jornal,abrantes

32
A rádio como você gosta vol- ta a galardoar o melhor da re- gião. Música, ani- mação e reconheci- mentos é o que se es- pera para dia 22 de junho, no Cine Teatro São Pedro, em Abrantes. página 23 EVENTO As Festas chegaram à cidade! jornal Diretora HÁLIA COSTA SANTOS - Editora JOANA MARGARIDA CARVALHO - MENSAL - Nº 5496 - ANO 112 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA abrantes de JUNHO2012 · Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed. Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · [email protected] GRATUITO Francisca Laia campeã de canoagem Francisca Laia alcançou recentemente duas vitórias numa Regata Internacio- nal, na Eslováquia. Os bons resultados confirmam o valor da atleta abran- tina, que se prepara para disputar o Campeonato da Europa da sua catego- ria, em julho. Em entrevista, reconhe- ce: “Sou uma grande candidata, tenho noção disso, que posso vir a ganhar.” página 3 ENTREVISTA Especial Barquinha é arte Está concluído o processo de instalação do conjunto de esculturas de arte contemporânea da Barquinha. O concelho recebe o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, para a inauguração do Museu ao Ar Livre, no dia 6 de julho. páginas 19 a 22 N O A R As lojas devolutas do centro histórico vão ter uma nova vida nos dias das festas e nos Mourões vai recuperar-se uma tradição perdida há mais de uma década: o hipismo, com um concurso de saltos. O concerto da fadista Mariza será o ponto alto, mas é o conjunto de todas as atividades, culturais, desportivas e recreativas que faz as Festas 2012. Sétima Gala Antena Livre páginas 7 a 15

Upload: jornal-abrantes

Post on 23-Mar-2016

277 views

Category:

Documents


54 download

DESCRIPTION

jornal, abrantes, regional

TRANSCRIPT

Page 1: jornal,abrantes

A rádio como você gosta vol-ta a galardoar o melhor da re-gião. Música, ani-mação e reconheci-mentos é o que se es-pera para dia 22 de junho, no Cine Teatro São Pedro, em Abrantes.página 23

EVENTO

As Festas chegaram à cidade!

jornalDiretora HÁLIA COSTA SANTOS - Editora JOANA MARGARIDA CARVALHO - MENSAL - Nº 5496 - ANO 112 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

abrantesde

JUNHO2012 · Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed. Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · [email protected]

Francisca Laia campeã de canoagemFrancisca Laia alcançou recentemente duas vitórias numa Regata Internacio-nal, na Eslováquia. Os bons resultados confirmam o valor da atleta abran-tina, que se prepara para disputar o Campeonato da Europa da sua catego-ria, em julho. Em entrevista, reconhe-ce: “Sou uma grande candidata, tenho noção disso, que posso vir a ganhar.” página 3

ENTREVISTA Especial

Barquinhaé arteEstá concluído o processo de instalação

do conjunto de esculturas de arte

contemporânea da Barquinha. O concelho

recebe o Presidente da República, Aníbal

Cavaco Silva, para a inauguração do

Museu ao Ar Livre, no dia 6 de julho.páginas 19 a 22

NO AR

As lojas devolutas do centro histórico vão ter uma nova

vida nos dias das festas e nos Mourões vai recuperar-se

uma tradição perdida há mais de uma década: o hipismo,

com um concurso de saltos. O concerto da fadista Mariza

será o ponto alto, mas é o conjunto de todas as atividades,

culturais, desportivas e recreativas que faz as Festas 2012.

Sétima Gala Antena Livre

páginas 7 a 15

Page 2: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO20122 ABERTURA

FICHA TÉCNICA

DiretoraHália Costa Santos

(TE-865)[email protected]

EditoraJoana Margarida Carvalho

(CP.9319)[email protected]

Sede: Av. General Humberto Delgado – Edf. Mira Rio,

Apartado 652204-909 Abrantes

Tel: 241 360 170 Fax: 241 360 179

E-mail: [email protected]

RedaçãoRicardo Alves

(TP.1499)[email protected]

Mafalda VitóriaAlves Jana

André LopesPaulo Delgado

PublicidadeMiguel Ângelo

962 108 785 [email protected]

SecretariadoIsabel Colaço

Design gráfico António Vieira

ImpressãoImprejornal, S.A.

Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 Lisboa

Editora e proprietáriaMedia On

Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65

2204-909 Abrantes

GERÊNCIAFrancisco Santos,

Ângela Gil

Departamento FinanceiroÂngela Gil (Direcção) Catarina Branquinho, Gabriela Alves

[email protected]

Sistemas InformaçãoHugo Monteiro

[email protected]

Tiragem 15.000 exemplaresDistribuição gratuitaDep. Legal 219397/04

Nº Registo no ICS: 124617Nº Contribuinte: 505 500 094

Sócios com mais de 10% de capital

Sojormedia

jornal abrantesde

Qual a importância que o 10 de junho tem para si?

Ana Rita CorreiaFuncionária Forense , Tramagal

O 10 de junho, dia de Portugal, e

de Camões signifi ca que é feriado,

e vou poder ir à praia. Como é o dia

das comunidades portuguesas, no

fundo é um dia de celebração da

própria língua portuguesa, da qual

tenho muito orgulho. Concordo

com este feriado, em sinal de cele-

bração daquilo que já fomos ape-

sar de infelizmente agora estarmos

no estado em que estamos.

Festas para todos

FOTO DO MÊS EDITORIAL

INQUÉRITO

O Jornal de Abrantes faz este

mês 112 anos. Um percurso com

história, com vida, com gente.

Quem atualmente o faz mantém

a preocupação com as pessoas.

Mês a mês, são 15.000 exemplares

que chegam gratuitamente a cinco

concelhos. Abrantes é, neste caso, o

epicentro de uma região que abraça

também Vila Nova da Barquinha,

Constância, Sardoal e Mação.

Neste mês, há vários motivos para

festejar. Mesmo com contenções

nos orçamentos, Abrantes e

Barquinha fazem propostas

que acrescentam novidades.

No primeiro caso destaca-

se o regresso do hipismo aos

Mourões e a abertura, mesmo que

temporária, das lojas devolutas

do centro histórico. No segundo

caso, assume especial destaque

a inauguração do Parque de

Escultura Contemporânea

de Almourol (PECA).

Mesmo que não haja grandes

razões para festejar, importa insistir

na necessidade de arejar. De fazer

coisas diferentes. De procurar

qualquer coisa de especial. Nestes

momentos, são as pequenas coisas

que nos fazem continuar a andar.

E temos mesmo que o fazer. Neste

mês que também evoca Portugal,

sabe bem valorizar o que temos de

bom. Esta edição está recheada de

propostas para antecipar o verão.

HÁLIA COSTA SANTOS

António MartinsPortela de Santa Margarida, Servente

É o dia de Camões, que segun-

do reza a história teve Constância

como casa. Nesta altura há sempre

uma festa muito bonita em Cons-

tância, as Pomonas Camonianas,

que toda a gente devia ver porque

é muito bonito. Acho importante

que se comemore este dia.

Hugo MateusOperário Fabril, Vale de Mestre

Reconheço-o como sendo o dia

de Portugal, de Camões e acho

que também das Comunidades

Europeias. Não acho que seja um

feriado essencial apesar da impor-

tância do dia. Este poderia muito

bem ser um dos feriados abolidos.

E sinceramente nem me lembro se

foi um deles ou não.

Não é a primeira vez que situações destas acontecem no concelho de Abrantes. Não percebemos a necessidade deste trabalho, uma vez que são equipamentos que não incomodam ninguém!

UMA POVOAÇÃO? A minha: Mação

UM CAFÉ? Café Central, em Mação

PRATO PREFERIDO? Bacalhau com

natas

UM RECANTO PARA DESCOBRIR?

Praia Fluvial de Carvoeiro. Não se vão

arrepender!

UM DISCO? Todos os dos Beatles

UM FILME? A Lista de Schindler

UMA VIAGEM? Antes de ir correr Mun-

do, há que conhecer os cantos e recan-

tos do nosso país. O Norte, por exem-

plo, é lindíssimo.

UMA FIGURA DA HISTÓRIA? Guten-

berg. Pela visão e métodos inovadores

que contribuíram decisivamente para

a evolução da imprensa.

UM MOMENTO MARCANTE? A mor-

te do meu pai, o dia em que toda a mi-

nha vida mudou e percebi, cedo de-

mais, que a vida não é cor-de-rosa e

que estas coisas não acontecem só aos

outros. Em termos históricos, o 11 de

setembro porque foi uma prova cla-

ra de quão vulneráveis podemos es-

tar perante situações que julgamos

impensáveis.

UM PROVÉRBIO? Temos cinco dedos

na mão e nenhum é igual!

UM SONHO? Poder abraçar quem eu

sei que já não volta.

UMA PROPOSTA PARA UM DIA DI-FERENTE NA REGIÃO? Começava

com uma visita ao Convento de Cristo

em Tomar, passando depois pelo Cas-

telo de Almourol e pelo Museu de Ma-

ção. Nos meses quentes, a passagem

pela Praia Fluvial de Carvoeiro é obri-

gatória e um passeio pedestre junto ao

rio Tejo, em Ortiga, aproveitando ainda

para praticar algumas atividades aquá-

ticas na Praia Fluvial de Ortiga. Se for

na altura da Páscoa a não perder são

as Celebrações Pascais de Mação e de

Sardoal.

SUGESTÕES

Margarida Lopes, Técnica Superior de Comunicação Social

IDADE? 31

RESIDÊNCIA? Mação

PROFISSÃO? Funcionária

Pública

Page 3: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO2012 ENTREVISTA 3

FRANCISCA LAIA, ATLETA PROMESSA 2011

“Abdiquei de muitas coisas”MARISA REIA *

Foi na Biblioteca Municipal Antó-nio Botto, em Abrantes, num am-biente mais recatado, que a con-versa fl uiu. Palavra atrás de palavra, riso atrás de riso e a pouco e pou-co, Francisca Laia fala da sua expe-riência na canoagem, dos treinos e dos prémios, nomeadamente o de Jovem Promessa do ano 2011. A menina que foi para canoagem ainda pequenina sob infl uência do pai, é hoje uma jovem atleta de talento. A possibilidade de partici-pação nos próximos Jogos Olímpi-cos, em 2016, ainda é uma incógni-ta, mas os de 2020 já poderão ser uma realidade.

A Francisca já recebeu vários prémios. Qual é que foi o que lhe deu mais gozo receber?

Foi o prémio da jovem promes-

sa do ano (2011) da Confederação

de Desporto. Primeiro porque foi o

que teve mais divulgação, que foi

de nomeações sucessivas, e de vo-

tações. Depois porque foi com esse

prémio que eu percebi que as pes-

soas estavam atentas ao meu tra-

balho. Talvez por isso, foi o que me

deu mais prazer receber.

Que impacto é que isso teve na sua vida?

A partir daí as pessoas come-

çaram a ver mais quem eu sou

e ajudou a divulgar um pouco a

canoagem. Abrantes tem muitos

desportos (natação, futebol, té-

nis…) e ajudou a desenvolver um

pouco a canoagem.

Notei também diferença de como

as pessoas me abordam, toda a

gente me chama “a promessinha”,

é giro. Mudou muita coisa, porque

as pessoas acompanham-me mais,

têm mais esperança, toda a gente

me pergunta se eu vou aos Jogos

Olímpicos este ano, mas eu digo

“não, não vou”.

É um prémio maior, é um dos pré-

mios mais conceituados do des-

porto em Portugal e ter a nomea-

ção já foi bom. Principalmente por-

que estava a concorrer contra um

jogador de futebol (Nélson Olivei-

ra da selecção de sub-20). Toda a

gente dizia “pronto já perdeste”. Fui

para lá, mas nem tinha preparado

nada. Foi mesmo uma surpresa. Eu

acho que até o senhor que anun-

ciou o resultado, quando tirou o

papel que dizia “Francisca Laia”, fi -

cou espantado.

A Francisca é uma das grandes promessas para o Campeonato da Europa de Juniores de Sub23 que se realiza em Portugal no mês de julho. Sente-se prepara-da?

Sinto uma pressão enorme (ri-

sos). As que fi caram à minha frente

(na Croácia, no ano passado) eram

de segundo ano de juniores, subi-

ram de categoria, portanto, sou eu

quem supostamente ganha este

ano. Mas há sempre aquelas sur-

presas. Sou uma grande candidata,

tenho noção disso, que posso vir a

ganhar. É um sonho, é muito ambi-

cioso e estou a treinar para isso. Sin-

to que é uma pressão porque é cá,

vamos ter muito mais pressão, mas

também vamos ter muito mais

apoio e isso faz toda a diferença.

É fácil conciliar os treinos e as competições com os estudos?

Até agora não foi fácil, mas tenho

conseguido. Eu tenho estatuto de

alta competição porque trabalhei

para isso e abdiquei de muitas coi-

sas que não pude ter e que os meus

colegas tiveram. Eu preferi não ter

essas coisas, lutar pelos meus obje-

tivos e agora estou a usufruir disso.

Muitas vezes não vou treinar para

estudar ou vice-versa. Quando eu

vou para estágio falto às aulas ou

tenho dispensa. Consigo ter bons

resultados nas duas.

Está agora a concluir o 12º ano, pensa ingressar no ensino supe-rior?

Vou para Coimbra, em princípio.

Vou para qualquer coisa na área

da saúde. Como tenho estatuto de

alta competição, uma média razoá-

vel e consegui os mínimos nas pro-

vas de ingresso do ano passado,

em princípio consigo entrar. Falta-

me matemática, que tenho que ter

14. Apesar de me faltar meio valor

para a média para entrar para me-

dicina, mesmo sem estatuto, mas

vou tentar.

Apesar do gosto que tem pela canoagem, é uma atividade can-sativa?

Tem dias (risos), porque abdi-

quei de muitas coisas. É muito di-

fícil, porque eu não tenho vida. Ba-

sicamente, eu tenho treino, casa,

estudo. Não gosto dessa parte, de

ter de estar longe de umas pessoas

para conseguir desenvolver uma

coisa. Essa é a parte má, mas são

escolhas. Eu fui levada para este ca-

minho em parte pelo meu pai. Se

calhar se não fosse ele, eu não es-

tava aqui. Mas há sempre os bene-

fícios que eu tiro da canoagem que

não iria ter de outra forma: conhe-

cer imensa gente, ir a vários sítios,

são experiências completamen-

te diferentes, que quase ninguém

passa por elas.

E acha que Portugal dá apoio sufi ciente à modalidade?

Acho que poderia apoiar mais,

visto que a canoagem tem crescido

tanto, devia apoiar de maneira di-

ferente. Em Montemor também es-

tão os do triatlo a estagiar, e como

a Vanessa Fernandes ganhou a me-

dalha, eles logo a seguir aos Jogos

Olímpicos tiveram muito dinhei-

ro e têm uma casa completamen-

te diferente da nossa. O apoio está

um pouco dividido pelos resulta-

dos que se tem. Se a canoagem

este ano ganhar uma medalha nos

Jogos Olímpicos, para o ano vai ser

um ano maravilhoso.

Ainda um dia a vamos ver nos

Jogos Olímpicos…Espero bem que sim. Se não for

em 2016, que seja em 2020 (risos),

se eu continuar na canoagem, de-

pendendo da faculdade também.

A nível de desporto, acha que Abrantes oferece muita varie-dade, ou deveria desenvolver mais?

Oferece. Há sempre aqueles des-

portos que existem em poucos sí-

tios, mas Abrantes tem muitos:

tem futebol, futsal, natação, ténis,

rugby, atletismo e basebol que

quase nenhum sítio tem.

Sente-se realizada? Sim. Acho que no ano passado,

fi nalmente, ao fi m de sete ou oito

anos, consegui atingir um nível di-

ferente, que pouca gente conse-

guiu atingir na minha idade. Fui a

primeira pessoa a ganhar uma me-

dalha lá fora, de Júnior de primeiro

ano. Quem tinha ganho sempre era

Júnior de segundo. Essa medalha

mostrou-me que tenho hipóteses

de no futuro vir a ser uma boa atleta,

principalmente 200 metros, que é a

distância mais curta em canoagem,

mas é onde eu sou melhor. Estou a

treinar k2 para 500 metros, temos

um bom tempo, temos quase o

tempo de referência. Falta-nos um

segundo para atingir esse tempo.

* aluna de Comunicação Social da ESTA

• Campeonato da Europa de Sub23 - “Sou uma grande candidata, tenho noção disso”

“Toda a gente me

pergunta se vou

aos Jogos

Olímpicos”Vitórias

Francisca Laia obteve duas

vitórias na Regata Internacio-

nal de Piestany, que terminou

no passado dia 27 de maio, na

Eslováquia. A anteceder es-

tas vitórias, esteve um 4º lugar,

em K2 500m, com Marta Pin-

to. A primeira vitória foi em K1

200m, seguindo-se K2 200m,

novamente com Marta Pin-

to. Francisca, que representa a

Seleção Nacional de Juniores,

mostra, assim, a sua forma, para

o Campeonato da Europa da

sua categoria, que se disputa

em Montemor-o-Velho, no mês

de julho.

Page 4: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO20124 SAÚDE

HÁLIA COSTA SANTOS

Apesar de só ter dois médicos uro-logistas para uma população de 300.000 habitantes, o Centro Médi-co Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) consegue manter as listas de espe-ra para consultas e para cirurgias desta especialidade em níveis clini-camente aceitáveis. João Dias, res-ponsável por este serviço, anuncia o compromisso de duplicar o nú-mero de operações, chegando às 800 neste ano de 2012.

Como é que carateriza o Serviço de Urologia do CMHT?

O Serviço de Urologia presta um

serviço de qualidade na medida em

que nós temos ao nosso dispor to-

dos os meios que existem noutras

unidades hospitalares. Naquilo que

não dispomos diretamente temos

protocolos com centros onde há

essa possibilidade de realização de

exames ou tratamentos. Os doentes

que nos procuram nunca fi cam de-

sapoiados. Achamos que os nossos

utentes têm um serviço de excelên-

cia, quer da nossa parte quer exter-

namente. Tivemos sempre um gran-

de apoio dos Conselhos de Adminis-

tração, incluindo do atual, que está

com uma situação fi nanceira difícil,

mas que, por reconhecer o prestígio

e a importância do Serviço de Uro-

logia, tem facultado tudo o que nós

necessitamos.

Como é que se conjuga os valores de excelência conjugando a par-te técnica e os valores humanos?

É óbvio que desejaríamos que

quer uma parte quer outra fossem

mais completas. Na parte humana,

trata-se de o médico ter uma per-

ceção que às vezes se adquire em

segundos, de avaliar a personalida-

de do utente e de adequar o discur-

so. Depois, há a criação de laços de

empatia, o que requer tempo. Como

nós temos recursos humanos escas-

sos, às vezes não é possível uma ava-

liação rigorosa da pessoa que temos

à nossa frente, sejam utentes sejam

familiares. Temos a consciência de

que fazemos o nosso melhor, assim

como os enfermeiros, que são jovens

e competentes, e o pessoal auxiliar,

que também é muito competente.

Pode haver sempre uma melhoria,

mas, dentro daquilo que é exigível,

temos um bom nível de prestação

de cuidados humanos conciliados

com os cuidados técnicos.

Tem sido difícil gerir uma situa-ção de dois médicos para 300.000 utentes?

Tem sido difícil na medida em que

implica um ‘esticar’ das nossas capa-

cidades humanas (minhas e do meu

colega) para dar apoio às três unida-

des do CHMT, que abrangerão cer-

ca de 300.000 habitantes. Às vezes

implica algum prejuízo familiar, mas

não poupamos esforços para fazer-

mos o máximo que pudermos para

tentar que a população do Médio

Tejo não fi que desprotegida em ter-

mos de cuidados urológicos.

Qual é a situação da lista de es-pera?

A lista de espera para consultas

tem estado dentro de tempos razo-

áveis e clinicamente aceitáveis. No

caso das consultas houve alguma

reorganização pelo facto de haver

menos um urologista a fazer consul-

tas (o Dr. Paulo Vasco saiu da ativida-

de do serviço para a direção clínica

do CHMT), mas não se refl etiu muito

no tempo de espera. É óbvio que o

tempo minimamente aceitável tem

relação com a patologia. Sendo só

dois médicos, às vezes temos alguns

doentes que estão algum tempo à

espera. Mas com a nova possibilida-

de, desde o fi nal de abril, de fazer-

mos cirurgias em tempo extra, fora

do horário, duplicaram os tempos

de operação para as cirurgias não

urgentes e estamos a ter um ritmo

cirúrgico enorme. Comprometemo-

nos a realizar perto de 800 cirurgias

no ano de 2012 e estamos convictos

de que vamos atingir esse objetivo.

Será possível admitir mais médi-cos urologistas para o CHMT?

Temos a informação de que a Ad-

ministração está disponível para

contratar mais um ou dois urologis-

tas. O que se passa, muitas vezes, é

um problema de mobilidade dos

médicos. Uma maneira de ultrapas-

sar isso seria o próprio serviço formar

os seus especialistas. Infelizmente, a

informação do Colégio de Urologia

da Ordem dos Médicos é de que

seria necessário um corpo clínico

com um elemento de cada catego-

ria, que neste momento não temos.

O serviço que dirige está a apos-tar em tecnologias inovadoras...

Apostámos numa técnica inova-

dora, que já tem alguns anos, que é

a cirurgia laparoscópica. Considera-

mos que possa ter algumas mais-va-

lias, porque é menos agressiva para

o doente, implica menos tempo de

internamento e menor perda de san-

gue. Mas só o fazemos em cirurgias

selecionadas. Já iniciámos este trei-

no há dois anos em patologias renais

e temos tido bons resultados. Ainda

estamos na curva de aprendizagem,

mas já vamos fazendo a cirurgia

com muito à vontade e esperamos

desenvolver ainda mais para diver-

sifi car para a área da incontinência.

Continua a haver tabus em rela-ção a algumas das patologias da Urologia?

Havia um tema tabu que hoje já

está desmistifi cado que é o proble-

ma da disfunção sexual masculina.

Penso que hoje já ninguém tem re-

ceio de falar disso ao médico. O pro-

blema da incontinência também já

não é tabu.

A vasectomia já entrou na práti-ca corrente, aqui na região?

É uma anticonceção no elemen-

to masculino que está largamente

diversifi cada nos EUA. Em Inglaterra

e no Norte da Europa também está

João Dias nasceu na Beira, Mo-

çambique, há 48 anos. Chegou a

Lisboa com dez anos e aí fez todo

o seu percurso académico e pro-

fi ssional. Pelo meio, fez o serviço

militar na Base de Escola de Pa-

raquedistas em Tancos. A pedido

do pai, trocou o sonho da Arqui-

tetura por um futuro na Medicina.

Mas há aspetos que se cruzam nas

duas profi ssões: “Um médico tem

que ser criativo e artista, sobretu-

do os cirurgiões. Há que dar uma

certa nobreza ao ato, com precei-

to e requinte. Na consulta e na ci-

rurgia, há que ter muita imagina-

ção.” Apesar de ter mudado a sua

opção inicial, hoje João Dias não

está nada arrependido: “Não tro-

cava a Medicina por profi ssão ne-

nhuma, nem a Urologia por espe-

cialidade nenhuma”.

Escolheu a especialidade de Uro-

logia por ser uma área onde ha-

via mais oportunidades profi ssio-

nais e porque a população precisa

de especialistas. Ainda a meio da

especialidade começou a vir para

Abrantes para fazer mais currícu-

lo e para ter mais oportunidades

para operar. Vinha uma vez por se-

mana, ajudar o especialista Pau-

lo Vasco. Quando terminou a es-

pecialidade, em 2000, os quadros

dos hospitais de Lisboa estavam

cheios e o Médio Tejo foi a opção

natural, até porque havia um lu-

gar. Concorreu e fi cou.

João Dias veio com a família para

o Médio Tejo e hoje é responsá-

vel pelo Serviço de Urologia do

CMHT. A “vista fabulosa” sobre o

rio Tejo que se tem do Hospital de

Abrantes e as zonas ribeirinhas,

como a Praia do Ribatejo e Cons-

tância, são os locais que destaca

na região. Considera as pessoas da

zona “afáveis, simpáticas e de fácil

relação”. Gosta da gastronomia e

do clima, gosta de ler e de cinema.

“Vive-se bem nesta região.”

“Os nossos utentes têm um serviço de excelência”

UROLOGIA NO CENTRO MÉDICO HOSPITALAR DO MÉDIO TEJO

• João Dias garante que a disfunção sexual masculina e a incontinência já não são tabus

Perfi l

Page 5: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO2012 SAÚDE 5

largamente implatada, assim como

em países asiáticos, aí sobretudo

para controlo demográfi co. Em Por-

tugal estima-se que não se devem al-

cançar 500 vasectomias por ano. Cá

ainda há o preconceito do homem

latino que tem medo perder alguma

virilidade com essa técnica de anti-

conceção, o que não corresponde à

verdade. Se o homem está conscien-

te de que não quer ter mais fi lhos, é

uma técnica boa. É uma intervenção

completamente coberta pelo servi-

ço público. Faz-se potencialmente

com anestesia local (a não ser que

seja uma pessoa muito ansiosa) e

em cirurgia de ambulatório, ou seja,

em que a pessoa tem alta no máxi-

mo até 24 horas depois da cirurgia.

É reversível na teoria, mas na prática

nem sempre acontece. Apesar de re-

vetermos cirurgicamente o ato, o ho-

mem pode continuar a ser estéril por-

que há outros fatores que intervêm.

Tem havido muitos homens a fa-zer vasectomia depois da campa-nha que fi zeram junto dos médi-cos de família?

Notou-se um aumento de pro-

cura, mas não em números que se

comparem aos países onde a téc-

nica está amplamente implantada.

Nota-se que tem sido mais em sítios

onde se tem dado essa informação.

Se não houver divulgação nos cen-

tros de saúde para os utentes, even-

tualmente, o problema continuará a

existir.

Na especialidade de Urologia, a

patalogia da próstata é a mais fre-

quente. A litíase (‘pedras’ no apa-

relho urinário) também é muito

comum. A incontinência urinária

começa a ser muito procurada, so-

bretudo a feminina. Para além dis-

so, há a patologia oncológica.

Os tumores mais comuns nos ór-

gãos do aparelho urinário são, por

ordem de frequência, na próstata,

na bexiga, no rim, nos testículos e

no pénis. O facto de urinar com di-

fi culdade não signifi ca que tenha

um cancro na próstata. O facto de

ter uma cólica renal não signifi -

ca que tenha um problema grave

no corpo. A incontinência urinária

pode ser tratada, mas não há um

técnica cem por cento efi caz.

“As Jornadas devem ser a par-

te visível do que se faz no Serviço

de Urologia. O objetivo não é fazer

uma exibição de palestras (porque

a teoria vem nos livros, nos tratados

e até na internet) nem ensinar nin-

guém; têm por objetivo dar três ou

quatro tópicos práticos que sirvam

para que os destinatários da men-

sagem os possam utilizar no dia-a-

dia e que sirvam para os profi ssio-

nais passarem essa mensagem aos

utentes. Os temas discutidos são os

temas que o Serviço entende que

são úteis para uma progressão dos

médicos que assistem às Jornadas.

Houve, por exemplo, uma mesa

para enfermeiros que foi muito útil.

Os objetivos foram alcançados por-

que as sessões tiveram um grande

nível científi co. As conferências de

abertura e de encerramento não ti-

veram um objetivo prático, mas ti-

veram mais um sentido fi losófi co

e atual (como foi, por exemplo, o

tema da sexualidade feminina). No-

tou-se um grande entusiasmo e os

objetivos foram largamente alcan-

çados. Os temas mais motivadores

da assistência terão sido, provavel-

mente, a hiperostomia da próstata

e a incontinênica urinária feminina.”

De uma forma mais geral, tenta-

mos que os centros de saúde te-

nham uma informação muito fá-

cil para transmitir às pessoas. Por

exemplo, no que diz respeito ao

cancro prostático, que muitas ve-

zes as pessoas confundem com hi-

perplasia benigna da próstata. Atra-

vés da divulgação junto dos médi-

cos de família poupam-se consultas

hospitalares. A vigilância da próstata

e a vigilância da saúde do aparelho

urinário, em geral, pode muito bem

ser feita nos centros de saúde.

Jornadas ultrapassaram as expetativas

Informações úteis

Page 6: jornal,abrantes
Page 7: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO2012 ESPECIAL ABRANTES 7

As Festas chegaram à cidade!

Abrantes volta a estar em festa.

Apesar das contenções no

orçamento, as propostas de

animação são diversifi cadas, para

chegar a todos os públicos. Há

uma aposta na produção local,

não só com artistas da terra, mas

também convidando outros

que, tendo laços com Abrantes,

desenvolvem as suas atividades

noutras cidades. As lojas devolutas

do centro histórico vão ter uma

nova vida nos dias das festas e

nos Mourões vai recuperar-se

uma tradição perdida há mais de

uma década: o hipismo, com um

concurso de saltos. O concerto

da fadista Mariza será o ponto

alto, mas é o conjunto de todas as

atividades, culturais, desportivas e

recreativas que faz as Festas 2012.

Page 8: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO20128 ESPECIAL ABRANTES

MARIA DO CÉU ALBUQUERQUE, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE ABRANTES

“Queremos mostrar esta componente tão nossa, que nem sempre valorizamos”JOANA MARGARIDA CARVALHO E HÁLIA COSTA SANTOS

A poucos dias das Festas da Ci-dade, a presidente da Câmara de Abrantes evidencia os aspetos posi-tivos de um certame feito com con-tenção. Para além da música, outros artistas da terra animarão a cidade. Apesar das limitações orçamentais, em Abrantes há projetos que avan-çam, como o Mercado Diário, por-que são considerados essenciais. Outros, como o MIAA, serão ape-nas desenvolvidos em parte, pelo menos por enquanto. Maria do Céu Albuquerque não esconde preo-cupação em relação ao futuro: “Se houver um desinvestimento na promoção da competitividade dos territórios que estão em desvanta-gem, podemos vir a ter, num curto espaço de tempo, um país, de novo, a duas velocidades”.

Qual foi a estratégia aplicada na edição das festas?

Este ano optámos por umas fes-

tas mais pequenas, arrancando com

o certame no dia da cidade, dia 14

de junho, quinta-feira, até domin-

go. Entendemos que devíamos rea-

lizar as festas com a prata da casa e

fazer aquilo que chamámos made in

Abrantes, com um especial enfoque

na produção local. Com esta opção

fi cámos a perceber que temos uma

série de artistas não só musicais,

como também plásticos, que não

estão na cidade mas que são de cá, e

que podiam ter um contributo espe-

cial nas festas, como é o caso de Mar-

ta Mariano que faz pintura, Bernardo

Monteiro que é estilista, Alexandra

Lisboa que é professora de Design.

Quanto ao artesanato vamos ter

um modelo diferente dos anos ante-

riores. Escolhemos um produto que

são as rendas de Bilros de Peniche e

vamos reuni-las em mostra. O arte-

sanato urbano vai estar espalhado

pelas ruas do centro histórico, já os

artesãos locais vão estar no Merca-

do Criativo. Vamos manter dois pal-

cos, um na Praça da Câmara e outro

na Praça Barão da Batalha, que vão

ter concertos desfasados no tempo

para que os visitantes circulem pela

cidade e se divirtam.

As crianças também vão ser ani-

madas pelos estudantes do Cur-

so de Animação Sócio Cultural

da EPDRA (Escola Profi ssional

de Desenvolvimento Rural de

Abrantes), na Praça João de Deus.

Por sua vez, as tasquinhas e alguma

animação popular, como o folclore e

os grupos de baile, vão estar no Jar-

dim da República. As Associações

Juvenis vão ter a Praça Ramiro

Guedes para aproveitar e

marcar as festas com

a sua animação. Va-

mos fazer também

um conjunto de

w o r k s h o p s ,

que vão

a c o n -

t e -

cer nas lojas devolutas da cidade,

para mostrarmos a potencialidade

destes espaços. Por último, vamos

manter a prática desportiva. Com

este modelo queremos mostrar esta

componente tão nossa, que nem

sempre valorizamos.

Um dos objetivos é trazer vi-sitantes de fora às festas de Abrantes. Como é que isso vai ser conseguido?

O Concurso de Saltos dos Mourões

vai ser uma grande atração a partir

do dia 15 de junho. Temos mais de

200 inscrições para o concurso, pes-

soas que vêm de fora e que vêm atra-

ídas por esta tradição de Abrantes li-

gada ao cavalo, que estava adorme-

cida e que nós recuperámos este

ano. Também o concerto de âmbito

internacional da fadista Mariza nos

Mourões vai, certamente, atrair mui-

tas pessoas às festas, à nossa região.

Como está o ponto de situação de obra do Mercado Diário?

É uma obra difícil, devido à neces-

sidade que houve de reforçar a es-

trutura lateral que estava muito fra-

gilizada. Já sentimos a necessida-

de de aprovar uma prorrogação do

prazo da obra, até ao próximo mês

de setembro. Estamos bastante ex-

pectantes pois este é um equipa-

mento que vai fazer toda a diferen-

ça. Primeiro porque o mercado vai

voltar a ter condições de excelência,

depois porque vamos ligar o Largo

1º de Maio ao centro histórico atra-

vés deste edifício, o que vai possibi-

litar uma maior afl uência de pessoas

às ruas do comércio. No piso inferior

vamos ter um welcome center, com a

loja de turismo e um espaço amplo

para receber pessoas e fazer, por

exemplo, provas de

vinhos ou provas

de outros produtos

regionais. O piso in-

termédio fi ca como re-

serva, pode ser um espaço para

uma feira do livro ou utras iniciati-

vas do género. Já ao nível do varan-

dim vamos ter os talhos, a peixaria, a

fl orista entre outras lojas, com a pos-

sibilidade de neste piso vermos tudo

acontecer dentro do mercado. Este

é um equipamento que vai ter uma

grande dinâmica no seu interior.

Qual é a atual situação do Mu-seu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes (MIIA)?

Estamos numa fase de reprogra-

mação. O investimento global é de

14 milhões de euros e não existe

neste momento a possibilidade de

haver apoio comunitário para um

montante desta natureza. O que va-

mos fazer é lançar a intervenção de

requalifi cação do Convento São Do-

mingos. Assim, nesta primeira fase o

museu vai funcionar neste edifício.

Vamos ter em exposição o acervo

do escultor Charters de Almeida, o

espólio da pintora Maria Lucília Moi-

ta e parte da coleção de arqueolo-

gia da Fundação Estrada. Mais tarde

avançaremos com a segunda fase,

quando for oportuno.

E quanto ao Centro Histórico? É um facto que as lojas continuam a fechar, o comércio está envelheci-do e pobre.

Desde o ano passado que não

houve, a nível nacional, nenhuma

intervenção no âmbito da regenera-

ção urbana, pois não voltou a abrir

qualquer possibilidade de nos can-

didatarmos a um incentivo fi nancei-

ro. Nós estamos a trabalhar no sen-

tido de consolidar a estratégia que

temos vindo a criar ao nível do co-

mércio, da cultura, do urbanismo e

da acessibilidade para que quando

surgir o lançamento de um concur-

so a fundos comunitários termos

tudo preparado. Ainda assim esta-

mos a ver se ao nível do programa

“Jessica” (um programa com vista a

apoiar a reabilitação das cidades e vi-

las através da mobilização de alguns

fundos comunitários, fi nanceiros e

de investidores privados para reabi-

litar o património construído) é pos-

sível termos brevemente novidades.

Com A23 portajadas a vida da comunidade e do sector empre-sarial tem sido prejudicada. O que está a ser feito junto do po-der central?

Conseguimos proteger a popu-

lação de ter de pagar para circular

dentro do seu próprio concelho. Os

pórticos estão nas duas saídas de

Abrantes porque nós nos pronunci-

ámos sobre a sua colocação, assim

como nos pronunciámos sobre os

preços que estão a ser aplicados, uma

vez que nós estamos numa zona de

desvantagem socioeconómica. É di-

fícil saber que os cidadãos estão a

passar difi culdades, como também

é difícil saber que a A23 é um eixo

estruturante por exemplo, ao nível

hospitalar. O Governo deverá repen-

sar esta situação, até porque as nos-

sas estradas nacionais não estão pre-

paradas para tal afl uência de trânsito.

A cidade desportiva comemorou dez anos. O investimento feito jus-tifi ca a afl uência de utilizadores?

Não há uma perceção correta do

que acontece no espaço. Tenho

pena! Pois divulgamos as iniciativas

que vão decorrendo. Para além de

todas as práticas regulares feitas pe-

las associações nos diferentes cam-

pos, na pista de atletismo e nas pis-

cinas, há uma grande atividade por

parte dos cidadãos, como também

ao nível nacional e regional da par-

te de atletas que escolhem a nossa

cidade desportiva para ali fazer os

seus estágios. A comunidade não

tem noção destes números, mas são

francamente positivos.

Se estivesse na autarquia de Abrantes como presidente quan-do o projeto da RPP solar foi apre-sentado, teria procedido da mes-ma forma?

Na altura, este projeto tinha todas

as condições para ser efetuado com

normalidade. Foi considerado um

projeto de interesse nacional, tinha

boas condições do ponto de vista

do fi nanciamento da parte de fun-

dos comunitários, a estratégia esta-

va montada por entidades e pessoas

bastante credíveis nesta matéria das

energias. Nada fazia prever esta situ-

ação, a Câmara e a Assembleia apro-

varam este projeto sem qualquer

problema. É evidente que desde há

quatro anos a economia nacional e

mundial sofreu alterações brutais e

este projeto teve um conjunto de

entraves que hoje não lhe permite

ter a possibilidade de estar numa

fase operacional. Neste momento,

aquilo que sabemos é que o em-

presário está a ter difi culdades com

a banca, mas continua a trabalhar

com instituições de créditos inter-

nacionais. Não é fácil percebermos

este atraso, contudo continuamos

expectantes para que este processo

seja retomado para alavancar a nos-

sa economia regional.

“Temos que

fazer uma gestão

muito criteriosa,

ao cêntimo”

• “Estamos a receber o mesmo valor que em 2005 e as exigências são muito maiores”

Page 9: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO2012 ESPECIAL ABRANTES 9

Que informação é que tem sobre a situação das empresas da região?

As empresas estão a passar por difi -

culdades muito grandes, de acesso à

banca. Nomeadamente as empresas

de construção civil, porque o investi-

mento público e privado não existe.

Há necessidade de se encontrar no-

vos mercados e outros negócios. Mas

há empresas que já estão a trabalhar

noutros projetos e à procura de no-

vos mercados, mais emergentes. Em-

bora a taxa de desemprego tenha su-

bido em Abrantes, mas não ao nível

da taxa nacional, não tem havido en-

cerramentos de empresas que pro-

voquem desemprego em Abrantes.

Há é encerramentos noutros conce-

lhos e o desemprego drena para aqui,

como no caso da Deplhi. Ainda assim,

há uma estabilidade, um conjunto

de investimentos que estão a ser fei-

tos, como é o caso da Mitsubishi que

anunciou um investimento de 37 mi-

lhões de euros, com duplicação de

postos de trabalho. Também existem

pequenas unidades empresariais que

vão fazendo toda a diferença, como

os nossos produtores locais que têm

feito um trabalho excelente, que vão

para o estrangeiro, que consolidam a

sua estratégia e que certifi cam os seus

produtos. Também há o auto-empre-

go, como as 12 empresas que estão

no Tecnopólo, que criaram 40 postos

de trabalho e que no último ano tive-

ram um volume de facturação de dois

milhões e meio. Este é o caminho de

uma estratégia que tem que ser con-

solidada.

Quais são as últimas informações sobre a reorganização administrati-va do território?

A perspetiva do diploma é que te-

nhamos que fazer uma redução de

50% nas freguesias urbanas e 25% nas

freguesias rurais. O assunto ainda não

foi discutido em sede de Assembleia

Municipal. Nessa altura vamos tomar

uma posição, porque esta não é a nos-

sa reforma, embora todos tenhamos

perceção que os tempos são outros,

as oportunidades são outras as difi cul-

dades são outras.

A lei dos compromissos, imposta pelo Governo, dá-lhe uma sensação de frustração?

Preocupa-me muito porque é como

ir de comboio e, a meio do trajeto, o

maquinista decide que não vamos

para ali mas vamos para outro sítio

qualquer. É preocupante mudar as re-

gras a meio do jogo. Não só a lei dos

compromissos, mas outros instru-

mentos que limitam muito a interven-

ção municipal. Só no ano que passou,

foi-nos retirado um milhão e 200 mil

euros. Estamos a receber o mesmo va-

lor que em 2005 e as exigências são

muito maiores, a todos os níveis. E isto

é um constrangimento muito grande.

A lei dos compromissos é o corolário

das difi culdades. Vai impossibilitar de

se fazer o que quer que seja, a não ser

gestão corrente. Por exemplo, para fa-

zer um passeio ou pintar passadeiras,

as difi culdades vão ser muito grandes.

Estou muito preocupada porque não

consigo perceber como é que vamos

fazer a gestão municipal com estas re-

gras. Sabemos que a intenção do Go-

verno é esvaziar as competências das

autarquias passando para as Comu-

nidades Intermunicipais essa gestão.

Resta saber até que ponto isto é um

benefício para os nossos cidadãos. Te-

mos que avaliar esta situação com mui-

ta cautela, olhando para as contingên-

cias e para as oportunidades, no sen-

tido de que o modelo aprovado pelo

Governo possa corresponder àquilo

que todos aspiramos, que é ter um ter-

ritório nacional coeso do ponto de vis-

ta territorial e social. Se houver um de-

sinvestimento na promoção da com-

petitividade dos territórios que estão

em desvantagem, podemos vir a ter,

num curto espaço de tempo, um país,

de novo, a duas velocidades: o que se

desenvolve nas áreas metropolitanas

e o que fi ca aqui a pedalar em seco.

Neste contexto, é difícil explicar às pessoas as opções que são feitas?

É muito difícil. As pessoas não perce-

bem esta difi culdade. O ciclo das infra-

estruturas está acabado. Hoje as ações

têm que ser mais imateriais, mas estas

acções não são apreendidas da mes-

ma maneira pelos cidadãos. Por outro

lado, ao nível das infraestruturas ainda

falta fazer muita coisa. Temos que fazer

uma gestão muito criteriosa, ao cênti-

mo, no sentido de tirar o máximo parti-

do dos instrumentos fi nanceiros a fun-

do perdido e, por outro lado, fazer uma

gestão das receitas próprias, no senti-

do de apoiar as Juntas de Freguesia e

os movimentos associativos, mas sem-

pre com esta contingência de poupar

para fazer face à componente nacional.

“O Concurso de Saltos

dos Mourões vai ser

uma grande atração”

“As pessoas têm reagido muito bem

à Rota do Tejo. Estão muito satisfeitas

e apropriaram-se do espaço. Estamos

a instalar 40 pesqueiros, o que é uma

mais-valia para as pessoas. Recente-

mente houve um acampamento do

movimento escuteiro e um campeo-

nato distrital de canoagem. Choveu

imenso e as pessoas perceberam para

que serve a pala. O que nos falta con-

cluir é o Centro de Interpretação do

Tejo, que será um espaço polivalente,

onde se poderá pernoitar (em alber-

gue ou com tenda). Terá um conjunto

de equipamentos interativos que per-

mitirão conhecer o Tejo desde a nas-

cente até à foz, assim como será um

espaço para desenvolvimento de pro-

jetos de sensibilização ambiental. No

Tramagal já concluímos o Miradou-

ro e o Cais. Na margem sul vamos fa-

zer a ligação a Santa Margarida, com

caminhos sempre pedonais, para de-

pois se chegar a Constância e a Vila

Nova da Barquinha. Entre o Rossio e o

Tramagal existe um caminho ao lado

do caminho de ferro. Estamos a tra-

balhar com a Refer, no sentido de lim-

parmos limpar, para se poder fazer o

percurso até ao Aquapolis. A montan-

te do Rossio, existe uma obra que está

em fase de lançamento de emprei-

tada, que é a reabilitação da estação

de canoagem de Alvega. Já reabilitá-

mos o Cais de Acostagem de Rio de

Moinhos, que foi muito bem acolhi-

do, embora seja uma obra moderna

de arquitetura, que tem algumas vo-

zes mais críticas. A grande difi culda-

de que estamos a ter é a de negociar

com os privados que têm os terrenos

por onde esta rota passa.”

Rota do Tejo continua em desenvolvimento

• “O mercado vai voltar a ter condições de excelência”

“Existem no nosso território

instituições que fazem um tra-

balho meritório. Por exemplo,

o Banco Alimentar que fornece

os alimentos para serem con-

fecionados. A Junta de Fregue-

sia de Alferrarede dá frescos a

quem precisar, durante algum

tempo. As Comissões Sociais

de Freguesia estão a detetar es-

tas situações e imediatamente

a ajudar, quem precisar, atra-

vés destas iniciativas. A Asso-

ciação Vidas Cruzadas tem uma

Loja Social que nós estamos a

apoiar para chegar a mais pes-

soas do concelho.

No âmbito do projeto do Ban-

co Social, que temos com o

CRIA, as empresas podem dis-

ponibilizar recursos para serem

distribuídos às pessoas que es-

tão em situação de fl agelo. Te-

mos também em vigor um

conjunto de iniciativas em que

fazemos aquisição de medica-

mentos, pagamentos de ren-

das, transporte de doentes

para tratamentos. Aquilo que

nos propomos fazer é a atribui-

ção de um incentivo ou de um

apoio, acompanhado, que seja

retirado quando as pessoas

voltam a ter a sua autonomia.

Para lhes mostrar que há um

caminho e esperança, que têm

que ser construídos com eles e

connosco.”

Por proposta da Câmara Mu-

nicipal de Abrantes, foram atri-

buídas sete Medalhas de Hon-

ra da Cidade. Com a medalha

de grau prata foram reconhe-

cidos os Bombeiros Municipais

de Abrantes e a cidade francesa

de Parthenay, geminada com

Abrantes há já quase 20 anos.

A autarquia propôs ainda a atri-

buição de cinco medalhas de

bronze dourado, duas delas a

título póstumo.

Luís Fernando de Almeida Ve-

lho Bairrão, engenheiro agróno-

mo que nasceu e sempre viveu

no Tramagal, foi distinguido a

título póstumo. Para além de

ser um “homem bom, de sor-

riso aberto” e “cidadão exem-

plar”, teve uma intensa parti-

cipação social e cívica e foi ve-

reador na Câmara de Abrantes

durante toda a década de 60.

Também a título póstumo foi

reconhecida a fi gura de José

Joaquim Brites Vasco, nascido

nos Andreus, Sardoal. Foi mé-

dico em Abrantes desde 1955,

exercendo a sua profi ssão “com

uma solidariedade discreta e si-

lenciosa para com todos os que

dele precisavam”.

Apesar de estar consciente

de que a atividade política é,

por vezes, controversa, a atual

autarquia abrantina entendeu

atribuir a medalha de bronze

dourada a Nélson Augusto Mar-

ques de Carvalho, que foi seu

presidente entre 1994 e 2009.

Durante os seus mandatos “fo-

ram levadas a efeito realizações

de qualifi cação e reestruturação

de espaços, equipamentos e

serviços de tal modo impor-

tantes e signifi cativos que deles

vão benefi ciar os munícipes du-

rante várias décadas”. Por isso, o

atual executivo camarário en-

tendeu ser “justo” manifestar ao

ex-autarca o reconhecimento

público do seu trabalho.

Também com a medalha de

bronze dourado foram ainda

distinguidos dois outros cida-

dãos ilustres: Fernando Tavares

Dias Simão, de 90 anos, pre-

sidente da Direção do Centro

Social de Alferrarede e mem-

bro fundador do Rotary Club

de Abrantes; Joaquim Candeias

Silva, professor que se dedicou

à investigação sobre a História

de Abrantes, primeiro na As-

sociação para a Defesa e Estu-

do do Património da Região de

Abrantes (APEDRA) e depois no

Centro de Estudos de História

Local de Abrantes (CEHLA).

Câmara atenta às difi culdades sociais

Sete medalhas para distinguir o que é exemplar

Page 10: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO201210 ESPECIAL ABRANTES

Desde há muito tempo que a Paste-laria Tágide faz sucesso na região e no país. Muitas são as pessoas que procuram este templo dos doces que é conhecido pelos métodos tra-dicionais que ainda utiliza.

Nasceu no ano de 1981, a 17 de ja-

neiro, nas antigas padarias rossien-

ses. Em 1988 mudou de espaço e

ganhou uma nova dinâmica, mais

própria e mais exclusiva. Hoje está

sediada no centro da freguesia do

Rossio ao Sul do Tejo.

Tudo o que é confecionado na

Pastelaria Tágide é feito de forma

tradicional. Fernando Correia, um

dos responsáveis pelo espaço, ex-

plica: “Utilizamos ovo de casca, não

utilizamos os chamados mix. Ou

seja, muitas vezes, ao provarmos

um pastel de nata ou outro bolo

com recheio, tudo nos parece idên-

tico em termos de sabor, porque de

facto o recheio é igual. Na Tágide,

isto não acontece, cada bolo tem

a sua própria confeção e maneira

de fazer. Tudo é elaborado de raiz,

há uma transformação constante,

utiliza-se a farinha, o açúcar, o sal,

amassa-se a massa, junta-se a man-

teiga, faz-se o folhado. Enfi m, há um

trabalho acrescido, mas o sabor no

fi m, é inconfundível”.

A Pastelaria Tágide é sobretudo

conhecida pela palha de Abrantes,

pelas tigeladas, pelos molatos, pe-

las castanhas doces, pelas broas de

mel e de nozes e pelas limas. Doces

tradicionais e conventuais que já fo-

ram destacados com os mais varia-

dos prémios nacionais e regionais.

Fernando Correia admite que há

uma forte concorrência na região,

mas a estratégia da Tágide não pas-

sa pela competição. “Não podemos

competir pois fazemos um produ-

to tradicional que aumenta o valor

do nosso produto. Assim aposta-

mos na qualidade e temos feito su-

cesso. Temos um acordo com o Tu-

rismo de Portugal e com o Inatel o

que nos permite receber uma série

de visitantes na pastelaria. Realiza-

mos imensos workshops, onde ex-

plicamos o processo dos doces e

confecionamos ao vivo para quem

nos visita.”

A Tágide é a única pastelaria que

representa o concelho de Abrantes

nas feiras de doçaria que aconte-

cem pelo país. Já quanto aos clien-

tes, estes aparecem de várias re-

giões à procura sobretudo das es-

pecialidades da casa: as tigelas e a

palha de Abrantes.

Já alcançados e expostos nas pa-

redes da pastelaria estão alguns

prémios e distinções alcançadas.

“Temos os primeiros prémios em

todas as categorias: tigeladas, palha

de Abrantes, castanhadas doces,

etc. Recebemos o 1º lugar de doça-

ria conventual que foi conseguido

na FIL em Lisboa, onde a Pastelaria

Tágide representou da melhor for-

ma a região.”

Como objetivo futuro, Fernando

Correia gostava de construir uma

loja gourmet dedicada à doçaria,

“fazer outros doces, que não são ain-

da confecionados na região e certa-

mente que serão uma atração”.

Joana Margarida Carvalho

PASTELARIA TÁGIDE

A rainha das Tigeladas e da Palha de Abrantes

Foi em 1976 que os Gelados do Lis

chegaram a Abrantes, pela mão de

Paulo Dias e da sua esposa. A dedi-

cação à confeção de gelados natu-

rais começou em África. Durante 24

anos Paulo Dias trabalhou no ramo

da gelataria no continente africano e

a vontade perdurou até chegar à ci-

dade de Abrantes, onde deu conti-

nuidade a um “bichinho” que ainda

hoje persiste.

A maneira como confeciona os ge-

lados é algo que mantém em segre-

do absoluto, mas é no conceito “na-

tural” que está a essência do seu tra-

balho. Todos os gelados feitos no

Paulo Dias provêm das frutas e de

produtos naturais, sem os tais “pozi-

nhos” como o gelateiro lhes chama,

ou seja, sem os corantes e conser-

vantes faz-se um “produto de quali-

dade”.

Paulo Dias disse ao JA que quan-

do iniciou o negócio da gelataria no

centro histórico de Abrantes muitas

pessoas desacreditaram o projeto.

“É curioso que recebi algumas críti-

cas na altura, mas também é um fato

que, pouco tempo depois da aber-

tura, a fi la para os gelados enchia a

casa e a rua. Hoje estou certo que o

que fi z e as opções que tomei foram

as melhores para o negócio e para a

minha família.”

Quando pensamos em gelados, a

palavra Lis surge automaticamente,

mas se o “Senhor” Paulo Dias é co-

nhecido por fazer saborosos gela-

dos, também é famoso pelos seus

croissants de chocolate, amêndoa e

ovo, batidos de chocolate, morango

e baunilha, tostas, torradas e alguns

doces.

Atualmente, Paulo Dias está com 78

anos e gostava de passar a alguém o

segredo de fazer bons gelados, mas

ainda não surgiu uma pessoa que dê

continuidade ao seu projeto. Segun-

do o gelateiro, “é necessário alguns

requisitos, mas para aprender a fazer

um produto de qualidade, natural e

tradicional é um processo rápido e

acessível”.

Durante alguns meses a casa do

Lis esteve fechada, mas não encer-

rou portas. Paulo Dias explica que,

“como a idade já pesa, o espaço vai

apenas manter-se apenas aberto du-

rante o período mais quente do ano”,

de maio a setembro, para já até às

20h00, prolongando esta hora nos

meses de verão. “É fantástico estar

aqui e ver chegar para lanchar, ou

mesmo à noite, grupos e grupos de

jovens à procura dos meus gelados,

dos meus batidos e croissants. Esta

casa é procurada por muita gente

que vem de todo o lado, mas são os

jovens que me dão força e vontade

para dar continuidade um projeto

tão meu, tão especial.”

JMC

GELADOS DO LIS

O bom sabor daquilo que é natural

Curiosidade - O nome “Lis” surge do Brasão de Abrantes. Pau-lo Dias explica: “Na altura, quando abri a casa, não sabia como a

chamar. Então desafi ei os abrantinos a sugerirem-me diversos no-

mes. Quando a palavra “Lis” chegou na caixa do correio, a pessoa

não se identifi cou na carta, mas explicava: o Brasão de Abrantes

tem o Pelicano, os Corvos e a Flor do Lis. Quanto aos corvos, ha-

via um conjunto que eram os Corvos, o Pelicano era uma casa de

restauração e apenas sobrava a Flor do Lis. Um nome simples, mas

que se adaptava perfeitamente ao meu espaço.”

• Pai e fi lho são os mentores dos tracionais doces abrantinos

Page 11: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO2012 ESPECIAL ABRANTES 11

CHAVE D’OUROO centro da história Abrantina

Todas as cidades têm um ponto de encontro emblemático em forma de café, estabele-

cimento. Arriscamos sem grande possibilidade de erro que para os abrantinos esse seja o

Chave d’Ouro, a matar a sede da cidade desde 1934, na Praça Barão da Batalha. Hoje são

Filipe Gomes e Telma Dias à frente da casa, mas antes já o pai de Filipe, Lúcio Gomes, fora

empregado desde a inauguração e dono a partir de 1960.

Filipe viu as modas mudarem, a praça mudar, a economia local mudar e mantém-se de

pedra e cal. Outrora restaurante, o espaço é hoje local de romaria para várias gerações, que

mudam ao longo do dia. A esplanada é ponto privilegiado para a observação da vida cita-

dina, dos seus ritmos e pessoas. Durante anos conviveu com a rodoviária, a escassos cem

metros de distância, os serviços sociais, comércio forte e o Regime de Infantaria. Hoje os

tempos mudaram e há uma escola superior e muitas pessoas que continuam a fazer do

Chave d’Ouro a sua preferência. Ao fi m da tarde e de noite é normal encontrar o es-

paço repleto de clientes, transbordando mesmo para o meio da Praça, as

pessoas e as conversas.

Para Filipe, Telma é “fabulosa com as pessoas, uma RP, eu sou

mais prático”. Está em causa também quem gere o espaço, as

suas personalidades, “vem cá muita gente que diz sentir-se

em casa”. O Chave d’Ouro abre às “10, 11h” e fecha às 2 da

manhã. Sugerimos uma boa mini, imperial, cidra, bem

fresquinhas, um espreguiçar na esplanada e conversa

animada. A experimentar também as tostas de cogu-

melos e frango, os salgados caseiros e, “embora não

sejamos uma casa muito vocacionada para petiscos,

arranja-se sempre alguma coisa”. Com o Euro à por-

ta, é um excelente spot para ver a nossa seleção.

REPÚBLICACome, bebe, saboreia,

degusta, sente, gosta

O Quiosque República foi inaugurado este ano, no dia

da celebração da liberdade, 25 de Abril, e é lugar infalível

para encontrar frescura e descontracção em plena cidade Pau-

lo Passos, designer gráfi co, e Gisela Patornilo, empresária, cria-

ram um espaço que tem muito de ambos, das vivências, viagens e

amigos. Um quiosque antigo, com esplanada, na praça emblemática

com o mesmo nome vestiu-se de frases, palavras, um design moderno, no

interior e no exterior, com cores leves e sóbrias, o ponto de encontro para as viagens de

sabor que ali pode iniciar.

Ficam as nossas sugestões: quando lhe apetecer, dê um assomo de frescura e sabor ao

seu dia com a “República Matinal”, milho em fl ocos com iogurte natural e frutas frescas.

Experimente as Tartines, seja a de Atum à Moda Alentejana, de Presunto, ou outra suges-

tão deliciosa, entre outras, criada por Paulo e Gisela, Pão da Terra Torrado com Presunto,

Queijo Búfala, Maçã e Alface.

Não esqueça a bebida e aí o destaque vai para a Alegria de Frutos Vermelhos, uma frescu-

ra de sabor campestre. Há muito mais para saborear no República: a calma, o relaxar depois

de um dia de trabalho, um copo de vinho da região, uma cerveja fresca, música de qualida-

de em volume lounge, no fundo um local onde seja lendo o jornal, saboreando as Tartines,

as tábuas de queijos, compotas e enchidos. Conversando ou estando simplesmente em si-

lêncio, tem todas as razões para se sentir com tempo.

ALCAIDE Sente-se e aprecie a paisagem

É difícil encontrar espaço mais prendado com uma panorâmica tão ampla na região. Na

encosta norte de Abrantes, junto ao castelo, um prédio construído de raiz para o propósi-

to da restauração é onde o bar cafetaria alcaide se estabeleceu. Manuel Serra, de 57 anos,

é quem gere o espaço atualmente. Juntamente com Patrícia, começou como funcionário,

logo na abertura do Alcaide, em Abril de 2006.

Há cerca de um mês à frente do Alcaide, Manuel Silva fala pausada e serenamente, em

tom baixo, quiçá feitios inculcados pelo bar que conhece desde o início. Ou reinício. É que

antes da construção do atual edifício já o antigo, que há largos anos havia sido construído,

servia de residência e taberna. Foi, aliás, aproveitando o velho alvará de taberna que o Al-

caide nasceu. Muita coisa mudou, menos a vista, porque os olhos também comem e be-

bem.

O Alcaide tem dois andares, rés-do-chão e 1º andar, ambos com esplanada, e um

pequeno jardim, muito cuidado, tudo isto debruçado sobre o imenso vale

norte, na encosta do castelo. A decoração lembra os pubs mais tradi-

cionais, os bares irlandeses e, ao dispor do cliente, Manuel Serra

tem uma grande seleção de cerveja importada, da qual destaca

a Gulden Draak, cerveja preta belga que em 1998 foi conside-

rada a mais saborosa do mundo, ou a La Trappe Quadrupel,

uma cerveja que não tem prazo de validade, engarrafa-

da e datada de acordo com o ano de envase.

Em ambos os andares do alcaide há balcão. Nunca

fi cará de estômago a abanar e o pouco tempo que

terá de esperar pode sempre gastá-lo a olhar para os

muitos quilómetros de paisagem e céu entrecorta-

do, com a beleza a mudar com as estações.

Chega o calor e chega a vontade de espreguiçar.

Seja para almoçar, jantar, beber um copo, afastar o

stress do trabalho, enxotar a rotina, Abrantes oferece

uma grande variedade de locais onde pode fazer

tudo isso. Com o verão à porta, já a espreitar pela

fechadura, apresentamos quatro sugestões, em

que história, paisagem, inovação, modernidade

e diversão se bronzeiam ao sol abrantino.

Saia de casa e arranje alguma coisa para

festejar, até porque de festejos temos

visto muito pouco. Pode ser que com

o Euro venhamos a festejar.Ricardo Alves

AQUAPOLIS CERVEJARIA Espaço completo, diversão garantida

Situado no Parque Urbano e Ribeirinho de Abrantes, in-

tervenção que requalifi cou e reabilitou as duas margens do

Tejo junto à encosta sul da cidade de Abrantes, em que o ele-

mento principal é o Açude Insufl ável que criou a enorme albu-

feira artifi cial, a Aquapolis Cervejaria é sinónimo de constante movi-

mento. Desde logo porque as instalações modernas e amplas o permi-

tem e depois pelo engenho empresarial de Carlos Catarino, que ali encontrou

o espaço ideal para as suas ideias, ele que é um DJ conhecido em toda a região.

A cervejaria é restaurante, almoços com menus diários de 2ª a 6ª feira e menu a la carte

aos fi ns-de-semana e jantares, mas também bar com música ao vivo e esplanada. Por este

espaço passaram recentemente o incontornável Herman José, Ricardo Oliveira (2ª classifi -

cado da Voz de Portugal), David Antunes, músico que marca presença no programa 5 para

a Meia Noite da RTP1 ao lado do apresentador Pedro Fernandes, também ele presença as-

sídua nas noites da Aquapolis ou Pedro Dyonysyo.

A Aquapolis é o local certo para as datas especiais ao longo do ano, com noites temáticas

seja no Carnaval, no dia dos Namorados ou outras celebrações. A versatilidade do espaço

e a imaginação da gerência juntam a tudo isto festas da espuma, karaoke, concertos Bas-

ta estar atento à programação e aos menus diários. E não é todos os dias que se pode ir

à praia em Abrantes, nem que seja apenas para beber um café ou uma cerveja fresca na

esplanada a dar para o areal. A qualquer hora do dia, ou noite dentro, a diversão é certa.

Calore preguiça,

sede e sombra, quatro fontes em Abrantes

Page 12: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO201212 ESPECIAL ABRANTES

Abrantes retoma, este ano, uma tra-dição perdida há mais de uma dé-cada: o concurso hípico volta ao rel-vado do Rossio ao Sul do Tejo, nos Mourões.

Esta prova de saltos a cavalo com

obstáculos, que decorre no âmbito

das Festas de Abrantes 2012, mais

concretamente no dia 15, faz par-

te do calendário nacional das pro-

vas de hipismo. A procura “tem sido

enorme”, esperando-se que o nú-

mero máximo de cavaleiros que po-

dem apresentar-se a concurso – 200

– seja alcançado.

Manuel Valamatos, vereador do

Desporto da Câmara Municipal de

Abrantes, recorda que o hipismo

é uma “atividade desportiva com

muita tradição e com muito enrai-

zamento” no concelho. “A grande

maioria das pessoas de Abrantes

acaba por ter uma grande ligação

de afetividade com o concurso hí-

pico no hipódromo dos Mourões. É

um palco privilegiado porque toda

a gente que passa na ponte vê um

magnífi co cenário de cor, com a

questão dos cavalos.”

Para além da vontade de trazer, de

novo, o hipismo para Abrantes, a au-

tarquia desenvolveu todos os esfor-

ços para fazer coincidir este regres-

so com os dias das festas do conce-

lho. Esta coincidência temporal faz

com que o evento seja duplamen-

te interessante: do ponto de vista

desportivo e do ponto de vista eco-

nómico. Manuel Valamatos adian-

ta que a participação de dezenas

de cavaleiros e seus acompanhan-

tes vai “agitar a nossa comunidade,

nomeadamente a restauração e os

hóteis”. Por outro lado, os laços que

a comunidade abrantina tem com

o hipismo e o cenário privilegiado

onde tudo vai acontecer também

introduzem elementos que apon-

tam para o sucesso da iniciativa. “O

hipismo vai seguramente ajudar a

potenciar e é uma mais-valia para

as festas, do ponto de vista da par-

ticipação.”

O facto de as provas se realizarem

no âmbito das Festas de Abrantes

2012 implica algumas difi culdades

acrescidas em termos de logística,

mas a opção de recuperar o hipis-

mo, com notoriedade, acaba por

compensar o esforço. O vereador

do Desporto aproveita para lançar

um desafi o aos abrantinos: “Toda

a comunidade tem que ser envol-

ver de forma empenhada para aju-

dar a que seja um evento de gran-

de sucesso, para que consigamos

dar este arranque de trazer outra

vez o hipismo para Abrantes, com

a qualidade que nós desejamos,

valorizando o evento e o seu valor

do ponto de vista competitivo.” Se

tudo correr como se espera, a inter-

nacionalização da prova pode ser

o caminho a seguir. “Estamos mui-

to felizes por este movimento está

a acontecer” - remata Manuel Vala-

matos.

Hália Costa Santos

Marta Mariano, pintura e design

Saiu de Abrantes em 1998,

com destino a Lisboa, para

estudar. Hoje trabalha em

Sintra, mas a cidade onde

passou toda a primeira parte

da sua vida continua muito

presente, não só porque cá os

pais aqui vivem, como tam-

bém porque a região inspi-

ra boa parte do seu trabalho.

Marta Mariano é pintora e de-

signer gráfi ca.

Nas Festas de Abrantes

2012, Marta Mariano vai ser

uma das artistas que vai po-

der ‘ocupar’ uma das lojas

devolutas da cidade. Durante

os dias do certame, o espaço

que em tempos albergou a

loja Maria Jasmim vai ter dois

quadros de 1,50m por 1,20m

e cerca de 20 aguarelas des-

ta artista abrantina. A exposi-

ção venda intitula-se “Voar” e,

por isso, os pássaros são uma

constante nos trabalhos apre-

sentados.

Marta Mariano está entu-

siasmada com esta participa-

ção nas festas da cidade que

a viu crescer. Sempre partici-

pou no certame, mas como

elemento do público. Agora

está do outro lado e acha “es-

petacular”. O espaço onde vai

expor agrada-lhe imenso e,

naturalmente, espera “vender

tudo”. Para além dos pássaros,

Abrantes é também tema dos

seus trabalhos. “As cores, as le-

zírias e os telhados da região”

inspiram a sua obra.

Joana Borda de Água expli-

ca, na nota introdutória da

exposição, que os trabalhos

de Marta Mariano se carate-

rizam por “pinceladas fortes

e multicolores, numa intensa

carga simbólica dos elemen-

tos”. Acrescenta que a artista

mostra de forma pictórica e

irreverente, a sua visão da re-

gião de Abrantes. “As tramas

e as cores vibrantes são ele-

mentos essenciais numa obra

em que, sem pretensões, pro-

cura provocar no observador

as mais diversas sensações

provenientes da aliança entre

a pintura e o design gráfi co”.

Xana Lisboa, joalhariaTem apelido de capital, mas

considera-se abrantina. Xana

Lisboa cresceu em Abrantes

até aos 17 anos e continua a

visitar esta terra, onde os pais

vivem. Por altura das festas

deste ano regressará de for-

ma diferente. Apesar de con-

tar já com 30 anos de carrei-

ra na área da joalharia, nunca

tinha exposto em Abrantes.

Por isso, quando recebeu o

convite para, durante os dias

da festa, expor o seu trabalho

e fazer um workshop - “Um

anel à minha medida” - fi cou

“muito contente”.

No edifício Milho, Xana Lis-

boa vai poder mostrar o seu

trabalho à comunidade que a

viu crescer. A artista vai mos-

trar duas linhas do seu traba-

lho. Trata-se de “joalharia con-

temporânea em que a única

coisa clássica são as técnicas,

como a manipulação do me-

tal”. O material que usa prefe-

rencialmente é a prata. Fora

disso, só a folha de ouro. “São

os materiais que resultam”,

explica Xana Lisboa, adian-

tando que é preciso contra-

riar a ideia de que as joias só

o são se predonimar o ouro,

com diamantes ou brilhantes.

Xana Lisboa, que é também

professora de Joalharia na Es-

cola António Arroio, em Lis-

boa, sabe que as suas opções

estéticas, com “linhas e ângu-

los muito contundentes”, po-

dem não ser fáceis de assi-

milar. A opção de expor em

Abrantes é reconhecimento

de uma carreira que fez “sem-

pre em ateliê próprio, partici-

pando em exposições e con-

cursos” e que já atingiu o pa-

tamar internacional.

HCS

Hipismo regressa aos Mourões

com concurso de saltos

Duas artistas abrantinas, duas gerações de trabalho contemporâneo

Page 13: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO2012 ESPECIAL ABRANTES 13

A banda Hollow Page começou a sua vida artística em Abrantes ape-nas há um ano. São cinco ‘miúdos’, de 17 e 18 anos, que estudam na Solano de Abreu.

Não tiveram formação musical,

mas estão já a entrar em força no

mundo do espetáculo. Só ao longo

do ano passado, deram cerca de 100

concertos. Abrantes está a ser a reta

de lançamento desta banda de rock

comercial, descoberta por outro jo-

vem: Ricardo Barra, 24 anos, mana-

ger e treinador de futebol.

Ricardo Barra explica que tudo co-

meçou numa festa de fi nalistas. Ou-

viu o grupo a tocar e decidiu lançá-

los no mundo da música mais a sé-

rio. Vão tocar nas Festas de Abrantes

e, para julho, está já agendada a gra-

vação do primeiro cd, com originais,

mas também com ‘covers’. A “musi-

calidade” da banda, o facto de se-

rem como uma família e a capacida-

de de agradarem a diferentes tipos

de públicos e gerações foram os in-

gredientes que chamaram a aten-

ção de Ricardo Barra.

Em palco, os Hollow Page apresen-

tam-se de camisa e gravata. O visu-

al pode surpreender, até pela ida-

de dos músicos. Ricardo Barra expli-

ca que se trata de uma imagem de

marca, mas não só: “É uma questão

de respeito para quem os contrata

e para quem os ouve”. Outro aspeto

que o manager faz questão de expli-

car, é que nenhum dos jovens fuma.

E em palco não bebem, ao contrário

do que acontece com outras bandas.

Abrantes foi a cidade que viu nas-

cer e crescer os Hollow Page, mas

a banda já deu o salto para outros

sítios, sem perder a ligação à ter-

ra. Santarém e algumas zonas do

Alentejo fazem já parte do circui-

to de atuações, mas a presença em

Abrantes está garantida, nomeada-

mente nas festas. O próximo ano

vai ser marcado por presenças em

festivais de música. “Vamos entrar

em grande” nesse mundo, garan-

te Ricardo Barra. Para isso, a banda

e o manager contam com a ajuda

de um agente, RBL Produções, que

acreditou no valor do grupo.

Bem mais conhecidos, até pelo

percurso que já fi zeram, os The Ka-

viar voltam a subir ao palco em

Abrantes, a terra onde se juntaram

e onde ensaiam. Humberto Felício,

vocalista, explica a importância de

assumir as origens da banda: “Quem

conhece os The Kaviar sabe que so-

mos de Abrantes porque sempre

evidenciámos esse facto. Nos press

releases referimos sempre que so-

mos de Abrantes. Ser de Abrantes

faz parte da nossa identidade. Fi-

zemos questão que o videoclip do

primeiro single fosse gravado em

Abrantes, com imagens de cá.”

Apesar das fortes ligações à região

e de já ser possível resolver muitos

assuntos por telefone ou via inter-

net, Humberto Felício reconhece

que frequentemente a banda tem

que se deslocar a Lisboa ou ao Porto,

porque é lá que estão as empresas,

das agências e das salas de espetá-

culo. Mesmo assim, as grandes cida-

des não têm tudo: “A nossa localiza-

ção tem vantagens, temos uma sala

de ensaios emprestada como muito

poucas bandas têm. Em Lisboa não

teríamos. E temos outra facilidade

que eu não vejo noutras cidades, que

é ter a família e os amigos por perto.”

Talvez pela forte ligação à ter-

ra, Humberto Felício diz que “tocar

em Abrantes é completamente di-

ferente”. E acrescenta: “O público

de Abrantes é o nosso melhor pú-

blico.” Os membros da banda têm

“todo o orgulho em dizer que são de

Abrantes”, porque se sentem apoia-

dos pela terra, pelas pessoas, pelas

entidades (como a Câmara Munici-

pal), pelos jornais e pelas rádios.

Quanto ao nível da produção mu-

sical na região, Humberto Felício diz

que há, de facto, projetos, mas de-

pois não se vê tanta promoção. “O

disco é o primeiro cartão de visita,

mas é preciso correr o país e o mun-

do para fazer a promoção. Aí é que

falta dar o passo. Nós estamos a ten-

tar. Temos um EP e um álbum, com

dois singles que passam na rádio. Te-

mos um videoclip que nos ajudou a

chegar mais longe.” O vocalista dos

The Kaviar defende que “tocar só no

concelho e uma vez ou outra fora

do concelho, não chega”. No mo-

mento em que se tenta internacio-

nalizar a banda – “o que não é fácil”

– Humberto Felício, reafi rma a dis-

ponibilidade “para fazer uma trans-

ferência de conhecimento” para ou-

tras bandas, come menos experiên-

cia, ajudando-as a fazer um percurso

que nem sempre é fácil. “Porque nós

também tivemos essa ajuda”.

Com um registo musical bem dife-

rente, o Grupo Musical FM vai fazen-

do o seu percurso. Enquanto duo,

existe há cerca de vinte anos. Fer-

nando Forte e Manuel Luís conhe-

ceram-se na Bosch, onde ambos tra-

balhavam. O primeiro é de Abrantes

e o segundo do Sardoal. Na região

e noutras localidades têm espetá-

culos para diversos gostos. Manuel

Luís explica que têm um “reportó-

rio para festas de arraial, música por-

tuguesa bem variada e também o

pimba”. Depois, para outras ocasi-

ões, “têm ainda a música de baile, de

salão e ambiente”.

Antigamente, entre março e outu-

bro, o Grupo Musical FM tinha dois

a três concertos por mês. Agora, na

época de verão, há menos pedidos

“e as pessoas querem pagar menos”.

Para além desta faceta mais profi s-

sional – embora nenhum dos dois

viva exclusivamente da música –

este duo tem a particularidade de

estar disponível para fazer espetácu-

los de solidariedade, como tem vin-

do a fazer, em instituições como a

Santa Casa da Misericórdia e o CRIA.

A propósito da forma como o pú-

blico reage ao Grupo Musical FM,

Manuel Luís não consegue fazer

distinções: “Somos acarinhados de

igual forma, dentro e fora da região,

porque quando nos chamam para

atuar é porque já nos conhecem. Fa-

cilmente conquistamos as pessoas.”

Hália Costa Santos

Para além da Grande Fes-

ta Nacional de Cavaleiros de

Obstáculos (ver texto da pág.

12), organizada pela Alubox,

outras atividades desportivas

marcam presença nas Festas

de Abrantes 2012. No dia de

abertura das Festas, 14 de ju-

nho, a partir das 10h00, no

Aquapolis (margem norte),

vão realizar-se torneios de

futebol, voleibol e rugby de

praia.

A partir das 14h00, no Cen-

tro Histórico, decorrerá o

Grande Prémio Carrinhos de

Rolamentos, um dos eventos

com grande afl uência de par-

ticipantes e público. A orga-

nização é da Associação Ju-

venil “Abrangente” e os carri-

nhos podem ser de qualquer

formato e construídos em

qualquer tipo de material.

No dia 16, a manhã come-

ça com a realização do Fes-

tival de Canoagem, organi-

zado pela Casa do Povo de

Alvega. O objetivo é desa-

fi ar todos os participantes

à aventura aquática disfru-

tando das paisagens que la-

deiam o Rio Tejo, num per-

curso magnífi co, com início

na Marambana (Barragem

de Belver) e terminando na

Estação de Canoagem de

Alvega/ Mouriscas.

A partir das 15h00, no

Aquapolis norte, decorre a V

Águas Abertas, com organi-

zação da Associação de Na-

tação do Distrito de Santa-

rém, seguida, às 17h00, na

margem sul do Tejo, de uma

Caça ao Pato, uma atividade

com grande tradição no Ros-

sio ao Sul do Tejo. Todos os

anos são largados patos no

rio com o objetivo dos parti-

cipantes os apanharem.

Durante o dia, no Centro

Histórico, há lugar para adre-

nalina, com o Downhill Ur-

bano. A pedalar desde o Par-

que Radical (junto ao caste-

lo da Cidade) até ao Largo

do Chafariz, os concorren-

tes percorrem cerca de 1 km

descendo a toda a velocida-

de. Cruzam escadas, ruas ín-

gremes e becos estreitos do

Centro Histórico. Durante o

percurso estarão prepara-

dos alguns obstáculos dan-

do ainda mais espetaculari-

dade às manobras com bi-

cicletas todo o terreno. A

prova está aberta à partici-

pação de todos.

No dia 17, às 14h00, nos

Claustros do Convento de S.

Domingos, decorre um Tor-

neio de Xadrez, organiza-

do pelo Sporting Clube de

Abrantes. À mesma hora,

mas no Jardim da República,

realiza-se um Torneio de Sue-

ca, dinamizado pelo Núcleo

Sportinguista de Alferrarede.

As inscrições para as diver-

sas modalidades podem ser

feitas em www.desporto.cm-

abrantes.pt/

Música da região para todos os gostos

FESTAS DE ABRANTES

Atividades Desportivas

“O público de

Abrantes é o nosso

melhor público”

• Caça ao pato uma atividade já tradicional

Page 14: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO201214 ESPECIAL ABRANTES

O Oliva Pop é um espa-

ço intimista, de pura ani-

mação, que abriu recente-

mente portas na Quinta das

Sarnadas, em São Miguel

do Rio Torto. André Lopes,

o responsável pela quinta e

mentor deste projeto, expli-

ca que este novo espaço é o

cartão-de-visita para quem

procura uma casa que des-

de há vários anos se dedica

e centra o seu objetivo na

produção de azeites, os azei-

tes Ourogal. “O Oliva Pop é a

cara do nosso espaço, mas

é também uma forma de

potenciar o mesmo e trazer

novos públicos que se inte-

ressam pela cultura do azei-

te, bem como para um sim-

ples momento de lazer.”

A ideia nasceu no passado

mês de janeiro, mas só em

março é que o Oliva Pop re-

alizou o seu primeiro even-

to festivo, que por sua vez

trouxe uma nova dinâmica

à quinta. Uma dinâmica de

convívio, cultural, centrada

no estilo musical dos anos

70 e 80, mas também na

música atual. “Desde janeiro

para cá que temos promo-

vido festas, com um estilo

muito próprio, um retro atu-

al, que garante um bom am-

biente musical, para um pú-

blico muito específi co.”

O Oliva Pop é quase como

um clube privado, que não

assume o típico ambiente

noturno puro e duro, pois é

um espaço familiar, de ami-

gos, onde se desfruta de um

ambiente intimista. Segun-

do André Lopes, trata-se de

um ambiente centrado na

“troca de conhecimentos

onde se convive, se conver-

sa e se dança bastante”.

Dentro do Oliva Pop há vá-

rios espaços com diferentes

fi ns: um espaço de bar, um

espaço com uma pista de

dança, um espaço de des-

contração com vários sofás

e um espaço ao ar livre de-

dicado à restauração, com

uma comida tipicamente

portuguesa e mediterrânica.

“Comida muito simples, ca-

seira, que tem como ingre-

diente ‘mor’ o azeite da casa,

Ourogal. Uma comida con-

fecionada por mim ou por

alguns cozinheiros profi ssio-

nais que posso mais tarde a

vir convidar”, adianta André

Lopes. Este espaço de res-

tauração está aberto quan-

do há eventos ou quando

há um pré reserva. Os pre-

ços estão na média dos 20

euros, que já incluem a re-

serva do espaço.

Para além dos momentos

de lazer e festivos, onde a

boa comida se mistura com

a dança e o convívio, André

Lopes afi rma que este pode

ser um local de excelência

para palestras, jantares con-

ferência, festas de aniversá-

rios e para juntar grupos que

se dedicam à música, à cul-

tura, à literatura, ao desporto

enfi m a várias áreas.

O Oliva Pop é um espaço

que marca a diferença face

aos espaços noturnos da re-

gião, tem realizado eventos

duas a três vezes por mês.

André Lopes afi rma que “já

tem um público defi nido e

que pode ser bastante assí-

duo”.

Como objetivo futuro,

André Lopes adianta que

pretende intensifi car o pro-

jeto, divulgá-lo cada vez

mais através das redes so-

ciais e começar a levar por

diante a valência de janta-

res, onde as pessoas che-

gam, petiscam ou jantam

e fi cam para a noite, para

descansar e aproveitar um

momento musical, um mo-

mento de convívio e anima-

ção.

Joana Margarida Carvalho

Vários azeites portugueses conquistaram 13

medalhas - três delas de Ouro - no prestigiado

concurso Los Angeles International Extra Vir-

gin Olive Oil Competition 2012, que decor-

reu nos Estados Unidos. Na categorial ge-

ral, o azeite Cabeço das Nogueiras Pre-

mium (Ribatejo 2012, produzido pela

SAOV de Abrantes) conquistou a meda-

lha de ouro. Ainda este ano, este azeite

conquistou a medalha de prata na Oli-

ve Japan 2012 International Extra Virgin

Olive Oil Competition e a distinção de

“Grand Mention Award 2012 China Inter-

national Olive Oil Competition”.

No concurso de Los Angeles, as meda-

lhas de prata foram para as marcas Gallo

Colheita AO Luar (Ribatejo) e Torrejano

Medium (Ribatejo). Já o bronze foi atribu-

ído ao Gallo Grande Escolha.

Um fi m-de-semana soa-

lheiro, agradável para dar um

passeio. A opção é Abrantes,

conhecer a cidade fl orida e

tudo o que tem para oferecer.

Chegando a Abrantes, onde

fi car? Sozinho ou com ami-

gos, a Pousada da Juventude

é uma opção a ter em con-

ta. Existe há 12 anos e conta

com cerca de 9000 dormidas

por ano.

Quase sem nos aperceber-

mos, estamos em frente ao

que é um porto de abrigo. O

grande muro esbranquiçado

oculta a entrada do edifício

moderno e aprazível.

A Pousada da Juventude

de Abrantes recebe maiori-

tariamente “reservas de enti-

dades escolares, federações

desportivas e associações

culturais”, membros mais jo-

vens de instituições que visi-

tam a cidade, principalmen-

te com o intuito de partici-

par em eventos.

Ana Paula Vieira, respon-

sável pela Pousada, contou

ao JA que “também são fei-

tas várias reservas individu-

ais e as vantagens vêm com

o cartão de Pousadas Indivi-

dual (6 euros)”. No entanto,

os grupos também podem

adquirir o cartão de Pousa-

das de Grupo (37,50 euros)

em qualquer pousada da ju-

ventude.

Entre maio e setembro,

a taxa de ocupação é mais

elevada. Com disponibi-

lidade de receber até um

máximo de 70 pessoas, é

conveniente efetuar mar-

cação prévia, recorrendo

ao telefone ou à internet.

Com uma disponibilida-

de de 32 camas, a Pousada

da Juventude de Abrantes

possui vários quartos duplos

e tem, ainda, quartos com

quatro camas. Das janelas, o

olhar cai sobre a esplêndida

vista do vale do Tejo, circuns-

crito pelas suas duas pontes.

Este estabelecimento pro-

cura responder às mais va-

riadas necessidades dos

seus utentes, disponibilizan-

do serviços variados, como

cozinha de alberguista, re-

feitório, bar, lavandaria, sala

polivalente, estacionamen-

to, elevador, sala de conví-

vio, acesso à internet e zona

Wi-fi .

A cidade de Abrantes tem

um relevo acidentado que

difi culta a deslocação de pes-

soas de mobilidade reduzi-

da, uma vez que tem muitas

subidas e descidas. Porém,

na Pousada da Juventude de

Abrantes existe uma grande

preocupação em adaptar os

serviços a toda a gente: é um

edifício preparado para rece-

ber pessoas com mobilidade

condicionada.

Para além de nacionais, a

Pousada da Juventude tam-

bém recebe turistas estran-

geiros, nomeadamente es-

panhóis, franceses, alemães,

japoneses e austríacos.

Para aproveitar da melhor

forma a estadia, convém es-

tar atento às campanhas e

programas implementados,

pois oferecem múltiplos des-

contos e oportunidades para

quem quiser usufruir deste

serviço.

Mafalda Vitória

A Câmara de Abrantes vai

disponibilizar online, através

do site do município, uma

nova aplicação de Informa-

ção Geográfi ca, denomina-

da “Plantas de Localização”.

Trata-se de um instrumento

que permite obter, de for-

ma gratuita, um conjunto

de plantas que identifi cam

a localização de determi-

nada pretensão no âmbito

dos Instrumentos de Gestão

Territorial em vigor, como o

Plano Diretor Municipal ou

Plano de Urbanização. Es-

tes documentos podem ser

usados para fi ns diversos,

por exemplo na instrução de

processo de obras. A data da

disponibilização será anun-

ciada oportunamente

No intuito de contribuir

para a preservação e va-

lorização do património

construído, a Câmara de

Abrantes vai disponibilizar

6. 150 kg de cal às Juntas de

Freguesias, para se proce-

der à caiação de muros, ale-

gretes, fontanários e edifí-

cios do domínio municipal

de pequena dimensão. Tal

como em anos anteriores, os

particulares podem também

dirigir-se à Junta de Fregue-

sia da sua residência para re-

quisitarem a cal necessária

para procederem à caiação

dos seus espaços.

Os vinhos Casal da Coelheira já arrecadaram

mais distinções, desta vez na III Gala Vinhos

do Tejo. Uma medalha de prata para o vi-

nho Mytos 2009 e um prémio `Excelência

Vinhos do Tejo´ para o Centro Agrícola do

Tramagal (Casal da Coelheira).

Lá foraNo Decanter World Wine Awards o vinho

Mytos 2008 arrecadou a medalha de bron-

ze e no International Wine Challenge uma

medalha de prata foi atribuída ao vinho Ca-

sal da Coelheira Branco 2011 e o Casal da

Coelheira Rosé 2011 recebeu uma meda-

lha de bronze.

Azeites Ribatejanos premiados nos Estados Unidos

Abrantes mais branca

“Plantas de Localização” online

Casal da Coelheira soma e segue

OLIVA POP

Um espaço diferente, um espaço de lazer

Descansar em Abrantes

Page 15: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

Page 16: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO2012

O município de Sardoal,

em reunião realizada em 23

de maio, aprovou por unani-

midade um “veemente pro-

testo“ junto da Autoridade

Nacional das Comunicações

(ANACOM), pelas inúmeras

situações anómalas, verifi -

cadas em todo o concelho,

desde que o sinal analógico

de televisão foi inativado,

com a consequente passa-

gem para a Televisão Digital

Terrestre (TDT). O municí-

pio exige que “sejam toma-

das pelos operadores, com

urgência, as medidas ade-

quadas para reposição da

normalidade”, consideran-

do que a situação “é injusta

e incompatível com a lei”.

Em comunicado, a autar-

quia explica que “são inú-

meras as queixas e reclama-

ções que se têm avoluma-

do, oriundas de munícipes

indignados pela situação e

pelos prejuízos causados,

tanto mais, que muitos de-

les, em tempo oportuno

adquiriram televisores com

tecnologia compatível para

o efeito ou aparelhos TDT

descodifi cadores”.

Segundo os responsáveis

autárquicos, “existem locali-

dades inteiras pertencentes

às freguesias de Sardoal, Al-

caravela, Valhascos e Santia-

go de Montalegre, onde o si-

nal de televisão praticamen-

te não existe e que noutras

localidades, o acesso ao si-

nal é insufi ciente e irregular,

funcionando em alguns ca-

sos, entre duas a quatro ho-

ras diárias, por vezes com in-

terferências e com más con-

dições de som e imagem.”

O concelho de Sardoal

é composto, em razoável

percentagem, por pesso-

as idosas e de fracos recur-

sos fi nanceiros, não tendo

qualquer possibilidade de

investimento nesse senti-

do. Por outro lado, algumas

dessas pessoas idosas vi-

vem em locais isolados,

com difi culdades de mobi-

lidade e de convívio social,

sendo a televisão a sua úni-

ca “companhia” e contacto

com o exterior.

Os moinhos de vento de En-

trevinhas, no Sardoal, já reabi-

litados, vão ganhar nova vida

e desfraldar suas velas, em ce-

rimónia pública, que será rea-

lizada em 9 de junho, a partir

das 15 horas. Nesta cerimó-

nia de apresentação dos tra-

balhos de requalifi cação, pro-

movida pela Junta de Fregue-

sia de Sardoal e pela Câmara

Municipal, vão estar presen-

tes diversos convidados e re-

presentantes de entidades

concelhias e regionais.

O evento foi integrado na

tradicional Festa de Santo An-

tónio, saindo o padroeiro da

aldeia em procissão para o

Largo dos Moinhos, seguida

de missa campal e leilão de

fogaças. Do programa cons-

tam ainda a atuação da Filar-

mónica União Sardoalense e

do Grupo de Concertinas da

Casa do Benfi ca de Vila de Rei,

assim como um convívio po-

pular com porco no espeto e

sardinha assada.

Deste núcleo de quatro

moinhos, um está preparado

para a moagem de trigo e ou-

tro de milho. Outra unidade

servirá para apoio (bar e cen-

tro de documentação) e a res-

tante funcionará como insta-

lação sanitária.

O projeto prevê uma articu-

lação e interação direta com

a Quinta do Vale do Armo

(vinhos), Cooperativa “Arteli-

nho” (pão, doçaria e linhos) e

a AMAE - Associação de Mo-

radores e Amigos de Entrevi-

nhas (apoio), numa perspeti-

va de roteiro integrado, tipo

“Rota do Pão”. O objetivo é a

promoção do meio rural, pre-

servação da paisagem e estí-

mulo à criatividade e desen-

volvimento. O roteiro terá fi ns

pedagógicos e culturais (de-

monstração de moagem, vi-

sitas de escolas, museu vivo),

fi ns lúdicos e de lazer (pi-

queniques, festas, etc.) e fi ns

desportivos e de saúde (pas-

seios pedestres, trilhos de

BTT, etc.)

Este projeto foi dinamiza-

do pela Junta de Freguesia

de Sardoal, em parceria com

o município, com enquadra-

mento da Associação TAGUS

no âmbito do PRODER, um

programa da União Europeia

para o desenvolvimento do

meio rural. Ascende a um cus-

to de 55 mil euros, sendo que

60% desta verba advirá dos

fundos comunitários e o res-

tante do orçamento da Junta

de Freguesia. Esta obra resul-

ta da continuidade de outro

projeto que foi concretizado

em 1999 (pelas mesmas en-

tidades). Na ocasião, todo o

espaço envolvente, que inclui

um miradouro, foi qualifi ca-

do e valorizado. O tempo não

poupou as estruturas em ma-

deira dos moinhos, desgas-

tando-as e envelhecendo-as,

pelo que agora foi necessário

proceder a nova recuperação,

a cargo do mestre Miguel No-

bre, reconhecido na constru-

ção e reabilitação destes en-

genhos.

16 REGIONAL

Camões volta a ser o mote

das festividades de Cons-

tância, nos dias 9 e 10 de ju-

nho. Com um programa di-

versifi cado, este ano Máximo

Ferreira, presidente da Câma-

ra Municipal, refere “que este

é um momento alto do con-

celho, uma tradição já antiga,

que se centra na evocação do

poeta e do seu patriotismo,

bem como de um grande en-

volvimento da população”.

O objetivo desta XVII edi-

ção é novamente homena-

gear Camões, a sua ligação

com Constância e assinalar

o Dia de Portugal. As ativida-

des arrancam dia 9 pelas 15

horas com a abertura da fes-

ta que vai ser abrilhantada

por um conjunto de jovens

que vão declamar poesia de

Camões.

Mais tarde vai atuar a Es-

cola de Música da Associa-

ção CICO, com música renas-

centista. Para o fi m deste dia

acontece o XIV Encontros do

Cantar Diferente com Pedro

Barroso, Rão Kyao e António

Chaínha. O dia termina com a

prova de orientação noturna,

que tem início às 23 horas no

Parque Ambiental de Santa

Margarida.

No segundo dia da festivi-

dade a Camões vai decorrer

mais uma edição da Feira de

Antiguidades e Velharias. Por

sua vez, na Casa Memória

do Poeta acontece um coló-

quio subordinado aos temas:

“Ilha de São Nicolau na Rota

da Deportação” e “Camões e

o Amor a Portugal”. Pelas 15

horas vão ser depositadas co-

roas de fl ores no monumen-

to de Camões e animação re-

gressa à vila Poema com as

crianças e os encarregados

de educação que vão recriar

um mercado quinhentista.

Crianças e docentes vão dan-

çar ao som da música renas-

centista e alguma animação

acrobática também é espe-

rada.

Os visitantes vão também

poder desfrutar de várias ex-

posições. A Antiga Cadeia re-

cebe a exposição Procissão

de Nossa Senhora da Boa Via-

gem – Passado e Presente, no

Posto de Turismo está paten-

te uma mostra de Artes De-

corativas de Conceição Cava-

leiro – Artes e Mimos da São e

na Casa Memória de Camões

a exposição de fotografi a “Re-

tratos da Festa”, uma mostra

sobre a festividade anual do

concelho da Nossa Senhora

da Boa Viagem.

Segundo Máximo Ferreira,

esta é uma festa não só dos

adultos mas muito das crian-

ças e dos jovens. “É, de facto,

muito bonito e comovedor

ver a maneira como os alu-

nos vestem a pele da época

quinhentista formando cor-

tejos, dançando e declaman-

do versos, num painel fantás-

tico que se enquadra numa

paisagem magnífi ca entre o

rio Tejo e o Zêzere.”

Joana Margarida Carvalho

17ª edição das Pomonas Camonianas

Moinhos de Entrevinhas reabilitadosganham nova vida

Sardoal protesta na ANACOM por anomalias na TDT

CONSTÂNCIA

Dia do Agrupamento de Escolas comemorado em Sardoal

O Dia do Agrupamento vai

ser celebrado no próximo

dia 6 de junho, quarta-feira,

na Escola Dra. Maria Judite

Serrão Andrade, em Sardo-

al, com atividades e espaços

para todas as idades e todos

os gostos. À semelhança dos

anos anteriores, a escola-se-

de do Agrupamento estará

aberta a toda a comunida-

de escolar, incluindo fami-

liares e amigos. Pretende-se,

neste dia, dar a conhecer o

trabalho realizado pelos alu-

nos ao longo do ano letivo

e estimular a o convívio en-

tre os vários membros desta

comunidade.

Das muitas atividades pre-

vistas, destacam-se ateliers

temáticos, palestras, espe-

táculos, concursos e exposi-

ções. As ações decorrerão a

partir das 9 horas da manhã

e terminarão em festa com

um arraial popular e uma

sardinhada coletiva, ao som

do conjunto musical “Street

Band”.

Page 17: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO2012 EDUCAÇÃO 17

O único Centro de Novas Oportu-nidades (CNO) que está a funcionar na região de Abrantes é o da Escola Secundária Dr. Solano de Abreu.

Isabel Pinheiro, a coordenado-

ra, explica que estão a receber

formandos de outros centros que

viram esta valência ser encerrada,

nomeadamente os da Câmara Mu-

nicipal de Mação, do Centro de For-

mação de Formação de Tomar e do

Nersant. O número de formandos

do CNO da Solano de Abreu tripli-

cou em três meses.

Apesar do aumento signifi cativo

do número de formandos, a equi-

pa do CNO da Solano de Abreu

mantém-se. Isabel Pinheiro expli-

ca que a nova realidade “implica

reorganização de equipa, pegar

em metodologias de trabalho di-

ferentes, pegar no trabalho que já

está feito e adaptá-lo à nossa ma-

neira de trabalhar”. Para além dis-

so, pode estar em causa a rapidez

de cada processo: “Se até aqui ti-

vemos um tempo de resposta rá-

pido, as pessoas inscrevem-se e

em dois ou três estão em proces-

so de Reconhecimento, Valida-

ção e Certifi cação de Competên-

cias (RVCC), neste momento temos

que alargar os prazos de resposta.”

Desde 2008, passaram já pelo

CNO da Solano de Abreu cerca de

1.000 pessoas. Quem se dirige ao

centro entra no processo de diag-

nóstico que vai ditar uma solução

de formação ou de validação de

competências. Por exemplo, os jo-

vens que não estão no sistema de

ensino, mas que também não têm

experiência profi ssional, são enca-

minhados para cursos de forma-

ção, nomeadamente cursos de Edu-

cação e Formação de Adultos (de

dupla certifi cação, com habilitação

escolar e certifi cação profi ssional).

Quando existe experiência profi s-

sional, a equipa trabalha no pro-

cesso de RVCC com vista a obter o

equivalente ao 9º ou ao 12º ano de

escolaridade.

Isabel Pinheiro explica que rece-

bem pessoas em situação de de-

semprego, até porque são obriga-

das a inscrever-se, mas também

pessoas que estão empregadas e

que pretendem ter novas habilita-

ções académicas. Esta diversidade

de públicos, assim como o acompa-

nhamento individual, faz com que a

equipa tenha que ter uma grande

fl exibilidade em termos de horários,

para poder responder às diferentes

necessidades. Há pessoas que le-

vam anos e outras que concluem

o processo muito rapidamente, em

cerca de seis meses. Depende do

envolvimento de cada formando.

“Os que estão muito motivados é

porque têm a promessa de um em-

prego ou de uma promoção.”

O processo do RVCC começa com

sessões de grupos em que se expli-

ca como é que os candidatos pode-

rão obter o diploma. “Dizemos às

pessoas o que queremos que eles

nos mostrem. Há um referencial

que diz que para se ter o equivalen-

te ao 9º ano tem que se ter deter-

minadas competências e que para

se ter o equivalente ao 12º ano ano

tem que se ter outras competências.

Essas competências são evidencia-

das na sua história de vida. A pessoa

tem que nos dizer o que é que já fez,

tem que escrever uma autobiogra-

fi a. É o primeiro passo para que nós

possamos confrontar com o refe-

rencial.” - conta a cooordenadora do

CNO da Solano de Abreu.

É a partir da história de vida que se

vai questionar os aspetos que leva-

rão ao reconhecimento das compe-

tências. Mas nem sempre este pri-

meiro passo é fácil. Isabel Pinheiro

explica porquê: “Neste momento,

a maior parte das pessoas que nos

chegam não tem competências ao

nível das Tecnologias da Informa-

ção e Comunicação (TIC) e a pri-

meira coisa que têm que fazer é um

módulo de formação nesta área,

porque a história de vida tem que

ser feita e apresentada em suporte

digital. Tínhamos uma parceria com

o Centro de Formação Profi ssional

de Tomar, iniciávamos o grupo e

eles enviavam o formador para dar

o módulo na Escola. Mas até isto es-

tão a acabar. Toda a formação mo-

dular, ao nível do IFP, foi cancelada e

isto levanta-nos um grande proble-

ma, porque não temos como for-

mar as pessoas.”

HCS

Escola Solano de Abreu mantém

Centro de Novas Oportunidades

Foi há cerca de um ano que

o The Learning Spot abriu

portas e, desde então, o úni-

co objetivo centra-se no en-

sino de várias línguas, nome-

adamente do inglês. Dalila

Ferreira, Cathy Ramos e Irene

Pereira foram as mentoras do

projeto. As três professoras

de inglês sentiram que a Es-

cola sediada no Edifício São

Domingos podia representar

uma mais-valia para o com-

plemento do ensino regular

e garantir uma aprendiza-

gem mais profunda. “Decidi-

mos ter uma Escola nossa, à

nossa maneira, com todos os

requisitos para uma aprendi-

zagem de qualidade. Já era-

mos professoras na região,

logo conhecíamos muito

bem os alunos e foi fácil op-

tar por este projeto”, explica

Cathy Ramos.

Os cursos do The Learning

Spot centram-se sobretudo

no inglês, mas também no

ensino do francês, alemão e

até do português. São línguas

para aprender e aprofundar

conhecimentos nesta Escola.

Para além destes cursos, se-

gundo Dalila Ferreira, há ain-

da outros serviços prestados,

como a ocupação de tempos

livres para crianças dos qua-

tro aos 12 anos com uma ani-

madora cultural que, já nes-

tas férias de verão, vai garantir

atividades centradas na músi-

ca, nas artes plásticas, na reali-

zação de jogos pedagógicos,

entre outras iniciativas. Tam-

bém a Escola promove diver-

sos workshops de linguagem

gestual, de primeiros socor-

ros, de bateria, do novo acor-

do ortográfi co, bem como,

explicações do 1º ao 12ºano e

estudo acompanhado.

Não são apenas as crianças

que procuram o The Learning

Spot. Os adultos também re-

correm a este espaço para

fi ns curriculares ou apenas

para enriquecimento da for-

mação. “Temos aqui alguns

alunos que viajam imenso

ou que pretendem emigrar e,

assim, sentem a necessidade

de comunicar bem outras lín-

guas. No que diz respeito ao

inglês há uma grande procu-

ra”, conta Cathy Ramos.

Tal como no ensino regular,

esta Escola de Línguas tem

vários níveis a superar, diver-

sas exigências e os exames

da Universidade Cambrid-

ge, que proporcionam uma

certifi cação do domínio da

língua inglesa, reconhecida

mundialmente.

Neste primeiro ano as pro-

fessoras responsáveis pela

Escola fazem um balanço

bastante positivo do traba-

lho desenvolvido: para já,

cerca de 180 alunos.

Durante três dias, até ao dia

1 de junho, o The Learning

Spot esteve em festa de ani-

versário, um momento dedi-

cado aos alunos com a reali-

zação de um jardim que con-

tou com várias fl ores feitas

pelos mesmos, com expres-

sões em inglês.

Joana Margarida Carvalho

O recanto das línguas

• Isabel Pinheiro: “A maior parte das pessoas não tem competên-cias ao nível das TIC”

O processo de

reconhecimento

de competências

começa com uma

autobiografi a

THE LEARNING SPOT

• As três sócias do Learning Spot que também são as professoras de inglês

Page 18: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO201218 EDUCAÇÃO

Há dez anos que o Institu-

to de Línguas do Centro en-

sina várias crianças, jovens e

adultos da região. O projeto

iniciou-se em 2001 no cen-

tro histórico, na antiga Lon-

don School, com apenas 84

alunos, pelas mãos de Filo-

mena Pereira e Helena Alco-

bia, duas professoras de in-

glês. Hoje o Instituto de Lín-

guas já está localizado junto

à Escola Dr. Manuel Fernan-

des e as duas mentoras do

projeto continuam a traba-

lhar para assegurar o ensino

a cerca de 400 alunos.

O Instituto garante vários

cursos desde o espanhol, ao

inglês, francês e uma novi-

dade recente, um curso de

mandarim. “Vamos ter uma

professora chinesa a lecio-

nar, que não foi fácil encon-

trar. Já há alguns anos que a

TAGUS Valley nos tinha soli-

citado este curso e fi nalmen-

te conseguimos. Alguns em-

presários e pessoas a título

particular já se mostraram

interessadas”, explicou Hele-

na Alcobia.

Do 2º ao 12º ano, o Institu-

to garante os mais diversifi -

cados cursos, com vários ní-

veis e diferentes difi culdades

a superar, nomeadamente

os exames da Cambridge,

que facultam ao aluno a cer-

tifi cação em qualquer país,

do domínio da língua ingle-

sa. Filomena Pereira adianta

que “estes cursos são mui-

to importantes para a for-

mação curricular de qual-

quer aluno e profi ssional, e

cada vez mais sentimos que

há uma preocupação com o

domínio de várias línguas.

Agora, com a crise que se faz

sentir, a necessidade de emi-

grar é uma constante e as

pessoas procuram primeira-

mente dominar a língua do

país para onde vão e assim

a opção pelo Instituto tem

sido uma mais-valia.”

Segundo Helena Alcobia,

ainda hoje os alunos têm al-

gumas difi culdades no do-

mínio de algumas línguas,

nomeadamente no inglês.

“Eu chamo-lhes as “vítimas

do sistema” pois vão passan-

do de ano para ano, com sé-

rias difi culdades, e quando

chegam aqui, nós damos o

tudo por tudo com eles, des-

de cursos intensivos, apoio

pedagógico, há uma gran-

de dedicação da nossa par-

te que resulta em verdadei-

ros casos de sucesso: saem

daqui com um certifi cado da

Cambridge e passam na dis-

ciplina no ensino regular.”

Um dos principais objeti-

vos do Instituto é acompa-

nhar a evolução tecnológica.

As professoras responsáveis

pelo espaço contam que

quando se começou a falar

de quadros interativos ins-

talaram logo estes quadros

nas salas de aula. “Temos au-

las interativas, como tam-

bém no que diz respeito aos

manuais e materiais temos

tudo o que é mais recente

e apelativo”. Ao longo des-

tes dez anos, Filomena Perei-

ra diz que o que é mais gra-

tifi cante é ensinar os alunos

e vê-los a vingar nas suas vi-

das profi ssionais. “Ao fi m de

anos recebemos emails ou

cartas de agradecimento de

alunos que passaram por

aqui e que hoje estão mui-

to bem. Temos testemunho

escrito e isso é muito grati-

fi cante.”

No próximo dia 30 de ju-

nho o Instituto assinala o

seu aniversário no Cinetea-

tro São Pedro, em Abrantes

,a partir das 15 horas, com

uma mostra das diversas

competências e valores ar-

tísticos que os alunos reú-

nem, desde a dança ao tea-

tro e à música. Também vai

subir a palco um grupo de

teatro britânico denomina-

do Have a Long Theatre que,

segundo as professoras, ga-

rante um “excelente trabalho

teatral, de grande interação

com o público”.

Joana Margarida Carvalho

INSTITUTO DE LÍNGUAS DO CENTRO

Um espaço de formação e de aprendizagem constante

• Instituto de Línguas do Centro vai comemorar dez anos

As turmas dos 2º e 3º ciclos

do Programa Integrado de

Educação e Formação (PIEF)

da escola secundária Dr.

Manuel Fernandes concorre-

ram a um concurso interna-

cional designado “Onisep –

Agefa PME”, cujo objetivo era

promover um produto regio-

nal de forma original e criativa.

“As Tigeladas de Rio de Moi-

nhos” foi o tema da turma

do 2º ciclo, que conquis-

tou o 5º lugar a nível eu-

ropeu e valeu aos autores

uma viagem à capital fran-

cesa que vai acontecer en-

tre 27 de junho e 2 de julho.

O trabalho dos dez alunos

que compõem esta turma

pode ser visto no site http://

tigeladas.blogspot.pt, que

descreve o historial das ti-

geladas de Abrantes e mos-

tra o seu fabrico artesanal,

o que torna este doce num

produto gastronómico de

excelência do concelho.

A turma do 3º ciclo con-

correu com o tema “o rio

Tejo”, trabalho que está ex-

posto no endereço http://

o r i o t e j o . b l o g s p o t . p t .

Esta distinção “é o reconhe-

cimento de um trabalho re-

pleto de qualidade, resultan-

te de um grande esforço de

todos os alunos e professo-

res”, salienta um comunica-

do da equipa técnico-peda-

gógica das turmas do PIEF de

Abrantes, para quem é um

“orgulho em ver os alunos, a

escola e a região representa-

dos em Paris com um prémio

europeu”.

PIEF ganha concurso internacional

“Ao nível do que era pre-

visto pela Carta Educativa,

temos concluídos os cen-

tros escolares da Chainça,

Pego e Rossio, que foram os

três da primeira fase. A esco-

la do Carvalhal também já

foi requalifi cada. Também

estão já em funcionamen-

to os centros escolares de

Bemposta, Rio de Moinhos,

Tramagal e Alferrarede. Te-

mos a perspetiva de cons-

truir um novo centro escolar

em Abrantes, porque tan-

to a escola de Alferrarede

como a António Torrado

não chegam para a procura

que existe na cidade. Sabía-

mos que alunos das escolas

da Bemposta, de Rio de Moi-

nhos e da Bemposta vinham

para a cidade para ter condi-

ções. Vamos aguardar para

ver como é que os alunos se

encaixam com estes novos

centros escolares. Sabemos

que as escolas nº 2 e a es-

cola dos Quinchosos estão

com debilidades grandes.

Neste momento a escola

de Concavada mantém-se

porque ainda não está den-

tro dos parâmetros que o

Governo exige para a trans-

ferência desses alunos para

uma escola maior. A escola

de Alvega está a funcionar

na antiga escola Fernando

Loureiro, com pré-escolar

e 1º ciclo. É nossa intenção

fazer um centro escolar nes-

sa mesma escola para Con-

cavada e Alvega. Como é

uma escola com um po-

tencial imenso, demasia-

do grande para ser só cen-

tro escolar, queremos que

possa ter um lar em contí-

guo, porque também é um

expetativa da comunidade.

Parece-nos muito positivo

juntar estas duas valências.

Mouriscas tem um núme-

ro signifi cativo de alunos,

que também tem algumas

debilidades, mas vamos es-

tudar as dinâmicas das po-

pulações para depois fa-

zermos uma proposta.

Ao nível do 2º, 3º ciclo e

secundário, a reabilitação

Escola D. Miguel de Almeida

está concluída e a Escola Dr.

Solano de Abreu também.

A escola Dr. Manuel Fernan-

des está com um proble-

ma, porque a segunda fase

da obra foi suspensa. Que-

remos crer que dentro de

pouco tempo deixa de ser

um problema, até porque

há uma disparidade muito

grande entre a parte nova e

a outra, onde chove lá den-

tro. Depois há ainda a Es-

cola Profi ssional e Rural de

Abrantes, que tem feito um

percurso notável desde há

20 e que traz valor para a

economia local, porque jo-

vens que se formaram lá

estabeleceram-se na região

com projetos empresariais

muito importantes.

Quanto à Escola Superior

de Tecnologia de Abrantes

(ESTA), no próximo ano leti-

vo as aulas teórico práticas,

nomeadamente do cur-

so de Tecnologias da Infor-

mação e da Comunicação

e de Engenharia Mecânica,

já vão poder funcionar no

edifício Milho. Vamos man-

ter o edifício sede com a

parte administrativa e algu-

mas aulas, dos outros dois

cursos (Comunicação So-

cial e Vídeo e Cinema Do-

cumental). Já estamos a

trabalhar para que rapida-

mente mais laboratórios da

ESTA se instalem no Tecno-

polo. É claro que seria van-

tajoso estar tudo junto, mas

neste momento a opção

não passa pela construção

da nova escola, um investi-

mento de 10 milhões, pois

não existem condições fi -

nanceiras para assumirmos

este encargo. Entendemos

que desta maneira vamos

ter a ESTA a funcionar em

boas condições e se conse-

guirmos conciliar um bom

meio transporte vamos ter

um projeto ganhador.”

Discurso direto de Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara de Abrantes

Promoção de educação ao nível da excelência

• Inauguração do Centro Escolar de Bemposta

• Alunos do PIEF a cantar a música das tigeladas

Page 19: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

O ´Barquinha é Arte’ é o evento que este ano engloba as celebrações anuais da Barquinha (7 a 10 de ju-nho) mas também um programa que culmina apenas dia 6 de julho, com a inauguração do Parque de Escultura Contemporânea Almou-rol (PECA), cerimónia presidida pelo Presidente da República, Cavaco Silva.

Mas os nomes mais importan-

tes do PECA estão espalhados pela

vasta mancha verde de sete hec-

tares, idealizada pelos arquitetos

paisagistas Hipólito Bettencourt e

Joana Sena Rego, que conquistou o

Prémio Nacional de Arquitetura Pai-

sagista 2007, na categoria “Espaços

Exteriores de Uso Público”. Um local

privilegiado para a arte de Alberto

Carneiro, Ângela Ferreira, Carlos No-

gueira, Cristina Ataíde, Fernanda

Fragateiro, Joana Vasconcelos, José

Pedro Croft, Pedro Cabrita Reis, Rui

Chafes, Xana e Zulmiro de Carvalho.

Os artistas escolheram os locais

onde instalar as suas peças o que

foi feito paulatinamente, com a pre-

sença dos mesmos, em Vila Nova da

Barquinha. Já é possível admirar e

observar os trabalhos destes onze

artistas apesar de a inauguração ser

feita apenas dia 6 de julho.

O Jornal de Abrantes esteve pre-

sente no dia em que Alberto Car-

neiro, 74 anos, nome incontornável

da escultura portuguesa, fi nalizou a

instalação da sua escultura. O traba-

lho do artista pauta-se por uma “re-

fl exão sobre a natureza”, algo que

é transversal a toda a sua carreira

e trabalho académico. A sua escul-

tura para o PECA tem por título ‘So-

bre a fl oresta’ e é composta por 33

elementos verticais em granito e

bronze e que na sua base têm pala-

vras inscritas que o visitante poderá

descobrir, interagindo com a escul-

tura, entrando nela.

O autor da escultura ‘Sobre a Flo-

resta’ é símbolo do início – anos 60

- da linha temporal que se criou ao

incluir estes onze artistas. Sobre as

restantes esculturas podem escre-

ver-se muitas palavras, sempre in-

sufi cientes pois uma visita ao PECA

é o melhor modo para as conhecer.

Ainda assim realce para certas ca-

racterísticas das esculturas como a

de Ângela Ferreira com ‘Rega’, um

pivot de rega metálico de 12m x

2m e que “pode ser ativado como

um brinquedo no espaço público

com objetivo de trabalhar a metá-

fora possível criada pela imagem

de crianças a brincar nos baloiços,

como foco de irrigação”, explica a

artista. Carlos Nogueira imaginou

uma ‘Casa Quadrada com Árvore

Dentro’. Uma das árvores do Parque

Ribeirinho envolta num quadrado

de betão branco, que pode e deve

ser visitada, por dentro e por fora.

Cristina Ataíde criou ‘Rotter, 2010’,

Fernanda Fragateiro ‘Concrete

Poem’, José Pedro Croft as suas es-

telas ‘S/Titulo 2012’, Rui Chafes ‘Con-

tramundo’, Xana a ‘Casa do Céu’ e

Zulmiro de Carvalho a ‘Linha da

terra e do rio’. Já Pedro Cabrita Reis

inspirou-se na memória do castelo

vizinho, Almourol, para uma escul-

tura de 3m de altura com um peso

de 18 toneladas em granito ama-

relo descrevendo-a como “nature-

za abstrata e concetualizante”. Uma

das peças mais aguardadas era a de

Joana Vasconcelos e a espera valeu

a pena. A artista nascida em Paris,

faz uma alusão ao Palácio de Versa-

lhes em França, com ‘Trianons’.

Estruturas acrílicas com fi tas (plás-

ticas) translucidas «Inspirada nas

pérgulas, coretos e caramanchões,

é um local acolhedor onde as pes-

soas podem descansar durante o

seu passeio no jardim. É um encon-

tro entre as luxuosas estruturas de

pedra como há em Versalhes e as

de ferro como há em Portugal”.

O PECA é um museu ao ar livre,

aberto a todos na Barquinha, que

é arte.

Ricardo Alves

Barquinha é Arte

Especial

Vila Nova da Barquinha

Após vários anos de planeamento, o premiado Parque Ribeirinho já recebeu os seus ilustres

novos inquilinos. Onze esculturas saídas da arte de onze dos artistas maiores da

escultura portuguesa, dos anos 60 até aos dias de hoje.

• Alberto Carneiro durante a instalação de uma peça

Page 20: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO201120 ESPECIAL BARQUINHA

RICARDO ALVES

Miguel Pombeiro, presidente da Câ-mara Municipal de Vila Nova da Bar-quinha (VNB) vê a sua terra entrar numa nova realidade. Depois do planeamento a fase das concretiza-ções. Em 2012 as inaugurações do Centro Integrado de Educação em Ciência, projeto ímpar a nível nacio-nal, do novo parque escolar, e dia 6 de julho do Parque de Escultura Contemporânea Almourol (PECA), em plena crise internacional, são fruto do planeamento e estratégia de muitos anos. É o último manda-to de Miguel Pombeiro à frente da autarquia.

Numa entrevista em 2003, disse que não gostava muito de plane-ar a sua vida pessoal. Como líder do executivo não será assim?

Há uma grande distinção entre a

vida pessoal e profi ssional. Na ati-

vidade autárquica o planeamento

é sem dúvida a grande arma para

conseguirmos alguns projetos de

maior impacto a nível local. VNB,

tem pouca capacidade de inves-

timento, o que se faz de relevante

é com fundos comunitários. Entre

o planear e o estar feito, num pro-

jeto de dimensão, são cinco, seis

anos. Por exemplo, o parque indus-

trial junto ao nó da A23 e do IC3, co-

meçou a ser pensado em 1998 e a

fi nalizar-se em 2006, ou o Parque

Almourol em 1999, com as grandes

realizações em 2005. Os acessos e

envolvente do castelo, os acessos

ao rio só em 2003, 2004, 2005. Há

aqui um grande deferimento entre

o pensar e o estar feito, “só com pro-

jetos devidamente estruturados e

fundamentados se pode fazer algo

de relevante”.

No Centro de Ciência Viva, a parceria com a Universidade de Aveiro (UA) vem nessa linha?

Foi claramente o elemento que

propiciou a que marcássemos a

diferença. Não queríamos a con-

centração apenas por um moti-

vo economicista, antes uma for-

ma que viabilizasse uma escola di-

ferente no seu projeto educativo e

tivesse como pilar central o ensino

experimental, uma escola de exce-

lência e virada para a comunidade.

Defi nindo estes quatro objectivos

tentámos juntar o excelente gabi-

nete de arquitectura, de Manuel Ai-

res Mateus com as pessoas que na

altura melhor pensavam a escola, o

departamento didático e de tecno-

logias educativas da UA. Temos um

espaço formal de educação a que

se junta um não-formal, aquilo que

em regra as pessoas identifi cam

como centros de ambiente e ciên-

cia viva mas que aqui está junto a

uma escola, e possibilita que todo o

programa escolar faça pontes para

o espaço não formal. É essencial ha-

ver parcerias externas, que estudem

os assuntos e nos ajudem a estrutu-

rar os nossos projetos.

Como é o caso da parceria com a EDP no Parque de Esculturas de Arte Contemporânea (PECA)?

Foi outro tipo de parceria. O par-

que é inaugurado em 2005 e tive-

mos logo a noção que era impor-

tante dar-lhe mais conteúdos. Havia

várias hipóteses mas optámos cla-

ramente em ter a arte pública como

elemento de âncora para qualifi car-

mos este território e dar refl exo eco-

nómico à vila através das dezenas

de milhar de visitantes anuais do

castelo de Almourol, que nem têm

noção que estão em VNB ou sequer

passam por algum aglomerado ur-

bano da sede do concelho. Criar um

pólo que tivesse atividade sufi ciente

para que quem visita o castelo pos-

sa visitar o PECA e vice-versa. A par-

tir daí englobámos este objectivo

numa estratégia de regeneração ur-

bana da sede de concelho, com um

conjunto de investimentos que são

complementares ao PECA. A parce-

ria com a EDP permite qualifi car ain-

da mais esta intervenção cultural e

permite-nos dizer que pela primeira

vez em Portugal, num mesmo local,

vamos ter aquilo que de mais repre-

sentativo existe em termos da es-

cultura contemporânea portugue-

sa desde os anos 60 até hoje.

Este é um projeto com um inves-timento avultado, qual é a parti-cipação da Câmara?

A Câmara só realiza este projeto

porque ele é comparticipado em

80% pelos fundos comunitários,

no âmbito da regeneração urbana,

e ainda com comparticipação da

fundação EDP. Portanto, por pouco

mais de 100 mil euros conseguimos

ter aqui um património relevante.

Conseguimos fi nanciamento para

uma residência temporária de artis-

tas, recuperar um edifício que esta-

va em ruínas e em perigo, junto ao

auditório, e que vai servir de apoio

ao PECA, requalifi carmos por com-

pleto o Centro Cultural e criar um

posto de turismo, renovar o audi-

tório, a biblioteca, o antigo edifício

da Câmara, ter uma rede wireless

no parque com outra qualidade, ou

seja, um conjunto de mais sete ou

oito intervenções englobadas no

mesmo bolo, senão não seria possí-

vel. É um projeto em que o esforço

da autarquia não é relevante.

Mas o arrojo levanta críticas, como o explica a essas vozes?

Sabemos que não é fácil, que se

vai assimilando mas quanto mais

eventos e mais possibilidades as

pessoas tiverem de contatar com

a arte contemporânea mais perce-

berão este projeto. Não tenho dúvi-

das que ao gastar 150 mil euros em

betuminoso, ou numa recarga de

uma estrada, não haverá a mínima

polémica! O ganho neste projeto é

muito superior a isso, não é mensu-

rável no dia, semana, mês, ano a se-

guir. Será daqui a quatro, oito anos,

com certeza. Viabilizará algum co-

mércio na localidade, a recuperação

de alguns imóveis - que nos preocu-

pa – e um processo de alteração de

mentalidades. Poderá viabilizar um

investimento na área do alojamen-

to turístico que tanta falta faz no

nosso concelho. Estou completa-

mente empenhado e certo da bon-

dade estratégica destes investimen-

tos, tendo a noção de que não são

consensuais.

Tem repetido que privilegia a qualidade de vida, é isso que sempre procurou para a Barqui-nha?

Eu quero que os meus fi lhos te-

nham orgulho da terra onde vivem.

Quando surgiram algumas urbani-

zações, no Alto da fonte e na Tor-

rinha, que estavam de alguma for-

ma a mudar a que se tinha do con-

celho, diziam “isto qualquer dia é

uma cidade!”. E eu costumava ba-

ter na madeira pois se alguma vez

for uma cidade é porque isto des-

cambou completamente. O cresci-

mento não é nunca um fi m em si

mesmo, tem de ser apenas para dar

sustentabilidade à existência de al-

guns serviços e produtos. Esta ideia

de querermos ser apenas e só uma

vila tem toda uma lógica: termos

um excelente rácio por habitante

com espaço verde, uma boa qua-

lidade de espaço público e termos

uma oferta escolar de qualidade.

O parque industrial sofreu com a crise?

Um parque como aquele que foi

feito não é para ser comercializado

nos primeiros dois ou três anos. Há

uma lógica de gestão de uma área

de localização empresarial, isto é,

envolver os empresários na própria

gestão do espaço. Quando hou-

ver massa crítica no espaço há um

projeto desenvolvido, um lote para

serviços, com espaço para serviços

bancários, correios, restauração,

cafetaria, duas salas para formação,

um pequeno auditório, e espaços

“Quero que os meus fi lhos tenham orgulho da terra onde vivem”

MIGUEL POMBEIRO, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE VILA NOVA DA BARQUINHA

Page 21: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO2011 ESPECIAL BARQUINHA 21

Ainda se recorda dos primeiros

dias na liderança do executivo, ele

que aos 19 anos foi eleito para a

Assembleia de Freguesia de Vila

Nova da Barquinha (VNB), sendo

depois vereador da Câmara e che-

gando a presidente em dezembro

de 1997. “Não foi novidade. Já ha-

via sido vereador e apesar da ida-

de foi com naturalidade que os

próprios serviços e as pessoas me

receberam”. Saiu da Faculdade de

Coimbra e foi quase diretamen-

te para a presidência. Em fi m de

mandato o futuro é uma incógni-

ta. “Penso seguramente na advo-

cacia. Em 2011 terminei uma pós-

graduação, de direito do urbanis-

mo, ordenamento do território,

ambiente, pelo CEDOUA (Centro

de Estudos de Direito do Ordena-

mento, do Urbanismo e do Am-

biente), é uma área na qual quero

vir a trabalhar para me sentir com-

pletamente realizado”. Esse desejo

não invalida a realização que sente

por ter enveredado pela política,

“aquilo que fi z realiza-me comple-

tamente, isto não é uma comissão

de serviço que estou a fazer, es-

tou a intervir e a gerir um território

que me diz muito, que o meu pai

adorava, onde os meus avós vive-

ram, onde tenho as minhas raízes”.

Filho de uma professora e de um

médico, casado, tem uma fi lha (11

anos) e um fi lho (12 anos). Miguel

Pombeiro provém de uma linha-

gem de políticos, especifi camen-

te presidentes de Câmara, o avô

e o pai. Os amigos dizem que em

miúdo, com 12 anos, fi cava a ler o

jornal na cadeira enquanto os ou-

tros brincavam na piscina. “Sem-

pre tive interesse pela política des-

de relativamente cedo”.

Rumores desmentidos

A cerca de ano e meio das eleições

autárquicas, em 2013, o presidente

de VNB ainda não sabe para onde

vai, “só sei para onde não vou”, afi r-

mação proferida quando confron-

tado com os rumores de que po-

deria estar na calha uma candida-

tura ao entroncamento, concelho

vizinho da Barquinha. “Não faço

a esta distância qualquer planea-

mento, mas não me parece. Ape-

sar de a prudência dizer que não se

deva utilizar a palavra nunca, esses

rumores não fazem qualquer sen-

tido. É um privilégio poder atuar

num território, mas estas transfe-

rências quase como no defeso do

mercado futebolístico, tenho mui-

tas dúvidas que sejam bem aceites

pela população. De fato julgo que

isso não tem qualquer fundamen-

to. Tem de haver uma identidade, a

transferência pura de um concelho

para o outro não me atrai e não jul-

go que isso vá acontecer”

Portista, os U2 e jornais antigos

Para muitos um defeito, para

outros uma virtude. Pombeiro é

adepto do Futebol Clube do Por-

to, “bendita hora em que me in-

fl uenciaram nesse sentido (risos).

Têm sido tantas as vitórias que te-

nho muito carinho por quem me

infl uenciou (risos)”. Em termos mu-

sicais tem um gosto variado mas

destaca dois: U2 e Rodrigo Leão.

Gosta de ler jornais e coleccioná-

los, “por vezes é interessante ler o

que se escreveu e previu sabendo

hoje o que aconteceu”.

Da Barquinha, a sua terra, diz ser

“a junção de elementos puramen-

te populares com outros elemen-

tos com os quais não estamos ha-

bituados ou não somos confronta-

dos. Parece-me uma junção muito

interessante e democrática”.

O projeto foi desenhado por

Manuel Aires Mateus e estruturado

pela Universidade de Aveiro. A au-

tarquia quer a comunidade integra-

da. Trata-se de um salto qualitativo

na educação com aposta na inova-

ção e curiosidade das crianças.

A Escola Ciência Viva é uma escola

que integra no mesmo espaço um

centro de ciência, num conceito

pioneiro em Portugal. Este projeto

junta às condições excecionais do

moderno estabelecimento à exis-

tência de um espaço dedicado à

ciência - Centro Integrado de Edu-

cação em Ciências (CIEC) - que tem

como público-alvo as crianças. Fun-

ciona no seio da escola, podendo

ser utilizado pela comunidade nos

períodos não letivos. Com uma di-

reção qualifi cada, vai proporcionar

formação contínua de professores,

apostando na simbiose entre a es-

cola, a comunidade e a ciência.

O ano letivo 2011/2012 iniciou-se

já na nova Escola Ciência Viva rece-

bendo as crianças das escolas do

1ºCEB de Atalaia, Cardal, Tancos,

Moita do Norte n.º1 e n.º2, entre-

tanto desativadas. No CIEC promo-

ve-se a integração entre atividades

de educação formal de ciências de-

senvolvidas fundamentalmente no

laboratório de ciências, com as de

cariz não formal realizadas pelas

crianças no Centro de Ciência. Des-

ta forma alimenta-se o gosto pelas

ciências desde os primeiros anos,

através da realização de atividades

experimentais diversifi cadas com

vista à promoção de uma cultura

científi ca de base.

Arquitetura inovadora

A Escola Ciência Viva foi construída

nos terrenos do antigo Campo de

Futebol de Vila Nova da Barqui-

nha (VNB). O edifício foi projeta-

do pelo conceituado arquiteto Ai-

res Mateus e fi nanciado pelos fun-

dos comunitários. Trata-se de um

investimento de cerca de quatro

milhões de euros e tem capacida-

de para 300 alunos. Signifi ca uma

melhoria qualitativa, quer em ter-

mos de instalações, quer em ter-

mos de práticas pedagógicas, para

os alunos do 1.º Ciclo. Este equipa-

mento contempla, para além das

suas atividades curriculares, outras

valências para a comunidade, com

a criação de um Centro de Ciência e

uso de alguns espaços de forma au-

tónoma. Esta caraterística levou à

criação de acessibilidades pelo ex-

terior às zonas abertas ao público

(ex. CIEC, biblioteca infantil, campo

de futebol sintético, parque de des-

portos radicais), criando um limite

que “protegerá” as áreas letivas, que

se organizam por anos de escolari-

dade na zona central do edifício.

Centro Integrado de Educação em Ciências

O projeto CIEC corporiza-se na

criação de um espaço de educa-

ção não formal de ciências dentro

de uma instituição formal, no caso

particular dentro de uma escola do

1º Ciclo do Ensino Básico, a Escola

Ciência Viva. Trata-se de uma inova-

dora perspetiva de organização da

educação em ciências, integrando

o formal e não formal. O CIEC visa

promover a integração das apren-

dizagens desenvolvidas em con-

texto formal, não formal e informal.

O espaço de educação não formal

de ciências é constituído por seis

salas com módulos, dispositivos,

maquetas e equipamentos que,

pela sua dimensão, especifi cidade,

investimento, não se adequam a

uma sala de aula ou laboratório. De

acordo com a natureza não formal

das suas atividades visa, essencial-

mente, a sensibilização para a cul-

tura científi ca, a remoção de even-

tuais bloqueios “anticientífi cos” e

o estímulo das atitudes e dos pro-

cessos da ciência, em particular a

curiosidade e o espírito crítico in-

fantil

Biblioteca Infantil

No dia 2 de Março abriu ao pú-

blico a Biblioteca Infantil de VNB, a

funcionar nas instalações do Cen-

tro Escolar do 1.º Ciclo. Este espa-

ço, destinado aos mais novos, terá

um horário de funcionamento para

o público em geral, às sextas-fei-

ras das 17h30 às 19h00 e aos sába-

dos das 14h30 às 18h00, com ser-

viços de consulta e empréstimo

domiciliário.

modelares para incubação de em-

presas. Infelizmente o início da co-

mercialização do espaço coincidiu

com esta crise brutal, em que o in-

vestimento teve uma queda abrup-

ta, mas aquele espaço fará o seu ca-

minho no futuro. O mais difícil era

infra-estruturar uma área virgem

que estava fora do espaço urba-

no e agora com a retoma da ativi-

dade económica, com certeza será

determinante para criar um tecido

económico que não existia.

Fazendo um pequeno balan-ço destes seus mandatos, de que modo as suas preocupações evo-luíram no tempo?

Em 1998 tinha já grandes preo-

cupações. Como comprava os ter-

renos atrás da Câmara e do parque

empresarial? Que tipo de projetos

iriamos ou não concretizar? Come-

çámos a trabalhar no Parque Al-

mourol com a Nersant, Constância,

Chamusca, foram fases muito bo-

nitas em termos de planeamento.

Havia coisas que pareciam quase

um sonho, e nós tivemos o privilé-

gio de passarmos por essas fases to-

das. Lembro-me de estarmos com o

projetista no salão da Câmara e dis-

cutir que intervenção fazer no par-

que ribeirinho e parecia um pou-

co irrealista para a nossa dimensão.

Muitas das coisas que fazemos e são

mais relevantes não são aquelas em

que sentimos maior pressão. Senti-

mos pressão é para fazer estradas,

infra-estruturas e arranjar as vias. In-

felizmente nunca sentimos pressão

para fazer uma escola ciência viva,

mas conseguimos fazê-lo porque

também nunca excluímos aquilo

que uma grande parte das pessoas

mais valoriza.

Após a concretização dos pro-jetos segue-se o potenciar dos mesmos

Exactamente. Agora começa o

mais difícil. Na escola o difícil é man-

ter a intencionalidade do projeto,

trabalho concertado da autarquia,

agrupamento, professores, que os

alunos passem aquela hora e meia

por semana no laboratório, que

haja uma verdadeira aprendizagem

e pontes entre o espaço formal e in-

formal de educação, É necessária

formação e professores motivados.

Ou o PECA, que nos primeiros me-

ses vale por si mas a programação

do espaço é um elemento essencial.

A ideia de que quando terminamos

determinada fase podemos respirar

fundo e dizer “está feito”, é absolu-

tamente falsa e cabe-me a mim en-

quanto líder de uma equipa, valori-

zar o mundo que ainda há para fazer

para que possamos eventualmente

dizer “esta aposta foi ganha!”.

Um ensino inovador no concelho

Miguel Pombeiro: A advocacia, a política e os rumores sobre o futuro

Page 22: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO201122 ESPECIAL BARQUINHA

Arte contemporânea instala-se no parque ribeirinho. Cartaz inclui ‘Os Azeitonas’, Best Youth e Melech Me-chaya. De 7 a 10 de junho e depois até 6 de julho, data de inauguração do Parque de Escultura Contempo-rânea Almourol (PECA)

A edição deste ano suspende o

modelo de festas adoptado há dois

anos com o Barquinha NON STOP,

mas as festividades ganham tan-

to ou maior interesse com a inau-

guração do PECA. As festas que se

iniciam no dia 7 de junho, quinta-

feira, abrem portas às 15h com a

abertura da XXVI Feira do Tejo. Às

21h há teatro - A Tempestade, de

William Shakespeare, pelos alu-

nos do Curso EFA do Agrupamen-

to de Escolas de Vila Nova da Bar-

quinha, com encenação de Carlos

Carvalheiro. Para o fi m de noite do

primeiro dia há concertos musicais

com os Klassikus – noite de baile,

Palco St.º António (22h) e os Arre-

gaita, no Palco ribeirinho às 00h.

No segundo di, 8 de junho, é tem-

po para as tradicionais Marchas

populares, Palco St.º António (21h),

os Best Youth, banda portugue-

sa que entre outras músicas traz o

single ‘Hang Out’ ao palco princi-

pal (22h30) seguida dos Fun2Rock

às 00h no palco ribeirinho.

Dia 9 de junho, sábado, há Mega-

fi tness de manhã (11h), Encontro

de Antigos Escuteiros (Org.: CNE –

Agrupamento 583) às 12h30 e Taça

TurisAlmourol em canoagem às

14h. Haverá também um ecrã gi-

gante para transmissão dos jogos

do Campeonato Europeu de Fute-

bol. A música chega às 23h com os

Melech Mechaya a subir ao palco

principal prometendo muita ani-

mação e dança. Às 00h tocam os

Articústico no Palco ribeirinho.

Para os amantes da pesca o dia 10, domingo, começa bem cedo,

às 6h30 com o 19.º Convívio pis-

catório (Org: Pestinhas). Um pou-

co mais tarde às 9h, começam

três atividades: Cicloturismo – 10º

Passeio “Tejo à vista” (Org.: Gru-

po Cicloturismo Barquinhense);

10º Encontro de Vespas (Org.: Ves-

pAlmourol); Canoagem – TurisAl-

mourol. Às 16h realiza-se o Festi-

val de Folclore, Palco St.º António

– Grupo Folclórico “Os Pescadores

de Tancos” (Org.); Rancho Folcló-

rico da Correlhã; Rancho Folclóri-

co de Aranhas; Rancho Folclórico

do Baixo Vouga; Rancho Folclóri-

co da Casa do Povo de Fátima, en-

tre as 18h e as 20h Drama e Beiço

– Animação de rua, Danças de Sa-

lão – Grupo dos Bombeiros da Bar-

quinha, Aquapalco às 21h e fi nal-

mente o concerto que encerra as

festas com Os Azeitonas (22h) au-

tores da música ‘Anda Comigo Ver

os Aviões’.

A programação fi ca completa

com ateliers, animação de rua e

insufl áveis para os mais peque-

nos.

Em junho a Barquinha não pára

Até à inauguração do PECA, numa

cerimónia presidida pelo Presiden-

te da República, Cavaco Silva, no dia

6 de julho, a Barquinha terá ativida-

des e eventos regulares.

A saber: 13 junho - 9h - Hastear

da Bandeira, Paços do Concelho;

10h45 - Tropas em parada, Barqui-

nha Parque; 11h - Juramento de

Bandeira da Escola Prática de En-

genharia de Tancos, Barquinha Par-

que; 15h - Sessão Solene de Atribui-

ção de Medalhas de Mérito, Centro

Cultural; 18h - Missa, Igreja Matriz

VN Barquinha; 19h - Procissão em

Honra de Stº António.

16 e 17 junho: 16h – 19h, 20h –

22h - Kid’s Village – insufl áveis, pin-

turas faciais, animação e ateliers,

Painel de pintura e cavaletes param

ateliers de pintura

23 e 24 junho: 16h – 19h, 20h –

22h – Insufl áveis e Feira de Artesa-

nato urbano; Painel de pintura e ca-

valetes para ateliers de pintura

6 julho: 19h00 - Inauguração do

Parque de escultura contemporâ-

nea Almourol – cerimónia presidida

por Sua Excelência, o Presidente da

República, Professor Doutor Aníbal

Cavaco Silva.

21h00 - Melodia do Fogo – concer-

to da Orquestra Ligeira do Exército

com fogo sincronizado

Pessoas de todos os quadran-

tes sociais da sociedade, apaixo-

nadas inveteradas pela vida na

estrada, libertas, bem-dispostas

e com sede de aventura. Desde

os mais novos aos mais expe-

rientes, na Barquinha encontra-

ram mais um local de culto para

bons momentos ao ar livre.

No dia 1 de maio de 2011, a

autarquia inaugurou a estação

de serviço para auto-caravanas,

junto à Avenida os Plátanos, pa-

redes meias com o Parque Ri-

beirinho, durante o II Encontro

de Caravanismo de Vila Nova da

Barquinha (VNB). Na altura este

encontro juntou “portugueses,

ingleses, espanhóis, holande-

ses, franceses, holandeses e bel-

gas”, explicou-nos Joaquim Ma-

ção, 63 anos, barquinhense e

organizador do evento que este

ano celebrou em Maio a sua 3ª

edição.

Conceição Oliveira, 67 anos, é

lisboeta e faz Auto caravanismo

desde os 30, “mas já há muito

tempo que faço campismo sel-

vagem”. Três edições do encon-

tro na Barquinha e outras tantas

presenças. “Atualmente é a ca-

pital do Auto caravanismo, por

causa das condições que encon-

tramos”. Helena Rodrigues, 63

anos, fi lha da terra, continuou

os elogios. “Isto dantes era tudo

um nateiro – onde as autocara-

vanas fi cam e o parque ribeiri-

nho se construiu – terra de cul-

tivo, e agora temos um espaço

maravilhoso, com muita fama,

vêm pessoas de todo o lado!”,

conta.

Os autocaravanistas entrevis-

tados fi zeram questão de con-

tar sobre os benefícios econó-

micos para o comércio local.

“Quando vêm cá, portugueses e

estrangeiros, os autocaravanis-

tas gastam muito dinheiro nos

restaurantes, mini-mercados,

até no cabeleireiro!”, conta uma

sempre bem disposta Concei-

ção sentada confortavelmente

no ‘alpendre’ da sua casa móvel.

“O ano passado juntámos todos

os talões e recibos com os gas-

tos feitos na Barquinha e entre-

gámos à câmara: 7 mil euros em

apenas três dias”, fi naliza. Justa-

mente a câmara municipal rece-

be rasgados e sentidos elogios

e Joaquim Mação contou por-

quê: “No primeiro encontro, em

2010, o presidente Miguel Pom-

beiro fi cou surpreendido com

tanta adesão dos autocarava-

nistas e prometeu-nos uma área

de serviço para o ano seguin-

te. Dito e feito, em 2011 estava

inaugurada!”.

Em 2010, segundo Joaquim

Mação, estiveram na Barquinha

198 auto-caravanas, na segun-

da edição 203 e este ano, apesar

das obras no espaço e no parque

o número também foi muito sa-

tisfatório. Conversámos ainda

com um casal de franceses que

entraram em Portugal por Cha-

ves e ali se juntaram para o en-

contro, Jean Pierre e Bernardet-

te Raison, de La Rochelle. “Vie-

mos para conhecer a cultura da

região. As pessoas são gentis e

o espaço é muito acolhedor e

agradável”. Vão voltar no futuro?

“Oui, biensur!”.

Ricardo Alves

O rio corre quase debaixo dos nossos

pés no deck da esplanada. Um novo es-

paço que privilegia a qualidade da pai-

sagem, da gastronomia e do convívio.

Inativo durante largo período de tem-

po, o edifício da antiga esplanada, em

Vila Nova da Barquinha, tornou-se um

espaço ainda mais confortável. Boa-

ventura Costa, 40 anos, é o mestre de

cerimónias. Criou o ‘Azul Inox’, bar que

marcou uma geração no Entroncamen-

to, esteve depois em Torres Novas, onde

igualmente marcou estatuto com uma

cervejaria. Agora está na Barquinha

num espaço que, diz desassombrado, é

“paradisíaco”. E nós comprovámos isso

mesmo.

Do edifício original resta o fundamen-

tal para a sua solidez de construção. O

que Boaventura Costa fez foi virá-lo, en-

tregá-lo à beleza do rio Tejo. “A paisa-

gem diz quase tudo, tem uma grande

percentagem da qualidade do estabele-

cimento”. Mas não só. Não fosse o servi-

ço e a oferta de qualidade e a paisagem

não chegaria para atrair os clientes. Com

uma carta gastronómica que se sabo-

reia ao mesmo tempo que os olhos se

perdem na silhueta do Tejo e a pele sen-

te a brisa de verão, não há razões para

que a visita não perdure na memória... E,

se queira, voltar mais vezes.

Como cervejaria que é, o Cais oferece

petiscos variados, desde as moelas às

febras trinchadas, das saladas de polvo

e ovas ao camarão à casa – sempre com

um toque da casa – mas também almo-

ços e jantares, dentro ou fora das horas

“normais”, tudo acompanhado por boa

bebida, neste caso destacando-se a cer-

veja que abunda em variedade na altura

de fazer a escolha. Tanto há cerveja na-

cional como uma selecção de cervejas

importadas mas a experimentar e sabo-

rear também a cerveja que a Cervejaria

Cais serve em exclusividade na região.

Os bifes, os famosos inquilinos das cer-

vejarias míticas, estão igualmente pre-

sentes no Cais e apesar da ampla ofer-

ta no cardápio, Boaventura Costa real-

ça aqueles com “molhos próprios, o bife

com molho da casa” ou o naco na pe-

dra que se cozinha fervilhando à mesa

do cliente, tornando a paisagem do Tejo

aromatizada pelos cheiros das suas es-

peciarias. Se o verão é época que convi-

da à esplanada, os meses mais frios con-

vidam a estar à lareira que está instalada

no espaço. Com o Europeu de Futebol

à porta o ecrã gigante que passa jogos

todo o ano é mais um aliciante para um

ambiente que se quer de vitória para a

equipa das quinas. De uma ou outra ma-

neira, numa ou noutra época, a Cerveja-

ria Cais tem sempre o Tejo como vizinho.

Se não houvesse mais razões, esta bas-

taria. Mas há, e muitas.

Cervejaria Cais: de mão dada com o Tejo

Auto Caravanismo, um estilo de vida

Festas: Barquinha é arte

Page 23: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO2012 REGIONAL 23

Mais um ano que a rádio como

você gosta vai voltar a galardoar

a região. A Gala da Antena Livre

e do Jornal de Abrantes é a gran-

de festa da música, das entidades

e personalidades do Médio Tejo.

Este é um evento que já marca a

agenda cultural da região e todos

os anos conta com sala cheia. A

Gala deste ano volta aplaudir as

pessoas e as coletividades que

muitas vezes passam desperce-

bidas, mas que têm desenvolvido

um trabalho meritório.

Quanto à música, a produção do

espetáculo confi rmou até à data

a presença dos roqueiros The Ka-

viar e da fadista Dora Maria acom-

panhada pelos seus músicos, pro-

jetos locais que se têm destacado

também a nível nacional. Um mo-

mento de cânticos à capela e de

folclore pelo grupo os Moleiros da

Casa do Povo de Rio de Moinhos

são outras atrações esperadas.

Este ano, os galardões atribu-

ídos vão ser nas categorias de

cultura, empresa, responsabili-

dade social, prestígio/carreira,

comunicação/ nacional, educa-

ção, desporto e música.

A VII Gala Antena Livre e do Jor-

nal de Abrantes é uma organiza-

ção da empresa Media On mas

também é um evento levado a

cabo por todas as entidades que

patrocinam e apoiam esta festivi-

dade já de renome.

É uma noite para aplaudir os

valores musicais e homenagear

quem se destacou este último ano

nas mais variadas áreas.

Até ao fi nal do fecho desta edi-

ção não foi possível divulgar todas

as atrações musicais que vão mar-

car presença no evento.

Eleições autárquicas de 2013 co-

meçam a mexer nos bastidores polí-

ticos. Ex-presidente da câmara acu-

sa Armando Fernandes de iniciar o

rumor e de ter uma agenda política.

Rumores infundados com ob-

jetivo político. É assim que o

ex-presidente da Câmara Munici-

pal de Abrantes (CMA) comenta o

ruído de fundo sobre uma eventual

corrida contra Maria do Céu Albu-

querque, atual presidente da CMA

e ex-vereadora de Nélson Carvalho.

“Eu não tenho nada a ver com estes

rumores. Um cronista da Antena Li-

vre disse isso e eu gostava de saber

as fontes. A mim ninguém me per-

guntou nada e eu não disse rigoro-

samente nada.” O ex-autarca refe-

ria-se a uma crónica de Armando

Fernandes, no espaço semanal, de

23 de abril, em que o cronista co-

mentou essa possibilidade.

Sobre Maria do Céu Albuquerque

e a sua relação com a presidente

da CMA, Nélson Carvalho disse que

nada havia para pôr em causa pois

este rumor é “uma mentira, pura

especulação”. Já sobre a sua parti-

cipação e militância na vida políti-

ca do Partido Socialista (PS), Nélson

Carvalho diz continuar a intervir, a

pronunciar-se, com mais ou menos

participação. “Mas continuo politi-

camente ativo, não estou exilado.”

Depois de ter sido apoiante da

candidatura de Fernando Nobre à

Presidência da República, em detri-

mento do candidato do PS, Manuel

Alegre, Nélson Carvalho reforça

o seu apoio ao partido: “Sou mili-

tante há muitos anos, e hei-de ser

sempre, a não ser que aconteça

algo de maior”. Sobre o regresso à

vida política, diz que tem “relações

normais com o PS” e que, “a voltar,

não será em Abrantes”.

Armando Fernandes mantém o que disse

Armando Fernandes, cronista se-

manal da Rádio Antena Livre, afi r-

mou no dia 30 de maio que man-

tém as suas palavras. “Disse que

Nélson Carvalho poderá encabe-

çar uma lista de independentes e

que ele próprio poderia ter já feito

sondagens nesse sentido. Quando

faço comentários na Antena Livre

faço por minha conta e não tenho

agenda nenhuma. Já demonstrei

que quando falo para a Antena Li-

vre estou longe e livre de peias ou

camisolas partidárias, não é meu

timbre e forma de atuar.”

Mesmo sem revelar a “fonte fi de-

digna” que lhe terá passado a infor-

mação “dos queixumes que Nélson

Carvalho disse a algumas pesso-

as da área socialista no sentido de

não o estarem a tratar bem, a dar

a importância que merece”, Arman-

do Fernandes considera normal

esta atitude, chegando mesmo a

defender que Carvalho merece

que lhe seja dada essa importância

e que “Nélson não é um lamechas

nem lamúrias, a sua própria forma-

ção leva-o a encarar as difi culdades

por desafi os”.

Armando Fernandes disse tam-

bém que não inventou a pólvora

neste caso e que “os próximos me-

ses vão ser relevantes nesse senti-

do”. E conclui: “Ele terá sempre ten-

dência para comparar o que fez e o

que está a ser feito.”

Nélson Carvalhonega recandidatura a Abrantes

22 DE JUNHO, 21H, CINETEATRO S. PEDRO

VII Gala Antena Livre e Jornal de Abrantes

• Dora Maria vai subir a palco na VII Gala da Antena Livre e do Jornal de Abrantes

Page 24: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO201224 REGIONAL

O Centro de Formação de

Mação foi inaugurado a 18

de maio pelo Secretário de

Estado Adjunto da Econo-

mia e Desenvolvimento Re-

gional, António Almeida

Henriques, e pelo presidente

da Câmara Municipal de Ma-

ção, José Manuel Saldanha

Rocha. Situado na Zona In-

dustrial das Lamas, este novo

equipamento é, nas palavras

de Saldanha Rocha, “mais

uma infraestrutura de supor-

te à qualifi cação, de suporte

à formação profi ssional, de

suporte aos novos conheci-

mentos”.

A construção do edifício do

Centro de Formação iniciou-

se em 2005 e contou com

a colaboração de mais de

uma centena de formandos

de várias formações ligadas

à construção, que ali foram

aplicando os conhecimen-

tos adquiridos. É, portanto,

fruto do trabalho desenvol-

vido nas formações. “Este é

o caminho”, disse António Al-

meida Henriques. “Aprovei-

taram-se os fundos comuni-

tários para a formação, mas

aproveitou-se o fruto des-

ta formação para construir

sinergias, num esforço con-

tínuo. Um bom exemplo do

que se deve fazer no presen-

te e no futuro”.

O diretor do CENFIC, Fernan-

do Carvalho Mourato, lem-

brou que o novo centro de

formação “resultou do sonho

de uns e do trabalho de ou-

tros”, com o “empenhamento

de muita gente”. O espaço vai

ser utilizado pelas pessoas e

pelas empresas, sendo “im-

portante para dinamizar um

processo de formação que

tem acontecido aqui desde

há muitos anos”.

O Centro de Formação fi -

cará aberto a utilização para

eventos municipais, empre-

sariais, entre outros, fora dos

compromissos da formação.

Composto por várias salas de

formação, dispõe ainda de

um auditório que pressupõe,

por si só, um espaço conce-

bido a pensar na partilha de

conhecimentos. “As próprias

empresas da Zona Industrial

podem mesmo utilizar este

espaço, fora dos programas

de formação defi nidos pelo

CENFIC, para acções de for-

mação e palestras”, garantiu

Saldanha Rocha.

Feira Mostra volta animar a regiãoMAÇÃO

Mação volta a estar em fes-

ta nos próximos dias 29, 30

de junho e 1 de julho.

À semelhança dos anos an-

teriores, o certame regres-

sa ao Largo Infante D. Henri-

que, mais conhecido por Lar-

go da Feira, e conta com uma

redução de cerca de 20% no

orçamento.

Música, inaugurações, gas-

tronómica típica e muito des-

porto é o que espera para os

dias dedicados à Feira Mos-

tra.

O primeiro dia da festivi-

dade arranca com a inaugu-

ração de um novo auditório,

que entra em atividade logo

no dia seguinte, com um re-

cital de piano por Leonor Lei-

tão Cadete. Outra novida-

de é o lançamento da Carta

Gastronómica do Concelho,

que reúne um conjunto vas-

to de receitas típicas de Ma-

ção.

São sete os espaços de res-

tauração que vão confecio-

nar os pratos típicos e tradi-

cionais da região, dinamiza-

dos por algumas associações

do concelho.

Há uma aposta clara na

componente desportiva

uma vez que vai acontecer

um torneio de futsal inter-

freguesias, um passeio de

BTT, um passeio pedestre e

de cicloturismo, uma mos-

tra de aeromodelismo e um

passeio de motorizadas clás-

sicas. Para além destas ativi-

dades desportivas, as mar-

chas populares vão animar a

vila maçaense.

A XIV Feira do Livro está de

regresso ao parque da festa,

bem como os grupos musi-

cais. Ana Free sobe a palco

no primeiro dia, já no segun-

do atuam os AFL Blid Zero e

Mafalda Arnauthencerra os

concertos. A música popu-

lar vai também abrilhantar a

festividade com a presença

do Grupo Cultural os Maça-

enses, o Grupo de Cantares

da Serra e o Grupo de Canta-

res Musical Amendoenses.

As crianças vão poder con-

tar com um espaço insufl ável.

Ao contrário dos anos ante-

riores, o tradicional comboio

turístico não vai percorrer as

ruas do centro histórico, nem

vai haver fogo-de-artifício.

A Feira Mostra é já um mo-

mento tradicional no conce-

lho de Mação e conta com a

dedicação e trabalho das as-

sociações, juntas de fregue-

sia e munícipes para a orga-

nização de mais um momen-

to de animação e cultura.

Joana Margarida Carvalho

Secretário de Estado inaugurou Centro de Formação de Mação

• Inauguração do novo Centro com a presença do secretário de Estado da Economia

Compotas, licores, biscoi-

tos, bolos fi ntos, pão em for-

no de lena, potinhos, sabo-

netes, pregadeiras, caixas de

chá, porta-moedas, entre ou-

tros, foram os produtos que

os alunos da Escola de Ensi-

no Básico do 2º e 3º Ciclo Ma-

ria Judite Serrão de Andrade

de Sardoal e da Escola Básica

de Gavião desenvolveram ao

longo do ano letivo. Esta ati-

vidade, enquadrada no pro-

jeto Empresários na Escola

culminou, no passado dia 12

de maio, numa participação

numa Feira EMPRE, da Rede

de Incubação e Empreende-

dorismo da Região Centro,

em Caldas da Rainha

No Médio Tejo, a Escola Bá-

sica do Gavião recebeu, a 1

de junho a primeira feira da

região. Neste caso, os alu-

nos contaram com o apoio

do CLDS - Contrato Local de

Desenvolvimento Social “Ca-

minhos”, da Santa Casa da

Misericórdia de Gavião. No

dia 9 de junho será a vez de

outras 12 escolas do Médio

Tejo (Alcanena, Constância,

Entroncamento, Ferreira do

Zêzere, Freixianda, Mação,

Minde, Tramagal, Tomar e

Torres Novas) organizarem a

sua feira, em Tomar, um pro-

jeto apoiado pela Comuni-

dade Intermunicipal do Mé-

dio Tejo (CIMT). No mesmo

dia, o Parque Urbano Co-

mendador João Martins, em

Proença-a-Nova, vai ser pal-

co do certame das cinco es-

colas do Pinhal Interior (Olei-

ros, Proença-a-Nova, Sertã e

Vila de Rei).

Produtos elétricos, de pele,

gastronómicos, hortofrutí-

colas, doçaria, materiais pe-

dagógicos e reciclados va-

riados compõem o catálo-

go de artigos das “empresas”

criados em contexto escolar

no ano lectivo 2011/2012,

através da aplicação da me-

todologia EMPRE que envol-

veu cerca de meio milhar de

alunos e 29 docentes de 18

escolas do Médio Tejo, Pi-

nhal Interior e Alto Alentejo.

O EMPRE todos os anos de-

safi a os alunos do 2º e 3º ci-

clo a criarem empresas, for-

mando equipas e aplicando

os vários processos, desde

a criação de uma identida-

de corporativa, estudo de

mercado, defi nição das ga-

mas dos produtos e gestão

de fornecedores e clientes. A

metodologia culmina com o

ponto alto, as feiras, em que

os estudantes conhecem os

seus parceiros comerciais e

têm mais uma oportunida-

de de comercializar os pro-

dutos desenvolvidos.

TAGUSVALLEY

Tecnopolo do Vale do Tejo organiza feiras com jovens empreeendedores

Page 25: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO2012 REGIONAL 25

“Se o Homem faz a História, a História é um livro cujo en-redo é o épico e trágico do ser humano. Os seres têm um princípio, meio e fi m, um percurso irreversível. Existe uma infi nidade ilusória porque a História se repete, apesar de nunca se repetir da mesma maneira.”

Estas são palavras de Fernando Catroga, convidado da

quinta Conferência Liceu, organizada pela Associação

Cultural Palha de Abrantes e pela Escola Dr. Manuel Fer-

nandes.

A 25 de maio, Fernando Catroga, professor da Faculda-

de de Letras de Coimbra, defendeu, em Abrantes, o sa-

ber como um poder. Na sua opinião, a informação per-

mite-nos ter poder para pensar sobre o que nos rodeia,

compreendendo o mundo. “A História pode infl uenciar

o futuro, olhando para aquilo que aconteceu e procuran-

do compreender porque aconteceu, fi ca-se munido de

uma sabedoria para evitar situações análogas que pos-

sam trazer fenómenos que, não sendo de repetição, aca-

bam por se aproximar dessa mesma repetição.”

Fernando Catroga explicou que o conceito de crise pro-

vém do grego e signifi ca a alteração das coisas, a existên-

cia de uma mudança súbita, podendo ter dois signifi ca-

dos inversos: a chegada ao fundo do túnel ou o início

da melhoria. O professor lembrou que a crise está, ainda,

diretamente ligada ao conceito de crítica e que ambas

refl etem um sentimento de inquietação provocado pe-

rante uma mudança. Ou seja, o que está a ser criticado

está em crise.

Perante uma plateia de abrantinos, incluindo alunos

da Escola Dr. Manuel Fernandes, Fernando Catroga lem-

brou que o Homem vive com a ideia inerente de crise.

“Existe uma insatisfação permanente e um desejo de al-

cançar algo e ao mesmo tempo ultrapassar esse obje-

tivo.” E acrescentou que já deviam ter sido extraídas li-

ções do passado: “Já havia sintomas de que mais tarde

ou mais cedo a sustentabilidade do euro seria posta em

causa e quem iria em sofrer em primeiro lugar com as

consequências seriam os países economicamente mais

fracos.”

Natural de São Miguel do Rio Torto, Fernando Catro-

ga falou ainda das suas raízes e sentimento de perten-

ça, considerando-os “um confl ito porque há muitos sen-

timentos de pertença de acordo com o que a vida nos

apresenta”. No entanto, a terra dos pais é “um sentimen-

to de pertença que nunca parte”. Existe, portanto, uma

nostalgia das origens. “Quanto mais distanciado da ori-

gem, mais em crise estamos.”

Mafalda Vitória

Para que serve a História em tempos de crise?

A jornalista da revista “Vi-

são”, Patrícia Fonseca, vai

orientar uma ofi cina de Escri-

ta Criativa, no dia 17 de junho,

entre as 14h30 e as 18h00, na

Biblioteca Municipal Antó-

nio Botto. A iniciativa está in-

tegrada na programação das

Festas de Abrantes. Os inte-

ressados podem inscrever-

se até dia 8 de junho através

do e-mail cultura@cm-abran-

tes.pt ou para o número 96

486 49 02. O preço da inscri-

ção é de 10 euros e o núme-

ro máximo de alunos é de 25.

Recorrendo à vasta experi-

ência da formadora, na área

jornalística, serão ensinados

truques para organizar e apre-

sentar ideias de forma clara e

apelativa. Serão também es-

tudadas técnicas narrativas

aplicadas na escrita de tex-

tos de médio e longo forma-

to, de fi cção e não fi cção: para

escrever uma biografi a; o diá-

rio de uma grande viagem ou

aquele romance que vive no

imaginário há vários anos.

Patrícia Fonseca, que embo-

ra natural de Coimbra, cres-

ceu e viveu na freguesia de

Tramagal, é Grande Repórter

da revista “Visão”, onde ini-

ciou a carreira de jornalista e

onde regressou em 2003. Foi

fundadora e Grande Repór-

ter da revista Focus, produ-

tora editorial da revista Ego-

ísta, jornalista freelancer, co-

laborando com vários órgãos

de comunicação social na-

cionais e internacionais. Os

seus trabalhos foram várias

vezes premiados. Destaque

para os prémios atribuídos

recentemente à sua reporta-

gem “A luta para salvar Safi -

ra”, publicada na “Visão” em

outubro de 2011, distinguida

com o 1º Prémio de Jornalis-

mo Novartis Oncology, na ca-

tegoria de Imprensa.

Workshop de Escrita Criativa, com a jornalista Patrícia Fonseca

• “Existe uma insatisfação permanente”

Page 26: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO201226 SAÚDE

Vamos prevenir a Obesidade nos Jovens!

Secção da responsabilidade da Unidade de Saúde Pública do ACES do Zêzere

Segundo a Organização

Mundial da Saúde [OMS],

a obesidade é considerada

uma doença que face à sua

elevada prevalência a nível

mundial, é vista como a epi-

demia global do Século XXI.

A OMS reconhece que pre-

sentemente a obesidade

“tem uma prevalência igual

ou superior à da desnutri-

ção e das doenças infeccio-

sas, pelo que considera que

se não forem tomadas “me-

didas drásticas para prevenir

e tratar a obesidade, mais de

50% da população mundial

será obesa em 2025.” Assim,

a obesidade é uma doen-

ça crónica, atinge homens e

mulheres de todas as raças e

de todas as idades, com enor-

me prevalência nos países

desenvolvidos. É atualmen-

te considerada, a seguir ao

tabagismo, como a segunda

causa de morte susceptível

de prevenção.

Tem-se verifi cado uma pre-

ocupação crescente sobre a

relação de uma alimentação

desequilibrada durante a in-

fância e a manifestação de

determinadas doenças na

idade adulta.

A preocupação com as

questões da obesidade é um

facto com visibilidade nacio-

nal, traduzida no Programa

Nacional de Combate à Obe-

sidade (2005). Essa preocu-

pação também está presente

na Unidade de Saúde Públi-

ca do Zêzere. Neste contexto,

surgiu o projeto de combate

à obesidade nos jovens, com

o título “Põe-te na Linha”, que

se encontra neste momento

em fase de implementação

nalguns concelhos do ACES

II – Zêzere. A metodologia

utilizada traduz-se na forma-

ção de grupos de interajuda

constituídos por jovens com

excesso de peso, e conta com

o apoio de técnicos de saú-

de, nomeadamente médicos

de saúde pública, enfermei-

ros, psicóloga, nutricionista,

e uma professora de educa-

ção física que se reunirão no

Centro de Saúde, semanal ou

quinzenalmente.

Por isso, se és jovem, tens

excesso de peso, queres ser

ativo e saudável e claro, que-

res ter novas amizades, junta-

te ao nosso grupo, onde po-

des adquirir: autoconfi ança

e motivação para mudares

o teu estilo de vida com a

adoção de hábitos alimen-

tares saudáveis, estimulação

para a prática de ativida-

de física e atividades que te

ajudam na perda de peso.

Nuno Barreta e Ana Salgueiro

Unidade de Saúde Pública do Zêzere

SAÚDE É ...

Apadrinhar um idoso é o

desafi o que o Contrato Lo-

cal de Desenvolvimento So-

cial de Mação (CLDS) está a

fazer à comunidade. Não há

nenhum requisito específi co

a ter em conta, basta ter uma

idade mínima de 18 anos

e estabelecer um contacto

próximo com um idoso ma-

çaense, executando peque-

nas tarefas como ir buscar

medicação, promover leitu-

ras e jogos, telefonar ou fazer

companhia. Trata-se de apa-

drinhar quem mais precisa,

dando-lhe a máxima aten-

ção. Vasco Estrela, vice-pre-

sidente da autarquia de Ma-

ção, explicou ao JA que os

idosos do concelho sempre

foram uma das preocupa-

ções da Câmara Municipal e

do CLDS. Muitos dos idosos

do concelho encontram-se

bastante dispersos, comple-

tamente isolados e por vezes

sozinhos. As inscrições já es-

tão abertas junto do CLDS de

Mação.

MAÇÃO

Cuidar de quem mais precisa

Page 27: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO2012 HISTÓRIA 27

CRÉDITOSCENTRO DE NEGÓCIOS E EMPRESASo SOLUÇÕES PARA RECUPERAÇÃO DE NEGÓCIOS E INÍCIO DE EMPRESAS

* Linhas de Crédito* Elaboração de candidaturas para projectos

(PAECPE; PRODER; Empreendedorismo)* Outras

o SOLUÇÕES DE CRÉDITO PESSOAL* Para início de negócio* Para projectos pessoais* Possibilidade de uma só assinatura

no caso de casados

o SOLUÇÕES P/ CRÉDITO HABITAÇÃO

o CONSOLIDAÇÃO DE CRÉDITOS* Com e sem hipoteca* Redução até 60% do encargo mensal* Possibilidade de liquidez adicional

Agende reunião gratuitamenteMESMO COM PROBLEMAS BANCÁRIOS EMMUITOS CASOS AINDA TEMOS A SOLUÇÃO!

www.pauloniza.pt243 579 296 . 938 879 678

[email protected]. Vila das Taipas Lt 4 r/c dto 2080-067 Almeirim

O Senhor Jesus do Capítulo e as preces para chover

LUGARES COM HISTÓRIA

TERESA APARÍCIO

Antigamente, em invernos extre-mamente secos como foi o deste ano, a fé das pessoas levava-as a im-plorarem a Deus que lhes enviasse chuva, para que a fome não gras-sasse entre as pessoas e animais. Faziam-se então as chamadas pre-ces para chover e a imagem, que em Abrantes era mais invocada, nestas circunstâncias, era a do Se-nhor Jesus do Capítulo.

Encontra-se, hoje, esta bela ima-

gem no altar-mor da igreja de S.

João Baptista e tem atrás de si já

um longo historial. Consta que foi

trazida de Roma, em 1452, pelo pri-

meiro conde de Abrantes, quando

aí foi, como embaixador, ao servi-

ço do rei D. Afonso V. Ao regres-

sar, entregou-a aos religiosos de S.

Domingos, que então ainda se en-

contravam no seu primitivo mos-

teiro, situado no local denomina-

do Rio Pombal e mais tarde Mos-

teiro Velho, perto de Alferrarede.

Puseram-na os frades na Sala do

Capítulo, passando, a partir daí, a

ter o nome que ainda hoje conser-

va. Contudo, neste local, só podia

ser admirada pelos frades, o que

entristecia as populações, mas,

quando em 1509, se deu início

às obras do novo convento, ago-

ra já dentro das muralhas da vila,

os religiosos vieram residir, provi-

soriamente, para o Castelo e trou-

xeram consigo a imagem que tan-

to veneravam, colocando-a no al-

tar-mor da igreja de Santa Maria

do Castelo. Aí, podia ser admirada

por todos, incluindo as mulheres,

cuja entrada estava interdita no

convento dominicano e, segun-

do rezam as crónicas da época, o

templo era pequeno para tanta

gente, que ali acorria para admirar

e rezar à santa imagem.

Em 1527, quando o convento fi -

cou pronto, foi levada para a sua

nova casa dominicana e foi nova-

mente colocada na Sala do Capí-

tulo, fi cando, outra vez interdito

o seu acesso à maioria da popu-

lação. Esta situação só se alterou

em 1571, altura em que grassava

em Abrantes e no país uma gran-

de peste. Perante tão grande ca-

lamidade, os frades fi zeram votos

de festejar o santo da sua igreja,

que Deus indicasse como aquele

a quem se deviam dirigir as pre-

ces das pessoas. Tirada à sorte por

uma criança, a imagem indicada

foi a do Senhor Jesus do Capítulo

e, por seu intermédio, foi implora-

da a misericórdia divina e tão efi -

cazmente que a peste cessou de

imediato. A comemorar este facto,

a partir daí, todos os anos a 22 de

Março, dia em que se tinham feito

as primeiras preces, o Senhor Je-

sus do Capítulo era festejado e a

sua imagem, tida como milagrosa,

passou para a igreja do convento,

onde já todos a podiam venerar.

Aí se conservou até 1847, altura

em que, após a extinção dos con-

ventos, foi transferida para a igre-

ja de S. João, onde ainda hoje se

encontra.

Sendo considerada uma imagem

muito milagrosa, a ela recorriam

os abrantinos, em alturas de cala-

midade pública, como era o caso

das secas. Em 1714, ano extrema-

mente seco, fi zeram os abrantinos

novenas e ladainhas que termina-

ram com uma procissão de peni-

tência. Conta-se que, começando

esta com um dia de sol radioso,

quando ia a meio da vila o céu co-

meçou a escurecer e, quando re-

colheu, já chovia copiosamente.

Há também notícia de que a ima-

gem saiu em procissão, imploran-

do chuva, a 25 de Março de 1849,

em1895, 1907 e a 19 de Março de

1945. Segundo os jornais da épo-

ca, esta última foi uma impressio-

nante procissão, em que tomaram

parte cerca de dez mil pessoas,

não só do concelho de Abrantes,

mas também de Constância, Sar-

doal, Ponte de Sor e Gavião. A par-

tir daí, não há mais notícia de que

se fi zessem preces para chover,

com esta veneranda imagem.

Bibliografi a:

Morato, Manuel António e Mota, João

Valentim da Fonseca, “Memória Histó-

rica da Notável Vila de Abrantes” edi-

ção da Câmara Municipal de Abrantes,

1981

Oleiro, Diogo, “Jornal de Abrantes” de

26-12-1954

Page 28: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO201228 CULTURA

Abrantes Abrantes3 de junho – Concerto “XXI Encontro

de Coros do Ribatejo” – Cine-Teatro S.

Pedro, às 17h

6 a 29 de junho – Exposição “Abrantes,

um Património por redescobrir” – Bi-

blioteca António Botto

7 a 30 de junho – Exposição de pin-

tura de Aurélia Rodrigues - Associação

Envolve

9 a 27 de junho – Exposição “Austeri-

dade (e pequenos sinais de fumo), de

Ana Vidigal – Galeria Municipal de Arte

13 de junho – Apresentação da obra

“Unidos no Amor Contra a Indiferença”,

de Isabel Barata e Manuel Matos – Bi-

blioteca António Botto, às 21h30

14 a 17 de junho – Festas de Abrantes

2012 – Música, desporto, exposições,

tasquinhas

A partir de 14 de junho até novem-bro – Exposição “Em pedra: lascar, polir,

gravar, esculpir…”, IV Antevisão do Mu-

seu Ibérico de Arqueologia e Arte de

Abrantes – Museu Dom Lopo de Almei-

da (Castelo)

17 de junho – Workshop “Fotografi a

em Movimento” – Associação Envolve,

Rossio ao Sul do Tejo, das 10h às 18h

21 e 28 de junho – “Há cinema na Pra-

ça Barão da Batalha”, às 21h30

22 de junho – Gala Antena Livre – Ci-

ne-teatro S. Pedro, às 21h30

Cinema - Espalhafi tas – Cine-teatro S.

Pedro, às 21h30:

5 de junho – “Os Marretas” (11h)

6 de junho – “J. Edgar”

13 de junho – “Vergonha”

20 de junho – “Off side”

27 de junho – “Le Havre”

Barquinha 1 a 3 de junho – “Vem Voar na Barqui-

nha” – várias atividades na Escola Ciên-

cia Viva

2 de junho – Palestra “Usar o Passado”

com Rui Carvalho, Ivo Oosterbeek e Síl-

via Marques – Centro Cultural, às 17h

7 de junho a 6 de julho – “Barquinha

é Arte” – Inauguração do parque de

escultura Contemporânea Almourol –

Concertos, desporto, exposições

23 e 24 de junho – Feira de Artesana-

to Urbano – Parque Ribeirinho, das 14h

às 20h

Constância Até 3 de junho – Exposição de tampos

de bancos e de cadeiras em trapilho de

Luís Sirgado – Posto de Turismo

1 a 29 de junho – Mostra bio-biblio-

gráfi ca de Alexandre Parafi ta – Bibliote-

ca Municipal, das 10h às 18h

1 a 29 de junho – Exposição “Do livros

ao brinquedo”, brinquedos a partir de

materiais reciclados – Biblioteca Muni-

cipal, das 10h às 18h

9 de junho a 1 de julho – Exposição

“Artes e Mimos da São” – Artes decora-

tivas de Conceição Cavaleiro – Posto de

Turismo, segunda a sexta-feira das 9h

às 18h, sábados e domingos das 11h às

13h e das 14h às 18h

9 e 10 de junho - XVII Pomonas Camo-

nianas

DVDteca à sexta – Biblioteca Alexan-

dre O´Neill, às 15h:

1 de junho – “Entrelaçados”

8 de junho – “O Caso Farewell”

15 de junho – “Os Simpsons – O Filme”

22 de junho – “O Presságio da Corujo”

29 de junho – “A Magia do Arco-íris” ”

Mação Até 8 de junho - Exposição “Um olhar

sobre o nosso Património Cultural: His-

tórias das nossas memórias” - Biblioteca

da EB 2,3/S de Mação

1 de junho – “Fazes-me Falta…3Ge-

rações…3 Histórias”, com presença de

um grupo cultural do concelho – Biblio-

teca Municipal, às 21h

1 de junho – Ciclo de Cinema Docu-

mental com “O Mercado Europeu” –

Museu de Arte e Pré-história, às 21h

16 e 17 de junho – Expo-Feira em Car-

voeiro

23 de junho – Feiras de Artesanato –

Largo dos Bombeiros, das 10h às 19h

29, 30 de junho e 1 de julho – XIX Fei-

ra Mostra – Artesanato, gastronomia,

atividades, concertos

29 de junho a 14 de julho – XIX Feira

do Livro de Mação – Recinto da Feira

Mostra e na Biblioteca Municipal

Sardoal 16 de junho – Teatro “Sobre a mesa de

Cabeceira”, pela Companhia de Teatro

Poucaterra do Entroncamento – Centro

Cultural Gil Vicente, às 21h30

22 de junho – Espetáculo de magia

“Chaos” por Luís de Matos - Centro Cul-

tural Gil Vicente, às 21h30

30 de junho – Dança “25 anos depois

– Homenagem ao músico Zeca Afonso”,

pela Escola Vocacional de Dança da Fi-

larmónica Gualdim Pais (Tomar) - Cen-

tro Cultural Gil Vicente, às 21h30

Cinema – Centro Cultural Gil Vicente:

2 de junho – “A Invenção de Hugo”

(16h e 21h30)

17 de junho – “Lorax” (16h)

AGENDA DO MÊS

Luís de Matos vai apresentar

o seu mais recente espetácu-

lo de magia “Chaos”, no Sar-

doal, no dia 22 de junho, às

21h30. O Centro Cultural Gil

Vicente recebe o mágico por-

tuguês para uma experiência

mágica de cerca de 90 minu-

tos. Os bilhetes têm o preço

único de 10 euros e encon-

tram-se à venda na bilhetei-

ra do Centro Cultural, de 1 a

22 de junho. Em “Luís de Ma-

tos Chaos” os mais estranhos

elementos interagem de for-

ma mágica e surpreendente,

onde o público é chamado a

interagir durante todo o es-

petáculo. “Luís de Matos Cha-

os” é uma experiência mági-

ca sem precedentes, uma co-

leção de mistérios tornados

realidade em cada represen-

tação, constituindo uma via-

gem mágica pessoal, intrans-

missível.

O “Caos” de Luís de Matos no Centro Cultural de Sardoal

José FigueiredoAdvogado

Pós-Graduado em Direito Fiscal das EmpresasPós-Graduado em Fiscalidade

Áreas de ActividadeDireito Fiscal | Direito Administrativo | Direito Comercial | Direito da Insolvência

Av. Combatentes da Grande Guerra, 43 - 2.º C2400-123 Leiria - Portugal

Tel.: 244 823 755 • Fax: 244 813 522josefi [email protected] • www.josefi gueiredoadvogado.com

Em junho Abrantes recebe três

exposições em lugares diferen-

tes - Galeria de Arte, Biblioteca

António Botto e o Museu Dom

Lopo de Almeida. A Galeria de

Arte recebe entre 9 de junho e 27

de julho a exposição “Austerida-

de (e Pequenos Sinais de Fumo) ”

de Ana Vidigal. A pintora e artis-

ta plástica nasceu em Lisboa em

1960, concluiu o Curso de Pintura

da Escola Superior de Belas Artes

de Lisboa em 1984 e tem expos-

to por todo o país. Já a Bibliote-

ca António Botto vai ter em ex-

posição várias fotografi as sobre

o património edifi cado, rural e re-

ligioso do concelho de Abrantes.

“Abrantes, um Património por

redescobrir” pode ser visitada en-

tre 6 a 29 de junho. Por sua vez,

o Museu Dom Lopo de Almeida,

no Castelo de Abrantes, acolhe

uma nova exposição da IV Ante-

visão do Museu de Arqueologia e

Arte de Abrantes. “Em Pedra: Las-

car, Polir, Gravar, Esculpir…” vai es-

tar em mostra de 14 de junho a 30

de novembro e pretende mostrar

diversos objetos de pedra, uma

matéria-prima utilizada ao longo

dos tempos para vários fi ns. Três

exposições, três modos de olhar o

mundo, três modos de pensar.

Exposições em Abrantes

A Associação Envolve, sediada

no Rossio ao Sul do Tejo, Abrantes,

vai expor os trabalhos de pintura

de Aurélia Jesus Valle Rodrigues,

de 9 a 30 de junho. Foi como di-

retora de Educação Cristã no Se-

minário da Igreja Presbiteriana de

Portugal que desenvolveu o gos-

to pelo desenho e pintura. Auré-

lia Jesus Valle Rodrigues nasceu

no Montijo em 1931 mas reside

actualmente em Abrantes. Esta

aposentada Professora de Portu-

guês e Francês no Ensino Secun-

dário frequenta as aulas de Dese-

nho e Pintura, na Escola dirigida

pelo Pintor Massimo Esposito, em

Abrantes.

Associação Envolve expõe pintura de Aurélia Rodrigues

Coordenação de ANDRÉ LOPES

Page 29: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO2012 CULTURA 29

AS CARAS DA RÁDIO

“Sou fã incondicional destas músicas dos anos 80 e 90”

Carla Esteves está na Antena Livre há

cerca de 7 anos e no ar sem interrupção

há cerca de 3 anos com o seu”Best Off ”.

Com duas horas de emissão, entre as 11h

e as 12h e entre as 15h e as 16h, Carla Es-

teves leva-nos de segunda a sexta -feira

numa fantástica viagem musical pelos

anos 80 e 90, que fazem as delícias de

quem gosta de recordar grandes canções.

A Assessora Comercial que nasceu em

Portalegre vive em Abrantes desde os 15

anos e começou a fazer rádio por mero

acaso. Um dia, teve necessidade de re-

alizar um trabalho escolar para o qual a

ajuda da rádio era essencial. Dirigiu-se

então à RAL e foi pelas mãos do Valério

de Almeida que conseguiu fazer o seu

trabalho. O locutor da estação não fi cou

indiferente à sua voz e desafi ou-a a fa-

zer rádio. Pouco tempo depois, Carla Es-

teves estreava-se aos microfones com “A

Loja do Mestre André”, programa que fa-

zia as delícias da pequenada e que este-

ve no ar até ao fi m das emissões da RAL.

Depois, disso passou 2 anos pela Rádio

Tágide após os quais aceitou o convite

da direção de programas da Antena Li-

vre para fazer locução de continuidade.

Ao JA Carla Esteves afi rmou: “Adoro fa-

zer o Best Off . Sou fã incondicional des-

tas músicas dos anos 80 e 90 e tenho um

feedback muito positivo do nosso audi-

tório. E adoro estar na Antena Livre. Gos-

tei muito dos tempos da RAL e adorei a

Tágide, mas realmente estar nesta rádio

tem um gostinho especial”.

Emissão com Carla Esteves: Das 11h00 às 12h00 e das 15h00 às 16h00 - segunda a sexta-feira

ABRANTES: Ed. S. Domingos - Rua de S. Domingos – 336 – 2º A – Apart. 37Tel. 241 372 831/2/3 – Fax 241 362 645 - 2200-397 ABRANTES

LISBOA: Rua Braamcamp – 52 – 9º Esqº

Tel. 213 860 963 – 213 862 922 - Fax 213 863 923 - 1250-051 LISBOA

E.Mail: [email protected]

Eurico Heitor Consciência

João Roboredo Consciência

Teresa Roboredo Consciência

Rui Roboredo Consciência

ADVOGADOS

“O maravilhoso mundo

dos pais que trabalham” é

o tema de uma conferên-

cia temática que a Asso-

ciação Vidas Cruzadas pro-

move, no dia 20 de junho,

pelas 18h00, na Biblioteca

Municipal António Botto,

em Abrantes. Ao participar

nesta iniciativa, “os pais te-

rão oportunidade de des-

cobrir as questões que po-

derão tornar mais fácil e

isenta de culpa a gestão

destas duas áreas impor-

tantes da sua vida”: ser

mãe ou pai e, simultanea-

mente, profi ssional. O ob-

jectivo desta conferência

é o de proporcionar mo-

mentos de refl exão que

originem tranquilidade e

segurança no desempe-

nho de ambos os papéis. A

entrada é livre, mas a Vidas

Cruzadas agradece que os

participantes contribuam

com um alimento para o

Cabaz Social.

Conferência para pais e mães que trabalham

Page 30: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO201230 CULTURA

ANA CLÁUDIA DAMAS *

A maioria dos que, no dia 4 de maio, assistiram ao concerto dado por Paulo de Carvalho, em Abrantes, aparentavam ter a idade de quem teve o privilégio de ouvir a músi-ca “E Depois Do Adeus” na rádio, a 25 de Abril de 1974. Antes da noi-te que se tornou memorável para os que estiveram presentes, Paulo de Carvalho falou sobre os seus 50 anos de carreira e da música.

Como tem sido comemorar 50 anos de carreira?

Tem sido muito bom, com este es-

petáculo que andamos a fazer, que

corresponde a um DVD que fi zemos

e que saiu no ano passado. O espe-

táculo é o mesmo, com os meus fi -

lhos como convidados, a Mafalda

Sachetti e o Ágir. Muitas das músi-

cas são músicas que as pessoas co-

nhecem e reconhecem na minha

voz. Logicamente, não sou o mes-

mo músico, o mesmo cantor, de há

10, 20 ou 30 anos, portanto essas

músicas sofreram modifi cações de

arranjo – na forma de tocar, não as

músicas em si. As pessoas vêm para

as ouvir, e ouvem-nas, mas também

vão ouvir cantigas novas.

É a primeira vez que atua em Abrantes?

Não, nestes 50 anos, não é. Franca-

mente, não me lembro há quanto

tempo não vinha aqui. Portugal, ge-

ografi camente é tão pequeno, mas

depois torna-se tão grande, nestas

questões dos convites para vir tocar

às terras. Penso que tem a ver com

modas, e as modas não correspon-

dem, muitas vezes, ao que de bom

se faz na música nesta terra. Espero

que, quem vier cá hoje, goste do que

vai ver e ouvir. Para já, espero que

venham pessoas… e que, de pre-

ferência, tragam gente mais nova.

Já falou de como mudou como músico. O que mais mudou no Paulo de Carvalho nestes últimos 50 anos?

Tudo aquilo que muda através do

tempo nas pessoas que vivem pre-

ocupadas não só consigo próprias,

mas também com quem e com o

que os rodeia. Penso que a nossa

vida tem de ser feita por atenção

àquilo que nos rodeia, e de partici-

pação nisso mesmo. Nós participa-

mos na vida das outras pessoas, isto

é um coletivo, a Terra é feita de to-

dos nós: alguns mais distraídos, ou-

tros menos… Eu tentei, pelo menos,

que houvesse um aperfeiçoamento

no caráter e na pessoa que sou hoje

em dia, não só profi ssionalmente,

mas também pessoalmente.

E passados 50 anos, ainda há “qualquer coisinha” pela qual queira pedir desculpa?

Não. Essa frase nem é entendida

assim. “Desculpem qualquer coisi-

nha” signifi ca que “se não gostam, o

problema é vosso”.

Essa atitude mantém-se?Claro que sim. Até, talvez, refor-

çada, não porque eu, de repente,

passasse a ter enormes certezas de

tudo o que me rodeia (acho que

nós, quanto mais vamos vivendo,

menos certezas temos), mas por-

que sei o caminho por onde vou, sei

o que quero fazer, e sei, sobretudo,

os sonhos que tenho.

Há uns anos atrás, disse que já tinha mudado de estilo musical algumas vezes ao longo da car-reira, mas que, a partir daquele momento, passaria a fazer algo “etno-urbano”, como lhe chamou. Pretende continuar nesse estilo?

Cada vez mais. É evidente que este

espetáculo passa um bocado por

esse estilo de música, mas também

passa por outro tipo de músicas,

porque eu andei desde o rhythm

and blues, ao rock, à música de im-

provisação – a que chamam jazz –,

a fados. Portanto, há de tudo num

espetáculo que eu tenha que fazer,

que represente 50 anos da minha

existência. A etno-urbana é… nós

temos necessidade de pôr rótulos

às coisas. Eu gosto muito de músi-

ca étnica. Gosto e pratico a música

étnica portuguesa, sobretudo da

minha região, da minha cidade que

é Lisboa. Por outro lado, faz todo o

sentido chamar etno-urbano, por-

que eu sou um citadino. Nasci em

Lisboa, sou muito lisboeta, muito

alfacinha, e há muitas raízes de fado

naquilo que vou andar a fazer daqui

para a frente, o que não quer dizer

que sejam fados cantados e toca-

dos “à fado”.

Os seus fi lhos já partilharam o palco muitas vezes consigo. Ape-sar de terem estilos muito dife-rentes, acha que os seus fãs tam-bém são fãs dos seus fi lhos?

É provável que os possíveis fãs

da Mafalda estejam mais próximos

de ser meus fãs, do que do Ágir. Há

uma grande diferença de idades en-

tre mim e o meu fi lho, e uma gran-

de diferença na música que pratica-

mos. Mais ele do que eu. Eu chego

com mais facilidade à música dele,

do que ele chegará à minha. Não

é porque não saiba fazer, é porque

não gosta, não é do tempo dele…

Mas a música que ele faz tam-bém não é do seu tempo…

É, é. O meu tempo é agora (ri).

Digo isto porque, muitas vezes, as pessoas mais velhas dizem: “O que a malta nova agora faz…”. Não acha que as pessoas mais velhas se fecham um bocadinho mais?

Não, as pessoas mais velhas po-

dem é ter um espírito mais velho

também. Mas também podem ter

um espírito mais novo, não é uma

questão de idade. Eu acho que nós

aprendemos em todas as idades,

viver é isso mesmo: é ir aprenden-

do, é ir fazendo, ir vendo… Nós não

aprendemos só com aqueles que

sabem mais que nós, nós também

aprendemos com os que sabem

menos, quanto mais não seja como

não se deve fazer (ri).

Há alguém com quem gostasse de trabalhar, mas que ainda não teve oportunidade?

Vamos falar de duas pessoas. Há

uma pessoa com quem tive opor-

tunidade de trabalhar, com quem

eu gostava muito de trabalhar, e

com quem já trabalhei variadíssi-

mas vezes, é quase uma espécie de

irmão, que é o Ivan Lins. E há uma

pessoa com quem ainda não tra-

balhei, e adorava trabalhar, que é o

Pat Metheny. A esperança só mor-

re connosco, portanto vamos ver se

um dia destes até os consigo juntar

os dois, e trabalharmos os três. Acho

que é possível. Eu sei que eles têm

uma grande admiração um pelo

outro. Um conhece-me bem, e sabe

do que é que sou capaz; o outro

sabe da minha existência através de

amigos comuns, mas não sabe mui-

to bem quem eu sou musicalmen-

te. Por outro lado, comercialmente

falando, não sei no que é que isto

pode dar, porque a parte comercial

também é muito importante, e aqui

estamos a falar de um músico, que

é um enorme guitarrista, e de um

modo geral, o grande público não

gosta muito de música instrumen-

tal. Mas tenho esperança de con-

seguirmos fazer uma coisa em con-

junto.

* aluna de Comunicação Social da ESTA

Paulo de Carvalho “O meu tempo é agora”

Gosto e pratico

a música étnica

portuguesa,

sobretudo da

minha região,

da minha cidade

que é Lisboa

•“Penso que a nossa vida tem de ser feita por atenção àquilo que nos rodeia”

Page 31: jornal,abrantes

jornaldeabrantes

JUNHO2012 PUBLICIDADE 31

ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE SARDOAL

EDITAL N.º 05 / 2012MIGUEL JORGE ANDRADE PITA MORA ALVES

PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE SARDOAL

FAZ PÚBLICO que, para efeitos do art.º 91º da Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro, na redacção dada pela Lei n.º 5-A/2002, de 11 de Janeiro, se publicam as deliberações da Assembleia Municipal, tomadas em sessão ordinária, realizada no dia 27 de abril de 2012:

- PRESTAÇÃO DE CONTAS 2011;(Deliberado por maioria aprovar, com dez votos a favor e seis contra).

E para constar se lavrou o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afi xados nos lugares públicos de estilo.

Paços do Município de Sardoal, 04 de maio de 2012

O Presidente da Assembleia MunicipalMiguel Jorge Andrade Pita Mora Alves

Cartório Notarial de Vila de ReiJUSTIFICAÇÃO

- Nos termos do art. 100.º, do Código do Notariado, certifi co que por escritura de 24 de Maio de 2012, lavrada a fl s. 52 e seguintes do livro número 68-E, para escrituras diversas deste Cartório, na qual MANUEL DOS SANTOS ALVES, e mulher, ANA PAULA PINTO ALVES, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, naturais, ele da freguesia e concelho de Sardoal, ela da freguesia de Santa Justa, concelho de Lisboa, residentes na Rua das Flores, n.º 8, Buraca, Amadora, declararam ser, com exclusão de outrem, donos e legítimos possuidores do prédio rústico, composto de citrinos, olival, solo subjacente de horta em olival, com a área de trezentos e sessenta metros quadrados, sito em VALE DO PORTO, freguesia e concelho de Sardoal, que confronta pelo norte, pelo sul e pelo poente com Manuel dos Santos Alves e pelo nascente com a Estrada Nacional, inscrito na matriz sob o artigo 58, Secção AG.- Que o referido prédio, com a indicada composição, veio à sua posse, por volta do ano de mil novecentos e noventa e um, já no estado de casados, por compra verbal que fi zeram a Maria de Jesus, solteira, maior, residente que foi na Rua Rui de Barros Oliveira, n.º 33, Sintra, já falecida, não tendo, porém, sido reduzido a escritura publica a referida compra.- Que desde essa data, em que se operou a tradição material do prédio, passaram a cultiva-lo, a apanhar a azeitona, a colher todos os seus frutos e rendimentos, a trazer pontualmente pagas as respectivas contribuições, a suportar os seus encargos, agindo com a convicção de serem proprietários daquele imóvel e como tal sempre por todos foram reputados.- Que nos termos expostos, vêm exercendo a posse sobre o mencionado prédio, com a indicada composição, ostensivamente, à vista de todos, sem oposição de quem quer que seja, em paz, continuamente, há mais de vinte anos.- Que tais factos integram a fi gura jurídica da USUCAPIÃO, que invocam, para efeitos de primeira inscrição no registo predial, por não poderem provar a alegada aquisição pelos meios extrajudiciais normais.- Está conforme o original.

Vila de Rei, 24 de Maio de 2012

O Ajudante,Júlio de Oliveira Gaspar

(em Jornal de Abrantes, edição 5496 de junho de 2012)

ABRANTES

José Viegas Furtado Pais LoureiroN. 05.10.1932 - F. 01.05.2012

AgradecimentoEsposa, fi lhas, genros e netos agradecem profundamente a todos os que manifestaram o seu carinho e apoio neste momento de imensa dor, prestando, assim, homenagem ao seu ente querido. Que as boas recordações o perpetuem.Lutaste com afi nco e coragem para prolongares a dádiva da vida. Agradecemos-te. Admiramos-te. Uma parte de nós foi contigo, e uma parte de ti fi cou connosco, criando um laço que jamais será desfeito. Um abraço de eterna saudade. Descansa em paz.

CENTRO MÉDICO E DE ENFERMAGEMDE ABRANTES

Largo de S. João, N.º 1 - Telefones 241 371 566 - 241 371 690

CONSULTAS POR MARCAÇÃOACUPUNCTURADr.ª Elisabete Serra

ALERGOLOGIADr. Mário de Almeida;

Dr.ª Cristina Santa Marta

CARDIOLOGIADr.ª Maria João Carvalho

CIRURGIADr. Francisco Rufi no

CLÍNICA GERALDr. Pereira Ambrósio - Dr. António Prôa

DERMATOLOGIADr.ª Maria João Silva

GASTROENTERELOGIAE ENDOSCOPIA DIGESTIVADr. Rui Mesquita; Dr.ª Cláudia Sequeira

MEDICINA INTERNADr. Matoso Ferreira

REUMATOLOGIADr. Jorge Garcia

NEUROCIRURGIADr. Armando Lopes

NEUROLOGIADr.ª Isabel Luzeiro;

Dr.ª Amélia Guilherme

NUTRIÇÃODr.ª Mariana Torres

OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIADr.ª Lígia Ribeiro, Dr. João Pinhel

OFTALMOLOGIADr. Luís Cardiga

ORTOPEDIADr. Matos Melo

OTORRINOLARINGOLOGIADr. João Eloi

PNEUMOLOGIADr. Carlos Luís Lousada

PROV. FUNÇÃO RESPIRATÓRIAPatricia Gerra

PSICOLOGIADr.ª Odete Vieira; Dr. Michael Knoch;

Dr.ª Maria Conceição Calado

PSIQUIATRIADr. Carlos Roldão Vieira; Dr.ª Fátima Palma

UROLOGIADr. Rafael Passarinho

NUTRICIONISTADr.ª Carla Louro

SERVIÇO DE ENFERMAGEMMaria João

TERAPEUTA DA FALADr.ª Susana Martins

Page 32: jornal,abrantes