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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO UFMT INSTITUTO DE CINCIAS EXATAS E DA TERRA ICET CURSO DE GRADUAO EM GEOLOGIA.

MAPEAMENTO GEOLGICO-ESTRUTRAL E PROSPECO GEOQUMICA DAS SERRAS DO CARAMUJO E SALTO DO AGUAPE SW CRATON AMAZNICO. TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO

Filippe Figueiredo Kestring & Josemar Clemente da Silva

Cuiab, Dezembro 2010

UFMT-2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO UFMT INSTITUTO DE CINCIAS EXATAS E DA TERRA ICET CURSO DE GRADUAO EM GEOLOGIA

MAPEAMENTO GEOLGICO-ESTRUTRAL E PROSPECO GEOQUMICA DAS SERRAS DO CARAMUJO E SALTO DO AGUAPE SW CRATON AMAZNICO.

Filippe Figueiredo Kestring & Josemar Clemente da Silva

Orientador: Elzio Barbosa da Silva Carlos Jos Fernandes

Monografia apresentada coordenao do curso de geologia Instituto de Cincias Exatas e da terra UFMT, como parte das exigncias para o cumprimento da disciplina Trabalho de Concluso de curso no ano letivo de 2010. Cuiab, Dezembro 2010ii | P g i n a

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO UFMT INSTITUTO DE CINCIAS EXATAS E DA TERRA ICET CURSO DE GRADUAO EM GEOLOGIA

MAPEAMENTO GEOLGICO-ESTRUTRAL E PROSPECO GEOQUMICA DAS SERRAS DO CARAMUJO E SALTO DO AGUAPE SW CRATON AMAZNICO.

COMISSO EXAMINADORA

Presidente: Dr. Elzio da Silva Barbosa.

1 Examinador: Dr. Francisco Egdio Cavalcante Pinho.

2 Examinador: Dr. Paulo Csar Corra da Costa

Cuiab, Dezembro 2010iii | P g i n a

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Cucurucu... (autor desconhecido)

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Dedico esta magnfica obra de arte a minha famlia, meu porto seguro. Filippe Figueiredo Kestring

Dedico este prazeroso trabalho a minha me e meus irmos, que me auxiliaram durante todo o curso, e so a fonte de toda a minha vontade de vencer. Josemar clemente da Silva

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AGRADECIMENTOS Em especial agradecemos a DEUS pela fora, sade, companheirismo, amor e todas as coisas nos proporcionadas durante os 5 anos de cursos, por nos livrar da ultima tempestade em Cuiab, por salvar nossos computadores e todo o trajeto da vida, at esse momento importante. Agradecemos ao nosso FANTSTCO orientador, amigo professor Elzio Barbosa, pela pacincia, pelo tempo dedicado a nos ajudar, pelas animadas etapas de campos, cheia de muita alegria. O Carlos Jos Fernandes, o famoso Carlinhos agradecemos pelas correes, pelos conselhos, dicas e por tudo que contribuiu para melhorarmos a cada dia o nosso trabalho. A Geomin Geologia e minerao, pelo auxilio em campo, pelos tcnicos contratados, pelos equipamentos, pelo estagio de 3 anos do primeiro autor, pela forma como nos recebeu e sempre nos apoiou. Ao grande Lima (Limato) e ao Sr Raimundo (Mundico) pela companhia e animadas campanhas de campo Esses meninos no vo virar homem nunca (Raimundo 2010) Agradecemos a todos os professores do curso de Geologia, pela pacincia pelos ensinamentos, pelos puxes de orelha, nas horas mais importantes. A universidade Federal de Mato Grosso, pelo auxilio nas etapas de campo, a ajuda durante todo o curso. Todos os colegas, amigos, parceiros da Turma 2006 e aos outros que entram na turma e se estabeleceram como da famlia, o nosso muito obrigado. Anderson (Barata), Alln Jhone (Mickey lango), Felipinho (lango), Lucas( mgico solta um pum e some), Pedro (Pedro lajes), Paulo( Vadio, Jamaica, Zeca), Fernando( Vesgo), Thiago (Rampeira), Lucas Viana (Vida), Marcus (Maro), Vinicius (Pelotas), Autor (Jose do mar) e (Poxoxta). As meninas lindas e guerreiras. Brunna (Brunninha), Ethiane ( stress), Evelin ( Nickkk rosaaa), Fernanda (peste), Jessica (Jeca), Ivanir (Guerreira), Debora (De),vi | P g i n a

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Ludimila (Ronaldooo), Tatiane (Tati nariguda), Cleide (Pm), Mariana (Gurizadaaaaa) Sirlane ( Sirrrrrrr). Agradecimentos do Kestring Agradeo, antes de tudo, ao meu grande, eterno, fiel e poderoso Deus por presentear-me com mais essa conquista. Ao meu paizo Edjaime Kestring e minha me Valria Kestring, que so os meus maiores incentivadores e inspiradores, por terem me dado essa oportunidade de ser o caulo, pela rica bagagem educacional, familiar, e por me darem os mais importantes ensinamentos do verdadeiro caminho das pedras. Ao grande amigo Dr. Carlos Jos Fernandes (Carlinhos), pela confiana e disposio para as conversas geolgicas. (Jovem, se fosse fcil, no seria pra ns); Ao excepcional prof. Orientador Dr. Elzio (fantstico), pela amizade, pelas discusses geolgicas nas etapas de campo e orientao deste trabalho; Ao gelogo lvaro Quadros, pelo apoio e confiana em conceder o espao da empresa como a nossa casa, aos presentes que sempre nos dava e aos diversos patrocnios concedidos; Ao grande Dr. Chico Pinho, pela dedicao nas correes, sugestes e orientaes geolgicas e confiana em cumprir os trabalhos da empresa e particular, um grande abrao. Ao corpo de funcionrios da empresa, Elaine Ganzer, pelos constantes ensinamentos, ao Tc. Daniel Cerralvo (foigoi rei), Daniel Arajo (Didi), a Ana Paula, dedicao em primeiro lugar e a grande Susan, sempre cuidando da minha alimentao. Aos meus irmos que eu tanto amo, em ordem decrescente de idade e no de tamanho, Marcos (Marquim), Rafael (Rafa) e Jnior (Neguinho), pelo companheirismo, encorajamento, conselhos, pelas mesadas, por serem os melhores irmos que existem. famlia Rodrigues, em especial a minha amada e futura esposa Marianne (amor), por estar comigo h cinco anos, dando fora, carinho, entendendo as dificuldades e estando comigo em todos os momentos de conquistas, inclusive no momento em que a conquistei (risos).

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Ao meu grande amigo Josemar Clemente (mastro), meu parceiro de TCC e que aprendi a t-lo como um irmo. Ao intenso esforo e dedicao neste trabalho e nos mais variados trabalhos de campo. Sou seu f, voc O CARA. Sra. Maria Rufina, pelo aconchego e o acolhimento como filho, confiana em liberar o filho (2 autor) para as viagens de trabalho. minha tia mais coruja Uiara (Lala) pelo amor e carinho. famlia Negro, em especial ao tio Niltinho e tia J pelo apoio e socorro nas horas mais difceis e claro, a famlia GOBETINININI.

Agradecimentos do Silva No poderia deixar de agradecer algumas pessoas que me influenciaram e me ajudaram durante o curso e durante este ano to cheio de desafios. Agradeo a minha me Rufina Maria, e a todos meus irmo que so fonte de inspirao para superar os desafios da vida. A Dona Valria e Sr Edjaime pela acolhida em sua casa, pelos maravilhosos rangos, pelo bolo Titanic, enfim pelo carinho que vocs tm por mim. Agradeo ao professor Carlos Humberto da Silva com o qual aprendi muito durante os anos de iniciao cientifica, na sala ou fora dela, conhecimentos que influenciaram e muito na minha vida acadmica, Obrigado; A amiga Debora Faria, pelo companheirismo, pelos conselhos, pela ajuda nos momentos mais difceis da vida acadmica, pelo esforo em me ajudar sempre. A amigo Thiago Faria, pela ajuda, pela fora para eu conseguir estgio e poder assim ter subsdios para me formar. A Jack pela ajuda incrvel na formatao deste trabalho. A Deusa e Alcione pela receita dos ch que contribuiu para que eu melhorasse e continuasse o trabalho. A senhorita Ndima que muito contribuiu, pela companhia nas madrugadas a fio, mesmo distante se fazia presente, pelo apoio incondicional, pela preocupao, pelo amor, carinho e incentivo, ou seja, pela importncia e pela pessoa que representa.viii | P g i n a

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Ao Gelogo Walter, pela oportunidade de estgio, pela confiana e por me liberar para concluir as ultima etapas do trabalho, pelo incentivo e humildade o que me recebeu na Floramap. Amizade, companheirismo, so coisas levadas para a vida. Agradeo ao meu amigo, irmo e companheiro de TCC, Filippe (Poxoxta), pelo apoio nos momentos mais complicados, pela ajuda financeira, e o mais importante pela amizade.

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RESUMO Localizada na poro SW do Craton Amaznico, nas Provncias geocronolgicas Rondoniano San Igncio (1.45-1.30 Ga) e Sunss Aguape (1.25-1.0 Ga), a rea de estudo de 3200 ha, se insere na Provncia Aurfera Alto Guapor, a qual concentra importantes depsitos de ouro ao longo da Faixa Mvel Aguape. Esta Faixa representa um cinturo de cisalhamento mesoproterozico de direo NNW, com uma largura que varia entre 25 e 50 km e uma extenso em torno de 600 km. O mapeamento geolgicoestrutural da serra do Caramujo identificou as principais unidades geolgicas e estruturas geolgicas responsveis pela geometria da Faixa Mvel, na poro Sul, no domnio da tectnica trancorrente, e identificou anomalias/alvos geoqumicos. O mapeamento geolgico possibilitou a identificao de 6 unidades geolgicas. A unidade 1 representada pelo complexo metavulcanossedimentar Rio Alegre e pelo Granito Ellus, as unidades 2, 3,4 pelos litotipos da Formao Fortuna, a unidade 5 pela Formao Vale da Promisso e a unidade 6, representadas por aluvies recentes. Foram identificadas trs fases de deformao vinculadas orogenia Sunss Aguape (Proterozico Superior). Este evento considerado o mais importante do ponto de vista econmico, tendo em vista que o processo de formao do minrio (ouro) est diretamente relacionado percolao de fluidos hidrotermais gerados neste evento orognico. A fase D1 representada por sinclinal e anticlinal, assimtricas, de direo preferencial NWSE/SW e NE-SW/SE, com foliao plano axial Sn. A fase D2 representada por crenulaes suaves a apertadas gerando uma nova foliao Sn+1 de direo NWSE/SW, plano axial das microdobras. A fase D3 marcada pelas dobras suaves a abertas resultado da compresso de Sn+1 gerando uma foliao plano axial Sn+2. A zona de cisalhamento dctil-rptil Serra do Caramujo, de direo NNW-SSE/NE apresenta-se como importante condutor de fluidos hidrotermais gerando as mineralizaes, no qual se desenvolveu o garimpo Ellus. Foram coletadas 220 amostras de solo, divididas em quatro malhas geoqumicas sistemticas (400m x 100m), 18 amostras de rocha e 17 de veios de quartzo e analisadas pelo mtodo Fire Assay AAS para o elemento ouro. Duas zonas anmalas foram reconhecidas para as amostras de solo, com pico em 99 ppb, e uma grande zona para as amostras de rocha e veio de quartzo, com pico marcado por uma amostra com teor de 2203 ppb, identificando ento, trs alvos geoqumicos definidos como zonas com potencial metalogentico (ZP-1, ZP2 e ZP-3). Palavras-chave: Provncia Aurfera Alto Guapor, Serra do Caramujo, Faixa Mvel Aguape.x|P g i n a

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ABSTRACT Located at the southwestern portion of the Amazonian Craton, into the Rondonian San Ignacio (1:45 to 1:30 Ga) and Sunss Aguape (1.25-1.0 Ga) geochronological provinces, the study area with 3200 ha, is part of the Guapor Gold Province, which concentrates important gold deposits along the Aguape Mobile Belt. This belt represents a Mesoproterozoic shear trending NNW, with a width varying between 25 and 50 km and a length of around 600 km. The geological-structural mapping of the Serra do Caramujo identified the major geologic units and geologic structures responsible for the geometry of the Mobile Belt, in the southern portion, in a

transcurrent tectonic domain, and identified geochemicalanomalies / targets . The geologic mapping identified six geological units. The unit 1 represented by a

Metavolcanosedimentary Rio Alegre Complex and by Ellus Granite, the units 2,3 And 4 by rocks of the Fortuna Formation, the unit 5 through the Vale da Promisao and theunit 6, represented by the recent alluvial sediments. Three deformation phases

related to the Sunss Aguape orogeny (upper Proterozoic) were identified. This event is considered the most important by economic point of view, considering that the process generating ore (gold) is directly related to percolation of hydrothermal fluids generated in this orogenic event. The D1 phase is represented by asymmetric sinclinal and anticlinal , of NW-SE/SW NE-SW/SE direction, with axial foliation plane Sn. The D2 phase is represented by crenulations generating a new foliation Sn +1 with direction NW-SE/SW for the axial palne. The D3 phase is characterized by open folds that are the result of the Sn +1 compression generating an axial plane foliation Sn +2. The ductilebritle shear zone of Serra do Caramujo, trending NNW-SSE/NE presents itself as an important driver of hydrothermal fluids generating the mineralization, which has developed the Ellus Garimpo. 220 soil samples were collected, divided into four systematic geochemical grides (400m x 100m), 18 rock samples and 17 quartz veins also were analyzed by Fire Assay AAS for gold. Two anomalous zones were

recognized for the soil samples, which peaked at 99 ppb, and a large anomalous area for rock samples and quartz vein, with a peak marked by a sample with 2203 ppb, then

three geochemical targets were defined as potential metallogenic areas (ZP-1 ZP-2 and ZP-3).

Keywords: Guapor Gold Province, Serra do Caramujo, Aguape Mobile Beltxi | P g i n a

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SUMRIOAGRADECIMENTOS ................................................................................................................................ vi RESUMO ..................................................................................................................................................... x ABSTRACT ................................................................................................................................................ xi

LISTA DE FIGURAS......................................................................................................................... xvCAPTULO 1. INTRODUO ................................................................................................................... 1

1.1. LOCALIZAO E VIAS DE ACESSO ....................................................................................... 1 1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................................... 4 1.3 MTODOS DE TRABALHO .................................................................................................... 4 1.3.1 Reviso bibliogrfica ........................................................................................................ 5 1.3.2 Preparativos para trabalho de campo.............................................................................. 5 1.3.3 Trabalho de Campo .......................................................................................................... 5 1.3.4 Estudos Geoqumicos ....................................................................................................... 6 1.3.5 Atividades de escritrio.................................................................................................... 6 1.3.6 Elaborao do relatrio final ............................................................................................ 6CAPTULO 2. ASPECTOS FISIOGRFICOS ........................................................................................ 8

2.1 PEDOLOGIA.......................................................................................................................... 8 2.2 GEOMORFOLOGIA ............................................................................................................... 9 2.3 VEGETAO ....................................................................................................................... 10 2.4 HIDROGRAFIA .................................................................................................................... 11 2.5 CLIMA ................................................................................................................................ 11CAPTULO 3. GEOLOGIA REGIONAL ................................................................................................ 13

3.1. GENERALIDADES............................................................................................................... 13 3.2 CRATON AMAZNICO ....................................................................................................... 13 3.3. SUDOESTE DO CRATON AMAZNICO. ............................................................................. 16 3.4. TERRENO RIO ALEGRE ...................................................................................................... 18 3.5. GRUPO AGUAPE .............................................................................................................. 21 3.6. TECTNICA DA FAIXA MVEL AGUAPE.. ........................................................................ 23 3.6.1 Domnio da Tectnica Transcorrente (DTT) ................................................................... 25 3.6.2 Domnio da Tectnica Contracional de Baixo ngulo (DTCBA) ...................................... 25 3.6.3 Domnio dos Dobramentos Simtricos (DDS) ................................................................ 26 3.6.4 Domnio das Rupturas e Basculamentos (DRB).............................................................. 26CAPTULO 4. GEOLOGIA LOCAL ...................................................................................................... 29

4.1 UNIDADE 1......................................................................................................................... 31xii | P g i n a

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4.1.1. Complexo Metavulcanossedimentar Rio Alegre ........................................................... 31 4.1.2. Granito Ellus .................................................................................................................. 33 4.2 UNIDADE 2......................................................................................................................... 36 4.3 UNIDADE 3......................................................................................................................... 38 4.4 UNIDADE 4......................................................................................................................... 40 4.5 UNIDADE 5......................................................................................................................... 40CAPTULO 5 GEOLOGIA ESTRUTURAL .......................................................................................... 43

5.1 ESTRUTURAS SEDIMENTARES ........................................................................................... 43 5.2 ESTRUTURAS TECTNICAS ................................................................................................ 44 5.2.1 Primeira Fase de deformao D1 ................................................................................... 44 5.2.2 Segunda Fase de deformao D2. .................................................................................. 46 5.2.3 Terceira Fase de deformao D3.................................................................................... 47 5.3 ESTRIAS DE DESLIZAMENTO FLEXURAL ............................................................................. 51 5.4 JUNTAS .............................................................................................................................. 52 5.5 VEIOS DE QUARTZO ........................................................................................................... 53 5.5.1 Famlia 1. ........................................................................................................................ 54 5.6. ZONA DE CISALHAMENTO SERRA DO CARAMUJO. .......................................................... 55CAPTULO 6 PROSPECO GEOQUMICA ...................................................................................... 60

6.1 INTRODUO .................................................................................................................... 60 6.1.1 Premissas da Prospeco Geoqumica ........................................................................... 60 6.2. DELIMITAO DAS MALHAS DE AMOSTRAGEM .............................................................. 61 6. 3 EXECUO DAS MALHAS DE AMOSTRAGEM E GEOQUMICA DE SOLO E ROCHA .......... 64 6.3.1 Princpios de Controle de Qualidade (Quality Control-Qc) e o Uso de Amostras Standard, Duplicata e Blank. ............................................................................................ 64 6. 3.2 Equipe de Amostragem e Mapeamento Geolgico ...................................................... 65 6. 3.3 Instalao da Equipe e Avaliao Preliminar da rea de Estudo ................................. 66 6.3.4 Coleta e Preparao das Amostras de Solo ................................................................... 66 6.4. ANLISES LABORATORIAIS DAS AMOSTRAS COLETADAS ............................................... 68 6. 4.1 Tcnicas e Procedimentos Utilizados na Preparao das Amostras em Laboratrio ... 69 6. 5 TRATAMENTO ESTATSTICO E SUAS PREMISSAS ............................................................. 70 6. 5.1 Tratamento Estatstico das Amostras de Solo ............................................................ 70 6. 6 COLETA E PREPARAO DAS AMOSTRAS PONTUAIS (Chip Sample) E LINEARES (Channel Sample).................................................................................................................................... 84 6.6.1. Tratamento Estatstico das Amostras de Rocha e Veios ............................................... 85xiii | P g i n a

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6.7. CORRELAO ENTRE AS AMOSTRAS ANALISADAS E AS LITOLOGIAS MAPEADAS ........... 90CAPTULO 7 GEOLOGIA ECONMICA ........................................................................................... 92

7.1. RESRVAS MINERAIS .......................................................................................................... 95 7.2. SITUAO LEGAL DO SUBSOLO. ....................................................................................... 96 7.3. POTENCIAL METALOGENTICO ........................................................................................ 99 7.3.1 Caractersticas Observadas ......................................................................................... 99 7.3.2 Zonas Identificadas com Potencial ............................................................................ 100 7.3. RESERVAS E APLICAES ECONMICAS ........................................................................ 103 CAPTULO 8 DISCUSSES E CONSIDERAES FINAIS ...................................................... 106

8.1 SUGESTES E RECOMENADAES......................................................................................105 CAPTULO 9 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................... 103

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LISTA DE FIGURASFigura 1: Mapa de localizao e vias de acesso da rea de estudo .............................................. 3 Figura 2 Mapa de Solos das intermediaes das reas-Alvos. (Modificado de Seplan 2001) .... 9 Figura 3 Mapa Geomorfolgico do SW do estado de Mato Grosso com a localizao das unidades geomorfolgicas observadas para a rea (Modificado de Miranda & Amorim, 2000).10 Figura 4 Mapa ilustrando a distribuio das Provncias Geocronolgicas e suas principais associaes litolgicas do Crton Amaznico, no norte da Amrica do Sul. (Tassinari, 1996 e Tassinari e Macambira 1999). ..................................................................................................... 15 Figura 5 Compartimentao geocronolgica e tectnica do Crton Amaznico, incluindo o Macio Rio Apa. (Ruiz et al. 2005). ........................................................................................... 16 Figura 6 Localizao da rea de estudo segundo a Compartimentao Tectnica do SW do Crton Amaznico em Mato Grosso, Rondnia e oriente da Bolvia Ruiz (2009) ..................... 18 Figura 7 Estratigrafia esquemtica do Aulacgeno Aguapei (Saes, 1999). ............................... 23 Figura 8 Compartimentao tectnica da Faixa Mvel Aguape segundo Saes e Leite (1993). 25 Figura 9 Compartimentao tectnica da faixa mvel Aguape. (Extrado Alvin 2007 ............ 27 Figura 10 Mapa Geolgico 1: 50.000, rea de estudo. (Ver anexo I) ........................................ 30 Figura 11 Coluna Estratigrfica esquemtica proposta para a regio Vila Cardoso, nas Serra Salto Aguape e Caramujo........................................................................................................... 31 Figura 12 Unidade 1, Complexo Metavulcanossedimentar Rio Alegre. A) aspecto geomorfolgico e a relao entre as rochas do Grupo Aguape e Complexo Metavulcanossedimentar Rio alegre. B) Solo marrom avermelhado produto da alterao das rochas vulcnicas. C) Xisto gerado a partir das rochas bsicas da sequncia vulcanossedimentar Rio Alegre. D) Xisto cortado por veios de quartzo. E e F) Formao Ferrfera Bandada. ......... 33 Figura 13 Granito Ellus. A) Blocos do granito Ellus mostrando sua tpica alterao esfoliao esferoidal tambm conhecida como alterao em cebola. B) aspecto macro destacando suas pequenas fraturas que facilitam a preenchimento pela slica. C) pequenos veios de quartzo associado as fraturas com sulfetos associados tanto ao veio quanto disseminado na rocha. D) Granito alterado, destacando os cristais de Feldspato Alcalino. E) e F) granito Ellus, com foliao anostomosada definida pela biotita. .............................................................................. 35 Figura 14 Unidade 2. A) Metaconglomerado basal. B) Metaconglomerado basal com alto ngulo sustentando as serras. C) estratificao cruzada mdio porte. D) aspecto de afloramento cujo detalhe foto E. E) Metaconglomerado evidenciando as duas fases de deformao. F) clastos de quartzo paralelo a xistosidade e por vezes formando augens. ................................................ 37 Figura 15 Unidade 3. A) Detalhe quartzito e metarenito cinza com camadas centimtricas. B) foto em planta das camadas. C) ralao das litologias com as fases de deformao. D) foto em planta das relaes estruturais. E) quartzito branco, mdio a grosso em que as fraturas representam a Sn+1. F) quartzito dobrado com camadas centimtricas ..................................... 39 Figura 16 Unidade 5. Aspecto de afloramento dos metapelito. B) detalhe das fases de deformao bem marcada nestas rochas. C) estria de deslizamento flexural entre as camadas. D) forma de ocorrncia dos metapelito nos vales das grandes dobras ............................................. 41 Figura 17 Estruturas primrias. A) So marcado pela alternncia de cor, entre o metarenito cinza claro (MA) e o metarenito cinza escuro (MAC). B) detalhe de A, mostrando com mincia as estruturas tectnicas, assinalada pela clivagem de crenulao SN+1. C) Estratificao cruzada (EC), metarenito. D) Acamamento sedimentar (So) ressaltado pela percolao de gua nas fraturas, corte em drenagem. ....................................................................................................... 44xv | P g i n a

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Figura 18 Estruturas tectnicas. A) Clivagem ardosiana freqente nos metapelitos. B) Xistosidade Sn definido pela orientao preferencial dos minerais de quartzo. C) Metaconglomerado, cuja xistosidade bem marcada pela orientao e estiramento dos gros de quartzo. D) Clivagem disjuntiva plana axial associada s dobras parasticas e uma Lineao de interseco Ln paralela ao eixo da dobra. ................................................................................... 45 Figura 19 Estruturas relacionados a D2. A) A foliao Sn+1, no Metaconglomerado (MC) marcada pelo plano axial dos pequenos veios dobrados. B) O S0 evidenciado pela diferena na tonalidade da cor e na composio dos Metarenito cinza (MAC) e Metarenito (MA) que paralelo a Sn, e subpependicular a Sn+1, marcado por uma clivagem de crenulao. C) Clivagem de crenulao. D) Metarenito, alaranjado com uma clivagem de crenulao discreta. ..................................................................................................................................................... 47 Figura 20 Terceira Fase de deformao. A) relao estrutural entre as foliao gerada durante a progresso da deformao. B Dobras suaves a abertas. C) Dobras abertas a suaves, em que as escalas marcam o plano axial destas dobras. D) Desenho esquemtico para evidenciar a terceira fase atuante apenas localmente. .................................................................................................. 48 Figura 21. Estereogramas relacionados a todas as Fases de deformao. (A, C, e E) Diagrama de plos para as estrutura, acamamento S0, Sn e Sn+1. (B, D e F) Diagrama de Frequncia dos plos de distribuio pontual, para as estruturas tectnicas. Projeo estereogrfica de igual rea de schimidt- Lambert no hemisfrio inferior. ............................................................................. 49 Figura 22. Estereogramas da terceira fase de deformao. A) Diagrama de plos para as estrutura. B) Diagrama de Frequncia dos plos de distribuio pontual, para a estrutura tectnica. Projeo estereogrfica de igual rea de schimidt- Lambert no hemisfrio inferior. . 50 Figura 23. Figura esquemtica mostrando a relao entre as trs fases de deformao. A) mostra a relao entre a primeira e segunda fase de deformao e o desenvolvimento da clivagem de crenulao (S2=Sn+1). B) mostra a relao entre a segunda e terceira fase de deformao com o desenvolvimento de dobras suaves. (S3=Sn+2). C) mostra uma relao completa entre as fases de deformao. ...................................................................................... 50 Figura 24 Em A) Quartzito, com acamamento de alto ngulo de mergulho. B) Detalhe dos slickensides associados ao mecanismo de deslizamento Flexural cujo caimento paralelo ao mergulho do acamamento. C) aspecto geral dos slickensides. D) slickensides steps e quartzo estirado marcando o sentido do movimento. E) Bloco diagrama esquemtico representando o mecanismo e ainda o sentido do movimento entre os estratos. ................................................... 51 Figura 25 Diagrama de frequncia dos plos dos planos das principais famlias de juntas encontrada na rea. Projeo estereogrfica de igual rea de schimidt- Lambert no hemisfrio inferior. ........................................................................................................................................ 52 Figura 26 Famlia de fraturas. A) foto em planta da relao F1 e F3. B) Drenagem condicionada pelo sistema de fratura F3. C) Famlia F1, aberta perpendicular a F3. D) vista F1 superfcie planar a curviplanar. .................................................................................................................... 53 Figura 27 Veios de quartzo. A) .................................................................................................... 55 Figura 28. Aspecto geral da zona de cisalhamento no garimpo Ellus. B) Vista do trao da zona de cisalhamento garimpo Ellus. C) pequena cava. D) detalhe da estrias oblquas associadas a zona de cisalhamento. E) protomilonito, granito Ellus. F) milonito associado s rochas metassedimentares do Grupo Aguape ........................................................................................ 57 Figura 29 Estereogramas relacionados a todas as Fases de deformao. A) Diagrama de plos para as estrutura. B) Diagrama de Freqncia dos plos dos planos da zona de cisalhamento e estrias com pequena disperso atribuda a ondulao do plano. Projeo estereogrfica de igual rea de schimidt- Lambert no hemisfrio inferior. ...................................................................... 58xvi | P g i n a

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Figura 30: Mapa-imagem com os dados de sedimentos de corrente mostrando valores em pintas de ouro do Projeto Guapor e integrado aos resultados de 3 amostras analisadas para ouro pela empresa Geomin.......................................................................................................................... 62 Figura 31: Mapa da disposio da Malha de Amostragem Geoqumica, mostrando a distribuio das malhas m-1, m-2, m-3 e m-4, assim como o espaamento entre as linhas de cada uma e a distncia entre os pontos de coleta. ....................................................................... 63 Figura 32: Coleta e preparao das amostras de solo. (A) Localizao do ponto com aparelho GPS; (B) Retirada do material a ser descartado; (C) Coleta de solo e acondicionamento sobre toalha plstica; (D e E) Processo de quarteamento da amostra; (F) Ensacamento e etiquetagem das amostras. ............................................................................................................................... 68 Figura 33: Mapa de Isoteores de Au na Malha m-1 (A); Projeo de Alto Relevo com localizao dos pontos da malha (B) ........................................................................................... 78 Figura 34: Mapa de Isoteores de Au na Malha m-2 (A); Projeo de Alto Relevo com localizao dos pontos da malha (B) ........................................................................................... 79 Figura 35: Mapa de Isoteores de Au na Malha m-3 (A); Projeo de Alto Relevo com localizao dos pontos da malha (B) ........................................................................................... 80 Figura 36: Mapa de Isoteores de Au na Malha m-4 (A); Projeo de Alto Relevo com localizao dos pontos da malha (B) ........................................................................................... 82 Figura 37: Mapa de isoteor (A) e Projeo de alto relevo com a localizao das malhas de amostragem de solo (B ................................................................................................................ 83 Figura 38: Mapa de Isoteor das amostras de rocha e veio (A) e Projeo de alto relevo com a localizao dos pontos amostrados (B) ....................................................................................... 89 Figura 39 Geolgico da Faixa Mvel Aguape com os depsitos aurferos e idades Ar/Ar (Fernandes et al, 2003) ................................................................................................................ 93 Figura 40: Situao dos principais depsitos ao longo da Faixa Mvel Aguape: Depsito Ernesto Pau-a-pique (AB); Planta de beneficiamento da mina So Francisco (C) e desenvolvimento das bancadas na mina a cu aberto (D); Beneficiamento (E) e visada de situao da lavra na mina So Vicente. ....................................................................................... 95 Figura 41: Mapa com a distribuio dos Processos DNPM e seus respectivos requerentes no estado de Mato Grosso, com nfase a rea de Estudo ................................................................. 98 Figura 42: Ocorrncia de amostras com minerais de alterao, cujo teor foi maior que o LD: fragmentos de Veios de quartzo alterados incorporados ao solo; Veios de quartzo com estrutura Boxwork {BW} e minerais de hematita (B); Pirita alterada, hematita e estrutura boxwork (CD) e veio de quartzo em granito milonitizado (D). ........................................................................... 100 Figura 43: Localizao de algumas reas com potencial: (A) ocorrncia de xidos de ferro em veios de quartzo na ZP-2; (B) proximidades do ponto com maior teor de ouro em solo; (C) fragmentos de veios enriquecidos em xidos de ferro e sulfeto; (D) reas trabalhadas recentemente por garimpeiros, vista da ZP-3; (E e F) antiga cava de garimpo na zona de cisalhamento imposta no Granito Ellus. .................................................................................... 102

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LISTA DE TABELASTabela 1 Resultados de anlises para Au realizados na regio Sul da rea de estudo. Dados disponibilizados pela empresa Geomin Geologia e Minerao Ltda...................................... .61 Tabela 2 Resumo das principais expresses utilizadas para determinar os valores de Background, Valor Limiar, Anomalias de 1 e 2 ordem, (modificado de Maranho, 1982).....70 Tabela 3 Valores obtidos atravs do tratamento estatstico sugerido por Maranho (1982)......71 Tabela 4 Resultados de laboratrio via Fire Assay e informaes relevantes de localizao e identificao das 220 amostras de solo, assim como valores mnimos, mdio e mximo apresentados para Au. Destaque em amarelo para amostras que apresentaram valores anmalos de 1 ordem...................................................................................................................................72 Tabela 5 Valores obtidos atravs do tratamento estatstico de amostras de rocha sugerido por Maranho (1982)..........................................................................................................................86 Tabela 6 Relao das amostras de Rocha e Veio coletadas e analisadas....................................86

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CAPTULO 1 INTRODUO

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CAPITULO 1. INTRODUO - TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO_ Kestring & Silva 2010

CAPTULO 1.

INTRODUO

O presente trabalho de pesquisa refere-se disciplina de trabalho de concluso do curso de graduao em geologia, pela Universidade Federal de Mato Grosso e que teve por finalidade expor todos os dados que foram coletados, descritos e interpretados ao longo das etapas que se seguiram, visando receber o ttulo de bacharel em geologia. A escolha da rea de pesquisa foi motivada pela escassez de mapeamento geolgico em escala de detalhe, pela ocorrncia de grandes zonas de cisalhamento que podem influenciar na presena de possveis mineralizaes, cujo exemplo prximo garimpo Ellus. Dados de pintas de ouro das principais drenagens executados pela BP International foram cedidos pela Geomin Geologia e Minerao Ltda para auxiliar na seleo dos locais para a execuo das malhas de amostragens sistemtica de solo e aleatria de rochas e veios. As ocorrncias aurferas da regio so conhecidas desde o ano de 1720, quando exploradores portugueses, vindos da ento vila de Cuiab, fizeram as primeiras descobertas. No final do sculo XVIII, tornou-se importante produtora de ouro, envolvendo em seu apogeu cerca de 20.000 pessoas, em sua maioria africana que trabalhavam nas minas em regime de escravido. Os vestgios dessa atividade ainda so encontrados na forma de runas de habitaes, lavras abandonadas e canais de aduo de gua (Scabora & Duarte 1998).

1.1. LOCALIZAO E VIAS DE ACESSO A rea de estudo esta localizada no sudoeste do estado do Mato Grosso, municipio de Porto Esperidio, mais precisamente nas intermediaes das Fazendas Ellus, Vale das Ovileiras, Sorriso e Primavera, prximo a Vila Cardoso, corresponde a um rea de 3200 ha, parte da folha Santa Barbara SD.21-Y-C-II, com coordenada central 15 54 50,00 59 06 43,00. O acesso rea (Figura 1), partindo da capital Cuiab, feito por 243km utilizando a BR-070 at Cceres, que sem seguida pega-se a BR-174 em direo ao entroncamento com o acesso a Vila Cardoso passando-se pela rea urbana de Porto

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Esperidio. A partir daqui, percorre-se mais 43 Km, totalizando aproximadamente 455 km at o inicio da rea, cujo acesso facilitado pelas estradas vicinais.

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Figura 1: Mapa de localizao e vias de acesso da rea de estudo

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1.2 OBJETIVOS O presente trabalho tem como principal objetivo o mapeamento geolgicoestrutural e anlise geoqumica de rocha, veio de quartzo e solo, na escala 1:25.000 em uma rea de 3.200 ha, cuja detentora do alvar de pesquisa a GEOMIN - Geologia e Minerao Ltda, em que os enfoques foram: Mapeamento faciolgico visando: Delimitar a distribuio dos principais litotipos da rea. Mapear os principais veios de quartzo assim como as fraturas buscando subsdios para interpretao estrutural. Anlise estrutural (foliao, fraturas, acamamento). Estudos geoqumicos, buscando identificar possveis anomalias/alvos. 1.3 MTODOS DE TRABALHO Os mtodos de trabalho foram divididos em: Reviso bibliogrfica, trabalho de campo, estudos petrogrficos, geoqumicos e integrao e interpretao dos dados .

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1.3.1 Reviso bibliogrfica Nesta etapa foram estudados temas relacionados mineralizaes aurferas, principalmente aqueles modelos de depsitos de ouro associados a veios de quartzo, e rochas metassedimentares. Foi feita uma ampla reviso bibliogrfica de artigos, livros, dissertaes e teses que se referem Faixa Mvel Aguape. As pesquisas foram realizadas no acervo da biblioteca da UFMT e em artigos digitais encontrados por meio de palavras chave relacionados ao tema. 1.3.2 Preparativos para trabalho de campo Esta etapa foi de suma importncia para os trabalhos de campo e constituiu em : Interpretaes de imagens de Satlite (Landsat TM). Confeco de mapa topogrfico (estradas e drenagens). Confeco de mapas de lineamentos regionais. Confeces das malhas de geoqumica e , Definio dos principais perfis a serem realizados na rea.

1.3.3 Trabalho de Campo O trabalho de campo foi realizado em duas etapas, a primeira no ms de Junho com 10 dias de campo e a segunda em setembro com mais 6 dias de campo, totalizando 16 dias de trabalhos em campo, buscando dados e subsdios necessrios a compreenso geolgica da rea, para isso foram visitados 116 afloramentos ao longo do trabalho e coletadas 256 amostras entre solo, rocha e veios. O levantamento de campo baseou se no mapeamento geolgico que incluiu estudos e anlise de afloramentos, coleta de amostras para anlise petrogrfica e, perfis elaborados sempre que possvel perpendicular a estruturao regional, buscando cobrir a maior parte da rea e delimitando os principais litotipos e estruturas, que, posteriormente foram integrados em planta topogrfica na escala 1:25.000, possibilitando a elaborao do mapa geolgico e estrutural e ainda de perfis geolgicos. Ainda em campo foram coletadas amostras de solo em malha regular para identificar possveis anomalias de Ouro.

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1.3.4 Estudos Geoqumicos Os estudos geoqumicos foram feitos buscando encontrar possveis anomalias principalmente de ouro. A amostragem de solo foi toda executada na primeira etapa j a de rochas e veios foi executada nas duas etapas, ao todo foram executadas quatro malhas de amostragem geoqumica totalizando 220 amostras com em mdia 2Kg cada, em seguida foram enviadas ao laboratrio Lakefield Geosol Ltda, cujo mtodo analtico utilizado foi o Fire Assay-AAS foram analisadas alm do solo 42 amostras entre rocha e veio de quartzo, pelo mesmo mtodo. 1.3.5 Atividades de escritrio Nesta etapa os dados foram tratados e integrados, a fim de obter a melhor interpretao acerca da geologia. Para a interpretao dos dados foram utilizados os softwares Stereonet, para interpretao de dados estruturais, Corel Draw X3 muito til na digitalizao de esquemas e sees, ArcGis 9.3 e global mapper utilizado para a confeco dos mapas, Microsoft Excel 2007 e Surfer 8.0 utilizado para o tratamento dos dados geoqumicos e confeco dos mapas de isoteores e Microsoft Word 2007 para a confeco da monografia.

1.3.6 Elaborao do relatrio final O relatrio final foi confeccionado integrando-se os esquemas e as principais interpretaes e como principais produtos foram gerados: Trabalho de concluso de curso O mapa Geolgico e estrutural. Mapa Geoqumico de isoteores

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CAPTULO 2 ASPECTOS FISIOGRFICOS

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CAPTULO 2. 2.1 PEDOLOGIA

ASPECTOS FISIOGRFICOS

A variao e distribuio dos solos na regio estudada esto expressamente ligadas aos terrenos as quais foram formados, relacionados composio das rochas e fatores intempricos e pedogenticos atribudos na poro sudoeste do estado. Dentre as variedades de solos descritos e classificados para esta regio destacam-se os Latossolos Vermelho-Escuros, Solos Litlicos Distrficos e os Podzlicos Vermelho-Amarelos, que so encontrados nas intermediaes das reasAlvos, como indicado na figura 2. Os Latossolos Vermelho-Escuros esto distribudos nas superfcies

peneplanizadas dos terrenos granito-gnissico a leste e norte da borda da Serra do Caldeiro. So solos minerais, no hidromrficos, profundos, bastante intemperizados, apresentando horizonte B latosslico e cores variando de vermelho-escuro a brunoavermelhado-escuro. Recobrindo o conjunto de serras do Grupo Aguape, encontram-se principalmente os Solos Litlicos Distrficos, que so solos minerais, no hidromrficos, rasos, pouco desenvolvidos, com horizonte A sobre a rocha ou sobre o Horizonte C. Possui uma quantidade relativa de fragmentos da rocha, o que caracterstico de locais com alta declividade. J os solos Podzlicos Vermelho-Amarelos so solos minerais, no hidromrficos, apresentando horizonte B textural (mais argiloso) dificilmente diferenciados do horizonte A (mais arenoso). So profundos a pouco profundos, apresentando porosidade baixa a mdia. Na regio oeste da Serra do Caramujo, nota-se a ocorrncia de Areias Quartzosas, que so solos minerais arenosos e bem drenados, profundos a muito profundos, com baixa capacidade de reteno de gua e baixa fertilidade. Geralmente vermelhos, amarelos e vermelho-amarelados. Solo tpico da alterao das rochas quartzosas da regio. (Moreira & Vasconcelos 2007).

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Figura 2 Mapa de Solos das intermediaes das reas-Alvos. (Modificado de Seplan 2001)

2.2 GEOMORFOLOGIA Na regio sudoeste de Mato Grosso, so identificadas duas unidades de relevo morfoesculturais. A primeira representada pelos planaltos residuais do Alto GuaporJauru. Estas formam um conjunto de serras denominadas Ricardo Franco, So Vicente, Santa Brbara e seus prolongamentos em forma de cristas representadas pelas serras da Borda, do Cgado, Azul, Aguape e do Caldeiro (Figura 3). A segunda unidade geomorfolgica a Depresso do Guapor, que por sua vez constituda de material inconsolidado do quaternrio e rochas pr-cambrianas do embasamento. A nordeste faz limite com o Planalto dos Parecis, a sudeste segue separando a serra do Cgado do conjunto dobrado da serra da Borda-serra do Caldeiro, e separa este ltimo da serra Santa Brbara. Prximo a cidade de Pontes e Lacerda a BR-174 aproveitou o relevo desta unidade. (Barros 1982)

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Figura 3 Mapa Geomorfolgico do SW do estado de Mato Grosso com a localizao das unidades geomorfolgicas observadas para a rea (Modificado de Miranda & Amorim, 2000).

2.3 VEGETAO Ocorrem trs tipos de vegetao bem definidos na regio estudada, sendo elas: floresta estacional semidecidual, vegetao tipo savana ou cerrado e campos antrpicos. A Floresta Estacional Semidecidual apresenta, em suas comunidades, uma percentagem de rvores caduciflias em torno de 20 a 50%. Na Depresso do Guapor, ocorrem em relevos residuais, e nas encostas do Planalto dos Parecis, em superfcies conservadas, compondo uma faixa quase contnua. A litologia constitui-se de material inconsolidado do Quaternrio e parte de rochas do Complexo Xingu do pr-cambriano com solos de tipos podzlicos, na sua maioria. Nos vales h grupamentos de palmeiras, mas ocorrem tambm reboleiras de cips e bambus. Esta formao est relacionada aos relevos mais dissecados. A vegetao do tipo savana ou cerrado ocorre preferencialmente em terrenos relativos Chapada do Parecis e em alguns seguimentos do Grupo Aguape, assim

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como na Depresso do Guapor e no embasamento cristalino, onde predominam os solos cidos. Nos campos de ao antrpica a vegetao destinada pastagem e culturas, sendo caracterizados por um tapete de gramneas e espcies reliquiares. Normalmente, acha-se evoludo sobre aquelas reas anteriormente ocupadas pela floresta tropical (Menezes et al., 1993). 2.4 HIDROGRAFIA As reas do desse trabalho esto dispostas sobre uma rede de drenagens da Bacia Amaznica, que percorrem o Planalto e Chapada dos Parecis, Planaltos e Serras Residuais e do norte do estado e suas Depresses. Em relao as sub-bacias, as reas-alvo fazem parte da sub-bacia do Rio Madeira e que tambm subdividido e possui a sub-bacia Rio Guapor, que o principal rio da regio, tendo como afluentes os rios Sarar, Capivari e Vermelho. Existem vrias corredeiras com potencial para gerao de energia, trechos com potencial para navegao e turismo. O principal rio dessa sub-bacia recebe muitos dejetos de matadouros localizados na regio de Pontes e Lacerda. ( Maitelli 2005). 2.5 CLIMA A regio marcada por um clima quente e semi-mido, com duas estaes distintas. A estao seca, dura aproximadamente 4 a 5 meses, indo desde outono at o inverno. J a estao chuvosa compreende as estaes primavera/vero e se enquadram no tipo AW da classificao de Kppen. A estao seca corresponde aos meses de maio a setembro. As precipitaes pluviomtricas anuais so da ordem de 1350 a 2000mm, e a temperatura mdia anual, em torno de 250C (Menezes et al., 1993).

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CAPTULO 3 GEOLOGIA REGIONAL

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CAPTULO 3. 3.1. GENERALIDADES

GEOLOGIA REGIONAL

A rea de estudo esta inserida na Provncia Aurfera do Alto Guapor, sudoeste do estado de Mato Grosso (Saes et al. 1991, Geraldes et al. 1997a, Fernandes et al. 1999, Fernandes, 2005), indicam mecanismos de controles estruturais e litolgicos, intimamente relacionados evoluo tectono-termal da Faixa Mvel Aguape poro sudoeste do Crton Amaznico. A Faixa Mvel Aguape e a Faixa Mvel Sunss so bifurcadas a partir de um ponto comum, (Litherland et al., 1986) na cidade de Rincn del Tigre (Bolvia), e a formao destas duas faixas mveis est relacionada a colagem final do supercontinente Rodnia (1,2 a 1,0 Ga) (Fernandes et al. 2005). Grupo Aguape, correlacionado estratigraficamente ao Grupo Sunss/Huanchaca na Bolvia (Faixa Mvel Sunss), compreende rochas metassedimentares meso proterozicas depositadas em aulacgeno desenvolvido junto sutura do Terreno Rio Alegre e Santa Helena (Saes, 1999), marcando o estagio final de cratonizao do escudo Amaznico. Geraldes et al. (1997a) obtiveram idades K/Ar entre 918-964 Ma em muscovita para esta faixa, o que indica deformao simultnea proposta por Litherland & Power (1989) na Faixa Mvel Sunss na Bolvia. Existe grande relao das mineralizaes da Provncia Aurfera do Alto Guapor com a evoluo tectono-termal da Faixa Mvel Aguape, mas essas mineralizaes restringem-se apenas a poro mais central da Faixa Segundo Saes et al. (1991), Geraldes et al. (1997), Fernandes et al. (1999) Fernandes et al. (2005).

3.2 CRATON AMAZNICO O Crton Amaznico corresponde maior rea cratnica da plataforma Sulamericana, abrangendo uma superfcie de aproximadamente 4,3 x 105 km2, sendo uma das principais entidades geotectnicas pr-cambrianas da Amrica do Sul, e estendendose por diversos pases sul-americanos como Brasil, Bolvia, Guiana, Suriname, Venezuela, Colmbia e Paraguai. limitado por 3 cintures orognicos

neoproterozicos: Cinturo Neoproterozico Araguaia, A Faixa Paraguai, Cinturo13 | P g i n a

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Neoproterozico Tucavaca Bolvia. Segundo as direes Norte, Sul e Oeste encontrase recoberto pelos sedimentos das Bacias Sedimentares Subandinas. Apresenta-se separado em dois escudos pela Sinclise do Amazonas, cuja calha central orienta-se segundo a direo E-W, estando a Norte o Escudo das Guianas e a Sul o Escudo Brasil Central.( Ruiz 2005) Inicialmente, com o propsito de subdividir esta importante entidade geotectnica, Almeida (1974) a denominou de Crton do Guapor. Logo nos anos seguintes, Amaral (1984), amparado com alguns dados geolgicos e geocronolgicos, props a primeira subdiviso em provncias geocronolgicas. No contexto de evoluo tectnica duas hipteses diferentes foram defendidas ao longos dos anos. A primeira defendida por Amaral (1974), Almeida (1978), Issler (1977), Hasui et al (1984) e Costa & Hasui (1997) e propem que a tectnica prcambriana do craton fosse caracterizada por processos de reativao de plataforma e formao de blocos continentais ou paleoplacas por meio de retrabalhamento de crosta continental no Arqueano e Paleoproterozico. A segunda hiptese, proposta por Cordani et. al. (1979), seguida e parcialmente modificada por Tassinari (1981), Cordani & Brito Neves (1982), Teixeira et. al. (1989), Tassinari et. al. (1996) e Tassinari (1996), baseada nos conceitos das orogenias modernas, nas quais, durante o Arqueano, Paleo e Mesoproterozico teriam ocorrido uma sucesso de arcos magmticos envolvendo a formao de material juvenil, derivado do manto, subordinadamente associados a processos de retrabalhamento crustal. Tassinari & Macambira (1999) dividiram o Crton Amaznico em seis provncias geocronolgicas com base em idades, trends estruturais, propores relativas de tipos de rocha e evidncias geofsicas (Figura 4). Essas provncias foram nomeadas de: Provncia Amaznia Central, constituindo o ncleo mais antigo (> 2,3 Ga); Provncia Maroni-Itacainas, acrescionada a leste (2,3 a 1,95 Ga); Provncia Ventuari Tapajs, acrescionada a oeste do ncleo mais antigo (1,95 a 1,8 Ga); Provncia Rio Negro-Juruena, acrescionada a oeste da provncia anterior (1,8 a 1,55 Ga); Povncia Rondnia-San Incio, sucedendo uma nova acreso a oeste (1,55 a 1,3 Ga); e, como ltima colagem a oeste, a Provncia Sunss (1,3 a 1,0 Ga) . Santos et al. (2000) propuseram a compartimentao tectono-geocronolgica do

Crton Amaznico em oito provncias com base em dados geocronolgicos obtidos pelo14 | P g i n a

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mtodo SHIRIMP U/Pb. Em seqncia cronolgica essas provncias foram nomeadas de: Provncia Carajs, Transamaznica, Tapajs-Parima, Amaznia Central, Rio Negro, Rondnia-Juruena e Sunss. Ruiz et al. (2005) observam uma ntida continuidade fsica entre o Grupo Cuiab e as demais unidades litoestratigrficas que constituem Cinturo Dobrado Paraguai e a regio de Nova Xavantina (MT) at a regio da Serra da Bodoquena e Aquidauana (MS) e o Paraguai, prope ento o posicionamento do Macio Rio Apa como parte do Crton Amaznico. (Figura 05)

Figura 4 Mapa ilustrando a distribuio das Provncias Geocronolgicas e suas principais associaes litolgicas do Crton Amaznico, no norte da Amrica do Sul. (Tassinari, 1996 e Tassinari e Macambira 1999).

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Figura 5 Compartimentao geocronolgica e tectnica do Crton Amaznico, incluindo o Macio Rio Apa. (Ruiz et al. 2005).

3.3. SUDOESTE DO CRATON AMAZNICO. A poro sudoeste do Crton Amaznico constitui-se num arranjo de cintures orognicos Paleo e Mesoproterozico que tem se agrupado as provncias Rio Negro/Juruena, Rondoniano/San-Igncio e Sunss/Aguape, que retratam sucessivos episdios de acreso de fragmentos crustais juvenis ou re-trabalhados, s margens da proto-placa Amaznica (Fernandes, 2003). Numa diviso pioneira, foram definidas para o SW trs Calhas sinformais, constitudas pelas rochas das seqncias do Greenstone Belt Alto Jauru, estando

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divididas pelos terrenos gnissico-migmatticos do Bloco Crrego Fortuna, Domo Araguainha e Cachoeirinha (Monteiro et al. 1986). Saes (1999) compartimenta o embasamento do Aulacgeno Aguape em cinco terrenos tectono-estratigrficos distintos, constitudos por complexos metamrficos do Paleoproterozico (> 1,6 Ga) e intrusivas de idades e composies diversas como: Terreno San Pablo, Terreno Paragua, Terreno Rio Alegre, Terreno Santa Helena e Terreno Jauru. Essas unidades so caracterizadas por homogeneidade interna, continuidade estratigrfica, estilo tectnico, histria geolgica similar e so limitados por descontinuidades fundamentais em nveis crustais. Ruiz (2005) compartimenta o sudoeste do Craton Amznico em domnios tectnicos denomindos: Domnio Cachoeirinha, Domnio Jauru, Domnio Rio Alegre, Domnio Santa Brbara, Domnio Paragua e Domnio Sunss, estando a rea de estudo locada nos limites do Domnio Rio Alegre e Domnio Jauru. Neste trabalho adotamos a compartimentao de Ruiz (2009) que prope outra compartimentao tectnica em terrenos para o sudoeste do Craton Amaznico, bem como as orogenias responsveis pela sua formao denominando de: Terreno Jauru,Terreno Alto Guapor, Terreno Rio Alegre e Terreno Paragu (Figura 6). rea de estudo se localiza dentro dessa compartimentao no terreno Rio Alegre.

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rea de estudo eeegggdestudo es

Figura 6 Localizao da rea de estudo segundo a Compartimentao Tectnica do SW do Crton Amaznico em Mato Grosso, Rondnia e oriente da Bolvia Ruiz (2009)

3.4. TERRENO RIO ALEGRE O Terreno Rio Alegre foi definido como uma zona de sutura por Saes Fragoso e Csar (1996), denominado de Terreno Rio Alegre de Saes (1999) ou Orgeno Rio Alegre por Matos et al. (2004). O terreno limitado a leste pelo Terreno Jauru (zona de cisalhamento Piratininga) e a oeste pelo Terreno Paragua (zona de cisalhamento Santa Rita) e sedimentos deformados do Grupo Aguape (1,17-1,15 Ga). Bitencourt et al (2010).18 | P g i n a

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O Terreno Rio Alegre corresponde estreita faixa de metavulcnicas, intrusivas bsicas e ultrabsicas metamorfisadas e rochas metassedimentares qumicos-exalativos (BIF), que se propaga com direo N20W, atravs do assoalho da Zona Central do Aulacgeno Aguape desde a fronteira com a Bolvia, onde encoberta pelos sedimentos do Pantanal Matogrossense, aflorando esporadicamente como morros isolados nos pantanais do Alto Guapor. A leste limita-se com o Terreno Santa Helena por falhamentos inversos com sentido de transporte SW-NE e a oeste seus limites so marcados por importantes faixas milonticas que o separam de gnaisses e rochas granitides, expostas precariamente no alto curso dos rios Alegre e Aguape (Saes 1999). Ruiz (2005) denomina toda esta regio como Domnio Rio Alegre. Segundo Matos (1995), a regio do Rio Alegre refere-se metavulcnicas mficas, lavas e tufos dactico/riodactico e rochas metassedimentares clsticas e qumicas, aos quais se associam intrusivas representadas por metagabros, piroxnitos e serpentinitos. Aplica ao conjunto supracrustal a denominao de Seqncia Vulcanossedimentar Rio Alegre, adotando a proposio de Moraes &. Makhoul (1986). Esta seqncia subdividida pelo autor nas formaes Minouro (vulcnicas bsicas metamorfisadas na fcies xisto verde), Santa Isabel (metavulcnicas/piroclsticas de composio cida a intermediria com lavas e tufos de composio dactica e riodactica) e So Fabiano (rochas metassedimentares clsticas, qumicas e metavulcanoclsticas). Menezes et al (1993) denomina de complexo granultico anfiboltico Santa Brbara um conjunto de granulitos bsicos a intermedirios justapostos tectnicamente a anfibolitos em afloramentos esparsos do Rio Alegre. Caracterizam os anfibolitos do ponto de vista qumico e assinalam uma direo a partir de toletos com padres de ETR compatvel com basaltos de assoalhos ocenicos modernos N-MORB, ou com o dos arcos insulares imaturos. Estas rochas intensamente deformadas e transpostas podem representar, na opinio dos autores remanescentes de uma paleossutura similar aquelas desenvolvidas em ambientes colisionais fanerozicos. Neste terreno ocorrem rochas vulcanossedimentares (xistos, BIFs, metadacitos e metabasaltos), granulitos bsicos a flsicos, granitos foliados, tonalitos gnissicos segundo descrio de Matos & Schorscher, (1997) e pequenos stocks de microgranitos isotrpicos. Geraldes (2000) em estudo geocronolgico na poro SW do Crton Amaznico props que as rochas vulcnicas e plutnicas observadas no vale do Rio Alegre

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representam atividades magmticas que ocorreram entre 1509 e 1494 Ma, em um ambiente de cadeia meso-ocenica. Geraldes et al (2001) obtm dados pelo metodo U-Pb em zirco que indicam valores de cristalizao do batlito grantico Ellus em torno de 1450 a 1430 Ma, enquanto as idades TDM indicam que o protlito magmtico sofreu o fracionamento mantlico por volta de 1.5 Ga. Os valores positivos de Nd(t) ,+3,6 e +3,7, indicam que os litotipos da Sute Ellus, so manto derivados, com tpica assinatura isotpica primitiva. Ruiz (2005) individualiza as seguintes unidades litostratigrfica para o domnio Rio Alegre: Complexo Metavulcano-sedimentar Rio Alegre, Complexo Granultico Santa Brbara, Sute Intrusiva Ultramfica, Granito Ellus, Sute Intrusiva Santa Rita e Grupo Aguape. O Complexo Metavulcanossedimentar Rio Alegre formado pelas rochas mais antigas deste domnio, apresentando metamorfismo de grau baixo, constitudas principalmente por metabasaltos, metacherts, metabifs, metadacitos, metarriolitos desde a base at a poro intermediria, e no topo por metacherts, xistos e Bifs. A Sute Granultica Santa Brbara descrita como um conjunto de rochas cinza esverdeada, mesocrticas (Menezes et al. 1993) e granulitizadas (Ferreira Filho & Bizzi, 1985) De acordo com Ruiz (2005), a Sute Intrusiva Ultramfica composta principalmente por gabros e serpentinitos alojados nas rochas do Complexo Metavulcano-sedimentar Rio Alegre, aparentemente orientada segundo o trend regional NW das encaixantes. O Granito Ellus foi caracterizado como um batlito deformado e metamorfisado constitudo por gnaisses leucocrticos bordejado por zonas de cisalhamentos a leste, evidenciados por uma milonitizao. J na borda W e N recoberto pelos sedimentos do Grupo Aguape. Foram reconhecidos para a Sute Intrusiva Santa Rita, aproximadamente seis intruses maiores agrupadas nesta sute, constitudas de rochas tonalticas-diorticas a monzogranticas e que se encontram alojadas na assemblia Metavulcanossedimentar Rio Alegre (Ruiz 2005).

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Esse autor relata que assentados em discordncia sobre estes sustentculos litolgicos nas Serras do Caramujo e Salto do Aguape encontram-se os metaconglomerados, metarenitos e metargilitos da Formao Fortuna, unidade inferior do Grupo Aguape. Esse pacote inferior cortado sistematicamente, em determinadas regies, por veios de quartzo, formados supostamente por zonas de cisalhamento no contato com o embasamento, sendo que geometricamente, estas serras apresentam estrutura sinclinal, isoclinal com eixo caindo levemente para NW, da mesma forma que as rochas apresentam variao granodecrescente em relao ao topo da sequncia, ou seja, ncleo da sinforme, assemelhando-se com a sequncia presente na regio da Lavrinha. O primeiro estgio deformacional est ligado as grandes estruturas de carter regional, responsveis pela formao das dobras regionais da Serra Salto do Aguape e Serra do Caramujo, provocado pelo deslocamento da Zona de Cisalhamento Serra do Caramujo. Esta Zona de Cisalhamento interpretada como uma faixa de alta deformao dctil-rptil impressa no Granito Ellus assim como no Complexo Rio Alegre e Grupo Aguape.

3.5. GRUPO AGUAPE O conjunto de serras alinhadas na direo N20-30W (Serras do Caldeiro, do Cgado e Azul) que se destaca na paisagem plana dos arredores da cidade de Pontes e Lacerda, descrevem um segmento de dobramento, sinclinal-anticlinal, desenhado nas rochas metassedimentares do Grupo Aguape (Ruiz 2005.) As rochas metassedimentares do Grupo Aguape foram primeiramente mencionadas em relatrio da LASA S/A (1968). Posteriormente, Figueiredo & Olivatt (1974) reconheceram o carter tripartite da unidade, denominando estas rochas como Unidade Aguape. Souza & Hildred (1980) propuseram a elevao da Unidade Aguape categoria de Grupo e o dividiram nas Formaes Fortuna, Vale da Promisso e Morro Cristalina, reconhecendo o desenvolvimento de uma seqncia marinha transgressivoregressiva de cobertura de plataforma. A faixa mvel Aguape, de natureza claramente ensilica apresenta, em sua parte central, um conjunto de serras alinhadas NW, desenvolvidas em rochas

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metassedimentares do Grupo Aguape e em seu embasamento, as quais exibem intensa deformao associada a metamorfismo de fcies xisto verde (Fernandes et al. 2005). O embasamento em torno da rea de estudo representado pelas seqncias vulcanossedimentares Rio Alegre e Pontes e Lacerda, pelo Complexo GranulticoAnfiboltico Santa Brbara e pelo Granito-Gnaisse Santa Helena. Os depsitos aurferos restringem-se poro central e nas bordas da Faixa Mvel Aguape, que marca o limite entre os Terrenos Santa Helena e Rio Alegre (Saes, 1999). As coberturas Aguape representam as mais jovens rochas supracrustais pr-brasilianas assentadas sobre o Crton Amaznico, com sua evoluo tectnica marcando a cratonizao definitiva desta massa continental no limite Meso-Neoproterozico, sendo pea fundamental para reconstruo do Supercontinente Rodnia. O Grupo Aguape, formado entre 1,28 a 0,95 Ga (Litherland & Bloomfield, 1981), denominado de Grupo Sunss em territrio boliviano, o resultado da deposio de uma seqncia transgressiva-regressiva em aulacgeno desenvolvido junto sutura do Terreno Santa Helena e Rio Alegre (Saes, 1999), deformado e metamorfisado na fcies xisto verde durante a orogenia Sunss, sendo constitudo da base para o topo pelas seguintes formaes (figura 7):

de sedimentao continental. constituda por metaconglomerados, metarenitos ortoquartzticos, metassiltitos, com presena de estratificao cruzadas, tempestitos, com influncia de mars e leques costeiros, e bipolaridades das paleocorrentes (NWSE), depositados em estgio rift (Litherland et a.l 1986, Saes et a.l 1987, Litherland & Power 1989, Saes & Leite 1993).

formada por uma associao predominante de siltitos, argilitos e arenitos quartzosos subordinados, depositados em leques submarinos e barras de plataforma, durante o estgio de sinclise. Apresenta contato transicional com as rochas da Formao Fortuna, sugerindo que estas duas unidades constituam uma seqncia contnua de eventos deposicionais de tendncia transgressiva (Saes, 1999).

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Morro Cristalina: unidade superior, encerrando a evoluo sedimentar do Grupo Aguape, com espessura mxima de 1400m, sendo constituda por pacotes de arenitos com intercalaes de conglomerados e finos leitos de siltitos, com presena de fcies quartzo-arenitos com estratificaes cruzadas tabulares em sistemas anastomosados, quartzo-arenitos finos com cruzadas festonadas de grande porte, vinculados a migrao de dunas elicas, retratando estgio de inverso, em ambientes fluviais entrelaados e dunas elicas.

Figura 7 Estratigrafia esquemtica do Aulacgeno Aguapei (Saes, 1999).

3.6. TECTNICA DA FAIXA MVEL AGUAPE.. A tectnica modificadora da bacia correlacionada ao Ciclo Sunss no Sul do Craton Amaznico, relacionado evoluo de uma margem passiva, passando para colisional, e o reflexo desta coliso no rift intracontinental e importantes repercusses ao nvel de seu embasamento (Saes 1999).

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A compartimentao tectnica da Faixa Mvel Aguape foi inicialmente sugerida por Saes & Leite (1993) que propem a compartimentao da Faixa mvel Aguape em quatro domnios tectnicos denominados de A, B, C e D de acordo com: o estilo do dobramento, a natureza da foliao e as estruturas rpteis associadas. Segundo estes autores, o Domnio A ocorre nas serras do Roncador, Santa Brbara e Ricardo Franco (1, 2 e 3 respectivamente figura 8), e representado essencialmente por dobras abertas com clivagem plano-axial ausente. O Domnio B ocorre nas serras de So Vicente e Santa Brbara (4 e 5 figura 8) e caracterizado por dobras cilndricas abertas com plano axial vertical e eixos com caimento de 10 a 15, com discreta foliao plano axial .O Domnio C ocorre nas Serras do Cgado e de So Vicente (6 e 7 figura 8), e caracterizado por dobras assimtricas apertadas cilndricas com vergncia para NE. Neste domnio ocorre uma foliao fracamente penetrativa, falhas inversas e raras crenulaes. O Domnio D ocorre nas serras de Salto do Aguape e Santa Rita (8 e 9 figura 8), e caracterizado por dobras isoclinais invertidas com vergncia para NE. Ocorrem ainda neste domnio falhas inversas, foliao plano axial fortemente penetrativa e freqentes crenulaes.

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Figura 8 Compartimentao tectnica da Faixa Mvel Aguape segundo Saes e Leite (1993).

Fernandes et al. (2005). Divide a Faixa Mvel Aguape em quatro domnios tectnicos denominados, de SE para NW, Domnio da Tectnica Transcorrente, Domnio da Tectnica de Contracional de Baixo ngulo, Domnio dos Dobramentos Simtricos e Domnio das Rupturas e Basculamentos (Figura 9). 3.6.1 Domnio da Tectnica Transcorrente (DTT) Segundo Fernandes et al. (2005), O DTT Prevalece na poro sul do cinturo, sendo particularmente bem definida na Serra do Pau-a-Pique e na regio da Fazenda Ellus (Figura 9) dentro da rea de estudo. Segundo Fernandes et al. (1999), este setor da Faixa Mvel Aguape dominado por uma cinemtica transcorrente dextral com componente de cavalgamento oblquo, cuja deformao concentra-se ao longo das diversas superfcies de cisalhamento que compe a Zona de Cisalhamento Corredor, uma subdiviso da Zona de Cisalhamento Aguape de Saes (1999). A rea estudo esta inserida neste domnio nas serra do Caramujo (Figura 9). 3.6.2 Domnio da Tectnica Contracional de Baixo ngulo (DTCBA) O DTCBA ocorre na poro central da Faixa Mvel Aguape (Figura 9), regio das serras do Caldeiro, Cgado, da Borda e Azul, nas proximidades da cidade de Pontes e Lacerda. o domnio caracterizado por cavalgamentos conduzidos ao longo de

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superfcies de descolamento paralelas, camadas, entre outras feies comuns (Fernandes et al., 2005) 3.6.3 Domnio dos Dobramentos Simtricos (DDS) O DDS representado nas pores norte do cinturo, em parte da Serra de So Vicente e Ricardo Franco e, a oeste, nas serras de Santa Rita e Santa Brbara. Com exceo da Serra de So Vicente, (Figura 9) neste compartimento, aparentemente, no houve acentuada aloctonia dos sedimentos da Bacia Aguape. Os esforos compressivos so acomodados por forte dobramento simtrico, normal, apertado ou aberto, geralmente com eixos mergulhando para NW, com constantes deslizamentos flexurais, rompimento dos flancos subverticais, foliao plano axial fortemente penetrativa com lineao de estiramento subvertical. (Fernandes 2005) Os depsitos aurferos Esperana, So Francisco Xavier, Sarar e Mina So Vicente ocorrem neste domnio, na parte leste da Serra de So Vicente. (Fernandes 2005). 3.6.4 Domnio das Rupturas e Basculamentos (DRB) Fernandes (2005) classifica esse domnio como no metamrfico cuja deformao predominante rupitil, muito embora, dobras suaves, com comprimento de onda quilomtrico, mergulhando ora para SSW ora para NNE, possam ocorrer. Expese na parte oeste da Serra de So Vicente, Ricardo Franco e Santa Brbara e em toda Serra de Rio Branco (Figura 9).

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Figura 9 Compartimentao tectnica da faixa mvel Aguape. (modificado Fernandes et al 2005)

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CAPTULO 4.

GEOLOGIA LOCAL

A Provncia Aurfera Alto Guapor localizada na poro sudoeste do estado de Mato Grosso, entre os municpios de Porto Espiridio e Nova Lacerda corriqueiramente investigada devido a sua importncia econmica, e neste trabalho proposto uma coluna estratigrfica esquemtica para a regio das Serras Salto do Aguape e Caramujo (Figura 11). No mapeamento geolgico executado nas Serras Salto do Aguape e Caramujo poro sudoeste do Crton Amaznico, na escala de 1: 25.000, permitiu a identificao de quatro unidades litoestratigrficas de idades Pr Cambriana: O embasamento

cristalino composto pelo Complexo metavulcanossedimentar Rio Alegre (Terreno Rio Alegre ) (1,52 1,38 Ga) e Granito Ellus (1.44 4 21 Ma) e o Grupo Aguape (1.28 0.95 Ga), foco principal deste trabalho, representados por litotipos metassedimentares de natureza detrtica metamorfizados na Fceis xisto verde, que assentam em uma inconformidade sobre as rochas cristalinas do embasamento. O Grupo Aguape na rea representado pelas formaes Fortuna e Vale da Promisso as quais sustentam as enormes serras Salto do Aguape e Caramujo (Figura 10). Neste trabalho optou em dividir a coluna estratigrfica em unidades, representadas na base pelo embasamento cristalino descrito apenas nos pontos interceptados pelos perfis e subseqente pela Formao Fortuna e Vale da Promisso no topo.

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Figura 10 Mapa Geolgico 1: 25.000, rea de estudo. (Ver anexo II) 30 | P g i n a

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Figura 11 Coluna Estratigrfica esquemtica proposta para a regio Vila Cardoso, nas Serra Salto Aguape e Caramujo

4.1 UNIDADE 1 Esta unidade composta pelas rochas do complexo metavulcanossedimentar Rio Alegre 1.509 10 e 1503 14 Ma (Matos et al 2004); e pelo Granito Ellus 1.444 21

Ma (Tassinari et al 2000) que compem o embasamento cristalino da rea que coberta pelo Grupo Aguape em uma inconformidade e afetada estruturalmente pela Orogenia Sunss/Aguape (1.0 0.9 Ga). 4.1.1. Complexo Metavulcanossedimentar Rio Alegre As rochas do complexo metavulcanossedimentar Rio Alegre ocupam cerca de 25% da rea, afloram nas reas mais planas na poro sul, entre as serras do Caramujo e

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Salto do Aguape e so representadas na rea pela ocorrncia de xistos mficos e formao ferrferas Bandada( Figuras 12A, 12E e 12F). Matos et al (2004) subdivide o complexo em trs unidades compostas por: metabasaltos associados metacherts e metabifs, ambos foliados situados na base do Complexo; metadacitos, metarriolitos e metapiroclsticas como fase intermediria e muscovita xistos metacherts e formaes ferrferas bandadas no topo. Dentro desta diviso as rochas aflorantes na rea de estudo so do topo da sequncia. Os xistos afloram em forma de blocos rolados, cinza claro a alaranjado, quando alterados, mdio a fino, melanocrtico, composto por quartzo, muscovita, oxido de ferro. (Figuras 12C e 12D) A xistosidade marcante neste litotipo, porm no a nica fase de deformao. Os processos de alterao e pedognese geram um solo marrom avermelhado tpico de alterao de rochas mficas ultramficas (Figura 12B) O BIF preserva o acamamento reliquiar rtmico, com bandas avermelhadas representadas por nveis pelticos avermelhados e bandas ricas em oxido de ferro (figura 3E e 3F) tambm com tonalidades avermelhadas, amareladas e cinza escura. A granulometria fina a mdia e nos raros fragmentos rolados encontrados, no foi possvel identificar estruturas tectnicas. A paragnese formada essencialmente de oxido de ferro (hematita). Idades U-Pb em zirco indicam idade de cristalizao para as rochas deste complexo entre 1503 a 1509 Ma Geraldes (2000).

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Figura 12 Unidade 1, Complexo Metavulcanossedimentar Rio Alegre. A) aspecto geomorfolgico e a relao entre as rochas do Grupo Aguape e Complexo Metavulcanossedimentar Rio alegre. B) Solo marrom avermelhado produto da alterao das rochas vulcnicas. C) Xisto gerado a partir das rochas bsicas da sequncia vulcanossedimentar Rio Alegre. D) Xisto cortado por veios de quartzo. E e F) Formao Ferrfera Bandada.

4.1.2. Granito Ellus Segundo Ruiz (2005) o Granito Ellus um corpo batolitico de aproximadamente 200 Km, de natureza intrusiva, separado do batlito Santa Helena por no apresentar uma continuidade fsica.

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Este corpo batoltico ocupa aproximadamente 30% da rea pesquisada, descrita principalmente onde eram interceptados pelos perfis programados durante as etapas de mapeamento geolgico (ver mapa de pontos anexo). Este corpo grantico tem uma de suas melhores exposies no antigo garimpo Ellus, onde se explorava ouro associado zona de cisalhamento, o que facilitou a perclao de fluidos hidrotermais e a concentrao deste bem mineral. O Granito Ellus, aflora em forma de blocos e lajedos, leucocrtico, rseo, inequigranular, mdia a fino, e por vezes com pores porfirtico. (Figura 13). Quando alterado costuma exibir uma esfoliao esferoidal. Associados a Zona de Cisalhamento Serra do Caramujo e cortando o granito Ellus, ocorrem veios de quartzo com espessura variando de 10 a 20 cm em sua maioria, sendo comum a presena de sulfetos alterados ou mesmo Box works nestes veios, alm de hematita e sericita hidrotermal. Sena (2008) caracterizou este corpo e reconheceu trs faces: Granodiorito, monzogranito e Sienogranito e atribuiu sua evoluo estrutural a trs fases de deformao dctil relacionados a um metamorfismo de baixo grau na fcies xisto verde. Idades obtidas por U/Pb em zirces segundo Geraldes (2001) indicam valores de cristalizao para o batlito em torno de 1450 a 1430 Ma.

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Figura 13 Granito Ellus. A) Blocos do granito Ellus mostrando sua tpica alterao esfoliao esferoidal tambm conhecida como alterao em cebola. B) aspecto macro destacando suas pequenas fraturas que facilitam a preenchimento pela slica. C) pequenos veios de quartzo associado as fraturas com sulfetos associados tanto ao veio quanto disseminado na rocha. D) Granito alterado, destacando os cristais de Feldspato Alcalino. E) e F) granito Ellus, com foliao anostomosada definida pela biotita.

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4.2 UNIDADE 2 A unidade 2 caracteriza se pela ocorrncia dos metaconglomerados da base da Formao Fortuna, se distribui ao longo das serras e aflora nos flancos das grandes dobras regionais (sinclinais). Os metaconglomerados so constitudos por uma matriz fina a mdia formada por quartzo e sericita de cor verde claro, disposto ao longo da xistosidade. Os seixos so constitudos por quartzo, sub-arredondados de at 15 cm. (Figura 14) A sucesso estratigrfica marcada em seguida pelo surgimento de um metaconglomerado diferente dos metaconglomerados mais basais, cinza claro a branco com uma matriz arenosa, mdia a grossa, matriz suportada formada por quartzo, sericita que define a xistosidade da rocha, seixos de quartzo sub-arredondados de at 3 cm no eixo maior. A estratificao cruzada aparece em alguns locais, cujos planos so definidos pelo alinhamento dos seixos. A estrutura secundria que mais se destaca a xistosidade (Sn), no entanto apenas localmente, conseguimos distinguir as outras fases definida pelas clivagens de crenulao.

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Figura 14 Unidade 2. A) Metaconglomerado basal. B) Metaconglomerado basal com alto ngulo sustentando as serras. C) estratificao cruzada mdio porte. D) aspecto de afloramento cujo detalhe foto E. E) Metaconglomerado evidenciando as duas fases de deformao. F) clastos de quartzo paralelo a xistosidade e por vezes formando augens.

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4.3 UNIDADE 3 A unidade 3 caracterizada pela ocorrncia de quartzito e metarenito cinza, que ocorre em camadas centimtricas, marcada pela diferena de cor e reologia da rocha, facilitando nessa rocha em especifico o registro de pelo menos duas das trs fases de deformao. O quartzito assim como os conglomerados condiciona a unidade geomorfolgica da regio, devido a sua silicificao e resistncia ao agente do intempeirismo. O quartzito apresenta se em geral de colorao cinza claro a branco, quando alterado exibe cores alaranjadas, mdio a grosso composto por quartzo e sericita (Figura 15). Metarenito ocorre em camadas centimtricas mais facilmente erodido, cinza, fino a mdio, composto por principalmente por quartzo e sericita. Neste litotipo so bem marcadas as relaes estruturais da rea com clivagem de crenulao, xistosidade e acamamento sedimentar (So, Sn e Sn+1).

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Figura 15 Unidade 3. A) Detalhe quartzito e metarenito cinza com camadas centimtricas. B) foto em planta das camadas. C) ralao das litologias com as fases de deformao. D) foto em planta das relaes estruturais. E) quartzito branco, mdio a grosso em que as fraturas representam a Sn+1. F) quartzito dobrado com camadas centimtricas

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4.4 UNIDADE 4 Esta unidade representada por metarenito mdio a grosso, mal selecionado branco e localmente ocorrem intercalaes de nveis pelticos Nas encostas das serras aflora pequenas camadas de metapelito de cor avermelhada granulao fina muito fina intercalada ao metarenito. As litologias desta unidade apresentam estruturas secundrias marcada pela xistosidade, os veios de quartzo so pouco abundantes nesta unidade. O aparecimento dos metapelitos marca a passagem gradacional para a unidade 5, Formao Vale da Promosso. 4.5 UNIDADE 5 Esta unidade representada pelos litotipos da Formao Vale da Promisso, que encerra a sucesso estratigrfica na rea, afloram mais comumente nos vales, que coincidem com os ncleos das grandes dobras regionais (sinclinais) constituda principalmente por metapelito de cores rseo a avermelhadas, fino a muito fino, constitudos por sericita e quartzo. Devido a seus aspectos mecnicos essas rochas registram com facilidade as estruturas secundrias relacionada aos eventos deformacionais (Figura 16).

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Figura 16 Unidade 5. Aspecto de afloramento dos metapelito. B) detalhe das fases de deformao bem marcada nestas rochas. C) estria de deslizamento flexural entre as camadas. D) forma de ocorrncia dos metapelito nos vales das grandes dobras

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CAPTULO 5 GEOLOGIA ESTRUTURAL

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CAPTULO 5. GEOLOGIA ESTRUTURAL. - TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO_ Kestring & Silva 2010

CAPTULO 5

GEOLOGIA ESTRUTURAL

A caracterizao estrutural realizada na parte sul da Serra do Caramujo, dentro dos limites do municpio de Porto Esperidio, prximo a Vila Cardoso permitiu a identificao de estruturas sedimentares reliquiares e a caracterizao de trs fases de deformao tectnica progressiva de carter regional, relacionados atuao de um regime, compressivo, pertinentes a dois eventos regionais, sendo o mais antigo o Rondoniano San Igncio (1.56-1.30 Ga) que somente registrado no embasamento cristalino e Orogenia Sunss Aguape (1.2-0.95 Ga), o mais novo evento deformacional registrado no Crton Amaznico, de carter rptil-dctil, responsvel pela estruturao do Grupo Aguape. As estruturas mapeadas possuem um grande significado, pois em reas como a serra de So Vicente (minas de So Vicente e So Francisco Aura minerals) estas exerce um forte controle na distribuio dos fluidos hidrotermais, relacionados presena de ouro. As fases de deformao so aqui designadas por Fases D1, D2 e D3 responsveis pela gerao de estruturas tectnicas vinculadas a orogenia Sunss Aguape, Proterozico superior.

5.1 ESTRUTURAS SEDIMENTARES As estruturas sedimentares encontradas na rea foram preservadas

principalmente em decorrncia do baixo metamorfismo relacionado ao Grupo Aguape (fcies xisto verde). A Formao Fortuna predomina na rea, porm com ocorrncias da Formao Vale da Promisso no ncleo dos grandes dobramentos. O So a principal estrutura observada, (figura 17A), marcada principalmente pela variao litolgica, textural, de cor e composicional, geralmente em camadas tabulares. Os estratos sedimentares consistem de camadas centimtricas a mtricas, conglomertica arenosa e peltica, formando o empilhamento estratigrfico (figura 11). So notadas variaes texturais e de tonalidade sendo, cinza clara nos metaconglomerados, cinza claro a escuro nos metarenitos e avermelhada nos metapelitos, (figura 17A e 17B). Outras estruturas primrias so as estratificaes cruzada (figura 17C) e gradacional bem marcantes nos metarenitos e metaconglomerados. O So delineia grandes dobras regionais e localmente parasticas, cuja direo preferencial NNW-SSE, que aparece delineando cristas de relevo.

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Figura 17 Estruturas primrias. A) So marcado pela alternncia de cor, entre o metarenito cinza claro (MA) e o metarenito cinza escuro (MAC). B) detalhe de A, mostrando com mincia as estruturas tectnicas, assinalada pela clivagem de crenulao SN+1. C) Estratificao cruzada (EC), metarenito. D) Acamamento sedimentar (So) ressaltado pela percolao de gua nas fraturas, corte em drenagem.

5.2 ESTRUTURAS TECTNICAS 5.2.1 Primeira Fase de deformao D1 A primeira fase de deformao D1 a responsvel pela principal estruturao do Grupo Aguape, formando grandes dobras de carter regional delineadas pelo acamamento S0. As dobras D1 acham se distribudas por toda a rea e representam a estrutura tectnica dominante so representadas por sinclinal e anticlinal, assimtricas, inclinadas, fechadas, com eixo caindo para sul. E um plano axial 260/65 (N10W/65SW), com vergncia para NE. O estereograma do acamamento S0, para toda a rea investigada mostra grande disperso, com concentraes mximas em torno de 245/65 e 100/45 (N25W/65SW e N10E/45SE) (Figura 21)44 | P g i n a

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A foliao penetrativa plano axial Sn marcada nos metapelitos como uma foliao continua, do tipo clivagem ardosiana, com planos de fissilidades bem definidos, assinalados pela orientao dos minerais placides representados pelos filossilicatos (sericita e muscovita) (figura 18A). Nos metaconglomerados, metarenitos e quartzitos (figura 18B e 18C) a foliao do tipo xistosidade marcada pela orientao planar de sericita, verde claro dispostos em leitos ondulados e ainda pela orientao dos gros de quartzo estirados, associados a uma possvel recristalizao durante o metamorfismo de baixo grau. Ocorre de forma local, em alguns afloramentos uma clivagem disjuntiva correspondentes a fraturas desenvolvidas no plano axial de algumas dobras parasticas, clivagens estas cujo espaamento aproximado de 4 mm. O diagrama estereogrfico para a foliao Sn mostra concentraes mximas em 245/65 (N25W/65SW). A pequena disperso das atitudes atribuda a interferncias provocadas pela Fase D2 (figura 21). A Lineao de interseco Ln produzida pela interseco do acamamento com a foliao plano axial, aparece nas dobras parasticas com atitude 340/30 (N20W/30).

Figura 18 Estruturas tectnicas. A) Clivagem ardosiana freqente nos metapelitos. B) Xistosidade Sn definido pela orientao preferencial dos minerais de quartzo. C) Metaconglomerado, cuja xistosidade bem marcada pela orientao e estiramento dos gros de quartzo. D) Clivagem 45 | P g i n a

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disjuntiva plana axial associada s dobras parasticas e uma Lineao de inters