junho | 2014
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Arte | Cultura | Musica | Cinema | Literatura | Publicado pela Muruci Editor, circula em Porto Alegre e interior. Tumblr| www.murucieditor.tumblr.com Facebook | www.facebook.com/jornaldeartesTRANSCRIPT
Artes plás�cas Cênicas Cinema Música Literatura| | | |Porto Alegre | | 2014 | R$ 3,00Junho
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JORNAL DE
Porto Alegre | | | ARTES | Junho 2014 2
JORNAL DE
ARTESArtes Plásticas | Artes Cênicas |
Cinema | Musica | Literatua
EXPEDIENTE
Jornal de Artes é uma publicação da MURUCI EditorEditor | João Clauveci B. Muruci Editora de Literatura | Djine Klein ([email protected])Design Gráfico/Capa/Diagramação | Mauricio Muruci Email | [email protected] Edição Virtual | www.issuu.com/jornaldeartesFacebook |www.facebook.com/jornaldeartesTumblr |www.murucieditor.tumblr.comCNPJ | 107.715.59-0001/79 - Fone | 51 3276 - 5278 | 51 9874 - 6249
Colaboradores desta edição
ANOTAÇÕES DE A MAIO ABRILPARA UM CONTO DE AMOR
POESIA EM PROSA
Por de Djine klein Porto Alegre/Viamão-RS
1.
Flor é só um objeto transitório em estado de beleza?...
2.
E sobre o amor? Muitos o anunciaram com a cabeça enfeitada de flor, e
logo arrancavam as vestes...
3.
De amor e flor – dizem que se afinam e afligem-se. São feito os dedos
do músico e quase não tocar o violino. Talvez que o amor seja, e aconteça à
flor, e que os dois juntos se rimam. A flor como um objeto de absurdo,
delírio de beija-flor. Entre o belo e o desespero, amor, e que o dia em que
desis�res, transviado e sem alento, virá trazendo-lhe uma flor. Mas eis que
para teus olhos quase cegos é tempo de palmilhar o outo lado do abismo.
Depois é ver o mar da varanda, estancar a si mesmo em ponto médio.
4.
Ainda sobre Amor e Flor – se enfloram logo desfolham-se. É como
uma Margarida de Sol sozinha num campo de centeio. E ter que enfeitar
com suas poucas pétalas a dois mamilos. Ou a rubra configuração em
transe, uma rosa agônica antes de dar-se ao abismo. Talvez como Eco e
Narciso - um amando a si mesmo como um felino e, amarelo. O outro uma
garça branca enquadrada num trapézio. Um se projeta ao salto, o outro
estanca. Um assume asas, o outro sai nadando. E quando de extremo a
palmo, ele distraído alcança em apalpar uma pele cálida, ela meio ausente
e pálida...
- Mas, e se os deixarmos assim, onde melhor se manifestam, no
crepúsculo: atravessariam para o outro lado? Para a outra margem a
nado!...
5.
Depois é a Lua e o Astrolábio. Os amantes e as re�cências, a meia-
luz da dúvida. Todavia se abstraímos os lenções teremos uma cena de
amor onde um corpo tomba a beira de um precipício, e sereno. O outro
declinaria no meio de uma avenida em transe, ao meio dia de uma sexta-
feira fria. E roendo uma ausência que a todos, a plateia aflita.
6.
Foi de viés e era um raio melancólico, fim de abril. Primeiro bateu
no píncaro de uma rocha submersa, depois no casco do cágado e reluz.
Adiante a visão - foi por um rosto nem muito alvo, tão pouco calmo, não
fosse aquela expressão, de uns olhos suaves como a beleza sempre pede.
Os dedos do Sol acordando-a de um silêncio espesso. O viandante – uma
mulher e vinha repousar justo nesta minha margem Trazia auroras ocultas
entre as vestes, tão bela discreta mirando-se em espelho d'água. A pele
maltratada pelos temporais e o “temor das maçãs”. Mas ainda apta a
arrepios eu vi, embora muito ferida e sangrava. Era como a terra com
orvalho, úmida de um rio ao amanhecer. E o que �nha de mapa nas solas
dos pés? Ainda não escrevi perplexa a longa estrada e todas as suas
distâncias...
- Oh minha visão de crisálida e lágrimas!
7.
Prascóvio. Simplório? Ingênuo e temerário!... Vinha em ser
imenso de trilhas e deixar rastro amplo no chão. Afirmava-se com uma
cabeleira fora do script e cheirando a capim. Andarilho – homem de andar
enviesado, sabedor de amplas memórias e paisagens. O saco nas costas
era para transportar latas usadas e arrebóis. Fiel amigo de Heráclito com
inclinação para ondaria e vadio. Anunciava-se como se fosse um deus,
com poder sobre o tempo, pois que tudo parou e os pássaros ao vê-lo em
ritmo de aproximação: “chega-te a mim! Entra no meu amor...” Palavras
assim dizendo iguais eu nunca vi não. E agora que meu coração já se
abranda do susto grande que �ve, reparo-lhe nas veste de ermo, era como
se fosse o rei da noite e seu cão. E ele se sabe assim e faz questão que eu
bem o veja, com seus dedos sujos faiscando de anéis e fulgor.
- Oh, mistérios que me des-comportam a imaginação! Ontem foi visto em
cada rua da cidade, mas para o atordoamento de todos não se pontuava
em solidão.
8.
Quais dois e existem enga�nhando, aprendizes da vida ou ela dos
dois? Sendo que cada qual também não �nha casa. Depois fui procurando
no espelho d'água a Lua, e o Sol ainda com sono meio que delirou:
- Mas de que fenda, ou ponto do Mundo, em serem errantes esses... Que
do ventre da noite, ou sob os crimes da chuva? E o vento embala,
gostando...
E ela, a Lua ouvindo-o já de entre as rendas de seu leito, se espreguiça no
inicio de justo sono, responde:
- Bom dia Amado, e minha dor! Dele o que sei - é operário por mim. Ela por
nós carrega um segredo de amor, do qual só sabem e zelam “As flores do
capim”.
9.
E aqui encerro esse registro. Sobre Bernardo e Anabrisa - agora
repousam um entre os braços do outro, num banco arranjado por eles
mesmos, dos restos de um velho umbu. A coberta galharia de uma
amoreira. Em Redenção.
- “Chega-te a mim! Entra no meu amor, e a minha carne entrego a tua
carne em flor!”
Todavia, escuto alguém chorando debaixo da minha mesa, fui me conferir.
Capa: "New York Night in Blue"
Óleo sobre Painel. Dimensões:
1,22m x 91,44cmAno 2012.
Ar�sta: Pascal Campion
Almandrade | Cecilia Cas�llo | Clemente Padín | Djine Klein |Eduardo Jablonski | Feliciano Mejía | Floriano Mar�ns | Gabriel Impaglione | Gilberto Wallace Ba�lana | Juciane Magni | Mari Lopes Fotografia e Arte | Paulo Bacedônio | Regina Célia Pinto |Roberto de Mesquita
PÁGINA -AMERICANAIBEROPOESIA
« » | Poema Visual de alfabeto Paulo Bacedonio
Por Paulo Bacedônio de Porto Alegre/RS
MUJER
Esencia original del pan y la alegría.Ramo de luz que vienepor el hijo de la sombra,le otorga palabra y fundamento,confiere verdadera estatura de hombrey con un soplo apenas,brisa de claridad, avenidade invisibles mariposas,ex�ende el sendero del amor en la �erra.Mul�plicadora de nombres y geranios,sabores, fusiles y banderas(que es mujer la Patriay Mujer la dignidad y la rosa.)
Establece primaveras con la bocay gobierna los ciclos y las cosas.Núcleo celestecorazón del �empofortaleza de la ternura.En sus mareas el sol y la lunason peces de plata que convocanlos oficios del hombre y de los sueños.
¡Ay cántaro del día!Puñado de agua, llamaen el silencio de las horas huecas.Mitad que me desmuere.Honda plenitud de la maravilla.
Gabriel Impaglione (Argen�na-Itália)
BUITRES
(Comentario a una fotografiade Kevin Carter de una niñitadesfalleciente acechada por un buitre)
Y volamos así, en círculosengarzados en penas móvilesquitando la piel al mundoenmascarándonosan�faceándonos¿alelados?No.Ya nada nos asombra.Ya nada es inhumano.Tragámonos hambres, guerras, pestes.
Sonreímos a los Jinetes.Abrevamos Sus caballos.
Sudán es un lugar en Africa.Sólo un lugar en un mapa.
Y esta ninã,lo que pasa es que esta niña�ene demasiados huesos.
Cecilia Cas�llo (Chile)
FAENA DE LOS CERDOS
Rancios, ásperos, saladosolores de cadáveresen el centro de la planicie verde.
Serenos y felices, como mirandoel fondo del mar, de piedra y de brillo;tranquilosse quedan los muertos:el dulce sol de primaverales baña y las mariposas cin�lany el aire dulce se emponzoñaolisqueando los orificiosde los pechos y las sienes.
(En la pesada tarde amarillalos helicópterosambulan avispas monocordes).
Feliciano Mejía (Peru)
ÂNGELA
Teu corpo e o meu caindo sobre o mundo: noite saqueada por uma caravana de relâmpagos. Despojos do tempo foragido de sua fonte, minando abismos à deriva, perdas flutuantes. O rosto deformado da beleza que as ruínas cultuam, linguagem extraviada ao querer entrar em si.
Teu corpo e o meu em sua queda mais secreta. Um labirinto que fosse um deserto e um deus ciente que dali não há retorno. Fuga de trevas. Os disfarces fatais da memória ante o infinito. Inde�veis sombras caindo sobre o mundo. Teu corpo e o meu: o que resta de um no outro.
Floriano Mar�ns (Brasil)
AR DE INVERNO
Aves do mar, que em ronda lentaGiram no ar, à ventania,Gritam na tarde macilentaA sua bárbara alegria.
Incha lá fora a vaga escura,Uiva o nordeste aflitamente.Que mágoa anónima saturaEste ar de Inverno, este ar doente?
Alma que vogas a gemerNa tarde anémica de vento,Como se infiltra no meu serO teu esparso sofrimento!
Que viuvez desamparadaChora no ar, no vento frio,Por esta tarde maceradaEm que a esp'rança se esvaiu.
Roberto de Mesquita (Açores/Portugal)
Porto Alegre | | | ARTES | Junho 2014 03
Porto Alegre |Junho | | ARTES | 4 2014
O urinol de Duchamp e
A ARTE CONTEMPORÂNEA
Artes Plásticas
Por Almandrade de Salvador/BA
Em 1917, com o pseudônimo de R. Mu�, Marcel Duchamp enviou para o Salão da Associação de Ar�stas Independentes um urinol de louça, u�lizado em sanitários masculinos, com um �tulo suges�vo de “Fonte”. Não era o primeiro readymade (apropriação e deslocamento de objetos pré-fabricados para o meio de arte), em 1913, Duchamp já havia se u�lizado de um banco de cozinha onde parafusou no assento uma roda de bicicleta. Mas foi o primeiro enviado para uma exposição.
Noventa anos depois, deste gesto irreverente que determinou pra�camente o des�no das artes plás�cas até os dias de hoje, é um momento oportuno para interrogarmos que relação existe entre Duchamp e o que estamos presenciando com designação de arte contemporânea. Aclamado como influência libertadora por uns, blasfemado por outros, como influência facilitadora e catastrófica. Talvez seja muito citado e pouco entendido. Certamente, Duchamp e diversas manifestações realizadas em nome da arte, não se combinam. Mas do que um provocador, Duchamp era um pensador discreto. No contexto da arte moderna a invenção do readymade, é um dos gestos mais significa�vos. O impressionismo foi a primeira revolução na arte ao romper com a linha que contornava a figura, o cubismo realizou o rompimento defini�vo com o espaço renascen�sta, a decomposição da figura colocou em evidência o plano, como a verdade do espaço plás�co moderno. O gesto de Duchamp foi mais além, uma ruptura com uma tradição que reconhecia na técnica e na habilidade do ar�sta, a condição da obra de arte. O ar�sta deixou de ser o sujeito que faz uma obra e passou a ser alguém que escolhe e decide o que é arte. O readymade é um objeto produzido industrialmente e proposto por um ar�sta como objeto de arte. O ar�sta não constrói o objeto, escolhe-o e assina. Não mais dependendo da mão do ar�sta, a arte passou a ser qualquer coisa determinada pelo poder exercido por um sujeito/ar�sta, que age no interior de uma ins�tuição específica capaz de legi�mar seus atos. Renunciou ao saber das mãos para se cons�tuir em uma a�tude crí�ca, num mundo dominado pelas imagens produzidas pelos modernos meios de produção e reprodução. Fazer arte passou a ser uma forma de reflexão sobre a condição da arte na sociedade moderna, um disposi�vo do pensamento e não do entretenimento como ocorre em manifestações ar�s�cas, na situação da contemporaneidade. O readymade pode ser uma espécie de paradigma da arte contemporânea, mas ao mesmo tempo é a negação do jogo de facilidades, da pressa e da repe�ção que contaminaram a arte, distanciando-a do pensamento. Duchamp �nha consciência do perigo de cair na facilidade, no vício e na ro�na e se limitou a fazer poucos objetos de arte. Logo percebeu o risco de repe�r esta forma de expressão indiscriminadamente e construiu uma obra pequena e cuidadosa. Estamos atravessando uma época pobre em matéria de artes visuais, apesar do fluxo descontrolado que circula nos salões, bienais e nos centro culturais, celebrado por curadores e inves�dores. Vem acontecendo uma supervalorização de determinadas experiências ar�s�cas para atender interesses externos à natureza da arte. O ar�sta que sempre produziu contemplando as obras do passado, hoje, ele olha para o que ainda não aconteceu: o futuro e se preocupa, muitas vezes, com questões alheias a própria arte. A cada nova tecnologia, um palpite, uma previsão, mas a arte não é uma ilustração de performance tecnológica, polí�ca ou ideológica, ela é um sistema autônomo e integrado no corpo da sociedade. O gesto de Duchamp queria dar uma resposta à crise das artes artesanais na sociedade industrial e indagar o funcionamento da ins�tuição arte, embora, ele nunca abandonou de fato, o trabalho artesanal, vejam o grande vidro. Foi um ponto de vista crí�co frente à arte e suas ins�tuições. A arte é também um jogo de poderes que as operações técnicas não explicam. De perto, readymade e o modelo mais difundido de arte contemporânea, não se misturam.
Almandrade é ar�sta plás�co, poeta e arquiteto
Por Gilberto Wallace Battilana
PALAVRA ABERTA] ]
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Porto Alegre | | | ARTES | Junho 2014 6
POESIA?Reflexões sobre a linguagem poé�ca
ARTIGO
Por Gilberto Wallace Battilana de Porto Alegre/RS*
O QUE É
*Contato: | [email protected] facebook.com/gilberto.ba�lana.
A Poesia é uma verdade que cons�tui seu próprio testemunho. Uma verdade que busca o reconhecimento dos outros. Todo texto é um pedido de leitura. Revela-se num transe que é o poema ditado vivo à consciência. O poeta escreve até mesmo o que desconhece, descobrindo assim o poema, impelido a viver através do verso o que não encontra no universo visível, ultrapassando as portas da percepção e da emoção comuns, como se uma luz interna iluminasse as cavernas da sua estrutura psicológica, conduzindo-o à convicção de uma paixão que o poeta reduz à palavras que revelam esse outro universo cuja existência é a do poema no qual o leitor, ao conseguir desvendá-lo, frui-lo e compreendê-lo, alia-se ao poeta na descoberta do prazer que nos causa a beleza da forma conjugada à revelação de um lado intocado do que existe e até do que não exis�ndo, passa a ter existência no poema.“Por que propõe-se alguém a escrever Poesia?”Foi William Auden quem encontrou a resposta que melhor se coaduna com a minha forma de pensar esta questão:“Se alguém a quem se fizer essa pergunta, responder: “Porque eu gosto de ficar junto às palavras, ouvindo, o que elas dizem, então é possível que venha a tornar-se um poeta”.Eu me filio à corrente que adota a poé�ca que busca a natureza específica e o valor da Poesia na maneira como são dispostas as palavras para expressar as emoções e ideias, e no modo pelo qual a realidade é analisada pelas virtualidades da linguagem. Nesta corrente de pensamento que propõe que o poema antes de ser um ente é�co, tem de ser esté�co, e, antes de ser moral, tem de ser bem escrito.Pope nos diz que o poema bem escrito é a expressão do que foi frequentemente pensado mas nunca tão bem expresso. Daí se poderia supor que o poema seria só a sua forma de expressão? Eu penso que o poema se faz de uma simbiose entre o conhecimento da expressão e a força da paixão. Porque a Poesia é uma maneira de dizer as coisas que não podem ser ditas de outro modo. O poeta busca, em cada poema, expressar a totalidade da sua compreensão do que vê com a lucidez da sua imaginação. Essa compreensão emana de uma interioridade absoluta na qual, nós, os que escrevemos, apostamos, em cada poema, o tudo e o nada. O que está escrito em cada de um dos meus poemas se torna verdade. A minha verdade à procura da confluência com a verdade do leitor. Mesmo quando na compreensão do leitor o poema a�nge outro sen�do, outra significação.Jean-Arthur Rimbaud, respondendo a uma pergunta a respeito do que queria dizer com determinado poema, parece-me ter deixado bem clara essa questão de explicar o poema: “Eu quis dizer o que está nele, literalmente, e em todos os outros sen�dos”.O poema é algo que arrancamos de dentro de nós mesmos, das nossas experiências, das nossas leituras, da nossa imaginação, dos nossos sonhos, sem, por vezes, conseguirmos avaliar toda a extensão e a intensidade do proposto. Por isso o entregamos aos outros, ao leitor, ao crí�co, que, muitas vezes, na leitura e na análise do poema nos revelam, nessa pluralidade de entendimentos um sen�do que desconhecíamos. A totalidade expressa em cada poema não é defini�va, quantas vezes, no decorrer do tempo, alteramos um poema, e portanto é verdadeira para aquele momento, para aquele poema. Se há algo que a Poesia nos ensina é a nossa efemeridade que todo aquele que deixa a sua marca através da arte tenta conjurar. O que aspiramos, os que nos dedicamos a qualquer forma de arte, ao assinarmos a obra que criamos é vencer o esquecimento a que a morte nos condena, através de um nome, de uma iden�ficação que desejamos perdure além da nossa existência, sabendo que ela nos é acessória, mas que nos ultrapassa.E aí, nesse paradoxo de uma arte que é paixão de uma perfeição irrealizável, reside a ironia de que todo aquele que se dedica à poesia não se pode despir. É com esta paradoxal posição entre a paixão da mão que escreve e a ironia do olhar que examina de que se deve armar o poeta na composição do poema.Encarando o drama da sua própria existência efêmera com a olhada irônica sobre o que o co�diano nos oferece, o poeta, ao conseguir alcançar a plenitude da sua composição entre es�lo e paixão, vence a complexidade e contradições da sua experiência, estabelecendo um jogo de significados através dos quais a�nge a sua expressão final: o poema. A ironia e o paradoxo cons�tuem recursos para considerar as a�tudes que ameaçam as assumidas pelo poeta no seu poema.Não deve o poema procurar ser apenas a afirmação de uma verdade, e já é bastante, também a expressão, através da beleza da forma, da inquietação que cerca cada ser humano, com suas incertezas e dúvidas frente ao mistério da vida, na tenta�va de descoberta da sua iden�dade. O poema é o caminho para a procura de uma afirmação de um conhecimento que está des�nado a ficar incompleto, se assim não fosse não haveria o próximo poema a escrever que resulta de uma nova tenta�va de encontrar a resposta para essa indagação que resulta, como escrevi num poema, “da dualidade de uma consciência sonhadora e um coração real”, isto é, entre o sen�mento da imortalidade que cada ser humano abriga em si e o da certeza da nossa futura ex�nção enquanto ser existente.
Gilberto Wallace Battilana é escritor e poeta
Foi designado pelo Secretário Municipal de Cultura um Grupo de Trabalho com a finalidade de estudar, planejar e propor a nova formatação do Conselho Municipal de Cultura de Porto Alegre, adequando-o ao sistema Nacional de Cultura.Integram o GT os representantes da SMCultura, Vinicius Cáurio e Alvaro San�; representante da Secretaria de Governança; Cleber Lescano, p e l a Te m á � c a d e C u l t u ra ; A d r i a n Pojalcheck, pelo Orçamento Par�cipa�vo; Mariza Nonohay, representante da OAB no COMPAHC e Gilberto Wallace Ba�lana, representando a Sociedade Civil. O GT tem o prazo de quarenta e cinco dias para apresentar a proposta que será examinada e referendada pelo Prefeito Municipal para encaminhamento ao Presidente da Câmara Municipal, Vereador Professor Garcia, para apreciação e aprovação do dos Vereadores e transformada em Lei Municipal.
O Grupo Aprés Coup Porto Alegre, realizou o 3º Sarau Ovo da Ema com a par�cipção do doutorando em Literatura Adriano Miglia, que fez uma palestra sobre a poesia africana. Sidnei Schneider, Lúcia Bins Ely, Marcella Villavella, de Buenos Aires, Annelore Schumann, Gustavo Burckardt e Giséli Forneck, foram os poetas a lerem poemas depoetas africanos.O 4º Sarau está programado para o dia 8 de julho, na Pizza do Pão,no Bom Fim. Sucesso para os poetas do Aprés Coup.
Aprés Coup Porto Alegre no 3º Sarau Ovo da Ema
Nova formatação do Conselho Municipal de Cultura de Porto Alegre
A MÚSICA COPA Existem vários problemas na educação nacional, e um deles é o uso excessivo de
celular por parte dos estudantes de 8ª série e ensino médio. Ao invés de prestarem atenção à
aula, como deveria ser, ficam o tempo todo ouvindo músicas, que, às vezes, estão num
volume elevadíssimo, o que chega a atrapalhar a fala do professor. Com os adultos – inclusive
de faculdade – a coisa não é diferente. Talvez porque disponham de mais recursos, u�lizam
notebooks e se desligam das aulas, visto que os computadores estão conectados ao
Facebook e não auxiliam nas matérias. Este ar�go se desenvolveu da seguinte forma: como é
uma constatação a fissura que os adolescentes nutrem por música (um apressadinho
afirmaria que 100% das pessoas amam a música, porém isso não é verdade. Conhecemos
alguns que estão fora desse �me), perguntamos de que es�lo de música os estudantes da 8ª
série da Escola Patrulhense (de Santo Antônio da Patrulha) mais gostam, quantas horas
ouvem por dia e o que pensam dos que sintonizam os telefones durante as aulas. A ideia é ter
noção do que se passa na cabeça desses guris e gurias, para assim ter condições de encontrar
alterna�vas para qualificar os encontros.
Kainane O�o, por exemplo, revelou ouvir música durante as aulas, principalmente
nas de Matemá�ca. Igual à colega, Luian Ferri, Kauan Cunha e Kauan Mar�ns garantem ouvir
música durante a aula para se distrair, e Igor Lopes, porque gosta. Já Devlyn Santos ouve
durante a aula porque o relaxa; Gabriela Dryszer e João Pedro fazem a mesma coisa, porque
isso os deixam calmos. Maurício Souza é um pouco mais exagerado: ouve umas oito horas
por dia e prefere música às aulas, para não ter de ouvir o grito dos colegas, uma vez que a sua
turma é muito bagunceira e há estudantes que não falam, gritam. Matheus Braga e
Guilherme Freiberger pensam da mesma forma. João Vitor Serafini ouve funk umas 10 horas
por dia, porque gosta e porque acha que esse es�lo musical é cultura. Poé�ca, Paola Duarte
de Assis Santos acha a música mais compreensível que algumas pessoas. Kethlyn Braga
acredita que a música é importante para todos.
Arthur Barcellos disse que gasta em torno de 3 horas por dia nessa a�vidade. Para
ele, quando se ouve música com um volume elevado, isso faz com que a pessoa seja
transportada para outro universo. Estranhamente ele acredita que, se os professores
permi�ssem que os alunos ouvissem música durante a aula, esta renderia mais. Arthur
esquece que a maioria não sabe fazer duas coisas ao mesmo tempo e que, se ouvem música,
não prestam atenção na aula, caso de Wellington Machado, por exemplo. João Pedro Braff,
ao contrário, acredita que ouvir música melhora o nível de concentração. O escritor Marcelo
Rubens Paiva, autor de Feliz Ano Velho, também pensa dessa forma. A professora de
Português e Literatura Carla Souza da Silva, da Escola Patrulhense, diz que se concentra com
barulho. Na sua casa, a primeira coisa que faz é ligar a tevê ou o rádio. Já a professora de
Ciências da Natureza Andreia Colombo da Silveira, da mesma escola, ao contrário, diz que
precisa de silêncio geral para se concentrar.
Vitória Fraga é uma das estudantes que afirma ouvir música em todos os momentos
do dia, exceto quando está em sala de aula. Na sua opinião, a música a distrai, a faz se sen�r
bem e a liberta. MC Maykinho ouve 6 horas por dia de funk, até porque ele está batalhando
para se tornar profissional da área. Leandro Milcharek só ouve música antes de dormir e não
acha correto fazer isso em sala de aula.
Interessante é que, em todos os lugares onde convivemos em Santo Antônio, as
pessoas ouvem apenas sertanejo, mas os estudantes da 8ª série do fundamental do
Patrulhense escolheram, em primeiro lugar, Reggae (com nove votos); rock em 2º (seis
votos); funk em 3º (quatro votos) e sertanejo em 4º (dois votos). Nos anos de 1980, mas em
Porto Alegre, os jovens gostavam apenas de rock pesado.
A professora de Geografia da Escola Patrulhense, de Santo Antônio
da Patrulha, discu�u com seus alunos do 2º ano do ensino médio (turma 201)
sobre o assunto Copa do Mundo no Brasil. Então percebeu quantas são as
dúvidas em torcer ou não torcer pela seleção.
A Copa do Mundo no Brasil está sendo o assunto mais discu�do nos
meios de comunicação, nas redes sociais e nos ambientes escolares. É um
evento que será visto por milhões de pessoas no mundo inteiro. Seria um
privilégio para o Brasil ter esse evento de tamanha grandeza, se não fosse a
quan�dade de problemas que o trabalhador desse país tem que enfrentar
diariamente. Não temos estrutura, o governo deveria dar muito mais valor a
outras necessidades de suma importância a sua população. Na verdade, o
Brasil quer se mostrar para o mundo o que não é tentando esconder sua real
situação.
Torcer ou não torcer pela seleção se tornou um assunto muito
contraditório. Se pensarmos nas condições precárias da saúde, educação,
transporte público e saneamento básico, seríamos contra a Copa. Mas, com
tanto dinheiro inves�do em estádios, seria no mínimo gra�ficante se eles
garan�ssem essa taça para nós termos um mo�vo de felicidade para toda a
nação.
Essa dúvida em torcer ou não é só nossa como alunos, mas de todo o
povo brasileiro. Alguns ficam felizes porque vai acontecer o evento que trará
muitos turista para cá. Mas, ao final da Copa, qual será a visão deles sobre
nosso país?
Pensamos que boa parte dos brasileiros irão para as ruas para
marcar a Copa com sua indignação, para mostrar ao mundo que o Brasil tem,
altos impostos e não paga aos professores e motoristas o que eles merecem.
Mas, se a seleção ganhar, vai ser bom, porque, pelo menos, não usamos
tanto dinheiro em vão.
Ainda não estamos prontos para esse megaevento. O Brasil é muito
problemá�co. Nossas carências não estão só nas péssimas estradas,
aeroportos e rede de hotelaria. Nossos problemas vão além: são as filas nos
hospitais; as escolas sem infraestrutura para receber os alunos, entre tantos
outros.
E assim está sendo desde o início. Alguns brasileiros irão torcer pelo
Brasil porque é a seleção do nosso país e devemos apoiar o técnico e seus
jogadores. Outros torcem porque, já que gastaram milhões, e esse dinheiro
não retornará para as necessidades básicas de que nosso povo tanto precisa,
melhor ganhar mesmo o �tulo.
Nosso governo mais uma vez está tentando mascarar essa sujeira o
mais rápido possível e talvez consiga. Talvez a massa alienada ajude, pois os
meios de comunicação estão ajudando, e são eles que ditam o ritmo do povo.
Então eis a questão: o que seria melhor? Aproveitar o que já foi feito
ou se manifestar contra o inevitável?
Mas, pensando bem, não podemos deixar de torcer pela nossa
seleção: somos brasileiros e amantes do futebol e, já que não temos mais
como impedir, o que nos resta é torcer.
ArtigoArtigo
NA VIDA DOS ADOLESCENTES
ESTUDANTES REFLETEM SOBRE A
Por de Eduardo Jablonski Santo Antônio da Patrulha/RS1
Por de Juciane Magni Santo Antônio da Patrulha/RS1
1 - É mestre em Literatura Brasileira (UFRGS), tem três especializações: Inglês
(Unilasalle), É�ca (Unilasalle) e Gestão Financeira (Faculdade QI), publicou sete livros, sete ar�gos acadêmicos e 800 ar�gos em jornal, ganhou nove prêmios, entre os quais o 2º lugar no Açorianos de crônica em 1997, faz tradução de inglês e espanhol, revisão de livros e é professor da Escola Patrulhense e da Mundo Office, em Santo Antônio da Patrulha, e da Faculdade QI, em Gravataí e Porto Alegre.
1 -Juciane Magni, licenciada em Geografia pela FACOS e especializanda em
Espaços e Possibilidades para uma Educação Con�nuada pela Universidade Aberta do Brasil (Universidade de Pelotas). Trabalha na Escola Patrulhense (Santo Antônio da Patrulha) e Escola General Osório ( Osório). Felipe Mar�ni, Leonardo Milanezi, Desire Santos, Ana Alice Pereira, Lucas Dias, Brenda dos Santos, Carolina dos Santos, Ciro Dávila, Lorenzo Castro, Emily de Fraga, Manuela Ramos, Ana Paula Gomes, Isabella Panisi.
Porto Alegre | | | ARTES | Junho 2014 07
GRAPHIC NOVEL
Delegado Hipólito e seu fiel alcagueta sonham com a volta do passado.
Por Cloveci Muruci de Porto Alegre/RS
Estou pensando em nos organizar para as eleicoes. Talvez lancar candidatos alinhados com a nossa causa
Apoiar o pessoal da extrema direita ja eleitos
Aproveitar e meter a mao nas verbas de campanha. Tambem somos filhos de Deus
Estamos sem verbas faz um bom tempo
Um partidao de direita, liderado pelo Bolsonaro e pelo Feliciano vai mudar o quadro politico no pais
Podemos repatriar o Mainardi da Italia para nossa asses-soria de imprensa
Com um time destes, vamos anular as acoes da co-missao da verdade, que so nos
inferniza ha tempos. Onde eles querem chegar? Nos querem presos? Esqueceram tudo que fizemos por este pais? Nossos
sacrificios, noites sem dormir, inter-rogando os vandalos comunistas. Tudo
isso pra que hoje esse pais fos-se temente a Deus, verde
e amarelo, e nao vermelho.
Convocamos nossa bancada gaucha de direita: a Ana Amelia, o Lazier, o Pedro Americo e a Monica. Vamos reforcar a ideologia!
E ainda ficamos com reforco na midia
Vamos reativar a Marca da Familia
pela Liberdade, a T.F.P, o Ouro para Salvar o Brasil, o apoio da Igreja Catolica como antigamente. Enfim, de voltamos bons tempos.
Que maravilha!
Apoio Cultural :
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Porto Alegre | | | ARTES | Junho 2014 8
Poesia
Por Clemente Padín de Montevidéu/Uruguai
Tradução: Regina Célia Pinto
A POESIA INTERSIGNOS:CULMINAÇÃO DE UM PROCESSO
A obra poé�ca de Philadelpho Menezes cons�tui uma importante contribuição ao desenvolvimento da poesia experimental, não só la�no- americana, mas também mundial. Ela completa e culmina a construção originada com o advento da Poesia Concreta brasileira (1956), selando-a com a Poesia Intersignos que vem sendo criada desde os anos 80. É a cereja que coroa a torta. A poesia concreta cons�tuiria a base, o poema semió�co, o segundo piso, o Poema/Processo o seguinte e, finalmente, a Poesia Intersignos. No meu conceito o caminho é o seguinte: o concre�smo literário de tendência matemá�co-espacial de Wladimir Dias-Pino, desde seus poemas A Ave (1954) e Sólida (1956) até os poemas "espaciais" (1962) que originaram o poema semió�co, o Poema/Proceso (1967), lançado no Río de Janeiro e, por úl�mo, a Poesia Intersignos de Philadelpho Menezes (1980). Como no Poema/Processo, a Poesía Intersignos propõe "re�rar do signo verbal a exclusividade na exploração da matéria prima poé�ca" (Menezes,1987). Para Wladimir Dias-Pino, a palavra é o signo de uma das linguagens que pode ser u�lizada na expressão poé�ca, porém não é único nem é excludente: "...o Poema/Processo não pretende terminar com a palavra...o que o Poema/Processo reafirma é que o poema se faz com o processo e não com palavras..." (Wladimir Dias-Pino, 1971). Segundo Menezes, se pode "definir sumariamente à Poesía Intersignos como aquela em que os signos visuais e verbais, cada qual com sua carga semân�ca própria, atuam conjuntamente na produção do sen�do do poema" (Philadelpho Menezes, 1987). Assim, marca suas diferenças com a chamada "Poesia Visual" que se vale da dimensão plás�ca da linguagem (a linguagem não só se "lê" mas também se "vê"). Sustenta que no poema visual os elementos plás�cos não se integram ao significado total do poema mas que atuam como elementos de confusão, de "ruído" para gerar a maior ambigüidade possível. Também podem estar na função de colocar em relevo (la "mise en relieve") ou de reforço da expressão verbal, à maneira dos poemas ilustrados ou os "carmina figurata" la�nos ou os "Pa�ern Poems" como os define Dick Higgins (1987) onde, na grande maioria dos casos, as duas formas de expressão, a verbal e a visual, podem separar-se sem perda de informação poé�ca, o que é impossível no poema intersigno. Menezes retoma o programa da poesía concreta histórica: a construção racional dos signos interatuando na formação do sen�do, mediante processos de composição "precisos", quase esquemá�cos, ao contrário das tendências mais relevantes na poesia visual, oriundas da colagem e da disseminação semán�ca. O distanciamento com a Poesía Visual é notório. Compara ambas as formas, o poema visual e o poema intersignos, com a colagem cubista e a montagem cinematográfica: o primeiro é imo�vado, livre e não pretende formulações semân�cas claras mas ambíguas, o segundo propõe a ar�culação visual e verbal (e sonora, numa segunda etapa) que faça possível a apreensão de significados precisos ainda que sua conceituação seja complexa.Posteriormente em ROTEIRO DE LEITURA: POESIA CONCRETA E VISUAL, 1998, ao caracterizar à Poesía Visual, fala de que, fundamentalmente, existem três manifestações: o poema-embalagem, o poema-colagem e o poema-montagem. O poema-embalagem se caracteriza por una volta ao texto e ao verso ainda que, devido as sofis�cadas possibilidades dos novos �pos gráficos e outros recursos, é possível falar, ainda, de integração expressiva na visualidade. O poema-colagem, tem sua origem na técnica ar�s�ca descoberta pelo Cubismo que �rava os signos de seu ambiente habitual e os colocava em outros gerando ambigüidade e proliferação de sen�dos. O poema-montagem, ao contrário do poema-colagem, ao reunir dois signos de diferentes linguagens geraria não múl�plas representações mas uma ou duas representações na mente do "leitor". Um importante apoio à sua teoria é a "montagem", técnica expressiva descoberta pelo cineasta sovié�co Serguei Einsentein, entendida como a integração das áreas visual, verbal e sonora no filme. Sua admiração por Einsentein foi tal que chegou a chamar à Poesia Intersignos como "cine está�co". A montagem é um "processo de justaposição" de dois ou mais elementos expressivos que "se combinam em um novo conceito, em uma nova qualidade (...)" (Serguei Einsentein, 1944). Essa "nova qualidade" se origina na instância superior do poema que se forma na mente do "leitor". Na terminologia de Charles Sanders Pierce, o poema se cons�tuiria no representante que, na interpretação posterior do "leitor", se transforma em "outro signo" ao que chamou interpretante. Menezes chama "sen�do do poema" a esse supra-signo. A ninguém escapa que essa integração (o visual, o verbal e o sonoro que tão bem expressou James Joyce com seu conceito de "verbivocovisual") só seria possível num futuro próximo através dos descobrimentos da técnica, quer dizer, o vídeo e, sobretudo, a mul�mídia. Assim não foi casual seu CD Rom POESIA INTERSIGNOS onde retoma seus poemas bidimensionais como MÁQUINA e REVER e os reelabora através das novas possibilidades expressivas desse meio, incluindo a chamada quarta dimensão tecnológica, o "hipertexto". Assim o expressava em seu texto anterior UMA ABORDAGEM TIPOLOGICA DA POESIA VISUAL que abria o catálogo da I Mostra Internacional de Poesia Visual de São Paulo, organizada por ele em 1988: "Se criaria uma ar�culação formal entre verbalidade, visualidade e sonoridade que produziria uma montagem superconductor onde a comunicação exigiría do observador um integral aproveitamento dos sen�dos, em função da decodificação da hipótese de leitura do poema". Fruto destas idéias é o CD Rom INTERPOESIA (1997- 98) realizado conjuntamente com Wilton Azevedo, onde se destaca como um excelente operador de linguagens mul�mídias de úl�ma linha, onde o componente visual se une indissoluvelmente ao componente verbal em um �po de "intermídia" segundo a caracterização de Dick Higgins: "Uma real interação formal e semân�ca entre diferentes linguagens, e não puramente sobreposição acumula�va."Também pode ser destacada sua atuação no redescobrimento da Poesia Sonora, sobretudo na América La�na, onde este gênero tem �do muito poucos adeptos. Assim como a poesia visual se vale das possibilidades pictóricas ou espaciais das letras e palavras, a poesia sonora ou fônica se vale das possibilidades expressivas dos sons e ar�culações vocais que fazem possível a dimensão sonora da linguagem verbal. A poesía fônica flutua entre a música e a literatura, entre a experimentação fono-verbal e o jogo glossemá�co *. Sua origem remonta a do gênero humano e, até a aparição das técnicas de gravação eletrônicas, se refugiou, escrita, na poesia visual, dando nascimento ao que hoje se denomina poesia foné�ca. Logo nos anos 50, com a aparição da fita eletromagné�ca, a poesia sonora se diversificou notavelmente, em virtude do amplo leque de possibilidades que oferecía o novo meio e, com o advento da tecnologia digital e da mul�mídia, essas possibilidades aumentaram.
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Porto Alegre | | | ARTES | Junho 2014 09
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Porto Alegre | | | ARTES | Junho 2014 11
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Buteko do CaninhaQuem for no Buteko do Caninha, neste mês de junho, vai encontrar o melhor clima de Copa do Mundo. A decoração a rigor para o evento tornou o local renovado com sabor de futebol, e cores brasileiras.
São mais de 50 quarteirões que movimentam a vida noturna
da Cidade Baixa, o bairro underground de Porto Alegre, onde a
cena cultural tem mais força, com inúmeros bares com mesas
nas calçadas, se transformam em galerias de artes, com a mais
recente criação dos portoalegrenses, e espaços para shows
musicais.
Espaço Cultural Zumbi dos PalmaresO Espaço Cultural Zumbi dos Palmares,(frente ao Largo da
Epatur) é o mais novo lugar na Cidade Baixa, des�nado a
cultura underground. Um espaço livre para boa conversa e
ideias libertarias. Ali pode-se jogar xadrez, ter Cosinha
Vegana, Brechó, Oficinas de Artes, Banquinha de Siners, tudo
isso com a estrutura de Bar, com a coordenação do Yuri, do
Caiã e da Bibiana Pozzebon. No dia 20 de junho (sexta-feira) a
par�r das 21h, acontecerá, uma cole�va com gravuras e
fotografias de Ali Savage, Vinicius Vini Rodrigues, Mar�rio das
Almas.
Um Amor para NachoA exposição”Um Amor para Nacho” (Pinacoteca, República,
409) da autodidata Ellen Vernink, expõe ensaio fotográfico
com “experiência no campo da fotografia eró�ca”, a par�r de
uma visita da autora a loja de brinquedo.
TangosUm novo espaço atrai cada vez mais os freqüentadores da
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Porto Carioca: Rua da República, 188. Cidade Baixa. Porto Alegre. E-mail: [email protected] Barão do Gravataí, 577 Rua João Alfredo, 512
Sons que ouço na
Foto: Mari Lopes Fotografia e Arte