jornal ponte velha - janeiro 2012

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RESENDE E ITATIAIA - JANEIRO DE 2012 Nº 189 . ANO 17 - JORNAL MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA [email protected] www.pontevelha.com Morre Dodô, a mãe, no tempo em que a cidade era uma família E mais: A rua Dutra, que liga ex-cidades / A República resendense de Vichy / E quando as montadoras forem para a China e a África em busca de mão de obra mais barata? / A Descrimina- lização da Maconha / Os Conselhos de um Competente Corretor de Fazendas Antigas / O Futuro e a Belo Monte 4 / A memória de Jorge Jayme / Medo dentro de um Porão em Santo Antônio do Rio Grande

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Jornal Ponte Velha - Edição de Janeiro de 2012

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Page 1: Jornal Ponte Velha - Janeiro 2012

RESENDE E ITATIAIA - JANEIRO DE 2012Nº 189 . ANO 17 - JORNAL MENSAL

DISTRIBUIÇÃO [email protected]

www.pontevelha.com

Morre Dodô, a mãe, no tempo em que a cidade

era uma família

E mais:

A rua Dutra, que liga ex-cidades / A República resendense de Vichy /

E quando as montadoras forem para a China e a África em busca de mão de

obra mais barata? / A Descrimina-lização da Maconha / Os Conselhos

de um Competente Corretor de Fazendas Antigas / O Futuro e a

Belo Monte 4 / A memória de Jorge Jayme / Medo dentro de

um Porão em Santo Antônio do Rio Grande

Page 2: Jornal Ponte Velha - Janeiro 2012

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2 - O Ponte Velha - Janeiro de 2012

P O L I T I C Á L Y ACabo Euclides e Professor Silva1 - O DOMÍNIO DO PODER

EXECUTIVO EM RESENDE DE 1947 A 2011

1.1 - O RODRIGUISM0 – 1947 a 1966 - edição de dez/11

1.2 - O ROCHISMO - 1967 a 1976 1.2.1 - AARÃO SOARES DA ROCHA - Para mostrar a origem do “rochismo”, uma das facções dominantes do Poder Executivo em Resende, temos que voltar a 1933, ano no qual o Engenheiro Agrônomo Aarão Soares da Rocha (1910-1995+) elegeu-se Vereador, pela UDN, com mandato de 1934 a 1937. A UDN caracterizava-se por ferrenha oposição a Getúlio Vargas, líder maior do PTB. A Revolução de 1964 não deixou espaço para PTB e UDN, pois, como se sabe, extinguiu o pluri-partidarismo, permitindo apenas o bipartidarismo, representando pela Arena (depois PDS) e pelo MDB (depois PMDB). Depois de atuar no Legislativo, Aarão preparou-se para ser o Prefeito de Resende: 6 anos como Diretor da Coopera-tiva Agropecuária de Resende; 5 como Provedor da Santa Casa de Misericórdia; 13 na Presidência da Associação Rural de Resende, e 4 anos como Presidente do Sin-dicato Rural. Tinha bom transito com os militares e com a cúpula da Arena no Estado do Rio, o que o tornou o comandante natural da situação aqui em Resende, no início da Revolução de 1964. Aarão se elegeu Prefeito em novembro de 1966, para o mandato de 1967 a 1970, derrotando o MDB, que concorreu com Noel de Oliveira e de Noel de Carvalho. Naquele tempo, os Noéis eram “amigos para sempre”. Noel de Oliveira teve mais votos do que Aarão, porém a legenda total da Arena foi maior, o que contou para Aarão ser eleito. O “rochismo” sucedeu ao “rodriguismo” e sepultou, proviso-riamente, o “carvalhismo” que já se aflorara com o Augusto de Carva-lho, de 1955 a 1958 (como vice Prefeito) e de 1959 a 1962 como Prefeito, pelo PTB. Aarão já entrou com sorte. A distribuição do ICMS passou a ter uma parte diretamente

para as Prefeituras, multiplicando em muito o orçamento da cidade. Independentemente da sorte, Aarão fez uma administração austera e competente, transformando a cidade para melhor, conseguindo eleger como seu sucessor José Marco Pineschi, mandato de 1971 a 1972, e retornando, como prefeito, no mandato de 1973 a 1976. Aarão foi um dos melhores Prefeitos que Resende já teve, e a zona rural da cidade até hoje não encontrou outro igual.

ROCHISTAS DE DESTAQUE: 1.2.2 - JOSÉ MARCO PINES-CHI (1922 a 2010+) - Sucessor de Aarão. Em 2 anos, Pineschi se firmou como um dos melhores Prefeitos que Resende já teve.

1.2.3 - PEDRO BRAILE NETO (1905 - 1971+) - Jornalista. Vice-Prefeito de Aarão, em seu primeiro mandato, de 1967 a 1970.

1.2.4 - DR. VIRGILIO ALVES DINIZ - Médico, ex-Vereador (1967 a 1970 - 1973 a 1976) pela Arena. Presidente da Câmara em 1970, 1973 e 1974. Vice-Prefeito de José Marco Pineschi, em 1971 e 1972. Exerce a medicina e atua na direção de seus negócios, no Hospital Samer e no Plano de Saúde Plamer.

1.2.5 - JOÃO LUIZ GOMES - Advogado e professor de Educação Física. Vereador em 1971 e 1972. Presidente da Câmara em 1972. Vice-Prefeito do Aarão, de 1973 a 1976. Executivo de comprovada competência, é Diretor do Plamer.

1.2.6 - ALCEU VILELA PAIVA - Militar e Engenheiro, foi Secretário de Obras nos governos de Aarão e de Pineschi, disponibi-lizando suas seriedade e competên-cia em prol do desenvolvimento da cidade.

1.2.7 - LUCAS NEVES COR-DEIRO - Secretário Geral e depois Chefe de Gabinete, durante todo o “rochismo”. O Dr. Lucas ainda advoga em nossa Comarca, dignifi-cando a classe com suas competên-

cia e postura ética. 1.2.8 - TERCIO DE CASTRO

ROCHA - Mesmo sem cargo, o Oficial do Exército Tercio, genro do Aarão, prestou inestimáveis serviços para o rochismo e para Resende. Reformou-se como Coronel.

2) POLÍTICOS INFLUENTES DE RESENDE, JÁ TESTADOS NAS URNAS: Desta vez, vamos falar dos cinco candidatos (com domicilio eleitoral em Resende) mais votados aqui, na eleição de 2010, a saber: 1º - Noel de Car-valho – PMDB – 21.476 votos (35,33%); 2º - Pedra – PV – 12.198 votos (20,06%); 3º - Dr. Julianelli – PSB – 9.241 votos (15,2%); 4º - Noel de Oliveira – PDT – 6.485 votos (10,66%); 5º - Hélio Moura – PR – 4.058 votos (6,67%). Noel de Carvalho será, ao que tudo indica, candidato a Prefeito. O segundo e terceiro colocados – Pedra e Julianelli – são cotados até para candidatos a Prefeito. Pedra, atualmente, está no PDT e Julia-nelli continua no PSB. Porém, os partidos destes demonstram fortes tendências de continuar na base do Governo Rechuan, o que descar-taria suas candidaturas a Prefeito. Assim, se Oliveira resolver não ser novamente candidato a vice, o PDT poderá indicar Pedra, ou a candida-tura a vice poderá se deslocar para o PSB, e este indicar o Julianelli. Hélio Moura, com uma campanha curta, amadora e de custo reduzido, mostrou que tem potencial polí-tico, já que seus votos não vieram de dobradinhas, nem do Governo. Feliz do grupo que contar com o seu apoio. O Helinho está quieto como um passarinho na muda.

O PT vem aí, com Rogério Coutinho, bacharel em Direito e diligente servidor público muni-cipal. Candidato a Vereador em 1996 e em 2000, obteve 300 e 347 votos, respectivamente. Candidato a Deputado Estadual, em 1994, pelo PT, conseguiu 1.385 votos

em Resende. Para Prefeito, o partido não tem alcançado um bom resultado: Em 1996 - 7,1%, com Álvaro Brito; em 2000 - 12,07%, coligação com Laureano, do PT do B; em 2004 - 13,48%, com João Alberto Stagi, e em 2008, 6,46%, novamente com Stagi. Desta vez, porém, além do apoio da Dilma, terá apoio do Ministro Luiz Sérgio e de Inês Pandeló, cotada para uma Secretaria com status de Ministé-rio. E do senador Lindemberg. A disputa entre Rechuan e Noel de Carvalho vai depender muito do desempenho do PT, que, agora, certamente não será um mero figurante. Na política, assim como no cinema, não se trabalha apenas com protagonistas. Muitas vezes, um bom coadjuvante salva o filme. Esta é uma das opções do Noel de Carvalho: conseguir um bom coadjuvante, de fora de sua base política habitual. O Carvalho, em seus piores momentos eleitorais, ainda alcançou 35% dos votos de Resende. A primeira vez, em 1996, contra o Eduardo Mehoas (58% dos votos), Noel teve 17.318 votos, ou 35% dos válidos. Agora, em 2010, Noel teve 21.476 votos aqui, ou seja, 35% dos votos válidos. Ou seja, mesmo em baixa ele chega aos 35%, o que pode ser potencia-lizado com um bom marketing. Com um coadjuvante tipo Michael Caine, pode ser que o Noel con-quiste mais uma estatueta.

3) NOTÍCIAS ATUAIS COM REFLEXOS NAS ELEIÇÕES DE 2012: MAESTRO PC – Função espinhosa, a de maestro. Reger sempre é difícil, principalmente quando a orquestra é cheia de virtu-oses, como o PSB resendense. O Paulo César, todavia, vai aparando uma aresta ali, outra aqui ... e segue produzindo boa música. Na próxima eleição, o resultado cer-tamente demonstrará o que temos falado aqui.

O SONHO DE RESENDE SE TORNAR UM ENORME POMAR

– Dá gosto de ver, nesta época do ano, o pessoal se fartando de mangas ... e de graça. Graças ao Osvaldo Ribeiro Teixeira, que no governo Noel de Oliveir plantou centenas de mangueiras às margens do Paraíba. Essa prática de plantar frutíferas tinha que continuar, pre-ferentemente com espécies nativas. Que tal transformar a cidade em um imenso pomar? Quem sabe o Dr. Miguelzinho Osama compra a idéia? Afinal, Agricultura é a arte de cultivar a terra. Se precisar, a gente pede para o Rubinho ou para o Totonho.

PDT RESENDENSE - Mais do que nunca, o partido está prepa-rado para continuar com o vice do Rechuan. Se o Oliveira não quiser continuar, além do Pedra, o partido ainda tem o Totonho Paiva e o Roque.

RODÍZIOS DE CC’S - Como não cabem todos na Prefeitura, ao mesmo tempo, o Prefeito resolveu que às terças e quintas trabalham os ligados ao grupo que o elegeu. Às segundas, quartas e sextas, os adesistas batem ponto.

VIVA CIDADE - Show de bola, o boletim informativo de Resende. Não é à toa que os dicio-nários registram que vivacidade é sinônimo de esperteza.

PETISTAS HISTÓRICOS - Atendendo pedidos, publicamos a comissão diretora completa do PT resendense, fundado em maio de 1983. Presidente: José Fernando Stelzer. Demais membros: Luis Carlos Alves da Silva, Marcio Prado de Carvalho, Nivaldo Nas-cimento Silva e Paulo Machado, conforme registrado no livro Crônica dos Duzentos de Resende, publicado pela ARDHIS - Acade-mia Resendense de História.

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de todos os espaços, todos os silêncios, toda nossa baldia alegria .

Aqui, o vazio é político, preenchido por tecnocratas e aprendizes de feiticeiro. Enquanto se discute sobre a sigla que a Região das Agulhas Negras ostentará com o novo pólo automotivo (uma delas seria “PIOR”), crescem as externalidades negativas, o passivo ambiental e o risco social. Os prefeitos eleitos em 2012 precisarão de políticas sábias e de muita conversa para prevenir o PIOR. Só es-colas e leis não bastam para evitar a anunciada “matança dos inocentes”.

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Janeiro de 2012 - O Ponte Velha - 3

1) “Se essa rua fosse minha, eu mandava ladrilhar...”, mas não é. A Via Dutra tornou-se uma avenida ligando ex-cidades que estão se tornando periferias do Rio e São Paulo. O progresso automotivo estaciona no pátio vazio do processo local de consolidação de valores e sua prote-ção jurídica. Inexistem, a maturidade política e a respon-sabilidade social que deveriam fazer o ajustamento da Região das Agulhas Negras a maiores populações e maior complexidade.

Nada contra o santo capitalismo de cada dia. O pro-blema é a cegueira política. Até para um filósofo, o “pólo automotivo” que se desenha representa uma sobrecarga de utilização dos espaços públicos que exigiria planejar-se infra-estrutura, fazer investimentos ou combinar contra-partidas... Como sempre, o equipamento urbano de uso específico das mega-empresas já foi feito, em cima do já precário de uso comum. O resto é resto.

Se o conceito de Região das Agulhas Negras ficar só na abstração e artifício retórico, sem densidade política e sentido social, daremos adeus à qualidade de vida. Ninguém hoje mais vive só em sua cidade. Como toda injustiça, a produção de “periferias” comprometerá a paz da região. E onde estarão os políticos responsáveis pelo milagre do desenvolvimento daqui a uma década? Fatu-rando uma UPP do Médio Vale do Paraíba?

2) Cabe uma digressão. Para enfrentar o problema

que já bate às portas, de nada adiantará esse fundamenta-lismo dos “direitos humanos” que tudo espera da escola e das leis. Simplista achar, por exemplo, que a violência provém do uso de armas e não vice-versa. Uma lei do de-sarmamento não tornará a sociedade mais pacífica. Uma ação não é justa porque sua forma ideal está escrita, mas deve estar regulamentada porque é justa. É verdadeira antes de virar regra. Desde Antígona e Creonte já sabemos disso.

O defeito de todo fundamentalismo é querer medir a riquíssima realidade prática com a régua pobre da teoria: as normas de reta conduta não estariam na Bíblia (ou no Corão) porque são verdadeiras... mas seriam verdadeiras por estarem no Livro. Daí a fazer interpretações literais e agir radicalmente é um pulinho. Ou declará-las falsas sumariamente porque “obscuras”, outro pulinho; dessa vez para o fundamentalismo liberal, tão cego quanto.

Os crentes no dogma democrático-liberal juram que a justiça se fundamenta na Constituição, “Livro sagrado” que legitimaria a cidadania. Assim, os “brasileirinhos” aprendem que é verdadeira até a mentira que está em

Uma rua chamada Dutra

seus manuais, e que só “existem” depois do registro civil. Cumprirão, talvez, a pequena ordem literal, incapazes de crescer para a liberdade da grande ordem real, que exige pensamento e participação mais que virtual.

3) Há mais filosofia no jornalismo do que se pensa. A própria disputa em torno da regulamentação profissional e da exigência do diploma para exercer o ofício esbarra em filosofemas e filosofadas. Uma dessas questões é a da arte de combinar-se o preto com o branco, o texto com os espaços vazios. Aliás não tão vazios assim, pois significam arejamento, pausa, possibilidade e tudo quanto de ócio pode tornar a vida humana digna desse título.

Ao contrário, a Natureza tem horror ao vácuo. O vazio natural é violento, apolítico, irracionalmente incansável. Quando algum doido resolve aplicar as regras da Natureza no mundo humano, costuma exercitar tal impossibilidade como utopia, e via de regra promove o preenchimento

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Se o conceito de Região das Agulhas Negras ficar só na abstração e arti-fício retórico, sem densidade políti-ca e sentido social, daremos adeus à qualidade de vida. Ninguém hoje mais vive só em sua cidade. Como toda injustiça, a produção de “perife-rias” comprometerá a paz da região. E onde estarão os políticos respon-sáveis pelo milagre do desenvolvi-mento daqui a uma déca-da? Faturando uma UPP do Médio Vale do Paraíba?

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4 - O Ponte Velha - Janeiro de 2012

Já é quase consenso que não existe mais time bobo no futebol. Que o diga o Internacional de Porto Alegre, que perdeu para aquele time africano cujo goleiro tinha um motorzinho na bunda. O Corinthyans também foi vítima recente de um desses ex-bobos. Sem contar o Flamengo, que caiu de quatro, dentro do Engenhão, para um até então pouco expres-sivo time chileno. E na política, ainda existe eleitor bobo? No Pará, por exemplo, eles ainda existem, mas já fazem parte da minoria. O “NÃO”, dado à divisão do estado, deixou isso bem claro.

Analisando o jornal de pro-paganda política do governo Rechuan, distribuído no final do ano passado, tive dois sentimentos imediatos: o governo Rechuan, apesar dos esforços para manter a cidade com boa aparência, não está à altura dos desafios que Resende terá pela frente; segundo, os propa-gandistas do governo devem estar achando que o eleitor de Resende é bobo. O problema maior não é o que foi publicado, mas como foi publicado, além das inconcebíveis omissões.

No que foi publicado, por que o governo não deixa claro o que foi feito com verba do município e o que foi feito com verba estadual e federal. Assim, seria mais fácil para o eleitor e cidadão de Resende saber onde e como estão sendo aplicados nossos recursos. O nome disso é transparência. O governo do estado, por exemplo, investiu muito em todos os municípios fluminen-ses, independentemente da colo-ração partidária dos prefeitos. Em Resende, não foi diferente. Mérito do governador Sergio Cabral. Onde e como foram aplicados os recur-

Não Existe mais Time Bobo no FutebolE na Política? Ainda Existe Eleitor Bobo?

sos municipais para neutralizar o forte impacto social, ambiental e econômico que Resende tem pela frente? Esta é a pergunta que não quer calar.

O prefeito Rechuan disse, na cerimônia de lançamento do “conselhão”, que Resende terá, nos próximos oito anos, a sua população aumentada em mais 80.000 habitantes. Isso, apenas em conseqüência da vinda da Nissan. Resende levou 200 anos para atingir uma população de 100.000 habitantes. Em uma única década, esta população será o dobro. Isso é assustador.

Há cerca de cinco anos já era sabido que Resende receberia uma montadora japonesa. A dúvida era se seria Toyota ou Nissan. Vieram duas: a Nissan e a sul coreana Hyunday. Ou você acha que todos os impactos decorrentes da instala-ção da Hyunday serão absorvidos apenas por Itatiaia? É certo que não. O local da festa da Hyunday é Itatiaia, mas quem irá pagar a conta é Resende. Sem infra-estrutura e com 20,6% da sua população vivendo em favelas (IBGE/2010) a situação de Itatiaia não permite ainda que esses novos moradores se acomodem por lá.

Enquanto a população em favelas cresceu, entre 2000 e 2010, 36,7% na região metropolitana do estado, no interior este crescimento foi de 121%. O exemplo mais recente, a não ser seguido, é o de Macaé. Nos últimos dez anos a população de Macaé, vivendo em favelas, aumentou 70%, conse-qüência de um crescimento cruel e desconectado com os princípios da sustentabilidade.

E quando e petróleo deixar de ser alternativa viável? E quando as

montadoras da Região das Agulhas Negras deixarem a região em busca da mão de obra barata da China e da África? Isso não foi objeto das ações citadas no jornal de propa-ganda do prefeito Rechuan.

Neste ano teremos eleições para prefeito. Muitos do que irão tentar a reeleição irão bater naquela velha e surrada tecla: “não fiz tudo aquilo que prometi porque estava arrumando a casa”. Não é verdade? Arrumando a casa, invariavel-mente, é criando novos “cômodos” para abrigar os novos moradores (cabos eleitorais); realizando ações eleitoreiras, e não fazendo aquilo que deveria efetivamente ter sido realizado: preparar a cidade para a avalanche de novos moradores que estão chegando. Nada temos contra esses que estão chegando de fora (também sou da turma dos de fora), mas apenas queremos que eles vivam em uma cidade que sabe preservar a sustentabilidade social, ambiental e econômica. Fora disso, não é desenvolvimento, mas apenas anarquia.

Eliel de Assis Queiroz

Pra ajudar os meus poucos mas fieis leitores a entenderem a minha coluna desse mês e do próximo, peço licença pra dar uma pequena aula de história. Quem sabe me corrija, quem não sabe aprende.

A República de Vichy foi o governo francês estabelecido durante a ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial.

Hitler havia ocupado o norte da França e o Centro sul daquele país era chamado de França Livre. Ocorre que ela era livre simplesmente porque tinha um governo instalado. Mas mantinha toda a política de perseguição aos judeus, homossexuais e ciganos do nazismo, praticada pela ´polícia francesa sob a tutela da Gestapo.

Eram franceses arrivistas que, com sede de poder, na primeira chance, passaram para o lado “vencedor”, os nazistas e do poder se beneficiaram até sua raiz. Só não contavam com o movimento que surgiu nas sombras, que foi a resistência francesa. O resto da história todos conhecem.

Estamos vivendo uma espécie de República de Vichy aqui em Re-sende. Não que esteja chamando as pessoas que conquistaram o poder de nazistas, longe disso. Ao contrário. A vitória deles foi legítima e democrá-tica, conquistada nas urnas, e não sei de nenhuma prática discriminatória desse governo.

Mas então o que a República de Vichy tem a ver com tudo isso?Falo dos traíras que aderirem, logo que puderam, ao novo governo.

Gente que gozava da intimidade e do prestígio do governo do Silvinho e do Noel de Carvalho e que na primeira “janela”, passou sem a menor vergonha para o lado de lá. Essa gente, em sua maioria, se tivesse vivido na época da ocupação nazista na “França Livre”, estariam na primeira fila pra saudar o ditador. Heil Hitler.

Lembrei da fábula do sapo e do escorpião: Uma vez, um escorpião precisava atravessar um lago e pediu ajuda à um sapo. “Sapo, deixa eu subir na suas costas e me ajuda a atravessar o lago”. Tá maluco, se eu deixar você me ferroa e eu morro”, respondeu o sapo. “Deixa de ser burro, se eu te picar nós dois morremos afogados”. Pensando nisso, o sapo deixou o escorpião subir nas suas costas. No meio da travessia, o escorpião foi e “crau”, cravou o ferrão no sapo. Atordoado, quese se afogando osapo ainda teve forças para reclamar: “mas escorpião, você me picou e vamos os dois morrermos... e o escorpião respondeu: “não posso fazer nada, faz parte da minha índole.

Elegia à Traição I

A República de Vichy

Ô Rechuan, devolve o dinheiro aí, rapaz... Um

milhão e trezentos que o TCE tá cobrando...

E escreve pra gente explicando a parada

José Leon

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Janeiro de 2012 - O Ponte Velha - 5

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A Descriminalização da MaconhaA entrada em cena dos ex-

-presidentes FHC e Vicent Fox, do Brasil e do México, defenden-do a legalização da maconha, deu mais racionalidade a questão da liberação ou proibição das drogas em geral. A discussão vinha ficando muito apaixonada pela questão da violência associa-da ao tráfico de drogas.

Vivi por cinco anos em Viena, onde pude observar o comportamento dos jovens e da sociedade com relação ao tema. Na Europa não há uma violência tão evidente associada ao tráfico, muito menos grupos armados para defender ou estabelecer o ponto de venda.

Na Áustria a erva é plantada em casa, em vasos, no quintal. Não é crime ou contravenção, plantar, portar ou consumir. Se a quantidade revelar comércio é crime, mas só nesse caso. Não tenho dados estatísticos ou ofi-ciais, mas o que me falavam por lá, é que não existia mais tráfico intercontinental de maconha. A população produzia seus pró-prios baseados.

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Enquanto isso no Brasil a disputa por pontos de venda de drogas continua provocando mortes, desagregando famílias, gerando violência sem fim. A Polícia às vezes faz grandes apre-ensões, mas expõe um formidável número de policiais a ações corruptoras, e sabidamente um número razoável deles sucumbe

a tentações milionárias. Nada, absolutamente nada, vai provocar uma derrota no tráfico tão deses-tabilizante quanto a liberação do porte, uso e plantio de pequenas quantidades de maconha.

O tráfico vive da ilicitude. É a proibição que eleva o preço, aguça a vontade de vender pra ganhar muito e até compensar as apreensões. Faço um exercício, traçando um cenário simples, pra mostrar o que digo. Suponha que o álcool, droga que provoca um estrago muito maior na socie-dade, fosse proibido. O preço de uma garrafa de pinga ou de cerveja passaria a custar de 10 a 15 vezes mais no mercado negro. Quem estivesse produzindo e vendendo ia ficar muito rico. Pra se manter teria de construir redes de segurança, comprar autorida-des, e se tornar dono dos pontos de venda de uma região, com a

tendência sempre de se expandir. Para isso ia se armar, incitando um comércio paralelo e ilícito por armas. Não é a produção que garante o tráfi-co, mas sim o consu-mo. Se existir quem quiser comprar, vai haver o produto.

As guerras de facções por pontos de venda tornar-se--iam constantes nas fronteiras de expan-são de cada organiza-ção. Al Capone era traficante de whiskey; foi preso por sone-gação do imposto de

renda, mas o crime centrado em Chicago foi derrotado ou minimizado com a liberação da venda de bebida alcoólica.

Hoje uma parcela significa-tiva de jovens faz uso da maco-

José Roberto Paiva

nha e, a semelhança de muitos usuários de bebida alcoólica, continuam tendo vidas normais, produtivas e seguindo e progre-dindo nos estudos. A repressão ao jovem usuário, que não co-mete crime, revela o caráter de maus policiais, que se aprovei-tam para abusar da autoridade com violência ou ainda com extorsão, trabalhando na contra-mão da formação de cidadãos que passam a temer, mas não a respeitar a polícia.

A liberação da maconha, além de desestruturar o tráfico, facilitaria o combate ao tráfico das drogas mais pesadas e que provocam, essas sim, a desa-gregação da consciência e dos conceitos de moral, amor ao próximo e solidariedade, que é o que faz com que a vida valha tão pouco para os que se tornam escravos de seu uso.

Se descriminalizasse, o jovem brasileiro povoaria

o campo

consorciando com arroz, feijão e milho

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6 - O Ponte Velha - Janeiro de 2012

Na década de 50 Resende ainda era uma pequena cidade do interior. Para os lados de onde hoje é a Alegria, a área urbana ia só até o começo do Manejo, e para o outro lado acabava em Campos Elíseos. Uma cidade provinciana, com seus prós e con-tras (se por um lado é ruim saber da vida de todo mundo, por outro isso aproxima as pessoas, humaniza as relações, não deixa ninguém padecendo sem uma mão amiga). E se a gente pensa na Resende desse tempo como uma cidade/família, a mãe sem dúvida é Dodô - Dolores Sabadini Duarte. Do balcão do Bar Atlântico (o famoso “Bar da Dodô”) ela foi, ao lado do seu querido Murilo, a anfitriã da cidade e dos visitantes. Guardava as biciletas que os meninos - hoje resendenses ilustres - deixavam na rua; escutava com prazer até de madrugada o pessoal da música que se reunia no piano que ela mantinha no fundo do estabelecimento; mantinha um livro com as assinaturas dos visitantes ilustres que passavam pela cidade. E ninguém

vinha a Resende sem ir ao bar da Dodô. Ali também se reuniam os políticos, ali se armava o carnaval. Nesse tempo a área da Praça da Matriz era o ponto mais movimentado da cidade, notadamente da noite da cidade. Foram 33 anos da Bar Atlântico. Em 1984 Dodô fechou o bar. Não conseguiu tocá-lo sem o companheiro Murilo. Viveu os últimos anos numa casinha modesta do Jardim Brasília I, onde, há seis anos, nos concedeu essa entrevista. Publicamos, coordenado à entrevsta, um artigo de Celina Whately sobe a Dodô.

PONTE: Você é resendense, Dodô? DODÔ: Eu nasci em Porto Real. Meu pai era filho de

um casal de italianos que veio na colonização do final do século XIX. Minha mãe era de Bananal. Mas com 12 anos eu já vim morar em Resende. Casei aos 17 com o Murilo Duarte. Eu já era noiva dele desde os 14 anos.

PONTE: Você teve outras atividades antes de ser dona do famoso Bar Atlântico, o Bar da Dodô?

DODÔ: Desde que eu casei eu trabalhei em bar. Mesmo quando eu era solteira eu tomava conta do bar que o Murilo já tinha no Manejo para ele ir ao centro da cidade fazer compras, pagar a coletoria, essas coisas. Eu ficava no bar com o meu irmão mais velho. O Murilo era só cinco anos mais velho que eu, mas teve bar desde muito moço.

PONTE: Este bar do Manejo ficava onde?DODÔ: Ficava perto daquele colégio Oliveira Bote-

lho. A cidade acabava por ali. Quando nós casamos ele vendeu o bar no Manejo e veio aqui para a rodoviária. Aquele bar ali perto da Frumoni foi nosso. Parece que chamava Bar Oquei. Acho que ainda existe lá, não é? Depois é que nós fomos para o Bar Atlântico, acho que em 1952, e lá ficamos 33 anos.Teve um concurso para escolher o nome do bar. Quem ganhou foi o Serafim Bas-tos, que hoje é despachante, ele que deu a sugestão de Bar Atlântico. Era um ponto alugado. Ali nós tínhamos restau-rante, e todo mundo falava que era a melhor feijoada de Resende. Tínhamos também uma caipirinha famosa, feita com limão escolhido; caipiuva, muito gostosa; a empada também, de camarão e de galinha, saía muito.

PONTE: A feijoada era aos sábados?DODÔ: Não, era às quintas-feiras. Tinha via-

jante que telefonava para a gente guardar a feijoa-da, às vezes até para vir comer no dia seguinte. Era uma beleza, a gente vendia muita feijoada, o dia inteiro. E o preço era bom, naquele tempo...

PONTE: Como era o movimento ali?DODÔ: Era muito grande. Nos anos 50 o

CCRR não era onde é hoje, era em frente ao nosso bar, onde hoje é aquela galeria do ex-cinema Ode-on, só que a entrada era pela rua XV de Novembro, a rua da Câmara. E onde é a Câmara era um outro clube chamado Agulhas Negras. Ali era o ponto. A

gente ficava aberto até às duas horas da madrugada. Fica-va muita gente dentro do bar e também na rua. O pessoal bebia e não tinha negócio de quebrar nada. Eles bebiam e deixavam os copos na calçada, nas beiradas, tudo direiti-nho, e mais tarde, quando acabava o movimento e eles iam para o CC, a gente ia lá e recolhia todos os copos. Esse movimento maior era mais sexta e sábado. Domingo ia até 10 horas mais ou menos. Hoje morreu aquilo ali, acabou.

PONTE; Você deve ter acompanhado muitos jovens que

hoje são importantes na cidade.DODÔ: Dr. Niquinho, Dr. Edinobá... Os três irmãos

do Niquinho saíam de bicicleta de noite, largavam as biciletas lá na rua e eu que guardava; no dia seguinte eles vinham buscar... Dr. Fernando... (Fernando Rodrigues), os meninos até ficavam com ciúmes do Dr. Fernando por-que eles iam lanchar lá à noite e diziam que eu capricha-va no sanduíche do Dr. Fernando, deixava sobrar o queijo, parecia que o sanduiche era mais vantajoso e os outros

tinham ciumes... Dr. Fleming, filho do Dr. Sebastião Moreira Neto.... Muitos deles cuidam de mim hoje.

PONTE: O resendense considerava o seu bar um pouco como a extensão da casa dele. As pessoas iam lá para se encontrar e ficavam à vontade. Eu acho que você tinha muito prazer nisso, em receber, em ser uma especie de mãe de uma grande família.

DODÔ: Lá foi sempre bem frequentado. Namorados, noivos, casais... Quanta gente ia lá só para tomar uma cai-pirinha... O Costa Lobo, que foi um grande médico em

Resende, ia todo final de semana com a senhora dele tomar uma caipirinha. Tempo bom, tudo era muito bom... E, depois, o Murilo, meu marido, era muito calmo. Era um tempo de muito respeito, não era como hoje.

PONTE: O Bloco das Piranhas começou lá...

DODÔ: Começou lá. Mas era um bloco sadio.

PONTE: Dodô, eu estou vendo aqui num exemplar do jornal “Imprensa Livre”de uns 10 anos atrás, numa reportagem sobre você, um depoimento do Tita, que faleceu recentemente, dizendo que ele, o Zamba, o Tirripa e outros boêmios ficavam tocando piano até de madrugada no teu bar.

DODÔ: Pois é, tinha um piano lá no fundo e o pes-soal da música se reunia lá. Era um ponto de encontro,

Histórias do Tempo em que Resende era uma Família e tinha Mãe

Nos anos 50 o CCRR não era onde é hoje, era em frente ao nosso bar, onde hoje é aquela galeria do ex-cinema Odeon, só que a entrada era pela rua XV de Novembro, a rua da Câmara. E onde é a Câmara era um outro clube chamado Agulhas Negras. Ali era o ponto. A gente ficava aberto até às duas horas da madrugada.

(continua na página 7, após o encarte)

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Janeiro de 2012 - O Ponte Velha - 7

sabe, era isso o nosso bar. Até lembrava uma casa de famí-lia...Um dia eu estava distraida trabalhando quando bate-ram nas minhas costas. Eu olhei e era o coronel Travassos, que serviu na Academia mas já tinha ido com a família morar em outro estado. Era ele, todo uniformizado. Me pegou pelo braço e me levou na rua para a mulher dele, a dona Leontina, que estava no carro, me ver, porque fazia tempo que eles não me viam e ela queria me ver. Todo mundo na rua olhando, eu fiquei envergonhada.

PONTE: O bar de vocês foi uma espécie de cartão de vi-sitas da cidade. Inclusive era ponto de encontro de políticos e um dos primeiros lugares onde eles iam nas campanhas.

DODÔ: Todos os políticos que vinham a Resende iam lá. Eu conheci lá, por exemplo, o irmão do Badger, o

Roberto Silveira, que morreu num desastre de helicópte-ro. Muitos foram lá...

PONTE: Diz que o Juscelino esteve lá.DODÔ: O Juscelino não, o Jânio Quadros. Tomou

café lá, deixou a assinatura dele. Porque a gente tinha um livro de assinaturas do bar. Passou por lá muita gente boa: a Emilinha Borba, a Martha Rocha... (o livro tem também autógragos de João Goulart, Carlos Lacerda, Herbert Levy, Milton Campos, Adauto Lúcio Cardoso, Miro Teixeira, Chitãozinho e Xororó, Zezé de Carmargo e Nilton Santos, entre outros)

PONTE: Tem uma bonita foto do Augusto de Carvalho discursando no seu bar.

DODÔ: O Augusto era do PTB e me cha-mava de udenista rançosa, mas era brincan-do. Gostava de mim.

PONTE: Você devia gostar do Carlos Lacerda.

DODÔ: Gostava e conheci pessoalmente. Tem até autógrafo dele no livro, mas ele não

esteve no bar. Ele passou por Resende de trem e foi avisa-do que quem quisesse ve-lo fosse à estação. Eu entrei no trem e pedi que ele assinasse o livro. Até parece que estava lá também o Oswaldo Rodrigues.

PONTE: Você chegou a ser candidata a vereadora, certo?

DODÔ: Fui, pela UDN. Não ganhei porque teve um camarada que trabalhava para um adversário meu e parti-cipou da apuração, e ele pegava meus votos e jogava num rio lá no Penedo. Sumiu com meus votos. Mas não fiquei triste porque eu não gosto muito de política não...

PONTE: O que você gosta de fazer hoje, Dodô?DODÔ: Eu gosto de bordar, gosto de ler...PONTE: Você foi casada a vida toda com o Murilo.

Hoje as pessoas se separam muito. Você acha que se pode ser feliz casado com a mesma pessoa muito tempo?

DODÔ:No meu tempo você casava e casava mesmo. Hoje é outro tempo. Mas eu fui feliz, o Murilo foi muito bom marido, muito bom pai. Eu acho que se eu fosse viver de novo eu queria casar com ele outra vez.

PONTE: Tem alguma coisa que você gostaria de dizer?DODÔ: Não... Gosto muito dos meus amigos... Mas

está tudo sumido... Morrendo também...

Em dezembro do ano que passou Resende perdeu uma de suas grandes figuras humanas – Dolores Saba-dini Duarte, mais conhecida como Dodô. Durante 33 anos, de 1950 a 1983, ela comandou, junto com seu marido, Murilo, o grande amor de sua vida, o mais agitado “point” da noite resendense daquela época – o Bar Atlântico, na rua Cunha Ferreira, bem próximo à Praça Oliveira Botelho.

Como o bar ficasse quase em frente à Câmara Muni-cipal, os vereadores costumavam, após o término das sessões, continuar suas discussões tomando a inigualá-vel caipirinha que só a Dodô sabia fazer. Adversários políticos muitas vezes acabavam se reconciliando embalados pelo ambiente alegre e descontraído que envolvia o bar da Dodô.

Não havia político ou personalidade importante que, de passagem por Resende, não fosse conhecer a Dodô deixando em seu álbum de lembranças o autógrafo ou qualquer outra mensagem afetuosa. Dodô guardava como um troféu esse álbum com assinatura não só de artistas de radio, teatro, música, como Marivalda, Adonias Karan, Johny Alf, Vitor Assis Brasil, Naum Alves de Souza, como também de políticos de diferentes credos, como João Goulart, Milton Campos, Adauto Lucio Cardoso, Janio Quadros, entre outros.

Altamiro Pimenta e Macedo Miranda gostavam de filosofar, falar sobre literatura e jogar conversa fora em torno de uma mesa do bar .

No inicio da década de 1980 morei por algum tempo em frente ao bar Atlântico. Recém chegada do Rio de Janeiro, era editora do jornal A Lira e o pessoal da redação – Claudionor Rosa, Gilberto de Souza, Ricardo Cruz, mais conhecido como Saci , Gustavo Praça, entre outros, costumava se reunir na minha casa após o final do dia de trabalho. Eu era separada e tinha um filho pequeno e a Dodô, de inicio, me olhava meio atravessada quando aquela intrépida trupe invadia seu bar. Mas, aos poucos, fomos nos aproximando até ficarmos grandes amigas. Volta e meia ela mandava entregar na minha casa aquelas deliciosas empadinhas que só ela sabia fazer.

Na época do Carnaval, quando o desfile ainda era na Praça Oliveira Botelho, a “concentração” era em frente ao bar da Dodô. Componentes da Escola de Samba

Unidos do Manejo cruzavam com os rivais do Alto dos Passos, mas todos sob o controle do Murilo e da Dodô para que tudo corresse dentro dos “conforme”.

Durante o ano todo fazia-se música no piano do bar. Freqüen-tadores assíduos eram o Zamba, Tita, Tadeu Rachid, Zé Renato, Zé Vidão, entre outros.

Na década de 80 o falecimento do Murilo iria deixar a Dodô muito abalada, perdendo o ânimo para continuar à frente do bar que, em seguida, foi alugado para pessoas ligadas à cultura, mas nunca mais foi o mesmo.

Dodô bem merece que seu nome seja dado a alguma praça ou rua de Resende. Fica a sugestão e a saudade da Dodô.

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Page 12: Jornal Ponte Velha - Janeiro 2012

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8 - O Ponte Velha - Janeiro de 2012

O grupo Ação Penedo, na rede social Facebook, já possui quase 500 participantes. Nasceu há poucos meses inspirado no Ação

Resende e apontando as principais mazelas da loca-lidade. O tema do que seria uma nova emancipação de Penedo logo se tornou o eixo das conversas. A proposta é o retorno de Penedo para o município de Resende, tendo como prin-cipal argumento técnico o fato de que seus moradores nunca se manifestaram sobre a emancipação de Itatiaia votada em 1989 (tampouco votaram os eleitores de Maringá e Maromba).

Embora a decepção de boa parte dos moradores seja compreensível após tantos anos de emancipação e arrecadações vultu-osas, uma eventual volta para Resende não é, por si só, garantia de resolução dos pro-blemas. Aliás, problemas extremamente básicos... Incompatíveis com um destino turístico vizinho ao primeiro parque nacional do país, no meio do próspero eixo Rio-São Paulo.

Qualquer que seja o vínculo, o funda-mental é que a comunidade esteja sufi-cientemente organizada para garantir que o governo atue conforme os interesses dos moradores e as boas práticas de gestão. Existem diversos processos de planejamento participativo que tem este foco. O mais notório é a Agenda 21. A construção de uma agenda de desenvolvimento susten-tável para Penedo pode ser a meta comum que objetiva garantir uma governança efi-ciente e responsável, fundamentada numa visão de futuro estabelecida entre todos.

Assim, qualquer candidato ou gestor público teria como função implementar essa Agenda, sob controle social de um conselho representativo da sociedade. Nada mais de aventureiros ou salvadores da pátria.

A emancipação de Itatiaia contem erros históricos. Além da falta de direito ao voto por parte dos penedenses, a demarcação acentuou antiga confusão entre o rio das Pedras e o Rio Portinho. No mapa que organizou os distritos de todos os municí-

pios do Brasil, em 1939, a divisa distrital era no Rio das Pedras, antigamente chamado de Portinho. Mas este último é um pequeno contribuinte do primeiro. Pela boa norma da geografia, o nome de um rio corresponde ao seu curso principal, que é sempre seu percurso mais longo. Ou seja, pelo rigor da toponímia, toda a margem norte do Rio das Pedras pertence a Resende, o que implica no pior dos mundos, que é a divisão de Penedo entre dois municípios.

A estratégia para evitar a nefasta divisão foi estabelecer uma longa linha imaginária entre a nascente do pequenís-simo Rio Portinho e um longínquo marco no alto do Rio Pirapitinga. No entanto, é recomendável que esse tipo de limite acompanhe o divisor de águas, isto é, a linha de cumeada que segue pelo topo do relevo que separa as bacias hidrográficas dos rios das Pedras e Alambari, respectiva-mente em Penedo e Serrinha. Assim, não restariam dúvidas nem qualquer dificul-dade de localização da divisa e ainda se atenderia ao moderno conceito de gestão por bacia hidrográfica.

As discussões sobre a boa governança local tendem a se intensi-ficar, especialmente com a chegada do ano eleito-ral de 2012. É um bom momento para comprome-ter candidatos com uma Agenda 21 de Penedo e ainda buscar uma solução mais sólida para os limites do bairro, seja em Itatiaia ou Resende.

Governança sustentável para Penedo

Luis

Fel

ipe

Cesa

r

Na fila do supermercado, o caixa diz a uma senhora idosa:

- A senhora deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigáveis ao meio ambiente.

A senhora pede desculpas e diz: - Não havia essa onda verde no meu tempo. O empregado responde: - Esse é exatamente o nosso problema hoje,

minha senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com nosso meio ambiente.

- Você está certo - responde a velha senhora - nossa geração não se preocupou adequada-mente com o meio ambiente. Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterili-zadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.

Realmente não nos preocupamos com o meio ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.

Mas você está certo. Nós não nos preo-cupávamos com o meio ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.

Mas é verdade: não havia preocupação com o meio ambiente, naqueles dias. Naquela época só tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma

tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descar-tado como?

Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usamos jornal amassado para protegê-lo, não plastico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar. Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama, era utilizado um cortador de grama que exigia músculos. O exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade.

Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o meio ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando estáva-mos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos. Canetas: recarregávamos com tinta umas tantas vezes ao invés de comprar uma outra. Abandona-mos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos ‘descartáveis’ e poluentes só porque a lámina ficou sem corte.

Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou ônibus e os meninos iam em suas bici-cletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.

Então, não é risível que a atual geração fale tanto em meio ambiente, mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na minha época?

Na Fila do Supermercado

Page 13: Jornal Ponte Velha - Janeiro 2012

Janeiro de 2012 - O Ponte Velha - 9

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Jornalista responsável: Gustavo Praça de Carvalho

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Page 14: Jornal Ponte Velha - Janeiro 2012

Congresso rejeita proposta de construção de Belo Monte 4

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10 - O Ponte Velha - Janeiro de 2012

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Em um dia de trabalho tumul-tuado, com muitas discussões entre os parlamentares e manifes-tações ambientalistas na capital brasileira, o Congresso rejeitou, por uma diferença de apenas 28 votos, a proposta de construção da hidrelétrica Belo Monte 4. A série de hidrelétricas Belo Monte, Belo Monte 2 e Belo Monte 3, instala-das em três pontos da Amazônia, sendo a Belo Monte 3 em parceria

com a Venezuela, vêm causando polêmicas ao longo de mais de meio século no Brasil, quando já a primeira, Belo Monte, instalada no Rio Xingu (Pará), mostrou-se um fracasso em termos de produção de energia. Belo Monte 2, no Amapá, e Belo Monte 3, em Roraima (Estado adquirido recentemente pela China), também resultaram ineficientes e altamente custosas: no total das três usinas, foram

gastos ao longo dos anos mais de meio trilhão de Reais. Para o ambientalista Valdomiro Mendes, tataraneto do famoso líder serin-gueiro Chico Mendes, assassinado na década de 1980, é um absurdo que o país ainda gaste fortunas com a construção de usinas hidrelétricas na Amazônia, podendo optar pela energia solar, por exemplo, já que a instalação de tecnologia de células fotovoltaicas sofreu um enorme

barateamento ao longo das últimas décadas, chegando a resultar em uma economia de até 80% em relação à energia gerada pela força das águas. Mendes, entrevistado no último fim de semana pelo Ponte, disse que “a rejeição do Congresso foi uma vitória de toda a sociedade brasileira, que clama, há muito tempo, por soluções energéticas mais econômicas e ecológicas”. Ele lembrou também dos danos

ambientais causados pela constru-ção da série Belo Monte, principal-mente do alagamento de imensas áreas de florestas, bem como das perdas sociais, com o desloca-mento de milhares de famílias de suas comunidades de origem para conjuntos habitacionais do sul do Maranhão. A Fodai (Fundação de Orientação dos Ambientes Indígenas), que substitui a antiga Funai em 2020, estima que, com as doenças geradas no processo antes e depois das obras, mais de cinco mil índios tenham morrido. O presidente da Fodai, Murillo Cabral, que atualmente é acusado de envolvimento em um esquema de corrupção no Órgão, não quis conceder entrevista ao Ponte, mas, segundo o próprio Valdomiro Mendes, os dados da Fundação são seguros.

O Ponte visitou, no Maranhão, o local onde foram construídos os conjuntos habitacionais para receber as famílias deslocadas de suas residências originais. O que pôde ser visto foi um verdadeiro caos: muitos dos prédios sofrendo com falta d’água, a coleta de lixo não sendo realizada de forma regular, esgoto a céu aberto e, o que é pior, denúncias de prostituição infantil na área, haja vista o deses-pero das famílias ali instaladas que não encontram trabalho. Procurado pelo Ponte, o governador do Mara-nhão, Iuri Sarnavsky, também não quis conceder entrevista. Ele e sua família enfrentam um processo de desvio de verba pública no Estado para aquisição de vodca russa con-trabandeada, e, segundo o cientista político Marcus Botelho Pinto, Sar-navsky, descendente da união de uma antiga família poderosamente política no Estado e de refugiados chechenos, está prestes a perder o mandato. Pinto concorda com Valdomiro Mendes que a rejeição de Belo Monte 4 tenha sido uma vitória, mas alerta que ainda é cedo para os ambientalistas cantarem vitória, pois acredita que a Bancada Desenvolvimentista do Congresso continuará fazendo força para a aprovação de projetos considerados não-sustentáveis.

Rememorando 2065 Essa coluna trará as principais reportagens do ano em que se comemorou os 70 anos do Ponte

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Page 15: Jornal Ponte Velha - Janeiro 2012

defesa, fazia dupla com seu colega, Dr. Ernani Adalberto De Cunto. Os júris em que eles atuaram se tornaram memoráveis, verdadeiras aulas de Direito.

Também foi político. Verea-dor de 1951 a 1954, pelo PSD, sendo Presidente da Câmara em 1954. Secretário Geral do Município em 1956, depois Procurador Jurídico da Prefei-tura até 1985. Em Itatiaia, o Terminal Rodoviário se chama Jorge Miguel Jayme e aqui em Resende, o CIEP 347, no Bairro Toyota, e o Plenário da Câmara de Vereadores também levam o seu nome, demonstrando o grande apreço das cidades pelo nosso desta-que.

Jorge Jayme era um devo-rador de livros, o que o creden-ciou como uma das pessoas mais cultas de nossa região.

Entrevistado pelo Qui-

Janeiro de 2012 - O Ponte Velha - 11

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Seu carro agradece e seu paladar tambémCREDIBILIDADE

Esta invocação é uma Prece MundialExpressa verdades essenciais.

Não pertence a nenhuma religião, seita ou grupo em especial. Pertence a toda humanidade como

forma de ajudar a trazer a Luz Amor e a Boa Vontade para a Terra. Deve ser usada

frequentemente de maneira altruísta, atitude dedicada, amor puro e pensamento concentrado.

A Grande Invocação

Desde o ponto de Luz na Mente de Deus,que aflua Luz às mentes dos homens.

Que a Luz desça à Terra.

Desde o ponto de Amor no Coração de Deus, que aflua Amor aos corações dos homens.

Que aquele que vem volte à Terra.

Desde o Centro, onde a Vontade de Deus é conhecida, que o propósito guie

as pequenas vontades dos homens.O propósito que os Mestres conhecem

e a que servem.

Desde o centro a que chamamos raça humana, que se cumpra

o plano de Amor e Luz. E que se feche a porta onde mora o mal.

Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam o Plano Divino na Terra.

Unidade de Serviço para Educação IntegralAv. Nova Resende, 320 – sala 204

CEP: 27542-130 – Resende RJ – BrasilTels(0xx24) 3351 1850 / 3354 6065

O objetivo desta coluna é homena-gear pessoas que dão nome a logradouros de Resende. O homenageado deste mês empresta seu nome a uma rua na Vila Central, ligando este bairro ao Alto dos Passos, CEP 27514-126. Denominação conferida pela Lei Municipal 1830, de 27/12/93. Por sinal, essa rua precisa ser pavimentada!

Jorge Miguel Jayme nasceu em Ar-ceburgo, Minas Gerais, em 1918 e faleceu em 1991.

Dr. Jorge veio para Resende, em 1943, trazido pelo seu amigo de infância, Dr. Nicolau Moysés, para exercer a advo-cacia. O Juiz de Direito era o Dr. Orlando Carlos da Silva e o cargo de Promotor, que estava vago, foi assumido pelo nosso ho-menageado, por uns 3 anos. Depois disto, continuou exercendo a advocacia, espe-cialmente Direito Empresarial e Direito Penal. Foi advogado, por muitos anos, das Indústrias Químicas Resende S/A, a IQR. No Direito Criminal, atuando sempre na

minforma (Informativo da IQR), editado pelo competente Overlac Menezes, em março de 1977, respondendo sobre que conselhos daria a um advogado recém--formado, disse que recomendaria os “Dez Mandamentos do Advogado”, do Professor Eduardo Couture:

“ (1) Estude. O Direito está em cons-tante transformação. Se não o acompanha você será cada dia menos Advogado. (2) Pense. O Direito se aprende estudando; porém, se pratica pensando. (3) Trabalhe. A advocacia é uma fatigante e árdua ativi-dade posta a serviço da Justiça. (4) Lute. O seu dever é lutar pelo Direito; porém, quando encontrar o Direito em conflito com a Justiça, lute pela Justiça. (5) Seja leal. Leal para com o cliente, a quem não deve abandonar a não ser que perceba que ele é indigno do seu patrocínio. Leal para com o adversário, ainda quando ele seja desleal consigo. Leal para com o Juiz que ignora os fatos e deve confiar no que você lhe diz; e que, mesmo quanto ao Direito, às vezes tem de confiar no que você lhe invoca. (6) Tolere. Tolere a verdade alheia como gostaria que a sua fosse tolerada. (7) Tenha paciência. O tempo vinga-se das coisas que se fazem sem a sua colaboração. (8) Tenha fé. Tenha fé no Direito como o melhor instrumento para a convivên-cia humana; na Justiça, como o destino natural do Direito; na paz, como substitu-tivo benevolente da Justiça; e, sobretudo, tenha fé na liberdade, sem a qual não há Direito, nem Justiça, nem paz. (9) Esque-ça. A advocacia é uma luta de paixões. Se a cada batalha for carregando a sua alma de rancor chegará o dia em que a vida será impossível para você. Terminado o com-bate esqueça logo tanto a vitória como a derrota. (10) Ame a sua profissão. Procure considerar a advocacia de tal maneira que, no dia em que seu filho lhe pedir conse-lho sobre o futuro, considere uma honra aconselhá-lo a ser Advogado ”.

REFERÊNCIAS: Revista ACIAR, junho de 1988; Jornal Quiminforma (In-formativo da IQR), março/77.

Jorge Miguel Jayme

Page 16: Jornal Ponte Velha - Janeiro 2012

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O Saninho entrou no porão muito bêbado. Caiu num canto e ficou. O Jerônimo chegou em seguida e ficou andando entre os nossos corpos no chão, levan-tando os pés igual a um bailarino porque quase não ti-nha espaço pra pisar entre um homem e outro. E ficava falando baixinho: “a gente só queria fazer amizade...”.

Logo em seguida começaram uns gritos lá fora, umas batidas fortes na porta, e todo mundo foi acordando. Devia ser entre duas e três da madrugada. Os 11 que dormíamos no chão daquele porão de um sobrado antigo do povoado de Santo Antônio do Rio Grande entendemos logo que Saninho e Jerônimo tinham arrumado uma confusão na festa.

O porão não tinha eletricidade. Acendemos algumas velas, mas antes que pudéssemos pensar melhor o Jorge, irmão do Jerônimo, abriu a porta com um litro vazio na mão, tacou na cabeça de um lá, e fechou a porta de novo. Aí começaram as pedradas; primeiro umas pedras pequenas mas logo uma grande que abalou a porta.

O Aníbal escorou a porta com uma peça de madeira 6x12. Já tinha um com enxada na mão, outro com uma foice, que o porão era o lugar em que a família da casa guardava as fer-

ramentas. Eu peguei um tijolo maciço de uma pilha que tinha ao lado da porta e subi na pilha com ele na mão e o coração pulando.

Houve um tempo curto em que eles foram buscar um pedrão bem grande que quase derrubou a porta, não fosse a peça 6x12. O Aníbal aí gritou assim: “ passa fogo logo nesses fiadaputa!” Aí eles correram, sumiram na madrugada, mas a gente ficou pensando: e se eles tiverem ido buscar arma de fogo? Porque o Aníbal gritou aquilo mas ninguém ali tinha nada. Tinha as ferramentas.

Eu falei que a gente devia ir embora. O Sodário, dono da kombi, que dormia em cima porque era parente daquela família, já estava no porão. Carregamos o Saninho, que foi esticado no chão da kombi porque eram 11 pra entrar e para o Saninho qualquer lugar estava bom. A gente até que se arrumou depressa dentro da kombi, só que o motor tinha travado por causa do frio, não era nem questão de empurrar.

Não dava para ir embora e ainda tínhamos que ficar ouvindo o Jerônimo repetir “a gente só queria fazer amizade”. O Aníbal deu um cascudo nele e mandou calar a boca. Escoramos melhor a porta e fica-mos lá dentro esperando amanhecer, encostados uns aos outros para esquentar o frio e o medo, sem pregar o olho.

Era o meio da década de 1970 e nós tínhamos ido de Penedo para a festa de Santo Antônio. Íamos ficar lá três dias, hospedados no porão da casa daqueles parentes do Sodário. O Aníbal e o Jerônimo eram os dois pedreiros que estavam construindo minha casa na parte alta de Penedo, e aquela turma eram os meus mais chegados naquele momento da vida. E vi o amanhecer pensando na minha romantização do campo como um lugar de paz; nos versos que eu escrevia no Rio — “As vacas sem nenhuma questão pendente. / Nuvens vacas. / Solitária bailarina estática, / A ávore ,/ No alto do morro, / Macio pasto, / Paz na terra”. Agora eram as ferramentas ao alcance da mão e o medo.

A loucura estava em qualquer parte onde houvesse gente. Ou em qualquer parte mesmo sem gente, se considerássemos que a natureza era uma barbaridade, mães comendo filhotes, um bicho estraçalhando outro, raios partindo tudo, árvores crescendo sem critério e sufocan-do os brotos. Era assim também, em meio ao despropósito, porque nascidos do despropósito, que a gente tinha que crescer. Só que com o problema da moral. Os galhos da gente iam se esparramando por sua conta, mas a gente pensava nos brotos.

Eu tinha 26, 27 anos e estava enfim determinando a minha vida. Nenhum trabalho era tão bom quanto virar massa para o Aníbal e o Jerônimo assentarem as lajotas da minha casinha no Alto Penedo. Ou passar o dia com eles jogando terra e arrumando uma subida da estra-da - praticamente uma trilha nessa época -, cheia de ponta de pedra, por onde o caminhão tinha que passar para chegar com o material.

Eu tinha comprado três lotes no Alto Penedo e ia fazer ali um camping, ou algo parecido, um correr de quartos de telhado meia água com banheiro coletivo. Fosse como fosse, era a alforria, eu nunca mais ia trabalhar para os outros, nunca mais um chefe de reportagem e os interesses dos grandes empresários, e isso era uma benção, tornava a paisagem mais bonita e as pessoas mais interessantes. Se tivesse ocorrido uma batalha dentro daquele porão eu teria lutado com mais coragem do que tivera até então, porque eu estava, como rezava a mu-sica do Raul Seixas, no meu caminho.

Mas os inimigos não voltaram, e como só haveria ônibus no domingo à tarde nós passamos dois dias andando sempre juntos, olhando para todos os lados, pois nem conhecíamos as caras da outra turma. Vimos uma cabeça enfaixada, seguramente o cara que levou a litrada do Jorge, mas ele estava sossegado e ninguém nos abordou. Como se a madrugada de bebedeira tivesse sido um sonho ruim para nós e para eles.

O Sodário é que teve mais trabalho porque durante um mês voltou várias vezes a Santo Antônio levando peças para fazer lá o motor da

Med

o n

o Po

rão

Gustavo Praçakombi. Ele mesmo fez, ele sabia, era uma das muitas coisas que ele sabia, embora tivesse sido repro-vado num exame psicotécnico em uma das primeiras multinacio-nais estabelecidas em Resende.

Uns trinta anos depois,

casado e com três filhos, voltei àquele porão por acaso. O André Whately, tomando comigo um café no bar do Chiquinho, contou que havia comprado uma casa em Santo Antônio e que eu poderia ir lá quando quisesse. Quando me descreveu a casa — um sobrado, em frente ao campo de futebol — e me confirmou que havia um porão, tive certeza que era ela. Custei a achar a chave do cadeado do porão e me surpreendi ao ver que, tanto tempo depois, a pilha de tijolos maciços ainda estava no mesmo canto, ao lado da porta que o Aníbal escorou. Passamos lá uns dias e andei bastante a cavalo olhando as fazendinhas do entorno — e suas vacas sem nenhuma questão pendente.

Ah, a confusão que o Jerô-nimo e o Saninho arrumaram começou quando o Jerônimo, querendo fazer amizade com o dono de um bar, disse assim pra ele: “queria tomar uma catuaba, mas me disseram que acabaram catuabeira...” - esses duplos sentidos sexualizados com que os amigos brincam na roça. Mas o sujeito não gostou. Devia estar com muita questão pendente.