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Joseph Stalin
O Ditador de Aço
Um dos mais poderosos e mortíferos ditadores da História, Jose-
ph Stalin, governante supremo da União Soviética durante um quar-
to de século, foi responsável por promover a industrialização de seu
país numa velocidade incrível e de comandar a máquina de guerra
que teve papel crucial na derrota do nazismo. Para tanto, o regime
de terror de Stalin cobrou um custo incrível em termos de sangue
derramado. A fome que resultou de algumas das suas medidas re-
formadoras ceifou milhões de vidas, principalmente na Ucrânia,
num episódio conhecido como Holomodor. Mesmo assim, muitos
russos ainda lembram com saudade os tempos de sua ditadura.
Quando Joseph Vissarionovich Jugashvili (1879 – 1953) adotou o
nome “Stalin”, ele sabia bem quem era e o que queria. “Stalin” quer
dizer “feito de aço”, e foi, de fato, com mão de aço que Joseph con-
quistou o poder e governou a União Soviética entre 1924 até sua
morte em 1953. Nesse período, ele projetou a URSS à posição de
potência mundial.
Desde cedo, Stalin, antigo seminarista nascido na Geórgia, numa
família humilde, aderiu ao marxismo e se dedicou ao movimento
revolucionário contra a monarquia russa. Antes da Revolução Bol-
chevique de 1917, ele atuou como ativista durante 15 anos. Foi
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preso diversas vezes e sentenciado em algumas ocasiões ao exílio
na Sibéria. Apesar do seu engajamento, o futuro ditador de aço não
teve uma participação proeminente na tomada do poder pelos bol-
cheviques. Mas Stalin era um negociador nato e não tardou em
alçar posições dentro do Partido Comunista. Em 1922 já era secretá-
rio geral do partido, uma posição que, embora não fosse significati-
va na época, deu a ele chances de construir uma base política a seu
favor.
Stalin quando jovem
A oportunidade veio em 1924
quando Lênin, o idealizador e fun-
dador da União Soviética, morreu.
O país viveu uma verdadeira como-
ção com a perda do líder. Quem
quer que viesse a substituí-lo teria
de ser muito próximo a Lênin. Stalin
não perdeu a oportunidade de se
promover como o herdeiro político
do antigo ditador. Manobrou con-
tra seus rivais, desarmando-os poli-
ticamente. Stalin organizou o fune-
ral de Lênin e fez um discurso pro-
fessando lealdade ao líder em ter-
mos quase religiosos. Trotsky, seu
principal rival na sucessão à
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liderança do partido, estava doente na época e não compareceu ao
enterro. Alguns acreditam que Stalin informou a ele uma data falsa.
Com intrigas como essa, Stalin fez com Trotsky, apesar de ter sido
colaborador fiel de Lênin desde os primeiros dias do regime soviéti-
co, perdesse prestígio político. Trotsky acabou exilado, indo para o
México, onde teve um caso com a pintora Frida Kahlo e terminou
assassinado por agentes soviéticos.
Controlando cada vez mais o partido, no final da década de 1920,
Stalin já era ditador absoluto da URSS, com domínio total sobre o
povo e o país. O stalinismo, como ficou conhecido o tipo de regime
que caracterizou sua ditadura, delineou as características do Estado
Soviético, desde o início de seu governo até o colapso desse mode-
lo, em 1991.
Uma das suas primeiras medidas para promover o desenvolvi-
mento da União Soviética foi a coletivização da agricultura. A inten-
ção era aumentar a produtividade da terra, através de enormes
fazendas mecanizadas. Também visava colocar os camponeses sob
controle direito e otimizar a cobrança de impostos. No entanto, a
mudança social que isso implicou era drástica. A queda no padrão
de vida de muitos camponeses foi enorme. Stalin perseguiu os cam-
poneses mais abastados, os kulaks, que se opunham à coletivização.
Os camponeses que recebiam a classificação oficial de kulak, ex-
kulak, ou que eram acusados de ajudar kulaks, eram deportados
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para regiões remotas, ou enviados aos gulags, os campos de traba-
lho forçado de Stalin, ou até mesmo fuzilados.
Stalin, já no poder
As duras demandas
do Estado, que confis-
cavam as colheitas e
pouco deixavam para os
camponeses, provocou,
entre 1932-33, uma
fome de proporções
devastadoras, o Holo-
domor, que custou as
vidas de cerca de cinco
milhões de camponeses
ucranianos. Stalin se
recusou a enviar os
grãos que tinha
estocado para socorrer a população.Em lugar disso, continuou a
exportá-los para financiar seu programa de industrialização acelera-
da. A esse preço insano, no final da década de 1930, a URSS já era a
segunda maior nação industrial do mundo.
Não bastasse a fome, na década de 1930 Stalin promoveu perse-
guições aos “inimigos do povo”. O Grande Terror, como alguns
chamam, foi uma campanha de repressão política e execuções sem
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precedentes. Qualquer desvio era punido de maneiras incrivelmen-
te drásticas.
Segunda Guerra
As perseguições da era do Terror deixaram o Exército Vermelho
enfraquecido. Muitos estrategistas experientes tinham sido elimi-
nados por Stalin. Quando começou a Segunda Guerra, a URSS esta-
va mal preparada para o conflito. A falta de defesa adequada foi um
convite para Hitler, que atacou a União Soviética em junho de 1941.
O futuro político de Stalin
– e, claro, também o da
URSS – estava em jogo. O
país enfrentou a maior
carga do Wehrmacht, a
poderosa máquina de
guerra alemã.
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Stalin, no início da carreira política
Cerca de 75% das
forças de Hitler foram
deslocadas para a
frente soviética – mas
o ditador de aço foi
capaz de liderar seu
país à vitória. Apesar
do enorme custo em
termos de vidas hu-
manas – 27 milhões
de soviéticos morre-
ram nessa guerra – a
URSS sob Stalin foi
responsável pela con-
tribuição mais decisi-
va na derrota ao na-
zismo.
O conflito ficou
conhecido como Grande Guerra Patriótica. De fato, o esforço do
povo e a vitória garantiram a continuidade da união das repúblicas
soviéticas, e Stalin se projetou ainda mais.
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Culto
Nos oito anos que ficou no poder depois da Guerra, Stalin se de-
dicou ao culto da própria personalidade. Procurava, na verdade,
esconder os grandes problemas que a nação enfrentava depois do
fim do conflito. Crise econômica, instabilidade social, condições de
vida incrivelmente depreciadas. As perdas humanas implicaram em
baixa produtividade. Para piorar o quadro ainda mais, a espectro da
Guerra Fria não tardou em assombrar o país.
Inevitavelmente, a nova geração que
havia conquistado posições-chave no
Partido Comunista e que tinha crescido à
sombra de Stalin começou a pensar em
substituir o velho ditador.
Mais uma vez ele lançou mão de antigos artifícios: controle, vigi-
lância, repressão. Felizmente, para os soviéticos, as manobras de
Stalin não atingiram as proporções do Grande Terror – mas poderi-
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am ter atingido. Para alívio de muitos, Stalin morreu antes. Em 1 de
março de 1953, o ditador sofreu um violento derrame cerebral.
Seus camaradas mais próximos deixaram deliberadamente de pres-
tar socorro, e cinco dias depois Stalin morreu, aos 74 anos, 29 dos
quais à frente da união de repúblicas socialistas que, mais que nin-
guém, ajudara a consolidar. Em 1957, quatro anos depois da sua
morte, os soviéticos colocaram em órbita o primeiro satélite artifici-
al, o Sputnik 1 – uma prova do quanto o ditador transformou seu
país, de uma nação agrícola em uma superpotência tecnológica.
Mas fica a questão: o preço pago em milhões de vidas humanas
valeu a pena?
Sindicato dos Padeiros
de São Paulo
Direito reservados: Sindicato dos Padeiros de São Paulo, 2013 Este artigo pode ser reproduzido para fins educativos;
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