jornal o claustro 1ªedição

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F ACULDADE DE P SICOLOGIA E C IÊNCIAS DA E DUCAÇÃO DA U NIVERSIDADE DE C OIMBRA VOLUME 1 - 14 DE NOVEMBRO 2011 - BIMESTRAL GRATUITO O C LAUSTRO Coimbra… Amor à primeira vista de… Doutor António Damásio?

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Aqui vai a primeira edição do Jornal O Claustro. Mais virá!

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Page 1: Jornal O Claustro 1ªedição

FACULDADE DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

VOLUME 1 - 14 DE NOVEMBRO 2011 - BIMESTRAL GRATUITO

O CLAUSTRO

Coimbra…

Amor à primeira vista de…

Doutor António Damásio?

Page 2: Jornal O Claustro 1ªedição

Editorial

Ficha Técnica

Jornal do NEPCE/AAC “O Claustro” [email protected]

Direcção e Edição Rita Nunes e Joana Martins Colaborou nesta edição André Fernandes, António Botelho, Cátia Bártolo, Catarina Pinto, João Pedro Estanqueiro, Joana Temudo, Nádia Costa, Patrícia Dantas, Rui Mamede, Sara Rocha Agradecimentos Especial Agradecimento à Direcção da FPCEUC Fotografia Fotografia do frontispício gentilmente cedida por Tatiana Moreira Paginação Rita Nunes Revisão Joana Martins Concepção e Produção Pelouro da Cultura do NEPCE/AAC 2010/2011 Impressão PMP -Serviços e Equipamentos Gráficos, Lda; Telefone 239 704 638/ 239 705 114, Fax 239 704 639, e-mail: [email protected] Tiragem 100 exemplares

O Claustro Em Contacto .FPCEUC

Direcção

[email protected]

Serviços Académicos

[email protected]

Gabinete de Apoio ao Estudante

[email protected]

XPTO Sexualidades: espaço de atendi-mento e aconselhamento

[email protected]

Observatório da Cidadania e Inter-venção Social

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.NEPCE/AAC

Direcção

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Cultura

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Política Educativa

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Desporto e Convívio

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Acção e Formação

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Intervenção Cívica e Ambiente

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.Desconcertuna

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.InterDito - Grupo de Expressão Dra-mática da FPCEUC

[email protected]

.Gabinete de Aconselhamento Psicope-dagógico da Universidade de Coimbra

[email protected]

.Serviços Médico-Universitários

[email protected]

.Centro Cultural D. Dinis

[email protected]

Não foi transitório, nem foi uma experiência do Ano Lectivo pas-sado. O Jornal O Claustro teve sempre um projecto de continuida-de. Está cá fora, mais uma vez, para seguir as pegadas dos que o ressuscitaram de anos de clausura. E por isso é devido um especial agradecimento à Senhora Directora Doutora Luísa Morgado, pela sua receptividade e colaboração com esta reedição d’O Claustro, e também ao finalista Ricardo Mota, que tanto se dedicou – e colheu os frutos do seu esforço. Sem o seu esforço e sem a sua dedicação, quiçá, não estaríamos hoje a folhear as páginas desta nova edição. O destaque desta nova edição não poderia deixar de ser o Doutora-mento Honoris Causa do Doutor António Damásio. Tendo sido há tão pouco tempo, e de importância nacionalmente reconhecida, não poderia deixar de sublinhar o lisonjeio que a sua presença pro-porcionou à Universidade de Coimbra, e em especial, à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação. Apesar de uma entrevista exclusiva com o próprio não ter sido possível tivemos os privilégio de entrevistar a Doutora Ana Paula Relvas, madrinha de doutora-mento. Teremos também entrevista exclusiva com o Presidente do Núcleo de Estudantes de Psicologia e Ciências da Educação, Ricardo Vie-gas, e com o veterano - ou então, poder-se-ia dizer, o Professor - João Carlos Arruda. Por último, porque recordar é reviver, o Jornal O Claustro realizou uma fotoreportagem do primeiro Jantar nos Claustros dos últimos 10 anos.

Um grande agradecimento a todos os que construíram este Claustro. Parabéns FPCE! Parabéns NEPCE/AAC!

Parabéns Claustro!

PÁGINA 2 O CLAUSTRO

FPCEUC NEPCE/AAC

Page 3: Jornal O Claustro 1ªedição

Destaque

Um dia com António Damásio

Doutoramento Honoris Causa do neurocientista português

Por Rita Nunes Fotografia de António Botelho

A universidade de Coimbra, e em especial a sua Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, foi hon-rada pela presença do Doutor António Damásio, acom-panhado pela Doutora Hanna Damásio, no passado dia 21 de Setembro, aquando da sua atribuição do Doutora-mento Honoris Causa.

O Doutor António Damásio é neurocientista reconhecido a nível mundial pelo seu contributo através da sua investigação na área da neuropsicologia. Formado e doutorado em neurociência na Universidade de Lisboa, é actualmente Professor de Neurociências na Universi-dade de Carolina do Sul, e responsável por investigações ao nível do estudo das bases neurológicas dos comporta-mentos sociais, do desenvolvimento normal e patológico da criança e ainda de processos de criatividade.

Mas como investigador, António Damásio tem vindo a preocupar-se a alcançar mais do que a comunida-de científica, através de livros cujos nomes soarão famili-ar aos mais atentos: O Erro de Descartes, Looking for Spinoza e o mais recente, O Livro da Consciência.

Nesse dia, esperavam-se dez capas de estudan-tes estendidas à porta da Sala dos Capelos para honrar a entrada de um novo membro à comunidade académica da Universidade, e em vez disso cerca de trinta aparece-ram. Os estudantes encheram a sala, para ver a cerimó-nia. António Damásio defende a sua legitimidade para receber este título, ao realizar um sumário à história da Psicologia, e os seus contributos benéficos para a socie-dade. Segundo as palavras do mesmo, “o projecto da psicologia científica tem vindo a ser realizado, com êxito e velocidades crescentes, através da neurociência e da

biologia empenhadas em descobrir como o tecido nervo-so constrói a mente”.

Coube ao Professor Eduardo Sá, especialista em

psicologia infantil, destacar as razões pelas quais Damá-

sio merecia ser Doutor Honoris Causa, dando destaque à

sua investigação ao nível da criatividade, ao salientar o

dever actual de se instigar estes processos na infância.

Como área de estudo da Psicologia é o ser humano, ci-

tou ainda no seu discurso as palavras do neurocientista

salientar a importância da atribuição deste título, “o cé-

rebro tem como principal função a revelação da vida”.

Já doutorado, o célebre convidado da Universi-dade de Coimbra, dirigiu-se para um almoço íntimo, o qual cadeiras foram preenchidas por representantes significativos dos estudantes da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação e por membros da Associação Aca-démica de Coimbra.

Horas de ânsia por parte de estudantes, não só

da faculdade que homenageou, como também de outras

Faculdades - e mais, de outras universidades do país,

foram preenchidas à porta do anfiteatro da Faculdade de

Psicologia e Ciências da Educação, onde o ar rareava,

mas o pé fincava, já que todos tinham consciência de que

um lugar sentado e audível era só para os primeiros. A

impaciência crescente era no fundo ânsia para puderem

assistir, sentados e atentos, à primeira conferência dada

pelo Doutor António Damásio na Universidade.

PÁGINA 3 VOLUME 1 - 14 DE NOVEMBRO 2011 - B IMESTRAL

Page 4: Jornal O Claustro 1ªedição

PÁGINA 4 O CLAUSTRO

A sala encheu e transbordou, pois muitos ficaram à

porta com esperanças de poder espreitar. O privilégio foi

imenso, ouvir um dos maiores especialistas da área de neu-

ropsicologia a realizar uma palestra sobre Cérebro, mente e

sentimento. O Doutor começou por perspectivar que, ao

contrário do que se pensava, estudar as emoções não está

fora do alcance da ciência – e as suas investigações são

prova viva. Explicou, com o seu tom assertivo e calmo de

professor, que “as emoções são parte da gestão automatiza-

da, de cariz biológico num organismo vivo (…). Têm uma

natureza distinta das motivações, e de impulsos”. São, por-

tanto, nada mais que predisposições para a acção. Destacou

também que emoção e

sentimento, por muito

que sejam usados como

sinónimos, são concei-

tos distintos mas não

independentes. En-

quanto as emoções são

programas de resposta

a problemas comple-

xos, que emitem res-

postas padronizadas e

rápidas, os sentimentos

são, pelas palavras do

especialista,

“percepções compostas daquilo que acontece no corpo e na

mente quando sentimos emoções”. Abordou a questão sobre

como se atinge a percepção de eventos emocionais, a qual

respondeu sob a perspectiva da hipótese da geração de ma-

pas de acções em todas as regiões cerebrais que representari-

am o sinal corporal. Neste sentido, o modo para aceder ao

sentimento seria também através da construção de mapas

cerebrais.

O tempo escasseava e por isso, não houve tempo

para perguntas assim que a conferência terminou. Só houve

tempo para cumprimentar algumas pessoas. Trocar uma ou

duas palavrinhas, assinar alguns autógrafos de estudantes que

não deixaram de aproveitar a oportunidade, e dar uma en-

trevista telegráfica para o Jornal O Claustro.

Mesmo tendo sido breve a sua passagem pela cidade

universitária e rápida a sua inserção nesta grande comunida-

de académica que é a Universidade de Coimbra, e ainda mais

sendo a sua sétima aquisição do título Doutor Honoris Causa

em inúmeras universidades, o Doutor Damásio mostrou-se

reconhecido pelo título que recebeu, ao afirmar na cerimó-

nia de doutoramento que para si esta distinção “tem um sig-

nificado particular, ligado à posição histórica ímpar da Uni-

versidade de Coimbra. Recebo este grau com imensa apreci-

ação”.

Muito Obrigado, caro Professor,

pelo grande privilégio!

Por detrás de um grande Doutoramento, está sempre uma grande Madrinha

Entrevista com Doutora Ana Paula Relvas

Por Rita Nunes

O dia com Damásio passou, e passou a correr. A agenda do investigador era apertada, como é de esperar para um neu-rocientista de renome internacional, e o Jornal O Claustro não conseguiu a entrevista que tanto gostaria de ter feito. No entanto, por detrás de um grande Doutoramento existe sempre uma grande madrinha e portanto fomos entrevistar a Doutora Ana Paula Relvas, especialista catedrática na área de Psicologia Sistémica da Faculdade de Psicologia e Ciên-cias da Educação e um dos nomes mais reconhecidos da área em Portugal, que nos deu um quadro diferente do que foi o dia.

Jornal O Claustro: Doutora, para além do óbvio: porquê o Doutor António Damásio para honrar com o doutoramento honoris causa da Universida-de de Coimbra?

Doutora Ana Paula Relvas: O primeiro porquê é que o

Doutor António Damásio é um cientista notável, de méritos

reconhecidos. Para a faculdade era importante que fosse um

doutoramento que reconhecesse uma actividade científica

propriamente dita. Depois porque achámos que o doutor

António Damásio, para além dos seus méritos, representava

de alguma maneira um expoente importante na interdisci-

plinaridade e é nesse âmbito que surge a psicologia, não é?

Acaba por ser um cientista que, vindo de uma outra área, dá

um contributo enorme à psicologia. Isso mostra um pouco a

abordagem da faculdade de abertura às outras áreas e à in-

terdisciplinaridade que nos dêem um contributo importan-

te. Foram basicamente as duas grandes ideias.

Page 5: Jornal O Claustro 1ªedição

PÁGINA 5 VOLUME 1 - 14 DE NOVEMBRO 2011 -

JC: Como madrinha de doutoramento, como se

relacionou com o Doutor António Damásio? Ga-

nhou um relacionamento de maior proximidade?

APR: Nós tivemos duas fases: temos a fase do convite, e aí foi um convite completamente á distância, por e-mail. Não conhecia pessoalmente – aliás, só o conheci pessoalmente no dia do doutoramento. Portanto, todos os tramites relaci-onados com convite e à aceitação foram feitos por e-mail. Houve um colega, o Doutor Eduardo Sá, que conseguiu o contacto de alguém que conhecia o Professor António Da-másio e foi feita a pergunta se ele aceitaria um convite para ser Doutor Honoris Causa. A partir daí, ele respondeu e se estabeleceu todos os contactos por e-mail. Conheço o Antó-nio Damásio no dia do doutoramento e, pelo que posso dizer, foi uma pessoa em termos relacionais que preencheu todas as minhas melhores expectativas. Pelo que consegui perceber da relação, ele viu este convite como honroso para ele, tal como foi para nós, e revelou-se uma pessoa afável e de bom relacionamento. Gostei muito de falar e estar com ele uma vez que, obviamente, nesse dia tive a oportunidade de estar um pouco mais próxima.

JC: Tendo já sido reconhecido com sete doutora-mentos honoris causa, contando com o nosso, acha que viveu mais intensamente este último em com-paração com os outros, tendo sido em Portugal? Ou sente que foi só mais um para o Doutor Antó-nio Damásio?

APR: Isso só ele poderá responder. Foi uma coisa sobre a qual não falámos. Acho que independentemente da hierar-quia, o que ele transmitiu publicamente e em privado é que sentiu como uma honra este doutoramento. Agora mais que isso… Agora o que é importante é o futuro.

JC: É de esperar planos de investigação conjunta,

entre a nossa Faculdade e o centro de investigação que o Doutor Damásio dirige?

APR: Pois, ai é que está o futuro! E penso que para a facul-dade seria muito importante se esta relação pudesse manter e se pudesse intensificar e renovar através de intercâmbio científico. Isso foi falado com o doutor António Damásio, por mim e pela directora, e creio que neste momento não existe um plano concreto de acção, mas é definitivamente mais que um desejo, uma vez que já lhe foi transmitido e ele disse que sim. Temos é de encontrar os meios adequados para promover esse intercâmbio. Porque não pode ficar só por conferências, apesar de ser muito importante. Os inter-câmbios fundamentam-se a partir de duas vias: uma é por mobilidade de professores e outra por mobilidade de estu-dantes, creio que pelas duas vias temos de começar a traba-lhar, no sentido de nos pormos em contacto com o labora-tório dele e com o centro de imagiologia no qual a Doutora Hanna Damásio é directora. Os slides com conteúdo de imagiologia foram feitos por ela, portanto existe um traba-lho muito próximo – faz sentido citar os dois. Isto foi falado com os dois, ele disseram que sim e provavelmente vai acontecer. Há que planear: foi-lhe apresentado o professor que na nossa faculdade é responsável pela área das neuroci-ências que tem doutoramento na área, o Doutor Mário Si-mões, para puder definir uma linha de trabalho. Estamos a falar de investigação, de investigadores e ciência e, portan-to, temos de saber exactamente em que vamos trabalhar. creio que é isso que falta nos períodos mais próximos, em que modo podemos fazer este intercâmbio, de forma que satisfaça a nossa faculdade e o laboratório do Doutor Antó-nio Damásio.

Muito obrigada, Doutora Ana Paula Relvas

Tuna Mista da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de

Coimbra

Vem para a Tuna da TUA FACULDADE

Tocas algum instrumento, gostas de cantar?

Vem aprender connosco!

Ensaios: Quarta e Quinta-feira às 21h na FPCEUC

Bruna 916597864; Bárbara 917871646; Flávio 918219947

[email protected]

http://teatrointerdito.blogspot.com

Page 6: Jornal O Claustro 1ªedição

FPCEUC

Voluntariado e a Universidade… felizes para sempre?

Por Sara Rocha

1. Em Portugal, naquele que é o Ano Europeu do Volunta-

riado, várias têm sido as iniciativas que procuram trazer

maior visibilidade e solidez a um movimento voluntário

ainda pouco expressivo em comparação com os nossos vizi-

nhos europeus. O interesse no tema não é, ou espera-se

que não seja, passageiro, embora a actual conjuntura social,

económica e política contribua para que renovadas atenções

e intenções lhe sejam dirigidas. As mudanças que estamos a

viver estão ainda longe de uma plena inteligibilidade por

parte dos cidadãos, profissionais, cientistas e actores políti-

cos e, por esse mesmo motivo, a reflexão crítica sobre os

valores e princípios que orientam a actividade voluntária é

fundamental. Ela não pode ser exclusivamente entendida

como mero amortecedor dos efeitos negativos da crise, uma

actividade puramente filantrópica e caritativa que permite

afagar o sofrimento dos “casos sociais”.

A solidariedade assistencialista deve dar lugar à solida-

riedade democrática, enquanto processo participado de

cooperação e (re)construção das relações sociais e de

aprendizagem recíproca. Por outro lado, só com a prudên-

cia da reflexão é que poderemos estar vigilantes quanto aos

perigos de instrumentalização do voluntariado nas áreas da

empregabilidade e do mercado de trabalho, por exemplo.

2. Desde a sua fundação na Idade Média que o papel das

universidades mudou muito. A sociedade do conhecimento

atribui-lhe uma importância política, económica e social

que implica também novas responsabilidades. Hoje, insti-

tuição do ensino superior (IES) que se preze não pode limi-

tar-se ao papel de reduto de autonomia intelectual, pedes-

tal a partir do qual os doutos pensam e produzem conheci-

mento. Neste sentido, para além do ensino e da investiga-

ção, surge então um terceiro pilar da acção das IES, a ex-

tensão universitária, que parte do pressuposto de que o

conhecimento científico adquirido pelos cientistas deve ser

transposto para a comunidade, tornando-o interventivo ao

invés de contemplativo. O contributo das IES para a com-

preensão das mudanças que vivemos é fulcral, na mobili-

zação do conhecimento–acção, na aclaração de possí-

veis caminhos e soluções para os mais prementes problemas

da sociedade. A difusão dos conhecimentos pode ocorrer,

por exemplo, sob a forma de serviços e de parcerias com

organizações da comunidade local. De igual modo, também

o voluntariado constitui um excelente veículo de interacção

entre a comunidade e a universidade.

3. Um debate profundo (e sem o cronómetro aflito de um

moderador de mesa) sobre os valores subjacentes à prática

voluntária levar-nos-ia, provavelmente, a temas como a

procura da felicidade, do bem-estar, o bem comum. Estes

são conceitos que habitualmente figuram nas conclusões

dos mais variados trabalhos académicos… uma espécie de

“felizes para sempre”? Esta narrativa, que pode servir de

aspirina, é posta em causa aquando dos primeiros contactos

com a realidade do mercado de trabalho. Sair da sala de

aula pode ser uma fonte de desassossego e de elevadas ex-

pectativas, os estudantes “iniciados” costumam falar em

“choque”. Mas que desafio estimulante os espera!

No contacto directo com as pessoas e os seus problemas,

aspirações e limitações, os conceitos e as aspirinas teóricas

dão lugar à relação, à tomada de decisão e à acção concreta.

A interacção directa com o “terreno” exige uma postura

reflexiva, uma atenção à relação entre pensamento e acção.

As personagens passivas dos trabalhos académicos (os uten-

tes, os profissionais, as instituições) passam a ser pessoas

que fazem parte de redes complexas de interacção e o estu-

dante que escrevia a conclusão do seu trabalho passa a ser

um construtor, um cidadão pró-activo.

4. Perante estas e muita outras inquietações e tendo em

conta todo o potencial e energia humanas concentradas na

FPCEUC, alguns docentes* e estudantes** ligados aos

diferentes grupos de voluntariado da Faculdade tomaram a

iniciativa de reunir e pensar sobre o futuro do voluntariado

universitário da FPCEUC. Num primeiro momento, per-

cebeu-se que existia a necessidade de criar um espaço co-

mum que permitisse um maior inter-conhecimento entre

PÁGINA 6 O CLAUSTRO

Page 7: Jornal O Claustro 1ªedição

PÁGINA 7 VOLUME 1 - 14 DE NOVEMBRO 2011 -

os grupos da “casa”: o Gabinete de Apoio ao Estudante

(GAE), o Sorriso Aberto do Núcleo de Estudantes, o Unir

Causas, o grupo de expressão dramática InterDito e o

Caco, grupo de voluntários de counselling.

A história de cada grupo é diferente, pois depende de

quem por eles passou, das narrativas que aí criou e do

contributo que pôde dar. O modo de organização e de

gestão são igualmente variados, assim como os seus domí-

nios (cultura, educação, intervenção social) e públicos-

alvo (pessoas idosas, pessoas com deficiência, jovens, sem

-abrigo, estudantes, animais). Um maior inter-

conhecimento num contexto tão plural facilitaria a parti-

lha de experiências, a aprendizagem entre pares, a optimi-

zação de recursos e a confluência de sinergias em torno de

projectos comuns. Por outro lado, afigurava-se necessária

a garantia de alguns aspectos transversais que são essenci-

ais à seriedade que o compromisso do voluntariado exige:

a supervisão, o acompanhamento e a formação dos volun-

tários. Aos poucos foram surgindo objectivos e muitas

ideias para um projecto que desconhecia ainda nome,

imagem ou modo de organização. Num esforço criativo

para o baptismo, os conceitos pro-actividade, promoção,

programação, probidade e progresso inspiraram a criação

do nome Pro-VoluntáriU, Programa de Voluntariado

Universitário da FPCEUC.

Após algumas sessões de informação e de recru-

tamento de voluntários para os diferentes grupos no início

do semestre passado, o grupo de trabalho realizou no

passado dia 13 de Abril um Encontro de Voluntariado

Universitário, com o objectivo de conhecer outros pro-

jectos congéneres, aprender com a sua experiência e

partilhar conhecimentos e questionamentos. Estiveram

presentes os grupos CaSo (Universidade Católica do Por-

to), a Associação de Voluntariado Universitário da Uni-

versidade do Porto, o grupo Origami da Universidade de

Aveiro e o grupo Et Cetera do Instituto Justiça e Paz de

Coimbra, para além da Presidente do Conselho Nacional

para a Promoção do Voluntariado e dos grupos da

FPCEUC. Deste evento resultou a elaboração de um do-

cumento que sistematiza as principais conclusões.***

Volvido quase um ano de trabalho, e tendo em

conta as aprendizagens feitas no Encontro, o grupo de

trabalho está consciente de que tem ainda um longo per-

curso a percorrer para concretizar plenamente os objecti-

vos a que se propôs. Num processo de evolução gradual

mas consistente, afigura-se como fundamental a colabora-

ção de outros estudantes, docentes e funcionários, que

desejem partilhar os seus saberes, competências e conhe-

cimentos e a sua vontade em construir um projecto co-

mum no espaço da FPCE: o desenvolvimento de uma

actividade voluntária solidária, consequente, séria e sus-

tentável. Por fim, deixamos o convite**** para que todos

e todas as estudantes, docentes e funcionários da nossa

estimada Faculdade procurem conhecer e envolver-se no

percurso dos grupos que dão alma a este projecto e que

venham contribuir (quem sabe se não será mesmo possí-

vel) para a co-construção de uma narrativa com a conclu-

são… felizes para sempre?

* Doutoras Luísa Morgado (cood.), Margarida Pedroso de Lima,

Maria do Rosário Pinheiro, Clara Cruz Santos, Cristina Pinto Albu-

querque. ** João Oliveira (NEPCE/AAC) e Sara Rocha (NEPCE/

AAC).

*** Disponível no site da FPCE: http://www.uc.pt/fpce/

ProVoluntariU/

**** Contactar [email protected].

Concurso de Fotografia NEPCE/AAC

Tatiana Sofia Catrola Moreira Foi a grande vencedora. Parabéns!

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PÁGINA 8 VOLUME 1 - 14 DE NOVEMBRO 2011 -

Semana de Recepção ao Caloiro Do outro lado das Capas

Por Nádia Costa

1. Qual a tua opinião em relação à semana de recepção ao caloiro pela qual acabaste de passar? Andreia Freixo: Após o choque inicial da "morte ao caloiro" acho que o balanço foi bastante positi-vo. Pelo menos eu e os meus colegas sentimo-nos integrados e bem recebidos. Sendo esse o objecti-vo da semana acho que foi bem servido. Conhecia pouca gente e consegui com as actividades planea-das entrar no espírito universitário e da faculdade. (Especial relevo para a aula fantasma que foi muito credível e me assustou bastante). Pedro Rodrigues: Confesso que, inicialmente me

sentia um pouco acanhado devido à minha precoce

chegada a Coimbra e ao respectivo impacto cultu-

ral. No entanto, o espírito académico da nossa

faculdade arrebatou-me de uma maneira muito

positiva. Os doutores foram muito engraçados e

puseram-nos à vontade. Desde a aula fantasma

protagonizada pelo João Carlos Arruda até ao con-

vívio da nossa faculdade, foram muitas as peripé-

cias que nos envolveram. Realço o factor praxe

positivamente, porque nos prepara para esta fase e

os amigos que fizemos serão ou farão parte inte-

gral de nós próprios. A Desconcertuna animou os

caloiros com as suas cantigas e encantou alguns

para o seu grupo. Posteriormente, iremos sempre

nos lembrar da recepção ao caloiro porque o espí-

rito académico da Universidade de Coimbra é

ETERNO assim como estes novos amigos que se

juntam a nós nesta longa jornada.

2. Como imaginavas a vida académica antes de vires para Coimbra? Era deste tipo de recepção que estavas à espera? Ana Rita Vieira: Quando pensei vir estudar para Coimbra muitas foram as conversas e bebedeiras relatadas. Imaginava a vida académica como algo difícil de conciliar. O que não deixa de ser uma realidade. Mas é muito, muito mais do que isso.

Só quando se vem estudar para Coimbra é que se percebe a grande comunidade a que vamos perten-cer. Uma comunidade rica culturalmente, que é o que mais me fascina. Por falar em fascínio é claro que não posso deixar de falar da aula Fantasma, inesperada recepção! Admiro-me como continua a ser um segredo tão bem guardado.

Marc Portugal: Nada daquilo que hoje em dia pas-samos é igual duas vezes. Não é por acaso que nos referem sempre para aproveitarmos cada dia ao máximo, cada experiência, cada momento. Todos eles são únicos. Conheço quem já tenha levado dois anos seguidos a vida de Caloiro, e me referiu que não foi igual duas vezes. Conheço quem ape-nas tenha recebido um ano de Caloiro e que gosta-ria de repetir apesar de saber que não iria ser igual. Eu próprio conheço vários tipos de Praxes. Não digo que umas são melhores que outras. Ape-

nas afirmo que são diferentes, e quem as dá, dá à sua maneira. Já conhecia bastantes. já participei em outras. Mas como a minha, acho que não po-deria ter mais a haver comigo. Identifiquei-me bastante com ela e é por isso que superaram as minhas expectativas.

Ana Sousa: sinceramente, eu não vinha com ex-

pectativas nenhumas acerca da vida académica,

mas para já estou a gostar e por isso não fiquei

Page 9: Jornal O Claustro 1ªedição

PÁGINA 9 VOLUME 1 - 14 DE NOVEMBRO 2011 -

decepcionada com a recepção. Apesar de ter ado-

rado a simpatia de todos com quem me cruzei.

3. O que mudavas na organização das acti-vidades ou na forma como foste recebido(a)? ARV: Não mudava nada! Esta recepção e todas as actividades são idealizadas por estudantes, para estudantes, e aí está a magia. O mais importante não são as praxes mas sim o que elas trazem para quem por elas passa, o conhecimento de novas

pessoas que nos apoiam, dicas importantes de so-brevivência universitária, entre muitas outras. O importante é que a finalidade da praxe nunca seja esquecida: a integração.

AF: Mudava a organização no que diz respeito às

horas de almoço. Ficámos sempre imenso tempo à

espera até ir almoçar e isso conjugado com alguma

praxe física não foi muito do nosso agrado. De

resto penso que não mudava mais nada de signifi-

cante.

Obrigada Caloiros

Só a capa. O açoriano já encontrámos.

A Capa tem um RV laranja cosido.

Page 10: Jornal O Claustro 1ªedição

Entre Vistas

Esta entrevista foi realizada com o intuito de conhecer

um pouco melhor o Presidente do Núcleo da nossa fa-

culdade, bem como de obter mais informações relativas

à maneira de integrar esse mesmo Núcleo. Para além

disso, aprofundámos questões como actividades futuras a

serem realizadas, assim como a importância de desenvol-

ver trabalho extra-curricular, tanto a nível pessoal, co-

mo a nível profissional. Esperemos com esta entrevista

que todos os estudantes fiquem mais esclarecidos em

relação ao papel do Núcleo e retirem dela todas as infor-

mações que, anteriormente, suscitavam dúvidas.

Jornal O Claustro: Por uma questão de curiosida-

de, porque é que te candidataste ao cargo de

Presidente do Núcleo?

Ricardo Viegas: Existe um conjunto de pessoas que me

estimularam para assumir este cargo. Uma dessas pesso-

as foi o meu padrinho, o Alexandre Almeida. Era uma

pessoa que tinha um enorme à vontade e energia vital e

foi o Presidente durante aquilo que é considerado hoje

como a “Idade de Ouro do Núcleo”. Houve também

outro conjunto de personalidades. Uma delas foi o Arru-

da, que é como um irmão para mim, uma pessoa que me

acompanhou ao longo dos meus anos e que esteve ao

meu lado em todas as minhas aventuras e desventuras

pelo associativismo. A terceira pessoa é o meu último

padrinho, o João Oliveira, que foi Presidente o ano pas-

sado. O João para mim é como um melhor amigo -

tínhamos uma grande simbiose nas ideologias políticas.

Um dos objectivos que nos motivou e uniu, a mim e ao

João, foi, por exemplo, construirmos a identidade da

Faculdade. Outro aspecto que me motivou para assumir

este cargo foi o que o Alex me disse uma vez: ‘para mim

o Núcleo é um sonho, ele é a projecção daquilo que as

pessoas querem que ele seja”.

JC: De que maneira é que os alunos interessados

podem integrar o núcleo e quais as funções que

podem desempenhar dentro dele?

RV: A minha resposta é: podem integrar a qualquer mo-

mento e de qualquer forma. Até podem nem ter um

projecto pessoal, podem só querer participar, mas pre-

cisam identificar-se com alguns projectos. Podem falar

comigo ou com qualquer pessoa do núcleo e são comple-

tamente livres de aparecer nas reuniões a qualquer mo-

mento. Eu sigo uma premissa de Miguel Torga: “quem

faz o que pode, faz o que deve”. O que posso assegurar a

todos os colaboradores é que vão encontrar desafios, de

certeza. Para mim o Núcleo é uma escola, uma escola

em que quando se entra, sai-se a fazer um pouco de tu-

do.

À conversa com o Presidente do NEPCE Viagem construtora de identidade

Por Catarina Pinto e Joana Temudo

PÁGINA 10 O CLAUSTRO

Page 11: Jornal O Claustro 1ªedição

PÁGINA 11 VOLUME 1 - 14 DE NOVEMBRO 2011 -

JC: Como Presidente, quais as actividades futuras que tens em mente realizar?

RV: (Rindo-se) Eu vou revelar pelo menos as principais. Algumas actividades que teremos, serão o jantar de Natal, que não será nos claustros, porque nessa altura gostamos de fazer uma “cena” mais familiar. Teremos também um ciclo de documentários em breve. No segundo semestre, iremos ter a Semana Cultural da Universidade de Coim-bra, onde o nosso mote é, para além da “pirataria financei-ra”, um mote que vem da reitoria, que é: “Navegar é pre-ciso, viver não é preciso”, que é uma conhecida frase de Pompeu. Basicamente vamos construir um evento cultu-ral, baseado, não só em conferências, como também em

workshops experienciais que visam a utilização do corpo e da consciência sensorial no nosso modo de vida e como a nossa mente e o nosso corpo nos permitem navegar nas linhas existenciais. Depois, vamos ter aquilo que o Núcleo organiza anualmente todos os anos, que são as Jornadas Transdisciplinares, um Congresso científico sobre as mais diversas temáticas, como a temática do Humanismo e da construção pessoal. Queria dar enfoque é o Jantar da Se-renata da Queima. Eu tenho um sonho, quero fazer verda-deiramente um jantar nos Claustros à antiga, com os estu-dantes, com os funcionários e com os docentes e Directo-ra.

JC: Na tua opinião, qual é a importância, para os alunos, de realizarem actividades extra-curriculares?

RV: O interesse é total. As pessoas não podem esperar adquirir competências só do saber livresco. É importante para adquirirmos o “know how”, mas também por uma questão de abertura mental. Faz-me confusão, eu respei-to, mas tenho dificuldade em compreender uma pessoa que entra em Coimbra, faz o curso e vai-se embora, não vive nada, não tem uma experiência autêntica. As associa-ções da nossa casa permitem enquadrar na experiência do curso numa macro-experiência, que acaba por ser, na minha opinião, mais realizante e mais motivante. Tirar um curso do ensino superior é exactamente a mesma coisa que tirar a carta de condução. Vocês apenas têm um papel a dizer que vocês podem conduzir. Isso não quer dizer absolutamente nada. E a participação no núcleo e até mes-mo na tuna ou no interdito fornecem à pessoa um conjun-to de competências. Estas escolas são criadas para com-pensar as fraquezas das pessoas e para promover a força que elas já têm.

O Gabinete de Apoio ao Estudante oferece a todos os estudantes da FPCEUC:

- Apoio psicológico (individual, confidencial e gratuito);

- Apoio pedagógico (gestão do estudo e da aprendizagem);

- Aconselhamento de carreira (apoio à decisão vocacional e procura de emprego);

- Orientação socioeducativa (promoção de competências pessoais e sociais);

- Apoio e mediação sociocultural (facilitação do diálogo intercultural);

- Atendimento e aconselhamento na área da sexualidade;

http://www.uc.pt/fpce/servicos/gae/XPTO_seXualidades

Vem obter informações acerca dos direitos dos estudantes, planos de estudo, cursos, faculdade, universidade e ensino superior e participa nas actividades formativas, socioculturais, artísticas e de lazer que te propomos.

Vem conhecer o GAE!

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Page 12: Jornal O Claustro 1ªedição

PÁGINA 12 VOLUME 1 - 14 DE NOVEMBRO 2011 -

XIX Encontro Nacional de Estudantes de Psicologia

Zanbujeira para nós

Por João Pedro Estanqueiro

Muitos já ouviram falar do Encontro Nacional de Estu-dantes de Psicologia, mais conhecido por ENEP. Mas quem sabe realmente o que é o ENEP? Fomos procu-rar informações na fonte mais próxima, João Andrade, mais conhecido de “Basófias”, o Coordenador Geral do ENEP. João Andrade: Antes de mais queria agradecer ao Claustro por o excelente trabalho que têm vindo a desenvolver e por este convite para falar um pouco sobre o XIX Encontro Nacional de Estudantes de Psi-cologia. Jornal O Claustro: Explica-nos então em que consiste um Encontro Nacional de Estudantes de Psicologia.

JA:O ENEP é a activi-dade, de entre as reali-zadas pela Associação Nacional de Estudantes de Psicologia, mais enigmática, mítica, e também com maior número de participan-tes. Este encontro pos-sibilita conhecimentos a nível científico e pe-dagógico, bem como toda uma diversidade de experi-ências relevantes e importantes para a nossa formação enquanto futuros profissionais de Psicologia… isto para não falar, como é obvio, de toda a envolvência que se irá criar associada a ser um evento aberto à par-ticipação de estudantes de qualquer ponto do país. JC: Quais são as grandes apostas para esta XIX edição?

JÁ: O XIX ENEP assume-se como um dos maiores desafios para o ano de 2011 da ANEP, pretendendo-se que este seja, de facto, um encontro de âmbito verda-deiramente nacional com um programa de forte rele-vância científica e social e proporcionando, desta for-ma, o intercâmbio de experiências e conhecimentos, tanto entre o maior número possível de estudantes de psicologia de todo o país, como entre estes e os profis-sionais das várias áreas que participarão no mesmo.

JC: Como se insere o ENEP neste mandato de ressurgimento da ANEP?

JA: O ENEP é, sem dúvida alguma, a aposta mais forte deste mandato, sendo para além disso o resultado de meses a fio de trabalho de "bastidor" para fazer com que este seja o evento que fará realmente relançar a ANEP como associação relevante para os estudantes de Psicologia portugueses… penso que o ENEP é o virar da página que trará à ANEP a grandeza de outrora, para que no futuro possamos ser maiores e mais reconheci-dos do que alguma vez fomos! JC: Não queres dar nenhuma novidade em 1ª mão para o Claustro?

JB: Apesar de termos bastantes novidades preparadas para breve, as quais poderão consul-t a r b r e v e m e n t e em www.anep.pt, pos-so deixar-vos a confir-mação de um dos gran-des nomes da psicologia clínica e da psicoterapia em Portugal, o Profes-

sor Doutor Catedrático António Branco Vasco, que irá participar na mesa 1 (com tema a definir dentro da área de Psicologia Clínica e Saúde). JC: Que mensagem gostarias de deixar a quem já se inscreveu e aos que estão a pensar em se inscrever?

JA: Gostaria apenas de agradecer a quem já se inscre-veu por ajudar a fazer com que este seja o maior e me-lhor ENEP de sempre, para não falar em ser sem dúvi-da um dos maiores eventos da Psicologia nacional dos últimos anos! Para quem ainda não se inscreveu, não percam tempo… pois as vagas em Coimbra estão quase a acabar, e de certo que não querem perder esta opor-tunidade única para fazerem história! Sim, porque o XIX ENEP vai ficar marcado na história da Psicologia nacional durante muito tempo!

Obrigado, João! Vemo-nos na Zambujeira!

Page 13: Jornal O Claustro 1ªedição

PÁGINA 13 O CLAUSTRO

Entre Vistas

Professor Arruda, o docente fantasma ou o eterno professor?

Por Nádia Costa e Rita Nunes

Se houver alguém da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação que não conheça o Veterano João Carlos Arruda, será uma grande excepção. E serão raros os estudantes desta Faculdade que não foram introduzidos às aulas pelo Professor João Carlos Arruda. Dois papeis diferentes mas uma só identidade.

Jornal O Claustro: Como é que as aulas fantas-mas surgiram?

João Carlos Arruda: As aulas fantasmas surgiram no meu primeiro ano, quando tive a minha primeira aula fantasma, por alguém que à semelhança do que eu me tornei mais tarde, alguém que teve muitos anos a ter-minar o curso - que era o Alcino Silva - me introduziu às aulas através das aulas fantasmas. Depois, quando eu estava no meu quinto ano propuseram-me essa possibi-lidade e fui dar a minha primeira aula que era natural-mente Estatística que era o que era comum aos dois cursos da altura, Psicologia e Ciências da Educação. E foi-se mantendo, digamos que fiz um bom trabalho e fui fazendo. Apesar disso houve dois anos que fazia sen-tido serem outros colegas, antigos, a fazer as aulas fan-tasmas. A partir daí, foi uma evolução também adap-tando aos novos tempos e a Bolonha e ao novo curso, Serviço Social.

JC: Tiveste, portanto, mentores para construí-res a tua personagem…

JCA: Os meus mentores foram todos os doutores que

fizeram Coimbra comigo e que ainda fazem. E, é claro,

os professores, a nossa inspiração para qualquer aula

que possamos dar.

JC: Notaste alguma diferença ao longo dos anos que foram passando, no tipo de atitudes?

JCA: Muito, muito diferente! Desde as pessoas, que se

notava terem uma certa motivação de estar aqui na UC.

E agora é um, “deixa andar”. É uma falta de concretiza-

ção e espírito crítico. Acho impressionante que se en-

tre, como no ano passado, um urso gigante dentro da

aula e que ande “à porrada” com o urso e ainda assim

acreditem, não poucos mas um grande numero, que eu

era docente. Posso garantir que no meu ano isso não

iria acontecer. O ridículo na altura tinha limites. Mas

também demonstra que as pessoas não sabem o que hão

-de esperar – o que é triste porque também não sabem

o que hão-de procurar.

Page 14: Jornal O Claustro 1ªedição

PÁGINA 14 VOLUME 1 - 14 DE NOVEMBRO 2011 -

JC: Em relação à atitude dos doutores, tens notado alguma diferença no papel desempenhado por eles?

JCA: Mais uma vez, claro que noto. Acima de tudo, há uma

maior vontade de estar presente. Mas também há pessoas

que ainda não aprenderam a brincar. Ao fim ao cabo, isto é

uma brincadeira, mais ou menos séria, para introduzir os

nossos colegas e as pessoas também tem de saber brincar e

saber que nem sempre pode andar a lançar o dado ao mes-

mo tempo. Mas toda a gente quer ser a estrela e tem que

perceber que há tempos para ser a estrela senão isto não

resulta. E que as vezes em vez de apalhaçar tanto poderia ter

melhores desempenhos a seguir e ser a estrela, fora da aula.

Contudo, também tive excelentes colaborações dos meus

colegas. Foi permitido combinarmos e em conjunto conse-

guimos fazer mesmo uma aula fantasma. É pontual mas, esta

última tendência já começa a ser sintoma e tenho pena que

seja assim porque as pessoas têm de entender que isto é de

todos e não é o palco do eu, nós não somos o eu mas sim os

estudantes da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação

- e agora também estudantes do futuro NEPCESS.

JC: Quais foram as situações mais caricatas que já aconteceram nas tuas aulas fantasmas?

JCA: A primeira aula fantasma que dei foi absolutamente

fantástica. Aquele momento em que me ocorre de levar um

caderninho de cabedal para apontar as pessoas dos que che-

gam atrasadas. Houve dois que chegam mais tarde, um alen-

tejano e um madeirense, mesmo atrasados. Eles chegam e

interrompem a aula a meio. E nessa aula dei mesmo maté-

ria! Pergunto: “o seu nome?” Toda a gente olha e eles ficam

brancos, pálidos, a engolir em seco. Um deles veio ser a ser

meu afilhado nesse ano. O outro disse o nome “Edgar Pal-

minhas”, com sotaque alentejano a gaguejar. Podia literal-

mente ouvir as amígdalas e outras coisas a caírem no chão e

a rebolarem pelo anfiteatro. E nesse preciso momento a

cara de pânico era de tal forma cómica para mim que me

custou imenso manter a cara séria, tive de me virar de cos-

tas para começar a rir-me para dentro e mandar uma piadola

para me rir sozinho. Tive de dizer: “Desculpe, diga lá o seu

nome outra vez?” Ele responde-me de novo, ao que eu res-

pondi: “Palminhas? Vamos ver se você bate palmas no final

do ano!”, o que me permitiu rir – mas ele não se riu, não!

Claro que foi muito engraçado a seguir, porque o caloiro

madeirense é-me apresentado por um dos meus outros afi-

lhados e pergunta-me se podia ser seu padrinho. Depois

acaba por me perguntar: “Como é que o trato: padrinho,

doutor, professor?...” são situações deveras engraçadas! E

não posso deixar de relatar: na última aula, fiz um teste

diagnóstico, o qual pedia encarecidamente que entregasse o

trabalho na gaveta do professor arruda e não posso deixar de

dizer que uma semana depois ainda foram entregues respos-

tas.

JC: Chegaste a ver algumas dessas respostas?

JCA: Eu tenho as respostas em casa mas não me dei o traba-

lho de ver se elas estavam correctas. Sim, porque eu tenho a

ficha de correcção do teste diagnóstico! Já agora, muito

obrigado senhor Doutor Pacheco porque os seus testes de

treino foram extremamente úteis para enganar os caloiros.

JC: Lembras-te de algumas conversas mais engraça-

das e caricatas?

JCA: Existem tantas… ”Senhor professor, podemos fazer o

trabalho em conjunto?”, e eu já de capa e batina a praxar

caloiros. E acho curioso, sempre aqueles desesperados a

tirar a bibliografia, e é claro que não dava tempo para pas-

sar. E já agora: as pessoas não lêem? “Análise factorial da

taxa de incidência do coito violento na Ilha Terceira” é a

primeira referência bibliográfica na bibliografia fundamen-

tal! Eu acho que se tivesse uma coisa dessas eu questionar-

me-ia, mas quando já temos pessoas que acreditam quê sou

professor depois de andar “à porrada” com um urso…

JC: Uma última pergunta, será que podemos espe-rar mais aulas fantasmas do Professor Arruda?

JCA: Também gostaria que deixassem de ser aulas fantas-

mas, seria interessante. Mas claro, é uma questão a pensar.

Mas também acredito que á um tempo para tudo e há mais

gente que teriam excelentes dotes para introduzir os nossos

caloiros na faculdade.

Obrigada Professor Arruda

Dia 19 de Novembro

Dia Internacional do Homem

Page 15: Jornal O Claustro 1ªedição

NEPCE

Intervenção Cívica e Ambiental

Actualmente, valores como a cidadania, o civismo e o respeito concorrem em pri-meiro plano com o egoísmo, a desconfian-ça, a recusa e a prossecução do bem indivi-dual. Apesar disso, parece-me exequível que o querer de alguns se transforme no de muitos.

Amanhã, no autocarro, daremos o nos-so lugar a um idoso; escutaremos aquele amigo que não sabe que falar muito não é, necessariamente, comunicar; sorriremos ao porteiro; e seremos simpáticos com a se-nhora do bar. Amanhã colocaremos o civis-mo e o respeito em prática. Na concretiza-ção de tão simples tarefas iremos sentir que fomos invadidos por um sentimento caloro-so e inexprimível em palavras. Nós pode-mos ajudar-te a repeti-lo, vezes e vezes sem conta, vem fazer voluntariado connosco!

Um acto tão simples, todavia tão grati-ficante, que nos enriquece, muda a forma como olhamos as situações do quotidiano e, mais importante, ajuda-nos a crescer como seres humanos. Infelizmente a própria co-municação social não dá o relevo que deve-ria a este tipo de projectos.

O Pelouro de Intervenção Cívica e Ambiental tem vários protocolos com insti-tuições como a ACAPO, a APCC, a ANAI, a AGIR, entre outras. Promovemos valores e desejamos que a tua passagem pela Facul-dade de Psicologia e Ciências da Educação não se restrinja às pilhas de fotocópias, às horas infinitas de estudo ou às noites boé-mias, que certamente farão parte da tua vida académica. Portanto, a nosso enten-der, alarga os teus horizontes e interage com a nossa comunidade. Pratica a cidadania! Mantém-te original!

No mundo contemporâneo a decadência cultural

é flagrante, contagiando as diversas gerações e socie-

dades. À junção a uma tendência abusiva de alinhar

pelo mais simples ou de procurar, para qualquer que

seja o esforço, sempre uma recompensa, deteriora a

essência do que é a Cultura. Neste contexto, relem-

bramos as palavras de Helena Vaz da Silva, “É de

Cultura como instrumento para a felicidade, como

arma para o civismo, como via para o entendimento

dos povos que vos quero falar”, e assim, questiona-

mos: “Para onde se caminha se, todos os dias, despe-

dimos a Cultura das nossas vidas?”.

As exigências a que as sociedades submetem to-

dos os cidadãos, para que cada um as veja como as

suas próprias escolhas, afasta-os de um enriqueci-

mento intelectual e saudável, que os ajudaria a coe-

xistir com essas imposições e quiçá, senão mesmo

melhorá-las. Porém, não se pode atribuir esse des-

pego e desleixo apenas ao cidadão comum, pois até

os seus representantes governamentais nada mais

fazem, senão desvalorizar a Cultura e transmitir a

ideia errónea de que mesma é algo sem grande im-

portância ou significado. Um exemplo deste com-

portamento prende-se com a despromoção do Mi-

nistério da Cultura a apenas uma Secretaria-Geral,

isto é, na actualidade a Cultura em Portugal não tem

como representante um ministro, mas sim, um se-

cretário-geral, situação motivada, segundo o gover-

no, pela necessidade de reduzir as despesas do Esta-

do.

E é perante este panorama aglutinado com as

dificuldades financeiras e sociais agravadas, que se

exige de todos a recriação, a inovação e a participa-

ção nas mais diversas expressões culturais. De facto,

não haverá medalhas, troféus ou quadros de honra

por esse envolvimento, mas decerto que se revelará

um empreendimento gratificante de crescimento,

desenvolvimento e integração pessoal e social. Assim

sendo, apelamos que te juntes a nós dando um ar da

Tua Arte!

Cultura

PÁGINA 15 O CLAUSTRO

Page 16: Jornal O Claustro 1ªedição

PÁGINA 16 VOLUME 1 - 14 DE NOVEMBRO 2011 - P

olí

tica

Edu

cati

va

O Pelouro de Política Educativa do NEPCE/AAC, baseado nas mais antigas tradições do Associativismo

democrático na Associação Académica de Coimbra, procura informar e ajudar os estudantes que representa na de-

fesa dos seus direitos. Para a prossecução desta finalidade o nosso pelouro oferece, entre outras acções, Atendimen-

to Pedagógico três vezes por semana, com o objectivo de ajudar na resolução de questões pertinentes; é também da

nossa competência a realização das Reuniões de Representantes de Ano, onde são debatidas problemáticas e exami-

nadas possíveis soluções. Propomo-nos ainda divulgar informações relacionadas com aspectos pedagógicos e de po-

líticas educativas que interessam a toda a comunidade estudantil. É ainda objectivo do nosso pelouro sensibilizar a

comunidade estudantil, à qual pertence para a necessidade de uma participação mais efectiva e solidária na constru-

ção de um futuro mais justo, pois consideramos que nos tempos tumultuosos e incertos que vivemos o associativis-

mo pode ser a maior força para a união entre as pessoas.

Neste momento constatamos que a participação estudantil ainda está aquém das expectativas, todavia acre-

ditamos no teu potencial, nas tuas ideias, na tua voz, na tua sensibilidade, na tua perspicácia e acima de tudo na tua

colaboração. Somos um pelouro acessível e bem-disposto, contamos contigo!

Acç

ão e

Form

açã

o

Olá Caros Colegas da FPCE,

Todos nós temos andado bastante ocupados e nem sempre os momentos dedicados a nós próprios são aproveitados

da melhor forma. Para que isso deixe de acontecer, é importante que te informes sobre as actividades que decorrem

nas instituições que frequentas.

O Pelouro de Acção e Formação tem certamente aquilo que tu procuras! Posso confessar-te que já tem novidades

sobre as Jornadas Transdisciplinares deste ano lectivo e por isso deves reservar a tua última semana de Março de

2012 para te deixares levar por uma nova onda de conhecimentos.

Mas não é só… temos também preparado para ti uma formação em SPSS!

Fica mais atento aos cartazes que por aí andam, quem sabe não encontras o que procuras?

As Melhores Saudações,

O Pelouro.

Des

port

o e

Con

vív

io

Caros colegas,

O pelouro de Desporto e Convívio do Núcleo de Estudantes de Psicologia e de Ciências da Educação quer agrade-

cer a vossa colaboração nas actividades que até agora têm vindo a ser desenvolvidas, nomeadamente a participação

no jantar que deu início ao novo ano lectivo. Ficamos, igualmente gratos, com a presença de cada um de vós junto

da barraca do NEPCE/AAC na magnífica Festa das Latas e Imposição das Insígnias de 2011.

Desta forma, queríamos salientar que será anunciado, brevemente, um Jantar de Natal organizado por este pelouro,

visto que é uma época que não pode passar em branco, por isso, não percam o vosso lugar!

FAZ ACONTECER, (DES)ENVOLVE-TE!

Page 17: Jornal O Claustro 1ªedição

Saiu a sorte grande dos últimos 10 anos Fotorreportagem do Jantar de Serenata nos Claustros

Por Rita Nunes e Carlos Fânzeres

PÁGINA 17 VOLUME 1 - 14 DE NOVEMBRO 2011 -

Os media foram em força: TV/AAC, fotógrafos privados, e o Jornal O Claustro estiveram na Serenata para docu-mentar o Jantar nos Claustros, evento que já não aconte-cia há cerca de 10 anos. Este foi o resultado. Parabéns NEPCE!

Page 18: Jornal O Claustro 1ªedição

Erasmus

Universidad Complutense de Madrid

PÁGINA 18 O CLAUSTRO

País Universidade Alemanha Frei Univ.Berlin Bélgica Kathol.Univ.Leuven Eslováquia Univ. Matej Bel Espanha Almeria Espanha Autónoma de Madrid Espanha Complutense de Madrid Espanha Granada

Espanha Huelva Espanha Pontificia de Salamanca Espanha Salamanca Espanha Santiago de Compostela Espanha Vigo França Provence - Aix-Marseille I Itália degli studi di Firenze Itália degli studi di Palermo Luxemburgo Luxemburgo Rep.Checa Univ.Charles de Praga Turquia Univ. Ondokuz Mayis Turquia Univ. Cumhuriet

País Universidade Alemanha Koblenz Bélgica Libre de Bruxelles (pela 14.2) Espanha Barcelona Espanha Complutense de Madrid Espanha Granada Espanha La Laguna (Tenerife) Espanha Salamanca Espanha Sant. de Compostela Espanha Vigo França Nantes – UFR Sociologie França Lille - E.S.E de Travail Social Holanda Hogeschool Zuyd Hungria Eötvös Loránd Lituânia Vilnius Pedag.Univ. Rep. Checa Charles of Prague Suiça Sion (Delemont) Suiça Fribourg TS

País Universidade Alemanha Technische Univ.Dresden

Alemanha Ludvig-Maxim.-Univ.

Alemanha Univ.Oldenburg

Alemanha Univ. Potdam

Bélgica Libre de Bruxelles

Bélgica Vrije Univ. de Brussel

Bélgica Katholieke Univ.Leuven Bélgica Catholique de Louvain

Bélgica Mons

Espanha Barcelona

Espanha Autónioma de Barcelona

Espanha Pontificia de Comillas

Espanha Autónoma de Madrid

Espanha Complutense de Madrid

Espanha Univ. Granada

Espanha Huelva

Espanha La Laguna - Tenerife

Espanha Málaga

Espanha Salamanca

Espanha Santiago de Compostela

Espanha Valência

Estónia Tallinn

Finlândia Jyvaskia

Finlândia Helsínquia

França Lumière (Lyon II)

França Provence (Aix-Marseille I)

França Poitiers

França Paris-Sud (Paris XI)

França Toulouse le Mirail

Grécia Kritis

Holanda Gronigen

Itália Bolonha

Itália degli studi di Cagliari

Itália degli studi di Chieti

Itália degli studi di Firenze

Itália degli studi di Parma

Itália Pádua

Itália degli studi di Pavia

Itália degli studi di Roma(1)

Lituânia Pedag Univ.Vilnius

Luxemburgo Luxembourg

Noruega Univ.Tromso

Polónia Univ.Warsaw

Reino Unido Univ. Cardiff

Rep.Checa Univ.Charles de Praga

Suiça Univ. Lausanne

Suíça Univ. Genève

Suiça HES- SO Valais-Wallis (Delemont)TS

Turquia Univ. Ondokuz Mayis

Ciências da Educação Psicologia

Serviço Social

ERASMUS - VAGAS DE MOBILIDADE Mobilidade de Estudantes

Universidade Complutense de

Madrid

Page 19: Jornal O Claustro 1ªedição

PÁGINA 19 O CLAUSTRO

Erasmus

Universidad Complutense de Madrid Libertas Perfundet Omnia Luce

Por André Fernandes

Embarcamos em mais uma descoberta pelo mundo Erasmus, e paramos desta vez na Universidad Complu-tense de Madrid. Esta Universidade, fica situada em Madrid, mais propriamente na Cidade Universitária de Madrid. É uma das mais importantes Universida-des públicas de Espanha, que conta já com quase 80 mil estudantes, sendo que a sua estrutura física divi-de-se em dois campus: o campus da Cidade Univer-sitária, no distrito de Moncloa, partilhado com a Universidade de Madrid, e outro situado na cidade de Pozuelo de Alarcón, denominado por Somosa-guas.A sua origem advém da Universidade de Alca-lá, em Alcalá de Henares, fundada pelo Cardeal Gonzalo Jiménez deCisneros. Na Idade Média, o rei Sancho IV de Castela criou o estudo geral nessa mesma cidade, mas pouco mais de duzentos anos passados, o Papa Alexandre VI converteu o estudo geral em Universidade, dando-lhe o nome de Uni-versitas Complutensis. Posteriormente, em 1836, a Universidade é transferida para Madrid, onde passa a designar-se por Universidad Complutense de Madrid. A partir de então, a nova Universidade de Madrid tendeu sempre a expor-se como um modelo para as outras Universidades, que acabaria com as antigas estruturas, seguindo o modelo centralista francês. Foi a primeira Universidade Espanhola a poder con-ferir o título de Doutor. A Guerra civil espanhola levou consigo parte do seu

rico património científico, artístico e bibliográfico, mas também, uma parte dos prestigiados professo-res académicos. Contudo, em 1970, durante a re-forma no ensino superior espanhol, no qual se divi-de o ensino universitário e o politécnico, também se cria o campus Somosaguas, onde se passam a si-tuar a maior parte das faculdades de ciências sociais e onde constam os cursos da nossa faculdade. Actualmente, e como sempre foi, a Universidade Complutense de Madrid, desempenha um papel importante no desenvolvimento político e na inves-tigação, sendo que Psicologia, Serviço Social e Ci-ências da Educação possuem já bons laboratórios de investigação e em muito mais número que em Por-tugal. Acrescenta-se a todo este prestígio, o despor-to universitário e as inúmeras actividades culturais disponibilizados por esta Universidade. Se é nesta Universidade que desejas fazer uma pe-quena parte da tua formação, não deixes de conhe-cer um pouco da cultura da capital madrilena. Aqui podes ter acesso à feira do livro de Madrid que é organizada todos os anos em Junho, nos jardins do retiro da Capital. Antes disso, em Fevereiro, tam-bém já é habitual a exposição de Arte Contemporâ-nea, onde se reúnem artistas de todo o mundo. E porque Madrid é uma cidade rica em História e arte, não faltam museus, alguns dos quais conside-rados dos mais importantes do mundo. A exemplo disso, temos o museu do Prado, que dá especial destaque ao século XX, e que reúne inúmeras obras muito valiosas e conceituadas. Também o museu Rainha Sofia é um a não perder, pois reúne obras de artistas como Pablo Picasso e Salvador Dalí. E se por acaso quiseres estar num evento cultural, onde também esteja a família real, não deixes de passar pelo Teatro Real, um dos mais importantes do País. Em relação a pontos turísticos, destaca-se, sem dú-vida, a Plaza Mayor, situada no centro comercial da cidade e que já conta com uma longa tradição, no-meadamente em feiras, touradas e autos de fé.

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PÁGINA 20 O CLAUSTRO

Erasmus

Portugal, raízes do nosso Brasil

Patrícia Marafanti Spessimille e Tiago Piotto da Silva

Após dois meses em terras portuguesas ainda

não acreditamos que estamos aqui. No inicio deste ano

enquanto cursávamos o sétimo período do curso de

Psicologia na Universidade Estadual Paulista “Julio de

Mesquita Filho”, campus de Assis, interior do estado de

São Paulo, nos inscrevemos em um programa de

intercambio internacional da assessoria de relações

externas de nossa universidade, em parceria com a

Universidade de Coimbra. Foram dois meses de

expectativas para sabermos se seriamos ou não

aprovados.

Após recebermos a carta de aceitação fomos

tomados por uma mistura de alegria e ansiedade, junto

às várias tarefas burocráticas, passaporte, visto,

passagens, planos de estudos. Apesar de tudo mais ou

menos encaminhado não sabíamos onde iríamos morar e

nem como era a realidade universitária coimbrense.

No fim do mês de agosto quando chegamos à

cidade de Coimbra, só encontrávamos turistas pelas

ruas, pois a universidade ainda estava em período de

férias, aproveitamos a folga e demos uma de turistas,

conhecendo os pontos mais famosos e históricos.

Ficamos encantados com toda a bagagem histórica dos

prédios e monumentos, embora sejam muito belos,

alguns, ainda estão mal conservados. Outra coisa que

nos chamou a atenção é o cuidado com o meio

ambiente, ruas bem arborizadas, o Rio Mondego que

corta a cidade, possui uma área verde em sua margem e

tem suas águas límpidas repletas de peixes. No Brasil não

verificamos isso na maioria dos rios que cortam as

cidades, pois são extremamente poluídos.

Inicialmente imaginávamos que o custo de vida

em Portugal seria bem superior ao do Brasil, mas por

enquanto nos surpreendemos com algumas semelhanças

e até preços mais em conta dos produtos, tanto

alimentícios como bens de consumo. Assim como no

idioma, somos muito parecidos se tratando de

personalidade, mesmo os portugueses levando tudo ao

pé da letra, são muito acolhedores e simpáticos. Logo

não demoramos muito para nos sentirmos em casa.

A gastronomia portuguesa ajudou bastante

nesse processo de adaptação, tendo em sua culinária

grande semelhança nos temperos usados nos pratos

brasileiros. O que sentimos diferença é na diversidade

dos alimentos, que no Brasil é muito maior e mais

acessível. Porém Portugal se destaca na produção de

azeites e vinhos, cuja variedade é maior e são deliciosos.

A Universidade de Coimbra é linda, com seus

prédios antigos e enormes, sua biblioteca rica e seus

charmosos azulejos. Foi só com o inicio das aulas que

passamos a ter contato com o universo acadêmico e com

os universitários portugueses, e descobrimos os

tradicionais trajes acadêmicos e outros rituais

coimbrenses.

Conhecemos a

praxe que muito se

assemelha com o

trote que acontece

nas universidades

brasileiras, porém

aqui ela é mais

rigorosa e seu valor

tradicional é muito

maior.

A faculdade de Psicologia de Coimbra e da

Unesp tem aproximadamente o mesmo tempo de

fundação, porém suas práticas e metodologias são

diferentes, bem como suas linhas teóricas e

especializações, quando lá temos uma visão mais ampla

da psicologia e suas áreas, aqui ela fica centrada em

algumas escolas e se aprofunda mais. Uma coisa que nos

chamou a atenção foi que enquanto aqui a prática

Page 21: Jornal O Claustro 1ªedição

PÁGINA 21 O CLAUSTRO

Erasmus

começa somente a partir do quinto ano, lá a prática

observacional começa a partir do quarto período e a

partir do quarto ano ela passa a uma pratica interventiva

e clínica.Está sendo muito interessante e divertido

compartilhar essas descobertas e diferenças, tanto com

os portugueses, quanto com os outros alunos de

mobilidade vindo de diversos países. Portugal, embora

tenha um espaço territorial não muito grande,

comparado ao Brasil, possui uma grande riqueza cultural

e de belezas naturais, entre elas podemos citar alguns

lugares que conhecemos pessoalmente como as Grutas

de Mira d’aire, o Mosteiro de Batalha, o Santuário de

Fátima, as praias da região de Algarve e de Figueira de

Foz, o castelo de S. Jorge em Lisboa, a Torre de Belém e

o Palácio da Pena em Sintra.

Resumindo essa experiência vai nos acrescentar muito

tanto no âmbito profissional como no pessoal, pois além

de ampliar nossas referencias culturais, de

comportamentos e pensamentos, estamos nos

aprofundando numa psicologia que lá não teríamos

contato em nossa grade curricular normal. Conhecer

esse universo, tanto da universidade estrangeira, quanto

da realidade de vida portuguesa, nos faz dar um salto

diminuindo a distancia entre nossos continentes,

podendo trocar soluções para os problemas existes em

ambos os países.

Somos muito gratos a todos os portugueses por

nos acolherem em seu país e em especial por abrirem as

portas de suas universidades a nós brasileiros e

estudantes das mais variadas nacionalidades, podendo ter

certeza de que os laços estabelecidos ficarão guardados

para sempre em nossa memória e coração. Levaremos de

volta ao nosso país não apenas o conhecimento

cientifico, mas também a experiência de um harmonioso

convívio.

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Opinião

Tudo para toda a gente

Por Rui Mamede

A situação apresentada tem contornos dra-máticos. Na sessão ordinária de Senado Universitá-rio de Setembro último, foi prenunciado um hori-zonte de grande adversidade para a Universidade de Coimbra. Os cortes orçamentais previstos no contexto da assinatura do memorando da Troika pelos partidos que formaram governo não tarda-ram em fazer-se repercutir em (praticamente) to-dos os quadrantes da sociedade, e parece que era descabimento a mais se houvesse um rasgo de mi-sericórdia, e logo pelo Ensino Superior. Inserindo-se no panorama de “emagrecimento” que ascende aos 100 milhões para todo o sector, a Universidade de Coimbra terá também ela de aprender a viver com um handicap para este ano da ordem dos 8,7 milhões de euros, representando 8,5% de decrés-cimo relativamente ao orçamento para este ano; como se já não bastasse, a isso acresce ainda uma cativação de 2,5% da verba que lhe é atribuída, para além da intenção de reter as verbas que têm sido captadas por iniciativa própria das Universida-des, através das suas prestações de serviços à co-munidade e outras fontes de receita próprias.

A verdade é que - e como é do domínio público - o constrangimento orçamental não é de forma nenhuma novidade para o sector. Em 2010,

quando o Contracto de Confiança firmado entre o (à altura) MCTES de Mariano Gago e as institui-ções de ensino superior portuguesas que acusavam sinais de ruptura eminente veio oxigená-lo e trazer-lhe um lufada de ar puro fundamental para adiar o seu definhamento inevitável, a verdade é que tal incentivo veio apenas restituir a fasquia de orça-mentação para os níveis de 2004. Depois, não es-queçamos que a UC vai ter de lidar paralelamente com o mesmo tipo de agravamentos que ameaçam esmagar a serenidade dos nossos lares: o aumento de IVA nas facturas de água e electricidade da UC ascendem a valores muito significativos, a acres-centar às dificuldades já notórias em esticar a capa-cidade orçamental da Universidade.

Estamos de facto a falar de um orçamento que não é sequer suficiente para pagar ao corpo de assalariados da Universidade; ainda ao jeito de um certo neo-realismo, percebemos que o orçamento não contempla ainda quaisquer gastos que seriam estritamente justificados para uma instituição de ensino, como por exemplo custos associados à aquisição de livros para as suas bibliotecas, que desta forma terão de encontrar pontualmente fi-nanciamento extraordinário como forma de se materializarem.

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PÁGINA 23 VOLUME 1 - 14 DE NOVEMBRO 2011 -

Convenhamos: este é um momento em que o que realmente aflora é a divergência de caminhos a to-mar para cumprir o futuro do país. Sabendo que o ensi-no superior tem sido o filho exemplar da função públi-ca - cumprido escrupulosamente as metas que lhe têm sido impostas - o Conselho de Reitores das Universida-des Portuguesas decidiu em sede própria tomar a posi-ção de não contestar os constrangimentos impostos, mas simultaneamente solicitar que a tutela não interfira com os seus mecanismos autónomos de obtenção de receita. Porque, vistas bem as coisas, é este o rumo que pouco a pouco vamos seguindo: preferimos não recla-mar o tempo de antena que nos é devido e intervir na discussão sobre as prioridades basilares de construção do futuro do país, enquanto vamos optando pela postu-ra do “deixem-nos ao menos fazer a nossa vidinha”. Se não podemos ignorar que se trata de uma atitude solíci-ta, também não devemos fazer vista grossa ao facto de que é desta forma que as Universidades Portuguesas se vão progressivamente afastando de um dos seus intuitos primordiais, que é o de cumprir um papel determinan-te na concretização da sociedade portuguesa progressis-ta. Por cada episódio em que capitulamos perante cir-cunstâncias que afastam a perspectiva de projectar o ensino superior como elemento potenciador da igual-dade entre os cidadãos e acesso a uma condição de cida-

dania mais plena, a Universidade pública falha, naquela que é uma sua obrigação.

E é neste quadro, de afogamento prolongado, de ostracização acomodada, que temos respirado deva-gar - sobreviver. De facto, não se pode ser tudo para toda a gente. Mas tem sido sempre a mesma lógica na base das grandes transformações que as Universidades Por-tuguesas têm sido levadas a concretizar ao longo desta mais recente era: primeiro o empurrão para se edifica-rem como máquinas de produção de conhecimento; depois o ímpeto para que abraçassem o corte do cordão umbilical das instituições, num processo de autonomi-zação crescente que, contudo, se confundia com a des-responsabilização do estado; e finalmente, com o pre-texto de falta de alternativa, as instituições são expulsas abruptamente do ninho, enquanto o estado-patriarca se furta da responsabilidade de encontrar um modelo al-ternativo que solucione a sistemática falta de inspiração operacional do modelo vigente, que acaba por ser ape-nas um sintoma do facto de não se ter ainda encontrado um projecto válido para moldar de forma determinante o sistema de ensino superior português, que se quer mais eficiente e autónomo, mas contudo útil no projec-to de sociedade que urge cumprir.

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Nota máxima para o NEPCE/AAC! Não só conseguiu realizar o Jantar nos Claustros, considera-do o Jantar da Seranata seleccionado pela TvAAC, como foi o Núcleo de Estudantes da AAC que mais conseguiu rentabi-

lizar na barraca da latada. Obrigada a todos

Rés - vés para um acidente! Este louco decidiu atirar-se da Estátua do D.Dinis para o meio da multidão. Ainda bem que

a multidão foi solidária e estendeu as mãos para agarrar o Super-homem.

Onde esteve a AAC/DG? A Direcção Geral da Associação Académica de Coimbra

chumbou na organização da Festa das Latas de 2011, já que deixaram na mão os Núcleos de Estudantes na construção da barraca que tiveram menos de um dia para a decorar. Para a

próxima fazem melhor?

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