levantamento de prÁticas no processo...

82
Universidade Federal do Rio de Janeiro LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO CONSTRUTIVO PARA A OTIMIZAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE EM OBRAS DE EDIFICAÇÕES Marina do Rêgo Monteiro Ferreira Bacellar Rio de Janeiro 2014

Upload: vokhanh

Post on 15-Dec-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

Universidade Federal do Rio de Janeiro

LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO

CONSTRUTIVO PARA A OTIMIZAÇÃO DA

SUSTENTABILIDADE EM OBRAS DE EDIFICAÇÕES

Marina do Rêgo Monteiro Ferreira Bacellar

Rio de Janeiro

2014

Page 2: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS ADOTADAS NO

PROCESSO CONSTRUTIVO PARA A OTIMIZAÇÃO DA

SUSTENTABILIDADE EM OBRAS DE EDIFICAÇÕES

Marina do Rêgo Monteiro Ferreira Bacellar

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Jorge dos Santos

Rio de Janeiro

Agosto de 2014

Page 3: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

ii

LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS ADOTADAS NO PROCESSO CONSTRUTIVO

PARA A OTIMIZAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE EM OBRAS DE

EDIFICAÇÕES

Marina do Rêgo Monteiro Ferreira Bacellar

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

Jorge dos Santos, D. Sc., Orientador

Ana Catarina Jorge Evangelista, D. Sc.,

Isabeth Melo, M. Sc.,

Wilson Wanderley da Silva, Arq.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

AGOSTO de 2014

Page 4: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

iii

Bacellar, Marina do Rêgo Monteiro Ferreira

Levantamento de práticas adotadas no processo construtivo

para a otimização da sustentabilidade em obras de edificações /

Marina do Rêgo Monteiro Ferreira Bacellar – Rio de Janeiro:

UFRJ /Escola Politécnica, 2014.

xii, 69.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Jorge dos Santos

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso de

Engenharia Civil, 2014.

Referências Bibliográficas: p. 65-69

1. Práticas Sustentáveis 2. Desenvolvimento Sustentável 3.

Sustentabilidade 4. Construção Civil 5. Edificações

Sustentáveis. I. Santos, Jorge dos. II. Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil.

III. Levantamentos de práticas adotadas no processo construtivo

para a otimização da sustentabilidade em obras de edificações.

Page 5: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

iv

Dedico este trabalho aos meus pais Fernando Luiz Ferreira Bacellar e Maria Claudia

do Rêgo Monteiro que sempre me incentivaram e me apoiaram em todos os momentos

da minha vida.

Page 6: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, pelo apoio e amor incondicionais em todos os momentos da

minha vida.

Agradeço ao meu irmão, Octavio, por todo apoio, companheirismo, preocupação e

principalmente por poder desfrutar da sua implicância e de nossas brincadeiras no nosso

dia a dia.

Agradeço a minha irmã, Janaína, que mesmo longe se faz presente em todos os

momentos da minha vida.

Agradeço aos meus tios Maria Adélia e Renato Luiz por todo incentivo.

Agradeço as minhas amigas de toda a vida Beatriz Falcão, Carolina Guedes, Camila

Maya, Fernanda Monteiro, Hannah Petkovic, Marcella Guedes e Renata Gaui e ao meu

amigo André Bastos por todos os momentos de alegria e tristeza compartilhados.

Agradeço as minhas avós e tia avó por todo carinho.

Agradeço ao professor Jorge dos Santos, pela orientação para que este trabalho fosse

realizado da melhor maneira possível.

Page 7: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

vi

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS ADOTADAS NO PROCESSO CONSTRUTIVO

PARA A OTIMIZAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE EM OBRAS DE

EDIFICAÇÕES.

Marina do Rêgo Monteiro Ferreira Bacellar

Agosto 2014

Orientador: Jorge dos Santos

Curso: Engenharia Civil

A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais e que mais

consome matéria prima. Por isso, a inserção de práticas sustentáveis ao processo

construtivo se torna cada vez mais imprescindível. Ao longo dos anos, houve um

crescimento significativo de discussões em torno do desenvolvimento sustentável e o

surgimento de certificações que incentivam a sustentabilidade na construção civil.

Obras de edificações sustentáveis podem ser alcançadas por meio de práticas que

possam otimizar a sustentabilidade, que envolvem Planejamento; Concepção; Materiais;

Consumo de energia; Consumo de água; Conforto ambiental do edifício; Gestão de

resíduos sólidos; Uso de ocupação do solo; e Fauna e flora local. Após a conclusão do

estudo, verifica-se que os profissionais do setor da construção civil possuem o

conhecimento teórico de questões sobre a sustentabilidade, mas não sabem como

colocá-lo em prática.

Palavras-chave: Práticas sustentáveis, Desenvolvimento sustentável, Sustentabilidade,

Construção civil, Edificações sustentáveis.

Page 8: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

vii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

SURVEY OF PRACTICES IN THE CONSTRUCTION PROCESS FOR

OPTIMIZATION OF SUSTAINABILITY IN CONSTRUCTION OF BUILDINGS..

Marina do Rêgo Monteiro Ferreira Bacellar

August 2014

Advisor: Jorge dos Santos

Course: Civil Engineering

The construction industry is the sector that most generates environmental impacts and

that consumes more raw material. For that reason, the inclusion of sustainable practices

to the construction process becomes increasingly essential. Over the years, there has

been a significant growth of discussions on sustainable development and the emergence

of certifications that encourage sustainability in construction. Construction of

sustainable buildings can be achieved through practices that can optimize sustainability,

involving Planning; Design; Materials; Energy consumption; Water consumption;

Environmental comfort of the building; Solid waste management; Use of occupation;

and local flora and fauna. After finishing the work, it appears that professionals in the

construction industry have theoretical knowledge on sustainability issues, but do not

know how to put it into practice.

Keywords: Sustainable practices, Sustainable development, Sustainability, Construction

industry, Sustainable buildings.

Page 9: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

viii

SUMÁRIO

1. Introdução .............................................................................................................. 1

1.1. Importância do tema .............................................................................................. 1

1.2. Objetivos ................................................................................................................ 2

1.3. Justificativa da escolha do tema ............................................................................ 2

1.4. Metodologia adotada ............................................................................................. 3

1.5. Estruturação do trabalho ........................................................................................ 3

1.5.1. Capítulo 1 – Introdução ........................................................................................ 3

1.5.2. Capítulo 2 – Sustentabilidade................................................................................ 3

1.5.3. Capítulo 3 – Sustentabilidade na construção civil ................................................ 3

1.5.4. Capítulo 4 – Legislação ......................................................................................... 3

1.5.5. Capítulo 5 – Estudo de boas práticas no processo construtivo que objetivam a

sustentabilidade ................................................................................................................ 3

1.5.6. Capítulo 6 – Considerações finais ........................................................................ 3

2. Sustentabilidade ..................................................................................................... 5

2.1. Conceito ................................................................................................................. 5

2.2. Movimentos relacionados à geração da sustentabilidade ...................................... 6

2.2.1. Clube de Roma ...................................................................................................... 7

2.2.2. Conferência de Estocolmo ..................................................................................... 8

2.2.3. Ecodesenvolvimento .............................................................................................. 8

2.2.4. Relatório de Brundtland ........................................................................................ 9

2.2.5. Rio 92 ................................................................................................................... 11

2.2.6. Protocolo de Kyoto .............................................................................................. 12

2.2.7. Rio +10 ................................................................................................................ 12

2.2.8. Conferência de Copenhague ............................................................................... 13

2.2.9. Conferência do México (COP 16) ....................................................................... 15

2.2.10. Política Nacional de Resíduos Sólidos......................................................... 16

2.2.11. Conferência do Clima em Durban (COP 17)............................................... 16

2.2.12. Conferência do Clima em Doha (COP 18) .................................................. 17

2.2.13. Rio +20 ......................................................................................................... 17

2.2.14. Conferência do Clima em Varsóvia (COP 19)............................................. 18

3. Sustentabilidade na construção civil ................................................................... 19

3.1. Introdução ............................................................................................................ 19

3.2. Certificações ........................................................................................................ 22

Page 10: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

ix

3.2.1. LEED ................................................................................................................... 22

3.2.2. AQUA .................................................................................................................. 25

3.2.3. Procel Edifica ...................................................................................................... 28

3.2.4. Selo Casa Azul CAIXA ......................................................................................... 29

3.2.5. BREEAM .............................................................................................................. 29

3.2.6. HQE ..................................................................................................................... 30

4. Aspectos legais .................................................................................................... 32

4.1.1. Gestão de resíduos da construção civil ............................................................... 32

4.1.1. Exigências para a obtenção do Licenciamento Ambiental no Rio de Janeiro .... 34

4.1.3. Lincenciamento de fornos rotativos de produção de clínquer para atividades de

co-processamento de resíduos ........................................................................................ 35

4.1.4. Utilização de misturas asfálticas com asfalto borracha na pavimentação de vias

expressas e rodovias no município do Rio de Janeiro ................................................... 36

4.1.5. Programa de incentivo às fontes alternativas de energia elétrica (PROINFA) .. 37

5. Estudo de boas práticas no processo construtivo que objetivam a

sustentabilidade .............................................................................................................. 38

5.1. Introdução ............................................................................................................ 38

5.2. Processo construtivo ............................................................................................ 40

5.2.1. Planejamento ....................................................................................................... 42

5.2.1.1. Verificação de necessidade dos públicos envolvidos ................................... 43

5.2.1.2. Capacitação dos agentes envolvidos e difusão das boas práticas

socioambientais .............................................................................................................. 43

5.2.1.3. Relação com a comunidade.......................................................................... 43

5.2.1.4. Estudo de viabilidade ambiental .................................................................. 44

5.2.2. Concepção ........................................................................................................... 45

5.2.2.1. Elaboração de projetos ................................................................................ 46

5.2.3. Materiais .............................................................................................................. 46

5.2.3.1. Procedência .................................................................................................. 47

5.2.3.2. Diminuição de perdas .................................................................................. 47

5.2.4. Consumo de energia ............................................................................................ 48

5.2.4.1. Eficiência energética .................................................................................... 48

5.2.5. Conforto ambiental do edifício ............................................................................ 49

5.2.5.1. Desenvolvimento racional de fachadas e coberturas .................................. 49

5.2.5.2. Ventilação natural ........................................................................................ 50

Page 11: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

x

5.2.5.3. Iluminação natural ....................................................................................... 50

5.2.5.4. Aquecimento da água ................................................................................... 50

5.2.6. Conservação da água .......................................................................................... 50

5.2.6.1. Consumo eficiente ........................................................................................ 50

5.2.6.2. Aproveitamento de águas servidas ............................................................... 51

5.2.6.4. Retenção de água de chuva .......................................................................... 51

5.2.7. Gestão de resíduos sólidos .................................................................................. 51

5.2.7.1. Coleta seletiva – Resíduos Sólidos Domiciliares ......................................... 51

5.2.7.2. Resíduos de Construção e Demolição (RDC) .............................................. 52

5.2.7.3. Resultados da análise da geração de resíduos em obras com e sem

certificação LEED .......................................................................................................... 52

5.2.8. Uso e ocupação do solo ....................................................................................... 59

5.2.9. Fauna e flora local .............................................................................................. 60

6. Conclusões ........................................................................................................... 62

Referências bibliográficas .............................................................................................. 65

Page 12: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Desenho esquemático relacionando parâmetros para se alcançar o

desenvolvimento sustentável (BARBOSA, 2008) ........................................................... 6

Figura 2 – Cadeia produtiva da Construção Civil (GEHLEN, 2008) ............................. 39

Figura 3 – As interrelações das etapas no processo construtivo (GEHLEN, 2008) ....... 41

Figura 4 – Etapas da execução de um empreendimento (GEHLEN, 2008) ................... 42

Figura 5 – Comparativo entre a lâmpada LED e as convencionais (Fonte: Melich LED,

2009) ............................................................................................................................... 49

Figura 6 – Utilização de brises para aproveitamento da luz natural (Fonte: Strutural

Vidros e Esquadrias, 2010) ............................................................................................. 50

Figura 7 – Geração de resíduos sólidos na obra A (PACHECO, 2011) ......................... 54

Figura 8 – Geração de resíduos na obra B (PACHECO, 2011) ..................................... 56

Figura 9 – Geração de resíduos na obra C (PACHECO, 2011) ..................................... 57

Figura 10 – Geração de resíduos na obra D (PACHECO, 2011) ................................... 58

Figura 11 – Geração total de resíduos nas quatro obras (PACHECO, 2011) ................. 59

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Impactos ambientais gerados pela cadeia produtiva da construção

(PNUD,2012) .................................................................................................................... 2

Quadro 2 – Teses e premissas sobre Os Limites do Crescimento resultantes do Clube de

Roma. (GODOY, 2007) ................................................................................................... 8

Quadro 3 - Aspectos fundamentais para a condução do desenvolvimento, segundo a

proposta do ecodesenvolvimento. (GODOY, 2007) ........................................................ 9

Quadro 4 – Medidas adotadas para promover o desenvolvimento sustentável segundo o

Relatório de Brundtland. (ENERGIA..., [200-]) ............................................................ 11

Quadro 5 – Princípios básicos da construção sustentável. (GUIA DE

SUSTENTABILIDADE NA CONTRUÇÃO, 2008) ..................................................... 20

Quadro 6 – Requisitos básicos para um empreendimento ser considerado sustentável.

(GUIA DE SUSTENTABILIDADE NA CONTRUÇÃO, 2008) .................................. 21

Quadro 7 – Benefícios da certificação LEED. (GBC, 2008).......................................... 24

Quadro 8– Dimensões avaliadas pelo GBC. (GBC, 2008)............................................. 25

Quadro 9 – Aspectos avaliados pelo AQUA (NOVA ARQUITETURA, 2007) ........... 27

Page 13: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

xii

Quadro 10 – Benefícios do Processo AQUA. (FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2010) ..... 28

Quadro 11 – Benefícios de garantias oferecidos pelo BREEAM (BREEAM, 2010) .... 30

Quadro 12 – Classificação dos resíduos da construção civil (CONAMA, 2002) .......... 33

Quadro 13 – Destinação final dos resíduos da construção civil. (CONAMA, 2002) ..... 34

Quadro 14 - Estudos realizados no estudo de viabilidade ambiental (BANCO REAL,

2001) ............................................................................................................................... 45

Quadro 15 - Características das obras analisadas (PACHECO, 2011) .......................... 53

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Geração de resíduos na obra A (PACHECO, 2011) ..................................... 54

Tabela 2 – Geração de resíduos na obra B (PACHECO, 2011) ..................................... 55

Tabela 3 – Geração de resíduos na obra C (PACHECO, 2011) ..................................... 56

Tabela 4 – Geração de resíduos na obra D (PACHECO, 2011) ..................................... 57

Page 14: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

1

1. Introdução

1.1. Importância do tema

No período anterior à Revolução industrial, a atividade produtiva era feita por meio da

manufatura, com emprego de máquinas simples. Era comum que um mesmo artesão

cuidasse de todo o processo, desde a obtenção da matéria-prima até a comercialização

do produto final. As etapas do trabalho eram realizadas normalmente em oficinas nas

casas dos próprios artesãos.

Com o advento da Revolução Industrial no século XVIII, a produção artesanal foi

substituída pela produção por máquinas, com o uso crescente da energia a vapor e do

carvão. O início da Revolução Industrial parecia guiar o mundo para o crescimento

econômico.

No entanto, atualmente isso vem sendo questionado pela consciência ecológica que

surgiu baseada no temor da escassez, que vem se intensificando cada dia mais. A partir

da década de 60 começaram a surgir movimentos no mundo que questionavam o

modelo de desenvolvimento adotada pelo mundo no pós-guerra.

Com a crescente preocupação com o meio ambiente, a construção civil também

precisou realizar algumas mudanças no seu processo construtivo para se adaptar ao

novo modelo de desenvolvimento solicitado, o desenvolvimento sustentável. Para isso,

foram criados diversos selos que permitem o monitoramento da sustentabilidade nas

construções.

O processo produtivo da construção tem impactos ambientais a longo prazo. O Quadro

1 apresenta alguns exemplos dos resultados dos impactos causados.

Impactos ambientais gerados pela cadeia produtiva da

construção

A construção é responsável por 12% do consumo de água

total

Page 15: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

2

A cadeia de emissões de gases de efeito estufa significativos:

a produção de cimento é responsável por 5% e o uso de

energia em edifícios, 33%

As atividades de construção geram 40% de todos os resíduos

gerados pela sociedade

Grandes empreendimentos de infraestrutura geram pressão

sobre diferentes ecossistemas

Quadro 1 - Impactos ambientais gerados pela cadeia produtiva da construção (PNUD,2012)

1.2. Objetivos

O objetivo desse trabalho é apresentar uma análise de boas práticas adotadas que geram

a otimização da sustentabilidade em obras de edificações, com ênfase para o Rio de

Janeiro.

1.3. Justificativa da escolha do tema

Dados divulgados pelo IBGE indicam que a indústria da construção civil responde por

12,7% do PIB brasileiro até o primeiro trimestre de 2014 (CBIC, 2014). Em

contrapartida, as estimativas são de que apenas entre 30% e 40% das empresas têm

atentado para questões e ações concretas em relação ao equilíbrio entre o ambiente

social, ambiental e econômico.

A consciência em relação às questões ligadas ao ambiente em edifícios é relativamente

elevada quando analisada em todos os mercados. Porém, na maioria dos mercados as

questões ligadas ao envolvimento na construção sustentável decrescem

significativamente. No Brasil, 82% dos profissionais do setor construtivo possuem

consciência sobre as questões da sustentabilidade, no entanto apenas 9% já estiveram

envolvidos nesses princípios. (WBCSD, 2007)

Esses dados apontam o distanciamento entre a teoria e a prática, e que mesmo

possuindo conhecimento, muitos profissionais não sabem como colocá-lo em prática.

Page 16: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

3

Em função disso, é preciso uma maior disseminação das ferramentas que possam

intensificar o sistema de aprendizado.

1.4. Metodologia adotada

A metodologia adotada para o desenvolvimento do tema em questão foi a pesquisa

através de livros, revistas, artigos publicados, pesquisas em internet especificados nas

referências bibliográficas ao final do trabalho. Após a fundamentação teórica, foi

realizado o levantamento e a análise de práticas adotadas no contexto atual da

construção civil.

1.5. Estruturação do trabalho

1.5.1. Capítulo 1 – Introdução

No capítulo um foi apresentada a importância do tema, as justificativas e objetivos da

monografia, a metodologia adotada e a estruturação do trabalho.

1.5.2. Capítulo 2 – Sustentabilidade

No capítulo dois é apresentada uma visão geral do conceito de sustentabilidade, assim

como os movimentos realizados no Brasil e no mundo relacionados à geração da

sustentabilidade.

1.5.3. Capítulo 3 – Sustentabilidade na construção civil

O capítulo três aborda os selos criados para garantir a sustentabilidade nas construções.

1.5.4. Capítulo 4 – Legislação

O capítulo quatro apresenta as legislações existentes relacionadas à sustentabilidade

aplicáveis na construção civil com ênfase no Rio de Janeiro.

1.5.5. Capítulo 5 – Estudo de boas práticas no processo construtivo que objetivam

a sustentabilidade

O capítulo cinco aborda as diferentes práticas que podem ser inseridas no processo

construtivo de modo a garantir a sustentabilidade.

1.5.6. Capítulo 6 – Considerações finais

Page 17: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

4

No último capítulo serão expostas as considerações finais, com críticas e sugestões a

respeitos dos temas apresentados ao longo da monografia.

Page 18: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

5

2. Sustentabilidade

2.1. Conceito

O termo “desenvolvimento sustentável” surgiu através de estudos elaborados pela

Organização das Nações Unidas, motivados pelas mudanças climáticas, como uma

resposta para a nação mundial diante da crise social e ambiental pela qual o mundo

passava a partir de meados do século XX. (BARBOSA, 2008)

O conceito de sustentabilidade tem como referência a definição formulada pelo

Relatório de Brundtland (1987) que afirma que “Desenvolvimento sustentável é

desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a

capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”. Sob esse

ponto de vista, o desenvolvimento econômico está intimamente ligado ao uso racional

dos recursos naturais disponíveis.

O desenvolvimento sustentável é baseado em processos de mudanças na destinação dos

investimentos, mudanças tecnológicas e de acesso a informações de forma a garantir o

uso racional dos recursos ambientais e ao mesmo tempo satisfazer as necessidades e

desejos dos segmentos da sociedade no presente e no futuro.

Apesar de ser um conceito questionável por não definir quais são as necessidades do

presente nem quais serão as do futuro, o relatório de Brundtland chamou a atenção do

mundo sobre a necessidade de se encontrar novas formas de desenvolvimento

econômico, sem a redução dos recursos naturais e sem danos ao meio ambiente. Além

disso, definiu três princípios básicos a serem cumpridos: desenvolvimento econômico,

proteção ambiental e equidade social. (BARBOSA, 2008, p.2)

O desenvolvimento sustentável deve ser alcançado como consequência do

desenvolvimento social, econômico e da preservação ambiental (Figura 1).

Page 19: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

6

Figura 1 – Desenho esquemático relacionando parâmetros para se alcançar o desenvolvimento sustentável

(BARBOSA, 2008)

O desenvolvimento social consiste na melhoria da qualidade de vida da população, de

modo que se atinja a igualdade na distribuição de renda e a redução das diferenças

sociais.

O conjunto de medidas e políticas que têm como objetivo a incorporação de

preocupações e conceitos ambientais e sociais é o que define o conceito de

desenvolvimento econômico. Essas medidas devem permitir uma interligação entre os

setores ambiental e socioeconômico. O incentivo do uso correto de matérias primas e de

recursos humanos é o resultado do lucro que não é medido somente na visão financeira,

mas também ambiental e socialmente.

O desenvolvimento ambiental consiste na manutenção das funções do ecossistema.

Assim, pode se definir como a capacidade que o ambiente natural tem de manter as

condições de vida para a população e para os demais seres vivos, levando em conta a

habitabilidade e a sua função como fonte de energias renováveis.

2.2. Movimentos relacionados à geração da sustentabilidade

Page 20: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

7

2.2.1. Clube de Roma

O Clube de Roma foi criado no ano de 1968 por um grupo de cientistas, industriais e

políticos, com o objetivo de discutir e analisar os limites do crescimento econômico

levando em consideração o uso progressivo dos recursos naturais disponíveis.

No ano de 1972, Dennis L. Meadows e o grupo de pesquisadores publicaram o estudo

denominado Os Limites do Crescimento. O estudo assinalava que, se preservados os

níveis de industrialização, poluição, produção de alimentos e exploração dos recursos

naturais, o planeta iria atingir seu desenvolvimento máximo em, no máximo, cem anos.

(ENERGIA..., [200-]). Sendo assim, para atingir a estabilidade econômica respeitando a

finitude dos recursos ambientais, era necessário a paralisação do crescimento

populacional global e do capital industrial. (GODOY, 2007)

Algumas das teses e premissas básicas elaboradas pelo grupo de pesquisadores

encontram-se do Quadro 2.

Teses e premissas sobre Os Limites do

Crescimento

Os limites de crescimento do planeta serão

alcançados em, no máximo, cem anos caso não

ocorra mudanças nas tendências de crescimento da

população mundial, industrialização, poluição,

produção de alimentos e diminuição dos recursos

naturais

As tendências de crescimento poderão ser

modificadas, atingindo uma condição de

estabilidade ecológica e econômica. O equilíbrio

global poderá ser planejado de modo que as

necessidades materiais básicas de cada pessoa

possam ser satisfeitas

Quanto mais cedo a população mundial lutar pelo

equilíbrio global, maiores serão suas possibilidades

de sucesso

Page 21: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

8

Quadro 2 – Teses e premissas sobre Os Limites do Crescimento resultantes do Clube de Roma. (GODOY,

2007)

2.2.2. Conferência de Estocolmo

A Conferência de Estocolmo ocorreu no ano de 1972, composta com 113 países. Tal

reunião foi o primeiro grande encontro internacional com o objetivo de discutir os

problemas ambientais, consolidando a relação entre desenvolvimento e meio ambiente.

O encontro desejava conscientizar os países sobre a importância da limpeza do ar nos

grandes centros urbanos, a limpeza dos rios em locais mais povoados e o combate à

poluição marinha. (GODOY, 2007)

A Conferência de Estocolmo gerou um importante documento com 24 artigos que

culminou na criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA),

a primeira agência ambiental global, responsável por promover a conservação do meio

ambiente e o uso eficiente de recursos no contexto do desenvolvimento sustentável. O

PNUMA tem entre seus principais objetivos manter o estado do meio ambiente global

sob contínuo monitoramento; alertar povos e nações sobre problemas e ameaças ao

meio ambiente e recomendar medidas para aumentar a qualidade de vida da população

se comprometer os recursos e serviços ambientais das futuras gerações.

2.2.3. Ecodesenvolvimento

Diante do impasse observado durante a Conferência de Estocolmo (1972) entre os

países pobres que defendiam o crescimento e os países ricos que propunha a paralisação

do crescimento, surgiu uma proposta conhecida como ecodesenvolvimento durante uma

reunião do Conselho Administrativo do PNUMA, no ano de 1973.

Os aspectos essenciais que deveriam guiar o desenvolvimento se encontram no Quadro

3.

Aspectos fundamentais para a condução do

desenvolvimento, segundo a proposta do

ecodesenvolvimento

Satisfação das necessidades básicas

Page 22: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

9

Solidariedade com as gerações futuras

Participação da população envolvida

Preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em

geral

Elaboração de um sistema social garantindo emprego,

segurança social e respeito a outras culturas

Programas de educação

Quadro 3 - Aspectos fundamentais para a condução do desenvolvimento, segundo a proposta do

ecodesenvolvimento. (GODOY, 2007)

A partir do surgimento do ecodesenvolvimento, a concepção de desenvolvimento

passou a ter outra abordagem. O conceito de desenvolvimento passou a levar em conta o

aumento do produto econômico, a preocupação com seus impactos sociais e ambientais;

apresentando assim, uma nova maneira de pensar sobre a relação do homem com o

meio ambiente.

Um dos criados do ecodesenvolvimento, Ignacy Sachs, definiu no ano de 1976 o

conceito de ecodesenvolvimento:

Promover o ecodesenvolvimento é, no essencial, ajudar as populações

envolvidas a se organizar a se educar, para que elas repensem seus

problemas, identifiquem as suas necessidades e os recursos potenciais

para conceber e realizar um futuro digno de ser vivido, conforme os

postulados de justiça social e prudência ecológica. (GODOY, 2007)

2.2.4. Relatório de Brundtland

O Relatório de Brundtland, que ficou conhecido como “Nosso Futuro Comum”, foi

elaborado em 1987 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

(CMMAD), também conhecida como Comissão de Brundtland, durante um processo

preparatório para a Conferência das Nações Unidas, também conhecida como “Rio 92”.

Segundo BARBOSA (2008), tal relatório contém informações extraídas pela comissão

ao longo de três anos de pesquisa e análise, nas quais se destacam questões sociais,

Page 23: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

10

principalmente relacionadas ao uso da terra, sua ocupação, suprimento de água, abrigo e

serviços sociais, educativos e sanitários, além de administração do crescimento urbano.

Segundo o Relatório de Brundtland (1987) “Desenvolvimento sustentável é

desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a

capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”.

O relatório Brundtland declara que o desenvolvimento de uma cidade deve levar em

consideração prover as necessidades básicas e oferecer oportunidades de melhoria da

qualidade de vida para a população. O relatório discutiu o conceito de “equidade” como

condição para que a sociedade tenha participação efetiva na tomada de decisões, por

meio de processos democráticos, para atingir o desenvolvimento urbano. (BARBOSA,

2008)

Segundo o Relatório de Brundtland (1987), uma série de medidas deve ser adotada

pelos países com o objetivo de incentivar o desenvolvimento sustentável. Algumas

delas estão especificadas no Quadro 4.

Medidas adotadas para promover o desenvolvimento

sustentável

Limitação do crescimento populacional

Garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) a

longo prazo

Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas

Diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de

tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis

Aumento da produção industrial nos países não

industrializados com base em tecnologias ecologicamente

adaptadas

Controle da urbanização desordenada e integração entre

campo e cidades menores

Page 24: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

11

Atendimento das necessidades básicas (saúde, escola,

moradia)

Quadro 4 – Medidas adotadas para promover o desenvolvimento sustentável segundo o Relatório de

Brundtland. (ENERGIA..., [200-])

2.2.5. Rio 92

A Rio 92, também conhecida como Cúpula da Terra ou ECO-92, foi realizada 20 anos

depois da Conferência de Estocolmo e reuniu mais de cem chefes de Estado no Rio de

Janeiro. A reunião tinha como objetivo debater formas de desenvolvimento sustentável,

na qual o documento que norteou a discussão foi o Relatório de Brundtland que

defendia um modelo de crescimento econômico menos consumista e mais preocupado

com questões ambientais.

Durante a Rio 92 foi desenvolvido o documento chamado Agenda 21, no qual foi fixado

o conceito de desenvolvimento sustentável. O documento chamou atenção para a

necessidade do comprometimento de cada país em colaborar com soluções de modo a

estabelecer um novo modelo de desenvolvimento. O registro foi dividido em quatro

seções: Dimensões sociais e econômicas; Conservação e gestão dos recursos para o

desenvolvimento; Fortalecimento do papel dos principais grupos sociais e Meio de

implementação. Outros três documentos aprovados durante a Cúpula da Terra foram:

Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ou Carta da Terra);

Convenção sobre Diversidade Biológica e Convenção – Quadro das Nações Unidas

sobre a Mudança do Clima. (PORTAL BRASIL, 2008)

A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento propôs uma parceria

através da colaboração entre Estados e a sociedade de modo que fossem respeitados os

interesses de todos e a conservação do meio ambiente.

A Convenção sobre Diversidade Biológica foi um grande marco para o

desenvolvimento sustentável. Na reunião foi discutida a conservação da diversidade

biológica, o uso sustentável de seus componentes e a justa divisão dos benefícios

advindos do uso dos recursos ambientais.

Page 25: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

12

A Convenção sobre Mudança Climática determinou estratégias de combate ao efeito

estufa e à destruição da camada de ozônio, dando origem ao Protocolo de Kyoto.

Durante a Conferência, foi observada a necessidade da criação de uma nova instituição,

com o objetivo de monitorar a implementação da Agenda 21. Para isso, foi criada em

1993 a Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS), que promoveu uma parceria

entre ONGs e as Nações Unidas e incentivou em vários países a criação de comissões

de desenvolvimento sustentável.

2.2.6. Protocolo de Kyoto

No ano de 1997 foi assinado em Kyoto, no Japão, o Protocolo de Kyoto que estabelece

que os países desenvolvidos reduzam suas emissões de gases que ocasionam o efeito

estufa em 5,2% em relação aos níveis medidos em 1990 para o período de 2008-2012.

Essa meta implicou na busca por formas alternativas de energia em detrimento de

combustíveis fósseis. Para entrar em vigor, o Protocolo de Kyoto deve ser ratificado por

55 países que juntos, representem 55% das emissões. O acordo internacional entrou em

vigor somente em 16 de fevereiro de 2005, depois que a Rússia o ratificou em 2004.

(GREENPEACE, 2000)

Países em desenvolvimento como o Brasil, não têm compromissos de redução na

emissão de gases. O governo brasileiro ratificou o protocolo em julho de 2002.

O protocolo de Kyoto foi renovado até 2020 em 2012, porém pode ser considerado bem

menor que o estabelecido anteriormente, já não contou com a adesão de alguns dos

maiores poluidores mundiais, como Estados Unidos e China.

2.2.7. Rio +10

A Rio +10, conhecida também como Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento

Sustentável, aconteceu no ano de 2002 em Joanesburgo, na África do Sul. Durante o

evento, a Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS) foi incumbida de organizar

a Cúpula e comandar uma revisão dos avanços atingidos desde a implementação da

Agenda 21, em 1992.

O principal objetivo da Rio +10 não era a adoção de novos compromissos, acordos ou

metas, mas sim realizar uma análise dos progressos atingidos e dos obstáculos

Page 26: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

13

encontrados desde que foram firmados os compromissos na Rio 92. Assim, a Cúpula

Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável pretendia detectar os motivos pelos quais

os avanços foram tão pequenos na implementação desses compromissos e apontar

medidas que pudessem ser tomadas de modo que sua realização fosse viabilizada. Os

documentos resultantes da Conferência acordados por todos os países que pertenciam às

Nações Unidas foram: o Plano de Implementação e a Declaração Política. (ANA, 2002)

A Declaração Política, intitulada “O Compromisso de Joanesburgo sobre

Desenvolvimento Sustentável”, é um documento que estabelece posições políticas, e

não metas. Deste modo, a declaração reafirma tanto os princípios quanto os acordos

estabelecidos na Conferência de Estocolmo e na Rio 92, além de solicitar o alívio da

dívida externa dos países em desenvolvimento e o aumento da ajuda financeira para os

países pobres. A Declaração Política também reconheceu que a má distribuição de renda

entre países e os desequilíbrios eram os principais causadores do desenvolvimento

considerado não sustentável. Os objetivos estabelecidos na Rio 92 não foram

alcançados e, por isso o texto convocou as Nações Unidas a instituir um recurso que

possibilitasse o monitoramento das decisões tomadas na Rio +10. (ANA, 2002)

O Plano de Implementação tem três objetivos principais: a erradicação da pobreza; a

mudança dos modelos insustentáveis de produção e consumo e a proteção dos recursos

naturais. Um dos pontos mais significativo do texto é o tratamento de temas antigos de

uma maneira que reflete a evolução no cenário internacional desde 1992, ano em que foi

realizada a ECO-92. Baseado nisso, o termo globalização passou a ser discutido e, no

que se refere à pobreza, o documento identificou que o seu combate seria atingido

através de ações que englobassem questões desde o acesso à energia, água e saneamento

até a distribuição equilibrada dos benefícios advindos do uso da diversidade biológica.

(ANA, 2002)

2.2.8. Conferência de Copenhague

A Conferência de Copenhague, também conhecida como Convenção – Quadro das

Nações Unidas sobre Mudança do Clima, foi realizada em dezembro de 2009, em

Copenhague, na Dinamarca. A reunião internacional foi elaborada para debater sobre

quais medidas poderiam ser tomadas para combater o aquecimento global, que é

ocasionado pela emissão de gases causadores do efeito estufa.

Page 27: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

14

A conferência levou em conta a responsabilidade de cada país de maneira diferenciada.

Os países industrializados, que começaram a emitir mais cedo e lançaram maior

quantidade de gases que ocasionam o efeito estufa, deveriam reduzir uma parcela maior

de emissão.

Durante a reunião, foram discutidos cinco ponto cruciais, sendo eles: visão

compartilhada, Mitigação, Adaptação, Transferência de Tecnologias e Apoio

Financeiro.

A visão compartilhada consistiu no estabelecimento de um limite para a redução da

emissão dos gases que provocam o efeito estufa e para o aumento da temperatura. A

fixação desse limite não foi tarefa fácil, já que os países em desenvolvimento, portanto

mais vulneráveis, desejavam metas rigorosas; enquanto os países desenvolvidos

esperava por menos rigidez. (PRADO, 2009)

A mitigação das emissões de carbono é uma necessidade indiscutível, porém há um

grande abismo entre os interesses dos países em desenvolvimento e os desenvolvidos.

Na Conferência de Copenhague os países em desenvolvimento argumentaram que as

mudanças climáticas observadas se deviam à concentração do carbono emitido pelos

países industrializados. Assim, somente os países ricos deveriam assumir as metas de

redução de emissão. Por outro lado, os países desenvolvidos alegavam que os países em

desenvolvimento, especialmente os componentes do BIC (Brasil, Índia e China)

estavam em crescimento acelerado e por isso suas emissões iriam, rapidamente, superá-

los em volume de gases de efeito estufa lançados na atmosfera. Por isso, exigiam que

esses também se comprometessem a diminuir emissões. (PRADO, 2009)

As alterações climáticas que se presencia atualmente tendem a se tornar cada vez mais

frequentes. Assim, os países pobres, que são os mais vulneráveis a tais mudanças,

necessitam de recursos financeiros e tecnológicos para desenvolver sua infraestrutura a

fim de ser capaz de se protegerem das catástrofes. Por isso, durante a Conferência de

Copenhague foi discutida a criação de um fundo internacional de adaptação com essa

finalidade. (PRADO, 2009)

Page 28: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

15

Na Conferência de Copenhague foi discutida a necessidade da transferência de

tecnologias dos países desenvolvidos para os demais, já que as inovações tecnológicas

são indispensáveis para que se atinja um modelo de desenvolvimento com baixa

emissão de carbono. Desse modo, seria possível o uso de fontes alternativas de energia

em substituição de combustíveis fósseis. (PRADO, 2009)

O apoio financeiro para os países em desenvolvimento é fundamental para que estes

possam desenvolver tecnologias. Esses recursos financeiros deveriam ser provenientes

dos países ricos, como foi discutido em Copenhague. (PRADO,2009)

Ao final da Conferência, não se chegou a um consenso. Assim, ficou acertado que os

países que concordassem com o “Acordo de Copenhague” assinariam uma lista

separada. Mediante a falta de um acordo definitivo, novas negociações foram previstas

para 2010, no México.

2.2.9. Conferência do México (COP 16)

A Conferência do México foi realizada em novembro de 2010, em Cancun, no México.

A reunião internacional teve como objetivo avançar nas negociações sobre a redução de

emissão dos gases causadores do efeito estufa, já iniciada em Copenhague.

Durante a Conferência, foi cobrada a redução da pobreza simultaneamente com a

prática do desenvolvimento sustentável. As expectativas foram menores em Cancun

quando comparadas com as de Copenhague. Não foi esperado um amplo acordo global

de redução de emissões de gases do efeito estufa. (G1, 2010)

Outro tema significativo discutido em Cancun foi o Protocolo de Kyoto, no qual as

metas de redução de emissão assumidas pelos países ricos até 2012 deveriam ser

renovadas.

Durante a Conferência surgiu o Documento Internacional que determina a manutenção

da elevação da temperatura global a 2ºC; criou-se o Fundo Verde; foi estabelecido um

apoio financeiro aos países pobres para combaterem o desmatamento e criaram-se

meios de compartilhamento de tecnologia de geração de energia limpa.

Page 29: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

16

2.2.10. Política Nacional de Resíduos Sólidos

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi instituída pela Lei nº 12.305/2010

no ano de 2010 com o objetivo de permitir o avanço do país em relação ao

enfrentamento dos problemas sociais, ambientais e econômicos decorrentes da gestão

inadequada dos resíduos sólidos.

A lei prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como instrumento a

prática de hábitos de consumo sustentável, o aumento da reciclagem e da reutilização

dos resíduos sólidos e a destinação ambientalmente correta daquilo que não pode ser

reciclado ou reutilizado. (CASA CIVIL, 2010)

Além disso, a PNRS instituiu a responsabilidade compartilhada dos geradores de

resíduos: fabricantes, importadores, distribuídos, comerciantes, consumidores e titulares

de serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos. A

responsabilidade compartilhada tem como objetivo a redução da geração de resíduos

sólidos, o desperdício de materiais, os danos ambientais; promover o aproveitamento

de resíduos sólidos; incentivar a utilização de insumos de menor agressividade ao meio

ambiente e de maior sustentabilidade, etc. (CASA CIVIL, 2010)

Por fim, a lei estabelece a criação de metas de forma a contribuir para a eliminação de

lixões, a instituição de instrumentos de planejamento nos diversos níveis e a imposição

da elaboração de Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.

Os instrumentos criados pela Lei nº 12.305/2010 deveriam ajudar o Brasil a alcançar o

índice de reciclagem de resíduos de 20% em 2015.

2.2.11. Conferência do Clima em Durban (COP 17)

A Conferência do Clima realizada em Durban, África do Sul, em dezembro de 2011

forneceu uma base para um futuro acordo contra as emissões de gases causadores do

efeito estufa, envolvendo metas para os dois maiores poluidores, Estados Unidos e

China. Além disso, foi aprovada uma extensão do Protocolo de Kyoto, mas sem

definição de período para entrar em vigor.

Page 30: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

17

Na Conferência também foi lançado o Fundo Verde do Clima com o objetivo de

combater as emissões e promover ações de adaptação à alteração climática nos países

em desenvolvimento.

2.2.12. Conferência do Clima em Doha (COP 18)

A Conferência do Clima realizada em Doha, Catar, em dezembro de 2012 fechou um

acordo entre os países participantes para o combate do aquecimento global até o ano de

2020. A reunião internacional apresentou um texto que afirmava a necessidade de

intensificar os esforços.

A extensão do Protocolo de Kyoto foi outro ponto discutido na conferência, mantendo-o

como o único compromisso com obrigações legais com o intuito de enfrentar o

aquecimento global.

2.2.13. Rio +20

A Rio +20, também conhecida como Conferência das Nações Unidas sobre

Desenvolvimento Sustentável, ocorreu em junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro.

A reunião marcou os vinte anos da realização da Rio 92 e contribuiu para definir a

agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas.

A Conferência teve como objetivo a renovação do engajamento político com o

desenvolvimento sustentável, através da análise dos progressos atingidos e das falhas na

implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas. Os dois temas principais

da Rio +20 foram: A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da

erradicação da pobreza e A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.

O termo “economia verde” aponta para a utilização de políticas e programas que visam

fortalecer a implantação dos compromissos de desenvolvimento sustentável por parte de

todos os países da ONU. Para o Brasil, em especial, a economia verde deve ser focada

no desenvolvimento sustentável e na erradicação da pobreza, já que o desenvolvimento

sustentável só poderá ser plenamente realizado com a redução das desigualdades. (Rio

+20, 2012)

Page 31: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

18

O debate em torno da estrutura institucional buscou alternativas para melhorar a

organização e a eficácia das atividades realizadas pelas instituições da ONU, que se

dedicam aos três pilares do desenvolvimento sustentável: econômico, social e

ambiental. Uma propostas apresentadas foi a reforma da Comissão sobre

Desenvolvimento Sustentável (CDS), objetivando corroborar seu papel de

monitoramento da implementação da Agenda 21. Em relação à reforma das instituições

ambientais, foi proposto o fortalecimento das capacidades de trabalho do Programa das

Nações Unidas (PNUMA), através do aumento dos recursos disponíveis para que a

instituição pudesse apoiar de fato projetos realizados em países em desenvolvimento.

(Rio +20, 2012)

2.2.14. Conferência do Clima em Varsóvia (COP 19)

A 19ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima foi realizada em

Varsóvia, Polônia, em novembro de 2013 e foi palco de diversas discordâncias que

giraram em torno de questões como os cortes de emissões, o financiamento climático e

um meio para ajudar os países mais pobres a lidar com perdas e danos ocasionados pelo

aquecimento global.

A conferência teve pequenos progressos, entre eles o avanço relacionado ao

financiamento. Os países em desenvolvimento foram contemplados com o auxílio de

países ricos, como França, Alemanha, Suíça, Suécia, para o Fundo de Adaptação.

Outra medida adotada durante o evento foi um acordo sobre novas regras de proteção

das florestas tropicais, denominado REDD+.

Page 32: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

19

3. Sustentabilidade na construção civil

3.1. Introdução

A construção civil é responsável por diversos reflexos observados em regiões onde

obras são instaladas, ocasionados por suas atividades direta ou indiretamente. Toda

intervenção feita pelo homem causa pode causar impactos ao meio ambiente, meio

social ou ao meio econômico.

Determinadas obras podem causar impactos ao meio ambiente de forma a alterá-lo

drasticamente, por meio de inundação de grandes áreas, corte de vegetação,

impermeabilização do solo, além da geração de resíduos durante a fase de construção.

O setor da construção civil é o maior gerador de resíduos. Segundo o Conselho

Brasileiro de Construção sustentável – CBCS, de tudo que se extrai da natureza, apenas

entre 20% e 50% das matérias-primas naturais são realmente consumidas pela

construção civil. (AECWEB, 2014)

Além da grande geração de resíduos, a produção de materiais de construção é

responsável pela emissão de CO2 e poeira em quantidade acima dos limites tolerados.

A história mundial mostra que a construção civil sempre foi essencial e tinha o papel de

atender às necessidades básicas da sociedade, sem se preocupar com a técnica utilizada.

Porém, com a constante evolução humana e estudo dos resultados, as técnicas foram

aprimoradas e se tornaram mais apropriadas e vantajosas com o intuito de se atingir

construções cada vez mais sustentáveis. Com a consciência sustentável, surgiu a

exigência de qualificação e a necessidade de construções com responsabilidade social

no setor da construção civil, tornando necessário um monitoramento por meio de selos

que garantem sustentabilidade nas construções.

A Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura - AsBEA, o Conselho Brasileiro

de Construção Sustentável - CBCS e outras instituições apresentam diversos princípios

básicos da construção sustentável, dentre os quais são destacados no Quadro 5. (GUIA

DE SUSTENTABILIDADE NA CONTRUÇÃO, 2008)

Page 33: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

20

Princípios básicos que propiciam a execução de

edificações voltadas para a sustentabilidade

Aproveitamento de condições naturais locais;

Utilizar mínimo de terreno e integra-se ao ambiente

natural;

Implantação e análise do entorno;

Não provocar ou reduzir impactos no entorno -

paisagem, temperaturas e concentração de calor,

sensação de bem-estar;

Qualidade ambiental interna e externa;

Gestão sustentável da implantação da obra;

Adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos

usuários;

Uso de matérias-primas que contribuam com a eco-

eficiência do processo;

Redução do consumo energético

Redução do consumo de água

Reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os

resíduos sólidos;

Introduzir inovações tecnológicas sempre que

possível e viável;

Educação ambiental: conscientização dos envolvidos

no processo.

Quadro 5 – Princípios básicos da construção sustentável. (GUIA DE SUSTENTABILIDADE NA

CONTRUÇÃO, 2008)

Para que o setor da construção incorpore de maneira plena práticas de sustentabilidade,

é necessário que as empresas modifiquem o modo de produzir e gerir suas obras através

da introdução gradativa de sustentabilidade, buscando soluções economicamente viáveis

para o empreendimento.

Page 34: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

21

Para um empreendimento ser considerado sustentável, é preciso atender a quatro

requisitos básicos. Esses quatro requisitos se encontram no Quadro 6.

Requisitos básicos para um

empreendimento ser

sustentável

Adequação ambiental;

Viabilidade econômica;

Justiça social;

Aceitação cultural.

Quadro 6 – Requisitos básicos para um empreendimento ser considerado sustentável. (GUIA DE

SUSTENTABILIDADE NA CONTRUÇÃO, 2008)

A adequação ambiental consiste na percepção de regularidades e irregularidades

ambientais de um empreendimento.

A justiça social é baseada na igualdade de direitos e na solidariedade coletiva.

O Conselho Internacional para a Pesquisa e Inovação em Construção (CIB) define a

construção sustentável como “O processo holístico para restabelecer e manter a

harmonia entre os ambientes natural e construído e criar estabelecimentos que

confirmem a dignidade humana e estimulem a igualdade econômica”. (CIB, 2002, p.8)

Ao falar de “restabelecimento da harmonia”, o Conselho sugere muitos processos que

privilegiavam o pequeno aproveitamento de recursos naturais, como luz, calor,

ventilação que, com o advento da energia elétrica e de tecnologias de resfriamento e

aquecimento artificiais, foram deixados de lado. Levando esse fato em consideração, é

possível perceber que se pequenas mudanças forem adotadas por todos, podem surgir

grandes benefícios sem acarretar em grandes impactos para o custo final do

empreendimento.

Page 35: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

22

O conceito de construção sustentável deve estar presente em todo o clico de vida do

empreendimento, desde sua concepção até sua requalificação, desconstrução ou

demolição. É necessário um detalhamento do que pode ser feito em cada etapa da obra,

apresentando aspectos e impactos ambientais e como estes itens devem ser trabalhados

para que se avance para um empreendimento que seja: uma ideia sustentável, uma

implantação sustentável e uma moradia sustentável. (GUIA DE

SUSTENTABILIDADE NA CONTRUÇÃO, 2008)

3.2. Certificações

3.2.1. LEED

A certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) foi criada em

2000 e é aplicada pelo United States Green Building Council (USGBC) que leva em

conta o impacto gerado ao meio ambiente em consequência dos processos relacionados

ao empreendimento (projeto, construção e operação). A LEED orienta e atesta o

comprometimento de uma edificação com os princípios da sustentabilidade para a

construção civil.

O selo é emitido em mais de 130 países e atualmente é considerado como a principal

certificação de construção sustentável para empreendimentos realizados no Brasil, onde

é representado pelo GBC-Brasil – Conselho de Construção Sustentável do Brasil, criado

em 2007.

A obtenção da certificação LEED se dá em função da pontuação de soluções nos

quesitos: espaço sustentável, localização, entorno, eficiência no uso de água e de

energia, qualidade do ar, uso de materiais qualidade ambiental interna, inovação e

processos. A pontuação tem classificação em Platinum, Gold e Silver. (COELHO,

2010)

No brasil existem oito tipos de selos LEED diferentes, são eles: LEED NC - para novas

construções ou grandes projetos de renovação; LEED ND - para projetos de

desenvolvimento de bairro; LEED CS - para projetos na envoltória e parte central do

edifício; LEED Retail NC e CI - para lojas de varejo; LEED Healthcare - para unidades

Page 36: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

23

de saúde; LEED EB_OM - para projetos de manutenção de edifícios já existentes;

LEED Schools - para escolas e LEED CI - para projetos de interior ou edifícios

comerciais. (COELHO, 2010)

A certificação LEED possui diversos benefícios, que são apresentados no Quadro 7 7.

Benefícios da certificação LEED

Econômicos

Diminuição dos custos

operacionais;

Diminuição dos riscos regulatórios;

Valorização do imóvel para revenda

ou arrendamento;

Aumento na velocidade de

ocupação;

Aumento da retenção;

Modernização e menor

obsolescência da edificação.

Sociais

Melhora na segurança e priorização

da saúde dos trabalhadores e

ocupantes;

Inclusão social e aumento do senso

de comunidade;

Aumento da produtividade do

funcionário, melhora na

recuperação de pacientes (em

Hospitais), melhora no desempenho

de alunos (em Escolas), aumento no

ímpeto de compra de consumidores

(em Comércios);

Page 37: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

24

Incentivo a fornecedores com

maiores responsabilidades

socioambientais;

Aumento da satisfação e bem estar

dos usuários;

Estímulo a políticas públicas de

fomento a Construção Sustentável;

Ambientais

Uso racional e redução da extração

dos recursos naturais;

Redução do consumo de água e

energia;

Implantação consciente e ordenada;

Mitigação dos efeitos das mudanças

climáticas;

Uso de materiais e tecnologias de

baixo impacto ambiental;

Redução, tratamento e reuso dos

resíduos da construção e operação.

Quadro 7 – Benefícios da certificação LEED. (GBC, 2008)

Após o pedido de certificação na categoria pretendida, a edificação interessada deve

passar pelo processo de avaliação do GBC e, ao final, deve atender ao Programa

Mínimo de Requisitos, que são características mínimas que um empreendimento deve

ter para poder entrar no processo de certificação.

A Certificação internacional LEED possui sete dimensões a serem avaliadas nas

edificações. Todas elas possuem pré-requisitos (práticas obrigatórias) e créditos,

recomendações que quando atendidas garantem pontos a edificação. As dimensões

avaliadas pelo GBC estão dispostas no Quadro 8. (GBC, 2008)

Page 38: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

25

Sustainable sites (Espaço Sustentável): Encoraja estratégias que minimizam o

impacto no ecossistema durante a implantação da edificação e aborda questões

fundamentais de grandes centros urbanos, como redução do uso do carro e das ilhas de

calor.

Water efficiency (Eficiência do uso da água): Promove inovações para o uso racional

da água, com foco na redução do consumo de água potável e alternativas de tratamento

e reuso dos recursos.

Energy & atmosphere (Energia e Atmosfera): Promove eficiência energética nas

edificações por meio de estratégias simples e inovadoras, como por exemplo simulações

energéticas, medições, comissionamento de sistemas e utilização de equipamentos e

sistemas eficientes.

Materials & resources (Materiais e Recursos): Encoraja o uso de materiais de baixo

impacto ambiental (reciclados, regionais, recicláveis, de reuso, etc.) e reduz a geração

de resíduos, além de promover o descarte consciente, desviando o volume de resíduos

gerados dos aterros sanitários.

Indoor environmental quality (Qualidade ambiental interna): Promove a qualidade

ambiental interna do ar, essencial para ambientes com alta permanência de pessoas, com

foco na escolha de materiais com baixa emissão de compostos orgânicos voláteis,

controlabilidade de sistemas, conforto térmico e priorização de espaços com vista

externa e luz natural.

Innovation in design or innovation in operations (Inovação e Processos): Incentiva a

busca de conhecimento sobre Green Buildings, assim como, a criação de medidas

projetuais não descritas nas categorias do LEED. Pontos de desempenho exemplar estão

habilitados para esta categoria.

Regional priority credits (Créditos de Prioridade Regional): Incentiva os créditos

definidos como prioridade regional para cada país, de acordo com as diferenças

ambientais, sociais e econômicas existentes em cada local.. Quatro pontos estão

disponíveis para esta categoria.

Quadro 8– Dimensões avaliadas pelo GBC. (GBC, 2008)

3.2.2. AQUA

Page 39: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

26

O processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental) de certificação, criado em 2008 pela

Fundação Vanzolini, é o primeiro selo de certificação de construções sustentáveis

adaptado à realidade brasileira, inspirado no selo francês Démarche HQE.

A certificação tem como objetivo obter a qualidade ambiental de um empreendimento

de construção ou de reabilitação. O selo é emitido por fases, onde são avaliados:

Programa - definição das necessidades e o desempenho do projeto; Concepção - o

sistema de gestão proposto é mantido e há correção de eventuais desvios; Realização – a

meta é alcançar o máximo de eficiência com a menor presença de desvios e Operação –

obra até sua conclusão. O controle do projeto em todas as suas fases deve ser feito pelo

Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE), de forma que sejam atendidos os

critérios de desempenho da Qualidade Ambiental do Edifício (QAE). (TECHNE, 2010)

O AQUA leva em conta as especificidades do Brasil para elaborar 14 critérios avaliam a

gestão ambiental das obras e as especificidades técnicas e arquitetônicas. Esses critérios

estão apresentados no Quadro 9.

GERENCIAR IMPACTOS SOBRE O AMBIENTE

EXTERIOR

Eco-construção

01. Relação do edifício com seu entorno

02. Escolha integrada de produtos, sistemas e

processos construtivos

03. Canteiro de obras com baixo impacto

ambiental

Eco-gestão

04. Gestão de energia

05. Gestão de água

06. Gestão dos resíduos de uso e operação do

edifício

07. Manutenção - Permanência do

desempenho ambiental

CRIAR ESPAÇO INTERIOR SADIO E CONFORTÁVEL

Conforto 08. Conforto hidrotérmico

Page 40: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

27

09. Conforto acústico

10. Conforto visual

11. Conforto olfativo

Saúde

12. Qualidade sanitária dos ambientes

13. Qualidade sanitária do ar

14. Qualidade sanitária da água

Quadro 9 – Aspectos avaliados pelo AQUA (NOVA ARQUITETURA, 2007)

A certificação é concedida ao final de cada fase, mediante verificação de atendimento

ao Referencial Técnico. O AQUA possui três classificações: bom, superior e excelente.

Para obter a certificação, o projeto deve conseguir classificar no mínimo três categorias

em nível excelente e não mais do que sete categorias em nível bom.

O processo AQUA oferece benefícios para o empreendedor, para o comprador e sócio-

ambientais, os quais estão listados no Quadro 10.

Benefícios do Processo AQUA

Empreendedor

Provar a Alta Qualidade Ambiental das suas

construções

Diferenciar seu portfólio no mercado

Aumentar a velocidade de vendas ou

locação

Manter o valor do seu patrimônio ao longo

do tempo

Associar a imagem da empresa à Alta

Qualidade Ambiental

Melhorar o relacionamento com órgãos

ambientais e comunidades

Comprador

Economia direta de água e energia

Menores custos de condomínio - energia,

água

Conservação e manutenção

Page 41: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

28

Melhores condições de conforto saúde e

estética

Maior valor patrimonial ao longo do tempo

Sócios-ambientais

Menor consumo de energia

Menor consumo de água

Redução das emissões de Gases de Efeito

Estufa

Redução da poluição

Melhores condições de saúde nas

edificações

Melhor aproveitamento da infraestrutura

local

Menor impacto na vizinhança

Melhores condições de trabalho

Redução da produção de resíduos

Gestão de Riscos naturais, solo, água, ar...

Quadro 10 – Benefícios do Processo AQUA. (FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2010)

3.2.3. Procel Edifica

O Procel Edifica, voltado à Eficiência Energética das Edificações (EEE) e ao Conforto

Ambiental (CA), consiste numa etiquetagem elaborada pelo subprograma do Procel

(Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica) do Governo Federal com o

intuito de promover a eficiência energética nas edificações brasileiras, de forma a

contribuir para a conservação de energia elétrica.

Sua criação foi estimulada pela possibilidade de aproveitar o potencial de conservação

de energia no setor das edificações através de intervenções tipo retrofit. A economia

pode superar 50% do consumo nas novas edificações, através do uso de tecnologias

energeticamente eficientes desde a concepção até o final do projeto.

A etiqueta aplica-se tantos aos edifícios comerciais, de serviços e públicos quanto aos

residências. Nos três primeiros são avaliados três sistemas individuais, sendo eles:

envoltória, iluminação e condicionamento de ar. Nos edifícios residências são avaliados:

envoltória e o sistema de aquecimento de água, além dos sistemas presentes nas áreas

Page 42: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

29

comuns dos edifícios multifamiliares, como iluminação, elevadores, bombas

centrífugas. (PROCEL INFO, 2003)

A etiqueta é concedida em dois momentos: na fase de concepção do projeto e após a

construção do edifício. É realizada uma classificação geral, que pode ser acrescida de

bonificações relacionadas ao uso eficiente da água, emprego de fontes alternativas de

energia ou qualquer inovação tecnológica que promova a eficiência energética. Os

níveis de eficiência variam de A (mais eficiente), até E (menos eficiente). O projeto do

edifício pode ser avaliado pelo método prescritivo ou pelo método da simulação,

enquanto o edifício construído deve ser avaliado por meio de inspeção in loco.

(PROCEL INFO, 2003)

3.2.4. Selo Casa Azul CAIXA

O Selo Casa Azul CAIXA, desenvolvido pela Caixa em 2010, é o primeiro instrumento

de classificação socioambiental de projetos habitacionais direcionado para a realidade

da construção habitacional disponível no Brasil. O objetivo da certificação é reconhecer

os projetos habitacionais que apresentam contribuições para a redução dos impactos

ambientais. O sistema busca identificar os empreendimentos que adotam soluções mais

eficientes aplicadas à construção, ao uso, à ocupação e à manutenção das edificações.

O Selo Casa Azul CAIXA possui três categorias, sendo elas: ouro, prata e bronze. A

obtenção do selo de determinada categoria depende da quantidade de critérios atendidos

pelo empreendimento solicitante, que pode obter auxílio através do Guia CAIXA de

Sustentabilidade Ambiental – Selo Casa Azul. A certificação possui seis preceitos

analisados, são eles: Qualidade Urbana, Projeto e Conforto, Eficiência Energética,

Conservação de Recursos Materiais, Gestão da Água e Práticas Sociais. (CAIXA, 2010)

A implementação do selo busca o incentivo do uso racional de recursos ambientais na

construção de empreendimentos habitacionais, a redução do custo de manutenção dos

edifícios e as despesas mensais de seus usuários, bem como a promoção da

conscientização de empreendedores e moradores sobre as vantagens das construções

sustentáveis. (CAIXA, 2010)

3.2.5. BREEAM

Page 43: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

30

A certificação BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment

Method), criada em 1992 na Inglaterra, é um método de avaliação ambiental de

edificações de maior aplicação no mundo. O certificado estabelece critérios baseados

nas qualidades necessárias para um projeto sustentável.

A BREEAM oferece aos empreendimentos certificados diversos benefícios e garantias,

listados no Quadro 11.

Benefícios e garantias oferecidos aos certificados pelo

BREEAM

Reconhecimento no mercado de edifícios de baixo impacto

ambiental;

Garantia de que as melhores soluções ambientais e normas

serão incorporadas ao edifício;

Inspiração para buscar soluções inovadoras que minimizem o

impacto ambiental;

Normas melhores que as impostas pelo Código Técnico;

Uma ferramenta para reduzir os custos de operação e

melhorar as condições de trabalho;

Uma norma que demonstra as melhorias na execução dos

objetivos ambientais de uma empresa ou corporação;

Quadro 11 – Benefícios de garantias oferecidos pelo BREEAM (BREEAM, 2010)

3.2.6. HQE

A certificação HQE (Haute Qualité Environnementale) foi desenvolvida na França em

2002, fruto da ECO 92, baseada nos referenciais de desempenho elaborados pelo CSTB

(Centre Scientifique et Technique du Bâtiment), criado em 1947. O selo é um processo

de gestão de projeto que orienta o projeto fornecendo experiência em qualidade

ambiental.

Esse processo de certificação proporciona benefícios como a qualidade de vida para o

usuário, economia de água e energia, disposição de resíduos e manutenção e

contribuição para o desenvolvimento sócio-econômico-ambiental da região.

Page 44: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

31

Para obter a certificação HQE é preciso obedecer aos critérios especificados como:

gerenciamento dos impactos sobre o ambiente ar livre; promover uma relação

harmoniosa entre o empreendimento e seu entorno; escolha integrada de métodos de

construção e de materiais; minimização do consumo de energia; diminuição do uso de

água; redução de perdas em operação. (HQE, 2010)

Page 45: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

32

4. Aspectos legais

4.1. Legislações aplicáveis à construção civil

A legislação existente nos âmbitos federal, estadual e municipal é facilmente aplicada à

construção civil. Há diversas leis disponíveis que contribuem para a sustentabilidade na

construção civil, já que o tema se tornou cada vez mais exigido nos diversos setores da

economia mundial.

É preciso atentar para a diferença do rigor de leis federais quando comparadas a

algumas municipais, por exemplo. Assim, empresas cujo produto envolva outro estado

que não seja o de execução da obra, como extração de matéria prima ou de transporte de

material, devem atender à diferentes legislações.

4.1.1. Gestão de resíduos da construção civil

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou uma resolução em 2002

para fornecer diretrizes, critérios e procedimentos para a efetiva redução dos impactos

ambientais gerados pelos resíduos oriundos da construção civil, de modo que a

degradação da qualidade ambiental decorrente da disposição de tais resíduos em locais

inadequados seja evitada.

Considerando que a gestão integrada de resíduos provenientes da construção civil está

intimamente ligada aos benefícios de ordem social, econômica e ambiental, o

CONAMA criou a Resolução º 307.

Os resíduos da construção devem ser classificados em quatro classes que se encontram

no Quadro 12.

Page 46: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

33

Classificação dos Resíduos da Construção Civil

Classe A

São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras

de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes

cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e

concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto

(blocos, tubos, meio-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;

Classe B São os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos,

papel/papelão, metais, vidros, madeiras e gesso;

Classe C São os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações

economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação;

Classe D

São resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas,

solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos

de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e

outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou

outros produtos nocivos à saúde.

Quadro 12 – Classificação dos resíduos da construção civil (CONAMA, 2002)

Segundo a Resolução, os responsáveis pela geração de resíduos devem ter como

objetivo prioritário a não geração dos mesmos e, secundariamente, a redução, a

reutilização, a reciclagem e a destinação final. Além disso, o documento afirma que os

resíduos da construção civil não podem ser dispostos em aterros de resíduos

Page 47: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

34

domiciliares, em áreas de “bota-fora”, em encostas, corpos d’água, lotes vagos e em

áreas protegidas por Lei. (CONAMA, 2002)

A implementação da gestão dos resíduos da construção civil deve ser realizada por meio

do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, que deve ser

elaborado pelos Municípios e pelo distrito Federal, devendo incorporar o Programa

Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e Projetos de

Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. (CONAMA, 2002)

O CONAMA afirma que os resíduos oriundos da construção civil devem ser destinados

de acordo com sua classificação. A disposição dos resíduos segundo sua categoria está

apresentada no Quadro 13.

Destinação final dos resíduos da construção civil

Classe A

Deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de

agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos

da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir sua

utilização ou reciclagem futura;

Classe B

Deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a

áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de

modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

Classe C Deverão ser armazenados, transportados e destinados em

conformidade com as normas técnicas específicas;

Classe D

Deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e

destinados em conformidade com as normas técnicas

específicas.

Quadro 13 – Destinação final dos resíduos da construção civil. (CONAMA, 2002)

4.1.1. Exigências para a obtenção do Licenciamento Ambiental no Rio de Janeiro

Page 48: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

35

A Resolução SMAC nº 519, criada em 2012, tem como objetivo a regulamentação de

critérios e procedimentos destinados ao Licenciamento Ambiental Municipal.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC) define, através da Resolução, a

necessidade da apresentação do Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção

Civil – PGRCC por parte do requerente do Licenciamento Ambiental Municipal para

atividades de construção, reforma, ampliação, demolição e movimentação de

terra.(SMAC, 2012)

O PGRCC deve ser elaborado de forma a privilegiar as alternativas de reaproveitamento

e de reciclagem de Resíduos da Construção Civil (RCC) na própria obra ou em

unidades de beneficiamento. Além disso, é obrigatória a apresentação de relatórios

mensais com a evolução do programa. (SMAC, 2012)

4.1.2. Resolução SMAC nº 387

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente elaborou a Resolução nº 387 com o objetivo

de disciplinar a apresentação de projeto de gerenciamento de Resíduos da Construção

Civil.

Segundo a Resolução, o programa deve conter a planta de situação do canteiro de obras,

o memorial descritivo, além de informar a previsão de destinação final especificando os

potenciais destinatários por classe do material gerado. (SMAC, 2005)

Para a obtenção do “HABITE-SE” é necessária a apresentação do Relatório de

Implantação e Acompanhamento com a comprovação do destino final adequado dos

resíduos gerados em todas as etapas da obra. (SMAC, 2005)

4.1.3. Lincenciamento de fornos rotativos de produção de clínquer para atividades

de co-processamento de resíduos

O clínquer é o principal componente presente em todos os tipos de cimento, podendo

ser definido como o cimento na sua fase básica de fabricação, a partir do qual se fabrica

o cimento Portland.

Page 49: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

36

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou uma resolução em 1999

com o objetivo de licenciar fornos rotativos de produção de clínquer para atividades de

co-processamento de resíduos, exceto resíduos domiciliares brutos, de saúdes, os

radioativos, explosivos, organoclorados e agrotóxicos.

Segundo a Resolução, apenas resíduos passíveis de serem utilizados como substitutos

de matéria prima e/ou de combustível podem ser considerados para fins de co-

processamento. O resíduo utilizado deve apresentar características similares às dos

componentes normalmente empregados na produção de clínquer; no caso de ser

utilizado como substituo de combustível, para fins de reaproveitamento de energia, o

ganho de energia deve ser comprovado. (CONAMA, 1999)

As Licenças Prévia, de Instalação e de Operação deverão ser requeridas previamente

aos Órgãos Ambientais competentes. Para fontes novas, as Licenças podem ser emitidas

de forma que englobem conjuntamente as atividades de produção de cimentos e o co-

processamento de resíduos nos fornos de produção de clínquer. Já para as fontes

existentes, já licenciadas para a produção de cimento, o licenciamento ambiental

específico para o co-processamento só poderá ser concedido quando a unidade

industrial onde se localizar o forno de clínquer tiver executado todas as medidas de

controle previstas na sua licença de Operação. (CONAMA, 1999)

4.1.4. Utilização de misturas asfálticas com asfalto borracha na pavimentação de

vias expressas e rodovias no município do Rio de Janeiro

Os pneus inservíveis constituem um percentual significativo dos resíduos produzidos no

Município do Rio de Janeiro, gerando disposições finais irregulares e contribuindo para

a reprodução de vetores, como o mosquito da dengue; além de auxiliar na degradação

urbana.

O Decreto n.º 34.873 publicado em 2011 dispõe da obrigatoriedade do uso de borracha

de pneus inservíveis na fabricação misturas asfálticas para a pavimentação de vias

expressas e rodovias.

Page 50: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

37

O asfalto borracha é o produto resultante da adição de borracha moída de pneus que não

são passíveis de utilização com cimento asfáltico de petróleo. O uso de borracha em

misturas asfálticas permite o aumento da vida útil do pavimento, a maior resistência às

deformações plásticas, a economia de combustíveis e de energia e diminuição na

emissão de poluentes. (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, 2011)

4.1.5. Programa de incentivo às fontes alternativas de energia elétrica (PROINFA)

As fontes de energia não renováveis são aquelas que não estão permanentemente

disponíveis, e por isso é preciso o incentivo às fontes de energia renováveis.

Em 2002 o Congresso Nacional decretou a Lei nº 10.438 com diversos objetivos, dentre

eles está a criação do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica,

o Proinfa, com a finalidade de aumentar a participação da energia elétrica produzida por

empreendimentos de Produtores Independentes Autônomos, concebidos com base em

fontes eólica, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa, no Sistema Elétrico

Interligado Nacional. (CASA CIVIL, 2002)

O programa tem como principal objetivo a diversificação da Matriz Energética

Brasileira, buscando alternativas para aumentar a segurança no abastecimento de

energia elétrica. A principal fonte impulsionada pelo Proinfa foi a energia eólica.

Além da geração de milhares de empregos diretos e indiretos, o programa proporcionou

um grande avanço industrial e desenvolvimento de tecnologia de ponta. Além disso, o

Proinfa possibilita a redução de emissões de gases de efeito estufa.

Page 51: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

38

5. Estudo de boas práticas no processo construtivo que

objetivam a sustentabilidade

5.1. Introdução

Ao contrário da fase de projeto, há pouca disponibilidade de literatura que aborde a

aplicação de boas práticas na etapa da construção. Neste capítulo foi utilizada uma

monografia de Pós-Graduação e uma de Mestrado que serviram de base para este item.

A implementação de ações que podem contribuir para o desenvolvimento da

sustentabilidade na construção civil depende de esforços vindos de diferentes atores,

como políticas públicas, iniciativa privada e órgãos de financiamento. Cada ator deve

ter sua área de atuação bem definida, especificando o escopo de cada um.

A indústria da construção é uma cadeia produtiva complexa, por isso pode ser dividida

em três grandes grupos: de suprimentos, auxiliar e principal ou de processo, conforme

mostra a Figura 2.

Page 52: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

39

Figura 2 – Cadeia produtiva da Construção Civil (GEHLEN, 2008)

Os principais atores da indústria da construção civil são: governos, investidores,

incorporadores, proprietários, ocupantes comerciais, pesquisadores, projetistas,

administrações, corretores imobiliários, indústria e fornecedores, construtoras, usuários,

associações profissionais, órgãos reguladores e fiscalizadores, mídia e sociedade civil

organizada. (GEHLEN, 2008)

Os governos têm o papel de promover políticas e legislações que possam viabilizar a

disseminação de práticas sustentáveis, de criar planos de desenvolvimento territoriais

levando em conta toda a sociedade.

Aos investidores cabe a responsabilidade de dar preferência a investimentos que

possuam alto desempenho e redução de riscos. Construções sustentáveis possuem

menores riscos ambientais, econômicos e sociais; aumentando assim a rentabilidade e a

sustentabilidade dos investimentos.

Os proprietários têm a função de exigir estruturas de alto desempenho; assim como o

papel de pensar na escolha dos materiais, baseando-se no seu ciclo de vida, objetivando

a durabilidade, versatilidade, manutenção e conforto.

Os ocupantes comerciais devem promover a demanda de edificações de alto

desempenho para aluguel, de forma a reduzir o custo operacional de suas estruturas.

(GEHLEN, 2008)

Aos pesquisadores e instituições de ensino cabe a produção e disseminação de métodos

e tecnologias de aplicação direta tanto pelas indústrias como para as empresas.

(GEHLEN, 2008)

Os projetistas devem procurar sempre priorizar os princípios da sustentabilidade em

seus projetos com o uso de parâmetros técnicos de forma a garantir a acessibilidade; a

escolha de tecnologias adequadas ao meio em questão e a sociedade na qual o projeto

está inserido; a escolha de materiais. O uso das ferramentas de bioclimatismo,

garantindo maior conforto ambiental e menor uso de energia, através da especificação

Page 53: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

40

de produtos com alta eficiência e a redução do consumo de água devem ser ferramentas

utilizadas para conscientizar os clientes da importância e das vantagens da aplicação

dessas técnicas. É na etapa de projeto que se tem a maior possibilidade de aplicar os

aspectos da sustentabilidade, por isso deve ser dada grande importância a essa fase.

As administradoras têm como principal papel operar as edificações adequada e

ambientalmente consciente, monitorando o desempenho energético, de consumo de

água, etc,. Além disso, é imprescindível o compartilhamento de informações com os

demais setores para garantir a retroalimentação das decisões tomadas em projeto.

(GEHLEN, 2008)

Aos corretores imobiliários cabe a tarefa de orientar aos seus clientes de maneira que se

permita a promoção das vantagens de edifícios de alto desempenho e da construção

sustentável.

A indústria e fornecedores de materiais e produtos devem ter a obrigação de

disponibilizar informações sobre o ciclo de vida de seus produtos, assumindo suas

responsabilidades ambientais e sociais.

As construtoras devem procurar minimizar seus impactos ao meio ambiente, promover

relações sociais justas, além de atender as exigências de seus clientes, agregar valor a

seus produtos e serviços e promover a disseminação de sistemas de aprendizagem.

Os usuários devem tem em mente a necessidade de respeitar as necessidades de

manutenção dos sistemas operacionais das edificações, além de exercer seus direitos.

Os órgãos reguladores devem ser mais flexíveis quanto à novas tecnologias que

melhorem o desempenho dos projetos, além de combater a informalidade e promover a

legalidade e o atendimento às normas.

Por fim, a mídia e a sociedade civil organizada devem promover os princípios da

sustentabilidade por meio dos veículos de comunicação disponíveis.

5.2. Processo construtivo

Page 54: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

41

O processo construtivo pode ser dividido em diversas etapas, as quais possuem

capacidade de aplicar a sustentabilidade de acordo com o seu poder de tomada de

decisão no desenvolvimento e construção dos projetos. As principais etapas são: fase

inicial (definição das necessidades, especificações e escolha do local); etapa de projetos

(layout, detalhamento, instalações, estruturas e especificações de materiais); execução

da obra (preparação do terreno e construção); uso e manutenção; e por fim, demolição e

reuso. (GEHLEN, 2008)

Figura 3 – As interrelações das etapas no processo construtivo (GEHLEN, 2008)

A etapa de execução da obra possui diversas sub etapas, conforme mostra a Figura 4.

Page 55: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

42

Figura 4 – Etapas da execução de um empreendimento (GEHLEN, 2008)

Para que se obtenha uma edificação de alto desempenho e com impactos reduzidos, é

preciso inserir os princípios de sustentabilidade como imprescindível no momento da

tomada de decisão nos projetos e na maneira de executá-los. Um empreendimento não

pode ser considerado sustentável se desde o princípio não for concebido como tal.

5.2.1. Planejamento

Na fase de planejamento da obra deve ser feito um estudo detalhado por meio de

levantamento dos aspectos e impactos socioambientais e econômicos potenciais

relativos ao empreendimento, garantindo assim a segurança e evitando possíveis riscos

operacionais.

Nessa etapa deve ser definido o ciclo de vida da edificação e todos os impactos que esta

pode causar ao longo do tempo de sua existência, elaborando assim o projeto de gestão

ambiental. Assim, o empreendimento deve ser projetado com o objetivo de minimizar

os impactos em todas as fases da obra.

Page 56: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

43

A etapa de planejamento é primordial para a garantia da qualidade da edificação,

devendo atender aos prazos, custos, prever os impactos ambientais, elaborar diretrizes e

padrões que devem ser seguidos durante a execução dos projetos. O planejamento é

realizado baseado no estudo crítico dos projetos e na elaboração de cronogramas físico e

financeiro. (GEHLEN, 2008)

5.2.1.1. Verificação de necessidade dos públicos envolvidos

Nessa etapa deve ser definido o uso final da edificação, seja comercial, residencial,

hospitalar, etc. baseado na análise das necessidades dos usuários, da sociedade e dos

investidores.

5.2.1.2. Capacitação dos agentes envolvidos e difusão das boas práticas

socioambientais

Nessa fase deve ser feita a capacitação de todos os funcionários e colaboradores de

forma a valorizar e divulgar os aspectos socioambientais implementados. É importante a

capacitação de vendedores de modo que sejam capazes de comunicar todo o processo,

incluindo as formas de minimização de impactos adotadas. (BANCO REAL, 2001)

Como forma de dar continuidade as práticas de minimização de impactos, deve-se

elaborar o manual do usuário para que estes valorizem e possam otimizar o uso dos

equipamentos e técnicas de ecoeficiência adotados no empreendimento.

5.2.1.3. Relação com a comunidade

Ao longo do processo construtivo a empresa responsável deve procurar não causar

transtornos para a vizinhança, como o controle da emissão de resíduos, geração de

poeira e lama ou problemas de tráfego causados pela entrega de materiais ou de

concretagem. (GEHLEN, 2008)

As ações para a redução desses impactos estão ligadas à programação do dia-a-dia da

obra, como a contenção de poeira e lama, beneficiando conjuntamente o ambiente

interno para os trabalhadores.

Page 57: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

44

As atividades realizadas durante o processo construtivo devem ser planejadas de modo a

reduzir a vibração e o ruído que afetam a vizinhança do terreno, além de evitar a

realização desses trabalhos nos períodos noturnos e de descanso. (GEHLEN, 2008)

5.2.1.4. Estudo de viabilidade ambiental

O estudo de viabilidade ambiental deve ser feito antes da aquisição do terreno, prevendo

riscos e imprevistos que possam gerar aumento de custos ou o não cumprimento de

prazos previamente estimados. Nesse estudo são levantadas possíveis restrições legais e

ambientais e é verificado se existe alguma obrigação ambiental. No Quadro 14 são

mencionados alguns estudos que devem ser realizados.

Estudos realizados no estudo de viabilidade ambiental

Investigação

de áreas

contaminadas

Verificação de possível contaminação da área,

levantando históricos das atividades realizadas no

local e no entorno. Se comprovado, deve ser feita

uma análise detalhada para determinar a extensão e

as características do poluente, o risco de exposição

à saúde humana e identificar as técnicas de

correção.

Investigação

do entorno

Análise da possibilidade de mão-de-obra local,

assim como o estabelecimento de um canal de

comunicação com a população local. É

recomendada a realização de parceria com

instituições que atuam no local com o objetivo de

dar continuidade a programas locais, como um

programa de coleta seletiva.

Análise do estágio de desenvolvimento da região,

da malha de transportes públicos, fontes de

recursos, redes de abastecimento e serviços

urbanos disponíveis prevendo a não-intervenção

em áreas verdes e de lazer existentes.

Page 58: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

45

Avaliação das

características

físicas do

terreno

Avaliação topográfica, natureza do solo,

hidrologia, presença de mananciais e lençóis

subterrâneos.

Identificação de áreas de fragilidade ambiental (

áreas passíveis de assoreamento, áreas de rios e

encostas, áreas definidas como Reserva Legal,

etc.)

Levantamento

de aspectos

naturais

Análise do tipo de clima, ecossistemas, vegetação

local.

Levantamento da fauna e flora existentes para

previsão de reposição de áreas verdes e de

conhecimento das precauções de expulsão de

espécies animais.

Identificação

de restrições

legais e

regulamentares

Identificação de todos os órgãos públicos

responsáveis pela autorização ou licenciamento do

empreendimento com a finalidade de consultá-los

quanto a restrições legais, exigências, etc.

Análise de plano diretor, lei de zoneamento local,

lei de parcelamento do solo, código de obras local.

Necessidade

de realização

de Avaliação

de Impacto

Ambiental

A necessidade de elaboração de Avaliação de

Impacto Ambiental depende do tamanho,

complexidade e localização do empreendimento.

Quadro 14 - Estudos realizados no estudo de viabilidade ambiental (BANCO REAL, 2001)

5.2.2. Concepção

Page 59: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

46

A concepção da edificação engloba a elaboração dos projetos arquitetônicos, prediais,

vedações, fundações e estruturas, além de seus projetos executivos. Nessa etapa, são

definidos os materiais, os componentes, equipamentos e sistemas executivos.

Durante a concepção, devem ser tomadas ações que estimulem intervenções conscientes

sobre o meio ambiente; deve ser feita a adaptação às necessidades de uso, produção e

consumo humano sem que ocorra o esgotamento dos recursos naturais. São os projetos

os principais instrumentos para a atuação preventiva, podendo gerar benefícios

econômicos, redução na operação e manutenção do empreendimento, etc.

5.2.2.1. Elaboração de projetos

Durante a concepção é extremamente importante a compatibilização de projetos antes

do início das obras, já que as maiores causas de perdas de materiais durante a execução

das obras são o retrabalho e a falta de planejamento da execução das tarefas, resultando

em sobras de materiais inutilizáveis. (GEHLEN, 2008)

A compatibilização de projetos também minimiza a paralisação das atividades das obras

enquanto se busca a solução no canteiro pelos executores, uma vez que incoerências são

identificadas precocemente e a solução é proposta antes do início das atividades.

5.2.3. Materiais

A durabilidade das edificações é o principal fator para uma edificação ser sustentável.

Esse quesito está diretamente ligado à qualidade do processo construtivo e dos materiais

empregados.

Durabilidade está relacionada com a capacidade de o material resistir às intempéries e

ações do tempo sem perder nenhuma de suas propriedades funcionais, segundo

Hendriks (2000.)

Durabilidade e sustentabilidade estão evidentemente intimamente

associadas, e há muitas conexões entre ambos os conceitos em termos

de propriedades dos materiais. Essas têm a ver com o uso da matéria-

prima e da energia, mecanismos de deterioração, emissões de

Page 60: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

47

produção, produção de resíduos (aproveitáveis ou não), capacidade de

recuperação e manutenção, proteção preventiva, ocupação do espaço,

e bem estar humano durante a execução as obras (condições de

trabalho) e durante o uso das estruturas (HENDRIKS, 2000., p.19)

5.2.3.1. Procedência

O comprometimento da empresa em exercer a sua responsabilidade e influência para

garantir a compra de materiais que não usem mão-de-obra infantil, ou escrava, que

utilizem processos de fabricação mais limpos e matérias de jazidas licenciadas define a

compra responsável. (GEHLEN, 2008)

A seleção de materiais influencia diretamente no desempenho do empreendimento e na

minimização de impactos ambientais na fase de construção. Por isso é necessário dar

preferência a materiais procedentes de fontes renováveis e que contenham componentes

reciclados ou reutilizados.

É imprescindível a análise das distâncias de transporte, de forma que se opte por

recursos disponíveis nas proximidades do canteiro. Além disso, é importante a

utilização de madeiras certificadas ou em condição de reutilização. Outra forma de

contribuição para a redução dos impactos ambientais é a escolha de materiais e

componentes com menos embalagens, de forma que o volume de material consumido

seja minimizado.

5.2.3.2. Diminuição de perdas

A perda de materiais é a maior causadora da geração de resíduos e está diretamente à

falta de compatibilização de projetos, como já citado anteriormente. Além disso, a baixa

instrução e capacitação de pedreiros e ajudantes resultam em serviços mal acabados,

erros de execução e consequente desperdício de materiais. (GEHLEN, 2008)

As perdas de materiais também são resultado de retrabalhos e da falta de planejamento

da execução das tarefas, resultando em sobras materiais não utilizados assim como nas

denominadas “perdas incorporadas”, como nos casos em que são realizados rebocos

mais espessos do que o recomendado ou para corrigir erros do prumo das paredes.

(GEHLEN, 2008)

Page 61: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

48

Sempre que possível, os construtores devem identificar oportunidades de

aproveitamento de sobras ou reuso de materiais principalmente em serviços de

movimentação de terra.

A minimização da perda de materiais reduz o montante de resíduos e a longo prazo, os

resíduos de demolição. Além disso, ocasiona a redução do consumo global da obra

diminuindo o uso de recursos naturais.

5.2.4. Consumo de energia

5.2.4.1. Eficiência energética

Em função da crescente demanda de energia no país, é preciso buscar a redução do

consumo energético, bem como a exploração de formas alternativas de consumo de

energia, como solar, eólica e energia a gás.

O uso de fontes alternativas de energia resulta na minimização de equipamentos de ar,

iluminação artificial, chuveiros, aquecedores elétricos, entre outros. É importante o

estímulo ao uso de equipamento que possuam o selo PROCEL, além do uso de sistemas

de automação predial que controlam e monitoram através de sensores tanto sistemas de

ar condicionado quanto a iluminação artificial e o uso de elevadores. (BANCO REAL,

2001)

Outra forma de contribuir para a economia de energia é a escolha de equipamentos e

acessórios com alto rendimento e baixo consumo como lâmpadas LED; o estudo da

aplicação da iluminação artificial e a setorização inteligente do ambiente.

A Figura 5 apresenta um comparativo entre a lâmpada LED e as convencionais.

Page 62: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

49

Figura 5 – Comparativo entre a lâmpada LED e as convencionais (Fonte: Melich LED, 2009)

5.2.5. Conforto ambiental do edifício

5.2.5.1. Desenvolvimento racional de fachadas e coberturas

É imprescindível levar em conta a possibilidade de iluminação zenital através do

posicionamento e dimensionamento das aberturas, além da influência das construções

no entorno no empreendimento. A escolha do material e das cores componentes das

fachadas e cobertura são outros fatores que evitam o ganho de temperatura em locais de

clima quente, proporcionando uma temperatura confortável ao usuário. (BANCO

REAL, 2001)

Page 63: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

50

5.2.5.2. Ventilação natural

Uma solução para a questão da ventilação é a configuração de dois ambientes, tornando

possível a ventilação cruzada, ventilação pela cobertura, uso de peitoris ventilados,

ventilação noturna. Assim, é possível evitar o uso de ar-condicionado sempre que

possível.

5.2.5.3. Iluminação natural

Por meio da instalação de janelas altas, o aproveitamento da luz exterior se torna mais

eficaz, já que elas permitem uma melhor distribuição da luz. Outra solução é a previsão

de brises ou aberturas laterais que direcionem a luz para pontos mais afastados das

janelas.

Figura 6 – Utilização de brises para aproveitamento da luz natural (Fonte: Strutural Vidros e Esquadrias,

2010)

5.2.5.4. Aquecimento da água

A adoção de sistemas de aquecimento de água considerando a disponibilidade de

sistemas de gás e o aproveitamento da energia solar pode reduzir o consumo de energia

elétrica significativamente.

5.2.6. Conservação da água

5.2.6.1. Consumo eficiente

Page 64: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

51

O consumo de água deve ser monitorado por meio da previsão de equipamentos e

sistemas detectores de vazamentos e ineficiências. O emprego de componentes

economizadores, como restritores de vazão, bacias sanitárias de volume reduzido e

aeradores é um grande aliado para evitar o desperdício.

5.2.6.2. Aproveitamento de águas servidas

O aproveitamento de águas servidas pode ser feito por meio de sistemas que permitam a

reutilização dos efluentes advindos dos equipamentos sanitários, como tanques,

lavatórios e chuveiros. O processo pode ser realizado através de pequenas estações de

tratamento e armazenamento das águas cinzas para posterior utilização em ponto de

consumo que não exijam potabilidade como, descargas em bacias sanitárias, lavagem de

pátios, etc. Os sistemas de reuso não podem ser interligados com tubulações de água

tratada e devem ser devidamente identificados. (BANCO REAL, 2001)

5.2.6.3. Aproveitamento de águas pluviais

A utilização de um sistema composto por captação, transporte, descarte, gradeamento,

reservação, tratamento e desinfecção, recalque e distribuição das águas provenientes das

chuvas para a utilização em ponto de consumo que não exijam potabilidade, como

sistemas de irrigação, é uma solução viável e eficaz para a redução do consumo de água.

5.2.6.4. Retenção de água de chuva

A análise de viabilidade de implantação de um sistema de retenção local com o objetivo

de minimizar áreas impermeáveis com o uso de planos de infiltração, valas de

infiltração, telhados verdes, etc. pode ser uma solução para as grandes cidades que têm

escassez de áreas permeáveis.

5.2.7. Gestão de resíduos sólidos

A gestão de resíduos sólidos deve ser feita por meio da separação, quantificação,

armazenamento e destinação correta pelos seus geradores de acordo com a resolução

307/2002 do CONAMA.

5.2.7.1. Coleta seletiva – Resíduos Sólidos Domiciliares

Page 65: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

52

A coleta seletiva deve ser promovida por meio da existência de espaços adequados para

tal fim. Esses espaços devem ser previstos na fase de projeto para que se possa evitar a

necessidade de adaptações futuras para a destinação de locais com essa finalidade.

A escolha do local para a implantação desses espaços deve levar em consideração a

proximidade às unidades habitacionais e facilidade de acesso.

5.2.7.2. Resíduos de Construção e Demolição (RDC)

A quantidade de RDC gerada varia de acordo com as práticas construtivas e com o nível

de atividade da construção. Os grandes geradores devem estabelecer um plano de gestão

de resíduos, incluindo a segregação dos mesmos em diferentes classes, como a dos

resíduos perigosos.

As perdas de materiais de construção têm como causa problemas de gestão, decisões de

projeto e erros de execução.

Dentre as vantagens da adoção da prática de gestão de resíduos sólidos pelas

construtoras estão o atendimento aos requisitos legais; maior limpeza do canteiro de

obras; maior organização da obra; redução dos acidentes de trabalho; redução do

consumo de recursos naturais, como resultado do reaproveitamento; e a consequente

redução de resíduos. (GEHLEN, 2008)

5.2.7.3. Resultados da análise da geração de resíduos em obras com e sem

certificação LEED

Por meio do estudo apresentado em uma dissertação de Mestrado em Engenharia

Ambiental – UERJ/2011 (Tathiana Cardoso Pacheco) foram analisadas quatro obras de

edificações no município do Rio de Janeiro que contam com um Projeto de

Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil. As características das obras

encontram-se no Quadro 15.

Page 66: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

53

Características das obras analisadas

Obra

A

Certificação

LEED

Área total

construída Especificação da construção

Período

de

duração

Não 69.850 m²

17 Blocos de 06 (seis) pavimentos com 04

(quatro) apartamentos por andar;

1 Prédio da administração; 1 Salão de festas;

1 Churrasqueira; Guaritas.

20 meses

Obra

B Não 41.607 m²

Readaptação de prédios existentes para

novas funções e a construção de novos

prédios para o poder público, sendo que a

primeira fase da obra consistiu na demolição

de uma parte da fábrica existente

anteriormente

no terreno

9 meses

Obra

C

Implantação de

práticas para

obtenção da

certificação LEED

130.000 m²

Cerca de 200 laboratórios de pesquisa;

Centro de convenções; Escritórios; Salas;

Biblioteca; Restaurante

36 meses

Obra

D

Implantação de

práticas para

obtenção da

certificação LEED

24.605 m²

1º e 2º subsolo; Térreo; 19 pavimentos-tipo;

Pavimento de cobertura; Pavimento de casa

de máquinas e de caixa d’água.

26 meses

Quadro 15 - Características das obras analisadas (PACHECO, 2011)

Obra A

A geração de resíduos da obra A, que não possui certificação, encontra-se apresentada

na Tabela 1.

Page 67: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

54

Tabela 1 – Geração de resíduos na obra A (PACHECO, 2011)

Dentre todos os tipos de resíduos gerados, o entulho é o mais significativo deles,

representando 84,7% do total, seguido por resíduos não recicláveis (resíduos orgânicos,

embalagens de alimentos e resíduos de banheiro) com 5,2%, sucata metálica com 3,7%,

madeira com 3,2% e gesso com 2,8%.

O alto índice representado pelo entulho pode ser explicado por constantes retrabalhos

verificados na obra, o que gerou grande desperdício de material, segundo Pacheco

(2011).

Figura 7 – Geração de resíduos sólidos na obra A (PACHECO, 2011)

Obra B

Page 68: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

55

A geração de resíduos na obra B, que não possui certificação LEED, encontra-se na

Tabela 2.

Tabela 2 – Geração de resíduos na obra B (PACHECO, 2011)

Até a data de aferição dos resultados, apenas 55% da obra havia sido construída, por

isso a estimativa da massa total de resíduos/área foi extrapolada para essa área, segundo

Pacheco (2011).

Dentre todos os resíduos gerados, aqueles que tiveram maior índice foram o entulho

com 86% do total, seguido pelos resíduos não recicláveis (resíduos orgânicos,

embalagens de alimentos e resíduos de banheiro) com 11,2%, madeira com 1,5% e

sucata metálica com 1%.

Segundo Pacheco (2011), o elevado percentual atribuído ao entulho pode ser explicado

pelas demolições das edificações e estruturas existentes no local para readaptação das

mesmas ou construção de novas.

Page 69: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

56

Figura 8 – Geração de resíduos na obra B (PACHECO, 2011)

Obra C

A geração de resíduos na obra C, que possui práticas para obtenção da certificação

LEED, encontra-se na Tabela 3.

Tabela 3 – Geração de resíduos na obra C (PACHECO, 2011)

Nessa obra, a distribuição entre os tipos de resíduos foi mais homogênea, sendo os mais

representativos o entulho que correspondeu a 32%, a sucata metálica com 23,7%,

resíduos não recicláveis (resíduos orgânicos, embalagens de alimentos e resíduos de

banheiro) com 22,5%, madeira com 12%, gesso com 1,5% e plástico com 1,1%.

Page 70: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

57

A proximidade do índice de entulho com o de sucata metálica pode ser atribuída à

composição metálica na estrutura e na cobertura da edificação, que gerou sobras,

segundo Pacheco (2011).

Considerando o número elevado de funcionários, em torno de 2000 colaboradores, no

período de pico da obra, o índice de resíduos não recicláveis é coerente, levando em

conta um volume considerável de sobras de comida, embalagens e resíduos de banheiro.

Figura 9 – Geração de resíduos na obra C (PACHECO, 2011)

Obra D

A geração de resíduos na obra D, que também possui práticas para obtenção da

certificação LEED, encontra-se na Tabela 4.

Tabela 4 – Geração de resíduos na obra D (PACHECO, 2011)

Page 71: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

58

Até a data de aferição dos resultados, apenas 8% da área total a ser construída havia

sido concluída, por isso a análise dos dados foi dimensionada para essa área (2.186,50

m²), segundo Pacheco (2011).

O resíduo mais gerado na obra D foi o entulho com 88,4%, seguido pelos resíduos não

recicláveis (resíduos orgânicos, embalagens de alimentos e resíduos de banheiro) com

5,16%, sucata metálica com 4,14% e madeira com 1,5%.

O elevado índice de entulho pode ser atribuído à etapa de demolição da edificação

existente anteriormente no local. Segundo Pacheco (2011), a construtora não realizou a

etapa de demolição e parte do entulho quantificado foi proveniente da escavação do

terreno, onde foram encontrados restos de entulho misturados ao solo. Assim, esta obra

apresentou uma peculiaridade não tão representativa de uma obra mais tradicional.

Figura 10 – Geração de resíduos na obra D (PACHECO, 2011)

Desconsiderando que a necessidade de retirada do solo escavado depende das

características do terreno e não é influenciado pela existência ou não de um sistema de

gestão ambiental na obra, o volume gerado por esse tipo de resíduo foi desconsiderado

em todas as obras. Assim, o resíduo mais gerado em todas as obras foi o entulho.

A obra C apresentou o menor índice entre as obras, o que evidencia um sistema de

gestão ambiental eficiente, em função do processo de obtenção da certificação LEED.

Page 72: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

59

Por outro lado, a obra D apresentou o maior índice, o que pode ser atribuído à etapa de

demolição da edificação existente.

Analisando as duas obras que haviam sido concluídas até a realização do estudo (A e

C), pode-se perceber a redução no índice de massa de resíduos por metro quadrado de

área construída da obra C, que implantou práticas para obtenção da certificação LEED

em torno de 2,5 vezes menor que a obra A. Assim, o resultado leva à conclusão de que

obras que visam obter a certificação LEED, possuem maior eficiência no gerenciamento

de resíduos sólidos.

Figura 11 – Geração total de resíduos nas quatro obras (PACHECO, 2011)

5.2.8. Uso e ocupação do solo

A execução de grandes escavações pode afetar significativamente a fauna e a flora local,

além de influenciar na geração de gastos para conter a poeira, a erosão e transporte de

excedentes para aterros.

Os cuidados relativos ao uso e ocupação do solo devem ser levados em conta na etapa

de execução de forma que se garanta a realização de procedimentos que assegurem o

seu melhor aproveitamento e a minimização dos impactos ambientais.

Page 73: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

60

Dentre os procedimentos estão: evitar o desmoronamento de taludes; realizar contenção

de águas para evitar assoreamento à jusante do terreno; minimizar de acordo com o

projeto a compactação do solo para possibilitar a infiltração das águas; as escavações,

compactação, aterros e cortes no terreno devem priorizar o manejo interno do solo,

evitando a retirada ou o empréstimo desse material de outras regiões com um melhor

aproveitamento in loco (considera-se que o terreno foi selecionado previamente, com

base em localização, aproveitamento do terreno e aproveitamento de estruturas

existentes). (GEHLEN, 2008)

A redução da emissão de gases poluidores emitidos pelo transporte, prevenção do

assoreamento de águas, erosões e o sobre carregamento de áreas de suporte de recursos

naturais são resultados dos cuidados em relação ao uso do solo.

Com relação à ocupação do solo, a implantação do canteiro de obras deve levar em

conta a orientação das estruturas de modo a facilitar o escoamento de resíduos, melhorar

a eficiência energética, garantir segurança nas áreas de circulação, etc.

Outro fator importante a ser considerado é o monitoramento das atividades

potencialmente poluidoras e contaminadoras dos solos através do acompanhamento do

estado de conservação dos veículos que circulam no canteiro para evitar vazamento de

óleos e graxas; da construção de tanques de combustíveis; de áreas de armazenamento

de resíduos, etc.

5.2.9. Fauna e flora local

Durante a fase de planejamento deve ser priorizada a preservação das árvores locais

durante a fase de execução da obra, além de reduzir o uso de áreas não construídas no

seu entorno. Outra alternativa que pode ser realizada com o intuito de preservar o meio

ambiente é o plantio de espécies nativas tanto antes quanto depois da obra, de modo que

ao final da execução dessa, as árvores sejam capazes de contribuir para a fixação de

pequenos animais no local. Essa ação assegura a compensação ambiental para a possível

necessidade de derrubada de árvores para a ocupação do terreno.

Page 74: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

61

A fim de preservar a fauna local, deve ser feito um levantamento do terreno e

identificados os animais silvestres e espécies nativas em risco de extinção. Caso não

seja possível preservar a área, deve ser feita a transferência dessas espécies para outro

local apropriado de acordo com as recomendações dos órgãos ambientais. (GEHLEN,

2008)

Page 75: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

62

6. Conclusões

Ao longo dos anos, a preocupação com a escassez trouxe à tona a preocupação com os

rumos que o modelo de desenvolvimento adotado pelo mundo no pós-guerra poderia

levar. Assim, a partir da década de 60 começaram a surgir movimentos que

questionavam a necessidade de se preservar o meio ambiente e através de debates e

conferência mundiais foram propostas algumas diretrizes para de alcançar o

desenvolvimento sustentável.

O setor da construção civil, por ser um dos que mais causa impactos no meio ambiente,

podendo alterar tanto o espaço físico como o clima, além produzir um significativo

volume de resíduos, se viu obrigado a realizar algumas mudanças no seu processo

construtivo, a fim de minimizar tais impactos.

A incessante busca pela construção sustentável resultou no surgimento de certificações

ambientais que incentivam a aplicação de práticas sustentáveis nas construções, com o

intuito de obter um certificado ambiental. A obtenção do certificado fornece uma

garantia de conforto e economia aos usuários, além de significar um diferencial para o

empreendimento.

Outro fator que ilustra a atual preocupação com o meio ambiente é a criação de leis

voltadas para este setor. A gestão consciente de resíduos sólidos gerados pela

construção civil proporciona uma redução dos impactos ambientais gerados por tais

resíduos, por exemplo.

Visto a importância da sustentabilidade no setor da construção civil, devem ser adotadas

práticas que possibilitem o alcance da sustentabilidade em obras de edificações. As

ações a serem implementadas devem englobar todas as etapas do processo construtivo,

desde o planejamento da obra até a sua fase final.

A fase de planejamento da obra deve conter um estudo detalhado de todos os possíveis

impactos gerados pelo empreendimento, além de definir o uso final da edificação; a

capacitação de todos os funcionários e colaboradores com o objetivo de conscientizar

Page 76: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

63

sobre os aspectos socioambientais a serem implementados; deve procurar identificar

possíveis transtornos para a vizinhança a fim de minimizá-los e deve ser realizado o

estudo de viabilidade ambiental.

Durante a concepção, ou seja, na fase da elaboração de projetos é imprescindível a

compatibilização de projetos, dessa forma há uma redução na perda de materiais

advinda da falta de planejamento e do retrabalho.

A escolha dos materiais deve levar em conta a qualidade do produto, já que para uma

edificação ser sustentável, ela deve ser durável. Além disso, a preocupação com a

precedência dos materiais a serem utilizados é de extrema importância, já que essa

prática pode causar impactos ambientais graves, mesmo que de forma indireta para a

empresa. Outro fator que deve ser levado em conta são as distâncias de transporte.

O consumo de energia da edificação deve ser sempre que possível minimizado, através

da adoção de práticas sustentáveis, como o uso de fontes alternativas de energia,

preferência por equipamentos que possuam o selo PROCEL e implementação de

automação predial.

O conforto ambiental do edifício pode ser garantido com a adoção de ventilação natural,

iluminação natural, aquecimento da água por meio de aproveitamento da energia solar

quando possível.

A conservação da água pode ser feita por meio do consumo eficiente, utilizando

componentes economizadores; aproveitamento de águas servidas por meio da

reutilização dos efluentes advindos dos equipamentos sanitários; aproveitamento de

águas pluviais e retenção de água da chuva.

A gestão de resíduos sólidos deve ser feita por meio da separação, quantificação,

armazenamento e a correta escolha da destinação final.

A preocupação com o uso e ocupação do solo deve ser constante, para que se atinja um

melhor aproveitamento combinado com reduzidos impactos ambientais.

Page 77: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

64

As árvores locais devem ser preservadas sempre que possível, tendo como alternativa o

plantio de espécies nativas.

Como sugestão para futuros trabalhos, indico a compatibilização do levantamento das

práticas com o que é realizado na prática.

Por fim, por meio deste estudo, é possível assegurar que apesar do conhecimento sobre

práticas sustentáveis, a adoção dessas práticas ainda não é o suficiente para que se atinja

o desenvolvimento sustentável tão discutido nos dias atuais.

Page 78: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

65

Referências bibliográficas

AECWEB. Os verdadeiros impactos da construção civil. 2014. Disponível em:<

http://www.aecweb.com.br/cont/n/os-impactos-da-construcao-civil_2206 >. Acesso em:

24 jun. 2014

ANA – Agência Nacional de Águas. Entenda a Rio +10. Virtual Book, 2002.

Disponível em: <

http://www.ana.gov.br/AcoesAdministrativas/RelatorioGestao/Rio10/Riomaisdez/index

.php.35.html >. Acesso em: 16 jan. 2014

BANCO REAL. Guia de Boas Práticas na Construção Civil. 2001. Disponível em: <

http://www.gbcbrasil.org.br/sistema/referencia/1_(201110074516)guia_const_civil__Ba

nco_Real.pdf >. Acesso em: 20 maio 2014

BARBOSA, Gisele Silva. O Desafio do Desenvolvimento Sustentável. Revista Visões

4ª Edição, Nº4, Volume 1 – Jan/Jun 2008. Disponível em: <

http://www.fsma.edu.br/visoes/ed04/4ed_O_Desafio_Do_Desenvolvimento_Sustentave

l_Gisele.pdf >. Acesso em: 08 jan. 2014.

BREEAM. ¿Qué es BREEAM? 2010. Disponível em:<

http://www.breeam.org/page.jsp?id=219 >. Acesso em: 15 fev. 2014

CAIXA. Meio Ambiente – Programa Construção Sustentável. Virtual Book, 2010.

Disponível em: <

http://www14.caixa.gov.br/portal/rse/home/nossos_relacionamentos/meio_ambiente/pro

grama_construcao_su >. Acesso em: 12 fev. 2014

CASA CIVIL. Lei nº 10.438, de 26 de abril de 2002. 2002. Disponível em:<

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10438.HTM >. Acesso em: 07 maio

2014

Page 79: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

66

CASA CIVIL. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. 2010. Disponível em:<

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm >. Acesso

em: 16 jun. 2014

CBIC. PIB Trimestral – 1º Trimestre 2014. Disponível em:<

http://www.cbicdados.com.br/menu/home/pib-trimestral-1o-trimestre-2014 >. Acesso

em: 15 jul. 2014

COELHO, Laurimar. Certificação Ambiental. Téchne, 2010. Disponível:<

http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/155/artigo287728-1.aspx >. Acesso em: 29

jan. 2014

COMUNIDADE DA CONSTRUÇÃO. Alvenaria Estrutural. 2011. Disponível em:<

http://www.comunidadedaconstrucao.com.br/sistemas-

construtivos/1/vantagens/viabilidade/3/vantagens.html >. Acesso em: 01 jul. 2014

CONAMA. Gestão de Resíduos da Construção civil – Resolução 307. 2002.

Disponível em: <

http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/36_09102008030504.pdf >. Acesso

em: 31 mar. 2014

CONAMA. Licenciamento de fornos rotativos de produção de clínquer para

atividades de co-processamento de resíduos – Resolução 264. 1999. Disponível em:<

http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=262 >. Acesso em: 14 abril

2014

ENERGIA, Ambiente & Desenvolvimento – Caderno Digital de Informação sobre

Energia, Ambiente & Desenvolvimento. Desenvolvimento Sustentável. Jornal

Ambiente Brasil – [200-]. Disponível em: <

http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/artigos/desenvolvimento_sustentavel.htm

l >. Acesso em: 08 jan. 2014

Page 80: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

67

FUNDAÇÃO VANZOLINI. Benefícios. 2010. Disponível em: <

http://www.vanzolini.org.br/conteudo_104.asp?cod_site=104&id_menu=808>. Acesso

em: 06 fev. 2014

GBC. Certificação Internacional LEED. 2008. Disponível em: <

http://gbcbrasil.org.br/?p=certificacao >. Acesso em: 29 jan. 2014

GEHLEN, Juliana. Construção sustentável em canteiros de obras, 2008. Disponível

em:< http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=4666

>. Acesso em: 02 jul. 2014

GODOY, Amalia Maria Goldberg. A Conferência de Estocolmo – Evolução

Histórica 2. Virtual Book, 2007. Disponível em: <

http://amaliagodoy.blogspot.com/2007/09/desenvolvimento-sustentvel-

evoluo_16.html>. Acesso em: 10 jan. 2014.

GODOY, Amalia Maria Goldberg. Ecodesenvolvimento – Evolução Histórica. Virtual

Book, 2007. Disponível em: <

http://amaliagodoy.blogspot.com/2007/09/ecodesenvolvimento-histria.html >. Acesso

em: 10 jan. 2014.

GODOY, Amalia Maria Goldberg. O Clube de Roma: Evolução Histórica. Virtual

Book, 2007. Disponível em: <

http://amaliagodoy.blogspot.com.br/2007/09/desenvolvimento-sustentvel-evoluo.html

>. Acesso em: 09 jan. 2014.

GREENPEACE. O Protocolo de Kyoto. Campanha Energia, 2000. Disponível em: <

http://www.greenpeace.org.br/clima/pdf/protocolo_kyoto.pdf >. Acesso em: 15 jan.

2014

GUIA DE SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO, Minascon. Belo Horizonte,

2008

Page 81: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

68

G1. Começa a Conferência do Clima da ONU no México. Virtual News, 2010.

Disponível em: < http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2010/11/comeca-

conferencia-do-clima-da-onu-no-mexico.html >. Acesso em: 21 jan. 2014

HENDRIKS, C. F. Durable and sustainable construction materials. Aj Best -

Netherlands: Aeneas, 2000

HQE. A Global movement. Virtual Book, 2010. Disponível em: <

http://www.behqe.com/presentation-hqe/what-is-hqe >. Acesso em: 13 mar. 2014

NOVARQUITETURA. A Novarquitetura e a Sustentabilidade. Virtual Book, 2007.

Disponível em: <http://www.novarquitetura.com.br/artigos/46-sustentabilidade-leed-e-

aqua.html >. Acesso em: 04 fev.2014

PACHECO, Tathiana Cardoso. Diagnóstico da gestão de resíduos na construção civil –

comparação de obras no Rio de Janeiro visando a certificação LEED e obras sem

certificação, 2011. Disponível em:<

http://www.peamb.eng.uerj.br/trabalhosconclusao/2011/DissertacaoTathiana_Cardoso_

Pacheco.pdf >. Acesso em: 10 jul. 2014

PORTAL BRASIL. Rio 92. Revista Brasilis, 2008. Disponível em:<

http://revista.brasil.gov.br/especiais/rio20/entenda-a-rio20/rio-92 >. Acesso em: 14. Jan

2014

PRADO, Thays. Entenda a COP 15. AgSolve, 2009. Disponível em:<

http://www.agsolve.com.br/noticias/entenda-a-cop-15 >. Acesso em: 18 jan.2014

PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO. DECRETO n.° 34.873, de 6 de dezembro de

2011. 2011. Disponível em :< ttp://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/2122393/DLFE-

238119.pdf/DECRETOn.3.4..8.7.3.de6.dedezembrode2.0.1.1..pdf>. Acesso em: 30 abril

2014

Page 82: LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO PROCESSO …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011834.pdf · A indústria de construção civil é o setor que mais gera impactos ambientais

69

PROCEL INFO. Etiquetagem em Edificações. 2003. Disponível em: <

http://www.procelinfo.com.br/main.asp?View={89E211C6-61C2-499A-A791-

DACD33A348F3} >. Acesso em: 06 fev. 2014

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Objetivos

do Desenvolvimento do Milênio. 2012. Disponível em:

<http://www.pnud.org.br/ODM.aspx>. Acesso em: 19 maio 2014

Rio +20. Temas. Virtual Book, 2012. Disponível em: <

http://www.rio20.gov.br/sobre_a_rio_mais_20/temas.html >. Acesso em: 21 jan 2014

SMAC. Resolução SMAC nº 387 de 24 de maio de 2005. 2005. Disponível em:<

http://www0.rio.rj.gov.br/smac/up_arq/RES-SMAC-387-05%20RCC.pdf >. Acesso em:

20 jun. 2014

SMAC. Resolução SMAC nº 519, de 21 de agosto de 2012. 2012. Disponível em:<

http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/3373119/DLFE-

261314.pdf/Resol_SMAC_5.1.9._2.1._0.8._2.0.1.2.doc.pdf >. Acesso em: 20 jun. 2014

CIB - THE INTERNATIONAL COUNCIL FOR RESEARCH AND INNOVATION

IN BUILDING AND CONSTRUCTION. Agenda 21 for Sustainable Construction in

Developing Countries: A discussion document. Pretoria, 2002. Disponível em:

<http://www.cibworld.nl/web-site/priority_themes/agenda21book.pdf> Acesso em: 29

jan. 2014

WBCSD. Eficiência energética em edifícios – Realidades empresariais e

oportunidades. 2007. Disponível em:< http://pga.pgr.mpf.mp.br/licitacoes-

verdes/sustentabilidade-e-compras-

publicas/eficiencia%20energetica%20em%20edificios.pdf >. Acesso em: 16 jul. 2014