josé félix costa instituto superior técnico da universidade técnica de lisboa centro de...
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José Félix Costa
Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa
Centro de Matemática e Aplicações Fundamentais da Universidade de Lisboa
Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa
I – DE QUE A CIÊNCIA É ESSENCIAL PARA COMPREENDER O MOVIMENTO
ARTÍSTICO
REPRESENTAÇÃO DA CIÊNCIA NA ARTE ?
EXEMPLO DO SURREALISMO: SALVADOR DALI OU A DEMANDA DA DIMENSÃO SUPERIOR PARA EXPRIMIR O FENÓMENO RELIGIOSO.
SOCIEDADE HODIERNA : IMPACTE DA CRISTOLOGIA QUÂNTICA E DA TEOLOGIA COSMOLÓGICA
Rudy Rucker, The Fourth Dimension
Percepção da TERCEIRA dimensão
A QUARTA dimensão
Rudy Rucker, The Fourth Dimension
Rudy Rucker, The Fourth Dimension
Tesseracta
Tesseracta
Sombra do hipercubo
Planificação do cubo: as onze possíveis soluções
Uma “planificação” do HIPERCUBO
Salvador Dali, Christus hypercubus
II – DE QUE A CIÊNCIA É ESSENCIAL PARA COMPREENDER O MOVIMENTO ARTÍSTICO
REPRESENTAÇÃO DA CIÊNCIA NA ARTE ?
EXEMPLO DO CUBISMO : PABLO PICASSO OU O PORTAL DA DIMENSÃO
Rudy Rucker, The Fourth Dimension
Rudy Rucker, The Fourth Dimension
Rudy Rucker, The Fourth Dimension
Pablo Picasso, Retrato de Dora Maar
III – DE QUE A CIÊNCIA É CONTEÚDO DOS MOVIMENTOS LITERÁRIO E ARTÍSTICO
SABER DISTINGUIR ENTRE CONTEÚDO E REPRESENTAÇÃO
EXEMPLO DO CLASSICISMO: JOHN MILTON
William Blake, Ancient of Days
[..] A fábrica dos céus ele abandonaA fátuas conjecturas e argumentos,Talvez para sorrir quando insensatos,Com vastas opiniões, lidado estudo,Componham no porvir do céu os moldes,As estrelas ao cálculo submetam,Dêem vibração à máquina do Mundo,Desmanchem-na, fabriquem-na de novo.Para de inconvenientes ressalvá-la, Quando cinjam com círculo a esferaConcêntricos, excêntricos, confusos,Com ciclos, epiciclos, uns sobre outros. 18
18 Tradução portuguesa de A. J. Lima Leitão, 1938, ed. Empresa Literária Universal.
John Milton, Paraíso Perdido
Vês aqui a grande máquina do Mundo,Éterea e elemental, que fabricadaAssi foi do Saber, alto e profundo,Que é sem princípio e meta limitada.Quem cerca em derredor este rotundoGlobo e sua superfície tão limada,É Deus; mas o que é Deus, ninguém o entende,Que a tanto o engenho humano não se estende....Em todos estes orbes, diferenteCurso verás, nuns grave e noutros leve;Ora fogem do centro longamente,Ora da Terra estão caminho breve,Bem como quis o Padre omnipotente,Que o fogo fez e o ar, o vento e neve,Os quais verás que jazem mais a dentroE tem c'o mar a Terra por seu centro.
Neste centro, pousada dos humanos,Que não somente, ousados, se contentamDe sofrerem da Terra firme os danos,
Embora Camões também refira a Máquina do Mundo, no Canto X de Os Lusíadas, estrofes 80, 90 e 91, não desce ao detalhe.
IV – O REGRESSO AO NEOPLATONISMO E A BUSCA DE
UNIVERSAIS SIMBIOSE DE MOVIMENTOS ARTÍSTICO E CIENTÍFICO
OS EPICIPLOS DO PÓS-IMPRESSIONISMO
Programa de Platão
http://faculty.fullerton.edu/cmcconnell/Planets.html
A busca do ingrediente essencial, do universal do movimento.
http://faculty.fullerton.edu/cmcconnell/Planets.html
http://faculty.fullerton.edu/cmcconnell/Planets.html
Hanson, Constelations and Conjectures
Hanson, Constelations and Conjectures
Hanson, Constelations and Conjectures
V – O NEOPLATONISMO DE CÉZANNE
SIMBIOSE DE MOVIMENTOS ARTÍSTICO E CIENTÍFICO
OS EPICIPLOS DO PÓS-IMPRESSIONISMO
Paul Cézanne, La Montagne Sainte-Victoire, vue des Lauves
Na busca obsessiva de um universal, nas suas muitas Motagne Sainte-Victoire, Cézanne descobre o rectângulo que, por coincidência, corresponde ao campo receptivo das células do córtex visual.
VI – DE QUE A NEUROBIOLOGIA É ESSENCIAL PARA COMPREENDER A ARTE
NEUROBIOLOGIA DO MOVIMENTO ARTÍSTICO
O CAMPO RECEPTIVO
Semir Zeki, Inner Visions
Resposta de uma célula do córtex visual à cor.
Note-se: (a) a célula é sensível apenas ao vermelho e (b) o campo receptivo desta célula é “necessariamente” quadrado ou rectangular.
Semir Zeki, Inner Visions
Resposta de uma célula do córtex visual a linhas móveis com determinadas orientações espaciais.
Note-se: A célula é selectiva, responde tão somente a linhas verticais.
Kazimir Malevich, Real Square
REGISTO DO CÓRTEX VISUAL.
Josef Albers, Homage to the Square: Yellow Climate
VII – DE QUE A CIÊNCIA É ESSENCIAL PARA COMPREENDER O MOVIMENTO ARTÍSTICO
NEUROBIOLOGIA DO MOVIMENTO ARTÍSTICO
EXEMPLO DO MINIMALISMO: MALEVICH E MONDRIAN
Kazimir Malevich, Suprematismo: Supermus
Kazimir Malevich, Suprematista
Kazimir Malevich, Suprematista
Art has two main human inclinations… One aims at the direct creation of universal beuty, the other at the aesthetic expression of oneself.
Since art is in essence universal, its expression can not rest on a subjective view even if our human capabilities do not allow of a perfecly objective view.
Piet Mondriaan, Plastic Art and Pure Plastic Art
Piet Mondrian, Composition
Piet Mondrian, Composition
?
Cubism did not accept the logical consequences of its own discoveries, it was not developing abstraction towards its ultimate goal, the expression of pure realiy… To create pure reality plastically it is necessary to reduce natural forms to the constant elements (which, in the case of form, led to the vertical and horizontal lines, or so he believed). These exist everywhere and dominate everything. Moreover, the straight line is a stronger and more profound expression than the curve.
Piet Mondriaan, Plastic Art and Pure Plastic Art
Kazimir Malvich, Pintura Suprematista
Percepção em Mondrian
Semir Zeki, Inner Visions
VIII – REACÇÃO AO MOVIMENTO ARTÍSTICO
SIMBIOSE OU CONTEÚDO ? DARWINISMO
EXEMPLO DA ESCULTURA: EDGAR DEGAS
«Edgar Degas, too, is known to have engaged directly with Darwinian theory, especially through reading Expression of the Emotions in Man and Animals soon after it was published in French in 1874. His images of dancers, singers, and criminals in the decades that followed stressed a kinship with animals in their features and gestures, and hinted at the possibility of human degeneration to an animal condition.
Darwin’s theory of sexual selection encouraged the idea that abstract form and colour could be beautiful in themselves – an idea that chimed with the Impressionists’ approach to painting.
Their perceived reliance on scientific theories of optics fuelled much of the negative criticism of their work. The apparently eccentric, nonnaturalistic colouring and the sketchiness of their paintings were often put down to a physiological problem of vision, such as colour blindness, and even compared to experimental colour therapies used at the time to treat psychological illness. Inevitably, their suspect artistic practices were tarred with the same moralistic brush as empirical science, and – like Darwin – they became linked to the atheistic philosophy of materialism. More favourable critics, like the poet Jules Laforgue, believed the Impressionists had – by looking analytically at natural and atmospheric effects – developed ‘the most advanced eye in human evolution».
http://www.darwinendlessforms.org/gallerydarwin/darwin-and-the-impressionists/
Edgar Degas, Little Dancer Aged Fourteen
Toda a arte é científica… Toda a arte é tecnológica. A Pintura não pode escapar à Teoria da Cor e da Luz, a Música à Acústica, etc.
Se interpretarmos o instrumento como uma extensão do corpo, através do qual vemos, percepcionamos, experimentamos e registamos, então a tecnologia até chega a modificar e distorcer a linguagem da “arte antiga”.
A arte é linguagem da Ciência, através da qual os conceitos científicos são apresentados, primeiro ao grande público, depois às minorias.
Sejamos provocadores: a Física é (ainda) a ciência que mais intersecta as artes. Os diversos conceitos de espaço e de tempo, o conceito de espaço-tempo, as suas naturezas físicas, são “recipientes” da segmentação do projecto artístico. Estes conceitos, de definição científica, transfigurados pela imaginação artística, pelas lucubrações da criatividade, são palco em que se estruturam as artes.
Estudos recentes assim o demonstram: os movimentos artísticos estão ligados a “universais”, em particular determinados pela estrutura do córtex visual. Há uma neurofisiologia de Malevich e de Kadinsky e uma análise neurobiológica da arte.
Conclusão