Sofala – não temos conhecimento 3.3 Característica de solos: solos pobres 3.4 Processo de germinação e desenvolvimento: disseminação por animais e naturalmente. 4. Diferentes formas de utilização da amêndoa: cozinha, torrado, óleo alimentar, misturado com mapira pilado e consumo cru. 5. Tecnologia de processamento: Instrumento usados: - machado, pau, - fervura (panela, água, fogo) - colher/concha, tigelas, garrafa ou bilha, pilão, almofariz

6. Época de colheita: entre Julho e Dezembro 7. Todas idades participam na colheita, porque não requer muito esforço 8. Outros produtos com a mesma função: Nfuma, Ndenguene, Ngale, amendoim 9. Preferência ou não de Ngomo:

- depende de vontade de cada um - a inexistência da espécie em certas zonas - preguiça no processamento - falta de conhecimento - hábito de uso e costume - Ngomo produz muito óleo em relação a outras espécies

10. Riscos de conservação de Ngomo: - Queimadas descontroladas 11. Outros consumidores de Ngomo:

- Cudos, elefantes, esquilo, macacos, porcos e outros animais 12. Formas de manter ou recuperar conhecimento de Mungomo

- ensinamentos

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13. Formas de salvar Mungomo:

- Evitar queimadas descontroladas - Evitar abates.

Este grupo era constituído pelos seguintes participantes: - Zadula - Caetano - Nhawata - Sinaportar - Gerente

5.5 Grupo das senhoras 1. Outras plantas que a comunidade conhece Matondo, tambarinha, massala, Nfuma, Ndalala, Nguma, Nkando, Mulambe (come-se O fruto e folhas, tira-se fios para cozer esteiras), quiabo de chão, de cima, lune, Mboa, Tchunguene, singiri panda, Nhanguengua, Cadzidze, Nhendza, Minhame. 2. Utilidades geral de Ngomo Madeiras – batuque, porta, valimba Instrumentos para curandeiros Comer (no caril) Usa-se o óleo como pomada de cabelo 3. Ocorrência - Macossa - Estrada que vai a Maríngue

- Solo característico: areia, nas elevações, não cresce outro tipo de cultivo 4. Diferentes formas de utilização do Mungomo - Casca da amêndoa – para curandeiros

- Tempero - Óleo para cabelo

5. Tecnologia de processamento para extracção do óleo:

- apanhar, quebrar, tira-se a amêndoa, alguns torram e põem no caril ou extraem óleo (levam 3 a 4 dias para partir, torrar pouco a pouco e deixar arrefecer)

- panela com água a ferver, - pilar pouco a pouco, - depois por na panela, - deixar ferver até acabar a água e o óleo fica, - leva a bacia e decantar, - arrefecer e pôr na garrafa

Instrumentos : pau e machado 6. Épocas da colheita: Junho e Julho depois das queimadas

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7. Quem colhe o Ngomo e porquê? Geralmente senhoras e crianças, poucas vezes os homens também fazem, porque quem cozinha é a mulher, o homem só mostra onde existe. 8. Outros produtos com a mesma função de Mungomo

- amendoim, semente de pepino, semente de abóbora, gergelim, amêndoa de canhu. Preferem amendoim e gergelim, usa-se Ngomo e sementes de pepino, abóbora em situações de carência.

9. Riscos - Acção humana - Transmissão de conhecimentos de geração para geração

- Tipo de tecnologia usada 10. Outro consumidores para além do homem - Elefantes, cudo, sindi comem amêndoa

- Macaco, porco espinho comem polpa do fruto 11. Manter conhecimento de geração em geração

- A mãe mostra a criança e explica que é bom - Levar para o mato e mostrar como se colhe

12. Como salvar o Mungomo?

- Ensinar a geração jovem para não cortar de qualquer maneira. - Pode-se cortar aquelas árvores que não dão frutos porque há vários tipos de Mungomo. - A geração mais antiga sabe que Mungomo não se corta.

Este grupo era constituído pelos participantes:

- Staera - Cressia - Joana - Ruvilha

6. A última actividade do seminário foi a elaboração de forma participativa do plano de trabalho de campo. Assim pelo consenso, foi aprovado o seguinte calendário de trabalho:

Zona Dias Período Nhacassoro 2 dias 05 – 09 / Julho Zembe 1 dia Dunda 1 dia 12 / Julho Zamulamombe 1 dia 13 / Julho Nhamagua 2 dias 14 – 15 / Julho Nhamanhati 1 dia 16 / Julho Nhampendeca 1 dia 17 / Julho Mussangadze 1 dia 26 / Julho Ndzidza 1 dia 27 / Julho

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Nhampalapala 1 dia 28 / Julho Nhaluiro I 1 dia 29 / Julho Macossa sede Agosto Catique Nzaia 1 dia 09 / Agosto Zwinga 1 dia 10 / Agosto Teque - Teque 2 dias 11 – 12 / Agosto Murodzi 1 dia 13 / Agosto Vunduzi 1 dia 14 / Agosto

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Anexo 3: Resumo das Principais Constatações Preliminares da Equipa de Trabalho de Campo

1. Zonas de ocorrência: 1.1 a) Manchas confirmadas

Nhacassoro, Mussangadze, Teque-Teque/Tropa, Nhamicuni, Nhacawango; b) Manchas não confirmadas Ndzidza II, Nguawala, Monte Danguana(Zembe), Muera e Domba

(Gorongosa); c) Árvores Dispersas Zembe sede, Nhamagua(Malimanão-Nhamassope), Mirione (ao lado da estrada: Macossa-Catique Nzaia) 1.2 Tipo de solo: arenosos, pobres e zonas elevadas localmente conhecidas por Nthunda. 1.3 - Há um conhecimento vago sobre o processo de germinação e desenvolvimento inicial da planta Mungomu;

- Alguns entrevistados informaram que há possibilidades de germinação natural nas épocas de muita chuva; - Plantio de uma estaca da mesma planta. - Em novas áreas os animais espalham a planta por meio de excremento

2. Ciclo anual de Mungomu 2.1 Aparecimento de:

folhas - Outubro á Novembro flores - Novembro á Dezembro frutos - Novembro á Dezembro caída dos frutos - Abril á Maio

2.2 Épocas da colheita: - geralmente nos meses de Junho á Julho; - algumas zonas após as queimadas; - também é possível apanhar antes desse tempo, mas devido ao medo de encontrar

animais(Nhacawango) e difícil acesso(capim alto); - em Nhacassoro recolhem mais cedo, Abril-Maio para evitar que os animais apanham

antes.

3. Utilização do Mungomu enquanto espécie florestal 3.1 Raiz: sem utilidade;

Tronco: madeira para porta, Mucondo(instrumento para destilar nipa-bebida tradicional), ndiro(prato tradicional), varimba, marimba, luko (colher de pão), brinquedos e bancos; Folhas: não tem utilidade; Fruto: alimentação dos animais selvagens, homens( mas há inconveniência de sabor áspero-tchenha).

3.2 Utilização de Ngomu

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- casca exterior e grossa: ntsango(curandeiros), amuleto para caça(sorte) e como lenha; - casca inferior e fina: sem utilidade; - amêndoa: come-se assado ou crua, nthiro(tempero/fécula), extracção de óleo de

cozinha e pomada para pele e cabelo; - depois da decantação de óleo, o bagaço é usado para alimentação dos animais(ração).

3.3 Épocas do ano que se consome mais Ngomu: - todo período do ano, principalmente no tempo da recolha.

3.4 Situações particulares que provocam maior consumo de Ngomu

- períodos de seca prolongada e fome; - ausência de óleos industriais e outras espécies oleaginosas - hábito alimentar(ex: Nhacassoro)

4. Outros animais competidores 4.1 a) Casca grossa : sindi, porco do mato e phanha

b) Polpa: Ndzou(elefante), macaco, ngoma( cudo), porco espinho, gazela, pala-pala.

5. Tecnologia do processamento 5.1. Trituração(instrumentos):

- Uso de machado e pau; - Uso de duas pedras: uma maior no chão e outra menor para quebrar; - Em algumas zonas faz-se a queima da casca para facilitar a retirada da amêndoa.

5.2. Farinação

a) Quebra-se a casca grossa usando um dos três instrumentos/métodos descritos no ponto 5.1;

b) Retira-se a amêndoa usando um instrumento pontiagudo; c) Retira-se a casca fina da amêndoa com uma faca e em outros casos não(Nhacassoro); d) Torra-se a amêndoa(em algumas zonas não); e) Tritura-se no pilão(pilar); f) Retira-se do pilão e mistura-se com a água no recipiente, mexe-se até formar um

puré; g) Coloca-se na panela contendo verduras ou carnes já a cozer e deixa-se a cozer

durante mais ou menos 30 minutos.

5.3 Extracção de óleo : 1º processo h) Quebra-se a casca grossa usando um dos três instrumentos/métodos descritos no

ponto 5.1; i) Retira-se a amêndoa usando um instrumento pontiagudo; j) Tritura-se no pilão (pilar) enquanto se pila põe-se a ferver uma panela de

barro(tchicalango) de água ao lume; k) Retira-se do pilão(farinha) e coloca-se na panela com água já a ferver; l) Deixa-se ferver até a evaporação total da água; m) Retira-se do lume e deixa-se arrefecer; n) Decanta-se para um recipiente, separando o óleo e a casca finas(bagaço) ou retira-se

o óleo com ajuda de licombe(colher tradicional).

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2º processo: O processo inicia-se do mesmo modo com o primeiro, ao pilar a amêndoa, vai-se introduzindo pouco a pouco água fervida no pilão, logo haverá formação do óleo que posteriormente é retirado com ajuda de licombe(colher tradicional), colher normal ou com uma pena de galinha. 5.4 Mudança na tecnologia de processamento em relação ao passado: - Existem mudanças, mas muito lentas(ver 5.1) 6. Conservação: 6.1 - Estende-se na varanda; - Põe-se nos celeiros; - Põe-se nos potes; - Nas covas.

6.2 Não há pragas capazes de furar Ngomu 7. Outras espécies oleaginosas concorrentes 7.1 Indígenas/selvagens: Nfuma, Nthenguene, Maula, Ndjale.

7.2 Culturas convencionais : amendoim, gergelim(chitoe), girassol, semente de abóbora, pepino e melancia. 7.3 Compra de óleo localmente: é possível, porque existem óleo industrial e prensas locais. 8. Aspectos de Género 8.1 - Não há divisão de trabalho, as mulheres é que são mais envolvidas na colheita e no processamento em geral - Os homens têm conhecimento em aspectos de generação, localização, utilização da planta como espécie, enquanto que

as mulheres têm conhecimento mais profundo do próprio ngomu(preparação, processo tecnológico, alimentação)

- A mulher é a principal agente de transmissão da cultura á nova geração porque envolve as crianças em todo o processo. 9. Preservação da cultura de utilização de Ngomu 9.1 Há diferenças de consumo de ngomu de hoje em relação ao passado:

- no passado(ex:tempo de macombes) só comiam amêndoa crua; - no tempo colonial iniciaram com o processo de farinação; - mais tarde(depois da independência) introduziu-se o processo de extracção de óleo.

NB: até hoje, em algumas zonas como por ex: Ndzidza, as pessoas só sabem comer a amêndoa crua. 9.2 Razões de mudança:

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- Introdução de produtos industriais; - Cultivo de oleaginosas(amendoim); - Processo difícil de quebra da casca grossa(constrangimento principal); - Questões ligadas a modernização; - Emigrações durante a guerra – causa maior desconhecimento.

9.3 Redução do Conhecimento e Apreciação - O conhecimento não está a reduzir; - A utilização é que tende a diminuir. 9.4 Sugestões:

- Continuar a divulgar as novas gerações sobre a existência do Ngomu.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PRELIMINARES:

I. Conclusões:

- Existe um extensa população de Mungomu no distrito; - O conhecimento geral sobre Mungomu/Ngomu está vivo; - Existem regionais de conhecimento e utilização ao nível do distrito (saber fazer); - Existem diferenças de conhecimento a nível de género e idades; - O Mungomu concentra-se mais em zonas altas e solos leves enquanto que a

população concentra-se em zonas baixas e férteis; - O processo de trituração é que causa maior constrangimento nas populações,

provocando maior desinteresse na sua utilização; - Outro constrangimento è o aparecimento de óleos industriais; - Difícil acesso para a colheita/apanha de Ngomu(capim, floresta densa, maior

distância, animais); - Fácil conservação de Ngomu; - A percepção da população sobre Segurança Alimentar e Nutricional é associada a

falta de cereais(milho, mapira, mexoeira); - As comunidades não fazem uma associação entre Ngomu enquanto alimento e sua

importância nutricional; - As comunidades não assumem Ngomu como alimento tendo em vista a melhoria da

Segurança Alimentar e Nutricional, mas existem outras plantas que recorrem no momento de crise alimentar(munhanha, chicalanherere, munhendza);

- Não é possível estabelecer uma associação entre a prevalência de HIV/SIDA e o consumo de Ngomu;

- Não existem dados que possam fazer concluir que as zonas de maior consumo de Ngomu sofrem menor subnutrição.

II. Recomendações:

a) Divulgação e Valorização:

- Há necessidade de divulgar ou valorizar a existência e utilização do Mungomu/Ngomu as comunidades;

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- Introdução nos novos currículos escolares locais a utilização de recursos locais incluindo Mungomu;

- Divulgar o Ngomu na gastronomia local e nacional(feiras, restaurantes, Centro Comunitário Mungomu-Macossa, outros)

b) Tecnologia de Processamento :

- Introdução de novas tecnologias melhoradas de processamento de Ngomu, lançando concursos nas escolas técnicas profissionais, empresas metalúrgicas ou mesmo ferreiros locais para invenção dum instrumento de trituração eficiente;

- Estudar a possibilidade de importar máquinas específicas para o processo de trituração e extracção do óleo.

c) Segurança Alimentar e Nutricional das Famílias:

- Divulgar importância/valor nutricional do Ngomu as famílias; - Promover troca de experiência entre zonas para uniformizar/padronizar o

conhecimento e uso de Ngomu; - Racionalizar o uso de Ngomu através de divulgação de formas de

preparação/cozinhar(receitas); - Possibilidade de criar a comercialização do Ngomu para o aumento do rendimento

familiar; - Identificação de Micro projectos nas zonas com grande manchas;

d) Outros: - Possibilidade de criar associações/grupos de interesse nas comunidades e privados; - Necessidade de aprofundamento do estudo de outras espécies indígenas como:

munhanha, chicalanherere, munhendza, nhamunfo, galumbadza, ndia; - A longo prazo deve ser estudada a possibilidade de comercializar Ngomu no mercado

local ou regional, principalmente nos países com um mercado desenvolvido nesse sector;

- Criar uma rede distrital de associação de Mungomu; - Envolver o sector privado na promoção dos produtos obtidos a partir de Ngomu; - Dado existir um forte hábito e cultura de consumo de produtos de Ngomu

localmente(Macossa), este facto justifica a necessidade de instalação de pequenas indústrias de processamento de Ngomu com envolvimento do sector privado;

- Dado ser uma área nova para o sector privado local/nacional, seria necessário criar incentivos financeiros em materiais e fiscais para atrair o interesse dos privados.

Macossa, aos 06 de Agosto de 2004

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Anexo 4: Plantas Silvestres Comestíveis de Macossa Nome em Cisena ou Cibarwe

Nome Científico Parte utilizada Outras Utilidades

Bwemba Kole Cassia Petersiana Fruto Cadzidze Gulambadza (?) Raiz Luni Gynandropsis Gynandra Folha Maconga Madzwiru Vangueria Tomentosa Fruto Malolo Annona Senegalensis Fruto Matondo Cordyla Africana Fruto Madeira Matudza Flacourtia Indica Fruto Matutumbudzi Landolphia Spp Fruto Maula Parinari Curatellifolia Fruto, Amêndoa Mbimbire fruto Mboa Amaranthus Spp. Folha Mbwemba Tamarindus Indica Fruto Madeira Mphama Muhula Mukute Mulambe Adansonia Digitata Fruto, Amêndoa, Folhas Fibra Munhanha Raiz Munhendza Raiz Muzanje Uapaca Kirkiana Fruto Nchonbolio Ndhali Ndia Raiz Nfula Sclerocarya Birrea Fruto, Amêndoa Muzinga Nfuma Diospyros Mespiliformis e D. Spp Fruto Madeira Nguma Nhamufu Raiz Nhanguengua Nhongolo Fruto Njale, Ngale Sterculia Appendiculata Semente Madeira Nkando Bauhinia Petersiana Semente Nkuvu Vitex Payos Fruto N’sikive banda Fruto e semente Nthalala Fruto Ntheme Strychnos Spinosa Fruto Varimba Nthenguene Ximenia Caffra e Americana Fruto Ntherere Corchorus Spp. Folhas Ntsaladzi Mimusops Zeyheri Fruto Singiri panda Tchunguene Uliri Semente Xicalanherere Elephantorrhiza Goetzi Raiz

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Anexo 5: Guião de entrevistas semi-estruturadas

0. Apresentação do entrevistador e dos objectivos da entrevista

1. Zonas de ocorrência: 1.1 Existe Mungomu nesta região? Onde? 1.2 Que tipo de solo favorece o desenvolvimento de Mungomu? 1.3 Que conhecimentos tem sobre o processo de germinação e desenvolvimento inicial da

planta Mungomu?

2. Ciclo anual do Mungomu 2.1 Descreva o ciclo anual de Mungomu (aparecimento das folhas, flores, fruto e caída dos

mesmos) 2.2 Em que época do ano se faz a colheita do Ngomu?

3. Utilização do Mungomu enquanto espécie florestal 3.1 Que utilidade tem as diferentes partes do Mungomu (raiz, tronco, folhas e fruto)? 3.2 Quais as diferentes formas de utilização do Ngomu? 3.3 Em que épocas do ano se consome mais o Ngomu? 3.4 Se existem situações particulares que provocam maior consumo de Ngomu (tempo de seca,

falta de amendoim, falta de óleo, estrato social, outros)

4. Outros animais competidores 4.1 para além do homem, quem são os outros animais consumidores de Ngomu?

5. Tecnologia de processamento 5.1 Como é que se faz a trituração do Ngomu e com que instrumentos? 5.2 Como é que se faz a farinha de Ngomu para temperar caril? 5.3 Como é que se faz a extracção do óleo? (instrumentos usados)? 5.4 Tem havido desenvolvimento (mudanças) na tecnologia de processamento em relação ao

passado?

6. Conservação 6.1 Como é feita a conservação do Ngomu? 6.2 Há pragas no ataque á Ngomu? Quais são?

7. Outras espécies oleaginosas concorrentes 7.1 Além de Mungomu, existem outras espécies oleaginosas selvagens nesta região? Quais

são? 7.2 Enumere outros produtos oleaginosos cultivados que concorrem com Ngomu? 7.3 No local é possível comprar óleo?

8. Aspectos de Género no Mungomu 8.1 Há divisão de trabalho na colheita, no processamento e na preparação? Como? 9. Preservação da cultura de utilização de Ngomu

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9.1 Acha que há diferenças de consumo de Ngomu de hoje em dia em relação ao passado(ex: tempo dos Macombes, Colonial, Actual)? Mencione-as.

9.2 Quais são as razões que estão na base de mudanças do padrão do consumo de Ngomu? (introdução de produtos industriais, mudanças de hábitos alimentares, desaparecimento paulatino de conhecimento nas novas gerações)

9.3 Acha que o conhecimento e apreciação do Ngomu está a reduzir? 9.4 Que sugestão dá para recuperar?

Anexo: 1. Principais recurso naturais conhecidos localmente:

1.1 Que tipo de recursos exitem nesta região?(florestais, faunísticos, hídricos, minerais,etc) 1.2 Que tipo de animais selvagens existem nesta zona? (hoje e no passado) 1.3 Que tipo de plantas/árvores comestíveis existem nesta região? 2. Actividades económicas da população: 2.1 Quais são as principais actividades para a sobrevivência da comunidade (apicultura, criação de gado, caça, comércio)? 2.2 Quais são os principais produtos apícolas? 2.3 Que produtos apícolas constituem base de alimentação da população? 2.4 Quais são os produtos apícolas de rendimento? 3. Regime alimentar da população 3.1 Qual é a base de alimentação da população (cereais, vegetais, carne, peixe, etc)? 3.2 Quais são os principais cereais? 3.3 Quais são os principais vegetais?

3.4 Qual é a principal proteína animal? 3.5 Quais são as principais leguminosas? 3.6 Quais são os principais produtos industriais alimentares consumidos na comunidade?

4. Plantas selvagens comestíveis conhecidas?

4.1 Quais são as plantas comestíveis conhecidas nesta região? Que parte da planta constitui fonte de alimento? (raiz, fruto, seiva, folhas, amêndoa)

4.2 Em que época do ano é extraído o alimento

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Anexo 6: Glossário Bhanda/duli – instrumento que serve para triturar cereais. Chenha – sabor asparo de um fruto geralmente não muito maduro. Chicalango – panela de barro usada para torrar a amêndoa de ngomo ou usada no processo de extracção do óleo. Chitoe – condimento para temperar caril (fécula). Kuswa – significa partir ou processo de triturar a casca grossa de ngomo para obtenção da amêndoa. Likombe – colher tradicional feito a partir de conchas do mar ou caracol e que é utilizada para coar o óleo. Luku – colher tradicional de pau que serve para mecher os alimentos durante a sua confeicção. Maindza – Refere-se a estação do ano (tempo chuvoso). Malimo - Estação do ano (tempo seco). Marimba – instrumento musical tradicional feito a partir da madeira de mungomo. Mbadzo ou Demo – instrumento que serve para corte de árvores, lenha (machado). Mbira – instrumento tradicional feito de cabaça. Mukondo – instrumento tradicional usado para destilação de bebidas secas (nipa). Muchecha – designa-se a solos arrenosos pobres para a prática de agricultura. Ndiro – Prato tradicional feito de madeira. Ndzowu – animal selvagem de grande porte, feroz e grande consumidor de ngomo (elefante). Ngoma – animal selvagem de grande porte, feroz e competidor ao homem no consumo de ngomo (cudo). Nthiro – tempero ou fécula para engrossar e dar sabor ao caril. Nthunda – zonas elevadas não propicias para agricultura. Ntsango/Nkakata – instrumentos usado pelos curandeiros nas consultas para adivinhas. Phanya – uma espécie de rato maior (rato grande). Sikinya – um processo de extração de óleo de usando pilão e pilador nas populações. Sindi – animal competidor ao homem no consumo de ngomo. Varimba – instrumento de dança tradicional fabricado com madeira de mungomo.

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Anexo 7: SÍNTESE DO TRABALHO DE CAMPO Dunda, 12.07.2004 Nome dos entrevistados: Família Kandza – pai e duas filhas(idade entre17 a 80 anos) – componeses. 1.1. Nesta zona não existe Mungomo 1.2. Desenvolve-se nas elevações(nthunda) 1.3. Germina quando há muita chuva. 2.1. As folhas aparecem no tempo de calor e caem no tempo de frio, o fruto amadurece no mês de Fevereiro e cai no mês de Junho. 2.2. A colheita é feita no mês de Julho em diante até a sua germinação. 3.1. Raiz – não sabe a utilidade Tronco – madeira para fezer portas só que é leva, valimba, marimba Folhas – não tem utilidade Fruto – come-se a polpa mas tem sabor ásparo e a amndoa. 3.2. Não conhece a utilidade porque não comem só ouvem dizer que se come. 3.3. Não sabem 3.4. Idem 4.1. Conhece apenas elefante. 5.1. Não sabem 5.2. Idem 5.3.Idem 5.4.Idem 6. Conservação 6.1. Não se conserva porque não é comestível 6.2. Não conhecem nenhuma praga que ataca Ngomo. 7. Outras espécies oleaginosas concorrentes 7.1. Mfula, malambe, (não tem na zona) 7.2. Cultivadas que concorrem com Ngomo-amendoim semente de abóbora, pepino, gergelim. 7.3. É possível comprar óleo nesta zona. 8. Aspectos de género no Mungomo 8.1. Não sabe porque não comem 9. Preservação de cultura de utilização de Ngomo 9.1. Não foi possível a resposta do número 9 porque não conhecem a planta

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Anexos Planta selvagens comestíveis conhecidas Matudza: - come-se o fruto Mabzimo: - come-se o fruto Ntheme – fruto Matondo - fruto Khuvu –fruto Malambe – fruto Matambarinha – fruto Nfula – fruto e amêndoa Dunda, 12.07.2004 Doc. 7 Nome do entrevistado: Lencastro (40 anos) –Camponês 1. Zonas de ocorrência 1.1. Nesta zona não existe 1.2. Desenvolve-se nas elevações 1.3. Só sabe que germina quando há muita chuva. 2.Ciclio anual do Mungomo 2.1. Nunca acompanhou o processo só sei que cai no tempo de malimo (Setembro), parte-se torra-se e come-se. 2.2. Época das queimadas (Agosto e Setembro) 3. Utilização do Mungomo 3.1. Tem conhecimento apenas da amêndoa que se come 3.2. Ouve dizer que se pôe no caril como tempero ou come-se assim mesmo a amêndoa. 3.3. Come-se muito a partir de Setembro 3.4. Nas zonas onde existe comem por gostar mesmo tendo amendoim, óleo só que quando comer muito pode enjoar porque contêm muito óleo. 4. Outros animais competidores 4.1. Não conhece porque como isso é muito duro é difícil a sua queda 5.1. Os que comem trituram com duas pedras ou põem-se no fogo para amolecer queima a casca e fica a amêndoa, depois levam a amêndoa põe no prato põe sal e come-se. 5.2. Não sabe 5.3. Nunca ouviu 5.4. Não porque nesta zona não existe Mungomo 6. Conservação 6.1. Depois de apanhar põe-se na varanda da casa e não apodrece (3 anos) 6.2. Existe, sindi, nfunhe

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7. Outras espécies oleaginosas concorrentes 7.1. Sim, Nfula, Ntheme, matondo, Nhendza 7.2. Amendoim, semente de pepino, abóbora, gergelim 7.3. Sim é possível 8. Aspectos de gênero no Mungomo 8.1. Não há devisão geralmente vão crianças apanhar e poças vezes os adultos. 9.1. Há diferençamudança porque acham agora que é fruto do mato trocam por produtos da loja 9.2. Razões Introdução de produtos industriais e desaparecimento paulatino de conhecimento nas novas gerações. 9.3. Está a reduzir por causa das novas tecnologias que se introduzem actualmente. 9.4. Sugiro que se conserve ou se possível tirar e tentar plantar em casa para melhor controle. Dunda,12.07.2004 Nome do entrevistafdo – Dona Celeste (Camponesa – 29 anos ) 1. zonas de ocorrência 1.1. Não existe só no pambwé, mfumo Daimone 1.2. Nas elevações 1.3. Germina no mato sem a intervenção do homem até dar frutos. 2. ciclo anual do Mungomo 2.1. As folha aprecem em Outubro, flores como cresce no mato não presta atenção nem quando cai. 2.2. Colhe-se a partir de Junho porque este tempo já esta seco. 3. Utilização do Mungomo enquanto espécie florestal 3.1. raiz – nunca ouviu tronco – aproveita-se a madeira para fazer porta, ndiro (prato tradicional) folhas – não se come fruto – não se come 3.3. consome-se mais no mês de Agosto por prazer tem mais gosto no caril do que o amendoim. 3.4. por prazer (outros) 4. Outros animais competidores 4.1. cudo come o fruto maduro e depois tira o caroço (Ngomo) 5. Tecnologia de processamento 5.1. Usa-se machado para partir, dentro tem outra camada um pouco dura e tira-se com uma faca e trituração é feita com pilão. 5.2. Depois de pilar põe-se na panela contendo a verdura e deixar cozer. 5.3. Usa-se machado, panela, pilão 5.4. Não tem mudança 6. Conservação 6.1. Estende-se na varanda

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6.2. Não conhece 7. Outras espécies oliaginosas concorrentes 7.1. Sim existe Nfula 7.2. Semente de abóbora, pepino, amendoim, gergelim 7.3. sim compramos 8.1. Não há devisão de tratabalho, é a mesma pessoa que vai apanhar, partir e cozinhar. 9. 9.1. Consomi-se a muito tempo porque havia carência de óleo agora prefere comprar na loja. 9.2. Introdução de produtoos industriais e mudança de hábito alimentares 9.3. Acha que está a desaparecer o conhecimento de ngomo. 9.4. Educar os nossos filhos a utilidade de Mungomo. Dunda,12..07.2004 Nome do entrevistado-Bendita – Camponesa -22 anos 1. 1.1. Não existe 1.2. Nunca viu a planta de Mungomo 1.3. 2. 2.1.Não conhece 2.2. 3. Utilização 3.1. Só sabe que usa-se a amêndoa para tempero para pôr no caril. 3.2. 3.3. 3.4. 4. 4.1.Não conhece 5.1. Usa-se pedra para a queda, tritura-se no pilão 5.2. 5.3. 6. Conservação 6.1. Não sabe 6.2. Não sabe 7. 7.1. Sim, Mfula, Maula 7.2. gergelim, semente de abóbora , pepino, amendoim

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7.3. sim é possível comprar 8. 8.1. Não há divisão de trabalho a mulher é que faz e as crianças 9. 9.1. 9.4. Educar as nossas crianças e mostrar que se come. Zamolamombe, 13 – 13.07.2004 Nome dos entrevistados: José e Zeca Camponeses(28 e 30 anos respectivamente) 1. 1.1. Existe mas longe. 1.2. Desenvolve-se nas elevações 1.3. Germina sem acção do homom no mato no tempo chuvoso. 2. 2.1. folhas – aparecem Outubro e Novembro flores – Janeiro fruto – Abril – Maio 2.2. Colhece-se na época das queimadas Agosto 3. 3.1. Raiz – não tem utilidade tronco – madeira para fazer cadeiras, portas, valimba, marimba) ndiro, colheres de pau folhas – não se come fruto – come-se 3.2.- Poe-se no caril ; - extração de óleo e - casca da amêndoa para curandeiro 3.3. consome-se mais a partir de Agosto porque é o tempo da colheita 3.4. come-se na falta de condimentos(tempero). 4. 4.1. cudo, macaco, sindi, porco do mato, palapala, javali, ratos (fruto) 5. 5.1. Instrumento: machado, pau, pilão 5.2. trituração: usa ferro para tirar, pilar e pôr no caril Tem casca leve por dentro. 5.3. Levam amêndoa pilar, enquanto água esta no fogo depois a água fervida no pilão e vão pressionando e dai sai o óleo. 5.4. Não há mudança

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6. 6.1. Põe-se no saco ou no pote porue não apodrece 6.2. não há porque é muito duro 7. 7.1. Sim, Nfula, Nthengene 7.2. gergelim, amendoim, semente de abóbora, pepino, melancia. 7.3. Sim compra-se óleo. 8. 8.1.Não há devisão de trabalho quem quem vai apanhar 9. 9.1. Não há 9.2. Não razões 9.3. Esta reduzir porque encontra-se longe 9.4. Explicar as novas gerações a importância do Mungomo para a sociedade. No dia 13.07.2004, faz-se uma grande e longa mancha a zona deMalimanaua – Nhamassope a procura de algumas manchas. Encontram-se a cerca de 14km para interior na zona de Mafua Comercial (reserva). É uma mancha dispersa e algumas plantas tinham ainda algumas folhas verdes mas sem frutos recentes porque este ano não ouve produção por falta de chuva. Nhacawango,14.07.2004 Nome dos entrevistados:Grupo de 7 senhoras Camponesas lideradas pela Legina Catemba (idade entre 17 a 50 aons) 1. 1.1. Existem muitas árvores nesta zona 1.2. nas elevações 1.3. germinação quando há muita chuva 2. 2.1. As folhas aparecem neste momento flores tambêm(julho). fruto – amadurece no tempo do milho 2.2. quando seca o milho 3. 3.1. Raiz – não se come tronco – madeira para cadeira, porta, para instrumentos para destilar nipa, pilão, pratos folhas – não se come fruto – comem os animais

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3.2. Utilização - para tempero - Extração de éleo para confessão de outros alimentos 3.3 consome-se todo ano (não há época) 3.4. Comem por prazer mesmo tendo amendoim 4. 4.1. porco, cudo, sindi, elefante, macacos, come fruto (porte exterior) 5. 5.1. Instrumentos: machado, pau, pedra, pilão, panela (mas não parte bem) 5.2. apanhar, partir, pôr no caril de massamba(verduras), carne, peixe, feijão 5.3. Instrumentos: machado, pau, faca, pilão panela, garrafa, parti-se, tira-se com a casca de dentro tora-se, pila-se no pilão, depois põe na panela,com água a ferver até acabar toda água deixar arefecer depois põe nas garrafas. * Põe-se com casca de dentro para facilitar o processo de decantação, facilita coar o óleo. 5.4. Não há mudanças 6. 6.1. Põe-se na varanda 6.2. Não há pragas que ataca Ngomo porque é muito duro 7. 7.1. Nfula, malambe, matondo 7.2. amendoim, gergelim, semente de abóbora, pepino, chungo, melancia 7.3. É possível comprar 8. 8.1. Não há divisão de trabalo vão colher as senhoras e crianças e quem parte são os adultos porque se não partem-se os dedos. 9. 9.1. Comem da mesma maneira 9.2. 9.3.3 Nesta zona não reduziu 9.4. Transmitir o conhecimento a nova geração para permanecer. * Tem muito óleo * É mais saboroso * Não vamos apanhar porque os animais já acabaram de comer (há uma desputa entre os animais selvagens e o homem porque a mancha encontra-se dentro da cotada)

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Zembe, 27.07.2004 Nome dos entrevistados:Malita (20 anos - camponesa) (Faguinece (60 anos - camponesa) 1. 1.1. só tem uma árvore 1.2. nas elevações 1.3. Germina quando há muita chuva 2. 2.1. Não sabe porque é apenas um árvore silvestre 2.2. Nunca apanhou 3. 3.1. raiz- não sabe tronco – não sabe folhas – não sabe fruto – não sabe 3.2. come-se assado (assam, parte-se e depois come-se ) 3.3. não sabe 3.4. comem por prazer 4.1. cudo, macaco 5. 5.1. Trituram com pedras 5.2. Nunca fizeram 5.3. Nunca ouviu falar 5.4. 6.1.Não sabe 6.2. Não conhece 7.1. Não conhece 7.2. Semente de abóbora, amendoim quando cultiva, gergelim 7.3. É possível comprar óleo. 8. 8.1. Não há divisão de trabalho. 9.1. Não há mudança 9.2. 9.3. 9.4. Transmitindo a nova geração o conhecimento sobre Ngomo.

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Nhaluiro I, 27.07.2004 Nome dos entrevistados: Marta dolis Rosa Medja Alzira Fernando Nelita Dikson Amélia Mosse Adiba Muchaibane Gina Alfêndega Amerece Ferro Aguinece Muchaibane * Idades entre 17 a 60 anos 1.1. Existe nesta zona mais um pouco longe daqui 1.2. Nas elevações 1.3. Germina mais quando há muita chuva 2. 2.1. folhas - maindza flores – ao mesmo tempo com as folhas fruto – Na época do milho 2.2. Colhe-se neste mês depois das queimadas (Julho). 3. 3.1. Raiz – não sabe tronco – madeira para pilão, ndiro, (prato tradicional), porta, valimba, marimba, colher de pau. 3.2. – tempero, extração de óleo come-se como castanha de caju. 3.3 Come-se mais este tempo( malimo) e depende de anos (há anos que nasce pouco quando não há chuvas e muito quando há chuva) 3.4. consome-se mais no tempo da fome quando há seca 4. 4.1. cudo, sindi, elefante, (fruto) macacos (fruto) 5. 5.1. Instrumentos – machado, pau. 5.2. Parte-se, tora-se, pila-se e põe-se no caril de verduras, carne ou põe-se também no milho 5.3. Instrumentos para extração: pau, pilão, panela. Parte-se, tora-se, pila-se até sair óleo e depois põe-se na garrafa. 5.4. Não há desenvolvimento, a tecnologia é a mesma . 6. 6.1. Depois de apanhar põe-se na varanda, não apodrece porque é duro. 6.2. Não porque é muito duro

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7. 7.1. Sim, existe Mfula, Nfuma, 7.2. Amendoim, semente de abóbora, pepino, melancia, gergelim, semente de algodão 7.3. compra quem tem dinheiro 8. 8.1. Não há divisão as mulheres é que apanham 9. 9.1. Não há diferença comem quando há fome antes e agora 9.2. 9.3. Há sim porque os antigos é que sabem mais do que as crianças porque houve mais fome naquele tempo que agora 9.4. Transmitindo o conhecimento para os mais novos fazem as demonstrações. Nhapalapala, 29.07.2004 Nome dos entrevistados: Pinifolo Fazber - 70 anos - Camponês Lucas Fazber - 24 anos - Camponês Mateus Fazber - 24 anos - Camponês Aguinece Breund - não sabe - Camponês Lotinha Notice - não sabe - Camponês Misteja Seze- não sabe – camponês Taniza Mulimba – camponês NOTA BEM: NESTA ZONA NÃO CONHECEM A PLANTA DE MUNGOMO PORQUE SÃO PROVENIENTES DE CHEMBA. Nhacassuro Sede, 4.08.2004 Nomes dos entrevistados: Zacarias Paulo – 36 anos Camponês/Comerciante Carlito Jhon – 36 anos Camponês/comerciante Corintio Pita - 14 anos estudante Jhon Fombe - 74 anos Camponês Detálio Niquice 30 anos Estudante/alfabetização Felizardo Niquice - 28 anos camponês Victor Wilson - 42 anos camponês Sairina Senda – não sabe camponês Arão David Chicualacuala – 24 anos professor Sairoce Lisse 77 anos camponês Arão David – 25 anos - Professor

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Disse conhecer Ngomo, que existe muito nesta zona , sabe que come-se, ele já comeu e é muito bom. É natural de Sofala-Mafambisse 1. 1.1. Existem muitas árvores de Mungomo aqui na sede. 1.2. Cresce nas elevações onde não dá para a produção 1.3 Germina quando há muita chuva. 2. 2.1. folhas - Setembro flores – Setembro fruto – Outubro a Novembro e cai em Abril/Maio 2.2. Colheita a partir de Julho/Agosto 3. 3.1. Raiz – não tem utilidade Tronco – madeira para porta, mizinga, ndiro destilador de nipa (Muconde) Folhas – não tem Fruto – não se come fresco só amêndoa 3.2. - come-se como prazer - caril pó - extração de óleo 3.3. Qualquer altura basta apanhar em grandes quantidades 3.4. Não existe nenhuma situação 4. 4.1. porco, sindi(consegue partir), elefante, rato grande, cudo 5.1. Duas pedras 1 grande e outra pequen, machado e pau 5.2. Apanhar partir, com duas pedras, tira-se a amêndoa com faca, pila-se depois põe-se no caril. *Tora-se quando quer comer assim mesmo 5.3. Instrumento usados: pilão, pilador Nunca fizemos só ouviram dizer que se faz óleo 5.4. Não há mudança 6. 6.1. Guarda-se na varanda 6.2. Não conhecemos 7.1. Madzwiro(fruto), Matundza(fruto), Matowé(fruto), Ncuva(fruto), Nhendza(raiz), Ntheme(fruto), Nthengene(fruto e amêndoa) Nfula(fruto e amêndoa), Chicalanherere(raiz), Ndia(raiz), Munhanha(raiz), Nhamufu(raiz) 7.2. amendoim, gergelim, semente de abóbora, pepino e melancia 7.3. Sim compra-se muito

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8. 8.1. Não há divisão de trabalho tudo é feito pela mulher as vezes o homem ajuda quando quer (partir). 9.1. Não há mudança 9.2. 9.3. Não esta reduzir aqui na zona porque tem muito e todos os dias comem 9.4. Continuar a ensinar as novas gerações * Para extração de óleo: parti-se, tora-se, pila-se põem-se a ferver até acabar água depois fica o óleo em cima, deixa-se arrefecer e depois põe-se na garrafa para conservação. Pode-se utilizar para carne seca, peixe, etc. Modo de extração de óleo Instrumento: - Duas pedras (pequena e grande) - Pilão - ilador - Colher - Bacia/recipiente - Panela - Garrafa Tropa, 5.08.2004 Nome dos entrevistados: Famita Brannd - 40 anos - camponês Merenia Suspense - 37 anos - camponesas 1. 1.1. Existe mais longe 1.2. Nas eleições 1.3. Germina mais quando há muita chuva 2. 2.1. Folhas - Não sabe Flores – Não sabe Franco – madeira para fazer, porta, marimba, ndiro Frutos – maio/abril caída 2.2. Apartir de Agosto depois das queimadas 3. 3.1. Raiz – não tem utilidade folhas – não tem utilidade Fruto – comem-se amêndoa

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3.2.- comem-se prazer - pó de caril - extração de oleo 3.3. Consome-se nesta altura 3.4. Come-se no tempo de seca 4. 4.1. Sindi, porco do mato, elefante 5.1. Instrumentos para trituração – machado, pedra, pau, faca. 5.2. Apanhar, partir, torar, pilar, pôr no caril 5.3. Instrumentos: machado, pedra, panela, faca, pau, Extração: pôr a ferver até sair óleo depopis cozinha-se outros tipos de caril carne, peixe, verdura 5.4. Não há desenvolvimento / não há mudança 6. na varanda 6.2. não há 7.1. Sim, matambarinha (fruto), mfula (fruto), nfuma (fruto), Nhemba (raiz), mbimbire (fruto),nthengene (fruto), maconga, matutubudzi, matondo, mfula (fruto), maula (fruto) 7.2. amendoim, gergelim, semete de abórbora, pepino e menlancia 7.3. Não há divisão de trabalho. As mulheres é que fazem esse tudo. 9.1. Não há diferença 9.2. 9.3. quando há muita chuva aparecem muito Mungomo e as crianças têm tido um maior conhecimento. Teque – teque 5 .08 . 04 Nome dos entrevistados: Custa Melo- camponesa Cecília Catique – camponesa Fiera Jhon – camponesa Joana Laice – camponesa Azília Tchangamire – camponesa Fasmira Birnati – camponesa Anguista Gravata – camponesa N.B. idades entre 18 a 50 anos. 1.1. Conhecem mungamo mas esta zona não tem 1.2. cresce nas elevações (no mato longe da povoação)

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1.3. germina quando ha muita chuva 2.1. flores folhas maindza fruto – nasce quando saiem caida – começa em malimo 2.2. colheita faz-se a partir de julho 3.1. raiz – não tronco – madeira para porta, ndiro fruto – come-se a amêndoa e a casca serve para advinha dos curandeira 3.2.- tempero para caril - extração de óleo 3.3. consome-se mais nesta altura mas com ou sem amendoim come-se ? 3.4. Não existe nenhuma situação particular 4.1. Sim, elefante, sindi (fura como amendoa), cudo 5.1. Instrumentos: pedra, machado, pau e faca 5.2.Ttrituração: parte-se, pila-se e pôe-se no caril 5.3. Nunca fizeram não sabem 5.4. Não há mudança 6.1. Põe na varanda ou no pote 6.2. Não há 7.1. Sim, nhendza (raiz) ntheme (fruto), minhanha (raiz), matonda (fruto), matembarinha (fruto), matundza, mabwiro, nkuva, nfula, nfuvo, nthengere, chicalanherere 7.2. Gergelim, amendoim, semente de abórbora, pepino, menlancia 7.3. Alguns compram outros não porque não tem dinheiro 8.1. Não divisão de trabalho as mulheres o que vão apanhar e o resto do propcesso 9.1. Não há diferença no consumo 9.3.Não há redução 9.4. Continuar a mostrar as crianças

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Anexo 8: Formulário para controle dos Pontos GPS Preenchido ao tirar o ponto! Código Tipo de ponto Decdeg E Decdeg S Mungomo Observação 045 Casa 33.41778 -17.72778 Rég. Sawndje 047 Posto Ad. Nhamagua 33.45636 -17.84242 048 Casa do régulo 33.57651 -18.15843 3

mungomo Rég. Chiguin.

049 Nhaluiro P1 33.58176 -18.16204 X 050 Nhaluiro P2 33.89091 -17.64395 051 Nhaluiro P3 33.8909 -17.64396 X 3 longo estrada 052 Musangadze – sede 33.90094 -17.6568 X 053 Casa do régulo 33.97463 -17.70896 Rég. Nhawata 054 Administração 33.9746 -17.70899 055 Monte Chipanga 33.9367 -17.90055 X 056 Ndzidza 34.12411 -17.71966 Casa do Nfumo 057 Ndzidza – sede 34.11338 -17.7223 060 Nhacawango 34.11374 -17.72207 Gra.

mancha Coutada nº 9

061 Nhamicuni 33.7175 -17.59197 X 062 Acampamento FAO 33.96241 -17.89948 X(peq.

Manç

063 Teque-Teque 33.96241 -17.89946 X(peq. Manç

longo da estrada

064 Nhacassoro I P1 34.05334 -18.11943 Dispersos 068 Nhacassoro I P2 33.80571 -18.4236 X Mancha 070 Tropa 34.11163 -18.17496 X Casa do Nfumo 071 Teque Teque 34.07238 -18.04297 X Casa do

Sapanda 072 Teque-Teque 34.0455 -18.10363 X Mancha 073 Nhacassoro 33.83736 -18.42325 X Escola 074 Pompwe 34.81017 -17.55799 X 075 Nhamicumi 33.99893 -17.91553 X 076 Nhacawango 33.71732 -17.59024 X Código: “Waypoint name”, começa por AA » AZ, BA » BZ, etc Tipo de ponto: Casa, Mungomo, estrada, etc. Coord S e E : 32 12 23 Degraus, espaço, Minutos, espaço, Segundos, tirados da écran ao tirar o ponto, ou depois na ementa “Waypoints”. Mungomo: quando o tipo do ponto é “Mungomo”, esta coluna assinala se é uma árvore isolada, concentração de árvores, ou mancha densa. Observação: observações pertinentes

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Anexo 9: Schinziophyton rautanenii

Species Plant part Energy Water Protein Fat Carbohydrate Fibre Ash Ca P K Na Mg Fe Zn Cu Vitamin A Nicotinicacid Thiamine Riboflavine Vitamin C

kJ/100g- ---------------------/100g------------------------ ----------------------------------------------------mg/100g--------------------------------------------------------- Average daily requirements 1300 55 800 800 4000 2200 350 15 15 800 1.4 1.1 1.3 60

EUPHORBIACEAE Schinziophyton rautanenii

Flesh kernel

1410 2715

8.6 4.2

7.8 26.3

0.5 58.1

75.0 4.6

2.9 2.7

5.2 4.1

85.0 223

74.3 869

2145 674

2.39 3.35

214 493

2.54 3.42

1.68 3.54

1.30 2.52

Schinziophyton rautanenii

S. Angola and N. Namibia eastwards to Tanzania and N. Mozambique

manketti nut Raw pulp and seed kernel eaten, a staple diet of the Kalahari bushmen; manketti nut oil used in food, varnishes, etc. timber used as a balsa Ochroma lagopus, substitute with possible use for paper-making

Howes, 1948; Menninger, 1977; Mabberley, 1987; Peters et al., 1992

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Anexo 10: Localização do Mungomu no Distrito de Macossa

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Gender, biodiversity and local knowledge

systems for food security

LinKS project Gender, biodiversity and local knowledge systems for food security Contact details: Gender and Development Service Sustainable Development Department Food and Agriculture Organization of the United Nations Viale delle Terme di Caracalla 00100 Rome, Italy Fax: (+39) 06 570 52004 email: [email protected] website: www.fao.org/sd/links