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CADERNOS DE ÓPTICA OFTÁLMICA LENTES PROGRESSIVAS CADERNOS DE Ó PTICA O FTÁLMICA Lentes Progressivas Copyright © 2006 ESSILOR ACADEMY EUROPE, 13 rue Moreau, 75012 Paris, France - All rights reserved – Do not copy or distribute.

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LentesProgressivas

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ISBN 979-10-90678-04-0

AuthorDominique Meslin

Essilor Academy Europe

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Essilor Academy Europe Publications ESSILOR ACADEMY EUROPE ACADEMY EUROPE has developed a Publication called

“Progressive Lenses”

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C l i c k H e r e

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Introdução p.5

O conceito de lente progressivaPrincípio de base da lente progressiva p.6

Vantagens das lentes progressivas p.8

Fisiologia visual e lentes progressivasEm visão foveal p.9

Em visão periférica p.10

Em visão binocular p.11

Concepção das lentes progressivas Princípios de concepção das lentes oftálmicas p.12

Concepção das lentes progressivas p.14

Descrição e controlo das lentes progressivas Representação gráfica das lentes progressivas p.17

Medição e controlo das superfícies progressivas p.19

Fabrico das lentes progressivas Fabrico das superfícies progressivas p.22

Optimização da geometria das lentes progressivas p.23

Evolução das lentes progressivas 1ª geração : a «primeira» lente progressiva p.25

2ª geração : a lente progressiva de «modulação óptica» p.26

3ª geração : a lente progressiva «multi-design» p.27

4ª geração : a lente progressiva para «visão natural» p.28

5ª geração : a lente progressiva com «campo de visão ampliado» p.31

6ª geração : a lente progressiva «de alta resolução» p.34

Uma nova dimensão: a lente progressiva «personalizada» p.37

Conclusão p.39

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Índice

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40P-INT QUADRI COMMUN Anglais:40P-ESSILOR 3/10/08 10:20 Page 4

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Introdução

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Introduzidas no mercado pela Essilor em 1959, as len-tes progressivas impuseram-se a pouco e pouco como asmais eficazes na correcção da presbiopia. Pelo facto deproporcionar uma visão nítida e confortável a todas asdistâncias, este tipo de lentes substituiu gradualmente esuplantou as bifocais e tem cada vez mais preferênciaem detrimento das simples unifocais para visão deperto.

Actualmente, um quarto da população mundial é presbi-ta, ou seja, mais de 1,5 biliões de indivíduos: menos demetade estão corrigidos, e destes, pouco mais de 25%usam lentes progressivas, menos de 25% têm bifocais eainda cerca de 50% optam pelas unifocais. Verifica-seuma grande disparidade entre os diversos países, mas ouso de lentes progressivas é crescente em todo omundo.

Dada a previsão de crescimento da população e do seuenvelhecimento, o número de presbitas será cada vezmaior nos próximos anos. O mercado das lentes paracompensação da presbiopia continuará, pois, a desen-volver-se e a substituição das bifocais e das unifocaispelas progressivas prosseguirá. As lentes progressivastêm, portanto, um grande futuro.

Este volume dos Cadernos de Óptica Oftálmica daEssilor explica em detalhe os fundamentos técnicos efisiológicos da concepção das lentes progressivas e apre-senta as diversas evoluções tecnológicas, desde a suaconcretização até às mais recentes inovações.

Fig. 1 : Presbitas: uma população em crescimento.

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A lente progressiva é uma lente cuja potência aumentade forma contínua de cima para baixo, entre uma zonasuperior destinada à visão de longe e uma zona inferiorreservada à visão de perto. Esta progressão é obtidaatravés de uma variação contínua da curvatura da lente.Comparemos este princípio conceptual com o das lentesunifocais e bifocais.

A superfície de uma lente unifocal consiste numa esferade raio apropriado que gera uma correcção óptica ape-nas para a visão de perto (Figura 2a). Dado que a lentevisa a focagem para perto, a visão será desfocada quan-do o utilizador levantar os olhos para ver ao longe. Alémdisso, este tipo de lente não proporciona uma correcçãoespecífica para a visão intermédia, que dependerá uni-camente da maior ou menor amplitude de acomodaçãodo utilizador (Figura 3a).

Numa lente bifocal, existem duas esferas justapostas –uma de grande raio para visão de longe e uma de peque-no raio para visão de perto – e unidas por um simplesdesnível que cria uma linha de separação visível (Figura2b). A Figura 3b representa um indivíduo com umaamplitude de acomodação residual de 1.50 D, corrigidocom lentes bifocais com uma adição de 2.00 D: nota-sea ausência de campo de visão intermédia, para uma dis-tância compreendida entre 50 cm e 67 cm.

Numa lente progressiva, a curvatura aumenta de formacontínua entre a zona de visão de longe e a zona devisão de perto, proporcionando nitidez de visão paratodas as distâncias intermédias. Este tipo de superfície éobtido por uma sucessão de curvas horizontais escalo-nadas, sem separação visível, desde a zona superior devisão de longe até à zona inferior de visão de perto, pas-sando por uma zona intermédia (Figura 2c). O utilizadorbeneficia assim de uma visão contínua, do longe aoperto (Figura 3c).

A O princípio de base

Fig. 2a : unifocal.

Fig. 2b : bifocal.

Fig. 2c : progressiva.

das lentes progressivas

Fig. 2 : Princípio de concepção das lentes

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Fig. 3a : unifocal com potência +2.00.

Fig. 3b : bifocal com adição 2.00.

Fig. 3c : progressiva com adição 2.00.

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Fig. 3 : Campos visuais com adição 2.00.

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Comparativamente às lentes unifocais e bifocais, as lentesprogressivas oferecem ao presbita as seguintes vantagens:

Campo de visão nítida contínuo, da visão de longe à visãode perto: a lente unifocal limita o campo de visão nítida àvisão de perto, e a bifocal cria dois campos visuais distin-tos, um para visão de longe, outro para visão de perto.

Visão confortável a meia-distância (de 50 cm a 1,50 m),pois só a lente progressiva possui uma zona de potênciaespecialmente destinada à visão intermédia. Na primeirafase da presbiopia – adições inferiores a 1.50 D – os utili-zadores de unifocais e de bifocais beneficiam ainda devisão nítida a meia-distância: a respectiva amplitude deacomodação é ainda suficiente para verem nitidamentesem correcção óptica ou com a correcção para visão delonge, e a respectiva adição é ainda suficientemente fracapara não desfocar a visão a estas distâncias. Pelo contrá-rio, quando a presbiopia aumenta – adições superiores a2.00 D – a visão nítida a meia-distância já não é possível:a amplitude de acomodação torna-se demasiado fracapara se ver nitidamente sem compensação da visão deperto, e a adição torna-se demasiado forte para permitirainda uma visão intermédia nítida. Só a lente progressivapermite ver confortavelmente a meia-distância.

Compensação contínua da acomodação adaptada à dis-tância de visão: numa lente progressiva, os olhos encon-tram ao longo da progressão a potência adequada à dis-tância de observação; numa unifocal, a acomodação ésuprida apenas para a visão de perto; com uma bifocal, osolhos sofrem alterações brutais de amplitude de acomo-dação, passando duas vezes do estado de repouso àamplitude máxima entre a visão de longe e a visão deperto.

Percepção contínua do espaço envolvente assegurada poralterações graduais da potência em todas as direcções. Alente unifocal não permite uma verdadeira percepção doespaço pois limita a visão ao espaço muito próximo. A bifo-cal divide o espaço em duas partes alterando a respectivapercepção: as linhas horizontais e verticais parecem que-bradas e produz-se um salto de imagem na fronteira entreas zonas de visão de longe e de visão de perto.

Limitações das lentes progressivas :Apesar das múltiplas vantagens, as lentes progressivas apresentamtambém algumas limitações. Segundo as leis da física, qualquervariação da curvatura de uma superfície contínua origina inevitavel-mente aberrações ópticas. Assim, todas as lentes progressivas pos-suem variações indesejáveis de esférico e de cilíndrico nas áreaslaterais. A arte do criador do design da lente consiste, pois, em gerire controlar o melhor possível tais aberrações, em função do conhe-cimento efectivo da fisiologia da visão e dos meios de concepção ede cálculo das superfícies utilizados.

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B Vantagens das lentes progressivas

Fig. 4 : Visão a meia-distância.

a) através da zonade visão de longede uma bifocal.

b) através da zonade visão de pertode uma bifocal.

c) através da zonade visão intermé-dia de uma pro-gressiva.

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Corresponde às áreas da lente varridas pelos movimen-tos do olhar em todas as actividades que exigem preci-são. As zonas da lente utilizadas devem portanto produ-zir imagens de perfeita qualidade.

Acomodação, postura e movimentos dos olhos:As posições naturais da cabeça e do corpo do utilizadordeterminam a rotação dos olhos entre visão de longe evisão de perto e, por consequência, o comprimento ópti-mo de progressão da potência. Por outro lado, a coor-denação dos movimentos do corpo, da cabeça e dosolhos, relacionados com a distância de visão, define apotência necessária em cada ponto da progressão e,logo, o perfil da progressão da potência da lente.

Coordenação dos movimentos dos olhos e da cabeça:Da mesma forma, a coordenação natural dos movimen-tos dos olhos e da cabeça no sentido horizontal deter-mina a zona da lente varrida pelo olhar, e permite defi-nir a largura da zona da lente naturalmente utilizadapara visão foveal (geralmente menos de 15º).

Acuidade visual:Para respeitar a acuidade visual do utilizador na áreacentral da lente, as aberrações devem ser reduzidas aomínimo possível e desviadas para a periferia da lente.

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2.Fisiologia visual

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A lente progressiva tem como função restituir ao presbita a capacidade de ver nitidamente a todas as distâncias, masdeve também respeitar o conjunto das funções fisiológicas em visão foveal, periférica e binocular.

A Visão foveal

Fig. 5 : Progressão da potência em função da distânciade visão, da postura da cabeça e dos movimentos dos olhos.

Fig. 6 : Coordenação olhos – cabeça e amplitudede campo.

e lentes progressivas

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Corresponde à percepção visual assegurada pela perife-ria da retina e é principalmente afectada pelas zonasperiféricas da lente. Em visão extrafoveal, o utilizadornão vê nitidamente os objectos mas situa-os no espaço,percepciona as formas e detecta os movimentos.

Percepção do espaço e das formas:Esta percepção é proporcionada pelas células da perife-ria da retina e é directamente influenciada pela distri-buição dos efeitos prismáticos na superfície da lenteprogressiva. Em função da orientação e da importânciadestes efeitos prismáticos, o utilizador pode ter a per-cepção de deformações nas linhas horizontais e verti-cais, o que afecta sensivelmente o respectivo confortovisual.

Percepção do movimento:O movimento é percepcionado pela totalidade da retinade forma quase homogénea. Assim, a variação dos efei-tos prismáticos deve ser suave e regular em toda asuperfície da lente, para proporcionar ao utilizador umavisão dinâmica confortável.

B Visão periférica

Fig. 7 : Percepção da forma e do movimento atra-vés de uma lente progressiva.

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A visão binocular compreende a percepção simultânea,a fusão das imagens e o sentido estereoscópico. Comuma lente progressiva, o critério de qualidade binocularconsiste em permitir uma fusão natural através de per-cepção idêntica dos dois olhos.

Fusão motora:Os olhos convergem naturalmente quando o utilizadorbaixa o olhar para ver ao perto. A progressão da potên-cia deve estar posicionada na lente de forma a seguir otrajecto de convergência inferior – nasal dos olhos. Paraoptimizar a fusão motora das imagens, os efeitos pris-máticos verticais devem ser iguais para todos os paresde pontos correspondentes das lentes direitas e esquerdas.

Fusão sensorial:Para que a fusão seja óptima, as imagens retinianas for-madas pelos dois olhos devem apresentar característi-cas semelhantes para todas as direcções do olhar. Paratal, as características ópticas de potência e astigmatis-mo de pontos correspondentes das lentes direita eesquerda devem ser sensivelmente de igual valor. Aconcepção assimétrica das superfícies progressivas – ouseja, com simetria diferente de cada lado da direcçãooblíqua de convergência – permite manter idênticas per-cepções visuais para os movimentos laterais dos olhos.

C Visão binocular

Fig. 8 : Visão binocular e lentes progressivas.

Os critérios fisiológicos de definição das lentes progressivas podem ser utilizados segundo duas perspectivas diferentes:– quer considerando valores médios das necessidades visuais ou de comportamentos de um grande universo de pres-

bitas para se conceber lentes progressivas «universais»;– quer pondo em evidência a diversidade de necessidades ou de comportamentos individuais dos presbitas com o

objectivo de conceber lentes progressivas «personalizadas».Estas duas perspectivas, opostas mas complementares, estão na origem dos dois grandes tipos de lentes progressivasactualmente disponíveis: as «universais» e as «personalizadas».

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1) A lente oftálmica enquanto sistema óptico

A lente oftálmica é um sistema óptico concebido paraformar a imagem dos objectos distantes na esfera doponto remoto. Esta esfera abstracta representa o conju-gado óptico objecto da fóvea do olho em rotação, semacomodação. A imagem de um ponto objecto formadanesta esfera é em geral uma mancha desfocada, e nãoum ponto nítido, devido à existência de aberrações. Paramedir a qualidade da imagem de um ponto objecto

qualquer, o criador da lente provoca a refracção atravésda lente de um conjunto de raios luminosos oriundos doobjecto, e calcula as respectivas intersecções com aesfera do ponto remoto. A qualidade da imagem édeterminada pelo diâmetro da mancha desfocada for-mada nesta esfera. Os criadores de lentes tentam sem-pre melhorar a qualidade desta imagem controlando, namedida do possível, as aberrações ópticas da lente.

Depois, interessa avaliar a qualidade da imagem forma-da na retina. Para tal, é necessário caracterizar o siste-ma óptico constituído pela lente e pelo olho. Se ascaracterísticas da lente são perfeitamente conhecidas,as do olho são mais difíceis de determinar, pois é preci-so conhecer os diferentes dioptros (córnea, cristalino),as respectivas posições relativas (profundidade dascâmaras, comprimento do olho) e os índices de refrac-ção dos diferentes meios transparentes do olho huma-no. Neste estudo utilizam-se modelos representativos doglobo ocular do indivíduo comum. A posição e a orien-tação da lente diante do olho são dados também neces-sários para os cálculos a efectuar: distância lente – olho,ângulo pantoscópico, curvatura da armação. Assimconstituído, o sistema óptico lente – olho pode ser ana-lisado e pode calcular-se o conjunto das respectivascaracterísticas.

3.Concepção

A Princípios de concepção das lentes oftálmicas

Fig. 9 : Formação da imagem na esfera do ponto remoto

Fig. 11 : Modelo olho – lente.

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das lentes progressivas

Fig. 10 : Cálculo da imagem.

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Feixe de raios incidentes

Ponto objecto

Ponto imagem

Refracção do feixe através de uma superfície simples(Lei de Snell - Descartes)

Perfil da frente de ondaque forma a imagem

Diagrama de pontos de imagem

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2) Tecnologia das frentes de onda:

Esta tecnologia permite calcular a lente tendo em consi-deração as frentes de onda luminosa que a atravessam.O princípio base consiste em reduzir a onda luminosa àforma mais regular possível, para cada direcção do olhar,antes de penetrar no olho através da pupila. Na prática,a onda luminosa é decomposta num somatório de ondaselementares: as primeiras correspondem à refracção doutilizador e as seguintes às aberrações ópticas (verFigura 12). As superfícies da lente são então calculadasde forma a minimizar e controlar as aberrações em fun-ção das necessidades fisiológicas dos utilizadores. Estatecnologia teve a sua primeira aplicação em lentes oftál-micas na concepção da Varilux Physio ® (ver mais adian-te).

3) Programa informático de «optimização» e «funçãode mérito»

A concepção dos sistemas ópticos optimizados não éfeita numa única etapa. Geralmente, recorre-se a umprocesso iterativo que utiliza um programa informáticode optimização: primeiro, define-se um sistema ópticoinicial e uma «função de mérito» destinada a registar osresultados globais do sistema óptico. Depois de avaliaro sistema óptico inicial, o programa informático de opti-mização calcula os novos parâmetros de um sistemaóptico aperfeiçoado. Este processo repete-se até seobter um sistema óptico com óptimas características.A função de mérito traduz-se num número, uma espéciede nota, que indica os resultados obtidos pela lente.Esta função considera um grande número de pontos dalente: em cada um destes pontos, é atribuído um valoralvo, afectado por um coeficiente de ponderação, a cadacaracterística óptica – potência, astigmatismo, efeitosprismáticos – e aos respectivos gradientes. O valor dafunção de mérito é calculado, em cada ponto da lente,por meio da soma ponderada dos desvios quadráticosentre as características ópticas ideais Tj e as caracterís-ticas Aj do sistema. O resultado global da lente é depoisobtido pela soma ponderada dos valores da função demérito calculada em todos os pontos da lente, atravésda seguinte fórmula:

Função de Mérito =

Onde :Pi é a ponderação atribuída ao ponto «i»Wj é a ponderação atribuída à característica óptica «j»Tj é o valor alvo da característica óptica «j»Aj é o valor corrente da característica óptica «j»

A função de mérito é um método de cálculo geralmenteutilizado para definir sistemas com múltiplas restrições eparcialmente contraditórias. Aplicada ao cálculo de len-tes oftálmicas, permite relacionar as exigências fisiológi-cas e o design da lente.

a) Frente de onda.

b) Decomposição da frente de onda.

Fig. 12 : Tecnologia das frentes de onda.

�Pi. �wj.(Tj_ Aj)2

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prisma prisma

astigmatismo astigmatismo

astigmatismosecundário

astigmatismosecundário

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defeito de potência

trifólio trifólio

tetrafólio tetrafólio

Coma vertical Coma horizontal

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1) Exigências ópticas específicas de uma lente pro-gressiva

As características ópticas de uma lente progressiva sãodeterminadas por meio de experimentação clínica, como objectivo de respeitar integralmente a fisiologia dosolhos e da visão, e dividem-se em duas categorias:

- características que devem obedecer a determi-nados valores ou a restrições obrigatórias;

- características que devem ser mantidas abaixode certos limites.

a) Exigências de progressão da potência

A função primordial de uma lente progressiva consisteem restituir ao utilizador a eficácia em visão de perto eem visão intermédia, e simultaneamente conservar anitidez em visão de longe. Esta eficácia baseia-se semp-re no respeito imperativo das potências de visão delonge e de visão de perto, sendo mais livre a definiçãoda progressão. Mais precisamente:

- Posição em altura da zona de visão de perto: razões fisio-lógicas, tais como a tensão dos músculos oculomotores oua amplitude limitada de fusão binocular com o olhar baixo,justificam uma posição elevada da zona de visão de pertona lente, o que implica uma progressão relativamente curtae uma variação mais rápida das aberrações periféricas. Umbom compromisso consistirá em situar a zona de visão deperto para um abaixamento do olhar da ordem dos 25º.

B Concepção das lentes progressivas

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Fig. 13 : Programa informático de optimização.

Carta isométricada lente inicial a optimizar

Carta isométricada lente optimizada

Logicial

Função de mérito

-Perfil de progressão da potência: a progressão dapotência ao longo da meridiana da lente deve permitirao utilizador explorar o campo objecto sem obrigar amovimentos verticais da cabeça, por vezes cansativos.Assim, o perfil de progressão deve ser definido de formaa respeitar a coordenação natural dos movimentos verti-cais dos olhos e da cabeça, e também a orientação dohoroptero vertical – plano dos pontos do espaço distin-tos em visão binocular – relacionado com a inclinaçãonatural dos documentos durante a leitura.

- Posição horizontal da zona de visão de perto: deve ade-quar-se à convergência natural dos olhos, ao valor da adi-ção e à correcção para visão de longe.A convergência natural das linhas de visão com o olharbaixo e a distância média de leitura determinam o des-centramento necessário da zona de visão de perto. Poroutro lado, a diminuição da acuidade visual com a idade,leva os presbitas seniores a reduzir a distância de leituracomparativamente aos jovens presbitas, para obterem umefeito aumentativo: a zona de visão de perto deve ser, por-tanto, cada vez mais descentrada com o aumento da adi-ção. Por último, os efeitos prismáticos da correcção paravisão de longe desviam sensivelmente o ponto de impactodo olho na lente: logo, a descentramento da zona de visãode perto deve ser maior para um hipermetrope que paraum míope.

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b) Exigências de percepção visual

As aberrações de imagem devem ser minimizadas emtoda a superfície da lente e muito especialmente aolongo da meridiana de progressão, para se garantir umaóptima visão foveal.Na zona central da lente, importa equilibrar a potência,o astigmatismo e o prisma vertical entre o olho direito eo olho esquerdo, para se respeitar perfeitamente a fusãomotora e sensorial das imagens em visão binocular. Istoé obtido através de uma concepção assimétrica dasuperfície da lente progressiva associada a um posicio-namento lateral adequado da meridiana.Na periferia da lente, utilizada em visão extrafoveal, asaberrações não podem ser completamente eliminadas.Mas, apesar de nesta zona as exigências de qualidadede imagem serem menores, o controlo dos efeitos pris-máticos continua a ser importante. A percepção domovimento é uma função chave da periferia da lente,onde o gradiente de variação das aberrações residuais émais importante que o respectivo valor absoluto. Parareproduzir os efeitos das lentes oftálmicas na visão per-iférica, utiliza-se um modelo representativo do globoocular diferente do utilizado para a visão central.Considera-se o olho, em posição fixa, a observar umespaço visual retiforme, e consideram-se os raios lumi-nosos, provenientes de cada ponto do espaço objecto,que passam pelo centro da pupila após refracção atra-vés dos dois dioptros da lente. Estuda-se então a posi-ção destes raios luminosos e os respectivos locais deintercepção da retina, para se obter informação –nomeadamente quando o indivíduo move a cabeça ouse desloca – acerca dos resultados da lente em visãodinâmica.

Todas as exigências ópticas acima descritas são introdu-zidas na função de mérito e depois integradas no pro-grama informático de optimização da lente.

Fig. 15 : Modelização do sistema lente+olho

a) Modelo utilizado para a visão central: Os raios lumino-sos são oriundos do ponto fixado e focam-se na retina.

b) Modelo utilizado para a visão periférica: Os raios lumi-nosos são provenientes de cada ponto do espaço objec-to. Estuda-se a posição da respectiva imagem na retinaem vez da qualidade.

c) Associação dos 2 modelos de visão central e visãoperiférica : o inventor deve controlar os dois efeitosem simultâneo.

15

Lent

es P

rogr

essi

vas

Con

cepç

ão3

Fig. 14 : Progressão da potência.

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2) Estudos clínicos e «anel dióptrico»

No final do processo de optimização e de cálculo da lente,são propostos diferentes designs de superfícies progressi-vas, a partir dos quais se fabricam protótipos testadosatravés de ensaios clínicos «duplamente cegos» (nem opaciente, nem o ensaiador conhecem a natureza da lentetestada) muito rigorosos. O protocolo seguido nestesensaios visa garantir a inexistência de desvios introduzi-dos na avaliação clínica dos designs. São assim controla-dos: a representatividade da amostra de pacientes testa-dos, o tipo de equipamento óptico anteriormente usado,a ordem de sucessão dos ensaios, o tempo de utilizaçãodas lentes, o tipo de armações, materiais e tratamentos, ea precisão da centragem das lentes. Avalia-se, comparati-vamente, a eficácia das lentes através de uma análise pro-funda das anotações, apreciações e observações produzi-das pelos utilizadores, apreciando-se o respectivo signifi-cado estatístico. Estes estudos conduzem à selecção damelhor superfície progressiva.

É preciso referir que é muito difícil, se não mesmo impos-sível, estabelecer uma relação formal entre o cálculo dascaracterísticas das lentes e a satisfação dos utilizadores,razão pela qual todas as inovações são sistematicamentevalidadas através do processo do «ciclo dióptrico» (Figura16). Este método consiste em traduzir cada nova ideia desolução fisiológica num cálculo de design de superfície,produzir então uma série de lentes protótipos, medirestas lentes para verificar a respectiva conformidade esubmetê-las a uma avaliação clínica por parte de pacien-tes. Se a inovação representar maior eficácia visual e satis-fação de necessidades dos pacientes, então pode ter nas-cido uma nova lente. Se tal não se verificar, a inovaçãoresultou em novas informações que enriquecem o conhe-cimento da equipa técnica de concepção da lente, e o pro-cesso iterativo do «ciclo dióptrico» prosseguirá entãoassente em novas bases.

16

Con

cepç

ãoLe

ntes

Pro

gres

siva

s3

Fig. 16 : «Ciclo Dióptrico»: «A verdadeira inovação é a que os utilizadores aprovam»

Personalização das lentes progressivas :As recentes tecnologias de fabricação de lentes, pormeio de surfaçagem digital, permitem calcular e execu-tar as lentes progressivas individualmente para cada uti-lizador. Assim, podem integrar-se características pró-prias do comportamento de cada indivíduo na produçãoda lente: por exemplo, a coordenação específica dosmovimentos dos olhos e da cabeça implica a variação

Retorno dainformação

Estudos clinicos

Medição das lentesprotótipos

Fabricação de lentesprotótipos

Conhecimento do sistema visual

Calculo da superfícieduma nova lente

da dimensão do campo de visão central e da suavidadeperiférica do design em função dos dados da mediçãodo comportamento de cada utilizador (ver mais adiantea explicação detalhada acerca da Varilux Ipseo). Poroutro lado, também é possível integrar no cálculo dalente progressiva parâmetros relativos à prescrição e àcentragem / montagem da lente na armação.

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Os criadores de lentes utilizam diferentes métodos derepresentação gráfica das características ópticas daslentes progressivas. Geralmente, referem-se às caracte-rísticas «ópticas» das lentes, isto é, às relativas ao siste-ma «lente + olho», completamente distintas das carac-terísticas de «superfície» que descrevem a geometria daspróprias superfícies progressivas. As característicasgeralmente representadas são as seguintes:

1) Perfil da potência

A curva representa a progressão da potência da lente aolongo da meridiana, desde a visão de longe até à visãode perto. Esta progressão da potência resulta da varia-ção contínua da curvatura da lente entre a parte super-ior e a parte inferior. O perfil da potência traça a funçãoprimordial da lente e permite avaliar o comprimento daprogressão.

2) Curvas isométricas

A distribuição da potência ou do astigmatismo podem serrepresentadas num mapa bidimensional da lente, ondesão apresentadas linhas de valor dióptrico constante (iso-potência ou isoastigmatismo). Entre duas linhas consecu-tivas, a potência ou o astigmatismo variam num valorconstante, 0,50 D nestes exemplos. De notar, que estesdois tipos de registos nunca deveriam ser apresentadosseparadamente por serem interdependentes.

4.Descrição e controlo

A Representação gráfica das lentes progressivas

Fig. 18 : Curvas isométricas das características de umalente progressiva:

a) Potência.

b) Astigmatismo.

Lent

es P

rogr

essi

vas

17

Des

criç

ão4

das lentes progressivas

Fig. 17 : Perfil da potência de uma lente progressiva.

0

10

-1 1 2 3 4

20

30

40

-40

-30

-20

-10

Altura

Potência

Alfa

em

gra

us.

Beta em graus.

Alfa

em

gra

us.

Beta em graus.

Potência.

Astigmatismo.

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18

Des

criç

ãoLe

ntes

Pro

gres

siva

s4

3) Gráfico de grelha :

Este tipo de gráfico permite evidenciar a distribuiçãodos efeitos prismáticos da lente, ao apresentar as alte-rações por estes provocadas na forma de uma grelharectangular observada através da lente.

4) Gráficos tridimensionais :

As representações tridimensionais projectam vertical-mente o valor de uma dada característica óptica emcada ponto da lente em relação a um plano de referên-cia. Podem ser utilizadas para apresentar a distribuiçãoda potência, do astigmatismo, dos efeitos prismáticosou dos gradientes destas características. Estes gráficostridimensionais são mais demonstrativos das caracterís-ticas da lente que as curvas isométricas.

Interpretação dos gráficos :Apesar de serem úteis no processo de concepção daslentes, todos estes gráficos são apenas simples repre-sentações das características das lentes progressivas, enão são directamente correlacionáveis com o grau desatisfação dos utilizadores. Assim, estes gráficos nãopodem portanto ser utilizados para prever o confortodos pacientes ou para fazer comparações qualitativasentre lentes progressivas. Apenas os estudos clínicos,conduzidos em condições perfeitamente controladas ecom recurso a uma amostra de utilizadores representati-va do universo dos presbitas, podem fornecer as basesfiáveis de avaliação e de comparação qualitativa das len-tes progressivas.

Fig. 19 : Gráfico de grelha de uma lente progressiva.

-70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 10

10-1

0-2

0-3

0-4

0-5

0-6

02

03

04

05

06

070

80

90

20 30 40 50 60 70

Fig. 20 : Gráficos tridimensionais das características de uma lente progressiva.

a) Potência. b) Astigmatismo. c) Gradientes da potência média.

Alfa em graus.Beta em graus.

Gra

dien

tes

em d

iopt

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10m

m

Alfa em graus.Beta em graus.

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Alfa em graus.Beta em graus.

Potê

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O controlo da conformidade das superfícies progressivasé uma actividade essencial para os criadores e fabrican-tes de lentes progressivas.

Este controlo pode ser efectuado através de métodos demedição tridimensional, que analisam a topografia dasuperfície, ou métodos deflectométricos, que analisam odesvio dos raios luminosos produzido pela superfície. Osdados obtidos podem ser directamente comparados àsequações teóricas da superfície, para verificar a respec-tiva conformidade, e podem também ser explorados por

meio de um instrumento de simulação que recrie ascondições de utilização da lente pelo olho, para forneceruma avaliação da «utilização» da superfície.

No decurso das várias etapas de fabricação da lente,podem também utilizar-se frontofocómetros tradicionaispara medir a potência, o astigmatismo e o prisma empontos seleccionados da lente.

B Medição e controlo das superfícies progressivas :

Fig. 21 : Medição e controlo de uma superfície progressiva.

19

Lent

es P

rogr

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vas

Des

criç

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Toda a superfície definida por uma equação z = f (x,y)pode traduzir-se matematicamente, num sistema decoordenadas a 3D de referência Oxyz, sendo xOy oplano tangencial à superfície no ponto O, por uma equa-ção do segundo grau, mais os termos de grau mais ele-vado. Esta superfície do segundo grau está em osculaçãocom a superfície no ponto O (significa que as suas curva-turas são idênticas às da superfície real) e é definida pelaequação:

z = rx2 + 2 sxy + ty2

onde r,s t são derivadas locais da superfície:

r=d2z/dx2, s=d2z/dxdy, t=d2z/dy2

Esta superfície do segundo grau define o eixo local e ascurvaturas principais da superfície em O. Além disso,qualquer superfície pode ser assimilada localmente auma superfície tórica, caracterizada pelas suas curvatu-ras principais ortogonais C1 e C2 e pelo seu eixo deriva-

do a partir das seguintes equações:

C1.C2 = (curvatura total)

C1 +C2 t.(1+p2)+r.(1+q2) – 2.p.q.s

2 2.(1+ p2+q2)2/3

onde p = dx/dz e q = dz/dy

Eixo = arctg (m) onde m é a solução da equação quadrática:

[t.p.q – s(1+q2)].m2+[t.(1+p2) – r.(1+q2)].m

+s.(1+p2) – r.p.q = 0

Complemento

Fig. A : Descrição local de uma superfície.

Descrição matemática das superfíciesprogressivas

A Descrição matemática local das superfícies :

P

C

C

Ox

y

z

2

1

B Caracterização matemática de superfícies numdomínio circular :

r.t – s2

(1+ p2+q2)2

(curvaturamédia)=

Qualquer parte de uma superfície complexa pode serdefinida por meio do sistema de referência designado«Polinómios de Zernike». Este sistema é utilizado paratraduzir matematicamente a superfície pela soma deuma série de polinómios específicos. Os dez primeirospolinómios de Zernike permitem notáveis aplicaçõesmatemáticas e físicas: o 5º dá acesso à curvatura médiada superfície, o 4º e o 6º ao cilíndrico e ao eixo, e o 7ºe o 10º ao declive de variação da curvatura.A superfície da lente traduz-se matematicamente pelafórmula seguinte:

f (y, z) = Zi . Pi Pi : polinómio de Zernike

onde Zi : coeficientes

y,z : variáveis reduzidas

�i=9

i=0

Pistão 1 Z0

Desvio em y y Z1

Desvio em z z Z2

Astigmatismo +- 45° 2y.z Z3

Desfocagem -1+2y2+2.z2 Z4

Astigmatismo 0º,90° z2 – y2 Z5

Coma tr y 3y.z2 – y3 Z6

Coma y -2y+3y.z2+3y3 Z7

Coma z -2z+3z.y2+3.z3 Z8

Coma tr z z3 – 3zy2 Z9

Expansão de uma superfície nos 10 primeiros polinómiosde Zernike

20

Com

plem

ento

Lent

es P

rogr

essi

vas

Vector normal

Plano tangente em OSecções principais onde as

curvas principais formam arco em C1 et C2

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C Modelos matemáticos de superfícies com funções polinomiais de B-splines :

Fig. C : Modelo de uma superfíciecom funções de B-splines.

Y X

Z

XiYj

ai,jZ

Fig. B : Decomposição de uma superfície pormeio dos polinómios de Zernike

6

4

2

2

-2

-4

-6

-40 -30 -20 -100

10 20 30 40

3040

1020

0

-30 -20 -10

-40

Toda a superfície bi-regular pode ser representada porum conjunto de abcissas e ordenadas uniformementedistribuídas pela superfície segundo uma grelha regularde referência. As características locais da superfície z =f (x,y), p, q, r, s, t num ponto de coordenadas x,y sãodeduzidas dos valores discretos das ordenadas na vizin-hança desse ponto pela sua combinação numa matrizquadrada. Estas características são calculadas atravésdas seguintes fórmulas:

21

Lent

es P

rogr

essi

vas

Com

plem

ento

Alfa em

gra

us

Potê

ncia

em

dio

ptri

as

X em mm/10

Malha

com

são coeficientes tabulados.

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5.Fabrico

A Fabrico das superfícies progressivas

Fig. 22 : Desbaste de uma superfícieprogressiva.

2) Desbaste da superfície progressiva :

O desbaste com equipamento CNC processa-se doseguinte modo (ver Figura 22): a lente, firmemente bloqueada num apoio metálico, é colocada na máquinasobre um suporte em rotação em torno do eixo Oz dasuperfície; a mó diamantada, em rotação em torno do eixo Oy, desloca-se em x, y, e z sob comando docomputador. Durante a fase de desbaste, a mó entra emcontacto com a superfície da lente e trabalha cadaponto à altitude desejada, seguindo, sobre a lente, umpercurso em forma de espiral.

3) Polimento da superfície progressiva :

No final do desbaste, o estado da superfície obtida égeralmente de um grão suficientemente fino para per-mitir o polimento directo, sem etapa intermédia de pre-paração. O polimento é executado por meio de umapolidora flexível ou, directamente em 3 dimensões, pormeio do equipamento CNC.

4) Gravação a laser da superfície progressiva :

Para permitir a centragem e a identificação da lente, asuperfície progressiva é imediatamente gravada após aoperação de polimento. As gravações são efectuadaspor meio de laser e através de marcadores correspon-dentes às indicações a inscrever: 2 pequenos círculos,com 34 mm de separação, gravados sobre o eixo hori-zontal da lente para permitir a centragem, a adição gra-vada sob o círculo temporal, e o logótipo representandoo design da superfície e o respectivo material para per-mitir a identificação. As gravações podem ser realizadasdirectamente sobre a lente, ou sobre o molde destinadoao seu fabrico: neste último caso, as gravações surgemem relevo sobre a lente.

5) Controlo da superfície progressiva :

Para garantir que a superfície progressiva fabricada corresponde perfeitamente ao design óptico desejado,procede-se a um controlo sistemático das superfícies,no decurso da produção, através da respectiva mediçãopor meio das técnicas acima descritas.

A dificuldade de fabrico de lentes progressivas reside nofacto de se conseguir criar e reproduzir com grande pre-cisão uma superfície cuja curvatura varia e não temsimetria de rotação. As primeiras superfícies progressi-vas foram obtidas por reprodução de uma superfíciemodelo, seguida de operações de polimento flexívelpara não deformar a superfície. Actualmente, estassuperfícies podem ser produzidas e polidas directamen-te por meio de máquinas com comandos numéricos (ouequipamento C.N.C. significando «ComputadorNumericamente Controlado»), obtendo-se ou a própriasuperfície progressiva, ou a superfície do molde no quala lente será fabricada.

O fabrico de uma superfície progressiva apresenta asseguintes etapas essenciais:

1) Design da superfície e modelo numérico

O design da superfície progressiva e o cálculo da respec-tiva topografia são traduzidos em dados numéricos, soba forma de coordenadas tridimensionais – em x, y e z,directamente comunicados ao equipamento informáti-co. Podem ser necessários alguns milhares de pontospara descrever uma superfície progressiva, e isto paracada uma das combinações de base, adição e olho. Ascoordenadas de cada ponto são dadas em relação auma superfície de referência: geralmente, a mais utiliza-da é uma esfera de raio próximo do da base da lente aproduzir.

22

Fabr

ico

Lent

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rogr

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vas

5

das lentes progressivas

OyOz

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B Optimização da geometria das lentes progressivas acabadas

Fig. 24 : Pré-descentramento das lentesprogressivas acabadas.

1) Prisma de equilíbrio das lentes progressivas

Devido ao aumento da curvatura da superfície progres-siva na zona de visão de perto, uma lente progressiva énaturalmente mais fina na parte inferior que na partesuperior (ver Figura 23). Para obter lentes mais finas, osfabricantes utilizam em geral uma técnica de «equilibra-gem», que consiste em pôr a face convexa e a côncavaem relação uma com a outra, para igualar a espessurana parte superior e inferior da lente. Este processo de«equilibragem» induz um prisma de base inferior: o valordo prisma, expresso em dioptrias prismáticas, é geral-mente igual a dois terços da adição e pode ser medidono ponto de controlo do prisma.Por exemplo, numa lente progressiva com adição 3.00D, executa-se um prisma de 2 � com base a 270º: casonão haja prescrição prismática, este valor pode ser lidodirectamente no ponto de controlo.Devem sempre executar-se prismas de equilíbrio de valo-res idênticos nas lentes direita e esquerda para evitar aintrodução de um desequilíbrio de prismas verticais.Para o utilizador, o prisma de equilíbrio traduz-se numligeiro desvio para cima do conjunto do campo visual,mas foi clinicamente provado que tal não tem efeitosignificativo no conforto visual. Dado que esta técnicapermite obter lentes nitidamente mais finas, mais levese mais confortáveis, actualmente aplica-se a todas aslentes progressivas, qualquer que seja a potência e aadição.

2) Pré-descentramento e pré-formatação das lentesprogressivas «não cortadas»

Nos mercados onde as lentes são distribuídas «não cor-tadas», a pré-descentramento e a pré-formatação daslentes progressivas constituem técnicas utilizadas parafabricar lentes progressivas convexas mais finas. Umalente progressiva é por natureza mais convexa na verti-cal que na horizontal, logo reduzir a respectiva dimen-são vertical sem alterar a dimensão horizontal permitereduzir significativamente a espessura. Dado que a lenteé quase sempre descentrada do lado nasal da armação,é possível reduzir o diâmetro da lente «não cortada» pormeio de pré-descentramento nasal da superfície pro-gressiva, conservando-se simultaneamente a mesmacapacidade temporal. Por exemplo, uma lente fabricadacom um pré-descentramento de 2,5 mm da superfícieprogressiva possui um diâmetro de 65/70 mm, ou seja,um diâmetro geométrico de 65 mm – portanto a espes-sura correspondente – mas um diâmetro efectivo de 70mm. Da mesma maneira, pré-formatar uma lente aca-bada «não cortada» com uma forma elíptica permitereduzir a dimensão vertical sem lhe alterar a capacida-de e, portanto, reduzir ainda mais a respectiva espessu-ra.

O pré-descentramento é igualmente utilizado nas lentessemi-acabadas para aumentar o diâmetro efectivo.

23

Lent

es P

rogr

essi

vas

Fabr

ico

5

Fig. 23 : Prisma de equilíbrio deuma lente progressiva.

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Fig. 25 : Princípio da pré-calibragem (PRECAL).

24

Des

criç

ãoLe

ntes

Pro

gres

siva

s5

6.Evolução

3) Pré-calibragem

A fabricação com «pré-calibragem» é a forma mais eficazde reduzir a espessura das lentes convexas. Esta técnicaconsiste em executar a lente o mais fina possível em fun-ção da armação escolhida, da centragem das lentes e daprescrição do utilizador. Para tal, é necessário transmitirao fabricante as distâncias naso-pupilares do utilizador,as alturas de montagem, o formato aproximado ou exac-to da armação e as respectivas dimensões (Figura 25).

Estes dados permitem calcular e produzir a espessuramínima no centro da lente em função da espessura míni-ma requerida no ponto mais fino do respectivo bordo;esta espessura depende do tipo de montagem a efec-tuar. Apesar da pré-calibragem não ser específica daslentes progressivas, os resultados obtidos são muitomais relevantes neste tipo de lentes. Esta técnica é sis-tematicamente utilizada pelos laboratórios que realizamquer a surfaçagem, quer a montagem das lentes.

B

A D

HD HG

PD PG

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6.Evolução

Após diversas tentativas infrutíferas levadas a cabodesde o início do século XX, as primeiras lentes progres-sivas surgiram em França, em 1959. Consistiam essen-cialmente numa ligação, por meio de uma superfíciecontínua, de uma zona de visão de longe e de uma zonade visão de perto, ambas esféricas (Figura 26). Naquelaépoca, o desafio residia mais no domínio da mecânicaque da óptica, pois consistia fundamentalmente emconceber máquinas que permitissem fabricar superfíciesópticas de não-revolução. Através da adopção de umprincípio de cálculo e de fabrico ponto por ponto dassuperfícies, e do recurso a técnicas de reprodução deuma superfície modelo e de polimento flexível, foi possí-vel executar e comercializar então a primeira lente pro-gressiva com a designação de Varilux. A invenção destalente deve-se a Bernard Maitenaz da “Société desLunetiers” (ou S.L., que posteriormente se tornaria naEssel e, por fusão com a empresa Silor, daria origem àEssilor).Nas primeiras lentes progressivas, comercializadas como nome Varilux em 1959, a zona de visão de longe eraintegralmente esférica e a zona de visão de perto larga-mente estabilizada, para se aproximar da estrutura daslentes bifocais que as lentes progressivas estavam desti-nadas a substituir.

Na concepção da Varilux 1, deu-se particular atenção àszonas de visão de longe e de visão de perto da lente, eatribuiu-se menor importância à zona de visão intermé-dia e às zonas periféricas. Esta lente continha fortesaberrações laterais e exigia dos utilizadores um verda-deiro esforço de adaptação. Propor uma lente com taisimperfeições era, na época, uma verdadeira missãoimpossível, e além dos desafios técnicos, era necessáriotambém ultrapassar o cepticismo dos profissionais deóptica oftálmica. Mas a obstinação dos criadores permi-tiu demonstrar que a execução de tais lentes progressi-vas era possível e indicar a via a seguir para as aperfei-çoar: a de uma melhor compreensão da visão periféricaatravés de uma lente oftálmica e o aumento da suaimportância na concepção das superfícies progressivas.Varilux 1, embora sendo a primeira realização de umalente progressiva, incluia todos os princípios de base,estando na origem duma das maiores inovações que omundo da óptica oftálmica alguma vez iria conhecer.

1ª geração : a «primeira» lente progressiva

Fig. 26 : Progressiva da 1ª geração (Varilux® 1)

Lent

es P

rogr

essi

vas

25

Evol

ução

6

a) Concepção da superfície Varilux® 1. b) Bernard Maitenaz: inventor da lente progressiva.

das lentes progressivas

CIRCULOS

“OMBILIC”

CIRCULOS

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Após a concepção da nova superfície progressiva,Bernard Maitenaz e os seus colaboradores afastaram-seda estrutura “esférica” da Varilux 1 e conceberam umasuperfície progressiva melhorando as zonas periféricasda lente, dando origem, pouco depois de 1970, ao lan-çamento de uma 2ª geração de lentes progressivas. Oobjectivo era não só reduzir o nível de aberrações late-rais, mas também controlar os efeitos de deformaçãoque estas produziam.Na concepção da Varilux 2, lançada pela Essilor em1972, a redução das aberrações foi obtida pela introdu-ção de uma «modulação óptica» horizontal, que consistenum ligeiro aumento da potência nas partes laterais dazona de visão de longe e numa ligeira diminuição dapotência nas partes laterais da zona de visão de perto.A diferença mínima de raio de curvatura assim existentelateralmente entre a zona superior e inferior da lentepermitiu reduzir consideravelmente o nível de aberra-ções. Uma superfície progressiva deste tipo pode serrepresentada por uma sucessão de cónicas tais como aapresentada na Figura 27.Por outro lado, para minimizar as deformações laterais,introduziu-se o conceito de «ortoscopia»: a ideia eragarantir que a percepção das linhas rectas, especial-mente as linhas verticais, se mantivesse sem distorçõesna periferia da lente. Para tal, considerou-se na lenteuma linha vertical lateral ao longo da qual os compo-nentes horizontais dos efeitos prismáticos são mantidosconstantes, para respeitar a rectilinearidade das linhasverticais vistas através da lente. As patentes que prote-geram a Varilux 2 durante muitos anos basearam-senesta característica. Este princípio de ortoscopia não foiabandonado nas gerações Varilux que se seguiram.Por último, em relação à visão binocular, foi com aVarilux 2 que se introduziu o princípio de concepção delentes progressivas assimétricas especificamente para oolho direito e o olho esquerdo para proporcionar aos uti-lizadores uma identidade de percepção dos 2 olhos.Anteriormente, as progressivas eram concebidas e fabri-cadas simetricamente em relação à respectiva meridia-na de progressão, e com uma rotação de cerca de 10ºnum sentido, para produzir uma lente direita, e 10º nosentido inverso, para produzir uma lente esquerda.

Com a 2ª geração de lentes progressivas obteve-se umverdadeiro progresso, e foi a partir de então que estetipo de lentes foi realmente reconhecido e aceite comoum meio de correcção da presbiopia. No decénio aseguir ao lançamento da Varilux 2, surgiram váriasconcepções de superfícies alternativas baseadas emcaracterísticas ópticas específicas. Algumas privilegia-ram a amplitude das zonas de visão de perto e de visãode longe, concentrando por consequência as aberraçõesna periferia da lente (Ultravue da American Optical,Progressiv R da Rodenstock, Visa da BBGR,VIP/Graduate da Sola), outras pelo contrário optarampor procurar reduzir o nível de aberrações laterais peri-féricas, distribuindo-as por uma maior área da lente(Omni da American Optical). Por último, outras aindaconcentraram-se na simetria óptica da lente e no confor-to da visão binocular (Gradal HS da Zeiss). E assim, pelaacção conjugada de profissionais e fabricantes, as lentesprogressivas começaram a impor-se junto dos presbitas.

2ª geração: a lente progressiva de«modulação óptica»

Fig. 27 : Progressiva da 2ª geração: concep-ção da superfície da Varilux® 2.

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ELIPSES

CIRCULOS

PARABOLAS

HIPERBOLES

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Pouco antes dos anos 90, iniciou-se uma nova etapa deaperfeiçoamento das lentes progressivas com a introdu-ção do conceito de «multi-design». Desenvolveu-se aideia de que utilizar uma única superfície progressiva edecliná-la homoteticamente para todas as adições nãopermitia conceber a superfície progressiva óptima paracada nível de presbiopia, e que ultrapassando essa res-trição era possível oferecer superfícies progressivasespecificamente adaptadas às necessidades quer dejovens presbitas quer de presbitas mais idosos. Apurou-se especialmente que o jovem presbita pretendia umasuperfície mais «suave», que facilitasse uma primeiraadaptação às lentes progressivas, e que o presbitasénior preferia uma superfície mais «dura», que propor-cionasse uma boa amplitude de campo visual.Efectivamente, com as progressivas «mono-design», oscriadores de lentes confrontavam-se com uma alternativasimples:– ou utilizar uma superfície progressiva de tipo «suave» –com longa progressão e características ópticas distribuí-das pela superfície da lente – que proporcionaria gran-de conforto visual a um jovem presbita, mas que ofere-ceria um campo de visão limitado a um presbita maisidoso;– ou utilizar uma superfície progressiva de tipo «duro» –com progressão curta e características ópticas maisconcentradas em certas áreas da lente – que satisfariaum presbita sénior, mas apresentaria demasiadas defor-mações para a adaptação de um jovem presbita.A solução que surgiu então – concomitante ao aperfei-çoamento dos meios de cálculo – consistiu em seleccio-nar as melhores características das superfícies «suaves»e das «duras», e optar por uma superfície mais suavepara as fracas adições e por uma superfície mais durapara as fortes adições. Mais precisamente, a vantagemconsistia em poder conservar-se uma amplitude sensi-velmente constante do campo de visão de perto com oaumento da adição (ver Figura 28).

Assim, em 1988, a Essilor introduziu no mercado a VariluxMulti-Design : cada uma das 12 adições (de 0.75 D a3.50 D, com intervalos de 0.25 D) possuía uma concep-ção específica e as superfícies progressivas evoluíam emfunção da adição. Surgiram depois outras lentes de filoso-fia similar e de execução parecida, apresentadas pordiversos fabricantes, tais como a American Optical com aOmni Pró, a BBGR com a Visa 3S ou a Hoya com aHoyalux. Apesar da Varilux Multi-Design ter existido ape-nas alguns anos e ter desaparecido a favor da geraçãoseguinte, foi esta lente a portadora e precursora doconceito de «multi-design», que ainda hoje se aplica àgrande maioria das lentes progressivas no mercado.

3ª geração: a lente progressiva «multi-design»

Fig. 28 : Princípio da progressiva «multi-design» com-parado ao das progressivas «mono-design»

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MONO-DESIGN«DURO»

MONO-DESIGN«SUAVE»

MULTI-DESIGN

Duro Suave Mais Suave

Duro Suave Medio

Duro Suave Mais Duro

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A 4ª geração de lentes progressivas foi introduzida nomercado em 1993, com a designação de VariluxComfort. A sua concepção baseou-se na observação docomportamento dos utilizadores de lentes progressivase a sua execução tornou-se possível devido à evoluçãoda tecnologia de produção e controlo das superfíciesprogressivas. A ideia fundamental consistia em encurtaro comprimento de progressão da lente, para proporcio-nar aos utilizadores uma postura mais confortável emvisão de perto, e em conseguir controlar, simultanea-mente, a periferia da lente para evitar o aparecimentode deformações desconfortáveis. Resumidamente,pode-se dizer que antes de surgir esta 4ª geração, oscriadores de progressivas se confrontavam com umaúnica alternativa: ou conceber uma lente com progres-são «curta» mas com periferia «dura», ou criar uma lentecom periferia «suave» mas com progressão «longa». Aprimeira proporcionava aos utilizadores uma posição deleitura mais confortável mas menor conforto em visãoperiférica, a segunda oferecia verdadeiro conforto emvisão dinâmica mas obrigava a uma posição de leituramenos confortável. Assim, tentou-se reunir numa mesmalente as duas características, «progressão curta» e «peri-feria suave», para oferecer simultaneamente aos utiliza-dores os benefícios de uma postura confortável em visãode perto e de um verdadeiro conforto em visão periféri-ca e dinâmica (Figura 29). A ideia traduziu-se na concep-ção da Varilux Comfort.

Detalhe das características da lente:Com o objectivo de proporcionar uma posição maisconfortável em visão de perto, a zona de visão de pertoestá mais elevada na lente, para que o utilizador a possaatingir com facilidade e naturalmente ao baixar o olharcerca de 25º – redução de 5º em relação às geraçõesprecedentes de lentes progressivas. Por consequência, outilizador pode manter a cabeça baixa num ângulo decerca de 35º (em vez de 30º), posição mais próxima dapostura natural anterior à presbiopia (Figura 30). Poroutro lado, pode explorar o campo de visão de pertomais facilmente, porque os movimentos necessários, dacabeça e dos olhos, são menores (Figura 31).

4ª geração: a lente progressiva para«visão natural»

Fig. 29 : Princípio base da concepção da Varilux Comfort®.

Fig. 30 : Posições da cabeça e dos olhos com Varilux Comfort® e com uma progressiva clássica.

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Fig. 31 : Movimentos da cabeça com Varilux Comfort®e com uma progressiva clássica.

35°

15°

30°10°

10° 10°

Varilux Comfort®

Progressif Classique

35°

15°

30°10°

10° 10°

Varilux Comfort®

Progressif Classique

35°

30°

30°

25°

Varilux Comfort®

Progressif classique

35°

30°

30°

25°

Varilux Comfort®

Progressif classiqueProgressiva clássica.Varilux Comfort®.

Progressiva clássica.Varilux Comfort®.

Curto e Suave Longo e Suave

Curto e suave

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Fig. 33 : Movimentos horizontais da cabeça com VariluxComfort® e com uma progressiva clássica.

Estas vantagens resultam do perfil de progressão espe-cífico da Varilux Comfort : para uma adição de 2.00 D,85% da adição – considerando o início da zona de visãode perto – é atingida 12 mm abaixo da cruz de monta-gem, contra um mínimo de 14 mm a 15 mm no caso deuma progressiva da geração precedente (Figura 32).

Para proporcionar uma visão periférica e dinâmicaconfortável, a superfície progressiva foi suavizada pormeio de um controlo rigoroso da variação das caracte-rísticas ópticas periféricas. Com efeito, verificou-se queem visão periférica os utilizadores eram mais sensíveis àrapidez de variação da potência e do astigmatismo dasuperfície progressiva – de facto, às variações dos efei-tos prismáticos que lhe estão associados – do que aosrespectivos valores absolutos. Assim, na superfície pro-gressiva da Varilux Comfort, a potência varia rapidamen-te nos pontos em que é necessário – ou seja, no centroda lente ao longo da meridiana de progressão para quea progressão seja curta – e lentamente em todos osoutros pontos. Esta característica constitui uma daspatentes da Varilux Comfort. Por outro lado, a suaviza-ção periférica da superfície permite oferecer aos utiliza-dores campos de visão mais amplos e, consequente-mente, proporcionar uma redução muito significativados movimentos horizontais da cabeça (Figura 33).

12° 13° 6° 19°

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0 85% 100%

FIG 11 F

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- 14

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Fig. 32 : Perfil de progressão da potência da VariluxComfort® (Plano, Adição 2.00).

12° 13° 6° 19°

Progressiva clássica.Varilux Comfort®.

VISÃO DE LONGE

VISÃO INTERMEDIA

VISÃO DE PERTO

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(add 2.00 )

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Em visão binocular, a assimetria das lentes foi reforçadapara equilibrar perfeitamente as percepções dos doisolhos. O perfil geométrico da progressão – ou percursoda progressão na lente – foi estudado de forma a cor-responder melhor ao comportamento do utilizador: aprogressão da potência na lente já não segue uma linharecta mas uma linha quebrada que corresponde exacta-mente ao percurso dos olhos ao baixar o olhar. Com efei-to, este processa-se em coordenação com os movimen-tos verticais da cabeça e geralmente de dois modos:passagem da visão de longe à visão intermédia e à visãode perto num primeiro tempo, e exploração prolongadada zona de visão de perto num segundo tempo. Estesdois modos geram convergências diferentes dos olhos enecessitam de um perfil de progressão com duas partes,tal como o representado na Figura 34.Por outro lado, o conceito de multi-design em função daadição conheceu uma nova aplicação com a VariluxComfort : a de uma descentração variável, conforme aadição, da zona de visão de perto, que tem em conta ofacto de os presbitas diminuírem a distância de leitura àmedida que a adição aumenta. Efectivamente, com estaaproximação cria-se um aumento artificial, que visacompensar a redução da acuidade visual induzida pelaperda progressiva de transparência dos meios intra-ocu-lares com a idade. A amplitude da variação do descen-tramento da zona de visão de perto é de cerca de 1,6 mm, por lente, entre a adição mais fraca e a adiçãomais forte (de 2,2 mm a 3,8 mm). Esta variação é acom-panhada de um encurtamento do comprimento de pro-gressão com o aumento da adição e, mais precisamente,de uma subida do ponto de partida da zona de visão deperto onde 85% da adição é atingida (Figura 34).

A Varilux Comfort obteve um brilhante sucesso e contri-buiu para garantir a confirmação definitiva das lentesprogressivas como meio de correcção da presbiopia.Seguiu-se a introdução no mercado de muitas outraslentes progressivas: contaram-se até cinquenta tiposdiferentes de progressivas em todo o mundo.

Fig. 34 : Descentramento variável com a adição dazona de visão de perto (Varilux Comfort®)

COMFORT

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Para aumentar ainda mais a eficácia das lentes progres-sivas, os criadores deste tipo de lente analisaram asexpectativas manifestadas pelos presbitas utilizadores.Concluíram então que as expectativas são de dois tipos:os jovens presbitas pretendem sobretudo «uma adapta-ção fácil e rápida» às primeiras lentes progressivas, e ospresbitas mais idosos «um campo visual mais amplo». Alente Varilux Panamic da Essilor, representativa da 5ªgeração de lentes progressivas e lançada no mercado noano 2000, foi concebida para corresponder a este duplo“ideal”. Com esse objectivo, introduziram-se aperfeiçoa-mentos nos domínios da visão periférica, da visão bino-cular e da visão foveal: o respectivo somatório permitiuobter o benefício pretendido.

Para proporcionar uma «adaptação fácil e rápida» aosjovens presbitas, introduziram-se os seguintes aperfei-çoamentos (Figura 35):– em visão periférica, redução das deformações atra-vés do controlo da distribuição dos efeitos prismáticosna superfície da lente;– em visão binocular, redução dos efeitos de oscilaçãopor meio da minimização da diferença de percepção davelocidade de deslocação dos objectos entre o olhodireito e o olho esquerdo, porque se descobriu entãoque as sensações de oscilação, por vezes sentidas pelosutilizadores, têm origem essencialmente na visão bino-cular;– em visão foveal, respeito da posição natural da cabe-ça e dos olhos através da conservação do perfil de pro-gressão da Varilux Comfort.

5ª geração: a lente progressiva com«campo de visão ampliado»

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6Fig. 35 : Aperfeiçoamentos introduzidos na VariluxPanamic® para jovens presbitas.

a) Visão periférica.

b) Visão binocular.

Varilux Panamic®.

Progressiva clássica.

Varilux Panamic®. Progressiva clássica.

Varilux Panamic®.Varilux Comfort®.

Progressiva clássica.

c) Visão foveal.

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Para oferecer um «campo de visão ampliado» aos pres-bitas seniores, operaram-se os seguintes aperfeiçoamen-tos (Figura 36):– em visão periférica, redução do tempo necessáriopara identificação de um ponto/objecto alvo periféricopor meio de suavização da superfície progressiva;– em visão binocular, aumento dos horopteros – planodos pontos do espaço distintos em visão binocular –para todas as posições dos olhos, devido a uma variaçãomais suave dos efeitos prismáticos da lente;– em visão foveal, aumento significativo na lente daszonas de plena acuidade para visão intermédia e visãode perto.

Globalmente, a Varilux Panamic é uma progressiva maissuave que as das gerações precedentes e constitui aconcretização das expectativas dos utilizadores, que atri-buem maior importância à variação das característicasópticas da lente que aos valores absolutos destas.

Por outro lado, o conceito de multi-design adquiriu coma Varilux Panamic uma nova dimensão: a de uma varia-ção do descentramento da visão de perto em função dacorrecção da visão de longe e não apenas em função daadição. Com efeito, qualquer correcção significativa davisão de longe origina efeitos prismáticos na zona devisão de perto, que obrigam a um desvio sensível daposição normal do olho na lente. Assim, o descentra-mento da zona de visão de perto deve ser menor para osmíopes que para os hipermétropes. É necessário efec-tuar na lente um descentramento variável em função dacorrecção da visão de longe ou, mais precisamente, dabase de curvatura. Acumulada ao descentramento variá-vel conforme a adição, a amplitude da variação é decerca de 3,2 mm por lente, entre o forte míope comfraca adição e o forte hipermétrope com forte adição (de2,0 mm a 5,2 mm). Note-se que isto não altera em nadaa forma de centragem da lente, pois a correcção davisão de longe e a distância habitual de leitura do utili-zador não são consideradas para a medição das distân-cias naso-pupilares. (figure 37)

Após a introdução da Varilux Panamic no mercado,outras superfícies progressivas surgiram, tais como aEvolis da BBGR, a Grand Genius da Seiko com superfícieprogressiva na face côncava, a Definity da Johnson andJohnson e a Hoyalux ID da Hoya que repartem a super-fície progressiva pela face convexa e a face côncava dalente. Independentemente do tipo de concepção ou daforma de execução, todas estas novas lentes progressi-vas têm um ponto comum com a Varilux Panamic : a pro-cura de superfícies progressivas mais suaves. para maiorconforto visual dos presbitas.

PANAMIC

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Fig. 37 : Descentramento da visão de perto da VariluxPanamic® em função da adição e da ametropia.

Fig. 36 : Aperfeiçoamentos introduzidos na VariluxPanamic® para presbitas seniores.

a) Visão periférica.

b) Visão binocular.

c) Visão foveal.

Varilux Panamic®. Progressiva clássica.

Varilux Panamic®. Progressiva clássica.

Varilux Panamic®.

Varilux Comfort®.

Campo VP. Campo VI.

míope

emétrope

hipermétrope

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Com a evolução da moda, as pessoas com óculos ten-dem a optar por armações de pequenas dimensões, oque constitui um problema para a correcção óptica comlentes progressivas. Com efeito, para garantir uma visãoconfortável, é necessário dispor de uma armação comaltura suficiente para incluir a progressão da lente e ofe-recer zonas de visão de perto e de longe suficientemen-te amplas para a exploração ocular. Além disso, os utili-zadores de pequenas armações têm um comportamen-to visual particular: a tendência para baixar mais a cabe-ça e menos os olhos do que os utilizadores de armaçõesclássicas, e para, em compensação, explorar ao máximoa largura do campo de visão. Assim, considera-se que oabaixamento médio do olhar em visão de perto do utili-zador de uma pequena armação é inferior a 20º, contraum abaixamento superior a 25º no caso de uma arma-ção clássica (ver Figura 38). Além disso, também explo-ra mais em largura o campo horizontal em visão delonge. Em termos de concepção de superfície progressi-va, é necessário criar uma lente com curta progressão ecom uma zona de visão de longe ampliada.

É o caso, por exemplo, da lente Varilux Ellipse da Essilor,que possui uma progressão muito curta, de tal formaque o início da zona de visão de perto – ponto onde85% da adição é atingida – se situa a 9,5 mm da cruzde montagem (contra 12 mm nas outras Varilux), sendonecessário um abaixamento do olhar de apenas 18ºpara atingir a visão de perto. Esta lente permite alturasde montagem até 14 mm. A Varilux Ellipse oferece tam-bém um ângulo de abertura da zona de visão de longede cerca de 140º, superior em pelo menos 20º ao deuma progressiva clássica.

Note-se que para garantir uma visão de longe confortá-vel, é necessário dispor de um mínimo de 10 mm – entrea cruz de montagem e o bordo superior da armação – eportanto, em definitivo, de uma armação com uma altu-ra total de 24 mm. É evidente que estes valores consti-tuem mínimos.

A lente progressiva «para pequenas armações»

Varilux Ellipse

140°

b) Princípio de concepção de uma lente progressivapara pequenas armações (Varilux ® Ellipse).

a) Abaixamento da cabeça e do olhar deum utilizador de pequenas armações.

Fig. 38 : Lente progressiva para pequenas armações(Varilux®Ellipse).

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6ª geração: a lente progressiva «de alta resolução»

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6 Para proporcionar uma qualidade de visão óptima, a 6ªgeração de lentes progressivas tenta maximizar a eficá-cia visual do próprio utilizador. Até aqui, na concepçãodas lentes progressivas consideravam-se apenas os raiosluminosos que atingem o olho depois de atravessar alente. Com esta nova geração, os criadores da lenteinteressaram-se também pela forma dos feixes lumino-sos que penetram na pupila. O princípio orientadorconsiste em optimizar a eficácia visual para cada direc-ção do olhar por meio da gestão das características dofeixe luminoso que penetra na pupila.

A Varilux Physio, apresentada pela Essilor em 2006, é aprimeira lente progressiva concebida segundo este prin-cípio, mais precisamente para:– maximizar a acuidade visual em visão de longe atra-vés da correcção da aberração de Coma;– optimizar o funcionamento da acomodação em visãointermédia potenciando a nitidez das linhas verticais;– aumentar a amplitude dos movimentos dos olhos emvisão de perto através de um aumento do campo deacuidade visual.

Esta optimização tornou-se possível devido à utilizaçãode uma nova técnica de cálculo baseada na gestão dasfrentes de onda luminosa.

1) Maximização da acuidade visual em visão delonge :

Qualquer que seja a correcção, o sistema lente – olho éafectado por aberrações ópticas. Além das aberraçõesclássicas – de deficiência da potência e de astigmatismodos feixes oblíquos – a Coma é, de entre as aberraçõesde alto grau, a mais presente nas lentes progressivas e amais influente na acuidade visual e na sensibilidade doscontrastes. Esta aberração é devida à variação da potên-cia da lente – mesmo no interior da projecção da pupilado olho na lente – e afecta a qualidade de visão do uti-lizador, particularmente na zona de visão de longe dalente onde a pupila se dilata mais.

Devido à utilização de uma técnica de gestão da frentede onda luminosa, a Coma pode ser medida e perfeita-mente controlada num grande sector da lente, em tornodo centro da visão de longe. Com a Varilux Physio, asaberrações sentidas pelo utilizador são consideravel-mente reduzidas em relação às de uma lente progressi-va standard, o que se traduz numa maior precisão dasimagens e, portanto, numa melhor acuidade visual enum melhor contraste.

2) Optimização do funcionamento da acomodaçãoem visão intermédia :

Em presença de astigmatismo, os olhos procuram mini-mizar os respectivos efeitos e obter naturalmente a foca-gem das linhas verticais. É o caso das lentes progressivasonde subsistem inevitavelmente cilíndricos residuais desuperfície, especialmente na zona de visão intermédia,de cada lado da meridiana de progressão.O princípio inovador utilizado na Varilux Physio consisteem orientar verticalmente o melhor foco de forma aminimizar o esforço de acomodação necessário. A técni-ca de controlo da frente de onda luminosa permite geriro astigmatismo resultante em toda a pupila, minimizar orespectivo valor e orientar o eixo verticalmente. Para outilizador, a focagem obtém-se mais naturalmente e oscampos de acuidade em visão intermédia ficam amplia-dos em mais de 30% em relação aos de uma progressi-va clássica.

3) Aumento da amplitude do movimento dos olhosem visão de perto :

Em visão de perto, os olhos exploram naturalmente ocampo de visão na direcção vertical. Numa lente pro-gressiva, a amplitude possível de movimento dos olhos édefinida pela dimensão da área da lente onde a potên-cia de visão de perto está estabilizada. Se esta área forlimitada, impõe-se ao utilizador frequentes movimentosverticais de ajustamento da cabeça, muitas vezes acom-panhados de alterações de postura necessárias.Na concepção da Varilux Physio, a área de potênciaestabilizada foi aumentada em altura. O utilizador beneficia de um maior campo vertical devisão nítida e de maior respeito da sua postura natural.

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Fig. 39 : Controlo da Coma em visão de longe (Varilux Physio®)

Fig. 40 : Controlo dos eixos dos cilíndricos residuais em visão intermédia (Varilux Physio®)

Fig. 41 : Aumento da área de potência estabilizada em visão de perto (Varilux Physio®)

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Uma nova tecnologia : a «Twin Rx Technology™»

Gestão da Frente de Onda Luminosa :Todas as lentes progressivas, devido às variações dapotência, deformam os feixes luminosos e portanto asfrentes de ondas luminosas que as atravessam, o que setraduz em aberrações ópticas que afectam a acuidadevisual do utilizador. Para se obter uma imagem retinianade alta resolução, é necessário poder analisar, para cadadirecção do olhar, o conjunto do feixe luminoso que atra-vessa a lente e penetra no olho, e reduzir ao máximo asdeformações da frente de onda luminosa que entra napupila. Não é possível gerir tal feixe luminoso pelos méto-dos clássicos de cálculo, que consideravam unicamenteum raio luminoso a passar pelo centro da pupila. Só umatécnica de gestão da frente de onda luminosa permiteoptimizar a qualidade do feixe luminoso no seu conjunto:por meio de um cálculo local da superfície óptica, conse-gue-se obter uma frente de onda luminosa emergente dalente com regularidade e esfericidade máximas.É a primeira vez, com a Varilux Physio, que esta técnica decálculo é utilizada em lentes progressivas.

Geminação Ponto por Ponto :

O design da superfície progressiva resulta de um cálculocomplexo, que integra todas as funções ópticas determi-nadas pela técnica de gestão da frente de onda luminosa,em cada ponto da lente e para todas as direcções doolhar. Este design óptico complexo integra um cálculo deelevada precisão da superfície côncava da lente de acor-do com a superfície convexa progressiva, para cada direc-ção do olhar. Um programa informático de cálculo obtémuma “geminação ponto por ponto” das superfícies,convexa e côncava, da lente, e determina a superfície côn-cava complementar para se obter a função óptica preten-dida. Uma tecnologia de execução ponto por ponto, dita«execução digital», permite fabricar a superfície côncavacomplexa.A inovação reside no facto da lente ser optimizada paracada correcção. Pelos métodos clássicos, só uma potênciapor base de curvatura era rigorosamente optimizada.Actualmente, a execução digital permite fabricar pontopor ponto a superfície côncava, logo, obter precisamentea função óptica pretendida, e portanto optimizar perfeita-mente a lente, qualquer que seja a prescrição.

Fig. A : Tecnologia de gestão da frente de onda luminosa. Fig. B : Execução digital.

Evolução

O desenvolvimento da Varilux Physio tornou-se possível devido a duas inovações tecnológicas: cálculo por meio de «gestãoda frente de onda luminosa» e processo de execução por meio de «geminação ponto por ponto». A combinação destas duasinovações constitui a «Twin Rx Technology».

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Com a evolução da tecnologia, quer no domínio do cál-culo quer do fabrico, tornou-se possível executar super-fícies progressivas à unidade e concebê-las sob medidapara cada utilizador. Entrou-se numa nova era, a das len-tes progressivas «personalizadas» de acordo com asnecessidades de cada utilizador.

O primeiro conceito de individualização das lentes pro-gressivas deveu-se à Rodenstock com a Impression ILT(Individual Lens Technology) e à Zeiss com a Individual, eassentou em critérios relativos à prescrição e à centra-gem da lente. Estas lentes são calculadas com base naprescrição e nos dados obtidos para a respectiva cen-tragem: distâncias naso-pupilares, distância lente – olho,inclinação e ângulo de curvatura da armação. A ideiafundamental consiste em proporcionar a cada presbitauma qualidade visual idêntica à de um presbita emétro-pe com a mesma adição.

Um outro conceito é o utilizado pela Essilor com aVarilux Ipseo, e consiste em oferecer uma lente concebi-da e fabricada em função do comportamento visual doutilizador. O critério usado para a personalização dalente centra-se na coordenação dos movimentos dosolhos e da cabeça, ou seja, na tendência natural dopaciente para utilizar mais os olhos ou a cabeça aoexplorar o campo de visão. Verificam-se dois comporta-mentos distintos e opostos:– os pacientes que têm tendência para movimentar osolhos e manter a cabeça imóvel, designados«Visionautas» (ou «Eye Movers», em inglês);

– os pacientes que têm tendência para virar a cabeça econservar os olhos fixos, designados «Cefalonautas» (ou«Head Movers», em inglês).Estas estratégias visuais, adquiridas durante o processode crescimento, são características próprias de cadaindivíduo, muito estáveis e reproduzíveis, e são indepen-dentes da ametropia, do nível de presbiopia e da idade.Existem todos os tipos de comportamento, que se dis-tribuem de forma contínua desde o mais «visionauta»que praticamente não movimenta a cabeça, ao mais«cefalonauta» que move muito pouco os olhos. No casoda concepção de uma lente progressiva, estes tipos decomportamento têm um interesse fundamental, poisdefinem o modo como os olhos exploram a lente e utili-zam as suas diferentes zonas. Mais especificamente:– um «visionauta» utiliza a lente sobretudo de formaestática: os movimentos essenciais são feitos pelosolhos, a visão é sobretudo foveal, o indivíduo é mais sen-

sível à nitidez da imagem, e portanto é preciso privilegiarna lente a largura do campo de acuidade visual;– um «cefalonauta» utiliza a lente sobretudo de formadinâmica: a cabeça faz os movimentos essenciais, avisão é sobretudo periférica, o indivíduo é mais sensívelaos efeitos de oscilação, e portanto é preciso privilegiarna lente a suavidade das zonas periféricas.Assim, em função do comportamento do utilizador,pode-se calcular a superfície progressiva mais adequadae capaz de proporcionar o máximo conforto visual.

Na prática, é necessário poder medir o comportamento«cabeça/olhos» de cada utilizador. Concebeu-se paraesse efeito um aparelho designado Vision Print System(Figura 42). O paciente deve estar colocado em frentedo aparelho e usar uns óculos munidos de um sensorque permite medir os movimentos da cabeça. Para tal,deverá olhar para uns díodos luminosos, que se acen-dem aleatoriamente em dois pontos com 40º de excen-tricidade à direita e à esquerda, e olhar também paraum díodo central após cada observação periférica. Amedição é efectuada vinte vezes, a uma distância de 40 cm. Obtêm-se assim duas informações:

Uma nova dimensão: a lente progressiva«personalizada»

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Fig. 42 : Sistema de Registo Visual.

Evoluçãodas lentes progressivas

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– o coeficiente cabeça/olhos, valor compreendido entre 0e 1, que indica a proporção de movimentos da cabeça pró-pria do paciente: o indivíduo será considerado «visionauta»se o coeficiente for inferior a 0,5 e «cefalonauta» se o coe-ficiente estiver compreendido entre 0,5 e 1;– o coeficiente de estabilidade, que é o desvio-padrãodas medidas obtidas.

Estes dois dados servem depois para calcular a superfí-cie progressiva segundo os dois princípios seguintes:– o coeficiente cabeça/olhos define a zona da lente utili-zada para acuidade máxima, e indica portanto qual adistribuição entre zona central, para visão foveal, e zonalateral, para visão periférica, a aplicar na concepção dalente: a zona central será ampliada no caso de um «visio-nauta», e a zona periférica será suavizada no caso de um«cefalonauta»;

– o coeficiente de estabilidade traduz a reprodutibilida-de do comportamento «cabeça/olhos», e indica comodeverá ser gerido, na lente, o limite entre a zona central,para visão foveal, e a zona lateral, para visão periférica:quanto mais reprodutível o comportamento, mais defini-do poderá ser o limite, e quanto mais variável o com-portamento, mais suave deverá ser o limite.

Assim, além das características habituais de uma pres-crição, existe uma nova componente adicional que pre-cisa a dinâmica de utilização das lentes e permite umapersonalização das superfícies progressivas em funçãodo comportamento próprio de cada utilizador.Concebida por medida, esta lente progressiva oferecemaior eficácia visual. Por outro lado, a lente beneficiatambém de todas as vantagens dos últimos avanços tec-nológicos: diversos comprimentos de progressão, TwinRx Technology , etc. …

O critério de coordenação de movimentos da cabeça edos olhos utilizado para a Varilux Ipseo é apenas um pri-meiro critério de personalização. Outros conceitos seseguirão. Na verdade, actualmente vive-se apenas oinício da era das lentes progressivas personalizadas.

Fig. 43 : Princípio de personalização da Varilux® Ipseo™.

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“Céfalonauta” “Visionauta”

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Conclusão

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A tecnologia de concepção e fabrico de lentes progres-sivas conheceu uma incessante evolução desde o apare-cimento deste tipo de lentes há quase cinquenta anos:das superfícies progressivas produzidas originalmentede forma quase artesanal até às mais recentes tecnolo-gias de execução directa das lentes por meio de equipa-mento digital, verificaram-se progressos consideráveis.

Paralelamente, o conforto visual dos presbitas aumentounitidamente: se no início as lentes progressivas obriga-vam os utilizadores a um verdadeiro esforço de adapta-ção, hoje, com as superfícies progressivas mais recentes,a adaptação é quase imediata.

Actualmente, a eficácia das lentes progressivas e a suasuperioridade em relação às lentes bifocais e unifocais jánão têm de ser demonstradas. O desenvolvimento destetipo de lentes irá continuar e acelerar-se: mais de quin-hentos milhões de presbitas beneficiaram já do confortodas superfícies progressivas, e deverá ultrapassar-se lar-gamente a barreira do bilião de consumidores na próxi-ma década.

A aventura mundial de correcção da presbiopia pormeio de lentes progressivas vai sem dúvida prosseguir.Os presbitas, cada vez mais numerosos, irão certamenteadoptar estas lentes, a fim de poderem «ver melhor»para «viver melhor».

AuthorDominique MeslinEssilor Academy Europe

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