jornal público 2016-01-05

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269e4c10-67af-4367-b303-ec0e11cae31e Venda de carros registou no ano passado o melhor resultado desde 2010 Mercado automóvel cresceu 24% em 2015 e continuou a recuperar pelo terceiro ano consecutivo. Vendas voltaram a superar a barreira dos 200 mil veículos, mas ainda estão abaixo da média dos últimos 15 anos Economia, 16 Novo modelo de avaliação será apresentado até sexta-feira, com um só exame até ao 9.º p8 Sugestão polémica propõe retirada de nacionalidade a terroristas que só tenham passaporte francês p22 Reguladora da Saúde proíbe empresa de continuar a publicitar serviços de forma enganosa p10/11 Obra a editar em Fevereiro põe em causa autoria de três quadros que integram a colecção do Prado p28/29 Maioria dos candidatos à Presidência exclui uso da “bomba atómica” se Governo não cumprir promessas p6/7 Governo propõe aferição e só um exame no básico Socialistas já falam em tornar apátridas radicais condenados ERS veta publicidade que prometia pôr “Portugal a sorrir” Em busca do Bosch verdadeiro, entre boas e más notícias Candidatos dizem não à dissolução do Parlamento ADNAN ABIDI/REUTERS Ruben Faria foi segundo na primeira etapa a sério do Dakar 2016 p42 TER 5 JAN 2016 EDIÇÃO LISBOA Ano XXVI | n.º 9394 | 1,20€ | Directora: Bárbara Reis | Adjuntos: Nuno Pacheco, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora Internacional e de Parcerias: Simone Duarte | Directora Criativa: Sónia Matos ISNN:0872-1548 Muçulmanos xiitas de Nova Deli queimam efígie do rei da Arábia Saudita, em protesto contra a execução, no sábado, do xeque Nimr al-Nimr UTOPIAS A CIÊNCIA EM BD: O QUE IMPORTA É O CAMINHO Especial, 4/5 RUPTURA ALVO DA FÚRIA DO MUNDO XIITA, ARÁBIA SAUDITA CORTA RELAÇÕES COM IRÃO Destaque, 2/3 e Editorial

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Page 1: Jornal Público 2016-01-05

269e4c10-67af-4367-b303-ec0e11cae31e

Venda de carros registou no ano passado o melhor resultado desde 2010 Mercado automóvel cresceu 24% em 2015 e continuou a recuperar pelo terceiro ano consecutivo. Vendas voltaram a superar a barreira dos 200 mil veículos, mas ainda estão abaixo da média dos últimos 15 anos Economia, 16

Novo modelo de avaliação será apresentado até sexta-feira, com um só exame até ao 9.º p8

Sugestão polémica propõe retirada de nacionalidade a terroristas que só tenham passaporte francês p22

Reguladora da Saúde proíbe empresa de continuar a publicitar serviços de forma enganosa p10/11

Obra a editar em Fevereiro põe em causa autoria de três quadros que integram a colecção do Prado p28/29

Maioria dos candidatos à Presidência exclui uso da “bomba atómica” se Governo não cumprir promessas p6/7

Governo propõe aferição e só um exame no básico

Socialistas já falam em tornar apátridas radicais condenados

ERS veta publicidade que prometia pôr “Portugal a sorrir”

Em busca do Bosch verdadeiro, entre boas e más notícias

Candidatos dizem não à dissolução do Parlamento

ADNAN ABIDI/REUTERS

Ruben Faria foi segundo na primeira etapa a sério do Dakar 2016 p42TER 5 JAN 2016EDIÇÃO LISBOA

Ano XXVI | n.º 9394 | 1,20€ | Directora: Bárbara Reis | Adjuntos: Nuno Pacheco, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora Internacional e de Parcerias: Simone Duarte | Directora Criativa: Sónia Matos

ISNN:0872-1548

Muçulmanos xiitas de Nova Deli queimam efígie do rei da Arábia Saudita, em protesto contra a execução, no sábado, do xeque Nimr al-Nimr

UTOPIASA CIÊNCIA EM BD: O QUE IMPORTA É O CAMINHOEspecial, 4/5

RUPTURA ALVO DA FÚRIA DO MUNDO XIITA, ARÁBIA SAUDITA CORTA RELAÇÕES COM IRÃO Destaque, 2/3 e Editorial

Page 2: Jornal Público 2016-01-05

2 | DESTAQUE | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

MÉDIO ORIENTE

Aliados da Arábia Saudita rompem com o Irão

Quando o rei Salman tomou

posse, há um ano, o analista

saudita Aimen Dean escre-

veu que a Arábia Saudita

iria “assumir uma posição

mais combativa em rela-

ção ao Irão e aos seus aliados”. A

26 de Março, enquanto o ministro

dos Negócios Estrangeiros iraniano,

Mohammad Zarif, estava na Suíça a

discutir o acordo sobre o programa

nuclear iraniano — assinado a 14 de

Junho —, aviões sauditas começavam

a largar bombas sobre os rebeldes

houthis, tribo iemenita de confi s-

são xiita, que Riad acusa Teerão de

fi nanciar e controlar.

Apesar das previsões de Dean e

de outros analistas, a execução, no

sábado, do xeque Nimr, um líder

religioso da minoria xiita saudita,

apanhou muitos desprevenidos. O

mesmo aconteceu com a decisão

saudita, domingo, de suspender os

laços diplomáticos com o Irão, jus-

tifi cada pelo ataque à embaixada de

Riad em Teerão num protesto pela

execução de Nimr.

No mesmo dia em que executavam

Nimr, os sauditas declararam o fi m

unilateral do cessar-fogo em vigor no

Iémen desde 15 de Dezembro. “Isto

é uma escalada que vai lançar o caos

na região”, comentou à Al Jazira o

analista libanês Joseph Kechichian.

Sudão e Bahrein juntaram-se en-

tretanto aos sauditas e anunciaram

o corte de relações com o Irão, en-

quanto os Emirados Árabes Unidos

chamaram o seu embaixador em

Teerão. Do outro lado, o Governo

iraquiano enfrenta pressões para en-

cerrar a embaixada saudita em Bag-

dad, reaberta apenas em Dezembro,

25 anos depois de iraquianos e saudi-

tas terem cortado relações, quando

Saddam Hussein invadiu o Kuwait.

Manifestações diante de repre-

sentações sauditas repetiram-se um

pouco por todo o lado onde há gran-

des comunidades xiitas: de novo no

Irão, onde se queimaram bandeiras

dos Estados Unidos e de Israel; no

Bahrein (onde a maioria xiita é go-

vernada por uma família sunita e os

protestos foram fortemente repri-

midos); no Iraque (único país árabe

com um Governo xiita), onde a em-

baixada foi atingida por um rocket.

Duas mesquitas sunitas no Iraque

foram alvo de atentados que fi zeram

uma vítima mortal e o responsável

pelo chamamento para as orações

de uma terceira mesquita foi tam-

bém morto, com Bagdad a acusar

“infi ltrados” de quererem “reavivar

a violência entre xiitas e sunitas” que

devastou o país entre 2006 e 2010.

Houve ainda protestos no Líbano,

Turquia, Paquistão e na Caxemira

indiana, assim como em Qatif, a re-

gião do xeque Nimr, onde os seus

familiares apelaram à calma.

Em Teerão, os manifestantes tam-

bém gritaram contra o seu próprio

Governo, por terem sido os sauditas,

e não os iranianos, a romper os laços

diplomáticos.

Hezbollah acusam sauditasOs políticos iranianos têm-se manti-

do controlados nas suas declarações,

ao contrário do verdadeiro líder do

país, o ayatollah Ali Khamenei, que

descreveu Nimr como “um mártir

oprimido” e anteviu que “uma vin-

gança divina vai abater-se sobre os

políticos sauditas”. No Líbano, o lí-

der do grupo xiita Hezbollah, apoia-

do por Teerão, afi rmou que a morte

do xeque saudita é “uma mensagem

de sangue”. Os “Saud [nome da famí-

lia real] querem um confl ito sunita-

xiita, foram eles que o iniciaram e

estão a provocá-lo em todo o lado”,

acusa Hassan Nasrallah.

grande país persa e xiita, é antiga e

ambos a travam como se disso de-

pendesse a perpetuidade dos seus

próprios regimes autoritários. Te-

erão, aliás, acusou o rei Salman de

executar Nimr, um dos 47 condena-

dos à morte executados no sábado,

e cortar os laços com o seu país para

distrair os sauditas da situação eco-

nómica. Em 2014, o lucro obtido com

o petróleo diminuiu 23% no país.

“O Irão compromete-se a provi-

denciar segurança diplomática co-

mo indicam as convenções interna-

cionais. Mas a Arábia Saudita, que se

alimenta de tensões, usou este inci-

dente [o ataque à embaixada] para

as aumentar”, afi rmou o porta-voz

do Ministério dos Negócios Estran-

geiros, Hossein Jaberi Ansari.

As divisões entre as duas princi-

pais seitas do islão, sunitas e xiitas,

não têm parado de crescer no Médio

Oriente desde a invasão do Iraque,

em 2003. A coligação de nações su-

nitas que Riad formou para comba-

ter os rebeldes iemenitas aumentou

ainda mais as tensões — e fez crescer

o sectarismo no Iémen, onde nun-

ca tinha havido grandes distinções

religiosas.

Alguns analistas acreditam que

a atitude saudita tem por objectivo

Sudão e Bahrein também cortam relações com Teerão, onde embaixada saudita foi invadida no sábado, num protesto contra a execução do xeque Nimr al-Nimr

Sofia Lorena Riad cortou ainda relações comerciais e ligações aéreas com o Irão, para onde os seus súbditos estão proibidos de viajar. Emirados Árabes Unidos chamaram embaixador em Teerão

Entretanto, a monarquia saudita

fez saber que a suspensão das rela-

ções não se fi ca pela expulsão dos

diplomatas: Riad vai cortar todas as

relações comerciais e o tráfego aéreo

entre os dois países e proibiu os seus

cidadãos de viajarem para o Irão. De

Teerão já saíram 80 sauditas, diplo-

matas e seus familiares.

A luta de poder pela hegemonia

regional entre o reino dos lugares

santos do islão, Meca e Medina, e o

Page 3: Jornal Público 2016-01-05

PÚBLICO, TER 5 JAN 2016 | DESTAQUE | 3

antecipar o levantamento das san-

ções internacionais, que acontecerá

em breve e permitirá ao Irão voltar a

exportar petróleo para vários países

ocidentais, recuperando assim a sua

economia e regressando ao estatu-

to de potência regional que sempre

reclamou. O ideal, para Riad, seria

provocar Teerão a fazer algo que pu-

sesse em causa o acordo sobre o seu

programa nuclear.

Mesmo descrevendo o ataque à

embaixada saudita como “deplorá-

vel”, o secretário-geral da ONU, Ban

Ki-moon, considerou “o anúncio do

corte de relações com Teerão extre-

mamente preocupante”.

Para além do Iémen, o processo

de paz na Síria será com grande pro-

babilidade outra baixa desta escala-

da regional. Riad e Teerão tinham-se

fi nalmente sentado à mesma mesa a

debater a crise síria em Dezembro e

deveriam participar nas negociações

entre o regime e a oposição com

início previsto para 25 de Janeiro.

Washington, Berlim, Londres e Pa-

ris têm repetido os apelos à calma,

mas não se antevêem passos nesse

sentido em breve: a pedido de Riad,

hoje vai realizar-se uma reunião da

Liga Árabe sobre “as ingerências do

Irão nos assuntos árabes”.

RAHEB HOMAVANDI/REUTERSTeerão voltou ontem a assistir a uma manifestação de protesto contra a execução, no sábado, do xeque xiita saudita Nimr al-Nimr pelo regime de Riad

EUA temem repercussões da escalada de tensão entre sauditas e iranianos

Os responsáveis da Adminis-

tração americana dizem

temer que a abrupta

escalada na tensão entre

a Arábia Saudita e o Irão

possa ter repercussões que

se estendam à luta contra o Estado

Islâmico, aos esforços diplomáticos

para pôr fi m à guerra na Síria e a

iniciativas mais abrangentes para

estabilizar o Médio Oriente.

Imediatamente a seguir ao anún-

cio da Arábia Saudita de que ia cortar

relações diplomáticas com Teerão,

depois de uma multidão ter invadi-

do a embaixada saudita no sábado

à noite, Washington pediu aos dois

lados para recuarem. “Acreditamos

que o diálogo diplomático e as con-

versações directas são essenciais

para a resolução das divergências”,

disse, domingo à noite, o porta-voz

do Departamento de Estado, John

Kirby. “Vamos continuar a apelar aos

líderes em toda a região para adopta-

rem medidas que contribuam para

acalmar a tensão”.

O apelo público à calma segue-se

aos já longos desentendimentos em

relação ao Irão e a outras questões

que ensombram as relações dos Es-

tados Unidos com a Arábia Saudita, o

seu mais poderoso aliado na região,

ameaçando provocar uma grave

ruptura.

Em privado, os responsáveis da

Administração americana criticam

os sauditas por terem provocado a

escalada deste fi m-de-semana com

a execução do xeque Nimr al-Nimr,

um destacado religioso xiita que foi

detido há dois anos e condenado à

morte sob acusação de ter fomen-

tado a revolta contra a família real

saudita. “O jogo que eles estão a jogar

é perigoso”, disse um responsável

americano, que falou a coberto de

anonimato. “Há repercussões maio-

res do que apenas a reacção a estas

Governo mais cooperante. Quando,

em Março, os sauditas começaram a

bombardear os rebeldes iemenitas

liderados pelas milícias da tribo hou-

thi, os EUA forneceram-lhes algum

apoio, ao mesmo tempo que critica-

ram de forma discreta a insistência

saudita em afi rmar que os houthis

não são mais do que um braço da

agressão iraniana.

Mais importante foi a oposição

saudita ao acordo sobre o programa

nuclear iraniano, que os negociado-

res liderados pelos EUA fi nalizaram

no Verão passado com Teerão. Assim

que o acordo estiver em prática, os

Estados Unidos e as outras potências

vão levantar as sanções internacio-

nais contra o Irão, canalizando di-

nheiro para os cofres do seu Governo

que Riad acredita que será gasto a

expandir a sua infl uência na região.

Tal como outros opositores do

acordo, dentro e fora dos EUA, a

Arábia Saudita acredita que o Irão

vai continuar a tentar desenvolver

armas nucleares em segredo. A Ad-

ministração americana discorda

frontalmente, alegando que as me-

didas de verifi cação e monitorização

acordadas — juntamente com os ter-

Karen DeYoungmos do acordo que obrigam Teerão

a desmantelar boa parte da sua in-

fra-estrutura nuclear — vão limitar

o programa iraniano à produção de

energia.

Washington tem também critica-

do com frequência o sistema judicial

saudita, em particular as decisões

que visam suprimir a dissidência

política pacífi ca. Apesar de não se

ter juntado à condenação internacio-

nal à prisão e condenação de Nimr,

fontes da Administração dizem que o

assunto tem sido repetidamente evo-

cado nos encontros privados com os

líderes sauditas, na medida em que

há o risco de ter repercussões na re-

gião e em todo o mundo muçulmano.

Mas, no geral, a Administração ame-

ricana acreditava, antes da execução

de Nimr, que, apesar das tensões oca-

sionais, as suas relações com o reino

tinham regressado a uma confortável

velocidade de cruzeiro, com a che-

gada ao trono do rei Salman, em Ja-

neiro, após a morte do meio-irmão,

o rei Abdullah.

A promessa de Obama, na Prima-

vera passada, de reforçar a assistên-

cia militar e a venda de armas aos

aliados do Golfo Pérsico logo após

o acordo com o Irão manteve as di-

vergências afastadas dos olhares pú-

blicos durante grande parte de 2015.

Mais recentemente, a Administração

empenhou-se em trazer sauditas e

iranianos para a iniciativa diplomáti-

ca que visa pôr fi m à guerra na Síria e

deixou que se empenhassem na luta

contra o Estado Islâmico.

No mês passado, Teerão e Riad es-

tiveram pela primeira vez à mesma

mesa e aceitaram um acordo, forjado

pelo secretário de Estado norte-ame-

ricano, John Kerry, para conseguir

juntar a oposição síria e os represen-

tantes de Assad em negociações com

vista à formação de um Governo de

transição e a eventuais eleições. Em

meados de Dezembro, na sequência

daquele acordo, Riad acolheu grupos

desavindos da oposição que aceita-

ram formar um comité negocial para

as conversações com o regime, sob

os auspícios da ONU, previstas para

25 de Janeiro.

Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

Corte de relações pode complicar esforços diplomáticos para resolver guerra na Síria e a luta contra o Estado Islâmico

execuções”, incluindo possíveis da-

nos às “iniciativas para combater o

Estado Islâmico, bem como ao pro-

cesso de paz para a Síria”, avisa.

A Arábia Saudita deixou claro que

o desagrado americano em relação

aos acontecimentos do fi m-de-sema-

na é pouco relevante perante a sua

convicção de que o Ocidente está a

ceder ao Irão num conjunto de ques-

tões. “Já basta”, disse um responsá-

vel autorizado a falar sobre a política

saudita, sob condição de anonimato.

“Teerão tem desrespeitado o Ociden-

te, uma e outra vez, continuando a

patrocinar o terrorismo, a lançar

mísseis balísticos e ninguém está a

fazer nada em relação a isso.” “Sem-

pre que os iranianos fazem algo, os

Estados Unidos recuam. Os sauditas

são os únicos a fazer qualquer coisa”,

afi rmou o responsável.

“Estamos determinados a não dei-

xar o Irão minar a nossa segurança”,

anunciou o ministro dos Negócios

Estrangeiros saudita, Adel al-Jubeir,

numa conferência de imprensa em

Riad, no domingo. “Estamos deter-

minados em não deixar o Irão mo-

bilizar ou criar células terroristas

no nosso país ou nos países aliados.

Vamos reagir a qualquer tentativa do

Irão para o fazer.”

Apesar de a Arábia Saudita e os

EUA terem há muito encontrado uma

causa comum nas campanhas contra

o terrorismo e na promoção da esta-

bilidade regional, surtos de tensão

têm surgido de forma regular desde

os atentados de 11 de Setembro.

Os dois países têm discordado com

frequência, desde o fi nal de 2011, so-

bre a resposta à guerra civil na Síria,

com Riad a defender uma resposta

mais musculada, incluindo uma in-

tervenção militar directa e a entrega

de armamento sofi sticado à oposição

síria. O Irão, tal como a Rússia, é o

principal aliado do Presidente sírio,

Bashar al-Assad, membro da minoria

alauita, uma seita xiita, e Riad olha

para a guerra civil como parte da luta

do Irão para se tornar a força domi-

nante na região.

No Iémen, os EUA e a Arábia Saudi-

ta têm cooperado na campanha con-

tra a Al-Qaeda na Península Arábica

(AQPA) e apoiaram os esforços para

colocar em funções e estabilizar um

O acordo sobre o programa nuclear iraniano, promovido pela Administração de Obama, contou com a firme oposição saudita

Page 4: Jornal Público 2016-01-05

4 | ESPECIAL 2016 | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

Page 5: Jornal Público 2016-01-05

Utopia, de Thomas More, foi publicada em 1516, há exactamente quinhentos anos. No arranque de 2016, o PÚBLICO oferece uma série especial sobre novas e velhas utopias de que nos rodeamos. Amanhã: A utopia da informação

www.publico.pt

PÚBLICO, TER 5 JAN 2016 | ESPECIAL 2016 | 5

Argumento João Ramalho-SantosDirector do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, onde lidera o grupo de investigação de Biologia da Reprodução e Células Estaminais

Desenhos André CaetanoLicenciado em Design de Comunicação, é freelancer em ilustração e design gráfico (www.andrecaetano.com)

Page 6: Jornal Público 2016-01-05

6 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

Candidatos excluem dissolução se Governo não cumprir promessas

A maioria dos dez candidatos às

eleições presidenciais de 24 de Ja-

neiro exclui o recurso à denomina-

da “bomba atómica” dos poderes

presidenciais, ou seja, a dissolução

da Assembleia da República, se o

Governo não cumprir as metas do

défi ce ou as suas promessas eleito-

rais. No debate radiofónico organi-

zado ontem de manhã pela Antena

1, o único que reuniu os dez can-

didatos, foram ainda abordadas as

situações do Banif e a presença das

Forças Armadas em missões no es-

trangeiro.

“A Presidente da República deve

ser um factor de estabilidade; só en-

caro a dissolução nos casos de perda

de maioria parlamentar ou quando

o primeiro-ministro não cumpra os

seus deveres”, disse Marisa Matias.

A candidata apoiada pelo Bloco de

Esquerda pôs de lado o cenário de

demissão de um executivo pelo não

cumprimento do défi ce ou de trata-

dos internacionais.

Maria de Belém destacou que só

em condições excepcionais recor-

reria à dissolução. “A Presidente da

República é um construtor de esta-

bilidade”, destacou a ex-presidente

do PS. Sampaio da Nóvoa afi nou pe-

lo mesmo diapasão, embora, retro-

cedendo à crise do “irrevogável”,

ou seja, a demissão de Paulo Portas

do Governo de Pedro Passos Coelho

no Verão de 2013, admitiu que teria

ponderado a demissão.

A candidatura do PCP deu um ro-

tundo “não” se o que estivesse em

causa fosse o défi ce. Neste terreno,

Marcelo Rebelo de Sousa assinalou

que a Constituição da República

Portuguesa vale mais que o Direito

Europeu. O que se aplicaria, deste

modo, aos acordos internacionais

como o tratado orçamental. A fa-

culdade de utilizar a “bomba ató-

mica”, disse Marcelo, será, sempre,

ponderada caso a caso. Sobre o que

teria feito em 2013, o professor so-

mou a difícil situação económica

e o momento então vivido pelo PS

para não dissolver. O mesmo faria

Cândido Ferreira.

À margem destas ponderações,

pronunciaram-se os outros candi-

datos. “Em qualquer Governo que

atente contra os interesses nacio-

nais, o Presidente tem uma palavra a

dizer”, referiu Henrique Neto. Que,

explicou, por isso teria demitido Jo-

sé Sócrates e Passos Coelho.

“O incumprimento deve ser san-

cionado”, foi a frase de Jorge Sequei-

ra. Paulo Morais, como Neto, teria

demitido Sócrates e Passos por “a

estabilidade não ser um valor em

si mesmo, pois não há nada mais

estável que um pântano”. Por fi m,

Vitorino Silva (conhecido por Tino

de Rans), admite a demissão por não

passagem do Orçamento do Estado

e não cumprimento das promessas

eleitorais.

Esta questão, os poderes presiden-

ciais de dissolução, foi a novidade do

debate de menos de duas horas da

manhã de ontem. No Banif, os dez

candidatos repetiram, pela enésima

vez, as suas posições quanto à solu-

ção do executivo de António Costa e

ao Orçamento Rectifi cativo.

Banif agita“Quando os bancos não têm juízo,

o povo é que paga, e não pode ser”,

foi a palavra de ordem de Vitorino

Silva. “Esta foi a pior solução, houve

manipulação das acções do Banif”,

repetiu Paulo Morais. “O erário pú-

blico não tinha que pagar, devia ser

a falência”, admitiu Jorge Sequeira.

Edgar Silva defendeu o controlo

público do sector fi nanceiro. “Somos

o único país em que os contribuintes

pagam sempre [ao sector fi nancei-

ro]”, garantiu Marisa Matias. “É o

fracasso da política portuguesa de

prever”, lamentou Henrique Neto.

Maria de Belém, Marcelo Rebelo

de Sousa, Sampaio da Nóvoa e Cân-

dido Ferreira, embora com conside-

randos próprios sobre o caso — da

transparência ao cumprimento das

normas comunitárias, passando

pela importância regional do Banif

— concordaram com a decisão do

executivo e a venda daquela insti-

tuição fi nanceira ao espanhóis do

Santander/Totta.

Sobre as Forças Armadas, das

quais o Presidente da República é

o chefe supremo, foi aberta uma

possibilidade: a de aumentar a re-

presentação parlamentar a todos os

grupos do hemiciclo no seio do Con-

selho Superior de Defesa Nacional.

Embora tal iniciativa dependa do

poder legislativo, não do inquilino

de Belém, foi por todos reconhecida

a necessidade de abrir aquele órgão

que, pela constituição e funções, se

encontra governamentalizado.

A presença de tropa portuguesa

em missões no estrangeiro revelou

as tradicionais clivagens. Sim em

missões de paz, não em actividades

militares, para Marisa Matias e Ed-

gar Silva.

Os outros admitiram esse envol-

vimento no âmbito da ONU, da de-

fesa dos interesses nacionais e com

referências explícitas ao combate ao

autoproclamado Estado Islâmico e

às suas fontes de fi nanciamento.

A RDP fez o primeiro debate entre os dez candidatos. A RTP fará o segundo no dia 19

A Constituição da República vale mais do que o Direito Europeu, disse Marcelo, referindo-se aos tratados e acordos com Bruxelas

Presidenciais Nuno Ribeiro

Debate entre Marisa Matias e Sampaio da Nóvoa

O debate entre os candidatos presidenciais Marisa Matias e Sampaio da Nóvoa, transmitido a 1 de Janeiro

pela RTP1, foi o mais visto de todos os realizados até domingo, de acordo com dados da GfK tratados pela agência de meios e análise de mercados Carat. O frente-a-frente televisivo que inaugurou o ciclo de debates de candidatos às presidenciais obteve uma quota de audiência de 13,2%. Este debate teve uma audiência média de 602,3 mil espectadores.

O debate entre os candidatos

presidenciais Henrique Neto e Sampaio da Nóvoa, transmitido a 2 de Janeiro pela RTP1, foi o segundo mais visto, com 10,5% de share e uma audiência média de 486,3 mil telespectadores, seguido do frente-a-frente entre Edgar Silva e Paulo de Morais, realizado no domingo também pelo canal público, com 10,2% de quota e uma audiência de 541,8 mil pessoas, de acordo com o trabalho feito pela Carat tendo como base os dados da GfK.

Já o frente-a-frente entre os candidatos Henrique Neto e Marcelo Rebelo de Sousa,

Page 7: Jornal Público 2016-01-05

PÚBLICO, TER 5 JAN 2016 | PORTUGAL | 7

DANIEL ROCHA

40foi o número de mandatários ontem apresentados pela candidatura de Sampaio da Nóvoa, que escolheu um homem e uma mulher para 20 causas

O candidato presidencial Sampaio

da Nóvoa acusou ontem Marcelo

Rebelo de Sousa de só gostar de se

ouvir a si próprio, questionando as

garantias que dá quem faz “uma

campanha auto-sufi ciente e sem

ouvir ninguém”.

“Tenho visto um candidato or-

gulhar-se de fazer campanha sozi-

nho, sem ajuda alguma e sem ou-

vir ninguém. A pergunta que faço é

simples: que garantias nos dá quem

faz uma campanha auto-sufi ciente e

sem ouvir ninguém, que chegado a

Belém ouvirá quem quer que seja?”,

questionou Sampaio da Nóvoa, na

apresentação dos 40 “mandatários

das causas” da sua candidatura.

Sublinhando que “a impressão

que dá é que Marcelo Rebelo de

Sousa só gosta de se ouvir a si pró-

prio”, o candidato presidencial

vincou que a palavra do Presiden-

te da República tem poder e é pre-

cisamente por isso que o chefe do

Estado tem se “saber ouvir antes

de falar”. “Defendo um Presiden-

te próximo, presente, que ouve as

pessoas, que fala com as pessoas,

para assim estar em melhores con-

dições de tomar a palavra e agir”,

acrescentou o antigo reitor na Uni-

versidade de Lisboa.

Numa intervenção em que co-

meçou por falar dos “bloqueios”

económico, social e institucional

de Portugal e da “estratégia nacio-

nal partilhada” necessária para os

ultrapassar, Sampaio da Nóvoa rei-

terou que o país não pode ser “a

divisão das partes” e que na Pre-

sidência da República deve estar

“alguém que venha para somar,

para juntar, para unir”.

“Sabemos todos que um Presi-

dente da República não governa,

não legisla, mas tem de ser porta-

dor de causas e, ao submeter-se ao

sufrágio universal e directo, tem

de assumir compromissos claros

com os portugueses”, insistiu, fa-

lando na necessidade de um che-

fe de Estado que seja o principal

agente de mobilização da vontade

colectiva e um promotor de com-

promissos estratégicos a médio e

longo prazo. Pois, continuou, em

Portugal a política tem “táctica a

mais e estratégia a menos”, tem

“curto prazo a mais e compro-

Sampaio da Nóvoa acusa Marcelo Rebelo de Sousa de só gostar de se ouvir a si próprio

missos de longo prazo a menos”.

Insistindo que é necessário um

Presidente que compreenda bem

a “cultura de diálogo e de compro-

misso” que agora se abriu na polí-

tica portuguesa, o candidato frisou

a necessidade de isso ser feito sem

crispações, receios ou pressões

inaceitáveis e colocando sempre

o interesse nacional à frente de

interesses particulares. “Tempos

diferentes, como os que vivemos,

exigem um Presidente que faça a di-

ferença. Um Presidente imparcial,

independente”, argumentou.

Antes de Sampaio da Nóvoa,

ENRIC VIVES-RUBIO

Jorge Miranda preside à comissão de honra da candidatura de Sampaio da Nóvoa a Belém

também o coordenador nacional

das causas, Manuel Carvalho da

Silva, tinha deixado críticas a Mar-

celo Rebelo de Sousa e às suas “ca-

mufl agens”, usando como exem-

plo o facto de o candidato apoiado

pelo PSD e pelo CDS-PP “fazer de

conta” que, por ter votado a Cons-

tituição em 1976, fi cou automatica-

mente comprometido com o Estado

social.

Sampaio da Nóvoa apresentou

os 40 mandatários nacionais das

causas da sua candidatura, entre

os quais Eduardo Lourenço, Gomes

Canotilho, Pilar del Río, António

Arnaut e Vasco Lourenço. “Quise-

mos que fossem sempre dois, um

homem e uma mulher, para assim

simbolizar a igualdade, a igualdade

de género, todas as igualdades, que

estão na matriz desta candidatura”,

explicou o candidato numa sessão

em que também foi revelado que

o constitucionalista Jorge Miranda

preside à comissão de honra da

candidatura.

Falando perante quase todos os

40 mandatários das 20 causas esco-

lhidas, Sampaio da Nóvoa justifi ca-

va assim o facto de, para cada uma

das causas, existir um mandatário

e uma mandatária, começando lo-

go pela “função” de mandatários

nacionais que é partilhada pelo ex-

ministro Correia de Campos e pela

cantora Teresa Salgueiro. Lusa

“Tenho visto um candidato orgulhar-se de fazer campanha sozinho.[...] Que garantias nos dá quem faz uma campanha auto-sufi ciente e sem ouvir ninguém, que chegado a Belém ouvirá quem quer que seja?”

a foi o mais visto

transmitido a 3 de Janeiro pela SIC Notícias, ficou em quarto lugar nos debates realizados até ao passado domingo. O debate transmitido pelo canal de informação do grupo Impresa obteve um share de 3,1%, com uma audiência média de 166,5 mil espectadores.

Por sua vez, o debate transmitido pela TVI24 no primeiro dia do ano e que contou com o abandono, em directo, do candidato presidencial Cândido Ferreira, por discordar do modelo previsto, foi o quinto mais visto até agora, com um share de 2,6%, com uma audiência média de

89,3 mil telespectadores.Além de Cândido Ferreira, que

abandonou o debate televisivo em directo, logo no início, participaram os candidatos presidenciais Marcelo Rebelo de Sousa, Vitorino Silva (Tino de Rans) e Jorge Sequeira. Com 2,2% de audiência, o debate entre os candidatos presidenciais Maria de Belém e Paulo Morais, transmitido pela SIC Notícias a 1 de Janeiro, obteve uma audiência média de 103,5 mil telespectadores. Todos os restantes debates registaram um share inferior a 2%. PÚBLICO/ Lusa

Page 8: Jornal Público 2016-01-05

8 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

ENRIC VIVES-RUBIO

Governo propõe provas de aferição e só um exame no ensino básico

O ministro da Educação anunciou

ontem que o Governo se prepara pa-

ra apresentar, “ao longo desta sema-

na”, um novo modelo de avaliação

dos alunos e do sistema. “Teremos

uma solução integrada de avaliação

e aferição que chegará à comunida-

de educativa como um todo e que

não vai interferir com o bom funcio-

namento das escolas”, disse Tiago

Brandão Rodrigues, no fi nal de uma

visita à Escola Secundária da Baixa

da Banheira, no concelho da Moita,

no regresso às aulas para o segundo

período do ano lectivo.

O titular da pasta da Educação,

que estava acompanhado do secretá-

rio de Estado João Costa, não adian-

tou pormenores sobre o novo pro-

jecto, referindo apenas que integrará

“avaliação e aferição”, nem infor-

mou sobre a data de apresentação.

Porém, o PÚBLICO soube que a

apresentação do novo modelo será

entre amanhã e sexta-feira e que a

proposta passa por um meio-termo

entre o que existe e aquilo que de-

fendem os outros partidos de es-

querda na Assembleia da República.

Depois de ter sido decidido o fi m do

exame nacional do 4.º ano, PCP e

BE querem acabar também com os

exames do 6.º e do 9.º anos, mas a

proposta do PS não chegará a tanto,

prevendo abolir apenas um destes

dois exames.

O modelo desenhado pela equi-

pa de Brandão Rodrigues trata o

ensino básico como um todo, pelo

que até 9.º ano passará a haver um

sistema integrado, com aferição e

avaliação, em que haverá somente

um exame nacional, provavelmente

no 9.º ano, e testes de aferição nos

outros ciclos, designadamente no

4.º e no 6.º anos. Esta será a ideia

original que, no entanto, poderá so-

frer alterações.

Com este modelo, o Governo so-

cialista procura o consenso, não

apenas aproximando-se dos de-

mais partidos de esquerda com re-

presentação parlamentar, de cujo

apoio precisa na Assembleia da

República, mas também dos sindi-

catos e outros agentes do sector da

educação. É precisamente em no-

me do maior consenso possível que

o ministro admite apresentar o seu

escolas deste país”. Uma estratégia

que, segundo o ministro, tem de ser

“centrada na escola, centrada, acima

de tudo, nas soluções que os profes-

sores, na sua fortaleza, com o seu

conhecimento, possam encontrar,

soluções locais, muitas têm de ser

encontradas na comunidade, com as

autarquias, os pais e os alunos, para

que em cada escola se possa ter uma

intervenção precoce, preventiva e

atempada”.

Pelo menos para já, a política de

combate ao insucesso escolar passa

por incentivar os professores para

essa causa. “Os professores foram,

ao longo destes últimos anos, de

uma resiliência e de uma estoicidade

única, mostraram uma capacidade

de superação de todas as difi culda-

des a que foram sujeitos e é preciso

pô-los como actores principais e cen-

trais deste combate, desta promoção

do sucesso escolar”, disse Brandão

Rodrigues. Um desígnio compatí-

vel com a avaliação, no entender

do ministro. “Essa tem de ser uma

base, o entender a aprendizagem. A

avaliação não é um fi m último mas

pode ser, acima de tudo, uma ferra-

menta para nós criarmos caminho,

para melhorar a promoção do su-

cesso escolar”.

Questionado pelo PÚBLICO sobre

a questão das metas curriculares,

que têm sido objecto de contesta-

ção por parte das associações de

professores de Matemática e de Por-

tuguês e também por parte do PCP,

que tem agendada para sexta-feira,

dia 8, uma iniciativa parlamentar

a favor da sua suspensão, Brandão

Rodrigues adianta que o PS está a

tentar chegar a um acordo com os

partidos à esquerda.

“Estamos a trabalhar também a

nível parlamentar para auscultar os

nossos parceiros para podermos,

efectivamente com eles e, acima de

tudo, para a escola, dar uma infor-

mação sólida, coesa, que se quer

pensada e trabalhada”, disse.

Para o governante, é “preciso, so-

bretudo, estabilizar o trabalho nas

escolas”. Na mesma linha, o depu-

tado do PS André Pinotes Baptista

disse ao PÚBLICO que o grande de-

safi o do actual Governo na Educação

é precisamente o de estabilizar o sis-

tema, depois de “o anterior ministro,

Nuno Crato, se ter proposto implodir

a Educação e, infelizmente, quase o

ter conseguido”.

Tiago Brandão Rodrigues visitou ontem a Escola Secundária da Baixa da Banheira, na Moita

Governo apresenta novo modelo de avaliação até sexta-feira. Ministro quer tratar o ensino básico como um todo e integrar avaliação e aferição de forma faseada, devendo manter apenas o exame do 9.º ano

EducaçãoFrancisco Alves Rito

Ensino artístico com nova portaria na calha

Oministro da Educação prepara-se para mudar as regras no pagamento dos subsídios às escolas

de ensino artístico financiadas pelo Estado. “Para não repetir os processos de anos anteriores, o que nós faremos é também uma portaria que muda a calendarização de financiamento ao ensino artístico para que, efectivamente, não se reproduzam os problemas que existiram neste ano lectivo e no ano lectivo transacto.”

A revelação foi feita ontem por Brandão Rodrigues, no mesmo dia em que o ministro anunciou que “estão reunidas as condições” para o ministério regularizar os pagamentos em atraso de financiamento ao ensino artístico. Em declarações aos jornalistas, no final de uma visita à Escola Secundária

da Baixa da Banheira, no concelho da Moita, Tiago Brandão Rodrigues informou que o Tribunal de Contas já deu visto prévio ao pagamento à “generalidade das escolas” e que algumas já receberam as verbas. “Os pagamentos começaram a ser feitos já antes da passagem do ano, a seguir ao Natal. Basicamente tivemos o visto prévio do Tribunal de Contas e com isso foi possível começar a fazer os pagamentos às escolas do ensino artístico.”

Segundo o governante, neste momento, falta apenas fazer as transferências para as escolas que ainda não pagaram os emolumentos e que são “um universo muito pequeno”. “Cabe agora às escolas pagar os emolumentos e com isso terem as condições para junto dos seus professores poderem regularizar a situação”, afirmou.

projecto apenas no fi nal da semana,

para dar tempo a que todos os par-

ceiros do sector possam dar o seu

parecer sobre a proposta antes da

sua revelação pública.

Além deste cuidado, há um ou-

tro no mesmo sentido de facilitar

a aprovação e entrada em vigor do

novo modelo. O sistema que vai ser

apresentado prevê uma aplicação

faseada no tempo mas, para já, ainda

não estão defi nidas as datas para a

entrada em vigor do novo modelo.

O novo “protocolo de avaliação/

aferição”, como lhe chama o minis-

tro, inclui também os exames de

Cambridge que os alunos do 9.º ano

começaram a fazer há dois anos e

que este ano começam a contar para

a sua classifi cação fi nal. “Os exames

do Cambridge, como podem enten-

der, fazem parte deste protocolo,

deste procedimento, e também ao

longo desta semana terão informa-

ção sobre esta questão”, disse ontem

Brandão Rodrigues.

O novo responsável do Ministé-

rio da Educação assume “a luta e o

combate ao insucesso escolar” como

a sua “maior prioridade” e afi rma

a “promoção do sucesso escolar”

como a “pedra basilar, a base onde

assenta toda a actividade de todas as

Page 9: Jornal Público 2016-01-05

PÚBLICO, TER 5 JAN 2016 | PORTUGAL | 9

FERNANDO VELUDO/NFACTOS

Pinto da Costa é suspeito de ter contratado protecção pessoal à SPED

O Ministério Público anunciou ontem

que acusou 57 arguidos no âmbito do

processo conhecido como Operação

Fénix, entre os quais o presidente da

SAD do FC Porto, Jorge Nuno Pinto

da Costa, e o director-geral da mes-

ma, Antero Henrique. Em causa está

o facto de os dois terem alegadamen-

te requisitado serviços de acompa-

nhamento e protecção pessoal a um

empresa, “bem sabendo que quem

os prestava não podia, nos termos da

lei, fazê-lo”, adianta a Procuradoria-

Geral da República (PGR) em comu-

nicado.

Esse conhecimento, que terá de

ser provado em tribunal, é que torna

a contratação daqueles serviços um

crime, incorrendo os dois dirigentes

portistas numa pena de prisão até

quatro anos ou numa pena de mul-

ta até 480 dias. O PÚBLICO tentou,

mas não conseguiu, ouvir o FC Porto

sobre o caso: o director de comuni-

cação do clube esteve todo o dia in-

contactável e não houve resposta ao

email enviado pelo jornal.

Este processo centra-se na activi-

dade da SPDE — Segurança Privada

e Vigilância em Eventos, Lda., uma

empresa que domina a segurança da

noite no Grande Porto e na região

do Vale do Sousa, estando presente

actualmente em Lisboa, Coimbra,

Braga, Vila Real e Lamego. O sócio-

gerente da empresa, criada em 2008,

é Eduardo Santos Silva, que se en-

contra em prisão preventiva desde

Julho passado. Formalmente, o res-

ponsável detém 98% do capital da so-

ciedade, tendo a mulher o restante.

A SPDE garantia a segurança no

Estádio do Dragão, tendo estado pre-

sente noutros eventos de grande di-

mensão no Porto, como a Queima

das Fitas, o Circuito da Boavista e

várias iniciativas no Dragão Caixa.

Outros 12 arguidos aguardam o

desenrolar do processo igualmente

na cadeia, tendo em comum a acusa-

ção de associação criminosa. O facto

de haver vários arguidos em prisão

preventiva e de o juiz de instrução

Ivo Rosa, do Tribunal Central de

Instrução Criminal, se ter recusado

a decretar a especial complexidade

do caso fez com que o Ministério Pú-

Pinto da Costa e director-geral da SAD do Porto acusados de recurso a segurança ilegal

Encontra-se indiciado de, “a coberto

da actuação legal da sociedade SP-

DE”, com sede em Matosinhos, ter

montado “uma estrutura que, com

recurso à força e à intimidação, lhe

permitiu vir a dominar a prestação

de serviços de segurança em estabe-

lecimentos de diversão nocturna de

vários pontos do país”.

O grupo dedicar-se-ia igualmente

“às chamadas ‘cobranças difíceis’,

ou seja, exigia, com uso de violência

física ou ameaças, o pagamento de

alegadas dívidas”. Segundo a última

Informação Empresarial Simplifi cada

da SPDE, relativa a 2014, no fi nal des-

se ano a fi rma contabilizava 452 em-

pregados, apresentando um volume

de negócio de 2,3 milhões de euros

Alguns dos arguidos foram acusa-

dos por terem recrutado tais servi-

ços de “cobranças”, sendo, por isso,

co-autores de crimes de extorsão ou

coacção. A SPDE organizava ainda

serviços de protecção pessoal, para

os quais não dispunha de alvará, diz

a PGR. “Assim, parte dos arguidos

foram alvo de acusação por terem re-

quisitado esses serviços, bem saben-

do que quem os prestava não podia,

nos termos da lei, fazê-lo”, refere a

nota, precisando que este é o caso de

Pinto da Costa e de Antero Henrique.

A nota da PGR dá conta de que no

decurso do inquérito se realizaram

mais de cinco dezenas de buscas em

várias zonas do país, designadamen-

te em Lisboa, Porto, região do Vale

do Sousa, Braga e Vila Real, tendo

sido apreendidas diversas viaturas,

dinheiro, armas e documentação.

A investigação começou com uma

denúncia feita pelos responsáveis de

um estabelecimento nocturno de Lis-

boa, em Maio de 2014. A investigação

foi delegada na Divisão de Investiga-

ção Criminal de Lisboa, da PSP.

blico tivesse de apressar a acusação,

sob pena de ter de libertar os prin-

cipais suspeitos. Os arguidos detidos

foram notifi cados da acusação no do-

mingo à tarde, estando os restantes

a aguardar o envio do documento

por correio.

O advogado Carvalho Bessa, que

representa três arguidos deste pro-

cesso, explica que os seus clientes

que estão presos preventivamente

já tiveram conhecimento do teor da

acusação, mas quanto a si diz ainda

aguardar a notifi cação. Mesmo antes

de conhecer o texto, adianta que irá

pedir a abertura de instrução, uma

fase facultativa, em que um juiz de

instrução valida a acusação ou ar-

quiva o caso. Se validar, o processo

segue para julgamento.

“O Departamento Central de Inves-

tigação e Acção Penal deduziu acusa-

ção contra 57 arguidos pela prática

de crimes de associação criminosa,

exercício ilícito da actividade de se-

gurança privada, extorsão, coacção,

ofensa à integridade física qualifi ca-

da, ofensas à integridade física grave,

agravadas pelo resultado, tráfi co e

detenção de arma proibida e favore-

cimento pessoal”, lê-se na nota.

Eduardo Santos Silva, segundo o

comunicado, será “o líder do gru-

po que se dedicava à prática de ac-

tividades ilícitas relacionadas com

o exercício de segurança privada”.

Operação FénixMariana Oliveira

Dirigentes portistas fazem parte do rol de 57 arguidos e incorrem ambos numa pena que pode chegar aos quatro anos de prisão

Ministério Público acredita que SPDE se impôs no seu sector através do recurso à força e à intimidação

As bolsas oferecidas cobrem desde 25% a 100% das despesas

Concluir o ensino secundário numa

escola de outro país é um dos desa-

fi os lançado pelo movimento United

World Colleges (UWC), que este ano

tem 14 vagas destinadas a alunos por-

tugueses entre os 16 e os 18 anos, 11

das quais com bolsas que cobrem

entre 25% a 100% das despesas. O

processo de candidaturas iniciou-se

ontem e decorre até 17 de Janeiro.

Os UWC surgiram na década de

60 do século passado e têm na sua

base a promoção do contacto entre

diferentes culturas. Existem 15 colé-

gios ligados a este movimento, actu-

almente presidido pela rainha Noor

da Jordânia, que descreve assim os

objectivos do projecto: “Educar acti-

vistas para a paz e os líderes do futu-

ro, capazes de enfrentar os desafi os

das suas próprias sociedades e con-

tribuir para a construção de pontes

entre comunidades e culturas.”

Segundo o movimento UWC, a

convivência diária com alunos de

muitas outras nacionalidades é um

dos trampolins para esta missão e

também o facto de a formação ter

como componente obrigatória a re-

alização de serviços à comunidade

onde estão inseridos. Este tipo de ac-

ções está contemplado no programa

académico destes colégios, o chama-

do International Baccalaureate (IB).

Na última selecção, realizada em

2014, houve nove vagas para estudan-

Existem 14 vagas para alunos que querem concluir o ensino secundário numa escola lá fora

tes portugueses. Francisca foi uma

das escolhidas. Poucos meses depois

de “aterrar” no Mahindra College,

na Índia, escrevia num dos blogues

em que estes alunos contam as suas

experiências: “É incrível como tudo

o que se passa no mundo real tem

mais que um signifi cado agora que

sabemos olhar com outros olhos.”

Na selecção dos candidatos tem-

se em conta o desempenho acadé-

mico, mas sobretudo o seu “mérito

pessoal”, explicou ao PÚBLICO a

presidente da Associação Portuguesa

dos UWC, Clara Cruz, uma ex-aluna

destes colégios. “Procuram-se can-

didatos capazes de integrar um am-

biente internacional que oferece um

exigente programa curricular de dois

anos, e que demonstrem sobretudo

iniciativa pessoal; desejo, capacida-

de e confi ança para melhorar o meio

em que se inserem; responsabilidade

e respeito pelo outro; criatividade e

maturidade”, especifi cou.

Existem 13 colégios com vagas para

estudantes portugueses para o biénio

2016/2018, situados em países como

a Alemanha, Arménia, Índia, China

ou Costa Rica, entre outros (ver lista

completa em www.publico.pt). As

propinas para os dois anos oscilam

entre os 34 mil euros e os 86.905 eu-

ros, cobrados pelo colégio de Chan-

gshu, na China, onde a vaga existente

tem garantida uma bolsa que cobre

58% das despesas. Há três bolsas inte-

grais destinadas a custear a formação

nos colégios da Alemanha e Arménia.

O processo de selecção é compos-

to por duas fases: uma candidatura

online na página da associação por-

tuguesa dos UWC ( http://pt.uwc.org/

candidaturas/processo-de-seleccao)

e, na segunda fase, que decorrerá en-

tre 6 e 9 de Fevereiro, dois dias de

actividades e uma entrevista fi nal.

MARIA JOÃO GALA

Bolsas de estudoClara Viana

Candidaturas às escolas do movimento United World Colleges arrancaram ontem e decorrem até 17 de Janeiro

Page 10: Jornal Público 2016-01-05

10 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

ERS veta publicidade de empresa que quis pôr “Portugal a sorrir”

Uma empresa propôs-se pôr “Por-

tugal a sorrir”, promovendo para o

efeito um cartão de saúde que pro-

porcionaria uma série de serviços

grátis, como check-up dentário e ex-

tracção de dentes, mas a Entidade

Reguladora da Saúde (ERS) consi-

derou que este tipo de “propagan-

da” não respeita o regime jurídico

da publicidade em saúde e a lei de

defesa do consumidor. Por isso ins-

tou a sociedade comercial em causa

a abster-se de difundir, no futuro,

publicidade com os “vícios” iden-

tifi cados, que incluem “a violação

dos princípios de veracidade, da

licitude e da objectividade da in-

formação”.

A Passos Firmes, Lda., assim se

chama a empresa em questão, “de-

ve garantir que toda a publicidade

alusiva a si, aos estabelecimentos e

marcas por si detidos, bem como

aos bens e serviços por si comer-

cializados na área da saúde, seja

verdadeira, clara, precisa, objec-

tiva” e “não induzir os utentes em

erro”, defende a ERS numa reco-

mendação que ontem foi publicada

no seu site.

Dois utentes queixaram-seFoi a Ordem dos Médicos Dentistas

que começou por enviar à regula-

dora, em Maio passado, a queixa

de um utente que questionou a

forma como a Passos Firmes es-

tava a publicitar a sua actividade

por email. Mais tarde, em Junho de

2015, a reguladora recebeu uma no-

va reclamação, esta já apresentada

directamente por outro utente. Os

dois queixosos punham em causa

a campanha publicitária com o slo-

gan “Vamos pôr Portugal a sorrir”

que promovia um cartão de saúde

de uma empresa identifi cada co-

mo Medicare, através do envio de

mensagens de correio electrónico

para potenciais clientes.

Na “propaganda” a um cartão

de saúde da Medicare verifi ca-se,

desde logo, “que a entidade respon-

sável e, simultaneamente, benefi ci-

ária da publicidade em causa não se

encontra correctamente identifi ca-

da”, critica a ERS. Nas mensagens

apenas aparece destacada a Medi-

care, que, afi nal, é propriedade da

sociedade comercial Passos Firmes

Lda, nota.

Também o prazo de validade

do cartão de saúde publicitado

“não está devidamente indicado”

e a tabela comparativa de preços

incluída não refere a fonte, “o que

pode levantar dúvidas sobre a ve-

racidade dos preços médios do

mercado privado que ali são indi-

cados”, observa a ERS. Nota ainda

que a mensagem publicitária come-

ça por anunciar a oferta de vários

serviços para depois fazer menção

a outros (“colocação de selantes,

estudo de reabilitação com implan-

tes, raio-X panorâmico e branque-

amento”.

Nos emails enviados pela Passos

Firmes propunha-se a oferta de um

cartão de saúde, que alegadamente

dava acesso a um conjunto de cui-

dados de medicina dentária grátis,

designadamente check-up dentá-

rio, limpeza dentária e extracção de

dentes. Mas os destinatários de tal

publicidade eram remetidos, atra-

vés de links, para a página electró-

nica da empresa, a Medicare, onde

poderiam obter informações adi-

cionais sobre as ofertas (do cartão

de saúde e dos serviços a este asso-

ciados) e sobre a sua rede de parcei-

ros, bem como ter acesso a alguns

testemunhos de clientes.

Num dos emails analisado pela

ERS, a empresa dirigia-se aos po-

tenciais clientes nestes termos: “Ca-

ro Sr(a): Foi um dos seleccionados

para beneficiar da nossa oferta

exclusiva no âmbito da campa-

nha Portugal a Sorrir. Porque nos

preocupamos com as difi culdades

económicas dos Portugueses, a Me-

dicare oferece-lhe um conjunto de

serviços de medicina dentária para

que possa dar ao seu sorriso tudo

aquilo que ele merece”.

De seguida, o potencial cliente

era desafi ado a pedir o “cartão de

saúde grátis” para poder benefi ciar

“imediatamente de check-up dentá-

rio grátis, limpeza dentária grátis,

Entidade reguladora frisa que “propaganda” deve ser “clara, precisa, objectiva”

Reguladora da Saúde proíbe empresa de continuar a publicitar serviços de forma enganosa. Mensagens de email para promoção de um cartão de saúde foram “induziam os utentes em erro”

Saúde Alexandra Campos

Letras pequeninas dos anúncios desrespeitam lei

A Direcção-Geral do Consumidor emitiu uma recomendação aos operadores económicos

para que respeitem a legislação quando publicitam os seus produtos e serviços, em particular no que respeita ao tamanho das letras das mensagens publicitárias.

A recomendação surgiu depois de ter verificado, através da análise de reclamações recebidas, que a legislação não está a ser respeitada quando há apresentação de informação

essencial em letra reduzida e muitas vezes quase ilegível, ou quando a informação é colocada em locais menos visíveis da mensagem publicitária. No caso da publicidade televisiva, este organismo diz que desrespeita a lei a apresentação das informações em tamanho de letra reduzido, “desaparecendo rapidamente ou concorrendo em simultâneo com outras partes da mensagem mais apelativas, que captam a atenção do consumidor”. Estas práticas “prejudicam a formação de

uma vontade e uma tomada de decisão esclarecidas por parte dos consumidores”. A Direcção-Geral do Consumidor aponta ainda os folhetos nos quais o preço promocional dos artigos surge “junto à imagem do artigo, na vertical e com um tipo de letra extremamente reduzido, que poderá tornar imperceptível o referido preço”, ou a colocação apenas em rodapé, na publicidade televisiva, de condições imprescindíveis para a aquisição de determinado bem pelo valor anunciado.

Page 11: Jornal Público 2016-01-05

PÚBLICO, TER 5 JAN 2016 | 11

extracção de dentes (só com cáries)

grátis”. Na mensagem afi rmava-se

ainda que a Medicare agendaria em

nome do cliente os serviços esco-

lhidos “numa das 700 clínicas[da

rede]”.

Nos emails, sem limitesNo fi nal da mensagem, surgia uma

tabela que comparava os preços

dos serviços abrangidos — os quais

eram quase todos anunciados como

grátis — com os supostos preços mé-

dios de mercado.

Já na mensagem enviada à ERS

pelo segundo queixoso, as condi-

ções de acesso aos serviços eram

referidas nos seguintes termos.

“Seis meses grátis / Sem compro-

misso / Sem limite de utilização

/ Sem limite de idade / Sem pe-

ríodo de carência / Sem exames

médicos”.

No link para a Medicare, explica-

va-se que esta é uma empresa espe-

cializada em serviços de saúde, com

uma rede de serviços que garante

aos seus utilizadores benefícios ex-

clusivos “junto a 16 mil parceiros”.

Lembrando que a “medicina pri-

vada em Portugal é normalmente

muito dispendiosa para a grande

maioria da população”, a Medicare

garantia ser seu objectivo “demo-

cratizar o acesso à saúde”, através

da oferta da sua rede de parceiros

“durante 6 meses sem qualquer

compromisso”. Por último, convi-

dava os potenciais clientes a fazer

como “mais de 6000.000 de Portu-

gueses” e começar “hoje mesmo a

poupar nos gastos em saúde”.

NELSON GARRIDO

15-17 JanAbertura Oficial Ano Rússia

Mecenas Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música

Parceiro do Serviço Educativo Apoio Institucional Mecenas Principal Casa da Música

—15 Sex · 21:00 Sala SuggiaOrquestra Sinfónica do Porto Casa da MúsicaSAGRAÇÃO RUSSABaldur Brönnimann direcção musical Viviane Hagner violinoObras de Schnittke e Stravinski

—16 Sáb · 16:00 Sala 2A ROLHA DA GARRAFA DO REI DE ONDE?Casa da Música e Ópera Isto co-produçãoÂngela Marques e Mário João Alves concepção, direcção artística e interpretação

—16 Sáb · 18:00 Sala SuggiaRemix Ensemble & Coro Casa da MúsicaINSPIRAÇÃO CLÁSSICAPeter Rundel direcção musical José Pereira e Albert Skuratov violinoObras de Schnittke e Stravinski

—17 Dom · 18:00 Sala SuggiaCoro Casa da MúsicaAS VÉSPERAS DE RACHMANINOFFPaul Hillier direcção musical Vésperas de Sergei Rachmaninoff

Page 12: Jornal Público 2016-01-05

12 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

PEDRO CUNHA

Documento com nomes registados no ano passado tem 88 páginas com mais de 2200 opções

Se teve uma menina em 2015 e lhe

chamou Maria, saiba que ela parti-

lhou o nome com outras 4808 crian-

ças só no ano passado. Este conti-

nuou a ser o nome de menina mais

escolhido pelos pais portugueses.

No top das preferências continuam

a surgir, sobretudo, nomes tradicio-

nais — porém há mudanças que se

começam a notar. Maria é quase dez

vezes mais comum do que Luana,

mas, mesmo assim, este último nome

foi o seleccionado para 557 crianças,

fi cando na 8.ª posição. No caso dos

meninos, João voltou a ser escolhido

por 1932 pais, mas o nome Diego, por

exemplo, ocupou um destacado 26.º

lugar, com 584 registos.

Maria e João foram sem surpresas,

e segundo os dados do Instituto dos

Registos e Notariado, os nomes mais

escolhidos em 2015. No total, o docu-

mento com todos os nomes regista-

dos no ano passado em Portugal tem

88 páginas com mais de 2200 opções

para bebés do sexo feminino e 1800

para bebés do sexo masculino. A lista

não adianta os nomes compostos.

No caso das meninas, o nome Le-

onor subiu ao segundo lugar, com

No país da Maria e do João, Luana e Diego ganham terreno

1999 registos, e destronou Matilde,

que fi ca agora em terceiro. Beatriz

mantém-se num quarto lugar, mas o

quinto é agora da Carolina, quando

no ano passado era da Mariana, que

em 2015 fi cou na sexta posição..

No que diz respeito ao “top 10” dos

rapazes, além de João o nome mais

comum é Martim, com 1778 registos,

depois de ter conseguido 1663 em

2014, ano em que o segundo lugar foi

ocupado por Rodrigo. Por isso, Ro-

drigo acabou por cair para a terceira

posição, seguido pelos nomes Santia-

go e Francisco. Este último caiu do

terceiro para o quinto lugar, depois

de nos últimos anos ter crescido, nu-

ma coincidência (ou não) com o novo

Papa. O sexto lugar pertence a Afon-

so e o sétimo a Tomás, que trocam de

posições em relação a 2014.

Entre os 30 nomes mais adoptados

em 2015, ano em que se conseguiu re-

verter o ciclo de quebra da natalida-

de em Portugal, no caso das meninas

surgem muitos nomes tradicionais

portugueses, como Laura, Francis-

ca, Joana, Madalena ou Mafalda. No

entanto, também é já possível encon-

trar outras opções: Lara foi posto a

916 raparigas, e nomes como Luana,

Bianca, Íris ou Letícia também come-

çam a ganhar terreno. Praticamente

extinta parece estar Andrea (seis re-

gistos), que fi ca quase no fi m da lista,

ao lado de Judite, Adelaide, Eugénia,

Graça, Manuela e Fernanda. Surgem

também 176 Carminhos, contra ape-

nas 23 Carmos.

Nas primeiras 30 escolhas para

rapazes estão opções como Gonça-

lo, Pedro, Tiago, Rafael, Lourenço,

Lucas, Salvador, Vicente, Simão ou

José. Nestes 30 lugares apenas Die-

go surge como uma opção menos

comum, quando há uns anos estava

bem mais abaixo na lista. É preciso

descer um pouco mais para encon-

trar, por exemplo, 346 Enzos, qua-

se em empate com Luís. Seguem-se

outras escolhas, como Leandro (248

meninos) ou Isaac (escolhido para

208 rapazes). Nomes como Jaime e

Fernando ainda vão surgindo, mas

cada vez menos, tal como Alberto,

Amadeu ou Alfredo — que são agora

quase tão comuns como Adam ou

Angélico. Quanto a projecções para

2016, ainda é muito cedo, mas sabe-

se que os primeiros bebés do ano

foram a Francisca (Maternidade Al-

fredo da Costa), o Francisco (Hospi-

tal de Santa Maria) e o David (Centro

Materno-Infantil do Norte).

RegistoRomana Borja-Santos

Em 2015 foram registados mais de 5000 nomes diferentes para recém-nascidos. Os tradicionais continuam a ser preferidos

Portugal ocupa o décimo lugar na

lista dos 23 melhores países do

mundo para os reformados vive-

rem da revista International Living.

O ranking, este ano liderado pelo

Panamá, analisa dez variáveis, e é

nas infra-estruturas e no estilo de

vida saudável que Portugal ganha

mais pontos como “paraíso da re-

forma”.

A International Living, que há 25

anos divulga o Índice de Reforma Glo-

bal, baseia-se em factores que vão

desde benefícios fi scais às condições

de acesso a vistos de residência, até

ao clima e às opções de entreteni-

mento para avaliar numa escala de

0 a 100 a qualidade de vida que os

aposentados podem ter em países

estrangeiros.

Portugal conseguiu um resultado

de 82,9, o que o deixou em décimo

na tabela, logo atrás da Espanha

(83,6). Os dois países tiveram o me-

lhor registo na qualidade das infra-

estruturas, ambos com 93 pontos,

facto que, de acordo com a publica-

ção, “não é uma surpresa”, uma vez

que os países europeus dispõem de

estradas modernas, grandes redes

de transportes públicos, e serviços

de Internet como o dos EUA.”

Espanha e Portugal são, no en-

tanto, os únicos países europeus

no “top 10” dominado pela América

do Sul. Atrás do Panamá, que tem o

melhor pacote de benefícios fi scais

para aposentados, fi caram o Equa-

dor (2.º), o México (3.º) e a Costa

Rica (4.º).

Este ano, duas novas categorias

foram acrescentadas à lista: o estilo

de vida saudável — onde Portugal

registou 88 pontos —, e o acesso a

vistos de residência — a vertente on-

de o país teve o desempenho mais

fraco, com 77 pontos.

Ainda assim, o estatuto de resi-

dente não habitual representa um

grande atractivo português para

quem goza de uma reforma, sobre-

tudo dentro da Europa. O regime fi s-

cal especial permite que reformados

residentes em Portugal, mas que re-

cebem pensão de outro país, fi quem

isentos de pagar IRS durante dez

anos. Inês Moreira Cabral (Texto editado por Joana Amado)

Portugal é dos melhores países para a reforma

Ranking

Espanha e Portugal são os únicos destinos europeus entre os dez melhores para viver a reforma, segundo ranking internacional

Breves

Mau tempo

Viana do Castelo

Protecção Civil avisa população para neve e chuva

Corpo encontrado dentro de autocaravana

A Protecção Civil avisa que, para os próximos dias, está prevista a queda de neve nas regiões do Norte acima dos 800 metros e formação de geada durante a noite, sendo expectável desconforto térmico devido à descida acentuada da temperatura mínima, sobretudo nas terras altas, associada ao vento forte. Tendo em conta as condições meteorológicas, alerta ainda para o piso rodoviário escorregadio e eventual formação de lençóis de água e gelo, além da possibilidade de cheias rápidas em meio urbano e de inundação. A Protecção Civil chama também a atenção para o perigo de acidentes na orla costeira, de intoxicações por inalação de gases e de incêndios em habitações, devido ao uso de lareiras e braseiras.

O corpo de um desconhecido foi encontrado ontem dentro de uma autocaravana na praia de Carreço, Viana do Castelo. Fonte da Polícia Judiciária de Braga adiantou que “todos os cenários estão em aberto”, considerando que o resultado da autópsia “também será determinante” para apurar as causas da morte, “juntamente com outros indícios recolhidos quer no local, quer em outras diligências subsequentes realizadas pelos agentes envolvidos na investigação”. A mesma fonte afirmou que, “em princípio, se trata de um homem, cuja identificação é ainda desconhecida, devido ao avançado estado de decomposição do cadáver”. “Tudo indica que já estaria morto há algum tempo”, acrescentou ainda aquela fonte de informação.

TOP 10

MeninasMaria - 4809; Leonor - 1999; Matilde - 1889; Beatriz - 1268Carolina - 1228; Mariana - 1205Ana - 1060; Inês - 1001; Margarida - 989; Sofia - 950MeninosJoão - 1932; Martim - 1778; Rodrigo - 1666; Santiago - 1632; Francisco - 1593; Afonso - 1439; Tomás - 1409; Miguel - 1271; Guilherme - 1187; Gabriel - 1143

Page 13: Jornal Público 2016-01-05

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Page 14: Jornal Público 2016-01-05

14 | LOCAL | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

Projecto para a Segunda Circular está em consulta pública até 15 de Janeiro

DR

Proposta para a zona do nó do Eixo Norte-Sul e da ponte ciclopedonal

O projecto da Câmara de Lisboa para

a Segunda Circular, que prevê uma

redução da velocidade máxima de

circulação nesta via de 80 para 60

quilómetros/hora, está em consulta

pública até ao dia 15 de Janeiro.

Até essa data, os interessados po-

dem apresentar, através da Internet

ou presencialmente no edifício do

município no Campo Grande, as suas

sugestões sobre o projecto. No site da

Câmara de Lisboa estão disponíveis

para consulta vários documentos re-

lativos à intervenção, incluindo a me-

mória descritiva, o estudo de tráfego e

o projecto de arquitectura paisagista.

Como o PÚBLICO já noticiou, a

autarquia está disposta a pagar por

esta obra, que deverá prolongar-se

por 300 dias, 9,750 milhões de euros

(acrescidos de IVA). A proposta que

visa o lançamento de um concurso

público para a concretização desta

empreitada foi levada à reunião ca-

marária de 23 de Dezembro, mas a

sua votação acabou por ser adiada.

Nos documentos em consulta, a

Segunda Circular é apresentada co-

mo sendo uma “via congestionada”,

com “funções desadequadas” e “em

mau estado de conservação”. A “es-

tratégia de intervenção” da câmara

para esta via, que tem “10,1 quiló-

metros de extensão” e “31 acessos

por sentido”, passa por atribuir-lhe

“maior segurança”, “maior capacida-

de”, “menor velocidade” e “melhor

integração urbana”.

“Constituir a CRIL e o Eixo Norte-

Sul como percursos preferenciais de

atravessamento à cidade de Lisboa”

é uma das medidas que a câmara

aponta como necessárias para que

a Segunda Circular deixe de ser uma

“barreira que divide a cidade”.

No estudo de tráfego desenvolvi-

do pela TIS (Transportes, Inovação

e Sistemas), descrevem-se as acções

previstas para os “nós mais críticos”

(o do Colombo/Estrada da Luz, o

da Azinhaga das Galhardas/Cam-

po Grande e o do Campo Grande),

acrescentando-se que, para cumprir

o desígnio de transformar esta artéria

“numa via de carácter mais urbano”,

contribuirão também “alterações ao

nível dos sistemas de drenagem e de

paisagismo” e “a redução do limite

de velocidade máxima de circulação

face à situação actual”. No mesmo

documento, sublinha-se que, “apesar

de a velocidade máxima permitida

ser 80 km/h, a velocidade média em

hora de ponta é de 45,7 km/h”.

De acordo com o estudo da con-

sultora, a requalifi cação preconi-

zada pelo município irá traduzir-se

num decréscimo “de quase 19% no

número de veículos” que circulam

na Segunda Circular. “O decrésci-

mo na zona do aeroporto atinge os

25%, enquanto em termos absolutos

o sublanço mais benefi ciado se situa

entre a Azinhaga das Galhardas e o

Campo Grande, com uma redução

na ordem dos 26.000 veículos/dia

nos dois sentidos”, refere-se ainda

no documento.

A TIS reconhece ainda que esta

intervenção se irá traduzir “num

acréscimo de tráfego em algumas

das vias ‘concorrentes’”. “A CRIL/

IC17, por exemplo, regista um acrés-

cimo médio de 10% da procura mé-

dia diária, enquanto o volume do

Eixo Norte-Sul (entre a CRIL/IC17 e

o nó com a Segunda Circular) sobe

cerca de 4%, tal como o da Radial

de Benfi ca”, explicita-se no estudo

de tráfego, no qual acrescenta que

“outras vias de carácter mais urba-

no, como a Av. Infante D. Henrique

ou a Av. Marechal António Spínola,

registam, em alguns dos seus troços,

ganhos de procura”.

António Prôa, do PSD, diz ter “al-

gumas reservas” relativamente à re-

qualifi cação que o executivo presidi-

do por Fernando Medina pretende

concretizar, nomeadamente por ela

incluir “intenções cuja concretização

não dependem da câmara” e impli-

cam “uma articulação” com a enti-

dade gestora do Aeroporto de Lisboa

e com a Infra-estruturas de Portugal.

“Não me parece que isso esteja ga-

rantido”, afi rma o vereador, que ain-

da assim considera “interessante” a

iniciativa de se intervir na Segunda

Circular. Pelo CDS, João Gonçalves

Pereira lembra que esta é uma pro-

posta “com um impacto grande em

termos fi nanceiros e de mobilidade”,

pelo que é necessário tempo para a

avaliar. Já Carlos Moura, do PCP, su-

blinha que está em causa “uma via

estruturante da cidade”, defendendo

por isso que o projecto do municí-

pio deve ser objecto de uma ampla

divulgação, nomeadamente através

da organização de sessões públicas

de esclarecimento.

Está em causa uma obra com um custo superior a dez milhões de euros que, entre outras acções, inclui a redução da velocidade máxima de circulação de 80 para 60 quilómetros/hora

RequalificaçãoInês Boaventura

Ponte laranja serve 20 peões e dois ciclistas por hora

A ponte ainda serve de pouco para ligar Telheiras ao resto da cidade

A obra que António Costa anunciou em 2009 como o primeiro passo para a humanização da Segunda

Circular, a ponte ciclopedonal inaugurada em Fevereiro do ano passado, já ganhou o estatuto de ícone e de peça de grande relevância estética — a ponto de ter sido classificada, por um site especializado em design, como uma das dez “melhores” do mundo em 2015. Longe está, porém, o cumprimento do papel que lhe foi destinado como elemento fulcral da ligação entre Telheiras e o resto da cidade, para benefício de ciclistas e peões: a média dos seus utilizadores, nos dias úteis de Inverno, não deve passar dos 230 peões e dos 20 ciclistas.

Estes números resultam de uma contagem efectuada pelo PÚBLICO durante três

dias seguidos, em meados de Dezembro, antes das férias escolares, entre as 9 e as 21 horas. Na soma das 12 horas (quatro em cada dia), verificou-se que a passagem foi atravessada 454 vezes a pé e 37 de bicicleta. Assumindo-se que, em geral, quem passa para um lado, regressa mais tarde no sentido contrário, teremos perto de 230 peões, quase todos adultos, e de 20 ciclistas a servirem-se da passagem naquele período.

Dividindo esses números por 12, teremos perto de 20 peões e menos de dois ciclistas por hora. Acresce que não são raros os ciclistas e os peões que atravessam várias vezes aquele estrutura, circulando de um lado para o outro, no exercício das suas práticas desportivas. No período nocturno, os atravessamentos são raros e têm

um reflexo insignificante no total.Da parte da manhã (9 às

13h), a circulação de peões entre Telheiras e as Torres de Lisboa quase que duplica a que se faz na direcção contrária, verificando-se o oposto entre as 17 e as 21h. Estes dados e a observação feita no local indicam que grande parte dos utilizadores são pessoas que trabalham nas Torres de Lisboa.

É nesses edifícios, em cuja silhueta o desenho da ponte foi enquadrado, que o grupo petrolífero responsável pelo financiamento de dois terços do custo da obra tem a sua sede. A cargo da Galp ficaram 900 mil euros, cabendo ao município mais cerca de 500 mil.

O PÚBLICO questionou a Câmara de Lisboa sobre o assunto mas não obteve resposta. José António Cerejo

Page 15: Jornal Público 2016-01-05

PÚBLICO, TER 5 JAN 2016 | 15

Transparência. Simplesmente “Trans-

parência”. Este é o nome de um grupo

de trabalho que a Câmara de Lisboa

criou no fi nal do mês passado para

estudar e propor a introdução de me-

lhorias na forma de comunicar entre

o autarquia e os cidadãos. Instituído

por determinação do secretário-geral

do município, este órgão surge como

uma iniciativa de natureza técnica,

sem intervenção dos vereadores elei-

tos, e é composto por técnicos supe-

riores da autarquia.

De acordo com o despacho pu-

blicado no Boletim Municipal pelo

secretário-geral, o jurista Laplaine

Guimarães, a iniciativa prende-se

com “as especiais responsabilida-

des” dos seus serviços “em matéria

de comunicação e disponibilização

de informação” e tem em conta que

“a informação pública é vital e um

direito de todos”. Na estrutura da

secretaria-geral integra-se o Depar-

tamento de Marca e Comunicação,

que assegura os contactos entre os

jornalistas e os serviços da câmara.

Embora registando uma evolução po-

sitiva nos últimos meses — reconheci-

da pelos jornalistas —, a qualidade e a

rapidez das informações elaboradas

pelos gabinetes dos vereadores em

resposta às perguntas dos media es-

tão longe de ser exemplares.

O grupo de trabalho composto

por Maria Louro (antiga presidente

da EGEAC), Miguel Quesada Pastor

e Paulo Vilhena, quadros da secreta-

ria-geral, “analisará a disponibiliza-

ção da informação nos vários meios

municipais e exteriores, bem como

acompanhará as análises efectuadas

sobre este assunto por parte de qual-

quer entidade, pública ou privada”,

propondo a “introdução de melho-

rias”. Sem entrar em detalhes sobre

o funcionamento do grupo “Transpa-

rência”, o despacho diz que “é funda-

mental que a informação geral esteja

disponível em todas as plataformas e

seja facilmente acessível e compreen-

dida”. O texto refere ainda o papel das

“plataformas web e dos movimentos

cívicos”, salientando que as suas “re-

comendações” e análises contribuem

para “um melhor funcionamento das

autarquias locais”.

CML quer melhorar comunicação com cidadãos

LisboaJosé António Cerejo

Câmara de Lisboa encarrega técnicos de propor melhorias na maneira de comunicar entre o município e os cidadãos

Todos os estudantes universitários

que frequentam licenciaturas, mes-

trados ou doutoramentos na área do

Design em escolas públicas ou priva-

das estão ofi cialmente convocados

a desenhar a sanita do futuro. Dese-

nha Hoje a Sanita de Amanhã é um

concurso promovido pela Águas do

Centro Litoral (ACL), entidade ges-

tora do sistema multimunicipal de

abastecimento de água e saneamen-

to do centro litoral, que abrange 30

municípios e 733 mil habitantes, e

que surge no âmbito da campanha de

educação ambiental O Cano É Que Pa-

ga. Procuram-se ideias originais para

uma sanita que seja uma lufada de ar

fresco em vários aspectos: ecológi-

cos, funcionais, técnicos e estéticos,

em nome de um futuro melhor.

“Constatamos que há práticas in-

correctas de que muitos cidadãos

nem se apercebem e que podem

perfeitamente ser corrigidas”, refe-

re Cláudio de Jesus, presidente do

conselho de administração da ACL.

O concurso surge para, explica, “evi-

tar práticas inadequadas do uso da

sanita” e para alertar para a “questão

ambiental e apelar a boas práticas”.

Há, portanto, a vertente ambiental e

a vertente fi nanceira. Em três anos,

a empresa gastou cerca de 150 mil

euros em contratos de serviços espe-

cializados em desentupimentos. “Se

a empresa tiver menos custos, isso

refl ecte-se nas tarifas que pratica”,

diz o responsável. No regulamento

do concurso, a ACL fala precisamen-

te nos entupimentos devido à afl uên-

cia de quantidades signifi cativas de

resíduos sólidos à Estação de Trata-

mento de Águas Residuais (ETAR). E

há de tudo nesses resíduos, desde sa-

cos de plástico, toalhetes, esfregões,

cotonetes, entre outros, “que aumen-

tam a probabilidade de degradação

das infra-estruturas de recolha e tra-

tamento, o que consequentemente

pode conduzir à deterioração da

qualidade dos recursos”.

Uma sanita do futuro é assim bem-

vinda e o júri avaliará as propostas. A

qualidade conceptual da sanita, ou

seja, a sua usabilidade, versatilidade

e eco-efi ciência, bem como a inova-

ção e originalidade são alguns dos

Procura-se a sanita do futuro contra os entupimentos

critérios de avaliação. Caso se decida

produzir em série para comercializar

a sanita vencedora, haverá negocia-

ções para um acordo económico en-

tre a instituição de ensino superior

do designer vencedor e a ACL.

Há tempo para pensar. As inscri-

ções têm de ser feitas até 13 de Maio

de 2016 para o email geral adcl.@adp.

pt, os trabalhos enviados até 30 de

Julho — em 2D com perspectivas im-

portantes da peça e ainda um fi lme

com o making of do projecto —, e os

resultados são divulgados nos sites

das entidades organizadoras a par-

tir de 22 de Novembro. O vencedor

ganha uma visita a Barcelona e um

dia de visita ao Roca Design Centre e

ao Roca Gallery de Barcelona. O se-

gundo classifi cado ganha 300 euros

e o terceiro 200.

A campanha O Cano É Que Paga

tem promovido várias iniciativas pa-

ra esclarecer e educar a população

sobre os resíduos que não devem

ser colocados no esgoto, bem como

para a adopção de boas práticas am-

bientais e preservação dos recursos

hídricos. Recentemente, no Teatro

José Lúcio da Silva, em Leiria, foi

apresentado o xilocano, instrumento

construído com tubos de esgoto do-

méstico, criado pelo maestro Alberto

Roque da Sociedade Artística e Musi-

cal dos Pousos, no concerto Entupi-

mentos Sinfónicos. Em 2014, o mesmo

maestro já tinha criado o sanitofone

a partir de louças sanitárias.

O concurso conta com diversos

parceiros como a Câmara de Aveiro,

a empresa Roca, a ERSAR — Entidade

Reguladora dos Serviços de Águas

e Resíduos, a Associação Nacional

de Designers e a Associação Nacio-

nal para a Qualidade das Instalações

Prediais.

DesignSara Dias Oliveira

Desenha Hoje a Sanita de Amanhã é um concurso para alunos de Design, inserido na campanha O Cano É Que Paga

As inscrições têm de ser feitas até 13 de Maio de 2016

Miradouros Portugalde

São 20 os miradourosem Portugal continental que semanalmente

levamos os leitores a visitar nesta sérieSão o nosso património das vistas

fugas.publico.pt

Um “lugar elevadode onde se avista

um horizonte largo”Definição de miradouro no Dicionárioda Língua Portuguesa, Porto Editora.

TODOS OS

SÁBADOS

gDefinição de miradouro no Dicionárioda Língua Portuguesa, Porto Editora.

Page 16: Jornal Público 2016-01-05

16 | ECONOMIA | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

Mercado automóvel cresceu 24%, com abrandamento na recta fi nal de 2015

Foi o terceiro ano de recuperação do sector. Renault, Volkswagen e Peugeot no topo das marcas mais comercializadas no segmento dos ligeiros de passageiros. Vendas deverão continuar a crescer este ano

SHENG LI/REUTERS

Os ligeiros de passageiros representam 84% dos novos automóveis vendidos em 2015

O sector automóvel teve em 2015 o

terceiro ano de recuperação, com as

vendas a voltarem a superar a bar-

reira dos 200 mil veículos, somando

ligeiros de passageiros, comerciais

ligeiros e veículos pesados, segun-

do o balanço publicado ontem pela

Associação Automóvel de Portugal

(ACAP). O ritmo abrandou nos últi-

mos três meses do ano, mas não im-

pediu que se quebrasse aquela bar-

reira, o que já não acontecia desde

2010, o último ano positivo antes da

forte queda do mercado, a que agora

se seguiu uma fase de recuperação.

Ao todo, foram vendidos 213.645

automóveis em 2015, o que repre-

senta um crescimento de 24% em

relação ao ano anterior, em que o

mercado tinha subido a um ritmo de

36%. Ano a ano, as vendas têm vindo

a subir. De um mínimo de 113,4 mil

veículos em 2012 as vendas passaram

para 126,6 mil no ano seguinte e para

172,3 mil em 2014, antes de chegarem

a 213,6 mil no último ano.

Os números divulgados pela ACAP

mostram, porém, que o mercado ain-

da está “11% abaixo da média dos úl-

timos 15 anos”, na ordem dos 240

mil automóveis. E ainda não houve

uma recuperação “para valores con-

siderados normais para a dimensão

do país”. Nos ligeiros, o principal

segmento do mercado, as vendas

cresceram 25%. Foram comerciali-

zados 178.496 carros novos, com a

Renault a liderar como marca mais

vendida, seguida da Volkswagen e

da Peugeot.

Mercado irregularSe na primeira metade do ano o seg-

mento dos ligeiros de passageiros

crescia a um ritmo acima de 30%,

o balanço dos últimos seis meses do

ano foi menos positivo, com um cres-

cimento homólogo de 16%, sobretu-

do por causa do desempenho do úl-

timo trimestre. Em Agosto e Setem-

bro, as vendas ainda cresceram 22%

e 30%, mas nos três meses seguintes

registou-se uma desaceleração, para

16%, 13% e 10%, respectivamente.

Este desempenho coincidiu com

uma diminuição de confi ança dos

consumidores. Segundo o inquérito

de conjuntura do INE, “as opiniões

sobre a realização de compras im-

muito abaixo em termos percentu-

ais aos valores de 2015.” O mercado

deverá fi car de novo acima dos 200

mil veículos vendidos, “mas ainda

longe desse pico de 2010”.

A Renault vendeu 20.447 unidades

(ligeiros de passageiros), crescendo

25,3% em relação a 2014. Manteve-se

como a marca que mais vendeu neste

segmento, com uma quota de 11,46%.

Já a Volkswagen vendeu 16.900 car-

ros, um aumento de 21% em relação

às 13.873 unidades comercializadas

em todo o ano de 2014.

Já o conjunto das quatro gran-

des marcas do Grupo Volkswagen

(Volkswagen, Skoda, Audi e Seat)

cresceu 17,7%, totalizando 36.360

ligeiros vendidos em Portugal. Não

é clara a ligação entre o desempenho

das diferentes marcas e o eventual

impacto nas vendas da descoberta de

software fraudulento em milhões de

carros do grupo. O comportamento

de cada marca tem sido distinto de

mês para mês. Por exemplo, as ven-

das da Volkswagen, da Skoda e da Au-

di caíram em Dezembro (-7,6%, -4,9%

e -4,3%) face ao período homólogo

depois de estarem a crescer nos dois

meses anteriores, mas o contrário

aconteceu com a Seat, em que depois

de quedas homólogas em Outubro e

Novembro teve em Dezembro uma

subida expressiva (21%). E o mesmo

aconteceu com outras marcas con-

correntes, que também viram as ven-

das descer no último mês do ano —

aconteceu com a Toyota, a Peugeot

e a Citroën, por exemplo.

Os quase 178.500 ligeiros de pas-

sageiros perfazem 83,5% das vendas.

Os comerciais ligeiros (30.856) cres-

ceram a um ritmo abaixo da média,

nos 17,9%. Nos pesados, que têm um

peso de apenas 2%, foram vendidas

4293 unidades, das quais 239 de pe-

sados de passageiros.

ConjunturaPedro Crisóstomo

portantes agravaram-se em Outubro

e Novembro, após recuperarem nos

dois meses anteriores”.

O mercado, disse o secretário-geral

da ACAP, Hélder Pedro, está a esta-

bilizar e é essa a previsão da ACAP

para 2016. “A expectativa é que haja

um crescimento do mercado, mas

Ano de 2015 acabou a abrandar

Vendas de ligeiros de passageiros em 2015Variação homóloga, em %

Evolução das vendasde veículos automóveis Total de unidades em Portugal

Fonte: ACAP PÚBLICO

Dez.Nov.Out.Set.Ago.Jul.Jun.Mai.Abr.Mar.Fev.Jan. 28,0

35,641,8

21,833,133,9

9,721,9

30,116,1

13,910,3

201520102005

213.654

Page 17: Jornal Público 2016-01-05

PÚBLICO, TER 5 JAN 2016 | ECONOMIA | 17

O ano de 2016 já vinha sendo aponta-

do como aquele em que a economia

mundial e os mercados fi nanceiros

internacionais terão de enfrentar di-

versas ameaças, mas poucos adivi-

nhariam que os riscos se tornariam

assim tão evidentes logo no primeiro

dia útil do ano. Logo ao amanhecer

de ontem na Ásia, a economia chi-

nesa espirrou e o resto do mundo,

poucas horas depois, fi cou consti-

pado.

Num ambiente em que poucos ain-

da se esqueceram da instabilidade

fi nanceira vivida em Agosto na Chi-

na, aquilo que agora trouxe de vol-

ta o nervosismo foram os dados da

produção industrial divulgados na

segunda maior economia mundial.

A China voltou a dar sinais claros de

abrandamento, com a quinta que-

bra consecutiva deste indicador, e a

consequência mais imediata foi uma

queda de 6,9% na bolsa de Xangai e

de 8,2% no índice de Shenzhen.

O resultado não terá sido ainda

pior porque, usando legislação que

entrou em vigor precisamente on-

tem, a transacção de acções nos mer-

cados chineses foi congelada uma

hora antes do fecho.

Antes da decisão de antecipação

do fecho, foi accionada a suspensão

das negociações por 15 minutos, o

que passou a poder ser feito sem-

pre que há variações do índice su-

periores a 5% (ganhos ou perdas),

mas a medida não conseguiu travar

a pressão vendedora de acções e

gerou maior pânico entre os inves-

tidores.

Torna-se cada vez mais evidente

que, entre os investidores, são pou-

cos os que acreditam que as autori-

dades tenham a situação totalmente

sob controlo. Aliás, outros dos moti-

vos por trás dos acontecimentos de

ontem é a expectativa de que não

se possa adiar por muito mais tem-

po um inevitável regresso à cotação

dos títulos que, perante o colapso

verifi cado em Agosto, têm tido a sua

negociação limitada.

A queda abrupta na bolsa chinesa

teve um efeito bastante signifi cativo

tanto nos outros países dos merca-

dos emergentes como nas maiores

Quatro dias no ano e os emergentes já estão a assustar a economia mundial

potências económicas mundiais.

Tanto uns como outros temem aqui-

lo que pode acontecer se um cenário

de uma travagem brusca da econo-

mia chinesa vier a concretizar-se.

Na Europa, as quedas nas bolsas

variaram entre 2% e 4%, com Lisboa

a descer 1,54%. Tanto os EUA como

a Europa e o Japão têm agora laços

económicos e financeiros muito

importantes com a China, que os

levam a temer que um fracasso de

Pequim em garantir uma aterragem

suave da sua economia irá acabar

por repercutir-se nos seus próprios

países, seja pela quebra das transac-

ções comerciais, seja pela alteração

abrupta dos fl uxos fi nanceiros inter-

nacionais.

Para além disso, as difi culdades

sentidas pela China não são mais do

que um exemplo daquilo que se pas-

sa na generalidade das economias

emergentes do globo. Com as taxas

de juro a subir nos EUA, as divisas es-

tão sob pressão e os bancos centrais

das economias emergentes vêem-se

forçados a subir as suas próprias ta-

xas para evitar uma fuga de capitais,

a depreciação da moeda e a escalada

da infl ação. Em contrapartida, a ac-

tividade económica sofre.

No Brasil, onde se assistiu ontem a

uma descida dos índices bolsistas e

a uma nova depreciação do real face

ao dólar e ao euro, o cenário é par-

ticularmente sombrio. O inquérito

habitualmente feito pelo banco cen-

tral a um grupo de cem economistas

revela que, em média, estes estão a

prever uma contracção da economia

brasileira de 2,95% este ano, o que,

a confi rmar-se, signifi caria o pior

resultado desde pelo menos 1901.

Esta foi a 13.ª semana seguida em

que os economistas fi caram mais

pessimistas em relação à evolução

da economia no Brasil.

Os avisos em relação aos perigos

que a economia mundial e em par-

ticular os mercados emergentes en-

frentam em 2016 têm sido vários. On-

tem, em declarações reproduzidas

no site do FMI, o economista-chefe

da instituição foi o último a deixar

o seu alerta: “O ano vai oferecer-nos

uma abundância de desafi os. E os

mercados emergentes vão estar no

centro do palco.”

MercadosSérgio Aníbal e Rosa Soares

Novos sinais de travagem na China trouxeram nervosismo de volta às bolsas um pouco por todo o mundo

BRUNO LISITA

Unitel, controlada pela empresária angolana, propõe 140 milhões por mais 10% do banco do BPI

As acções do BPI fecharam ontem

em forte alta na bolsa de Lisboa, de

6,32%, para 1,16 euros, em reacção à

oferta da Unitel, controlada por Isa-

bel dos Santos, para passar a dominar

o angolano BFA. Isto numa sessão em

que o PSI 20 caiu 1,54% (num dia de

forte queda nos mercados accionis-

tas, após a forte desvalorização das

bolsas chinesas e o aumento de ten-

são no Médio Oriente) .

A Unitel detém actualmente 49,9%

do BFA e o BPI o restante. A proposta,

comunicada ao mercado este domin-

go ao início da noite, passa pela aqui-

sição, por parte da empresa angola-

na, de mais 10% do capital, por 140

milhões de euros, assumindo assim

o controlo do banco. A solução agora

avançada é uma resposta à proposta

do BPI, que tem em cima da mesa

um projecto de cisão dos activos em

Angola e Moçambique, ou seja, os ac-

cionistas do BPI recebem acções do

veículo com os activos africanos.

A proposta terá sempre de ter luz

BPI subiu 6% em bolsa após proposta de Isabel dos Santos para o BFA

verde do BCE, que actualmente não

aceita o nível de exposição do banco

nacional ao mercado angolano. A va-

lorização das acções, que já chegou a

superar os 7%, está a acontecer ape-

sar do valor da proposta para a aqui-

sição de 10% fi car abaixo de recente

avaliação da instituição.

A Caixa BI recorda que, no âmbi-

to da OPA da Caixabank, a gestão do

banco liderado por Fernando Ulrich

avaliou os 51% detidos no BFA entre

mil milhões de euros e 1,4 mil milhões

de euros, o que fi ca acima do valor

agora oferecido. O BPI já tinha con-

vocado uma assembleia geral para 5

de Fevereiro, para votar a proposta

de cisão simples, que não conta com

a concordância do parceiro angolano,

determinante para o seu avanço. On-

tem, o BPI divulgou através da CMVM

um prospecto relativo à admissão em

bolsa da SGA, a sociedade a consti-

tuir por cisão simples, dando mais

um passo em frente na estratégia que

tem causado desagrado a Isabel dos

Santos e à Unitel.

Mudanças em AngolaCaso a proposta da Unitel seja aceite,

o BPI junta-se a outros casos de ban-

cos em Angola onde os investidores

angolanos passaram a dominar, ou

reforçaram posições. Depois de uma

fase em que foram entrando no ca-

pital das instituições fi nanceiras lo-

calizadas neste mercado (como foi

o caso da entrada da Unitel no BFA,

em 2008), no último ano e meio hou-

ve vários casos em que aumentaram

a sua presença. Primeiro, o fi m do

BES Angola (ligado ao que sucedeu ao

BES/GES) obrigou a uma intenção do

Estado angolano, que transformou o

BESA no Banco Económico. Se antes

o BES detinha a maioria do capital,

no Económico o maior accionista é

agora a Sonangol. A petrolífera esta-

tal angolana detém 39,4%, fi cando o

Novo Banco com 9,7%.

Já em Outubro de 2015, o BCP, que

detinha a maioria do capital do Mil-

lennium Angola, anunciou a fusão

com o angolano Atlântico, controla-

do pela Sonangol (maior accionista

do BCP) e por Carlos Silva. De acordo

com o banco liderado por Nuno Ama-

do, o BCP fi ca com cerca de 20% na

nova instituição. Depois, há ainda o

caso do Montepio, dono do Finiban-

co Angola (após ter comprado o Fini-

banco). Em Agosto, a instituição deu

conta da intenção de alienar 30,6%

do banco, reduzindo a posição para

perto de 51%, a favor de Mário Pa-

lhares. No entanto, nada aconteceu

até agora.

A excepção à regra foi a CGD, que

comprou no primeiro semestre de

2015 a posição de 49% que o Santan-

der detinha na Partang. A Partang de-

tém 51% do Banco Caixa Geral Totta

Angola, ao lado de accionistas como a

Sonangol. O banco público pode, no

entanto, voltar a ter um novo parcei-

ro, que deverá ser angolano.

BancaRosa Soares e Luís VillalobosAcções estiveram em contraciclo com o PSI 20, que caiu 1,54%. Investidores locais têm reforçado na banca angolana

O ano começou com quedas generalizadas nos principais mercados financeiros internacionais

Page 18: Jornal Público 2016-01-05

18 | ECONOMIA | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

Bolsas

PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2015

PSI 20 -1,54 5231,14 225935377 5274,38 5278,53 5176,64 1,11 9,01ALTRI -2,08 4,67 252815 4,72 4,72 4,62 0,59 88,12BPI 6,32 1,16 5356848 1,09 1,17 1,06 -6,75 13,06BCP -1,43 0,05 195431692 0,05 0,05 0,05 -5,60 -26,64CTT CORREIOS -1,4 8,73 444549 8,80 8,80 8,65 2,24 8,89EDP -4,1 3,19 7999544 3,29 3,30 3,16 3,46 -1,03EDP RENOVÁVEIS 0,23 7,27 628745 7,13 7,27 7,12 2,69 34,47GALP ENERGIA -3,17 10,38 1984059 10,75 10,82 10,30 -2,32 23,12IMPRESA -0,21 0,47 34045 0,48 0,48 0,47 0,00 -40,36J. MARTINS -3 11,64 1063739 11,91 11,92 11,52 0,08 44,02MOTA-ENGIL -2,13 1,88 268532 1,93 1,93 1,84 3,83 -29,20NOS -0,97 7,18 375987 7,16 7,22 7,07 -1,21 37,05PHAROL -2,95 0,26 6330017 0,27 0,27 0,26 -7,19 -69,56PORTUCEL -0,17 3,59 784829 3,56 3,59 3,48 1,01 16,37REN 1,37 2,82 1061571 2,76 2,82 2,75 0,43 17,21SEMAPA -0,71 12,61 47234 12,57 12,61 12,40 0,32 33,19TEIXEIRA DUARTE 0,64 0,32 67479 0,32 0,33 0,31 -13,97 -55,56SONAE 0,38 1,05 3803692 1,05 1,05 1,03 -4,73 2,73

O DIA NOS MERCADOS

Acções

Divisas Valor por euro

Diário de bolsa

Dinheiro, activos e dívida

Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares

MercadoriasPetróleoOuro

ObrigaçõesOT 2 anosOT 10 anos

Taxas de juroEuribor 3 mesesEuribor 6 meses

Euribor 6 meses

Portugal PSI20

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Obrigações 10 anos

Mais Transaccionadas Volume

Variação

Variação

Melhores

Piores

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Europa Euro Stoxx 50

BCP 195.431.692EDP 7.999.544PHAROL 6.330.017BPI 5.356.848SONAE 3.803.692

BPI 6,32%REN 1,37%TEIXEIRA DUARTE 0,64%

EDP -4,1%GALP ENERGIA -3,17%J. MARTINS -3%

Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço

2,2

2,4

2,6

2,8

1,08190,7355

129,154,36591,0854

-0,131%-0,04%

37,41074,91

0,095%2,556%

PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones

Variação dos índices face à sessão anterior

3000

3200

3400

3600

3800

5000

5150

5300

5450

5600

-0,0500

-0,0225

0,0050

0,0325

-1,54%-3,14%-1,86%

MANUEL ROBERTO

Ministério das Finanças não revela o total de proprietários que procederam aos registos

Até 31 de Dezembro, data-limite pa-

ra o registo dos contratos de arren-

damento e respectiva emissão de

recibos electrónicos de renda sem

multa, foram registados 552.201 ar-

rendamentos activos, que corres-

ponderam a 3,9 milhões de recibos

electrónicos, no valor total de 37,2

milhões de euros.

De acordo com dados do Minis-

tério das Finanças solicitados pelo

PÚBLICO, o registo de contratos no

portal foi superior, aproximando-se

dos 645 mil, dos quais 56 mil corres-

pondem a cessações de contratos

(arrendamentos que terminaram),

e foram anulados 36.788 registos.

Estas anulações são explicadas por

inúmeros erros no acesso ao sistema

por parte dos proprietários.

A multa para os proprietários que

estavam obrigados ao registo e não

o fi zeram varia entre 150 euros e os

3750 euros.

O Ministério das Finanças não

revela o total de proprietários que

procederam aos registos, sendo

Contratos de arrendamento registados nas Finanças ultrapassam os 552 mil

que muitos têm mais do que um

imóvel. Também não foi revelado

o número de novos contratos (que

totalizam 176 mil até Novembro),

ou seja, assinados depois de 1 de

Abril, data a partir da qual se tor-

nou obrigatório o registo no Portal

das Finanças, bem como das altera-

ções e cessações aos arrendamentos

existentes.

O prazo para o registo electrónico

dos restantes contratos foi prorro-

gado duas vezes, de Maio para No-

vembro e depois para Dezembro,

em parte por difi culdades de acesso

ao sistema e de falta de esclareci-

mentos em relação a situações me-

nos comuns, como heranças indevi-

das, ou imóveis em co-propriedade,

entre outras.

Os contratos registados ao fi nal

do ano incluem, embora em menor

número, arrendamentos comerciais,

relativos a proprietários que decla-

ram rendimentos em nome individu-

al. Os proprietários que têm activida-

de empresarial passam facturas.

Os dados agora divulgados pelo

ministério não discriminam o tipo

de contrato habitacional e comer-

cial, mas, mesmo considerando que

boa parte é residencial, ainda estão

longe dos 700 mil alojamentos ha-

bitacionais arrendados, revelados

pelos Censos de 2011.

Em 2014, o universo de proprie-

tários que declararam rendimentos

prediais nas declarações de IRS to-

talizou 381.285, número que pode-

rá não ter sido atingido no universo

dos registos efectuados.

De referir que o registo electró-

nico de renda não é obrigatório pa-

ra os proprietários com mais de 65

anos ou com valores de renda infe-

riores a 70 euros mensais.

No entanto, estes senhorios têm

de entregar uma declaração de ren-

das durante o mês de Janeiro, e essa

informação, bem como o registo dos

contratos, será feita electronicamen-

te, mas pelas Finanças, se o proprie-

tário não tiver meios para o fazer.

Para cumprir esta exigência, os se-

nhorios têm de preencher o Modelo

44, impresso pela Casa da Moeda,

que está esgotado num grande nú-

mero de repartições de Finanças do

país, designadamente na Grande Lis-

boa, disse ao PÚBLICO António Frias

Marques, presidente da Associação

Nacional de Proprietários. A infor-

mação dada a muitos proprietários

que pretendem cumprir a exigência

é de que só no fi nal da semana estará

disponível o referido impresso.

Frias Marques, que tem contes-

tado a discriminação de cidadãos

quanto à obrigatoriedade de registo

electrónico, lembrando que há mui-

tos proprietários com menos de 65

anos sem meios e conhecimentos

para cumprir a exigência, destaca

que o modelo, que custa 60 cênti-

mos, só pode ser utilizado para cin-

co contratos.

HabitaçãoRosa Soares

Modelo 44, necessário para cumprir as exigência legais, está esgotado num grande número de repartições de Finanças do país

Page 19: Jornal Público 2016-01-05

PÚBLICO, TER 5 JAN 2016 | ECONOMIA | 19

PUBLICIDADE

O Tribunal da Concorrência de San-

tarém confi rmou a condenação da

Galp por práticas anticoncorrenciais

no mercado do gás de botija, mas re-

duziu em metade — para 4,1 milhões

de euros — a coima que a Autoridade

da Concorrência (AdC) tinha aplicado

à empresa. A Galp anunciou que vai

recorrer da sentença, mas destacou

tratar-se da “maior redução de sem-

pre das coimas aplicadas pela AdC”.

A petrolífera liderada por Carlos Go-

mes da Silva sublinhou ainda que o

tribunal entendeu “que não houve

Tribunal da Concorrência condena Galp a coima de quatro milhões de euros

uma omissão dolosa por parte da

Galp Energia”.

Em Fevereiro do ano passado, a

Galp foi multada pela AdC em 9,29

milhões de euros pela existência de

cláusulas ilegais em duas centenas de

contratos entre a Petrogal, a Galp Ma-

deira e a Galp Açores e os seus distri-

buidores de gás de botija. A entidade

presidida por António Ferreira Go-

mes concluiu que as operadoras apli-

caram cláusulas que impediram estes

distribuidores de fornecer clientes

fora de uma zona geográfi ca defi ni-

da, restringindo a sua possibilidade

de concorrer com distribuidores em

territórios vizinhos.

A petrolífera recorreu da decisão

para o Tribunal de Santarém que,

no entanto, na sentença lida ontem,

manteve a condenação. A Galp tem

dez dias para apresentar recurso. A

própria AdC pode contestar a senten-

ça, uma possibilidade que, segundo

informações recolhidas pelo PÚBLI-

EmpresasAna Brito

Tribunal confirma condenação por infracções no gás de botija, mas corta coima em metade. Empresa vai recorrer da decisão

formais”. A petrolífera entende ainda

que fi cou reconhecido que a empresa

“não realizou qualquer prática co-

mercial com impacto no preço do gás

em garrafa”, ou que “prejudicasse os

consumidores portugueses ou o livre

funcionamento do mercado nacional

de gás em garrafa”.

“O tribunal acolheu muitos dos

nossos argumentos, mas acredita-

mos que não foi tão longe quanto

podia ter ido, já que a nossa expec-

tativa era a absolvição”, disse ao PÚ-

BLICO o advogado da Galp, Ricardo

Bordalo Junqueiro, consultor da

Cuatrecasas, Gonçalves Pereira. No

entanto, a redução da coima global

em 5,2 milhões de euros (resultan-

do em 3,9 milhões para a Petrogal,

150 mil euros para a Galp Açores e

40 mil euros para a Galp Madeira)

permite, segundo o advogado, tirar

uma “conclusão óbvia”: “A gravidade

que a AdC atribuiu às práticas não foi

confi rmada pelo tribunal.”

CO, está a ser analisada pela entidade

reguladora.

A juíza do Tribunal da Concor-

rência “qualifi cou como negligência

quase grosseira, ainda que não como

dolo”, a actuação da Galp, revelou

a AdC, em comunicado. A sentença

reconheceu ter existido “um nível de

descuido, de falta de responsabilida-

de e de falta de comprometimento

com o valor da concorrência muito

signifi cativo. O que é ainda mais gra-

ve devido à dimensão das visadas”,

adiantou a AdC.

Já a Galp sublinhou que o tribunal

“reconheceu a conformidade da ac-

tuação comercial” da empresa com

as regras da concorrência, mas con-

siderou que “meros aspectos formais

dos contratos de distribuição, com

origem num passado remoto, deve-

riam ter sido corrigidos”. A empresa

vai interpor recurso porque “não se

conforma com uma condenação as-

sente em fundamentos meramente

Breve

Banca

Venda do Banif em Malta reverte para novo veículoA venda dos 78,5% do capital que o Banif detinha no Banif Bank, em Malta, anunciada em véspera da medida de resolução, deverá ser a primeira fonte de receitas do veículo criado para ficar com alguns activos, na esfera do Fundo de Resolução. A concretização do contrato de promessa de compra e venda já assinado deverá ser uma das primeiras missões do conselho de administração do veículo, o Naviget, que deverá receber o valor acordado de 18,4 milhões de euros.

SÉRIE ESPECIAL

AMANHÃ

Velhas e Novas

UtopiasUtopia da informação: até onde vai a transparência? As novas concorrências trouxeram a ilusão de comunicar?

Acompanhe a série empublico.pt/novasevelhasutopias

Utopia daliberdade dainformação

Page 20: Jornal Público 2016-01-05

20 | ECONOMIA | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

A medida de resolução bancária

aplicada ao Banif pelo Banco de

Portugal é mais complexa do que

a aplicada ao BES. Divide o Banif

em três partes: O Banif “mau”,

que deverá ser liquidado; o Banif

“intermédio”, que fi cou para o

Fundo de Resolução através de

uma nova sociedade Naviget; e o

Banif “bom”, que foi vendido ao

Santander.

Existe uma enorme falta de

transparência o que difi culta o

escrutínio detalhado da operação

de resolução. Ao contrário do

que ocorreu em Agosto de 2014, o

Banco de Portugal não publica os

balanços provisórios pós-resolução

nem quantifi ca o balanço de

activos e passivos vendidos ao

Santander. Acresce que existem

inconsistências nos dados

fornecidos pelo Banco de Portugal

e pela Comissão Europeia.

Mas é possível preparar

algumas estimativas dos efeitos da

resolução recorrendo ao que é de

conhecimento público:

O montante e o tipo das

injecções de capitais públicos no

que era o antigo Banif;

O balanço fi nanceiro do antigo

Banif no 3º trimestre de 2015.

Com base nesta informação e

assumindo que, em Dezembro,

ocorreu uma fuga de depósitos de

mil milhões de euros, é possível

estimar o novo balanço do Banif

(se este não tivesse sido dividido

em três partes) após as injecções

de capital realizadas no âmbito da

resolução e assim estimar quem

ganhou o quê.

Parte I. Injecções de capital:1. O Estado realiza um aumento de

capital de 1766 milhões de euros

ao Banif;

2. A Naviget (“Banif intermédio”)

transfere 746 milhões de euros de

obrigações garantidas pelo Fundo

de Resolução e contra-garantidas

pelo Estado para o “Banif bom”

adquirido pelo Santander. Em

resultado desta garantia pública,

activos que antes eram ilíquidos

passam a ser de elevada liquidez

e, pelas regras de supervisão

bancária, os rácios de capital do

banco melhoram;

3. Assim, o montante de dinheiros

públicos injectados directa ou

indirectamente no que era antes o

Banif é de 2512 (=1766+746) milhões

de euros.

4. A Comissão Europeia indica

que o total de ajudas públicas

pode ir até cerca de 3 mil milhões

de euros, incluindo uma garantia

pública de 323 milhões de euros.

Mas a garantia pública aprovada

pelo Banco de Portugal é de 746

milhões de euros, pelo que, na

dúvida, nas estimativas aqui

apresentadas optou-se por só

considerar os montantes de ajudas

públicas explicitamente referidos

nas deliberações do Banco de

Portugal. No pior cenário, que não

é considerado nestas estimativas,

as ajudas públicas totalizariam

3423 milhões de euros a que

acresceriam benefícios fi scais

públicos de perto de mil milhões

de euros (de activos por impostos

diferidos) (1)

Parte II - O balanço fi nanceiro do antigo BanifO rácio de capital CET1 mínimo

obrigatório é de 7%. O rácio de

solvabilidade mínimo (que inclui

outros instrumentos de capital)

é de 8%. Em Setembro de 2015, o

Banif declarava que tinha capital e

reservas de 675 milhões de euros,

rácio de capital CET1 de 8,5% e um

rácio de solvabilidade de 9,5%, ou

seja, os dois rácios de capital do

Banif situavam-se bem acima do

mínimo legal exigível.

O balanço do antigo Banif é aqui

apresentado de forma simplifi cada

dividindo os activos em duas

categorias: activos de elevada

liquidez, que tendem a conservar

o seu valor e a exigir pouco capital;

e em outros activos.

A classifi cação simplifi cada

do balanço do Banif permite

estimar o que ocorre, após a

resolução bancária, ao rácio de

alavancagem fi nanceira (“leverage

AnáliseRicardo Cabral

ratio”) e permite igualmente

estimar, de forma aproximada

mas conservadora (subestimando)

o que ocorre ao rácio de capital

CET1 do Banif (que designo Rácio

de capital CET1 simplifi cado), que

é o rácio relevante para regulação

prudencial da banca.

A resolução bancária consiste

na reestruturação de activos

e passivos, constituindo

imparidades adicionais para

refl ectir perdas nos “Empréstimos

e outros activos”. Em

consequência, o banco passaria

a ter capitais próprios negativos.

Após (i) a injecção de 2512 milhões

de euros em dinheiros e garantias

públicas, (ii) a imposição de

perdas a accionistas e a credores

subordinados e (iii) o pagamento

de dívida aos Bancos Centrais, o

balanço do antigo Banif passaria a

ser de cerca de 9,2 mil milhões de

euros, com capitais próprios de 1,1

mil milhões de euros.

O valor estimado para o rácio de

capital do Banif - CET1 simplifi cado

- passaria a ser 15,5%, cerca do

dobro do mínimo legal exigível.

Note-se que o Banif, a

30.9.2015, já tinha constituído

cerca de 1600 milhões de euros

de imparidades nos seus activos

líquidos. Mas a injecção de capitais

públicos descrita acima, sugere

a constituição de imparidades

adicionais no montante de 2512

milhões de euros.

Este nível de imparidades é

inacreditável - 4,1 em 11,0 mil

milhões de euros de activos

brutos - só seria possível se o Banif

estivesse a “cozinhar” os livros e os

auditores “a olhar para o lado”!

Admita-se, por hipótese,

que as contas do Banif estavam

“limpinhas e direitinhas” como

afi rma o seu antigo presidente.

Então o balanço optimizado do

antigo Banif passaria a ser o que

está descrito na infografi a.

Se o presidente do antigo Banif

tiver razão, então o Banif, após a

resolução passaria a ser um banco

com rácio de capital CET1 que

provavelmente estaria próximo

dos 40% e teria capitais próprios

de 3,6 mil milhões de euros!

Mas mesmo que o Banif

estivesse a empolar os seus

activos, por exemplo em 1,5 mil

milhões de euros, e que fosse

necessário constituir imparidades

adicionais nesse montante, após

a resolução e injecção de capitais

públicos ter-se-ia: capitais próprios

de cerca de 2,1 mil milhões de

euros; e rácio de capital CET1 e

rácio de solvabilidade mais de 3

vezes superior ao rácio de capital

mínimo legalmente exigível.

Em síntese:Se as contas do Banif estavam

“limpinhas e direitinhas”,

como defende o antigo

presidente do banco, então,

após a resolução, utilizando

estimativas conservadoras,

os capitais próprios do antigo

Banif aumentariam para 3,6 mil

milhões de euros e os rácios

de capital CET1 para cerca de

40%, ou seja, 5 vezes os rácios

mínimos legalmente obrigatórios

- algo similar ocorre mesmo que

existam imparidades adicionais

signifi cativas no balanço;

É estranho que a DG-Comp da

Comissão Europeia, após uma

análise que necessariamente

demorou menos de um dia afi rme

que não existe ajuda estatal ao

Santander e que, afi nal, a ajuda

estatal ao Banif, de 1100 milhões

de euros, concedida em Janeiro de

2013, era legal;

O Santander compra um banco

supercapitalizado pagando

muito menos do que o valor

contabilístico do banco. Por

conseguinte, afi gura-se que o

objectivo primeiro da medida de

resolução aplicada ao Banif não

foi o saneamento deste banco

mas sim a recapitalização do

Santander, recorrendo a injecções

de capital público no Banif;

Se assim tiver sido, existem vias

para o Estado português procurar

corrigir a situação e reaver uma

parte signifi cativa dos dinheiros

públicos “investidos no Banif”.

[1] A medida de resolução limita

os activos por impostos diferidos

a adquirir pelo Santander a 179

milhões de euros, uma fracção

do montante potencial desse

tipo de activos. Parece que esses

activos fi carão na Naviget (Banif

intermédio), propriedade do Fundo

de Resolução. Contudo, porque

este ponto não é clarifi cado nas

deliberações do Banco de Portugal,

não se inclui a injecção de capitais

públicos via “activos por impostos

diferidos” nestas estimativas, que

resultariam em activos líquidos,

capitais próprios e rácios de capital

mais elevados para o antigo Banif,

do que aqui estimado.

As contas da resolução do Banif

Retrato do antigo Banif, pós-resolução

Balanço do antigo Banif a 21-12-2015, após resolução, injecção de capitais públicos e operações de optimização de balanço, se as contas do Banif estivessem "limpinhas e direitinhas"

Total activos líquidos 11.66511.665 Total passivos

ACTIVOS LÍQUIDOS Rácios de capital(%)

PASSIVOSCaixa e disponibilidades líquidas sobre bancos centraisOutros activos de elevada liquidezTotal activos de elevada liquidezEmpréstimos e outros activos

Dívida ao Eurossistema e ao Banco de PortugalDepósitos e dívida sénior

Dívida subordinadaCapital e reservas dos novos accionistas

0808303583

200203022309435

Capital CET1simplificado

Alavancagem

38,030,7

“Afi gura-se que o objectivo primeiro da medida de resolução aplicada ao Banif não foi o saneamento deste banco mas sim a recapitalização do Santander”

Economista, professor universitário

A versão mais longa desta análise pode ser vista em http://blogues.publico.pt/tudomenoseconomia/

Page 21: Jornal Público 2016-01-05

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Page 22: Jornal Público 2016-01-05

22 | MUNDO | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

Socialistas já falam em tornar apátridas condenados por terrorismo

JOEL SAGET/AFP

Um orgulhoso cidadão francês nas celebrações de Ano Novo em Paris

Vários legisladores franceses que

apoiam uma polémica proposta de

revisão constitucional para permitir a

retirada da nacionalidade a quem for

condenado por crimes de terrorismo

querem ir ainda mais longe do que

o Governo do Presidente François

Hollande, e aplicar essa punição não

apenas aos detentores de dois pas-

saportes mas a todos os cidadãos da

república — ou seja, também àqueles

que não possuem outra nacionalida-

de para além da francesa.

Acrescentando uma nova cama-

da de controvérsia ao já infl amado

debate público, vários membros

do Governo consideraram ontem

que algumas das sugestões apre-

sentadas por deputados e dirigen-

tes políticos nos últimos dias, no

sentido de alargar a possibilidade

da revogação da nacionalidade por

terrorismo a todos os franceses,

constituem um “novo elemento”

que é bem-vindo no âmbito da dis-

cussão do assunto.

“O Presidente da República fez sa-

ber qual é a sua posição e abriu o de-

bate. Não deixaremos de olhar para

as diferentes posições para perceber

o que pode ser posto em cima da

mesa: a preocupação do Presidente

e do Governo é a de reunir o mais

amplo consenso possível sobre uma

questão que, acima de tudo, diz res-

peito à protecção dos franceses, pe-

lo que deve ultrapassar as divisões

habituais”, esclareceu o ministro da

Agricultura e porta-voz do Governo,

Stéphane Le Foll, no fi m da reunião

de conselho de ministros.

O debate parlamentar do projec-

to de revisão constitucional “para

a protecção da nação” apresentado

pelo Governo no fi m de Dezembro

arranca no próximo dia 3 de Feve-

reiro, e a esta distância não é claro

que o Governo consiga reunir os vo-

tos dos três quintos de membros da

Assembleia Nacional e do Senado

que são obrigatórios para aprovar

mudanças no texto fundamental.

Apesar de a lei ser apoiada pelas

bancadas da direita — Os Republi-

canos e a Frente Nacional —, pelo

menos 60 deputados socialistas já

anunciaram a intenção de votar con-

tra, ao lado dos partidos de esquer-

da, que montaram uma oposição

plexidade da discussão, do ponto de

vista jurídico e também de relações

internacionais. Isto porque, apesar

de a proposta original do Presidente

apontar apenas a pessoas com du-

pla nacionalidade, não faz nenhuma

distinção entre aquelas que nasce-

ram no estrangeiro e aquelas que

nasceram em França — e estão salva-

guardadas pelos chamados direitos

de sangue e direito de solo, como

era o caso de alguns dos terroristas

envolvidos nos atentados de 13 de

Novembro em Paris.

O projecto de Hollande já rompe

com os critérios da legislação actual:

o Código Civil da França diz clara-

mente, no seu artigo 25, que a nacio-

nalidade só pode ser revogada quan-

do foi adquirida, isto é, nos casos em

que a república acolheu indivíduos

que não tinham direito automático

a ser considerados franceses e solici-

taram a naturalização (por exemplo,

imigrantes com mais de cinco anos

de residência ou estrangeiros casa-

dos com cidadãos franceses há mais

de quatro anos). O mesmo artigo pre-

vê a impossibilidade da destituição

da nacionalidade “se dela resultar

um indivíduo apátrida”.

Como assinalam vários especialis-

tas, a ideia de generalizar a proposta

governamental para incluir todos

os cidadãos franceses não só coli-

de com as normas jurídicas do país

como viola resoluções e tratados in-

ternacionais subscritos pela França,

nomeadamente a Declaração Uni-

versal dos Direitos do Homem de

1948, que estabelece no artigo 15.º

que “todo o indivíduo tem direito a

uma nacionalidade”, ou uma con-

venção das Nações Unidas de 1961

que impede os Estados signatários

de “privar a nacionalidade a indiví-

duos cuja aplicação dessa medida

torne apátridas”.

Sugestão do líder da bancada socialista pretendia responder às críticas ao projecto de retirar a nacionalidade a cidadãos com dupla nacionalidade acusados de crimes contra a Nação, mas criou mais polémica

FrançaRita Siza

Bruno Le Roux, equacionou a apre-

sentação de emendas em resposta

aos críticos que assinalaram como

consequências nefastas da proposta

uma alegada quebra da coesão so-

cial com uma divisão (e discrimina-

ção) dos franceses em cidadãos de

primeira e de segunda, em função

da sua origem. No sentido de evitar

situações de desigualdade perante

a lei, Le Roux sugeriu que o âmbito

da medida seja alargado para “per-

mitir que seja retirada a nacionali-

dade francesa a todos aqueles que

levantam armas contra o Estado e

contra quem vive no nosso país, in-

dependentemente de terem outra

nacionalidade ou não”.

“Estamos a falar de mais um ele-

mento no debate”, desdramatizou

o secretário de Estado encarregado

das relações com o Parlamento, Je-

an-Marie Le Guen, sem deixar de re-

conhecer, porém, a particular com-

“Não deixaremos de olhar para as diferentes posições para perceber o que pode ser posto em cima da mesa”, disse Stéphane Le Foll

feroz ao projecto governamental.

No seio do executivo, também não

existe consenso, com vários minis-

tros a assumirem publicamente a

sua discordância.

Para ultrapassar as reservas de

muitos legisladores no apoio ao pro-

jecto do Governo, o líder da bancada

socialista na Assembleia Nacional,

Page 23: Jornal Público 2016-01-05

PÚBLICO, TER 5 JAN 2016 | MUNDO | 23

AFP

NILS MEILVANG/REUTERS

A capa do jornal que vai amanhã para as bancas

Controlo de documentos na estação de comboios de Kastrups

No dia 7 de Janeiro, o mundo des-

cobria o Charlie Hebdo, pequeno

jornal de desenhos satíricos, pro-

fundamente insolente em relação

às instituições e religiões. Um ano

depois do atentado, o semanário

francês continua nas bancas, vai lan-

çar uma edição especial debaixo de

fortes medidas de segurança, mas

diz-se mais isolado do que nunca no

seu combate para “rir de tudo”.

Os responsáveis do Charlie já

divulgaram a primeira página do

número que sai amanhã. Um Deus

barbudo, com uma Kalashnikov às

costas, a correr debaixo do título

Um ano depois, o assassino conti-

nua à solta. Esta edição especial vai

ter uma tiragem de um milhão de

exemplares.

Apesar da sobrevivência do Char-

lie, “sentimo-nos numa solidão gri-

tante. Queríamos que outros fi zes-

sem sátira”, diz um dos seus respon-

sáveis, Eric Portheault. “Ninguém se

juntou a nós neste combate porque é

perigoso. As pessoas podem morrer”.

Um mês antes do ataque que ma-

tou oito membros da sua redacção

(num total de 12), o Charlie ameaçava

falir. As vendas não ultrapassavam

os 30 mil exemplares. O seu humor

provocante, herdado dos anos 1970,

já não vendia.

O grande público ignorava que o

jornal já vivia sob protecção policial

depois de ter publicado caricaturas de

Maomé em 2006 e de a sua redacção

ter sido alvo de fogo posto em 2011.

Depois do atentado que dizimou

a sua redacção (entro os mortos es-

tavam os desenhadores Charb, Ca-

bu e Wolinski), o jornal fundado em

1970 foi elevado a símbolo mundial

da liberdade de expressão e rece-

beu milhões de euros em doações

e 200 mil assinaturas. O slogan “Je

suis Charlie” tornou-se mundial, mas

também foram muitos os que consi-

deraram que não se pode gozar com

tudo, sobretudo quando toca a ridi-

cularizar a religião.

O “número dos sobreviventes”,

que saiu no dia 14 de Janeiro com

Maomé na capa e o título Está tudo

perdoado, cristaliza estas tensões.

Se, por um lado, vende 7,5 milhões

de exemplares em todo o mundo,

Charlie Hebdo: “Um ano depois, o assassino continua à solta”

truoso”, sublinha Eric Portheault.

Depois há também “aqueles que não

querem colaborar connosco porque

acham que é perigoso, o que é ab-

solutamente compreensível. Nós te-

mos uma espada de Dâmocles por

cima da nossa cabeça”.

A equipa de duas dezenas de

pessoas acabou de se mudar para

novas instalações, ultra-seguras e

vigiadas, cuja morada é mantida

em segredo. Apesar do perigo, os

sobreviventes querem continuar a

“rir de tudo”. “Está fora de questão

a autocensura, isso signifi caria que

eles venceram. Se a actualidade nos

levar a desenhar Maomé, é isso que

faremos”, garante Eric Portheault.

Graças às vendas maciças depois

do atentado, o jornal dispõe de um

tesouro de guerra de cerca de 20

milhões de euros, o que lhe garante

a saúde fi nanceira por vários anos.

“Actualmente, somos lidos por mui-

to mais pessoas que descobriram o

humor particular do Charlie”, acres-

centa Portheault, que aponta para

uma média de 100 mil exemplares

vendidos por semana. “Não vamos

desistir. Não queremos que eles te-

nham morrido em vão”.

por outro, provoca manifestações

violentas em vários países muçul-

manos.

Nas semanas que se seguem, o

jornal aparece todas as quartas-

feiras nas bancas, mantendo-se fi el

a si próprio, com os seus desenhos

mordazes, alegremente blasfemos

ou insolentes, para denunciar o ra-

cismo, a intolerância ou os abusos

de poder.

“Rir de tudo”Mas este relançamento é um enor-

me desafi o para os sobreviventes,

incluindo os que escaparam por

pouco à morte, como foi o caso do

desenhador Riss, que fi cou grave-

mente ferido. É ele que assume a

direcção do jornal e se torna o prin-

cipal accionista. Mas alguns contes-

tam a nova direcção e exigem mais

transparência na gestão das doa-

ções, destinadas às vítimas e aos

seus familiares mais próximos.

O confl ito acalma, mas o desenha-

dor Luz, traumatizado, deixa o jor-

nal em Setembro. E Patrick Pelloux,

um dos fi éis redactores, também se

afasta. Mesmo tendo os outros fi ca-

do, “há um vazio enorme, mons-

Liberdade de imprensa

O jornal satírico francês, alvo de um atentado no início de 2015, continua nas bancas, mas sente-se sozinho

Desde ontem, a Suécia exige um

documento de identifi cação com

fotografi a a quem cruza a sua fron-

teira vindo da Dinamarca, a gran-

de rota de chegada de refugiados e

migrantes. Quem não o fi zer, será

impedido de entrar no país e a com-

panhia de transportes onde viajou

será multada.

Estocolmo espera com isto redu-

zir o número de pedidos de asilo,

apesar de ter sido um dos países eu-

ropeus que mais defenderam uma

política comum de portas abertas

em 2015. Esta não é a primeira vez

que Estocolmo aplica controlos de

fronteira para travar chegadas irre-

gulares. Fê-lo também em Novem-

bro, quando introduziu postos de

identifi cação, que restringiam pou-

co as novas chegadas.

Os novos controlos suecos são

drásticos e podem ter um efeito do-

minó. De acordo com o diário bri-

tânico Guardian, que cita dados do

Governo sueco, só cerca de 40% dos

refugiados que pedem asilo viajam

com documentação válida. No pico

do Outono, o país, que pertence ao

espaço Schengen, chegou a receber

perto de dez mil pessoas por dia.

Partem quase todos da Dinamarca,

que se diz disposta a aceitar menos

refugiados que a Suécia e que ame-

aça agora impor novos controlos na

fronteira com a Alemanha, caso o

número de pessoas em circulação

pelo país aumente. Estocolmo rece-

Suécia começa a recusar entrada a refugiados sem documentos

beu 163 mil pedidos de asilo em 2015,

o maior valor em qualquer país da

Europa, caso se tenha em conta a po-

pulação de menos de dez milhões de

habitantes. Copenhaga, por sua vez,

registou apenas 18,5 mil pedidos.

“O Governo considera agora que

a situação actual, em que há um

grande número de pessoas a entrar

no país num período relativamente

curto, representa uma ameaça séria

à ordem pública e à segurança na-

cional”, anunciou o executivo sueco

ao apresentar a nova lei, que tem a

validade de três anos.

A Suécia é governada por uma co-

ligação dos sociais-democratas com

o partido Verde, que em Novembro

admitiu que a imposição de contro-

los de fronteira se tratava de “uma

decisão terrível”, capaz de piorar as

condições de vida dos refugiados.

A nova lei impõe-se às chegadas

de barco, carro e comboio. As liga-

ções ferroviárias directas pela ponte

Oresund estão mais limitadas e existe

agora uma paragem obrigatória na

estação de entrada na Suécia, onde

foi construída uma cerca entre as li-

nhas de comboio e erguidos postos

para a verifi cação obrigatória de do-

cumentos.

A Suécia — como a Alemanha — é

um dos países de destino mais po-

pulares entre refugiados e migrantes

que chegam à Europa. No entanto,

o grande número de entradas ao

longo de 2015 provocou alertas da

polícia sobre o risco de perturbação

da ordem pública — já se registaram

vários ataques a centros de acolhi-

mento de refugiados e as tensões

sociais são palpáveis.

O Governo sueco admite querer

aceitar cerca de mil novas entradas

por semana ao longo de 2016 — um

décimo das que se contavam no

Outono.

Crise migratória

País receia que vaga de refugiados e migrantes ameace a segurança nacional. Menos de metade viaja com documentação

Page 24: Jornal Público 2016-01-05

24 | MUNDO | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

A ocupação armada dos irmãos Bundy começou porque as chaves estavam lá

Operação novelesca está a cargo de uma milícia improvisada e dura já há três dias num edifício federal nos confi ns do Oregon. Grupo armado quer entregar terras do Estado a rancheiros

JIM URQUHART/REUTERS

Cerca de 25 pessoas ocuparam uma pequena cabine com armas, carros e mantimentos na pequena localidade de Burns

Momentos depois de um protesto

pacífi co de cerca de cem rancheiros

numa zona rural e isolada do Ore-

gon, no Oeste dos Estados Unidos,

um grupo de activistas antigoverno

pediu a quem se quisesse erguer

contra o poder de Washington que

tomasse com eles um edifício públi-

co. Estava-se no início da tarde de

sábado e o espaço da agência esta-

tal que gere os terrenos públicos no

condado de Burns estava encerrado

e vazio. Cerca de 25 pessoas ocupa-

ram a pequena cabine com armas,

carros e mantimentos. Estão lá há já

três dias e prometem não sair antes

de “devolverem a terra às pessoas”.

Nem que isso leve anos.

O grupo diz ser uma milícia, tem

armas pesadas e o seu líder, Am-

mon Bundy, oscila entre dizer que

as pessoas estão prontas para se

defenderem caso a polícia os tente

expulsar ou, como na conferência

de imprensa que convocou no do-

mingo, afi rmar que “não somos uma

ameaça a ninguém”. As autoridades

locais dizem que estão a seguir o ca-

so, mas até ontem pareciam não ter

feito muito mais do que anunciar

publicamente que os ocupantes

estão a “tentar derrubar o governo

federal e do condado na esperança

de despertarem um movimento nos

Estados Unidos”.

Ammon é fi lho de Clive Bundy,

rancheiro que em 2014 se transfor-

mou por momentos no ídolo da co-

munidade rural e conservadora que

nos Estados Unidos defende uma ex-

ploração sobretudo privada de ter-

renos para pastoreio e agricultura. A

norma é acontecer o contrário: gran-

de parte do território é de domínio

do governo federal — não do estado,

ou da localidade — e os rancheiros

pagam licenças para pastorearem

o seu gado. É isto que acontece no

Oregon, onde em algumas zonas,

como no condado de Burns, quase

90% do terreno pertence ao Estado.

A autodesignada milícia de Ammon

Bundy quer mudar isso.

“Estamos aqui porque têm abu-

sado da população o quanto baste,

as suas terras e recursos foram-lhes

retirados a um ponto que os está a

pôr literalmente na pobreza”, dis-

se Ammon Bundy aos jornalistas a

fogos ateados em 2001 e 2006. Os

Hammond estiveram já presos pe-

los incêndios que se alastraram para

terrenos do Estado. O pai, Dwight,

de 73 anos, cumpriu uma pena de

três meses; e o seu fi lho, de um ano.

Mas os procuradores consideraram

recentemente que deveriam passar

mais quatro anos cada na prisão. A

família Hammond disse não estar en-

volvida na ocupação em Burns.

O caso dos Hammond relaciona-

se com a disputa sobre gestão de

território: foram condenados por

destruição de propriedade pública,

mesmo dizendo que atearam um dos

fogos para protegerem o seu terreno

contra espécies de plantas invasivas

e outro para se defenderem de in-

cêndios que lavravam perto. Resi-

dentes e polícia do condado afi rmam

que a marcha foi pacífi ca e centrada

na família, mas que o tom mudou

quando pessoas de fora começaram

a protestar contra o Governo e aqui-

lo que dizem ser a violação da Cons-

tituição norte-americana.

A ocupação do edifício governa-

mental de Oregon joga com várias

sensibilidades norte-americanas. Al-

gumas delas estão na resposta bran-

da da polícia e nos termos usados

nos media. Como é que é possível,

perguntava-se no domingo nas redes

sociais, que um grupo de homens

brancos armados norte-americanos

invada um edifício sem que a polícia

responda com severidade — como

acontece desproporcionalmente em

casos de pessoas de raça negra — ou

que as televisões não os acusem de

terrorismo ou violência?

O New York Times começou por

designar o grupo como “activistas

armados” e o Washington Post “ocu-

pantes”. Ontem, este último diário

explicava que, apesar de existir um

“risco real de violência, ferimentos

graves ou mesmo morte”, nada disto

aconteceu ainda.

EUA Félix Ribeiro

que falou diante da pequena casa

de madeira que o seu grupo ocupa.

“Este refúgio [a zona é também um

santuário de observação de aves] é

propriedade legal do povo e nós pre-

tendemos usá-lo.”

A dita milícia promete ajudar os

rancheiros, caçadores e residentes a

usarem terrenos do Estado sem pa-

garem licença, embora não seja evi-

dente como o podem fazer. Foi com

este tipo de protesto que Clive Bundy

fi cou conhecido. Recusou-se a pagar

licenças ao Governo, a retirar as suas

cabeças de gado de terrenos públicos

e ainda ameaçou disparar sobre a po-

lícia que tentasse intervir. As autori-

dades recuaram e Clive foi recebido

em braços pela população rural que

vê o Governo como uma instituição

intrusiva, comandada pelos estados

mais populosos do Leste.

Dois fi lhos de Clive — que caiu das

graças dos conservadores ao defen-

der a escravatura — participam na

ocupação da agência do território em

Burns. Nem todas as pessoas estão

armadas, mas algumas patrulham a

entrada para o terreno com espin-

gardas automáticas. Há um atirador

furtivo na torre de observação de

aves, como mostram as fotografi as ti-

radas por jornalistas a quem foi dada

uma curta visita guiada ao exterior

do edifício. A milícia assegura que

nada foi danifi cado e que consegui-

ram entrar por terem encontrado um

conjunto de chaves. Os funcionários

da agência governamental não foram

trabalhar ontem e as escolas do con-

dado encerraram por receio de uma

disputa com a polícia.

Os Hammond e o terrorismoO grupo que ocupou Burns esteve

durante a manhã de sábado numa

marcha de solidariedade a dois ran-

cheiros residentes, Dwight e Steven

Hammond, pai e fi lho condenados

a novas penas de prisão por dois

Page 25: Jornal Público 2016-01-05

COLECÇÃO BERNARD PRINCEO REGRESSO DO FANTASMA

ESTÁ EM PORTUGAL

Vol. 9 - O Regresso do FantasmaBernard, Barney e Djin assistem à explosão do iate do Presidente da república equatorial

de Monteguana, da qual escapa miraculosamente. Recolhido pelos nossos heróis, Valadero

ouve pela rádio que o poder acaba de ser tomado pelo General Mendonza e rapidamente

se dá conta de que foi alvo de um atentado. O Presidente requisita o Cormoran e a sua

tripulação para tentar alcançar a capital, mas os novos detentores do poder não

parecem dispostos a ceder facilmente.

Copyright © ÉDITIONS DU LOMBARD (DARGAUD-LOMBARD S.A.) 2015, by Hermann, Greg, Dany.

QUARTA, 6 JANCOM O PÚBLICO

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Page 26: Jornal Público 2016-01-05

Em ano de eleições fomos a vários países europeus ver que soluções “12 Ideias para Portugal” é uma série especial do Público

O Público agradece aos mecena

Page 27: Jornal Público 2016-01-05

foram encontradas para resolver problemas idênticos aos nossos. o Mais com 12 reportagens publicadas em 12 semanas.as que apoiam este projecto.

Page 28: Jornal Público 2016-01-05

28 | CULTURA | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

À procura do Bosch verdadeiro, entre polémicas e surpresas

Filipe II de Espanha, I de Portugal

(1527-1598), era um católico fervoroso,

um monarca instruído e culto. Dono

de um vasto império, era também um

amante das artes. Apesar da compli-

cada situação fi nanceira de Espanha,

cujas guerras que travava em várias

frentes exigiam muito dinheiro, fo-

ram várias as obras de arte que o rei

encomendou e adquiriu. Entre elas,

pinturas de Jheronymus Bosch.

Filipe II, que não chegou a conhe-

cer o artista que morrera em 1516,

comprou-as crendo que tinham saído

das mãos deste mestre que poucas

vezes assinou e datou as suas cria-

ções. Agora, uma equipa de peritos

internacional, a do Projecto de In-

vestigação e Conservação Bosch, es-

tá prestes a publicar o relatório em

que concluiu, entre outras coisas,

que três das pinturas das colecções

reais espanholas que hoje pertencem

ao Museu do Prado, em Madrid, e

que até aqui eram atribuídas ao ar-

tista fl amengo, não foram, muito

provavelmente, por ele executadas:

Mesa dos Pecados Capitais, Extracção

da Pedra da Loucura e Tentações de

Santo António Abade.

Metade das obras que a pinaco-

teca espanhola expõe como sendo

do pintor serão assim, de acordo

com este grupo de investigadores,

de alguns dos seus seguidores. Os

conservadores do Prado, que fazem

questão de mencionar que o museu

tem a maior colecção de Bosch do

mundo, contestam as conclusões,

como seria de esperar. E é por isso

que este relatório do Projecto Bosch,

uma monografi a de dois volumes, já

instalou a polémica, mesmo antes

da sua publicação, agendada para 1

de Fevereiro.

A equipa, liderada por Matthijs

Ilsink, historiador de arte do Noor-

dbrabants Museum, em Hertogen-

bosch (Holanda), terra onde o pintor

nasceu, entre 1450 e 1460, tem vindo

a estudar e a documentar as obras

atribuídas ao artista fl amengo desde

2010 com o objectivo de determinar,

de forma tão defi nitiva quanto possí-

Há seis anos que o Projecto Bosch analisa obras atribuídas ao pintor para defi nir o seu legado. Houve quem se descobrisse dono de um desenho do mestre e quem “perdesse” três pinturas de uma só vez

vel, quais foram executadas por Bos-

ch, famoso pelas suas representações

singulares do inferno e do paraíso.

Uma tarefa que, apesar de enquadra-

da por processos científi cos, não está

livre de contestação.

Entre as obras cuja autenticidade

voltou a ser confi rmada está o trípti-

co Tentações de Santo Antão (c. 1500),

que pertence à colecção do Museu

Nacional de Arte Antiga, em Lisboa,

que foi cuidadosamente examina-

do em 2011 e que será emprestado

a Madrid para a exposição com que

o Prado assinalará os 500 anos da

morte do pintor (Bosch: A Exposição

do Centenário, entre 31 de Maio e 11

de Setembro).

O PÚBLICO contactou o Prado à

procura de reacções ao relatório,

mas o gabinete de comunicação do

museu informou que nenhum dos

seus conservadores estava disponí-

vel. No entanto, ao diário espanhol

ABC, o seu director adjunto, Miguel

Falomir, contestara já as conclusões.

Lamentando que o “autodenomina-

do Projecto de Investigação e Conser-

vação Bosch” tivesse enviado as suas

conclusões do relatório sem contar

com os contributos da pinacoteca

madrilena, disse: “Os seus argumen-

tos são pouco contundentes.”

Pilar Silva, chefe do departamen-

to de Pintura Flamenga e Escolas

do Norte (1400-1600) do museu,

assessora do Projecto Bosch desde

o arranque, vai mais longe, acres-

centando que os técnicos do museu

foram usados como meros “adere-

ços” em todo o processo: “Não nos

consultaram em nada para fazer o

relatório. Trabalharam com material

maravilhoso, mas não souberam ti-

rar proveito dele.” A conservadora

refere-se à análise minuciosa de ca-

da uma das obras, feita recorrendo,

por exemplo, à macrofotografi a e à

refl ectografi a de infravermelhos, téc-

nicas que permitem aceder a porme-

nores da pintura invisíveis a olho nu

e mesmo ao que está por baixo das

camadas de tinta.

Segundo especifi cou o historiador

de arte Ron Spronk, que pertence à

equipa de peritos, à Queen’s Gazette,

a revista da Universidade de Queens

(Canadá), onde lecciona, o estilo do

PinturaBeatriz Dias Coelho

CORTESIA: MUSEU NACIONAL DO PRADOMesa dos Pecados Capitais é uma das obras do Museu do Prado cuja autoria o Projecto Bosch vem agora contestar

desenho subjacente (aquele que a

pintura esconde) e a qualidade glo-

bal da Mesa dos Pecados Capitais, por

exemplo, não são comparáveis aos

de outras obras que estão no cerne

da produção de Bosch.

Argumentos “para rir”Pilar Silva, que será a comissária-ge-

ral da exposição que o museu inaugu-

ra em Maio, não pode discordar mais,

dizendo que os argumentos usados

pelos peritos do Projecto Bosch para

retirar a autoria a três das pinturas

do Prado são simplesmente “para

rir”. E explica porquê, nas páginas

do ABC, pegando precisamente na

Mesa...: “[Os peritos] não gostam do

desenho, dizem que é diferente dos

que fazia. Mas todos os desenhos de

Bosch são diferentes. E a paisagem

Page 29: Jornal Público 2016-01-05

PÚBLICO, TER 5 JAN 2016 | CULTURA | 29

Paula Silva coordenou a qualificação do Mosteiro da Serra do Pilar

Directora regional da Cultura do

Norte entre 2009 e 2013, a arquitec-

ta e arqueóloga Paula Silva foi nome-

ada para o cargo de directora-geral

do Património Cultural, em regime

de substituição, por despacho do

ministro da Cultura, anunciou on-

tem o gabinete de João Soares.

A nova directora-geral do Patri-

mónio Cultural, que chefi ava desde

2014 a Divisão Municipal de Museus

e Património Cultural da Câmara

Municipal do Porto, deverá iniciar

funções já na segunda-feira, ocupan-

do o cargo que o historiador de arte

Nuno Vassallo e Silva deixara vago

no fi nal de Outubro quando tomou

posse como secretário de Estado da

Cultura no efémero segundo Gover-

no de Passos Coelho.

Licenciada em Arquitectura pela

Escola Superior de Belas Artes do

Porto e mestre em Arqueologia pelo

Instituto de Ciências Sociais da Uni-

versidade do Minho, Paula Araújo

Pereira Silva, de 59 anos, foi directo-

ra regional do então Instituto Portu-

guês do Património Arquitectónico

em 2006 e 2007, assumiu depois a

direcção de Serviços dos Bens Cultu-

rais na Direcção Regional de Cultura

do Norte (DRCN), de 2008 a 2009, e

foi fi nalmente nomeada directora re-

gional da Cultura do Norte em 2009,

cargo que manteria até 2013.

Natural do Porto, coordenou, en-

tre outros projectos, a conservação

e qualifi cação da Igreja e Mosteiro

Paula Silva é a nova directora-geral do Património Cultural

da Serra do Pilar, em Vila Nova de

Gaia, como quadro da ex-Direcção-

Geral dos Edifícios e Monumentos

Nacionais, as obras de conservação

e restauro da Igreja da Misericórdia,

em Braga, e, na mesma cidade, a

musealização da Fonte do Ídolo e

a valorização da Igreja de Nossa Se-

nhora do Pópulo. Integrou ainda o

conselho geral da Fundação Cida-

de de Guimarães, os conselhos de

administração do Coliseu do Porto

e da Comissão de Coordenação e

Desenvolvimento da Região Norte,

a secção do Património Arquitec-

tónico e Arqueológico do Conselho

Nacional de Cultura, e o grupo de

trabalho para a abertura do Museu

do Côa. Como directora regional de

Cultura do Norte, foi durante o seu

mandato que reabriu a Casa das Ar-

tes, no Porto.

Paula Silva deixou a DRCN na se-

quência do concurso público lan-

çado para preenchimento do cargo

que então ocupava. Com base nos

resultados do concurso promovi-

do pela Comissão de Recrutamen-

to e Selecção para a Administração

Pública (CRESAP), o ex-secretário

de Estado da Cultura Jorge Barre-

to Xavier nomeou para o cargo, em

Dezembro de 2013, o historiador e

museólogo António Ponte.

Também o cargo para o qual a

arquitecta agora foi nomeada em

regime de substituição exige con-

curso público, ao qual Paula Silva

poderá concorrer quando este vier

a ser lançado. Até lá assumirá a di-

recção daquele que é o maior or-

ganismo do Ministério da Cultura,

responsável, “em articulação com

as direcções regionais de Cultura,

pela gestão normativa do patri-

mónio cultural em Portugal”, diz

o comunicado do gabinete de João

Soares. PÚBLICO/Lusa

RUI FARINHA/NFACTOS

Património

Arquitecta e arqueóloga foi nomeada em regime de substituição para o cargo deixado por Nuno Vassallo e Silva

estas versões anteriores”, veria ape-

nas a camada pintada.

Difi culdades da atribuiçãoO programa que assinala os 500 anos

da morte de Bosch, cuja data de nas-

cimento não é conhecida ao certo,

arrancam a 13 de Fevereiro com a

exposição Jheronymus Bosch: Visões

de Génio, co-organizada por Ilsink no

Noordbrabants Museum. Será aqui

que Paisagem do Inferno vai estar pe-

la primeira vez num museu.

À exposição do museu holandês

segue-se à do Prado, que está a ser

promovida como “a mais importante

de sempre dedicada ao artista”, com

mais de 60 obras do mestre e de ou-

tros artistas. Na exposição estarão 23

pinturas do autor das Tentações de

Santo Antão — um número impressio-

nante quando são 27 as que lhe são

geralmente atribuídas, explica Pilar

Silva ao ABC. Os desenhos também lá

estão: dos 11 por regra reconhecidos

como sendo de Bosch, seis poderão

ser vistos em Madrid, ao lado de ou-

tros cuja autoria não é certa.

Por detrás da atribuição de uma

obra há sempre procedimentos com-

plexos e demorados. “É um longo

processo”, diz ao PÚBLICO José Al-

berto Seabra Carvalho, conservador

de pintura de Arte Antiga. A análise

que a tecnologia permite não é sufi -

ciente, defende o também director

adjunto do museu, que explica que

“a informação que resulta da análise

do laboratório dá pistas e só funciona

comparativamente”.

Seabra Carvalho lembra que o pro-

cesso depende da própria obra, da

matéria e da conservação, factores

que podem difi cultar ou facilitar a

atribuição. “O facto de a investigação

e os exames não sugerirem que de-

terminada obra é de outro pintor não

dispensa a comparação visual. Tem

de se olhar para a obra e compará-

la a outra”, observando elementos

como o traço e as cores, diz o con-

servador.

A atribuição de uma obra valoriza-a

sempre, é certo, e a rejeição da auto-

ria retira-lhe peso no mercado. Con-

tudo, Seabra Carvalho defende que

“as obras cuja autoria é questionada

continuam a ter interesse iconográ-

fi co” e não deixam de ter qualidade.

Quanto ao Projecto de Investigação

e Conservação Bosch, não põe em

causa os resultados avançados: “O

projecto tem gente sufi cientemente

idónea para não lançar conclusões

desse tipo sem fundamentos.”

Texto editado por Lucinda Canelas

[também] não lhes parece da épo-

ca, mas não sabem quando foi feito

ao certo. Apontam para depois da

sua morte. Depois de dizerem tudo

o que lhes ocorre, terminam reco-

nhecendo que não a estudaram di-

rectamente.”

Mas não foi só o Prado que recebeu

más notícias: o Museu de Belas Artes

de Gent, na Bélgica, viu a autoria de

Cristo Carregando a Cruz igualmente

posta em causa. Ainda assim, o his-

toriador Ron Spronk defende que as

“descobertas não diminuem a quali-

dade ou a importância destas obras”.

Da análise feita a Cristo Carregando

a Cruz, os investigadores determina-

ram que a obra tem muito poucas se-

melhanças com outras de Bosch para

ter sido pintada pelo próprio ou até

mesmo por um seguidor que com ele

tivesse trabalhado directamente.

Ao The Art Newspaper, publicação

especializada em notícias do mundo

da arte, uma porta-voz do museu de

Gent disse que a notícia não é uma

“surpresa”, visto que a autoria vinha

a ser debatida há décadas. Agora o

museu belga quer reunir-se com a

equipa para fazer trabalho de inves-

tigação adicional. “Qualquer que seja

o resultado, ninguém duvida de que

[Cristo Carregando a Cruz] continua a

ser uma obra-prima da pintura tardo-

medieval e um dos maiores tesouros

do museu de Gent”, acrescentou a

porta-voz.

Entre más notíciasMas a investigação não trouxe ape-

nas más notícias. O tríptico Juízo Fi-

nal, que integra o catálogo do Museu

Groeninge (Bruges, Bélgica) e que já

esteve exposto em Lisboa em 2011,

foi pintado apenas por Bosch e não

teve a participação da sua ofi cina,

como se julgava.

Porém, a grande surpresa até ago-

ra revelada é um desenho, Paisagem

do Inferno, que pertence a um colec-

cionador privado. Os peritos não têm

dúvidas — esta obra recheada de al-

mas perdidas, criaturas fantásticas

e monstros bizarros saiu da mão do

mestre. Segundo o Art Newspaper,

até aqui julgava-se que fora produzi-

do na ofi cina do pintor por um dos

artistas que com ele trabalhavam.

“[Este desenho] não é apenas uma

imitação bem-sucedida, como alguns

lhe chamaram. Este é muito, muito

bom”, garantiu ao jornal o líder da

equipa, Matthijs Ilsink.

Depois de ver Paisagem do Inferno

no catálogo de desenhos de Bosch

de Fritz Koreny (Brepols Pub, 2012),

Ilsink decidiu contactar o proprie-

tário para o analisar. Como o Art

Newspaper faz saber, os investiga-

dores recorreram a refl ectografi a de

infravermelhos e a fotografi a digital

de alta resolução para documentar

a obra. Quanto ao papel, à caligrafi a

e às tintas, compararam-nos aos de

desenhos que integram colecções em

Berlim, Viena, Paris e Roterdão, que

serão indiscutivelmente de Bosch.

A equipa percebeu, então, que

existem ligações entre fi guras de Pai-

sagem do Inferno e as do desenho sub-

jacente de outras obras. Ilsink aponta

como exemplo o homem retratado

no cesto em Paisagem do Inferno, que

é semelhante a uma fi gura escondida

pela camada cromática do tríptico O

Jardim das Delícias, uma das mais cé-

lebres obras de Bosch que pertence

à colecção do Prado.

O historiador lembra ainda que o

pintor mudava muitas vezes de ideias

enquanto pintava — os desenhos sub-

jacentes provam-no —, afi rmando

que “alguém que fi zesse uma imita-

ção das suas obras não teria acesso a

NUNO FERREIRA SANTOS

Os especialistas estiveram em 2011 no Museu de Arte Antiga para ver à lupa Tentações de Santo Antão, uma obra assinada que, dizem, é sem dúvida de Bosch

Page 30: Jornal Público 2016-01-05

30 | CULTURA | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

Obituário

O escultor, pintor e professor

universitário Jaime Azinheira, de

71 anos, morreu ontem, de cancro,

no Porto, onde residia. Conhecido

pelas esculturas feitas em materiais

frágeis, criou objectos artísticos

expressivos, volumosos, até

monstruosos, mas muito humanos.

Pelos materiais que trabalhou

— gessos de grandes dimensões,

peças em papel e polivinilo — e

pelas situações que caracterizou,

com fi guras pitorescas, tão

poéticas quanto trágicas, ocupa

um lugar singular na escultura

portuguesa. Exemplos disso são

as esculturas Scarface (1986),

mostrada numa exposição na

Cooperativa Árvore; O Beijo (1982),

que pertence ao Centro de Arte

Moderna da Fundação Calouste

Gulbenkian; e Jornal (1984),

propriedade da Câmara Municipal

de Vila Nova de Gaia.

Jaime Azinheira nasceu em

Peniche, em 1944. Em 1980

concluiu o curso de Escultura da

Escola Superior de Belas Artes

do Porto (ESBAP), começando a

expor regularmente a partir daí.

Foi bolseiro da Fundação Calouste

Gulbenkian em meados dos anos

Morreu o escultor Jaime Azinheira

60 e no início da década de 80,

tendo tido uma carreira docente

na ESBAP.

A sua primeira exposição

individual de escultura, Serões —

Cinco Histórias em Três Dimensões,

foi realizada na Cooperativa

Árvore em 1982. Durante a década

de 1980 construiu essencialmente

cenas satíricas, com fi guras

volumosas em gesso policromado.

As composições, com algo de

teatral, representavam situações

do quotidiano com personagens

amorfas e caricaturais.

Ao longo dos anos participou

em várias exposições em Portugal

e no estrangeiro, encontrando-

se a sua obra representada em

colecções privadas e públicas

como a do Centro de Arte

Moderna da Gulbenkian, da

Fundação Serralves, da Casa-

Museu Teixeira Lopes ou da

Câmara Municipal de Vila Nova

de Cerveira. Foi também autor de

várias obras públicas.

Paralelamente ao seu trabalho

como escultor, fez também

cenografi as, fi gurinos e máscaras

(como as de Carlo Gozzi e Boris

Vian) para companhias de

teatro como os Comediantes, o

TEUC — Teatro dos Estudantes

da Universidade de Coimbra,

ou O Bando, tendo, aliás, ganho

o Prémio Garrett de Teatro,

instituído pela Secretaria de

Estado da Cultura, pela cenografi a

do espectáculo Pássaro Verde,

em 1988. Dedicou-se também

ao design de equipamento e de

comunicação.

Jaime Azinheira 1944-2015Era conhecido pelas esculturas em materiais frágeis e pelas figuras pitorescas, mas também pelo trabalho para o teatro

Mundo Jurássico foi o blockbuster mais bem-sucedido de 2015: 1,4 mil milhões de euros de receitas

Há um ano, a história escrevia-se

num tom diferente: as bilheteiras

dos EUA e de Portugal contraíam-

se, com menos receitas e menos

espectadores. Mas 2015 foi não só

um ano de recuperação como um

ano de recordes. Pela primeira vez,

as receitas brutas de bilheteira de

todo o mundo ultrapassaram os

34,8 mil milhões de euros e houve

mais gente nas salas americanas e

chinesas, os dois maiores mercados

do mundo, e também nos cinemas

portugueses.

Segundo dados da empresa

Rentrak, “2015 é o ano com maio-

res ganhos nas bilheteiras globais

na história do cinema”. E tudo se

deve, como é habitual, à força dos

blockbusters e, em particular, dos

franchises. Os grandes responsáveis

são Mundo Jurássico (1,4 mil milhões

de euros de receitas), Velocidade Fu-

riosa 7 (1,3 mil milhões), Os Vingado-

res: A Era de Ultron (1,2 mil milhões),

Star Wars: O Despertar da Força (1,19

mil milhões de receitas brutas até 31

O cinema nunca fez tanto dinheiro em todo o mundo como em 2015

de Dezembro) e o fi lme de anima-

ção Mínimos (o mais visto de 2015

em Portugal e que globalmente ar-

recadou mil milhões de euros, dos

quais 4,7 milhões no mercado por-

tuguês). Segundo a revista Variety, é

a primeira vez que num só ano cinco

fi lmes estão acima dos mil milhões

de euros de receitas.

Para o analista da Rentrak Paul

Dergarabedian, “a importância do

mercado internacional para o suces-

so geral dos estúdios, do negócio da

exibição e dos próprios fi lmes” é es-

sencial para os resultados-recorde

do ano — e para atestar a prevalên-

cia “da experiência partilhada nas

salas”. Com as receitas anuais dos

EUA a chegarem aos 11 mil milhões

de dólares — mais 6,3% do que no

ano de quebra que foi 2014 — e o

contínuo crescimento da venda de

bilhetes na China, só mesmo a des-

valorização de moedas como o euro

ou do rublo impediu ainda melhores

resultados para os fi lmes do grande

produtor mundial, os EUA.

Outra tendência se nota nas con-

tas de fi nal de ano: a concentração.

Os lucros e os espectadores alimen-

tam-se de um punhado de títulos,

com a Variety a assinalar que 35%

das vendas de bilhetes no mercado

norte-americano dizem respeito aos

dez fi lmes mais vistos no país (em

2014, os “dez mais” valeram apenas

um quarto da quota de mercado).

Em Portugal, e com os números fi -

nais ainda por apurar, 2015 é já um

ano de forte recuperação: até ao

fi nal de Novembro, mais de 2,2 mi-

lhões de espectadores regressaram

às salas, interrompendo a tendência

descendente da última década. Os

fi lmes mais vistos até 16 de Dezem-

bro foram Mínimos, Velocidade Fu-

riosa 7, O Pátio das Cantigas (o fi lme

português mais visto desde 1975) e

As Cinquenta Sombras de Grey, que

já tinham contribuído para recupe-

rações superiores a 20%.

Até Novembro, 12,8 milhões de

espectadores foram ao cinema em

Portugal, contra os 10,6 milhões no

período homólogo de 2014, segun-

do dados do Instituto do Cinema e

do Audiovisual. O box offi ce portu-

guês representou em Dezembro de

2014 1,4 milhões de bilhetes vendi-

dos (e 7,6 milhões de euros de re-

ceitas brutas). Os dados provisórios

do ICA indicam já que para as re-

ceitas de Dezembro de 2015 muito

contribuiu Star Wars: O Despertar

da Força, que fez entre 17 e 27 de

Dezembro 1,9 milhões de euros de

receitas.

O fi lme de J. J. Abrams é um dos

fenómenos (expectáveis) de bilhe-

teira do fi nal de 2015 e continua a

bater recordes. Até domingo, era já

o sexto fi lme mais rentável de sem-

pre. E os números de Star Wars ain-

da podem e devem crescer quando

o fi lme se estrear na China, onde só

aterra no próximo sábado...

Recorde Joana Amaral Cardoso

Pela primeira vez na história, as receitas brutas de bilheteira globais ultrapassaram os 34,8 mil milhões de euros

Page 31: Jornal Público 2016-01-05

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Page 32: Jornal Público 2016-01-05

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VENDA MEDIANTE PROPOSTAS EM CARTA FECHADAInsolvência de: Emanuel Gonçalves Andrade

(Processo: 151/14.4T8AGH - TRIBUNAL DA COMARCA DOS AÇORES - ANGRA DO HEROÍSMO - INST. LOCAL - SECÇÃO CÍVEL - J2

No Processo acima identifi cado foi designado o dia 25 de janeiro 2016, pelas 10h, no escritório do administrador de insolvência, a abertura de propostas, que sejam recebidas, pelos interessados, na compra do se-guinte bem:

ImóvelVerba Única - Fração autónoma designada pela letra “A” do prédio ur-bano sito na Rua Pero Anes do Canto, n.º 4-A, em Angra do Heroísmo, correspondente ao rés do chão, composto por quatro divisões, cozinha, quarto de banho, despensa e quintal, descrito na Conservatória do Regis-to Predial de Angra do Heroísmo sob o n.º 00043/020485, da freguesia de Conceição, e inscrito na matriz predial urbana sob o Art.º 1.041.Valor mínimo de venda: 59.500,00 €NOTAS:1. O bem pode ser visto, mediante prévia marcação, para o telefone: 962486731;2. Os interessados na compra devem remeter via correio registado, as propostas reduzidas a escrito, mencionando-se no envelope externo a referência “Proposta de compra no Processo: 151/14.4T8AGH - Tribunal da Comarca dos Açores - Angra do Heroísmo - Inst. Local - Secção Cível - J2” e serem dirigidas ao Exmo. Sr. Administrador de Insolvência, com domicílio profi ssional na Rua Dr. João de Barros N.º 93 A, 2725-490 Mem Martins, até ao dia 18/01/2016;3. A abertura de propostas terá lugar no domicílio profi ssional do Admi-nistrador de Insolvência sito na Rua Dr. João de Barros n.º 93 A, 2725-490 Mem Martins, dia 25/01/2016 pelas 10h;4. A venda será efetuada mediante a abertura de propostas em carta fe-chada pelo preço igual ou superior ao preço mínimo de licitação;5. A proposta deve conter os seguintes elementos: nome dos proponen-tes, morada, número de telefone, fax, cópia do CC/BI e valor oferecido;6. Os proponentes devem juntar à sua proposta um cheque à ordem da “Massa Insolvente de Emanuel Gonçalves Andrade” no montante de 20% do preço-base de licitação;7. Os restantes 80% deverão ser pagos aquando da realização da escri-tura pública de compra e venda, que ocorrerá num prazo não superior a 30 dias e é da responsabilidade do comprador o pagamento de todas as despesas relacionadas com a transação;8. O administrador da Insolvência reserva-se a faculdade de aceitar ou rejeitar quaisquer propostas que considere não se adequar aos interesses da massa insolvente;9. O bem é vendido no estado físico e jurídico em que se encontra.

Telef: 219227440 / Fax: 219227449Telm. 962486731 / Email: [email protected]

O Administrador de InsolvênciaDavid Duque

Público, 05/01/2016

Certifi co para efeitos de publicação que por escritura de Justifi cação outorgada no dia vinte e sete de Outubro de dois mil e quinze, exara-da a folhas setenta e seguintes do Livro de Notas para escrituras diver-sas número Trinta e Nove - J deste Cartório, JOSÉ EMÍLIO MARTINS RUELA E SILVA, divorciado, natural da freguesia de Pardilhó, concelho de Estarreja, residente na Rua das Praças, n.º 26, freguesia da Estre-la, concelho de Lisboa, C.F. número 116.459.653, DECLAROU: Que é dono e legítimo possuidor, com exclusão de outrem, do VEÍCULO AUTOMÓVEL, de marca ROLLS-ROYCE, com a matrícula 98-73-ZI, a gasolina, com o número de quadro SCAZN0005CCX05007, registado na Conservatória do Registo Automóvel a favor de “Universo TT - So-ciedade Unipessoal, Lda.”, desde a data de vinte e sete de Agosto de dois mil e treze, ao qual atribui o valor de DEZ MIL EUROS. Que este veículo automóvel foi por ele adquirido em Agosto de dois mil e cinco, por compra à referida sociedade “Universo TT - Sociedade Unipessoal, Lda.”, nunca tendo, no entanto, registado na Conservatória tal aquisi-ção. Que, posteriormente, na data de vinte de Dezembro de dois mil e sete e na data de doze de Maio de dois mil e nove, foram registadas duas penhoras, uma pelo “Banco Comercial Português, S.A.” e outra pela “Fazenda Nacional”, junto da Conservatória, penhoras estas que têm como sujeito passivo, Fernando Domingues dos Santos, sendo, portanto, o justifi cante alheio a estes encargos. Assim sendo, é ele justifi cante, desde Agosto de dois mil e cinco, portanto há mais de dez anos, que está na posse do referido veículo automóvel, zelando pela sua conservação, sendo reconhecido como seu dono por toda a gente, fazendo-o de boa-fé, por ignorar lesar direito alheio, pacifi ca-mente, porque sem violência, contínua e publicamente, à vista e com o conhecimento de toda a gente e sem oposição de ninguém, pelo que adquiriu o referido veículo por USUCAPIÃO, que ele justifi cante invoca como causa de aquisição. Está conforme o original.Cartório Notarial de Alcobaça a cargo da Notária Ana Almeida, vinte e sete de Outubro de dois mil e quinze.

A colaboradora autorizada pela Notária Ana Almeida,desde 01.02.2012

Mónica Constantino Ribeiro (n.º 113/3)Conta registada sob o n.º FAC 2015001/514Foi emitido recibo

NOTÁRIAANA ALMEIDA

COMARCA DE LISBOA NORTEV. F. de Xira - Inst. Local- Secção Criminal - J3

Processo: 78/10.9PFVFX

ANÚNCIOProcesso Sumário (art.º 381.º CPP)A Mm.ª Juíza de Direito Dr.ª Irina Cláudia Ferreira Alves, do V. F. de Xira - Inst. Local - Secção Criminal - J3 - Co-marca de Lisboa Norte:Faz-se saber que por senten-ça de revisão de 15-10-2015 devidamente transitada em julgado em 16-11-2015, foi a sentença de 07-12-2015 que condenou o Arguido: Mamadu Idrissa So, nascido em 25-08-1986, natural de Guiné-Bissau, nacional de Guiné-Bissau, Autorização de residência - P000356731, domicílio: Rua José Augusto Gomes, n.º 21, 2.º Esq.º, 2615-265 Alverca do Riba-tejo, pelo crime condução de veículo sem habilitação legal, p. p. pelo art.º 3.º, n.º 1 e 2 do DL: 2/98 de 03/01, anulada, e em consequên-cia a acusação sido julgada improcedente, por não pro-vada, tendo o arguido sido absolvido do crime.

N/ Referência: 126514363

V. F. de Xira, 04-12-2015.

A Juíza de DireitoDr.ª Irina Cláudia Ferreira

AlvesA Escrivã-Adjunta

Maria Helena Coelho

Público, 05/01/2016 - 1.ª Pub.

Mensagens

COMARCA DE LISBOA OESTE

Sintra - Inst. Local- Secção Cível - J2

Processo: 25042/15.8T8SNT

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoA Mm.ª Juíza de Direito Dr.ª San-dra Luísa de Moura Gonçalves Gomes, do(a) Sintra - Inst. Local - Secção Cível - J2 - Comarca de Lisboa OesteFaz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdi-ção / Inabilitação em que é reque-rida Maria Teresa Rocha Ribeiro, fi lha de José Correia e de Rosa Ferreira da Rocha, nascida em 23-01-1930, na freguesia de Gon-dizalves, concelho de Braga e com residência em domicílio: Rua Ary dos Santos, n.º 3 - R/c Dt.º, 2635-411 Rio de Mouro, para efei-to de ser decretada a sua interdi-ção por anomalia psíquica.

N/ Referência: 95243375

Sintra, 21-12-2015.

A Juíza de DireitoDr.ª Sandra Luísa de Moura

Gonçalves GomesA Escrivã-Adjunta

Agostinha Costa Nunes

Público, 05/01/2016

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ANÍBAL VILA

TRIBUNAL DA COMARCA DE LISBOAInst. Central do Barreiro - 2.ª Sec. Comércio - J4

Processo: 3213/13.1TBMTJInsolvência de Pessoa Singular

Insolventes: Silas Ricardo da Silva Familiar e Lígia Maria Albuquerque e Castro Simões Familiar

Administrador Judicial: Dr. José Augusto Machado Ribeiro Gonçalves

ANÚNCIOJosé Augusto Machado Ribeiro Gonçalves, nomeado administrador judicial no âmbito do pro-cesso supramencionado:FAZ SABER que foi designado o dia 20 de Janeiro de 2016, pelas 15.00 horas, para a abertura de propostas em carta fechada que sejam entregues até esse momento, no seu domicílio profi ssional, sito na Avenida D. João II, Lote 1.06.2.5B, Parque das Nações, 1990-095 Lisboa, pelos interessados na compra da seguinte verba:SELMES - VIDIGUEIRAVERBA ÚNICA: Prédio Misto, situado em Estacas, composto por parte rústica a olival solo sub-jacente cultura arvense olival, pomar de citrinos, fi gueiras, nogueiras e oliveiras, com área de 22500ha; parte urbana: sete compartimentos, com superfície coberta de 141m2, a confrontar do Norte, Sul, Nascente e Poente com Herdade do Pé da Serra, descrito na Conservatória do Registo Predial da Vidigueira sob o n.º 215, freguesia de Selmes e inscrito na Matriz Urbana sob o artigo 465 e Rústica sob o artigo 55 - Secção D, com um valor-base de venda de € 23.235,30.As propostas em carta fechada deverão conter a indicação do processo de insolvência, o número da verba a licitar, devendo delas constar o nome, morada, fotocópia do documento de identifi cação civil e fotocópia do cartão de contribuinte do proponente. Os proponentes devem ainda juntar à sua proposta, como caução, cheque visado à ordem da Massa Insolvente de Si-las Ricardo da Silva Familiar e Lígia Maria Albuquerque e Castro Simões Familiar, no montante correspondente a 20% do valor da proposta, ou garantia bancária do mesmo valor.As propostas deverão ser efetuadas por valor igual ou superior a 85% do valor-base de venda.Nota: O bem poderá ser visto no local, no dia 8 de Janeiro de 2016 das 14.00 às 15.00 horas, mediante marcação prévia a estabelecer com o escritório do administrador judicial.Informações adicionais poderão ser obtidas junto do escritório do administrador judicial, via email [email protected], telefone 211212165 ou fax 211212100.

Público, 05/01/2016 - 1.ª Pub.

Lanço: Carvalhal - Arcas

KM 138+700 a KM 139+300(Sul-Norte)

de 06-01-2016 a 13-05-2016

A Norscut informa que o tráfego estará condicionado no troço e data acima indicados.Os trabalhos estarão devidamente sinalizados no local. Agradecemos a compreensão dos utentes por eventuais transtornos causados no decorrer dos trabalhos.

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- Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Tel.: 21 360 93 00Lar e Centro de Dia “Casa do Alecrim”: Rua Joaquim Miguel Serra Moura,

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Delegação Norte: Centro de Dia “Memória de Mim” - Rua do Farol Nascenten.º 47A R/C, 4455-301 Lavra

Tel. 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: [email protected]ção Centro: Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17,

3100-523 Pombal Tel. 236 219 469 - E-mail: [email protected]ção da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da

Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 FUNCHALTel. 291 772 021 - E-mail: [email protected]

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Page 34: Jornal Público 2016-01-05

34 | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

SAIR

CINEMALisboa Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040A Ponte dos Espiões M12. 21h30; O Leão da Estrela M12. 19h20; O Principezinho M6. 17h15 (V.Port.); Star Wars: O Despertar da Força M12. 13h, 15h40, 18h30, 21h25; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h15, 15h10, 17h35 (V.Port.); A Rapariga Dinamarquesa M12. 13h30, 15h50, 18h40, 21h20; Amor Impossível M12. 12h45, 15h10, 19h25, 21h50 Cinema IdealRua do Loreto, 15/17. T. 210998295Montanha M12. 14h55; Star Wars: O Despertar da Força M12. 19h35; Coração de Cão M12. 16h35; 45 Anos M12. 13h15, 17h55, 22h CinemaCity Campo PequenoCentro de Lazer do Campo Pequeno. T. 217981420Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h30, 17h50, 18h20, 21h10, 21h20, 24h (2D), 13h25, 16h10, 19h, 21h50, 00h10 (3D); Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 17h40, 19h35 (V.Orig./2D), 13h35, 15h40 (V.Port./2D); A Viagem de Arlo M6. 15h20 (V.Port.); Hotel Transylvania 2 M6. 13h45, 15h45, 17h45, 19h45 (V.Port.); A Rapariga Dinamarquesa M12. 13h30, 15h50, 18h40, 21h35, 00h05; Creed: O Legado de Rocky M12. 13h10, 15h45, 18h30, 21h40, 00h25; Amor Impossível M12. 12h55, 17h20, 22h, 00h25; 007 Spectre M12. 21h25; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 00h20; A Ponte dos Espiões M12. 21h30, 00h20; A Modista M12. 19h45; O Principezinho M6. 13h20, 15h25 (V.Port.) Cinemas Nos Alvaláxia Estádio José Alvalade, Campo Grande. T. 16996Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h40, 21h30 (2D), 18h35 (3D); Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 15h50, 18h10 (V.Port.); A Rapariga Dinamarquesa M12. 16h, 18h40, 21h40; Creed: O Legado de Rocky M12. 16h50, 21h10; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 18h30, 21h25; A Viagem de Arlo M6. 13h45, 16h30 (V.Port.); Hotel Transylvania 2 M6. 15h30, 17h45 (V.Port.); Um Presente do Passado M16. 16h40, 21h50; Bajirao Mastani 17h, 20h50; 007 Spectre M12. 18h, 21h10; O Leão da Estrela M12. 18h50, 21h20; Krampus: O Lado Negro do Natal M12. 19h10; O Principezinho M6. 13h50, 16h15 (V.Port.); No Coração do Mar M12. 20h40; Muito à Frente M12. 15h40 (V.Port.); Só Podiam Ser Irmãs M12. 19h05, 21h45; Solace: Premonições M12. 16h20, 19h, 21h55; Amor Impossível M12. 21h35 Cinemas Nos AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996Hotel Transylvania 2 M6. 13h20, 15h30, 18h10 (V.Port.); Star Wars: O Despertar da Força M12. 17h20 (3D), 13h40, 21h, 00h10 (2D); Muito à Frente M12. 12h50 (V.Port.); A Rapariga Dinamarquesa M12. 13h, 15h50, 18h40, 21h20, 24h; A Ponte dos Espiões M12. 16h, 20h50, 23h30; O Principezinho M6. 13h30 (V.Port.); No Coração do Mar M12. 21h40, 00h20; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h50, 16h20 (V.Port.), 18h (V.Orig.); Creed: O Legado de Rocky M12. 13h10, 17h30, 21h10, 00h15; 45 Anos M12. 15h40, 18h20, 21h50, 00h05; Amor Impossível M12. 21h30, 00h25

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Espiões M12. 18h25, 21h25, 00h20; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 14h05, 16h15 (V.Port.)

Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011. T. 16996Hotel Transylvania 2 M6. 13h15, 15h45, 18h15 (V.Port.); Star Wars: O Despertar da Força M12. 12h45, 15h45, 20h35, 23h50 (3D), 13h25, 17h50, 21h, 00h10 (2D); Creed: O Legado de Rocky M12. 12h30, 15h30, 18h30, 21h30, 00h30; O Leão da Estrela M12. 12h40, 15h15, 18h05, 21h15, 23h55; O Principezinho M6. 13h35 (V.Port.); Só Podiam Ser Irmãs M12. 13h, 15h50, 21h40, 00h25; Muito à Frente M12. 13h25, 16h, 18h35 (V.Port.); Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h20, 16h10, 18h45 (V.Port.); A Viagem de Arlo M6. 13h40, 16h20, 18h55 (V.Port.); No Coração do Mar M12. 12h55, 15h45, 18h40, 21h35, 00h20; A Rapariga Dinamarquesa M12. 12h35, 15h35, 18h30, 21h25, 00h20; Solace: Premonições M12. 13h05, 15h40, 18h10, 21h45, 00h15; Diário de Uma Criada de Quarto M12. 12h35, 15h20, 18h20, 21h10, 00h05; 007 Spectre M12. 20h45, 24h; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 21h10, 00h20; A Ponte dos Espiões M12. 21h05, 00h15; Krampus: O Lado Negro do Natal M12. 18h50; Um Presente do Passado M16. 21h20, 24h; Amor Impossível M12. 17h, 20h55, 23h45

Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030Hotel Transylvania 2 M6. 13h40, 15h35, 17h40, 19h55 (V.Port.); Star Wars: O Despertar da Força M12. 13h10, 15h40, 17h55, 18h30, 21h10, 21h20, 21h40, 23h55, 00h10 (2D), 16h10, 19h, 21h50, 00h25 (3D); Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h35, 15h50, 17h55 (V.Port./2D), 13h30, 20h (V.Orig./2D); A Viagem de Arlo M6. 13h25, 15h25, 17h35 (V.Port.); O Principezinho M6. 15h10, 17h20 (V.Port.); A Rapariga Dinamarquesa M12. 13h15, 15h25, 17h35, 21h45, 00h15; Solace: Premonições M12. 13h20, 15h20, 19h25, 21h55, 24h; Amor Impossível M12. 12h50, 15h15, 19h25, 21h50, 00h25; 007 Spectre M12. 21h25, 00h20; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 16h, 21h40; A Ponte dos Espiões M12. 18h50; O Leão da Estrela M12. 17h25, 19h35; A Última Noitada M12. 13h10, 00h30; No Coração do Mar M12. 21h45, 00h05; Os Coopers São o Máximo 19h35 UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, EN 249/1. T. 707232221The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 18h50; O Principezinho M6. 14h, 16h25 (V.Port.); Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 21h30; Star Wars: O Despertar da Força M12. 15, 18h, 21h30; Star Wars: O Despertar da Força M12. 14h (2D), 17h, 21h15 (3D); A Rapariga Dinamarquesa M12. 14h10, 16h45, 19h15, 21h50; Só Podiam Ser Irmãs M12. 13h55, 16h30, 19h, 21h45; O Leão da Estrela M12. 18h45, 21h25; Muito à Frente M12. 14h10, 16h20 (V.Port.); A Viagem de Arlo M6. 13h50, 16h10 (V.Port.); AmorImpossível M12. 19h05, 21h40; 007 SpectreM12. 21h10; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h45, 16h15, 18h40;Creed: O Legado de Rocky M12. 13h35, 16h15, 19h, 21h40; Hotel Transylvania 2 M6. 14h05, 16h30, 19h (V.Port./2D), 21h20 (V.Port./3D); Solace: Premonições M12. 14h05, 16h25, 18h55, 21h45

Cinemas Nos ColomboAv. Lusíada. T. 16996The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h20, 18h20, 21h20, 00h25; O Principezinho M6. 12h50 (V.Port.); Muito à Frente M12. 13h05 (V.Port.); Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h25, 15h40 (V.Port./2D), 17h55 (V.Port./3D); Só Podiam Ser Irmãs M12. 15h25, 18h15, 21h, 23h45; Hotel Transylvania 2 M6. 13h10, 16h05, 18h25 (V.Port.); Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h10, 18h10, 21h10, 00h10; Creed: O Legado de Rocky M12. 12h35, 15h30, 18h30, 21h30, 00h30; Star Wars: O Despertar da Força M12. 13h, 15h50, 18h45, 21h40, 00h35 (3D); A Rapariga Dinamarquesa M12. 13h15, 16h, 18h50, 21h35, 00h20; Solace: Premonições M12. 13h20, 15h55, 21h15, 23h50; O Leão da Estrela M12. 20h50, 23h40; Um Presente do Passado M16. 18h40; Amor Impossível M12. 21h25, 00h15 Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996O Leão da Estrela M12. 16h, 18h20, 21h, 23h40; O Principezinho M6. 13h30 (V.Port.); Hotel Transylvania 2 M6. 13h10, 15h20, 17h30, 19h40 (V.Port.); Star Wars: O Despertar da Força M12. 12h40, 15h40, 21h20, 00h10 (2D), 18h30 (3D); Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h, 15h30, 17h40, 19h50 (V.Port.); No Coração do Mar M12. 00h20, 00h40; A Rapariga Dinamarquesa M12. 13h20, 16h10, 18h50, 21h30, 24h; Creed: O Legado de Rocky M12. 12h50, 15h50, 18h40, 21h40, 00h20, 00h30; Amor Impossível M12. 21h50, 00h30, 00h40 Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Star Wars: O Despertar da Força M12. 16h20, 19h; A Rapariga Dinamarquesa M12. 11h40, 14h, 21h45; Três Cores: Vermelho M12. 13h; Diário de Uma Criada de Quarto M12. 15h, 16h45, 18h30, 20h15, 22h10; Que Horas Ela Volta? M12. 11h30; A Juventude M12. 19h10; 45 Anos M12. 113h40, 15h30, 17h20, 21h30; Minha Mãe M12. 15h45, 17h50, 19h55, 22h; Amor Impossível M12. 11h, 13h20 NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362Coração de Cão M12. 13h45, 15h45, 17h45, 21h45; Home of the Brave: A Film by Laurie Anderson 19h45 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. Só Podiam Ser Irmãs M12. 13h50; Amor Impossível M12. 16h25, 19h10, 21h35, 00h20; Solace: Premonições M12. 14h15, 16h35, 18h55, 21h20, 23h50; Minha Mãe M12. 19h10; Hotel Transylvania 2 M6. 14h10, 16h30 (V.Port.); Só Podiam Ser Irmãs M12. 21h45, 00h20; A Viagem de Arlo M6. 13h50 (V.Port.); No Coração do Mar M12. 16h10; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 18h50 (V.Port./3D); 007 Spectre M12. 16h; O Principezinho M6. 13h40 (V.Port.); Star Wars: O Despertar da Força M12. 19h05, 22h; A Rapariga Dinamarquesa M12. 13h45, 16h20, 19h, 21h40, 00h20; Diário de Uma Criada de Quarto M12. 14h15, 16h35, 19h, 21h30, 23h55; 45 Anos M12. 14h10, 16h25, 18h45, 21h15, 23h30; Star Wars: O Despertar da Força M12. 14h, 17h, 21h30, 00h30; O Leão da Estrela M12. 13h40; A Juventude M12. 16h10, 18h55, 21h40, 00h25; As Sufragistas M12. 19h15; A Modista M12. 13h55, 16h40, 21h50, 00h20; Amor Polar M12. 13h30; Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h30, 18h30, 21h45; Creed: O Legado de Rocky M12. 14h05, 18h, 21h20, 00h15; A Ponte dos

45 AnosDe Andrew Haigh. Com Charlotte Rampling, Tom Courtenay, Dolly Wells. GB. 2015. 91m. Drama. M12. Apesar de nunca terem tido

fi lhos, o casal Kate e Geoff

Mercer são felizes. Com a

festa do 45.º aniversário para

organizar, ela está entusiasmada

em celebrar a relação e tudo o

que conquistaram ao longo dos

anos em comum. Mas tudo se

altera quando ele recebe uma

carta da Suíça a informá-lo de

que foi descoberto o cadáver

da namorada anterior a Kate,

que morreu tragicamente em

1962, ao cair numa fi ssura de um

glaciar. Aquela notícia abala-o de

um modo inesperado, levando-o

a afastar-se de tudo o que se

relaciona com a vida presente.

Creed: O Legado de RockyDe Ryan Coogler. Com Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson, Phylicia Rashad. EUA. 2015. 133m. Drama. M12. Adonis Johnson nunca conheceu

o seu pai, Apollo Creed, campeão

mundial de pesos-pesados,

morto devido a ferimentos

ocorridos no ringue. Depois de

uma infância complicada que o

levou por caminhos perigosos,

ele está agora decidido a dedicar

a sua vida ao boxe e tornar-

se um campeão, em honra do

progenitor. Para isso, segue

viagem até à cidade de Filadélfi a

(EUA), o local do lendário

combate entre Creed e Rocky

Balboa. Adonis localiza Rocky e

pede-lhe que lhe ensine as suas

tácticas e se torne seu mentor.

A Rapariga DinamarquesaDe Tom Hooper. Com Alicia Vikander, Eddie Redmayne, Matthias Schoenaerts, Ben Whishaw, Sebastian Koch, Amber Heard. EUA/JAP/GB/BEL. 2015. 120m. Drama. M12. Dinamarca, década de 1920. O

casal Einar e Gerda Wegener

são dois pintores reconhecidos.

Um dia, a rapariga que Gerda

contratou para retratar nas suas

pinturas cancela o encontro.

Sem alternativa, lembra-se de

usar o próprio marido como

modelo. Ele acede ao seu pedido.

Será naquele momento que

ele, usando roupas de mulher,

sente nascer dentro de si algo

que, com o passar do tempo, se

transformará no mais intenso

desejo da sua vida: ser mulher.

Se, ao princípio, isto lhes parece

uma espécie de jogo, aos poucos

leva-o a uma lenta transformação

numa outra pessoa...

Diário de Uma Criada de QuartoDe Benoît Jacquot. Com Léa Seydoux, Vincent Lindon, Clotilde Mollet, Hervé Pierre, Mélodie Valemberg, Patrick%20d%u2019Assum%E7ao. BEL/FRA. 2015. 96m. Drama. M12. Célestine deixa Paris e vai

trabalhar como criada de quarto

para a casa dos Lanlaire, uma

família endinheirada de uma

zona rural francesa. Jovem e

muito bela, vai evitando os

avanços do patrão, que usa

da sua posição de poder para

seduzir as empregadas. É então

que conhece Joseph, um homem

que guarda os seus próprios

segredos e que a ajuda a lidar

com a senhora da casa, uma

pessoa autoritária e caprichosa

que inveja a sua juventude e

beleza...

Solace: Premonições De Afonso Poyart. Com Jeffrey Dean Morgan, Colin Farrell, Anthony Hopkins. EUA. 2015. 101m. Thriller. M12.

John Clancy é um agente da

polícia reformado que possui

poderes paranormais. Esta

capacidade, que lhe permite ter

visões do passado e do futuro,

é, simultaneamente, um dom

e uma maldição com que foi

obrigado a viver toda a vida.

É então que o agente do FBI

Joe Merriwether e a sua colega

Katherine Cowles o persuadem a

voltar ao activo para os ajudar a

encontrar um assassino em série

que perseguem há meses e que

não há meio de identifi carem.

Mas tudo se complica quando

John se apercebe de que o

assassino consegue antecipar

cada um dos seus passos...

Page 35: Jornal Público 2016-01-05

PÚBLICO, TER 5 JAN 2016 | 35

Lúcia Prancha (n. 1985) mostra trabalhos recentes de vídeo, pintura, desenho e fotografia na Baginski, em Lisboa. A viver nos últimos anos em Los Angeles, a artista regressa a Portugal para apresentar obras produzidas em 2014 e 2015, como: Fluids Series, em que intervém sobre imagens impressas recolhidas da Internet; About Faces, um vídeo que, através de

filmes, excertos do YouTube e clipes promocionais, pensa ideais de beleza e os efeitos da publicidade; Gin and Tonic from the series Je est un autre, uma impressão digital com um texto que pode ser lido através de um espelho; e The Haunted Screensavers, disponível nos computadores da galeria. Até sexta, das 14h às 20h. A entrada é livre.

Perseguindo o InvisívelDR

A s AS ESTRELAS DO PÚBLICO

JorgeMourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente

Coração de Cão mmmmm mmmmm mmmmm

A Juventude mmmmm A A

Amor Impossível – mmmmm –Creed — O Legado de Rocky mmmmm mmmmm –Diário de uma Criada de Quarto mmmmm – –Minha Mãe mmmmm mmmmm mmmmm

45 Anos mmmmm – mmmmm

A Rapariga Dinamarquesa mmmmm – mmmmm

Star Wars: O Despertar da Força mmmmm mmmmm mmmmm

Que Horas ela Volta? mmmmm mmmmm mmmmm

Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingEN 9, Alcabideche. T. 16996Hotel Transylvania 2 M6. 13h10, 15h25, 17h50 (V.Port.); Só Podiam Ser Irmãs M12. 12h50, 15h30, 21h10, 23h50; A Rapariga Dinamarquesa M12. 12h25, 15h20, 18h15, 21h25, 00h20; Creed: O Legado de Rocky M12. 13h, 15h50, 18h30, 21h15, 24h; Star Wars: O Despertar da Força M12. 12h30, 15h40, 22h15 (2D), 19h (3D); Muito à Frente M12. 13h30 (V.Port.); Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h40, 16h20, 18h50 (V.Port.); Solace: Premonições M12. 16h10, 18h40, 21h05, 23h30; O Leão da Estrela M12. 20h50, 23h40; No Coração do Mar M12. 21h50, 00h30; Amor Impossível M12. 18h20 O Cinema da Villa - CascaisAvenida Dom Pedro I, Lote 1/2. T. 215887311Hotel Transylvania 2 M6. 14h10, 16h10 (V.Port.); Star Wars: O Despertar da Força M12. 18h50, 21h40; A Rapariga Dinamarquesa M12. 14h, 16h20, 19h, 21h20; Creed: O Legado de Rocky M12. 13h40, 16h30, 19h15, 21h50; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h50,15h45, 17h40 (V.Port.), 19h40, 21h30 (V.Orig.)

Sintra Cinema City BelouraQuinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643Hotel Transylvania 2 M6. 15h30, 17h40 (V.Port.); Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h45, 15h40, 17h45 (V.Port./2D), 13h40, 19h40 (V.Orig./2D); A Rapariga Dinamarquesa M12. 15h20, 19h30, 21h50; Star Wars: O Despertar da Força M12. 16h10, 19h, 21h50 (3D), 15h40, 17h45, 18h30, 21h20, 21h30 (2D); Creed: O Legado de Rocky M12. 16h, 18h45, 21h35; 007 Spectre M12. 18h20, 21h20; A Ponte dos Espiões M12. 21h25, 00h15; A Viagem de Arlo M6. 15h35 (V.Port.); O Principezinho M6. 15h55, 17h30 (V.Port.); No Coração do Mar M12. 19h35; Amor Impossível M12. 21h55 Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789O Leão da Estrela M12. 19h10, 21h25; Hotel Transylvania 2 M6. 15h10, 17h10 (V.Port./2D), 13h10 (V.Port./3D); Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h50, 21h30 (2D), 13h, 18h40(3D); Solace: Premonições M12. 13h15, 15h30, 18h50, 21h50; Creed: O Legado de Rocky M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h40;The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12.19h; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h20, 15h20, 17h20, 19h20 (V.Port.); Só Podiam Ser Irmãs M12. 21h50;Amor Impossível M12. 21h45; A Viagem de Arlo M6. 15h, 17h (V.Port.); A Rapariga Dinamarquesa M12. 13h10, 16h, 18h20, 21h20

Loures Cineplace - Loures ShoppingQuinta do Infantado, Loja A003. Hotel Transylvania 2 M6. 15h30, 17h40, 19h40 (V.Port.); No Coração do Mar M12. 21h40, 00h10; Solace: Premonições M12. 15h20, 17h30, 19h40, 21h50; A Viagem de Arlo M6. 14h30, 16h40 (V.Port.); Só Podiam Ser Irmãs M12. 18h50, 21h20; Creed: OLegado de Rocky M12. 16h, 18h40, 21h30;Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h40, 21h20 (2D), 18h30 (3D); O Leão da Estrela M12. 22h; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 15h50, 17h50, 20h (V.Port.); Muito à Frente M12. 14h, 16h10 (V.Port.); Amor Impossível M12. 18h20, 21h10

Montijo

Cinemas Nos Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996O Leão da Estrela M12. 13h20, 16h, 18h50, 21h20; Hotel Transylvania 2 M6. 13h30, 15h50, 18h10 (V.Port.); Star Wars: O Despertar da Força M12. 12h30, 15h30, 18h30, 21h, 21h30; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h, 15h20, 18h (V.Port.); No Coração do Mar M12. 16h10, 19h, 21h50; Muito à Frente M12. 13h40 (V.Port.); Creed: O Legado de Rocky M12. 12h50, 15h40, 18h40, 21h40; Amor Impossível M12. 21h10

Odivelas Cinemas Nos Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996Star Wars: O Despertar da Força M12. 17h, 20h50; Creed: O Legado de Rocky M12. 15h30, 18h20, 21h10; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 21h; O Leão da Estrela M12. 15h40, 18h30, 21h30; Hotel Transylvania 2 M6. 15h20, 18h (V.Port.); Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 15h50, 18h10 (V.Port.); Amor Impossível M12. 21h20

Oeiras Cinemas Nos Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996O Principezinho M6. 13h10 (V.Port.); Hotel Transylvania 2 M6. 13h, 15h15, 18h05 (V.Port.); Star Wars: O Despertar da Força M12. 12h30, 15h30, 18h30, 21h, 00h10 (2D), 21h30, 00h25 (3D); A Rapariga Dinamarquesa M12. 12h35, 15h20, 18h20, 21h15, 00h05; Amor Impossível M12. 15h50, 18h45, 21h35, 00h25; O Leão da Estrela M12. 13h15, 16h, 18h50, 21h45, 00h15; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h20, 15h50, 18h15 (V.Port.); Creed: O Legado de Rocky M12. 12h40, 15h40, 18h40, 21h40, 00h30; A Ponte dos Espiões M12. 21h10, 00h20

Miraflores Cinemas Nos Dolce Vita MirafloresAv. das Túlipas. T. 707 CINEMAO Leão da Estrela M12. 21h40, 00h20; A Última Noitada M12. 15h30, 18h30, 21h30; Hotel Transylvania 2 M6. 15h20,

17h40 (V.Port.); Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h, 21h (2D), 18h (3D); Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 14h50, 17h10, 19h20 (V.Port.); Só Podiam Ser Irmãs M12. 21h10

Torres Vedras Cinemas Nos Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996O Leão da Estrela M12. 16h15, 21h50; Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h30, 21h30 (2D), 18h30 (3D); Creed: O Legado de Rocky M12. 15h40, 18h40, 21h40; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 21h; Hotel Transylvania 2 M6. 16h, 18h15 (V.Port.); Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h45, 16h30, 18h50 (V.Port.); Amor Impossível M12. 21h15

Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789A Viagem de Arlo M6. 15h10, 17h20 (V.Port.); O Leão da Estrela M12. 21h45; O Principezinho M6. 12h45, 19h30; Hotel Transylvania 2 M6. 12h50, 14h50, 16h50; Star Wars: O Despertar da Força M12. 13h, 15h40, 21h20 (2D), 18h30 (3D); Amor Impossível M12. 18h50, 21h25; No Coração do Mar M12. 21h15; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 12h40 (V.Port./3D), 14h40, 19h15 (V.Port./2D); Amor Impossível M12. 16h40; A Rapariga Dinamarquesa M12. 13h20, 15h50, 18h20, 21h40; Creed: O Legado de Rocky M12. 13h10, 16h, 18h40, 21h30

Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. António Manuel Gamito, 11. T. 265522446Amor Impossível M12. 21h30 Cinema City Alegro SetúbalC. Comercial Alegro Setúbal. T. 265239853Hotel Transylvania 2 M6. 13h35, 15h25, 17h35 (V.Port.); Star Wars: O Despertar da Força M12. 13h10, 13h25, 15h40, 16h10, 17h50, 18h30, 19h, 21h35, 21h50, 23h55, 00h10, 00h15; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h40 15h45, 17h50, 19h55 (V.Port.); Creed: O Legado de Rocky M12. 15h50, 18h40, 21h30, 00h25; O Principezinho M6. 15h35 (V.Port.); Muito à Frente M12. 13h35 (V.Port.); Solace:

Premonições M12. 13h10, 15h35, 19h35, 21h55, 24h; Amor Impossível M12. 15h10, 19h40, 22h05, 00h30; A Viagem de ArloM6. 13h25, 17h25 (V.Port.); O Leão da Estrela M12. 13h30, 19h25; O Último Caçador de Bruxas M12. 00h20; 007 Spectre M12. 21h15; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 21h35; No Coração do Mar M12. 16h, 18h35, 00h15; Os Coopers São o Máximo 17h35

Faro Cinemas Nos Fórum AlgarveC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Hotel Transylvania 2 M6. 13h20, 15h40, 18h05 (V.Port.); Snoopy e Charlie Brown:Peanuts - O Filme M6. 13h, 15h15, 17h25,19h35 (V.Port.); A Rapariga DinamarquesaM12. 13h10, 15h50, 18h35, 21h30, 00h05;Star Wars: O Despertar da Força M12. 12h30, 15h20, 21h10, 24h (2D), 18h15 (3D); Creed: O Legado de Rocky M12. 12h40, 15h30, 18h25, 21h20, 00h10; O Leão da Estrela M12. 21h, 23h40; Amor Impossível M12. 21h45, 00h25

TEATROLisboaTeatro Armando CortezEstrada da Pontinha, 7. T. 217110890 Cinderela De Charles Perrault. Comp.: TIL - Teatro Infantil de Lisboa. Enc. Fernando Gomes. Coreog. Vítor Linhares. A partir de 17/10. Sáb e Dom às 15h. 3ª a 6ª às 11h e 14h30 (para escolas). M/3. Teatro da LuzLargo da Luz. T. 217120600 Auto da Barca do Inferno De Gil Vicente. Comp.: Companhia da Esquina. Enc. Sérgio Moura Afonso. De 1/1 a 30/6. 2ª a 6ª às 11h e 14h (para escolas). Os Lusíadas - Viagem Infinita De Luís Vaz de Camões. Com Mara (fado). Comp.: Musgo Produção Cultural. Enc. Paulo Campos dos Reis, Ricardo Soares. De 5/1 a 28/6. 3ª às 11h e 14h (para escolas). M/12. Duração: 50m. Ulisses De Homero (a partir). Comp.: Musgo Produção Cultural. Enc. Mário Trigo. De 1/10 a 30/6. 2ª a 6ª às 11h e 14h (escolas). M/6. Teatro-Estúdio Mário ViegasLargo do Picadeiro. T. 213257650 Matei Por Amor De Nuno Gil. Enc. Nuno Gil. Coreog. Vera Mantero. De 4/1 a 10/1. Todos os dias às 21h.

EXPOSIÇÕESLisboa3 + 1 Arte ContemporâneaRua António Maria Cardoso, 31. T. 210170765 Banhados pela luz brilhante do pôr do sol De Carlos Noronha Feio. De 13/11 a 16/1. 3ª a 6ª das 14h às 20h. Sáb das 11h às 16h Pintura, Desenho. A MontraCalçada da Estrela, 132. T. 213954401 Coda De Vasco Futscher. De 5/12 a 17/1. Todos os dias 24h. Instalação, Outros. Arquivo FotográficoRua da Palma, 246. T. 218844060 Mi.nús.cu.lo De Eduardo Portugal. De 25/9 a 23/1. 2ª a Sáb das 10h às 19h. Fotografia. Atelier-Museu Júlio PomarRua do Vale, 7. T. 218172111 Júlio Pomar e Rui Chafes: Desenhar De 8/10 a 8/2. 3ª a Dom das 10h às 18h.

Desenho, Escultura. Baginski Galeria/ProjectosR. Capitão Leitão, 51/53. T. 213970719 Perseguindo o Invisível De Lúcia Prancha. De 18/11 a 8/1. 3ª a Sáb das 14h às 20h. Desenho, Fotografia, Vídeo, Outros. Barbado GalleryRua Ferreira Borges, 109A. T. 910717676 Arno Rafael Minkkinen’s Facing the Camera: 1970 to Tomorrow De 28/11 a 30/1. 3ª a Sáb das 11h às 13h e das 14h às 20h. Fotografia. Biblioteca Municipal de São LázaroRua do Saco, 1. T. 218852672 Presépios de Natal De 7/12 a 7/1. 3ª a 6ª das 11h às 19h. 2ª das 11h às 13h e das 14h às 19h. Sáb das 11h às 18h. Objectos. Carlos Carvalho - Arte ContemporâneaR. Joly Braga Santos, Lote F - r/c. T. 217261831 Corpo que Sabe De Joana da Conceição. De 28/11 a 17/1. 2ª a 6ª das 10h às 19h30. Sáb das 12h30 às 19h30. Pintura, Desenho, Instalação. Caroline Pagès GalleryR. Tenente Ferreira Durão, 12. T. 213873376 Masquerade De Gonçalo Mabunda, Marta Moura, Celestino Mudaulane, Pedro Valdez Cardoso, Francisco Vidal. De 28/11 a 6/2. 3ª a Sáb das 15h às 20h. Desenho, Outros. Casa dos BicosRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 Núcleo Arqueológico da Casa dos Bicos A partir de 14/7. 2ª a Sáb das 10h às 18h. Objectos, Documental. Centro Cultural de BelémPraça do Império. T. 213612400 Carrilho da Graça: Lisboa De 22/9 a 14/2. 3ª a Dom das 10h às 18h. Arquitectura. Cristina Guerra - Contemporary ArtR. Santo António à Estrela, 33. T. 213959559 Captura Transitória De Diogo Pimentão. De 20/11 a 9/1. 3ª a 6ª das 12h às 20h. Sáb das 15h às 20h. Escultura, Desenho. CulturgestRua Arco do Cego. T. 217905155 nenhuma entrada entrem De Projecto Teatral. De 24/10 a 10/1. 3ª a 6ª das 11h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Escultura, Performance, Outros. Oximoroboro De Von Calhau!. De 24/10 a 10/1. 3ª a 6ª das 11h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Instalação, Performance, Outros. Fundação Arpad Szenes - Vieira da SilvaPraça das Amoreiras, 56. T. 213880044 No Atelier De Teresa Magalhães. De 30/9 a 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura, Desenho. Fundação José SaramagoRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 José Saramago: a Semente e os Frutos A partir de 13/6. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 10h às 14h. Documental, Biográfico, Outros. Galeria Av. da ÍndiaAvenida da Índia, 170. T. 218170847 Retornar - Traços de Memória De 4/11 a 28/2. 3ª a 6ª das 10h às 13h e das 14h às 18h. Sáb e Dom das 14h às 18h. Fotografia, Outros. Galeria BangbangRua Dr. Almeida Amaral, 30B. T. 213148018 Selected Stories De Catarina Lira Pereira. De 21/11 a 9/1. 3ª a Sáb das 12h30 às 20h. Pintura. Selected Stories De Catarina Lira Pereira. De 4/12 a 16/1. 3ª a Sáb das 12h30 às 20h. Outros. Galeria Belo-GalstererR. Castilho 71, RC, Esq. T. 213815891 Dangerous Looking-Back De Mel O’Callaghan. De 26/11 a 30/1. 3ª a 6ª das 12h às 19h. Sáb das 14h às 19h. Vídeo, Fotografia. Scriptorium De Ramiro Guerreiro. De 26/11 a 30/1. 3ª a 6ª das 12h às 19h. Sáb das 14h às 19h. Instalação.

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36 | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

A Última Carta ao Pai Natal: exposição com obras de Igor Jesus na Galeria Filomena Soares

DR

SAIRGaleria das SalgadeirasRua da Atalaia nºs 12 a 16. T. 213460881 Das sombras e do nevoeiro De Joanna Latka. De 21/11 a 9/1. 3ª a Sáb das 15h às 21h. Desenho, Obra Gráfica. Galeria Filomena SoaresRua da Manutenção, 80. T. 218624122 A Última Carta ao Pai Natal De Igor Jesus. Até 16/1. 3ª a Sáb das 10h às 20h. Instalação, Vídeo, Escultura, Fotografia. Galeria João Esteves de OliveiraRua Ivens, 38. T. 213259940 Página Sagrada De Álvaro Siza. Até 7/1. 3ª a 6ª das 11h às 19h30. Sáb das 11h às 13h30 e das 15h às 19h30. 2ª das 15h às 19h30. Galeria MillenniumRua Augusta, nº84. Within Light. Inside Glass De vários autores. Até 9/1. 2ª a Sáb das 10h às 18h. Objectos, Instalação. Galeria Pedro CeraRua do Patrocínio, 67E. T. 218162032 Mergulho De Vera Mota. Até 9/1. 3ª a 6ª das 10h às 13h30 e das 14h30 às 19h. Sáb das 14h30 às 19h. Escultura. Truncado De Carlos Correia. Até 7/11. 3ª a 6ª das 10h às 13h e das 14h30 às 19h. Pintura. Galeria QuadrumR. Alberto Oliveira, 52. T. 218170534 Uma Delicada Zona de Compromisso De António Ole, Délio Jasse, Kiluanji Kia Henda, Mónica de Miranda. Até 20/1. 3ª a 6ª das 10h às 19h. Sáb e Dom das 14h às 19h. Documental, Outros. Galeria São MamedeRua da Escola Politécnica, 167. T. 213973255 O Gesto e o Espaço De Gonzalez Bravo. Até 20/1. 2ª a 6ª das 11h às 20h. Sáb das 11h às 19h. Pintura. GiefarteRua Arrábida, 54B. T. 213880381 Aforismos De Jorge Martins. De 22/11 a 15/1. 2ª a 6ª das 11h às 14h e das 15h às 20h. Desenho. Jardim Botânico de LisboaRua da Escola Politécnica, 58. T. 213921800 As Plantas do Tempo dos Dinossáurios A partir de 23/11. Todos os dias das 09h às 18h Jardim Botânico Tropical Largo dos Jerónimos - Belém . T. 213637023 Pato Mudo A partir de 25/10. Todos os dias 24h. Instalação, Azulejo.

Objectos, Outros. Museu Nacional de EtnologiaAvenida Ilha da Madeira. T. 213041160 O Museu, Muitas Coisas A partir de 31/1. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h. Documental, Escultura, Objectos, Outros. Exposição Permanente. Museu Nacional do AzulejoRua Madre de Deus, 4. T. 218100340 Exposição Permanente A partir de 1/1. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h30). Azulejo, Documental. Museu Nacional dos CochesPraça Afonso de Albuquerque. T. 213610850 Exposição Permanente de Coches Reais A partir de 1/1. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h30). Objectos, Documental. Museu Rafael Bordalo PinheiroCampo Grande, 382. T. 218170667 Bordalo à Mesa De Bordalo Pinheiro. De 18/5 a 18/5. 3ª a Dom das 10h às 18h. Desenho, Ilustração. Oceanário de LisboaEsplanada Dom Carlos I . T. 218917000 Florestas Submersas De Takashi Amano. A partir de 22/4. Todos os dias das 10h às 20h (Verão); das 10h às 19h (Inverno). Dia 25 de Dezembro das 13h às 18h, dia 1 de Janeiro das 12h às 18h. Paços do ConcelhoPraça do Município. Lisboa 1415 Ceuta: história de duas cidades De 1/12 a 27/2. 2ª a 6ª das 10h às 17h30. Sáb das 13h às 18h. Documental. Palácio Nacional da AjudaLargo da Ajuda. T. 213637095 Tirée par... a Rainha D. Amélia e a Fotografia De 30/9 a 20/1. 2ª, 3ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h (última entrada às 17h30). Fotografia, Documental. Vera Cortês - Agência de ArteAvenida 24 de Julho, 54 - 1ºE. T. 213950177 Wilderness De Nuno da Luz. De 20/11 a 16/1. 3ª a Sáb das 14h às 19h. Instalação, Outros.

MÚSICALisboaOceanário de LisboaDoca dos Olivais. T. 218917000 Fado no Oceanário A partir de 19/7. 3ª e 5ª das 20h15 às 21h (Verão), das 19h15 às 20h (Inverno). É necessária marcação (218917000, [email protected]). O evento decorre apenas com um número mínimo de 25 pessoas (máx. 40). Fado - Património Cultural Imaterial da Humanidade.

DANÇAAmadoraCentro Comercial Alegro AlfragideAv. dos Cavaleiros. T. 217125403 A Branca de Neve no Gelo Enc. João A. Guimarães. Com Maria Henrique, Isaac Alfaiate, Afonso Vilela. Coreog. Joana Quelhas. De 20/11 a 10/1. Todos os dias (vários horários). Reservas: 707100079 ou [email protected].

CIRCOLisboaLisboa Circo Chen De 27/11 a 17/1. Todos os dias (vários horários, na Avenida da Índia). Estas informações estão sujeitas a alterações. Contactos: 218533912/919070035 ou [email protected]. Parque das NaçõesRecinto da Expo 98. Circo Victor Hugo Cardinali De 27/11 a 10/1. Todos os dias (vários horários). Estas informações estão sujeitas a alterações. Contactos: 218956576/964034750/969050658.

SAIRLargo do IntendenteLargo do Intendente. Kit Garden De Joana Vasconcelos. A partir de 5/10. Todos os dias. Escultura, Instalação. MNAC - Museu do ChiadoRua Serpa Pinto, 4. T. 213432148 Civilizações de Tipo I, II e III De Rui Toscano. De 31/10 a 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura, Desenho, Vídeo, Outros. Narrativa de uma Colecção - Arte Portuguesa na Colecção da Secretaria de Estado da Cultura (1960-1990) De vários autores. De 15/7 a 12/6. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura. Prémio Sonae Media Art 2015 De Diogo Evangelista, Musa paradisiaca, Patrícia Portela, Rui Penha, Tatiana Macedo. De 20/11 a 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Outros. Rui Toscano De 31/10 a 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Desenho, Vídeo. Temps D’Images Loops. Lisboa De vários autores. De 15/10 a 24/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Vídeo. We Shall Over Come De Rita GT. De 5/11 a 10/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Performance, Outros. Museu Colecção BerardoPraça do Império - CCB. T. 213612878 Colecção Berardo De Vito Acconci, Carl Andre, Alan Charlton, Louise Bourgeois, José Pedro Croft, Antony Gormley, Jeff Koons, Allan McCollum, Gerhard Richter, Cindy Sherman, William Wegman, entre outros. A partir de 9/11. 3ª a Dom das 10h às 19h. Pintura, Outros. Quatro variações à volta de nada ou falar do que não tem nome De Nicolás Paris. De 18/11 a 6/3. Todos os dias das 10h às 19h. Instalação, Outros. Stan Douglas. Interregnum De Stan Douglas. De 21/10 a 14/2. 3ª a Dom das 10h às 19h. Filme, Outros. Your Body Is My Body. O Teu Corpo É o Meu Corpo. Colecção de Cartazes de Ernesto de Sousa De 17/4 a 3/4. 3ª a Dom das 10h às 19h. Obra Gráfica, Design, Outros. Museu das ComunicaçõesRua do Instituto Industrial, 16. T. 213935000 Casa do Futuro A partir de 1/3. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb às 16h. Design, Outros. Exposição Permanente. Mala Posta A partir de 1/12. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 14h às 18h. Objectos, Outros. Exposição Permanente. Vencer a Distância - Cinco Séculos de Comunicações em Portugal A

partir de 2/5. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 14h às 18h. Exposição permanente. Museu de CiênciaRua da Escola Politécnica, 56. T. 213921808 Jogos Matemáticos Através dos Tempos A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 17h (encerra 1 de Janeiro, Dom de Páscoa, 1 de Maio, 24 e 25 de Dezembro). Sáb e Dom das 11h às 18h. Exposição Interactiva. Museu do Combatente no Forte do Bom SucessoForte do Bom Sucesso. T. 213017225 A História da Aviação Militar A partir de 16/10. Todos os dias das 10h às 17h. Documental. Exposição permanente. Guerra do Ultramar - 50 anos depois A partir de 11/2. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb, Dom e feriados das 10h às 17h. Documental, Objectos, Outros. Permanente. O Combatente Português do Século XX A partir de 10/12. Todos os dias das 10h às 17h. Documental, Objectos, Outros. Permanente. Museu do FadoLargo do Chafariz de Dentro, 1. T. 218823470 Museu do Fado (1998-2008) De José Malhoa, Rafael Bordalo Pinheiro, Constantino Fernandes, Cândido da Costa Pinto, Arnaldo Louro de Almeida, João Vieira, Júlio Pomar, entre outros. A partir de 2/10. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura, Objectos, Vídeo, Instrumentos Musicais, Documental, Outros. Exposição Permanente. Museu do OrienteAv. Brasília - Edifício Pedro Álvares Cabral - Doca de Alcântara Norte. T. 213585200 A Arte da Falcoaria de Oriente a Ocidente De 19/11 a 6/3. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h30. 3ª das 10h às 22h. Objectos, Outros. Sombras da Ásia A partir de 28/6. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (gratuito das 18h às 22h). Encerra 1 de Janeiro e 25 de Dezembro.

FARMÁCIASLisboaServiço PermanenteAçoreana (Conde Barão) - Largo do Conde Barão, 2 - Tel. 213961330 Aurélio Rego (Estrela) - Calçada da Estrela, 139 - Tel. 213961758 Marques (Benfica - Igreja) - Estrada de Benfica, 648 - Tel. 217600096 Martim Moniz (Martim Moniz) - Rua da Palma, 194 - Tel. 218882755 Quejas (Telheiras Sul - Qtª. de S. Vicente) - R. Prof. Dr. Francisco Gentil, 36 - A - Tel. 217584144 Vasco da Gama (Santa Maria dos Olivais) - Alameda dos Oceanos, Lote 1.07.01, Loja G - Tel. 213478932

Outras LocalidadesServiço PermanenteAbrantes - Silva Tavares (Alferrarede) Alandroal - Santiago Maior , Alandroalense Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal - Alcacerense Alcanena - Correia Pinto Alcobaça - Belo Marques Alcochete - Cavaquinha , Póvoas (Samouco) Alenquer - Nobre Rito Aljustrel - Pereira Almada - Vieira Rosa , Central - Almada Almeirim - Correia de Oliveira Almodôvar - Ramos

Alpiarça - Aguiar Alter do Chão - Alter , Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama , Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Alto da Brandoa (Brandoa) Ansião - Medeiros (Avelar) , Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Misericórdia Arronches - Batista , Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva , Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Campos Farinha Batalha - Ferraz , Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Fonseca Belmonte - Costa , Central (Caria) Benavente - Miguens Bombarral - Franca Borba - Carvalho Cortes Cadaval - Central , Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)) Caldas da Rainha - Perdigão Campo Maior - Campo Maior Cartaxo - Central do Cartaxo Cascais - D’Aldeia , da Madorna (Madorna), Silveira São Domingos de Rana (S. Domingos de Rana) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo

Branco - Rodrigues dos Santos (Sarzedas) Castelo de Vide - Freixedas Castro Verde - Alentejana Chamusca - Bonfim , S. Pedro Constância - Baptista , Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Higiene Covilhã - São João Crato - Misericórdia Cuba - Da Misericórdia Elvas - Costa Entroncamento - Carvalho Estremoz - Costa Évora - Rebocho Pais Faro - Da Penha Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Graciosa , Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda) , Correia Suc. Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Avenida Gavião - Gavião Golegã - Salgado Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova) , Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Vieira Santos (Estombar) Lagos - A Lacobrigense Loulé - Miguel Calçada , Pinto, Paula (Salir) Loures - Alto da Eira , Das Colinas Lourinhã - Marteleirense , Ribamar (Ribamar) Mação - Catarino Mafra - Costa Maximiano (Sobreiro) , Falcão (Vila Franca do Rosário) Marinha Grande

- Central Marvão - Roque Pinto Mértola - Pancada Moita - Nova Fátima (Baixa da Banheira) Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Misericórdia Montijo - Moderna Mora - Canelas Pais (Cabeção) , Falcão, Central (Pavia) Moura - Faria Mourão - Central Nazaré - Silvério , Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos) , Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Silva Monteiro (Ponte da Bica/Odivelas) Oeiras - Alegro (Carnaxide) Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros) , Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Olhanense Ourém - Leitão Ourique - Nova (Garvão) , Ouriquense Palmela - Brás (Brejos de Assa) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Higiénica Pombal - Vilhena Ponte de Sor - Varela Dias Portalegre - Nova Portel - Fialho Portimão - Moderna Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda , Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Redondo - Xavier da Cunha Reguengos de Monsaraz - Martins Rio Maior - Central

Salvaterra de Magos - Martins Santarém - Sá da Bandeira Santiago do Cacém - Barradas São Brás de Alportel - São Brás Sardoal - Passarinho Serpa - Serpa Jardim Sertã - Lima da Silva , Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - de Santana (Santana) Setúbal - Farinha Pascoal , Normal do Sul Silves - Cruz de Portugal Sines - Atlântico , Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Ouressa , Rico (Agualva), Correia (Queluz) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano) , Andrade Tavira - Maria Aboim Tomar - Ribeiro dos Santos Torres Novas - Palmeira Torres Vedras - Garcia Alves Vendas Novas - Ribeiro Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Do Forte , Estevão (Brejo), César Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) , Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira Vila Real de Santo António - Pombalina Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Torrinha Alvito - Baronia Ansião - Moniz Nogueira Redondo - Alentejo Seixal - Seixal

Page 37: Jornal Público 2016-01-05

PÚBLICO, TER 5 JAN 2016 | 37

RTP16.30 Bom Dia Portugal 10.00 A Praça - Directo 13.00 Jornal da Tarde 14.20 Os Nossos Dias 15.02 Agora Nós - Directo 18.00 Portugal em Directo 19.07 O Preço Certo 20.00 Telejornal 20.42 Debates Presidenciais 2016 21.13 The Big Picture 22.13 Bem-vindos a Beirais 22.56 Terapia 23.39 Automobilismo: Rali Dakar 2016 23.52 Dexter 00.56 Os Números do Dinheiro 1.55 Os Nossos Dias 3.14 Televendas 5.45 Online 3 5.59 Manchetes 3

RTP27.00 Zig Zag 11.26 Peru, País de Extremos 12.24 O Mentalista 13.05 Viagem às Profundezas 14.00 Sociedade Civil 15.05 A Fé dos Homens 15.37 Euronews 16.02 Zig Zag 20.37 Cougar Town 21.00 Jornal 2 21.48 Página 2 22.05 Revolução 22.47 Literatura Aqui 23.16 Terra X Collection 00.05 Rockefeller 30 00.27 Eurodeputados 00.57 E2 - Escola Superior de Comunicação Social 1.26 Sociedade Civil 2.30 Euronews

SIC6.00 Violetta 7.00 Edição da Manhã 08.45 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.00 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.30 Dancin Days 15.30 Grande Tarde 18.30 Babilónia 20.00 Jornal da Noite 21.30 Coração d´Ouro 22.30 Poderosas 23.30 A Regra do Jogo 00.30 Ray Donovan 1.30 Downton Abbey 2.30 Podia Acabar o Mundo

TVI 6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.43 Mundo Meu 16.00 A Tarde é Sua 19.24 A Quinta 20.00 Jornal das 8 21.42 A Única Mulher 22.54 Santa Bárbara 23.56 A Quinta 00.55 Eureka 2.38 Fascínios 3.50 Sonhos Traídos

TVC110.10 Thérèse Desqueyroux 12.00 O Juiz 14.25 Presa No Paraíso 15.55 Step Up 5 - Todos Dançam 17.50 Hércules (2014) 19.30 Transcendence: A Nova Inteligência 21.30 Um Ano Muito Violento 23.35 O Juiz 2.00 Sobreviventes 3.30 Transcendence: A Nova Inteligência

FOX MOVIES10.13 Matadoras 12.18 O Amor é Um

Lugar Estranho 13.57 Os Bad Boys 15.53 O Alfaiate do Panamá 17.40 Legalmente Loira 19.15 Expiação 21.15 Autópsia de um Crime 22.43 Contrabando 00.31 O Insustentável Peso do Trabalho 1.58 Kalifornia 3.53 Rápidos e Mortais 5.11 Beleza Americana

HOLLYWOOD9.10 Terra dos Sonhos 10.55 Ella Encantada 12.30 The Score - Sem Saída 14.35 Vingança Sem Rosto 16.10 Pânico a Bordo 17.55 Eu, Robot 19.45 Vestido a Rigor 21.30 Hulk (2003) 23.50 Dinheiro 1.45 Caso 39 3.35 Em Último Recurso 5.00 Os Olhos da Serpente

AXN13.20 O Mentalista 14.57 Inesquecível 16.32 Investigação Crimina 18.13 O Mentalista 19.48 Inesquecível 20.37 Investigação Criminal 22.15 The Player 23.09 Investigação Criminal 2.28 O Mentalista 3.59 C.S.I. Nova Iorque 5.34 Castle

AXN BLACK13.42 Vidas Roubadas 15.09 Cidade das Sombras 16.39 Linha Mortal 18.32 Duro de Matar 20.10 O Recruta 22.00 Supercop, a Fúria do Relâmpago 23.34 Não Me Toques nas Bolas 1.07 Duro de Matar 2.45 O Recruta 4.35 Supercop, a Fúria do Relâmpago

AXN WHITE14.25 Trocadas à Nascença 15.10 Era Uma Vez 15.56 Vizinhos Estranhos 17.29 Era Uma Vez 19.01 Descobrindo Nina 19.50 Descobrindo Nina 20.40 Família de Acolhimento 21.27 Vizinhos Estranhos 23.00 Falhados... Por um Fio 00.19 Família de Acolhimento 1.05 Descobrindo Nina 4.20 Trocadas à Nascença 5.06 Descobrindo Nina

FOX13.28 Sob Suspeita 14.13 Hawai Força Especial 14.59 Hawai Força Especial 15.46 Investigação Criminal: Los Angeles 16.32 Investigação Criminal: Los Angeles 17.18 Sob Suspeita 18.06 Sob Suspeita 18.53 Investigação Criminal: Los Angeles 19.42 Investigação Criminal: Los Angeles 20.31 Hawai Força Especial 21.21 Hawai Força Especial 22.15 Sob Suspeita 23.06 Sob Suspeita 23.58

Investigação Criminal: Los Angeles 00.50 Hawai Força Especial 1.38 Sob Suspeita 2.24 Sob Suspeita 3.09 Spartacus, Os Deuses da Arena 4.08 Spartacus: A Vingança 5.05 Casos Arquivados 5.54 Casos Arquivados

FOX LIFE13.30 A Patologista 14.17 Second Chances 15.48 A Patologista 16.34 A Patologista 17.21 Secrets of the Summer House 18.53 Rizzoli & Isles 19.49 A Patologista 20.38 A Patologista 21.28 Rizzoli & Isles 22.20 Os Mistérios de Laura 23.13 The Good Wife 00.04 The Good Sister 01.33 My Kitchen Rules 02.25 Em Contacto 03.14 Em Contacto

DISNEY15.05 Aladdin 15.30 Aladdin 15.55 Gravity Falls 16.20 Os 7A 16.31 Os 7A 16.45 Galáxia Wander 16.55 Galáxia Wander 17.10 Phineas e Ferb 17.21 Phineas e Ferb 17.35 Littlest Pet Shop 18.00 Violetta 18.55 Jessie 19.20 Liv e Maddie 19.44 Austin & Ally 20.05 The Next Step 20.30 K.C. Agente Secreta 20.55 Violetta 21.50 Jessie

DISCOVERY18.20 A Febre do Ouro 19.15 A Febre do Ouro 20.05 Aventura à Flor da Pele XL 21.00 Aquários XXL 22.00 Aquários XXL 22.55 Aventura à Flor da Pele 23.50 Aventura à Flor da Pele 00.40 Aquários XXL 1.30 Aquários XXL

HISTÓRIA17.00 O Universo: Enigmas Ancestrais 17.43 Caça Tesouros 18.27 Caça Tesouros 19.12 O Preço da História 19.33 O Preço da História 19.54 O Preço da História 20.14 O Preço da História 20.35 O Preço da História 20.56 O Preço da História 21.17 O Preço da História 21.38 O Preço da História 22.00 Restauradores

ODISSEIA17.07 Neymar 17.29 Super Sentidos 18.24 África 19.14 Planeta Humano 20.04 Lugares Frenéticos 20.50 Rude Tube 22.30 Porque Se Despenham os Aviões? 23.15 Porta-Aviões: O Trabalho Mais Duro 00.07 Rude Tube 01.48 Porque Se Despenham os Aviões? 02.37 Porta-Aviões: O Trabalho Mais Duro 03.34 Super Sentidos 04.05 África 04.59 Objetivos Sobre-Humanos

[email protected]

FICAR

CINEMADentro da Tempestade [Into the Storm]TVC4, 21h30Este fi lme usa found footage

(imagens directamente retiradas

de câmaras de fi lmar, aqui usadas

pelas personagens), o que coloca

o espectador na pele tanto

dos caçadores profi ssionais de

tempestades que o fi lme segue,

como na de algumas das vítimas

do desastre meteorológico

que se abate sobre a cidade de

Silverton, Oklahoma (EUA), onde

vários tornados destroem, de

forma espectacular e aterradora,

edifícios, estradas e outras infra-

-estruturas. Uma das imagens

mais impressionantes deste fi lme

é um tornado em fogo.

Um Ano muito Violento [A Most Violent Year]TVC1, 21h30Nova Iorque (EUA), durante o

Inverno de 1981, que se registou,

estatisticamente, como o ano

mais perigoso na história da

cidade. Abel Morales (Oscar

Isaac), um emigrante da América

do Sul, e a sua mulher Anna

( Jessica Chastain) lutam contra

as adversidades nos instáveis

bairros de Brooklyn, tentando

a todo o custo manter o seu

negócio a funcionar, lutando

contra a corrupção, a violência

e a decadência que dominam a

cidade.

SÉRIE

Defiance MOV, 15h55A série de fi cção científi ca está de

volta para uma terceira e última

temporada, com um episódio du-

plo. Defi ance acompanha a saga de

Joshua Nolan (Grant Bowler), um

homem que tenta fazer prevalecer

a lei na cidade homónima, uma

comunidade situada num futuro

pós-apocalíptico (no ano 2046),

em que tanto humanos como

extraterrestres convivem sobre

as ruínas de St. Louis (Missouri,

EUA). Os derradeiros 13 episódios

retratam os problemas e dramas

de Nolan, Irisa (Stephanie Leo-

nidas) e os outros habitantes da

cidade de Defi ance com a chegada

tanto de novos habitantes como

de novas ameaças: a misteriosa

raça de Omecs, que já conquista-

ram todas as outras espécies de

extraterrestres com quem se cru-

zaram. Aos visitantes hostis junta-

se outro facto complicado para a

cidade, pois a principal fonte de

recursos, as minas, colapsa.

INFANTIL

A História de Pedrito CoelhoCanal Panda, 20h00Uma estreia deste início de ano,

com exibição de segunda a sexta-

-feira, esta série de animação

em 3D é baseada no mundo

de fantasia de Beatrix Potter,

autora do famoso livro infantil

homónimo. Como o título indica,

Pedrito é um coelho, nos seus seis

anos, que vive com a mãe debaixo

de um enorme abeto, numa

toca escondida. O coelhinho

tem saudades do pai já falecido

e deseja ardentemente crescer

para ser como ele, o que o torna

bastante traquina e desobediente.

A Pedro, juntam-se dois amigos

mais próximos, Benjamin e

Lily, que o acompanham em

fantásticas aventuras pela região

do lago.

DOCUMENTÁRIO

Requiem pelos Mortos: América [Requiem For The Dead: America]TVC2, 22h00Um documentário de 2014 cuja

relevância é tristemente marcante

nos dias que correm. A violência

resultante do porte de armas

nos Estados Unidos da América

resulta em mais de 32 mil vítimas

mortais, sendo o espelho de um

debate aceso e actual devido aos

incidentes que se verifi caram

com regularidade alarmante em

2015. Este documentário retrata

as vidas de algumas dessas

vítimas, através de imagens

reais recolhidas dos meios de

comunicação, de relatórios das

investigações e das redes sociais.

INFORMAÇÃO

Debates Presidenciais 2016RTP1, 20h42Os candidatos presidenciais

Marcelo Rebelo de Sousa e

Edgar Silva encontram-se

para um debate, em directo,

em antecipação das eleições

presidenciais do dia 24 de Janeiro.

Defiance, 15h55

Os mais vistos da TVDomingo, 3

FONTE: CAEM

TVITVISICSIC

RTP1

14,412,211,6

10,610,5

Aud.% Share

26,425,030,219,521,0

RTP1

RTP2

SICTVI

Cabo

Jornal das 8A Quinta: O Desafio - GalaPrimeiro JornalJornal da NoiteThe Voice Portugal

13,9%%

2,0

15,4

21,8

34,2

Page 38: Jornal Público 2016-01-05

38 | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

JOGOSCRUZADAS 9394

BRIDGE SUDOKU

TEMPO PARA HOJE

A M A N H Ã

Açores

Madeira

Lua

NascentePoente

Marés

Preia-mar

Leixões Cascais Faro

Baixa-mar

Fonte: www.AccuWeather.com

PontaDelgada

Funchal

Sol

16º

Viana do Castelo

Braga7º 11º

Porto8º 11º

Vila Real3º 6º

8º 11º

Bragança3º 7º

Guarda2º 3º

Penhas Douradas-1º 1º

Viseu4º 7º

Aveiro8º 13º

Coimbra7º 10º

Leiria8º 13º

Santarém9º 13º

Portalegre5º 7º

Lisboa11º 14º

Setúbal9º 15º Évora

7º 11º

Beja9º 12º

Castelo Branco6º 9º

Sines13º 14º

Sagres14º 16º

Faro12º 16º

Corvo

Graciosa

FaialPico

S. Jorge

S. Miguel

Porto Santo

Sta Maria

12º 17º

11º 15º

Flores

Terceira10º 15º

14º 18º

15º 20º

11º 14º

16º

18º

07h55

Nova

17h29

01h3010 Jan.

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2-3m

16º

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20º1-1,5m

20º2,5-3m

11h36 2,700h06* 2,8

17h52 1,206h18* 1,2

11h11 2,723h43 2,9

17h25 1,305h54* 1,4

11h12 2,723h42 2,8

17h18 1,205h48* 1,2

4-5m

3-4m

3-4m

17º

17º

*de amanhã

Horizontais: 1. Absorto. Senão. 2. D. (...), rainha de Portugal, esposa de D. João II, foi promotora das artes e da as-sistência aos necessitados (1458-1525). Divisa. 3. Não continuo. Magnetizar. 4. A pessoa ou coisa feminina de que se fala. Encosta, ladeira. 5. Tenho a nature-za de. Karl (...), filósofo e revolucionário alemão, criou as bases da doutrina co-munista e criticou o capitalismo (1818-1883). 6. Tornar côncavo. Tens a natu-reza de. 7. Aparelho que seca o cabelo após a lavagem da cabeça. O qual. 8. Casta de videira cultivada em Portugal. Filho de burro e égua ou de cavalo e bur-ra. 9. Deserto situado no continente asi-ático, a sul da Mongólia. Adestramento. 10. Discurso fastidioso. Alvorada. 11. Lavrar. Ressoar com força.

Verticais: 1. Cadeia de montanhas do Sul da Europa Central. História longa e muito movimentada. 2. Fiel. Dilação. 3. Livro de orações. Poder estar dentro. 4 – Prefixo (vinho). Instrumento musical de sopro, globular. 5. Redução das formas linguísticas “a” e “o” numa só. Pancada com as nádegas. Grosa (abrev.). 6. Pano branco, inglês, muito usado no Brasil, para fatos de homem. Regressa. 7. Exprimir por mímica. 8. Limpar, banhan-do em líquido. Dividir ao meio. 9. Mais pequeno. Líquido esbranquiçado a que ficam reduzidos os alimentos na última fase da digestão, e que são absorvidos pelos vasos linfáticos. 10. Aia. Pessoa desprezível (regional). Campeonato profissional norte-americano de bas-quetebol. 11. Cura. Fazer serão.

Depois do problema resolvido encon-tre o título de um filme com Regina Casé (4 palavras).

Solução do problema anterior:Horizontais: 1. RECATO. Pula. 2. Acorde. Em. 3. Salada. Quão. 4. Cod. Furor. 5. Arar. Suez. 6. RT. Ego. Neo. 7. APARATO. PS. 8. Ala. CIA. 9. Vil. Numeral. 10. Avonde. Seda. 11. Lorde. Faro.Verticais: 1. Riscar. Oval. 2. Aorta. Ivo. 3. Calda. Palor. 4. Aca. Real. Nd. 5. Todo. GRANDE. 6. Ora. Soa. UE. 7. Fu. Tom. 8. PEQUENO. Esa. 9. Urze. Crer. 10. Leão. Opiado. 11. Amora. Sala.Provérbio: Grande aparato, pequeno recato.

Oeste Norte Este Sul 1♥passo 2♣ passo 2♥

passo 4♥ Todos passam

Leilão: Equipas ou partida livre.

Carteio: Saída: 4♥. Qual o melhor plano para cumprir este jogo?

Solução: Sem a saída a trunfo seria possível garantir o contrato através do naipe de espadas, ora por se encontrar dividido 3-3, ora por se conseguir cor-tar a quarta espada com um dos trunfos firmes do morto. Com esta saída já não será possível vir a cortar uma espada no morto, porque a defesa terá tempo para jogar três voltas de trunfo eliminando os trunfos do morto. O que fazer?Uma possibilidade é a de tentar ainda vir a encontrar as espadas 3-3, mas isso não passa de uma hipótese a 32% quando existe uma outra linha que é praticamen-te a 100%. Para tal terá simplesmente de inverter o morto, ou seja, tentar realizar três cortes na mão comprida a trunfo. Jogue o Ás e o Rei de ouros e ouro corta-

Dador: SulVul: NS

Problema 6562 Dificuldade: fácil

Problema 6563 Dificuldade: muito difícil

Solução do problema 6560

Solução do problema 6561

NORTE♠ A102♥ A98♦ A63♣ 9865

SUL♠ 8654♥ KQJ106♦ K5♣ A2

OESTE♠ KJ97♥ 543♦ J972♣ Q3

ESTE♠ Q3♥ 72♦ Q1084♣ KJ1074

João Fanha/Pedro Morbey ([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

do. O passo seguinte é jogar Ás de paus e pau. Suponha que a defesa faz a vaza para insistir em trunfo. Prenda com o Ás do morto, corte um pau, regresse ao morto no Ás de espadas e jogue o últi-mo pau do morto cortado. Contemos as vazas: uma espada, dois ouros, um pau, três cortes e os três trunfos do morto, dez vazas no total!

Considere o seguinte leilão:Oeste Norte Este Sul 1♦passo 1♠ 3♥ ?

O que marcaria em Sul, com cada uma das seguintes mãos?1. ♠Q82 ♥43 ♦AQ1065 ♣KQ7 2. ♠K652 ♥2 ♦AQ105 ♣K9743. ♠K542 ♥3 ♦AK105 ♣AJ92 4. ♠K54 ♥2 ♦AQ1065 ♣AKJ8

Respostas: 1. Passe – Mão mínima, sem fit e distri-buição regular. Nenhuma razão para se fazer o que quer que seja.2. 3♠ – Sem a intervenção, teria feito um apoio simples. A distribuição é nitida-mente favorável para um contrato em espadas. Se passar com o pretexto de ter uma mão mínima, não espere que o parceiro reaja inteligentemente, ele po-derá não ter jogo para o fazer.3. 4♠ – Tal como na mão anterior, tam-bém esta valeria apenas um apoio em salto, mas com a intervenção há que fa-zer algo mais e a aposta na partida será a melhor coisa a fazer.4. X – De chamada. Boa mão de segun-da zona, aguenta bem qualquer voz que venha do outro lado.

MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt/tempo

Page 39: Jornal Público 2016-01-05

COLECÇÃO INÉDITA JORNAL PORTUGUÊS:REVISTA MENSAL DE ACTUALIDADES

Vol. 5 - Jornal Português 75-95 (Abril 1948 - Abril 1951)Abrangendo o período entre 1948 a 1951, o último disco regista várias notícias sobre a renovação das ligações ferroviárias

e a inauguração de duas barragens. Os tempos do pós-guerra reflectem-se na série de notícias sobre o acolhimento

de crianças austríacas ou na visita do General Eisenhower. Dois números especiais cobrem a Festa dos Tabuleiros

em Tomar e o 2º Congresso Internacional das Capitais do Mundo. Mas o grande destaque deste disco vai para os três

números inteiramente dedicados à visita de Francisco Franco. A última notícia do Jornal Português regista uma visita

de Salazar às obras da ponte sobre o Tejo.

DE ABRIL DE 1948 A ABRIL DE 1951,ESTAS ERAM AS NOTÍCIAS.Redescubra as actualidades do Portugal do Estado Novo.

SÁBADO, 9 JAN. COM O PÚBLICO

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Page 40: Jornal Público 2016-01-05

40 | DESPORTO | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

GERARD JULIEN/AFP

Florentino escolheu Zidane, o “galáctico” sem experiência

Zidane à chegada à sala de conferências do Estádio Santiago Bernabéu, ontem à tarde

Da primeira vez que Florentino Pérez

apareceu ao lado de Zinedine Zidane,

a 9 de Julho de 2001, não havia qual-

quer dúvida. Zidane era um “galácti-

co” que justifi cava todos os milhões

que o Real Madrid pagou por ele (11,5

mil milhões de pesetas). Quinze anos

depois, Florentino voltou a apresen-

tar “Zizou”, mas noutra condição, a

de novo treinador do clube, mesmo

que no currículo tenha apenas épo-

ca e meia como técnico da fi lial na

terceira divisão espanhola. O francês

rende no cargo Rafael Benítez, cujo

reinado efémero no Real durou ape-

nas sete meses e chegou ontem ao

fi m, depois de resultados frustrantes,

o último dos quais um empate (2-2)

no Mestalla, frente ao Valência.

A imprensa espanhola falava de

uma lista com três nomes para subs-

tituir Benítez no imediato, um pro-

cesso de sucessão que estava a ser

preparado desde Novembro: Víctor

Fernández, José Mourinho e Zidane.

Fernández foi o primeiro nome a ser

descartado e vai continuar a ser o

coordenador da formação “meren-

gue”, em Valdebebas. O jornal El

País diz que Mourinho se colocou

fora da corrida porque estará à es-

pera de um convite do Manchester

United, acabando a opção por recair

sobre alguém que mantém uma aura

de “estrela” no Bernabéu, mas com

poucos créditos como treinador.

Há poucas semanas, o presidente

“merengue” tinha garantido que Zida-

ne seria treinador do Real no futuro.

Ontem, acelerou esse futuro, quem

sabe a tentar uma espécie de efeito

Guardiola, também promovido no

Barcelona de treinador da equipa B

a técnico principal com o sucesso

que se conhece. “Zidane é uma das

maiores fi guras da história do fute-

bol. Sabe melhor que ninguém o que

é estar à frente do plantel do Real

Madrid. Sabe que este é um banco

difícil, conhece os jogadores e, com

ele como adjunto, conquistaram a

Décima [Liga dos Campeões]. Para ti,

a palavra impossível não existe”, ob-

servou Florentino numa declaração

sem direito a perguntas, após uma

reunião da direcção.

Para Benítez, o líder do Real tam-

bém deixou uma palavra de apreço,

classifi cando a decisão de o despe-

Como jogador, Zidane foi um dos

melhores de sempre. Médio de gran-

de técnica e visão de jogo, Zinedide

Yazid Zidane cumpriu os primeiros

anos no Cannes e no Bordéus, trans-

ferindo-se em 1996 para a Juventus,

clube no qual passou cinco épocas e

pelo qual conquistou, entre outros

títulos, a Série A por duas vezes. Em

2001, foi o segundo “galáctico” de

Florentino depois de Luís Figo numa

transferência que, na altura, bateu

recordes (69 milhões de euros).

Foi dele o golo que deu ao Real

o nono título europeu na fi nal de

2002, em Glasgow, frente ao Bayer

Leverkusen, para além de ter sido

ainda campeão espanhol em mais

uma ocasião. Pela selecção francesa,

foi campeão europeu (2000) e mun-

dial (2002), mas também foi com os

“bleus” que viveu o pior momento da

carreira, a infame cabeçada a Mar-

co Materazzi na fi nal do Mundial de

2006 que seria, também, o último

jogo competitivo do seu historial.

Depois de se retirar, em 2006, fi -

cou sempre ligado ao Real Madrid,

primeiro como conselheiro especial

de Florentino Pérez, depois mais liga-

do à primeira equipa durante o con-

sulado de José Mourinho. Quando

Ancelotti chegou, Zidane foi adjunto

do italiano durante uma época, pas-

sando, depois, para o Castilla, que

havia sido despromovido à II B. Na

primeira época, falhou a promoção

(foi sexto) e, na presente temporada,

ocupava o segundo lugar. Uma época

e meia em que enfrentou contesta-

ção por deixar muitas vezes de fora o

prodígio norueguês Martin Odegaard

e promover o seu fi lho mais velho,

Enzo, a capitão do Castilla.

Francês substitui Rafael Benítez como treinador do Real Madrid e promete “fazer o melhor possível” para conquistar títulos nesta temporada. Espanhol aguentou apenas sete meses no cargo

Futebol internacionalMarco Vaza

A ERA FLORENTINO PÉREZVicente del Bosque (2000-2003)Ganhou duas Ligas (2000-01 e 2002-03), uma Supertaça de Espanha (2001), uma Champions League (2001-02), uma Supertaça Europeia (2002) e uma Taça Intercontinental (2002).Carlos Queiroz (2003-2004)Ganhou uma Supertaça de Espanha.José Antonio Camacho (2004) Mariano García Remón (2004)Vanderlei Luxemburgo (2004-2005)Juan Ramón López Caro (2005-2006)Manuel Pellegrini (2009-2010)José Mourinho (2010-2013)Ganhou uma Liga (2011-12), uma Taça do Rei (2010-11) e uma Supertaça de Espanha (2012)Carlo Ancelotti (2013-2015)Ganhou uma Champions League (2013-14), uma Taça do Rei (2013-14), una Supertaça Europeia (2014-15) e um Mundial de Clubes (2015).Rafa Benítez (2015-2016)

dir como “difícil” a nível pessoal: “É

um grande profi ssional e uma pessoa

magnífi ca. Quero agradecer a sua de-

dicação nestes meses.”

O francês será o 11.º treinador da

era Florentino e o segundo promo-

vido da fi lial, depois de Juan Ramón

Lopez Caro ter saltado do Real Ma-

drid B em Dezembro de 2005 para

substituir Wanderley Luxemburgo

— López Caro fi cou até ao fi m dessa

época. Zidane pega no Real Madrid

em terceiro lugar, a quatro pontos

do líder, Atlético, qualifi cado para os

“oitavos” na Liga dos Campeões (vai

jogar com a Roma) e fora da Taça do

Rei, prometendo trabalho e vontade

de ganhar títulos: “Temos o melhor

clube do mundo e os melhores adep-

tos, e, por isso, o que temos de fazer

é o melhor possível para ganharmos

alguma coisa neste ano. Só posso di-

zer que vou fazer tudo, e acho que

vai correr bem.”

Page 41: Jornal Público 2016-01-05

PÚBLICO, TER 5 JAN 2016 | DESPORTO | 41

Novak Djokovic escolheu o Qatar

ExxonMobil Open para abrir a época

de 2016, durante a qual terá a tarefa

difícil de repetir o excelente ano ante-

rior, em que dominou o circuito ATP

e conquistou três títulos do Grand

Slam. Para já, no primeiro encontro

em Doha, o seu estatuto de número

um do mundo não foi beliscado por

Dustin Brown, 82.º do ranking, que

cedeu ao fi m de 51 minutos.

“Joguei o meu último encontro

há seis semanas, por isso, estava

muito entusiasmado para regressar

ao court e competir e ver como iria

decorrer. Obviamente que nunca se

sabe como vamos começar. Penso

que aproveitei muito bem as férias

para me treinar e pôr o meu corpo na

melhor forma. Foi um bom início”,

disse Djokovic, depois de derrotar o

alemão, com um duplo 6-2.

Rafael Nadal, que recentemente

ganhou os dois encontros de exibição

que realizou em Abu Dhabi — frente a

David Ferrer e a Milos Raonic —, es-

teve igualmente em acção em Doha,

mas em pares, e, apesar da derrota,

está preparado para se estrear hoje,

nos singulares, tal como Tomas Ber-

dych (6.º) e Ferrer (7.º).

No Brisbane International, o único

evento misto nesta primeira sema-

na da época, Grigor Dimitrov (28.º)

começou por eliminar Gilles Si-

mon (15.º), por 6-3, 7-6 (12/10), ao

fi m de mais de duas horas de jogo. O

búlgaro de 24 anos está disposto a es-

quecer a época passada e, com a aju-

da de Franco Davin, ex-treinador de

Juan Martín del Potro, venceu o pri-

meiro de cinco duelos com o francês

A estrela do torneio australiano

é Roger Federer (3.º), que hoje se

estreia diante do qualifi er Tobias

Kamke (233.º). Em Brisbane estão

também Kei Nishikori (8.º), Marin

Cilic (13.º), Milos Raonic (14.º) e o sul-

coreano de 19 anos Hyeon Chung,

51.º e revelação do ATP Tour em

2015, que, ontem, venceu o aus-

traliano Sam Groth (60.º), por 7-6

(10/8), 6-4.

No torneio feminino, a ex-número

um Victoria Azarenka (22.ª) arrasou,

por 6-2, 6-0, Elena Vesnina (115.ª) e

terá agora como adversária Simona

Halep (2.ª).

A primeira vitória de Novak Djokovic

TénisPedro Keul

Bastaram 51 minutos para o número um do mundo abrir o ano a ganhar, no QatarO Vitória perdeu o jogo de sábado, por 0-1

O jogo V. Guimarães-Benfi ca, para

o campeonato, terminou no sába-

do, mas continua a dar que falar.

Depois de o treinador dos minho-

tos, Sérgio Conceição, ter acusado

o árbitro da partida de lhe ter di-

rigido insultos, hoje é a vez de o

presidente do clube, Júlio Mendes,

abordar o tema.

O incidente terá acontecido no

fi nal do encontro disputado no Es-

tádio D. Afonso Henriques, que ter-

minou com um triunfo do campeão

nacional, por 1-0, e foi assim descri-

to pelo técnico do Vitória: “O árbitro

[Carlos Xistra] teve uma dualidade

de critérios incrível. Insultava os

meus jogadores enquanto lhes di-

zia para se levantarem… No fi m teve

a hombridade de me chamar burro

e de me pedir desculpa. O futebol

por vezes deixa-me triste.”

A direcção do clube vimaranense

não tomou qualquer posição públi-

ca sobre o assunto, mas tudo indica

que deverá fazê-lo ao início da tar-

de, já que Júlio Mendes convocou

para as 12h30 uma conferência de

imprensa. Esta conferência, de res-

to, anula a antevisão da partida do

Vitória com o Moreirense, a contar

para a 16.ª jornada do campeonato,

que se realizará amanhã.

Bruno Gaspar, lateral do Vitória,

abordou ontem o embate com os

vizinhos de Moreira de Cónegos,

Caso Xistra será hoje abordado pela direcção do Vitória

mas preferiu passar ao lado da po-

lémica do momento. “Isso [insultos]

são questões que a direcção já sabe,

cabe a ela responder a isso. Não vale

a pena falar mais. Tem de ser resol-

vido”, limitou-se a dizer.

Embora não seja audível a troca

de palavras entre ambos, as imagens

televisivas captam o momento em

que Sérgio Conceição e Carlos Xistra

se cumprimentam, ainda no meio

do relvado, com Flávio Meireles, di-

rector desportivo dos vimaranenses,

também envolvido na conversa. A

dada altura, o juiz de Castelo Bran-

co acerca-se do treinador e parece

pedir-lhe desculpa por mais do que

uma vez.

Regulamento é claroO caso deverá vir a ser apreciado pe-

lo Conselho de Disciplina da Fede-

ração Portuguesa de Futebol (FPF),

sendo que, para situações com estes

contornos, os regulamentos são cla-

ros. “Os árbitros, árbitros assisten-

tes, observadores de árbitros e dele-

gados da Liga que usem expressões,

verbalmente ou por escrito, ou fa-

çam gestos de carácter ameaçador,

injurioso, difamatório ou grosseiro,

devidamente comprovados pelos

relatórios dos delegados, ou obser-

vadores de árbitros ou através de

meios audiovisuais, contra qualquer

jogador, treinador, qualquer outro

agente desportivo, incluindo outro

árbitro, árbitro assistente, observa-

dor de árbitros ou delegado da Liga,

ou contra espectadores são punidos

com a sanção de suspensão a fi xar

entre o mínimo de três e o máximo

de quinze jogos”, pode ler-se no ar-

tigo 192.º da subsecção II do Regula-

mento Disciplinar das competições

organizadas pela Liga Portuguesa de

Futebol Profi ssional.

MIGUEL RIOPA/AFP

FutebolNuno Sousa

Alegados insultos dirigidos a Sérgio Conceição deverão merecer posição do clube. Regulamento prevê sanção que vai de três a 15 jogos

A 3 de Junho do ano passado, Ra-

fael Benítez era um homem na sua

cadeira de sonho. Madrileno e ma-

dridista, Rafa, que entrara no clube

como jogador com 13 anos e que já

tinha sido treinador da equipa B,

estava no lugar que sempre quis.

Emocionou-se quando foi apresenta-

do no Bernabéu e prometeu ganhar

títulos com bom futebol. Florenti-

no Pérez, o todo-poderoso (e volátil)

presidente do Real acreditava nele,

“um verdadeiro homem da casa”. E

continuou a declarar publicamente

a confi ança no 10.º técnico que con-

tratara, com sucessivas declarações

públicas nesse sentido. Sete meses

e um dia depois de ser apresenta-

do, Rafa tornou-se no 10.º técnico

dispensado.

Desportivamente, o Real Madrid

de Rafa Benítez não foi brilhante,

mas também não foi um desastre

total. A carreira na Liga dos Campe-

ões, por exemplo, decorreu quase

sem mácula, com cinco vitórias e um

empate na fase de grupos, enquanto

os quatro pontos de diferença para

o líder Atlético de Madrid, com mais

de metade da Liga espanhola pela

frente, não são, de todo, irrecupe-

ráveis. Mas a forma como o Real se

engasgava frente a equipas de maior

valia levantou muitas dúvidas em re-

lação à sua liderança.

Entre muitos resultados compro-

metedores (e uma eliminação ane-

dótica da Taça do Rei por utilização

Rafa não sobreviveu aos votos de confiança

irregular de um jogador), nenhum

terá causado mais mossa que a es-

trondosa derrota no Bernabéu por

4-0, frente ao Barcelona, no fi nal de

Novembro passado. Logo depois da

goleada, Florentino convocou os jor-

nalistas para garantir a continuidade

do técnico. “Rafa Benítez acaba de

começar o seu trabalho. Deixemo-

lo trabalhar”, foi o que disse o diri-

gente, negando, na altura, quaisquer

problemas de relacionamento entre

Rafa e as maiores fi guras da equipa,

o principal motivo agora apontado

para a sua destituição.

Cristiano Ronaldo, Sergio Ramos,

James Rodríguez, Isco e Karim Ben-

zema são alguns dos jogadores tidos

como insatisfeitos com o agora ex-

técnico “merengue”. E a verdade é

que numa equipa com o potencial

ofensivo que o Real apresenta, Bení-

tez raramente cumpriu a promessa

de ganhar e a jogar bem. Alguns jo-

gos foram excepção, como as super-

goleadas ao Malmö (8-0) e ao Rayo

Vallecano (10-2), mas também houve

muitas vezes em que foi o guardião

costa-riquenho Keylor Navas a evitar

males maiores.

O que era indesmentível é que Be-

nítez, de 55 anos, já não gozava dos

favores dos adeptos “merengues” e,

assim, teve de entregar a sua cadeira

de sonho a outro, ele que até já esta-

va habituado a empregos de pressão

alta — antes passara por Valência, Li-

verpool, Inter Milão e Nápoles, com

sucesso desigual. Mas difi cilmente

voltará ao Bernabéu nos próximos

tempos.

Marco Vaza

SERGIO PEREZ/REUTERS

Rafa Benítez deixa o Real na terceira posição do campeonato

Page 42: Jornal Público 2016-01-05

42 | DESPORTO | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

CrónicaMiguel Barbosa

Apesar da chuva, que não deixa

todavia de ser típica desta região

e da altura do ano, estou certo

de que este arranque do Dakar

está a atrair multidões para

assistir à passagem da caravana

da prova. Os argentinos são

grandes afi cionados dos desportos

motorizados em geral. O todo-

o-terreno é uma paixão mais

recente, na medida em que

antes de o Dakar ter vindo para

a América do Sul a modalidade

não tinha grande expressão,

ao contrário do ralis, que são

Banho de multidão

Piloto, campeão nacional de todo-o-terreno

DR

Ruben Faria sentiu-se em casa e Sébastien Loeb fez estreia de sonho

Ruben Faria lutou até ao fim pelo triunfo na etapa

Um curtíssimo prólogo de 11 quiló-

metros e uma primeira etapa can-

celada devido às más condições

meteorológicas davam um sabor

insípido ao Dakar 2016. Mas o mítico

rali teve fi nalmente o seu verdadeiro

arranque, com uma segunda etapa

que trouxe de volta a competição a

sério. Embora a organização tenha

decidido encurtar o percurso crono-

metrado, devido à chuva abundante

que caiu no domingo, Ruben Faria

(Husqvarna) foi um dos protagonis-

tas da jornada e lutou até ao fi m pela

vitória na etapa, mas acabaria rele-

gado para o segundo lugar por Toby

Price (KTM). O australiano ascendeu

à liderança da geral, com escassos

dois segundos de vantagem sobre o

piloto algarvio.

Foi uma etapa que trouxe recor-

dações de casa, admitiu Ruben Fa-

ria em declarações ao site ofi cial do

Dakar: “Depois de ontem [domingo],

uma especial anulada, mesmo assim

fi zemos 540km de ligação sempre a

chover. Foi duro. Hoje [ontem], era

uma especial bastante gira. Técni-

ca, um pouco ao estilo do Algarve.

Impus um ritmo forte de início, no

reabastecimento apanhei o [ Joan]

Barreda. Logo a seguir ultrapassei-o

e vim sempre num ritmo bom. Isto

ainda é só a segunda etapa do rali,

mas estou bastante contente com a

moto e estou a sentir-me bem.”

O bom desempenho manteve

Ruben Faria no topo da classifi ca-

ção. Após ter igualado Joan Barreda

(Honda) como piloto mais rápido do

prólogo, o algarvio deixou de parti-

lhar a liderança mas fi cou a apenas

dois segundos de Toby Price na ge-

ral, e tem 1m19s de avanço sobre o

eslovaco Stefan Svitko (KTM). Pau-

lo Gonçalves (Honda) foi o segun-

do melhor português na etapa, ao

terminar no sexto lugar, a 2m38s de

Price, o que lhe vale o sétimo posto

na geral. Hélder Rodrigues (Yamaha)

é 15.º, a 7m18s, após ter sido 16.º

classifi cado na etapa.

Nos carros, o nome do dia não foi

outro senão Sébastien Loeb: o piloto

francês, nove vezes campeão mun-

dial de ralis, estreia-se no Dakar ao

volante de um Peugeot e não deixou

os créditos por mãos alheias. Con-

quistou a vitória na etapa, que vale

Piloto algarvio foi segundo classifi cado na etapa e pressiona o líder Toby Price. Francês nove vezes campeão do mundo de ralis confessou ter fi cado surpreendido com primeira vitória em etapas do Dakar

Todo-o-terrenoTiago Pimentel

uma das disciplinas preferidas

dos argentinos. Estou seguro

de que a presença do Sébastien

Loeb, que tantas vezes venceu

o rali da Argentina, está a ser

acompanhada de uma forma

entusiástica.

Tudo começa logo com a partida

simbólica. Em Buenos Aires, nós

não vemos a auto-estrada, não

conseguimos. Nem falo de estrada,

falo mesmo de auto-estrada, na

qual estão milhares de pessoas à

espera para nos ver passar. Nós

estamos a tentar circular e temos

de furar a multidão para conseguir

sair de Buenos Aires. Este cenário

repete-se em muitas das cidades

pelas quais a prova passa. Quando

acabamos uma etapa, ao entrar na

cidade, temos milhares de pessoas

à nossa espera. É fantástico haver

tanto público que aguarda por nos

receber.

Também há portugueses em

todo o lado. Quando eu fi z o

Dakar 2010, recordo-me que

fi quei boquiaberto porque, no

meio do deserto do Atacama,

que é o deserto mais árido

do mundo, aparecerem três

portuguesas. Estávamos no meio

do acampamento, prontos

para partir para o dia

seguinte.

O acampamento já estava

bastante deserto porque a maioria

das assistências já tinha arrumado

as suas coisas e arrancado.

Estavam ali os carros de corrida

prontos para iniciar a sua ligação

e, no meio do nada, apareceram

umas portuguesas que estavam

em viagem. Foi engraçado,

esperava tudo menos isso.

também a liderança da classifi cação

geral. A especial com pistas rápidas

e sem grandes exigências de navega-

ção era favorável a Loeb, que com-

pletou a etapa em 3h45m46s — foi

2m23s mais rápido do que o expe-

riente compatriota e companheiro

na Peugeot Stéphane Peterhansel.

“Terminar em primeiro foi uma

boa notícia, nem queria acreditar”,

confessou Loeb. “As diferenças ain-

da não são signifi cativas, mas estou

contente com o ritmo que conse-

guimos imprimir. Amanhã [hoje]

vamos abrir a estrada e isso vai ser

outra história”, acrescentou.

Carlos Sousa (Mitsubishi), o úni-

co piloto português a competir nos

automóveis, teve um dia recheado

de problemas e atrasou-se consi-

deravelmente. “Foi um dia em que

tudo correu mal. Viemos até ao fi m

da especial rebocados pelo nosso

colega de equipa e vamos tentar per-

ceber se é possível continuar... Não

sabemos se é apenas um problema

eléctrico ou se é algo mais grave”,

lamentou Sousa, citado pelo seu ser-

viço de assessoria de imprensa.

CLASSIFICAÇÃO2.ª etapaMotos1. Toby Price (KTM) 3h46m24s2. Ruben Faria (Husqvarna) a 20s3. Stefan Svitko (KTM) a 1m28s(...)6. Paulo Gonçalves (Honda) a 2m38s16. Hélder Rodrigues (Yamaha) a 7m33s32. Mário Patrão (KTM) a 16m23s57. Pedro Bianchi Prata (Honda) a 32m48s

Carros1. Sébastien Loeb (Peugeot) 3h45m46s2. Stéphane Peterhansel (Peugeot) a 2m23s3. Vladimir Vasilyev (Toyota) a 2m38s(...)Carlos Sousa (Mitsubishi) a 2h03m50s

GERALMotos1. Toby Price (KTM) 3h53m09s2. Ruben Faria (Husqvarna) a 2s3. Stefan Svitko (KTM) a 1m21s(...)7. Paulo Gonçalves (Honda) a 3m20s15. Hélder Rodrigues (Yamaha) a 7m18s32. Mário Patrão (KTM) a 16m41s56. Pedro Bianchi Prata (Honda) a 33m38s

Carros1. Sébastien Loeb (Peugeot) 3h52m03s2. Stéphane Peterhansel (Peugeot) a 2m23s3. Vladimir Vasilyev (Toyota) a 2m42s(...)Carlos Sousa (Mitsubishi) a 2h04m02s

Próxima etapa Termas de Río Hondo-San Salvador de Jujuy663kms (314kms cronometrados)

Page 43: Jornal Público 2016-01-05

PÚBLICO, TER 5 JAN 2016 | 43

ESPAÇOPÚBLICO

EDITORIAL

CARTAS À DIRECTORA

De Riad a Teerão, sem passar por Damasco

No fundo são dois países que lutam para

ser a potência regional dominante

ou, pelo menos, para evitar que o

outro o consiga ser. Como se de dois

jogadores de xadrez se tratasse, a

Arábia Saudita e o Irão vão fazendo um jogo

perigoso de luta pela supremacia regional,

tendo como tabuleiro uma região fracturada

por séculos de confronto entre sunitas e

xiitas. E cada movimento, cada jogada, cada

execução são feitos com uma frieza e um

calculismo com o único intuito de perseguir

esse fi m e tentar, em nome da religião

e da suposta luta contra o terrorismo,

arregimentar aliados e conseguir benesses e

cumplicidades em Washington e Moscovo. E

pelo meio ainda se aproveita para desviar as

atenções para os problemas domésticos.

Nesse jogo de poder, a Síria e o Iémen

O aumento da tensão no Médio Oriente vai minar os esforços diplomáticos na Síria e no Iémen

têm servido de palco bélico, onde a Arábia

Saudita e o Irão apoiam lados opostos. E

naturalmente que uma desavença com

os contornos dramáticos actuais vem

apenas hipotecar a possibilidade de se vir a

encontrar uma solução pacífi ca e equilibrada

na Síria e no Iémen com o beneplácito das

duas maiores potenciais da região. E assim

os radicais jihadistas do chamado Estado

Islâmico vão continuar a aproveitar o vazio

de poder para plantar e exportar o terror.

A relação entre Riad e Teerão nas últimas

décadas tem sido fértil em altos e baixos.

A Reuters recordava o facto de as relações

terem também chegado a um ponto de quase

não retorno em 1987 quando 402 peregrinos,

275 dos quais iranianos, morreram durante

confrontos na cidade de Meca. Ou a

aproximação em 1999, quando o então

Presidente Muhammad Khatami foi recebido

na Arábia Saudita, interrompendo um clima

de tensão que vinha desde a revolução

islâmica de 1979, culminando com a assinatura

de um pacto de segurança em 2001.

Nesta montanha-russa diplomática,

as relações voltaram a azedar com o

acordo nuclear que os EUA fi rmaram

com Teerão e com o levantamento das

sanções económicas que Riad diz que

servirá para libertar fundos que o Irão

canalizará para expandir a sua infl uência

na região. Curiosamente, os últimos

sinais de diplomacia entre Riad e Teerão

até foram positivos, com representantes

dos dois países a reunirem-se pela

primeira vez em Dezembro em Viena

para tentar servir de intermediários para

um encontro entre a oposição síria e

representantes de Bashar al-Assad. Ficou

acordado um calendário de transição.

O Irão, tal como a Rússia, tem sido

o principal aliado do Presidente sírio

(membro da minoria alauita, uma seita

xiita), enquanto a Arábia Saudita tem

apoiado grupos rebeldes que combatem

Assad. Mas só o facto de Riad ter começado

a escolher alguns representantes dos

rebeldes e das milícias que poderiam

participar num hipotético diálogo

diplomático foi visto por Teerão como

uma traição, já que, ao escolherem os

interlocutores, os sauditas estariam já a

acautelar e a transferir a sua infl uência para

a Síria do pós-guerra. Enquanto isso, os

sírios, há cinco anos em guerra, olham para

o dito calendário e desesperam.

Vai manter-se o silêncio?

Péssimas notícias para um início

de ano as que hoje encontrei no

PÚBLICO, relativas ao Acordo

Ortográfi co de 1990:

1. “Sobem para 215 milhões os

falantes de português a usar o

Acordo Ortográfi co”, da Lusa, com

esta nota por baixo da imagem

que “ilustra” o texto: “O Acordo já

tem o processo de implementação

‘fi nalizado’ em Portugal, onde

entrou em vigor a 13 de Maio

de 2015, apesar da oposição de

grupos da sociedade civil.”

2. “Acordo entra hoje em vigor

no Brasil depois de três anos de

polémica.”

E eu pergunto aos portugueses,

se é que ainda há disso por

aí: vai manter-se o silêncio

que tão bem tem servido os

interesses dos defensores do

AO90, designadamente os da

indústria editorial? Essa gangrena

As cartas destinadas a esta secção

devem indicar o nome e a morada

do autor, bem como um número

telefónico de contacto. O PÚBLICO

reserva-se o direito de seleccionar

e eventualmente reduzir os textos

não solicitados e não prestará

informação postal sobre eles.

Email: [email protected]

Contactos do provedor do Leitor

Email: [email protected]

Telefone: 210 111 000

que cresce por todo o lado,

com particular e inaceitável

visibilidade no domínio do Ensino

— básico, secundário e superior —,

a maior vergonha nacional desde

que estamos em democracia,

vai acabar por impor-se? E não

se ouve praticamente ninguém,

desde que a voz incansável e

vibrante de Vasco Graça Moura se

calou para sempre?!

Será que vamos ter mais uma

campanha eleitoral, agora para

a Presidência da República, a

ignorar ostensivamente este tema,

com a habitual conivência dos

media? Os que lutaram contra

a ditadura, a PIDE, a censura, a

guerra colonial, e que conduziram

Portugal à democracia, mereciam

esta indignidade, esta cúmplice

passividade, esta cobarde

aceitação, perante o maior

atentado alguma vez perpetrado

contra a nossa língua materna?

Termino com a expressão do

meu sincero reconhecimento

ao PÚBLICO, pela verticalidade

com que se tem mantido fi el ao

Português de Portugal.

Maria José Abranches Gonçalves

dos Santos, Lagos

Obrigado ao PÚBLICO

Não fi caria de bem com a minha

consciência se no último dia deste

ano de 2015, em jeito de balanço,

não partilhasse com os restantes

leitores a minha relação com

este jornal. Embora sem partido

político, serei um conservador

com preocupações sociais. Nunca

votei em qualquer partido à

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

esquerda do PSD-PPD. Nem em

nenhuma personalidade política

da mesma área de esquerda para

Presidente da República. Feita

a declaração de interesses, falta

explicar a minha dedicação e

o meu respeito pelo PÚBLICO,

sua direcção e redacção. Estas

que claramente não são, nem

nunca foram, de direita, são

no entanto independentes

de partidos, não obedecem a

nenhuma agenda especial. À sua

maneira, procuram escrever o

que pensam da realidade nacional

e internacional. É assim que

determinados artigos que venho

escrevinhando ao longo de muitos

anos, “politicamente incorrectos”,

foram dados à estampa no

“nosso” jornal. Bem hajam por

isso, faço votos que em 2016

continuem, e que o grupo Sonae,

continue a apoiar a liberdade de

imprensa em Portugal.

Manuel Martins, Cascais

Page 44: Jornal Público 2016-01-05

44 | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

O PSD no novo ciclo

1. A simples passagem do PSD e do

CDS à oposição, mesmo tendo

vencido as eleições com maioria

relativa, representaria sempre

e inevitavelmente o começo de

um novo ciclo para ambos os

partidos. Mas é evidente que

o entendimento do PS com a

esquerda radical para a formação

de um Governo minoritário

com um suporte parlamentar — ainda que

vulnerável e intermitente, como já se vai

vendo — consubstancia uma mudança de

outro fôlego. Uma mudança que não cabe

naquilo a que habitualmente se chama

um “novo ciclo”, pois esse satisfar-se-ia

apenas com a ideia de simples alternância.

A união das esquerdas, mesmo que

incongruente e volátil — suspeito até que

precária e provisória —, implica que os

partidos do centro e da direita repensem

cuidadosamente o seu posicionamento

estratégico. Este clima de alteração

profunda do magma político português

acaba, aliás, de ser coroado pela saída

de Paulo Portas da liderança do CDS.

Também essa saída se apresenta como um

repto a todo o espectro político que vai

do centro-esquerda ao centro-direita e à

direita. Quer se queira, quer não, Paulo

Portas era uma das constantes da equação

político-partidária. A sua saída — mesmo

que contemple a altamente provável

possibilidade de um regresso no médio ou

longo prazo — modifi ca substantivamente

a paisagem partidária no espaço que vai do

centro-esquerda à direita e isso não pode

deixar de ser tido em conta.

2. Qualquer que fosse o rumo que o CDS

tivesse tomado, com ou sem alteração

de liderança, a verdade é que o PSD e

o CDS tinham já necessidade estrita de

repensarem a sua estratégia e, bem assim,

a sua agenda. Mas com a saída de cena

de Paulo Portas, o reposicionamento

estratégico do PSD torna-se absolutamente

imprescindível. Com efeito, o CDS, pelo

simples câmbio de liderança, já aparecerá

de algum modo equipado para um novo

quadro político e partidário. Importa

sublinhar que o reposicionamento do

PSD — que já por mais do que uma vez

foi sinalizado — não signifi ca, de modo

nenhum, o abandono dos “activos

estratégicos” adquiridos durante os anos

do ajustamento. É fundamental saber

equilibrar e dosear esses activos — muito

centrados na ideia de credibilidade

fi nanceira e de responsabilidade

orçamental — com uma nova agenda

reformista. O PSD tem de continuar a ser o

guardião da responsabilidade orçamental,

o garante de que o país não volta a pisar os

umbrais da bancarrota e da falência. Mas

não pode, em caso algum, quedar-se por aí,

mumifi car-se nesse discurso e nessa atitude.

Tem de ousar, como dizem os brasileiros,

uma pauta reformista. Uma agenda que

seja capaz de constituir uma alternativa ao

imobilismo e à paralisia que o Governo do

PS vai acabar por protagonizar. Na verdade,

entalado como está pelo conservadorismo

e até reaccionarismo da esquerda radical,

o Governo Costa não terá condições de pôr

em marcha qualquer projecto reformista.

Fará decerto, como já tem feito e prometeu

fazer, a reversão de medidas tomadas

no passado no contexto do programa de

resgate; a sua agenda nunca será reformista,

será apenas e só “reversionista”. O PSD

tem de se constituir como alternativa, tem

de se “reinventar”

como a opção à

“política negativa”

de mera reversão

e aniquilação que

o PS e a extrema-

esquerda vão

corporizar.

3. Muitos

perguntarão em que

deve traduzir-se esse

reposicionamento

e essa adopção

de uma pauta ou

agenda reformista.

Antes do mais,

deve traduzir-

se num balanço,

num exercício de

análise das políticas

prosseguidas

entre 2011 e 2015.

Assumindo os

inegáveis êxitos

e fazendo deles

critérios de

actuação política

futura. Mas

registando também as falhas e debilidades,

procurando estabelecer uma agenda que

possa colmatá-las. Na esteira do activo de

credibilidade que distingue a governação

liderada pelo PSD, deve mesmo fazer-se um

balanço sério dos últimos anos.

Sem querer antecipar-me a um

exercício que deve ser (também) colectivo

e incentivado e produzido dentro do

próprio partido, não surpreenderá

ninguém dizer que a reforma do Estado,

enquanto tal, fi cou aquém do esperado e

do necessário. Muito sintomaticamente

esse foi um encargo que esteve nos ombros

de Paulo Portas e de que ele se saiu muito

sofrivelmente. Seja como for, essa era

uma responsabilidade global do Governo

Paulo Portas. As suas invulgares qualidades políticas justificariam sempre um registo, mas o modo inteligente como apresenta a sua saída da cena activa revela mestria e deixa créditos para o futuro…

Governo polaco. Depois da limitação de competências do Tribunal Constitucional, aparece agora o cerceamento da comunicação social. Um caminho que levanta as maiores reservas quanto às intenções do novo Governo

e, por isso, deve ser encarada de frente

pelo PSD. Ser capaz de apresentar uma

agenda que, com indicação apurada de

metas e de meios, modernize e racionalize

a administração central; remodele e altere

a administração territorial; estabilize e

economize a administração institucional

e empresarial. Este desígnio já estava, em

algum grau, patente no organigrama do

Governo da coligação saído das eleições

de Outubro. Trata-se agora de pôr as

ideias no papel, de lhes encontrar a base

política e de as converter numa bandeira

de Governo. Sem esta intenção reformista,

neste como noutros domínios — mas ainda

mais neste do que em outros —, o PSD não

sairá diferenciado nem distinto do partido

que salvou Portugal da bancarrota de 2011.

O que, sendo meritório, já é politicamente

longínquo e não se afi gura mobilizador.

4. Para esta tarefa delicada e ingente,

é também necessário renovar o pessoal

político e ser capaz de atrair mais gente

da sociedade civil. É já uma banalidade

dizer ou escrever isto, mas nem por

isso a banalidade deixa de reproduzir

uma verdade. Manter a capacidade de

recrutamento e de atracção de gente

que pensa bem e que sabe fazer é

absolutamente crucial para enfrentar o

desafi o da geração de uma alternativa

mobilizadora ao Governo minoritário PS

com o apoio oscilante da extrema-esquerda.

Ao PSD, por muita razão (moral e política)

que tenha, não basta a força da inércia.

Mais até: a inércia não é nem será boa

conselheira.

Eurodeputado (PSD). Escreve à terç[email protected]

ENRIC VIVES-RUBIO

Ao PSD, por muita razão (moral e política) que tenha, não basta a força da inércia. Mais até: a inércia não é nem será boa conselheira

Paulo RangelPalavra e Poder

Page 45: Jornal Público 2016-01-05

PÚBLICO, TER 5 JAN 2016 | 45

BARTOON LUÍS AFONSO

O governo de gestão e o negócio da TAP

Estipula a Constituição que,

“após a demissão, o governo

limitar-se-á à prática dos actos

estritamente necessários para

assegurar a gestão de negócios

públicos”. Como a privatização

da TAP foi concluída por um

governo de gestão, perante tal

circunstancialismo, uns dizem

que esse Governo não tinha

legitimidade, nem competência para tal,

enquanto outros alegam estarmos perante

um negócio para o qual o Governo tinha os

necessários poderes.

O Governo é um órgão autónomo de

soberania com competência específi ca, ou

seja, com competência política, legislativa

e administrativa (cf. arts. 197-199.º da

Constituição da República Portuguesa).

Para o caso concreto, interessa-nos

determinar quais das três competências é

que um governo de gestão pode praticar.

Considerando uma delimitação “negativa”

das três funções, o governo de gestão não

pode praticar actos legislativos, nem as

designadas funções de actividade política

ou de governo, a não ser em casos em

que esses actos sejam absolutamente

necessários e inadiáveis. E quanto ao

exercício de funções administrativas?

Nem sempre é fácil distinguir “funções

de governo” e “funções administrativas”.

No entanto, a doutrina considera funções

de governo “as exercidas pelos órgãos

superiores do executivo e funções

administrativas as desempenhadas

pelos órgãos inferiores”. Esclareça-se,

porém, que um acto administrativo pode

transformar-se funcionalmente num

acto de governo, assim com um acto de

governo pode ser funcionalmente valorado

como tendo um simples signifi cado

administrativo.

Nem o diploma constitucional nem a

lei ordinária defi nem, concretamente, o

conceito de “gestão de negócios”, nem o

que seja “estritamente necessário”. Daí

que caiba à doutrina e à jurisprudência

a tarefa de defi nir esses conceitos, em

atenção à fi nalidade que o governo de

gestão se propõe nas suas funções, com

capacidade substancialmente diminuída.

Assim, o conceito de “estrita necessidade”

pressupõe, por um lado, uma importância

signifi cativa dos interesses em causa, de

tal modo que a sua omissão afectaria, de

forma relevante, a gestão dos negócios

públicos. Por outro lado, importa que o

acto seja inadiável, isto é, impossibilitado

de, sem grave prejuízo, deixar a resolução

do assunto para o novo governo.

Do exposto, é possível concluir que,

embora a norma constitucional não

estabeleça nenhum limite quanto à

natureza dos actos a praticar, podem ser

praticados actos de qualquer tipo, ponto é

que qualquer que seja a sua natureza, eles

sejam estritamente necessários.

Como se vê, o Governo, nestas

circunstâncias, tem funções de gestão

muito limitadas, com escassos poderes

de administração diária e corrente, salvo

os casos, como se disse, absolutamente

excepcionais e inadiáveis.

Ora, se o governo de gestão só pode

praticar os actos que sejam estritamente

indispensáveis para assegurar os negócios

públicos, não pode participar na outorga

de contratos para os quais não tem

legitimidade constitucional, quando esses

contratos ultrapassam o simples carácter

administrativo, para constituir um acto

de estratégia política, como acontece

com a TAP. Ao encerrar a privatização

da TAP, o governo de gestão não podia

ignorar que com esse acto iria limitar,

signifi cativamente, os poderes de decisão

política do futuro (actual) governo, uma

vez que este já tinha anunciado que iria

manter o Estado na maioria do capital da

transportadora, fazendo dela uma bandeira

do Estado português. Deste modo, o

negócio da TAP, subjacente a um mero acto

administrativo, constitui um verdadeiro

acto político para

o qual o governo

de gestão não tinha

competência, salvo

se os seus titulares

demonstrassem aos

portugueses duas

causas justifi cativas:

1. Que a

importância

signifi cativa dos

interesses em causa

eram de tal modo

que a sua omissão

afectaria, de forma

irremediável, a

gestão dos negócios

públicos.

2. Que a conclusão

do negócio era

inadiável, ou

seja, que existia a

impossibilidade de,

sem grave prejuízo,

deixar a resolução

do assunto para o

novo governo.

Fora destes

casos, é possível pensar que a precipitada

conclusão do negócio da TAP, utilizado

como arremesso político, teve por fi m

criar um embaraço ao novo Governo, que

tomaria posse decorridos alguns dias.

Juiz desembargador jubilado

Por impossibilidade do autor, a crónica de José Vítor Malheiros não se publica hoje

É possível pensar que a precipitada conclusão do negócio da TAP, utilizado como arremesso político, teve por fim criar um embaraço ao novo Governo

Caso contrário

O bife que eu tinha pedido

mal passado aparece-me tão

bem passado que se diria ter

sido atropelado por um rolo

compressor numa estrada

de asfalto em brasa. Quando

protesto, o compère informa-

me que é tradição da casa (que

existe há dois meses) passar

bem os bifes, por causa das

“reclamações, sobretudo de estrangeiros”.

Depois aproximou-se de mim, em pose de

confi dência, e segredou-me: “Quando for

assim, peça para falar comigo primeiro...”

Quando lhe respondi que estava a falar

com ele agora, ele corrigiu-me: “Não, não,

antes de pedir o bife...” Não se ofereceu

para trocar o bife. Mas como a carne era má

também já tinha perdido toda a esperança

e vontade de almoçar. O que me fi cou foi o

“quando for assim”. É uma manobra verbal

de grande proveito e versatilidade. Cada vez

que qualquer coisa corre mal, o português

engenhoso, em vez de se prontifi car

a emendar o infortúnio (o que o faria

entrar em trabalhos e despesas), remete a

solução para um futuro próximo. Na versão

extrema, que acaba por ser a subentendida,

aquilo que quer dizer é “quando for assim,

vá antes a outro restaurante”. Um que me

ature, por exemplo.

Numa farmácia recusam-se a trocar uma

pomada por um creme. “Mas eu pedi em

creme”, lembro. O bom conselho não se

faz esperar: “Quando for assim, o melhor é

verifi car enquanto ainda está na farmácia.

Caso contrário...” Quando for assim é o

“quando fores grande” dos já crescidos:

uma perpétua frustração que tem remédio

mas que não nos dão.

Miguel Esteves CardosoAinda ontem

Debate PrivatizaçõesNarciso Machado

PAULO RICCA

Page 46: Jornal Público 2016-01-05

46 | PÚBLICO, TER 5 JAN 2016

PEDRO ARMESTRE/AFP

Tanto mau costume, e em tempo avesso

Um CDS renovado

Era assim — “(...) tanto mau

costume, e em tempo avesso”

— que o poeta André Falcão

de Resende descrevia a época

desvairada que tinha produzido,

apesar de tudo, um génio como

o seu amigo Luís de Camões. Não

devemos pois fi car demasiado

desassossegados com as crises

e malfeitorias que agora vemos,

porque talvez não sejam tão excepcionais

na história como isso (o século XVI também

não foi caso único). Preocupemo-nos sim

com a amplitude e a dimensão da desgraça

e da criminalidade que grassa pela Europa.

Não só não aprendemos com a história,

como também os sistemas em que vivemos

se vão dotando de uma perversidade

crescente, que só diminui quando colapsam

na fornalha da próxima revolução.

O conceito moderno de “cidadão”

apareceu com a revolução francesa. A

soberania passou a residir no povo e não

num monarca. O que havia antes eram

“súbditos” e “servos”. É a ideia de soberania

popular que defi ne politicamente a esquerda

desde o seu nascimento. Foi em França,

igualmente no século das “luzes”, que a frase

“laissez faire, laissez passer” foi inventada,

promovendo um modelo “liberal” para

a estrutura e funções da actividade

económica. O capitalismo absorveu bem

o choque da revolução e adaptou-se com

profi ciência às novas condições de vida

em sociedade. De facto, transformou-se e

robusteceu-se. Como explica Karl Polanyi

em A Grande Transformação, a economia,

que desde sempre esteve imersa na rede das

relações sociais, passou a partir de então a

comandar a vida social pelo que as relações

sociais passaram a estar incorporadas no

sistema económico.

Apoiado em regimes parlamentares, o

capitalismo foi-se apoderando habilmente

do sistema-mundo económico e portanto

de toda a sociedade. Conseguiu com êxito

durante os últimos cento e cinquenta

anos compatibilizar a igualdade política

(indispensável para legitimar a liquidação

dos privilégios senhoriais bem como a

abolição da escravatura) com a desigualdade

económica — inerente ao modo de

acumulação capitalista. As constituições

dos nossos Estados-nação defendem

tanto os direitos do cidadão como os da

propriedade. Nada disto foi obra do acaso.

Claro que apenas foi possível gerir estas

práticas antagónicas porque houve um

sustentado crescimento da riqueza gerada.

A expansão colonial europeia ajudou.

A estabilidade dos sistemas nacionais

repousou ainda sobre a existência de

uma classe média em alargamento, apta

a alternar o seu voto entre dois grandes

No início histórico de um novo

ciclo político, andou muito bem

Paulo Portas ao anunciar de

forma clara e simples que não

se recandidata à presidência

do CDS, subentendendo-se que

também irá renunciar ao lugar

de deputado.

Muito para lá das explicações

cínicas e tacticistas do costume

(do poder pelo poder), julgo que Paulo

Portas intuiu correctamente ser este um

tempo de urgência, um tempo de política e

de militância, um tempo da reconfi guração

do partido.

Para isso era indispensável uma nova

liderança e novas equipas, que pudessem

atrair mentes e corações e mobilizassem

adesões.

O CDS não pode realmente voltar a ser

o partido da bússola — à procura do ponto

cardeal rigorosamente neutro onde possa

estar o poder.

Num momento de opressivo

individualismo e relativismo, o CDS tem de

saber pensar e fazer política para pôr esta

ao serviço das pessoas — de todas as pessoas

— e do bem comum.

Para que isso possa acontecer, antes de

mais nada, o CDS tem de se conhecer e de

se conhecer bem. Saber quem é e o que

pensa de si e do seu posicionamento no

espectro político-ideológico e partidário

nacional.

O ponto de partida

da reconfi guração

do CDS não pode,

portanto, deixar de

ser o seu programa,

a sua história e

a sua estrutura

constitutiva de

princípios e valores

democratas-cristãos.

Não tem assim

razão Adolfo

Mesquita Nunes

quando estabelece

uma dicotomia

aparente e falsa

entre debate

ideológico (supostamente desnecessário) e

propostas concretas.

Porque o CDS nunca foi, nem muito

menos pode ser, um partido efi cientista

e ideologicamente neutro neste tempo

baço e difuso de um pós-modernismo

essencialmente materialista e niilista.

Para ser sério, o debate da escolha de

uma nova liderança para o CDS tem de ter

esta questão prévia — que é fundamental —

obrigatoriamente em conta.

Advogado, conselheiro nacional do CDS

partidos do centro

político, um mais

à esquerda, outro

mais à direita,

consoante as

vicissitudes das

conjunturas interna

e externa.

Mas nem tudo

foram rosas

neste último

século e meio.

Os movimentos

reivindicativos de

melhores condições

de vida para as

populações e para

a generalidade dos

trabalhadores foram

uma constante,

embora com várias

intensidades e

calibres. Surgiram

várias esquerdas, herdeiras de experiências

históricas específi cas; travaram-se duas

guerras terríveis em solo europeu;

ocorreram revoluções na Rússia e na China;

as nações europeias foram forçadas a

descolonizar; o centro do sistema-mundo

moveu-se do Reino Unido para os Estados

Unidos da América; o capitalismo fi nanceiro

tomou as rédeas do Estado e lançou-se na

globalização; as desigualdades não pararam

de aumentar.

As crises que tiveram origem nos

Estados Unidos e assolaram a Europa neste

século são o resultado das disfunções do

capitalismo fi nanceiro “informacional” (e da

sua ânsia de acumulação infi nita de capital)

como ordenador do mundo. A desagregação

dos poderes do Estado favorecida pela

globalização facilitou a mescla do trigo

com o joio. As consequências estão à vista:

escândalos fi nanceiros em catadupa;

paraísos fi scais que servem para branquear

operações fraudulentas; administrações

nacionais infi ltradas pela corrupção. Basta,

estamos fartos!

No meio da desconfi ança generalizada

que daqui resultou só por milagre o produto

A turbulência que campeia pela Europa é o prenúncio das revoltas que estão por eclodirpor eclodir

O CDS não pode voltar a ser o partido da bússola

mundial poderia voltar a crescer tal como

no século XX. As deslocalizações que

benefi ciaram o capital fi nanceiro destruíram

ao mesmo tempo muito do capital humano

do ocidente. O nível de desemprego

aumentou. E a ideologia neoliberal

da competitividade e do crescimento

é claramente incapaz de reduzir o

desemprego a curto prazo.

Daí a indignação contra as políticas de

austeridade: porquê reduzir o Estado-

providência precisamente quando a

situação económica geral piorou? E por

que razão só os mais ricos fi cam mais

ricos? Quando parte da população cruza

o limiar da pobreza, uma considerável

fracção da classe média é arrastada para

níveis próximos dela. Perde-se assim o

estabilizador do regime — a maioria que

disputava o “centro” — o que faz com o que

o sistema político se torne caótico. Num

recente artigo (no site do Centro Fernand

Braudel), Immanuel Wallerstein discorre

sobre as consequências desta deriva para os

sistemas eleitorais de hoje.

A turbulência que campeia pela Europa

é o prenúncio das revoltas que estão por

eclodir. É tempo de avisarmos os nossos

concidadãos, tal como Thomas Mann,

em Aviso à Europa (1937): “Em todo o

humanismo há um elemento de fraqueza

que vem da sua repugnância por qualquer

fanatismo, da sua tolerância, e da sua

inclinação para um cepticismo indulgente,

numa palavra, da sua bondade natural.

Mas isso pode, em certas circunstâncias,

tornar-se fatal. Aquilo de que nós teríamos

necessidade, hoje, seria de um humanismo

militante, um humanismo que afi rmasse a

sua virilidade e que estivesse convencido de

que os princípios da liberdade, da tolerância

e do livre arbítrio não têm o direito de

se deixar explorar pelo fanatismo sem

vergonha dos seus inimigos.”

De todos os seus inimigos, os de dentro

e os de fora. O tempo está avesso mas é

o nosso. É neste tempo que se desenha o

futuro. Bom Ano Novo!

Professor universitário, físico

Debate Crises e cidadania Debate Partidos políticosJoão Caraça Miguel Alvim

Page 47: Jornal Público 2016-01-05

PÚBLICO, TER 5 JAN 2016 | 47

DR

Shakespeare Vive

Em 2016, passam 400 anos

sobre a morte de William

Shakespeare. Esta é não só uma

oportunidade para comemorar

um dos maiores dramaturgos de

todos os tempos, mas também

um momento para celebrar

a extraordinária e contínua

infl uência de um homem que

— recorrendo à sua própria

descrição de Júlio César — “cavalga, amigo,

o mundo estreito como um outro Colosso.”

O legado de Shakespeare não tem

paralelo: as suas obras traduzidas para

mais de 100 línguas e estudadas por mais

de metade dos alunos em todo o mundo.

Como disse um dos seus contemporâneos,

Ben Jonson: “Shakespeare não é para uma

idade, é para sempre.” Vive hoje na nossa

língua, na nossa cultura e sociedade — e

através da sua infl uência duradoura sobre

o ensino.

Shakespeare teve um papel decisivo na

evolução do Inglês moderno, contribuindo

para que se tornasse a principal língua

mundial. O primeiro grande dicionário,

compilado por Samuel Johnson, inspirou-se

mais em Shakespeare do que em qualquer

outro escritor. Três mil novas palavras e

frases apareceram pela primeira vez em

papel em peças de Shakespeare. Lembro-

me, da minha própria infância, como

encontrei muitas delas pela primeira

vez em Henrique V. Palavras como

dishearten, divest, addiction, motionless,

leapfrog — e expressões como “once more

unto the breach”, “band of brothers” e

“heart of gold” — passaram a fazer parte

da nossa língua sem precisarem hoje

de nenhuma referência ao contexto

em que são proferidas. Shakespeare foi

também pioneiro do uso inovador da

forma gramatical e da estrutura — como o

verso sem rimas, superlativos e a ligação

de palavras existentes para criar novas

palavras, como bloodstained — enquanto

o destaque das suas peças contribuiu

também muito para harmonizar a

ortografi a e a gramática.

Mas a infl uência de Shakespeare é

sentida muito para lá da língua inglesa.

As suas palavras, os seus enredos e as

suas personagens continuam a inspirar

grandemente a nossa cultura e sociedade.

Nelson Mandela, enquanto prisioneiro

na ilha de Robben, inspirava-se numa

citação de Júlio César: “Os cobardes

morrem várias vezes antes da sua

morte. O homem corajoso experimenta

a morte apenas uma vez.” O poema

My Shakespeare de Kate Tempest capta

a presença eterna de Shakespeare,

quando escreve que Shakespeare “está

em todos os apaixonados que já fi caram

sozinhos debaixo de uma janela, em cada

palavra sussurrada com ciúme e em cada

fantasma que não

irá descansar.”

A infl uência de

Shakespeare está

em toda parte, de

Dickens e Goethe a

Tchaikovsky, Verdi

e Brahms; de West

Side Story a Hamlet

— inspirou o título

da obra de Agatha

Christie A Ratoeira

— a produção

actualmente há

mais tempo em

palco no West

End de Londres.

E as suas obras

originais continuam

a atrair milhões

de pessoas — das

salas das escolas

às infi ndáveis fi las

que se formam para

comprar os últimos

bilhetes para ver

Benedict Cumberbatch no papel de Hamlet

no Barbican em Londres no último ano.

Mas talvez um dos legados mais

excitantes de Shakespeare seja a sua

capacidade de educar. Como podemos

testemunhar pelo trabalho de proximidade

da Royal Shakespeare Company e do

Shakespeare’s Globe e de pioneiras

instituições de solidariedade britânicas

Tribuna Quarto centenárioDavid Cameron

como o Shakespeare Schools Festival,

estudar e interpretar Shakespeare podem

ajudar a melhorar os níveis de literacia,

confi ança e aproveitamento escolar.

Assim, neste dia 5 de Janeiro, noite de

Reis, e durante todos os dias ao longo

de 2016, o Reino Unido convida-os a que

se juntem a nós na celebração da vida e

do legado de William Shakespeare. Hoje

lançamos a campanha Shakespeare Lives

— um estimulante programa global de

actividades e eventos para destacar a sua

duradoura infl uência e globalizar o uso de

Shakespeare como recurso educacional

para melhorar os níveis de literacia em

todo o mundo.

O projecto, do British Council e da

campanha GREAT, estará disponível em

mais de setenta países. Qualquer um

pode partilhar o seu momento preferido

de Shakespeare nas redes sociais, assistir

a representações nunca antes vistas em

palco, fi lme e online, visitar exposições,

participar em workshops e debates e aceder

a novos recursos educacionais sobre

Shakespeare para se familiarizar com a

língua inglesa.

A Royal Shakespeare Company fará uma

digressão pela China; o Shakespeare’s

Globe vai actuar um pouco por todo o

mundo, do Iraque à Dinamarca. Jovens vão

“reconstruir” Shakespeare no Zimbabwe.

Uma campanha nas redes sociais chamada

Play Your Part vai convidar a próxima

geração de talentos a produzir as suas

próprias homenagens ao “Bardo”. E,

em parceria com a instituição britânica

Voluntary Services Overseas, vamos

promover campanhas de sensibilização

para o enorme desafi o que representa o

iliteracia infantil global e usar Shakespeare

para aumentar as oportunidades

educacionais para estas crianças.

Para lá do enorme contributo para a

nossa língua, de dar vida à nossa história,

da sua infl uência na nossa cultura e da

sua capacidade de educar, contamos com

a imensa capacidade de Shakespeare

para inspirar. Da mais famosa história

de amor à maior das tragédias, da fi cção

mais poderosa à mais divertida comédia e

dos discursos mais memoráveis das suas

mais lendárias personagens, em William

Shakespeare temos um homem cuja

esmagadora imaginação, criatividade sem

limites e instinto para captar a natureza

humana engloba toda a experiência

humana como ninguém o fez. Nem antes

nem depois dele.

Sendo assim, seja de que forma for,

junte-se a nós em 2016 nesta oportunidade

única de celebrar a vida e o legado deste

homem e de fazer como ele mesmo dizia,

que “todo o mundo é um palco”, e que,

verdadeiramente, através do seu legado,

Shakespeare Vive.

Primeiro-ministro britânico

O Reino Unido convida-os a que se juntem a nós na celebração da vida e do legado de William Shakespeare

Page 48: Jornal Público 2016-01-05

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PUBLICIDADE

ESCRITO NA PEDRA

“Toda a pessoa normal se sente tentada, de vez em quando, a cuspir nas mãos, içar a bandeira negra e sair por aí cortando gargantas” Henry Louis Mencken (1880-1956), escritor norte-americano

TER 5 JAN 2015

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Registados mais de 5000 nomes diferentes em 2015 para recém-nascidos p12

Francês substitui Rafael Benítez como treinador do Real Madrid p40/41

Em Portugal, e com números fi nais por apurar, 2015 é já ano de recuperação p30

No país da Maria e do João, Luana e Diego ganham terreno

Florentino escolheu Zidane, o “galáctico” sem experiência

O cinema nunca fez tanto dinheiro em todo o mundo

Lotaria clássica

6 1 8 7 7

1.200.000€1.º Prémio

SOBE E DESCE

Ruben Faria

Correu bem ao piloto nacional aquela que, na verdade, foi a primeira

etapa do Dakar 2016. Depois do bom desempenho no prólogo, Faria esteve em destaque no terreno, onde lutou até ao fim pelo triunfo. O australiano Toby Price lidera, mas o motard português está apenas a dois segundos e mostrou, sobretudo, que estará em condições de lutar pela vitória na prova. (Pág. 42)

François Hollande

Adivinhavam-se os perigos que podiam resultar do projecto

francês para retirar a nacionalidade a cidadãos com dupla nacionalidade que sejam condenados por crimes de terrorismo, e eles aí estão. Já há quem queira ir mais longe na revisão constitucional

do que o Governo do Presidente Hollande: membros do seu partido já falam em aplicar essa medida

também aos que não possuem outra nacionalidade para além da francesa, o que viola normas jurídicas do país e tratados internacionais como a Declaração Universal dos Direitos do Homem. (Pág. 22)

Galp

A Galp viu confirmada, pelo Tribunal da Concorrência de

Santarém, a condenação por práticas anticoncorrenciais no mercado de gás de botija. Em causa estão cláusulas ilegais em contratos entre Petrogal, Galp Madeira e Galp Açores e distribuidores. Mas

o tribunal qualificou a actuação da Galp “como negligência quase grosseira, ainda que não como dolo”, e reduziu para 4,1 milhões de euros a coima de 9,29 milhões que lhe tinha sido aplicada pela Autoridade da Concorrência. (Pág. 19)

Rafael Benítez

Foi curta a passagem do treinador pelo Real Madrid — apenas sete

meses —, vítima dos maus resultados e das exibições que não se aceitam num clube que quer ganhar tudo. A saída tornou-se ontem realidade após o empate na véspera, resultado que não servia para a permanência de Benítez. Para substituí-lo, o presidente do Real arriscou: chamou Zidane, que foi um grande jogador mas é uma incógnita como treinador. (Pág. 40)Jornalista

[email protected]

O RESPEITINHO NÃO É BONITO

O homem que falhou de mais

Cavaco Silva optou por ser

consensual, esperançoso,

banal e chato na sua última

mensagem ao país. Não

houve temas fracturantes

nem cotoveladas, apenas

manifestações de “profundo amor

a Portugal”, a batida retórica da

“identidade universalista” que “deu

novos mundos ao mundo” (bocejo),

o elogio chapa cinco aos “jovens

cientistas”, e um louvor — esse, sim,

mais original —, “aos portugueses

que estão a fazer Portugal”, ao

contrário dos portugueses que

andaram a desfazer Portugal,

entre os quais é difícil não incluir

o próprio Cavaco. Aliás, a forma

como no Ano Novo tentou

incutir esperança à pátria com o

entusiasmo de um cangalheiro é

uma boa metáfora do seu legado.

Difi cilmente a História será

generosa para com Cavaco Silva:

os seus dez anos como Presidente

da República são um rotundo

fracasso. Foi com ele em Belém que

a troika chegou a Portugal, foi com

ele em Belém que quatro bancos

faliram (BPN, BPP, BES e Banif ) e

foi com ele em Belém que o Partido

Socialista chegou ao Governo após

uma das maiores derrotas da sua

história, através de uma simulação

João Miguel Tavares

de acordo de entendimento que

Cavaco aceitou, e cuja admirável

solidez lhe permitiu resistir de

26 de Novembro de 2015 (data

da tomada de posse de António

Costa) a 23 de Dezembro de 2015

(data da aprovação do Orçamento

Rectifi cativo com a oposição de

toda a esquerda). Menos de um

mês, portanto.

Cavaco foi lento a compreender

o país à sua volta (demorou muito

a perceber o perigo que Sócrates

representava e a catástrofe que

se seguiria); quando fi nalmente o

compreendeu, nem sempre agiu

da melhor forma (foi incapaz de

travar a espiral de endividamento

que acabou por conduzir o país

à bancarrota ou de pôr fi m aos

instintos controleiros de Sócrates,

conseguindo o prodígio de lhe

oferecer o papel de vítima no

caso das escutas de Belém), e

das poucas vezes que percebeu o

caminho certo e agiu da maneira

mais correcta raramente conseguiu

impor a sua vontade (assim

aconteceu no Verão de 2013, com

a crise do “irrevogável” e o falhado

pacto de regime, assim voltou

a acontecer após as eleições de

Outubro, onde andou a discursar

grosso para acabar a assinar

fi ninho). Cavaco falhou até nas

duas vezes em que teve razão.

Claro que para todos estes

acontecimentos poder-

se-á argumentar que a

responsabilidade não é de

Cavaco, porque não era primeiro-

ministro, nem banqueiro, nem

líder partidário . Está certo. Mas o

cargo de Presidente da República

existe — se é apenas para exibir

impotência, há políticos mais

fotogénicos e com melhor dicção.

A verdade é que a “magistratura

de infl uência” de Cavaco não se

viu. E dá-se este paradoxo: tendo

ele uma visão minimalista das

funções presidenciais, acabou por

ser sob a sua vigilância que o cargo

desceu a níveis de desprestígio

inéditos. Não me recordo de

algum dia alguém ter dito de

Eanes, de Soares ou de Sampaio

aquilo que José Manuel Pureza,

vice-presidente do Parlamento,

disse do discurso de Cavaco: “A

novidade desta mensagem de Ano

Novo do Presidente da República

é ser a última.” Esta frase

extraordinariamente deselegante

fi ca muito mal a Pureza, mas

não vi ninguém sair em defesa

de Cavaco. E não é por acaso. A

esquerda acha que ele foi sectário,

a direita acha que foi passivo,

e o povo acha, e bem, que ele

cochilou durante o turno. Soares

queria ser o Presidente de todos

os portugueses. Cavaco acaba o

mandato sendo o Presidente de

nenhum.

Cavaco falhou até nas duas vezes em que teve razão

Todos os sábados em publico.pt/planisfericoAs histórias, as curiosidades e os campeonatos periféricos do futebol

PLANISFÉRICO: À VOLTA DO MUNDO NUMA BOLA DE FUTEBOL

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