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As análises ambientais na Geografia: o sistema GTP e suas possibilidades. Leandro Pessoa Vieira Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia – UFBA e-mail:[email protected] Resumo: Este artigo pretende explicitar o referencial teórico de uma pesquisa que tem como objetivo analisar as implicações ambientais promovidos pelo cultivo e processamento de mamona (ricinus communis L.) na microrregião geográfica de Irecê - Bahia. Observa-se na ciência geográfica uma lacuna teórico-metodológica que possibilite abordagens multidimensionais e transversais, sobretudo quando se trata da questão ambiental. As teorias existentes possuem limites que são facilmente observáveis, pois possuem viés dicotômico na análise da relação sociedade-natureza. Desta forma, surge a necessidade de novas abordagens de ordem geográfica para realçar a um só tempo, a globalidade e a interatividade dos sistemas ambientais. A proposta teórico-metodológica elaborada por Claude e Georges Bertrand (2009), para análises ambientais, o sistema GTP – Geossistema, Territórrio e Paisagem, busca contemplar esta reivindicação. Este modelo teórico direciona a análise por uma tríade de conceitos bastante utilizados Geografia e a partir de uma análise geográfica integrada e possibilita a compreensão de fenômenos que possuem origens múltiplas e por muitas vezes difíceis de serem delimitados. A ótica do GTP permite uma análise sistêmica na perspectiva da complexidade e surge como uma teoria interpretativa do meio ambiente com base na ciência geográfica. Palavras-chave: Analise ambiental. Geossistema. Território. Paisagem. GTP. Introdução Este trabalho pretende explicitar o referencial teórico de uma pesquisa que tem como objetivo analisar as implicações ambientais promovidos pelo cultivo e processamento de mamona (ricinus communis L.) na microrregião geográfica de Irecê - Bahia. Nesta área está ocorrendo uma reorganização produtiva diante da atual configuração geopolítica mundial em torno da necessidade de diminuição da dependência da matriz energética fossilista. Desta forma o discurso ecológico e ambientalista é evocado para julgar as conseqüências da manutenção das taxas atuais de queima de combustíveis fósseis em escala global. Emerge então, a necessidade busca de fontes energéticas alternativa à fossilista. Neste contexto surge uma produção energética, via biomassa, introduzida numa lógica global de utilização de insumos agrícolas para a produção de combustíveis, originando assim os agrocombustíveis. Desta forma as paisagens rurais podem ser alteradas em ambientes onde a atividade agrícola não possui esta finalidade, configurando novas monoculturas ou agrossistemas.

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As análises ambientais na Geografia: o sistema GTP e suas possibilidades. Leandro Pessoa Vieira

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia – UFBA e-mail:[email protected]

Resumo: Este artigo pretende explicitar o referencial teórico de uma pesquisa que tem como objetivo analisar as implicações ambientais promovidos pelo cultivo e processamento de mamona (ricinus communis L.) na microrregião geográfica de Irecê - Bahia. Observa-se na ciência geográfica uma lacuna teórico-metodológica que possibilite abordagens multidimensionais e transversais, sobretudo quando se trata da questão ambiental. As teorias existentes possuem limites que são facilmente observáveis, pois possuem viés dicotômico na análise da relação sociedade-natureza. Desta forma, surge a necessidade de novas abordagens de ordem geográfica para realçar a um só tempo, a globalidade e a interatividade dos sistemas ambientais. A proposta teórico-metodológica elaborada por Claude e Georges Bertrand (2009), para análises ambientais, o sistema GTP – Geossistema, Territórrio e Paisagem, busca contemplar esta reivindicação. Este modelo teórico direciona a análise por uma tríade de conceitos bastante utilizados Geografia e a partir de uma análise geográfica integrada e possibilita a compreensão de fenômenos que possuem origens múltiplas e por muitas vezes difíceis de serem delimitados. A ótica do GTP permite uma análise sistêmica na perspectiva da complexidade e surge como uma teoria interpretativa do meio ambiente com base na ciência geográfica. Palavras-chave : Analise ambiental. Geossistema. Território. Paisagem. GTP.

Introdução

Este trabalho pretende explicitar o referencial teórico de uma pesquisa que tem

como objetivo analisar as implicações ambientais promovidos pelo cultivo e

processamento de mamona (ricinus communis L.) na microrregião geográfica de Irecê -

Bahia.

Nesta área está ocorrendo uma reorganização produtiva diante da atual

configuração geopolítica mundial em torno da necessidade de diminuição da dependência

da matriz energética fossilista. Desta forma o discurso ecológico e ambientalista é

evocado para julgar as conseqüências da manutenção das taxas atuais de queima de

combustíveis fósseis em escala global. Emerge então, a necessidade busca de fontes

energéticas alternativa à fossilista.

Neste contexto surge uma produção energética, via biomassa, introduzida numa

lógica global de utilização de insumos agrícolas para a produção de combustíveis,

originando assim os agrocombustíveis. Desta forma as paisagens rurais podem ser

alteradas em ambientes onde a atividade agrícola não possui esta finalidade,

configurando novas monoculturas ou agrossistemas.

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De acordo com a publicação da pesquisa de produção agrícola municipal do IBGE

(2010), em 2008, a microrregião geográfica de Irecê é responsável por 51% da produção

nacional e por 65% da produção estadual de mamona. Esta reorganização pode tornar

vulnerável o ambiente da microrregião geográfica de Irecê, devido a diversos fatores tais

como: a utilização de agroquímicos para a manutenção da cultura de mamona que podem

contaminar o aquífero cárstico de Irecê; a pressão no solo pela permanência de apenas

um tipo de atividade realizada; dependência dos agricultores a uma racionalidade distante

de sua realidade com perda de sua autonomia na tomada de decisões, dentre outros.

Assim a pesquisa possui relevância por contribuir para o entendimento de

problemas ambientais a partir de uma análise geográfica integrada, que possibilite a

compreensão de fenômenos que possuem origens múltiplas e por muitas vezes difíceis

de serem delimitados, tentando abranger sua totalidade que não se esgotará na análise.

Para abordar os problemas fundamentais para a compreensão da dinâmica

espacial que ocorre na microrregião geográfica de Irecê será utilizado o modelo teórico

elaborado por Claude e Georges Bertrand: o sistema GTP - Geossistema, Território e

Paisagem. Desta forma este artigo tem como objetivo evidenciar a operacionalidade deste

modelo, de fonte geográfica, nas análises ambientais que agrega uma tríade de conceitos

para abordagens ambientais integradas e complexas.

Meio ambiente e Geografia

A Geografia por ser considerada uma ciência que tem como objeto transfronteiriço

(TOMASONI, 2004) da abordagem das relações sociedade e seu meio, comumente é

associada como uma forma de conhecimento possível para analisar a complexidade dos

processos ambientais. As diversas dimensões deste tipo de análise: política, natural,

econômica, social podem ser, de acordo com a perspectiva integradora, estudadas

conjuntamente em um determinado fenômeno ambiental. É importante considerar que a

análise ambiental é apenas um dos itinerários possíveis da Geografia.

Segundo Mendonça “tornou-se muito difícil e insuficiente falar do meio ambiente

somente do ponto de vista da Natureza quando se pensa na problemática sociedade-

natureza do presente” (2001, p.117) e por esta condição a análise ambiental de um

fenômeno se torna uma importante contribuição à sua compreensão.

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Para Boaventura de Souza Santos (2009) algumas distinções dicotômicas

repercutem academicamente em uma forma de conhecimento fragmentado que limitam a

compreensão da realidade. Dentre as análises dualistas nas ciências, alguns elementos

surgem como separados por essência, tal como a distinção Natureza x Sociedade.

Algumas ciências obtiveram sérios problemas com esta distinção, como a Geografia que

se fraturou em uma ciência dicotômica, na qual é possível se observar o que ficou

conhecido genericamente como Geografia Física e Geografia Humana.

Para realizar uma análise integrada do meio ambiente é indispensável à

consideração da multidimensionalidade do espaço-tempo. Esta propriedade pode ser

alcançada através do diálogo interno da Geografia e com outras ciências, através de seus

conhecimentos específicos que não podem ser isolados e devem ser compreendidos

dentro de uma totalidade.

Porém, observa-se na ciência geográfica uma lacuna teórico-metodológica que

possibilite abordagens multidimensionais e transversais, sobretudo quando se trata da

questão ambiental. As teorias existentes possuem limites que são facilmente observáveis,

pois possuem viés dicotômico na análise da relação sociedade-natureza. Não consideram

este par como dialético dentro de uma organização espacial, ou seja, fragmenta ao invés

de estabelecer conjugações.

Teoria geossistêmica e sua contribuição parcial nas análises ambientais

Um dos problemas fundamentais para a deficiência das teorias científicas nesta

temática é a analise por uma única via de movimento. Como um dos exemplos é possível

citar a teoria geossistêmica. Criada com a influência da teoria sistêmica elaborada por

Ludwing von Bertalanffy em 1901 (RODRIGUES, 2001), o precursor da utilização do

termo geossistema1 foi geógrafo russo Sotchava, no início da década 1960 (Bertrand e

Bertrand, 2009).

Para Sotchava (APUD MONTEIRO, 2001) o geossistema pode ser considerado

como “potencial ecológico de determinado espaço no qual há uma exploração biológica,

podendo influir fatores sociais e econômicos na estrutura e expressão espacial”.

1 Outros termos também podem são utilizados como sinônimos de geossistema dentre os quais é possível destacar:

Unidade de Paisagem, Sistema Geográfico, Sistema Territorial Natural (Bertrand e Bertrand, 2009).

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Esta definição revela a perspectiva naturalista da utilização deste conceito na ótica

do autor russo. Ao mesmo tempo em que há a pretensão de analisar as interações das

dimensões existentes de um dado espaço, Sotchava (1977) considera os fatores sociais e

econômicos como secundários e desprovidos de dinâmica própria, considerando apenas

a possibilidade da influência dos fatores sociais e econômicos sobre um “sistema natural”,

não desviando da abordagem dualista entre sociedade-natureza através da causalidade

linear e unidirecional.

De acordo com Ferreira (2010) a critica mais contundente ao modelo geossistêmico

de Sotchava é a imprecisão dos recortes espaciais expressado na ausência taxonômica.

Classificação esta proposta por Bertrand em 1968, quando elabora seu esquema

taxonômico de análise das unidades de paisagem.

Como o próprio autor ressalta, a noção de escala temporo-espacial é indispensável

para o estudo das paisagens e revela que a base geral de sua elaboração foi a taxonomia

das análises geomorfológicas de Tricart e Cailleux . O geossistema surge na proposta de

Bertrand, como a maior das três unidades inferiores2.

Fonte : Bertrand (2009) Figura 1: Geossitema de acordo c om Bertrand - 1968

2 Na taxonomia elaborada por Bertrand as unidades superiores são compostas, na ordem de grandeza espacial

decrescente, por: Zona, Domínio e Região Natural. E as unidades inferiores pelo: Geossistema, Geofácies e Geótopos.

(Bertrand e Bertrand, 2009)

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Bertrand salienta que as unidades inferiores se constituem em “uma boa base para

os estudos de organização espacial porque é compatível com a escala humana (2009,

p.42)”.

Para Bertrand (BERTRAND E BERTRAND, 2009, p.93) o geossistema é um

volume que se inscreve nas três dimensões do espaço, e se define por sua massa, isto é por uma certa quantidade de matéria e energia e por uma certa energia interna. Distinguem-se três tipos de componentes: componentes abióticos (litosfera, atmosfera e hidrosfera) que formam o geoma; componentes bióticos ou biomassa (fitomassa e zoomassa) que constituem o bioma e componentes antópicos.

Desta forma, analisando a definição gráfica (figura 1) e escrita dos geossistemas

para o Bertrand conclui-se que este está situado numa determinada porção do espaço,

sendo resultado da combinação dinâmica e interativa de diversos elementos físicos,

biológicos e antrópicos, no qual coexistem ordens e desordens, e que fazem da paisagem

um conjunto único e indissociável e em constante evolução, sendo reorganizada

frequentemente.

Comparando com a concepção de Sotchava, a definição de Bertrand aproxima-se

com mais intensidade das análises geográficas, sobretudo pela consideração dos recortes

espaciais possíveis e da ênfase da influência da atuação humana. As análises de fluxos,

interações e processos são evidenciadas. Ainda assim, a teoria geossistêmica possui

limites que são identificados pelo próprio autor, ao reconhecer que nestas abordagens

pode haver determinações naturalistas nas análises, pois

A inserção do fato antrópico no geossistema se limita, então, ao menos no estado atual da pesquisa, a levar em conta o impacto econômico e social sobre o complexo territorial natural, isto é, as modificações impostas as geófacies e aos geohorizontes e suas conseqüências sobre os estados e o comportamento do geossistema (BERTRAND E BERTRAND, 2009, p.98).

A ação humana, na teoria geossistêmica, continua sendo situada por uma única

direção. Há permanência da ‘ótica dicotômica da relação sociedade-natureza. As ações

da sociedade são visualizadas como “impactos” da sociedade sobre o ambiente e são

descontextualizados como se não houvesse processos societários que são manifestados

na ação sobre o geossistema, sendo que para Bertrand e Bertrand (2009, p.321).

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A clássica expressão: “impacto do homem sobre o meio” deve ser revista. De um lado, o homem é uma entidade filosófica enquanto que o que está em jogo no meio ambiente é a ação complexa das sucessivas sociedades humanas que constroem materialmente e simbolicamente seu território. Esta antropização se inscreve no tempo da história ecológica e social. E podemos identificar as fases. De outro lado, impacto significa uma ação brutal que se exerce do exterior do objeto considerado. As sociedades humanas não podem ser consideradas como estando fora de uma “natureza” (por sinal indefinível) e suas intervenções não são sempre brutais ou destruidoras. Elas criam um sistema híbrido que é seu próprio ambiente e que evolui sem cessar.

Os questionamentos que emergem são: por estas limitações, a teoria

geossistêmica deve ser olvidada? Descarta-se esta teoria por ela se mostrar insuficiente

para analisar a multidimensionalidade de um fenômeno geográfico?

Esta teoria pode se tornar uma importante ferramenta nas análises geográficas

desde que considerado suas limitações. Este conceito é naturalista e não é possível

considerá-lo como social. Sua operacionalidade e sua importância fundamental é a

consideração de processos temporais que não exclui a antropização, e por isso faz

conectar o tempo dos processos naturais com o tempo dos processos sociais (mesmo

sem explicar estes últimos).

Diante da tecnificação e economização do mundo, houve uma desnaturalização da

história “natural” (LEFF, 2010) e a teoria dos geossistemas pode auxiliar na

desconstrução deste pensamento. Os processos naturais não deixaram de acontecer

isoladamente, sem a interferência social. É evidente que os processos sociais

intensificaram e/ou alteram a dinâmica “natural”, mas não são os únicos a serem

considerados.

E para atribuir o caráter social de um trabalho que se pretende espacial e

geográfico não é possível reduzir a análise a um único conceito naturalista. Desta forma

conectando este conceito a outros com entradas sociais mais relevantes como território e

paisagem buscam-se compreender a complexidade, diversidade e simultaneidade dos

processos espaços-temporais que caracterizam um fenômeno ambiental.

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Território, Paisagem e a complementação espaço-temp oral da análise ambiental

A análise ambiental realizada por um conceito unívoco e de evocação naturalista

se torna enviesada. O ambiental é o campo da dialética sociedade-natureza e não há

motivos para se estudar esta relação por um único caminho ou por um conceito exclusivo.

A ótica naturalista tende a tratar as ações da sociedade através de uma

perspectiva maniqueísta. As designações “fator antrópico” e “impacto” são (re)

significados e postos sobre o ponto de vista dualista e numa visão causalística linear, sem

abordar a recursividade relacional causa-efeito3.

Retornando ao conceito de geossistema, é possível identificar que o espaço-tempo

considerado é o do natural. O tempo que se considera é o tempo das fontes, das

características bio-físico-químicas e dos ritmos naturais que estão sendo antropizados.

Outros “tempos” e as temporalidades sociais não estão situados. Problematizando a

condição do espaço-tempo, Gonçalves (2006, p.135) afirma que

Hoje o tempo de quem comanda a ação é mais rápido e, assim, os efeitos de sua ação tendem a ser mais imediatos em escalas cada vez mais ampliadas. Os ciclos biogeoquímicos, a biocenose de cada biótopo, assim como os ritmos socioculturais de cada lugar, sempre próprios ficam cada vez mais submetidos a ação de quem está fora e medindo sua ação em termos de rendimento monetário e exigindo de todos que suas vidas tomem o mercado como parâmetro e assim, que a quantidade torne-se mais importante que a qualidade.

Por isto para a compreensão da relação sociedade-natureza é imprescindível

proceder a investigação da multidimensionalidade do espaço-tempo. Considerado isto é

importante afirmar que as análises para o referido problema não podem possuir uma

primazia espacial, sendo que os tempos e as temporalidades devem ser ponderados, de

forma equilibrada com o espaço, já que estes formam um par dialógico, assim com a

Natureza-Sociedade e não podem ser analisados separadamente.

Surge, assim, a necessidade de utilização de conceitos que promovam a

consideração das diversas dimensões espaço-temporais e que possibilitem ênfase das

relações societárias e que permitam analisar processos originados distante do espaço de

3 Sobre o princípio da recursividade, de acordo com Morin (2010) uma causa gera um efeito e retorna de forma causal

a causa que o produziu.

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referência da pesquisa. Os conceitos de território e paisagem irrompem, e agregam ao

conceito naturalista de geossistema, circunstanciais sociais, indispensáveis a este tipo de

análise.

Território

De acordo com Sposito (2004), “não se pode pensar o território a-historicamente,

pois sempre que ele é estudado, a categoria tempo comparece de imediato como uma

referência necessária. (p.111)”.

Para Bertrand e Bertrand (2009 p.123) “a natureza não pode ser mais apreendida a

partir de cronologias estritamente naturalistas. O movimento da natureza deve ser inscrito

no movimento da história humana e vice-versa.” Desta forma, conceitos que possibilitem a

apreensão do tempo histórico como atuante é de fundamental relevância.

Este movimento da história humana está indissociado do caráter jurídico,

econômico, cultural e, sobretudo, político das relações societárias. Sendo que estas

relações são fundamentadas através do exercício do poder, portanto conflituosas. O

conceito de território abrange a interatividade das relações societárias em múltiplas

esferas e em diversas escalas espaciais.

Nas análises ambientais o conceito território é funcional para analisar as diferentes

maneiras pela qual a sociedade se apropria e modifica a natureza por meio das relações

de poder.

Nesta perspectiva o território não pode ser confundido como base espacial, pois,

como afirma Souza (2006, p.335)

o território não deve [...] ser simplesmente confundido com substrato espacial material que serve de referência para a territorialização.Os territórios não são “coisas”, matéria tangível, e sim “campos de força” que só existem enquanto duram as relações sociais das quais eles são projeções espacializadas.

Esta concepção, deste conceito, embute também o tempo das ações de caráter

socioeconômico e político da sociedade inserido nestes “campos de forças”. O tempo do

território, além de suas temporalidades múltiplas, é aquele no qual a fonte se torna

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recurso. De acordo com Gonçalves (2006) este conceito possui centralidade para

enfrentar o desafio ambiental contemporâneo e é também útil nas análises ambientais.

As ações dos diversos agentes, suas intencionalidades e sua vinculação ao um

determinado espaço4 são importantes neste conceito e nas estudos dos ambientes são de

fundamental importância para a compreensão dos processos de apropriação da natureza.

Sobre a relação sociedade-natureza, Bertrand e Bertrand (2009, p.125) afirmam

que

a potencialidade e a limitação não estão na natureza da natureza. Os determinantes, se existem, estão na sociedade. Eles exprimem ali [nos geossistemas] a desigualdade das sociedades e dos homens diante da natureza, do território, da paisagem. A natureza tem petróleo, mas ela não tem idéia!

O autor situa o território nesta afirmação como determinante para a utilização da

natureza. Ou seja, a natureza utilizando o conceito de território se torna recurso, já que

através da materialização da idéia pode ser potencializado ou limitado a apropriação e

utilização da própria natureza.

O emprego do conceito de território nas análises ambientais atribui a dinâmica das

relações societárias. Bertrand e Bertrand (2009, p.142) consideram que o território “é de

alguma forma a interpretação socioeconômica do geossistema”. é possível complementar

nesta afirmação que o uso do conceito de território possibilita a interpretação das relações

políticas ocrridas sobre o geossistema.

Quando utilizado conjugadamente com o geossistema, o conceito de território

possibilita a visualização da centralidade do tempo histórico, fundamental na

compreensão da relação sociedade-natureza. Como já ressaltado o tempo dos

geossistemas é o tempo do “natural”, colocando o espaço-tempo das sociedades com

algo estacionário e desprovido de dinâmica própria, submetido assim ao tempo “natural”.

4 Nesta proposta de análise, o espaço delimitado considerado é o geossistema.

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Paisagem

Este conceito possui um movimento dentro das ciências (inclusive geográfica) que

o proporciona múltiplos sentidos. Nos estudos ambientais em geografia ainda se evoca a

característica descritiva e análise fracionada. A paisagem, nesta perspectiva, é vista como

objeto como uma realidade independente dos olhares e percepções dos sujeitos.

Com a introdução de um panorama subjetivo a paisagem se torna

um objeto socializado, uma imagem, que só existe através do fenômeno fisiológico da percepção e de uma interpretação sociopsicológica [...] nem por isso deixa de ser uma estrutura natural, concreta e objetiva, isto é independente do observador (BERTRAND E BERTRAND, 2009, p.218).

A partir desta consideração percebe-se um dos motivos para uma recorrente

exclusão da paisagem nos estudos ambientais contemporâneos. Este conceito está

repleto de tensões e desconfortos proporcionados pelas conexões entre noções

aparentemente antagônicas e contraditórias tais como objetividade–subjetividade e

natureza-cultura, parte-todo.

A paisagem é estrutura e sistema a um só tempo (BERTRAND E BERTRAND,

2009). Estrutura devido a sua materialidade adaptada na dialética sociedade-natureza.

Sistema, pois, é uma tradução das coexistências de processos naturais e sociais. Os

sistemas de produções econômicos estão esteticamente registrados na paisagem. Afinal

a paisagem é sempre uma herança (AB’SABER, 2003).

É um legado dos processos fisiográficos e biológicos e dos processos históricos de

produção societária. A paisagem é ordem e desordem convivendo dialogicamente. É a

natureza na dimensão social e a sociedade numa dinâmica natural.

A paisagem está “inserida em uma rede coerente de significantes sociais”

(BERTRAND e BERTRAND, 2009, p.224). Ela não é e não pode ser considerada como

um registro neutro dos fenômenos naturais. A paisagem não é apenas aparência. Nela

estão incutidos, olhares penetrados de diversos valores sociais, sejam estes econômicos,

estéticos, religiosos, morais, ou seja, a paisagem é um produto social. Mas não se pode

esquecer que

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mesmo as paisagens mais artificializadas permanecem sempre dominadas por mecanismos naturais: energia solar, fotossíntese que elabora a matéria viva, ciclos biogeoquímicos, energia gravitacional, etc. Não há paisagem sem dimensão ecológica. (BERTRAND E BERTRAND, 2009, p.172)

Nos estudos ambientais a paisagem pode ser vista como objeto, mas não apenas

como tal. E o distanciamento desta visão centralizadora objetiva pode ser obtido

considerado no tempo das análises paisagísticas: é o tempo do sociocultural, das

múltiplas temporalidades das representações e dos símbolos nas dimensões identitárias.

A conexão da paisagem com os outros dois conceitos supracitados possibilitam

uma visão transversal, em multiescalas temporais e espaciais de um determinado

fenômeno considerado ambiental.

O olhar geográfico: análises ambientais no sistema GTP (Geossistema, Território e

paiasagem).

Como já ressaltado existem déficits teórico-metodológicos e epistêmicos para as

análises ambientas. De acordo com a reflexão de Rodrigues (2009, p.176).

Vivemos uma crise paradigmática, mais ainda não temos um novo paradigma científico nas abordagens ambientais na Geografia. Uma mudança paradigmática, que provocaria uma revolução científica, seria entender a dinâmica da natureza, a produção e reprodução do espaço, as dinâmicas societárias, em sua totalidade, em suas contradições e conflitos e assinalar a importância do espaço e do território.

A autora afirma que há lacunas nas formas de conceber os problemas ambientais

na análise científica. Em sua afirmação deixa explícito que o paradigma da complexidade

é o fundamento de sua reflexão e que a crise paradigmática a qual ela se refere é a crise

da simplificação, da fragmentação, dos isolamentos e dos excessivos reducionismos na

ciência.

A proposta teórico-metodológica elaborada por Claude e Georges Bertrand (2009),

para análises ambientais, o sistema GTP – Geossistema, Territórrio e Paisagem, busca

contemplar esta reivindicação expressada pela escrita de Rodrigues. Este modelo teórico

direciona a análise por uma tríade de conceitos bastante utilizados na ciência geográfica.

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E é aí que reside seu diferencial. A interação interna através de conceitos com enfoque

diferenciados o que proporciona a superação de problemas limitadores à ciência como as

dicotomias5 e as abordagens setoriais multilantes.

Os conceitos de geossistema, território e paisagem utilizados conjuntamente em

uma análise permite a compreensão dos processos e das dinâmicas naturais e sociais de

um fenômeno. Os caminhos se ampliam. A sociedade não é mais analisada como um

elemento “impactante” ao ambiente. A natureza possui dinâmicas com a atuação social e

estas ações são promovidas com intencionalidades e a partir de contextos (geo)políticos,

econômicos, culturais e sociais dinâmicos.

Este modelo é uma busca de ordem geográfica para realçar a um só tempo, a

globalidade e a interatividade de todo sistema ambiental, tendo a noção de que a

totalidade não se esgotará por esta via teórico-metodológica.

Ao refletir sobre a natureza dos conceitos Haesbaert (2009, p.621) afirma que

A “identidade” de um conceito, um pouco como na própria construção de uma identidade social, não se define simplesmente pela concepção clara de um “outro” frente ao qual ele se impõe, mas pela própria definição que este outro lhe concede – portanto na sua interação. Isto significa que as “identidades” conceituais devem ser trabalhadas através das fronteiras, no interior dessas delimitações que aparentemente separam, ou seja nos limiares, nas interfaces sem o às vezes estabelecimento de um recorte de delimitação estanque e bem definido.

O sistema GTP segue esta perspectiva. A interação entre os conceitos de

geossistema e paisagem, geossistema e território, território e paisagem e dos três

conjuntamente ampliam suas lentes objetivas, ou seja, aquilo que lhe dá o caráter de

científico. Estes conceitos se tornam complementares nas suas diferenças. E suas

diferenças são visíveis nas referências espaciais e temporais embutidas nos conceitos.

A proposta do GTP é

de relançar a pesquisa ambiental sobre bases multidemensionais, no tempo e no espaço, quer seja nos quadros das disciplinas ou mesmo em formas de construção de interdisciplinaridade. Sua vocação primeira é favorecer uma reflexão epistemológica e conceitual e, na medida do possível, desencadear proposições metodológicas concretas. (BERTRAND E BERTRAND, 2009, p.306)

5 Teoria x prática, epistemologia x método, sociedade x natureza.

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Para Bertrand e Bertrand (2009) nas análises ambientais há um desequilíbrio do

par espaço-tempo. Sendo que as maiores deficiências estão nas referências temporais

A partir desta deficiência nas considerações temporais nas análises ambientais o

modelo GTP busca evitar a cronologia sem temporalidades, a primazia de um tempo

linear e evolutivo, permitindo a análise da ocorrência das simultaneidades sincrônicas e

também dos acontecimentos diacrônicos.

Os diversos tempos do meio ambiente nos conceitos do GTP, de acordo com

Bertrand e Bertrand (2009) estão assim dispostos e permitem as seguintes leituras:

O geossistema é o tempo do natural, dos componentes biofísicos. O território é o

tempo histórico, social, econômico e político. A paisagem é o tempo do atual e do cultural,

mas no sentido de ressurgimento, das múltiplas temporalidades da representação.

No GTP, assim como o tempo, a natureza também possui significações diversas.

No geossistema a natureza é fonte, no território ela se torna recurso e na paisagem é

organização.

As sociedades também podem ter leituras distintas no sistema GTP, baseado em

sua característica relacional com natureza ou com as próprias sociedades. No

geossistema a sociedade é vista como ação transformadora6. Já no conceito de território

as relações de poder são evidenciadas, enquanto que na paisagem o que sobressai é a

representação.

Fonte: Bertrand e Bertrand, 2009. Esquema 1: Leituras conceituais e seu significados relacionais no sistema GTP. Org.: Leandro Vieira, 2011.

6 O que normalmente é chamado de impacto.

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Para Morin (2010) há coexistência entre a simplificação e a complexidade na

perspectiva desta última. Desta forma, o esquema surge como, uma ferramenta

simplificadora da linguagem científica através da representação gráfica, mas que pode

proporcionar as direções de uma idéia abrangente e complexa. O esquema anterior

expressa como é concebido o tempo, a natureza e sociedade na ótica do GTP.

Estes três conceitos conjugadamente ou em sua unidade são, a um só tempo,

parte e todo, contraditórios e complementares, uno e múltiplo.

Esta proposta é uma tentativa de conceber a articulação, identidade e diferença de

um fenômeno ambiental, através de uma perspectiva sistêmica. Para Tricart (2006, p.

108) “a abordagem sistêmica é adimensional e concilia o infinito temporal e espacial”.

Com o sistema GTP, observam-se as possibilidades de análise do multidimensional, pois

o fenômeno ambiental possui diversas dimensões atuantes, condicionantes e que são

condicionadas pela dinâmica destas mesmas dimensões assim como nas suas

interações.

Acrescenta-se que a análise na ótica do GTP permite uma análise sistêmica na

perspectiva da complexidade. O tetragrama organizacional elaborado por Morin (2010) é

um importante norte epistemológico para análises de um determinado sistema. Nesta

perspectiva todo sistema é guiado pelas noções de ordens, desordens, interações e

reorganizações, onde as ordens são as regularidades, as desordens são as desavenças

que interagem com as regularidades e indicam para onde o sistema vai.

Compreendendo nesta perspectiva de análise sistêmica da relação sociedade-

natureza que as regularidades e desavenças podem ser proporcionadas por elementos

naturais e/ou sociais.

Considerações finais

A Geografia possui conceitos operacionais para a análise dos processos

ambientais. Mas é importante ressaltar que o termo conceito aqui surge no plural. Plural

porque a necessidade de utilização de mais de um conceito pode envolver uma sucessão

de eventos e processos espaço-temporais através de perspectivas distintas e

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complementares, indispensáveis para a compreensão dos processos ambientais. Com o

emprego de um único conceito a possibilidade de fragmentação e isolamento de um

estudo a uma única via de movimento se torna elevada.

Desta forma o conceito de geossistema é essencialmente naturalista. Já o

conceito de território é social e enquanto o de paisagem é um híbrido, polissêmico e que a

dialética objetividade-subjetividade rege. Estes conceitos permitiram a elaboração do

sistema GTP, no qual o fenômeno ambiental pode ser posto através de leituras

diferenciadas. O GTP é conectado por tempos e temporalidades diversas, o que permite a

problematização mais abrangente do fenômeno ambiental.

A pluralidade que os caminhos da utilização destes conceitos são promissores,

pois, em um diagnóstico preliminar é possível efetuar a análise neste sistema tripolar por

métodos que são aparentemente díspares. O método positivista pode surgir, sobretudo

quando se avalia os estados dos geossistemas. O método dialético pode ser inserido com

o conceito de território nas análises das interações constituintes nas relações de poder. E

o método fenomenológico hermenêutico pode aparecer se for considerada a interpretação

sociopsicológica do arranjo paisagístico.

No trabalho sobre as implicações ambientais do cultivo e processamento da

mamona na microrregião geográfica de Irecê, os geossistemas serão considerados,

analisados e avaliados, mas a coagulação será contemplada através dos conceitos

território e paisagem (ponto de partida empírico) onde são consideradas dentre outras

coisas, as relações de poder e a política.

A categoria território possibilita, por exemplo, compreender processos que não

estão localizados na área de estudo e que interferem na sua organização, tais como a

normatização do PNPB – Programa Nacional de Produção de Biocombustíveis que está

inserido em um contexto geopolítico global e que implicam alterações paisagísticas e

geossistêmicas no recorte espacial a ser estudado.

O sistema GTP surge como uma possibilidade interpretativa do meio ambiente

com base na ciência geográfica. É uma tentativa também de ultrapassar as dificuldades

das questões conceituais e metodológicas, principalmente devido ao fechamento das

análises excessivamente específicas e fragmentadoras.

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