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PÁGINA 5 JORNAL INTEGRAÇÃO TATUÍ, 9 DE AGOSTO DE 2020 Cidade SAGA DE TATUÍ: 44 ANOS (Poema do Sesquicentenário) 1.976 José Rubens do Amaral Lincoln Há um século e meio, uma doce planície dormia deserta, no val de Jordão... E lá do Benfica - banidos das terras - os bons lavradores vêm para este chão. Com fé e esperança no novo rocio, silentes, privados de arrimo qualquer, trabalham a terra, defendem, constróem, cumprindo com o brilho o sagrado mister. Gentis povoadores, sereis sublimados, e assim vosso feito grandioso, imortal! ... Farol dos colonos: Antonio de Freitas! Pioneiros das terras: Moreira Cabral! Em breve, transformam-se os áridos campos em férteis pastagens, viçosos roçais, ao povo gerando uma vida mais nobre e grandes quantias aos cofres reais. Eis quando rebenta, no sul da província, a guerra contida, mas vã entre as mais... Feijó e Tobias lideram a luta de irmãos contra irmãos, que se tornam rivais. E ao serem chamados a contra-atacá-los em nome da Lei, da Justiça e União, os nossos soldados acorrem levando no peito a coragem e o sabre na mão. Contudo, os rebeldes, que já conheciam a heróica bravura de nossa Tatuí, medrosos recuam, temendo o combate, e incólumes partem os homens daqui. E lá em Sorocaba, se unindo a Caxias, que busca conter a revolta falaz, ajudam o herói, nesse feito notável, hasteando, com ele, a bandeira da paz. Os anos transcorrem, e o burgo querido em próspera vila se vem transformar: já as casas se alinham e pelas campinas as plantas florescem com viço sem par. E tanto elevou-se o torrão pequenino, mercê do trabalho, pujança e vontade, que, em breve, uma lei, refletindo justiça, a vila modesta promove à cidade. Na guerra de Lopez, batalha renhida que tanto flagelo causou ao país, o sangue dos nossos jorrou na fronteira, lavando a passada das tropas hostis. Chorando teus mortos, prossegues sozinha; lutar é o teu lema, vencer não importa... Se a inveja vizinha te veda o caminho, Deus guia teus passos, mostrando outra porta. Moreira da Silva, num feito gigante, que só descortina o mais puro ideal, acende o luzeiro, que à mente ilumina, ao povo legando o primeiro jornal. Os Guedes ilustres - família pioneira que trouxe ao progresso valiosa expansão: Manoel instalou as indústrias primeiras, Martinho plantou o primeiro algodão. Unida a São Paulo, na cívica luta, valente cumpriste a sagrada missão: salvar o país da cruel ditadura e o império da Lei restaurar à Nação. Na Itália distante, também combateste a força nazista, despótica e audaz: se os outros voltaram cobertos de glória, teu filho Juquita morreu pela paz. Oh! terra de heróis, nos momentos mais duros, levaste teus braços à pátria gentil... Por isso, teu nome figura em relevo, nas páginas de ouro do nosso Brasil. A estrada de ferro, listrando teus campos, foi, do teu progresso, a valiosa motriz: expande as indústrias e embala o comércio, levando teus frutos a todo o país. Bem mostram teus campos a grande riqueza, com que os contemplou a bondosa natura: o milho, o algodão e o café desabrocham com raro vigor e tamanha fartura. As praças, que lindas! Que doce poesia!... São festas eternas de tantos primores: a luz, a quietude, o verdor, a amplidão, o canto das aves e o cheiro das flores. És terra da música, da arte grandiosa que as almas enleva, seduz e aproxima... A orquestra, que reges, a todos encanta, e a cada concerto teu nome sublima. Em teus ares calmos, nas horas tardias, sutis melodias, dolentes, ecoam : é o suave concerto dos toques dos sinos co´os lânguidos hinos, que as aves entoam. Seara de Poetas! Recanto das musas! Exaltas o Belo e despertas as Liras!... Tão grande é o fascínio de tuas belezas, que as almas mais rudes encantas e inspiras. Teu velho Pinheiro, araucária querida, espelha a vontade que tens, de vencer: se a idade o mutila no seu lenho forte, dos braços da morte vem já renascer. Conservas, ainda, do nosso folclore, exemplos notáveis, com grande afeição: a escola de samba, o fandango, os violeiros, e os bichos, que alinhas, num ledo cordão. Otávio Azevedo, num estro divino (que um gênio somente consegue atingir), compôs, entre muitas, a “Dirce” famosa, que a terra da valsa quedou-se pra ouvir. E Paulo Setúbal, nas letras, alcança a altíssima glória, maior entre as mil: cavando o passado, descobre e revela façanhas brilhantes do nosso Brasil. Seu canto mimoso exaltou as belezas, as coisas singelas e boas daqui: as aves, as flores, o céu, as charruas e a alma cabocla de nossa Tatuí. No campo científico, Alberto Seabra merece a mais alta e gloriosa menção; Francisca Rodrigues e Eugênio dos Santos, no ensino deixaram valiosa lição. De Chico Pereira, que Paulo exaltara, na mais comovente e sincera oração, herdou nosso povo a franqueza e humildade, e a imensa bondade de seu coração. És hoje grandiosa! “Per ardva surrexi!” Do nada surgiste - surgiste do pó, da fibra, do fabro, da harpa, da carpa, da pena, do poema, da enxada e do enxó. Um século e meio completas, de vida, neste “Onze de Agosto” - que vibra a sorrir!... feliz o que pode, nesta hora bendita, saudar teu passado e brindar teu porvir! Tatuí, 20 de junho de 1.976. O AUTOR, COMENTÁRIOS E APRECIAÇÕES O poema “Saga de Tatuí”, de autoria de José Rubens do Amaral Lincoln, completa, hoje, 35 anos desde sua primeira publicação, em 11 de agosto de 1.976. O poe- ma venceu o concurso pro- movido pela então Secreta- ria da Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, através da Casa de Paulo Setúbal, para homenagear o sesquicentenário de Tatuí. Concorreram poetas de todo Brasil ao “Premio de Poe- sia Sesquicentenário de Tatuí”, cujo valor, atualizado, seria de aproximadamente R$ 50.000,00. Venceu o concurso o advogado José Rubens do Amaral Lincoln. Na época, ou seja, em 11 de agosto de 1.976, o jornal “O Progresso de Tatuí” noticiou que foi das mais bri- lhantes a semana de Paulo Setúbal daquele ano. A soleni- dade de encerramento ocorreu no auditório do CDMCC, com entrega dos prêmios aos ven- cedores dos concursos Prê- mio Literário Paulo Setúbal, Maratona Intelectual, Poesia Sesquicentenário, Conjunto de Jograis, Fotografia e Gincana Cultural. Finalizando, concerto coral e sinfônico. Na época, o jornal informou que, por decisão unânime, foi concedido o Premio de Poesia Sesquicentenário de Tatuí ao dr. José Rubens do Amaral Lincoln, poeta e advogado resi- dente nesta cidade. A Comis- são Julgadora era constituída dos srs. Osmar Pimentel, Torrieri Guimarães e Álvaro Alves de Faria, ilustres escritores resi- dentes em São Paulo e conhe- cedores da nossa História. A láurea conferida ao dr. Amaral Lincoln, nosso prezado colaborador há anos, foi bem recebida em Tatuí, onde o poeta possui inúmeros admiradores. Nesta edição comemorativa do sesquicentenário, publicamos na integra o belo poema, intitulado “Saga de Tatuí”. Como verão os apreciadores de poesia, o poema de Amaral Lincoln é todo em endecassilabos, com quatro acentos obrigatórios, técnica de dificílima execução. Esses versos de arte maior valo- rizaram sensivelmente a criação, em que se nota uma conceituação e uma arquitetura admiráveis além de intensas pesquisas histó- ricas. São quadras musicabilissimas, cantantes, ade- quadas ao espetáculo de jograis, a realizar-se no próximo dia 10, às 20 horas, no Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos, como parte dos feste- jos comemorativos do século e meio de existência da cidade. O poeta ora premiado estreou em 1968 com “O Trovador das Ma- nhãs” e apresentação do grande Guilherme de Almeida, que des- taca: “Meu gostoso aplauso ante o poema inicial, dedica- do a Tatuí, e ante a enfiada bonita de suas trovas”. Tem outro livro inédito e é um dos mais assíduos freqüentadores das co- lunas desta folha. (Transcrito de “O Progresso de Tatuí”, edição de 11/08/1.976) O autor José Rubens do Amaral Lincoln em 1976. São Paulo, 29 de julho de 1.976. Ilmo. Sr. Prof. José Coelho de Almeida Casa de Cultura Paulo Setúbal - TATUÍ-SP A Comissão Julgadora do Prêmio de Poesia “Sesquicentenário de Tatuí”, instituído pela Casa de Cultura Paulo Setúbal, após estudo do material poético recebido e de reunir-se para decidir sobre a escolha, e CONSIDERANDO o desenvolvimento do tema e a forma em que foi vazado, a riqueza melódica dos versos, sobretudo pela finalidade a que se destina o poema; CONSIDERANDO o volume de informações que através dele se transmite, sem que com isto sofra a qualidade dos versos, sempre fluentes e espontâneos; CONSIDERANDO que o espetáculo se reforçará, sem dúvida, com o tom condoreiro dos versos, próprios para a exaltação cívica que se pretende alcançar, junto ao povo, nesse dia de festa da cidade; CONSIDERANDO, sobretudo, a boa feitura dos versos, a segu- rança do ritmo, que se mantém, a sua sonoridade, a beleza de muitas de suas construções, e outros fatores intrínsecos da boa realização poética, Houve por bem conceder o referido Prêmio ao poema “SAGA DE TATUÍ” (Poema do Sesquicentenário), que traz o pseudônimo de “ORFEU”. Ao encerrar seus trabalhos, a Comissão Julgadora agradece a Casa de Cultura Paulo Setúbal e coloca-se à sua disposição para quaisquer dúvidas. A Comissão: Torrieri Guimarães Álvaro Alves de Faria Osmar Pimentel PARECER DA COMISSÃO JULGADORA: Guilherme de Almeida foi eleito “príncipe dos poetas”, título vitalício, sucedendo Olegário Mariano e Olavo Bilac. Foi Guilherme de Almeida quem fez a apresentação do livro “O Trovador das Manhãs”, de autoria de José Rubens do Amaral Lincoln, publicado em 1.968, quando Lincoln tinha apenas 24 anos. Em toda a sua vida, Guilherme de Almeida só apresentou dois livros, o do poeta Paulo Bonfim e o de Lincoln. Leia-se, abaixo, a apresentação de Guilherme de Almeida, feita no livro acima referido: Caro Poeta: Lemos juntos seus versos. Você terá percebido as minhas reações: meu gostoso aplauso ante o poema inicial, dedicado ao seu Tatuí, e ante a enfiada bonita de suas trovas. Por que? Pela sua exata ciência do endecassílabo gonçalvino e da toada- mestra da nossa poesia popular. Aquele, o cântico verde da Terra; este, o acalanto maternal da Raça. Sua poesia prima nessas duas expressões. E isso é já uma legitimidade. Você tem o direito de ser Poeta. S.P., 30, IX, 68. GUILHERME DE ALMEIDA - Príncipe dos Poetas Brasileiros - APRESENTAÇÃO DE GUILHERME DE ALMEIDA

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PÁGINA 5JORNAL INTEGRAÇÃO

TATUÍ, 9 DE AGOSTO DE 2020Cidade

SAGA DE TATUÍ: 44 ANOS (Poema do Sesquicentenário) 1.976José Rubens do Amaral Lincoln

Há um século e meio, uma doce planíciedormia deserta, no val de Jordão...E lá do Benfica - banidos das terras -os bons lavradores vêm para este chão.

Com fé e esperança no novo rocio,silentes, privados de arrimo qualquer,trabalham a terra, defendem, constróem,cumprindo com o brilho o sagrado mister.

Gentis povoadores, sereis sublimados,e assim vosso feito grandioso, imortal! ...Farol dos colonos: Antonio de Freitas!Pioneiros das terras: Moreira Cabral!

Em breve, transformam-se os áridos camposem férteis pastagens, viçosos roçais,ao povo gerando uma vida mais nobree grandes quantias aos cofres reais.

Eis quando rebenta, no sul da província,a guerra contida, mas vã entre as mais...Feijó e Tobias lideram a lutade irmãos contra irmãos, que se tornam rivais.

E ao serem chamados a contra-atacá-losem nome da Lei, da Justiça e União,os nossos soldados acorrem levandono peito a coragem e o sabre na mão.

Contudo, os rebeldes, que já conheciama heróica bravura de nossa Tatuí,medrosos recuam, temendo o combate,e incólumes partem os homens daqui.

E lá em Sorocaba, se unindo a Caxias,que busca conter a revolta falaz,ajudam o herói, nesse feito notável,hasteando, com ele, a bandeira da paz.

Os anos transcorrem, e o burgo queridoem próspera vila se vem transformar:já as casas se alinham e pelas campinasas plantas florescem com viço sem par.

E tanto elevou-se o torrão pequenino,mercê do trabalho, pujança e vontade,que, em breve, uma lei, refletindo justiça,a vila modesta promove à cidade.

Na guerra de Lopez, batalha renhidaque tanto flagelo causou ao país,o sangue dos nossos jorrou na fronteira,lavando a passada das tropas hostis.

Chorando teus mortos, prossegues sozinha;lutar é o teu lema, vencer não importa...Se a inveja vizinha te veda o caminho,Deus guia teus passos, mostrando outra porta.

Moreira da Silva, num feito gigante,que só descortina o mais puro ideal,acende o luzeiro, que à mente ilumina,ao povo legando o primeiro jornal.

Os Guedes ilustres - família pioneiraque trouxe ao progresso valiosa expansão:Manoel instalou as indústrias primeiras,Martinho plantou o primeiro algodão.

Unida a São Paulo, na cívica luta,valente cumpriste a sagrada missão:salvar o país da cruel ditadurae o império da Lei restaurar à Nação.

Na Itália distante, também combatestea força nazista, despótica e audaz:se os outros voltaram cobertos de glória,teu filho Juquita morreu pela paz.

Oh! terra de heróis, nos momentos mais duros,levaste teus braços à pátria gentil...Por isso, teu nome figura em relevo,nas páginas de ouro do nosso Brasil.

A estrada de ferro, listrando teus campos,foi, do teu progresso, a valiosa motriz:expande as indústrias e embala o comércio,levando teus frutos a todo o país.

Bem mostram teus campos a grande riqueza,com que os contemplou a bondosa natura:o milho, o algodão e o café desabrochamcom raro vigor e tamanha fartura.

As praças, que lindas! Que doce poesia!...São festas eternas de tantos primores:a luz, a quietude, o verdor, a amplidão,o canto das aves e o cheiro das flores.

És terra da música, da arte grandiosaque as almas enleva, seduz e aproxima...A orquestra, que reges, a todos encanta,e a cada concerto teu nome sublima.

Em teus ares calmos, nas horas tardias,sutis melodias, dolentes, ecoam :é o suave concerto dos toques dos sinosco´os lânguidos hinos, que as aves entoam.

Seara de Poetas! Recanto das musas!Exaltas o Belo e despertas as Liras!...Tão grande é o fascínio de tuas belezas,que as almas mais rudes encantas e inspiras.

Teu velho Pinheiro, araucária querida,espelha a vontade que tens, de vencer:se a idade o mutila no seu lenho forte,dos braços da morte vem já renascer.

Conservas, ainda, do nosso folclore,exemplos notáveis, com grande afeição:a escola de samba, o fandango, os violeiros,e os bichos, que alinhas, num ledo cordão.

Otávio Azevedo, num estro divino(que um gênio somente consegue atingir),compôs, entre muitas, a “Dirce” famosa,que a terra da valsa quedou-se pra ouvir.

E Paulo Setúbal, nas letras, alcançaa altíssima glória, maior entre as mil:cavando o passado, descobre e revelafaçanhas brilhantes do nosso Brasil.

Seu canto mimoso exaltou as belezas,as coisas singelas e boas daqui:as aves, as flores, o céu, as charruase a alma cabocla de nossa Tatuí.

No campo científico, Alberto Seabramerece a mais alta e gloriosa menção;Francisca Rodrigues e Eugênio dos Santos,no ensino deixaram valiosa lição.

De Chico Pereira, que Paulo exaltara,na mais comovente e sincera oração,herdou nosso povo a franqueza e humildade,e a imensa bondade de seu coração.

És hoje grandiosa! “Per ardva surrexi!”Do nada surgiste - surgiste do pó,da fibra, do fabro, da harpa, da carpa,da pena, do poema, da enxada e do enxó.

Um século e meio completas, de vida,neste “Onze de Agosto” - que vibra a sorrir!...feliz o que pode, nesta hora bendita,saudar teu passado e brindar teu porvir!

Tatuí, 20 de junho de 1.976 .

O AUTOR, COMENTÁRIOSE APRECIAÇÕES

O poema “Saga de Tatuí”,de autoria de José Rubens doAmaral Lincoln, completa,hoje, 35 anos desde suaprimeira publicação, em 11de agosto de 1.976. O poe-ma venceu o concurso pro-movido pela então Secreta-ria da Cultura, Ciência eTecnologia do Estado deSão Paulo, através da Casade Paulo Setúbal, parahomenagear osesquicentenário de Tatuí.

Concorreram poetas detodo Brasil ao “Premio de Poe-sia Sesquicentenário de Tatuí”,cujo valor, atualizado, seria deaproximadamente R$50.000,00. Venceu o concursoo advogado José Rubens doAmaral Lincoln. Na época, ouseja, em 11 de agosto de 1.976,o jornal “O Progresso de Tatuí”noticiou que foi das mais bri-lhantes a semana de PauloSetúbal daquele ano. A soleni-dade de encerramento ocorreuno auditório do CDMCC, comentrega dos prêmios aos ven-cedores dos concursos Prê-mio Literário Paulo Setúbal,Maratona Intelectual, PoesiaSesquicentenário, Conjunto deJograis, Fotografia e GincanaCultural. Finalizando, concertocoral e sinfônico.

Na época, o jornal informouque, por decisão unânime, foiconcedido o Premio de PoesiaSesquicentenário de Tatuí aodr. José Rubens do AmaralLincoln, poeta e advogado resi-dente nesta cidade. A Comis-são Julgadora era constituídados srs. Osmar Pimentel, TorrieriGuimarães e Álvaro Alves deFaria, ilustres escritores resi-dentes em São Paulo e conhe-cedores da nossa História.

A láurea conferida ao dr.Amaral Lincoln, nosso prezadocolaborador há anos, foi bemrecebida em Tatuí, onde o poetapossui inúmeros admiradores.Nesta edição comemorativa dosesquicentenário, publicamosna integra o belo poema,intitulado “Saga de Tatuí”.

Como verão os apreciadoresde poesia, o poema de AmaralLincoln é todo em endecassilabos,com quatro acentos obrigatórios,técnica de dificílima execução.Esses versos de arte maior valo-rizaram sensivelmente a criação,em que se nota uma conceituaçãoe uma arquitetura admiráveis alémde intensas pesquisas histó-ricas. São quadrasmusicabilissimas, cantantes, ade-quadas ao espetáculo de jograis,a realizar-se no próximo dia 10,às 20 horas, no ConservatórioDramático e Musical Dr. Carlos deCampos, como parte dos feste-jos comemorativos do século emeio de existência da cidade.O poeta ora premiado estreou em1968 com “O Trovador das Ma-nhãs” e apresentação do grandeGuilherme de Almeida, que des-taca: “Meu gostoso aplausoante o poema inicial, dedica-do a Tatuí, e ante a enfiadabonita de suas trovas” . Temoutro livro inédito e é um dos maisassíduos freqüentadores das co-lunas desta folha. (Transcritode “O Progresso de Tatuí”,edição de 11/08/1.976)

O autor José Rubens doAmaral Lincoln em 1976.

São Paulo, 29 de julho de 1.976.Ilmo. Sr. Prof. José Coelho de Almeida

Casa de Cultura Paulo Setúbal - TATUÍ-SP

A Comissão Julgadora do Prêmio de Poesia “Sesquicentenário de Tatuí”,instituído pela Casa de Cultura Paulo Setúbal, após estudo do materialpoético recebido e de reunir-se para decidir sobre a escolha, e

CONSIDERANDO o desenvolvimento do tema e a forma em quefoi vazado, a riqueza melódica dos versos, sobretudo pela finalidadea que se destina o poema;

CONSIDERANDO o volume de informações que através delese transmite, sem que com isto sofra a qualidade dos versos, semprefluentes e espontâneos;

CONSIDERANDO que o espetáculo se reforçará, sem dúvida,com o tom condoreiro dos versos, próprios para a exaltação cívicaque se pretende alcançar, junto ao povo, nesse dia de festa dacidade;

CONSIDERANDO, sobretudo, a boa feitura dos versos, a segu-rança do ritmo, que se mantém, a sua sonoridade, a beleza de muitasde suas construções, e outros fatores intrínsecos da boa realizaçãopoética,Houve por bem conceder o referido Prêmio ao poema “SAGA DETATUÍ” (Poema do Sesquicentenário), que traz o pseudônimode “ORFEU”.

Ao encerrar seus trabalhos, a Comissão Julgadora agradece aCasa de Cultura Paulo Setúbal e coloca-se à sua disposição paraquaisquer dúvidas.

A Comissão: Torrieri Guimarães Álvaro Alves de Faria

Osmar Pimentel

PARECER DA COMISSÃOJULGADORA:

Guilherme de Almeida foi eleito “príncipe dos poetas”, título vitalício,sucedendo Olegário Mariano e Olavo Bilac. Foi Guilherme de Almeida quemfez a apresentação do livro “O Trovador das Manhãs”, de autoria de JoséRubens do Amaral Lincoln, publicado em 1.968, quando Lincoln tinhaapenas 24 anos. Em toda a sua vida, Guilherme de Almeida só apresentoudois livros, o do poeta Paulo Bonfim e o de Lincoln. Leia-se, abaixo, aapresentação de Guilherme de Almeida, feita no livro acima referido:

Caro Poeta:Lemos juntos seus versos. Vocêterá percebido as minhas reações: meu gostoso aplauso ante o poemainicial, dedicado ao seu Tatuí, e ante a enfiada bonita de suas trovas. Porque? Pela sua exata ciência do endecassílabo gonçalvino e da toada-mestra da nossa poesia popular. Aquele, o cântico verde da Terra; este,o acalanto maternal da Raça. Sua poesia prima nessas duas expressões.E isso é já uma legitimidade. Você tem o direito de ser Poeta.

S.P., 30, IX, 68.GUILHERME DE ALMEIDA

- Príncipe dos Poetas Brasileiros -

APRESENTAÇÃO DEGUILHERME DE ALMEIDA