lago do parque municipal de turismo e lazer rogério gomides

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    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁSUNU DE PIRES DO RIO-GO

    CURSO DE GEOGRAFIA

    LAGO DO PARQUE MUNICIPAL DE TURISMO E LAZER ROGÉRIO GOMIDECUNHA DE PIRES DO RIO-GO

    FABIANA APARECIDA BARBOSA DOS ANJOS

    ORIENTADORA: PROFª. MS. CRISTIANE DIAS

    PIRES DO RIO-GO2012

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    FABIANA APARECIDA BARBOSA DOS ANJOS

    LAGO DO PARQUE MUNICIPAL DE TURISMO E LAZER ROGÉRIO GOMIDECUNHA DE PIRES DO RIO-GO

    Trabalho de Conclusão de Curso elaborado junto aUniversidade Estadual de Goiás, UnU de Pires doRio, Curso de Geografia, como requisito parcial paraobtenção do título de Licenciada em Geografia.

    ORIENTADORA: PROFª. MS. CRISTIANE DIAS

    PIRES DO RIO-GO2012

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    FABIANA APARECIDA BARBOSA DOS ANJOS

    LAGO DO PARQUE MUNICIPAL DE TURISMO E LAZER ROGÉRIO GOMIDECUNHA DE PIRES DO RIO-GO

    Trabalho de Conclusão de Curso elaborado junto a Universidade Estadual de Goiás, UnU-Pires do Rio, Curso de Geografia, para obtenção do título de Licenciado em Geografia.

    BANCA EXAMINADORA

     _____________________________________________________PROFª. MS. CRISTIANE DIAS

    ORIENTADORA (UEG –  Unidade Pires do Rio-GO)

     ________________________________________________________PROFª. MS. TALITA CABRAL MACHADOMEMBRO (UEG –  Unidade Pires do Rio-GO)

     ________________________________________________________PROFª. MS. MARIA ENI SOUZA DIAS FREIRE

    MEMBRO (UEG –  Unidade Pires do Rio-GO)

    Pires do Rio ___/___/___

    Resultado____________

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou o meu caminho durante esta

    caminhada.

    Agradeço também ao meu esposo Julio Cezar que de forma especial e carinhosa

    me deu força e coragem, me apoiando nos momentos de dificuldade, quero agradecer também

    ao meu filho que sempre me iluminou de maneira especial.

    Aos meus pais Vicente e Cleide e meus irmãos que sempre estiveram ao meu

    lado.

    A todos os professores do curso que durante quatro anos foram tão importantes naminha vida acadêmica. A minha orientadora Cristiane Dias pelas suas orientações. A professora

    Maria Erlan que com seu sorriso no rosto sempre nos incentivou a seguir em frente.

    As pessoas que contribuíram, como os funcionários da SANEFER, moradores do

     bairro, Luiz Eduardo Pitaluga da Cunha e Paula.

    Aos meus colegas e amigos que sempre me incentivaram no meu trabalho.

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     Dedico esta monografia ao meu esposo e ao meu filho, eles sempre me

    deram forças para continuar, sendo pessoas especiais na minha vida e que

    me ensinaram muitas coisas e que uma delas foi que por mais que

    o caminho esteja difícil e doloroso, devo prosseguir. Obrigada por sempre

    estarem ao meu lado me dando forças. Amo vocês. 

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    RESUMO

    Ao longo dos tempos o homem modificou o meio ambiente de acordo com as suasnecessidades, e muitas vezes sem se preocupar com as consequências futuras. Com isso elealtera não só seu espaço, mas a qualidade e a quantidade dos recursos naturais disponíveis nanatureza. A paisagem natural já não é encontrada como antes, e o que se nota são constantesmudanças nas cidades. Em Pires do Rio-GO foi observada uma grande mudança na paisagemde determinada área da cidade com a construção de um lago, onde a proposta inicial era deum local para turismo e lazer em uma cidade carente de atrações para a população e paravisitantes. O objetivo desse trabalho é conhecer a história e analisar as características físicasdo Lago Municipal de Turismo e Lazer Rogério Gomide Cunha no município de Pires doRio-GO. O trabalho fez observações a cerca da fragilidade do ambiente e a relação entre o

    solo e a declividade encontrada na área onde foi realizada a obra. Para essa pesquisa foramutilizadas diversas obras para um bom embasamento teórico, como Silva (2009), Tundisi(2003), Mendonça (2004), Vernier (1998), Petrella (2002), Ross (2006), Dias (2008) entreoutros. Através da revisão bibliográfica constatamos que o lago foi construído em um localque tem potencial erosivo, o que é agravado com a declividade do lugar, que fica em torno de8 a 12%, o que segundo Dias (2008) é propicio a voçorocas e erosões. Talvez por isso a obraainda não foi concluída e está passando por constantes reformas, ao que tudo indica, em vão.A população ainda não sabe se terá de volta aquele parque bonito que foi inaugurado e muito

     badalado no início, mas que logo depois virou um local praticamente abandonado e com poucas esperanças de recuperação.

    Palavras-chave: Degradação ambiental; Cerrado; Mata Ciliar; Lago; Paisagem; Fragilidade;Pires do Rio.

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    LISTA DE ILUSTRAÇÕES

    Lista de Figuras:

    Figura 1: Gráfico com a distribuição da água pelo mundo --------------------------------------- 18

    Figura 2: Mata de Galeria ao longo de um rio ----------------------------------------------------- 31

    Figura 3: A Cachoeira do Maratá. ------------------------------------------------------------------- 38

    Lista de Mapas:

    Mapa 1: Localização do Município de Pires do Rio-GO ----------------------------------------- 35

    Mapa 2: Mapa da Microrregião de Pires do Rio-GO/2007--------------------------------------- 36

    Mapa 3: Planta urbana com a localização do lago de Pires do Rio ----------------------------- 43

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    LISTA DE FOTOS

    Foto 1: Inicio das obras para a construção do Lago do Parque de Turismo e Lazer RogérioGomide Cunha, em Pires do Rio-GO ---------------------------------------------------------------- 48

    Foto 2: Construção em andamento do Lago do Parque de Turismo e Lazer Rogério GomideCunha, em Pires do Rio-GO --------------------------------------------------------------------------- 49

    Foto 3: O lago já está enchendo e às margens já existe grama plantada ------------------------ 50

    Foto 4: Podemos notar o quanto a obra já esta adiantada, inclusive já possui alguns brinquedos no parque ----------------------------------------------------------------------------------- 51

    Foto 5, 6, 7 e 8: Patos às margens do Lago do Parque Municipal de Turismo e Lazer RogérioGomide Cunha de Pires do Rio-GO. À direita área gramada e já podemos notar que o lago jáesta cheio. Pessoas utilizam a pista de caminhada. Na ultima foto nota - se mudas de plantasornamentais as quais fazem parte do processo de paisagismo ------------------------------------ 52

    Fotos 9, 10, 11 e 12: O Lago do Parque Municipal de Turismo e Lazer Rogério GomideCunha de Pires do Rio-GO após ser esvaziado ----------------------------------------------------- 53

    Fotos 13, 14, 15 e 16: Inicio da reformar para tentativa de conter a permeabilidade.Material para ser usado na reforma do Lago, já começam a cobrir o assoalho do Lago do

    Parque Municipal de Turismo e Lazer Rogério Gomide Cunha de Pires do Rio-GO. Na ultimafoto o lago já esta enchendo --------------------------------------------------------------------------- 54

    Foto 17 e 18: O lago sendo enchido após colocação das lonas no assoalho e o lago vazioalguns dias depois --------------------------------------------------------------------------------------- 54

    Foto 19: Mangote utilizado para levar a água da nascente até o lago --------------------------- 55

    Foto 20: Foto do ladrão de água ---------------------------------------------------------------------- 56

    Foto 21: A atual situação do Lago Municipal de Turismo e Lazer Rogério Gomide Cunha -- 57

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    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------------- 09

    1 OS IMPACTOS NO MEIO AMBIENTE E SEUS REFLEXOS -------------------------- 12 

    1.1 Degradação Ambiental --------------------------------------------------------------------------- 12 

    1.2 Recursos Hídricos --------------------------------------------------------------------------------- 17 

    2 METAMORFOSE DA PAISAGEM NATURAL DO CERRADO: O Caso da

    Paisagem de Pires do Rio-GO --------------------------------------------------------------------- 26 2.1 O Cerrado Brasileiro ----------------------------------------------------------------------------- 26 

    2.2 As Matas de Galeria –  “Mata Ciliar” --------------------------------------------------------- 29 

    2.3 Regeneração Natural da Mata Ciliar --------------------------------------------------------- 33 

    2.4 O Município de Pires do Rio-GO -------------------------------------------------------------- 35 

    3 O LAGO DO PARQUE MUNICIPAL ROGÉRIO GOMIDE CUNHA ---------------- 42

    3.1 O Lago Municipal de Turismo e Lazer Rogério Gomides da Cunha: questõesambientais ----------------------------------------------------------------------------------------------- 45 

    3.2 Problemas de Infra-Estrutura na Construção do Lago Municipal de Turismo e

    Lazer Rogério Gomide Cunha em Pires do Rio-GO ------------------------------------------- 52 

    CONSIDERAÇÕES FINAIS ------------------------------------------------------------------------ 58 

    REFERÊNCIAS --------------------------------------------------------------------------------------- 60 

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    INTRODUÇÃO

    Os ambientes naturais ou artificiais são constantemente modificados pelo homem,

    tendo como consequência mudanças nas paisagens do mundo todo. Tais alterações nem

    sempre ficam somente com saldo positivo para a natureza, pelo contrário, cada dia mais se vê

    a mercê das vontades e necessidades dos homens, e seus recursos que antes pareciam

    infindáveis já começam a dar sinal de alerta.

    As transformações causadas pelo homem no meio ambiente geralmente são para

    satisfazer as suas necessidades. Muitas vezes substitui paisagens naturais sem pensar nas

    consequências que o meio sofrerá, pois o homem tira do ambiente para seu sustento e tambémvisando lucros sem se preocupar com o que vai acontecer com o meio, ate que surgem os

     problemas.

    O homem enquanto ser social que é, transformou e produziu recursos que se

    tornaram indispensáveis para a vida em sociedade. A população aumentou muito e os recursos

    naturais ficaram escassos na medida em que aumentou também a dificuldade de distribuí-los

    igualmente entre as pessoas, gerando as desigualdades sociais.

    O crescimento urbano trouxe vários impactos ao meio ambiente, especialmentenas grandes cidades, onde se nota alterações na fauna, flora, relevo, nos recursos hídricos e no

    clima. Essas alterações resultam em poluição e degradação ambiental, além da poluição

    sonora, a poluição visual, a poluição das águas, do solo e da atmosfera, os esgotos, os

    resíduos industriais e a produção de grandes volumes de lixo. O impacto ambiental causado

     pela urbanização torna-se então em um dos maiores desafios para as autoridades e um dos

    maiores causadores das mudanças nas paisagens das cidades.

    Mas as transformações que ocorrem na natureza são necessárias para amanutenção do homem na terra. Essas modificações são feitas pelo homem e também pela

     própria natureza, o que falta muitas vezes é bom senso do homem ao fazer isso. Geralmente

    as cidades localizam-se e crescem às margens de rios e muitas vezes não há planejamento

    nessas construções e acaba comprometendo tanto os recursos hídricos como as construções

    edificadas em locais impróprios. Para essas construções muitas vezes o homem acaba

    devastando o meio ambiente, é o que ocorre com as matas ciliares, que dão lugar para

    construções e pastagens o que cedo ou tarde compromete as águas dos córregos e rios.

    O objetivo desse trabalho é estudar a história e analisar as características físicas do

    Lago Municipal de Turismo e Lazer Rogério Gomide Cunha construído na área urbana do

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    município de Pires do Rio-GO. O local quando inaugurado foi muito elogiado e a promessa é

    que seria um ponto aonde as pessoas iriam para caminhar, ter uma paisagem bonita para olhar,

    local para as crianças brincar, enfim, um lugar agradável aos olhos e aos sentidos.

    Mas a obra passou por uma série e problemas e atualmente está em reforma, sem

    data prevista para uma possível reinauguração. Ao longo desse trabalho analisamos os

    motivos os quais essa obra não foi concluída, se é por causa da fragilidade do ambiente, ou

    tipo de solo que é impróprio para tal obra.

    O interesse em realizar essa pesquisa foi a vontade de saber se o local escolhido

     para a construção do lago era próprio para receber a obra, se o solo seria resistente e

    suportaria bem os impactos que sofreria com a construção. Para nossa surpresa logo foi

    detectado os problemas de infiltração, que resultaram no esvaziamento do lago para tentarconcertá-lo. Foi interessante acompanhar os procedimentos realizados ao longo da reforma do

    lago, pena que não foi possível finalizar esse trabalho com a obra concluída, e ainda

    encontramos certa dificuldade em encontrar dados referentes a história da construção do lago.

    O trabalho foi feito com revisão bibliográfica que muito contribuíram para a sua

    conclusão. Entre os mais utilizados citamos Dias (2008) que realizou um trabalho importante

    na região de Pires do Rio-GO fazendo o mapeamento do município e nos forneceu dados

    essenciais para a realização desse trabalho. Outros autores utilizados foram Ross (1993) e(2006), Petrella (2002), Mendonça (2004), Drew (2002), Casseti (1991), Ab’Saber (2003),

    Ribeiro (1998) e vários outros.

    O trabalho foi estruturado em três capítulos. No primeiro capítulo a degradação

    ambiental é discutida, mostrando como a interferência humana nos ambientes naturais acabou

     provocando grandes mudanças na fauna, flora, relevo e hidrografia dos lugares. Nesse capítulo

    discute-se também a importância dos recursos hídricos e como eles têm sido mal tratados

    correndo o risco e se tornarem cada vez mais caros e escassos para o consumo humano. No segundo capítulo a metamorfose da paisagem natural do Cerrado, dando

    especial enfoque ao município de Pires do Rio-GO área dessa pesquisa. Dando continuidade a

    discussão sobre os recursos hídricos, nesse capítulo abordamos a importância da manutenção

    das matas ciliares e a regeneração natural delas, para uma melhor quantidade e qualidade da

    água. O município de Pires do Rio está localizado no sudeste do estado de Goiás e leva o

    nome de uma das principais regiões do estado, a estrada de ferro. Nota-se que essa no século

     passado determinou várias modificações e progresso nessa região, mas atualmente já não tem

    grandes influências na economia local. A principal atividade do município fica em torno da

    criação de gado para corte e leite, além da avicultura, que se expande mais a cada dia.

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    O terceiro e último capítulo traz a história do Lago Municipal de Turismo e Lazer

    Rogério Gomide Cunha em Pires do Rio-GO. O lago foi construído recentemente na área

    urbana da cidade em um local praticamente abandonado, onde as pessoas jogavam lixo e

    animais mortos, o que deixava o lugar mal visto pela vizinhança que sofria com o mau cheiro.

    Mostramos o passo a passo dessa obra e as modificações observadas na paisagem do local.

    Mas o lago acabou tendo alguns problemas e precisou passar por reformas para tentar sanar

    uma infiltração observada logo após sua inauguração. A obra até hoje não foi concluída e o

    local está praticamente abandonado, já que sem o lago a bonita paisagem, virou um enorme

     buraco onde as pessoas já não queriam mais apreciar. Analisamos a situação do relevo e a

    fragilidade desse ambiente que era para servir de área de lazer e turismo e acabou se tornando

    uma obra inacabada.Em seguida fazemos as considerações finais, com as observações sobre o local da

     pesquisa e as referencias utilizadas para a realização do trabalho.

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    1 OS IMPACTOS NO MEIO AMBIENTE E SEUS REFLEXOS

    O homem sempre vem transformando as paisagens, para satisfazer suas

    necessidades sejam elas para sobrevivência ou por um simples desejo. O homem transforma a

     paisagem sem se preocupar, se há uma nascente que vai ser prejudicada, se há um curso

    d’água que vai ser desviado, construções sobre ou sob este curso, construção de lagos

    artificial, represas, o mau uso da água e muito mais. Tudo isso altera não só a paisagem, mas

    também a qualidade e quantidade de água daquele curso levando até ao desaparecimento

    deste.

    A partir das relações homem natureza este capítulo tem como objetivo discutir aalterações dos ambientes naturais mostrando a visão do homem na natureza e a fragilidade

    ambiental, onde se ressalta a degradação ambiental e os recursos hídricos.

    1.1 Degradação Ambiental

    Os ambientes naturais viveram em equilíbrio até a intervenção humana na

    exploração dos recursos naturais. O homem como um ser racional que é, procurou adequar a

    natureza às suas necessidades. O lugar que antes oferecia o básico para a sobrevivência sofreu

    mudanças ao longo do tempo e com isso os recursos naturais foram minando com o passar

    dos anos.

    Mas para Drew (2002) o homem não é uma criatura racional, pois suas atitudes

    com a Terra e suas reações ao ambiente tem variado bastante ao longo do tempo, além davariação entre as diferentes regiões e culturas. O homem primitivo via a natureza como

    sinônimo de Deus e, portanto deveria ser temida e respeitada.

     Na atualidade as abordagens para a mudança ambiental oscilam, existem os que

    acreditam que tudo o que pode ser feito, deve ser feito, já outros defendem a proteção, a volta

    à natureza, isso muitas vezes é determinado pelas tradições culturais dos lugares nas atitudes

    das pessoas em relação ao ambiente, segundo Drew (2002).

    Drew (2002) afirma que a maneira como o homem ocidental encara o seu meio

    ambiente vem da ideia de que o homem, ao contrário das outras criaturas, foi feito à imagem

    de Deus e tem o direito de dominar o mundo. Para reforçar isso o autor cita uma passagem

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     bíblica: “Deus os abençoou e disse: Crescei e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a, e

    dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves do céu, e sobre todos os animais que se

    movem sobre a terra. (Gênesis, Capítulo 1º, v.28)”. (DREW, 2002, p.1). 

    Seguindo a mesma ideia de que o mundo é destinado ao beneficio do homem,

    outros povos também defendiam o intenso domínio do homem sobre a natureza. “Em outras

    culturas, a concepção de mundo produziu reações muito diferentes em relação à natureza”.

    (DREW, 2002, p.3). O autor cita vários exemplos da visão dos povos sobre a natureza: os

    índios dos Estados Unidos viam na natureza virgem símbolos diretos do mundo espiritual; na

    China alguns aspectos da Terra eram considerados manifestações do cósmico. Essas

    abordagens afetaram o modo como o homem procurou moldar o ambiente que o cerca e essa

    relação homem-meio está chegando a uma situação crítica, já que as mudanças realizadas pelohomem estão a ponto de se tornarem irreversíveis, segundo Drew (2002).

    O homem transformou a natureza e produziu os recursos indispensáveis a sua

    existência. Casseti (1991) afirma que essa foi a transformação da primeira natureza em

    segunda natureza, ao mesmo tempo em que o homem naturalizava a sociedade ao incorporar

    os recursos da natureza, ele socializava a natureza ao modificar suas condições originais e

     primitivas.

    “[...] A relação homem-natureza é um processo de produção de mercadorias ou de produção da natureza”. (CASSETI, 1991, p.14). O homem não pode ser considerado apenas

    um habitante da natureza, pois ele apropria e transforma as riquezas da natureza para a

    sociedade usufruir.

    Segundo Ross (1993) as revoluções técnico-científicas juntamente com o

    desenvolvimento econômico transformaram o homem como ser social, aumentou a

    expectativa de vida da população e reduziu a mortalidade, o que não se conseguiu foi reduzir

    a natalidade do mesmo modo como seria o ideal para haver maior equilíbrio no meio

    ambiente. Assim houve um rápido crescimento demográfico, esse aumento gerou um grande

    impacto sobre os meios naturais.

     Nessas áreas de influência, o tecnicismo gerou impactos sociais muito maisagressivos, contribuindo para um verdadeiro desequilíbrio nas relações sociais,culturais, econômicas e ambientais. Houve rápida modificação nos sistemas de

     produção com as novas tecnologias. (ROSS, 1993, p.63).

    O avanço tecnológico proporcionou um grande desenvolvimento econômico, mas

    todo esse progresso não foi acompanhado pelo desenvolvimento na área social e cultural para

    a maior parte da população. O desenvolvimento deu-se de modo desigual enriquecendo

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    algumas regiões e em contrapartida outras ficaram completamente estagnadas com suas

     populações vivendo em situação de extrema pobreza.

    A diferença de riqueza entre as nações contribui para o desequilíbrio ambiental e o

     processo de urbanização não é acompanhado pela expansão da infra-estrutura, principalmente

    de saneamento, o que acaba por provocar a degradação no ambiente ao lançar na natureza

    grande parte dos dejetos.

    O uso dos recursos naturais requer um planejamento para que não se esgotem os

    meios de trabalhar a terra, pois a médio e longo prazo isso pode trazer problemas para as

     pessoas e também para o ambiente. Mas há quem acredite que a terra é capaz de se defender

    sozinha, é o que queria provar o cientista inglês James Lovelock na década de 1970, com a

    Teoria de Gaia também conhecida como a Hipótese de Gaia.

    Segundo a hipótese, o planeta Terra é um imenso organismo vivo, capaz de obterenergia para seu funcionamento, regular seu clima e temperatura, eliminar seusdetritos e combater suas próprias doenças, ou seja, assim como os outros seresvivos, um organismo capaz de se autoregular. De acordo com a hipótese osorganismos bióticos controlam os organismos abióticos, de forma que a Terra semantém em equilíbrio e em condições propícias de sustentar a vida. (LOUREDO,2012, p.1).

    O inglês afirmava que o planeta Terra é um ser vivo e por isso possui capacidadede auto-sustentação, ou seja, é capaz de gerar, manter e alterar suas condições ambientais.

    Mas ele não agradou a comunidade dos tradicionais cientistas daquela época, mas atualmente

    tem se voltado a discutir essa hipótese devido ao problema do aquecimento global. A teoria

    está sendo revista e muitos cientistas tradicionais já aceitam algumas idéias da Teoria de Gaia.

    Enquanto não se entra em um acordo se a Terra é ou não capaz de se autoregular, é importante

    que haja planejamento e bom senso ao ocupar certas áreas.

    Segundo Ross (1993) a preocupação dos planejadores, políticos e a sociedade

    devem ultrapassar os limites dos interesses apenas para o desenvolvimento econômico e

    tecnológico e deve principalmente levar em conta as fragilidades dos ambientes naturais ante

    as diversas formas que o homem explora a natureza. O planejamento deve englobar todas as

    camadas da sociedade e “[...] é absolutamente necessário que as intervenções humanas sejam

     planejadas com objetivos claros de ordenamento territorial, tomando-se como premissas a

     potencialidade dos recursos naturais e humanos e as fragilidades dos ambientes”. (ROSS,

    1993, p.64).

    Geralmente o que se faz é culpar a população pelas depredações no meio

    ambiente, poucos conseguem fazer uma análise mais crítica sobre essa problemática. Coelho

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    (2011) afirma que o senso comum tem atribuído aos seres humanos a culpa pela degradação

    ambiental de um lugar, quando muitas pessoas se concentram num determinado espaço físico.

    Seguindo esta lógica, a degradação ambiental cresce na proporção em que aconcentração populacional aumenta. Desta forma, cidades e problemas ambientaisteriam entre si uma relação de causa-efeito rígida. Outra idéia generalizada pelosenso comum é a de que os seres humanos são, por natureza, depredadores eaceleradores dos processos erosivos. As vítimas dos impactos ambientais são, assim,responsabilizadas e transformadas em culpados. (COELHO, 2011, p.20).

    As pessoas não ocupam áreas de risco por gostar dali, muitas vezes, para não dizer

    sempre, elas não têm outra opção de moradia e acabam colocando suas vidas e de suas famílias

    em risco ao morar em encostas de morro, próximas a córregos e rios, sujeitos as enchentes. O

    que é visto pelas pessoas, muitas vezes pela mídia, como um capricho ou um gosto por morar

    nessas áreas, se torna muito mais complexo se pensarmos dessa maneira. Na realidade se for

     para procurar os culpados, vamos apontar as autoridades municipais que muitas vezes se fazem

    de cegos ao ver áreas de risco sendo ocupadas e não providenciam locais adequados para essas

     pessoas morar. Quando já se tem bairros completos ou inúmeras casas construídas e ocorre uma

    tragédia é que vão tomar providencias e retirar as pessoas de lá. O que se percebe é que se torna

    mais fácil culpar os “invasores” que agir enquanto é tempo. 

    É claro que a população tem a sua parcela de culpa, mas o que se discute aqui écomo as atividades econômicas possuem uma responsabilidade maior na maioria dos casos. Os

    custos são divididos com toda a sociedade, e os setores menos favorecidos, que geralmente

    habitam as áreas mais vulneráveis às transformações ecológicas, que, porém foi acelerado pelas

    ações humanas, como não tem condições de morar em locais mais propícios, sofrem com os

    impactos ambientais causados por muitas atividades. Como exemplo indústrias que dão

     preferência para se instalar as margens de rios, lançam seus dejetos sem tratamento nele e a

     população sofre a consequência desses atos, como a poluição da água e do ar no seu entorno.Para Drew (2002) “A influência do homem sobre o meio está desigualmente

    distribuída na face da Terra”. (p.14). O homem ocupa geralmente os locais que oferecem

    condições de sobrevivência e que de preferência lhe dê lucros, mas isso não é encontrado em

    todas as regiões do mundo. Por isso as regiões litorâneas e a beira de rios são as mais habitadas,

     já que o ser humano depende da água para tudo. O homem só encontra limitações quando não

    dispõe de tecnologia e seus recursos econômicos estão escassos, segundo Drew (2002).

    Um exemplo de alterações ambientais é o crescimento urbano que trouxe vários

    impactos ao meio ambiente, especialmente nas grandes cidades, onde se nota alterações na

    fauna, flora, relevo, nos recursos hídricos e no clima. Essas alterações resultam em poluição e

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    degradação ambiental, além da poluição sonora, a poluição visual, a poluição das águas, do

    solo e da atmosfera, os esgotos, os resíduos industriais e a produção de grandes volumes de

    lixo. O impacto ambiental causado pela urbanização torna-se então em um dos maiores

    desafios para as autoridades. Porém para Coelho:

    Por outro lado, sendo a urbanização uma transformação da sociedade, os impactosambientais promovidos pelas aglomerações urbanas são, ao mesmo tempo, produto e

     processo de transformações dinâmicas e recíprocas da natureza e da sociedadeestruturada em classes sociais. (COELHO, 2011, p.21).

    Pode-se dizer que as transformações que ocorrem na natureza são necessárias para a

    manutenção do homem na terra. Essas modificações são feitas pelo homem e também pela

     própria natureza, por que o espaço geográfico e o espaço social são assim. O espaço é construído,

    modelado de acordo com as necessidades da sociedade, umas necessitam maiores e outras de

    menores mudanças, portanto umas provocam maiores impactos sobre o ambiente natural, assim o

    espaço geográfico tem os marcos de uma determinada sociedade, segundo Coelho (2011).

    Similarmente, o ambiente ou meio ambiente é social e historicamente construído.Sua construção se faz no processo da interação contínua entre uma sociedade emmovimento e um espaço físico particular que se modifica permanentemente. O

    ambiente é passivo e ativo. É ao mesmo tempo, suporte geofísico, condicionado econdicionante de movimento, transformador da vida social. Ao ser modificado,torna-se condição para novas mudanças, modificando, assim, a sociedade.(COELHO, 2011, p.23).

    Com base na ecologia social Coelho (2011) afirma que a sociedade transforma o

    ecossistema natural e assim se cria uma civilização urbana. A cidade então é vista como algo

    construído, criado, como afirma Santos apud Coelho (2011) “um meio ambiente construído, que

    é o retrato da diversidade das classes, das diferenças de renda e dos modelos culturais”. (p.23). 

     Nos ambientes construídos é possível perceber as mudanças que as ações

    humanas promovem nos lugares. Coelho (2011) propõe então que impacto ambiental é um

     processo onde ocorrem mudanças sociais e ecológicas estruturadas em longo prazo.

    Impacto ambiental é, portanto, o processo de mudanças sociais e ecológicascausado por perturbações (uma nova ocupação e/ou construção de um objetonovo: uma usina, uma estrada ou uma indústria) no ambiente. Diz respeito ainda àevolução conjunta das condições sociais e ecológicas estimulada pelos impulsosdas relações entre forças externas e internas à unidade espacial e ecológica,histórica ou socialmente determinada. É a relação entre sociedade e natureza quese transforma diferencial e dinamicamente. Os impactos ambientais são escritos notempo e incidem diferencialmente, alterando as estruturas das classes sociais ereestruturando o espaço. (COELHO, 2011, p.24,25).

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    e de boa qualidade é importante para o desenvolvimento econômico, para a qualidade de vida

    das populações humanas e para a sustentabilidade dos ciclos no planeta, segundo Tundisi

    (2003).

    Figura 1: Gráfico com a distribuição da água pelo mundo.Org.: ANJOS, F. A. B.Fonte: Disponível em: Acesso em: novembro/2012.

    Segundo Tundisi (2003) o Brasil concentra cerca de 16% das águas doces do

     planeta e estas são distribuídas desigualmente pelo país. Algumas regiões brasileiras possuem

    água de forma abundante, como é o caso da região norte que possui em seu território a bacia

    hidrográfica do Amazonas, já outras regiões sofrem com a falta deste recurso, como a região

    nordeste, famosa pelas áreas secas.

    O homem vem ao longo da sua existência tirado sua sustentabilidade da natureza. O

    meio ambiente tem servido ao homem como forma de manutenção da vida na terra ecomo moeda de transformação social. Se o homem é um ser sociável, ele não o é,sem a presença do meio ambiente. A afirmativa de que o homem é fruto do meioonde vive, tem suas controvérsias, mas ele pode transformá-lo de acordo com suanecessidade e capacidade gestora do mesmo (SILVA, 2009, p.1).

    Mas o homem não vem tratando bem esse recurso disponível em quantidades já

    tão restritas para ele. Muitas vezes a água é utilizada de forma abusiva, como se não fosse

    acabar nunca, principalmente nas cidades. 

     Não se pode comentar sobre cidades sem falar dos impactos ambientais causados.

    Hoje se fala muito sobre preservar o meio ambiente, mas isso é devido às transformações

    sofridas no meio pelo homem, diversas soluções são discutidas, mas quase sempre não saem

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    do papel. O homem ao povoar as cidades necessita de muitos recursos naturais para se

    estabelecer, e isso altera os ciclos naturais da água.

    A urbanização acelerada em todo o planeta produz inúmeras alterações no ciclohidrológico e aumenta enormemente as demandas para grandes volumes de água,aumentando também os custos do tratamento, a necessidade de mais energia paradistribuição de água e a pressão sobre os mananciais. À medida que aumenta odesenvolvimento econômico e a renda per capita, aumenta a pressão sobre os recursoshídricos superficiais e subterrâneos. As estimativas e projeções sobre os usos futurosdos recursos hídricos variam bastante, em função de análises de tendênciasdiversificadas, algumas baseadas em projeções dos usos atuais, outras em função dere-avaliações dos usos atuais e introdução de medidas de economia da água, tais como,re-uso e medidas legais para diminuir os usos e o consumo e evitar desperdício, ou acobrança pelo uso da água e o principio do poluidor-pagador. (TUNDISI, 2003, p.1).

    A utilização do meio ambiente pelo homem é muito antiga, desde a época

     primitiva o homem vem cultivando na terra para sua subsistência e com o passar dos tempos

    começaram a cultivar em áreas maiores. Até que surgiu a industrialização, este foi um

     progresso e tanto, pois houve avanços em todas as áreas. Assim começaram os crescimentos

    das cidades. Com a formação das cidades e principalmente com a chegada da industrialização

    acelerou-se a degradação do planeta como vem explicando Mendonça: “que a degradação do

    ambiente e a qualidade de vida do homem são consequência dos centros urbanos e indústrias,

     pois o homem se aglomera nestes locais”. (MENDONÇA, 2004, p.10).As transformações causadas pelo homem no meio ambiente vêm para satisfazer as

    suas necessidades, ele substituiu as paisagens naturais sem pensar nas consequências que o meio

    sofreria, pois o homem sempre tira do ambiente para sua sustentabilidade e visando lucros sem

    se preocupar com o que vai acontecer com o meio, ate que comece a aparecer os problemas.

    Grandes centros como São Paulo, a maior cidade brasileira, esta sempre

    encontrando dificuldades em relação a água e ao meio ambiente. Primeiramente com a

     poluição gerada pelos carros e indústrias, as inundações que entopem os bueiros, o pelogrande espaço pavimentado que impede a infiltração da água no solo, desabamentos de

    encostas, e com as grandes quantidades de chuvas em certos períodos do ano que

    desmoronam tudo que encontram pela frente.

    O crescimento exponencial da população humana promoveu uma enorme demandasobre os recursos hídricos, aumentando significativamente a necessidade de grandesvolumes de água para suprir as populações urbanas adequadamente sem causardanos à saúde pública. A urbanização avançou sobre os mananciais e deteriorou as

    fontes de suprimentos superficiais e subterrâneas. Os custos do tratamento de água para produção de água potável atingem altos valores especialmente se os mananciaisestão desprotegidos de florestas riparias e cobertura vegetal suficiente nas baciashidrográficas e se as águas subterrâneas estão contaminadas. (TUNDISI, 2003, p.3).

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    Outro problema das grandes cidades são os muitos bairros mais afastados do

    centro e de classe mais baixa que sofrem com a falta de saneamento de esgoto, de água tratada

    e muito mais e tudo isso pode levar ao aparecimento de varias doenças, segundo Tundisi

    (2003).

    Muitas doenças podem ser causadas pela água: disenteria, hepatite A, cólera,

    diarréia infecciosa por bactérias, vírus ou parasitas, leptospirose e esquistossomose. Essas

    doenças são infecciosas transmitidas pela água e a maioria é causada por micro-organismos

    que estão presentes na água doce contaminada por fezes humanas ou de animais. Elas podem

    ocorrer por ingestão de água, contato com a pele durante o banho, preparação de alimentos ou

     pelo consumo de alimentos lavados com essa água infectada.

    Outras doenças têm relação direta com a água, apesar de a mesma não sercontaminada, como é o caso da dengue e da febre amarela. Ambas necessitam da água para os

    mosquitos se reproduzirem e posteriormente, contaminam as pessoas através da picada.

     Nas cidades do interior também encontramos muitos problemas com o meio

    ambiente e alterações nas paisagens, como pavimentação, lixo e o meio rural sempre com

    grandes lavouras ou criação de gado que é outro fator que prejudica o meio ambiente, pois,

    onde o gado passa vai pisoteando o solo e aos poucos formando erosões. Há também a não

     preservação das nascentes de água que são alteradas.Preservar as nascentes é uma necessidade diante da problemática das águas. Dias

    (2008) destaca a importância de preservar a mata ciliar para consequentemente preservar a

    nascente dos córregos. Dias (2008) afirma que em 1977 através de imagens de satélite, foi

    constatada a ausência de mata ciliar no sul do município de Pires do Rio-GO, como não houve

    nenhuma política de recuperação nesses locais nos anos seguintes, a tendência é que essas

    nascentes desapareçam e os córregos reduzam o volume de água, e até tornarem-se apenas

    temporários. A autora ainda destaca a importância que as matas ciliares têm na sobrevivênciadas nascentes: “As matas ciliares são ricas em biodiversidade e funcionam como os cílios para

    os olhos, ajudando na sobrevivência dos cursos d’água”. (DIAS, 2008, p.88).

    As áreas de nascentes de cursos d’água devem ser preservadas. As áreas de

     proteção permanente, as APPs, são áreas de vegetação natural que não deveriam ser retiradas

    nas margens dos rios e existe lei definindo a metragem certa para determinado tamanho do

    curso d’água. Segundo o Código florestal considera-se preservação permanente, florestas e

    demais formas de vegetação natural, localizadas “[...] nas nascentes, ainda que intermitentes e

    nos chamados “olhos d’água”, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo

    de 50 (cinqüenta) metros de largura”. (BORGES, 2006, p.136). É claro que o Código propõe

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    várias outras áreas como proteção permanente, mas citamos apenas a das nascentes, que é o

    nosso foco.

    O complicado é que as leis como se sabe, dificilmente são obedecidas, e as

    nascentes ficam desprotegidas sem a vegetação, a mata ciliar, ou como foi dito

    anteriormente, os “cílios” dos cursos d’água. Quando ocorre essa retirada, muitos procuram,

    ou são forçados pela fiscalização, a reflorestar as áreas destruídas, mas dificilmente é

    alcançado êxito nessas operações, já que o reflorestamento apesar de ser válido, não pode

    substituir o natural. Mas o que se nota na maioria das áreas de nascentes é que as áreas de

     pastagens e de agricultura vão até as margens dos rios e córregos contribuindo para o

    aumento da fragilidade dos ambientes, como constatou Sala (2005) em pesquisa na bacia do

    ribeirão Maringá no Paraná.

    O uso e ocupação de soja que se encontrava próximo de algumas nascentes,verificadas no local, também auxiliou para o aumento de fragilidade desse ambiente.

     Nessa mesma área, além dessa intervenção, foi verificada a presença de um canal dedrenagem artificial próximo da confluência do córrego Mandacaru com o ribeirãoMaringá na tentativa de drenar o solo para o cultivo, parte da mata que protegia umanascente da área foi retirada, para que a água do canal artificial fluísse até a mesma.(SALA, 2005, p.144). 

     No meio político gera-se leis defendendo o meio ambiente, mas que não saem do papel, eles fazem campanhas eleitorais prometendo melhores moradias, saúde, saneamento

     básico e proteção do meio ambiente, mas depois que passa a eleições tudo é esquecido. Os

     políticos e grandes latifundiários visam lucros imediatos e com isso não há preservação do meio

    ambiente. Para Mendonça “A proteção e melhoramento do Meio Ambiente é uma questão

    fundamental que afeta o bem estar dos povos e o desenvolvimento econômico do mundo

    inteiro, um desejo urgente dos povos de todo mundo e um dever de todos os governos”.

    (MENDONÇA, 2004, p.48).

    Por tudo isso o homem precisa começar a pensar no meio ambiente, suas novas

    técnicas de desenvolvimento precisam ser trabalhadas para melhorar o meio ambiente não

    mais só para visar lucros e satisfazer seus desejos ou anseios.

    Mendonça (2004) vem discutindo isso bem claramente dizendo que o homem

    deve continuar descobrindo, mas também progredindo com o meio, pois, no passado o

    homem causou muitos danos ao meio, como poluição, contaminação da água, ar, terra e

    animais, desequilíbrio ecológico, esgotamento dos recursos insubstituíveis, deficiências na

    saúde humana e no meio por ele criado especialmente no que ele trabalha, e isso precisa ser

    corrigido rapidamente para as consequências diminuírem.

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    É a água que nutre as florestas, mantém a produção agrícola, a biodiversidade, e

    funciona como um fator de desenvolvimento, pois é usada para inúmeros usos relacionados à

    economia.

    Atraído pela água ou outras sereias, o homem aglutinou-se, abusando da exploraçãodos recursos: diretamente, tirando água de maneira abusiva; ou indiretamente,atacando a cobertura vegetal (urbanização, desmatamento agrícola abusivo) ouasfaltando exageradamente superfícies urbanizadas, desse modo suprimindo tudo oque retinha a água no local e acelerando em muitos locais o escoamento e a corridalouca da água para o mar. (VERNIER, 1994, p.12).

    O homem sempre explorou a água como um bem, e desde sempre o homem

     procura se instalar próximo a ela. E isso é desde os primórdios da humanidade. “Antigamente,

    de uma forma ou de outra, o homem se instalava perto da água, fonte de vida. Aos poucos,

    criou-se o desequilíbrio em muitos locais do mundo entre os recursos em água disponíveis e

    as populações presente e até prementes”. (VERNIER, 1994, p.12).

    Por ser muito importante fazendo parte de tudo que o homem utiliza, a água

    sempre atraiu o homem, como vem discutindo Vernier (1994) ao afirmar que pelo fácil

    acesso a água o homem explora os recursos hídricos, retirando-a de maneira inadequada,

     poluindo-a, desmatando as nascentes, e a urbanização torna grandes áreas pavimentadas

    impedindo a impermeabilidade da água no solo e fazendo esta água escorrer mais rápido

     para o mar e depois de se misturar a água salgada à água doce não tem mais utilidade para o

    homem.

    O mau uso da água pelo homem vem gerando vários danos. Em quase tudo que o

    homem faz, se utiliza água, para consumo, higiene, indústrias, agricultura e pecuária. Por ser

    um bem que até a pouca tempo era farto o homem não preocupou em preservá-lo e com isso

    os problemas começaram a surgir. O homem sempre utiliza a água de maneira errada seja

    com o desperdício, ou seja, por meio de poluição.

    Para evitar desperdícios, economizar água, melhorar os custos do tratamento edesenvolver arcabouços legais e institucionais é necessário considerar o conjunto derecursos hídricos  –   águas continentais superficiais, águas subterrâneas, águascosteiras e sua sustentabilidade no espaço e tempo incluindo valores estéticos,segurança coletiva, oportunidades culturais, segurança ambiental, oportunidadesrecreativas, oportunidades educacionais, liberdade e segurança individual(TUNDISI, 2003, p.5).

    Faz-se necessário a conscientização das pessoas a respeito do desperdício da água,

     principalmente os donos de indústrias e produtores agrícolas, pois, apesar de algumas regiões

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    terem esse bem com abundancia, isso não quer dizer que não vá findar um dia, e as regiões

    mais carentes de água vivem uma situação ainda pior.

    As necessidades industriais a água industrial é, em primeiro lugar e antes de maisnada, utilizada para transportar o calor (resfriamento, aquecimento), para “arrancar”ou transportar materiais (lavagem, evacuação de dejetos de fabricação) e para serincorporada à fabricação (bebidas, química). A indústria fez nessa ultimas décadaseconomias colossais de água. (VERNIER, 1994, p.16).

    Existe no Brasil a Lei das Águas que tem como fundamento a compreensão de

    que a água é um bem público e não pode ser privatizada e a sua prioridade é para o consumo

    humano e de animais, em caso de escassez. Além dessa lei existe a lei dos recursos hídricos

    que afirma em seu artigo 1º que:

    Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintesfundamentos:I - a água é um bem de domínio público; II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumohumano e a dessedentação de animais; IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo daságuas; V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política

     Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento deRecursos Hídricos; VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a

     participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. (LEI 9433, 1997, p.1).

    Petrella (2002) questiona se a falta e a escassez de água são realmente resultantes

    do fato de a água não ser considerada um bem econômico. O preço artificialmente baixo da

    água segundo o referido autor é o responsável pelo enorme desperdício de água visto em

    muitos lugares. O desperdício e ineficiência em geral atribui-se:

      a superexploração agrícola;  a poluição industrial;  a falta de uma visão de longo prazo envolvendo um planejamento e umgerenciamento global integrado, ou a incapacidade de implementar esses elementosde maneira eficaz e coerente devido aos interesses econômicos e financeiros em

     jogo. (PETRELLA, 2002, p.79,80).

    Pensar que a água potável do mundo nunca vai acabar é um erro cometido

    cotidianamente e amplia-se esse erro ao não planejar o futuro, explorando de maneira

    indiscriminada e desordenada esse tão precioso bem, sem pensar nas necessidades das

    gerações futuras, que possivelmente, poderá não obter água com facilidade, seja pelo alto

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    valor futuro, pela escassez e até mesmo por sua inexistência, hoje fato já comum em alguns

     países e até mesmo em determinadas regiões do Brasil.

    A idéia de que a água deve ser considerada principalmente como um bemeconômico ou um recurso comercializável, e que as leis do mercado irão, portanto,

     permitir que os problemas da escassez ou até mesmo que os conflitos entre paísessejam solucionados, é profundamente simplista. É baseada em uma escolha

     puramente ideologia que, no momento em que dá prioridade ao valor econômico emdetrimento de todos os outros valores, está enfatizando apenas uma das muitasdimensões especificas da água (PETRELLA, 2002, p.83).

    Todos os seres humanos têm que recorrer à água para satisfazer suas necessidades

     básicas individuais e coletivas. Diversos recursos da natureza podem ser substituídos, mas a

    água é impossível, “[...] não é possível substituir a água e continuar a viver” (PETRELLA,

    2002, p.84). Ter acesso à água não é uma questão de escolha, todos precisam dela para viver,

     já que nada a substitui.

    Petrella (2002) expõe indignado a proposta dos “senhores do dinheiro” em

     privatizar a água. Ele classifica a água como um bem social comum insubstituível. “A

    transformação da água em uma mercadoria, como ocorreu com o petróleo, é uma aberração

    ligada ao economismo atualmente dominante entre as classes no poder  –  um modo de pensar

    que reduz tudo a uma mercadoria e todos os valores ao valor de intercambio no mercado”.

    (PETRELLA, 2002, p.85).

    A conversão da água em um bem econômico não a tornaria acessível para todas as

     pessoas, mas levaria a ser um gerenciamento “economicamente racional” de um recurso

    limitado e sua acessibilidade deve ser regulada pela solvência dos usuários que competiriam

    entre si, segundo Petrella (2002). O acesso básico à água é um direito fundamental político,

    econômico e social para as pessoas, a segurança biológica econômica e social de todos os

    seres humanos depende do pleno acesso a esse direito.

    Petrella (2002) segue afirmando que na prática esse “acordo” significaria “que

    todas as sociedades devem cobrir coletivamente todos os custos da captação, purificação,

    armazenamento, distribuição, utilização e reciclagem, necessários para garantir o acesso

     básico à água para todos.” ( p.86).

    Enfim, é necessário que haja conscientização de toda a sociedade, pois de nada

    adianta culpar apenas as grandes indústrias, e dentro das casas as pessoas continuarem

    esbanjando água, sem pensar no custo que isso lhe trará futuramente. A água como um bem

    essencial para a vida humana deve ser considerada uma prioridade no meio ambiente, já que

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    tanto as pessoas comuns como a agricultura e indústria necessitam dela para sua manutenção

    e principalmente sobrevivência dos seres vivos na Terra.

     No próximo capítulo discute-se o Cerrado e a situação como são tratadas as matas

    ciliares, que protegem as nascentes e deveriam ser bem cuidadas para que o homem não sofra

    com a seca de rios e córregos. Também aborda a regeneração natural das matas ciliares e

    caracteriza a área de estudo dessa pesquisa: o município de Pires do Rio-GO.

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    2 METAMORFOSE DA PAISAGEM NATURAL DO CERRADO: O Caso da Paisagem

    de Pires do Rio-GO

     Na atualidade muito se questiona a existência de uma paisagem natural, pois o

    homem cada vez mais vem se apropriado da natureza e transformando de acordo com seus

    interesses é o caso do Bioma Cerrado, modificando assim o funcionamento dos ecossistemas

    sem pensar nas consequências.

    O Cerrado é um dos maiores biomas do Brasil e suas características são

    comparadas às savanas africanas, com clima e vegetação semelhante, porém o Cerrado é mais

    úmido devido ao período chuvoso ser relativamente longo, cerca de cinco a seis meses. As

    árvores conseguem reter grande quantidade de líquido em suas raízes, conseguindo assim se

    manterem verdes até em períodos de seca.

    Diante do contexto este capítulo discute o Cerrado brasileiro, a importância das

    Matas de Galeria para a manutenção e conservação dos cursos d’água, além de abordar

    também a regeneração natural dessas matas, enfocando a caracterização do município de Pires

    do Rio-GO contando sua história, sua fundação e sua importância na região da estrada de

    ferro.

    2.1 O Cerrado Brasileiro

    Muitos pesquisadores e estudiosos afirmam que existem vários brasis observando

     primeiramente e seus aspectos socioeconômicos, no entanto deve deixar de lado os diferentes

     biomas que o Brasil possui: Cerrado, Pantanal, Amazonas e outros.

    Bioma é uma área do espaço geográfico, com dimensões de até mais de um milhãode quilômetros, que tem por características a uniformidade de um macroclimadefinido, de uma determinada fitofisionomia ou formação vegetal, de uma fauna eoutros organismos vivos associados, e de outras condições ambientais, com altitude,o solo, alagamento, o fogo, a salinidade, entre outros, (COUTINHO apud DIAS,2008, p.22).

    O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, perdendo em extensão apenas para

    a Amazônia. Quanto a sua fisionomia o Cerrado assemelha-se à savana africana, mas quanto

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    às espécies são bem diferentes. O termo “savana” para caracterizar o Cerrado não é um

    consenso entre a comunidade cientifica, mas um jeito de comparar as características nas

    verdadeiras savanas como locais úmidos e chuva no verão, por exemplo.

    Os planaltos tropicais interiorizados da porção centro-oeste do país constituem porsi só um domínio de paisagens morfológicas e fitogeográficas inteiramentediferente do que se observa na paisagem dissecada dos mares de morrosflorestados, como igualmente diverso do quadro de paisagem das depressõesintermontanas colinosas semi-áridas, revestidas por diferentes tipos de caatingas.Quanto se atingem as áreas interiores de Goiás de Mato Grosso, ao invés deencontrar florestas por todos os níveis de topografia, como é o caso do Brasil deSudeste, ou de encontrar caatingas extensas nas rasas depressões interplanálticasou intermontanas, como seria o caso do Nordeste semi-árido, depara-se com oarranjo clássico, homogêneo e monótono da paisagem peculiar às áreas desavanas. As formações vegetais talvez não sejam tipicamente de savanas, mas oarranjo e a estrutura de paisagens constituem uma amostra perfeita dos quadros

     paisagísticos zonais, que caracterizam essa unidade tão freqüente do cinturãointertropical do globo. (AB’SABER, 2003, p.31).

    As características observadas no Cerrado brasileiro se assemelham em muitos

    aspectos com a savana africana, também por estarem como afirma AB’SABER, (2003) na

    mesma faixa de terra do continente vizinho. Mas a maioria das espécies são diferentes em

    cada um destes biomas.

    O cerrado apresenta variações em sua fisionomia, que vão de formas florestadas(cerradão) até formações campestres (campo limpo, campo sujo). Os limites entreessas formas presentes no cerrado lato sensu não são muito definidos. A “região” docerrado incorpora, ainda, outros tipos de vegetação, como a floresta-de-galeria, asveredas e os campos úmidos, entre outros. (OLIVEIRA, 2002, p.76).

    Ocorrem muitas variações a cerca dos termos para designar as formas diversas do

    Cerrado, e Eiten apud Oliveira (2002) afirma que são cinco as formas mais expressivas. São

    elas: Cerradão, Cerrado (sentido restrito), Campo Cerrado, Campo Sujo e por último, oCampo Limpo.

    A vegetação do Cerrado é adaptada para os períodos mais secos e a maioria das

    árvores possuem raízes longas, onde retém o líquido necessário para mantê-las vivas quando a

    chuva cessa. Outro fator que afta essas plantas são as queimadas que elas sofrem geralmente

    na seca, mas este não mata as espécies nativas, apenas contribui para mudanças nas

    características fisionômicas dos Cerrados, onde os Cerradões acabam por se abrir e se

    transformar em Campos Sujos ou Campos Limpos, segundo Oliveira (2002). “Enquanto nascaatingas o lençol d’água fica abaixo do nível dos talvegues, existe água perma nentemente

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    disponível, nos Cerrados, para vegetais de raízes longas e pivotantes”. (AB’SABER, 2003,

     p.38).

    O mecanismo responsável pela tortuosidade parece ser o fato de que os troncos eramos resistem melhor ao fogo graças à espessa camada de cortiça que os recobre.Se o broto terminal, mais exposto, vier a morrer, surgirão brotos laterais, que darãocontinuidade ao crescimento. Assim, sucessivas queimadas provocariam sucessivosrebrotamentos laterais, determinando o desenvolvimento de formas tortuosas,(OLIVEIRA, 2002, p.80).

    Oliveira (2002) afirma que as variações fisionômicas apresentam-se atualmente

     bem degradadas e em muitos lugares foram totalmente substituídas por pastagens ou pela

    agricultura. O fato é que restam poucas manchas de cerradões e Cerr ados. “No caso das

     propriedades voltadas para a lavoura de grãos, até mesmo as matas-de-galeria, as áreas de

    vereda e campos de murundus foram incorporadas às terras ‘ produtivas’”. (OLIVEIRA, 2002,

     p.83). Ou seja, os proprietários de terra estão aproveitando o máximo possível da terra, e não

    se importam em destruir nem mesmo as matas-de-galeria, ou mata ciliar como é mais

    conhecida, que são as que protegem os cursos d’água. 

    Ao longo do tempo a visão das pessoas a respeito do Cerrado mudou o que antes

    era visto como solo pobre e sem grandes interesses para a agricultura, hoje está tomado pelas

    culturas não só para consumo interno como também grandes extensões de terra utilizadas para

    cultivo de grãos para exportação, como é o caso da soja, que vem dominando o Cerrado

    goiano.

    Essas mudanças segundo Ab’Saber, (2003) ocorreram devido à implantação de

    novas infra-estruturas viárias e a construção das capitais modernas como Brasília e Goiânia

    conseguiram atrair para a região grandes quantidades de pessoas que vieram trabalhar e tentar

    modificar suas vidas nessas regiões.

    A paisagem observada no domínio dos Cerrados e Cerradões predominaminterflúvios e vertentes suaves dos diferentes tipos de planaltos regionais. Segundo Ab’Saber,

    (2003) as verdadeiras florestas de galeria, algumas vezes, ocupam apenas os diques marginais

    do centro das planícies de inundação, em forma de corredor contínuo de muitas e outras

    vezes, no caso do fundo aluvial mais homogêneo e alongado, ocupam toda a sua calha, sob a

    forma de serpenteantes corredores florestais.

     No Cerrado o período de seca é de três a cinco meses, enquanto que o período

    chuvoso pode chegar até sete meses. Ab’Saber, (2003) afirma que as temperaturas médiasanuais variam de 20 a 22º C (mínima) e 24 a 26º C (máxima), isso levando em consideração

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    as regiões que vão desde o sul de Mato Grosso até o Maranhão e Piauí. A umidade do ar

    atinge níveis baixos no inverno (38 a 40%) e no verão atinge níveis muito elevados (95 a

    97%).

    Devido a esse longo período de chuva a vegetação consegue se manter verde e

    viscosa em grande parte do ano se contrastando com os períodos que ficam extremamente

    secos provocando mudanças radicais na paisagem, e até mesmo o fim, por mais que

    temporário, de cursos d’água.

    O domínio dos cerrados possui drenagens perenes para os cursos d’água principaise secundários, envolvendo, porém o desaparecimento temporário dos caminhosd’água de menor ordem de grandeza por ocasião do período seco do meio do ano.[...] O ritmo marcante da tropicalidade regional, com estações muito chuvosasalternadas com estações secas que inclui um total de precipitações anuais de três aquatro vezes aquele ocorrente no domínio das caatingas, implica uma preservaçãoextensiva dos padrões de perenidade dos cursos d’água regionais, (AB’SABER,2003, p.119).

    Apesar do Cerrado possuir a vantagem da abundância de água mesmo nos

     períodos mais secos do ano, a situação vem se modificando ao longo dos anos com a

    diminuição visível do volume das águas. Ainda assim a região do Cerrado é considerada rica

    nesse sentido, ao compará-la com o bioma da caatinga, por exemplo, que sofre com períodos

    de extensa estiagem. O equilíbrio hidrológico do Cerrado depende da preservação de seus

    ecossistemas naturais, como as Matas Ciliares.

    2.2 As Matas de Galeria –  “Mata Ciliar”

     Nascimento (2002) afirma que a vegetação do Cerrado em condições naturais as

     plantas não sofrem com a falta de água, mas atualmente vem sofrendo modificações com a

    implantação da agricultura em grandes extensões de terra, inclusive desrespeitando os limites

    que deveriam ser intocáveis nas margens dos córregos e rios. Essa vegetação que deve ser

    mantida nas margens dos cursos d’água são chamadas de Matas de Galeria ou Mata Ciliar.

    Ocorrem nas mais variadas condições climáticas, topográficas e edáficas em diferentes partes

    do mundo, segundo Haridasan (1998). Para Dias “A Mata Ciliar ou Floresta Ciliar é a

    vegetação com altura variando de 20 a 25 m que acompanha os cursos d’água [...] É perene e

    não forma galerias”. (2008, p.132). 

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    Haridasan (1998) afirma que na região do Cerrado a densidade da drenagem do

    solo varia de acordo com a topografia. Assim “os solos de Matas de Galeria tem boa

    disponibilidade de água e, ao mesmo tempo, boa drenagem”. (HARIDASAN, 1998, p.20).

    O tipo de solo mais comum no Cerrado é o latossolo, mas pode-se encontrar

    também cambissolos, litossolos, solos lateriticos, hidromórficos e aluviais. As matas de

    galeria podem ser encontradas em todos esses tipos de solo.

    As matas de galeria são de grande importância para manter o equilíbrio ambiental,

    mas elas não podem ser vistas de modo separado, pois necessita dos outros componentes do

    ecossistema para realizar sua principal função: a de proteger os cursos d’água. A mata de

    galeria é um dos elementos do ecossistema associados a uma nascente ou a um curso d’água,

    segundo Resck (1998).

    As atividades naturais ou artificiais que são desenvolvidas na microbacia podem

    afetar o equilíbrio da mata de galeria, como essas devem ser preservadas, é importante manter

    os cursos d’água o mais intactos possível. Sabe-se que isso é complicado, pois necessita-se de

    água para irrigação nas lavouras, mas é importante que os produtores deixem protegidos no

    mínimo o exigido por lei, veja na tabela 1 o que é estabelecido para ser protegido, segundo a

    Lei 7511/86.

    Tabela 1: Sistema de preservação de Matas de Galeria.

    Largura dos rios

    (m)

    Faixas naturais de vegetação (m) a serem

     protegidas em cada margem

    Até 10 30

    10 a 50 50

    51 a 100 100

    100 a 200 150

    Mais de 200 Largura igual à distância entre as margens

    Fonte: RIBEIRO (1998).Org.: ANJOS, F. A. 2012.

    A lei é muito clara ao estabelecer esses limites, porém na prática eles

    dificilmente são cumpridos. Os motivos são vários, construções irregulares às margens de

    rios e córregos, construção de hidrelétricas, agricultura etc. A construção das cidades as

    margens de rios normalmente não respeitam esses limites, mas não demora muito a surgir

     problemas de inundações. No campo também se retira a mata ciliar para abrir passagem

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     para o gado aos cursos d’água, mas na maioria das vezes é para a implantação de culturas

    agrícolas.

    Está em tramitação no congresso o Novo Código Florestal, que traz redução nas

    áreas estabelecidas, mostradas na tabela 1. Se aprovada a lei 4771/65 trará muitas mudanças,

     já que reduz as matas ciliares de 30 para 20 metros ao longo das margens dos rios. Com isso

    haverá uma grande redução dessas matas e consequentemente maior desmatamento e plantio

     para agricultura ou pastagens.

    Segundo Ribeiro (1998) a exploração econômica das matas de galeria deve ser

    realizada de forma diversa da que vem ocorrendo, devido as características do ecossistema e

    também de acordo com a legislação estabelecida. É necessário que haja conscientização para

    que essas distâncias sejam realmente protegidas, pois desse modo se protege esse bem tão

     precioso que é a água.

    Figura 2: Mata de Galeria ao longo de um rio.Fonte: Disponível em: . Acesso em: outubro/2012.Org.: ANJOS, F. A. 2012.

    As Matas de Galeria apresentam uma flora diversa composta por diversas espécies

    típicas, mas podem ser encontradas também determinadas espécies típicas das florestas

    Amazônica e Atlântica que possuem características perenes. As Matas de Galeria então

     podem ocorrer em vários tipos de solo e não em apenas um tipo específico, elas representam

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    ambientes florestais localizados ao longo dos cursos d’água em regiões de Cerrados e Campos

    Abertos. 

    As Matas de Galeria são classificadas em Floresta Tropical sempre-verde,apresentando cobertura arbórea de 80% a 100% com as copas formando um dossel

     por volta de 20m de altura, com alguns indivíduos emergentes mais altos. Ainda quea maioria dos solos associados tenham sido indicados como hidromórficos, estudosmais recentes e detalhados tem mostrado que as Matas de Galeria estão associados auma variedade de classes de solos. (JÙNIOR, 1998, p.56).

    A caracterização das Matas de Galeria é bastante complexa. Geralmente define-se

    como as formações florestais às margens de linhas de drenagem bem definidas. Já Mantovani

    apud Ribeiro definiu como: “Floresta Mesófila, de qualquer grau de declividade, que orla um

    ou dois lados de um curso d’água em uma região onde a vegetação de interflúvio não é

    floresta contínua”. (1998, p.138).

    Ribeiro (1998) afirma ainda que ao longo do seu curso essas matas podem ter

    interfaces com diversos tipos de fitofisionomias o que aumenta o seu grau de complexidade.

    A mata de galeria ocorre ao longo das linhas de drenagem naturais nos fundos dos vales ou

    nas cabeceiras de drenagem onde os cursos de água não escavaram um canal definitivo ainda.

    Por apresentar um ambiente de maior complexidade estrutural no bioma Cerrado,

    as matas de galeria abrigam uma grande diversidade de espécies da flora e fauna. A

    viscosidade das folhas das arvores depende da água por onde elas estão localizadas,

    diferentemente de outras plantas do Cerrado que estão distante das águas e, portanto, mais

    suscetíveis a ficarem secas nas estações menos chuvosas do ano.

    Em muitos locais do Cerrado as matas de galeria estão sofrendo degradação ao longo

    do seu curso e existem locais onde a vegetação natural já foi praticamente toda retirada do solo.

    As principais atividades responsáveis pela perturbação e degradação de Matas deGaleria na região do Cerrado são: a agricultura e a pecuária e, relativamente emmenor extensão, o extrativismo e a mineração. Porém, os agricultores e pecuaristasainda não se conscientizaram de que a preservação da mata é responsável pelamanutenção de um dos recursos mais importantes para eles e para sua propriedade: aágua com qualidade. (RIBEIRO, 1998, p.146).

    É comum observar que existem lavouras que estão cada dia mais próximas dos

    córregos e isso acarreta em percas futuras, pois quanto mais se retira a mata ciliar mais irá

    diminuir a quantidade de água. Quando chegar a época de recuperar essas áreas é uma

    dificuldade, pois muitas vezes já se perdeu a fertilidade do solo e as espécies plantadas

    dificilmente se readaptam nessas condições.

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    Ribeiro (1998) destaca também como importante para recuperar áreas degradadas

    a cobrança e participação da comunidade humana. A comunidade vizinha à mata deve

     pressionar para que as obras de recuperação ocorram antes que seja tarde demais e nada possa

    ser feito pelo local. A natureza também se encarrega de parte dessa missão através da

    regeneração natural da mata ciliar nos locais onde houve parte ou total destruição da mesma.

    2.3 Regeneração Natural da Mata Ciliar

    O novo Código Florestal (Lei n.º 4777/65) incluiu as matas ciliares na categoriade áreas de preservação permanente. Segundo essa lei toda a vegetação natural, seja ela

    arbórea ou não, presente ao longo das margens dos cursos d’água, ao redor de nascentes e de

    reservatórios deve ser preservada.

    Mas o que vemos ao longo de séculos na história do país, é um processo de

    ocupação que se caracteriza pela falta de planejamento e conseqüente destruição dos recursos

    naturais, principalmente das florestas. A cobertura florestal foi ao longo dos anos sendo

    fragmentada para dar lugar a culturas agrícolas, as pastagens e as cidades. Criou-se umaespécie de mania de destruir as formações florestais, pois existem lugares que ela foi retirada

    em vão, e não foram feitas obras efetivas nesses locais.

    A retirada da mata ciliar ameaça a integridade de rios e nascentes, o que

     provocaria uma catástrofe se chegar a destruição total, dada a importância que tem a água.

    Através da regeneração natural as florestas podem se recuperar de distúrbios naturais ou

    antrópicos. Segundo Martins (2001) quando ocorre algum tipo de distúrbio, seja a abertura de

    uma clareira, um desmatamento ou um incêndio, a sucessão secundaria se encarrega de promover o replantio natural dessa área que foi aberta, através de diversos estágios

    sucessionais, aonde certos grupos de plantas vão substituindo as que foram retiradas ao longo

    do tempo, modificando as condições ecológicas locais até chegar a uma comunidade bem

    estruturada e mais estável.

    Para que essa sucessão secundaria aconteça é necessário que uma serie de fatores

    coincidam e combinem, como por exemplo, a presença da vegetação remanescente, o bando de

    sementes no solo, a rebrota de espécies arbustivo-arbóreas, a proximidade de fontes de sementes

    e a intensidade e a duração do distúrbio, segundo Martins (2001). Dessa forma, cada área

    degradada apresentará uma dinâmica especifica para a regeneração das espécies. “Em áreas

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    onde a degradação não foi intensa, e o banco de sementes próximas, a regeneração natural pode

    ser suficiente para a restauração florestal. Nesses casos, torna-se imprescindível eliminar o fator

    de degradação, ou seja, isolar a área e não praticar qualquer atividade de cultivo”. (MARTINS,

    2001, p.1).

     No entanto esse processo é lento, apesar do baixo custo, e se há a necessidade de

    formar uma floresta em área ciliar em pouco tempo, outras técnicas devem ser adotadas. As

    matas ciliares apresentam uma ampla variedade florística, por ocuparem diferentes ambientes

    ao longo dos cursos d’água, assim é preciso adotar alguns critérios básicos na seleção de

    espécies para recuperação de matas ciliares:

    Plantar espécies nativas com ocorrência em matas ciliares da região; plantar o maiornúmero possível de espécies para gerar alta diversidade; utilizar combinações deespécies pioneiras de rápido crescimento junto com espécies não pioneiras(secundarias tardias e climáticas); plantar espécies atrativas à fauna; respeitar atolerância das espécies à umidade do solo, isto é, plantar espécies adaptadas a cadacondição de umidade do solo. Na escolha de espécies a serem plantadas em áreasciliares é imprescindível levar em consideração a variação de umidade do solo nasmargens dos cursos d’água. Para as áreas permanentemente encharcadas,recomenda-se espécies adaptadas a estes ambientes, como aquelas típicas deflorestas de brejo. Para os diques, são indicadas espécies com capacidade desobrevivência em condições de inundações temporárias. Já para as áreas livres deinundação, com as mais altas do terreno e as marginais ao curso d’água, porémcompondo barrancos elevados, recomenda-se espécies adaptadas a solos bem

    drenados. (MARTINS, 2001, p.1).

    Ao escolher as espécies para a recuperação de matas ciliares é importante então

    que escolha aquelas que já estão bem adaptadas às condições ecológicas locais, além de

    considerar a relação da vegetação com a fauna, já que essa atuará como dispersora de

    sementes, contribuindo com a regeneração natural. Martins (2001) recomenda utilizar um

    grande número de espécies para gerar diversidade florística, imitando a floresta ciliar nativa.

    “Florestas com maior diversidade apresentam maior capacidade de recuperação de possíveis

    distúrbios, melhor ciclagem de nutrientes, maior atratividade à fauna, maior proteção ao solo

    de processos erosivos e maior resistência à pragas e doenças”. (MARTINS, 2001, p.2).

     Nas áreas ciliares próximas a outras florestas nativas o plantio mais homogêneo

     pode ser realizado. Em tais situações deve ocorrer o enriquecimento natural da área recuperada,

    através da entrada de sementes vindas das florestas próximas, mas adverte Martins (2001), que

    o aumento da diversidade nestes plantios homogêneos tende a ser muito lento, e pode necessitar

    de plantios posteriores para enriquecimento ou até introdução de sementes.

    Enfim, mais importante que discutir a regeneração das matas ciliares, faz-se

    necessário uma educação ambiental, visando conscientizar tanto as crianças quanto os adultos

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    sobre os benefícios que podem ser trazidos ao conservar as áreas ciliares. A destruição da

    mata ciliar vem ocorrendo de forma intensa nos últimos anos em várias partes do Cerrado

     brasileiro, o mesmo ocorre no município de Pires do Rio-GO área dessa pesquisa.

    2.4 O Município de Pires do Rio-GO

    O município de Pires do Rio está localizado na região sul do estado de Goiás, na

    mesorregião sudeste do estado. O estado é dividido também em microrregiões e Pires do Rio

    leva o nome de uma importante região do estado: a estrada de ferro. Observe na figura 3 alocalização do município de Pires do Rio-GO.

    Mapa 1: Localização do Município de Pires do Rio-GO.Fonte: DIAS, 2008.Org.: ANJOS, F. A. 2012.

    O município de Pires do Rio está localizado entre as coordenadas geográficas 17º

    01’ 05’’ –  17º 37’ 28’’ de latitude Sul e 48º 03’ 21’’ –  48º 42’ 54’’ de longitude Oeste de

    Greenwich, segundo Dias (2008), no cruzamento da GO-020 com a GO-330. A altitude do

    município varia de 600 a 800m, mas em determinados pontos pode chegar a 960m. Tem em

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    seus limites territoriais os municípios de Orizona, Vianópolis, Caldas Novas, Ipameri, Urutaí,

    Santa Cruz de Goiás, Palmelo, Cristianópolis e São Miguel do Passa Quatro. O território é de

    1.073,37 km², sendo que 1.061,62 km² (98,89%) são áreas rurais e 11,85 km² (1,11%) são de

    área urbana, segundo Dias (2008). Veja na figura 4 a microrregião de Pires do Rio e os

    municípios que fazem fronteira com o município de Pires do Rio-GO.

    Mapa 2: Mapa da Microrregião de Pires do Rio-GO/2007.Fonte: DIAS, 2008.Org.: ANJOS, F. A. 2012.

    Pires do Rio foi fundada em 9 de novembro de 1922 em um terreno doado pelocoronel Lino Teixeira de Sampaio. A fundação da cidade foi no mesmo ano que se deu a

    inauguração da ponte Epitácio Pessoa sobre o rio Corumbá, um importante cartão postal de

    Pires do Rio até a atualidade. O nome da cidade foi dado em homenagem ao ministro da

    aviação da época, José Pires do Rio, segundo Dias (2008).

    Esse foi o primeiro município goiano que teve sua criação e projeto planejado,

     pois foi construída a cidade a partir da construção da ferrovia. As cidades que eram

    contempladas com a linha férrea passavam a ser vistas como importante pólo sócio

    econômico, já que na época era um dos principais meios de transporte do país, ou seja, um

    símbolo da modernidade. A ferrovia contribuía com o aparecimento e ampliação dos núcleos

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    urbanos e trazia benefícios de infra-estrutura para as cidades, como estradas de rodagem, que

    eram importantes para que as mercadorias chegassem às estações ferroviárias e também servia

     para melhor locomoção das pessoas, segundo Dias (2008).

    O município de Pires do Rio apesar de ter sido fundado em função da ferrovia,

    esta hoje não tem tanto prestígio como naquela época, a principal atividade hoje é a criação de

     bovinos para leite e corte, outra atividade importante é a avicultura, segundo Dias (2008).

    Atualmente as maiores indústrias do município são a OLVEGO  –  Óleos Vegetais de Goiás –  

    e a NUTRIZA –  Nutriza Agroindustrial de Alimentos S/A –  que empregam pessoas de outros

    municípios também gerando vários empregos. Principalmente a NUTRIZA, que é de

     propriedade do grupo Tomazini, ocupa um papel relevante na economia da cidade, já que

    geram renda, empregos diretos e indiretos na cidade e também na zona rural.Segundo Dias (2008) a ferrovia que deu origem ao município influenciou na

    oscilação de sua população, mas nos últimos trinta anos esta não tem apresentado um grande

    crescimento, na zona rural houve uma significativa redução da população, mas a zona urbana

    não recebeu uma grande quantidade de novos habitantes. Observe no quadro 1 a evolução

     populacional do município de Pires do Rio GO 1970/2010.

    Quadro 1: Evolução populacional do município de Pires do Rio-GO –  1970/2010.Ano Urbana Rural Total

    1970 13.404 5.019 18.423

    1980 16.663 2.590 19.253

    1991 20.537 1.594 22.131

    1996 23.766 1.328 25.094

    1998 24.989 1.396 26.385

    2000 24.473 1.756 26.229

    2007 25.164 1.693 26.857

    2010 25.957 1.673 27.630

    Fonte: Dias, Cristiane. 2008 e IBGE Censo 2010.Org.: ANJOS, F. A. 2012.

    O quadro indica uma significativa redução na população rural do município, mas

    segundo Dias (2008), o campo ainda continua sendo o estabilizador da economia deste espaço.

    A relação mais dinâmica que Pires do Rio estabelece com os outros municípios é

    no sistema educacional e no comércio, pois é uma cidade pólo na microrregião de Pires do

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    Rio. Atrai várias pessoas dos outros municípios para comprar em seus estabelecimentos

    comerciais devido a grande variedade de lojas existentes na cidade; as escolas públicas e

     privadas recebem alunos principalmente de Palmelo, Santa Cruz de Goiás, Urutaí e Orizona.

    O mesmo acontece nas duas instituições de ensino superior presentes em Pires do Rio, a UEG

    (Universidade Estadual de Goiás) e a FASUG (Faculdade do Sudeste Goiano).

    Os principais pontos turísticos do município Pires do Rio são: a Usina do salto,

    localizada na zona rural, trata-se de uma hidrelétrica abandonada, que foi construída em 1930

    e atrai turistas para camping e passeio de caiaque. O Country Clube de Pires do Rio, onde são

    realizadas festas e possui um amplo espaço verde para práticas esportivas, além de piscinas e

     parque para as crianças. O Museu Ferroviário foi inaugurado em 1989 e tem uma antiga

    oficina de locomotivas a vapor da Estação Ferroviária Goiaz, no local são realizadas palestrase encontros e é possível verificar publicações da ferrovia, mobiliário, equipamentos, além de

    fotos, objetos e documentos. A Ponte Epitácio Pessoa foi construída em 1921 sobre o Rio

    Corumbá com placas metálicas importadas da Bélgica. Mas a principal atração turística do

    município é a Cachoeira do Maratá, observe a figura 5 a seguir.

    Figura 3: A Cachoeira do Maratá.Fonte: .Org.: ANJOS, F. A. 2012.

    A Cachoeira do Maratá recebe visitantes durante o ano todo. As pessoas vão para

    apreciar a paisagem, banhar na cachoeira e também para acampar. No local existe um ponto

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    de venda de refeições e bebidas onde as pessoas se divertem com os amigos entre um banho e

    outro na cachoeira. É de propriedade particular pertencente a Cássio Machado, e a entrada é

     permitida aos sábados, domingos e feriados. O local é de fácil acesso pela rodovia GO-309,

    que liga Pires do Rio a Caldas Novas, e fica a 1 quilometro da rodovia em estrada de terra a

    17 quilômetros da cidade de Pires do Rio.

    Os pontos mais utilizados pela população da cidade de Pires do Rio como área de

    lazer são: a Praça Gaudêncio Rincon Segóvia, onde é possível encontrar várias opções de

    culinária, apresentação cultural e feira de artesanato. Outras praças foram construídas

    recentemente, como a Praça Alfredo Nassar, em frente ao Mercado Municipal, Praça Deusmir

    Vieira, no Parque Santana, e outras em diversos bairros. Outro local de lazer para a população é

    o Lago Municipal de Turismo e Lazer Rogério Gomide Cunha, onde era conhecido por ser umdepósito de lixo na área urbana e agora é um dos cartões postais da cidade. O lago foi um marco

    turístico para a cidade e conta com equipamentos para a prática de esportes, parque para as

    crianças, pista para caminhada, jardinagem, iluminação, banheiros públicos e quiosques. Todas

    estas construções em Pires do Rio tem modificado a paisagem, a paisagem natural desapareceu.

    A intervenção humana altera os ambientes, e são feitas de acordo com os

    interesses da sociedade, ou de parte dela. Primeiramente são afetadas as coberturas vegetais e

    a partir daí modifica-se o valor econômico da água (qualidade), a pedogênese e o regime dos

    rios, segundo Ross (2006).

    O homem participa dos ecossistemas em que vive. Ele os modifica e, por sua vez, osecossistemas reagem determinando algumas adaptações do homem. As interaçõessão permanentes e intensas, qualquer que seja o nível de desenvolvimento técnico dasociedade humana, (ROSS, 2006, p.40).

    Segundo Ross (2006) os ecossistemas sempre foram alterados pelo homem, desde sua

    aparição, e ele também foi influenciado em seu desenvolvimento físico e até intelectual pelo meio

    ambiente e pelos demais componentes do ecossistema em que está inserido. O autor destaca ainda

    que as intervenções humanas sobre a cobertura vegetal, repercute sobre vários aspectos:

      A energia da radiação que alcança o solo e, por sua vez, as temperaturas do solo,com efeitos sobre a respectiva flora e fauna, a mineralização dos húmus, anitrificação e a fertilidade deste;

      A queda de detritos vegetais na superfície do solo e, em conseqüência, a nutrição dosorganismos redutores, a estrutura do solo e sua resistência à erosão pluvial e, porconseguinte o regime hídrico e a reciclagem dos elementos minerais pelas plantas;

     

    A intercepção das precipitações ou seu tempo de concentração e a energia doimpacto das gotas, que determinam a possibilidade de erosão pluvial;  A proteção do solo contra as ações eólicas, capazes de intensa degradação das

    terras, (ROSS, 2006, p.40).

  • 8/16/2019 Lago Do Parque Municipal de Turismo e Lazer Rogério Gomides

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    Ao explorar uma área é importante que se faça uma avaliação dos impactos da

    inserção da tecnologia humana no ecossistema, segundo Ross (2006). Ou seja, deve-se

    determinar o que é aceitável na extração dos recursos sem degradar o ecossistema, ou pelo

    menos determinar quais as medidas a serem tomadas para permitir maior extração com menor

    degradação. Isso é importante ser feito antes de explorar determinada área, para que depois

    não seja tarde e nada mais possa ser feito.

    O homem sempre vai explorar seu ambiente, isso vem desde os primórdios da

    humanidade e para Ross (2006), já não existe nenhum ecossistema que não foi modificado

     pelo homem, apenas as modificações são de natureza diferente e impo