linguagem e conhecimento

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UEA 1 – Linguagem e Conhecimento Ementa e Objetivos Ementa A leitura e a escrita na Universidade: linguagem e conhecimento. Pressupostos básicos: Concepções básicas de linguagem, comunicação, texto, leitura e escrita. Condições de produção da leitura e da escrita do texto acadêmico. Tipos de texto: estrutura e funcionamento. Argumentação, coesão e coerência textuais. Correção gramatical. Competências Dominar os conhecimentos básicos de uso da língua portuguesa, oral e escrita, na produção e recepção de textos e situações de comunicação em diversos contextos, diferentes variedades da língua e alternância de gêneros linguísticos. Analisar a língua, oral e escrita, como manifestação da cultura, instrumento de comunicação, de vinculação do pensamento crítico e elaboração do conhecimento acadêmico, científico e tecnológico. Desenvolver expressão e comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusive nos processos de negociação e nas comunicações interpessoais ou intergrupais. Atualizar-se constantemente com os processos de desenvolvimento tecnológico compreendendo as novas práticas de leitura, escrita e modificações da linguagem. Habilidades Refletir analítica e criticamente sobre a linguagem em um contexto social, histórico e cultural, educacional, tecnológico e ideológico. Entender os mecanismos de produção textual dominando as propostas temáticas, a organização lógica, os elementos organizacionais, a estruturação de gênero, a escolha vocabular, a construção textual, norma e posicionamento crítico. Refletir sobre os textos, seus mecanismos de produção e divulgação, identificando suas estruturas linguísticas, seus diferentes significados, o dito e o não dito, o subliminar, aplicando regras e ideias de forma organizada. Perceber as diversas situações em sala de aula, identificando marcas do discurso, situações socioculturais diferenciadas associadas ao uso da linguagem. Analisar os principais conceitos e abordagens na produção do conhecimento. Refletir analítica e criticamente sobre o conteúdo dos textos escritos. Desenvolver a produção do texto informativo acadêmico, tais como resumo, resenha e artigo científico. Ampliar capacidade de diálogo em equipe Dominar os processos de investigação, produção e difusão do conhecimento científico- tecnológico. Contextualização Na perspectiva de produção de leitura e de textos adotada nesta UEA, a linguagem é tratada como trabalho de pesquisa, estudo, planejamento, escritura e reescritura. Esse tratamento se justifica porque consideramos que ler e escrever textos exige apreensão de mecanismos estruturadores da (Versão para impressão) UEA 1 – Linguagem e Conh... http://www.catolicavirtual.br/conteudos/graduacao/... 1 de 27 03-08-2012 14:03

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UEA 1 – Linguagem e Conhecimento

Ementa e Objetivos

EmentaA leitura e a escrita na Universidade: linguagem e conhecimento. Pressupostos básicos: Concepçõesbásicas de linguagem, comunicação, texto, leitura e escrita. Condições de produção da leitura e daescrita do texto acadêmico. Tipos de texto: estrutura e funcionamento. Argumentação, coesão ecoerência textuais. Correção gramatical.

Competências

Dominar os conhecimentos básicos de uso da língua portuguesa, oral e escrita, naprodução e recepção de textos e situações de comunicação em diversos contextos,diferentes variedades da língua e alternância de gêneros linguísticos.

Analisar a língua, oral e escrita, como manifestação da cultura, instrumento decomunicação, de vinculação do pensamento crítico e elaboração do conhecimentoacadêmico, científico e tecnológico.

Desenvolver expressão e comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusivenos processos de negociação e nas comunicações interpessoais ou intergrupais.

Atualizar-se constantemente com os processos de desenvolvimento tecnológicocompreendendo as novas práticas de leitura, escrita e modificações da linguagem.

Habilidades

Refletir analítica e criticamente sobre a linguagem em um contexto social, histórico ecultural, educacional, tecnológico e ideológico.

Entender os mecanismos de produção textual dominando as propostas temáticas, aorganização lógica, os elementos organizacionais, a estruturação de gênero, a escolhavocabular, a construção textual, norma e posicionamento crítico.

Refletir sobre os textos, seus mecanismos de produção e divulgação, identificando suasestruturas linguísticas, seus diferentes significados, o dito e o não dito, o subliminar,aplicando regras e ideias de forma organizada.

Perceber as diversas situações em sala de aula, identificando marcas do discurso,situações socioculturais diferenciadas associadas ao uso da linguagem.

Analisar os principais conceitos e abordagens na produção do conhecimento.

Refletir analítica e criticamente sobre o conteúdo dos textos escritos.

Desenvolver a produção do texto informativo acadêmico, tais como resumo, resenha eartigo científico.

Ampliar capacidade de diálogo em equipe

Dominar os processos de investigação, produção e difusão do conhecimento científico-tecnológico.

ContextualizaçãoNa perspectiva de produção de leitura e de textos adotada nesta UEA, a linguagem é tratada comotrabalho de pesquisa, estudo, planejamento, escritura e reescritura. Esse tratamento se justificaporque consideramos que ler e escrever textos exige apreensão de mecanismos estruturadores da

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língua, isto é, parafraseando Citelli (1994), exige desenvolvimento de competências para ler naspalavras dos homens as circunstâncias do mundo.

Isso significa dizer que a produção de leitura e de textos vai além da estrutura formal, dapreocupação com regras gramaticais da língua. É preciso pensar a língua do ponto de vistasemântico-discursivo, ou seja, compreender seu funcionamento no uso efetivo, suas significaçõesem diferentes contextos.

A forma da língua é importante, sem ela a comunicação torna-se deficiente, mas apenas a formanão é suficiente para garantir uma boa produção textual coerente e coesa. Outros fatores assumempapel vital, como por exemplo, a cultura, a economia, a faixa etária, o regionalismo, todos esses eoutros não citados, constituem as condições de produção do sujeito e são determinantes na suapostura ideológica, social e intelectual.

A adequação das formas da língua contribui grandemente para o sucesso dos argumentos queconstituem o texto. Nas condições de produção do sujeito estão as experiências por ele acumuladas que caracterizam sua historicização e é, pela existência dessa historicização que o sujeito se fazsujeito, se assume como sujeito.

A produção textual, seja na forma do código escrito, seja na modalidade oral, para obter sucessoprecisa ser bem elaborada, sistematizada e legitimada.

UEA 1– Linguagem e Conhecimento

Na UEA 1, o objetivo é desenvolver concepções de leitura, de texto e de gramática. As discussõesse darão em torno do funcionamento do processo de leitura, da importância do conhecimento doléxico e da gramática.

UEA 2 – A Língua: Uso, Variação e Heterogeneidade. Produção de Unidades Linguísticas

Nesta unidade, iremos refletir sobre a língua portuguesa como um sistema que contém váriasnormas e cujo uso, por ser heterogêneo, conforme a situação comunicativa, pode demonstrar queela não é uniforme nem única, mas variável. Você irá conhecer os mecanismos para elaboração dediferentes unidades linguísticas.

UEA 3 – Produção do Texto Informativo e Argumentativo

Nesta unidade, a temática é o desenvolvimento de competências e habilidades de produção dotexto informativo acadêmico, tais como resumo, resenha e artigo científico.

Bons estudos!

Aula 01 - Concepções de Leitura e de TextoNesta aula, você verá conceitos de leitura e como se desenvolve o processo de leitura. Verátambém uma abordagem sobre o conceito de gramática e de gramática interna.

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Fonte: http://fatoecuriosidademundial.blogspot.com/2012/02/charges-muito-engracadas.html

Vamos lá?

1.1 O que Significa Saber LerAntes de falarmos em leitura, é preciso definir de que ponto de vista estamos fazendo nossasobservações.

Num primeiro momento, podemos dizer que leitura é decodificação de sinais. Afinal, se a escrita éum código de representação gráfica da linguagem por meio de sinais materiais visíveis, escrever écodificar e ler é decifrar o código, ou seja, decodificar. Uma vez que a escrita não é somente arepresentação da fala, decodificar exige interpretar o sentido de palavra ou sentença da língua;assim, não basta promover a associação mecânica entre os sinais. Ler não é associar um sinal aoutro de modo automático.

Num segundo momento, podemos considerar leitura como algo mais abrangente que simplesdecodificar de sinais gráficos.

Para que você compreenda melhor esse segundo conceito de leitura, vejamos o que diz Leotti(2012):

Numa concepção mais ampla, podemos considerar que ler é atribuir sentidos,enquanto que numa visão restrita, o ato de leitura corresponde ao escolar, a umaaprendizagem institucionalizada. Leitura não é um ato isolado. Ler não é apenasrelacionar leitor e texto. Ler é interpretar e compreender num processo deinstauração de sentidos, e nesse processo, sujeito e sentidos são determinados porsua historicidade e pela ideologia.

Você percebeu que nessa concepção de leitura defendida por Leotti, nos faz lembrar fatos de nossocotidiano nos quais esse pensamento se encaixa direitinho. Nosso consumo de energia elétrica oude água, por exemplo, é medido por meio da leitura que o funcionário da empresa fornecedora faz.Mas como pode ser leitura, se o medidor só apresenta números? Ele olha os números einterpreta-os, ou seja, atribui sentidos. Viu só? Esse exemplo nos mostra que é possível fazerleitura de inúmeras formas e não apenas do código escrito.

Agora você já entendeu porque, no início desta aula, foi dito que é preciso definir o que é leiturapara depois compreendermos o que é saber ler. É verdade, porque dependendo do conceito que seadota do que é ler, o conceito de saber ler poderá também ser diferente. Se pensarmos que saberler é saber decodificar o código escrito, ou seja, reconhecer letras, vamos considerar que quem nãosabe decodificar não sabe ler.

Mas se adotamos o conceito mais amplo, o de que ler é atribuir sentidos, como faz Leotti, entre

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outros estudiosos da linguagem, vamos reconhecer que todas as pessoas fazem leitura.

Então, agora é possível dizermos que mesmo as pessoas consideradas “analfabetas” fazem leituras,a restrição dessas pessoas refere-se apenas a um tipo de leitura, isto é, leitura do código escrito.

Para você, em especial, que é um estudante universitário, os dois conceitos de leitura sãoimportantes, um porque considera seu conhecimento da língua escrita e o outro porque amplia seumodo de leitura.

O que estou dizendo a você é que a leitura do código escrito não pode ficar apenas nadecodificação. Decodificar é apenas um passo no processo de aquisição da linguagem escrita.Outros passos precisam ser dados para que a leitura seja realmente bem aproveitada.

1.2 O Processo de Desenvolvimento da LeituraDepois de decodificar é necessário compreender o que foi lido, após isso é possível interpretar eentão, o próximo passo é a reflexão sobre a leitura feita. E, depois de compreender, interpretar erefletir sobre o que foi lido é que estamos prontos para comentar, fazer críticas, parafrasear,produzir outros textos.

Dependendo do que se está lendo, principalmente, se assunto for conhecido, o processo pode sermais rápido e quase imperceptível, mas quando lemos um assunto do qual não temos nenhumconhecimento, o processo de leitura pode ser mais lento e até mais difícil.

Você já observou que, aqui no curso, os textos de algumas disciplinas parecem mais fáceis paravocê que outras? Pode conferir, pois certamente, aqueles que você lê com mais rapidez, com maiorfluência deve tratar de assuntos que você já conhece, pelo menos, um pouco; aqueles que vocêtem mais dificuldades para compreender, pode ser que você não tenha tantas informações sobre otema em discussão. É obvio que as dificuldades na leitura não passam apenas por essas questões,há outros pontos que afetam esse processo de leitura.

O conhecimento de mundo é fundamental no desenvolvimento da leitura. Todo assunto está sempreenvolvido num determinado contexto e é a consideração desse contexto que irá contribuir para acompreensão da leitura.

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Fonte: http://blog0news.blogspot.com.br/2009/04/charges-daslu.html.

Pense numa charge, por exemplo, ela normalmente revela um contexto específico, se não sabemosqual é o contexto em que ela está inserida, corremos o risco de não compreendê-la. É isso queLeotti estava explicando, na citação acima, quando disse “sujeito e sentidos são determinados porsua historicidade e pela ideologia”. A historicidade envolve a história relacionada à pessoa, não só àsua vida, mas também o que aconteceu antes dela nascer, envolve a sociedade onde ela vive e todoo conhecimento que ela já adquiriu.

1.3 Leitura: Conhecimento do Léxico e da GramáticaPara ler o código escrito, também é preciso conhecer o vocabulário e as regras de relacionamentoentre as formas linguísticas. Dizendo de outra maneira, a leitura do código escrito exige oconhecimento do léxico e da gramática de uma língua – o português, para nós.

Léxico e vocabulário são sinônimos, na maioria dos casos. Trata-se do conjunto de vocábulos dalíngua. Se você não conhece o significado de uma palavra ou não conhece a palavra, poderá terdificuldades para compreender o texto em que você a encontrou.

Conhecer uma palavra é conhecer o significado (na língua) e apreender o sentido dela no texto (ouno contexto). São muitas as palavras que conhecemos, quando chegamos ao curso universitário.Entre elas, existem aquelas que usamos com frequência, as que utilizamos algumas vezes e as queidentificamos, mas não empregamos em nossos textos.

Nos dois primeiros casos, estamos diante de nosso vocabulário ativo; no último, do vocabuláriopassivo. Isso acontece com qualquer tipo de conhecimento: algumas informações são memorizadascom facilidade, na maioria das vezes, em virtude do uso frequente, que as mantêm ativas; contudo,outras somente são reconhecidas quando alguém faz referência a elas, isto é, situam-se emdomínio potencial, passivo.

Apesar da grande parte conhecida de vocábulos do português, temos consciência de que ainda há

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muitos itens lexicais que ignoramos. Basta lembrar-se do conteúdo de um dicionário já folheado.

Um dos permanentes desafios para os autores de dicionários é o enriquecimento cotidiano dovocabulário: o desenvolvimento da ciência, da tecnologia, das artes, da cultura, impõe a criação denovos termos ou o aproveitamento de palavras de outros idiomas. É o caso de “deletar”, palavraoriunda do inglês (to) delete, verbo que significa 'apagar, remover, suprimir'. Apesar de derivada dolatim deletum, forma do verbo delére ('destruir, apagar, suprimir') e já incluída nos dicionáriosrecentes, esta palavra ainda não foi totalmente assimilada por muitos falantes cultos do português,que a consideram um termo técnico, portanto, incompatível com o uso comum. Trata-se de umestrangeirismo, um termo incorporado ao português por empréstimo.

Em situações de comunicação oral ou escrita do seu dia-a-dia, você pode observar e identificaroutras palavras emprestadas por uma língua estrangeira ao português. Experimente fazer uma listadessas palavras.

Para fazer uma boa leitura do código escrito, entretanto, não basta conhecer as palavras de umalíngua. Também é preciso conhecer as regras de organização das palavras na frase ou na oração,das frases ou orações no período, dos períodos no parágrafo, dos parágrafos no texto.

Você vem “aprendendo” regras gramaticais na escola há muito tempo. Tais regras são de váriostipos e compõem a gramática do português. Podem governar a colocação das palavras, aconcordância entre elas, as associações pelo sentido e as relações sintáticas. Só não lhe disseramque elas não são “aprendidas”, mas adquiridas. Mesmo sem perceber, você adquiriu regrasgramaticais desde que começou a falar. Um exemplo disso é quando a criança começa a falar, eladiz “o menino me bateu”, mas ela não diz “menino o me bateu”. Percebe como há nesses exemplosregras de estrutura da língua portuguesa? A criança, mesmo não dominando o código escrito, jáutiliza a oração na ordem direta: sujeito-verbo-complemento, artigo-substantivo.

Veja a seguir, o que pensa Franchi sobre essa temática:

A linguagem não é algo que se aprende ou algo que se faz: é algo que desabrocha ese desenvolve como uma flor (na bonita metáfora de Noam Chomsky), queamadurece no curso dos anos, desde que se assegurem à criança mínimascondições de acesso às manifestações linguísticas de seus pais e de sua comunidadelinguística (FRANCHI, 2006, p. 24).

Isso nos leva a reconhecer que o ser humano já nasce com uma capacidade linguística favorecidapor uma gramática internalizada. Essa gramática internalizada é que nos capacita a desenvolver alinguagem desde os primeiros anos de vida e como afirmou Franchi, essa capacidade precisa serestimulada.

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No filme “Nell” é possível constatar essa afirmação. Nell, a protagonista desenvolve uma linguagemestranha e dois pesquisadores resolvem investigar o problema da garota. Descobrem que aquelalinguagem era estranha para eles, mas que fazia parte do cotidiano no meio em que a garota foicriada.

Por mais estranha que soasse a linguagem de Nell, havia uma estrutura gramatical que organizavasua fala e essa estrutura contribuiu para o desenvolvimento da pesquisa sobre as causas daquelalinguagem estranha de Nell.

A escola cria oportunidades para que o usuário da língua tenha consciência das regras gramaticaisque põe em prática espontaneamente, em todos os momentos, ora como ouvinte, ora como falante,em diversas situações de comunicação. Isso tem pouca relação com a ideia tradicional de que é agramática que define o padrão de correção linguística – daí decorre a crença de que devemosobedecer à norma culta ou regra gramatical. Ao contrário, a norma é extraída da observação do usoda língua (culto, em certos contextos, familiar, em outros, sempre submetido ao critério daadequação). Foi por meio da observação do funcionamento da linguagem de Nell que ospesquisadores puderam concluir com sucesso a investigação. A língua é variável, na dimensãodireta da heterogeneidade dos interlocutores e dos contextos comunicativos.

Talvez você, caro aluno, ainda não houvesse pensado em gramática como algo inerente à pessoa.Mas você já deve ter pensado, ou conhece alguém que pensa, que gramática é matéria que seaprende na escola, que é muito complicada, cheia de regras, etc. Em parte esse pensamento fazsentido, condiz com grande parte da realidade, principalmente a escolar.

Portanto, o objetivo dessa discussão é esclarecer e ampliar o conceito de gramática, imprimindouma perspectiva mais humanista, considerando que o cérebro humano já nasce programado e, anão ser que a pessoa tenha alguma deficiência que afete o campo da linguagem, ela podedesenvolver a competência linguística. Esse é um aspecto do que chamamos gramática. Agramática ensinada na escola trata-se, em geral, de um conjunto de regras e normas que organizaa língua. Portanto, para que você não fique com dúvidas, veja o que Franchi diz sobre a gramática:

É preciso distinguir, ainda, com muito cuidado, o sentido de ‘gramática interna’ dosentido de ‘gramática’, construção teórica dos gramáticos e linguistas. Neste caso[...] trata-se de construir um sistema de noções e uma metalinguagem quepermitam falar da linguagem e descrever (ou explicar) os seus princípios deconstrução. isto é, trata-se de um trabalho analítico e reflexivo sobre umarepresentação da estrutura da linguagem e de seu funcionamento. Uma atividademetalingüística. (FRANCHI, 2006, p. 31)

Franchi também esclarece que a gramática como faculdade linguística do ser humano: “trata-se deum sistema de princípios e regras que correspondem ao próprio saber linguístico do falante: ele seconstrói na atividade linguística e na atividade linguística se desenvolve” (FRANCHI, 2006, p. 31).

Quando a criança chega à escola ela já tem um desenvolvimento linguístico proporcionado pelagramática interna e então, o papel da escola é associar essa faculdade que a criança traz, com asestruturas da língua padrão e ajudar essa criança, que agora se torna aluno, a amadurecer odesenvolvimento da língua oral e escrita. O domínio da modalidade culta da língua depende de umprocesso contínuo de ampliação do conhecimento.

1.4 Texto e LeituraQual é o significado de texto? O que podemos chamar de texto? Será que tudo que está escrito étexto? Só é texto se for escrito?

Certamente algumas dessas questões você já respondeu. Vamos, então, conferir se estamos

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pensando sob a mesma perspectiva.

O texto é uma ocorrência linguística, na modalidade escrita ou falada, de qualquer extensão, dotadade significação, portanto, de unidade, com princípio, meio e fim facilmente identificáveis em umdado evento de comunicação verbal.

Veja o que diz Koch (1989) a esse respeito:

O texto será percebido como uma unidade linguística concreta (perceptível pelavisão e audição), que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte,leitor), em uma situação de interação comunicativa reconhecível e reconhecida,independentemente da sua extensão.

Identificar um texto significa reconhecer sua textualidade: um texto tem unidade semântica (temuma significação) e formal, ou seja, está estruturado de maneira a ser percebido como um todo, emuma dada situação de comunicação ou contexto. Então, o texto não é mera sequência de frases,porque contém pronunciamento sobre uma questão, que se circunscreve a um dado contexto, edisso advém o seu sentido. Podem ser observadas as seguintes características da textualidade:

Coesão – é a união íntima das estruturas que compõem o texto e que se manifesta nouso de conectivos, tais como as conjunções e preposições, ou no uso de pronomes,adjetivos, artigos, numerais e advérbios. A coesão é afetada diretamente pelaconcordância e pela regência nominal e verbal. Quando estas não são obedecidas, ascadeias de união entre os segmentos textuais se quebram, gerando repetições e/ouomissões indevidas, incoerências e ambiguidades que prejudicam a compreensão damensagem.

Coerência – é a ligação harmônica entre as ideias do texto, obedecendo a sequênciasbásicas como início-meio-fim, ordem cronológica dos fatos, relações de causa econsequência. Um texto sem coerência, por assim dizer, “trabalha contra si próprio”,porque as ideias não se reforçam nem se complementam umas às outras.

Aceitabilidade – é a característica textual que faz com que palavras e estruturas dotexto sejam válidas dentro dos padrões linguísticos do idioma. Para a língua portuguesa,a ordem dos elementos na oração é relevante, já que a inversão dos termos podeprovocar alteração de sentido. Desse modo, não é aceitável a permuta indiscriminada daposição e das palavras que os compõem, como em “homem pobre” (sem dinheiro) e“pobre homem” (digno de pena).

Informatividade – é a capacidade que o texto tem de veicular informações. Um textocom alto grau de informatividade contém muitas informações, como no trecho: “Nasegunda-feira (tempo), a estudante (profissão) Kátia se Souza Rodrigues (identidadepessoal), de 15 anos, (idade) saiu (ação praticada) de casa (local) à tarde (tempo) paratentar conseguir seu primeiro emprego”(finalidade). Por outro lado, existem também oscasos de baixa informatividade ou informatividade zero, como no trecho de uma dascrônicas de Jô Soares (Veja, 14/03/90) ”Os principais ossos da perna são os que ficamdo lado de dentro”. Já que todos os ossos são componentes internos do corpo, apesar douso de sete palavras (são os que ficam do lado de dentro), ele nada acrescenta aosegmento inicial (os principais ossos da perna).

Situacionalidade – é a capacidade que o enunciado tem de se adequar a umadeterminada situação, de ser válido dentro de um determinado contexto. A quebra dasituacionalidade gera efeitos de naturezas variadas, desde o humor até a incoerência.

Intertextualidade – capacidade que um texto tem de remeter a outros textos jáexistentes e conhecidos do emissor e/ou do receptor, bem como de permitir a criação de

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um texto novo a partir dos já elaborados. Como o conhecimento humano é cumulativo,isto é, as gerações presentes dispõem de um patrimônio anterior como ponto de partida,a intertextualidade materializa esse acúmulo na área do discurso.

Intencionalidade – característica do discurso que permite o reconhecimento dasintenções do falante, por meio da análise dos implícitos e explícitos nele contidos.

Um texto, portanto, é identificado como tal quando é passível de atribuição de sentidos, nãoimportando se é constituído de uma palavra, uma frase, um parágrafo ou de inúmeras páginas.Quando se chega a um cruzamento de duas ruas e se vê uma placa, dizendo “Pare” e a ela épossível se atribuir sentido, ou seja, ela tem uma significação para o leitor, então, é um texto.

Você deve estar aí se perguntando “Mas para ser um texto não tem que ter início, meio e fim?”. É,você está correto e a inscrição “Pare” tem esses três elementos embutidos em sua significação.

Como professora? Você me perguntaria. E eu lhe respondo: o que faz um texto ser um texto é suacapacidade de ser compreendido. A placa foi compreendida, não foi? Ela determina, ordena que apessoa pare. Será que você conseguiria identificar as características listadas acima nessa placa?

Nesta aula, falamos sobre as concepções de leitura, de texto e de gramática. Agora você já sabeque ler não é apenas decodificar, mas é dar sentido ao que foi lido, é compreender e ter condiçõesde interpretar o texto lido. Partindo desse raciocínio, podemos dizer que quem nunca frequentouescola também sabe ler e que mesmo não sabendo nomear os usos que fazemos, todos nós usamosa gramática, muito mais que imaginamos.

Atividades

A aula 1 apresentou concepções de texto, de leitura e de gramática.

Esta aula acrescentou alguma informação nova a seus conhecimentos?a.

Você concorda com tudo que leu nesta aula?b.

Qual foi o ponto mais interestante desta aula?c.

Aula 02 – As Condições de Produção do Sujeito-Leitor e a InteraçãoNesta aula, faremos um estudo sobre os aspectos que envolvem as situações de leitura e oestabelecimento de interlocução com o texto lido.

Um texto ao ser produzido tem um leitor previsto e espera que esse leitor, de acordo com suascondições, torne-se seu interlocutor, seu cúmplice ou adversário. Mas como tornar-se interlocutor?

São as condições de produção do sujeito-leitor que apontam os múltiplos e variados modos deleitura. O sujeito-leitor, ao produzir leitura estabelece uma relação entre o simbólico e o imaginário,esta relação se dá pela historicidade do sujeito e do texto (LEOTTI, 2012).

As condições de produção de leitura significam todo o preparo que o leitor tem para a compreensãoou intelecção daquele texto lido. Portanto, a leitura não é só apreensão dos sentidos do texto, masé também, estabelecer conexões entre o que foi lido e os conhecimentos anteriores desse sujeito-leitor. Assim se dá um jogo de interação entre sujeito e texto. Quanto mais elementos o sujeito-leitor tem para associar, maior será sua intelecção, isso significa estabelecer o nível de suascondições de produzir leitura.

2.1 Intelecção: Conhecimento do SistemaNós, agora, vamos tratar da intelecção, enfatizando o componente implícito e a atitude crítica diantedo texto e promovendo o exercício das habilidades relacionadas à obtenção de informação.

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Lembre-se de fazer a leitura hipertextual, caminho possível para outros conhecimentos.

Você pode estar se perguntando: por que falar aqui em intelecção em vez de leitura? É comumconceber a habilidade de leitura como recepção do texto. Entretanto, este termo denota passividadepor parte do usuário, principalmente no exame tradicional do conceito. Intelecção, por sua vez,origina-se da mesma raiz de “inteligência”, que implica atividade, ação. Ler um texto, portanto,significa agir com o intelecto sobre o material linguístico, de modo a estabelecer nexos queconduzam à efetiva compreensão e à interpretação da mensagem.

Nossa atividade intelectiva diante de um texto, mesmo quando analisamos questões gramaticais,deve estar centrada nos eixos da compreensão, por meio do exame da literalidade explícita ouimplícita. No caso da literalidade implícita, depreenderemos os pressupostos da mensagem e dainterpretação, mediante identificação de relações não-literais e implícitas, que consistem nossubentendidos, estabelecidos com base no conhecimento de mundo compartilhado por autor eleitor. Ao mesmo tempo, não é possível deixar de considerar os princípios gerais da línguaportuguesa, sob pena de, ao invés de usuários conscientes e seguros, sermos meros identificadoresmecânicos de regras gramaticais, o que, de modo algum, significa “saber” o idioma.

2.2 Intelecção: Depreensão do ImplícitoQuando você domina a língua portuguesa, é possível “ler” as mensagens, mas, se você queralcançar a intelecção do texto, é preciso avançar. Os mecanismos de produção do sentido textualfundamentam-se no:

Conhecimento do explícito, daquilo que é dito, é literal.

Conhecimento do implícito, do que não é dito, porém pode ser extraído do que é literal,pois está contido no contexto linguístico.

Conhecimento do implícito, do que não é dito, não é literal, mas pode ser identificado nocontexto extralinguístico ou sócio-histórico-cultural.

A construção do sentido de um texto escrito (e do falado, que por ora deixaremos de lado) requeratenção ao contexto linguístico, que você já sabe o que é. É este contexto que nos garante acompreensão do que lemos, relacionada não só ao explicitado literalmente, mas também àinformação implícita chamada de pressuposto.

Os pressupostos são informações obtidas diretamente do léxico (vocabulário) e das relaçõesgramaticais. Como não ditos, correspondem a informações que são calculadas a partir do que é ditono contexto linguístico específico. Ao efetuar estes cálculos, obtém-se a compreensão do texto. Porexemplo, afirmar que Maria parou de fumar implica afirmar que ela fumava (não está dito, masdeduz-se de ‘parou de’). Logo, a informação de que Maria fumava é um pressuposto do enunciado‘Maria parou de fumar’ (MARTINS, 1998).

Da mesma forma, podemos identificar os pressupostos dos enunciados que se seguem:

Maria conseguiu parar de fumar.

Finalmente Maria conseguiu parar de fumar.

Felizmente Maria conseguiu parar de fumar.

Quando dizemos que “Maria conseguiu parar de fumar”, é porque ela havia se esforçado para largaro vício, pressuposto identificado com base na palavra “conseguiu”.

Caso digamos que “Finalmente Maria conseguiu parar de fumar”, percebemos que foram muitas astentativas de Maria parar de fumar, todas com sacrifício, fato expresso pela palavra “finalmente”.

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Se, por último, temos o enunciado “Felizmente Maria conseguiu parar de fumar”, podemos extrairmais uma informação implícita – ou pressuposto: Maria teve fortes motivos, possivelmente desaúde, para ter parado de fumar, o que o uso da palavra “felizmente” justifica.

Para fixar esse conteúdo, vamos identificar juntos os pressupostos do texto que se segue. Observeos segmentos sublinhados:

É hora de torcer de novo. A renda das pessoas afunda, a economia não decola e o mundo desconfiado Brasil. Mas esse enrosco tem solução.

Em que você pensa, quando lê “torcer de novo”? Se você pensou na Copa do Mundo, a última, emque o Brasil foi pentacampeão, isso lhe despertou um sentimento positivo, não é? Esta ideia é umpressuposto do título do texto.

Ao examinar a primeira informação, encontramos a palavra “afunda”, que pressupõe o movimentode cima para baixo, normalmente captado como ruim, se ocorre dentro da água, na lama, naterra... Em seguida, deparamos com o advérbio “não”, de negação: bom ou mau? Negativo, é claro,ainda mais associado à forma verbal “decola” (sentido de movimento para cima – ‘sair do chão’,negado pelo advérbio; logo, movimento negativo – ‘não sai do chão’). Por último, no mesmoperíodo, ocorre ‘des‘ + ‘confia’, gerando “desconfia”, ou que ‘não confia’, também negativo.

Passamos para o segundo período do texto: ele começa com “Mas”, conjunção coordenativaadversativa, que introduz ideia oposta à anterior. Qual era esta ideia? A de negação: afunda, nãodecola, desconfia (= não confia), mas tudo se modifica, isto é, torna-se positivo, porque este“enrosco” tem solução.

Esta palavra, “enrosco”, quer dizer “ato ou efeito de enroscar; enroscadura, enroscamento”. Vocêpercebe o pressuposto decorrente de ‘en‘ + ‘rosca’, “rosca para dentro”? Pois bem, o pequeno textopode ser representado pelo esquema a seguir:

O texto “É hora de torcer de novo” diz muito mais no campo do implícito do que no do explícito,apesar de todas as informações poderem ser extraídas do literal. O texto tem seu sentido produzidocom base em pressupostos.

Nenhum texto existe fora do contexto extralinguístico. Ao fazer a intelecção, é essencial responder aperguntas – quem fala ou escreve? para quem? quando? onde? por quê? para quê? como? Asrespostas a elas vão definir as condições de produção do texto, que permitirão, além decompreendê-lo, interpretá-lo. Para a interpretação, é necessário recorrer a outro tipo de informaçãoimplícita: o subentendido.

Os subentendidos são informações obtidas do conhecimento de mundo compartilhado pelosinterlocutores, portanto, apenas indiciadas pelo texto. Como não ditos, correspondem a informaçõesque são calculadas a partir do que é dito em contexto extralinguístico específico, comum aoprodutor e ao leitor do texto, ou seja, com base no conhecimento compartilhado. Ao efetuar estescálculos, chega-se à interpretação do que se ouviu ou leu (MARTINS et al., 1998).

Por exemplo, ao se ler: “Imposto de renda: mordida do leão este ano está mais forte”, é necessáriodepreender uma série de subentendidos para obter a compreensão plena da mensagem. Não dápara considerar literalmente esse enunciado. Seria difícil imaginar que um leão está à solta, há maisde um ano (“este ano”), mordendo pessoas (“a mordida do leão”), que comparam a intensidade damordida (“está mais forte”). Qualquer leitor saberia tratar-se de entendimento absurdo, ilógico.

Depois disso, é fácil deduzir que a “mordida do leão” corresponde ao “imposto de renda”. Resta umadúvida: como se constituiu esta associação? Por que “leão”?

Alguns leitores, mais jovens, já terão absorvido a figura de linguagem, mas outros compartilharão

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com o jornalista um conhecimento bastante específico – uma campanha informativa, veiculada háalgumas décadas pela imprensa escrita e pela televisão. Nessa campanha, aparecia a imagem deum leão, andando de um lado para outro, enquanto o locutor comunicava os prazos parapagamento do imposto de renda e apelava para o cumprimento deles.

Para quem nunca assistiu ao vídeo, seria impossível interpretar o enunciado, compreendê-lo, sim,mas a interpretação seria comprometida. A intelecção do texto, que implica compreensão einterpretação, exige o conhecimento compartilhado do contexto extralinguístico, ou seja, aapreensão do subentendido. Essas são as condições de produção de leitura.

2.3 Intelecção: Habilidades Cognitivas EspecíficasVamos falar agora sobre as habilidades requeridas para o processo de intelecção completa epertinente dos textos. Para isso, leia atentamente o texto a seguir:

Mark, competente tradutor e professor universitário, inglês de nascimento e senso de humor,brasileiro de coração, conta a história mais ou menos assim.

Depois de alguns anos de desejo incontrolável, ele finalmente ganhou uma bicicleta no Natal. Emdezembro, faz muito frio na Inglaterra e, naquele ano, nevou bastante. Durante dois dias, ansioupelo momento em que subiria na bicicleta e aprenderia a pedalar. Nada de sol no horizonte.Desolado, tocava os pneus novinhos, os pedais ainda enrolados em papel, o selim de couro macio.No terceiro dia, o avô apareceu inesperadamente no início da tarde. Diz ele que boa parte do quesabe, hoje, aprendeu com o avô, meio sábio, meio gênio, meio menino, meio louco.“Triste, nãoé?... olhar a bicicleta e não poder sair pelo campo, pela montanha, pelo mundo! Principalmentequando não se sabe pedalar. Mas eu vou ensinar uma coisa a você que nenhum outro garoto sabefazer.”

Sentou-se no tapete que ficava sobre o chão da varanda e, cuidadosa, pacientemente, desmontoucom o neto a bicicleta inteirinha. Mostrou cada peça com entusiasmo, observando a posição, oencaixe, o parafuso e a função no veículo. Quando nada mais estava no lugar, os doislevantaram-se e foram tomar chá quente com bombons ao pé da lareira da sala.

Momentos depois, o pai de Mark chegou do trabalho e, pela janela do carro, deparou com amontanha de pedaços de metal e borracha espalhados pelo piso. Reconheceu, perplexo, a bicicletaque comprara com dificuldade antes do Natal; ao lado, viu o boné do filho e as luvas do sogro. Airritação substituiu a surpresa e ele ficou alguns minutos do lado de fora, decidindo que castigodaria ao menino e de que maneira exprimiria sua profunda indignação ao avô. Ao abrir a porta,viu-os bem juntos no sofá, conversando e rindo em voz baixa, tranquilos, quase angelicais.

“Amanhã, na hora do almoço, sem desculpas, quero esta bicicleta completamente montada!”, foi oque conseguiu dizer.

No dia seguinte, bem cedo, assim que os pais saíram para trabalhar, o menino ouviu o chamado doavô. “Vou ensinar outra coisa que ninguém saberia fazer.”

Sentados no tapete da varanda, relembraram a função de cada peça e observaram o parafuso, oencaixe, a posição dela no veículo. Depois de algumas horas, encostaram a bicicleta montada naparede da casa e, com o malicioso olhar de quem conhece o poder da mente humana, olharam parao sol tímido que começava a aparecer.

“Agora, acho que você já pode aprender a pedalar.”, disse o avô ao neto aliviado.

Mark costuma narrar a história, dando risadas, mas, não sei bem por quê, sempre escuto tudo meiocomovida. (MARTINS, 2003)

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Inteligir textos é atividade de cognição das mais complexas, como você acabou de ver. Exige odomínio de habilidades específicas, algumas já descritas, como a apreensão (sensorial – pela visão,no texto escrito), a compreensão (do literal – explícito e implícito) e a interpretação (do implícitocompartilhado, dentro do contexto extralinguístico). Mas não é só isso. A intelecção de textos emportuguês requer algumas habilidades cognitivas específicas.

A primeira é a apreensão – por meio da visão, no caso do texto escrito (ou da audição, quanto aotexto falado) –, pelo usuário, que deve, em seguida, compreender e interpretar o que leu (ouescutou), para obter informação.

Duas outras habilidades são essenciais: a análise e a síntese. O texto sobre Mark exprimeconcretamente cada uma delas.

Para analisar, é preciso decompor, não de modo desatento ou aleatório, mas de maneirasistemática, observando o valor da parte no todo, sob os pontos de vista formal, semântico efuncional. Quando desmontaram a bicicleta, prestando atenção à posição, às conexões e aofuncionamento das peças, o menino e o avô realizaram uma experiência analítica bastante concreta.

A habilidade de analisar leva ao reconhecimento das seções constituintes do texto e da hierarquiaentre as ideias, identificando as principais, as secundárias e os pormenores. Somente depois daanálise é possível formular esquemas e roteiros.

A síntese, por sua vez, é a habilidade cognitiva decorrente da análise: uma decompõe, outrarecompõe.

Para a síntese, é necessário saber associar elementos isolados, com o propósito de constituir umconjunto organizado ou articular partes na construção do todo coerente. Por isso, para poderemremontar a bicicleta, foi necessário que os personagens da narrativa tivessem observadocuidadosamente a forma, o conceito e a função de cada peça, para recompor o todo.

Desenvolvendo a habilidade da síntese, o usuário da língua portuguesa será capaz de elaborarsumários e resumos, que são tipos de textos frequentemente utilizados nas atividades acadêmicas.A síntese (assim como a análise) consiste em um complexo exercício do raciocínio.

Nenhuma das habilidades cognitivas estará propriamente desenvolvida enquanto se mantiver nodomínio teórico. É fundamental aplicá-las em situações concretas, da vida real, de modo a transferiro que foi adquirido na teoria para a prática.

Por mais inteligente, estudioso e interessado que você seja não será possível afirmar que sabe fazeralguma coisa apenas porque conhece a teoria. Só se aprende a fazer, fazendo, quer dizer,superpondo o conhecido ao desconhecido.

Quando desmontamos um objeto (análise) e o remontamos (síntese), este conhecimento passará aser efetivo no momento em que formos capazes de transferi-lo para novo objeto ou nova situação.Como, por exemplo, memorizamos para que lado devemos girar o parafuso que entra na parede? Ea direção em que deve sair dela? Como é que sabemos abrir uma lata de refrigerante ou um vidrode conserva? Como conseguimos ligar um equipamento de última geração, recém-adquirido? Comofazemos a diferença entre uma receita culinária e um manual de instrução? Como é queaprendemos a escrever uma redação? É verdade: passamos a vida a transferir o conhecido para asnovas situações, aplicando a teoria adquirida às situações do dia-a-dia.

A última das habilidades cognitivas essenciais à intelecção de textos é a avaliação. Para avaliar, éfundamental considerar o objeto do conhecimento sob a perspectiva das demais habilidades(apreensão, compreensão/interpretação, análise, síntese, aplicação). Portanto, a avaliação, ou seja,o estabelecimento de juízos de valor, é tarefa complexa, entre outros aspectos, por exigircomparação entre o objeto (o ser, o fato, o fenômeno, o processo, o conceito ou o texto conhecido)

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e aquilo que se deseja conhecer (objeto, fato, fenômeno, processo, conceito ou texto). Da avaliaçãoresulta a crítica, essencial ao estudo acadêmico, ao trabalho científico, tecnológico, artístico eliterário.

Nesta aula, você estudou como a leitura pode ser produzida e viu que os conhecimentos do leitorpodem influenciar no processo de intelecção do texto. Você estudou também que durante oprocesso de leitura algumas habilidades, são muito importantes para a real execução da leitura eque ler significa desmontar para conhecer detalhadamente o texto e remontar (síntese) paraconferir o grau de intelecção alcançado com a leitura.

Atividades

A aula 2 foi sobre produção de leitura e intelecção.

Leia os textos indicados na seção “Leituras”, desta UEA.a.

Escolha o texto que mais gostou e exercite as habilidades cognitivas que você estudounesta aula.

b.

Aula 03 - Textos Reais, Textos Ideais e Gêneros TextuaisDescrever o resultado da aplicação de habilidades de intelecção – os textos ideais –,contrastando-os com os textos identificados no cotidiano, é o que teremos nesta aula. Faremostambém um estudo sobre os gêneros textuais, destacando a distinção entre tipo e gênero textual.

3.1 Textos IdeaisVocê já conhece as habilidades essenciais à intelecção textual, que parte da apreensão, passandopela compreensão, pela interpretação, pela análise, pela síntese, até atingir o nível de avaliação(crítica), por meio da qual efetivamente se obtêm informações. Selecionamos as principaiscaracterísticas que você identificará nos textos elaborados para transmitir o máximo de informaçãoao intelector – os chamados textos ideais.

Texto ideal

delimitação/coerência

relevância

clareza

economia

cooperação

simetria

exatidão

convicção/ assertividade

objetividade

correção

coesão

O texto informativo deverá ter delimitação, isto é, princípio, meio e fim, identificáveis pelo leitorsem dificuldade, o que o faz constituir-se como unidade e coerência, com base em nexosestabelecidos nos contextos linguístico e extralinguístico, para constituir todos organizados. A partirdos contextos, você depreenderá os implícitos (pressupostos e subentendidos). O reconhecimentodas partes dentro do todo textual, com a respectiva função e o valor correspondente, levará você àidentificação da ideia principal – ou das ideias principais –, das secundárias e dos pormenores, noque diz respeito à informação veiculada. Isso, como já vimos, nem sempre está explícito no textoou pode ser depreendido literalmente.

A identificação da ideia principal é possível por causa da delimitação do texto: temática, semântica

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e formal. Leia, por exemplo, o texto abaixo e tente identificar a ideia principal:

Um asteróide com quase a mesma órbita que a Terra em torno do Sol se aproximará este mês doplaneta, para depois se afastar por 95 anos. Com 60 metros, o 2002 AA29 foi descoberto anopassado. Dia 8, ele chegará a 5,9 milhões de quilômetros. Não há risco de colisão, diz a Nasa. Massua passagem é uma incômoda lembrança da ameaça que asteróides representam.

Fonte: http://www2.correioweb.com.br/cw/EDICAO_20030112

Como você pode notar, trata-se de texto jornalístico, que noticia um fenômeno astronômicoprevisto, por subordinar-se a variáveis de tempo e espaço. As informações relativas ao tamanho, àdesignação e à descoberta do asteróide são ideias secundárias. Já a menção à “incômodalembrança” do “risco de colisão” é acessória, portanto, um pormenor, visto que esta possibilidade foidesmentida por “voz” de inquestionável autoridade – a NASA. Observe ainda a disposição linear dasideias no texto, da principal ao pormenor, em sequência da esquerda para a direita (ou do iníciopara o fim, ordenadamente). Isso também confere coerência à notícia.

A relevância é característica imprescindível, porque determina a seleção de ideias secundárias epormenores que se destacam quanto ao valor informativo. Também é no contexto que se define oque é relevante, por comparação. No texto acima, veja que, apesar de não integrarem a ideiaprincipal, as informações secundárias e os pormenores são relevantes para a avaliação do impactodo fenômeno.

Leia agora a notícia e responda mentalmente às perguntas adiante:

Três pesquisadores cearenses do Laboratório de Algas Marinhas da Universidade Federal do Cearáchegaram ontem à Antártica. Eles vão ficar durante 40 dias na Estação Comandante Ferraz, paracoleta e estudo de algas marinhas. A equipe é formada por Dárlio Inácio Alves, Stélio RicardoMagalhães e Bartolomeu Warlene Silva de Souza. Eles submeteram ao CNPq o projeto, que foiaprovado em 2000, mas os recursos só foram liberados ano passado.

Fonte: http://www2.correioweb.com.br/cw/EDICAO_20030112

A quantos pesquisadores o texto se refere?

Onde nasceram?

Onde trabalhavam?

Aonde chegaram?

Quanto tempo eles vão ficar?

Em que lugar?

Para quê?

Você é capaz de dizer o nome dos componentes da equipe?

O projeto receberá recursos de algum órgão?

Qual? E que ano o projeto foi aprovado?

Quando o projeto foi aprovado?

De que fonte é a matéria?

Em que jornal foi publicado?

Em que data?

Todas as indagações podem ser respondidas pela literalidade do texto. Vamos fazer perguntas,agora, sobre os pressupostos textuais:

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Que fazem pesquisadores em geral?

Em que país fica o estado do Ceará?

Em que área do conhecimento os pesquisadores trabalham?

Qual é o objeto de estudo?

Onde se encontra este objeto?

Os nomes próprios dos pesquisadores são comuns?

Houve coincidência entre o momento da aprovação e o da liberação de recursos?

Por último, veremos se você e o redator compartilham o conhecimento de mundo, formulandoperguntas a respeito de subentendidos. Uma equipe de três pesquisadores é grande ou pequena? Oque é um laboratório? O que é a Antártica? Onde se situa? O que é a Estação Comandante Ferraz?O que é o CNPq?

Você respondeu a todas as perguntas? Recebeu auxílio de alguém? Mesmo com tantos implícitos –pressupostos e subentendidos, a notícia é marcada pela clareza, pois o vocabulário é conhecido e aestrutura da frase, muito simples. Estes são recursos utilizados pelo redator, com o objetivo detornar os enunciados claros e facilitar a intelecção textual para o maior número possível deusuários. Ao mesmo tempo, optando pela simplicidade, atende-se ao requisito da economia comoprincípio geral do idioma.

Em termos de economia linguística, preste atenção: menos é sempre mais, desde que a clareza e ainformatividade da mensagem não sejam comprometidas.

A clareza é também uma das garantias da relação simétrica entre os interlocutores, ou seja, édesejável que redator e leitor tenham o mesmo nível intelectual, afetivo, social ou profissional, paraque não haja desequilíbrio na comunicação linguística, o que, certamente, prejudica a intelecçãotextual. Caso não ocorra equilíbrio entre os participantes, é comum haver negociações (por meio de“traduções” de palavras, retificações, explicações paralelas, entre outros recursos), pararestabelecer a simetria comunicativa.

Se a mensagem deve ser clara e a interação, simétrica, é porque a comunicação verbal é semprecooperativa: quando não queremos defrontar com alguém que caminha em sentido oposto, bastausar algumas estratégias comportamentais socialmente aceitas, como simular a leitura atenta deum documento, falar com outro passante, virar a esquina, não é verdade? Caso cheguemos a dirigira palavra a uma pessoa, fica entendido que temos intenção de manter o contato, de externarnossa cooperação.

Da mesma forma, quando não queremos expor a fragilidade de um ponto de vista ou de umanotícia, não escrevemos sobre o assunto, pois não há como justificar informações inexatas. Aexatidão é uma qualidade do texto informativo, que pode ser sustentada por fatos, testemunhos,dados estatísticos, análises qualitativas e vários outros tipos de prova ou evidência.

A construção de um texto informativo, como você pode deduzir, demanda estratégias quesustentem as ideias transmitidas. Dados estatísticos, por exemplo, conferem um tom deconvicção e assertividade ao texto. Segundo Grice (apud KOCH), uma das máximas do princípio dacooperação (ou um dos subprincípios) é a máxima da qualidade, que determina: “só diga coisaspara as quais tenha evidência adequada; não diga o que sabe não ser verdade”. Sempre queobedecemos a esta “máxima”, sentimo-nos convictos de nossas informações e produzimosenunciados assertivos.

Vamos agora falar de objetividade. Para isso, leia o texto a seguir:

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Há vida bem abaixo do fundo do mar

Já achamos seres vivos capazes de sobreviver em lugares tão hostis quanto fendas vulcânicasoceânicas, gelo antártico e gêiseres, mas uma descoberta anunciada na primeira semana de 2003superou até as mais otimistas expectativas sobre a resistência e a diversidade da vida na Terra.Microbiologistas marinhos da Universidade Estadual do Oregon (EUA) anunciaram na “Science” terdescoberto abundante vida microbiana a 300 metros abaixo do solo marinho. Fraturas numacamada basáltica muito antiga, parte da crosta terrestre, são o lar de micróbios que vivem embolsões de água quente. Tais micróbios nutrem-se de dióxido de carbono e hidrogênio. Agora, acrosta terrestre sob os oceanos pode ser considerada uma imensa biosfera, um verdadeiro mundoperdido.

O texto “Há vida bem abaixo do fundo do mar” relata um achado biológico surpreendente. Apesarde emitir avaliação a respeito do conteúdo da notícia – “[...] uma descoberta [...] superou até asmais otimistas expectativas sobre a resistência e a diversidade de vida na Terra” ou “Agora, a crostaterrestre sob os oceanos pode ser considerada [...] um verdadeiro mundo perdido” –, habilidade dealta relevância para a intelecção de textos, o redator foi capaz de fazê-lo de modo objetivo.

Podemos dizer com segurança que a objetividade é uma das marcas do texto ideal. O comentáriocrítico, portanto, avaliativo, que o jornalista formulou, fundamenta-se tanto em fatos, quanto nosimplícitos – pressupostos (“lugares tão hostis”; “descoberta”; “superou até”; “achado biológico”;“ter descoberto”) e subentendidos (“EUA”; “Science”; “mundo perdido”). Não se trata de meraopinião pessoal, esta, sim, caracterizada pela subjetividade.

3.2 Textos ReaisVerificamos que o conjunto de características descritas tem como base dois constituintes formais: acorreção gramatical e a coesão textual. A primeira diz respeito à utilização segura e sistemática deuma das variedades identificadas na língua portuguesa, que é a norma culta. A segundacaracterística, que é a presença de elementos coesivos no texto, resulta na organização textuallógica ou coerência.

No texto anterior, conectivos como “mas” e “tão ... quanto”, pronomes como o relativo “que vivem”e o demonstrativo “Tais micróbios”, advérbios como “Já” e “agora” promovem a união, a associaçãodas palavras nas orações e destas no parágrafo, produzindo a unidade textual.

Textos escritos reais são aqueles que lemos todos os dias em folhetos, avisos e outros meiosinformais de comunicação. Quando são produzidos em situações rotineiras ou relevantes da vidacotidiana, nunca os “lemos”– inteligimos – de fato. Nossa apreensão por meio do sentido da visão,que permite a decodificação mecânica das letras, acaba por ser a única habilidade acionada pelousuário, que às vezes nem “vê” o que está escrito.

3.3 Gêneros Textuais e Tipos TextuaisAlém da diferenciação entre textos ideais e textos reais, outra distinção é também importante paraa comunicação verbal. Estamos falando dos gêneros textuais.

Os gêneros textuais caracterizam-se por suas funções comunicativas, apesar de também possuírempeculiaridades linguísticas. Mas antes de iniciarmos nosso estudo sobre gêneros, vamos rever ostipos textuais, para não se fazer confusão entre tipos e gêneros textuais.

De acordo com Marcushi (2002, p. 22), os gêneros textuais são ações sociodiscursivas . Vejamos adistinção que esse autor faz entre tipo textual e gênero textual:

usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie deconstrução teórica definida pela natureza linguística de sua composição

a.

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(aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas). Emgeral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categoriasconhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição,injunção.

usamos a expressão gênero textual como uma noção propositadamentevaga para referi os textos materializados que encontramos em nossa vidadiária e que apresentam características sociocomunicativa definidas porconteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica. seos tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros textuais sãoinúmeros (MARCUSHI, 2002, p. 22).

b.

Para melhor compreensão dessa distinção, na página 23, Marcuschi apresenta um quadro sinótico,veja:

Tipos textuais Gêneros textuais

Constructos s teóricos definidos porpropriedades linguísticas intrínsecas

1. Realizações linguísticas concretas definidaspor propriedades sociocomunicativas

1.

Constituem sequências linguísticas ousequências de enunciados e não são textosempíricos

2. Constituem textos empiricamente realizadoscumprindo funções em situaçõescomunicativas

2.

Sua nomeação abrange um conjuntolimitado de categorias teóricas determinadaspor aspectos lexicais, sintáticos, relaçõeslógicas, tempo verbal

3. Sua nomeação abrange um conjunto abertoe praticamente ilimitado de designaçõesconcretas determinadas pelo canal, estilo,conteúdo, composição e função

3.

Designações teóricas dos tipos: narração,argumentação, descrição, injunção, exposição.

4. Exemplos de gêneros: telefonema, sermão,carta comercial, carta pessoal, romance,bilhete, aula expositiva, reunião decondomínio, horóscopo, receita culinária,bula de remédio, lista de compras, cardápio,instruções de uso, outdoor, inquérito policial,resenha, edital de concurso, piada,conversação espontânea, conferência, cartaeletrônica, bate-papo virtual, aulas virtuaisetc.

4.

O tratamento dos textos como gêneros textuais é uma proposta de redimensionamento para seestudar a linguagem centrada na interlocução. A linguagem é uma prática social e suas ações seconcretizam dentro de um gênero.

Os tipos textuais (narração, argumentação, exposição, descrição, injunção) são definidos pelostraços linguísticos que constituem o texto, tais como: aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais,relações lógicas.

Para exemplificar essa caracterização, veja a seguir o quadro de Werlich (1973):

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Fonte: Werlich (1973 apud MARCUSCHI, 2002, p. 28).

Agora fica mais fácil você conferir que a narrativa tem como característica a sequência temporal,enquanto a descrição se centra na localização; os textos expositivos têm como principalcaracterística a explicação e a análise; os textos argumentativos têm o predomínio de um conjuntode dados que formam uma sequênciae os injuntivos são aqueles que se marcam pelo uso doimperativo. Como você viu no quadro de Werlich, os tipos textuais são estruturas definidas eestáticas.

Os gêneros não são estáticos, podemos dizer que eles são relativamente estáveis, como disse

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Bakthin (1997) porque se definem como “artefatos culturais construídos historicamente pelos sereshumanos”, explica Marcushi (2002).

Quando você escreve um bilhete, um e-mail, um SMS, você está usando o gênero textualcaracterístico de cada uma dessas formas de comunicação. Ao produzir um trabalho acadêmico vocêtambém está usando um modelo de gênero textual. Preencher formulários, produzir relatórios emseu ambiente de trabalho são também produções de gêneros textuais.

O conteúdo de uma carta familiar, de um e-mail ou de um texto jornalístico, por exemplo, podeconter mais de um tipo textual. Na carta você pode ao mesmo tempo, descrever uma pessoa ou umobjeto, pode contar uma história, opinar sobre algo e, pode ainda, fazer pedidos ou dar ordens.

Com isso, você pode concluir a infinidade de gêneros textuais que podemos encontrar em nossasociedade.

Nesta aula, você teve a oportunidade de compreender mais e melhor a habilidade de intelecção dostextos reais e dos textos ideais. Foi esclarecido também a diferença entre tipos (ou tipologias)textuais e gêneros textuais. Ao longo da aula você pôde perceber que um gênero textual podeconter diferentes tipos textuais dentro dele.

Atividades

Nesta aula você estudou sobre textos reais, ideais e gêneros textuais.

A partir do que você aprendeu nesta aula, faça uma lista dos textos com os quais vocêconvive em seu cotidiano.

a.

Tente agrupá-los por gêneros e confira quais os que você usa com maior frequência.b.

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CAMARA JR., Joaquim Mattoso. Estrutura da língua portuguesa. 25. ed. Petrópolis, Vozes,1996.124 p.

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FRANCHI, CARLOS. Mas o que é mesmo “gramática”? São Paulo: Parábola Editorial, 2006.

GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a pensar.21. ed. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2002. 540 p.

GRICE, Herbert Paul. “Lógica e conversação”. In: DASCAL, Marcelo (Org.). Pragmática:Problemas, críticas, perspectivas da lingüística: bibliografia. Campinas: Unicamp, 1982. 301 p.

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KOCH, Ingedore G. V. Argumentação e linguagem. São Paulo: Contexto, 1984.

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LEOTTI, Maria José. De peito aberto: uma forma de ler os fenômenos da linguagem, se vocêtem peito. Disponível em: http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais15/alfabetica/LeottiMariaJose.htm. Acesso em: 18 jul. 2012.

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MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1996.

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GlossárioA

AnalogiaComparação.ArgumentaçãoApresentação de provas a favor ou contra uma proposição anteriormente enunciada,utilizando-se de exemplos, citações, analogias ou outros recursos de retórica.

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AssertividadeCaracterística da sentença que declara inteiramente a sua mensagem, seja ela positiva ounegativa, sem deixar margem a dupla interpretação.AtitudeComportamento ditado por disposição interior; maneira de agir em relação a pessoa,objeto, situação etc.AvaliaçãoProcesso pelo qual se define o valor de algo, bem como sua validade dentro dedeterminadas situações. Esse é um processo contínuo nas situações de comunicação oral eescrita, pois os falantes estão sempre decidindo, pela avaliação, quais elementos linguísticosserão usados em cada situação.

C

Cena enunciativaAquela em que há pessoas que conversam, em que ocorre interação linguística.CogniçãoProcesso ou faculdade de se adquirir um conhecimento, de conhecer algo.CompreensãoFaculdade de entender, de perceber o significado de algo.ContextoO ambiente em que se dá a comunicação e que envolve, simultaneamente, ocomportamento linguístico e social.ConvicçãoCrença ou opinião a respeito de algo, com base em provas ou razões íntimas, ou comoresultado da influência ou da persuasão de outrem.CríticaArte ou faculdade de examinar/julgar obras, em especial as de caráter artístico ou literário;apreciação minuciosa, julgamento.ContextoO conjunto de condições de uso da língua, que envolve, simultaneamente, ocomportamento linguístico e o social, e é constituído de dados comuns ao emissor e aoreceptor; ambiente. Dependendo do contexto, as situações de comunicação são alteradas.Por isso, para determinar o significado de um termo, é necessário conhecer o contexto emque está inserido.CooperaçãoAtuação, juntamente com outros, para um mesmo fim; contribuir com trabalho, esforços,auxílio; colaboração.

D

DecodificarMudar de um código para o outro, decifrar, compreender, interpretar o sentido de umamensagem.DerivaEncadeamento de mudanças ocorridas numa dada língua, que seguem uma direção bemdefinida. Como exemplo, temos o uso do pronome oblíquo no início das frases: "Me dáisso", que ocorre no português do Brasil, mas não no português de Portugal.DicionárioCompilação completa ou parcial dos vocábulos de uma língua, ou de certas áreas específicasdesta língua, geralmente em ordem alfabética e que fornece, além das definições,informações sobre sinônimos, antônimos, ortografia, pronúncia, classe gramatical,etimologia.Dissertação

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Tipo de texto em que o raciocínio, a exposição e a argumentação ganham papel dedestaque.DesempenhoNível de ação de um falante da língua; o grau de adequação que este consegue alcançarquando fala ou escreve.DescriçãoTipo de texto que se caracteriza pela predominância dos aspectos referentes à forma, taiscomo cores, dimensões, posições, textura, estrutura, gênero etc., texto que usa a línguapara compor uma imagem, seja de seres concretos ou abstratos e onde ocorre apredominância de substantivos, adjetivos e advérbios.DialetoConjunto de marcas lingüísticas de natureza semântico-lexical, morfossintática e fonético-morfológica, restrito a dada comunidade de fala inserida numa comunidade maior deusuários da mesma língua, que não chegam a impedir a intercomunicação da comunidademaior com a menor [O dialeto pode ser geográfico ou social.]; qualquer variedadelinguística coexistente com outra e que não pode ser considerada uma língua (p.ex.: noportuguês do Brasil, o dialeto caipira, o nordestino, o gaúcho etc.); modalidade regional deuma língua que não tem literatura escrita, sendo predominantemente oral; língua que,embora tenha literatura escrita, não é língua oficial de nenhum país (p.ex., o catalão, obasco, o galego etc.); variedade regional de uma língua cujas diferenças em relação àlíngua padrão são tão acentuadas que dificultam a intercomunicação dos seus falantes comos de outras regiões (p.ex., siciliano, calabrês).

E

EnunciaçãoAto individual de utilização da língua pelo falante, ao produzir um enunciado num dadocontexto comunicativo.EnunciadoFrase, parte de um discurso ou discurso (oral ou escrito) em associação com o contexto;segmento produzido por um falante numa determinada língua delimitado por certas marcasformais: de entonação, de silêncios (expressão oral), de pontuação (expressão escrita).ErroAto ou efeito de errar; juízo ou julgamento em desacordo com a realidade observada;engano; qualidade daquilo que é inexato, incorreto; desvio do caminho.EstruturaOrganização, disposição e ordem dos elementos essenciais que compõem um corpo(concreto ou abstrato); organização das partes, em função de algo de cunho genérico eglobal; aquilo que dá sustentação (concreta ou abstrata) a alguma coisa; armação,arcabouço; agregação, reunião de elementos que compõem um todo e a sua inter-relaçãocom este todo; rede de associações que se constroem a partir de correlações e oposiçõesentre os elementos linguísticos.EconomiaDispêndio exato de esforço linguístico na produção de um enunciado.EmpréstimoIncorporação, ao léxico de uma língua, de um termo pertencente a outra língua.EstrangeirismoPalavra ou expressão estrangeira usada em um texto, tal como se fosse parte do léxico dalíngua receptora,embora ainda não esteja incorporada a este.ExemplificaçãoUso do exemplo como recurso de retórica e argumentação.ÉticaEstudo da moral e das regras de bem proceder.

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F

FalarVariedade de uma língua peculiar a um quadro geográfico; tem-se o falar regional, própriode uma área mais ampla (p. ex.: o falar nordestino) e o falar local, próprio de uma cidade,de uma vila etc.; dialeto, fala – o carioca, o do vale do Paraíba; variedade de língua (comcaracterísticas específicas na sintaxe e no léxico) que caracteriza um determinado gruposociocultural; dialeto, linguajar.FormalRelativo à forma de um vocábulo ou de uma estrutura linguística, bem como à maneirausada para organizar os elementos dentro de um enunciado.FuncionalRelativo à função que um determinado componente linguístico ocupa dentro do texto.Dizemos que um termo é funcional quando desempenha um papel importante na construçãodo significado, isto é, ele "funciona" dentro do sistema da língua.

H

HeterogeneidadeQualidade daquele que possui natureza desigual e/ou apresenta diferença de estrutura,função, distribuição etc. (diz-se de qualquer coisa em comparação com outra); ou que éconstituído por elementos variados; ou composto de partes ou elementos de diferentesnaturezas, isto é, que não tem unidade, não é uniforme.

I

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InformaçãoAto ou efeito de informar(-se); comunicação ou recepção de um conhecimento ou juízo; oconhecimento obtido por meio de investigação ou instrução; esclarecimento, explicação,indicação, comunicação, informe; acontecimento ou fato de interesse geral tornado doconhecimento público ao ser divulgado pelos meios de comunicação; notícia; informeescrito; relatório; conjunto de atividades que têm por objetivo a coleta, o tratamento e adifusão de notícias junto ao público; conjunto de conhecimentos reunidos sobredeterminado assunto; elemento ou sistema capaz de ser transmitido por um sinal oucombinação de sinais pertencentes a um repertório finito.InstitucionalRelativo à estrutura material e humana que serve à realização de ações de interesse socialou coletivo; que provém de uma instituição.IntelecçãoAção ou processo de entender; fato de entender; compreensão, entendimento.InterlocutorCada uma das pessoas que participam de uma conversa, de um diálogo; cada uma daspessoas envolvidas num ato linguístico.IntertextualidadeDe textos ou de partes de textos preexistentes de um ou mais autores, de que resulta aelaboração de um novo texto.Indo-europeuTronco ou família de línguas aparentadas, faladas em parte da Ásia e em grande parte daEuropa. Contém vários ramos, tais como o indo-iraniano, o báltico, o itálico, o germânico eo celta, o grego, o albanês e o armênio; língua pré-histórica hipotética que os linguistas efilólogos do século XIX reconstituíram em seus estudos e que teria sido a protolíngua dafamília indo-europeia.InterpretaçãoDeterminação do significado de uma mensagem; entendimento; leitura.

L

LéxicoO repertório total de palavras existentes numa determinada língua; relação de palavrasempregadas com sentido diferente do da língua comum, com as respectivas explicações, ourelação das palavras usadas por um autor, um grupo social etc.; vocabulário.LiteralidadeQualidade do que é literal, do que pode ser interpretado em seu sentido denotativo,informativo.LógicaParte da filosofia que estuda os processos intelectuais pelos quais se adquire oconhecimento. Diz-se que “é lógico”, muitas vezes, no sentido de ser coerente, encadeado,verdadeiro.

M

MonografiaTipo de texto acadêmico-científico no qual se discorre com profundidade a respeito de umúnico assunto, analisando-o sob diversos aspectos, após a realização de pesquisasbibliográficas e/ou de campo.MetasObjetivos que se procura atingir a médio ou longo prazo.

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NarraçãoTipo de texto que privilegia a seqüência dos fatos de uma história. Pode ser feita em ordemcronológica ou não. A ordem e a maneira de se apresentar os fatos interferem diretamentena qualidade da narrativa.NormaPreceito estabelecido na seleção do que deve ou não ser usado numa certa língua, levandoem conta fatores linguísticos e não linguísticos, como tradição e valores socioculturais(prestígio, elegância, estética etc.); tudo o que é de uso corrente numa línguarelativamente estabilizada pelas instituições sociais.NeologismoPalavra nova, criada a partir dos mecanismos aceitáveis pelo padrão do idioma. (verprocessos de formação de palavras)

O

OraçãoFrase ou segmento de frase que contém um verbo.

P

ParadoxoAquilo que se apresenta como contradição, como inesperado dentro do contexto. Ex.:Apesar de toda a riqueza material que caracteriza os países de primeiro mundo, aindapode-se ver, em inúmeras de suas cidades, as figuras dos indigentes e dos marginais.PeríodoConjunto de orações.PronunciamentoO que resulta do ato de fala ou escrita, manifestação de um discurso oral ou escrito.PositividadeQualidade do que é positivo, que leva à certeza, à segurança.PragmáticaA parte da teoria do uso linguístico que estuda os princípios de cooperação que atuam norelacionamento linguístico entre o falante e o ouvinte, permitindo que o ouvinte interprete oenunciado do seu interlocutor, levando em conta, além do significado literal, elementos dasituação e a intenção que o locutor teve ao proferi-lo (por exemplo: o enunciado "você sabeque horas são?" pode ser interpretado como um pedido de informação, como um convitepara que alguém se retire etc.).

R

RecepçãoO ato de receber a mensagem e que corresponde à parte final da transmissão da mesma;entre falantes, cabe ao interlocutor/destinatário.RelatórioTipo de texto geralmente utilizado no meio técnico-científico, no qual se enumeram edescrevem as etapas de procedimentos e se analisam os resultados de um experimento.

S

SilogismoProposição filosófica que se baseia no encadeamento das premissas, ou seja, das partes deuma proposição, estabelecendo relações de causa e conseqüência e de conclusão: Quemnasce no Brasil é brasileiro. Pedro nasceu no Brasil. Logo, Pedro é brasileiro.Sintaxe

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Parte da gramática que estuda as palavras como elementos de uma frase, as suas relaçõesde concordância, de subordinação e de ordem.SintáticaRelativo à sintaxe.SistemaConjunto de elementos, concretos ou abstratos, intelectualmente organizado; conjuntoconcebido pelo espírito (como hipóteses, crenças etc.) de objetos de reflexão, ou convicção,unidos por um fundamento; doutrina, ideologia, teoria, tese; conjunto de idéias logicamentesolidárias, consideradas nas suas relações; conjunto de regras ou leis que fundamentamdeterminada ciência, fornecendo explicação para uma grande quantidade de fatos; teoria;distribuição de um conjunto de objetos numa ordem que torna mais fácil sua observação eestudo; qualquer conjunto natural constituído de partes e elementos interdependentes;conjunto das redes de relações pelas quais uma língua se organiza e se estrutura; conjuntodos sistemas parciais ou subsistemas (fonológico, sintático, morfológico, semântico) queintegradamente formam a estrutura da língua como um todo .SemânticaRamo da linguística que se ocupa do estudo da significação do significado das palavras, emoposição a sua forma.SemânticoRelativo ao significado.SimetriaSemelhança entre duas metades de um todo.

T

textualidade:Conjunto de características que garante a um enunciado lingüístico a condição de “texto”.

U

Unidade linguísticaQualidade daquilo que é uno, que não pode ser dividido; qualidade do que apresentasemelhança, harmonia ou coerência com outros elementos da mesma espécie; cada parteestruturada que, por si, forma um todo dentro de uma estrutura maior.

V

VariaçãoFlexibilização na forma de apresentar uma palavra, uma expressão ou uma estrutura, semobedecer totalmente à norma padrão, mas sem se tornar inaceitável linguisticamente.

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