legionella pneumophila - ipq legionella... · contudo este paradigma não se aplica a bactérias...
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Instituto Superior de Engenharia do Porto| 24 outubro 2013 Workshop "Prevenção e Controlo de Legionella nos Sistemas de Água"
Legionella pneumophila em ambientes aquáticos
Joana Costa
Transmissão de Legionella (Fraser, 1984)
Ambientes naturais Factores de amplificação
Disseminação
Ambientes intervenção humana
Exposição por uma população susceptível
Inoculação
LEGIONELOSE
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
Água de profundidade Lagos
Natural spring
Rios
Nascentes quentes Biofilmes
Nascentes
Ambientes aquáticos naturais Ambientes aquáticos artificiais ou de intervenção humana
Fontes
Piscinas
Torres de arrefecimento Sistemas de distribuição
Chuveiros
Solo jardinagem
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
Fleirmans e colegas em 1981 analisaram centenas de amostras de inúmeros lagos e rios dos Estados Unidos. O estudo detectou legionelas na maioria das amostras, mas apenas 15% provocaram doença em porquinhos da índia. Verificaram ainda um efeito sazonal na detecção de legionelas, aumentando a sua concentração nos meses de verão.
Tison e colegas em 1983 realizaram um estudo nos lagos e rios do Monte de St. Helena e detectaram elevadas concentrações de legionelas nas águas termais aquecidas.
Estudos realizados em Portugal Continental e no Açores por Veríssimo e colegas também identificaram múltiplas espécies de legionelas em águas com temperaturas entre os 22ºC e os 67.5°C.
Apesar das legionelas serem facilmente recuperadas em águas superficiais, só recentemente Costa e colegas conseguiram isolá-las de águas de profundidade, onde se pensa que existam em muito baixas concentrações.
L. longbeach representa uma notável excepção, uma vez que é predominantemente isolada de solo. Esta espécie é responsável pela maioria dos casos de Legionelose na Austrália, que ocorrem entre jardineiros.
Os ambientes naturais são raramente associados a casos de legionelose. As legionelas multiplicam-se muito lentamente a baixas temperaturas, o que resulta num equilíbrio natural entre a concentração das bactérias e dos seus hospedeiros. Concentração esta abaixo do limite mínimo necessário para causar infecção em humanos. A maioria dos casos está associada a ambientes sujeitos a intervenção humana onde temperatura da água é superior, alterando a concentração quer das bactérias quer dos seus hospedeiros naturais. Assim, variações na temperatura da água podem alterar o equilíbrio entre as legionelas e os protozoários, resultando num aumento rápido da concentração das bactérias, podendo causar doença.
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
Ambientes naturais Ambientes intervenção humana
103 a 106 leg/L <1% população
> 106 leg/L
50% população
Concentração bacteriana como factor determinante para a ocorrência de doença
temperaturas entre 6ºC e 63ºC – óptimo 37ºC
valores de pH entre 5.5 e 8.1
oxigénio dissolvido entre 0.3 e 9.6 mg/ml
Carácter ubíquo em ambientes aquáticos não salinos
Factores que favorecem o aumento da sua concentração
presença de outros organismos
zonas de reduzida circulação de água
presença de sedimentos
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
Legionellae multiplica-se no ambiente em: 14 espécies de amoebae 2 espécies de ciliados 1 espécie de Myxomycota
Os protozoários são ubíquos em diversos ambientes naturais, como água doce e salgada, água salobra, solos húmidos e em areias secas.
As legionelas não são bactérias de vida livre, multiplicam-se intracelularmente em vários tipos de protozoa sendo esta relação crucial para a ecologia do organismo.
A presença de protozoários é um factor determinante para a sobrevivência e aumento de concentração de legionelas
ciriscience.org
http://www.q-net.net.au
Amoeba aprisionando L. pneumophila
Macrófago preenchido com ~100 Legionella
Berk et al., 2008 Appl. Environ. Microbiol. Berk et al., 1998 Appl. Environ.
Microbiol.
Acanthamoeba spp. produz vesículas respiráveis contendo legionelas
Ciliados expelem vesículas contendo legionelas
Hilbi et al., 2010 Mol. Microbiol.
C. elegans é um hospedeiro metazoário de legionelas
Brassinga et al., 2010 Mol. Microbiol.
A infecção de Humanos por legionelas é um desvio ao seu ciclo de vida natural em amoebae
Replicação de legionelas em células eucariotas: estratégia essencial de virulência
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
O relacionamento entre as legionelas e amebas propicia de facto uma forma de protecção capaz de potenciar a capacidade de sobrevivência destas bactérias a ambientes hostis.
stress térmico e osmótico.
biocidas
antibióticos
Provavelmente esta protecção será a explicação mais plausível para o facto das legionelas conseguiram transitar de ambientes naturais para ambientes de intervenção humana, suportando os
vários tratamentos a que a água é sujeita.
Biofilmes
A maior parte da actividade bacteriana na natureza ocorre, não com as células individualizadas,
mas com as bactérias organizadas em comunidades sob a forma de um biofilme. Esses
biofilmes são constituídos por uma comunidade estruturada de células aderentes a uma
superfície inerte (abiótica) ou viva (biótica), embebidas numa matriz de exopolissacárido.
A associação dos organismos em biofilmes constitui uma forma de protecção ao seu desenvolvimento,
fomentando relações simbióticas e permitindo a sobrevivência em ambientes hostis.
Em ecossistemas aquáticos, mais de 99,9% das bactérias crescem em biofilmes associadas a
uma grande variedade de superfícies.
Os biofilmes mais comuns na natureza são heterogéneos, compostos por duas ou mais
espécies, podendo os produtos do metabolismo de uma espécie auxiliar o crescimento
das outras e a adesão de uma dada espécie fornecer ligandos que promovem a ligação
de outras.
Inversamente, a competição pelos nutrientes e a acumulação de metabolitos tóxicos
produzidos pelas espécies colonizadoras poderão limitar a diversidade de espécies num
biofilme.
Biofilmes
Protecção contra:
• Radiações UV
• Fagocitose
• Desidratação
• Predadores
• Antimicrobianos
Os principais componentes estruturais de biofilmes são:
• Microrganismos
• Matriz de exopolímeros
• Componentes de origem não-biológica
Cooperação metabólica e disponibilidade de nutrientes
as legionelas atingem sistemas de distribuição de água potável, e através deles, mesmo após tratamento da água, permanecem viáveis até ao fim da linha de distribuição de água de hotéis, hospitais e outros edifícios, incluindo torres de arrefecimento de sistemas de ar condicionado, cilindros de aquecimento, torneiras e chuveiros
Biofilmes
Um estudo de genómica comparada demonstrou que bactérias e vida livre possuem, em regra, genomas
maiores do que bactérias intracelulares.
Contudo este paradigma não se aplica a bactérias que residem em amibas.
O paradigma de Legionella pneumophila
Moliner et al., 2009 FEMS Microbiol Rev
O paradigma de Legionella pneumophila
guinea pig alveolar macrophages infected in vitro with L. pneumophila
http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/3677756.stm
A capacidade inata das legionelas conseguirem replicar-se em diferentes protozoa equipou estas bactérias com a capacidade de se replicarem em macrófagos alveolares humanos.
Replicação de legionelas em células eucariotas: estratégia essencial de virulência
Residem na via endocítica
Interagem com a via
secretora
Reside nos
lisossomas
Bactérias que foram internalizadas por células eucarióticas necessitam de evitar a fusão com o lisossoma ou desenvolver estratégias para sobreviver neste organelo. Bactérias que reside em
vacúolos que mantêm as características de endossomas
Bactérias alteram a via
endocítica e estabelecem vacúolos com características
únicas
Interagem com a via
secretora
Interagem com a via
secretora
Replicação de legionelas em células eucariotas: estratégia essencial de virulência
Residem na via endocítica
Adaptado de Garduno, RA. 2008. In: Legionella pneumophila: pathogenesis and immunity and Molmeret et al., 2004 Microbes Infect.
Nucleus
Forma Replicativa Forma Virulenta Intermediário Vesícula
Adesão e entrada
Saída
Maturação
Diferenciação
Estabelecimento
Replicação
Protozoa
Transmissão a humanos
através de aerossóis contaminados
Fase replicativa Fase transmissiva
Macrófago
Ciclo de vida bifásico
Bruggemannet al., 2006 Cell Microbiol
Jules and Buchrieser 2007 FEBS Letters
Forma replicativa
Forma virulenta
Transição rigorosamente regulada
Expressão de factores relacionados com a virulência
Legionella - Ciclo de vida bifásico
Yang et al., 2008 IJSEM
53 espécies de Legionella,
todas capazes de infectar protozoários
24 espécies foram associadas a casos de doença
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
L. pneumophila sg. 1 90% dos casos de Legionelose 90% dos casos de Legionelose
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
Yang et al., 2008 IJSEM
Há um bias entre a prevalência de L. pneumophila como principal responsável por casos de doença e a sua distribuição ambiental
Prevalência de Legionella sp. – doença vs ambiente
L. pneumophila sg.1; 84%
L. pneumophila sg. 2-14;
6%
Legionella bozemanae, L.
micdadei, and L. longbeachae;
7%
Other Legionella sp.; 3%
L. pneumophila sg 1;
29,1%
L. pneumophila sg 2-14; 46,5%
Total non-pneumophila legionellae;
24,4%
L. pneumophila sg.1 corresponde a 30% dos isolados ambientais e a 84% dos isolados clínicos
Distribuição ambiental
Distribuição clínica
Estirpes clínicas são menos diversas que
estirpes de ambientes artificiais
Ambientes artificiais
Estirpes clínicas
L. pneumophila sg1 associada a doença pode não ser devido à sua prevalência no ambiente, mas sim a uma maior capacidade infecciosa. Assim, isolados de ambientes artificiais e clínicos podem constituir um sub-grupo de todos os genótipos existentes especialmente adaptados.
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
Como as infecções têm origem ambiental e não ocorre transmissão entre pessoas, o estudo da diversidade genética subjacente a variações na capacidade infecciosa de estirpes isoladas de ambientes naturais, bem como de ambientes artificiais e clinicas, é fundamental na determinação de quais os mecanismos críticos no processo infeccioso.
Apesar do seu carácter ubíquo em ambientes aquáticos, a maioria dos estudos em legionelas focam estirpes
isoladas de ambientes sujeitos a intervenção humana na tentativa de estabelecer a ligação epidemiológica entre
o ambiente e casos clínicos.
Ambientes Natural
Ambientes artificiais
Estirpes clínicas
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
Roy and Isberg, 1997 Infect. Immun.
Wild-type L. pneumophila
Defective for all icm/dot-mediated virulence
activities
dotAWild-type L. pneumophila
Defective for all icm/dot-mediated virulence
activities
dotA
Proteina
efectora
Invasion and
trafficking pore
L. pneumophila Lisossoma
maior ilha de patogeneicidade, o complexo “intracellular multiplication (icm)/defective organelle trafficking (dot)”
é absolutamente necessário para a multiplicação em amibas e macrófagos
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
80 estirpes naturais
74 estirpes de ambientes de intervenção humana
21 estirpes de referências e tipo (Bumgbaugh et al., 2002; Ko et al., 2002; Costa et al., 2005)
119 estirpes de ambientes de intervenção humana e clínicas não relacionadas (Ko et al., 2006)
Estirpes Paris, Lens and Corby (Cazalet et al., 2004; Glöckner et al., 2007)
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
Estrutura da população inferida pelo gene dotA
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69Le171
JLP1066
Aco29
ATCC43703
SGT286
JLP1068JLP1054
JLP1070
JLP1069
JLP1064
ma31Aco22ATCC43290ma18ACO48Faco3Aco8JLP1041
Aco 20JLP1007
K0162
K0152
JLP1057
FRO
6
ALF15
IS1
JLP1071
ma28
ma32
ma1
FR
O5
JLP
1049
JLP
1052
JLP
1067
K0126
K0147
AT
CC
33215
K0127
JLP
1006
JLP
1037
Faco1
Faco5
Lens
AT
CC
43112
JLP
1008
ma16
JLP
1036
K0128
JLP1035
AC
O12
Aco67
JLP1047
JLP1065
JLP1051
NM
18
NM49
NM22NM53
Le58
Le49
K0157
K0156
K0165
ATCC33216
K0166K0158
ATCC33735
ATCC33736ATCC33737
ATCC33156 JLP1017 JLP1014 ATCC35251
JLP1019
0.02
dotA-A
dotA-B
dotA-C
dotA-D
dotA-E
dotA-A
dotA-B
dotA-E
dotA-D
dotA-C
Neighbor-joining method (MEGA4)
Costa et al., 2010
Environ. Microbiol.
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
Costa et al., 2010
Environ. Microbiol.
Influência da recombinação na evolução do gene dotA
RDP3 (Recombination detection program)
Philadelphia
Lansing 3Paris
Lansing 382A3105
Alf18Concord 3
Chicago 8
Leiden 1
Bloomington 2
IN-23G1-C2
797-PA-H
LE58AGN2
LE58 Bloomington 2 797-PA-HCorby
Lens
713Alf18
Unknown Dallas 1EIMC23
UnknownFelg244
UnknownIS30
Unknown1169-MN-H
Leiden 1
Unknown Bloomington 2
NM1
Leiden 1
UnknownU7W
Corby UnknownMICU B
Corby UnknownU8W
Corby UnknownLansing 3
UnknownLos Angeles 1
UnknownDallas 1E
U8W UnknownLE58
713Unknown
Chicago 2
LE58Dallas 1E
Togus 1
LE58Dallas 1E
570-CO-H
LE58Dallas 1E
LE58Dallas 1E
713
Lens
Lansing 3
Lansing 3
Lansing 3
Lansing 3
Lansing 3
Lansing 3
Lansing 3
17
LE58
AGN2
17
17
17
17
17
17
17
17
4
19
19
19
16 7
10
18
315
15
15
15
15
15
5
6
2
13
13
13
12
12
12
12
12
128
9
12
14
14
14
14
1
11
11
11
11
dotA-A
dotA-B
dotA-C
dotA-D
Philadelphia
Lansing 3Paris
Lansing 382A3105
Alf18Concord 3
Chicago 8
Leiden 1
Bloomington 2
IN-23G1-C2
797-PA-H
LE58AGN2
LE58 Bloomington 2 797-PA-HCorby
Lens
713Alf18
Unknown Dallas 1EIMC23
UnknownFelg244
UnknownIS30
Unknown1169-MN-H
Leiden 1
Unknown Bloomington 2
NM1
Leiden 1
UnknownU7W
Corby UnknownMICU B
Corby UnknownU8W
Corby UnknownLansing 3
UnknownLos Angeles 1
UnknownDallas 1E
U8W UnknownLE58
713Unknown
Chicago 2
LE58Dallas 1E
Togus 1
LE58Dallas 1E
570-CO-H
LE58Dallas 1E
LE58Dallas 1E
713
Lens
Lansing 3
Lansing 3
Lansing 3
Lansing 3
Lansing 3
Lansing 3
Lansing 3
17
LE58
AGN2
17
17
17
17
17
17
17
17
4
19
19
19
16 7
10
18
315
15
15
15
15
15
5
6
2
13
13
13
12
12
12
12
12
128
9
12
14
14
14
14
1
11
11
11
11
dotA-A
dotA-B
dotA-C
dotA-D
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
dotA-A
dotA-B
dotA-C
dotA-D
Philadelphia 1
Paris
82A3105
Concord 3
Chicago 8
Leiden 1
Bloomington 2
IN-23-G1-C2
797-PA-H
AGN2
Corby
Alf18
IMC23
Felg244
IS30
1169-MN-H
NM1
U7W
U8W
MICU B
Lansing 3
Los Angeles 1
Dallas 1E
LE58
Chicago 2
Togus 1
570-CO-H
Lens
713
F26 S1041
dotA-A
dotA-B
dotA-C
dotA-D
Philadelphia 1
Paris
82A3105
Concord 3
Chicago 8
Leiden 1
Bloomington 2
IN-23-G1-C2
797-PA-H
AGN2
Corby
Alf18
IMC23
Felg244
IS30
1169-MN-H
NM1
U7W
U8W
MICU B
Lansing 3
Los Angeles 1
Dallas 1E
LE58
Chicago 2
Togus 1
570-CO-H
Lens
713
F26 S1041
Substituição de aminoácidos
HAPPLOT Costa et al., 2010
Environ. Microbiol.
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
Estirpes de L. pneumophila isoladas de ambientes naturais (i.e. rios, lagos), possuem maior diversidade alélica e são distintas da maioria das linhagens contendo estirpes relacionadas com casos de doença.
Os alelos do gene dotA de estirpes isoladas de ambientes artificiais e relacionadas com casos clínicos estão sob pressão selectiva purificadora, antevendo que essas estirpes pertencem a um sub-grupo de todos os clones que foi selecionado pela sua capacidade de sobreviver e proliferar em ambientes artificiais e infectar com sucessos humanos.
A preservação da diversidade alélica do gene dotA nas estirpes ambientais antevê adaptações a diversos nichos.
Costa et al., 2010
Environ. Microbiol.
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
Ambientes Natural
Ambientes artificiais
Estirpes clínicas
Legionela – de organismo ambiental a agente patogénico acidental
Replicação de legionelas em células eucariotas: estratégia essencial de virulência
Legionelas estão organizadas em comunidades sob a forma de biofilmes que constitui uma forma de protecção
Colaboradores
Milton da Costa
António
Veríssimo
Filipa d’Avó Filipa Passos Rui Figueiredo
Legionella busters